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Sem máquinas e trabalhadores, canteiro de construção para alargamento de viaduto na EPTG está fechado por tapumes e cadeado
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Iniciadas em setembro de 2015, as intervenções para a construção de uma rede de captação de águas pluviais em Vicente Pires deveriam ter sido finalizadas em dezembro de 2018. Desde o fim do ano, porém, os operários e as máquinas sumiram em grande parte da região administrativa. A Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sinesp) garante a entrega da obra até o fim de 2019. Enquanto isso, os moradores sofrem com problemas ocasionados por buracos, poeira e lama.
O problema se repete em Taguatinga, vizinha a Vicente Pires. Parte das obras previstas no Corredor Eixo-Oeste, o alargamento do viaduto da entrada de Taguatinga por meio da Estrada Parque Taguatinga (EPTG) está prestes a completar dois anos sem previsão de conclusão. Iniciada em fevereiro de 2017, a obra deveria ter sido entregue em agosto do ano passado, ao custo de R$ 4,7 milhões. Desde então, o fim dos trabalhos foi alterado duas vezes, devido a erros no projeto da fundação e do viaduto, de acordo com o governo.
Tormento
Ao custo de R$ 463 milhões, a construção de uma rede de captação de águas pluviais faz parte do processo de regularização de Vicente Pires, que, criada para ser uma colônia agrícola, se transformou em maio urbano por meio de uma ocupação ilegal e desordenada, com 75 mil habitantes. Nas ruas próximas ao Taguaparque, os buracos são o principal empecilho. Além de dificultar o fluxo de pedestres e carros, as obras inacabadas geram um grande volume de poeira. Nos dias de chuva, a situação fica ainda mais complicada.
Em parte dos trechos, sumiram a calçada e o asfalto. Dono de um centro automotivo na região, o empresário Frederico Oton, 55 anos, diz ter perdido clientes que frequentavam o lava-jato do estabelecimento por causa da obra inacabada. “Aqui tinha um ótimo asfalto. Eles tiraram tudo e não refizeram. Quando chove, complica tudo. As pessoas não lavam os carros para sair daqui e se depararem com a lama. Os comerciantes estão sofrendo com esse descaso. É um prejuízo acumulado”, reclama.
Moradora da Rua 3 da região administrativa há 16 anos, a instrumentadora cirúrgica Viviane Fernandes, 43, conta que colocou a casa à venda devido aos inconvenientes que a falta de conclusão da obra trouxe ao local. “É um desrespeito com a comunidade de Vicente Pires. Pagamos IPTU como todos os outros. Troquei de carro recentemente e vou ter que trocar de novo quando a obra acabar, pois não dá para aguentar ele batendo todo. Tem muito tempo que está assim e ninguém arruma”, lamenta.
Presidente da Associação de Moradores do Setor Habitacional Vicente Pires, Dirsomar Chaves também cobra providências sobre o abandono das intervenções nas avenidas da cidade. Segundo ele, quando chove forte, as entradas dos condomínios ficam inacessíveis. “Grande parte das pessoas tem dificuldade de ir para sua residência. A obra está totalmente parada e não sabemos quando vão retomá-la. Nas poucas vezes que estão aqui, os operários só jogam terra para tentar diminuir os buracos”, queixa-se.
Em setembro, o Governo do Distrito Federal entregou parte da obra realizada na Gleba 1. Porém, segundo Chaves, as intervenções não foram planejadas conforme as necessidades dos moradores. Em alguns locais, inclusive, surgiram problemas. “Na Rua 10A, fizeram calçadas que não aguentam caminhões e lá tem empresas que trabalham com esse tipo de transporte. Várias já estão destruídas”, destaca.
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Intervenções nas ruas de Vicente Pires seguem em ritmo lento devido ao mau tempo, segundo o GDF
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Cronograma
Responsável pela execução das obras em Vicente Pires, a Sinesp informou, por meio da assessoria de imprensa, que os serviços estão em andamento de acordo com o cronograma estabelecido e que o prazo contratual para conclusão do trabalho é o fim de 2019. Ao todo, serão feitos 185,6km de drenagem pluvial e 253,4km de pavimentação asfáltica, além da colocação de asfalto e meio-fio ao longo das vias.
Ainda segundo a pasta, os serviços de drenagem estão sendo concluídos. Para iniciar a pavimentação, a Sinesp diz ser preciso de 10 a 15 dias de estiagem, pois o solo encharcado impede a ação. “Além do serviço rotineiro, as empresas contratadas estão à disposição para intervir emergencialmente, se necessário. Essas intervenções têm o intuito de garantir a circulação de pessoas e reduzir transtornos causados por obras e chuvas”, informou o órgão.
Segundo Daniel de Castro, novo administrador de Vicente Pires, o governador Ibaneis Rocha (MDB) cobrou a aceleração e a antecipação da entrega das obras. “Fizemos reunião com todos os órgãos e com várias associações de moradores. As obras foram suspensas por causa das chuvas. Pedi uma interferência emergencial nas ruas que estão intransitáveis. As ações, no momento, são paliativas, mas, em março, o serviço será pesado. Hoje, infelizmente, a cidade está destruída, mas daqui a um ano estará tudo pronto”, prometeu Daniel.
Sem prazo
O viaduto de entrada de Taguatinga pela EPTG recebe uma média de 135 mil veículos por dia. A obra visa criar duas faixas, sendo uma delas exclusiva para ônibus. Atualmente, o canteiro de obras está cercado por tapumes, trancados com correntes e cadeados, sem movimento de operários.
O servidor público Flávio Dalla Rosa, 38 anos, que passa pelo local todos os dias para cumprir compromissos de trabalho, conta que o trânsito piorou. “O trânsito chegando da EPTG ao centro de Taguatinga fica horrível. Também tem reflexos no Pistão Sul e Norte, já que a via fica reduzida próximo ao viaduto. Não tem mais horário para ficar tranquilo por lá. Sempre tem engarrafamento”, observa.
A Sinesp informou que foram concluídos 28% dos serviços. De acordo com a pasta, a paralisação da obra aconteceu por recomendação da Controladoria-Geral do Distrito Federal (CGDF), que pediu a readequação do projeto executivo. A pasta aguarda uma manifestação dos órgãos de controle para a liberação de um aditivo financeiro. Os trabalhos só serão retomados depois do processo estar finalizado, o que não tem prazo.
A obra está totalmente parada e não sabemos quando vão retomá-la.
Nas poucas vezes que estão aqui, os operários só jogam
terra para tentar amenizar os buracos”
Dirsomar Chaves,
presidente da Associação de Moradores do Setor Habitacional Vicente Pires