Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo sábado, 21 de setembro de 2019

ANGU DO GOMES: AOS 90 ANOS, UM DOS FUNDADORES CELEBRA A RESISTÊNCIA DA MARCA

 

Aos 90 anos, um dos fundadores do Angu do Gomes celebra resistência da marca

Após período conturbado, restaurante comemora retomada e se restabelece
 
 
Na foto Rigo Duarte e Basílio Moreira: receita de avô para neto no Angu do Gomes Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo
Na foto Rigo Duarte e Basílio Moreira: receita de avô para neto no Angu do Gomes
Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo
 
 

RIO — "Diz aí, 'vô', o que é que tinha aqui na Praça Mauá no seu tempo?", pergunta o chef Rigo Duarte, de 37 anos, a seu avô, Basílio Augusto Moreira, o único fundador vivo do Angu do Gomes.

— Ah, muita sacanagem, né? — responde Basílio, do alto de seus 90 aninhos completos na última quinta-feira.

O chef e herdeiro da marca que completa 64 anos em dezembro e o recém nonagenário comemoram a longevidade de Basílio e do Angu do Gomes, que foi resgatado em 2008, com uma festa fechada a amigos e familiares no próprio restaurante, na Saúde, neste sábado. No cardápio, terão muitas histórias, "causos" e, claro, angu.

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Português do Monte, Basílio chegou ao Rio aos nove anos de idade e chegou a ser engraxate. Ele foi morar no Centro em uma época bem diferente.

— Era uma coisa muito linda e elegante de se ver. Todo mundo só andava muito chique, de terno, bengala e chapéu — se lembra Basílio.O jovem português chegou ao angu através do pai de seu sócio, o também português Manuel Gomes. A inspiração veio na Praça Quinze, onde uma baiana preparava o angu em uma lata grande e vendia. Gostando da ideia, eles montaram o primeiro deles na Central do Brasil, no início dos anos 50 e o povo gostou. Nesta época, o angu, que ainda não era do Gomes, pois só seria patenteado em 1955, vendia uma média de 100 pratos por dia. Com a expansão do negócio e a criação da marca, eles chegaram a ter carrocinhas que vendiam 400 pratos em um dia, principalmente, durante o carnaval.— No auge, na década de 70, chegamos a ter 80 barraquinhas e também um restaurante na Rua São Francisco da Prainha, aqui na Saúde. Vinha muita gente famosa — disse Basílio.

 

Neto e avô posam com o tradicional Angu do Gomes Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo
Neto e avô posam com o tradicional Angu do Gomes Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo

 E a classe artística realmente ia em peso.  Roberto e Erasmo Carlos eram clientes e compareciam muito na Praça Quinze. O sambista João Nogueira, que era um frequentador assíduo, cita o angu famoso em um trecho da música "Espere oh! nega", do disco "Espelho", de 1977. João chegava a ligar para Basílio para pedir que a casa não fechasse enquanto ele não chegasse depois dos shows. A Vó Maria, a sambista viúva de Donga, também fez parte da história da marca que, em sua primeira encarnação, parou de existir no início dos anos 90.

— Meu avô teve muitos problemas com a nova Vigilância Sanitária, com produtos que encareceram demais, como os miúdos, e também com funcionários que vendiam o angu por fora enchendo ele de água, acabando com a qualidade — disse o chef.

A retomada

O estalo para o retorno se deu quando Beth Carvalho, ao completar 60 anos em 2006, quando a marca nem tinha voltado, contratou o angu por meio de Rigo, que cursava gastronomia, para a sua festa de aniversário por intermédio de Zeca Pagodinho. Lá, o chef percebeu o quanto o mundo do samba sentia falta da iguaria. Um pouco antes, o irmão de Rigo, o músico Diogo Duarte, fazia em 2003, no boêmio Bar do Bode Cheiroso, na Tijuca, um samba chamado Casca, que significava Confraria dos Amigos do Samba, Choro e Angu — sendo este último preparado por Rigo.

 

— Eu aprendi a fazer com o meu avô mesmo, já que em todo aniversário lá em casa era na base do angu — disse Rigo.

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Com o sucesso do samba, os dois irmãos decidiram que abririam um bar juntos. Porém, Diogo morreu após voltar de uma apresentação com a OSB, onde tocava, quando uma árvore caiu em seu carro. Assim, Rigo adiou um pouco o sonho até encontrar o sócio Marcelo Cavalcanti. Juntos, eles reergueram o Angu do Gomes em 2008, na Saúde, e para o júbilo de Basílio. Na primeira volta da retomada, o bar só cabia 30 pessoas. Há seis anos, eles conseguiram migrar para um sobrado que abrigava um antigo bar, no Largo de São Francisco da Prainha, onde estão até hoje. Agora, eles também mantém uma casa em Botafogo, aberta ano passado.

E, em tempos de lugares históricos sofrendo ameaças de fechamento, qual é o segredo para se manter um negócio com tanta história na cidade?
— O empenho que nós temos com o angu até hoje é o segredo, além de ser para todas as idades e classes sociais — finaliza Basílio.

 


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