RIO — O imbróglio envolvendo a Avenida Niemeyer, interditada há nove meses e nove dias, pode estar mais perto de um desfecho. O Ministério Público deve receber hoje um laudo feito pelos técnicos do órgão, que analisaram as intervenções da prefeitura no local. Os promotores terão até 48 horas para dizer se concordam, ou não, com a reabertura da via, que será decidida pela Justiça. Especialistas ouvidos pelo GLOBO se dividem sobre a segurança da Niemeyer.
Para o engenheiro Luiz Roberto Charnaux Sertã Junior, líder da equipe de peritos da Justiça que acompanhou as obras feitas pela prefeitura, o episódio de anteontem mostra a fragilidade da encosta. O especialista diz ter causado “estranheza” a decisão do município de não construir um muro de contenção na parte mais alta do morro, como era previsto inicialmente. Em dezembro, a Geo-Rio afirmou que a obra não era mais necessária porque “o projeto foi revisto e essa intervenção suprimida, já que não há necessidade por conta de todas as outras obras de contenção”.
— Se afirmar que não existe risco é algo complexo. Óbvio que em época seca a probabilidade é menor, mas se garantir 100% que não vai ter deslizamento não se pode. Não entendo o motivo e compreendo que permanece o risco. Lá em cima existia um conjunto de pedras soltas que mereciam atenção — afirma Sertã.
— O ideal seria ter uma drenagem na comunidade para a água não infiltrar no terreno. Enquanto não acontece isso, é preciso analisar também as chuvas dos últimos quatro dias, já que uma chuva um pouco mais forte pode causar problemas — conta.
A Associação de Moradores de São Conrado e outras 20 entidades fizeram um manifesto, há duas semanas, defendendo a reabertura da via. No texto, “Deixem o Rio andar”, eles pediram uma solução para a interdição e listaram problemas acarretados pelo fechamento da Niemeyer, como engarrafamento em vias da Barra da Tijuca, da Zona Sul e do Autoestrada Lagoa-Barra.