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O elenco e a direção de Green book sobe ao palco para receber o prêmio principal da noite
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Ao som de Queen, houve quebra de protocolo na largada da 91ª festa do Oscar, quando o cantor Adam Lambert, ao lado do guitarrista Brian May, entoou a proposta da noite: ser diferenciada, ao som de We will rock you e We are the champions, e com um tom emotivo cristalizado na projeção da imagem de Freddie Mercury no telão. Não foi o caso do muito barulho por nada: Bohemian rhapsody, que homenageia o Queen, levou prêmios de melhor edição de som e de mixagem de som. Na vitória da melhor montagem, também pelo filme, o premiado John Ottman disse que Freddie havia conseguido reunir os profissionais do filme “como fazia com o público”.
Num caso muito raro, o Oscar de melhor filme caiu nas mãos de uma fita cujo diretor (Peter Farrelly) não era candidato: Green book — O guia. Feita “com amor, com carinho e com respeito”, nas palavras do produtor, Jim Burke, a produção trata do relacionamento cada vez mais integrado entre dois homens a princípio muito diversos: um artista negro (vítima de racismo) e um motorista branco de comportamento bronco. “Somos todos iguais, e sem o Viggo Mortensen (protagonista) não teríamos esse filme”, salientou Peter Farrelly, um dos produtores.
No palco, a cinebiografia de ótima bilheteria (cerca de US$ 860 milhões, mundo afora) Bohemian Rhapsody também rendeu Oscar para o melhor ator: Rami Malek. Com voz composta de fusões entre a sua voz e a sonoridade de terceiros, o ator levou o prêmio pela caracterização do cantor Freddie Mercury. Na cerimônia, celebrou o “monumental momento” da vitória, lembrando os problemas de identidade, de assumir a “voz” dele, e emendou com o fato de Mercury ter vivido a vida sem pedir desculpas, sendo imigrante e gay. A identificação, no palco, gerou a emoção do discurso de Malek, ao se afirmar filho de imigrantes egípcios.
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Spike lee, vencedor de roteiro adaptado com Infiltrado na Klan
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Filme em espanhol e feito com imagens em preto e branco, Roma trouxe o segundo Oscar de melhor diretor para o mexicano Alfonso Cuarón. “Nunca me canso de subir no palco”, brincou. O longa trata do destino de uma empregada doméstica e teve por inspiração a infância do realizador. “Como artistas, nosso dever é olhar para os ignorados (...) Muchas gracias, México!”, festejou.
Um momento inesperado foi a vitória da melhor atriz, a britânica Olivia Colman, por A favorita. Estressada, como se disse, ela desbancou a colega Glenn Close. “Isso é hilário: ganhei o Oscar. Glenn Close, você é um ídolo há tanto tempo”, comentou. Numa linha coerente com as indicações que apontaram para a diversidade, os coadjuvantes negros venceram estatuetas: Mahershala Ali (depois de ganhar por Moonlight, há dois anos), venceu pela representação do pianista Doc Shirley, em Green book. Questões raciais também atravessam a melhor animação em longa-metragem, Homem Aranha no aranhaverso.
Pantera Negra, pelo figurino, levou ao reinado não apenas os habitantes de Wakanda, mas a experiente figurinista negra Ruth E. Carter, pela primeira vez premiada. Pelo mesmoo filme, Hannah Beachler fez um discurso potente e emocionado contando o porquê de “ser mais forte”, depois da experiência de vencer o Oscar de melhor direção de arte. Mulheres mostraram a força, vencendo ainda (em duplas criativas) à frente do melhor curta de animação (Bao) e melhor curta documental (Absorvendo um tabu).
Mais de 20 anos depois da última concorrência em Oscar competitivo, o corroteirista (e diretor) de Infiltrado na Klan, Spike Lee, venceu o Oscar de roteiro adaptado. No palco, ao exaltar os ancestrais, Lee fez questão de sublinhar que “no curto mês de fevereiro, os norte-americanos comemoram o mês da consciência negra”. E completou: “Estamos num momento poderoso, próximo de novas eleições (nos EUA): temos de optar entre o amor e o ódio. Vamos fazer a coisa certa”.
Premiados
Filme
• Green Book - O guia
Ator
• Rami Malek (Bohemian Rhapsody)
Atriz
• Olivia Colman (A favorita)
Diretor
• Alfonso Cuarón (Roma)
Atriz coadjuvante
• Regina King (Se a rua Beale falasse)
Trilha sonora original
• Pantera Negra
Ator coadjuvante
• Mahershala Ali (Green Book - O guia)
Roteiro adaptado
• Infiltrado na Klan
Roteiro original
• Green Book - O guia
Edição
• Bohemian Rhapsody
Fotografia
• Roma
Filme de língua estrangeira
• Roma
Melhor animação
• Homem-Aranha no Aranhaverso
Figurino
• Pantera Negra
Curta-metragem
• Skin
Edição de som
• Bohemian Rhapsody
Mixagem de som
• Bohemian Rhapsody
Curta de animação
• Bao
Direção de arte
• Pantera Negra
Canção original
• Shallow (Nasce uma estrela)
Efeitos visuais
• O primeiro homem
Maquiagem e penteado
• Vice
Documentário
• Free Solo
Documentário curta-metragem
• Period. End Of Sentence