A história de Taguatinga é um grande mosaico de histórias de pessoas que saíram de outras cidades para fazer parte da construção da nova capital. À época, a decisão era ficar por um tempo. Com o decorrer dos anos, passaram a constituir família, fizeram amigos e, agora, não trocam a região por nada. Hoje, a cidade completa 61 anos e, apesar de ter mudado ao longo das mais de seis décadas de existência, algumas tradições são mantidas. Outros costumes, no entanto, permanecem apenas na memória.
Fundada em 5 de junho de 1958, em terras do município de Luziânia (GO), na propriedade de uma fazenda que deu seu nome, Taguatinga é um dos maiores centros urbanos do Distrito Federal e carrega histórias marcantes dos primeiros moradores e dos nascidos na cidade.
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Regina de Oliveira gosta das feiras na Praça do Bicalho e na do Cine Rex
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O comerciante Wellington Neves, 55, nasceu, em 1964, no Hospital São Vicente de Paula, o atual HPAP. Os anos se passaram, ele se casou e, mesmo assim, nunca pensou em sair da cidade. “Gosto muito daqui. Tem de tudo e é muito bacana. Minha esposa também ama a cidade. Não temos motivos para ir embora”, destaca. Desde que os pais saíram de Minas Gerais para formar família na nova capital do país, o candango mora no mesmo local, QNE 20.
Há três anos, os vizinhos, amigos mais próximos e antigos na região se reúnem para o encontro dos pioneiros. “A gente lembra das coisas que vivemos, de como nossa cidade era antes e como vivemos hoje. As coisas mudaram, mas o amor de todos pela cidade continua. É algo impressionante”, ressalta.
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Geraldo Pereira: Tinha muitos barracos espalhados, poeira para todos os lados
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Dos lugares que frequentava na juventude, as principais e melhores lembranças são do Clube Primavera. “Na época, meu pai tinha uma fábrica de tijolos. E os títulos dos clubes eram muito caros. Como a gente tinha o desejo de frequentar aquele lugar tão lindo e falado, meu pai decidiu comprar títulos em troca de tijolos. Por sorte, o clube ainda estava com obras de ampliação, ele fazia essas trocas e a gente passou frequentá-lo”.
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Luciana Ribeiro: evento para presentear os artistas e a comunidade
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Embora a história pessoal se misture com a de Taguatinga, o destino ainda levou Wellington para um dos lugares memoráveis da cidade. Hoje, ele trabalha na primeira banca de revista da região, construída por dona Corina, localizada em frente onde era o Bar Estrela, outro ponto badalado da região nas décadas passadas. “Ouvi muito falar da dona Corina. Infelizmente, não cheguei a conhecê-la, mas sei de sua importância para a cidade. O Bar Estrela é conhecido até pelos mais jovens. Ficava próximo ao cruzamento do centro de Taguatinga. Era, realmente, um point dos jovens da época”.
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Wellington Neves: Gosto muito daqui. Tem de tudo e é muito bacana
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Barracos
O microempresário Geraldo Pereira, 81 anos, chegou a Taguatinga em 31 de janeiro de 1959. Para ele, aquela virada do ano ganhou um gosto especial: o início de uma nova vida. Mesmo após 60 anos, as lembranças permanecem frescas na memória do pioneiro. “Lembro-me como se fosse hoje. Tinha muitos barracos espalhados, poeira para todos os lados. Parecia um verdadeiro brejo”, conta.
Geraldo morou de 1962 a 2015 na mesma residência. Hoje, estána vizinha Águas Claras. Mas o carinho e a gratidão por Taguatinga permanecem. Tanto que o comércio do qual é proprietário, um armarinho, fica na Praça do DI, em Taguatinga Norte. “Só não digo que sinto saudades porque estou aqui todos os dias. Tudo mudou do início da cidade para hoje em dia. Antes a gente podia andar sozinho nas ruas e até tarde, sem hora para voltar para casa. Não acontecia, não tinha risco nenhum”, lembra. Agora, virou cidade grande, com todos os problemas recorrentes.
Um dos lugares que mais marcou o microempresário na época da juventude foi o Clube dos 200, em Taguatinga Sul. O extinto local era palco das principais festas e eventos da região. Recebeu shows, bailes de carnaval e até desfiles importantes. “Era um bom lugar para dança”, relata.
Na Comercial Norte havia a primeira farmácia de Taguatinga, a Virgem da Vitória. Ela continua no mesmo lugar desde a fundação, em 1959. Apesar de os fundadores terem falecido há mais de 30 anos, o nome da loja ainda é forte na região. O empresário Marcos Silveira, 52, ressalta que o estabelecimento é um ponto de referência na cidade. “Ninguém conhece essa travessia aqui pelo nome, mas quando se fala o nome da farmácia, todo mundo sabe onde é”, conta.
Primeiras casas
Entre idas e voltas, Célia Matsunaga continua morando na cidade onde cresceu. Filha de imigrante japonês, ela se mudou de Araçatuba (SP) para Taguatinga com apenas 1 ano. “Só tinha três casas em toda Taguatinga Sul. Quatro, com a minha”, recorda-se a professora universitária, que morou numa casa de madeira situada onde, hoje, fica o Alameda Shopping. Sem ter onde brincar na região quase virgem, divertia-se nas calhas destinadas à construção de esgoto. “Tudo era barro”, conta a pioneira aos risos. Depois de adulta, viveu em outras localidades do DF. Mas voltou para Taguatinga. “Minha família tem um vínculo muito forte com a cidade”, garante.
Assim como Célia, Regina de Oliveira morou numa residência de madeira. “Raras não eram de madeira”, assegura. Os pais dela, nordestinos, se mudaram para lá em busca de oportunidades. “Eles queriam melhorar a vida. E a cidade estava apenas começando”, lembra. Atual moradora da Asa Sul, a assistente administrativa de 57 anos guarda a cidade onde nasceu com carinho na memória. Suas lembranças mais doces estão nas sessões de Tarzan no Cine Lara e no Cine Rex; nos bailes do Clube dos 200 e nas descidas no carrinho de rolimã pelos asfaltos recém-construídos da então jovem Taguatinga.
Muito ligada à cidade, Regina visita Taguatinga sempre nos fins de semana. Alterna entre a Vila Matias, aos sábados, e a Praça do Bicalho, aos domingos. São dias de feira livre. “Se eu não for num dia, vou no outro”, explica. Para ela, a cidade ficou muito forte comercialmente e mantém um pouco a calma do passado. “Não acho que mudou de forma negativa. Sinto certa nostalgia, é claro. Sinto falta dos lugares da minha infância que não existem mais. Mas é uma cidade que continua muito interessante. Principalmente do ponto de vista comercial”, observa.
Convivência
Nascida e criada em 1980, a produtora Luciana Ribeiro, 39, é mais uma apaixonada por Taguatinga. Quando se fala o nome da cidade, logo ela lembra da infância e adolescência na Praça do DI, onde morou por muitos anos com os pais. Os passeios com os amigos da escola e de vizinhança pelo local ainda lhe arrancam sorrisos e suspiros. “Até hoje tenho fotos de lá. Na época de estudante, a gente ia para a praça, tocava violão e comia o cachorro-quente do Léo. Não tem como esquecer”, destaca.
Hoje, seu lugar preferido é o Taguaparque, no Pistão Norte. “Quando estava mais livre, caminhava lá todos os dias. É um lugar que enriquece a convivência entre as pessoas que moram em Taguatinga. Eu amo essa cidade”.
O carinho é tamanho que a produtora está organizando uma feira cultural. O Domingo Bom! será lançado no dia 16, no Taguaparque. O intuito é que o evento seja realizado no segundo domingo de cada mês, com a exposição de obras de artistas da cidade, piquenique, barraquinhas diversas e food trucks. O lançamento do projeto no mês de aniversário da cidade é proposital. “É uma forma de presentear Taguatinga e os artistas daqui. A ideia é dar espaço para eles, sem cobrar nada”, disse.
Programe-se
O aniversário de Taguatinga é hoje, mas as comemorações ocorrerão durante todo o mês. Moradores da cidade poderão celebrar com várias atividades comemorativas programadas, como Pentecostes, Noite Sertaneja, evento do Meio Ambiente e Show da banda Natiruts. Confira a programação completa:
Hoje
9h — Solenidade em frente à Administração Regional de Taguatinga
20h30 — Bate-papo com Marcos Martins (diretor e produtor cultural) no Kareka’s Bar (QND 14, Comercial Norte)
21h — Aniversário de Taguá 61 (Mesa de petiscos) no Kareka’s Bar
21h30 — Forró com Rene Bomfim e Caco de Cuia, com participação especial: Natinho e Diró Nolasco no Kareka’s Bar
Amanhã
21h — Documentário Poesia do barro e show Cantorias com Paulo Matrikó no Kareka’s Bar
Sexta-feira
19h — Pentecostes no Taguaparque
Sábado (8/6)
19h — Noite Sertaneja — Lions Brasília, Taguatinga (AE QNG)
Quinta-feira (13/6)
19h — Posse do Conselho de Mulheres Cristãs do Brasil no Supremum Event Center
Sábado (15/6)
19h — Entrega do parquinho no Taguaparque pelo Sabin
Domingo (16/6)
9h — Passeio de motociclistas com plantio de Ipês no Pistão Norte
10h — Domingo Bom! Feira, Cultura e Piquenique no Taguaparque
Sábado (29/6)
16h30 — Show do Natiruts no Taguaparque
Domingo (30/6)
9h às 12h e 16h às 22h — Encerramento das comemorações do aniversário e dia cultural no Taguaparque
*Estagiários sob supervisão de José Carlos Vieira