Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense domingo, 27 de janeiro de 2019

FUMAR ENVELHECE

 


Envelhecidos na fumaça
 
 
A idade biológica de fumantes é muito maior que a cronológica, mostra estudo americano com 149 mil voluntários. Essa aceleração do degaste do corpo em função do vício tem impactos ainda mais evidentes em mulheres

 

Vilhena Soares

Publicação: 27/01/2019 04:00

 
 
Câncer, infarto, tuberculose. Esses são alguns exemplos dos diversos problemas de saúde causados pelo tabagismo. Mesmo com todo o conhecimento sobre as complicações desse vício, ele segue sendo alvo de investigações científicas e se revelando cada vez mais ameaçador. Um recente trabalho mostra, por exemplo, que o cigarro também pode acelerar o envelhecimento. A descoberta foi feita por americanos após uma série de análises sanguíneas de voluntários e do uso de técnicas de inteligência artificial. Especialistas acreditam que o resultado da pesquisa poderá incentivar as pessoas a se livrarem da dependência.
 
“O tabagismo é um problema real, destrói a saúde das pessoas, causa mortes prematuras e é, muitas vezes, o motivo de várias  doenças sérias”, ressalta ao Correio Polina Mamoshina, pesquisadora sênior da empresa de biotecnologia Insilico Medicine, nos Estados Unidos, e uma das autoras do estudo, publicado recentemente na revista especializada Scientific Reports. No trabalho, a equipe se propôs a determinar as diferenças biológicas de idade entre fumantes e não fumantes, além de avaliar o impacto do tabagismo na bioquímica do sangue de voluntários.
 
Como primeiro passo, os cientistas realizaram uma série de análises em amostras sanguíneas de 149 mil adultos, homens e mulheres, com, em média, 55 anos de idade. Dos participantes, 33% (49 mil) relataram ser fumantes. A equipe focou em parâmetros bioquímicos que permitem quantificar a aceleração do envelhecimento biológico devido ao uso do tabaco, como hemoglobina glicada (a forma presente no sangue), ureia, glicose em jejum e ferritina (proteína relacionada ao ferro). “Essas métricas auxiliam no diagnóstico e no prognóstico de enfermidades associadas ao envelhecimento, como o câncer e doenças genéticas que resultam em envelhecimento precoce. A análise de biomarcadores pode permitir uma avaliação quantitativa do efeito de fatores ambientais, como o hábito de fumar, na taxa de envelhecimento biológico”, explica Polina Mamoshina.
 
Com base nas medições, descobriu-se que a idade biológica dos fumantes é muito maior do que a idade cronológica, em comparação aos que não são dependentes de cigarro. “Isso sinaliza que eles podem ter aceleração da idade e uma expectativa de vida mais baixa”, diz a pesquisadora. Ela também ressalta a identificação de diferenças substanciais em relação ao gênero. “As fumantes têm previsão para ser duas vezes mais velhas que a idade cronológica, em comparação às que não têm o vício. No sexo masculino, essa relação é de uma vez e meia”, diz Polina Mamoshina. Em uma segunda etapa, a equipe fez análises genéticas dos voluntários e chegou aos mesmos resultados.
 
A repetição das constatações chama a atenção da psiquiatra Helena Moura, doutoranda em psiquiatria pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e idealizadora do programa Viva Sem Cigarro. “No lugar de uma análise genética, os dados são de amostras sanguíneas, com as medições de glicose, entre outros parâmetros. É um método mais simples, que gerou os mesmos dados que a análise genética. Isso é possível porque sabemos que várias doenças estão relacionadas ao envelhecimento acelerado, como pressão alta e diabetes, que ocorrem com a chegada da idade avançada”, explica.
 
Segundo a médica, o trabalho avaliou um tema que tem sido bastante explorado na área científica: o envelhecimento acelerado. “É interessante, nessa pesquisa, o fato de os pesquisadores terem usado como base as descobertas feitas por uma mulher que foi ganhadora do Prêmio Nobel em um trabalho sobre os telômeros”, diz, fazendo referência à australiana Elizabeth Blackburn (Leia Para saber mais).
 
João Armando, psiquiatra e preceptor da residência médica na área de dependência química do Hospital das Forças Armadas (HFA), também enfatiza a importância de a pesquisa americana mostrar que o cigarro é um “mal global”. “Ele gera alterações genéticas, transformando a pessoa em uma idade mais avançada do que ela de fato tem”, frisa. Segundo o médico, os efeitos  causados são semelhantes ao de outra substância perigosa: o álcool.“Seria interessante comparar tipos distintos de drogas para entender melhor os efeitos delas”, sugere.
 
Polina Mamoshina adianta que o trabalho terá continuidade, mas focando apenas na dependência ao tabagismo. “Agora, estamos trabalhando na avaliação do efeito das terapias de longevidade e de outras escolhas de estilo de vida, como dietas distintas, para ver se isso faria alguma diferença nas pessoas que têm esse vício”, diz.
 
 
A régua da vida
 
Em 2009, a bióloga australiana Elizabeth Blackburn foi uma das vencedoras do Prêmio Nobel de Medicina graças à descoberta dos telômeros — pedaços do cromossomo — e a relação deles com o envelhecimento. De acordo com a cientista, quanto menor o tamanho desse elemento gênico, maior é o envelhecimento de um indivíduo, o que faz com que os telômeros sirvam como um parâmetro dos efeitos da idade no corpo.
 
Durante a entrega do prêmio, a especialista os comparou aos acabamentos de cadarços. “Imagine o cadarço como sendo o cromossomo, que carrega a nossa informação genética. O telômero é essa pontinha que serve de proteção. Quando se desgasta, o material genético fica desprotegido, e as células não podem se renovar apropriadamente”, ilustrou. A cientista também revelou que mudanças de estilo de vida podem evitar esse deterioramento, como a realização de exercícios e uma dieta mais saudável.

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