RIO - Uma testemunha da Copacabana do samba-canção (substituiu Dolores Duran na boate Bacará, do Beco das Garrafas) que passou pelo sambalanço e a jovem guarda, o cantor Silvio Cesar completou 80 anos em agosto e aproveitou para passar a limpo seus 60 anos de carreira no livro “Silvio Cesar 80 anos” (Editora Batel), que lança esta terça-feira, a partir das 19h, em noite de autógrafos na Livraria da Travessa do Leblon.
— É o retrato de uma época, das minhas experiências em 60 anos de trabalho, não um livro de memórias — adverte essa referência da música romântica brasileira, autor de sucessos como “Pra você” (gravada em 1965 em sua própria voz, depois por Gal Costa e mais recentemente por Roberta Sá ) e “O moço velho” (sucesso de Roberto Carlos , para quem Silvio fez a canção sob medida).
Nascido Silvio Rodrigues Silva em Raul Soares (MG), o cantor começou carreira na televisão (inaugurou a TV Continental) e como crooner das orquestra do saxofonista Waldemar Szpillman e da banda do organista Ed Lincoln , o Rei dos Bailes. Nesse início, ele participou também como ator do filme “Na onda do iê iê iê” (1966), ao lado dos futuros trapalhões Renato Aragão e Dedé Santana — o que lhe valeu até uma única participação no programa de TV “Jovem Guarda” , de Roberto Carlos.
Em “Silvio Cesar 80 anos”, estão, além de um farto material fotográfico que ele reuniu, muitas de suas histórias — algumas anedóticas, outras emocionantes — com figuras como Tom Jobim , Chico Buarque , Elis Regina , Gal Gosta, Pelé e outros nomes. Autor de mais de 250 músicas, gravadas por grandes intérpretes da MPB, Silvio Cesar não deixou de incluir no livro algumas denúncias, como a de “um padre muito famoso” que se apropriou do refrão da sua canção “Vamos dar as mãos” (gravada por Antônio Marcos ) e que trocou a letra para “vamos erguer as mãos” sem pedir autorização.
Formado em Direito, o cantor sabe bem do que está falando: ele hoje é presidente da Sociedade Brasileira de Proteção e Administração de Direitos Intelectuais (Socinpro).
— ( O direito autoral ) é um direito que ninguém sabe o que é ainda! — reclama ele, que seguiu com a carreira musical (em 2017, lançou seu mais recente CD, “Viagens paralelas"). — Tenho produzido de dois em dois anos, só não sou um artista de mídia, gosto de trabalhar com músicos que tocam jazz. Para mim, o prestígio é mais importante do que a popularidade.
"Silvio Cesar 80 anos"
Autor: Silvio Cesar
Editora: Batel
Páginas: 180
Preço: R$ 80
Lançamento: Terça-feira (05/11), às 19h, na Livraria da Travessa do Shopping Leblon — Av. Afrânio de Melo Franco, 290, loja 205 (3138-9600)