Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense terça, 29 de janeiro de 2019

DESASTRE COLOCA A VALE NO OLHO DO FURACÃO

 


Desastre coloca a Vale no olho do furacão
 
 
Com quase R$ 12 bilhões bloqueados pela Justiça para garantir indenização às vítimas do rompimento da barragem do Feijão, em Brumadinho, empresa está sob investigação da Polícia Federal e do MP e pode sofrer intervenção

 

RENATO SOUZA
FERNANDO JORDÃO

Publicação: 29/01/2019 04:00

A tragédia em Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte, coloca a mineradora Vale no centro de um furacão jurídico, que deve resultar em milhares de ações na Justiça no país e no exterior. O entendimento nos tribunais e no Ministério Público Federal é o de que não se pode repetir o fracasso observado no desastre de Mariana, pelo qual ninguém foi punido devido a uma enxurrada de ações protelatórias. Segundo os bombeiros, 65 corpos já foram encontrados no vale de lama deixado pela barragem de uma mina que arrebentou na última sexta-feira e mais de 270 pessoas estão desaparecidas.

Ontem, a Vale sentiu o peso do que está por vir. Teve mais R$ 800 milhões bloqueados de suas contas, totalizando R$ 11,8 bilhões. Tomou uma sova dos investidores, que fizeram o valor de mercado da empresa despencar mais de R$ 70 bilhões. Terá de responder a processo na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), responsável pela regulação e fiscalização do mercado de capitais. E corre o risco de ter a sua diretoria destituída pelo governo, como avisou o presidente interino da República, general Hamilton Mourão.

Mais: a Polícia Federal está fazendo uma varredura nos laudos que indicavam a segurança da barragem da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho. As diligências são conduzidas pelo delegado Luiz Augusto Pessoa Nogueira. A PF vai avaliar se existe algum tipo de irregularidade nas licenças. O governo alega que existe risco de contaminação do Rio São Francisco, o que motiva a atuação dos investigadores federais. Dentro da PF, corre a informação de que pode ter havido fraude no processo de avaliação da barragem, já que nada justificaria o desabamento se todos os requisitos estivessem sendo seguidos corretamente.

Terceirizados
O cerco contra a empresa foi explicitado pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Ela afirmou que o Ministério Público está avaliando medidas para impedir a demora na punição dos responsáveis e no ressarcimento dos danos causados à sociedade. “É muito importante que a Justiça dê uma resposta eficiente, dizendo que esse caso, esse tipo de responsabilidade, deve ser tratado como prioridade. É também preciso responsabilizar severamente, do ponto de vista indenizatório, a empresa que deu causa a este desastre, e também promover a persecução penal”, afirmou.

Dodge lembrou que os “executivos podem ser punidos também”. Ela se referiu aos responsáveis pela atuação direta na região de Brumadinho. Além do MPF, o Ministério Público do Trabalho (MPT) quer garantir que cada família de trabalhador vítima do rompimento da barragem receba ao menos R$ 2 milhões. O valor, segundo a procuradora-chefe do MPT em Minas Gerais, Adriana Augusta Souza, é o mesmo acordado com as famílias dos trabalhadores mortos no desastre de Mariana, há três anos. Foi com base nesse número, aliás, que o MPT conseguiu liminar para bloquear mais R$ 800 milhões da Vale. De acordo com a empresa, ao menos 400 pessoas trabalhavam na Mina do Feijão, quando a barragem se rompeu.

O valor, no entanto, é preliminar, e leva em consideração gastos imediatos. “A gente quer que a empresa arque com as despesas de funeral, traslado do corpo e demais gastos relacionados a um contexto como esse, inclusive dos trabalhadores terceirizados. É um direito que as famílias têm”, explicou Adriana. Ela sabe, porém, que não será tarefa fácil, uma vez que a Vale conseguiu brecar todaS as ações decorrentes do desastre em Mariana. Desde que uma barragem de rejeitos se rompeu e destruiu o distrito de Bento Rodrigues, 50 mil processos foram movidos contra a Samarco e suas controladoras, a Vale e a BHP Billiton. Nenhuma das ações que correm no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) resultou em reparo financeiro às vítimas.

Segundo o TJMG, as milhares de ações contra a Samarco e as suas controladoras estão paradas devido a vários pedidos de Incidentes de Resolução de Demandas Repetitivas (IRDRs) por parte da mineradora. Essa artimanha é facilitada porque as ações estão espalhadas por diversas varas especializadas. Até que uma decisão seja tomada sobre o caso, autorizando ou não a unificação dos processos, todas ações ficam paradas no Poder Judiciário, alimentando a impunidade.

Além da Justiça estadual, as empresas envolvidas enfrentam processos na Justiça Federal e em cortes internacionais. Algumas famílias conseguiram furar o cerco montado pela Vale e recebem recursos para aluguéis e auxílios emergenciais. No caso da tragédia de Brumadinho, se tudo se mantiver como está, a resolução do processo pode demorar ainda mais, por conta da quantidade de pessoas vitimadas. Por isso, a pressão da sociedade sobre o Judiciário terá de ser grande. “Queremos o pagamento continuado dos salários dos empregados, tanto dos que morreram, quanto dos que estão vivos, pois com a paralisação dos serviços, ficarão sem emprego. As famílias não podem perder o sustento”, afirmou a procuradora do MPT.
 
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