Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense domingo, 02 de dezembro de 2018

O FRUSTRANTE ADEUS DE PAQUETÁ

 

O frustrante adeus de Paquetá
 
Flamengo perde para o Atlético-PR na despedida do ídolo. O craque embarca rumo a Milão sem título nesta temporada

 

Publicação: 02/12/2018 04:00

Vendido por R$ 150 milhões, Paquetá fez 12 gols neste ano: %u201CEssa torcida é sem comparações. Vai seguir no coração%u201D (Delmiro Junior/Photo Premium/Folhapress)  
Vendido por R$ 150 milhões, Paquetá fez 12 gols neste ano: %u201CEssa torcida é sem comparações. Vai seguir no coração%u201D

O estádio do Maracanã, no Rio, recebeu ontem quase 67 mil torcedores para fazer a festa de despedida do Flamengo no Campeonato Brasileiro. Garantido como vice-campeão, o time carioca entrou com força máxima contra os reservas do Atlético-PR, que estão mais focados na decisão da Copa Sul-Americana. Mas o clima festivo não teve um final feliz com a vitória de virada dos paranaenses por 2 x 1, que também não tiveram o que comemorar porque não conseguiram terminar a competição em sexto lugar, com vaga na fase preliminar da Copa Libertadores.
 
A vitória no Rio fez o Atlético-PR subir para 57 pontos. Aí, era esperar para ver se o Atlético-MG tropeçaria contra o Botafogo, no Independência, em Belo Horizonte. Mas isso não aconteceu, pois o clube mineiro venceu por 1 x 0 e terminou o Brasileirão na sexta colocação com 59. Resta aos paranaenses buscar o título da Copa Sul-Americana contra o Junior Barranquilla, da Colômbia, nos próximos dia 5 e 12. O campeão vai direto para a fase de grupos da Libertadores.
 
A partida marcou a despedida de Lucas Paquetá. “Eles sempre estiveram do meu lado. Essa torcida desde o início me apoiou, me abraçou. Saio daqui com gratidão eterna, agradecendo a todos eles por isso. Seguir minha vida, com o Flamengo no coração”, disse emocionado. “Vestir essa camisa é muito especial. Desde pequeno foi o que eu batalhei para conquistar. Essa torcida é sem comparações. Quando está bem, vibra. Quando está difícil, apoiam mesmo com cobrança. Vou seguir com o Flamengo no coração.”
 
Questionado sobre o gol que ficará na memória, Paquetá escolheu. “O gol da final da Sul-Americana eu vou guardar. Mas não só aquela partida, vou guardar essa como todas as outras.”
 
O Flamengo fica com o gosto amargo de uma derrota na despedida da temporada, na qual não conquistou um título sequer. Embora com um elenco forte, caiu nas semifinais do Campeonato Carioca e da Copa do Brasil, foi eliminado nas oitavas de final da Libertadores pelo Cruzeiro e teve o vice-campeonato brasileiro sacramentado no último fim de semana, quando o Palmeiras assegurou o título. Terminou com 72 pontos, sua melhor pontuação na era dos pontos corridos.
 
Por conta da chance de título na Sul-Americana, o técnico Tiago Nunes poupou os titulares no Atlético-PR. Os reservas do time paranaense até começaram bem o jogo, apostando na velocidade pelas laterais. Porém, aos poucos, o Flamengo passou a dominar as ações e conseguiu abrir o placar aos 22 minutos. Diego cobrou escanteio da direita e o zagueiro Rhodolfo cabeceou no canto direito do goleiro Felipe Alves, que demorou para chegar na bola.
 
Com a derrota no Maracanã e a vitória parcial do Atlético-MG em Belo Horizonte, era de se supor que o Atlético-PR mostrasse desânimo em campo. Mas não foi isso o que aconteceu no segundo tempo com as substituições que Tiago Nunes fez: entraram os titulares Pablo e Lucho González, que deram mais toque de bola e velocidade ao time.
 
Aos 19 minutos, o empate veio em uma boa jogada. Envolvendo três jogadores e uma intensa troca de passes, o meia Matheus Rossetto empatou ao desviar do goleiro César um chute rasteiro de dentro da área. Pouco depois, aos 25, a superioridade em campo foi recompensada após um belo chute do atacante Rony da entrada da área, que entrou no ângulo esquerdo alto da meta flamenguista.
 
Daí para o final, o Flamengo buscou de todas as formas ao menos o empate, mas parou na bem postada defesa do Atlético-PR, para frustração da torcida.
 
 
Última rodada
 
Ontem
Atlético-MG 1 x 0 Botafogo
Flamengo 1 x 2 Atlético-PR
Hoje
17h Paraná x Internacional
Chapecoense x São Paulo
Bahia x Cruzeiro
Fluminense x América-MG
Ceará x Vasco
Sport x Santos
Palmeiras x Vitória
Grêmio x Corinthians
 
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Correio Braziliense sábado, 01 de dezembro de 2018

INFÂNCIA ACOLHIDA

 


Infância acolhida
 
 
Aldeias Infantis SOS promovem bem-estar e a autonomia. Terceira matéria da Série Rede do Amor mostra que instituições necessitam de material escolar, brinquedos e roupas para as crianças. Mas também buscam voluntários para projetos esportivos e atendimento psicológico

 

» Mariana Machado
Especial para o Correio
*Nome fictício em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente

Publicação: 01/12/2018 04:00

Alexandra Pompeo, coordenadora do projeto:  

Alexandra Pompeo, coordenadora do projeto: "Nós queremos que eles tenham a experiência de viver em sociedade"

 

Enquanto muitos meninos e meninas passarão o Natal em casa com as famílias, 368 jovens institucionalizados estarão nas 15 entidades de acolhimento espalhadas pelo Distrito Federal. Crianças e adolescentes abandonados ou vítimas de violência familiar e sem ter para onde ir vivem em instituições que os recebem e se preocupam em fazer a reinserção social de cada um.
 
Entre elas está a organização humanitária Aldeias Infantis SOS, presente em 132 países desde 1949. Em Brasília, eles funcionam na Asa Norte desde 1968 em um lote onde estão construídas 15 casas. Até 2012, cada casa era ocupada por nove crianças. “Percebemos que isso estava virando um depósito de crianças e eles acabavam convivendo apenas entre si. Não é isso que queremos. Nós queremos que eles tenham a experiência de viver em sociedade”, explica a coordenadora do projeto, Alexandra Pompeo. A partir dessa constatação, os responsáveis se juntaram para reiventar a instituição.
 
Atualmente, apenas uma das residências é ocupada. Ao todo, são dez jovens, entre 10 e 17 anos. Com a chegada do ano letivo, uma das necessidades da instituição é conseguir o material escolar para eles. Alexandra obvserva que há casos em que as autoridades responsáveis querem deixar os adolescentes no abrigo sem que haja a real necessidade. “Às vezes um menino se comporta mal, tem problemas com os pais e eles acham que é preciso mandar para o abrigo e pronto, mas não é bem assim”, explica.


Aos 17 anos, Lívia* completa o segundo ciclo na entidade. Órfã de pai e mãe, a jovem chegou a ser adotada por uma família de Planaltina na primeira vez que esteve lá. A convivência, no entanto, não deu certo e ela voltou para o antigo lar. “Aqui fiz amizades, mas a maioria já foi embora. Também aprendi a ser mais responsável e ter independência”, declara. Lívia completa 18 anos em maio do ano que vem e terá que deixar a instituição. Ali fez curso de informática e, atualmente, faz estágio em um órgão do Governo do Distrito Federal. Ao Correio, a jovem fala de esperança e sonhos. “Quero fazer a faculdade de psicologia”.
 
Quando chega alguém chega na organização humanitária,  psicólogos e assistentes sociais fazem um plano individual de atendimento. Primeiro, buscam os parentes, tentam entender o que aconteceu e analisam se existe a possibilidade de reintegração familiar. Não sendo possível, a criança ou adolescente é incluído na lista para adoção. “Mas nós sabemos que nem todos serão adotados. Então fazemos um trabalho para que eles tenham autonomia. Um dos caminhos é o programa de profissionalização”, explica Alexandra. O objetivo do projeto é que, ao completar 18 anos, esse jovem tenha condições de concorrer a uma vaga no mercado de trabalho.
 
Cada criança que passa pelo abrigo carrega uma história. Atualmente o caso mais delicado é o de uma órfã acolhida aos 6 anos. Com diagnóstico de esquizofrenia, epilepsia e outros transtornos, ela já completou 20 anos. Os assistentes sociais não conseguiram, nem mesmo judicialmente, encaminhar a jovem para uma instituição especializada no atendimento dela. “Não queremos que ela vá para a rua. Se nós conseguíssemos um lugar que a recebesse sem custos, resolveria. Mas como não achamos, cuidamos dela”.
 
Profissão Mãe
Na casa onde moram, os adolescentes não estão sozinhos. Para manter a ordem e ajudar na criação, existem as mães sociais. São quatro funcionárias contratadas que atuam, como o próprio nome diz, na função de mães. Elas preparam almoço, dormem na casa, cuidam da saúde e da educação dos jovens. Marli Araújo, 60, é mãe nas Aldeias há 15 anos. Ela conta que tudo começou depois de receber um panfleto da organização na saída de uma missa. “Nunca tive filho biológico e, até então, só tinha experiência como gerente de supermercado, mas achei o trabalho bonito e me inscrevi para a vaga”.
 
A mulher que até então nunca tinha pensado em ser mãe, encantou-se com o trabalho e acabou adotando dois meninos, um de 6 anos e um de 9. “Na verdade, eles me adotaram como mãe primeiro. Não tinham família biológica e fomos criando vínculos”. A experiência como mãe social, no entanto, não foi tão fácil quando ela imaginava. “Cheguei em uma casa viva, cheio de meninos hiperativos. Me senti jogada no fogo, mas consegui”, relembra.
 
Na Aldeias, Marli criou concursos: quarto mais arrumado, bom comportamento e festinhas de recompensa. “Deu certo e continua dando. Gosto muito do que eu faço. Aprendi que a gente tem que amar o que faz e as crianças do jeito que elas são”, pondera.
 
Orçamento
Acolhendo menos jovens, a instituição consegue proporcionar a eles maiores chances de convívio com a comunidade. As14 casas ficaram disponíveis, o que deu a oportunidade de aproveitar o espaço para outros atendimentos. A entidade tem recebido famílias de venezuelanos indicados pela Organização das Nações Unidas (ONU).
 
A coordenadora Alexandra explica que são grupos recém-chegados de Boa Vista (Roraima). Grupos de 50 venezuelanos são acolhidos de cada vez. Uma vez instalados na casa, funcionários do projeto Aldeias fazem a ponte para auxiliá-los e conseguir emprego. Depois disso, os profissionais ajudam as famílias a encontrar moradia perto do local de trabalho. Desde julho, 15 famílias já foram assentadas.
 
Já as demais casas são alugadas por pequenos comerciantes e o valor do aluguel é revertido nas causas sociais da organização. Uma delas é o Projeto em Cena, que trabalha com 60 jovens entre 14 e 16 anos, moradores do Paranoá, ensinando fotografia e computação gráfica. Também no Paranoá, outra casa para acolher crianças deverá ser aberta no próximo ano.
 
Assim como a  organização humanitária Aldeias Infantis SOS, outras instituições que cuidam de crinças e adolescentes necessitam de ajuda. Como muitos não têm família ou ela não tem condição financeira, entidades se juntam para arrecadar roupas e brinquedos e garantir a festa de Natal.
 
A Vara da Infância e da Juventude, por meio da rede Anjos do Amanhã, iniciou a campanha Natal Solidário, para arrecadar presentes. Quem quiser participar tem até o dia 11 de dezembro para selecionar a instituição e criança ou adolescente a ser presenteado.
 
Na lista há uma variedade de desejos: bonecas, roupas, mochilas e bicicletas. Quem escolher presentear com um item mais caro, pode fazer uma vaquinha com amigos. Esta é a quarta vez que a campanha Natal Solidário é realizada e em todas as edições 100% das crianças foram atenidas, segundo o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT). O doador pode deixar o presente nas diretorias dos fóruns ou na sede da rede solidária Anjos do Amanhã, localizada na 909 Norte.
 
O supervisor da rede, Gelson Leite pede que cada presente seja embalado e, se possível, acompanhado de uma cartinha. “É uma experiência inclusiva e uma forma de singularizar aquela criança ou adolescente. Isso afaga o coração e diminui as dores do afastamento familiar”, declara.
 
Mas Gelson esclarece que o Natal não é apenas o momento de ser generoso. O trabalho da Rede do Amanhã é, justamente, o de buscar voluntários para trabalhar com esses jovens acolhidos na tentativa de garantir os direitos da criança e do adolescente. “A gente busca voluntários na área de atendimento médico e psicológico assim como quem possa oferecer cursos de capacitação, reforço escolar, atividades de lazer, cultura e esporte”. Quem tiver interesse só precisa fazer a inscrição pelo site anjosdoamanha.tjdft.jus.br e aguardar ser chamado.
 
 
 
Doações
 
A principal necessidade para os adolescentes acolhidos pelo projeto Aldeias Infantis é de material escolar. Com a proximidade do novo ano letivo, cadernos, canetas, lápis, mochilas e tênis estão em falta para começar os estudos em 2019. Quem tiver interesse em doar pode entrar em contato pelo telefone 3272-3482.
 
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Correio Braziliense sexta, 30 de novembro de 2018

EQUOTERAPIA: UM TRATAMENTO DIFERENCIADO

Um tratamento diferenciado
 
Segunda reportagem da série Rede do Amor conta a história da Associação Nacional de Equoterapia, que ajuda pessoas com as mais variadas deficiências locomotoras

 

Mariana Machado
Especial para o Correio

Publicação: 30/11/2018 04:00

Lucas Carvalho: a terapia melhorou os movimentos do menino de 12 anos (Marilia Lima/CB/D.A Press)  
Lucas Carvalho: a terapia melhorou os movimentos do menino de 12 anos


São diversas as razões que podem causar dificuldades motoras ou de fala em uma pessoa: paralisia cerebral, má formação física ou mesmo a velhice, por exemplo. Para ajudar quem vive nessas condições, médicos têm indicado a equoterapia como ajuda no tratamento. Um mês de sessões, no entanto, pode custar em torno de R$ 400, valor que nem todos conseguem pagar. Para ajudar, entra em cena a Associação Nacional de Equoterapia (Ande/Brasil) que, por meio dos cavalos, tem auxiliado, principalmente, crianças.

Fundada em 1989, a instituição sem fins lucrativos foi a primeira a trazer a equoterapia para o Brasil. A sede fica na Granja do Torto, em um espaço cedido pela Presidência da República. Jorge Dornelles Passamani, coronel aposentado da Polícia Militar do DF, está à frente da instituição. Segundo ele, 150 pessoas são atendidas atualmente, todas de forma gratuita. Os alunos têm autismo, paralisia infantil, síndrome de down e doenças que causam dificuldades de fala e locomoção. A Ande exige, para a prática, laudo de um médico, psicólogo e fisioterapeuta. Profissionais da associação também precisam atestar que o interessado tenha condições físicas e psicológicas de fazer o tratamento.

O coronel explica que o movimento tridimensional do cavalo ajuda a despertar regiões adormecidas no cérebro de quem está montando. “Em 30 minutos de terapia, são feitos 21 mil deslocamentos, o que estimula o equilíbrio e melhora as demais funções. Do lado psicológico e lúdico, é um animal fascinante, admirado por crianças e adultos”, afirma. A equipe de trabalho é multidisciplinar e formada, na base, por três profissionais: psicólogos, fisioterapeutas e equitadores.

Com as mãos firmes nas rédeas do cavalo, Pâmela Cordeiro, 13 anos, consegue montar sozinha. A menina tem paralisia cerebral desde o nascimento e, por indicação, a mãe, a dona de casa Ana Paula Cordeiro, 47, procurou o tratamento, mesmo tendo ouvido de alguns médicos que de nada adiantaria. “Tem gente que não acredita, mas, na vivência, a gente percebe o quanto foi bom. Não imaginávamos que ela chegaria onde está hoje”, emociona-se Ana Paula.

Quando começou a prática, a menina sofria de mutismo seletivo e falta de equilíbrio. Cerca de dois anos depois do tratamento iniciado, passou a conversar, melhorou o rendimento escolar e ainda participou de três competições de equoterapia, levando medalha para casa em todas. “A vontade dela é participar de uma paraolimpíada e eu sonho que isso se torne realidade. A equoterapia só trouxe melhoras. Hoje em dia ela não tem vergonha de ser quem é”, comemora a mãe.

Pâmela tem uma irmã gêmea que também nasceu com a paralisia. No entanto, o caso dela é mais grave. Por ter uma escoliose acentuada, não foi autorizada a montar. O movimento poderia romper a coluna dela. “Eu queria muito que ela também pudesse fazer, porque os benefícios são grandes, mas essa limitação impede”, lamenta a mãe.

A pediatra e especialista em trissomia do cromossomo 21, ou síndrome de down, Moema Arcoverde, avalia que os resultados observados com a equoterapia são extremamente positivos, sobretudo para crianças nessas condições. “Há benefícios na concentração, e interação. O contato com os animais facilita isso; é como se o cavalo fosse uma ponte de comunicação”, afirma.

Assim como outras práticas esportivas, também melhora a disciplina e equilíbrio. “Essas crianças têm alteração na anatomia do cerebelo, que é menor. Quando começam a montar, isso traz maior segurança, porque a estrutura motora fica mais firme”, destaca a pediatra. Quanto mais tempo durar, melhores os resultados, mas as filas de espera e pouca oferta do serviço acabam limitando os tratamentos. Hoje, 550 aguardam a vez.


Gabriel Ramos: sem a equoterapia, o progresso que ele teve pode ser prejudicado (Marilia Lima/CB/D.A Press)  
Gabriel Ramos: sem a equoterapia, o progresso que ele teve pode ser prejudicado



Futuro incerto
Com síndrome de down e paralisia cerebral, Gabriel Ramos, 15, está chegando ao fim dos dois anos de tratamento. Ele passou por listas de espera de outras instituições e conseguiu fazer o tratamento sem interrupções desde os 2 anos de idade, mas a partir do ano que vem o futuro é incerto. “Sem a equoterapia, o progresso que ele teve pode ser prejudicado. Quando começou, não tinha controle do pescoço e tronco e, nos primeiros meses, ganhou equilíbrio. Antes tinha dificuldade até de sentar. Além disso, passou a interagir mais, ficou mais sociável”, relatou a mãe, a dona de casa Marilene Ramos, 47.

A família mora no Paranoá e a mãe se desdobra para sempre levar o filho às sessões uma vez por semana. “Percebo que, quando está no cavalo, ele fica muito feliz, então se é algo que traz alegria, eu tento proporcionar. Os médicos dele também recomendam”. Ainda bebê, Gabriel foi diagnosticado com a paralisia, depois que um exame identificou uma lesão no cérebro. Ele não fala, usa uma cadeira de rodas para se locomover e, desde 2014, perdeu a visão. “Sonho que o futuro dele seja um pouco melhor e é por isso que eu luto para que ele tenha uma postura e interaja”, afirmou Marilene.

Ela não é a única mãe preocupada com o ano seguinte. A dona de casa Eliane Fonseca, 44, colocou o nome do filho em listas de espera. Lucas Carvalho, 12, também está prestes a completar o tempo limite de dois anos, mas não quer sair da Ande. O menino não tem ainda um diagnóstico definido, mas sofre de fraqueza muscular nas pernas e braços desde bebê. Para andar, precisa da ajuda de um andador. “A terapia melhorou o movimento dele, deu mais forças nas mãos. Do jeitinho dele, ele consegue segurar nas rédeas e a postura ficou ereta”, descreveu Eliane.

Moradora da Asa Norte, a família é natural do interior de Minas Gerais, onde nasceu o amor por animais. Lucas sonha em crescer e se tornar veterinário. “Aqui, na associação, é uma maravilha, uma coisa apaixonante, pena que não tem vaga para todo mundo. O sonho era que houvesse cavalo para todo mundo”, disse a mãe.

Para cada patologia, um animal é indicado. A professora e pedagoga Lílian Guimarães, 51, explica que, assim como cada pessoa anda de uma forma, o mesmo vale para os cavalos. “Tudo implica um resultado. Se é uma criança com dificuldades de equilíbrio, vamos pegar um animal que faça movimentos que exijam esse esforço de quem estiver montando, para que isso acorde no cérebro o necessário para se equilibrar”.

Lílian trabalha há cerca de 10 anos na associação e conta que os professores também incentivam o aprendizado em disciplinas escolares, como na alfabetização. “O trabalho aqui é fantástico. Se todo professor pudesse passar aqui antes de ir para a sala de aula, o ganho seria muito maior”, acredita a pedagoga.


Jorge Dornelles:  
Jorge Dornelles: "Em 30 minutos de terapia, são feitos 21 mil deslocamentos, o que estimula o equilíbrio das crianças"



Orçamento
Para se manter funcionando, a organização recebe os valores pagos nas aulas de equitação e aluguel de estábulos que funcionam no mesmo espaço da Granja. Outra fonte de renda são os cursos de equoterapia ministrados pela associação em todo o país. Contudo, o presidente explica que ainda não é suficiente para todos os custos; por isso, algumas vezes por ano campanhas de doações precisam ser realizadas. “Tudo é bem-vindo, especialmente materiais para os cavalos. Ração, remédios, feno, etc”, disse Dornelles.

Além da unidade na Granja do Torto, outros dois locais estão filiados à Ande no Distrito Federal. Um deles é o centro da Polícia Militar, no Riacho Fundo I, e o outro é o Centro Joca, no Gama. Em todo o Brasil, 259 unidades estão vinculadas à Ande. “Hoje estamos deficitários. As campanhas que fazemos dificilmente atingem as metas, mas nós continuamos trabalhando. Aqui tem muita história de vida linda, cada família é uma inspiração”, explica o presidente.


Como ajudar
A Ande recebe doações o ano todo. Interessados podem entrar em contato com a secretaria pelo telefone: 3468-7092


Transporte
Em 2018, a Ande conseguiu, junto à Secretaria da Criança, verba para a compra de uma van que agora faz o transporte gratuito de 70 crianças em tratamento, todas de baixa renda e moradoras das regiões ao norte do Distrito Federal, como Sobradinho, Planaltina e Paranoá.
 

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Correio Braziliense quinta, 29 de novembro de 2018

STF: AMEAÇA AO COMBATE À CORRUPÇÃO

 

Ameaça ao combate à corrupção
 
Supremo Tribunal Federal retoma hoje o julgamento sobre o indulto de Natal, editado em 2017 pelo presidente Michel Temer, que beneficia criminosos do colarinho-branco. Votação está empatada em 1 x 1

 

» Renato Souza

Publicação: 29/11/2018 04:00

Barroso votou pela derrubada de parte do indulto; Moraes, pela constitucionalidade da medida (Minervino Junior/CB/D.A Press - 4/10/18)  
Barroso votou pela derrubada de parte do indulto; Moraes, pela constitucionalidade da medida


O Supremo Tribunal Federal (STF) dá continuidade hoje ao julgamento sobre o indulto de Natal editado no ano passado pelo presidente Michel Temer. Caso o decreto seja validado pela Corte, ao menos 22 condenados no âmbito da Operação Lava-Jato podem sair da cadeia. Isso ocorre por conta da amplitude da medida, que concede o perdão presidencial até mesmo para presos do colarinho-branco, encarcerados por crimes de corrupção e peculato. O julgamento está empatado, com um voto a favor do decreto e um por sua inconstitucionalidade parcial. Faltam os votos de nove ministros. 

O indulto, editado em 28 de dezembro do ano passado, foi alvo de uma ação de inconstitucionalidade apresentada no STF pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Os itens questionados se referem ao perdão de pena para quem cumprir um quinto da condenação e extinção de multas, independentemente do valor. O relator do caso, ministro Luís Roberto Barroso, fez um forte discurso contra trechos do indulto, pediu combate à corrupção e votou pela anulação dos artigos questionados pelo Ministério Público. “A corrupção mata na fila do hospital, mata na falta de leitos, de equipamentos e de estradas sem qualidade. Mata na ausência de estrutura das escolas. O fato de o corrupto não ver os olhos da vítima que ele produz não o torna menos perigoso”, frisou.

Barroso destacou que todos os decretos anteriores só concederam o perdão da sentença a quem já tivesse cumprido pelo menos um terço da dosimetria da pena. O ministro Alexandre de Moraes divergiu, ao entender que o Supremo não pode invadir a competência do Executivo nesse tipo de ato. “É tradicional a existência de poderes independentes e harmônicos. A separação de poderes sempre foi e continua sendo uma garantia de perpetuidade do Estado Democrático de Direito”, disse. Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello fizeram intervenções alinhadas aos argumentos de Moraes. Já Edson Fachin deixou a entender que tende para o lado de Barroso.

Levantamento realizado pela força-tarefa da Lava-Jato no Paraná aponta que 22 dos 39 condenados em processos relacionados à operação seriam beneficiados, em 25 de dezembro deste ano, com o indulto, caso ele seja validado por completo. Entre eles está o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, condenado a 5.290 dias de detenção e que já terá cumprido 20,05% da pena. Outro que pode ser beneficiado é o ex-ministro Antônio Palocci, condenado a 4.460 dias de prisão, pois já terá cumprido 25% da pena. Mesmo com a detenção domiciliar, que foi concedida ontem pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), ele pode ser privilegiado pelas regras do indulto.

Privilegiados

Seriam beneficiados também o pecuarista José Carlos Bumlai, o ex-deputado João Luiz Argolo, o lobista Adir Assad, entre outros. O presidente eleito, Jair Bolsonaro, criticou o ato do chefe do Executivo. “Fui escolhido presidente do Brasil para atender aos anseios do povo brasileiro. Pegar pesado na questão da violência e da criminalidade foi um dos nossos principais compromissos de campanha. Garanto a vocês, se houver indulto para criminosos neste ano, certamente será o último”, escreveu em uma mensagem pelo Twitter.

Conrado Gontijo, professor de direito penal do Instituto de Direito Público de São Paulo, afirmou que a decisão do Supremo pode afetar futuros indultos. “Os ministros terão de decidir qual é a extensão da decisão que tomarem e como isso vai impactar os futuros decretos do presidente da República”, destacou. Ele também ressaltou que, quando assumir, Bolsonaro não poderá revogar o decreto já editado pelo presidente Temer, que tomou a decisão “no exercício de suas funções”.
 
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Correio Braziliense quarta, 28 de novembro de 2018

CONCURSO: QUASE 2 MIL VAGAS

 

Quase 2 mil vagas com salário de até R$ 3,6 mil
 
Do total de oportunidades, 314 são para contratação imediata na SEDESTMIDH. Há chances de níveis médio e superior para especialistas em assistência social, técnico administrativo e em assistência social. As inscrições abrem em 22 de dezembro

 

» LORENA PACHECO
» ANDRESSA PAULINO*

Publicação: 28/11/2018 04:00

Agnes Caetano estuda há um ano e pretende tentar uma vaga para técnico administrativo (Marília Lima/Esp. CB/D.A Press)  
Agnes Caetano estuda há um ano e pretende tentar uma vaga para técnico administrativo


O fim do ano chegou com boas expectativas para quem deseja entrar no serviço público. A Secretária de Estado do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (SEDESTMIDH) lançou concurso com 1.903 vagas. Foram publicados ontem quatro editais para a seleção no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF). Do total de oportunidades, 314 são para contratação imediata e o restante para formação de cadastro reserva. As chances são para especialista em assistência social, técnico administrativo e técnico em assistência social (veja quadro).

O concurso será realizado exatos oito anos depois do último processo seletivo para as áreas da assistência social. Há chances de nível médio e superior, com salários que variam de R$ 2,6 mil a R$ 3.599,70, para 30 horas semanais. O Instituto Brasil de Educação (Ibrae) é a banca organizadora, que será responsável pela aplicação das etapas da nova seleção.

As inscrições podem ser feitas de 22 de dezembro a 24 de janeiro de 2019, pelo site do Ibrae. A taxa custa R$ 115. O concurso reserva 20% das vagas a pessoas com deficiência. De acordo com o calendário oficial, o resultado final e a homologação deverão ser publicados em 20 de novembro de 2019.

A estudante de gestão de recursos humanos, Agnes Kananda Caetano, 23 anos, se interessou pelo salário oferecido. “Tem um ano que estudo para concurso e esse edital está ofertando vagas justamente na área em que pretendo atuar, que é a de técnico administrativo. A remuneração inicial atende minhas expectativas, já que vivemos apenas com o salário do meu marido”, contou.

Agnes passou cerca de um ano tendo aulas em um cursinho particular, no entanto, para administrar a faculdade com o estágio, optou por estudar em casa. “Eu aproveito todo o tempo que tenho para estudar e, agora, vou redobrar a atenção para me preparar”, acrescentou. Ela acredita que, como o órgão é da área social, será preciso se debruçar mais em assuntos relacionados a direito e proteção da população em vulnerabilidade e risco.

Segundo o professor de serviço social do Gran Cursos Online, Douglas Gomes, solidariedade, empatia, comprometimento e crítica são características que devem fazer parte do perfil dos candidatos que pretendem concorrer. De acordo com ele, principalmente com relação aos cargos de nível médio, que são mais generalistas, deverá haver muita concorrência, o que é natural.. “É essencial, porém, que o profissional que for aprovado neste concurso tenha, pelo menos, um olhar aberto”, defende.

“Para a SEDESTMIDH, o candidato deve ter pelo menos abertura para aprender com a diversidade pela diferença, já que vai atuar com uma série de violações de direitos. Se não existir esse olhar, haverá dificuldade,” esclarece. “Estamos num período que precisamos vivenciar o comprometimento voltado pra instalação de processos de justiça social, a gente precisa perceber que há desigualdade na nossa sociedade e precisamos de pessoas para estabelecer serviços e projetos que alterem essa realidade em sua discrepância.”

A prova objetiva será realizada em 10 de março do ano que vem. Serão 20 questões sobre conhecimentos gerais e 30 de conhecimentos específicos. A prova será de múltipla escolha com cinco alternativas para cada questão. Haverá ainda avaliação psicológica, sindicância de vida pregressa e investigação social e curso de formação. Candidatos aos cargo de nível superior farão, ainda, provas discursivas.
Sobre o edital de abertura, o professor Douglas Gomes achou interessante que, já na linha dos conhecimentos gerais, o concurso trouxe muito sobre assistência social e temas correlatos, conteúdos que geralmente são mais atrelados aos conhecimentos específicos de cargos de nível superior, como assistente social e psicólogo. “Por isso, todos os candidatos de todos os postos devem compreender assuntos como gênero, violência ao idoso, preconceito e discriminação, que devem inclusive ser temas da dissertação de nível superior”.

* Estagiária sob supervisão de Rozane Oliveira



  • Fique atento
    Foram publicados quatro editais para o concurso da Secretaria de Estado do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (Sedestmidh)

    » Inscrição: de  22 de dezembro de 2018 a 24 de janeiro de 2019
    » Banca Organizadora: Instituto Brasil de Educação (Ibrae)
    » Vagas: 1.903 para especialista em assistência social, técnico administativo e técnico em assistência social
    » Salários: de R$ 2.600,00 a R$ 3.599,70
    » Data da prova: 10 de março de 2019
    » Divulgação dos resultados: 20 de novembro de 2019
    » Especialidades: Educador social (qualquer graduação); direito e legislação (graduação em direito); pedagogia; psicologia; serviço social; administração; ciências contábeis; comunicação social (jornalismo, relações públicas e publicidade e propaganda); economia; estatística; nutrição; técnico administrativo; agente social; cuidador social.

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Correio Braziliense terça, 27 de novembro de 2018

A CEILÂNDIA DE MICHELLE BOLSONARO

 

A Ceilândia de Michelle Bolsonaro
 
 
Mãe, tia e avó contam como foi a infância da futura primeira-dama quando morava com a família em cômodos precários nos fundos de um lote. Elas, que ainda vivem na cidade, falam com carinho do presidente eleito

 

ROBERTA BELYSE
PAULO SILVA PINTO

Publicação: 27/11/2018 04:00

A avó de Michelle, Maria Aparecida, e a tia da futura primeira-dama, Ângela Maria: moradoras do Sol Nascente (TV Brasília)  

A avó de Michelle, Maria Aparecida, e a tia da futura primeira-dama, Ângela Maria: moradoras do Sol Nascente

 

A pequena Michelle gostava de brincar no exíguo pátio da residência improvisada em Ceilândia Norte. Morava ali com a mãe, Maria das Graças, e o pai, Paulo, motorista de ônibus, nos fundos de um lote. “Havia outro barraco ali”, aponta a tia, Ângela Maria, mostrando um espaço, agora vazio, onde ela mesma esteve instalada na época.

Os cômodos precários ficavam atrás da casa onde moravam os avós e os tios. Um deles, Gilberto, com deficiência auditiva, inspirou Michelle a aprender a linguagem de sinais, que ela usa hoje em trabalhos sociais. “Aqui, vivia Michelle de Paula Firmo Reinaldo Bolsonaro, primeira-dama do Brasil”, relata, com orgulho, Ângela Maria.

A casa foi vendida, e, hoje, abriga, na parte da frente, uma loja de equipamentos para cozinhas industriais. Nos fundos, a residência da infância de Michelle dá guarida a outra família. Luana dos Santos, a atual moradora, se surpreende ao saber quem a antecedeu ali.

Gilberto tem deficiência auditiva e inspirou sobrinha a aprender Libras (TV Brasília)  

Gilberto tem deficiência auditiva e inspirou sobrinha a aprender Libras

 

Ângela e a avó de Michelle, Maria Aparecida Firmo Ferreira, 76 anos, moram na favela do Sol Nascente. Já Maria das Graças tem uma casa nas proximidades, em Ceilândia Norte. E não poupa palavras de admiração sobre a filha. “Deus falou que ela ia ter uma redoma, porque ela merece. É linda, linda. Uma obra-prima detalhada pelo Senhor. Não sei a quem puxou. O pai dela é feio. Eu sou feia”, diz a mãe, que se separou do marido quando Michelle era criança.

Maria das Graças afirma que a filha já lhe ofereceu para que mudasse de endereço, o que recusou. Assevera que a eleição de Jair Bolsonaro não vai fazer com que ela altere o estilo de vida. “Aqui é meu. Por que eu vou sair? Quem vai receber a faixa é ele”, diz Maria das Graças, que trabalhou voluntariamente pela eleição de Bolsonaro. Só tem elogios em relação a ele. “É maravilhoso”, destaca.
Lamenta, porém, ficar longe de filha. “A Michelle era meus braços, minhas pernas. Hoje, eu vi na tevê e falei: ‘Tem hora que eu não acredito que é minha’. A gente não pode mais ter aquele vínculo. Eu queria a Michelle como ela era. Aceito porque é (decisão) de Deus”, afirma ela, que não se deixou fotografar para a reportagem.

Maria das Graças tem a mesma idade de Brasília, onde chegou com 10 anos. A família veio, em 1970, de Presidente Olegário (MG), cidade de 18 mil habitantes. Comprou um barraco na Vila do Iapi, onde nasceu Ângela Maria. Depois, foram retirados dali e transferidos para Ceilândia Norte. O pai, Ibraim Firmo Ferreira, avô da futura primeira-dama, trabalhou muito tempo como gari, até se aposentar.

A casa em que Maria Aparecida, a avó, vive hoje no Sol Nascente é inferior à que teve antes. Tem paredes sem reboco e galinhas ciscando pelo quintal. Moram ali alguns dos filhos — ela teve oito no total, quatro mulheres e quatro homens. Gilberto, um dos que ainda vivem com ela, manda uma mensagem a Michelle usando a linguagem brasileira de sinais (Libras). “Gosto de você desde pequeno. Queria te abraçar”, traduz Ângela Maria.
A casa onde morou Michelle com a família: cômodos atrás da residência dos avós e tios em Ceilândia Norte ( TV Brasília)  
A casa onde morou Michelle com a família: cômodos atrás da residência dos avós e tios em Ceilândia Norte
Michelle, na adolescência, e na atualidade: do trabalho na Câmara a mulher do futuro presidente (TV Brasília)  
Michelle, na adolescência, e na atualidade: do trabalho na Câmara a mulher do futuro presidente
 (Ed Alves/CB/D.A Press)  
“Visão e foco”
A tia conta que ela e Michelle chegaram a fazer alguns trabalhos como modelo. A mãe diz que a filha se afastou dessas atividades por duas razões: teria de emagrecer e ouviu de uma missionária da igreja evangélica que modelos ficam doentes e morrem cedo. Foi, então, trabalhar como demonstradora de alimentos e, depois, de vinhos. Mais tarde, veio o emprego na Câmara e o casamento com Jair Bolsonaro. “Só chega a esse patamar uma pessoa com visão e foco”, elogia Ângela.

O avô Ibraim morreu durante um assalto em Planaltina quatro anos atrás. Michelle pagou o funeral. Foi quando Maria Aparecida viu a neta pela última vez.

A avó guarda com carinho fotos do casamento de Michelle e Bolsonaro, em 2013, no Rio, enviadas por meio eletrônico e impressas numa folha de sulfite. “Ela nem pensa como eu fiquei feliz, de eu saber que ela era quem ela era, tadinha, e hoje ela é daquele jeito, porque teve atitude, procurou, correu atrás. Toda a vida ela trabalhou”, conta.

Maria Aparecida acompanha de longe a vida da futura primeira-dama e do presidente eleito, a quem chama de Jair. Ficou chocada com o atentado que ele sofreu. E chegou a fazer jejum, orando para que ele se recuperasse.

A avó de Michelle anda com dificuldades, usando muletas. Entre os poucos sonhos estão uma cadeira de rodas elétrica. Outro é fazer uma viagem para longe. “Nunca entrei num avião, tenho medo. Mas, antes de morrer, quero fazer isso.”

Ela não conta com favores depois da posse do marido da neta. Espera “melhorar de vida”, o que, afirma, acha que virá como uma consequência das ações políticas de Bolsonaro. “Se eles não puderem fazer nada pela gente, ele vai fazer muito (pelo país), e a gente toca no meio”, diz.
 
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Correio Braziliense segunda, 26 de novembro de 2018

O ADEUS A ZEZÉ NOBRE

 

Zé Nobre, artista, 63 anos
 
 
O estilo peculiar e a mistura de linguagens que incorporavam universos populares e eruditos faziam parte da produção do baiano

 

José Carlos Vieira
Ricardo Daehn

Publicação: 26/11/2018 04:00

 

Zé Nobre utilizava todo tipo de suporte e gostava de mesclar referências ( Arquivo pessoal



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Zé Nobre utilizava todo tipo de suporte e gostava de mesclar referências

 


Foi o próprio artista Zé Nobre quem definiu o alcance de sua arte: “Pretendo que o público que a observa se perca no clima da obra e não se ligue nas partes componentes do que vê”.  Nascido José de Almeida Nobre Faria, foi pioneiro nas artes plásticas de Brasília, cujos nascimento e maturidade acompanhou de perto.

Lançando mão da interatividade dos traços gráficos, apontados “como estilo e fim”, o baiano — morto na noite de sábado, por causa de problemas cardíacos — veio para a capital ainda criança e foi dos artistas multimídia mais populares de Brasília. Adotou referências de quadrinhos criados nos anos de 1960, administrou elementos pop e criou serigrafias, sempre atento à influência das capas de discos e às ilustrações produzidas por jornais brasileiros, uruguaios e argentinos. Para o Correio, ele emprestou o talento numa série de caricaturas de personalidades do ramo da música. Zé Nobre será enterrado, às 11h de hoje, no Cemitério Campo da Esperança.

Casada com o artista por mais de 15 anos, a jornalista Eliana Araújo manteve a amizade e a admiração. “Uma das coisas mais impressionantes que percebo nele é o fato de, mesmo tendo nascido em Salvador, ter se afirmado como brasiliense, por questões de raízes mesmo. Ele amava a cidade e os artistas locais e, principalmente, a cultura”, conta.

 

Duas das vibrantes obras do artista   ( Arquivo pessoal)  
Duas das vibrantes obras do artista

 

 

 

 ( Arquivo pessoal)  

 

 

O estilo peculiar de mesclar serigrafia com uso de papel contact agregava originalidade à produção. Eliana enfatiza “a grande paixão” que tinha pela Feira de Trocas de Olhos D´Água, tema de cartazes produzidos para o evento e de uma série de cartões-postais para  uma coleção batizada de Relicário. Esposa de Zé ao longo de 11 anos, a jornalista Ariane Lupiano explicita diversas qualidades do ex-marido: “Ele foi uma pessoa incrível — um artista multimídia do quilate que, raras vezes, Brasília viu. Na carreira, além da pintura, Zé criou vídeos e roteiros de tevê. Completo, ele sempre se manteve moderno”. 

Entre os pontos altos da carreira do ex-marido, Ariane destaca a exposição de 1999, Zé Nobre — O multimídia. “Lá, ele apresentou produção de cordel, vídeos, gravuras, pinturas a óleo e até poesia”, relembra. Ao Correio, o publicitário Casé de Sousa deu declaração que sintetiza boa parte da trajetória do amigo: “Comecei a reparar no trabalho do Zé nos anos 1980, época em que Brasília pipocava cultura por todos os cantos. Tinha o Concerto Cabeças, o Liga Tripa, o Paulo Tovar, o Renato Matos, o Beirão, o Miqueias, tudo isso era ilustrado pelo Zé Nobre com lindos pôsteres em silk, com um traço tão original que nem precisava assinar”.

Formação na capital
Muito antes de se tornar bacharel em Artes Plásticas pela Universidade de Brasília, Zé Nobre investiu, adolescente, no aprofundamento do interesse artístico. Ele se orgulhava de ser da primeira geração de Brasília e declarava a cidade como “musa e inspiração”. Múltiplo, respondeu pela fundação da empresa Da Anta Casa Editora (que publicou a revista Víbora), e dirigiu obras de cinema e de teatro.

Professor e crítico de cinema, Sérgio Moriconi relembra, com saudades, o período de longa amizade com Zé Nobre. “Crescemos juntos, no melhor estilo de família. O Zé foi um irmão para mim. Enquanto eu produzia vídeos de caráter educativo, ele já despontava nas artes gráficas. Junto com a produção pessoal, ele teve enorme importância na difusão da cultura local”, comenta o professor. a.

Filha de Zé Nobre, a dançarina Ana Luiza comenta que a família idealiza uma futura exposição com obras do artista, no Espaço Cultural Renato Russo (508 Sul). “Meu pai sempre queria todos ao redor estivessem bem, cuidando para que houvesse paz e amor, no centro de tudo”, conclui.

 

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Correio Braziliense domingo, 25 de novembro de 2018

PROFISSÃO: PAPAI NOEL

 

Procura-se um Papai Noel
 
A um mês da celebração cristã, contratação de profissionais para atuar em shoppings e em outros pontos do Distrito Federal movimenta o comércio. Entre voluntários e assalariados, número de Papais Noéis na capital neste fim de ano deve chegar a 100

 

AUGUSTO FERNANDES
JULIANA ANDRADE
ESPECIAIS PARA O CORREIO

Publicação: 25/11/2018 04:00

 

Desde 1972, Celso Vendramini alegra as festas das crianças: %u201CPrecisa ter vocação e gostar de criança. Sem isso, não tem Papai Noel%u201D (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press



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Desde 1972, Celso Vendramini alegra as festas das crianças: %u201CPrecisa ter vocação e gostar de criança. Sem isso, não tem Papai Noel%u201D

 


Ele tem a barba branca e comprida, veste roupa vermelha e carrega um saco cheio de presentes. Sim, estamos falando do Papai Noel. No shopping, ele faz sucesso. No meio das lojas e do vaivém de pessoas, adultos e crianças fazem fila para tirar uma foto ou entregar uma cartinha para o bom velhinho. Com o Natal batendo à porta, cresce a caça dos estabelecimentos comerciais pelo personagem mais simbólico deste feriado. De acordo com estimativas de empresas de recrutamento de Papais Noéis, pelo menos 42 devem atuar até 25 de dezembro nos shoppings da cidade.

O mercado envolvendo a contratação de candidatos para interpretar o símbolo natalino deve movimentar aproximadamente R$ 250 mil este ano. Com salários que variam de R$ 6 a 12 mil, os profissionais trabalham entre seis e oito horas por dia, com direito a uma folga por semana. “É a figura que melhor caracteriza o Natal. Além da imagem comercial, traz uma mensagem de alegria e esperança para as crianças. Por conta disso, o movimento nos shoppings sempre é grande nesta época do ano”, comenta Wânia Cristina de Moraes, sócia-proprietária do Grupo Ciranda, agência de empregos no ramo há mais de três décadas.

A empresa tem 10 profissionais no quadro. Para corresponder à expectativa do público, um bom Papai Noel tem que cumprir uma série de requisitos. “O processo seletivo começa no meio do ano. Fisicamente, é importante que ele seja gordinho, tenha a barba natural e bem cuidada. Se tiver olho claro, é ainda melhor. Ele também tem que ser simpático, ter paciência, saber ouvir e conversar, além do mais importante: gostar de crianças”, destaca Wânia Cristina.

Atendendo a todas as exigências, Olídio dos Santos, 62 anos, prepara-se para o seu 32º Natal como bom velhinho. O que começou como alternativa para conseguir uma renda extra, hoje é uma paixão. “Para mim, é uma honra. Você lidar com criança é muito bom. Criança é sincera, quando ela gosta de você, ela gosta, e quando não gosta, não gosta”, observa.

 

Olídio dos Santos Pereira tem 62 anos e, há 30, se fantasia de Papai Noel durante as festas de fim de ano (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)  
Olídio dos Santos Pereira tem 62 anos e, há 30, se fantasia de Papai Noel durante as festas de fim de ano

 

 

Ao longo desses anos, muito mais do  que dar presentes, Olídio também encontrou boas histórias. Muitas engraçadas, outras de encher os olhos de lágrimas. “Uma vez, uma senhora de mais ou menos uns 80 anos não parava de me olhar. Perguntei se ela queria falar comigo e ela disse que sempre sonhou em me encontrar, mas nunca teve condições de vir ao shopping ver o Papai Noel. Mas, naquele dia, ela tinha”, conta, emocionado.

Apesar de gratificante, o Papai Noel não tem trabalho o ano todo. Por isso, Olídio aproveita ao máximo a época natalina, e até deixa de comemorar a data com a mulher, os filhos e as netas, em Sobradinho. “Na noite de Natal, eu também trabalho. Já tem mais de 30 anos que eu não passo o feriado em casa, porque saio para entregar os presentinhos”, comentou.

Dedicação
A quantidade de Papais Noéis em Brasília, contudo, vai muito além daqueles que ficam nos shoppings da cidade. Caso também sejam considerados os que levam alegrias a escolas, creches, hospitais e outros espaços, esse número pode chegar perto de 100. “Muitas pessoas querem contribuir para a magia dessa data e tornar verdade os sonhos e as fantasias das crianças. É algo mágico”, conta Natália Amante, sócia-proprietária da empresa de entretenimento infantil Hora do Agito.

 

Viver o bom velhinho no Natal faz o policial Edclai Figueiredo da Silva entrar em um universo mágico (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)  
Viver o bom velhinho no Natal faz o policial Edclai Figueiredo da Silva entrar em um universo mágico

 

 

Os três velhinhos que fazem parte da empresa vestirão a roupa vermelha principalmente no dia 24 de dezembro. “É cada vez mais comum os pais contratarem os nossos Papais Noéis para entregar os presentes. Mas vai além disso. Cada Papai Noel recebe um perfil da criança. Dessa forma, ele consegue cativar ainda mais. Um conselho do pai que a criança muitas vezes não escuta, se dito por esse personagem, tem um resultado enorme”, destaca Natália.

É dessa forma que Celso Vendramini, 72, tenta fazer da data um momento único para cada menino e menina. Papai Noel desde 1972, ele sabe a receita perfeita para ser um bom velhinho. “Precisa ter vocação e gostar de criança. Sem isso, não tem Papai Noel. É maravilhoso”, garante.

Empresário e morador de Curitiba, ele vem alegrar a garotada brasiliense há três anos. Contudo, por mais que tenha entregue pirulitos, carrinhos e bonecas durante todo esse tempo, seu pedido favorito não foi o de uma criança. “Perguntei para uma mãe o que ela queria e ela disse que queria a família dela de volta. Era uma jovem, de uns 25 anos, com um filhinho de mais ou menos seis. Me comovo toda vez que eu falo”, lembra.

Desejo dos velhinhos
Mesmo representando uma figura de esperança para muitas pessoas, quem faz o Papai Noel também tem as suas vontades. Há 12 anos se fantasiando, o policial Edclei da Silva, 42, espera um país melhor. Para as crianças, ele deixa um recado: “nunca deixem de acreditar”. Ao trocar a farda da corporação pelas grandes vestes vermelhas do Papai Noel, Edclei encontra calmaria em meio à agitação como militar. “É um prazer para mim. É algo muito agradável  que me completa. É o extremo da minha vida do resto do ano e que, hoje, faz parte da minha rotina”, ressalta.

Para Edclei, a data sempre foi importante. Além de muitos abraços e fotos, o exercício de Papai Noel também traz para o seu cotidiano muita humanidade e solidariedade. “Às vezes, chega alguém desestimulado e sabe que, na verdade, é um ser humano que está ali por trás daquela roupa. Então, eu levo a mensagem dizendo que o Natal simboliza o nascimento de Cristo, a esperança, a paz, a certeza de que dias melhores virão e é nisso que eu acredito, de verdade”, destaca.

“É um prazer para mim. É algo muito agradável e que me completa. É o extremo da minha vida do resto do ano e que, hoje, faz parte da minha rotina” 
Edclei da Silva, policial e Papai Noel há 12 anos

 

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Correio Braziliense sábado, 24 de novembro de 2018

MAIS MÉDICOS TEM 92% DAS VAGAS PREENCHIDAS

 

Mais Médicos tem 92% das vagas preenchidas
 
Quase 26 mil pessoas se candidataram ao programa e 7.871 já foram aprovadas. Conselhos Regionais de Medicina estão acelerando o registro de recém-formados para facilitar a adesão à seleção. Ataques cibernéticos ao site são minimizados

 

OTÁVIO AUGUSTO

Publicação: 24/11/2018 04:00

O Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia realiza mutirão para cadastrar os novos profissionais que pretendem se inscrever no programa (Cremeb/Divulgação)  
O Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia realiza mutirão para cadastrar os novos profissionais que pretendem se inscrever no programa


O Ministério da Saúde selecionou 7.871 profissionais para as 8.517 vagas abertas no Mais Médicos com a saída dos cubanos do programa. Isso representa 92% do total. Quase 26 mil pessoas se inscreveram. Ontem, pelo menos 40 se apresentaram aos municípios onde vão trabalhar. Para facilitar a inscrição na seleção, Conselhos Regionais de Medicina estão acelerando o registro de recém-formados, sob a orientação do Conselho Federal de Medicina (CFM).

Após dois dias de instabilidade, o portal para inscrição funcionou ontem com performance melhor, e os ataques cibernéticos foram controlados. Das candidaturas recebidas, 8,3 mil — 32% — não atendem aos requisitos. Só podem participar da seleção médicos brasileiros com registro ou diploma revalidado no país. As 8,5 mil vagas oferecidas são para 2.824 municípios e 34 distritos indígenas. As inscrições continuam até 7 de dezembro.

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo fará uma força-tarefa para agilizar a análise da documentação dos profissionais que solicitaram inscrição até ontem. “A intenção é que o devido registro esteja disponível até este sábado, oferecendo a possibilidade de os médicos recém-formados participarem da convocação para o Mais Médicos”, declarou o conselho, em nota.

Desde quarta-feira, o Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia realiza mutirão para cadastrar os novos profissionais que pretendem se inscrever no programa. Ao todo, 249 registros de médicos recém-formados foram protocolados. “O médico precisa preencher um formulário, e somente após essa etapa é que ele se dirige à sede do Conselho com os documentos necessários. O procedimento é simples e rápido, e o profissional já sai do Conselho com o seu número de registro”, ressaltou a entidade.

Revés na Justiça
Ontem, o juiz Eduardo Santos da Rocha Penteado, da 14ª Vara Federal Cível, negou liminarmente um pedido da Defensoria Pública da União para manter as atuais regras do Mais Médicos. Segundo a Defensoria, a saída dos cubanos poderia acarretar “um grave cenário de desatendimento a uma parcela da população brasileira”.

A intenção era de que a seleção contasse com a “participação de médicos estrangeiros de qualquer nacionalidade, condicionando quaisquer alterações, especialmente no tocante à desnecessidade de submissão ao Revalida, à realização de prévio estudo de impacto e comprovação da eficácia imediata das medidas compensatórias que assegurem a plena continuidade dos serviços”.

O magistrado afirmou que a decisão de deixar o programa partiu de Cuba, portanto, “inexiste um ato específico do Estado brasileiro que possa ser anulado, suspenso ou modificado por parte deste juízo”. Eduardo Santos da Rocha Penteado apontou ainda que “é fato notório que foi publicado novo edital do Programa Mais Médicos”.

A seleção ocorre para substituir médicos cubanos, após a ilha caribenha romper o convênio. O país abandonou o programa depois de críticas e exigências de mudanças do presidente eleito, Jair Bolsonaro. Entre as condições estava a de os médicos passarem pelo exame de reconhecimento de diplomas estrangeiros e o pagamento integral da bolsa de R$ 11 mil ao profissional — pelo acordo, Cuba ficava com 70% do provimento.




2.824
Número de municípios que serão contemplados com médicos do programa, além de 34 distritos indígenas.
 
 
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Correio Braziliense sexta, 23 de novembro de 2018

GAL COSTA: O SUCESSO DE UMA MUSA

 


Os sucessos de uma musa

 

Irlam Rocha Lima

Publicação: 23/11/2018 04:00

Repertório de Gal Costa vai de Folhetim a Baby  
Repertório de Gal Costa vai de Folhetim a Baby
 
O show Espelho d’Água, que Gal Costa vai apresentar domingo, às 20h, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, é o tipo de show que o fã da cantora aguarda há muito tempo. Tem uma explicação para isso: pela primeira vez, a musa do movimento tropicalista reuniu no repertório os maiores sucessos dos  50 anos de carreira.
 
Acompanhada pelo violonista Luiz Meira, ela vai interpretar músicas compostas para ela, ou das quais se apropriou para transformá-las em clássicos, como Baby e Força estranha (Caetano Veloso), Folhetim (Chico Burque e Edu Lobo), Modinha para Gabriela (Dorival Caymmi) Tuareg (Jorge Ben Jor), Sua estupidez e Meu nome é gal (Roberto e Erasmo Carlos), além de Negro amor, versão de Caetano e Péricles Cavalcante para It’s all over now, Baby Blue, de Bob Dylan.
 
Mais protagonista do que nunca, nesse recital quase intimista, Gal vai ocupar um palco de cenário simples, com apenas duas caixas de som, um pedestal, um banco e uma cadeira, sem a presença de percussão, metais, teclados e efeitos especiais. O que prevalece mesmo é a voz privilegiada a serviço de belas canções e interpretação sofisticada.

Serviço

Espelho d’água
Show de Gal Costa, acompanhada pelo violonista Luiz Meira. Auditório master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães (Eixo Monumental). Domingo, às 20h. Ingressos: R$ 400 (poltrona premium), R$ 320 (poltrona vip lateral), R$ 240 (poltrona especial), R$ 120 (poltrona superior) e R$ 100 (poltrona superior lateral). Assinantes do Correio têm direito a 55% de desconto na inteira. Pontos de venda: rede de lojas Cia Toy e Belini Pães e Gastronomia (113 Sul). Informações: 4101-1121 e 4101-1230. Não recomendado para menores de 14 anos.
 
 
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Correio Braziliense quinta, 22 de novembro de 2018

ALVORADA COMO QUERIA NIEMEYER

 

Alvorada como queria Niemeyer
 
A residência oficial da Presidência volta a ter a ambientação original, com os móveis restaurados e colocados na posição pensada pelo arquiteto e a filha. Mas a manutenção da decoração e das visitas dependem do desejo do presidente eleito

 

» Renato Alves

Publicação: 22/11/2018 04:00

 

O Salão de Estado, destinado a reuniões formais: avaliada em R$ 300 mil e recuperada por R$ 5 mil, mesa estava abandonada; tapeçaria de Di Cavalcanti foi colocada de volta no painel de madeira, como no projeto original (Fotos: Renato Alves/CB/D.A Press)  
O Salão de Estado, destinado a reuniões formais: avaliada em R$ 300 mil e recuperada por R$ 5 mil, mesa estava abandonada; tapeçaria de Di Cavalcanti foi colocada de volta no painel de madeira, como no projeto original

Primeira construção de alvenaria de Brasília, o Palácio da Alvorada volta a ter a ambientação original, com todos os móveis restaurados e posicionados conforme os planos de Oscar Niemeyer e da decoradora do projeto, Anna Maria Niemeyer, filha do arquiteto. Resultado de quase dois anos de pesquisa e o restauro de mais de 400 itens. Era desconhecido o paradeiro de muitos deles. Alguns estavam guardados inadequadamente ou desmontados em galpões da capital. Outros eram usados em órgãos públicos federais, com pequenos defeitos ou alterações.
 
Esta é a primeira vez, desde a inauguração do edifício, em 30 de junho de 1958, que os móveis estão dispostos originalmente. Como muitas são únicas e nunca foram colocadas à venda, é impossível precisar o valor das peças expostas. Juntas, são avaliadas em, no mínimo, R$ 2,5 milhões. Uma das joias do Alvorada encontrada em péssimo estado e restaurada é uma mesa de 6m de comprimento, com base de jacarandá. A recuperação custou R$ 5 mil, mas a peça é avaliada em R$ 300 mil.

Criação de Oscar e filha, a marquesa compõe ambiente com a tapeçaria  
Criação de Oscar e filha, a marquesa compõe ambiente com a tapeçaria
A mesa fica no Salão de Estado, em que o presidente costuma receber os convidados para reuniões. Para atender o projeto de Anna Maria Niemeyer, uma estante que ficava no ambiente, em frente a um enorme painel de madeira, deu lugar a uma tapeçaria de Di Cavalcanti. Há outras obras do artista brasileiro espalhadas pelo edifício, como uma intitulada Múmia, que ficava na sala ao lado, onde funciona a Biblioteca do Palácio. As cadeiras desenhadas por Anna Maria Niemeyer voltaram ao Salão de Banquetes, que acomoda até 50 pessoas sentadas.

Com peças de Di Cavalcanti, a biblioteca conserva mais de 3,4 mil livros  
Com peças de Di Cavalcanti, a biblioteca conserva mais de 3,4 mil livros
Descaracterização
Manter a decoração dependerá da vontade do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), e da mulher dele, Michelle. Ela visitou o palácio ontem, na companhia da atual primeira-dama, Marcela Temer. Michelle também conheceu as instalações da Granja do Torto, outra residência oficial da Presidência. Ela ficou impressionada com a cozinha do Alvorada e a beleza da capela, mas disse que a futura moradia está indefinida.
 
Sem hóspedes desde março de 2017, o Alvorada tem servido só a raros jantares oferecidos pelo presidente Michel Temer (MDB). Após cinco meses redecorando o Palácio, com troca de móveis de acordo com os gostos pessoal e da mulher, ele desistiu de morar na residência oficial e retornou ao Palácio do Jaburu, onde estava desde 2011 e ficará até o fim do mandato, mês que vem. A intervenção dos Temer no Alvorada incluiu a fixação de uma tela na sacada do primeiro andar para proteger Michelzinho, o filho de 4 anos.

As cadeiras do Salão de Banquetes foram desenhadas por Anna Niemeyer  
As cadeiras do Salão de Banquetes foram desenhadas por Anna Niemeyer
Deslumbramento
Com a posse de Jair Bolsonaro, em 1º de janeiro, é incerta também a manutenção do acesso do público ao prédio. Visitas guiadas são realizadas apenas nas tardes de quarta-feiras, com agendamento pela internet e poucas vagas. Portanto, as próximas semanas podem ser, ao menos pelos próximos quatro anos, as últimas para se conhecer a residência oficial da Presidência da República do Brasil como concebida por Oscar e Anna Maria Niemeyer.

Interior da capela: anexa ao palácio, é dedicada a Nossa Sra. da Conceição  
Interior da capela: anexa ao palácio, é dedicada a Nossa Sra. da Conceição
O Correio visitou o Alvorada ontem, ao lado de 20 turistas de estados brasileiros diferentes. Eles não escondiam o deslumbramento com a grandiosidade do edifício e a beleza da arquitetura e da decoração. Todos aproveitavam para fazer fotos dos ambientes permitidos. Dos três pavimentos, o público só acessa  o térreo, onde há os salões usados pelo presidente para compromissos oficiais de governo.

Revestida de azulejos azuis, piscina tem 50x18m e 2,10m de profundidade  
Revestida de azulejos azuis, piscina tem 50x18m e 2,10m de profundidade
O subsolo abriga almoxarifado, despensa, cozinha, lavanderia e a Administração do Palácio. O primeiro andar constitui a parte residencial, com quatro suítes e salas reservadas. Mas os visitantes comuns podem conhecer a capela, anexa ao Palácio, e a área de lazer, onde há uma piscina de 50m de comprimento, e uma pérgola, com bar e churrasqueira. Ambiente que deve ser bastante usado por Jair Bolsonaro, apreciador dos churrascos, caso a nova família presidencial opte por morar no Alvorada.
 
 
 
Visitação
 
Quem deseja conhecer o Palácio da Alvorada precisa agendar a visita guiada pelo endereço eletrônico agenda.presidencia.gov.br/visitapr/mostra_eventos/. O prédio é aberto ao público às quartas-feiras, das 14h30 às 16h50, com entrada a cada 20 minutos. O roteiro inclui hall de entrada, capela, salão de evento, biblioteca, salão nobre, sala de música, salão de banquetes e piscina.
 
 
 
Para saber mais
 
A recuperação do projeto original do Palácio da Alvorada foi coordenada pela Diretoria de Documentação Histórica da Presidência da República (DDH), que montou uma Comissão de Curadoria, com integrantes da DDH, do Iphan-DF, do Ibram, da Secretaria de Comunicação (Secom) e do Instituto Federal de Brasília, que tem uma oficina de restauro de mobiliário.
 
 
Reforma financiada por  empresários
 
O Palácio da Alvorada passou pela sua mais extensa reforma entre 2004 e 2006, ao custo de R$ 18,4 milhões, pagos por 20 empresários ligados à Associação Brasileira de Indústrias de Base (Abdib). Houve restauro dos quartos, de móveis e objetos de decoração.Toda a rede elétrica foi trocada, inclusive a voltagem, que, ao contrário do restante da cidade, era de 110 volts e não de 220 volts. Um sistema de ar-condicionado central também foi instalado em todos os cômodos, em substituição a alguns aparelhos existentes em alguns ambientes.
 
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Correio Braziliense quarta, 21 de novembro de 2018

FESTA DA POSSE VAI LOTAR HOTÉIS E TURBINAR ECONOMIA

 

Posse vai lotar hotéis e turbinar a economia
 
A cerimônia que marcará o início da gestão do presidente eleito, Jair Bolsonaro, atrairá milhares de pessoas à capital federal. Setor hoteleiro comemora a estimativa de acima de 80% de ocupação em uma data com histórico de baixa procura no DF

 

» HELENA MADER
» MARÍLIA SENA*

Publicação: 21/11/2018 04:00

 (Breno Fortes/CB/D.A Press - 6/12/17)  

Para o segmento hoteleiro de Brasília, o réveillon é uma época de vacas magras. Na virada do ano, os estabelecimentos do setor registram, historicamente, uma média de 25% de ocupação dos leitos. Mas a posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), deve aquecer a economia da capital federal e lotar os hotéis da cidade. Os empresários esperam uma ocupação de até 80% dos quartos no ano-novo, graças à chegada de milhares de cidadãos, autoridades e chefes de Estado estrangeiros para a celebração do início da gestão Bolsonaro. Caravanas partirão de várias partes do Brasil, com simpatizantes do capitão da reserva e futuro presidente.
 
O Distrito Federal tem 145 hotéis, com 18 mil quartos e 26 mil leitos. Além disso, o DF conta com 50 hotéis-fazenda, motéis, pousadas e apart-hotéis. Para o réveillon deste ano, a estimativa é de que a média das diárias custe R$ 250. A presidente regional da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih-DF), Adriana Pinto, conta que a procura por quartos na virada do ano começou. Hoje, cerca de 40% dos leitos disponíveis na capital federal estão bloqueados para a data — boa parte deles será ocupada por pessoas que virão para a posse, em 1º de janeiro.
 
“Esse é um percentual completamente atípico. Historicamente, os hotéis têm ocupação de 20% a 30% no réveillon. É uma época muito ruim para o setor. Mas os dados mostram que este ano será diferente”, conta Adriana. Segundo a presidente regional da entidade que representa os hotéis, os estabelecimentos da área central são os mais procurados, mas até mesmo leitos em cidades, como Águas Claras e Taguatinga, terão alta de ocupação. “Tivemos reservas individuais e de pequenos grupos, como embaixadas, por exemplo. Algumas bloquearam 10 quartos de uma vez”, acrescenta Adriana.

Saulo, da rede Plaza Brasília Hotéis:  
Saulo, da rede Plaza Brasília Hotéis: "A nossa expectativa é lotar os quatro hotéis"
“Casa cheia”
O secretário executivo do Brasília Convention Bureau, Delfim da Costa Almeida, diz que a expectativa é de “casa cheia” com a posse. “Será uma ótima data para a hotelaria. Como o réveillon normalmente é uma época fraca, os empresários costumam dar férias aos funcionários. Mas, neste ano, todos estarão com equipes completas para atender a demanda. Acredito que os hotéis de Brasília terão, no mínimo, 80% de ocupação”, prevê Delfim.
 
Saulo Borges, gerente comercial da rede Plaza Brasília Hotéis, conta que a demanda por reservas para a noite de 31 de dezembro registrou alta antes mesmo do 2º turno da eleição. “Depois da votação, a procura aumentou ainda mais. Hoje, estamos com 40% dos quartos reservados, mas a nossa expectativa é mesmo lotar os quatro hotéis da rede”, diz Saulo. A Rede Plaza tem 1 mil apartamentos.
 
Segundo ele, a maioria dos hóspedes deve fechar pelo menos duas diárias. Como a demanda na época do réveillon normalmente é baixa, a rede só realiza festa de ano-novo em um dos estabelecimentos do grupo. “Este ano, vamos oferecer ceia de réveillon em todos os hotéis da rede e estaremos com as equipes completas”, acrescenta o gerente comercial da Rede Plaza.
 
Shows
Com os hotéis cheios, as festas privadas de réveillon e os eventos realizados pelo Governo do Distrito Federal também devem ter reforço. Na próxima semana, a Secretaria de Cultura vai lançar os editais de pregões para a contratação da infraestrutura dos festejos da virada. Por causa da posse, os shows serão realizados na área externa do Estádio Nacional Mané Garrincha, e não na Esplanada dos Ministérios. Ainda não há artistas confirmados, mas há negociações avançadas para apresentação da cantora Naiara Azevedo, na arena, e do grupo Ilê Ayê, na Prainha.
 
O secretário adjunto de Turismo do Distrito Federal, Jaime Recena, conta que o movimento de visitantes em Brasília tem crescido em datas, como carnaval, aniversário da cidade e também no réveillon. “Deve haver uma movimentação importante na cidade com a posse. E, cada vez mais, os brasilienses têm optado por ficar na capital no ano-novo, o que incentiva os empreendedores a fazer eventos. Moradores de cidades próximas, como as do Triângulo Mineiro, Goiânia e Campo Grande, também têm procurado Brasília em datas, como carnaval e ano-novo”, reforça Recena.
 
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Correio Braziliense terça, 20 de novembro de 2018

HADDAD VIRA RÉU POR CORRUPÇÃO E LAVAGEM

 

Haddad vira réu por corrupção e lavagem em caso de gráfica

O petista é acusado de ter solicitado, em 2013, uma quantia de R$ 3 milhões da empreiteira UTC Engenharia para supostamente quitar dívidas de campanha

 


AE Agência Estado
postado em 19/11/2018 18:07 / atualizado em 19/11/2018 18:08
 

 

(foto: Nelson Almeida/AFP)
(foto: Nelson Almeida/AFP)
A Justiça de São Paulo abriu ação penal contra o ex-prefeito Fernando Haddad (2013/2016) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo o Ministério Público do Estado, o petista teria solicitado, entre abril e maio de 2013, por meio do então tesoureiro do seu partido, João Vaccari Neto, a quantia de R$ 3 milhões da empreiteira UTC Engenharia para supostamente quitar dívidas de campanha com a gráfica de Francisco Carlos de Souza, o "Chicão Gordo", ex-deputado estadual do PT. A Promotoria sustenta que, entre maio e junho daquele ano, a empreiteira efetivamente repassou a soma de R$ 2,6 milhões a Haddad.
 
 
 
A decisão foi tomada pelo juiz Leonardo Valente Barreiros, da 5 ª Vara Criminal da Capital, que acolheu parcialmente denúncia do Ministério Público do Estado. O magistrado rejeitou parte da acusação que imputava ao ex-prefeito o crime de quadrilha.
 
Além de Haddad e Vaccari (formalmente réus por corrupção passiva e lavagem de dinheiro), vão ser processados o empresário Ricardo Pessoa e o executivo Walmir Pinheiro Santana, ambos da UTC (corrupção ativa, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro), o doleiro Alberto Youssef (quadrilha e lavagem de dinheiro), suposto repassador dos valores, e "Chicão Gordo", o dono da gráfica (corrupção passiva, quadrilha e lavagem de dinheiro).
 
 
A denúncia foi apresentada à Justiça pelo promotor Marcelo Mendroni, que integra o grupo do Ministério Público de combate a delitos econômicos.
 
Seguno Mendroni, o então tesoureiro do PT "representava e falava em nome de Fernando Haddad". O promotor afirma que constou da agenda de Haddad, quando já no exercício do cargo de prefeito de São Paulo, que ele recebeu o empreiteiro da UTC pessoalmente, no dia 28 de fevereiro de 2013.
 
Mendroni assinala que Ricardo Pessoa, que se tornou delator da Operação Lava Jato, já mantinha uma espécie de "contabilidade paralela" junto a Vaccari, relativa a propinas pagas em decorrência de contratos de obras da UTC Engenharia S/A com a Petrobras, com uma "dívida" a saldar, em pagamentos indevidos de propinas, da ordem de R$ 15 milhões.
 
"Ricardo Pessoa e Fernando Haddad, enquanto candidato ao cargo de Prefeito Municipal de São Paulo, haviam sido apresentados por José di Filippi Junior e se reuniram algumas vezes durante a campanha eleitoral no decorrer de 2012", sustenta a Promotoria.
 
O juiz Leonardo Valente Barreiros anotou em sua decisão: "Ocorre que a solicitação de R$ 3 milhões teria sido atendida. Sendo assim, Ricardo Pessoa a prometeu e ofereceu diretamente para João Vaccari Neto e indiretamente para Fernando Haddad. Na sequência e de modo a viabilizar o pagamento, Ricardo Pessoa e João Vaccari Neto trocaram informações a respeito dos números de telefone dos seus prepostos. Para operacionalizar aquele pagamento indevido, João Vaccari Neto indicou e lhe passou o número de telefone celular de Francisco Carlos de Souza ('Chicão'). Ricardo Pessoa também orientou João Vaccari Neto no sentido de que os contatos para o pagamento deveriam ser realizados através de seu diretor financeiro, Walmir Pinheiro Santana, que negociou o valor para diminuí-lo para R$ 2,6 milhões."
 
Segue o magistrado. "A narrativa acusatória ainda aponta que a captação e distribuição de recursos ilícitos se desenvolveram através de um esquema montado pela própria UTC Engenharia S/A, principalmente por contratos de prestação de serviços fictícios e/ou superfaturados, de forma que os valores ou a diferença retornassem à UTC Engenharia S/A, mas para 'uma conta de caixa dois' que detinham junto a Alberto Youssef. Depois, Alberto Youssef entregaria parte do valor do dinheiro em espécie; e em relação à outra parte utilizaria PFs e PJs para receberem os valores e os remeterem a outras PFs e/ou PJs para, finalmente, os valores serem transferidos, destas, para gráficas indicadas por 'Chicão'."
 
Após as simulações dos contratos de prestações de serviços, segundo a Promotoria, os pagamentos teriam sido efetivados de duas formas. Na primeira, Youssef mandava seu funcionário Rafael Ângulo Lopes entregar os valores, normalmente aos sábados de manhã, na garagem do edifício do seu escritório em dinheiro em espécie diretamente a "Chicão".
 
Na segunda, Youssef realizava sucessivas transferências bancárias por empresas e pessoas para as gráficas indicadas por "Chicão", de forma a dissimular a origem dos valores.
 
A solicitação teria ocorrido entre abril e maio de 2013. "Os pagamentos, sintomaticamente, entre maio e junho de 2013", ressalta o juiz. "Assim foram realizados os pagamentos daquela dívida, contraídas especialmente durante o ano de 2012 pela campanha de Fernando Haddad para o cargo de prefeito de São Paulo."
 

Defesa

 
"A denúncia e mais uma tentativa de reciclar a já conhecida e descredibilizada delação de Ricardo Pessoa. Com o mesmo depoimento, sobre os mesmos fatos, de um delator cuja narrativa já foi afastada pelo STF, o Ministério Público fez uma denúncia de caixa 2, uma denúncia de corrupção e uma de improbidade. Todas sem provas, fundadas apenas na desgastada palavra de Ricardo Pessoa, que teve seus interesses contrariados pelo então prefeito Fernando Haddad. Trata se de abuso que será levado aos tribunais."
 
No dia 10 de setembro, a defesa de Haddad peticionou nos autos e alegou que "a denúncia é inepta por não conter a descrição individualizada mínima das condutas que teriam sido praticadas pelo denunciado, nem dos elementos nucleares que compõem o tipo penal da corrupção passiva".
 
Segundo a defesa do ex-prefeito, "a denúncia não aponta minimamente qual era o objetivo do pagamento, ao menos em perspectiva".
 
"Há necessidade de se apontar um ato de ofício para caracterização do crime de corrupção passiva, sendo imprescindível a descrição mínima do que se espera em contrapartida da vantagem indevida", sustenta a defesa de Haddad "Há necessidade de indicação da autoria, vez que a acusação se limita a afirmar que o denunciado tinha domínio dos fatos. Não há qualquer elemento de prova sobre corrupção passiva, inexistindo justa causa para a ação penal, sendo insubsistente a denúncia fundada apenas na palavra do colaborador premiado."
 
A defesa apontou ainda incompetência do juízo sob o fundamento de que os fatos foram objeto de denúncia perante a Justiça Eleitoral "por configurarem doação eleitoral não contabilizada, havendo conexão material e processual, prevalecendo assim a jurisdição especial".
 
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Correio Braziliense segunda, 19 de novembro de 2018

UMA CELEBRAÇÃO PELO PATRIMÔNIO DE BRASÍLIA

Uma celebração pelo patrimônio de Brasília
 
No fim de semana, o CCBB receberá o Festival Brasília Patrimônio Vivo. O evento marca o fim da série homônima publicada pelo Correio entre junho e setembro. As matérias mostraram histórias de pessoas que fizeram e fazem da capital um lugar de renovação constante

 

JÉSSICA EUFRÁSIO

Publicação: 19/11/2018 04:00

 (Minervino Junior/CB/D.A Press)  


 (Minervino Junior/CB/D.A Press)  


 (Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press)  


 (Luis Nova/Esp. CB/D.A Press)  
 
 
 
Entre junho e setembro, o Correio, em parceria com o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), publicou uma série de cadernos especiais intitulada Brasília Patrimônio Vivo: os protagonistas da história da capital. Durante 16 semanas, jornalistas contaram histórias de pessoas que fizeram e fazem da capital federal um lugar de renovação constante. Os protagonistas das matérias do projeto incluíram desde arquitetos e professores a cineastas, artistas e designers. São pessoas que desenvolveram um olhar único sobre Brasília e que ainda atuam com o intuito de manter o patrimônio cultural da humanidade vivo, tal como o nome da série destaca.
 
Para comemorar o encerramento desse projeto editorial e promover a divulgação dos trabalhos de mais artistas e empreendedores da cidade, o CCBB receberá o Festival Brasília Patrimônio Vivo no próximo fim de semana. A programação será gratuita e contará com atividades para toda a família. O evento ocorre no sábado e no domingo, das 9h às 21h, e terá oficinas, apresentações de dança, palestras, aulas de ioga, atrações para as crianças, além de oficinas.
 
Uma delas é a de jardim orgânico, na qual será possível aprender técnicas de cultivo de ervas medicinais, flores e minihortas em vasos. Os participantes receberão os materiais e descobrirão formas de associar as plantas à genética. “Cada um plantará com base no próprio tipo sanguíneo”, conta a paisagista responsável pela oficina, Cláudia Dorneles Mukti. Ela acrescenta que apresentará exemplos de flores comestíveis com base no organismo de cada pessoa. “Falarei da parte terapêutica de cada erva e pontuarei quais são as flores comestíveis ideais para determinado tipo sanguíneo. Na Europa, isso é muito usado para curar pessoas em hospitais, asilos. E, para quem mora em apartamento, é ideal ter uma hortinha de acordo com o próprio organismo”, recomenda Cláudia.
 
Design
 
A programação dos dois dias contará com uma feira de design promovida pela loja de produtos autorais Natural de Brasília. Os visitantes do museu poderão apreciar o trabalho de cerca de 20 expositores do segmento da economia criativa, que colocarão à venda itens como joias artesanais, acessórios de moda, além de comidas orgânicas. Para a curadora e diretora criativa da Natural de Brasília, Patricia Herzog, o evento vai ao encontro da proposta de manter a cidade viva. “Além de patrimônio, Brasília conquistou o título de cidade criativa do design pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). A capital é modernista, icônica e o design é uma das coisas que mais comunica a nossa identidade”, ressalta.
 
No segundo dia, o evento ainda terá atividades realizadas por professores do método Supera, que desenvolvem trabalhos com foco na melhora do raciocínio lógico, da concentração, da capacidade de resolver problemas e cálculos e no aperfeiçoamento da memória. “Teremos quebra-cabeças como o Tangram, cujas sete peças permitem a montagem de mais de 2,5 mil figuras, ensinaremos como funciona o ábaco, além de outras ferramentas. Todos os jogos que levaremos são para as áreas cognitivas”, conta Sheila Voos, diretora comercial da unidade do Jardim Botânico. A oficina é indicada para pessoas a partir dos 6 anos.

Roberta Campos, uma das vozes da nova MPB, é a estrela do domingo e vai apresentar repertório de quatro álbuns (Izabelita Marchedano/Divulgação)  
Roberta Campos, uma das vozes da nova MPB, é a estrela do domingo e vai apresentar repertório de quatro álbuns
O cantor baiano Lucas Santtana é uma das atrações. Ele se apresenta no sábado (Daryan Dornelles/Divulgação)  
O cantor baiano Lucas Santtana é uma das atrações. Ele se apresenta no sábado



Shows 
 
Para completar as atrações do festival, haverá shows do cantor baiano Lucas Santtana, no sábado, e da mineira Roberta Campos, no domingo. A apresentação de Roberta incluirá repertório dos quatro álbuns da artista, como os sucessos De Janeiro a Janeiro, Abrigo e Minha Felicidade, além de duas canções inéditas.
 
“Também farei algumas releituras de músicas de que gosto, da Marisa Monte e do Paul McCartney. As novas canções estão no meu DVD, que será lançado em janeiro. Uma delas começou a tocar nas rádios nesta semana”, conta a cantora. Este será o quinto show da mineira em Brasília.
 
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Correio Braziliense domingo, 18 de novembro de 2018

A VIDA SEM LIXO

 

A vida sem lixo
 
O movimento começou de forma discreta. Hoje, são muitas as pessoas que buscam produzir o mínimo possível de resíduos no dia a dia. Conheça algumas histórias inspiradoras

 

Por Marina Julião*
Por Renata Rusky

Publicação: 18/11/2018 04:00

Com apenas 58 anos, Brasília já teve o maior lixão da América Latina. Fechado no início do ano, foi substituído por um aterro sanitário. Um levantamento do Instituto Lixo Zero Brasil, de junho, apontou a capital como a cidade que mais produz lixo no país. O Fórum Econômico Mundial de Davos, em 2016, encontro anual de empresários, chefes de estado, ONGs, entre outros, na Suíça, para discutir os rumos da economia mundial, comunicou que até 2050 os oceanos teriam, em peso, mais plástico do que peixes.
 
Diante dos dados alarmantes, algumas iniciativas particulares têm tentado amenizar o efeito dessa produção exacerbada de lixo no meio ambiente. O movimento ocorre em todo o mundo e chegou também por aqui. Em 2012, a ativista ambiental e empreendedora norte-americana Lauren Singer tomou a decisão de diminuir a quantidade de lixo que produzia a zero e fez um blog sobre a experiência.
 
Deu tão certo que, em 2015, já reconhecida pelo feito, apresentou uma palestra Ted e inspirou muito mais gente a fazer o mesmo. No talk, ela começa mostrando um pequeno pote de vidro com dejetos dentro e afirma que aquele era todo o lixo que ela produziu nos últimos três anos. Ela brinca que aquilo faz muita gente questioná-la: “Como você se limpa?”.
 
Lauren explica no Ted: “Lixo zero é uma ideia muito grande. Para mim, isso significa que não produzo lixo. Não jogo nada no lixo, não mando nada para aterro sanitário e não cuspo chiclete no chão e continuo andando”. Para isso, ela precisou aprender a fazer quase tudo que ela costumava usar, como desodorante. Foi ajudada por pessoas que já tinham esse estilo de vida, como a blogueira californiana Bea Johnson, mãe de duas crianças. Hoje, Lauren é dona de uma loja em Nova York que vende diversos produtos ecologicamente corretos e também de uma marca vegana de detergentes.
 
No Brasil, em dezembro de 2014, a designer Cristal Muniz resolveu seguir o exemplo. Em seu blog Um ano sem lixo, ela conta que já se preocupava com a questão e tentava produzir pouco lixo, mas foi Lauren que a incentivou a mudar radicalmente os hábitos. A criação do site foi uma forma de se comprometer ainda mais com a causa. Neste ano, o blog virou livro.
 
Para a professora do Centro de Desenvolvimento Sustentável da UnB Izabel Zanetti, as mudanças no comportamento da população são necessárias. “É preciso educação para uma vida mais sustentável e consciente. A política dos três erres — reduzir, reutilizar e reciclar — deve ser usada pelas famílias.”
 
Na hora de fazer compras, ela recomenda privilegiar alimentos que podem ser adquiridos a granel, usando embalagens reutilizáveis. Prestar atenção nos materiais e na durabilidade das embalagens também é essencial.
 
*Estagiária sob supervisão de Sibele Negromonte

 
"Eu era uma consumidora voraz de cerveja long neck%u201D, admite. %u201CHoje, só compro de lata. Em Brasília, não se recicla vidro, então, não custa eu fazer isso" Rosemary Lacerda, servidora pública


O descarte ideal
 
Os moradores da SQS 113 se orgulham da gestão de resíduos sólidos feita na quadra. Não significa que foi fácil para ninguém. Justamente por isso, têm ainda mais motivo para se gabarem do sucesso. Atualmente, eles podem dizer que só enviam ao aterro sanitário de Brasília, localizado entre Ceilândia e Samambaia, o lixo que realmente não tem nenhum aproveitamento: o rejeito. Izabel Zanetti explica que são os materiais que não podem ser reciclados. “As embalagens e os objetos compostos de materiais químicos indissolúveis ou que são feitos de misturas de materiais que não podem ser separados não são recicláveis.” Isso, além de papel higiênico sujo, papel e alumínio com gordura e muito mais (veja box).
 
O material orgânico, compostável, é coletado por uma empresa; o vidro por outra e enviado a São Paulo, já que, em Brasília, não há nenhuma empresa de reciclagem de vidro; e os materiais recicláveis são recolhidos pela cooperativa LZ Centcoop. O Instituto Lixo Zero apoiou a iniciativa com informações úteis e a WWF Brasil ainda a patrocinou, imprimindo a cartilha de coleta seletiva da quadra.
 
Tudo começou quando, no início do ano, a prefeita da quadra, Rachel Andrade, servidora pública, e alguns síndicos e moradores visitaram o Lixão da Estrutural. “Ficamos muito impactados com uma cidade tão nova que já havia produzido tanto lixo, e também com as condições de trabalho dos catadores lá”, relembra Rachel.
 
O Lixão já estava em seus últimos dias de funcionamento, mas o grupo sabia que o novo aterro nascia com data de validade e, se ninguém mudasse os padrões de consumo e de descarte, o período seria ainda mais curto. Izabel Zanetti explica que os lixões e aterros sanitários são obras caras e com vida útil de, no máximo, 15 anos. Segundo a Agência Brasília, o espaço foi projetado para comportar 8,13 milhões de toneladas de rejeitos materiais não reutilizáveis e, com isso, ter vida útil de aproximadamente 13 anos.
 
Todos unidos
 
A quadra decidiu arregaçar as mangas e tentar prolongar o período. Mas por onde começar? Depois de alguma consideração, optaram por iniciar com o vidro. Cada prédio comprou uma espécie de tambor para guardá-los e, de 15 em 15 dias, eles são recolhidos.
 
“Se começássemos com a separação completa, a mudança seria muito drástica para os moradores. Com lixo seco e orgânico, teriam mais dúvidas”, Rachel explica a escolha. Mesmo assim, ainda houve equívocos: alguns descartavam o vidro com alimento dentro, com a tampa, com a rolha. Com o tempo, todos aprenderam que o vidro deveria estar limpo e que só ele deveria ficar na bomba de descarte.
 
Com a separação do vidro já bem resolvida, passaram para os lixos secos, compostáveis e para os rejeitos. Muitas casas já dividiam o lixo apenas em seco e orgânico, sem pensar nessa terceira via. Para o síndico do Bloco F, Bruno Apolonio, uma das maiores dificuldades foi justamente o fato de que quase todos os moradores achavam que sabiam separar o lixo, mas nem tudo estava correto.
 
A mudança no descarte do lixo transformou a quadra: “Viramos uma cidade de interior. Antes, eu só conhecia as pessoas do meu prédio. Agora, posso dizer que conheço, pelo menos, uma de cada um dos outros 10 edifícios.
 
Nesta segunda etapa de separação do lixo, o grupo de moradores visitou o centro de coleta seletiva da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU). Lá, viram como o lixo chega todo misturado e como isso não só dificulta a vida dos catadores como contamina materiais que poderiam ser reciclados. “Vimos que realmente faltava informação para as pessoas sobre a separação, demos palestras, esclarecemos e deu certo”, alegra-se Rachel.
 
Dentro de casa
 
Agora, além da empresa que coleta os vidros, uma outra recolhe todo o material compostável e a cooperativa busca o lixo reciclável. Somente os rejeitos vão para o aterro da capital. Para a moradora Rosemary Lacerda, 43, servidora pública, é gratificante saber que está fazendo algo pelo meio ambiente e por essas pessoas “que não ficam enojadas ao mexer no nosso lixo”.
 
Na visita ao centro de coleta seletiva, ela não se esquece de um catador que disse que pagava a faculdade da filha com o lixo que ela e tantas outras pessoas descartavam. “E ele falou pra mim: sou eu que tiro, do meio do seu papel higiênico sujo, aquele frasco de xampu que você jogou no lixo do banheiro, em vez de jogar no lixo seco”, lamenta Rosemary.
 
A iniciativa na quadra acabou transformando também a forma de consumir dela e da família composta pelo marido e por dois filhos. “Eu era uma consumidora voraz de cerveja long neck”, admite. “Hoje, só compro de lata. Em Brasília, não se recicla vidro, então, não custa eu fazer isso”, completa.
 
Os filhos perguntam o tempo todo o que vai em cada lixo. Com isso, aprendem. Azeitona, agora, compram as que vêm no saquinho e, então, colocam no pote de vidro que foi adquirido anteriormente, em vez de jogá-lo fora. “Separar dentro de casa é muito fácil. Difícil é o catador separar lá na frente.”
 
O que não pode ser reciclado
  • Adesivos
  • Etiquetas
  • Fita crepe
  • Papel carbono
  • Fotografias
  • Papel toalha
  • Papel higiênico
  • Papéis engordurados
  • Papéis metalizados, parafinados ou plastificados
  • Grampos
  • Esponjas de aço
  • Pilhas
  • Isopor
  • Ampolas de medicamentos.
 
Fonte: Professora Izabel Zanetti
 
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Correio Braziliense sábado, 17 de novembro de 2018

CHUVA CAUSA ENXURRADA, ESTRAGO E ENGARRAFAMENTO

 

Chuva causa enxurrada, estrago e engarrafamento
 
 
Diversos pontos da Asa Norte, de Águas Claras, de Vicente Pires e de Samambaia enfrentam dificuldades desde a madrugada de ontem. O volume de água abriu crateras, interditou estação de metrô e provocou congestionamentos

 

LUIZ CALCAGNO
ALAN RIOS
CÉZAR FEITOZA
Especiais para o Correio

Publicação: 17/11/2018 04:00

O Córrego Samambaia transbordou e destruiu parte da Estrada Parque Vicente Pires (EPVP): transtorno (Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press)  
O Córrego Samambaia transbordou e destruiu parte da Estrada Parque Vicente Pires (EPVP): transtorno


Marcas na parede mostram que o nível da água na estação de metrô de Samambaia Sul chegou a cerca de 1m (Wallace Martins/Esp. CB/D.A Press)  
Marcas na parede mostram que o nível da água na estação de metrô de Samambaia Sul chegou a cerca de 1m


Alagamentos, desabamentos e erosões. A chuva forte e constante causou estragos em vários pontos do Distrito Federal, principalmente em Águas Claras, Vicente Pires, Samambaia e Asa Norte. No fim da tarde de ontem, uma enxurrada tomou conta da comercial da 202 Norte. Proprietária de uma barbearia no local, Julia Róseo se assustou com o volume de água. “Atrapalha muito os negócios. Eu, por exemplo, perdi cinco clientes hoje (ontem), porque não conseguiram vir em razão da chuva”, lamentou. No início da semana, ela ficou ilhada em um dos blocos da quadra e teve de esperar mais de uma hora para voltar ao trabalho. “O perigo não é só da água da chuva, mas ela arrasta contêineres, lixo. A água não costuma cobrir mais do que a roda do carro, não chega ao motor, mas o que ela arrasta pode bater nos veículos”, disse.

Pela manhã, quem mora ou trabalha em Águas Claras ficou impedido de usar a Estrada Parque Vicente Pires (EPVP). A via foi isolada após o córrego transbordar e engolir parte do asfalto e da terra que encobre as bases de uma ponte (veja Onde fica). Não há previsão para a liberação total da pista, mas o Departamento de Estradas de Rodagens (DER) montou uma faixa reversa no sentido contrário. 

Funcionários do DER correm contra o tempo para deter as erosões provocadas pelo transbordo do Córrego Samambaia na EPVP. O receio é de que, com a continuidade das chuvas, a terra na lateral da estrutura da ponte ceda ainda mais. Será preciso retirar todo o barro solto para preencher o local com areia e pedra novamente. Há três semanas, o DER havia feito uma correção no local. De acordo com o subsecretário de Defesa Civil, coronel Sérgio Bezerra, não há risco de desabamento. “O nível do córrego subiu, e a água escavou a terra em dois pontos, o que prejudicou as estruturas e derrubou um muro. A nossa preocupação, agora, é que a chuva não retorne com a mesma força”, explicou Bezerra. 

O diretor do DER, Márcio Buzar, detalhou as causas do incidente na EPVP. Segundo ele, canos da Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb) que passam sob a ponte barraram a passagem de árvores, mato e lixo arrastados pela correnteza do córrego. O acúmulo de material sob a ponte represou a água, provocando o alagamento.

O DER e a Defesa Civil pediram para a Caesb retirar o encanamento. Ao Correio, a empresa informou que uma das redes de esgoto seria removida ainda ontem e outra, na próxima semana. “Os canos (da Caesb) serviram como barreira. O fato de o rio receber a água pluvial de Águas Claras e Vicente Pires também interfere, bem como a ocupação desordenada do solo, que impermeabiliza a região. A água não entra no solo e escoa pra onde dá. Vamos ter de escavar para saber o quanto de terra foi perdido e só poderemos fazer o reforço a partir do ponto em que o solo estiver firme”, explicou Buzar.


Congestionamento na Estrada Parque Taguatinga no início da noite de ontem: região ficou travada por causa de alagamentos em Vicente Pires (Bárbara Cabral/Esp. CB/D.A Press)  
Congestionamento na Estrada Parque Taguatinga no início da noite de ontem: região ficou travada por causa de alagamentos em Vicente Pires



Susto
Os motoristas que recorreram à EPVP ontem tiveram dificuldades para deixar a região. Radimila de Oliveira, 24 anos, seguia para o trabalho e ficou uma hora presa no trânsito. “Fiquei um bom tempo parada e tive de dar a volta por cima do canteiro central para fugir do alagamento. Peguei muitos engarrafamentos. Foi tenso”, comentou. O caminhão de Marcelo Matsuda, 40, não conseguiu passar pelo alagamento. “Tentei, e o caminhão parou. Um militar que passava a pé ajudou várias pessoas a saírem. A água estava acima do joelho”, disse.

A previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) para o fim de semana é de pancadas de chuva em áreas isoladas e trovoadas ao londo do dia. De acordo com o meteorologista Hamilton Carvalho, faltando duas semanas para o fim do mês, o volume de chuva acumulado é de 258mm, 14% acima da média, de 227mm. A expectativa é de que, hoje, o céu permaneça encoberto, e a temperatura oscile entre 17ºC e 29ºC, com umidade do ar variando entre 45% e 90%. Amanhã, domingo, o sol voltará a aparecer. A temperatura pode chegar a 30°C, e a umidade deve variar de 90% a 40%.

Obras
A expectativa do DER é de que as obras de reconstrução de parte da EPVP fossem concluídas hoje, mas, segundo Buzar, as chuvas tornam o processo mais lento. “O pessoal está trabalhando bastante, até a noite. Porém, se continuar a chuva, o serviço deve ir até domingo. É algo que não é difícil, mas que precisa de tempo para fazer, e tempo sem chuva”, ressaltou o diretor-geral.

Para minimizar os efeitos no trânsito, o DER montou uma faixa reversa, no sentido contrário à via, liberada para o fluxo de carros. Mas a solução total dos problemas na EPVP deve demorar. Segundo o órgão, será preciso construir uma ponte no local: “Ali, existe um tubo de concreto antigo, de antes de existir Águas Claras. Do lado lateral, existe uma ponte, do outro é esse tubo; então vamos precisar fazer uma ponte ali no futuro”.

Por causa dos diversos problemas em Vicente Pires e região, houve congestionamento na Estrada Parque Taguatinga (EPTG) no início da noite de ontem.

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Correio Braziliense sexta, 16 de novembro de 2018

DO CIRCO À SAVANA

 

Do circo à savana
 
 
Cia Neia e Nando apresenta quatro espetáculos dentro da programação do Brasília Photo Show

 

Matheus Dantas*

Publicação: 16/11/2018 04:00

Aventura canina é um 
dos espetáculos apresentados neste fim de semana pela 
cia Néia e Nando (Tangibilize/Divulgação)  
Aventura canina é um dos espetáculos apresentados neste fim de semana pela cia Néia e Nando
 
Neste fim de semana, pais e crianças poderão curtir uma programação em dose dupla, unindo a fotografia e o teatro. Amanhã e domingo, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, o festival Brasília Photo Show, um dos maiores eventos de exposição fotográfica coletiva no mundo, conta com uma programação especial para os baixinhos, com espetáculos da Cia. Néia e Nando.
 
Ao longo dos dois dias, a trupe vai apresentar quatro peças teatrais para as crianças — uma sessão de cada uma por dia: O Palhágico Chochou, Uma aventura no mar, Aventura canina e O rei da savana.
 
“Há quase 20 anos, orquestramos essa agenda com espetáculos simultâneos, em espaços culturais da cidade. É realmente intenso, mas estamos preparados para essa maratona, para poder apresentar um espetáculo de qualidade, animando e divertindo as pessoas”, explica Nando Villardo, diretor da Cia.
 
O público também terá a oportunidade de ver as caracterizações dos personagens, em um estande da Cia, montado no meio do pavilhão. Cada etapa do processo poderá ser acompanhada, desde a produção da maquiagem até o figurino.
 
* Estagiário sob a supervisão de Vinicius Nader
 
SERVIÇO
 
Cia Néia e Nando no Festival Brasília Photo Show
Centro de Convenções Ulysses Guimarães (Eixo Monumental). Amanhã e domingo, às 11h, O Palhágico Chochou; às 15h, Uma aventura no mar; às 17h, Aventura canina; às 19h, O rei da savana. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada). Classificação indicativa livre para 
todos os espetáculos.
 
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Correio Braziliense quinta, 15 de novembro de 2018

CUBA ABANDONA PROGRAMA MAIS MÉDICOS

 

Cuba abandona o programa Mais Médicos
 
 
Saída dos profissionais cubanos, que prestavam atendimento em comunidades carentes e regiões remotas do país, foi motivada por críticas do presidente eleito, Jair Bolsonaro, aos termos do convênio firmado entre a ilha caribenha e o governo brasileiro

 

» OTÁVIO AUGUSTO

Publicação: 15/11/2018 04:00

Primeiro contingente de cubanos chega ao Brasil, em 2013: governo de Havana fica com 75% dos R$ 11 mil pagos aos profissionais (Bernardo Dantas/DP/D.A Press - 5/8/13)  
Primeiro contingente de cubanos chega ao Brasil, em 2013: governo de Havana fica com 75% dos R$ 11 mil pagos aos profissionais


Após cinco anos de atendimento, o governo de Cuba decidiu abandonar o programa Mais Médicos. O encerramento da parceria ocorreu em consequência das críticas do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), ao programa e ao regime de trabalho dos profissionais cubanos no país. “Isso é trabalho escravo. Não poderia compactuar”, disse Bolsonaro. O rompimento enfraquece o serviço, que dá atendimento básico de saúde a 63 milhões de brasileiros em mais de 2,8 mil municípios. Dos 18,2 mil médicos em atividade, 8,3 mil são da ilha caribenha.

Especialistas temem um colapso na atenção básica, por considerarem que o Brasil não tem condições de substituir os cubanos, que representam cerca de 45% dos profissionais engajados no programa. Em muitos dos municípios atendidos, eles são a única forma de atendimento de saúde.

O combustível para a crise foi a exigência de Bolsonaro de que os médicos passem pelo Revalida — exame aplicado a profissionais formados em medicina em instituições estrangeiras. O presidente eleito criticou também a forma de remuneração dos profissionais. Pelo acordo, o governo cubano embolsa 75% da bolsa de R$ 11 mil mensais paga pelo governo brasileiro, e os médicos que migram para o Brasil não podem trazer suas famílias.

Em comunicado, o Ministério da Saúde Pública de Cuba considerou “desrespeitosas e ameaçadoras” as declarações de Bolsonaro sobre os cubanos no Brasil. “Diante desta lamentável realidade, tomamos a decisão de não continuar participando no Programa Mais Médicos. Não é aceitável que se questionem a dignidade, o profissionalismo e o altruísmo dos colaboradores cubanos que, com o apoio de suas famílias, prestam atualmente serviços em 67 países”, destaca o documento.

Bolsonaro afirmou que o governo de Cuba decidiu sair do programa porque não aceitou as condições impostas por ele, como “aplicação de teste de capacidade e pagamento de salário integral aos profissionais cubanos”. “Condicionamos à continuidade do programa Mais Médicos à aplicação de teste de capacidade, salário integral aos profissionais cubanos, hoje na maior parte destinado à ditadura, e a liberdade para trazerem suas famílias. Infelizmente, Cuba não aceitou”, disse. Ele ainda comparou a ocupação a “trabalho escravo” e ofereceu asilo “aos que quiserem ficar”.

A participação cubana no Mais Médicos foi acertada com o Ministério da Saúde e a Organização Panamericana da Saúde (Opas). Nos cinco anos de presença no país, os profissionais da ilha fizeram cerca de 113 milhões de atendimentos.

Professor de medicina aposentado da Universidade de Brasília (UnB) e integrante do Observatório da Saúde, Flávio Goulart lamentou o risco de descontinuidade do programa. “Ele permitiu que pessoas que nunca tiveram contato com médico tivessem acesso à medicina. Esse é o lado humano. Além disso, tem o lado técnico. Onde o programa foi aplicado, há vários indicadores de melhora na atenção primária à saúde”, explica Goulart, que é doutor em saúde pública pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Para ele, o Brasil não tem condições de substituir os médicos cubanos. “O prejuízo é muito grande. O país não tem como repor esses profissionais rapidamente. As universidades têm formado mais médicos, mas o nosso processo ainda é de formar especialistas, e não profissionais que possam dar atendimento imediato”, afirma. Os locais onde os cubanos atuam foram oferecidos, antes, a médicos brasileiros, mas, em cinco anos de programa, nenhum edital conseguiu contratar essa quantidade de profissionais. O melhor resultado foi de três mil brasileiros.

“Ação despreparada”


O ex-ministro da Saúde e criador do programa na primeira gestão de Dilma Rousseff, Alexandre Padilha, lamentou o resultado político da ação de Bolsonaro. “Esses médicos estão atendendo nos sertões, na Amazônia brasileira e nas periferias de grandes cidades. Essa é uma data triste para a saúde pública e para a política externa do Brasil, provocada por uma ação despreparada e conflituosa do presidente eleito”, criticou.

O Ministério da Saúde informou que contratará profissionais brasileiros para as vagas dos cubanos. “A iniciativa imediata será a convocação nos próximos dias de um edital para médicos que queiram ocupar as vagas que serão deixadas pelos profissionais cubanos. Será respeitada a convocação prioritária dos candidatos brasileiros formados no Brasil seguida de brasileiros formados no exterior”, explicou a pasta, em nota.

Apesar da polêmica, o Mais Médicos contrata profissionais de diversas nacionalidades. Desde 2016, o Ministério da Saúde vem diminuindo a quantidade de médicos cubanos no programa. Eles chegaram a ser 11.400 profissionais.


  • Avaliação positiva

    Um ano após a criação do programa Mais Médicos, uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) e do Ministério da Saúde mediu a aceitação da ação no país. Na época, 85% dos entrevistados, em quase 700 municípios, disseram que a qualidade do atendimento médico estava “melhor” ou “muito melhor”. Um índice alto de usuários (87%) apontou que a atenção do profissional durante a consulta melhorou, e 82% deles afirmaram que as consultas passaram a resolver melhor os seus problemas de saúde.

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Correio Braziliense quarta, 14 de novembro de 2018

REPÚBLICA EM FESTA: PARA CURTIR E DESCANSAR NO FERIADO!

 


Para curtir e descansar!
 
 
Confira opções de eventos para aproveitar a noite de hoje e o feriado de amanhã, com shows, festas, festivais e exposições. Também há alternativas para quem prefere curtir em casa no conforto do sofá

 

Adriana Izel
Nahima Maciel

Publicação: 14/11/2018 04:00

Banda Consuelo e Esdras na Criolina (Camila Martins/Divulgação)  
Banda Consuelo e Esdras na Criolina



Novembro tem sido um mês de feriados prolongados para o brasiliense. Nesta semana, com a folga no Dia da Proclamação da República, celebrada amanhã, a cidade se agita com diferentes opções culturais, que vão de festas a shows, passando por exposições e festivais, que ocorrem de hoje até amanhã.
 
Quem quiser começar a folga hoje pode acompanhar o lançamento da produtora Sema, parceria entre os artistas brasilienses Esdras Nogueira, Claudia Daibert (vocalista da banda Consuelo) e Mariana Cardoso, do projeto gastronômico Coma Lá em Casa, que será a partir das 20h na Cervejaria Criolina. “Percebemos que fazíamos um monte de coisas juntos de forma aleatória, então decidimos juntar essas forças em um formato mais concreto de uma empresa prestadora de serviços, uma produtora”, explica Claudia.
 
Para o lançamento, os artistas preparam outras novidades. Tanto a banda Consuelo quanto o músico Esdras aproveitam para divulgar dois novos singles: Água salgada e Lambidinha, respectivamente. “Estávamos com o projeto de lançar um single por semestre e um videoclipe por ano. Luz da noite foi o primeiro e agora vamos lançar Água salgada. O Esdras aproveitou que gravou na turnê na Europa Lambidinha e agora vai lançar oficialmente”, adianta a vocalista da banda Consuelo.

Cantor Bonfim Netto lembra repertório do rei do rock no espetáculo Elvis in Concert (Arquivo Pessoal)  
Cantor Bonfim Netto lembra repertório do rei do rock no espetáculo Elvis in Concert


Com uma programação que traz exposição de quase 2 mil fotografias, 25 workshops, apresentação de 10 bandas da cidade e seis cenários disponíveis para fotos, o Cidade da Fotografia Brasília Photo Expo ocupa o Centro de Convenções Ulysses Guimarães. A partir de amanhã e até domingo, o público poderá mergulhar na vivência fotográfica seja simplesmente visitando as exposições, seja participando de oficinas e atividades culturais.
 
A ideia é que os visitantes também possam fotografar. Haverá espetáculos de teatro, performances, shows e eventos de gastronomia especialmente pensados para serem registrados. “Brasília é fonte criativa, a gente tem muitos artistas e a foto está inserida em vários contextos da arte. A foto hoje é a maior mídia do mundo”, aponta Edu Vergara, idealizador e curador do Brasília Photo Expo, que já teve quatro edições e agora ganha uma dimensão maior no Centro de Convenções.
 
Também hoje tem a estreia do espetáculo Elvis in concert, às 21h, no Teatro dos Bancários. O tributo ao roqueiro é comandado pelo cantor Bonfim Netto e ao lado da banda Elvis Big Band Brasil. Há 10 anos, o artista brasileiro já promove a homenagem copiando trejeitos, coreografias e figurinos do rei do rock. No repertório estão músicas como Always on my mind, Bridge over trouble waters e Love me tender.


Ex-baixista dos Ramones, CJ Ramone faz show amanhã (Romulo Juracy/Esp. CB/D.A Press - 31/8/14)  
Ex-baixista dos Ramones, CJ Ramone faz show amanhã


Diversidade
 
Aos que preferem o clima de festa, a noite de hoje tem algumas opções. No Outro Calaf tem a balada Brilho Eterno De Uma Mente Boladona, com os DJs Dpot, Hot Fuss, Kelton e M. A música eletrônica é o ritmo dos eventos de duas casas noturnas: Shed Western Bar, com Fabrício Peçanha; e Victoria Haus, com Gui Guerrero. Amanhã é a vez do funk na Quinta do Calaf com show do MC Maha.
 
CJ Ramone, ex-baixista da lendária banda The Ramones, faz show amanhã no Toinha Brasil Show. Figura importante no cenário do punk rock nacional, CJ entrou no grupo em 1989 para substituir Dee Ramone e permaneceu até o fim da banda em 1996. O baixista conta com três álbuns solo na carreira: Last chance to dance e o mais recente, American beauty.

Leo Fressato é uma das atrações do feriado (Matheus Witt/Divulgação)  
Leo Fressato é uma das atrações do feriado


Na apresentação, o artista internacional traz músicas da carreira solo, além dos clássicos da banda. A abertura do show será feita pelas bandas brasilienses Detrito Federal e Cabelos Duro.
 
Outro artista que desembarca em Brasília em turnê é o cantor Leo Fressato. Conhecido por ser o compositor do hit Oração, sucesso da Banda Mais Bonita da Cidade, ele se apresenta amanhã, a partir das 19h, na Cervejaria Criolina. A abertura fica por conta do pianista Klüber e nos intervalos tem discotecagem da DJ Lulu Praxedes.
 
Para quem busca outras opções, começa amanhã o Oktober Jazz Bier Festival, uma mistura de música e gastronomia. Na estreia do projeto, que vai até domingo, quem comanda o som é o grupo Doop Jam. Também amanhã é o dia em que o Shopping Pier 21 recebe mais uma edição do projeto Invasão geek. Dessa vez, a ideia é aproveitar o lançamento de Animais fantásticos: Os crimes de Grindelwad, com concurso de cosplay, bate-papo e quiz. A entrada é franca.
 
*Colaborou João Paulo Zanatto*
 
 
Cidade da Fotografia Brasília Photo Expo, no Centro de Convenções (Luis Mendonça/Divulgação)  
Cidade da Fotografia Brasília Photo Expo, no Centro de Convenções



PROGRAMAÇÃO
 
CJ Ramone 
• Toinha Brasil Show (SOF Sul, Qd. 9, Cj. A, lt. 5/8, Guará). Amanhã, às 20h (abertura da casa). Ingressos: R$ 50 (promocional), R$ 60 (2º lote até hoje) e R$ 70 (na hora). Não recomendado para menores de 18 anos.
 
 
Cidade da Fotografia Brasília Photo Expo
• Centro de Convenções Ulysses Guimarães. De amanhã até domingo. Visitação quinta, das 12h às 22h, sexta e sábado, das 10h às 22h, e domingo, das 10h às 21h. Programação disponível no site https://brasiliaphotoexpo.com.br/. Entrada gratuita. Classificação indicativa livre.
 
 
Elvis in concert
• Teatro dos Bancários (314/315 Sul). Hoje, às 21h. Show Elvis in concert com Bonfim Netto e a Elvis Big Band Brasil. Entrada a R$ 60 (meia). Não recomendado para menores de 14 anos.
 
 
Fabrício Peçanha
• Shed Western Bar (SCES, Tc. 2, Cj. 26/27). Hoje, às 23h. Com show dos DJs Fabrício Peçanha, Zerb, Daft Hill, Drop Dealers e Galvvik. Entrada a partir de R$ 50 (meia). Sujeito a alteração. Não recomendado para menores de 18 anos.
 
 
Festa Brilho Eterno De Uma Mente Boladona
• Outro Calaf (SBS, Qd. 2, Bl. Q). Hoje, às 22h. Com DJs Dpot, Hot Fuss, Kelton e M. Entrada a R$ 20 (até as 23h30) e R$ 30 (após). Valores de meia. Não recomendado para menores de 18 anos.
 
 
Gui Guerrero
• Victoria Haus (SAAN, Qd. 1). Hoje, às 22h30. Com discotecagem de Gui Guerrero e Donas ao vivo. Entrada a R$ 20 (pista), R$ 25 (camarote pop), R$ 30 (lounge pop) e R$ 55 (backstage house). Valores de meia e antecipado. Não recomendado para menores de 18 anos.
 
 
Invasão geek
• Shopping Pier 21 (SCES, Tc. 1, Lt. 32). Amanhã, às 12h. Concurso de cosplay, bate-papo com fãs e quiz temática. Entrada franca. Classificação indicativa livre.
 
 
La Rubia Café
• (404 Norte, Bl. B, Lj. 44). Amanhã, às 21h. Festa La Rubi com discotecagem do DJ Manollo. Couvert a R$ 8. Não recomendado para menores de 18 anos.
 
 
Lançamento do projeto Sema com Esdras Nogueira e Consuelo
• Cervejaria Criolina (SOF Sul, Qd. 1, Cj. B). Hoje, a partir das 20h. Com show da banda Consuelo e do músico Esdras Nogueira. Lançamento do projeto Sema, dos singles Água salgada e Lambidinha e do Clube do Assinante do Coma Lá Em Casa. Entrada mediante contribuição voluntária. Não recomendado para menores de 18 anos.
 
 
Leo Fressato
• Cervejaria Criolina (SOF Sul, Qd. 1, Cj. B). Amanha, às 19h. Com show de Leo Fressato, abertura de Klüber e discotecagem DJ Lulu Praxedes. Entrada a R$ 30 (meia). Não recomendado para menores de 18 anos.
 
 
Oktober Jazz Bier Festival
• Arena Lounge do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha (Eixo Monumental). Hoje, às 17h. Com show da banda Doop Jam e festival de cervejas artesanais. Entrada a R$ 20 (meia). Classificação indicativa livre.
 
 
Quinta no Calaf — Funkzona Halloween 
• Outro Calaf (SBS, Qd. 2, Bl. Q). Amanhã, às 22h. Com MC Maha e DJs Thiago May, Bruno Antun e Mike. Entrada a R$ 20 (os 50 primeiros), R$ 30 (até as 23h), R$ 40 (após). Valores de meia e sujeitos a alteração. Não recomendado para menores de 18 anos.
 
 
Guga Cammafeu - Minha história 
• Eskina Bar (206 Sul). Amanhã, às 16h. Ingressos: R$ 30. Valor referente a meia-entrada e sujeito a alteração. Não recomendado para menores de 18 anos.
 
 
MC 2K
• Pink Elephant Brasília (SCES, Tc. 2). Hoje, às 23h. Pink Holiday com MC 2K. Entrada a R$ 50 (mulheres) e R$ 70 (homens). Valores de meia-entrada. Não recomendado para menores de 18 anos.
 
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Correio Braziliense terça, 13 de novembro de 2018

STAN LEE, O PAI DOS HERÓIS

 


Stan Lee, o pai dos heróis
 
 
Morre, aos 95 anos, um dos grandes nomes da cultura pop mundial. O legado do nova-iorquino está nas HQs, na telinha e nos cinemas

 

Adriana Izel
Ricardo Daehn
Robson G. Rodrigues*
Ronayre Nunes*

Publicação: 13/11/2018 04:00

 
"Eu costumava ficar envergonhado porque eu era apenas um escritor de histórias em quadrinhos enquanto outras pessoas estavam construindo pontes ou indo para carreiras médicas. E então comecei a perceber: o entretenimento é uma das coisas mais importantes na vida das pessoas. Eu sinto que se você é capaz de entreter, você está fazendo uma coisa boa" Stan Lee, 1922-2018
 
Combater o poderio de um império estabelecido, repleto de  heróis populares e alinhados sobre o selo de qualidade da DC Comics, foi a tarefa delegada a um homem de imaginação ilimitada: Stan Lee. À frente da Marvel, concorrente imediata da sólida DC, o editor, criador de personagens e diretor artístico Stan Lee é símbolo de uma revolução: além de arrojado autor de enredos, fez a ponte que hoje em dia rende potes de ouro para a indústria de cinema. O desdobramento multimídia de quadrinhos, migrados para a tevê e revertidos em múltiplas conexões para produtos da telona refletem a sagacidade do ícone pop Stan Lee, dono do legado de criar ou cocriar personagens de histórico imbatível, numa lista que agrega Homem-Aranha, X-Men, Hulk, Thor, Homem de Ferro e Pantera Negra.
 
Os super-heróis e os fãs de quadrinhos ficaram órfãos na manhã de ontem, quando o principal nome do gênero no mundo escreveu seu último capítulo. O norte-americano Stan Lee, morreu, aos 95 anos, no Cedars-Sinai Medical Center, hospital em Hollywood (EUA). A causa da morte não foi revelada, porém ele estava com a saúde debilitada há algum tempo.
 
Além dos problemas de saúde, no último ano, Lee teve várias pertubações. Ficou viúvo em junho do ano passado, quando a mulher Joan, 93 anos, morreu após sofrer um derrame cerebral. Na época, o quadrinista também teve de lidar com acusações de assédio sexual contra ele e ainda de que estaria sendo vítima de abuso por parte da filha Joan Celia Lee, 68. Lee negou os dois casos.

 (Sony/Divulgação)  
 
Apesar de ter conquistado fama criando os mais famosos personagens da Marvel, foram as produções audiovisuais que o levaram a um patamar ainda mais alto. A maioria dos longas de sucesso na última década são da Marvel, empresa que Stan Lee catapultou com criações, como Os Vingadores, Homem de Ferro, Thor, Homem-Aranha e X-Men, em parceria com a Disney. Além disso, o currículo cinematográfico o tornou a principal figura pública da Marvel, com aparições em convenções e também nos filmes da empresa, que viraram um marco e um momento muito aguardado pelos espectadores
 
Um mundo à parte
 
Não se tratava de um molde ou uma fórmula, mas Lee ficou famoso pelo emprego do método da Marvel, na qual passou a trabalhar, ainda em fins dos anos 1930, quando a empresa levava outro nome. Passada a saraivada de ideias tidas em conjunto com parceiros (entre os quais os cocriadores de celebridades do mundo Marvel Steve Ditko e Jack Kirby), uma sinopse era criada e, a partir dos desenhos, e dos espaços na o texto, Lee exercia sua mágica.
 
Injetar humanidade e incertezas em personagens entre os quais os integrantes do Quarteto Fantástico (que ele criou, em 1961) estava nas habilidades de Stan Lee, capaz de talhar complexidade nas tramas das histórias em quadrinhos. Com Bill Everet, Stan Lee se aplicou em apresentar, por exemplo, um justiceiro cego que se afirmou empoderado, em O demolidor. O descontrole com uso de ousadias, no ano de 1971, foi uma das ousadias junto ao personagem Harry Osborne explorado no animado universo de Lee.
 
 (Disney XD/Divulgação)  


Um tanto encolhido entre as glórias de engenheiros e médicos, coube a Stan Lee definir a estatura de sua arte, numa entrevista para o Chicago Tribune: “Achava que fazia histórias fictícias de pessoas detentoras de feitos extraordinários, em ações loucas, e que usavam fantasias. Percebo agora, entretanto, que o entretenimento não é algo facilmente descartável”. Se alguém achava que, por si, a vida de Stan Lee (descrita por ele na autobiografia de 2002 Excelsior! The amazing life of Stan Lee) renderia uma série de quadrinhos, ele mesmo tratou de agir: em setembro de 2016, ajudou dois colegas na escrita dos quadrinhos Incrível, fantástico, inacreditável: a biografia em quadrinhos do gênio que criou os super-heróis da Marvel.
 
Nascido em 1922, com o nome de Stanley Martin Lieber, o homem que, em 1963, viria a responder pelo parto artístico do fenômeno batizado Os v ingadores, teve uma vida inicial modesta, vivida no Bronx (Nova York). Aos 19 anos, galgou o posto de editor da futura Marvel. Entre os feitos anteriores, debutou num apêndice de duas folhas criadas para Capitão América (número 3), de Jack Kirby e Joe Simons.
 
Nos anos de 1940, foi recrutado para o Exército, no qual teve aproveitada a capacidade de rascunho de manuais e desenho de táticas. Bem antes de chegar ao império de uma herança estimada em US$ 70 milhões, Stan Lee se afirmou como editor da Marvel, nos anos de 1970, recebendo a seguir a missão de progressivamente, nos anos de 1980, se aproximar da almejada Hollywood, já estabelecido em Los Angeles. Uma das estratégias de contato entre quadrinhos e a tevê resultou na série de televisão para a CB,S O incrível Hulk.
 
Tendo perdido a esposa Joan, numa união de 71 anos, Stan Lee amargou recente fase de declínio pessoal (com processo prometido para os colaboradores da temporária empresa dele, a POW! Entertainment e até acusação de assédio). Além do irmão Larry Lieber (empregado da Marvel), Lee deixa, para sempre, nos fãs a impressão do velhinho descolado, que usava tênis nas inúmeras convenções de heróis, e que — de tão pop — foi incorporado pelo mundo paralelo de Os Simpsons.
 
Repercussão
 
A morte de Stan Lee mobilizou a comunidade geek. Astros de diferentes países foram às redes sociais para lamentar a perda. No Brasil, os youtubers PC Siqueira e Felipe Neto lembraram a importância do editor. “É muito, muito, muito triste a notícia da morte de Stan Lee. Porém, fico muito feliz em saber que ele viveu o suficiente para ver suas obras tornado-se amadas pelo mundo inteiro, em todas as idades. Obrigado por tudo, Stan Lee! Um dos maiores gênios da história do entretenimento”, escreveu Neto.
 
Siqueira postou: “O Stan Lee foi o maior herói da minha infância. A maior inspiração que me levou a querer (e) trabalhar com histórias em quadrinho. Tá aí um cara que cumpriu seu papel na humanidade: criou heróis, inspirou artistas e fez o que amava até seus últimos dias. Excelsior!”.
 
Internacionalmente, Lee foi lembrado por nomes, como Chris Evans, o Capitão América do universo Marvel. “Nunca haverá outro Stan Lee. Por décadas, ele providenciou aventura, escapismo, conforto, confiança, inspiração, força, amizade e alegria para fãs mais velhos e mais jovens. Ele espalhou amor e gentileza e deixará sua marca por muitos e muitos anos. Excelsior!”, publicou no Twitter.
 
Outros dois nomes que trabalharam com Stan Lee nos cinemas também se pronunciaram. Ryan Reynolds, o intérprete do personagem Deadpool, agradeceu ao trabalho do cartunista: “Descanse em paz, Stan. Obrigado por tudo”. Assim como Kat Dennings, que trabalhou nos filmes do Thor: “Stan Lee. Um homem educado e um gênio. Foi uma honra ser uma pequena parte desse universo. Descanse em paz”.
 
*Estagiários sob supervisão de José Carlos Vieira
 
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Correio Braziliense segunda, 12 de novembro de 2018

PALMEIRA PERTO DO TÍTULO: NEM O TROPEÇO ATRAPALHA

 

Nem o tropeço atrapalha
 
 
Palmeiras busca empate com Atlético-MG e mantém vantagem no topo da tabela. Mau desempenho dos concorrentes ao título na rodada preserva a condição de favorito ao alviverde paulista

 

Publicação: 12/11/2018 04:00

A cinco rodadas para o fim do torneio, Palmeiras depende apenas dos próprios méritos para ficar com a taça (Bruno Cantini / Atlético-MG
)  
A cinco rodadas para o fim do torneio, Palmeiras depende apenas dos próprios méritos para ficar com a taça
Atlético-MG e Palmeiras empataram por 1 x 1, ontem, no estádio Independência, pela 33ª rodada do Campeonato Brasileiro. Os dois gols saíram no segundo tempo: Elias abriu o placar para o time mineiro e Bruno Henrique, de pênalti, deixou tudo igual.
 
O resultado manteve o líder Palmeiras cinco pontos à frente do vice-líder Internacional (67 a 62), restando cinco rodadas para o fim da competição. O Atlético-MG foi a 47 pontos, momentaneamente na sexta colocação, e pode sair da zona de classificação para a Libertadores caso o Santos vença hoje a Chapecoense.
 
Atlético-MG e Palmeiras fizeram um primeiro tempo equilibrado, com o alvinegro tendo o controle da posse de bola (quase 70%), enquanto o rival paulista era perigoso nas poucas oportunidades em que conseguiu chegar ao gol.
 
A primeira delas aconteceu aos 25 minutos. Deyverson fez bela jogada na direita, entrou na área e cruzou para Guerra chutar de primeira, mas Victor defendeu com a perna direita. A segunda ocorreu aos 43. Após cobrança de escanteio, Deyverson pegou de primeira e exigiu outra grande defesa do goleiro atleticano.
 
O Galo explorou as jogadas pelas laterais do campo, com Emerson e Fábio Santos descendo ao ataque com regularidade, mas falhava no momento de criar as chances de gols. Bem marcado, Ricardo Oliveira não conseguiu uma única finalização contra Weverton.
 
No segundo tempo, logo aos 18 minutos, o Atlético-MG abriu o placar. Cazares deu belo passe de calcanhar para Fábio Santos na esquerda, o lateral cruzou e encontrou Elias dentro da área. O volante dominou e acertou o ângulo do goleiro Weverton.
 
Mesmo não jogando bem no segundo tempo, o Palmeiras chegou ao empate, depois de um pênalti cometido por Adílson sobre Edu Dracena. Na cobrança, Bruno Henrique empatou o jogo no estádio Independência.
 
O empate fez o Atlético-MG se lançar ao ataque, pressionar o Palmeiras, mas o time da casa não conseguiu chegar ao segundo gol. Na 34ª rodada, o alviverde recebe o Fluminense, quarta-feira, no Allianz Parque. No mesmo dia, o Galo viaja a Curitiba para enfrentar o lanterna Paraná, no Durival Britto, sem poder contar com Adílson e Ricardo Oliveira, que receberam o terceiro cartão e cumprem suspensão.
 
“Diminuímos um jogo, mantivemos o número de pontos em relação ao Internacional e ganhamos um em relação ao Flamengo. Então, acho que a rodada, no cômputo geral, foi benéfica para nós. Estamos sendo superiores, mas ainda não ganhamos. Temos de manter a cabeça no lugar”
Luiz Felipe Scolari, técnico do Palmeiras
 
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Correio Braziliense domingo, 11 de novembro de 2018

PLANOS PARA RESGATAR O SCS - SETOR COMERCIAL SUL

 


Planos para resgatar o SCS
 
 
Enquanto um coletivo coloca em prática projetos para ocupar o Setor Comercial Sul e atender usuários de drogas e prostitutas, especialistas elaboram um estudo para desenvolver toda a região central

 

» ISA STACCIARINI

Publicação: 11/11/2018 04:00

Os amigos Ian Viana, Caio Dutra e Felipe Velloso criaram o coletivo No Setor para ocupar o Setor Comercial Sul e torná-lo um ambiente cultural seguro  (Marilia Lima/CB/D.A Press)  
Os amigos Ian Viana, Caio Dutra e Felipe Velloso criaram o coletivo No Setor para ocupar o Setor Comercial Sul e torná-lo um ambiente cultural seguro
 
No ponto mais central de Brasília, o Setor Comercial Sul (SCS) tem duas faces. Durante o dia, é tomado por cerca de 200 mil pessoas e outros milhares de veículos. Todos e tudo com pressa. Trabalhadores, em sua maioria. Com a noite, usuários de droga, traficantes, prostitutas e michês ocupam as pistas e calçadas do espaço. Com eles aumenta a insegurança, potencializada pela pouca iluminação e pelas portas fechadas.
 
Para reverter esse cenário, um grupo de brasilienses busca soluções por meio de iniciativas econômicas sustentadas pela arte e pelo diálogo. Elas visam revitalizar o centro da capital com a inclusão da comunidade, exploração da diversidade e encontros com moradores de rua e comerciantes. A ideia é do coletivo No Setor, criado por três empreendedores sociais.
 
A primeira iniciativa ocorreu em 2015, quando um grupo de músicos ocupou uma garagem do SCS para tocar rock. “Como ocorre em outras capitais, a exemplo de Londres, queríamos fortalecer o centro da cidade e reforçar a identidade desses espaços. Nada melhor que o Setor Comercial Sul, ao lado do Setor Hoteleiro, próximo ao Parque da Cidade e com acesso fácil à Rodoviária do Plano Piloto”, ressalta Caio Dutra, 28 anos, morador da Asa Sul e um dos três integrantes do No Setor.
 
Desde então, Caio, Felipe Velloso, 27 anos, e Ian Viana, 22, que moram na Asa Norte e em Águas Claras, respectivamente, organizam eventos culturais na região central regularmente. No carnaval deste ano, levaram o bloco Setor Carnavalesco Sul ao SCS. A folia atraiu 30 mil pessoas. A expectativa para 2019 é dobrar o público. “Temos um centro marginalizado, tomado pelo crime. Quisemos trazer esse potencial a partir da retomada cultural”, frisa Caio.
 
Os rapazes enxergaram nos cinco becos e nas quatro praças do setor espaços não só para eventos artísticos, mas também socioambientais e turísticos. No endereço, eles fazem feiras de estímulo à economia criativa; caminhada com turistas e moradores do DF interessados em conhecer o centro da cidade e festival com oficinas, palestras e mostras de cinema (leia quadro). “Faltava um olhar orgânico para o espaço. Concentramos uma energia aqui e, de forma integrada, fizemos um movimento de retomada do local”, comenta Felipe.
 
O coletivo No Setor tem o apoio de comerciantes, moradores de rua e guardadores de carro. “Os enxergamos como amigos. Pedimos licença para ocupar o espaço deles. A integração ocorre por todo lado e onde pudermos fazer”, observa Ian. Às sextas-feiras, o grupo organiza um futebol para as pessoas em situação de vulnerabilidade que ficam no SCS. O trio também oferece cursos de capacitação, como o de eletricista. “Com isso eles se sentem mais gente”, destaca Ian.
 
O plano do momento é fazer um diálogo com a comunidade LGBTIs que frequenta o espaço, como os travestis que se prostituem à noite. “Isso é o que se enquadra como real cidadania. Trata-se de um diálogo cotidiano da real política”, ponderou Ian. O coletivo pretende promover encontros dos LGBTIs com policiais militares, por exemplo.
 
Insegurança
 
Guardador de carro no SCS há sete anos, Marcelo da Cruz, 35, participa do futebol do No Setor toda sexta-feira. “Em meio ao nosso cotidiano de limpar os carros, manobrar, o futebol é uma oportunidade de diversão. Dá para compensar todo o desgaste do dia a dia”, afirma o morador de Águas Lindas (GO), a 52km do SCS
 
Para Marcelo, a presença de usuários de droga no Setor Comercial é um problema social. “Alguns deles até conseguem uma oportunidade aqui, outra ali, mas voltam para a rua por causa do vício. A droga é o grande mal. Outros já foram para casa de recuperação, mas, quando saem de lá, têm recaídas”, lamenta.
 
Desde os 8 anos, Maicon Roger Alves Ferreira, 39, mora nas ruas de Brasília. Ele não sabe dizer ao certo o motivo de ter parado ali, mas lembra que chegou com a mãe. “A minha rotina é pedir comida, dinheiro, vigiar carro e passar fome. Tenho documento, mas não consigo arrumar um emprego. A discriminação é a pior coisa.”
 
Pai de oito filhos, Maicon perdeu quatro para o Conselho Tutelar. O sonho dele é conseguir um emprego e retomar as crianças. “Quero fichar. Já entreguei muito currículo, mas não consigo nada. Falta emprego para gente. Só consigo um bico de vez em quando”, conta.
 
A companheira dele está grávida. “À noite, a gente não dorme direito, é perigoso. Conheço todo mundo, mas a gente convive com a violência. Já fui espancado e tive que digladiar (brigar) diversas vezes. Tem muita gente usando, comprando e vendendo droga. Eu mesmo só gosto de cigarro e bebida.”
 
Leonardo Rodrigues, 37 anos, morou na passagem subterrânea do SCS conhecida como Buraco do Rato, de 2009 a 2014. Agora, ele está de rosto limpo, livre do crack. “Perdi a minha companheira, a minha vida e o meu antigo emprego por causa da droga. Quando ela (a mulher) veio me resgatar, me lembro ainda de ter pedido R$ 10 para comprar a droga”, conta o operador de cabo de telefone, pai de quatro meninos.
 
Leonardo ficou três meses internado em uma clínica de reabilitação. Hoje, ajuda a resgatar pessoas que vivem a mesma situação pela qual ele passou. “As pessoas só acham que quem está aqui é para matar, roubar e destruir. A droga é devastadora, te tira valores, moral e até dignidade. Quem entra não sai fácil, mas é por causa da dependência”, destaca o ex-dependente.


Projetos do No Setor

» Setor Tropical Sul
Festa semestral para mil pessoas, com brasilidades e temática latina.
 
» Setor Carnavalesco Sul
A primeira edição do bloco de carnaval aconteceu em fevereiro deste ano e atraiu 30 mil foliões.
 
» Setor Criativo Sul
Festival lançado em agosto de 2018, com mais de 50 atividades entre painéis, palestras, oficinas, mostras de cinema e festas. 
 
» Feira No Setor
Aos domingos, há exposição de produtos orgânicos do cerrado brasileiro. A próxima edição será em 16 de dezembro. 
 
» SCSTour
Em parceria com o Departamento de Turismo da UnB, o coletivo organiza um passeio pelo SCS. O trajeto começa na Estação Galeria e passa por ruas, becos, praças e prédio, enquanto se conta um pouco sobre a participação do local na história de Brasílie. Este ano, houve 15 edições com público médio de 20 pessoas.
 
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Correio Braziliense sábado, 10 de novembro de 2018

ESTÁTUA DA LIBERDADE DA HAVAN

 

Loja insiste em instalar Estátua da Liberdade

 

» AUGUSTO FERNANDES
ESPECIAL PARA O CORREIO

Publicação: 10/11/2018 04:00

Havan quer uma réplica no SIA, como fez em Anápolis e outras cidades (Gustavo Moreno/CB/D.A Press - 4/7/13)  
Havan quer uma réplica no SIA, como fez em Anápolis e outras cidades

Inaugurada há uma semana, a filial da loja Havan em Brasília não tem uma das marcas do empreendimento: a Estátua da Liberdade. A peça, com 35 metros de altura, não pode ser erguida, pois está em desacordo com o Plano Diretor de Publicidade que orienta a instalação de meios de propaganda no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), onde fica a unidade candanga. O limite para publicidade na região é 12m de altura.
 
Mas a Havan não desistiu. Nesta semana, entrou com recurso na Administração Regional do SIA, que foi rejeitado. Mesmo com a negativa, a empresa decidiu fazer um novo apelo à administração. Ontem, o departamento jurídico do empreendimento encaminhou um pedido de reconsideração do recurso. De acordo com a empresa, quando o projeto de instalação da loja foi protocolado, constava a estátua.
 
De qualquer forma, o novo pedido não deve ser aceito pela Administração do SIA. “A solicitação ainda não chegou até a administração, mas faremos o nosso trabalho com os pés no chão. Por mais que eu quisesse atender ao pedido da empresa, não poderia ferir a legislação. Não tenho amparo legal para autorizar a instalação da estátua”, antecipou o administrador regional do SIA, Antônio Donizete Andrade.
 
Ele espera que a Havan se adeque às normas do Plano Diretor de Publicidade. “Fiquei honrado com a chegada do empreendimento à cidade. Estão gerando renda e emprego ao Distrito Federal. É uma pena que a estátua não possa ser erguida e estou aberto para discutir a redução do tamanho da peça. Quero atender às demandas do empresariado, mas dentro da legalidade”, salientou Andrade.
 
Questionada sobre a possibilidade de produzir uma estátua nas medidas estabelecidas por lei, a Havan informou que não vai se pronunciar até ter o retorno do pedido de reconsideração.
 
Iphan contra
Além de esbarrar no Executivo local, a Havan não tem o respaldo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para instalar a estátua. “Considerando que o GDF já indeferiu o pedido e essa atitude não contraria nenhum critério das normas preservacionistas federais, o posicionamento do Iphan é que não há motivação nem amparo legal para que este Instituto interfira na decisão do GDF”, informou o órgão, por nota.
 
Ex-superintendente do Iphan e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB), Cláudio Villar de Queiroz destacou que a estátua não condiz com o ambiente comercial do DF e tem como único objetivo chamar a atenção para a empresa. “Ela é muito grande em relação às edificações mais próximas e se destaca de maneira negativa do ponto de vista cultural. Se ela for admitida, pode abrir espaço para que todos os comerciantes façam o mesmo”, ponderou.
 
Cláudio de Queiroz ainda explicou que a possível instalação da peça pode interferir na estética urbana de Brasília. “Não está dentro da área tombada, mas afronta os bons costumes e a cultura local. Esse tipo de objeto é um atentado à civilidade. É a imposição de algo que não tem nada a ver com a nossa realidade. O ambiente urbano deve ser harmonioso, e só conseguimos essa harmonia com a valorização da cultura local.”
 
 
 
O que diz a lei
 
Limites para publicidade
 
Em 20 de agosto de 2008, o Governo do Distrito Federal publicou o Decreto nº 29.413, que dispõe sobre o Plano Diretor de Publicidade para orientar a instalação de meios de propaganda no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA) e em outras 21 regiões administrativas. De acordo com o artigo 5º do documento, o parâmetro da dimensão, que representa o tamanho do meio de propaganda admitido, pode ser: de pequeno porte, médio porte, grande porte ou especial, este último com área total de exposição maior que 35 metros quadrados e menor ou igual a 70m², altura máxima de 12m e aresta máxima de 10m por face.
 
 
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Correio Braziliense sexta, 09 de novembro de 2018

NO STF, O ADVOGADO MAIS JOVEM

 

No STF, o advogado mais jovem

 

» Renato Souza

Publicação: 09/11/2018 04:00

Mateus Ribeiro, de 18 anos, fez sua primeira sustentação oral num processo no STF: boas-vindas de ministros (Renato Souza/CB/D.A Press)  
Mateus Ribeiro, de 18 anos, fez sua primeira sustentação oral num processo no STF: boas-vindas de ministros


O brasiliense Mateus Ribeiro, de 18 anos, advogado mais jovem do país, realizou numa sessão de ontem, no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), a sua primeira sustentação oral num processo. Ele atuou para o PDT numa ação direta de inconstitucionalidade (ADI), que questiona lei do Rio Grande do Sul proibindo a revista íntima em funcionários no local de trabalho. O julgamento foi interrompido por um pedido de vista do presidente da Corte, ministro Dias Toffoli. Até o momento, o placar está empatado por quatro votos a quatro.

A sustentação oral é a etapa do julgamento em que o advogado apresenta argumentos a favor do cliente, os motivos do recurso e as contrarrazões aos objetivos da parte adversária. Ao fim de 15 minutos de explanação, o jovem agradeceu aos ministros pela oportunidade. “Para qualquer advogado é uma honra falar na mais alta Corte do país. Peço que a lei seja declarada formalmente inconstitucional”, disse.

Mateus afirmou que a norma questionada usurpou a competência privativa da União para legislar sobre direito do trabalho e que a lei classifica como revista íntima a prática de despimento coercitivo ou de molestamento físico do empregado pelo empregador.

O jovem recebeu as boas-vindas do ministro Edson Fachin. “Cumprimento o jovem advogado que fez a sustentação oral, que o coloca no exercício da advocacia.” O ministro Luiz Fux também chamou a atenção para a pouca idade do profissional. “Parabenizo o jovem advogado pela belíssima sustentação realizada em plenário”, afirmou.

Filho de advogados, Mateus ingressou na UnB aos 14 anos, após obter autorização da Justiça. Ele foi aprovado no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no último ano da graduação. O defensor conta que aproveitava férias e recessos na universidade para adiantar matérias. Ele sugere a estudantes que não tenham pressa. “Eu terminei a graduação em quatro anos, pois fazia cursos de verão, mas recomendo que os estudantes não se preocupem em sair cedo da faculdade, mas, sim, que se dediquem para saírem prontos.”


"Parabenizo o jovem advogado pela belíssima sustentação realizada em plenário”

Luiz Fux, ministro do STF
 
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Correio Braziliense quinta, 08 de novembro de 2018

UMA MULHER NA AGRICULTURA

 

Uma mulher na Agricultura
 
Primeira mulher indicada para o primeiro escalão do governo Bolsonaro, Tereza Cristina (DEM/MS) é uma das lideranças do agronegócio no país. (Wilson Dias/Agência Brasil)
 
Jair Bolsonaro anunciou que a deputada Tereza Cristina assumirá a pasta. Enquanto isso, afirmou que vai desmembrar o Ministério do Trabalho. General Augusto Heleno é confirmado no Gabinete de Segurança Institucional

 

» HAMILTON FERRARI
» VERA BATISTA
» LUCAS VALENÇA
Especial para o Correio

Publicação: 08/11/2018 04:00

 
"Eu não posso prescindir da presença dele ao meu lado no Palácio do Planalto", afirmou Bolsonaro sobre o general Augusto Heleno
 
Em dia intenso de negociações do governo de transição, o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), confirmou a extinção do Ministério do Trabalho, que será desmembrado em outras pastas da Esplanada. O anúncio gerou críticas entre entidades sindicais, mas, segundo interlocutores da equipe, ele não deve reverter a decisão. Além disso, a deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS) foi confirmada como o sexto nome da futura gestão, assumindo a Agricultura — é a primeira mulher do grupo principal do futuro governo.
 
Ontem, Bolsonaro teve compromissos desde cedo. De manhã, tomou café com o alto comando da Aeronáutica e se reuniu com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli. Almoçou com o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STF), ministro João Otávio de Noronha, e o juiz Sérgio Moro, futuro ministro da Justiça. Durante a tarde, foi duas vezes ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde estão ocorrendo reuniões do governo de transição. Entre as visitas, se encontrou com o atual presidente Michel Temer no Palácio do Planalto, para tratar da reforma da Previdência.
 
O anúncio de que o Ministério do Trabalho seria extinto foi depois do almoço com Noronha. “Vai ser incorporado a algum ministério”, disse Bolsonaro. A notícia veio com críticas. Em nota, o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait) defende a manutenção da pasta “por sua importância no cenário nacional”. Angelo Costa, presidente da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT), afirmou que a medida causa preocupação, porque enfraquece a política de valorização do emprego e da renda. “Essa mudança não é positiva. Reduz a importância que o governo dá à temática do trabalho humano e também à preservação da auditoria e da fiscalização trabalhista”, destacou o procurador.
 
Diminuição
 
A intenção do próximo chefe do Executivo é reduzir de 29 para algo em torno de 17 pastas em seu governo. Há possibilidade de a Controladoria-Geral da União (CGU) ter o status de ministério mantido, elevando o número para 18. Durante reunião a portas fechadas no Ministério da Justiça, Moro disse ao atual ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, que o órgão não será incorporada à pasta da Justiça.
 
À tarde, o presidente eleito anunciou a deputada Tereza Maria como a futura ministra da Agricultura. Ela é presidente da Frente Parlamentar de Agricultura (FPA), conhecida como a Bancada do Boi. Também foi secretária de Desenvolvimento Agrário da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo de Mato Grosso do Sul e uma das lideranças que defenderam a aprovação do Projeto de Lei nº 6.299, que flexibiliza as regras para fiscalização e aplicação de agrotóxicos no país.
 
A decisão de Bolsonaro foi anunciada pelo vice-presidente da Frente Parlamentar de Agricultura, Alceu Moreira (MDB/RS), após reunião no CCBB. Segundo Moreira, o nome de Tereza Cristina veio depois de “longa e profunda discussão” com os integrantes da Frente. “Ela foi consenso. Feita a sugestão ao senhor presidente eleito, ele, de imediato, anunciou que ela será a sexta ministra a ser indicada”, afirmou. Tereza é a primeira mulher anunciada por Bolsonaro que, em um post, ironizou a ausência feminina em ministérios: “Algum jornalista acha mesmo que vou sair perguntando o que cada um faz na sua intimidade para indicar a cargos no governo? Isso é uma grande piada!”.
 
Equilíbrio
 
Em outra frente, o general Augusto Heleno, que vinha sendo cotado para o ministério da Defesa, recebeu a confirmação de que ocupará a pasta do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Segundo o militar, a mudança foi tomada pelo presidente eleito. Bolsonaro informou que a decisão veio em comum acordo. Ele também declarou que a escolha em conceder um cargo de importância para Heleno se dá pelo “equilíbrio” do militar. “Eu não posso prescindir da presença dele ao meu lado no Palácio do Planalto”, contou.
 
Na equipe de transição, os trabalhos foram intensos, voltados para discussões sobre a reforma da Previdência. O tema deve voltar a ser discutido com parlamentares amanhã, no CCBB. Bolsonaro saiu após as 18h, mas as atividades continuaram até 21h25, quando o coordenador do grupo e futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, deixou o local. O time tem, agora, 27 nomes, já que o empresário Marcos Aurélio Carvalho sairá, segundo o jornal O Globo. Em entrevista, ele disse que não ocuparia um cargo no governo, mas gostaria de atuar como assessor informal.
 
Convite para o G20
 
Em um encontro no Palácio do Planalto, o presidente Michel Temer convidou o presidente eleito, Jair Bolsonaro para viagens internacionais que ele fará até o fim do ano. Entre os eventos, está uma reunião do G20, grupos das 20 maiores economias do mundo, que ocorrerá na Argentina, em 30 de novembro e 1º de dezembro. “Tenho viagens programadas, mencionei até o G20, será agora no fim do mês, não sei se o presidente poderá. Mas disse a ele que, quando ele queira, nós poderemos ir juntos para o exterior”, disse Temer. Bolsonaro ainda não se manifestou sobre o assunto e não disse se aceitará a proposta.
 
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Correio Braziliense quarta, 07 de novembro de 2018

CARTINHAS PARA PAPAI NOEL: TEMPO DE REALIZAR SONHOS

 


Tempo de realizar sonhos
 
 
Campanha do Papai Noel dos Correios começa a distribuir cartinhas com pedidos de crianças carentes para o Natal. Saiba como adotar uma

 

WALDER GALVÃO
ESPECIAL PARA O CORREIO

Publicação: 07/11/2018 04:00

Nasareth Quintana também distribui cartas para o marido e o filho presentearem os pequenos: %u201CÉ importante a nossa participação%u201D ( Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
Nasareth Quintana também distribui cartas para o marido e o filho presentearem os pequenos: %u201CÉ importante a nossa participação%u201D
“Papai Noel, eu queria pedir para o senhor um emprego para o meu pai”, diz a carta de uma menina de 4 anos encaminhada aos Correios. O pedido da pequena se mistura aos de outras milhares de crianças. Entre os desejos delas, estão bonecas, bolas de futebol, equipamentos eletrônicos, patins e até mesmo encontro com celebridades da internet. A partir de hoje, quem quiser realizar um desses sonhos basta participar da campanha Papai Noel dos Correios e pegar uma cartinha nos locais determinados pela empresa (veja quadro).
 
No Distrito Federal, há mais de 16 mil cartas disponíveis para os brasilienses. Nos últimos três anos, mais de 52 mil desejos foram atendidos durante o período do projeto na capital. Participam da campanha estudantes de escolas da rede pública (até o 5° ano do ensino fundamental) e de instituições parceiras da empresa, como creches, abrigos, orfanatos e núcleos socioeducativos. Além de realizar um sonho, um dos objetivos dos Correios é incentivar a escrita por meio das cartas produzidas pelas crianças.
Kamila Siqueira adota cartas desde 2008: tradição na família ( Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
Kamila Siqueira adota cartas desde 2008: tradição na família
Em todo o país, a adoção das cartas é feita da mesma forma. As pessoas que se disponibilizam a presentar as crianças são chamadas de padrinhos. Todo o material é lido e selecionado por uma equipe e disponibilizado na casa do Papai Noel e em outras unidades dos Correios. Os interessados devem comparecer às agências e escolher um dos pedidos. Em seguida, os presentes podem ser entregues nos pontos divulgados pela empresa, que também realiza a distribuição no fim da campanha.

Os padrinhos não podem fazer a entrega direta dos presentes. Por isso, o endereço da criança não é divulgado ou informado a eles. Este ano, algumas cidades, como Belém, Goiânia e Porto Alegre adotaram o modelo on-line. No entanto, esse tipo de apadrinhamento não foi disponibilizano Distrito Federal.

Como a criança que pediu um emprego para o pai, há milhares de outros desejos nas unidades dos Correios. Em uma das cartas, uma menina de 5 anos pediu um guarda-chuva e um relógio. Ela não justificou o pedido, mas desenhou os itens na folha de papel. Outra menina, de 11 anos, pediu ao Papai Noel para aprender a jogar futebol. “Tenho 11 anos e quero muito saber jogar bola. Meu primo estava me ensinando, mas a bola dele furou”, lamenta a pequena.
Karina Akimoto sempre participa da campanha e foi até voluntária (Fotos: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
 
 
Karina Akimoto sempre participa da campanha e foi até voluntária
Ainda há aqueles que, preocupados com o período de volta às aulas do próximo ano, pedem material escolar. “Neste momento especial de poder realizar um sonho, é com alegria que eu gostaria de pedir um lápis de cor”, comenta um menino de 8 anos em uma das cartas. Bicicletas, patins e skates estão entre os preferidos da garotada.

Diferentes tons e pedidos marcam as cartinhas encaminhadas ao Bom Velhinho. A maioria das crianças gosta de destacar como foi comportada e obediente ao longo do ano. No entanto, algumas optaram por também expor as travessuras. “Querido Papai Noel, eu vou ser bem sincera, sou uma menina um pouco bagunceira. Não vou escrever muita coisa, porque já estou cansada. Tenho 11 anos de idade e, na verdade mesmo, queria um celular, mas como não pode, eu vou pedir um copo com canudo de unicórnio ou uma mochila da Capricho”, escreveu uma garota.
 
Tradição 
A adoção de cartas virou rotina natalina na família da publicitária Kamila Siqueira, 27. Ela conta que, tradicionalmente, os parentes dela realizam uma viagem todo fim de ano para o interior de São Paulo. Porém, em 2008, quando ela tinha 17 anos, eles não conseguiram ir. “Fiquei muito triste e acabei vendo uma reportagem na televisão sobre a campanha e achei que seria legal para reviver meu espírito natalino, que estava para baixo. Conversei com meus pais e eles toparam”, lembra.
Desde então, o Papai Noel dos Correios faz parte do fim de ano da família de Kamila. “Quando eu era adolescente, meus pais pagavam pelo presente. Agora que eu trabalho, arco com os custos”, diz. A publicitária gostou tanto do programa que fez trabalho voluntário no projeto em 2014. “Estava desempregava e decidi participar. Fiz seleções de cartas e atendi pessoas que iam adotar”, conta.

Para Kamila, o pedido mais especial que chegou a ver nas cartas foi o de uma menina de 7 anos que pediu um pai. “Eu acho muito gratificante fazer parte da campanha. Para mim, o Natal é uma época muito especial”, destaca.
Ontem, antes da abertura oficial da campanha, pessoas já procuravam a Casa do Papai Noel com o objetivo de adotar cartas. A servidora pública Karina Akimoto, 38, chegou ao local por volta das 10h e começou a olhar os pedidos das crianças. “Participo da campanha desde 2010 e fui até voluntária”, relata.

Todo ano, Karina pega mais de uma carta, para ela e para os parentes. “Teve um ano que eu peguei 80 e distribui no trabalho. Porém, fiquei preocupada se todo mundo realmente ajudaria. Agora, prefiro pegar para os meus familiares”, comenta. Entre os pedidos atendidos pela servidora, ela relata que o mais inusitado que atendeu foi o de chocolate.
 
Moradora da Asa Norte, Nasareth Quintana, 53, contribui com a campanha desde 2015. Ela conta que todos anos pega três cartinhas e distribui para o marido e o filho. “Tem alguns pedidos que partem o coração da gente. Quando vejo as crianças pedindo panetone, aperta muito meu peito”, afirma. Ela relata que conheceu a ação pela televisão e que participará sempre que puder. “Essa campanha é maravilhosa e ajuda muita gente. É importante a nossa participação.”
 
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Correio Braziliense terça, 06 de novembro de 2018

INGRID GUIMARÃES: A MULHER DO RISO

 


A mulher do riso
 
 
Ingrid Guimarães celebra o humor em série documental. Ao mesmo tempo, está no ar na tevê, em cartaz com Annie e a espera da estreia de De pernas pro ar 3

 

Adriana Izel

Publicação: 06/11/2018 04:00

 ( Bob Wolfenson/Divulgação)  
 
“Como vou envelhecer fazendo comédia?” Esse foi o questionamento que levou a atriz, apresentadora e comediante Ingrid Guimarães, que tem mais de 30 anos de carreira e 46 de idade, ao material que deu origem à série documental Viver do riso, que estreou em 27 de outubro no canal Viva e que presta um tributo a história do humor no Brasil em 10 episódios e com a participação de 90 artistas do cenário. O programa é exibido aos sábados, às 19h15.
 
“Sempre tive a tristeza de ver como o comediante nunca é homenageado como são os atores que fazem drama. Somos vistos como algo menor. Se eu faço rir, só por isso não vão me levar a sério. Fazer o outro rir é uma das atitudes mais nobres da vida”, analisa a artista em entrevista ao Correio.
 
O primeiro trabalho de humor de Ingrid Guimarães foi no programa Chico total, de Chico Anysio. A partir daí ela se enveredou pelo terreno da comédia e atuou em produções como Sai de baixo, Os normais, Escolinha do Professor Raimundo, Zorra total, Sob nova direção, 220 volts e Chapa quente. Para ela, a grande virada no cenário humorístico foi quando, ao lado da amiga e também comediante Heloísa Périssé, lançou o espetáculo Cócegas. “Quando eu fiz Cócegas com a Heloísa e a Mônica Martelli fez a peça dela (Os homens são de marte... E é pra lá que eu vou!), nós mulheres, começamos a contar a nossa história (no humor). Saímos do papel de subjugadas e de estereótipo”, revela a atriz.
 
Até esse momento, no começo dos anos 2000, Ingrid sentia na pele que o papel da mulher no humor era sempre o mesmo: ou de gostosa, ou da feia e burra. Isso a motivou a iniciar o programa Viver do riso com um capítulo dedicado às mulheres. “Eu quis começar com um programa da mulher no humor para contar a nossa história de saída do papel subjugado. É muito importante contar e mostrar o papel da mulher no humor e na sociedade, que não foi criada para ser engraçada, rir de boca aberta. Ser engraçada não era sinal de boa moça, era sinal de moça louca”, lembra.
 
O programa aborda ainda outros aspectos do gênero no Brasil, homenageando Chico Anysio e Jô Soares e destacando temas pertinentes ao humor brasileiro, tudo isso com a ajuda de artistas do cenário como Marcelo Adnet, Miguel Fabella, Fafy Siqueira, Marisa Orth, Gregório Duvivier e Fernanda Young. “Foi muito emocionante, porque as pessoas gostam de ser ouvidas e a comédia nunca é ouvida. Foi muito importante pensar e repensar a comédia e perceber que se estamos aqui é porque veio alguém antes. Foi lindo ver como todos os comediantes homenagearam uns aos outros e se reverenciaram o tempo todo”, defende. “Pra mim já valeu. As pessoas estão se sentindo representadas, tem muita mensagem linda. Foi bonito perceber como o fato de a gente sentar e ouvir uns aos outros é revolucionário”, completa.


Ingrid Guimarães entrevistou mais de 90 fontes ligadas ao humor no Brasil (Ellen Soares/Divulgação)  
Ingrid Guimarães entrevistou mais de 90 fontes ligadas ao humor no Brasil


Outros projetos
 
Além de ter estreado a série documental no Viva, Ingrid Guimarães está no ar desde 11 de outubro no elenco do programa Os melhores anos das nossas vidas. A atração é uma espécie de game show apresentado por Lázaro Ramos, em que cada ator e apresentador representa uma década. São eles: Marcos Veras (1960), Marco Luque (1970), Lúcio Mauro Filho (1980), Ingrid Guimarães (1990) e Rafa Brites (2000).
 
“Acho que foi uma sorte divina. O meu programa (Viver do riso) é mais profundo sobre memória, enquanto Os melhores anos das nossas vidas é um programa leve, de auditório, que lembra muito os programas do passado. Acabei ficando com os anos 1990 e é muito legal, porque é como uma memória que você traz de si, uma coisa afetiva e de lembranças. Nesse momento que estamos vivendo é importante falar de memória”, reforça Ingrid.
 
Teatro
 
Ao mesmo tempo que está em uma dobradinha na televisão, a goiana ainda está em cartaz em São Paulo no teatro com o musical Annie. Na produção, ela lidera o elenco dando vida à vilã Hannigan, a megera diretora do orfanato retratado na história e onde vive Annie. “Annie também tem a ver com memória afetiva. Era um sonho de infância fazer esse filme. Assisti mais de mil vezes. É um grande musical. É muito bonito. É um projeto enorme com orquestra de 17 músicos, 40 pessoas no palco, não perde em nada para espetáculos da Broadway. Tem sido um desafio, pois estou cantando e dançando pela primeira vez no palco”, revela.
 
A versão brasileira de Annie, o musical é inspirada na história homônima, que já ganhou as telonas e os palcos da Broadway, e retrata a vida de uma órfã de 11 anos na década de 1930 em plena crise durante o governo de Franklin Delano Roosevelt. A produção ficará em cartaz na capital paulista até janeiro.
 
Para 2019 é aguardada a estreia nos cinemas do terceiro filme da franquia De pernas pro ar, iniciada por Ingrid Guimarães nas telonas em 2010. “Finalmente lanço De pernas pro ar 3. Estou super na expectativa. Também é um filme que não perde em nada para os gringos. Ele foi todo feito em Paris. É espetacular”, garante Ingrid. Na sequência, Alice Segretto roda o mundo com o sucesso da Sex Delícia e se vê sem tempo para o marido e os filhos. Cansada de tudo isso, ela decide se aposentar e entregar o comando dos negócios para a mãe, porém uma competidora à altura surge e muda todos os planos.
 
A figura da mulher na comédia é um dos temas de Viver do riso (Ellen Soares/Divulgação)  
A figura da mulher na comédia é um dos temas de Viver do riso
 
“Eu quis começar com um programa da mulher no humor para contar nossa história de saída do papel subjugado. É muito importante contar e mostrar o papel da mulher no humor e na sociedade”
 
 
 
“ Sempre tive a tristeza de ver como o comediante nunca é homenageado como são os atores que fazem drama. Somos vistos como algo menor. Se eu faço rir, só por isso não vão me levar a sério. Fazer o outro rir é uma das atitudes mais nobres da vida”
 
 
 
“Finalmente, lanço De pernas pro ar 3. Estou super na expectativa. Também é um filme que não perde em nada para os gringos. Ele foi todo feito em Paris. É espetacular”
 
 
 
“(Annie, o musical) É um projeto enorme com orquestra de 17 músicos, 40 pessoas no palco, não perde em nada para espetáculos da Broadway. Tem sido um desafio, pois estou cantando e dançando pela primeira vez no palco”
 
 
 
1990
Década representada por ela em Os melhores anos das nossas vidas
 
 
 
 
1993
Ano em que estreou na tevê
 
 
 
40
Número de atores  no palco em Annie, o musical
 
Jornal Impresso

Correio Braziliense segunda, 05 de novembro de 2018

FILME O DOUTRINADOR: CORRUPTOS, ELE NÃO VAI DEIXAR BARATO

 


Ele não vai deixar barato
 
 
Contra toda a sorte de injustiças criadas pela corrupção na política, O Doutrinador invade a telona, com o anti-herói capaz de travar a canalhice nacional

 

» Ricardo Daehn
Enviado especial

Publicação: 05/11/2018 04:00

 
O protagonista Miguel, que encarna Doutrinador, extrapolando a atribuição dele como agente federal (Aline Arruda/Divulgação)  
O protagonista Miguel, que encarna Doutrinador, extrapolando a atribuição dele como agente federal
 
Em meio a manifestantes, brota o instinto de justiçamento do protagonista (Aline Arruda/Divulgação)  
Em meio a manifestantes, brota o instinto de justiçamento do protagonista
 
A elite indigesta, aos olhos de O Doutrinador (Aline Arruda/Divulgação)  
A elite indigesta, aos olhos de O Doutrinador
 
 
 
São Paulo (SP) — Há um momento na ação do filme O Doutrinador em que se bota fogo, de verdade, na sede de um governo central — com a cara da edificação de Brasília. A equipe do longa, entretanto, preferiu não localizar todas as situações e contratempos que circundam o anti-herói Doutrinador, saído de trama originalmente criada para os quadrinhos. O filme está em cartaz em mais de 400 salas do país: só em Brasília, diariamente, há 40 sessões.
 
Diretor do longa-metragem, Gustavo Bonafé é direto, e não enxerga neutralidade na fita que “abarca uma situação geral”, como ele destaca. “O desgosto com a corrupção é geral, é coletivo: atinge brasileiros como um todo”, ressalta. Num momento político “superpolarizado”, Bonafé enfatiza que o grande vilão no enredo do filme é a corrupção.
 
“A corrupção neste país é odiada por todos os brasileiros. Isso, independente de A, B ou  C e de em quem você vota. E é odiada mesmo por quem anula seu voto. Nosso anti-herói luta com a corrupção da forma como entende: alguns espectadores vão achar um absurdo e outros que vão se aliviar só de ver isso na tela — é uma reação que vai de cada um”, avalia o cineasta.
 
Entre as decisões da produção do longa — que terá série derivada para a tevê (no canal Space) — esteve a de deixar o lançamento da obra fora do pleito eleitoral. “Ao final, o filme convida o espectador a uma reflexão — levanta questões como o que te move o que você faz para o panorama da gente mudar. Mas, durante toda hora e cinquenta de duração, acho que o filme é de entretenimento puro”, reforça Renata Rezende, produtora-executiva.
 
Com um roteiro inteiramente inédito em relação aos quadrinhos criados por Luciano Cunha, O Doutrinador, para a adaptação em carne e osso nas telas, trouxe desafios como o da criação de um universo particular em que o herói se cria. “Se a gente fizesse um Brasil muito real e arremessasse o protagonista lá dentro, as pessoas tenderiam a não se identificar. Não faria grande sentido, já que o personagem é um pouco mágico: tem uma luz no olho, e traz uma fantasia como roupa. Transformamos daí as locações no planeta dele. Na Santa Cruz do filme, o personagem fica mais crível”, observa Gustavo Bonafé.
 
Com o entendimento da necessidade de “inaugurar um gênero” no cinema nacional, o quadrinista e corroteirista do longa (além de criador do personagem) Luciano Cunha aponta dificuldades extras, para além do peso de trazer um roteiro original. “A nossa realidade no país é tão louca que, diariamente, supera a ficção. A gente teve muito cuidado, mas queria que realmente existissem os clichês no nosso filme. Não temos, no nosso audiovisual, a adaptação de HQs, de filmes de ação — e como o Doutrinador é um anti-herói, optamos por ter a pegada pop, uma narrativa geek. A gente precisava dos clichês”, sublinha Cunha. O designer gráfico não segreda a satisfação em ver o espectador identificando a estética de quadrinhos pretendida.
 
À frente de intensas cenas de ação, na pele do protagonista, o ator Kiko Pissolato brinca que, algumas vezes, interagiu com uma câmera que valia mais do que “a vida” dele. O preparo físico para encarar sequências de corre-corre absoluto, com dispensa de dublês, não foi nada limitador para Kiko, pela vida inteira, envolvido nos cuidados das atividades de luta e treino. Já as emoções foram buscadas, com persistência. “O Doutrinador não veste nenhum tipo de camisa, nem escolhe nenhum tipo de partido. Quis que o personagem, que sofre um trauma, caminhasse com a dor e o peso que eu caminho em cena. Então, em 90% das cenas quem está ali debaixo do uniforme sou eu mesmo; suando, e muito”, conta, aos risos, o ator.
 
Aposta alta
 
Criador, ao lado do designer gráfico Luciano Cunha, da estrutura para a exploração dos quadrinhos para outras mídias, o corroteirista de O Doutrinador Gabriel Wainer endossa o caráter multiplataforma da marca que conquistou internautas, três meses antes de maciças manifestações de 2013. Depois de ter vendas esgotadas, o HQ terá novo comércio, por compilação das três edições publicadas até hoje: do material de 2013 até Dark Web, passando por Apocalipse BSB. Material de making of do filme também foi acrescido. Camisetas, action figures (os populares bonequinhos em miniatura) e demais exploração comercial seguirão passos de franquias como a da Turma da Mônica.
 
A chegada de O Doutrinador em série (para a tevê a cabo), prevista para março, é apenas uma das investidas da dupla Luciano Cunha e Gabriel Wainer no mercado. “Outros personagens foram criados para seguir a mesma esteira de O Doutrinador”, adianta Wainer. Estear eggs (espécie de mimos para fãs, algo escondidos) permeiam a trama de O Doutrinador, em que a logo da Universo Guará HQs (fundada por Luciano Cunha) aparece na loja em que uma hacker trabalha.
 
Uma dúzia de personagens para as HQs está em estudos, mas três dos quadrinhos serão lançados em dezembro na Comic Con. “Na lista está a Penélope, a nossa primeira aspirante a heroína, num personagem da série que é o primeiro spin-off que administraremos. Além dela, teremos O Santo, que é um caçador de falsos profetas e mercadores da fé. E tem ainda Os Desviantes, nosso maior pé na fantasia, com uma espécie de mistura de Cidade de Deus com X-Men — já está no papel e, no momento, estamos negociando para virar filme”, adianta Gabriel Wainer.
 
 
 
 
» Três perguntas // Kiko Pissolato, ator 
 
Num enfrentamento de heróis de justiçamento social, quem ganharia a briga: O Doutrinador ou o Capitão Nascimento, de Tropa de elite?
Fico lisonjeado pela comparação — acho bem interessante (risos). Gosto muito do Tropa, e cada tem seu viés de ação. São ações completamente diferentes, embora os dois tenham a vontade de ver o país melhor, e eles buscam realizar mudanças, mas de maneiras diferentes. Numa briga entre os dois!? Acho que teria que defender meu lado (risos). Wagner (Moura), com todo respeito, tô treinando bastante, e a gente se cruza por aí (risos).
 
O Doutrinador é passível de julgamento?
Sim, sempre. Todas as pessoas são passíveis de julgamento. Personagens da história, da dramaturgia, da literatura são julgados, o tempo todo. A partir do momento em que leio um livro, uma HQ, estou julgando o personagem. Pego meu ponto de vista, baseado nas minhas referências. Cada um que sentar na poltrona do cinema, baseado nas suas experiências, nas suas escolhas e nos seus anseios, vai julgar as ações e o caráter do Miguel (O doutrinador), meu personagem. Tenho meu julgamento, e defendi, com toda a verdade que pude colocar, que este personagem fosse humano. Isso ao ponto de as pessoas torcerem por ele que faz coisas completamente equivocadas, coisas erradas e que chocam em todos os sentidos. Ninguém o enxerga como um cara inviável, impossível. O espectador sente a dor, junto com o personagem. Ele traz um desespero que todos nós, brasileiros, já passamos, em algum momento.
 
O filme incita violência?
A gente tá tocando numa ferida atual. O filme incita reflexão e incita violência, na mesma medida em que a DC incita, quando propõe que alguém coloque uma calça azul, com uma cueca vermelha por cima e tente voar. São aspectos da fantasia e do entretenimento. Estamos matando políticos corruptos no filme, como matam alienígenas, como matam medievais, e como matam personagens em toda a história e em muitos livros. Só que estamos à flor da pele, num momento conturbado, passada a eleição, com disputa, polarização — e um lado vai usar para isso, e outro para aquilo... O filme não tem lado: a não ser o lado da honestidade: a busca da eliminação da corrupção dentro de cada um de nós.
 
O repórter viajou a convite da produção do filme.
 
Jornal Impresso
 
 
 

Correio Braziliense domingo, 04 de novembro de 2018

O SAMBA CHAMOU ZEZÉ MOTTA

 

O samba chamou Zezé Motta
 
 
Pela primeira vez cantora dedica disco completamente ao gênero mais representativo do país

 

» Irlam Rocha Lima

Publicação: 04/11/2018 04:00

Em O samba mandou me chamar, Zezé Motta grava bambas do ritmo e compositores novatos (Steph Munnier/Divulgação)  
Em O samba mandou me chamar, Zezé Motta grava bambas do ritmo e compositores novatos
 
Nas manifestações pelas Diretas Já, ainda sob a Ditadura Militar, uma das músicas mais ouvidas era Senhora Liberdade, de Wilson Moreira e Nei Lopes, na voz de Zezé Motta. Quase 40 anos depois, no show que tem feito para lançar o álbum O samba mandou me chamar, quando interpreta esse clássico da MPB, a cantora pede ao público para fazer coro, em forma de oração.
 
O samba mandou me chamar é o 8º título da discografia de Zezé, iniciada em 1978, com o lançamento de LP que leva o seu nome. Antes, havia gravado um bolachão com Gerson Conrad (ex-Secos & Molhados), marco na sua carreira musical. À época, ela já fazia sucesso como atriz de teatro, tendo participado de peças, como Roda viva (Chico Buarque de Holanda) e Arena canta Zumbi (Gian Francesco Guarnieri e Augusto Boal). Tempos depois, daria vida a Xica da Silva, seu personagem mais emblemático.
 
Embora seja intérprete de outros estilos, a intimidade de Zezé com o samba vem de muito tempo. Em 2000, por exemplo, gravou Divina saudade, CD com diversos sambas-canção do legado de Elizeth Cardoso. Mas esse projeto de agora é o primeiro totalmente dedicado ao nosso gênero musical mais representativo.
 
Zezé estava há sete anos longe dos estúdios. O último disco dela havia sido Negra melodia, com o qual homenageou Luiz Melodia e Jards Macalé. Lançamento da Coqueiro Verde Records, O samba mandou me chamar tem produção de Celso Santhana, que criou arranjos populares, buscando valorizar ainda mais os sambas —  a maioria deles inéditos —  compostos por jovens compositores e alguns bambas.
 
Tom romântico
 
Nas 13 faixas predomina o tom romântico, a começar por Ficar ao seu lado (Christiano Moreno e Flavinho Silva), escancarada declaração de amor, cheio de sensualidade, ouvida na abertura do repertório. Já Batuque de Angola (André Karta Markada e Juninho Mangueira), é um cadenciado samba de terreiro. Ambos foram incluídos na trilha sonora da novela Ouro verde, exibida pela TVI de Portugal, em 2017, que teve Zezé como uma das protagonistas.
 
São destaques no CD Nós dois, de Arlindo Cruz (em parceria com Maurição), que gravou o samba com Zezé, antes da internação hospitalar por conta de um acidente vascular cerebral; e a também romântica Alma gêmea, criação de Xande de Pilares. Ambas inéditas, assim como o samba-dor-de-cotovelo Poeira varrida (Carlinhos da Ceasa e Darcy Maravilha), Vou te provar (Marquinhos PQD e André Renato), A primavera se despede (Serginho Procópio e Ferreira Meu Bem), Na hora de partir (Serginho Meriti e Claudinho Guimarães) e Samba da amizade (Flávio Lima).
 
De Lourenço (autor de Sorte grande, sucesso de Ivete Sangalo), morto há um ano, Zezé ganhou Missão, uma espécie de ode ao ato de cantar, que num trecho da letra diz: “Vou pelos palcos da vida,vou/ Fazer o povo brilhar/ Coisa de bamba/ Vou vendo o povo aplaudir/ O show continuar/ Cantar meu samba”. Há duas regravações: Mais um na multidão (Erasmo Carlos, Marisa Monte e Carlinhos Brown); e Louco, samba clássico de Wilson Batista e Henrique de Almeida.
 
Em ritmo de empolgação o CD chega ao fim com um pot pourri que reúne as inéditas Já pode chegar (Christiano Moreno, Paulinho Carvalho e Fábio Siri) e Vem (Ciraninho, Leandro Fregonesi e Rafael dos Santos) com a consagrada Caciqueando, o hino do bloco Cacique de Ramos, criação de Noca da Portela, Valmir e Amauri. Nesta autêntica roda de samba, Zezé tem em sua companhia Christiano Moreno e os grupos Bom Gosto e Fundo de Quintal, representado por Ronaldinho e Sereno.
 

 (Divulgação/Reprodução)  
O samba mandou me chamar
CD de Zezé Motta, 13 faixas e a participação de convidados. Lançamento do selo Coqueiro 
Verde Records. Preço sugerido: R$ 20,90.
 
» Entrevista / Zezé Motta
 
Como surgiu a possibilidade de gravar o Samba mandou me chamar?
Como nos últimos tempos me envolvi com outros projetos ligados a cinema e televisão, estava sem gravar um disco há sete anos. O último havia sido Negra melodia, só com músicas de Luiz Melodia e Jards Macalé. Aí, surgiu a possibilidade de fazer O samba mandou me chamar. Numa conversa com meu empresário, Marcos Montenegro, disse que queria gravar um disco em que viesse a cantar sambas de jovens compositores e nomes consagrados. Recebi vários sambas e fui formando o repertório. A maioria das músicas é de gente nova, mas tem também as compostas por Wilson Batista, Arlindo Cruz, Xande de Pilares, Erasmo Carlos, Marisa Monte e Carlinhos Brown.
 
Mais um na multidão, de Erasmo, Marisa e Brown não é inédita, nem é samba. Por que quis gravá-la?
É uma música bonita, originalmente uma canção, para a qual foi criada uma nova versão, em ritmo de samba soul.
 
E Louco, um clássico da obra de Wilson Batista, foi outra escolha sua?
Quis resgatar esse samba lindo e fazer um tributo a esse compositor que faz parte da história do gênero.
 
Foi sua a ideia da empolgante roda de samba no final?
Era algo que eu queria , mas tomou uma proporção ainda maior com a participação dos grupos Bom Gosto e Fundo de Quintal, representado por Ronaldinho e Sereno. O Chris (Christiano Moreno, jovem compositor coautor de Já pode chegar, um dos sambas do medley e um dos produtores do CD), também tem a ver com isso.
 
Como você homenageou Luis Melodia no CD anterior, optou por não prestar um tributo a ele no disco de agora?
Fiquei tentada, mas acabei não o regravando. No show de lançamento de O samba mandou me chamar o homenageio com Dores e amores. Conheci o Luiz em 1978, quando gravei Dores e amores e Magrelinha, no meu segundo LP, o Prazer, Zezé, em 1978. Mas só viemos a nos tornar amigos no ano seguinte, quando participamos do Projeto Pixinguinha, tendo Marina Lima como convidada. Fizemos shows em várias capitais inclusive Brasília, onde nos apresentamos no Teatro da Escola Parque.
 
Vai ter turnê de O samba mandou me chamar?
Fiz o lançamento no Rio, no Theatro Net. No show homenageio Luiz Melodia e Dona Ivone Lara. Devemos fazer turnê, sim, e queremos levar o show a Brasília, onde sempre tenho ótima acolhida. A última vez que estive aí, cumpri curta temporada na Caixa Cultural.
 

Correio Braziliense sábado, 03 de novembro de 2018

JOVENS E DISCORDANTES

 

Eles são jovens e discordantes
 
 
Pesquisa mostra que homens e mulheres entre 16 e 24 anos tiveram votos opostos no segundo turno. Contexto social e discursos ideológicos falaram mais alto na hora de esse público ir às urnas e optar entre Bolsonaro e Haddad

 

» MURILO FAGUNDES*

Publicação: 03/11/2018 04:00

As escolhas dos irmãos Joyce e João Paulo refletem o comportamento eleitoral do brasileiro médio (Minervino Junior/CB/D.A Press)  
As escolhas dos irmãos Joyce e João Paulo refletem o comportamento eleitoral do brasileiro médio


Ainda há resquícios da corrida eleitoral por todos os lugares. Passada uma semana do segundo turno das eleições, apoiadores do presidente eleito e opositores dele ainda sofrem com rusgas e discussões causadas pelos embates ideológicos. Nesse cenário, a parcela jovem da população é uma das mais atingidas. De acordo com levantamento do Datafolha, na véspera da votação, se dependesse das mulheres que têm entre 16 e 24 anos, Fernando Haddad, do PT, seria presidente do país com quase 60% dos votos. Já se a decisão estivesse na mão dos homens dessa faixa etária, o resultado seria parecido com o do último domingo: 60% para Bolsonaro e 40%, para Haddad.

Na casa da família Freitas, a situação não é diferente. Separados pela ideologia, os irmãos Joyce, 19 anos, e João Paulo, 24, votaram seguindo a disposição: ela, em Haddad; ele, em Bolsonaro. Joyce é estudante de arquivologia na Universidade de Brasília (UnB). João estuda direito no Centro Universitário Iesb e é militar. Desde as eleições, deixaram de se falar. Para ela, o irmão, “assim como os eleitores de Bolsonaro”, “não defende o feminismo”. “Eu me considero feminista”, diz. Para ele, a irmã foi “suscetível a uma ideia em que ele não acredita”. “Eu saí de casa com 17 anos e fui para o Exército Brasileiro. Ela, com 17 anos, foi para uma faculdade federal, onde a esquerda está presente”, opinou.

Casos como o de Joyce e João Paulo estão espalhados pelas rodas de conversas, pelas salas de aula e pelos ambientes familiares. Reflexo da votação geral, o comportamento eleitoral deles foi, segundo especialistas ouvidos pelo Correio, influenciado pelo gênero e pelas motivações pessoais.

O cientista político Cristiano Noronha, vice-presidente da Arko Advice, acredita que os ideais de igualdade discutidos com mais firmeza nos últimos anos pelas mulheres motivou as jovens a votarem em Haddad, e não em Bolsonaro. “Essa juventude é formada por meninas que nasceram em uma nova vertente. É um momento em que a sociedade prega mais liberdade. Como foi feita uma campanha muito forte ressaltando a questão do conservadorismo do Bolsonaro — e, eventualmente, se passou que ele defendia direitos diferentes para homem e mulher —, isso acabou levando, principalmente elas, a não necessariamente apoiarem o PT, mas a refutarem teses conservadoras”, analisa.

Perfis

Joyce está enquadrada no perfil delineado pelo cientista político. De acordo com ela, “algumas ideologias do PT não são ideais, mas (nas eleições) era a melhor opção”. “Eu, por ser mulher, sofro com o machismo. Quando vi que as opções eram Haddad e Bolsonaro, já havia decidido que no Bolsonaro não votaria de jeito nenhum. Então, fiz propaganda para o Haddad”, explica. Já João Paulo preferiu priorizar a ideologia liberal econômica e o discurso anticorrupção. “O Brasil precisava de um rumo devido ao desemprego. Nesse contexto, a corrupção da esquerda e do PT foi só aumentando. Já excluí a esquerda de cara”, conta João.


60%
Porcentagem de mulheres entre 16 e 24 anos que votaram em Haddad e de homens da mesma faixa etária que escolheram Bolsonaro, segundo o Datafolha.
 
Jornal Impresso

Correio Braziliense sexta, 02 de novembro de 2018

SONHO REALIZADO: ELE NASCEU PARA DANÇAR

 


Sonho realizado
 
 
Brasiliense de 11 anos, morador de Santa Maria, confirma o talento e é selecionado para integrar a Escola do Teatro Bolshoi, em Joinville

RENATA NAGASHIMA*

Publicação: 02/11/2018 04:00

 (Marilia Lima/CB/D.A Press)  


 (Marilia Lima/CB/D.A Press)  
 
Movimentos suaves e muita disciplina significam, além de um sonho, a mudança de vida para o brasiliense Wender Santos da Silva, 11 anos, novo integrante de uma das academias de balé mais prestigiadas do mundo: a Escola do Teatro Bolshoi, em Joinville. Apesar de o estudante da Escola Classe 15 do Gama ter tido o primeiro contato com o balé clássico há pouco mais de um ano, ele já demonstra que veio ao mundo para brilhar na dança.
 
Único selecionado no Distrito Federal para fazer parte da academia russa, Wender se apaixonou pelo balé clássico assistindo aos movimentos de uma professora da escola onde estuda, Mirian Magalhães. “Eu me inspirei nela, ela me incentivou e começou a me dar aulas no projeto da escola. Eu achei a forma de ela dançar muito bonita e fiquei encantado”, recorda o garoto.
 
A docente procurou uma escola de balé em Santa Maria, que acolheu Wender com uma bolsa de estudos. “Quando ela me mandou um vídeo dele dançando, eu notei que ele era bom, bailarino nato, só precisava ser lapidado. Cada dia que passava, nos surpreendia, e hoje eu sei que o balé veio para mudar a história de vida dele”, conta Ciliria Ramos, atual professora de balé do jovem.
 
“Notamos que era uma criança que já nasceu pronta. Ninguém pode falar que o ensinou, porque o Wender nasceu bailarino e nós só o lapidamos”, afirma Sarene Castro, dona da escola de balé onde o garoto estuda.


 (Marilia Lima/CB/D.A Press)  


 
Inscrição
“Um dia, estávamos falando de outra aluna que foi para o Bolshoi ,e o Wender veio e disse que o sonho dele é ir para lá. Quando ele disse isso, eu não pensei em outra coisa a não ser fazer a inscrição dele”, comenta Ciliria. Após a aprovação da mãe de Wender, Francieuda da Silva, 42, a professora de balé providenciou todos os detalhes.
 
Aprovado na etapa de pré-seleção em Brazlândia, o desafio aumentou porque Wender teria que viajar para a cidade catarinense a fim de participar das audições no Teatro Bolshoi. “Fizemos um espetáculo cobrando R$ 20 para arrecadar o dinheiro e levá-lo. A escola toda ajudou e conseguimos realizar três sonhos dele de uma vez. Ele passou no Bolshoi, andou de avião e conheceu o parque Beto Carrero, tudo em uma semana”, frisa Cirilia, emocionada.
 
Nascido em uma família humilde e órfão de pai, o garoto, que se inspira na bailarina Ana Botafogo, vê na dança uma oportunidade para dar uma vida melhor para a mãe. “Isso representa muito sucesso e vai me ajudar no futuro. Meu maior sonho é ser professor, abrir minha escola e ensinar outras pessoas. Também quero sair do Brasil, dançar em outros lugares”, afirma o menino, que pretende ainda ajudar a escola que lhe concedeu a bolsa e presentear a mãe com uma casa.
 
Segurança
A professora conta que a todo momento Wender esteve muito seguro e com convicção de que passaria nos testes. “Lá, eu não fiquei nervoso, eu estava ansioso, mas animado e muito confiante. Quando eu descobri que tinha passado, liguei para minha mãe e chorei de tão feliz que fiquei”, admite o jovem bailarino, que conquistou uma das 20 vagas disputadas por mais de 800 pessoas. “Meu sonho é o Bolshoi, porque é a melhor do mundo e era uma boa oportunidade para eu crescer.”
 
Agora, o desafio de Wender é se mudar com a mãe para Santa Catarina, onde fica a única filial da escola russa no mundo e recomeçar em uma cidade nova. “Ainda estou um pouco dividido. Feliz e triste ao mesmo tempo, porque vou ter que deixar minha família e meus amigos para construir tudo de novo lá.”
 
Durante o processo de mudança, Ciliria vai acompanhar o garoto e a mãe por aproximadamente um mês em Joinville. “Quero oferecer todo o suporte que estiver ao meu alcance. Vou acompanhá-los e só volto quando eu sentir que eles já se adaptaram”, destaca.
 
* Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer
 
 
 (Marilia Lima/CB/D.A Press)  
"Meu maior sonho é ser professor, abrir minha escola e ensinar outras pessoas. Também quero sair do Brasil, dançar em outros lugares”
Wender Santos da Silva, 11 anos, bailarino
 
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Correio Braziliense quinta, 01 de novembro de 2018

CEMITÉRIOS ESPERAM 300 MIL PESSOAS

 

Cemitérios esperam 300 mil
 
 
Muita gente foi ao Campo da Esperança, na Asa Sul, ontem, para evitar a multidão que amanhã vai comparecer ao local

 

WALDER GALVÃO
Especial para o Correio

Publicação: 01/11/2018 04:00

Vistantes no Campo da Esperança na quarta-feira: amanhã, só entram nos estacionamentos os carros com credencial de deficientes ou idosos (Ed Alves/CB/D.A Press)  
Vistantes no Campo da Esperança na quarta-feira: amanhã, só entram nos estacionamentos os carros com credencial de deficientes ou idosos


Júlio e a irmã Sônia visitaram os túmulos de parentes e de Ana Lídia (Ed Alves/CB/D.A Press)  
Júlio e a irmã Sônia visitaram os túmulos de parentes e de Ana Lídia


Mais de 300 mil pessoas devem ir aos seis cemitérios do Distrito Federal amanhã, Dia de Finados. Os brasilienses começaram a visitar as unidades do Campo da Esperança antes do feriado. Os pontos de acesso do complexo da Asa Sul ficaram engarrafados ontem. Quem tentou evitar a multidão nesta sexta-feira se surpreendeu, enquanto os vendedores de flores comemoraram.

Francisca Sousa Barros, 41, vende flores há 14 anos no Cemitério Campo da Esperança, no fim da Asa Sul. Ela conta que, na semana de Finados, os lucros aumentam mais de 100%. “Para gente, essa é a melhor época do ano. As pessoas começam a vir na segunda-feira e a tendência é aumentar mais ainda”, conta.

Na banca de Francisca, os clientes conseguem encontrar produtos de todos os preços. Os botões de rosa, os mais baratos da floricultura, custavam R$ 5. Já as coroas de flores mais elaboradas chegavam a R$1,2 mil. “Nessa época, o movimento é tanto, que contrato funcionários temporários”, contou a comerciante.

Jéssica Lane, 22, também falou das boas vendas. “Trabalho em Finados desde os meus 16 anos. Sempre consigo ganhar muito dinheiro”, comentou ela, que vende até lápides para os túmulos. Elas custam, em média, R$ 260, a depender do número de caracteres que o cliente escolher.

Homenagens
Na manhã de ontem, o jazigo do ex-governador Joaquim Roriz, morto em setembro deste ano, recebeu algumas homenagens, apesar de ainda estar em fase de conclusão. Outro bastante visitado foi o da menina Ana Lídia, assassinada em 1973. Velas, brinquedos e flores estavam sobre a sepultura da garota.

O comerciante Júlio César da Silva, 56, foi com a irmã Sônia Maria de Cássia da Silva, 66, visitar familiares. O homem disse que prefere ir na véspera de Finados para evitar a grande aglomeração de pessoas. “Nos surpreendemos com a quantidade de pessoas que decidiram vir antes do dia. Pegamos congestionamento até na EPTG (Estrada Parque Taguatinga), de pessoas vindo para cá”, contou Júlio.

O comerciante e a irmã também passaram para orar no túmulo de Ana Lídia. “Ela faleceu no mesmo ano em que chegamos em Brasília. Foi um caso muito emblemático e triste”, comenta Sônia. Com missão cumprida, os irmãos foram para casa após se despedirem, mais uma vez, dos familiares.


Francisca vende flores: demanda leva à contratação de temporários (Ed Alves/CB/D.A Press)  
Francisca vende flores: demanda leva à contratação de temporários



Segurança
Os seis cemitérios do Distrito Federal — Asa Sul, Taguatinga, Gama, Sobradinho, Planaltina e Brazlândia — terão duas horas a mais de funcionamento no Dia de Finados. Os portões abrirão às 7h e o acesso do público será encerrado às 19h. Normalmente, as unidades abrem às 8h e fecham às 18h.

Em Planaltina e Brazlândia, o acesso de veículos será proibido, porque os locais não oferecem vias de circulação. Nas outras unidades, apenas pessoas com deficiência ou idosos com licença emitida pelo Departamento de Trânsito (Detran-DF) poderão acessar a dependência dos cemitérios. Essa autorização é a mesma para usar estacionamentos preferenciais.

Na Asa Sul, Taguatinga, Gama e em Sobradinho ônibus gratuitos farão o transporte da população no cemitério. Todas as unidades terão reforço nos terminais de atendimento. No total, serão 15 pontos e 26 atendentes extras, totalizando 196 funcionários trabalhando no local. Além disso, 88 vigilantes tomarão de conta da segurança do público. Equipes das polícias Militar, Civil, Detran e do Corpo de Bombeiros também estarão nos cemitérios. A presença de ambulantes não será permitida e a Agência de Fiscalização (Agefis) fará a fiscalização desses vendedores irregulares.
 
Jornal Impresso

Correio Braziliense quarta, 31 de outubro de 2018

BRASÍLIA: TERRA DAS PRIMEIRAS-DAMAS

 

DF, terra de primeiras-damas
 
 
Mayara Noronha, mulher do futuro governador, Ibaneis Rocha (MDB), nasceu em hospital da Asa Sul, mas foi criada em Taguatinga. Michelle, casada com o presidente da República eleito, Jair Bolsonaro, é de Ceilândia. Ambas assumem os postos em 1º de janeiro

» MURILO FAGUNDES*
* Estagiário sob supervisão de Guilherme Goulart
» Colaborou Jéssica Eufrásio

Publicação: 31/10/2018 04:00

Mayara Noronha, que é advogada e está no 7º mês de gestação, nasceu no Hospital Santa Luzia, mas cresceu em bairros de Taguatinga Sul e Norte  
Mayara Noronha, que é advogada e está no 7º mês de gestação, nasceu no Hospital Santa Luzia, mas cresceu em bairros de Taguatinga Sul e Norte

Ceilândia e Taguatinga, duas das três cidades mais populosas do Distrito Federal, também são berço de primeiras-damas. Enquanto Michelle Bolsonaro, mulher do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), nasceu em Ceilândia, região administrativa de 489.351 habitantes, segundo dados da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), Mayara Noronha, esposa do futuro governador do DF, Ibaneis Rocha (DEM), foi criada como taguatinguense — a cidade tem 222.598 moradores.
 
Aos 30 anos, Mayara assumirá o posto de primeira-dama da capital em 1º de janeiro, quando o emedebista será empossado chefe do Executivo local. A advogada nasceu no Hospital Santa Luzia, na Asa Sul, mas a família morava em Taguatinga Sul. Depois, mudaram-se para a M Norte e para a QNL, ambas em Taguatinga Norte. Ela está no sétimo mês de gestação. Espera pelo terceiro filho do ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB/DF), que tem outros dois, do primeiro casamento. A expectativa é de que o caçula nasça até 22 de dezembro.

A ceilandense Michelle conheceu o marido ao trabalhar como assessora parlamentar na Câmara dos Deputados  
A ceilandense Michelle conheceu o marido ao trabalhar como assessora parlamentar na Câmara dos Deputados
Michelle de Paula Firmino Reinaldo Bolsonaro, 36 anos, conheceu Jair Bolsonaro, 63, em 2007, quando trabalhava como secretária parlamentar na Câmara dos Deputados. Namoraram e, em seis meses, ficaram noivos, quando ele estava no quinto mandato como deputado federal. Os dois casaram-se no civil em 2013, no Rio de Janeiro, onde moram.
 
Michelle e Mayara, além de terem nascido em cidades do Distrito Federal, têm em comum a discrição. A cientista política Denise Mantovani, da Universidade de Brasília (UnB), estuda a participação feminina na política e acredita que as companheiras dos líderes de governo deveriam ser conhecidas pelas profissionais que são e não apenas por serem casadas com homens poderosos.
 
Para Denise, a construção da figura de primeira-dama é uma forma de ver a mulher de maneira subordinada, o que deveria ser algo ultrapassado no século 21. “Esse posto enquadra a mulher em atividades vinculadas à assistência social. O modelo que é seguido hoje é patriarcal”, argumenta.
 
A futura primeira-dama Michelle atua voluntariamente como intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras) nos cultos da igreja que frequenta, no Rio. Em recentes entrevistas, ela demonstrou interesse em trabalhar com atividades inclusivas para pessoas com deficiência auditiva. Além de advogada, Mayara é servidora do Ministério dos Direitos Humanos. Ela coordena a Comissão Interministerial de Avaliação Pensão da pasta e atua na Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos das Pessoas com Deficiência.
 
Defesa
A tentativa de ligar a imagem da primeira-dama à área social também ocorre no governo do presidente Michel Temer. Com um orçamento de R$ 300 milhões, o projeto Criança Feliz, lançado pela embaixadora Marcela Temer, em outubro de 2017, concentra-se em visitas a famílias com crianças de até 3 anos — que recebem Bolsa Família e estão em condições de vulnerabilidade — e com meninos e meninas de até 6 anos com necessidades especiais.
 
Órgãos representativos, como o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e o Conselho de Psicologia de São Paulo, criticaram o programa. Ao Correio, a Presidência respondeu que “a esposa do presidente Michel Temer desenvolve trabalhos voluntários, sem orçamento ou remuneração”.
 
Ainda não se sabe como será a participação de Mayara e Michelle nos respectivos governos. A futura primeira-dama do DF pouco apareceu durante a campanha de Ibaneis. Continuou trabalhando como advogada. Michelle fez poucas aparições ao lado de Bolsonaro. Mas o defendeu de acusações sobre machismo, misoginia e homofobia.
 
Moradora de Ceilândia, a ambulante Ciranda Fonseca, 50 anos, vê as primeiras-damas como uma esperança para melhorias nas duas cidades do DF. “Quero que elas olhem para a periferia e sensibilizem Ibaneis e Bolsonaro”, disse. 
 
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Correio Braziliense terça, 30 de outubro de 2018

LUTA CONTRA O CÂNCER: ALTO-ASTRAL EM PRIMEIRO LUGAR

 


Alto-astral em primeiro lugar
 
 
Conheça a história de mulheres que lutam contra o câncer e reencontraram a autoestima ao ganhar perucas

 

» CÉZAR FEITOZA
Especial para o Correio

Publicação: 30/10/2018 04:00

Evento do Instituto Hospital de Base, que reuniu mulheres em tratamento contra o câncer, se transformou num grande salão de beleza (Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press)  
Evento do Instituto Hospital de Base, que reuniu mulheres em tratamento contra o câncer, se transformou num grande salão de beleza
 
“No momento que você coloca uma peruca ou um lenço, está cobrindo as sequelas do tratamento de um câncer, você se camufla. Se não faz isso e se olha no espelho careca, sem maquiagem, sem nada, você não consegue se desligar dessa doença”, conta Andrea Pereira, de 46 anos. A moradora de Sobradinho recebeu a notícia de que estava com um tumor na mama esquerda em abril deste ano. Com a intensificação do tratamento, em 27 de setembro, ao se submeter à primeira sessão de quimioterapia, os fios de cabelo começaram a cair. No fim de outubro, mês escolhido para a campanha de conscientização do câncer de mama, Andrea ganhou sua primeira peruca, que fez recuperar a autoestima da carioca em um período complicado da vida.
 
Filha de pai militar, Andrea Pereira chegou a Brasília em 1974, fixando residência na quadra 103 da Asa Norte, área onde militares moravam enquanto serviam ao Exército. Quando o câncer de mama somatizou-se à depressão, agora morando em Sobradinho, Andrea foi buscar no Plano Piloto o refúgio, lembrando momentos que traziam conforto.
 
“Entre o diagnóstico do câncer e a quimioterapia, eu ia ao Parque da Cidade umas três vezes (por semana). Era como o meu refúgio, onde eu podia me esquecer dos problemas. Quando o cabelo começou a cair, praticamente parei de ir pra lá, por causa da vergonha, da baixa autoestima”, relembra.
 
Vaidosa, Andrea foi a primeira mulher a chegar ao Instituto Hospital de Base ontem, pela manhã, para um evento da Rede Feminina de Combate ao Câncer. Ela teve a chance de escolher uma entre as 60 perucas que foram entregues pela rede às mulheres que fazem o tratamento no hospital. Como em um salão de beleza, ainda houve um momento para o corte das perucas e maquiagem.

Andrea Pereira:  
Andrea Pereira: "Quando o cabelo começou a cair, praticamente parei de sair, por causa da vergonha, da baixa autoestima"


 
"Maria Nazaré dá uma boa gargalhada antes de colocar a peruca: Vou sair por aí balançando o cabelo, jogando charme pro povo na rua"


Voluntariado
 
Coordenadora da Rede Feminina de Combate ao Câncer, Vera Lúcia Bezerra está há 26 anos como voluntária no auxílio às mulheres com a doença. Ela conta que o atendimento precisa ser humanizado para que a paciente possa recuperar a sua autoestima. “Eu falo para as voluntárias que a primeira coisa que a gente precisa fazer quando chega um paciente é dar um abraço. Destaco para cada uma se colocar no lugar dela. Isso cria um vínculo de amor ao próximo, um elo de esperança para as pessoas”.
 
A rede tem 27 projetos que são realizados na ala 5 do ambulatório do Instituto Hospital de Base. São cerca de 1.500 atendimentos por mês entre os dias de beleza e palestras educativas para a saúde. Uma das pacientes do hospital que faz questão de estar no evento é a aposentada Maria de Nazaré Silva, 61 anos. Moradora de Santa Maria, descobriu durante os exames de rotina no posto de saúde mais próximo de casa a suspeita de um câncer no ovário. A confirmação veio no mês seguinte, em dezembro de 2014, quando os exames comprovaram o indício.
 
Em 2016, os fios de cabelo começaram a se prender entre os dedos durante o banho —  era o efeito da quimioterapia. A maranhense decidiu ficar reclusa em casa em um primeiro momento, pela vergonha da calvície imposta pelos remédios. Depois, quando entendeu que cuidar da saúde era mais importante, deixou o constrangimento de lado. “Tem aquelas pessoas que ficam olhando pra você com olhos meio atravessados, né? Aí bota um lenço, alguma coisa, mas eu não esquentei mais minha cabeça com  minha carequinha, não”, conta Maria antes de dar risadas com as amigas.
 
Tratamento
 
O diretor do Instituto Hospital de Base, Ismael Alexandrino, conta que o apoio da Rede Feminina de Combate ao Câncer é fundamental no tratamento das mulheres contra o câncer. “A gente tenta fazer com que o tratamento contemple a completude do ser humano. Não é só o diagnóstico, radioterapia ou, até mesmo, a cirurgia. A distribuição de lenços e perucas é parte do tratamento. Fecha, de certa forma, o que a gente entende de acolhimento, de tratamento integral”, conta.
 
Mesmo com o calor excessivo do ambulatório do Hospital de Base, consequência do problema no ar-condicionado da unidade, as pacientes se envolveram com o dia da beleza como parte do tratamento, que busca recuperar o bem-estar das mulheres com câncer.
 
Maria de Nazaré, minutos antes de vestir a peruca, caiu na gargalhada ao se imaginar com o novo cabelo. “Estou na expectativa. Quero ficar linda de peruca. Vou sair por aí balançando o cabelo, jogando o charme pro povo na rua”.


SAIBA MAIS

Atendimento

A Rede Feminina de Combate ao Câncer se encontra na ala 5 do ambulatório do Instituto Hospital de Base. Cerca de 300 voluntários prestam atendimento às pacientes entre os 27 projetos abraçados pelo grupo. Às pacientes, é possível conhecer os projetos no site redefemininabrasilia.org.br, pelo número 3315-1278 ou, mesmo, no Instituto Hospital de Base. Aos voluntários, é possível doar cabelo ou auxiliar nos projetos entrando em contato com os responsáveis pelo número 3315-1278 ou mesmo no hospital.
 
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Correio Braziliense segunda, 29 de outubro de 2018

IBANEIS: FOCO E DETERMINAÇÃO

 

Foco e determinação
 
 
Apontado por amigos como o "cara que quer tirar os projetos do papel", Ibaneis Rocha é descrito como uma pessoa determinada que gosta de coisas cotidianas, como fazer feira e cozinhar

 

HELENA MADER

Publicação: 29/10/2018 04:00

Ibaneis e a mulher, Mayara Noronha, grávida do terceiro filho de Ibaneis (Ed Alves/CB/D.A Press)  
Ibaneis e a mulher, Mayara Noronha, grávida do terceiro filho de Ibaneis


 (Joel Rodrigues/Assessoria Ibaneis)  


Ele nasceu no Hospital de Base de Brasília, em julho de 1971, e passou a infância no interior do Piauí. Foi feirante, empacotador e comerciante, até se transformar em um bem-sucedido advogado. A escolha da profissão contrariou a vontade dos pais, que sonhavam ver o primogênito vestido em um jaleco de médico. Formado e com a carteira da ordem em mãos, o jovem bateu perna nos tribunais até acumular uma carteira de 80 mil clientes e uma fortuna de R$ 93 milhões. Hoje, aos 47 anos, Ibaneis Rocha Barros Júnior soma à trajetória uma nova vitória. O brasiliense de raízes nordestinas foi eleito governador do Distrito Federal e vai comandar a capital pelos próximos quatro anos.

O Correio conversou com amigos, familiares e sócios de Ibaneis para traçar um perfil do futuro administrador da cidade. Determinação e foco são os substantivos mais frequentemente associados ao advogado. Quem convive com o emedebista revela ainda que ele é bom de garfo e de panela — suas especialidades vão de pratos requintados à tradicional cozinha nordestina. Ibaneis traz os produtos de sua fazenda, no Piauí, ou vai pessoalmente à feira selecionar a matéria-prima. Apaixonado por ciclismo, ele pedala 50 quilômetros aos fins de semana. Fã de casa cheia, gosta de reunir os amigos em volta da mesa. Pai de dois rapazes, Caio, de 20 anos, e João Pedro, 13, ambos do casamento com a contadora Luzineide de Carvalho, Ibaneis está agora à espera de Mateus, fruto da união com a advogada Mayara Noronha. O bebê nasce em dezembro, pouco antes de o pai tomar posse.

Filho de piauienses, o governador eleito foi o primogênito de três crianças e herdou o nome do pai. Ele nasceu em Brasília, mas, aos 8 anos, acompanhou a família em um retorno às origens. Ibaneis pai decidiu voltar ao município de Corrente, sua terra natal, e assumiu um emprego na Universidade Federal do Piauí, onde trabalhou em um projeto de desenvolvimento da soja na região. Paralelamente ao trabalho de professor, o patriarca tinha uma farmácia e era um comerciante conhecido na região. A mãe, Maria Mercedes, auxiliar de enfermagem, acompanhava a rotina dos três filhos.

Amigo há quatro décadas, o advogado Marcelo Cunha, 49 anos, conheceu Ibaneis em Corrente, no Piauí. “Somos amigos de infância, crescemos em uma cidade pequena e éramos muito próximos. Desde pequeno, o Ibaneis sempre teve foco e procurava formas de ser independente. Ele trabalhava em feira, fazia horta, estava sempre correndo atrás das oportunidades”, revela Marcelo, que hoje é colega de escritório e parceiro da campanha eleitoral do advogado. Para Marcelo Cunha, Ibaneis já demonstrava, ainda na infância, as características que o levaram à conquista do Palácio do Buriti. “É um cara focado e muito determinado. Ele pega as coisas e faz, realiza. É muito objetivo e dedicado ao trabalho, quer tirar os projetos do papel”, acrescenta.

A servidora pública Érica Borges Barros Nazareth, 44 anos, irmã do governador eleito, também relembra a busca de Ibaneis por autonomia e independência desde a infância. “Ele trabalhou como empacotador e vendeu verduras na feira”, conta. Ela acredita que a vivência da família no interior do Piauí ajudou a moldar as características políticas do irmão. “Em Corrente, a gente viu a miséria de perto. Então, ele tem empatia e entende os sentimentos das pessoas. Olha sempre nos olhos quando conversa com alguém e gosta muito de gente. Esses são seus grandes diferenciais”.

Oito anos depois da mudança da família para Corrente, Ibaneis resolveu voltar sozinho a Brasília. Aos 16 anos, foi morar com uma tia que, assim como sua mãe, pressionava para que o rapaz se tornasse médico. Ele fez vestibular na Universidade de Brasília (UnB) e chegou perto de uma vaga no curso de medicina. Sem contar à família, fez a seleção de direito no Uniceub e passou em segundo lugar. Paralelamente às aulas, fez estágio em instituições como o Banco do Brasil e a Embrapa e teve até uma farmácia.


A missa também faz parte da rotina de Ibaneis Rocha, que compereceu à celebração antes de votar (Ed Alves/CB/D.A Press)  
A missa também faz parte da rotina de Ibaneis Rocha, que compereceu à celebração antes de votar



Escritório
Em 1993, já formado, montou o primeiro escritório, com atuação na área trabalhista. O caminho foi escolhido porque havia muita demanda de trabalhadores, com uma expectativa de retorno rápido. Ibaneis passou a advogar para empresas prestadoras de serviço e, na sequência, para os trabalhadores dessas empresas. O recém-formado atuou nas primeiras ações contra o Plano Real, para garantir a recomposição da URV. Mas o grande acontecimento de sua vida profissional foi uma ação ajuizada por uma associação de servidores do Ministério Público do Trabalho, relacionada a questões de seguridade social. Ibaneis venceu a causa e, de quebra, ganhou centenas de novos clientes, principalmente do Judiciário. Hoje, o escritório do advogado, instalado em um luxuoso prédio no Setor de Administração Federal Sul, tem mais de 40 advogados e uma carteira de 80 mil clientes distribuídos por todo o Brasil.

Em 2003, a convite de um amigo, Ibaneis foi trabalhar na campanha da advogada Estefânia Viveiros para a presidência da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A profissional não estava entre os favoritos, mas ganhou a disputa interna da categoria. Ibaneis ficou com a presidência da Comissão de Defesa de Prerrogativas dos Advogados e, no cargo, estreitou o contato com os colegas de profissão. Ele se orgulha de ter obtido, no Supremo Tribunal Federal (STF), a primeira liminar que permitiu um advogado fazer questionamentos em uma CPI.

OAB
Já bastante conhecido entre os advogados, resolveu concorrer à presidência da Ordem em 2009. Perdeu a primeira eleição para o advogado Francisco Caputo por 400 votos, mas levou na disputa seguinte, com uma vantagem de mais de 2,4 mil votos. Em 2015, emplacou o sucessor, o advogado Juliano Costa Couto, atual presidente da entidade. Ele elogia o colega e diz que Ibaneis “não teme os desafios”. “Ele é um cara assertivo, mas que sempre age com a capacidade de olhar a ótica do outro, de se colocar no lugar do outro”, elogia Costa Couto. No fim de novembro, os advogados vão às urnas novamente e o candidato apoiado por Ibaneis, Jacques Veloso, é um dos favoritos para presidir a Ordem.

Ibaneis Rocha tem à sua volta um grupo de amigos fiéis, com quem divide o trabalho e a vida social desde o início da profissão. O advogado Marlúcio Lustosa Bonfim é um deles. Sócio do governador eleito há 25 anos, desde que Ibaneis se formou, ele compartilha as causas e os hobbies com o emedebista. Marlúcio conta que o amigo gosta de espairecer diante das panelas. “Ele adora fazer comida nordestina, como buchada. Às vezes, vai à Feira do Guará, escolhe os produtos e prepara uma galinhada. Os amigos ficam em volta conversando”, conta Marlúcio.

Marcelo Cunha revela outra paixão de Ibaneis Rocha: pedalar. “Há alguns anos, compramos bicicletas e começamos a percorrer de 40 a 50 quilômetros, sempre aos sábados e aos domingos”, diz Cunha. “Outra coisa que gostamos muito de fazer juntos é ir de carro ao Piauí, visitar os amigos e familiares. Ibaneis é um cara de coração muito grande. Às vezes se irrita, mas logo volta para fazer um afago”.
 
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Correio Braziliense domingo, 28 de outubro de 2018

TIROTEIO EM SINAGOGA É CRIME DE ÓDIO, DIZ FBI

 

Tiroteio em sinagoga é crime de ódio, diz FBI
 
 
Em rede social de extrema-direita, atirador, que está sob custódia, publicava mensagens antissemitas. Presidente Donald Trump defende pena de morte e diz que o massacre em Pittsburgh poderia ter sido evitado se o templo tivesse segurança armada

 

Publicação: 28/10/2018 04:00

 

Sob o impacto do ataque, jovens fazem oração: agressor, que portava um fuzil AR-15 e pistolas, invadiu o templo em meio à celebração do sabah (Jeff Swensen/AFP






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Sob o impacto do ataque, jovens fazem oração: agressor, que portava um fuzil AR-15 e pistolas, invadiu o templo em meio à celebração do sabah

 


No 23º episódio de tiroteio nos Estados Unidos apenas neste mês, ao menos 11 pessoas morreram, incluindo quatro policiais, e seis ficaram feridas ontem em uma comunidade judaica em Pittsburgh, na Pensilvânia. Categorizado pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netahyahu, como “horrível ataque antissemita”, o caso é investigado como crime de ódio por autoridades federais norte-americanas. 

O massacre ocorreu pouco depois das 10h, dentro da Sinagoga Árvore da Vida, quando judeus celebravam o sabah. Segundo testemunhas, um homem armado com um fuzil AR-15 e com pistolas entrou no templo e começou a disparar. Depois de trocar tiros com a polícia, ele se entregou e, ferido, foi levado sob custódia para o Hospital Mercy, da Universidade de Pittsburgh. A identidade das vítimas não foi revelada.  

O presidente norte-americano, Donald Trump, disse, em uma convenção de ruralistas no estado de Indiana, que se trata de um “ato antissemita”. “O veneno repleto de ódio do antissemitismo precisa ser condenado e confrontado onde quer que apareça”, discursou o presidente, que, mais cedo, defendeu a pena de morte. “Algo tem que ser feito. Quando as pessoas fazem isso, devem receber a pena de morte”, disse aos repórteres, quando se dirigia a uma série de atos de campanha em Indiana e Illinois.

 

Policiais cercam a sinagoga: troca de tiros e pânico na vizinhança (Jeff Swensen/AFP)  
Policiais cercam a sinagoga: troca de tiros e pânico na vizinhança

 

 

A nove dias das eleições legislativas, consideradas por comentaristas políticos como um “plebiscito” do mandato de Trump, os Estados Unidos se veem em meio a episódios de terror e violência. Na sexta-feira, a polícia prendeu, na Flórida, Cesar Sayoc, suspeito de enviar 13 pacotes bombas a destinatários como o ex-presidente Barack Obama, a ex-secretária de Estado Hillary Clilnton e o investidor George Soros. Ontem, após o massacre na sinagoga, Trump voltou a se posicionar em favor das armas, uma das bandeiras mais frequentes do governante. “Se houvesse um policial presente na sinagoga, o atirador poderia ter sido rendido”, afirmou. 

Em julho, o rabino Jeffrey Myers, líder da congregação da Árvore da Vida, escreveu um post criticando a falta de leis sobre controle armamentista no país. “A menos que ocorra uma reviravolta dramática nas eleições de meio de mandato, temo que o status quo se mantenha inalterado, e tiroteios em escolas recomecem”, escreveu.

 

Wendell Hissrich, diretor de segurança pública de Pittsburgh: %u201Ccena horrível%u201D (Jeff Swensen/AFP)  
Wendell Hissrich, diretor de segurança pública de Pittsburgh: %u201Ccena horrível%u201D

 

 

Antissemita
À imprensa, Wendell D. Hissrich, diretor de segurança pública da cidade, disse que o cenário dentro do templo era desolador. Com a voz embargada, afirmou: “É uma cena do crime horrível. Uma das piores que já vi, e já estive em alguns acidentes aéreos. É muito ruim”. A informação extraoficial é de que o atirador seja Robert D. Bowers, um homem de 46 anos com histórico de postar mensagens antissemitas nas redes sociais.

De acordo com o jornal The New York Times, em janeiro, Bowers criou uma conta na rede social Gab, um aplicativo popular entre supremacistas e ativistas de extrema-direita, onde costuma fazer publicações contra judeus. Há algumas semanas, ele postou o link para o site do Hias, organização não governamental judia que ajuda refugiados, e comentou: “Hias, vocês gosta de trazer invasores hostis para viverem entre nós?”. Horas antes do tiroteio no interior da sinagoga, Bowers publicou: “O Hias gosta de trazer para cá invasores para matar nosso povo. Eu não posso me sentar e ver meu povo ser sacrificado. Dane-se a ótica de vocês, eu vou agir”.

Pelo Twitter, Benjamin Netanyahu expressou solidariedade aos Estados Unidos e às vítimas do atentado. “Nós nos solidarizamos com a comunidade judaica em Pittsburgh e nos solidarizamos com o povo americano diante dessa terrível violência antissemita”, disse, em um vídeo publicado na conta do primeiro-ministro. “Orem pelos mortos, feridos, todas as famílias afetadas, e pelos nossos corajosos socorristas”, tuitou o vice-presidente norte-americano, Mike Pence. Além dos policiais do Departamento de Segurança Pública da Cidade, a Agência Federal de Controle de Armas, Tabaco e Explosivos, a ATF, enviou agentes especiais ao local.

“Meu coração está sangrando após a notícia vinda de Pittsburgh, a violência deve parar”, escreveu a primeira-dama, Melania Trump, no Twitter. A filha de Donald Trump, Ivanka Trump, que se converteu ao judaísmo, também condenou o ataque. “Os Estados Unidos são mais fortes do que os atos de um fanático perverso e antissemita”, publicou. “Todos os bons americanos apoiam o povo judaico e se opõem aos atos de terror, e compartilham do horror, desgosto e indignação pelo massacre em Pittsburgh. Devemos nos unir contra o ódio e o mal”, acrescentou.

 

 (Alex Edelman/AFP)  

 

 

“O veneno repleto de ódio do antissemitismo precisa ser condenado e confrontado onde quer que apareça. Algo tem que ser feito. Quando as pessoas fazem isso, devem receber a pena de morte”
Donald Trump, presidente dos EUA

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Correio Braziliense sábado, 27 de outubro de 2018

MODÃO CANDANGO

 

Modão candango
 
Conheça a nova geração de artistas sertanejos que está se destacando no Distrito Federal

 

Adriana Izel

Publicação: 27/10/2018 04:00

Com dois discos lançados, Alisson & Ariel pretendem lançar um DVD autoral (Play Produções e Matarazzo Produções/Divulgação)  
Com dois discos lançados, Alisson & Ariel pretendem lançar um DVD autoral
 
O cenário musical de Brasília é um grande caldeirão. A capital, que já foi do rock, agora é também de tantos outros estilos musicais. Ritmo predominante nas rádios, nos topos das paradas e nos eventos, o sertanejo a cada ano tem mais representantes autorais do Distrito Federal.
 
A região, que foi responsável por exportar Pedro Paulo & Matheus e Cleber & Cauan, agora tem novos nomes que estão ganhando espaço no cenário brasiliense e alçando oportunidades para além do quadradinho. “Aqui em Brasília, o sertanejo é muito forte. Sempre vi isso. Apesar de ter o rótulo de capital do rock, o sertanejo vem dominando muito. Acho que Brasília está entre as capitais que mais têm duplas sertanejas”, analisa Ariel, da dupla Alisson & Ariel.
 
Naturais de Brasília, os irmãos começaram a carreira há 11 anos. Na época, eles tinham 14 e 12 anos e tocavam no bar do pai. “Começamos mais por influência da família. Todo mundo sempre gostou de música sertaneja. Eu, particularmente, comecei no rock, ouvindo Raul Seixas e Legião Urbana. Mas meu irmão foi tomando gosto pela música, a gente foi seguindo pelo sertanejo mesmo”, lembra Ariel.
 
A maior projeção veio em 2012, quando tiveram um bom posicionamento em um concurso na Casa do Cantador, em Ceilândia. Dos mais de 700 participantes, a dupla figurou entre os 10 primeiros. “A partir daí o projeto começou a crescer e estamos aí na luta até hoje”, conta.
 
Desde então, a dupla lançou dois discos: Meu vício, de 2011, e Alisson & Ariel, de 2014, esse último com composições de nomes como Marília Mendonça e Juliano Tchula. Atualmente trabalham no desenvolvimento de um DVD. “Estamos preparando um DVD 100% autoral. Estamos elaborando ainda, porque queremos um repertório que seja a nossa cara, com a nossa história e nosso jeito”, completa o cantor e compositor.

Danilo & Daniel estão juntos há dois anos como dupla e já conquistaram público (Arquivo Pessoal)  
Danilo & Daniel estão juntos há dois anos como dupla e já conquistaram público


Mercado receptivo
 
Criada há dois anos, a dupla Danilo & Daniel é outro nome que tem se destacado no cenário sertanejo de Brasília. Em setembro, os artistas abriram o show de Fernando & Sorocaba no evento de retorno do tradicional festival da Granja do Torto e tem figurado no line-up em casas de show voltadas para a música sertaneja.
 
“A gente cantava música baiana até que decidiu migrar para a música sertaneja. Hoje a gente faz shows em bares, casas de shows, confraternizações, sempre com um repertório que mescla o autoral com músicas de outros artistas”, revela Daniel.
 
Entre os projetos futuros da dupla está a gravação de um DVD. “Estamos compondo e gravando músicas autorais. Queremos gravar um DVD, que provavelmente será gravado em Brasília”, explica Daniel. A escolha pela capital tem a ver com o fato da dupla ter feito carreira na cidade. “A nossa relação com a cidade é muito boa. O público é bem aberto e é um mercado bem interativo. Temos muitas oportunidades, é um mercado bem receptivo”, completa o artista.


Larissa Nogueira é um dos nomes do sertanejo feminino na capital (Arquivo Pessoal)  
Larissa Nogueira é um dos nomes do sertanejo feminino na capital


Representante feminina
 
Agora com 19 anos, a cantora Larissa Nogueira começou no mundo da música com apenas 11 anos. “Tudo começou muito cedo. Meu pai tocava violão em casa e foi me despertando interesse. Fui fuçando, aprendendo a tocar e postando vídeos no YouTube”, lembra a cantora.
 
No último ano, ela entrou para o casting de um escritório e a carreira deixou de ser amadora para se tornar mais profissional. Assim veio a maior repercussão dentro do cenário musical de Brasília. “A princípio meu trabalho é mais de cover, mas estou querendo começar um projeto autoral. Quero ser reconhecida por algo que é meu”, revela.
 
Apesar de trabalho ser classificado como sertanejo, Larissa flerta com vários outros ritmos, como o pagode, o rap e até o funk. “Só que a minha definição é sertanejo mesmo. Acho que esse é um ótimo momento (para um artista mulher). Essa é a hora de arriscar”, completa. “Tenho muitos projetos em mente. Quero gravar clipes com artistas influentes da música sertaneja e sair um pouco de Brasília”, adianta Larissa, que é nascida e criada em Brazlândia e é artista fixa no projeto Quinta Já Pode, no Dallas Bar.
 
 
 
 
Como acompanhar as duplas
 
Alisson & Ariel
• Em 1º de novembro, a dupla participa da festa Quinta Top, às 21h, na boate Coliseu Beer (Setor D Sul, Lt. 7, Lj. 2/3 — Taguatinga). Em 3 de novembro, às 22h, show no Barril 66 (SH Arniqueiras ADE — Águas Claras). Em 15 de dezembro, às 22h, os irmãos tocam na nova casa noturna, Arena Mix (QNM 9, Cj. A, Lt. 4 — Ceilândia). Contato: 98669-8086.
 
Danilo & Daniel
• Informações na página oficial da dupla no Facebook (@oficialdaniloedaniel) e no Instagram (@dupladaniloedaniel). Contato: 98421-5174.
 
Larissa Nogueira
• A cantora tem um projeto fixo às quintas-feiras, às 20h, no Dallas Bar (Setor Habitacional Vicente Pires, Lt. 3). É a festa Quinta Já pode. Bastante ativa nas redes sociais, posta vídeos de cover no YouTube (/larissanogueira). Contato: 98553-4774.
 
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Correio Braziliense sexta, 26 de outubro de 2018

REDAÇÃO SEM SEGREDOS

 

ENSINO
 
Redação sem segredos
 
Na última oficina gratuita do projeto Enem 2018, a professora Dad Squarisi mostrou a estudantes os cuidados de se escrever um texto conciso para o exame

 

» AUGUSTO FERNANDES
ESPECIAL PARA O CORREIO

Publicação: 26/10/2018 04:00

Dad e a turma que participou da oficina gratuita de português no auditório do Correio Braziliense (Ed Alves/CB/D.A Press)  
Dad e a turma que participou da oficina gratuita de português no auditório do Correio Braziliense

“Não hesitem em revisar a redação e modificá-la da melhor maneira possível. Pensem que vocês estão tentando uma vaga para a universidade das suas vidas”. Essa foi uma das dicas da professora e editora de Opinião do Correio Braziliense, Dad Squarisi, para as mais de 60 pessoas que participaram ontem da terceira oficina de português do projeto Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2018. O evento marcou o fim do programa ministrado pela professora com o objetivo de orientar os estudantes a alcançar a excelência no exame.
 
Por três horas, a comunicadora aconselhou os alunos que farão a avaliação deste ano sobre como escrever um texto que atenda às exigências do exame. Para isso, fez uma metáfora usando a personalidade do justiceiro Zorro. “Ele não conseguia combater como pretendia e foi adotado por um mestre que o orientou a começar pelo começo. Passado um tempo, aprendeu a ter técnica e, com a técnica, aprendeu a vencer os inimigos. Temos que fazer igual ao Zorro: passo a passo.”
 
Dad tirou dúvidas da plateia e promoveu momentos de interação entre os estudantes. Eles também puderam ler textos e fazer atividades de escrita propostas pela jornalista. A cada desafio, eles recebiam novas instruções. “O Enem é um jogo. É preciso conhecer as regras para vencê-lo. O primeiro critério é o domínio da língua culta. Não significa escrever de modo complicado, usando palavras difíceis. Basta usar a língua que aprendemos na escola.”
 
De acordo com a professora, não há mistérios para atingir a nota máxima da redação do Enem, algo que apenas 53 estudantes entre os mais de 4,7 milhões de concorrentes do exame do ano passado conseguiram. Basta que o estudante não fuja do tema e escreva um texto com início, meio e fim bem desenvolvidos. “Se olharmos algumas redações que alcançaram nota mil, não são nada excepcionais, mas sim, estruturadas com argumentos simples e concatenados”, frisou Dad.
 
Confiança
Com olhares e ouvidos atentos, a estudante do 3º ano do ensino médio Luiza Severiano, 17 anos, acompanhou a palestra de Dad do início ao fim. Segundo ela, os ensinamentos da comunicadora foram valiosos na sua preparação para o vestibular. “Um dos meus maiores medos era a redação, mas depois do que aprendi na oficina, estou mais tranquila para essa etapa do exame”, garantiu. “Quero estudar medicina, e preciso de uma boa nota. Na hora da prova, vou lembrar de cada dica da Dad. Estou confiante”, acrescentou.
 
Também no 3º ano, Dandarah Mourão, 17, classificou a oficina como essencial para desenvolver as habilidades na escrita. No decorrer da palestra, ela ouviu elogios de Dad ao ler os textos que produziu, além de palpites para não se expressar da maneira errada. “Foi um tipo de atividade que eu nunca tive dentro de sala de aula. Ela apresentou aspectos importantíssimos e estou certa de que agora consigo escrever um texto melhor”, afirmou.
 
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Correio Braziliense quinta, 25 de outubro de 2018

ESTADOS UNIDOS: ATAQUE À DEMOCRACIA

 

Ataque à democracia
 
 
FBI investiga como %u201Cterror doméstico%u201D o envio de pacotes-bomba ao ex-presidente Barack Obama, à ex-secretária Hillary Clinton e a outras lideranças do Partido Democrata. Trump condena incidentes e apela por união. Opositores acusam magnata de dividir a população

 

RODRIGO CRAVEIRO

Publicação: 25/10/2018 04:00

 

Especialista do esquadrão antibombas da polícia de Nova York deixa o complexo Time Warner Center, onde funcionam estúdios da CNN (Timothy A. Clary/AFP



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Especialista do esquadrão antibombas da polícia de Nova York deixa o complexo Time Warner Center, onde funcionam estúdios da CNN

 


Peritos vestidos com trajes especiais, dezenas de policiais nas ruas e medo. A 13 dias das eleições de meio de mandato nos EUA, pacotes-bomba enviados ao ex-presidente Barack Obama, à ex-secretária de Estado Hillary Clinton e a outras personalidades ligadas à oposição — o ex-secretário de Justiça Eric Holder, o ex-diretor da Agência Central de Inteligência (CIA) John Brennan, a deputada Maxine Waters e o bilionário George Soros — mobilizaram forte aparato de segurança, ampliaram a tensão política e agravaram a polarização entre os democratas e os republicanos. O FBI (a polícia federal americana) confirmou que, apesar de rudimentares, os explosivos eram “funcionais” e não descartou a existência de mais artefatos. 

Os investigadores tratam o caso como “terrorismo doméstico” e acreditam que os incidentes estão interligados. O presidente Donald Trump classificou os atentados de “desprezíveis”, prometeu que não poupará recursos para levar os responsáveis à Justiça e fez um apelo à conciliação. “Nestes tempos, temos que nos unir e enviar uma só mensagem clara e contundente de que os atos de violência política não têm lugar nos Estados Unidos”, declarou. “A segurança do povo americano é minha mais alta e absoluta prioridade.”

O discurso não parece ter sensibilizado os democratas, principais alvos dos ataques, ocorridos entre segunda-feira e ontem (veja o quadro). Por meio de um comunicado conjunto, Nancy Pelosi (líder da minoria na Câmara dos Representantes) e Chuck Schumer (representante da oposição no Senado) acusaram Trump de tolerar atos violentos. “O presidente consentiu com a violência física e dividiu os americanos com suas palavras e com suas ações: ao expressar apoio ao congressista que jogou um repórter no chão; aos neonazistas que mataram uma jovem em Charlottesville; (…) aos ditadores que assassinam seus próprios cidadãos; e ao se referir à imprensa livre como inimiga do povo”, afirmaram.

A onda de envios de pacotes-bomba teve início na segunda-feira, quando um artefato foi encontrado na caixa de correio de Soros, um filantropo liberal que costuma ser criticado pela direita. Na noite de terça-feira, agentes do Serviço Secreto detectaram o dispositivo explosivo, em uma instalação de processamento de correspondências, antes de ele ser encaminhado à residência do casal Hillary e Bill Clinton, em Chappaqua, subúrbio de Nova York. “Estamos bem, graças aos homens e às mulheres do Serviço Secreto, que interceptaram o pacote endereçado a nós muito antes de chegar à nossa casa. Mas é um momento preocupante, não é? E é uma época de profundas divisões, e temos de fazer tudo o que pudermos para unir nosso país”, reagiu Hillary, durante evento em Coral Gables, na Flórida. Um robô foi utilizado para manusear o artefato enviado ao escritório da deputada democrata Debbie Wasserman Schultz, na manhã de ontem. No campo “destinatário” do envelope, estava o nome de Eric Holder, ex-secretário de Justiça dos EUA.

Por volta das 10h10 (11h10 em Brasília), dois apresentadores da CNN foram surpreendidos, no estúdio, pelo alarme contra incêndios, abandonaram o complexo de arranha-céus Time Warner Center e continuaram reportando os fatos da rua, com a ajuda de celulares, em Columbus Circle, na cidade de Nova York. Cerca de 40 minutos antes, os escritórios da emissora tinham recebido uma correspondência contendo um dispositivo explosivo e um pó branco (veja foto). O objeto foi movido por peritos e colocado em uma espécie de caminhão betoneira, a fim de manter a pressão interna em caso de explosão. Pacotes similares foram isolados em uma instalação dos correios de Washington — o destinatário era Obama — e no Capitólio, em nome da deputada.

James O’Neill, comissário da polícia de Nova York, descreveu o pacote-bomba enviado à CNN para John Brennan, ex-agente da CIA, como um “dispositivo explosivo vivo”. Segundo relatos, as bombas caseiras interceptadas pelas autoridades eram pequenas, mas potencialmente letais: um tubo metálico repleto de material explosivo e estilhaços, hermeticamente selado nas extremidades e detonado por um fusível colocado através de uma agulha.

Ódio
Para James Green, historiador da Brown University (em Rhode Island), apesar de o autor dos envios ser desconhecido, trata-se de alguém que vê Clinton, Obama e a CNN como “inimigos”. “A declaração de Trump foi preparada por assessores, e ele se esquecerá do teor em 24 horas. Sua mensagem de ódio e sua capacidade de abastecer o medo são marcas de seu governo”, disse ao Correio. “Não há dúvida de que os incidentes com os pacotes-bomba representam um ataque à democracia.”

Green concorda com as críticas de Pelosi e de Schumer de que o magnata divide os americanos. “Ele incita ódio, medo, xenofobia e racismo, com mentiras e histórias inventadas. É cedo para saber se esses incidentes afetarão as eleições, mas eu suponho que encorajarão as pessoas a irem à urnas e a elegerem os democratas. Eu não ficaria surpreso se a direita começar a sugerir que isso foi um complô organizado pelos democratas para angariar simpatia.”

Clint Van Zandt, ex-agente do FBI especialista em traçar o perfil de criminosos, explicou ao Correio que os alvos foram democratas liberais. “Isso sugere que o responsável pelos explosivos seja um conservador radical”, admitiu. Ao contrário de Green, ele não descarta uma tentativa de culpar republicanos ou o próprio Trump antes das eleições de 6 de novembro.

Emissora divulga a  imagem da bomba

 

 (AFP)  

 

 

A rede de TV CNN divulgou a imagem do pacote-bomba enviado aos escritórios da emissora em Nova York. A correspondência, de cor parda, tinha os nomes da deputada democrata Debbie Wasserman Schultz como remetente e de John Brennan, ex-diretor da Agência Central de Inteligência (CIA), como destinatário. O envelope teria sido entregue por um mensageiro, e não pelo serviço postal, apesar de conter seis selos com a imagem da bandeira dos Estados Unidos. O dispositivo explosivo tinha o desenho de uma bandeira do Estado Islâmico e um relógio acoplado.

Os destinatários dos explosivos

Quem são as personalidades políticas americanas às quais os pacotes-bombas foram endereçados

 

 

 

 

George Soros
Na segunda-feira, um pacote-bomba foi encontrado na residência do bilionário, financiador de causas liberais e democratas, em Katonah, subúrbio de Nova York.

 

 

 

 

Hillary Clinton
No fim da noite de terça-feira, o Serviço Secreto interceptou o pacote-bomba em Chappaqua, uma área residencial no extremo norte de Nova York. A correspondência tinha a ex-secretária de Estado como destinatária. Ela viajava, mas o marido, ex-presidente Bill Clinton, estava em casa.

 

 

 

 

Barack Obama
Ontem pela manhã, outro pacote, endereçado ao ex-presidente, foi descoberto por agentes do Serviço Secreto em sua residência, em Washington.

 

 

 

 

Eric Holder
Um pacote suspeito chegou ao escritório da congressista democrata Wasserman Schultz, em Sunrise (Flórida). O remetente pretendia enviá-lo, na realidade, para o ex-procurador-geral Eric Holder, mas colocou o endereço errado na correspondência.

 

 

 

 

John Brennan
Na manhã de ontem, um envelope de cor parda contendo o explosivo e um pó branco foi enviado aos estúdios da CNN, em Nova York, endereçado a John Brennan, ex-diretor da Agência Central de Inteligência (CIA). O complexo Time Warner Center foi esvaziado, e um caminhão betoneira removeu o dispositivo.

 

 

 

 

Maxine Waters
Um pacote suspeito foi interceptado, ontem, pela Polícia do Capitólio em uma instalação do serviço postal do Congresso. A correspondência tinha como destinatária a deputada democrata.

“Quero dizer que, nestes tempos, temos que nos unir e enviar uma só mensagem clara e contundente de que os atos de violência política não têm lugar nos Estados Unidos”
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos


Eu acho...

 

 (Reprodução de Vídeo)  

 

 

“O primeiro atentado à bomba de alto nível se deu no World Trade Center, em 1993. Mais de 
340 milhões de americanos estão sob ataque. Bombas são fáceis de construir com informações na internet e em sites do Estado Islâmico. É fácil atacar os outros.”

Clint Van Zandt, ex-agente do FBI, especialista em perfil de criminosos


Repercussão
“Obrigado ao Serviço Secreto e a todas as agências de segurança que responderam aos incidentes desta semana. Eles trabalham incansavelmente para manter nosso país e nossa comunidade seguros. Eu sou eternamento grato por seus esforços.”
Bill Clinton, ex-presidente dos Estados Unidos

“Mais uma vez, somos lembrados do heroísmo dos primeiros socorristas dos EUA, que trabalham para responder a essas tentativas de ataques. A meta dos terroristas é instilar medo. Nós não permitiremos que eles diminuam nosso compromisso com a construção de um futuro mais brilhante para as comunidades em toda a América.”
Nancy Pelosi, líder da oposição democrata na Câmara dos Representantes

“Eu quero derrubar o rancor. Há um padrão político aparente nisso. Pelo bem de todos, presidente, Senado, Congresso, governadores, derrubem a retórica. (…) Não permitiremos que esses bandidos terroristas mudem a maneira como vivemos nossas vidas.”
Andrew Cuomo, governador de Nova York

“O que vimos hoje aqui foi um esforço para aterrorizar. Isso, claramente, é um ato de terror tentando minar nossa imprensa livre e os líderes deste país, por meio de atos de violência.”
Bill de Blasio, prefeito de Nova York

“Ações e ameaças vis e repugnantes contra os americanos e nossas instituições não são tristemente surpreendentes: os atos de ódio seguem o discurso de ódio. É hora de reduzirmos e desligarmos a retórica raivosa.”
Mitt Romney, ex-governador de Massachusetts

“Um ataque a um americano que seja democrata, republicano ou independente é um ataque à América. O terrorista por trás disso em breve descobrirá que, enquanto um povo livre tem políticas conflitivas, se vocês tentarem matar qualquer um de nós, terão de enfrentar todos nós.”
Marco Rubio, senador republicano pela Flórida

“Nós não podemos tolerar esses ataques covardes, e eu fortemente condendo todos aqueles que escolhem a violência.”
Melania Trump, primeira-dama dos EUA

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Correio Braziliense quarta, 24 de outubro de 2018

UMA JOVEM EMBAIXADORA CANDANGA

 

Uma jovem embaixadora candanga
 
Estudante da UnB e moradora do Paranoá, Maria Clara vai representar o Brasil em uma conferência no Paquistão sobre paz e cultura de inclusão social. Ela ganhou hospedagem e alimentação, mas precisa do dinheiro para as passagens aéreas

 

Renata Nagashima*

Publicação: 24/10/2018 04:00

 (Vinicius Cardoso Vieira/Esp. CB/D.A Press)  

“Tento mudar um pouco da realidade da minha comunidade com pequenas coisas e, depois que fui para os Estados Unidos, em janeiro, me despertou o interesse em assuntos sobre diplomacia. Tenho desejo em conhecer mais pessoas e culturas, além da vontade de provocar mudanças no mundo, que aumentou”
Maria Clara Araújo dos Santos, estudante de letras da Universidade de Brasília





Uma estudante brasiliense foi selecionada entre jovens líderes do mundo inteiro para participar do segundo Fórum Internacional da Juventude de Lahore (International Youth Summit of Lahore), no Paquistão. A conferência promove discussões sobre paz, cultura e inclusão social. Apesar da pouca idade, a estudante de letras da Universidade de Brasília (UnB) Maria Clara Araújo dos Santos, 18 anos, tem uma trajetória de liderança e impacto social.

A brasiliense sempre foi engajada em projetos sociais, o que a levou a ser escolhida duas vezes para representar o Brasil internacionalmente. Maria Clara participou do programa Jovens Embaixadores de 2018, em janeiro, e do South American Business Forum, uma conferência sobre tecnologia, inovação e liderança, em Buenos Aires, na Argentina, em agosto.

“Tento mudar um pouco da realidade da minha comunidade com pequenas coisas e, depois que fui para os Estados Unidos, em janeiro, me despertou o interesse em assuntos sobre diplomacia. Tenho desejo em conhecer mais pessoas e culturas, além da vontade de provocar mudanças no mundo, que aumentou”, ressalta a estudante, que deseja seguir a carreira como diplomata.

Apesar de ter sido contemplada com mais uma oportunidade, Maria Clara corre o risco de não poder representar a juventude da capital na conferência por falta de dinheiro para as passagens aéreas. “Não tenho condições financeiras para comprar as passagens de ida e volta de Brasília até Lahore. Por isso, estou realizando campanhas de arrecadação on-line e também vendendo rifas e algumas coisas que faço para que a minha participação se torne realidade”, diz.

As passagens custam R$ 5,2 mil. Até agora, Maria conseguiu R$ 3,8 mil. As despesas com alimentação, alojamento e transporte doméstico durante o período de conferência são cobertas pelos organizadores, mas a jovem tem até 10 de novembro para apresentar as passagens e garantir sua participação na conferência.

“Essa conferência proporciona um espaço para a discussão de temas muito importantes e necessários de serem discutidos, ainda mais no atual cenário que estamos vivendo no Brasil. Se eu conseguir arrecadar o valor necessário, essa será a minha terceira vez representando o Brasil e minha comunidade em nível internacional”, destaca.

Maria Clara diz que o fomento à educação e a troca cultural são ferramentas poderosas que podem fortalecer imensamente os laços entre os países e a educação entre os jovens do mundo todo. “Sinto-me muito honrada em representar a capital e aprender as coisas novas, sobre outras realidades, e poder aplicar na minha comunidade depois.”

Estabilidade
O International Youth Summit of Lahore é uma iniciativa do Centro de Pesquisa e Prática em Sustentabilidade (CSRP) da Universidade de Lahore, cidade da província do Panjabe, no Paquistão. O evento ocorrerá entre 26 de novembro e 2 de dezembro. Foram selecionados 278 delegados de 75 países. Durante o processo seletivo, Maria Clara disputou a vaga com 4 mil pessoas de mais de 100 países.

Na programação, que envolve palestras, workshops e debates, serão abordados temas que incluem o envolvimento das sociedades na promoção de comunidades estáveis e seguras, baseadas na proteção dos direitos humanos. Além disso, a cúpula vai promover um espaço para que os jovens selecionados de vários países manifestem suas identidades culturais.

O fórum usará um processo dinâmico de promoção de valores, relações e instituições que permitam aos jovens a participar da vida social, econômica, cultural e política nas bases da igualdade, direitos e dignidade. Diretor executivo do fórum e responsável pela iniciativa, Naseem Khan Achakzai conta que o objetivo é focar em encontrar soluções para os objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas com uma abordagem liderada por jovens.

“Em segundo lugar, é importante mostrar ao resto do mundo que o Paquistão não é o que eles veem por meio das lentes da mídia internacional, mas é um país bastante pacífico com pessoas amorosas. O primeiro encontro internacional de jovens, no ano passado, provou ser um sucesso em muitas frentes, o que nos motivou a convertê-lo em uma série”, explica.

Para ele, reunir jovens líderes de todo o mundo em um país em desenvolvimento, como o Paquistão, é importante para que as nações interajam entre si e conheçam as questões da região. “Isso os ajuda a compreender melhor e também a criar uma forte rede de jovens internacionais trabalhando juntos pelos problemas que eles ou o mundo enfrentam. Eles vêm com ideias novas.”

O uso adequado da tecnologia é outro ponto importante para reunir nações e promover a paz mundial, segundo Naseem Khan Achakzai. “Vivemos na era da tecnologia e vamos fazer uso adequado dela, reunindo as pessoas para que conheçam as culturas e tradições de cada um. Só nós poderemos fazer deste mundo um lugar pacífico para viver”, conclui.

* Estágiaria sob a supervisão de Guilherme Marinho (especial para o Correio)




Como ajudar
Quem tiver interesse em apoiar a Maria Clara pode doar em uma vaquinha on-line criada pela estudante acessando https://www.vakinha.com.br/vaquinha/maria-no-paquistao. Quem tiver dúvidas sobre a conferência ou quiser ajudá-la de outras formas, pode entrar em contato pelo e-mail mariajclaras@gmail.com ou pelo telefone (61) 99585-4596 (Whatsapp). A campanha de arrecadação está aberta até 10 de novembro, data que Maria precisa apresentar as passagens para a organização do evento.
 
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Correio Braziliense terça, 23 de outubro de 2018

PEDACINHOS DO MUNDO: DOIS FESTIVAIS DE ANIMAÇÃO

 


Pedacinhos de mundo
 
Dois festivais de animação na cidade, com entrada franca, colocam em cena temas reflexivos e a difusão de linguagens alternativas para a sétima arte

 

» Ricardo Daehn
» Ronayre Nunes *

Publicação: 23/10/2018 04:00

Lé com cré traz entrevistas com crianças:  
Lé com cré traz entrevistas com crianças: "resultado engraçadíssimo"
 
Descobertas, autoconhecimento, confrontos, infância e  desgaste da rotina são alguns tópicos presentes nas 25 obras que compõem a programação da 15ª edição do Dia Internacional da Animação, mostra que terá sessões no Cine Brasília (EQS 106/107) e nas cidades de Ceilândia, Recanto das Emas e Brazlândia. Para chegar à seleção final, foram assistidos 160 inscritos.
 
O coordenador do evento em Brasília, Ricardo Roehe, destaca o potencial de fantasia, que dá liga às mostras segmentadas em infantil, nacional e internacional. “O público brasiliense adora cinema e o retorno da mostra é sempre muito positivo. O cinema de animação traz diferenciais: os filmes infantis permitem que adultos e crianças compartilhem a experiência; enquanto os títulos adultos surpreendem o público, pois não são muito vistos em função da dificuldade da entrada no circuito comercial”, avalia Roehe. Quanto ao público em potencial para o evento paira incerteza, uma vez que os estimados 100 mil interessados (em todo o Brasil) vão ter o calendário de programação flutuante, por causa da coincidência de data com o segundo turno das eleições.
 
Por isso, Brasília recebe a mostra (habitualmente projetada simultaneamente em 200 cidades nacionais, além de uma rede internacional) primeiro. No Cine Brasília (EQS 106/107), amanhã, a mostra infantil terá espaço em sessões às 9h30 e às 15h. Dia 27 de outubro, a mesma sala verá as mostras infantil, às 18h, seguidas das mostras nacional (às 19h) e internacional (às 20h). “As mostras sempre rendem debates, até por haver uma curadoria que abarca produção contemporânea de filmes que ainda não estão disponíveis em plataformas como YouTube, bem como produções consagradas que merecem ser revistas”, observa Fernando Gutiérrez, professor, diretor, animador e responsável pela programação do Recanto das Emas.
 
Passada a eleição, Gutiérrez idealiza agendar exibições em escolas, durante toda a semana, num total de 15 sessões. “Acho que um diferencial importante está nas atividades voltadas para os alunos, sempre participativos. Talvez, com melhoria na divulgação, tenhamos sessões menos modestas do que as do passado”, considera.

Piconzé lembra a produção de animações nacionais na década de 1970 (Ypê Nakashima/Divulgação)  
Piconzé lembra a produção de animações nacionais na década de 1970


A mostra comemorativa do Dia Internacional da Animação é realizada anualmente no Cine Brasília. (Ricardo Roehe/Divulgação)  
A mostra comemorativa do Dia Internacional da Animação é realizada anualmente no Cine Brasília.


Reflexão
 
Diante do caráter eficiente, no quesito da reflexão, o pacote de filmes de 2018 chamou a atenção de Fernando Gutiérrez. Ele explica que são produções diferentes em relação às dos grandes estúdios. “Os filmes são feitos com técnicas mais viáveis até mesmo para os alunos brasileiros. O cinema fica mais acessível e com temas próximos”, comenta. Além de recomendar o filme Homem na caixa (premiado no AnimaMundi), o professor destaca O malabarista, de Iuri Moreno. “É um filme que tem circulado por festivais internacionais. É um documentário em animação que fala do cotidiano dos malabaristas de rua”, explica.
 
Atento ao potencial de comunicação junto ao público, o organizador Ricardo Roehe dá aval especial a três títulos: Lé com cré, Piconzé e 60 segundos de oscuridad. O primeiro, segundo Roehe, traz “entrevistas com crianças sobre assuntos diversos  que foram usadas para criar um filme de stopmotion com resultados engraçadíssimos”. Já Piconzé, que terá apenas um trecho mostrado, “permite ver a qualidade do trabalho nos anos de 1970, no Brasil, e não fica atrás do que era produzido internacionalmente à época”. Por fim, a ficção científica 60 segundos de oscuridad vem baseada em cultuados quadrinhos que compõem El eternauta.
 
Com programação estabelecida para o dia 29 de outubro, em Ceilândia, a mostra feita por iniciativa da Associação Brasileira de Cinema de Animação terá como endereço a Praça do Cidadão (perto do centro, na EQNM 18/20). Integrante do programa social Jovem de Expressão, Dayana Correia (coordenadora local) conta que o grupo deixa a “porta aberta”, na busca da multiplicação do público. “O público é daqueles que frequentam o local, formado basicamente por crianças e jovens. Com outros elementos, como uso de stop motion e animação feita a partir de colagens, tudo bem diferente do 3D habitual, se desperta no público linguagens a disposição por produtos nem tão comerciais quanto aquele visto na tevê, por exemplo”, conclui.
 

Torre é animação para asultos sobre a ditadura (Estudio Teremim/Divulgação)  
Torre é animação para asultos sobre a ditadura

O evento, em Brazlândia
A cargo do Cineclube Confabule, com supervisão de Antônio Balbino, a 15ª edição do Dia Internacional da Animação estará em Brazlândia, em 8 de novembro, às 20h, com programação na Orla do Lago Veredinha (perto do Museu de Arte). Entre os filmes listados, Balbino comenta dois: 8 patas, de Fabrício Eduardo Rabachin, Gabriel Barbosa e Pietro Leonardo Nichelatti Nicolodi, e Torre, de Nádia Mangolini.
“8 patas retrata um medo comum a muitos: aranhas. Mas o legal nele é a mensagem de que podemos enfrentar nossos medos”, afirma Antônio. Sobre Torre, ele comenta que “em tempos tão duvidosos é sempre importante ouvir os relatos de outros tempos espinhosos, como o da ditadura.”


15ª edição do Dia Internacional da Animação
A partir de amanhã, no Cine Brasília (106/107 Sul). Sessões gratuitas às 9h30 e às 15h. Consulte a programação e a classificação indicativa no roteiro.
 
Grand Prix Animarte! Brasília 2018
Caixa Cultural Brasília (SBS Q. 4; 3206-9448). Até o próximo domingo, com sessões às 14h30 e às 16h. Entrada franca (com recebimento de doações opcionais de brinquedos destinados a ONG). Consulte a programação e a classificação indicativa no roteiro


Invisible é uma das produções exibidas nesta edição do Animarte! (Assessoria Um Nome/Divulgação)  
Invisible é uma das produções exibidas nesta edição do Animarte!

Quarenta países animados

A nova edição do festival de animação Grand Prix Animarte! trará para a cidade seleção do melhor da produção mundial aos espectadores. Serão exibidos 294 filmes na Caixa Cultural, realizados por jovens de 41 países. As obras estão espalhadas por 14 sessões, sob quatro blocos, em programação que segue até domingo. Abertas ao público, ocorrerão ainda oficinas de stop motion, animação com recortes e linguagem experimental.
 
“O objetivo é promover uma formação de público e de profissionais. Além disso, tem toda a discussão temática: neste ano, falamos sobre sustentabilidade, uma questão importante. A maioria dos filmes não está disponível na internet, nem nos cinemas, e por isso eles são muito valiosos. As pessoas têm a chance do contato com filmes que fogem do convencional, e isso tem a ver com a visão do jovem, que tem uma produção mais criativa, sempre ancorada em temas sociais, políticos” explica Alexandre Juruena, diretor do Animarte.! O braço brasiliense do festival faz parte da forma itinerante do Animarte!, que neste ano tem como sede o Rio de Janeiro, passando ainda por São Luiz e São Paulo.
 
Intercâmbio
 
O aspecto da internacionalização do cinema na capital é destacado por Alexandre Juruena. Ele aponta o intercambio cinematográfico como uma das bases do festival que chega à 13ª edição: “Os jovens brasileiros só têm a ganhar com essa integração, há um ganho cultural por ter contato com esses costumes e formas de ver o cinema e a animação mundo afora. Uma das bandeiras do festival é o ensino do audiovisual, desde as idades mais tenras, e afunilamos a popularização da linguagem da animação por meio da produção internacional”.
 
A atual edição demonstra que o Brasil não apenas recebe o que é feito lá fora, mas se posiciona como importante polo de produção. “O festival está se popularizando cada vez mais na cena internacional. Este ano foram em torno de 1500 inscrições, com países de todos os continentes: houve recorde. Há ainda a novidade de o festival ter convidado internas do centro de detenção feminino de Brasília para participar das oficinas, e esperamos que essa experiência seja positiva para elas. O cinema é uma importante forma de educação também”, acrescenta Juruena.
 
* Estagiário sob a supervisão de Vinicius Nader.
 
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Correio Braziliense segunda, 22 de outubro de 2018

ATOA PRÓ BOLSONARO EM TODO O PAÍS

 


Atos pró Bolsonaro em todo país
 
Em Brasília, manifestantes se concentraram na Esplanada dos Ministérios, mesmo com risco de chuva. Em outras 56 cidades de São Paulo, Rio, Minas, Goiás, e em capitais de estados do Nordeste, apoiadores também saíram as ruas

 

LUCAS VALENÇA
ESPECIAL PARA O CORREIO

Publicação: 22/10/2018 04:00

 

Encontro brasiliense começou de manhã em frente ao Museu Nacional (Barbara Cabra/Esp.CB/D.A Press)  
Encontro brasiliense começou de manhã em frente ao Museu Nacional

 

Em carreata, apoiadores de Jair Bolsonaro (PSL) contornaram a Esplanada dos Ministérios. Os manifestantes se reuniram do Museu Nacional e seguiram em direção ao Congresso Nacional, onde tiveram de aguardar até que uma das pistas fosse liberada. Horas antes, uma corrida de 21 quilômetros — meia-maratona —, acontecia no local. Carreatas e manifestações foram vistas em diversas cidades do país.

Em Brasília, três carros de som foram utilizados na manifestação de apoio a Bolsonaro que, na avaliação dos organizadores, reuniu cerca de 100 mil pessoas. A Polícia Militar não avaliou o público. José Alves, de 55 anos, um dos organizadores, disse que a possibilidade de chuva não impediu os apoiadores de irem ao movimento. “O povo está unido, faça chuva ou faça sol não vai fazer a diferença. O importante é estarmos imbuídos de mudarmos a história de nosso país”, afirma.

Vestido com as cores verde e amarelo, o psicólogo Alexandre Dantas, de 56 anos, disse ter “certeza absoluta” de que o capitão reformado sairá vitorioso nas eleições, Dantas explicou que duas propostas levaram-no a votar em Bolsonaro. A primeira é a redução da maioridade penal para 16 anos. Já a segunda, é relacionada à seca enfrentada há séculos pela região Nordeste. “Há uma proposta do Bolsonaro no sentido de trazer tecnologias israelenses para acabar com a seca que devasta aquela população”, contou.

Além de Brasília, manifestações a favor de Bolsonaro, também foram 56 cidades do país.

 Em São Paulo, os movimentos aconteceram nas cidades de Jundiaí, Araçatuba, Mogi das Cruzes e Santa Isabel, além da capital paulista. No Rio de Janeiro, parcela da população esteve na praia de Copacabana. Capitais nordestinas — Recife (PE), Salvador (BA) e Maceió (AL) — também tiveram a presença de apoiadores do candidato, assim como em Belém e várias cidades de Minas Gerais, Goiás e Amazonas.

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Correio Braziliense domingo, 21 de outubro de 2018

AFFONSO HELIODORO DOS SANTOS: O ADEUS A UM DOS ÚLTIMOS PIONEIROS

 

O adeus a um dos últimos pioneiros
 
Morreu ontem, aos 102 anos, Affonso Heliodoro dos Santos, último remanescente da equipe de JK. Ele foi subchefe do Gabinete Civil da Presidência, participou da criação da capital, criou o Memorial JK e esteve à frente do Instituto Histórico e Geográfico do DF por 20 anos

 

Pedro Grigori
Jairo Macedo
Especiais para o Correio

Publicação: 21/10/2018 04:00

Mineiro criou memorial em homenagem ao amigo e o comandou até 1997 (Daniel Ferreira/CB/D.A Press - 27/8/10)  
Mineiro criou memorial em homenagem ao amigo e o comandou até 1997



 
Brasília perdeu, na manhã de ontem (20), um dos últimos de seus pioneiros. Affonso Heliodoro dos Santos, conhecido como coronel Affonso, morreu em Belo Horizonte (MG), aos 102 anos. Hospitalizado desde a última quinta-feira (18) na capital mineira, ele faleceu em decorrência de problemas no coração e fraqueza por causa da idade avançada. Amigo de Juscelino Kubitschek desde a juventude em Diamantina (MG), ele era o último integrante vivo da equipe principal do ex-presidente da República. Advogado e escritor, ocupou o cargo de subchefe do Gabinete Civil da Presidência durante o governo JK, de 1957 a 1961, e trabalhou direta e decisivamente na construção de Brasília. O velório ocorrerá hoje, no Cemitério da Colina, em Belo Horizonte. A pedido dele, o corpo será cremado.
 
Heliodoro nasceu em 16 de abril de 1916. Conheceu Juscelino ainda criança e chegou a ser aluno da mãe de JK, Júlia Kubitschek, que foi professora primária em Diamantina. Ele se formou bacharel em direito pela antiga Faculdade Nacional do Rio de Janeiro, na capital fluminense. Em 1933, aos 17 anos, ingressou na Força Pública, como era chamada a Polícia Militar de MG à época. Em 1951, Heliodoro assumiu o Gabinete Militar no governo do estado, quando Juscelino se elegeu governador. Cinco anos depois, estava ao lado do então presidente quando foi assinado o documento que pedia ao Congresso Nacional a criação da nova capital no coração do Centro-Oeste, em 1956. Naquele mesmo ano, Affonso Heliodoro visitou, pela primeira vez, a região onde Brasília seria construída.
 
“Para nós, da família Kubitschek, foi o melhor dos amigos”, declarou o empresário e ex-político Paulo Octávio, marido da neta do ex-presidente, Anna Christina Kubitschek. “Um homem dedicado à história de Juscelino, companheiro dele e grande defensor da construção de Brasília. Affonso Heliodoro dos Santos soube honrar, com a maior das humildades, todo o legado dos pioneiros que construíram a Capital Federal.” O governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, sintetizou a trajetória do pioneiro como “uma vida centenária dedicada ao país e a Brasília”. Em nota, Rollemberg o descreveu: “Homem simples, de gestos firmes, escreveu sua trajetória militar e política ao lado do fundador da capital do Brasil, Juscelino Kubitscheck, de quem foi um amigo leal e companheiro da epopeia de construção de Brasília. Tive o privilégio de conhecê-lo, me tornar seu amigo e poder ouvir dele relatos da fantástica jornada de construção de Brasília”.

Dedicatória de Juscelino a ele em livro ( Daniel Ferreira/CB/D.A Press - 27/8/10)  
Dedicatória de Juscelino a ele em livro


Família e amigos
 
Aos 7 anos, Heliodoro perdeu o pai, delegado, durante uma investigação policial em Salinas, no norte do estado. A partir de então, a mãe criou, sozinha, os oito filhos do casal. 95 anos mais tarde, ele partiu, deixando três filhos, 12 netos e bisnetos. “Meu avô era um quadro pintado pelos deuses para a família”, diz o neto Pedro Ivan Tupy Filho, 48 anos. “Convivi muito com ele e posso dizer que tive dois pais na vida”, afirma o empresário. Quanto à atuação pública, Pedro afirmou: “Ele foi de grande importância para nosso país, para Brasília e para o momento de desenvolvimento do país. Apesar de não ter vivido naquela época, sei que até hoje as grandes obras construídas por ele e a equipe de Juscelino Kubitschek ainda perduram”.
 
Adirson Vasconcelos, jornalista, historiador e ex-presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal, órgão que o coronel também presidiu, lembrou o espírito de ação do pioneiro. “Cada obra de JK, a partir de seu lançamento, tinha começo, meio e fim previstos. Dentro dos princípios administrativos mais modestos, essa meta se submetia a um cronograma rigoroso. É aí que entra Affonso Heliodoro, a pessoa no governo pronta para isso”, descreve. Para o advogado Paulo Castelo Branco, amigo de Affonso, o coronel foi uma grande personagem de Brasília e do Brasil, fundamental para a criação da capital e um dos responsáveis pelo plano de metas de JK. “Uma das pessoas mais bem-humoradas que conheci, boa gente, sempre falante e cordial”, lembra. “Ele tinha também a admiração de todos pela sua lealdade à família Kubitschek, não só ao Juscelino, mas também à Sarah, à Márcia, à Anna Cristina, minha mulher. É como se fosse um pai para elas”, acrescenta Paulo Octávio.

Coronel:  
Coronel: "Eles (militares) eram visceralmente contrários a Juscelino Kubitschek"


Companheirismo
 
Após a presidência de Juscelino Kubitschek, Affonso Heliodoro manteve-se ao lado do amigo nos momentos mais críticos de sua vida. Em matéria do Correio por ocasião de seu centenário, Heliodoro lembrou que os planos de JK contrariavam diversos interesses, em especial os norte-americanos. “Eles não tinham interesse no desenvolvimento do país, por isso, eram visceralmente contrários a Juscelino”, disse. Quando o Golpe Militar se tornou realidade, ele estava junto a Kubitschek no apartamento dele no Rio de Janeiro. “Ficamos atordoados com a notícia, mas ainda não tínhamos noção do alcance daquele atentado à democracia”, afirmou.
 
JK permaneceu como senador até 8 de junho de 1964, quando teve os direitos políticos cassados pelo então presidente Castello Branco. Dias depois, embarcou para exílio voluntário na Europa e nos Estados Unidos. Nesse período, o coronel esteve com o velho amigo em Paris. “Foi muito importante a presença dele, era um verdadeiro irmão. Kubitschek dizia que se sentia exilado e deprimido fora do país, mas a presença de Affonso alegrava qualquer ambiente”, recorda Adirson Vasconcelos. Ele confidencia que Juscelino descrevia o amigo como “meu Cirineu”, em alusão ao personagem bíblico que ajudou Jesus a carregar a cruz.

Com a esposa, Maria da Conceição Cabral  (Carlos Vieira/CB/D.A Press - 28/12/15)  
Com a esposa, Maria da Conceição Cabral


História viva
 
De volta ao DF, Heliodoro liderou a criação do Memorial JK, em 1981, o qual comandou até 1997. Anna Christina Kubitschek, neta do ex-presidente e atual presidente do Memorial, lamentou, em nome da instituição, “a perda do amigo, pioneiro e conselheiro, coronel Affonso Heliodoro”. Ela o descreve como “um homem que construiu uma história de amor ao Brasil e em especial a Brasília, essa cidade símbolo da capacidade realizadora dos brasileiros”, afirmou Anna Christina. “Sempre que eu promovia algum evento com pessoas que ajudaram na construção da Capital Federal, eu o convidava para fazer alguma palestra e contar sobre essa epopeia bonita que foi Brasília”, recorda Paulo Octávio. “Ele conhecia todos os detalhes, todas as adversidades pelas quais JK passou. Ele tinha uma memória prodigiosa e dava uma aula. Era um verdadeiro professor da história de Brasília. É um dos heróis de Brasília.”
 
Coronel Affonso presidiu o Instituto Histórico e Geográfico do DF por 20 anos. “Ele era a alma do instituto”, descreve William Dálbio de Carvalho, atual 1º vice-presidente do órgão. “O papel do instituto é o da preservação da memória de Brasília e, quanto a isso, ele atuou de maneira decisiva, porque viveu a construção intensamente. Mesmo quando deixou a presidência, continuou presente”, diz. O coronel ainda encontrou tempo para escrever oito livros, entre ficção, crônicas e memórias de Brasília e do amigo JK. “Décadas depois, Affonso ainda amava Brasília, enxergando seu papel desenvolvimentista na região Centro-Oeste, antes desértica. A capital passou a interligar o Brasil de norte a sul, abrindo estradas e promovendo a integração nacional”, conclui, emocionado, Adirson Vasconcelos.
 
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Correio Braziliense sábado, 20 de outubro de 2018

MAIS PANCADAS DE CHUVA

 

Mais pancadas de chuva
 
 
No dia mais chuvoso da primavera, brasilienses enfrentaram ruas alagadas, com acidentes e carros atolados, ontem. Fim de semana terá novas tempestades

 

» AUGUSTO FERNANDES
ESPECIAL PARA O CORREIO

Publicação: 20/10/2018 04:00

Uma árvore caiu sobre dois veículos e atingiu a rede elétrica, no Paranoá (CBMDF/Divulgação)  
Uma árvore caiu sobre dois veículos e atingiu a rede elétrica, no Paranoá
 
Após um longo período de temperaturas elevadas e baixa umidade, o Distrito Federal sofreu com tempestades ontem. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as precipitações chegaram à 39,6 milímetros, o sexto maior índice de 2018, e foi o dia mais chuvoso da primavera, que começou em 22 de setembro.

Segundo informações do Inmet, não chovia tão forte assim desde 16 de abril, quando o órgão registrou 50mm de precipitações. Só com as chuvas de ontem, outubro ultrapassou as marcas de maio (11mm), junho (0mm), julho (0mm), agosto (21,1mm) e setembro (38,6mm). A tendência é que os temporais continuem neste fim de semana.

“A partir de agora, os brasilienses terão de se acostumar com as chuvas. A primavera é uma época de transição entre a seca e o período chuvoso. Por isso, nas primeiras semanas tivemos altas temperaturas, mas agora, com a estação chegando à metade do seu tempo de duração, as precipitações serão mais frequentes”, explicou a meteorologista do Inmet Maria das Dores de Azevedo.

A meteorologista disse ainda que as chuvas serão mais constantes é a média histórica de precipitações em outubro é de 159,8mm. “Este é um mês que costuma ser chuvoso. Portanto, será normal, daqui em diante, mais ocorrências de chuvas, incluindo tempestades com granizo, ventos fortes e descargas elétricas”, acrescentou.

Para hoje e amanhã, a previsão é de céu nublado a encoberto com pancadas de chuva e trovoadas. A temperatura não deve subir muito, e vai variar de 18ºC a 26ºC neste sábado, e de 18ºC a 24ºC, amanhã.
 
Lamaçal
 
As chuvas de ontem foram tão fortes que o Inmet emitiu um alerta meteorológico de perigo. Nesse grau de risco, as tempestades são acompanhadas de ventos entre 60 e 100km/h e há possibilidade de corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores e alagamentos. Em Vicente Pires, por exemplo, diversas ruas foram tomadas pela água.

Um ônibus da empresa São José atolou na Rua 10 e só foi retirado do local mais de quatro horas depois. Motorista do coletivo, William Rocha, 41 anos, disse que transportava cerca de 50 passageiros quando a parte dianteira do veículo “simplesmente afundou no asfalto”.

“Não tinha buraco algum na pista, mas, de repente, o asfalto cedeu. Ainda bem que eu estava devagar, caso contrário, teria arrancado toda a suspensão do ônibus. Em 17 anos como motorista, nunca tinha passado por uma situação como essa”, lamentou. O para-choque do veículo ficou danificado.

Vendedor em uma loja de serviços automotivos, Odelson Lopes, 30, deixou o trabalho de lado para limpar a lama que entrava na oficina. Segundo ele, a situação se repete todas as vezes que acontece uma forte enxurrada na cidade. “É lamentável e até desumano. Perdemos quase o dia inteiro só por conta da chuva”, disse. “O pior de tudo é que esse problema não será resolvido tão cedo”, queixou-se.
 
Prejuízos
 
Os incômodos se repetiram em outros pontos do DF. Na Quadra 6 do Paranoá, uma árvore caiu sobre dois veículos e atingiu a rede elétrica, mas não deixou feridos. No Gama, dois acidentes automobilísticos aconteceram próximo ao Presídio Feminino. Em um deles, um homem de 37 anos capotou com um caminhão e foi ser transportado ao Hospital Regional do Gama com dores na região da coluna vertebral e escoriações.

Em Águas Claras, a chuva provocou um curto-circuito em uma escola, na Rua 14. Um cabo subterrâneo da instituição de ensino foi danificado, o que causou pequenas explosões, provocando pânico em estudantes e professores. O colégio precisou ser evacuado e as aulas da tarde foram canceladas. Mesmo assim, ninguém se feriu e a estrutura do prédio não sofreu danos.

O Corpo de Bombeiros atendeu duas ocorrências no Plano Piloto. Na mais grave, uma mulher de 25 anos bateu o carro na traseira de um ônibus escolar, a poucos metros da Ponte Juscelino Kubitschek. Ela contundiu o rosto e sofreu uma hemorragia no nariz. Após os primeiros socorros, os militares a levaram ao Hospital de Base.


Aguaceiro

Os dias mais chuvosos do ano
8 de fevereiro  80mm
5 de março   62mm
4 de fevereiro   52mm
16 de abril   50mm
4 de abril   48mm
19 de outubro   39,6mm
 
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Correio Braziliense sexta, 19 de outubro de 2018

ELES CONTROLAM OS ARES

 


Eles controlam os ares
 
Conheça a rotina de homens e mulheres que passam o dia de olho nos computadores, nas pistas do aeroporto e no céu para garantir a segurança dos pousos e decolagens na capital

 

» Marcus Lacerda
Especial para o Correio

Publicação: 19/10/2018 04:00

Quem trabalha na torre lida visualmente com os aviões, observando aterrissagens, decolagens e o taxiamento (Minervino Junior/CB/D.A Press)  
Quem trabalha na torre lida visualmente com os aviões, observando aterrissagens, decolagens e o taxiamento
 


“Senhores passageiros, preparar para decolagem”, diz o piloto com voz calma e transmitindo segurança. Com uma mão nos instrumentos do avião, ele fica de ouvido ligado nas instruções que lhe são passadas. Apesar de ter todo um horizonte à frente, ao longo da trajetória de sua rota, vai contar com a ajuda de homens e mulheres que o observam por telas com círculos e números que dizem se está tudo bem ou se alguma medida deve ser tomada, até que o avião pouse e seus passageiros e tripulação desçam dele. “Se um avião tiver uma pessoa, o piloto só, ele já é importante para nós”, garante o capitão da Aeronáutica André Buarque, com 30 anos de experiência. Amanhã é comemorado o Dia do Controlador de Voo, profissionais que cuidam da segurança de aeronaves da pista aos ares para as pistas de volta.
 
Em Brasília, os controladores de tráfego aéreo da Força Aérea Brasileira (FAB) trabalham no Primeiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta I), localizado nas dependências do terminal administrado pela Inframerica. O sistema funciona 24 horas e os controladores se revezam em turnos de sete horas e meia ou nove horas de trabalho.
 
Antes de ingressar na FAB, o candidato a controlador precisa ser aprovado em concurso público. Os aprovados no processo seletivo passam pela fase de capacitação, que inclui a adaptação à atividade militar e o curso de controlador de tráfego aéreo em escolas especiais. Entre outras habilidades exigidas, é necessário ter um conhecimento amplo em meteorologia, navegação aérea, geografia, inglês, amplo conhecimento de aeronaves e também de todas as normas de tráfego aéreo.
 
Organização
 
Ao contrário do que a imaginação popular desenha, os controladores de voo não trabalham só nas torres de aeroportos. Na verdade, aqueles que trabalham nesse lugar específico lidam visualmente com as aeronaves observando aterrissagens, decolagens e o taxiamento dos aviões. Outro controlador de voo com o qual os pilotos contam são os que trabalham nos Centros de Controle de Aproximação. Em um raio de 40 milhas (cerca de 64km), eles organizam a fila de aviões que sobe e desce dos aeroportos. “As aeronaves devem ser mantidas a no mínimo 1.000 pés de distância uma da outra, isso é um pouco mais de 300 metros”, explica Iveh Rocha, controladora de voo e 2ª sargento da Aeronáutica.
 
A terceira peça no controle de voo é o controle de área, realizado no Brasil em quatro perímetros. O Centro de Controle de Área em Brasília cobre boa parte de Minas Gerais, de São Paulo, do Mato Grosso, Rio de Janeiro e Espírito Santo. “Temos a área com maior fluxo de voos, apesar de ser uma das menores”, pontua o controlador e 2º sargento Raphael Almeida. Contando com equipamentos, eles mantêm os aviões em rota e alertam para eventualidade de clima. “Mesmo vendo aqui, nós dependemos do piloto nos dizer se a nuvem está acima ou abaixo dele”, explica o capitão André Buarque. Na tela do equipamento, cada aeronave aparece como um círculo e junto a ela sua identificação, matrícula, velocidade (em nós) e altura (em pés).
 
Confiança
 
No decorrer de um voo, a aeronave começa no solo sob a responsabilidade do controlador de voo da torre. Uma vez que a torre não tenha mais contato visual, um controlador em um centro de aproximação vai guiá-lo na sequência de aviões que saem dali. Já em altitude de cruzeiro, ele passa a receber instrução de outro controlador, este num centro de controle de área. Quando da descida, essa ordem se inverte.
 
A relação entre controladores de voo e pilotos depende de muita confiança. “A gente também depende de informações de pilotos para atualizar os outros pilotos”, comenta o capitão Buarque. Por esse mesmo motivo, controladores e pilotos são levados a terem contato com os ambientes de trabalho um do outro: o controle e a cabine. “O intercâmbio de conhecimento é muito bom, porque a gente consegue entender quais são as necessidades da aviação hoje por meio dos pilotos, e eles podem observar nossa linha de raciocínio”, aponta a 2ª sargento Iveh Rocha.
 
O trabalho dos controladores varia muito com o fluxo do tráfego aéreo. “Quando há maior demanda, precisamos tomar medidas para o controle de fluxo, como redução da velocidade das aeronaves em voo e suspensão das decolagens em terra. Mas num ritmo tranquilo, a gente trabalha muito com antecipação. Se der para agilizar o voo, a gente vai fazer”, afirma a 2ª sargento Iveh.
 
O capitão André Buarque faz uma analogia do controle de tráfego aéreo com um cruzamento de vias numa cidade. “Você tem um cruzamento que não tem muito tráfego, você não precisa botar nada lá. Começou a aumentar um pouco, você coloca uma sinalização, um semáforo, tem de tomar conta desse cruzamento para não ter acidente. A mesma coisa acontece com os aeródromos”, compara o oficial.

Iveh Rocha pretednia ser piloto, mas se realizou como controladora   (Minervino Junior/CB/D.A Press)  
Iveh Rocha pretednia ser piloto, mas se realizou como controladora


Raphael Almeida: reponsabilidade pela área com maior número de voos (Minervino Junior/CB/D.A Press)  
Raphael Almeida: reponsabilidade pela área com maior número de voos


Tecnologia
 
Com 30 anos lidando com controle de voo, André Buarque chegou a lidar com a aviação sem radares. “A gente controlava apenas pela frequência de rádio. O básico do controle de voo é você ter o contato de rádio com a aeronave. A gente preenchia uma ficha com as informações do plano de voo e controlava as aeronaves assim”, conta o capitão.
 
O capitão André Buarque lembra, com bom humor, dos primeiros contatos com o radar. “A tela era monocromática. A gente costumava dizer que o controlador de voo podia ser daltônico”. Hoje, o sistema agrega informações de condição das aeronaves por cores, tais como transferência de nave entre controladores, pouso, decolagem, situação de perigo.
 
Em 29 de setembro de 2006, o voo 1907 da Gol que ia de Manaus até o aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, com escala em Brasília chocou-se com um jato Embraer Legacy 600. O acidente vitimou 154 pessoas, sem sobreviventes. André Buarque lembra de estar no controle do Cindacta 1 no dia do acidente, e vê nele um ponto de mudança no trabalho da equipe do controle. “Após aquele acidente, nosso nível de atenção aqui subiu e nosso maior trabalho é nos manter sempre alertas”, afirma o capitão.
 
Para minimizar a possibilidade de erro, na sala do controle de tráfego aéreo do aeroporto de Brasília, o foco é apenas no trabalho. Há inclusive uma placa alertando sobre a proibição de usar celular. Também não há permissão para aparelhos de TV ou de rádio.
 
Mulheres
 
Mais da metade do efetivo do controle no Cindacta I é composto por mulheres. Iveh Rocha cresceu voando de ultraleve com o pai no Rio Grande do Sul. Pretendia ser piloto, mas encontrou na carreira de controladora de voo uma realização. “A gente sente muita satisfação vendo que a gente está mantendo as pessoas seguras enquanto estão voando. Sempre que eu estou controlando, eu imagino que seja um ente querido meu que está voando”, ela diz.
 
Segundo o capitão Buarque, houve um tempo em que os pilotos eram críticos a controladoras de voo. “Você tinha um pessoal que falava que mulher não dava conta. Hoje já se vê que é notável o quanto elas têm atenção e prestam atenção a detalhes”, o veterano pontua. A 2ª sargento Iveh não vê muitos problemas na carreira enquanto mulher. “A gente se sente muito entrosada com a equipe, os pilotos já estão acostumados a ouvir nossa voz e têm muitas mulheres pilotando.”
 
 
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Correio Braziliense quinta, 18 de outubro de 2018

NEIL ARMSTRONG: INTERMINÁVEL JORNADA PARA A HUMANIDADE

Interminável jornada para a humanidade
 
Não é apenas o passo definitivo para o homem que fez de Neil Armstrong um ícone mundial. A força central do roteiro de O primeiro homem: o filme, com estreia hoje, transpira dramas pessoais

 

Ricardo Daehn

Publicação: 18/10/2018 04:00

 (Jessica Quinalha /NBCUniversal
)  
 
 
Num cenário promissor, O primeiro homem, filme em torno da corrida espacial dos anos de 1960, aglomera talentos de peso — dirigido pelo mais jovem vencedor do Oscar de melhor diretor Damien Chazelle. O longa ainda inclui o astro de La la land (criado por Chazelle, em 2016, com direito a seis estatuetas douradas) Ryan Gosling, ao reafirmar um ícone inconteste de todo e qualquer livro de viagem espacial: Neil Armstrong, o pioneiro astronauta a pisar o solo lunar. Cineasta da obsessão moderna na sétima arte — à frente de filmes como Whiplash — Em busca da perfeição (2014) e do musical de coreografias milimetradas La la land, Damien Chazelle recorreu, por exemplo, ao instrutor Frank Hughes, a serviço da Nasa no treinamento de Armstrong, para dar dicas para a preparação do protagonista Ryan Gosling, desde já a caminho de possível terceira indicação ao Oscar de melhor ator.
 
Tendo por produtores executivos um punhado de profissionais de cacife, entre os quais Steven Spielberg e Adam Merins (Em ritmo de fuga), O primeiro homem recria momentos repletos de tensão, ao abordar a inaugural investida do homem rumo à Lua. “Se alguma pessoa falhasse, o projeto fracassaria”, sublinhou em material de divulgação do filme Marty Bowen (o mesmo da saga Crepúsculo), produtor alinhado, em função, a Wyck Godfrey (do sucesso A culpa é das estrelas). Até a consumação da missão Apollo 11, os espectadores do filme não deparam apenas com obstáculos tecnológicos. O primeiro homem abraça muitos dramas pessoais experimentados por Neil Armstrong ao lado da mulher dele, Janet (interpretada por Claire Foy, presente na série The crown).
 
Historiador dos ramos da ciência e da tecnologia, James R. Hansen foi outro nome a estruturar a transposição para as telas de oito anos essenciais na trajetória de Neil Armstrong, que culminaram no feito máximo de chegar à Lua, em 1969. Antes da morte do astronauta, em 25 de agosto de 2012, o autor Hansen quebrou a reticência do recluso personagem da história mundial, que permitiu e colaborou para a escrita de uma biografia. O primeiro homem chega aos cinemas sob a cuidadosa tutoria indireta de Mark e Rick, filhos de Armstrong, capazes de talharem uma imagem menos endeusada do pai, mas, nem por isso, desatenta da capacidade de ele enfrentar obstáculos.
 
“As cápsulas espaciais eram frágeis e muito apertadas: imperava uma tecnologia primitiva”, simplificou o ator Ryan Gosling à imprensa estrangeira, ao falar dos desafios reais de Armstrong. Sob viés, por momentos, documental, o longa chega aos cinemas, com a declarada pretensão de Damien Chazelle de “enfatizar o quanto era assustador viajar para o espaço”. No campo técnico, O primeiro homem reúne nomes como Linus Sandgren (de A trapaça), diretor de fotografia, e Tom Cross (Joy: o nome do sucesso), responsável pela edição.
 
Tranquilidade, em face ao risco, e um foco ilimitado no trabalho estão entre as qualidades ressaltadas pelo produtor Wyck Godfrey, quando ele divaga sobre a figura central de O primeiro homem. “Ele ocupava a cabine de comando e tomava decisões instantâneas”, já demarcou Godfrey, ao contar da capacidade de Armstrong suplantar adversidades, especialmente aquelas de escala privada. O roteiro do filme foi criado por Josh Singer, mestre de intrigas e tensões presentes em filmes como Spotlight — Segredos revelados e The Post — A guerra secreta.
 
A vida doméstica de Neil Armstrong também ocupa muito da tela, com a presença da esposa dele, Janet (papel de Claire Foy) (Jessica Quinalha /NBCUniversal
)  
A vida doméstica de Neil Armstrong também ocupa muito da tela, com a presença da esposa dele, Janet (papel de Claire Foy)
 
Pés na Lua e na cozinha
 
Com acesso a mais de 700 páginas de pesquisas para a elaboração do livro assinado por James R. Hansen, Ryan Gosling abriu na equipe a frente de caminho entre “a cozinha (numa referência da vida doméstica de Armstrong) e Lua”, alvos para a certeira caracterização do protagonista. Se a missão que encerrava “loucura e perigo” (nas palavras de Ryan) foi cumprida, Damien Chazelle dissecou em filme os programas da Nasa atrelados à base do Cabo Canaveral, sem perder de vista o impacto emocional do ineditismo de cada missão (fosse da fase da Gemini ou da Apollo), dando ênfase às “batidas de coração” inerentes aos feitos nunca experimentados.
 
Para além da unidade de trabalho entre ator e diretor (incrementada na dinâmica de improvisos no roteiro), a recriação da vida de Armstrong, por Gosling, esbarrou em semelhanças notadas pelo escritor no próprio ator: “Ryan é introspectivo, metódico, quieto e modesto”, comentou a publicações internacionais. Representados em cena, os astronautas Buzz Aldrin (segundo homem a pisar na Lua, e interpretado por Corey Stoll) e Mike Collins (Lukas Haas, de A testemunha) não ganham demasiada relevância, mesmo tendo sido colegas de voo de Armstrong.
 
Dono de destino trágico, Ed White (personagem pioneiro, feito por Jason Clarke) ganha destaque, junto com o piloto espacial Roger Chaffee (Corey Mitchel Smith) e o terceiro homem a pisar na Lua, Pete Conrad (Ethan Embry). Interessante também é notar a inclusão na produção de duas peças musicais: Lunar Rhapsody (uma das favoritas do astronauta em pauta) e Egelloc, um musical que ele mesmo criou, nos tempos da juventude. O premiado compositor Justin Hurwitz (de La la land) assina a trilha sonora da fita.
 
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Correio Braziliense quarta, 17 de outubro de 2018

JUSTIÇA ELEITORAL: GUERRA PERDIDA CONTRA AS FAKE NEWS

 

Guerra perdida contra as fake news
 
Justiça Eleitoral não consegue impedir a propagação de notícias falsas, principalmente, pelo WhatsApp, aplicativo em que é quase impossível acessar conteúdos. Até a presidente do TSE foi alvo de mensagem intimidatória

 

» Renato Souza
» Lucas Valença
Especial para o Correio

Publicação: 17/10/2018 04:00

Polícia Federal vai investigar mensagem de tom intimidatório encaminhada por internauta à ministra Rosa Weber (Evaristo Sá/AFP)  
Polícia Federal vai investigar mensagem de tom intimidatório encaminhada por internauta à ministra Rosa Weber


O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não conseguiu segurar a onda de notícias falsas nas eleições deste ano. A avaliação interna dos ministros da Corte é que a guerra contra as fake news foi perdida. Esse cenário ficou evidente com a quantidade de notícias inverídicas que circularam no último dia 7, quando 117 milhões de brasileiros foram às urnas no primeio turno de votação. Uma videoconferência realizada ontem com representantes do WhatsApp revelou que a situação é ainda mais séria, pois os dirigentes do aplicativo disseram que não é possível controlar as mensagens que circulam entre os usuários.

A boataria que se espalha na rede atingiu até a presidente do Tribunal, ministra Rosa Weber. Em uma mensagem enviada à Corte por meio de uma rede social, um internauta afirma que o candidato “Jair Bolsonaro já está eleito” e que haverá reações se isso não se confirmar no resultado da apuração. “Espero que a senhora fique de olho. E só um aviso, com todo respeito”, diz um trecho da mensagem. A Polícia Federal vai abrir inquérito para investigar o caso.

Essa é a primeira vez que a ministra Rosa Weber é citada diretamente em uma mensagem intimidatória enviada ao TSE. Inicialmente, a PF vai avaliar se o perfil do internauta que mandou o texto descreve um cidadão real ou se as informações foram inventadas para confundir as autoridades. Notícias falsas relacionadas a uma suposta paralisação dos caminhoneiros em reação ao resultado da votação tem se espalhando com intensidades nas redes sociais. Os casos revelam o fracasso da Corte e das autoridades em combater as chamadas fake news, que se espalham com mais força durante o período eleitoral.     

O aplicativo WhatsApp é o preferido de quem cria ou repassa informações inverídicas relacionadas à política. Ontem, após a videoconferência entre integrantes do Conselho Consultivo do TSE e representantes da empresa, o vice-procurador-geral eleitoral, Humberto Medeiros, falou da impossibilidade de combater, principalmente, as informações compartilhadas pelo aplicativo. “Eles se propuseram a oferecer para o TSE algumas ferramentas que não estão disponíveis ao usuário. Mas disseram que o sigilo das mensagens compartilhadas entre os usuários é tão sagrado que nem mesmo eles têm acesso. A própria configuração do WhatsApp torna difícil implantar outras ferramentas usadas em outras redes sociais, como a checagem dos fatos”, disse.    

Professor e pesquisador em comunicação da Universidade Federal de Santa Catarina, Nilson Lage diz que o fenômeno das fake news tem afetado todos os países. Aconteceu na eleição americana, que elegeu Donald Trump, e na votação do Brexit, que levou a Inglaterra a deixar a União Europeia. No Brasil, houve a criação e o fortalecimento da chamada indústria da falsificação da informação. “Tornou-se mesmo uma indústria, importada dos EUA, e que gera muito dinheiro”, explica.

Lage, no entanto, acredita que o Judiciário brasileiro tem sido omisso no combate às notícias falsas. Para ele, quando interfere, o TSE atua no sentido de retirar conteúdo de todos os lados para se mostrar imparcial. “O TSE havia anunciado uma campanha contra as fake news, mas não fez nada. Tem se mantido omisso. A interferência dele, quando ocorre, é pontual”, critica o estudioso.

Para o professor, há uma cumplicidade em lidar com as notícias falsas de toda a sociedade. Assim, parece que o Estado não sabe como lidar com a situação. “Isso é algo que sempre existiu, mas que atinge agora uma dimensão inimaginável, pelos mecanismos que temos hoje”.


Remoção 

O TSE determinou a exclusão das redes sociais de  postagens que atingiam o candidato Jair Bolsonaro, do PSL, e Fernando Haddad, do PT.  No caso do chamado “kit gay”, amplamente criticado por Bolsonaro, o ministro Carlos Horbach considerou que o conteúdo não pode ser ligado a Haddad, pois jnão chegou a ser distribuído nas escolas. Bolsonaro, por sua vez, foi acusado de ter votado contra a Lei Brasileira de Inclusão, mas o projeto foi aprovado por unanimidade no Congresso 


YouTube sai do ar

Usuários de várias partes do mundo tiveram problemas com a rede de compartilhamento de vídeos YouTube na noite de ontem. Por conta do problema, o nome do site chegou a figurar na lista dos assuntos mais comentados do mundo no Twitter. Ao tentar entrar no site, o internauta se deparava com o plano de fundo padrão, mas não conseguia selecionar ou pesquisar nenhum vídeo. Alguns usuários relataram que tiveram a reprodução suspensa enquanto assistiam a vídeos. Pelo Twitter, a equipe pediu desculpas pelo inconveniente.
 
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Correio Braziliense terça, 16 de outubro de 2018

EQUIPE DE TEMER QUER FICAR COM BOLSONARO

 

Equipe de Temer quer ficar com Bolsonaro
 
 
Integrantes do time econômico atual vêm discutindo com representantes do candidato do PSL, que lidera as pesquisas de intenção de voto, a possibilidade de ficarem no novo governo. Alguns são nomes dados como certos

 

» VICENTE NUNES
» PAULO SILVA PINTO

Publicação: 16/10/2018 04:00

Dyogo Oliveira deve permanecer no BNDES pelo menos um ano. O que pesa contra ele é já ter trabalhado em governos petistas (Ed Alves/CB/D.A Press - 18/6/18)  
Dyogo Oliveira deve permanecer no BNDES pelo menos um ano. O que pesa contra ele é já ter trabalhado em governos petistas


Quem espera mudanças nos rumos da política econômica ou nos personagens que a conduzem a partir de janeiro pode acabar frustrado. Vários integrantes da equipe do presidente Michel Temer tendem a continuar exatamente onde estão caso vença a eleição Jair Bolsonaro (PSL), que, no momento, lidera as pesquisas de intenção de voto com folga. Alguns desses técnicos são muito bem-vindos e não vão precisar fazer muito esforço para isso. Outros estão empreendendo uma verdadeira guerra para garantir um lugar ao sol no próximo governo.

Paulo Guedes, o guru econômico do capitão reformado do Exército, já falou do desejo de deixar no cargo o presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn — nesse caso, a aprovação da permanência é unanimidade no mercado. Guedes já demonstrou simpatia pública também pelo secretário do Tesouro Nacional, Mansueto de Almeida. Mas a lista de nomes é bem mais ampla. Segundo um analista de mercado, o responsável pela área econômica da campanha de Bolsonaro “já avisou que quer que praticamente a turma toda fique”.

Cafarelli, presidente do BB, é um dos que querem se manter e colaborar (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press - 15/8/17)  
Cafarelli, presidente do BB, é um dos que querem se manter e colaborar

O presidente do Banco do Brasil, Paulo Rogério Caffarelli, é um dos que querem permanecer. O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Dyogo Oliveira, já sabe que deve ficar pelo menos um ano no cargo. Guedes o visitou na sede da instituição, no Rio. Caffarelli e Oliveira já ocuparam cargos importantes nas administrações petistas, o que atrapalha um pouco a escolha.

Caffarelli foi secretário executivo do Ministério da Fazenda na gestão de Guido Mantega. Oliveira foi secretário executivo adjunto antes, quando o cargo era ocupado por Nelson Barbosa, que mais tarde deixou o governo e voltou como ministro. Mansueto leva vantagem nesse caso: ele assessorou o PSDB em 2014 quando Aécio Neves disputou a Presidência e só passou a integrar o governo com Temer. Não trabalhou com os petistas.

Memória


O assessor econômico da Fazenda Marcos Mendes vem fazendo várias gestões para ser incluído na lista dos que ficam, mas nesse caso não há avaliação ainda da equipe do PSL quanto à conveniência da escolha. Já o nome da atual secretária executiva do Ministério da Fazenda, Ana Paula Vescovi, é altamente bem-visto por Guedes, no cargo atual ou em outro. Ela esteve no Ministério da Fazenda entre 1997 e 2007, nos governos de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, em cargo de terceiro escalão. Depois, foi para o governo do Espírito Santo. Só voltou para a Fazenda com Temer.

Vescovi pode ser fundamental para ajudar a equipe a superar um dos maiores desafios: tomar pé da situação do país e da máquina pública novamente, de modo a ter controle da situação rapidamente e começar a formular novas políticas públicas. Algo que tende a tornar essa tarefa bem mais complexa é o fato de que o candidato do PSL pretende, se eleito, fundir as pastas da Fazenda e do Planejamento, algo que foi feito anteriormente no governo de Fernando Collor de Mello, no início dos anos 1990.

Mansueto Almeida, do Tesouro, leva vantagem. Esteve com o PSDB (Carlos Moura/CB/D.A Press - 19/10/16)  
Mansueto Almeida, do Tesouro, leva vantagem. Esteve com o PSDB

Até mesmo o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles é lembrado. Se Guedes se desentender com Bolsonaro, pode valer o “Chama o Meirelles”, slogan da campanha do presidenciável do MDB, derrotado no primeiro turno.

As conversas e disputas não incluem apenas a administração das contas públicas. O secretário executivo do Ministério da Agricultura, Eumar Novacki, gostaria de continuar no cargo. As chances dele aumentaram depois que surgiram dúvidas em relação a um nome que era considerado quase certo para a vaga: Luiz Antônio Nabhan, presidente da União Democrática Ruralista (UDR) e bolsonarista de primeira hora. O problema é que outros integrantes do agronegócio também reivindicam o cargo. Para não desagradar um ou outro, a solução pode ser escolher Novacki.

Para o economista Carlos Eduardo de Freitas, ex-diretor do BC, a manutenção de nomes da equipe econômica é altamente positiva. “Só não seria se fossem pessoas que já estivessem há muito tempo nos cargos, o que não é o caso”, explica. Na avaliação do economista-chefe do Banco Votorantim, Roberto Padovani, a equipe econômica atual “é uma das melhores que já passou por Brasília”, o que justifica que fiquem no novo governo. “Além da competência, é muito importante o fato de que eles têm memória”, o que faz com que não seja necessário começar a discutir propostas do zero. “O mais importante é a reforma da Previdência, que precisa ser aprovada logo pelo Congresso”, destaca.
 
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Correio Braziliense segunda, 15 de outubro de 2018

DIA DO PROFESSOR: A VOCAÇÃO DE ENSINAR


DIA DO PROFESSOR

 
A vocação de ensinar
 
Correio traça uma radiografia da situação dos professores no mercado de trabalho e mostra a importância da valorização da carreira

 

» Camilla Venosa
» Ingrid Soares 
Especiais para o Correio

Publicação: 15/10/2018 04:00

Denise dá aulas no mesmo local onde estudou quando criança, a Escola Classe 106 Norte: orgulho (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
Denise dá aulas no mesmo local onde estudou quando criança, a Escola Classe 106 Norte: orgulho
 
A paixão por ensinar e a vontade de transmitir o conhecimento são o que impulsionam a escolha em seguir a carreira de mestre, comemorada hoje. Receber os alunos de braços abertos não é algo tão simples, é vocação. Vontade de fazer a diferença, influenciar a vida do ser humano desde pequeno, fazer parte do desenvolvimento da sociedade e ajudar na formação de caráter são algumas das razões que motivam os professores em acreditar na profissão e enfrentar os desafios diários.
 
Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) mostram que são mais de 2,2 milhões de professores dando aula na educação básica brasileira. Mas o cenário da educação no país não é homogêneo. E, por isso, cada professor sabe bem os triunfos e fracassos do seu dia a dia. Além da velha discrepância entre ensino público e privado, cada região brasileira apresenta particularidades, o que faz desses mestres heróis da sua própria realidade.
 
Segundo pesquisa do Ibope que traça um perfil dos educadores no Brasil, dois terços deles são do sexo feminino, com uma média de idade de 43 anos e 17 de carreira. É semelhante ao da professora Denise Montandon. Com 41 anos de idade e 20 de carreira, ela leciona no mesmo local onde estudou quando criança, a Escola Classe 106 Norte. A professora, que dá aulas para alunos do 4º e 5º anos do ensino fundamental, diz que não se arrepende de ter escolhido a profissão e lembra o que a levou a seguir a carreira. “Eu escolhi por idealismo, por vontade de fazer algo bom pelo mundo, por sentir que algo bom poderia ser ensinado aos seres humanos desde pequenos. Eu sempre pensei que as crianças precisavam ser bem formadas. E quando eu percebi isso dentro de mim, tive toda a motivação do mundo para ser professora”, conta Montandon.
 
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Conhecimento
 
Já para o professor de biologia de uma escola particular Sílvio Augusto Miranda, o caminho foi um pouco diferente. Miranda, que dá aulas para o 2º e 3º anos do ensino médio, começou a graduação estudando veterinária na Universidade de Brasília (UnB). E foi justamente na faculdade que ele encontrou sua vocação. “Durante o curso, eu fui participando das monitorias e, no fim da graduação, eu decidi que, além de atuar na área, queria dar aulas, e fiz a licenciatura em biologia. Foi o gosto de ajudar outros colegas na faculdade e de compartilhar conhecimento que me trouxe a vontade de ser professor”, relembra.
 
A vontade de lecionar também pode pulsar no sangue de várias gerações. Professora há quase 30 anos, Cristiane Foly de Freitas, 47, é filha de pedagoga e se emociona ao falar do filho, que também decidiu seguir a profissão. “Ele é formado em estatística. Mas, um dia, ele falou para mim que queria ser professor. No início, eu me espantei, porque a gente sabe que a nossa profissão é muito difícil, mas eu fiquei tão feliz. Jamais deixaria de recomendar minha profissão, ainda mais ao meu filho”, diz.
 
A coordenadora de educação da Unesco no Brasil, Rebeca Otero, afirma que o professor faz parte da base do cenário educacional, por isso, tem extrema importância social. “Ele é uma figura central da qualidade educacional. Se o professor não está presente, não há educação. Esses profissionais viram verdadeiros heróis, porque enfrentam situações complexas, muitas vezes, sem apoio”, comenta Otero.
 
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Correio Braziliense domingo, 14 de outubro de 2018

TRICICLO FISIOTERÁPICO

 

Triciclo fisioterápicoEngenheiro brasiliense desenvolve um veículo, destinado à reabilitação de pessoas com paraplegia, que estimula os músculos das pernas para que o paciente consiga pedalar. O exercício físico evita problemas relacionados à paralisia dos membros e aumenta a qualidade de vida

 

Vilhena Soares

Publicação: 14/10/2018 04:00

O advogado e paratleta Estevão Lopes, primeiro a testar o triciclo, se surpreendeu:  
O advogado e paratleta Estevão Lopes, primeiro a testar o triciclo, se surpreendeu: "As coisas foram acontecendo de uma maneira espetacular"
Uma das áreas que mais vêm se beneficiando com os avanços da tecnologia é a saúde. Vacinas, exames detalhados e próteses 3D são alguns dos inúmeros resultados conquistados pelas inovações nessa área. Entretanto, esses recursos não existiriam sem pessoas dedicadas a transformar essas pequenas revoluções em auxílio ao próximo. Antonio Lanari Bo é uma dessas pessoas. O cientista brasiliense utilizou seus conhecimentos em engenharia para desenvolver um triciclo voltado para a reabilitação de pacientes com traumas motores nos membros inferiores. O projeto, que utiliza a eletroestimulação como base de funcionamento, tem como objetivo levar ganhos físicos e melhoria da autoestima para pessoas paraplégicas.
 
A ideia do professor de Engenharia Elétrica da Universidade de Brasília (UnB) surgiu com base na própria experiência de vida, da época em que foi competidor de triatlo de longa distância. “Esse foi, sem sombra de dúvidas, um fator que me aproximou do projeto. O fato de estar próximo do esporte me inspirou profundamente, foi o pontapé inicial da pesquisa”, declarou ao Correio Lanari, que também é membro do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE), fundado nos Estados Unidos.
 
O pesquisador uniu sua afinidade com o esporte às suas pesquisas em desenvolvimento de sistemas de eletroestimulação e decidiu construir um triciclo que pudesse ser utilizado por pessoas com paraplegia. “Isso aconteceu em 2014, quando, por coincidência, foi divulgada uma competição internacional para pessoas com deficiência que podem usar tecnologia assistiva biônica, chamado Cybathlon (veja Para saber mais). A partir disso, realizamos nosso protótipo”, detalhou Lanari, que conta com ajuda de um grupo de engenheiros e fisioterapeutas no projeto.
 
O brasiliense explicou que o princípio básico do triciclo, batizado de EMA Trike (Empowering Mobility and Autonomy, em inglês), é a eletricidade. Segundo ele, uma pequena corrente elétrica passa próxima ao nervo dos músculos da perna, o que faz com que o membro recupere o movimento perdido. “É uma quantidade baixa de energia, aplicada por meio de eletrodos que são autocolantes. Essa é uma vantagem importante, pois eles não precisam ser implantados, como ocorre em projetos semelhantes”, detalhou o cientista.
 
Lanari destacou que diferentemente da fisioterapia padrão, o triciclo exige mais precisão para ser usado, porém gera ganhos maiores. “Temos vários aspectos interessantes, o reestabelecimento da massa muscular, ou seja, o aumento do músculo, e a melhoria da pele. O paciente paraplégico pode sofrer com as chamadas escaras, que são feridas geradas quando a perna não se movimenta”, ressaltou.
 
Advogado e paratleta, Estevão Lopes, 40 anos, é um dos membros do projeto EMA Trike. Primeiro piloto do aparelho, ele ficou surpreso quando sentiu o efeito gerado pelo triciclo durante os treinos realizados. “No começo, eu não acreditei que o triciclo poderia proporcionar resultados, pois existiam muitos projetos com a mesma proposta. Eu não coloquei muita fé. Para minha grata surpresa, as coisas foram acontecendo de uma maneira espetacular”, relatou.
 
Lopes, que perdeu o movimento das pernas após ser vítima de uma bala perdida, ressaltou que sentiu uma grande diferença após algumas semanas de treinamento com o EMA Trike. “Melhorou muito a minha vida. O ganho muscular, por exemplo, foi um dos efeitos que mais senti. Tive um aumento de quase 15 centímetros na coxa, além da qualidade da pele, na qual vi ganhos. Antes, eu não mexia nem um dedo, jamais imaginaria que conseguiria pedalar”, completou o atleta, também é praticante de vela adaptada, canoagem e halterofilismo.
 
Criador do EMA Trike, Antonio Lanari iniciou o projeto, que tem como princípio a eletricidade, em 2014  
Criador do EMA Trike, Antonio Lanari iniciou o projeto, que tem como princípio a eletricidade, em 2014
Parceria
 
O triciclo ainda vai passar por aprimoramentos. Lanari adiantou ainda que pretende aplicar a tecnologia desenvolvida em outros veículos. “Queremos usar o sistema em um barco e trabalhar com o remo, mas de uma forma que o paciente possa locomover os braços e os pés”, informou. O cientista, porém, disse acreditar que esses avanços só poderão ser conquistados com a ajuda dos pacientes. “Precisamos escutar diretamente o que a pessoa quer e também o que os profissionais de saúde têm a dizer. Só dessa maneira, em um trabalho em conjunto, podemos estabelecer um projeto que renda resultados positivos”, frisou.
 
Para Edmo Oliveira, Ortopedista e Traumatologista do Instituto Castro e Santos (ICS), em Brasília, o triciclo é uma opção extremamente positiva para pacientes que sofrem com paralisia. “O projeto é notável. Infelizmente, a comunidade científica ainda não descobriu como trazer a funcionalidade total dos membros inferiores para pessoas com paraplegia, principalmente, para os casos decorrentes de lesões medulares. Sendo assim, todas as terapias que evidenciem qualquer avanço nessa área são de fundamental importância, destacando-se a eletroestimulação”, avaliou.
 
Na opinião do especialista, aliar o projeto ao esporte merece ainda mais destaque, pois ajuda a deixar a atividade mais atraente aos pacientes, uma vez que o incentivo de atividades fisioterápicas é um ponto de grande relevância para quem sofre com problemas de locomoção. “Associar essa terapia à prática de uma atividade física prazerosa e autônoma é o que torna esse projeto mais interessante”, opinou, acrescentando: “O uso da tecnologia tem tido grande importância em todas as terapias de reabilitação, porque tem melhorado consideravelmente os resultados, refletindo num grande avanço da atualidade”.
 
Competições
 
O EMA Trike rendeu resultados extremamente positivos em sua estreia em competições. A equipe de Estevão e Lanari conseguiu chegar às oitavas de final do Cybathlon, realizado em 2016, apenas com poucos meses de implementação do sistema. “A competição foi ótima, uma mistura de tensão com uma sensação de superação. Chegamos lá e encontramos universidades e empresas com muito mais experiência na área, e ainda assim conseguimos essa conquista”, assinalou o professor da UnB.
 
A equipe se prepara para participar da próxima edição do evento, que será realizada em 2020. O triciclo também participou de outros eventos, como a campus party, feira de tecnologia que acontece em diversas cidades do globo, e nas últimas paraolimpíadas, realizadas no Rio de Janeiro.
 
Apesar do uso em competições, a equipe destaca que o EMA Trike não é um projeto voltado apenas para atletas. E que também pode ajudar pessoas que sofrem com outros problemas de saúde. “Além do Estevão, já trabalhamos com outras pessoas que sofreram lesões medulares. Mas esse tipo de tecnologia pode trazer benefícios para quem tem outros problemas de saúde que acarretam em danos motores, como paralisia cerebral e casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC)”, explicou o criador do triciclo.
 
Lanari ressaltou que o uso da tecnologia para tratamentos de pacientes paraplégicos é um tema que tem sido explorado internacionalmente. “Outros países têm voltado os seus olhos para a tecnologia dentro da área de fisioterapia, como um auxílio mais eficaz para os pacientes. Eles sabem que esse tipo de ajuda empodera. Muitas pessoas que conhecem o projeto nos dizem que, em vez de uma cadeira de rodas, o paciente deveria receber um sistema como o nosso durante o tratamento”, ressaltou o cientista.
 
Estevão Lopes contou que uma das suas motivações para investir no projeto foi ajudar a outras pessoas a terem os mesmos ganhos sentidos por ele com o uso da tecnologia. “Eu sou um atleta de alto rendimento, mas o mais importante desse triciclo é que ele é direcionado para pessoas normais, para uma dona de casa ou um pedreiro que sofreu um acidente. Nós criamos uma família com esse projeto e nosso objetivo é ajudar o máximo de pessoas que pudermos. Eu me dedico para o seu aprimoramento com essa esperança”, frisou.
 
Técnica ampla
A neuroestimulação consiste no uso da eletricidade para tratar pacientes que não conseguiram resultados com outros tratamentos. Além de pessoas com problemas motores, onde a energia é aplicada na espinha, a técnica é usado em pacientes com problemas neurológicos como a depressão severa, o transtorno bipolar, a epilepsia e também alucinações auditivas, um dos sintomas da esquizofrenia. Nesses casos, a eletricidade é aplicada por meio de eletrodos na cabeça. A terapia tem sido testada ainda em pacientes com Alzheimer, problema de saúde, progressivo e incurável, que afeta a memória e outras funções mentais importantes.
 
Para saber mais
Cybathlon
O primeiro evento ocorreu em 8 de outubro de 2016, em Zurique, na Suíça. A competição, também chamada de olimpíadas biônicas, é o único evento em que esportistas com deficiência física podem usar próteses biônicas e outros recursos tecnológicos — a utilização desses aparelhos é proibida nos jogos paralímpicos. Em uma das modalidades, chamada de corrida de interface cérebro-máquina, os atletas disputam uma corrida virtual, em que seus personagens são controlados pelo poder da mente. Já na corrida de cadeira de rodas motorizada, os participantes usam veículos inteligentes para ultrapassar obstáculos inspirados na vida real.  A próxima edição da Cybathlon está prevista para ocorrer em 2020, também na cidade suíça.
 
Palavra de especialista
Alto impacto
“O EMA trike apresenta grande impacto e relevância para os pacientes em processo de reabilitação e para a fisioterapia como um todo, pois é caracterizado pela equilibrada interação entre homem e máquina. Em todas as vertentes da reabilitação é de suma importância que essa interação se faça cada vez mais presente, pois beneficia tanto os profissionais quanto os pacientes. É a utilização da bioengenharia em favor da reabilitação e da qualidade de vida do indivíduo”
Rafael Siqueira, Coordenador do Serviço de Fisioterapia do Hospital Brasília
 
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Correio Braziliense sexta, 12 de outubro de 2018

JAIR BOLSONARO JÁ ANUNCIA MINISTROS

 

Jair Bolsonaro já anuncia ministros
 
Além de Paulo Guedes na Economia, candidato quer o deputado Onyx Lorenzoni na Casa Civil e o general Augusto Heleno na pasta da Defesa

» MURILO FAGUNDES*

Publicação: 12/10/2018 04:00

Candidato do PSL admitiu que pode faltar a debates na tevê por questão de estratégia eleitoral (Mauro Pimentel/AFP)  
Candidato do PSL admitiu que pode faltar a debates na tevê por questão de estratégia eleitoral



Reunido com deputados eleitos do PSL, ontem, no Rio de Janeiro, o presidenciável Jair Bolsonaro bateu o martelo em relação às indicações para três ministérios de seu governo caso seja eleito. Como era esperado, o deputado Onyx Lorenzoni, do DEM, foi anunciado por Bolsonaro para ocupar a vaga de ministro-chefe da Casa Civil. Além dele, general Augusto Heleno, do PRP, foi confirmado em um futuro comando do Ministério da Defesa, e Paulo Guedes, o guru econômico da campanha, no Ministério da Economia.

Segundo informações obtidas pelo Correio, a confirmação de Heleno no pelotão de frente da equipe de Bolsonaro foi estratégica para a campanha de Bolsonaro. O objetivo é barrar futuras pressões e fazer frente às declarações polêmicas de Hamilton Mourão, vice na chapa, que também é militar. Augusto Heleno significa, para Bolsonaro, um nome categórico. Sinal disso foi o aceno ao general para compor a chapa com o presidenciável do PSL.

Augusto Heleno foi chefe da missão de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti, e costuma ser procurado pelo capitão para discutir pautas relacionadas à segurança e às relações exteriores. Também foi comandante militar da Amazônia e chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército. É filiado ao PRP, partido que negou a formação de chapa com o PSL de Bolsonaro. O general comandou a Escola Preparatória de Cadetes em Campinas, foi adido militar na França e na Bélgica e está na reserva desde 2011.

Definido como nome mais adequado para assumir a Casa Civil caso o capitão reformado chegue à Presidência, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), reeleito com 183.518 votos, foi grande aliado do deputado carioca na Câmara e, juntos, atuaram principalmente contra os governos petistas. “Cumprirei o papel que o presidente me der”, afirmou.  “Se ele me disser: ‘Vá lá para Câmara, é o que eu vou fazer’”. O parlamentar gaúcho caminha para o quinto mandato na Câmara dos Deputados. Já foi filiado ao PL e ao PFL antes de integrar o DEM.

Bolsonaro evitou identificar outras pessoas que cogita levar para o governo, caso seja eleito. “Ainda não temos nome para outros ministérios, até porque temos de esperar com prudência o dia 28 de outubro, quando poderemos ter a certeza de anunciar os indicados”, afirmou.

Agenda movimentada

Apesar de não ter sido liberado para ir aos debates que ocorreriam amanhã, na Tevê Bandeirantes, e na segunda-feira, na Rede TV!, Bolsonaro concedeu entrevista coletiva e participou da reunião com parlamentares no Rio de Janeiro. Na entrevista, o presidenciável sinalizou que pode faltar a debates por questão de estratégia. “Existe a possibilidade, sim, estratégica (de faltar aos debates)”, disse. Questionado sobre seu opositor, Fernando Haddad, o capitão indagou: “Eu vou debater com o Haddad ou com o Lula? Qual é a autenticidade do Haddad?”

À noite, em entrevista à RedeTV!, Bolsonaro falou em reduzir o número de ministérios e assegurou não ter negociado com legendas para chegar aos nomes escolhidos. “Nunca negociei com nenhum partido, no critério toma lá dá cá. Pretendemos ter 15 ministérios, e o critério de escolha será técnico”, disse. Além disso, prometeu reduzir a carga tributária, defender a imprensa livre e fundir os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente.

*Estagiário sob supervisão de Odail Figueiredo
 
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Correio Braziliense quinta, 11 de outubro de 2018

SEM MANDATO, PERILLO É PRESO

 


Sem mandato, Perillo é preso
 
Ex-governador de Goiás é detido ao prestar depoimento na Polícia Federal sobre acusações apresentadas por delatores da Odebrecht, segundo as quais ele recebeu propina em campanhas eleitorais de 2010 e 2014

 

» MURILO FAGUNDES*

Publicação: 11/10/2018 04:00

Marconi Perillo, que ficou em quinto lugar na eleição para senador, teve decretada prisão preventiva. Defesa tenta habeas corpus (Helio Montferre/Esp. CB/D.A Press - 11/8/16)  
Marconi Perillo, que ficou em quinto lugar na eleição para senador, teve decretada prisão preventiva. Defesa tenta habeas corpus



Derrotado na disputa pelo Senado Federal por Goiás, o ex-governador do estado Marconi Perillo, do PSDB, foi preso na tarde de ontem sob suspeita de recebimento  de propina nas campanhas eleitorais de 2010 e 2014. O tucano foi detido enquanto prestava depoimento na sede da Polícia Federal (PF) em Goiânia sobre as acusações apresentadas pelos delatores da Odebrecht Fernando Reis e Alexandre Barradas. Os dois acusaram Perillo, que agora não conta com prerrogativa de foro especial, de receber repasses milionários indevidos da Odebrecht nos pleitos em que foi eleito e reeleito governador do estado. Ele é investigado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O mandado é de prisão preventiva, que não tem prazo.

Desde o fim de setembro, Marconi Perillo enfrenta barreiras na vida política. A operação Cash Delivery (entrega em dinheiro, em português) executou 14 mandados de busca e apreensão em endereços ligados a ele e cinco mandados de prisão temporária, um deles contra Jayme Rincón, coordenador de campanha do governador José Eliton (PSDB). Perillo trabalhou para que o governador, eleito como seu vice, fosse confirmado no cargo pelas urnas, mas ele acabou ficando em terceiro lugar. Fernando Reis e Alexandre Barradas, delatores da Odebrecht, citaram repasses ilegais de cerca de R$ 10 milhões às campanhas de Perillo — R$ 2 milhões em 2010 e R$ 8 milhões em 2014.

Os mandados miraram o ex-governador que, depois de três décadas em cargos públicos, acabou derrotado no pleito deste ano, ficando em quinto lugar nos votos do eleitorado goiano para o Senado Federal. Perillo seguia na liderança das pesquisas, mas a deflagração da operação Cash Delivery, da Polícia Federal, que veio à tona no dia 28 de setembro, o deixou mais distante da vitória. Foram eleitos Vanderlan Cardoso, do PP, com 31,35%, e Jorge Kajuru, do PRP, com 28,23%. O tucano obteve apenas 7,55% dos votos válidos, atrás de estreantes como Kajuru. Nesse cenário, o ex-governador de Goiás, que atua na política desde 1991, ficou pela primeira vez sem mandato.

Primeira instância

A advogada criminalista Lissa Moreira explica que, com a perda do foro privilegiado, Marconi ficou submetido ao julgamento de um juiz de primeira instância. “Quando o político não tem mais prerrogativa de foro, todos os atos são apreciados por um juiz de primeira instância. Por não haver denúncia, e o Ministério Público não formar convicção sobre os fatos, o governador não teve direito ainda ao contraditório”, analisa. O caso estava antes no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Passou à primeira instância em abril, quando Perillo deixou de ser governador.

Até o fechamento desta edição, Perillo continuava preso, mas a defesa, representada pelo advogado Antônio Carlos Almeida, o Kakay, já havia impetrado pedido de habeas corpus no Tribunal Regional Federal 1 (TRF-1). Desde o momento da prisão, a equipe de Kakay se posicionou contra o decreto de prisão e a tratou com “completa indignação”. Ainda segundo a equipe do advogado, “uma prisão por fatos supostamente ocorridos em 2010 e 2014, na palavra isolada dos delatores, afronta pacífica jurisprudência do Supremo, que não admite prisão por fatos que não tenham contemporaneidade”.

A prisão preventiva, ou seja, por tempo indeterminado, é decretada, entre outras motivações, com a finalidade de assegurar a aplicação da pena. Mas, segundo Lissa Moreira, baseando-se no que acompanhou sobre o caso, os objetivos pareceram não se efetivar integralmente. “A prisão, também chamada cautelar, busca dar segurança para um processo investigativo e pode ser decretada para assegurar a aplicação da lei. Nesse caso do ex-governador, parece-me que nenhum dos pré-requisitos estavam presentes. Não havia fato novo”, sustentou a advogada, baseada no artigo 312 do Código de Processo Penal.

Com a prisão de Marconi Perillo, o PSDB enfrenta mais uma derrota. A legenda, que pela primeira vez desde 1994 ficou fora do segundo turno presidencial, passa por um racha interno entre novos e antigos nomes, caso de Geraldo Alckmin e João Doria, que concorre com Márcio França (PSB) ao governo de São Paulo. Na Câmara dos Deputados, o partido do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também sofreu derrota expressiva. Passou de terceira maior bancada eleita, em 2014, para nona, a partir de 2019.

Para o cientista político Max Stabile, doutor pela Universidade de Brasília (UnB), a prisão de Marconi Perillo revela, além do mau momento pelo qual os “partidos que estiveram na cadeira por muito tempo passam”, uma marca negativa para a legenda tucana. “Sem sombra de dúvidas, os governadores do PSDB, além de Perillo, Beto Richa e Reinaldo Azambuja, foram indiciados bem próximo ao pleito. Isso com certeza influenciou na campanha”, argumenta. 

* Estagiário sob supervisão de Paulo Silva Pinto


Perfil

Quatro
décadas

Detentor de quatro mandatos no Palácio das Esmeraldas, na capital goiana, Marconi Perillo, do PSDB, começou a vida política em 1980, quando foi presidente da Juventude do então PMDB. Nascido em Goiânia, em 1963, Marconi é casado, tem duas filhas e é formado em direito pela Universidade Católica de Goiás. Antes de chegar ao partido do qual faz parte, foi membro de outros quatro: MDB, PST, PP e PPB.

Em 1990, foi eleito deputado estadual e, em 1994, elegeu-se deputado federal pelo PP.  Em 1998, ganhou a eleição para o governo e foi reeleito em 2002. Quatro anos depois, conquistou uma vaga como senador. Voltou ao governo goiano em 2010 e, em 2014, conseguiu a reeleição mais uma vez. Renunciou em abril deste ano para disputar o Senado Federal.

Com trajetória ascendente nas eleições que disputou, o tucano travou historicamente uma disputa direta com Iris Rezende, do PMDB. Nas três vezes em que competiram pelo eleitorado goiano, Perillo saiu vitorioso. Contudo, nas eleições de 2018, o percurso de Perillo foi interrompido por escândalos de corrupção e pela ascensão de Ronaldo Caiado, do DEM, no estado. O ruralista levou a disputa no primeiro turno, com quase 60% dos votos, e apoiou Jorge Kajuru (PRP) e Vanderlan Cardoso (PP) para as vagas do Senado. Eles conquistaram, com ampla margem, o eleitorado.

Marconi Perillo havia se envolvido em outro caso suspeito, quando assumiu o governo em 2010. Segundo a Polícia Federal, o ex-governador havia vendido uma casa a Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, por valor maior que o declarado. Depois disso, com a compra de imóveis e com cotas de participação em uma empresa, o tucano conseguiu dobrar seu patrimônio.

No ano passado, Perillo foi denunciado pelo crime de corrupção passiva pelo Ministério Público, que suspeitou de recebimento de vantagens indevidas durante o terceiro mandato do tucano. Mas o processo que apurava possíveis improbidades administrativas em relação ao suposto envolvimento de Perillo com Cachoeira foi arquivado. (MF e CV)
 
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Correio Braziliense quarta, 10 de outubro de 2018

HAMILTON DE HOLANDA: HOMENAGEM AO BANDOLIM

 


Homenagem ao bandolim
 
 
Hamilton de Holanda lança caixa com quatro discos para comemorar o centenário de nascimento de Jacob do Bandolim, e promove show beneficente em prol da Abrace

» Irlam Rocha Lima

Publicação: 10/10/2018 04:00

Em sentido horário, Hamilton de Holanda; o pai, José Américo;  o filho Gabriel; o sobrinho Bento; e o irmão, Fernando César (Thiago Milreu /Divulgação -  Arquivo Pessoal - Reprodução)  
Em sentido horário, Hamilton de Holanda; o pai, José Américo; o filho Gabriel; o sobrinho Bento; e o irmão, Fernando César
 
Jacob Pick Bittencourt, o Jacob do Bandolim, é o compositor com maior presença no repertório de Hamilton de Holanda, desde que ele iniciou a carreira — ainda criança — em 1981. À época, ao lado do irmão e violonista Fernando César, com quem formava o duo Dois de Ouro, fez o show de estreia no Clube do Choro, e uma das músicas que tocaram foi Doce do coco, do saudoso Chorão.
 
Neste ano, quando se comemora o centenário de Jacob, o bandolinista que, no começo da infância veio com a família morar em Brasília, quis homenageá-lo. Inicialmente, pensou em gravar um álbum, mas, depois, em conversa com João Augusto, diretor do selo Deck Disck, lhe foi sugerido preparar uma caixa com quatro CDs, para exaltar o preciosismo da obra do mestre.
 
Hamilton vê o ídolo como o responsável pela existência de uma identidade brasileira no bandolim. Em parceria com seu empresário e sócio Marcos Portinari, se pôs a produzir a série, em que propõe uma múltipla recriação do legado jacobiano, tirando-a da zona de conforto original, colocando-a com diferentes linguagens, timbres e universo.

Jacob do Bandolim completaria 100 anos em 2018 (Arquivo Pessoal)  
Jacob do Bandolim completaria 100 anos em 2018


Concerto
 
De volta à cidade, Hamilton retoma o projeto Bandolim Solidário, interrompido em 2017. Amanhã, às 20h, ele comanda um grande espetáculo, no Teatro dos Bancários, com a participação de familiares e de convidados especiais — músicos brasilienses de diferentes gerações. Todos empenhados em dar sua parcela de contribuição à Abrace, instituição que oferece assistência social para crianças e adolescentes com câncer e doenças hematológicas.
 
O concerto beneficente chega à 16ª edição e desta vez conta com a parceria do Projeto Cultura e Cidadania, iniciativa do Instituto Alvorada Brasil, e do Sindicato dos Bancários. O objetivo é reforçar os pilares da cidadania e imprimir um novo rumo na política de ocupação do Teatro dos Bancários, importante equipamento cultural da Capital Federal.
 
Além da presença do pai, José Américo (violão), do irmão Fernando César (violão 7 cordas), do sobrinho Bento Tibúrcio Mendes (baixo) e dos filhos Gabriel e Rafaela Holanda, Hamilton vai contar, no Bandolim Solidário, com a participação de Pedro Martins (guitarra), Pedro Vasconcellos (cavaquinho), Victor Angeleas (bandolim), Márcio Marinho (cavaquinho), Valerinho Xavier (percussão), Leander Motta (bateria), Tiago Tunes (bandolim), Matheus Donato (bandolim), Larissa Umaytá (percussão) e Genevieve Artadi (voz).


Entrevista / Hamilton de Holanda

Qual foi o seu critério para a escolha das composições de 
Jacob do Bandolim incluídas no repertório dos quatro 
discos da caixa?
Toco Jacob do Bandolim desde o início da minha carreira. A primeira composição dele que tirei, ainda na escaleta, o primeiro instrumento que toquei, foi Doce do coco. Depois, ao longo de minha trajetória, fui incorporando várias outras ao meu repertório. O certo é que hoje tem algo em torno de 50 músicas dele que costumo tocar. Muitas delas estão registradas nos discos das caixas. Mas há também a inédita Jardim; Naquela mesa, que Sérgio Bitencourt fez inspirado no pai, logo depois da morte dele; e Jacob Black e Serenata Jacarepaguá, que compus para homenageá-lo.
 
Em cada um dos CDs você usa um tipo de linguagem para 
interpretar os choros de Jacob. Eles permitem essa releitura?
Quis fazer um painel da obra de Jacob e busquei tirar suas composições da zona de conforto original, o gueto do choro, colocando-a em diálogo com diferentes linguagens, timbres e universos. Quis criar uma estética diferente para cada disco, ao criar arranjos, instrumentações e maneiras de tocar diversas. Mas tudo baseado nas melodias de Jacob.
 
Em Jacob 10ZZ prevalece o improviso próprio da levada jazzística. 
Há 
semelhança entre a linguagem do choro e a do jazz?
O jazz e o choro surgiram na mesma época e são primos, considerados irmãos. Em ambos os gêneros, o improviso é elemento comum. Nesse disco, que gravei com Guto Wirti e Thiago da Serrinha, músicos do meu trio, incluí Assanhado, Remeleixo, Naquela mesa (Sérgo Bitencourt) e Serenata Jacarepeaguá, que fiz em homenagem ao mestre.
 
O balanço da bossa nova permeia o Jacob Bossa. 
O compositor tinha 
alguma relação com esse estilo musical?
O Jacob, poucos sabem, pensou em gravar um disco com clássicos da bossa nova, da obra de Tom e Vinicius, um pouco antes de morrer. Tem uma gravação dele no Museu da Imagem e do Som, em que ele falava sobre essa possibilidade. Vibrações, Carícia, Receita de samba, Diabinho maluco são algumas das faixas do Jacob Bossa, em que tenho a companhia de Guto Wirti e do pianista Marcelo Caldi. Ah!, sim, eu canto Jamais, gravada por Elizeth Cardoso, no LP que Jacob gravou no Teatro João Caetano com o Época de Ouro e o Zimbo Trio.
 
O que o levou a promover a fusão do choro 
com ritmos afro-brasileiros 
no Jacob Black?
Quis mostrar essa possibilidade oferecida com certas composições do Jacob, como, por exemplo, A ginga do Mané, Bola Preta, Sereno e Primas e bordões. Incluí Jacob Black, de minha autoria. Rafael dos Anjos, grande violonista brasiliense, e os percussionistas Thiago da Serrinha e Luiz Augusto estão comigo nesse disco.
 
Por que Jacob Baby? 
Quis trazer para esse projeto a maneira como eu tocava choros do Jacob na infância, quando iniciei a carreira. Usei nas gravações um bandolim do Jacob que pertencia ao acervo da Casa do Choro, no Rio de Janeiro, que me foi presenteado. Reuni no repertório, entre outras, Benzinho, Cabuloso, Doc de do coco, Noites cariocas e Santa Morena.
 
No roteiro do Bandolim solidário há músicas 
de Hamilton de Holanda toca Jacob do Bandolim?
Possivelmente. Mas vão ter músicas minhas, como Miss Teba, que compus para minha mãe; e de músicos que vão participar do show, como Pedrinho Vasconcellos e Victor Angeleas. No final, meu pai, César, Bento, Gabriel e Rafaela e eu vamos fazer Minha festa, de Nelson Cavaquinho, que viralizou na internet, numa gravação caseira nossa.


Hamilton e Holanda – Bandolim Solidário
Show com o músico e convidados amanhã, às 20h, no Teatro dos Bancários (Entrequadra 314/315 Sul). Ingressos: R$ 80 e R$ 40 (meia-entrada estendida para quem doar 1 kg de alimento). Informações: 99141-4252. Classificação indicativa livre.


 (Reprodução)  

Hamilton de Holanda toca Jacob do Bandolim 
Caixa com quatro discos. Lançamento da Deck Disck. Preço sugerido: R$ 139,90
 
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Correio Braziliense terça, 09 de outubro de 2018

O RISCO DA BANALIZAÇÃO DOS DRONES

 

O risco da banalização dos drones
 
Quantidade de aeronaves no Distrito Federal cresceu substancialmente em apenas um ano, mas proprietários devem se conscientizar quanto ao espaço de utilização do equipamento, que não é brinquedo

 

AUGUSTO FERNANDES
ESPECIAL PARA O CORREIO

Publicação: 09/10/2018 04:00

Everton Oliveira:  
Everton Oliveira: "O drone não é um brinquedo. Nas mãos das pessoas erradas, ele pode representar um perigo"



Os drones viraram febre na capital federal, e cada vez mais pessoas compraram o equipamento. Mas, ainda que os recursos tecnológicos da aeronave possam servir para diferentes finalidades, os proprietários do objeto precisam estar atentos aos riscos que a utilização indevida da aeronave podem causar. Pilotar o aparelho sem respeitar orientações básicas de segurança é uma conduta passível de multa e até prisão. Entretanto, em que pese haver normas de instrução estabelecidas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), não há uma fiscalização ostensiva, o que contribui para que os donos de drones usem o equipamento em lugares não recomendados e coloquem a vida de outras pessoas em risco.

Pela regra geral, os drones com mais de 250 gramas só podem voar perto de terceiros caso eles concordem previamente. Além disso, quem opera a aeronave deve respeitar uma distância mínima de 30 metros das demais pessoas. Com exceção dos drones de órgãos de segurança pública, de vigilância sanitária, de defesa civil, do Corpo de Bombeiros e das polícias, o proprietário de qualquer outro tipo de aparelho que não seguir a regra pode ser autuado por violar a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem de outra pessoa.

O Código Penal prevê pena de reclusão de três meses a um ano (ou mais se o crime for considerado grave) nos casos em que a vida ou a saúde de pessoas são colocadas em perigo direto devido à má utilização da aeronave. Pela Lei das Contravenções Penais, pilotar um drone sem o devido registro pode gerar pena de prisão simples (quinze dias a três meses) e pagamento de multa, mesma punição para quem praticar acrobacias ou fazer voos baixos fora da zona permitida em lei.

Utilizar o objeto próximo a instalações, edificações, áreas de segurança (como presídios e instalações militares), ou sobre infraestruturas críticas, como usinas termelétricas e estações de distribuição de energia, e aeroportos e helipontos também é proibido.

Para evitar os transtornos, a recomendação é que os drones sejam operados apenas em locais destinados para aeromodelismo. “Os voos ilícitos colocam em risco não só o hobby, mas um setor inteiro, por meio do qual inúmeros empregos estão sendo gerados”, disse o chefe da Divisão de Coordenação do Departamento de Controle do Espaço Aéreo, tenente-coronel Jorge Vargas.

Controle
Em um ano, a Anac cadastrou mais de 32 mil drones em todo o Brasil. Entre julho de 2017 e julho de 2018, o número de aeronaves não tripuladas registradas pelo órgão passou de 16.567 para 48.752. Um dos maiores crescimentos aconteceu no Distrito Federal. De acordo com dados da Anac, existem pelo menos 1.651 dessas aeronaves em Brasília — em 2017, eram apenas 548. Atualmente, o DF está atrás de Bahia, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo na quantidade de drones.

No ano passado, a Anac implementou o Regulamento Brasileiro de Aviação Civil Especial, específico para o manuseio de drones. Tanto os donos de aeromodelos (usados para recreação) quanto os de aeronaves remotamente pilotadas (com finalidade comercial, corporativa e experimental) precisam seguir a legislação.

Dentre as principais regras, é necessário ter idade mínima de 18 anos para pilotar e todos os voos de aeronaves com peso superior a 25kg devem ser registrados na Anac. Independentemente do peso do drone, pilotos que pretendem voar acima de 400 pés (121 metros) precisam emitir licença e habilitação junto ao órgão. “A regulamentação do uso de drones no Brasil trouxe ganhos para o desenvolvimento da aviação civil e maior segurança de voo”, respondeu a Anac, por nota.

No entanto, a inspeção de rotina cabe aos órgãos de segurança pública. Na avaliação do professor e pesquisador em geoprocessamento ambiental da Universidade de Brasília (UnB) Alexandre Ferreira, especialista em drones, a fiscalização deveria ser mais rigorosa. “Colocar agentes em campo seria inviável, mas o governo poderia criar mecanismos juntos às fabricantes de drones para acompanhar os voos através de um banco de dados. A partir do momento em que o proprietário de uma aeronave utilizasse o aparelho em um ambiente proibido, rapidamente ele seria descoberto. Isso evitaria problemas de invasão de privacidade ou de espaço aéreo tripulado, além de acidentes”, apontou.

O engenheiro da computação Everton Oliveira, 40, é dono de uma loja especializada na venda e manutenção de drones em Brasília. Ele alertou sobre a falta de experiência de muitos proprietários de aeronaves. “Cerca de 95% dos drones que eu conserto foram danificados por algum deslize do piloto. Muita gente ainda olha para o drone como um brinquedo. Mas, nas mãos das pessoas erradas, ele pode representar um perigo”, observou.

Everton diz aos interessados pelos aparelhos que não tentem ferir a legislação. Além disso, ele ressalta que é importante que cada proprietário de uma aeronave aprofunde os conhecimentos da ferramenta. “É como uma pessoa que não sabe dirigir, mas, mesmo assim, tenta conduzir um carro. Quem tem um drone precisa saber que pode machucar alguém tanto pela pancada da aeronave quanto pelas hélices dela, que cortam muito. É importante que elas busquem um curso de pilotagem e usem o drone nos locais adequados”, indicou.
 
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Correio Braziliense segunda, 08 de outubro de 2018

A FESTA DA DEMOCRACIA

 

A festa da democracia
 
Mesmo sem serem obrigados a votar, muitos idosos fizeram questão de ir às urnas no Distrito Federal. Pais levaram os filhos para se familiarizarem com a cidadania e aprenderem, desde cedo, a importância do pleito

 

Augusto Fernandes 
Caroline Cintra 
Mariana Machado 
Especiais para o correio
Isa Stacciarini
Ailim Cabral
Thiago Melo*

Publicação: 08/10/2018 04:00

Ana Paula e Marcelino Alves levaram as filhas Mariana e Manuela para a votação: lição sobre democracia (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
Ana Paula e Marcelino Alves levaram as filhas Mariana e Manuela para a votação: lição sobre democracia
O sonho de Patrícia de Sousa é que os filhos, Nathan e Layla, possam estudar em escola pública (Wallace Martins/Esp. CB/D.A Press)  
O sonho de Patrícia de Sousa é que os filhos, Nathan e Layla, possam estudar em escola pública
“Quero que os eleitos façam um bom governo e olhem para a educação, porque, sem ela, não se faz nada. Até a saúde depende da educação.” Foram o sentimento de esperança no futuro e o senso de responsabilidade cidadã que moveram a professora aposentada Neide Cesar Bussacos, 86 anos, a participar do pleito de ontem.
 
Mesmo sem a obrigatoriedade do voto, ela foi uma dos quase 1,7 milhão de eleitores que compareceram às urnas no Distrito Federal. Eles escolheram 24 deputados distritais, oito deputados federais e dois senadores, além dos dois candidatos que disputam o governo do Distrito Federal no segundo turno das eleições, marcado para 28 de outubro.
 
Neide votou na Escola Francesa François Mitterand acompanhada das duas filhas e do genro. Moradora de Brasília há 40 anos, nunca perdeu uma eleição desde o pleito presidencial de 1989, o primeiro após o fim da ditadura. “É um dever do cidadão e, como educadora, é uma obrigação maior ainda”, frisou.
 
Assim como Neide, o aposentado Francisco Bandeira de Sousa, 84 anos, nunca deixou de votar e garantiu que a idade nunca o impediu de exercer seu papel de cidadão. “Se a gente está em casa, se tem boa saúde e tem condições, vamos votar, sim”, declarou.
 
Na Escola Classe 28 em Ceilândia, sentado num banco, observava o movimento das pessoas, enquanto recuperava o fôlego para ir embora. Ele se mostrou otimista, desejando melhorias e uma maior atenção aos mais necessitados. “Neste momento, o pobre não ganha nada, é preciso mudar. Por isso, o voto é importante, é uma obrigação que nós temos, escolher um candidato que ajude os mais pobres.”O aposentado mora em Águas Lindas no Goiás, mas nunca quis transferir o título para o estado vizinho. Em todas as eleições, levanta bem cedo e costuma ser um dos primeiros a chegar à zona eleitoral onde vota, em Ceilândia. Afirma que o caminho vale muito a pena.
 
A primeira eleitora do colégio Ciman, na Octogonal, foi a aposentada Wang Rufino, 79. Mesmo sem a obrigação de votar, ela fez questão de ir à urna. “Pela situação que eu vejo o país, resolvi votar. Pesquisei muito e fui atrás de currículos para tomar minha decisão”, disse a moradora do Sudoeste.
 
O aposentado Messias Moreira Borges, 74, teve a mesma motivação para votar. “A gente tem que exercer a democracia. Tenho um netinho de poucos meses e quero que o futuro do país seja melhor para ele e todo mundo, com melhor distribuição de renda e justiça social”, relatou.
 
 
"É um dever do cidadão e, como educadora, é uma obrigação maior ainda" Neide Cesar Bussacos, 86 anos
Em família
 
Além dos muitos idosos que optaram por votar com a esperança de um país melhor, diversos pais e mães levaram as crianças para acompanhar o processo eleitoral.
 
A empresária Ana Paula Alves, 31, e o comerciante Marcelino Alves, 42, levaram as filhas Mariana e Manuela Sousa Alves, 8 e 2 anos, para o local de votação. A mais velha quis entrar com o pai na cabine, mas não pôde. “Queria saber como era apertar o botão. A gente estuda sobre eleição na escola. A professora disse que a partir dos 16 anos pode votar, e eu vou querer, mesmo não sendo obrigatório ainda. Também aprendi sobre direitos e deveres dos cidadãos, contou.
 
Marcelino reforçou a angústia com o futuro das filhas. “Vim escolher o meu candidato para ajudar no futuro delas. É a esperança de algo melhor. Vamos acompanhar a apuração dos votos com a ansiedade de a nossa escolha vencer”, destacou o comerciante.
 
A vendedora Patrícia de Sousa, 38, tem como maior desejo uma melhor educação no país. Atualmente, os filhos estudam em uma escola particular, mas o seu desejo era de que eles estivessem matriculados no Centro Educacional 7 do Gama, escola pública em que ela estudou.
 
“Antigamente, o ensino aqui era maravilhoso, mas, agora, é totalmente diferente. Todo pai se preocupa com a educação do filho, portanto, nós não vamos deixá-los em qualquer escola. O meu voto de hoje (ontem) foi um apelo para que os governantes do país olhem com mais carinho para os colégios públicos”, disse.
 
Durante a votação de ontem, os filhos de Patrícia, Nathan Ahmad, 10, e Layla Ibrahim, 3, estiveram ao seu lado. Assim como a mãe, o garoto sente que a educação do país poderia receber mais incentivos. Segundo ele, isso ajudaria as pessoas a não fazerem escolhas ruins. “Só assim teremos um Brasil melhor”, disse Nathan.

 
"Pesquisei muito e fui atrás de currículos para tomar minha decisão" Wang Rufino, 79 anos


Descrença
 
Apesar do sentimento de esperança de tantos eleitores, alguns afirmaram estar totalmente descrentes de uma mudança real na política brasileira. O assistente administrativo Gerson Guimarães, 43, anulou todos os votos. Para ele, a política nunca vai mudar. “Vão se passar 500 anos e tudo continuará do mesmo jeito. As ideologias dos candidatos são todas as mesmas”, afirmou.
 
Ele votou no Centro de Ensino 203, no Recanto das Emas, acompanhado da filha Ana Beatriz Guimarães, 8, e, apesar de estar descrente na política do país, incentiva a filha a conhecer e a entender a importância do voto. “Eu queria votar. Mesmo pequena, sei como tudo funciona. Sei que tem que escolher um candidato e vai aparecer o nome e o número dele. Se você quiser, é só aceitar; se não, cancelar tudo”, ensina a criança.
 
*Estagiário sob supervisão de Sibele Negromonte
 
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Correio Braziliense sábado, 06 de outubro de 2018

DISTRITO FEDERAL - ELEIÇÕES - NA RETA FINAL

 

LEIÇÕES 2018 »Na reta fina
 
lOs principais candidatos ao Buriti apostam em caminhadas e panfletagens nos maiores colégios eleitorais para conquistar eleitores no último dia de campanha na rua e na internet

 

» ALEXANDRE DE PAULA
» ANA VIRIATO
» PEDRO GRIGORI
Especial para o Correio
» Colaboraram Augusto Fernandes, Marcus Lacerda, Victor Gammaro e Walder Galvão (especiais para o Correio)

Publicação: 06/10/2018 04:00

Último dia para elencar promessas e defender planos de governo. Horas finais para panfletagens, caminhadas e carreatas. A fim de conquistar uma vaga em um eventual segundo turno, os candidatos ao Palácio do Buriti líderes em pesquisas saem às ruas, hoje, com a missão de convencer os indecisos de que são a melhor opção para a capital pelos próximos quatro anos. Na mira, cidades de grande contingente populacional, como Ceilândia e Taguatinga. Entre as peregrinações, cada segundo será aproveitado — algumas agendas começam ao raiar do sol e terminam apenas ao fim da noite.
 
As andanças do governador e candidato à reeleição, Rodrigo Rollemberg (PSB), começam às 8h, no Parque de Águas Claras — zona eleitoral com o maior número aptos a votar inscritos. Depois disso, ele segue, às 9h, para a Feira Guará e, por volta das 12h,  visita a Praia Norte, às margens do Lago Paranoá, inaugurada ontem pelo alto escalão do Executivo local. À tarde, Rollemberg vai ao Sol Nascente, em Ceilândia, onde tem caminhada agendada para as 15h. Região mais carente do maior colégio eleitoral do DF, o local recebeu milhões em investimentos em infraestrutura na atual gestão. Para encerrar a agenda,  à noite, retorna a Águas Claras.
 
O deputado federal licenciado Rogério Rosso (PSD) pretende passar a maior parte do dia em Ceilândia, onde atuou como administrador. O pontapé inicial ocorre com uma carreata, com concentração na Estação Guariroba. À tarde, o parlamentar deve almoçar no centro da cidade e visitar as feiras locais, que reúnem milhares de trabalhadores e ambulantes nas imediações. Às 16h, Rosso passará pela Feira dos Importados, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA).
 
Conforme previsão da agenda pública de Alberto Fraga (DEM), o democrata terá somente um compromisso no dia: caminhada na Feira do Produtor e Atacadista, em Ceilândia. O comércio conta com 700 associados diretos, gera mais de 5 mil empregos e vende cerca de 30 mil toneladas de produtos mensalmente. 
 
O advogado Ibaneis Rocha (MDB) planeja almoçar na Quituart, no Lago Norte. O local reúne dezenas de quiosques e restaurantes. Eliana Pedrosa (Pros) dedicará o dia a uma caminhada em Brazlândia, às 10h30. Também fará reuniões em Ceilândia e outras cidades. 
 
Ibaneis, líder e destaque on-line
Hoje é também o último dia para postagens e impulsionamento nas redes sociais. Nesta semana, os principais concorrentes intensificaram a campanha on-line a fim de conquistar o eleitorado na reta final. Ibaneis Rocha, líder das pesquisas de intenções de voto no DF, aposta no audiovisual para convencer o eleitorado das redes sociais. Ele fez 26 publicações na internet nesta semana, alternando vídeos mais curtos com alguns de maior duração. Em um deles, o advogado aborda detalhes da infância no Piauí, com depoimentos de amigos e familiares da região. A posição de liderança nos levantamentos mais recentes também é explorada nas redes do candidato ao Buriti.
 
O governador Rollemberg destacou feitos do mandato em grande parte das 52 postagens no Facebook nos últimos cinco dias. O fechamento do Lixão da Estrutural e a desobstrução da orla do Lago Paranoá aparecem entre os feitos. O candidato à reeleição publicou fotos de agendas em campanhas e deu destaque à parceria com Leila do Vôlei (PSB), que lidera a corrida pelo Senado.
 
Alberto Fraga fez 25 publicações no Facebook desde segunda-feira. Em algumas, o parlamentar tenta colar a imagem a do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). No DF, no entanto, o capitão apoia a campanha de Paulo Chagas (PRP).
 
Rogério Rosso disparou 44 publicações no Facebook. Nos posts de ontem, o candidato listou promessas ao Corpo de Bombeiros e à Polícia Militar. Ainda assegurou melhorias nas áreas de saúde e transporte público. Ao longo da semana, Rosso mostrou participações em debates, destacou frases em defesa da família e registrou vídeos das propagandas eleitorais na tevê. Nas redes, ele também mostra hobbies, como música e ciclismo.
 
A ex-distrital Eliana Pedrosa (Pros) foca as publicações no Facebook no público feminino. A candidata fez 42 postagens na última semana e, em grande parte, ressalta que poderá ser a primeira governadora eleita do DF. Eliana evita confrontos e não faz acusações diretas aos oponentes.
 
Para o cientista político Creomar de Souza, os candidatos podem, neste último dia de campanha, conquistar eleitores indecisos ou que ainda não estão totalmente seguros em relação a quem votar. “Parte considerável forma a opinião nas últimas 72h. Muitos deixam para a última hora, sobretudo porque há o comportamento daqueles que não querem votar em quem vai perder”, explica.



Corpo a corpo


Rodrigo Rollemberg visitou Ceilândia

 

O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) aproveitou a sexta-feira para fazer uma caminhada pela Avenida Hélio Prates, em Ceilândia, e garantir melhorias para a saúde, com a construção de um hospital, e o transporte público, com a expansão do metrô e a implementação do BRT na cidade. “Ceilândia terá atenção especial no nosso segundo governo e será muito melhor nos próximos quatro anos”, disse. “Confio no nosso sprint para a reta final.”



Alberto Fraga fez caminhada na Candangolândia

 

Em visita à Candangolândia, Alberto Fraga (DEM) prometeu melhorias na saúde e segurança. Também afirmou que a paridade salarial será feita para todas as forças de segurança. Ele ainda atacou Ibaneis Rocha. “Ibaneis se diz dono do Poder Judiciário”, afirmou Fraga. Para ele, o concorrente deveria responder por crime eleitoral, pois teria comprado votos ao prometer construir, com o próprio dinheiro, casas derrubadas pela Agefis.



Ibaneis Rocha esteve na Vila Planalto

 

Na liderança das pesquisas de intenção de voto, Ibaneis Rocha (MDB) cumpriu uma das agendas de ontem na Vila Planalto, onde prometeu transformar o local no maior polo gastronômico do Distrito Federal. Ele também reagiu às críticas dos concorrentes. “Se eles quiserem se unir todos contra mim, eu vou ficar muito mais feliz”, provocou. Quanto a Fraga, disse: “Ele trata mal os magistrados e tem um problema sério com o Judiciário, porque pratica corrupção e está sendo condenado”.



Sol Nascente recebeu Rogério Rosso 

 

Rogério Rosso (PSD) fez campanha no Sol Nascente, também em Ceilândia. Assim como Rollemberg, prometeu construir outro hospital em Ceilândia, caso vença as eleições. “É uma urgência absoluta, pois a cidade tem 600 mil habitantes e só o Hospital Regional de Ceilândia à disposição”. Ele também disse que inaugurará uma Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) na cidade, além de realizar concursos públicos para aumentar os efetivos das forças de segurança.



Eliana Pedrosa passou por Taguatinga

 

Candidata que aparece em segundo lugar nas intenções de voto, Eliana Pedrosa (Pros) passou a manhã na Feira dos Goianos, em Taguatinga. No corpo a corpo com os eleitores, disse que voltará com o atendimento pleno do Hospital Regional de Taguatinga, contratando médicos e equipe de enfermagem. Eliana também garantiu que investirá em feiras. “No segundo turno, os tempos de propaganda na tevê são iguais. No primeiro, só tive 40s. É muito pouco”, afirmou.
 
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Correio Braziliense sexta, 05 de outubro de 2018

VILA PLANALTO: A PRAÇA DA ALEGRIA E DA AMIZADE

 


A praça da alegria e da amizade
 
 
Amigos de longa data se reúnem em espaço comunitário da Vila Planalto para colocar a conversa em dia e também se exercitar

 

» Sarah Paes*
» Isabela Guimarães*

Publicação: 05/10/2018 04:00

Espaço de convivência: Ieda Coelho e Marco Antônio se encontram na PEC para uma boa prosa (Sarah Paes/Esp. CB/D.A Press)  
Espaço de convivência: Ieda Coelho e Marco Antônio se encontram na PEC para uma boa prosa
 
Quando o sol vai dando o adeus por volta das 17h... Quando o dia começa a se acalmar.... O movimento no Ponto de Encontro Comunitário (PEC), na entrada da Vila Planalto, aumenta. O espaço é uma das opções de atividade para os idosos da região. Ieda Coelho Bezerra, 77 anos, aposentada da Secretaria de Saúde, e Marco Antônio Leal da Silva, 51 anos, militar da reserva, gostam de colocar o papo em dia sentados em um dos bancos da praça. A senhora simpática e comunicativa contou que a praça virou um point onde amigos e vizinhos se encontram quase todos os dias. No local, eles fazem exercícios físicos e compartilham um pouco do cotidiano de suas vidas. Ouvem e são ouvidos.
 
Alguns dos vizinhos se conhecem há mais de 40 anos. “A gente se reúne, faz uns exercícios, e também rola uma fofoca daqui e outra dali, ri. É sempre muito divertido. Venho aqui de três a quatro vezes na semana. Às vezes, eu tenho preguiça e não venho, mas aqui é ótimo para me movimentar e encontrar os amigos. Faço exercício nos aparelhos”, conta Ieda. Ela chegou, na Vila Planalto, na época da construção de Brasília. Morou primeiro na casa da irmã em Sobradinho. Em 1962, se mudou para a cidade para viver na casa de uma amiga, e não saiu mais da região.
 
Depois de tantos anos, caracteriza o local como uma cidade de idosos e aposentados. “Antes, a gente se encontrava em uma praça que fica dentro da Vila, mas lá começou a ser frequentado por moradores de rua. Depois que a PEC foi construída, passamos a nos reunir aqui. A Vila virou uma cidade de idosos. Temos até uma casa para esse perfil de pessoas, a Associação Renascer dos Pioneiros Vila Planalto. Eu já fui até a presidente”, conta a moradora que é popular entre os habitantes da cidade.

Maria de Lourdes e Ieda: exercícios e boa conversa (Sarah Paes/Esp. CB/D.A Press)  
Maria de Lourdes e Ieda: exercícios e boa conversa


Geraldo Alves:  
Geraldo Alves: "Eu até ajudo a preservar os equipamentos"
 
No grupo de amigos de Ieda, muitos deles fizeram parte da construção e estruturação da Vila Planalto e da própria capital. Alguns deles foram líderes comunitários e lutaram pela construção de locais, como o PEC e outros pontos de encontro da região.
 
Frequentador ativo do PEC, o aposentado Geraldo Alves Torres, de 69 anos, nascido em Mariana (MG), distante 116km de Belo Horizonte, veio para Brasília em 1969. Ele morou primeiro na quadra 315 Sul e em 1976 mudou-se para a Vila Planalto. A prática de exercícios físicos e os momentos de descontração com os vizinhos de longa data são rotina na vida do mineiro.
 
Além de se exercitar, ele também ajuda na manutenção dos aparelhos. “Fui um dos que lutou por essa praça. É muito bom aqui, não precisa mais que isso não. Eu até ajudo a preservar os equipamentos, mesmo sendo usuário eu aperto os parafusos sempre”, destaca.
 
A aposentada Maria de Lourdes Carvalho, 68 anos, costuma ir ao ponto de encontro pela manhã e à tarde. Às vezes, vai acompanhada das duas filhas. “Depois do meu problema no joelho, não consigo ir muito longe, mas, como a praça é aqui do lado de casa, é um ótimo lugar pra eu sair. Daí, eu chego aqui e encontro o pessoal e é essa festa que você está vendo. Acho apenas que tinha que criar pelo menos um parquinho ou uma quadra de esportes aqui para as crianças,” destaca.
 
*Estagiárias sob supervisão de José Carlos Vieira


O que diz a especialista
 
Socialização e qualidade de vida
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) são considerados idosos pessoas acima dos 60 anos de idade. Segundo a geriatra Priscilla Mussi, as atividades em grupo são fundamentais para a qualidade de vida deles. “Eles têm dificuldade em fazer novos amigos e quando há a socialização é muito bom para eles poderem conversar sobre os mesmos assuntos, por terem a mesma cultura”, explica. Os benefícios da conveniência englobam pontos positivos tanto para a saúde física quanto para a mental. “Quando eles conversam com outros idosos, conseguem desfocar dos problemas e diminui o risco de demência. Os encontros em praças também são bons para aumentar a vitamina D do corpo”, destaca.


Como colaborar
A Associação Renascer dos Pioneiros da Vila Planalto recebe doações para o bazar, que é a única fonte de renda para o local. Para a biblioteca, livros podem ser entregues nos supermercados Armazém do Geraldo e no MM, todos na Vila Planalto.
 
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Correio Braziliense quinta, 04 de outubro de 2018

ATAQUE E DEFESA NO MOMENTO DECISIVO

 

Ataque e defesa em momento decisivo
 
Debate promovido pelo Correio Braziliense e pela TV Brasília colocou frente a frente, pela última vez no primeiro turno, candidatos ao Palácio do Buriti. Ataques, propostas e denúncias marcaram o evento realizado a cinco dias das eleições

 

» ALEXANDRE DE PAULA

Publicação: 04/10/2018 04:00

 (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  

Sete candidatos ao Palácio do Buriti se enfrentaram cara a cara pela última vez no primeiro turno ontem. Às vésperas da votação de domingo, o debate, promovido pelo Correio Braziliense e pela TV Brasília, marca um dos momentos mais quentes da corrida eleitoral de 2018. Durante 2h20, os candidatos responderam a questionamentos espinhosos, atacaram e apresentaram propostas para a população, que teve a oportunidade de conhecer mais detalhadamente as posições de cada concorrente ao GDF. A hashtag #DebateCorreio ocupou o primeiro lugar entre os assuntos mais comentados em Brasília no Twitter em quase toda a transmissão.
 
Alberto Fraga (DEM), Eliana Pedrosa (Pros), Fátima Sousa (PSol), Ibaneis Rocha (MDB), Júlio Miragaya (PT), Rodrigo Rollemberg (PSB) e Rogério Rosso (PSD) participaram do debate. O Correio convidou para o encontro os candidatos ao Palácio do Buriti filiados a partidos que tenham ao menos cinco representantes no Congresso Nacional — como obriga a legislação eleitoral.
 
A saúde foi um dos temas mais abordados no encontro. Foram diversas críticas ao Instituto Hospital de Base e à gestão de Rodrigo Rollemberg (PSB). O próprio governador chegou a reconhecer que a saúde era, de fato, um dos maiores problemas do DF. Denúncias e condenações também se destacaram ao longo da transmissão. Candidatos trocaram acusações em diversos momentos. Assuntos relevantes, como educação e segurança pública, ficaram de lado.
 
No início do debate, o deputado federal Alberto Fraga protagonizou um momento embaraçoso. Ao cumprimentar Ibaneis Rocha, o parlamentar derrubou um microfone, que teve de ser trocado. Os dois reagiram com bom humor. Ibaneis, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no DF, foi o principal alvo dos adversários. De todos os lados, sobraram farpas para o candidato do MDB, acusado de abuso de poder econômico e compra de votos durante a campanha. De Fraga a Fátima Sousa, todos miraram no advogado. Ibaneis registrou crescimento expressivo e lidera as mais recentes pesquisas de opinião.
 
Eliana Pedrosa e Ibaneis foram responsáveis por um dos momentos mais quentes do debate. A ex-distrital questionou o advogado sobre um vídeo em circulação nas redes sociais em que Ibaneis promete, caso seja eleito, construir casas derrubadas pela Agefis com o próprio dinheiro. O concorrente pelo MDB reagiu. Respondeu que Eliana está ao lado do que há de mais podre na política de Brasília e que se envergonhava de ter sido amigo dela em outros momentos. A ex-distrital pediu direito de resposta, mas teve a solicitação negada pela produção do debate. Rogério Rosso fez referência ao embate em outro momento e disse que jamais um postulante ao GDF poderia tratar uma mulher como Ibaneis fez com a adversária.
 
Dobradinhas
Alguns candidatos preferiram evitar os ataques mútuos e trocaram afagos e elogios durante questionamentos e comentários. Rogério Rosso e Eliana Pedrosa permaneceram em clima amistoso durante todo o debate e aproveitaram momentos juntos para apresentar propostas e ressaltar qualidades. Júlio Miragaya (PT) e Fátima Sousa (PSol) adotaram o mesmo tom.
 
A dobradinha mais inusitada, no entanto, ficou a cargo do petista Miragaya e Alberto Fraga. O democrata não poupou elogios ao petista ao responder pergunta sobre desemprego e renda. Fraga acabou sendo usado também para defender o ex-presidente Lula quando Miragaya criticou o Judiciário por quebrar o sigilo da delação do ex-ministro Antonio Palocci dias antes da votação do primeiro turno.
 
Anteriormente, Fraga havia criticado a Justiça ao comentar a condenação a 4 anos e 2 meses de prisão em regime semiaberto por receber suposta propina de R$ 350 mil quando era secretário de Transporte do governo de José Roberto Arruda (PR). Fraga disse que o juiz responsável pela decisão era ativista LGBT. O deputado negou ser preconceituoso e declarou que “pré-condenar é que é preconceito”. A temática LGBTI voltou à tona depois quando Rosso foi questionado se a defesa dos valores da família tradicional cristã não atrapalhavam o desempenho na campanha. O quinto e último bloco terminou às 19h30 com as considerações finais de cada concorrente.
 
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Correio Braziliense quarta, 03 de outubro de 2018

AUTOESTIMA E CABEÇA ERGUIDA

 

Autoestima e cabeça erguida

 

» Caroline Cintra
Especial para o Correio

Publicação: 03/10/2018 04:00

 (Guilherme Tonelli e Bárbara Martins/Divulgação)  

 (Guilherme Tonelli e Bárbara Martins/Divulgação)  

 (Guilherme Tonelli e Bárbara Martins/Divulgação)  
 
“Quando você foi feliz pela primeira vez?”. Foi essa simples pergunta que arrancou muitos sorrisos de 11 mulheres que passam por um tratamento de câncer de mama no Hospital Universitário de Brasília (HUB). As reações, que deveriam remeter ao primeiro momento feliz que elas viveram após serem diagnosticadas com o câncer, foram fotografadas e se tornarão uma exposição no HUB, a partir desta sexta-feira.
 
A ideia de registrar a reação das mulheres respondendo à pergunta surgiu de uma parceria entre duas médicas do HUB, a oncologista Ludmila Thommen e a médica residente em mastologia Thereza Racquel Moura Baptista. Ambas tinham o desejo de fazer uma homenagem diferente para o Outubro Rosa e, de uma forma especial, também elevar a autoestima das pacientes.
 
“Costumam achar que uma pessoa com câncer só vive triste. E queremos mostrar para quem vê de fora que essa pessoa também vive bons momentos. Além disso, a gente queria dar um dia de alegria para que as pacientes se sentissem melhor com elas mesmas e mais bonitas”, conta Thereza Racquel.
 
Ludmila Thommen destaca que trabalhar a autoestima da mulher é fundamental no período de tratamento de um câncer, principalmente por envolver a queda de cabelo. Ela ressalta que não é porque a mulher está doente que ela não vai se maquiar ou colocar uma roupa bonita. “Por isso, oferecer momentos assim, para que elas se sintam mais bonitas, é importante. Se estar arrumada é primordial para elas, elas devem fazer isso sempre. Afinal, são exemplos de superação”, disse a oncologista.

 (Guilherme Tonelli e Bárbara Martins/Divulgação)  

 (Guilherme Tonelli e Bárbara Martins/Divulgação)  

 (Guilherme Tonelli e Bárbara Martins/Divulgação)  


Emoção
 
A sessão de fotos foi realizada em 15 de setembro, no Parque da Cidade. E o fotógrafo Guilherme Tonelli confessa que, apesar de ter trabalhado em outros projetos sociais, ele e a colega de trabalho Bárbara Paiva não conseguiram conter a emoção desse ensaio, que, para ele, foi muito especial. “Impossível não se emocionar com cada depoimento. Enquanto a gente fazia todo o processo, chorávamos e ríamos com elas”, relata. Guilherme ainda revela que esse foi um trabalho bastante desafiador. Depois da primeira risada de cada uma, foi libertador pra gente”.
 
A massoteraupeuta e modelo plus size Cláudia Belchior, 54 anos, foi uma das pacientes fotografadas para o projeto. Ela descobriu o câncer de mama há pouco mais de um ano, e, de lá para cá, tem lutado para não deixar a doença abalar a autoestima. Tanto não deixa abalar que continua trabalhando como modelo. Inclusive, em junho, ganhou o concurso Soberana Plus Size Internacional das Américas 2018, e representará o Brasil em Cancún, em 2019, na categoria “maturidade”.
 
“Eu perdi a mama esquerda, mas ganhei a vida. Deus me deu a oportunidade de estar viva. Não deixo de ser mulher por causa da doença”, afirma, emocionada. “Independentemente da doença, podemos estar sempre bonitas, com roupas bacanas. O importante é nunca deixar a doença tirar a autoestima”, ressalta.
 
Cláudia também dá palestras para quem tem ou teve câncer de mama. Ela acredita que sua experiência com a doença pode ajudar diversas mulheres a superar a difícil fase. “Além da minha vivência com o câncer, eu levo fé, força e garra para quem me assiste”.
 
Outubro Rosa
 
A massoterapeuta conta que descobriu o câncer de mama enquanto se autoexaminava durante o banho e reforça que as mulheres devem se cuidar sempre, não apenas durante o Outubro Rosa. “Este mês serve mais como um alerta e um incentivo para que as mulheres visitem sempre o médico. Mas nós temos que nos cuidar durante o ano todo, se tocando sempre e, assim que perceber algo diferente, já ir ao médico”, acrescenta.
 
O resultado das fotos feitas com as 11 pacientes em tratamento do câncer de mama estará exposto no HUB, até 26 de outubro, de segunda a sexta, das 9h às 17h. A exposição é aberta ao público.


Exposição “Quando você foi feliz pela primeira vez?”
 
Quando: 5 a 26 de outubro
Hora: 9h às 17h
Onde: Hospital Universitário de Brasília —  HUB (604/605 - L2 Norte)
 

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Correio Braziliense domingo, 30 de setembro de 2018

FLORES QUE TRANSFORMAM

 

Flores que transformam
 
 
Brindamos a chegada da primavera com histórias de pessoas que mudaram as vidas graças às plantas

 

Por Renata Rusky

Publicação: 30/09/2018 04:00

Embora seja um bioma rústico, o cerrado surpreende com a floração em meio a árvores tortuosas. A primavera começou oficialmente no último dia 23 e um olhar atencioso à capital é capaz de perceber as flores presentes por toda a cidade.
 
Sem estações do ano tão bem definidas, há até quem diga que, na capital, é primavera quase o ano todo. A professora Carmen Regina Mendes de Araújo Correia, do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade de Brasília (UnB), explica que, quando se fala na flora da capital, deve-se pensar nas plantas nativas do cerrado e nas plantadas, trazidas de fora. “As nativas florescem durante a seca, a partir de maio, até novembro. As de fora costumam florir principalmente na primavera”, explica.
 
O botânico José Antônio Paschi explica que, a partir de maio, o ipê-roxo começa a florescer e dura até o fim de julho. Em agosto, é a vez do amarelo, cuja floração vai até outubro. Enquanto o último segue decorando as paisagens brasilienses por mais tempo, duas outras cores aparecem e vão embora: a do ipê-branco, que acaba em setembro e dá lugar ao ipê-rosa, que desaparece em outubro com o amarelo.
 
Embora os ipês sejam alguns dos grandes símbolos da capital, não são os únicos. E o fim da floração deles não significa ausência total de flores. Em outubro, eles dão lugar à floração de flamboyant, que deixa Brasília mais alaranjada. Com a chegada das chuvas fortes, no fim do ano, as flores, então, dão uma brecha para voltar com tudo a embelezar a cidade no ano seguinte.
 
E, se aqui há flores o ano inteiro, há quem faça da própria vida uma primavera constante, sempre cercado por flores, cuidando das plantas e tentando alegrar os outros por meio delas. A Revista mostra histórias de quem tem uma relação especial com a flora, não abre mão da energia boa de tê-las em casa e também de quem ainda está descobrindo aos poucos esse universo.
 
Bruna Pelegio (e) fechou parceria com Sâmia Silveira: flores e decoração de mãos dadas (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)  
Bruna Pelegio (e) fechou parceria com Sâmia Silveira: flores e decoração de mãos dadas
Carreiras desabrochadas
 
Há cerca de quatro anos, a florista Bruna Maria Pelegio, 31 anos, transformou a própria vida, trocando de carreira. Formada em contabilidade, com um emprego bem técnico e no qual sentia que não usava criatividade para nada, acabou trabalhando com flores meio por acaso. “Era um ambiente muito formal, tradicional, machista”, reclama.
 
Uma amiga casaria no cartório, e Bruna se comprometeu a presenteá-la com um buquê. “Quando viram o resultado, foi uma comoção, porque acharam lindo. Então, ela pediu pra eu fazer o da cerimônia religiosa também.”
 
O que era para ser só uma demonstração de carinho para uma amiga, rendeu-lhe encomendas. “Muita gente sabia que eu estava insatisfeita com o emprego. Acharam que eu estava fazendo buquês profissionalmente e começaram a passar meu contato. Fui aceitando os pedidos”, conta. Tornou-se “a moça do buquê”.
 
Mais do que uma mudança de carreira, para Bruna, foi uma transformação no estilo de vida. “Trabalhar com flores, conversar com as noivas, ser criativa: tudo isso é energizante”, justifica. Bruna sempre gostou de plantas e teve muito contato com elas. Ela se recorda de que a avó se gabava de que as flores dela desabrochavam duas vezes por ano.
 
Parceria
 
Nascida na fronteira entre o Brasil e o Uruguai, os avós plantavam quase tudo o que a família comia. “Na época da abóbora, comíamos abóbora. No inverno, ficávamos cheios de compota. Eu aprendi muita coisa com eles.” Mesmo assim, ela não se contentou com o ensino adquirido dos parentes e estudou muito, fez muitos cursos. “Como me sentia insegura por estar numa nova carreira, eu me esforcei ainda mais.”
 
No processo de trocar de trabalho, Bruna percebeu que era muito mais inventiva do que pensava. Até os 26 anos, tinha certeza de que criatividade era uma habilidade com a qual não havia nascido, portanto, começar a trabalhar com flores foi também uma experiência de autoconhecimento.
 
Um dos maiores desafios para Bruna foi quando as noivas começaram a pedir que ela fizesse não só os buquês, mas toda a decoração das cerimônias. Ficou com receio: “Não era mais só flor. Exigiria mais”. Foi quando decidiu que precisava de alguém com quem dividir as responsabilidades, que tivesse essa parte do expertise.
 
Por coincidência, a mulher de um amigo de infância do marido de Bruna estava decidida a se dedicar a decorações de festa. E comentou despretensiosamente em um jantar dos dois casais. Arquiteta, Sâmia Ferreira Silveira, 33, era quem Bruna procurava. Ela não tinha o conhecimento das flores, mas tinha de decoração. As duas se uniram e mais uma “moça do buquê” entrava em cena.
 
Sâmia conta que, desde que começou a trabalhar com flores, passou a se conectar mais com a natureza. “Meu olhar mudou. Aonde eu vou, reparo nas plantas, nas flores. Hoje, nenhuma viagem é como antigamente. No meu percurso para casa, eu presto atenção em toda flor. É um estudo constante.”
 
Além disso, ela percebe que não tem comparação trabalhar em um ambiente cercado de plantas, como é o ateliê delas, e em um escritório. “Tanto na arquitetura quanto em eventos, as plantas humanizam, oxigenam, transformam a energia do lugar”, afirma Sâmia.
 
Mas nem tudo são flores. O trabalho é pesado. Ficam em pé durante muito tempo, carregam peso pra lá e pra cá. “É claro que tem o glamour da flor, símbolo de beleza, de fertilidade, e é uma bênção trabalhar com elas, mas não deixa de ser um trabalho”, admite Bruna.
 
 (Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press)  
 
 
As flores também mudaram a carreira de Roxane Ayres (foto), 37. Psicóloga de formação, mudou-se de Fortaleza para Brasília por conta do marido, funcionário do governo. Ambos sempre pensaram em abrir um negócio. Decidiram, então, trazer uma franquia da floricultura Luxo Natural para a capital do país. Para Roxane, fazia sentido trabalhar com algo de que sempre gostou: flores.
 
Ela relembra que, quando era criança, o pai tinha um catálogo de fotos com flores de Holambra. “Eu pegava aquele livro e ficava admirando, tentando aprender um pouco mais sobre cada flor”, conta. Quando saía para comprar pão, o pai também sempre voltava com um ramo de flor resedá para lhe dar. “Ele pedia a uma mulher, em uma casa no caminho”, conta.
 
Por influência do pai, passou a ter um carinho especial pelas flores. A casa dela, inclusive, estava sempre florida, mesmo antes de ser dona da floricultura. Talvez, também por conta da influência do patriarca, ela tenta desmistificar a ideia de que só mulheres devem ganhar flores. Os presentes que dava a amigas e amigos todo mundo já sabia antecipadamente: flores. Ela garante que sempre surpreendia por conta da variedade de espécies, dos arranjos diferentes.
 
A loja de Roxane trabalha com arranjos que vêm acompanhados de alguma mensagem, que pode ser personalizada. “Vender flores é um desafio, porque precisamos entender o que aquela pessoa quer dizer para quem vai ser presenteado”, afirma Roxane.
 
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Correio Braziliense sábado, 29 de setembro de 2018

RORIZ: BRASÍLIA SE DESPEDE DO EX-GOVERNADOR

 

JOAQUIM RORIZ »Brasília se despede do ex-governador
 
Cerca de 5 mil pessoas acompanharam o sepultamento do ex-governador Joaquim Roriz no Cemitério Campo da Esperança. Flores e balões azuis, além de música e jingles de antigas campanhas eleitorais, marcaram a cerimônia

 

» ALEXANDRE DE PAULA
» ANA VIRIATO
» LUIZ CALCAGNO

» CÉZAR FEITOZA
» TARCILA REZENDE
» VICTOR GAMARRO
Especiais para o Correio

Publicação: 29/09/2018 04:00

O corpo de Joaquim Roriz deixou o Memorial JK em um caminhão do Corpo de Bombeiros, que passou pela Esplanada dos Ministérios e pela L4 antes de alcançar a Asa Sul (Valerio Ayres/CB/D.A Press)  
O corpo de Joaquim Roriz deixou o Memorial JK em um caminhão do Corpo de Bombeiros, que passou pela Esplanada dos Ministérios e pela L4 antes de alcançar a Asa Sul


 (Valerio Ayres/CB/D.A Press)  


 (Valerio Ayres/CB/D.A Press)  
 
Ao governador que comandou Brasília por quatro vezes, um adeus marcado pela devoção de familiares, autoridades e simpatizantes. Com flores e balões azuis, faixas de agradecimento, bandeiras, botons e jingles, cerca de 5 mil pessoas prestaram, ontem, as últimas homenagens a Joaquim Roriz. Em meio à cerimônia fúnebre, entre sorrisos e lágrimas, narraram histórias construídas com o ex-governador ao longo de cinco décadas de vida política. Despediram-se do homem que redesenhou o Distrito Federal e ressaltaram: “o legado permanece vivo”.

O ex-governador morreu, aos 82 anos, na manhã de quinta-feira, após três paradas cardíacas e mais de um mês internado na unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital Brasília. Roriz conviveu por mais de uma década com um quadro grave de insuficiência renal. O patriarca da família deixa a viúva, Weslian, com quem era casado havia 58 anos, três filhas — Wesliane, Jaqueline e Liliane — e quatro netos.

Sob comoção, o velório de Roriz estendeu-se da tarde de quinta-feira à manhã de ontem. Em uma das entradas do Memorial JK, onde ocorreu a cerimônia, foram deixadas mais de 60 coroas de flores. No culto ecumênico, iniciado às 9h, dom José Freire Falcão, cardeal e arcebispo emérito de Brasília, exaltou o histórico do ex-governador. “Roriz, como cidadão, político, esposo, cristão e gestor público, se abrirá eternamente às pessoas, mesmo àquelas que não foram contigo na vida terrena”, disse.

Responsável pela primeira leitura, Jaqueline Roriz não conteve a emoção. Ao fim, um dos presentes gritou: “Samambaia te ama”, em referência a uma das cidades criadas pelo ex-governador. Joaquim Roriz Neto escolheu a música Raridade, de Anderson Freire, para homenagear o avô. Em discurso, lembrou as palavras do senador e ex-presidente da República José Sarney sobre o patriarca da família: “Quem construiu Brasília foi JK, mas quem a consolidou como cidade moderna foi Joaquim Roriz.”
 
Andorinhas
 
O trajeto do cortejo teve início por volta das 10h. Após a realização da missa, um caminhão do Corpo de Bombeiros transportou o corpo do ex-governador. Ao deixar o Memorial JK, seguiu pela Esplanada dos Ministérios até o Palácio do Planalto, virou na L4 Sul e, pelo Setor Policial Sul, alcançou o Campo da Esperança, no fim da Asa Sul. A todo instante, o veículo recebia buzinas em sinal de apoio. Ao som de uma das músicas preferidas de Roriz, Andorinhas, do Trio Parada Dura, admiradores aguardavam a chegada do caminhão ao Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul. Uma das responsáveis pela caixa de som, a autônoma Geralda Rodrigues, 48 anos, disse que o tempo não é de choro, mas “de lembrar, felizes, o que ele fez pela cidade”.

No local, uma salva de palmas recepcionou Roriz à Ala dos Pioneiros. Muitos entoavam o nome do ex-governador e destacavam agradecimentos. Com um vestido caracterizado pelo pano da faixa da campanha de Weslian Roriz ao GDF, em 2010, e uma foto com Liliane Roriz, caçula do clã, guardada na bolsa, a aposentada Luzinete Maria de Oliveira, 67, tinha dificuldade de conter as lágrimas. “Moro em Samambaia. Cheguei ao Distrito Federal solteira, com cinco filhas para cuidar. Ele nos deu moradia, pão, leite, cesta básica, dinheiro do gás e um emprego”, conta.

As filhas cresceram e estão casadas. Duas moram em casas erguidas no lote da mãe. “Na derradeira campanha dele, eu ganhei uma faixa com o nome da dona Weslian. Paguei R$ 30 para uma costureira transformar em vestido e pedi que fosse feito com zíper, e não com botões. Queria uma coisa bem-feita”, relata. “Quando as minhas filhas souberam que ele tinha morrido, ficaram preocupadas com a minha saúde. Roriz ajudou a minha família toda. Teve gente que ganhou um lote para morar e outro para comércio”, recorda.

A comoção de Luzinete refletia-se nos olhos de centenas de outros admiradores. “Roriz morreu”, refletiu, em voz alta, o aposentado Carlos Alberto Batista, 67, de Samambaia. Vítima de dois acidentes vasculares cerebrais e com dificuldades na fala, ele se esforçou para pronunciar corretamente as palavras, que saíram com dor, entre lágrimas. “Para o meu pai, era o enterro de um parente. Trabalhamos em várias campanhas dele, éramos recebidos na casa do ex-governador. Não fomos beneficiados por nenhum programa do governo. Simplesmente, acreditamos nele”, explicou a filha, a autônoma Delaine Silva, 27. “O meu pai queria ter ido ao velório, mas, por causa da saúde dele, preferimos vir para o enterro”, acrescentou.

Ao chegar ao Campo da Esperança, a multidão recebeu o ex-governador com uma salva de palmas (Valerio Ayres/CB/D.A Press)  
Ao chegar ao Campo da Esperança, a multidão recebeu o ex-governador com uma salva de palmas


Exemplo e luta
 
No momento do sepultamento, formou-se um cordão humano para proteger a família Roriz. Mais afastado da multidão, o servente de pedreiro José Vieira, 52, deixou de comparecer ao trabalho para prestar homenagem a Roriz. Ele também mora em Samambaia. “É Deus lá em cima, e Roriz aqui embaixo. Esse homem é um exemplo para os políticos que estão aí”, disse.

Dezenas de flores brancas cobriram o túmulo. Após a saída de familiares, os simpatizantes se aproximaram e entoaram o jingle da campanha de 2002 de Roriz, época em que o político venceu Geraldo Magela nas urnas. “Roriz é um trabalhador de braços dados com a luta do meu povo”, cantaram, por minutos, até o esvaziamento do local.
 
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Correio Braziliense sexta, 28 de setembro de 2018

RORIZ: ADEUS AO ÍCONE DA POLÍTICA NO DISTRITO FEDERAL

 

Adeus ao ícone da política no DF
 
 
Uma multidão se despede desde ontem do ex-governador, que morreu aos 82 anos, após uma década com um grave quadro renal

 

» HELENA MADER

Publicação: 28/09/2018 04:00

 
"Agradeço à população de Brasília, que sempre confiou em mim e me deu condições de fazer tudo o que fiz" 

Joaquim Roriz, em sua última aparição pública, em 4 de agosto de 2015

Quando o assunto é Joaquim Domingos Roriz, não existe meio termo. O político mais importante da história do Distrito Federal era adorado por alguns com devoção quase religiosa. Por outros, era chamado de populista e demagogo. Entre as duas correntes, um consenso: nenhum brasiliense é indiferente à história do ex-governador, que comandou a capital por quatro vezes e se orgulhava de nunca ter perdido uma eleição.
 
Joaquim Roriz morreu ontem, aos 82 anos, depois de conviver por uma década com um quadro grave de insuficiência renal. O patriarca da família deixa a viúva, Weslian, com quem era casado há 58 anos, três filhas, Wesliane, Jaqueline e Liliane, e quatro netos. Também deixou órfãos milhares de candangos, especialmente moradores de cidades criadas por ele, que o chamam carinhosamente de “pai Roriz”. O enterro será hoje, às 11h, no Cemitério Campo da Esperança.
 
Depois de três paradas cardíacas e de uma traqueostomia, o coração do ex-governador parou de bater às 7h50 do Dia de São Vicente de Paulo, conhecido como guardião dos pobres. O corpo foi velado no Memorial JK, em uma cerimônia que traduziu sua ligação próxima com o povo da capital federal e mostrou sua força política.
 
Cobertas por bandeiras azuis de campanhas passadas, estampadas com o nome de Roriz, ou com fotos do ídolo nas mãos, milhares de pessoas esperaram sob o sol forte a vez de dizer adeus. Pelo menos duas mulheres passaram mal e desmaiaram, uma delas ao lado do caixão. Entre orações, lágrimas e lamentos, anônimos cruzaram o corredor do Memorial para a última homenagem.
 
Tristeza
A disposição do desempregado Sebastião Barbosa, 61 anos, traduzia a devoção popular com relação ao político. Ele não se satisfez com apenas um adeus e enfrentou a fila duas vezes para ver o corpo de Joaquim Roriz. “Eu Já perdi a minha mãe e o meu pai. Mas a tristeza hoje é diferente”, explicou. Sebastião chegou à capital em 1962, e teve a adolescência marcada por invasões. “Até que o Roriz me deu uma casa. Depois disso, independentemente do partido, eu sempre estava nos comícios dele, porque ele era um cara humilde, ajudava os pobres”.
 
Familiares
O homem que marcou a história política do Distrito Federal — e que apreciava percorrer as ruas das cidades em busca de votos — morreu a apenas 10 dias das eleições. Sete candidatos ao governo compareceram à despedida, além de parlamentares, antigos colaboradores, amigos e familiares. Vestidos de preto, filhas e netos permaneceram ao lado do caixão durante quase todo o velório.
 
Dona Weslian, devastada pela perda do companheiro de quase seis décadas, só chegou ao local depois das 17h e precisou de amparo. Liliane Roriz, a caçula do patriarca, traduziu o sentimento da família. “Não tem político que cuidou mais de Brasília do que meu pai. Então, quero convidar Brasília para se despedir de Roriz, esse homem tão querido e que tanto fez pela cidade. Será uma despedida difícil, mas espero que Brasília nunca o esqueça.”
 
 
 
Vida política
 
» Vereador de Luziânia:  1962 a 1965 
» Deputado estadual de Goiás: 1979 a 1982 
» Deputado federal por Goiás: 1983 a 1986
» Prefeito interventor de Goiânia: 1987 
» Vice-governador de Goiás: 1987 a 1988 
» Ministro da Agricultura:  (15/3/1990 a 30/3/1990)
» Governador indicado por Sarney: 1988 a 1990
» Governador do DF: 1991 a 1994 DF (eleito)
» Governador do DF: 1999 a 2002 DF (eleito)
» Governador do DF: 2003 a 2006 DF (eleito)
» Senador: 2007
» Candidato ao governo: 2010
» Desistência da candidatura e lançamento de Dona Weslian: 2010 
 
 
Vida pessoal
 
»  Nascimento: 4 de agosto de 1936
»  Local de nascimento: Luziânia
»  Pais: Lucena Roriz e Jerzuleta de Aguiar Roriz
»  Casado com Weslian do Perpetuo Socorro Peles Roriz desde 1960
»  Filhos: Wesliane, Jaqueline e Liliane
»  Netos: Bárbara Maria, Juliano, Rodrigo e Joaquim Neto
 
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Correio Braziliense quinta, 27 de setembro de 2018

MORRE JOAQUIM RORIZ, AOS 82 ANOS

 

Morre, aos 82 anos, Joaquim Roriz, ex-governador do Distrito Federal

Doente renal crônico e diabético, Roriz estava internado desde 24 de agosto. Governador do DF por três mandatos, ele ficou 14 anos à frente do Palácio do Buriti e foi símbolo de admiração e polêmicas ao longo da trajetória política

O ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz morreu nesta quinta-feira (27/9), em Brasília, aos 82 anos. O político passou os últimos momentos de vida ao lado das filhas e da esposa, Weslian Roriz. Ele estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Brasília desde 24 de agosto. Na quarta-feira, seu estado de saúde se tornou crítico devido a uma infecção pulmonar.

“Estamos devastados, mas tenho certeza de que não é só nossa família que sente essa perda. É Brasília toda. Ele foi uma pessoa muito boa para Brasília, que merece todo o carinho do mundo e está descansando agora”, afirmou o neto do ex-governador Joaquim Roriz Neto.

Em nota, o governador Rodrigo Rollemberg informou que decretou luto oficial de três dias no DF e afirmou que a morte de Roriz “abala a todos brasilienses que o acolheram e que receberam dele em troca muito trabalho e realizações de toda a ordem”. “À Dona Weslian, suas filhas Liliane, Jaqueline e Wesliane, aos netos e aos milhões de brasilienses que sempre tiveram muito apreço e respeito ao ex governador meus pêsames, minhas orações e as de Marcia, para que consigam superar esse momento difícil”, afirmou.

O quadro clínico do ex-governador Roriz vinha se agravando dia após dia, desde meados de 2013. Há um ano, em 26 de agosto do ano passado, o político goiano foi submetido à amputação da perna direita, abaixo do joelho, e de dedos do pé esquerdo. Quatro dias depois, voltou a ser hospitalizado no Hospital do Coração do Brasil, na Asa Sul. Apesar de ser um procedimento agressivo, o ex-governador nem sequer percebeu que havia perdido parte do corpo, segundo Dona Weslian.

A decisão pela amputação foi tomada pela equipe médica que cuida de Roriz, para evitar necrose dos membros com o comprometimento da circulação dele, que tem diabetes. Em junho do mesmo ano, o ex-governador passou por um procedimento para melhorar a circulação e a saúde dele chegou a melhorar com a implantação de um stent, para desobstruir as artérias.

Em 1º de fevereiro último, o Correio publicou a reportagem que caiu como uma bomba no cenário político local. Um laudo do Instituto de Medicina Legal, da Polícia Civil do DF, ao qual a coluna Eixo Capital teve acesso com exclusividade, apontou que Roriz havia sido diagnosticado com “síndrome demencial, de etiologia mista, Alzheimer e vascular (CID10 F00.2 e F01.09), em estágio grave, com intensa repercussão sobre sua autonomia”. O exame consta de processo criminal em curso na 2ª Vara Criminal de Brasília. Trata-se de um incidente de sanidade mental, realizado para avaliar se o ex-governador tem compreensão da denúncia de corrupção que pesa contra ele. A resposta foi: não.

Doente renal crônico há mais de uma década, Roriz tinha de se submeter a sessões diárias de hemodiálise para filtrar o sangue. Entrou na fila por um transplante de rim em 2013, mas não pôde ser submetido ao procedimento porque não tinha condições físicas para resistir à operação. Em 2015, ele passou mal em casa. Os médicos diagnosticaram uma isquemia cardíaca, o que levou à necessidade de um cateterismo no Hospital do Coração, onde ele ficou internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Além disso, cinco anos atrás ele fez uma cirurgia para implante de três pontes de safena.

Trajetória

Joaquim Domingos Roriz nasceu em Luziânia (GO), distante 66km da capital federal. Foi governador do Distrito Federal por três mandatos. Ao todo, ficou 14 anos à frente do Palácio do Buriti. Em 1986, venceu a eleição para o cargo de vice-governador de Goiás. Seu primeiro mandato para comandar o DF veio pelas mãos do ex-presidente da República José Sarney em 1988 — à época, a capital não elegia seus gestores, o que ocorreu com a promulgação da Constituição Federal em outubro do mesmo ano.

Roriz integrou o ministério do ex-presidente Fernando Collor de Mello, em 1990. O goiano foi ministro da Agricultura e Reforma Agrária por 14 dias. Renunciou ao cargo para concorrer ao Palácio do Buriti. Ganhou a eleição e chefiou o Executivo local entre 1991 e 1995. Ficou conhecido pela política habitacional de distribuição de lotes em áreas públicas, criando cidades como Ceilândia, Samambaia, Recanto das Emas, entre outras.

O terceiro mandato de Roriz começou em 1999 e durou até março de 2006, quando renunciou em favor de sua vice, Maria de Lourdes Abadia, para lançar-se candidato ao Senado. Sua sucessora disputou a reeleição para permanecer no cargo até 2010, mas foi derrotada no primeiro turno por José Roberto Arruda. Roriz renunciou ao cargo em julho do mesmo ano, quando foi descoberto um esquema de propina envolvendo o banco BR, escapando do processo de cassação do mandato que poderia deixar 8 anos inelegível.

Antes de iniciar a vida política em Brasília, Roriz também foi eleito deputado estadual (1978), deputado federal (1982) e vice-governador do estado de Goiás (1986). Além disso, foi prefeito de Goiânia, como interventor, entre 1987 e 1988. O político deixa a mulher Weslian Roriz e três filhas, Wesliane, Liliane e Jaqueline Roriz. Esposa e filhas também fazem parte do cenário político do DF.

Aclamado e odiado

Roriz começou a vida política no Partido dos Trabalhadores (PT) em Goiás, mas a admiração pela sigla, onde só havia pessoas “com ódio no coração”, segundo ele,  virou passado renegado. Aclamado pelo eleitorado, principalmente o das regiões mais carentes do DF, Roriz fazia discursos carregados de emoção, choro e apelos de forma humilde. Abraços, beijos e cochichos ao pé do ouvido de eleitores eram o estilo do ex-governador no corpo-a-corpo nas ruas.

Acumulou vitórias em mais de 30 anos de carreira política, com tropeços no português e o visível desconforto em cerimônias oficiais com autoridades. O governo dele no DF foi marcado pela remoção de favelas para assentamentos, conquistando seu eleitorado com a doação de lotes. As políticas direcionadas ao eleitor carente fazia com que a popularidade o colocassem sempre na liderança de pesquisas de intenção de voto.

No meio político, ele também ficou marcado pelo destempero e pelo envolvimento em muitas polêmicas. Foi alvo de inquéritos no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Precisou se defender de denúncias de racismo, improbidade administrativa, falsidade ideológica e crimes contra a fé pública. Em 1994, diante dos eleitores, xingou a tucana Maria de Lourdes Abadia enquanto fazia campanha para o aliado Valmir Campelo. A ofensa fez com que o PSDB migrasse o apoio para o PT, no segundo turno, em 1994, ajudando Cristovam Buarque (PT) a se eleger governador.

Ao assumir o terceiro mandato como governador do DF, em 1999, Roriz e equipe dele foram alvo de escândalos, com denúncias como as de desvios de verba do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), compra de merenda superfaturada e acordos de campanha com o bicheiro Manoel Dorso.

Relembre a trajetória da vida política de Joaquim Roriz

1962 a 1965: foi vereador de Luziânia, cidade no Entorno do DF 
1979 a 1982: exerceu o cargo de deputado estadual de Goiás 
1983 a 1986: exerceu o cargo de deputado federal por Goiás 
1987: eleito prefeito interventor de Goiânia (GO) 
1987 a 1988: foi vice-governador de Goiás 
15/3/1990 a 30/3/1990: exerceu cargo de ministro da Agricultura 
1988 a 1990: foi governador indicado por José Sarney 
1991 a 1994: segundo mandato de governador do DF 
1999 a 2002: terceiro mandato de governador do DF 
2003 a 2006: quarto mandato de governador do DF 
2007: foi eleito senador 
2010: candidatou-se ao governo do DF, mas desistiu da candidatura e lançou a mulher Weslian Roriz 
2015: recebe o título de Cidadão Honorário de Brasília

 

   

Correio Braziliense quarta, 26 de setembro de 2018

ARMAS CONTRA O CÂNCER

 

Armas contra o câncer
 
No Correio Debate, especialistas discutem técnicas, drogas e tratamentos revolucionários no enfrentamento da enfermidade. O mal tem capacidade de, nos próximos anos, se tornar a principal causa de mortes, superando as doenças cardiovasculares

» OTÁVIO AUGUSTO
» MARÍLIA SENA*
» INGRID SOARES
Especial para o Correio

Publicação: 26/09/2018 04:00

O ministro Adeilson Loureiro Cavalcanti durante debate no jornal: em 2017, governo repassou R$ 4,6 bilhões ao SUS para tratamento da doença (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
O ministro Adeilson Loureiro Cavalcanti durante debate no jornal: em 2017, governo repassou R$ 4,6 bilhões ao SUS para tratamento da doença
Especialistas são unânimes: nos próximos anos, o câncer tomará o lugar das doenças cardiovasculares e se tornará a principal causa de morte. Com a mesma velocidade da incidência da enfermidade, pesquisadores, cientistas e médicos desenvolvem técnicas, drogas e tratamentos revolucionários para conter o avanço do mal. A lista de desafios é extensa: baratear tratamentos, facilitar acesso à assistência clínica, identificar precocemente doentes e difundir o conhecimento científico.

As autoridades brasileiras admitem a complexidade do tema. “À medida que vivemos mais, estaremos predispostos a doenças. O câncer é uma delas. Temos de estar preparados para esse enfrentamento”, admitiu o ministro em exercício da Saúde, Adeilson Loureiro Cavalcanti, durante o Correio Debate: “Oncologia no Brasil — Inovação no Tratamento e no Diagnóstico do Câncer”, realizado ontem, na sede do jornal, com patrocínio do Hospital Sírio-Libanês. Especialistas de diversas frentes participaram do evento, que foi transmitido em tempo real pelo site e pelas redes sociais do Correio.

O Sistema Único de Saúde (SUS) mais que dobrou os investimentos no setor. Em 2010, o governo federal destinou R$ 2,2 bilhões para tratamento. O valor passou para R$ 4,6 bilhões no ano passado. A rede oferece assistência integral aos doentes desde o diagnóstico até os procedimentos paliativos. Em 2017, foram realizados 11,5 milhões de sessões de radioterapia na rede pública.

Identificar precocemente o câncer e cuidar rapidamente aumentam a chance de sobrevida e diminuem os custos do tratamento, segundo Renata Oliveira dos Santos, técnica da Divisão de Detecção Precoce e da Organização de Rede de Atenção Oncológica do Instituto Nacional do Câncer (Inca). No tumor de mama, por exemplo, a detecção precoce salva 95% das pacientes.

Exames de rotina são grandes aliados nesse aspecto. “Há cânceres que evoluem de forma lenta. Outros, crescem de forma rápida e agressiva. Os exames de rotina são essenciais para identificar cada um deles e definir se é viável usar os sistemas de rastreamento e pesar riscos e benefícios. Nem todo tipo de câncer é possível rastrear”, afirma.
 
Prevenção
Polyana Medeiros, da Diretoria da Sociedade Brasileira de Mastologia, alerta que 85% das pacientes com câncer de mama que identificam a doença em estágio inicial não precisam de quimioterapia. “Esse dado é importante,  porque a gente oferece quimioterapia só para quem realmente precisa, e diminuiu os custos do Sistema Único de Saúde”, emenda.

O oncologista do Sírio-Libanês Rodrigo Medeiros também ressalta a importância da descoberta da doença ainda na fase inicial. O médico alerta que obesidade, sedentarismo, tabagismo e consumo exagerado de álcool aumentam os riscos de aparecimento da doença. “Não é azar ter câncer. É uma questão de estilo de vida. A maior chance é quando faz o diagnóstico precoce. Quando está em estágio avançado, são, em sua maioria, incuráveis”, diz. “A prevenção é a principal arma contra o câncer, e isso depende de cada um e das adoções de políticas públicas. O diagnóstico precoce também diminui os custos de gastos na saúde.”
 
*Estagiária sob a supervisão de Cida Barbosa

 Jornal Impresso


Correio Braziliense terça, 25 de setembro de 2018

MARTA, A DONA DA BOLA

 

A dona da bola
 
Atacante brasileira supera rivais, ganha prêmio de melhor do mundo pela sexta vez e bate recorde. Cristiano Ronaldo e Messi faltam à cerimônia que premia Luka Modric na disputa masculina

 

Publicação: 25/09/2018 04:00

Marta se emocionou ao receber o prêmio e agradeceu o apoio de fãs e profissionais com quem trabalha (Ben Stansall/AFP
)  
Marta se emocionou ao receber o prêmio e agradeceu o apoio de fãs e profissionais com quem trabalha
Marta voltou ao topo do mundo. A atacante brasileira foi eleita ontem a melhor jogadora do planeta pela sexta vez, um recorde entre mulheres e homens, em cerimônia realizada pela Fifa, em Londres. A jogadora do Orlando Pride, dos Estados Unidos, desbancou a norueguesa Ada Hegerberg e a húngara Dzsenifer Marozsán, ambas do Lyon, da França.
 
A brasileira não levantava o troféu desde 2010. Vencera também em 2006, 2007, 2008 e 2009. “Realmente estou sem palavras. É um momento fantástico. As pessoas falam para mim assim: você já esteve nesta posição muitas vezes. Todas as vezes você se emociona. Realmente, eu me emociono porque isso representa muito para mim”, disse Marta, sem esconder as lágrimas.
 
“Desde o primeiro momento em que eu enxerguei que a melhor coisa que eu fazia na vida era jogar futebol, um esporte tão fantástico, eu só tenho a agradecer. Primeiro a Deus, por me dar saúde constantemente para poder buscar os meus objetivos. Não podia deixar de agradecer as minhas companheiras do clube e da Seleção. As pessoas que estão comigo constantemente me dando suporte. E aos fãs e jornalistas. Isso é fantástico. É um momento mágico”, celebrou a jogadora de 32 anos.
 
Marta havia sido indicada pela 14ª vez ao prêmio por conta das boas performances tanto pelo Orlando Pride quanto pela Seleção Brasileira. Pelo time norte-americano, foi a vice-artilheira da National Women’s Soccer League (NWSL) no ano de 2017, com 13 gols, e ajudou a levar a equipe até as semifinais. Neste ano, Marta fez quatro gols e registrou o mesmo número de assistências em 17 partidas disputadas. Pela Seleção, liderou a equipe na conquista da Copa América, em abril, no Chile.
 
A maior rival da brasileira na disputa era Ada Hegerberg, de apenas 23 anos. A jogadora chegou à final do prêmio por liderar o Lyon na conquista do título da Liga dos Campeões da Europa. Ela já havia sido eleita a melhor jogadora da Europa em 2016. A outra finalista, Dzsenifer Marozsán, foi companheira de Ada na conquista europeia com a camisa do Lyon.
 
13 gols
Performance de Marta na National Women’s Soccer League em 2017
 
"Desde o primeiro momento em que eu enxerguei que a melhor coisa que eu fazia na vida era jogar futebol, um esporte tão fantástico, eu só tenho a agradecer. É um momento mágico”
 
Marta, atacante da Seleção Brasileira e do Orlando Pride
 
 
 

Correio Braziliense segunda, 24 de setembro de 2018

51º FESTIVAL DE BRASÍLIA DO CINEMA BRASILEIRO - PREMIAÇÃO

 


E o Saruê vai para a diversidade
 
 
A celebração do cenário audiovisual do DF chega ao fim com destaque para o filme Bixa travesty, que levou para casa o prêmio do Correio

 

Da equipe do Correio

Publicação: 24/09/2018 04:00

Equipe de Cultura entrega troféu (E); as homenageadas são as cantoras Linn da Quebrada e Jup do Bairro (D) (Matheus Dantas/CB/D.A Press)  
Equipe de Cultura entrega troféu (E); as homenageadas são as cantoras Linn da Quebrada e Jup do Bairro (D)


 (Matheus Dantas/CB/D.A Press)  
 
 
 
Depois de agitar a cena audiovisual brasiliense durante 10 dias, a 51ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro terminou em clima de festa e premiação. A cerimônia do “Óscar” da capital federal foi na noite de ontem com a participação do Correio Braziliense, responsável pela entrega do troféu Saruê, oferecido em homenagem à produção, ao profissional ou ao momento de maior destaque da edição do festival. A condecoração foi criada em 1996 e é concedida pela equipe de Cultura do jornal. Nesta edição, a estatueta, com design do artista plástico Francisco Galeno, foi para o longa-metragem Bixa travesty (de Kiko Goifman e Claudia Priscilla).
 
Bastante celebrado na sessão de sábado (22), o filme projeta mensagem de representatividade de gênero por meio de músicas e da biografia da contestadora performer Linn da Quebrada. O Saruê também ressaltou a participação da cantora  Jup do Bairro. A obra faturou ainda o troféu Candango de melhor trilha sonora e foi considerado o melhor filme pelo júri popular. O conteúdo chamou atenção num momento de extremismos e intolerância no Brasil e no mundo. No ano passado, o prêmio Saruê foi para o curta-metragem Afronte, de Bruno Victor e Marcus Azevedo.
 
Outros homenageados
 
Já quem ganhou o coração do júri oficial do 51º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro na categoria longa-metragem foi Temporada, filme de andamento sereno que mostra o dia a dia de uma trabalhadora de Minas Gerais. Considerado melhor longa-metragem pelo júri oficial, o filme do mineiro André Novais Oliveira levou outros quatro prêmios candangos. Além das interpretações de Grace Passô (melhor atriz) e do coadjuvante Russo BDR, ambos premiados, o filme se destacou pela fotografia e pela direção de arte. Em outras edições do festival de que participou, Novais também voltou para casa premiado por filmes como o curta Quintal (2015) e o longa Ela volta na quinta (2013). Filmes de realizadoras que tiveram boa representatividade nesta edição também foram premiados na cerimônia de encerramento ontem à noite no Cine Brasília (EQS 106/107).
 
Beatriz Seigner, do longa Los silencios, venceu como melhor diretora, com um filme que trata da difícil rotina de imigrantes latino-americanos. Outra obra dirigida por uma mulher, Gabriela Amaral Almeida, A sombra do pai, também se destacou com troféus de melhor som, melhor montagem e melhor atriz coadjuvante (Luciana Paes, habitual colaboradora de Gabriela). Diretores valorizados no ano passado no Festival de Brasília, Glenda Nicácio e Ary Rosa, responderam por mais sucesso no politizado evento da capital. Com o filme Ilha, a dupla formada na Bahia levou o prêmio de melhor roteiro (escrito por ambos) e ainda comemorou a valorização do trabalho de Aldri Anunciação, que teve a performance premiada levando para casa o título de melhor ator.
 
Outro filme que causou burburinho no evento, o documentário Torre das donzelas foi celebrado com prêmio especial do júri oficial, pelo “sensível, firme e inadiável encontro com nossa história”. Muito prestigiada pelo público, a mostra Brasília concentrou prêmios para as produções O outro lado da memória e New life S.A.. O primeiro obteve prêmios de melhor direção de arte, trilha sonora, melhor direção (André Luiz Oliveira) e melhor longa (pelo júri popular), enquanto New life S.A. conquistou os de melhor ator (Murilo Grossi) e de melhor longa-metragem.
 
 
 
PRÊMIOS OFICIAIS
 
Troféu Candango — Longa-metragem:
Melhor longa-metragem (Prêmio DOT Cine): Temporada
 
Melhor longa-metragem júri popular (prêmio Petrobras e prêmio técnico Canal Curta!): Bixa travesty
 
Melhor direção: Beatriz Seigner, por Los silencios 
 
Melhor ator: Aldri Anunciação, por Ilha
 
Melhor atriz: Grace Passô, por Temporada
 
Melhor ator coadjuvante: Russão, por Temporada
 
Melhor atriz coadjuvante: Luciana Paes, por A sombra do pai 
 
Melhor roteiro: Ary Rosa e Glenda Nicácio, por Ilha 
 
Melhor fotografia: Wilsa Esser, por Temporada
 
Melhor direção de arte: Temporada
 
Melhor trilha sonora: Bixa travesty
 
Melhor som: Gabriela Cunha, por A sombra do pai 
 
Melhor montagem: Karen Akerman, por A sombra do pai
 
Prêmio especial do júri: Torre das donzelas
 
Menção honrosa: Bixa travesty
 
 
Troféu Candango — Curta-metragem:
Melhor curta-metragem (prêmio técnico DOT Cine): Conte isso àquelas que dizem que fomos derrotados
 
Melhor curta-metragem júri popular (prêmio técnico CiaRio/Naymar): Eu, minha mãe e Wallace
 
Melhor direção: Nara Normande, por Guaxuma 
 
Melhor ator: Fábio Leal, por Reforma
 
Melhor atriz: Maria Leite, por Mesmo com tanta agonia
 
Melhor ator coadjuvante: Uirá dos Reis, por Plano controle
 
Melhor atriz coadjuvante: Noemia Oliveira, por Eu, minha mãe e Wallace
 
Menção honrosa de atriz coadjuvante: Rillary Rihanna Guedes, por Mesmo com tanta agonia
 
Melhor roteiro: Fábio Leal, por Reforma
 
Melhor fotografia: Anna Santos, por Mesmo com tanta agonia
 
Melhor direção de arte: Nara Normande, por Guaxuma
 
Melhor trilha sonora: Normand Roger, por Guaxuma
 
Melhor som: Nicolau Domingues, por Conte isso àqueles que dizem que fomos derrotados 
 
Melhor montagem: Gabriel Martins e Luisa Lana, por Plano controle
 
Prêmio especial do júri: Liberdade
 
MOSTRA BRASÍLIA - 23º TROFÉU CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL
 
Prêmios do júri oficial
Melhor longa-metragem (R$ 100 mil e prêmio CiaRio/Naymar): New life S.A.
 
Melhor longa-metragem júri popular (prêmio Petrobras e prêmio Estúdio Plug In): O outro lado da memória
 
Melhor curta-metragem (R$ 30 mil e prêmio Aquisição Prime Box): Entre parentes
 
Melhor curta-metragem júri popular (prêmio técnico CiaRio/Naymar): Terras brasileiras
 
Melhor direção (R$ 12 mil): André Luiz Oliveira, por O outro lado da memória
 
Melhor ator (R$ 6 mil): Murilo Grossi, por New life S.A.
 
Melhor atriz (R$ 6 mil): as presidiárias, por Presos que menstruam, representadas por Naiara Lima
 
Melhor roteiro (R$ 6 mil): Wesley Gondim, por Pra minha gata Mieze
 
Melhor fotografia (R$ 6 mil): Alan Schvarsberg, por Entre parentes
 
Melhor montagem (R$ 6 mil): Zefel Coff, por A praga do cinema brasileiro
 
Melhor direção de arte (R$ 6 mil): Moacyr Gramado, por O outro lado da memória
 
Melhor edição de som (R$ 6 mil): Olívia Hernandez, por Riscados pela memória
 
Melhor trilha sonora (R$ 6 mil): Vinícius Jibhajan, por O outro lado da memória
 
Prêmios do júri popular
 
Melhor longa-metragem (R$ 40 mil): O outro lado da memória
 
Melhor curta-metragem (R$ 10 mil): Terras brasileiras
 
Prêmio Petrobras de Cinema e prêmio Plug.in para o melhor longa-metragem: O outro lado da memória
 
Prêmio CiaRio/Naymar para melhor curta-metragem: Terras brasileiras
 
Prêmio CiaRio/Naymar para melhor longa-metragem: New life S.A.
 
Prêmio Prime Box Brazil para melhor curta-metragem: Entre parentes
 
 
FESTUNIBRASÍLA — 2º FESTIVAL UNIVERSITÁRIO DE CINEMA DE BRASÍLIA
Melhor direção: Flores, por Valdo Vergara e Henrique Bruch (PUC/RS)
 
Júri popular: A casa de Ana, de Clara Ferrer e Marcella C. De Finis (Universidade Federal Fluminense)
 
Melhor filme: Capitais, de Kamilla Medeiros e Arthur Gadelha
 
Menção honrosa: Um lugar ao sul, de Gianluca Cozza (Universidade Federal de Pelotas), e De vez em quando, quando eu morro, eu choro, de R.B. Lima (Universidade Federal da Paraíba)
 
 
OUTROS PRÊMIOS
Prêmio Saruê: para a participação de Linn da Quebrada e Jup do Bairro, no longa Bixa travesty
 
Prêmio Marco Antônio Guimarães: O outro lado da memória, de André Luiz Oliveira
 
Prêmio Conterrâneos de melhor documentário: O outro lado da memória, de André Luiz Oliveira
 
Prêmio Técnico Canal Brasil de melhor curta-metragem: Mesmo com tanta agonia, de Alice Andrade Drummond
 
Prêmio Abraccine de melhor filme de curta-metragem: Mesmo com tanta agonia, de Alice Andrade Drummond
 
Prêmio Abraccine de melhor filme de longa-metragem: Los silencios, de Beatriz Seigner
 
Prêmio Zózimo Bulbul — Fest Film Fest Uni: Impermeável pavio curto
 
Prêmio Zózimo Bulbul de melhor filme curta-metragem: Eu, minha mãe e Wallace
 
Prêmio Zózimo Bulbul de melhor filme longa-metragem: Ilha
 
MOSTRA CALEIDOSCÓPIO
Melhor filme prêmio oficial — prêmio técnico VOD Tamanduá e prêmio Aquisição Prime Box Brasil: Os sonâmbulos
 
 
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Correio Braziliense domingo, 23 de setembro de 2018

FAKE NEWS: A VERDADE SOB ATAQUE

 


FAKE NEWS, A VERDADE SOB ATAQUE
 
Território aberto para a farsaAs investidas das máfias das notícias falsas se intensificam. Basta abrir as mensagens do celular e os conteúdos nas redes sociais. Vai piorar a partir desta semana, em escala exponencial de uma guerra de guerrilha até o dia da eleição. Entrevistas com policiais, pesquisadores, marqueteiros, oficiais de inteligência, militares e políticos ao Correio revelam o que nos espera.
 

 LEONARDO CAVALCANTI

Publicação: 23/09/2018 04:00

 


Noventa horas. Entre os primeiros minutos da quinta-feira, 4 de outubro, e o último voto computado no domingo, dia 7, os produtores de fake news encontrarão um território aberto e sem lei. Será o período do vale-tudo eleitoral, quando os últimos programas de rádio e televisão estarão fechados, e a Justiça não conseguirá responder a tempo as ações das vítimas. Ao longo da última semana, o Correio entrevistou investigadores, magistrados, policiais, marqueteiros, acadêmicos, militares, agentes de inteligência e políticos. 

Em comum, uma resposta: ninguém sabe a dimensão dos estragos, mas a profusão de notícias falsas será inédita e servirá de marco para regulações. Se o período crítico está definido, os ataques se intensificaram, como já é possível verificar nas mensagens de WhatsApp e nos conteúdos das redes sociais. Deve aumentar o uso de robôs, algo que sinaliza a disseminação de informações suspeitas.

As máfias atuam de todos os lados, sem preferência partidária ou mesmo ideológica. Os maiores produtores de fake news trabalham perifericamente às campanhas oficiais, criando de simples sátiras até estratégias de disseminação de conteúdos inverídicos, feitas para enganar o eleitor, num ataque direto à democracia. “Os ataques aumentarão num ritmo crescente nestas duas semanas, mas nada será comparado aos três dias finais”, disse um marqueteiro. As campanhas têm treinado equipes para tentar neutralizar os ataques, num trabalho de defesa. “Nos últimos dias, não haverá canais tradicionais para defesa, e será impossível confiar na resposta dos juízes. Não vai dar tempo”, afirmou o homem, contratado por um candidato a governador e um deputado federal que tenta a reeleição.

Em entrevista ao Correio na noite da última quinta-feira, Fábio Malini, professor da Universidade Federal do Espírito Santo e coordenador do Laboratório sobre Imagem e Cibercultura (Labic), disse que a ação de plataformas como o Twitter e o Facebook derrubando páginas com material fraudulento ao longo dos últimos meses deve diminuir as fake news com formato noticioso. “São aquelas escritas com técnica jornalística, que parecem uma notícia real, alojadas em sites. Não é que elas não vão continuar, vão surgir em menor número”, afirmou Malini. Só em  setembro, o Facebook removeu 196 páginas e 87 perfis acusados de espalhar notícias falsas. A estratégia foi uma tentativa de neutralizar redes coordenadas de fake news a partir de contas falsas.

Malini acredita que os maiores ataques serão feitos por meio de vídeos e áudios falsos. “Isso, sim, vai se tornar viral a partir de agora”, disse o professor, um dos maiores pesquisadores de padrões de dados nas redes sociais brasileiras. Um dos áudios falsos foi divulgado na semana passada e envolvia o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), que supostamente gritava e chamava palavrões dentro do hospital. A família do político e o Hospital Albert Einstein se apressaram em negar o fato. A voz era a de um bom imitador do capitão reformado. Entre os integrantes de uma equipe de produtores de fake news, há artistas, dubladores, ex-jornalistas investigativos, técnicos em informática e até policiais, como lembrou um produtor de notícias falsas entrevistado pelo Correio ao longo da série de reportagens especiais sobre o tema. “Não é qualquer policial, tem de ser um oficial da PM para garantir a segurança do bunker. Caso ocorra alguma denúncia, ele precisa matar a investigação no início”, afirmou ele, que à época atuava em Goiás.

Outro caso recente e emblemático foi disseminado pelo vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PSC), filho de Jair Bolsonaro. Enquanto o pai questiona a segurança das urnas eletrônicas — uma estratégia para deslegitimar o processo eleitoral caso seja derrotado —, Carlos tuitou uma fake news que indicaria o envio de códigos de segurança das urnas brasileiras para a Venezuela. Desta vez, quem desmentiu a informação foi o general Hamilton Mourão, vice na chapa do capitão reformado. Durante uma palestra em São Paulo, ao ser questionado sobre a farsa, Mourão foi veemente: “Isso é fake news, lógico. Minha gente, pelo amor de Deus”. Ao longo da semana, respondendo às próprias conjecturas de Jair Bolsonaro, os presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Rosa Weber, fizeram a defesa das urnas e do processo eleitoral.

No gabinete no 9º andar no prédio principal e suntuoso do TSE, o secretário-geral Estêvão Cardoso Waterloo se ajeita na cadeira, faz uma pausa e responde: “A tratativa das notícias falsas para fins de propaganda é uma coisa grave, mas quando se ataca a urna com notícias falsas, quando a credibilidade da Justiça Eleitoral é atacada, a instituição é atacada. E precisa se defender”, disse ele. Um dos primeiros integrantes do Conselho Consultivo sobre Internet e Eleições, criado ainda em dezembro de 2017, Waterloo acompanhou todos os debates sobre fake news feitos na Corte ao longo dos últimos meses. “O problema é você ter ataques às vésperas das eleições. Se estamos tranquilos, fizemos um excelente trabalho. Mas temos consciência de tudo que está acontecendo neste momento”, disse ele. “Acho que é uma ideia de liberdade de expressão muito forte. É uma linha muito tênue, tendo os limites que a própria Constituição impõe.” A discussão sobre limites e liberdade está em todo o debate sobre fake news.

Em conversa com o Correio, oficiais do Centro de Defesa Cibernética, que integra o conselho consultivo do TSE, se mostram preocupados com a disseminação de fake news e acreditam que a sociedade será testada. “A grande questão é a quem poderemos atribuir os crimes. Mas é importante também a reponsabilidade de cada cidadão”, afimou o general Guido Amin Naves, comandante do centro, durante entrevista ao Correio. A responsabilidade pela investigação das fake news na disputa presidenciável é da Polícia Federal, deixando as Forças Armadas com atribuições relacionadas à defesa do Estado contra, pelo menos neste momento, ataques improváveis de outras nações. 

Robôs

À medida que as eleições se aproximam, as ações robotizadas aumentam. Levantamento da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da FGV revelou que perfis ligados a Bolsonaro e a Fernando Haddad (PT) apresentam os maiores percentuais de robôs que interagem com apoiadores, respectivamente 43% e 28% das cerca de três mil contas suspeitas. Há três semanas, um dos levantamentos da FGV — que tratava do atentado a Bolsonaro — foi alterado nas redes por supostos simpatizantes do candidato. Como lembra Mailini, os dados iniciais sobre a facada apontavam mais dúvida do que solidariedade entre internautas, porém, a viralização fake acabou mostrando o contrário.

Waterloo, do TSE, é prático sobre a defesa em relação aos próximos passos das fake news: “Neste momento, não dá para ficarmos fazendo estudos sobre determinado fenômeno. Neste momento, o juiz tem que decidir.” O maior de todos os testes da democracia está para começar.
 
 
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Correio Braziliense sábado, 22 de setembro de 2018

TAGUATINGA: PRAÇA DO RELÓGIO RENASCE COM ARTE

 

Praça do Relógio renasce com arte
 
Artistas de segmento animam, uma vez por mês, o público é símbolo de Taguatinga. Iniciado uma ajuda à antiga feira de artesanato, antes esvaziada pela violência

 

MARIANA MACHADO
Especial para o Correio

Publicação:  22/09/2018 04:00

Tereza, organizadora da feira de artesanato:  
Tereza, organizadora da feira de artesanato: "Uma música e a poesia trazem alegria, uma outra vida"
Principal ponto de referência de Taguatinga, a Praça do Relógio é frequentada diariamente por uma multidão apressada, moradores de rua, comerciantes e curiosos. Mas, na última década, os usuários de drogas, prostitutas e criminosos dominaram uma área. Pensamento em reivindicar o espaço público e promover o contato da população com a praça, foi criada uma Cesta Cultural, evento mensal que leva a esse nome por artistas e artistas, normalmente em uma sexta-feira.
 
Uma ideia surgiu do passado, de algumas pessoas, como o médico Júlio Carneiro, de 62 anos, do grupo Oficina pelas Cidades Fraternas, e o poeta Ronaldo Mousinho, de 66 anos, dos coordenadores do Celeiro Literário Brasiliense. Inicialmente, o encontro foi realizado na Praça 5 de Junho, mais conhecida como Praça do Coreto, no Pistão Norte. “No aniversário de 59 anos de Taguatinga, ela se foi por revitalização e nós não queremos deixar cair no abandono”, lembra Júlio.
 
Em cada Cesta Cultural na Praça do Coreto, havia uma atração diferente. Poetas, artistas plásticos, músicos e dançarinos que se manifestam durante toda a tarde. O mês de setembro foi o aniversário de 60 anos da cidade, em Administração Regional de Taguatinga convidou os organizadores a levar o evento à Praça do Relógio. Está à procura de uma bebida que é o tamanho de um espaço. A cultura é um instrumento de aproximação ”, defende Júlio.
 
Artesanato
 
Não há outro local, a Feira de Artesanato, que há oito anos ocupa a Praça do Relógio. Para uma organização da feira, Tereza de Jesus Pereira, 76, o lugar ganhou uma nova vida com uma Cesta Cultural. Estou muito orgulhosa. Melhorou 70% da praça, que era antes do terror. Há dois dias de feira, com oito artes, por causa do medo, conta Tereza, que trabalha como artes há 19 anos.
 
Voltamos a abraço da praça e eu sonhava com isso. Agora vem muita gente. Elas param, olham, compram. O pessoal da droga se afastou. Uma música e a poesia trazem alegria, uma outra vida ”, completa a feirante. Em segundo lugar, cerca de 45 colegas exibem os produtos, que são roupas, bonecas, acessórios, entre outros artigos.
 
Neste ano, houve três encontros na praça que é o coração de Taguatinga. O próximo está marcado para a tarde de 5 de outubro. O evento é gratuito e procura abordar temas diferentes a cada edição. Na próxima, uma temática será a criança. Em edições passadas, escolas foram convidadas e alunos do ensino fundamental foram diversificadas. A lista de performances de outubro ainda será confirmada.
 
Júlio Carneiro, Eloy Barbosa e Ronaldo Mousinho: os moradores do projeto Cesta Cultural  
Júlio Carneiro, Eloy Barbosa e Ronaldo Mousinho: os moradores do projeto Cesta Cultural
A melhor idade presente
 
Entre os mais empolgados na hora de mostrar talento está na comunidade de idosos de Taguatinga. Quem encontra e visita os artistas é o engenheiro aposentado Eloy Barbosa, 72 anos. Morador da cidade desde 1971, ele conta que conhece todos. “Nós temos os códigos, declamamos poemas, instrumentistas e um coral”, ressalta.
 
Eloy, all the data show all the data and had a fila for waiting to as datas vindima. Ele faz parte do coral regido pelo maestro Célio de Oliveira. “O que está faltando para nós é um lugar para ensaiar. O nosso maior sonho foi trazer para Taguatinga uma orquestra nacional para se observar conosco ”, contou o aposentado que está animado em cantar como músicas de Villa-Lobos.
 
Os idosos também fazem parte do Celeiro, que conta com mais de 100 artistas, entre poetas, cordelistas e artistas plásticos. “Mesmo com esse nome, toda uma comunidade pode ser parte do coletivo, estamos sempre abertos”, explicou Ronaldo Mousinho.
 
Para ele, um Cesta Cultural tem sido uma grande experiência de troca com uma comunidade, onde os artistas podem expor seus trabalhos e um pouco de conseguir participar e interagir. “A Praça do Relógio tem tradição, sempre foi um ponto de referência e um encontro da população, mas infelizmente está cheio de pessoas que não têm o mundo das drogas. Queremos colaborar com uma arte, porque ela pode nos libertar ”, destaca o poeta.
 
"A Praça do Relógio tem tradição, sempre foi um ponto de referência e um encontro da população (...) Queremos colaborar com uma arte, porque ela pode nos libertar"
Ronaldo Mousinho,  poeta

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Correio Braziliense sexta, 21 de setembro de 2018

CAMPANHA MILIONÁRIA PARA DEPUTADO FEDERAL NO DF

 

Os cinco milionários da corrida à Câmara Federal
 
 
Cinco candidatos do DF para uma vaga na Câmara dos Deputados contam com mais de R$ 1 milhão em recursos para investir na campanha. Com R$ 2,4 milhões, Flávia Arruda, mulher do ex-governador José Roberto Arruda, lidera o ranking
 

 

» ANA MARIA CAMPOS
» ANA VIRIATO
» ALEXANDRE DE PAULA

Publicação: 21/09/2018 04:00

Flávia Arruda recebeu quase o limite legal de gasto, de R$ 2,5 milhões (Ed Alves/CB/D.A Press)  
Flávia Arruda recebeu quase o limite legal de gasto, de R$ 2,5 milhões


Do total de R$ 1,854 milhão, Celina Leão recebeu 97% do partido (Reprodução da TV Brasília)  
Do total de R$ 1,854 milhão, Celina Leão recebeu 97% do partido


Paula Belmonte é mulher de um dos principais financiadores deste pleito (Luis Nova/Esp. CB/D.A Press)  
Paula Belmonte é mulher de um dos principais financiadores deste pleito


Laerte Bessa é correligionário de Flávia e aparece na segunda colocação (Ed Alves/CB/D.A Press)  
Laerte Bessa é correligionário de Flávia e aparece na segunda colocação


Filippelli é presidente licenciado do MDB e aparece em quinto na lista  (Antonio Cunha/CB/D.A Press - 23/5/14)  
Filippelli é presidente licenciado do MDB e aparece em quinto na lista



 
Dos 191 candidatos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para a disputa pela Câmara dos Deputados pelo DF, cinco declararam arrecadação superior a R$ 1 milhão. Mulher do ex-governador José Roberto Arruda (PR), Flávia Arruda (PR) lidera a lista dos mais ricos, com R$ 2,4 milhões recebidos por meio de doações. O valor acumulado pela ex-primeira-dama é maior do que o embolsado por oito dos 10 concorrentes ao Palácio do Buriti — a empresária perde apenas para Rodrigo Rollemberg (PSB) e Alberto Fraga (DEM), cabeça de chapa da qual ela faz parte, formada por DEM, PR, PSDB e DC.

O limite legal de gastos na campanha pela Câmara dos Deputados é de R$ 2,5 milhões. Assim, Flávia está próxima ao teto. Todo o montante arrecadado, de acordo com o portal da Justiça Eleitoral, provém dos cofres do PR. A empresária é a principal aposta da legenda na disputa. Em 2014, ela chegou a concorrer à Vice-Governadoria na chapa de Jofran Frejat (PR). À época, o marido da ex-primeira-dama deixou a disputa às vésperas da eleição, mas reorganizou o grupo, colocando o médico na corrida pelo Buriti e a mulher como número dois da chapa.

Correligionário de Flávia, Laerte Bessa, que tenta a reeleição, recebeu, no total, R$ 2.002.300 — do montante, R$ 2 milhões foram doados pela legenda. Policial aposentado, ele conquistou 32.843 votos em 2014 e ficou com uma vaga no Legislativo federal, puxado pelo quociente da chapa, que contava com Alberto Fraga, deputado federal do DF mais votado naquele ano.
Na terceira colocação, aparece a distrital Celina Leão (PP), com R$ 1,854 milhão em arrecadação para a campanha. Prioridade do partido na disputa pela cadeira, a parlamentar recebeu R$ 1,8 milhão da direção nacional da sigla, o que representa 97% do total. À época da filiação e da negociação de coligações, Celina ganhou do presidente nacional da agremiação, Ciro Nogueira, a garantia de que não seria sacrificada para viabilizar acordos. O compromisso foi fator decisivo na escolha do PP por apoiar Ibaneis Rocha (MDB) e, não, Fraga ou Eliana Pedrosa (Pros) na disputa pelo Executivo local. Correligionário da deputada, Olair Francisco acumula R$ 614 mil, sendo R$ 600 mil de origem partidária.

Mulher de Luis Felipe Belmonte, um dos principais financiadores de campanha neste pleito, Paula Belmonte (PPS) investiu na própria candidatura R$ 1,451 milhão. Não constam, nos registros do TSE, recebimentos dos cofres da sigla. Paula e o marido estão em lados diferentes na eleição. Primeiro suplente do candidato ao Senado Izalci Lucas (PSDB), ele integra a chapa de Fraga. A empresária concorre na coligação de Rogério Rosso (PSD).

O ex-vice-governador e presidente licenciado do MDB, Tadeu Filippelli, ocupa a quinta posição, com R$ 1,055 milhão. Do total, R$ 1 milhão provém da direção nacional da legenda e outros R$ 53 mil do diretório regional. O emedebista concorre na mesma chapa de Celina Leão. Nas contas da coligação, os dois seriam eleitos. Integrante da coalizão que tem Ibaneis como candidato ao Buriti, Filippelli é o responsável pela articulação que levou o advogado à legenda.
 
Abaixo de R$ 1 mi
 
Na chapa de Rosso, destaca-se o distrital Julio Cesar (PRB), pastor da Igreja Universal do Reino de Deus. O parlamentar conta com R$ 516.343,47. Do montante, R$ 465 mil vem da legenda. Outros R$ 30 mil foram doados pelo aspirante ao Senado Fernando Marques (SD), o mais rico entre os candidatos do DF, conforme declaração de bens ao TSE. O PSD também desembolsou verba para o pastor: R$ 20,7 mil.

Neto do ex-governador Joaquim Roriz (sem partido), Joaquim Roriz Neto (Pros) concorre pela segunda vez à Câmara dos Deputados — nas urnas, usará o mesmo nome do avô. Em 2014, com uma campanha curta, conquistou 29.481 votos. Desta vez, com a peregrinação iniciada mais cedo, espera conquistar a vaga. No total, o candidato arrecadou R$ 489.090,01. Todo o valor saiu da direção nacional do partido.

Correligionário de Joaquim Roriz Neto, o senador Hélio José detém R$ 629.775 — montante investido pelo Pros em sua candidatura. O parlamentar, que ocupava a 1ª suplência de Rollemberg, chegou ao Congresso Nacional quando o socialista venceu as eleições para o Buriti, em 2014. Pelo mesmo partido, concorrerá Zé Edmar, que dispõe de R$ 150 mil, verba também doada pela sigla.

Na coligação que dá suporte à candidatura de Rollemberg, a ex-governadora Maria Abadia (PSB) acumula a maior cifra: 
 R$ 701 mil. Em seguida, aparece o correligionário e ex-secretário de Cidades, Marcos Dantas, com R$ 500 mil. Professor Israel, que concorre pelo PV, acumula 463.066.
 
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Correio Braziliense quinta, 20 de setembro de 2018

CRUZEIRO PREJUDICADO PELA VIDEOTRAPALHADA: UMA VERGONHA CONTINENTAL

 

Uma vergonha continental
 
Juiz paraguaio expulsa Dedé injustamente, com direito a consulta ao Árbitro de Vídeo (VAR), e prejudica o Cruzeiro. O time mineiro jogava mal, perdia por 1 x 0, e sofreu o segundo depois do cartão vermelho

 

Publicação: 20/09/2018 04:00

Dedé tenta explicar que não teve a intenção de agredir o goleiro Andrada (Eitan Abramovich/AFP
)  
Dedé tenta explicar que não teve a intenção de agredir o goleiro Andrada



Tiago Mattar
Enviado especial


Buenos Aires — O Cruzeiro não suportou a pressão do caldeirão da Bombonera e acabou derrotado pelo Boca Juniors por 2 x 0, ontem, pelo jogo de ida das quartas de final da Copa Libertadores. Além do futebol burocrático, abaixo da crítica e sem força ofensiva, o time celeste foi bastante prejudicado pela arbitragem.

O paraguaio Eber Aquino, responsável pelo apito, expulsou Dedé injustamente em função de um lance acidental envolvendo o defensor cruzeirense e o goleiro argentino Andrada. Curiosamente, o juiz consultou o recurso de vídeo para confirmar a decisão. Mesmo com as imagens mostrando que Dedé visava apenas a bola quando atingiu o rosto de Andrada, Aquino não titubeou ao dar vermelho, respaldado pelo árbitro de vídeo Mario Diaz de Vivar. O clube xeneize abriu o placar com Zárate, aos 35 minutos do primeiro tempo. Aos 36, ampliou em finalização de Pablo Pérez, após falha grotesca do lateral-direito Edilson. Vale ressaltar que o Cruzeiro estava sem Dedé no instante em que sofreu o segundo gol.

Agora, o Cruzeiro terá uma tarefa muito difícil no confronto de volta, marcado para a quinta-feira, 4 de outubro, às 21h45, no Mineirão. Em função do revés por 2 x 0 na Bombonera, será obrigatório vencer por três gols de diferença para garantir a classificação no tempo normal. Se a Raposa triunfar por 2 x 0, a classificação será decidida nos pênaltis. O Boca poderá perder até por dois gols de diferença, desde que marque ao menos uma vez. Isso porque na Copa Libertadores existe o regulamento do gol qualificado como visitante.

Na saída do gramado, os companheiros defenderam Dedé. “É um choque, mas não é agressão, não é intencional, não é para vermelho. O árbitro foi rigoroso demais, foi lá, olhou a imagem, mas não é assim que funcionam as coisas também. O jogador foi cabecear a bola, fecha os olhos, não vê o que está na frente. Claro que o choque foi forte, mas foi exagerado o vermelho”, comentou o volante e capitão Henrique.

Responsável pela falha no lance do segundo gol do Boca Juniors, o lateral-direito Edílson também falou sobre o lance. “Eu não vi o lance, mas é difícil comentar. Houve o choque, mas não sei se teve intenção do Dedé, isso comprometeu muito, porque com um a menos ficou muito difícil”, comentou o jogador.
 
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Correio Braziliense quarta, 19 de setembro de 2018

MADURO: BANQUETE POLÊMICO

 

Banquete polêmico
 
Oposição venezuelana reage com fúria e indignação a vídeos que mostram o presidente Nicolás Maduro e a primeira-dama comendo carnes em um dos restaurantes mais caros do mundo, em Istambul, enquanto o país vive uma das piores crises humanitárias da história

 

RODRIGO CRAVEIRO

Publicação: 19/09/2018 04:00

 

Em rede nacional de televisão, o presidente prometeu retornar a Istambul: %u201CAgora, me chamam de sultão%u201D (Federico Parra/AFP

)  
Em rede nacional de televisão, o presidente prometeu retornar a Istambul: %u201CAgora, me chamam de sultão%u201D

 

 

 

O chef turco Salt Bae corta pedaços suculentos de chuleta de cordeiro...
 (Youtube/Reprodução)  
O chef turco Salt Bae corta pedaços suculentos de chuleta de cordeiro...

 

 

 

...e serve Maduro, que fuma charutos retirados de caixa com seu nome
 (Youtube/Reprodução)  
...e serve Maduro, que fuma charutos retirados de caixa com seu nome

 

 

 

Seguranças armados com fuzis mantêm guarda na porta da churrascaria (Youtube/Reprodução)  
Seguranças armados com fuzis mantêm guarda na porta da churrascaria

 

 

Cerca de 18 milhões de venezuelanos — 61% da população — vivem na extrema pobreza e perderam, em média, 11,7kg no ano passado. Presidiários têm se alimentado de ratazanas para driblar a fome. Em 2017, apenas 39,9% das famílias conseguiram comprar carne. A crise econômica e humanitária sem precedentes no país levou à fuga massiva para nações vizinhas. Em meio a esse contexto, dois vídeos gravados recentemente no restaurante Nusret-Et, em Istambul, mostram o presidente Nicolás Maduro se deliciando em um banquete regado a chuletas de cordeiro e fumando charutos. “Cilia, isso é somente uma vez na vida. Verdade?”, brinca Maduro, enquanto Nusret Gökçe (ou Salt Bae), chef turco e proprietário da churrascaria, corta pedaços da carne diante do chefe de Estado e de Cilia Flores, a primeira-dama. Em outra gravação, Maduro fuma charutos retirados de uma caixa estilizada com o seu nome e admira uma camiseta com a caricatura de Salt Bae.

As imagens semearam revolta na Venezuela e obrigaram o chef a retirar do Instagram vídeos, além de fotos nas quais posava com Maduro. Deputado da Assembleia Nacional Venezuelana e líder opositor acusado pelo Palácio de Miraflores de participação em um atentado contra o presidente, Julio Borges divulgou a gravação, em sua página no Twitter. “Enquanto os venezuelanos sofrem e morrem de fome, Nicolás Maduro e Cilia Flores desfrutam de um dos restaurantes mais caros do mundo, todo isso às custas do dinheiro roubado do povo venezuelano”, escreveu.

O partido Voluntad Popular, do também dirigente da oposição Leopoldo López (em prisão domiciliar), também externou sua indignação e exibiu um vídeo em que confronta as imagens de Maduro na Turquia e a situação de penúria na Venezuela. “Enquanto Maduro oferece a si mesmo banquetes e leva uma vida de luxo, comendo carne nos restaurantes mais caros do mundo, nós, venezuelanos, fazemos milagre para comer. Não há comida, não há medicamentos e #Madurosefartacomteudinheiro”, afirma a legenda no Twitter, ao replicar uma hashtag que viralizou.

Saudações
Na noite de segunda-feira, em pronunciamento no Palácio de Miraflores, Maduro confirmou que, ao retornar da visita oficial à China, fez uma “parada técnica” em Istambul. “Eu atendi a um convite para visitar o Centro Histórico de Istambul e almoçar com autoridades. (…) Nós compartilhamos de um restaurante famoso, o Nusret. Envio uma saudação ao Nusret. (…) Um homem muito simpático, ama a Venezuela.”

Ele voltou a abordar a passagem pela Turquia, ontem, em rede nacional de televisão. “Logo retornarei a Istambul. Fiz um tour em um museu lá e me sentei na cadeira de um sultão. Agora, eles me chamam de sultão Maduro”, brincou. Ele revelou que avalia se comparecerá à Assembleia Geral da ONU, no fim do mês, por temer planos para matá-lo. Também denunciou que um general reformado da Força Armada venezuelana conspira dos EUA e da República Dominicana. 

Por telefone, o médico Juan Guillermo Requesens Gruber, pai do deputado e preso político Juan Requesens, classificou de “escárnio total” o gesto de Maduro. “Aqui, não se consegue carne. Quando se pode obtê-la, é preciso arcar com preços elevadíssimos. Esses senhores se fartam em banquete com o dinheiro público, enquanto o povo passa penúria, sem acesso à alimentação adequada e sem medicamentos”, lamentou ao Correio. Ele contou que não vê o filho desde 7 de agosto, quando Juan foi detido. “Há 42 dias, não sabemos de Juan. Também não permitiram que advogados o visitassem. O regime é responsável pelo que ocorrer ao meu filho, que cumpre um regime dietético especial”, avisou.

Em Madri, onde se encontra exilado, o ex-prefeito de Caracas Antonio Ledezma disse à reportagem que o impacto das imagens de Maduro é “demolidor”. “O povo não tem comida, nem remédios. Enquanto isso, Maduro passeia em jatinhos, desfruta de banquetes e é protegido por dezenas de guarda-costas. As pessoas entendem que a desgraça enfrentada por elas é consequência das arbitrariedades do poder. Existe uma catástrofe que justifica a ativação do princípio de intervenção humanitária”, reclamou. “Maduro não repara na dor de uma mãe ao ver o filho minguar, sem um bocado de comida no estômago.”

 

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Correio Braziliense terça, 18 de setembro de 2018

HOSPITAL REGIONAL DE TAGUATINGA: 40 ANOS DE UM GESTO DE AMOR

 


40 anos de um gesto de amor

 

LUIZ CALCAGNO

Publicação: 18/09/2018 04:00

 (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
“Apesar de ter sido mobilizado todo esforço médico, 15 crianças nascidas no Hospital Regional de Taguatinga, no mês passado, não tiveram defesa para resistir ao estado de subnutrição em que se encontravam as suas mães.” É assim que começa a matéria do Correio Braziliense de 20 de setembro de 1978, que anunciava a criação do banco de leite humano da unidade de saúde. O primeiro do Distrito Federal e de todo o Centro-Oeste. À época, o quinto do país. Hoje, perto de completar 40 anos de existência, o equipamento público é referência técnica internacional para o trabalho de coleta e distribuição do alimento que salva vidas de bebês todos os dias.

No ano da fundação, mais de 90 recém-nascidos perderam a vida por doenças e infecções diversas. Enfermidades que o leite humano poderia prevenir. A quantidade de mortes caiu de lá para cá, mostrando a importância do banco. Passou de 20 para 10 a cada  mil nascidos vivos. Hoje, um bebê que nasce com menos de 1kg tem muito mais chances de se desenvolver e levar uma vida normal do que na década de 1970.
Wilson, Áurea, Cidalina, José, Iracema e Romilda: profissionais e doadoras que  fazem parte da história do banco ( Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
Wilson, Áurea, Cidalina, José, Iracema e Romilda: profissionais e doadoras que fazem parte da história do banco
Naquela época, o trabalho era de trincheira. Funcionários precisavam procurar materiais que ainda não eram utilizados no HRT. Também não dava para guardar o leite, que era levado para os bebês assim que as mães entregavam o alimento. Como era um serviço que não existia, foi preciso incentivar a amamentação para que, a partir daí, as mulheres doassem. Uma Kombi rodava pelas ruas de Taguatinga coletando os frascos. Fundador do banco do HRT, o pediatra Wilson Marra, hoje com 69 anos e aposentado da rede pública, recorda a batalha para fundar o espaço.

Criado em Taguatinga, ele se formou na Universidade de Brasília (UnB), fazia especialização em pediatria e tinha 29 anos. “Conhecia bem a cidade. Víamos os problemas que tínhamos com doenças e mortes de crianças internadas, principalmente recém-nascidos. Nessa época, entrei no Rotary Club de Taguatinga Norte. Foi quando surgiu a ideia de associar a entidade com o trabalho no hospital”, conta. De acordo com Wilson, foi necessário estudar, mergulhar em livros, experiências nacionais e internacionais, além de muitas estatísticas para criar o equipamento público do zero.

O resultado, segundo ele, foi a queda de cerca de 30% da mortalidade de bebês, principalmente recém-nascidos na unidade de saúde. Ele não esconde a emoção ao falar do projeto. “Junto com o banco, começamos um trabalho de estímulo ao aleitamento, e o Rotary ajudava economicamente. Muitas mães doadoras eram de baixo nível socioeconômico e ganhavam cestas básicas. Realmente, foi uma vitória. O leite é um remédio. Você consegue maior contato da mãe com o filho e a imunidade da criança que recebe o leite materno é muito maior”, destaca.

Militância pela vida
Fundadores do Rotary Clube de Taguatinga Norte, José Córdoba Solano, 89, e a mulher, Cidalina Martins Córdoba, 80, estiveram na linha de frente para a criação do banco. “O Wilson (Marra) estava muito preocupado. Começou a pensar em soluções para a mortalidade infantil e apresentou a ideia para o Rotary. Conversamos com a direção do hospital, mas ninguém tinha experiência, conhecimento”, recorda José. “Saíamos de Kombi chamando as pessoas. Havia muitas doadoras que eram de baixa renda, e chegamos a oferecer cestas básicas para elas”, completa Cidalina. O casal é conhecido por funcionários do HRT como os “avós do banco de leite”.
Auxiliar de operações de serviços do banco, Romilda Maria de Fraia, 54, é a funcionária mais antiga do local e coleciona amizades e histórias. “Tinha uma bebezinha que chamávamos de glamour por causa do jeito dela quando saiu. Ela chegou quase em pele e osso, bem magrinha. A mãe estava em tratamento de câncer quando engravidou e, depois que a filha nasceu, tinha dificuldades em amamentar.”

Amor
Maria Áurea dos Santos, 54, dona de casa e mãe crecheira, foi uma das doadoras do banco. Agora, a filha dela, Silvana dos Santos Chaves, 32, também é doadora. “Já tinha uma filha, mas comecei a doar leite em 1986, quando nasceu a Silvana. Depois, tive outras duas filhas e fiz doações em cada uma das gestações”, lembra. Áurea se emociona ao lembrar da época. “Era um gesto de amor. Estávamos salvando vidas. Minha filha herdou isso de mim”, relata, sem conter o choro.

Amiga de Áurea, Iracema Maria de Souza, 57, a conheceu no banco de leite humano ainda em 1986. As amigas não se separaram mais. “Doar é uma satisfação muito grande para a mãe. Eu tinha muito prazer nisso. Há muitas mães com o filho desnutrido, doente, precisando desse leite. Só a satisfação é recompensa para o que fiz”, declara.

Referência
Coordenadora das ações de aleitamento materno do banco de leite humano da Secretaria de Saúde, Miriam Oliveira dos Santos esteve à frente do ponto de doações do HRT entre 2004 e 2008. Ela destaca a importância nacional da criação do equipamento, que é referência na América Latina e nos países africanos de língua portuguesa. “A criação teve grande impacto na redução de doenças e da mortalidade. A rede de saúde do DF foi reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) por uma das estratégias que mais contribuiu para a redução da mortalidade infantil neonatal, e o HRT fez parte disso”, lembra.

Dentro do hospital, o banco mudou algumas vezes de lugar. Hoje, fica no ambulatório, perto da pediatria. “À época da criação do banco, existia um no Rio de Janeiro, dois em São Paulo e um no Rio Grande do Sul. Fomos o quinto. Não havia Secretaria de Saúde, e sim a Fundação Hospitalar. Hoje, o DF é destaque no Brasil e no mundo pela coleta de leite materno. Isso é graças a uma história de muitos funcionários militantes da causa do aleitamento materno espalhados pela capital e também de quatro gerações que acreditam na solidariedade e doam leite”, completa a gestora.
 
Para doar 
Interessadas em doar leite materno têm várias opções no Distrito Federal. Por telefone, basta ligar no 160, opção 4. Na internet, o site amamentabrasilia.saude.df.gov.br tem várias informações e orientações para lactantes. Além do site, mães também podem baixar o aplicativo Amamenta Brasília no celular. 
 
Fluxo constante
A demanda pelo leite humano nunca acaba nos hospitais. Para se ter uma ideia, no ano passado, o HRT recebeu e distribuiu 2.666 litros. Este ano, até agosto, foram 2.236l.
 
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Correio Braziliense segunda, 17 de setembro de 2018

MENINAS BOAS DE MATEMÁTICA

 


Elas participam dos cálculos
 
Projeto Menina que calculava aproxima estudantes do ensino fundamental da área de exatas. Trabalho voluntário ensina às alunas conteúdos mais avanços da matemática

 

LUIZ CALCAGNO

Publicação: 17/09/2018 04:00

Alunas da Escola Classe 407 Norte integram o projeto, que alcança outras três escolas públicas do DF (Minervino Junior/CB/D.A Press)  
Alunas da Escola Classe 407 Norte integram o projeto, que alcança outras três escolas públicas do DF
 
“Acho que todo mundo merece as mesmas chances de aprender e de ser feliz”, reivindica a estudante do 4º ano do ensino fundamental Ana Yasmin Santos, 9 anos. Ela e outras colegas da Escola Classe 407 Norte integram o projeto Menina que calculava, com o objetivo de promover, no futuro, a inclusão de mulheres em profissões da área de exatas, ainda predominantemente ocupadas por homens.
 
De livro na mão, a colega Vitória Passos, 10, concorda com Ana Yasmin. A menina conta que sofreu críticas por gostar de calcular, mas ela deu risada. “É minha matéria preferida. A raiz quadrada me completa”, sorri. E, no embalo dos números, das contas e das descobertas, até a compreensão de outros conteúdos melhorou, de acordo com Isabela Braga, 11 anos, que está no 5º ano. “Estou entendendo melhor a matemática, mas também outras matérias. Tudo que eu levar comigo me ajudará no futuro.” O projeto também atende alunos do Centro de Ensino Fundamental 316 de Santa Maria, da Escola Classe 5 do Paranoá e da Escola Classe 403 Norte.
 
A coordenadora da iniciativa, Lilah Fialho de Lima Simões, 26 anos, doutoranda em física da Universidade de Brasília (UnB), conta que o projeto começou em março do ano passado. “Temos 40 monitoras e 24 alunas por semana. O trabalho é voluntário e nosso objetivo é fazê-las se sentirem confortáveis na área de exatas. Queremos essas meninas questionando decisões, contas, a lógica usada para fazer um determinado cálculo. Que tenham a noção que errar não é problema. Que ninguém é burro por pensar diferente e que é possível estar certo mesmo assim. Faz sentido questionar para descobrir”, explica.
 
Inclusão
 
Outro exemplo de projeto da rede pública de ensino do DF voltado para a inclusão de jovens do sexo feminino na área de exatas é o meninas.com, que trabalha programação de computador no Centro de Ensino Médio Paulo Freire, na Asa Norte, no Centro Educacional Lago Norte, no Varjão, no Centro Educacional 7 de Taguatinga e no Centro de Ensino Fundamental 15 do Gama. Os trabalhos começaram em 2013, no Paulo Freire, e, hoje, a iniciativa conta com diversas estudantes que se formaram e cursam ciências da computação na UnB.
 
A primeira integrante do meninas.com a ingressar em uma universidade pública foi Kailany Rocha, que cursa o terceiro semestre em uma turma com 35 homens e quatro mulheres. “Sem o projeto, eu não teria optado por esse futuro. Temos que estimular as meninas a se aproximarem das exatas. Existe uma gama de profissões que a maioria das meninas não conhece. No boom do computador, nos anos 1990, a maioria das propagandas eram voltadas para os homens, mas mulheres desenvolvem códigos de programação desde o início”, observa.
 
Uma das idealizadoras do programa, a professora do Departamento de Ciência Computação da UnB Aleteia Patrícia Favacho de Araújo, explica que a exclusão das mulheres da área de exatas começa na infância e dentro de casa. “As meninas que escolhem computação têm o apoio familiar do pai, mãe, tio que trabalha na área. Há uma falta de apoio da família e da sociedade. Para as meninas, você dá boneca, louça, não dá um lego, um brinquedo de montar, que você dá para um filho”, avalia.
 
A professora destaca que o envolvimento das meninas nas exatas tem o poder de transformar essas ciências. “As meninas são diferentes dos meninos na forma de perceber a solução de um problema. Propõem saídas diferentes. Os meninos querem resolver um código, as meninas querem otimizar. As grandes empresas, Apple, IBM, Facebook, têm necessidade de contar com esses dois pontos de vista, para haver um equilíbrio. E mais, hoje, as mulheres consomem tecnologia desenvolvida por homens. Mas e se pudessem consumir produtos feitos por elas?”, questiona.
 
Incentivo
 
A diretora de Políticas e Programas de Inclusão Social do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Sônia da Costa destaca que a pasta lançou, junto com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o edital Meninas nas ciências exatas, que vai liberar verba para escolas públicas com iniciativas semelhantes ao Menina que calculava e ao meninas.com. “Incentivamos que estudantes universitárias interajam com alunas do ensino fundamental e médio e despertem o interesse pelas ciências exatas nessas meninas. As escolas podem pleitear participação até 5 de outubro”, conta.
 
O projeto prevê liberação de até R$ 90 mil para grupos de escolas que cumprirem os requisitos do programa. “Propiciamos bolsas de iniciação científica para alunas do ensino médio e verba para criação de grupos de estudo, clubes de ciência e pesquisas de problemas locais com viés nas ciências exatas”, detalha.
 
A subsecretária de Educação Básica da Secretaria de Educação do DF, Luciana Oliveira, destaca a importância dos projetos. “Na história do surgimento das profissões, tínhamos grupos majoritários masculinos e femininos. Antigamente, ou a mulher ia para o magistério, ou não tinha profissão. Isso cria um preconceito. Precisamos fomentar a mudança dessa realidade, trazer a igualdade de oportunidades”, ressalta.


Participe
O edital número 31/2018 do CNPq foi publicado no Diário Oficial da União em 20 de agosto. Escolas interessadas em participar do projeto Meninas nas ciências exatas têm até 5 de outubro para se inscrever. O proponente responsável por apresentar a proposta precisa ter o currículo cadastrado e atualizado na Plataforma Lattes, ter título de mestre e coordenar o projeto apresentado. Também é preciso um documento que comprove o vínculo da escola e do autor do projeto. Interessados podem tirar dúvidas no seguinte número: 3211-4000.
 
Jornal Impresso
 

Correio Braziliense domingo, 16 de setembro de 2018

BRASILEIRO QUER FARTURA E NÃO LIGA PARA O DESPERDÍCIO

 

Brasileiro quer fartura e não liga para desperdício
 
 
Brasileiros consideram importante despensa cheia e mesa farta e pouco se preocupam com planejamento de refeições ou técnicas de preparo, e têm pouco engajamento no combate a perdas. Arroz e carne são os produtos que mais vão para o lixo

SIMONE KAFRUNI

Publicação: 16/09/2018 04:00

 (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  

"Tenho receitas para aproveitar o produto até o fim. Das cascas do abacaxi, por exemplo, faço chá”
Daniela Andrade, servidora pública



Ogosto do brasileiro por fartura e sabor é o principal responsável pelo desperdício de alimentos na mesa, da qual carnes e arroz são os itens que mais saem direto para o lixo. É o que revela pesquisa inédita no país, realizada pelo projeto Diálogos Setoriais União Europeia — Brasil, divulgada com exclusividade pelo Correio. No último dia da série Do lixo à mesa, a reportagem mostra o quanto a mudança no comportamento do consumidor, as inovações tecnológicas e as iniciativas dos elos finais da cadeia alimentar são relevantes para o combate às perdas, que chegam a 1,3 bilhão de toneladas por ano em termos globais e podem saltar para 2,1 bilhões de toneladas em 2030 se nada for feito para estancar a sangria.

O analista da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Gustavo Porpino, líder do projeto sobre desperdício nos Diálogos Setoriais UE — Brasil, ressalta que 68% dos entrevistados consideram importante que a despensa esteja cheia. “É um traço cultural presente, principalmente, na classe média, em função da compra dos alimentos ser a prioridade do orçamento familiar”, avalia. A pesquisa também mostra que 59% não dão importância se houver comida demais. “O gosto pela fartura é característico da cultura latina e aumenta a propensão ao desperdício, ainda mais que as sobras são consideradas ‘comida dormida’ e descartadas”, assinala.

Mais de 60% das famílias priorizam uma grande compra mensal de alimentos. “Quando a compra farta é combinada ao baixo planejamento das refeições eleva-se a probabilidade de desperdício”, argumenta. O estudo aponta ainda uma contradição: apesar dos dados, os consumidores não admitem o desperdício. “Para mudarmos o comportamento das pessoas, é preciso conseguir envolvê-las como parte do problema”, resume Porpino.

Realizada em três fases, a pesquisa, inicialmente, apurou o comportamento dos consumidores nos pontos de venda, mercados e feiras livres. “As pessoas dizem que fazem compras uma vez por semana, enquanto estão levando alimentos para duas, três semanas. O brasileiro compra mais do que consome”, explica o pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV) Carlos Eduardo Lourenço, especialista em comportamento do consumidor e analista do levantamento.

Na segunda parte da pesquisa, 1.764 pessoas foram questionadas sobre hábitos de preparo e alimentação, das quais 638 foram fiscalizadas durante uma semana. “Esse estudo corroborou que brasileiro não pode ter a menor sensação de que vai faltar comida. O desejo de fartura está alinhado à busca de sabor”, analisa Lourenço. Sem avaliar a geladeira ou a despensa, apenas o preparo e o consumo, a pesquisa revela que o arroz é o item mais desperdiçado: pelo menos 25% vai fora. “O que impressiona é que a carne, item agregado de maior valor, é tão desperdiçado quanto o arroz. E o comportamento não muda conforme classe social”, diz.


Fernanda Rocha vai mais vezes ao supermercado para comprar perecíveis e combater o desperdício (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
Fernanda Rocha vai mais vezes ao supermercado para comprar perecíveis e combater o desperdício



Hábitos
Na terceira fase do trabalho, houve uma varredura na internet para mapear hábitos de consumo. “Nos surpreendeu que 75% do debate sobre combate às perdas é feito por organizações. As pessoas não se engajam. Há uma primeira onda de atuação de empresas e instituições e não reverbera entre as pessoas. Não viraliza”, lamenta. Na opinião do pesquisador, os brasileiros têm vergonha de falar sobre desperdício e serem recriminados. “Precisamos trazer à luz essa consciência”, afirma.

Quando confrontados, os consumidores garantem controlar as perdas. A dona de casa Fernanda Rocha, 35 anos, diz que mudou os hábitos e agora vai duas a três vezes no supermercado para comprar os alimentos mais perecíveis, como legumes. “Ou opto pelo picado e embalado que já vem em porções menores”, conta. A servidora pública Daniela Andrade, 49, afirma fazer compras pequenas, ir duas vezes por semana ao mercado e utilizar integralmente os alimentos. “Tenho receitas para aproveitar o produto até o fim. Das cascas do abacaxi, por exemplo, faço chá”, pontua.

O aproveitamento integral dos alimentos é o ponto central dos cursos de gastronomia, ressalta Rafael Dantas, chef e professor do Instituto de Gastronomia das Américas (IGA), rede de escolas com 118 unidades em seis países, presente no Brasil há 10 anos com 46 unidades. “O Brasil começa a experimentar agora a diferença entre a culinária e a gastronomia, que é um conceito mais amplo, que aplica metodologia à cozinha”, esclarece.

Adotar padrões, pesos e medidas e estudar os alimentos evitam perdas e desperdício, ensina o chef. “Quando o aluno chega até nós tem apenas um conhecimento empírico. Em seis meses, pode-se dizer que joga fora apenas a embalagem”, diz. Só no mise em place, processo de separação e preparação, e no corte apropriado das carnes, com uso das partes menos atrativas em caldos e molhos, é possível economizar 60% do que se perderia e desperdiçaria, garante Dantas, que é especialista em buffets. “Uma vez que o que foi exposto não pode sequer ser doado, é necessário fazer cálculos precisos para não ter desperdício muito grande, sobretudo em restaurantes a quilo”, orienta.

O gerenciamento e o controle garantiram uma redução no desperdício de 44%, em três meses, no restaurante Don Romano, que serve entre 150 e 400 refeições por dia. Sócia desde 2017 do estabelecimento, Mariana Miranda conta que a produção diária de lixo era de 120 quilos de sobras orgânicas. Depois de um trabalho minucioso de gestão, implementado pelo auxiliar administrativo Daniel Silva, o volume caiu para 80 quilos, que são doados para três pessoas que se revezam em recolher o descarte durante a semana para fazer compostagem. “Se alguém não vem buscar, temos um freezer específico para armazenar as sobras”, conta Silva.

Com 50 funcionários, Mariana ressalta que os alimentos que não foram expostos e ficaram armazenados na cozinha são aproveitados para alimentação da equipe no turno seguinte. “Vamos repondo aos poucos no buffet, para não ter desperdício. Além disso, treinamos todo o nosso pessoal para seguir à risca todo o projeto de gerenciamento”, acrescenta a empresária.
 
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Correio Braziliense sábado, 15 de setembro de 2018

FESTIVAL DE BRASÍLIA EM GRANDE ESTILO

 


Festival de Brasília em grande estilo
 
 
51ª edição do mais tradicional evento do cinema brasileiro começa com a marca da contemporaneidade e reafirma a vocação cultural da capital do país

 

» Robson G. Rodrigues*

Publicação: 15/09/2018 04:00

Festival traz curadoria refinada e  contemporaneidade  nos mais de 140 títulos exibidos nos próximos 10 dias   (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  
Festival traz curadoria refinada e contemporaneidade nos mais de 140 títulos exibidos nos próximos 10 dias
 
Sem grandes celebridades, mas com uma curadoria refinada e contemporânea, o 51º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro mantém a pegada como o mais tradicional evento de audiovisual do país.

“A expectativa é a melhor possível para todo o festival, conseguimos reunir uma praça (de convivência) que agrega. É um grande ponto de encontro da sociedade. Estamos reafirmando nosso compromisso com a cultura. Forças conservadoras dizem que não é nossa prioridade, mas, aqui reafirmamos que estamos no caminho certo. Que a cultura melhora e revela sempre o melhor da gente”, disse o governador Rodrigo Rollemberg. Para o cineasta Vladimir Carvalho, o festival mantém a tradição de estar conectado com a realidade política brasileira. “Essa inciativa de selecionar filmes é saudável, pois tem a ver com o momento do país. A gente tem de se felicitar por ter um festival desse porte”, celebra. O diretor André Luiz Oliveira também elogiou a estrutura do evento, principalmente a nova praça de convivência. “O festival vem mudando de paradigma nos últimos anos. Não tem mais aquele glamour do tapete vermelho e isso tudo é muito bom, pois dá uma arejada, com a nova praça de convivência, assim como a curadoria do festival, que está mais atual”. O cineasta dirigiu o Meteorango Kid – O herói intergaláctico, vencedor do prêmio concedido pelo público no Festival de Brasília em 1969.


 (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  

Espaço para interação com o Correio
O stand do Correio conta com um lounge. Um espaço de convivência e entrevistas com as estrelas da festa. É nele que atrizes, atores e diretores revelam bastidores das produções exibidas nas telas. 
 
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Correio Braziliense sexta, 14 de setembro de 2018

TOFFOLI PREGA UNIÃO ENTRE PODERES

 

Toffoli prega união entre os poderes
 
Novo presidente do STF, ministro é tido como aberto ao diálogo e com grande capacidade de gestão. No discurso da posse, sugere uma agenda conjunta "em prol da nação"

 

» Leonardo Cavalcanti
» Renato Souza

Publicação: 14/09/2018 04:00

Dias Toffoli substitui Cármen Lúcia na presidência da Corte: o mandato é de dois anos (Carlos Moura/SCO/STF)  
Dias Toffoli substitui Cármen Lúcia na presidência da Corte: o mandato é de dois anos



José Antonio Dias Toffoli assume o comando do Supremo Tribunal Federal (STF) com uma certeza e uma dúvida, pelo menos aos olhos de quem acompanha as cortes superiores em Brasília. A metade infalível está relacionada ao diálogo e à capacidade de gestão. “Ele não tem raiva da política, pois sabe que os problemas de um povo só se resolvem dentro desse campo, além disso tem organização e trabalha pesado”, disse um ministro da Corte, que agora passa a ser presidida pelo colega nascido em Marília (SP). A parte indefinida se refere a quais serão os assuntos pautados a partir de agora: “A insegurança é saber como vai se posicionar sobre temas envolvendo políticos”, afirmou um membro do Ministério Público Federal, um dos órgãos com mais desconfiança em relação à tarefa de Toffoli.

Com dois anos de mandato, a expectativa é de que pautas, como prisão em segunda instância, fiquem para 2019, lá para março. “Têm eleições até novembro, então, qualquer movimento do Supremo em temas políticos poderá criar uma confusão desnecessária logo no início do mandato”, disse um ministro da Corte que preferiu não se identificar.

Aos 50 anos, Toffoli será o mais novo presidente do Supremo, mas o trabalho ao longo de uma década na Corte — antecedido pela chefia da Advocacia-Geral da União (AGU) — tornou-o conhecido, entre magistrados e advogados, como alguém capaz de apresentar resultados. Os números do acervo acumulado no gabinete, por exemplo, são favoráveis ao ministro, levando-o a ocupar o primeiro lugar na redução da quantidade de pendências processuais.

“Toffoli monta equipes multidisciplinares, utilizando tecnologia e inteligência de gestão”, disse Antonio Augusto de Queiroz, diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). Os dois se conheceram em 1995, quando o hoje ministro chegou a Brasília para trabalhar como assessor da liderança do PT na Câmara dos Deputados. Para Queiroz, o diálogo com os outros poderes aumentará. “A gestão dele, talvez, possa ser comparada à de Nelson Jobim (presidente do Supremo entre 2004 e 2006), que tinha um diálogo aberto com todos.” O mandato de Toffoli vai coincidir com o de José Múcio à frente do Tribunal de Contas da União (TCU), abrindo facilmente, segundo observadores, mais uma janela de diálogo.

Atuação

A expectativa, entretanto, é de que a atuação de Toffoli seja mais efetiva fora do Supremo, no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). “O STF é mais amarrado devido às circunstâncias cotidianas. No CNJ, ele exercerá materialmente a presidência do Judiciário”, frisou um ministro do STF. Um dos trabalhos mais importantes do conselho é a inspeção nos tribunais brasileiros. Para isso, Toffoli deve dar maior estrutura para Carlos Von Adamek, desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo. Uma outra área sensível é o sistema eletrônico das cortes, que sofre resistência de juízes na implantação definitiva, apesar do dinheiro investido. O novo presidente do STF deu sinais de que vai encarar a tarefa. Outros dois focos estão no sistema de projetos na área penitenciária e na política de combate à violência contra a mulher, esta última tratada de perto pela ministra Cármen Lúcia.

“Acho que é o homem certo na hora certa, pois frequenta todos os ambientes, com respeito ao jogo democrático, e não vai querer que o Supremo substitua a política”, emendou outro ministro do STF. As dúvidas, entretanto, passam justamente pelos aspectos políticos. “Ministros estão arquivando inquéritos contra políticos sem ouvir o Ministério Público, o titular da ação”, afirmou um procurador. “Há nos últimos tempos um desprestígio à Constituição Federal. O problema é se ele começar a pautar temas como esse no plenário, levando juízes em todas as instâncias a arquivar inquéritos sem ouvir os promotores.”

Em sua carreira como ministro, Toffoli atuou em diversos casos controversos e entrou em contradição com colegas de plenário. Assim que ingressou na Corte, participou do julgamento que resultou na libertação do ex-ativista italiano Cesare Battisti.
 
 
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Correio Braziliense quinta, 13 de setembro de 2018

FILME O PACIENTE - BIOGRAFIA DOS ÚLTIMOS DIAS DE TANCREDO NEVES

 



Othon Bastos dá vida a Tancredo Neves no longa nacional O paciente
 (Reprodução/Internet)  
Othon Bastos dá vida a Tancredo Neves no longa nacional O paciente


Brasil
 
O cinema nacional também está entre os destaques das estreias nas salas retratando na telona períodos marcantes na história do Brasil. Com direção de Sergio Rezende, o filme O paciente — O caso Tancredo Neves é uma biografia dos últimos dias de vida do primeiro presidente civil eleito pelo Congresso Nacional após a ditadura militar. O papel fica a cargo de Othon Bastos.
 
O longa promete desvendar alguns mistérios em torno da morte do político, recorrendo a registros médicos e com base no livro homônimo escrito pelo pesquisador Luís Mr., que investigou os prontuários de Tancredo Neves. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o diretor garantiu que até os momentos mais estranhos são verdade no filme. “Tudo o que você achar que é mentira no filme é verdade”, afirmou.
 
O outro filme brasileiro que chega às telonas é O banquete, da cineasta Daniela Thomas. Com elenco de peso formado por nomes como Drica Moraes, Caco Ciocler, Mariana Lima, Chay Suede e Bruna Linzmeyer, o longa-metragem se passa no fim da década de 1980, num contexto em que o Brasil, apesar de ter retornado à democracia, ainda vivia um período de instabilidade política e incerteza. Dentro desse cenário, um jornalista descobre podres sobre o presidente do país. A história é inspirada em eventos reais, como o envio de uma carta aberta publicada pelo jornalista Otavio Frias Filho nos anos 1990 ao presidente da República Fernando Collor.
 
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Correio Braziliense quarta, 12 de setembro de 2018

UNIVERSITÁRIO E TRAFICANTE

 

Universitário e traficante
 
Em um mês, a polícia prendeu seis estudantes de ensino superior por venda de drogas no Distrito Federal. Na 208 Norte, um personal trainer de 28 anos aproveitava a proximidade com a UnB para negociar skunk e haxixe com alunos

 

THIAGO MELO*
WALDER GALVÃO
Especial para o Correio

Publicação: 12/09/2018 04:00

No imóvel do personal trainer, a polícia apreendeu, além de drogas, R$ 2,5 mil em dinheiro e anabolizantes (PCDF/Divulgação)  
No imóvel do personal trainer, a polícia apreendeu, além de drogas, R$ 2,5 mil em dinheiro e anabolizantes
A Polícia Civil prendeu, nos últimos 30 dias, seis universitários por tráfico de drogas no Distrito Federal. O caso mais recente é o de um jovem de 28 anos surpreendido no apartamento onde mora, na 208 Norte. No imóvel alugado, os agentes encontraram porções de skunk (maconha potencializada), haxixe e uma droga não identificada. Também havia no local uma balança de precisão, cinco ampolas de um anabolizante clandestino e R$ 2,5 mil em dinheiro.

Segundo o diretor da Coordenação de Repressão às Drogas (Cord), Luiz Henrique Dourado, o acusado traficava os entorpecentes no próprio apartamento. Como ele morava próximo à Universidade de Brasília (UnB), a principal clientela dele era estudantes de classe média e alta. Segundo a apuração policial, denúncias anônimas levaram os investigadores ao suspeito. Em seguida, os agentes passaram a monitorar a movimentação de usuários. No entanto, de acordo com o delegado, como as drogas eram negociadas dentro do imóvel, houve dificuldade para comprovar o crime. “A suspeita é de que ele comercializava as drogas, consideradas de alto valor, principalmente entre a comunidade universitária de Brasília”, afirmou Luiz Henrique.

De acordo com o investigador, o jovem trabalhava como personal trainer e estudava em uma instituição de ensino superior; por isso, o acusado alegou que os anabolizantes encontrados pela polícia eram para uso pessoal. “A quantidade pequena desse produto não pode ser caracterizada como tráfico, mas, em relação aos entorpecentes, não há dúvida quanto ao crime”, ressaltou Luiz Henrique.

O delegado alertou que um novo tipo de comércio de drogas surge no Plano Piloto e em outras áreas de classe média e média alta do DF. Nesses locais, os traficantes negociam novos entorpecentes, mais potentes e perigosos. “A gente tem verificado que eles costumam vender drogas diferentes, algumas sintéticas e outras que são desenvolvidas a partir de substâncias conhecidas e que, normalmente, são muito mais fortes que as originais”, detalhou o diretor da Cord.

No celular do suspeito preso na 208 Norte, os investigadores encontraram listas de transmissão. De acordo com os agentes, ele usava aplicativos para divulgar a prática. O jovem, que não teve o nome divulgado, foi autuado por tráfico de drogas. Se condenado, pode receber pena que varia de 3 a 10 anos de prisão. Suspeita-se que as substâncias traficadas por ele tenham vindo de Belém, no Pará.
 
Renda
O sociólogo e especialista em segurança pública da UnB Antônio Flávio Testa explicou que o tráfico e o consumo de drogas no meio universitário é histórico no Brasil. Segundo ele, em muitos casos, os traficantes começam como usuários, repassam para os colegas e enxergam nisso uma forma de fazer renda. “Eles começam a vender poucas quantidades e ficam corajosos. Com o tempo, percebem que é um negócio rentável e encaram como uma espécie de emprego”, disse.

Memória
2018
30 de agosto
Agentes da 15ª Delegacia de Polícia (Ceilândia) prenderam um homem de 32 anos suspeito de tráfico de drogas. Segundo os investigadores, ele cursava direito. Com ele, a polícia encontrou 3kg de cocaína e R$ 45 mil em dinheiro. Além disso, na casa do acusado, os agentes recolheram balanças de precisão, coleções de relógios de luxo e uma caminhonete.
 
26 de junho
Policiais civis prenderam um estudante do curso de agronomia da UnB por tráfico de drogas. Ele usava um espaço interno do Centro de Excelência para o Turismo (CET) para armazenar e vender entorpecentes. O suspeito Victor Ferreira Machado, 25 anos, escondia a droga em um escaninho, em uma sala restrita do centro. Com ele, os agentes apreenderam 8kg de skunk. Também apreenderam porções de maconha, haxixe, cogumelo desidratado, sementes de Argyreia nervosa (que provoca efeitos semelhantes ao LSD) e microsselos de LSD. 
 
* Estagiário sob supervisão de Mariana Niederauer
 
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Correio Braziliense terça, 11 de setembro de 2018

É DIA DE FEIRA! DE TUDO UM POUCO!

 


De tudo um pouco!
 
De verduras, artesanatos e roupas de qualidade, conheça algumas das feiras mais importantes do Distrito Federal

 

» Isabela Guimarães*
Letícia Takada*

Publicação: 11/09/2018 04:00

 

Jandira de Lourdes conta emocionada a paixão pelo trabalho:  
Jandira de Lourdes conta emocionada a paixão pelo trabalho: "A feira pra mim é tudo"


Muita gente reunida, vendedores competindo para atrair o freguês, bancas cheias de novidades, sacolas nas mãos... É assim uma feira, seja de roupas, de verduras ou de artesanatos. O Distrito Federal possui 65 pontos desse tipo — entre mercados livres, permanentes e de shopping. Algumas mais tradicionais que outras, mas todas com grande diversidade. Entre bancas e barracas, atuam 15 mil feirantes, cerca 6 mil homens e 9 mil mulheres.

Sozinhos ou com a família e amigos, os clientes costumam frequentar esses espaços todas as semanas, principalmente os que vendem frutas, verduras, carnes e outras comidas fresquinhas. Além disso, é possível encontrar roupas, brinquedos e produtos feitos à mão. No fim, para completar o passeio, ainda tem o tradicional pastel com caldo de cana.

As feiras são também espaços de convivência e interação social. Muitas histórias circulam pelos corredores. A Central Flores, por exemplo, é local certo para clientes que desejam comprar decorações de eventos, como é o caso de Kassia Roberta Cyriaco, 28 anos, que vai ao local quando organiza festas. “O preço é mais barato que nos outros locais e tem muitas opções, sempre que consigo, dou um pulinho aqui para ver as novidades”, comenta. Tem também quem procura comprar um agrado para os amigos e para enfeitar a casa, como a aposentada Lúcia Miranda Brito, 73 anos. Vai ao local no mínimo uma vez por mês. “Venho sempre, gosto de comprar plantas, flores e mudas, para minha casa e amigos”, comenta.

“A feira pra mim é tudo”. É assim que Jandira de Lourdes Andrade, 70 anos, define o local em que trabalha. Feirante desde 1968, ela montou a própria banca no Núcleo Bandeirante e lembra emocionada do início difícil. “Eu tinha dois filhos e meu marido, que era muito doente, tinha perdido o emprego. Começamos comprando as balanças a prestação” relembra.

Delícias Mineiras 

Natural de Caratinga (MG), o feirante Sebastião José de Melo, mais conhecido como Tininho, 61 anos, chegou a Brasília na década de 1970. Ele trabalha há 26 anos na Feira de Samambaia, na QN 202, onde vende de castanhas a biscoitos. Como um bom mineiro, comercializa o queijo fresco vindo do estado natal.

Ele conta que sua rotina diária é corrida. “Levanto, geralmente, às 5h da manhã, 7h estou aqui na feira e fico até as 18h. A loja fica aberta, eu saio para fazer compras, vendo, atendo, faço o que precisar”, afirma Tininho. Ele lembra o início precário da feira, em 1989. “Isso aqui era um Deus nos acuda, muita poeira e muita lama. Não tínhamos a loja, era só com a barraca”, comenta. Com o passar do tempo, a feira se tornou permanente, melhorou a estrutura e acumulou clientes fiéis. “A feira bomba no fim de semana, cheia de gente trazendo alegria”, finalizou Sebastião com um sorriso no rosto.

*Estagiárias sob supervisão de José Carlos Vieira



 (Zuleika de Souza/CB/D.A Press - 14/10/15 )  

Feira do Guará
Quem busca peixes frescos variados, restaurantes com omidas típicas nordestinas ou roupas da moda, a Feira do uará é o lugar certo. Com 645 bancas e funcionamento de quarta-feira a domingo, das 8h às 18h, o local oferece lojas de temperos, frutas, erduras, castanhas, queijos e muitas outras opções. O espaço possui estacionamento amplo. Ir de metrô também é uma boa opção. estação Feira fica próxima ao galpão com as bancas.


 (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - 7/12/10)  

Feira dos Goianos 

Elegante é pagar pouco, e na Feira dos Goianos isso é possível. As bancas oferecem moda praia, acessórios, roupas adulto e infantil de todos os tamanhos e para todos os gostos. O local conta com um complexo de nove galpões com inúmeras bancas. Segundo frequentadores, o melhor dia para comprar é na segunda-feira, porque todas as lojas estão abertas e as mercadorias são repostas. Distante 26,2 quilômetros da Rodoviária do Plano Piloto, os galpões funcionam de segunda-feira a domingo de 8h às 18h. Atenção! As bancas funcionam em dias e horários independentes.


 (Leticia Takada/Esp. CB/D.A Press)  

Feira do Núcleo Bandeirante
Com uma praça de alimentação farta, ostureiras experientes, cachaça e pimenta, a eira do Núcleo Bandeirante faz sucesso tanto om moradores da região quanto com quem vive m outras cidades. As opções oferecidas são variadas atendem a todos os gostos. Há um amplo stacionamento no local.


 (Paulo H. Carvalho/CB/D.A Press - 4/2/05)  

Feira de Samambaia 

O local oferece bancas de temperos, limentos, queijos, biscoitos, frutas, erduras, eletroeletrônicos e até salão de beleza. As lojas abrem de terça-feira a domingo, as 8h às 18h. Para os visitantes que forem até o ocal de carro, há um amplo estacionamento.


 (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - 22/6/14)  

Feira da Torre de TV 
Na área central do Plano Piloto, a Torre de TV, além de oferecer mezanino e mirante, também possui a famosa feira de artesanato. Nela é possível encontrar roupas, bijuterias, móveis, lembranças da capital, bolsas e brinquedos, a maioria feitas à mão. Comidas típicas também são destaque, e tudo por preços acessíveis. A feira funciona aos sábados, domingos e feriados, das 9h às 18h, e de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h, com apenas uma parte operando.


 (Mariana Machado/Esp. CB/D.A Press)  

Feira do Bicalho 
Típica. É assim que a feira livre localizada na Praça do Bicalho é conhecida. Aos domingos, em meio a barraquinhas e muito agito, moradores de todo o DF fazem compras.  tradicional espaço de Taguatinga Norte chama a tenção pela diversidade e preço baixo. feira dominical funciona das 8h às 14h.


 (Minervino Junior/CB/D.A Press - 11/1/18 )  

Feira Central de Ceilândia 
Inaugurada em 1984, a Feira de Ceilândia em cerca de 450 boxes, com calçados, roupas, erduras, legumes, animais e mais! om grande diversidade e pequenos preços,  espaço localizado na CNM 2 pode ser frequentado e quarta-feira a domingo, das 8h às 18h.


 (Daniel Alves/CB/D.A Press - 13/6/15 )  

Feira do Produtor

Em Vicente Pires, a Feira do Produtor o lugar ideal para encontrar produtos frescos, omo verduras, legumes, frutos, grãos, lém de doces, queijos, ovos e carnes.  tradicional feira funciona de segunda a exta-feira, das 7h às 18h, e aos sábados e omingos, das 7h às 15h.


 (Iano Andrade/CB/D.A Press - 28/7/05)  

Central Flores 
Aniversários, festas de casamentos, chás, seja qual for a comemoração, a Central Flores é o lugar ideal. Usadas para nfeitar e presentear, flores e plantas podem ser adquiridas o local. Entre as opções, mudas, vasos decorativos e insumos ara jardinagem. Localizado no Sia Trecho 10, o local funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, e sábado, das 8h às 15h.


 (Wallace Martins/Esp. CB/D.A Press - 23/12/17 )  

Feira dos Importados 
Mais conhecida como Feira do Paraguai,  local fundado em 1997 é ideal para achar de tudo m pouco. Produtos de beleza, eletroeletrônicos, ticas, malas, roupas e tabacaria são apenas algumas opções.  espaço fica localizado no Sia Trecho 7 e funciona e terça-feira a domingo, das 9h às 18h.


 (Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press - 26/5/18 )  

Feira do Cruzeiro 
Em um galpão, a Feira Permanente do Cruzeiro ontém o necessário. Entre queijos, frutas, erduras, doces e roupas, moradores da região desfrutam do comércio local. Localizada ntre os Cruzeiros Novo e Velho, funciona de erça-feira a domingo, das 8h às 18h.

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Correio Braziliense segunda, 10 de setembro de 2018

BARROSO VAI PARA CIMA DO PROGRAMA PETISTA

 

Barroso vai para cima do programa petista
 
 
Vice-presidente do TSE ameaça suspender campanha do partido caso o nome de Lula continue a ser usado como candidato. O argumento é o de que as peças publicitárias induzem o eleitor ao erro. Haddad deve ser oficializado hoje

 

» Alessandra Azevedo

Publicação: 10/09/2018 04:00

Barroso reiterou que o ex-presidente Lula não pode ser mencionado como candidato. Caso a ordem seja desobedecida, programa pode ser suspenso (Monique Renne/CB)  
Barroso reiterou que o ex-presidente Lula não pode ser mencionado como candidato. Caso a ordem seja desobedecida, programa pode ser suspenso
 
 
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) subiu o tom contra o PT e os partidos da coligação, PCdoB e Pros, que continuam usando, nas propagandas eleitorais, o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como candidato à Presidência da República, mesmo após o registro dele ter sido barrado pela Corte, em 1º de setembro. Por entender que essa postura desrespeita a decisão do tribunal, o vice-presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, reiterou ontem que o petista não pode ser mencionado como candidato nas peças eleitorais e avisou que, caso a ordem seja desobedecida, as propagandas no rádio e na televisão serão suspensas.
 
Com base em pedido do Ministério Público Eleitoral (MPE), Barroso proibiu não apenas que a coligação insista em apresentar Lula como presidenciável, mas também que os candidatos usem expressões como “estamos com Lula”, “vamos com Lula” e até “Lula-Haddad”, por entender que elas induzem o eleitor ao erro. Essa situação pode afetar a transferência de votos para o atual vice da chapa, Fernando Haddad, quando ele substituir o ex-presidente como candidato do PT — o que deve acontecer até amanhã, prazo limite estipulado pelo TSE para que o partido troque o nome, devido à inelegibilidade de Lula, enquadrado na Lei da Ficha Limpa.
 
Embora Barroso não tenha detalhado quais peças especificamente considerou ilegais, se for levado em consideração o pedido do MPE, citado na decisão, Haddad não poderá ter o nome associado a Lula em nenhum “jogo de palavras publicitariamente voltado a alimentar a ideia de continuidade da candidatura indeferida” quando assumir a cabeça de chapa. O entendimento do Ministério Público é que isso poderia ser considerado propaganda enganosa, “capaz de induzir em erro o eleitor quanto a candidatura presidencial inexistente”. Nem Haddad nem a campanha de Lula se manifestaram oficialmente sobre o assunto.
 
Como a principal estratégia para transferência de votos do PT é justamente mostrar para o eleitor que “Haddad é Lula, Lula é Haddad”, a decisão de ontem piora a situação do partido, embora o TSE não tenha proibido totalmente a aparição do ex-presidente na campanha. Pelas regras eleitorais, o PT poderá usar Lula na propaganda na condição de apoiador de Haddad. Mas, nesse caso, a participação do ex-presidente deve ficar dentro da cota de 25% do espaço da propaganda da legenda.
Na decisão de ontem, Barroso lembrou que o plenário do TSE atendeu a um pedido do advogado Luiz Fernando Casagrande Pereira, um dos defensores de Lula, para permitir a continuidade da propaganda eleitoral da chapa, desde que ele não aparecesse como candidato. No entanto, o ministro concluiu que “as sucessivas veiculações de propaganda eleitoral em desconformidade com o decidido revelam que a atuação da coligação se distanciou dos compromissos por ela assumidos, a exigir uma atuação em caráter mais abrangente”.
 
Ministério Público
 
O MPE alega, no pedido, que, mesmo passada uma semana da decisão do TSE, as propagandas eleitorais da coligação continuam a apresentar Lula como candidato, “tanto de forma direta quanto indireta”. Nessa linha, aponta a insistência “sistêmica e generalizada de um candidato inelegível (...) de se fazer presente, das mais variadas e insistentes formas, na propaganda eleitoral paga pelo contribuinte em expediente que se presta a desorientar o eleitorado quanto àquilo que já foi decidido pela Justiça Eleitoral”. Por isso, pediu que a coligação se abstenha “de apresentar qualquer expressão — escrita, oral, pictográfica ou gráfica — de apoiamento ao ex-candidato Luiz Inácio Lula da Silva, eis que na propaganda eleitoral não se pode apoiar quem não seja candidato”.
 
Repercussão
 
Nas redes sociais, a notícia se espalhou rápido. Parlamentares e militantes do PT comentaram o assunto, dizendo que “não pode na tevê, mas na internet pode”, usando as hashtags com as expressões proibidas pela Justiça Eleitoral, como #EuSouLula e #VamosComLula. O deputado federal Henrique Fontana (PT-RS), candidato à reeleição, publicou vídeo do ex-presidente no Twitter e afirmou que a decisão do TSE significa “mais censura”.
 
Os petistas também repudiaram um comentário do comandante das Forças Armadas, general Eduardo Villas Bôas, no Twitter. Ele disse, ontem, que “o pior cenário é termos alguém sub judice, afrontando tanto a Constituição quanto a Lei da Ficha Limpa, tirando a legitimidade, dificultando a estabilidade e a governabilidade do futuro governo e dividindo ainda mais a sociedade brasileira”.
 
Mais tempo
 
A defesa de Lula pediu, no último sábado, que o TSE dê mais seis dias para a troca do nome do candidato do PT à Presidência. Assim, em vez de substituí-lo até amanhã, a legenda poderia tomar a decisão até a próxima segunda-feira, dia 17, a 20 dias antes do primeiro turno, prazo final para mudanças nas chapas. A defesa quer esse tempo a mais antes de uma alteração definitiva de Lula por Haddad para que o Supremo Tribunal Federal (STF) analise o recurso contra a decisão do TSE que negou o registro da candidatura.
 
Os advogados consideram que uma decisão definitiva sem análise do Supremo seria uma “injustiça” e afirmam que o STF deve tomar a decisão a partir de quarta-feira, dia 12. “Um dia não pode enterrar viva (sub judice) uma candidatura que tem 40% das intenções de votos nas pesquisas”, dizem os advogados Luiz Fernando Casagrande Pereira, Maria Claudia Bucchianeri Pinheiro e Fernando Gaspar Neisser. Caso o TSE não aceite o pedido, e a troca não seja feita até amanhã, a coligação petista ficará fora da disputa presidencial.
 
Faltam 27 dias
 
» Noronha e a 2ª instância
O novo presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio de Noronha, disse ver com ressalvas uma eventual mudança de entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância. “A jurisprudência está pacificada, não pode o Supremo mudar isso todo mês”, disse ele, para completar: “Não basta perder para recorrer, tem de demonstrar violação da lei federal e, o mais importante, no recurso especial, não há reexame da prova”. Sobre o reajuste de 16,38% a ministros do STF e do STJ quando há 13 milhões de desempregados, Noronha disse que “todo segmento da sociedade teve aumento, apenas um deve ficar de fora?” Segundo ele, “o momento é difícil, vamos ter muita dificuldade para enquadrar isso no orçamento, mas é delicado você explicar para o juiz que em cinco anos os únicos que não sofreram reajuste foram os magistrados. Isso não é um contrassenso? (Mas), vou ser sincero. Eu não faria nada disso agora”.
 
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Correio Braziliense quinta, 06 de setembro de 2018

PARA CURTIR NO FERIADÃO

 


Para curtir!
 
Feriado prolongado agita a programação cultural de Brasília, que tem de Wesley Safadão a Pabllo Vittar

 

Adriana Izel

Publicação: 06/09/2018 04:00

Wesley Safadão é a grande atração de hoje no projeto Na Praia (WS/Divulgação)  
Wesley Safadão é a grande atração de hoje no projeto Na Praia
 
 
 
Apesar do Dia da Independência do Brasil ser comemorado só na sexta-feira, a cidade começa a se agitar ainda hoje com o clima de fim de semana adiantado. Wesley Safadão, Aldair Playboy, Mart’nália, Serginho Meriti, Tati Zaqui, MC TH, Fernando & Sorocaba e Pabllo Vittar são alguns dos nomes que estarão na capital federal entre hoje e amanhã na programação do feriado prolongado.
 
Em sua última semana, o projeto Na Praia recebe hoje, a partir das 18h, o cantor Wesley Safadão. Um dos grandes nomes da música atual do país, o artista cearense retorna a Brasília, onde já gravou um DVD, com um show repleto de sucessos da carreira, como Romance com safadeza, Sonhei que tava me casando e o novo hit Sortudo, que integra o repertório do projeto WS mais uma vez, que será lançado neste mês.
 
“A galera pode esperar um show com a energia lá em cima, os hits que eles mais gostam, será uma grande festa”, garante Safadão em entrevista ao Correio. Sobre a volta a Brasília, o cantor completa: “Sempre que me apresento por aqui sou recebido com um enorme carinho e isso é muito gratificante. A gravação do DVD no estacionamento do Mané Garrincha, sem dúvidas, é um dos momentos mais marcantes da minha trajetória”.
 
Quem também gosta da mistura de forró e sertanejo pode curtir o som do cantor paraibano Aldair Playboy, que estourou neste ano no cenário musical com a faixa Amor falso. Ele se apresenta amanhã na boate Shed Western Bar e traz o novo hit Ainda te amo. Na abertura da noite, o som fica por conta da cantora Thalita Rangel.
 
O pré-feriado marca a volta de um dos eventos mais tradicionais de Brasília, a Granja, no Parque de Exposições da Granja do Torto. Com programação dedicada à música sertaneja, a festa recebe hoje a dupla Fernando & Sorocaba, com repertório do disco Sou do interior (2017), enquanto amanhã são as duplas brasilienses Bonni & Belluco, Roniel & Rafael e Jhonny & Rahony que sobem ao palco. A programação segue até domingo.


Pabllo Vittar estará em Brasília para mais uma edição da Micarê da Farra
 (Mauro Pimentel/AFP - 13/2/18)  
Pabllo Vittar estará em Brasília para mais uma edição da Micarê da Farra


Som eclético
 
Os admiradores do cenário funk, eletrônico e pop brasileiro também têm opções no feriado prolongado. A cantora Pabllo Vittar retorna à cidade para comandar a terceira edição da Micarê da Farra, amanhã, no estacionamento do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. A cantora desembarca na capital aproveitando o sucesso do novo hit, Problema seu, canção que tem tudo a ver com o clima de micarê por ter uma batida de pagode baiano.
 
No Outro Calaf, hoje é a vez da cantora Tati Zaqui, conhecida pela canção Parará tibum, comandar o Baile do Pretinho. No repertório, os sucessos autorais, como Água na boca e La noche, além de sucessos do estilo musical consagrado nas vozes de outros artistas. Se no Calaf é o funk paulista que dá as caras, na festa Pink Holliday, também hoje, na Pink Elephant, é o funk carioca que agita a pista de dança com apresentação de MC TH, dono de sucessos como Apaga a luz e toma e Clima quente.
 
As festas de música eletrônica e black My House e Mistura Fina unem forças para celebrar os aniversários de 10 e 11 anos, respectivamente, com edição amanhã, às 23h, no ClubeCoat. A balada terá atrações locais, como Chicco Aquino e as integrantes do coletivo M.A.N.A.S., além dos convidados, como o australiano Fisher, o mineiro Nedu Lopes e os cariocas do duo Flow & Zeo. Outra opção para os fãs dessa mistura é a balada Parque Sonora também amanhã, no Setor Comercial Sul, com duas pistas de dança em que se revezam vários DJs.


Serginho Meriti é o convidado do Samba urgente hoje no Setor Comercial Sul
 (Reprodução da Internet)  
Serginho Meriti é o convidado do Samba urgente hoje no Setor Comercial Sul


Diversidade
 
O samba é outro estilo musical que terá destaque durante o feriado prolongado, com mais uma edição do Samba urgente, hoje no Setor Comercial Sul. Dessa vez com participação de Serginho Meriti, carioca, que está radicado em Brasília, e é compositor de vários sucessos do gênero, como Quando em cantar (Iaíá) e Deixa a vida me levar, ambos gravados por Zeca Pagodinho. No Bar Brahma hoje também é dia de roda de samba, com o Tributo ao samba comandado pelo cantor Alexandre Équi.
 
A banda brasiliense Talo de Mamona, em parceria com a rapper Thabata Lorena, promove um show hoje repleto de convidadas especiais, na Cervejaria Criolina, a partir das 22h. O time é composto por Kashi Mello, Letícia Fialho, Emília Monteiro, Ana Beatriz, Malu Engel, Loba e Ana Lu, Ju Cardoso e Tatá Weber. “São cantoras que têm uma identidade”, explica Vanderlei Costa, performer da banda. “Elas têm uma identidade estética compatível com a nossa, conhecem o trabalho da banda e atuam na cena musical da cidade”, completa.
 
Thabata Lorena é figura forte no Distrito Federal e ressalta a importância de uma programação cheia de nomes femininos. “A gente precisa alternar as narrativas”, explica. “Quanto mais mulheres na linha de frente como jornalistas, cineastas, tantas outras que ajudam a dar mais visibilidade, melhor”, conta.
 
De hoje até domingo, no Teatro da Caixa Cultural, Mart’nália chega a Brasília com show que tem como base o disco +Misturado, em que interpreta canções de grandes nomes da música. Os sucessos da carreira da cantora também são aguardados, como Cabide.
 
Colaborou Mariah Aquino, estagiária sob supervisão de Igor Silveira
 
 A funkeira Tati Zaqui comanda apresentação no Outro Calaf
 (Facebook/Reprodução da Internet )  
A funkeira Tati Zaqui comanda apresentação no Outro Calaf
 
Programação
 
 
Aldair Playboy
• Shed Wester Bar (SCES, Tc. 2). Hoje, às 23h. Com show de Aldair Playboy e Thalita Rangel. Entrada a partir de R$ 50 (meia). Não recomendado para menores de 18 anos.
 
 
Granja 2018
• Parque de Exposições Agropecuárias da Granja do Torto. Hoje, a partir das 22h. Com show de Fernando & Sorocaba e Danilo & Daniel. Entrada a R$ 10 (meia-entrada). Classificação indicativa livre. Amanhã, a partir das 20h. Com show de Só Pra Xamegar, Bonni & Belluco, Roniel & Rafael e Jhonny & Rahony. Entrada a R$ 10 (meia-entrada). Classificação indicativa livre.
 
 
Mart’nália
• Teatro da Caixa Cultural (SBS, Qd. 4). Hoje e amanhã, às 20h. Show da cantora Mart’nália. Entrada a R$ 15 (meia) e R$ 30 (inteira). Não recomendado para menores de 14 anos.
 
 
Micarê da Farra com Pabllo Vittar
• Estacionamento do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha (Eixo Monumental). Amanhã, às 16h. Com show de Pabllo Vittar. Entradas a R$ 55 (yukê), R$ 75 (sua cara, com acesso ao after na Vic e copo exclusivo) e R$ 95 (queen, copo exclusiva, acesso ao after na Vic sem fila e pulseira dos camarotes pop e house no after da Vic). Valores de meia-entrada e quarto lote. Não recomendado para menores de 18 anos.
 
 
My House Mistura Fina
• ClubeCoat (SCES, Tc. 2). Amanhã, a partir das 23h. Festa com DJs Fisher (AUS), Gustavo Mota (SP), Nedu Lopes (MG), Fancy Inc. (RS), Hippocoon (SC), Flow & Zeo (RJ), Chicco Aquino, Aquila, Drezin, Camila Jun e Paula Torelly (M.A.N.A.S). Ingressos a R$ 75 (meia e primeiro lote). À venda em www.mobprodutora.com.br. Não recomendado para menores de 18 anos.
 
 
Na Praia
• Complexo Na Praia (SHTN, atrás da Concha Acústica). Hoje, às 18h. Festa Kuta com Wesley Safadão e Jetlag. Entrada a R$ 301 (meia) e R$ 601 (inteira). Não recomendado para menores de 18 anos. Amanhã, às 17h. Dia de praia com DJs Shark e Bárbara Labres. Entrada a R$ 26 (meia, até as 12h), R$ 76 (meia, com consumo de R$ 50) e R$ 101 (inteira, válido o dia todo e com consumo de R$ 50). Classificação indicativa livre.
 
 
Outro Calaf
• (SBS, Qd. 2). Hoje, às 22h. Festa Baile do Pretinho com Tati Zaqui e DJs Thiago May e Bruno Antun. Entrada a R$ 20 (100 primeiros), R$ 30 (até as 23h) e R$ 40 (após), com nome na lista; e R$ 40 (até as 23h), sem nome na lista. O valor, que é de meia-entrada, é sujeito a alteração após esse horário. Não recomendado para menores de 18 anos. Amanhã, às 21h. Festa Sarra — O baile da independência com DJs Athena, Patrícia Gontijo, Bruno Antun e Dudu Troca Tapa. Entrada a R$ 10 (até as 23h), R$ 20 (até a 0h) e R$ 30 (após), com nome na lista. Sem nome na lista, ingressos a R$ 30. Valores de meia-entrada. Não recomendado para menores de 18 anos.
 
 
Parque Sonoro
• Setor Comercial Sul (Beco da CAL, Qd. 4). Hoje, a partir das 18h. Com Timelock Live, Owl Live, Muni Live, Deep Creation, Dannmage, Gautama, Azalujah, Zattera, Atomic Henzai, Rapadura Xique-Chico, Kaster, Lethal, Fat FS, MC Afroragga, Broken, Donna, Janna, Baghda Live, Babilous e Heitor Valente. Entrada a R$ 30 (meia e primeiro lote). Não recomendado para menores de 18 anos.

Aldair Playboy está de volta a Brasília com mais uma música entre as mais tocadas (Shed Western Bar/Divulgação)  
Aldair Playboy está de volta a Brasília com mais uma música entre as mais tocadas
 
Pink Holiday
• Pink Elephant Brasília (SCES, Tc. 2). Hoje, às 23h. Com show de MC TH. Entrada a R$ 50 (mulheres) e R$ 70 (homens). Valores de meia-entrada e sujeitos a alteração. Não recomendado para menores de 18 anos.
 
Samba urgente convida Serginho Meriti
• Setor Comercial Sul, em frente ao Canteiro Central. Hoje, às 21h. Roda de samba com participação de Serginho Meriti. Entrada franca. Não recomendado para menores de 18 anos.
 
 
Talo de Mamona
• Cervejaria Criolina (SOF, Qd. 1). Hoje, às 22h. Show de Talo de Mamona com participações especiais. Couvert aR$ 20. Não recomendado para menores de 18 anos.
 
 
Tributo ao samba do Brasil com Alexandre Équi
• Bar Brahma (201 Sul). Hoje, das 19h às 22h.. Com show de Alexandre Équi. Couvert a R$ 10. Não recomendado para menores de 18 anos.
 
Jornal Impresso
 

Correio Braziliense quarta, 05 de setembro de 2018

PT BATE CABEÇA

 

PT bate cabeça
 
Sem definição pelo partido se será candidato a presidente ou não, Fernando Haddad enfrenta mais uma denúncia do Ministério Público de São Paulo. Defesa de Lula recorre ao Supremo para que ele continue na campanha

» PAULO SILVA PINTO
» ALESSANDRA AZEVEDO

Publicação: 05/09/2018 04:00

Denúncias contra Haddad são baseadas na delação de Ricardo Pessoa, ex-presidente da UTC (Wilson Dias/Agencia Brasil - 15/9/15)  
Denúncias contra Haddad são baseadas na delação de Ricardo Pessoa, ex-presidente da UTC



A defesa de Lula entrou com novo recurso. Desta vez, quer que o Supremo Tribunal Federal (STF) se curve uma decisão liminar de dois integrantes de um comitê — composto por 18 membros — das Nações Unidas e permita que o petista, preso em Curitiba, seja candidato ao Palácio do Planalto. Na última sexta-feira, o Tribunal Superior Eleitoral decidiu barrar a candidatura do ex-presidente porque ele foi condenado em segunda instância e, portanto, está inelegível pela Lei da Ficha Limpa. Dentro do PT, há divisão sobre a melhor estratégia a ser seguida. Um grupo acha que a insistência em Lula já passou do limite e deveria ser dada a chance de Fernando Haddad ser efetivado como o candidato do partido. O ex-prefeito, aliás, voltou a sofrer novo revés: foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

A acusação é de que Haddad recebeu, em 2013, primeiro ano no mandato como prefeito de São Paulo, R$ 2,6 milhões da construtora UTC para pagar dívidas de campanha. Ele nega. Um dos principais argumentos da defesa está no fato de que o relato do pagamento está na delação do ex-presidente da empresa, Ricardo Pessoa, que teria sido anulada. 

Segundo o promotor Marcelo Mendroni, o pedido de dinheiro foi feito pelo então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, condenado e preso em Curitiba no âmbito da Operação Lava-Jato. “Vaccari falava em nome de Haddad, que foi beneficiário final do pagamento da dívida”, afirmou Mendroni. Vaccari também foi denunciado, assim como o doleiro Alberto Youssef e outras três pessoas. Haddad já é réu em um processo na Justiça de São Paulo, mas no âmbito civil, não criminal, em um processo por improbidade administrativa na construção de ciclovias quando era prefeito. A denúncia veio em 21 de agosto.

A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, minimizou os efeitos da nova denúncia e classificou a motivação do Ministério Público de eleitoreira. “Se denúncia atrapalhasse, nós não estaríamos em primeiro lugar nas pesquisas. O Ministério Público de São Paulo está a serviço da campanha de Geraldo Alckmin (PSDB). O promotor é o mesmo que já fez denúncia contra o presidente Lula. Estamos tomando providências em relação a ele no CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público)”, afirmou a senadora.

A assessoria de Haddad publicou nota sobre a denúncia, tentando desacreditar as delações de Pessoa e afirmando que o ex-prefeito contrariou interesses do empresário. “Surpreende que no período eleitoral, uma narrativa do empresário Ricardo Pessoa, da UTC, sem qualquer prova, fundamente três ações propostas pelo Ministério Público de São Paulo, contra o ex-prefeito e candidato a vice-presidente da República, Fernando Haddad”, diz o documento.

Haddad não corre riscos de se tornar inelegível, explicou o advogado Flavio Unes, especialista em direito eleitoral e professor do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP). “A lei da Ficha Limpa é bem clara ao determinar que só se torna inelegível quem for condenado em decisão colegiada”, afirmou. Também não há tempo para que Haddad seja julgado e condenado em duas instâncias no processo em que é réu.

Supremo acionado

É o que aconteceu com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado em segunda instância por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Na sexta-feira, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu indeferir sua candidatura à Presidência, exatamente com base na Ficha Limpa, concedendo prazo até 11 de setembro para que seja apresentado um substituto. Assim, Haddad está em uma espécie de limbo: é candidato a vice-presidente, aparecendo na propaganda de rádio e tevê, mas não tem um candidato a presidente na chapa.

Ontem, porém, a defesa de Lula apresentou uma tutela de urgência ao STF para manter a candidatura até uma decisão final do tribunal. “Protocolamos hoje (ontem) perante o Supremo Tribunal Federal pedido de tutela de urgência para que, com base na decisão liminar proferida pelo Comitê de Direitos Humanos da ONU (...), seja afastado qualquer óbice à candidatura”, diz a nota assinada por advogados do petista. “Na mesma petição, demonstramos a urgência na apreciação do pedido diante das determinações do TSE no último dia 31 de agosto”, acrescentam os defensores.

O tema sobre a insistência na candidatura de Lula é controverso no PT. Governadores do partido defendem que a substituição seja feita logo, o que poderia favorecer a transferência de votos de Lula para Haddad, algo que, por enquanto, não tem animado os eleitores lulistas. Outra corrente, liderada por Gleisi, defende que se desconsidere essa possibilidade para aumentar as chances de uma decisão da Justiça.

Pelo voto de papel

O TSE recebeu ontem um requerimento de Cabo Daciolo, candidato à Presidência da República pelo Patriotas, para a adoção do voto em cédulas nas eleições de 2018. O próprio concorrente, ao lado de sua postulante a vice, Suelene Balduino, esteve no tribunal para protocolar o pedido. O documento está embasado na Lei nº 9504/1997, que estabelece que o TSE pode, em casos excepcionais, determinar a votação pelo mecanismo das cédulas em detrimento da votação eletrônica. Segundo Daciolo, há incerteza sobre a segurança do sistema.
 
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Correio Braziliense segunda, 03 de setembro de 2018

PARA FICAR NA MEMÓRIA - PROJETO VAI RESGATAR PATRIMÔNIO DE VÁRIAS REGIÕES DE BRASÍLIA

 


Para ficar na memória
 
Projeto Reconhecendo meu território, descobrindo possibilidades, do Museu da Educação do DF, em parceria com o Museu Vivo da Memória Candanga, vai resgatar patrimônios de diversas regiões de Brasília por meio de relatos de moradores. As inscrições estão abertas

» RENATA NAGASHIMA*
» SARAH PAES*

Publicação: 03/09/2018 04:00

A cineasta Patrícia Dantas, a museóloga Jade Morais e Luciana Ricardo, responsável pelo setor de educação patrimonial do Mude, participarão da iniciativa (Bárbara Cabral/ESp.CB/D.A Press)  

A cineasta Patrícia Dantas, a museóloga Jade Morais e Luciana Ricardo,

responsável pelo setor de educação patrimonial do Mude, participarão da iniciativa

 
Já pensou em produzir um filme gratuitamente e ainda mostrar para outras comunidades as riquezas da sua cidade? Graças ao projeto Reconhecendo meu território, descobrindo possibilidades, oferecido pelo Museu da Educação do DF (Mude), em parceria com o Museu Vivo da Memória Candanga, isso será possível. Duas turmas, com 25 alunos cada, serão responsáveis por descobrir locais, eventos, festividades e pessoas importantes em uma comunidade.
 
Responsável pelo setor de educação patrimonial do Mude, Luciana de Maya Ricardo conta que, inicialmente, o curso era voltado para moradores da Candangolândia, local onde o museu será erguido, porém, pessoas de outras regiões demonstraram interesse. “Vai acrescentar riquezas culturais ao projeto, com mais histórias de cada cidade, já que temos matriculados alunos de diversas regiões, como Núcleo Bandeirante, Recanto das Emas e Planaltina.”
 
Segundo ela, o principal objetivo do curso é mostrar para as pessoas que os patrimônios de uma comunidade não são apenas coisas institucionalizadas, podem também ser simples, como o samba do fim de semana, aquela praça de que os moradores cuidam, um evento ou até mesmo uma pessoa que a comunidade respeita. “Queremos que os participantes se identifiquem com essas pessoas e esses lugares e produzam um filme para que outras sejam influenciadas e consigam identificar o patrimônio histórico da comunidade delas também”, destaca.
 
Quando concluído o filme, a ideia é que uma devolutiva seja feita para a comunidade, entre 17 e 18 de dezembro, nos locais onde foram gravadas as imagens. “Como vamos explorar muito esses patrimônios imateriais, dos quais as pessoas desconhecem o valor, como costumes, tradições, queremos apresentar para elas depois”, afirma Luciana. “Queremos que elas percebam que essas coisas do dia a dia delas também têm valor.”
 
Ao todo, serão 16 encontros, divididos em três etapas, sendo a primeira uma coleta de dados de cada local e a produção de um inventário. Em seguida, com essas informações, será montado um roteiro e definido o formato do projeto, se será documentário ou filme, por exemplo, e, por último, filmagens e edição do projeto. “Eu quero ensiná-los, principalmente, como podem se expressar por meio da linguagem audiovisual, para que eles possam apresentar as riquezas de cada local de forma sensível”, explica a cineasta Patrícia Dantas.
 
Jade Gabriela de Deus Morais, museóloga que auxiliará na composição dos inventários, afirma que, apesar de ministrar as aulas, também aprenderá com as histórias de cada aluno. “O mais interessante é que eu vou poder ver o que os outros têm para apresentar. Eles vão trazer a vivência deles, o que é importante no local onde moram. Isso é muito tocante.”
 
Pioneiro
 
Yussef Jorge Sarkis, 63, morador de Águas Claras e presidente da Associação dos Candangos Pioneiros de Brasília, é um dos milhares de candangos que chegaram à cidade durante a construção da capital. Seu pai e seu tio vieram para a cidade participar diretamente do processo de formação de Brasília. O pai de Yussef, José Paulo Sarkis, foi o dono da primeira loja de materiais de construção da cidade, localizada na 2ª Avenida da Cidade Livre, atualmente Núcleo Bandeirante. Local também do seu primeiro endereço na cidade, em uma casa nos fundos da loja.
 
Com o pai visionário, cresceu se mudando, morou no Núcleo Bandeirante, na Asa Norte, na Asa Sul e em muitos outros lugares. “O primeiro prédio da W3 Sul foi construído pelo meu pai, uma loja. Segundo minha mãe, parecíamos uma família de ciganos. Nós nos mudamos mais de 20 vezes”, afirma Yussef. Ele cresceu vendo a cidade do coração se transformar e ganhar as características de metrópole. “Brasília nasceu para ser cosmopolita, aqui é uma síntese do que é o Brasil”, acrescenta.
 
Para ele, iniciativas como a do curso oferecido pelo Mude, em parceria com o Museu Vivo da Memória Candanga, são fundamentais para a cidade. “Temos experimentado um crescimento rápido. Brasília é uma cidade jovem e, para qualquer lugar que olhamos, tem uma construção”, observa. “Essas histórias têm de ser contadas”, enfatiza o pioneiro.
 
* Estagiárias sob supervisão de Mariana Niederauer
 
 
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Correio Braziliense domingo, 02 de setembro de 2018

VOCÊ DOMINA A ESCUTATÓRIA

 

Você domina a escutatória

Publicação: 02/09/2018 04:00

 

A malharia onde a estilista Beatriz (de verde) trabalha passou por mudanças na comunicação interna: todos têm de ouvir e falar com todos, do mais alto ao mais baixo escalão (Marilia Lima/Esp. CB/D.A Press)  
A malharia onde a estilista Beatriz (de verde) trabalha passou por mudanças na comunicação interna: todos têm de ouvir e falar com todos, do mais alto ao mais baixo escalão


Saber ouvir, sem prejulgamentos, é capacidade cada vez mais valorizada em trabalhadores e, 
principalmente, gestores. Hoje em dia, saber se comunicar bem não quer dizer apenas ter boa oralidade 
ou conseguir persuadir o outro: envolve também estar apto a acolher sugestões e opiniões de outr 

 


Correio Braziliense sexta, 31 de agosto de 2018

FUTEBOL AMERICANO: JOGUE COM ESTAS MULHERES

 


FUTEBOL AMERICANO
 
Jogue como essas mulheres
 
Brasília Pilots supera dificuldades estruturais e busca vaga nas semifinais do Campeonato Brasileiro contra o Sinop-MT

 

Ester Cezar*
Renata Nagashima*

Publicação: 31/08/2018 04:00

Raquel Araújo e Paula Chiarotti (D) estão confiantes na vitória sobre as atuais campeãs nacionais (Carlos Vieira/CB/D.A Press - 23/8/18
)  
Raquel Araújo e Paula Chiarotti (D) estão confiantes na vitória sobre as atuais campeãs nacionais



O desafio começou bem antes da partida. Para chegar ao estado do Mato Grosso, o Brasília Pilots, time feminino de futebol americano, precisou alugar um ônibus e tirar dinheiro do próprio bolso para custear a participação no Campeonato Brasileiro da modalidade. Após uma corrida contra o tempo para sanar questões burocráticas e lesões de atletas, a equipe encarou um trajeto com duração de 24 horas e, amanhã, enfrenta o Sinop Coyotes, atual detentor do título nacional, em busca de uma vaga nas semifinais da competição.

A equipe brasiliense viu de perto o risco de encerrar precocemente as atividades na temporada. Segundo o regulamento do campeonato, se um time não comparecer a um jogo marcado, a punição por walkover (WO) é desclassificação automática. Todas as partidas ficariam com a pontuação de 49 x 0, inclusive as previamente vencidas, e a agremiação receberia uma multa de R$ 6.000, além do impedimento de participar de qualquer competição oficial pelo período de um ano.

Vencidos os desafios iniciais, a expectativa para o confronto contra as atuais campeãs brasileiras é de elevado otimismo. Antes de integrar o Brasília Pilots, Paula Chiarotti e Raquel Araújo vestiam a camisa do Vasco Patriotas e venceram o Sinop Coyote por 18 x 13, com três touchdowns. E essa não foi a única vitória da dupla sobre as mato-grossenses. “Será um jogo difícil. Elas são duras e bem fisicamente, mas ninguém do Pilots nunca perdeu para elas”, comenta Raquel, apostando, em tom de provocação, no placar de 38 x 0. Mais realista, Paula prevê resultado favorável às brasilienses por 30 x 20, com dois touchdowns de diferença.

Em 2017, foi a primeira vez que o time de Brasília participou do Campeonato Brasileiro, que existe há 10 anos. Na temporada de estreia, as atletas da capital conseguiram classificação para os playoffs e conquistaram o terceiro lugar geral. Atualmente, a equipe é formada por 30 atletas ativas, com idades de 16 aos 42 anos.



Como participar 

Os treinos do Brasília Pilots são abertos. Qualquer interessada em conhecer o esporte e aprender pode contatar o time, indo aos treinos ou por meio da internet. “Basta chegar e falar com um dos treinadores. A candidata será testada em várias posições e, então, encaminhada para o setor adequado. Treinamos no gramado da Funarte, nas quintas-feiras, às 19h30, e na Esplanada dos Ministérios, nos sábados, às 9h30. Podemos nos contatar também pelas nossas redes sociais no Facebook e no Instagram”, explica  Paula Chiarotti, presidente e jogadora do Brasília Pilots.
 
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Correio Braziliense quinta, 30 de agosto de 2018

CÉU DE BRASÍLIA, TRAÇO DO ARQUITETO

 

Céu de Brasília, traço do arquiteto
 
Capital do país volta a receber o Campeonato Brasileiro e Internacional de Asa Delta, com pousos até sábado na Esplanada

 

Emanuelly Fernandes*

Publicação: 30/08/2018 04:00

Competidores brasileiros estão de olho na classificação geral: os seis melhores garantem vaga no Mundial (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press

)  
Competidores brasileiros estão de olho na classificação geral: os seis melhores garantem vaga no Mundial
 


Considerada o ‘Havaí do Voo Livre’, Brasília recebe a segunda etapa do Campeonato Brasileiro e Internacional de Asa Delta. A competição, iniciada no domingo passado e que reúne alguns dos principais pilotos do mundo, será encerrada no sábado. No total, são 84 competidores de 11 países.  Um dos destaques é o australiano Johnny Duran, vencedor da prova de abertura e campeão mundial em 2016. O gaúcho André Wolf, que defende o título, ficou em terceiro.

Os atletas decolam da rampa do Vale do Paranã, em Formosa-GO, por volta das 11h. Com altitude de aproximadamente 1.000 metros acima do nível do mar, o ponto é usado para decolagens há mais de 30 anos e fica a cerca de 87km de Brasília. Os pousos ocorrem no gramado da Esplanada dos Ministérios, geralmente a partir das 15h. As provas previstas para segunda e terça-feira acabaram não acontecendo por causa dos ventos que alcançaram 40km/h, impossibilitando decolagens seguras.

O organizador do evento e instrutor de voo Ricardo Ortega conta que as duas provas canceladas não atrapalham o resultado do campeonato e não muda o dia do encerramento. “Os dias que não voamos será contabilizado com nota 0 para todos os inscritos. Usaremos os resultados dos outros dias. Olhamos as previsões do tempo e não terá problema nas provas que serão realizadas na sexta-feira e no fim de semana”, explica.

A competição é dividida em duas categorias: sports (grupo de acesso), que precisa completar um percurso de 95km, e a elite, com uma distância de 130km. Tudo é registrado por um GPS que os pilotos carregam durante o voo. Para quem não se inscreveu e quer apenas se divertir, há a opção do free fly, que realiza um voo mais rápido e sem restrições de percursos. Abel Vitorazzi, do Rio Grande do Sul, é um dos pilotos que está voando sem compromisso. “Eu perdi o prazo de inscrições e estou aqui para curtir o céu de Brasília. A cidade é um dos melhores lugares em que já voei. Existem 20 pilotos que estão na mesma situação que a minha”, conta.
 
Jornal Impresso

Correio Braziliense domingo, 26 de agosto de 2018

BRASÍLIA: UM CÉU DE POSSIBILIDADES

 


Um céu de possibilidades
 
Saiba quais são os melhores pontos da cidade para curtir o pôr do sol

 

Sarah Paes*
Renata Nagashima*

Publicação: 26/08/2018 04:00

Daniele Medeiros e o namorado, Wilckerson Ganda, no Pontão do Lago Sul (Sarah Paes/Esp. CB/D.A Press)  
Daniele Medeiros e o namorado, Wilckerson Ganda, no Pontão do Lago Sul
 
 
 
 
Uma atração que não sai de cartaz e é acessível. As janelas de casa, do trabalho ou do carro viram moldura para o crepúsculo. Há quem encontre posição ainda mais privilegiada e, em Brasília, isso não é difícil. A combinação do famoso céu da capital com os raios solares se pondo proporciona aos habitantes e visitantes da cidade um espetáculo a céu aberto no fim de quase todas as tardes.
 
Para Daniele Medeiros e o namorado, Wilckerson Ganda, ambos de 26 anos, parar e assistir ao pôr do sol representa um momento incomum, especial. “No dia a dia, a gente se distrai com outras atividades e acaba passando despercebido. Sentar para ver o pôr do sol é um momento raro, aproveitamos muito, ainda mais quando estamos juntos”, conta a moradora de Taguatinga, enquanto curte o momento com o companheiro no Pontão do Lago Sul.
 
O Correio preparou um roteiro reunindo 14 locais onde é possível viver uma experiência privilegiada ao assistir ao pôr do sol. Segundo a Polícia Militar do DF, em todos os pontos, são realizados patrulhamentos durante todo o dia e intensificados em horários de maior circulação de pessoas. Quanto à iluminação, a CEB informou que o acionamento é automático, por fotocélulas. Nos pontos relacionados, há iluminação pública na parte externa do Pontão do Lago Sul, na Ermida Dom Bosco, no Deck Norte, no Parque Asa Delta, na Plataforma Superior da Rodoviária, na Torre de TV e  na Praça do Cruzeiro. Confira a lista e aproveite!
 
*Estagiárias sob supervisão de Mariana Niederauer
 
 
 (Sarah Paes/Esp. CB/D.A Press)  
 
Pontão do Lago Sul
Com um cenário digno de cartão-postal, o Pontão é parada obrigatória para moradores e turistas que desejam contemplar o pôr do sol à beira do Lago Paranoá. Próximo à Ponte Honestino Guimarães, o local conta com decks, bancos e área com grama para contemplar os últimos minutos de sol do dia. O local é procurado também por oferecer uma estrutura com bares e restaurantes para quem deseja relaxar. Funciona todos os dias e os horários variam entre as 7h e as 2h. Informações: 3364-0580.
O que tem lá: 6 restaurantes / 4 quiosques / Pier / Anfiteatro ao ar livre / Sanitários de apoio com funcionários / Jardins / Bancos para sentar
 
 
 (Breno Fortes/CB/D.A Press - 1/6/06 )  
 
Orla e Ponte JK
A Ponte JK ou Terceira Ponte, inaugurada em dezembro de 2002, liga o Lago Sul, Paranoá e São Sebastião à parte central de Brasília. Desde a inauguração, tornou-se um dos cartões-postais para observar o sol que reflete nas águas do lago. Dica: a ponte conta com passagem para pedestres. Assista ao fim da tarde na parte que fica no Lago Sul e, depois, siga para uma caminhada no mirante, localizado no Setor de Clubes Esportivos Sul, Trecho 2.
O que tem lá: Parquinho de areia para crianças / Restaurantes / Bancos de concreto / Fonte (inativa) / Vendedores ambulantes
 
 
 (Rodrigo Nunes/Esp. CB/D.A Press - 18/2/16)  
 
Torre de TV
Cartão-postal de Brasília, a Torre de TV fica na área central do Plano Piloto e, a partir do mirante, é possível observar, a 75m de altura, o sol se pôr atrás do Memorial JK, além de ser um local com vista privilegiada para ver o cair da tarde na Esplanada dos Ministérios. A visitação ao mirante está temporariamente suspensa em razão do cronograma de revitalização, mas ainda sim é possível observar dos pés da torre e de suas escadas. Informações: 3224-3351 ou atendimento@setur.df.gov.br.
O que tem lá: Ciclovia / Bancos /Quiosques / Vendedores ambulantes/Estacionamento amplo
 
 
 (Rodrigo Nunes/Esp. CB/D.A Press - 7/4/16 )  
 
Ermida Dom Bosco
Considerada um dos patrimônios históricos da cidade, a Ermida Dom Bosco, inaugurada em 1957, é um ótimo lugar para observar os últimos raios de luz do dia e para a prática de vários esportes. O lugar é frequentado por famílias que desejam fazer um programa diferente, além de fotógrafos que buscam um bom cenário e luz natural. O Parque Ecológico Ermida Dom Bosco fica aberto diariamente, das 7h às 19h. Endereço: Estrada Parque Dom Bosco, QI 29, Lago Sul. Telefone: 3367-2000.
O que tem lá: Pier / Quiosques / Bicicletário
 
 
 (Minervino Junior/CB/D.A Press - 29/8/215)  
 
Parque Asa Delta
O Parque do Anfiteatro Natural do Lago Sul, também conhecido como Parque Asa Delta, tem um morro artificial de 17 metros e proporciona aos visitantes um bom ponto para observação do pôr do sol. O parque ainda conta com um píer e ciclovia. Fica no Lago Sul, entre a QI 12 e  a QI 14, em frente ao comércio do Deck Brasil.
O que tem lá: Píer / Gramado / Ciclovia / Área arborizada
 
 
 (Carlos Vieira/CB/D.A Press - 21/6/16)  
 
Torre de TV Digital
Um dos pontos mais altos do Distrito Federal, o mirante garante aos espectadores uma vista 360°. Embora a visitação também esteja provisoriamente interrompida, ainda é um lugar que vale a pena conferir para contemplar o fim do dia e assistir ao pôr do sol, pois a vista do estacionamento do monumento é privilegiada. A torre foi inaugurada em 2012, projetada por Oscar Niemeyer. Informações:  3224-3351 ou atendimento@setur.df.gov.br.
O que tem lá: Estacionamento amplo
 
 
 (Zuleika de Souza/CB/D.A Press - 21/4/14 )  
 
Deck Norte
O Calçadão da Asa Norte fica no fim da L4 Norte, próximo à entrada do Lago Norte. O deck de madeira foi inaugurado em 2011 e, desde então, é usado para caminhadas, pescarias e piqueniques. No local, há estacionamento e banheiro público, além de vendedores ambulantes. É possível alugar caiaques e pranchas de stand up paddle (SUP) para apreciar ainda mais o fim da tarde.
O que tem lá: Pier / Bancos para sentar / Caiaque e Stand Up Paddle / Ponto de Encontro Comunitário (PEC) / Parquinho / Estacionamentos / Ocasionalmente, ambulantes
 
 
 (Minervino Junior/CB/D.A Press - 3/8/17 )  
 
Plataforma Superior da Rodoviária
A plataforma superior da Rodoviária é o ponto ideal para quem está na correria do dia a dia, voltando do trabalho ou esperando o ônibus. No local, é possível ver o sol se pôr atrás de um dos pontos turísticos centrais de Brasília, a Torre de TV.
O que tem lá: Vendedores Ambulantes / Estacionamento amplo
 
 
 (Barbara Cabral/Esp. CB/D.A Press - 30/7/18 )  
 
Praça do Cruzeiro
Localizada na área central de Brasília, a Praça do Cruzeiro proporciona uma bela vista, já que não há muitas construções em volta. O espectador tem uma visão aberta do fim do dia, com o sol se pondo na linha do horizonte. Em alguns dias da semana, food trucks animam a noite. Fica na Zona Cívico-Administrativa de Brasília, ao lado do Memorial JK.
O que tem lá: Estacionamento amplo / Food trucks (em dias alternados)
 





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