RIO - Procurado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro desde terça-feira, o economista e empresário Eduardo Fauzi Richard Cerquise, de 41 anos, assumiu nesta sexta-feira a autoria do ataque à sede da produtora de vídeos Porta dos Fundos, no Humaitá, Zona Sul do Rio, na véspera de Natal, e afirmou que irá pedir asilo político na Rússia, para onde viajou no dia 29 de dezembro.
— Eu sou o candidato típico (ao asilo). Mas a decisão é política. Se não houver interesse político eles não me não me asilam — disse Fauzi ao portal, ao afirmar que passou os três primeiros dias do ano ocupado com os trâmites para encaminhar seu pedido às autoridades russas.
Perguntas e respostas: O que já se sabe e o que ainda falta descobrir sobre o ataque ao Porta dos Fundos
Com 20 anotações anteriores em sua ficha criminal, Fauzi foi reconhecido por investigadores em vídeos de uma câmera de segurança registrados após o ataque. Ele aparece em Botafogo, bairro vizinho ao Humaitá, enquanto desembarca e retira uma fita que protegia a placa do carro utilizado no atentado. A polícia acredita que ele dirigia o veículo utilizado na ação que envolveu pelo menos outras quatro pessoas.
— Achavam que fui muito estúpido pra não cobrir o rosto e não alterar a voz, mas fui conectado o suficiente pra ser avisado do mandado a tempo de viajar pra fora do país — justificou Fauzi ao "Colabora".
Questionado sobre os objetivos do ataque, Fauzi, que é filiado ao PSL, disse que agiu apenas por motivação política. Na entrevista e em um vídeo divulgado durante a semana, ele demonstrou insatisfação com o especial de Natal do Porta dos Fundos ("A primeira tentação de Cristo"), na qual Jesus Cristo foi retratado como homossexual.
— O ato não foi motivado por qualquer razão eleitoral ou financeira, como resta evidente — disse Fauzi, que atribuiu a origem dos R$ 139 mil apreendidos pela polícia em um dos seus endereços ao trabalho de seu pai no comércio.
Fauzi tem uma passagem de volta comprada para o Brasil e marcada para o dia 29 de janeiro. Ele tem mulher e filho em Moscou e viajou para a capital russa três vezes ao longo do ano passado. O Ministério da Justiça aguarda uma solicitação do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) para encaminhar o pedido de extradição do brasileiro à Rússia. O juiz responsável pelo caso é Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal da Comarca do Rio.