Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo sexta, 20 de setembro de 2019

PORTUGAL INTOCADO: CONHEÇA AS PRAIAS DESERTAS E OS PEQUENOS VILAREJOS DO ALENTEJO

 

Portugal intocado: conheça as praias desertas e os pequenos vilarejos do Alentejo

Um roteiro turístico genuíno a partir da quase desconhecida cidade de Melides
 
 
Crianças brincam na areia da Lagoa de Melides, no litoral do Alentejo, em Portugal Foto: Daniel Rodrigues / The New York Times
Crianças brincam na areia da Lagoa de Melides, no litoral do Alentejo, em Portugal
Foto: Daniel Rodrigues / The New York Times
 
 

MELIDES, Portugal – O açougueiro local, observado pela filha de pé ao lado dele, vende frango assado inteiro e filés de carne recém-fatiados a fregueses que fazem seus pedidos com um simples aceno de cabeça ao entrar na loja, cena que se repete há décadas nesse pequenino vilarejo localizado na encosta de um morro na região rural de Portugal .

O próprio Louboutin tem uma casa de praia aqui. Tem como vizinha Noemi Marone Cinzano, uma condessa e produtora de vinho cuja família era proprietária da famosa marca italiana de vermute.

- Viajei minha vida inteira e não encontrei nenhum lugar na Europa tão preservado - contou Cinzano, que construiu sua casa de praia em estilo rústico aqui.

 

Outras celebridades também possuem imóveis no local, entre elas Philippe Starck, decorador de interiores e projetista de hotéis; Anselm Kiefer, artista alemão; e Jason Martin, pintor abstrato britânico, que transformou uma antiga casa noturna com aparência de caverna em seu estúdio, além de ter construído uma casa na encosta vizinha, onde ele também produz vinho.

Não há nada de extravagante em Melides – os moradores se reúnem na praça da cidade para jogar cartas ou conversar efusivamente. A eles se misturam visitantes de capitais internacionais. Minha família e eu desembarcamos aqui no verão deste ano quase por acidente.

Compramos um voo da TAP para Lisboa, sem fazer nenhum outro plano. Foi então que lemos sobre a faixa de praias ininterruptas do Oceano Atlântico aqui e decidimos reservar um chalé modesto à beira-mar, com três quartos, nessa cidade que mal podíamos localizar no mapa (alugamos de um casal que vive em Lisboa por meio do booking.com, pagando US$ 192 por noite, inclusive as taxas).

 

A região do Alentejo há muito tempo é conhecida como uma das partes mais pobres e menos povoadas da Europa Ocidental, apesar do solo fértil e arenoso. Uva, arroz, trigo, aveia, azeitona, mel, aspargo, nozes, frutas silvestres, trufa, cogumelo e muitas outras coisas nascem ou são produzidas na região que é conhecida como o celeiro de Portugal.

O restaurante pé-na-areia Sal, na Praia de Pego, na cidade alentejana de Comporta Foto: Daniel Rodrigues / The New York Times
O restaurante pé-na-areia Sal, na Praia de Pego, na cidade alentejana de Comporta
Foto: Daniel Rodrigues / The New York Times

O interior do Alentejo – com suas cidades históricas e vinhedos – já atrai estrangeiros há algum tempo, mas a costa foi uma adição recente ao mapa do turismo mundial, que passou a atrair visitantes afluentes a partir de 2000, aproximadamente, quando muitos deles iam para o vilarejo costeiro de Comporta , próximo de Melides.

A terra daquela área, que já chegou a pertencer ao rei de Portugal, em 1950 passou para as mãos da família Espírito Santo, que, desde a década de 1990, começou a convidar os amigos para visitá-los, incluindo a princesa Caroline e o príncipe Albert de Mônaco.

Comporta ainda é um lugar que atrai o turismo, com praia própria nos arredores e ótimos lugares para comer, como a Cavalarica Comporta, além de uma cena noturna bastante animada. Há também uma oferta crescente de hotéis butique próximos, como o Quinta da Comporta e o Sublime Comporta. Carros luxuosos enchem as ruas movimentadas, casais com trajes em estilo boêmio andam por entre as galerias de arte, lojas de utensílios domésticos, casas noturnas e bares com mesas ao ar livre. (O número de mosquitos à noite é impressionante, já que o vilarejo foi construído à beira de um arrozal.)

 

Por isso, fiquei feliz de termos parado um pouco mais ao sul, perto de Melides, uma cidade simples com aproximadamente 1.500 habitantes, mais ou menos quatro restaurantes, uma igreja, poucas lojas e um supermercado. Na praça central de Melides, há uma agência de correio, um pequeno café, uma banca de jornal, uma casa funerária e um açougue, além de um aglomerado de mesinhas onde os moradores se reúnem para passar o tempo.

A casa que alugamos ficava a aproximadamente 15 minutos de Melides e a apenas dois quarteirões do que é, sem sombra de dúvida, a faixa de praia mais extraordinária que já vi em qualquer lugar do mundo, a Praia da Galé .

Os bosques são outro cenário constante nos arredores de Melides, no Alentejo Foto: Daniel Rodrigues / The New York Times
Os bosques são outro cenário constante nos arredores de Melides, no Alentejo
Foto: Daniel Rodrigues / The New York Times

Você anda por um longo caminho em direção à vastidão do Atlântico. Em seguida, precisa descer uma escadaria precária, talhada no penhasco de pedra, antes de ter acesso à praia. No caminho, passa por uma coleção deslumbrante de arenitos avermelhados que, devido à ação do tempo, parecem esculturas abstratas. Essas formações têm aproximadamente cinco milhões de anos e se erguem a 40 metros do chão; na base delas, há um tapete de flores selvagens e amarelas chamadas chorão das praias.

Finalmente, não há mais nada, a não ser uma imensidão de praia vazia e o pescador ocasional com a vara presa na areia ou algumas famílias e seus guarda-sóis. Poucas pessoas frequentam partes dessa praia cuja areia é como uma crosta que os pés quebram a cada passo.

 

Quilômetro após quilômetro, é possível caminhar sem ser interrompido. Nenhum hotel ou resort, apenas o eventual quiosque que vende comidinhas e, durante o dia, alguns salva-vidas fornecidos pela administração regional. Longas faixas dessa costa estão permanentemente sob proteção e gozam do status de parque nacional. Em outras áreas, há restrições que proíbem qualquer nova construção perto da praia. Mesmo longe da costa, qualquer pessoa que compre uma terra produtiva deve se comprometer a manter algum tipo de agricultura.

Não nos surpreendemos de encontrar um cardápio com todo tipo de atividade ao ar livre. A mais simples é a extensa rede das chamadas trilhas dos pescadores, que se estendem por 450 quilômetros para dentro do continente e ao longo do Atlântico, a chamada Rota Vicentina .

Você pode também fazer passeios a cavalo, ter aulas de surfe, ver golfinhos, pescar, andar de bicicleta, caiaque e até de balão. Em muitas das praias, incluindo uma área chamada Santo André, há piscinas naturais, com águas calmas e rasas que são seguras para as crianças pequenas. Santo André é também uma reserva natural que abriga mais de 240 espécies de pássaros e centenas de tipos de borboletas.

 

Melides também nos serviu como um ótimo ponto de partida para passeios de um dia pela região do Alentejo, incluindo Comporta.

 

Uma rua comercial no caminho dos turistas em Évora, uma das principais cidades do Alentejo, e uma das mais antigas de Portugal Foto: Daniel Rodrigues / The New York Times
Uma rua comercial no caminho dos turistas em Évora, uma das principais cidades do Alentejo, e uma das mais antigas de Portugal
Foto: Daniel Rodrigues / The New York Times

Dos campos de sobreiro, do qual se extrai a cortiça, chegamos à cidade perfeita de Évora , construída pelos romanos e depois dominada pelos mouros. Lá, é possível ver um templo romano do século II e a maior catedral medieval de Portugal, além de restaurantes, bares e lojas. Évora é listada como Patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações Unidas, que classificou o lugar como "o melhor exemplo de uma cidade da era de ouro de Portugal após a destruição de Lisboa pelo terremoto de 1755". Esse foi o passeio mais turístico que fizemos na semana, mas valeu a pena.

Passamos a tarde em uma grande fazenda orgânica, a Herdade Aberta Nova, que recebe visitantes (incluindo famílias com crianças pequenas) e tem uma variada criação de animais, como pavão, porco, cavalo, burro, galinha e cabra, entre outros.

O mais longe que chegamos foi até Zambujeira do Mar , um vilarejo costeiro perto da base do Alentejo. À primeira vista, nos pareceu um local sem atrativos, mas, no início de agosto, ele abriga um grande festival de música, o Meo Sudoeste, que atrai multidões de mochileiros, a maioria de Portugal e da Espanha, que acampam em barracas perto da área do festival.


Escreva seu comentário

Busca


Leitores on-line

Carregando

Arquivos


Colunistas e assuntos


Parceiros