A jovem brasileira Juliana Davoglio Estradioto, de 18 anos, ganhou — em primeiro lugar — um prêmio internacional de ciência. Ela desenvolveu um projeto de pesquisa sobre o aproveitamento de resíduos de noz macadâmia para curativos de ferimentos da pele ou para embalagens. A premiação foi na categoria de Ciência dos Materiais, da Intel International Science and Engineering Fair, em Phoenix, Arizona, nos Estados Unidos.
Em homenagem a Juliana, natural de Osório (RS), um asteroide receberá o nome dela. A jovem ainda ganhou US$ 3 mil. Com ela, concorreram 1.800 estudantes entre 15 e 19 anos de vários países. O projeto da brasileira começou a ser desenvolvido no ensino médio e foi acompanhada pela orientadora, Flávia Twardowsky. Outros 28 jovens brasileiros participaram da feira. O Brasil foi a nação mais premiada da América Latina e a 10ª do mundo. Juliana já faturou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais. “Nós, jovens, não somos o futuro, somos o presente e podemos mudar o mundo”, afirmou.
*Estagiária sob supervisão
de Odail Figueiredo
>> entrevista Juliana Davoglio Estradioto
Como foi o processo de desenvolvimento da pesquisa?
Tive apoio do Instituto Federal do Rio Grande do Sul, usei laboratórios da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O material de pesquisa vinha do Instituto Federal do Espírito Santo. Também tive muito apoio da minha orientadora. Com isso, consegui apresentar o projeto em congressos nacionais e internacionais. Minha ida aos Estados Unidos foi custeada pela Feira Nacional de Ciência e Engenharia.
O que te levou, tão nova, a se interessar pela pesquisa?
Há um estereótipo de que cientista é tipo o Einstein, um gênio maluco. É muito importante quebrar esse estereótipo, para que os jovens não enxerguem ciência como algo distante. Descobri a ciência no ensino médio e me apaixonei pela pesquisa. Costumo dizer que nós, jovens, não somos o futuro, somos o presente e podemos mudar o mundo. Investir nos jovens é fundamental, e a ciência foi a forma que escolhi para melhorar o mundo.
Você quer fazer faculdade fora do Brasil, mas disse que pretende voltar para cá. Por quê?
O Brasil é o meu lugar. Quero incentivar a pesquisa no ensino básico, para que outros estudantes sejam estimulados e possam também transformar suas realidades. É preciso que a ciência, a educação e a pesquisa sejam valorizadas no país.
Como você imagina que será sua vida no futuro?
Tenho certeza de que farei três coisas: ciência, divulgação e educação científica. Já tenho uma iniciativa de divulgação científica, voltada para meninas cientistas. O Instagram do projeto é o @meninascientistas. E também pretendo cursar faculdade de química.
Em tudo isso que você viveu, o que a marcou?
O intercâmbio cultural expandiu meus horizontes. Ver meninas de burca apresentando projetos científicos foi algo muito bonito. Também tive contato com pessoas incríveis de Porto Rico, Panamá...É muito bonito ver como a América Latina compartilha de muitas coisas.
Que dica você deixa para jovens que têm interesse pela ciência?
Não tenham medo de começar, porque pode parecer assustador, mas não é. Acreditem em si mesmos. Busquem apoio de professores e da escola, além de parcerias. Por último, escolham um assunto pelo qual sejam apaixonados e que os inspirem.
Qual é a sensação de saber que um asteroide terá seu nome?
É indescritível. Alguns asteroides têm os nomes de grandes cientistas como Einstein, Marie Curie... Acho que é um belo jeito de incentivar os jovens cientistas a seguirem esse caminho. Não sei que nome colocarei, mas acho que será a junção dos meus dois sobrenomes. Algo como Davoglioestradioto.