Ela estreou como Dona Catifunda em 1961, no programa humorístico "O riso é o limite". Produzida e exibido pela TV Rio, a atração terminava com o quadro "Escolinha do Professor Raimundo", do comediante Chico Anysio. A partir de então, a atriz Zilda Cardoso, que morreu nesta sexta-feira, aos 83 anos, até que interpretou outros personagens ao longo de sua carreira, mas jamais abandonou seu papel mais marcante, que se tornou mais famosa do que a própria intéprete.
- A Catifunda é a minha homenagem ao Golias, que sempre adorei. E quem me deu o famoso charuto foi o contra-regra Amaral, que bebia muito e me ofereceu o charuto que estava fumando. Agradou e hoje já virou microfone do João Canabrava. Quem sofre com as baforadas é o Professor Raimundo - contou a comediante.
Nos primeiros anos como Catifunda, Zilda até que tentou mudar, chegou a pedir outros personagens para os redatores dos programas de humor. Sem sucesso. Ninguém queria abrir mão da moradora de rua desbocada. Com chapéu torto, jornal debaixo do braço e o inseparável charuto, ela eternizou seu bordão: "Saravá".
- Comecei a observar que o Renato Aragão era o Didi, o Golias era sempre o Golias e o Charles Chaplin foi sempre o Carlitos. Que pretensão a minha falar isso.. Mas, então, compreendi que a Catifunda era tão forte que tinha tomado conta de mim. Passamos a ser uma só e assumi a personagem - disse ela.
Com a mesma personagem, Zilda participou de programas como "Praça da Alegria" e "A praça é nossa". Ela também voltou à "Escolinha" quando o quadro de humor já estava na TV Globo. Além disso, Zilda atuou em filmes como "O lamparina" (1963) e "Se meu dólar falasse" (1970). A atriz também viveu Elza na novela "Meu bem, meu mal" (1990), da Globo, na qual contracenou com Jorge Doria. Em quase todos os seus trabalhos, o humor estava presente. O talento para fazer rir era algo que desde a infância fazia parte da artista nascida em São Paulo.
- Eu era uma aluna desinteressada, rebelde e já gostava de fazer gracinha, aprontava muito e cheguei a ser expulsa de classe algumas vezes. Acho até que nasci meio palhaça mesmo. Bastava abrir a boca e pronto. A turma toda caia na gargalhada. Hoje, porém, adoro ler muito e estudar. Gosto imensamente de antropologia, sociologia, filosofia e mitologia grega.