RIO — David Bryan é categórico:
— Apenas umas cinco bandas de rock no mundo podem se apresentar em estádios — diz o tecladista e fundador do Bon Jovi, aos 57 anos, obviamente escalando seu grupo nesse seleto time.
A sétima passagem do quinteto de Nova Jersey pelo Brasil mostrou que, exageros à parte (são umas 10 ou 15 bandas, né, David?), o músico está certo. Hoje à noite, a banda do galã grisalho Jon Bon Jovi, também 57 anos, aterrissa em seu terceiro Rock in Rio (já veio em 2013 e 2017). Chega à cidade depois de tocar no Estádio do Arruda, em Recife, no Allianz Parque, em São Paulo, e na Pedreira Paulo Leminski, em Curitiba.
A turnê mundial “This house is not for sale” começou em 2017 — era a mesma no último Rock in Rio. No meio deste ano, passou pela Europa amealhando até 80 mil fãs por show.
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O que explica o sucesso duradouro de uma banda que começou a frequentar o Brasil no Hollywood Rock de 1990? Bom, desde aquela época, Jon e o guitarrista Richie Sambora já derretiam corações — pessoalmente ou em baladas românticas como “Wanted dead or alive” e “I’ll be there for you”.
Mas há mais: em 36 anos desde sua fundação, a banda, de certa forma, herdou de Bruce Springsteen o cetro de cronistas dos EUA para o mundo – gigante em sua terra natal, o Boss não é idolatrado no resto do planeta. Em canções como “Someday I’ll be Saturday night” e “Livin’ on a prayer”, o grupo narra perrengues da classe trabalhadora americana.
Enfim: sem Sambora, que deixou o grupo em 2013, mas com Jon assumindo os charmosos cabelos brancos e o baterista Tico Torres no esplendor de seus 65 anos, lá estará o Bon Jovi, com hits antigos e vários posteriores, como “This house is not for sale”, “Knockout” e “Roller coaster”, do disco de 2016.
Para compor o domingo família de Rock in Rio, o festival inicia os trabalhos no Palco Mundo com Ivete Sangalo, presença praticamente prevista na legislação do evento desde sua retomada, em 2011. Entre covers roqueiras equivocadas como “More than words”, do Extreme, e grandes hits como “Festa” e “Sorte grande”, a baiana tem pouca contraindicação.
Banheira dos Goo Goo
Em seguida, o Rio vê pela primeira vez os Goo Goo Dolls, do eterno sucesso “Iris” (aquela do “I just want you to know who I am”). A banda acompanha o Bon Jovi no giro pela América do Sul, que ainda tem um show no Peru no próximo dia 2.
Num clima tiozão mais sofisticado, a atração imediatamente antes dos headliners no Palco Mundo é a Dave Matthews Band, voltando ao Rock in Rio após 18 anos, quando se apresentou na lendária noite encerrada pelo rebelde canadense Neil Young.
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Um improvável sucesso com seu rock jazzístico de poucos refrãos e longas passagens instrumentais, a DMB deve mandar um pessoal para o Espaço Gourmet, mas seus seguidores fiéis devem ir ao delírio com as levadas de violão do cantor e líder Dave Matthews, a bateria precisa de Carter Beauford e os sopros de Jeff Coffin e Rashawn Ross.
Um dos encontros mais esperados de todo o festival vem em seguida, por volta das 19h, com a onipresente Iza (escolhida na última semana para o posto de rainha da bateria da Imperatriz Leopoldinense!) e a diva Alcione, que já gravaram juntas “Você me vira a cabeça”, injetando quadris e melanina no festival.
A atração mais pop da tarde/noite fecha o Sunset: a inglesa Jessie J e seu som leve e dançante. Ou o mais pop é o próprio Bon Jovi? Bom assunto para o café da manhã em família da segunda-feira.