Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo terça, 01 de outubro de 2019

NEY MATOGROSSO: NUNCA PEDI DINHEIRO A NINGUÉM

 

Ney Matogrosso: 'Nunca pedi dinheiro a ninguém'

Cantor está no elenco de 'Caminhos Magnétykos', como um líder revolucionário
 
 
 

"Só um homem radicalmente egoísta é capaz de amar". A frase de efeito é de um político ditador no filme "Caminhos Magnétykos", do diretor português Edgar Pêra, que estreou na última quinta-feira (26) e traz Ney Matogrosso no elenco. Em cartaz nos cinemas brasileiros, o longa é uma ficção ambientada na guerra civil portuguesa em meados dos anos 1970, baseada na obra do escritor Branquinho da Fonseca (1905-1974). Entre os muitos personagens antinaturalistas, Ney faz André, o líder de um grupo revolucionário, que, em determinado momento, brinda o espectador cantando "A Rosa de Hiroshima".

 

Na entrevista, Ney fala de suas investidas no campo da atuação, de seu personagem e da "experiência lisérgica" que o filme proporciona: "Acho que tem gente que não vai entender nada". E, em tempo de recuo de patrocínios e investimentos, dispara: "Nunca pedi dinheiro a ninguém, faço tudo com o meu, graças a Deus".

Vencedor do Prêmio Vortex Sci-Fi & Fantasy Award no Rhode Island International Film Festival, "Caminhos Magnétykos" se desenrola no dia do casamento da filha de Raymond (Domique Pinon), um fotógrafo parisiense de 60 anos que, há 40, reside com a família em Lisboa, sob um regime autoritário militar. Durante uma noite e um dia de humilhações, Raymond irá viver uma revolta interior e uma viagem caleidoscópica numa cidade em vias de desmoronar.

Como você recebeu o convite para fazer o filme?

Edgar (Pêra) foi a um show meu em Lisboa e me convidou, mas não me disse nada, na ocasião, sobre o roteiro.

Como é seu personagem? Um espiritualista?

Não sei se tem uma mensagem, inicialmente eu achava que faria um médium trambiqueiro do Brasil, mas depois vi que ele se torna um revolucionário libertário.

 

A sua relação com o cinema é antiga, volta e meia você surge em um projeto de interpretação...

Comecei minha carreira de artista como ator, eu jurava que seria ator, até que a música me puxou e arrastou. Mas ficou aquela coisa dentro de mim, do não ter conseguido ter reconhecimento como ator. Por isto, de vez e quando eu topo fazer cinema. O teatro não daria para mim, não tenho a disponibilidade que ele exige, de temporada. Cinema é diferente, você vai lá, faz e pronto, acaba.

Você gostou do filme da primeira vez que viu?

Gostei, é muito diferente. Mistura muitas coisas interessantes, ele tinha me dito que o principal eram as cores e a iluminação do filme, uma estética lisérgica mesmo. Mas acho que alguma coisa da parte final mudou, vendo hoje novamente.

Como "A Rosa de Hiroshima" foi parar na história?

Foi depois que nós estávamos lá naquele lugar (um dos sets), aquilo ali era um cinema destruído, um lugar meio caótico. A gente ia filmar tudo ali, então ele (o diretor Edgar Pêra) me perguntou se eu poderia cantar e eu disse que sim. Alguém começou a tocar o violão e eu cantei.

 

 

Onde o filme foi rodado?

Numa cidade chamada Guimarães, que foi a primeira cidade de Portugal.

São personagens antinaturalistas. O realismo não está dando conta do cotidiano?

Não sei, mas na primeira parte eu apareço muito maquiado, como se fosse um vampiro. Aí eu pedi para não me caracterizarem tanto na segunda parte. Como eu disse, ele surge inicialmente como um trambiqueiro, mas não é. Há uma mudança no meio do filme.

O texto tem um forte teor satírico e político. Existe algo de atual?

Acho que tem de atual com o mundo. Ele quis acentuar a loucura, acentuar uma coisa fantástica. O diretor mistura muito as imagens. Para mim, parece meio lisérgico, mas não sei se isto é da ideia inicial dele. Tem que ver mais de uma vez. Hoje eu entendi melhor, é muito acelerado. Da primeira vez fiquei confuso, não do entendimento, mas da quantidade de estímulos. Hoje entendi com mais calma, gosto e acho um exercício bem interessante.

As pessoas irão entender?

Não sei, acho que tem gente que não vai entender nada. Por outro lado, uma senhora acabou de me dizer ali na saída da sala que achou o filme muito profundo, então de alguma forma a tocou.

 

Algum outro filme em mente?

Não. Aceito assim, de vez em quando. Já recebi umas propostas e não aceitei. Tenho que gostar, ler o roteiro e me ver ali dentro. Não sou ator profissional.

Qual sua agenda musical para o fim de 2019?

Acabei de gravar o DVD e CD de "Bloco na rua", tudo de uma vez só, num teatro sem plateia, com a câmera colada em meu rosto. Estou viajando direto e, em novembro, talvez, vamos lançar e continuar viajando com o show. Estou trabalhando este ano como não trabalhava há 30 anos.

Tem medo de ficar sem trabalho? Este Brasil de cortes de verbas para cultura e educação te apavora?

Nunca pedi dinheiro a ninguém, faço tudo com o meu, graças a Deus. Cheguei a este ponto, nunca precisei. A única vez que me aproximei da Lei Rouanet me foi negado, não entendi mas toquei o barco. Como não teve não teve, nem lembro quando e como foi.

O que viu recentemente que mais gostou?

Vejo muito filme de muita gente que eu gosto, mas vou ao cinema menos do que eu gostaria. "Bacurau" é inesperado, de onde este camarada foi tirar este assunto? Na minha cabeça ácido lisérgico não é para violência, e ali é para isso, eles tinham que se defender. Acabei de ver também "Clube dos canibais", um filme de terror que mostra o pensamento da elite brasileira, que é pérfido. O pior é que a gente reconhece.


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