Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo domingo, 27 de outubro de 2019

ANA FURTADO FALA SOBRE A CURA DO CÂNCER

 

Ana Furtado fala sobre cura do câncer, menopausa forçada e decisão de trabalhar durante tratamento: 'Houve momentos de dor no palco'

Usando o aplicativo GERA, posicione seu celular para a capa da revista e assista em vídeo de realidade aumentada o depoimento da apresentadora
 
 
Ana Furtado Foto: Pedro Bucher
Ana Furtado Foto: Pedro Bucher
 
 

Ana Furtado mexe no celular até encontrar um vídeo de monja Coen, enviado por uma amiga meses atrás. Nas imagens, a líder zen-budista conta que uma cientista disse que as células cancerígenas, vistas pelo microscópio, são lindas. Um baque e tanto para uma paciente oncológica, caso de Ana na época e assunto sobre o qual ela fala na edição deste domingo da Revista Ela, que vem com um recurso especial: por meio do aplicativo GERA, é possível acionar o recurso da realidade aumentada, que permite que, a partir de uma imagem, seu celular acesse conteúdos especiais. As capas das revistas são o gatilho que faz com que os vídeos dos depoimentos sejam acionados automaticamente no smartphone, criando o efeito de uma foto que fala. ( Saiba como usar aqui ) O ensinamento da sequência era: por que usar verbos tão duros como “lutar” e “extirpar” para uma coisa tão bonita? Por que não transformar essa beleza não saudável em algo sadio?

 
Veio o clique na apresentadora, que vive seu primeiro Outubro Rosa depois da cura de um câncer de mama, descoberto em março de 2018. “Estava num momento de revolta, de (pensar) por que comigo? Sou uma pessoa tão boa, ajudo tanta gente. Depois, refleti: ‘Por que não comigo?’. Se essa doença veio, é porque tem um propósito maior do que imagino.”

Um dos primeiros efeitos disso recaiu sobre uma grande característica de Ana: a vaidade. Hoje, o corte de cabelo mais curto de toda a sua vida é resultado dessa mudança interna: “Quando me vi 100% transformada, cortei os fios, como se fosse um rito de passagem”. Nada fácil para quem passou pela quimioterapia com uma touca que resfriava o couro cabeludo para evitar a queda e se encheu de cílios postiços para aparecer no programa “É de casa” — mesmo com dores lancinantes em todo o corpo. “Houve momentos difíceis, de dor no palco, mas não me arrependo. Passei por um processo que muita gente nem percebeu e pensava: ‘ela é paciente oncológica mesmo?’.”

Em uma entrevista de duas horas e meia, a carioca de 46 anos falou pela primeira vez sobre tudo o que enfrentou, a menopausa forçada e até a diversão com as piadas nas redes sociais: “Se errei, caguei; se virei meme, amei.”

 

As revistas que vêm junto com os jornais O Globo e Extra têm uma edição especial no último fim de semana de outubro. Abordando o tema do Outubro Rosa, as capas da Revista Ela, com Ana Furtado, e Canal Extra, com Susana Naspolini, vão literalmente falar sobre o câncer de mama através de uma ação de realidade aumentada. Saiba como ver a surpresa da capa no vídeo em que as editoras Marina Caruso e Camilla Mota contam sobre a ação:  

 

Visitante inesperado

“Em setembro de 2017, fiz meus exames de rotina, tudo bem. Mas eu sentia um cisto. Sabia que tinha alguns, mas esse, na mama esquerda, era palpável. Nem esperei um ano e, em março, repeti os procedimentos e quis fazer biópsia. Conheço meu corpo e boto muita fé na minha intuição. Minha médica achou que pudesse ser uma atitude exagerada, mas respeitou a minha decisão. Recebi do laboratório o resultado: carcinoma não invasivo. Coloquei a expressão no Google e apareceu câncer. Liguei para a médica e perguntei: “O que eu tenho é câncer?” Meu marido escutou, desceu a escada com um olho desse tamanho e falou: “Como assim?”. Respondi: ‘Fodeu.’"

Eis a questão

“Primeiro, pensei em não contar (para o público) . Será que as pessoas me veriam vitimizada? Mas uma das primeiras amigas com quem falei — e que me ajudou muito — foi Ana Maria Braga. Ela disse: ‘Conta, sim. Você receberá uma onda de amor que fará toda a diferença’. Depois, pensei: ‘Sou muito ingênua. Estou me tratando no (hospital Albert) Einstein, entro pela porta da frente. Em algum momento, alguém vai descobrir e contar uma história errada’. Aí decidi fazer um vídeo no Instagram.”

 

As perdas

“É uma doença de muitas perdas: de cabelo, sobrancelha, cílio, energia, libido. Tem gente que perde amigos, marido. E até as mamas, o que deve ser o mais abalável em termos de reconhecimento. É o órgão mais feminino que temos. Angelina Jolie (que retirou os dois seios de forma preventiva) foi uma mulher de coragem, mas se eu soubesse que tinha grandes chances de ter a doença, também teria essa atitude. Na época, pensei: “Ela é louca”. Mas está certa, quer ver os filhos crescerem. Essa é a força que carreguei.”

Metade da laranja

“Boninho (diretor da TV Globo com quem Ana está casada há 23 anos) é divertido, um grande ator. É sério porque assume um cargo de chefia, mas ao mesmo tempo tem muito bom humor. Costumo dizer que é o meu doce ogro. Estava conversando com o meu irmão hoje e ele falou: ‘Bia (ela se chama Ana Beatriz) , seus médicos te ajudaram, mas quem te curou foi seu marido’. Ele tem razão. Quando eu perdia cabelo, ele imediatamente transformava o momento em algo positivo e me elogiava. Não me senti desamparada, e isso não é a realidade de muitas mulheres.”

 

Isabella

“Contei pra minha filha depois que operei (em abril) e recebi todos os resultados. Já sabia o que aconteceria dali em diante. Minha relação com a Isabella (de 12 anos) sempre foi muito franca. Ela ficou preocupada com o fato de eu perder cabelo com a quimioterapia. Respondi: ‘Vou tentar não ficar careca. Mas, se acontecer, vai fazer parte do processo’. Foi muito guerreira ao meu lado, pediu para ir a uma sessão de quimio comigo. E foi, com a minha mãe, no último dia do tratamento, na radioterapia.”

 

Amigo de fé

“Perdi 40% do cabelo, mas sempre tive muito. Depois de todo o processo, quando me vi transformada, cortei os fios. Eles estavam estressados, foram muito guerreiros junto comigo. Pedia ao cabelo: ‘Aguenta aí! Se segura, malandro’. Sempre foi a minha maior vaidade. Durante o tratamento, usei a touca inglesa (uma tecnologia de resfriamento do couro cabeludo que fecha o bulbo capilar, evitando parte da queda, um efeito colateral da medicação; o custo pode chegar a R$ 500 por sessão) . É eficiente, mas brutal: colocava duas horas antes do ciclo de remédio, duas horas durante e duas horas depois. Eu queria estar bonita. Meus cílios caíram muito, aí coloquei postiços. Não ia ficar desciliada, não! Nem todo mundo vai conseguir o mesmo visual que conquistei durante o processo, mas não percamos o foco: mais importante do que a beleza estética é a beleza de estar viva.”

Espelho

“Tenho esse corpo desde os 15 anos. Mas nunca foi por pressão externa, mas por um desejo incansável de saúde e de beleza também. Não tenho problema em dizer isso: sempre fui muito vaidosa. Hoje em dia, lido com isso de forma mais saudável. Passo para a minha filha a mensagem de ver a beleza na imperfeição. Mostro meus defeitos, principalmente os estéticos, porque é muito comum os filhos se espelharem nos pais. Tenho certeza de que sou uma referência de beleza para ela. Então, pode ser muito difícil a relação dela com isso.”

Crença e ciência

“Sou católica não praticante, mas sempre fui uma pessoa muito espiritualizada, atenta ao meu anjo da guarda. Minha filha começou o catecismo um dia antes da minha cirurgia. A freira que dá aula tinha tido câncer, inclusive tirado uma mama, e me falou tantas coisas lindas, me encheu de esperança, e acabei fazendo a catequese de novo com a Isabella, todo domingo. Terapia comecei a fazer só depois da doença. Nas seis primeiras sessões, me perguntei: ‘O que to fazendo aqui?’ Na sétima, veio.”

Zoeira

“Eu me levava muito a sério no começo. Tinha a obrigação de vencer e, ao longo dos anos, fui me desconstruindo. É claro que trabalho com muita responsabilidade. Mas é como digo: ‘Se eu errei, caguei; se virei meme, amei’. E são tantas brincadeiras. A mais divertida foi a do três (no ‘É de casa’, Ana ficou abismada com o preço de uma carteira e repetiu ‘três reais’ diversas vezes) . Aconteceu há tempos, mas continua presente.”

Melhor idade

“Estou em período de menopausa, há um ano tomando o tamoxifeno (uma droga que impede a secreção de estrogênio, uma espécie de combustível para o câncer de mama) . Mas essa fase não me causa tristeza. Se eu sinto calor, é porque estou viva. Então, vem calor! Escutava muito sobre libido, e todos os médicos sempre me falaram que isso está na cabeça — e é verdade.”

 
 

Pontapé inicial

“Apareci na abertura da novela ‘Explode coração’, mas meu primeiro grande trabalho na Globo foi no game show “Ponto a ponto”, em 1995. Fiz um teste grande. Lembro de demorar duas semanas para vir a resposta. Estava me preparando para um desfile, na São Paulo Fashion Week (ela foi modelo de 1992 a 1995) , e o diretor me ligou falando que era uma boa hora para um novo rosto na TV. Nem sei como desfilei naquele dia.”


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