Essas opções, baseadas em aplicativos – a maioria com nomes simples como Lime e Bird –, foram criadas em sua maioria para ajudar a população local na movimentação do dia a dia, mas entrar na onda do transporte elétrico parece inevitável para os visitantes também.
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É claro que a adoção rápida desse meio não ocorre sem polêmicas ou problemas. Dois anos atrás, três empresas despejaram duas mil patinetes nas ruas de São Francisco sem licença nem permissão. Resultado: calçadas intransitáveis, cruzamentos atravancados e cadeiras de rodas impossibilitadas de usar as rampas. Sem demora, a prefeitura proibiu a operação e criou regras para integrar as bicicletas e patinetes elétricos na infraestrutura de transporte. (Paris está enfrentando problemas semelhantes depois de liberar a operação de doze empresas simultaneamente; em Nova York, a introdução de mil patinetes da Revel este ano em dois distritos já levanta questões sobre sua segurança).
A promessa universal dessas empresas – a de uma opção de transporte ecologicamente correta – também não é muito clara. Um estudo publicado em agosto na revista científica "Environmental Research Letters" concluiu que os recursos exigidos para a coleta e o carregamento das patinetes, bem como sua manufatura, não são necessariamente anulados pela "limpeza energética" de seu uso (várias companhias inclusive compram créditos de CO² para equilibrar as emissões). Apesar disso, e embora não sejam perfeitos, esses veículos são notavelmente mais ecologicamente corretos do que o carro, por exemplo, e se tornaram muito populares entre locais e turistas.
Pensando em dar uma voltinha de bicicleta elétrica ou patinete na próxima viagem? Veja aqui por onde começar.
Encontre a opção ideal
Os aplicativos facilitam muito a vida de quem tem mais de 18 anos na hora de encontrar bicicletas elétricas e patinetes, sem o inconveniente de ter de achar uma loja de aluguel (e muito provavelmente ter de discutir preços em uma língua estrangeira). Um dos maiores nomes nesse setor, o que não é surpresa, é a Uber, que administra a Jump (bicicletas e patinetes em 32 cidades de dez países) e recentemente se uniu em parceria à Lime (patinetes em 100 cidades de 25 países). Nos EUA, sua concorrente, a Lyft, também entrou na onda das patinetes (20 cidades) e opera o compartilhamento de bicicletas em oito cidades.
Entre outros nomes estão a Bird (patinetes em mais de cem cidades), que há pouco tempo adquiriu a Scoot, de San Francisco (patinetes, bicicletas normais e elétricas, em várias combinações, em San Francisco, Barcelona e Santiago). A maioria dessas empresas tem presença nos EUA e no exterior, e está crescendo rápido; verifique a disponibilidade no site da empresa antes da viagem e baixe o aplicativo. Se já estiver cadastrado no Uber ou no Lyft, você pode acessar as bicicletas e patinetes sem precisar abrir uma nova conta.
As interfaces diferem um pouco, mas geralmente mostram onde encontrar o veículo, como destravá-lo, o alcance do dispositivo e os preços. Normalmente, ele não precisa ser devolvido em um local determinado ou estação de acoplamento, mas sim em zonas pré-designadas (deixá-lo fora dessas áreas acarreta multas). A maioria dos aplicativos permite o aluguel de um veículo por conta, com exceção das parcerias de compartilhamento de bicicleta da Lyft (a Lime também está testando a função Group Ride na Europa e na América Latina).
Segurança em primeiro lugar
Os aplicativos usam imagens para demonstrar como usar a bicicleta ou patinete com segurança; muitos inclusive oferecem mapas e informações específicas da cidade onde se está alugando. O Scoot exige que você assista a um vídeo de orientação antes de pegar uma de suas bicicletas elétricas (mas você também pode ir à sede, em San Francisco, para receber orientações pessoalmente, se preferir).
Todas as operadoras recomendam que, ao usar o veículo pela primeira vez, tente fazê-lo em áreas menos congestionadas. Mantenha-se nas ciclovias quando possível (a menos que esteja em um ciclomotor, que deve ser usado na faixa para automóveis). Preste atenção no trânsito.
"A tecnologia é nova, ainda há muita coisa para absorver. Temos de dividir a rua com os carros que, por sua vez, também estão aprendendo a dividir o espaço", diz Andrew Savage, vice-presidente de sustentabilidade da Lime.
Embora muitas empresas distribuam capacetes na época do lançamento, o aluguel do veículo não inclui o equipamento (com exceção das motos da Scoot e ciclomotores da Revel). Você pode procurar um nas lojas de bicicletas e serviços de aluguel, mas Morgan Lommele, diretora de políticas estaduais e municipais da ONG PeopleForBikes, recomenda levar o próprio; está crescendo o número de opções dobráveis, o que facilita muito o acondicionamento.
Regras de trânsito
As regras e a cultura de locomoção mudam de acordo com a cidade e o país, como também a disponibilidade de ciclovias e rotas. Lommele aconselha uma pesquisa rápida de antemão.
"Da mesma forma que você sai à procura de um bom restaurante, hotel ou concerto, dá para fazer o mesmo com o transporte. E vá com calma, prestando atenção ao que há à sua volta", ensina ela.
Além de estudar trajetos e caminhos, aprender as regras da cidade é fundamental. A pesquisa preliminar ajuda, mas Michael Keating, fundador e presidente da Scoot, tem outro conselho para quem vai se locomover por conta própria em um lugar novo: imite o pessoal local.
"Se vir que os moradores andam na ciclovia e param a bicicleta em determinado lugar, imite! E nunca dê a primeira saída na hora do rush."
Cada cidade tem suas regras, mas, no geral, é pouco provável que você possa andar de bicicleta ou patinete na calçada de qualquer lugar.
Aproveite o passeio
Um dos benefícios de explorar uma cidade nova de bicicleta ou patinete? É divertido.
"Estando de patinete ou bicicleta, se vir um lugar que lhe interesse ou algo que o atraia, é muito mais fácil parar e ir lá conferir", afirma Rachel Holt, diretora de nova mobilidade da Uber.
Keating concorda: "Quando você está viajando, a jornada em si se torna o destino. Contar com um meio divertido e versátil de ver um lugar vale toda a pena."
No Brasil
RIO. Por aqui, as principais capitais e outras cidades têm empresas que oferecem o serviço de aluguel de patinetes, como São Paulo, Rio, Florianópolis, Goiânia, Curitiba, Recife, Porto Alegre, Brasília, Belo Horizonte e Vitória, além dos municípios paulistas de Santos, Campinas e São José dos Campos.
Rio e São Paulo têm legislação própria para o uso do patinete, que inclui, entre outras normas, o limite máximo de velocidade de 20km/h e a proibição de trafegar nas calçadas e de caronas (cada patinete só pode comportar uma pessoa). O uso é permitido em ruas cuja velocidade máxima seja de até 40km/h e em vias fechadas ao lazer, ciclovias, ciclofaixas, faixas compartilhadas, parques e praças.
As autoridades de trânsito de Belo Horizonte, onde um homem morreu ao cair de um patinete, preparam um conjunto de regras para regulamentar o uso do veículo na cidade.
Nas cidades sem legislação específica, valem as regras do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Nesse caso, os patinetes precisam obedecer às mesmas normas dos "equipamentos de mobilidade autopropelidos" (com algum tipo de motorização). Esses veículos não podem rodar na rua, em meio aos carros e às motos, mas estão liberados nas calçadas desde que observem certos limites de velocidade.
Em áreas de circulação de pedestres, ciclovias e ciclofaixas, não podem passar de 6km/h. Também é obrigatório o patinete ter indicador de velocidade, campainha e sinalização noturna, dianteira, traseira e lateral ( Carolina Mazzi ).