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Bolsonaro em solenidade em Manaus: presidente disse que não trata assuntos de Estado por meio de troca de mensagens e, por isso, nada tem a temer sobre eventuais vazamentos
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Com a prisão de quatro suspeitos de invadirem celulares de autoridades de todo o país, a Polícia Federal começa a avaliar a dimensão do ataque. A análise do material apreendido deixou claro que integrantes dos Três Poderes foram alvos da investida. Entre as vítimas estão o presidente da República, Jair Bolsonaro; a procuradora-geral da República, Raquel Dodge; os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre; além de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). As informações apontam que cerca de mil pessoas tiveram suas contas no Telegram invadidas. Os investigadores ainda analisam o conteúdo encontrado e colhem o depoimento dos acusados para entender as motivações e a amplitude do caso.
De acordo com o Ministério da Justiça, Bolsonaro foi informado do fato “por uma questão de segurança nacional”, o que indica a gravidade com que o Executivo está avaliando a situação. Ao comentar o caso, em uma solenidade de entrega de medalhas da Olimpíada Internacional da Matemática sem Fronteiras, em Manaus, o presidente afirmou que não trata de assuntos sensíveis por meio da troca de mensagens. Ele disse, ainda, não ter receio sobre o conteúdo de mensagens que possam ser vazadas. “Não estou nem um pouco preocupado se, porventura, algo vazar aqui do meu telefone. Não vão encontrar nada que me comprometa”, declarou. O chefe do Planalto citou, por exemplo, que informações relacionadas à Venezuela não são tratadas por telefone. Pelo Twitter, ele pediu punição aos autores da invasão. “Um atentado grave contra o Brasil e suas instituições. Que sejam duramente punidos! O Brasil não é mais terra sem lei”, emendou.
O presidente do Supremo, Dias Toffoli, foi informado por Moro que integrantes da Corte também tiveram os celulares hackeados. De acordo com informações repassadas pelo ministro da Justiça, mensagens de SMS e do Telegram dos magistrados foram obtidas pelos criminosos. Pela assessoria, o STF informou que não vai se manifestar.
O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio de Noronha, também foi um dos alvos. Ele também soube do ataque por meio de Moro. Davi Alcolumbre, por sua vez, repudiou as ações ilegais e destacou não ter preocupações com a eventual exposição do conteúdo. “Recebi a informação de que meu aparelho de celular teria sofrido tentativa de hackeamento. Embora tranquilo, pois não tenho nada a esconder, manifesto minha indignação com a invasão de minha privacidade e não posso deixar de reafirmar minha repulsa às atividades desses criminosos virtuais, pois elas também representam uma afronta aos poderes da República e à população brasileira”, declarou. No governo também se fala em ofensiva para desestabilizar os Três Poderes. Já Rodrigo Maia demonstrou surpresa ao ser informado que teve o celular acessado ilegalmente.
Procuradoria
A PGR divulgou que Raquel Dodge não teve arquivos de seu telefone interceptados pelos criminosos, apesar de ter sido uma das autoridades na mira dos invasores. “Ao analisarem o caso específico da procuradora-geral, técnicos da Stic (Secretaria de Tecnologia da Informação e Comunicação da PGR) perceberam uma característica que chamou a atenção e que posteriormente foi um dos elementos centrais para se desvendar como se deram as invasões. É que, diferentemente de outros aparelhos que tiveram o aplicativo invadido, o de Raquel Dodge estava com a caixa postal desativada”, informou a instituição. Ainda de acordo com a PGR, 25 integrantes do Ministério Público Federal (MPF) tiveram os celulares invadidos.
As informações preliminares indicam que se trata de um grupo especializado em estelionato virtual. Fontes na PF apontam que é necessário periciar o material para saber de quais celulares, de fato, os invasores conseguiram interceptar conteúdos das conversas realizadas por meio de aplicativos.
Os alvos
» Jair Bolsonaro
presidente da República
» Rodrigo Maia
presidente da Câmara
» Davi Alcolumbre
presidente do Senado
» Raquel Dodge
procuradora-geral da República
» João Otávio de Noronha
Superior Tribunal de Justiça
» Sérgio Moro
ministro da Justiça
» Paulo Guedes
ministro da Economia
» Deltan Dallagnol
procurador da República no Paraná
» Ministros do STF
24 integrantes do MPF