ALESSANDRA AZEVEDO
GABRIELA VINHAL
Publicação: 30/01/2019 04:00
Gabinete provisório permite que chefe de Estado receba ministros e conceda audiências no Albert Eistein, enquanto continua a recuperação
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O presidente Jair Bolsonaro reassume, na manhã de hoje, a Presidência da República, após mostrar “evolução bastante razoável” na cirurgia feita na última segunda-feira, anunciou o porta-voz do governo, Otávio do Rêgo Barros. Entretanto, ele continuará em recuperação no hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde foi submetido a um procedimento para retirar a bolsa de colostomia, colocada em setembro, devido à facada sofrida durante um ato de campanha em Juiz de Fora (MG).
A previsão é de que Bolsonaro volte a Brasília em 7 de fevereiro. Até lá, ele deve exercer as atividades em um gabinete provisório, montado no próprio hospital, com equipamentos e estrutura técnica suficientes para que possa orientar os ministros e dar audiências, como computadores e mesa de reuniões. O espaço, que fica perto do quarto onde ele se recupera, foi organizado pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
O presidente deve voltar a despachar ainda hoje pela manhã, por volta das 7h, segundo o porta-voz. Desde domingo, quando foi para São Paulo, o vice, Hamilton Mourão, ocupa o cargo no Palácio do Planalto. Até ontem, Bolsonaro manteve repouso absoluto, sem complicações ou sangramentos decorrentes da cirurgia.
As visitas continuavam restritas, por ordem médica. O único ministro que se encontrou com o presidente no hospital foi o chefe do GSI, general Augusto Heleno, que voltou ontem a Brasília e deve retornar a São Paulo na semana que vem. Além dele, o presidente teve contato direto apenas com o porta-voz e com os familiares que o acompanharam: a esposa, Michelle Bolsonaro, e os filhos Eduardo, Carlos e Renan.
Ainda hoje, ministros de outras pastas devem chegar à capital paulista para despachar com o presidente. O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, deve ser um deles, mas os nomes ainda não foram confirmados. Alguns aliados acreditam que seria melhor Bolsonaro adiar a retomada dos trabalhos, para evitar se expor a infecções ou cansaço excessivo.
Bom desempenho
O presidente passou boa parte do dia, ontem, sentado em uma poltrona e fazendo fisioterapia respiratória e motora, que consiste em “uma espécie de bicicleta com as pernas, ainda deitado na cama”, detalhou Rêgo Barros, que esteve com ele. Ele teve “bom desempenho” na fisioterapia, de acordo com boletim divulgado no fim da tarde pelo hospital.
Bolsonaro está em “evolução muito positiva nessa cirurgia”, declarou o porta-voz. Durante a tarde, o presidente já estava “sentado, conversando com muito cuidado”, disse o porta-voz. Rêgo Barros também garantiu que o chefe de governo “está atendendo na plenitude às orientações médicas.”
Em mensagem no Twitter, publicada na manhã de ontem, Bolsonaro afirmou que está bem. “Agradeço a Deus por estar vivo, aos profissionais que cuidaram de mim até aqui e a todos vocês pelas orações”, escreveu. A equipe médica não informou nenhuma limitação física do presidente como decorrência da cirurgia.
Entenda
Na última segunda-feira, Bolsonaro teve a bolsa de colostomia retirada e o trânsito intestinal reconstruído, quase cinco meses após ter sido vítima de uma facada. A operação durou sete horas, de 8h30 às 15h30, o dobro do previsto, devido às aderências intestinais encontradas — quando tecidos de cicatrização grudam em outras partes do órgão, o que pode levar à obstrução intestinal. Após a cirurgia, ele foi encaminhado à UTI, sem dores e sem complicações.
Logo após a facada, em 6 de setembro, o então candidato passou por uma operação de emergência. Os médicos abriram o abdômen e retiraram uma parte do intestino grosso, que foi ligado à bolsa de colostomia. Também foram realizadas três suturas no intestino delgado.