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O professor Ricardo Fragelli (em pé, ao centro) aplica a metodologia com alunos dos cursos de engenharias
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Engajar, incentivar e despertar o interesse de estudantes nem sempre é tarefa fácil para educadores. Motivado por esse desafio, o professor Ricardo Fragelli, dos cursos de engenharias do câmpus Gama da Universidade de Brasília (UnB), criou o projeto Eight. A proposta alia aprendizado, crescimento individual e soluções para problemas enfrentados pelas comunidades nas quais os alunos estão inseridos. A ideia do mestre goiano deu tão certo que avançou para instituições de ensino de diferentes partes do país.
A metodologia surgiu no primeiro semestre do ano passado e alcança cerca de 130 universitários do primeiro semestre de engenharias a cada seis meses. As atividades ficam a cargo dos próprios estudantes e incluem talk shows, visitas técnicas, intervenções acadêmicas e sociais, além de um evento final intitulado Eight. Nele, os alunos fazem apresentações de até oito minutos, inspiradas no modelo de palestras do TED (sigla para Tecnologia, Entretenimento e Design, em inglês). Tal como a proposta principal da conferência, os estudantes compartilham, em encontros abertos e gratuitos, ideias e histórias de vida que merecem ser disseminadas.
Um dos objetivos do projeto, segundo explica Ricardo, é fazer com que os frutos da metodologia alcancem mais pessoas. “Costumo trabalhar com metodologias ativas, e o Eight envolve deixar a matéria mais empolgante e estimulante para o aluno, para que ele tenha mais engajamento em sala.”
As ações desenvolvidas também requerem um olhar sobre a comunidade. Um suporte para encaixe de guarda-chuva ou guarda-sol em cadeiras de rodas; instalação de armários no câmpus; criação de uma área de jogos em asilos para idosos; ou colocação de redes em árvores para que os universitários tenham um espaço de lazer. Todas essas medidas foram propostas — e executadas — por meio do Eight. Não é necessário que a solução tenha elevado grau de complexidade, mas é fundamental que a iniciativa continue após o fim do semestre, independentemente da presença dos estudantes no local.
Prestes a começar o segundo semestre de engenharias, Adriele Lopes, 24 anos, conheceu o método com o professor Ricardo, na disciplina de Introdução à Engenharia. Interessada em seguir na carreira aeroespacial, ela ampliou o leque de opções ao participar dos talk shows promovidos. “Não imagino uma matéria de engenharia sem isso. No quarto semestre, precisamos ter definida a área que queremos seguir, então é bom participar desse projeto”, comenta.
Professora do curso de enfermagem na Faculdade de Saúde do câmpus Darcy Ribeiro, a mulher do professor, Thaís Fragelli, também levou a proposta para a sala de aula, na disciplina de Tecnologia de Educação em Saúde. Ela e a turma foram finalistas em um prêmio de educação empreendedora do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). “Com essa experiência, eles tiveram ganhos de competências, como liderança, planejamento, comunicação”, analisa.
A prática desse princípio inspirou o estudante de enfermagem João Guilherme Alves, 23, a desenvolver interesse pelo ensino na área de saúde. Ele conta que o trabalho com o método permitiu que sentisse mais entusiasmo com a parte teórica da faculdade. “Na universidade, faltam professores que motivem. Temos vários que apontam o erro, cobram. Mas tirar o melhor do estudante é o diferencial dessa metodologia”, avalia.
Inscrições abertas
No meio do ano passado, Ricardo Fragelli deu início ao curso on-line para professores interessados em aplicar o projeto. Neste semestre, ele abrirá mais 30 vagas para educadores do ensino básico e superior. As inscrições para participar do processo seletivo vão até sexta-feira. O curso é gratuito e as aulas duram um mês. Inscrições pelo site: fantasticalizando.com/cursos. Informações: facebook.com/prof.ricardo.fragelli ou instagram.com/ricardofragelli.