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Carros de boi desfilam pelo centro histórico: rodas produzem um som estridente, considerado música para muita gente
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Alguns fiéis viajaram com a família inteira para manifestar a fé e conservar a tradição na cidade goiana distante 140km de Brasília
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Moradores e visitantes acordaram em Pirenópolis (GO), no sábado e ontem, ao som estridente produzido pelas rodas de carros de boi que, enquanto para alguns soa como música, para outros, remete a um lamento ou gemido. Mas quase ninguém se incomodou. Afinal, a maioria estava na cidade justamente para ver e ouvir o desfile dos veículos, um dos mais antigos meios de transporte do Brasil. Tradição no município goiano, distante 140km de Brasília, e em outras localidades do interior do país, a procissão se repete na mesma época do ano, em meio às celebrações de São Sebastião, que incluem missas, novena e barraquinhas com quitudes.
No caso de Pirenópolis, a festa começou há nove dias e terminou ontem, quando os 22 carros de boi e os seus condutores se despediram após as bênçãos. Entre eles, Joaquim Ponteonteire, 60 anos, que viajou por três dias entre sua fazenda, a 30km de Pirenópolis, até a sede do município. “É com muita alegria e devoção que faço isso, há 11 anos, ininterruptamente”, ressaltou. O carro de boi dele tem mais de 100 anos. “Herdei a fazenda há 35 anos, com o carro de boi. Nunca deixei de usá-lo”, contou o homem, antes de pegar a estrada novamente, para mais três dias de viagem sobre o veículo rudimentar, mas ainda eficaz.
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Animais e carroças foram enfeitados para participar do cortejo pelas principais ruas da cidade
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Os produtores saíram de povoados da região: alguns viajaram por até três para chegar à sede do município
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Joaquim Ponteonteire: "Herdei a fazenda há 35 anos, com o carro de boi. Nunca deixei de usá-lo"
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