Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense domingo, 10 de fevereiro de 2019

PEQUI: O OURO DO CERRADO

 


O ouro do Cerrado
 
 
A temporada de pequi vai até março. Aproveite para descobrir seus outros poderes além de encantar o paladar. O fruto está sendo usado na cosmética, na farmacêutica e até em pesquisas de prevenção do câncer

 

Por Renata Rusky
Por Juliana Andrade
Especial para o Correio

Publicação: 10/02/2019 04:00

O pequi carrega em si a contradição da delicadeza das flores e da brutalidade dos espinhos. Uma mordida em falso e haverá consequências. É um fruto de extremos: há quem ame e quem odeie. E se há quem goste de comê-lo puro e de adicioná-lo a receitas, outros o usam de forma completamente diferente e inovadora. Na Universidade de Brasília (UnB), um estudo já identificou propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias no óleo extraído do pequi. Na Universidade de São Paulo (USP), provaram seus efeitos na prevenção de câncer.
 
O fruto também ganhou espaço no segmento dos cosméticos. Além do poder hidratante inerente a todo óleo, o do pequi apresenta a vantagem de modelar os fios dos cabelos. Por isso, foi adicionado a diversas formulações de xampus, especialmente nos específicos para o público dono de cacheados, já que o efeito modelador é mais natural.
 
Na culinária, o pequi está presente não só em receitas tradicionais e caseiras, mas até em drinques. Inclusive, ele já representou o Centro-Oeste em episódio do MasterChef Brasil, pelas mãos da chef brasiliense Mara Alcamin. Na ocasião, ela preparou um frango caipira, arroz  e creme de milho acompanhado, claro, de pequi. “É uma combinação do que se come no interior”, explicou.
 
Segundo a nutricionista Andréa Marim, o pequi é quase um remédio, com muitos efeitos positivos para saúde. “Ele tem um teor elevado de ácidos graxos monoinsaturados, os mesmos encontrados em nozes, em azeitonas e em compostos orgânicos que ajudam a diminuir os níveis de colesterol no sangue e a proteger o coração”, explica.
 
Portanto, ele pode não agradar ao paladar, mas ainda há bons motivos para acrescentá-lo à dieta. A professora e consultora de alimentos do Senai Helena Malvar recomenda o ingrediente especialmente para quem, assim como ela, é vegetariano. “É um alimento muito rico em proteína vegetal; então, supre bem a falta da proteína animal”, esclarece.
 
A própria Helena admite que, carioca e sem a tradição de comer o fruto, não gosta muito do sabor, mas reconhece o casamento perfeito do pequi com o frango e dá uma dica: “Em conserva, ele tem um gosto muito mais suave e nenhum cheiro, o que permite que, até quem não gosta, possa saboreá-lo. E o legal de comida é isso: testar e descobrir que algo, que você acha que não aprecia, é gostoso, se preparado de outra forma”.
 
 (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  
Um amor que vem de família
 
Na casa da médica Andrea Kavamoto, 53, os pratos ganham um gostinho especial o ano inteiro. Enquanto muitos só saboreiam o pequi na época da colheita — que vai de outubro a março, segundo o Sebrae —, a médica goiana sempre o inclui em receitas de frango, de risoto e até em pastéis.
 
O amor pelo pequi vem de família. Andrea chegou a Brasília quando tinha 10 anos, mas trouxe a paixão pelo sabor típico de lá. Ela conta que aprendeu a apreciá-lo com a avó, a mãe e a tia. “A gente sempre comeu, mas confesso que, quando era criança, não gostava do caroço”, lembra. Para resolver esse problema, encontrou alternativas e adaptou as receitas da avó. “Ela usava o fruto com caroço e tudo. Eu fui tentando fazer sem. É bom para os iniciantes se assustarem menos com o pequi; afinal, o importante é o gosto”, comenta, referindo-se aos espinhos que podem machucar os desavisados e mais inexperientes.
 
Os pratos preparados por ela fazem sucesso. A médica só não conseguiu agradar a filha, mas o marido e os vizinhos fazem questão de participar da “farra do pequi”, como ela mesmo define. É uma forma deliciosa de apresentar aos amigos não goianos o prazer de saborear o fruto mais famoso da sua terra natal. 
 
No cardápio dessa festa gastronômica, os pastéis recheados com carne e pequi são servidos como entrada. Como recheio, o fruto não fica com um sabor muito forte, mas deixa um gostinho singular e especial. Entre os pratos, Andrea destaca o risoto caipira. Na receita, ela usa frango, carne de boi e de porco e, claro, pequis bem temperados.
 
O fruto antes era colhido em casa, mas, com o passar do tempo, o pequizeiro secou. Porém, se há falta dele no quintal, tem de sobra na geladeira. Para garantir o ingrediente, Andrea tem uma carta na manga. “Na época do pequi, eu os cozinho, depois raspo a massa, que vai se soltando facilmente do caroço, e congelo. Assim, eu tenho a polpa pronta o ano inteiro”, revela.
 
Andrea reconhece que muitos têm uma relação de amor e ódio com o pequi, mas acredita que ele merece uma chance de conquistar o paladar dos desacostumados. “Às vezes, o pequi muito concentrado e refogado pode ser desagradável para muita gente. Experimente misturar os sabores. Fica mais interessante”, aconselha.
 
Andrea Kavamoto ensina a preparar pastel de carne com pequi
 
Ingredientes:
  • Carne moída (300g)
  • Pasta de pequi
  • Cebola
  • Alho
  • Sal
 
Modo de preparo:
  • Refogue a carne com a cebola picada, alho e sal. Em seguida, acrescente a pasta de pequi e adicione pequenas porções de água até a carne ficar totalmente cozida. Depois, é só rechear as massas de minipastéis.
 
 (Fotos: Vinicius Cardoso Vieira/Esp. CB/D.A Press)  
Helena Malvar sugere uma receita de arroz cremoso com frango, pequi e crisps de pequi. É uma opção ideal para aproveitar as sobras do arroz e do frango do almoço e transformá-las em um prato diferente e saboroso.
 
 
Ingredientes:
  • 2 xícaras de sobras de frango assado ou cozido
  • 2 xícaras de sobras de arroz
  • 1 xícara de requeijão cremoso
  • 1 vidro de pequi em conserva
  • 2 cebolas picadas
  • 4 dentes de alho pilados ou picados
  • 1 pacote de ervilha fresca congelada
 
Modo de preparo
  • Corte o pequi em pedaços. Refogue a cebola até ficar transparente. Acrescente o alho e deixe refogar mais um pouco.
  • Adicione o pequi, refogue bem e acrescente um pouco de água quente  para cozinhar. Depois, coloque a ervilha.
  • Quando a água secar, acrescente o frango e o refogue. Em seguida, adicione o requeijão, de maneira que vire um creme. Por último, acrescente o arroz e misture bem.
  • Finalize com salsinha, cebolinha, pimenta-do-reino. Já no prato, coloque os crisps de pequi para enfeitar.
 
Para os crisps de pequi
  • Prepare uma calda grossa com água e açúcar. Acrescente o pequi em tirinhas e deixe cozinhar até começar a açucarar. Mexa bem rápido até que os pedaços de pequi se soltem.

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