Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense sexta, 15 de março de 2019

BRASÍLIA À ESPERA DE TURISTAS EUROPEUS

 


À espera de 20 mil turistas
 
 
O governador do DF, Ibaneis Rocha, firmou acordo com a aérea TAP para tornar Brasília uma cidade stopover. Passageiros que vierem da Europa pela companhia poderão permanecer até cinco dias na capital federal durante conexões dos voos

 

» ANA VIRIATO

Publicação: 15/03/2019 04:00

Chefe do Buriti assinou o protocolo de intenções em Lisboa, ontem (Ana Viriato/CB/D.A Press)  

Chefe do Buriti assinou o protocolo de intenções em Lisboa, ontem

 

 
LISBOA — Da pomposa arquitetura à diversidade religiosa: o GDF pretende atrair viajantes europeus ao território candango por meio da oferta de pelo menos cinco rotas que representam diferentes facetas da capital. O planejamento faz parte do protocolo de intenções firmado, ontem, entre o governador Ibaneis Rocha (MDB) e a TAP Air Portugal para tornar Brasília uma cidade stopover. Com o acerto, passageiros que viajarem da Europa ao Brasil pela companhia aérea, com conexão na capital, poderão permanecer na cidade por até cinco dias, sem cobranças extras na passagem. 

Com o mote “Brasília Stopover: o Brasil começa aqui”, o Executivo local pretende investir 180 mil euros — equivalente a cerca de R$ 774 mil — em comunicação, para promover a cidade no território europeu. A investida visa colar a imagem da capital a diferentes formas de turismo: ecológico, de aventura, religioso, arquitetônico e cultural. “Teremos, por exemplo, a rota de Azulejos; a Oscar de Arquitetura; a Dom Bosco — Fé e Misticismo; a JK do Patrimônio Cultural; e a da Cidade Criativa de Design. No caso dessa última, a Unesco está nos ajudando a fazer o mapeamento de pelo menos 50 locais que têm a característica”, explicou a secretária de Turismo, Vanessa Mendonça.

A titular da pasta acrescentou que o governo iniciou o corpo a corpo com o trade e associações para fechar pacotes de descontos e experiências. “Hotéis e restaurantes que oferecerem descontos realmente significativos farão parte do programa e serão divulgados na TAP. Assinaremos um termo de intenções para que a situação fique formalizada”, frisou. 
Por meio do projeto, o governo espera atrair, no primeiro ano de stopover, 20 mil novos turistas. Para isso, porém, terá de implementar melhorias na mobilidade urbana e na conectividade. “Vamos melhorar o transporte público com uma nova compra de micro-ônibus. Além disso, por meio da Secretaria de Ciência e Tecnologia, iniciaremos um projeto-piloto que disponibilizará 40 carros elétricos trazidos de Itaipu para essa proposta”, adiantou o governador Ibaneis Rocha. 
A recuperação de monumentos icônicos que não abrem as portas há anos é outra prioridade — mesmo porque a visita a alguns deles consta no portfólio apresentado pelo GDF à TAP, ontem, em Lisboa. “No que diz respeito ao Teatro Nacional, é uma obra que está fechada há cinco anos. Estou proporcionando algumas parcerias. Uma está bastante adiantada: com o Bradesco Cultural. Estamos fazendo um estudo junto ao Iphan para saber o que podemos instalar para tornar o ponto mais atrativo”, complementou o emedebista. 

Para o governador, o formato stopover impulsionará o desenvolvimento econômico de Brasília e do Entorno. “Para nós, isso é muito importante. São pessoas com boa condição econômica, que movimentarão o mercado”, assinalou o chefe do Palácio do Buriti. Ele pretende articular, ainda, a inclusão de pontos turísticos das demais capitais do Centro-Oeste no roteiro de quem optar pela minitour no DF.

Conforme o convênio, a TAP realizará a ponte aérea entre a Europa e a cidade brasileira, seja o destino final, seja a capital stopover — o passageiro definirá o trajeto por meio de um aplicativo a ser desenvolvido pela companhia aérea ou pelo site. Os demais deslocamentos, entre pontos do solo brasileiro, serão realizados por empresas parceiras: Azul, Avianca ou Gol. Além de Brasília, contarão com a proposta Salvador, Recife, Rio de Janeiro e Fortaleza. 

Na manhã de ontem, após reunião com representantes da TAP, Ibaneis Rocha disse esperar que o projeto funcione em um mês, uma vez que “as plataformas estão em desenvolvimento”. À tarde, entretanto, diretores da companhia aérea informaram que o sistema deve ficar pronto no segundo semestre do ano. “Temos que criar a plataforma, desenvolver o sistema e o mobile. Além disso, o governo precisa fechar parcerias com a rede hoteleira e gastronômica”, explicou o diretor de marketing da TAP no Brasil, Francisco Guarisa. 

Durante a visita, a comitiva do DF visitou feira de turismo em Portugal (Ana Viriato/CB/D.A Press)  

Durante a visita, a comitiva do DF visitou feira de turismo em Portugal

 



Aeroporto
 
O Aeroporto Internacional de Brasília Juscelino Kubitscheck também integra as negociações. O diretor de assuntos corporativos da Inframerica, Rogério Teixeira Coimbra, explica que a instituição detém, há algum tempo, parceria com a Secretaria de Turismo, por meio da cessão de espaço para o funcionamento do Centro de Atendimento ao Turista (CAT). As tratativas, entretanto, tendem a crescer. “Também temos conversado sobre divulgar o destino Brasília em outros aeroportos do grupo: há 52 unidades espalhadas por sete países”, observou. 

Coimbra destacou que o fluxo de passageiros estrangeiros no aeroporto cresceu em 6% no último ano, quando 18 milhões de pessoas passaram pela unidade aeroportuária. Com o convênio, a expectativa é de que o número seja incrementado de forma gradual. “Não basta apenas o stopover. Junto, estão medidas de promoção do destino, de pacotes e das atrações turísticas. Isso começa devagar e ganha corpo. Mesmo porque o turismo tem a promoção de boca a boca”, sublinhou.
 
* A jornalista viajou a convite da TAP


Turismo na capital

279
meios de hospedagem disponíveis no DF

17.998
unidades habitacionais

39.424
leitos
 
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Correio Braziliense quinta, 14 de março de 2019

ARACAJU: JOIA NORDESTINA

 


Joia nordestina
 
Com tantas opções de lazer, a capital sergipana tem ares de cidade grande. Quem visita Aracaju fica com o desejo de voltar para curtir mais um pouco das paisagens e da culinária local, cujo prato principal é o caranguejo

 

» Cláudia Eloi*

Publicação: 13/03/2019 04:00

Diante dos tradicionais arcos, cartão-postal na Orla da Atalaia, letreiro faz declaração de amor à capital sergipana (Victor Ribeiro/ASN - 17/3/16 )  

Diante dos tradicionais arcos, cartão-postal na Orla da Atalaia, letreiro faz declaração de amor à capital sergipana

 



Menor estado do Brasil, com área de 21.910 quilômetros quadrados, Sergipe revela aos visitantes surpresas maravilhosas. A capital, Aracaju, não deixa a desejar em relação aos encantos naturais. A cidade também cumpre os requisitos da boa gastronomia, excelentes hospedagens, opções de lazer e potencial histórico, como o Museu da Gente Sergipana, que é interativo.

Um roteiro imperdível na capital sergipana é caminhar pela simpática Orla de Atalaia. Lá, a parada obrigatória é a Passarela do Caranguejo, onde uma réplica gigante do animal foi construída como ponto turístico da cidade. Após tirar fotos com o crustáceo gigante, vale a pena dar uma esticada até os bares que ficam na orla e saborear a iguaria. Tem caranguejo de todo jeito. Ensopado, grelhado, gratinado, mas o mais tradicional é o que vem com um martelinho e uma tábua para você quebrar. Não há estresse que resista a esse tipo de terapia.

A escultura no formato de crustáceo é o local perfeito para fazer uma selfie (Marcio Dantas/ASCOM-SE - 20/8/14 )  

A escultura no formato de crustáceo é o local perfeito para fazer uma selfie

 


Como o próprio nome diz, o caranguejo é o carro-chefe de Aracaju. Mas os restaurantes oferecem outras boas opções para saborear crustáceos e frutos do mar, a exemplo do peixe ao molho de camarão, no Restaurante Pitu com Pirão, da Eliane. O local ganhou destaque no Guia Quadro Rodas, com o título médio luxo entre os cinco melhores de Aracaju. Quem come lá não se arrepende.

É impossível visitar Aracaju sem conhecer o artesanato local e comprar lembranças da cidade. Em Atalaia, há duas opções. Uma delas é a Passarela do Artesão, que fica atrás da pista de skate. Trata-se de uma simpática feirinha com barraquinhas que vendem os mais variados artesanatos. Os vendedores são atenciosos. A mais frequentada, no entanto, é a Feira do Turista. Por estar mais visível e próxima ao Hotel da Orla, os turistas localizam facilmente o centro de compras.

No cair do dia, o cenário da cidade se transforma em um belo espetáculo  (Jorge Henrique/ASN - 7/9/16 )  

No cair do dia, o cenário da cidade se transforma em um belo espetáculo

 


Fotografias

Além de contar com atraente calçadão, a capital sergipana oferece ao visitante a oportunidade de passear pelos três lagos espalhados pela orla. É ideal para fazer uma tranquila caminhada, ficar à sombra dos coqueiros, se esquecer do tempo sentado em bancos de madeira ou simplesmente contemplar um maravilhoso pôr do sol. Há ainda espaços voltados para diversão da garotada com equipamentos infantis e lanchonetes com comidas típicas da região.

Outro ponto turístico que merece um pit stop são os arcos da cidade. Eles foram construídos em concreto revestido com pastilhas, e têm mais de 10 metros de altura. Atualmente, são quatro, cada um representando uma fase de construção da orla de Atalaia. O cenário é perfeito para fotografias, pois, logo à frente, há uma instalação com o nome da cidade em tons coloridos. E não deixe de conhecer o Oceanário do Projeto Tamar, ver diversas espécies marinhas e ficar pertinho dos tubarões e das tartarugas.

* A repórter viajou a convite da Abrajet/Sergipe e do NB Hotéis
 
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Correio Braziliense quarta, 13 de março de 2019

JOÃO DONATO: SHOW COM A FERA

 


ENTREVISTA / JOÃO DONATO »Show com a fera
 
 
João Donato celebra 70 anos de carreira com show hoje e amanhã no Espaço Cultural do Choro

 

Irlam Rocha Lima

Publicação: 13/03/2019 04:00

Pianista, acordeonista, compositor, cantor e arranjador. São múltiplas as facetas de João Donato, um dos nomes icônicos da música popular brasileira.O genial artista acriano chega aos 85 anos em plena atividade, produzindo, fazendo shows, gravando discos e, também, recebendo prêmios e manifestações de admiração no Brasil e no exterior.
 
Donato celebra 70 anos de carreira em Brasília — onde morou por quatro anos, entre 2000 e 2004 — com um show hoje e amanhã, às 21h, no qual faz uma espécie de retrospectiva de sua extensa obra. Ele tem a companhia de músicos com quem tem tocado há bastante tempo: Robertinho Silva (bateria); Luiz Alves (contrabaixo); e Ricardo Pontes (sax e flauta).
 
No repertório, João inclui clássicos da importância de Amazonas, A paz, Bananeira, Emoriô, Minha saudade, Nasci para bailar, Simples carinho. A eles se juntam composições criadas mais recentemente pelo compositor com parceiros como Martinho da Vila (Daquele amor nem me fale), Ronaldo Bastos (Gol da Coreia) e Donatinho (Lei do amor).
 
 
 
João Donato
Show do pianista, compositor e cantor hoje e amanhã, às 21h, no Espaço Cultural do Choro (Eixo Monumental, ao lado do Centro de Convenções Ulysses Guimarães). Ingressos: R$ 40 e R$ 20 (meia para estudantes). Não recomendado para menores de 14 anos. Informações: 3224-0599.
 


 (Fernando Grilli/Divulgação)  
 
Em 2019, você completa 85 anos de vida e 70 de carreira. Está preparando algo para celebrar essas datas?
Estou preparando uma suíte sinfônica baseada nos trabalhos de Debussy e Ravel, compositores eruditos por quem tenho profunda admiração e que me serviram de referência. Ouvi-os a vida inteira. É uma suíte sinfônica popular com piano, bateria, contrabaixo, percussão. Tem um lançamento de um CD duplo que eu fiz para o Japão com standards de jazz, e músicas de minha autoria. Um CD foi lançado no Japão e sai em breve aqui no Brasil.
 
 
Quais os momentos de sua trajetória artística você avalia como os mais importantes?
A primeira gravação que  fiz com Altamiro Carrilho quando eu tinha 16 anos, tocando acordeon. A música era Brejeiro, de Ernesto Nazareth. A primeira gravação de uma composição de minha autoria chamada Minha saudade, com Luiz Bonfá, em 1954. Eu tinha 20 anos e foi o começo de uma série de outras, que me levaram a ser considerado um compositor de música popular. Tem também uma gravação que fiz com os músicos de Cuba, lá em Havana, para consolidar uma tendência latina, que eu já vinha construindo na minha trajetória; e uma gravação com Claus Ogerman em Nova Iorque em 1965 chamada The new sound of Brazil. Foi importante porque até hoje tem uma qualidade sonora e uma beleza sem cronologia. Teve também o LP A Bad Donato, que eu gravei em 1970, em Los Angeles numa época em que se tocava muita música psicodélica. Esse disco deixou uma marca muito forte no panorama musical americano da época.
 
 
O que mais destaca?
Outro momento importante foi quando voltei para o Brasil e gravei um disco chamado Quem é Quem, no qual, por sugestão do Agostinho dos Santos,  gravei com letra em vez de só tocar o piano. Eu segui o conselho do Agostinho e não parei mais de compor músicas com letras. A partir daí, abriu um novo panorama com parceiros como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Martinho da Vila, Cazuza, e, claro, meu irmão Lysias Ênio, entre tantos outros. E os cantores começaram a cantar minhas músicas. Muitas fazem sucesso como A paz, Simples Carinho, Emoriô, Naquela estação, Lugar comum, Até quem sabe. Foi importante também quando fiz a direção musical do premiado disco Cantar, da Gal Costa, nos anos 1970. Foi um disco interessante, em que eu fiz os arranjos para Flor de Maracujá, Até quem sabe e A rã. Tem uma sonoridade bem moderna e atual mesmo tendo sido gravado naquela década. Há, ainda, o songbook que revelou uma obra minha que estava escondida, disse Almir Chediak, ao fazer o Songbook. São 47 intérpretes, entre eles Lenine, Daniela Mercury, Gal Gosta, Caetano Veloso, Adriana Calcanhoto, Ed Motta. Atualmente, vejo como um marco a suíte sinfônica e uma gravação que fiz com meu filho Donatinho, chamado sintetizamor, que ganhou o prêmio da música brasileira
 
 
Das tantas canções de sua autoria, consagradas pelo público, há aquelas que lhe trazem mais satisfação por tê-las compostas?
Posso citar A paz, Amazonas, Minha Saudade, Até quem Sabe, Simples Carinho, Quem diz que sabe, Jodel (Café com pão), Lugar Comum... são tantas.
 
 
Conquistas como o do Prêmio da Música Brasileira, que recebeu em 2018, com Donatinho,no Theatro Municipal, pelo álbum Sintetizamor ainda lhe trazem satisfação?
Claro que sim. Um prêmio é sempre uma emoção muito grande, ainda mais com o meu pimpolho. Destaco, também, o Latin Grammy, que ganhei em 2010 pelo conjunto da obra. Eu fui para receber o prêmio do conjunto da obra e acabei levando pelo disco Sambolero como melhor disco de Jazz Latino.
 
 
Como tem sido a experiência de atuar como diretor artístico da Sala Baden Powell, aí no Rio de Janeiro?
Tive a oportunidade de colaborar para qualidade da música brasileira, dos artistas que se apresentaram lá durante a minha residência artística. Coloco em evidência a música brasileira de melhor qualidade.
 
 
Você morou em Brasília por quatro anos e tem feito muitas apresentações na capital. Como é retornar co Clube do Choro, onde foi homenageado na temporada de 2014, quando comemorou 80 anos?
É sempre um prazer estar no Clube do Choro e reencontrar o Reco do Bandolim e outros tantos amigos brasilienses. O público de Brasília é sempre muito carinhoso. E tem o tacacá da Torre de TV, da Dona Jacirema.
 
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Correio Braziliense terça, 12 de março de 2019

TRAGÉDIA EM SÃO PAULO

 


Tragédia em São Paulo
 
 
Temporal provocou a morte de 12 pessoas no estado por afogamento ou desabamento. Houve mais de uma centena de quedas de árvores, e casas e vias ficaram alagadas. Expectativa é de que chuvas durem mais 48h

 

Publicação: 12/03/2019 04:00

 

Destruição provocada por temporais na Grande São Paulo e na capital: com o alagamento das casas, muitas famílias perderam tudo o que tinham (Miguel Schincariol/AFP
)  

Destruição provocada por temporais na Grande São Paulo e na capital: com o alagamento das casas, muitas famílias perderam tudo o que tinham

 

 

 
Uma tempestade na madrugada de ontem deixou ao menos 12 mortos na Grande São Paulo e na capital. Houve alagamentos em diversas regiões e vias foram bloqueadas. Até as 16h, o Corpo de Bombeiros tinha contabilizado 740 ocorrências. Houve 123 quedas de árvores e 44 desabamentos ou desmoronamentos.

As mortes aconteceram em cidades da Grande São Paulo e na capital. De acordo com a Defesa Civil, somente na região metropolitana de Ribeirão Pires, foram registrados quatro óbitos devido ao desabamento de uma casa. Em São Caetano do Sul, três pessoas morreram afogadas na Avenida dos Estados e no bairro Taboão. Pelo mesmo motivo, em Santo André houve dois mortos. Em São Bernardo do Campo, um motociclista morreu afogado.

Um deslizamento em Embu das Artes teve três pessoas da mesma família socorridas — uma delas, um bebê de 1 ano e 2 meses, que não resistiu. A Defesa Civil interditou a casa e outros imóveis na mesma rua. Parte da vizinhança vive de forma precária, perto de barrancos ou de declives e ribanceiras. No Ipiranga, aconteceu um óbito por afogamento.

A Defesa Civil utilizou botes para socorrer vítimas ilhadas. Em meio ao caos, houve muitos exemplos de solidariedade — moradores usaram jetski para fazer resgates; outros, deram abrigo a atingidos.

O temporal deixou diversas vias alagadas. A Marginal Tietê, uma das mais importantes, apresentou, durante a manhã de ontem, congestionamento de 160km. Motoristas tiveram de deixar seus veículos. O pico ocorreu por volta das 9h30, com 201km de engarramento.

De acordo com o prefeito em exercício de São Paulo, Eduardo Tuma (PSDB), a tragédia era inevitável . “Absolutamente imprevisível, extraordinário. Não havia qualquer ação preventiva que pudesse corrigir o que aconteceu hoje (ontem)”, disse. O governador do estado, João Doria (PSDB), alertou, durante a tarde, para moradores evitarem sair de casa. “As chuvas, infelizmente, vão prosseguir pelas próximas 48 horas”, justificou.

A Prefeitura de São Paulo criou o Comitê de Crise, que levantará o número de pessoas afetadas e fará o cadastramento das famílias para atendimento. “Estamos aguardando a água baixar, garantir a segurança das pessoas. Depois disso garantindo, a gente entra, faz a limpeza e vai olhar as condições da casa, que tipo de atendimento será feito”, explicou o secretário de Subprefeituras, Alexandre Monez.

Causas
Uma conjunção de fatores meteorológicos contribuiu para a ocorrência das fortes chuvas que atingiram São Paulo. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a interação entre uma frente fria entrando pelo Vale do Ribeira e um sistema de baixa pressão muito perto do litoral colaboraram com os elevados volumes de precipitação.

Em Santo André, por exemplo, choveu 182mm nas últimas 24 horas — o equivalente a 80% da média para todo o mês de março. Em São Bernardo do Campo e Ribeirão Pires, o registro das últimas 24 horas correspondeu a 78% e a 74% das médias mensais, respectivamente, de acordo com informe do governo do estado. Só no bairro de Rudge Ramos, em São Bernardo, segundo monitoramento do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), choveu 163,8mm.

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Correio Braziliense segunda, 11 de março de 2019

IMPOSTO DE RENDA - TIRE SUAS DÚVIDAS

 


IR - Tire suas dúvidas
 
 
Mande os seus questionamentos para o e-mail impostocb@gmail.com As respostas serão dadas por técnicos do Conselho Federal de Contabilidade (CFC)

 

Publicação: 11/03/2019 04:00

Na hora de preencher o formulário do Imposto de Renda, sempre surgem várias dúvidas, que atrasam a entrega da documentação. A pedido do Correio, consultores responderam às perguntas mais frequentes dos leitores.



A minha esposa tem barraca na praia. Se ela ganha R$ 39 mil por ano e deixa na conta os R$ 39 mil, ela precisa fazer a declaração?
Fabio Natali

Com os rendimentos informados de R$ 39 mil anuais,  ela está obrigada a declarar, conforme determina a legislação da Receita Federal, como reproduzimos: “Está obrigada a apresentar a Declaração de Ajuste Anual do Imposto sobre a Renda referente ao exercício de 2019 a pessoa física residente no Brasil que, no ano-calendário de 2018, recebeu rendimentos tributáveis sujeitos ao ajuste anual na declaração, cuja soma foi superior a R$ 28.559,70, tais como: rendimentos do trabalho assalariado, não assalariado, proventos de aposentadoria, pensões, aluguéis, atividade rural.


Embora não tenha me enquadrado nos quesitos de obrigatoriedade em 2018, entreguei a DIRPF em virtude da tentativa de emitir um visto para uma viagem de intercâmbio, documento que foi exigido pela agência de forma que tornaria minha comprovação de renda mais fidedigna. Em 2018, não obtive o recebimento de rendimentos nos quais me enquadraria para entregar a declaração este ano. Minha pergunta é: havendo entregado a declaração no ano passado de forma espontânea, devo entregar novamente este ano?
Robert Lima

Se você não se enquadrar em nenhuma das sete hipóteses de obrigatoriedade previstas na legislação, fica dispensado de apresentar sua Declaração de Ajuste Anual em 2019, mesmo que tenha apresentado no ano anterior. Lembramos que a hipótese de dispensa não é somente o valor dos rendimentos tributáveis e, ainda que os desobrigados queiram, eles podem apresentar declaração, assim como você fez em 2018.


Caso o contribuinte não saiba se deve ou não entregar a declaração, ou saiba e não a entrega, como a Receita Federal age? Ela informa o contribuinte de alguma forma?
Robert Lima

Cabe ao contribuinte a verificação se está ou não obrigado à entregar a Declaração de Ajuste Anual — DAA. Com o avanço tecnológico e o sistema de cruzamento de informações adotado pela Receita Federal, o ato de omitir rendimentos e sonegar impostos tem se tornado cada vez mais arriscado e passível de punições — como pagamento de multas, que podem variar de 75% até 300% do valor que o Fisco deixou de recolher. Nossa recomendação é de que você declare os rendimentos auferidos e que acompanhe o processamento de sua declaração no sítio da Receita Federal, pois, nesses casos, a instituição lhe oferece meios (avisos) para a correção.
 
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Correio Braziliense domingo, 10 de março de 2019

O CORPO QUE DANÇA E FALA

 

O corpo que dança e fala
 
 
A deficiência auditiva de Maycon Calasancio não impediu que ele se tornasse o primeiro professor surdo de balé de Brasília. Com um grupo formado em 2019, os bailarinos pretendem ampliar horizontes de pessoas como eles

 

» ALAN RIOS
Especial para o Correio

Publicação: 10/03/2019 04:00

Maycon, Aline (E) e Janaína criaram o grupo Senserit 3: ensaios três vezes por semana, com coreografias que permitem o diálogo entre corpo e libras (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  

Maycon, Aline (E) e Janaína criaram o grupo Senserit 3: ensaios três vezes por semana, com coreografias que permitem o diálogo entre corpo e libras

 

Surdo de nascença, Maycon Calasancio é apaixonado por música e dança. O jovem de 28 anos sempre desafiou as limitações, tanto que se tornou o único professor de balé deficiente auditivo de Brasília. Mas como a canção de Raul Seixas diz que “sonho que se sonha junto é realidade”, neste ano ele ganhou duas companhias que deram corpo a um projeto que une a arte com a língua brasileira de sinais.

Maycon, Aline Moura, 21, e Janaína Almeida, 22, criaram o grupo Senserit 3, que tem como proposta unir dança contemporânea com libras. “Nós misturamos poesia em língua de sinais. Ou seja, queremos que a dança se torne acessível tanto para os sujeitos ouvintes quanto para os surdos”, conta Aline. A pedagoga e bailarina é fluente em libras, assim como Janaína. As duas conheceram Maycon em uma oficina ministrada por ele, no ano passado. Desde lá, passaram a admirar a história do jovem.

O professor Maycon conheceu essa arte na infância e viu nela uma forma de perder a timidez. “Quando eu tinha uns 7 anos, lembro-me que minha família gostava de dançar forró. Mas eu era uma criança muito tímida. Então comecei a ficar perto da caixa de som nas festas e sentir o ritmo que saía delas. Assim, comecei a perceber que, com a dança, o sujeito surdo consegue absorver e sentir as coisas com mais facilidade.”

Janaína também começou a ter gosto pelos palcos cedo, mas o que mudou tudo para ela foi descobrir que poderia fazer a diferença juntando os seus conhecimentos em libras. A estudante de pedagogia fez um curso sobre a língua na igreja em que frequenta e começou a usar o que aprendeu diariamente: “Sempre estou com pessoas surdas, como meu namorado e amigos que fiz”, explica. Certos dias, Aline também usa mais libras do que o português falado. A segunda língua é tão influente na sua vida que o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) que fez teve como tema reflexões pedagógicas da dança e dos sujeitos surdos.
 (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
Conquista
Para colocar o projeto em prática, o trio conseguiu um espaço gratuito destinado aos ensaios em Taguatinga. Então começaram a trabalhar duro, com encontros três vezes por semana, elaborando coreografias que permitem o diálogo entre corpo e libras. “Como nosso objetivo é valorizar a cultura surda, não falamos em português nem durante os exercícios. Nossas conversas acontecem em língua de sinais, para que a identidade deles seja respeitada”, relata Aline.
Desde o alongamento, cada ensaio é uma experiência diferente de sentimentos, movimentos e expressões. Maycon explica: “Combinamos os sinais que dialogam com os sentidos da coreografia. Trabalhamos muito as temáticas em volta da surdez, como a acessibilidade e a luta social. Expressamos na dança o que nós passamos, o que significa nossa vida”, desabafa. Assim, o trio, que se juntou como grupo de balé neste ano, está conquistando seu espaço.

Os dançarinos foram chamados para realizar uma performance, prevista para hoje, às 16h, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), dentro da exposição 50 anos de realismo, que também conta com pinturas, esculturas, vídeos, instalações interativas de mais de 30 artistas contemporâneos. Os detalhes da primeira apresentação ainda são surpresa, mas eles adiantam que essa não é uma arte exclusiva para pessoas sem deficiências auditivas.

“A gente pensa que surdo e música não têm nada a ver. Mas o ritmo também está dentro da gente. Podemos, por exemplo, sentir o ritmo do nosso coração e começarmos uma coreografia”, ensina Janaína. A estudante conta, ainda, que viu muitas crianças surdas serem excluídas de  atividades que envolvem o som dentro de espaços como as escolas, mas que há possibilidades de inclusão. “A dança é realmente uma área muito complicada para eles, mas existem músicas adaptadas, com batidas mais fortes, para que os surdos sintam a vibração no corpo.”

Além das apresentações em exposições e eventos, o grupo pretende  levar o projeto de dança às escolas. Para eles, trabalhar a inclusão de pessoas com deficiência na infância é essencial, e a música pode ser uma ótima aliada até mesmo para o autoconhecimento dos menores. “A bailarina Maria Fux diz que o mundo do silêncio existe e ele é experienciado pelos indivíduos surdos na sua forma mais profunda, porque eles podem sentir o ritmo da própria respiração, da própria circulação sanguínea... de uma forma que ouvintes não conseguem. Assim, eles conseguem transformar seu próprio movimento em dança”, diz Aline.
 
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Correio Braziliense sábado, 09 de março de 2019

CARNAVAL BRASILIENSE: A CELEBRAÇÃO DA DIVERSIDADE

 

A celebração da diversidade

 

» CÉZAR FEITOZA
Especial para o Correio

Publicação: 09/03/2019 04:00

Os vencedores: o troféu #CBfolia foi criado há quatro anos para valorizar a identidade carnavalesca da cidade (Minervino Junior/CB/D.A Press)  

Os vencedores: o troféu #CBfolia foi criado há quatro anos para valorizar a identidade carnavalesca da cidade

 

 
Responsáveis por agitar um milhão de foliões na última semana, os blocos de rua da capital federal foram homenageados, ontem, durante a quarta edição do prêmio #CBfolia, promovido pelo Correio. Neste ano, Montadas, Eduardo e Mônica e o Bloco do Seu Júlio receberam o prêmio na categoria voto popular, enquanto o grupo Divinas Tetas foi agraciado pela comissão julgadora.
 
Fundador e vocalista do bloco Divinas Tetas, Aloízio Michael, 31 anos, recebeu o prêmio das mãos da diretora de redação do Correio, Ana Dubeux. O bloco reuniu cerca de 60 mil pessoas no carnaval. “Significa muito o Correio apoiar a festa, e ganhar o prêmio da comissão julgadora é um sinal de que estamos no caminho certo, fomentando um carnaval de paz, diversidade e resistência. A festa é política, estamos lutando pela cultura. Estar na rua é um ato político que continuaremos a fazer”, destaca Aloízio.
 
Primeiro lugar na categoria voto popular, o bloco Montadas foi criado pelo Distrito Drag, um coletivo de artistas drag queens. No segundo ano em que apresentam o bloco no Setor Bancário Norte, cerca de 40 mil foliões foram aproveitar a festa —  número maior que os 15 mil que compareceram no ano passado. A drag Ruth Venceremos, 34, acredita que o sucesso se deve aos eventos que o coletivo realiza no decorrer do ano. “Acho que o bloco pegou, estarmos em primeiro lugar na votação do público reflete bem isso”, acredita.
 
O Eduardo e Mônica teve de mudar o formato do carnaval neste ano, mas o público de 18 mil foliões aprovou a festa na Orla do Lago Paranoá, em local fechado, e garantiu a segunda colocação no prêmio. “Mudamos o formato, porque precisamos recorrer mais à iniciativa privada neste ano. Foi sensacional, o espaço agregou bastante. Não tivemos problema com banheiro ou violência. A única questão chata foi ter de ficar gente do lado de fora”, ressalta Meolly Roni, 35, fundador do Eduardo e Mônica.
 
De Planaltina, o Bloco do Seu Júlio angariou boa quantidade de votos e garantiu a terceira posição na categoria júri popular. O fundador do grupo, Seu Júlio, 58, acredita que os 10 anos de existência do bloco ensinaram os organizadores a “sambarem” para fazer o bloco ir à rua. “Planaltina está em festa por ter recebido esse troféu. Todo mundo fala que a minha cidade é superviolenta. Em uma década de festa, nunca tivemos uma ocorrência policial. A festa e o prêmio são do povo”, afirma.

Montadas: o bloco da diversidade (Minervino Junior/CB/D.A Press)  
Montadas: o bloco da diversidade


Eduardo e Mônica (Minervino Junior/CB/D.A Press)  
Eduardo e Mônica


Seu Júlio (Minervino Junior/CB/D.A Press)  
Seu Júlio


Divinas Tetas (Minervino Junior/CB/D.A Press)  
Divinas Tetas


Prêmio
 
O troféu #CBfolia se firmou na cidade, ao mesmo tempo que o carnaval de Brasília se consolidou. Promovida há quatro anos, a premiação viu o nascimento de blocos alternativos, que dão diversidade à festa, e o desenvolvimento dos tradicionais, responsáveis por reunir até 100 mil pessoas por dia na capital federal. A cidade sai fantasiada às ruas por cinco dias e celebra a folia ao som do tradicional axé, passando por diversos estilos musicais até esbarrar no rock, que movimentou os corpos neste carnaval.
 
Em um movimento democrático, o Correio abriu o site para os foliões elegerem, entre os dias 2 e 7 de março, o melhor bloco de carnaval do Distrito Federal. Uma comissão julgadora formada por jornalistas também entrou na folia para escolher o melhor grupo de 2019, em uma categoria nova.
 
“O troféu foi criado há quatro anos para reconhecer o esforço de colocar os blocos na rua. Esse prêmio nasce para brindar o esforço de todos vocês que, apesar de tanta dificuldade, fazem o carnaval de rua de Brasília acontecer”, destacou José Carlos Vieira, editor de Cidades e de Diversão & Arte, aos representantes dos blocos durante a premiação.
 
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Correio Braziliense sexta, 08 de março de 2019

RESPEITO ÀS MULHERES PASSA PELA EDUCAÇÃO

 

Respeito às mulheres passa pela educação
 
 
No Dia Internacional da Mulher, especialistas alertam para ações capazes de inspirar igualdade de gênero e ampliar a rede de proteção ao sexo feminino. Parte do trabalho deve começar pelas escolas, com o fortalecimento da identidade das meninas

 

» ISA STACCIARINI
» JÉSSICA EUFRÁSIO

Publicação: 08/03/2019 04:00

Juciene Martins Godoy teve a irmã, Jusselia (no detalhe), assassinada pelo ex-marido em abril de 2018:  

Juciene Martins Godoy teve a irmã, Jusselia (no detalhe), assassinada pelo ex-marido em abril de 2018: "As mulheres precisam ficar em alerta"

 

 
 
 
 (Minervino Junior/CB/D.A Press)  
 Celebrado há cerca de 100 anos, o Dia Internacional da Mulher é mais uma oportunidade, entre outras 364, para chamar atenção ao que ainda precisa mudar na sociedade quanto a temas como desigualdade de gênero, equidade de direitos, machismo e violência contra as mulheres. Especialistas reforçam que a saída começa pela educação, ensinando, desde cedo, crianças e adolescentes a respeitá-las. A conscientização, no entanto, não envolve apenas os mais novos e as instituições de ensino, mas também o próprio ambiente familiar e social e o governo.
 
Professora da Secretaria de Educação há 28 anos e autora do projeto Mulheres Inspiradoras, a educadora Gina Vieira considera que a contribuição das instituições de ensino ocorre por meio do fortalecimento da identidade das alunas, da discussão de gênero e do combate a práticas sexistas. “Além de pensar a própria cultura de assédio contra meninas e de uma maior inserção delas nas áreas de tecnologia e exatas, a escola precisa abrir espaço para inserir questões de gênero no currículo”, defende.
 
Para Gina, desconstruir a cultura do machismo da sociedade envolve, em primeiro lugar, admitir que todos, em alguma medida, têm alguma referência preconceituosa em ações ou falas. Outro ponto inclui lançar um olhar crítico para tudo o que acontece ao redor e tomar coragem de contestar o que está enraizado. “Em que medida os pais poupam os meninos e impõem tarefas domésticas para as meninas? Em que grau a escola é sexista quando oferece o uso da quadra de esportes aos alunos e não permite a mesma proporção para as alunas? Por que se exige mais maturidade das meninas em vez dos meninos?”, questiona.
 
Além disso, segundo a professora Gina, toda vez em que essas ações são combatidas, os meninos também são favorecidos. “Eles precisam da oportunidade de crescer sem as limitações impostas pelo machismo. Ao passo que meninos são representados como fortes, poderosos e inteligentes, meninas, com 7 anos, se identificam como inferiores, frágeis e incapazes em relação a eles”, lamenta.
 
Apesar dos percalços, a professora do Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília (UnB) Lia Zanotta Machado enxerga avanços. “Nas últimas décadas, mulheres de todas as classes sociais têm apresentado mais noções de direitos e autonomia, por exemplo. A mudança ocorreu em grande parte da sociedade brasileira, mas ainda não conseguimos, na mesma proporção, o respeito dos homens para com elas”, analisa a especialista.
 
A antropóloga explica que, na maior parte dos casos, homens acreditam que precisam resolver quaisquer conflitos enfrentados em casa, na rua ou no trabalho com ações de controle, poder ou posse. Diante disso, Lia acrescenta que é ilusão defender que assuntos relacionados a gênero e sexualidade sejam discutidos apenas em ambiente familiar. “A maior parte dos casos de assédio e importunação sexuais, principalmente contra crianças, é em ambiente doméstico, entre conhecidos. Precisamos de uma educação pública em que permitam que você se veja como igual para não se perceber sempre como alguém inferior e controlável”, ressalta.
 
Sancionada há 12 anos, a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) garante proteção às mulheres e prevê rigor nas punições para crimes domésticos. A violência, nesses casos, envolve qualquer ação ou omissão baseada no gênero e que cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial às vítimas. O nome da norma foi escolhido em homenagem à farmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes, vítima de duas tentativas de assassinato pelo marido, o professor colombiano Marco Antonio Heredia Viveros, em 1983.
 
Punição
 
Em Planaltina, a família de Juciene Martins de Godoy, 55 anos, chora a morte da irmã, Jusselia Martins de Godoy, 50, há quase um ano. Em abril de 2018, a advogada e contadora foi assassinada pelo ex-marido Evandro Alves de Faria, 56, com quem viveu por 20 anos e estava separada havia oito meses. Jusselia pediu medida protetiva após a separação e, seis meses antes de morrer, contratou segurança particular com medo do ex-companheiro.
 
Depois do crime, a família assumiu o escritório deixado pela vítima. “A gente luta todos os dias contra uma dor imensa. É um esforço muito grande para não cairmos em depressão”, conta Juciene. Ela lembra que a postura reservada do cunhado nunca levantou suspeitas. “As pessoas acham que, para acontecer esse tipo de coisa, a mulher tem de sofrer algum tipo de violência, mas nunca houve agressão. Ele era muito calado, na dele, e as mulheres precisam ficar em alerta para isso”, aconselha a auxiliar de contabilidade.
 
O casal deixou um filho de 22 anos. Do primeiro relacionamento, Jusselia também teve uma filha. A jovem morreu em 2014, aos 27 anos, vítima de um infarto. No dia em que Jusselia teve a morte cerebral decretada, em 9 de abril de 2018, a jovem faria 31 anos. “A minha irmã foi muito batalhadora em tudo o que fez e, infelizmente, não teve a chance de viver mais. O que a gente mais vê, hoje, é assassinato de mulheres de todas as classes e níveis sociais”, lamenta.

Numeráveis

Crimes contra as mulheres 2018* 2019* Variação
Estupro - 117 - 75 - -35,8%
Feminicídio - 5 - 4 - -20%
Tentativa de feminicídio - 13 - 16 - 23%
Violência doméstica - 2.461 - 2.455 - -0,24%
 
* Dados referentes a janeiro e fevereiro
 
Fonte: Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal


Programe-se

Confira alguns eventos marcados para hoje em razão do Dia Internacional da Mulher:

 (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  
 
Lançamento do Calendário das Ações Governamentais Março Mais Mulher pelo GDF
» Horário: às 10h
» Local: Salão Nobre do Palácio do Buriti
» Evento gratuito
» Censura livre
 
Cortejo do Dia Internacional de Luta das Mulheres do DF e Entorno
» Horário: às 16h
» Local: concentração no gramado inferior da Rodoviária do Plano Piloto, às 16h, e marcha rumo ao Congresso Nacional, às 18h30
» Evento: gratuito
» Censura: livre

Bloco das Perseguidas
» Horário: às 21h
» Local: Praça dos Prazeres (201 Norte)
» Evento: gratuito
» Censura: livre

Ressaca Feminista de Carnaval
» Local: Espaço Cultural Canteiro Central (SCS Quadra 3, Bloco A)
» Horário: às 23h
» Valor: R$ 10
» Censura: 18 anos
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Correio Braziliense quinta, 07 de março de 2019

A HORTA DE PORTAS ABERTAS

 

A horta de portas abertas
 
 
Do médico ao vizinho, pessoas dedicadas transformam espaços abandonados em hortas comunitárias e cultivam alimentos e plantas medicinais

 

» MARIANA MACHADO
ESPECIAL PARA O CORREIO
» ALINE BRITO*

Publicação: 07/03/2019 04:00

O agente de saúde Antônio Moreira do Nascimento e o médico Marcos Trajano cuidam da horta na Unidade Básica de Saúde do Lago Norte (Ed Alves/CB/D.A Press - 19/2/19)  

O agente de saúde Antônio Moreira do Nascimento e o médico Marcos Trajano cuidam da horta na Unidade Básica de Saúde do Lago Norte

 

 
Arruda, mastruz, boldo e erva-cidreira são algumas das centenas de plantas que, além de enfeitarem jardins, têm propriedades medicinais. O uso delas não é novidade, mas nem todo mundo as encontra com facilidade. Para ajudar, alguns moradores do Distrito Federal criam formas de cultivar mudas que são distribuídas a quem quiser. É o caso do médico Marcos Trajano, que aproveitou um terreno não utilizado da Unidade Básica de Saúde (UBS) no Lago Norte para criar uma grande horta.

A ideia de transformar o local em um canteiro de plantas alimentícias não convencionais e plantas medicinais surgiu a partir do conhecimento de Marcos na área. Especialista em medicina antroposófica — campo que usa plantas, minerais e animais para a saúde do ser humano — o médico elaborou um projeto para além dos meios convencionais de tratamento de doenças.

As práticas integrativas de saúde que une meditação, fitoterapia — estudo das plantas medicinais e suas aplicações na cura das doenças —, constelação familiar e medicina antroposófica para alcançar o bem-estar. “Para além da cura de doenças, o projeto visa criar um espaço de cooperação e transformar a UBS em um local de convivência, diminuindo o isolamento social”, explica Marcos.

No plantio, estão reunidas mais de 100 espécies de plantas catalogadas e outras incontáveis que ainda não foram listadas. “O ambiente também serve como um jardim sensorial, para aproximar as pessoas da natureza e proporcionar momentos de paz”, disse o médico. “Ensinamos aqui como conviver com as plantas, pois um ser humano que não consegue se relacionar com a natureza não consegue também ter um bom relacionamento com outros humanos”, afirma.

Cerca de 400 pessoas passaram pelo projeto e auxiliaram no cultivo das plantas. O agente de saúde Antônio Moreira do Nascimento, 66 anos, é um dos participantes que ajudou na construção do espaço. Cearense, ele cresceu em meio às plantas e hoje aplica os conhecimentos adquiridos desde a infância e aprende sobre novas plantas e formas de utilização. “Durante minha infância, o meu lápis era um cabo de enxada. Fui criado na roça, plantando, colhendo e vivendo disso. Hoje, eu posso aprender coisas novas sobre as plantas e levar isso para a minha casa e a saúde da minha família”, conta Antônio.

O ambiente e a interação entre os participantes funciona como uma escola para a educação em saúde. Os conhecimentos adquiridos durante a plantação são propagados, tornando mais acessíveis as informações sobre esse tipo de medicina alternativa. “Eu trouxe para o projeto experiências que tive com meus avôs e bisavôs. Com o que aprendo aqui, consigo melhorar minha qualidade de vida, me manter mais saudável e levar bem-estar para meus amigos e familiares”, acrescenta o agente de saúde.

Dona Nilda transformou um ponto de descarte de entulho em plantação de orgânicos (Mariana Machado/Esp. CB/D.A Press - 19/2/19)  

Dona Nilda transformou um ponto de descarte de entulho em plantação de orgânicos

 



Mais do que parece
 
Na plantação localizada na Unidade Básica de Saúde, estão espécies frutíferas, flores anestésicas e árvores alimentícias. A mandioqueira, por exemplo, tem diversas funções que auxiliam na alimentação dos seres humanos. Além da mandioca (aipim ou macaxeira, como é conhecida em outras regiões do país), raiz da planta que é amplamente consumida, as folhas da árvore podem ser utilizadas como fonte de nutrientes. “As folhas podem ser torradas e depois moídas para fazer uma farinha que é muito eficaz contra a desnutrição”, explica Marcos.

O jambu, popularmente conhecido como agrião-do-Pará, é outra planta cultivada na área verde da UBS. Uma erva com pequenas flores amarelas, vezes usada como ornamental, esconde poderes medicinais. As folhas e inflorescência são empregadas para tratamento de males da boca e garganta, além de tuberculose e litíase pulmonar — pedras no pulmão. As folhas e flores quando mastigadas dão uma sensação de formigamento nos lábios e na língua devido a ação anestésica local. É usada para dor de dente e como estimulante de apetite. O chá da planta é empregado também contra anemia, escorbuto, dispepsia e como estimulante das atividades do estômago.

Outras mais conhecidas, como o boldo, pode ser colhido e levado para a casa por quem visita o local. O arbusto é aliado do fígado, estimulando o fluxo de bile. As folhas consumidas em forma de chá têm efeito diurético, laxante, antibiótico e anti-inflamatório e auxilia na digestão. O boldo ainda apresenta uma substância denominada ascaridol, que é um vermífugo natural.

Mas o médico Marcos Trajano alerta: é preciso saber usar e nunca deixar de procurar também os profissionais de saúde. “As plantas medicinais tanto podem curar como matar. Nosso projeto não é para distribuição e, sim, para aprendizagem”, enfatiza. Ele explica ainda que, apesar de chamar o projeto de farmácia viva, não basta chegar colhendo o que quiser. “Você não pega um galhinho, faz um chá e sai tomando desavisadamente. A ideia é aprender a usar essas plantas da forma correta para evitar intoxicação.”
A horta no beco
 
Na QNM 36 de Ceilândia, a copeira aposentada Onilda Maria de Araújo, 71, decidiu dar nova cara para o beco ao lado de casa. Em 2012, Dona Nilda, como é conhecida, viu-se vizinha de um ponto de descarte de entulho. “As pessoas jogavam de tudo: sofá velho, cama, lixo. Era muito difícil, porque eu não gosto de sujeira e aquilo ali atraía insetos e ratos.” Foi quando veio a ideia de transformar o lugar em uma horta comunitária.

Com arames e alguns tocos de madeira, criou uma pequena cerca com porta e a plantação começou. Sete anos depois, ela exibe orgulhosa os grandes pés de couve, romã, acerola e batata. São tantas variedades que, de cabeça, Dona Nilda não recorda de todas, mas uma coisa ela garante: é tudo orgânico. Ela explica ainda que a portinha de acesso não é proibição para ninguém. É só chamar que ela distribui mudas e frutas a quem quiser. “Isso aqui não é para mim, é para todo mundo que precisar”, afirma.

Em meio ao grande jardim, há também as plantas com propriedades medicinais. Arruda, algodão e palma são apenas alguns exemplos. A vizinhança já conhece e indica até para quem é de fora. “Tem uma mulher que mora em Samambaia e já veio aqui umas três vezes buscar mastruz. A sogra dela quebrou a bacia e ela me pediu para fazer um chá”, recorda. O mastruz é usado para, entre outras coisas, combater prisão de ventre e problemas digestivos. “Teve também uma moça do Lago Sul que estava procurando por hortas e indicaram que ela viesse aqui. Estava atrás de ora-pro-nóbis para o marido, que está com câncer, e eu dei algumas mudas. É assim, só vir aqui e pedir”, relata.

A ora-pro-nóbis é, aliás, uma das queridinhas de Dona Nilda. A planta com folhas em formato de lâmina é rica em cálcio, fósforo e ferro. O cultivo começou inclusive por sugestão de um médico. “Quando meu neto mais novo nasceu, tinha uma grande dificuldade de se alimentar. Só tomava um tipo de leite muito caro e a única carne que conseguia comer era de rã”, recorda a avó. “O pediatra então disse que estava tratando uma menininha com as mesmas características que tinha começado a consumir as folhas para enriquecer alimentação.”

Nilda foi atrás e conseguiu uma muda que cresceu com facilidade na horta. “Não sei se foi realmente essa a solução, mas acredito que tenha ajudado um pouco. Meu netinho hoje está com seis meses, esperto e bem melhor. A garotinha também”, comemora. Natural do interior de Minas Gerais, ela tem enraizado no coração o amor pelo cultivo à terra. “Vim morar em Brasília aos 6 anos, mas ainda tenho viva a memória da minha mãe fazendo pratos com a ora-pro-nóbis que ela plantava”.
 
* Estagiária sob supervisão 
de Mariana Niederauer
 (Ed Alves/CB/D.A Press - 19/2/19)  


Programação

Quem quiser participar das oficinas pode se preparar. No dia 21, a palestra é com uma pediatra, especialista em nutrição. Já no dia 28, um professor de física e fenomenologia da Universidade de Brasília (UnB) ensina a técnica de observação fenomenológica de plantas. Sempre às quintas-feiras, 
a partir das 13h30.
 
Jornal Impresso
 

Correio Braziliense quarta, 06 de março de 2019

CARNAVAL BRASILIENSE: E A FESTA CHEGA A FIM

 

E a festa chega ao fim
 
 
Blocos tradicionais e novatos encerraram a folia na terça-feira de carnaval. Com crítica política e mais exemplos de alegria e respeito, as ruas de Brasília ganharam mais cor e sons variados

 

» AUGUSTO FERNANDES
» PATRÍCIA NADIR
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» JÉSSICA EUFRÁSIO

Publicação: 06/03/2019 04:00

 (Minervino Junior/CB/D.A Press)  


Pacotão

Mais uma vez, o bloco levou a crítica à política no país às ruas da capital  (Barbara Cabral/Esp. CB/D.A Press)  

Pacotão Mais uma vez, o bloco levou a crítica à política no país às ruas da capital

 



Baratinha

No Parque da Cidade, o tradicional bloco infantil divertiu as crianças  (Barbara Cabral/Esp. CB/D.A Press)  

Baratinha No Parque da Cidade, o tradicional bloco infantil divertiu as crianças

 



Ska Niemeyer

A mistura de ritmos deu o tom da apresentação na Praça dos Prazeres  (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)  

Ska Niemeyer A mistura de ritmos deu o tom da apresentação na Praça dos Prazeres

 


O carnaval deste ano teve os traços de pluralidade característicos da capital do país. Com manifestações a favor da diversidade e bailinhos para crianças, não faltou evento para quem quisesse curtir o feriado. O fim não poderia ser diferente. E a bola da vez no último dia de festa foram as críticas políticas tradicionais do Pacotão. Também houve espaço para os pequenos, que aproveitaram mais um dia do Baratinha, e para o bloco Ska Niemeyer.

Com mais de 40 anos embalando as ruas de Brasília, o Pacotão arrastou foliões, na tarde de ontem, entre as ruas da W3. Com concentração às 12h, na 302 Norte, o cordão, de pegada irreverente, seguiu até a 504 Sul espalhando o som de marchinhas pelo Plano Piloto. Em defesa da campanha Lula Livre, a canção escolhida para representar o bloco recebeu o mesmo nome do movimento e contou com uma letra recheada de frases irônicas sobre o cenário político atual do país.

“A vaquinha do Queiroz só dá leite em caixa dois?”, dizia uma dos versos da música-tema do bloco, composta por Dudu Mariano. “É uma crítica ao cenário político atual e uma defesa à liberdade de um líder importante”, afirmou o criador da marchinha.

Noedima Dias, 50 anos, levou para o bloco a filha Maria Eduarda Dias, 7. Ela comenta que se esforça em transmitir o amor que tem pelo evento para a família. “Esse bloco é muito representativo e importante para Brasília. Entoei ‘Lula Livre’ porque sei dos perigos que o governo que está no poder representa para sociedade, sobretudo para a educação”, opinou, trajada com um vestido e uma meia-calça vermelhos. Maria Eduarda, por sua vez, usava uma blusa preta com várias laranjas pintadas. “Achamos a roupa dela representativa, dados os indícios de laranjas no governo”, sugeriu a professora.

Brincadeiras
O segundo dia do Baratinha, no Estacionamento 12 do Parque da Cidade não deixou a criançada de fora das festas de Momo. As atrações incluíram desde brinquedos até pintura de rosto e apresentações musicais. Mesmo com a forte chuva, o público não desanimou e coloriu os arredores do Parque Ana Lídia e alegraram o último dia de folia.

Para o diretor do Baratinha, Paulo Henrique de Oliveira, o respeito ao próximo foi a principal mensagem que o bloco quis passar neste ano. “No Baratinha, conseguimos ressaltar a essência do carnaval, que é de muita alegria. Queremos que os pequenos foliões aprendam desde cedo que este feriado nada mais é do que uma festa. E, como qualquer festa, as crianças devem brincar sem desrespeitar nenhum coleguinha”, disse.

Durante cinco horas, a meninada contou com atividades de sobra e fez a festa com sprays de espuma, balões de gás hélio e pulas-pulas. Para não deixar os participantes desanimarem durante a chuva, os organizadores do bloco fizeram um concurso de dança. A iniciativa funcionou: meninos e meninas disputaram um espaço em frente ao palco para soltar o requebrado.

Visitante cativa do carnaval há dois anos, Cleane Cunha, 26, levou as filhas e sobrinhas para pular na cama elástica e curtir os shows. A chuva, segundo ela, não foi um problema: “Essa, na verdade, é a maior diversão delas: correr entre as poças, jogando espuma uma na outra”, comentou. O evento estava marcado na agenda da família desde o desfile do último domingo. “Elas gostaram muito e, naquele mesmo dia, perguntaram quando iríamos de novo”, lembrou-se.

Homenagens
Com um jogo de palavras que usa o nome do arquiteto responsável por vários dos edifícios de Brasília e faz referência a um gênero musical jamaicano, o Ska Niemeyer saiu às ruas em festa na Praça dos Prazeres, na 201 Norte. Marchinhas carnavalescas e frevos misturados ao ritmo que surgiu no país caribenho no fim da década de 1950 não deixaram ninguém parado. A lama formada pela tempestade de ontem não impediu que os foliões da cidade parassem de pular ao som da mesclagem musical carnavalesca.

Os músicos da banda homônima ao bloco apresentaram canções tocadas com instrumentos de sopro e bastante percussão. Acompanhada de três amigos, Poliana Lima Pedrosa, 29, chegou ao bloco despretensiosamente. “A gente não tinha itinerário certo. Só nos arrumamos e saímos atrás de uma bagunça legal. Estávamos passando pela quadra quando ouvimos o som do bloco. Achamos legal, então, paramos para aproveitar”, disse a publicitária, fantasiada de bailarina. “Carnaval de Brasília é tudo de bom, e dá para todo mundo curtir com respeito”, finalizou.
 
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Correio Braziliense terça, 05 de março de 2019

CARNAVAL BRASILIENSE: EMBALADOS PELOS BLOCOS DO RESPEITO

 


Embalados pelos blocos do respeito
 
 
Com destaque para a MPB e ritmos variados, Divinas Tetas e Aparelhinho agitaram o público no Setor Bancário Norte e no Setor Comercial Sul, em festas que enalteceram a diversidade e a proteção à mulher

 

» PATRÍCIA NADIR
» DANIEL JÚNIOR
ESPECIAIS PARA O CORREIO
» ANA VIRIATO
» IRLAM ROCHA LIMA

Publicação: 05/03/2019 04:00

Criado em 2015 para celebrar o Tropicalismo, o Divinas Tetas traz uma mescla de elementos da cultura popular brasileira com os do pop internacional, e atrai milhares de foliões todos os anos (Fotos: Minervino Junior/CB/D.A Press)  

Criado em 2015 para celebrar o Tropicalismo, o Divinas Tetas traz uma mescla de elementos da cultura popular brasileira com os do pop internacional, e atrai milhares de foliões todos os anos

 



A diversidade é o mote do grupo que tem música de Caetano como hino  

A diversidade é o mote do grupo que tem música de Caetano como hino

 



Nem a chuva que caiu em alguns momentos durante a tarde afastou o público que prestigiava o Aparelhinho  

Nem a chuva que caiu em alguns momentos durante a tarde afastou o público que prestigiava o Aparelhinho

 


“Eu organizo o movimento, eu oriento o carnaval, eu inauguro o monumento no Planalto Central do país”. Adotada como hino do Divinas Tetas, Tropicália, de Caetano Veloso, embalou a folia de cerca de 15 mil pessoas, ontem, no Setor Bancário Norte. No bloco que completou quatro anos nas ruas da capital federal houve de tudo — fantasias irreverentes, manifestações de cunho político e, até mesmo, pedido de casamento. O repertório, conforme manda a tradição, exaltou a Música Popular Brasileira (MPB), e os foliões fizeram coro por cerca de sete horas às canções de Gal Costa, Mutantes, Novos Baianos e outros clássicos.

Criado em 2015 para celebrar o Tropicalismo, que ocorreu no fim da década de 1960 com a mescla de elementos da cultura popular brasileira aos do pop internacional, o bloco experimenta o crescimento vertiginoso dos entusiastas. Há quatro anos, reuniu 8 mil pessoas no Setor Bancário Sul (SBS) e, hoje, atrai o dobro de foliões, com o mote de defesa da diversidade.

Mestre de bateria do Divinas Tetas, Thiago Cruz alega que a festividade se trata “de um ato político, de resistência”. “E a melhor forma de fazê-lo é unir pessoas de diferentes ideias e pensamentos. Prezamos pelo respeito e pela harmonia. Nosso carnaval é para todos. Aqui, violência e preconceito não são tolerados”, cravou.

Os ares de manifestação política ganharam destaque ao longo do evento. Após a banda tocar a música Odeio, de Caetano Veloso, parte do público entoou, por diversas vezes, a expressão “Ele não!”, usada pelos eleitores contrários à eleição de Jair Bolsonaro (PSL) na corrida presidencial.

Folia
Com muita animação e sem economizar na fantasia, os foliões lotaram o Setor Bancário Norte desde o começo da tarde, mesmo debaixo de chuva. A festa chegou a ser palco de um pedido de casamento. Jhoalerson Dias, 21, deixou a timidez de lado e subiu ao palanque para pedir a mão da amada, a estudante de comunicação Helena Ribeiro, 20. “Nós namoramos há um ano e três meses. O constrangimento até bateu, mas é amor demais aqui. Estou muito feliz com o ‘sim’”, comentou Jhoalerson. “Eu sou do Gama e ele de Juazeiro do Norte, no Ceará. Nos conhecemos na UnB (Universidade de Brasília) e, desde então, é só companheirismo”, completou Helena.

O bloco também conquistou o coração de quem curtiu o carnaval no quadradinho pela primeira vez. Em Brasília, para celebrar o casamento de amigos, os cariocas Bruno Dantas, 35, e Raquel Albuquerque, 33, aprovaram a folia. “Nós adoramos o carnaval e temos que admitir: nos surpreendemos com a festa que encontramos aqui. Antes, achávamos que a capital não tinha carnaval, mas vamos voltar com outra impressão para casa”, confidenciou a educadora Raquel.

O público cativo também se empolgou. Entusiasta do bloco desde a primeira edição, a dentista Thais Alves, 26, elogiou o repertório do Divinas Tetas. “É muito importante ressaltar a cultura popular brasileira. Além disso, o evento promove o encontro de pessoas diversas”, destacou. É o mesmo que pensa o publicitário Hugo Everaldo Rodrigues, 26, que descobriu o bloco por acaso no último ano. “Estava com minha irmã em outro evento quando ouvi uma música legal tocando ali perto e fui seguindo o som. Curto muito a festa, a organização, a diversidade, então, tornei tradição participar”, comentou.

Alegria
No Setor Comercial Sul, o bloco Aparelhinho brindou os foliões com a diversidade de músicas carnavalescas e muitas cores. Por volta das 16h, 600 pessoas curtiam a festa de Momo no local. Fantasiado de Harmonia do Samba, o morador da Asa Norte Caetano Maia, 32, era só alegria. “O melhor carnaval que vi, desde que moro nessa região. Muitas músicas boas”, pontuou.

Com trajes que faziam referência ao seu apelido — Black —, o músico Matheus Lacerda, 26, ficou satisfeito com o repertório. “Faz referência a outros estados do país, como Pernambuco, com o frevo; e Bahia, com o axé, por exemplo. Cada ano que passa, o carnaval da capital federal tem o poder de agradar a todos, seja de qual local forem”, contou Lacerda.

Nem os chuviscos e as poças d’água fizeram com que os foliões ficassem parados ao som de músicas de axé das cantoras baianas Daniela Mercury e Margareth Menezes, entre outras vozes conhecidas nacionalmente. “Carnaval cada vez melhor de curtir, se divertir e brincar. Temos à disposição ritmos de todo o país, além disso, temáticas, como proteção à mulher, que valorizam a festividade”, relatou o projetista Flávio Lobão, 30, morador da Asa Sul, que estava na companhia de mais dois foliões.



Escolha o melhor do carnaval

O Correio Braziliense premiará os melhores blocos do carnaval de Brasília. A escolha conta com o voto popular. Os leitores terão de 2 a 7 de março para votar nos grupos favoritos no site do jornal (www.correiobraziliense.com.br), onde está disponível o regulamento dos blocos elegíveis. Os três mais votados ganham os troféus, além do título de melhores blocos do carnaval de Brasília de 2019.

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Correio Braziliense segunda, 04 de março de 2019

CARNAVAL BRASILIENSE: COMEÇA COM ALEGRIA E TERMINA EM CONFUSÃO

 

Festa começa com alegria e termina em confusão
 
Milhares de foliões se reuniram no Eixo Monumental para curtir o som e a agitação dos tradicionais blocos Baratona e Raparigueiros. À noite, no entanto, vários episódios de violência foram registrados. Aos menos um policial militar e outras nove pessoas ficaram feridas

» ALAN RIOS
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ESPECIAIS PARA O CORREIO
» ANA VIRIATO

Publicação: 04/03/2019 04:00

Cerca de 90 mil participaram da festa nos dois blocos, de acordo com estimativa da Polícia Militar; foliões se concentraram próximo ao Mané (Fotos: Minervino Junior/CB/D.A Press)  

Cerca de 90 mil participaram da festa nos dois blocos, de acordo com estimativa da Polícia Militar; foliões se concentraram próximo ao Mané

 



A festa começou animada, ao som de ritmos variados. Com fantasias também diversas, o público aproveitou quase oito horas de folia  

A festa começou animada, ao som de ritmos variados. Com fantasias também diversas, o público aproveitou quase oito horas de folia

 



 


 


Jovem levou uma facada no tórax e foi transportado ao Hospital de Base. Polícia Militar apreendeu dezenas de facas na área central de Brasília  
Jovem levou uma facada no tórax e foi transportado ao Hospital de Base. Polícia Militar apreendeu dezenas de facas na área central de Brasília

No repertório, axé, funk, sertanejo, forró e música eletrônica. No figurino, fantasias, plaquinhas e muito brilho. Entre as festividades mais populares do carnaval brasiliense, o Raparigueiros e o Baratona uniram-se, ontem, no Eixo Monumental e receberam cerca de 90 mil foliões, conforme estimativa da Polícia Militar.
Apesar do mote “Eu sou do bloco do respeito”, adotado pela organização do Raparigueiros para os festejos, as horas que deveriam ser apenas de festa e alegria acabaram marcadas também pela violência: policiais apreenderam dezenas de facas, além de um machado. Um homem foi socorrido após levar uma facada e ao menos um policial milita ficou ferido.

A Polícia Militar não identificou o autor da facada, que ocorreu por volta das 19h30. Atendida pelo Corpo de Bombeiros no local, a vítima estava consciente e foi encaminhada ao Hospital de Base. Até as 22h de ontem não havia informações sobre o estado de saúde do paciente. Ao menos outras oito pessoas foram atendidas pela corporação, vítimas de facadas ou outros objetos perfurocortantes. O militar se feriu sem gravidade e precisou ser deslocado à mesma unidade de saúde.

Por volta das 21h, logo depois que os trios elétricos do Raparigueiros saíram em direção ao Buriti, parte dos foliões se desentendeu e houve troca de socos e pontapés. Policiais contiveram a confusão com spray de pimenta e golpes de cassetetes. Quem não tinha nada a ver com as brigas acabou sofrendo. Muitos foliões passaram mal ao inalar o gás. A dupla Willian e Marlon interrompeu o show para repudiar os atos. “Você que está brigando não merece estar aqui. O carnaval é um lugar de paz e de harmonia, e não de pancadaria. Isso é inadmissível”, protestaram.

Segundo a Secretaria de Segurança, 830 policiais atuaram no Eixo Monumental no horário do desfile dos dois blocos. Entre os itens apreendidos, além das facas e do machado, havia facões e tesouras. Os detidos compareceram à Cidade da Polícia, instalada ao lado da Torre de TV, para a assinatura do Termo Circunstanciado e receberam liberação.

Um dos organizadores do bloco Raparigueiros, Pedro Nery lamentou os episódios de violência durante a folia. “Como é um bloco amplo e que recebe pessoas de todos os cantos do DF, fica difícil saber quem vem para curtir e quem, infelizmente, vem mal-intencionado”, lamentou.

Ele explicou que, a cada ano, o grupo adota um mote “para pedir que os foliões não manchem a beleza da festa”. “Gostaríamos que todos que viessem à nossa festa pudessem aproveitar sem nenhum problema. Não vamos restringir a participação de nenhuma pessoa no bloco, pois não temos como saber quem vem até aqui querendo confusão, mas, nos próximos anos, continuaremos pedindo respeito. O carnaval deve ser alegre”, complementou.

A organização do Baratona registrou brigas entre participantes do bloco, mas afirmou que não houve feridos no espaço que ocupou. Garantiu ainda que os foliões passaram por revista na chegada ao evento.

Animação
A despeito dos episódios de violência, os blocos fizeram a festa de milhares de foliões. E como para a aposentada Helena Matos, 85 anos, carnaval só é carnaval se houver folia em família, ela levou os filhos e netos para curtir as festividades de Momo. “Sou carioca, e o carnaval está no meu sangue. Enquanto eu tiver fôlego, irei a cada um dos blocos que saírem nesta cidade”, afirmou.

Em meio a tantos foliões, Helena era uma das mais enfeitadas: não economizou no glitter e escolheu a máscara mais colorida para pular a festa. “Para mim, o carnaval só vale a pena se eu estiver bem-arrumada. Gosto de aproveitar ao máximo e, para isso, tenho que estar muito bonita. Gosto de chamar a atenção”, justificou. Uma das filhas dela, a dona de casa Solange Matos, 58, se fantasiou de princesa para curtir a festa. “Minha mãe é a rainha e eu, a princesa”, brincou.

Quem foi ao evento pôde curtir músicas de todos os estilos. O som, comandado pela banda Papel Machê e pela dupla sertaneja Willian e Marlon, fez os foliões tirarem os pés do chão, especialmente quando o trio do bloco deixou o estacionamento do Mané Garrincha e seguiu pelo Eixo Monumental em direção ao Palácio do Buriti.

A variedade musical motivou a atendente de caixa Tamara Lorena, 20, a marcar presença no local. “É o terceiro ano seguido que eu venho para o Raparigueiros. É um bloco de que gosto bastante. Para quem curte carnaval, é uma ótima pedida”, disse.

Ela e as amigas, a garçonete Ludmila Soares, 24, e a repositora Thays Santos, 26, apostaram na fantasia de Mulher Maravilha, super-heroína do universo DC. “Até compramos um cooler da Mulher Maravilha para trazer as nossas bebidas. Três mulheres bonitas como nós não poderiam vir vestidas de outra maneira. Quem sabe a gente não encontra algum Super-Homem”, brincou Ludmila. Foi o terceiro bloco que as amigas curtiram neste carnaval. “Até o momento, não tivemos nenhum problema. Em todos os lugares que passamos, fomos respeitadas”, opinou Thays.

Os dois trios elétricos do bloco Raparigueiros começaram a deixar o estacionamento do estádio por volta das 20h20. Para seguir os carros, os foliões se espremeram e disputaram um espaço para segurar os cordões de segurança que cercavam os veículos. “Não podemos perder nenhum momento dessa festa. Só vou embora amanhã de madrugada!”, garantiu a analista de sistemas Bárbara Brasil, 30, que caminhou ao lado do caminhão. Vestida de noiva, ela foi à festa com um único objetivo: achar o noivo. “Quem sabe, eu não dou sorte? Estou solteira. A gente não pode perder a esperança.”

Baratona e Raparigueiros saem às ruas novamente amanhã, entre as 17h e a 0h, novamente no Eixo Monumental, e devem reunir cerca de 150 mil foliões, segundo estimativa da Secretaria de Segurança.


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Correio Braziliense domingo, 03 de março de 2019

CARNAVAL BRASILIENSE: O BABYDOLL VOLTOU!

 


O Babydoll voltou!
 
 
Depois de um ano longe da folia, o bloco voltou a desfilar e agitou o público no início do fim de semana de carnaval. Organização estima que entre 50 mil e 60 mil pessoas compareceram ao Eixo Monumental para curtir a festa

 

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Publicação: 03/03/2019 04:00

O bloco se reuniu em frente ao Estádio Nacional Mané Garrincha, ao som da canção de Robertinho do Recife e Caetano Veloso; música continuou mesmo depois de a chuva começar (Minervino Junior/CB/D.A Press)  

O bloco se reuniu em frente ao Estádio Nacional Mané Garrincha, ao som da canção de Robertinho do Recife e Caetano Veloso; música continuou mesmo

depois de a chuva começar

 (Minervino Junior/CB/D.A Press)  
 
 (Minervino Junior/CB/D.A Press)  
 
 (Minervino Junior/CB/D.A Press)  
Foliões começaram a chegar no início da tarde, às 13h, e muitos ficaram até o trio elétrico anunciar o fim do bloco e se despedir (Minervino Junior/CB/D.A Press)  

Foliões começaram a chegar no início da tarde, às 13h, e muitos ficaram até o trio elétrico anunciar o fim do bloco e se despedir

 

 
 
“Babydoll de Nylon combina com você”: o refrão mais famoso da folia brasiliense voltou, ontem, a embalar o carnaval da capital. Depois de um ano longe das festividades do Rei Momo, a estimativa dos organizadores é de que o bloco tenha reunido entre 50 e 60 mil pessoas no estacionamento do Estádio Nacional Mané Garrincha, segundo a Polícia Militar — a expectativa de público era de 50 mil foliões. Ao som da canção de Robertinho do Recife e Caetano Veloso, lançada em 1983, todos pularam e dançaram por horas a fio. Nem mesmo a chuva torrencial que teve início às 17h comprometeu a animação.
 
Na folia, o figurino predominante era o babydoll, como manda a tradição do bloco, que saiu às ruas pela primeira vez em 2011. A fonoaudióloga Evelin Moura, 42 anos, não fugiu à regra. Vestida em peças cor-de-rosa, chegou cedo ao local para festejar, mesmo sozinha. “Estou comemorando duas semanas de divórcio”, disse. “Tem coisa melhor do que carnaval?”, brincou.
 
Outros ousaram nas vestimentas. Fantasiada de Chiquinha e com uma plaquinha pendurada ao pescoço que dizia “Minha fantasia é realizar as suas”, a estudante de física Maria Eduarda Lemos, 23 anos, saiu de Samambaia Sul e curtiu a festa do início ao fim. “Meus padrinhos se conheceram no carnaval há 10 anos e são felizes até hoje. Quem sabe meu par perfeito não está no meio desse tanto de gente?”, questionou.
 
O evento atraiu foliões de todas as idades e localidades. Mesmo morando em Catalão (GO), a universitária Kássia Cristiane Gomes, 24, marcou presença no carnaval brasiliense. Para não perder a festividade, viajou com 30 amigos. “Vamos a todos os blocos até quarta-feira. Esse período valoriza a cidade e está atraindo gente de fora também”, disse.
 
No embalo da campanha contra a importunação sexual, ela estava munida de um dos milhares de apitos distribuídos pela Polícia Militar nos blocos para a denúncia de assédios. “Faz toda a diferença para a conscientização por essa causa. Neste ano, a galera está mais preocupada”, afirmou a estudante do curso de engenharia agronômica.
 
Família
 
Na festa, havia também diversas famílias. Grávida de cinco meses, a coordenadora de call center Viviane Gonçalves, 33, e o marido, Samuel Matias, 31, participaram do bloco pela primeira vez para acompanhar as duas filhas adolescentes. Enquanto elas se divertiam, o casal acompanhava a festa em ritmo mais tranquilo. “Curtimos mais ficar em casa. Gostamos de algo mais tranquilo. Mas viemos para monitorar as meninas”, contou Viviane.
 
O circuito de carnaval da família em anos anteriores costumava acontecer no Eixão, no bloco dos Raparigueiros. Com a gravidez, no entanto, Viviane optou por aproveitar o dia com mais calma. “Pelo que nos disseram sobre anos anteriores, o Mané Garrincha foi melhor e com mais espaço. Para gestantes, é bom evitar ficar no meio da muvuca”, comentou. As filhas também receberam recomendações: “Marcamos um ponto de encontro e ficamos com o celular delas. Também falamos para não receberem bebidas, dizerem que estão acompanhadas dos pais e evitarem ficar no meio da confusão”, destacou Viviane.
 
Mãe de cinco filhos, Cleidimar Carvalho costumava frequentar blocos mais calmos. Neste ano, atendeu aos pedidos dos agora adolescentes e encorpou o público do Babydoll. “A gente ia muito para o Baratinha quando eles eram novinhos, mas já não é mais uma festa atrativa para eles. Então, viemos para o Babydoll e até colocamos as fantasias que eles escolheram”, explicou.
 
A chuva que encobriu o evento começou no fim da tarde. Para fugir do temporal, muitos se esconderam embaixo de árvores e tendas. Foliões recorreram ainda a barraquinhas, à 5ª Delegacia de Polícia e até mesmo ao Brasília Shopping. O local recebeu tantos foliões que a vidraça de uma loja acabou quebrada, após um esbarrão, por volta das 18h. O centro comercial chegou a ser fechado por alguns momentos e diversos lojistas preferiram encerrar as atividades mais cedo. Segundo divulgou a assessoria de imprensa do shopping, o fato tratou-se de um episódio isolado devido à multidão e a situação foi controlada horas depois.
 
Apesar da chuva torrencial, muitos permaneceram aos pulos. De tempos em tempos, os organizadores do evento faziam questão de lembrar ao microfone o lema do bloco. “Não aceitamos machismo, homofobia, racismo. Aqui, a gente acredita no amor”. Ao fim do evento, a promessa do retorno: “Até ano que vem!”.
 
Leia mais das páginas 18 a 20, 24 e no Diversão&Arte 
 
 
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O Correio Braziliense premiará os melhores blocos do carnaval de Brasília. A escolha conta com o voto popular. Os leitores terão de 2 a 7 de março para votar nos grupos favoritos no site do jornal (www.correiobraziliense.com.br), onde está disponível o regulamento dos blocos elegíveis. Os três mais votados ganham os troféus, além do título de melhores blocos do carnaval de Brasília de 2019.
 

Correio Braziliense sábado, 02 de março de 2019

CARNAVAL BRASILIENSE: FAÇA A FESTA

 


Faça a festa
 
 
!Fim de semana de carnaval começa com a volta do Babydoll de Nylon e blocos para crianças. Comemorações vão até depois da meia-noite

 

» AUGUSTO FERNANDES
ESPECIAL PARA O CORREIO

Publicação: 02/03/2019 04:00

 
 
Uma das épocas mais esperadas pelos brasileiros finalmente chegou! A partir deste fim de semana, Brasília cairá na folia do carnaval e será palco de dezenas de blocos que devem atrair pelo menos 1,6 milhão de pessoas até domingo da semana que vem. Dentre as atrações que prometem agitar as ruas da cidade, existem alternativas para todos os gêneros, gostos e idades. Hoje, quem quiser sair de casa para festejar poderá escolher entre 21 blocos, que animarão as tardes e noites do Plano Piloto e de outras cidades do DF.
 
O grande destaque deste sábado será a volta do Babydoll de Nylon, que não desfilou em 2018. De endereço novo, no estacionamento do Estádio Nacional Mané Garrincha, o bloco deve ser o mais frequentado do dia. Por enquanto, a previsão de é de que 70 mil foliões curtam o evento — na última edição, em 2017, ainda na Praça do Cruzeiro, 160 mil pessoas estiveram no Babydoll. A festa começa às 13h e termina às 20h. Neste ano, o bloco estreará a própria banda, a Sound’Nylon, que deve misturar diferentes ritmos musicais durante a festividade, como axé, brega, pagode, sertanejo e rock.
 
Ainda no centro de Brasília, outra opção de entretenimento é o Concentra Mas Não Sai, que foi idealizado por moradores da 404 e 405 Norte em 2001. Previsto para durar das 16h às 22h, o bloco contará com diversas atrações musicais, como o músico Marcelo Sena, as bandas Ki Bloco é Esse e Pimenteira, além da escola de samba Acadêmicos da Asa Norte.
 
Perto dali e no mesmo horário, o Rejunta meu Bulcão vai agitar o Setor Bancário Norte, com sons da DJ Karla Testa e das bandas Ventoinha de Canudo, As Batuqueiras, Filhas de Oyá e Capivara Brass Band. Um dos pontos altos do bloco será o concurso de fantasia, que premiará os looks mais interessantes e criativos inspirados na obra de Athos Bulcão. Feito em 2013, o Rejunta meu Bulcão tem por princípio “rejuntar” a diversidade cultural em sua programação, misturando ritmos, assim como é a cultura de Brasília. Simultaneamente às duas festas, o estacionamento 4 do Parque da Cidade receberá o bloco Rebu, conhecido por pregar a defesa à diversidade de gênero.


Fique por dentro dos blocos infantis

Carnapati
Idealizado em 2009 pelo Teatro Mapati, o Carnapati usa um formato lúdico para ir às ruas de Brasília. A ideia é oferecer um carnaval com brincadeiras para as crianças. O bloco acontece hoje, das 8h às 13h, no estacionamento 4 do 
Parque da Cidade.
 
Meu Balão Voou
Meu Balão Voou é um bloco infantil que ocorrerá no gramado da Torre de TV. Hoje e segunda-feira haverá diversas atrações para a criançada das 12h às 19h.
 
Carnaval Social no Lago Norte
Hoje, o Carnaval Social levará oficinas, cultura e serviços a comunidades do Distrito Federal. Serão oferecidos a jovens do Varjão, Estrutural e Sol Nascente cursos de capacitação em audiovisual, discotecagem, fotografia e elaboração de projetos culturais que serão desenvolvidos em parceria com a Central Única das Favelas (Cufa). O Carnaval Social será realizado em estruturas móveis equipadas com salas de aula, estúdio e palco para apresentação de artistas locais, das 9h às 17h, 
na Prainha do Lago.
 
Carnabagagem
Das 16h às 19h de hoje, na quadra 40 do Setor Central do Gama. Uma festa embalada ao som de marchinhas carnavalescas, animada pelos brincantes da popular Cia. de Bonecos do Gama.
 
Mamãe me Carrega
Fundado em 2017, o bloquinho Mamãe me Carrega conta com muita música e contação de histórias, no parque da 105 Sul. 
A folia está marcada para o domingo. Começará às 9h e se encerrará às 13h. A entrada é de graça.

Menino de Ceilândia
Nas ruas de Ceilândia desde 1995, o bloco Menino de Ceilândia tem como principal objetivo suprir a falta de entretenimento e atividades culturais da cidade. O nome do bloco surgiu devido ao fato de que na época muitos adolescentes se tornaram pais e as crianças nasciam sem acesso à cultura, lazer e entretenimento. A festa ocorre domingo e terça-feira, das 15h às 22h, na CNM 01, Ceilândia Centro, e é gratuita e acessível à comunidade.
 
Ovelha Kids
O bloquinho Ovelha Kids, neste ano, oferece diversas atrações musicais no domingo e na terça-feira, no Taguaparque. A entrada gratuita e a classificação indicativa, livre.
 
Pintinho de Brasília
Apesar de novo, a folia do Galinho Infantil, o Pintinho de Brasília, é um sucesso entre a criançada. Ano passado, em sua primeira edição, arrastou 2 mil pequenos. Neste ano, o bloquinho vai às ruas na segunda-feira, das 9h às 12h, no Setor Bancário Sul.
 
Bailinho de Carnaval 
Com uma programação recheada, o Bailinho de Carnaval recebe a criançada no estacionamento lateral do Terraço Shopping na terça-feira, das 12h às 18h, com diversas atividades infantis, como cama elástica, área baby, piscina de bolinhas, pintura de rosto, DJ e com a banda de percussão ‘Maria Vai Casoutras’.


Confira os blocos deste sábado

» Desfile de Escola de Samba - 15h às 22h
Rua 31 Sul - Paralela à Avenida Boulevard Sul - Transversal a Rua das Araucárias
 
» Bloco Toca do Samba - 15h à 22h
Av. Castanheira - Estacionamento em Frente ao Vitrinni Shopping
 
» Carnaval Social no Lago Norte - 9h às 17h 
Prainha do Lago
 
» Carnareggae - 16h20 à 1h 
Em frente ao Museu Nacional de Brasília (SCS lt. 2)

» Bloco A Vida é um Doce - 13h às 20h 
Área Pública em Frente a Administração - Quadra 101
 
» Bloco Samambaia - 15h às 22h 
Eixão da Alegria - Centro Olímpico
 
» Carnaval Social do Sol Nascente - 17h às 22h
Trecho I, próximo à UPA em frente à Feira do Produtor
 
» Bloco Babydoll de Nylon - 13h às 20h 
Estacionamento do Estádio Nacional Mané Garrincha
 
» Carnaval Pra Popular – Bloco do Periquito - 15h às 22h
Estacionamento do Bezerrão/Cine Itapoã
 
» Rebu – O Bloco - 15h às 22h 
Estacionamento 04 do Parque da Cidade
 
» Carnaval do Beco da Cal – Confronto Sound System - 17h à 0h
Setor Comercial Sul, beco da Quadra 4
 
» Bloco Do Quadrado / Bloco do Nanan - 15h às 23h 
SAN Quadra 4, atrás da 201 Norte
 
» Arrota mas não Gorfa - 12h às 19h 
Praça da Igrejinha - Vila Planalto
 
» Patubatê a Mamata Difícil – Carnaval Palco Central - 16h às 0h 
Setor Comercial Sul - Praça Central; Praça do Metrô; Praça dos Artistas
 
» Concentra Mas Não Sai - 16h às 22h 
CLN 404/405 Norte
 
» Vem Kem Ker - 15h às 22h
Av. Comercial, Estrutural
 
» Carnabagagem - 16h às 19h 
Gama - SCE Quadra 40 Comércio Local
 
» Carnaval do Asé Dudu - 17h às 23h 
Taguaparque
 
» Rejunta Meu Bulcão - 15h às 22h 
Setor Bancário Norte
 
» Bloco Infantil Meu Balão Voou - 12h às 19h 
Gramado da Torre de TV
 
» Maria Fumaça - 18h 
Setor Comercial Sul, quadra 5, bloco C
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Correio Braziliense quinta, 28 de fevereiro de 2019

ALEGRIA, ALEGRIA!

 

Alegria, alegria!
 
 
 

Por Marina Julião*
Por Ana Flávia Castro*

Publicação: 24/02/2019 04:00

A produção da vez traz um toque mais sofisticado sem perder a irreverência carnavalesca. Com o mesmo look, é possível transitar entre os bloquinhos de rua e as festas noturnas.  

A produção da vez traz um toque mais sofisticado sem perder a irreverência carnavalesca. Com o mesmo look, é possível transitar entre os bloquinhos de rua e as festas noturnas.

 

Carnaval é tempo de ousar nas produções e fazer todo tipo de mistura de cores, estampas e texturas. O conforto também é fundamental. Para as animadas que encaram um dia inteiro de bloquinhos de rua, é preciso escolher peças frescas e apropriadas para a maratona. Os bailes mais glamourosos também merecem um toque descontraído.
 
Fantasias temáticas superelaboradas, uniformes para grupos de amigos ou todos os itens coloridos do seu guarda-roupa reunidos, no carnaval há espaço para tudo. A única regra é a diversão.
 
Com serpentinas, confetes e glitter a postos, confira as sugestões da Revista para abrilhantar a produção carnavalesca. Do glamour chique até os mais discretos, existem opções para todos nesta festa. 
 
*Estagiárias sob supervisão de Sibele Negromonte
 
 
Agregar a graciosidade do flamingo é uma ótima opção para desfilar pelos bloquinhos. Os óculos dão um ar divertido ao look, sem esquecer da proteção, e as penas funcionam em várias produções: desde um broche, para as mais discretas, quanto ombreiras, para as antenadas. 
 
Vanessa usa body metálico (R$120) e saia (R$ 89) da Minha Colombina; ombreiras da Avanzzo, (R$ 248,80 cada); óculos de flamingo Renner (R$ 49,90) e brinco da Tombô (R$ 25).
 
 
Animal print é um dos destaques do verão. Aproveite a onda e invista em produções divertidas com a estampa. As franjas também estão de volta. Exiba a veia fashionista que existe em você!
 
Kamila usa biquíni da Renner (R$ 69,90, o top, e R$ 69,90, a calcinha); cropped Raissa, disponível na Q.U.A.D.R.A (R$ 725); brinco Meu Trintão (R$ 30); coroa Avanzzo (R$ 268,80) e sandália Fabiana Milazzo, disponível na Q.U.A.D.R.A (R$ 688).
 
 
O frescor do carnaval combina com produções coloridas e florais. Os bodies e maiôs com um quê de tropicalismo estão em alta para quem quer entrar no clima da folia e seguir a tendência do verão. 
 
Kamila usa maiô Adriana Degreas, disponível na Q.U.A.D.R.A (R$ 1.990); quimono Renner (R$ 99,90) e tiara Deusa Girassol, da Borogodó (R$ 150). O brinco é acervo pessoal.
 
Jornal Impresso

Correio Braziliense quarta, 27 de fevereiro de 2019

OSCAR 2019 - IGUALDADE PREMIADA

 


A igualdade premiada na festa das estatuetas
 
 
Junto com a vitória do melhor filme, Green book, rentáveis filmes de Hollywood, como Pantera Negra e Bohemian Rhapsody, sustentam a projeção dos marginalizados, ainda destacados em Roma, que deu Oscar a mexicano

 

Ricardo Daehn

Publicação: 25/02/2019 04:00

O elenco e a direção de Green book sobe ao palco para receber o prêmio principal da noite (Kevin Winter/AFP)  

O elenco e a direção de Green book sobe ao palco para receber o prêmio principal da noite

 

 
 
 
Ao som de Queen, houve quebra de protocolo na largada da 91ª festa do Oscar, quando o cantor Adam Lambert, ao lado do guitarrista Brian May, entoou a proposta da noite: ser diferenciada, ao som de We will rock you e We are the champions, e com um tom emotivo cristalizado na projeção da imagem de Freddie Mercury no telão. Não foi o caso do muito barulho por nada: Bohemian rhapsody, que homenageia o Queen, levou prêmios de melhor edição de som e de mixagem de som. Na vitória da melhor montagem, também pelo filme, o premiado John Ottman disse que Freddie havia conseguido reunir os profissionais do filme “como fazia com o público”.
 
Num caso muito raro, o Oscar de melhor filme caiu nas mãos de uma fita cujo diretor (Peter Farrelly) não era candidato: Green book — O guia. Feita “com amor, com carinho e com respeito”, nas palavras do produtor, Jim Burke, a produção trata do relacionamento cada vez mais integrado entre dois homens a princípio muito diversos: um artista negro (vítima de racismo) e um motorista branco de comportamento bronco. “Somos todos iguais, e sem o Viggo Mortensen (protagonista) não teríamos esse filme”, salientou Peter Farrelly, um dos produtores.
 
No palco, a cinebiografia de ótima bilheteria (cerca de US$ 860 milhões, mundo afora) Bohemian Rhapsody também rendeu Oscar para o melhor ator: Rami Malek. Com voz composta de fusões entre a sua voz e a sonoridade de terceiros, o ator levou o prêmio pela caracterização do cantor Freddie Mercury. Na cerimônia, celebrou o “monumental momento” da vitória, lembrando os problemas de identidade, de assumir a “voz” dele, e emendou com o fato de Mercury ter vivido a vida sem pedir desculpas, sendo imigrante e gay. A identificação, no palco, gerou a emoção do discurso de Malek, ao se afirmar filho de imigrantes egípcios.


Spike lee, vencedor de roteiro adaptado com Infiltrado na Klan (Kevin Winter/AFP)  

Spike lee, vencedor de roteiro adaptado com Infiltrado na Klan

 



Filme em espanhol e feito com imagens em preto e branco, Roma trouxe o segundo Oscar de melhor diretor para o mexicano Alfonso Cuarón. “Nunca me canso de subir no palco”, brincou. O longa trata do destino de uma empregada doméstica e teve por inspiração a infância do realizador. “Como artistas, nosso dever é olhar para os ignorados (...) Muchas gracias, México!”, festejou.
 
Um momento inesperado foi a vitória da melhor atriz, a britânica Olivia Colman, por A favorita. Estressada, como se disse, ela desbancou a colega Glenn Close. “Isso é hilário: ganhei o Oscar. Glenn Close, você é um ídolo há tanto tempo”, comentou. Numa linha coerente com as indicações que apontaram para a diversidade, os coadjuvantes negros venceram estatuetas: Mahershala Ali (depois de ganhar por Moonlight, há dois anos), venceu pela representação do pianista Doc Shirley, em Green book. Questões raciais também atravessam a melhor animação em longa-metragem, Homem Aranha no aranhaverso.
 
Pantera Negra, pelo figurino, levou ao reinado não apenas os habitantes de Wakanda, mas a experiente figurinista negra Ruth E. Carter, pela primeira vez premiada. Pelo mesmoo filme, Hannah Beachler fez um discurso potente e emocionado contando o porquê de “ser mais forte”, depois da experiência de vencer o Oscar de melhor direção de arte. Mulheres mostraram a força, vencendo ainda (em duplas criativas) à frente do melhor curta de animação (Bao) e melhor curta documental (Absorvendo um tabu).
 
Mais de 20 anos depois da última concorrência em Oscar competitivo, o corroteirista (e diretor) de Infiltrado na Klan, Spike Lee, venceu o Oscar de roteiro adaptado. No palco, ao exaltar os ancestrais, Lee fez questão de sublinhar que “no curto mês de fevereiro, os norte-americanos comemoram o mês da consciência negra”. E completou: “Estamos num momento poderoso, próximo de novas eleições (nos EUA): temos de optar entre o amor e o ódio. Vamos fazer a coisa certa”.
 
 
 
Premiados
 
Filme
• Green Book - O guia
 
Ator
• Rami Malek (Bohemian Rhapsody)
 
Atriz
• Olivia Colman (A favorita)
 
Diretor
• Alfonso Cuarón (Roma)
 
Atriz coadjuvante
• Regina King (Se a rua Beale falasse)
 
Trilha sonora original
• Pantera Negra
 
Ator coadjuvante
• Mahershala Ali (Green Book - O guia)
 
Roteiro adaptado
• Infiltrado na Klan
 
Roteiro original
• Green Book - O guia
 
Edição
• Bohemian Rhapsody
 
Fotografia
• Roma
 
Filme de língua estrangeira
• Roma
 
Melhor animação
• Homem-Aranha no Aranhaverso
 
Figurino
• Pantera Negra
 
Curta-metragem
• Skin
 
Edição de som
• Bohemian Rhapsody
 
Mixagem de som
• Bohemian Rhapsody
 
Curta de animação
• Bao
 
Direção de arte
• Pantera Negra
 
Canção original
• Shallow (Nasce uma estrela)
 
Efeitos visuais
• O primeiro homem
 
Maquiagem e penteado
• Vice
 
Documentário
• Free Solo
 
Documentário curta-metragem
• Period. End Of Sentence
 

Correio Braziliense terça, 26 de fevereiro de 2019

CARNAVAL: IRREVERÊNCIA E INCLUSÃO

 

Aquecimento democrático
 
 
Tem festa para todos os gostos e estilos na preparação para a folia oficial. Neste domingo, o df ganhou um bloquinho voltado a doenças incomuns. Brasilienses também aproveitaram o dia em outros embalos

 

Renata Rusky
Marina Adorno
Especial para o Correio

Publicação: 25/02/2019 04:00

 (Barbara Cabral/Esp. CB/D.A Press
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 (Barbara Cabral/Esp. CB/D.A Press
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O aquecimento para a festa do rei Momo continua a todo vapor na capital federal — e há espaço para todos os tipos de foliões. Folia por pura diversão entral de Brasília, segundo a Polícia Militar, e a tendência é que a multidão só cresça.
 
 (Barbara Cabral/Esp. CB/D.A Press
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Bloco dos Raros 
 
A folia de pacientes de doenças raras e suas famílias movimentou o Eixão Norte. Pela manhã, o grupo se reuniu para curtir o pré-carnaval e conscientizar o público com relação a essas enfermidades pouco usuais. O Bloco dos Raros estreou com participação da banda infantil de ro com viés social marcou o domingo em Brasília. No último fim de semana antes do carnaval oficial, crianças e adultos ocuparam as ruas das cidades em bloquinhos com história ou estreantes. Nesta época do ano, os brasilienses aproveitam para se apropriar, se expressar, dançar e brincar nos espaços públicos. No sábado, pelo menos 5 mil pessoas foram festejar na área ceck Os Minhocas e da escola de samba da Aruc (Associação Recreativa Cultural Unidos do Cruzeiro). Lauda Santos, uma das organizadoras do evento e diretora executiva da Associação Maria Vitória (Amavi), de doenças raras e crônicas, quer trabalhar para que o movimento passe a integrar o calendário do carnaval brasiliense.
 
Usando cores neon dos pés à cabeça, Lauda leva a sério tanto a folia quanto os desafios dos pacientes. “É um meio de mostrarmos que são pessoas normais, que vivem vidas normais e não transmitem doenças”, afirma. Ela estima que pelo menos 10 patologias raras foram representadas ali, das mais de 8 mil existentes. O evento também marcou a fundação da Federação Brasileira de Doenças Raras. Quem ouve falar em pessoas com problemas de saúde incomuns pode pensar que se trata de uma pequena parcela da população. No entanto, o grupo é representativo: o Ministério da Saúde estima que existam 13 milhões de pacientes nessas condições no Brasil. Isso porque, embora cada doença tenha poucos casos, somados, eles formam uma grande comunidade.
 
O militar Rômulo Marques, 59 anos, pai de um adulto hemofílico (pessoas com baixíssima coagulação sanguínea), explica que, para cada enfermidade rara, há dificuldades específicas, seja no diagnóstico, seja no tratamento, mas há também desafios em comum. “Com a Federação Brasileira de Doenças Raras, teremos mais força para fazer valer nossos interesses compartilhados”, comemora. A advogada Roseane Pimentel, 63, tem quatro filhos; três deles, com doenças raras. A filha dela é adulta e a pessoa mais velha com a síndrome de Ondine, condição que impede a pessoa de respirar enquanto dorme.
 
O problema é responsável por mais de 90% das mortes súbitas no berço. Roseane reconhece a sorte e o privilégio que a família teve de manter a filha sempre com respiração mecânica. Também estiveram no Bloco dos Raros representantes da Associação Brasileira de Síndrome de Rett (Abre-te), desordem do desenvolvimento neurológico que atinge uma em cada 10 mil a 20 mil meninas. Lidiane Bezerra, representante da associação, explica que muitos casos são confundidos com autismo.
 
O presidente da Aruc, Moacyr Oliveira, também tem uma experiência relacionada ao bloco. Ele tem uma filha de 22 anos que nasceu com duas fraturas na perna e foi diagnosticada com osteogênese imperfeita (também denominada ossos de vidro), caracterizada por esqueleto frágil. A jovem precisou fazer um tratamento no Canadá, que hoje está disponível no Brasil. Moacyr é um dos fundadores da Associação Brasileira de Osteogênese Imperfeita (Aboi). Atualmente, a filha está formada e trabalha, apesar de não andar. “É uma honra participar desse bloco”, anima-se.
 
 (Barbara Cabral/Esp. CB/D.A Press
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 (Barbara Cabral/Esp. CB/D.A Press
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Para todos
 
O céu nublado e a promessa de chuva não impediram a animação da festa no domingo. No Setor Bancário Norte, uma multidão curtiu o tradicional bloco Cafuçu do Cerrado, ao som de Felipe Cordeiro e banda, da orquestra do bloco e de Djs. Evelynne Gubert, 30 anos, se juntou à muvuca com cinco amigos. Para o grupo, a presença é obrigatória: eles se conhecem desde o 1º ano do ensino médio e mantêm a tradição de comparecer todo ano ao bloco fantasiados com roupas de academia, homenageando a década de 1980. 
 
“A gente teve essa ideia e fez o maior sucesso. Então, decidimos continuar. É sempre divertido”, conta Evelynne. Hoje, novos amigos e namorados se juntaram à formação original.  Eles também costumam ir juntos para outros blocos e, às vezes, combinam fantasias. Porém, os trajes dos anos 1980 sempre ficam guardados para o próximo ano. Ana Luíza Gabatteli, 28, é uma carnavalesca dedicada e criativa que está sempre em busca de novas ideias. “Não gosto de repetir”, garante.
 
No Cafuçu do Cerrado, ela se vestiu para homenagear o personagem Russel, do desenho Up — Altas Aventuras. A jovem confeccionou todos os detalhes do traje. “Eu procuro ideias fáceis de fazer na internet. Não gosto de comprar fantasias prontas”, explica. No sábado, no bloco Essa Boquinha Eu Já Beijei + Tuthankasmona, ela estava vestida do jogo Twister. Cada traje é pensado com três semanas de antecedência.
 
A família Borges adora o carnaval de rua brasiliense e não perde a chance de curtir o clima de descontração. Vitor, 38, Tânia, 34, Lívia, 36, e Miguel, 7, aproveitaram o Cafuçu do Cerrado juntos. “Ainda é tranquilo vir para os blocos com crianças, basta ter algo para entretê-las e entrar no clima”, garante Lívia.
 
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Correio Braziliense domingo, 24 de fevereiro de 2019

MADURO ROMPE COM A COLÔMBIA

 


VENEZUELA 
 
Maduro rompe com a Colômbia
 
Em dia marcado por violentos confrontos na fronteira, com mais de 200 feridos, o presidente chavista corta as relações diplomáticas com Bogotá e expulsa os diplomatas. Comboios de ajuda humanitária ficam retidos

 

Publicação: 24/02/2019 04:00

Maduro discursa para milhares de simpatizantes, em Caracas: ataques ao governo colombiano e ao  

Maduro discursa para milhares de simpatizantes, em Caracas: ataques ao governo colombiano e ao "fantoche" Juan Guaidó

 

 
A ajuda humanitária não passou, mas a face mais violenta do impasse político na Venezuela chegou às fronteiras com o Brasil e a Colômbia, onde manifestantes contrários ao presidente Nicolás Maduro enfrentaram as forças de segurança — à distância de metros dos marcos de divisa —, ergueram barricadas e incendiaram veículos e postos aduaneiros. Embora tenham sido registradas três mortes na região fronteiriça brasileira (leia abaixo), a violência foi mais intensa nas pontes que ligam o território venezuelano à cidade colombiana de Cúcuta, com saldo de ao menos 285 feridos. E teve resultado político dramático: discursando para milhares de simpatizantes, em Caracas, Maduro anunciou o rompimento das relações diplomáticas com a Colômbia e expulsou todos os diplomatas do país vizinho.
 
“Decidi romper todas as relações políticas e diplomáticas com o governo fascista da Colômbia, e todos os seus embaixadores e cônsules devem partir da Venezuela em 24 horas. Fora daqui, oligarquia!”, proclamou o presidente chavista. A Colômbia é o segundo país com o qual o governo de Caracas rompe relações desde que o líder oposicionista Juan Guaidó foi proclamado presidente interino pela Assembleia Nacional, em 23 de janeiro. No mesmo dia, Maduro anunciou o rompimento com os Estados Unidos, em resposta ao reconhecimento imediato de Guaidó pelo presidente Donald Trump. Colômbia e Brasil estão também entre os primeiros dos 50 países que hoje reconhecem o presidente interino.
 
Empenhado em se contrapor à mobilização dos adversários em torno da ajuda humanitária, no dia marcado por Guaidó para a entrada dos donativos, o presidente chavista promoveu na capital uma grande manifestação de apoio — e elegeu o mandatário colombiano como alvo principal. “Você é o diabo, Iván Duque. Você é o diabo, e você secará por se meter com a Venezuela”, ameaçou. “Vade retro satanás, fora daqui, diabo!” Maduro dirigiu ofensas também ao líder oposicionista, que se deslocou a Cúcuta para acompanhar a operação humanitária. “Estamos esperando pelo senhor fantoche, palhaço, fantoche do imperialismo americano e mendigo”, disparou.

Venezuelanos lançam pedras contra as forças de segurança na ponte internacional entre Cúcuta (Colômbia) e Ureña (Raul  Arboleda/AFP)  

Venezuelanos lançam pedras contra as forças de segurança na ponte internacional entre Cúcuta (Colômbia) e Ureña

 



Em reação inicial, o governo de Bogotá reiterou que não reconhece como presidente da Venezuela o chavista, a quem chamou de “usurpador”, e por isso ignora o anúncio. “Maduro não pode romper relações diplomáticas que a Colômbia não tem com ele”, tuitou a vice-presidente Marta Lucía Ramírez. O chanceler Carlos Holmes Trujillo lembrou que Guaidó “convidou os funcionários diplomáticos e consulares colombianos para que permaneçam em território venezuelano”, e advertiu o governo de Caracas a garantir a sua segurança. “A Colômbia culpa o usurpador Maduro por qualquer agressão ou desconhecimento dos direitos que as autoridades colombianas têm na Venezuela”, afirmou.
 
Batalha campal
 
A fronteira entre os dois países, fechada pelo governo de Caracas, transformou-se ao longo do dia em campo de batalha, em especial nas pontes que ligam localidades venezuelanas à cidade colombiana de Cúcuta. Dois caminhões chegaram a passar com remédios e alimentos não perecíveis em direção à cidade de Ureña, onde foram incendiados por grupos paramilitares chavistas — segundo denunciaram políticos oposicionistas. “As pessoas estão salvando a carga do primeiro caminhão e cuidando da ajuda humanitária que Maduro, o ditador, mandou queimar”, denunciou a deputada Gaby Arellano, que disse haver 15 feridos leves por balas de borracha e afetados por gás lacrimogêneo.
 
“Nossos voluntários corajosos estão formando uma corrente para salvaguardar a comida e os medicamentos. A avalanche humanitária é incontrolável”, assegurou Guaidó. Ele foi acompanhado em Cúcuta por Iván Duque e pelos presidentes do Chile, Sebastián Piñera, e do Paraguai, Mario Abdo, além do secretário-geral da Organização de Estados Americanos (OEA), Luis Almagro. Guaidó saudou a deserção de 23 integrantes da Guarda Nacional venezuelana que cruzaram para o lado colombiano. O presidente interino reiterou a oferta de anistia aos militares que abandonarem Maduro.
 
Até o início da noite, manifestantes erguiam barricadas com placas de sinalização do lado colombiano da ponte entre Cúcuta e Ureña. Com apoio também de civis colombianos, grupos atacaram e incendiaram um posto de imigração e atiraram pedras contra as forças de segurança venezuelanas, que responderam com gás lacrimogêneo e balas de borracha.
 
 
 
“Você é o diabo, Iván Duque. Você é o diabo, e você secará por se meter com a Venezuela”
Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, dirigindo-se ao mandatário colombiano
 
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Correio Braziliense sábado, 23 de fevereiro de 2019

CARNAVAL DE BRASÍLIA: PREPARADOS PARA A FOLIA

 


Preparados para a folia
 
 
De opções baratas para confeccionar a própria fantasia a trajes prontos para cair no samba, o comércio do Distrito Federal oferece opções diversas e em diferentes regiões administrativas

 

NATÁLIA FERREIRA*

Publicação: 23/02/2019 04:00

A consultora de moda Carla Xavier afirma que há diversas opções acessíveis na cidade
 (Fotos: Carlos Vieira/CB/D.A Press
)  

A consultora de moda Carla Xavier afirma que há diversas opções acessíveis na cidade

 

Com a proximidade do carnaval, a procura por fantasias e adereços aumenta. Para a alegria dos que vão se divertir no próximo feriado, o comércio do DF dispõe de opções baratas e práticas para a confecção ou compra de trajes característicos e cheios de personalidade. O segredo é saber procurar e pesquisar.
 
Segundo a consultora de moda acessível Carla Sabrina Xavier, 24 anos, o comércio nas diversas regiões administrativas é vasto para o segmento carnavalesco. “Depende de cada público. Tem pessoas que gostam de comprar tudo pronto, mas há quem se divirta ao fazer os próprios acessórios. Pensando nos consumidores que preferem confeccionar, o Taguacenter é uma boa opção”, destaca.
 
O centro comercial, em Taguatinga Norte, é acessível à comunidade e aos bolsos também. Nesta época do ano, as lojas ficam repletas de máscaras, plumas, confetes, fantasias e muito mais. O local é procurado por brasilienses que desejam unir qualidade e preço baixo. Para as crianças que vão pular carnaval, também há como economizar. A irmã de Carla, Cássia Xavier, 7, escolheu uma tiara de laço para incrementar a fantasia. O valor de tiaras feitas de EVA, como a que ela escolheu, pode variar de R$ 12 a R$ 25.
 
As amigas Gisele Gonçalves, 23, e Mariana Eugênia, 24, também foram a Taguatinga atrás de bom custo-benefício. “Eu comprei um diadema de enfermeira por R$ 4,90 e um conjunto de diabinha por R$ 9,90. A dica é não deixar para comprar na última hora”, indica Gisele.

Cassia Xavier, 7 anos, vai escolher uma tiara em EVA para curtir a Festa de Momo este ano  

Cassia Xavier, 7 anos, vai escolher uma tiara em EVA para curtir a Festa de Momo este ano

 



Criatividade
 
O microempresário Matheus Mourão, 23, preferiu confeccionar a própria fantasia para economizar e entrar na brincadeira. “Quero me fantasiar de Michael Jackson, mas a situação financeira não está legal, e os trajes que vi são caros. Pesquisei algumas referências em sites e tentarei colocar em prática”, conta.   Segundo Matheus, o cantor é uma referência para ele. “Além de personalizar as roupas, vou me maquiar para a fantasia ficar completa. O Michael me inspira bastante. Para mim, a personificação fará com que eu me sinta por um momento como ele”, resume.
 
A fantasia de cupido, com direito a adereços característicos, foi a escolha da gastrônoma Isabel Duthevicz, 20, moradora de Valparaíso de Goiás, que confeccionou a própria roupa. “Eu comprei um arco de brinquedo e pintei de branco e dourado. Para a ponta da flecha, cortei EVA em formato de coração, passei glitter e colei. Ainda fiz uma bolsa para guardar o instrumento, utilizei um rolo de papel toalha envolto a fitas de cetim. Carimbei corações com tinta vermelha ao longo do corpo, para isso, cortei um pedaço de madeira em formato de coração”, explica.
 
Apreciadora de girassóis, Larissa Alves, 17, escolheu a planta para ser tema da fantasia deste ano. A estudante adquiriu 20 girassóis por R$ 7 e o metro de tule por R$ 10. “Eu comprei tudo em Taguatinga. Além da minha fantasia, ainda sobrou para usar na roupa do meu namorado. Minha avó é costureira e fez rapidinho uma saia com o tule, eu apenas precisei colar a planta no meu biquíni e no restante da fantasia. Os materiais foram baratos, e eu gostei do resultado”, explica.
 
 
Tendências
 
No Plano Piloto, a maior procura deste ano é por fantasias de sereia e dos super-heróis Batman e Super-Homem. A vendedora de uma loja no Sudoeste Gleiciane Silva conta que os adereços coloridos e característicos das folias não ficam de fora. “Estamos vendendo muitos body neon, máscaras, flores, gel com glitter para cabelo e asas coloridas. A maioria do público é despojado e diverso.”
 
A maquiagem é outro item que compõe o look do carnaval. Um dos locais com produtos mais baratos é Ceilândia. As lojas espalhadas pelo centro da cidade e no Shopping Popular oferecem boas opções. Quem procura por diversidade de marcas, opções de purpurinas, lantejoulas e glitter, pode encontrar também em lojas de cosmético no shopping do Gama.
 
“Eu indico às minhas clientes o glitter biodegradável. Algumas pessoas colam purpurina de papelaria no rosto e corpo, e esquecem que esses brilhos são feitos de vidro e podem machucar. Além de não ferir, os biodegradáveis diminuem a poluição do meio ambiente”, explica a maquiadora e empresária Núbia Macedo, 37.
 
* Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer
 
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Correio Braziliense sexta, 22 de fevereiro de 2019

DIA DE REVERENCIAR OS HERÓIS: TOMADA DE MONTE CASTELO, NA ITÁLIA

 


Dia de reverenciar heróis
 
Solenidade realizada no Batalhão da Polícia do Exército lembrou aquele que é considerado um dos maiores feitos das Forças Armadas brasileiras, a tomada de Monte Castelo, na Itália, durante a Segunda Guerra Mundial

 

» AUGUSTO FERNANDES
ESPECIAL PARA O CORREIO

Publicação: 22/02/2019 04:00

Veterano da Força Expedicionária Brasileira (FEB), o coronel Nestor da Silva (à direita) recebeu honras militares, na solenidade de ontem (Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press)  

Veterano da Força Expedicionária Brasileira (FEB), o coronel Nestor da Silva (à direita) recebeu honras militares, na solenidade de ontem

 

 
“Guarnecendo os destinos da Pátria/Sem fraqueza, com força e vigor”. Sob os versos da canção do Comando Militar do Planalto, a Força Expedicionária Brasileira (FEB) foi homenageada ontem pelos 74 anos daquele que é considerado um dos maiores feitos das Forças Armadas do Brasil na Segunda Guerra Mundial: a tomada de Monte Castelo, na Itália. Realizada no Batalhão da Polícia do Exército, no Setor Militar Urbano, a solenidade lembrou os atos heroicos dos cerca de 25 mil militares que participaram ativamente das batalhas contra o Exército Alemão.

Um dos homenageados era o coronel Nestor da Silva, 101 anos, único veterano da FEB presente na solenidade. “Não há um dia em que eu não pense ou sonhe com a guerra. Sinto-me honrado de ter participado daquele momento e de ser uma das memórias vivas de uma conquista única para o Brasil. Guardarei as recordações para sempre”, comentou.

À época, o então segundo-sargento e o restante da tropa brasileira precisaram de quatro tentativas para derrubar as forças nazifascistas (leia Memória). Nestor da Silva sofreu com o rigoroso inverno europeu, marcado por nevascas e frio intenso, teve de se esconder em buracos cavados entre rochas para sobreviver às investidas alemãs e viu muitos companheiros morreram. Mesmo assim, após três meses de confronto, ele e os companheiros brasileiros saíram vitoriosos em 21 de fevereiro de 1945.

“A tomada de Monte Castelo não aconteceu em apenas um dia. Foi difícil, pois o Exército Alemão tinha um comando melhor. Mesmo assim, atacamos de frente e conseguimos a primeira conquista brasileira no teatro de operações na Itália”, recordou-se. “Foi um grande exemplo que a FEB deu ao Brasil e, principalmente, à mocidade brasileira. Feliz é a pátria que nos momentos difíceis possui filhos prontos para defendê-la e honrá-la. Seja na paz, seja na guerra”, completou Nestor da Silva.

Desfile
 
Na comemoração de ontem, feita no Pátio Marechal Zenóbio da Costa — comandante da Infantaria da FEB em operações da Segunda Guerra Mundial —, grupamentos das Forças Armadas compareceram em peso. Militares de tropas, como a do Regimento dos Dragões da Independência e a do Batalhão da Guarda Presidencial desfilaram a pé, em viaturas e a cavalo em continência ao coronel Nestor da Silva e entoaram cantos para saudar os soldados que participaram da guerra.

Durante a cerimônia, também foi respeitado o toque de silêncio em memória dos militares mortos nos conflitos em terras europeias e também dos que retornaram ao país, continuaram servindo ao Brasil, mas já se foram. “Em Monte Castelo, como em outras vitórias da FEB, nossos heróis honraram os exemplos dos bravos de Guararapes, das lutas pela independência e das guerras travadas no cone sul do continente. A campanha da Itália somou inúmeros exemplos de bravura, dedicação, amor à pátria e sentimentos fraternos aos valores cultivados pelos homens e mulheres do Exército de Caxias”, frisou o comandante militar do Planalto, general de Divisão Sérgio da Costa.

Como parte da celebração, o coronel Nestor da Silva desfilou às tropas em um carro e foi reverenciado com uma salva de palmas. Para ele, é sempre uma grande emoção ser saudado pelos seus esforços durante a batalha contra os alemães. “É como se fosse uma injeção de ânimo para eu continuar vivendo. Mesmo velho, ainda tenho a oportunidade de relembrar esta vitória e ver que o povo brasileiro ainda valoriza a FEB”, comemorou.

Apesar das memórias de dias difíceis, que refletem no seu semblante sério e rígido, o coronel conserva um grande sentimento de gratidão de quem já viveu mais de um século. “Vinte e cinco homens saíram de Brasília para representar a nação naquela guerra, e apenas dois seguem vivos. Um deles continua andando e falando como se o tempo não tivesse passado. E esse alguém sou eu”, brincou.
 
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Correio Braziliense quinta, 21 de fevereiro de 2019

A SÍNDICA MAIS LONGEVA DO BRASIL: ANTÔNIA LEAL DOS REIS

 

Ela decidiu apenas ser feliz
 
 
Sábado próximo, Antônia Leal dos Reis completa 88 anos de vida. É hoje, em atividade, a síndica mais longeva do Brasil e do DF e tornou-se unanimidade no Sudoeste

 

» MARCELO ABREU
ESPECIAL PARA O CORREIO

Publicação: 21/02/2019 04:00

Antônia plantou dois ciprestes italianos há mais de 15 anos, quando tinham menos de 50cm. Hoje, passam dos 20m e são conhecidos como as Torres Gêmeas do Sudoeste (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  

Antônia plantou dois ciprestes italianos há mais de 15 anos, quando tinham menos de 50cm. Hoje, passam dos 20m e são conhecidos como as Torres Gêmeas do Sudoeste

 

 
No dia em que preparava o enxoval para o casamento, a mãe, a dona de casa espanhola Dolores Fontela Leal disse para a noiva, a segunda filha, então com 20 anos: “Você tem que colocar os aventais para cozinhar para seu marido. Mulher precisa cozinhar para o marido”. Ela olhou para a mãe e disse: “Tudo, menos avental”. No enxoval da noiva, os aventais não couberam. O pai, o serrador português Manoel Leal, longe da mulher, disse à filha que ia se casar: “Você tem que fazer o que gosta”. Foi o que Antônia Leal dos Reis precisava ouvir. Ela, desde aquele dia, só fez o que realmente quis fazer.

E por fazer só aquilo que gosta e quer, sábado próximo, 23, ela completará 88 anos. Parabéns! É mais que parabéns! É um tanto de vida que não cabe nem nela mesma. Hoje, com qualidade de vida, muita gente chega e passa brincando dos 80 anos. Mas essa mulher tem algo especial, ela é a síndica mais longeva do DF e do país. Detalhe: ainda trabalhando. A informação é da Associação Brasileira dos Síndicos e Síndicos Profissionais (Abrassp). Há 27 anos, ininterruptos, é ela quem dá as ordens e as cartas num prédio da Quadra 103 do Sudoeste. Um bloco com 117 unidades, que reúne comércio e residência.

Na terça-feira passada, na entrada do prédio, ela foi agraciada com o prêmio Master Síndico, o mais importante da entidade, que congrega mais de 25 mil síndicos de todo o país. O diploma lhe foi entregue pelo diretor da Abrassp, Paulo Roberto Melo. “Apenas 20 pessoas já receberam esse prêmio”, diz ele.

E ela virou, mesmo sendo síndica, pasmem, uma unanimidade na quadra. É adorada por todos. Não há exagero no uso da palavra. Dos porteiros, passando pelos moradores aos empresários da região de classe média alta. O porteiro e encarregado do prédio, Carlos Silva, 42 anos, o mais antigo no bloco, não lhe poupa elogios: “Ela é rigorosa. Checa tudo, vê tudo, cobra cada detalhe. Mas o que mais me impressiona na dona Antônia é a honestidade e a simplicidade. Ela virou meio mãe de todo mundo aqui”.
 
Além do tempo
 
Mas antes de ela chegar a Brasília e virar síndica, há um monte de história lá atrás. Voltemos, então, ao interior de São Paulo. Em Garça, região de Marília, houve o casamento de Antônia e Milton Maganha. Com ele, viveu por 34 anos. Vieram os três filhos. Era uma mulher cercada por quatro homens. Um dia, o marido quis se mudar de São Paulo. Comprou uma fazenda em Maringá. Ia plantar e vender. A família inteira se mudou para o Paraná. E foi ali que Antônia fez tudo: menos usar avental para cozinhar. “Até sei fazer uma coisa ou outra, mas sou péssima na cozinha. O que gosto é da parte de confeitaria”, diz.

Aprendeu a dirigir sozinha. Nos anos 1950/1960, guiava um Jipe 1954 pelas fazendas das redondezas. Levava e buscava os filhos na escola. Não só os filhos, mas as crianças das outras fazendas. Ia com a cara e a coragem, às vezes, inventando estradas que nem existiam. E, para não depender apenas do dinheiro do marido, aprendeu também a costurar. Passou a dar aula de costura para as mulheres da região. “Era uma boa modista. Por isso gosto de moda até hoje”, conta.

Ali em Maringá, a vida seguia seu rumo. Um dia, Milton viu que os negócios não estavam indo bem. E, mais uma vez, decidiu recomeçar. Voltou para São Paulo. Os filhos, já maiores, começaram a seguir também os próprios rumos. Mudaram-se para Brasília. Anos depois, em 1977, Miguel e Antônia chegaram a Brasília. Antônia contava 46 anos. Milton, 50. Vida nova na terra de JK. Em todos os sentidos. Ela, intuitiva, queria mais. “Os meus três filhos estavam criados. Eu já havia cumprido minha missão de mãe. Meu casamento estava diferente. Eu queria viver.”
 
A grande paixão
 
Antônia foi viver. E viver é, definitivamente, o que lhe dá mais prazer. “Eu amo a vida. Amo acordar e me sentir viva”, me disse ela, várias vezes, durante os nossos encontros. Poucos anos depois, divorciada, mas amiga de Miguel, o pai dos filhos, encontrou um novo amor. Antônia já havia passado dos 50. “Ele era militar da Aeronáutica, quatro anos mais novo do que eu”, conta. Foi paixão arrebatadora.

Adiodato José dos Reis foi servir na Embaixada do Brasil no Uruguai. Montevidéu seria o novo lar. Lá, Antônia teve papel de destaque. Deu vida e levou alegria ao lugar. “Eu organizei todas as festas nos dois anos em que vivemos lá. Coloquei o Brasil em destaque. Até festa junina eu fiz”, diz, mostrando as muitas fotografias de papel e os olhares apaixonados entre ela e Adiodato.

Antônia lembra as viagens para Buenos Aires. Os tangos que dançou com seu o amor da maturidade. E o espanhol que fala bem, aprendido ainda com a mãe espanhola. Os dois anos no Uruguai acabaram. Adiodato foi para a reforma e voltou para o Brasil. Resolveu morar em Natal. Queria estar perto do mar. Ali, viveram os últimos anos de amor. Ele morreu, repentinamente, de um edema pulmonar. “Foram seis anos de muita felicidade, talvez os mais intensos da minha vida”, relembra, com olhos perdidos de saudade na sala do seu apartamento.

Viúva, antes dos 60 anos, ela deixou Natal e voltou para Brasília. Aqui estavam os três filhos, os netos e o ex-marido, que morreu há pouco tempo. Sempre independente, decidiu também que teria o canto dela, sozinha. O prédio onde mora e no qual virou síndica estava acabando de construir. Ela não hesitou. Comprou ali seu apartamento. Foi a primeira moradora. E, há 27 anos, é a pessoa mais atuante do lugar onde vive e do Sudoeste, onde chegou quando o bairro era ainda um monte de barro vermelho e poucos acreditavam que se tornaria uma das regiões mais atraentes e disputadas do DF.
 
Uma luta por todos
 
E a luta dela não é apenas para o seu quadradinho ou pela quadra onde mora. Juntou-se à campanha pelo Batalhão da Polícia Militar do bairro. Conseguiu. Está atenta a tudo. Não deixou que os flanelinhas dominassem, sem critério, o espaço. E, por isso, sem imaginar, tornou-se unanimidade no espaço onde vive.

“O que mais me impressiona nela é a vitalidade e a alegria. Ela me dá conselhos. Eu aprendo todo dia com dona Antônia”, diz a decoradora Mônica Blanco, 40, que morou no prédio e, mesmo fora, sempre passa lá para uma boa conversa. E entrega, às gargalhadas: “Ela é que me leva para o bar, para a gandaia”. 

Elvi de Sousa, 33, é gerente do Café Tróia, que reúne café, restaurante e bar, lugar que Antônia sempre frequenta com as amigas, para ouvir música e tomar a sua caipiroska de kiwi, descoberta recente e predileta. A gerente virou fã: “Ela tem um jeito de lidar com as pessoas especial. Trata todo mundo bem, pode ser quem for. No dia em que não vem, a gente estranha”.

Wiliam Matos, garçom da Padaria Pães e Vinhos, outro lugar que ela frequenta diariamente, admira-se com a vivacidade da mulher de 88 anos: “Ela tem uma cabeça incrível. É um exemplo”.  A fiel diarista, Rosa Pinheiro da Silva, de 40 anos e há 11 aprendendo com as lições de vida de Antônia, emociona-se: “Ela, de patroa, virou amiga. Quando estou com problema é com ela que desabafo”.

A empresária Vilma Peixoto, 59, dona da Barbearia Peixoto, que está na quadra há 22 anos e virou subsíndica há quatro, hoje tornou-se amiga de Antônia. “Sou aprendiz dela. O que mais me chama a atenção é que ela percebeu que o mundo evoluiu e ela teve flexibilidade para evoluir com o mundo”. E rasga elogios: “Gosto da modernidade dela, da forma como se veste, das roupas coloridas, do astral. Ela não fala de dores, de tristeza”. Antônia é moderna sem rede social. Ela prefere a vida real: “Tenho um celular, mas quase não atendo. O telefone fixo de casa resolve. Eu gosto de ver as pessoas nos olhos, lidar com elas”.
 
Amor de família
 
Se Antônia é unanimidade no lugar onde vive, não seria diferente entre a família — os três filhos, seis netos e quatro bisnetos. O filho caçula, Carlos Eduardo Maganha, 60, corretor da Bolsa Nacional de Mercadoria e morador do Park Way, fala com voz embargada ao descrever a mãe: “A minha maior admiração é ela ser justa. Sempre teve uma noção de justiça muito forte. E admiro a independência e a coragem como enfrentou a vida, nunca se dobrou por nada. O tempo não foi inimigo”. A cada domingo, ela vai para casa de um filho. É o almoço sagrado. “Mas ela sempre volta para a casa dela, não aceita dormir na casa de nenhum de nós. Ela é muito independente”, entrega Carlos Eduardo.

A nora Adelaide Maganha, 59, corretora de grãos e mercadoria, reflete: “Ela luta pelo bem-estar de todo mundo. É uma mãe pra mim”.  A neta, a médica Ana Carolina Zuliane Maganha, 38, é pura admiração: “Ela não se tornou a vozinha do crochê. Venceu dificuldades, os desafios e virou uma mulher forte, que acredita na vida. Eu aprendo com ela”.

A neta conta uma passagem recente e fantástica: “Uma noite, passava das 9h, estava eu com meus dois filhos e marido no carro e fui à casa dela para levar um remédio. Aí, ao chegar à portaria, o porteiro logo me disse que ela estava no café da quadra com as amigas, toda animada e ouvindo música. Ela me olhou e disse: ‘Carol, minha querida, senta aqui, toma uma taça de vinho’. Ela é assim. Minha avó é pura vida”.

Foram três dias conversando com várias pessoas para traçar um perfil de Antônia Leal dos Reis. Foram três dias indo à casa de Antônia para ver a vida dela, sentir, ver fotos em papel e escutar os discos de Nelson Gonçalves na sua vitrola. Foram três dias para entrar no mundo de Antônia. É muita pretensão querer definir uma mulher de 88 anos em três dias.

Antônia é o que de mais perto a gente conhece ou tem ideia de ser humano. Cada vez em extinção. Um ser humano que empolga, apaixona e nos convida para viver a mesma história. Por alguns momentos, era como se o repórter estivesse de carona, no Jipe 1954, rasgando as estradas que ela dirigia no Paraná. Antônia é extraordinária. É o que se pode dizer sobre ela. E isso é definitivamente tudo.

A síndica ao lado do primeiro marido, Miguel Maganha, de dois dos três filhos e da mãe, Dolores Fontela; com o segundo marido, Adiodato dos Reis; e em festa junina na Embaixada do Brasil no Uruguai;  

A síndica ao lado do primeiro marido, Miguel Maganha, de dois dos três filhos e da mãe, Dolores Fontela; com o segundo marido, Adiodato dos Reis; e em festa junina na Embaixada do Brasil no Uruguai;

 



 


 



Sabedorias de Antônia
 
“Saudade eu tenho de muita coisa, mas há sempre alguma coisa para se viver na frente”
“Eu vivo cada minuto, cada segundo da minha vida”
“Eu tenho celular, mas quase não uso. Gosto de ver as pessoas nos olhos, lidar com as pessoas”
“Não tenho direito de pedir nada. Tenho uma família que adoro e amo viver”
“Nunca tive preconceito em relação a nada nem com ninguém. O preconceito mata”
“Eu já acordo pronta, toda arrumada. Eu me arrumo pra mim”
“Nunca fiz plástica. Acho que ser feliz ajuda a não envelhecer”
 
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Correio Braziliense quarta, 20 de fevereiro de 2019

RITA AUCÉLIO VALIM: VIDA PARA CELEBRAR - 106 ANOS!

 


Vida para celebrar
 
 
Aos 106 anos, moradora de Brasília comemora conquistas que alcançou ao lado da família

 

» FERNANDA BASTOS*

Publicação: 20/02/2019 04:00

A matriarca Rita Aucélio Valim faz aniversário hoje (Minervino Junior/CB/D.A Press)  

A matriarca Rita Aucélio Valim faz aniversário hoje

 

 
Dona Rita aguardava a chegada da reportagem com o passatempo preferido: assistir a jogos de vôlei. Campeonato brasileiro ou mundial, qualquer partida do esporte a faz ficar com os olhos atentos, acompanhando cada movimento. O volume da tevê precisa estar bem alto para que ela analise, com o juiz, as jogadas.
 
Em 106 anos de vida, celebrados hoje, Rita Aucélio Valim nunca praticou o esporte, mas a senhora radiante guarda essa paixão ao lado de tantas outras histórias que a fizeram feliz e muito amada por todos que a conheceram em mais de um século de vida. Acorda todos os dias por volta das 10h, toma banho, passa perfume, coloca o relógio que vai usar no dia — sempre um modelo diferente do dia anterior — e vai para a frente da tevê assistir às partidas de vôlei. Rodeada de familiares, também conversa pelo telefone com os sobrinhos que moram longe.
 
Mineira de Uberaba, dona Rita é a sexta de nove filhos de Antônio Aucélio e Maria Alves do Nascimento. Menina arteira durante a infância e a adolescência, ela conta, entre muito risos, que vestia um vestido preto da sua mãe, pintava o rosto com pó de café e ia assombrar os irmãos durante a noite. Outra peça que pregou foi na cunhada Pérola. “Peguei o quadro da minha avó falecida e coloquei debaixo do travesseiro dela. Ela foi se deitar e deu de cara com a assombração, saiu correndo no carreirão”, recorda-se.

Fotos antigas lembram o dia do casamento com Joaquim de Assis Valim e momentos de alegria com os filhos (Minervino Junior/CB/D.A Press)  

Fotos antigas lembram o dia do casamento com Joaquim de Assis Valim e momentos de alegria com os filhos

 



 (Minervino Junior/CB/D.A Press)  
 
A menina travessa estudou em Uberaba, completou o antigo ginásio e ao conhecer, aos 21 anos, Joaquim de Assis Valim, durante um jogo de futebol, se apaixonou. À época, ele era noivo, mas rompeu o compromisso para ficar com dona Rita. “Tive que tomar ele da moça, que ficou com raiva de mim”, conta.
 
O casamento demorou sete anos para acontecer, pois seu Joaquim sofreu reumatismo severo e acabou desenvolvendo deficiência na perna direita. Depois de casados, tiveram cinco filhos e viveram juntos por 20 anos em Uberaba, onde cuidavam de um armazém.  Aos 47 anos, porém, dona Rita perdeu o seu primeiro e único amor. Ao ficar viúva, cuidou do estabelecimento e dos herdeiros sozinha.
 
Entre as memórias dessa época, ela não se esquece das histórias dos filhos. José Aucélio, o único homem e o segundo mais velho, era o mais levado. Fugiu duas vezes de casa e veio morar em Brasília. O garoto trouxe o revólver do pai e confessou para a mãe,  durante a entrevista, que alugava o quarto que dormia de noite e lavava pratos em restaurantes para ganhar um dinheiro extra. Dona Rita, atenta à conversa, sobressalta-se. “Isso ele nunca me contou!”
 
O coração aperta ao lembrar das duas filhas que morreram, a última, há dois meses. Todo amor que deu a elas, a matriarca distribui. Adotou como filhas de coração a nora, Selma, e sua cuidadora, Cristiane. “Eu tive cinco filhos, 20 netos, 28 bisnetos e quatro tataranetos”, diz, sem perder o sorriso e o orgulho do que considera ser sua maior conquista.

Mudança
 
Em 1967, ela se mudou com a família para Brasília. Ao ser questionada se tinha ajudado a construir a capital, afirma de prontidão: “Cheguei e ela já estava toda pronta”. Hoje, mora em um condomínio com quatro casas, todas de parentes, em Arniqueiras, próximo a Águas Claras.
 
Vilma Valim Gomes Pereira, 74 anos, filha do meio de dona Rita, afirma que o alto-astral da mãe é uma das características marcantes. “Hoje, ela agrega todos, desde nós, que somos filhos, os netos e os bisnetos, a maioria crianças, que chegam aqui e dão o maior abraço nela, de carinho, de amor. O bom astral dela é contagiante, as pessoas que cuidam dela, quem a conhece, todo mundo a adora.”
 
O filho mais travesso, José Aucélio Valim, 76, concorda que a energia da mãe é única. “Eu agradeço por ela estar viva até hoje, porque mãe é para sempre e, igual a ela, não tem. Ela tem um astral muito bom, quando ela está triste, eu faço molecagem. Ela fala que vai me bater e me dá alguns tapinhas bem leves. Ela está com 106 anos, e eu vou até os 110”, garante.
 
A segunda filha mais nova, Dilma Aucélio Valim Liberal Ferreira, 73, destaca que a mãe sempre foi muito vaidosa e adora sair e se divertir até hoje. “Mamãe sempre gostou de festa, de sair, de passear, até hoje ela é assim. Se precisar ficar até três horas da manhã, ela fica”, afirma. “Ela está vivendo tanto porque ela ama a vida. É incrível ter uma mãe assim.”
 
* Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer
 
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Correio Braziliense terça, 19 de fevereiro de 2019

EDUCAÇÃO TRANSFORMADORA

 


Educação transformadora
 
 
Coletivo na Estrutural promove atividades com crianças e adolescentes em período oposto ao das aulas para trazer reflexões que levem a mudanças sociais

 

» ALAN RIOS
ESPECIAL PARA O CORREIO

Publicação: 19/02/2019 04:00

 (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)  


Para 324 crianças e adolescentes da Estrutural, a educação não fica só dentro da escola nem serve apenas para tirar boas notas. O Observatório da Criança e do Adolescente (OCA), projeto da organização Coletivo da Cidade, oferece atividades pedagógicas no período contrário ao das aulas, buscando reflexões sobre a realidade em que eles vivem.
 
Quem entra no espaço vê o colorido das paredes grafitadas dialogar com o verde das árvores e dos quadros das salas de aula. A quadra esportiva permite uma boa recreação e a biblioteca, o contato com a literatura. Para modernizar o aprendizado, a mais nova instalação é um laboratório de informática dentro de um contêiner, com computadores doados pela União Europeia.
 
“Aprendi tanta coisa depois que entrei no projeto que não sei quem eu seria se não tivesse aqui”, resume Raquel Santos, 16 anos. Ela conheceu o observatório há quatro anos, quando sua família descobriu a organização. De 2015 para cá, perdeu a conta de quantos temas debateu e quantos amigos fez nessa junção de lazer e educação. “Eu acho que se não fosse o coletivo, eu não teria a identidade que tenho hoje, não seria a mesma. As atividades aqui são muito educativas, a gente vai aprendendo e ensinando com os temas que tratamos.”
 
O coordenador do projeto, Walisson Lopes, 23, explica que as ações do OCA são centradas em temáticas específicas. “Mensalmente, fazemos uma assembleia para escolher um tema que será discutido aqui. Em um mês, são as crianças e os adolescentes que escolhem. Em outro, são os educadores”, detalha. Tudo isso é tratado a partir de uma metodologia chamada de roda de aprendizagem, que tem como pilares os conceitos do saber, criar, cuidar, conviver e brincar.
 
Foi na roda que Raquel pôde debater aspectos das vivências dos jovens de uma forma transformadora. “Dos temas que levantamos, os que eu mais gostei de discutir foram a homofobia e o racismo. Foi um pouco desgastante, porque nem todos os adolescentes pensam da mesma forma, mas a gente trabalhou isso. Há pessoas que não têm facilidade para entender certas coisas, porque foram criados de um jeito, mas, com essas conversas, a gente vê outras realidades, isso é muito bom”, relata.

 

"Aqui é um espaço de aprendizagem, e nós acreditamos que é possível construir educação junto com crianças e adolescentes" Walisson Lopes, coordenador

 



 

"Eu acho que se não fosse o coletivo, eu não teria a identidade que tenho hoje, não seria a mesma" Raquel Santos, participante do projeto

 

 
O papel do educador
 
Em fevereiro, as atividades giram em torno da frase ‘A escola ideal’. O assunto amplo gera tarefas que variam entre as idades. Enquanto crianças desenham o que para elas significa uma instituição dos sonhos, adolescentes vão mais a fundo e debatem lados positivos e negativos da educação militar, por exemplo.
 
A educadora Leonice do Nascimento, 25, relata que encontra ali diferentes formas de expressão dos menores. “Os mais novos trazem muitas reflexões a partir dos desenhos. Agora, eles estão pintando como seria a escola dos sonhos e, depois, vamos ensinar a eles na roda do saber o que é a escola, qual o papel dela, de onde surgiram os pensamentos que a compõem e tudo o mais. De diversas maneiras, eles sempre trazem assuntos do convívio familiar e social deles. É bem intenso e comove muito, porque o nosso futuro são eles”, observa.
 
O resultado desses trabalhos sempre surpreende os professores do observatório. Em uma folha branca, uma criança de 10 anos usou tinta vermelha para pintar uma escola com grades altas, semelhante a uma prisão, e representar como vê o seu colégio. Ao lado, escolheu diferentes cores vibrantes para mostrar como queria que ela fosse: com árvores, área de lazer, salas espaçosas e fortemente iluminada pelos raios de sol.
 
É justamente assim que outra criança do observatório enxerga o OCA. Wadellen Souza, 11, já criou uma rotina. “Eu saio da escola, almoço, fico uns 20 minutos em casa e venho para o coletivo. Aqui, eu sou acolhido, converso com os professores e vou para as atividades, recreação, meditação e lanche”, conta. O aluno se sente bem no espaço, onde vê suas curiosidades serem ouvidas, compreendidas e trabalhadas. “Gosto muito daqui, sempre gostei. Eu me sinto feliz e brincalhão. E, com o que a gente faz aqui, a gente vê que pode promover mudanças”, descreve o menino.

Participantes têm atividades em sala e no pátio da organização Coletivo da Cidade (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)  

Participantes têm atividades em sala e no pátio da organização Coletivo da Cidade

 



A voz deles
 
A prática anda junto com a teoria. Uma prova é o jornal produzido e distribuído por crianças e adolescentes do coletivo. “Dentro deste processo, nós criamos vários produtos, como o Voz da Quebrada, que é feito em aulas de educomunicação. Os adolescentes criam as pautas, escolhem as imagens e falam sobre coisas que eles acham interessantes”, detalha o coordenador Walisson Lopes. Em uma das edições do boletim, o assunto principal foi o brincar.
 
Além de colaborar com textos e desenhos, as crianças fizeram até um mapa mostrando pontos de lazer da Estrutural, com tópicos ilustrando o que cada lugar tem de bom e ruim. Um dos comentários negativos sobre um campo de futebol da cidade foi que lá “tem muita gente usando drogas”. Assim que os educadores ouviram a reclamação, começaram a debater formas de mudar os cenários da criminalidade.
 
“Essa é a nossa perspectiva: observar a Estrutural e levantar indicadores sobre os desafios que a cidade tem. Aqui é um espaço de aprendizagem, e nós acreditamos que é possível construir educação junto com crianças e adolescentes”, conclui Walisson.
 
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Correio Braziliense segunda, 18 de fevereiro de 2019

COMBATE À LEUCEMIA

 


Laranja, a cor da esperança
 
 
O mês de fevereiro é marcado pelo combate à leucemia. Histórias de superação inspiram quem está na batalha para alcançar a cura

 

Aline Brito*

Publicação: 18/02/2019 04:00

Ana Letícia, 4 anos, venceu a leucemia: fantasias de princesas e de bailarina a ajudaram na luta contra a doença
 (Fotos: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - 15/2/19
)  

Ana Letícia, 4 anos, venceu a leucemia: fantasias de princesas e de bailarina a ajudaram na luta contra a doença

 

O sofrimento da descoberta, a dor do tratamento e o renascimento da cura. Esses são momentos que marcam a vida dos portadores de leucemia. A doença não escolhe idade nem avisa quando vai aparecer, mas, com diagnóstico precoce e acompanhamento, há grandes chances de se tornar somente uma visita incômoda e, ao fim da jornada, uma lição de aprendizagem.
 
Andrea Pandolfi Barcelos, 39 anos, é uma dessas sobreviventes. Aos 11 anos, precisou encontrar forças para lutar pela vida. No início da adolescência, teve de abrir mão da escola e da convivência com os amigos para se adaptar à rotina de tratamento contra o câncer. Os sintomas começaram com febre, palidez e cansaço, queixas que podem ser facilmente confundidas com uma virose. Ao procurar atendimento para saber a causa do mal-estar, soube que era leucemia. “Foi bem rápido para descobrir. Quando fiquei sabendo, foi um choque para mim e para a minha família”, conta Andrea.
 
Depois de dois anos de quimioterapia, ela curou-se. Retomou os estudos, concluiu o ensino fundamental e o ensino médio. Após se ver livre da doença, Andrea passou a se dedicar a projetos de ajuda a outros pacientes. “Toda a minha família envolveu-se com a leucemia. Minha mãe, meu pai, minha irmã, todos começaram a participar de trabalhos voluntários. A oncologia virou parte da minha vida”, diz.
 
A batalha serviu de inspiração para a jovem, que ingressou na faculdade de medicina e se especializou em oncologia pediátrica. Hoje, 28 anos depois, Andrea trata de crianças que vivem o mesmo que ela sofreu no passado. “Como fiz especialização no Hospital de Base, tive a oportunidade de ser aluna de alguns médicos que me trataram quando estive doente”, revela a oncologista.
 
A trajetória tornou-se sinônimo de inspiração para os pacientes diagnosticados com leucemia. “Todos no hospital sabem da minha história. Algumas crianças que trato dizem que também querem ser médicos. As mães me veem como uma esperança”, relata Andrea. “O que me motiva é ouvir uma criança dizer que quer ser igual a mim quando crescer”, comenta.
 
Pequena guerreira
 
Aos 3 anos, Ana Letícia Santos, iniciou a batalha contra a leucemia. Para a mãe, Tuany da Silva Santos, 28, o diagnóstico veio com o medo, a preocupação e a força para lutar pela vida da filha. Mesmo sem saber ao certo o que estava ocorrendo, a menina nunca reclamou e se manteve alegre durante todo o tratamento. “Ela ficou um mês internada, fez quimioterapia, perdeu os cabelos, mas nunca se abateu. Ela sempre dizia que só precisava tomar o remedinho, que ia ficar boa e logo iria para casa. Realmente, foi isso o que aconteceu”, relata Tuany.
 
Em janeiro de 2018, a criança apresentou, pela primeira vez, sinais da doença. Febre, manchas vermelhas no corpo e vômito, foram alguns dos sintomas. Depois de realizar um hemograma — exame que avalia as células sanguíneas —, Ana Letícia foi encaminhada para o Hospital da Criança e iniciou o acompanhamento para combater o câncer. A criança precisou parar de frequentar a escola, e Tuany deixou o trabalho para cuidar da filha.
 
Nos dias em que esteve no Hospital da Criança para receber as doses de quimioterapia, Ana Letícia fazia questão de ir fantasiada. “Ela tem várias fantasias, sempre ia vestida com alguma. Era a forma de ela expor sua felicidade e beleza”, diz a mãe. Entre Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho, Mamãe Noel, princesa, a fantasia predileta da pequena é de bailarina. “Eu amo as fantasias. A de bailarina é a mais bonita”, conta Ana Letícia.
 
Para Tuany, um dos momentos mais delicados da luta contra o câncer foi ver a filha perder o cabelo. “Eu não conseguia aceitar, porque, para mim, era o estágio mais marcante do câncer. Ficar careca era a ilustração da doença”, explica. Nessas horas, Ana Letícia demonstrava força e consolava a mãe. “Quando ela me via chorando, dizia que não era para eu ficar triste, que logo ela estaria curada. Inclusive, ela tomou a iniciativa e pediu para raspar o cabelo”, afirma Tuany.
 
Com o diagnóstico precoce, a doença foi descoberta no início, facilitando o tratamento. “Depois de alguns meses, em outubro de 2018, ela não tinha mais sinais de célula de leucemia no sangue”, ressalta a mãe. No caso de Ana Letícia, não precisou realizar o transplante de medula óssea. “A quimioterapia foi suficiente para a cura. Ela respondeu bem à quimioterapia e conseguiu vencer”, comemora a mãe.
 
Aos 4 anos, Ana Letícia está em casa e voltou a frequentar a escola. Um pouco mais de um ano depois da descoberta do câncer, quase não se nota traços da doença. A alegria da criança está mais viva do que nunca. “O cabelo dela cresceu, ela não sente dor, não sente nada. Tem uma rotina normal. Claro que existem alguns cuidados especiais, mas nada que interfira na vida dela”, afirma Tuany.
 
*Estagiária sob supervisão de Guilherme Goulart
 
Mutações
É um tipo de câncer que afeta os glóbulos brancos do sangue, conhecidos como leucócitos. A doença começa quando algumas dessas células sofrem mutações e se multiplicam de forma descontrolada na medula óssea, substituindo as células sanguíneas normais. A medula óssea, também conhecida como tutano, é o local no interior do osso onde são formadas as células sanguíneas (glóbulos brancos, glóbulos vermelhos e plaquetas).
 
Como doar
 
Confira os passos para fazer uma doação de medula:
 
1 - Procure o hemocentro mais próximo e agende uma consulta de esclarecimento sobre doação de medula óssea
 
2 - Assine um termo de consentimento e preencha uma ficha com informações pessoais. Será retirada uma pequena quantidade de sangue (10ml) do candidato a doador. É necessário apresentar o documento de identidade
 
3 - O sangue será analisado por exame de histocompatibilidade (HLA), um teste de laboratório para identificar as características genéticas que serão cruzadas com os dados de pacientes que necessitam de transplantes
 
4 - Os dados pessoais e o tipo de HLA serão incluídos no Redome
 
5 - Quando houver um paciente com possível compatibilidade, o doador será consultado para decidir quanto à doação. A orientação é manter os dados atualizados
 
6 - Para seguir com o processo de doação, serão necessários outros exames para confirmar a compatibilidade, além de uma avaliação clínica de saúde
 
7 - Somente após todas essas etapas concluídas, o doador poderá ser considerado apto a realizar a doação
 
Requisitos
  • Ter entre 18 e 55 anos
  • Estar em bom estado geral de saúde
  • Não ter doença infecciosa ou incapacitante
  • Não apresentar doença neoplásica (câncer), hematológica (do sangue) ou do sistema imunológico
  • Algumas complicações de saúde não são impeditivas para doação, sendo analisadas caso a caso
 
Andréa Barcelos venceu a leucemia na infância e, agora, trata de crianças com a mesma doença: esperança  

Andréa Barcelos venceu a leucemia na infância e, agora, trata de crianças com a mesma doença: esperança

 

 
Transplante de medula óssea
 
O transplante de medula é um dos tipos de tratamento proposto para leucemias e consiste na substituição de uma medula óssea doente ou deficitária por células normais, com o objetivo de reconstituição de um tecido saudável. É um dos procedimentos mais utilizados na busca pela cura. Segundo a Secretaria de Saúde, de janeiro a novembro de 2018,  foram realizados 118 transplantes de medula óssea no DF.
 
Fernando Alves, 20 anos, é um dos brasilienses que precisou de doação de medula. No início do tratamento, o jovem não precisava de doador por ele responder bem à quimioterapia. Em julho de 2017, quando teve uma recaída da doença no sistema nervoso central, o transplante se fez necessário. “Começamos imediatamente uma campanha pelas redes sociais e amigos e familiares se juntaram a nós na divulgação. Em pouco tempo, foi encontrado um doador internacional compatível 100% e foi programado o transplante com ele”, detalha Elizabete Alves, mãe de Fernando.
 
Mesmo depois dessa localização, as buscas continuaram. “Cerca de um mês depois, o banco localizou um doador nacional também compatível 100%, e a programação do transplante seguiu normal com a troca de doador”, diz Elizabete. Depois de marcado o transplante, para setembro de 2017, o jovem ainda apresentou células da doença e precisou adiar o procedimento. “Sofremos muito, imagina pra ele tudo isso, muito desgaste emocional. Procuramos outros centros transplantadores, mas não conseguimos também porque teria de ser particular, e o nosso plano de saúde ainda estava em período de carência. Em pouco tempo, a doença do Fernando evoluiu muito”, relembra a mãe.
 
Entre idas e vindas, a data do transplante foi agenda, pela quarta vez, para 18 de dezembro de 2018. “Depois de tanto sofrimento, finalmente conseguimos realizar o transplante. Fernando ficou internado durante 35 dias e, agora, está bem”, comemora Elizabete. “Deveremos retornar para casa ainda neste mês.”
 
A gerente do ciclo do doador do Hemocentro, Thays Borba, alerta para a importância de doar medula óssea. “É uma das formas mais eficazes de conseguir cura para algumas doenças que têm origem na medula”, explica. Segundo Thays, quantos mais doadores cadastrados, mais fácil fica encontrar compatibilidade “para salvar uma vida”. O Hemocentro de Brasília é o único lugar da capital com cadastro. Bancos de sangue particulares não fazem esse serviço.
 
Conscientização
 
No segundo mês do ano, a cor laranja ganha destaque como alerta à população. A campanha de fevereiro traz a mensagem de conscientização e combate à leucemia. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer, para 2019, são esperados 80 novos casos de leucemia em homens e 70 em mulheres. No Brasil, a estimativa é de 5.940 para homens e 4.980 mulheres. Apesar da grande incidência, a taxa de cura da doença é alta: 80% de sobrevida. Isis Magalhães, hematologista pediatra, afirma que a leucemia linfóide aguda é o tipo de câncer mais comum em crianças. A médica chama atenção para a importância do diagnóstico precoce. “Quanto antes descobrir, mais fácil o tratamento. A doença tem uma manifestação rápida e, geralmente, responde bem à quimioterapia. A média para alcançar a cura é de dois anos”, esclarece Isis.
 
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Correio Braziliense domingo, 17 de fevereiro de 2019

PRÉ-CARNAVAL AGITA A CIDADE

 

Pré-carnaval agita a cidade
 
 
Os blocos infantil e adulto do Suvaco da Asa garantiram a animação do sábado na capital federal, apesar da chuva. Pela manhã, o Suvaquinho tomou conta do gramado central, entre a Funarte e a Torre de TV. À tarde, foi a vez dos mais velhos curtirem a folia

 

RENATA RIOS
ALAN RIOS
Especial para o Correio

Publicação: 17/02/2019 04:00

Brinquedos infláveis, camas elásticas e as apresentações do grupo de percussão Patubatê e do Calango Careta empolgaram os foliões do Suvaquinho
 (Fotos: Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press
)  

Brinquedos infláveis, camas elásticas e as apresentações do grupo de percussão Patubatê e do Calango Careta empolgaram os foliões do Suvaquinho

 

Em fevereiro, tem carnaval, já dizia Jorge Ben Jor. A frase imortalizada na canção País tropical também vale para a capital brasileira, mesmo com muitos dos principais blocos saindo só em março. As ruas do Distrito Federal começaram a ser tomadas por foliões que encorpam o pré-carnaval ao lado de blocos como o Suvaco da Asa. Ontem, a diversão não excluiu idades. Prova disso foi o Suvaquinho, versão infantil do Suvaco.
 
O bloquinho foi um sucesso. A folia começou às 10h e seguiu até as 14h, ocupando o espaço do gramado da Funarte, no Eixo Monumental, com muita animação. Segundo o diretor do Suvaco da Asa, Pablo Feitosa, o público divertiu-se com diversas atrações, como brinquedos infláveis, camas elásticas e apresentações dos grupos Patubatê e Calango Careta. “Temos há sete anos o bloquinho infantil. Ele veio depois do bloco voltado para os adultos”, conta Pablo. Ainda segundo ele, a expectativa era reunir entre mil e 2 mil pessoas pela manhã, “entre pais, filhos e família”.
 
Logo no início do evento, além de brinquedos na grama e a área disponível para a folia, a garotada pôde participar da oficina de percussão, voltada para os pequenos entre 2 e 10 anos. Às 11h20, a chuva obrigou alguns pais e filhos a se abrigarem sob a tenda. Não foi o caso da pequena Maria Eduarda Kairala, 3 anos. Ela não escondia a alegria enquanto brincava debaixo d’água. “Ela foi quem escolheu a fantasia e está muito feliz”, comemora a mãe, Natália Kairala.
 
Empolgação
 
Quando a chuva parou, os pequenos acompanharam o grupo de percussão Patubatê. Depois disso, o Calango Careta se apresentou com roupas coloridas, muita dança e artistas circulando em pernas de pau. Entre os foliões, Cecília Alcântara Pessoa, 4, foi com a mãe para o local. “Eu gosto de carnaval, especialmente da fantasia. Esse é o primeiro ano que venho e quero ficar até o fim”, empolga-se a menina.
 
Entre os pequenos também estava Giovanna Tenório, 3, pela terceira vez no Suvaquinho. “Fica sempre muito animada”, ressalta o pai da menina, Robson Tenório. Empolgada, a menina, que corria e brincava ao som da percussão, logo reconheceu: “A minha parte favorita foi a espuma”.
 
Outro estreante no bloquinho foi o pequeno Otto Lenzi, 2. “Essa é a primeira vez que ele vem para esse bloquinho e está adorando”, diz a mãe, Luiza Lenzi. A família Tobaldini — Lorena, 9; Cláudio, 50; e Evellyn, 41 — levou a cadela Penélope para a folia. “Sempre que conseguimos, trazemos ela junto, para passear”, conta Lorena.

Maria Eduarda Kairala, 3 anos, brincou sem se incomodar com a chuva  
Maria Eduarda Kairala, 3 anos, brincou sem se incomodar com a chuva


Blocos de hoje
 
Cabeça do Pimpolho 
Centro de Ensino Canarinho Amarelo (208/408 Norte)
Hoje, às 13h.
Entrada franca
Classificação livre
 
Bloco do amor, o musical 
Via S2 Oeste
Hoje, às 14h.
Entrada franca
Classificação livre
 
Eixão 44 
No Eixão Norte, altura da 214
Hoje, às 16h
Entrada franca
Classificação livre
 
Forró de Rebeca
Mercado Sul Vive (QSB 12/13; Taguatinga Sul).
Hoje, às 18h.
Entrada franca.
Classificação livre.
 
Grito de Carnaval Bloco Menino de Ceilândia 
QNM 1/3 (Ceilândia).
Hoje, às 11h.
Entrada franca.
Classificação livre.
 
Maria vai Casoutras 
Praça dos Prazeres (201 Norte, Bloco B)
Hoje, às 16h. Entrada franca
Classificação livre
 
System Safadown
Setor Comercial Sul (Quadra 2, Bloco A)
Hoje, às 15h
Entrada franca
Classificação livre
 
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Correio Braziliense sábado, 16 de fevereiro de 2019

ANO PARA DESTRAVAR A ECONOMIA DO DF

Ano para destravar a economia do DF

 

Sinais de confiança do setor produtivo, principalmente do comércio e da indústria, ajudam a fortalecer a retomada do crescimento, mas o desemprego preocupa governo e entidades do Produto Interno Bruto (PIB) local

 

AUGUSTO FERNANDES
ESPECIAL PARA O CORREIO

Publicação: 16/02/2019 04:00

Investimentos previstos para este ano poderão aquecer o setor da construção civil e reduzir o desemprego no Distrito Federal (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - 14/7/14
)  

Investimentos previstos para este ano poderão aquecer o setor da construção civil e reduzir o desemprego no Distrito Federal

 

Mesmo com o ano no início, entidades do Distrito Federal ligadas ao comércio, ao setor varejista e à indústria da construção civil apostam que 2019 será mais positivo para a economia local do que foi o último ano. Motivos, como o aumento do índice de confiança da classe empresarial e o crescimento da intenção de consumo das famílias brasilienses fazem com que as associações estimem uma evolução entre 2% e 6% em relação a 2018.
 
“Ainda estamos longe de reverter os prejuízos causados pela crise econômica nos últimos anos, mas as projeções para 2019 são otimistas. Há uma perspectiva de redução das taxas de juros, portanto, é possível que haja uma queda na inadimplência este ano. Isso vai impactar numa maior disposição das famílias para o consumo. Além disso, a mudança de governo sempre gera expectativa nos empresários. Caso as ações governamentais sejam eficientes, o empresário terá confiança para investir novamente”, explica o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do DF (Fecomércio), Francisco Maia.
 
A projeção é considerada tímida, mas representa um alívio, segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista do DF (Sindivarejista) e vice-presidente da Fecomércio, Edson de Castro. “Qualquer crescimento depois de um período tão difícil é animador. De 2015 a 2017, registramos mais fechamentos do que aberturas de lojas comerciais. Nesse período, perdemos quase 5 mil estabelecimentos. Em 2018, tivemos um saldo positivo. Fechamos o ano com 57 novas lojas. Queremos manter a projeção”, destaca.
 
Um dos comércios inaugurados no último ano foi o da administradora Paula Dellinghausen, 27 anos. Em outubro passado, ela abriu uma pequena loja de moda e acessórios infantis. “Sempre foi o meu sonho. Mesmo com toda a crise financeira pela qual o país estava passando, senti que era a hora certa para fazer isso. Comecei muito bem. Consegui um retorno de R$ 15 mil a R$ 18 mil em cada um dos primeiros três meses”, diz.
 
Apesar de ainda não ter recuperado o dinheiro que investiu para abrir o estabelecimento, Paula está confiante para 2019. Apenas nas duas primeiras semanas de fevereiro, ela conseguiu vender R$ 2 mil a mais do que comercializou nos 31 dias de janeiro. “Fevereiro superou as expectativas. Se eu tiver o mesmo lucro nos próximos meses, farei novos investimentos, como criar um site para vender também pela internet”, prevê.

Paula Dellinghausen:  

Paula Dellinghausen: "Fevereiro superou as expectativas. Se eu tiver o mesmo lucro nos próximos meses, farei novos investimentos"

 



Estatísticas
 
Na opinião da pequena empreendedora, o bom volume de vendas tem a ver com a mudança do cenário político nacional. “Sinto que os brasilienses estão mais empolgados com as expectativas anunciadas pelo novo governo. É claro que os consumidores ainda buscam produtos mais baratos, mas acredito que neste ano eles estão mais animados para gastar.”
 
Em todos os meses de 2018, o Índice de Confiança do Empresário do Comércio do DF, medido pela Fecomércio, superou a marca dos 100 pontos. Valores acima de 100 indicam otimismo, de acordo a entidade. “Houve um aumento significativo na comparação anual, o que significa que a confiança do empresário do comércio está reagindo positivamente”, aponta Edson de Castro, do Sindivarejista.
 
Vendedora de uma loja de perfumes há um ano e meio, Alanna Medeiros, 30, confirma o ânimo para 2019. “Apesar de os primeiros meses do ano serem um período em que as pessoas estão pagando dívidas e resolvendo outras pendências, há uma boa movimentação no nosso comércio. O volume de vendas cresceu 10% em relação à mesma época de 2018. Isso nos faz crer que o restante do ano também será bom”, comemora.
 
Dessa forma, ela acredita que será possível investir em novos produtos para atender às necessidades da clientela. “Os consumidores querem qualidade. Quanto mais variado for o nosso estoque, melhor para a loja. Mesmo se vendermos com desconto, certamente lucraremos”, detalha.
 
Também de acordo com a Fecomércio, o Índice de Consumo das Famílias do DF chegou a 102,5 pontos em janeiro deste ano. Foi a primeira vez desde março de 2015 que o levantamento ultrapassou a zona de indiferença, de 100 pontos. “Apuramos que boa parte dos brasilienses se sente mais seguro no emprego, em comparação com o mesmo período de 2018. Isso reforça que a economia está se recuperando e as empresas não estão querendo mais demitir”, avalia Francisco Maia, da Fecomércio.

Alanna Medeiros:  

Alanna Medeiros: "O volume de vendas cresceu 10% em relação à mesma época de 2018. Isso nos faz crer que o restante do ano também será bom"

 



Indústria animada
 
O ano também deve apresentar recuperação econômica, de acordo com o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon), João Carlos Pimenta. “Os últimos quatro anos foram difíceis. Atolamos em uma situação complicada. O efetivo médio de trabalhadores na construção civil, por exemplo, baixou de 90 mil para menos de 20 mil. Mas com os novos investimentos prometidos pelos governos federal e do DF, tenho certeza de que vamos destravar a legislação e reaquecer a economia”, disse.
 
Gerente de uma empresa de móveis planejados, Cleiton Bezerra, 47, começou este ano melhor que em 2018. Apenas em janeiro, os ganhos do seu estabelecimento subiram 30% em relação ao mesmo período do ano passado. “Estou otimista para o restante do ano. Quero manter essa margem de diferença. A intenção é fechar o ano no verde, o que não acontece desde 2015”, relata.
 
Nos últimos quatro anos, Cleiton precisou fazer alguns sacrifícios para não fechar as portas. Vendeu bens próprios, demitiu funcionários e acumulou funções na empresa. Em 2018, viu a sua demanda de pedidos por mês cair de 25 para 10. Por conta disso, ele estima que deixou de ganhar pelo menos 
 
R$ 150 mil no ano passado. “Mesmo assim, fiz o possível para manter a empresa aberta. Como 2019 começou melhor, contratei mais quatro pessoas para o quadro de funcionários. A demanda voltou a crescer, felizmente. Espero recuperar tudo o que perdi ainda este ano. Isso me dará tranquilidade para seguir trabalhando”, afirma.
 
Apesar das projeções otimistas, o cenário de desemprego ainda preocupa. Há quatro meses sem emprego, Emily Barbales, 26, está preocupada com 2019. “Voltar ao mercado de trabalho tem sido um desafio. Estou procurando vagas, mas a concorrência é muito grande. Enquanto isso, não posso me dar ao luxo de ficar gastando à toa”, lamenta a secretária.
 
Eventualmente, Emily trabalha como diarista para sustentar as duas filhas, de 4 e 6 anos. “No início do ano passado, quando eu ainda trabalhava, era mais fácil. Agora, tenho que controlar tudo. Antes de pensar em comprar qualquer coisa, tenho que priorizar minha família”, diz.
 
5,8%
Expectativa de aumento no volume de vendas do varejo no DF para 2019, de acordo com a Fecomércio
 
2%
Estimativa de crescimento das indústrias do DF este ano, segundo a Fibra
 
Desburocratização
O desemprego atinge cerca de 10% da população ativa do Distrito Federal. São 310 mil pessoas, de acordo com a Companhia de Planejamento (Codeplan). Para diminuir a quantidade de desocupados, o secretário do Trabalho do DF, João Pedro Ferraz, aposta na rapidez de concessão dos alvarás e licenças para microempresas e empresas de pequeno porte e assim ajudar a eliminar burocracias no setor produtivo. “Além disso, vamos investir no setor de serviços e da construção civil, que são os que mais empregam. Essas são medidas a curto prazo. No futuro, pretendemos criar um polo de livre comércio”, afirma.
 
 (Carlos Vieira/CB/D.A Press - 20/5/153)  
Quatro perguntas para 
 
Jamal Jorge Bittar, presidente da Federação das Indústrias do DF (Fibra)
 
Quais sinais de que este ano será mais positivo para a economia?
Temos indicadores que apontam nesse sentido. A confiança do empresariado de Brasília medida pela Fibra registrou alta em janeiro. Chegou a 64,7 pontos, sendo o melhor resultado para o mês desde o início da série histórica, em 2010. Além disso, embora longe da expectativa, o Produto Interno Bruto (PIB) do DF cresceu no ano passado. A situação econômica ainda é frágil, mas quando ela começa a mostrar movimentos positivos, por menor que eles sejam, nós ficamos muito confiantes. Haverá crescimento, mas nada assustador. É um processo lento, que precisa de continuidade.
 
Quais segmentos devem se destacar neste ano?
No comércio, acredito que as perfumarias, lojas de sapato, vestuário e brinquedo, pois são produtos que as pessoas consomem diariamente ou compram para presentear alguém. Para as indústrias, vejo uma perspectiva mais harmonizada. Deve acontecer uma retomada no contexto geral. O que pode alterar isso é a construção civil. Se os investimentos de governo forem confirmados, ela será a primeira a ser atingida positivamente. A construção civil é sempre marcante, pois pode destoar e dar uma grande contribuição aos indicadores econômicos. Quando a construção civil circula com muita abrangência, ela ativa todos os outros setores da economia.
 
Por mais que exista essa previsão otimista, por que alguns consumidores não sentem confiança de que o ano será melhor?
Porque o cidadão precisa ter convicção de que está em um meio estável. O nosso otimismo não adiantará para nada se não houver boas políticas de governo para efetivar o ânimo das pessoas. São os indicadores de inflação e de desemprego, principalmente, que refletem na segurança e conforto da população para consumir mais. A base do crescimento para a economia é o consumo. Se ele não ocorre, tudo mais vira retórica. Portanto, é preciso deixar a população segura.
 
O nível do desemprego em Brasília cairá neste ano?
Com certeza, a expectativa é boa. O ânimo do empresário para investir acarreta na geração de empregos. O ideal seria uma queda profunda do número de desocupados, mas qualquer diminuição será importante. Nessa corrida, é fundamental a participação das lideranças do setor produtivo e dos poderes Executivo e Legislativo. Nenhum ente consegue produzir resultados sozinho. O espírito colaborativo deve prevalecer.
 
Jornal Impresso

Correio Braziliense sexta, 15 de fevereiro de 2019

TREMENDÃO: UM MUSICAL CHEIO DE COR

 


Um musical cheio de cor
 
 
Minha fama de mau traz Chay Suede como Erasmo Carlos, tema de cinebiografia assinada por Lui Farias

 

Vinicius Nader

Publicação: 15/02/2019 04:00

 
O auge da Jovem Guarda é mostrado em Minha fama de mau (Reprodução/Internet)  

O auge da Jovem Guarda é mostrado em Minha fama de mau

 

 
Chay Suede, Gabriel Leone e Malu Rodrigues fazem parte da jovem guarda do cinema brasileiro. Os jovens, mas não inexperientes, são as estrelas de Minha fama de mau, cinebiografia de Erasmo Carlos assinada por Lui Farias. Chay vive Erasmo, enquanto Gabriel é Roberto Carlos e Malu, Wanderléa.
 
O que vemos em Minha fama de mau não é a estrela da música brasileira, mas um rapaz que aprende os primeiros acordes de violão ao lado de Tim Maia (Vinicius Alexandre). O longa acompanha o começo sem muito o que comemorar da carreira de Erasmo até que vem o definitivo encontro com Roberto Carlos, por intermédio de Carlos Imperial, e, pouco mais tarde, com Wanderléa.
 
Juntos, os três lideraram o movimento da Jovem Guarda, com canções que até hoje são entoadas no país. Por falar em canções, Chay, Gabriel e Malu soltam a voz de verdade em cena, o que não é bem uma novidade para nenhum dos três. Gabriel cantou em outros trabalhos (na abertura da novela Os dias eram assim, inclusive), Chay fez parte da novelinha musical Rebelde, em que cantava e dançava, e Malu participou dos musicais Beatles num céu de diamantes, Se meu apartamento falasse e A noviça rebelde, além de ter sido uma das finalistas do reality show Popstar deste ano.
 
Voltando à trama, Minha fama de mau mostra um pessoal unido e feliz fazendo a Jovem Guarda, mesmo que algumas rusgas apareçam de vez em quando. Imagens de arquivo provam o sucesso do trio — se é que alguém duvida das multidões que eles arrastavam.
 
A ideia do diretor Lui Farias em Minha fama de mau não era a de seguir uma fórmula linear. Dessa forma, ele adota uma estética que, em alguns momentos, chega a lembrar HQs, especialmente na primeira metade do filme, mais centrada nas festas e no sucesso da Jovem Guarda. O drama do fim do movimento e as dificuldades de se manter na carreira dominam a segunda parte do longa.
 
Em família
Não foi à toa que Lui Farias se interessou pela história de Erasmo Carlos. O cineasta é filho de  Roberto Farias, diretor da trilogia de filmes protagonizada por Roberto Carlos, Roberto Carlos e o diamante cor de rosa (1968), Roberto Carlos em ritmo de aventura (1968) e Roberto Carlos a 300 quilômetros por hora (1971).

Correio Braziliense quinta, 14 de fevereiro de 2019

BIBI FERREIRA: O ADEUS À DIVA DOS PALCOS

 

O adeus à diva dos palcos
 
 
Atriz, cantora, bailarina e diretora, Bibi Ferreira, um dos nomes mais importantes da arte nacional, morre aos 96 anos no Rio de Janeiro

 

Nahima Maciel

Publicação: 14/02/2019 04:00

 (GugaMelgar/Divulgação)  
 
 
Bibi Ferreira acabava de lançar o DVD Histórias & Canções, uma compilação de trechos de um show no qual fazia um apanhado de memórias associadas a interpretações que fizeram dela um dos maiores nomes da música e do teatro brasileiro. Em entrevista por e-mail, ela avisou: “Posso ter idade, mas não sou antiga”. Antiga, Bibi nunca será. De olho no moderno, ela ajudou a atualizar o teatro brasileiro nos anos 1940, inovou na direção, fez musical e ópera, cantou Piaf e Frank Sinatra e ainda dirigiu artistas até hoje na crista da vanguarda, como Maria Bethânia.
 
Em setembro do ano passado, ela avisou que se afastaria dos palcos em função da saúde. Entendeu que estava frágil ao sucumbir a várias infecções oportunistas, mas nunca usou a palavra “parar”. Na verdade, seria difícil parar o trem de Bibi Ferreira. Há poucos artistas tão completos quanto ela nos dias de hoje. Bibi era multi: cantava, dançava, narrava, atuava e dirigia.
 
Uma das primeiras grandes damas do teatro no Brasil, Abigail Izquierdo Ferreira morreu na tarde de ontem, aos 96 anos, em seu apartamento no Flamengo, bairro da Zona Sul do Rio de Janeiro. Segundo o empresário Nilson Raman, uma ambulância chegou a ser chamada, mas não houve tempo. Bibi teria sofrido uma parada cardíaca depois de se queixar de falta de ar.
 
Filha do ator Procópio Ferreira e da bailarina argentina Aída Izquierdo, Bibi Ferreira não tinha um mês de vida quando estreou nos palcos. Substituía uma boneca que devia servir de bebê na peça Manhã de sol, de Oduvaldo Vianna. Não houve jeito, desde esse pequeno início, de manter a menina fora dos palcos. A estreia profissional ocorreria 18 anos depois, em 1941, em La Locandiera, de Goldoni.
 
Destaque
 
No corpo de baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, ela fez boa parte desse início de carreira, mas foi nos anos 1940, quando voltou de um período de estudos no Royal Academy of Dramatic Art, em Londres, que despontou dirigindo espetáculos e atuando. Três anos depois da estreia com Goldoni, ainda muito nova, Bibi fundou sua própria companhia de teatro, da qual faziam parte Cacilda Becker e Maria Della Costa. Era o mínimo. O teatro brasileiro se modernizava, os atores precisavam decorar suas falas, o diretor deixava de ser um mero ensaiador e Bibi fazia parte dessa turma jovem que chegava aos palcos cariocas.
 
Cantora risonha, de voz e presença imponente, ela transitava por todos os gêneros. Cresceu entre o teatro de revista praticado pela mãe e o amor pela ópera, herança do pai. No palco, fez os dois e virou referência do teatro musical. Com a mãe, que integrava a Companhia Velasco, a menina percorreu a América Latina e atuou eventualmente nas peças encenadas nas turnês. Teve como primeira língua o espanhol.
 
O português viria depois, graças a Procópio Ferreira. “(o gosto pela ópera) veio do papai. Todo dinheiro que sobrava, lá chegava ele com aqueles bolachões. E era ópera o dia todo. Saía um disco entrava outro. E papai vibrava”, contou Bibi, em entrevista ao Correio, em dezembro de 2017. “Os números que fiz, as versões, são grandes brincadeiras. Um jogo delicioso com as letras brasileiras. Mas esses números todos que crio em todos os meus espetáculos é herança da época que fiz as revistas musicais. A malemolência, o jogo de palavras, o duplo sentido. Tudo vem dessa época”, lembrou.
 
Referências
 
As heranças culturais dos pais, que se separaram quando a cantora era ainda muito jovem, tiveram enorme influência em sua formação. Além do português e do espanhol, Bibi falava francês e inglês, línguas nas quais cantava perfeitamente. Não foi à toa que um de seus últimos sucessos tenha sido o espetáculo com canções de Edith Piaf. Dos clássicos da música brasileira e internacional à ópera, não havia limites para o alcance musical da artista.
 
Suas atuações em musicais como My fair lady (1964) e O homem de la Mancha (1972), no qual cantava ao lado de Paulo Autran, entraram para os anais do teatro brasileiro como interpretações difíceis de superar. Com o quarto e último marido, Paulo Pontes, realizou parceria profícua. Bibi o dirigiu no musical Brasileiro: profissão esperança (1970) e, cinco anos mais tarde, viveu a Joana de Gota d’água, uma parceria de Paulo Pontes e Chico Buarque.
 
Vivido em uma interpretação memorável, o drama da favelada Joana, abandonada por Jasão, foi uma oportunidade para Bibi mostrar do que era capaz quando se tratava de um papel trágico. As gravações em fita cassete da voz da atriz na pele de Joana encantaram a atriz Laila Garin, que revive o papel de Bibi em Gota d’água (A seco), na releitura de Rafael Gomes apresentada em Brasília no último fim de semana. Laila ouviu a fita nos anos 1990, quando ainda era adolescente. “Fiquei fascinada, não sabia que havia atriz que cantava. Ela fazia com aquela intensidade, beleza, era uma grande feiticeira, uma bruxa. A Bibi foi meu primeiro contato com isso que me tornei. E virou um caminho”, conta Laila, que ganhou o Prêmio Bibi Ferreira duas vezes, uma com Elis e outra com Gota d’água (A seco).
 
O talento para o canto e para a atuação deram à artista um domínio tal da cena que foi inevitável a presença por trás das cortinas. Nos anos 1970, Bibi dirigiu Maria Bethânia e Clara Nunes, Marília Pêra, Walmor Chagas e Marco Nanini. “Não vivo do passado, mas também não fico pensando no futuro. Penso no hoje, no aqui, no agora”, explicou, em entrevista ao Correio, ao lembrar de sua atuação como diretora. Esse pensamento a manteve nos palcos até 2017. Foram 77 anos de carreira, se ficarem de fora as brincadeiras iniciais, ainda na infância, ao lado dos pais. Ou uma vida toda, se o ponto de partida for Bibi sob direção de Oduvaldo Vianna, com 24 dias de existência.
 
 
 
Para sempre
 
Leia trechos da última entrevista concedida por Bibi Ferreira, ao Correio, em dezembro de 2017:
 
O mundo dos musicais no Brasil mudou muito?
Claro que mudou, cresceu, está crescendo, amadurecendo. Temos grandes talentos. Grandes vozes. Muita coisa boa sendo feita. Existem atores que se dedicam só a musicais. Veja só que maravilha!!! Além do início do uso dos microfones, que ajudou muito. Meus primeiros musicais era tudo no gogó.
 
Você continua sendo uma cantora extremamente versátil e cantar ópera é um prova disso. É difícil manter essa versatilidade?
A música me encanta. Uma grande canção me emociona. E acho que a versatilidade vem quando você está pensando num novo espetáculo e pensa o que gostaria de apresentar para o público. A vontade de sempre surpreendê-los. Aquelas canções que me permitem boas notas. Nada como um grande agudo para o público gostar....
 
Como mantém a voz?
Não existe mistério. Agradeço a Deus todos os dias. Não faço nada em especial. Agora, a minha vida inteira nunca fumei, não bebo, não tomo gelado e sempre tive uma consciência muito grande do ato de cantar. Da maravilha que é cantar.
 
Você já disse que não é uma estrela e sim um cometa, porque este está sempre em movimento. Pode contar que movimento é esse que lhe fascina?
Acho que quando você me pergunta sobre a versatilidade, está respondendo que movimento é esse. A vontade de fazer coisas novas, cantar coisas novas, lembrar grandes canções. Atuar, cantar, dirigir, criar roteiros. Hoje minha vida é muito mais calma. Já não tenho vontade de dirigir mais.
 
E que conselho daria aos jovens artistas de hoje, você que é uma artista completa, dança, canta, atua, dirigir?
Que sigam seus sonhos. Vocação é vocação. Se você tem, como fugir dela? Mas é sempre bom falar que é uma carreira muito difícil. Muito.
 
 
Jornal Impresso
 
 

Correio Braziliense quarta, 13 de fevereiro de 2019

RISCOS À BEIRA DA BARRAGEM DO PARANOÁ

 

Riscos à beira da barragem
 
Depois da tragédia de Brumadinho, moradores de áreas abaixo da represa do Lago Paranoá estão preocupados com a possibilidade de acidentes. GDF monitora o crescimento urbano da área

 

» JÉSSICA EUFRÁSIO
» AUGUSTO FERNANDES
Especial para o Correio

Publicação: 13/02/2019 04:00

 (Breno Fortes/CB/D.A Press)  


Valdenice Ferreira com o marido, Benedito Ribeiro: 'Uma vez, o nível da água chegou à mureta do bar' (Barbara Cabral/Esp. CB/D.A Press)  

Valdenice Ferreira com o marido, Benedito Ribeiro: 'Uma vez, o nível da água chegou à mureta do bar'

 



 
A recente tragédia que assolou a população de Brumadinho (MG) acionou o alerta de representantes do poder público por todo o país. No Distrito Federal não foi diferente. A possibilidade de o mesmo acontecer na Barragem do Paranoá, por exemplo, fez com que o GDF adotasse medidas para evitar o desgaste da estrutura do local. Apesar disso, o cenário e a especulação preocupam moradores das proximidades abaixo da represa, principalmente os habitantes do Núcleo Rural Boqueirão, que seriam os primeiros atingidos em caso de um problema que provocasse o rompimento da estrutura — ou uma vazão emergencial da água do lago.

Responsável pelas políticas de gestão do território do DF, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh) ainda não tem dados sobre a quantidade de famílias que vivem na área. A pasta informou que, ao longo do curso do rio, não há ocupação urbana. No entanto, o núcleo rural abriga centenas de casas em pontos de difícil acesso. Em nota, a Seduh informou que efetua uma pesquisa sobre a população da área. “O único levantamento que é feito pela Seduh, neste momento, é sobre a população que vive próxima à Barragem do Paranoá, mas ainda dependemos de algumas informações que a CEB enviará.”

Ainda que, para especialistas e para o governo, a possibilidade de isso acontecer seja quase inexistente, os moradores da área temem problemas maiores. Eles relataram ocasiões em que as comportas da barragem foram abertas sem que a sirene da Companhia Energética de Brasília (CEB) — responsável pelo local — tocasse para alertar a população. O fluxo de água fez com que o nível do Rio São Bartolomeu subisse e atingisse casas da região.

“Antes, não nos preocupávamos, apesar do que aconteceu também em Mariana (MG). Agora estamos sim”, comenta Valdenice Ferreira, 50 anos. Ela e o marido, Benedito Ribeiro, 62, são donos de um bar nas proximidades do rio. Os dois, além de um primo do comerciante, moram em uma casa no mesmo terreno do estabelecimento.

A simplicidade do local não afasta o público, que chega em grupos de amigos e parentes, para aproveitar o dia à beira do rio. Moradores da região e de outras partes do DF, eles percorrem os cerca de 3km de estrada — pavimentada e de terra — que sai da DF-001 no Paranoá e leva à comunidade ribeirinha. Valdenice e Benedito cuidam do bar desde 1987, mas moram na região desde 2015. Ela diz que moradores nunca foram preparados para eventuais caminhos de fuga. “O pessoal da CEB disse que estava tudo ok. A Polícia Ambiental e os bombeiros sempre vêm, mas nunca ninguém fez treinamentos conosco.Uma vez, o nível da água chegou à mureta do bar”.
 
Boas condições
 
A CEB afirmou que as comportas da barragem são abertas em situação de rotina, pois de acordo com a companhia, existe necessidade de dar vazão à água do Lago Paranoá. “As sirenes funcionam normalmente e, sempre que abrem, ela toca. Os sistemas de monitoramento da barragem estão em perfeito funcionamento. As condições são de segurança e laudos são elaborados periodicamente”, ressaltou, em nota, a concessionária.

A companhia informou ainda que colocará em prática, ao lado da Defesa Civil, um trabalho de comunicação e esclarecimento à população que mora abaixo da Barragem do Paranoá. O objetivo da medida é explicar que esse público está em uma área de risco, o significado disso e os tipos de providências que devem ser tomadas em caso de emergência.
Moradora do Núcleo Rural Boqueirão há três meses, Nadja Diane da Silva, 29, preocupa-se com a infraestrutura da área e teme uma tragédia. Dona de casa, ela mora com o marido, o operador de máquinas Jeferson Pereira, 30, e os três filhos. Mesmo com a aflição, a família não tem condições de deixar o imóvel, que fica próximo a uma escarpa e a poucos metros do rio. “O que nos preocupa é essa tragédia (de Brumadinho). Passa muita coisa em nossa cabeça, mas não temos como sair daqui. Seguro a gente nunca fica. Mas fazer o quê?”, questiona Nadja.

Com o mesmo receio, o pedreiro José Vânio de Sousa, 47, cita um caso em que percebeu a dimensão do problema. “Houve uma vez em que o rio subiu, tudo ficou inundado e ninguém pôde sair daqui de baixo”.

Professor de Engenharia de Barragens e de Fundações do Centro Universitário de Brasília (UniCeub), Rideci Farias afirma que qualquer estrutura do porte da barragem do lago precisa de manutenções e inspeções constantes, a fim de terem a vida útil garantida. “Claro que isso depende do tipo de barragem, pois há particularidades.” O especialista ressalta a importância de construção de uma barreira que suporte a força da água contra o obstáculo e acrescenta que, independentemente do tipo de material usado, sempre haverá alguma chance de acidentes acontecerem. “Se o empreendimento existe, o risco existe. Assim sendo, ele tem de ser observado, medido e monitorado, mas nunca desprezado”, reforça.

O secretário de Infraestrutura e Obras, Izídio Santos, disse que não há motivo para alarde a respeito da situação da Barragem do Paranoá. Inspeções regulares feitas pela CEB nos últimos três anos atestaram que a categoria de risco da represa é média. “Hoje, tudo o que se exige dentro do plano de manutenção de barragens no DF é atendido. Mesmo assim, queremos aprimorar as estratégias para monitorar essas estruturas”, afirmou.

Izídio destacou que são necessárias manutenções preventivas de rotina, especialmente na pista de rolamento. Dessa forma, até o fim desta semana, o governo fará obras de recapeamento asfáltico sobre toda a extensão da pista que passa por cima da barragem, além de sinalização e limpeza de saídas de água e drenos. Assim que os reparos estiverem concluídos, a velocidade máxima da via será reduzida de 50km/h para 40km/h.

Segundo o secretário, por mais que a barragem não corra riscos iminentes, é indispensável que seja feito algum projeto para preservar a vida das comunidades ribeirinhas mais próximas ao reservatório. “Não deveria ter pessoas vivendo ali embaixo. Estamos fazendo um estudo minucioso, a fim de identificar quais são as possíveis soluções para as famílias. Vamos avaliar o que é regular e o que é irregular. O ideal é controlar a ocupação daquela área, com o cadastramento das populações dali”, explicou.

Nadja Diane e Jeferson Pereira: preocupação depois de Brumadinho (Barbara Cabral/Esp. CB/D.A Press)  

Nadja Diane e Jeferson Pereira: preocupação depois de Brumadinho

 



Três perguntas para Izídio Santos, secretário de Infraestrutura e Obras

Atualmente, há algum risco estrutural na Barragem do Paranoá?
Não. Hoje, não há nada que indique um risco iminente à estrutura da represa. A cada sete anos, a CEB faz um laudo minucioso para averiguar a situação da barragem. O último, de 2017, constatou que o nível de segurança do reservatório é normal.  
 
Existe um plano do governo para remanejar as famílias que moram no Núcleo Rural Boqueirão, abaixo da represa?
Estamos analisando a situação dessa área. O governador Ibaneis determinou que a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação faça um estudo do que há naquela região. A Defesa Civil também participará deste processo. A ideia é fazer um plano de contingenciamento, pois, apesar de os riscos na estrutura da barragem serem baixos, o dano potencial em caso de rompimento é alto. Como há muitas chácaras e pessoas morando ali, a possibilidade de perdas de vidas, caso a represa entre em colapso é real.
 
Caso o GDF decida construir uma ponte para desviar o trânsito da Barragem do Paranoá, em quanto tempo ela ficará pronta?
Isso depende do sistema construtivo, mas seria algo em torno de três anos. Estamos discutindo como seria erguida essa ponte. Temos a opção de fazê-la dentro do espelho d’água ou após a barragem, onde há um desnível de terra muito grande. Tudo está sendo avaliado. É um processo demorado. Além da parte técnica e de elaboração do projeto, há a questão do tempo para se concluir a licitação. De qualquer forma, está nas nossas intenções eliminar o trânsito sobre a barragem.
 
Jornal Impresso

Correio Braziliense segunda, 11 de fevereiro de 2019

PIRI E CHAPADA LOTADAS NO CARNAVAL

 

Piri e Chapada lotadas na folia
 
 
 
Restam poucas vagas de hospedagem nos principais destinos turísticos goianos próximos do Distrito Federal para o feriado. A maior oferta está em Caldas Novas, onde hotéis têm diárias para um hóspede variando de R$ 50 a R$ 800

 

» Patrícia Nadir
Especial para o Correio

Publicação: 11/02/2019 04:00

Parque da Chapada dos Veadeiros: as pousadas da região estão com 100% das ocupações confirmadas no primeiro carnaval com a reserva ambiental recuperada do seu maior incêndio (Breno Fortes/CB/D.A Press - 23/11/17)  

Parque da Chapada dos Veadeiros: as pousadas da região estão com 100% das ocupações confirmadas no primeiro carnaval com a reserva ambiental recuperada do seu maior incêndio

 


Os brasilienses que desejam curtir o carnaval fora da capital têm como opções mais próximas e econômicas as cidades goianas. Mas, faltando menos de um mês para a folia, é preciso decidir e organizar logo a viagem. Dos destinos preferidos dos moradores do Distrito Federal, Alto Paraíso e São Jorge, na região da Chapada dos Veadeiros, a 230km de Brasília, têm poucas vagas em suas 89 pousadas, que oferecem cerca de 4 mil leitos. A cidade e sua vila turística devem receber 30 mil visitantes nos quatro dias de feriado, de 2 a 5 de março.
 
Com pacotes de hospedagem para o período de carnaval variando de R$ 400 a R$ 13 mil, as históricas Pirenópolis e a Cidade de Goiás, (mais conhecida como Goiás Velho), distante 150km e 350km de Brasília, respectivamente, também estão com quase todos os quartos reservados. A outra opção é Caldas Novas, onde 49 (70%) dos 70 hotéis e flats de hospedagens estão com 100% de ocupação. As diárias para um hóspede na cidade famosa pelas águas quentes vão de R$ 50 a R$ 800.

Igreja Matriz de Pirenópolis: pacote de hospedagem para casal, durante quatro dias de feriado, chega a R$ 13 mil na cidade histórica (Minervino Junior/CB/D.A Press - 11/1/18)  

Igreja Matriz de Pirenópolis: pacote de hospedagem para casal, durante quatro dias de feriado, chega a R$ 13 mil na cidade histórica

 

Em Alto Paraíso, a pousada com os preços mais altos está com todos os quartos reservados. O pacote de seis dias para um casal na hospedaria custa R$ 5,3 mil. Há cerca de 50 casas de temporadas na cidade, com diárias individuais variando de R$ 60 a 200. A cidade conta também com 10 albergues que custam  entre R$ 70 e R$ 120 a noite por pessoa. Há ainda cerca de 30 áreas de camping, que comportam de 50 a 80 barracas cada. Nesse tipo de hospedagem, geralmente, se cobra por pessoa, e não por barraca. O preço médio da diária é R$ 30.
 
Já em Goiás Velho, a diária em um dos quatro albergues da cidade para um quarto compartilhado com quatro pessoas é de R$ 60, incluindo café da manhã e wi-fi. Os donos alertam que, apesar de a demanda estar muito cheia, ainda há vagas. Nas pousadas, por exemplo, um pacote no feriado com quatro dias para duas pessoas em um quarto com ar-condicionado fica entre R$ 1,1 mil e R$ 1,4 mil.
 
Um pacote de quatro dias de hospedagem para casal, durante o carnaval, em Pirenópolis, custa, em média, R$ 1,3 mil. Entre as 260 pousadas da cidade, existe uma com bangalô a R$ 23 mil por cinco noites. E não há mais vaga.

Em Goiás Velho, a diária em um dos quatro albergues para um quarto compartilhado custa R$ 60 (Monique Renne/CB/D.A Press - 13/1/11)  

Em Goiás Velho, a diária em um dos quatro albergues para um quarto compartilhado custa R$ 60

 

Marchinhas
Apesar de estar lotada no feriado, Alto Paraíso não tem uma programação oficial de carnaval. As atrações ficam por conta das cachoeiras, no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e dos bares e restaurantes. Alguns oferecem música ao vivo. “Embora não tenha uma definição de desfile com blocos de rua, festas e shows prometem aquecer os foliões”, assegura o secretário de Cultura do município, Luiz Antônio Silva Pinto.
 
Em Pirenópolis, onde há um rico casario tricentenário e dezenas de cachoeiras na área rural, a programação inclui o tradicional carnaval das marchinhas, com participação da Banda Phoenix. Os shows serão sempre à tarde, na Rua Prefeito Sizenando Jaime, conhecida como Rua dos Bancos. “Haverá também desfile dos blocos no Centro Histórico e reforço no policiamento para evitar conflitos”, ressalta o secretário de Cultura da cidade, Carlos Alberto Pojo do Rego.
 
Turistas que visitam Caldas Novas em fevereiro já curtem a folia. Às terças-feiras e aos sábados, na Praça Mestre Orlando, no centro da cidade, há atrações como desfile de carros antigos, brinquedos infláveis, barracas com comidas típicas e as clássicas marchinhas carnavalescas. Para os dias do feriado, no entanto, ainda não há programação definida, de acordo com o secretário de Turismo, Ivan Garcia Pires. Indefinido também está o carnaval de Goiás Velho.
 
Sem reserva
O bancário André Franco Arruda, 26 anos, conta os dias para fazer as malas e embarcar com quatro amigos rumo a Alto Paraíso. Eles querem visitar o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Este será o primeiro carnaval com a reserva totalmente recuperada do seu maior incêndio, que destruiu mais de 66 mil hectares de cerrado em outubro de 2017.
 
O grupo pretende ainda praticar esportes radicais. “Vamos colocar no roteiro coisas ousadas. Sim, vai ter passeios mais calmos, para observar as belezas guardadas pelos paredões rochosos, mas não podem faltar os desafios, como rapel e tirolesa perto  das quedas d’água”, comenta André. No entanto, os amigos não garantiram a estadia. “Estamos correndo contra o tempo para achar algum lugar, porque as pousadas e os hotéis estão todos cheios”, observa André.
 
 
 
Memória
 
Incêndio sem punição
 
O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros sofreu com um incêndio entre 17 e 31 de outubro de 2017, o maior da sua história. As chamas consumiram 97 mil hectares da reserva ambiental. O local mais atingido fica no município de Cavalcante, onde 80% de cerrado foram atingidos.
 
Mais de 500 pessoas participaram da força-tarefa para extinguir o incêndio, incluindo brigadistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), bombeiros de Goiás e do Distrito Federal, além de voluntários. A Força Aérea Brasileira (FAB) contribuiu com aviões.
 
Uma perícia apontou que alguns dos focos foram encontrados em locais fora do perímetro de contenção do fogo – definido pelos profissionais das brigadas. Segundo as apurações, esse é um dos indícios que atestam a hipótese de o crime ter sido intencional. Em abril do ano passado, porém, o Ministério Público Federal (MPF) em Luziânia (GO) pediu o arquivamento do processo, alegando esgotamento de opções de investigações.
 
 
 
Informe-se
 
Centros de Atendimento ao Turista
 
Alto Paraíso: (62) 3446-1159
Pirenópolis: (62) 3331 2633
Cidade de Goiás (Goiás Velho): (62) 33717713
Caldas Novas: (62) 3454 6807
 
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Correio Braziliense domingo, 10 de fevereiro de 2019

PEQUI: O OURO DO CERRADO

 


O ouro do Cerrado
 
 
A temporada de pequi vai até março. Aproveite para descobrir seus outros poderes além de encantar o paladar. O fruto está sendo usado na cosmética, na farmacêutica e até em pesquisas de prevenção do câncer

 

Por Renata Rusky
Por Juliana Andrade
Especial para o Correio

Publicação: 10/02/2019 04:00

O pequi carrega em si a contradição da delicadeza das flores e da brutalidade dos espinhos. Uma mordida em falso e haverá consequências. É um fruto de extremos: há quem ame e quem odeie. E se há quem goste de comê-lo puro e de adicioná-lo a receitas, outros o usam de forma completamente diferente e inovadora. Na Universidade de Brasília (UnB), um estudo já identificou propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias no óleo extraído do pequi. Na Universidade de São Paulo (USP), provaram seus efeitos na prevenção de câncer.
 
O fruto também ganhou espaço no segmento dos cosméticos. Além do poder hidratante inerente a todo óleo, o do pequi apresenta a vantagem de modelar os fios dos cabelos. Por isso, foi adicionado a diversas formulações de xampus, especialmente nos específicos para o público dono de cacheados, já que o efeito modelador é mais natural.
 
Na culinária, o pequi está presente não só em receitas tradicionais e caseiras, mas até em drinques. Inclusive, ele já representou o Centro-Oeste em episódio do MasterChef Brasil, pelas mãos da chef brasiliense Mara Alcamin. Na ocasião, ela preparou um frango caipira, arroz  e creme de milho acompanhado, claro, de pequi. “É uma combinação do que se come no interior”, explicou.
 
Segundo a nutricionista Andréa Marim, o pequi é quase um remédio, com muitos efeitos positivos para saúde. “Ele tem um teor elevado de ácidos graxos monoinsaturados, os mesmos encontrados em nozes, em azeitonas e em compostos orgânicos que ajudam a diminuir os níveis de colesterol no sangue e a proteger o coração”, explica.
 
Portanto, ele pode não agradar ao paladar, mas ainda há bons motivos para acrescentá-lo à dieta. A professora e consultora de alimentos do Senai Helena Malvar recomenda o ingrediente especialmente para quem, assim como ela, é vegetariano. “É um alimento muito rico em proteína vegetal; então, supre bem a falta da proteína animal”, esclarece.
 
A própria Helena admite que, carioca e sem a tradição de comer o fruto, não gosta muito do sabor, mas reconhece o casamento perfeito do pequi com o frango e dá uma dica: “Em conserva, ele tem um gosto muito mais suave e nenhum cheiro, o que permite que, até quem não gosta, possa saboreá-lo. E o legal de comida é isso: testar e descobrir que algo, que você acha que não aprecia, é gostoso, se preparado de outra forma”.
 
 (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  
Um amor que vem de família
 
Na casa da médica Andrea Kavamoto, 53, os pratos ganham um gostinho especial o ano inteiro. Enquanto muitos só saboreiam o pequi na época da colheita — que vai de outubro a março, segundo o Sebrae —, a médica goiana sempre o inclui em receitas de frango, de risoto e até em pastéis.
 
O amor pelo pequi vem de família. Andrea chegou a Brasília quando tinha 10 anos, mas trouxe a paixão pelo sabor típico de lá. Ela conta que aprendeu a apreciá-lo com a avó, a mãe e a tia. “A gente sempre comeu, mas confesso que, quando era criança, não gostava do caroço”, lembra. Para resolver esse problema, encontrou alternativas e adaptou as receitas da avó. “Ela usava o fruto com caroço e tudo. Eu fui tentando fazer sem. É bom para os iniciantes se assustarem menos com o pequi; afinal, o importante é o gosto”, comenta, referindo-se aos espinhos que podem machucar os desavisados e mais inexperientes.
 
Os pratos preparados por ela fazem sucesso. A médica só não conseguiu agradar a filha, mas o marido e os vizinhos fazem questão de participar da “farra do pequi”, como ela mesmo define. É uma forma deliciosa de apresentar aos amigos não goianos o prazer de saborear o fruto mais famoso da sua terra natal. 
 
No cardápio dessa festa gastronômica, os pastéis recheados com carne e pequi são servidos como entrada. Como recheio, o fruto não fica com um sabor muito forte, mas deixa um gostinho singular e especial. Entre os pratos, Andrea destaca o risoto caipira. Na receita, ela usa frango, carne de boi e de porco e, claro, pequis bem temperados.
 
O fruto antes era colhido em casa, mas, com o passar do tempo, o pequizeiro secou. Porém, se há falta dele no quintal, tem de sobra na geladeira. Para garantir o ingrediente, Andrea tem uma carta na manga. “Na época do pequi, eu os cozinho, depois raspo a massa, que vai se soltando facilmente do caroço, e congelo. Assim, eu tenho a polpa pronta o ano inteiro”, revela.
 
Andrea reconhece que muitos têm uma relação de amor e ódio com o pequi, mas acredita que ele merece uma chance de conquistar o paladar dos desacostumados. “Às vezes, o pequi muito concentrado e refogado pode ser desagradável para muita gente. Experimente misturar os sabores. Fica mais interessante”, aconselha.
 
Andrea Kavamoto ensina a preparar pastel de carne com pequi
 
Ingredientes:
  • Carne moída (300g)
  • Pasta de pequi
  • Cebola
  • Alho
  • Sal
 
Modo de preparo:
  • Refogue a carne com a cebola picada, alho e sal. Em seguida, acrescente a pasta de pequi e adicione pequenas porções de água até a carne ficar totalmente cozida. Depois, é só rechear as massas de minipastéis.
 
 (Fotos: Vinicius Cardoso Vieira/Esp. CB/D.A Press)  
Helena Malvar sugere uma receita de arroz cremoso com frango, pequi e crisps de pequi. É uma opção ideal para aproveitar as sobras do arroz e do frango do almoço e transformá-las em um prato diferente e saboroso.
 
 
Ingredientes:
  • 2 xícaras de sobras de frango assado ou cozido
  • 2 xícaras de sobras de arroz
  • 1 xícara de requeijão cremoso
  • 1 vidro de pequi em conserva
  • 2 cebolas picadas
  • 4 dentes de alho pilados ou picados
  • 1 pacote de ervilha fresca congelada
 
Modo de preparo
  • Corte o pequi em pedaços. Refogue a cebola até ficar transparente. Acrescente o alho e deixe refogar mais um pouco.
  • Adicione o pequi, refogue bem e acrescente um pouco de água quente  para cozinhar. Depois, coloque a ervilha.
  • Quando a água secar, acrescente o frango e o refogue. Em seguida, adicione o requeijão, de maneira que vire um creme. Por último, acrescente o arroz e misture bem.
  • Finalize com salsinha, cebolinha, pimenta-do-reino. Já no prato, coloque os crisps de pequi para enfeitar.
 
Para os crisps de pequi
  • Prepare uma calda grossa com água e açúcar. Acrescente o pequi em tirinhas e deixe cozinhar até começar a açucarar. Mexa bem rápido até que os pedaços de pequi se soltem.

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Correio Braziliense sábado, 09 de fevereiro de 2019

FLAMENGO: CHAMAS ROUBAM FELICIDADES

 

Chamas Roubam Felicidades
 
 
A morte de 10 meninos em um incêndio no CT do Flamengo comoveu o Brasil e o mundo. Com o luto, vieram os questionamentos sobre o motivo do fogo e se ele poderia ser evitado
 

 

Publicação: 09/02/2019 04:00

 



Crianças e adolescentes. Eles dormiram com o sonho de serem jogadores de futebol e acordaram para um pesadelo. Nas palavras do presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, “certamente a maior tragédia pela qual esse clube já passou nos últimos 123 anos”. Uma tragédia que atingiu aqueles 10 meninos, as famílias deles e fãs do futebol no mundo inteiro — torcedores rubro-negros ou não. Como no fatídico acidente de avião com o time da Chapecoense, todos se uniram em torno de um time, ao mesmo tempo em que surgiram perguntas que exigem respostas: como aconteceu o incêndio no alojamento dos jovens atletas no Ninho do Urubu, o centro de treinamento do clube, em Vargem Grande, na zona oeste do Rio? Por quê? Poderia ser evitado? E quem são os responsáveis pela morte dessas crianças?

Segundo relatos dos adolescentes que ocupavam o alojamento, o fogo começou por volta das 5h de ontem. O tenente-coronel Douglas Renault, porta-voz do Corpo de Bombeiros, afirmou que os militares chegaram ao local às 5h17. No horário, o alojamento estava inteiramente tomado pelo fogo e não foi possível salvar ninguém. Os atletas contam que nem todos notaram o fogo ao mesmo tempo. Quando começaram a sair e a gritar pelos companheiros, as chamas se alastraram de forma rápida. Em vídeo, o atacante Samuel Barbosa, de 16 anos, chora. “Não deu para conseguir chamar quase ninguém”, diz. A fumaça se espalhou, fazendo com que muitos desmaiassem. Depois, explosões tornaram a situação mais confusa e perigosa.

No fim do dia, o médico do elenco profissional do Flamengo João Marcelo Amorim confirmou que os 10 mortos no incêndio eram jogadores das categorias de base: Arthur Vinícius de Freitas, 14 anos; Bernardo Pisetta, 14; Christian Esmério, 15; Jorge Eduardo Santos, 15; Pablo Henrique da Silva, 14; Vitor Isaias, 14; Samuel Thomas Rosa, 15; Athila Paixão, 15; Gedson Santos, 14; e Rykelmo de Souza Viana, 17. Kauan Emanuel, de 14 anos, Francisco Dyogo, 15, Jhonata Ventura, também de 15 anos, seguem internados — o último, em estado grave.

Durante o dia, amigos e parentes de jogadores e funcionários do Ninho do Urubu e torcedores fizeram uma vigília e prestaram homenagens. A bandeira do Flamengo, em local de destaque na frente da entrada do centro de treinamento, foi hasteada a meio mastro já no meio da manhã. Marli Porto, mãe de um atleta do clube que não estava entre as vítimas, foi até lá em busca de informações. Ela lembrou que todos os garotos compartilham um sonho em comum, de se tornarem atletas do Flamengo. “É um sonho muito forte de todos eles; ficam longe da família, lutam com muita garra para estar aqui e conquistar esse sonho”, contou.

Inquérito
A diretoria do Flamengo passou o dia reunida na sede oficial do clube, na Gávea (zona sul), onde foi organizado um gabinete de crise para tomar decisões quanto ao episódio. Enquanto isso, 13 atletas das categorias de base do Flamengo e três funcionários do clube foram ouvidos pela Polícia Civil do Rio ontem, no inquérito que apura a responsabilidade pelo incêndio que atingiu o CT do rubro-negro. Todos os atletas estavam no alojamento quando o incêndio ocorreu. A 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes) requisitou ao Flamengo as imagens de câmeras de segurança e solicitou ao Corpo de Bombeiros e à Prefeitura do Rio a documentação referente ao funcionamento do CT. A Polícia Civil não se manifestou oficialmente sobre as prováveis causas do incêndio, mas a principal suspeita é de que tenha havido um curto-circuito em algum aparelho de ar-condicionado.

O Ministério Público do Trabalho criou uma força-tarefa para apurar responsabilidades pelo incêndio. Em nota, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro afirmou que o local do incêndio está na mira desde 2015. No documento, diz que “as precárias condições oferecidas pelo Clube de Regatas do Flamengo a seus atletas são inferiores até mesmo àquelas ofertadas aos adolescentes que cumprem medida socioeducativa de semiliberdade em unidades do Departamento Geral de Ações Educativas (Degase), o que revela o absurdo da situação”. Apesar disso, nenhuma medida foi tomada.

Em outro questionamento, a Prefeitura do Rio afirmou que o clube não tinha permissão do governo municipal para manter o alojamento naquele espaço. “No projeto protocolado, a área está descrita como um estacionamento”, afirma, em nota, o órgão. A nova licença tem validade até 8 de março e, segundo o município, “não há registros de novo pedido de licenciamento da área para uso como dormitórios”. O Flamengo afirmou que o alojamento seria desativado e os atletas seriam deslocados para outros quartos nas próximas semanas. Por fim, o Corpo de Bombeiros afirmou que o local não possuía o Certificado de Aprovação (CA). “Importante esclarecer que a não existência do CA não significa, por si só, que o local não possuía os dispositivos, e sim que não era aprovado pelo CBMERJ”, ressaltou a corporação.
 
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Correio Braziliense sexta, 08 de fevereiro de 2019

CAOS NO RIO: RIO DE MORTES E ESTRAGOS

 


Rio de mortes e estragos
 
emporais na cidade provocaram seis óbitos e causaram alagamentos, deslizamentos de terra e desabamentos, entre os quais de parte da ciclovia Tim Maia. Mais de uma centena de árvores caíram, além de postes de energia

 

Ingrid Soares
Especial para o Correio

Publicação: 08/02/2019 04:00

 

A queda de uma barreira na Avenida Niemeyer, na Zona Sul, atingiu um ônibus e provocou a morte de duas pessoas (Mauro Pimentel/AFP
)  

A queda de uma barreira na Avenida Niemeyer, na Zona Sul, atingiu um ônibus e provocou a morte de duas pessoas

 

 


As fortes chuvas que assolaram o Rio de Janeiro na noite de quarta-feira para ontem deixaram ao menos seis mortos. Entre eles, uma mulher e um homem que estavam num ônibus atingido pela queda de uma barreira na Avenida Niemeyer, na Zona Sul. Houve óbitos também na Rocinha, em Pedra de Guaratiba e no Vidigal — onde seis pessoas ficaram feridas na parte alta da comunidade.

Além das mortes e dos estragos, foram registrados apagões e a queda de parte da ciclovia Tim Maia, que liga os bairros do Leblon e de São Conrado. O trecho que desabou fica na Avenida Niemeyer, bem perto de onde outra parte caiu em 2016, causando duas mortes.

De acordo com o prefeito Marcelo Crivella, os estudos feitos pela prefeitura levavam em conta esforços de “cima para baixo” e “de baixo para cima” e não contavam com o deslocamento lateral de terra, que empurrou uma tubulação da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos) e acabou derrubando o pedaço da ciclovia.

“Em duas horas, choveu o que deveria chover o mês inteiro. Os ventos, de 116 km/h, são os mais baixos de um tufão. Na época da chuva, cai muita terra. Há, talvez, subdimensionamento das redes pluviais”, afirmou Crivella, que decretou luto oficial de três dias pelas mortes.

O Centro de Operações da Prefeitura do Rio informou, ontem, que a Avenida Niemeyer permanecerá totalmente interditada nos dois sentidos até a conclusão dos trabalhos das equipes da prefeitura e do Corpo de Bombeiros.

A pasta informou que o Rio entrou em estágio de crise às 22h15 de quarta-feira, diante das fortes chuvas, com intensas rajadas de vento. O fenômeno causou alagamentos em ruas e estabelecimentos comerciais, interditou vias e deixou bairros às escuras.

A Defesa Civil municipal registrou 206 ocorrências para vistoria em razão das chuvas. Entre as principais, estão desabamentos de estruturas, ameaças de desabamento, rachaduras, infiltrações em imóveis e deslizamentos de encostas. O Rio teve 35 pontos de alagamentos, 186 quedas de árvores, quatro deslizamentos e oito quedas de postes.

O engenheiro civil Rafael Martins, especializado em engenharia diagnóstica, apontou erros em políticas sociais pela construção de casas em encostas e áreas de risco, na concepção da ciclovia e em materiais usados na obra. “Tudo aponta para erro de concepção do projeto e/ou erros na construção, como a utilização de materiais ruins. Sobre os desmoronamentos, é ainda mais provável apontar entre os fatores a falta de política pública de médio e longo prazos”, disse. “São obras nem sempre rápidas, que têm custo político pela desapropriação, pelo remanejamento de áreas que entram em conflito com especulação imobiliária e outros fatores. Daí a solução, da forma como deve ser feita, vai sendo postergada. Essa protelação faz com que isso se repita.”

O governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), afirmou que há cerca de 80 mil famílias em situação de risco. “O que pude constatar de Guaratiba até o início da Niemeyer é que toda a encosta tem uma ocupação desordenada. Isso é fruto de abandono da organização urbanística da cidade”, avaliou. “O resultado, infelizmente, são essas tragédias a que estamos assistindo.”

116 km/h

Velocidade dos ventos durante as chuvas no Rio

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Correio Braziliense quinta, 07 de fevereiro de 2019

ABRACI: LUGAR DE ACOLHIMENTO

 


Lugar de acolhimento
 
 
Associação para pessoas com autismo no DF trabalha com voluntários para garantir assistência a famílias de baixa renda. Qualquer um pode ajudar, por meio de programa de apadrinhamento

 

» Alan Rios
Especial para o Correio

Publicação: 07/02/2019 04:00

Sede da associação, no Cruzeiro Velho: necessidade de ajuda para manter atendimento terapêutico (Marilia Lima/Esp. CB/D.A Press)  

Sede da associação, no Cruzeiro Velho: necessidade de ajuda para manter atendimento terapêutico

 

 
Neusa da Silva esperou quatro anos para ouvir seu filho dizer pela primeira vez a palavra “mamãe”. Antes disso, ela e o marido não sabiam o que era o autismo ou o motivo de Ângelo Antônio não desenvolver a fala. Eles só haviam visto algo sobre o transtorno em um filme antigo. Quando a pediatra confirmou o diagnóstico, em 2015, o casal se sentiu abandonado em um universo completamente desconhecido. “A médica foi me perguntando se ele (Ângelo) tinha alguns comportamentos típicos e a gente foi falando que sim. Tudo que ela falava que era característica de autistas, meu filho fazia. Então ela disse que ele tinha o transtorno e me recomendou procurar a Abraci”, conta Neusa, hoje com 40 anos.

A Associação Brasileira de Autismo, Comportamento e Intervenção (Abraci) nasceu em 2010, a partir da experiência de Lucinete Andrade, 45. Mãe de uma criança autista, a conselheira tutelar viu a dificuldade que as famílias tinham em encontrar tratamentos acessíveis no Distrito Federal para o desenvolvimento de quem tem o espectro. Além de psicólogo e psiquiatra, na maioria dos casos era necessário um acompanhamento com fonoaudiólogo, neurologista, psicopedagogo e diversas outras especialidades que trabalhavam em conjunto.

“Eu queria garantir os direitos de famílias carentes a ter esses serviços. Então, criei essa instituição filantrópica, sem fins lucrativos, para dar atendimento de qualidade a quem foi diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista”, explica Lucinete. A Abraci fornece sessões com psicólogos de segunda a sexta-feira, em um imóvel no Cruzeiro Velho. Cada família tem um atendimento semanal, com orientações que auxiliam na continuação do processo em casa. A ideia inicial era fornecer recursos multidisciplinares, com atendimentos duas vezes por semana, mas a falta de dinheiro impede o plano.

Mesmo assim, o que é oferecido no pequeno espaço do projeto muda vidas. Hoje, 48 famílias participam da associação. Uma delas é a de Neusa, que conseguiu ouvir Ângelo dizer as primeiras palavras, deixar de lado a agressividade e interagir com os colegas da escola. “Até os 4 anos, ele não falava nada, tinha um comportamento muito diferente das outras crianças. Mas, depois do acompanhamento na Abraci, ele se transformou. Hoje, brinco dizendo que ele é um papagaio”, observa a mãe.

Mas a terapia não foi só para a criança, hoje com 9 anos. Seu pai sempre faz questão de conversar com a psicóloga do projeto, depois das sessões do filho. “É um trabalho conjunto, que começa aqui e tem que continuar em casa. Aprendi muito e comecei a ensinar muita coisa para ele. Eu até já trouxe professores dele para aprenderem um pouco sobre o autismo”, conta o autônomo Juscenilton Reis, 40.

Adriana Jesus leva a filha toda semana para os atendimentos na instituição: moradora do Riacho Fundo, ela tem um filho com o mesmo transtorno (Marilia Lima/Esp. CB/D.A Press)  

Adriana Jesus leva a filha toda semana para os atendimentos na instituição: moradora do Riacho Fundo, ela tem um filho com o mesmo transtorno

 



Contribuições
 
Para manter os psicólogos, a associação pede R$ 180 mensais para cada família. Mas Lucinete não desistiu da proposta inicial de ajudar quem não tinha condições financeiras e criou o programa de apadrinhamento. “Nós não temos convênios públicos ou privados, apesar de todas as crianças atendidas serem da rede pública de ensino. Isso torna extremamente difícil manter as atividades atuais. Então, nós buscamos pessoas que chamamos de padrinhos, que pagam a mensalidade para as nossas crianças”, explica Lucinete.

Esse sistema é o que possibilita à dona de casa Adriana de Jesus, 31, manter os dois filhos na Abraci. Elias de Jesus, 9 anos, e Camila de Jesus, 7, nasceram com autismo. A família do Riacho Fundo II passa por lutas diárias para conseguir os atendimentos básicos, mas uma pessoa que eles não conhecem paga a taxa mensal que garante a permanência na associação. “O padrinho deles é como se fosse um anjo para nós. Com dois filhos com o transtorno, a dificuldade dobra. Já fiquei muito para baixo olhando ele chorando, de um lado, e ela chorando, de outro, sem saber o que fazer. Mas, aqui, os dois evoluíram muito”, ressalta Adriana.

Quem também abre mão da renda para ajudar as crianças são os psicólogos da Abraci. Geiciane Alves, 31, só recebe ajuda de custo de transporte e alimentação para ir até o Cruzeiro diariamente. “É muito desafiador trabalhar com o autismo, principalmente aqui, com pessoas sem condições de dar tratamentos multidisciplinares. Mas eu acredito na capacidade de transformação do meu trabalho e isso me faz seguir em frente”, afirma a psicóloga voluntária.

Angelo Antonio Matos é uma das crianças atendidas pelos piscólogos da Abraci: pais destacam que ele se tornou mais calmo e interage com os colegas da escola (Marilia Lima/Esp. CB/D.A Press)  

Angelo Antonio Matos é uma das crianças atendidas pelos piscólogos da Abraci: pais destacam que ele se tornou mais calmo e interage com os colegas da escola

 




Como ajudar
 
A Abraci procura voluntários para apadrinhamento, apoio financeiro, atendimento terapêutico e serviços de comunicação.
Endereço: SRES Área Especial L, Lote 9, Cruzeiro Velho
Telefones: (61) 98193-8317, (61) 99695-0079, (61) 98279-4968
E-mail: a.abraci.df@gmail.com
 
 
Outras organizações
 
» O Movimento Orgulho Autista do Brasil (Moab) desenvolve uma série de ações, projetos e programas gratuitos. A programação está no site www.moab.org.br.
» Uma Sinfonia Diferente promove atividades de musicoterapia para autistas. É possível saber sobre as datas de inscrição 
pelo e-mail umasinfoniadiferente@gmail.com
» O Projeto de Apoio e Melhoria do Desenvolvimento e Aprendizagem (Pamda) oferece atendimento nas áreas de psicologia, psicopedagogia, educação motora e psicomotricidade, terapia ocupacional e fonoaudiologia. Os serviços são 
para famílias com renda de até três salários mínimos, 
que podem encontrar mais informações no site institutoninar.com.br/contato-pamda/
 
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Correio Braziliense quarta, 06 de fevereiro de 2019

MENINAS PODEROSAS - POR UM MUNDO (BEM) MELHOR

 

Por um mundo (bem) melhor
 
 
Quatro brasilienses fazem parte de um grupo de 40 brasileiros que vão à Assembleia da Juventude, em Nova York, debater questões ligadas às mudanças globais, como o avanço da fome e da desigualdade

 

» Mariana Machado
Especial para o Correio

Publicação: 06/02/2019 04:00

Dominick, Tainá, Rebecca e Nathalia querem buscar conhecimento para ajudar a mudar a realidade do país com ações humanistas (Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press)  

Dominick, Tainá, Rebecca e Nathalia querem buscar conhecimento para ajudar a mudar a realidade do país com ações humanistas

 

 
Vontade de mudar o mundo, debater ideias e lutar por igualdade. Esses são apenas alguns dos objetivos que movem um grupo de jovens do Distrito Federal que representarão o Brasil na Youth Assembly (Assembleia da Juventude), uma conferência em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York. Sob o tema “Empoderar a juventude para o desenvolvimento global”, pessoas do mundo todo vão dialogar a respeito dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), parte da agenda global de desenvolvimento do milênio.
 
Mais de 40 brasileiros se preparam para o evento, entre os dias 15 e 17. Nesse grupo  estão Nathália Antunes, 25 anos, Rebecca Ferreira, 24, Dominick Messias, 24, e Tainá Pinheiro, 21. A maioria delas vai pela primeira vez ao evento, mas Rebecca é veterana. Em agosto do ano passado, fez estreia, e gostou tanto que não perdeu tempo em se inscrever novamente. Foi por ela que as amigas ficaram sabendo e se motivaram a participar também.
 
Formada em relações internacionais, Rebecca conta que a experiência adquirida na edição anterior foi motivação para trabalhar como voluntária dando aulas de português para refugiados. “Ganhei uma visão mais ampla do mundo e pude trazer esse conhecimento para cá. Veio a vontade de fazer algo que pudesse impactar o DF de alguma forma”, explica. “Há uma crença muita errônea sobre o que são direitos humanos. As pessoas tendem a pensar que só servem para defender bandido e não é assim. Humanidade é para todos”, afirma.
 
Aprendizado
 
Ela agora quer avançar nos estudos e se prepara para fazer mestrado em cooperação internacional e desenvolvimento. Até agora, conseguiu aprovação de três universidades: uma na Holanda, uma na Nova Zelândia e uma na Itália. Depois de se especializar, quer voltar ao Brasil e aplicar o que aprendeu. “Não adianta querer um mundo diferente sem fazer nada”. Na edição anterior, participaram mais de 900 jovens de 16 a 28 anos, de mais de 100 países. Para este ano, o número deve se repetir e o evento acontece na Universidade de Nova York (NYU).
 
Formada no mesmo curso, e hoje também estudando direito, Dominick afirma que os brasileiros são dos mais orgulhosos em fazer parte da assembleia. Há cerca de um ano, ela faz trabalho voluntário junto ao grupo Faça uma criança feliz, que trabalha com público carente do Distrito Federal e do Entorno. “Tenho muita vontade de criar um programa voluntário ou até mesmo uma ONG para que crianças e jovens possam se envolver com direitos humanos e igualdade de gênero. Se você quer mudar o mundo, é preciso ser a mudança”, ensina.
 
Novas ideias
 
Cada uma das garotas escolheu um dos 17 ODS que pretende debater mais a fundo. No caso de Tainá, saúde e bem-estar é a principal bandeira. Estudante de biomedicina, ela espera falar sobre o modelo do Sistema Único de Saúde (SUS) e trazer novas ideias. “Apesar de aqui estar longe de ser perfeito, temos um sistema público, o que não existe na maioria dos países. Isso a gente leva como novidade, mas espero trazer iniciativas para atender, principalmente, pessoas em situação de rua”.
 
Há cerca de um ano, ela e Nathália fazem trabalho voluntário com moradores de rua, sobretudo próximo a hospitais. “Nós conversamos com eles, rezamos e distribuímos comida. É um atendimento humano, mas quero buscar ideias de como fazer também um atendimento de saúde”, planeja. Dentro do pequeno grupo, ela é a única com uma graduação diferente, mas sabe que vai encontrar pessoas de várias áreas na assembleia. “Irão médicos, engenheiros, administradores. Tem muita gente e vai ser ótimo, porque todo mundo contribuirá de uma forma especial”.
 
Empregos
 
Nathália também espera focar o trabalho dela para a população de rua, mas escolheu a erradicação da pobreza como tema principal. “Quero muito poder, com o meu trabalho, oferecer a essas pessoas uma vida com mais dignidade, pensando inclusive na geração de empregos sustentáveis e em como isso pode beneficiar nosso país e a economia”.
 
Dominick em breve será advogada e espera abordar o tema “Paz, justiça e instituições eficazes”. Segundo ela, o objetivo é dar voz a quem é esquecido. “É preciso falar sobre desigualdade e direitos humanos, lembrando que ninguém pode ser esquecido. Aqui, por exemplo, vemos que quem mora no Entorno nem sempre tem voz e não consegue o acesso à Justiça. Nosso país é acolhedor. Se a gente recebe bem quem vem de fora, também precisamos abraçar quem é daqui”, pondera.
 
A igualdade de gênero será abordada por Rebecca nas rodas de discussão. “Estatisticamente, mais mulheres chegam ao ensino superior, mas no mercado, são os homens que ainda dominam as posições de alta hierarquia. Fora isso, sofremos abuso de todo tipo e vemos cada vez maiores as taxas de feminicídio. A ideia é mudar isso para que todo mundo chegue junto e tenha as mesmas oportunidades”, destaca.


Saiba mais   

Desafios

Esta é a 23ª edição da Youth Assembly, organizada pela Friendship Ambassadors Foundation (Fundação de Embaixadores da Amizade), em parceria com a ONU. Durante os três dias de conferência, jovens do mundo inteiro discutem desafios globais e fazem propostas a problemas variados. Entre os objetivos do programa está o empoderamento da juventude através da educação, liderança, desenvolvimento e programas de intercâmbio cultural.


Conscientização
Os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável
 
1 - Erradicação da pobreza
2 - Fome zero e agricultura sustentável
3 - Saúde e bem-estar
4 - Educação de qualidade
5 - Igualdade de gênero
6 - Água potável e saneamento
7 - Energia limpa e acessível
8 - Trabalho decente e crescimento econômico
9 - Indústria, inovação e infraestrutura
10 - Redução das desigualdades
11 - Cidades e comunidades sustentáveis
12 - Consumo e produção responsáveis
13 - Ação contra a mudança global do clima
14 - Vida na água
15 - Vida terrestre
16 - Paz, justiça e instituições eficazes
17 - Parcerias e meios de implementação
 
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Correio Braziliense terça, 05 de fevereiro de 2019

REALISMO - EXPOSIÇÃO - DAS ORIGENS À ARTE VIRTUAL

 


Realismo 
 
 
Exposição que chega hoje ao CCBB reúne 90 obras de 30 artistas, das origens do movimento até à era virtual

 

Tarcila Rezende
Especial para o Correio

Publicação: 05/02/2019 04:00

As obras da exposição abrangem 50 anos do movimento realista: desconforto ao indagar o que é a realidade (Barbara Cabral/Esp. CB/D.A Press
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As obras da exposição abrangem 50 anos do movimento realista: desconforto ao indagar o que é a realidade

 

 
 
 
 
Depois de receber mais de 170 mil pessoas em São Paulo, a mostra 50 anos de realismo – Do fotorrealismo à realidade virtual finalmente chega a Brasília. Inaugurada hoje no Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília (CCBB), a exposição traz cerca de 90 obras que retratam a evolução do movimento nas últimas cinco décadas, com pinturas, esculturas, vídeos e instalações interativas de 30 artistas internacionais e brasileiros. Com uma programação completamente gratuita, a exposição fica na capital até 28 de abril.
 
A mostra resgata a pioneira geração de pintores da foto e do hiper-realismo, passando pela contemporaneidade dos retratos e esculturas, até chegar à realidade virtual. A exposição aproxima o público das obras, trazendo um desconforto ao confrontar o ser e o aparentar e o real. Além disso, a mostra expõe esculturas hiper-realistas, um dos maiores destaques da exposição, ao retratar a delicadeza e a proximidade com o corpo humano.
 
A historiadora e curadora responsável pela exposição,Tereza de Arruda, destaca que a mostra aborda a relação de identidade entre imagem e realidade, juntamente com a verdade  e a realidade. “Por essa aproximação, surge um certo estranhamento e desconforto no momento em que nos perguntamos o que é a realidade e qual sua importância na representação artística”, completa.  
 
Destinada ao público em geral até aos mais especializados, a exposição tem vários níveis de leitura e nichos de interesse, em uma linguagem completamente moderna. “É uma oportunidade incrível para quem quer conhecer mais sobre o segmento, porque até  então não houve um recorte da representação do realismo como estamos trazendo, partindo do realismo até a realidade virtual”, convida Tereza de Arruda.

Artista plástico Andreas Nicholas-Fischer:  ele participará de debate sobre o realismo (Barbara Cabral/Esp. CB/D.A Press
)  

Artista plástico Andreas Nicholas-Fischer: ele participará de debate sobre o realismo

 



Colaboração de Londres
 
A mostra contou com a consultoria da especialista em arte hiper-realista Maggie Bollaert. Ela colaborou com a exposição com mais de 70 obras do acervo que tem  em Londres, onde possui uma galeria com pinturas realistas. Maggie elegeu obras especificamente para o público brasileiro. “Eu pensei que as pessoas do Brasil estão muito conectadas com a água pelo clima tropical. Tento buscar um ângulo em que a população do local onde há uma mostra possa se sentir mais identificada. Se eu trouxer tudo, e o visitante não tem nenhum tipo vivência ou conexão, não faz sentido”, completa Maggie.
 
Para a especialista, o título da mostra é perfeito, pois a exposição traz realmente um recorte da evolução do realismo durante esses 50 anos. “Desde como o fotorrealismo representava a cultura americana dos anos 1960 até a chegada da obra digital. Eu acho que essa pequena exposição é uma oportunidade rara. Você não vai encontrar uma exposição tão balanceada quanto essa”, afirma.
 
Maggie enfatiza, ainda, que em exposições como essa não há espaço cometer erros. Ela explica que foi necessário fazer uma seleção especial de obras para essa mostra, já que o espaço que o CCBB oferece não é tão grande.  “Se fosse em local maior, caberia colocar uma seleção mais ampla de obras que representam o realismo, mas nem todas são boas, ou menos significativas. Mas essa não dá. Tem que ser o suprassumo, e é isso que o público vai encontrar”, comenta a especialista.  

Maggie Bollaert: especialista em hiper-realismo, integra o debate (Barbara Cabral/Esp. CB/D.A Press
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Maggie Bollaert: especialista em hiper-realismo, integra o debate

 



Evolução em etapas
 
A mostra será dividida em categorias de acordo com a temporalidade das obras. A primeira sala traz os pintores precursores do fotorrealismo e do hiper-realismo. O público vai encontrar obras de artistas como o inglês John Salt, que retrata as paisagens suburbanas ou parcialmente rurais da Inglaterra. Outro nome é o do norte-americano Ralph Goings, cujas obras a óleo e aquarelas frequentemente representam o estilo de vida da classe operária americana dos anos 1960.
 
Na segunda etapa da exposição, estão os artistas que se dedicam às linhas contemporâneas do hiper-realismo, com retratos do zimbabuano Craig Wylie, conhecido pela surpreendente profundidade psicológica de suas pinturas, e do inglês Simon Hennessey, que apresenta em suas obras detalhes do rosto humano.   
 
Nesta etapa também será possível conferir trabalhos de natureza morta e paisagens urbanas, como as pinturas de grandes dimensões dos artistas ingleses Ben Johnson e Raphaella Spence. Há também a participação do pernambucano Hildebrando de Castro, que se dedica a representações geométricas inspiradas em fachadas de prédios modernistas. Na categoria natureza-morta é possível conhecer o trabalho do espanhol Javier Banegas e as obras do baiano Fábio Magalhães, que mescla retrato, natureza-morta e paisagem, nas quais a representação do corpo humano transmite desconforto, percorrendo o limite entre fotografia e pintura.
 
Um espaço da exposição também será destinado a obras tridimensionais de escultores de diferentes gerações do hiper-realismo: o paulista Giovani Caramello, único escultor hiper-realista brasileiro; o norte-americano John DeAndrea, pioneiro na criação de figuras humanas hiper-realistas; e o dinamarquês Peter Land, que usa o humor para explorar padrões humanos de comportamento.  
 
Na última etapa, chega-se às novas tecnologias. A sala Multiuso do CCBB está inteiramente dedicada a obras de realidade virtual, expostas em monitores, projeções espaciais ou com o auxílio de óculos de realidade virtual. Entre os artistas estão o japonês Akihiko Taniguchi, a alemã Bianca Kennedy, a francesa Fiona Valentine Thomann, e a brasileira Regina Silveira, que traz um vídeo de animação digital, na qual utiliza mídias distintas em  uma mesma obra, sendo pioneira na mescla de vídeo, fotografia, colagem, xerox e postais. Para todas as obras que necessitam de tecnologia, o CCBB estará disponibilizando os equipamentos, com monitores disponíveis para ajudar a manipular o dispositivo.

Tereza de Arruda, curadora da exposição (Barbara Cabral/Esp. CB/D.A Press
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Tereza de Arruda, curadora da exposição

 



Conversas sobre realismo
 
Além da abertura da exposição, hoje a mostra contará ainda com um debate sobre realismo na contemporaneidade, às 19h30. O bate-papo, também com entrada gratuita, terá mediação da curadora da exposição, Tereza de Arruda, e contará com a participação de Maggie Bollaert, especialista em arte hiper-realista e consultora do evento, e dos artistas Hildebrando de Castro e Andreas Nicholas-Fischer. “É um leque bem abrangente de participantes, e todos envolvidos nesse contexto da realidade. São pessoas que nunca expuseram juntos falando o que é a realidade, do uso da tecnologia, qual o papel dessa tecnologia para a criação dos trabalhos”, revela Tereza.
 
 
 
50 anos de realismo — Do fotorrealismo à realidade virtual
Centro Cultural Banco do Brasil Brasília (CCBB). De hoje a 28 de abril de 2019. De terça a domingo, das 9h às 21h. Entrada gratuita. Classificação indicativa livre
 

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Correio Braziliense segunda, 04 de fevereiro de 2019

O LEÃO ESTÁ CHEGANDO

 


Hora de se preparar para evitar as garras do Leão
 
 
Mesmo sem a divulgação das regras para a declaração de Imposto de Renda, o contribuinte pode começar a juntar os documentos necessários à prestação de contas ao Fisco. Recibos médicos e de despesas com educação são dedutíveis

 

» GABRIELA TUNES *

Publicação: 04/02/2019 04:00

 
Para evitar correria e dor de cabeça na hora de prestar contas à Receita Federal sobre ganhos e despesas de 2018, é bom se antecipar e aproveitar o tempo livre para reunir documentos e se organizar. Apesar de o Fisco ainda não ter divulgado as regras para a declaração de Imposto de Renda (IR) neste ano, dá para se antecipar e evitar problemas futuros.
 
Túlio, que preferiu não informar o sobrenome, tem 21 anos, é servidor público e vai enfrentar o Leão pela primeira vez. Para isso, conta com a ajuda e a experiência do pai e do irmão. “Eu só sei que preciso declarar minhas doações e meu rendimento próprio. Por enquanto, ainda estou bem perdido, não sei como a declaração do IR funciona direito”, disse.
 
De acordo com Jônatas Bueno, educador e terapeuta financeiro, a preocupação maior no momento deve ser reunir documentos. “É bom juntar tudo agora. E, para quem já declarou, é interessante verificar a documentação do ano passado, ver o que foi feito, para facilitar a declaração deste ano.” Algumas informações não mudam. É preciso ter os números da identidade, do título de eleitor, do CPF, além de endereço, e-mail, telefone e identificação de banco, com agência e conta, para devolução, quando houver.
 
Apesar de alguns documentos necessários para o preenchimento da declaração ainda não terem sido entregues, como os comprovantes de rendimentos fornecidos por empresas ou os de recebimento de benefícios do Instituto Nacional de Seguro Social, é possível separar recibos de saúde — de médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, internações, exames —, de vendas de imóveis, de ganhos extras, como com aluguéis, e de pagamentos de escolas.
 
Se, no ano passado, a pessoa fez reforma em imóvel próprio, o educador financeiro aconselha reunir os recibos para abater no total do imposto a ser pago. “É bom guardar todos os recibos de serviços de manutenção feitos no imóvel para atualizar o valor do bem e, assim, aumentar o total pago. Isso vai ajudar a reduzir o imposto a ser pago em uma futura venda”, explicou.
 
Algumas doações também podem aumentar o valor a ser restituído pela Receita. Por isso, é importante separar os comprovantes. É importante ainda pegar no banco o comprovante com o saldo de conta-corrente e de aplicações financeiras.
 
A servidora pública Maria Regina Ferreira, ao contrário de anos anteriores, já começou a separar tudo que precisa para declarar o IR. “Antes, deixava tudo espalhado e para a última hora. Este ano, resolvi me organizar.” Segundo ela, isso tornará tudo bem mais fácil depois. “Já que é um dever, que seja feito logo, e, se tiver restituição, ela vem mais cedo também”, disse.
 
Escolha
 
Outro ponto importante para a declaração é saber a hora certa de entregar a documentação ao Fisco. Segundo Bueno, a pessoa precisa levar em conta a rapidez com que necessita do dinheiro da restituição. Se precisar muito, o ideal é fazer logo nos primeiros dias. Para quem tem reserva financeira, ele indica deixar mais para o fim do prazo, pois o valor a receber é atualizado com base na taxa Selic (taxa básica de juros). “O dinheiro recebido acaba sendo valorizado”, explicou.
 
Com os documentos organizados ou encaminhados, o próximo passo é se preocupar com outra questão: qual tipo de declaração será mais benéfica. O modelo simplificado, segundo o contador Geraldo Rodrigues, é indicado para quem tem um emprego só e poucas despesas restituíveis, pois garante um abatimento de 20%. Para quem tem várias despesas, é aconselhável fazer o modelo completo.
 
A escolha sobre qual a melhor forma de declarar é uma das maiores dificuldades de Marissa Machado Borges. Ela presta serviços a duas empresas e, para evitar erros, contrata um contador para auxiliá-la. “A minha maior dificuldade é não saber se faço a declaração completa ou a simplificada. Depois que entrei na segunda instituição (outra fonte de renda), fiquei com receio e não tentei mais fazer sozinha.”
 
Mas, apesar do auxílio de um profissional, Marissa já teve problemas com os documentos. Há oito anos, o contador esqueceu de declarar um livro autoral dela, o que teve como consequência um prejuízo no ano seguinte. “O contador da época esqueceu de declarar um material pelo qual havia recebido. Só fui ficar sabendo na declaração do outro ano, quando apareceu que eu tinha uma pendência. Entrei em contato com a Receita e tive que pagar o débito com juros.”
 
Abatimentos
 
Uma alternativa para reduzir a voracidade do Leão é ficar de olho nos abatimentos possíveis, como os gastos com educação, saúde, doações, pagamentos de pensão. O investimento em previdência privada também permite reduzir o pagamento de imposto. Foi o que fez o professor Fausto Camelo, que tem vínculo empregatício em mais de uma instituição de ensino. “Como o ajuste anual sempre me desfavorece, decidi aplicar em um plano de previdência privada, que me permite abater até 12% da minha receita bruta anual no IR”, conta.
 
Além dessa estratégia, Fausto cadastrou as duas filhas como dependentes, pois, assim, ele teve o desconto previsto em lei. Além disso, as despesas médicas e educacionais delas podem ser abatidas. Da mesma forma, o professor lança as contribuições pagas à Previdência Social para a empregada doméstica. Medidas tomadas, documentos separados, Camelo espera reduzir a mordida do Leão, ou até mesmo não pagar mais do que já foi descontado nos seus contracheques.
 
* Estagiária sob supervisão de Rozane Oliveira
 
 
Simulação
Decidir qual modelo de declaração é mais vantajoso não é difícil. 
O próprio programa da Receita Federal para o IR faz os cálculos e mostra a opção mais vantajosa, comparando quanto será recebido de restituição ou pago de imposto em ambos os modelos. No fim, o próprio programa escolhe qual é o melhor modelo para o contribuinte.
 
 (Carlos Vieira/CB - 23/01/2019)  
“Antes, deixava tudo espalhado e para a última hora. Este ano resolvi me organizar”
Maria Regina Ferreira, servidora pública
 
“É bom juntar tudo agora. E, para quem já declarou, é interessante verificar a documentação 
do ano passado, ver o que foi feito, para facilitar a declaração 
deste ano” 
Jônatas Buena, educador financeiro
 
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Correio Braziliense domingo, 03 de fevereiro de 2019

DHI RIBEIRO, RAINHA DO SAMBA

 


Rainha do samba 
 
 
Dhi Ribeiro prepara dois clipes e monta agenda para o carnaval, entre os destaques está a Festa Azul e Branco

 

Adriana Izel

Publicação: 03/02/2019 04:00

 Programação carnavalesca da cantora começa em 8 de fevereiro com a terceira edição da Festa Azul e Branco, na Aruc (Paulo Anderson/Divulgação)  

Programação carnavalesca da cantora começa em 8 de fevereiro com a terceira edição da Festa Azul e Branco, na Aruc

 

 
 
Apesar de ter nascido em Nilópolis, no Rio de Janeiro, e de ter passado um pedaço da vida em Salvador, foi em Brasília que a cantora Dhi Ribeiro fez carreira e se mantém até hoje tocando nos bares e nos eventos da capital federal. “A cidade me abraçou, tenho grandes amigos, fiz uma família de amigos, fiz a minha família aqui. Eu me apaixonei pela cidade mesmo, por tudo que aprendi e ainda aprendo aqui todos os dias”, diz a sambista.
 
Esse amor por Brasília faz com que a artista há anos escolha permanecer na capital durante o carnaval, período em que a agenda dela se agita com shows em eventos carnavalescos, além da produção dos próprios blocos e festas dedicadas à folia. Em 8 de fevereiro, por exemplo, a cantora promove a terceira edição da Festa Azul e Branco, que celebra o carnaval de antigamente. “É uma festa diferente do que o pessoal faz aqui, é um baile de carnaval com desfile de fantasias, com mistura de ritmos bem bacana, com samba, música baiana e marchinha. A ideia é misturar mesmo”, explica Dhi Ribeiro.
 
Como já virou costume, o baile ocorre, a partir das 21h, na sede da Aruc, no Cruzeiro Velho. Além de Dhi Ribeiro, acompanhada da banda que está ao lado dela há anos, a festa contará com participações de Batuke de Rua e Patakundum e a realização de um concurso de fantasias carnavalescas. “Esse é o terceiro ano do evento e é um baile que eu quero que marque, que seja uma coisa que vá acontecer todos os anos”, espera a cantora, que, no Guará, já tem tradição com o bloco Pipoca Azul.
 
Neste ano, o bloco criado e promovido pela artista sairá às ruas no domingo e na segunda-feira no Guará II, local onde Dhi mora. “É um projeto em que a gente coloca o carnaval para a comunidade do Guará II, de graça para o público. A minha ideia foi sempre de levar a folia para o bairro e para a região administrativa”, diz fazendo referência à descentralização do carnaval do Distrito Federal que, em sua maioria, se concentra no centro de Brasília.
 
Projetos da carreira
 
Como o carnaval é um período agitado, ela revela que retoma os projetos da carreira depois da folia. A ideia é lançar dois clipes de canções que integram o DVD Leme da libertação, que foi gravado em 2017 e acabou não sendo lançado oficialmente no ano passado como estava previsto. “São músicas do DVD. A gente teve um atraso grande com o lançamento dele e resolvemos fazer um trabalho diferente. Vou fazer um ‘ao vivão’ para a galera para mostrar o trabalho e esses dois clipes”, adianta.
 
Dhi Ribeiro ainda revela que vai lançar no segundo semestre outro projeto, que mistura audiovisual e música. “É muito bacana. Estamos nessa correria fazendo das tripas coração para conseguir”, define Dhi, que é uma artista que sempre batalha para alcançar suas metas e sonhos na música. “A gente trabalha o tempo todo em busca de realizar nossos projetos. Quando a gente acaba um, já está pensando no outro. É muito difícil mesmo, mas é tão bom quando a gente consegue realizar algo pela primeira vez”, afirma.
 
A atual celebração de Dhi foi ter conseguido, pela primeira vez, aprovar um projeto pelo Fundo de Apoio à Cultura. “Graças a isso estamos lançando um material novo. Tem uma série de coisas que a gente tem que correr atrás diuturnamente. Quando não estou resolvendo um projeto, estou em outro, ou ainda tocando nas casas noturnas, porque é isso que ajuda a fomentar o trabalho do artista. Tem que manter a banda tocando. Não sei como a gente consegue, é 99% de transpiração”, completa. Ela não para!
 
Cenário musical
 
Há bastante tempo no mundo da música, a sambista conta que faz questão de valorizar os músicos que a acompanham nessa labuta, uma banda grande de oito integrantes. “Minha banda está comigo há séculos. São músicos incríveis por quem tenho um respeito enorme. Eu sempre me preocupo em manter eles trabalhando, tendo seus cachês porque quase todos nós vivemos só da música”, explica. Para ela, o grupo é uma família: “Vamos da pousadinha ao hotel três estrelas, estamos sempre juntos e faço questão de levar todo mundo para todo lugar. Do barzinho em Brasília aos shows em São Paulo”.
 
Sobre o cenário do samba da capital, Dhi Ribeiro se diz muito feliz. Ela percebe um crescimento nos últimos anos. “O samba chegou a Brasília junto com a construção. Assim que vieram os funcionários do Rio de Janeiro, o samba veio junto. Graças a esses precursores, que trouxeram o samba pra cá, que nós tivemos o apoio para dar segmento a esse trabalho e levando essa mensagem do samba”, afirma. “Tem muita gente fazendo coisa boa, músicos excelentes, temos grandes violonistas, cavaquinistas, a rapaziada que está compondo é maravilhosa. Tenho muito orgulho do que é feito aqui”, acrescenta.
 
Por essa efervescência e qualidade, a cantora acredita que o samba de Brasília tem suas particularidades e até a própria cara. “Acredito que o samba tem um frescor. Tem uma sonoridade e uma força harmônica diferente. A força de contar as histórias tem algo mais profundo, mais militante. Se assemelha com o samba feito antigamente, só que com roupagem nova. Tem uma profundidade nas composições, sinto isso”, aponta. Ela cita um dos sambas gravados por ela, Negra ouro, de Fabinho Samba e Dudu Hermógenes, como exemplo. “Gravei essa música que vem trazendo a história todinha do meu bisavó até chegar em mim hoje. É uma canção de autores que não tem nem 30 anos de idade. Nosso samba têm mensagens subliminares”, defende.
 
Sendo mulher negra e sambista, Dhi sabe que teve que enfrentar muitas barreiras e vê com alegria o fato de ter participado da abertura de portas para a chegada de outras mulheres no mercado brasiliense. “O samba sempre foi um território difícil para a mulher. A gente é sempre convidada para fazer o “lalaia”, o backing vocal. Então, ou você se impõe, ou fica sendo coadjuvante. Fiz backing vocal durante anos, mas depois pensei que havia chegado a minha hora, que eu tinha condições de fazer o meu próprio trabalho. É difícil entrar no mercado, ter divulgação, conseguir colocar o trabalho na rua, mas eu sou tão positiva, corro tanto para que as coisas aconteçam, que chega uma hora que as dificuldades vão diminuindo. Mas acabar, não acabam”, conta.
 
“É muito difícil colocar uma mulher negra com mais de 50 anos, que canta samba, para entrar no mercado. Entrei no mercado, na verdade, com 44. Tem muita gente que desiste, cansa e passa a levar como hobby. Mas a minha mola é mestra, cada ‘não’ que eu recebo é uma força que tenho para criar uma nova situação”, destaca.
 
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Correio Braziliense sábado, 02 de fevereiro de 2019

CRIMINOSO MORREU DO PRÓPRIO GOLPE

 

Homem queria enganar políciaInvestigadores dizem não ter dúvida de que servidor público aposentado tentou simular um incêndio para ocultar o assassinato da mulher, morta a facadas em apartamento que ele ateou fogo, na Asa Norte. Vítima foi enterrada ontem

 

» Sarah Peres
Especial para o Correio

Publicação: 02/02/2019 04:00

Amigos e parentes levaram flores para homenagear Veiguima, enterrada ontem, no cemitério de Planaltina (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  

Amigos e parentes levaram flores para homenagear Veiguima, enterrada ontem, no cemitério de Planaltina

 

 
O servidor público aposentado José Bandeira da Silva, 80 anos, não pretendia se matar após esfaquear e queimar a mulher, Veiguima Martins, 56, na quarta-feira. A intenção dele era enganar os investigadores provocando um incêndio no apartamento do casal, onde aconteceu o crime, no Bloco A da 310 Norte. Essa é a conclusão preliminar do caso.
 
A agente de educação aposentada foi enterrada ontem, no Cemitério de Planaltina. Na quinta-feira, familiares do assassino retiraram o corpo do Instituto de Medicina Legal (IML) e encaminharam para um crematório de Valparaíso (GO). Diferentemente de Veiguima, carbonizada após levar cinco facadas, José foi socorrido com vida por bombeiros. Ele morreu intoxicado pela fumaça do incêndio, que queimou todo o quarto do casal.
 
O laudo da perícia deve ficar pronto em até 30 dias. No entanto, o delegado Laercio Rossetto, chefe da 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte) e responsável pelo caso, diz não ter dúvida de que José matou Veiguima e depois ateou fogo no quarto deles. Rosseto acredita que José perdeu o controle da situação após inalar a fumaça. Bombeiros encontraram o homem caído na sala do apartamento, com parada cardiorrespiratória e o levaram para o pilotis, onde tentaram reanimá-lo por 50 minutos, sem sucesso.
 
Peritos encontraram a lâmina de uma faca do tipo peixeira, no quarto do casal. Ainda, agentes coletaram fósforos e tiras de panos usados por José para auxiliar na combustão. Médicos-legistas oficializaram a identificação cadavérica de Veiguima por meio de moldes de arcada dentária. 
 
Violência
 
De acordo com a investigação, o aposentado teria decidido cometer a barbárie após Veiguima pedir o divórcio. Na noite do crime, a mulher telefonou para uma filha avisando a decisão.
 
O casal estava junto desde 2008 e tinha um relacionamento marcado por violência física e psicológica por parte de José. Em março de 2018, Veiguima registrou uma ocorrência contra o marido, por lesão corporal e ameaça. Em depoimento, ela contou que o servidor a havia ameaçado de morte e de se matar em seguida.
 
José sofria de bipolaridade, tomava remédios controlados e tinha proibição médica para dirigir. No último semestre de 2018, descobriu um câncer na próstata. À época, estava separado de Veiguima, que havia saído de casa.
 
O aposentado usou a doença para chantagear psicologicamente a vítima. A mulher aceitou reatar o relacionamento para ajudá-lo, mas até que ele passasse por procedimento cirúrgico, confirmou familiares de Veiguima. José tinha duas filhas, mas não mantinha contato com elas. Ele estava no terceiro relacionamento.
 
Despedida
 
Cerca de 100 pessoas compareceram ao enterro de Veiguima, na tarde de ontem, no Cemitério de Planaltina. O silêncio marcou grande parte da cerimônia, que durou 40 minutos. Como a vítima teve o corpo carbonizado, o caixão permaneceu fechado e não houve velório. Amigos e parentes dela carregavam flores, na maioria, rosas vermelhas e brancas, para a última homenagem à agente de educação aposentada da Secretaria de Educação, que deixou três filhos, cinco netos e sete irmãs.
 
Veiguima foi sepultada no mesmo jazigo da mãe, Maria Luiza Martins, que morreu aos 68 anos. Ambas nasceram em Planaltina. “Desde o crime, estou consternada. Os homens têm um sentimento de posse da mulher. A mulher é um ser livre e assim era a Veiguima. Uma pessoa que apreciava desfrutar a vida e a liberdade. Até quando teremos de ver casos como este?”, questionou uma amiga da família.
 
Para Larissa Martins, sobrinha da vítima, fica a dor, mas também, uma lição. “Tento entender qual foi o propósito para a minha tia, tendo de partir assim. Talvez, vamos entender com o tempo. Mas tudo isso nos faz abrir os olhos, pois isso pode acontecer a qualquer momento, e na nossa família. Temos que aceitar o que aconteceu. Ela está reunida com os nossos familiares que já partiram. Agora, minha tia é exemplo para outras mulheres”, comentou, emocionada.
 
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Correio Braziliense sexta, 01 de fevereiro de 2019

BRUMADINHO: MORTOS CHEGAM A 110

 

Mortos chegam a 110, desaparecidos são 238
 
 
Previsão de tempestades na região de Brumadinho prejudica operação de resgate dos corpos de vítimas do rompimento da barragem da Vale. Enquanto bombeiros trabalham sem descanso, os dramas dos que perderam familiares na tragédia se sucedem

 

» Benny Cohen
» Francelle Marzano

Publicação: 01/02/2019 04:00

Cenário de devastação: além de cães farejadores, máquinas têm sido empregadas na procura das vítimas    (Mauro Pimentel/AFP)  

Cenário de devastação: além de cães farejadores, máquinas têm sido empregadas na procura das vítimas

 



O número de mortos em consequência do rompimento de uma barragem da Vale, em Brumadinho, na última sexta-feira, chegou a 110, segundo o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil de Minas Gerais. Entre os corpos resgatados, 71 foram identificados. Até agora, a tragédia deixou ainda 238 desaparecidos e 108 desabrigados e desalojados.

A barragem que se rompeu tinha cerca de 13 milhões de m³ de rejeitos, que foram despejados sobre a região do Córrego do Feijão, atingindo a área administrativa da empresa, a comunidade da Vila Ferteco e a pousada Nova Estância. A onda de rejeitos chegou até o Rio Paraopeba, a cerca de 8km da barragem, e começou a se mover em direção ao Rio São Francisco.

Desde o rompimento da barragem, os bombeiros fazem buscas por vítimas em meio à lama que se espalhou pela região. Cães farejadores ajudam na localização de corpos e, em alguns locais, máquinas vêm sendo utilizadas. Ontem, as buscas chegaram a ser suspensas para garantir a segurança dos militares envolvidos nas operações. O motivo foi a previsão de tempestades na região de Brumadinho.

Em meio ao trabalho incessante dos bombeiros, os dramas humanos se sucedem. Paulo Aniceto vai ao Centro de Operações todos os dias, em busca de informações sobre o filho, Éverton Guilherme Ferreira Gomes, de 21 anos, um dos desaparecidos na tragédia. Ele acredita que o filho possa ter escapado. “Conversei com ele pouco tempo antes (do rompimento da barragem) pelo WhatsApp, e acho que ele possa estar vivo, que tenha corrido para a mata. Não era pra ele estar aqui”, lamenta.

A convicção de Paulo na sobrevivência do filho é tanta que, nos dois dias seguintes, ele enviou novas mensagens pelo celular. No sábado, ele escreveu: “Amo você, meu filho. Senhor Jesus, cuida do meu filho...”. No domingo, enviou outra postagem: “Oi, meu filho, estou com muita saudade!!! Oi, meu amor, papai está com muita saudade de você, beijos, te amo...” Paulo não se consola com as promessas de ajuda da Vale para as famílias das vítimas. “A Vale está falando em dar dinheiro, R$ 100 mil, mas eu não quero dinheiro. Quero meu menino!”, diz ele.

Empregado havia 30 dias na Progen, empresa terceirizada da Vale, Éverton tinha planos de se casar. No dia da tragédia, o jovem, cujo posto de trabalho como gestor de qualidade era na sede da Progen em Nova Lima, foi a Brumadinho conhecer o chefe, que estava na Mina Córrego do Feijão. O pai conta que o chefe de Éverton, cujo nome não sabe, também está desaparecido. “Acho que eles estavam juntos, dentro do carro da empresa. Ainda tenho esperança de encontrá-los”, afirmou.

Cadastramento


Na tarde de ontem, o cadastramento das famílias dos atingidos pelo rompimento da barragem para receber a doação de R$ 100 mil da Vale começou a ser feito. No fim do dia, 44 pessoas tinham feito o cadastro. Claudinete Euflávia do Carmo Miranda esteve no local na tentativa de se registrar. Ela é casada com o operador de máquinas Wagner Walmir Miranda, que está desaparecido. “Meu atendimento é só na semana que vem, mas aproveitei que já estou aqui pra tentar fazer. Não posso andar muito por conta de uma cirurgia que fiz na perna e já queria aproveitar a vinda até aqui”. 

Ela conta que tem dois filhos com Wagner, um de 12 anos e outro de 7, que choram todos os dias pela falta do pai. “Não sei nem o que pensar desse dinheiro que a Vale vai dar pra gente, mas acho que pelo menos é uma forma de tentar continuar com a educação e a vida que o meu marido conseguia dar pra gente. Eu não trabalho, a renda que tínhamos era apenas o salário dele”, contou.

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Correio Braziliense quinta, 31 de janeiro de 2019

TEMOR SE ESPALHA EM MINAS

 


Temor se espalha em Minas
 
 
Caso Brumadinho provoca medo de ocorrerem tragédias semelhantes no restante do estado. ONU cobra investigação imediata, completa e imparcial do rompimento e lembra o episódio de Mariana

 

Publicação: 31/01/2019 04:00

 

Chegada de restos mortais ao centro operacional no bairro Córrego do Feijão (Juarez Rodrigues/Estado de Minas

)  
Chegada de restos mortais ao centro operacional no bairro Córrego do Feijão

 


Ao mesmo tempo em que a contagem de corpos de vítimas do colapso da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, se aproxima de romper a casa dos dois dígitos, os reflexos da catástrofe extrapolam fronteiras e, em Minas, espalham pelo mapa medo de tragédias semelhantes. Ontem, relatores especiais de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) cobraram investigação imediata, completa e imparcial do rompimento da represa e lembraram o antecedente da tragédia em Mariana, ocorrida em 2015. Ao mesmo tempo, outras gigantes da mineração que, há décadas, exploram ricas reservas de ferro na Região Central mineira anunciam a disposição de seguir a decisão da Vale — dona da mina onde ocorreu o desastre mais recente — e desativar barragens de rejeitos com o mesmo nível de risco das duas que estouraram nos últimos três anos (leia reportagem na página 5).

Em Brumadinho, onde o que já foi medo se transformou em catástrofe, dor, luto e prejuízo, a Justiça agiu para suspender as atividades de mais um empreendimento: da Mineração Ibirité Ltda. (MIB), no mesmo Córrego do Feijão. A empresa atuava próximo à barragem da Vale que se rompeu provocando até agora 99 mortes confirmadas, e deixando 259 desaparecidos. O pedido de suspensão foi feito pelo Ministério Público de Minas Gerais. O MP sustenta que, pela proximidade, a atividade da MIB na região também está em risco.

Ontem, representantes de comitês de bacias hidrográficas fizeram visita técnica à área da represa que se rompeu e cobraram medidas de proteção aos recursos hídricos em todo o país. “Primeiro, prestamos solidariedade às vítimas, que tanto sofrem. Mas temos de alertar que não foi só aqui em Brumadinho que esse tipo de coisa ocorreu. Houve o rompimento de barragem em Barcarena, no Pará (em fevereiro de 2018), e também o vazamento do mineroduto que liga Minas ao Espírito Santo (em Santo Antônio do Grama, em março). Precisamos dar um basta nisso”, disse o presidente do Comitê da Bacia do Rio São Francisco, Anivaldo Miranda, que defende “tirar da gaveta a Lei Nacional de Recursos Hídricos”.

O presidente do Fórum Estadual de Comitês de Bacias Hidrográficas, Marcos Vinícius Polignano, foi contundente na defesa de medidas imediatas. “Temos de denunciar o descaso da empresa com o meio ambiente. A Vale acabar com barragens a montante (como as de Mariana, rompida em 2015, e a de Córrego do Feijão) é ótima notícia, mas é uma decisão que está três anos atrasada, no mínimo”, afirmou ele, que exige a recuperação do Rio Paraopeba, além do auxílio às vítimas da catástrofe. Já Winston Caetano, presidente do Comitê do Rio Paraopeba, alerta para o risco à saúde das pessoas com o consumo de água nas áreas atingidas. “Não é recomendável o uso nem para irrigação”, advertiu.

Fake news
Envolvidos nos resgates têm de lidar com atitudes irresponsáveis, que dificultam ainda mais o processo de busca por vítimas. Ontem, novo alerta foi feito pelo Corpo de Bombeiros em relação às notícias falsas. Segundo o tenente Pedro Aihara, porta-voz da corporação, os trabalhos estão sendo interrompidos para verificar informações mentirosas. 

“Todas as vezes que recebemos informações sobre sobrevivente, com uma referência de ter sido encontrado, o que é situação muito difícil de ser verídica, a gente é obrigado a parar para averiguar a informação. Então, paralisamos os serviços.”

O comandante de salvamento especializado do Corpo de Bombeiros, capitão Leonard Farah, admitiu que a chance de encontrar sobreviventes é “praticamente zero”. “Os protocolos internacionais, principalmente os utilizados pela ONU e pelos israelenses, consideram que até sete dias depois da tragédia a gente poderia encontrar sobreviventes. Então, a chance é mínima”, disse.

Contabilidade da catástrofe
Confira os números do resgate em Brumadinho até a noite de ontem

99 
óbitos


57 
identificados

259 
desaparecidos

393 
localizados

 

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Correio Braziliense quarta, 30 de janeiro de 2019

BOLSONARO DESPACHA NO HOSPITAL

 


Bolsonaro despacha no hospital
 
 
Após cirurgia bem-sucedida para retirar bolsa de colostomia, presidente volta ao cargo, mas só retorna a Brasília no próximo dia 7

 

ALESSANDRA AZEVEDO
GABRIELA VINHAL

Publicação: 30/01/2019 04:00

 

Gabinete provisório permite que chefe de Estado receba ministros e conceda audiências no Albert Eistein, enquanto continua a recuperação (Presidencia da Republica
)  

Gabinete provisório permite que chefe de Estado receba ministros e conceda audiências no Albert Eistein, enquanto continua a recuperação

 

 


O presidente Jair Bolsonaro reassume, na manhã de hoje, a Presidência da República, após mostrar “evolução bastante razoável” na cirurgia feita na última segunda-feira, anunciou o porta-voz do governo, Otávio do Rêgo Barros. Entretanto, ele continuará em recuperação no hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde foi submetido a um procedimento para retirar a bolsa de colostomia, colocada em setembro, devido à facada sofrida durante um ato de campanha em Juiz de Fora (MG).

A previsão é de que Bolsonaro volte a Brasília em 7 de fevereiro. Até lá, ele deve exercer as atividades em um gabinete provisório, montado no próprio hospital, com equipamentos e estrutura técnica suficientes para que possa orientar os ministros e dar audiências, como computadores e mesa de reuniões. O espaço, que fica perto do quarto onde ele se recupera, foi organizado pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

O presidente deve voltar a despachar ainda hoje pela manhã, por volta das 7h, segundo o porta-voz. Desde domingo, quando foi para São Paulo, o vice, Hamilton Mourão, ocupa o cargo no Palácio do Planalto. Até ontem, Bolsonaro manteve repouso absoluto, sem complicações ou sangramentos decorrentes da cirurgia.

As visitas continuavam restritas, por ordem médica. O único ministro que se encontrou com o presidente no hospital foi o chefe do GSI, general Augusto Heleno, que voltou ontem a Brasília e deve retornar a São Paulo na semana que vem. Além dele, o presidente teve contato direto apenas com o porta-voz e com os familiares que o acompanharam: a esposa, Michelle Bolsonaro, e os filhos Eduardo, Carlos e Renan.

Ainda hoje, ministros de outras pastas devem chegar à capital paulista para despachar com o presidente. O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, deve ser um deles, mas os nomes ainda não foram confirmados. Alguns aliados acreditam que seria melhor Bolsonaro adiar a retomada dos trabalhos, para evitar se expor a infecções ou cansaço excessivo.    

Bom desempenho    
O presidente passou boa parte do dia, ontem, sentado em uma poltrona e fazendo fisioterapia respiratória e motora, que consiste em “uma espécie de bicicleta com as pernas, ainda deitado na cama”, detalhou Rêgo Barros, que esteve com ele. Ele teve “bom desempenho” na fisioterapia, de acordo com boletim divulgado no fim da tarde pelo hospital.

Bolsonaro está em “evolução muito positiva nessa cirurgia”, declarou o porta-voz. Durante a tarde, o presidente já estava “sentado, conversando com muito cuidado”, disse o porta-voz. Rêgo Barros também garantiu que o chefe de governo “está atendendo na plenitude às orientações médicas.”

Em mensagem no Twitter, publicada na manhã de ontem, Bolsonaro afirmou que está bem. “Agradeço a Deus por estar vivo, aos profissionais que cuidaram de mim até aqui e a todos vocês pelas orações”, escreveu. A equipe médica não informou nenhuma limitação física do presidente como decorrência da cirurgia.

Entenda
Na última segunda-feira, Bolsonaro teve a bolsa de colostomia retirada e o trânsito intestinal reconstruído, quase cinco meses após ter sido vítima de uma facada. A operação durou sete horas, de 8h30 às 15h30, o dobro do previsto, devido às aderências intestinais encontradas — quando tecidos de cicatrização grudam em outras partes do órgão, o que pode levar à obstrução intestinal. Após a cirurgia, ele foi encaminhado à UTI, sem dores e sem complicações.

Logo após a facada, em 6 de setembro, o então candidato passou por uma operação de emergência. Os médicos abriram o abdômen e retiraram uma parte do intestino grosso, que foi ligado à bolsa de colostomia. Também foram realizadas três suturas no intestino delgado.

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Correio Braziliense terça, 29 de janeiro de 2019

DESASTRE COLOCA A VALE NO OLHO DO FURACÃO

 


Desastre coloca a Vale no olho do furacão
 
 
Com quase R$ 12 bilhões bloqueados pela Justiça para garantir indenização às vítimas do rompimento da barragem do Feijão, em Brumadinho, empresa está sob investigação da Polícia Federal e do MP e pode sofrer intervenção

 

RENATO SOUZA
FERNANDO JORDÃO

Publicação: 29/01/2019 04:00

A tragédia em Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte, coloca a mineradora Vale no centro de um furacão jurídico, que deve resultar em milhares de ações na Justiça no país e no exterior. O entendimento nos tribunais e no Ministério Público Federal é o de que não se pode repetir o fracasso observado no desastre de Mariana, pelo qual ninguém foi punido devido a uma enxurrada de ações protelatórias. Segundo os bombeiros, 65 corpos já foram encontrados no vale de lama deixado pela barragem de uma mina que arrebentou na última sexta-feira e mais de 270 pessoas estão desaparecidas.

Ontem, a Vale sentiu o peso do que está por vir. Teve mais R$ 800 milhões bloqueados de suas contas, totalizando R$ 11,8 bilhões. Tomou uma sova dos investidores, que fizeram o valor de mercado da empresa despencar mais de R$ 70 bilhões. Terá de responder a processo na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), responsável pela regulação e fiscalização do mercado de capitais. E corre o risco de ter a sua diretoria destituída pelo governo, como avisou o presidente interino da República, general Hamilton Mourão.

Mais: a Polícia Federal está fazendo uma varredura nos laudos que indicavam a segurança da barragem da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho. As diligências são conduzidas pelo delegado Luiz Augusto Pessoa Nogueira. A PF vai avaliar se existe algum tipo de irregularidade nas licenças. O governo alega que existe risco de contaminação do Rio São Francisco, o que motiva a atuação dos investigadores federais. Dentro da PF, corre a informação de que pode ter havido fraude no processo de avaliação da barragem, já que nada justificaria o desabamento se todos os requisitos estivessem sendo seguidos corretamente.

Terceirizados
O cerco contra a empresa foi explicitado pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Ela afirmou que o Ministério Público está avaliando medidas para impedir a demora na punição dos responsáveis e no ressarcimento dos danos causados à sociedade. “É muito importante que a Justiça dê uma resposta eficiente, dizendo que esse caso, esse tipo de responsabilidade, deve ser tratado como prioridade. É também preciso responsabilizar severamente, do ponto de vista indenizatório, a empresa que deu causa a este desastre, e também promover a persecução penal”, afirmou.

Dodge lembrou que os “executivos podem ser punidos também”. Ela se referiu aos responsáveis pela atuação direta na região de Brumadinho. Além do MPF, o Ministério Público do Trabalho (MPT) quer garantir que cada família de trabalhador vítima do rompimento da barragem receba ao menos R$ 2 milhões. O valor, segundo a procuradora-chefe do MPT em Minas Gerais, Adriana Augusta Souza, é o mesmo acordado com as famílias dos trabalhadores mortos no desastre de Mariana, há três anos. Foi com base nesse número, aliás, que o MPT conseguiu liminar para bloquear mais R$ 800 milhões da Vale. De acordo com a empresa, ao menos 400 pessoas trabalhavam na Mina do Feijão, quando a barragem se rompeu.

O valor, no entanto, é preliminar, e leva em consideração gastos imediatos. “A gente quer que a empresa arque com as despesas de funeral, traslado do corpo e demais gastos relacionados a um contexto como esse, inclusive dos trabalhadores terceirizados. É um direito que as famílias têm”, explicou Adriana. Ela sabe, porém, que não será tarefa fácil, uma vez que a Vale conseguiu brecar todaS as ações decorrentes do desastre em Mariana. Desde que uma barragem de rejeitos se rompeu e destruiu o distrito de Bento Rodrigues, 50 mil processos foram movidos contra a Samarco e suas controladoras, a Vale e a BHP Billiton. Nenhuma das ações que correm no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) resultou em reparo financeiro às vítimas.

Segundo o TJMG, as milhares de ações contra a Samarco e as suas controladoras estão paradas devido a vários pedidos de Incidentes de Resolução de Demandas Repetitivas (IRDRs) por parte da mineradora. Essa artimanha é facilitada porque as ações estão espalhadas por diversas varas especializadas. Até que uma decisão seja tomada sobre o caso, autorizando ou não a unificação dos processos, todas ações ficam paradas no Poder Judiciário, alimentando a impunidade.

Além da Justiça estadual, as empresas envolvidas enfrentam processos na Justiça Federal e em cortes internacionais. Algumas famílias conseguiram furar o cerco montado pela Vale e recebem recursos para aluguéis e auxílios emergenciais. No caso da tragédia de Brumadinho, se tudo se mantiver como está, a resolução do processo pode demorar ainda mais, por conta da quantidade de pessoas vitimadas. Por isso, a pressão da sociedade sobre o Judiciário terá de ser grande. “Queremos o pagamento continuado dos salários dos empregados, tanto dos que morreram, quanto dos que estão vivos, pois com a paralisação dos serviços, ficarão sem emprego. As famílias não podem perder o sustento”, afirmou a procuradora do MPT.
 
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Correio Braziliense segunda, 28 de janeiro de 2019

BRUMADINHO: MORADORES VIVEM HORAS DE MEDO

 


Moradores vivem horas de medo
 
 
Os 24 mil habitantes de Brumadinho passam momentos de tensão com alarme na madrugada de domingo por conta de risco de novo rompimento de barragem, que não se confirmou. Episódio evidencia despreparo da Vale para situações de emergência

 

» Renan Damasceno

Publicação: 28/01/2019 04:00

Bombeiros buscam pelos desaparecidos na área rural nas proximidades da mina da Vale (Douglas Magno/AFP)  

Bombeiros buscam pelos desaparecidos na área rural nas proximidades da mina da Vale

 

 
Brumadinho – Cada hora na vida dos moradores de Brumadinho parece durar uma semana desde a sexta-feira. Ontem, o pesadelo começou pouco depois das 5h, quando o alarme de emergência do complexo de barragens do Córrego do Feijão disparou com a mensagem: “Atenção, esta é uma situação real de emergência de rompimento de barragem. Abandonem imediatamente suas residências”, dizia o comunicado, seguido de uma forte sirene, ouvida nas comunidades e em partes da cidade. As horas que se seguiram foram de desinformação, drama e desespero. Ao ouvir a sirene, Agnaldo Santana dos Santos saiu para as ruas para acordar os vizinhos. “Como acordo cedo, saí para a rua e fui acordando todo mundo”, disse, enquanto olhava para o local onde cerca de 30 casas que foram engolidas pela lama na sexta. “Nós estamos preocupados com nossos amigos que morreram, muita gente desapareceu.”
 
A sensação de desamparo de Agnaldo e milhares de outros moradores ontem evidenciou a precariedade da estrutura necessária para socorrer a população em caso de remoções de emergência. Parque da Cachoeira é uma das áreas mais atingidas pelo rompimento da barragem de rejeitos do Córrego do Feijão e, por isso, uma das que mais preocupam em caso de evacuação. No início da manhã, os bombeiros alertaram para que 24 mil pessoas deixassem suas casas, em bairros como Pires, Centro, Novo Progresso. Depois, à tarde, reduziram para 3 mil o número de moradores que deveriam ser evacuados por causa do risco iminente de rompimento da barragem de água B6 da Vale.
 
Após o susto de acordar com o alarme de emergência, Adélia de Oliveira não teve nem tempo de tomar os remédios para a pressão. “Quando cheguei no caminho, desmontei. Aí passou um homem e falou que me levaria”, disse Adélia, aferindo a pressão em frente à Unidade Básica de Saúde, que serve de ponto de apoio para a população do vilarejo que, segundo o líder comunitário Adilson Charles, tem cerca de 150 casas. Para dar conta do número de pessoas estimado pelos bombeiros, foram estabelecidos três pontos de segurança: a igreja matriz de São Sebastião, o Quartel da Polícia Militar, no Bairro Progresso e o Morro do Querosene. Em caso de vazamento, a previsão era que de 3 a 4 milhões de metros cúbicos de água chegariam à cidade.

Com estradas destruídas, acesso é só por helicóptero (Douglas Magno/AFP)  

Com estradas destruídas, acesso é só por helicóptero

 

 
Nas ruas
 
Pouco antes das 6h, todos os moradores estavam fora de casa. O dia amanhecia e ninguém sabia o que fazer. “A sirene tocou de manhã e todo mundo saiu, em seguida, o pessoal voltou para casa e ninguém deu informação se podia descer ou não. A situação é crítica”, relata Adilson Charles. “Mais de 20 casas aterradas. Tem uma vítima ali dentro, morador do bairro. Se eu não tivesse ido atrás do pessoal para isolar a área, estaria aqui tudo igual.”
 
Os primeiros bombeiros civis chegaram ao vilarejo por volta das 8h30. Passava das 9h quando foi colocado um cordão de isolamento e, então, os moradores começaram a deixar as casas – apenas da parte mais baixa. Cláudio Santos se emocionou ao trancar a porta da casa de três cômodos, sem reboco nas paredes. “É a única casa que tenho, agora que a plantação começou a dar mandioca, as plantas estão bonitas”, lamentava Cláudio Santos. Outros moradores de Parque da Cachoeira não tiveram tempo para se despedir da casa, quando a lama passou e levou parte do bairro. “Minha casa tinha tudo: dois banheiros, televisão em cada quarto, máquina de lavar, panela elétrica. Foi tudo embora e não avisaram nada”, conta Laureane Oliveira de Souza. Se o passado, a lama levou, o futuro parece ainda pior. O marido de Laureane, Dari Laurindo, trabalhava em dragas de areia do Rio Paraopeba, atingido pela lama. “Perdemos carro, casa, foi tudo embora”, diz, desolado.
 
No meio da tarde, após a maior parte do volume de água ser retirado da represa, a Defesa Civil liberou o retorno das famílias para suas casas e a retomada das buscas pelos cerca de 300 desaparecidos. Ao todo, 58 corpos já foram encontrados e 16, identificados. Para Eronice Alves Ferreira, de 39 anos, e os filhos, a busca pelo marido, o operador de máquinas Rodrigo Henrique de Oliveira, de 30 anos, se tornou um sofrimento ainda maior desde sábado. Um dia após a tragédia, o nome de Rodrigo foi incluído equivocadamente pela Vale em uma lista de pessoas localizadas com vida e levadas ao hospital. Desde então, ela carrega no bolso uma foto em que ela aparece sentada ao lado do marido, para ajudar na localização. “Quero que ele apareça, que eles me deem uma solução. Ou vivo, ou morto. Foi alguém que preencheu aquela lista. Então, para onde mandaram ele? Eu quero ele”, desabafa.
 
O presidente da Vale, Fabio Schvartsman, que esteve ontem em Brumadinho, afirmou que é preciso “ir além e acima” na implementação de ações de segurança para a operação de barragens de minas. “Vamos criar um colchão de segurança bastante superior ao que a gente tem hoje para garantir que nunca mais aconteça um negócio desse”, afirmou o executivo.
 
O prefeito de Brumadinho, Avimar de Melo (PV), que se encontrou com Schvartsman, culpou a Vale pela tragédia socioambiental no município, que depende cerca de 65% do que arrecada com mineração. Segundo ele, a Defesa Civil do município fiscalizava a operação da mina de acordo com as especificações pontuadas na licença concedida pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvenvolvimento Sustentável (Semad). A prefeitura multou a mineradora em R$ 100 milhões por causa do rompimento. “A gente acredita que outra barreira não vai estourar. Não podemos ter tanta falta de sorte”, afirmou.

Correio Braziliense domingo, 27 de janeiro de 2019

FUMAR ENVELHECE

 


Envelhecidos na fumaça
 
 
A idade biológica de fumantes é muito maior que a cronológica, mostra estudo americano com 149 mil voluntários. Essa aceleração do degaste do corpo em função do vício tem impactos ainda mais evidentes em mulheres

 

Vilhena Soares

Publicação: 27/01/2019 04:00

 
 
Câncer, infarto, tuberculose. Esses são alguns exemplos dos diversos problemas de saúde causados pelo tabagismo. Mesmo com todo o conhecimento sobre as complicações desse vício, ele segue sendo alvo de investigações científicas e se revelando cada vez mais ameaçador. Um recente trabalho mostra, por exemplo, que o cigarro também pode acelerar o envelhecimento. A descoberta foi feita por americanos após uma série de análises sanguíneas de voluntários e do uso de técnicas de inteligência artificial. Especialistas acreditam que o resultado da pesquisa poderá incentivar as pessoas a se livrarem da dependência.
 
“O tabagismo é um problema real, destrói a saúde das pessoas, causa mortes prematuras e é, muitas vezes, o motivo de várias  doenças sérias”, ressalta ao Correio Polina Mamoshina, pesquisadora sênior da empresa de biotecnologia Insilico Medicine, nos Estados Unidos, e uma das autoras do estudo, publicado recentemente na revista especializada Scientific Reports. No trabalho, a equipe se propôs a determinar as diferenças biológicas de idade entre fumantes e não fumantes, além de avaliar o impacto do tabagismo na bioquímica do sangue de voluntários.
 
Como primeiro passo, os cientistas realizaram uma série de análises em amostras sanguíneas de 149 mil adultos, homens e mulheres, com, em média, 55 anos de idade. Dos participantes, 33% (49 mil) relataram ser fumantes. A equipe focou em parâmetros bioquímicos que permitem quantificar a aceleração do envelhecimento biológico devido ao uso do tabaco, como hemoglobina glicada (a forma presente no sangue), ureia, glicose em jejum e ferritina (proteína relacionada ao ferro). “Essas métricas auxiliam no diagnóstico e no prognóstico de enfermidades associadas ao envelhecimento, como o câncer e doenças genéticas que resultam em envelhecimento precoce. A análise de biomarcadores pode permitir uma avaliação quantitativa do efeito de fatores ambientais, como o hábito de fumar, na taxa de envelhecimento biológico”, explica Polina Mamoshina.
 
Com base nas medições, descobriu-se que a idade biológica dos fumantes é muito maior do que a idade cronológica, em comparação aos que não são dependentes de cigarro. “Isso sinaliza que eles podem ter aceleração da idade e uma expectativa de vida mais baixa”, diz a pesquisadora. Ela também ressalta a identificação de diferenças substanciais em relação ao gênero. “As fumantes têm previsão para ser duas vezes mais velhas que a idade cronológica, em comparação às que não têm o vício. No sexo masculino, essa relação é de uma vez e meia”, diz Polina Mamoshina. Em uma segunda etapa, a equipe fez análises genéticas dos voluntários e chegou aos mesmos resultados.
 
A repetição das constatações chama a atenção da psiquiatra Helena Moura, doutoranda em psiquiatria pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e idealizadora do programa Viva Sem Cigarro. “No lugar de uma análise genética, os dados são de amostras sanguíneas, com as medições de glicose, entre outros parâmetros. É um método mais simples, que gerou os mesmos dados que a análise genética. Isso é possível porque sabemos que várias doenças estão relacionadas ao envelhecimento acelerado, como pressão alta e diabetes, que ocorrem com a chegada da idade avançada”, explica.
 
Segundo a médica, o trabalho avaliou um tema que tem sido bastante explorado na área científica: o envelhecimento acelerado. “É interessante, nessa pesquisa, o fato de os pesquisadores terem usado como base as descobertas feitas por uma mulher que foi ganhadora do Prêmio Nobel em um trabalho sobre os telômeros”, diz, fazendo referência à australiana Elizabeth Blackburn (Leia Para saber mais).
 
João Armando, psiquiatra e preceptor da residência médica na área de dependência química do Hospital das Forças Armadas (HFA), também enfatiza a importância de a pesquisa americana mostrar que o cigarro é um “mal global”. “Ele gera alterações genéticas, transformando a pessoa em uma idade mais avançada do que ela de fato tem”, frisa. Segundo o médico, os efeitos  causados são semelhantes ao de outra substância perigosa: o álcool.“Seria interessante comparar tipos distintos de drogas para entender melhor os efeitos delas”, sugere.
 
Polina Mamoshina adianta que o trabalho terá continuidade, mas focando apenas na dependência ao tabagismo. “Agora, estamos trabalhando na avaliação do efeito das terapias de longevidade e de outras escolhas de estilo de vida, como dietas distintas, para ver se isso faria alguma diferença nas pessoas que têm esse vício”, diz.
 
 
A régua da vida
 
Em 2009, a bióloga australiana Elizabeth Blackburn foi uma das vencedoras do Prêmio Nobel de Medicina graças à descoberta dos telômeros — pedaços do cromossomo — e a relação deles com o envelhecimento. De acordo com a cientista, quanto menor o tamanho desse elemento gênico, maior é o envelhecimento de um indivíduo, o que faz com que os telômeros sirvam como um parâmetro dos efeitos da idade no corpo.
 
Durante a entrega do prêmio, a especialista os comparou aos acabamentos de cadarços. “Imagine o cadarço como sendo o cromossomo, que carrega a nossa informação genética. O telômero é essa pontinha que serve de proteção. Quando se desgasta, o material genético fica desprotegido, e as células não podem se renovar apropriadamente”, ilustrou. A cientista também revelou que mudanças de estilo de vida podem evitar esse deterioramento, como a realização de exercícios e uma dieta mais saudável.

Correio Braziliense sábado, 26 de janeiro de 2019

CORUJAS ENVENENADAS NO SETOR SUDOESTE

 


Corujas envenenadas no Setor Sudoeste

 

» Pedro Canguçu*

Publicação: 26/01/2019 04:00

 (Barbara Cabral/Esp. CB/D.A Press)  
Moradora espalhou cartazes para conscientizar vizinhos: predadoras de escorpiões, elas ajudam no combate de pragas (Barbara Cabral/Esp. CB/D.A Press)  

Moradora espalhou cartazes para conscientizar vizinhos: predadoras de escorpiões, elas ajudam no combate de pragas

 



Corujas têm sido mortas por envenenamento no Sudoeste. Sete casos foram registrados desde o início do mês, tanto na área de preservação do Parque Ecológico Sucupira como na Avenida das Jaqueiras. A 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro Velho) e a Polícia Ambiental registraram as queixas de moradores.

A técnica de segurança e líder comunitária da QRSW, Ivana Lacerda, 52 anos, espalhou cartazes pelas quadras do bairro nobre, em uma tentativa de conscientizar os moradores. “Há 10 dias, mataram quatro corujas e colocaram pedra em cima das tocas. Agora, só restou um adulto e um filhote”, conta Ivana.

Ainda de acordo com Ivana, os moradores da região convivem com as corujas há muito tempo. Além de proteger os animais, a preocupação da líder é com a segurança e a saúde dos moradores. “As corujas são predadoras de escorpiões e elas ajudam no combate de pragas”, ressalta a líder comunitária. Ela reclama que câmeras de segurança espalhadas pelo bairro não funcionam.
Bastante apegado às aves, o higienizador automotivo Tom Jonnhs, 43, presenciou duas cenas tristes. “No dia 12, encontrei uma com a perna quebrada e, um tempo depois, duas agonizando. Elas sempre conviviam comigo, ficavam nas cadeiras, eu colocava água para elas. Aí, de repente, acontece uma fatalidade dessas”, lamenta. Ele afirma que as corujas eram dóceis, mas, quando se sentiam ameaçadas, voavam próximo às pessoas para proteger os filhotes.
 
Câmeras
 
Responsável por operacionalizar as imagens, o 7º Batalhão de Polícia Militar confirmou que os equipamentos estão desligados. O comandante do Batalhão da Polícia Militar Ambiental, major Souza Júnior, diz acompanhar o caso para identificar os envolvidos.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública informou estar “em fase de assinatura” um contrato de instalação de novas 550 câmeras de videomonitoramento. Os equipamentos serão instalados até o fim do ano, em todas as regiões administrativas. O contrato prevê ainda a manutenção de equipamentos já instalados em várias regiões do Distrito Federal.

Atualmente, 444 câmeras estão em funcionamento em pontos estratégicos do DF. As imagens são transmitidas ao Centro Integrado de Operações de Brasília (Ciob), que monitora a cidade e identifica suspeitos de crimes. As câmeras também auxiliam nas investigações policiais e em situações de acidente de trânsito. Os locais escolhidos para a instalação dos equipamentos seguem, principalmente, as manchas criminais, que mostram os dias, horários e locais de maior incidência dos crimes.
 
* Estagiário sob supervisão de 
   Renato Alves


Memória

Ações para proteger aves

Não é a primeira vez que a população do Distrito Federal se une em defesa de corujas. Em setembro de 2017, no auge da seca de Brasília, moradores construíram casinhas em um gramado da 710 Norte para as corujas-buraqueiras se refrescarem. As estruturas em madeira foram erguidas em cima do buraco onde um casal de aves escolheu para viver há cinco anos.

Outras casinhas para os animais também surgiram em quadras da Asa Norte, no Park Way e no Cruzeiro.  Em 2009, um sargento da Marinha recolheu pedaços de madeira, cinco telhas e inaugurou a Toca da Coruja, na região do Cruzeiro. O idealizador passou a ser chamado de Zé da Toca.

Correio Braziliense sexta, 25 de janeiro de 2019

COPINHA: VASCO E SÃO PAULO FAZEM DUELO DECISIVO

 


COPA SP  - São Paulo e Vasco fazem duelo decisivo

 

Publicação: 25/01/2019 04:00

O meia Lucas Santos, 19 anos, é o destaque do time carioca (Rafael Ribeiro/Vasco.com
)  

O meia Lucas Santos, 19 anos, é o destaque do time carioca

 





A final da Copa São Paulo de Futebol Júnior, hoje, entre São Paulo e Vasco, às 15h30, tem jeito de decisão profissional. Ontem, a Federação Paulista de Futebol promoveu uma entrevista coletiva com os técnicos e os destaques de cada time. Os protagonistas são conhecidos: o são-paulino Antony integra o time principal desde o ano passado e o vascaíno Lucas Santos vem sendo observado de perto pelo técnico Alberto Valentim. O Pacaembu estará lotado, com 37 mil ingressos colocados à venda.

O atacante Antony foi promovido para o time de cima do São Paulo ainda pelo técnico Diego Aguirre, demitido no ano passado. Ele quase viajou com a equipe para a Florida Cup, no início do mês, mas virou reforço para a Copa São Paulo.

No último jogo, na semifinal diante do Guarani, ele foi o destaque do time, que não sentiu falta do artilheiro Gabriel Novaes, que estava suspenso. “É um sonho que a gente tem desde criança. Desde menino sempre quis e agora estou realizando”, disse Antony.

No Vasco, Lucas Santos está na quarta edição do torneio e foi citado pelo técnico Alberto Valentim. “Em nenhum momento avaliarei um jogador pela estatura. O Lucas Santos é um jogador de qualidade, esteve treinando com a gente no profissional no ano passado. Ele é uma joia do Vasco”, afirmou o treinador, referindo-se à estatura de Lucas (1,64m).

São Paulo e Vasco se enfrentarão em uma decisão de Copa São Paulo pela segunda vez na história. A primeira foi em 1992, quando o time carioca venceu nos pênaltis, após o empate por 1 x 1. O tricolor busca o quarto título e quer superar o drama do ano passado, quando foi vice-campeão diante do Flamengo.

Correio Braziliense quinta, 24 de janeiro de 2019

COPINHA - QUE REI SOU EU? - CONHEÇA TIAGO REIS O MENINO VASCAÍNO DO CRUZEIRO NOVO

 


Que rei sou eu?
 
 
Conheça Tiago Reis, o menino do Cruzeiro Novo que briga pela artilharia do principal torneio de base do país. Com sete gols, o camisa 9 é a esperança cruz-maltina na final contra o São Paulo

 

Marcos Paulo Lima

Publicação: 24/01/2019 04:00

 
 (Ale Vianna/Divulgação
)  



Tiago Reis e a família no Cruzeiro Novo, onde começou jogando futsal (Arquivo Pessoal
)  
Tiago Reis e a família no Cruzeiro Novo, onde começou jogando futsal


Há 21 anos, um jogador nascido no Distrito Federal foi um dos protagonistas do título do Internacional na Copa São Paulo de Futebol Júnior. O zagueiro Lúcio, campeão da Copa do Mundo de 2002, era o capitão colorado na campanha do time comandado por Guto Ferreira. O menino de Planaltina levantou a taça, no Morumbi, após o triunfo nos pênaltis sobre a Ponte Preta. Amanhã, outro jogador brasiliense pode entrar para a história do torneio na decisão contra o São Paulo, às 15h30, no Pacaembu.

Vice-artilheiro da Copinha com sete gols, dois atrás de Gabriel Novaes, do São Paulo, o camisa 9 do Vasco, Tiago Reis, nasceu na capital do país e tem a oportunidade de levar o time cruz-maltino ao título contra o São Paulo. Curiosamente, ele veste a camisa do clube carioca há apenas cinco meses.

A promessa cruz-maltina começou no Cruzeiro Novo, onde morava. Jogou futsal até os 7 anos na escolinha do Ajax e decidiu trocar as quadras pelo campo em 2013. Ousado, arrumou as malas em 2015, deixou Brasília e colocou o pé na estrada para fazer teste no Goiás. Concorreu com 600 meninos em três dias.

“Ele foi aprovado aqui com a gente. Garoto muito bom, cabeça boa. Na época, o Leandro Campos foi quem selecionou o ‘Tiagão’, que era o apelido dele aqui. Ficou com a gente. Biotipo bom, grande, um excelente finalizador”, lembra, em entrevista por telefone ao Correio, Hely Maia, coordenador das divisões de base do Goiás.

Aprovado na seleção, Tiago evoluiu nas divisões de base do Goiás em 2016. Arrematou a artilharia do Campeonato Goiano Sub-17 com 19 gols e levou o time esmeraldino ao título da categoria. No mesmo ano, foi vice-goleador da Taça Mané Garrincha com 13 bolas na rede. Consequentemente, ganhou vaga na lista dos inscritos para a Copa São Paulo de Futebol Júnior 2017 sob o comando do técnico Sílvio Criciúma. Inscrito com a camisa 9, iniciou a competição titular contra o Pérolas Negras, mas perdeu a posição ao longo do torneio.

“Ele foi titular no primeiro jogo e depois saiu do time. Não recuperou a posição. É da geração 1999 do Goiás, considerada a mais promissora do clube. Em 2017, o clube representou o Brasil na Universíade, em Taiwan, e ele foi conosco. Quando voltamos, assumi o profissional do Goiás e ele seguiu para o Cruzeiro”, conta o treinador.

Xerife da defesa de Luiz Felipe Scolari no título do Criciúma na Copa do Brasil 1991, Sílvio Criciúma comanda o Grêmio Anápolis no Goianão. Ex-zagueiro, ele sabe quando um centroavante é talentoso. “Se tivessem perguntado a minha opinião, ele estaria no Goiás até hoje. É muito bom jogador. Fiquei até surpreso quando vi o Tiago jogando pelo Vasco na Copa Ypiranga, lá no Rio Grande do Sul, e agora, na Copinha. Tem potencial. Sabe fazer gol, se posiciona muito bem”, avalia.

Essas referências levaram Tiago Reis de Goiânia para Belo Horizonte. Passou a trabalhar na base do Cruzeiro. No ano passado, o centroavante disputou a Copinha pela segunda vez. Vestia a camisa 9 celeste sob a batuta de Emerson Ávila, mas passou em branco na competição. Viveu maus momentos no clube mineiro.

Dispensado pelo Cruzeiro no segundo semestre do ano passado, recomeçou no Vasco. Com passagem pela Raposa, o técnico do Vasco, Marcos Gomes Valadares, conhecia Tiago Reis da base celeste. O estafe da promessa reclamou da falta de oportunidade e do estilo de jogo nas divisões inferiores da equipe mineira.

Incorporado ao elenco do Vasco, o centroavante colecionou bons resultados. No fim do ano passado, foi vice-artilheiro do Torneio Otávio Pinto Guimarães (OPG) com oito gols — um a menos do que Vitor Gabriel, do Flamengo. Agora, está na briga com Gabriel Novaes para ser o goleador da Copa São Paulo de Futebol Júnior.


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Gols tem Tiago Reis na Copinha, um atrás de Gabriel Novaes, do São Paulo


“É muito bom jogador. Tem potencial. Sabe fazer gol, se posiciona muito bem”

Sílvio Criciúma, técnico de Tiago Reis no Goiás na Copinha 2017



Memória

Brasília, celeiro de artilheiros da Série A

» Edmar*
Goleador do Brasileirão em 1985

» Amoroso
Matador do Brasileirão em 1994

» Dimba
Homem-gol do Brasileirão em 2003

» Washington
Artilheiro do Brasileirão em 2004 e 2008

*Nasceu em Araxá (MG), mas começou no futebol do DF.

Correio Braziliense quarta, 23 de janeiro de 2019

PARQUE DE ÁGUAS CLARAS: O VERDE NO CENTRO DA CIDADE

 


O verde no centro da cidade
 
 
Parque de Águas Claras reúne uma série de espaços destinados desde a simples contemplação até a prática de esportes

 

Natália Ferreira*
Renata Nagashima*

Publicação: 23/01/2019 04:00

 (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)  

"Aqui antes só tinha mato, mas a gente organizava eventos com a população. Trilha com ciclistas, luaus e caminhadas” 
José Júlio de Oliveira, morador



Ricardo Mafra e Alice Custódio: além de aproveitar as opções do parque, guardam boas lembranças do local (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)  

Ricardo Mafra e Alice Custódio: além de aproveitar as opções do parque, guardam boas lembranças do local

 




Em meio à selva de concreto da cidade mais verticalizada do Distrito Federal, há uma área nobre destinada à qualidade de vida: o Parque Ecológico Águas Claras. Natureza e urbanização se unem e proporcionam momentos de lazer e de tranquilidade para a comunidade local. Inaugurado nos anos 2000,  é um refúgio da agitação do dia a dia.

O ambiente agradável é um convite para reuniões entre amigos. Os estudantes Ricardo Mafra, 18, e Alice Custódio, 20, frequentam o local público desde pequenos e guardam lembranças de como era o espaço. “Há uns anos não tinha muita infraestrutura para receber o público, víamos mais mato do que qualquer outra coisa. Mas eu me divertia quando jogava vôlei com meus amigos”, relembra Ricardo.

Próximo ao lago é possível encontrar patos, capivaras, gansos, tucanos e bem-te-vis que vivem por entre os ipês, ingás e muitas outras árvores frutíferas encontradas nos 120 hectares de reserva. Os animais são lembrados com carinho por Alice. “A lembrança mais legal que tenho é de quando eu e outros amigos alimentávamos alguns patos que passeavam por aqui”, conta.

Existem outras opções de parques no Distrito Federal, mas este ganha a preferência dos dois estudantes. Segundo eles, as pistas de corrida são ótimas, “há quiosques e bebedouros por toda a área, que facilita para quem deseja ficar o dia inteiro. Além de ser bonito, aconchegante e arborizado, é seguro, não escutamos relatos de assaltos”, elogia Ricardo.


Giocleides Cândido: espaço para praticar esporte e também de contemplação (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)  
Giocleides Cândido: espaço para praticar esporte e também de contemplação



Recordação
A administradora Francineide Soares Ribeiro, 43, apesar de morar no Recanto das Emas, é frequentadora assídua do Parque de Águas Claras. “Conheci quando morei aqui perto, não era nem parque ainda. Mas me apaixonei e volto sempre, seja sozinha ou com a família, porque aqui tem atividades para todo mundo, seja para caminhada, contemplação, brincadeira ou praticar algum esporte.”

Para Francineide, as visitas ao parque também proporcionam momentos de recordação, como na época em que passeava com mãe, que hoje está debilitada. “Eu sempre lembro de quando caminhávamos, ficávamos conversando em baixo das árvores, tomando cafezinho em baixo de uma cabana, é a cara dela”, recorda.

Criado com o objetivo de proteger o acervo genético da flora e da fauna nativas da região, áreas de nascente e recargas de aquíferos, em 15 de abril de 2000, pela Lei Complementar nº 287, a reserva possui uma boa estrutura, com trilhas para caminhadas, quadras de voleibol e futevôlei de areia, Escola da Natureza e uma unidade da Polícia Florestal. Além disso, oferece floresta preservada com riachos e dois laguinhos.

“Tenho muito orgulho do que isso aqui se formou. É um dos melhores parques de Brasília”. É assim que um dos responsáveis pela criação do local descreve o espaço. Morador de Águas Claras há 20 anos, José Júlio de Oliveira, 59 anos, conta que ajudou a reunir alguns moradores para defende a criação do parque. “Aqui antes só tinha mato, mas a gente organizava eventos com a população. Trilha com ciclistas, luaus e caminhadas. Essas mobilizações que foram transformando esse espaço em um parque estruturado, porque a população abraçou a ideia e desenvolveu afeto pelo parque”, destaca.

A preocupação em melhorar a qualidade de vida da família e da comunidade foi o que incentivou José Júlio, hoje aposentado, a lutar pelo parque. “Vivemos cercados por prédios, tudo cinza. Esse é um escape que a gente tem para relaxar. Vou sempre lutar para que tenha investimento, para que seja preservado e possamos usufruir desse refúgio. Não é em todo lugar que temos isso”, afirma.

Ele conta que sente um carinho especial pelo parque. “A história desse espaço se confunde com minha história e com a de Águas Claras. Crescemos juntos e vi meus filhos crescerem aqui. Tivemos vários momentos em família que ficarão guardados na memória. É muito importante para gente.”

Dentro do parque flui o córrego Águas Claras, que deu origem ao nome da cidade, e forma uma lagoa no centro da reserva. Em meio à vegetação nativa do cerrado preservada e áreas de reflorestamento, longas trilhas contornam o parque, oferecendo um ambiente agradável para a prática de corridas e caminhadas, e até mesmo contemplação da natureza. Mas vale ressaltar que ainda há usuários que passeiam com seus pets, mas não retiram o cocô dos cachorros. A questão do estacionamento em cima das calçadas externas ao parque é outro problema.

A prática de exercícios é a principal motivação da visita de Giocleides Cândido, 41, morador de Vicente Pires, que conheceu por acaso o parque. “Vi a grande quantidade de árvores e fiquei curioso para saber o que poderia ter aqui. Eu adorei o que encontrei, lugar bem projetado e bonito. Vou trazer minha namorada para conhecer no fim de semana”, afirma.



 (Breno Fortes/CB/D.A Press - 23/2/18)  



Ampliação 
Em junho passado, os moradores de Águas Claras conseguiram sensibilizar o GDF com uma petição com mais de mil assinaturas e conquistaram a ampliação do Parque de Águas Claras. Parte da Residência Oficial do governador foi destinada à ampliação do espaço. No total, ele foi expandido em mais de 30 hectares, totalizando 120 hectares, ou seja, o equivalente a mais de 100 campos de futebol.

Segundo o administrador do Parque Ecológico Águas Claras, André Leopoldino, para este ano há diversos projetos que visam a melhorar a infraestrutura, segurança e acessibilidade no local, como a implantação de uma guarita na entrada recém-criada, próximo à EPTG, que facilitaria o acesso de moradores de outras cidades. “Além disso, temos projetos para dois plantios de 60 mil mudas e outro de 30 mil mudas, a criação do Bosque dos Heróis, em parceria com a polícia militar, para homenagear policiais que faleceram servindo”, conta.

Leopoldino afirma, ainda, que a prioridade é continuar melhorando a qualidade da infraestrutura que recebe cerca de 3 mil pessoas durante a semana e 6 mil nos finais de semana. “Estamos sempre correndo trabalhando para manter o parque limpo, podado e seguro para oferecer melhor qualidade de lazer a população, além de preservar o meio ambiente e a diversidade que temos aqui”, conclui.

* Estagiárias sob supervisão de José Carlos Vieira




Conheça

» Área (hectares): 120
» Endereço: Avenida Castanheiras — Centro.Situado atrás da Residência Oficial de Águas Claras, entre as quadras 301, 104, 105 e 106 da cidade.
» Localização: Área adjacente às Quadras 103, 105, 106, 107 e 301, de Águas Claras, à margem da Avenida Parque Águas Claras, próximo à Estação de Metrô Águas Claras.
» Horário de funcionamento: Diariamente, das 06h às 22h.
» Administração do Parque Ecológico: (61)9 9219-8733/ email:  parqueaguasclaras.ibram@gmail.com
» Escola Ambiental: 3381-1784


Atividades

» O parque de Águas Claras é administrado pelo Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do DF (Ibram) e se tornou sede do Centro de Referência em Educação Ambiental Águas Claras, que realiza atividades de vivência junto ao meio ambiente direcionadas a alunos de escolas do DF. Em parceria com a Secretaria de Educação, o projeto Ginástica nas Quadras oferece aos frequentadores atividades físicas durante a semana.
 
 

Correio Braziliense segunda, 21 de janeiro de 2019

CARRO DE BOI INVADEM PIRENÓPOLIS

 


Carros de boi invadem Piri

 

» Renato Alves 
» Ed Alves (fotos)

Publicação: 21/01/2019 04:00

 

 


Carros de boi desfilam pelo centro histórico: rodas produzem um som estridente, considerado música para muita gente  

Carros de boi desfilam pelo centro histórico: rodas produzem um som estridente, considerado música para muita gente

 



Alguns fiéis viajaram com a família inteira para manifestar a fé e conservar a tradição na cidade goiana distante 140km de Brasília  

Alguns fiéis viajaram com a família inteira para manifestar a fé e conservar a tradição na cidade goiana distante 140km de Brasília

 



Moradores e visitantes acordaram em Pirenópolis (GO), no sábado e ontem, ao som estridente produzido pelas rodas de carros de boi que, enquanto para alguns soa como música, para outros, remete a um lamento ou gemido. Mas quase ninguém se incomodou. Afinal, a maioria estava na cidade justamente para ver e ouvir o desfile dos veículos, um dos mais antigos meios de transporte do Brasil. Tradição no município goiano, distante 140km de Brasília, e em outras localidades do interior do país, a procissão se repete na mesma época do ano, em meio às celebrações de São Sebastião, que incluem missas, novena e barraquinhas com quitudes.

No caso de Pirenópolis, a festa começou há nove dias e terminou ontem, quando os 22 carros de boi e os seus condutores se despediram após as bênçãos. Entre eles, Joaquim Ponteonteire, 60 anos, que viajou por três dias entre sua fazenda, a 30km de Pirenópolis, até a sede do município. “É com muita alegria e devoção que faço isso, há 11 anos, ininterruptamente”, ressaltou. O carro de boi dele tem mais de 100 anos. “Herdei a fazenda há 35 anos, com o carro de boi. Nunca deixei de usá-lo”, contou o homem, antes de pegar a estrada novamente, para mais três dias de viagem sobre o veículo rudimentar, mas ainda eficaz.

Animais e carroças foram enfeitados  para participar do cortejo pelas principais ruas da cidade  

Animais e carroças foram enfeitados para participar do cortejo pelas principais ruas da cidade

 



Os produtores saíram de povoados da região: alguns viajaram por até três para chegar à sede do município  

Os produtores saíram de povoados da região: alguns viajaram por até três para chegar à sede do município

 



Joaquim Ponteonteire:  

Joaquim Ponteonteire: "Herdei a fazenda há 35 anos, com o carro de boi. Nunca deixei de usá-lo"

 

 
Jornal Impresso

Correio Braziliense domingo, 20 de janeiro de 2019

QUAL SERÁ A MÚSICA MAIS QUENTE DO VERÃO?

 


A música mais quente do verão
 
 
Artistas e especialistas falam sobre o caminho percorrido para chegar ao hit da estação. Jenifer, Coisa boa e Rei leão estão na disputa

 

Mariah Aquino*
Vinícius Veloso*

Publicação: 20/01/2019 04:00

 
 
 
 
Começa um novo ano e o hit do verão se torna um assunto recorrente na boca do povo. Os dois primeiros meses do ano ficam marcados pela música, que toca repetidas vezes, até a chegada do carnaval. Em 2019, a tendência é que a tradição se mantenha.
 
A música que estourou primeiro e está fazendo sucesso nas rádios e plataformas de streaming é Jenifer, de Gabriel Diniz. O cantor lançou o “forrónejo” com um refrão chiclete e uma levada animada, o que levou o single ao topo das paradas musicais. “É um divisor de águas na minha carreira, uma conquista. A música é ousada, irreverente e bem humorada e essas características combinam comigo”, avalia Gabriel, em entrevista ao Correio.
 
A empolgante composição traz, ainda, um clipe estrelado pela atriz Mariana Xavier, responsável por simbolizar a quebra dos padrões estéticos historicamente impostos na sociedade.
 
“Jenifer veio para quebrar paradigmas e desconstruir os estereótipos impostos de forma padronizada, trazendo autoestima para diversas mulheres que não se identificavam com esses padrões pré-estabelecidos de beleza”, pontua Gabriel Diniz.
 
Segundo o jornalista Osmar Martins, especialista quando o assunto é carnaval, a música se tornou uma febre e uma forte concorrente a hit do verão por conta da divulgação por trás do sucesso. “Acredito que o sucesso vem da letra fácil, da execução maciça nas emissoras de rádio e plataformas digitais e do tema que aborda”, explica.
 
A receita do sucesso
 
Márcio Victor, cantor do grupo Psirico, tem experiência em hit do verão. Ele já emplacou sucessos como Lepo lepo e Elas gostam (Popa da bunda) nos carnavais de 2014 e 2018, respectivamente. O vocalista garante que a fórmula é simples: escutar a voz do povo.
 
“Para fazer uma música, a gente busca inspiração no povo, fala o que o povo quer falar. A gente pesquisa, anda pela rua, passa pelos lugares movimentados e encontra assuntos de que o povo gosta. Um hit precisa de dança, coreografia, uma letra que pega”, ensina.
 
Uma vez que a relação música e povo surge, estamos diante de um sucesso. É com essa união que o grupo Psirico pretende chegar a mais um sucesso em 2019. A música Rei leão é a aposta dos músicos para o carnaval. O clipe oficial conta com a participação de vários youtubers da Bahia representando animais e faz referências sonoras à animação homônima da Disney.
 
“A música Rei Leão foi lançada recentemente e já tem uma adesão grande das pessoas. Ela surge com uma letra mais leve, com uma alegria que contagia todo mundo, da criança ao mais velho. Se não for o hit do verão, eu estou louco. Já tem ambulante comprando máscara de leão para vender”, disse o empolgado Márcio Victor.
 
O jornalista Osmar, no entanto, faz questão de pontuar que o axé não é mais o único protagonista do carnaval: “Com a chegada de outros ritmos que passaram a fazer parte do repertório de artistas e bandas, hits do sertanejo, funk, arrocha e sofrência entraram com força na festa.”
 
Ritmo envolvente
 
É nesse embalo que a drag queen Gloria Groove, dona dos hits Bumbum de ouro e Arrasta, lançou, nos primeiros dias de janeiro, a faixa Coisa boa. “Foi um experimento com o 150 BPM”, ela explica, referindo-se ao compasso acelarado da canção. “Eu sentia a capacidade de a música ser maior, mais forte, uma música resistente. Para mim, existe um lugar em que o nosso fogo e a nossa luta se encontram e Coisa boa está nesse lugar”.
 
Engajada na luta pela representatividade LGBT+, Gloria reconhece que a faixa é bem mais que uma batida envolvente. “Tem que ser hit do verão, sim, tem que ser curtição, mas além disso precisa ocupar espaços e representar a luta”, conta Gloria. “Coisa boa é muito maior que um projeto para o verão. Sou uma drag queen dando certo no Brasil, não posso ser tão alheio ao que está acontecendo”.
 
Sobre o clipe já lançado e com direção de Felipe Sassi, a artista conta: “Foi gravado numa prisão desativada há 15 anos, muito legal gravar lá”. Mesmo no videoclipe, Gloria faz questão de ressaltar o significado real da canção. “Segue muito a linha de não se deixar abalar pela opressão, levantar a cabeça, porque uma hora a liberdade vai cantar”, ela brinca.
 
*Estagiários sob a supervisão de Vinicius Nader
 
 
 
Músicas que conhecemos de outros carnavais:
 
2018 – Que tiro foi esse? —  Jojô Todynho 
 
2017 – Meu pau te ama — MC Gui
 
2016 – Metralhadora — Vingadora 
 
2015 – Muriçoca soca — O Rei da Cacimbinha
 
2014 – Lepo lepo — Psirico 
 
2013 - Passinho do volante (Ah Lelek Lek Lek) — DJ Maluco e Alladim
 
2012 - Gangnam style – Psy 
 
2011 – Ai se eu te pego — Michel Teló 
 
2010 – Rebolation — Parangolé
 
Jornal Impresso

Correio Braziliense sábado, 19 de janeiro de 2019

TRISTEZA NO MUNDO SERTANEJO - MORRE MARCIANO

 

 
Ataque cardíaco fulminante mata Marciano, conhecido como "o inimitável"

 

Diego Luiz Marques *

Publicação: 19/01/2019 04:00

Marciano compôs hits como Fio de cabelo e Ainda ontem chorei de saudade (Cadu Fernandes/Divulgação)  

Marciano compôs hits como Fio de cabelo e Ainda ontem chorei de saudade

 

 
 
Ícone do sertanejo popular e conhecido como “O inimitável”, o cantor Marciano faz parte da história da música no Brasil. Ao lado de João Mineiro, embalou sucessos na década de 1980. Hits como Ainda ontem chorei de saudade e Seu amor ainda é tudo permanecem presentes na memória e continuam a tocar nas rádios e boates do país.
 
Marciano morreu ontem, aos 67 anos, ao sofrer um infarto fulminante na madrugada em casa, na cidade de São Caetano do Sul (SP). Em anúncio, a família contou que o cantor acordou reclamando de dores no peito e não resistiu.
 
O jornalista especialista em música sertaneja André Piunti ressalta a importância do cantor. “O Marciano fez parte de uma das duplas mais importantes do sertanejo nos anos 1980. Eles rivalizaram, no bom sentido, com Chitãozinho & Xororó, por exemplo. À época, alguns jornais faziam matérias sobre qual dupla era maior. Não à toa, conseguiram fazer algo que poucos artistas conseguem: criar músicas que atravessam gerações”, explica.
 
João Mineiro & Marciano começaram a parceria em 1970 e chegaram ao auge em 1986. No entanto, em 1993 se separaram. “Eles erraram a mão, brigaram e acabaram se separando no início dos anos 1990. Foi logo quando houve aquele sucesso de várias duplas com o projeto Amigos”, revela André.
 
Após a separação, tanto Marciano quanto João Mineiro perderam espaço na mídia. “Eu conversava com o Marciano e ele dizia ‘poxa, ninguém me chama pra mais nada’, um fenômeno curioso. E assim ficou até o falecimento de João Mineiro, em 2012, quando houve um resgate do Marciano por parte dos veículos de comunicação”, relata.
 
“Ele foi esquecido pela geração sertaneja do início dos anos 2000. Nem todo mundo sabe, mas ele também foi compositor de músicas que estouraram na voz de outros cantores, como Fio de cabelo. O pessoal de agora que voltou a valorizar o que ele representa. Em 2014 fez parcerias com Marcos & Belutti e, também, com Victor & Léo”, conta André.
 
Em 2016 Marciano formou nova dupla ao lado de Milionário, que perdeu o parceiro José Rico no ano anterior. Segundo André Piunti, “a união deles foi um presente, tanto para a música sertaneja quanto para eles mesmos. A música não podia deixar esses caras encostados”.
 
Atualmente Milionário & Marciano apresentavam o projeto Lendas, com shows sertanejos por vários estados do Brasil. “O projeto foi idealizado pelo Sorocaba (Fernando & Sorocaba), que é um cara da nova geração”, completa André. “A dupla João Mineiro & Marciano teve muita influência na nossa história. Marciano é uma das lendas que ajudaram a construir a história da música sertaneja e também a nossa”, afirma Sorocaba, em entrevista ao Correio.
 
Homenagens
 
João Mineiro & Marciano influenciaram diversos artistas do gênero sertanejo. Milionário, último parceiro de Marciano, se despediu pelas redes sociais: “Venho aqui, te agradecer por ter me acompanhado nessa longa estrada da vida, e ter escrito comigo uma nova história! Obrigado pelos momentos vividos e pela amizade!”.
 
Chitãozinho & Xororó destacaram, pelo Instagram, a amizade com Marciano. “Um grande amigo e uma influência sem tamanho em nossa música e em nossas vidas. Um cara sensacional que deixou sua marca no sertanejo e foi referência pra tantos que o sucederam.”
 
Humberto & Ronaldo destacaram a importância do artista. “Infelizmente nessa sexta-feira nós perdemos uma das primeiras vozes mais bonitas do Brasil. Escutávamos desde criança as músicas. Ele trouxe o sertanejo romântico e embalou muitos sucessos que viraram hinos, como Paredes azuis e Ainda ontem chorei de saudade”, afirmaram, em nota.
 
* Estagiário sob a supervisão de Vinicius Nader
 
 
Jornal Impresso

Correio Braziliense sexta, 18 de janeiro de 2019

MORTE DE GINASTA: COMO NASCEM OS ANJOS

 

Como nascem os anjos
 
Aos 17 anos e com passagem pelas categorias de base da Seleção Brasileira, Jackelyne Silva morre em São Paulo por causa desconhecida. Entidades esportivas e colegas de equipe lamentam o ocorrido

 

Publicação: 18/01/2019 04:00

Jackelyne Silva teria sofrido duas convulsões no domingo. Internada, passou mal novamente e teve uma parada cardíaca (Ricardo Bufolin/CBG
)  

Jackelyne Silva teria sofrido duas convulsões no domingo. Internada, passou mal novamente e teve uma parada cardíaca

 





A Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) anunciou, ontem, a morte da ginasta Jackelyne Silva, 17 anos, ocorrida na tarde de quarta-feira, em São Paulo. Ela estava internada, mas as causas do falecimento ainda não foram divulgadas. O Pinheiros, clube onde a atleta atuava, lamentou o ocorrido por meio de nota nas redes sociais.

“Com imensa tristeza, o Esporte Clube Pinheiros recebeu a notícia do falecimento da ginasta Jackelyne Soares Gomes da Silva. Jack, como era conhecida, fazia parte da equipe pinheirense desde 2010. Seu jeito brincalhão e sua alegria contagiavam todos que conviviam com a atleta, dentro e fora dos treinamentos. Em quase nove anos de convivência, ela fez parte de bons momentos da nossa equipe e o clube acompanhou seu crescimento, como atleta e como pessoa. Solidário à dor de familiares e amigos, o Pinheiros está acompanhando e prestando todo o suporte possível nesse momento de despedida”, diz a publicação, seguida de um vídeo da ginasta em ação.

Jackelyne Silva estava em recesso e, portanto, sem treinar desde o ano passado. A ginasta defendeu a Seleção Brasileira nas categorias de base e chegou à categoria adulta em 2017, mas não havia conseguido um espaço maior na equipe principal. Alguns colegas, como Flavia Saraiva e Arthur Nory, se solidarizaram nas redes sociais, enquanto a CBG publicou um vídeo com momentos da atleta.

“Recebemos com tristeza a notícia do falecimento da atleta Jackelyne Silva. Nos solidarizamos com os familiares, amigos e técnicos. Ficam, agora, as boas recordações da ginasta fazendo o que mais amava”, publicou a CBG em rede social.

De acordo com o técnico da ginasta, Danilo Bornea, Jackelyne sofreu uma convulsão seguida de parada cardíaca na quarta-feira. “A Jack teve algum problema. No domingo, duas vezes, parece que teve convulsão. Ela foi para o hospital, medicada. Eu não sei bem ao certo o que aconteceu. Depois, teve mais uma convulsão, uma parada cardíaca e morreu”, disse.

Por meio de redes sociais, colegas do mundo esportivo lamentaram a morte da atleta. A ginasta Flávia Saraiva desejou que a jovem “descanse em paz”. A Federação Paulista de Ginástica também publicou nota de pesar. “A Federação Paulista de Ginástica quer expressar aos familiares e amigos e a toda comunidade da ginástica os seus sentimentos pela morte da ginasta Jackelyne Silva, aos 17 anos. Ela era ginasta do Pinheiros e participava de competições da FPG. O céu ganhou uma estrela brilhante”, publicou a entidade. O velório e o sepultamento ocorrerão hoje, no Cemitério Vila Formosa, em São Paulo. O Clube Pinheiros custeará as despesas.



“Recebemos com tristeza a notícia do falecimento da atleta Jackelyne Silva. Nos solidarizamos com os familiares, amigos e técnicos. Ficam, agora, as boas recordações da ginasta fazendo o que mais amava”

Confederação Brasileira de Ginástica, em nota


A ginasta Rebecca Mariah homenageou a amiga em rede social (Reprodução/Instagram
)  

A ginasta Rebecca Mariah homenageou a amiga em rede social

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Correio Braziliense quinta, 17 de janeiro de 2019

48,2 MIL VAGAS EM CONCURSO

 


Orçamento mantém concursos
 
 
Lei sancionada por Bolsonaro, com dois vetos, prevê preenchimento de 43.373 vagas e criação de 4.851 cargos. Executivo tem o maior número de oportunidades, 42,8 mil, sendo 22,5 mil para educação
 

» SIMONE KAFRUNI
» MARIANA FERNANDES

Publicação: 17/01/2019 04:00

O presidente Jair Bolsonaro sancionou o Orçamento de 2019, que estima em R$ 3,382 trilhões a receita da União, com dois vetos parciais, nenhum relacionado com as vagas previstas em concursos públicos. Na peça orçamentária publicada ontem no Diário Oficial da União, estão previstas 48.224 vagas, sendo 43.373 para provimento e 4.851 para criação de cargos. O Executivo tem o maior número de oportunidades (42,8 mil), sendo 22,5 mil para a educação. No Legislativo, são 384 cargos e no Judiciário, 2.973. Além disso, foram autorizadas no Orçamento mais de 2 mil vagas nas polícias Civil e Militar e no Corpo de Bombeiros do Distrito Federal.

O governador do DF, Ibaneis Rocha, afirmou durante o lançamento do  programa SOS DF Segurança que trabalha para lançar, ainda este mês, concurso para recompor as forças do DF. Segundo ele, há um deficit de 7 mil policiais na Polícia Militar, e o mesmo problema de falta de contingente atinge a Polícia Civil.

Na peça sancionada, as despesas somam R$ 3,262 trilhões, dos quais R$ 351 bilhões são gastos com pessoal, incluídos R$ 109 bilhões com inativos. Do R$ 1,3 trilhão de outras despesas correntes (veja quadro), R$ 625 bilhões são com a Previdência e o restante para manutenção do Estado. “O governo gasta quase R$ 379 bilhões com juros e encargos da dívida e mais R$ 1 trilhão com amortização. O gasto financeiro com a dívida pública, que nunca foi auditada, é mais que o dobro da Previdência e vai consumir 44% de todo o Orçamento”, alertou Maria Lucia Fattorelli, coordenadora nacional da Auditoria Cidadã da Dívida.

Maria Lucia ressaltou que o governo apresenta um deficit fiscal de R$ 139 bilhões, mas não computa algumas receitas. “Há um item que é remuneração da conta única pelo Tesouro, de R$ 91 bilhões, o resultado do Banco Central, de R$ 26,5 bilhões, e R$ 22,5 bilhões de recebimento de juros e amortizações de estados e municípios. Se somar tudo isso, dá R$ 140 bilhões e cobre o deficit”, contabilizou.

Regra de Ouro

Para Gabriel Leal de Barros, diretor do Instituto Fiscal Independente (IFI) do Senado, o mais relevante do Orçamento é a insuficiência de recursos para cumprir a regra de ouro, que impede usar operações de crédito para pagar despesas correntes. “A previsão é de R$ 248 bilhões. Apesar do repasse do Banco Central, vai ficar um rombo”, destacou. Segundo Barros, também devem entrar em caixa recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). 

Em 2019, para cumprir a regra de ouro, o Congresso deverá aprovar crédito adicional à Lei Orçamentária. A Constituição permite o excesso, desde que autorizado pelo Legislativo por meio de crédito adicional atípico, cuja aprovação é por maioria absoluta, explicou Barros. Essa possibilidade foi condicionada à justificativa do governo para a escolha das programações. 

Bolsonaro vetou a reestruturação das carreiras do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a criação de fundo especial no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O fundo foi vetado, segundo o governo, porque fere o novo regime fiscal do teto de gastos. “O Poder Executivo é impedido de viabilizar a execução de despesa de competência de outro Poder, em razão de suas despesas estarem limitadas”, informou o texto. “O corte terá impacto direto em projetos que visavam à modernização da prestação jurisdicional e consequente melhoria do serviço à população. Entretanto, o veto é uma prerrogativa da Presidência da República”, afirmou o CNJ, em nota.

Na justificativa da decisão sobre o Incra, o presidente afirmou que a mudança na estrutura de carreiras e o aumento salarial infringem a Constituição. “A inclusão do item durante a tramitação do projeto desconsidera a discricionariedade da administração para priorizar e harmonizar suas necessidades conforme os critérios de conveniência e oportunidade”, destacou.

Segundo o Incra, em dezembro de 2017, foi encaminhado à Casa Civil estudo propondo a reestruturação das carreiras da autarquia, que, em novembro de 2018, tinha 4.396 servidores ativos. “Uma das reivindicações dizia respeito à instituição de gratificação de qualificação, existente em outros órgãos da Administração Pública federal. Outra, foi a necessidade de atualização do quadro de pessoal”, afirmou, em nota.

O diretor nacional da Associação Nacional dos Servidores Públicos Federais Agrários (Cnasi/An), Reginaldo Marcos Aguiar, explicou que o impacto orçamentário da alteração, vetada pelo presidente, foi calculado em R$ 216 milhões para 2019. 


MPF proporá ação contra a Marinha
O Ministério Público Federal (MPF) vai propor ação civil, com pedido de liminar, contra a regra do concurso da Marinha do Brasil que exige de candidatas mulheres a apresentação de laudo médico sobre “estado das mamas e genitais” ou a realização de verificação clínica durante a inspeção de saúde. O MPM considerou discriminação de gênero, já que há exigência de laudo que aponte a existência de alguma das enfermidades incapacitantes listadas no edital. Em nota, a Marinha informou que adotou as medidas necessárias para atender ao MPF e que não havia sido notificada sobre a ação. “Após a intimação oficial e a análise do referido processo judicial, serão adotadas as providências pertinentes para o caso.”
 
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Correio Braziliense quarta, 16 de janeiro de 2019

ASSASSINATO NA RODOVIÁRIA DO PLANO PILOTO

 

Câmeras ajudam a identificar assassinos
 
Estudante da UnB morre esfaqueado na Plataforma Inferior da Rodoviária do Plano Piloto, quando esperava um ônibus para casa. Apontados como autores do crime, dois moradores de rua aparecem em imagens do circuito de vigilância do terminal

 

» Cezar Feitoza
» Danilo Queiroz
» Sarah Peres
» Bruna Lima
Especiais para o Correio

Publicação: 16/01/2019 04:00

Câmeras de segurança filmaram os suspeitos discutindo com as vítimas, fugindo após matarem Milton e bombeiros socorrendo o jovem, mas não flagraram a facada
 (TV Brasilia/Reprodução)  

Câmeras de segurança filmaram os suspeitos discutindo com as vítimas, fugindo após matarem Milton e bombeiros socorrendo o jovem, mas não flagraram a facada

 


Um jovem de 19 anos, estudante de ciência política da Universidade de Brasília (UnB), morreu esfaqueado na Plataforma Inferior da Rodoviária do Plano Piloto, a 2,5km do Palácio do Planalto e a 3,5km do Palácio do Buriti. O crime aconteceu por volta das 3h30 de ontem, quando a vítima esperava o ônibus para voltar para casa, no Gama. Ele estava na companhia de dois amigos, com quem havia participado de uma festa no Setor Bancário Sul (SBS). O autor da facada seria um morador de rua. Ele teve a ajuda de um amigo, segundo testemunhas.
 
A agressão ocorreu na Plataforma B do terminal rodoviário, ponto mais movimentado da capital, por onde circulam cerca de 700 mil pessoas diariamente, que conta com uma companhia da Polícia Militar e 14 câmeras de vigilância, que, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP/DF), estão em funcionamento. Os equipamentos gravaram suspeitos abordando os três jovens pouco antes do crime e a fuga deles. O momento da facada não teria sido registrado porque o local ficaria em um ponto cego, fora do alcance das câmeras. Até o fechamento desta edição, quase 20 horas após a morte do rapaz, ninguém havia sido preso.

A vítima


Milton Junio Rodrigues de Souza
» Estudante de ciência política da UnB
» Morava no Gama com um irmão, enquanto o restante da família reside na Bahia
» Era militante da causa LGBT+
» Morreu aos 19 anos, com uma facada no peito, na Rodoviária do Plano Piloto (Facebook/Reprodução)  

A vítima 

Milton Junio Rodrigues de Souza » Estudante de ciência política da UnB » Morava no Gama com um irmão, enquanto o restante da família reside na Bahia » Era militante da causa LGBT+ » Morreu aos 19 anos, com uma facada no peito, na Rodoviária do Plano Piloto

 

Além de um adulto, outro homem que vive em situação de rua, identificado como Galego, é suspeito de participar do crime. Eles abordaram a vítima e os dois amigos, Ary Martins,  21 anos, e Ícaro Carlos de Sousa, 19, no ponto de embarque do coletivo que os levaria para casa. Segundo os sobreviventes, um dos desconhecidos apareceu repentinamente e pegou o isqueiro que estava com Ícaro. Ao verem que ele estava com um alicate na mão, os rapazes se afastaram. No entanto, Galego teria seguido o trio e o outro morador de rua apareceu com uma faca.
 
Ary foi atrás de ajuda na unidade da PM da Rodoviária, enquanto Milton e Ícaro seguiram em direção ao banheiro, sob uma das escadas rolantes. Mas, antes de entrarem no cômodo, um dos suspeitos deu uma facada em Milton. “O cara nos seguiu e foi para cima do (Milton) Junio, que ainda tentou se defender colocando a mochila na frente (leia Depoimento)”, contou Ícaro. Com o rapaz no chão, os agressores levaram a carteira e o celular. PMs acionaram bombeiros para atender a vítima. Os socorristas chegaram em 20 minutos. Tentaram reanimar o jovem por 40 minutos, sem sucesso.
 
Família
Milton Junio morava no Gama com um irmão, enquanto o restante da família reside na Bahia. Até as 22h de ontem, o corpo do jovem estava no Instituto de Medicina Legal (IML). Nenhum familiar havia comparecido ao prédio para iniciar os trâmites de liberação. A previsão era de que a mãe da vítima chegasse na madrugada.
 
Investigadores da 5ª Delegacia de Polícia (Área Central) tratam o caso como latrocínio (roubo com morte). Eles tiveram acesso às imagens do circuito de segurança. O momento do crime não foi capturado pelas câmeras de segurança, mas os suspeitos aparecem discutindo com as vítimas e fugindo após matarem Milton.
 
Responsável pela apuração do caso, o delegado Glayson Gomes disse que qualquer manifestação sobre o andamento da investigação seria repassada por meio da Divisão de Comunicação (Divicom) da Polícia Civil. Até o fechamento desta reportagem, a unidade informou que não havia nenhuma novidade e que os suspeitos ainda não haviam sido presos.
 
Comoção
O Centro Acadêmico de ciência política da Universidade de Brasília (UnB) se manifestou sobre a morte do aluno por meio de nota oficial. “O momento é de relembrar as boas histórias que Junio deixou conosco e os momentos que nos fazem lembrar a pessoa extraordinária que era, alto astral, sorriso no rosto e querido por quem o conhecia. Em nome de todos os alunos de ciência política, lamentamos profundamente essa perda e desejamos mais sinceros sentimentos aos amigos, familiares e a todos que de alguma forma sentirão sua falta”, diz o comunicado.
 
Militante da causa LGBT, Milton costumava frequentar eventos relacionados à temática. Emocionado, o amigo Walysson Ribeiro, 19 anos, relembrou com carinho de Milton e disse que o conheceu em um bloco de carnaval. “Ele sempre estava fazendo alguma piadinha, amava dançar e ir pra festas. Se importava com todo mundo. Ele era uma pessoa que queria crescer profissionalmente para ajudar a família, queria ser uma pessoa que marcasse a vida de todo mundo. E marcou”.
 
Abalados com a morte do universitário, amigos e desconhecidos começaram a se manifestar por meio das redes sociais, poucas horas após o crime. “Você sempre estará em nossos corações e será lembrado por ser a pessoa mais carismática, sorridente e alegre. Descansa em paz, príncipe. Não iremos esquecer tão cedo da sua grandeza”, escreveu uma amiga na página de Milton no Facebook. “É muito injusto tirar a vida de um rapaz de 19 anos, que mal conheceu a vida e que lhe foi arrancada a oportunidade de viver”, lamentou outra colega.
 
A cantora pop Pabllo Vittar também prestou homenagem ao universitário. Por meio dos stories do Instagram, a artista publicou uma foto de Milton Junio com uma mensagem de pesar. “Um dos vittarlovers mais fofos foi morar no céu”, escreveu. Vittalovers é a forma como são chamados os fãs de Pabllo Vittar.
 


Mais de 400 mortes
 
De janeiro a novembro de 2018, houve 403 homicídios e 23 latrocínios em todo o Distrito Federal. Uma média de 36 assassinatos mensais e dois casos de roubo com morte a cada mês. No mesmo período de 2017, forças de segurança pública contabilizaram 448 mortes violentas e 34 latrocínios. A Secretaria de Segurança Pública não divulgou números da violência apenas na área central de Brasília ou em todo o Plano Piloto.



Depoimento

Ícaro Carmo, amigo da vítima
 
“A gente estava voltando de uma festa. Estávamos sentados na escada da Rodoviária, quando chegou um mendigo e tomou o isqueiro da gente. Só que ficamos de boa, não íamos discutir. Aí, ele começou a mexer com a gente, nos afastamos e ele continuou. Então, chegou um amigo dele perguntando se estávamos incomodando, e o cara disse que sim. Saímos de perto. Eu fui com o (Milton) Junio ao banheiro e outro amigo ficou perto das mulheres que trabalham lá, porque disse que se sentia mais seguro. Depois, o cara nos seguiu com uma faca e golpeou o Junio. Eles fugiram, o Milton foi andando pra trás, até que caiu no chão, nos meus braços.”
 
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Correio Braziliense terça, 15 de janeiro de 2019

CÃES: MAIS DO QUE UM LAR

 


Mais do que um lar
 
 
Resgatar animais nas ruas do Distrito Federal e abrigá-los são a missão de um grupo de brasilienses solidários. No lugar do pagamento todo início de mês, eles recebem um amor incondicional dos bichinhos antes abandonados

 

Alan Rios
Caroline Cintra
Especiais para o Correio

Publicação: 15/01/2019 04:00

Ayslan e Ana Carolina fazem parte de uma grande rede de apoio de pessoas que lutam pela causa dos animais (Fotos: Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press
)  

Ayslan e Ana Carolina fazem parte de uma grande rede de apoio de pessoas que lutam pela causa dos animais

 

Comida, lar e acolhimento. O resgate de animais nas ruas virou parte da vida de muitos brasilienses. “Parece que eles entendem que você salvou a vida deles”, conta uma das defensoras dos bichos, a advogada Ana Paula Vasconcelos, de 40 anos.
 
Trazer para casa alguém desconhecido não é uma tarefa muito simples, principalmente quando quem estava sem lar precisa de um tratamento especial. Muitos dos animais abandonados são encontrados com ferimentos ou doenças, mas isso não afasta quem tem paixão por cuidar deles. “Hoje, tenho oito cachorros comigo, a maioria vítimas de maus-tratos. Mas é incrível, porque os cães resgatados são eternamente gratos. Apesar de trazerem sequelas, eles são muito adaptáveis, só precisam de amor e paixão”, diz Ana Paula.
 
Um dos animais que marcou  vida da advogada foi o Edu, um cão sem raça definida que foi espancado por um caseiro com um cabo de enxada. Ana se revoltou com a história, buscou punições ao agressor e começou um longo trabalho de recuperação da saúde e da confiança do cachorro. “Foi tudo muito difícil, o levei ao veterinário e ele acabou tendo que fazer uma cirurgia, porque estava muito debilitado. Para ele voltar a confiar no ser humano, foi uma luta, demorou muito. Mas hoje, com muito amor que recebeu, ele é outro animal, muito carinhoso”.
 
 
 
 
 
Pessoas que tiram os animais das ruas geralmente começam resgatando um bichinho de uma situação difícil, e não param mais. Foi assim com o casal de servidores públicos Ana Carolina Quemel, 28 anos, e Ayslan Menez, 36. O primeiro cachorro que eles encontraram sem lar foi a Lola, em 2017. “Era uma época de muito frio. Aí, o meu marido a encontrou debaixo do nosso prédio, tremendo. Nós morávamos em um apartamento de um quarto em Águas Claras, ele disse que só ia dar comida e água para ela, e, depois, a gente encontrava uma casa”, lembra a esposa.
 
Mas não foi exatamente isso o que aconteceu. O carinho de Lola encantou o casal e não deu mais para levá-la para outro lugar após os primeiros cuidados: passou a fazer parte da família. “Ser protetor não é um emprego que você tem, é um trabalho voluntariado, que fazemos por amor e recebemos em troca a gratidão deles. Não é fácil. Nós temos nossos afazeres do dia a dia, mas, mesmo assim, ainda cuidamos com muito carinho”, conta Ana Carolina.
 
Apesar de toda a beleza das atitudes de resgate, Ayslan lembra que é preciso ter muitos cuidados. Ele lembra que existe uma grande rede de apoio de pessoas que lutam pela causa dos animais, ajudando até financeiramente quem não tem condições de pagar vacinas, tratamentos no veterinário ou boas rações. Porém, isso atrai pessoas que nem sempre têm as melhores intenções: “É importante ver a transparência de quem pede auxílio, porque tem gente que age de má-fé pedindo recursos e acaba ficando com aquele dinheiro das doações”, alerta. Outro cuidado que ele recomenda é sempre ter cautela antes de doar os animais resgatados, para que eles não sejam levados para lares ruins ou sem condições de dar atenção.
 
Cães encontrados na rua ganham um lar provisório enquanto os voluntários buscam um novo dono  

Cães encontrados na rua ganham um lar provisório enquanto os voluntários buscam um novo dono

 

 
Ajuda
 
Um dia após perder o primeiro cachorro que teve, há 10 anos, a dona de casa Milene Almeida, 42, resgatou a primeira cadela. Parada em um semáforo em Águas Claras, ela viu o animal quase caindo em um bueiro.  “Não pensei duas vezes. Desci do carro a peguei. Levei para a casa de uma amiga que morava perto de onde eu trabalhava, em Taguatinga Norte. No trabalho, comecei a procurar um lar para a cadelinha. Como não usava o Facebook na época, procurei na internet e encontrei uma moça da Asa Sul que quis adotar”, contou Milene.
 
A partir de então, ela não parou mais. Sempre que vê um cachorro na rua, ajuda do jeito que pode. A dona de casa contou que cerca de 90% dos animais que resgatou estavam doentes e o gasto é sempre grande. Como foi o caso da penúltima cadela acolhida, que sofria de peritonite, uma inflamação abdominal. “Ela ficou oito dias internada, depois voltou para casa e ficou 15 dias tomando medicamento, mas assim que o remédio acabou, a doença voltou e ela precisou ser internada mais uma vez. Dois dias depois, ela morreu”, lembra, com tristeza.
 
De acordo com Milene, só neste caso gastou R$ 2.300 na primeira internação. A segunda custou R$ 500, valor que ainda não conseguiu pagar todo. Como está desempregada, ela conta com o apoio de conhecidos e desconhecidos por meio do seu perfil no Facebook. Além disso, faz rifas. Toda quantia arrecadada é destinada ao tratamento dos animais. Uma outra cadela está internada em uma clínica veterinária na Asa Sul e, assim que tiver alta, vai precisar de um lar provisório.
 
“Desde que eu resgato o cachorro da rua me torno a responsável por ele. Assim que a Princesa sair do veterinário, eu cubro as despesas dela. Ou seja, tem medicamento, tem ração. O custo é alto. E toda e qualquer ajuda é muito bem-vinda”, ressaltou.
 
"É importante ver a transparência de quem pede auxílio, porque tem gente que age de má fé pedindo recursos e acaba ficando com aquele dinheiro das doações”
Ayslan Menez, voluntário
 
Contribuição
Para ajudar de alguma forma o tratamento dos cães resgatados, doar ração ou participar das rifas é só entrar em contato pelo telefone 98647-1433.
 
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Correio Braziliense segunda, 14 de janeiro de 2019

ENSINO E ACOLHIMENTO

 


Ensino e acolhimento
 
 
Cidade que ficou por muitos anos marcada pela presença do lixão, a Estrutural é palco de um projeto voluntário que dá aulas de inglês gratuitas a crianças e a adolescentes, e ensina mais do que apenas o idioma estrangeiro

 

» ALAN RIOS
ESPECIAL PARA O CORREIO

Publicação: 14/01/2019 04:00

Alisson com a mãe, Marcilene, e o irmão, Micael. Ele encontrou perspectivas a partir do projeto (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  

Alisson com a mãe, Marcilene, e o irmão, Micael. Ele encontrou perspectivas a partir do projeto

 



Quem pensa na Estrutural pode logo associar a imagem da cidade a todos os problemas enfrentados pelos moradores, entre eles, a falta de infraestrutura de um lugar que, por muitos anos, abrigou o maior lixão da América Latina. Mas quem vê além enxerga ali uma oportunidade de promover mudanças. Foi pensando nisso que a economista Luciana Van Tol, 33 anos, resolveu criar um projeto que aproximasse crianças e adolescentes da escola durante o sábado, para que eles pudessem ter aulas gratuitas de uma nova língua. Um dos alunos, Alisson Pereira, 16, começou o curso sem perspectivas, mas, hoje, depois de dois anos, tem uma expectativa concreta: “Quero ser professor e dar aulas de inglês e de libras”.

O projeto Inglês na Estrutural tem inspiração em ações semelhantes em São Paulo, o estado natal de Luciana. A Organização Não Governamental (ONG) Cidadão Pró-mundo oferece o ensino da nova língua para jovens e adultos de comunidades carentes, com uma organização que chamou a atenção da paulista moradora de Brasília. “Eles têm um sistema bem-sucedido, trabalhando com uma equipe de professores voluntários que se revezam, então achei muito interessante”, conta.

A partir da ideia inicial, a economista encontrou o local perfeito para colocar o projeto em prática. “Eu conheci uma ONG chamada Coletivo da Cidade, na Estrutural, e vi como seria importante levar esse planejamento para lá. Porque a cidade tem muitos adolescentes, um dos piores índices de qualidade de vida do DF e é carente de serviços públicos. Além disso, muitas famílias acabavam tirando a renda dos trabalhos do lixão e precisaram se reestruturar depois do fechamento.”

O projeto começou em 2014, quando voluntários passaram a se organizar em diferentes áreas, desde professores até os que não sabiam nada da outra língua. Ao todo, quatro modalidades de serviços foram criadas e nomeadas: VolunTeacher, VolunTeam, Quiet Time e Voluntário Especialista. Enquanto a primeira é formada por professores, as outras se dividem entre ajudantes que auxiliam desde os processos administrativos, como organização de matrículas e financeiro, até os que cuidam da comunicação ou das atividades de meditação e respiração com os estudantes, nos intervalos.

Mudança de vida

Alisson mostra com orgulho o livro de inglês, conversa na nova língua e até ajuda o irmão, Micael Pereira, 12, que também entrou no projeto. Mas, há dois anos, antes de se matricular nas aulas, as coisas eram um pouco diferentes. A mãe dele conta que o jovem tinha muita dificuldade na escola em algumas matérias, e não conseguia encontrar muita motivação para estudar mais, mas isso mudou depois da participação no curso.


Luciana Van Tol, idealizadora do projeto: ajuda para quem mais precisa (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)  

Luciana Van Tol, idealizadora do projeto: ajuda para quem mais precisa

 


“Eu conheci o Inglês na Estrutural em 2016 e fiz logo a inscrição dele. Depois de pouco tempo, vi as mudanças. As notas dele melhoraram no colégio, ele se dedicou mais e nós passamos a ter como uma rotina ele ir de manhã cedo para lá, todos os sábados”, diz a comerciante Marcilene Pereira, 35.

As aulas ocorrem semanalmente, das 9h às 12h, com intervalos para descanso e lanche. E esse acolhimento dos voluntários, que se preocupam com tudo aquilo que vai além da sala de aula, é essencial para Alisson. “Eu acho muito legal, porque várias pessoas carentes são ajudadas. Eu já aprendi muita coisa e sei que isso vai me ajudar muito, porque quero ser professor e dar aula de inglês e de libras”, planeja.

Permissão para sonhar

O conteúdo passado nas salas de aula do Centro de Ensino 1 da Estrutural vai além de conhecimentos para passar em provas. É nisso que acredita Gabriela Reis, 32, voluntária do projeto há três anos. “Eu era moradora da cidade, sabia inglês e gostaria de fazer algo com as crianças que não tinham acesso a esse estudo, então me voluntariei. É uma experiência incrível, porque sempre têm histórias dos alunos que marcam a gente”, conta.

“Uma garota, por exemplo, uma vez me perguntou qual era meu sonho, e eu respondi aquele clichê, disse que queria ser rica. Aí, eu perguntei qual era o dela e ela me respondeu: ‘Ser voluntária aqui, que nem você’. Aquilo me emocionou muito”, completa.

Outra participante do projeto já começa a pensar na importância do curso para quem deseja crescer. Lucélia Tainá, 16, conheceu as atividades pelo irmão, que também era voluntário, e hoje conta que já aprendeu muito e se sente capaz de ir além. “É uma ajuda ótima para quem não tem condições para pagar um curso. E, para mim, aprender inglês pode me ajudar a conhecer o mundo, criar oportunidades nas minhas metas de carreira e abrir novas portas”, deseja.


160
Número de alunos de 7 a 17 anos atendidos


Anote 

Inglês na Estrutural

  • O projeto recebe, até 19 de janeiro, inscrições para interessados em trabalho voluntário.
  • Não é necessário saber inglês, já que existem áreas de atuação administrativa
  • Inscrições: www.facebook.com/inglesnaestrutural
  • Informações: inglesnaestrutural@gmail.com

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Correio Braziliense domingo, 13 de janeiro de 2019

SÉRGIO MAGALHÃES, OPERÁRIO DO SAMBA CANDANGO

 

Operário do samba candango
 
 
Radicado no DF, o compositor carioca Sérgio Magalhães registra em primeiro CD canções autorais gravadas por nomes como Teresa Lopes, 7 na Roda e Cris Pereira. Ele define o disco como "uma retribuição a Brasília"

 

Adriana Izel

Publicação: 13/01/2019 04:00

A inspiração de Magalhães vem, normalmente, no canteiro de obras: %u201CQuando estou trabalhando, percebo que a música está rolando%u201D (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  

A inspiração de Magalhães vem, normalmente, no canteiro de obras: %u201CQuando estou trabalhando, percebo que a música está rolando%u201D

 

 
Há quase 20 anos, o carioca Sérgio Magalhães arrumou as malas e veio para a capital federal. Mestre de obras, tinha acumulado muito trabalho no Rio de Janeiro e estava precisando de férias. Foi em busca de descanso que Magalhães chegou para uma temporada à casa dos “Guaras”, os primos que moravam em Sobradinho, ao lado do filho que, na época tinha 5 anos, e apenas um item da construção civil, uma espátula. Daquele dia em diante, nunca mais deixou o Distrito Federal.
 
E o que o manteve aqui? “A tranquilidade, a organização”, explica. Mas, sem dúvidas, foi a música também. Apesar de no Rio de Janeiro ter começado a escrever algumas composições, ter um grupo de “esquina” influenciado pelo Fundo de Quintal e até ter participado de um concurso de samba, foi no quadradinho que entendeu que tinha jeito para a música. “Já acontecia alguma coisa no Rio. Ao vir para Brasília, as coisas foram ficando mais claras. Uma amiga e vizinha pediu para eu fazer uma serenata, lembrei de uma música que tinha feito e ela começou a me incentivar. Mas não levei aquilo muito a sério. Era um período muito complicado”, lembra.
 
Com o incentivo, participou do concurso Canta Cidade Livre, no Núcleo Bandeirante, e teve um samba entre os 10 primeiros colocados. Lá, conheceu um violonista que o orientou a se inscrever na Escola de Música de Brasília. Inscreveu-se e conquistou uma das seis vagas para o curso de canto e percepção musical. Na escola, conheceu o violonista Jaime Ernest Dias, que mudou a vida dele para sempre. “Ele me colocou na rua, me apresentou todo mundo da cidade e também gente de fora, como Dona Ivone Lara e Nelson Sargento, me mostrou e ensinou várias coisas até me convencer a compor”, revela Sérgio Magalhães.
 
Essas composições incentivadas por Dias, pelos amigos e pela família integram o primeiro disco do artista lançado no fim do ano passado com ajuda do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) e o axé dos orixás, como ele define. É o álbum Ouro do meu peito, que é formado por 13 faixas, sendo 12 escritas pelo carioca e apenas uma de Magalhães em parceria, a música Guardião, feita com Clodo Ferreira. “Todas essas músicas eu já tinha. Tem composições que foram gravadas por Teresa Lopes, Ana Reis, Cris Pereira e 7 na Roda. Eu não queria gravar, pois não me considero um cantor. Mas o pessoal começou a falar que eu tinha que deixar um registro”, explica o sambista.
 
Primeiro álbum
 
Com produção e direção musical de Fernando César e arranjos de Vinícius Magalhães (o filho de Sérgio que seguiu os passos dele e virou instrumentista), Lucas de Campos, Jaime Ernest Dias e Rafael dos Anjos, o disco traz Sérgio cantando as principais composições, entre elas, algumas bastante autobiográficas, como a faixa-título que surgiu de um pesadelo, que ele acredita ter sido uma metáfora a algo que ele fazia: “A negação ao título de sambista”. Na canção, ele responde: “Não, não me impeça de cantar samba/ Eu não posso resistir/ Em espargir o outro do meu peito/ A inspiração me dá o direito/ Pode até me torturar se quiser/ Nem açoite de feitor, nem mandinga de mulher/ Vai me impedir de cantar samba”.
 
Outra música que traz as experiências de Magalhães é Todo tempo é pouco, a segunda do álbum, em que o compositor fala sobre a rotina de um trabalhador em uma construção. “Pega e serra o ferro para formar/ Que todo tempo é pouco/ O serviço é de louco/ Vamos piãozada trabalhar”. “Geralmente, a inspiração vem quando eu estou trabalhando no canteiro de obras. Eu não sou de sentar e escrever. Meu processo é natural e espontâneo. Quando estou trabalhando percebo que a música está rolando. Então, eu gravo. Já até escrevi música em saco de cimento”, revela ao explicar por que dedicou uma música ao ofício na construção civil.
 
Apesar de ter tido uma resistência inicial ao gravar um disco, hoje, Sérgio Magalhães enxerga o trabalho de duas formas. “É um disco de pai para filho”, diz, primeiramente, citando Marcus Vinícius Magalhães, que toca 7 cordas e atualmente se dedica à música no Rio de Janeiro. E depois emenda: “Embora seja singela, essa é uma retribuição a tudo que Brasília me deu”.
 
Com o disco físico distribuído de mão em mão, disponível nas plataformas digitais e por pressão dos amigos, Sérgio deve fazer um show de lançamento, que ainda não tem data prevista, mas ele almeja subir ao palco do Clube do Choro ou do Feitiço Mineiro, casas que sempre abriram as portas para ele. O compositor também quer outro show. Esse na rua, onde, segundo ele, é o lugar do samba: “O samba se elitizou muito. Ele tem que voltar para a rua, que é o lugar dele”.
 
 
 (Reprodução)  
 
Ouro do meu peito
De Sérgio Magalhães. Independente, 13 faixas. Disponível nas plataformas digitais.
 
 
 
 
Confira trechos de sambas 
 
 
“Não, a não a condeno/ O amor não julga ninguém/ E além do mais/ Quem de nós/ Sabe definir a direção/ Do que é real/ Ou ilusão”
Cicatriz
 
 
“Madrugada, me resta ainda um pouco de esperança/ Eu te peço humildemente que não seja indiferente a minha dor/ Não, não deixa o dia amanhecer/ Ainda há tempo para sonhar/ Ela pode aparecer/ E convencer a dor/ E o meu sofrer por fim”
Madrugada
 
 
“E como resistir aos beijos teus/ Se a doçura tanto quer/ Teu cheiro de mulher me faz viver/ A natureza sempre em flor/ Por que fizeste assim?/ Me condenando a te prender em mim/ Me deste adeus/ Mas não me deste amor”
GUARDIÃO
 
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Correio Braziliense sábado, 12 de janeiro de 2019

BRASÍLIA: ATRASO NAS OBRAS

 


Moradores sofrem com atraso de obras
 
 
Governo diz que o menor número de operários em Vicente Pires se deve ao período chuvoso. A situação é pior em Taguatinga, onde ampliação de viaduto não tem prazo para ser retomada

 

» Danilo Queiroz
Especial para o Correio

Publicação: 12/01/2019 04:00

Sem máquinas e trabalhadores, canteiro de construção para alargamento de viaduto na EPTG está fechado por tapumes e cadeado (Vinicius Cardoso Vieira/Esp. CB/D.A Press)  

Sem máquinas e trabalhadores, canteiro de construção para alargamento de viaduto na EPTG está fechado por tapumes e cadeado

 



Iniciadas em setembro de 2015, as intervenções para a construção de uma rede de captação de águas pluviais em Vicente Pires deveriam ter sido finalizadas em dezembro de 2018. Desde o fim do ano, porém, os operários e as máquinas sumiram em grande parte da região administrativa. A Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sinesp) garante a entrega da obra até o fim de 2019. Enquanto isso, os moradores sofrem com problemas ocasionados por buracos, poeira e lama.
 
O problema se repete em Taguatinga, vizinha a Vicente Pires. Parte das obras previstas no Corredor Eixo-Oeste, o alargamento do viaduto da entrada de Taguatinga por meio da Estrada Parque Taguatinga (EPTG) está prestes a completar dois anos sem previsão de conclusão. Iniciada em fevereiro de 2017, a obra deveria ter sido entregue em agosto do ano passado, ao custo de R$ 4,7 milhões. Desde então, o fim dos trabalhos foi alterado duas vezes, devido a erros no projeto da fundação e do viaduto, de acordo com o governo.
 
Tormento
 
Ao custo de R$ 463 milhões, a construção de uma rede de captação de águas pluviais faz parte do processo de regularização de Vicente Pires, que, criada para ser uma colônia agrícola, se transformou em maio urbano por meio de uma ocupação ilegal e desordenada, com 75 mil habitantes. Nas ruas próximas ao Taguaparque, os buracos são o principal empecilho. Além de dificultar o fluxo de pedestres e carros, as obras inacabadas geram um grande volume de poeira. Nos dias de chuva, a situação fica ainda mais complicada.
 
Em parte dos trechos, sumiram a calçada e o asfalto. Dono de um centro automotivo na região, o empresário Frederico Oton, 55 anos, diz ter perdido clientes que frequentavam o lava-jato do estabelecimento por causa da obra inacabada. “Aqui tinha um ótimo asfalto. Eles tiraram tudo e não refizeram. Quando chove, complica tudo. As pessoas não lavam os carros para sair daqui e se depararem com a lama. Os comerciantes estão sofrendo com esse descaso. É um prejuízo acumulado”, reclama.
 
Moradora da Rua 3 da região administrativa há 16 anos, a instrumentadora cirúrgica Viviane Fernandes, 43, conta que colocou a casa à venda devido aos inconvenientes que a falta de conclusão da obra trouxe ao local. “É um desrespeito com a comunidade de Vicente Pires. Pagamos IPTU como todos os outros. Troquei de carro recentemente e vou ter que trocar de novo quando a obra acabar, pois não dá para aguentar ele batendo todo. Tem muito tempo que está assim e ninguém arruma”, lamenta.
 
Presidente da Associação de Moradores do Setor Habitacional Vicente Pires, Dirsomar Chaves também cobra providências sobre o abandono das intervenções nas avenidas da cidade. Segundo ele, quando chove forte, as entradas dos condomínios ficam inacessíveis. “Grande parte das pessoas tem dificuldade de ir para sua residência. A obra está totalmente parada e não sabemos quando vão retomá-la. Nas poucas vezes que estão aqui, os operários só jogam terra para tentar diminuir os buracos”, queixa-se.
 
Em setembro, o Governo do Distrito Federal entregou parte da obra realizada na Gleba 1. Porém, segundo Chaves, as intervenções não foram planejadas conforme as necessidades dos moradores. Em alguns locais, inclusive, surgiram problemas. “Na Rua 10A, fizeram calçadas que não aguentam caminhões e lá tem empresas que trabalham com esse tipo de transporte. Várias já estão destruídas”, destaca.

Intervenções nas ruas de Vicente Pires seguem em ritmo lento devido ao mau tempo, segundo o GDF (Vinicius Cardoso Vieira/Esp. CB/D.A Press)  

Intervenções nas ruas de Vicente Pires seguem em ritmo lento devido ao mau tempo, segundo o GDF

 

 
Cronograma
 
Responsável pela execução das obras em Vicente Pires, a Sinesp informou, por meio da assessoria de imprensa, que os serviços estão em andamento de acordo com o cronograma estabelecido e que o prazo contratual para conclusão do trabalho é o fim de 2019. Ao todo, serão feitos 185,6km de drenagem pluvial e 253,4km de pavimentação asfáltica, além da colocação de asfalto e meio-fio ao longo das vias.
 
Ainda segundo a pasta, os serviços de drenagem estão sendo concluídos. Para iniciar a pavimentação, a Sinesp diz ser preciso de 10 a 15 dias de estiagem, pois o solo encharcado impede a ação. “Além do serviço rotineiro, as empresas contratadas estão à disposição para intervir emergencialmente, se necessário. Essas intervenções têm o intuito de garantir a circulação de pessoas e reduzir transtornos causados por obras e chuvas”, informou o órgão.
 
Segundo Daniel de Castro, novo administrador de Vicente Pires, o governador Ibaneis Rocha (MDB) cobrou a aceleração e a antecipação da entrega das obras. “Fizemos reunião com todos os órgãos e com várias associações de moradores. As obras foram suspensas por causa das chuvas. Pedi uma interferência emergencial nas ruas que estão intransitáveis. As ações, no momento, são paliativas, mas, em março, o serviço será pesado. Hoje, infelizmente, a cidade está destruída, mas daqui a um ano estará tudo pronto”, prometeu Daniel.
 
Sem prazo
 
O viaduto de entrada de Taguatinga pela EPTG recebe uma média de 135 mil veículos por dia. A obra visa criar duas faixas, sendo uma delas exclusiva para ônibus. Atualmente, o canteiro de obras está cercado por tapumes, trancados com correntes e cadeados, sem movimento de operários.
 
O servidor público Flávio Dalla Rosa, 38 anos, que passa pelo local todos os dias para cumprir compromissos de trabalho, conta que o trânsito piorou. “O trânsito chegando da EPTG ao centro de Taguatinga fica horrível. Também tem reflexos no Pistão Sul e Norte, já que a via fica reduzida próximo ao viaduto. Não tem mais horário para ficar tranquilo por lá. Sempre tem engarrafamento”, observa.
 
A Sinesp informou que foram concluídos 28% dos serviços. De acordo com a pasta, a paralisação da obra aconteceu por recomendação da Controladoria-Geral do Distrito Federal (CGDF), que pediu a readequação do projeto executivo. A pasta aguarda uma manifestação dos órgãos de controle para a liberação de um aditivo financeiro. Os trabalhos só serão retomados depois do processo estar finalizado, o que não tem prazo.


A obra está totalmente parada e não sabemos quando vão retomá-la. 
Nas poucas vezes que estão aqui, os operários só jogam 
terra para tentar amenizar os buracos” 
 
Dirsomar Chaves, 
presidente da Associação de Moradores do Setor Habitacional Vicente Pires
 
 
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Correio Braziliense sexta, 11 de janeiro de 2019

MADURO: REJEIÇÃO EM CADEIA

 


Rejeição em cadeia
 
 
Maduro desafia a comunidade internacional, é empossado para novo mandato até 2025 e chama Bolsonaro de fascista. Paraguai rompe relações diplomáticas, OEA declara ilegitimidade do governo e Brasil confirma compromisso de restaurar a democracia

 

RODRIGO CRAVEIRO

Publicação: 11/01/2019 04:00

 

Acompanhado da primeira-dama, Cilia Flores, e do presidente do TSJ, Maikel Moreno (D), Maduro chega à solenidade de juramento, em Caracas (Yuri Cortez/AFP)  

Acompanhado da primeira-dama, Cilia Flores, e do presidente do TSJ, Maikel Moreno (D), Maduro chega à solenidade de juramento, em Caracas

 

 

Contra quase tudo e todos, e na presença de apenas cinco chefes de Estado, Nicolás Maduro prestou juramento ante o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) para o segundo mandato, previsto para se encerrar em 2025. Em seu discurso de posse, o presidente venezuelano adotou um tom beligerante e, ao mesmo tempo, cordial. Atacou a oposição e pediu a realização de uma cúpula de líderes da América Latina e do Caribe para “discutir com uma agenda aberta todas as questões a serem discutidas, face a face”. O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e os Estados Unidos foram alvos. “A direita venezuelana infectou, com o seu facismo, a direita latino-americana. Vejamos o caso do Brasil, com o surgimento de um fascista como Jair Bolsonaro”, declarou. Minutos depois de Maduro ser empossado por Maikel Moreno, presidente do TSJ, a comunidade internacional protagonizou uma reação em cadeia.

Em nota divulgada na noite de ontem, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro qualificou de “ilegítimo” o novo mandato. “O Brasil reafirma seu pleno apoio à Assembleia Nacional (AN), órgão constitucional democraticamente eleito, ao qual neste momento incumbe a autoridade executiva na Venezuela. (...) O Brasil confirma seu compromisso de continuar trabalhando para a restauração da democracia e do Estado de direito na Venezuela”, afirma o texto. 

A medida mais drástica foi anunciada pelo Paraguai. “O governo da República do Paraguai, no exercício de suas atribuições constitucionais e da soberania nacional, adota, hoje, a decisão de romper relações diplomáticas com a República Bolivariana da Venezuela”, afirmou o presidente Mario Abdo Benítez, cercado por assessores. “Nesse sentido, ordenei o fechamento de nossa embaixada e a imediata retirada do corpo diplomático paraguaio acredito naquele país. Faço um chamado aos países amigos da democracia e da liberdade para que se expressem com ações concretas.”

Por 19 votos a favor (inclusive do Brasil), seis contra, oito abstenções e uma ausência, a Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou resolução em que declara a ilegitimidade do segundo mandato de Maduro. O texto faz um apelo à “realização de novas eleições presidenciais com todas as garantias necessárias para um processo livre, justo, transparente e legítimo”. O Peru convocou para consultas a encarregada de negócios na Venezuela, Rosa Álvarez. O conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton, anunciou que a Casa Branca intensificará “sua pressão sobre o regime corrupto” venezuelano e prometeu apoio à Assembleia. A União Europeia explicou que “tomará as medidas adequadas”, caso a situação na Venezuela se agrave.

Vice-presidente
Edgar Zambrano — primeiro vice-presidente da Assembleia Nacional da Venezuela — elogiou a postura dos países latino-americanos e da UE, “ao proclamarem o tom sonoro dos venezuelanos”. “É notório o fracasso de um modelo político refletido em desastrosas políticas públicas que destuíram a qualidade de vida dos venezuelanos. Por aqui, viola-se, sistematicamente, os direitos fundamentais e as garantias constitucionais. Uma sociedade com presos políticos civis e militares mostra abuso de poder. É um governo  que altera a geopolítica regional. Por isso, as reações dos governos em defesa da democracia”, disse ao Correio. 

De acordo com Zambrano, a posse simbólica do presidente da AN, Juan Guaidó, seria impossível sem o aval das Forças Armadas. Em ato na Academia Militar, ante 4.900 oficiais, o ministro da Defesa, general Vladimir Padrino, perguntou: “Juram reafirmar a lealdade e subordinação absoluta?” “Juramos”, responderam.

Williams D’Ávila, deputado da AN pelo partido Acción Democrática, admitiu à reportagem que os venezuelanos estão “diante de uma tirania”. “O último reduto da democracia, a Assembleia, é uma pedra no sapato de Maduro. Creio que ele acentuará a tirania. Pode fechar a Assembleia.” 

Antonio Ledezma, ex-prefeito de Caracas e preso político que se exilou em Madri, espera cascata de “desprendimento” de países democráticos no cerco a Maduro. “Os países  acompanharão a OEA e ratificarão o desprezo pelo governo”, afirmou ao Correio.



Eu acho...

“A Assembleia Nacional articulará o clamor social, lhe dará forma e o conduzirá, nos termos da Constituição. Nós evitaremos, a todo custo, um enfrentamento do povo contra o povo, uma guerra civil que encheria de luto a nação ante a violência do Estado.”

Edgar Zambrano, primeiro vice-presidente da Assembleia Nacional da Venezuela



Manifestação em Brasília

No exato momento em que Nicolás Maduro era empossado para o segundo mandato, um grupo de venezuelanos realizava um protesto diante do Palácio do Itamaraty. “Brasil, obrigado pelo apoio ao povo venezuelano”, “Maduro ilegítimo” e “S.O.S Venezuela. Não nos deixem sozinhos” eram as frases nos cartazes ostentados pelos manifestantes. Alberto Palombo, coordenador do movimento Soy Venezuela, no Brasil, contou ao Correio que a declaração do Grupo de Lima, na semana passada, marcou o mapa do caminho para lidar com a crise. “A intenção não foi somente agradecer ao governo brasileiro por sua posição, mas também pedir ao Brasil e a outras nações para que não deixem sozinhas as instituições legitimamente constituídas na Venezuela — a Assembleia Nacional e o Tribunal Supremo de Justiça no exílio”, afirmou. “A Assembleia é o último poder escolhido pelo voto popular nas eleições de 2015.” Segundo Palombo, os manifestantes entregaram ao presidente Jair Bolsonaro e ao chanceler Ernesto Araújo um documento no qual pedem pressão efetiva sobre o regime de Nicolás Maduro e a proteção a um processo de transição democrática no país.

 

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Correio Braziliense quinta, 10 de janeiro de 2019

CORRIDA PARA DEIXAR O DESEMPREGO

 

Corrida para deixar o desemprego para trás
 
 
Ao todo, no DF, existem 300 mil desocupados e, com a mudança de governo, a esperança de conseguir uma vaga cresce. Agência virtual, da Secretaria do Trabalho, ajuda na procura, mas especialista alerta que ajuste fiscal pode atrapalhar a retomada

 

» GABRIEL PONTE*

Publicação: 10/01/2019 04:00

Alan Dutra busca emprego para ajudar em casa e retornar à faculdade (Barbara Cabral/Esp.CB/DA.Press)  

Alan Dutra busca emprego para ajudar em casa e retornar à faculdade

 



Com mais de 300 mil desempregados no Distrito Federal a busca de uma oportunidade com carteira assinada não é tarefa fácil. Por isso, é importante ficar atento a todas as possibilidades. Ontem, na Agência Virtual, ligada a Secretaria do Trabalho do DF, existiam 157 vagas para todos os níveis de escolaridade (veja quadro) em 20 atividades diferentes. A maioria para consultor de vendas, 100. Os salários variavam do mínimo, que neste mês foi corrigido para R$ 998 a R$ 2.753.

A mudança de governo que fez com que o nível de confiança dos empresários subisse na virada do ano, entretanto, ainda não se refletiu em investimento e novas vagas formais. Priscila Moângela, 24 anos, perdeu o emprego de operadora de caixa em uma farmácia há dois anos. Durante o tempo parada, não desistiu de tentar uma colocação no mercado. “Por causa da crise, fui demitida. Quase todo mês, entrego currículos para tentar voltar a trabalhar sem sucesso”, lamentou.

Mesmo demonstrando cautela, depois de tanto tempo de procura, Priscila tem esperança no futuro. “Claro que acho que pode haver uma melhora econômica, mas não 100%. Pelas propostas feitas pelo novo presidente (Jair Bolsonaro) durante a campanha, espero conseguir algum emprego em breve”, disse.

Alan Dutra, 24, saiu da corretora de seguros onde trabalhava em julho passado. Formado em design de interiores, fazia outra faculdade, de arquitetura, quando, pela perda do emprego, ficou sem condições de bancar as mensalidades. “Eu trabalhava como assistente pessoal da diretora, mas o corte de funcionários priorizou quem estava a menos tempo na empresa, como eu”, explicou.

Desde aquele mês, entrega currículos em diversos locais, mas não recebe nenhum tipo de retorno. Em casa, a situação financeira não está fácil, pois além dele, o pai, que é trabalhador rural, também está desempregado. A mãe é diarista, mas não trabalha todos os dias. O jeito é incrementar a renda com bicos. O sonho dele é voltar ao mercado de trabalho para conseguir retomar a faculdade.

Carlos Alberto Ramos, economista e professor da Universidade de Brasília (UnB), alerta, no entanto, que a situação na capital pode não ser tão simples e rápida de resolver. “Em Brasília, há problemas particulares. Além da alta taxa de desemprego, existe um processo migratório muito forte, principalmente da região Nordeste, que aumenta a demanda”, observou. Nacionalmente, no entanto,  ele acredita que, a princípio, haverá uma recuperação do emprego, alocada às reformas econômicas. “Deve haver um aumento do emprego formal, mas não muito acentuado.”

Segundo Ramos, um dos maiores atrativos do DF para migrantes é a renda per capita da população. “Isso estimula a vinda, principalmente de nordestinos em busca de oportunidade na capital. No entanto, a recuperação econômica não será uniforme”. Na opinião do economista, o ajuste dos gastos públicos prometido, tanto pelo governo federal quanto local, deve elevar a taxa de desemprego em Brasília.

Destaques


O secretário de Trabalho do DF, João Pedro Ferraz, discorda da análise e está otimista. “Percebe-se, mesmo que de forma discreta, uma movimentação positiva na oferta de vagas. O mercado reflete um conjunto de ações articuladas com foco no desenvolvimento econômico e consequente geração de novos postos de trabalho”, afirmou.

Fábio Bentes, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviço e Turismo (CNC), aposta que, com a nova agenda econômica traçada pelo governo de Jair Bolsonaro, alguns setores se destacarão no mercado de trabalho em 2019. “O pontapé inicial da equipe econômica tem a preocupação de destravar e reativar o investimento, algo maior do que fomentar o consumo. Assim, mesmo sabendo que o setor de serviços é, historicamente, o grande empregador, a perspectiva, em termos relativos, é de haver um avanço no setor industrial, além da agropecuária”, afirmou.

Segundo ele, o país pode chegar até a apresentar a criação, em 2019, de 1,2 milhão de postos de trabalho. Bentes destaca que, no setor industrial, construção civil e automobilística, assim como o setor agropecuário, devem ter protagonismo neste ano. “Economicamente, os setores agropecuário e industrial são exportadores e, do ponto de vista externo, o país, costurando acordos bilaterais, favorecerá ambos. O comércio pode até crescer neste ano, mas não deve chegar a ser beneficiado como outrora”, complementou.

* Estagiários sob supervisão de Rozane Oliveira


  • Fique atento
    De acordo com a Agência Virtual, existem 157 vagas de trabalho no DF

    Nível superior
    Cargos: assistente administrativo, auxiliar financeiro, supervisor da seção de serviços gerais e técnico de laboratório industrial.
    Salário: de R$ 2.000 a R$ 2.350

    Nível Médio
    Cargos: conferente de carga e descarga, gerente de loja e supermercado, consultor de vendas, oficial de serviços na manutenção de edificações, promotor de vendas, subgerente de restaurante, técnico eletricista, vendedor interno e vendedor pracista.
    Salário: R$ 954*  a R$ 2.753

    Nível Fundamental 
    Cargos: açougueiro, jardineiro, manicure, operador de caixa e repositor de mercadorias.
    Salário: R$ 954*  a R$ 1.700

    Escolaridade não exigida
    Cargos: açougueiro, mecânico e soldador
    Salário: R$ 954* a R$ 1.400

    *Sem atualização do salário mínimo
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Correio Braziliense quarta, 09 de janeiro de 2019

HAVAÍ: NAS ONDAS DOS MARES

 


Nas ondas dos mares

 

Publicação: 09/01/2019 04:00

 (Paulo Silva Pinto/CB/DA Press)  


O cenário é paradisíaco, com natureza deslumbrante e cores que ficam gravadas na lembrança dos visitantes. O Havaí tem praias, cenários de filmes, ilhas que ficam a uma distância de 30 minutos de voo entre elas, marcas da história como Pearl Harbour, atacada pelos japoneses na Segunda Guerra Mundial e boa estrutura de atendimento ao turista: desde aqueles que preferem relaxar na praia aos que se aventuram nas pranchas ou no fundo do mar. Para os mais afoitos, é possível visitar um parque de vulcões. 
 
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Correio Braziliense terça, 08 de janeiro de 2019

IDEOLOGIA DE GÊNEROS: POLÊMICA NAS ESCOLAS

 


ENTREVISTA RAFAEL PARENTE, SECRETáRIO DE EDUCAçãO »Temos de cuidar dos professores

 

Publicação: 08/01/2019 04:00

 

 (Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press)  

O novo secretário de Educação, Rafael Parente, não se esquivou de polêmicas em entrevista ao CB. Poder — parceria do Correio com a TV Brasília. Destacando que cumprirá as promessas de campanha do governador Ibaneis Rocha, Parente afirmou que sua gestão combaterá temas como a ideologia de gênero e a doutrinação escolar. Além disso, ele também adiantou algumas mudanças pensadas pela secretaria para melhorar os índices educacionais, como planejamentos que vão desde novas arquiteturas nas escolas até possíveis avaliações das famílias dos alunos.



Do ponto de vista de infraestrutura, falta cerca de um mês para os alunos voltarem às salas de aula. O governador Ibaneis destacou um orçamento para as reformas?
Sim. Existe um plano de 200 escolas prioritárias, que estão com estado mais complicado. São também duas escolas em que não há mais alunos nem professores trabalhando, e existem escolas em que estamos avaliando se vão precisar retirar os alunos, e alugar um prédio e receber os estudantes e profissionais, ou não.
 
No relatório de transição, tem um dado alarmante que se trata de violência nas escolas, sobre como os alunos tratam seus professores.  Existe alguma política para mudar esse cenário?
Com certeza. Existe uma série de medidas para que a gente não ature mais isso. Não pode existir mais qualquer tipo de agressão física, psicológica ou verbal. Temos ações relacionada, à formação (do aluno), mas também uma parceria com a Polícia Militar. É uma orientação do governador, inclusive que nós façamos um piloto com escolas militares no DF. Mas vamos buscar também medidas relacionadas a arte, cultura e esportes. Alguns alunos estão esperando por atenção e por alguém que dê limites e os ajude a organizar as ideias.
 
Você falou em escolas militares. Em uma entrevista concedida por Ibaneis ao Correio, ele falou da intenção de abrir novas escolas militares. Como é esse plano?
Estamos avaliando ainda e estamos conversando com escolas da PM e dos Bombeiros. Ainda não temos muitos detalhes para dar, mas é certo que vamos começar essa experiência esse ano. Não sei se serão novas escolas ou se vamos oferecer às gestões das escolas a oportunidade de transformação em escolas militares.
 
Sobre a necessidade de fortalecer as parcerias, você acha que um mau resultado do ensino público hoje, além da falta de gestão, tem relação com falta de participação dos pais, da família?
Com certeza. Precisamos responsabilizar a sociedade pela parte que eles não fazem. Sabemos que a educação é resultado do trabalho não só da escola, mas da família também. Quando só um faz seu trabalho, a educação não fica completa. Não adianta fazer um trabalho ótimo na escola se a família não fizer seu papel. Inclusive estamos estudando formas de responsabilizar a família e fazer essa cobrança quando ela estiver ausente.
 
Na semana da posse, surgiu reação à escolha do seu nome para a secretaria, especialmente de setores da bancada evangélica que se colocaram contra o seu nome porque o senhor seria “a favor da ideologia de gênero”.  Ao que o senhor atribui isso?
Tem uma série de razões, mas quero tranquilizar as pessoas. Estou tendo uma relação boa com parlamentares da base cristã, inclusive com líderes religiosos também, evangélicos da nossa cidade. Em primeiro lugar, eu compreendo que existe um medo, que as pessoas têm crenças e não querem ver algumas coisas acontecendo dentro das escolas. Mas, quando eu aceitei o convite do governador, aceitei implementar 100% das promessas dele durante a campanha. Uma dessas é a promessa de não dar espaço à ideologia de gênero, e isso vai ser cumprido integralmente. Outra questão é a de doutrinação. Eu tenho uma ótima relação com o deputado (Rodrigo) Delmasso, a gente conversou sobre isso e existem ações que nós estamos pensando e planejando para combater a doutrinação dentro das escolas.
 
Como estão as articulações com os servidores? 
Eu me coloquei à completa disponibilização deles pelas redes sociais. Recebo centenas de mensagens por dia e gasto um bom tempo com isso. Isso é importante porque vêm muitas informações das redes, queixas e boas sugestões, inclusive. Essa predisposição em dialogar, em ouvir, é uma mudança que estamos fazendo. Nós fizemos também, durante uma semana, visitas em 14 regiões para que eu pudesse apresentar minha visão e para que pudéssemos começar a fazer a seleção dos coordenadores regionais. Conheci todos os diretores de todas as escolas. A receptividade foi excepcional.
 
Nas redes sociais, todo mundo quer saber sobre concursos públicos, nomeações e reajustes de salários.
Sobre nomeações, expliquei que a primeira coisa que acontece é estudo da demanda. Precisamos 
olhar para as escolas, saber quem saiu, de quantos profissionais a mais a gente precisa, o que falta. Depois desse estudo, existe avaliação do impacto econômico, quanto vamos precisar para os chamados. Em seguida nós fazemos pedido para a Secretaria de Fazenda, que vai fazer outra avaliação dentro dos recursos disponíveis.
 
Um dos maiores problemas dos professores é a saúde. Como melhorar a saúde de uma categoria tão vulnerável, reduzindo número de atestados e reduzindo o deficit na sala de aula?
A primeira coisa é cuidar dos professores, que é a melhor forma de cuidar do nosso futuro. A educação que cria um futuro melhor para nossa sociedade e não se faz uma boa educação sem profissionais bem cuidados. Aí vem a valorização de diferentes formas. A valorização salarial também, mas principalmente uma valorização implícita, de ouvir as pessoas, saber quem está fazendo um bom trabalho, dar colo e dar carinho. Acolher esses profissionais da educação. Muitos querem fazer um bom trabalho e não conseguem. Temos que ter boas políticas de formação continuada, mas também falando com eles e sobre a saúde, também. Fazendo um balanço entre vida pessoal e profissional, enfim, existem diversas formas que estamos pensando.
 
 
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Correio Braziliense segunda, 07 de janeiro de 2019

É TEMPO DE COLÔNIA DE FÉRIAS!

 


É tempo de colônia de férias!
 
 
A opção de entretenimento para a criançada representa um alívio para pais que trabalham em janeiro, mês de recesso escolar. Especialistas explicam que essas iniciativas ajudam a combater o ócio, incentivam as atividades físicas e contribuem com a sociabilidade

 

Rentata Rusky

Publicação: 07/01/2019 04:00

 

Os pais de Odin e Aurora matricularam o filho em uma colônia de férias (Minervino Junior/CB/D.A Press)  

Os pais de Odin e Aurora matricularam o filho em uma colônia de férias

 

Os recessos de Natal e de ano-novo chegaram ao fim, e a rotina vai se restabelecendo. Exceto por um detalhe: as crianças estão de férias em casa. O que é motivo de alegria para os pequenos pode ser angustiante para os pais que voltam ao trabalho. Alguns não têm com quem deixá-los, outros se preocupam com a ociosidade dos filhos, vendo tevê, jogando videogame ou na frente do computador. As alternativas vão desde marcar programas em família pós-expediente às colônias de férias. A maioria delas começa nesta e na próxima semana, mas, por terem atividades mais livres, não há rigor na data em que a criança pode ser matriculada. Algumas dividem as programações por semana, facilitando a conveniência.

A psicopedagoga Ana Regina Caminha Braga, especialista em educação especial e em gestão escolar, explica que, dentro das condições familiares, é importante a criança sair um pouco do ambiente de casa e brincar ao ar livre. “Nem precisa elaborar muito. Coisas simples agradam, como jogar bola. Também existe um movimento interessante de resgatar brincadeiras antigas, como bolinha de gude. As férias são uma boa oportunidade para isso”, recomenda.

A principal vantagem das colônias de férias é o fato de toda a programação ter um objetivo prático e ser planejada por especialistas. “As atividades devem fazer sentido para o desenvolvimento da criança, mesmo que de forma lúdica. Elas não podem ser só ruídos, com movimentação excessiva. Se não, a criança vai para casa mais ansiosa e agitada. Deve ser um caos organizado”, explica Olzeni Ribeiro, especialista em comportamento infantil e diretora do colégio Ideaah.

Foi justamente essa vantagem que fez com que os pais de Anna, 4, e Laura, 2, Juliana Fagg Menicucci, 32, designer gráfico, e Giovani Fagg Menicucci, 34, advogado, decidissem colocar as filhas em colônias de férias tanto nas férias de julho do ano passado quanto nas de janeiro deste ano. “O estímulo que se tem é muito maior do que em casa com a babá. Elas ficam bem e seguras com a babá. Ela ajuda com o lanche, leva ao banheiro, mas, na colônia, tem a interação com outras crianças, instrumentos musicais”, justifica Giovani.

Olzeni explica, no entanto, que a colônia não pode substituir a atenção da família. “As crianças precisam sentir que estão de férias e que têm os pais ainda mais juntos”, alerta. No caso de Anna e de Laura, as atividades da colônia se estenderam à família. Depois de contarem aos pais sobre a experiência que tiveram com um telescópio e de terem visto a Lua e as estrelas, os pais tiveram a ideia de levá-las ao Planetário.
 
Tecnologia
A servidora pública Larissa Soares, 35, emendou o recesso de réveillon com as férias de janeiro para ficar com os dois filhos em casa, Odin, 5, e Aurora, 1. Em dezembro, ela tentou entreter as crianças ao máximo, no entanto, além de cansativo, as programações para ambos são diferentes por causa da idade. “Ela dorme à tarde; ele, não. Ele pode ir ao cinema; ela, não. Nicolândia com os dois, eu não aguentaria”, exemplifica.

A solução foi matricular só o filho mais velho na colônia de férias. Durante o ano, a escola dele é no período integral, mas, nas férias, as atividades serão só à tarde. “Acho cruel colocar integral, porque, no fim, ele ficaria sem férias. Assim, é bom que ele fica em casa pela manhã, aproveita a mãe e a irmã e, depois, vai”, explica o pai, o bibliotecário Pedro Paulo Madeira, 36.

Mas até quando a colônia é em uma academia, como é o caso de uma no Cruzeiro, a programação não é focada só na atividade física. “Além de tênis, circuitos com o tema selva, capoeira e brincadeiras na piscina, as crianças vão ter oficinas de arte, culinária e até o momento do videogame”, conta Renan Martins, educador físico e um dos responsáveis pela colônia. Segundo ele, muitos pais questionam o videogame como atividade. “Eles dizem: (se é) para jogar videogame, fica em casa”, conta. Ele garante, no entanto, que a experiência de jogar com outras crianças faz toda a diferença. “Tem a parte da competitividade com a qual eles aprendem a lidar de forma divertida. E parte do dividir, porque cada um vai ter a sua vez”, menciona.

Segundo a psicopedagoga Ana Regina, as tecnologias só são um problema quando usadas como mera distração, sem dar a devida importância ao que a criança está fazendo. “Elas chegam ao mundo e são apresentadas a uma enxurrada de inversão de valores. Muitos pais e responsáveis acabam deixando os filhos em frente à televisão, no tablet, no celular, sem se preocupar com o que está sendo transmitido e acabam usando aquele meio apenas como uma distração”, comenta. Para a especialista, é importante que os pequenos tenham acesso à tecnologia, desde que sejam bem orientados.

Sedentarismo
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), toda criança ou adolescente, entre 6 e 17 anos, que pratique menos de 300 minutos de atividade física por semana é considerado sedentário. Basta uma hora de atividade física por dia de segunda a sexta-feira para fugir dessa estatística.
 
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Correio Braziliense domingo, 06 de janeiro de 2019

PIPAS: INFÂNCIA COLORIDA NO CÉU

 


Infância colorida no céu
 
 
Janeiro é época de pipas colorindo o céu de Brasília. Conheça alguns dos lugares preferidos da turma

 

Mariana Machado
Cézar Feitoza
Especiais para o Correio
Ester Cezar*
Thiago Cotrim*

Publicação: 06/01/2019 04:00

 

Em várias quadras do Guará, a brincadeira toma conta das ruas durante as férias (Wallace Martins/Esp. CB/D.A Press)  

Em várias quadras do Guará, a brincadeira toma conta das ruas durante as férias

 

 

Férias de verão, céu azul, sol brilhando e um vento refrescante. Cenário ideal para uma atividade que faz a alegria da criançada (e de muita gente grande também): empinar pipa. Em janeiro, locais como o Taguaparque, as praças do Guará e os descampados em Ceilândia são os preferidos dos brasilienses, graças aos grandes espaços abertos.

Na tarde de ontem, por exemplo, cerca de 50 pessoas, entre crianças, jovens e adultos, empinavam pipas próximo ao Centro Cultural Taguaparque. Acompanhado dos amigos e do primo, Eduardo Oliveira Gualhano, 13 anos, era um deles. Ele aprendeu sozinho a arte de empinar pipa. “Eu me sinto melhor do que fazendo outras coisas. Fico mais tranquilo, menos bravo, e acho melhor do que assistir a tevê ou mexer no celular”, comentou.

O colega de brincadeira Gabriel Henrique Cordeiro, 12, dava dicas sobre horários e tempo na hora de empinar o brinquedo. “Um horário bom pra soltar é a partir das 16h, porque não tem vento demais nem de menos. Também é o horário em que o sol não está tão forte e não fica atrapalhando a visão”, explicou.  “Para fazer uma pipa, é fácil: só precisa de vareta e linha pura. Eu gosto das minhas com rabiola, porque fica melhor de dibicar”, completou.

O sushiman Filipe Oliveira Rodrigues, 28, usa os horários livres no trabalho para soltar o papagaio no Taguaparque. “Estou em horário de almoço, mas nem almocei, vim direto pra cá”, contou. Segurando uma carretilha de madeira para enrolar a linha da pipa, ele explica por que prefere esse modelo à tradicional latinha. “A carretilha é melhor porque desenrola mais rápido”, comentou.

Negócio
Na QI 9 do Guará 1, a febre é tão grande que o hobby virou negócio. Em um portão branco, uma faixa anuncia: casa da pipa. É onde mora Alessandro Oliveira, de 37 anos. Ele solta pipa há mais de 20 anos. “Na minha família, é tradição. A gente combina o dia de reunião SP (soltar pipa)”, ri. Há cerca de cinco meses, ele perdeu o emprego de motorista em um dos ministérios da Esplanada, então, para conseguir uma renda, aproveitou o período de férias escolares para vender pipas.
A parede da garagem virou mural dos produtos que variam de R$ 2 a R$ 5, mas ele faz descontos. “O menino chega aqui faltando 50 centavos. Não vou perder o cliente por causa disso. Às vezes, falta até mais e eu vendo”, afirmou. A maioria ele compra pronta no Rio de Janeiro, mas, quando pedem, ele também faz do zero. “Um amigo meu foi para o Rio e eu encomendei com ele. Eram 5 mil, agora restam umas 2 mil para vender até o começo de fevereiro”, contou.

Saúde
Segundo o professor Hartmut Gunther, doutor em psicologia e docente da Universidade de Brasília (UnB), o lazer em ambiente fechado também pode trazer benefícios, mas, em sua visão, as atividades em locais abertos são mais saudáveis. “As coisas não têm um tom tão preto e branco. As brincadeiras ao ar livre são importantes, pois auxiliam as interações sociais, o desenvolvimento psíquico e a saúde das crianças”, ressalta o professor.

A neuropsicóloga Ana Cristina Gabeto diz que, por meio das brincadeiras, as crianças conseguem expressar o que estão sentindo. No seu ponto de vista, o problema é colocar a tecnologia em primeiro plano, de forma excessiva. “As crianças que se divertem através dos meios eletrônicos conseguem desenvolver uma capacidade de memória muito boa, são mais otimistas e possuem um senso de planejamento apurado, porque precisam desses atributos para se dar bem nos jogos eletrônicos”.


Glossário
Conheça algumas gírias dos pipeiros:
Dibicar: movimento feito com uma ou duas mãos em que se puxa a linha para que a pipa suba no ar
Afundar: manobra feita para descer a pipa no ar
Arrastar/De lado: empurrar a pipa de outra pessoa para o lado
Guerrear: cortar a linha da pipa de outra pessoa

 

Perigoso e proibido
O que não é legal na brincadeira é o cerol, pasta que mistura vidro triturado e cola. Em alguns casos, metal triturado. Ele é usado para cortar a linha das pipas de outras pessoas e tomá-las para si. No entanto, o uso e a venda da pasta são proibidos por uma lei distrital desde o ano passado (Lei nº 6.185/2018). A multa pode chegar a R$ 1 mil e o estabelecimento que for reincidente no comércio do cerol é interditado.


*Estagiários sob supervisão de Renato Alves
 
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Correio Braziliense sábado, 05 de janeiro de 2019

VERÃO NOS PARQUES COM A CRIANÇADA

 


Verão nos parques com a criançada
 
 
Espaços de convivência do Distrito Federal são opção para famílias aproveitarem o tempo livre dos filhos durante as férias. Andar de bicicleta e patins, soltar pipa e cair na piscina são algumas das diversões

 

» AUGUSTO FERNANDES
ESPECIAL PARA O CORREIO
» ALINE BRITO*

Publicação: 05/01/2019 04:00

Os tios Ricardo e Milena com Beatriz e Pietro: diversão no parquinho (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)  

Os tios Ricardo e Milena com Beatriz e Pietro: diversão no parquinho

 

 
Até 11 de fevereiro, data em que começará o ano letivo na maioria das escolas do Distrito Federal, os pais e mães de Brasília terão momentos de sobra para curtir as férias dos filhos. Quem não programou nenhuma viagem, pode desfrutar de algumas opções de lazer ao ar livre na própria capital federal. Como o verão promete muitos dias de sol, nada melhor do que levar a criançada para aproveitar o tempo livre nos parques candangos.
 
No Parque da Cidade, que recebe cerca de 51 mil pessoas por semana, existe uma série de atrativos, como churrasqueiras, quadras para a prática de modalidades esportivas, praças, lagos, restaurantes e seis playgrounds, dentre eles, o Parque Ana Lídia, ponto mais indicado para a diversão das crianças. Além do famoso foguete, há gangorras, escorregadores e balanços. Os irmãos Lucas e Pedro Fernandes, 4 e 2 anos, recomendam o espaço. “Gosto de ficar o dia inteiro”, diz o mais velho.
 
Mãe dos garotos, a enfermeira Geyseffer Fernandes, 29, sempre tira os filhos de casa durante as férias. Mesmo morando em Planaltina, ela gosta de levá-los ao parque localizado no Plano Piloto. “Há muita coisa para se fazer no Parque da Cidade. Ao ar livre, eles praticam atividades que desenvolvem a concentração. Além disso, tem a questão do convívio familiar. Ficamos mais próximos um do outro. Sem contar que eles também conhecem novas crianças. É muito melhor do que deixá-los o tempo todo na frente da televisão”, destaca.
 
O casal de policiais militares Ricardo Honório, 28, e Milena Carvalho, 28, levou dois sobrinhos para aproveitar as atrações do parquinho. Beatriz e Pietro Rafran, 8 e 5, não desperdiçaram a oportunidade: correram, pularam e escalaram alguns dos brinquedos. “Tem que brincar em tudo para não ir embora triste”, recomenda Beatriz. De acordo com Ricardo, no período de recesso, sair de casa é sempre uma boa opção. “Temos vários parques em Brasília, e todos são um prato cheio para quem gosta de curtir a família. Tanto adultos quanto crianças podem se divertir. Garanto que ninguém se arrependerá”, destaca.

Geyseffer e o filho Lucas aproveitaram o sol para brincar no Parque da Cidade (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)  

Geyseffer e o filho Lucas aproveitaram o sol para brincar no Parque da Cidade

 



Victor Gabriel Lopes jogou frescobol com os tios no Parque Ecológico de Águas Claras (Minervino Junior/CB/D.A Press)  

Victor Gabriel Lopes jogou frescobol com os tios no Parque Ecológico de Águas Claras

 

 
Taguatinga
 
Maior parque de Taguatinga, o Taguaparque também possui opções de diversão para o público infantil. São pistas de cooper, ciclovias, quadras esportivas, playground e muitas áreas verdes. Sempre que possível, a funcionária pública Rosângela Mendes, 50, leva o neto Isac Mendes, 6, para aproveitar o espaço público. “Temos que aproveitar enquanto eles ainda são pequenos. Depois que crescem, deixam de sair com a gente”, brinca. Segundo Rosângela, o parque é uma excelente opção. “É um espaço arejado e amplo. Além de fazer a alegria do neto, eu aproveito para caminhar e respirar um pouco de ar puro. Vale a pena vir até aqui”, garante.
 
O parque é ideal para quem quer dar os primeiros passos em cima de uma bicicleta ou em um patins, como fez Maria Luiza Medeiros, 9. Ela saiu de Brazlândia com o pai, o motorista Eudes Bispo, 41, para estrear o brinquedo novo no parque. “Aqui é tão grande que eu posso dar várias voltas. Aprendi rapidinho”, comenta. Para Eudes, por mais que seja difícil organizar a agenda para curtir as férias da filha, vale a pena. “Durante o ano inteiro, quase não temos chance para fazer esse tipo de atividade. Eu sinto falta de passar um tempo com ela; então, não posso desperdiçar as oportunidades. Nos divertimos muito”, diz.
 
 
 
Parque Nacional
 
O Parque Nacional de Brasília, onde fica a Àgua Mineral, é um dos pontos turísticos preferidos dos brasilienses. As principais atrações são as duas piscinas de água corrente. O local também oferece ao visitante a possibilidade de caminhar ou pedalar em meio à natureza em três trilhas: a da Capivara, a do Cristal Água e a União.
 
Segundo a administração do parque, nesta época do ano, o número de visitantes dobra em relação aos meses de baixa temporada. A entrada custa R$ 14 para pessoas entre 13 e 60 anos. Visitantes de até 12 anos ou acima de 60 não pagam ingresso. A agente de aeroporto Cleusa Eustáquio, 47, é uma das pessoas que escolheu o local para curtir as férias. Ela mora no Gama e foi ao parque com a filha, a irmã e o cunhado para aproveitar o dia de sol do verão brasiliense. “Aqui é um local bem-arejado. Por mais que tenha muita gente, não é tumultuado. É um lugar ótimo para vir com as crianças. Um ambiente bem família, tranquilo e gostoso para curtir um dia de folga”, indica Cleusa.
 
Maria Carramilo, 44, e mais sete familiares também aproveitaram o tempo livre para se divertir na piscina natural do parque. “Todos estamos de férias e as crianças queriam muito tomar um banho de piscina, porque está fazendo bastante calor”, justifica. Segundo ela, o leque de opções do parque é o que mais atraiu a família até lá. “Estávamos indecisos entre algum clube e aqui. Por fim, decidimos vir para o parque por ser um lugar mais barato, com trilhas e natureza”, elogia Maria.
Cleusa Eustáquio e parentes:  

Cleusa Eustáquio e parentes: "Um ambiente bem família, tranquilo e gostoso para curtir um dia de folga"

 




Maria Luiza e o pai, Eudes: passeio de patins para aproveitar o dia sem chuva (Minervino Junior/CB/D.A Press)  

Maria Luiza e o pai, Eudes: passeio de patins para aproveitar o dia sem chuva

 

 
Águas Claras
 
Outra opção de lazer ao ar livre é o Parque de Águas Claras, com longas e largas trilhas, várias quadras de voleibol e futevôlei, além de parquinhos para as crianças. Victor Gabriel Lopes, 13, frequenta o espaço diariamente. “Aqui é top! Eu posso correr, andar de bicicleta, jogar bola e mais um monte de coisa”, comenta. Até o fim das férias, ele quer explorar ao máximo as atrações do parque com os tios. “Férias são tempo para isso: brincar e nada mais”, justifica.
 
Tia do garoto, a funcionária pública Heloísa Lopes, 60, espera que mais famílias aproveitem os parques do DF. “Brasília e as regiões administrativas têm muito a oferecer. Nos parques, as crianças são livres para se divertir e viver a infância da melhor maneira”, lembra.
 
*Estagiária sob supervisão de José Carlos Vieira
 
 
 
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Correio Braziliense sexta, 04 de janeiro de 2019

TEATRO: FOLCLORE BRASILEIRO

 

Menino travesso
 
 
Projeto Domingo é dia de teatro retoma as atividades trazendo o folclore brasileiro com A história do Saci

 

João Paulo Zanatto*

Publicação: 04/01/2019 04:00

Espetáculo mostra as travessuras do folclórico Saci
 

Espetáculo mostra as travessuras do folclórico Saci

 

 
Neste domingo, às 15h, o projeto Domingo é dia de teatro volta aos palcos do Teatro Eva Herz. O espetáculo A história do Saci, da Cia. Encantados, apresenta um importante personagem do folclore brasileiro aos pequenos.
 
A avó conta para a neta a história do Saci, conhecido por peças que prega nas pessoas, como esconder objetos. A menina, então, recebe a visita do travesso e se torna alvo das brincadeiras dele. Ela descobre uma maneira de capturá-lo e daí começa uma amizade. O menino acaba reconhecendo que algumas brincadeiras não devem ser feitas e que ele apronta demais.
 
“O Saci é um personagem que faz brincadeiras que só ele acha graça e não vê as consequências dessas travessuras. E a neta, a maior vítima do menino, o perdoa mesmo assim”, conta Oliver Oliveira, diretor da peça. “O espetáculo mostra para as crianças que há hora para tudo, hora de brincar, hora de ser responsável, não ter medo de assumir os erros e o poder do perdão”, completa.
 
A ideia é trazer o personagem com bastante brincadeira e diversão, mas sempre lembrar aos baixinhos que bagunça é legal, mas não se pode extrapolar igual ao travesso menino Saci.
 
*Estagiário sob a supervisão de Vinicius Nader
 
SERVIÇO
A história do Saci
Teatro Eva Herz (Livraria Cultura do Shopping Iguatemi; 3577-5000). Domingo, às 15h. Entrada franca. Classificação indicativa livre.
 
 
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Correio Braziliense quinta, 03 de janeiro de 2019

GOVERNO REDESENHA A ESPLANADA

 

Governo redesenha a Esplanada
 
 
Estrutura federal sofre alterações profundas. Tem fusão de ministérios, criação de pastas e mudanças em setores de grande impacto social, como direitos humanos, esporte, cultura e meio ambiente

 

Paulo Silva Pinto
Renato Souza
Marília Sena*
Ingrid Soares
Especial para o Correio

Publicação: 03/01/2019 04:00

 

Trabalho de troca de nomes de ministérios com as modificações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro na estrutura da Esplanada (Wallace Martins/Esp. CB/D.A Press

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Trabalho de troca de nomes de ministérios com as modificações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro na estrutura da Esplanada

 

 


Por meio da Medida Provisória nº 870, publicada na edição extra do Diário Oficial da União, o governo federal fez mudanças radicais em sua estrutura de funcionamento. Sete ministérios deixaram de existir — Esporte, Cultura, Planejamento, Fazenda, Indústria e Comércio, Trabalho e Segurança Pública —, enquanto dois foram criados, Economia e Cidadania, para incorporar setores estratégicos e dar fluência à gestão do país. Ao todo, há 22 pastas. 

Ocorreram mudanças de funções e atribuições também em órgãos que foram mantidos. Entre as alterações mais polêmicas, está o remanejamento da competência para a demarcação de terras indígenas, que saiu da Funai para o Ministério da Agricultura.

Os Ministérios do Esporte e da Cultura deixaram de existir, tendo sua estrutura incorporada ao recém-criado Ministério da Cidadania. A pasta nasce com a responsabilidade de gerir entidades como a Agência Nacional de Cinema (Ancine), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). A exclusão do Ministério da Cultura, anunciada logo após as eleições, provocou polêmica entre artistas e demais agentes culturais do país.

No desenho do novo governo, surge ainda o superministério da Economia, que reúne atribuições dos extintos Ministérios da Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio, como já havia sido anunciado.

Com as alterações, o Ministério da Agricultura, chefiado por Tereza Cristina (DEM-MS), que foi presidente da bancada ruralista no Congresso, ganha força na gestão do presidente Bolsonaro em relação a governos anteriores. A pasta também vai administrar o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), além de manter a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

A mudança sobre a responsabilidade pela demarcação de terras indígenas e quilombolas causou críticas e preocupações entre especialistas e representantes dos povos tradicionais. A avaliação é de que o Ministério da Agricultura não tem equipe especializada para tratar do assunto. De acordo com dados da Funai, atualmente, o Brasil tem 462 terras indígenas regularizadas, o que representa cerca de 12,2% do território nacional. Mesmo que sejam para uso desses povos, o território demarcado continua sendo propriedade da União.

Numa mensagem publicada no Twitter, Bolsonaro falou sobre o assunto e respondeu às críticas. “Mais de 15% do território nacional é demarcado como terras indígenas e quilombolas. Menos de um milhão de pessoas vivem nesses lugares isolados do Brasil de verdade, exploradas e manipuladas por ONGs. Vamos juntos integrar esses cidadãos e valorizar a todos os brasileiros”, escreveu.

O secretário executivo do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Cleber Buzatto, afirmou que é grande a preocupação com a decisão de demarcações indígenas, uma vez que transfere a responsabilidade para os principais ‘inimigos’ dos povos. “A agricultura é o setor responsável por invasões e pressão para que as demarcações não ocorram. A perspectiva é de que a Constituição seja desrespeitada. Significa retirar de um órgão técnico e transferir para órgão que tem mais papel político”, disse. “Na prática, deixa de lado o tratamento técnico do tema e traz um tratamento político e ideológico, com o comando do setor de frontal oposição às demarcações de terras indígenas. Isso é preocupante.” Buzatto ressaltou que “o histórico dos povos indígenas é de resistência e de luta” e afirmou que a tendência é de que ocorram manifestações nos próximos dias.

Além disso, a pasta responsável pelo agronegócio também passa a incluir o Serviço Florestal Brasileiro, que sai do Ministério do Meio Ambiente. A agricultura torna-se responsável pelo cadastro de áreas florestais que integram a reserva legal de propriedades privadas, de acordo com o Código Florestal.

A Escola de Administração Fazendária (Esaf) passa a ser subordinada à Escola Nacional de Administração Pública (Enap). Essa é uma alteração que já vinha sendo pensada nos últimos anos, mas sempre foi adiada pela resistência dos funcionários da Receita Federal à ideia. A Enap costuma estar sob o comando de integrantes da carreira de especialista em política pública e gestão governamental (EPPGG), mais conhecidos como gestores, antes vinculados ao Ministério do Planejamento e agora colegas dos funcionários da Receita na pasta da Economia.

Valorização
O economista Gil Castello Branco, secretário-geral da ONG Contas Abertas, avaliou como positivas as fusões de ministérios e afirma que podem contribuir para a gestão da máquina pública. “Era inevitável reduzir a quantidade de pastas. A maioria dos países desenvolvidos possuem entre 15 e 16. Não é só uma questão de reduzir gastos públicos. É uma questão de dar maior funcionalidade ao governo”, argumentou. “Quanto aos setores incorporados na Agricultura, é necessário colocar secretários que sejam valorizados e que representem os segmentos pelos quais ficarem responsáveis.”

O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) não é mencionado na nova estrutura, o que sugere que deixa de existir. O colegiado, com subordinação direta à Presidência da República, foi um marco dos governos petistas, instalado logo que o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou ao poder, com a atribuição de implantar o programa Fome Zero. Tampouco há qualquer menção ao Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CNDES), o chamado Conselhão, na estrutura da Casa Civil. 

Marca petista
O chamado Conselhão também é uma marca da gestão do presidente Lula e tem sido um local de interação entre o governo e representantes de vários estratos da sociedade.

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Correio Braziliense quarta, 02 de janeiro de 2019

POSSE DE IBANEIS ROCHA

 

Trabalho começa na saúde e segurança
 
 
Ibaneis Rocha assume o governo do Distrito Federal e reforça a determinação de acabar com as filas nos hospitais e de proteger os brasilienses. Afirma que valorizará os servidores, mas cobrará respeito à população do DF, principalmente aos mais pobres

 

HELENA MADER
ANA VIRIATO

Publicação: 02/01/2019 04:00

Ibaneis Rocha assume o governo do Distrito Federal e reforça a determinação de acabar com as filas nos hospitais e de proteger os brasilienses. Afirma que valorizará os servidores, mas cobrará respeito à população do DF, principalmente aos mais pobres (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)  

Ibaneis Rocha assume o governo do Distrito Federal e reforça a determinação de acabar com as filas nos hospitais e de proteger os brasilienses. Afirma que valorizará os servidores, mas cobrará respeito à população do DF, principalmente aos mais pobres

 

Sexto governador eleito da história do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB) tomou posse ontem com a promessa de melhorar a saúde, a segurança pública da capital e de governar “para os pobres”. O emedebista discursou duas vezes, na Câmara Legislativa e na Praça do Buriti, e em ambos os pronunciamentos garantiu que vai cobrar dos servidores a prestação de serviços públicos de qualidade à população. Sem citar o nome do antecessor, Rodrigo Rollemberg (PSB), fez duras críticas ao atendimento público de saúde e às políticas de combate à violência.

O primeiro dia de Ibaneis como chefe do Palácio do Buriti começou com uma missa no Santuário Dom Bosco. De lá, ele seguiu para a Câmara Legislativa, onde acompanhou no plenário a cerimônia de posse dos 24 deputados distritais da próxima legislatura. Na sequência, o emedebista foi empossado no auditório da Casa, que estava lotado de autoridades, além de amigos e familiares do governador. Presidentes e representantes de tribunais superiores, do Tribunal de Contas do DF e de entidades, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), participaram da solenidade.

Às 11h45, já oficialmente governador, fez o primeiro discurso, que durou 18 minutos. Disse ter certeza de que foi escolhido por Deus para estar no cargo neste momento. “Ele sabe da minha força de trabalho, da minha vontade de realizar. Deus dá a carga de acordo com o burro e é assim que vamos tocar”, destacou.

O chefe do Executivo relembrou momentos de sua trajetória política. “Saímos de 0,7% em 5 de agosto e chegamos a 70% dos votos. Todos perguntam que fenômeno foi esse. E eu digo que o fenômeno não foi Ibaneis, o fenômeno foram as pessoas. Foi a população que demonstrou que queria mudanças”, discursou o emedebista, que prometeu ainda “focar nos mais necessitados”. “Governo é para pobre. O rico, basta não atrapalhar. E é assim que nós vamos governar, com olhar focado nos mais necessitados. Que, neste momento, estão nas filas dos hospitais, que estão passando dificuldades por causa do desemprego alarmante, que não têm segurança para se dirigir ao centro da cidade, que são assaltados todos os dias nas paradas de ônibus”, enumerou.

Para o governador, a saúde da capital federal “está em frangalhos”. Além da segurança do Distrito Federal que, segundo ele, infelizmente, não existe. “Ainda temos corporações que acham que podem brigar entre si. Isso vai acabar”, assegurou, fazendo menção à histórica rixa entre policiais civis e militares. O confronto se acirrou nos últimos anos, graças a disputas salariais das categorias. “A partir do momento em que o nosso secretário de Segurança for empossado, todos vão ter que cumprir as ordens. Quero respeito à população em primeiro lugar e vou cobrar esse respeito”. Ibaneis Rocha prometeu “tratar bem” as corporações, os sindicatos e os servidores. Mas garantiu: “Quem vai ser mais bem tratado no nosso governo será a população”.
 
Na praça
Após concluir seu discurso no auditório da Câmara Legislativa, Ibaneis seguiu para o Palácio do Buriti acompanhado da mulher, Mayara Noronha, e dos filhos Caio e João Pedro — o governador é pai ainda de Mateus, que nasceu há apenas 15 dias. Ao fim da rápida cerimônia de transmissão da faixa, o novo governador atravessou a pé o Eixo Monumental, cercado de apoiadores, e reuniu seus 29 secretários de Estado sob uma grande tenda montada na Praça do Buriti.

No local, voltou a discursar, desta vez em um tom mais emocional. Falou sobre a história dos pais, que vieram do Piauí para Brasília, e depois voltaram à terra natal acompanhados dos filhos. E, assim como fez na Câmara Legislativa, prometeu rigor com o funcionalismo público. “Vou valorizar meus servidores, mas eu vou fazer igual ao meu pai, que dava com uma mão e cobrava com firmeza com a outra. É esse o respeito com a população que teremos ao longo dos próximos quatro anos”, garantiu.

Grande surpresa das eleições na capital, o governador destacou a necessidade da persistência. “Concorri a uma eleição da Ordem (dos Advogados do Brasil Seccional DF) e perdi por 400 votos. Mas não abaixei a cabeça. Tomei uma lição de Deus, que disse: ‘Essa não é a sua hora”. No pleito seguinte, nós vencemos com uma margem larga de votos”, disse.

Ibaneis alegou, ainda, que “a população está desamparada em todas as áreas”. O emedebista ressaltou que, mesmo antes de assumir o cargo, articulou verbas e projetos para a capital. Entre as propostas, está a construção de 12,4 mil unidades habitacionais no Itapoã Parque. As obras serão financiadas pela Caixa Econômica Federal.

Para encontrar saídas para as situações emergenciais da capital, o emedebista prometeu ousar. “O pior erro é a covardia. Dizia Rui Barbosa que advocacia não é profissão para covardes. E governar também não é para covardes. Governar é para quem tem coragem de enfrentar os problemas e de buscar soluções por mais difíceis que pareçam”, pontuou.

O que ele disse
“Deus dá a carga de acordo com o burro e é assim que vamos tocar. Eu tenho certeza de que foi Deus que me escolheu para estar aqui neste momento, porque ele sabe da minha força de trabalho, da minha vontade de realizar. Para grandes encargos, grandes homens, e é assim que vamos enfrentar”

“Minha candidatura veio do anseio da sociedade do Distrito Federal, que clama por mudanças, por uma política diferenciada, por mais serviços públicos de qualidade. E do pensamento de uns poucos malucos de ocasião surgiu a candidatura Ibaneis Rocha. Começou ali uma luta para saber em que partido iríamos nos filiar. E fui muito bem recebido pelo MDB e por Tadeu Filippelli, que abriu as portas do partido e não fez nenhuma espécie de cobrança. E acreditou na nossa candidatura”

“Saímos de 0,7% em 5 de agosto e chegamos a 70% dos votos. E todos perguntam que fenômeno foi esse. E eu digo que o fenômeno não foi Ibaneis, o fenômeno foram as pessoas. Foi exatamente a população do Distrito Federal que demonstrou que queria mudanças”

“Fomos chamados pela população para mostrar como se faz política diferente, política com ‘P’ maiúsculo, pensando primeiro nos mais pobres, naqueles que precisam de governo. E eu cansei de falar isso na campanha: governo é para pobre. Os ricos, basta não atrapalhar. E é assim que nós vamos governar. Com olhar focado nos mais necessitados. Que, neste momento, estão nas filas dos hospitais, que estão passando dificuldades por causa do desemprego alarmante, que não têm segurança para se dirigir ao centro da cidade, que são assaltados todos os dias nas paradas de ônibus”

“Eu não tenho medo de encarar os problemas, e sei que são muitos. A saúde está em frangalhos, está um pó. Os relatos são os mais tristes possíveis. A segurança do Distrito Federal, infelizmente, não existe. E ainda temos corporações que acham que podem brigar entre si. Isso vai acabar. A partir do momento em que o nosso secretário de Segurança for empossado, todos vão ter que cumprir as ordens, independentemenete das corporações. Eu quero respeito à população em primeiro lugar e eu vou cobrar esse respeito”

“As corporações, os sindicatos, os servidores serão muito bem tratados no nosso governo, sim. Mas quem vai ser mais bem tratada no nosso governo será a população” 
 
Entrega da faixa 
Após ser empossado na Câmara Legislativa ao lado do vice-governador Paco Britto (Avante), Ibaneis seguiu para o Palácio do Buriti. Ao entrar no local, o emedebista dirigiu-se ao Salão Branco, onde recebeu das mãos de Rodrigo Rollemberg (PSB) a faixa de governador, nas cores verde e branca. O socialista disse deixar a gestão com “sentimento de profunda gratidão à população de Brasília e com a tranquilidade da consciência de que cumprimos a nossa missão e estamos entregando a cidade infinitamente melhor do que a recebemos”. Antes de se despedir do Buriti, Rollemberg teve a fotografia fixada na galeria de ex-governadores. 
 
Luz à notícia
O Holofote, primeiro núcleo de checagem de fatos do Distrito Federal, verificou as informações de um dos discursos de posse do governador Ibaneis Rocha. Confira em www.correiobraziliense.com.br/holofote, no Facebook (facebook.com/holofotedf) e no Twitter (@holofotedf). 
 
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Correio Braziliense terça, 01 de janeiro de 2019

BRASÍLIA, CAPITAL DOS SHOWS!

 


Brasília, capital dos shows!
 
Grandes nomes da música desembarcam na capital para apresentações em 2019. A lista tem desde o pop de Anitta ao clássico do italiano Peppino Di Capri. Programe-se!

 

Adriana Izel
Irlam Rocha Lima

Publicação: 01/01/2019 04:00

Anitta é uma das atrações do Carnaval no Parque, que reunirá mais de 50 atrações (Eduardo Bravin/Divulgação)  

Anitta é uma das atrações do Carnaval no Parque, que reunirá mais de 50 atrações

 

 
 
Cidade em que a música é a manifestação artística de maior popularidade, Brasília vai receber em 2019 uma grande variedade de shows, protagonizados por artistas nacionais e internacionais de diferentes segmentos. Pelo que o Correio apurou, por enquanto, há a predominância de cantores e bandas brasileiras, na programação que tem início no fim da próxima semana.
 
Na abertura da agenda, a atração é Moraes Moreira, um dos destaques dos Novos Baianos, que cumpre rápida temporada, de 11 a 13 de janeiro, no Teatro da Caixa com o show Música e poesia, no qual leva ao público canções, poemas e cordéis, e homenageia grandes nomes da literatura, como Jorge Amado, Carlos Drummond de Andrade, Guimarães Rosa e o rei do baião, Luiz Gonzaga. Ele vai ter como convidado o filho e guitarrista Davi Moraes.
 
Também será em janeiro a continuação do projeto Hostel Produções, no Setor de Clubes Sul, que começou em dezembro do ano passado. No dia 5, MC Marcinho se apresenta com o projeto Nostalgia, enquanto no dia 12 será a vez do MC Davi comandar a festa Perde a Linha. Dia 26 a funkeira Pocahontas será a atração do Chá da Alice.

 Peppino Di Capri faz show na reabertura do Centro de Convenções ao lado de Zizi Possi (Reprodução/Internet)  

Peppino Di Capri faz show na reabertura do Centro de Convenções ao lado de Zizi Possi

 



O projeto V.I.V.A, que ocupa o gramado do clube ASES (Setor de Clubes Sul), vai oferecer, entre este mês e fevereiro, uma série de shows, aos sábados e aos domingos, no final da tarde. O primeiro a se apresentar, no dia 26, é o DJ Bhaskar. Em seguida virão 3030 (dia 27), Jetlag (2 de fevereiro), Melim (3 de fevereiro), Chemical Surf (9 de fevereiro), Banda Eva (10 de fevereiro), Yuri Martins (16 de fevereiro) e Vitor Kley, no encerramento, no dia 17.
 
O complexo Yurb é outro espaço da cidade que se agita em 2019. O local já tem confirmado o show do grupo baiano É o Tchan, em 19 de janeiro, com o Bloco Sabe de Nada Inocente. Em fevereiro, no dia 16, a banda Sorriso Maroto retorna a Brasília para show no complexo. Sob o título de Fica combinado, o evento terá ainda a banda brasiliense Di Propósito.
 
Momentos especiais
 
Ainda em janeiro, Brasília será palco de mais uma gravação de DVD. A dupla Diego & Victor escolheu a capital federal como cenário do primeiro material nesse formato da carreira. O show de gravação será no dia 26, às 21h, no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. Já estão confirmadas as presenças de Dilsinho, Zé Neto & Cristiano e Marília Mendonça como participações especiais do projeto.
 
O cantor Thiaguinho anunciou, ainda em 2018, que a turnê Tardezinha, em que celebra o repertório do pagode brasileiro dos anos 1990 e 2000, entraria em hiato após três anos pelo Brasil. Para encerrar o projeto, o artista fará uma turnê de adeus que passará por todas as cidades que a Tardezinha visitou e Brasília é uma delas. O pagodeiro desembarca na cidade em 9 de fevereiro, na Orla do Lago Paranoá, com repertório pré-carnavalesco.
 
A terceira edição do Carnaval no Parque vai movimentar a Praça das Fontes do Parque da Cidade do final de fevereiro até o segundo final de semana de março. No período, pelo Palco Principal e pelo Palco Ritmos, vão passar nada menos que 50 atrações. O grupo baiano Harmonia do Samba e o DJ carioca Dennis animam o pré-carnavalesco no dia 23 fevereiro.

Moraes Moreira fará três dias de show no Teatro da Caixa em janeiro (Marcos Hermes/Divulgação)  

Moraes Moreira fará três dias de show no Teatro da Caixa em janeiro

 



A mistura de ritmos vai ser observada também durante a folia com a apresentação de astros e estrelas do porte de Alok, Anitta, Xand, Henrique & Juliano, IZA, Saulo, Léo Santana, Kevinho e Wesley Safadão. Ferrugem e É o Tchan comandam a ressaca de carnaval, fechando o agito. Tudo isso no Palco Principal. O Bloco do Silva (cantor e compositor capixaba), o grupo baiano Attoxxa, a banda Francisco El Hombre e os blocos brasilienses Maria Vai com As Outras, Novos Candangos, Aparelhinho, Criolina, Divinas Tetas e Eduardo e Mônica fazem a festa no Palco Ritmos.
 
Em maio, Brasília recebe mais uma edição do Villa Mix festival. Essa será a primeira vez que o evento será realizado dentro do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha e terá o tema Música é mix. No line-up estarão artistas da música sertaneja, do forró e da música eletrônica.
 
MPB, rock e pop
 
Com a auditório master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães em obras neste mês e em fevereiro, aquele palco só vai voltar a receber shows a partir de março. A reabertura vai reunir o cantor italiano Peppino Di Capri e a cantora paulistana Zizi Possi, no dia 14 daquele mês. Na sequência vão se apresentar Milton Nascimento (13 de abril), Djavan (27 de abril) e Nando Reis (4 de maio).

Los Hermanos passarão por Brasília em turnê que marca o retorno da banda aos palcos
 (Copacabana Filmes/Divulgação)  

Los Hermanos passarão por Brasília em turnê que marca o retorno da banda aos palcos

 



Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá se apresentam no Ginásio Nilson Nelson, em 23 de março, com show em que comemoram os 30 anos do lançamento dos discos Dois e Que país é este. Os Los Hermanos também se reúnem após um hiato para show no dia 27 de abril no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. Brasília será a sexta cidade a receber a turnê que marca a volta do grupo depois de quatro anos distante dos palcos.
 
Em nova turnê, que tem início no dia 11, no Rio de Janeiro, Ney Matogrosso chega a Brasília em 25 de maio para apresentação no auditório master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Em seu show, o cantor interpreta composições de Chico Buarque, Caetano Veloso, Raul Seixas, Rita Lee e de outros nomes consagrados da MPB, que ainda não haviam feito parte do seu repertório.
 
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Correio Braziliense segunda, 31 de dezembro de 2018

TUDO PRONTO PARA A POSSE DE IBANEIS

 


Tudo pronto para a posse de Ibaneis
 
 
O governador diplomado do Distrito Federal assumirá o cargo amanhã, em solenidade marcada para começar às 11h, no Salão Branco do Palácio do Buriti. Antes, haverá missa no Santuário Dom Bosco. Ele também empossará os 27 secretários de Estado

 

ANA VIRIATO

Publicação: 31/12/2018 04:00

Estrutura para o evento oficial começou a ser montada na última semana, em frente à sede do Executivo local
 (Fotos: Wallace Martins/Esp. CB/D.A Press
)  

Estrutura para o evento oficial começou a ser montada na última semana, em frente à sede do Executivo local

 

Primeiro brasiliense eleito para o comando do Distrito Federal, o advogado Ibaneis Rocha (MDB) submete-se, amanhã, aos tradicionais ritos cerimoniais de posse. O emedebista receberá a faixa de governador das mãos de Rodrigo Rollemberg (PSB) em solenidade de transmissão de cargo prevista para as 11h, no Salão Branco do Palácio do Buriti. Logo depois, segue para a Praça do Buriti, onde empossará os 27 secretários de Estado escolhidos ao longo da transição e discursará para mil convidados, entre autoridades e familiares, em estrutura montada especialmente para o evento.
 
Na data em que assumirá o comando da capital, Ibaneis vestirá um terno escuro da tradicional grife alemã Hugo Boss e uma gravata azul. Os deslocamentos entre eventos serão realizados em seu carro pessoal. No primeiro compromisso do dia, o governador diplomado participa da missa em Ação de Graças do Santuário Dom Bosco, na Asa Sul, às 8h — a celebração é aberta ao público.
 
O escoltamento de Ibaneis, iniciado a partir da residência do emedebista, no Lago Sul, será realizado pelo Regimento de Polícia Montada e por motociclistas do Batalhão de Trânsito. Os militares acompanharão, ainda, as demais locomoções da comitiva do futuro chefe do Palácio do Buriti.
 
Do santuário, o emedebista segue para a Câmara Legislativa. Às 9h30, prestigiará a cerimônia de posse dos 24 futuros deputados distritais no plenário da Casa. Ao fim do ato, o advogado será encaminhado a uma sala reservada, onde deve aguardar pela solenidade na qual será empossado e, portanto, legitimado para ocupar a cadeira de governador da capital.
 
Por volta das 10h30, uma comissão de parlamentares o busca para a cerimônia, a ser conduzida pelo distrital Robério Negreiros (PSD), único integrante da Mesa Diretora reeleito, e realizada no auditório da Câmara Legislativa. Chegando no espaço, com capacidade para cerca de 500 pessoas, Ibaneis receberá honras militares e, junto ao vice-governador diplomado, Paco Britto (Avante), comporá a mesa.
 
Para iniciar a solenidade, são executados o Hino de Brasília e o Nacional. Negreiros realizará um pronunciamento inicial e lerá o termo de posse que, na sequência, será assinado pelo futuro governador. Após esse momento, Ibaneis realizará o primeiro discurso como chefe do Buriti. A cerimônia, então, chega ao fim, com a convocação para a eleição da Mesa Diretora da Câmara Legislativa, prevista para as 15h.
 
Em um comboio, o governador diplomado se dirige ao Palácio do Buriti e sobe pela rampa da Loba Romana até a porta, onde será cumprimentado pelo atual chefe do Executivo local, Rodrigo Rollemberg. No último ato como comandante do GDF, o socialista entregará a faixa ao sucessor.
 
No ato mais aguardado do dia, Ibaneis subirá ao palco, numa estrutura montada na praça do Buriti, para discursar e dar posse aos secretários de Estado. Para a solenidade, foram distribuídos 2 mil convites. O espaço conta com três divisões para acomodação: autoridades, família e demais convidados. Do evento, o emedebista segue para a posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL).

 


Segurança
 
A Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social montou um esquema de policiamento reforçado para a posse, com 2 mil policiais em ação. O Centro Integrado de Operações de Brasília (Ciob) funcionará com 30 agências integradas, que incluem até mesmo órgãos federais. A Subsecretaria do Sistema de Defesa Civil e o Esquadrão de Bombas da Polícia Militar do Distrito Federal farão varredura nos locais das três solenidades — Santuário Dom Bosco, Câmara Legislativa e Palácio do Buriti — para prevenir eventuais riscos. Nas localidades, ainda haverá policiamento fixo.
 
O Corpo de Bombeiros também atuará na região das cerimônias com viaturas de atendimento emergencial e de salvamento. Serão 66 bombeiros e seis viaturas na operação. Devido à posse presidencial, que ocorrerá no mesmo dia, as delegacias da Criança e do Adolescente, da Mulher e a 1ª e a 5ª Delegacias de Polícia terão o efetivo reforçado para atender a população.
 
Trânsito
 
Em razão das cerimônias de posse e de transmissão do cargo, haverá alterações no esquema de trânsito. A faixa da direita do Setor de Indústrias Gráficas (SIG), entre a Câmara Legislativa e o Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT), será exclusiva para os participantes da cerimônia do Legislativo local, a partir das 8h. O estacionamento externo do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) estará reservado para convidados.
 
Está prevista também intervenção na via S1, em frente à Casa, após o término da solenidade, para o deslocamento do futuro governador e do vice-governador diplomado, Paco Britto. Entre a Câmara Legislativa e a sede do Executivo local, será montado um ponto de travessia de pedestres, sob a coordenação dos agentes do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran).
 
Para o último ato, em frente à Praça, o trânsito na via N1 ficará bloqueado a partir das 10h. No mesmo horário, haverá desvios para a lateral do Tribunal de Contas do DF (TCDF), subindo pela pista localizada atrás do Palácio do Buriti, que terá o sentido único invertido.
 
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Correio Braziliense domingo, 30 de dezembro de 2018

CELEBRAÇÃO COMPLETA NO RÉVEILLON

 


Celebração completa no réveillon
 
 
O Correio preparou um roteiro para você aproveitar a véspera do ano-novo na cidade. Além das orientações sobre o funcionamento dos principais serviços públicos, tem gastronomia, lazer, cultura e muita festa!

 

VINÍCIUS NADER

Publicação: 30/12/2018 04:00

Às vésperas de comemoramos a chegada de mais um ano e de novos governos, tanto em Brasília quanto na esfera federal, a capital ferve de opções para quem quiser aproveitar o que temos de melhor. Em um dia, é possível tomar café numa badalada confeitaria, conhecer pontos turísticos e relaxar em meio à natureza. Os cinéfilos de plantão ainda podem curtir uma sessão com direito a combo de pipoca e refrigerante. Confira um roteiro completo para amanhã e aproveite!
 
 (Iano Andrade/CB/D.A Press - 10/8/11
)  
8h30
O Caramella Café é uma opção para quem quiser começar o dia bem alimentado. O espaço, na 303 Norte,  oferece um farto bufê de café da manhã. Por R$ 28, você pode, com calma, degustar itens salgados, como pães caseiros, frios e tortas, e doces, como os biscotinhos e os bolos do dia. À la carte, o local oferece omeletes e tapiocas, além de waffles. Para beber, vale apostar em sucos, chocolate quente ou no tradicional café. O Caramella funcionará amanhã das 7h30 às 14h. Informações: 3326-8001.
 
 (Ed Alves/CB/D.A Press
)  
10h
Que tal tomar um banho de história? Um bom lugar para isso é o Museu Vivo da Memória Candanga. Até as 14h, o público poderá conhecer detalhes de Brasília, desde o plano original até a inauguração. O foco é no Núcleo Bandeirante, que abrigou um dos primeiros acampamentos de candangos, ainda na década de 1950. São objetos e fotos da época da construção da nova capital distribuídos em charmosa construção de tábuas. A entrada é franca. Endereço: Epia Sul, SPMS, Lote D — Núcleo Bandeirante. Informações: 3301-3590.
 
 (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
)  
12h
Bem pertinho do centro do poder, o restaurante Figueira da Villa ficará aberto até as 16h. As especialidades da casa são carnes, preparadas à moda uruguaia, na parrilla. Cortes como a paleta de cordeiro (foto), o ojo de bife e o ancho ganham acompanhamentos, entre outras delícias, de farofa e arroz parillero, por exemplo. Não deixe de apreciar as sobremesas com o autêntico doce de leite porteño. Endereço: Acampamento DFL Lote 2, Vila Planalto. Informações: 3081-0541.
 
 (Bay Films/Divulgação
)  
15h
Balde de pipoca em mãos, o cinema do Pier 21 tem sessão às 15h30 do blockbuster Bumblebee (foto), uma espécie de spin-off da saga Transformers. A trama conta a história de amizade entre uma jovem de 18 anos e um carro-robô que ela acha num ferro-velho. Se a ideia é curtir algo mais leve, às 15h, no mesmo cinema, tem sessão de O retorno de Mary Poppins, com Emily Blunt no elenco. Endereço: Setor de Clubes Esportivos Sul (SCES), Trecho 2.
 
 (Carlos Silva/CB/D.A Press
)  
18h
Depois do filme, se ainda não quiser ir se preparar para a festa de logo mais, ainda dá tempo de aproveitar que estamos no horário de verão e se encantar com o pôr do sol na Ermida Dom Bosco, que nem é tão longe do Pier 21. Dá para entrar 2019 com as energias renovadas.
 
 (Helio Montferre/Esp. CB/D.A Press
)  
20h
As celebrações do ano-novo começam a todo o vapor na cidade. Além das opções gratuitas na área externa do Mané Garrincha e na Prainha, há festas para todos os gostos. Veja o roteiro no Diversão&Arte. A tradicional queima de fogos ocorrerá no Lago Paranoá este ano.
 
Esplanada dos Ministérios ficará fechada a partir de hoje ( Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
)  
Esplanada dos Ministérios ficará fechada a partir de hoje
Atenção ao trânsito
 
Serviços públicos e pontos turísticos de Brasília sofrerão alterações nos horários de funcionamento neste fim de ano. Além do tradicional feriado de ano-novo, o primeiro dia de 2019 será marcado pelas posses presidencial e no Governo do Distrito Federal. O trânsito nas proximidades do Palácio do Buriti terá alterações na manhã de 1º de janeiro. Por volta das 8h, nas proximidades da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), a faixa da direita, entre a sede do Poder Legislativo local e o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), será exclusiva para os participantes do evento de posse.
 
Para a cerimônia de posse presidencial, a partir de hoje, além das vias N1 e S1, a N2 e a S2 serão fechadas. Somente pessoas credenciadas poderão circular na Esplanada. E, 1º de janeiro, a partir das 8h, além dos bloqueios já realizados, parte da via L4, no sentido norte/sul, entre a Vila Planalto e a Procuradoria-Geral da República (PGR), ficará interditada.
 
No sentido sul/norte, o trânsito seguirá sem bloqueios. O acesso à L4 pela Ponte JK também será bloqueado. Dessa forma, o trânsito de veículos será desviado para o Setor de Clubes Sul. No mesmo horário, o Buraco do Tatu, ligação entre a L2 Sul e L2 Norte, também será fechado.
 
Delegacias e emergências de hospitais funcionarão em plantão. O transporte público terá reforços em horários de maior demanda. Veja como funcionarão cada um dos serviços e os principais pontos turísticos da cidade amanhã e na terça-feira no quadro ao lado.
 
O que abre e o que fecha
 
Detran-DF
  • Não haverá atendimento ao público em 31 de dezembro e em 1º de janeiro. As unidades do Na Hora funcionarão na segunda até as 13h, enquanto as equipes de fiscalização atuarão em escalas de plantão.
 
Hemocentro
  • Em 31 de dezembro, atenderá das 7h às 12h. No primeiro dia de 2019, estará fechado.
 
Na Hora
  • Na segunda-feira, abrem das 7h30 às 14h. Os postos estarão fechados em 1º de janeiro.
 
Comércio
  • Segundo o Sindivarejista, as lojas do Distrito Federal funcionarão até as 15h da véspera de ano-novo. No dia 1º, o comércio não abre.
 
Saúde
  • Na segunda-feira, as unidades básicas de saúde e os ambulatórios dos hospitais funcionam até as 14h. Depois disso e em 1º de janeiro, o atendimento será 24 horas nas emergências dos hospitais regionais, Instituto Hospital de Base (IHB) e nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).
 
Corpo de Bombeiros
  • O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal funciona 24 horas por dia. Durante o feriado de ano-novo, o número de militares será intensificado por meio de escalas extras para a Operação Réveillon, que ocorrerá no Estádio Nacional de Brasília e na Praça dos Orixás, a Prainha. Serão 30 militares a mais. A população pode acionar a corporação pelo número 193.
 
Delegacias
  • Unidades da PCDF terão atendimento das 8h às 14h no dia 31. Em 1º de janeiro, o funcionamento será em esquema de plantão. As Centrais de Flagrantes e o telefone 197 funcionarão 24 horas.
 
Transporte público
  • Os ônibus com destino ao estacionamento do Estádio Nacional de Brasília terão reforço durante a virada, entre as 22h e as 2h. A linha 103.1 fará o trajeto circular entre a Rodoviária e o Pontão do Lago Sul com duas viagens por hora para quem for passar a virada do ano na Prainha. No dia 1º, as linhas terão reforço entre as 9h e as 12h e das 16h até as 19h para a posse. Já o metrô circulará das 6h às 22h na véspera do ano-novo e das 7h às 20h no primeiro dia de 2019. Não haverá reforço na quantidade de trens.
 
Aeroporto
  • Para evitar contratempos, a Inframérica recomenda que os passageiros com voos marcados cheguem ao Aeroporto de Brasília com antecedência de 1h30 para voos domésticos e 2h30, para voos internacionais.
 
Bancos
  • Não haverá expediente nas agências bancárias em 31 de dezembro em 1º de janeiro.
 
Eixão do Lazer
  • Devido à posse presidencial, o trânsito de veículos estará liberado nos Eixos Rodoviários Norte e Sul. Portanto, não haverá Eixão do Lazer hoje.
 
Pontos turísticos
  • O Jardim Zoológico funcionará normalmente na segunda e na terça-feira, das 8h30 às 17h. O Jardim Botânico abrirá no dia 31 até as 12h e fechará em 1º de janeiro. O Museu Vivo da Memória Candanga funciona das 9 às 14h no dia 31 e não abre no primeiro dia de 2019. O Parque Nacional de Brasília (Água Mineral) funciona em 31 de dezembro até as 12h e não abre no dia 1º.  Catetinho, Jardim Botânico, Torre de TV, Museu Nacional, Torre de TV Digital, Cine Brasília e Biblioteca Nacional só retornam às atividades em 2 de janeiro.
 
Caesb
  • No dia 31 de dezembro, a companhia terá expediente até as 14h. O atendimento na Central 115 é ininterrupto e equipes de manutenção estarão em regime de plantão. Em 1º de janeiro, o atendimento será feito pela Central 115, de forma ininterrupta, e equipes de manutenção estarão em regime de plantão.
 
CEB
  • Na segunda-feira, as agências de atendimento abrirão pela manhã, das 8h às 14h. O teleatendimento pelo 116 e os serviços de urgência funcionarão normalmente, 24 horas.
 
Limpeza urbana
  • O Serviço de Limpeza Urbana (SLU) seguirá com coleta no dia 31 de dezembro em meio período. No dia 1º de janeiro, as equipes farão plantão somente na área central.
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Correio Braziliense sábado, 29 de dezembro de 2018

PRESIDENTE ELEITO ESTÁ SOB RISCO

 


Presidente eleito está sob risco
 
 
Grupo de inteligência detecta grau de ameaça "acima da normalidade" durante a cerimônia de posse. Aparato de segurança é reforçado, com mais efetivo policial nas ruas e no aeroporto e ações estratégicas de proteção

 

» RODOLFO COSTA

Publicação: 29/12/2018 04:00

Encontro inédito: promessa de acordos na primeira visita oficial de um premiê israelense ao país (Leo Correa/AFP)  

Encontro inédito: promessa de acordos na primeira visita oficial de um premiê israelense ao país

 



O grau de risco de ameaça ao presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), é considerado acima do normal e também o maior em relação aos antecessores. O grupo de inteligência multidisciplinar das forças de segurança públicas e de Estado têm informações que sinalizam perigo para o futuro presidente. Os dados estão sendo utilizados para definir estratégias e garantir a segurança do pesselista no dia da posse, em 1º de janeiro, na próxima terça-feira.

As análises vêm sendo colhidas desde antes de o presidente eleito sofrer um atentado, em 6 de setembro, em Juiz de Fora (MG), durante a campanha eleitoral. Com a vitória nas urnas, o mapeamento de ameaças se intensificou. Desde então, o grupo composto pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, pela Polícia Federal (PF), pelas Forças Armadas e pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) levantou diversas informações para monitorar os riscos a Bolsonaro, explicou o responsável pelo Comando de Operações Aeroespaciais (Comae), major-brigadeiro do Ar, Ricardo Cesar Mangrich.

Desde uma informação mais robusta e concreta, a algo menor ou até “achismos”, tudo é meticulosamente monitorado, disse ele. “Existe um processo metodológico para se chegar e medir o grau de ameaça. Informes, informações, algumas até um pouco dispersas. Mas tudo isso compõe um cenário para o risco avaliado. Não é alto ou altíssimo, mas foi considerado fora da normalidade. Por isso, adotamos uma postura extremamente protetiva”, destacou Mangrich.

As ameaças por terra estão sob monitoramento do Comando Militar do Planalto. Dentro do efetivo militar a ser empregado na posse, ainda não anunciado pelo Exército, estão 28 atiradores de elite, localizados estrategicamente nos topos dos ministérios desde às 3h. A segurança será reforçada até no Aeroporto de Brasília. As polícias federal, militar e civil vão aumentar o efetivo no terminal.

Monitoramento

Pelo ar, os riscos serão monitorados pelo Comae, departamento supervisionado pela Força Aérea Brasileira (FAB). As operações aeroespaciais estarão atentas a todo e qualquer tipo de aeronave que sobrevoar um raio de 130km a partir da Praça dos Três Poderes, na Esplanada dos Ministérios, sobretudo ultraleves. Para Mangrich, são modelos que apontam uma probabilidade maior de risco.

Aeronaves de baixa performance são costumeiramente usadas, fruto de roubo ou sequestro pelo narcotráfico. Por serem de pequeno porte, são pouco complexas e de fácil acesso para os criminosos. “Essa é a maior ameaça”, admitiu Mangrich. O titular do Comae assegurou, no entanto, que a segurança do espaço aéreo estará garantida. “Teremos mais de 1 mil homens e 20 aeronaves”, declarou.

Apesar de o uso de ultraleves ser ligado ao narcotráfico, Mangrich negou alguma vinculação das ameaças a Bolsonaro com o crime organizado. O grau de risco, reforçou, não é de uma organização específica ou órgão internacional ou nacional. Uma série de pequenas informações levou à consciência de que o risco está além do normal”, justificou.
 
Jornal Impresso
 
 
 

Correio Braziliense sexta, 28 de dezembro de 2018

BRASÍLIA SE PREPARA PARA AS POSSES


Posses mudam rotina na capital

 
 
A partir de amanhã, o trânsito na Esplanada estará interditado e só será liberado depois da passagem da faixa presidencial, em 1º de janeiro. No mesmo dia, a troca de cargos no Executivo local causará interrupções no tráfego de veículos
 

 

» LUCAS VALENÇA
» WALDER GALVÃO
ESPECIAIS PARA O CORREIO

Publicação: 28/12/2018 04:00

Esplanada já começou a ser enfeitada para a posse do presidente eleito; ambulantes como Gil Rodrigues não poderão trabalhar no local na terça-feira; blocos de concreto impedirão acesso de carros (Fotos: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  

Esplanada já começou a ser enfeitada para a posse do presidente eleito; ambulantes como Gil Rodrigues não poderão trabalhar no local na terça-feira; blocos de

concreto impedirão acesso de carros


Os preparativos para a posse presidencial começam a mudar a rotina dos brasilienses. Na madrugada de amanhã, o trânsito na Esplanada dos Ministérios já será interditado para as operações de organização do evento, que vai mobilizar um sistema de segurança inédito na capital federal. Barricadas e cercas de metal estão sendo montadas e policiais têm circulado o local com mais frequência. A intenção é evitar um novo ataque ao presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), e às autoridades presentes.
 
As forças de segurança, tanto distritais quanto federais, atuam de forma integrada. As operações e preparativos serão intensificados a partir de amanhã e continuarão até o encerramento do evento político, marcado para 1º de janeiro e que deve receber entre 250 mil e 500 mil pessoas, segundo informações da Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social (SSP-DF).

 
Além das polícias Federal, Militar e Civil, compõem esse grupo o Exército, o Corpo de Bombeiros e o Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF). O monitoramento e a coordenação das atividades estão a cargo do Centro Integrado de Operações de Brasília (Ciob), ligado à SSP-DF. Também será criada a Cidade Policial, espaço instalado próximo ao Museu da República e que servirá de ponto de apoio a profissionais de todos os órgãos de segurança envolvidos.
 
Quatro linhas de revistas serão montadas a partir da Rodoviária do Plano Piloto, com fiscalização manual. Detectores de metais também serão usados, aleatoriamente, ao longo do percurso. Segundo o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), só será permitida a entrada com frutas e pacotes de biscoitos. Barracas com água estarão espalhadas ao longo da Esplanada e banheiros químicos, à disposição do público. Entre os objetos restritos durante a solenidade estão guarda-chuva, carrinhos de bebês, fogos de artifício e bolsas e mochilas (veja quadro).

 
Foram instalados ainda bloqueadores de aparelhos controladores de drones e de objetos que operem com frequência clandestina. Esses aparelhos não devem afetar, no entanto, o uso de celulares.
 
Delegacias próximas ao local terão reforço. Mais investigadores serão disponibilizados para a 1ª, 2ª e 5ª delegacias de Polícia, além das especializadas da Criança e do Adolescente e da Mulher. Na Esplanada atuarão mais de 2,6 mil policiais militares, 36 agentes de trânsito e mais de 350 militares do Corpo de Bombeiros.
 
Mudanças
Na madrugada deste sábado, as vias N1 e S1 serão interditadas para o tráfego de veículos. Os pedestres ainda poderão circular livremente. No domingo, porém, a N2 e a S2 também ficarão fechadas, o que limitará o acesso à Esplanada dos Ministérios apenas às pessoas credenciadas.
 
No dia da posse, mais vias passarão por interdição. Parte da L4 será bloqueada, entre a Vila Planalto e a Procuradoria-Geral da República (PGR), sentido Saída Sul. O tráfego estará liberado no sentido inverso. O ponto de acesso da Ponte JK até a L4 também permanecerá interditado. A orientação é de que os condutores sigam pelo Setor de Clubes Sul. O acesso ao Buraco do Tatuí, próximo ao Museu da República, não estará liberado (confira Mapa). 
 
O presidente eleito sai da Granja do Torto por volta das 14h e, de lá, deve seguir para a Catedral Metropolitana de Brasília, onde haverá culto ecumênico. O cortejo passará pelo Congresso Nacional, onde ocorrerá a troca de faixa. Em seguida, Bolsonaro irá ao Palácio do Planalto e o encerramento da cerimônia está previsto para as 18h30, no Itamaraty. Três telões serão instalados ao longo da Esplanada para transmitir o evento.
 
Ontem, placas de concreto começaram a ser instaladas próximo à Rodoviária do Plano Piloto. Elas ficarão espalhadas ao longo da Esplanada para impedir que veículos invadam o gramado durante a posse presidencial. O trânsito de veículos permanecerá inalterado nos Eixos Norte e Sul, por isso, o Eixão do Lazer, tradicional aos domingos e feriados, não será realizado.
 
Além do plano de segurança e trânsito, os presentes na posse contarão com esquema para emergências médicas. Ao todo, 70 profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) estarão de plantão, com técnicos de enfermagem, enfermeiros, médicos e coordenadores de área. Um posto móvel de regulação e uma unidade de atendimento a múltiplas vítimas serão instalados. A operação prevê ainda a presença de transporte aeromédico.
 
A cerimônia de posse de Ibaneis Rocha (MDB) no Governo do Distrito Federal também alterará o trânsito. A solenidade começa às 8h, com missa no Santuário Dom Bosco. Nesse momento, não haverá mudanças nas vias, mas a recomendação é de que os motoristas fiquem atentos à movimentação. Às 9h30, o novo governador seguirá para a Câmara Legislativa do DF. A faixa da direita da Epig, pista que dá acesso ao Eixo Monumental e passa ao lado do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), será usada exclusivamente para os participantes do evento. Em seguida, a cerimônia prossegue no Palácio do Buriti e haverá uma interdição na via S1, em frente à CLDF.
 
Enquanto ocorre a troca de faixas entre Rodrigo Rollemberg (PSB) e Ibaneis, no Palácio do Buriti, o trânsito na via N1 ficará totalmente bloqueado em frente à sede do Executivo local. O Detran-DF desviará o tráfego para a lateral do Tribunal de Contas do DF (TCDF) e seguirá pela pista atrás do Palácio do Buriti, que terá o sentido único invertido. Depois, os veículos serão guiados em direção à Terracap, retornando para a via N1.
 
Proibição
O forte efetivo de segurança mudará a rotina dos ambulantes que atuam no local há anos e que já tiveram a permissão de venderem seus produtos em outras trocas de faixas presidenciais. Dessa vez, a entrada não está autorizada. Gil Rodrigues de Araújo, 65 anos, vende seus produtos há 19 anos e conta que trabalhou nas posses de Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma e nunca viu um sistema de segurança tão restritivo. “Como está todo mundo proibido, não tem o que fazer, então, não vou ter nenhuma renda nesse dia. Vou descansar, mas o dia que eu teria uma oportunidade para ganhar um pouco mais seria este.”
 
Confiante, Maria Odete Silva, 49, é dona do quiosque Churros da Odete, na Rodoviária do Plano Piloto e, ao contrário dos ambulantes, pretende abrir no dia da posse. A previsão é vender bem mais do que o usual. “Estão esperando centenas de milhares de pessoas, então, acredito que vá ter um movimento grande, sim. Além disso, como não vai poder entrar ambulantes, muitos devem vir se concentrar aqui”, acredita a comerciante.
 
 
Orientações
 
Veja onde parar o carro e o que   objetos podem ser levados no   dia da posse
 
Onde estacionar
» Setores de Autarquia Sul e Norte
» Setores Bancário Sul e Norte
» Setores de diversão Sul e Norte
» Plataforma superior da Rodoviária de Brasília
» Shoppings Conjunto Nacional e Conic
» Estádio Nacional de Brasília e Ginásio Nilson Nelson
 
Objetos proibidos
» Bebidas alcoólicas
» Garrafas
» Guarda-chuva
» Fogos de artifício
» Apontadores laser
» Animais
» Bolsas e mochilas
» Sprays
» Máscaras
» Produtos inflamáveis
» Armas de fogo
» Objetos cortantes
» Drones
» Carrinhos de bebê
 
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Correio Braziliense quinta, 27 de dezembro de 2018

MÍSSEIS ANTIAÉREOS NA POSSE DE BLSONARO

 

Espaço aéreo fechado em 1º de janeiro
 
 
FAB monta esquema especial de segurança para impedir a entrada de veículos não autorizados nos céus de Brasília durante a posse de Bolsonaro. A defesa está preparada com aeronaves e mísseis antiaéreos para casos de emergência
 

 

» RODOLFO COSTA
» MURILO FAGUNDES*

Publicação: 27/12/2018 04:00

A posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), contará com um forte esquema de segurança no ar e na terra. Além do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF), que já anunciaram esforços para garantir uma cerimônia segura e sem surpresas para o futuro presidente e os cerca de 500 mil apoiadores que devem marcar presença, as Forças Armadas também terão forte atuação. A Força Aérea Brasileira (FAB) estará com aeronaves e mísseis antiaéreos como “pronta resposta” a possíveis ameaças.

O esquema de segurança montado pela Aeronáutica segue a logística utilizada na Copa do Mundo e nas Olimpíadas, eventos sediados no Brasil em 2014 e 2016, respectivamente. Por meio da criação das chamadas “áreas de exclusão”, só aeronaves autorizadas poderão sobrevoar, em um raio de 130km a partir da Praça dos Três Poderes. Serão três: vermelha, amarela e branca.

A vermelha compreende um raio de 7,4 quilômetros, onde o sobrevoo será proibido. As únicas exceções serão dadas a um helicóptero da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que fará a transmissão oficial do evento, e a Aeronave Remotamente Pilotada (ARP) da Força Aérea. É esse perímetro que estará na mira dos mísseis antiaéreos.

A área amarela deve abarcar um raio de 46,3km, abrangendo o Aeroporto Internacional de Brasília. Para sobrevoar a região, será preciso coordenar autorizações junto à FAB, que assegura que nenhum voo comercial será afetado. A área branca, considerada reservada, abrange um raio de 129,6km. Para sobrevoá-la, não será necessário requerer autorização, apenas o plano de voo.

O objetivo é proteger a todos os espectadores, a exemplo dos eventos esportivos, destaca o comandante de Operações Aeroespaciais da FAB, Major Brigadeiro do Ar Ricardo Cesar Mangrich. “Pretendemos criar uma área de extrema segurança, impedindo a entrada de meios aéreos não autorizados. Para cumprir o objetivo, a Força Aérea Brasileira conta com aeronaves preparadas para a pronta resposta e mísseis antiaéreos”, declarou ao Correio.

Entre os equipamentos citados pelo major, está o drone RQ-900, uma das tecnologias mais novas da Força, que atuará fornecendo dados para segurança e defesa do evento. “Haverá também um sistema de interferência em drones que possam sobrevoar o local. Caso alguma aeronave consiga entrar na área vermelha sem autorização, ela será automaticamente identificada como hostil e estará sujeita às medidas que forem necessárias, inclusive a destruição”, explicou Mangrich.

O reforço militar será feito pelas aeronaves F-5M, A-29, H-60 Black Hawk, H-36 Caracal, RQ-900 Hermes e C-98 Caravan, além de artilheiros munidos de mísseis teleguiados. Os pilotos e demais militares estarão de prontidão para barrar possíveis interceptações que possam colocar em risco a segurança da posse.

Por terra


Por terra, o esquema de segurança estará igualmente reforçado. Militares e membros das forças auxiliares de segurança pública ocuparão pontos estratégicos ao longo da Esplanada. Diante da segurança montada, o recomendável para os interessados em acompanhar a cerimônia na Esplanada dos Ministérios é chegar até as 14h. É nesse horário que Bolsonaro sairá da Granja do Torto rumo à Catedral, onde encontrará o vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão (PRTB). Com batedores e caminho livre, não demorará para que o presidente eleito cumpra o trajeto. A previsão é de que chegue às 14h25.

Por motivos de segurança, não há perspectiva de Bolsonaro participar da tradicional cerimônia religiosa na Catedral. De lá, o presidente eleito e Mourão seguem em carros separados ao Congresso, onde serão recepcionados pelos presidentes do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O cortejo tem previsão de 15 minutos de duração.

Mesmo sem ainda definir se Bolsonaro fará o trajeto no tradicional Rolls-Royce conversível, veículo usado durante cerimônias pelos presidentes desde a década de 1950, todo o percurso será feito ao longo de uma rigorosa segurança. O esquema prevê o uso de equipamentos especiais para bloquear sinais com frequências eletromagnéticas de controle de drones e as chamadas frequências piratas. A população permanecerá isolada das vias sem munir quaisquer itens que possam ser uma ameaça.

Os interessados em acompanhar a posse vão, obrigatoriamente, passar por vistorias pessoais em quatro pontos próximos à Rodoviária do Plano Piloto. Será impedida a entrada de objetos como fogos de artifício, apontadores a laser, objetos cortantes, drones, armas de fogo, produtos inflamáveis e até animais, carrinhos de bebê e guarda-chuvas.

* Estagiário sob supervisão de Leonardo Cavalcanti


Último ensaio

No próximo domingo, com a Esplanada já interditada, será realizado o último ensaio geral da posse. Na ocasião, serão feitas simulações dos percursos que Jair Bolsonaro fará no dia da posse, com alternativas para o caso de chuva. Nessa hipótese, a chegada do presidente eleito não será pela rampa do Congresso, mas pelo Salão Branco, com acesso pela chamada chapelaria. A revista às tropas também será feita em área coberta e a salva de tiros pode até ser cancelada. 
 
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Correio Braziliense quarta, 26 de dezembro de 2018

LUGAR DE FALA E DE ACOLHIMENTO

 

Lugar de fala e de acolhimento
 
 
Após agressões físicas e psicológicas, mulheres encontram apoio e buscam novos significados para a vida, rompendo os ciclos de violência. Espaços para compartilhar relatos e vivências funcionam em Samambaia e na Asa Sul

 

» ALAN RIOS
ESPECIAL PARA O CORREIO

Publicação: 26/12/2018 04:00

Djana Prado passou o Natal de 2017 na rua devido a agressões do ex-marido e ao preconceito de pessoas próximas. Este ano, celebra a superação (Marilia Lima/CB/D.A Press)  

Djana Prado passou o Natal de 2017 na rua devido a agressões do ex-marido e ao preconceito de pessoas próximas. Este ano, celebra a superação

 

 
No dia do Natal de 2017, Djana Prado dormiu na rua. A mulher de 38 anos até tinha uma casa, mas dormir no chão, sem um teto, no frio, era mais seguro do que voltar para lá. “Eu estava comemorando com meu marido, mas ele começou a beber demais e a ficar agressivo. Nós discutimos e ele me bateu muito. Quando eu consegui escapar, corri para fora e ele não me alcançou. Mas eu não tinha para onde ir; então, dormi na rua. Passei o Natal na rua.”
 
Apesar de ter se sentido isolada, Djana não estava sozinha. Ela é uma das milhares de vítimas de violência doméstica do Distrito Federal, capital que registra todo dia mais de 30 casos de agressões sofridas por mulheres. Mas, ao mesmo tempo, surgem locais de apoio para que elas sejam ouvidas, como o projeto de terapia comunitária gratuita no Recanto Ecológico Saburo, em Samambaia.

Em meio à área verde, Djana continua seu relato. “Ele me jogou no chão, me chutou e fez tudo o que uma pessoa pode fazer de ruim, mas eu não podia nem ir para a casa dos meus familiares, porque já ouvi deles que eu merecia apanhar”, conta a paisagista. Ouvindo tudo aquilo, pessoas que sabem o que é ser vítima dessas violências físicas e psicólogas acompanham cada frase que sai com dificuldade da boca de quem tantas vezes foi calada. Uma das ouvintes é Neuza Batista, a assistente social e terapeuta que criou o Projeto Renascer.

“Desde quando eu ainda estava na faculdade de psicologia, muitas mulheres já me procuravam. E percebi que elas precisavam desse apoio. Então me formei, consegui um espaço ecológico e começamos a fazer sessões de terapia comunitária, constelação familiar, meditação, reiki e yoga. Tudo sendo oferecido de graça para a comunidade há sete meses”, explica Neuza.

O interesse em fornecer esse auxílio era antigo. Há 20 anos, ela começou seus trabalhos de assistente social em comunidades do Pôr do Sol e do Sol Nascente, áreas de Ceilândia que abrigam muitas famílias de baixa renda. “E lá eu percebi que a violência doméstica era algo comum na nossa sociedade, tanto que as próprias vítimas tinham dificuldade em perceber que estavam sendo maltratadas.” Neste ano, o sonho de criar um grupo de apoio gratuito saiu do papel e começaram os atendimentos semanais em Samambaia.

Maria*, 47, viveu durante cinco anos em um relacionamento em que ela só podia sair de casa acompanhada do marido. Mas só com a terapia conseguiu enxergar e enfrentar a situação de violência. “Fiquei esse tempo todo sendo torturada psicologicamente pelo homem que vivia comigo, e demorei a perceber que o que ele fazia era quase um cárcere privado. Eu tinha que andar com ele e olhando para baixo, porque ele brigava comigo sempre que eu cumprimentava alguém, achando que eu tinha um caso com essa pessoa. E, mesmo assim, eu me sentia culpada, pedia desculpas, falava que eu estava errada em toda briga.”

 
Escuta atenta
 
Com Elizabeth*, a situação foi ainda prio. Mesmo após ter sofrido vários casos de agressão dentro de casa, foi julgada. Colocavam nela a culpa de tudo o que aconteceu. “Meu marido sempre me desmerecia, eu sofria muita agressão psicológica e verbal. Mas o pior aconteceu com minha filha, de 4 anos. Em 2016, ela começou a ter comportamentos estranhos na escola, só queria ficar embaixo da mesa, não interagia com ninguém e chorava muito. A professora conversou comigo, me alertou que poderia ter acontecido algo e, quando conversei com ela, ela me contou o que o pai dela fez. Na mesma hora, corri direto para a delegacia e fomos para o Instituto de Medicina Legal (IML). Lá foi constatado o estupro”, relata.

Fora do espaço ecológico onde participa da terapia gratuita, Elizabeth ouviu muitas acusações de que ela era a culpada. Ela não entendia, porque não havia escolhido qualquer pessoa para ter um filho e o casal planejou muito a gestação daquela criança. Com a assistência social e o auxílio dos professores e da diretora da escola da menina, a mãe conseguiu encontrar ajuda para seguir em frente. Fez acompanhamento no Programa de Prevenção e Atendimento às Pessoas em Situação de Violência (PAV) e depois conheceu o Projeto Renascer, onde está até hoje. “O pior já passou. Toda vez que vejo essas pessoas que me acolheram, meus olhos se enchem de água.”

Maria também conseguiu sair do relacionamento abusivo e hoje namora um homem totalmente diferente, cuidadoso, carinhoso e respeitoso. “Percebi que temos que nos amar para sermos amadas. Um conselho que eu dou é: lute! Não desista de você, você pode”, afirma.

E, para Djana, o fim de 2018 será diferente. “Por meio das terapias, nós encontramos força para mudar nossas situações, nos protegermos e nos valorizarmos, virando um poste para dar luz a outras mulheres que estão por baixo, sendo agredidas. Então, quero que outras mulheres conheçam minha história e pensem ‘se ela conseguiu, eu também consigo’. Eu consegui me libertar.”


Serviço

  Projeto Renascer
 
Endereço: 
Recanto Ecológico Saburo. 
Área especial 1, 
Feira do Produtor de Samambaia. 
QN 614 — Samambaia Sul
 
Informações: 99835-9938 (Jacira)
 
 
  Projeto Support
 
Endereço: 
Ed. Multiempresarial, 
701 Sul, Sala 309
 
Informações: 99287-2640 (Jeane)
 
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Correio Braziliense terça, 25 de dezembro de 2018

A CHANCE DE UMA NOVA VIDA

 


A chance de uma nova vida
 
Uma criança de 4 anos com câncer, um administrador de empresas que sofreu um AVC e uma publicitária dada como morta. Conheça a história de três brasilienses que renasceram em 2018 após superarem graves problemas de saúde

 

» Mariana Machado 
Especial para o Correio

Publicação: 25/12/2018 04:00

Ana Letícia Santos, 4 anos, lutou o ano inteiro contra a leucemia: a menina sorri por ter vencido a doença e poder voltar à escola em 2019 (Marilia Lima/Esp. CB/D.A Press)  

Ana Letícia Santos, 4 anos, lutou o ano inteiro contra a leucemia: a menina sorri por ter vencido a doença e poder voltar à escola em 2019

 


Eleições, Copa do Mundo, greve dos caminhoneiros. Tragédias e alegrias permearam o ano de 2018 e mexeram com as emoções dos brasileiros. Para alguns, este foi um ano de renascimento.
 
Ana Letícia Santos, por exemplo, se mostrou uma guerreira aos 4 anos, enfrentando um câncer. Em janeiro, a mãe dela, Tuany Santos, 28 anos, então recém-contratada como atendente em um estabelecimento no aeroporto, precisou correr para o hospital quando a menina começou a apresentar os primeiros sintomas do que mais tarde seria diagnosticado como uma leucemia. “No dia 12 de janeiro, ela teve febre, vomitou e manchinhas vermelhas apareceram no corpo. A princípio, a suspeita era de dengue, mas depois veio o resultado com alterações no hemograma e a certeza do que realmente era”, lembra Tuany.
 
Divorciada e mãe também de uma garota de 9 anos, ela se viu sozinha com as crianças na casa em que mora no Setor Oeste da Cidade Estrutural. Como tinha de levar Ana Letícia ao hospital para tratamento quase diariamente, precisou largar o emprego e se dedicar exclusivamente à menina. “A gente a via tão bem e isso acontece de uma hora para a outra. A família ficou chocada, mas ela (Ana Letícia) sempre encarou muito bem. Tem uma luz que eu nunca vi na minha vida”, emociona-se Tuany.

Luiz Fernando passou mal na aula de jiu-jitsu: médicos diagnosticaram um AVC (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)  

Luiz Fernando passou mal na aula de jiu-jitsu: médicos diagnosticaram um AVC

 

Com três meses de tratamento e enfrentando a quimioterapia, os cabelos da garotinha começaram a cair. Quando chegava em casa, sentindo-se mal depois das sessões, dizia à mãe que ia se deitar, mas acordaria boa. Era o jeito dela de dizer que estava tudo bem. Em outubro, entrou no estágio de manutenção, o que quer dizer que ela não tem mais células de leucemia no sangue. As visitas diárias ao hospital passaram a ser mensais, mas o que mais alegrou foi a notícia de que em 2019 poderia voltar para a escola. “Ela estava no jardim 2, e o que mais a deixou triste foi deixar os coleguinhas. Quando soube que poderia retornar, saiu contando para todo mundo”, conta Tuany, que agora poderá voltar a trabalhar.
 
Para a família, fica o sentimento de batalha vencida. “A Ana renasceu e eu, também. Amadureci muito. Aprendi que a gente reclama muito quando não precisa e não agradece pelo que tem. Ver a força tremenda dessa menina tão pequenininha que enfrentou tudo isso e ainda está sorrindo nos faz rever muitos conceitos”, acredita Tuany.
 
O Natal mais especial
Em 29 de novembro o administrador Luiz Fernando Mota, 34 anos, viu de perto a morte. Naquela quinta-feira, ele seguia a rotina normal. Após trabalhar o dia inteiro, foi para a aula de jiu-jitsu, esporte que começou a praticar há um ano. Depois do aquecimento, enquanto praticava técnicas de estrangulamento, começou a passar mal. Perdeu a fala, sentiu formigamento no lado direito do corpo e a boca ficou torta. Era o começo de um acidente vascular cerebral (AVC). Os funcionários da academia chamaram a esposa dele, a servidora pública Érica Cortes, 28, formada em educação física, que foi quem identificou os sinais e percebeu que seria algo mais grave.
 
Luiz passou três dias internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital particular da Asa Sul e mais cinco, no quarto, até ter alta. Ele ficou dias sem andar, nem falar e usando uma sonda para urinar, mas aos poucos foi recuperando os movimentos. Uma semana depois, estava de volta ao trabalho, mas agora ele espera ir com mais calma.

Thaís Amorim teve o intestino perfurado em uma cirurgia: 50 dias hospitalizada (Mariana Machado/Esp. CB/D.A Press)  

Thaís Amorim teve o intestino perfurado em uma cirurgia: 50 dias hospitalizada

 

O administrador conta que os médicos ainda não sabem o que causou o AVC. “Pode ter tido a ver com o golpe que estava treinando, pode ter sido algo súbito, não se sabe. Ainda farei mais exames nas próximas semanas para tentar descobrir”, comenta Luiz. Durante toda a vida, ele praticou os mais diversos esportes e nunca teve problemas de colesterol ou pressão, o que aumenta o mistério das causas.
 
Mas de todo modo, o administrador está mais do que contente com a recuperação. “A minha sensação é de que Deus está me dando uma nova oportunidade para valorizar as coisas simples, como andar ou tomar banho sozinho. A gente começa a ver o que é mais importante na vida”, pondera. “Ficamos presos nas rotinas de trabalho e enchemos a vida de atividades. Queremos abraçar o mundo com as pernas, mas o corpo não aguenta e às vezes algo assim acontece para nos fazer refletir”, diz Luiz. Para ele, a meta em 2019 é viver os 365 dias da melhor forma possível e motivar outras pessoas a vencerem e prevenirem o AVC. “Este com certeza vai ser o Natal mais especial de todos.”
 
Ano da recuperação
O Natal de 2018 também vai ter gosto de vida nova para a publicitária Thaís Amorim, 26 anos. Em 4 de julho, ela foi internada para uma cirurgia de endometriose. Contudo, o que seria a correção de um problema virou algo muito pior quando a médica acabou perfurando o intestino de Thaís sem perceber. O corte infeccionou e ela ficou na UTI por sete dias até que os médicos percebessem o erro. Ela passou por mais duas cirurgias; em uma delas, cerca de dois litros de infecção foram retirados do abdômen.
 
Foram 50 dias hospitalizada e, por três vezes, a família foi chamada para se despedir. Ao fim, parte do intestino dela precisou ser retirado e uma bolsa de ileostomia (semelhante à usada pelo presidente eleito Jair Bolsonaro) foi colocada. Emocionada, a mãe, Sônia Amorim, 49, lembra a angústia de todo o processo. “Ninguém imagina o que é ver a filha entre a vida e a morte. Quando ela estava em coma, peguei na mão dela e disse ‘você vai sair dessa’, e ela deixou uma lágrima escapar. Quando acordou, ela se lembrava daquele momento.”
 
Professora de educação física, Sônia deixou de trabalhar para ficar com Thaís. “Eu e o esposo dela fomos praticamente internados juntos”, conta a mãe da paciente. A família agora prepara um Natal especial, e chamou os parentes que moram em outros estados para comemorar. “No dia 17 de dezembro, foi o aniversário dela, e eu ganhei o melhor presente, que é tê-la comigo aqui”, ressalta Sônia.
 
Em fevereiro, Thaís passará por cirurgia de reconstrução do intestino e deixará de usar a bolsa de ileostomia. Mas ela já está levando uma vida normal. Voltou a trabalhar e usa as redes sociais para aconselhar quem passa por situações semelhantes. “Recebi uma nova chance e, no próximo ano, vou honrar isso. É o ano da recuperação, vou cuidar da saúde e com certeza pretendo ajudar quem está passando pela mesma condição para fazer valer a pena cada experiência que eu passei”, afirma a publicitária.
 
Segundo Thaís, apesar de 2018 ter sido um ano traumático, ela sente gratidão por tudo que aconteceu. “É um baque que coloca a gente no lugar. Minhas metas foram reprojetadas. Eu quero viver os momentos, por mais que simples, com a cabeça no presente, o coração naquilo e estar mais com as pessoas de que eu gosto”.
 
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Correio Braziliense segunda, 24 de dezembro de 2018

ENSAIO PREVÊ CARRO ABERTO

 

Ensaio prevê carro aberto
 
 
Simulação é feita com veículo conversível. Mas, por questões de segurança, Bolsonaro pode ser transportado em modelo fechado no dia da posse

 

» Renato Souza

Publicação: 24/12/2018 04:00

Rolls-royce presidencial faz o percurso com atores no lugar do presidente e da primeira-dama (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)  

Rolls-royce presidencial faz o percurso com atores no lugar do presidente e da primeira-dama

 




Na posse de Jair Bolsonaro como presidente da República, no próximo dia 1º, A Esplanada vai receber uma multidão. De acordo com projeções do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), 500 mil pessoas devem presenciar o desfile entre a cerimônia de posse, no Congresso, e a passagem da faixa presidencial, no Planalto. Durante o evento, o público que vem de vários estados se concentrará no espaço entre os Ministérios.

Para evitar incidentes envolvendo a população, garantir a segurança do futuro chefe do Executivo e das demais autoridades envolvidas, forças de segurança e órgãos que integram a organização do evento realizaram ontem o primeiro ensaio geral. Durante a simulação, os atores que encenaram a presença de Bolsonaro e da primeira-dama, Michelle, desfilaram em carro aberto e acenaram ao público.

Seguindo o cronograma de anos anteriores, a comitiva presidencial foi primeiro ao Congresso Nacional, onde o presidente desce a rampa. Em seguida, sai em desfile, cercado de autoridades até o Congresso Nacional. No caminho, o empossado cumprimenta as pessoas que acompanham a cerimônia. Segundo um integrante da equipe de segurança do Planalto, apesar de a simulação ter ocorrido em carro aberto, a eventual aparição do presidente durante o trajeto entre o Congresso e o Planalto segue indefinida. “Ainda não houve decisão. Os riscos para a segurança dele são muitos e tudo será levado em consideração”, disse.

Turistas que visitavam a Praça dos Três Poderes e os palácios da capital se surpreenderam com a encenação e os desfiles das tropas das Forças Armadas. O administrador Maurício Chaves, de 28 anos, morador de Belém do Pará, foi conhecer a Esplanada e chegou na hora em que estava ocorrendo a simulação da troca da faixa presidencial. “Estou indo para Belém e decidi parar em Brasília para conhecer a cidade. Não estava esperando essa surpresa. Não sabia que ocorriam ensaios antes da posse”, contou.

Neste ano, a segurança será reforçada. A Polícia Militar do Distrito Federal fará um cordão de isolamento na altura da Rodoviária do Plano Piloto. O trânsito será interditado no local do desfile a partir da 0h do dia 29. Por questão de segurança, quem for até a Esplanada vai enfrentar uma série de restrições. O major Michel Bueno, porta-voz da Polícia Militar, afirma que, após os testes, o esquema de segurança pode sofrer alterações. “Tudo ainda pode mudar. A PMDF está encarregada de proteger o público e o Exército, a comitiva presidencial. Quem vier de carro, no dia, poderá estacionar por trás dos ministérios ou no Mané Garrincha. Mas o recomendado é vir de transporte público, transporte por meio de aplicativos ou táxis”, disse.

Não será permitido o ingresso na Esplanada de pessoas portando guarda-chuvas, bandeiras com hastes, máscaras ou armas de fogo, mesmo que o cidadão tenha o porte, carrinhos de bebê ou mesmo mochilas e bolsas. Atiradores de elite serão posicionados ao longo dos ministérios. Cerca de 2,6 mil policiais militares farão a segurança da população. 36 agentes do Detran e mais 350 militares do Corpo de Bombeiros também vão atuar.
 
 
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Correio Braziliense domingo, 23 de dezembro de 2018

FUTEBOL: AS SETE MARAVILHAS DO MUNDO REAL

 

As sete maravilhas do mundo Real
 
 
Sétima arte do time merengue consolida era vitoriosa marcada por 16 finais e 14 títulos %u2014 o primeiro sem Cristiano Ronaldo. Iniciada por Di Stéfano e Puskás, a saga do hepta ganha novos heróis

 

Marcos Paulo Lima

Publicação: 23/12/2018 04:00

 

 Sergio Ramos ergue a taça do hepta depois da goleada  por 4 x 1 sobre o Al Ain, dos Emirados Árabes Unidos (Giuseppe Cacace/AFP
  )  

Sergio Ramos ergue a taça do hepta depois da goleada por 4 x 1 sobre o Al Ain, dos Emirados Árabes Unidos

 

 



1960, contra o Peñarol-URU
 (Real Madrid/Divulgação
)  

1960, contra o Peñarol-URU

 

 

 

 

1998, contra o Vasco
 (Real Madrid/Divulgação
)  

1998, contra o Vasco

 

 

 

 

2002, contra o Olímpia-PAR
 (Martin Rose/Divulgação
)  

2002, contra o Olímpia-PAR

 

 

 

 

2014, contra o San Lorenzo-ARG
 (Javier Soriano/AFP - 20/12/14
)  

2014, contra o San Lorenzo-ARG

 

 

 

 

2016, contra o Kashima-JAP
 (Toshifumi Kitamura/AFP - 18/12/16
)  

2016, contra o Kashima-JAP

 

 

 

 

2017, contra o Grêmio (Karim Sahib/AFP - 16/12/17
)  

2017, contra o Grêmio

 

 

 

As sete maravilhas do mundo antigo são a Grande Pirâmide de Gizé, os Jardins Suspensos da Babilônia, o Templo de Artêmis, a Estátua de Zeus, o Mausoléu de Halicarnasso, o Colosso de Rodes e o Farol de Alexandria. O mais fanáticos dos torcedores do Real Madrid contesta. Para o “doente”, as sete maravilhas passam a ser, desde ontem, o título de 1960 contra o Peñarol, o de 1998 diante do Vasco, o de 2002 na vitória sobre o Olimpia, o de 2014 no confronto com o San Lorenzo, o de 2016 na queda de braço com o Kashima Antlers, de 2017 na batalha com o Grêmio, e o de ontem, na goleada por 4 x 1 sobre o Al Ain, dos Emirados Árabes Unidos, em Abu Dabi.

Unificando a Copa Intercontinental, a Copa Toyota e o Mundial de Clubes da Fifa, o Real Madrid é o primeiro heptacampeão. Entra para a história como único tri em anos consecutivos — 2016, 2017 e 2018. A sétima arte assinada pelo time merengue pode ter fechado um dos ciclos mais vitoriosos em 116 anos. A contar de 2014, o Real Madrid disputou 16 finais e ganhou 14 troféus. Ícones dessa era, o zagueiro Sergio Ramos, o centroavante Benzema e o lateral-direito Carvajal estiveram em todas as conquistas.

A hegemonia impressiona ainda mais quando lembramos que o Real Madrid se mantém no topo liderado por três técnicos diferentes. O tempo de vacas gordas começou com o italiano Carlo Ancelotti, passou por Zinedine Zidane e chega às mãos de Santiago Solari. O argentino de 42 anos é o quinto treinador campeão como técnico depois de ter vencido como jogador. Iguala os feitos de Luis Cubilla, Juan Mujica, Carlo Ancelotti e Zinedine Zidane. Em 2002, Solari entrou no lugar de Zidane contra o Olimpia, do Paraguai.

A dinastia do Real Madrid teve correções de rumo. Os treinadores Rafa Benítez e Julen Lopetegui não concluíram os mandatos. Ambos foram demitidos. O triunfo de ontem pode ser interpretado como um divisor entre o velho e o novo Real Madrid. Os veteranos Modric e Sergio Ramos balançaram a rede. Os jovem volante Llorente, 23, e o atacante Vinicius Junior, 18, que teve o lance individual completado por um gol contra de Yahia Nader, anunciam a temporada de renovação do elenco. Por sinal, é o primeiro título depois da saída de Cristiano Ronaldo. O português embarcou no meio do ano para a Juventus.

O contestado Mundial de Clubes comprova mais uma vez o óbvio. A Champions League virou uma espécie de NBA(liga norte-americana de basquete) do futebol. É impossível competir com eles. Houve um tempo em que foi possível. Até 1995, os times da América do Sul tinham 20 títulos contra 13 dos rivais do Velho Continente. A aprovação da Lei Bosman abriu as fronteiras para que o clubes contratassem jogadores de diferentes nacionalidades e montassem seleções mundiais. A balança ficou desequilibrada. De 1995 a 2018, os europeus acumulam 24 títulos e os sul-americanos, 11. Das últimas 12 edições, apenas uma foi conquistada por um time deste lado do Oceano Atlântico. O Corinthians superou o Chelsea por 1 x 0 em 2012.

A América do Sul amarga decadência em todas as competições da Fifa. As últimas quatro edições da Copa do Mundo foram vencidas pela Europa: Itália (2006), Espanha (2010), Alemanha (2014) e França (2018). O Velho Continente também arrematou as três versões recentes do Mundial Sub-20 com França (2013), Sérvia (2015) e Inglaterra (2017). A vergonha é maior ainda no Sub-17. Nas últimas sete edições, dois títulos do México, três da Nigéria, um da Suíça e um da Inglaterra.

“Foi um ano inesquecível para mim, foi perfeito. Este ano sempre vai ter um lugar especial, não poderia pedir mais. Estou feliz pelo gol, é o primeiro que marco nesta temporada. Espero conseguir fazer outros”

Luka Modric, 
melhor do mundo

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Correio Braziliense sábado, 22 de dezembro de 2018

SOPRO DE CULTURA POPULAR: O NORDESTE É AQUI

 


Sopro de cultura popular
 
 
O grupo Mestre Zé do Pife e as Juvelinas lança hoje o segundo CD da carreira com um show no Espaço Cultural Renato Russo da 508 Sul

 

Irlam Rocha Lima

Publicação: 22/12/2018 04:00

O grupo reavivou e renovou a tradição popular nordestina na atmosfera agreste do cerrado com meninas candangas (Davi Mello/Divulgação)  

O grupo reavivou e renovou a tradição popular nordestina na atmosfera agreste do cerrado com meninas candangas

 



“Eu sou um pifeiro pernambucano/ De São José do Egito/ Pense num cabra feio/ Mas tudo meu é bonito/ Se você me procurar/ Moro aqui no Distrito”. Esses versos têm a assinatura de Francisco Gonçalo da Silva, conhecido como Zé do Pife, um dos mais reverenciados representantes da cultura nordestina na capital.

Nascido há 75 anos em Riacho do Meio, município de São José do Egito, no sertão de Pernambuco, mestre Zé do Pife é brasiliense há três décadas. Aqui, desde, então sobrevive com venda de pífano — flauta feita de bambu — que ele próprio fabrica, em Sobradinho, cidade em que mora e de onde se desloca quase que diariamente para o Plano Piloto.

Embora o instrumento seja vendido dentro dos ônibus, em entrequadras, na Escola de Música e no Ceub, é na Universidade de Brasília em que sua clientela é maior. Lá, o pifeiro costuma dar aulas e até oficinas informais a grupos de alunos, atentos ao seu ensinamento, em geral, no Minhocão e em área próxima ao RU, o restaurante universitário, no horário das refeições.

E, não por acaso, foi naquela universidade, criada por Darcy Ribeiro, que o mestre conheceu um grupo de jovens, duas alunas de música e as demais matriculadas em outros cursos. A identificação entre eles foi tão imediata, que após vários encontros e ensaios, surgiu a possibilidade de passarem a tocar juntos. Aí, em 2007, se constituiu Mestre Zé do Pife e As Juvelinas, grupo que desde então tem encantado plateias com apresentações em espaços diversos.

“Conhecer essas meninas foi uma benção para mim. Antes eu só ganhava alguma coisa vendendo pife. Depois que começamos a tocar juntos e formamos o grupo, que tem dado muita alegria. Já fizemos muitos shows, viajamos pelo Nordeste e São Paulo, lançamos um disco e agora vamos lançar outro”, festeja o jovial pifeiro.

Talo de jerimum
O disco de estreia do grupo foi lançado em 2010. O segundo, intitulado Talo de jerimum, tem lançamento hoje, com show, às 18h, no Espaço Cultural Renato Russo. Da programação, fazem parte também a abertura da exposição com fotos e vídeos do Mestre Zé do Pife e As Juvelinas, às 16h30; o lançamento de Travessias, livro de poesias de Keyane Dias, às 17h; apresentação de Daniel Pitanga e Lucas de Campos, às 17h30; e do Cocada Coral, de Goiás, no encerramento, às 19h.

“Foi a partir de talos de jerimum que Seu Zé do Pife e o irmão Zeca do Pife, ainda crianças, confeccionaram seus primeiros instrumentos e começaram uma linda jornada na cultura popular brasileira. Isso nos inspirou na hora da escolha do título do nosso segundo disco”, diz Kika Brandão, que toca pífano e pandeiro no Juvelinas.

Ela conta que o CD foi gravado no final de 2017, para comemorar os 10 anos do grupo. Com a missão de não deixar o pife acabar, Zé do Pife fez escola na cidade. Em aulas e oficinas, ele ensinou muita gente a tocar o instrumento, inclusive As Juvelinas chegou a ter 11 integrantes. Hoje, elas são sete: Kika Brandão (pífano e pandeiro), Maísa Arantes (pífano e rabeca), Naira Carneiro (pífano e sanfona), Andressa Ferreira (caixa tarol), Isa Flor (zabumba), Gotcha Ramil (rabeca) e Luciana Bergamasch (triângulo e prato). Além de tocarem os instrumentos, todas cantam, sob a batuta do Mestre Zé do Pife.

De acordo com Kika, alguns arranjos reconfiguram músicas populares numa leitura inusitada, que leva a marca da banda e aproximam — basicamente ritmos nordestinos —, enquanto outros se aproximam da estrutura musical das bandas de pífanos originais, resgatando a tradição dessa manifestação cultural.

Ao lado do Mestre Zé do Pife, As Juvelinas têm se apresentado em praças, feiras e espaços fechados da cidade, como CCBB, Espaço Cultural Renato Russo, Centro Comunitário da UnB, em Brasília; Mercado Sul, em Taguatinga; Casa do Cantador, em Ceilândia. Em quase todos esses lugares, o grupo costuma realizar oficinas — em geral, gratuitamente.

“Nos dias 3 e 4 de junho do ano passado, promovemos na área da Torre de TV o 2º Encontro de Pífanos de Brasília, com a participação da Banda de Pífanos de Caruaru (Pernambuco), Chão do Pife (Alagoas), Irmãos Aniceto do Crato (Ceará), Flautins Matuá (São Paulo), Carlos Mata (Rio de Janeiro), Duo Alvenaria, Mamulengo Presepada e Ventoinha de Canudo (Distrito Federal)”, destaca Kika.

Um outro projeto importante desenvolvido por Mestre Zé do Pife e As Juvelinas foi o de circulação nacional, em 2014, com passagem por Pernambuco, Paraíba, Ceará, Piauí e São Paulo, graças ao apoio do FAC-DF. A visita a cada uma das cidades em que estiveram teve como foco principal a promoção de intercâmbio artístico-cultural. “Na região de São José do Egito (PE), fizemos várias oficinas nas escolas, com a participação de Zeca do Pife, irmão e parceiro de Seu Zé desde a infância. Seu Zeca ficou feliz, pois despertou o interesse de crianças e jovens, que estavam distanciados do pife”, frisa Kika.

Outra experiência que As Juvelinas consideram marcante foi o encontro com a violeira Isabé da Loca, personagem lendária da música paraibana, na casa dele em Monteiro (PB). “Dona Isabé estava bem doentinha. Já em Brasília, voltamos a nos falar por telefone, três dias antes de ela morrer, recorda-se. “Na região do Cariri (CE) conhecemos as famosas bandas cabaçais; e em São Paulo, emocionadas, tocamos com a Banda de Pife de Caruaru. Há algum tempo, os músicos da banda moram na capital paulista”, constata.

Gravado no final do ano passado, no estúdio Beco da Coruja, o Talo de Jerimum traz 14 faixas. São José do Egito, De avô pro neto, Alvorada e No meio dos outros, são de autoria do Mestre Zé do Pife, parceiro do irmão Zeca do Pife, de Beija-flor. Há as que foram compostas por instrumentistas de As Jovelinas: Caboclinho descompassado (Naire Carneiro), Pão com ovo (Maísa Arantes), Da Oca à Loca (Kik Brandão). Siriema tem como autora Júlia Carvalho (ex-integrante do grupo); Casa de pedra foi feita por Daniel Pitanga; e Conto de sereia por Assis Calixto. Há ainda a regravação de Bendito (homenagem ao Padre Cícero), de domínio público.



Zé do Pife e As Juvelinas
Show de lançamento do CD Talo de Jerimum hoje, às 19h, no Espaço Cultural Renato Russo (50 Sul). Entrada franca. Classificação indicativa livre. Antes, haverá a abertura da exposição de fotos e vídeos do grupo, às 16h30; lançamento de Travessias, livro de Keyane Dias, às 17h; apresentação de Daniel Pitanga e Lucas de Campos, às 18. No encerramento da programação, às 19h, show do grupo Cocada Coral, de Goás.
 
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Correio Braziliense sexta, 21 de dezembro de 2018

FEITO À MÃO E COM AMOR

 


Feito à mão e com amor
 
 
Na contramão dos que enfrentam shoppings lotados para comprar os presentes de Natal, há quem prefira a delicadeza de criar a própria lembrança, carregada de significados e sentimentos

 

» Alan Rios
Especial para o Correio

Publicação: 21/12/2018 04:00

 

Usando a criatividade e a paciência, a aposentada Aparecida Borges faz presentes de Natal para os sete filhos e 13 bisnetos: ela aprendeu a arte aos 15 anos  (Vinicius Cardoso Vieira/Esp. CB/D.A Press)  

Usando a criatividade e a paciência, a aposentada Aparecida Borges faz presentes de Natal para os sete filhos e 13 bisnetos: ela aprendeu a arte aos 15 anos

 



Tinta na mão, cola no dedo, retalhos e miçangas espalhas pelo chão. A escolha de fazer você mesmo o presente de Natal exige paciência e dedicação, mas o brilho no olhar de quem abre o embrulho “faz valer a pena”, garante Aparecida Borges, 69 anos. A aposentada é mais uma das pessoas que passeia pelas lojas de artesanato buscando cada detalhe que fará do seu presente algo especial.

Diferentemente dos que se empurram nas filas dos grandes comércios nessa época do ano, ela prefere transformar sua sala de estar em uma fábrica e botar a mão na massa. “Dá trabalho, mas eu gosto muito. É diferente dar um presente que nós mesmos fizemos. Às vezes, uma roupa não é muito a cara da pessoa, um perfume não agrada, então, gosto de fazer o Natal com coisas do coração”, ressalta Aparecida.

O gosto por esses mimos começou há muito tempo. Aos 15 anos Aparecida passou a fazer artesanato e percebeu o quanto as pessoas gostavam de ganhar algo produzido por ela. Hoje, seus trabalhos são o ponto alto das comemorações de 25 de dezembro com a família. Os sete filhos e 13 bisnetos sempre voltam para a casa com algo personalizado, único.

“Uma dica que dou é fazer uma caixinha de porta-joias. É só comprar uma caixa de madeira, pintar e forrar dentro, até com papel camurça, que acaba sendo uma coisa bem prática e bonita. E são muitas opções de personalização. A pessoa pode fazer a decoupage, colando uma figura na tampa da caixinha e passando uma termolina em cima para impermeabilizar o papel. Fica lindo!”, ensina a aposentada.

Personalidade

Além de mostrarem sempre um grande carinho, os presentes feitos à mão refletem um pouco da personalidade de quem recebe. Escolhendo cada cor, forma e detalhe, quem se aventura nessa produção pode criar algo “único e bem melhor”, acredita Bárbara Costa, 21 anos. A estudante passa um bom tempo escolhendo entre as várias opções de miçangas, adesivos, fitas e tintas para criar algo feito com amor.

“Esses presentes são bem diferentes. Lembro de um que fiz para um namorado: personalizei uma caixa e coloquei dentro cartas manuscritas de diferentes pessoas que ele gostava. Foi muito especial, ele gostou demais”, conta. Bárbara diz que mesmo quem não tem tanta criatividade pode tentar ter um dia de artesão: “A partir de um objeto, podemos fazer diversas coisas diferentes, que combinem com a pessoa”, afirma.

Vendedora de uma loja em artigos para artesanato, no Taguacenter, Malvina Sousa diz que as prateleiras sempre encantam e incentivam os primeiros passos (Vinicius Cardoso Vieira/Esp. CB/D.A Press)  

Vendedora de uma loja em artigos para artesanato, no Taguacenter, Malvina Sousa diz que as prateleiras sempre encantam e incentivam os primeiros passos

 



Opções variadas

Como vendedora de uma loja em artigos para artesanatos, Malvina Sousa, 45, aconselhou vários clientes sobre como fazer o presente ideal. Nessa época, o comércio no Taguacenter não para, segundo ela. Lá se encontram potes, caixas, canecas, copos, tecidos e uma série de opções que podem se transformar em uma lembrança marcante. A vendedora diz que as prateleiras sempre encantam e incentivam os primeiros passos.

A moda de 2018 entre os produtos foram as bandejas de madeira. Simples e baratas, variando muito de acordo com os tamanhos e modelos, elas podem ter diversas utilidades. Elas vão desde as mais básicas, de R$ 5, para servir chás e cafés, por exemplo, até as mais sofisticadas, de R$ 50, que podem se tornar espelhos ou porta-joias. “Uma dica que dou muito é usar como um espelho bem rústico, sem pintar e colocando pérolas ao lado para decorar, com cola de madeira. Também vendemos muito daqueles pequenos pés, como se fossem de sofá ou armário, que dão outro toque ao presente”, comenta Malvina.

A vendedora também dá opções que podem servir como lembrança e embelezarem a ceia do natal: “Hoje em dia, as pessoas estão fazendo muito os sousplats para as mesas, que são aqueles apoios debaixo do prato, que podemos colocar guardanapos também. É algo que dá outra cara para o jantar, decora muito bem a casa. Ele é muito simples, basta comprar um modelo de madeira em MDF e vestir com um tecido, uma capa própria para ele”, ensina.

Caso receba algum embrulho assim no dia 25, Vitória Ferreira, 21 anos, guardará com muito zelo. Para ela, esses artesanatos são a melhor forma de demonstrar os sentimentos de gratidão e compaixão, símbolos de todo mês de dezembro. “Gosto de fazer caixas de presente, que são bem versáteis. A gente pode colar as miçangas, escrever alguma coisa com pincéis ou até pirógrafo, que é aquele que queima a madeira. Dá para pintar da cor que quiser, escrever o que quiser e colocar dentro coisas que a pessoa gosta, desde flor até carta ou outra coisa afetuosa”, diz.


"Uma dica que dou é fazer uma caixinha de porta-joias. É só comprar uma caixa de madeira, pintar e forrar dentro, até com papel camurça, que acaba sendo uma coisa bem prática e bonita. E são muitas opções de personalização”

Aparecida Borges, aposentada


Técnica
A palavra vem do francês e dá nome a uma técnica artesanal feita com recortes de papel, de revista, jornal ou tecidos, por exemplo.

Correio Braziliense quinta, 20 de dezembro de 2018

PRÉVIA DO VERÃO: CHUVA AMANHÃ DEVE AMENIZAR O CALOR

 


Chuva amanhã deve amenizar o calor

 

Mariana Machado
Especial para o Correio

Publicação: 20/12/2018 04:00

Menino pula nas águas do Lago Paranoá: a máxima de 32ºC deve se repetir hoje (Barbara Cabral/Esp. CB/D.A Press)  

Menino pula nas águas do Lago Paranoá: a máxima de 32ºC deve se repetir hoje

 

O verão começa oficialmente na sexta-feira, mas, desde o dia 11, quando a chuva foi registrada pela última vez em Brasília, as altas temperaturas deixaram a capital com a sensação da nova estação. Ontem, os termômetros marcaram até 32ºC no Distrito Federal. A marca deve se repetir hoje, assim como a umidade mínima de 30%, na hora mais quente do dia. Os dados são do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

O Inmet prevê chuva amanhã, com máxima de 29ºC. E a tendência é de que continue nas festas de fim de ano, segundo o meteorologista Manoel Rangel. “No Natal, teremos chuva, mas isso não significa que passaremos o dia todo com tempo fechado. Teremos um dia de sol entre nuvens e um período mais chuvoso entre a tarde e a noite”, disse. A média de chuvas do último mês do ano é de 241,5 mm³. Até ontem, o Inmet registrava 103,9 mm³.

O calor é explicado pela massa de ar seco que cobre boa parte das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul e inibe a formação de nuvens, causando elevação das temperaturas e queda na umidade relativa do ar. Mas, a partir do fim do ano, haverá mais chuvas rápidas, até abril, de acordo com Manoel Rangel. “Os meses mais chuvosos são janeiro e fevereiro, mas isso vai diminuindo gradativamente a medida que entramos na transição para a nova estação.”

Exercícios ao ar livre
O calor intenso, o céu azul e o período de férias escolares fizeram a combinação perfeita para os brasilienses aproveitarem os dias ao ar livre. O oficial militar Marcos Vinicius Araújo, 31 anos, curtiu a manhã no Parque da Cidade fazendo exercícios físicos. Praticante de triatlo amador, o carioca que mora em Brasília há 20 anos, está mais do que acostumado ao calor da capital. “No Rio de Janeiro, o clima é muito quente e abafado, chega a ser insuportável. Aqui é mais agradável”, comentou.

A família Castro aproveitou a quarta-feira de sol ao ar livre na Praia Norte, no Setor de Mansões do Lago Norte. Moradores do Paranoá Parque, eles passaram o dia se refrescando no Lago Paranoá. “Onde moramos, é muito quente, não tem muitas árvores, então viemos dar um passeio. Ainda não tínhamos vindo aqui depois da reforma, e gostamos muito. Está muito bonito, bem estruturado e é um lazer legal”, ressaltou a dona de casa Janaína de Castro Barbosa, 30.

Ela conta que prefere os dias frios e sem chuva, mas os dias quentes também têm suas vantagens. “Os últimos anos têm sido bem quentes e a gente não se acostuma muito com o calor forte e seco, mas, nesta época de férias, é bom para aproveitar o dia”, disse Janaína, que levou o filho para nadar.
 
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Correio Braziliense quarta, 19 de dezembro de 2018

TEMPO DE FÉRIAS: DIVERSÃO

 

Tempo de férias
 
Além de passeios e viagens, os pais podem exercer a criatividade e planejar programações divertidas com os pequenos no período de descanso. Confira o guia com algumas opções de lazer na cidade

 

ERIKA MANHATYS*

Publicação: 19/12/2018 04:00

Brincadeiras que estimulem a imaginação ajudam a desenvolver a capacidade perceptiva da criança, além de garantirem a diversão (Minervino Junior/CB/D.A Press)  

Brincadeiras que estimulem a imaginação ajudam a desenvolver a capacidade perceptiva da criança, além de garantirem a diversão

 

Com a criançada de férias, é hora de os pais lançarem mão da criatividade e planejarem uma programação diversa para entreter os pequenos no período de descanso, adequando os horários e fazendo de cada momento uma experiência de aprendizado mútuo.

Brincadeiras que estimulem a imaginação são desejáveis para desenvolver a capacidade perceptiva da criança, conforme indica Elizângela Silveira, orientadora educacional do colégio Marista. “A criança é um ser brincante e ela precisa de tempo para imaginar sobre suas brincadeiras e criar os seus brinquedos. Essa é uma experiência prazerosa, porque é feita de maneira livre, gerando uma memória afetiva junto à família”, diz.

Deixar que os pequenos tenham alguns momentos de inatividade também é importante para que eles aprendam a gerenciar sua energia. “Os pais devem ensinar os filhos a lidar com o tempo ocioso. Estamos habituados a preencher todas as horas livres da criança com dezenas de coisas, mas elas precisam aprender a contemplar, ter um tempinho para que fiquem só com seus pensamentos”, orienta Elizângela.

Além das recreações, os pais podem utilizar as horas vagas para orientar os filhos às atividades cotidianas da casa. O senso de responsabilidade e organização deve ser priorizado. “É legal reunir os filhos e os amiguinhos para cozinhar, mostrar os ingredientes e fazê-los compreender como aquela comida é feita. Outra boa opção é organizar os pertences e ensiná-los a analisar o que ainda é útil, doando o que não servir mais. Dessa forma, desenvolvem o discernimento da coletividade”, salienta a orientadora.
 
Aos parques
Mãe de uma menina de 7 anos, a empresária Sílvia Perrelli, 43, tem uma rotina corrida, mas prioriza os momentos que pode passar com a filha. “Sempre dei muito valor aos programas feitos com a Gabriela. Nós lemos e colorimos juntas, temos um dia da pipoca, assistindo à nossa programação favorita na televisão. Consigo conciliar as férias dela com as minhas e preferimos viajar, ir à praia”, diz.

Acostumada à atribulada rotina de trabalho, Gabriela Marcondes, 33 anos, precisou se adaptar às horas vagas de sua licença-maternidade. A advogada sempre sonhou em ser mãe. A gestação, há cinco anos, foi planejada e aguardada. E o nascimento da primogênita exigiu ainda aprender a gerenciar o tempo ocioso. “Eu sempre trabalhei fora, mais de 10 horas por dia, e confesso que foi difícil aprender a lidar 24 horas, sete dias por semana, com a maternidade exclusiva”, conta.

Na segunda gestação, sentindo-se mais integrada ao universo infantil, iniciou uma jornada para preencher a vida das filhas com mais diversão. Há dois anos, ela ganhou sua caçula e, no período de licença, criou o projeto Infância Verde Noroeste, que é um evento colaborativo de contação de histórias infantis e atividades para as crianças, no bairro onde mora.
A iniciativa atende às necessidades dos pais e dos pequenos. “Eu sentia muita falta de ter um momento ao ar livre para as crianças. Ao mesmo tempo, queria poder conversar com outros adultos e também entrar no mundo mágico da imaginação”, explica Gabriela.

O grupo, formado por pais que ansiavam por instantes proveitosos ao lado dos filhos, reúne-se nas manhãs de domingo para encorajar os bons hábitos da leitura. “Contamos histórias para incentivar o poder imaginativo das crianças, fazemos um piquenique coletivo, tudo ao ar livre, na grama, e com muito contato com a natureza.”

Empenhada no projeto, ela ainda junta as filhas e os vizinhos para fazer festa do pijama, providenciar o plantio de hortas, tudo isso nas áreas úteis de seu condomínio; organizar passeios ecológicos e visitar pontos turísticos de Brasília. “Faço isso tudo com o propósito de garantir boas férias para minhas filhas”, argumenta.

A rica experiência deu luz ao livro A mamãe foi trabalhar. Nele, Gabriela conta os desafios de equilibrar-se na corda bamba: trabalho e maternidade. “O livro traz a minha verdade, a minha dor de voltar a trabalhar, de deixar um bebê tão pequeno e de lidar com a difícil tarefa de conciliar a minha vida profissional com o meu papel de mãe.”
 
De graça
Aproveitar as opções que a cidade oferece é sempre uma boa pedida. Entre atrações gratuitas e pagas, a criançada tem muito a conhecer e a aprender sobre o local onde mora. O período de férias coincide com a estação mais quente, o verão, e as piscinas do Parque Nacional de Brasília, conhecido por Água Mineral, são um convite para um refresco. Descobrir a diversidade da fauna presente na Fundação Zoológico de Brasília é fonte de encantamento aos pequenos e a muitos pais e mães.
Apesar das inúmeras alternativas encontradas na capital, há quem prefira investir o tempo e a criatividade em atividades domésticas. Hannáh Ramos, 28, desenvolveu uma brincadeira lúdica para fazer com a filha de 2 anos. A enfermeira trabalha em regime de plantão e, em dias alternados, desfruta muitas horas ao lado de Alice.

Ela construiu um quadro com recompensas para contar a história do Natal. “Em dezembro, a escolinha dela já estava falando bastante sobre a data, mas eu não queria que ela conhecesse só sobre o Papai Noel, quis ensiná-la o verdadeiro significado”, conta.

Então Hannáh, para despertar o interesse da filha na hora da leitura, criou um calendário e, a cada dia, havia guardado um agrado. “Coloquei, nos bolsinhos dos dias 1° a 25, um doce ou brinquedinho. Meu esposo e eu nos juntamos e lemos as historinhas bíblicas sobre o Natal para a Alice e ela adora. Ao fim do dia, ela mesma nos lembra de que já é hora de ler”, conta.

Adequando às necessidades dos pais, a educadora Patrícia Guimarães, 54 anos, desenvolve brincadeiras para entreter e instruir as crianças. Ela faz parte do grupo Largo Sorriso, que monta pacotes de atividades pensados caso a caso, levando em consideração a idade e o tempo que passará com a criança. “Trabalhamos com jogos recreativos, brincadeiras populares com o intuito de tirar as crianças da frente dos aparelhos eletrônicos e de acolher a necessidade de cada mãe e filho.”

É importante a convivência entre os pequenos para que, juntos, descubram o universo do faz de conta. “Há casos de crianças com depressão que, quando envolvidos em atividades em conjunto, conseguem sair dessa condição. Elas descobrem um mundo mais bonito, colorido e alegre”, diz Patrícia.

Roteiro
Jardim Zoológico
Horário de funcionamento: Todos os dias, das 8h30 às 17h
Entrada: R$ 10, meia-entrada 
R$ 5. Gratuidade para crianças menores de 6 anos
Endereço: Avenida das Nações, Via L4 sul
 
Planetário de Brasília
Horário de funcionamento: de terça-feira a sexta-feira, das 9h às 21h, e fins de semana e feriados, das 8h às 20h
Entrada: 1 kg de alimento 
não perecível
Endereço: Setor de 
Divulgação Cultural – Eixo 
Monumental, Brasília
 
Parque Nacional de Brasília
Horário de funcionamento: Todos os dias, das 8h às 16h, com permanência até as 17h
Ingresso: Público geral, R$ 28; brasileiros, R$ 14
Endereço: Rodovia DF-003 (Epia) Km 8,5
 
Colônia de férias 
Planetário de Brasília
Horário de funcionamento: Data provável de 15 a 18 de janeiro
Entrada: 2kg de alimento não perecível
Endereço: Setor de Divulgação Cultural – Eixo Monumental, Brasília
 
Eixão do Lazer
Horário de funcionamento: Todos os domingos e feriados, das 7h às 19h
Endereço: Eixão Norte e Sul
A via é fechada para o trânsito de veículos e aberta a para a população desfrutar o dia. Perfeito para levar a criançada para andar de bike, skate ou uma caminhada tranquila.
 
Teatro no JK Shopping
Horário de funcionamento: Domingos e feriados, das 
15h às 16h
Entrada: gratuita
Endereço: AV. Hélio Prates, QNM 34, Área Especial — M Norte
 
Cinema
Detetives do Prédio Azul 2 — O mistério italiano. Livre.
Aquaman. 14 anos.
Robin Wood — 
A origem. 14 anos.
Animais Fantásticos — Os crimes de Grindelwald. 12 anos.
 
Fórmula Mágica do Natal Caixa
Horário de funcionamento: todos os dias, exceto segundas-feiras. Terça-feira, das 18h às 21h. Quarta a sexta, das 16h às 21h. Fim de semana, das 10h às 21h
Entrada: gratuita
Endereço: Espaço Caixa cultural — Setor Bancário Sul, Quadra 4
 
Domingo é Dia de Teatro — Shopping Iguatemi Brasília
Horário de funcionamento: 23 e 30 de dezembro, às 15h
Entrada: gratuita
Endereço:  Setor de Habitações Individuais Norte CA 4 — 
Lago Norte 
 
* Estagiária sob supervisão de  Mariana Niederauer
 
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Correio Braziliense terça, 18 de dezembro de 2018

TATUAGENS, MOTOS E AMOR

 


Tatuagens, motos e amor
 
 
Tatuadores e integrantes de motoclubes do Distrito Federal se organizam para transformar trabalho e hobby em ações sociais, principalmente no fim do ano

 

Mariana Machado
Especial para o Correio

Publicação: 18/12/2018 04:00

Integrantes do MotoJus apadrinham uma creche para crianças carentes em Sobradinho
 (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
)  

Integrantes do MotoJus apadrinham uma creche para crianças carentes em Sobradinho

 

Marcar a pele é rotina para eles. Mas, neste fim de ano, tatuadores de Brasília decidiram marcar também corações. No clima de Natal, alguns profissionais organizaram ações solidárias para ajudar instituições sociais e filantrópicas. Morador da Vila Planalto,  Kim Viegas, 27 anos, propôs, em dois fins de semana, tatuar clientes pelo custo de uma cesta básica, desde que o desenho tivesse menos de 10 cm. As doações vão para a Ampare, Instituição Social que defende os direitos da pessoa com deficiência intelectual e múltipla.
 
Tatuador há três anos, Kim prometeu a si mesmo que quando o negócio deslanchasse, procuraria uma forma de ajudar quem estivesse precisando. Por meio de um grupo de capoeira do qual faz parte, conheceu a Ampare e colocou o plano em prática. “Me falaram que eles precisavam de ajuda. Juntei a fome com a vontade de comer e decidi fazer de última hora. Nem pensei muito”, explica.
 
Kim usou as redes sociais para divulgar a ação e deu tão certo que não conseguiu atender todos. Ele arrecadou mais de 30 cestas. “Essa é a primeira vez que faço, estou aprendendo meio que no processo, mas como é algo que vi que deu muito certo, quero continuar fazendo algo assim todo ano”, comentou o tatuador.
 
Kim Viegas fez tatoos em troca de cestas básicas, em dois fins de semana
 (Vinicius Cardoso Vieira/Esp. CB/D.A Press - 12/12/18
)  

Kim Viegas fez tatoos em troca de cestas básicas, em dois fins de semana

 

 
Agasalhos e brinquedos
 
O estúdio South Wing, na Asa Sul, se organizou e fez um flash day (dia em que os artistas separam desenhos para serem tatuados em promoção) no último sábado. Quem doou agasalhos ou brinquedos teve 10% de desconto na tatuagem. Além disso, 10% de todo o dinheiro arrecadado foi para a Escola Maria Teixeira, na zona rural de Luziânia (GO), que oferece aulas gratuitas para crianças especiais, com problemas de locomoção, audição e fala. Eles também têm aulas de estímulo para bebês e alfabetização de adultos. Tudo de graça.
 
A escola foi fundada em 1994 pela tia de um dos tatuadores, Hideki Ohashy, 21. “Eles sobrevivem de doações e ajudam mais de 200 alunos. Recebem contribuições mensais dos padrinhos que se identificaram com a causa”, explica o artista. Ele lembra que em uma conversa no estúdio comentou sobre o trabalho feito em Luziânia e todos se motivaram a ajudar. Dezessete tatuadores e um body piercer participaram da ação.
 
O empresário Diogo Nóbrega, 33, que administra o South Wing, está feliz com o resultado. Segundo ele, a divulgação nas redes sociais deu partida na arrecadação de doações. “Os clientes estão empolgados, o que é muito bom”, ressalta. A diretora da escola, Silvana Vasconcelos está em êxtase com a iniciativa. “Fiquei extremamente emocionada porque isso tem um significado muito grande. É uma grande corrente do bem”, comemora.
 
Equipe do estúdio South Wing: desconto para doadores de agasalhos e brinquedos (Divulgação / South Wing Tattoo
)  

Equipe do estúdio South Wing: desconto para doadores de agasalhos e brinquedos

 

 
Amor sobre rodas
 
Integrantes dos motoclubes também estão engajados nas campanhas sociais. Henrique Vasconcelos, 55, presidente e fundador do MotoJus M.C., formado principalmente por servidores do poder Judiciário do Distrito Federal, explica que o grupo, além de apadrinhar uma creche para crianças carentes em Sobradinho, distribui cestas básicas e participa de ações de outros motoclubes.
 
O projeto envolve os cerca de 20 membros, mais os amigos e simpatizantes. “Queremos desmistificar a ideia de que o motociclista é alheio às questões sociais. Estamos acompanhando e fazendo o que for necessário para dar um norte às crianças para que elas tenham um futuro melhor”, afirma Vasconcelos. Sábado passado, o grupo doou cestas básicas e roupas a uma creche em Águas Lindas (GO).
 
Os Abutres, um dos maiores motoclubes do país e presentes em Brasília há mais de 15 anos, também são solidários. O diretor-regional Celso Firmino, 55, explica que, além da doação de cestas a populações carentes, eles organizam eventos sociais e fazem doação de sangue ao longo de todo o ano. “Tem muita gente precisando, muitos passando fome, sem ter o que vestir, muita gente precisando de atenção, carinho, amor. Acredito que, a gente se juntando para fazer o bem, é vitória de todo mundo”, afirma. Na capital, são cerca de 65 motociclistas abutres. Todos participam das ações de solidariedade.
 
"Queremos desmistificar a ideia de que o motociclista é alheio às questões sociais. Estamos acompanhando e fazendo o que for necessário para dar um norte às crianças para que elas tenham um futuro melhor”
Henrique Vasconcelos, presidente e fundador do MotoJus
 
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Correio Braziliense segunda, 17 de dezembro de 2018

ATO PELA PAZ NA OCTOGONAL

 

Ato pela paz na Octogonal
 
 
Comunidade da Quadra 4 fez uma manifestação para pedir respeito e gentileza, depois que um garoto de 6 anos foi agredido pelos pais de um colega da mesma idade. Homem segurou a vítima para o filho dar um soco

 

» Alexandre de Paula

Publicação: 17/12/2018 04:00

Crianças e adultos fizeram um abraço simbólico no local e soltaram balões brancos, em repúdio à violência (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)  

Crianças e adultos fizeram um abraço simbólico no local e soltaram balões brancos, em repúdio à violência

 



Com cartazes e camisetas brancas, moradores do condomínio da Octogonal 4 (AOS 4), onde um casal agrediu um menino de 6 anos no dia 9, fizeram ontem uma manifestação com pedidos de paz e de respeito. O caso gerou medo entre as crianças e adolescentes que costumavam brincar no espaço e os afastou da área comum. No ato de ontem, moradores buscaram mostrar que o ambiente, apesar do incidente, é de tranquilidade e de repúdio à violência. Para a tia do garoto agredido, Jucinea Nascimento, 43 anos, a manifestação transformou uma atitude de violência em um momento de amor. Foi a primeira vez que o menino desceu à quadra depois da agressão. "Eu me sinto aliviada porque foi uma semana muito difícil para mim e para o meu sobrinho. Queremos deixar esse fato para trás para que as autoridades façam seu trabalho. O mais importante é ver o meu sobrinho acolhido. A comunidade da quadra mostrou hoje que o problema não era ele”.
 
Incentivadas pelos pais, crianças de várias idades brincavam na quadra antes do início do protesto. Vestidos de branco, os adultos penduraram cartolinas e cartazes, alguns deles desenhados pelas próprias crianças, com dizeres como "aqui os grandes respeitam os pequenos", “paz”, “amor” e “gentileza” nos alambrados. Os presentes organizaram um abraço coletivo no centro da quadra em que a agressão ocorreu. Balões brancos foram soltos.
 
Moradora do condomínio há quatro anos, a enfermeira Renata Marques, 40, diz que a intenção do ato é mostrar às crianças que o ambiente continua aberto para elas. "Quando a gente mora em um condomínio assim, busca tranquilidade e ter uma família com os vizinhos. Então, nosso ato é para mostrar para as nossas crianças que tudo continua igual. Passar a mensagem de que o importante é a união".
 
A moradora Luana Gonçalves, 37 anos, acredita que a manifestação representa um recomeço para a comunidade. "A ideia é resgatar o que nos foi tirado: paz, segurança, respeito. Todos nós fomos afetados", acredita. "Não é daquela maneira que se educa ninguém."
 
Câmeras
 
As agressões aconteceram na tarde do último dia 9, quando crianças jogavam bola na quadra esportiva localizada no meio do condomínio. Imagens das câmeras de segurança mostram que o filho do casal tropeçou sozinho, caiu e bateu de boca no chão, enquanto brincava com o menino agredido. O garoto saiu da quadra e voltou, minutos depois, acompanhado pelo pai. 
 
Nervoso, o homem segura a vítima e manda que o filho bata no rosto do colega. Logo depois, a mãe, também alterada, chega ao local e empurra o menino agredido, que cai no chão. As outras crianças que estavam na quadra ficaram acuadas e foram para perto dos alambrados. É possível ver algumas delas chorando nas imagens. 
 
O casal de agressores não mora no condomínio. Eles passavam o dia na casa de parentes e desceram, depois de ver o filho com os ferimentos na boca. Eles acreditavam que a criança havia sido agredida pelo colega. Por meio de nota, o advogado do casal afirmou que os clientes estão arrependidos. 
 
O menino que sofreu a agressão não vive no condomínio. Morador de Feira de Santana (BA), ele passava férias com a irmã de 8 anos na casa da tia Jucinea das Mercês Nascimento. A menina e o filho mais novo de Jucinea, de 9 anos, presenciaram o incidente. O garoto e a irmã devem voltar hoje à Bahia. 
 
Uma assembleia será realizada na próxima quarta-feira para decidir quais medidas legais o condomínio tomará em relação aos agressores. Na semana passada, em reunião emergencial, foi levantada a ideia de uma ação de danos morais, por causa do abalo psicológico sofrido pelas crianças da comunidade. Outro ponto que será analisado é o da suspensão da entrada do casal no condomínio para a proteção das crianças e dos adolescentes. “Tudo será decidido na assembleia de quarta, que é soberana”, disse o síndico da quadra, Mauro Assunção de Camargo. 
 
O homem e a mulher, na esfera criminal, devem ser indiciados por lesão corporal, ameaça e possível constrangimento contra o próprio filho. A Polícia Civil deve concluir o inquérito ainda nesta semana.


"Eu me sinto aliviada porque foi uma semana muito difícil para mim e para o meu sobrinho. 
Queremos deixar esse fato para trás para que as autoridades façam seu trabalho”
 
Jucinea Nascimento, 
tia da criança agredida
 
 
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Correio Braziliense domingo, 16 de dezembro de 2018

LEMBRANÇAS DO PASSADO: À ESPERA DO TREM

 


À espera do trem
 
 
Há 50 anos chegava a Brasília, pela primeira vez, um trem de passageiros. No início da série de reportagens DF sobre trilhos - A glória do passado e a incerteza do futuro, o Correio conta histórias de pessoas para quem esse tipo de transporte significou muito

 

Publicação: 16/12/2018 04:00

 (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)  


Expresso de Prata e Minuano, primeiros trens de passageiros, chegam a Brasília (ArquivoCB/CB/D.A Press)  

Expresso de Prata e Minuano, primeiros trens de passageiros, chegam a Brasília

 

 “Toda cidade nasce à margem de um rio, do leito de uma estrada de ferro, de uma rodovia ou à beira do mar. Brasília foi diferente. Nasceu sozinha, no meio do Planalto. Para ter água, o homem fez um lago artificial. Para ter estrada, o asfalto é que veio em sua direção, e como o mar está a mil metros na vertical e a mil quilômetros na horizontal, a solução foi trazer também o trem.”
 
O texto publicado em caderno especial do Correio Braziliense em 24 de abril de 1968 resumia a importância da chegada do trem a Brasília. O meio de transporte era tratado como patrimônio da cidade e aguardado por pelo menos oito anos, quando surgiu a primeira promessa de sua chegada.
 
O fotógrafo Eduardo Roberto Stuckert registrou o momento para a publicação especial. Carregava suas rolleiflex, como de praxe, na pauta mais importante do dia. A cidade parou para ver e o trem não decepcionou: chegou  sem atraso. Delírio, choro, palmas, risos e gritos marcaram o momento. “Vieram a euforia e a emoção”, resume Roberto Stuckert, hoje com 76 anos, que estava ao lado do pai no momento da chegada da locomotiva.
 
Na Brasília repleta de candangos, muitos deles vindos de Minas Gerais e de São Paulo, locais atendidos pela linha férrea, aquele instante representou a esperança. De estar mais perto de casa. De testemunhar o desenvolvimento da cidade que ajudaram a levantar do barro vermelho. Para Stuckert, o filho, o acontecimento foi tão importante quanto o dia da inauguração da nova capital. “O trem foi uma coisa bonita”, afirma.
 
Os moradores, no entanto, só puderam embarcar na locomotiva meses mais tarde. Há exatos 50 anos, em 16 de dezembro, às 12h15, o imponente Expresso de Prata, o mais moderno meio de transporte de passageiros da década de 1960, da então Companhia Mogiana, estacionou na Cidade Livre.
 
Pairava no ar um cheiro adocicado, mistura do aroma de laranja, pipoca e outras comidas vendidas no improviso de grandes eventos. Crianças, mais de 1 mil, corriam pela estação Bernardo Sayão (leia Você sabia?), ao redor e dentro dos vagões, explorando cada centímetro do primeiro trem de passageiros de Brasília.
 
Assim como boa parte da população, Roosevelt Dias Beltrão, 68 anos, hoje comerciante, estava na estação quando o Expresso de Prata chegou. Era gente para todo lado. Mais de 3 mil, segundo os registros da época. “Embarquei no trem algumas vezes. Tinha uma fazenda entre Luziânia e Cristalina (cidades de Goiás próximas de Brasília). Ia de trem pelo prazer de andar de trem. Quando chegava à estação, descia, tomava umas pingas e ia a pé ou chamava alguém para me pegar na rodovia. Era bom demais”, conta.
 
A ligação dele com o Expresso de Prata começou porque o pai, Djalma da Fonseca Beltrão, foi condutor de trem. Era ele quem picotava os bilhetes, fiscalizava os vagões e dava a ordem para a partida. A convite do Correio, Roosevelt refez a viagem, de carro.
 
A primeira parada é a própria estação Bernardo Sayão. Afastados da via, a cobertura e a sequência de bancos de madeira de frente para os trilhos não deixam dúvidas do passado. “Era a chegada do progresso, a ligação de Brasília com São Paulo e com o Rio Grande do Sul. E representou um frete até 40% mais barato. Eu tinha uma adega de vinhos e queijos. As mercadorias demoravam até um mês e meio para chegar. Porém, valia a pena. Foi bom para os negócios de todo mundo.”

Roosevelt e Mário se lembram com carinho da época em que as locomotivas transportavam passageiros (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)  

Roosevelt e Mário se lembram com carinho da época em que as locomotivas transportavam passageiros

 



Dorinha e Lázaro se reencontraram na região próxima aos trilhos que chegam ao Distrito Federal (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)  

Dorinha e Lázaro se reencontraram na região próxima aos trilhos que chegam ao Distrito Federal

 

 
O progresso chegou
 
Aos 96 anos, Mário de Almeida já fez de tudo um pouco. O primeiro emprego foi na então Estrada de Ferro Central do Brasil. Começou como agente de estação, uma espécie de faz-tudo, e terminou como diretor comercial da Rede Ferroviária Federal, fundada em 1958. Na tarde de 16 de dezembro de 1968, ele estava entre as quase 3 mil pessoas à espera do trem. “Onde chega a ferrovia, chega o progresso. Ouvi isso de um caipira uma vez e nunca esqueci. É a mais pura verdade. O abandono dos trilhos foi uma péssima decisão. É lamentável”, resume o homem de voz firme e passos lentos, apoiados por uma bengala.
 
Ele embarcou uma única vez no Expresso de Prata. De Brasília a Araguari, viajou no vagão leito, com camas. De Araguari para São Paulo, no compartimento com poltronas acolchoadas na cor vermelha. Havia ainda um terceiro vagão, onde as cadeiras eram de madeira. “Tinha restaurante, bebida, era uma viagem muito confortável e tranquila para quem não tinha pressa de chegar”, conta Mário.
 
Saudade
 
Da Bernardo Sayão, a reportagem segue pela BR-040 por aproximadamente 100km. À esquerda, uma estrada estreita e, logo à frente, uma sequência de casas uma ao lado da outra, mesmo modelo, pouca variação nas cores e a poucos metros dos trilhos. É a Estação Calambau. A figura de José Martins Duarte, 80 anos e seis meses, como faz questão de frisar, chama a atenção. Baixo, corpo franzino, chapéu na cabeça e uma enxada na mão, ele arranca o mato próximo do trilho. “Trabalho aqui, não. Plantei umas sementes de abóbora logo ali e estou tirando mato”, resume.
 
Logo outras pessoas aparecem. Entre elas, Dorinha Taveira Rosa e Lázaro Paulino Neto, ambos de 65 anos. Um casal de namorados, cujas vidas se entrelaçaram há mais de 40 anos, mas só se juntaram agora. O finado marido de Dorinha, com quem ela teve dois filhos, era empregado da companhia de trem.
 
Já Lázaro chegou ali com o pai quando tinha apenas 7 anos. “Meu pai era o ‘faz- tudo’ na estação. Aqui fiz amigos, namorei, mas nunca casei. Agora estamos juntos”, conta Lázaro, olhando para Dorinha. “A avó dele, a dona Rita, era benzedeira. Morava ali pra cima”, aponta Dorinha para o alto do morro, agora ocupado apenas pelo cerrado.
 
Dorinha ficou viúva há 28 anos. Saiu da vila, mas não aguentou de saudade do lugar onde viveu quase a vida toda. Voltou para a casa herdada do finado marido e, um tempo depois, reencontrou Lázaro, que vive na residência que foi do pai dele, ex-funcionário da estação. O amor floresceu. “Eu sinto muita saudade (do trem de passageiros). Muita mesmo! Isso aqui era cheio de gente. Tinha o barzinho ali e a bilheteria era lá (diz apontando para dois quadrados na parede)”, relembra Lázaro. “Se ele (trem) voltasse a circular, eu visitaria meu neto em Catalão e meu filho em Brasília. Nossa, eu fico emocionada só de pensar”, completa Dorinha, com a voz embargada.
 
O cheiro de goiaba e manga madura, aos montes nos pés e debaixo das árvores, perfumam o caminho, da primeira casa até o prédio abandonado da estação. Segurando a mão de Dorinha, Lázaro também se emociona. “Os melhores momentos da minha vida, eu vivi aqui.” Ele faz uma pausa, olha em volta, e continua. “Ainda sou muito feliz. Eu a encontrei e estamos bem. Mas olha, menina, esse trem, ele tem que voltar a circular. Ele mexe com isso aqui, traz vida, ajuda a economia do povo.”
 
Quando começam a conversar sobre o passado, Lázaro recorda-se de quando Roosevelt Beltrão frequentava a estação. Eles mencionam pessoas e descobrem que muitas já morreram. “É uma alegria e uma tristeza estar aqui. Reviver os tempos de glória e ver tudo abandonado é lamentável”, diz Roosevelt olhando em direção à sucata de uma máquina usada para levantar os trilhos durante os reparos e uma prancha — nome técnico para uma caixa de metal onde se transporta mercadorias pelos trilhos.


Você sabia?
 
A Estação Bernardo Sayão fica na região administrativa do Núcleo Bandeirante. O local foi um dos principais acampamentos durante a construção de Brasília. Naquela época, era chamado de Cidade Livre. As primeiras casas foram construídas em novembro de 1956 e seu destino era ser um entreposto comercial para fornecer alimentos, equipamentos, materiais de construção e produtos de primeira necessidade e serviços para os candangos. Ganhou o “apelido” de Cidade Livre pela isenção de impostos. Além dessa versão oficial, há outra, contada por quem construiu  Brasília: a qualquer hora que se chegava, o comércio estava aberto e caminhões eram carregados e descarregados de mercadorias, dia e noite.
 
Fonte: Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan) e relatos orais de pioneiros de Brasília.

Agradecimento: Francisco Lima Filho/Cedoc/CB e Arquivo Público do Distrito Federal
 
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Correio Braziliense sábado, 15 de dezembro de 2018

O BRILHO DO NATAL: BRASÍLIA CHEIA DE LUZ

 


O brilho do Natal
 
 
Brasilienses seguem tradição de enfeitar as fachadas de casas e prédios, além de quadras inteiras, enquanto o GDF investe em projeções ao longo do Eixo Monumental e da Esplanada dos Ministérios

 

» Cézar Feitoza
» Especial para o Correio
» Isabela Guimarães*


* Estagiária sob a supervisão de Renato Alves

Publicação: 15/12/2018 04:00

Jardim do Bloco D da 210 Sul: ambiente criado pelos moradores (Wallace Martins/Esp. CB/D.A Press)  

Jardim do Bloco D da 210 Sul: ambiente criado pelos moradores

 

 
Enfeitar a casa com elementos natalinos é tradição para a contadora Zélia Gadelha, 65 anos. Ela mora no Lago Norte há 15 anos e, desde então, ornamenta o lado interno da residência com árvore de Natal, bonecos e presépio. O lado externo não deixa a desejar, tem rena e Papai Noel descendo do segundo piso para baixo. “É a única festa que não abro mão, o nascimento de Cristo. É uma homenagem a Jesus,” destaca.

Na decoração, Zélia coloca os mais diversos tipos de Papais Noéis em casa: da figura tradicional do Bom Velhinho aos modernos, com guitarra e bicicleta. A jornada de preparação dos enfeites começa no início de dezembro e todo ano tem novidades. “Pesquiso muito. Procuro diversificar com novas ideias e alternar as cores dos adereços,” observa. As cores escolhidas para este Natal são o dourado e o branco.

Na 210 Sul é tradição o jardim ficar iluminado nesta época do ano. Síndico do Bloco H há pouco mais de um ano, Frederico Wolney acredita que a ação cria um ambiente festivo. “Isso motiva as pessoas a enfeitarem as casas, aumenta a presença dos moradores no pilotis, gera maior socialização”, afirma. Para o Natal que se aproxima, a novidade no endereço é uma iluminação personalizada na identificação do nome do Bloco H.

Há quem perceba um Natal mais acinzentado. O aposentado Clemilton Cavalcante, 59 anos, costumava ver as luzes e enfeites natalinos nas semanas que antecedem a data, de carro, com a mulher e o filho. “A minha mulher exigia e o meu filho, amava. A gente passeava por todo o Plano Piloto e ficava apaixonado com as luzes”, conta. Cláudia, 53 anos, Danilo Cavalcante, 22, e o pai deixaram o ritual de lado quando perceberam a cidade sem cor. “Nos últimos anos, sinto que as coisas ficaram tão rápidas que não temos mais tempo para preparar um Natal mais vistoso”, relata.

Circulando entre as quadras do Plano Piloto, percebe-se tímidas luzes piscando pelos pilotis e janelas dos prédios. Alguns síndicos arriscam instalar enfeites maiores, como papais noéis, renas e presépios pelos condomínios. Nada que chame a atenção de Clemilton. “As pessoas estão um pouco cinzas mesmo. Talvez esse contexto todo dos últimos anos tenha feito o brasileiro perder um pouco dessa alegria. O Natal reflete muito isso”, comenta o rapaz.
 
Projeções
 
O governo local investiu R$ 2,2 milhões na iluminação de oito pontos turísticos da capital: Esplanada dos Ministérios, Congresso Nacional, Palácio Itamaraty, Catedral Metropolitana, Museu Nacional, Biblioteca Nacional, Teatro Nacional e Torre de TV. Em três deles  (Biblioteca Nacional, Teatro e Itamaraty), há projeções de símbolos natalinos. Com 10 minutos de duração, elas acontecem diariamente, até o dia 25, a partir das 19h,  a cada 30 minutos, até 23h.

A Secretaria de Esporte, Lazer e Turismo segue com programação do Auto de Natal, em cinco regiões administrativas (veja Calendário), sempre às 20h. Além de ouvir a história, a população pode tirar foto com o Papai Noel e levar o retrato na hora.

Lateral da Biblioteca Nacional: edifício é um dos três que recebem projeção todas as noites, a partir das 19h (Wallace Martins/Esp. CB/D.A Press)  

Lateral da Biblioteca Nacional: edifício é um dos três que recebem projeção todas as noites, a partir das 19h

 




Calendário
 
Confira dia, hora e local das apresentações do Auto de Natal:
 
15/12 Águas Claras, Praça da Quadra 300
16/12 Plano Piloto, Torre de TV
17/12 Planaltina, Setor Tradicional, Praça Muniz
18/12 Recanto das Emas, Estacionamento da Castelo Forte
19/12 Gama, Estacionamento do Estádio do Gama
 
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Correio Braziliense sexta, 14 de dezembro de 2018

CASAL QUE AGREDIU CRIANÇA VAI RESPONDER POR LESÃO CORPORAL E AMEAÇA

 

Casal vai responder por lesão corporal e ameaça
 
Delegada afirma não ter dúvida da culpa de homem e mulher filmados agredindo uma criança de 6 anos em uma quadra de esportes da Octogonal. Inquérito deve ser finalizado na próxima semana

 

» ISA STACCIARINI
» WALDER GALVÃO

Publicação: 14/12/2018 04:00

 

 
 
O casal que agrediu um menino de 6 anos na quadra de esportes de um condomínio na Octogonal 4 (AOS 4), no último domingo, vai ser indiciado por lesão corporal, ameaça e possível constrangimento contra o próprio filho, pois o homem ordenou que o garoto batesse no rosto da vítima. Caso condenados, pai e mãe podem receber uma pena de três meses a um ano de prisão apenas pela lesão corporal, com o agravante da vítima menor de 14 anos. O inquérito deve ser concluído até o fim da semana que vem.

O caso se tornou público após o site do Correio exibir, na quarta-feira, as imagens das agressões, gravadas por câmeras de segurança do de um dos prédios vizinhos e do condomínio. A tia da vítima registrou ocorrência no mesmo dia. Responsável pela investigação, a delegada Patrícia Bozolan, da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), afirma que a sequência gravada não deixa dúvidas. “As imagens são inquestionáveis e inequívocas quanto à ação do pai e da mãe da outra criança durante as agressões à vítima”, ressalta.

Agora, agentes da DPCA tentam reunir o maior número possível de testemunhas. Ao menos outras 10 crianças e adolescentes aparecem nas imagens presenciando as agressões. Um adulto, que estava na piscina próxima à quadra, socorreu a vítima. O menino, que mora em Feira de Santana (BA) e passa férias na casa da tia que mora no condomínio, também será ouvida. “A vítima foi encaminhada ao IML (Instituto de Medicina Legal) e o próximo passo será ouvir as testemunhas e os autores”, explica Patrícia Bozolan.
 
Flagrante
 
O vídeo mostra meninos e meninas jogando futebol na quadra na tarde de domingo. Um dos garotos tropeça na bola e cai, ao lado de outro. O menino que tropeçou sai de cena. Minutos depois, ele volta com o pai, que segura uma sandália. Nervoso, o homem imobiliza a criança que estava ao lado do filho, que bate no rosto do colega. Também alterada, chega uma mulher, a mãe. Ela empurra o menino agredido, que cai no chão. No momento das agressões, outras crianças estão acuadas no alambrado da quadra. Algumas aparecem nas imagens chorando.

Os adultos agressores, que não moram no condomínio, passavam o dia na casa dos avós maternos, moradores de um dos blocos da Octogonal 4. Chorando, o filho do casal subiu até o imóvel, com sangramento na boca. O pai e a mãe logo desceram com a criança, acreditando que ela havia sido agredida. Testemunhas contam que o homem segurou os braços do menino suposto agressor para que o filho dele desse um soco no rosto do colega.

A delegada considerou o caso atípico. “Temos episódios de pais que tomam as dores dos filhos, mas por meio de satisfação verbal e ameaça. Não por agressão física, como o que aconteceu”, comenta Bozolan. O casal agressor mora em Águas Claras. O Correio esteve no endereço, mas, pelo interfone, uma mulher disse que ninguém daria entrevista. A reportagem também tentou contato com os avós, mas eles também não se posicionaram, alegando seguir recomendação de um advogado. A tarde, o jornal ligou para um dos telefones da família e uma pessoa disse que anotaria os contatos para retornar, mas não telefonou até o fechamento desta edição.
 
Conselho Tutelar
 
O Conselho Tutelar do Sudoeste vai representar hoje o caso ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e a Vara da Infância e da Juventude (VIJ).   Na manhã de ontem, conselheiros tutelares estiveram no condomínio para se inteirar do caso e ouvir duas partes. Para a conselheira Lucinete Ferreira de Andrade, houve agressão à vítima e à criança obrigada a agredi-la. “Faremos uma representação o mais rápido possível, ainda mais porque o menino (que foi segurado pelo adulto) não mora no Distrito Federal. O Conselho Tutelar da Bahia também acompanhará a situação”, frisou Lucinete. A punição pode ir de multa a prisão.

Tia do menino agredido, Jucinea das Mercês Nascimento, 43 anos, disse que ele está muito assustado. “Ele não fez nada de errado, por isso não esperava nenhum tipo de punição. Isso foi o que mais pesou para ele”, comentou. A vítima veio a Brasília com a irmã, de 8 anos, passar férias com Jucinea e o filho dela, de 9 anos. A tia disse que a mãe do garoto, que está na Bahia, chora a todo momento e está preocupada com o filho, que voltará ao estado de origem na segunda-feira. O Correio entrevistou a mãe da vítima, Jucimara das Mercês Nascimento, 38 anos, servidora pública federal. Ela disse estar muito preocupado com os filhos, pois a menina de 8 anos presenciou as agressões ao irmão. No vídeo, a garota aparece, acuada e roendo as unhas. O primo da vítima também é visto nas imagens, sentado na beira da quadra, chorando.

 (Reprodução/Internet)

 

 

 (Reprodução/Internet)

 

 

Câmera de segurança de prédio vizinho mostra as a violência sofrida pelo menino, após uma brincadeira na quadra em que o filho dos agressores machucou a boca (Reprodução/Internet)

 

Câmera de segurança de prédio vizinho mostra as a violência sofrida pelo menino, após uma brincadeira na quadra em que o filho dos agressores machucou a boca

 



Depoimento

“Foi tudo muito triste”


“Choro muito. Durante a noite, não consigo dormir nem ficar tranquila com toda essa situação constrangedora, desnecessária e violenta. Foi tudo muito triste. Meu filho retorna na segunda-feira junto da minha outra filha, de 8 anos, que presenciou tudo. Eles voltam para o seio de amor da família, de carinho. Ele sempre foi muito bem protegido pela gente, nunca apanhou, nunca levou um tapa de ninguém durante toda essa criação.

Espero aproveitar ao máximo esse tempo para dar muito carinho a ele. Quero que meu filho fique com a sensação de que o mundo é de muito amor e não de violência. Toda a família e os colegas estão consternados.
Uma das coisas que me deixa mais preocupada é que a irmã de 8 anos presenciou tudo. Ela é uma criança e eu percebo, no vídeo, a inquietação por parte dela em não poder fazer muito pelo irmão. Sei que vou ter que levá-los a fazer um tratamento para superar isso, assim como eu.

Para mim está sendo muito difícil. Essas imagens ficarão gravadas na minha memória por um bom tempo. Acho que agora eles (o casal agressor) devem estar bem arrependidos. Pelo menos, espero isso”.
 
Jucimara das Mercês Nascimento, servidora pública federal, mãe da criança agredida na Octogonal
 
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Correio Braziliense quinta, 13 de dezembro de 2018

PAPAI NOEL CHEGA A CEILÂNDIA

 


Papai Noel chega a Ceilândia
 
 
O Natal chegou foi antecipado para crianças da Escola Classe 8. Além dos presentes, elas ganharam uma festa completa, com direito a show de dupla sertaneja

 

» Isabela Guimarães*

*Estagiária sob a supervisão de Renato Alves

» Isabela Guimarães*

Publicação: 13/12/2018 04:00

Beatriz Vitória, de 15 anos, ganhou uma cadeira motorizada, avaliada em R$ 11 mil, que a família não tem condições de comprar
 (Marilia Lima/CB/D.A Press)  

Beatriz Vitória, de 15 anos, ganhou uma cadeira motorizada, avaliada em R$ 11 mil, que a família não tem condições de comprar

 

 
Para 570 crianças de 4 a 10 anos da Escola Classe 8 de Ceilândia, o Natal chegou com 12 dias de antecedência. Levado pelos Correios, o Papai Noel apareceu na quadra de esportes do colégio, na tarde de ontem, e entregou presentes a todas elas. Teve ainda pipoca, algodão-doce, cachorro-quente e refrigerante.

O Bom Velhinho se sentou em uma cadeira e começou a chamar as crianças, para entregar os presentes. Tinha bola, skate, boneca, bicicleta, instrumentos musicais e até uma cadeira de rodas motorizada.

A cadeira era para Beatriz Vitória Evangelista dos Santos, 15 anos. Bia, como é conhecida, nasceu sem os movimentos das pernas. No dia em que os alunos se reuniram para escrever as cartinhas para o Papai Noel, ela faltou à aula por problemas de saúde. Mas uma colega, Heloísa Lima de Souza, 9 anos, escreveu a carta dela para o Bom Velhinho, sem contar para a amiga. “Ela é muito especial, não só fisicamente, mas como amiga”, afirmou Heloísa.

Segredo guardado até ontem, quando Bia recebeu a cadeira de rodas, avaliada em R$ 11 mil. “Nem sei explicar o que senti. Fiquei muito, muito, muito feliz. Essa cadeira é melhor que a outra (que ela usava), porque vai ser mais confortável,” comemorou. Neste ano, ela também ganhou uma festa de 15 anos surpresa, na escola.

O professor Weslley Santos leciona para a turma de Bia, do 4º ano. Em outubro, quando a equipe dos Correios pediu para os estudantes escreverem as cartas, o docente ensinou a produção de texto com o tema de diversidade e igualdade. “Entre as escolhas que os alunos imaginaram que a Bia mais precisasse estava a cadeira motorizada”, contou.

A família de Bia mora perto do colégio. Após ela receber a cadeira, uma das monitoras chamou a avó da adolescente, Maria Evangelista dos Santos, 64, que cuida de Beatriz e os três irmãos da menina, desde 2014, quando ficaram órfãos de mãe. “É uma felicidade grande, porque eu não tinha condição de comprar (a cadeira). A gente vive com um salário mínimo, paga aluguel. Vai ajudar muito dentro de casa e para ela vir para a escola,” ressaltou a avó, em lágrimas.

Estudante do 4º ano, Lívia Silva de Andrade, 9, pediu uma sandália e um kit para fazer slime, um tipo de massinha caseira. “Estou tremendo de alegria. É um sonho!” comemorou. Outra criança que saiu com presente da escola foi o aluno Lucas Vitor Farias Gomes, 6 anos. Ele ganhou um Beyblade, um pião tecnológico tradicional da cultura japonesa. “Nunca tinha ganhado um brinquedo desse. Estou muito feliz”, festejou.

Lívia, 9 anos, ganhou uma sandália e um kit para fazer slime, um tipo de massinha caseira (Marilia Lima/CB/D.A Press)  

Lívia, 9 anos, ganhou uma sandália e um kit para fazer slime, um tipo de massinha caseira

 



Música
 
Além do Papai Noel, dos presentes e dos comes e bebes, a festa de ontem teve apresentação musical da dupla sertaneja Pedro Paulo e Matheus. “É uma honra, nos torna pessoas melhores. A gente vê o resultado, a felicidade das crianças, o sorriso encantador. Essa alegria é impagável, é isso que nos move”, destacou Pedro Paulo. “A melhor coisa que tem é chegar aqui e ver a alegria, todo mundo querendo ver o Papai Noel”, completou Matheus.

A Escola Classe 8 foi uma das 56 instituições do Distrito Federal escolhidas para receber a campanha do Papai Noel dos Correios este ano. O projeto vai atender 18,3 mil cartas enviadas por moradores da capital. Duas das 30 turmas da Escola Classe 8 são compostas por alunos com deficiências múltiplas. Bia estuda em uma turma inclusiva.

Essa foi a primeira vez que a escola de Ceilândia recebeu o evento dos Correios. “É uma ponte entre pessoas até então desconhecidas e a história dessas crianças. As pessoas se sensibilizaram com a carta de cada uma e isso vai fazer uma grande diferença na vida delas”, destacou a vice-diretora da unidade de ensino, Gabriela Carvalho de Sousa Feitosa.
 

Para saber mais
 
Projeto tem 29 anos
 
O Papai Noel dos Correios visa atender crianças em situação de vulnerabilidade social. A campanha ocorre há 29 anos e, desde 2010, os Correios incluíram as cartas de crianças das escolas da rede pública de ensino — até o 5º ano do ensino fundamental —  e de instituições parceiras, como creches, abrigos, orfanatos e núcleos socioeducativos. Este ano, o prazo para adotar uma cartinha e doar um presente acabou em 1º de dezembro.
 
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Correio Braziliense quarta, 12 de dezembro de 2018

TIROS DENTRO E IGREJA DEIXAM CINCO MORTOS

 

Tiros dentro de igreja deixam cinco mortos
 
Portando uma pistola e um revólver, atirador entrou na Catedral Metropolitana de Campinas (SP) após a missa e disparou contra os fiéis. Quatro morreram. Com a chegada da polícia, cometeu suicídio. Quatro feridos foram encaminhados a hospitais

 

» INGRID SORES - ESPECIAL PARA O CORREIO
» ANDRESSA PAULINO*

Publicação: 12/12/2018 04:00

Prefeitura da cidade decretou luto oficial de três dias. Episódio reacende discussão sobre porte de armas (Ari Ferreira/AFP)  

Prefeitura da cidade decretou luto oficial de três dias. Episódio reacende discussão sobre porte de armas

 



O Brasil possui 8,5 milhões de armas ilegais circulando nos estados, segundo o Anuário de Segurança Pública.  Duas delas podem ter ido parar nas mãos de Euler Fernando Grandolpho, 49 anos, que abriu fogo contra fiéis dentro da Catedral Metropolitana de Campinas (SP) no início da tarde de ontem. O que era para ser o fim de uma missa tranquila transformou-se numa tragédia que culminou na morte de cinco pessoas: Sidnei Vitor Monteiro, de 39 anos, José Eudes Gonzaga, 68, Cristofer Gonçalves dos Santos, 38, e Eupídio Alves Coutinho, 51, além do próprio atirador, que cometeu suicídio.

Quatro pessoas ficaram feridas, das quais uma se encontra em estado grave. Segundo a gerente de uma loja em frente à catedral, Laura Ishisaki, 55 anos, tudo aconteceu de maneira muito repentina. “Ouvimos vários tiros, mais de 20, e ficamos assustados, sem saber o que fazer. Então, pedimos que as pessoas que estavam dentro da loja não saíssem e tentamos abrigar os que estavam saindo da igreja.”

“Há muitos anos, trabalho nessa área, que sempre foi muito calma, nunca tínhamos nos deparado com algum episódio parecido. Até porque tem um posto policial por perto, e a Polícia Militar faz rondas frequentes”, acrescentou Laura. “É muita falta de amor alguém fazer isso. É preocupante. Que Deus tenha misericórdia das famílias”, lamentou.

Por volta de 13h20, equipes do Corpo de Bombeiros e do Samu foram enviadas para socorrer os feridos. Jandira Prado Monteiro, de 65 anos, sofreu lesões na mão direita, no tórax e na clavícula. Ela foi socorrida no Hospital Mário Gatti e está fora de perigo, mas em observação. Para o mesmo hospital foi encaminhado Heleno Severo Alves, 84, atingido no tórax e no abdômen. Após cirurgia, Alves foi levado para a UTI, em estado grave.

Baleada em uma das pernas, Maria de Fátima Frazão Ferreira, de 68 anos, foi levada ao Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O quadro dela era estável, segundo relatório médico. O quarto ferido, um homem de 64 anos, foi atingido por dois tiros de raspão, recebeu socorro no Hospital Beneficência Portuguesa e teve alta ainda ontem.

O major Paulo Monteiro Filho, subcomandante do 7ª grupamento de Bombeiros de Campinas, disse que, em 20 anos de profissão, nunca viu nada parecido. “Como ficamos próximos ao local, fomos a pé e encontramos os corpos caídos no chão. O Samu fazia o atendimento dos feridos. Segundo testemunhas, Euler entrou sem falar nada. Ficou sentado por um tempo e depois atirou. Ele estava com uma pistola 9mm e um revólver .38. Chegou a usar dois carregadores e tinha mais dois no bolso. Em cada um cabem 11 balas. Ou seja, deu, ao menos, 22 tiros. A situação teria sido pior caso a polícia não tivesse chegado. Seria uma execução total. A maioria, de senhores de idade”, avaliou.

* Estagiária sob supervisão de Odail Figueiredo



 (Fernando Lopes/CB/D.A Press - 11/11/14)  

  • Outros episódios no Brasil

    Estudante atira contra colegas em escola
    » No dia 20 de outubro de 2017, um estudante de 14 anos do Colégio Goyases, em Goiânia, sacou uma arma no intervalo entre as aulas e atirou contra seus colegas em uma sala do 8º ano. Dois adolescentes de 13 anos morreram no local. Outros quatro alunos também foram atingidos, mas escaparam com vida. Filho de policiais militares, o atirador foi detido e encaminhado para uma unidade de internação.

    Doze mortos durante festa de réveillon
    » Durante as comemorações da virada do ano, em 31 de dezembro de 2016, o técnico de laboratório Sidnei Ramis de Araújo, 46 anos, matou o filho, a ex- mulher e mais 10 pessoas que celebravam na casa de uma das vítimas, em Campinas, no interior do estado. Depois de atirar nos convidados, Araújo se matou. O crime, segundo a polícia, ocorreu porque ele não aceitou perder a guarda do filho.

    Massacre deixa 12 mortos em Realengo
    » Em abril de 2011, o ex-aluno Wellington Menezes de Oliveira entrou na escola Tasso da Silveira, no bairro de Realengo, no Rio, e matou 12 crianças. O homem de 23 anos estava armado com dois revólveres. Treze ficaram feridos. Oliveira foi interceptado por policiais e cometeu suicídio.

    Jovem atira contra plateia de cinema
    » Em novembro de 1999, o ex-estudante de medicina Mateus da Costa Meira, entrou em uma sala de cinema do Morumbi Shopping, na zona sul de São Paulo, e atirou contra a plateia de 66 espectadores. Ao todo, três pessoas morreram e quatro ficaram feridas.

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Correio Braziliense terça, 11 de dezembro de 2018

BOLSONARO É DIPLOMADO E APELA À CONCILIAÇÃO

 


Bolsonaro é diplomado e apela à conciliação
 
 
Durante a cerimônia no Tribunal Superior Eleitoral, Jair Bolsonaro diz que será presidente de %u201C210 milhões de brasileiros%u201D, a partir de 1º de janeiro, garante o respeito à Constituição e afirma que quer dirigir um país em que todos sejam tratados de forma igual

 

» RENATO SOUZA
» SIMONE KAFRUNI
» DENISE ROTHENBURG

Publicação: 11/12/2018 04:00

Ao lado do vice, Hamilton Mourão, Bolsonaro preferiu não repetir as críticas que fez ao TSE durante as eleições e elogiou o órgão pela organização (Minervino Junior/CB/D.A Press)  

Ao lado do vice, Hamilton Mourão, Bolsonaro preferiu não repetir as críticas que fez ao TSE durante as eleições e elogiou o órgão pela organização

 



A complexidade dos desafios que tem pela frente, tanto em assuntos relacionados ao cargo de chefe do Executivo, quanto da articulação política necessária para garantir a governabilidade, fez com que o presidente eleito, Jair Bolsonaro, construísse um discurso recheado de defesas em nome da união entre os brasileiros. E fixou os objetivos que pretende seguir assim que tomar posse, em janeiro. Em uma cerimônia com mais de 700 convidados, lotada por autoridades dos Três Poderes, Bolsonaro e seu vice, general Hamilton Mourão, foram diplomados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A medida é necessária para que eles estejam aptos a assumirem o cargo.

Mourão foi o primeiro a receber o diploma, mas não discursou. Em seguida, ao lado da presidente da Corte, ministra Rosa Weber, Bolsonaro falou para o contingente que o elegeu e também para quem não o apoiou. “Agradeço, especialmente, aos mais de 57 milhões de brasileiros que me honraram com o seu voto. Aos que não me apoiaram, peço a sua confiança para construirmos juntos um futuro melhor para o nosso país”, disse. O presidente eleito defendeu um país onde todos sejam tratados de forma igual, sem que ocorra diferenciação nas ações do Estado em relação aos aspectos pessoais. “A partir de 1º de janeiro, serei o presidente de 210 milhões de brasileiros. Governarei em benefício de todos, sem distinção de origem social, raça, sexo, cor, idade ou religião”, completou.

A expectativa sobre o discurso no TSE era grande, uma vez que, durante a campanha, Bolsonaro questionou mais de uma vez a segurança do sistema de votação e a legitimidade da urna eletrônica. O presidente eleito preferiu apelar à conciliação: exaltou a integridade do pleito e agradeceu à Justiça Eleitoral pela organização do ato. “Senhora ministra Rosa Weber, senhores ministros do TSE, senhoras e senhores, que esse trabalho coletivo que garantiu a legitimidade do processo eleitoral seja um exemplo da união em prol do Brasil. Com o apoio e o engajamento de todos, vamos resgatar o orgulho de ser brasileiro. Vamos resgatar o orgulho pelas cores da nossa bandeira e pela força do nosso hino”, ressaltou.

Bolsonaro saiu vencedor das eleições realizando uma campanha com base na difusão de propostas por meio das redes sociais. Com apenas oito segundos de tevê no primeiro turno, e impedido de sair às ruas para o corpo a corpo com o eleitorado em razão da facada que levou em Juiz de Fora, em 6 de setembro, o presidente eleito usou a internet para transmitir seu plano de governo para os brasileiros. Durante a cerimônia no TSE, ele disse que o resultado do pleito revela que o “poder popular não precisa mais de intermediação”.

De acordo com o presidente eleito, as novas formas de comunicação permitem que o cidadão participe diretamente das decisões do governo, e possa expressar suas necessidades diretamente aos candidatos e eleitos. “O poder popular não precisa mais de intermediação. As novas tecnologias permitiram uma relação direta entre o eleitor e seus representantes. Nesse novo ambiente, a crença na liberdade é a melhor garantia de respeito aos altos ideais que balizam nossa Constituição”, afirmou.

Discussões

As recentes discussões entre integrantes do PSL, partido de Bolsonaro, dominaram os debates na plateia. O futuro ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, afirmou que a briga entre os integrantes da sigla é extremamente negativa. Ele criticou os conflitos internos da legenda, que ocorreram principalmente por meio do Twitter e WhatsApp. Os filhos de futuro chefe do Executivo protagonizaram discussões acaloradas com parlamentares da próxima legislatura, como com o deputado federal Julian Lemos.

Para Bebiano, a maioria dos parlamentares do partido foram eleitos por conta do efeito Bolsonaro, e devem focar em assuntos que são de interesse do país. “Acho que o partido tem que estar unido. Precisa haver uma conscientização por parte da cada um. Se não fosse a onda Bolsonaro, a maioria não teria se elegido. Estão começando uma vida nova. Brasília é um ambiente inóspito. Pato novo não mergulha fundo”, disse.

Discurso de Jair Bolsonaro na diplomação

Em primeiro lugar, eu quero agradecer a Deus por estar vivo e também por esta missão à frente do Executivo. Tenho certeza que, ao lado d’Ele, venceremos os obstáculos. Parabenizo aqui a família da Justiça eleitoral pelo excelente trabalho realizado nas eleições de outubro. A cada um de vocês, integrantes do TSE, dos tribunais regionais eleitorais, das Forças Armadas, mesários, expresso meu muito obrigado e meu reconhecimento por essa demonstração de civismo e amor ao Brasil.

Hoje, eu e meu contemporâneo general Hamilton Mourão recebemos nossos diplomas. Trata-se do reconhecimento de que o povo escolheu seus representantes. Pessoas livres e justas, como determina nossa Constituição. Não poderia estar mais honrado com a consciência demonstrada pelo povo brasileiro. Essa vitória não é só minha.

O caminho que me trouxe aqui foi longo e nem sempre foi fácil. Durante minha vida pública como militar, vereador e deputado federal, sempre me coloquei pela defesa dos valores da família, pelos interesses do Brasil e pela soberania nacional. Orientei a plataforma da minha campanha à Presidência da República pela defesa desses valores. A todos aqueles que me apoiaram e confiaram na minha capacidade, o meu muito obrigado. Agradeço com carinho à minha família, minha mãe, Olinda, ainda viva com 91 anos, minha esposa Michelle, meus filhos Flávio, Carlos, Eduardo e Renan e minha querida filha Laura.
Nada disso teria sido possível sem o apoio incondicional de vocês. Agradeço também a todos que acreditaram e estiveram comigo desde o início de minha trajetória. Nos momentos felizes, mas sobretudo nos momentos difíceis. Essa vitória é de todos nós. Agradeço muito especialmente aos mais de 57 milhões de brasileiros que me honraram com seu voto. 

Aos que não me apoiaram, peço sua confiança para construirmos juntos um futuro melhor para o nosso país. A partir de 1º de janeiro, serei presidente dos 210 milhões de brasileiros.
Governarei para todos sem distinção de origem social, raça, sexo, cor, idade, ou religião. Com humildade, e tendo fé em Deus para iluminar minhas decisões, me dedicarei ao objetivo que nos une: a construção de um Brasil próspero, justo, e que ocupe o lugar que lhe cabe entre as grandes nações do mundo. Esse é o nosso norte. Esse é o nosso compromisso.

Somos uma das maiores democracias do mundo, 120 milhões de brasileiros compareceram às urnas de forma pacífica e ordeira. Respondemos ao dever cívico do voto. Devemos nos orgulhar dessa conquista. Em um momento de profundas incertezas em várias partes do globo, somos o exemplo de que a transformação pelo voto popular é possível. Esse processo é irreversível. Nosso compromisso com a soberania do voto popular é inquebrantável. Os desejos de mudança foram expressos de forma clara nas eleições. A população quer paz e prosperidade. Nossa gente é trabalhadora. Temos todos a esperança de uma vida digna. Gente que não mede esforços para obter o sustento de seus familiares, que precisa de um governo que garanta condições adequadas para desenvolver seu potencial.

A construção de uma nação mais justa e desenvolvida requer a ruptura com práticas que atrasaram nosso progresso. Não mais à corrupção. Não mais à violência, às mentiras e à manipulação ideológica. Não mais submissão do nosso destino a interesses alheios; não mais mediocridade complacente em detrimento do nosso desenvolvimento. Todos conhecemos a pauta histórica: segurança pública, combate ao crime e igualdade de oportunidades com respeito ao mérito e ao esforço individual.

Todos sabemos disso, mas não conseguimos ainda oferecer isso à população como dever do Estado. Nosso dever é transformar os anseios em realidade. Nossa obrigação é oferecer um Estado eficiente, que faça valer a pena os impostos pagos pelo contribuinte. Nossa obrigação é dar garantia que os brasileiros regressem bem após um dia de trabalho. Nosso dever é criar condições para que o empreendedor crie empregos e gere renda ao trabalhador. Tenho plena consciência dos desafios que se colocam entre nós. Trabalharei com afinco para que, daqui a quatro anos, possamos olhar para trás com orgulho pelo caminho trilhado em benefício do nosso amado Brasil.

Senhoras e senhores, vivenciamos novo momento. As eleições de outubro revelaram uma realidade distinta das práticas do passado. O poder público não precisa mais de intermediação. As novas tecnologias permitiram uma relação direta entre o eleitor e seus representantes. Nesse novo ambiente, a crença na liberdade é a melhor garantia de respeito aos altos ideais que balizam nossa Constituição. Diferenças são inerentes a uma sociedade múltipla e complexa como a nossa. Mas há ideais que nos unem: o amor à pátria e o compromisso da construção de um presente de paz e de futuro mais próspero.

Senhores ministros, senhoras e senhores, que esse trabalho coletivo que garantiu a legitimidade do processo eleitoral seja um exemplo da união em prol do Brasil. Com a união e o engajamento de todos, vamos resgatar o orgulho de ser brasileiro e pela nossa bandeira e nosso hino. Temos a certeza de que este país tem como destino a prosperidade e a paz. O Brasil deve estar acima de tudo. Que Deus abençoe o nosso país e todos nós, brasileiros. Meu muito obrigado a todos.
 
 
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Correio Braziliense segunda, 10 de dezembro de 2018

RIVER PLATE VENCE A LIBERTADORES

 

Real Madrid que se cuide
 
 
De virada e na prorrogação, River Plate vence Boca Juniors e conquista o tetracampeonato em Madri. Equipe argentina segue direto para a disputa do Mundial de Clubes, com estreia marcada para o dia 18

 

Publicação: 10/12/2018 04:00

 (Javier Soriano/AFP)  


A mais longa das finais da Copa Libertadores está nas mãos do River Plate. Em um jogo dramático, o time venceu o Boca Juniors por 3 x 1, de virada, ontem, em Madri, na Espanha. Os gols da vitória foram marcados no segundo período da prorrogação após empate por 1 x 1 no tempo normal. O Boca se mostrou um time aguerrido e jogou com 10 jogadores após a expulsão de Barrios na segunda etapa e acertou uma bola na trave no final da prorrogação. De virada, o River Plate conseguiu uma vitória épica sobre o maior rival.
 
Foi o quarto título da equipe na Libertadores. Está classificada para a disputa do Mundial de Clubes da Fifa, que começa na quarta-feira nos Emirados Árabes Unidos. A estreia do representante sul-americano será no dia 18.
 
A final deveria ter sido realizada no dia 24 de novembro, em Buenos Aires, mas foi adiada por causa do ataque ao ônibus do Boca Juniors por parte de torcedores do River Plate a poucas horas do início daquele jogo. Madri foi escolhida pela Conmebol para receber o jogo decisivo. A Libertadores, assim, encerra a edição mais insólita da história.
 
As torcidas tomaram posse do Santiago Bernabéu, com gritos, cantos e bandeiras. Os agentes de segurança não permitiram as faixas. Atrás de cada gol, um pequeno setor das arquibancadas foi fechado para separar as duas torcidas. Em todos os detalhes, a arena espanhola virou um estádio sul-americano. Os argentinos que percorreram os 10 mil quilômetros de Buenos Aires a Madri levaram para o estádio a mania quase religiosa de cantar o jogo todo. Sem parar. Mostraram aos europeus um jeito próprio de torcer. Paixão tipo exportação.

Novamente decisivo, Benedetto abriu o placar e fez careta para os rivais (Soriano/AFP)  

Novamente decisivo, Benedetto abriu o placar e fez careta para os rivais

 



Torcedor do Boca antes do jogo: fãs dos dois times lotaram o estádio (Oscar Del Pozo/AFP)  

Torcedor do Boca antes do jogo: fãs dos dois times lotaram o estádio

 



Lucas Pratto, que trocou  o São Paulo pelo River, empatou a partida (Gabriel Bouys/AFP)  

Lucas Pratto, que trocou o São Paulo pelo River, empatou a partida

 

 
Exatamente como havia previsto o técnico do Boca, Guillermo Schelotto, a partida foi truncada e amarrada. Muito mais pegada que o jogo de ida (2 x 2 na Bombonera). Não havia espaço. O campo “encolheu” tamanha a dedicação dos jogadores à marcação. Toda bola era dividida. O espetáculo ficou em segundo plano. Curiosamente, o primeiro cartão amarelo saiu aos 27 minutos da etapa inicial para Ponzio.
 
Os inúmeros erros de passe escancaravam o nervosismo dos rivais, principalmente do River Plate. No final do primeiro tempo, o time de Marcelo Gallardo (fora do banco de reservas por suspensão) não acertou nenhum chute a gol. O Boca começou melhor, amparado em um esquema com três atacantes: Benedetto, Pavón e Villa.
 
O time xeneize soube jogar pelas pontas. Aos 9 minutos, Olaza cruzou, Maidana tentou o corte, mas quase fez gol contra. Na sequência, Perez aproveitou o escanteio, mas chutou em cima do goleiro Armani. Vinte minutos depois, a melhor chance do jogo até então veio com Perez (de novo). Ele chutou cruzado, mas o volante Nández não alcançou para fazer o primeiro gol.
 
O jogo destravou no final do primeiro tempo quando os times aceleraram as jogadas pelos lados do campo. Foi assim que o Boca abriu o placar aos 43. Depois que o River errou um cruzamento, o uruguaio Nández deu passe excelente em profundidade para Benedetto, que aplicou um corte espetacular no zagueiro Maidana e tocou na saída de Armani. Golaço. Foi o quinto gol do atacante, carrasco de Cruzeiro e Palmeiras nas fases anteriores da Libertadores e que também havia marcado na primeira partida da final.


FICHA TÉCNICA
 
River Plate 3 x 1 Boca Juniors
 
River Plate
Armani; Montiel (Mayada), Maidana, Pinola e Casco; Pérez, Ponzio (Quintero), Palacios (Álvarez) e Fernández (Zuculini); Martínez e Pratto
Técnico: Marcelo Gallardo
 
Boca Juniors
Andrada; Buffarini (Tevez), Magallán, Izquierdoz e Olaza; Nández, Barrios e Pérez (Gago); Pavón, Benedetto (Ábila) e Villa (Jara)
Técnico: Guillermo Schelotto.
 
GOLS - Benedetto, aos 43 minutos do primeiro tempo. Pratto, aos 22 do segundo tempo. Quintero, aos 3, e Martínez, aos 16 minutos do segundo tempo da prorrogação.
 
CARTÕES AMARELOS - Ponzio, Pérez, Fernández, Maidana e Casco.
CARTÃO VERMELHO - Barrios
ÁRBITRO - Andrés Cunha (Uruguai).
RENDA - Não divulgada.
Público - 62.282 pagantes.
LOCAL - Estádio Santiago Bernabéu, em Madri (Espanha).
 
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Correio Braziliense domingo, 09 de dezembro de 2018

FRANÇA SEGUE SOB TENSÃO

 

França segue sob tensão
 
 
Medidas de segurança evitam o quebra-quebra do fim de semana passado, mas confrontos entre policiais e manifestantes resultam em mais de 1.300 prisões. Governo promete novas medidas para %u201Cnutrir o diálogo%u201D

 

Publicação: 09/12/2018 04:00

 (Thomas Samson/AFP)  


Cerca de 135 mil pessoas foram às ruas da França no quarto sábado consecutivo de protestos dos coletes amarelos contra o governo do presidente Emmanoel Macron. Medidas excepcionais de segurança em Paris, como o inédito uso de blindados e a mobilização de 90 mil agentes mobilizados, conseguiram evitar a repetição das cenas caóticas de depredação do último fim de semana, mas novos confrontos irromperam entre a polícia e os manifestantes, com a apreensão de objetos como máscaras, martelos e paralelepípedos.
 
Ao detalhar que houve 1.385 detenções, 651 delas na capital, e 975 pessoas em prisão preventiva, o ministro do Interior, Christophe Castaner, avisou que o número poderia aumentar. “É um nível excepcional”, destacou o ministro, que também deu um balanço de 118 feridos entre os manifestantes e 17 nas forças de segurança. À noite, o primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, tentou acalmar o clima e prometeu que Macron “falará e proporá medidas para nutrir o diálogo”. “Temos de tecer novamente a unidade nacional”, acrescentou, em breve declaração transmitida na televisão.
 
Na semana passada, Macron cedeu a algumas das demandas dos manifestantes: anulou o aumento do imposto sobre combustíveis, parte de um plano para combater a mudança climática, e congelou os preços do gás e da energia elétrica nos próximos meses. O protestos, porém, se mantiveram e, ontem, pela primeira vez, blindados foram usados na capital francesa. Pela manhã, a polícia usou gás lacrimogêneo para tentar conter manifestantes em uma rua adjacente à Champs-Élysées, perto do Arco do Triunfo, epicentro dos distúrbios do último fim de semana. Alguns manifestantes responderam lançando rojões. Outros tentaram incendiar a fachada da Drugstore Publicis, um estabelecimento comercial de luxo, onde a tensão aumentou no início da tarde.
 
A Torre Eiffel, o museu do Louvre e quase todas as lojas estavam fechados, com entradas e vitrines protegidas com painéis de madeira para evitar saques e quebra-quebra. “Faço isso pelo futuro do meu filho. Não posso permitir que ele viva em um país onde outros se enriquecem às nossas custas”, disse Denis, 30 anos. Tim Viteau, desempregado de 29 anos, participou pelo terceiro sábado seguido das manifestações, que ganharam uma pauta além da questão dos impostos. “Como vamos ter filhos? Eu também quero ter filhos”. Ele e sua namorada tiveram de voltar para a casa dos pais porque não conseguiram pagar o aluguel.

Carros da polícia bloquearam o acesso à Avenida Champs-Élysées: 90 mil agentes mobilizados (Bertrand Guay/AFP)  

Carros da polícia bloquearam o acesso à Avenida Champs-Élysées: 90 mil agentes mobilizados

 



Ruas bloqueadas
 
Todo o oeste de Paris, onde ficam o Palácio do Eliseu (sede da Presidência) e a maioria dos ministérios, ficou coberto de azul, a cor das viaturas da polícia. As patrulhas bloquearam o acesso às principais praças da capital, incluindo a da Concorde, um dos extremos da avenida Champs-Élysées, que vai até o Arco do Triunfo. A poucas ruas do Palácio do Eliseu, na praça de Madeleine, estavam John e Dorian, de 31 e 29 anos, respectivamente. Gendarmes verificavam seus documentos. “É a segunda vez! Na estação do metrô já tiraram tudo. Os óculos de natação, o lenço, as caneleiras...”, conta Dorian, procedente de um subúrbio parisiense. “Estamos aqui para que nos escutem, pacificamente”, insistiu.
 
No restante do país, a calma prevaleceu pela manhã, mas houve registros de confrontos na parte da tarde. Na autoestrada que conecta Paris a Bordeaux (sudoeste), mais de 100 pessoas atearam fogo a pedaços de pau e pneus, bloqueando o fluxo de veículos durante boa parte do dia. Na fronteira franco-espanhola, os coletes amarelos montaram uma barricada seletiva, que bloqueava a passagem dos caminhões procedentes da Espanha, informou a prefeitura dos Pirineus Atlânticos.
 
Rodovias foram bloqueadas antes das manifestações como medida preventiva, mas algumas estratégias vazaram ainda na sexta-feira. O Ministério Público de Paris abriu uma investigação depois de sair na internet uma nota técnica da Direção da Segurança e Proximidade de Aglomeração sobre o dispositivo mobilizado para o dia de protestos.


"(O presidente) falará e proporá medidas para nutrir o diálogo. Temos de tecer novamente a unidade nacional”
Edouard Philippe, 
primeiro-ministro francês


Trump volta a ironizar 
O presidente americano, Donald Trump, voltou a atacar o Acordo de Paris sobre mudanças climáticas, ao assegurar que os protestos dos coletes amarelos na França são prova do mal funcionamento desse pacto. “O Acordo de Paris não está funcionando muito bem para Paris. Protestos e distúrbios por toda a França, escreveu, ontem, em um tuíte. “As pessoas não querem pagar grandes quantias de dinheiro, muitas a países do terceiro mundo (que são questionavelmente dirigidos), para talvez proteger o ambiente”, acrescentou. Na terça-feira, o americano ironizou as concessões feitas pelo presidente Emmanuel Macron diante do movimento dos coletes amarelos, estimando o fracasso do Acordo de Paris.
 
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Correio Braziliense sábado, 08 de dezembro de 2018

SOBREVIVENTE HAITIANA CEGA GANHA OAB

 


Sobrevivente, haitiana cega ganha OAB
 
Após perder todos os bens e a família no terremoto de 2010, ser rejeitada na República Dominicana e enfrentar a falta de estrutura no Acre, refugiada foi acolhida por uma família brasiliense. Aprovada na Ordem dos Advogados do Brasil, ela agora quer se naturalizar brasileira e se tornar juíza

 

Alan Rios
Especial para o Correio

Publicação: 08/12/2018 04:00

Escolhida como oradora da turma, Nadine Talleis recebeu ontem a sonhada carteirinha da Ordem, em meio a uma plateia emocionada (Fotos: Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press
)  

Escolhida como oradora da turma, Nadine Talleis recebeu ontem a sonhada carteirinha da Ordem, em meio a uma plateia emocionada

 

Sobrevivente da maior tragédia natural da história, refugiada, pobre, cega, negra e, agora, advogada apta a trabalhar no Brasil. Aos 33 anos, a haitiana Nadine Taleis é um dos profissionais que receberam a carteira de registro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), no Distrito Federal, ontem. Ela deixou a terra natal, em 2010, por causa dos estragos e do desespero provocados pelo terremoto que matou mais de 250 mil pessoas.
 
Primeiro, Nadine buscou abrigo na República Dominicana. Sem ajuda, decidiu vir para o Brasil. Entrou pelo Acre e se estabeleceu em Brasília, em 2013, após ser adotada por uma família, que a ajudou a realizar o sonho e fez questão de participar da cerimônia na sede da entidade, na Asa Norte.
 
A haitiana foi escolhida como oradora da turma. “Chegar aqui foi uma trajetória muito difícil. Tive que ter uma dedicação total. Não por uma questão de querer ter um diploma, mas por querer aprender. Tive que me dedicar desde o início da faculdade, quando já comecei a estudar para a OAB. Tive que correr atrás para vencer hoje, mas tudo isso é só o início. A carteirinha é um sonho e hoje é o começo dele. Quero advogar, me desafiar, começar a carreira jurídica trabalhando em escritório e construindo a minha carreira. E depois vou me naturalizar para conquistar outro sonho, de ser juíza”, discursou Nadine ao microfone, para um auditório lotado e emocionado.
 
Órfã cedo
 
No terremoto de 2010, Nadine perdeu quase toda a família e a casa herdada dos pais, que morreram quando ela era criança. Político, seu pai foi assassinado por opositores. Deprimida, a mãe morreu menos de um ano depois. Um avô, morto em fevereiro, foi quem a criou. Nadine estava em Porto Príncipe, a capital e mais populosa cidade do país, o epicentro do tremor, onde morava com os parentes. “De repente, eu não tinha nem roupa mais”, lembrou a haitiana. Na República Dominicana, ela foi mal recebida pela população, que não simpatizava com haitianos. Os vizinhos de uma ilha caribenha mantém um histórico de confrontos. Nadine permaneceu três meses no país.
 
Para chegar ao Brasil, a haitiana voou República Dominicana para o Equador e, de lá, atravessou de ônibus a fronteira do Peru com o Brasil. À época, com uma economia estável, o país atraía imigrantes em busca de emprego. Quando chegou ao Brasil, Nadine foi levada para Brasileia (AC). Ela morou em um ginásio municipal, com 1,3 mil refugiados, que dormiam em colchões e dividiam dois banheiros. Nadine só conhecia um tio, presente na cerimônia da entrega da carteirinha da OAB. Sem falar português, ela esperava arrumar um emprego como massagista, ofício aprendido na República Dominicana.

 


Família brasiliense
 
A refugiada veio para a capital do país em 2013. “Abrigamos a Nadine no Dia das Mães, foi o meu presente”, conta Loide dos Santos, enfermeira e professora, 58 anos. Ela e o marido, o pedagogo Carlos Ferreira, 50, receberam Nadine em casa, no Guará. Eles têm uma filha, que mora no Acre. “Minha filha ligou me dizendo da situação dela (da Nadine) no Acre e pensei que estava falando de uma criança refugiada. Depois descobri que a Nadine já estava com 25 anos e era cega. Foi uma surpresa, porque nunca tinha convivido com alguém com deficiência visual, mas, quando a conheci, foi amor à primeira vista. E a todo tempo ela dizia que ia conseguir entrar na faculdade. E hoje (ontem), com ela formada e certificada pela OAB, estamos radiantes de tanta felicidade”, ressaltou Loide.
 
Nadine recebia dos pais brasileiros o dinheiro para comer, se vestir e pagar o aluguel de uma quitinete. Ela, no entanto, escondeu deles que havia se matriculado no curso de direito da Mauá, em Vicente Pires. Para pagar a faculdade, ela deixava de comer. Chegou a ficar dois dias sem comer nada. Recusava-se a receber mais ajuda da família brasileira. Mas, quando notaram o empenho da aluna, diretores da instituição decidiram dar a ela uma bolsa de estudos integral e um estágio. Só então a haitiana contou aos pais brasileiros sobre a situação vivida nos primeiros meses de faculdade.
 
Nadine, que concluiu a graduação em quatro anos, também contou com ajuda dos colegas e professores. Os estudantes faziam silêncio na sala para que Nadine pudesse ouvir os professores e registrar as aulas em um gravador. O aparelho era o único recurso que a estudante dispunha para aprofundar os assuntos em casa.

 


Aulas gravadas
 
A professora Estela Cabral conta que Nadine demonstrava uma aplicação e inteligência fora do comum, sempre fazendo muitas perguntas. “Ela era uma aluna assídua, que trabalhava o dia todo na faculdade e estudava à noite, mas continuava conversando por áudio comigo depois das aulas, até o anoitecer, sobre o conteúdo. A Nadine é super-respeitada pelos colegas, até porque eles não a enxergam como uma pessoa especial por conta da deficiência, mas sim por conta das capacidades que ela tem”, destacou a docente. “Ela é uma fonte de inspiração para mim, porque transformou minha vida por completo”, completou Estela.
 
Roberson Rodrigues, 51 anos, que dividiu a sala de aula com Nadine, pôde compartilhara alegria de receber a carteira da Ordem no mesmo dia. “Quando soube que ela passou na OAB, comentei com minha esposa que queria muito que a gente se formasse junto, por conhecer a história dela e querer ver o seu sonho sendo realizado. E deu tudo certo! Nos formamos, recebemos a carteirinha e eu acabei mais feliz por ela do que por mim”, comemorou Roberson.
 
Agora, Nadine pretende conseguir um emprego, prestar concurso para a Advogacia-Geral da União (AGU), adquirir a experiência e tornar-se magistrada. “Se uma empresa quiser me dar uma oportunidade para trabalhar, vou ficar muito feliz. Não é um favor, peço uma oportunidade para demonstrar a minha capacidade. Quero advogar, me desafiar, começar a carreira jurídica, trabalhando em escritório e construindo minha carreira. E depois vou me naturalizar para conquistar outro sonho, o de ser juíza.”
 
Trabalho
Nadine procura trabalho. Caso alguma empresa esteja interessada no currículo dela, pode contatá-la pelo telefone (61) 98149-8809.
 
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Correio Braziliense sexta, 07 de dezembro de 2018

NATAL: IMPULSOS DO AMOR SOLIDÁRIO


Impulsos do amor solidário

 
 
A Festa de Natal Correio Braziliense Solidário será neste domingo e reunirá padrinhos, madrinhas, parceiros e voluntários da iniciativa. Serão entregues brinquedos para crianças que recebem apoio de entidades ligadas ao projeto

 

» LUIZ CALCAGNO

Publicação: 07/12/2018 04:00

Genilson Francisco Lopes dá vida ao Palhaço Psiu, voluntário e parceiro do Correio Solidário:  
Genilson Francisco Lopes dá vida ao Palhaço Psiu, voluntário e parceiro do Correio Solidário: "Somos os verdadeiros papais-noéis"
 
“O resultado do trabalho de um ano inteiro.” É assim que Nazareh Teixeira da Costa descreve a Festa de Natal Correio Braziliense Solidário. Presidente do Programa Correio Braziliense Solidário, ela comenta com carinho o evento. Além de mostrar a padrinhos, madrinhas, parceiros e voluntários que os esforços empregados nos últimos 12 meses valeram a pena, o encontro é um festejo natalino com direito a brinquedos para crianças de 4 a 6 anos assistidas por entidades beneficentes que recebem apoio do projeto. E, entre os presentes, estará Genilson Francisco Lopes, 42 anos, mais conhecido como Palhaço Psiu, que há 17 anos repassa alimentos e brinquedos para meninos e meninas de várias partes do país.
 
A festa, marcada para domingo, é só para convidados. E Nazareth destaca que não ocorreria sem o trabalho e a presença de parceiros e os muitos voluntários que se prontificaram a tornar realidade o sonho de meninos e meninas. “Nessa festa, a gente tem a satisfação de ver que estamos fazendo algo importante pelas crianças. Nós as vemos chegarem com presentes nas mãos, felizes e bem alimentadas. Isso é a coroação do nosso trabalho. Podemos até, às vezes, ficar com a sensação de que não fizemos o suficiente. Podemos achar que foi pouco. Mas esse pouco é muito para o mundo delas”, afirma.
 
A presidente do Correio Solidário lembra que as instituições atendidas pelo programa precisam da ajuda da comunidade. O valor da manutenção de serviços que garantem boa alimentação, banho, aula, muitas vezes em tempo integral, é alto. Dessa forma, qualquer ajuda garante a permanência de uma ou duas crianças em projetos, muitas vezes, decisivos por toda a vida. “A minha intenção nesse nosso trabalho é dar um conforto, uma assistência, um banheiro novo, uma cozinha, para que (as crianças) tenham o que não têm em casa. Como eles poderão competir, no futuro, com igualdade, por uma boa vaga de emprego, sem oportunidades hoje?”, questiona.
 
O Programa Correio Braziliense Solidário está no 15º ano. Nesse período, Nazareth coleciona experiências tristes e felizes. Ela destaca que, em ambos os casos, cresceu a vontade de continuar com os trabalhos. “Passamos por tantas coisas tanto no projeto do Distrito Federal quanto no de Belo Horizonte. Um dia, uma criança me abraçou e me pediu que a levasse comigo. Depois, soube que tinha sido vítima de violência. A gente se sente impotente diante de um problema tão grande. Mas é por isso que não podemos desistir. Mas ver o olhar de uma criança recebendo uma brinquedoteca também nos enche de força para continuar”, explica.
 
Palhaçada do bem
 
O Palhaço Psiu conhece bem essas emoções e, assim como Nazareth, aprendeu a tirar energia disso tudo. Ele viveu em um orfanato dos 5 aos 18 anos. “A minha mãe nos deixou lá, eu e mais quatro irmãos”, revela. Especialista em fazer rir, ele se emociona e ao comentar o passado. Lembra do irmão mais velho, morto há 21 anos, e de uma filha, que perdeu a vida aos 15, em um acidente de carro, em 2011. “Todo palhaço tem uma tristeza dentro de si, mas isso me dá força. Quando eu levo alegria para crianças, eu amenizo essa dor. Vivo de momentos felizes, me curo. É o remédio que Deus me deu”, diz.
 
Psiu descobriu na arte de ser palhaço uma forma de mudar a própria realidade. A partir daí, começou a trabalhar para transformar, também, a vida de meninos e meninas em situações semelhantes às dele. Além das apresentações do personagem, o artista dá palestras para contar histórias da própria vida e a importância de acreditar em si. “Quando saí do orfanato, trabalhei em vários lugares. Fui cozinheiro, chapeiro e trabalhei em uma lanchonete famosa como animador de festa. Em um Natal, pedi ao gerente 10 presentes para dar para as crianças que não receberiam nada”, relembra. O ano era 2001.
 
No ano seguinte, Psiu conseguiu 300 brinquedos. Depois, 600, 700, e não parou mais. “Cheguei a conseguir 10 mil. Neste ano, estou em campanha”, ressalta. O trabalho chamou a atenção de autoridades e, entre idas e vindas, além dos próprios projetos, Genilson tornou-se voluntário e parceiro do Correio Solidário. “Eu sempre me pergunto quantas pessoas não vão ter um Natal. Uma das coisas de que mais gosto é de ver a ansiedade das crianças que sabem que vão subir ao palco e receberão o presente das mãos do Papai Noel. E nós, os voluntários, que damos a chance de essas pessoas receberem os presentes, somos os verdadeiros papais-noéis”, emociona-se.

Ajude
Interessados em ajudar o Palhaço Psiu com doação de brinquedos podem procurá-lo pelo telefone (61) 98117-6101. Os presentes serão distribuídos em instituições do DF e de outros estados.
 
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Correio Braziliense quinta, 06 de dezembro de 2018

DEZ MESES SEM VIADUTO

 

Obra deve ser entregue em março

 

Philipe Santos*

Publicação: 06/12/2018 04:00

Trecho do Eixão desabou sobre a Galeria dos Estados (Breno Fortes/CB/D.A Press - 9/2/18)  

Trecho do Eixão desabou sobre a Galeria dos Estados

 



Desvios foram realizados perto da Rodoviária do Plano (Breno Fortes/CB/D.A Press - 9/2/18 )  

Desvios foram realizados perto da Rodoviária do Plano

 



Imagem recente do local, ainda interditado e sob reparos  (Breno Fortes/CB/D.A Press - 29/11/18)  

Imagem recente do local, ainda interditado e sob reparos

 



Há 10 meses, parte do viaduto sobre a Galeria dos Estados, no Eixão Sul, desabou, deixando a população de Brasília assustada. Desde então, mudou o cenário na região. O trânsito foi desviado e os arredores ficaram tomados por tapumes e máquinas, situação que deve durar mais três meses.

Segundo o Departamento de Estradas e Rodagens (DER-DF), responsável pelo viaduto, a reconstrução segue o ritmo planejado, com 18% da obra concluída. Assim, mantém-se o prazo de 1º de março para a conclusão da obra.

O DER-DF informou, por meio de nota, que a demolição do que sobrou do vão afetado foi finalizada e a Via Engenharia, empresa que ganhou a licitação da obra, está na fase de execução dos blocos de fundação e dos últimos tubulões — perfurações profundas necessárias para transmitir cargas estruturais para solos com maior capacidade de suporte.

Além disso, a remoção do asfalto antigo foi feita sobre todo o viaduto. Ainda de acordo com o DER-DF, a construção dos novos pilares de sustentação será iniciada até sexta-feira, e a abertura de alvéolos do tabuleiro, que permitirão o reforço da laje, passará a ser feita na próxima semana.

Alerta
Um relatório do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) de 2012 alertava sobre o risco do desabamento e a necessidade de manutenção na estrutura. Após a tragédia, especialistas da Universidade de Brasília (UnB) indicaram que o viaduto fosse totalmente demolido. Mas o governo se baseou em outros pareceres e preferiu reaproveitar parte da estrutura.

Em agosto, foi lançado o edital para a construção. A Via Engenharia iniciou a obra em 24 de setembro. Sem alteração desde a licitação, o valor previsto na construção permanece em R$ 10,9 milhões.

* Estagiário sob supervisão de Humberto Rezende
 
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Correio Braziliense quarta, 05 de dezembro de 2018

HOTEL NACIONAL TEM NOVO DONO E SERÁ REFORMADO

 


Hotel Nacional será reformado
 
 
Donos de outros 10 imóveis do ramo na capital, novos proprietários do edifício anunciam revitalização daquela que foi a mais luxuosa hospedaria da cidade

 

» ALEXANDRE DE PAULA
» AUGUSTO FERNANDES
ESPECIAL PARA O CORREIO

Publicação: 05/12/2018 04:00

Prédio foi vendido em leilão: má gestão levou à concordata, em 1991 (Minervino Junior/CB/D.A Press)  

Prédio foi vendido em leilão: má gestão levou à concordata, em 1991

 


Arrematado por R$ 93 milhões, o Hotel Nacional de Brasília, um dos símbolos da arquitetura e da história da capital, será reformado e modernizado, mas sem perder as características principais. É isso que garante a Incorp, empresa de incorporação e imobiliária que comprou o prédio. “Ele será adaptado de maneira moderna, mas sem alterar a arquitetura”, assegura o advogado da companhia, Saulo Mesquita.
 
A Incorp representa dois grupos responsáveis pelo comando de 10 hotéis na capital, o Fenícia e a construtora Luner (dona do Quality Hotel). “Como são dois grupos com experiência na área, queremos fazer com que o Hotel Nacional volte a ser o ícone que merece”, diz Mesquita.
 
O advogado explica que o processo de arrematação precisa passar por algumas etapas antes de a propriedade ser integrada ao grupo. “Temos de esperar os prazos recursais e a emissão de uma carta de arrematação antes de fazer qualquer coisa em relação ao prédio”, esclarece. Depois, o setor de engenharia do grupo fará o projeto de reforma. “Vamos manter a fachada e o interior. Toda a estrutura será modernizada, porque o local está em estado de decadência”, ressalta o advogado. Ele prevê de um ano a um ano e meio para a conclusão da reforma.
 
O Hotel Nacional foi a leilão três vezes neste ano, por meio do site Mega Leilões. Na primeira tentativa, em 29 de outubro, o lance inicial era de R$ 185 milhões. Após duas semanas sem propostas, o preço mínimo para arrematar o hotel baixou para R$ 130 milhões, em 12 de novembro. Ele continuou sem receber nenhum lance. Em 27 de novembro, o valor de caiu para R$ 93 milhões.
 
Antes de o certame ser encerrado, a Incorp I Empreendimentos Imobiliários Ltda., com sede em Brasília, fez a oferta de R$ 93 milhões. Ela se comprometeu em pagar o valor de forma parcelada, que deve ser quitado por completo em junho de 2021.
 
Tombamento
O Hotel Nacional não é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), apesar de estar inserido no conjunto urbanístico de Brasília — este, por sua vez, tombado como patrimônio nacional e distrital. O novo dono da edificação teria a liberdade de, por exemplo, demolir a estrutura, desde que respeitasse a volumetria dos edifícios. A Incorp garante que isso não será feito. O Iphan pode ajudar nos estudos para a reforma. “O Iphan se coloca à disposição para orientar e contribuir na qualificação de qualquer projeto de intervenção do prédio, ressaltando que se deve sempre cumprir as regras de tombamento”, informou o instituto, por meio de nota.
 
A arquiteta e urbanista Emília Stenzel alerta que qualquer intervenção no Hotel Nacional requer cuidados. “Tanto do ponto de visto econômico quanto cultural, é um dos prédios mais marcantes da história de Brasília, mesmo que não esteja formalmente tombado. É um ícone da arquitetura moderna brasiliense”, comentou.
 
A reportagem tentou entrar em contato com os atuais donos do Hotel Nacional, mas nenhum  concedeu entrevista. A notícia do leilão preocupa os funcionários do estabelecimento. “Não sabemos se quem vai entrar dará continuidade ao que é feito atualmente. Tenho medo de que mude tudo. Estamos apreensivos”, disse um funcionário do prédio, que não quis se identificar. Há oito anos trabalhando no hotel, ele teme a perda do emprego. “Venho de Sobradinho todos os dias. São mais de 40 quilômetros. É aqui que ganho a vida e consigo o sustento para a mulher e meus quatro filhos. Se me tirarem isso, não sei o que fazer”, contou.
 
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Correio Braziliense terça, 04 de dezembro de 2018

PESQUISA PELO MENOR PREÇO

 

Pesquisa pelo melhor preço
 
 
Para antecipar possíveis reajustes no próximo ano, pais iniciaram a consulta dos itens cobrados pelas instituições de ensino. Especialistas dão dicas para economizar e não sofrer com valores abusivos

 

LUIZ CALCAGNO
ISABELA GUIMARÃES*

Publicação: 04/12/2018 04:00

Patrícia Regina saiu logo para comprar o material didático da filha e conseguir programar gastos de fim de ano (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)  

Patrícia Regina saiu logo para comprar o material didático da filha e conseguir programar gastos de fim de ano

 



Pesquisar preços, adiantar as compras e negociar descontos. Essas são as três principais dicas de economistas e do Instituto de Defesa do Consumidor (Procon-DF) para quem vai comprar o material escolar dos filhos, matriculá-los em uma instituição particular de ensino ou contratar transporte para levá-los até a escola. Todos esses serviços sofreram ou sofrerão reajustes até o início do ano letivo de 2019. Pais devem ficar atentos, ainda, a preços abusivos em qualquer um dos casos e procurar os direitos caso se sintam lesados.

O valor das listas de material escolar costuma variar. De um ano para o outro, os itens exigidos mudam, quando o livro entra na conta, o preço aumenta, e a marca do produto escolhido também interfere. Estabelecimentos comerciais têm liberdade para tabelar os preços. Em janeiro, com o aumento da procura, o estoque diminui e, para repor com velocidade, as lojas compram do atacado em vez da indústria. Nesses casos, o custo também tende a crescer. Além disso, o reajuste médio das escolas particulares ficou entre 8% e 10%, e o do transporte escolar poderá chegar a 15% (veja tabela).

Além de pesquisar os valores do material didático nos estabelecimentos, os pais devem ficar atentos aos preços das vendas on-line. É o que recomenda a diretora de Atendimento do Procon-DF, Fabiana Ferreira. “O mais importante, em primeiro lugar, é pesquisar. Outra dica é a compra coletiva. Às vezes, se um grupo de pais procura uma papelaria junto, consegue um desconto maior. E escolas não podem oferecer comprar os materiais de ensino dos alunos. Isso é venda casada. É crime. Na lista (de materiais), o pai só deve comprar o que é para uso próprio”, alerta.

De loja em loja
A psicóloga Patrícia Regina Rodrigues, 43 anos, saiu ontem para comprar o material didático da filha, Fernanda, de 14, que estuda no Mackenzie. Ela pesquisou preços em três papelarias. Optou por uma na 509 Sul. “A conta está mais cara em relação ao ano passado, pois a escola pediu mais livros. Prefiro comprar adiantado. Batalho por descontos e tenho uma noção melhor do quanto posso gastar nas festas de fim de ano. Em 2015, deixei para a última hora e paguei R$ 112 a mais”, lembra. 

A estratégia da médica Paula Hungria, 32 anos, para economizar na compra do material do filho mais velho, de 6 anos, é comparar preços também pelo celular. “Participo de um grupo de pais e sempre tem alguém postando comparativo de valores.”

Em Taguatinga, a aposentada Emília Bernardes Setubal, 42, pesquisava preços para materiais dos três filhos: dois estão no Colégio Militar e um cursa engenharia de software na Universidade de Brasília (UnB). Além de olhar preços, ela participa de um grupo de WhatsApp de venda de livros e uniformes escolares usados a preços mais baixos. “É ótimo, porque você economiza.” Em Ceilândia, a auxiliar de serviços gerais Ivone Ribeiro, 36, também olhava os valores das listas dos filhos Jadson, 6, e Agatha, 8. “Onde vejo que está mais barato, compro. Cada R$ 1 economizados já ajuda em casa”, garante.

A reportagem do Correio pesquisou orçamentos de uma lista do 2º ano do ensino fundamental com 49 itens e 14 livros em diversas papelarias da cidade. No primeiro estabelecimento, na 708 Norte, o valor total foi de R$1.513,08. Na Asa Sul, o preço era de R$ 1.515,50. Na QNM 17, a mesma lista saiu por R$ 1.520,07. Em uma papelaria de Taguatinga, o valor foi de R$1.558,55. A variação de preço entre a mais barata e a mais cara foi de R$ 45,47, uma diferença de, aproximadamente, 3%.

Cuidados
De acordo com o presidente da Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino do DF (Aspa), Luis Claudio Megiorin, a média de reajuste esperada para as escolas particulares será de 8% a 10%. Ele reclama da postura dos estabelecimentos. “Sempre falamos que as escolas trabalham com uma boa margem de lucro. Chega a 30%, e sem transparência”, afirma. Na avaliação dele, alguns estabelecimentos particulares foram sensíveis à crise, mas outros não demonstraram a mesma cautela e pediram o dobro da inflação. “Os pais devem ficar atentos e saber se o valor cobrado paga o projeto pedagógico”, destaca.

Já Álvaro Moreira Domingues Júnior, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do DF (Sinepe-DF), evita falar em uma média de reajuste, índice que será divulgado pela instituição em janeiro. “O maior custo é o acordo coletivo com os professores e o INPC mais ganho real de 1%. Pais devem ficar atentos ao contrato, observar valores e conhecer a escola e a proposta pedagógica”, recomenda.

O presidente do Sindicato dos Transportes Escolares do DF, Nazon Simões Vilar, por sua vez, explica que a categoria terá de repassar os aumentos de custo para o consumidor. Segundo ele, além do combustível, os motoristas passaram a pagar mais pelas manutenções. “Não é só o combustível que subiu. Manutenção, peça, pneu, mão de obra, temos de calcular para saber quanto vamos repassar. Acredito em algo na faixa de 10% a 15%. Os pais não tiveram aumento. Sabemos disso. Mas, em 2018, não repassamos os prejuízos”, explica.

* Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer




Anote
» Para procurar o Procon-DF, basta ligar no número 151. O consumidor também pode acionar o órgão pelo e-mail 151@procon.df.gov.br ou ver o endereço de um dos 10 postos do órgão no DF, pelo site www.procon.df.gov.br.
 
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Correio Braziliense segunda, 03 de dezembro de 2018

DOADORES DE VIDA

 


Doadores de vida
 
Gente anônima salva pacientes diariamente no Distrito Federal com um gesto simples: a doação de sangue. Cada bolsa coletada no Hemocentro ajuda até quatro pessoas a sobreviver. Conheça a história de quem faz o bem sem saber a quem

 

» Isabela Guimarães*
» Letícia Takada*
* Estagiárias sob supervisão de Adriana Bernardes

Publicação: 03/12/2018 04:00

Beatriz Vaz da Silva:  

Beatriz Vaz da Silva: "Era uma vontade antiga e foi muito gratificante"

 

Há 17 anos, o vigilante Genivaldo Borges botou os pés no hemocentro pela primeira vez. Era para ajudar um amigo que precisava de doação de sangue. O que era para ser um gesto único se tornou um hábito. “Desde aquele dia, nunca mais parei”, conta. Logo após a coleta, Genivaldo posa para uma foto feita pelo servidor que o atendeu. “É para incentivar meus colegas”, justifica.
 
As campanhas de doação de sangue, em geral, resumem bem o gesto: doar sangue é doar vida. E passado o receio inicial que muita gente tem do procedimento, geralmente o doador volta. Foi assim com Beatriz Vaz da Silva, 21 anos. “Era uma vontade antiga e foi muito gratificante. Na primeira vez, fiquei bem nervorsa, deu um friozinho na barriga. Mas agora, estou bem tranquila”, relata a jovem.
 
Cada bolsa de sangue pode salvar até quatro vidas. No Distrito Federal, são feitas aproximadamente 70 mil transfusões por ano. O gerente do Ciclo do Doador do Hemocentro, João Rogério Cardoso de Oliveira, explica que a doação tem valor incalculável. “Quem doa sangue doa vida. O sangue é um produto que não pode ser substituído por remédio, depende da boa vontade de as pessoas virem até o hemocentro doar”, observou.
 
Grupos católicos de diferentes pastorais costumam fazer ações de fim de ano. Desta vez quatro deles, a Aliança Missionária Casa de Maria e os grupos Recomeçar, Feixe e Domini, se juntaram e reuniram cerca de 25 pessoas. A decisão surgiu a partir da vontade de fazer uma ação que não fosse de cunho material.
 
O estudante Gabriel Fernando Vasconcelos Teles, 21 anos, um dos participantes, é doador frequente e entende a ação como uma doação de si mesmo. “Jesus deu o próprio sangue por cada um de nós. Doar, além de ajudar ao próximo, reafirma nossa fé”, destacou.
 
Os grupos entraram em contato com o Hemocentro, que se interessou na ação intitulada de Vai e Faz; e até ofereceu um ônibus para fazer o transporte do grupo, além de instruir sobre o processo e desconstruir mitos sobre a doação. Gabriel ainda ressaltou a importância do ato. “Cada pessoa tem o potencial de salvar quatro vidas, então nosso grupo pode ajudar até 100 pessoas. Além disso, podemos servir de incentivo para que mais pessoas doem sangue”, acrescentou.
 
Para as doações em grupo, o Hemocentro realiza um treinamento quinzenal com orientações. O representante, chamado de multiplicador, é responsável por repassar as informações para os demais. O último treinamento de 2018 ocorrerá em 12 de dezembro, às 14h, na sede do órgão.
 
Conscientização
O Colégio Sigma realiza, todos os anos, uma gincana para os alunos do ensino fundamental e médio. A Semana Cultural, como é chamada, já está na 30ª edição e há pelo menos 25 anos tem, como um dos desafios, a doação de sangue. “A competição sempre visou abraçar todos os aspectos, desde o esportivo até o filantrópico. Então nada mais justo do que ter a doação com essa ideia de ajudar o próximo”, afirmou o professor de educação física e coordenador da gincana, Carlos Roberto Alves Teles.
 
Cada turma fica responsável por conseguir entre três e cinco recibos de doação de sangue em um período determinado pelo regulamento. Por ano, as quatro unidades da escola no DF conseguem aproximadamente 250 doadores com o projeto. “Isso impacta no banco de sangue de Brasília e contribui com a sociedade,” destacou o professor. Ao final da gincana, os alunos recebem um acréscimo na nota proporcional às atividades realizadas. “É extremamente gratificante o aluno entender que não é só pela nota que ele está fazendo a ação e, sim, pela ajuda ao próximo. Isso não tem preço”, completou Carlos Roberto Teles.
 
 
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