Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense segunda, 18 de fevereiro de 2019

COMBATE À LEUCEMIA

 


Laranja, a cor da esperança
 
 
O mês de fevereiro é marcado pelo combate à leucemia. Histórias de superação inspiram quem está na batalha para alcançar a cura

 

Aline Brito*

Publicação: 18/02/2019 04:00

Ana Letícia, 4 anos, venceu a leucemia: fantasias de princesas e de bailarina a ajudaram na luta contra a doença
 (Fotos: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - 15/2/19
)  

Ana Letícia, 4 anos, venceu a leucemia: fantasias de princesas e de bailarina a ajudaram na luta contra a doença

 

O sofrimento da descoberta, a dor do tratamento e o renascimento da cura. Esses são momentos que marcam a vida dos portadores de leucemia. A doença não escolhe idade nem avisa quando vai aparecer, mas, com diagnóstico precoce e acompanhamento, há grandes chances de se tornar somente uma visita incômoda e, ao fim da jornada, uma lição de aprendizagem.
 
Andrea Pandolfi Barcelos, 39 anos, é uma dessas sobreviventes. Aos 11 anos, precisou encontrar forças para lutar pela vida. No início da adolescência, teve de abrir mão da escola e da convivência com os amigos para se adaptar à rotina de tratamento contra o câncer. Os sintomas começaram com febre, palidez e cansaço, queixas que podem ser facilmente confundidas com uma virose. Ao procurar atendimento para saber a causa do mal-estar, soube que era leucemia. “Foi bem rápido para descobrir. Quando fiquei sabendo, foi um choque para mim e para a minha família”, conta Andrea.
 
Depois de dois anos de quimioterapia, ela curou-se. Retomou os estudos, concluiu o ensino fundamental e o ensino médio. Após se ver livre da doença, Andrea passou a se dedicar a projetos de ajuda a outros pacientes. “Toda a minha família envolveu-se com a leucemia. Minha mãe, meu pai, minha irmã, todos começaram a participar de trabalhos voluntários. A oncologia virou parte da minha vida”, diz.
 
A batalha serviu de inspiração para a jovem, que ingressou na faculdade de medicina e se especializou em oncologia pediátrica. Hoje, 28 anos depois, Andrea trata de crianças que vivem o mesmo que ela sofreu no passado. “Como fiz especialização no Hospital de Base, tive a oportunidade de ser aluna de alguns médicos que me trataram quando estive doente”, revela a oncologista.
 
A trajetória tornou-se sinônimo de inspiração para os pacientes diagnosticados com leucemia. “Todos no hospital sabem da minha história. Algumas crianças que trato dizem que também querem ser médicos. As mães me veem como uma esperança”, relata Andrea. “O que me motiva é ouvir uma criança dizer que quer ser igual a mim quando crescer”, comenta.
 
Pequena guerreira
 
Aos 3 anos, Ana Letícia Santos, iniciou a batalha contra a leucemia. Para a mãe, Tuany da Silva Santos, 28, o diagnóstico veio com o medo, a preocupação e a força para lutar pela vida da filha. Mesmo sem saber ao certo o que estava ocorrendo, a menina nunca reclamou e se manteve alegre durante todo o tratamento. “Ela ficou um mês internada, fez quimioterapia, perdeu os cabelos, mas nunca se abateu. Ela sempre dizia que só precisava tomar o remedinho, que ia ficar boa e logo iria para casa. Realmente, foi isso o que aconteceu”, relata Tuany.
 
Em janeiro de 2018, a criança apresentou, pela primeira vez, sinais da doença. Febre, manchas vermelhas no corpo e vômito, foram alguns dos sintomas. Depois de realizar um hemograma — exame que avalia as células sanguíneas —, Ana Letícia foi encaminhada para o Hospital da Criança e iniciou o acompanhamento para combater o câncer. A criança precisou parar de frequentar a escola, e Tuany deixou o trabalho para cuidar da filha.
 
Nos dias em que esteve no Hospital da Criança para receber as doses de quimioterapia, Ana Letícia fazia questão de ir fantasiada. “Ela tem várias fantasias, sempre ia vestida com alguma. Era a forma de ela expor sua felicidade e beleza”, diz a mãe. Entre Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho, Mamãe Noel, princesa, a fantasia predileta da pequena é de bailarina. “Eu amo as fantasias. A de bailarina é a mais bonita”, conta Ana Letícia.
 
Para Tuany, um dos momentos mais delicados da luta contra o câncer foi ver a filha perder o cabelo. “Eu não conseguia aceitar, porque, para mim, era o estágio mais marcante do câncer. Ficar careca era a ilustração da doença”, explica. Nessas horas, Ana Letícia demonstrava força e consolava a mãe. “Quando ela me via chorando, dizia que não era para eu ficar triste, que logo ela estaria curada. Inclusive, ela tomou a iniciativa e pediu para raspar o cabelo”, afirma Tuany.
 
Com o diagnóstico precoce, a doença foi descoberta no início, facilitando o tratamento. “Depois de alguns meses, em outubro de 2018, ela não tinha mais sinais de célula de leucemia no sangue”, ressalta a mãe. No caso de Ana Letícia, não precisou realizar o transplante de medula óssea. “A quimioterapia foi suficiente para a cura. Ela respondeu bem à quimioterapia e conseguiu vencer”, comemora a mãe.
 
Aos 4 anos, Ana Letícia está em casa e voltou a frequentar a escola. Um pouco mais de um ano depois da descoberta do câncer, quase não se nota traços da doença. A alegria da criança está mais viva do que nunca. “O cabelo dela cresceu, ela não sente dor, não sente nada. Tem uma rotina normal. Claro que existem alguns cuidados especiais, mas nada que interfira na vida dela”, afirma Tuany.
 
*Estagiária sob supervisão de Guilherme Goulart
 
Mutações
É um tipo de câncer que afeta os glóbulos brancos do sangue, conhecidos como leucócitos. A doença começa quando algumas dessas células sofrem mutações e se multiplicam de forma descontrolada na medula óssea, substituindo as células sanguíneas normais. A medula óssea, também conhecida como tutano, é o local no interior do osso onde são formadas as células sanguíneas (glóbulos brancos, glóbulos vermelhos e plaquetas).
 
Como doar
 
Confira os passos para fazer uma doação de medula:
 
1 - Procure o hemocentro mais próximo e agende uma consulta de esclarecimento sobre doação de medula óssea
 
2 - Assine um termo de consentimento e preencha uma ficha com informações pessoais. Será retirada uma pequena quantidade de sangue (10ml) do candidato a doador. É necessário apresentar o documento de identidade
 
3 - O sangue será analisado por exame de histocompatibilidade (HLA), um teste de laboratório para identificar as características genéticas que serão cruzadas com os dados de pacientes que necessitam de transplantes
 
4 - Os dados pessoais e o tipo de HLA serão incluídos no Redome
 
5 - Quando houver um paciente com possível compatibilidade, o doador será consultado para decidir quanto à doação. A orientação é manter os dados atualizados
 
6 - Para seguir com o processo de doação, serão necessários outros exames para confirmar a compatibilidade, além de uma avaliação clínica de saúde
 
7 - Somente após todas essas etapas concluídas, o doador poderá ser considerado apto a realizar a doação
 
Requisitos
  • Ter entre 18 e 55 anos
  • Estar em bom estado geral de saúde
  • Não ter doença infecciosa ou incapacitante
  • Não apresentar doença neoplásica (câncer), hematológica (do sangue) ou do sistema imunológico
  • Algumas complicações de saúde não são impeditivas para doação, sendo analisadas caso a caso
 
Andréa Barcelos venceu a leucemia na infância e, agora, trata de crianças com a mesma doença: esperança  

Andréa Barcelos venceu a leucemia na infância e, agora, trata de crianças com a mesma doença: esperança

 

 
Transplante de medula óssea
 
O transplante de medula é um dos tipos de tratamento proposto para leucemias e consiste na substituição de uma medula óssea doente ou deficitária por células normais, com o objetivo de reconstituição de um tecido saudável. É um dos procedimentos mais utilizados na busca pela cura. Segundo a Secretaria de Saúde, de janeiro a novembro de 2018,  foram realizados 118 transplantes de medula óssea no DF.
 
Fernando Alves, 20 anos, é um dos brasilienses que precisou de doação de medula. No início do tratamento, o jovem não precisava de doador por ele responder bem à quimioterapia. Em julho de 2017, quando teve uma recaída da doença no sistema nervoso central, o transplante se fez necessário. “Começamos imediatamente uma campanha pelas redes sociais e amigos e familiares se juntaram a nós na divulgação. Em pouco tempo, foi encontrado um doador internacional compatível 100% e foi programado o transplante com ele”, detalha Elizabete Alves, mãe de Fernando.
 
Mesmo depois dessa localização, as buscas continuaram. “Cerca de um mês depois, o banco localizou um doador nacional também compatível 100%, e a programação do transplante seguiu normal com a troca de doador”, diz Elizabete. Depois de marcado o transplante, para setembro de 2017, o jovem ainda apresentou células da doença e precisou adiar o procedimento. “Sofremos muito, imagina pra ele tudo isso, muito desgaste emocional. Procuramos outros centros transplantadores, mas não conseguimos também porque teria de ser particular, e o nosso plano de saúde ainda estava em período de carência. Em pouco tempo, a doença do Fernando evoluiu muito”, relembra a mãe.
 
Entre idas e vindas, a data do transplante foi agenda, pela quarta vez, para 18 de dezembro de 2018. “Depois de tanto sofrimento, finalmente conseguimos realizar o transplante. Fernando ficou internado durante 35 dias e, agora, está bem”, comemora Elizabete. “Deveremos retornar para casa ainda neste mês.”
 
A gerente do ciclo do doador do Hemocentro, Thays Borba, alerta para a importância de doar medula óssea. “É uma das formas mais eficazes de conseguir cura para algumas doenças que têm origem na medula”, explica. Segundo Thays, quantos mais doadores cadastrados, mais fácil fica encontrar compatibilidade “para salvar uma vida”. O Hemocentro de Brasília é o único lugar da capital com cadastro. Bancos de sangue particulares não fazem esse serviço.
 
Conscientização
 
No segundo mês do ano, a cor laranja ganha destaque como alerta à população. A campanha de fevereiro traz a mensagem de conscientização e combate à leucemia. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer, para 2019, são esperados 80 novos casos de leucemia em homens e 70 em mulheres. No Brasil, a estimativa é de 5.940 para homens e 4.980 mulheres. Apesar da grande incidência, a taxa de cura da doença é alta: 80% de sobrevida. Isis Magalhães, hematologista pediatra, afirma que a leucemia linfóide aguda é o tipo de câncer mais comum em crianças. A médica chama atenção para a importância do diagnóstico precoce. “Quanto antes descobrir, mais fácil o tratamento. A doença tem uma manifestação rápida e, geralmente, responde bem à quimioterapia. A média para alcançar a cura é de dois anos”, esclarece Isis.
 
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