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Cláudia sempre morou com a mãe, Sebastiana: cumplicidade
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Elas cuidaram dos filhos, deram comida, trocaram roupas e estavam ao lado deles quando ficavam doentes. Também davam broncas, quando necessário. Não há dúvida de que a maternidade é rodeada de amor e de cuidados. Porém, chega um momento na vida em que os papéis se invertem. O filho crescido já não depende tanto dos cuidados da mãe, enquanto ela, não só precisa, como merece todo o apoio dos rebentos.
A professora Cláudia Cristina Innocencio, 47, e a mãe, Sebastiana Innocencio, 72, são a prova de que muitos filhos são contagiados pelos cuidados da mãe. Se antes era dona Sebastiana que tomava conta das coisas da casa, agora é a vez de Cláudia. A professora faz as compras, agenda médico para a matriarca, fica atenta aos horários dos remédios e até marca cabeleireiro e manicure. Um cuidado recíproco, que reflete o amor e a amizade entre mãe e filha.
As duas têm uma energia contagiante. Dona Sebastiana, com energia de sobra, brinca com o comportamento da Cláudia. “Ela toma conta de tudo”, diz. Mas também não deixa de demonstrar a gratidão. “Eu amo demais a minha filha e todos os outros. Essa aqui fica no meu pé direto”, conta.
Para Cláudia, o cuidado com a mãe é o mínimo que ela pode fazer. Ao lado de dona Sebastiana e com um sorriso no rosto, ela se lembra da atenção que Sebastiana sempre teve com ela e com os irmãos. “Ela sempre foi uma mãezona. A gente acordava de manhã e a pasta de dente já estava nas escovas, tudo arrumadinho”, recorda-se.
A professora ressalta que o cuidado não chega a ser uma retribuição, mas, acima de tudo, um ato de amor. “A nossa relação é muito boa. O povo fala que eu a mimo demais. A gente é grato, mas acaba que você dá o que recebe. É uma retribuição com amor”, garante.
Cláudia e Sebastiana moraram juntas a vida toda. E a filha sempre foi muito apegada à mãe. Durante a infância, quando combinava de dormir na casa de alguma amiga, inventava uma dor de ouvido para voltar para a casa e para os braços maternos. O apego da duas permanece e as pessoas que convivem com elas reconhecem. “Quando a manicure dela troca a cor do esmalte, ela fala para minha mãe ver se a ‘mamãe Cláudia’ vai gostar”, comenta.
Os irmãos também são atenciosos com a mãe. De acordo com Cláudia, antes de o irmão da professora sair da casa de Dona Sebastiana, os dois saíam muito para tomar cerveja. “Eu sou caseira e minha mãe, farrista. Quando eles saíam, eu falava: ‘juízo’. E ela voltava lá da escada só para me dizer que ela é que era a minha mãe e não o contrário”, brinca.
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Débora largou tudo para cuidar de Maria do Socorro quando a mãe ficou doente
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“Sei que ela faria o mesmo por mim”
Dúvidas de que a filha a amava, a aposentada Maria do Socorro Santos, 59, nunca teve. E para isso não precisa de provas, pois o amor é manifestado no dia a dia da médica Débora Santos, 40. Ela é um exemplo de filha dedicada. Em um dos momentos mais difíceis na vida de Maria do Socorro, não hesitou em largar tudo para ficar ao lado da matriarca.
A aposentada teve um câncer de pâncreas em 2000, época em que Débora estava cursando a tão sonhada faculdade de medicina. Porém, as idas ao hospital já não davam mais espaço para os estudos. A decisão não parecia fácil para muitos, mas Débora estava decidida e trancou o curso para se dedicar ao tratamento. “Para mim, não fazia sentido cursar uma faculdade de medicina sem ter a minha mãe”, lembra. Débora largou também o trabalho e se dedicou a cuidar de Socorro, até o estado de saúde dela melhorar.
Essa não foi a única vez que a médica abdicou de tudo pela mãe. Em junho do ano passado, a aposentada teve um novo câncer — desta vez, ginecológico. “Com filho e trabalhando, eu larguei tudo de novo. Dessa vez, ela fez a cirurgia. No pós-cirúrgico eu larguei mesmo, mas, durante a quimio eu revezava entre o tratamento dela e o meu trabalho”, conta.
Hoje, o câncer está sob controle, mas Débora não deixa de cuidar da mãe e sempre vai visitá-la. Para Socorro, ter uma filha tão atenciosa é um privilégio. “Eu sabia que ela era muito cuidadosa, mas me surpreendeu com a série de coisas que fez. Ela sabia exatamente como eu reagiria em algumas situações, até mais do que eu. Parecia que tinha se especializado em mim”, ressalta.
Socorro conta que a filha foi seu porto seguro durante o tratamento. Débora sempre fez o possível para amenizar as dores da mãe. Antes de iniciar a radioterapia, a filha visitou o local e conversou com os médicos para saber as reações que a mãe poderia ter. A aposentada lembra que a médica nunca chegava de mãos vazias em casa. Sempre trazia algo diferente para comer ou alguma medicação.
Para Débora, as atitudes dela como filha não significam nenhum esforço. É motivada pelo carinho da mãe. “Ela faria o mesmo por mim em qualquer momento da vida. Não faço mais que minha obrigação. É uma oportunidade de poder retribuir o que ela fez por nós”, garante.
Cuidado de volta
O jeito atencioso e cuidadoso vem passando de geração em geração. Socorro até brinca que não sabe se faria o mesmo, mas a médica garante que sim. Débora lembra que quando a filha, Laura, hoje com 7 anos, sofreu um acidente, no qual um box de vidro caiu sobre a pequena, a avó da garota entrou em desespero, mesmo com Débora ressaltando que a menina estava bem.
“Ela queria vir para cá, mas já passava das 11 horas da noite e eu não a deixei vir. No dia seguinte, quando amanheceu, eu acendi minha luz, por volta das seis horas da manhã, para ir trabalhar, e recebi uma mensagem dela falando que estava na porta da minha casa. Simplesmente, ela ficou sentada no chão, esperando qualquer movimento na casa para avisar que estava na porta”, relata.
As duas ainda destacam que Laura também já se mostra supercuidadosa e faz companhia para a avó diariamente. “Eu a vejo passando para a filha a importância que é esse vínculo afetivo de mãe para filha e de filha para avó, que é muito forte. Eu fico pensando em que momento eu mereci ter a Débora como filha”, destaca Socorro, agradecida.