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O famoso Gênio da Lâmpada, agora interpretado por Will Smith, é uma das atrações de Aladdin (papel do jovem Mena Massoud)
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Mesmo com uma boa carga de aceitação por parte do público capaz de validar versões live-action para animações famosas, como Alice no País das Maravilhas, Malévola, A Bela e a Fera e Cinderela —, um novo remake entra para o rol dos filmes a serem testados pelos espectadores familiarizados com o sucesso Aladdin, de 1992. É pela conquista do coração e, claro, dos sentimentos mais nobres da princesa de origem árabe Jasmine (a britânica Naomi Scott), que o plebeu protagonista Aladdin (o egípcio Mena Massoud) luta.
O astro Will Smith vive o icônico personagem do Gênio da Lâmpada. Na etapa de divulgação do filme, Smith foi visto e clicado à exaustão visitando de surpresa o ídolo do futebol Neymar, em Paris.
Coordenando as altas expectativas geradas pela nova adaptação para a tela, o diretor inglês Guy Ritchie, cinquentão famoso por dar nova roupagem para filmes como Destino insólito, Sherlock Holmes e Agente da U.N.C.L.E., responde pelo desafio proposto pela Disney. No remake, Agrabah segue como território em que são encenados dramas e comédias extraídos de enredo descrito na obra As mil e uma noites. Para o novo filme, as locações se concentraram na Inglaterra e na Jordânia.
Elementos originais, como o uso de tapete voador, criado em ilusões da computação gráfica, convivem com críticas ácidas de fãs do primeiro filme. Houve reações muito adversas quando apareceram as imagens do gênio vivido por Will Smith. Talvez passe o choque do comparativo (injusto) com a lembrança do talento vocal emprestado pelo comediante Robin Williams (morto em 2014) na animação de 1992.
Para atrapalhar o amor entre Jasmine e Aladdin, o feiticeiro do mal Jafar (Marwan Kenzari) segue agindo contra o bem. O holandês Kenzari tem, por sinal, quase se transformado em especialista em refilmagens, dadas as recentes retomadas de Ben-Hur e Assassinato no Expresso do Oriente, nas quais marcou presença.
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Uma peça fundamental na trama: a poderosa princesa Jasmine (Naomi Scott)
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Animais garantidos
Cultuados na versão animada, os animais de estimação dos personagens centrais parecem ter sido preservados por Ritchie: figuram nas peças de divulgação do longa o macaco Abu, o tigre Rajah e o papagaio Iago. O quanto de aproveitamento das músicas do filme original, que trouxe peças assinadas por Alan Menken, Howard Ashman e Tim Rice, também aponta para o suspense. Ainda assim, o astro Will Smith se disse intimidado por assumir uma nova roupagem para a conhecida música Prince Ali.
Entre novas versões esperadas para Friend like me e A whole new world (vencedora de Oscar, em 1993), uma música inteira foi criada para encampar e fixar as adaptações acopladas à personalidade de Jasmine. Entra nesta cota de esforço o “desafio de ser contemporâneo”, comentado pelo diretor Guy Ritchie para o blogue internacional io9. O feminismo promete despontar ainda mais na cortejada filha de sultão. Vale o reforço de que ela, em muito, se empenha para apregoar a necessidade de trazer liberdade para o povo de Agrabah.
Embutir frescor e vitalidade, entre adições no desenvolvimento do roteiro, numa medida equilibrada que valorize ainda o teor de nostalgia, foi dos propósitos abraçados pelo realizador. Numa das jogadas (que reorientam a trama), um príncipe interpretado por Billy Magnussen (Caminhos da floresta) foi incorporado ao filme. Evolução na adaptação é um dos pontos reclamados pelo cineasta que, entretanto, ressalta não ter como dom e vontade de “amargar a diversão familiar” aguardada pelo público da Disney.
“Mais do que prezar pela essência, a atenção nos ajustes devem residir na lealdade ao material original”, comentou Ritchie ao blogue io9. Com quase
US$ 2,8 bilhões de lucros nas bilheterias, Avatar segue na liderança como o filme mais assistido, em escala mundial, em todas as épocas; mas, curiosamente, Aladdin segue numa posição interessante no ranking. Está, praticamente, entre os 200 filmes mais vistos de todos os tempos, atrás de outra virtual história de amor impossível: Ghost.
Crítica A juíza ****
Outra estreia é A juíza, longa assinado pela dupla Julie Cohen e Betsy West. Ícone depois dos 80 anos de idade, a notória segunda mulher a integrar a Suprema Corte norte-americana, Ruth Bader Ginsburg, mostra a que veio. Destaque para as declarações que ela faz à mulher que venera — a abolicionista e sufragista, nascida no século 18, Sarah Grimké, famosa por defender a igualdade entre homens e mulheres.
O documentário investe a favor da equidade entre minoria e maioria que compõe a sociedade e a visão do tribunal como oportunidade de ensinar. Além disso, faz da discreta e tímida Ruth (conhecida pela sigla RBG) uma figura, na cultura dos EUA, vistosa a ponto de balançar presidentes como Trump, Jimmy Carter e Barack Obama. No lugar de gritos, Ruth se fixa em argumentos sólidos, imprimindo a austeridade reproduzida na ficção Suprema, baseada na vida dela e que recentemente chegou aos cinemas.
Com o retrato do trabalho duro, da atenção para com os outros e, sobretudo, pelas vias da educação, RBG ganha, em muito, pela capacidade de autocrítica — a ponto de pedir desculpas públicas, quando de um erro em meio ao processo eleitoral americano. O marido Marty (morto em 2010) ganha um retrato adequado (em relação ao visto em Suprema). Admirável, e com a capacidade de rir de si mesma, e de interagir, na base da camaradagem entre pares, a juíza segue firme, detendo um panorama de indignidades que atingem aquelas e aqueles menos favorecidos. (RD)
Outras estreias
Brightburn — Filho das trevas
• De David Yarovesky. Sinistra criança chega à Terra, vinda de outro mundo.
Tolkien
• De Dome Karukoski. Nicholas Hoult interpreta o célebre autor J.R.R. Tolkien, de obras como O hobbit e O senhor dos anéis.
Os papéis de Aspern
• De Julien Landais. Homem assume falsa identidade, nesta adaptação de obra escrita por Henry James, a fim de desvendar segredos do poeta Jeffrey Aspern. Destaque para a veterana Vanessa Redgrave no elenco.
A costureira de sonhos
• De Rohena Gera. Em Mumbai, uma viúva pretende galgar a condição de estilista e confronta tradições e seus sentimentos.
Hellboy
• De Neil Marshall. A ressurreição de uma rainha sanguinária coloca em evidência o potencial do raro herói batizado Hellboy.
Mormaço
• De Marina Meliande. Uma defensora pública, às vésperas das Olimpíadas de 2016, se vê em choque contra o Estado e a favor da manutenção da rotina dos moradores da Vila Autódromo.