Somente a Fifa e três campeonatos nacionais em todo mundo — Alemão, Inglês e Italiano — utilizam a tecnologia de triangulação. A primeira competição internacional que contou com ela foi o Mundial de Clubes, em dezembro. No Campeonato Brasileiro do ano passado, a título de comparação, a tecnologia utilizada foi a anterior, baseada na determinação do ponto a partir de duas linhas, uma vertical e outra horizontal.
De acordo com a Federação de Futebol do Estado do Rio e a Hawk Eye, empresa responsável pelo desenvolvimento e pela operação da tecnologia, espera-se uma precisão maior nas marcações e também maior agilidade até que o árbitro de campo tome suas decisões.
Ribamar adiantado
Coube a Bruno Arleu de Araújo operar o VAR durante o clássico — de acordo com a Ferj, todos os árbitros da entidade estão habilitados para tal. Segundo ele, a vantagem trazida pelo advento de mais câmeras apontadas para o gramado dá mais segurança ao trabalho da arbitragem.
— É uma tecnologia nova, disponível em poucos lugares do mundo. Ela vai ter um impacto direto, especialmente com o passar do tempo, com o treinamento e prática da equipe. Fizemos testes e vimos que existe um ganho efetivo de tempo na checagem dos lances.
Na jogada protagonizada por Lucas Ribamar, a imagem que fez com que o gol fosse anulado foi disponibilizada no telão do Maracanã. O atacante do Vasco recebeu cruzamento de Tiago Reis, aproveitou que Dantas foi mal no corte, dominou e deu um toque com categoria, por cima do goleiro Gabriel Batista. Na ausência de uma transmissão de TV, o frame da Ferj foi a única maneira que clubes e torcedores tiveram para conferir que o camisa 9 do Vasco estava à frente de Ramon, que o marcava.
De acordo com a explicação dos técnicos responsáveis pela operação do VAR no clássico, antes, com as duas câmeras à disposição, existia a possibilidade de que uma delas tivesse a visão do lance encoberta, dificultando assim a precisão na hora de os árbitros marcarem o ponto mais avançado do jogador de ataque. Agora, as cinco câmeras oferecem mais opções, inclusive dos dois lados do campo. Uma vez marcado o ponto, o software do VAR realiza todos os cálculos necessários para determinar se o jogador está ou não em posição regular. Cabe ao árbitro de vídeo comunicar o resultado para o de campo.
Extra de R$ 17 mil
Outra novidade na operação do VAR este ano é a divisão da equipe em duas. Antes, os mesmos árbitros de vídeo eram responsáveis pela checagem e disponibilização da imagem que seria divulgada para o público. Agora, enquanto o árbitro de vídeo principal está conferindo um lance de impedimento, outro pode estar preparando a análise de uma entrada violenta imediatamente anterior, por exemplo.
O contrato entre a Federação de Futebol do Estado do Rio e a Hawk Eye foi assinado ano passado. A reportagem apurou que a implementação da nova tecnologia, incluindo as câmeras que foram adquiridas, custou algo em torno de R$ 17 mil para a entidade.
O VAR no Estadual não contempla todas as partidas. Somente em clássicos e nas partidas decisivas (semifinais e finais) que o recurso será usado.