Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense domingo, 13 de setembro de 2020

TURBANTE: ORGULHO ANCESTRAL

Jornal Impresso

 

Orgulho ancestral
 
O turbante faz parte de muitas sociedades espalhadas pelo mundo. Mais do que um acessório, tornou símbolo de reapropriação cultural
 
Acessório seduziu novas gerações e tornou-se símbolo de reapropriação cultural, cheio de segredos e com amarrações variadas. Confira!  (Isadora Luchtenberg/Divulgação)

 

Maria Carolina Brito*

Publicação: 13/09/2020 04:00

Para Thaís Muniz, o uso de turbantes é um movimento mundial de reconexão de pessoas pretas com estéticas ancestrais (Rafael Bezerra/Divulgação)  

Para Thaís Muniz, o uso de turbantes é um movimento mundial de reconexão de pessoas pretas com estéticas ancestrais

 

 
O turbante é mais do que um acessório inserido no mundo da moda. Para muitas culturas, grupos sociais ou étnicos, o torso — como também é conhecida a peça —, com suas diversas amarrações, estampas e cores, carrega funcionalidade, identidade e marcas históricas.
 
Para a pesquisadora e designer Thaís Muniz, o turbante tem uma função social de comunicação não verbal. Um exemplo disso é uma antiga tradição entre mulheres da Martinica, região do Caribe. De acordo com as formas de amarrar a peça na cabeça, elas expunham o estado civil. “Se deixava apenas uma ponta para fora, era solteira; se deixava duas, tinha namorado; três, era casada; e quatro, viúva ou separada e pronta para outro relacionamento”, detalha.
 
Na história, um dos registros mais antigos vem de Kemet (Egito Antigo). A peça era um elemento fundamental do vestuário faraônica, denominada nemés, e tornou-se bastante conhecida por ser usado pela esfinge de Gizé e também por aparecer na famosa máscara de Tutankhamon.
 
Diferentes religiões no mundo cobrem a cabeça por entender que essa é uma área de troca energética. Os seguidores do candomblé, do islam e os sikhs, na Índia, são exemplos de grupos sociais que têm esse ponto em comum, divergindo em suas práticas. Há indícios de que, no Oriente Médio, o turbante era usado antes mesmo do surgimento do islamismo.
 
No candomblé, os ojás — como são chamados —, além de mostrarem que a pessoa que o usa “é do axé”, revelam o gênero do orixá de cabeça pela amarração — que não deve ter nós — e expressam hierarquia dentro do terreiro.
 
Em países africanos, o adereço é usado com finalidades funcionais, como proteger a cabeça ao carregar bacias, madeira e outros utensílios. No Brasil, quando pensamos em turbantes, logo vem à mente a imagem das baianas de acarajé. Thaís, que nasceu na Bahia, conta que crescer e conviver diariamente com essa referência foi importante para a sua trajetória pessoal e profissional.
 
Peça de raízes
Com a popularização da moda no streetwear, jovens têm ganhado referências mais próximas e contemporâneas sobre o uso de peças tradicionais, como o turbante. Ela está a serviço dos movimentos de afirmação e reapropriação que tem ocorrido nos últimos anos.
 
“É um movimento mundial de reconexão de pessoas pretas com estéticas ancestrais, que foram rejeitadas por séculos, por causa da opressão que o racismo traz para o nosso povo”, expõe Thaís. Para ela, os turbantes tornaram-se a porta de entrada para que inúmeras mulheres negras se conectem com sua ancestralidade e grandes aliados para as quem passa pela transição capilar. Além disso, a confecção da peça tornou-se fonte de renda para inúmeras empreendedoras.
 
Para Nina Fonseca, o turbante é símbolo de importância máxima na cultura afro. “O uso dessa peça traz consigo muito poder. A gente sabe quais são as forças que estamos acessando dentro da nossa ancestralidade quando amarramos um torso na cabeça. E sabemos, também, ao colocar o pé na rua, os riscos que teremos de enfrentar. Essa afirmação de identidade, traduzida em uma única peça, é de uma beleza e força sem tamanho.”
 
A publicitária Lara Melo, 25 anos, relembra que começou a usar turbante em 2013, após assistir a um tutorial na plataforma YouTube. Ela, que sempre admirou as fotografias de mulheres negras com a peça, resolveu comprar um tecido e reproduzir a amarração e passou a vesti-lo.
 
Lara conta que entendeu, ainda criança, a importância da sua estética. “Entre meus amigos negros, é comum a narrativa das nossas mães sempre nos falando que não poderíamos sair na rua de qualquer jeito, que precisávamos sempre estar com a melhor roupa. Foi aí que começamos a entender que a nossa estética no Brasil nos limitava e contava sobre nós antes mesmo de abrirmos a boca. Isso é um entendimento de que nossos corpos são rodeados por política”, completa.
 
Para ela, vestir-se com elementos da cultura negra tem a ver com um retorno às origens. “Eu não tenho dinheiro para buscar minhas raízes na África. Estou tentando ser enxergada como cidadã brasileira, e parte dessa tentativa é o fortalecimento da minha identidade. E a melhor forma de fazer isso é expressando ela.”
 
A publicitária acredita que o uso do turbante ativa uma força interna, tornando os olhares de julgamento, que ela percebe, irrelevantes. “Eu sempre usei turbante nos dias em que me achava mais pra baixo ou cansada. Normalmente, usava sempre na sexta. Sentia que ele me dava um ânimo a mais e, de certa forma, até um poder simbólico”, completa.


 (Abe Neihum/Divulgação)  

 (Abe Neihum/Divulgação)  

Alguns modelos da marca Turbante-se (Abe Neihum/Divulgação)  

Alguns modelos da marca Turbante-se

 



 
Inspiração
Murilo Trindade, 26 anos, advogado, usava turbante no contexto religioso, mas tinha receio de adotá-lo no dia a dia. Achava que a concepção de a peça estar relacionada às mulheres ainda era muito forte no Brasil. No entanto, o impulso dado pelo empreendedorismo de sua mãe, dona do Atelier Carla Trindade (@ateliercarlatrindade), incentivou o jovem a deixar as inseguranças de lado e a usar o turbante como um elemento estético há três anos.
 
O rapper Johnny Venus, do grupo Earth Gang, que usa turbante frequentemente, e o jornalista Manoel Soares serviram como inspirações para Murilo, que acha importante entender a ancestralidade que a peça carrega antes de usá-la. “Tem um porquê, e se a pessoa entender minimamente por que usar esse adereço estético trará benefícios, ela estará energeticamente mais harmônica. Isso vai influenciar em outras questões na vida dela”, explica.
 
Além das inspirações atuais, Murilo resgata os tuaregues, povo que vive no deserto e usa turbante de várias cores e tamanhos. “Eu me sinto muito bonito de turbante, acho que remete a uma ligação africana e tem um pertencimento.” Ele ressalta a questão de que, para os povos negros, a estética não é puramente estética, mas tem uma função. Assim como determinadas culturas pintam o rosto por algum motivo, outras protegem a cabeça por alguma razão.
 

Correio Braziliense sábado, 12 de setembro de 2020

RENATA JAMBEIRO: VIVA A REPRESENTATIVIDADE

Jornal Impresso

Viva a representatividade!

RENATA JAMBEIRO

 

 

Irlam Rocha Lima

Publicação: 12/09/2020 04:00

O festival on-line Afrodisia é idealizado e ancorado pela brasiliense Renata Jambeiro (Alex Pires/Divulgação)  

O festival on-line Afrodisia é idealizado e ancorado pela brasiliense Renata Jambeiro

 

 

 
 
Um mix de espetáculos musicais e debates reflexivos sobre a ancestralidade, representada pelas Yabás — orixás femininas — é o que propõe o Afrodisia, festival on-line, idealizado e ancorado pela cantora brasiliense Renata Jambeiro, com a participação de 40 mulheres do cenário artístico-cultural brasileiro. Aberto no último dia 5, com amplo painel sobre o tema e shows, o evento prosseguirá até o fim deste mês, sempre aos domingos, entre 17h e 21h.
 
Criadora do projeto, Renata Jambeiro ressalta a importância da realização. “O festival busca valorizar, com extensa programação, que inclui debates, shows e o movimento de sonoridade que permeia este trabalho.” Ela acrescenta: “Há uma troca belíssima entre as artistas e as especialistas e, sobretudo, o comprometimento com algo maior, que é pensar a nossa contribuição para o mundo de hoje. Acredito que esta reflexão profunda sobre a ancestralidade é a marca do Afrodisia”.
 
Amanhã, será realizado o segundo painel, intitulado O corpo é voz, a voz do corpo — Qualidade, higiene vocal e expressão na voz popular, com a participação de Fabiana Cozza, cantora, atriz e fonoaudióloga paulista; Dianete do Valle, fonoaudióloga e especialista em voz brasiliense; Daniele Stief, professora de canto e otorrinolaringologista austríaca. Paralelamente, haverá shows ao vivo, com duração de 30 minutos, das cantoras Ana Costa e Patrícia Mellodi, do Rio de Janeiro.
 
O festival terá continuidade entre os dias 20 e 27 quando, além de shows, ocorrerão painéis intitulados Mulher Negra na Arte — Onde estávamos e onde estamos indo e A Mulher na produção Artística — Histórico e Mercado Atual, respectivamente. A produção disponibiliza um QR Code na tela, além da conta bancária de depósito para a “compra de ingressos”. A arrecadação será repartida entre as artistas, equipe e realizadores.
 
 
Festival Afrodisia — Lives
Painel de debate e shows neste domingo, a partir das 19h. Transmissão ao vivo no canal youtube/renatajambeiro.

Correio Braziliense sexta, 11 de setembro de 2020

CURTIÇÃO NOS DIRVE-IN: TEM PRA TODO MUNDO

Jornal Impresso

CURTIÇÃO NOS DRIVE-IN

Tem pra todo mundo!
 
 
Neste fim de semana, haverá apresentações de humor com Maurício Meirelles e Daniel Zuckerman, shows das duplas sertanejas Maiara & Maraisa e Luíza & Maurílio, além de peças de teatro e atrações infantis

 

Maria Baqui*

Publicação: 11/09/2020 04:00

Maiara & Maraisa  (Mauricio Antonio/Divulgação)  

Maiara & Maraisa

 

 
 
Com a reinvenção do lazer a fim de preservar o isolamento social, shows e apresentações culturais estão marcadas no Distrito Federal por meio do formato drive-in. Neste fim de semana, haverá atrações no Drive-Show, localizado no estacionamento do Estádio Nacional; na Arena Drive, no ginásio Nilson Nelson; no Circuito Drive-in nas Cidades; que transita pelas regiões administrativas do DF; e no Cine Drive-in, que funciona no Autódromo de Brasília.
 
A agenda do Drive-Show Brasília desta semana contará com a apresentação do cantor gospel Deive Leonardo hoje, às 19h. Para amanhã, a programação agradará aos fãs de música sertaneja. Às 20h30, a dupla conhecida pelo single S de saudade, Luíza & Maurílio, tomará conta do palco. Em seguida, às 22h30, o público cantará ao som de Maiara & Maraísa. Para o público infantil, o Drive-Show exibirá, neste domingo, o musical A rainha da neve 2 — Uma aventura congelante, às 18h. A peça é inspirada em Frozen, da Disney.
 
Ainda no domingo, a diversão para os adultos será garantida pelo espetáculo Varanda gourmet, de Maurício Meirelles e Daniel Zukerman. O show será no Drive-Show, às 20h30. A ideia dos humoristas foi criar do zero uma peça que possibilite a plateia drive-in a interagir. Pensando nisso, eles desenvolveram um QR Code, que será disponibilizado no início do espetáculo e dará direito a entrar em um grupo no WhatsApp e no Zoom.
 
“Nossa maior dificuldade em um show de humor drive-in é manter a risada, que é um combustível para ver se a piada funciona ou não. Então, nossa peça vai ter um grupo virtual, interativo. Todos vão participar e ver as reações uns dos outros. E a intenção é que se sintam confortáveis para isso”, disse Daniel Zukerman ao Correio.


Daniel Zuckerman e Maurício Meirelles  (Pacheco Produções/Divulgação)  

Daniel Zuckerman e Maurício Meirelles

 




O conteúdo preparado para o show mostra o cotidiano de uma pessoa que está galera “da idade do tiozão”. As dinâmicas são jovens e os textos são de adulto. “Essa é a visão que eu e Daniel, que temos 36 anos, temos da vida. Teremos parte de stand-up, de quadros, e o Digão, do Raimundos, será nosso convidado”, declara Maurício Meirelles em entrevista.
 
No estacionamento do ginásio Nilson Nelson, a Arena Drive investe na cultura cênica. São duas peças em cartaz, ambas da Cia de comédia G7. Alívio emergencial contará com três sessões durante o fim de semana, e o espetáculo infantil Cidade avião, duas.
 
O evento de cinema itinerante Circuito drive-in nas cidades passará, neste fim de semana, pelo quadradão cultural de Santa Maria. A entrada é gratuita e serão exibidos, ao todo, cinco filmes para o público infantil e adulto. O Cine Drive-in contará com uma programação semanal e sessões diárias, com dois filmes em cartaz. Na segunda feira, às 18h30, haverá uma programação especial no local, a Mostra Bailacci, um filme de apresentação de dança.
 
*Estagiária sob supervisão de Igor Silveira
 
Luíza & Maurílio  (Som Livre/ Divulgação)  

Luíza & Maurílio

 

 
Drive Show
Hoje, show do cantor gospel Deive Leonardo, às 19h. Amanhã, Luíza e Maurílio, às 20h30 e, às 22h30 Maiara e Maraísa. Domingo, peça infantil A rainha da neve 2 — uma aventura congelante, às 18h e às 20h30 espetáculo de humor Varanda gourmet. No Estacionamento do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. Os ingressos podem ser adquiridos nas plataformas Furando a Fila e O que vem por aí e também nas lojas das Óticas Diniz e Bendito Food. Os preços variam entre R$ 90 e R$ 480 por carro. Máximo de 4 pessoas por carro. Classificação indicativa conforme a programação
 
 
 
Cine Drive-in
Scooby! O filme, às 18h20 e 20h10 (excerto na segunda-feira (14/9), O segredo, às 21h50. Sessão exclusiva segunda-feira (14/9), às 18h30, do filme de dança Mostra Bailacci. De sexta a domingo, o preço é de R$ 15 (meia-entrada). Na segunda-feira, o valor é R$ 14 (meia-entrada). Classificação indicativa conforme programação.
 
Cidade Avião (Kazuo Okubo/Divulgação)  

Cidade Avião

 

 
Arena Drive
No estacionamento do Ginásio Nilson Nelson (acesso pelo Eixo Monumental). Amanhã e domingo, peça Cidade avião, às 17h30 e o espetáculo Alívio emergencial hoje, às 21h30, amanhã e domingo, às 19h30. Ingressos por carro, com venda no site da companhia, na Up Grade, na 415 Sul e bilheteria na entrada do espaço Arena Drive, somente nos dias de espetáculo a partir de 1h antes do início da sessão. Todos os ingressos são meia-entrada, entretanto, poderá ser doado voluntariamente 1kg de alimento ou 1 livro. Classificação indicativa conforme a programação.
 
Minha mãe é uma peça 3  (Jessica Perez/Divulgação)  

Minha mãe é uma peça 3

 

 
O Circuito Cine Drive-in nas Cidades
Hoje às 20h15, amanhã e domingo às 18h, 18h30, e 20h40, no Quadradão Cultural (QC) ao lado da Administração Regional de Santa Maria. Exibição dos filmes Círculo de fogo, Espanta tubarões, Arranha céu: coragem sem limite, Trolls e Minha mãe é uma peça 3. Entrada franca, porém, deve-se retirar o ingresso pelo Sympla. Classificação indicativa conforme a programação

Correio Braziliense quinta, 10 de setembro de 2020

LUAN SANTANA: TUDO EM CASA

 

Jornal Impresso

Tudo em casa
 
 
Luan Santana lança coletânea de regravações de modões e clássicos românticos no novo álbum, Confraternização família Santana

 

Geovana Melo*

Publicação: 10/09/2020 04:00

 (Jon Ricciardo Costa/Divulgação)  
 
Os momentos de folga e as rodas de viola são as inspirações que deram origem ao novo trabalho de Luan Santana, o Confraternização família Santana. A escolha imerge na intimidade e nos sentimentos do cantor em um repertório composto por regravações de modões sertanejos e clássicos românticos. Além de integrar o repertório desse trabalho, as faixas também compõem a trilha sonora da vida do sul-mato-grossense e marcam os encontros com a família. Com Gui Dalzoto assinando a direção, produzido por Weverton Santana (TonZeti) e com direção-geral de Luan Santana, a primeira parte do álbum chegou em 27 de agosto, um ano após o lançamento do disco, Viva (2019).
 
Em tom intimista e familiar, o artista escolheu um momento que o representa muito bem para trazer a público: a convivência com os pais, tios, primos, irmã, noiva e amigos. O registro foi feito em dezembro do ano passado, de forma despretensiosa, em um sítio em Porecatu, no Paraná. “Todo fim de ano, a gente se junta, em meus raros momentos de folga, para curtir. Então, convidei alguns de meus músicos, moradores da região de Londrina, para tocar e jogar conversa fora ao lado de minha família, engatando um repertório só de modão. O Gui (Dalzoto) registrou tudo e ainda deu máquinas e celulares nas mãos da minha família, pegou vários ângulos. Como ele disse, ‘foi um registro muito humano’”, conta Luan Santana em entrevista ao Correio.
 
Ao todo, serão 17 canções divididas em três EPs, sendo dois com seis faixas e um com cinco. A primeira parte está disponível em todas as plataformas digitais de música e conta com Foi covardia, Aparências, Eu mereço, Por te amar assim, Um homem apaixonado e um pout-pourri de A noite do nosso amor e Noite maravilhosa. “São canções que fazem parte do repertório de nossos encontros familiares, e que sempre tocamos. São músicas escolhidas com muito carinho, mas gosto demais de Aparências, de Márcio Greick”, assume o cantor.
 
Fruto da casualidade, o lançamento chega no mesmo momento em que milhares de brasileiros cumprem o período de isolamento, no qual é recomendado ficar em casa, e os momentos em família ganharam lugar de destaque, seja pelo tempo maior de convívio, seja pela saudade dos entes queridos. “Há quem diga que coincidências não existem, que o universo conspira pelas conjunções felizes. Foi muito legal ganhar do Gui esse registro do Confraternização família Santana, feito a partir de um encontro ‘na roça’, nesse momento de distanciamento social, em que se recomenda que fiquemos em casa. Quando eu e meu pai vimos o material, pensamos em lançar nas plataformas. Essa é a minha essência, é tão bom as pessoas conhecerem esse meu momento”, ressalta Luan.
 
Lives
 
Além do Confraternização família Santana, o cantor trabalhou em novas produções durante esse período de isolamento. Luan lançou a música e o videoclipe de Asas, que foi gravado durante a live #LuanLoveEmCasa. No YouTube, o clipe registra mais de 23 milhões de visualizações.
 
O cantor foi um dos artistas que investiu nas lives e promoveu três shows virtuais — um deles em colaboração com o forrozeiro Wesley Safadão. A iniciativa é uma forma de promover entretenimento e matar as saudades dos palcos. “É um acalento para gente que está acostumado a estar nos palcos, a ter contato com os fãs. Sentimos todo amor que o público nos dá e imagino que eles estão em casa como um coro a cada música”, afirma.
 
Em 26 de setembro, às 20h, o sul-mato-grossense se unirá a Luísa Sonza e Guilia Be em um show on-line com três horas de duração no YouTube, no qual passeará por sucessos e hits da carreira dos artistas.
 
O som que o intérprete e compositor faz hoje em dia é regado de influências das canções que o jovem de 29 anos ouvia na infância. Incentivado pelo pai, a casa sempre foi rodeada de música, dentre elas, os sucessos de Zezé Di Camargo & Luciano, que são responsáveis pela faixa É minha vida (1997), que integra o novo disco de Luan. “Zezé Di Camargo e Luciano marcaram a minha infância, a primeira música que toquei no violão foi Muda de vida”, relembra.
 
Esse ano, Luan Santana completa 13 anos de carreira desde o primeiro show, em Jaraguari, Mato Grosso do Sul, em 2007. O artista trilhou um caminho de sucesso e acumula mais de 70 milhões de seguidores nas redes sociais, 93 prêmios conquistados, 16 entradas no TOP 50 da Billboard e 82 músicas no primeiro lugar nas rádios do Brasil.
 
Além de 3,3 bilhões de visualizações no YouTube, mais de 2 bilhões de acessos em plataformas digitais e 6 milhões de ouvintes mensais no Spotify. Luan Santana ainda soma quase 60 mil fã-clubes espalhados pelo país e é o brasileiro que mais entrou no ranking Social 50 da Billboard Americana, o que o coloca como um dos nomes da música mais procurados do mundo nas redes sociais.
 
“Sou feliz, graças a Deus, por tudo que aconteceu nesses 13 anos de carreira. Todos os shows, todos os prêmios, parcerias, cada olhar de meus fãs, sorrisos, abraços. Penso, sim, numa carreira no mercado latino, mas no tempo certo, pautada com cautela e sendo fruto e eco do trabalho que faço no meu país”, adianta. “Para 2021, a esperança que dias melhores virão e que tudo isto vai passar e, em breve, estaremos juntos nos palcos e quero lançar outros projetos. Vem muita coisa boa por aí”, completa Luan Santana.
 
*Estagiário sob a supervisão de Igor Silveira
 
 
 
Confraternização família Santana
De Luan Santana. Pela The Orchard, 17 faixas. Disponível em todas as plataformas digitais.

Correio Braziliense quarta, 09 de setembro de 2020

INCÊNDIOS NO DF: BOMBEIROS LEVA 5 HORAS PARA CONTER INCÊNDIO

Jornal Impresso

Bombeiros levam 5 horas para conter incêndio

 

» Ana Clara Avendaño*

Publicação: 09/09/2020 04:00

Incêndio florestal antigiu área no SIA, próximo ao Lúcio Costa, no Guará (Ed Alves/CB/D.A Press)  

Incêndio florestal antigiu área no SIA, próximo ao Lúcio Costa, no Guará

 

 
Durante a primeira semana de setembro, o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) registrou 571 queimadas no DF. Ontem, mais um incêndio florestal atingiu uma vasta parte da vegetação do Cerrado, no Setor de Indústrias e Abastecimento (SIA), próximo ao Lúcio Costa, no Guará, e às margens da Estrada Parque Taguatinga (EPTG). Segundo os militares, não foi possível calcular o tamanho da área afetada devido à grande extensão da queimada.

Após cinco horas de trabalho, os bombeiros conseguiram conter o fogo, às 16h30, e em seguida iniciaram o trabalho de rescaldo para evitar a reincidência das chamas no local. O CBMDF utilizou na operação duas aeronaves, sete viaturas e 30 militares. Além disso, foram lançados 6 mil litros de água para conter o incêndio. Ainda não há informações sobre as possíveis causas do incidente. Ontem, Brasília registrou máxima de 32ºC, e a umidade ficou em 20% nas horas mais quentes do dia.
 
Queimadas
 
De acordo com o CBMDF, foram registradas 4.858 ocorrências de incêndio florestal no DF em 2020. O mês de agosto lidera a lista, com 1.950 registros, seguido por julho (1.459) e junho (826). Em abril, os militares realizaram apenas uma operação para combater queimadas, sendo o mês com o menor número de ocorrências, acompanhado por fevereiro, com dois registros. Em março, o CBMDF atendeu a 10 chamados de incêndio florestal; e 24 em maio.
 
* Estagiária sob a supervisão de Adson Boaventura

Correio Braziliense terça, 08 de setembro de 2020

DIA DE SOL, APESAR DA PANDEMIA

Jornal Impresso

Dia de sol, apesar da pandemia
 
 
Alta temperatura levou moradores do Plano Piloto e de cidades próximas a apostarem em atividades nos parques, na orla do Lago e no Eixão durante o feriado. Mesmo nesses momentos, no entanto, é importante alertar para medidas de distanciamento social

 

SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 08/09/2020 04:00

Casal Luiz Carlos e Lea Maria passearam pelo Eixão: uso constante de máscara de proteção  (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  

Casal Luiz Carlos e Lea Maria passearam pelo Eixão: uso constante de máscara de proteção

 



Passeio no Eixão Norte é colorido pela beleza dos ipês, característicos da estação (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  

Passeio no Eixão Norte é colorido pela beleza dos ipês, característicos da estação

 



Helder Garcia, com os filhos:  

Helder Garcia, com os filhos: "Costumávamos assistir ao desfile pela tevê, mas, como este ano não teve, optamos por sair de casa para nos exercitarmos um pouco"

 



Sem o tradicional desfile de 7 de Setembro, cancelado como medida de prevenção à disseminação do coronavírus, brasilienses aproveitaram o feriado de temperatura alta e umidade baixa para curtir atividades ao ar livre. Com a temperatura máxima de 28,9ºC ao longo do dia, muitas pessoas apostaram em alternativas de lazer com a família em parques, na orla do Lago Paranoá e no Eixão.

David Fernandes, 35 anos, foi uma das pessoas que sentiu falta do desfile — que no ano passado reuniu 4,5 mil espectadores — e teve de encontrar outra forma de aproveitar o feriado. Nascido e criado em Brasília, ele afirma que sempre gostou de assistir aos desfiles do Dia da Independência, principalmente depois que o filho, Alef Fernandes, nasceu. “Mesmo ele tendo apenas 6 anos, gosta de ver os militares, os carros que costumam aparecer no desfile e, principalmente, a Esquadrilha da Fumaça. E nós não forçamos nada, é natural dele”, explica David.

Este ano, sem a atração, David decidiu ir ao Parque da Cidade Sarah Kubitschek com o filho. “As crianças estavam em casa desde o início da pandemia, e é complicado para eles. Por isso, achei que seria uma boa ideia passar o dia ao ar livre e brincando com meu filho”, considera o consultor de telecomunicações.

Mesmo optando por sair de casa, David explica que não deixa de cumprir as medidas de segurança e que está ciente da atual situação do país. “Sei que estamos no meio de uma pandemia e que os cuidados são extremamente essenciais. Porém, acredito que, se cada pessoa tiver responsabilidade e cumprir as medidas necessárias, será possível retomar algumas atividades”, diz.

Shirley do Nascimento, 47, e o marido, Fábio Lima, 38, também eram frequentadores assíduos das apresentações do 7 de Setembro. “Era uma tradição nossa chegar cedo e ficar até o fim de todos os desfiles”, diz Fábio. O técnico de automação considera que o evento é importante para a história do país. “Com o início da pandemia, imaginei que o desfile seria cancelado e entendo a situação. Mesmo assim, senti falta das apresentações, pois acredito que o evento ensine muito a todas as pessoas que têm a oportunidade de assisti-lo”, explica Fábio. Ele espera que, no ano que vem, a situação volte ao normal. “Estou ansioso para o desfile de 7 de Setembro de 2021”, completa.

Sem o evento, o casal decidiu passear por alguns pontos da capital federal. “Passamos o dia no Parque da Cidade e nos programamos para almoçarmos por lá e depois seguirmos para a Torre de TV e, quem sabe, comprarmos alguma coisinha”, conta Shirley. Os moradores do Paranoá garantem que estão seguindo todos os protocolos de segurança necessários para evitar disseminação do novo coronavírus. “Moramos sozinhos, utilizamos máscaras e realizamos a higienização, então, acredito que não há problema em sair de casa de vez em quando”, completa Fábio.


Na orla do Lago Paranoá, frequentadores aproveitaram para se refrescar. Temperatura chegou próximo dos 30ºC (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  

Na orla do Lago Paranoá, frequentadores aproveitaram para se refrescar. Temperatura chegou próximo dos 30ºC

 



Parque da Cidade também reuniu diversos frequentadores, a maioria respeitando o uso obrigatório de máscaras (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  

Parque da Cidade também reuniu diversos frequentadores, a maioria respeitando o uso obrigatório de máscaras

 




Turistas
Além dos próprios brasilienses, alguns moradores de cidades vizinhas aproveitaram o fim de semana prolongado para visitarem a capital federal. Foi o caso de Franklin do Santos, 45. Ele e a mulher, Pastoura Ribeiro, 38, saíram de Jardim Ingá (GO) com o filho pequeno e um roteiro em mãos: passar pela Prainha do Lago Norte, pela Orla do Lago Paranoá e Ermida Dom Bosco, e finalizar o dia no Pontão do Lago Sul. Franklin, que não visitava estes locais desde 2010, afirma que a decisão foi de última hora. “Estávamos em casa e não tínhamos mais nada para fazer. Por isso, pensei: por que não?”, diz.

O motoboy explica que, como a família ainda não conhecia esses pontos, o feriado prolongado foi o melhor momento. “Além disso, ouvimos falar muito bem, principalmente da Prainha”, diz. Encontrado almoçando com a família na Orla do Lago, Franklin elogia a estrutura do local e não se mostra preocupado com as possíveis aglomerações. “Em comparação com a última vez que vim, está bem melhor, mais organizado. Além disso, acho que cabe mais gente, fiquei impressionado”, afirma.

Silso Ramos, 43, mora em Brasília há 20 anos, mas visitou a Orla do Lago pela primeira vez durante este feriado. O morador do Riacho Fundo 1 é casado com Aurelice Veras, 42, e pai de um casal de crianças. Ele afirma que decidiu sair de casa no feriado por causa dos efeitos da pandemia nos filhos. “Ficamos sem opções de lazer em casa e começamos a procurar locais em Brasília para sairmos da rotina”, considera. Além disso, ele explica que o calor foi um fator extra. “Sempre ouvi falar desse lugar, mas nunca tinha tempo para visitar. No fim das contas, acredito que foi uma boa escolha”, completa.

Cuidados
Mesmo com tantas pessoas pelas ruas do DF, muitas não se esqueceram da atual crise sanitária. O casal Luiz Carlos, 72, e Leia Maria, 76, também saíram de casa durante a manhã do feriado, mas ainda estavam receosos. “Como somos do grupo de risco para a covid-19, evitamos ao máximo sair de casa nesses últimos meses”, afirma Luiz. Nesta segunda-feira, a intenção, segundo Luiz, era pegar sol e caminhar um pouco. “Essa movimentação faz falta no dia a dia, principalmente para nós que somos mais velhos. Mesmo com a saída, tomamos todos os cuidados possíveis como distanciamento e uso constante de máscaras”, afirma o aposentado.

Após a caminhada no Eixão, o casal iria direto para casa, na Asa Norte. “Estamos evitando pedir coisas por delivery. Por isso, vamos fazer o almoço em nosso apartamento e comer por lá mesmo”, informa Luiz. Além disso, o casal afirma que, por evitar sair de casa, recebe ajuda dos filhos com compras e outras necessidades. “Temos uma filha que mora mais perto e ela realiza compras tanto de mercado quanto de farmácias e outras coisas. Tudo para que a gente se exponha o mínimo possível ao risco”, completa Luiz.

Helder Garcia, 50, também esteve no Eixão na manhã desta segunda-feira. Na companhia dos dois filhos, ele aproveitou o sol e o calor para andar de bicicleta. E, mesmo com o distanciamento social, todos estavam utilizando máscaras de proteção. “Costumávamos assistir ao desfile pela tevê, mas, como este ano não teve, optamos por sair de casa para nos exercitarmos um pouco”, diz. Os planos da família para o feriado também se restringem ao passeio pelo Eixão. “Daqui vamos voltar direto para casa e almoçar por lá mesmo”, explica.

Correio Braziliense segunda, 07 de setembro de 2020

PARA DRIBLAR OS DIAS SECOS

Jornal Impresso

Para driblar os dias secos
 
 
Com a umidade relativa do ar abaixo dos 30%, brasiliense tem buscado truques para aliviar a secura característica desta época do ano. Aumento da ingestão de água, uso de umidificador e de toalhas molhadas são algumas das alternativas

 

» CIBELE MOREIRA

Publicação: 07/09/2020 04:00

Antes de começar o período da seca, André Luiz Teixeira, que tem asma, consultou-se com um pneumologista e iniciou o tratamento receitado (Minervino Junior/CB/D.A Press)  

Antes de começar o período da seca, André Luiz Teixeira, que tem asma, consultou-se com um pneumologista e iniciou o tratamento receitado

 

 
Margaret, Roberto e um dos filhos: umidificador, fruta e água para hidratar  (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  

Margaret, Roberto e um dos filhos: umidificador, fruta e água para hidratar

 

 
 
O mês de setembro chegou e, com ele, a seca que castiga os brasilienses tende a se intensificar com baixa umidade e temperaturas elevadas. Especialistas e médicos alertam para os cuidados à saúde neste período do ano, principalmente por causar sintomas parecidos com a covid-19, como falta de ar e tosse. Para aliviar a secura, a população tem usado truques simples, como beber bastante água, utilizar toalhas molhadas, umidificador e deixar a casa mais arejada. No fim de semana, muitos aproveitaram para fazer atividades ao ar livre e se refrescar às margens do Lago Paranoá.
 
O casal de gaúchos Margaret Leivas e Roberto Ghiggi, ambos de 62 anos, mora em Brasília há 27 anos e, a cada ano, eles se adaptam com alternativas para aliviar o incômodo da seca. “O nosso corpo tem a memória do clima mais úmido, então acaba que a gente sente mais cansaço, fadiga, dor de cabeça. Quando mudamos para cá, tínhamos o costume de utilizar muito o umidificador, depois parei. Recentemente, tenho ligado, porque tenho sentido mais o desconforto. Também coloco as roupas para secar quando elas ainda estão mais úmidas. E estou sempre bebendo água. Cada um tem sua garrafinha e fica lembrando o outro para se manter hidratado”, conta Margaret.
 
Um outro truque que eles utilizam durante a noite é deixar a água empossada no banheiro. “Fecho o ralo e deixo um pouco de água no box. De manhã, o chão está sequinho”, conta Roberto. O banho também ficou mais frio e a aplicação de cremes para hidratar a pele foi intensificada. “O nariz da minha filha, quando era pequena, sangrava muito por conta da secura. Hoje, ela tem 21 anos e não sofre tanto com o clima”, destaca Margaret.
 
A alimentação foi adaptada para comidas leves, com mais salada, verdura e fruta. “Evitamos frituras e carne vermelha. Sempre procuramos ter cuidado com as refeições”, ressalta a gaúcha. “Muitos amigos, quando vêm nos visitar, reclamam. Mas a gente gosta daqui e aprendeu a conviver com este período, que dura pouco”, afirma. Apaixonados pelos ipês-amarelos, os dois também aproveitam o momento mais ameno do dia para apreciar a vista da árvore típica da seca.
 
Para Ivania Dolores Bezerra, 29, moradora do Guará II, esta época do ano é quando os cuidados com a hidratação aumentam. “Busco beber muita água, usar creme hidratante e manter os olhos bem hidratados com soro fisiológico. Como eu tenho ressecamento ocular, esse desconforto aumenta”, relata. Ela conta que deixa as janelas sempre abertas para circular o ar e, procura usar roupas leves durante o dia. Neste ano, até o momento, ela tem conseguido manter uma rotina sem tantos problemas com a seca. “Mas, em anos anteriores, sofri bastante. Principalmente com o nariz sangrando, ressecamento dos olhos e falta de ar”, pontua.
 
Cuidados
 
Rodrigo Biondi, intensivista do Hospital Brasília, ressalta alguns outros cuidados que o brasiliense tem que se atentar. “É importante manter a hidratação diária com intensidade. Com maior atenção às crianças, que não estão habituadas a tomar muito líquido, e aos idosos, que têm pouca água corpórea e estão mais propensos a ter desidratação”, alerta. “Há outras dicas simples que as pessoas podem adotar, como colocar toalha molhada em alguns pontos da casa, bacias embaixo da cama e o uso de umidificadores. No caso deste último, deve-se ter cuidado em sempre limpar antes de usar”, destaca.
 
O médico também expõe um outro ponto que precisa de maior atenção. “As pessoas com doenças respiratórias, como asma, bronquite, rinite, devem manter o acompanhamento médico e não abandonar o tratamento. Essas infecções agem com a inalação de poeira e ácaros, que pode ocasionar crises de falta de ar, tosse, coriza. São os mesmos sintomas da covid-19. Não dá para distinguir uma da outra sem fazer exame. Por isso, é importante ter esse cuidado redobrado”, enfatiza.
 
Neste período de pandemia, a troca das máscaras de proteção facial — item obrigatório para a prevenção da propagação do novo coronavírus — necessita de cuidado redobrado. “Por estar mais seco, as pessoas não percebem que a máscara ficou úmida e precisam trocá-la. A dica é que troque, ao menos, duas vezes no dia. Uma antes do almoço e outra, depois. Assim, traz maior eficácia.”
 
Para aqueles que fazem exercícios ao ar livre, o melhor horário é perto das 8h e depois das 17h. Deve-se evitar a prática no período das 10h a 16h, quando o sol está mais forte e o suor evapora com facilidade, podendo provocar desidratação grave e insolação. Ingestão de frutas com bastante líquido também é indicada.
 
Morador da Asa Sul, André Luiz Teixeira, 29, conta que, antes mesmo de iniciar o período da seca, procurou um pneumologista para tratar a asma. “Agora, estou seguindo o tratamento certinho e nem estou usando a bombinha. Já senti uma melhora”, conta. De acordo com ele, a pandemia acendeu um alerta para os cuidados com a saúde. “Eu fico preocupado em dobro. Aumentei a quantidade de água que tomo e procuro fazer exercícios no horário mais ameno.”
 
Sem chuva
 
O Distrito Federal está há mais de 100 dias sem chuva. De acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o último registro ocorreu em 25 de maio, quando começou a estiagem. Sem precipitações significativas, o ar tem ficado cada vez mais seco, com a umidade relativa do ar variando abaixo dos 30%, o que deixou a capital em estado de atenção. Segundo o meteorologista do Inmet Heráclio Alves, o mês de setembro deve trazer taxas mais baixas. A menor registrada na história foi de 8%, em 4 de setembro de 2019. “Este mês é característico pela baixa umidade e pouca possibilidade de chuva. A queda ocorre sempre em setembro e se estabiliza em outubro, com a chegada do período chuvoso”, detalha.
 
Em 26 de agosto deste ano, foi registrado o menor índice de umidade no DF. Com 11%, a região de Brazlândia sofreu com a secura. Ontem, a umidade variou entre 15% e 65% e a temperatura máxima atingiu 30°C. Hoje, o ceú também estará aberto, com poucas nuvens, prevê o Inmet.
 
O estado de atenção é decretado quando a umidade varia entre 30% e 20%. Caso a umidade relativa do ar fique entre 12% e 20% por três dias consecutivos, é declarado estado de alerta. E, em caso de dois dias seguidos abaixo de 12%, torna-se estado de emergência.
 
» Linha do Tempo
 
Umidades mais baixa
 
8% 
4 de setembro de 2019
 
9%  
21 de setembro de 2007
 
10%  
7 de agosto de 2002
 
11%  
26 de agosto de 2020
 
» Orientações importantes
 
» Lave as mãos com frequência e evite colocá-las na boca e no nariz;
 
» Procure manter o corpo sempre bem hidratado. Beba bastante água. Na hora do lanche ou da sobremesa, dê preferência a frutas ricas em líquido;
 
» Aplique soro fisiológico no nariz 
e nos olhos;
 
» Evite a prática de exercícios físicos ao ar livre entre 10h e 17h;
 
» Use produtos para hidratar 
a pele do rosto e do corpo;
 
» Coloque chapéu e óculos escuros para proteger-se do sol;
 
» Coloque toalhas molhadas, recipientes com água ou vaporizadores nos quartos;
 
» Evite aglomerações e permanência prolongada em ambientes fechados ou com ar-condicionado;
 
» Mantenha a casa limpa e arejada;
 
» Procure não usar vassouras, que levantam o pó por onde passam. Dê preferência a aspiradores 
ou panos úmidos;
 
Fonte: Defesa Civil
 

Correio Braziliense domingo, 06 de setembro de 2020

RITA LEE LANÇA DUAS RECRIAÇÕES DE SUA SÉRIE LITERÁRIA INFANTIL

Jornal Impresso

Meio ambiente e fofuras
 
Rita Lee lança duas recriações da sua série literária infantil Dr. Alex, em que contempla a importância da preservação do meio ambiente com desenhos e linguagem lúdica

 

Maria Baqui*

Publicação: 30/08/2020 04:00

 (Guilherme Francini/ Divulgação)  
 
Aos 72 anos, com a conhecida autenticidade, Rita Lee volta a preencher as prateleiras literárias com um toque de narrativa infantil. A primeira série de livros juvenis lançada por Rita, em 1986, recebeu o nome Dr. Alex e contou com quatro exemplares, sendo o último divulgado em 1992. Dando voz à criatividade aflorada, a paulista recriou dois episódios da saga: Dr. Alex e o Phantom é um título novo para Dr. Alex e o Oráculo de Quartz (1992) e Dr. Alex e os Reis de Angra, originalmente divulgada em 1986.
 
A história do ratinho Alex não surgiu pensada para o livro. O animal existiu e foi adotado por Rita Lee quando os três filhos dela eram pequenos. “Na hora de ir para a cama, eu inventava historinhas sobre as aventuras de Alex. Isso foi nos anos 1980. Foi daí que pensei em escrever quatro livrinhos para outras crianças também curtirem o mundinho do ratinho”, relembra a escritora, ao Correio. O personagem principal da trama é um roedor pacifista, que luta por igualdade para todos.
 
Naquela época, segundo ela, não eram comentados temas relacionados ao meio ambiente, por isso o interesse da Globo Livros em publicar o conteúdo. O objetivo do conteúdo, acompanhado de ilustrações de Guilherme Francini e Quihoma Isaac, é conscientizar o público infantil de que a natureza está sendo destruída. Para Rita, dar voz aos animais, como feito em Dr. Alex, mostra ao leitor que “não se deve tratar bichos como se fossem coisas”.
 
“Não é de agora que a Amazônia vem sendo estuprada por gananciosos. Mas, hoje, o que se vê no noticiário é que vão ‘passando a boiada’ na moita e fazendo cara de paisagem, como se nada grave estivesse acontecendo. E ainda há quem ache que os defensores do meio ambiente são uma gentinha desocupada”, destaca a autora.
 
Quando questionada sobre as mudanças sociais percebidas desde a publicação dos primeiros livros, Rita Lee explica que os assuntos tratados em Dr. Alex, como a proteção da fauna e flora brasileira, têm mais pressa em serem abordados e resolvidos. “A destruição só aumenta. O mundo inteiro está de olho e cobrando atitudes firmes quanto às queimadas, aos desmatamentos, aos garimpos ilegais, ao genocídio do pouco que resta da rica cultura dos indígenas e por aí vai”, considera a artista.
 
Mas, além da temática recheada de temas engajados, a leitura é leve e os desenhos, coloridos. A artista inseriu mágica à narrativa e “fofura” às personagens. “Os quatro livrinhos do ratinho são para crianças mais novas — os pais lerão para elas —, e também para a gurizada que sabe ler. Com as ilustrações fofas, elas também viajam no visual da história. Crianças querem levar um papo de igual para igual”, conclui Rita Lee.
 
 (Guilherme Francini/ Divulgação)  
 
Toque de cor
 
Guilherme Francici e Quihoma Isaac foram os responsáveis pelo projeto visual das obras Dr. Alex e o Phantom e Dr. Alex e Os Reis de Angra, respectivamente. Para os desenhos, os artistas preocuparam-se em utilizar a linguagem fantasiosa para retratar os temas polêmicos.
 
Para Guilherme, a intenção é de que o leitor se imagine parte da história e tenha a experiência de ser amigo do ratinho Alex e da vovó Ritinha. “Coube a mim dar um rosto para cada um deles e retratar os acontecimentos de forma bonita, sensível e respeitosa”, diz o ilustrador.
 
Para Quihoma, cada página desenhada foi uma grande surpresa mágica. O pensamento dele, durante o processo criativo, era de que a obra ficasse com a cara dos livros que ele lia na infância. “Em uma, eu estava pintando um índio; na outra, um pigmeu albino; na seguinte, sereias douradas… Me diverti muito fazendo”, comemora o artista.
 
*Estagiária sob a supervisão de Igor Silveira

Correio Braziliense sábado, 05 de setembro de 2020

MEGA SORTEIA 95 MILHÕES HOJE

Jornal Impresso

Mega sorteia R$ 95 milhões hoje
 
Este é o décimo concurso acumulado. As apostas podem ser feitas até as 19h, nas lotéricas ou pelo site da Caixa. O sorteio ocorre às 20h. Devido à pandemia do novo coronavírus, a recomendação é de fazer sua fezinha pela internet, para evitar filas e aglomerações

 

» CIBELE MOREIRA

Publicação: 05/09/2020 04:00

Ontem, houve aglomeração e fila de apostadores em casas lotéricas (Minervino Junior/CB/D.A Press)  

Ontem, houve aglomeração e fila de apostadores em casas lotéricas

 

 
A Mega-Sena acumulada é um dos prêmios mais cobiçados entre os brasileiros. Quem não quer levar uma bolada milionária gastando R$ 4,50 — preço de um jogo simples com seis dezenas — e ganhar sozinho aquele dinheiro tão sonhado? Ou até mesmo dividir a sorte em apostas coletivas, como em bolões, que aumentam as chances de faturar a grana? Hoje, a Loterias da Caixa sorteia o prêmio de R$ 95 milhões acumulado há dez concursos.
 
Para quem quiser tentar a sorte, as apostas podem ser feitas até as 19h, nas agências lotéricas ou pelo site loteriasonline.caixa.gov.br. O sorteio ocorre às 20h com transmissão ao vivo pela Rede TV/TV Brasília, além no canal da Caixa no YouTube e na página do Facebook da instituição.
 
Na última quarta-feira, os números sorteados no concurso 2.295 da Mega-Sena foram: 6-13-26-28-35-41. Ninguém acertou as seis dezenas, no entanto, 162 apostas marcaram a quina e cada uma faturou R$ 33 mil. Outras 9.693 apostadores fizeram a quadra e levaram R$ 788, cada.
 
Diante do cenário de pandemia do novo coronavírus, no qual exige medidas de distanciamento social, a aposta on-line é uma boa saída para evitar filas e aglomerações. Para fazer o jogo pela internet é preciso acessar o site da Loteria On-line e fazer um cadastro. Após o preenchimento dos dados, basta escolher os palpites, inserir no carrinho e pagar os bilhetes utilizando o cartão de crédito cadastrado. O valor mínimo na plataforma é de R$ 30 e o máximo é de R$ 945, por dia.
 
O carrinho de compras no site suporta até 999 apostas, e a ação pode ser repetida, desde que obedeça aos limites de valores diários estabelecidos. O serviço on-line funciona 24h por dia, porém, o fim do prazo para cada jogo é o mesmo das loterias físicas. A Caixa disponibiliza, também, o aplicativo Loterias Caixa, para os usuários do sistema iOS, e o Internet Banking, para quem tem conta no banco, para fazer uma fezinha.
 
Como jogar
 
A Mega-Sena paga prêmio milionário para o acertador dos seis números sorteados, porém, os jogos com quatro ou cinco acertos também recebem o valor em dinheiro proporcional de 19%, que é dividido entre outros ganhadores. Na cartela é possível marcar de seis a 15 dezenas, ou optar pelo sistema de surpresinha e/ou concorrer com a mesma aposta por até oito concursos consecutivos, a chamada teimosinha.
 
O valor da cartela com seis dezenas marcadas é R$ 4,50. A com sete marcações sobe para R$ 31,50 e a de oito custa R$ 126. O apostador também pode adquirir as cotas dos bolões organizados pelas lotéricas. O custo varia de acordo com cada lotérica. A probabilidade de vencer pela aposta simples de seis dezenas é de uma em 50 milhões.


Ainda dá tempo!
As apostas podem ser feitas em qualquer Loteria Caixa ou via on-line: pelo site www.loteriasonline.caixa.gov.br ou pelo aplicativo Loterias Caixa, disponível gratuitamente para sistema IOS.

Correio Braziliense sexta, 04 de setembro de 2020

TODOS OS SONS NO DRIVE-IN

Jornal Impresso

Todos os sons no drive-in
 
O mercado de entretenimento no Distrito Federal driblou a crise por meio de apresentações e exibições em drive-ins da cidade. As principais atrações do final de semana são os grupos Jota Quest e Harmonia do Samba. Confira a programação deste final de semana.

 

» Geovana Melo*

Publicação: 04/09/2020 04:00

Jota Quest
 (Cesar Ovalle/Divulgação)  

Jota Quest

 

 
Harmonia do Samba
 (Mattoni Comunicação/Divulgação)  

Harmonia do Samba

 

 
Peça Sementes
 (Diego Bresani/Divulgação)  

Peça Sementes

 

 
Cia G7
 (Marketing G7/Divulgação)  

Cia G7

 

 
Beatles para crianças  (Stela Handa/Divulgação)  

Beatles para crianças

 

 
 
 
A agenda cultural brasiliense se reinventou por meio das atrações em drive-ins espalhados pela cidade. Os eventos surgiram como alternativa de cultura e entretenimento em tempos de pandemia e de necessidade de isolamento. Atualmente, cinco desses projetos estão ativos: o Arena Drive, no estacionamento do Ginásio Nilson Nelson; o Cine Drive-in, no Autódromo de Brasília; o Drive-in CCBB, no Setor de Clubes Esportivos Sul; o Drive-Show, localizado no estacionamento do Estádio Nacional e o Circuito Cine Drive-in nas Cidades, que apresenta programação itinerante pelas regiões administrativas.
 
Longe dos shows e palcos tradicionais, a banda Jota Quest se apresenta hoje, em show drive-in, às 22h. A atração integra a programação do Drive Show Brasília. A banda mineira conta com Rogério Flausino, Marco Túlio, PJ, Márcio Buzelin e Paulinho Fonseca. “Vamos, com certeza, tocar aqueles 20 maiores sucessos do Jota Quest, que não podem faltar. Dias melhores, que o pessoal está gostando muito ultimamente, entre tantas outras músicas importantes do repertório. A gente tem dois lançamentos deste ano — A voz do coração e Guerra e paz, música mais recente e que, em breve, estreará em todas as rádios do Brasil. Essas músicas fazem parte do nosso novo álbum, que sairia esse ano, mas a gente estendeu para o ano que vem. A gente ainda lança um EP e mais um single inédito desse disco”, adianta Rogério Flausino em entrevista ao Correio.
 
Embalando a nostalgia do público, as lives fizeram o grupo passear por sucessos e matar a saudade dos shows. Após 100 dias longe dos palcos, o Jota Quest teve a primeira e única experiência drive-in em São Paulo. “Foi incrível. As pessoas têm muitas dúvidas sobre o formato, eu também tinha. A gente estava receoso em tocar para um monte de carro, em como seria. Mas nos surpreendemos. Quando entramos, estávamos muito a fim de fazer show. Como a gente está agora porque não faz show há muito tempo. Quando as buzinas começaram a tocar na introdução, o farol batendo, aquela loucura toda, eu falei: ‘É, a galera está afim’. O show foi desenrolando vários momentos emocionantes, era farol, buzina, celular e mão. A gente estava conseguindo se conectar com as pessoas. É diferente, mas é bem legal também”, relembra o vocalista.
 
Retomada
 
No ano passado, o grupo finalizou a turnê Jota Quest acústico, que trazia as canções do disco homônimo ao projeto. O trabalho teve o maior número de audiência, de reproduções e de visualizações desde o início da banda. O espetáculo passou quatro vezes pela capital, sendo duas apresentações no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, uma no Green Move Festival e uma no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). “Sem dúvidas, o acústico foi um momento maravilhoso da nossa carreira, uma revolução mesmo. Foram dois anos e pouquinho de turnê. Esse projeto fez renascer diversas canções do nosso repertório e nos aproximou demais do nosso público, foi um negócio muito louco”, conta Flausino.
 
Segundo o cantor, 2020 seria “o ano” do grupo, que estava com turnê marcada para a Europa e planejando as comemorações dos 25 anos de carreira, contando a partir de 1996, quando o grupo lançou o primeiro disco oficial. “Esses projetos foram levados para 2021. Em princípio, para o segundo semestre, mas ainda não temos certeza, temos que ver como as coisas estarão”, pontua. Durante o período de isolamento, o grupo aproveitou para trabalhar nesses projetos e lançar alguns materiais, como um álbum de inéditas previsto para o ano que vem.
 
“Nós estamos fazendo isso para que possamos exercitar nosso prazer de tocar, e para que a gente possa entreter e levar diversão para o público. O drive-in é uma saída, mas isso não é para sempre, uma hora esse cenário vai mudar. É um momento de lazer, de fazer isso com segurança, cumprindo todas as normas. E também para a gente, de alguma maneira, esquecer as dores do mundo por algumas horas”, ressalta.
 
Amanhã, o evento terá uma programação voltada para o sertanejo, priorizando os artistas locais. O Buteco Sertanejo contará com apresentações de 18 cantores sertanejos, a partir das 18h30. A atração principal do domingo será o grupo Harmonia do Samba, que trará à capital grandes sucessos do pagode baiano para animar o público a partir das 22h. A banda é liderada pelo vocalista Xanddy e é um dos maiores nomes do gênero. O feriado de 7 de Setembro também contará com apresentações: um espetáculo voltado para o público infantil, Beatles para as crianças, e um stand-up feito por Victor Sarro e Renato Albani, intitulado de Só vem.
 
» Outras atrações
 
Drive-in CCBB
Este é o último final de semana da programação do Drive-in CCBB. Hoje e amanhã, às 18h30, haverá apresentação da peça de teatro infantil Sementes. Às 21h, o evento conta com a exibição do filme Brooklyn sem pai nem mãe. O domingo será de música, com apresentação do grupo Sunflower Jam.
 
Cine Drive-in
O cinema ao ar livre mais antigo da capital, e por muito tempo o único do país, exibirá hoje, amanhã e domingo os filmes Frozen 2 às 18h20, O roubo do século às 20h10 e Macabro às 22h.
 
Arena Drive
Após a comemoração de 19 anos com a peça Cenas da quarentena, o grupo G7 de comédia estreia, hoje, o show Alívio emergencial. O novo espetáculo em formato drive-in ficará duas semanas em cartaz no espaço Arena Drive. O local também contará com uma programação voltada para o público infantil. O cine-teatro Cidade Avião conta a história da menina Nina, que se muda para Brasília e aprende tudo sobre os principais pontos turísticos da cidade e faz amizade com os animais típicos do cerrado, como o Lobo-Guará e a Cigarra.
 
O Circuito Cine Drive-in nas Cidades
A partir de hoje, os brasilienses contarão com mais uma opção de lazer para se distrair durante esse momento. O Circuito Cine Drive-in nas Cidades promoverá, no período de 4 setembro a 5 de novembro, mostra de filmes nacionais e internacionais voltados para todas as idades. A entrada é gratuita, com público limitado. Interessados devem retirar os ingressos antecipadamente pela plataforma Sympla. Hoje, amanhã e domingo, o cinema itinerante estará em Santa Maria e exibirá Minha mãe é uma peça 3, Pica-pau, O chamado 3, Madagascar 3 e alguns curtas-metragens selecionados.  
 
» Serviços
 
Drive Show
Hoje, show do Jota Quest às 22h. Amanhã, Boteco Sertanejo também às 22h. Domingo, show do Harmonia do Samba às 22h. Segunda, Beatles para crianças às 17h e Só vem às 20h30. No Estacionamento do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. Os ingressos podem ser adquiridos nas plataformas Furando a Fila e O que vem por aí e também nas lojas das Óticas Diniz e Bendito Food. Os preços variam entre R$ 90 e R$ 480 por carro. Cada carro, independentemente do tamanho, pode entrar com no máximo quatro pessoas. Classificação indicativa conforme a programação
 
Drive-in CCBB
Hoje, amanhã e domingo no Centro Cultural Banco do Brasil (SCES Tr. 2). Ingressos R$ 50 por veículo em apresentações de teatro e cinema e R$ 30 para a sessão de música. Ingressos podem ser adquiridos no site Eventim. Classificação indicativa conforme programação.
 
Cine Drive-in
Exibição dos filmes Frozen 2 às 18h20, O roubo do século às 20h10 e Macabro às 22h. De hoje a domingo, incluindo feriados, R$ 15 (meia-entrada). Aniversariantes terão entrada gratuita para as sessões. Classificação indicativa conforme a programação.
 
Arena Drive
No estacionamento do Ginásio Nilson Nelson (acesso pelo Eixo Monumental). Hoje, amanhã e domingo, Cine-teatro Cidade Avião, às 17h30 e o espetáculo Alívio emergencial – Uma comédia temporária do G7, às 19h30. Ingressos por carro, com venda no site da companhia, na Up Grade, na 415 Sul e bilheteria na entrada do espaço Arena Drive, somente nos dias de espetáculo a partir de 1h antes do início da sessão. Todos os ingressos são meia-entrada, entretanto, poderão ser doados voluntariamente 1kg de alimento ou 1 livro. Classificação indicativa conforme a programação.
 
O Circuito Cine Drive-in nas Cidades
Hoje às 20h, amanhã e domingo às 18h, no Quadradão Cultural (QC) ao lado da Administração Regional de Santa Maria. Exibição dos filmes Minha mãe é uma peça 3, Pica-pau, O chamado 3 e Madagascar 3. Entrada franca. Classificação indicativa conforme a programação.

Correio Braziliense quinta, 03 de setembro de 2020

NOVA CÉDULA DE R$200 JÁ ESTÁ EM CIRCULAÇÃO

Jornal Impresso

Nova cédula de R$ 200 já está em circulação
 
Nota, que tem a estampa do lobo-guará, animal sob risco de extinção, foi lançada para evitar a falta de papel-moeda, cuja demanda cresceu com a pandemia, segundo o Banco Central. Até o fim do ano, serão produzidas 450 milhões de unidades
 
Athos Camargo foi o primeiro brasileiro a conseguir a nova cédula. A nota, com estampa do lobo-guará, começou a circular e atraiu colecionadores ao Banco Central.  (Ed Alves/CB/D.A Press)
 

 

» MARINA BARBOSA

Publicação: 03/09/2020 04:00

Para não correr o risco de faltar papel moeda em meio à pandemia de covid-19 e aos pagamentos do auxílio emergencial, o Banco Central (BC) lançou, ontem, a cédula de R$ 200. Impressa na cor cinza, com detalhes em sépia, tendo a estampa do lobo-guará, deve ter 450 milhões de unidades em circulação até o fim do ano, no valor de R$ 90 bilhões. 
 
O primeiro lote de 20 milhões de cédulas foi enviado para 10 capitais: Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Recife, Fortaleza e Belém. A partir daí, a nota será distribuída pelo Banco do Brasil, que é o custodiante do BC, e deve chegar ao restante do país.
 
A nota de R$ 200 foi lançada após 18 anos sem alterações na família do real. A escolha do lobo-guará ocorreu após uma consulta realizada ainda em 2001, na qual os brasileiros podiam indicar animais ameaçados de extinção para estampar cédulas da nova unidade monetária. Nos dois primeiros lugares, ficaram a tartaruga-marinha (colocada na nota de R$ 2, criada em 2001) e o mico-leão dourado (entrou na nota de R$ 20, lançada em 2002).
 
A decisão de produzir notas de R$ 200 veio como resposta às mudanças de comportamento trazidas pela pandemia, segundo a diretora de Administração do BC, Carolina de Assis Barros. Ela explicou que a covid-19 trouxe uma demanda excepcional da população por papel-moeda. “O dinheiro em espécie ainda é a base das transações no Brasil e, em épocas de incerteza, dinheiro significa segurança”, disse. “Famílias e empresas fizeram saques em volumes inesperados para acumular reservas de emergência.”
 
O fenômeno, chamado de entesouramento, cresceu com o pagamento do auxílio emergencial, que chegou a mais de 67 milhões de brasileiros. Por isso, o volume do meio circulante alcançou R$ 350 bilhões, bem acima dos R$ 301 bilhões previstos para este ano. E o BC calcula que ainda haja uma necessidade de mais R$ 105,9 bilhões de papel-moeda no Brasil. 
 
Carolina disse que a eventual falta de dinheiro em espécie nos bancos poderia trazer complicações sociais, sobretudo entre as classes de menor renda, que têm menos acesso a meios digitais de pagamento. “Falta de cédulas e moedas poderia significar o não acesso de grande parcela da população a itens de consumo básico”, afirmou.
 
Como o estoque de segurança do BC não era suficiente para atender a essa demanda, a importação era inviável e a Casa da Moeda não tinha condições físicas de produzir R$ 105,9 bilhões até o fim do ano em cédulas de menor valor, a saída foi emitir notas de R$ 200, explicou o presidente do BC, Roberto Campos Neto. A nova cédula tem o mesmo tamanho da de R$ 20. 
 
O BC calcula que a produção de 450 milhões de cédulas de R$ 200 vai custar cerca de R$ 142 milhões. Além disso, pretende investir R$ 20 milhões em uma campanha de conscientização sobre as ferramentas de segurança da nova nota para evitar falsificações. 
 
Segurança
 
É um aspecto, por sinal, que gera receio. É que, mesmo com o alto valor, a nova cédula não tem nenhum elemento novo de segurança. O BC usou aqueles já existentes nas demais notas do real, como a marca d'água, o alto-relevo, o número que muda de cor e números escondidos que só podem ser vistos na contraluz, alegando que eles estão alinhados às melhores práticas internacionais e já são conhecidos pela população. Alguns especialistas queixaram-se da ausência da faixa holográfica que está nas cédulas de R$ 50 e R$ 100 e dificulta a falsificação.
 
O BC descarta a possibilidade de que a nova nota facilite a desvalorização do real (por conta do alto valor), a corrupção ou a lavagem de dinheiro, como alegaram partidos de oposição, em ação aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) visando suspender o lançamento de cédula. Como a ministra Cármen Lúcia, relatora da ação, ainda não emitiu decisão sobre o assunto, o BC manteve o cronograma. A autarquia informou que prestou todos os esclarecimentos requisitados pelos STF.

Correio Braziliense quarta, 02 de setembro de 2020

COMPETIÇÃO CANDANGA! PRIMEIRO REALITY SHOW BRASILIENSE

Jornal Impresso

Competição candanga!
 
Primeiro reality show brasiliense, Os infiltrados, estreia na TV Brasília trazendo formato inédito

 

» Adriana Izel

Publicação: 02/09/2020 04:00

Camila Cruz (@mylladbc), 21 anos, estudante de nutrição: %u201CVou lá para dançar, curtir bastante, animar o pessoal e também 
para jogar%u201D. (Agência e Produtora Resenha/Divulgação)  

Camila Cruz (@mylladbc), 21 anos, estudante de nutrição: "Vou lá para dançar, curtir bastante, animar o pessoal e também para jogar".

 

 
Gustavo Borges (@djgustavoborges_), 24 anos, DJ e personal trainer: %u201CVou bagunçar muito. Fazer muita bagunça, muita zoada. O jogo quem faz sou eu%u201D. (Agência e Produtora Resenha/Divulgação)  

Gustavo Borges (@djgustavoborges_), 24 anos, DJ e personal trainer: "Vou bagunçar muito. Fazer muita bagunça, muita zoada. O jogo quem faz sou eu".

 

 
Letícia Lopes (@leticialopesbsb), 23 anos, modelo: %u201CEstou muito ansiosa e muito empolgada para o que eu vou vivenciar na casa%u201D. (Agência e Produtora Resenha/Divulgação)  

Letícia Lopes (@leticialopesbsb), 23 anos, modelo: "Estou muito ansiosa e muito empolgada para o que eu vou vivenciar na casa".

 

 
Mateus Valério (@mateusvalerios), 24 anos, bombeiro civil, DJ e produtor de eventos: %u201CVou entrar lá e tocar fogo no parquinho. Vou representar, viver 
e ser eu%u201D. (Agência e Produtora Resenha/Divulgação)  

Mateus Valério (@mateusvalerios), 24 anos, bombeiro civil, DJ e produtor de eventos: "Vou entrar lá e tocar fogo no parquinho. Vou representar, viver e ser eu".

 

 
Karol Nunes (karoolnunes), 24 anos, modelo e especialista em marketing digital: %u201CVou curtir muito todas as festas e as dinâmicas. Vou estar sempre focada 
no jogo%u201D. (Agência e Produtora Resenha/Divulgação)  

Karol Nunes (karoolnunes), 24 anos, modelo e especialista em marketing digital: "Vou curtir muito todas as festas e as dinâmicas. Vou estar sempre focada no jogo".

 

 
Sander Henrique (@sanderneguin), mais conhecido como Sander Neguinho, 21 anos, modelo, produtor de eventos e criador de conteúdo digital: %u201CNão vejo a hora de entrar para brincar e jogar%u201D. (Agência e Produtora Resenha/Divulgação)  

Sander Henrique (@sanderneguin), mais conhecido como Sander Neguinho, 21 anos, modelo, produtor de eventos e criador de conteúdo digital: "Não vejo a hora de entrar para brincar e jogar".

 

 
Sarah Santos ](@sarahhsl_), 24 anos, estudante de gestão financeira: %u201CEu vou jogar muito e não vou deitar para ninguém também%u201D. (Agência e Produtora Resenha/Divulgação)  

Sarah Santos ](@sarahhsl_), 24 anos, estudante de gestão financeira: "Eu vou jogar muito e não vou deitar para ninguém também".

 

 
Wesley Calixto (@djwesleycalixto), 27 anos, DJ e digital influencer: %u201CEstou muito ansioso, vai ser a experiência mais louca que já vivi%u201D. (Agência e Produtora Resenha/Divulgação)  

Wesley Calixto (@djwesleycalixto), 27 anos, DJ e digital influencer: "Estou muito ansioso, vai ser a experiência mais louca que já vivi".

 

 
Vanessa Lamark, apresentadora (Minervino Junior/CB/D.A Press)  

Vanessa Lamark, apresentadora

 

 
Na madrugada desta terça-feira para quarta-feira, à 0h30, estreia o primeiro reality show brasiliense da tevê aberta. É a atração Os infiltrados, criação da produtora Resenha Filmes em parceria com a TV Brasília e a Rede Villa Butiquim. O programa traz um formato inédito, em que coloca oito participantes realizando missões em uma casa localizada em área paradisíaca do Distrito Federal na disputa do prêmio final de R$ 25 mil.
 
“Isso é inédito em Brasília. Outros tentaram, mas não conseguiram (fazer um reality show na cidade). Vimos que a demanda por reality estava crescendo muito”, lembra Caio Sousa diretor-executivo da Resenha Filmes. Ele diz que, antes de criar o reality, se questionou sobre o motivo pelo qual a capital, mesmo tendo muitos fãs do formato, nunca havia feito um programa do tipo: “Por que em Brasília não temos um, se temos tantas personalidades?”
 
Não encontrou a resposta, mas sim a motivação para criar o primeiro reality show candango e fez isso com apoio de parceiros. Entre eles, a TV Brasília, que investe, desde o surgimento da capital federal, em conteúdos voltados para os moradores da cidade. “Nossa emissora tem um compromisso com os brasilienses. Sempre tentamos pautas e programas voltados para o brasiliense, valorizando mesmo Brasília como um tudo”, afirma Freddy Vilar, diretor comercial da TV Brasília.
 
O projeto será exibido na televisão, mas também estará conectado com a internet. Afinal, desde o nascimento, a atração perpassa pelo universo cibernético. Os participantes, quatro homens e quatro mulheres, foram escolhidos tendo a força na internet como diferencial. Todos são de Brasília e personalidades famosas das redes sociais. São eles: Wesley Calixto, Dj; Camila Cruz, estudante de nutrição; Gustavo Borges, Dj e personal trainer; Letícia Lopes, modelo; Sander Neguin, produtor de eventos; Karol Nunes, modelo; Mateus Valério, bombeiro; e Sarah Santos, estudante de gestão financeira (veja quadro).
 
“Quando veio a pandemia, com essas mudanças na televisão, tivemos certeza que era o momento de introduzir o on e off juntos. Fazer esse programa, envolvendo todas as plataformas, é uma forma de investir nesse casamento. Estamos sempre trabalhando com o YouTube e com o Instagram, nessa interação com a segunda tela”, completa Vilar, da TV Brasília.
 
Dinâmica
 
Por ter um formato inédito, é difícil comparar Os infiltrados com os outros realities disponíveis no mercado. O principal objetivo do programa é colocar os participantes cumprindo provas — mantidas em segredo —, que os levem até a final da atração, tudo isso com os oito integrantes confinados na mesma casa, onde também terá festas regadas pelo bar da Rede Villa Butiquim. A primeira temporada será formada por oito episódios com exibições às segundas, quartas e sextas, à 0h30, na TV Brasília e no canal do YouTube.
 
“Acho que o grande diferencial é porque é um programa de jogo mesmo. Por isso, o público pode esperar muita treta por causa da dinâmica. Acho que as pessoas vão gostar do formato”, comenta Vanessa Lamark, apresentadora do programa. Ela foi escolhida, graças ao sucesso na internet e a experiência com apresentações na web. Inicialmente, Vanessa tinha sido indicada para ser uma participante, mas a trajetória de apresentadora a levou ao papel de destaque. “Me mandaram mensagem falando da seleção dos participantes e eu me candidatei. Mas quando me ligaram falaram que era para fazer a apresentação. Estou muito ansiosa para a estreia”, revela.
 
A expectativa para a estreia é grande, principalmente, na web, onde o programa tem feito sucesso antes mesmo do lançamento. “Está um burburinho na internet bem legal. É um programa bem jovem, que está gerando muita curiosidade”, comenta a apresentadora. “Estamos com aquele frio na barriga. A expectativa é grande. O programa está na boca da galera”, completa Caio Sousa. No primeiro episódio, os participantes terão uma festa, que será comandada pelo grupo candango Di Propósito.
 
Realizado em meio à pandemia, Os infiltrados tem um protocolo de segurança e medidas sanitárias. Antes do início do programa, todos os participantes e os envolvidos na equipe foram confinados por sete dias em um hotel de Brasília. Lá, eles fizeram baterias de exames. O elenco tem o acompanhamento do médico Metodio Ribas. “A preocupação foi a base para tudo. Os participantes, com os integrantes da equipe, foram confinados. Todos fizeram os testes para detectar a covid-19. Todos deram negativo. Também, durante o programa, estaremos para fazer com que os participantes e a equipe tenham segurança”, explica Freddy Vilar.
 
» Responsáveis pelo programa
 
Caio Sousa, 24 anos, empreendedor e sócio-fundador do Grupo Resenha, empresa que contempla Agência de publicidade e Produtora de TV.
 
Luiz de Melo Porto, 41 anos, empresário, sócio-fundador do grupo Villa Butiquim, Supermercado Mark e da produtora Resenha.

Correio Braziliense terça, 01 de setembro de 2020

NOLETO SE ENCANTOU: FOI DONO DO PLANALTÃO, PRIMEIRA REDE DE SUPERMERCADOS DO DISTRITO FEDERAL - A COVID-19 O LEVOU
 
 
NOLETO, DA REDE DE SUPERMERCADOS PLANALTÃO, SE ENCANTOU
 
 
Antônio Carlos Noleto, 84 anos Noleto, como gostava de ser chamado, foi dono do Planaltão, primeira rede de supermercados do Distrito Federal

 

Celimar de Meneses*

Publicação: 01/09/2020 04:00

Noleto e as três filhas: Ana Carla, Ana Cristina e Ana Maria (Arquivo Pessoal
)  

Noleto e as três filhas: Ana Carla, Ana Cristina e Ana Maria

 

Morreu, aos 84 anos, Antônio Carlos Dias Noleto, um dos empresários pioneiros do Distrito Federal. Ele foi fundador da primeira rede de supermercados do DF, o Planaltão. Noleto morreu ontem, por volta das 10h, vítima da covid-19. Ele estava internado desde 7 de agosto no Hospital Santa Luzia, na Asa Sul.
 
O empresário nasceu em Carolina, no Maranhão, e mudou-se para o DF depois de morar em São Paulo e em Anápolis (GO), onde tinha uma loja com seu primo. Esteve presente na inauguração de Brasília, em 1960, e abriu um armazém chamado Santo Antônio do Planalto, em julho do mesmo ano, na Cidade Livre, atual Núcleo Bandeirante. Da Cidade Livre, estabeleceu-se em Taguatinga, onde fundou o Supermercado Planalto, o Planaltão, em 1963. A primeira rede de supermercados do DF viria a ter 12 filiais, até ser vendido para o Carrefour, na década de 1990. Enquanto estava na ativa, Noleto foi o fundador da Associação de Supermercados de Brasília (Asbra), em 1975, e foi o primeiro presidente da organização de classe.
 
Além da Asbra, Noleto foi diretor e membro do Conselho Superior da Associação Comercial e Industrial de Taguatinga (Acit) por diversas gestões, entre 1975 e 1990. Segundo Justo Magalhães Moraes, atual presidente da Acit, o pioneiro era um homem com uma visão para além do lado empresarial, que lutava pela melhoria da cidade, e se importava com o lado comunitário e social. “Foi homenageado diversas vezes, tanto por Taguatinga quanto pelo Governo do Distrito Federal, inclusive como cidadão honorário. É uma pessoa que vamos lembrar sempre pelo carinho e pelo trabalho que teve por Taguatinga, pela luta que ele teve para que nossa cidade crescesse independente”, afirmou Magalhães.
 
Noleto era amigo de Benedito Domingos, diversas vezes deputado federal pelo DF e vice-governador entre 1995 e 1999. Domingos lembra que os dois eram inseparáveis. “Sempre estivemos juntos, muito juntos mesmo. É uma pessoa que é meu amigo, tenho uma amizade muito profunda com o Noleto”. Para o ex-político, foi um choque receber a notícia do falecimento. Segundo Benedito, o amigo era um “homem muito correto e que, com certeza, está num lugar melhor agora”.
 
Pioneiro
 
Como a causa da morte de Noleto foi a covid-19, não haverá velório. Ele será cremado na presença da esposa, Aldenora Noleto e as três filhas, Ana Maria, Ana Cristina e Ana Carla. “Eu lamento muito. Infelizmente, essa enfermidade que tem assolado o país e o mundo tem trazido muita tristeza. A gente não tem nem a oportunidade de velar o corpo de um amigo”, lamentou Benedito. “Ele deixa um rastro de amizade, um homem que trabalhou muito por Brasília e, sem dúvida, deixa muita saudade nos seus amigos. Foi uma perda de um grande brasileiro, de um pioneiro legítimo de Brasília”, complementou.
 
Para José Humberto Pires, atual secretário do GDF e primo de Noleto, o empresário foi como um pai na arte do empreendedorismo. A filha mais velha de Noleto, Ana Maria, afirma que apesar da perda, a família está em paz. “A gente sabe que ele foi para um lugar melhor. Foram 24 dias de muito sofrimento, que ele passou na UTI”, afirmou. Segundo a família, nos últimos anos Noleto se ocupava de administrar fazendas e aproveitar a vida. Antônio Carlos será cremado hoje, às 9h.
 
* Estagiário sob a supervisão de Adson Boaventura

Correio Braziliense segunda, 31 de agosto de 2020

À ESPERA DA PRIMAVERA

Jornal Impresso

À espera da primavera
 
 
Ipê-amarelo e outras florações invadem os espaços públicos de Brasília e reforçam a ideia da renovação e da resiliência

 

Ana Maria da Silva*

Publicação: 31/08/2020 04:00

Andrea Porto e as filhas Maitê e Gabriela: %u201CValorizar as pequenas coisas, além de respeitar a natureza e o meio ambiente%u201D

 (Ana Rayssa/CB/D.A Press
)  

Andrea Porto e as filhas Maitê e Gabriela: "Valorizar as pequenas coisas, além de respeitar a natureza e o meio ambiente."

 

 
A baixa umidade seca a paisagem de Brasília, mas a proximidade da primavera, em setembro, dá sinais de que a renovação se aproxima. Os caminhos abertos pelo ir e vir apressado dos trabalhadores ficam ainda mais evidentes nos traços do gramado da Esplanada dos Ministérios. O frio castiga logo cedinho e o calor e a secura da tarde não perdoam! Sim, a estiagem é sentida na pele...
 
Mas nem tudo é aridez na capital do país. É justamente quando o brasiliense implora por uma gota de chuva que a floração de diferentes árvores enche o dia de alegria. A estimativa é de que no cerrado existam mais de 12 mil espécies de plantas, sendo que 5,1 mil são apenas no DF, que são as chamadas espécies endêmicas. Segundo dados de 2020 da Flora do Brasil, o DF, inserido no cerrado, reúne, aproximadamente, 3,4 mil espécies de angiospermas — conhecidas como plantas com flor.
 
Tímidas ou exuberantes, as pétalas surgem no jardim da dona de casa Eldomira Pereira Teixeira, 74 anos. Orquídeas, rosas e bromélias fazem parte da pluralidade de um jardim que, durante a pandemia, tornou-se o mundo preferido da senhora. Amante da jardinagem, Eldomira tem uma terapia no quintal. “É uma distração, porque precisamos zelar, cuidar. Quando vejo um brotinho, já fico feliz. É uma ocupação, algo que precisamos ter para não ficarmos tristes”, diz.
 
A flor da espécie Tibouchina granulosa leva cor às ruas de Vicente Pires (Arquivo Pessoal
)  

A flor da espécie Tibouchina granulosa leva cor às ruas de Vicente Pires

 

 
A flor da espécie Cassia grandis colore o jardim da Quadra 504, no Sudoeste (Arquivo Pessoal)  

A flor da espécie Cassia grandis colore o jardim da Quadra 504, no Sudoeste

 

 
A dona de casa explica que sempre gostou de cuidar das plantas, mas, na pandemia, a dedicação aumentou. “A idade vai chegando e passamos a procurar novas ocupações. As plantinhas nos passam carinho, nos trazem muitas recordações boas, de momentos, pessoas”, afirma. “Eu sinto muita felicidade. Podemos ver, através de uma rosa, o quanto Deus é divino. Uma planta dentro do lar traz muita alegria, assim como uma criança dentro de casa”, compara.
 
Segundo Estevão do Nascimento Fernandes de Souza, diretor de Gestão Integrada da Biodiversidade e Conscientização Pública do Jardim Botânico de Brasília, a floração das plantas neste período de seca está relacionada a diferentes motivos, e tem sempre como objetivo reprodução da espécie, seguido pela produção de frutos e posterior dispersão das sementes.
 
“Pode estar relacionado à proteção das flores, que poderiam cair com uma chuva muito forte, a quantidade de ventos que podem auxiliar na dispersão de alguns tipos de sementes, e até mesmo no desenvolvimento delas, pois, depois de dispersão, vão cair no chão e começar a germinar, terminando esse processo quando as chuvas estão chegando e o clima ficando mais favorável”, diz.
 
A dona de casa Eldomira Pereira Teixeira curte as flores que começam a surgir em casa (Arquivo Pessoal
)  

A dona de casa Eldomira Pereira Teixeira curte as flores que começam a surgir em casa

 

 
De acordo com Estevão, as árvores nas cidades são de extrema importância.  “A diversidade de espécies vegetais contribui para uma diversidade na fauna, com diferentes frutos, atraindo diferentes animais como pássaros ou outros dispersores”, relata.
 
Ipês
Aos poucos, eles surgem. Um ponto amarelo aqui e outro ali. Admiradores dos ipês aproveitam para sair às ruas e curtir a floração. É o caso da psicóloga Andrea Porto, 44,  mãe das estudantes Maitê, 10, e Gabriela, 6. Ela conta que aproveita horários tranquilos da semana e do dia para contemplar a natureza, observar o cerrado e suas belezas. “É um momento para perceber que, mesmo no período da seca, a natureza encontra recursos para sobreviver”, diz. A psicóloga explica que faz passeios com as filhas desde pequenas: “É uma meditação contemplativa. Todos os anos repetimos as fotos nos ipês. Além de uma linda memória visual, criamos memórias afetivas”, ressalta.
 
Em meio à pandemia, Andrea diz que encontrou, nos ipês, uma ferramenta de ensinamento de grandes virtudes para as filhas. “Creio que, neste período de isolamento, podemos aprender com eles sobre adaptação e resiliência, que florescem e nos encantam, mesmo no período mais crítico da seca”, afirma. Os momentos de aprendizado trouxeram grandes frutos para Maitê e Gabriela, conforme explica a mãe. “Aprenderam a valorizar as pequenas coisas, além de respeitar a  natureza e o meio ambiente. (A floração) Trouxe serenidade e esperança, nos permitiu ver o belo mesmo nas situações difíceis”, completa.
 
A bióloga e mestre em ecologia Paula Ramos Sicsú explica que os ipês florescem em períodos diferentes. O primeiro a florir é o roxo, seguido do amarelo, do branco e, por último, o rosa. “É normal que eles não floresçam no mesmo período, porque isso é uma vantagem evolutiva, tanto para os polinizadores, que terão comida por mais tempo, quanto para as plantas, que, ao longo da evolução, acharam por bem o espaçamento para que garantissem a produção das estruturas reprodutoras”, destaca.
 
Segundo Paula, há períodos críticos, também, nos quais algumas espécies podem ser encontradas fora da época. “Às vezes, teremos amarelo ou rosa fora da época, mas, em geral, eles vêm juntos, estão síncronos. A variabilidade é algo natural”, afirma. Para a bióloga, independentemente da cor, o importante é aproveitar a beleza das árvores. “Particularmente, gosto bastante que cada espécie floresça em um período distinto. Assim, podemos apreciá-los com exclusividade e a beleza se alterna enquanto perdura por mais tempo. Quase como acompanhar de forma particionada a composição de um arco-íris”, completa.
 
*Estagiária sob supervisão 
de José Carlos Vieira

Correio Braziliense domingo, 30 de agosto de 2020

FOGO NO HOSPITAL SANTA LUZIA

Jornal Impresso

Fogo, correria e susto no Hospital Santa Luzia
 
Com incêndio iniciado no teto da unidade de saúde particular, na 716 Sul, parte dos pacientes internados precisou ser levada para o estacionamento ou transferida para o Hospital do Coração, também da Rede D%u2019Or Brasília. Ninguém ficou ferido

 

THAIS UMBELINO

Publicação: 30/08/2020 04:00

Avaliação preliminar indica que o fogo começou durante a manutenção de um aparelho de ar-condicionado, no teto da unidade (Reprodução de WhatsApp )  

Avaliação preliminar indica que o fogo começou durante a manutenção de um aparelho de ar-condicionado, no teto da unidade

 

 
Pacientes, familiares e profissionais da saúde levaram um susto, ontem pela manhã, após um incêndio no quinto andar do Hospital Santa Luzia, no Setor Hospitalar Sul (SHS). A suspeita é de que o fogo teria começado durante a manutenção do equipamento de ar-condicionado daquele piso, mas a informação será confirmada após perícia do Corpo de Bombeiros — o laudo deve ficar pronto em até 30 dias. Devido às chamas, parte dos pacientes internados foi retirada às pressas do local, alguns em macas. Houve a necessidade de esperar quase uma hora no estacionamento privado do hospital para retornar à unidade. Alguns chegaram a ser transferidos para o Hospital do Coração, também pertencente à Rede D’Or Brasília, próximo dali. Não houve vítimas.
 
O Corpo de Bombeiros recebeu o chamado às 10h11 e chegou ao local em seis minutos. No total, 80 militares e 24 veículos atenderam à ocorrência. Segundo o major Alisson Krüguer, responsável pela operação, o fogo, de fato, teria começado no sistema de refrigeração. “Inicialmente, um serviço de manutenção de solda em equipamento de ar-condicionado no terraço teria provocado o incêndio”, informou.
 
Além da correria e do susto, o incêndio provocou situações inusitadas, como de Nasser Romeu, 23 anos, que conheceu o filho recém-nascido no estacionamento da unidade de saúde. “A minha esposa entrou na cirurgia para fazer a cesariana e, quando retiraram o Samir, meu filho, e começaram a fazer a sutura nela, iniciou-se o incêndio”, relembrou. Nasser aguardava com a sogra em um quarto do hospital e, ao olhar pela janela, percebeu a fumaça. “Falei para sairmos de lá, porque o prédio estava pegando fogo”, contou. No estacionamento, ele encontrou a esposa e o filho. “Quando ela desceu, o incêndio estava controlado. Mesmo assim, ela estava chorando muito. Já o Samir foi um dos primeiros a sair, no colo de uma enfermeira, e ficou dentro de um carro com a profissional, até poder retornar para a unidade de terapia intensiva (UTI) devido ao parto prematuro”, completou o Nasser.
 
Na hora do incêndio, um médico do Hospital Santa Luzia fazia uma operação, no quarto andar. “A cirurgia teve de ser interrompida naquele momento. As anestesistas acordaram o paciente no meio do processo para retirá-lo do hospital”, contou. Segundo o profissional de saúde, que não quis se identificar, as equipes da enfermaria e os brigadistas do hospital ajudaram na retirada de quem estava no local.
 
Kenia Maria, 35, tinha visitado o pai mais cedo e, após saber do incêndio, voltou para o hospital. “Quando eu cheguei, os pacientes estavam sendo transferidos. O meu pai, no caso, foi levado para o Hospital do Coração. Ele me contou que não chegou a sentir cheiro de fumaça lá e que tudo foi resolvido com muita calma e cautela” relatou a familiar.
 
Evasão 
 
Em nota, a assessoria do Hospital Santa Luzia esclareceu que houve um foco isolado de incêndio em um equipamento instalado no telhado da unidade, mas que a situação foi, rapidamente, controlada pela Brigada de Incêndio e pelo Corpo de Bombeiros. “Foi realizada a evacuação preventiva de pacientes, cumprindo corretamente o que determina o protocolo de segurança, e os mesmos foram reacomodados de volta ao hospital após autorização do Corpo de Bombeiros. Não houve feridos”, esclareceu.
 
Apesar de as chamas terem começado no terraço da unidade de saúde, onde não havia pacientes, a decisão de evadir o prédio foi tomada em conjunto pelos bombeiros e pela equipe do hospital, devido ao alastramento da fumaça no quarto e no terceiro andares. “No momento em que a gente percebeu que a fumaça começou a atingir outros andares, orientamos a evasão dos respectivos locais e, simultaneamente, começamos o Grupamento de Prevenção e Combate a Incêndios Urbanos (Gpciu), começando pela ventilação e tirando a fumaça do local”, detalhou o major Alisson. “Os demais andares não precisaram ser evacuados”, completou.
 
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Sprinklers (ABSpk), Felipe Melo, especialista em medidas de proteção contra incêndios e emergências, outros motivos ligados à rede elétrica também podem causar incêndios. “Além de problemas com soldas de ar-condicionado, é comum a gente ver casos envolvendo coifa de cozinha, devido a acúmulos em dutos de ventilação ou até mesmo em fritadeiras”, explicou. Por isso, a atenção deve ser redobrada. “Uma das medidas de segurança que pode ajudar muito nesses momentos são rotas de fuga nos hospitais, que ajudam em uma evacuação mais rápida, e a adoção de chuveiros automáticos, chamados de sprinklers, que controlam o incêndio logo no início”, aconselhou.

Correio Braziliense sábado, 29 de agosto de 2020

MEGA SENA ACUMULADA: PARA FICAR MILIONÁRIO

Jornal Impresso

Para ficar milionário
 
 
Acumulada, a Mega-Sena sorteia hoje R$ 52 milhões. Além das lotéricas, apostas podem ser feitas on-line

 

ANA CLARA AVENDAÑO*

Publicação: 29/08/2020 04:00

Apostas podem ser feitas até as 19h nas lotéricas  ou pela internet (Ed Alves/CB/D.A Press - 5/5/20
)  

Apostas podem ser feitas até as 19h nas lotéricas ou pela internet

 

Quem nunca sonhou com a possibilidade de tornar-se milionário ao acertar os números da Mega-Sena, acumulada em R$ 52 milhões? A Caixa Econômica Federal realiza, hoje, às 20h, o sorteio, que será transmitido ao vivo pela RedeTV e nas redes sociais do banco e da emissora. Quem ainda não escolheu os números, tem até as 19h para jogar nas lotéricas credenciadas ou pela internet. Basta escolher de seis a 15 números.
 
Nos 24 anos de existência da Mega-Sena, os brasilienses levaram 30 vezes o prêmio e arrecadaram, ao todo, R$1.244.792.655,35. A sorte começou a sorrir para os moradores do Distrito Federal em 19 de agosto de 2000, quando o resultado 45-32-43-67-32-05 deixou um morador do DF milhonário.
 
O morador da Asa Norte Mauricio Neiman, 56 anos, joga na loteria há mais de cinco anos, sempre com a mesma tradição de comprar um único bilhete e marcar os mesmos números. Neste sorteio não foi diferente. “Minha estratégia deu certo outras vezes. Já ganhei alguma coisa quando acertei duas quinas”, conta o aposentado, que sonha em pagar as contas dele e viajar com o dinheiro do prêmio.
 
Em 2020, foram duas apostas vencedoras feitas em lotéricas da capital. A primeira ocorreu em 24 de junho, na Lotérica Cruzeiro do Sul, no Cruzeiro Velho. O ganhador fez uma aposta simples, de R$ 4,50, e faturou R$ 43.269.740,25. As dezenas sorteadas foram: 15-16-20-38-40-58. O segundo jogo vencedor foi marcado este mês na lotérica Itapoan, na 704 Norte. Os números 01-07-10-12-33-42 renderam R$ 11 milhões, divididos entre 20 cotas de um bolão.
 
O empresário Renan Freitas, 30, tem o hábito de fazer “uma fezinha” há 15 anos e entregar a sorte ao sorteio eletrônico. “Minha tradição é jogar só na surpresinha (máquina). Eu nunca escolho os números manualmente”, afirma o morador do Lago Sul. Assim como Maurício, o brasiliense já recebeu parte do prêmio. “Aceitei a quadra algumas vezes, em bolões”, diz Renan. Caso o empresário seja o mais novo vencedor do concurso, Brasília ganhará um empreendimento no setor de vinhos.
 
Como jogar
 
O apostador pode jogar presencialmente em uma lotérica da Caixa Econômica Federal ou optar pela modalidade on-line. Pra fazer apostas virtuais, acesse o site Loterias Caixa www.loteriasonline.caixa.gov.br e faça um cadastro rápido. Após o preenchimento dos dados, o usuário escolhe os palpites, insere no carrinho e paga as apostas de uma só vez, utilizando o cartão de crédito válido cadastrado. O serviço funciona durante 24h, todos os dias. O valor mínimo da compra de bilhetes é de R$ 30, enquanto o máximo pode chegar a R$ 500, por dia. As apostas também podem ser feitas pelo aplicativo Loterias Caixa, na Apple Store, e pelo Internet Banking, para aqueles que têm acesso ao sistema.
 
*Estagiária sob supervisão de Adson Boaventura
 
Dezenas que já premiaram os brasilienses
 
19/08/2000  45-32-43-67-32-05
30/12/2000   17-54-04-51-32-26
07/08/2002  22-12-24-18-05-16
11/09/2002  11-58-31-14-10-20
28/12/2002  06-16-10-34-47-42
04/02/2004 49-14-47-56-06-28
26/06/2004  18-29-21-48-35-50
15/09/2004  05-16-53-38-50-34
28/07/2007  50-24-40-54-52-60
08/09/2007  04-21-59-18-38-34
24/10/2007   30-14-59-36-46-38
14/03/2009  38-08-50-53-59-06
02/05/2009  41-53-08-23-05-16
31/12/2009   49-58-40-46-10-27
16/01/2010   19-03-60-33-24-16
27/02/2010   46-09-43-41-49-29
29/10/2011   05-13-03-24-35-59
15/08/2012  49-03-19-35-22-24
17/12/2014   57-10-25-14-33-29
31/12/2014  20-11-16-01-56-05
21/10/2015  54-08-45-29-35-15
25/11/2015  06-07-41-39-29-55
03/09/2016   02-41-39-01-34-45
20/04/2018  40-10-18-33-38-43
16/05/2018  10-12-54-42-22-25
18/09/2019   33-29-11-04-16-22
31/12/2019  25-33-10-12-1-5
24/06/2020   58-15-20-16-38-40
01/08/2020   12-10-33-07-42-01
 

Correio Braziliense sexta, 28 de agosto de 2020

LUIZA POSSI E DILSINHO: OPÇÕES PRA VALER

 

Jornal Impresso

Opções a valer!
 
 

Pedro Ibarra*

Publicação: 28/08/2020 04:00

Luiza Possi abre o fim de semana de encerramento do Festival Drive-in (Uma Assessoria/Divulgação)  
Luiza Possi abre o fim de semana de encerramento do Festival Drive-in
 
Brasília encontrou no drive-in o formato de entretenimento possível e viável para os tempos distanciamento e isolamento social. Com cada um em seu carro são possíveis shows, peças de teatro e filmes, que, na cidade, resistia com o Cine Drive-in bem antes de toda situação gerada pela pandemia. Assim, enquanto, não forem possíveis as aglomerações, essa é uma opção diferente de lazer no fim de semana brasiliense e apresenta variedade interessante de atrações para os próximos dias. O principal destaque é o até logo do Festival Drive-in. A série de atrações que tomou o aeroporto está na semana de encerramento, e tem mais três dias de programação.
 
Hoje, quem assume os palcos é a cantora Luiza Possi. Estreando no formato drive-in a artista preparou o show Piano e Voz, um modelo intimista para que as pessoas possam aproveitar os maiores sucessos da carreira dela. “Estou muito ansiosa e muito feliz de poder sentir a vibração do público, mesmo que seja de dentro dos carros”, afirma Possi ao Correio. “O drive-in, no ponto de vista artístico, é uma sobrevivência da cultura, dos shows e do entretenimento. O público está morrendo de saudade, assim como nós, artistas, é uma salvação eu diria”, completa.
 
“Será um show com sucessos da minha carreira, que eu gosto de cantar, além de músicas novas. Será bem emocionante voltar a Brasília. Eu amo esse lugar, tenho uma relação própria com a cidade, com os fãs e com as pessoas”, fala Luiza Possi, sobre o novo show.

Para a criançada, tem DPA, Os Detetives do Prédio Azul (Reprodução/Internet)  

Para a criançada, tem DPA, Os Detetives do Prédio Azul

 



Ela conta, ainda, que, por mais que o modelo de show tenha mudado, no palco, ela continua com as mesmas características. “O público pode esperar: estarei de coração no palco, cantando com todo meu amor e querendo chegar cada vez mais perto do coração deles”, exalta a artista.
 
Amanhã, a comédia assume o palco com o 1º Festival de Comédia Drive-in. Os humoristas Daniel Villas-Boas, Magno Martins, Stephanie Marques, Paulo Mansur e TJ Fernandes usam o espaço para tratar, de forma cômica, dos mais diversos assuntos e divertir o público.
 
Quem também estará presente hoje, amanhã e domingo é a turma do D.P.A, Os Detetives do Prédio Azul com uma peça adaptada para formato drive-in com o elenco da série.
 
O cantor Vitão seria a principal atração do domingo, dia do encerramento do festival. Contudo, a organização do evento avisou que o músico não poderá comparecer ao show. A reportagem não recebeu o motivo do cancelamento até o fechamento desta edição.

Dilsinho anima os carros no Mané Garrincha (Ed Alves/CB/D.A Press - 23/2/20)  

Dilsinho anima os carros no Mané Garrincha

 



Pagode romântico
 
A cidade, no entanto, tem mais de um evento em drive-in. No Mané Garrincha, o Drive Show Brasília tem, hoje, o Queen Experience tocando os maiores sucessos da banda de rock britânica para abrir o fim de semana. Amanhã, a atração principal Dilsinho chega para o lançamento do DVD Open House. No domingo, tem programação para família toda, com a nova versão do O Rei Leão às 17h e um show de stand-up do humorista Matheus Ceará às 21h.
 
Outra opção fora de casa no fim de semana é o Drive-in do CCBB. Hoje, tem duas apresentações da Capivara Brass Band, às 19h e às 21h. Seguindo a programação, Oswald Amorim com o projeto Jazz também se apresenta em duas oportunidades, amanhã, nos mesmos horários. No domingo, a música dá espaço para o cinema no filme nacional Os espetaculares, de André Pellenz.
 
*Estagiário sob supervisão de Igor Silveira
 
 
 
Drive Show
Hoje, Show do Queen Experience às 22h. Amanhã Show do Dilsinho também as 22h. Domingo, O rei leão às 17h e Stand-up do humorista Matheus Ceará às 21h. No Estacionamento do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. Os ingressos podem ser adquiridos nas plataformas Furando a Fila e O que vem por aí e também nas lojas das Óticas Diniz e Bendito Food. Os preços variam entre R$ 90 e R$ 480 por carro. Cada carro, independentemente do tamanho, pode entrar com no máximo quatro pessoas. Classificação indicativa conforme a programação
 
 
Drive-in CCBB
Hoje, show da Capivara Brass Band às 19h e às 21h. Amanhã, Oswald Amorim com o projeto Jazz Ingressos às 19h e às 21h. Domingo filme Os espetaculares 19h e às 21h. R$ 50 por veículo. Classificação indicativa conforme programação.
 
 
Festival Drive-in
Hoje, show da Luiza Possi às 22h. Amanhã 1º Festival de Comédia Drive-in às 22h. Hoje, amanhã e domingo, Espetáculo D.P.A. às 17h e às 19h30. No Aeroporto Internacional de Brasília. Os ingressos para cada sessão podem ser adquiridos pelo site Sympla, assinantes do Correio tem 20% de desconto. Classificação indicativa conforme programação.

Correio Braziliense quinta, 27 de agosto de 2020

BEBEL GILBERTO: O NOVO AGORA

Jornal Impresso

O novo agora de Bebel Gilberto
 
Artista lança disco e fala ao Correio sobre o atual momento do país, além das heranças musicais dos pais, João Gilberto e Miúcha

 

Irlam Rocha Lima

Publicação: 27/08/2020 04:00

Em 1980, a adolescente Bebel Gilberto iniciava a trajetória artística, ao interpretar, em duo, com o pai, João Gilberto, o clássico Chega de saudade, num especial de tevê. Quarenta anos depois, a cantora lança Agora, álbum gravado em Nova York. Naquela cidade onde nasceu e viveu as três últimas décadas, tornou-se referência da música popular brasileira e construiu uma carreira musical reverberada pelo mundo.
 
Há dois anos, com o propósito de ficar próxima dos pais, Bebel se fixou no Rio de Janeiro, embora continuasse a viajar para o exterior, a fim de cumprir compromissos agendados. Aqui, a princípio, ela passou a frequentar o noticiário por conta de questões jurídicas, relacionadas ao espólio do pai, morto em junho de 2019 — seis meses depois do falecimento da mãe, Miúcha. 
 
Com Agora — sexto da discografia — produzido pelo pianista norte-americano Thomas Bartllet, parceiro em 10 das 11 faixas do repertório, Bebel volta a ser destaque pelo trabalho que realiza. Além de coautora de Na cara, a artista e amiga Mart’nália participa da interpretação do samba, registrado também em clipe.
 
Por causa da pandemia de covid-19, Bebel ficou impedida de programar shows para divulgar o disco, do selo belga Pias Recordings. Em entrevista ao Correio, ela falou sobre a carreira musical; o novo álbum; a parceria com Mart’nália; a lembrança dos pais; a disputa pelo espólio de João Gilberto; e também do amigo e parceiro Cazuza, o poeta que o rock brasileiro perdeu há 30 anos.
 
 
 
Entrevista// Bebel Gilberto
 
 (Luigi & Iango/Divulgação)  


Que avaliação faz de sua trajetória artística?
Eu olho para trás e sinto muito orgulho de tudo o que construí até aqui. Nesses 20 anos, acho que consegui criar uma marca, uma identidade forte na forma de cantar, nos arranjos, nas influências. Algumas pessoas chamam de bossa nova eletrônica, mas eu tento sempre subverter os rótulos. Os dois discos se encontram de alguma forma, sim. Eu e Thomas falávamos sobre isso em estúdio, virou até assunto na terapia dele. Tivemos um encontro criativo muito fluido, prazeroso. Em Agora, toda a produção foi apoiada no amor e confiança que recebi de Thomas. Ele me deixou ser eu mesma e o resultado é um pouco mais louco, mais maduro e extremamente sincero.
 
 
As canções registradas neste novo projeto foram compostas em que período?
As músicas foram compostas entre 2017 e 2019. Tudo começou depois de uma viagem que fiz sozinha para Puglia, na Itália. Consegui organizar todas as inspirações, as muitas melodias que surgiram, mas ainda não estava pensando em um disco. Quando voltei, instintivamente, liguei para o Thomas sem nenhuma pretensão. Na época, ele havia produzido Norah Jones, Florence + The Machine, Sufjan Stevens, entre outros, e estava com um estúdio muito bacana em Nova York. Mostrei para eles algumas coisas e as ideias foram simplesmente fluindo. Começamos a compor imediatamente sem pressão, sem prazo. Quando vimos, havíamos feito 17 músicas. O disco estava pronto!
 
 
Que relação artística tem com Mart’nália, sua parceira em Na cara, que participa da gravação?
Mart’nália é uma grande amiga, uma pessoa hipercriativa que adoro ter por perto, mas nunca havíamos feito música juntas. Em uma das vezes que ela foi a Nova York, tomamos umas cervejas, ficamos bem animadas e mostrei a ela a melodia de Na cara. Ela adorou a ideia de escrever a letra, mas voltou para o Brasil e nunca mais tocou no assunto. Quando estava em estúdio com o Agora, reforcei o convite e ela mandou os primeiros versos em menos de 24 horas por WhatsApp. Tive o prazer enorme de tê-la em estúdio para gravar a música comigo, em Nova York, e ainda gravamos o clipe há algumas semanas, aqui no Brasil.
 
 
A escolha desta música, que virou clipe, tem a ver com fato de a letra fazer referência aos tempos sombrios de agora?
Não foi uma escolha proposital. Mas os versos de Na cara realmente refletem muito os dias atuais. Para mim, a música tem um sentido. Para a Mart’nália, tem outro. É uma música divertida e sincera que se adequa a muitas situações que vemos por aí.
 
 
Você morou em Nova York durante 30 anos e se tornou referência de música brasileira naquela cidade e nos Estados Unidos. O que a levou a voltar ao Rio de Janeiro?
Voltei para ficar perto dos meus pais um pouco antes da morte de mamãe. Foi quando fechei meu apartamento em Nova York e passei a adotar o Rio de Janeiro como base. A verdade é que vivo na estrada com a mala na mão. Logo antes da pandemia, no início do ano, estava na Tailândia, fui ao Japão em turnê e, depois, segui para Los Angeles fazer uma apresentação e gravar o clipe de Deixa. Na volta para o Brasil, ainda tirei uns dias de férias em Trancoso, na casa de uma amiga, antes de chegar ao Rio. A ideia era ficar somente 15 dias para, então, começar a trabalhar na turnê do disco na Europa, que estava toda desenhada. Quando a pandemia chegou, os planos mudaram. Acho que nunca fiquei tanto tempo em um mesmo lugar! Mas é reconfortante passar esse período difícil no Brasil, perto da minha família, falando português e divulgando o disco com calma.
 
 
O que guarda na memória sobre Miúcha e João Gilberto?
De mamãe, o alto-astral, o carisma e a teatralidade no palco, que sempre foi uma referência para mim. De papai, a disciplina, a dedicação ao violão e o aprendizado eterno sobre música.
 
 
Como administra a relação com seus irmãos, que também disputam o espólio de João?
Na época em que pedi a curatela de papai, meu objetivo era organizar as finanças, a casa, o médico... Cuidar dele. Depois que ele se foi, preferi não ser a inventariante no processo do espólio. Fiquei satisfeita com a indicação da advogada Silvia Gandelman. Ela tem muita experiência e acho que fará um bom trabalho. Todos nós podemos ajudar doutora Silvia a administrar o espólio dele da melhor forma. Quero que a música de papai seja ouvida e estudada pelas próximas gerações.
 
 
Há 30 anos, a música brasileira perdeu Cazuza, seu amigo e parceiro. Para você, como ele estaria vendo o Brasil atualmente?
Cazuza estaria mais afiado do que nunca nas ácidas críticas à hipocrisia, caretice e falso moralismo. Estaria transformando toda essa bagunça em poesia, com certeza.
 
 
 (Luigi & Iango/Divulgação)  
 
Agora 
Álbum de Bebel Gilberto. Lançamento do selo belga Pias Recordings no formato físico e nas plataformas digitais, 11 faixas. 

Correio Braziliense quarta, 26 de agosto de 2020

WASHINGTON NOVAES SE ENCANTOU - LEGADO ÀS CAUSAS AMBIENTAIS

Jornal Impresso

WASHINGTON NOVAES

Legado às causas ambientais
 
Militante e pioneiro na cobertura de meio ambiente e dos povos indígenas no Brasil, o jornalista Washington Novaes morre, aos 86 anos. Familiares, amigos e colegas de profissão prestaram homenagens

 

» Cibele Moreira

Publicação: 26/08/2020 04:00

Washington Novaes também foi secretário de Meio Ambiente na gestão de Joaquim Roriz, entre 1991 e 1992 (Marcelo Novaes/Divulgação)  

Washington Novaes também foi secretário de Meio Ambiente na gestão de Joaquim Roriz, entre 1991 e 1992

 


Aos 86 anos, o jornalista Washington Novaes não resistiu a complicações causadas por um câncer no intestino e morreu na madrugada de ontem. O comunicador deixa um grande legado ao jornalismo ambiental e às causas ligadas ao meio ambiente e aos povos indígenas. Há mais de 50 anos na profissão, Washington Novaes atuou nos principais veículos de comunicação do país, como O Estado de S. Paulo, Veja, Folha de S. Paulo, TV Globo, Rede Bandeirantes e TV Cultura. Entre os trabalhos mais conhecidos dele está a série documental Xingu — A Terra Mágica, que traz uma imersão no universo dos povos indígenas do Xingu. A produção ganhou diversas premiações internacionais. Fora das redações, Washington também exerceu cargo público à frente da Secretaria de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia (Sematec), no governo do Joaquim Roriz, entre 1991 e 1992.
 
Ao Correio, o atual secretário de Comunicação, Weligton Moraes, relembra da época em que trabalharam juntos no Executivo local. “Companheiro de equipe competente, com muita sensibilidade técnica. Washington Novaes revolucionou o setor público com as causas ambientais na Secretaria de Meio Ambiente”, destaca o gestor. Antes de ocupar o cargo no GDF, Novaes atuou também na campanha eleitoral de Joaquim Roriz para o primeiro mandato do ex-governador, em 1990. Teve sua participação no poder público por dois anos e deixou o governo para dedicar-se à militância.
 
O produtor de televisão e publicitário Hamilton Carneiro, 72 anos, conta com muito orgulho o trabalho do jornalista em Goiás. “Eu não vejo ninguém com a sabedoria dele no jornalismo ambiental. Ele entrou no ramo quando só se falava em desmatamento. E fez diferente: procurou conscientizar sobre as causas ambientais e na defesa do Cerrado”, ressalta Hamilton Carneiro. O publicitário lembra que conheceu Washington em 1984. Os dois trabalharam juntos e a amizade foi transformada em admiração ímpar. Hamilton não sabia da doença de Novaes e a notícia da morte o pegou de surpresa. “Foi um susto muito grande. Ele deixa uma saudade muito grande, é uma perda irreparável”, pontua.
 
Marco
O jornalista e ex-secretário de Cultura e de Comunicação do Distrito Federal Silvestre Gorgulho afirma que o trabalho de Novaes tem relevância fundamental para o ambientalismo no Brasil. “Quantas pessoas ele conscientizou com matérias, livros e documentários? Quantos artigos ele escreveu e quantas pessoas repensaram ações após ler as matérias dele? Por causa dele que, em 1989, criei a Folha do Meio Ambiente (site de notícias voltadas às questões ambientais)”, analisa Gorgulho.
 
Segundo o comunicador, Washington era uma pessoa disponível que tinha um vasto conhecimento no que fazia e defendia. “Ele nunca parou de estudar. Para mim, Novaes foi mais que um professor, mas um amigo e um orientador. Eu aprendi muito com ele. Sou grato e sinto a passagem dele, mas o legado fica”, ressalta.
 
O cineasta e filho de Washington João Novaes relembra com bastante carinho e emoção momentos que passou com o pai. “Um dos momentos que mais me marcaram foi quando eu cursava filosofia. Tinha entre 20 e 21 anos e ele estava produzindo uma série que se chamava Desafio do lixo, na TV Cultura. Pegamos um carro e viajamos da Itália até a Noruega vendo todas as soluções para o problema do lixo. Foi nessa viagem que fui mordido pelo audiovisual”, afirma.
 
Dos quatro filhos que Novaes deixou, três foram para o audiovisual e tiveram a possibilidade de trabalhar com o pai em projetos de relevância. Entre eles está a série Xingu — A Terra Ameaçada, produzida em 2006, duas décadas após o primeiro documentário com as tribos indígenas. João conta que esse trabalho também o marcou muito. Em uma das aldeias, a proximidade com a família Novaes e o peso que o trabalho de Washington tem em relação às causas indígenas conquistaram a tribo kuikuro que realizará a cerimônia Kuarup — um ritual indígena de despedida aos mortos. A informação foi revelada pelo filho João Novaes.
 
“Não podia ter pedido um pai melhor. Um exemplo de ética e coragem para lutar, como Dom Quixote na briga contra os transgênicos, amianto e na defesa pela água e pelo cerrado. Um modelo civil e o legado que ele deixa influenciou o jornalismo. Para mim, ele continuará sendo um ídolo”, diz. Um livro de memórias será publicado em breve pela família.
 
Em uma cerimônia intimista, o corpo do jornalista foi velado na tarde de ontem na presença de familiares e amigos bem próximos. Ele será enterrado hoje, na cidade de Vargem Grande do Sul, interior de São Paulo, região onde Washington nasceu.
 
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), lamentou a morte de Novaes nas redes sociais. No Twitter ele escreveu: “Perdemos uma referência no jornalismo ambiental”. No Facebook, Caiado se solidarizou e prestou apoio a amigos e familiares.

Correio Braziliense terça, 25 de agosto de 2020

FLORADA DO IPÊ: A BELEZA QUE RESISTE

Jornal Impresso

FLORADA DO IPÊ

A beleza que resiste
 
Brasilienses curtem a florada do ipê que deve se estender até o início de outubro. De acordo com levantamento da Novacap, no Distrito Federal, existem 200 mil árvores em floração, 70 mil delas da coloração amarela

 

CIBELE MOREIRA

Publicação: 25/08/2020 04:00

Imponente, o ipê fica perto da Ponte JK
 (Fotos: Ed Alves/CB/D.A Press
)  

Imponente, o ipê fica perto da Ponte JK

 

Diogo Vilela e a família:  

Diogo Vilela e a família: "Todo ano, quando floresce, a gente faz pelo menos um registro. É uma flor muito bonita"

 

Quem não parou para admirar a beleza dos ipês no meio da correria do dia a dia? Tirar aquela tradicional foto ao lado das árvores que colorem o Distrito Federal virou marca registrada entre os brasilienses. Alguns colecionam várias fotografias de anos anteriores e não perdem uma floração, outros curtem apenas observar e há aqueles que têm a sorte de contemplar em frente de casa um jardim de ipês. O destaque deste fim de agosto é o ipê-amarelo, que tem colorido o horizonte seco, típico desse período na capital.
 
De acordo com a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), são mais de 200 mil árvores de ipê em floração no Distrito Federal. Destas, 70 mil são da coloração amarela. Segundo o chefe do Departamento de Parques e Jardins da Novacap, Raimundo Oliveira Silva, a floração dessa variedade começa em agosto e segue até o início de outubro.
 
“O ipê-amarelo é bem representativo. É o símbolo do Governo do Distrito Federal e é um dos que mais chamam a atenção pela beleza. Turistas costumam vir a Brasília para ver a floração do ipê, que se destaca na capital”, pontua Raimundo. Ele ressalta que um dos desejos do Executivo local é ter em torno de um milhão de ipês espalhados por todo o DF. Neste fim de ano, estão previstos o plantio de mais 60 mil árvores desta espécie, nas mais variadas cores.
 
Para o morador da 402 Norte, Diogo Vilela Ferreira, 31 anos, a floração do ipê fez com que a família saísse com o objetivo de registrar o colorido da tradicional árvore. Ao lado da esposa, Stephanie Ferreira, 31, e do filho Daniel, de um ano e meio, os três arranjaram um tempo do dia para apreciar a floração e fazer um registro. “Todo ano, quando floresce, a gente faz pelo menos um registro. É uma flor muito bonita”, ressalta ele,  que mora em uma quadra onde há várias árvores desta espécie. “Não dá para ver da nossa casa, mas é bem perto, então acaba sendo um passeio gostoso de fazer”, pontua.
 
Majestoso, na 402 Norte
 

Majestoso, na 402 Norte

 

 
 
O Alexandre Brasil, 45, teve mais sorte. Morador da 210 Norte, conta que da janela do apartamento dá para admirar um jardim de ipês das mais variadas cores. “É lindo demais. Aqui tem amarelo, roxo, branco. Sempre que posso, tiro um tempinho para apreciar. A gente tem de zelar mais das áreas verdes da cidade. Ficamos muito tempo na internet, dentro do apartamento, e não aproveitamos o mundo, a natureza”, pontua. “Antigamente as pessoas faziam questão de participar e plantar árvores nas áreas comuns. Algo que não vemos tanto ultimamente. Acredito que as plantas têm o poder de unificar as pessoas”, relata.
 
Dono de uma lanchonete na 202 Sul, Daniel Levoni Moura, 37, afirma que ter um ipê-amarelo em frente ao estabelecimento trouxe sorte para o negócio. “Muita gente para aqui na frente para tirar foto com a árvore e também aproveita para tomar uma água de coco, tomar um suco”, comemora. De acordo com ele, o ipê-amarelo representa a alegria da cidade. “É o símbolo de Brasília”, ressalta.
 
A biomédica Natasha Levoni, 32, enfatiza que o ipê traz vida para a cidade. “Nessa época do ano Brasília fica seca, é uma época muito triste. Então vem o ipê-amarelo e dá vida! Se destaca no meio da paisagem”, observa. Moradora do Lago Sul, ela conta que sempre que vê uma árvore desta espécie, que está com flor, ela se dá um tempo para apreciar e tirar ao menos uma foto. “Esses dias mesmo, estava comentando para o meu neném de um ano e meio sobre a floração do ipê-amarelo. Tenho até uma foto com ele todo de amarelo ao lado da árvore. Adoro essa foto”, relata.
 
Segundo Raimundo Silva, da Novacap, a região que concentra o maior número de árvores de ipê é o Plano Piloto, com mais de 100 mil árvores em floração. O Eixo Rodoviário que corta a Asa Sul e Asa Norte possui um grande número de ipês, além das entrequadras e da Esplanada dos Ministérios. A cidade agradece.
 
A beleza na Esplanada dos Ministérios
 

A beleza na Esplanada dos Ministérios

 

 
"O ipê-amarelo é bem representativo. É o símbolo do Governo do Distrito Federal e é um dos que mais chamam a atenção pela beleza. Turistas costumam vir a Brasília para ver a floração do ipê, que se destaca na capital”
Raimundo Oliveira Silva, chefe do Departamento de Parques e Jardins da Novacap
 
Alexandre Brasil e a festa da floração dos ipês: %u201CA gente tem de zelar mais das áreas verdes da cidade%u201D (Cibele Moreira/CB/D.A Press
)  
Alexandre Brasil e a festa da floração dos ipês: "A gente tem de zelar mais das áreas verdes da cidade."
 
60 mil
Número de ipês das mais variadas cores que devem ser plantados até o fim do ano

Correio Braziliense segunda, 24 de agosto de 2020

JUSTIÇA, POLÍCIA E VATICANO NA COLA DO PADRE ROBSON

Jornal Impresso

Padre Robson movimenta R$ 2 bilhões em 10 anos
 
 
Religioso é suspeito de liderar um esquema de lavagem de dinheiro doado por fiéis. A apuração do Ministério Público aponta compra de uma fazenda por R$ 6 milhões e de uma casa de praia, avaliada em R$ 2 milhões

 

» Renato Souza

Publicação: 24/08/2020 04:00

Alvo da Operação Vendilhões, padre Robson é acusado de usar a Associação Filhos do Pai Eterno, em Trindade (GO), em esquemas fraudulentos  (Danilo_Eduardo/AFIPE)  

Alvo da Operação Vendilhões, padre Robson é acusado de usar a Associação Filhos do Pai Eterno, em Trindade (GO), em esquemas fraudulentos

 



Investigações conduzidas pelo Ministério Público de Goiás apontam que a Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), com sede em Trindade (GO), conduzida pelo padre Robson de Oliveira, acusado de lavagem de dinheiro, movimentou R$ 2 bilhões em 10 anos. As diligências mostraram o recebimento de R$ 20 milhões em doações por mês e descobriram que parte dos recursos foi empregada na compra de fazendas e de uma casa de praia.

Em setembro do ano passado, dois representantes do Vaticano estiveram em Trindade para investigar a Afipe. A movimentação financeira em larga escala chamou atenção da Cúpula da Igreja Católica. Fontes informaram ao Correio que a entidade continua em contato com representantes da igreja no Brasil, e pode aplicar punições a depender do desfecho do caso. Uma das medidas estudadas é o afastamento do padre a vida eclesiástica.

Na semana passada, o líder religioso foi alvo da Operação Vendilhões, que investiga o uso de pelo menos R$ 120 milhões para a compra de artigos de luxo. Acatando o pedido do MP, a juíza Placidina Pires, da Vara de Feitos Relativos a Organizações Criminosas e Lavagem de Capitais, determinou a busca e apreensão em 16 endereços ligados ao padre Robson, inclusive na TV Pai Eterno, que transmite missas lideradas por ele em todo o país. A magistrada não atendeu ao pedido de prisão do padre.

Durante apuração do caso, o Ministério Público descobriu que a Afipe, responsável pela administração do Santuário Basílica de Trindade, negociava com empresas que tinham os mesmos donos e estavam localizadas no mesmo endereço da associação. Entre as movimentações suspeitas com uso do dinheiro de fiéis está a compra de uma fazenda, em Abadiânia, por R$ 6 milhões, e de uma casa de praia, avaliada em R$ 2 milhões. Parte dos recursos recebidos seria para a construção de uma segunda basílica, obra orçada em R$ 100 milhões, que deveria ficar pronta em 2022, mas foi adiada para 2026.

As negociações envolveram as empresas WKS Empreendimentos Imobiliários, Via Maia Administradora de Bens, KD Administradora de Bens e Terra Nobre Administradora de Bens, que tinham as mesmas pessoas em seu quadro de sócios e todas se localizam em um prédio na Avenida Jamel Cecílio, em Goiânia. De acordo com o Ministério Público, a KD Administradoras de Bens recebeu dezenas de pagamentos da Afipe, por meio de imóveis. Em todas as negociações, a entidade ligada à igreja teve prejuízos.

Em uma das situações, a Afipe teria vendido uma residência por R$ 1,35 milhão, mas o local estava avaliado em R$ 2 milhões e chegou a ser hipotecado por R$ 7,35 milhões. A Fazenda Serenata e Monjolinho, em Abadiânia, teria sido comprada pelo valor de R$ 6,3 milhões, em 17 de março de 2016, e vendida, mais de três anos depois, para a empresa Terra Nobre, pelo mesmo valor. “Forte nesses elementos, os promotores de Justiça sustentaram a existência de indícios da prática de crimes de apropriação indébita, organização criminosa e lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores pelos investigados”, descreve parte do despacho que autorizou a operação.

Afastamento

O padre Robson, de 46 anos, tem bastante influência entre os católicos nas redes sociais. No Facebook, a página dele tem 3,9 milhões de seguidores. Ele afastou-se da Afipe após a operação do Ministério Público. O religioso nega as acusações de fraude e diz que vai provar sua inocência. O afastamento do padre Robson foi comunicado pela Arquidiocese de Goiânia. Na nota, assinada pelo arcebispo de Goiânia, Dom Washington Cruz, a arquidiocese informa que a associação irá contratar uma “empresa idônea de auditoria externa, no sentido de ser realizada ampla e profunda apuração de documentos e dados relativos à Afipe”.

Em um vídeo publicado na internet, Robson afirmou que se afastou do comando da entidade para colaborar com as investigações. “Sempre estive e continuo à disposição do Ministério Público. Por isso, esse meu pedido de afastamento vai me permitir colaborar com as apurações da melhor forma e com total transparência para que seja confirmado que toda doação que fazemos ao Pai Eterno — terços rezados, o dinheiro doado, tempo, carinho, trabalho empregado na evangelização — foi toda, repito, toda empregada na própria associação Afipe em favor da evangelização”, disse.

O sacerdote alega que vem passando por uma “provação”. “O meu caminho nessa missão evangelizadora nunca foi fácil. Desde o início, como você bem sabe, sempre carreguei muitas cruzes”, completou. O advogado Pedro Paulo Medeiros, que atua na defesa do padre, afirmou que os imóveis citados na denúncia do MP fazem parte das aplicações da Afipe, cujo lucros foram destinados à construção da nova Basílica, à compra da TV Pai Eterno e de rádios e à construção de igrejas.

Correio Braziliense domingo, 23 de agosto de 2020

BRASÍLIA: EM BUSCA DA CIDADE INTELIGENTE

Jornal Impresso

Em busca da Cidade Inteligente
 
A criação da Subsecretaria de Tecnologias de Cidades Inteligentes e a aprovação da Lei nº 6.620 - que criou o Plano Diretor de Tecnologias da Cidade Inteligente - mostram avanço significativo do tema, mas a caminhada, segundo especialista, é extensa

 

» THAIS UMBELINO

Publicação: 23/08/2020 04:00

Uma das ideias é transformar o Setor Comercial Sul (ao fundo) em Zona de Desenvolvimento de Inovação e Tecnologia, tornando-o livre de regulamentação (Breno Fortes/CB/D.A Press - 23/12/17)  

Uma das ideias é transformar o Setor Comercial Sul (ao fundo) em Zona de Desenvolvimento de Inovação e Tecnologia, tornando-o livre de regulamentação

 

 
As discussões sobre o conceito de Cidades Inteligentes ganham destaque no Distrito Federal, mesmo durante a pandemia causada pelo novo coronavírus. Isso porque, com o isolamento social, o papel desempenhado pela tecnologia tornou-se evidente tanto no âmbito pessoal quanto no profissional. A recente criação da Subsecretaria de Tecnologias de Cidades Inteligentes pelo Executivo local representa um passo importante para reforçar o debate, mas, segundo especialistas, o processo para avanços significativos revela-se longo. “O tema de Cidades Inteligentes não é apenas uma prioridade, é um projeto em curso, no qual temos investido”, explica Luciano Cunha, subsecretário de Tecnologias de Cidades Inteligentes.
 
Segundo ele, o GDF tem um histórico de investimento em tecnologia no atendimento à população e pretende ampliá-lo. “O nosso sistema de pagamento de impostos é altamente digitalizado, com a possibilidade de o cidadão emitir guias de pagamento, realizar contestações, pedir ajustes, tudo digitalmente. Além disso, a área de segurança pública tem feito grandes investimentos em sistemas de monitoramento e no Centro Integrado de Operações de Brasília (Ciob), registro eletrônico de ocorrências, agendamento de atendimento, etc. A aprovação de alvará de construção, hoje, é feita em sete dias pela Central de Aprovação de Projetos (CAP)”, detalha Luciano.
 
Em junho, o governo sancionou a Lei nº 6.620, de autoria do deputado distrital Rodrigo Delmasso (Republicanos). A norma criou o Plano Diretor de Tecnologias da Cidade Inteligente (PDTCI) e estabeleceu medidas e projetos para estímulo ao desenvolvimento científico, à pesquisa, à inovação e à economia criativa no Distrito Federal. “A regulamentação trará segurança jurídica para que o setor produtivo, as instituições científicas e o governo possam interagir. Os investimentos feitos em ciência, tecnologia e inovação trazem retorno na forma de população mais bem qualificada, de empregos bem remunerados e melhor qualidade de vida”, diz.
 
Entre as ações estão o incentivo a um ambiente de geração de produtos, processos e serviços inovadores, o desenvolvimento de startups e de empresas privadas da área de tecnologia de informação, além de ações de suporte ao empreendedorismo e à transferência de tecnologias. “É um passo importante para que a gente tenha diversos órgãos do governo trabalhando em conjunto. As secretarias poderiam ter acesso único ao banco de dados dos cidadãos. O PDTCI é importante porque norteia uma nova estruturação no sistema de governo, com a utilização da tecnologia”, ressalta o subsecretário de Tecnologias de Cidades Inteligentes.
 
Segundo Luciano, o tema será discutido em etapas pela pasta e, futuramente, debatido pela sociedade. “Atualmente, iniciamos um levantamento de dados intragoverno para elaboração do PDTCI. Esse trabalho está sendo realizado seguindo as normas internacionais que tratam do tema de Cidades Inteligentes (Londres, na Inglaterra; Nova York, nos Estados Unidos; e Amsterdã, na Holanda são alguns exemplos de cidades que estruturaram esse tipo de sistema). Logo em seguida, trabalharemos com as diversas áreas do GDF para identificar as prioridades para investimento em tecnologia. O terceiro passo é um debate com a sociedade para identificar as prioridades e alinhar com as prioridades intragoverno. Após esse momento, passaremos para a implementação das tecnologias consideradas prioritárias”, afirma.
 
Mas, para tornar a realidade virtual possível no Distrito Federal, o caminho é difícil. Segundo o coordenador adjunto do curso de pós-graduação em Cidades Inteligentes do Centro Universitário Iesb, Sérgio Côrtes, há uma série de componentes necessários para possibilitar uma Cidade Inteligente. “A adoção de uma rede 5G é fundamental para aumentar a conectividade, que possibilita a interconexão digital de objetos cotidianos pela internet das coisas (veja Propostas)”, destaca o professor. Ele aponta, ainda, a necessidade de outras tecnologias. “Os softwares de big data analytics também são importantes, pois permitem a análise e a interpretação de dados coletados, identificando comportamentos e tendências da sociedade, ou seja, você pode juntar várias informações para uma avaliação mais assertiva. Outro fator é o blockchain, sistema de criptomoeda, que contém todas as transações processadas entre empresas, por exemplo”, acrescenta Sérgio.
 
Sandbox
 
Um dos temas em debate na Câmara Legislativa, pela Comissão de Desenvolvimento Econômico Sustentável, Ciência, Tecnologia, Meio Ambiente e Turismo, é a criação de um projeto de lei que torne o Setor Comercial Sul um território sandbox, ou seja, local livre de regulamentação para que empresas possam se estabelecer de forma experimental, sem se submeterem a regulamentações que restrinjam o funcionamento delas.
 
Segundo o deputado distrital Eduardo Pedrosa (PTC), presidente da comissão, o estudo permite que a área seja revitalizada. “Acredito que a gente tenha de tomar medidas avançadas na região para estimular empresas. Neste momento, o Setor Comercial Sul mostra que tem um potencial muito grande sendo desperdiçado”, comentou o parlamentar. Para ele, o papel da frente na Câmara Legislativa é de buscar novas oportunidades de crescimento da capital que fujam da agricultura e do concurso público. “A gente vê que o funcionalismo não tem mais condições de crescer em Brasília e que é necessário pensar, além dos setores industrial e agrícola, na tecnologia e no conceito de Cidades Inteligentes”, reforça.
 
Para o vice-presidente da Casa, Rodrigo Delmasso, a criação de empregos seria uma das consequências naturais a partir da implementação da tecnologia no local. “O Setor Comercial Sul foi uma referência comercial no DF e, hoje, está abandonado. Com o teste de novas tecnologias, é possível empregar mais pessoas, atrair empresas e, com isso, aumentar a arrecadação na capital”, apontou o deputado.
 
A proposta, porém, segue pendente enquanto não for aprovado o projeto de lei (PL) nº 399/19, que permite a criação de Zonas de Desenvolvimento de Inovação e Tecnologia — Regulatory Sandbox — a iniciativa faz parte do conceito de Cidades Inteligentes. O texto, de autoria da deputada Júlia Lucy (Novo), teve veto derrubado pela Casa em 4 de agosto e espera sanção do Executivo para entrar em vigor. Segundo a parlamentar, a proposta dá liberdade às empresas para criar, desenvolver e trazer conhecimento. “Atualmente, há tantas barreiras que dificultam o desenvolvimento de novos produtos. A gente tem um ambiente hostil, regulado, um aprisionamento de competência e de ideias. Estamos desperdiçando muitos talentos”, avalia Júlia Lucy. Obviamente, temos legislações que devem ser respeitadas. Não é que nenhuma lei ou regra se impõe. As empresas devem pedir autorização ao Poder Executivo para realizar qualquer tipo de teste no local”, detalha a distrital.


Propostas

» Confira algumas medidas tecnológicas aplicadas em Brasília, segundo a Subsecretaria de Tecnologias de Cidades Inteligentes:
 
» Digitalização de atendimento ao cidadão
 
» Wi-fi Social, com acesso gratuito em pontos da cidade
 
» Carros elétricos compartilhados
 
» Acompanhamento em tempo real de horários e trajetos de ônibus

» Aplicativo e-GDF, que oferece serviços e informações dos órgãos do DF
 
» Serviços de saúde, para marcação de exames e realização de prontuário eletrônico
 
» Terminais de autoatendimento do Na Hora em estabelecimentos comerciais
 
 
Propostas em discussão para implantação 
 
» Sistema de iluminação com wi-fi e câmeras capazes de identificar situações de risco e identidades automaticamente
 
» Estruturação, pela Secretaria de Educação, de oferecer atendimento remoto aos alunos para além da pandemia

» Parceria com startups para fornecer propostas à população baseadas nas informações disponibilizadas pela Lei da Transparência


Palavra de especialista


“Uma Cidade Inteligente também deve ter transparência”

“O uso da tecnologia pode, sim, dinamizar uma série de serviços públicos para os cidadãos. Uma Cidade Inteligente, na concepção plena do termo, deve proporcionar que muitos dos seus serviços sejam executados por meios digitais. Isso também significa acesso de um maior número de pessoas à internet. Por isso, além de pensar em oferecer serviços digitais de qualidade dentro da sua estrutura, e que seja de fácil utilização, é preciso pensar em como garantir conexão de acesso à internet para as pessoas, especialmente, naquelas áreas onde o mercado não tem interesse comercial, geralmente, locais de baixo IDH. Nesse sentido, possibilitar pontos públicos de acesso que funcionem é uma política pública que também está inserida na agenda de uma cidade que se pretende ser inteligente. Agora, um ponto importante: uma Cidade Inteligente também deve ter transparência e garantir para os cidadãos um tratamento de dados pessoais adequado, com segurança e manutenção da privacidade. Sem regras claras de tratamento de dados e de manutenção da privacidade das pessoas, as Cidades Inteligentes podem se tornar grandes arenas de vigilância e, com isso, tornar a tecnologia um malefício”.
 
Marcos Urupá,
doutorando e pesquisador do Laboratório de Políticas de Comunicação (LaPCom) da UnB
 

Correio Braziliense sábado, 22 de agosto de 2020

AGRICULTURA CELEBRA BOA SAFRA DE GRÃOS

Jornal Impresso

Agricultura celebra a boa safra de grãos
 
Mesmo com a pandemia da covid-19, a previsão é de que os produtores do Distrito Federal façam a colheita de 859 mil toneladas, cerca de 24 mil toneladas a mais do que no ano passado. Agora, é a vez de apanhar milho, feijão, trigo e sorgo

 

» MARIANA MACHADO

Publicação: 22/08/2020 04:00

Colheita de milho no Distrito Federal: 20% do grão viram ração para animais e 80% seguem para o Espírito Santo, segundo produtores rurais locais (ED Alves/CB/D.A Press)  

Colheita de milho no Distrito Federal: 20% do grão viram ração para animais e 80% seguem para o Espírito Santo, segundo produtores rurais locais

 

 
Em meio à seca que castiga o cerrado, brota da terra vermelha o alimento que servirá para milhares de famílias e até a pecuária. É tempo de colheita de grãos no Distrito Federal, e os produtores arregaçam as mangas para ver o resultado do plantio de milho, feijão, trigo e sorgo. Dos mais de 345 mil hectares de área agricultável, cerca de 47% (162,4 mil ha) são destinados a essas culturas, a maioria situada nas proximidades da bacia do Rio Preto, o que inclui os núcleos rurais Rio Preto, Jardim Tabatinga, PAD-DF e Taquara, como explica Marconi Moreira, gerente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF (Emater).
 
Segundo ele, são cerca de 200 produtores dedicados ao cultivo de grãos, todos otimistas com a safra deste ano. “O clima contribuiu muito. Choveu bem, e isso é tudo para nós. São Pedro quebrou o galho e, quando isso acontece, melhora tudo aqui embaixo”, explica. Para este ano, espera-se colher 859 mil toneladas de grãos no DF, de acordo com o último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em 11 de agosto. No mesmo período do ano passado, o órgão registrou colheita de 834,8 mil toneladas.
 
A previsão positiva contraria os demais setores da economia, em crise desde o início da pandemia causada pelo novo coronavírus. O secretário de Agricultura, Candido Teles, conta que foi possível realizar o plantio com normalidade. “Quanto aos preços, eles até melhoraram, em função das conjunturas nacional e mundial, pois o dólar subiu e, como boa parte dos nossos produtos agrícolas são commodities, como soja e milho, elas foram valorizadas”, detalha. O agricultor, agora, deve estar atento à compra de insumos, que estão mais caros devido à alta do dólar.
 
O secretário destaca os investimentos em equipamentos modernos como fundamentais para os bons resultados. “Os nossos produtores utilizam tecnologia de ponta na hora do plantio e da colheita, ajudando a garantir maiores produtividades e ganho econômico”, ressalta Candido.
 
É o que tem feito William Matte, 29 anos. Ele investiu em obras com pivôs rotativos, sensores nos campos para avaliar as necessidades do solo, além de máquinas que fazem colheita, limpeza e separação de grãos. “Embora haja toda essa crise de saúde, a gente percebeu que é indispensável que se produza alimento com segurança”, afirma. Na avaliação dele, será possível sair melhor da pandemia. “O nível de conhecimento aumentou muito. Não somos mais produtores rurais, mas empresas rurais. Eu não preciso mais estar na lavoura para jogar água. Com um aplicativo, vejo todas as necessidades da plantação e envio o comando para irrigar.”
 
Para este ano, William espera colher cerca de 250 hectares de milho, 155ha de feijão e 66ha de trigo. “Cerca de 20% do milho ficam aqui no DF e viram ração para os animais. Os outros 80% vão para o Espírito Santo. Metade da produção de feijão vai para o Nordeste e metade, para São Paulo. E o trigo fica todo aqui, para produção de farinha”, revela.

Jair Pelicioli, gerente da fazenda no núcleo rural Rio Preto:  

Jair Pelicioli, gerente da fazenda no núcleo rural Rio Preto: "Não paramos, o serviço continuou"

 



William Matte também cultiva trigo: investimento em tecnologia para melhorar o plantio (ED Alves/CB/D.A Press)  

William Matte também cultiva trigo: investimento em tecnologia para melhorar o plantio

 

 
Livre de doenças
 
Na fazenda do agricultor Hélio Dal Bello, 71, foi colhido feijão e trigo sequeiro, variedade alternativa para o cerrado. Agora, é a vez do milho e, em setembro, de mais uma parte do trigo, que está em processo de amadurecimento. “No ano passado, colhi cerca 1,4 mil quilos por hectare, de trigo. Esse ano, será em torno de 2 mil. Nós fazemos a nossa parte, mas somos diretamente dependentes do clima. Esse ano, como foi mais frio, não deu doença na plantação, o que pode ser um terror. No ano passado, foi quente e com chuva, ou seja, um desastre.”
 
Ele também está confiante para a produção do milho. “Estou colhendo 7 mil quilos por hectare. Calculo que isso vá dar umas 11,9 mil toneladas, sendo que 60% da minha produção eu já vendi para exportação. O restante ficará no mercado interno”, comemora. “O DF é a melhor região para cultivo de grãos. Falta um pouco de água, mas é excelente. Aqui dá para plantar tudo. A altitude também ajuda”, garante o produtor.
 
A lavoura fica no núcleo rural Rio Preto, a cerca de 40km do Paranoá. Jair Pelicioli, gerente da fazenda, explica que, neste ano, foi possível plantar quatro variedades do feijão-carioca, sendo que metade foi colhida. Ele detalha que, como as chuvas atrasaram, a colheita, que, normalmente, seria em julho, ocorre agora. “Mas, fora isso, foi tudo normal. Nós não paramos, o serviço continuou”, destaca. Depois de tudo ser colhido, é a vez das plantas de cobertura, que vão preparar o solo, evitar erosões e, só então, poderá vir a próxima safra, de soja.
 
Alta demanda
 
Na avaliação de alguns produtores, a crise causada pela covid-19 também teve reflexos positivos economicamente. O produtor Leonardo Boareto prevê a colheita de 55 sacos de feijão (de 60kg, cada) por hectare em 2020. “Eu diria que o consumo per capta está mais alto nesta pandemia, porque o arroz com feijão tem tido mais demanda, e a oferta está mais restrita. Dessa forma, o preço deve ficar sustentado por um bom período de tempo”, analisa.
 
No DF, a maior parte dos produtores opta pelo tipo carioca, com maior demanda nacional. “A pandemia subiu a taxa de câmbio em dólar, e isso beneficiou as culturas exportadas, caso do trigo e do milho”, pondera. “No caso do feijão, a maior parte da produção é consumida localmente, então, a taxa de câmbio teve pouca influência. Mas o consumo aumentou, porque, como as pessoas ficaram em casa, passaram a preparar mais as refeições; por isso, a opção foi pelo arroz e feijão, que são mais nutritivos e baratos.”


Expectativa de produção para 2020
A Conab fez uma estimativa de quanto será colhido, em toneladas, neste ano:
 

No detalhe

11,1 mil
Total de produtores rurais no DF

404 mil hectares
Tamanho da área rural, o que corresponde a 70% do DF

345 mil hectares 
Espaço de área agricultável

162,4 mil hectares
Quantidade de terra usada no cultivo de grãos

Fonte: 
Emater/DF
Produto - Colheita
 
» Milho - 481,6 mil
» Feijão - 39,6 mil
» Sorgo - 35,7 mil
» Trigo - 11,0 mil

Correio Braziliense sexta, 21 de agosto de 2020

VASCO É O NOVO LÍDER DO BRASILEIRÃO

Jornal Impresso

VASCO E O NOVO LÍDER DO BRASILEIRÃO
 
Nau de vento em popa
 
Vasco goleia Ceará e assume a liderança com um jogo a menos. Oportunismo do centroavante Germán Cano e boa fase de Fellipe Bastos comandam triunfo. O time cruz-maltino não era o primeiro desde 2012

 

Publicação: 21/08/2020 04:00

O centroavante argentino está impossível: Cano é um dos quatro artilheiros do Campeonato Brasileiro com três gols. Ele chegou a 12 na temporada (Rafael Ribeiro/Vasco.com
)  

O centroavante argentino está impossível: Cano é um dos quatro artilheiros do Campeonato Brasileiro com três gols. Ele chegou a 12 na temporada

 

O Vasco é líder do Campeonato Brasileiro pela primeira vez desde a quinta rodada da edição de 2012. Naquela edição, o time comandado por Cristóvão Borges teve 100% de aproveitamento nas quatro primeira exibições. O técnico Ramon Menezes pode, sim, repetir o feito após o imponente triunfo de ontem por 3 x 0 diante do Ceará, no Castelão. Germán Cano deu início ao triunfo. Fellipe Bastos ampliou e Ribamar fechou a goleada sobre o campeão da Copa do Nordeste. No início deste mês, o Vozão bateu o Bahia nos dois confrontos da decisão.
 
Cano continua impossível. Divide a artilharia da Série A com o companheiro de time Fellipe Bastos e mais Paolo Guerrero e Marinho. Todos balançaram a rede três vezes na largada da competição. Cano aumentou a coleção pessoal para 12 na temporada. O Gigante da Colina fez 19 em 2020.
 
Méritos também para Ramon. O técnico cruz-maltino ainda não perdeu em cinco jogos oficiais nem amistosos à frente do time do qual é ídolo. No domingo, ele defenderá o primeiro lugar contra o Grêmio, às 16h, em São Januário. Vale lembrar que a equipe carioca tem uma partida a menos. A estreia contra o Palmeiras foi adiada devido ao choque de datas com a final do Paulistão.
 
O volante Andrey era um dos mais contentes depois da partida. “Grande vitória, fruto de muito trabalho, dedicação. Estamos empenhados em busca de um único objetivo. Foi um jogo muito difícil. A equipe deles é muito qualificada. Parabenizar o grupo pela garra. Tem muita competição pela frente, vamos continuar lutando”, afirmou.
 
O lateral-direito Cláudio Winck festejou a volta ao time titular após superar lesão. “Foi um caminho longo. Mas eu sempre acreditei, sempre trabalhei muito. Para falar a verdade, no fim estava quase desistindo. Mas, se depender de mim, não vai faltar nada nunca. Vou agarrar a oportunidade da melhor forma possível”, emocionou-se.
 
Demissões
A quarta rodada tem dois técnicos desempregados. O Coritiba demitiu Eduardo Barroca depois do revés 3 x 1 para o Corinthians. Ney Franco saiu do Goiás após perder do Fortaleza na quarta. Alberto Valentim deve assumir. 

Correio Braziliense quinta, 20 de agosto de 2020

PORTAS ABERTAS EM MEIO À CRISE

Jornal Impresso

 

Portas abertas em meio à crise
 
Mesmo durante a pandemia e o isolamento social, brasilienses mostram empreendedorismo e abrem os próprios negócios. De 17 de março a 17 de agosto, 24.716 empresas iniciaram as atividades no DF. Vendas, vestuário e alimentação são destaques

 

» CAROLINE CINTRA
» ANA CLARA AVENDAÑO*

Publicação: 20/08/2020 04:00

Alan e João Gabriel inauguraram a Beijú, na 209 Sul, na pandemia (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  

Alan e João Gabriel inauguraram a Beijú, na 209 Sul, na pandemia

 


Apesar dos impactos negativos na economia causados pela pandemia do novo coronavírus, a abertura do negócio próprio continua sendo uma alternativa para a geração de renda, principalmente para quem busca driblar o desemprego. Dados da Junta Comercial, Industrial e Serviços do Distrito Federal (Jucis) mostram que, de 17 de março — quando começaram a ser adotadas as medidas preventivas contra a covid-19 — até 17 de agosto, 24.716 empresas iniciaram as atividades no DF. Dessas, 19.368 são de microempreendedores individuais (MEIs). No mesmo período do ano passado, esse número foi 5,6% maior, com um total de 20.517 MEIs. À época, foram 26.448 novos empreendimentos.
 
Entre os setores que mais cresceram desde o início do isolamento social estão promoção de vendas, varejista de vestuário e acessórios, fornecimentos de alimentos para consumo domiciliar, restaurantes e similares e cabeleireiro, manicure e pedicure. O levantamento mais recente da Jucis aponta que, até 5 de julho, o Plano Piloto foi a cidade que mais recebeu novos negócios, com 2.497. Em seguida, aparecem Ceilândia (2.318), Taguatinga (2.048), Samambaia (1.476) e Guará (1.223).

A empresária Layanne vende peças de roupas femininas nas redes sociais:  

A empresária Layanne vende peças de roupas femininas nas redes sociais: "Desafiador a cada dia"

 

Superintendente do Sebrae no DF, Antônio Valdir ressaltou que, ao longo do tempo, mudou o perfil de carreira profissional do brasiliense. Antes, o sonho era construído em cima da esperança em alcançar uma vaga no serviço público. Hoje, o empreendedorismo bate mais forte. “Quem saiu da universidade nos últimos 5 anos é de uma geração que tem o empreendedorismo como alternativa”, explicou. A crise, no entanto, impulsionou parte dessas pessoas que desejam ter o próprio negócio. “Costumo dizer que, na crise, o empreendedorismo sai da mão do acomodado e vai para a mão daquele que se ajustou ao mercado. A crise sempre é um bom momento”, afirmou.
 
De acordo com Antônio Valdir, dois pontos são importantes para quem quer ter boa chance e sucesso. A primeira é identificar-se com o segmento enquanto vocação, principalmente para o pequeno empreendedor. “Ele é o que faz tudo. Vende, compra, atende. Se não tiver identidade, não vai suportar estar dentro do negócio. Por exemplo, uma pessoa vai montar um pet shop, mas não gosta de animais. Como vai ficar nisso?”, questionou o superintendente do Sebrae. O segundo passou é conhecer e preparar-se para o mercado, assim, terá mais oportunidades.

Ludmilla abriu o Dona Zuca, na 309 Norte: aposta no serviço de entrega para manter o faturamento (Arquivo Pessoal)  

Ludmilla abriu o Dona Zuca, na 309 Norte: aposta no serviço de entrega para manter o faturamento

 



Sonho
Moradora de Samambaia e formada em administração, a empresária Layanne Araújo, 28 anos, sempre sonhou em abrir o próprio negócio. Na infância, tinha facilidade para criar roupas de bonecas. Em 2017, abriu o Dlaychic Boutique, mas, como trabalhava no setor hoteleiro, não tinha tempo para atender às clientes e fechou a empresa. Como a pandemia afetou o ramo no qual prestava serviço, foi dispensada em março. Segundo ela, ali nascia a oportunidade de empreender novamente.
 
Em 7 de maio, ela comprou mercadoria, começou a usar um quarto cedido pela sogra dela, em Samambaia, montou a loja e divulgou as peças de roupas femininas nas redes sociais. “O meu negócio vem dando certo, e eu sempre vou dizer que ele só prosperou porque eu acreditei nos meus sonhos e que Deus me permitiu viver o extraordinário, mas tem sido desafiador a cada dia”, disse Layanne.
 
Donos da lanchonete Beijú, na 209 Sul, Alan Marzola, 35, e João Gabriel Amaral, 27, iniciaram uma reforma no espaço em 10 de janeiro. A ideia era inaugurar em poucos meses. Porém, a obra acabou no meio da pandemia. “Ficamos receosos, mas decidimos começar a funcionar mesmo assim, com as vendas por aplicativo. Ficamos sem saber como seriam os próximos dias, se os comércios abririam. Quando voltaram, vimos que funcionou e está dando tudo certo, tanto que abrimos uma segunda unidade na Asa Norte”, contou Alan.
 
Risco
Doze dias antes de o GDF anunciar o fechamento do comércio, a empresária Ludmilla Moura, 31, abria as portas do Dona Zuca, na 309 Norte, uma lanchonete inspirada em casa de vó, como ela diz. Antes, Ludmilla trabalhava com encomendas de bolos e salgados em uma sobreloja, na Asa Norte. Quando decidiu abrir um espaço para receber os clientes, veio a pandemia. “Eu sempre fui muito insegura. Achava que não daria conta de atender à demanda. Até que, um dia, a minha sogra disse que, se eu esperasse a situação perfeita, eu nunca abriria a minha loja. Todos entraram nesse sonho comigo. Mas logo precisamos baixar as portas”, lembrou.
 
Mesmo assim, a empresária não pensou em desistir. “Em comparação com aqueles 12 dias que funcionou, o faturamento caiu 70%. O movimento caiu. Agora, as pessoas estão começando a se sentir seguras ao sair de casa. Para manter, tivemos de nos reinventar e voltamos para os trabalhos de entrega. Esperamos nos recuperar para o negócio não entrar em depressão. Ainda não conseguimos”, contou.


Correio Braziliense terça, 18 de agosto de 2020

RESPIRO PARA OS CONCURSEIROS

Jornal Impresso

Respiro para concurseiros
 
Suspensão dos prazos de concursos do DF, aprovada pela Câmara Legislativa, faz parte de estratégia de contenção de gastos em meio à crise sanitária causada pela pandemia do coronavírus. A norma agora precisa da sanção do governador

 

» THAIS UMBELINO
» Colaborou Alexandre de Paula

Publicação: 18/08/2020 04:00

A advogada Ana Carolina Hadad está entre os 125 aprovados no concurso da Defensoria Pública do DF e aguarda ser chamada (Arquivo Pessoal)  

A advogada Ana Carolina Hadad está entre os 125 aprovados no concurso da Defensoria Pública do DF e aguarda ser chamada

 

A pandemia do novo coronavírus impactou a nomeação de aprovados em concursos públicos na capital federal. Sem previsão de serem chamados, a maioria temia ter desperdiçado o esforço concentrado nos estudos e perder a chance de ocupar as vagas conquistadas. Para evitar que isso ocorra e conter gastos com as contratações, o Governo do Distrito Federal encaminhou, e a Câmara Legislativa aprovou projeto de lei que suspende o prazo de validade dos certames homologados e em vigência enquanto durar a crise sanitária. As seleções, portanto, terão o limite máximo de quatro anos respeitado, mas sem contar o período de pausa — no total, são 43.697 aprovados.
 
O texto foi aprovado por unanimidade na Casa na última semana e segue para sanção do governador Ibaneis Rocha (MDB), que deve ocorrer nos próximos dias. “É uma boa notícia para os concursados do Distrito Federal, porque dá esperança, e, para o Estado, é uma economia, pois não haverá necessidade de fazer novos concursos”, afirma o secretário de Relações Parlamentares do DF, Bispo Renato.
 
A medida deve abranger concursos vigentes para 158 especialidades, em 11 órgãos do GDF, e tem como objetivo resguardar os direitos dos candidatos aprovados e evitar prejuízos financeiros à administração pública com novos certames. “Com a suspensão dos prazos por meio de lei, haverá maior segurança jurídica, evitando a judicialização de demandas sobre o tema”, informou, em nota, a Secretaria de Economia.
 
O projeto aprovado pela Câmara Legislativa garante a nomeação de aprovados para reposições decorrentes de exoneração, aposentadoria, morte ou perda do cargo. O controle da vacância é de responsabilidade de cada órgão ou entidade de lotação do servidor.
 
A proposta está em consonância com a Lei Complementar sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro, que impede estados, DF e municípios de fazer novas contratações até 31 de dezembro de 2021. Para o presidente do Conselho Regional de Economia do DF, César Bergo, os impactos econômicos positivos serão sentidos em um primeiro momento pelo Estado, mas a recuperação total só será efetiva com a retomada dos processos seletivos.
 
“O efeito com a suspensão dos concursos em âmbito federal é muito grande e, na capital, não é diferente. Essa ótica de fazer concursos anualmente renova e mantém a máquina pública funcionando”, destacou. Outra consequência da retomada posterior será percebida na cadeia produtiva, para o especialista. “Todas as etapas de um concurso envolvem diversos fatores e pessoas que movimentam a economia, desde cursos preparatórios a logística dos certames”, complementou.
 
Para o deputado distrital Claudio Abrantes (PDT), líder do governo na Câmara Legislativa, a perspectiva é de que a retomada de concursos e nomeação só ocorra após o controle da crise sanitária. “O momento pós-pandemia vai depender muito da ação do Estado, e acredito que, no primeiro momento, a área de desenvolvimento social receba uma atenção maior. Mas o DF vai continuar fortalecendo os concursos públicos”, avaliou. Abrantes foi um dos articuladores com o GDF para que o Executivo encaminhasse a proposta à Casa com rapidez. No início da pandemia, o parlamentar chegou a elaborar um texto que previa a suspensão dos prazos, mas o entendimento final era de que a matéria precisava ser encaminhada pelo governo, para que não houvesse vício de iniciativa.
 
Espera
Aprovado na Polícia Militar do Distrito Federal em 2019, Fernando Cardoso, 27 anos, comemorou a retomada do calendário do último certame, de 2018. “Minha turma tinha sido chamada em julho para começar o curso de formação, previsto para 1º de setembro. Quando recebi a notícia da suspensão da validade do prazo dos concursos, no início, fiquei com medo de afetar o andamento do concurso da PMDF. Depois, percebi que era algo positivo, pois não impactaria no chamamento do concurso”, contou. Desempregado há um ano, uma oportunidade assim é chance de mudar de vida, avalia. “Gera muita expectativa para quem está esperando. Ainda mais com a pandemia, em que fica difícil arranjar emprego”, observou.
 
A advogada Ana Carolina Hadad, 30, está entre os 125 aprovadas no concurso da Defensoria Pública do Distrito Federal e é representante da comissão de aprovados do certame. Do total, 105 não foram nomeados e esperam a possibilidade de uma vaga. “A Defensoria, hoje, não tem cargos criados vagos para preencher, mas existe um deficit no DF e há a expectativa, porque se pleiteia com o Executivo e o Legislativo uma lei para abrir mais”, explica. A medida que suspende os prazos, na avaliação dela, é positiva, mas deveria levar em conta especificidades de algumas áreas. “Ela traz benefícios, porque não está havendo nomeações nesse período, mas a Constituição prevê que, até 2020, existam defensores públicos em todas as comarcas. Com essa medida, o prazo vai ficar muito curto.”
 
De acordo com o professor Arthur Lima (leia Três perguntas para) apesar do impacto nas contratações, o Distrito Federal ainda é um local de oportunidade para os candidatos. “Os concursos da área da segurança pública têm tido grande destaque recentemente”, apontou. “Entretanto, é importante lembrar que, para atuar em qualquer área, especialmente na segurança pública, é fundamental que o candidato tenha um mínimo de identificação com a atividade a ser desempenhada”, frisou o especialista.
 



Três perguntas para

 (Arquivo Pessoal)  


 Arthur Lima,
 coordenador da Direção Concursos


Por que, na prática, a medida não prejudica os concursos que estavam previstos para este ano?
Essa medida suspende a contagem do prazo de validade dos concursos que já ocorreram e ainda estão válidos. Esta não é a situação dos concursos que estavam previstos ou em andamento este ano, como TCDF, PCDF e outros, pois todos eles já esgotaram o seu prazo de validade. Desta forma, a medida não os afeta diretamente.
 
Como o senhor avalia o cenário da capital em relação aos concursos públicos? Brasília ainda é um local de oportunidades ou está chegando ao limite de vagas? Há locais com deficit de pessoal?
É preciso reconhecer que já tivemos, em outros momentos, uma oferta mais abundante de concursos públicos, tanto no Distrito Federal quanto em âmbito nacional. Ainda assim, é preciso lembrar que atualmente temos ótimas oportunidades em andamento no Distrito Federal, como o concurso da Polícia Civil, que totaliza 2,1 mil vagas, bem como os concursos do Tribunal de Contas e da Adasa (Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do DF). Temos ainda outros concursos autorizados, como é o caso da Polícia Penal e da Secretaria de Educação. Destaco ainda que a lei de diretrizes orçamentárias para 2021 foi aprovada com uma previsão de mais de 20 mil nomeações no serviço público do Distrito Federal.
 
Existem áreas que o senhor aconselha maior dedicação dos concurseiros? Qual conselho dá hoje para quem tem interesse em ocupação pública?
Aqui no Distrito Federal, temos a Polícia Civil com previsão de 2,1 mil nomeações, além do concurso autorizado para a Polícia Penal, com previsão de até 1.179 convocações. Os candidatos que se interessam pela área da segurança também podem aproveitar os concursos em âmbito nacional, como é o caso da Polícia do Senado, que também está autorizado e tem remuneração acima de R$ 19 mil por mês; o do Departamento Penitenciário Nacional, cujo edital já foi publicado com 309 vagas; o da Polícia Federal, cujo concurso com 2 mil vagas foi autorizado, e da Polícia Rodoviária Federal, que prepara um novo concurso e solicitou 2,6 mil vagas. No médio prazo, podemos ter ainda oportunidades no TJDFT, na Polícia Militar, no Detran, entre outras.



Em pausa

Confira a lista de concursos que devem ter prazos suspensos após a sanção da medida:
 
» Corpo de Bombeiros
 
» Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (Codhab)
» Fundação Hemocentro
» Polícia Militar
» Secretaria da Criança
» Secretaria de Estado do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos
» Secretaria de Educação
» Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão
» Serviço de Limpeza Urbana (SLU)
» Secretaria de Segurança Pública
» Defensoria Pública do DF
Fonte: Secretaria de Economia

Correio Braziliense segunda, 17 de agosto de 2020

FAÇA SUAS LIVES E PODCASTS

 

Faça suas lives e podcasts!
 
 
Com crescente impulso pela pandemia, lives e podcasts têm técnicas e mandamentos analisados por especialistas

 

Ricardo Daehn

Publicação: 17/08/2020 04:00

Imagem de um estúdio da Cidade (João Barroso/Divlgação)  

Imagem de um estúdio da Cidade

 

 
O produtor de lives Abder Paz enfatiza conceitos que aprimoram lives: sensibilidade e conhecimentos 
técnico de 
criação 
audiovisual (Arquivo pessoal)  

O produtor de lives Abder Paz enfatiza conceitos que aprimoram lives: sensibilidade e conhecimentos técnico de criação audiovisual

 

 
Ana P. Araújo: diretora que democratiza o acesso à criação de lives (Livia Vanessa Mariano/Divlgação)  

Ana P. Araújo: diretora que democratiza o acesso à criação de lives

 

 
 
 
Escalado para liderar uma oficina realizada pelo Festival Taguatinga de Cinema, em agosto, o produtor cultural Abder Paz guarda ensinamentos que valem ouro para aqueles interessados na criação de lives caseiras e ainda das profissionais. Tudo sem muito mistério já que ele garante ser possível capacitar pessoas que têm apenas um celular e, claro, aquelas dispostas a adquirir equipamentos profissionais. “A produção de live teve um crescimento exponencial devido à pandemia. A produção de live se diferencia da produção televisiva, em geral, porque é fundada em um pilar importante: a interação com o publico. Num momento como o atual, de isolamento social, existe uma necessidade de interação. É um aspecto fundamental na transmissão ao vivo, as várias possibilidades de interação ou via chat, via inbox ou até mesmo, como nos referimos no teatro, ao rompimento da quarta parede”, comenta Abder.
 
Na aventura pelo mundo das lives, o requisito mínimo é ter um aparelho de telefone ou computador e conexão à internet. “A composição de uma boa transmissão ao vivo joga com conceitos de sensibilidade e conhecimentos técnico de produção audiovisual como luz, enquadramento e captação de áudio”, observa Abder. Mesmo os celulares simples trazem possibilidade de cumprir a meta de obter uma live de qualidade. Pesa a forma na qual um conteúdo será apresentado, e claro, o como realizar a comunicação.
 
Abder chama a atenção para o conteúdo diversificado em que canais englobam temas desde um passo a passo (ou tutorial) a análise empírica de produtos, sem contar, claro, shows: tudo passível de ser disposto em live. “Eu mesmo gosto de aprender algo novo ou ver se determinado produto funciona, a partir da avaliação e atestado de outras pessoas. O importante é pensar e organizar o pensamento de maneira a realizar a produção com resultados bacanas”, comenta Abder, dotado da facilidade de ser ator (por formação) em frente às câmeras.
 
Afora a espontaneidade, ele explica que a escolha do ambiente e plataforma para realizar o streamer são fatores determinantes. “Cada plataforma tem especificidades com tipos de enquadramentos ou complementos gráficos que podem ser utilizados, filtros e outros; daí a escolha do formato ser fundamental”, explica.
 
Rede democrática
 
Com barateamento da comunicação via lives, a coordenadora e diretora da produtora independente Trupe do Filme, Ana P. Araújo, percebeu dividendos, em meio à pandemia, para adaptar a experiência anterior de lives dedicadas a promoções institucionais. “A cultura se movimentou por apoios coletivos. Sem estrutura, os artistas ficaram meio parados. Pelas lives, ampliamos aprendizados e investimos em cenários e na mescla de personalidades como Márcia Tiburi e Japão, trazendo apoio para artistas locais como Nega Lu, que apresentou um sarau cultural, em live, de bastante sucesso”, explica Ana.
 
Entre um cardápio de possibilidades que vão de lives de festas (com presença de DJ), a lives de exibições de galerias, passando por lives de adesão massiva, como as de Gustavo Lima e Marília Mendonça, a opção da Trupe do Filme alavancou público de 5000 pessoas interessadas nos produtos em que a “criatividade salva”. “É um formato diferenciado, com o qual o público tem adquirido familiaridade. Com a linguagem da novela, por exemplo, nós estamos acostumados desde criança. Live é novo: atinge e cria novos públicos. Depende de com quem queira falar, e há ainda a possibilidade de retransmissões em espaços virtuais complementares”, observa a diretora.
 
Além de qualidade do bom papo transmitido pela live e mesmo de contribuições artísticas, Ana aumenta o elencar de fatores desejáveis numa live: boa sincronia de áudio (sem chiados), capricho na iluminação e no cenário, e, aprimorando patamares, ao menos duas câmeras em uso. Na equipe da Trupe do Filme, há nove pessoas em cargos que vão da direção de produção, diretor de fotografia, direção (de programa), roteiristas e, editores para a transmissão, além de uma câmera e do responsável pela iluminação.
Ao menos quatro profissionais garantem a live profissional. “O que importa é as pessoas se apropriarem e irem fazendo, mesmo os que não têm a estrutura. O que interessa é fazer chegar reflexão para quem está em casa, assistindo. Ah! Uma internet boa, de pelo menos 30 megas de upload, é indispensável”, conclui.
 
 
» Dicas para boas lives
 
Escolha sempre um lugar iluminado (perto de janela, por exemplo). Você quer ser visto, não?
 
Entender das particularidades do conteúdo pretendido (se será um debate, um registro de teatro, de música) e perceber que, por exemplo, num debate em que, à distância, participem convidados, a captação de som será responsabilidade de cada um; ao passo em que, numa performance, há necessidade de foco em microfones precisos e potentes.
 
Interação é a base de uma live: mas, há exceções. Administrando conteúdo político, e por diversas outras razões, é aconselhável desligar o canal, para evitar embates públicos (de discordantes exaltados). Haters e ataques públicos nunca são bons convidados.
 
Numa oficina ou palestra, há expectativa dos participantes de interagirem e, claro, de prontas respostas.
 
Plataformas como Zoom e Jipsi permitem gravações que facilitam, em grupos restritos, aprendizado (no caso dos cursos).
 
Plataformas são um diferencial de lives. Há quem transmita direto das redes sociais (com limitações de recursos). Com mais possibilidades, o site on-line streamingyard (aproveitável no YouTube e no Facebook) ofertam possibilidades de fundos diferenciados e inclusões de animações. Bem mais completo, o OBS (software livre) precisa ser baixado, mas rende muito controle e adereços extras bem atrativos para usuários.

 


Correio Braziliense domingo, 16 de agosto de 2020

VACINA - VOLUNTÁRIOS DA ESPERANÇA

Jornal Impresso

Voluntários da esperança
 
 
Profissionais da saúde do Distrito Federal que atuam no combate à covid-19 decidiram fazer parte das experiências na luta contra a doença. Conheça as histórias desses trabalhadores que estão na linha de frente no combate à pandemia

 

» ALAN RIOS
» SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 16/08/2020 04:00

CoronaVac está sendo testada no Distrito Federal e em outras cinco unidades da Federação (Ed Alves/CB/D.A Press)  

CoronaVac está sendo testada no Distrito Federal e em outras cinco unidades da Federação

 



Tentar fazer mais do que o máximo possível. Se esforçar mesmo na exaustão. Esses foram os sentimentos que moveram 10 profissionais da saúde do Distrito Federal a participar de um projeto de importância mundial. Médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas que estão na linha de frente do combate ao novo coronavírus se voluntariaram para participar dos testes da vacina CoronaVac, contra a covid-19, mesmo sabendo dos riscos de um produto ainda em experimentação e abrindo mão das poucas horas disponíveis na semana entre as jornadas de trabalho (leia Saiba mais). Por trás da escolha de se submeter a uma bateria de exames e ensaios, estão histórias de pessoas que encontraram na área da saúde um propósito de vida essencial em tempos de pandemia, o prazer por cuidar e de se doar pela vida do outro.

Uma dessas histórias é de Gabriel Ravazzi, 31 anos. Esse nome está em jalecos que ele usa nas clínicas, no Hospital de Base e no Hospital Universitário de Brasília (HUB), além de constar no topo da lista de voluntários do teste da CoronaVac. Mas tudo começou em campos de futebol, onde o então garoto do ensino médio atuava no time juvenil do Goiás. Ele lembra que, naquela época, “era o sonho de todo brasileiro ser jogador”, mas que tinha como meta mais sólida seguir o caminho do pai, como engenheiro. Uma partida que ele assistiu do Campeonato Brasileiro de 2004, entre São Caetano e São Paulo, porém, direcionou Gabriel para uma área diferente. Naquele jogo, Paulo Sérgio Oliveira, o zagueiro Serginho, teve uma parada cardíaca e morreu em campo, cena que marcou o país e motivou o garoto do Goiás a marcar exames médicos.

“Na conversa com o cardiologista, citei que gostava de biologia, sempre achei medicina legal, mas disse que achava não ter capacidade. Ele falou que o esforço para entrar no curso era grande, mas que quem tinha vontade de ajudar as pessoas teria capacidade”, relembra Gabriel. Se passaram 16 anos daquela decisão. Hoje, o médico acumula experiências em Goiás, São Paulo e no Distrito Federal, que o aproximaram mais do atendimento clínico. “Cheguei a querer atuar na área cirúrgica, mas, trabalhando em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) do município de Goianira (GO), percebi o quão gratificante era poder dar atenção a pessoas simples, que muitas vezes só queriam ser bem-atendidos, poder conversar. Receber cuidados que, infelizmente, hoje, nós não vemos em muitos profissionais”, avalia.

 

"Eu me toquei que aquele era o primeiro passo de algo que o mundo inteiro estava esperando. O fato de ter sido escolhido para participar da pesquisa é como uma recompensa" - Gabriel Ravazzi, médico

 



Do conforto à luta


No começo de 2020, Gabriel estava trabalhando no interior de São Paulo como médico gastroenterologista, mas acabou recebendo um convite para atuar em uma clínica do DF, em março. “Assim que cheguei, a pandemia estava ganhando força e os atendimentos de lá foram suspensos. Eu via a situação ficando mais crítica a cada notícia e aquilo começou a me angustiar, porque eu era médico, tinha me preparado para estar naquela linha de frente, poderia tentar mudar aquela situação, mas estava em casa sentado no sofá”, conta. Os pais até tentaram convencer o jovem a se manter seguro, fora do combate ao vírus e aguardando a situação se normalizar para atender na clínica. “Mas eu não ia me acovardar”.

Entre o fim de maio e o começo de junho, Gabriel se inscreveu para processos de seleção e foi chamado para trabalhar no HUB e no Hospital de Base. Desde então, a rotina dos atendimentos tem exigido uma doação quase completa. “Em uma semana normal, de domingo a domingo, tenho somente a manhã de quarta-feira livre. O resto dos dias e horários estou sempre entre um e outro serviço. Geralmente começo às 7h, paro às 13h, almoço por onde estou, quando possível, vou para o segundo turno e só volto para casa 20h, quando não tenho plantão noturno. Quando tenho, saio de um hospital pela manhã já indo para outro”, detalha. O médico define todo esse esforço como desgastante, fisicamente e psicologicamente, mas gratificante.

 

"Batalho contra o vírus nos hospitais e agora tenho esperanças de ajudar com mais um fato histórico, que é a imunização que pode gerar o controle de doença emergente" - Joelma de Souza, técnica de enfermagem

 



Nos hospitais, Gabriel se coloca no lugar dos pacientes que estão lutando contra a covid-19 e pensa na família dessas pessoas, que também encara o sofrimento, mas a distância. Nos boletins que prepara para os parentes, além dos termos científicos do quadro atual, ele e os colegas da equipe médica também fazem questão de escrever relatos como: “Estamos cuidando bem do seu pai para que ele possa voltar para casa logo”. “Tentamos acalentar um pouco e passar essa segurança de que aquela pessoa está sendo bem cuidada, porque ela é a mãe de alguém, o pai, o filho. Não um número. E o familiar que está em casa dificilmente consegue fugir dos pensamentos negativos, por acompanhar todas as notícias de mortes da pandemia”, diz.

Quando Gabriel aceitou participar do teste da vacina, o grupo de pesquisa do HUB planejou o cronograma dos testes e entrou em contato com ele informando a data que havia sido escolhida para recebê-lo, 5 de agosto. “Quarta-feira pela manhã. O único dia e horário que era possível para mim. Ou seja, foi perfeito”, celebra. Quando chegou ao ambulatório para receber a imunização, o médico conta que começou a perceber a importância daquele projeto, que significa uma esperança mundial. “Eu me toquei que aquele era o primeiro passo de algo que o mundo inteiro estava esperando. O fato de ter sido escolhido para participar da pesquisa é como uma recompensa. Porque enfrento dias desgastantes e um sentimento de impotência, mas o que tenho hoje é a sensação de que estou usando meu chamado para ajudar a salvar vidas. Então, me sinto realizado”, afirma.


  • Saiba mais

    Terceira fase


    O Hospital Universitário de Brasília (HUB) é um dos 12 centros de pesquisas de seis unidades da Federação do país que estão testando o produto vacinal CoronaVac, da farmacêutica chinesa Sinovac Biotech. Os ensaios estão sendo coordenados pelo Instituto Butantan, que recebeu autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para aplicar a medicação em humanos em uma larga escala.
    Essa é a fase 3 dos testes, uma das últimas necessárias para produção e comercialização de uma vacina. Nas etapas anteriores, houve produção de anticorpos em 90% dos participantes que receberam a imunização. Os pesquisadores concluíram que esse produto era eficaz e seguro para as duas primeiras etapas, e que a terceira é considerada promissora. Ao todo, 850 voluntários devem participar dos testes no DF, que receberam 10 pessoas na primeira semana. As inscrições estão abertas para mais profissionais de saúde. Os primeiros voluntários retornam a partir da próxima quarta-feira para a segunda dose.


    Duas tecnologias

    A vacina que está sendo estudada no HUB por pesquisadores da UnB está na mesma fase de testes de outro produto, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, em parceria com a farmacêutica AstraZeneca. A principal diferença entre as duas é a tecnologia utilizada, pois, na imunização observada no DF, os cientistas inativam o vírus e produzem a vacina que é aplicada, fazendo com que o organismo produza mecanismos de defesa.
    Já no produto de Oxford, o material genético do vírus é colocado em um vírus que não é patogênico, que produz proteínas e imuniza o paciente. A finalidade de ambos, porém, é a mesma. Com a possível conclusão positiva dos testes, os pesquisadores vão poder concluir se as imunizações serão aplicadas uma vez em cada pessoa ou com periodicidade, por exemplo.

Correio Braziliense sábado, 15 de agosto de 2020

SETOR DE SERVIÇOS REAGE NA CAPITAL

Jornal Impresso


Setor de serviços reage na capital
 
 
 
Com portas abertas e permissão para funcionar, o segmento apresenta baixa procura desde a liberação das atividades. Em junho, no entanto, houve melhora, com volume de vendas subindo 6,6% em relação a maio, índice acima da média nacional

 

» CAROLINE CINTRA

Publicação: 15/08/2020 04:00

 

"É assustador. Esperávamos uma volta melhor. Sexta e sábado costumavam ser os dias com mais movimento. Agora, as clientes procuram mais atendimento em dias da semana. Acho que vai começar a voltar quando o número de casos cair no DF. As pessoas não se sentem seguras" Viviane Urbano, dona do Viviane Urbano Cabelo e Maquiagem, no Sudoeste



Em junho, a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) apontou crescimento de 6,6% no setor — o índice está acima da média nacional, que registrou alta de 5%, segundo o IBGE. Os dados do DF mostram que, em 12 meses, o segmento apresentou queda de 5,7%. Os números são reflexo da pandemia do novo coronavírus, que afetou diversos ramos da economia. Em relação ao mesmo mês, em 2019, os serviços de informação e comunicação tiveram a menor baixa. Possivelmente, a adesão ao regime de teletrabalho e a realização de aulas, cursos e consultas médicas virtuais aumentaram a procura por esse tipo de atividade.

Segundo a Codeplan, o segmento com pior performance do período foram os serviços prestados às famílias, que tiveram uma variação negativa de 55,4%. Essa atividade acumula quedas sucessivas. Os demais serviços de profissionais, administrativos e complementares; transporte, serviços auxiliares ao transporte e correios; e outros tiveram queda de 11,1%, 39,6% e 2,8%, respectivamente, no mesmo período de comparação.

O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do DF (Fecomércio), Francisco Maia, destacou o crescimento dos serviços de entrega e assistência em casa. “Muitos são profissionais autônomos, que cuidam de jardim, piscina, informática. Esse setor não sofreu tanto quanto o comércio varejista. E a retomada dele é mais rápida”, explicou. Segundo ele, o ramo de serviços é o que mais fatura no DF e tem peso na economia maior do que o a indústria. “Algumas empresas tiveram dificuldade para conseguir crédito, e vão se recuperar mais lentamente. Os outros são profissionais autônomos, que, à medida que as atividades voltam, começam a se recuperar”, afirmou Maia.

A Maria Joaquina Esmalteria, na Octogonal, sente a falta de movimento (Arquivo Pessoal)  

A Maria Joaquina Esmalteria, na Octogonal, sente a falta de movimento

 



Queda

A recuperação levantada pela Codeplan, no entanto, não foi sentida pela empresária Viviane Urbano, 40 anos, dona do Viviane Urbano Cabelo e Maquiagem, no Sudoeste. Ela contou que, com a pandemia, o movimento do salão de beleza caiu 70%. O número, segundo ela, está abaixo das expectativas desde a reabertura do comércio. “É assustador. Esperávamos uma volta melhor. Sexta e sábado costumavam ser os dias com mais movimento. Agora, as clientes procuram mais atendimento em dias da semana. Acho que vai começar a voltar quando o número de casos cair no DF. As pessoas não se sentem seguras”, disse. O estabelecimento dela segue os protocolos de segurança, como atendimento com horário marcado, distanciamento das cadeiras, álcool em gel à disposição, funcionários com máscara e luva, entre outros.

Para atrair a clientela, a empresária oferece promoções. Mas, até agora, a estratégia não funcionou. “Não é isso o que as clientes estão procurando. Todas estão em busca de proteção. Quem vem pela primeira vez e vê a estrutura sente-se mais segura. Quem não vem acha que está tudo lotado”, lamenta Viviane. Antes, ela atendia a várias pessoas, simultaneamente. Agora, é uma por vez. “Nem digo que atendemos em horário comercial, porque nos colocamos à disposição do cliente. Se ele pode às 21h, estaremos aqui para atendê-lo. Precisamos de fluxo. Não tem mais feriado, nada. Precisamos trabalhar”, ressaltou a cabeleireira. A previsão dela é de que o movimento ganhe força a partir de novembro.

Em tempos normais, a Maria Joaquina Esmalteria, na Octogonal, abre todos os dias. Com a pandemia, há uma escala. Por se tratar de um serviço não essencial, a procura está abaixo do esperado. “As pessoas estão com receio de contratar serviços em que precisem sair de casa. A retomada será mesmo gradual. Por causa do momento, diminuímos o atendimento para recomeçar aos poucos”, conta a empresária Tatiane Bottesini, 43. A empresa adotou o slogan “Eu Cuido e Você Cuida de Mim” para reforçar os protocolos de segurança e garantir o cumprimento das novas regras. “A gente precisa passar para as clientes que estamos seguindo tudo certinho. Fazemos isso pelas redes sociais. A minha expectativa é de que tudo comece a voltar nos próximos dois meses”, estimou.

Dados do Sindicato dos Salões, Institutos e Centros de Beleza, Estética e Profissionais Autônomos do DF (Simbeleza) mostram que o movimento dos estabelecimentos do setor é de 40% do que era antes da pandemia. “O número é baixo, e isso gera insolvência. Tem estabelecimento que não consegue sobreviver com isso. Muitas não têm receita para pagar as contas, têm contas em aberto. Esperamos que haja melhora do movimento nos próximos meses”, disse o presidente da entidade, Célio Paiva. No DF, cerca de 120 empresas do ramo fecharam na pandemia. “Algumas conseguem sobreviver por mais dois, três meses, no máximo, se o movimento não melhorar”, acrescentou.

Preocupação

Para a costureira Maria Soares, 53, o sentimento é de impotência. Segundo ela, as clientes não saem mais de casa. “As minhas contas estão atrasadas. Tentei empréstimos de todos os tipos para tentar me manter, mas negaram duas vezes. Prometeram facilitar, mas não cumpriram. Infelizmente, estou quase fechando a loja. Não mudou nada de quando estava fechado”, reclamou.

Moradora da Octogonal, a aposentada Juraci Rosa de Lima, 72, não vai para a rua desde o início da pandemia. Mesmo com o funcionamento da maioria das atividades, ela prefere manter o isolamento social. “Não tenho nenhuma comorbidade, mas estou receosa. O número de casos e de mortes me assusta. Estou cuidando de tudo de casa, mesmo. Faço as minhas unhas em casa, do jeito que dá. Melhor a cutícula incomodando do que arriscar a vida”, destacou.

A arquiteta Aline Morais, 30, tem visitado alguns estabelecimentos. Mas tem como critério os protocolos de segurança do local. “Eu ligo antes para saber se tem tudo que garanta minha segurança. Mede temperatura? Tem álcool em gel? Todos estão de máscara? Se a resposta for ‘sim’ para tudo, eu vou. A pandemia não acabou. Saio para o que é necessário e para onde me sinto segura. Não é hora de arriscar”, afirmou.

Correio Braziliense sexta, 14 de agosto de 2020

PROJETO DRIVE SHOW BRASÍLIA

Jornal Impresso

PROJETO DRIVE SHOW BRASÍIA

Acendam os faróis: o show vai começar! Projeto Drive Show Brasília começa hoje com apresentação da banda Capital Inicial. Produtores garantem oferecer entretenimento com qualidade e segurança para o público

 

» Roberta Pinheiro

Publicação: 14/08/2020 04:00

 (Tadashi Miyagawa/Divulgação)  
 
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"É um momento histórico", define Bruno Cardoso, vocalista do Sorriso Maroto

 

 
Cia de Comédia Melhores do Mundo apresenta 
adaptação de Hermanoteu na Terra de Godah ( Os Melhores do Mundo/Divulgação)  

Cia de Comédia Melhores do Mundo apresenta adaptação de Hermanoteu na Terra de Godah

 

 
 
 
“Inicialmente, achamos que seria fácil, mas não é”, comenta Aci Carvalho, um dos idealizadores do projeto Drive Show Brasília. Marcado para começar hoje, com show da banda Capital Inicial, o evento, montado no estacionamento do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, no Eixo Monumental, uniu o trabalho de nove produtoras da cidade — Influenza, AC Eventos, Verri&Verri, Flap Live Marketing, Giral Projeto, Time, OhArtes!, Pissu Produções e R.A. Eventos — e estima mobilizar, diretamente, 500 profissionais, entre técnicos, orientadores de trânsito, segurança, serviços gerais, limpeza, artistas, além de uma cadeia indireta.
 
A palavra que resume o projeto é desafio. “Todos achavam que este ano não seria possível ter eventos presenciais com segurança. Mas a gente não vende ingresso, não vende bebida, a gente vende emoção, alegria e esperança”, resume Carvalho. Depois de meses de planejamento e uma convergência de ideias entre os realizadores, é hora de abrir as portas do que eles definem como o maior drive show do país. “Tanto na quantidade artística, porque é o maior em número de shows, quanto no volume de carros”, completa.
 
Ao todo, serão sete fins de semana com atrações musicais, infantis e de humor. O espaço tem uma área com cerca de 64 mil m² e tem capacidade para 600 carros estacionados, com a distância mínima de 2 metros entre eles. Na quinta-feira última, houve um evento teste que lotou o Drive Show Brasília. “É emocionante ver que as pessoas estão querendo voltar ao normal com responsabilidade e segurança, sem abrir mão do entretenimento que faz parte da cura deste momento que estamos passando”, avaliou um dos idealizadores.
 
Estrutura
 
Carvalho relembra que, ao desenhar o projeto, o objetivo era trazer para a capital do país uma estrutura diferenciada, aproveitando, inclusive, dos anos de experiência das produtoras envolvidas. Para além do palco com quase 40 metros e de um sistema de sonorização distribuído por toda a arena, os organizadores imaginaram transformar o estacionamento em experiência.
 
Não à toa, talvez, o principal quebra-cabeça desse tipo de entretenimento esteja na comunicação. “Nosso maior desafio foi convencer as pessoas de que esse formato é seguro e uma experiência boa. Mostramos modelos de outros países nos quais as pessoas transformaram as gargalhadas em buzinas nos espetáculos de humor, e no qual as crianças saiam no teto solar do carro para participar das atividades infantis. Havia uma desconfiança muito grande, acima de tudo devido à segurança, e buscamos sanar e responder todas as dúvidas”, conta. Os produtores trabalham com a possibilidade de sold out nos três espetáculos do primeiro fim de semana.
 
Além de Capital Inicial, a agenda da estreia conta com show do grupo Sorriso Maroto e com apresentação da peça Hermanoteu na terra de Godah, da Cia. de Comédia Os Melhores do Mundo. “A expectativa é grande, porque é uma novidade para a gente”, afirma a atriz e humorista Adriana Nunes. Chamou a atenção do grupo, que este ano celebra 25 anos de trajetória, o sistema de som do projeto e o esquema dos telões. “Existe uma diferença grande que é estar longe do público. Nos nossos trabalhos estamos conversando com a plateia, isso faz parte, então, acho que a gente vai sentir mais do que o público. A oportunidade de poder trabalhar é ótima, e vamos ver como será a reação com buzina e farol”, brinca a integrante da companhia.
 
Apesar de não ser uma peça inédita, Os Melhores do Mundo fizeram adaptações no roteiro original e reservam surpresas para o público. Adriana adiantou que haverá um manual de instruções para estabelecer uma conexão entre atores e plateia, bem como a apresentação de vídeos da companhia antes do espetáculo. “O público está ali para ver um espetáculo e a gente vai apresentar”, garante. A atriz pontua que todos os cuidados estão sendo tomados. Os atores fizeram o teste para a covid-19 e os camarins serão separados.
 
» Segurança
 
O Correio reuniu algumas dúvidas frequentes e questionou como serão os protocolos sanitários e de segurança do evento. Confira:
 
Alimentação:
Ao estacionar o carro, em cada vaga, haverá um banner com um QR Code que dá acesso a um aplicativo que disponibiliza o cardápio do evento. Pelo app, a pessoa pode fazer o pedido e pagar. Feito este processo, dentro de alguns minutos o pedido será entregue no seu carro.
 
Banheiro:
Ao contrário de outros eventos no formato drive-in, o Drive Show Brasília optou por não usar de aplicativos para organizar a demanda por banheiro. De acordo com Carvalho, próximo dos banheiros foram feitas marcações para garantir o distanciamento. Além disso, haverá a aferição da temperatura, álcool em gel, bem como pia com água e sabão. “Ao todo, são quatro banheiros sendo dois masculinos e dois femininos para cada área. Optamos por uma quantidade superior para termos a tranquilidade que não haverá aglomeração”, explicou um dos idealizadores.
 
Posso sair do carro?
A recomendação, inclusive de acordo com decreto do Governo do Distrito Federal (GDF), é que o cliente tem que permanecer no interior do veículo. “Durante todo o evento, haverá uma equipe monitorando as pessoas que eventualmente saiam dos carros”, explicou Aci Carvalho.
 
Recomendações gerais:
» Permitido o acesso somente de veículos de passeio fechados, conforme legislação vigente. Veículos conversíveis apenas serão 
liberados com capota fechada;
» Vagas com distanciamento de 2 metros entre os veículos;
» Uso obrigatório de máscara, exceto no interior do veículo;
 
» Eventos no mesmo dia — como a programação infantil e os shows noturnos — são tidos como distintos. Portanto, ao final de cada um, o carro deverá se retirar e retornar, caso tenha comprado o ingresso de uma apresentação à noite.
 
» O evento oferece diferentes formatos de “amigo da vez”, como o motorista de aluguel, para evitar que os motoristas 
dos carros bebam e dirijam.
 
» Entrevista // Bruno Cardoso 
 
vocalista do Sorriso Maroto
 
Qual repertório estão trazendo para Brasília?
Estamos levando para a estrada um pouco do feedback que tivemos das lives. Esse momento de quarentena tem uma relação muito grande com o passado, as pessoas passaram a olhar um pouco mais as coisas boas que viveram e a música está presente nisso tudo. Então, estamos levando um pouco dessa sensação para o Drive Show, focado nas músicas antigas, nos clássicos do Sorriso, mas sem perder de vista os principais sucessos da atualidade, como Reprise e Sinal vital.
 
É o primeiro show de vocês neste formato?
É o primeiro e estamos ansiosos para ver o público, por mais que seja de uma forma diferente, mas a gente sabe que tem uma galera saindo de casa para curtir a sua banda preferida. Então, será especial não só pra nós quanto para a galera que estará lá curtindo e cantando com a gente.
 
O que acham que será diferente nesse formato?
Liguei para alguns amigos e perguntei como era, o que sentiram, e o primeiro feedback é que a primeira pisada no palco é muito diferente. A gente está há muito tempo sem pisar no palco, sem essa sensação de fazer um show. A live tem outro comportamento, um pouco mais frio, não tem interação real com as pessoas, a gente imagina o que as pessoas estão fazendo. No drive-in, você vê o público, mas são pessoas dentro de carro, então, aquele primeiro grito do primeiro contato do público com o artista vem por meio de buzinas, e sinais com faróis. Estou louco para viver essa experiência, guardá-la e contar para os nossos filhos e para as bandas que virão. É histórico.
 
 
Drive Show Brasília
Hoje, show da banda Capital Inicial a partir das 22h. Amanhã, Sorriso Maroto, também a partir das 22h. Domingo, apresentação da peça Hermanoteu na terra de Godah, da Cia de Comédia Os Melhores do Mundo, a partir das 21h. No Estacionamento do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. Os ingressos podem ser adquiridos nas plataformas Furando a Fila e O que vem por aí e também nas lojas das Óticas Diniz e Bendito Food. Os preços variam entre R$ 90 e R$ 480 por carro. Cada carro, independentemente do tamanho, pode entrar com no máximo quatro pessoas. 

Correio Braziliense quinta, 13 de agosto de 2020

PSG: NEYMAR LIDERA REVOLUÇÃO FRANCESA

Jornal Impresso

 

 

Feliz aniversário
 
 
Paris Saint-Germain comemora 50 anos com virada relâmpago contra a Atalanta e está nas semifinais pela primeira vez desde 1995. Gol de Marquinhos e bela assistência de Neymar comandam reação

 

Publicação: 13/08/2020 04:00

 

Neymar comemora o gol da classificação com o camaronês Choupo-Moting: assistência de cinema (David Ramos/AFP)  
Neymar comemora o gol da classificação com o camaronês Choupo-Moting: assistência de cinema


Com dois gols nos acréscimos, o Paris Saint-Germain venceu o Atalanta por 2 x 1 em uma virada espetacular, ontem, em Lisboa, e conseguiu se classificar para as semifinais da Liga dos Campeões pela primeira vez em 25 anos. O brasileiro Marquinhos, aos 45 minutos do segundo tempo, e o camaronês Eric Maxim Choupo-Moting, aos 48, fizeram o PSG renascer das cinzas no primeiro duelo das quartas de final do "Final 8" da Champions League, para a grande decepção do time italiano. A trupe de Bérgamo vencia por 1 x 0, com um gol marcado aos 27 minutos pelo croata Mario Palisic e tinha a classificação nas mãos.

Foi uma noite de comemoração para o Paris Saint-Germain, no 50º aniversário de sua fundação (12 de agosto de 1970). Desde 1995, o time francês não chegava às semifinais do principal torneio europeu de clubes quando foi eliminado pelo poderoso Milan do técnico Fabio Capello e ficou fora da final. O time parisiense enfrentará, na terça-feira da próxima semana, o vencedor do duelo entre Atlético de Madrid e RB Leipzig, que entram em campo hoje, às 16h, em outro jogo das quartas de final da competição continental (veja arte ao lado).

Depois de conquistar os quatro títulos das competições nacionais (Ligue 1, Copa da França, Copa da Liga da França e Supercopa da França), o PSG tem pela frente o desafio de ser campeão europeu pela primeira vez — obsessão do clube e de seus proprietários cataris.

Depois de sete anos consecutivos sendo eliminado nas oitavas ou nas quartas de final, o Paris Saint-Germain sobe um degrau e se aproxima do sonho.

Kylian Mbappé, lesionado no tornozelo há quase três semanas, conseguiu voltar e disputou a última meia hora do jogo. A má notícia para o clube francês é a lesão do goleiro Keylor Navas. Ele teve de ser substituído na reta final e vinha fazendo uma bela partida.

A eliminação do Atalanta deixa o futebol italiano sem representantes nesta Liga dos Campeões. Na sexta-feira passada, a Juventus havia sido eliminada nas oitavas por outro clube francês, o Lyon, e no sábado o Napoli perdeu para o Barcelona, também nas oitavas.

Eleito o melhor jogador da partida, Neymar carregou o PSG nas costas no primeiro tempo. No segundo, deu assistência mágica na construção do gol da virada. "Eu não jogo para responder ninguém. Todo mundo sabe da minha qualidade, não é de hoje nem de ontem que eu nasci para o futebol, já tem muito tempo. Eu jogo para ajudar meus companheiros e ser melhor hoje do que ontem", comentou Neymar, após o jogo, em entrevista ao Esporte Interativo.

Otimista, o brasileiro vê o PSG cada vez mais candidato ao título. "O futebol é muito rápido, as coisas podem mudar rapidamente. Tenho na minha cabeça que vamos chegar à final. Ninguém vai tirar da minha cabeça que vamos disputar o título. Demos um passo, teremos outro que vai ser muito complicado, mas vamos juntar forças para fazer mais uma grande partida. Espero que a gente chegue à final”, comentou o craque brasileiro.

Autor do gol de empate, o zagueiro Marquinhos comentou o lance crucial aos 45 minutos do segundo tempo. "Esse gol foi muito merecido, não foi questão de sorte. Jogamos duas finais antes dessa partida. Estávamos bastante motivados e bem condicionados fisicamente", destacou.


"Ninguém vai tirar da minha cabeça que vamos disputar o título. Demos um passo, teremos outro que será complicado, mas vamos juntar forças para fazer mais uma grande partida". Neymar, atacante do PSG

 


Correio Braziliense quarta, 12 de agosto de 2020

OS DOIS ERROS: O DE MANDETTA E O DE NÃO TEREM CANCELADO O CARNAVAL

Confira a Capa do Jornal Correio Braziliense do dia 10/08/2020

Alexandre Garcia: os dois erros, o de Mandetta e o de não terem cancelado o carnaval

"O triste nisso, além do carnaval mantido e o mau conselho inicial do Ministério da Saúde, é a desigualdade de chances entre os que têm meios para se prevenir e se curar rapidamente e os que ficam à mercê da sorte"

 
Alexandre Garcia
 
 
postado em 12/08/2020 06:00 / atualizado em 12/08/2020 06:47


 (foto:  Minervino Junior/CB/D.A Press)
(foto: Minervino Junior/CB/D.A Press)

Segunda-feira, na Fundação Oswaldo Cruz, o ministro Pazuello disse que não é correto aconselhar a ficar em casa com sintomas, até sentir falta de ar. Lembrou que o essencial é o diagnóstico precoce e o tratamento imediato. A propósito, o maior erro de Mandetta foi ter recomendado que, ao sentir sintomas da covid, a pessoa ficasse em casa por 14 dias e só procurasse auxílio quando sentisse falta de ar. Ora, a falta de ar já indica uma fase adiantada da doença, em que os pulmões estão com líquido, e o ar inspirado não oxigena o sangue o suficiente. E houve outro grande erro anterior: o de não terem cancelado o carnaval, numa época em que era cancelado o ano-novo chinês. As aglomerações em blocos inocularam o país, principalmente a partir do Rio e de São Paulo.

O triste nisso, além do carnaval mantido e o mau conselho inicial do Ministério da Saúde, é a desigualdade de chances entre os que têm meios para se prevenir e se curar rapidamente e os que ficam à mercê da sorte. Há os que têm acesso a preventivos, como o zinco e a vitamina D, e à receita para ivermectina; havendo sintomas, têm acesso a receitas para hidroxicloroquina e azitromicina com o médico de família — e isso nem entra nas estatísticas. Mas a maciça maioria da população não tem essa proximidade com médicos nem recursos, por exemplo, para ir a uma farmácia de manipulação com pedido de zinco. A propósito, o ministro Pazuello disse que “a gente precisa compreender como parar o sangramento”.

Para diminuir essa desigualdade, há médicos em voluntariado. Em Brasília, dois grupos de 492 médicos estão se dedicando a comunidades carentes de prevenção e tratamento da covid. Há, inclusive, conta bancária recebendo contribuições para comprar os medicamentos para quem precisa. E evitam-se internações. Iniciativas assim se espalham pelo Brasil, para “parar o sangramento”. Mais de 100 mil vidas perdidas são uma voz que clama por respostas sobre o que se fez, o que não se fez e por quê.


Correio Braziliense terça, 11 de agosto de 2020

ACADEMIAS ENFRENTAM RETOMADA LENTA UM MÊS DEPOIS DA REABERTURA

 

Academias enfrentam retomada lenta um mês depois da reabertura

Setor ainda sofre com os impactos da pandemia, mas aos poucos começam a voltar. A divulgação do rígido protocolo de segurança é uma das garantias para esse recomeço, destacam empresários. Frequentadores se adaptam à nova rotina

AR
Alan Rios
postado em 11/08/2020 06:00
 
 (foto: Arquivo Pessoal)
(foto: Arquivo Pessoal)

As academias do Distrito Federal completaram um mês de reabertura, após decretos governamentais e decisões da Justiça que suspenderam as atividades nos estabelecimentos em virtude da pandemia do novo coronavírus. Com um cenário ainda bem diferente daquele de março, antes do período das crises econômica e sanitária, as empresas agora se encontram em uma retomada lenta, com uma atenção especial a cada cliente e protocolo possível.

Pesquisa da empresa de gestão de academias Tecnofit mostrou que as academias do DF tiveram queda de alunos e redução de matrículas, durante a quarentena, de 61%, mas houve uma recuperação de 58% dos clientes após a reabertura. O retorno aos estabelecimentos permite um respiro ao setor, que chegou a ter quase metade da base de funcionários desligada, em torno de 4,5 mil.

“É natural que o primeiro mês tivesse essa retomada mais lenta, mas, a cada semana que se passa, os clientes vão se sentindo tranquilos para retornar”, avalia Thiago Barreto, gerente regional de operações da Bodytech. “Mesmo com uma série de restrições, é melhor estar assim a ficar com academias fechadas. Porque sabemos que a atividade física é vital, principalmente em tempos em que a imunidade e a prevenção de comorbidades são coisas tão importantes”, afirma Thiago. Entre as obrigações, estão, por exemplo, a disposição dos equipamentos à distância de dois metros uns dos outros, a suspensão do uso de pontos de biometria, o fechamento de uma a duas vezes por dia para limpeza e, o ponto que mais gera debate, a proibição dos chuveiros dos vestiários.

Para Thais Yeleni Ferreira, presidente fundadora do Sindicato das Academias do DF (Sindac), esse último tópico ainda dificulta a retomada do setor. “O decreto tem alguns critérios que não dizem respeito à segurança e que não entendemos. Como tem muita gente que vai da academia para o trabalho, ou do estudo para a academia, o bloqueio de vestiários complica muito. Mas temos conversado com o governo para deixar isso de uma forma mais clara, que facilite mais aos clientes”, diz Thais. 

Novo normal

Os alunos que frequentam a academia neste período da reabertura tiveram de se adaptar aos exercícios com máscara, distanciamento e álcool em gel. “Sou médica e sei da importância da atividade física para a manutenção da saúde do corpo e da mente. Mas fiz isso também porque vi que a academia a qual frequento colocou um aparato diferenciado para lidar com a pandemia”, detalha Cinthia Borduque, 33 anos, aluna da Bodytech do Sudoeste.

Quem também cita esse trabalho conjunto de empregados e clientes é a digital influencer Dayane Mendes, 29. “Os equipamentos têm placas que informam os que são permitidos e os que estão interditados. Naqueles que estão em uso, há também uma indicação que mostra se ele foi higienizado ou precisa ser, mas vejo que todo mundo que termina o exercício colabora com a limpeza”, cita a moradora de Águas Claras. Ela avalia ainda que a curva de casos da covid-19 pode ir aumentando com a retomada econômica por conta de um relaxamento da população. “Mas, nos locais em que há esses protocolos de segurança e tudo é bem rígido, as pessoas têm mais consciência”.

Os depoimentos positivos de clientes permitem os números positivos da retomada. É isso que acredita Luciano Girade, proprietário de três unidades da Bluefit no DF. “Recebemos a vigilância sanitária, que faz as avaliações dos protocolos, mas digo que os maiores fiscalizadores são os próprios alunos. Se houver algo errado em qualquer academia do DF, eles são os primeiros a fazer uma denúncia ou até a colocar uma imagem em redes sociais. Mas isso também pesa para o bem, porque nas nossas unidades percebemos que um cliente vai vendo que o local é seguro e vai passando isso para a rede de relacionamento dele, que gera essa publicidade positiva”, conta. Luciano diz ainda que realizou pesquisas para identificar padrões dessa reabertura.


Correio Braziliense segunda, 10 de agosto de 2020

FILHOS DE GUGU LIBERATO: HOMENAGEM NO DIA DOS PAIS

 

Filhos de Gugu Liberato fazem homenagem ao apresentador no Dia dos Pais

João Augusto Liberato e Sofia Liberato usaram as redes sociais para recordar os bons momentos com o pai

MA
Maíra Alves
postado em 09/08/2020 16:00
 
Apresentador Gugu Liberato e os filhos -  (foto: Reprodução/Instagram)
Apresentador Gugu Liberato e os filhos - (foto: Reprodução/Instagram)

Os filhos do apresentador Gugu Liberato passaram o primeiro Dia dos Pais sem o jornalista, que morreu no fim de 2019 após sofrer uma queda em casa e bater com a cabeça. Neste domingo (9/8), João Augusto Liberato, o mais velho dos três filhos, publicou uma foto antiga da família nas histórias do Instagram. Sofia Liberato fez o mesmo.

A fotografia de João mostra a família reunida no Natal, ao lado de um Papai Noel. Em outra imagem, João e Gugu estão sentados, juntos, ainda na infância. "Feliz Dia dos Pais, meu pai amado", escreveu ele.

Sofia Liberato fez uma montagem com duas fotos antigas: uma dela com o pai, e outra com toda a família. "Feliz Dia dos Pais, pro pai mais incrível do mundo", escreveu. Gugu também é pai de Marina Liberato.

Maiores nomes da televisão brasileira

Gugu Liberato, um dos maiores nomes da televisão brasileira, morreu aos 60 anos em sua casa em Orlando, nos Estados Unidos, em novembro de 2019. O acidente doméstico aconteceu quando Gugu Liberato estava trocando o filtro do ar-condicionado e acabou caindo de uma altura de quatro metros.


Correio Braziliense domingo, 09 de agosto de 2020

FÃ S BRASILIENSES DE CHAVES COMPARTILHAM HISTÓRIAS COM O PERSONAGEM

Fãs brasilienses de Chaves compartilham histórias com o personagem

O seriado foi retirado do ar em todos os canais e plataformas da América Latina. O Correio conversou com fãs do programa

 
Geovana Melo*
postado em 08/08/2020 15:55


 (foto:  Televisa/Divulgação)
(foto: Televisa/Divulgação)

Crianças e adultos de diversos países passaram décadas assistindo a uma das atrações televisavas mais populares da história, a mexicana Chaves, exibido pelo Brasil há quase 40 anos. A história do menino pobre que passa a infância em uma pequena vila ao lado dos amigos e se envolvendo em divertidas confusões conquistou gerações na companhia de personagens como Chiquinha, Kiko, Seu Madruga, Seu Barriga, Professor Girafales, Dona Florinda, a Bruxa do 71 e tantos outros.

Criada por Roberto Gómez Bolaños em 1970, no início deste mês, o seriado foi retirado do ar em todos os canais e plataformas da América Latina, devido a um conflito contratual entre a família do comediante e a rede Televisa. A empresa que tinha os direitos dos programas e os herdeiros de Bolanõs que são proprietários dos direitos de exploração comercial dos personagens não chegaram a um acordo. Em homenagem ao adorável personagem, o Correio conversou com alguns fãs brasilienses do programa.

Abílio Soares, 29 anos, servidor público

“Há mais de duas décadas, me encantei com o seriado mexicano. Eu lembro claramente do meu pai chorando de rir com os episódios, dando gargalhadas, e aquilo foi me despertando curiosidade e, quando eu vi, a gente tinha um programa para fazer juntos. Dava a hora do Chaves e a gente assistia, mesmo repetido, a gente sempre ria, foi uma coisa que nos uniu bastante. Eu coleciono fantasia, camisetas e bonecos dos personagens da trama. Aprendi várias lições, e, para mim, Chaves deixa muita coisa boa. Acho que as frases icônicas ficam marcadas, como ‘as pessoas boas devem amar seus inimigos’, ‘a vingança nunca é plena, ela mata alma e envenena’. A questão do perdão também ficou clara várias vezes, essas lições devem ser passadas durante muito tempo. Eu ficava muito chateado quando o SBT ameaçava tirar o programa da grade, mas a gente sabia que voltaria por causa do apelo dos fãs e tudo mais. Essas produções têm que ficar por muito tempo. Quem tem os DVDs guarde com muito carinho, porque tenho um certo receio de que isso se perca, seja esquecido. Seria uma pena se acabasse dessa maneira.”

 

Abílio Soares e o boneco do Chaves
(foto: Arquivo pessoal)

 

Emanuelly Fernandes, 28 anos, jornalista

“Meu pai me apresentou ao programa há mais de 20 anos e, desde então, nutro o amor pelo seriado e por Roberto Bolanõs. O gosto pela série inspirou o nome do meu blog, Jovem Ainda, que faz alusão a uma música do programa. Quando eu era criança usava na vida os aprendizados como sobre a vingança não ser algo bom. Bonecos, livros e camisetas dos personagens da vila integram minha coleção. Eu sou muito fã do que foi e é o Roberto Bolanõs. Para mim, é o maior artista da América Latina. Bolanõs é considerado o pequeno Shakespeare latino, por isso, o apelido de Chespirito. Era um gênio latino. É alguém que a obra não pode ser apagada. Meu sentimento não é nem eu não ver mais o seriado, mas que a América Latina deixe de conhecer o que foi Bolanõs. Chaves, mesmo tendo algumas coisas que muita gente hoje pode problematizar, traz um humor leve. Foi algo feito para todas as idades. Inclusive, era o objetivo do Bolanõs fazer algo para crianças e idosos. Os seriados de hoje são bem separados: ou é infantil ou proibido para menores.”

 

A coleção do Chaves da jornalista Emanuelly Fernandes
(foto: Arquivo pessoal)

 

Rondinelli Benicio, 32 anos, professor

“A simplicidade da história de Chaves me conquistou aos 5 anos. Hoje, aos 32, a trama segue me encantando. Gosto de Chaves e de Chapolin. Do grupo Chespirito, eu gosto muito do Dr. Chapatin e o Pancada. O carinho pela série é tão grande, que eu professor decidi eternizar Chaves e Chapolin na pele, por meio de uma tatuagem dos personagens. Procurei algo que fosse diferente pra tatuar, até achar o desenho perfeito. Eu quis eternizar por ser algo muito nostálgico e por me trazer lembranças boas, em casa, assistindo com minha irmã. Como bom fã de Chaves, achei muito triste saber que não vai mais passar na tevê. É injustiça não ter mais nosso Chavinho para as crianças dessa geração e até para nós, que assistimos quando criança, e ainda achamos muito divertido, mesmo com as piadas repetidas.”

 

O fã de Chaves Rondinelli Benicio
(foto: Arquivo pessoal)

 

Daniella Menezes, 35 anos, microempreendedora

“Meu amor por Chaves teve início na infância, quando passava apenas no SBT. O episódio de Acapulco era quase um evento. Em meio à diversão proporcionada pela série, também é possível extrair filosofias e bons ensinamentos, basta um pouco de atenção e se atentar às lições. Casei com um fã de Chaves, como eu, e tivemos dois filhos, de 4 e 7 anos, que também são fãs e sabem dizer títulos de vários episódios. Na hora de dormir, vamos todos pro quarto com Chaves passando na tevê por meio de uma playlist que montamos no YouTube. A partir da admiração pela produção de Chespirito, criamos uma hamburgueria, em Sobradinho, com a temática e a decoração inspiradas no programa, a Chaves Lanches. A ideia foi do meu marido. Ele queria um tema que tocasse toda família, crianças e pais. O Chaves desenho animado o trouxe para mais perto das crianças da atualidade. Muitos jovens adultos se veem atraídos pelo tema, por serem fãs. Lá, os sanduíches foram batizados com os nomes dos personagens e um painel da vila chama atenção dos clientes.”

 

A fã de Chaves Daniella Menezes com a família no aniversário do filho mais velho
(foto: Arquivo pessoal)

 

*Estagiária sob supervisão de Igor Silveira


Correio Braziliense sábado, 08 de agosto de 2020

BOMBOU NA SEMANA DOS FAMOSOS

Bombou na semana dos famosos: castidade, topless na praia e foto das férias

Sabadão chegou e com ele mais uma chance de aliviar um pouco os problemas da semana e relaxar com um boa e velha fofoquinha

RN
Ronayre Nunes
postado em 08/08/2020 06:00
 
 
 (foto: Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram)
(foto: Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram)

A semana definitivamente não foi fácil, mas nada diz mais "sábado" do que a chance de relaxar um pouco após tanto estresse. E para dar um up no seu findi, o Destaque Pop organizou o melhor resumo das aventuras das celebridades do país. Teve de tudo um pouco: fotos de umas férias bem secretas, um topless despretensioso, votos de castidades e uma resposta bem debochada. Confira:

 

Finalmente fotos

Para os que acompanham esta coluna, a viagem de Anitta para a Croácia foi tópico de várias notas. Agora, entretanto, podemos ver melhor como a musa do funk aproveitou as praias da Europa. A ex-BBB Ariadna Arantes compartilhou nas redes sociais imagens de Anitta toda relaxada só com um biquíni pink. “Acordei hoje morrendo de Saudades meninas…”, comentou Ariadna.

 



O lado ruim da fama

Pois é, parece que a fama tem lado ruim: menos sexo. Pelo menos de acordo com Geisy Arruda. Em entrevista à revista Quem, Geisy comentou que costumava transar muito mais quando era desconhecida, e que já tentou até ir se divertir em um swing, mas que foi descoberta. “Quando eu era anônima, transava muito mais. É a parte ruim da fama. Agora que sou uma pessoa pública e escritora de contos eróticos, seleciono melhor os meus parceiros”, comentou.

 

Castidade

Parece que o apresentador Yudi Tamashiro engatou um novo romance, mas sexo só depois do casamento. Segundo o moço em uma entrevista ao portal Uol, a relação tem bases em preceitos religiosos e cabe aos pombinhos apenas pegar leve na hora do romance: “Bate vontade, mas não pode. A gente acaba não dormindo junto. Estamos namorando, mas quando bate vontade, não saio para orar, não, só saio de perto”.

 

Sem saco

Durante entrevista ao programa Papo de segunda, no GNT, Thammy Miranda deu uma resposta e tanto para explicar o porquê de não se abalar com os ataques transfóbicos que sofreu ao estrelar uma campanha do Dia dos Pais para uma marca de cosméticos. O autor e ator foi assertivo: “não tenho saco para isso”, arrancando risadas com companheiros de programa.

Férias toda leve

Luava Piovani compartilhou com os seguidores do Insta mais um momento todo descontraído das férias em Ibiza, Espanha. Em pé e equilibrada em uma corda, a loira ficou de topless. Na legenda muitas tags positivas para mudar as energias ruins de 2020

 

 


Correio Braziliense sexta, 07 de agosto de 2020

NETFLIX DISPONIBILIZA TERCEIRA E ÚLTIMA TEMPORADA DE THE RAIN

Netflix disponibiliza terceira e última temporada de 'The Rain'

Série da Netflix estreou em 2018 e encerra com seis novos episódios

CB
Correio Braziliense
postado em 06/08/2020 17:29
 (foto: Netflix/ Divulgação)
(foto: Netflix/ Divulgação)

Uma mistura de emoções invade os fãs da série dinamarquesa da Netflix. Uma nova temporada de The rain foi lançada nesta quinta-feira (6/8). Entretanto, esta será a última da produção. Com o total de seis episódios, a terceira temporada encerra a série de ficção científica.

Depois de anos desde que a chuva eliminou a população da Escandinávia, os irmãos Simone, interpretada por Alba August, e Rasmus, interpretado por Lucas Lynggaard, ficam em dúvida sobre o destino da humanidade. O trailer da última temporada coloca em questão o custo a se pagar para deter o vírus, e se o caminho deve ser salvar o mundo ou criar outro.

Com tanta destruição, uma ameaça nova é mostrada no trailer. Aparentemente, os irmãos, além de discordarem, terão que se enfrentar dentro do que parece ser certo e errado para cada um. Entre uma mistura de tensão, aventura e drama, a Netflix manda o recado: “Prepare-se para o fim”.

 Pós-apocalíptico


De autoria de Jannik Tai Mosholt, Esben Toft Jacobsen e Christian Potalivo, a série retrata o cenário pós-apocalíptico, em que um vírus mortal é transmitido pela chuva e dizima a população da Escandinávia. Os irmãos Simone e Rasmus vivem no esconderijo construído pelo o pai, Frederick. Após anos de vivências nele, os dois resolvem sair em busca de sobreviventes e de encontrar alguma forma de viver no mundo.

Estreada em 2018, o elenco conta com Alba August, Lucas Lynggaard, Jessica Dinnage, Lukas Løkken, Mikkel Følsgaard, Angela Bundalovic, Sonny Lindberg, Natalie Madueño entre outros, e conta com o total de vinte episódios, somando todas as temporadas lançadas.


Correio Braziliense quinta, 06 de agosto de 2020

O RAP SEGUE FIRME E FORTE

Jornal Impresso

O rap segue firme e forte
 
Para comemorar o dia nacional do gênero musical, o Correio apresenta a trajetória do hip-hop no DF: das batalhas de rua às casas de show

 

» Lucas Batista*
» Pedro Ibarra*

Publicação: 06/08/2020 04:00

Hungria (Hungria Hip-Hop/Divulgação)  

Hungria

 

 
Viela 17 (Nathalia Millen/Divulgação)  

Viela 17

 

 
Hate Aleatório (Amanda Barros/Divulgação)  

Hate Aleatório

 

 
Vix Russel (Ísis Oliveira/Divulgação)  

Vix Russel

 

 
Tribo da Periferia (Tribo da Periferia/Divulgação)  

Tribo da Periferia

 

 
 
 
O rap e toda cena criada a partir do gênero tem uma importância cultural muito grande para sociedade em geral. Atualmente o estilo se consolidou como uma música de massas e ultrapassou o rock em números de ouvintes pelo mundo. A ascensão deste formato musical é visível também no DF, onde rappers saíram de condições difíceis de apresentar a própria arte nas periferias, para shows em todo o Brasil e no exterior.
 
O estilo comemora hoje o Dia Nacional do Rap. A homenagem foi estabelecida por lei, em 2008, pela Assembleia Legislativa de São Paulo. Ou seja, há 12 anos a data é lembrada, mas o rap tem uma construção muito mais antiga no país.
 
No DF, a situação não é diferente, por mais que seja uma cidade mais nova. Data do final da década de 1980 e início dos anos 1990 o surgimento do movimento hip-hop na cidade. Foi a partir de nomes como Dj Jamaika, Câmbio Negro, Gog, Baseado nas Ruas e Viela 17 que o gênero musical foi recebendo notoriedade.
 
“O rap veio se instalar no Brasil de forma revolucionária, mas não só bastava ter letras e ideias. Para disseminar a cultura, nós precisávamos gravar algo, mas, como o sistema era analógico e caro, e com a cultura sendo oriunda de periferias, tínhamos um impasse financeiro e de conhecimento artístico em geral”, relembra Japão, líder do grupo Viela 17.
 
As batalhas e as festas com hip-hop estavam começando e o público estava se familiarizando com o gênero. Dj Jamaika teve papel importante ao levar a música para as rádios, trazendo nomes de fora, como MV Bill, para a cidade e lançando álbuns, abrindo caminho para que Mcs, incluindo Gog e Câmbio Negro pudessem se aventurar e se notabilizar no estilo. “Não existia o digital, ninguém fazia músicas nesse sistema, aliás nem sonhávamos que um dia existiria um CD. Para gravar um álbum e lançar um LP não era fácil, mas, de tanto persistir, conseguimos”, recorda Japão, que ainda ressalta a influência dos Djs Raffa Santoro e Manomix para o início da carreira.
 
O músico ainda declara que mesmo tendo participado do início do movimento no DF, os músicos seguem ativos até hoje, mostrando a capacidade da arte. “Acredito que todos tiveram conhecimento de nossa existência, não sei se eles encaram como um legado, até porque não estamos mortos, continuamos ativos e trabalhando bastante. Mas, podemos ter contribuído como referência.”
 
Do quadradinho para o mundo
 
Nomes da primeira geração, como o de Gog, receberam notoriedade e ainda continuam na ativa como influência direta para as gerações seguintes. Artistas como Tribo da Perifería, Flora Matos, Froid e Hungria Hip-Hop apresentaram os moldes brasilienses de como fazer rap em escala mundial.
 
“Além da realização pessoal que todo músico tem de mostrar um pouco da sua cidade, sua vida e seu sentimento para o Brasil, para mim, a sensação é de dever cumprido”, afirma Duckjay, do grupo Tribo da Periferia. O rapper se juntou aos ex-integrantes Mano Marley e Alisson para criar o grupo. DJ Bola Tribo e AceDace também tiveram uma trajetória curta pelo grupo. Atualmente, a Tribo, que faz sucesso desde os anos 2000, é formada por Duckjay, Look e pelo DJ Lerym.
“Independentemente da cena, o mais importante é ser referência para molecada da minha quebrada, poder mostrar que a música dá certo porque eles sabem de onde eu vim”, comemora o artista.
 
Outro nome, mais potente de 2010 para cá, é Hungria Hip-Hop. “É totalmente gratificante quando você sai do regional para o nacional. É muito interessante ver que eu fazia shows em Regiões Administrativas, passei a fazer pelo Brasil e cheguei num nível internacional. Fui ao Japão, Europa, Estados Unidos...”, relata Hungria sobre a popularização do rap de Brasília.
 
De olho no futuro
 
Uma nova geração se organiza para assumir, nos próximos anos, o protagonismo da cena hip-hop do DF. Nomes como Vix Russel, Hate Aleatório, Kel, Santzu e Novin Mob vêm ganhando visibilidade e se consolidando aos poucos como promessas não só do gênero, como da música do DF. “Eu enxergo o cenário do DF em crescimento. Há poucos artistas daqui que estão estourados mesmo, mas tende a crescer”, analisa Hate Aleatório.
 
Vix Russel recentemente lançou o EP BB, como prêmio de um concurso que ganhou da marca Red Bull. Ela pretende seguir buscando o espaço das mulheres na cena, assim como fizeram Flora Matos e Realleza. “O espaço das minas está sendo conquistado, estamos fazendo um som muito bom, às vezes melhor do que vários caras, mas a valorização é muito menor e temos que nos esforçar muito mais para conseguir chegar”, explica. “As mulheres estão ocupando esses espaços muito rápido e com muita qualidade, para poder lançar o som delas. O futuro é feminino, tudo só vai melhorar”, completa.
 
Correio no Rap DF
O rapper Japão conta que o jornalista e fotógrafo Wanderlei Pozzebom, que trabalha no Correio por mais de 20 anos, teve papel crucial para o desenvolvimento do cenário hip-hop no Distrito Federal. “Ele nos anos 1990 tirou gratuitamente fotos de quase todas as capas de discos que foram lançadas e ainda rendia matérias no jornal para divulgar o nosso trabalho”, conta o músico.
 
Influência de Ceilândia
Desde o início até os dias atuais, Ceilândia é um celeiro importante para o rap do Distrito Federal. Um dos berços da cena, a região administrativa tem forte apelo como um polo cultural de forma geral e no hip-hop não seria diferente “Ceilândia está aí como um dos maiores centros culturais do Brasil. Não é algo que está começando agora, a gente tem história, temos um legado”, pontua Vix Russel. A cidade é inclusive citada na música Capítulo 4, versículo 3, dos Racionais MC’s.

Correio Braziliense quarta, 05 de agosto de 2020

EXPLOSÕES: TRAGÉDIA EM BEIRUTE

Jornal Impresso

Beirute, zona de desastre
 
Duas explosões matam dezenas de pessoas, ferem milhares e destroem o principal porto do país. Governo revela que 2.750 toneladas de nitrato de amônio, usado em explosivos e fertilizantes, causaram a tragédia. Trump fala em "bomba" e "ataque terríve".

 

Publicação: 05/08/2020 04:00

 

 (Twitter/Reprodução)  

 

 

 

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 (STR/AFP)  

 

 

 

 (Ibrahim Amro/AFP)  

 

 

 

 (Marwan Tahtah/AFP)  
 

 

 

 

» RODRIGO CRAVEIRO

 

O carro em que Hadi Nasrallah, 25 anos, estava se deslocava pela Avenida Shoubek, no centro de Beirute, a 1,6km do porto. No fim da tarde de ontem, ele retornava da casa de amigos, quando visualizou uma coluna de fumaça, pelo vidro traseiro. “As pessoas me disseram tratar-se de uma explosão. Eu me dirigia até meu apartamento, na região sul da capital, a 3km do porto. Às 18h07 (12h07 em Brasília), ao chegar lá, vi um clarão e perdi a audição. Os vidros dos carros e dos prédios ao nosso redor explodiram. Era como uma chuva de vidros, caindo de cada edifício. Tudo se estilhaçava. Foi aterrorizante”, contou ao Correio, por telefone. Vídeos divulgados pelas redes sociais mostram a segunda gigantesca explosão em forma de cogumelo, seguida de violenta onda expansiva que varreu carros e destruiu tudo pela frente. Até o fechamento desta edição, as autoridades do Líbano contabilizavam 78 mortos e cerca de 4 mil feridos.

O Conselho Superior de Defesa libanês declarou Beirute “zona de desastre”. O governo confirmou que 2.750t de nitrato de amônio (substância usada em fertilizantes e explosivos), estocadas no porto, provocaram a catástrofe. “O material estava havia seis anos em um armazém, sem medidas preventivas. Isso é inaceitável”, disse o premiê, Hasan Diab. O presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou que a explosão “parece um ataque terrível”. “Os EUA estão prontos a ajudar o Líbano.” O magnata contou ter recebido de “experts militares” a informação de que o incidente foi causado por “uma bomba de algum tipo”. Minutos depois da tragédia, o governo de Israel apressou-se a negar envolvimento com a explosão e abriu um canal humanitário e diplomático com Beirute. Israel e a milícia xiita libanesa Hezbollah vivem em tensão.

“Uma catástrofe maior atingiu o Líbano”, lamentou o presidente libanês, Michel Aoun, ao abrir a reunião de emergência do Conselho Superior de Defesa — formado ainda pelo primeiro-ministro, Hassan Diab, e pela ministra da Defesa, Zeina Akar. A explosão pôde ser ouvida a 264km, no Chipre, e provocou um terremoto de 3,3 graus de magnitude na escala Richter. As explosões afetaram um navio das Forças Interinas das Nações Unidas no Líbano (Unifil, pela sigla em inglês), ferindo gravemente alguns marinheiros, cujas nacionalidades não foram reveladas. “Estamos com o povo e o governo libanês (...) e dispostos a dar assistência”, acrescentou a Finul.

 Por meio do Twitter, a Marinha do Brasil afirmou que “todos os marinheiros brasileiros componentes da Força-Tarefa Marítima (Unifil) estão bem e não há feridos”. “A Fragata Independência encontra-se operando no mar, normalmente. O navio estava distante do local da explosão”, anunciou.

Hiroshima

“Primeiro, houve um incêndio. Nós escutamos duas explosões. O que vimos era parecido com a bomba nuclear de Hiroshima. Vi uma grande nuvem de fumaça branca e vermelha. Eu estava a 5km do porto, mas meus pais moram a 50km de Beirute e escutaram o estrondo”, relatou à reportagem o executivo Hussein Nasrallah, primo de Hadi. “O medo e a confusão tomaram conta das ruas, depois que sentimos o tremor.” O governador de Beirute, Mawan Abboud, visitou a área afetada e não conteve o choro. “Parece com o que ocorreu no Japão, em Hiroshima e em Nagasaki. Nunca vi uma destruição nesta escala”, desabafou. Filho de uma brasileira, o guia turístico José Jaoude, 40, descreveu ao Correio o que vivenciou no fim da tarde de ontem. “Senti a enorme explosão no meu peito, enquanto a casa tremia por toda a parte. De repente, houve uma segunda explosão”, disse.

O jornalista independente libanês Habib Battah, admitiu ao Correio que teve muita sorte. “Eu tinha passado em frente ao porto 10 minutos antes. Parei em uma farmácia e escutei um estrondo. Olhei para o céu e achei que fosse um bombardeio israelense. Meu corpo se moveu para trás, e uma onda de choque passou por mim. Meu coração disparou. Tive flashbacks sobre atentados que presenciei e me lembrei do assassinato do primeiro-ministro, Rafiq Hariri, em 2005”, comentou. Segundo Battah, milhares de casas perderam as janelas e o porto foi completamente destruído. “Dezenas de armazéns foram nivelados pela explosão. O porto era muito importante para Beirute e para o Líbano — 80% de nossos produtos são importados.”

 Em nota, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro solidarizou-se com o povo e o governo do Líbano, afirmou que acompanha “com atenção” os acontecimentos na cidade e que está pronto para prestar a assistência consular cabível. “Não há, até o momento, notícia de cidadãos brasileiros mortos ou gravemente feridos”, destacou.

 Professor de direito e de relações internacionais pelo IESB, Weber Lima disse não descartar um atentado terrorista, mas acredita mais na tese de um acidente. “O Líbano tem vivido uma instabilidade política, social e econômica. Quando ocorre algo assim, sempre fica a suspeita de ataque. Em nações instáveis, a fiscalização de depósitos e armazéns é muito frágil. O assassinato do ex-primeiro ministro Rafiq Hariri, em 14 de fevereiro de 2005, levanta a suspeita de não ter sido um acidente”, disse ao Correio. Em relação à declaração de Trump, Lima acredita que a “guerra permanente ao terror” colocou em xeque informações difundidas pelos EUA, especialmente no atual governo.

 » Testemunhas

  

“Pensei tratar-se de um ataque israelense, um atentado com carro-bomba ou uma tentativa de assassinato — isso geralmente ocorre no centro de Beirute. A minha impressão é de que não foi um acidente. Nós perdemos gás, eletricidade e água. Estamos perdendo tudo. De repente, perdemos nosso porto durante o colapso econômico. Não é coincidência, algo está acontecendo. Eu não posso imaginar que acabamos de perder o nosso porto mais vital. As próximas semanas serão duras.”

Hadi Nasrallah, 25 anos, ativista, analista independente em Beirute e testemunha da explosão

 

 (Arquivo pessoal
)  

 “Fiquei muito assustado, pois foi tão forte que o meu prédio inteiro tremeu. Pensei que um avião tivesse caído perto. A explosão parecia Hiroshima, de tão forte. Recebi mensagens do Chipre e do norte do Líbano de pessoas que escutaram o estrondo. Infelizmente, tudo o que estava ao redor foi destruído e há muitos mortos e feridos.”

 José Jaoude, 40 anos, guia turístico libanês, filho de brasileira. Mora em Beirute desde 2013 

Em meio ao colapso econômico, à instabilidade na segurança e à pandemia do novo coronavírus, o Líbano foi assombrado, ontem, por cenas que lembraram um bombardeio atômico. Por volta das 18h (12h em Brasília), duas explosões, seguidas de violenta onda de choque, devastaram o principal porto da capital, matando ao menos 78 pessoas e ferindo mais de 4 mil. O governo do país declarou Beirute

 

 


Correio Braziliense terça, 04 de agosto de 2020

RESGATE DA TRADIÇÃO: ESCRITOR E COMPOSITOR NEI LOPES LANÇA LIVRO

Jornal Impresso

Resgate da tradição
 
O escritor e compositor Nei Lopes lança livro em que recupera a história sobre a religião de origem africana Ifá

 

» Lucas Batista*

Publicação: 04/08/2020 04:00

 (Jefferson Mello/Divulgação)  
 
 
Retratar em palavras as infinidades de saberes que compõem o sistema de uma religião. Esse foi o desafio do compositor, cantor, escritor e estudioso das
culturas de matrizes africanas Nei Lopes. O autor lançou em julho a obra Ifá Lucumí: o resgate da tradição que apresenta ao público uma das vertentes de religiosidade africana: o Ifá.
 
Os conhecimentos que compõem o sistema Ifá se concentram nas narrativas dos Odus, signos por meio dos quais o oráculo responde às questões propostas, expressando as possibilidades, presentes ou futuras, da pessoa, circunstância ou situação cujo destino se deseja saber. A tradição iorubá identifica 16 signos principais, cujas combinações se desdobram em 256 odus — cada odu é uma espécie de mapa que reúne um punhado de poemas, histórias e propósitos, indicando caminhos para os indivíduos.
 
Para mostrar ao público toda exuberância dessa expressão religiosa, o autor busca refazer o percurso de Ifá, da África às Américas, e relatar as adaptações que a religião sofreu ao desembarcar no Brasil. Nei Lopes também imerge na tradição cubana lucumí que vem, há 30 anos, ganhando espaço nos terreiros de candomblés no Brasil, criando até tensões com os defensores dos ritos tradicionais.
 
“O objetivo do livro Ifá Lucumí: o resgate da tradição é informar o público interessado sobre uma das mais antigas e prestigiadas formas da religiosidade africana, presente nas Américas desde, pelo menos, o século 19 e hoje expandida, a partir de Cuba, pelos Estados Unidos e pelo Brasil, além de outros países”, explica o autor em entrevista ao Correio.
 
 »  Entrevista  /  Nei Lopes
 
O livro não ensina o Ifá, mas o apresenta. Quais os desafios na hora da escrita para não ser mal interpretado?
O desafio é exatamente quebrar os estereótipos que cercam as religiões de origem africana, quase sempre vistas pejorativamente como “macumba”, “feitiçaria”, “crendice” etc., apenas por não terem por base um livro escrito, como as chamadas abraâmicas (judaísmo, cristianismo e islamismo). Mas a religiosidade de Ifá é, provavelmente, tão antiga quanto a de Cristo e certamente anterior à de Maomé. E, mesmo oralmente, transmite, também, saberes e modos de direcionar a vida. Além disso, Ifá é matéria de ensino universitário na Nigéria e ganhou, em 2008, reconhecimento como um bem intangível do patrimônio do povo iorubá, concedido pela Unesco.
 
Como foi a investigação para conseguir escrever o livro?
A oralidade é muito importante e eu ouvi pessoas importantes, inclusive, os primeiros babalaôs aqui chegados nos anos 1990, já falecidos mas a tempo de fazerem sucessores. Mas, existe uma boa bibliografia a respeito, em inglês, francês e espanhol, encabeçada por autores como o nigeriano Wande Abombola, professor da Universidade de Ifé, o antropólogo norte-americano William Bascom, o francês Bernard Maupoil e alguns ilustres acadêmicos cubanos.
 
O senhor deu um intervalo nos lançamentos musicais e investiu mais tempo nos livros. Pretende voltar a lançar canções? Há algum lançamento por vir?
O mercado musical no Brasil segue a tendência internacional do imediatismo, da música de sucesso fácil. Até algum tempo atrás, a música tinha que vender, sim, mas a qualidade também era importante. Hoje, a música é a própria mercadoria, então o mais importante nela é o retorno financeiro. Apesar disso, tenho gravado algumas coisas, com intérpretes como Zé Renato, Fabiana Cozza, Alfredo Del-Penho e composto com ótimos jovens instrumentistas, como PC Castilho, Fred Camacho, Everson Pessoa, Marcelo Menezes e outros, com marca de qualidade e bom gosto. Tenho pronto um CD, produzido pelo vibrafonista, arranjador e regente paulistano Guga Stroeter, com a orquestra Projeto Coisa Fina, liderada por ele. É um disco intitulado Pagode black-tie, por ironia mesmo, com sucessos das rodas dos anos 1980 e 1990, só que com arranjos orquestrais sofisticados. Como o bom samba sempre usou e mereceu.
 
Em fevereiro, o senhor adiantou que lançaria o segundo volume de Dicionário de História da África. O que ele trará de novo em relação ao primeiro volume?
O primeiro volume aborda o período do século 7 ao 16 e este agora completa a história, do século 16 ao 19. É o período crucial do tráfico de escravos.
 
Entre os lançamentos de Afro — Brasil Reluzente: 100 personalidades notáveis do século XX e Ifá Lucumí — O resgate da tradição, o Brasil entrou em colapso. Como o senhor tem encarado esse tempo de pandemia? E como enxerga a forma que o Brasil está enfrentando o vírus?
Eu e o meu trabalho, felizmente, não entramos em colapso. O atual governo do país é que meteu os pés pelas mãos, politizando a tragédia e só visando as eleições de 2022. Aí, deu no que deu. Lamentavelmente.
 
Imagino que, para um curioso investigador, ficar em casa a todo tempo não seja uma tarefa fácil. O que lhe  faz espairecer? 
Um “curioso investigador” não sendo de polícia (risos), tem o isolamento como ambiente ideal. A pesquisa intelectual se faz principalmente com livros. E eu tenho ao meu dispor quase todos os que me interessam
 
Outro mal, que não é de hoje, voltou a ser pauta no mundo: o racismo. Qual a importância de levantar essa pauta novamente? De que maneira a arte e a literatura podem contribuir para que tenhamos uma sociedade mais informada e com menos preconceitos?
Desde meu primeiro samba, gravado em 1972, e de meu primeiro livro, publicado em 1981, eu abordo o racismo brasileiro em todo o meu trabalho, em todas as formas: canções, poemas, ensaios, romances, contos e dicionários. Essa é a minha contribuição nesta luta árdua, cada vez mais difícil. Cada um luta com as armas ao seu alcance.
 
Como o senhor analisa esses movimentos que surgiram nas redes sociais? É algo que realmente contribui na luta antirracista?
Todas as verdadeiras revoluções ocorridas no mundo começaram com movimentos. Mobilizações populares contra o racismo não vêm de hoje, nem no Brasil, nem nos Estados Unidos nem na África. Em nosso país, luta-se abertamente contra o racismo pelo menos desde o século 17, como foi em Palmares; mais tarde com a Revolução dos Alfaiates (1798) e a Revolta dos Malês (1835); com a criação da Frente Negra Brasileira na década de 1930; com a reorganização do Movimento Negro na década de 1970. Nada disso foi “fogo de palha”. Hoje, temos as redes sociais, como um meio de difusão de ideias eficientíssimo. Elas certamente têm, hoje um papel importante em nossas decisões; e devem ser decisivas nas próximas eleições. Desde que convenientemente “sanitizadas”, descontaminadas dos vírus da mentira e da falsificação criminosa.
 
*Estagiário sob supervisão de Igor Silveira
 
 
“Desde meu primeiro samba, gravado em 1972, e de meu primeiro livro, publicado em 1981, eu abordo o racismo brasileiro em todo o meu trabalho, em todas as formas: canções, poemas, ensaios, romances, contos e dicionários. Essa é a minha contribuição nesta luta árdua, cada vez mais difícil. Cada um luta com as armas ao seu alcance.”
 
 (Pallas Editora/Reprodução)  
Ifá Lucumí: o resgate da tradição
 
Livro de Nei Lopes que apresenta ao público a religião do ifá. Pallas Editora, 224 páginas. Preço: R$ 49 (impresso), R$ 35,90 (e-book).
 

Correio Braziliense segunda, 03 de agosto de 2020

SEU JORGE E ROGÊ: RESGATE E VALORIZAÇÃO DA BRASILIDADE

Jornal Impresso

Resgate e valorização da brasilidade
 
Seu Jorge e Rogê lançam disco em que olham para o Brasil. Ao Correio, intérprete de Burguesinha fala sobre visão do país lá fora: "É uma contradição estarmos assim diante de toda a história de um povo admirável"

 

Adriana Izel

Publicação: 03/08/2020 04:00

No álbum, os músicos celebram a sonoridade brasileira, com influência evidente do samba (Elaine Groenestein/Divulgação)  

No álbum, os músicos celebram a sonoridade brasileira, com influência evidente do samba

 

 
Apesar de ser sido gravado em quatro dias na Europa e de ter um título em inglês, o álbum Night Dreamer direct-to-disc, disco em parceria entre os cantores e compositores Seu Jorge e Rogê lançado neste ano, celebra o Brasil, tanto em sonoridade, quanto em letra. Isso perpassa por todas as sete faixas, que bebem da influência do samba, do violão de Baden Powell e dos batuques característicos principalmente do Rio de Janeiro e de Salvador, mas fica ainda mais evidente em Meu Brasil, em que a dupla canta o orgulho tupiniquim: “Meu Brasil/Mora dentro do meu violão/É a força da sua canção/É o batuque do seu candomblé/Meu Brasil/É mistura de raça e de cor/Soberano e não perde o valor/É o samba com a bola no pé/[...] Meu Brasil/Dona Ivone, Anastácia e Pelé/Marielle é a voz da mulher/Bossa Nova na voz de João/Natureza de fauna e de flor/E não cabe em mim esse amor/Meu Brasil de Garrincha e Pelé”.
 
Ambos têm trajetória fora do país. Rogê mora em Los Angeles há algum tempo e Seu Jorge costumava viver em ponte aérea antes da pandemia. E foi exatamente a experiência externa que os fez celebrar, mesmo que de forma não necessariamente pensada, o Brasil. O disco é, também, um resgate das coisas boas do brasileiro em meio a momentos tão complicados internamente e também na visão do país para o mundo, como o impedimento da entrada de brasileiros enquanto a covid-19 cresce por aqui.
 
“Viajei e viajo o mundo inteiro. É curioso mesmo como o mundo torce para o brasileiro, como não vejo acontecer por ninguém mais. É impressionante. Acho que nós cultivamos uma coisa no passado, que está muito desfocada hoje e que não conseguimos mais ver, mas que deu muito certo. As expressões brasileiras, a música, o cinema, o futebol, o carnaval... Além de sermos um país gigantesco, de terra fértil, continental. O Brasil sempre teve essa simpatia para o mundo. Mas, agora, o Brasil está cancelado. E a gente torce e espera por dias melhores. É uma contradição estarmos assim diante de toda a história de um povo admirável”, avalia Seu Jorge em entrevista por videoconferência ao Correio.
 
Para Rogê, o Brasil é uma espécie de marca internacionalmente e, por isso, deve ser valorizado, que é o que eles fazem no material. “(Morando fora) Foi quando me senti mais brasileiro. Poucos países têm essa força de marca como o Brasil tem, com música e artes super-reconhecidas fora, como é o caso do samba que fazemos no disco, mesmo que não seja o samba propriamente dito. Acho que a gente falou muito disso (no álbum), desse Brasil vitorioso, numa coisa meio saudosista, mas, porque, a gente acredita no Brasil”, completa.
 
Seu Jorge diz, também, que acha que as discussões atuais sobre racismo e questões humanitárias estão latentes na história da música brasileira, o que torna o disco relacionável. “A música faz com que a gente busque algum sentido na vida. Agora, no momento, se tem uma revolta contra o racismo e a violência policial contra o povo negro, a luta por justiça e, automaticamente, com a pandemia, reacende a discussão maior do mundo: a humanitária. E muitos do que absorvem o sentimento da música brasileira têm essa curiosidade sobre essa nossa luta para sobreviver. Conhecemos a alegria de alguma forma, com ou sem dinheiro. É aquele negócio do jeitinho brasileiro, que é aquilo que é dado quando não se tem mais jeito. Então, é um lugar muito interessante de se investigar”, acrescenta.
 
Amizade
 
Lançado oficialmente em janeiro, o disco ganhou, na última quinta-feira, um clipe da faixa preferida dos artistas: Pra você, amigo, feito em realidade virtual com direção de Mariana Jorge e participação de nomes como Caetano Veloso, Marisa Monte, Chico César e Jhonny Hooker. Para os dois, a escolha é simples. A canção define a parceria que existe há 30 anos, tanto na vida pessoal, quanto profissional. Seu Jorge diz que juntos são como “Bebeto e Romário, nunca perderam um jogo pela Seleção”, em referência a antigas parcerias como no álbum Músicas para churrasco, volume 1, que conquistou o Grammy Latino em 2012 e tinha ainda nomes como Pretinho da Serrinha, que está de volta em Night Dreamer direct-to-disc.
 
“A gente já tinha essa vontade de fazer (um disco junto). Somos uma família acima de tudo, que é um conceito bonito. É essa sinergia que nos move. Dito isso, não tinha como não fazermos algo juntos nessa área. A música é a coisa mais fácil. O mais complicado é manter tudo isso, é ser amigo”, explica Seu Jorge.
 
De acordo com ele, essa proximidade entre eles facilita, inclusive, o processo de trabalho. “Quando se tem amizade e respeito, fica mais fácil, porque se eliminam algumas coisas, algumas sutilezas, formalidades, que fazem um processo e uma parceria mais lentos. A gente se conhece, evita caminhos que o outro não gosta. Acho que o nosso sucesso tem a ver com a franqueza, com sermos sincerões ponto com”, completa.
 
Rogê reforça que essa relação é a fórmula do sucesso entre eles. “Isso que faz termos um montão de sucessos. É um prazer fazer música juntos. Foi assim nesse disco, já tínhamos essa intimidade, essa habilidade e essa prática”, avalia, citando a boa repercussão que o material teve fora do Brasil, onde a dupla chegou a fazer três shows esgotados antes da pandemia, em locais como Nova York e Washington.
 
Mundo atual
 
A turnê foi paralisada e segue sem previsão de voltar. “Nos pegou de calças curtas. Mas, com todas essas novidades, as vacinas que estão chegando... Em mim, algo se acende de esperança de que as coisas logo vão se normalizar. Mas temos que ter muito cuidado e atenção para não nos precipitarmos. Claro que dá ansiedade de ver o público logo. Mas, a gente tem que entender esse processo e aguardar”, comenta Seu Jorge, que tem apostado nas lives.
 
“A live foi um fenômeno interessante aqui no Brasil. De alguma maneira, o brasileiro sabia que íamos demorar para voltar. Fiz duas que me orgulho muito: uma com Daniel Jobim e outra com os irmãos Pires. Teve o projeto Frente a frente, que foi algo muito legal e uma superoportunidade de homenagear os profissionais da saúde”, lembra.
 
Além dos shows, Seu Jorge teve impacto na agenda de gravações da série Irmandade, da Netflix. O cantor e ator já estava caracterizado e feito uma pré-produção, mas as filmagens da segunda temporada foram adiadas e, de acordo com ele, tudo deve ficar para apenas 2021, quando Seu Jorge e Rogê também devem pensar sobre a retomada da turnê. 
 
 
 ( Night Dreamer Records/Reprodução)  
 
Night Dreamer direct-to-disc
De Seu Jorge e Rogê. Night Dreamer, 7 faixas. Disponível nas plataformas digitais

Correio Braziliense domingo, 02 de agosto de 2020

TESTE DE VACINA COMEÇA NESTA SEMANA

Jornal Impresso

COVID-19

Teste de vacina começa nesta semana
 
Nesse primeiro momento, dez profissionais da saúde que trabalham com pacientes contaminados poderão se voluntariar para ensaio clínico da imunização contra a covid-19, que começa quarta-feira, na UnB: outros serão selecionados nos próximos dias para participar

 


ALAN RIOS

Publicação: 02/08/2020 04:00

Um total de 850 pessoas deve participar da testagem no DF: todos precisam trabalhar na linha de frente da luta contra a covid-19 (Instituto Butantan/Divulgação)  

Um total de 850 pessoas deve participar da testagem no DF: todos precisam trabalhar na linha de frente da luta contra a covid-19

 

 
Profissionais da saúde do Distrito Federal serão  voluntários de testes de uma vacina contra a covid-19. Os ensaios começam nesta semana, com a inscrição dos participantes e a primeira etapa da vacinação, marcada para quarta-feira. Especialistas que pesquisam a imunização definiram os resultados iniciais da vacina como “promissores”. O projeto é coordenado pelo Instituto Butantan, de São Paulo, e será realizado pela Universidade de Brasília (UnB), que montou uma estrutura no Hospital Universitário de Brasília (HUB) para a realização da pesquisa. Uma equipe multiprofissional também foi preparada para atendimento dos voluntários. O objetivo é vacinar de 20 a 40 pessoas por dia, após a primeira semana, até alcançar a meta de aproximadamente 850 participantes. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já emitiu a autorização para os estudos.
 
“Essa é a fase 3 dos testes, em que vamos aferir a precisão, a eficácia e a segurança da vacina. As duas primeiras etapas definiram que o medicamento produz efeito imunológico adequado e que há possibilidade de testar em humanos, pois a relação entre riscos e benefícios foi entendida como positiva e promissora”, detalhou Gustavo Romero, coordenador do estudo e pesquisador do Núcleo de Medicina Tropical da Universidade de Brasília (UnB). A vacina é produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac Biotech e será testada em profissionais que atendam pacientes com o novo coronavírus. Também há estudos de uma vacina da Universidade de Oxford sendo conduzidos na mesma fase de testes em outras unidades da federação.
 
Entre os critérios de participação como voluntário da pesquisa estão: não ter sido contaminado com a doença, apresentar boas condições de saúde e ter disponibilidade para realizar o acompanhamento periódico por um ano após a vacinação. Serão aplicadas duas doses em um intervalo de 14 dias. Para melhor visualização dos resultados, metade dos voluntários vai receber placebo e a outra metade, a medicação. “Se tudo der certo nessa fase, ela está pronta para registro e comercialização. Há uma ansiedade muito grande da comunidade científica, da população e da mídia em saber a previsão de data de quando ela estará disponível, mas ainda é cedo para dizer isso”, explica Gustavo.
 
O médico lembra que todos os esforços estão sendo realizados para concluir os ensaios com sucesso o quanto antes, e que é um momento de contribuição de todos no combate à covid-19. “É importante lembrar que o que nós temos hoje como ferramenta mais poderosa contra o vírus é a redução do contato físico e da circulação de pessoas. Se todo mundo tiver responsabilidade e começar a aplicar isso, teremos mais tempo para que as soluções sejam desenvolvidas, com menos danos da doença à sociedade”, ressalta Gustavo.
 
Boletim
 
A notícia do início dos testes em humanos da vacina contra o novo coronavírus chega em um período em que o Distrito Federal enfrenta os números mais preocupantes da doença. A capital está no pico da pandemia e registrou, ontem, mais 21 mortes em decorrência da covid-19, chegando a 1.352 óbitos de residentes no DF. Ao todo, o DF tem 107.922 casos de contaminação, 1.630 novos em relação ao boletim de sexta-feira. A taxa de letalidade — total de pessoas que morreram dividido pelo número de infectados — aumentou na comparação com o começo de julho. Naquele mês, a taxa chegou a 1,2%. Neste momento, o índice é de 1,4%. A região administrativa com mais casos ainda é Ceilândia, com 13.402 contaminações e 303 mortes.
 
Colaborou Jéssica Eufrásio
 
 
 
Comemoração reúne 50 pessoas
Um almoço de casamento em um restaurante da 104 Sul foi alvo de críticas de moradores da quadra, ontem. O Correio recebeu imagens de um evento que ocorreu no Toro Parrilla. Vídeos mostram dezenas de pessoas reunidas, várias sem máscara, durante a comemoração. No paletó de dois participantes, havia insígnias da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), e um dos convidados tinha um quepe da corporação em mãos. O chef de cozinha do Toro, Hélio Rodrigues, confirmou o casamento, mas disse que as medidas de distanciamento foram respeitadas. A PMDF não se posicionou até o fechamento desta edição.

Correio Braziliense sábado, 01 de agosto de 2020

ESTACIONAMENTO PAGO: DISCUSSÃO SOBRE COBRANÇA AVANÇA

Jornal Impresso

Discussão sobre cobrança avança
 
 
O projeto Zona Verde prevê tarifa de até R$ 5 para quem estacionar veículos em áreas de Brasília. Ontem, a medida foi tema de audiência pública e será apresentada, na próxima semana, para procuradores do MPDFT e para deputados distritais

 

» WALDER GALVÃO
» ALAN RIOS

Publicação: 01/08/2020 04:00

Para Waleska Loureiro, a proposta vai impactar nas despesas do brasiliense:  

Para Waleska Loureiro, a proposta vai impactar nas despesas do brasiliense: "É capaz que fique mais caro que uma visita ao shopping"

 



A cobrança em estacionamentos públicos no Plano Piloto caminha para tornar-se realidade na capital. O projeto, de autoria do Governo do Distrito Federal (GDF), passou por audiência pública on-line, na manhã de ontem, conduzida pelo próprio Executivo local. Os principais objetivos da medida são incentivar o uso do transporte público e desafogar os pontos de aglomerações de veículos. A proposta será avaliada pelo Legislativo, Tribunal de Contas (TCDF) e Controladoria-Geral do DF (CGDF), antes da publicação do edital de licitação, que segue sem previsão. Apesar da fase inicial, a possibilidade de cobrança de tarifa gera controvérsia entre os brasilienses, que divergem de opinião sobre o tema.

O projeto, batizado de Zona Verde e conduzido pela Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob), divide os estacionamentos do centro da capital em quatro grupos e estabelece um valor, de até R$ 5, para cada um deles. Além disso, os pontos terão regras específicas, como a duração de permanência dos veículos (veja Detalhes). Uma empresa privada será responsável pela implementação do sistema, e a estimativa da pasta é de que todos os ajustes para que a tarifa comece a ser cobrada fiquem prontos em três anos.

Ontem, durante a audiência pública, representantes da Semob apresentaram o plano de execução da Zona Verde. No período de implementação, serão investidos R$ 300 milhões pela concessionária. O montante será utilizado para a criação das zonas, compra de equipamentos, pintura e revitalização de alguns trechos. A outorga inicial será de R$ 785,8 milhões. A expectativa é de que, após entrar em funcionamento, o projeto gere R$ 250 milhões. O contrato com a empresa vencedora da licitação será de 30 anos, sem possibilidade de prorrogação. Além disso, a ganhadora pagará taxas de fiscalização e cederá 20% das receitas não-tarifárias ao Poder Público.

De acordo com o secretário executivo de Mobilidade, Luiz Felipe Carvalho, após a audiência pública, o projeto será discutido com outros órgãos da capital. “Agendamos uma reunião com procuradores do MPDFT (Ministério Público do Distrito Federal e Territórios) na quarta-feira. Na semana que vem, vamos fazer uma apresentação para todos deputados distritais e estamos marcando com a bancada federal do DF. Nossa intenção é receber o maior número de contribuições”, frisa.

Ao Correio, a Semob informou, por meio de nota oficial, que o projeto faz parte de uma proposta mais ampla de melhoria do sistema de transporte da capital. Entre as medidas, estão a implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), a modernização e aumento da capacidade do metrô, a reforma da Rodoviária do Plano Piloto, obras de construção, reforma ou revitalização de calçadas, estacionamento e ciclovias. A pasta esclareceu que não há data para a licitação da Zona Verde.

Isabela Souto espera que a Zona Verde se reverta em benefícios para o DF  

Isabela Souto espera que a Zona Verde se reverta em benefícios para o DF

 


Investimento

O professor de engenharia de tráfego da Universidade de Brasília (UnB) Paulo Cesar Marques explica que o projeto é necessário no Distrito Federal, entretanto, precisa de ampla discussão, antes que possa sair do papel. “A reação tem sido muito negativa da população. Isso mostra que é preciso que o tema seja debatido com muito tempo. A proposta precisa de um período de maturação”, reforça. De acordo com ele, a essência da Zona Verde é positiva: cobrar por um espaço público, que é usado como privado.

O estudioso ressalta que o transporte público de Brasília não é de boa qualidade, comparado com outros países. Segundo Paulo, o ideal seria que o dinheiro arrecadado com a cobrança em estacionamentos fosse revertido em investimento na mobilidade urbana da capital. “O dinheiro não deveria ser usado para outra coisa. O projeto, entretanto, será conduzido por uma empresa privada, que fica com a maior parte do recursos”, critica.

Para o especialista, a população deve ter o sentimento de responsabilização pelo espaço ocupado pelo próprio veículo. “Só porque tenho carro, não quer dizer que posso usar o espaço público de graça”, argumenta. Paulo, entretanto, avalia que o momento pode não ser o ideal para a discussão. “Devido à pandemia, o transporte público, por conta de condições, como a lotação, apresenta um grande fator de risco. É necessário que se mostre as vantagens do projeto para ganhar o apoio da sociedade. Agora, o governo precisa aproveitar a ideia, pensar em prazos que sejam razoáveis e debatê-la profundamente”, aconselhou.

Debate


Entre os brasilienses, a possibilidade da cobrança de tarifas em estacionamentos públicos gerou divergência de opiniões. A estudante Isabela Souto, 21 anos, afirma que, se a taxa implicar em melhoria para a cidade, a proposta pode ser positiva. “O ideal é, a partir da arrecadação, trazer pistas e estacionamentos melhores, com mais segurança, além de investir no transporte público. Caso siga essa linha, será uma ideia boa”, destacou. A moradora da Asa Norte considera que há pouca oferta de coletivos no Distrito Federal.

Por outro lado, a servidora pública Waleska Loureiro, 32, diz que a cobrança vai fazer diferença no bolso do brasiliense. “Vão ser mais de R$ 10 por dia e, ainda, tem os custos com a gasolina. É capaz que fique mais caro que uma visita ao shopping”, protesta. Entretanto, a moradora de Águas Claras reconhece que, se ocorrerem melhorias na segurança e na infraestrutura da cidade, a medida pode ser válida. “Trabalho no Setor de Autarquias e enfrento muitos problemas de estacionamento”, lamenta.


Tombamento protegido
A Secretaria de Transporte e Mobilidade do Distrito Federal (Semob) garantiu que a empresa responsável pelas obras da Zona Verde deverá respeitar o tombamento de Brasília. Ao Correio, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) informou que a instalação de parquímetros, por exemplo, como elemento mobiliário urbano, não fere o tombamento. Entretanto, a entidade ressaltou que “será necessário analisar, oportunamente, as repercussões que esta ação pode gerar no sistema viário existente”.

Correio Braziliense sexta, 31 de julho de 2020

QUEDA DE HELICÓPTERO - TRIPULANTE SOBREVIVEM A DESASTRE

Jornal Impresso

Tripulantes sobrevivem a desastre
 
Helicóptero do Corpo de Bombeiros perde o controle, atinge prédio desativado de faculdade e cai no estacionamento da instituição. Queda assustou moradores e trabalhadores de Vicente Pires. Das cinco pessoas que estavam na aeronave, apenas o piloto se feriu

 

ALAN RIOS

Publicação: 31/07/2020 04:00

Bombeiros isolaram o local da queda e jogaram espuma sobre o combustível que vazou do helicóptero para evitar o risco de explosão (Ed Alves/CB/D.A Press)  

Bombeiros isolaram o local da queda e jogaram espuma sobre o combustível que vazou do helicóptero para evitar o risco de explosão

 

 
Cinco socorristas viveram momentos de pânico quando se preparavam para atender a uma vítima de parada cardíaca, na manhã de ontem, em Vicente Pires. Três militares do Corpo de Bombeiros, um médico e uma enfermeira do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegavam à Rua 4 em um helicóptero, para dar suporte ao atendimento de uma ambulância, quando o piloto perdeu o controle da aeronave, e ela caiu. O acidente aconteceu no estacionamento de uma faculdade privada que está desativada. Vídeos gravados por servidores da Unidade Básica de Saúde (UBS) 1, que fica ao lado do local, mostram que a hélice do helicóptero colidiu com uma parede da instituição. Apesar do susto, ninguém sofreu ferimentos graves.
 
Todos os tripulantes foram encaminhados a hospitais para exames. Eles estavam conscientes e quatro não apresentavam lesões aparentes. Somente o médico do Samu, levado a uma unidade de saúde particular, sofreu um corte leve na testa. “O helicóptero estava em procedimento de pouso para atendimento da ocorrência de parada cardíaca quando o fato aconteceu. Nossas equipes realizaram o socorro, e não houve lesões a civis ou grandes danos à estrutura da faculdade. Houve, apenas, o choque com a lateral da instituição, mas sem gravidade”, detalhou o coronel Cláudio Faria Barcelos. O militar acrescentou que fotos, vídeos e depoimentos foram colhidos para entender o que ocasionou a queda.
 
A vítima de parada cardíaca que aguardava socorro foi atendida pela ambulância, que já estava no local. Após o acidente, os militares isolaram a região para contenção de um possível foco de incêndio, pois uma quantidade significativa de gasolina foi derramada. Os bombeiros utilizaram uma espuma específica para esses cenários, que resfria e cobre o combustível, evitando o risco de explosões. A Defesa Civil também atuou no caso, realizando uma inspeção no prédio desativado. “De início, nosso trabalho foi garantir a segurança da população. Realizamos uma avaliação na edificação e percebemos que não há risco de desabamento. Depois, demos apoio ao Corpo de Bombeiros para retirada da aeronave”, explicou o coronel Alan Araújo. O helicóptero foi levado para o Batalhão do Corpo de Bombeiros Militar de Águas Claras.
 
Nuvem de poeira
Quem presenciou a queda relata a tensão do acidente. Wellington Silva, 40 anos, trabalha em uma gráfica a poucos metros do estacionamento. Por volta das 7h, ele estacionou no local e começou o serviço. Às 10h, ouviu um barulho muito forte. “Saí da gráfica correndo e vi aquela nuvem de poeira e o helicóptero, caído em cima do meu carro. Os bombeiros que estavam dentro da aeronave correram para uma marquise ali perto, e os outros que estavam na ambulância começaram a pedir para a gente sair, porque tinha risco de incêndio”, relatou o designer.
 
As primeiras preocupações de Wellington foram quanto às vidas dos tripulantes. “Foi algo assustador, dei graças a Deus quando vi que ninguém se machucou. Também lembrei que esse lugar era uma escola ano passado e fiquei imaginando que a queda tinha acontecido no horário que costumava ser o intervalo. Isso tudo passa pela cabeça”, diz. Ele conta que o estacionamento costuma receber pousos de helicópteros dos bombeiros, e que nunca havia testemunhado algo igual. “Agora, vou respirar um pouco depois de tudo que aconteceu. Fico triste, porque o meu carro tinha acabado de sair da oficina, gastei mais de R$ 3 mil com suspensão e pintura, e não tenho seguro. Mas, vamos ver como vai ser para reparar esses danos materiais”, lamenta.
 
Luiz Augusto Barros, 22,  estava perto do local do acidente e viu o momento exato da queda do helicóptero. “Nunca passei um susto tão grande. Fiquei tremendo”, desabafa o lavador de carros. Ele conta que estava trabalhando, pela manhã, quando viu a primeira viatura da corporação chegar, para avaliar o espaço para o pouso. “Eles ficaram sobrevoando e, depois, foram pousar, mas aí ouvi um estouro grande e subiu muita poeira. Nessa hora, vazou muito combustível e os bombeiros pediram para que a gente se afastasse. Foi um nervosismo grande”, detalha Luiz.
 
Perícia
A dinâmica do acidente será esclarecida após o resultado da perícia. Equipes do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) realizaram coletas de dados no local. “O começo do processo de investigação é fotografar cenas, retirar partes da aeronave para análise, reunir documentos e ouvir relatos de pessoas que possam ter observado a sequência de eventos”, informou o Cenipa, em nota oficial. Diversos vídeos foram gravados pela população. Essas imagens podem ajudar a elucidar o caso. “O objetivo da investigação é prevenir que novos acidentes com características semelhantes ocorram. A necessidade de descobrir todos os fatores contribuintes garante a liberdade de tempo para a apuração. A conclusão de qualquer investigação conduzida pelo Cenipa terá o menor prazo possível, dependendo, sempre, da complexidade do acidente”, finalizou o texto.
 
 
 
 
 
Memória
 
Três mortos
Em 2007, três militares do Corpo de Bombeiros morreram após a queda de um helicóptero da corporação. A tragédia aconteceu durante operação de remoção de um corpo em uma usina de lixo, no P Sul, em Ceilândia. Na ocasião, o Governo do Distrito Federal decretou luto oficial, de três dias, pelas mortes de Luiz Henrique Andrade, José Frederico Assunção e Lélio Antunes da Rocha.

Correio Braziliense quinta, 30 de julho de 2020

COBRA NAJA: PRESO PEDRO HENRIQUE, SUSPEITO SOB INVESTIGAÇÃO

Jornal Impresso

Preso sob suspeita de tráfico
 
Pedro Henrique Lehmkuhl, o jovem picado por uma naja, foi detido por suposto envolvimento em associação criminosa de venda de animais exóticos e silvestres. Ministério Público afirma que ele exercia medicina veterinária ilegalmente

 

» DARCIANNE DIOGO

Publicação: 30/07/2020 04:00

Pedro Henrique está preso, temporariamente, na Divisão de Controle e Custódia de Presos (DCCP), onde deve ficar, pelo menos, até domingo (Ed Alves/CB/D.A Press)  

Pedro Henrique está preso, temporariamente, na Divisão de Controle e Custódia de Presos (DCCP), onde deve ficar, pelo menos, até domingo

 

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) finalizou mais uma etapa da operação que ganhou repercussão em todo o Brasil. Na manhã de ontem, Pedro Henrique dos Santos Krambeck Lehmkuhl, de 22 anos, picado por uma naja kaouthia, em 7 de julho, foi preso no apartamento onde reside com a família, no Guará 2. O estudante de medicina veterinária é investigado por integrar um esquema internacional de tráfico de animais exóticos e silvestres. O amigo dele Gabriel Ribeiro de Moura, 22, também está detido por tentar ocultar provas e atrapalhar as diligências. Os dois estão presos, temporariamente, na Divisão de Controle e Custódia de Presos (DCCP) na Carceragem da PCDF. 
 
O suspeito chegou a ficar internado na unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital Maria Auxiliadora, no Gama. Ele recebeu soro antiofídico do Instituto Butantan, em São Paulo, por causa da picada da naja — uma das cobras mais venenosas do mundo, originária da Ásia. Relatórios obtidos pelo Correio revelam que, supostamente, Gabriel estava com o jovem no dia do ocorrido e que, após o incidente, teria tentado ocultar outras 16 serpentes, que pertencem a Pedro Henrique, no Núcleo Rural de Planaltina, incluindo a naja. Câmeras de segurança do condomínio onde o estudante mora também registraram o momento em que o padrasto dele, o tenente-coronel da Polícia Militar Clóvis Eduardo Condi deixa o local carregando algumas caixas de cobras. Há suspeita de que o militar possa estar envolvido com o grupo que vende animais exóticos e silvestres. 
 
Após receber alta em 13 de julho, Pedro Krambeck não prestou depoimento à polícia, pois estava de atestado médico. A previsão era de que ele comparecesse à delegacia apenas no início de agosto. Contudo, a 1ª Vara Criminal do Gama expediu o mandado de prisão temporária. A Justiça constatou indícios de que o estudante e outros investigados formariam uma associação criminosa responsável, entre outras condutas, pela destruição de provas relacionadas aos crimes ambientais apurados pela autoridade policial. Pedro chegou a receber multa do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) em R$ 61 mil por criar ilegalmente animais exóticos, por maus-tratos e por dificultar a fiscalização da polícia. 
 
Ofensas
Uma equipe do Instituto de Medicina Legal (IML) acompanhou a operação da 14ª DP para verificar o estado de saúde do acusado. Ao chegar na delegacia, Pedro demonstrou irritação com os profissionais da imprensa e reproduziu um gesto obsceno aos jornalistas. Ele assinou um termo circunstanciado de ocorrência pelo ato. O jovem permaneceu por mais de duas horas na unidade policial, mas não prestou depoimento. O advogado de defesa esteve no local, mas preferiu não se manifestar. 
 
Por volta das 12h de ontem, Pedro foi transferido à DCCP, onde ficará, pelo menos, até domingo — prazo da prisão temporária. A Justiça pode, no entanto, pedir a prorrogação da prisão temporária e, inclusive, convertê-la em preventiva. Caso isso ocorra, o estudante será encaminhado ao Complexo Penitenciário da Papuda, onde ficará lotado, por 14 dias, no Centro de Detenção de Provisória II (CDP II), unidade onde os detentos recém-chegados ficam para o cumprimento da quarentena.
 
Atuação ilegal
A Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente e Patrimônio Cultural (Prodema), do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), se manifestou a favor da prisão de Pedro Henrique Krambeck. Segundo os promotores, além da suspeita de participação do jovem em esquema criminoso de tráfico de animais silvestres e exóticos, ele também estaria exercendo ilegalmente a atividade de medicina veterinária.
 
 Em informações divulgadas pelo MPDFT, o estudante aparece em vídeos e em fotos realizando procedimento cirúrgico em uma serpente. O órgão explica que tem acompanhado de perto o inquérito policial no qual teve acesso a elementos-chaves da investigação. 
 
Procurada pelo Correio, o Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos (Uniceplac), instituição onde Pedro estuda, informou que criará uma comissão interna para apurar o suposto envolvimento dele no esquema internacional de tráfico de animais exóticos e silvestres. A faculdade esclareceu, ainda, que a “a Uniceplac e a coordenação do curso de medicina veterinária não tinham conhecimento da posse ilegal de serpentes ou de quaisquer outros animais silvestres entre alunos”. 
 
Em um documento obtido pelo Correio, uma testemunha  da faculdade afirmou, em depoimento aos policiais, que Pedro Henrique comprava e vendia animais exóticos desde 2019. Nas redes sociais, o jovem exibia as serpentes em fotos, incluindo a naja. Em uma das publicações, o suspeito chegou a escrever: “Dinheiro bem gasto é na compra de répteis”.

Correio Braziliense quarta, 29 de julho de 2020

RENATO BARROS SE ENCANTOU: O LÍDER DOS BLUE CAPS PARTIU ONTEM, 28 DE JULHO, AOS 76 ANOS DE IDADE

Jornal Impresso

Uma triste despedida
 
 
O mundo da música e do jornalismo esportivo perdeu dois grandes nomes. Renato Barros, da clássica banda Renato e seus Blue Caps, por complicações cardíacas; e o apresentador Rodrigo Rodrigues, por covid-19

 

Publicação: 29/07/2020 04:00

Renato Barros deixou um legado musical que influenciou gerações
 (Zuleika de Souza/CB/D.A Press - 9/11/03)  

Renato Barros deixou um legado musical que influenciou gerações

 

 
 
O cantor Renato Barros, líder da banda Renato e Seus Blue Caps, ícone da jovem guarda, morreu ontem, aos 76 anos, em decorrência de complicações pulmonares após uma delicada cirurgia cardíaca. O músico estava hospitalizado há 10 dias no Hospital das Clínicas de Jacarépaguá (RJ). Na semana passada, Renato passou por uma cirurgia de dissecção da aorta, com 7h de duração, após a qual foi parar na UTI e não resistiu.
 
Cantor e guitarrista, Renato fez nome na época da Jovem Guarda e emplacou diversos sucessos, principalmente com versões em português de hits do rock internacional, de bandas como Beatles, e The Mammas and the Papas, em músicas como Menina linda e Não te esquecerei.
 
A banda de Renato começou em 1959, com o nome de Bacaninhas do Rock da Piedade, formada por ele e os irmãos Ed Wilson e Paulo César Barros. O grupo bebia na fonte do rock praticado nos anos 1950 por nomes como Elvis Presley, Little Richard e Bill Halley.
 
Começaram se apresentando em programas de rádio, fazendo cover dos grandes sucessos, algo comum na época. Depois, juntaram-se aos irmãos os amigos Euclides (guitarrista) Gélson (baterista) e o saxofonista Roberto Simonal (irmão do cantor Wilson Simonal). Em breve, por sugestão de Jair de Taumaturgo, mudariam o nome para Renato e seus Blue Caps, inspirados pela banda de rockabilly Gene Vincent and his Blue Caps.
 
Em 1960, gravaram como banda de acompanhamento de outros artistas. Algum tempo depois, participaram do Programa do Chacrinha e foram contratados pela gravadora Copacabana, com a qual lançaram dois discos de 78 rotações e dois LPs, o segundo com um novo baterista, Toni. Em 1962, Ed Wilson deixa a banda para seguir carreira solo e Erasmo Carlos assume a função de crooner do conjunto. Em 1963, a banda acompanhou Roberto Carlos nas gravações de Splish splash e Parei na contramão, onde começa o vínculo da banda com a CBS, que os contrataria posteriormente.
 
Foi durante as gravações do primeiro LP junto à CBS que Renato compôs o sucesso Menina linda. O apresentador Carlos Imperial pediu para que os músicos tocassem uma música até então desconhecida, I should have known better, dos Beatles, que ainda não haviam estourado no Brasil, no programa dele. Inábil com a língua inglesa, e desconhecendo totalmente o sentido da letra, Renato resolveu escrever a própria versão da música, o que se tornaria um sucesso e marca registrada do grupo. No fim de 1965, a banda passou a participar do programa Jovem Guarda e se consolidar como ícones da juventude.
 
“Toque direito aí no céu, viu, meu amigo Renato Barros?! Tenho orgulho de ter sido um Blue Cap em 1962...Meu rock n’roll está triste”, escreveu Erasmo Carlos nas redes sociais. “Renato, da banda Renato e seus Blue Caps nos deixa no dia de hoje, contudo seu legado é imortal, grande compositor e guitarrista, de ética e conduta absolutamente íntegra. Aos familiares e amigos meus sentimentos”, homenageou Mário Frias, secretário de Cultura do governo federal.
 
“Hoje tá muito difícil de lidar. Renato Barros faleceu aos 76 anos, muitos deles dedicados ao rock brasileiro. Nas minhas lives, sempre toco a versão Menina linda deles. Hoje, tem jam-session no céu com meu amigo Rodrigo Rodrigues”, postou Thunderbird.
 
Nota do Editor:
 
VÍDEO COM RENATO E SEUS BLUE CAPS
 

Correio Braziliense terça, 28 de julho de 2020

NOVOS NOMES NO R&B

Jornal Impresso

Novos nomes do R&B
 
Com concentração no Rio de Janeiro, uma nova geração do estilo musical surge, alcançando alto número de streamings nas plataformas digitais

 

» Lucas Batista*

Publicação: 28/07/2020 04:00

 
 
Estilo musical que mistura elementos do jazz, blues, pop, rap, funk e soul, o R&B se popularizou na cultura estadunidense a partir de 1940. Nomes como Lauryn Hill, Marvin Gaye, Lionel Richie, Alicia Keys, Beyoncé, Bruno Mars, Chris Brown e Usher ajudaram a impulsionar o ritmo com vários sucessos.
 
No Brasil, o R&B deu os primeiros passos nas misturas musicais de Tim Maia, Jorge Ben Jor, Sandra de Sá e Djavan. Próximos do rap, os cantores Luccas Carlos e Filiph Neo se tornaram referência no estilo.
 
De semente em semente, plantou-se uma nova geração. Com influência da música preta e do gospel, cantores jovens tiveram crescente em número de streamings nas plataformas digitais, mostrando maturidade nas produções e composições, mesmo com pouco investimento de gravadoras.
 
No Rio de Janeiro, o estilo está mais imponente. Budah, Anchietx, Isadora, Kiaz, Filipe Papi e o duo Yoùn chegaram com o pé na porta e, apesar do pouco tempo de carreira, alcançam números impressionantes.
 
Em Brasília, o estilo amadurece e ganha força, mas esbarra na falta de apoio. Hodari, Mikuym, Flip Gonzalez, Bwayne, Triste Josh, Israel Paixão, Shara, Preto Nuvem, Vix Russel, Kel e Moara, são grandes talentos que estão em busca de espaço. “Brasília é uma terra frutífera, tem um potencial grandioso, mas a cidade não dá muito espaço. O público da capital compra mais o que vem de fora, do que o que é produzido nela. Então, acredito que a cidade tem ótimas sementes, mas ainda não colhe bons frutos. Quando a cidade der mais apoio, teremos grandes árvores”, avalia o guitarrista e cantor Hodari.
 
*Estagiário sob supervisão de Igor Silveira
 
 ( Gabriel Pinheiro/Metvmorphosis/Divulgação)  
Yoùn
 
O duo formado por Alisson Jazz e GP tem músicas que são ótimas opções para dedicar à pessoa amada. O Yoùn é fruto da amizade dos dois músicos, que iniciou ainda no ensino médio. Tendo formação musical vinda da igreja, GP e Alisson se aventuraram no universo dos vagões de trem e metrô do Rio de Janeiro e desde lá já conquistaram público. “Quando trabalhamos na rua, não vislumbrávamos carreira, até porque a vontade de comer e dar um rolê eram maiores que o sonho, porque já era distante. Trabalhar na rua parece simples, mas vimos que era um trabalho e que era necessário aprender”, explica Alisson em entrevista ao Correio. O plano de carreira surgiu conforme o duo foi se aprimorando, recebendo feedbacks dos ouvintes, até que chegou à produtora Jont! Music. Em um ano, o canal do duo foi de zero a 35 mil inscritos, alcançando 2 milhões de visualizações no YouTube, o que fez com que fossem convidados a gravar um EP para o YouTube Music Night. A excelência do trabalho parte do princípio de que os artistas compõem as músicas que gostariam de ouvir. “O feedback da rua era impressionante, então a gente tinha certeza que o nosso trabalho era bom”, afirma GP. “A nossa sonoridade é diferente e sabíamos que ia bater no coração das pessoas, assim como se outro artista de R&B fizer um bom trabalho sei que vai tocar o meu, porque carecemos disso”, completa Alisson.
 
 (Danielly Oliveira/ @oidaann)  
Filipe Papi
 
Diretamente de São Gonçalo, Filipe Papi encantou ao cantar uma composição autoral nas redes sociais. “Escrevi uma letra, em uma época que estava naquele período difícil de fim de relacionamento, e postei no Twitter. Tive uma boa repercussão que me gerou contatos que até hoje me acompanham, como o selo Crivo, que gerencia minha carreira”. Prestes a lançar o novo EP intitulado Vênus, que terá quatro canções e conta com participações do rapper Coruja BC1 e de Budah, o artista ainda se destacou com a música Deja Vú que ultrapassou as 150 mil visualizações no YouTube, no canal da Warner Brasil. “É importante ocupar esses espaços de grandes produtoras internacionais. Foi um grande passo na minha carreira, sou de São Gonçalo, que é uma cidade grande, mas que ainda não tem muitas referências artísticas e eu de certa forma sempre senti falta disso na minha trajetória. Desde então, comecei a ser reconhecido na rua e isso é muito gratificante”, conta.
 
 (André Dantas/Divulgação)  
Budah
 
Com voz potente, Budah chegou ao R&B de forma natural. “Música sempre foi algo muito presente na minha vida, na minha família, então sempre escutei muito black music, com o passar os anos e desde eu comecei a fazer música já era natural que eu fizesse R&B por conta das influências na infância. O estilo representa quase tudo para mim, todas as músicas que eu escutava e que fizeram eu entender que eu sabia cantar, eram R&B, então eu sei que tudo que eu aprendi, sozinha e cantando, foi com esse gênero. Eu sou muito grata, talvez minha vida fosse diferente hoje”, recorda. A artista alcançou a marca de 600 mil visualizações no clipe do single Licor e se prepara para o lançamento do primeiro EP da carreira, previsto para agosto. “Eu acho incrível o poder que a música tem de se levar para qualquer lugar ou pessoa, e essa canção foi um divisor para minha carreira”, diz a cantora que ainda destaca o crescimento do estilo. “Artistas independentes estão batendo milhões sem ter nenhum tipo de investimento, acho isso incrível. A gente só precisa que as gravadoras entendam que o hip-hop também dá dinheiro, depois disso, tudo mudará”, completa.
 
 (Yva Santos/Divulgação)  
Hodari
 
O brasiliense Hodari estourou nas plataformas digitais com a música Teu popô, lançada em 2018 e que chegou a 4 milhões de visualizações. A música rendeu uma nova versão homônima no projeto Poesia Acústica, com parcerias de Ducon, Chris, Kayuá, Don L, Luccas Carlos e Maria. Sucesso, a canção passou das 55 milhões de views no YouTube. Antes do sucesso, cantor já foi guitarrista em uma banda Emo e tatuador no DF. Apesar das influências no estilo, o artista prefere não se rotular a apenas um ritmo musical. “Eu tenho referências no R&B, mas me vejo como um pesquisador de música preta e meu som abrange vários ritmos, é basicamente um aglomerado de música preta”, conta. Para o artista, a capital federal possui uma infinidade de talentos para o R&B, mas que ainda precisam de valorização. “Muitas vezes temos que criar o cenário para podermos nos apresentar. Eu mesmo tive que criar um evento onde se apresentaram vários talentos que ainda são poucos conhecidos”.
 
 (Ricardo Brunini/Divulgação)  
Isadora
 
Com formação em música erudita, a eclética cantora carioca Isadora se aproximou do R&B quando iniciou carreira autoral. A artista, que já participou do programa de televisão The Voice Brasil, se encontrou no estilo pela mistura de gêneros musicais. “Participei do The Voice com 19 anos, hoje estou com 25, então já cantei muito em bares e casas noturnas, mas sempre cantando um pouco de tudo, atendendo a demandas. Quando parti para a música autoral precisei me direcionar e o R&B foi o que mais me identifiquei justamente por essa fusão de elementos”, relembra. O mais novo single da cantora, Caso raro, feito em parceria com Josefe, passou das 30 mil visualizações no YouTube e faz parte do primeiro EP de R&B autoral da artista. “É um trabalho que está ficando muito lindo. Vi o Josefe em destaque em uma playlist no Spotify e quis muito trabalhar com ele. Acabou que no single ele canta, mas o Josefe fez a produção musical de todo o trabalho”, adianta.
 
 (Felipe Alberto/Divulgação)  
Kiaz
 
Kiaz se tornou um nome forte do estilo graças ao talento e aos números impressionantes que alcançou. O cantor que iniciou a trajetória na música aos 11 anos, conheceu o R&B aos 17 e logo se identificou. Ao Correio, o artista contou que a grande influência que tem nas composições é o pagode. “O pagode e o R&B flertam muito. Eu escrevo as músicas com o violão e as imagino em pagode, depois eu e meu produtor adaptamos o beat para o R&B.” A fórmula funciona e o artista conta com mais de 530 mil ouvintes mensais, de acordo com o Spotify. No YouTube não é diferente, a canção Pode ficar está próxima de 9 milhões de visualizações no videoclipe. O artista acredita que o estilo ainda é underground, mas que em breve chegará ao mainstream. “Do fim desse ano até o ano que vem, o R&B estará em alta já, porque estão surgindo muitos artistas e outros grandes nomes estão retornando. Agora as pessoas vão entender o que é o estilo porque muitos confundem com love song, mas no futuro vão saber reconhecer”, analisa.
 

Correio Braziliense segunda, 27 de julho de 2020

OLIVIA DE HAVILLAND SE ENCANTOU: AS 104 ANOS, EXPIROU ENQUANTO DORMIA

Jornal Impresso

Morre atriz Olivia de Havilland, aos

104 anos

Vencedora de dois Oscar, Olivia de Havilland

morreu de causas naturais enquanto dormia

Dona de duas estatuetas do Oscar e atriz de E o ventou levou, a última representante de uma clássica geração de Hollywood teve a vida marcada por concorrência com a irmã.

 


 
 

 

Olivia de Havilland era representante da Era de Ouro em Hollywood(foto: AFP / Patrick KOVARIK)
Olivia de Havilland era representante da Era de Ouro em Hollywood
(foto: AFP / Patrick KOVARIK)

 

Morreu neste domingo (26/7) a atriz Olivia de Havilland, aos 104 anos. Segundo informações da imprensa americana, ela faleceu de causas naturais, enquanto dormia, em Paris.
 
 
 
 
Olivia de Havilland fez parte da chamada Era de Ouro do cinema americano. Ela ganhou o Oscar duas vezes, pelas performances em Só resta uma lágrima (1946) e Tarde demais (1949). Entre outros papéis de destaque, Olivia viveu Melaine em ...E o vento levou (1939) e participou de títulos como A porta de ouro (1941) e Na cova da serpente (1948).
 
Além do talento, Olivia ficou marcada pela militância pelo direito dos artistas. Ela participou do grupo de profissionais que exigiu que a indústria cinematográfica permitisse que atores escolhessem os papéis que interpretariam. Antes, eram os estúdios que decidiam isso.
 
A atriz nasceu em 1º de julho de 1916 em Tóquio e viveu em Paris desde o início dos anos 1950. Ela foi casada duas vezes - primeiro com o autor Marcus Goodrich, de 1946 a 1953, e depois com o jornalista Pierre Galante, editor da revista francesa Paris Match. 

 


Correio Braziliense domingo, 26 de julho de 2020

TRABALHO VOLTA A CRESCER EM MEIO À CRISE PROVOCADA PELA PANDEMIA

Jornal Impresso

Trabalho volta a crescer em meio à crise

provocada pela pandemia

Dados do Caged mostram que a ocupação

intermitente voltou a crescer em meio à reabertura

das atividades comerciais. Em restaurantes, que costumam pagar somente as horas

efetivamente trabalhadas, instabilidade da

relação mais flexível preocupa entidades trabalhistas


postado em 26/07/2020 07:00 / atualizado em 26/07/2020 07:31
 

 

(foto: Honorio Moreira/OIMP/D.A Press)
(foto: Honorio Moreira/OIMP/D.A Press)

 

Criado na reforma trabalhista de 2017, o contrato de trabalho intermitente voltou ao radar dos empresários brasileiros em meio à flexibilização da quarentena. É que esse tipo de contrato permite que as empresas chamem os funcionários apenas quando há demanda e, por isso, paguem somente as horas efetivamente trabalhadas. É uma relação mais flexível de trabalho, que, para muitos executivos, parece se adequar a esse momento em que é preciso reabrir as portas, mas com muita cautela em relação à retomada econômica e à pandemia do novo coronavírus. E que, por isso, é o primeiro dado do mercado de trabalho brasileiro a apresentar alguma reação após a covid-19.

De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o Brasil perdeu 331,9 mil postos de trabalho formais em maio (último dado disponível) devido à crise econômica do novo coronavírus. E esse fechamento foi praticamente generalizado. Nos contratos intermitentes, contudo, 2,4 mil vagas foram criadas nesse período. Por isso, por mais que tenha seguido o choque da covid e fechado o mês anterior no vermelho, essa modalidade de trabalho acumula um saldo positivo de 16 mil vagas no ano. “É um número pequeno em relação ao estoque de emprego formal, mas mostra que o intermitente registrou uma situação um pouco melhor na pandemia”, observa o pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV), Daniel Duque. E muitos empresários dizem que esse número tende a crescer nos próximos meses, sobretudo, no setor de comércio e serviços, que trabalha sob demanda.
 
 

“O contrato intermitente permite que o estabelecimento ajuste a mão de obra aos horários de maior demanda. E deve ser uma opção agora, já que muita gente acabou sendo demitida durante a pandemia e a retomada precisa ser muito cautelosa, sem muitos custos”, diz o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci. “Há muita incerteza sobre a retomada, se o movimento vai voltar logo ou se virá de forma gradual. Além disso, temos uma limitação física de 50% dos espaços. Isso por si só inibe a realização de novos contratos integrais. E até os trabalhadores estão em uma situação delicada, porque muitos foram demitidos. Sendo assim, é melhor trabalhar dois ou três dias na semana a ficar parado. Então, parece que chegou o momento adequado para tratar disso”, reitera o presidente do Sindicato de Bares e Restaurantes do Distrito Federal (Sindhobar), Jael Silva.

Foi o que aconteceu no restaurante coordenado pela diretora comercial Juliana Britto. Ela conta que os contratos intermitentes foram a saída encontrada pelo estabelecimento para reabrir as portas esta semana. Isso porque, após quatro meses fechados, o estabelecimento demitiu metade dos seus funcionários e segue com o orçamento apertado para recontratar esse pessoal. Por isso, agora, decidiu chamar alguns garçons de forma intermitente para poder avaliar o movimento dos primeiros dias de reabertura. E eles logo aceitaram o chamado, já que estavam há um bom tempo sem trabalhar de maneira formal. “Começamos com os intermitentes 15 dias antes da pandemia. Na quarentena, nós fechamos e eles receberam o auxílio do governo. E, agora, estamos começando a chamá-los de volta. Não pretendemos abrir novas vagas de emprego nem tão cedo. Então, havendo necessidade, vamos chamar os intermitentes”, explica Juliana, que paga aos garçons o mesmo valor da hora de trabalho dos demais profissionais do restaurante. “Inclusive, as gorjetas”, conta.

 


Correio Braziliense sábado, 25 de julho de 2020

87% DOS MORTOS POR COVID-19 NO DF TINHAM OUTROS MALES - VEJA OS MAIS PERIGOSOS

Jornal Impresso

87% dos mortos por covid no DF

tinham outros males; veja os mais

perigosos

Quase 90% das pessoas mortas por complicações

da covid-19 no Distrito Federal apresentavam doenças

preexistentes. Especialistas alertam que o tratamento

e o controle dessas enfermidades podem evitar óbitos

de pacientes

 


postado em 25/07/2020 07:00 / atualizado em 25/07/2020 02:47
 

 

O morador da Asa Norte Joel Carreiro dos Santos, 64 anos, superou a covid-19, mesmo tendo diabetes:
O morador da Asa Norte Joel Carreiro dos Santos, 64 anos, superou a covid-19, mesmo tendo diabetes: "Graças a Deus,
o meu quadro evoluiu bem"(foto: Carlos Vieira/CB/D.A Press)

Desde o primeiro caso confirmado da covid-19 no Distrito Federal, em 5 de março, mais de mil brasilienses morreram devido à doença. Além disso, a quantidade de infecções, que cresce diariamente, ultrapassa os 90 mil registros. Dados da Secretaria de Saúde mostram que quase 90% das vítimas do novo coronavírus da capital tinham doenças preexistentes, que complicaram o quadro clínico dos pacientes. Cardiopatas e acometidos por distúrbios metabólicos, como a diabetes, são os que mais vieram a óbito. Especialistas ouvidos pelo Correio explicam como o vírus age em conjunto com essas enfermidades e que o controle e o tratamento delas podem evitar mortes.


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O Distrito Federal atingiu a marca de 1.133 pessoas mortas pela covid-19 ontem. Dos óbitos registrados, 992 tinham comorbidades, ou seja, 87,6% das vítimas da capital apresentavam doenças preexistentes. A mais comum, segundo monitoramento da Secretaria de Saúde, é a cardiopatia. No total, 701 pacientes que perderam a vida para a covid-19 tinham a enfermidade. Em seguida, estão distúrbios metabólicos (447), pneumopatia (173) e obesidade (130).
 
 
 
André Moraes Nicola, médico e professor de imunologia médica da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB), explica que o coronavírus pode agir diretamente em outras partes do corpo, além dos pulmões. “O vírus tem uma ação direta de infectar as células e atrapalha o funcionamento de outros órgãos. Caso eles estejam doentes, aumentam as chances de eles pararem de funcionar. É o caso de enfermidades cardíacas e pulmonares”, detalhou.
 
Segundo o especialista, outro motivo que pode provocar a morte de pacientes é a inflamação. “O que mata não é o dano que o vírus causa, mas a resposta do sistema imune, que provoca dano no pulmão e leva a pessoa à morte”, explicou. O médico acrescenta que algumas doenças causam o aumento desse fator no corpo, como a diabetes. “Um diabético tem um nível de inflamação que pode aumentar as chances de a pessoa ter uma resposta muito forte contra a covid-19, o que causa complicações”, alertou.
 
Nicola comenta que estudos sugerem condições como hipertensão e doenças cardíacas como capazes de aumentar a produção de uma proteína na célula, que é receptora do vírus. “Devido a esse fator, a covid-19 consegue entrar mais rapidamente. É como se fosse uma fechadura em que a chave do vírus se encaixa para entrar na célula”, exemplifica.
 

Idade

Outro fator de risco para o novo coronavírus é a idade. No Distrito Federal, 823 pessoas — 72% do total de óbitos — tinham mais de 60 anos. O grupo etário que mais registrou mortes é o de pessoas com mais de 85 anos (181). O segundo lugar revela-se de pacientes entre 80 e 84 anos (140), e o terceiro, entre 75 e 79 (138). No total, 62 pessoas com menos de 39 anos faleceram por complicações da covid-19.
 
O parasitologista do Instituto de Biologia da Universidade de Brasília (UnB) Jaime Santana explica que crianças, adolescentes e jovens adultos, dificilmente, têm problemas com o novo coronavírus. De acordo com ele, a covid-19 é uma doença inflamatória e, como qualquer processo desse tipo, o corpo começa a produzir substâncias para destruir o agente invasor e o ambiente onde ele está. “Essa reação natural é importante, porque passa uma informação ao sistema imune para a produção de anticorpos. É como se fosse uma vacina”, comentou.
 
Entretanto, segundo Jaime, quanto mais avançada a idade, mais processos inflamatórios são encontrados no corpo: as placas de gordura vão se depositando nas placas de artérias e veias, como no coração e nos pulmões. “Esse processo ocorre a partir dos 30 ou 40 anos e vai se agravando. Por exemplo, pessoas entre 70 e 80 anos têm vasos sanguíneos muito entupidos. Quando chega o coronavírus, ele provoca outra reação inflamatória no corpo humano, o que gera uma exacerbação, que pode comprometer os órgãos”, salientou.
 
Devido a esses riscos, o parasitologista alerta que pessoas com comorbidades devem tratar bem essas doenças. “Apenas evitar a infecção do coronavírus pode não ser o ideal, porque ela pode acontecer a qualquer minuto. As pessoas precisam se preparar e procurar atendimento médico e seguir as orientações”, aconselhou. Segundo o especialista, quanto maior o cuidado com as enfermidades preexistentes menos receptivo o paciente será ao coronavírus.
 

Superação

 
Apesar de ter diabetes e estar no grupo etário considerado de risco para o novo coronavírus, o morador da Asa Norte Joel Carreiro dos Santos, 64, superou a doença. Em 7 de maio, ele deu entrada no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) com sintomas da covid-19. “Antes de receber o diagnóstico, o protocolo usado foi o do tratamento de pneumonia. Quando testei positivo, fui para a ala específica. Precisei ficar nove dias internado e de oxigênio em um deles. Graças a Deus, o meu quadro evoluiu bem e fui para a UTI (unidade de terapia intensiva)”, lembrou.
 
Joel conta que precisou ajudar o irmão dele, de 70 anos, também acometido pela doença. Dias depois, ele começou a sentir os sintomas. “Tive dores no corpo, perdi o apetite e, em seguida, começou a febre. O primeiro exame de coronavírus deu negativo e chegaram até a suspeitar de dengue”, contou. Apesar de ter superado a doença, Joel relata que continua tomando cuidados. “A gente não sabe se está imune, então, precisa continuar preservando a saúde. Fui muito bem tratado no hospital e agradeço a Deus por essa bênção”, ressaltou.
 

Risco

 
São doenças que podem levar ao aumento de risco de problemas cardiovasculares. Pressão alta, alterações no colesterol, triglicérides e glicemia são alguns exemplos dessa síndrome.

 


Correio Braziliense sexta, 24 de julho de 2020

COBRAS: DE TRÁFICO A LICENÇAS SUSPEITAS

Jornal Impresso

COBRAS 

De tráfico a licenças suspeitas
 
Testemunha ouvida pela polícia afirma que Pedro Henrique comprava e vendia cobras. Servidora do Ibama é investigada por conceder, ilegalmente, documentos para o transporte de animais a pessoas próximas, inclusive a amigo de estudante picado

 

» DARCIANNE DIOGO

Publicação: 24/07/2020 04:00

Adriana Mascarenhas concedia licenças para o transporte de animais silvestres e exóticos (Reprodução/Redes Sociais)  

Adriana Mascarenhas concedia licenças para o transporte de animais silvestres e exóticos

 


Uma suposta quadrilha formada por estudantes de medicina veterinária e servidores públicos é alvo do inquérito policial que apura um esquema de tráfico internacional de animais exóticos e silvestres. O documento, ao qual o Correio teve acesso com exclusividade, revela que, uma das testemunhas ouvidas pela polícia, confirmou, em depoimento, que Pedro Henrique Santos Krambeck Lehmkuhl, de 22 anos, estudante atacado por uma naja, comprava e vendia cobras exóticas desde 2019.
 
Ontem, a Justiça Federal da 1ª Região acatou o pedido do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para afastar uma servidora suspeita de conceder, ilegalmente, licenças para o transporte de animais desse tipo. Os beneficiados eram pessoas próximas, inclusive Gabriel Ribeiro de Moura, 24, amigo de Pedro Henrique.

Segundo testemunha, Pedro Henrique comprava e vendia cobras exóticas desde 2019 (Reprodução/Facebook)  

Segundo testemunha, Pedro Henrique comprava e vendia cobras exóticas desde 2019

 

Desde a data do incidente, em 7 de julho, a 14ª Delegacia de Polícia (Gama) e o Ibama vêm deflagrando operações de buscas e apreensões nas casas dos suspeitos. Estima-se que Pedro Henrique esteja ligado há, pelo menos, 18 serpentes exóticas, entre elas a naja kaouthia. O suposto esquema criminoso teria suporte da mãe dele, a advogada Rose Meire Candido dos Santos, do padrasto, o tenente-coronel da PMDF Clóvis Eduardo Condi, e de outros três amigos de Pedro, incluindo Nelson Junior Soares Vasconcelos e Gabriel (preso na quarta-feira por atrapalhar as investigações e ocultar provas). Todos são estudantes de medicina veterinária e, conforme o Correio apurou, estudam na mesma faculdade, no Gama. A reportagem ligou diversas vezes para o escritório de Bruno Rodrigues, advogado de defesa da família de Pedro, mas ele não atendeu às ligações.
 
Em depoimento, um dos conhecidos de Pedro afirmou saber que o estudante mantinha cobras em casa e que o jovem comprava e vendia as serpentes. A testemunha relatou que Gabriel Ribeiro tinha ficado encarregado em esconder as cobras e completou ressaltando que os dois são “imaturos, mas articulados, descolados e, visivelmente, engajados com o tema de animais silvestres. A mãe e o padrasto de Pedro compareceram à delegacia em 16 de julho para prestar esclarecimentos. Documento do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) mostra que os dois alegaram desconhecimento da existência da cobra na residência. O casal pagou uma multa no valor de R$ 17 mil por crimes ambientais.

A naja que picou o estudante Pedro Henrique está no Zoo de Brasília (Ivan Mattos/Zoologico de Brasilia)  

A naja que picou o estudante Pedro Henrique está no Zoo de Brasília

 

Envolvida
Há fortes indícios de que a servidora do Ibama afastada do cargo por determinação judicial esteja envolvida com os fatos investigados pela polícia relacionados à organização de tráfico internacional de animais silvestres. Adriana da Silva Mascarenhas é lotada no Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetas) do órgão. Com base na decisão da Justiça, ela é acusada de conceder uma licença irregular a Gabriel Ribeiro, em 12 de fevereiro de 2019. O termo, assinado pela funcionária, autoriza a entrega de uma cobra jiboia-arco-íris, nativa do Brasil, ao jovem. Porém, ele não tinha autorização para criá-la.
 
O modelo de licença do Cetas segue as recomendações das Divisões Técnico-ambientais (Ditec). É comum, por exemplo, expedições de licenças para o transporte de animais silvestres que necessitam de atendimento veterinário externo, deslocamento entre unidades do Ibama e para a destinação, seja até a soltura no ambiente natural ou para um cativeiro legalmente admitido. Entre os locais aptos a receberem esses animais estão o Zoológico de Brasília e hospitais veterinários.
 
Fora isso, é vedada a autorização de licença para outros meios. No caso da servidora, o Ibama considerou que, além de violar gravemente a legislação de regência, ela demonstra a intenção em conceder o documento infringindo a norma legal, uma vez que, “à época dos fatos, era responsável pelo Cetas, possuindo larga experiência da função”.
 
Autorizações ilegais 
O Correio apurou que Adriana da Silva autorizou, também, a entrega de outras quatro cobras de espécie corn snake, dos Estados Unidos. As licenças foram emitidas em 13 de fevereiro de 2018 e em 19 de fevereiro de 2019, respectivamente. Ficou comprovado que a prática ilegal cometida pela servidora havia beneficiado pessoas próximas, como a manicure dela, que recebeu um mico-estrela, e a amiga do namorado, que conseguiu a autorização para a criação de dois papagaios.
 
Em declaração ao órgão, a manicure alegou que ela e Adriana são amigas e que o animal foi entregue como uma forma de ajudá-la no enfrentamento a uma depressão. No caso da outra mulher, a justificativa era a vontade de ter papagaios.
A servidora está afastada das funções até a conclusão das investigações. Ela está proibida de comparecer nas dependências do órgão, salvo para prestar depoimento em processo disciplinar, bem como o impedimento para acessar sistemas do Ibama. Na sexta-feira passada, o instituto afastou um outro funcionário, também lotado no Cetas,  por suposto envolvimento no caso da naja. Até o fechamento desta edição, a reportagem não havia localizado a defesa de Adriana Mascarenhas. O espaço está aberto para manifestação.
 
 
 
Serpente norte-americana 
 
Após ser um dos alvos da Operação Snake, deflagrada pela PCDF na quinta-feira passada, Nelson Júnior prestou depoimento na delegacia e afirmou que havia recebido uma serpente, corn snake, de presente.
 
 
Habeas corpus
 
» A advogada de defesa de Gabriel Ribeiro (amigo de Pedro Henrique), Amanda Bedaqui, informou à reportagem que entrou, ontem, com um pedido de habeas corpus. 
 
» O jovem está na carceragem da Divisão de Controle e Custódia de Presos (DCCP), onde ficam os presos provisórios. Ele deve permanecer no local até domingo.



Entrega de jiboia-arco-íris

Documento assinado por Adriana Mascarenhas, servidora 
afastada do Ibama, autoriza, irregularmente, entrega de uma cobra a amigo de Pedro Henrique  
Documento assinado por Adriana Mascarenhas, servidora afastada do Ibama, autoriza, irregularmente, entrega de uma cobra a amigo de Pedro Henrique

Correio Braziliense quinta, 23 de julho de 2020

RECHEANDO A ESTANTE DE CLÁSSICOS

 

Recheando a estante de clássicos
 
 
Obras de autores que marcaram a literatura internacional ganham reedições especiais

 

» Adriana Izel
» Victoria Côrtes*

Publicação: 23/07/2020 04:00

William Shakespeare (Editora Delta/Reprodução)  

William Shakespeare

 

 
Victor Hugo (Felix Nadar/Divulgação)  

Victor Hugo

 

 
Editora Petra/Divulgação (Editora Petra/Divulgação)  

Editora Petra/Divulgação

 

 
Algumas histórias no mundo da literatura ultrapassam as barreiras do tempo e conseguem dialogar com diferentes épocas, se tornando em clássicos. Ao longo dos anos, essas obras voltam a ser lançadas pelas editoras com novas traduções, tentando se aproximar ainda mais da versão original, ou ainda em edições especiais, com conteúdos inéditos e voltados para colecionadores.
 
Em comemoração aos 10 anos do Penguin Clássicos, da Companhia das Letras, está previsto para 25 de julho o lançamento de algumas grandes obras no formato de e-book, e posteriormente em versão física. Rei Lear, de Shakespeare, está à frente dos lançamentos. A obra, para a edição especial, foi traduzida por Lawrence Pereira, tradutor de Shakespeare e professor de literaturas anglófonas da Universidade Federal de Santa Maria ao longo dos últimos quatro anos.
 
Para Lawrence, que também já traduziu Hamlet, o maior desafio de uma obra “tão grande e riquíssima em termos teatrais” foi refazer a ideia da tradução, que já seguia uma linha predominante, até então. “É uma inovação. Em língua portuguesa, é a primeira edição de Shakespeare com comentários longos, com introdução... Então, tem um corpo maior. Permite uma leitura mais abrangente, desde o homem culto, até o público que não possui nenhuma ligação com Shakespeare”, conta o tradutor.
 
Rei Lear conta a história de um rei que decide se afastar do trono, e oferece às três filhas a oportunidade de dividirem o reino. Para ter certeza de que estava tomando a decisão certa, o rei possui uma exigência: a lealdade delas. Lear quer saber o quanto as filhas o amam. A filha mais nova declara não poder dizer em palavras o amor que sente pelo pai. Furioso, renega a caçula Cordélia. E apesar de a decisão ter sido tomada com a certeza do rei, o pai é traído pelas duas filhas mais velhas. Dessa forma, a obra se desenvolve pelos grandes desentendimentos dessa família.
 
Desde junho, duas outras obras históricas de William Shakespeare ganharam reedições, mas pela Editora do Brasil. São elas, as peças Hamlet e A megera domada, ambas com tradução de Fernando Nuno e ilustrações de Angelo Abu. A primeira, que disseminou o questionamento “ser ou não ser, eis a questão?”, traz a história do príncipe da Dinamarca, que vive o luto após a morte do pai e precisa entender como viver em meio aos sentimentos de vingança e de traição que o rodam. Já a segunda obra, que se popularizou no Brasil graças a uma adaptação novelesca O cravo e a rosa, acompanha a história das filhas de Battista que ele pretende casar: Bianca, uma doce e gentil menina, e Catarina, a “megera” que não quer o matrimônio.
 
Narrativas atemporais
 
O livro de Agostinho de Hipona, o Santo Agostinho, Confissões é outra obra que ganha edição em box pela Editora Preta. A edição esmeralda traz o material dividido em dois volumes, com o prefácio inédito de Luiz Felipe Pondé e tradução de Frederico Ozanam Pessoa de Barros.
 
“Estamos tendo excelentes experiências com edições de box. São edições belíssimas. Como a gente já tinha a tradução de Confissões na casa não tinha por que perder uma grande oportunidade de colocar esse clássico com uma edição refinada. É um livro que tem presença obrigatória na biblioteca de qualquer um”, comenta Hugo Langone, editor da Petra.
 
Do fim dos anos 300 e início dos 400, a obra é considerada um marco na história da teologia e da filosofia e rememora a vida e as vivências de Agostinho até a conversão ao cristianismo, aos 33 anos de idade. Bem e mal e o encontro com Deus fazem parte das reflexões do pensador.
 
“Existe um consenso de que Confissões é, sobretudo, para a áreas de teologia, sociologia e filosofia um dos textos mais importantes da humanidade, em termo de influência. O que impressiona no livro é a gama de temas que ele toca”, analisa Langone. Para o estudioso de Santo Agostinho, autor do livro Chorar por Dido é inútil: Santo Agostinho, as Confissões e o manejo da literatura pagã, a obra também dialoga com o momento atual. “É bastante inspirador, um livro acessível a qualquer um. Há trechos-chave da vida dele, tem esse olhar de autobiografia, mesmo que na época não existisse esse termo exato. Além de falar desse homem, também é uma confissão da gente, fala por nós. Ele descobre muito sobre o coração humano, e isso é atemporal”, completa.
 
Outro clássico que volta às prateleiras é o drama romântico Os Miseráveis, que ganhou uma edição especial da Editora Nova Fronteira. Com dois volumes, o box traz a história escrita por Victor Hugo em 1862 que gira em torno de Jean Valjean, um homem que após ficar 19 anos presos pelo roubo de um pão busca construir uma nova vida na França. O protagonista consegue enriquecer e se dedica às causas sociais. A história se passa no século 19 e é um manifesto contra as injustiças. Na edição especial, a introdução é assinada por Carlos Heitor Cony, que faz uma análise da obra, com tradução de Casimiro L.M. Fernandes.
 
*Estagiária sob supervisão de Igor Silveira
 
 (Penguin Companhia/Reprodução)  
Rei Lear
 
De William Shakespeare. Tradução: Lawrence Pereira. Editora Penguin Clássicos/Companhia das Letras, 320 páginas. Preço médio: R$ 29,90 (e-book).
 
 (Editora do Brasil/Divulgação)  
Hamlet
 
De William Shakespeare. Tradução: Fernando Nuno. Ilustração: Angelo Abu.  Editora do Brasil, 167 páginas. Preço médio: R$ 57,10.
 
 (Editora do Brasil/Divulgação)  
A megera domada
 
De William Shakespeare. Tradução: Fernando Nuno. Ilustração: Angelo Abu. Editora do Brasil, 157 páginas. Preço médio: R$ 56,10.
 
 (Editora Nova Fronteira/Divulgação)  
Os Miseráveis — Box com dois volumes
 
De Victor Hugo. Tradução: Casimiro L.M. Fernandes. Tradução revista: Eduardo Rosal e Jorge Bastos Cruz. Editora Nova Fronteira, 1.560 páginas. Preço médio: R$ 149,90 e R$ 84,99 (e-book).
 
 (Editora Petra/Divulgação)  
Confissões — Box com dois volumes
 
De Santo Agostinho. Tradução: Frederico Ozanam Pessoa de Barros. Editora Petra, 496 páginas. Preço médio: R$ 89,90 e R$ 49,90 (e-book).
 

Correio Braziliense quarta, 22 de julho de 2020

MECÂNICA CANDANGA EM PRÊMIO MUNDIAL

Jornal Impresso

Mecânica de ceilândia em prêmio mundial
 
Em um ramo dominado por homens, Agda Óliver superou preconceitos e ganhou reconhecimento internacional com sua oficina automotiva. Ela é umas das dez finalistas do Empretec Women in Business Awards (E-WBA), promovido pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad)

 

» ANA CLARA AVENDAÑO*
*Estagiária sob a supervisão de Guilherme Marinho

Publicação: 22/07/2020 04:00

 (Marilia Lima/Esp. CB/D.A Press)

 

 

A empresária Agda Óliver, 40 anos, atua há 12 anos em um segmento predominantemente masculino, o das oficinas mecânicas. A dona da oficina Meu Mecânico, em Ceilândia, pode ser a primeira brasileira a vencer a premiação Empretec Women in Business Awards (E-WBA), da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad).
 
Agda é uma das dez finalistas da 7ª edição do E-WBA, previsto para ocorrer em dezembro, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. Além do Brasil, outros nove países estarão representados na cerimônia. A empresária do DF, no entanto, já se sente uma vencedora por alcançar a etapa definitiva da premiação. “Quando eu recebi um e-mail, em espanhol, me parabenizando por está entre as finalistas, fiquei enlouquecida, porque não é uma viagem que está dentro do meu orçamento financeiro. Então, para mim, só o fato de viajar e ser reconhecida internacionalmente é uma vitória”, conta Agda.

 (Marilia Lima/Esp. CB/D.A Press)

 

 
O prêmio tem o objetivo de reconhecer o empenho de mulheres empreendedoras que transformam a comunidade onde estão inseridas com suas empresas e participaram do Seminário Empretec (metodologia que proporciona o acesso de empreendedores e demais interessados a atividades voltadas ao desenvolvimento do comportamento empreendedor e à identificação de novas oportunidades de negócio).
 
Natural do município mineiro de Arinos, Agda mudou-se para Brasília em 2000, buscando uma vida melhor. Ela trabalhou em postos de combustíveis, em hipermercados e bancos. A ideia de abrir uma oficina mecânica surgiu após a empresária levar um golpe de um estabelecimento. “Em 2008, comprei meu primeiro carro, levei a uma oficina, paguei por peças que não existam e serviços não realizados. Na época, fiquei muito triste e percebi que outras mulheres também passavam pelas mesmas situações constrangedoras. Eu sempre tive vontade de empreender, e, este acontecimento, deu início a todo o processo”, relembra Agda.

 (Marilia Lima/Esp. CB/D.A Press)

 

 
A empresária está confiante. Devido ao sucesso e inovação do Meu Mecânico, Agda vê o E-WBA como uma conquista palpável. “Eu acredito que vou trazer o prêmio. Meu negócio é muito diferenciado, trabalho em uma área dominada por homens, emprego mulheres e as ensino a cuidar do automóvel”. De acordo com a finalista, é gratificante cuidar do próprio carro sem depender de ninguém. “É muito mais que dirigir, é ser independente, mas sem passar por cima de ninguém, e mostrar que temos o nosso espaço”, analisa Agda.
 
Além do público feminino — que representa cerca de 70% da clientela da Meu Mecânico —, Agda comemora que a oficina é referência na comunidade LGBTQIA+ e entre os idosos. “Essa procura ocorre por causa do nosso cuidado, de explicar bem o que estamos fazendo e mostrar peças. Logo, até mesmo as pessoas que não entendem muito bem do assunto ficam à vontade com nossos serviços”, avalia a empresária.

 (Marilia Lima/Esp. CB/D.A Press)

 

 
Quando a oficina era um sonho, Agda, sem nenhuma experiência no mundo dos negócios, procurou o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e, aos poucos, viu a proposta se concretizar. Para alcançar a meta, ela se formou em gestão empresarial e sistemas de informações, mas não parou por aí, fez três pós-graduações (marketing em vendas, inteligência competitiva e docência de curso superior).
 
Segundo Agda, a inteligência emocional é, sem dúvidas, um fator importante para trabalhar no ramo automotivo. “Apesar das dificuldades, com esse artifício, nós conseguimos nos superar e, a cada dia, vencemos uma batalha. Nós, mulheres, conquistamos respeito e admiração. Existe muito preconceito, mas há muito mais apoio e isso nos dá força para continuar”, finaliza.
 
 
Conheça a oficina meu mecânico
 
meumecanicoweb.com.br
QNM 9, Conjunto H, Lote 3, Ceilândia
Telefone fixo: 3372-4784
WhatsApp: 8118-1027

Correio Braziliense terça, 21 de julho de 2020

LAUDENOR BERTO: O GOSTO DA VIDA!

Jornal Impresso

LAUDENOR BERTO
 
O gosto da vida!
 
 
Sem poder sentir o sabor de uma comida há 10 anos, se alimentando por meio de uma máquina, Laudenor Berto, 72 anos, come pela primeira vez depois de uma cirurgia no esôfago. Ontem, finalmente, ele pôde voltar para casa

 

ROBERTA PINHEIRO

Publicação: 21/07/2020 04:00

Com a mulher, Maria Helena
 

Com a mulher, Maria Helena

 

 
 
 
 

 (Fotos: Arquivo Pessoal
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Para algumas pessoas, era só mais um dia de café da manhã de hospital, com mingau de milho e mamão amassado. No entanto, para o aposentado Laudenor Berto de Oliveira, 72 anos, cada colher de mingau representava a celebração “de uma história, que pode não ser bonita, mas é vitoriosa”, como define. Enquanto o pai desfrutava do “manjar”, sem encontrar palavras para descrever as emoções daquele singelo encontro, o filho mais velho, Marconi Amaral Berto, 43, se emocionava: “Cada colherada era uma lágrima”, relembra o empresário.
 
Na última quarta-feira, depois de mais de 10 anos dependente de uma máquina para se alimentar, Laudenor voltou a comer. “Meio difícil definir. Meu sonho era poder voltar a comer. Sei que outras etapas ainda precisam ser vencidas, mas é a certeza de que eu posso ser uma pessoa normal”, comenta.
 
O aposentado deixa para trás as dificuldades enfrentadas por ter o que é chamado pela medicina de megaesôfago, ou seja, um grave alargamento do órgão, e acalasia, que resulta de danos nos nervos do tubo alimentar. Enquanto estava hospitalizado, internado em uma semi-UTI para se recuperar de outra cirurgia, Laudenor lembrou, com os olhos brilhando e o sotaque pernambucano, quando recebeu a comida da unidade de saúde. “Fiquei dominado por aquela visão. Não tinha ideia do que estava acontecendo comigo. A sensação de que comer é algo natural, que eu já tinha perdido”. Foi uma pequena colher de mingau de milho de hospital que pôs fim a um longo caminho de batalhas e, ao mesmo tempo, trouxe sorrisos vitoriosos, com direito à publicação nas redes sociais como símbolo da premiação e de uma nova história que se inicia. Ontem, Laudenor pôde finalmente voltar para casa.
 
Com os dois filhos, Giovani e Marconi
 

Com os dois filhos, Giovani e Marconi

 

 
Batalha
 
“Aquela primeira cirurgia, grande e difícil, foi o começo do nosso martírio e da nossa história”, define Marconi, ao voltar alguns anos na memória e lembrar da primeira operação do pai, após o diagnóstico. “A gente não entendia o que era, o que estava acontecendo”, completa. Foram 95 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Como precisou de traqueostomia, Laudenor não conseguia falar, nem se alimentar. Tampouco tinha força para alcançar um copo d’água. No hospital, o aposentado ainda enfrentou várias intercorrências.
 
Sempre cercado pelos filhos e familiares, por uma corrente de oração, “o tio queridão” derrotou um inimigo. Em casa, dependente da alimentação por uma sonda, ele chegou a pesar 35kg, sendo um homem de quase 1,80m. “Veio a fase da depressão, as alucinações”, conta o filho mais velho. Neste período, não faltaram também tentativas de diferentes abordagens e viagens para visitar médicos fora de Brasília. A família conseguiu um tratamento no qual a dieta corre na medida por uma bomba, meio a conta-gotas. Lá estava o aposentado, mais uma vez, sujeito a uma máquina. “Ele é hiperativo. Mesmo aos 72 anos, está pensando no que vai trabalhar. Ele nunca se deu por vencido, muito pelo contrário. Fazia questão de ser independente. Ele mais cuida de mim, que eu cuido dele”, comenta Marconi.
 
Apesar dessa última alimentação, via máquina, ter melhorado o quadro de Laudenor, ele ainda não conseguia ganhar peso, tampouco era um tratamento definitivo. Apenas na semana passada, após nova internação e outra cirurgia, é que o mar na vida do pernambucano pareceu se acalmar. Para quem estava acostumado a seguir “correntes favoráveis”, chegou a hora de desbravar outros mares. A partir daquele 15 de julho, voltar a comer significava retornar à qualidade de vida. “Fui me marginalizando e deixando a minha vida em segundo plano, apenas sobrevivendo”, descreve entre lágrimas. “Estar preso em uma máquina sem poder fazer nada, vendo meus filhos na luta diária. As pessoas me convidarem para a casa delas e não poder aceitar uma água, um café. Era triste ser reconhecido na rua como um mendigo, por conta da minha aparência”, completa com a voz embargada.
 
Ao longo de mais de 10 anos, Laudenor reúne histórias, vivências e medo diante de tudo o que enfrentou. Mesmo para um homem que lutou a vida inteira em busca de sonhos e na construção de uma família, não foi fácil. “Preso na máquina, um ‘oi’ era muito importante”, lembra. “Eles me deram força. Tinha hora que, por mim, não participava mais dessa vida, mas eles me emprestaram essa força. Queria dar essa alegria para eles e, é até um pouco egoísta dizer isso, mas participar das alegrias deles”, justifica o aposentado.
 
Marconi: %u201CTive oportunidade de viver com ele coisas que poucas pessoas tem com os pais%u201D

 

Marconi: "Tive oportunidade de viver com ele coisas que poucas pessoas têm com os pais."

 

 
Inspiração
 
Os filhos, Marconi e o também empresário Giovani Amaral Berto, 34, por outro lado, não pensam duas vezes para responder quem é o dono da força e da inspiração. “Além de toda essa história, passou pela minha cabeça uma lição de que, por pior que seja, sempre é possível. Valeu a pena cada esforço, cada dificuldade. Aquela colher de mingau de milho do hospital tem um significado tão grande para a gente. Ele nunca perdeu a força, a alegria, a garra. Mesmo com as adversidades, ainda brincava. É difícil descrever com palavras, é uma superação. Sempre permaneceu incentivando e apoiando a gente. A gente sabe que tem muita coisa para fazer, mas valeu uma vida. Pude estar ali e ver aquilo com meus próprios olhos, a face de Deus, um milagre acontecendo, o momento da mágica”, afirma Marconi. “Quando me ligaram dizendo que ele tomou água com a boca, comecei a chorar. São coisas muito pequenas que mostram a força desse homem”, acrescenta Giovani.
 
Laços de amor, de cuidado e de cumplicidade que as batalhas da doença apenas evidenciaram. “Por mais dura que seja, para mim, foi uma benção. Tive oportunidade de viver com ele coisas que poucas pessoas têm com os pais. Quando ele teve uma parada cardiorrespiratória, eu que fiz o boca-a-boca e devolvi a vida dele. Lembro-me de ele abrir os olhos e dizer: te amo, meu filho”, recorda Marconi.

A força da família
 

A força da família

 

Com os irmãos, Luiz Berto e Lúcia  

Com os irmãos, Luiz Berto e Lúcia

 

 



Correio Braziliense domingo, 19 de julho de 2020

RISCO DE SOBREVIVÊNCIA SOBRE DUAS RODAS

Jornal Impresso

ENTREGADORES
 
Risco e sobrevivência sobre duas rodas
 
 
No primeiro capítulo da reportagem especial sobre as condições de trabalho dos entregadores do Distrito Federal, o Correio detalha o dia a dia da profissão, a relação com as empresas de aplicativo e as principais reclamações da categoria

 

» JÉSSICA EUFRÁSIO
» GUILHERME GOULART

Publicação: 19/07/2020 04:00

 (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  


No comando da motocicleta ou sobre os pedais da bicicleta, os entregadores ganharam destaque especial na pandemia do novo coronavírus. O serviço prestado por meio de aplicativos de delivery tornou-se essencial para manter muita gente em casa e evitar a disseminação da covid-19. Além disso, absorveu parcela significativa de pessoas que ficaram desempregadas com o fechamento de diversas atividades. No entanto, a crise desencadeada no início da quarentena aumentou a concorrência e empurrou para o trânsito mão de obra com pouca ou nenhuma experiência, formação ou habilidade sobre duas rodas.

A mudança no perfil da profissão levou a categoria a denunciar piora nas condições de trabalho e exploração por parte das empresas. Mobilizados por sindicatos e associações, motoboys e ciclistas paralisaram as entregas em todo o país, em 1º de julho. Em Brasília, cerca de 500 reuniram-se na Esplanada dos Ministérios para reivindicar autonomia e direitos básicos. A cobrança continuará em 25 de julho, com pedidos de fim dos bloqueios pelas plataformas, transparência na forma de remuneração, aumento das taxas por quilômetro percorrido e responsabilidade dos aplicativos por eventuais acidentes e infecções pela covid-19.

Para entender os riscos, as falhas, o estresse e os gargalos do serviço, o Correio saiu às ruas do Plano Piloto, do Sudoeste e de Taguatinga por três dias. Pela manhã, à tarde e à noite, a reportagem acompanhou a rotina e as dificuldades dos entregadores no tráfego do Distrito Federal. A história de quatro deles será contada nesta edição, cada uma acompanhada de estatísticas, análises de risco e normas técnicas relacionadas ao delivery na capital do país.

 (Ana Rayssa/CB/D.A.Press)  

Rotina começa na madrugada

São 5h30. A essa hora, durante o inverno, a luz matinal sequer delineia os contornos de Ceilândia. Na região administrativa mais populosa do Distrito Federal, milhares de pessoas partem para o batente. Uma delas apronta-se silenciosamente. De capacete, tênis, jeans e jaqueta reforçada, a técnica de enfermagem Cindy Kemilly Silva, 24 anos, monta a Yamaha Fazer laranja de 150 cilindradas e corta o asfalto por 11km. Hospitais e postos de saúde atravessam-se pelo caminho, mas o destino da jovem profissional da saúde é outro.

No Pistão Sul, Cindy junta-se a cerca de 50 outros motociclistas. O grupo aguarda o repasse da primeira leva de entregas em frente ao galpão de uma empresa de delivery. As chances de conquistar corridas mais lucrativas são maiores para quem chega cedo. Em dias bons, Cindy acomoda 30 pacotes no baú da moto e roda até 100km em seis horas. Mesmo assim, o esforço é pouco recompensado. “Fico bem cansada para ganhar R$ 60, R$ 80. Tem gente que tira R$ 200, mas trabalha o dia inteiro. A demanda está alta (com mais entregadores na rua) e, financeiramente, o retorno é cada vez menor”, lamenta.

Antes da labuta, a fome não vem. O que deveria ser café da manhã acontece, muitas vezes, só na hora do almoço. “Como apenas uma banana antes de sair de casa. Minha segunda refeição é às 10h. Isso quando dá tempo de comer ou tomar água”, conta. Nesse período, Cindy garante entregas de Brazlândia a Planaltina. A rotina no asfalto, cercada de estresse, pressão e risco, repete-se há pouco mais de dois meses. Sem oportunidade para atuar na área de formação, a jovem embarcou no ramo do delivery. “O meu sonho é ser bombeira. Vou correr atrás disso.”

Enquanto a farda não vira uniforme, roupa apropriada e equipamentos de segurança compõem o figurino de Cindy. Máscara também, mas a proteção deixa a respiração desconfortável. A jovem sofre de bronquite e acha mais seguro encarar as ruas do que os corredores de um hospital na pandemia. “No calor, a gente sua, e o motor da moto fica quente. Com a chuva, viseira, óculos e pochete do celular embaçam. Não dá. Mas a gente tem de dar um jeito de conquistar o que quer”, afirma. “É corrido, perigoso, mas a fome e as contas não esperam”, sentencia.

  • Cindy Kemilly Silva está entre os até 12 mil entregadores da capital. Sobre duas rodas, seja de moto, seja de bicicleta, a categoria reclama das condições de trabalho e da relação com as empresas — na capital, há cinco em atuação: Rappi, iFood, Uber Eats, Loggi e James Delivery. “O nosso sofrimento é comum. Cada app exige exclusividade e tem um sistema diferente de pontuação, score, avaliação, gorjeta. Queremos ser autônomos, de fato. Esperávamos que fôssemos valorizados, pois a nossa importância aumentou na pandemia”, ressalta Alessandro Sorriso, presidente da Associação dos Motoboys Autônomos e Entregadores do Distrito Federal (Amae/DF). Segundo ele, a categoria reivindica uma legislação específica para o serviço de delivery. “Não queremos CLT, mas que as empresas acabem com bloqueios injustos e cobrem as taxas corretas. Tratam a gente como descartáveis”, critica.

 

 (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  

Alta demanda no almoço

 

No momento em que Cindy retoma o rumo de casa para cuidar do filho pequeno, Renivan Lima, 29 anos, cumpriu a metade das corridas do dia. Ele trabalha no horário do almoço, um dos períodos mais frenéticos para quem entrega comida. Entre as 10h e as 14h30, o motociclista percorre bairros de classe média e alta. A rota inclui Plano Piloto, lagos Sul e Norte, além da Octogonal e do Sudoeste. Renivan mora em Luziânia (GO), a 60km de tudo isso.

O motoboy prefere os turnos fixos. Nessa modalidade, ele tem direito a um dia de descanso por semana e a uma folga mensal no domingo. Contudo, há restrições. Em caso de imprevistos, não é possível deixar o expediente na última hora. E, se houver descumprimento da carga horária, a empresa cobra multa de até R$ 90 pela jornada incompleta. Assim, quando trabalha das 10h à 0h, Renivan mal consegue ver a mulher e o filho, de 2 anos. Ao voltar para casa, ambos estão dormindo. Mas, entre um pedido e outro, o entregador consegue um momento para pensar na família e nos planos de ser policial militar.

Por causa da pandemia, não é mais possível buscar entregas nos restaurantes dos shoppings. Renivan e outros tantos entregadores aguardam em uma área externa — ou no subsolo —, até que várias refeições fiquem prontas de uma vez. “O primeiro a chegar acaba se dando mal. Perdemos tempo. Esperávamos que, por ter muito delivery por aplicativo, agora, as coisas fossem mais rápidas”, comenta. “E temos um período para chegar ao restaurante. Senão, a corrida some da tela. Além de ela ir para outro entregador, ficamos uma hora sem receber novos pedidos”, reclama.

A depender da época, o prazo coloca os profissionais à mercê do sol a pino ou dos temporais. Nem sempre jaqueta, botas e luvas são suficientes. Necessidades básicas ficam de lado por causa da pressa. “O que mais pesa é a carga horária, que é alta, além da dificuldade que temos de ir ao banheiro, almoçar ou quando está muito frio”, relata. “Eu trabalhava como motorista em uma empresa de metais, mas passaram por uma fase difícil e me demitiram. Comprei uma moto usada e comecei a trabalhar com entregas, porque foi o que achei”, justifica.

  • Renivan Lima ganha a vida arriscando-se sobre duas rodas. Desde 2010, as mortes de motociclistas são maiores do que os óbitos em automóveis. No período, 921 pessoas que pilotavam ou seguiam na garupa desses veículos envolveram-se em acidentes fatais até julho de 2020, segundo dados do Departamento de Trânsito (Detran). Além disso, desde 2000, jamais a capital fechou o ano com mais mortes de motociclistas do que de pedestres. Mas, até o início deste mês, a estatística mostra uma tendência de mudança nesse cenário. Vinte e oito motociclistas morreram. São três óbitos a mais do que de pedestres. Parte dessa situação explica-se pela alta do serviço de delivery por causa da pandemia e da falta de capacitação. “A atividade cresceu no período e é realizada, muitas vezes, por pessoas despreparadas”, afirma Marcelo Granja, diretor de Educação de Trânsito do Detran.

 

 (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  

Tarde com menos movimento


As manchas de graxa na calça de José Gregório Lopez Nieves, 35 anos, entregam as horas dedicadas sobre o selim da bicicleta. O venezuelano sai de casa por volta das 10h, pouco depois da primeira refeição do dia — a próxima será só à 1h, ao retornar para o lar, no Recanto das Emas. “Estou acostumado. Na Venezuela, passamos fome. Aqui, não”, compara. Nascido na cidade de El Tigre, no estado de Anzoátegui, José Gregório veio para o Brasil, em 2018, como refugiado. No ano passado, mudou-se para a capital federal.

A oportunidade como entregador de aplicativo surgiu por causa da pandemia. Antes disso, o mecânico trabalhava como eletricista na obra de uma escola particular, na Asa Norte. A crise chegou, os colégios fecharam, famílias suspenderam o pagamento de mensalidades e a construção parou. José Gregório, a mulher e os três filhos precisavam de um sustento com urgência — outros dois, mais velhos, ficaram na Venezuela e dependem do dinheiro enviado pelo pai. Assim, o delivery se impôs como opção.

À tarde, o movimento é menor. Pelas vias do Plano Piloto, do Sudoeste ou do Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), um casaco e um boné ajudam a amenizar os efeitos do sol. No rosto, a máscara serve de barreira contra o vírus. José Gregório pedala em uma bicicleta com motor improvisado. Diariamente, ele gasta de R$ 15 a R$ 20 para colocar gasolina em um pequeno tanque instalado sobre o quadro. O combustível facilita a viagem de 30km entre o Recanto das Emas e o Plano Piloto. No restante do tempo, ele pedala mais de 100km para buscar e entregar os pedidos.

Quando atende a uma média de 15 chamados, José Gregório tira R$ 60 por dia. A família também conta com uma cesta básica concedida pelo governo. No entanto, o que o venezuelano ganha por mês mal cobre gastos com aluguel e outras despesas. Mesmo assim, ele se prende ao otimismo, na torcida de que a situação melhore. “Se nem eu nem ninguém nos cuidarmos, a pandemia não vai acabar nunca. E quero que ela passe rápido, para eu arrumar um emprego formal. Está muito difícil para todo mundo”, desabafa.

 

  • José Gregório Lopez nieves trabalha em uma profissão regulamentada por uma lei sem valor prático. “Hoje, está tudo ao Deus-dará. Com a aprovação da Lei nº 12.009, de 2009, achávamos que teríamos a mesma organização dos vigilantes, mas não é o que acontece. Há omissão. As empresas contratam qualquer um”, critica o presidente do Sindicato dos Motociclistas Profissionais do DF (Sindmoto), Luiz Carlos Galvão. A norma estabelece idade mínima para motoboy ou mototaxista — 21 anos —, os itens de segurança obrigatórios e a exigência de um curso especializado, regulamentado pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran). “A maioria dos empresários não dá condições. Não temos dinheiro para comprar os equipamentos. E quem deveria fiscalizar não o faz”, lamenta.

 

 (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  

Compromisso até a meia-noite


Chega o último turno. A lua, minguante e alaranjada, típica da seca, surge por trás dos prédios da Asa Norte. As ruas do centro de Brasília têm menos carros durante a pandemia. Mas há entregadores por toda parte. O Correio acompanha uma de perto. No comando da bicicleta, Anna Rafaella Tschiedel Berg, 26 anos, cruza entrequadras, comerciais, Eixão e tesourinhas. É o início do expediente. Quando os pedidos levam até duas horas para aparecer, ela encerra o dia. Mas, se tudo dá certo, a demanda só termina à 0h.

No inverno de clima desértico, o frio noturno gela até os mais acostumados. Anna Rafaella carrega dois casacos, por precaução. Eventualmente, uma capa de chuva. Além disso, há sempre uma garrafa de álcool em gel na parte externa da mochila térmica, onde acomoda os alimentos. O uniforme inclui tênis, calça comprida, camiseta, capacete e máscara. As roupas são confortáveis, para o caso de a jovem ter de pedalar. Mesmo elétrica, a bicicleta exige fôlego quando acaba a bateria de seis horas.

Anna Rafaella saiu de Formosa (GO) para estudar gestão de políticas públicas na Universidade de Brasília (UnB). Desde que se formou, no ano passado, ela se divide entre o trabalho com delivery e os estudos para concurso. “Pensei em fazer entregas para seguir na capital federal, pagar o aluguel e me virar. A minha única renda vem disso”, conta. Por semana, a jovem ganha de R$ 150 a R$ 400. Tudo depende da demanda e do tempo dedicados ao ofício. Depois que o celular recebe uma chamada de entrega, a paisagem e o compromisso com o destinatário viram companhia até o fim da jornada.

A entregadora atua em áreas próximas à comercial da 408 Norte, onde mora em uma quitinete. Em oito horas, Anna Rafaella percorre cerca de 45km. “No começo, ir de bike é empolgante. Eu fazia 60km, 70km por dia. Com o passar dos meses, dói o joelho, a perna. Então, comprei a bicicleta elétrica”, explica. “O trabalho é bom, dá para tirar um dinheiro legal. Só que a pessoa tem de gostar de ficar o dia inteiro na rua. Todas as reivindicações da pauta da última greve são válidas. Não é nenhum luxo o que pedimos. É só para ter um trabalho digno”, completa Anna.

 

  • Anna Rafaella Tschiedel Berg atua em um ramo imprevisível, mas com tendência a aumentar. Pesquisa promovida pela consultoria Galunion e pelo Instituto QualiBest, em maio, mostrou que o setor do delivery "ainda é um grande desafio". Entre os 754 entrevistados de todo o país, 36% disseram que os gastos com delivery subiram. Porém, houve queda com esse tipo de despesa para 39% dos participantes. Após o período de confinamento, 21% acreditam que a despesa com o serviço vai aumentar, enquanto 43% dizem que manterão o consumo como atualmente. Além disso, 68% concordam totalmente ou em parte que entregadores têm tomado cuidados de higiene durante o atendimento. “Há muito o que fazer para inovar nos negócios em alimentação”, conclui o levantamento.

O que dizem as empresas

Das cinco empresas em atuação no serviço de delivery por aplicativo no Distrito Federal, três responderam à reportagem. Por-mail, o iFood confirmou o cadastro de 170 mil entregadores no Brasil, sem dar o recorte na capital. A rede não trabalha com sistema de ranking e pontuação. "O algoritmo de alocação de pedidos leva em consideração fatores como, por exemplo, a disponibilidade e a localização do entregador, o engajamento na plataforma e a distância entre restaurante e consumidor", detalha.

Em relação à suposta falta de transparência em taxas e porcentagens, o iFood detalhou que "o valor da entrega é calculado usando fatores como a distância percorrida entre o restaurante e o cliente, uma taxa pela coleta do pedido e uma taxa pela entrega ao cliente, além de variações referentes a cidade, dia da semana e veículo utilizado para a entrega." Além disso, desde maio, todas as rotas do app têm um valor mínimo de R$ 5 por pedido.

Os entregadores do iFood recebem, desde o fim de 2019, o Seguro de Acidente Pessoal, que cobre despesas médicas e odontológicas, “bem como indenização em caso de invalidez temporária ou permanente ou óbito decorrente do acidente”. Quanto à covid-19, desde março, “foram implementadas medidas protetivas, que incluem fundos de auxílio financeiro para quem apresentar sintomas” e para aqueles do grupo de risco. Até o momento, a empresa investiu mais de R$ 25 milhões nessas iniciativas.

A Rappi conta com 200 mil entregadores cadastrados no aplicativo na América Latina. A empresa de origem colombiana informou, também por e-mail, que a cobrança de frete “varia de acordo com clima, dia da semana, horário, zona da entrega, distância percorrida e complexidade do pedido”. Dados da companhia mostram, ainda, que cerca de 75% dos trabalhadores ganham mais de R$ 18 por hora. A Rappi também permite que os clientes deem gorjeta aos entregadores por meio do aplicativo.

Além disso, a empresa trabalha com um programa de escores “criado para tanto reconhecer quanto priorizar entregadores parceiros com um melhor nível de serviço na plataforma, ao mesmo tempo em que permite equilibrar a distribuição dos pedidos versus número de entregadores parceiros logados, fazendo com que o entregador passe a ter ainda mais clareza e transparência.”

A Rappi oferece, desde o ano passado, seguro para acidente pessoal, invalidez permanente e morte acidental. “O seguro vale para todos os entregadores parceiros e qualquer tipo de veículo, incluindo motos e bicicletas”, detalhou. Em relação à pandemia, a companhia elaborou diversos protocolos, como incentivo do pagamento via app, distribuição de álcool em gel e máscaras e criação de um fundo para apoiar financeiramente os colaboradores com sintomas ou confirmação da covid-19.

Em nota, o Uber Eats informou que “todos os ganhos (com a empresa) estão disponibilizados de forma transparente para os entregadores parceiros, no próprio aplicativo, ficando clara cada taxa e valor correspondente. Não houve nenhuma diminuição nos valores pagos por entrega, que seguem sendo determinados por uma série de fatores, como a hora do pedido e a distância a ser percorrida.” A empresa adotou medidas preventivas contra o novo coronavírus, como opção de entrega sem contato, por meio do recurso “Deixar na porta”, além de ferramenta para identificar o uso de máscaras pelos entregadores, a partir de um checklist on-line, que inclui uma selfie para verificar a utilização da proteção facial.

A Loggi e a James Delivery não responderam e-mails e mensagens enviados pela reportagem, até o fechamento desta edição.


Correio Braziliense sábado, 18 de julho de 2020

DE MANCHESTER A BRASÍLIA

Jornal Impresso

De Manchester a BrasIlia

 

 Devana Babu*

Publicação: 18/07/2020 04:00

Ian Curtis no Rainbow Theatre, imagem tirada do livro Ian Curtis & Joy Division %u2014 tocando 
a distância (Deborah Curtis/Arquivo Pessoal)  

Ian Curtis no Rainbow Theatre, imagem tirada do livro Ian Curtis & Joy Division " tocando a distância".

 

 
O aclamado disco Closer (Luciana Fátima/Divulgação)  

O aclamado disco Closer

 

 
Renato Russo foi muito inspirado pelo Joy Division: letras e danças (Reprodução da Internet)  

Renato Russo foi muito inspirado pelo Joy Division: letras e danças

 

 
Hoje faz quarenta anos que o álbum Closer, da banda Joy Division, foi lançado. Foi o segundo e último disco do grupo, cujo vocalista e letrista, Ian Curtis, cometeu suicídio em 18 de maio de 1980, um mês antes do lançamento oficial do disco, em 18 de julho. Se estivesse vivo, Ian Curtis teria completado 64 anos na quinta-feira passada. Apesar da morte precoce e da curta trajetória da banda, o impacto do grupo e dos dois álbuns foi tremendo.
 
A história da banda começou em 1976, depois que a seminal banda punk Sex Pistols se apresentou em Manchester, em 20 de junho. Dizem que, por onde os Sex Pistols passavam, inúmeras bandas se formavam, e naquela fria cidade industrial não foi diferente. Na plateia, estavam Bernard Samner e Peter Hook, futuros guitarrista e baixista da Joy Division, cuja formação se consolidou com Ian Curtis no vocal — outro presente no show dos Pistols — e Stephen Morris na bateria.
 
Com uma postura bem punk no início, a banda logo derivou para um estilo mais pós-punk, no qual foi pioneira. A sonoridade seca e exasperada dos instrumentos, as experimentações eletrônicas instigadas pelo produtor Martin Hannet e as letras existencialistas de Ian Curtis conquistaram inúmeros jovens e futuros artistas no mundo.
 
Um destes jovens foi Renato Russo, introduzido à banda por André Mueller, baixista da Plebe Rude, também conhecido como André X. André morava na Inglaterra com a mãe e ouviu a música Transmission pela primeira vez no programa de rádio de John Peel, importante DJ britânico. Depois, os Buzzcocks foram tocar no Top Rank Club, na cidade de Sheffield, onde André morava, e a banda de abertura era o Joy Division. “Naquela época, as bandas que estavam no topo escolhiam a dedo as bandas de abertura”, lembra o músico. “Foi um dos poucos shows em que a banda de abertura tinha apenas um compacto lançado. Dava pra saber que era a história se fazendo naquele momento”, recorda.
 
De volta a Brasília, André recebeu da Inglaterra, remetido pela mãe, o recém-lançado Closer. “Lembro que o Renato foi lá em casa e a gente ficou ouvindo aqueles teclados, não como no rock progressivo, mas mais atmosférico. Aquelas letras. Aquilo marcou muito a gente. Várias letras da Legião Urbana, da Plebe Rude e do Capital Inicial éramos nós tentando trazer essa dinâmica de sentimento sem ser clichê”, analisa.
 
O escritor e editor-chefe do jornal Estado de Minas, Carlos Marcelo, contabiliza que o nome da banda é citado 14 vezes em seu livro Renato Russo — O filho da revolução. “Joy Division foi uma das maiores referências musicais e estéticas para o rock de Brasília nos anos 1980. Além da sonoridade, a estética clean do grupo influenciou as bandas brasilienses. A capa do primeiro disco da Legião Urbana, por exemplo, lembra a capa de Closer, um dos trabalhos marcantes do designer inglês Peter Saville”.
 
Em páginas
 
No rol das homenagens aos 40 anos de lançamento do álbum Closer está o lançamento do livro Joy Division – Closer: Testamento musical, do escritor paulista Arlindo Gonçalves, pela editora Estronho. Autor de diversos livros de prosa, poesia e fotografia, Arlindo lançou sua primeira obra dedicada à banda Joy Division, In Aeternum – Joy Division, em 2018. Com a chegada dos 40 anos do álbum Closer, o autor pretendia lançar uma versão revista e ampliada do livro, o que se mostrou inviável e deu vasão a uma ideia mais ampla.
 
O novo livro, além de ser mais focado no último álbum da banda inglesa, traz uma miscelânea de formato e linguagens para formar uma espécie de biografia afetiva, ou seja, focada não só na história da banda mas, também, na relação dos fãs com a obra. Em um só livro, o leitor encontrará ensaios, análises críticas das letras e da capa do álbum, informações históricas sobre a banda, fotografias, contos ficcionais e ilustrações. O livro será lançado hoje, a partir das 16h, com uma série de lives e bate-papos em diferentes perfis nas redes sociais. Para mais informações e links, acesse a página In Aeternum – Joy Division no Facebook.
 
*Estagiário sob supervisão de Igor Silveira
 
 
 (Arlindo Gonçalves/Divulgação)  
 
Joy Division — Closer: Testamento musical
De Arlindo Gonçalves. Editora Estronho, 264 páginas. Preço sugerido: 
R$ 44, à venda pelo site da editora (lojaestronho.com.br).
 

Correio Braziliense sexta, 17 de julho de 2020

ALEXANDRE CARLO - RAIZ BRASILIENSE

Jornal Impresso

Raiz brasiliense
 
Alexandre Carlo, líder da banda Natiruts, fala ao Correio sobre a forte ligação dele com a cidade, os princípios do grupo, a cena cultural da capital, além do período de pandemia

 

» Maria Baqui*

Publicação: 17/07/2020 04:00

 (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  
 
A construção do cenário do reggae music em Brasília se deve muito ao grupo Nativus, criado na capital federal em meados de 1990. Posteriormente, renomeada Natiruts, desenvolveu-se com a proposta de, por meio da música, levar paz e mensagens positivas para o público. Em homenagem à banda que tanto significa para a cultura de Brasília, esta edição do Conversas Candangas é com Alexandre Carlo, vocalista do Natiruts. 
 
Como foi o processo de formação da banda?
Ao contrário do que se pensa, nós, da formação inicial, não nos conhecíamos antes da banda. O processo de criação começou por volta de 1993 quando eu tive a intenção de colocar em prática minha ideia de formar uma banda de reggae nos moldes da minha maior referência Bob Marley & The Wailers. Nesse momento, eu ainda não conhecia nenhum dos futuros integrantes que formariam o Nativus. Os dois primeiros que conheci foram Luís e Bruno no time de futebol da UnB. Numa das comemorações que ocorriam depois dos jogos, conheci Juninho, o futuro baterista. Nos tornamos grandes amigos e Juninho foi o primeiro a abraçar a ideia das canções. Músicas como Presente de um Beija-flor e Liberdade pra Dentro da Cabeça já existiam naquele momento. Isso em 1994. Em 1995, convidei Bruno e Luís para completar os postos de percussão e baixo e fizemos os primeiros ensaios juntos. Em 1996, tivemos a presença de André Carneiro na guitarra e fizemos alguns shows com o nome Nativus e o símbolo da banda, ambos criados por mim em 1994. Em abril de 1996, tivemos a entrada de Izabella e, logo, depois do Kiko Peres, substituindo André. Com a consolidação de todas as funções que eu gostaria para a banda, inclusive a da presença feminina, considero ali a fundação da ideia inicial. E vejo todos como peças fundamentais para isso.
 
Naquela época, o reggae não era um estilo tão comum no repertório de artistas brasilienses. Como era, naquela época, a forma encontrada para divulgar a banda?
Apesar de gostar de rock e ter Renato Russo como um dos compositores que mais admiro na música brasileira, eu não me sentia culturalmente representado por esse movimento. Vi no reggae essa representatividade que achava necessária para mim e para a cultura do DF, que jamais foi só de rock. A forma de divulgação foi a clássica da época: dar um jeito de gravar uma fita-demo e distribuir pela cidade. O diferencial da nossa fita eram Presente de um Beija-flor e Liberdade pra dentro da cabeça. Numa época em que não existiam YouTube ou Facebook, e as pessoas não tinham a mínima ideia visual e estética de como seriam os integrantes. O poder dessas duas canções foi fundamental para o início do sucesso fenomenal. Fora isso, houve um fato interessante. O fenômeno Nativus foi tão gigante, inesperado e inexplicável para Brasília, a capital do rock, que surgiram teorias para entender aquilo tudo. Uma delas foi a que o sucesso da banda veio por intermédio de um patrocínio vindo da família de Izabella.
 
A sua trajetória em Brasília é extensa. Até os 26 anos, era morador do Cruzeiro. Qual memória lhe conecta mais com a cidade?
As boas são a conexão com a natureza que a cidade proporciona. A ausência de construções muito altas, a exuberância da fauna e da flora do cerrado, além da beleza do céu de Brasília, sem dúvida, foram inspiração para todas as canções que compus para o disco Nativus.
 
Como você analisa as mudanças e as oportunidades para quem quer viver da cultura em Brasília?
Brasília tem um potencial artístico incrível. Na minha visão, o fato de ter uma formação cultural que pode ser vista como um resumo do Brasil, contribui muito para o surgimento de projetos originais, como Raimundos, Renato Mattos, GOG, Viela17, Ellen Oléria, Tribo da Periferia e tantos outros. No entanto, ainda tem uma dificuldade de entender a cultura como fator formador de cidadania e educação. Ainda é comum vermos músicos sendo impedidos de trabalhar mesmo antes das 22h por políticas arbitrárias, injustas e com viés ideológico e religioso. O que, obviamente, não é correto.
 
Qual é a influência e o impacto que o Natiruts têm para os artistas e para o público da cidade?
Qualquer manifestação cultural da cidade que ganhe relevância além das suas fronteiras se torna referência de vitória, de que é possível vencer as dificuldades e realizar sonhos. Felizmente, Brasília tem muitos desses representantes, o que torna a importância da cidade coerente com a função de capital federal do Brasil.
 
Como é a proposta de vocês em relação a ser uma banda inclusiva, que luta por direitos?
A Natiruts veio para mostrar um lado que sempre fez parte da cultura de Brasília, mas era desconhecida pelo grande público no Brasil. Esse lado zen/existencialista que nosso céu e nosso cerrado nos lembra todos os dias. Por isso, não é visto por nós como algo caricato ou alienatório como em outros centros urbanos mais densos.
 
Durante a pandemia, a banda estava com algum projeto em aberto? Como tiveram que se adaptar ao novo cenário da cultura?
Estávamos em turnê. Em 2019, gravamos um DVD, em Buenos Aires, onde reunimos 16 mil pessoas no Luna Park, casa mais tradicional de Buenos Aires. Mas o lançamento desse trabalho estava programado para o final deste ano. Será em formato de filme. Teremos show, documentário, clipes inéditos, história da banda até aqui, tudo reunido num mesmo pacote.
 
*Estagiária sob supervisão de Igor Silveira

Correio Braziliense quinta, 16 de julho de 2020

FLAMENGO, CAMPEÃO CARIOCA 2020!

Jornal Impresso

CAMPEONATO CARIOCA
 
Entre a festa e a apreensão
 
 
Flamengo vence Fluminense e conquista o Estadual pela 36ª vez. Torcida vive expectativa em torno da saída do técnico Jorge Jesus

 

Publicação: 16/07/2020 04:00

 

No Maracanã sem público, o treinador português foi celebrado pelos jogadores ao final da partida: possível viagem marcada para a terra natal (Carl de Souza/AFP
)  

No Maracanã sem público, o treinador português foi celebrado pelos jogadores ao final da partida: possível viagem marcada para a terra natal

 

 

O Flamengo confirmou o favoritismo e garantiu o 36º título do Campeonato Carioca ao vencer novamente o Fluminense, desta vez por 1 x 0, ontem. O bicampeonato foi celebrado de forma incomum, diante de um Maracanã vazio, com arquibancadas preenchidas apenas com faixas e mosaicos, a maioria com as cores do rubro-negro. O gol do título foi marcado por Vitinho, aos 49 minutos do segundo tempo.


O Fla tinha a vantagem de jogar pelo empate para levar o troféu, porque havia vencido a partida de ida por 2 x 1, no domingo. Mas não jogou pela igualdade. Pelo contrário, foi mais ofensivo que o rival, que precisava vencer por dois gols de vantagem. E impôs o domínio que não foi visto em campo nos dois clássicos anteriores — na quarta-feira passada, os dois times decidiram a Taça Rio, com triunfo do time tricolor.
A partida desta quarta pode ter marcado a despedida do técnico Jorge Jesus. Os rumores sobre a saída aumentaram nos últimos dias. Há especulação de que ele se apresente ao Benfica neste fim de semana.


Sob o comando do português, o Fla conquistou o sexto título consecutivo. Antes do Campeonato Carioca, o time faturou a Copa Libertadores e o Brasileirão, no ano passado. Nesta temporada, o clube soma os troféus da Recopa Sul-Americana, da Supercopa do Brasil e da Taça Guanabara, o primeiro turno do Estadual.

O jogo
Após boa exibição na partida de ida, o Flu surpreendeu, ontem, ao adotar postura mais cautelosa. Apesar da necessidade de vencer por, ao menos, um gol de vantagem, para levar a final para os pênaltis, o time de Odair Hellmann jogou recuado ao longo de um bom e movimentado primeiro tempo, preocupado somente com os contra-ataques.
Do outro lado, o Fla assumiu o protagonismo e controlou o jogo na etapa inicial. Com o retorno de Gerson e Everton Ribeiro ao time titular, a equipe rubro-negra retomou a consistência no meio-campo e passou a dar menos brechas na defesa, ao contrário do que fizera no jogo de ida.


Além de dominante, o time de Jorge Jesus também foi mais criativo, mesmo com baixa de Gabriel, suspenso. Na primeira boa chance do jogo, Bruno Henrique chegou a driblar o goleiro Muriel, mas perdeu o ângulo para a finalização. Na sequência da jogada, Pedro mandou para fora, aos 12 minutos.


Exibindo versatilidade, o Fla levava perigo de diferentes formas. Aos 27, Willian Arão arriscou de longe e mandou perto da trave, assustando Muriel. Até mesmo os defensores ameaçavam o gol tricolor. O zagueiro Léo Pereira quase abriu o placar aos 36, ao bater rasteiro dentro da área. Muriel caiu no canto para fazer a defesa.


Antes do intervalo, a artilharia rubro-negra também teve Arrascaeta, em finalização de longe, aos 42. Dois minutos depois, Pedro dominou na entrada da área, girou rápido sobre o marcador e finalizou rasteiro, mandando rente ao pé da trave direita de Muriel.
Tímido em campo, o Flu pouco ameaçava. Numas das raras oportunidades ofensivas, Marcos Paulo completou levantamento na área, de primeira, e mandou por cima do travessão, aos 25. Na melhor chance na etapa inicial, Evanilson puxou rápido contra-ataque pela direita e acionou Marcos Paulo, que recebeu livre na entrada da área, mas bateu fraco e facilitou a defesa de Diego Alves, aos 37.


No segundo tempo, o Flu passou a buscar mais o ataque, sem esperar a iniciativa do rival. Mas penava para jogar de igual para igual. Sem o mesmo ímpeto do jogo de ida, a equipe tricolor parava nos próprios erros e na falta de movimentação. Odair, então, passou a fazer mudanças. Inoperante no primeiro tempo, Marcos Paulo deu lugar a Fernando Pacheco. Em seguida, Ganso e Caio Paulista foram a campo.


Mesmo assim, o Flu seguia travado no jogo, longe de exibir o estilo rápido e mais ousado da partida de ida. O segundo tempo foi errático, de poucos lances de perigo para ambos lados. E de muita faltas e paralisações.


Quando a partida se encaminhava para um final morno, de poucas emoções, o Flamengo anotou o gol do título nos acréscimos. Vitinho, que acabara de entrar, acertou chute de longe, que desviou na defesa e enganou o goleiro Muriel, aos 49 minutos.


Correio Braziliense quarta, 15 de julho de 2020

OLHA CANDANGO NO CINEMA

 Jornal Impresso

Olhar candango no cinema
 
 
Em ritmo frenético, mesmo durante a pandemia, o diretor brasiliense de A concepção monta cinco filmes e relembra a influência de Brasília e da UnB na sua formação artística

 

» Ricardo Daehn

Publicação: 15/07/2020 04:00

 

Belmonte: 
%u201CBrasília precisa buscar a diversidade e inovação, essa é, para mim, sua natureza%u201D (Filipe Duque/O pastor e o guerrilheiro/Divulgação)  

Belmonte: "Brasília precisa buscar a diversidade e inovação, essa é, para mim, sua natureza."

 

 

 

Na herança da liberdade criativa adquirida em Brasília pelo cineasta José Eduardo Belmonte é uma das refererências atuais do cinema brasileiro. Guarda uma relação mais que afetiva com a capital do país. “Já senti desde solidão até medo e coragem, na travessia do Eixão”, confidencia com certo humor. Foi com uma mente inquieta e sentimentos à flor da pele que Belmonte, chegado à cidade ainda pequeno, nos anos de 1970, despontou para as artes, entre expressos desejos de se fazer roqueiro, jazzista, escritor e acabar na afirmação da carreira de cineasta, aos 16 anos.

 Foram muitos os cruzamentos pelo Eixão, enquanto estudante de cinema da Universidade de Brasília (UnB), nos anos de 1990. Belmonte assumiu a vocação de diretor — que o leva à condição de ter assinado nove longas, em apenas 17 anos —, diante das orientações e das chances dadas pelo mestre e cineasta Armando Bulcão. Mordido pelo desejo de expandir horizontes, atualmente o diretor oscila entre as temporadas candangas e cariocas. E, em tempos de coronavírus, leva uma penca de trabalho para o aconchego do lar, de onde preconiza: todos devem estar resguardados e não sair de casa.

 

Impulsionado pela diversidade e inovação, o diretor de 49 anos encarrilha as montagens de nada menos do que quatro projetos (Auto da mentira, Alemão 2, As verdades e O pastor e o guerrilheiro, filmado, em parte, na cidade). Somado a tudo isso, Belmonte acalenta o desejo de concluir o documentário Aurora, em torno da artista plástica Rita Wainer.

 

» Entrevista // José Eduardo Belmonte

 

Qual a sua ligação com a cidade?

Eu vim muito novo, no início dos anos 1970, porque meu pai optou ser transferido para Brasília. Trouxe a família e ficamos. Havia muito incômodo de uma parte da família, porque era uma cidade em construção. As novidades chegando com muito atraso, poucas opções culturais, longe do mar (minha família é do Rio de Janeiro); tudo seco, vazio. Sentia o eco desse incômodo quando criança, mas, de fato, como não tinha outra referência pregressa, essa visão de mundo em Brasília foi minha primeira definição. Ao mesmo tempo em que percebia uma melancolia pelo “desterro”, também sentia uma imensa liberdade.

 

Você se percebe candango? Ainda “mora” aqui de algum modo?

Eu não tenho o título, mas a maior parte da minha vida e formação foi aqui. Talvez não seja a mesma pessoa de quando ficava sempre na cidade, mudei como todo mundo muda, inclusive de cidade, mas levo bastante Brasília comigo, pois, de fato, sou brasiliense. Minha família ainda mora por aqui; sempre que posso, venho à cidade.

 

Como despertou para as artes?

Aos 4 anos já descia, sozinho, para brincar embaixo do bloco e andava pela quadra descobrindo coisas na natureza que convivia com o concreto. E ainda, sobre o mim, o céu e a ampla visão permanente do horizonte. Penso que essa fricção entre a melancolia e as possibilidades do novo atiçaram minha imaginação e me levaram às artes muito cedo. Aos 9 anos, queria ser escritor. Até cheguei ganhar um prêmio, aos 15 anos, da biblioteca do INL, o Instituto Nacional do Livro (risos). Mas, nessa época, começaram as bandas de rock e resolvi ser músico. Tentei sem sucesso fazer bandas de rock, até de jazz, mas nada...

 

Daí veio cinema?

Por coincidência, aconteceram fatos marcantes nesses tempos. Fui a uma festa de aniversário de um amigo, e vi que o pai filmava com uma câmera importada VHS. Aquilo me impressionou, porque percebi alguém tendo uma câmera em casa: era algo raro e ainda mais filmar o cotidiano. Depois, já estudando no Marista — no qual minha mãe dava aula —, descobri que eles tinham uma câmera e ilha de edição VHS. Tentei adentrar lá e descobrir como fazia. Por fim, meu irmão me levou a uma mostra de cinema fantástico, promovida pelo José Damata (no Cine Brasília). Não ia muito ao cinema, via filmes basicamente pela tevê, e aquele momento abriu minha mente. Estar em uma sala escura, imerso de imagem e sons, vendo história bastante imaginativas, pra mim era algo próximo à dinâmica dos sonhos que era fascinado. Descobri que a UnB tinha um dos poucos cursos de cinema do país na época. Escolhi minha profissão aos 16 anos. Minha família estranhou bastante. Mas fui atrás de cursos, saber quem fazia, e consegui entrar no curso exatamente na época que o governo Collor acabou com cinema brasileiro.

 

Que lugares e pessoas solidificaram a tua formação?

Lugares, vários. Dos cinemas: Cine Brasília, Cine Academia e Cultura Inglesa. Havia ainda as idas às embaixadas pra ver filmes e algumas festas. O Conic foi onde fiz meu primeiro longa (Subterrâneos, 2003), mas, sem dúvida, a UnB foi fundamental para minha formação e a convivência com colegas e professores. Citar nomes é sempre complicado, por esquecer alguém, mas, tínhamos uma turma de alunos muito pequena. Quatro alunos. E aí tinha agregados ao curso, dentro e fora da UnB. André Luis da Cunha, Alfredo Viana, Bento Viana, Rosa Menezes, Murilo Grossi, Clarice Cardell, André Lavenere, René Sampaio, Chico Bororo, Cibele Amaral e Ricardo Pinelli, entre vários. Houve professores fundamentais pra minha formação: Luis Humberto, Regina Calazaens, José Luiz Braga, Clara Alvim, Nelson Pereira dos Santos, que foi meu orientador no meu filme de formatura, e estar num set dele foi uma segunda faculdade, e, o que considero meu mestre: Armando Bulcão. Me deu as primeiras chances.Viu meu potencial e minhas falhas, me orientou.

 

Qual a sua memória mais afetiva com a cidade?

Um lugar que sempre me fascinou em Brasília foi o Eixão, pois, como andava muito a pé, tinha que atravessar quase todo dia. Uma avenida larga que cruza boa parte da cidade — você não vê o final dela, a vista termina no horizonte, e atravessá-lo é quase uma experiência espiritual. Para poder ir e vir, enfrentar carros, passagens subterrâneas em uma avenida com dimensão não humana, com um grande espaço no meio, em que você pode ficar entre os carros, às vezes, cruzar com pessoas. Um ato cotidiano que se torna um desafio. Já senti muita solidão, opressão, esperança, medo, coragem (risos) e epifanias nesse ato que devia ser tão simples.

 

O Festival de Brasília do Cinema Brasileiro definiu o que na sua vida?

O festival foi importante, sem dúvida, para minha formação e para minha carreira. Ter ganhado, com 5 Filmes Estrangeiros (1997), e a simples exibição do filme foram marcos na vida. Mas não só o Festival de Brasília, o festival internacional que existia no Cine Academia, que promoveu intercâmbios valiosos. Vieram cineastas como Nicolas Winding Refn, Shin’ya Tsukamoto, Amos Gittai, entre outros. Uma experiência que o BIFF (Brasília Internacional Film Festival) também implanta e que é muito importante para que a cidade assuma sua vocação cosmopolita.

 

O que Brasília te deu e que ninguém vai tirar? 

A pergunta me soa muito intensa (risos). Nada é permanente na vida. Mas, penso que essa vontade de ampliar horizonte, ter uma visão horizontal do mundo, se entender pela busca do outro se deve muito aos meus primeiros anos de vida em Brasília.

 

A cidade virou símbolo de quê?

Não consigo definir Brasília, mesmo porque toda cidade é dinâmica e, uma cidade jovem, mais ainda. Além disso, é preciso também entender a cidade pelas regiões administrativas, nas quais tantas coisas interessantes acontecem. Brasília precisa buscar a diversidade e inovação, essa é, para mim, sua natureza. Resumir a cidade a seus símbolos clichês, ao Plano Piloto, ao Congresso, é uma preguiça intelectual que vem cada vez mais assolando o país.

 

Você trabalhou temas como isolamento (Meu mundo em perigo) e, claro, pontuou filmes 

relacionados ao coletivo, à agregação (A concepção). Ao longo dos tempos, acha que Brasília removeu a tarja do individualismo exacerbado?

O problema do individualismo é universal. Brasília agrava isso, por causa da arquitetura de grandes espaços, que foi usada para segregar, numa cultura autoritária. Além disso, por ter uma parte grande da população, que é sazonal, logo existe um descompromisso natural com a cidade, e, até onde sei, boa parte dessa população veio, desde da criação, para o bem ou para o mal, por causa de oportunidades, dinheiro.

 

Como tem percebido o momento da quarentena? A arte se faz mais cotidiana na vida das pessoas nessa era?

É um momento de reclusão para repensarmos o mundo e fazer uma metanoia. Tenho me dedicado a cuidar e ajudar, como posso, enquanto estou em reflexão e terminando as montagens dos projetos filmados (Auto da mentira, Alemão 2, As verdades e O pastor e o guerrilheiro). Ainda tem a volta da montagem de Aurora, projeto que fiz com Rodrigo Teixeira, um documentário sobre a artista plástica Rita Wainer. Tudo de casa. Fique em casa, aliás. Acho que, hoje, pesa a arte que serve para criar cenários, para entender o mundo, problematizar questões e se revela um braço importante para preparar o espírito. De fato tem que ser repensada: como ela pode ser feita agora, porque esse tempo vai exigir de todos nós uma grande mudança social, cultural, econômica... 

 


Correio Braziliense terça, 14 de julho de 2020

RISCO PARA TODAS AS FAIXAS ETÁRIAS

Jornal Impresso

Risco para todas as faixas etárias
 
A covid-19 provocou a morte de 219 moradores do Distrito Federal com menos de 60 anos, reforçando que a doença não é letal somente para idosos. Diante desse cenário, especialistas alertam para a importância do isolamento social durante a pandemia

 

» ALAN RIOS
» MARIANA MACHADO

Publicação: 14/07/2020 04:00

Michele Venâncio carrega com saudade as fotos do pai, morto aos 53 anos em decorrência da covid:  

Michele Venâncio carrega com saudade as fotos do pai, morto aos 53 anos em decorrência da covid: "Era supersaudável, com aparência tão jovem"

 

Boa parte dos moradores do Distrito Federal flexibiliza o isolamento social com atividades não essenciais, como saídas desnecessárias, encontros com amigos e até festas durante a pandemia do novo coronavírus. Mas especialistas ressaltam que a doença não atinge somente idosos. No total, 64.575 pessoas com menos de 60 anos contraíram o vírus na capital. Dessas, 227 não sobreviveram. Mais de 200 vidas que se foram e deixaram histórias, famílias, amigos e sonhos. “A doença não escolhe e não há como prever quais contaminados vão ter um caso evoluindo para algo grave. Então, ninguém pode se descuidar”, alerta Valéria Paes, infectologista do Hospital Universitário de Brasília (HUB).
 
Os boletins epidemiológicos da Secretaria de Saúde mostram que duas crianças, cinco jovens de até 29 anos e 220 adultos de até 59 anos morreram em decorrência da covid-19 no DF. Além disso, a média de idade do total de casos confirmados é de 38 anos. “Qualquer pessoa pode contrair o vírus, tanto que temos observado vários profissionais da saúde jovens falecendo. Também temos de lembrar que há uma parcela considerável de pessoas com menos de 60 anos que têm comorbidades, como obesidade, câncer, doenças respiratórias e outras”, explica a infectologista. Valéria ressalta que a probabilidade de internação em casos de infecção em pessoas com doenças preexistentes é maior, o que deixa essas pessoas vulneráveis.
 
No Distrito Federal, o percentual da população com asma e câncer — 6% e 2,7%, respectivamente —, por exemplo, é maior do que média nacional, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), de 2013, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A capital tem, ainda, 5,8% de moradores com diabetes e 3,5% com doenças cardíacas. “E, mesmo que o jovem seja contaminado e a doença não se torne grave, ele pode participar da cadeia de transmissão e levar o vírus para alguém, que pode acabar tendo complicações. Por isso, não podemos nos arriscar ou confiar em medicações que não foram confirmadas como benéficas. O melhor para si e para o próximo é se prevenir”, reforça Valéria.
 
Valor da vida
Quem infectou-se com o novo coronavírus sabe que a condição é arriscada. O morador de Águas Claras Izaildo Feltrini tem 38 anos e foi internado em uma unidade de terapia intensiva (UTI) por complicações da doença. “Não sei ao certo se peguei o vírus no trabalho ou em algum supermercado, porque eu sempre cumpri as orientações certinho, mas sei que comecei a ter sintomas em 11 de junho. Quando fui ao hospital, descobri que tinha a covid-19 e 25% do meu pulmão estava comprometido. Então, mandaram-me para UTI”, conta o servidor público. Izaildo ficou 12 dias internado, com febre, falta de ar e medo.
 
“Foram dias dolorosos, o pulmão chegou a ficar quase 70% comprometido e, por pouco, não precisei ser entubado. Passava na minha cabeça que eu era jovem, saudável, só tinha uma asma, que estava controlada. Mas, graças a Deus, a equipe médica foi muito competente, conseguiu controlar o quadro na terceira medicação que tentaram e eu tive ajuda da fisioterapia para me recuperar”, revela.
 
Depois do susto, Izaildo virou exemplo para amigos, que passaram a redobrar os cuidados. “Vejo gente confraternizando, bebendo sem máscara, fazendo festa, mas só peço que essas pessoas tomem cuidado, porque, quem entra em uma UTI, não sabe se sai. Eu dou graças a Deus que consegui me livrar dessa doença e tive a oportunidade de viver mais, mas vi gente jovem morrendo, porque é um vírus que não sabemos como reagirá no corpo. Os cuidados que pedem, como usar máscara e se isolar, são poucos perto do valor da vida”, ressalta.
 
Além de jovens, pessoas que tiveram uma vida saudável podem não resistir ao novo coronavírus. A moradora de Planaltina Michele Venâncio, 35, perdeu o pai, de 53, para a covid-19. “Ele não tinha nenhuma comorbidade. Diabetes, hipertensão, nada. Era supersaudável, com aparência tão jovem, que as pessoas achavam que era meu namorado. Então, não dá para falar que é uma doença fraca ou que só vai ser ruim para quem é do grupo de risco, porque não era o caso dele”, diz a gerente.
 
Luto
O pai de Michel foi ao hospital quando teve um quadro de dengue, e a família acredita que ele contraiu o vírus na unidade de saúde. “Ele foi internado no Hospital Regional de Planaltina, mas não tinha leito. Entramos na Justiça e lutamos, mas não teve jeito, então, transferimos para um hospital particular de Taguatinga. Mas, infelizmente, o pulmão dele já estava muito comprometido”, lembra Michele.
 
Além da perda repentina, a família encarou o luto com distanciamento. “O sepultamento é a pior coisa do mundo. Eles colocam o caixão na capela e você tem de olhar do lado de fora. O corpo é enrolado em saco plástico. Você enterra um ente querido como se fosse um saco de lixo. É muito sofrimento”, desabafa a gerente. Michele também conta que a mãe foi infectada dias depois do pai e que os filhos tiveram que se manter fortes para cuidar dela. “Só depois que isso tudo passar, a gente vai poder sentir, mesmo”, lamenta.
 
 
Três perguntas para
 
David Urbaez, infectologista do Laboratório Exame
 
Muita gente hoje quebra o isolamento social por causa da sensação de que está protegido só por usar máscara. Mas essas pessoas também estão em risco?
O pessoal entendeu a máscara como salvo-conduto, algo que faz ficar completamente fora de risco. Mas a máscara que estamos usando serve para diminuir a quantidade de partículas que expelimos, para proteger o outro, e, enquanto isso, elas se esquecem dos olhos. A conjuntiva é receptiva ao vírus e pode ser um canal de acesso. Outro ponto é que costumamos falar que água mole em pedra dura tanto bate até que fura, então, a repetida exposição da pessoa que sai de casa sem necessidade vai somando cargas virais maiores, o que pode se traduzir em um quadro grave de infecção, levando à morte.
 
Também há um senso comum de que quem é jovem e não tem doenças está 100% seguro. Esse é mais um mito da covid-19?
A probabilidade de óbito em casos acima dos 60 é aumentada. Sabemos também que a comorbidade é um fator de risco e, por mais jovem que seja, a pessoa pode ter diabetes, pressão alta, obesidade. Tudo isso pode desenvolver quadros graves e levar a óbito. Mas a situação é bem mais complexa do que muitos pensam. Isso porque não tem como apertar um botão e descobrir como é nossa proteção genética, como o vírus vai agir no nosso corpo. A presunção de que o coronavírus não vai afetar em nada é perigosa, parte da falsa premissa de que a pessoa está imune, coisa que ninguém está. E, mesmo que a pessoa não sofra nada, ela pode transmitir para alguém da família, que pode acabar tendo complicações.
 
Observamos hoje muitos jovens confraternizando, fazendo até festas. Como explicar a eles o perigo dessas reuniões?
Esse é um momento de luto coletivo. Tivemos mais de 70 mil mortes no país. Não dava para esperar mais uns meses para fazer uma festa? Parece que se dissolveu a consciência da pandemia, que nós naturalizamos as mortes. Isso faz com que surja o espírito de querer se opor às únicas alternativas que temos para diminuir a circulação do vírus. Confraternização é um momento que promove proximidade; por isso, somos contrários. Não podemos negar que está acontecendo uma pandemia e que podemos nos expor ou levar esse vírus para pais, avós. Temos de lembrar que estamos na ascensão do vírus no Centro-Oeste. É paradoxal que as pessoas, antes, estavam atendendo ao isolamento e, agora, no momento de maior circulação do coronavírus, não estão. O que está acontecendo nos hospitais, o esforço dos enfermeiros, médicos e funcionários de UTI, é algo que nunca se viu na nossa história do DF.

Correio Braziliense segunda, 13 de julho de 2020

ROCK: SETENTÃO EM FORMA

Jornal Impresso

ROCK
 
Setentão em forma
 
 
No Dia Internacional do Rock, confira o que alguns dos roqueiros brasilienses têm a dizer sobre um dos mais populares ritmos do mundo

 

» Irlam Rocha Lima

Publicação: 13/07/2020 04:00

Impressiona a quem curte e, mesmo aos que não são exatamente apreciadores, a jovialidade de um setentão chamado rock and roll. Originário dos Estados Unidos, esse estilo de estrutura musical simples — em sua forma pura utiliza três acordes —, tem raízes na country music, gospel e R&B. Historicamente, os criadores desse estilo foram Chuck Berry, Little Richard e Jarry Lee Lewis, embora a popularização seja atribuída a Elvis Presley e Bill Haley, protagonista do filme Rock around the clock, que no Brasil, onde foi exibido em 1956, recebeu o título de No balanço das horas.
 
Entre nomes icônicos que contribuíram para tornar o rock algo atemporal, a partir da década de 1970, estão bandas como Beatles, Rolling Stones, Led Zepelin, Pink Floyd, Ramones, The Clash, The Doors e Queen, além dos cantores e compositores John Lennon, Paul McCartney, David Bowie e Elton John, do guitarrista e compositor Jimi Hendrix e da cantora Janis Joplin. Eles entram para a história da música universal e fazem parte da memória afetiva de incontáveis fãs.
 
No Brasil, os irmãos Cely e Tony Campello são vistos como os pioneiros do rock, na segunda metade dos anos de 1950. Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Wanderléa e seus companheiros da Jovem Guarda despertaram o interesse pelo gênero nos anos 1960; enquanto Raul Seixas e Rital Lee se tornaram símbolos roqueiros na década de 1970. As bandas paulistanas Titãs e Ira!, as cariocas Barão Vermelho e os Paralamas do Sucesso estão entre os representantes da geração oitentista, responsáveis pelo que veio a ser conhecido como BRock. Brasília contribuiu para isso com as reverenciadas Legião Urbana, Capital Inicial, Plebe Rude e Detrito Federal.
 
Hoje, comemora-se o Dia Internacional do Rock, instituído em 13 de julho de 1985, quando o cantor, compositor e humanista inglês Bob Geldof idealizou um festival chamado Live Aid, que ocorreu simultaneamente em Londres e na Filadélfia, cuja renda foi destinada ao combate à fome na Etiópia. Desde então, a data vem sendo comemorada em todo mundo. Em tempo de interminável quarentena, determinada pela pandemia, roqueiros brasilienses fazem a celebração em casa, longe do palco e do público. Veja o alguns deles, ouvidos pelo Correio, disseram.
 
 
 (GiovannaOhl/Divulgação)  
 
 
Philippe Seabra (Plebe Rude) — “Sempre achei estranho ter um dia para o rock, pois, pela natureza contestatória, creio que o rock não se conformaria em ser celebrado apenas num só dia. O rock deu voz aos jovens desde a década de 1950 e não foi diferente em Brasília, relacionada à geração da qual a Plebe fez parte. Nesse período que vivemos, com o impacto do coronavírus na sociedade, se existe um ponto positivo, é que veio apressar a história, ao demonstrar mais claramente toda a incompetência e falta de gestão desse governo patético. A Plebe também foi atingida, pois não pudemos lançar o álbum duplo Evolução, com o adiamento da turnê que faríamos pelo Brasil e Europa, onde participaríamos do Festival Rebellion, na Inglaterra.”
 
 (Matt Magrath/Divulgação)  
 
Tomás Bertoni (Scalene) — “Eu era pré-adolescente quando o rock entrou na minha vida, ao ouvir bandas clássicas, como Beatles, por influência dos meus pais, e o Red Hot Chili Peppers, e a pouco conhecida banda californiana Thrice. O rock, além de se tornar uma referência, fez surgir em mim, a partir dos 14 anos, uma identidade musical. Nosso último show foi no primeiro fim de semana de março, em Campinas (SP). Com o surgimento da pandemia, houve o adiamento das apresentações para lançar o EP Fôlego. Aliás, a produção desse projeto nos impôs um desafio, o de fazer  tudo à distância, cada um trabalhando no seu tempo. Foi uma experiência diferente, mas fluiu bem. O lado bom dessa longa quarentena é que sobrou tempo para que eu possa atenção total ao Benjamim, o meu primogênito.”
 
 (Shalon Adonai/Divulgação)  
 
Kiko Peres (Natiruts) — “Minha ligação com o rock vem de muito tempo. Para aperfeiçoar minha performance como guitarrista, me formei em música no Guitar Institute of Technoloy, de Los Angeles, em 1992. Fiz parte de algumas bandas, como Pravda, e das que faziam cover de Jimi Hendrix e Led Zeppelin. Atualmente, integro o Natiruts, com o qual vinha fazendo muitos shows antes da covid-19. Durante a quarentena, a música continua sendo minha maior terapia. Tenho tocado bastante e criado novas composições, que pretendo lançar ainda neste ano. Mas sinto muita falta de estar no palco e de trocar energia com o público.”
 
 (Henrique Fran?ois/Divulgacção)  
 
Zenny Galvão — “O rock sempre esteve presente em minha vida. Sou baixista desde 1989, quando formei a banda metaleira Flammea. Participei também e outros projetos, como os da Dona Encrenca, Foxy Lady, Rarabichebas, The Evil Rock e Woman in Rock. No momento, com a paralisação que atinge fortemente o meio artístico, recorro ao que ainda tem de sobra, a criatividade. Eu e Fábio Marreco fizemos jams virtuais com Rafael Cury e Thiago Totem. A vida está em suspenso, indefinida, o que se agrava com perdas de vidas e pela absurda inação e insanidade política. Mas a arte sempre resiste; e por hora é o que temos de cura.”
 
 (Arquivo Pessoal)  
 
Bruna Dornellas (Mirante) — “O rock tem uma importância muito grande para mim. Vejo como forma de expressão e pressão sobre valores tradicionais. Tomo parte de um projeto de rock alternativo como vocalista da banda Mirante. Com esse trabalho, iniciado em 2019, mostramos nosso som, nossa interpretação e nossa opinião, por meio das letras. No período de isolamento, determinado pela covid-19, nos adaptamos e criamos um método de produção caseiro. As músicas serão gravadas quando tudo isso passar. Sonho com o dia em que poderei subir novamente ao palco. Mas, enquanto isso não for possível, faço um apelo: fique em casa!”
 
 (Deilson Psykhe/Divulgação)  
 
Kefere Kafe (Indigentes e Indecisos) — “Somos uma banda de punk rock de São Sebastião-DF e vemos a importância de haver uma data comemorativa para o rock apenas para relembrar que, historicamente, esse gênero musical contestatório, abre a mente e provoca inspiração. A Indigentes e Indecisos foi formada em 2015, tem feito shows e participado de festivais undergrounds em vários pontos do Distrito Federal, incluindo a Vigília Cultural pela Democracia, na área externa do Museu Nacional da República. Como estamos sem atividade por causa da pandemia, sugiro que acessem nossa página no Facebook, em que postamos sempre muitas novidades e gravações de músicas com letras satíricas e críticas sociais.”
 

Correio Braziliense domingo, 12 de julho de 2020

O QUE VOCÊ EM FEITO NA QUARENTENA?

Jornal Impresso

O que você tem feito?
 
Em isolamento social, como tem reagido o público amante da música? Algumas dessas pessoas falaram ao Correio sobre a rotina na pandemia

 

» Irlam Rocha Lima

Publicação: 12/07/2020 04:00

 
Brasília é uma cidade em que eventos artísticos, principalmente os da área musical, são prestigiados por expressivas e participantes plateias. Há mais de três meses, shows, concertos e espetáculos do gênero deixaram de ser realizados por causa da disseminação do novo coronavírus, que privou os espectadores de uma das principais alternativas de entretenimento e de fruição da cultura na capital.
 
Em isolamento social e com a remota expectativa do retorno dessa atividade, os amantes da música mesmo diante da impossibilidade usufruí-la presencialmente, continuam a tê-la como acalanto, ao assistir a lives, a programas de televisão e ao acessar o conteúdo sobre o assunto disponível nas plataformas digitais. Ouvidas pelo Correio algumas dessas pessoas falaram também da rotina que mantêm durante a interminável quarentena.
 
 (Arquivo Pessoal)  
Orly Burgos (Diplomata)
 
— “Mantenho o saudável hábito de assistir aos concertos da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro, no Cine Brasília. Isso é algo que me faz muita falta agora, em tempo de pandemia. O último que presenciei foi no começo de março, em que o programa tinha como destaque obra de Igor Stravinsky”, frisa a primeira secretária da Embaixada da República Dominicana. Ela diz que, recentemente, viu uma live da orquestra, que tem Cláudio Cohen como maestro. A diplomata atua na produção da Mostra Latina-Americana e Caribenha de Cinema, que foi realizada em outros anos também no Cine Brasília. A edição de 2020 voltou a ocorrer de 1º a 3 deste mês no formato on-line, com exibição dos filmes pelo canal Grulac Brasil.
 
 
 (Renato Cortez /divulgação )  
Natália Dantas (Psicóloga)
 
— Logo que o Samba Urgente surgiu, em 2018, Natália Dantas começou a prestigiar o coletivo de instrumentistas que comanda esta concorrida roda de samba. “O fato de o Samba Urgente ocupar o espaço urbano da cidade ganhou a minha simpatia desde o começo. Além disso, vejo-o como algo democrático e inclusivo, que prega o respeito à igualdade e ao amor”, salienta a psicóloga, que fez muitas amizades no evento. Ela elegeu a edição ocorrida na área da piscina de ondas, no Parque da Cidade, como a melhor de todas, principalmente pela participação inesperada da cantora paulistana Paula Lima. “As lives ocupam parte do tempo durante o isolamento social, mas nada se compara a troca de energia, que o Samba Urgente proporciona”, sublinha.
 
 
 (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
Ayres Britto (Jurista)
 
— Frequentador assíduo do Clube do Choro, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Ayres Britto guarda na memória shows de João Donato, Armandinho Macedo, Hamilton de Holanda e outros grandes músicos brasileiros que assistiu naquele espaço cultural localizado no Eixo Monumental, onde possui mesa cativa, em que teve como convidados os também ex-ministros do STF Joaquim Barbosa e César Peluzzo. Presença constante também no auditório master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, ele se recorda de apresentações de Caetano Veloso, João Bosco, Djavan e Ivan Lins. Enquanto espera a retomada das atividades artísticas, mesmo sem saber quando, o jurista ouve música, lê livros e escreve poemas. Poeticamente observa: “Estou batendo pernas dentro de mim mesmo, conversando com os próprios botões e dando voltas nos quarteirões de minha alma”.
 
 
 (Monique Damásio /divulgação)  
Bruno Nere (Tatuador)
 
— O rock dos anos 1990 e as batidas eletrônicas têm a preferência de Bruno Nere, que costuma ouvir estes estilos musicais em festas temáticas LGBTS, como a Toranja e outras que ocorrem na Birosca, no Conic. “Me identifico mais com eventos voltados para o público alternativo, que é formado por pessoas respeitosas e conscientes com as quais tenho maior interação. São essas festas que, no período da necessária quarentena, fazem falta para alguém como eu, que tem o hábito de sair à noite, para me socializar”, ressalta. “Além de me dedicar ainda mais ao estudo da arte de tatuar, tenho feito pouca coisa. Dia desses, fui a uma cachoeira com um amigo, e só”, complementa.
 
 
 (Arquivo Pessoal)  
Yan Cláudio (Vestibulando)
 
— De gosto eclético, o estudante Yan Cláudio tem preferência por festivais que reúnem artistas de diferentes estilos musicais. Como este ano a programação musical foi interrompida logo depois do carnaval, ele diz que não assistiu a nenhum show que considerou importante. “Em 2019, assisti a apresentações de Ney Matogrosso, no CoMa (na área do Complexo Cultural da Funarte); e de Iza, no Pavilhão Luz (Estádio Nacional Mané Garrincha), que foram especiais. Trabalhei, como freelancer, no Festival Melanina e pude curtir a black music que faz a trilha sonora deste projeto”, lembra. “Estou sentindo muita falta de shows ao vivo e de encontrar os amigos”, reforça.
 


Correio Braziliense sábado, 11 de julho de 2020


Correio Braziliense sexta, 10 de julho de 2020

CLÁUDIA LEITTE: 40 NA QUARENTENA

Jornal Impresso

40 na quarentena
 
 
Apesar da pandemia, Claudia Leitte prepara uma supercomemoração de quatro décadas de vida com live. Ao Correio, a artista conta sobre as expectativas para o carnaval e o momento conturbado com a covid-19
 
Claudia Leitte conta ao Correio como será a live de aniversário em meio à pandemia e projeta o 
carnaval de 2021.    (Instagram/Reprodução)

 

» Geovana Melo*

Publicação: 10/07/2020 04:00

Claudia Leitte (Instagram/Reprodução)  

Claudia Leitte

 

 
Aniversário é um momento de festejar e reunir pessoas queridas para celebrar a vida. No entanto, com as medidas de proteção para evitar a proliferação do novo coronavírus, as comemorações ganharam novos significados e maneiras de interação, principalmente por meio das redes sociais. É assim que Claudia Leitte vai comemorar, hoje, os 40 anos de idade. A cantora realizará a live 40ando na quarentena, a partir das 19h30, no canal oficial dela no YouTube. Na ocasião, a baiana dividirá o microfone, virtualmente, com Any Gabrielly, Léo Santana, MC Zaac, Bera, Dennis Dj, Lorena Improta e com o brasiliense Hungria. A apresentação, além de marcar o aniversário da baiana, tem viés solidário e busca arrecadar doações para as instituições Amigos do Bem, Beleza Escondida e Hospital Aristides Maltez (HAM).
 
O repertório do show foi pensado com a ajuda dos fãs e contará com grandes sucessos dos 19 anos de carreira da cantora, que iniciou a trajetória no grupo Babado Novo, em 2001. Claudinha relembra as mudanças do início da caminhada até agora. “Hoje, sou uma mulher e cantora mais experiente, mais madura, que se tornou mãe e esposa, mas tudo isso não me fez ser menos sonhadora, pelo contrário. Sinto como se estivesse começando agora, então, não vejo a hora de me desafiar, de produzir músicas novas e de inovar nos próximos trios elétricos”, conta Claudia Leitte em entrevista ao Correio.
 
Com estreia no axé, os trabalhos mais recentes da cantora e compositora são caracterizados pela diversidade. Ela transita por vários ritmos, passando pelo axé, forró, funk, reggae, reggaeton, pop e MPB. “Costumo dizer que o axé sempre me permitiu explorar todos os ritmos musicais, assim como a experiência de cantar por horas e horas em cima do trio elétrico. Eu amo cantar música, seja qual ritmo e estilo for. Acho que isso amplia as nossas possibilidades artísticas”, declara a baiana.
 
Claudia Leitte está aproveitando o momento de quarentena para ficar com o marido, Márcio, e os três filhos, Rafael, Davi e Bela. Além disso, a cantora tem trabalhado bastante. “Minha casa se torna também meu escritório nesse momento. Compus algumas músicas, fiz lançamentos e estou nos preparativos finais para minha segunda live, além de planejar tudo o que vem por aí na minha carreira”, afirma a aniversariante.
 
Longe dos palcos em razão do isolamento, a artista acredita que as lives são aliadas para matar a saudade das apresentações e se manter próxima ao público. “Sinto falta de estar nos palcos e também dos abraços, mas ainda bem que temos a tecnologia para nos fazer ficar próximos e ainda para poder arrecadar doações em prol de instituições que tanto necessitam, especialmente neste período”, destaca.
 
Carnaval
 
Conhecida por arrastar multidões atrás dos trios elétricos durante o carnaval, Claudia é uma das referências do festejo e dos foliões. A realização do carnaval de 2021 ainda está incerta por causa da pandemia. Por mais que a festa seja um marco da cultura brasileira, a cantora optou por não fazer planos. “Acredito que neste momento tenhamos que focar no que é o principal, que é a saúde e segurança de todos. Tinha projeções para o ano que vem, mas entendo que as festas só acontecerão se a pandemia estiver controlada em nosso país”, esclarece.
 
Trabalhos
 
Em abril, a cantora lançou a segunda parte do álbum trilíngue Bandera move, que reúne faixas gravadas em português, inglês e espanhol, e segue colhendo os frutos desse trabalho. A primeira faixa escolhida para promovê-lo foi Rebolada bruta, gravada em parceria com o paulista MC Zaac, na qual une o funk ao reggaeton.
 
“A repercussão tem sido muito boa. Sempre recebo mensagens carinhosas do público sobre as músicas, especialmente falando do último single, Rebolada bruta, em que canto com MC Zaac. É uma música que tem animado as pessoas quando estão em suas casas ou mesmo no momento de se exercitarem na sala. Foi um trabalho lançado em meio a essa quarentena inesperada, mas que ainda assim conseguiu atingir o coração das pessoas de alguma maneira”, lembra a compositora.
 
Em maio, também durante a quarentena, Claudia Leitte lançou o single trilíngue Mi amor, um feat entre ela e o cantor franco-georgiano Bera. “Foi uma honra participar. Bera é um cantor muito talentoso da nova geração e que está sendo cada vez mais conhecido entre os brasileiros. Além disso, ele tem uma consciência social e ambiental muito bacana, esteve na Amazônia e inclusive fez doações para uma ONG em prol da floresta. Fora essa participação, pretendo lançar novos singles sim, mas ainda não posso contar mais detalhes”, completa.
 
» Duas perguntas  / Claudia Leitte
 
Como será a live de comemoração dos seus 40 anos?
Podem esperar uma live pensada nos mínimos detalhes, feita com muito amor e com o objetivo de alegrar o coração das pessoas. Teremos surpresas e várias participações especiais, como do MC Zaac, Léo Santana, Any Gabrielly, Lore Improta, Bera, Hungria e Dennis DJ.
 
Durante esses 19 anos de carreira, quais foram as canções que mais lhe marcaram?
Todas as canções me marcaram, não consigo escolher uma. Pois cada uma me traz uma memória especial. Poderia tentar citar algumas, mas acho que a matéria ficaria imensa.
 
*Estagiária sob  supervisão de  Igor Silveira 
 
Live 40tando na quarentena
Hoje, às 19h30, no canal oficial da Claudia Leitte no YouTube. 

Correio Braziliense quinta, 09 de julho de 2020

PICADA DE NAJA DEIXA JOVEM EM COMA

Jornal Impresso

Espécime extremamente venenosa, da Ásia, uma naja picou o aluno de veterinária Pedro Henrique, de 22 anos, que mantinha a serpente em casa. Depois de capturar o ofídio, que foi levado por um amigo da vítima, a Polícia tenta descobrir a origem do animal.  (Batalhão da Polícia Militar Ambiental/Divulgação - Reprodução/Facebook)

Picada de naja deixa jovem em coma
 
Estudante de medicina veterinária criava o réptil em um condomínio no Guará 2. Ibama informou que o estudante não tem permissão para manter o animal em ambiente doméstico. Polícia Civil investiga a procedência do animal

 

» DARCIANNE DIOGO

Publicação: 09/07/2020 04:00

Pedro Henrique, 22 anos, é estudante de medicina veterinária desde 2016 (Reprodução/Facebook)  

Pedro Henrique, 22 anos, é estudante de medicina veterinária desde 2016

 


A polícia investiga a procedência da naja que picou um estudante de 22 anos, no Guará 2. Investigações apontam que Pedro Henrique Santos Krambeck Lehmkuhl criava o réptil e o mantinha em casa. O rapaz está internado em estado grave na unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital Maria Auxiliadora, no Gama. O Batalhão da Polícia Militar Ambiental (BPMA) resgatou a cobra na noite de ontem, perto do shopping Pier 21.
 
A naja, espécie encontrada no sul da Ásia, é extremamente nociva ao ser humano, possuindo um veneno de ação neurológica, segundo informou o Zoológico de Brasília. O jovem, que é estudante de medicina veterinária, foi picado na última terça-feira, dentro de casa, em um condomínio na QE 40 do Guará 2, segundo a apuração policial. Após ser atingido, ele foi encaminhado ao hospital. O soro antiofídico necessário para a anulação do veneno veio do Instituto Butantan, em São Paulo, e chegou ao DF na noite de terça-feira.
 
O Correio apurou que, na madrugada de ontem, Pedro sofreu um choque anafilático, consequência de uma reação alérgica grave, e a administração do soro precisou ser interrompida. Só após um período de mais de seis horas em observação, a equipe médica pôde continuar o procedimento. Pela manhã, o estudante apresentou melhora e precisou ser submetido a uma hemodiálise, com o intuito de remover substâncias tóxicas do sangue. O rapaz, no entanto, permanece em coma.

No Facebook, Pedro Henrique demonstrava ser admirador de cobras (Reprodução/Facebook)  

No Facebook, Pedro Henrique demonstrava ser admirador de cobras

 

Buscas e apreensão
A 14ª Delegacia de Polícia (Gama) recebeu denúncias anônimas de que o animal estaria em uma chácara na cidade. A partir daí, agentes saíram às ruas em busca da naja. “Descobrimos que a cobra estava com um amigo do jovem, que, inclusive, estava ao lado dele no momento em que foi picado. Entramos em contato com esse colega e estávamos negociando para que ele entregasse o animal na delegacia. Contudo, em determinado momento, ele falou que devolveria o animal para a Polícia Militar”, frisou o delegado-chefe da 14ª DP, Jônatas Silva.
 
Segundo o comandante do BPMA, major Elias Costa, familiares de Pedro Henrique forneceram informações que levaram ao contato do adolescente que estaria com o bicho. Após buscas no Lago Norte, Setor de Mansões do Lago Norte, Paranoá, Lago Sul e até na Ponte Alta do Gama, integrantes do batalhão convenceram o garoto a revelar que ele havia deixado o animal nas proximidades do shopping Pier 21, “num local escuro e atrás de um morro de areia”, como descreve o major. “A cobra, aparentemente, está bem. O local onde está condicionado é ideal para esse tipo de animal, caso alguém queira levá-lo para algum lugar. Muito embora seja uma espécie bem agressiva, nós não o encontramos agressivo, está bem tranquilo”, detalhou.
 
O Correio apurou que o animal foi apresentado na Polícia Federal. De acordo com o delegado Jônatas Silva, o amigo de Pedro Henrique será ouvido pela polícia. “Caso fique constatado que ele praticou algum tipo de crime, poderá responder por tráfico de animais, pelo fato de ter ocultado a cobra”, destacou.
 
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) informou que o estudante não tem permissão para manter o animal em ambiente doméstico, pois a legislação permite apenas espécies não venenosas para esse fim. O órgão destacou que o animal poderia ser criado apenas para fins comerciais, no caso de instituições farmacêuticas ou com o intuito de conservação, ou seja, quando o animal não pode voltar à natureza. “Para isso, o responsável precisa ter autorização emitida por órgão ambiental estadual e seguir regras para a criação, como mantê-la em local apropriado” destacou o instituto.
 
O Ibama informou que emitirá multa, que pode variar de R$ 500 a R$ 5 mil, ao proprietário da residência onde estava o animal. De acordo com o instituto, a cobra será encaminhada para o Zoológico de Brasília.
 
Fã de cobras
Nas redes sociais, Pedro Henrique demonstrava ser um admirador de cobras. Em um perfil no Facebook, o rapaz costuma compartilhar diversas publicações com imagens do réptil. Em uma delas, uma criança aparece brincando com o animal. Contudo, não há, ao menos em modo público, qualquer registro que revele espécimes criadas pelo próprio estudante.
 
Pedro cursa medicina veterinária na Uniceplac desde 2016. A coordenadora do curso, Daniella Ribeiro Guimarães Mendes, disse ao Correio que diversos alunos manifestam apreço pelos mais diversos tipos de animais, mas são instruídos sobre a necessidade do respeito ao habitat de cada espécie. “Para aulas, podemos ter bovinos, equinos e outros animais mais domésticos. Animais selvagens em cativeiro representam um perigo e pode ser um mal para o próprio animal. Até porque é impossível alguém sair andando e se deparar com uma espécie dessas por aqui”, pontuou.

Correio Braziliense quarta, 08 de julho de 2020

CORONAVÍRUS - BOLSONARO INFECTADO

Jornal Impresso

Infectado, Bolsonaro minimiza pandemia
 
Presidente testa positivo para covid-19, mas mantém discurso contra isolamento social e diz que há "superdimensionamento" da doença. Ele recomenda uso da hidroxicloroquina, medicamento sem eficácia comprovada contra o vírus e que pode causar uma série de efeitos colaterais

 

» AUGUSTO FERNANDES
» INGRID SOARES

Publicação: 08/07/2020 04:00

Jair Bolsonaro  (TV Brasil/AFP)  

Jair Bolsonaro

 



Depois de passar o primeiro semestre inteiro menosprezando a covid-19, desrespeitando as recomendações de autoridades sanitárias para conter a disseminação do novo coronavírus, promovendo aglomerações e reduzindo a doença que já tirou a vida de quase 67 mil brasileiros a um mero “resfriadinho”, o presidente Jair Bolsonaro testou positivo para a enfermidade. Apesar de fazer parte de um dos grupos de risco, por ter 65 anos, o mandatário disse não estar preocupado com o diagnóstico e afirmou que usa hidroxicloroquina no tratamento, mesmo ciente de que a eficácia do remédio contra a covid-19 ainda não foi comprovada cientificamente.

Logo após saber que estava doente, Bolsonaro optou por não ficar em isolamento e chamou a imprensa para dentro do Palácio da Alvorada, onde anunciou o resultado do exame que fez na segunda-feira. Ele ficou a poucos metros dos jornalistas e utilizou uma máscara comum, que não é recomendada para pacientes infectados. No fim da coletiva, retirou o equipamento de proteção para comprovar que estava “perfeitamente bem”, deixando as pessoas próximas a ele ainda mais expostas ao novo coronavírus.

Apesar de ter entrado para a estatística da pandemia, Bolsonaro manteve o discurso negacionista diante da crise sanitária e comentou que “houve um superdimensionamento” da covid-19 no país. Ele voltou a dizer que crianças, adolescentes e adultos não precisam se preocupar com a doença. “As pessoas abaixo de 40 anos, a não ser que tenha um problema de saúde sério, a chance é próxima a zero de sofrer e ter uma consequência maior da contaminação. A garotada sem sala de aula vai ter problemas de readaptação no futuro. Temos que nos preocupar com o vírus, sim, mas também com a questão do desemprego que está aí”, afirmou.

“Não tem que ter pavor. É a vida. Como podia ter sido um outro exame de uma comorbidade qualquer. É a realidade”, continuou. “O Brasil tem de produzir, tem que botar a economia para rodar.  A vida, eu sei que ninguém recupera, mas a economia não funcionando leva a outras causas de óbitos, de mortes, de suicídios no Brasil. Isso foi completamente esquecido.”

Medicação


Ao longo do dia, Bolsonaro aproveitou para fazer propaganda hidroxicloroquina. A medicação pode trazer sérios efeitos colaterais quando utilizada de maneira indiscriminada e sem acompanhamento médico, entre eles, arritmia cardíaca. Mesmo assim, o presidente insistiu que a substância tem “efeito imediato” e que já tomou ao menos três doses da droga desde que apresentou os primeiros sintomas da covid-19, no domingo, como mal-estar, dores musculares e febre. “Eu sei que não tem uma comprovação científica ainda, mas a eficácia da hidroxicloroquina tem aparecido, e muita gente tem dito que, após ser ministrado esse tipo de medicamento, passou a se sentir muito bem”, disse.

Horas depois, em vídeo postado nas suas redes sociais, em que apareceu tomando uma pílula do remédio, ele reforçou o discurso. “Estou me sentindo muito bem. Estava mais ou menos domingo; mal, segunda-feira. Hoje, terça (ontem), estou muito melhor do que sábado. Então, com toda certeza, né, está dando certo. Sabemos que hoje em dia existem outros remédios que podem ajudar a combater o coronavírus, sabemos que nenhum tem a sua eficácia cientificamente comprovada, mas é mais uma pessoa que está dando certo. Então, eu confio na hidroxicloroquina, e você? Valeu. Tamo junto.”

Ataques

Como de praxe, Bolsonaro culpou gestores estaduais e municipais pela situação da economia nacional em meio à pandemia. “Essa política passou a ser privativa dos governadores e prefeitos, e o presidente da República, em praticamente nada, pode interferir. Então, se ela vai indo bem ou mal, a responsabilidade é de governadores e prefeitos, segundo decisão do STF (Supremo Tribunal Federal). Ao governo Bolsonaro, coube quase que exclusivamente repassar recursos ao longo desses meses”, ponderou.

O chefe do Executo ainda disse que as medidas de combate adotadas por estados e municípios não funcionaram. Segundo ele, “todo mundo sabia que mais cedo ou mais tarde ia atingir uma parte considerável da população”. “O objetivo final do isolamento social não é dizer que você não vai contrair o vírus, é fazer com que esse vírus fosse diluído ao longo do tempo para evitar que houvesse acúmulo em hospitais por falta de leitos de UTIs ou de respiradores. O isolamento foi feito de forma horizontal, ou seja, todo mundo ficou em casa como obrigação”, criticou.

“O que eu posso falar para todo mundo: esse vírus era como uma chuva que vai atingir vocês, alguns, não. Alguns têm de tomar um maior cuidado com esse fenômeno. Agora, acontece. Infelizmente, acontece”, disse. “E repito aqui: ele acontece, e as pessoas de certa idade que têm problemas de saúde ou comorbidade, uma vez sendo contaminadas, as chances de óbitos aumentam bastante. Isso tem que ser evitado. Por isso que a gente fala do isolamento vertical.”


"A vida, eu sei que ninguém recupera, mas a economia não funcionando leva a outras causas de óbitos, de mortes, de suicídios no Brasil”


"Sabemos que nenhum tem a sua eficácia cientificamente comprovada, mas é mais uma pessoa que está dando certo. Então, eu confio na hidroxicloroquina, e você?”

Correio Braziliense terça, 07 de julho de 2020

SALÕES E ACADEMIAS REABERTOS

Jornal Impresso

Salões e academias abertos
 
Após 109 dias fechados, todo o cuidado deve ter tomado para evitar contaminações. Os protocolos de segurança e de higiene são rigorosos, de acordo com decreto do GDF. Empresários desses setores preveem retomada gradual

 

» CAROLINE CINTRA

Publicação: 07/07/2020 04:00

 

"Estamos cuidando de tudo para trazer segurança às clientes. Vamos abrir com menos de 50% das cadeiras e os funcionários trabalharão em esquema de escala" Milena Infantini, dona do salão de beleza Orange Beauty Studio, na Asa Sul

 

 
Academias, salões de beleza, barbearias, esmalterias e centros estéticos se preparam para a retomada das atividades hoje no Distrito Federal. Após 109 dias fechados, em cumprimento ao decreto do Governo do Distrito Federal (GDF), como medida de combate à disseminação do novo coronavírus, os comércios reabrem com uma série de restrições e medidas de segurança. Apesar da liberação, o retorno das atividades divide opiniões. Alguns brasilienses programam voltar a frequentar os espaços imediatamente, outros preferem manter o isolamento social e permanecerão em casa.

O retorno dos setores foi liberado após novo decreto assinado pelo governado Ibaneis Rocha (MDB)  e publicado no Diário Oficial do DF na última quinta-feira. A medida, no entanto, proíbe aglomerações nos espaços. A Secretaria DF Legal e a Diretoria de Vigilância Sanitária da Secretaria de Saúde serão as responsáveis pela fiscalização dos comércios abertos.
Por meio de nota, a Secretaria de Saúde informou que, a partir de hoje, haverá um mutirão de ações fiscais nesses estabelecimentos para verificar o cumprimento do decreto do GDF. Aqueles que descumprirem as determinações constantes no decreto serão intimados a realizarem as adequações necessárias no prazo de 24 horas.

Para um retorno seguro, dirigentes dos segmentos prepararam manuais de biossegurança, baseado nas orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS). O presidente do Sindicato dos Salões, Institutos e Centros de Beleza, Estética e Profissionais Autônomos (Simbeleza), Célio Ferreira de Paiva, explica que o decreto do GDF deixou o setor “um pouco mais tranquilo”. “Era o que a gente queria. Mostramos o manual de biossegurança e foi aprovado. Agora, estamos na expectativa de recuperar o tempo perdido. Muitos vão tentar se reerguer, mas não vão conseguir, infelizmente”, relatou.

Com cerca de 7 mil profissionais de educação física demitidos, a presidente do Sindicato das Academias do DF (Sindac-DF), Thaís Yeleni, admitiu que a retomada é um desafio para o setor e que a entidade estuda a readmissão da maioria. “O estado é crítico. Todas as academias têm custos, mas, sem receita, não têm como manter (os empregos). Os donos das pequenas e médias academias estão sem receita para a subsistência”, contou. Ela destacou a importância de ter academias abertas para o cuidado com a saúde e com a qualidade de vida.

 

"É o protocolo mais rígido de todo os segmentos. Mais que drogarias, supermercados, padarias. Vamos seguir à risca" Luciano Girade, dono da rede de academias Blue Fit

 



Segurança
 
Dono da rede de academias Blue Fit, o empresário Luciano Girade conta que os funcionários trabalharão para seguir todas as exigências do GDF. “É o protocolo mais rígido de todo os segmentos. Mais que drogarias, supermercados, padarias. Vamos seguir à risca. Nosso intuito é estarmos seguros e prontos para receber os alunos”, afirmou. Na entrada do estabelecimento, todos os clientes passarão por aferição de temperatura. Deve haver um tapete sanitizante na entrada de cada estabelecimento, sinalização sobre as orientações dentro do local, todos os colaboradores devem estar de máscara e luvas, entre outros. O uso dos chuveiros e bebedouros ficará suspenso.

A academia Evolve Gymbox também se preparou com antecedência. O empresário Henrique Pereira conta que mudou a disposição dos equipamentos com distância de dois metros entre um e outro. Além disso, as unidades substituíram a biometria por um aparelho de reconhecimento facial, para evitar o contato físico. Para evitar aglomeração, os clientes deverão agendar o horário de atividade pelo aplicativo da academia. “São adaptações que vamos fazendo aos poucos. Precisamos retomar com consciência da responsabilidade de seguir os protocolos. Temos condições de fazer isso, de forma segura e adequada”, assegurou.

O servidor público Alex Sandro Bachiega, 37 anos, pretende voltar esta semana para a academia. Segundo ele, os dias em que ficou parado em casa o fez ficar sedentário. Morador de Águas Claras, ele avalia o momento como ideal para a reabertura das academias. “Se todos tomarem as cautelas sanitárias e higiênicas não deve ter problema. Não estou com medo. Estou ficando obeso e, se eu não me cuidar, vou para o grupo de risco, e esse é o medo maior”, disse. Por outro lado, a artesã Eliane Rosa, 42, não pretende sair de casa tão cedo. Antes da pandemia, ela malhava todos os dias pela manhã. “Eu e meu marido continuamos pagando, sem ir. Não concordamos com a reabertura de tudo de uma vez”, criticou.
 
Beleza
 
Ontem, o dia foi agitado nos salões de beleza e centros estéticos. Boa parte também se preparou com antecedência para retomar os atendimentos. No Orange Beauty Studio, na Asa Sul, houve uma força tarefa para a limpeza e desinfecção. O estabelecimento tem três andares. Mas o subsolo será desativado pela pouca circulação de ar. Serviços de contato físico excessivo, como massagem, serão suspensos temporariamente. Além disso, todos os clientes receberão equipamentos de proteção individual (EPIs). “Estamos cuidando de tudo para trazer segurança às clientes. Vamos abrir com menos de 50% das cadeiras e os funcionários trabalharão em esquema de escala. Todas as medidas são essenciais”, detalhou a dona do espaço, Milena Infantini. Ela conta que a agenda ainda está vazia, mas acredita que será comum nesse primeiro momento.
Durante o isolamento social, a proprietária do Cravo e Canela Studio de Beleza, Eliene Souza, vendeu vouchers com descontos em serviços para manter a receita no período mais crítico da pandemia. Agora, com a abertura e boas expectativas, ela aguarda as clientes marcarem horário. “Por enquanto, não temos muito agendamento. Ninguém está seguro ainda. Só quando lançarem a vacina. Mas, acredito que tudo voltará aos poucos”, frisou.
 
Risco
 
Apesar da empolgação dos empresários para a retomada de atividades, o parasitologista do Instituto de Biologia da Universidade de Brasília (UnB) Jaime Santana considera que o momento ainda não é o adequado para que ocorra esse tipo de flexibilização. “O fato de anunciar a retirada da restrição já faz com que as pessoas comecem a ir para as ruas. O ideal é avisar na véspera, para evitar isso. Sou favorável ao fechamento completo de todas as atividades por 20 dias, porque teríamos uma redução enorme da circulação do vírus. Posteriormente, poderia abrir novamente, mas, mesmo assim, com muita análise”, avaliou.

De acordo com o especialista, as academias por exemplo, não é um segmento essencial para voltar a abrir. “Pessoas se aglomeram nesses locais. Além disso, não vai ser possível limpar e higienizar adequadamente. Isso pode propiciar o aumento da circulação do vírus. Consequentemente, vão ter mais doentes e mortos”, lamentou.

O parasitologista orienta que, se possível, as pessoas devem continuar em casa, mantendo a circulação restrita e absolutamente cuidadosa. “Deve-se manter o uso de máscara, higienização das mãos, entre outras medidas higiênicas. Outra coisa importante é o uso de óculos. Os olhos são uma porta de entrada para o vírus e ninguém está se atentando a isso”, disse.
 
Colaborou Walder Galvão



Orientações da Vigilância Sanitária
» Na entrada do estabelecimento deve conter um tapete 
úmido com água sanitária ou hipoclorito de sódio;
 
» Dimensionar o número de usuários no ambiente, 
realizar demarcação no 
chão do distanciamento 
de dois metros entre as 
pessoas para evitar aglomerações;
» O atendimento deverá ser realizado em regime de agendamento, para que não haja cliente na espera, em caso de salão de beleza;
 
» Ampliar a frequência de limpeza de piso, bancadas, superfícies, corrimão, maçaneta, janelas, telefones, interruptores e banheiros com álcool a 70% ou hipoclorito de sódio 1%, 
de 30 em 30 minutos;
 
» Disponibilizar e garantir, para uso dos trabalhadores e dos usuários, local para lavagem frequente das mãos, provido de sabonete líquido, suporte para toalhas de papel, toalhas de papel descartável, lixeira com tampa e abertura sem contato manual;
 
» Propiciar boa ventilação e circulação de ar. 
O ar-condicionado e climatizadores poderão ser utilizados, no entanto, todas as portas e janelas devem estar abertas, assegurando um ambiente arejado;
 
» Todos os colaboradores e 
clientes devem fazer uso 
de máscaras (podendo ser artesanais).


Restrições

  Academias de esporte de todas as modalidades 
 
» Disposição dos equipamentos à distância de dois metros uns dos outros;
 
» Proibição do uso de bebedouros e chuveiros, bem como de aulas coletivas e de contato físico nas atividades;
 
» Suspensão do uso de catracas e pontos eletrônicos cuja ativação se dê por meio de biometria, especialmente por impressão digital;
 
» Fechamento de uma a duas vezes por dia por cerca de 30 minutos para limpeza e desinfecção dos ambientes.


  Salões de beleza, barbearias, esmalterias, centros estéticos  
 
» Higienização frequente de cadeiras de uso coletivo;
 
» Proibida a permanência de pessoas em espera dentro dos estabelecimentos; o atendimento deve ocorrer mediante agendamento;
 
» Esterilização de todos os equipamentos de trabalho e trocar de toalhas ou lençóis após cada atendimento;
 
» Uso obrigatório de máscaras por clientes e funcionários, além de protetor facial de acrílico (face shield) por todos os prestadores de serviços.
 
 

Correio Braziliense segunda, 06 de julho de 2020

MARTA ROCHA ENCANTOU-SE: AOS 83 ANOS, MORRE A ETERNA MISS BRASIL

Jornal Impresso

Martha Rocha, 83, ex-Miss Brasil
 
 
Baiana de Salvador ficou famosa em concursos de beleza na década de 1950. Nos últimos anos, pintava quadros para sobreviver

 

Alessandra Azevedo

Publicação: 06/07/2020 04:00

Celebridade aos 18 anos, a ex-modelo viveu seus últimos dias em uma casa de repouso para idosos em Niterói (Reprodução
)  

Celebridade aos 18 anos, a ex-modelo viveu seus últimos dias em uma casa de repouso para idosos em Niterói

 

 
Na tarde do último sábado, aos 83 anos, morreu a primeira Miss Brasil, Martha Rocha, em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. Com a saúde debilitada há anos, a ex-modelo não resistiu a um ataque cardíaco, seguido de parada respiratória. O corpo foi enterrado ontem, no Cemitério no Santíssimo Sacramento.
 
Nascida em Salvador, em 19 de fevereiro de 1936, Martha Rocha tornou-se uma celebridade instantânea ao vencer o Miss Brasil, aos 18 anos, em junho de 1954, logo após ter sido eleita Miss Bahia. Por pouco, não foi Miss Universo, em julho daquele ano — ficou em segundo lugar, atrás da candidata dos Estados Unidos, Miriam Stevenson.
 
O resultado pegou muita gente de surpresa. Quando Martha chegou aos Estados Unidos para competir pela coroa de Miss Universo, pesquisas populares já a consideravam eleita. O motivo da derrota, dizem, seria que a brasileira tinha duas polegadas a mais nos quadris, em relação aos cânones de beleza da época. Anos depois, Martha disse que não sabia se a história era real. “Nos Estados Unidos, nunca ninguém me tirou as medidas”, disse, em sua autobiografia.
 
Verdade ou não, até os últimos dias, Martha foi considerada uma das mulheres mais bonitas do mundo, injustiçada no concurso em que essa constatação seria oficializada. No intervalo de 66 anos entre a ascensão súbita como celebridade e a morte, ela trabalhou como modelo, assinou centenas de contratos publicitários e foi inspiração para marchinha de carnaval, receita de bolo e modelo de carro.
 
Ao voltar ao Brasil, mesmo sem a faixa de Miss Universo, Martha teve uma recepção calorosa: foi recebida pelo governador da Bahia à época, Régis Pacheco, aplaudida e seguida por milhares de pessoas em carro aberto. Passou os anos seguintes em jantares, festas, inaugurações e viagens pelo país. Sempre acompanhada pela cabeleireira e por dezenas de fãs. Os últimos anos, no entanto, não foram tão luxuosos quanto os das décadas de 1950 e 1960. 
 
Sem dinheiro, a última residência de Martha Rocha foi uma casa de repouso para idosos, em Niterói. “Não me sinto diminuída, humilhada por isso. Pelo contrário, pois minha dignidade segue sem mácula”, disse ela, no Facebook, em 8 de março de 2019. No dia seguinte, em outra publicação, confessou ter pensado muito antes de falar sobre a situação, “por temer ser mal interpretada” e lamentou ter sido isso “exatamente o que aconteceu”. 
 
Golpe
Antes de chegar à casa de repouso, Martha morou em cobertura com vista para o mar e apartamentos enormes na capital fluminense. Os problemas financeiros começaram em 1995, com a falência da Casa Piano, uma das maiores casas de câmbio do Rio, que pertencia ao ex-cunhado, Jorge Piano, e onde ela havia depositado praticamente toda a sua fortuna. Ele fugiu para o exterior e nunca devolveu nem parte do dinheiro.
 
“Nem pensei em pedir ajuda, superei meus problemas com suporte de meus dois filhos, duas amigas e do meu trabalho honrado, vendendo os quadros pintados por mim, e ganhando cachê para divulgar o concurso Miss Brasil”, disse Martha, no Facebook, no ano passado. “Para mim, meus amores, este assunto está encerrado. Ponto final", completou. 
 
A fuga de Jorge, entretanto, mudou a vida de Martha, que, de imediato, já teve que vender o apartamento luxuoso onde morava. Se, aos 18, viveu uma rotina agitada de viagens e eventos luxuosos, depois dos 60, passou a acordar cedo para pintar os quadros que vendia para ajudar a pagar as contas. Além do baque financeiro, Martha passou por problemas graves de saúde, como câncer de mama e pneumonia aguda.
 
Martha ficou viúva aos 23 anos do primeiro marido, Álvaro Piano, que morreu em um acidente de avião, na Argentina, em 1960. Com ele, teve dois filhos: Álvaro e Carlos Alberto. Casou-se novamente com Ronaldo Xavier de Lima, com quem teve a terceira filha, Cláudia. Segundo Álvaro, que confirmou a morte, ontem, a ex-modelo já estava de cama havia muito tempo e não conseguia andar.  

Correio Braziliense domingo, 05 de julho de 2020

HUMOR É SEMPRE O MELHOR REMÉDIO

Jornal Impresso

Humor é sempre o melhor remédio
 
 
Comediantes abordam o cotidiano da quarentena de forma bem-humorada, sendo um contraponto ao momento delicado

Adriana Izel

Publicação: 05/07/2020 04:00

 

Paulo Vieira está à frente de duas produções de humor sobre a quarentena (TV Globo/Divulgação)  

Paulo Vieira está à frente de duas produções de humor sobre a quarentena

 

 
 
Uma válvula de escape. Essa tem sido a função da comédia em meio à quarentena, período em que a maior parte da população se mantém isolada para cumprir as medidas de combate ao novo coronavírus, que já fez mais de 60 mil vítimas no Brasil. A prova disso é a quantidade de programas humorísticos na televisão e no streaming e de esquetes nas redes sociais que buscam ser um contraponto ao momento tenso e delicado do país, tanto por conta da doença, quanto por conta da questão política.
 
“Em meio a tantas informações que são novas para todo mundo, queremos oferecer leveza, queremos fazer as pessoas rirem. O ser humano precisa de leveza, e o humor tem essa função de ser um líquido que ajuda a digerir a vida um pouco mais fácil. Mas sem alienar”, analisa o comediante Paulo Vieira, que atualmente está no ar no quadro Como lidar? do Fantástico, no Zorra e ainda também na recém-lançada série do Globoplay, Cada um no seu quadrado.
 
O brasiliense Daniel Villas Bôas, da Cia de Comédia Setebelos que tem apostado nos formatos drive-in e on-line para fazer humor, diz que esse sempre foi o papel da comédia e que, agora, por conta do contexto, isso ficou ainda mais evidente. “Nesse momento a gente sabe o quanto tem sido difícil psicologicamente para muitas pessoas, tanto pelo isolamento por se sentirem sozinhos, pelas dificuldades financeiras. Então, nesse momento a comédia traz um pouco de alegria”, comenta.

A Cia de Comédia Setebelos fez apresentação em drive-in e aposta no formato digital (Rodrigo Carletti/Divulgação)  

A Cia de Comédia Setebelos fez apresentação em drive-in e aposta no formato digital

 



“O humor já era uma ferramenta extremamente agregadora por meio da crítica, em que é possível passar muita informação. O humor é um cronista social dos tempos. Hoje a gente percebe a importância e a força dele”, completa Adriano Siri, integrante da cia Os Melhores do Mundo, que tem utilizado as redes sociais para novos projetos de comédia.
 
Para assistir
 
Cada um dos humoristas, ao seu modo, exerce essa função no meio da pandemia. Paulo Vieira é um dos nomes que ganhou projeção nacional. Na Globo desde o ano passado, na pandemia, ele estreou no Fantástico com o quadro Como lidar?, em que retrata o que tem passado em casa. “É uma comédia de costumes dos tempos atuais. Conto, em primeira pessoa, o que estou passando na minha casa durante a quarentena, as loucuras da minha cabeça, a maneira como eu enxergo tudo isso, com a lente do humor. É uma maneira de compartilhar os meus sentimentos com quem está na mesma situação que eu”, explica.
 
O projeto tem roteiro de Paulo Vieira, Diego Tavares e Leonardo Lanna. Hoje, irá ao ar o último episódio com participação remota de Ary Fontoura. Além disso, Paulo Vieira estreou na última sexta-feira, ao lado de Fernando Caruso, a série Cada um no seu quadrado, mais uma que se inspira na quarentena. “Ele (o programa) parte de uma premissa muito básica: tentar criar uma festa, uma mesa de bar, um papo entre amigos, mas com cada um no seu quadrado. Tem um clima de muita descontração. “Chegamos em uma seleção de quatro amigos por episódio, e os convidamos para bater papo, jogar conversa fora, falar da vida, jogar, se divertir. Para cada um comer e beber na sua casa”, completa.
 
Ontem, a Cia de Comédia Setebelos apresentou no 1º Festival Drive-In, pela primeira vez, um espetáculo criado para a quarentena, intitulado Comédia para viagem. Nele, cada um dos integrantes, Daniel Villas Bôas, Daniel Lima, Leônidas Fontes, Lucas Moll e Saulo Pinheiro, levou vivências do cotidiano do distanciamento social para o palco. “O desafio do comediante é fazer as pessoas enxergarem as coisas mais triviais de um ângulo que elas não veriam. Nessa quarentena, tudo é material para se explorar: a situação dos casados e dos solteiros, a relação com os filhos, os desafios do supermercado e do delivery, o Netflix zerado”, comenta Daniel.
 
Além do espetáculo, que foi encenado ao vivo, o grupo tem feito lives todas às sextas-feiras com convidados do cenário de humor. Lá, também falam da situação cotidiana. “Colocamos uma lupa em cima de alguns pontos, o que fica potencializado por essa identificação e empatia que todo mundo tem com as situações”, complementa.


Fora dos palcos, Adriano Siri comanda nas redes sociais programas de humor (Siri/Divulgação)  

Fora dos palcos, Adriano Siri comanda nas redes sociais programas de humor

 



No ano em que a cia Os Melhores do Mundo completou 25 anos, Adriano Siri tinha uma programação agitada, que, acabou sendo impactada pela pandemia. Mas a criatividade não parou. Ele levou para a própria rede social o humor latente em si. Assim fez e ainda faz vídeos com o personagem Saraiva, policial conhecido de espetáculos do grupo, e criou o Ventriloquismo Picareta, em que atua com Mano, um boneco feito com uma meia e duas bolas de frescobol.
 
“Para gente que trabalha com criatividade e produção criativa de forma muito intensa, é muito difícil ficar parado. Comecei a tratar de inventar uma moda ou outra. Tem sido uma válvula de escape, alguma maneira de até abrir novos caminhos”, comenta. O ventríloquo mascarado foi uma ideia que surgiu logo quando começou a pandemia, por conta do uso da máscara, já que a habilidade é exatamente usar a voz de boca fechada. “Aquilo é uma piada, porque acaba com essa magia e com a brincadeira”, revela.
 
Siri também tem tocado um projeto que teve início no ano passado, mas que migrou para o âmbito on-line na quarentena: Comida & graça, com o chef Marcelo Petrarca. “É uma maneira de exercitar o improviso e associar o humor à gastronomia”, afirma.
 

Correio Braziliense sábado, 04 de julho de 2020

REABERTURA INTENSIFICA DEBATE DOBRE ISOLAMENTO

Jornal Impresso

Reabertura intensifica debate sobre isolamento
 
Com protesto em frente ao Buriti, manifestantes estimulam as discussões sobre o distanciamento, principalmente após GDF autorizar a retomada total do comércio e das aulas. Governador Ibaneis Rocha garante que o cenário é seguro para flexibilização

 

» WALDER GALVÃO

Publicação: 04/07/2020 04:00

Cerca de 100 pessoas participaram de ato contra a retomada das atividades no Distrito Federal: %u201CTodas as vidas importam%u201D (Fotos: Jaqueline Fonseca/Esp. CB/D.A Press)  

Cerca de 100 pessoas participaram de ato contra a retomada das atividades no Distrito Federal: "Todas as vidas importam."

 



Aretomada total das atividades comerciais e industriais, além do retorno das aulas, interrompidas devido ao novo coronavírus, reforçou as discussões sobre a importância do isolamento social no Distrito Federal. Ontem pela manhã, manifestantes reuniram-se em frente ao Palácio do Buriti para questionar decreto publicado pelo Executivo local com cronograma de reabertura. Cerca de 100 pessoas promoveram o ato Todas as Vidas Importam, homenagearam as vítimas da covid-19 e pediram mais tempo de distanciamento a fim de evitar mais mortes. Ao Correio, o governador Ibaneis Rocha (MDB) garantiu que as análises da Secretaria de Saúde mostram que o cenário é seguro para que os segmentos voltem a funcionar, inclusive as escolas.

O decreto, publicado na quinta-feira, prevê a abertura escalonada e por setor. Na próxima terça-feira, abrirão salões de beleza, barbearias, esmalterias, centros estéticos e academias. Em seguida, em 15 de julho, bares e restaurantes poderão retomar os negócios. Escolas privadas têm permissão para receber alunos em 27 de julho, e as públicas, em 3 de agosto. Apesar das restrições e do protocolo de higienização impostos pela determinação, o retorno às atividades preocupa os participantes do protesto.

“A vida é muito breve. Agosto é muito cedo” e “Romper o isolamento é promover o genocídio” foram algumas das frases escritas nas faixas erguidas pelos manifestantes. Uma das organizadoras, a professora Leda Gonçalves, 56 anos, ressaltou que a medida do Executivo local colocará em risco a saúde da população. “Para nós, romper o isolamento do modo como o GDF está propondo é aumentar a quantidade de mortos, perder vidas. Então, a gente quer pedir um basta”, destacou. Para a dentista Geovania Rodrigues, a abertura é inexplicável, já que o crescimento de casos continua em aceleração.  “Justo no momento do pico da pandemia, já previstos por estudos, a gente depara-se com a liberação de praticamente todas as atividades econômicas. É um momento que, no nosso entender, põe em risco muitas vidas”, frisou.

Em nota, o Palácio do Buriti informou que o protesto foi pacífico e acompanhado por equies da Polícia Militar. “A manifestação é um direito fundamental do cidadão, previsto na Constituição”, avaliou.

Educação

A retomada das aulas é um dos pontos mais sensíveis do decreto publicado pelo GDF. Ontem, representantes do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF) também participaram do protesto. O diretor Samuel Fernandes ressaltou que não há condições de as escolas brasilienses receberem alunos na pandemia.

O decreto de reabertura dos colégios prevê série de medidas para evitar a disseminação da doença. Entre elas está a testagem dos professores, o fechamento dos bebedouros, o distanciamento entre cadeiras de 1,5m e a suspensão de eventos que promovam aglomeração. Além disso, as turmas serão divididas pela metade e alternarão, a cada semana, aulas presenciais e remotas. Entretanto, o Sinpro não considera as medidas suficientes. De acordo com Samuel, alunos e professores não podem ser obrigados a frequentarem aulas presenciais. “Na próxima semana, vamos tentar uma reunião com a Secretaria de Educação para tratar do assunto”, comentou.

O Correio Braziliense entrou em contato com a Secretaria de Educação e solicitou entrevista para comentar as queixas feitas pelo Sinpro, entretanto, a pasta não atendeu ao pedido da reportagem até o fechamento desta edição.
Com avanço dos casos do novo coronavírus, o sistema de saúde corre risco de entrar em colapso. Levantamento mais recente da Secretaria de Saúde mostra que o DF tem 751 leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) exclusivos para pessoas com a covid-19. Desses, 529 estão ocupados por pacientes, ou seja, tem 70% da capacidade comprometida. De acordo com a pasta, a taxa de ocupação na rede pública está em 62% e na privada, em 92,1%.

UTIs

Projeção feita por Breno Adaid, professor do Centro Universitário Iesb, doutor em administração e especialista em análises de dados e quantitativos estatísticos, estima que o sistema de saúde deve ficar sem vagas em breve. O estudioso fez uma análise de previsão a partir dos dados disponibilizados pela Secretaria de Saúde. O resultado mostra três possíveis cenários para a capacidade hospitalar da capital. Caso não ocorra a expansão dos leitos de UTI na rede, a expectativa é de que as vagas acabem em 10 dias, no cenário provável; em oito dias, na pior das hipóteses; e em 13 dias, na melhor avaliação. “O que me surpreende é que os dados do DF em relação a esses leitos estão padronizados. Mesmo com o aumento de casos, a proporção de pessoas entrando na UTI manteve-se. O cálculo seguiu essa lógica, que não me parece razoável”, avaliou Breno

Em nota, a Secretaria de Saúde informou que amplia a capacidade das UTIs gradativamente. A pasta ressaltou que a capital federal conta com o hospital de campanha do Estádio Nacional Mané Garrincha, que tem 177 leitos de enfermaria e 20 de suporte avançado. “O DF também contará com os hospitais de campanha de Ceilândia e do Complexo Penitenciário da Papuda, além da instalação de um hospital acoplado ao Hospital Regional de Ceilândia e do Hospital da Polícia Militar”, acrescentou.

Colaborou Jaqueline Fonseca

Correio Braziliense sexta, 03 de julho de 2020

GDF LIBERA EDUCAÇÃO, COMÉRCIO E INDÚSTRIA

Jornal Impresso

GDF libera educação, comércio e indústria
 
 
 
Novo decreto do Executivo local autoriza a retomada de atividades como bares, restaurantes, salões de beleza, barbearias, academias e escolas. Cada setor terá de seguir protocolos de segurança e datas, que variam de 7 de julho a 3 de agosto

 

» JÉSSICA EUFRÁSIO
» THAIS UMBELINO

Publicação: 03/07/2020 04:00

 (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  

O governador Ibaneis Rocha (MDB) deu prosseguimento a uma das últimas etapas para a reabertura total de estabelecimentos comerciais, industriais e de ensino no Distrito Federal. Ontem, decreto publicado no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) estabeleceu datas para a retomada por setor e regras que deverão ser cumpridas durante o funcionamento. A publicação do documento ocorreu um dia depois de o governo federal reconhecer o estado de calamidade pública decretado no DF (leia reportagem na página 17).
 
Bares, restaurantes, salões de beleza, barbearias e academias voltam às atividades a partir de terça-feira. Escolas, faculdades e universidades reabrem em 27 de julho e em 3 de agosto (leia mais na página 16). Creches ainda não têm autorização para funcionar. O mesmo vale para atividades coletivas culturais, como shows, teatro e cinema, além de boates, casas noturnas, eventos esportivos ou de quaisquer outro tipo que dependam de licença do poder público.

Keli Mayer, dona de restaurante no Sudoeste: %u201CSerá melhor do que está agora%u201D (Arquivo Pessoal)  

Keli Mayer, dona de restaurante no Sudoeste: "Será melhor do que está agora."

 

O decreto definiu uma série de protocolos que deverão ser respeitados em todos os estabelecimentos, como uso de máscaras por funcionários e clientes; manutenção e limpeza de filtros de ar-condicionado; garantia de distanciamento mínimo de dois metros entre as pessoas; e aferição de temperatura corporal durante o expediente. Algumas das diretrizes foram novidade para o Sindicato dos Salões, Institutos e Centros de Beleza, Estética e Profissionais Autônomos (Simbeleza/DF). “No mês passado, entregamos ao governador um manual sugerindo os cuidados que deveriam ser tomados nos estabelecimentos. Apesar de algumas alterações, gostamos do que foi publicado, porque, quanto maior o cuidado, melhor será para todos os envolvidos”, avalia Célio Paiva, dirigente da entidade.
 
Presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar), Jael Antônio da Silva considera que a publicação encerra um “período de incertezas” vivido pelos comerciantes. “Acaba a insegurança, que estava sendo muito traumática para os nossos empresários. Agora, teremos a responsabilidade de cumprir rigorosamente o que dizem os termos do decreto, bem como transferir parte dessa responsabilidade para os nossos clientes”, comenta Jael.
 
Proprietária de um restaurante no Sudoeste, a nutricionista Keli Mayer, 45 anos, conta que ela e a equipe estavam ansiosos pela reabertura. O estabelecimento funcionava em regime de delivery ou retirada no local desde o início da pandemia. “Tive de fazer dois empréstimos para pagar a folha de funcionários. Então, acho que os protocolos foram adequados tanto para o cliente quanto para nós. Sabemos que, no primeiro momento, não vai ser fácil. Mas será melhor do que está agora”, avalia.
 
Presidente do Conselho Regional de Educação Física (Cref7/DF), Patrick Novaes acredita que o retorno das academias será gradual e em segurança. “Sabemos que são muitos os desafios, mas o momento é uma oportunidade para restabelecer empresários e funcionários da saúde”, diz.
 
Recomendações
A decisão animou o setor produtivo e empresários, mas gerou preocupação. Doutor em saúde pública pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o professor Roberto José Bittencourt considera intempestivas as últimas condutas que partiram do Palácio do Buriti. O médico ressalta que a liberação deveria ocorrer após a verificação da queda de casos, o que não está acontecendo. “Trata-se de uma estratégia meio suicida, principalmente abrir escolas”, ressalta. “Sem quarentena dos infectados nas regiões onde há maior transmissão, vamos ficar com a pandemia sendo gradativamente aumentada”, alerta .
 
Na segunda-feira, o subsecretário de Vigilância à Saúde, Eduardo Hage, disse ao Correio que o GDF faz o monitoramento constante da evolução de infectados. Segundo ele, só com esse tipo de análise é possível ter controle das necessidades na área da saúde durante a pandemia. “Nós estamos acompanhando a curva de evolução dos casos e mantendo o ritmo de entrega (de leitos) proporcional ao número de infectados”, afirmou. Na entrevista, ele também descartou lockdown total como medida efetiva para a disseminação do vírus na capital.
 
Recomendação de 11 de maio do Conselho Nacional de Saúde (CNS) determina, com base em pesquisas científicas, que a taxa de distanciamento ideal é de pelo menos 60%. O documento dirige-se a municípios com ocorrência acelerada de novos casos e com taxa de ocupação dos serviços atingindo níveis críticos. No DF, o índice de isolamento monitorado pela empresa de tecnologia InLoco era de 40,2% em 1º de julho.
 
O GDF previa, inicialmente, reabrir bares e restaurantes até essa data. No entanto, entraves judiciais atrasaram o calendário. Ontem, o governo recorreu contra outra decisão. A Justiça Federal havia dado três dias para que o Executivo comprovasse a existência de leitos suficientes em UTIs para atender à demanda da covid-19. Ontem, Ibaneis Rocha não comentou o novo decreto. Na terça-feira, ao Correio, o governador afirmou que as taxas de isolamento estavam em queda desde o início da pandemia; por isso, o retorno coordenado pelo governo seria a melhor saída. “É melhor a gente fazer um cronograma, fazer com responsabilidade, fazer baseado em leitos de saúde. Fazer tudo isso de forma que a gente possa ter condições efetivas de fiscalização”, explica.



Calendário

Confira as datas de reabertura dos novos setores liberados e algumas das regras que deverão ser obedecidas por cada um deles:

Salões de beleza, barbearias, esmalterias, centros estéticos
 
» 7 de julho
 
» Higienização frequente de cadeiras de uso coletivo
 
» Proibida a permanência de pessoas em espera dentro dos estabelecimentos; o atendimento deve ocorrer mediante agendamento
 
» Esterilização de todos os equipamentos de trabalho e trocar de toalhas ou lençóis após cada atendimento
 
» Uso obrigatório de máscaras por clientes e funcionários, além de protetor facial de acrílico (face shield) por todos os prestadores de serviços

Academias de esporte de todas as modalidades
 
» 7 de julho
 
» Disposição dos equipamentos à distância de dois metros uns dos outros
 
» Proibição do uso de bebedouros e chuveiros, bem como de aulas coletivas e de contato físico nas atividades
 
» Suspensão do uso de catracas e pontos eletrônicos cuja ativação se dê por meio de biometria, especialmente por impressão digital
 
» Fechamento de uma a duas vezes por dia por cerca de 30 minutos para limpeza e desinfecção dos ambientes

Bares e restaurantes
 
» 15 de julho
 
» Funcionamento com 50% da capacidade
 
» Proibidas apresentações de qualquer tipo ao vivo
 
» Cobertura das máquinas de cartão com papel-filme para facilitar a higienização
 
» Higienização regular de cadeiras e mesas de uso coletivo, com disposição delas à distância de dois metros umas das outras (a contar das cadeiras que servem cada mesa); tudo deverá ser higienizado após cada refeição

 


Correio Braziliense quinta, 02 de julho de 2020

VACINA CONTRA A COVID-19 SERÁ TESTADA EM BRASÍLIA

Jornal Impresso

Vacina contra a covid-1 9será testada em Brasília
 
Em meio ao aumento de casos do novo coronavírus, a Universidade de Brasília (UnB) promoverá os testes de imunização desenvolvida por empresa chinesa. Início do procedimento depende de autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)

 

» DARCIANNE DIOGO
» WALDER GALVÃO

Publicação: 02/07/2020 04:00

Além do Distrito Federal, cinco unidades da Federação receberão as doses para testes da vacina produzida por empresa da China (Douglas Magno/AFP)  

Além do Distrito Federal, cinco unidades da Federação receberão as doses para testes da vacina produzida por empresa da China

 


Após ultrapassar a marca de 50 mil infectados e 500 mortos pelo novo coronavírus, o Distrito Federal está entre as unidades da Federação escolhidas para a promoção de testes da vacina contra a covid-19. A pesquisa sobre a imunização criada por uma empresa chinesa será coordenada pela Universidade de Brasília (UnB). A instituição aguarda a finalização das tratativas do Instituto Butantan, em São Paulo, com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), além da definição dos detalhes técnicos e científicos da pesquisa, para dar início ao procedimento. Especialistas alertam que a vacina é a única saída para que sejam cessadas as medidas de restrição, já que a capital tem queda na adesão ao isolamento social.
 
Além de Brasília, os testes ocorrerão em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, no Rio Grande do Sul e Paraná, como anunciou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), ontem. A produção está a cargo da farmacêutica chinesa Sinovac Biotech e será testada em 12 centros de pesquisa do país, em 9 mil voluntários. A imunização está na terceira fase, ou seja, é testada em humanos. Caso seja aprovada, a Sinovac e o Butantan firmarão acordo de transferência de tecnologia para produção em escala industrial e fornecimento gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS), no Brasil.
 
Ao Correio, o infectologista Gustavo Romero, coordenador da pesquisa no DF e professor do Núcleo de Medicina Tropical da UnB, detalhou como será a aplicação da vacina na capital. “O que posso informar, agora, é de que se trata de um produto vacinal, que se aplica em duas doses, com intervalo de 14 dias. Ela produziu resultados promissores na fase 2, que se chama de desenvolvimento. No caso, essa vacina tem o efeito de produzir anticorpos capazes de neutralizar o vírus”, revelou.
 
A execução do projeto contará com o apoio de equipes do Hospital Universitário de Brasília (HUB). Os detalhes sobre o número de pacientes que serão tratados e quem poderá receber a dose só serão definidos após a autorização da Anvisa. O Correio entrou em contato com a Vigilância Sanitária, mas, até o fechamento desta edição, não obteve retorno. “É uma preocupação da população do DF em saber quantas pessoas terão acesso. Estamos esperançosos e sabemos que isso é importante para a comunidade”, ressaltou Gustavo.
 
Desafio
O epidemiologista da UnB Walter Ramalho explica que, como as medidas de restrição falharam para conter o avanço da doença no DF, a vacina seria a única alternativa para que a população volte à normalidade — na segunda-feira, o governador Ibaneis Rocha (MDB) decretou estado de calamidade pública. “A principal questão do combate ao coronavírus é que temos uma grande parcela da população que teve o contato com ele, mas não desenvolveu doença. Essas pessoas sem sintomas que transmitem a covid-19 são o nosso principal gargalo, porque não temos condições de contê-las”, comentou.
 
Em relação à capital ter sido escolhida para iniciar as testagem, o especialista ressalta que isso se deve à capacidade de trabalho da UnB. “Um dos nossos pesquisadores estava trabalhando com o Butantan para desenvolver uma vacina para a dengue; portanto, tínhamos uma estrutura fácil de mobilizar para ir a campo”, explicou. Entretanto, em relação à quantidade de casos e óbitos, ele ressaltou que a situação atual é de alerta.
 
O epidemiologista avalia que, do Brasil, o GDF foi o primeiro a reduzir a mobilidade social, fato importante para evitar maior impacto da covid-19 no início da pandemia. Entretanto, Walter considera que a medida não conseguiu ser eficaz, pela falta de adesão da população. “É muito complexa essa retomada de atividades. Precisamos, primeiro, ver os dados de julho. Entendo as decisões do governo, por conta desse momento de grande impaciência na sociedade, mas acho uma pena que isso esteja acontecendo. Poderíamos contornar essa situação se todos estivessem juntos”, lamentou.
 
UTIs
Além da dificuldade em manter o isolamento, termina, amanhã, o prazo para o GDF informar a capacidade dos leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) à Justiça Federal. Decisão assinada pela juíza Raquel Soares Chiarelli, da 21ª Vara Federal da Seção Judiciária do DF, intima o Executivo local e a União a demonstrar que há vagas, equipamentos, insumos e recursos humanos suficientes para a população. A determinação levou em conta a “iminência da liberação das restrições ainda existentes no DF”.
 
Levantamento da Secretaria de Saúde mostra que 72% das UTIs exclusivas para pacientes com coronavírus estão ocupadas. Somando as redes pública e privada, há 729 leitos e 525 internados. Em nota, a pasta informou que monitora a evolução dos casos diariamente e que o pico da doença está previsto para a primeira quinzena do mês. “É importante ressaltar que não é esperada uma explosão de casos, tendo em vista que, no DF, há um crescimento médio de casos diários de 5%, e esse crescimento tem se mantido constante”, informou. 
 
A Secretaria de Saúde acrescentou que a evolução da capacidade de atendimento da rede acompanha a evolução de diagnósticos. E completou que investiu R$ 20 milhões na compra de equipamentos de proteção capazes de abastecer o sistema por seis meses.

Correio Braziliense quarta, 01 de julho de 2020

HOLLYWOOD TENTA SE ADAPTAR

Jornal Impresso

Hollywood tenta se adaptar
 
 
 
Indústria muda regras de set, altera locações e adia datas importantes para funcionar em períodos de pandemia

» Pedro Ibarra*

Publicação: 01/07/2020 04:00

 

Netflix anunciou gravação da segunda
 temporada de The Witcher para agosto (Netflix/Divulgação)  

Netflix anunciou gravação da segunda temporada de The Witcher para agosto

 

 

 

 

Cineasta Pedro Vasconcelos (D): %u201CVamos ter que nos concentrar mais em histórias simples e poderosas%u201D (Boa ideia Entretenimento/Divulgação)  

Cineasta Pedro Vasconcelos (D): "Vamos ter que nos concentrar mais em histórias simples e poderosas".

 

 

 

 

 

Oscar, Globo de Ouro e Critics Choice Awards: novas datas anunciadas (Kevin Winter/Getty Images/AFP)  

Oscar, Globo de Ouro e Critics Choice Awards: novas datas anunciadas

 

 

 

 

Hollywood começa dar os primeiros passos para retornar as atividades na pandemia. Com gravações paradas há aproximadamente três meses, as produções precisam correr contra o tempo, mudar estratégias e se adaptar a novos prazos e regras. Isso tudo levando em consideração que a pandemia ainda não está completamente controlada.

 

Enquanto não houver uma forma de reduzir o contágio ou tratar de forma mais veloz os doentes da covid-19, dificilmente haverá uma normalização e um retorno a forma como tudo era feito antes. Portanto, para não perder tempo, estúdios já estão começando a propor novas formas de adaptar gravações a pandemia, para conseguirem voltar ao trabalho sem colocar em risco atores e equipe.

Segundo o especialista Elias Nascimento, professor do curso de cinema do Centro Universitário Iesb, Netflix, Paramount e Warner apresentaram propostas de retomada. Entre as mudanças, estão sala de roteiristas remota por home office, fim da impressão de roteiros que passam pelas mãos de elenco, diminuição do número de pessoas em cada set e a higienização constante de materiais de uso coletivo, como microfones e câmeras. A Aliança de Produtores de Filmes e Séries de TV também entregou um documento de 22 páginas ao governo da Califórnia sugerindo mudanças para a reabertura dos estúdios.

 

“Esta era uma pré-realidade do cinema, se pensava em uma movimentação prévia nesta direção para diminuir custos”, explica Elias. De acordo com o especialista, o cinema de entretenimento lucra muito, contudo devido a gastos exacerbados na fase de produção e baixo resultado em bilheterias, filmes de menor orçamento ou independentes buscavam saídas para aproveitar melhor os poucos recursos que tinham acesso.

 

Para Elias Nascimento, o movimento não será uniforme, mas, nos próximos meses, será possível perceber um movimento para o retorno de gravações e anúncios de novos lançamentos. “Vai depender do equipamento, disponibilidade de recursos técnicos e financeiros e diretrizes de cada empresa”, conta o profissional do audiovisual. “Hollywood é muito poderosa e não vai parar, há uma necessidade das grandes produtores de mantê-la funcionando”.

 

Streaming: A solução?

 

Uma forma de resolver o problema pode estar dentro da casa dos consumidores de cinema, o streaming. “O público de cinema vem diminuindo e pode ser que tenha um movimento cada vez maior de lançar filmes diretamente em streaming”, conta Nascimento. Neste formato, os gastos de distribuição diminuem e crescem as oportunidades de filmes que não teriam visibilidade nas telonas se tornarem populares. “Streaming dá mais liberdade, alcança um público maior e tem um preço mais atrativo que pagar quase R$100 para duas pessoas assistirem a um filme no cinema”, ressalta o especialista.

 

No Brasil

 

“A primeira mudança que eu acho que a gente vai enfrentar de caráter mais econômico mesmo. Vamos ter que nos concentrar mais em histórias simples e poderosas”, acredita o diretor Pedro Vasconcelos, responsável por novelas da Globo e mais recentemente pelo longa Fala sério, mãe.

 

O Brasil ainda sofre ainda muito com as consequências da pandemia tendo média de mais de mil mortos por dia vítimas do novo coronavírus. “Outra mudança que passaremos é no circuito de salas, com os cinemas fechados há tanto tempo, não sabemos quanto eles vão aguentar, ou seja, quantas salas nós vamos ter ao fim da pandemia para poder exibir filmes”, pontua Pedro

O diretor acredita que, devido a problemas financeiros, a produção no país deve encolher. “O fato de você ter que diminuir uma indústria como a do cinema do Brasil é triste porque muitas pessoas terão que ficar pelo meio do caminho durante a pandemia e isso é inevitável”, discorre sobre a delicada situação em que o país se encontra. No entanto, para o cineasta, isso pode representar um novo começo. “Ao final disso tudo, deve acontecer um momento de renascimento muito forte. Quando houver a possibilidade das pessoas se aglomerarem sem riscos à saúde, vai existir um movimento muito grande do público aos cinemas e teatros novamente”, vislumbra Pedro Vasconcelos.

 

*Estagiário sob a supervisão de Igor Silveira

 

 

» O que efetivamente muda para o espectador?

O principal fator são os adiamentos. As datas de estreia dos filmes de grandes estúdios já vem sendo alteradas para que possam sair nas salas de cinema. No entanto, as séries e filmes marcados para o segundo semestre de 2020 e para 2021 também terão o lançamento postergado, afinal as gravações ficaram paradas por três meses e as estratégias e agendas de produção terão que ser alteradas. Outro importante fato está no maior número de filmes acessíveis via streaming e pay-per view, com os cinemas fechados, muitos produtores estão optando por lançamentos diretamente para as telinhas.

 

 

» Temporada de premiações em outra época

Oscar, Globo de Ouro e Critics Choice Awards anunciaram novas datas entre o fim de fevereiro e o início de abril, mostrando uma tendência de que a temporada de premiações será completamente adiada em 2021. O motivo é aumentar o tempo de elegibilidade para filmes com gravações travadas pela pandemia e garantir uma situação mais controlada para realização dos importantes eventos da indústria cinematográfica.

 


Correio Braziliense terça, 30 de junho de 2020

BRASÍLIA: DE CALAMIDADE PÚBLICA A ABERTURA EM AGOSTO
Jornal Impresso
 
De calamidade pública a abertura em agosto
 
A previsão do governo do Distrito Federal é que todos os segmentos da economia funcionem a partir de julho. Mas, com o avanço da covid-19, especialistas defendem o isolamento social, para evitar colapso no sistema de saúde

 

» JÉSSICA EUFRÁSIO

Publicação: 30/06/2020 04:00

O Hospital Regional de Ceilândia (HRC) é uma das unidades do DF que está sobrecarregada devido ao avanço da doença (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  

O Hospital Regional de Ceilândia (HRC) é uma das unidades do DF que está sobrecarregada devido ao avanço da doença

 

No dia em que decretou estado de calamidade pública devido à pandemia provocada pelo novo coronavírus, o governador Ibaneis Rocha (MDB) anunciou que, até agosto, todo o Distrito Federal estará com as atividades comerciais em pleno funcionamento. A partir de amanhã, estabelecimentos como salões de beleza, bares e restaurantes começarão os protocolos de abertura. O calendário oficial com as datas por setor deve sair nesta semana, mas pode sofrer alterações, a depender da evolução dos casos de covid-19.
 
Os estudos que darão base a esse processo começaram ontem, e os resultados devem ser divulgados na quinta-feira. Por enquanto, a possibilidade de fechamento geral (lockdown) foi descartada por Ibaneis. “Temos equipamentos e materiais suficientes, mas o que precisa é a população se cuidar também”, afirmou. Ou seja, a abertura das atividades não implica que as pessoas precisam necessariamente ir para as ruas. O isolamento social ainda é importante nesse momento. A retomada das aulas na rede privada também está sob avaliação. Se a proposta apresentada pelo Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe-DF) for aprovada, a decisão pelo retorno presencial ficará a critério das famílias.
 
Ainda ontem, o DF registrou 44.918 casos confirmados de covid-19, 550 mortes e mais de 30 mil pessoas recuperadas da doença (leia mais na pág. 19). No entanto, a situação do sistema de saúde do DF se agrava. Dados da Sala de Situação da Secretaria de Saúde mostram que há falta de insumos para testes rápidos e que 90,8% dos leitos da rede privada destinados a pacientes com a doença estão ocupados. Na rede pública, esse número é de 63% (veja Situação).
 
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) apontou, contudo, a existência de “grande discrepância” entre os números publicados no site da Sala de Situação e os dados do Complexo Regulador (CRDF), também da Secretaria de Saúde. A taxa de ocupação de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) para adultos com covid-19 teria alcançado 93% em 26 de junho, quando a página da pasta na internet mostrava um comprometimento de 59,84%.
 
A reportagem pediu um posicionamento da Secretaria de Saúde sobre as divergências apontadas pelo MPDFT e sobre a falta de insumos para teste de detecção do novo coronavírus, mas não teve retorno até o fechamento desta edição.
 
Sobrecarga
Infectologista e professora universitária, a médica Joana D’Arc Gonçalves considerou um problema ter havido reabertura, enquanto os casos de covid-19 aumentavam. Para ela, a diminuição dos índices de contaminação depende ou do aumento da rigidez em relação aos estabelecimentos não essenciais ou da ampliação do sistema de saúde. “Essa segunda é impossível neste momento. Estamos falando de muita gente (infectada). Não temos leitos de UTI disponíveis para atendimento de um número elevado de pessoas. Se não há como ampliar a estrutura, o que temos em mãos são as medidas de isolamento, as recomendações como a do uso de máscara e o fechamento de serviços”, sugere Joana.
 
A médica avalia serem necessárias atitudes “um pouco mais drásticas” neste momento, pois o número de profissionais de saúde doentes também tem subido. “Também não vai adiantar decretar lockdown se as pessoas continuarem fazendo festas particulares ou se aglomerando de outras formas. Estamos divididos diante de comandos dúbios e orientações confusas. Precisamos unificar ações e falar uma linguagem única, para tentar diminuir os danos. Nossa estrutura está sobrecarregada e à beira de um colapso”, alerta a infectologista.
 
 
Situação
 
Leitos de UTI para pacientes com covid-19 na rede pública
 
Ocupados: 315 (63%)
Livres: 185
Total: 500
 
Leitos de UTI para pacientes com covid-19 na rede privada
 
Ocupados: 191 (90,8%)
Livres: 20
Bloqueados: 7
Total: 218
 
Índice de isolamento social
Distrito Federal: 49,3%
 
Regiões com maior número de casos
 
1º - Ceilândia
2º - Plano Piloto
3º - Taguatinga
 
Fontes: Painel Covid-19 no Distrito Federal (SSP-DF e SES-DF); Sala de Situação (SES-DF); e Base InLoco. Consulta em 29/6/2020

Correio Braziliense segunda, 29 de junho de 2020

LIBERADO SAQUE DO FGTS

Jornal Impresso

Liberado saque do FGTS
 
Nova rodada promete atender a cerca de 60 milhões de trabalhadores, com valores de até R$ 1.045, de forma escalonada

 

Marina Barbosa

Publicação: 29/06/2020 04:00

A nova rodada de saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que promete liberar até R$ 1.045 para cerca de 60 milhões de trabalhadores brasileiros durante a pandemia do novo coronavírus, começa hoje. O serviço, porém, será escalonado para evitar aglomerações nas agências bancárias. Por isso, só os nascidos em janeiro poderão ter acesso ao saque emergencial do FGTS hoje.

Operadora do FGTS, a Caixa Econômica Federal informou que R$ 3,1 bilhões serão liberados para 4,9 milhões de trabalhadores nesta segunda-feira. O dinheiro será liberado para todos que nasceram em janeiro, tinham algum recurso nas suas contas ativas ou inativas do FGTS e não procuraram a Caixa para informar que não têm interesse em sacar esse dinheiro agora. Esse recurso, porém, só poderá ser movimentado de forma remota, por enquanto.

O pagamento do saque emergencial do FGTS será realizado por meio de uma poupança social digital da Caixa que será aberta gratuitamente para todos os trabalhadores que têm direito ao recurso. Semelhante à conta que vem sendo aberta para os beneficiários do auxílio emergencial, a poupança digital deve ser acessada por meio do CPF pelo aplicativo Caixa Tem. No app, é possível pagar contas, fazer compras on-line e pagar compras presenciais aproximando o celular das maquininhas de cartão. Por isso, a Caixa só vai liberar o saque em dinheiro ou a transferência bancária dos recursos do FGTS cerca de um mês depois do depósito no Caixa Tem.

O calendário de pagamentos do saque emergencial foi dividido de acordo com o mês de nascimento dos trabalhadores e vai até setembro. A cada segunda-feira, a Caixa vai depositar os recursos do FGTS para um grupo de trabalhadores. Hoje, é o depósito dos nascidos em janeiro. Na próxima segunda, dos de fevereiro. Na seguinte, março e assim por diante. Os saques em dinheiro serão liberados sempre aos sábados, seguindo o mesmo escalonamento, entre o dia 25 deste mês e 14 de novembro.

Se não quiser fazer o saque emergencial, o trabalhador pode optar por deixar esse dinheiro rendendo nas contas do FGTS para usá-lo depois, de acordo com as regras usuais do Fundo. Para isso, contudo, é preciso avisar a Caixa desta opção. O aviso deve ser feito pelo aplicativo do FGTS 10 dias antes da data do depósito ou depois que o crédito for efetuado no Caixa Tem. Caso não sejam movimentados até 30 de novenbro, os recursos voltarão para o FGTS.

Correio Braziliense domingo, 28 de junho de 2020

CORONAVÍRUS - BRASIL INVESTE NA VACINA DE OXFORD

Jornal Impresso

CORONAVíRUS
 
Brasil investe na vacina de Oxford
 
 
Governo desembolsará US$ 288 milhões em tecnologia de fabricação desenvolvida pela universidade do Reino Unido e pela farmacêutica AstraZeneca para produzir 100 milhões de doses a partir deste ano. A parceria é prioridade para o SUS

 

MARINA BARBOSA

Publicação: 28/06/2020 04:00

Integrantes do Ministério da Saúde anunciam aposta em parceria para imunização contra a covid-19 (Carolina Antunes/PR)  

Integrantes do Ministério da Saúde anunciam aposta em parceria para imunização contra a covid-19

 



Sem conseguir conter a curva de contágio do novo coronavírus, o governo de Jair Bolsonaro decidiu investir na produção de uma vacina contra a covid-19. O Executivo desembolsará US$ 288 milhões para trazer ao país a tecnologia de fabricação da vacina que está sendo desenvolvida no Reino Unido pela Universidade de Oxford e pela farmacêutica AstraZeneca, que têm os testes mais avançados e promissores do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Com isso, pretende produzir 100 milhões de vacinas a partir deste ano.

A parceria para o desenvolvimento nacional da imunização contra o novo coronavírus já havia sido apontada como o “objetivo número um do Sistema Único de Saúde (SUS)” pelo ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, e foi confirmada ontem. Em carta enviada à Embaixada Britânica e à Astrazeneca, o governo manifesta a “intenção de firmar acordo de compra dos insumos para produção da vacina, incluindo a transferência de tecnologia de formulação, envase e controle de qualidade necessários para o seu registro, produção e distribuição no Brasil”.

O acordo, que será assinado formalmente nos próximos dias, vai permitir a transferência da tecnologia de fabricação da “vacina de Oxford” para a Fiocruz, que desenvolverá o produto no seu Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), no Rio de Janeiro. O governo reconhece que a eficácia da vacina inglesa ainda não foi confirmada. A certeza de que a tecnologia será, de fato, efetiva só deve sair em setembro ou outubro. Por isso, fará a compra em duas vezes. Investirá US$ 127 milhões em um primeiro momento para instalar a linha de produção e garantir os insumos necessários para 30,4 milhões de doses. “A parceria começa com a encomenda, em que o Brasil assume, também, o risco da pesquisa. Vamos pagar pela tecnologia, mesmo não tendo os ensaios clínicos finais. E, em um segundo momento, quando a vacina se mostrar segura, ampliaremos a compra”, afirmou o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco.

Ele admitiu que o investimento é de risco, pois, se a vacina não for aprovada, não será possível oferecer essas doses à população. Porém, afirmou que, só assim, o Brasil terá prioridade no uso do primeiro lote. Segundo Franco, caso os testes não deem certo, a Fiocruz terá adquirido conhecimento científico.

A esperança de todos é que os testes se mostrem efetivos. Por isso, o Ministério da Saúde já tem até um plano para a aplicação dessas vacinas. A expectativa é de que as primeiras 15,2 milhões de doses fiquem prontas em dezembro e as outras 15,2 milhões, em janeiro. O lote de 30,4 milhões será usado para imunizar o grupo de risco, ou seja, idosos, indivíduos com comorbidades como cardiopatia e diabetes, profissionais de saúde da linha de frente e de segurança.

Caso a eficácia seja comprovada, está certo o investimento de mais US$ 161 milhões para permitir a produção de outros 70 milhões de vacinas na Fiocruz. Com isso, o Brasil poderia imunizar quase a metade da população. Além do grupo de risco, seria garantida, por exemplo, a imunização de indígenas, professores, pessoas em privação de liberdade, profissionais de salvamento e motoristas de transportes coletivo.

No segundo momento da parceria, o governo espera trazer para o Brasil a capacidade de produção dos insumos necessários à vacina e que, inicialmente, serão importados. O objetivo é ter total autonomia no processo de fabricação. “Busca-se evitar que a população brasileira seja privada do acesso a uma vacina em tempo oportuno, uma vez que há grande demanda global”, ressalta Pazuello.



UnB: sem aulas presenciais em 2020
A reitora da Universidade de Brasília (UnB), Márcia Abrahão, afirmou que não há possibilidade de retorno físico às aulas em 2020. “Nós chegamos a um ponto da pandemia em que fica claro que a situação não vai melhorar no curto prazo, a gente não tem perspectiva de volta presencial este ano”, destacou. Ela argumentou que a prioridade é salvar vidas. “Três meses de aula você recupera, o que não recupera é vida perdida.” Um possível prazo para retorno não presencial será definido com o apoio do Comitê de Coordenação de Acompanhamento das Ações de Recuperação (CCAR). A reitora frisou, porém, que a instituição não está parada. “A universidade está funcionando remotamente, e estamos trabalhando com várias pesquisas para o combate ao coronavírus."

Correio Braziliense sábado, 27 de junho de 2020

BOLSONARO DE OLHO A POPULAÇÃO MAIS POBRE

Jornal Impresso

Bolsonaro de olho na população mais pobre

Inauguração de um trecho da obra de transposição do Rio São Francisco, no interior do Ceará, integra agenda positiva do presidente. Pagamento do auxílio emergencial e ações como a duplicação do Bolsa Família %u2014 que se chamará Renda Brasil %u2014 fazem parte da estratégia que, acredita ala militar do governo, poderá render votos em 2022., Alan Santos/CB/D.A Press

Inauguração de um trecho da obra de transposição do Rio São Francisco, no interior do Ceará, integra agenda positiva do presidente. Pagamento do auxílio emergencial e ações como a duplicação do Bolsa Família %u2014 que se chamará Renda Brasil %u2014 fazem parte da estratégia que, acredita ala militar do governo, poderá render votos em 2022.

Aceno ao social para resgatar popularidade
 
Bolsonaro mira ações voltadas às pessoas de baixa renda para atravessar o período mais difícil da pandemia e do desemprego. Duplicar o Bolsa Família, que se chamará Renda Brasil, faz parte da agenda. Ala militar crê que repaginada no programa produzirá votos em 2022

 

AUGUSTO FERNANDES
INGRID SOARES
VICENTE NUNES

Publicação: 27/06/2020 04:00

Enquanto vê a sua aceitação crescer entre a parcela menos favorecida da população, sobretudo pelo auxílio emergencial de R$ 600, o presidente Jair Bolsonaro vai apostar na agenda social para tentar atravessar o período mais difícil da pandemia do novo coronavírus e do desemprego no Brasil sem que a sua popularidade desabe mais.
 
O objetivo do mandatário é deixar o carimbo do governo com um programa de transferência de renda que tenha grande apelo na sociedade. Por isso, determinou à equipe econômica que encontre recursos para turbinar o Bolsa Família, que passará a se chamar Renda Brasil, numa tentativa de se desvincular do programa criado pelo ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva. Caso o planejamento do Executivo cumpra as expectativas, o projeto poderá chegar a R$ 70 bilhões por ano.
 
A ideia mais forte no momento é de, no mínimo, duplicar o orçamento atual do Bolsa Família, que está na casa dos R$ 32 bilhões. Pelo que os técnicos do Ministério da Economia já apresentaram ao Palácio do Planalto, o Renda Brasil não demandaria novas despesas para os cofres públicos. O plano é mesclar outros benefícios já existentes, principalmente para que o governo não ultrapasse o teto de gastos nem descumpra a chamada regra de ouro, que tem o objetivo de evitar o endividamento para pagar despesas correntes.
 
Fariam parte dessa “fusão” o abono salarial (que assegura o valor de um salário mínimo anual aos trabalhadores celetistas que recebem, em média, até dois salários mínimos de remuneração mensal), o seguro-defeso (pago a pescadores que ficam impossibilitados de desenvolver suas atividades durante o período em que a pesca é proibida, também no valor de um salário mínimo), e o farmácia popular (que oferece medicamentos de uso comum a preços reduzidos).
 
Em 2019, segundo números do Portal da Transparência, o governo reservou pouco mais de R$ 21,8 bilhões para arcar com o orçamento desses três programas sociais. Com o aumento do valor do salário mínimo, de R$ 998 para R$ 1.045, as despesas do Planalto para manter os projetos devem ser ainda maiores neste ano. Até aqui, ao menos R$ 12 bilhões já foram gastos pela União.
 
Para incrementar ainda mais o Renda Brasil, Bolsonaro pensa em acabar com a isenção de impostos sobre produtos da cesta básica. Nas contas do Ministério da Economia, no ano passado, o governo deixou de arrecadar R$ 18 bilhões devido à desoneração. Segundo fontes do Planalto, a pressa do presidente é grande. Ele quer que o programa esteja em funcionamento, no máximo, em novembro, como forma de dar continuidade ao auxílio emergencial, que, com mais três parcelas (de R$ 500, R$ 400 e R$ 300), vai até outubro.
 
A urgência ocorre porque o Executivo sabe que toda a reformulação dos programas sociais tem de passar pelo crivo do Congresso. Assim, quanto antes o Renda Brasil estiver fechado, mais fácil será negociar com o Parlamento. Nos próximos dias, existe a possibilidade de Bolsonaro encontrar os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), para debater a questão.
 
A ala militar do governo faz a leitura de que a repaginada do Bolsa Família pode garantir muitos votos para Bolsonaro em 2022. Para os militares, a promessa do governo de investir mais no social inflará o apoio da população de mais baixa renda ao Executivo.
 
Para que isso seja concretizado, contudo, os fardados acreditam que Bolsonaro tem de seguir na linha de evitar conflitos. Depois de avaliarem com lupa os dados da mais recente pesquisa Datafolha, militares muito próximos do mandatário chegaram a afirmar que, se ele “tiver juízo”, será reeleito em primeiro turno na próxima eleição presidencial.
 
A ala militar chama de “juízo”, justamente, um comportamento menos belicoso por parte do presidente. Para eles, mesmo com todo o desgaste na imagem, inclusive com a prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), o mandatário continua sendo avaliado como bom e ótimo por 32% dos eleitores.
 
Assim, com um discurso mais ameno e menos embates com o Congresso e com o Judiciário, Bolsonaro poderá atrair de volta boa parte dos eleitores que ele perdeu depois que tomou posse. “Enfim, um Bolsonaro paz e amor com um programa social robusto será difícil de ser vencido nas urnas”, disse um militar.
 
Dividendos
Para Roberto Ellery, professor economista da Universidade de Brasília (UnB), Bolsonaro partiu para os programas sociais com o intuito de aumentar a sua popularidade. Contudo, o presidente precisará ter cautela, especialmente pelos maus exemplos registrados durante a concessão do coronavoucher, em que militares e pessoas das classes A e B foram aprovados.
 
“Ele quer fazer isso porque viu que dá votos. Bolsonaro fez o essencial e melhorou um pouco nas pesquisas. Mas, pelo ponto de vista econômico, o auxílio emergencial, por exemplo, foi muito mal desenhado, porque não tinha tempo hábil em meio à pandemia. Vemos isso quando tem muita gente recebendo o que não deveria receber”, frisou. “Isso mostra que esse problema no desenho tem riscos. Na outra ponta, o Bolsa Família é muito bem desenhado. Há fraudes, mas o desenho é bom. Se o governo quer expandir o Bolsa Família, é muito importante que ele parta desse princípio.”
 
Centrão
O Planalto acredita que o Centrão será fundamental nesse processo. Também ajudará o projeto do governo uma postura mais amena de Bolsonaro. Vários pequenos partidos, como o Pros, que tem três senadores e 12 deputados, já indicaram ao Planalto que estão dispostos a entrar na base de apoio do governo. Um dos interessados foi o senador Telmário Motta (RR), que procurou o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, responsável pela articulação do Executivo com o Congresso.
 
 (Alan Santos/PR)  
 
Bolsonaro inaugura obra de Transposição do São Francisco
O presidente Jair Bolsonaro inaugurou, ontem, um dos trechos da obra de transposição do Rio São Francisco, um projeto que começou em 2007, durante o governo Lula. Em Penaforte (CE), o chefe do Executivo acionou a comporta que permitiu a chegada das águas do Velho Chico ao território cearense. O trecho faz parte do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco. Com a ação, a água que já abastece o Reservatório Milagres (em Pernambuco) passará pelo Túnel Milagres (na fronteira dos dois estados), começará a encher o Reservatório Jati (no Ceará) e seguirá, por fim, até a Paraíba e o Rio Grande do Norte. “A recomendação, desde o início do governo, (é de) que não deixaríamos nenhuma obra parada. Isso faz parte de um compromisso nosso. A gente fica muito feliz em trazer a água para quem precisa”, comentou Bolsonaro, durante o evento. “Vai ajudar na agricultura e levar água para o cidadão nordestino. É uma novela que está chegando ao fim.” A transposição teve orçamento inicial de cerca de R$ 5 bilhões. A previsão é de que, ao fim de todo o projeto, o gasto seja em torno de R$ 12 bilhões. O chefe do Executivo foi acompanhado na cerimônia por ministros e deputados do Centrão.
 

Correio Braziliense sexta, 26 de junho de 2020

UM PROFESSOR PARA SALVAR A EDUCAÇÃO

Jornal Impresso

Um professor para salvar Educação
 
Novo titular do MEC, Carlos Alberto Decotelli é visto como uma alternativa pacificadora e técnica para o setor. Ele terá a missão de recuperar a desgastada imagem da pasta, definir políticas efetivas voltadas à área e retomar a interlocução com Congresso, estados e municípios

 

INGRID SOARES
MAÍRA NUNES

Publicação: 26/06/2020 04:00

Bolsonaro anunciou a nomeação de Decotelli por meio das redes sociais. Novo ministro prega %u201Cdiálogo, gestão e integração operacional%u201D (Marcos Corrêa/PR

)  

Bolsonaro anunciou a nomeação de Decotelli por meio das redes sociais. Novo ministro prega "diálogo, gestão e integração operacional".

 

 
A nomeação do professor Carlos Alberto Decotelli, 67 anos, como ministro da Educação, é uma vitória da ala militar do governo em relação ao grupo ideológico. O anúncio do novo titular da pasta foi feito pelo presidente Jair Bolsonaro em suas redes sociais, e a decisão saiu em edição extra do Diário Oficial da União. A escolha causou surpresa, porque o nome dele não estava na lista dos cotados, sabatinados pelo chefe do Executivo. A leitura é de que, com a nomeação de Decotelli, o comandante do Planalto tenta pacificar a pasta, envolta em uma série de controvérsias desde o início do governo.
 
Em live, Bolsonaro comentou sobre a dificuldade de definir o titular para o cargo. “Obviamente, foi uma escolha muito difícil. Quatro pessoas excepcionais que se apresentaram, entre elas um jovem, que é o Renato Feder, secretário estadual de Educação do Paraná, que faz um brilhante trabalho lá. Parabéns ao governador Ratinho Júnior por ter um secretário realmente qualificado como ele”, elogiou. De acordo com Bolsonaro, Decotelli foi o escolhido pela experiência. 
 
Economista de formação, Decotelli foi presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Oficial reformado da Marinha, já era aposta da ala militar do governo para substituir Ricardo Vélez Rodríguez, que foi o primeiro ministro da Educação da gestão Bolsonaro.
 
O próprio Decotelli disse ter sido surpreendido com o convite de Bolsonaro, mas, de pronto, atendeu ao chamado. “Eu estava dando aula ontem (quarta), e fiz hoje (ontem) a reunião. Fui pego de surpresa”, afirmou. Segundo ele, o presidente pediu que continuasse a gestão realizada no FNDE. O novo ministro destacou que, diferentemente do que vinha sendo feito no MEC, “não possui competência para fazer adequação ideológica” e que investirá no diálogo.
 
“O que ele (Bolsonaro) pontuou foi, primeiro, fazer uma gestão voltada para a educação da sociedade brasileira, conforme o marco regulatório da educação. Em segundo lugar, fazer o melhor diálogo com as entidades representativas da educação — as universidades federais, os centros técnicos. Melhor diálogo também com entidades de classe”, afirmou. “Todos aqueles que querem fazer o melhor pela educação brasileira. Então, diálogo, gestão e integração operacional.”
 
Decotelli completou: “Fui presidente do FNDE no ano passado, do início do governo até agosto, e lá apliquei gestão integrada e bom relacionamento com as entidades da Educação brasileira. É isso que foi pedido: o que foi feito no FNDE no ano passado que se estenda à gestão do MEC”.
 
Quando ele esteve à frente do FNDE, porém, a Controladoria-Geral da União (CGU) encontrou irregularidades numa licitação de R$ 3 bilhões para a compra de computadores, laptops e tablets destinado a alunos da rede pública. A licitação foi suspensa dias após a saída dele do cargo.
 
Primeiro ministro negro de Bolsonaro, Decotelli é o terceiro a comandar a pasta da Educação na gestão Bolsonaro. O antecessor, Abraham Weintraub, foi demitido no último dia 18. Ele deixou o governo após criar atrito do Executivo com o Judiciário, que se intensificou pelos insultos que fez contra integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele havia assumido no lugar de  Vélez Rodrígues, que deixou o cargo em abril, após protagonizar batalha entre grupos ligados a militares, técnicos do órgão e olavistas.
 
Passado condena
Renato Feder era um dos mais fortes candidatos ao cargo. Ele reuniu-se com Bolsonaro nesta semana e saiu do encontro chamando o presidente de “estadista”. Pesou contra ele, no entanto, o fato de, como empresário do setor de tecnologia, ter sido um dos principais doadores para a campanha de João Doria (PSDB) à prefeitura de São Paulo, em 2016. O tucano, hoje governador do estado, tornou-se desafeto do chefe do Executivo federal. O filho 02 do presidente, Carlos Bolsonaro, era contra a escolha de Feder. Na avaliação dele, “não é hora de nomear aliados de inimigos do governo”.
 
 
Saiba mais
 
Extenso currículo
 
Carlos Alberto Decotelli tem extenso currículo em finanças. Fez pós-doutorado na Bergische Universitat Wuppertal, na Alemanha; é doutor em administração financeira pela Universidade Nacional de Rosário, na Argentina; é mestre em administração pela Fundação Getulio Vargas (FGV/Ebape). Tem MBA em administração pela FGV/EBAPE/EPGE e é bacharel em ciências econômicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Ele criou o curso gestão financeira corporativa no New York Institute of Finance e coordenou o de finanças corporativas internacionais na FGV. Na educação, foi professor de pós-Graduação em finanças na Fundação Dom Cabral e na FGV; e professor e membro da equipe de criação do curso de pós-graduação em finanças na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, com o ex-juiz Sergio Moro e o professor Edgar Abreu. Na Marinha, também atuou como professor e coordenador do Jogo de OMPS na EGN — Escola de Guerra Naval, no Centro de Jogos de Guerra.
 
“Decotelli é reconhecido por seu perfil acadêmico sólido, competência, fácil diálogo, e tem ampla experiência”
Trecho da nota da ABMES
 
“Enquanto presidente do FNDE, Carlos Alberto Decotelli manteve um bom canal de diálogo com os secretários”
Trecho da nota do Consed
 
“Nós questionamos quais são as prioridades do governo Bolsonaro para a educação, visto que, mais uma vez, o ministro é alguém ligado à economia”
Rozana Barrozo, presidente da Ubes
 
“O novo ministro da Educação não tem praticamente nenhuma experiência ou proximidade com a educação, a não ser ter sido presidente do FNDE, há alguns meses. Bolsonaro entrega o MEC ao mercado financeiro”
Iago Montalvão, presidente da UNE
 
“É sintomático que a comemoração seja: ‘Finalmente temos um negro no Ministério da Educação!’, e não: ‘Finalmente temos um técnico no Ministério da Educação!’. Isso demonstra como a manipulação da identidade racial é feita. (…) Paremos, portanto, de olhar para o indivíduo. Olhemos para como o governo trata a educação em um país de profunda desigualdade”
Silvio Almeida, jurista e professor, autor do livro Racismo Estrutural

Correio Braziliense quinta, 25 de junho de 2020

HISTÓRIA DE BRASÍLIA: HOTEL NACIONAL É DESOCUPADO

Jornal Impresso

HISTóRIA DE BRASíLIA
 
Hotel Nacional é desocupado
 
A ordem de despejo no tradicional prédio da capital, cumprida pela Justiça na manhã de ontem, pegou de surpresa os hóspedes, que deixaram os quartos até o fim do dia. A desocupação foi feita para reconhecer o direito de posse dos novos proprietários

 

» ROBERTA PINHEIRO
» CIBELE MOREIRA

Publicação: 25/06/2020 04:00

Os hóspedes do Hotel Nacional tiveram de deixar os quartos até as 17h de ontem: negócio de R$ 93 milhões (Ed Alves/CB/D.A. Press)  

Os hóspedes do Hotel Nacional tiveram de deixar os quartos até as 17h de ontem: negócio de R$ 93 milhões

 



O Hotel Nacional — um dos símbolos da arquitetura e da história de Brasília — está com as portas fechadas para o reconhecimento de posse do novo proprietário do edifício, a empresa de incorporação e imobiliária Incorp. O prédio foi leiloado em 2018, por R$ 93 milhões. No entanto, para ser entregue aos atuais donos, a Justiça desocupou o local com uma ordem de despejo, que pegou vários hóspedes de surpresa, na manhã de ontem — entre eles o deputado federal Alexandre Frota (PSDB/SP) e o presidente nacional do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), o ex-deputado federal Roberto Jefferson.

Ao Correio, Roberto Jefferson contou que estava no quarto 923, quando um representante dos novos proprietários do hotel comunicou sobre a desocupação.  “Ele foi muito cortês e correto. Disponibilizaram-nos um transporte para levar os pertences”, comentou Jefferson. Ele e a mulher tiveram até as 17h para sair da habitação onde residiam havia 15 anos. “Era a minha casa, senti muito. Os garçons são meus amigos, a nutricionista e outros funcionários”, lamentou.

O presidente do PTB chegou a ocupar um mês a suíte presidencial, a mesma que hospedou a Rainha Elizabeth II, da Inglaterra, em 1968. Porém, ele conta que achou o ambiente muito escuro. Para Roberto Jefferson, não tem hotel em Brasília com as instalações do Hotel Nacional. “Apartamentos daquele tamanho, aquele conforto, pé direito alto, salas de convenções. Se mantiverem isso, o restaurante à beira da piscina, será um sucesso, vai ser o maior hotel”, avaliou, sobre as possíveis reformas no local.

Resistência

Essa não é a primeira vez que os novos donos do espaço tentam tomar posse do imóvel. De acordo o advogado da Incorp, Saulo Mesquita, houve resistência por parte dos antigos proprietários, com diversos recursos na Justiça. Porém, desta vez, o mandado judicial foi cumprido. Uma das ações negadas foi deferida pela 1ª Vara de Precatórios do Distrito Federal. A juíza recusou o pedido dos antigos donos do Hotel Nacional para ampliar o prazo da desocupação voluntária do imóvel. Com a decisão da magistrada, oficiais de Justiça cumpriram a determinação para dar posse do imóvel à Incorp Empreendimentos Imobiliários Ltda.

Com a desocupação, o Hotel Nacional passará por revitalização e reforma antes de receber novos hóspedes. Apesar dos planos, ainda não há prazo para que isso aconteça. Até lá, fica a memória dos marcos históricos por trás do prédio construído um ano após a inauguração de Brasília, em 1961. Localizado no centro da capital federal, o edifício hospedou nomes ilustres, como a Rainha Elizabeth II e o Príncipe Philip, da Inglaterra, além de astros do cinema, como Catherine Deneuve, John Travolta e Roman Polanski. O presidente francês Charles De Gaulle e os ex-presidentes dos Estados Unidos Jimmy Carter e Ronald Reagan também ficaram no hotel. Durante alguns anos, o Hotel Nacional era point de convidados e homenageados do Festival de Cinema de Brasília.
 
 

Correio Braziliense quarta, 24 de junho de 2020

EFICIÊNCIA NO SOCORRO

Jornal Impresso

Eficiência no socorro
 
Enquanto parte da população fica em casa, se protegendo da pandemia, profissionais do Samu estão nas ruas em atendimentos de urgência. Só em junho, foram 162 pacientes com covid-19 levados para unidades hospitalares

 

» JULIANA ANDRADE

Publicação: 24/06/2020 04:00

Cristina Ayako: %u201CJá atendemos bebês com suspeita 
de covid-19. Ajudar me dá força também. Eu sou mãe%u201D (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  
Cristina Ayako: "Já atendemos bebês com suspeita de covid-19. Ajudar me dá força também. Eu sou mãe."
 
Os hospitais do Distrito Federal são a linha de frente no combate à covid-19, mas a assistência das pessoas que chegam às unidades de saúde pública, muitas vezes começa bem antes. Em meio a sirenes e equipamentos de proteção individual (EPIs),  profissionais do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) correm contra o tempo, em um socorro que muitas vezes começa por telefone, antes mesmo de a ambulância sair da base. Assim, como os profissionais das unidades de saúde, os servidores do Samu são heróis nesse momento tão conturbado.

A enfermeira Cristina Ayako, 45 anos, está no Samu há 14 anos. Todo dia, ela sai de casa, deixando a mãe idosa e os dois filhos, de 14 e 15 anos, um deles asmático. Com acessórios de proteção, ela carrega, principalmente, a fé e o comprometimento em ajudar o próximo. “É uma missão prestar socorro e ajudar o próximo”, destaca. Cristina trabalha em uma viatura equipada para o atendimento de crianças — Unidade de Suporte Avançado e Neonatologia. Como mãe, uma motivação ainda maior de prestar o serviço da melhor maneira possível. “Já pegamos bebês com suspeita de covid-19. Ajudar me dá força também. Eu sou mãe e, se meu filho precisar, quero que ele tenha uma garantia de assistência. O fato do nosso serviço fazer bem para alguém nos fortalece, além de saber que, se algum familiar precisar, ele também vai ser atendido”, ressalta.

No fim do expediente, Cristina sai com a certeza de ter dado o seu melhor. E assim, deixando os aparelhos que a manteve em segurança durante o serviço, volta para a família. Em casa, o banho vem antes de entrar na residência. “Tenho um banheiro na varanda. Lá, eu tiro a roupa de serviço, tomo um banho, antes de entrar em casa. Graça a Deus, tenho esse privilégio de chegar e ir direto para o banho”, destaca. O cabelo também é lavado diariamente. Tudo para manter ela e a família em segurança.
 
Desafio
 
Atualmente, o Samu tem 960 servidores. Desses, 630 lidam diretamente com os pacientes. Uma equipe administrada pelo diretor do serviço, Alexandre Garcia Barbosa. “É um desafio enorme, mas também uma honra poder colaborar em um momento em que a saúde precisa dar uma resposta de forma mais assertiva aos usuários”, ressalta Barbosa. Para ele, uma das maiores tarefas é prestar todo atendimento necessário durante uma pandemia com a mesma quantidade de recurso de tempos comuns. “A gente tem um número de servidores dimensionado pelo Ministério da Saúde. A pandemia está fazendo com que gerenciemos os recursos ainda mais, para potencializar e otimizar o trabalho, utilizando o mesmo número de pessoas e viaturas”, explicou.

O Samu tem 38 ambulâncias: 30 de suporte básico — com um motorista e um técnico de enfermagem — e oito de suporte avançado — com um motorista, um médico e um enfermeiro. Durante a pandemia, o serviço recebe cerca de 60 mil chamadas mensais. Antes, a média era de 78 mil ligações pelo 192, por mês, exceto em período de férias. Para Alexandre, o número de ligações diminuiu devido ao isolamento social, além do medo da população em chamar uma ambulância para quadros de saúde leves. No entanto, a transferência de pacientes entre unidades hospitalares dobrou. Se antes a média diária era de 12 mudanças, durante a pandemia, o Samu já chegou a fazer 26 por dia. Com quadros de covid-19, só em junho foram 162 transportes. O número representa mais que a somatória desse tipo de atendimento entre março, abril e maio, três, 34 e 124, respectivamente.

Os cuidados para evitar contaminações vão desde a higienização das ambulâncias à paramentação da equipe. A cada atendimento de covid-19, é trocado todos os equipamentos descartáveis de EPI e o veículo passa por uma higienização durante cerca de 40 minutos. Mas, apesar do cuidado, 10 profissionais do Samu testaram positivo para covid-19, segundo Alexandre Barbosa. O diretor explica que, quando algum servidor sente os sintomas da doença, ele é automaticamente afastado do serviço, até que seja feito o teste. Ao todo, 31 funcionários foram afastados por quadro provável da doença. Desses, nove ainda aguardam resultados.
 
Proteção
 
Uma roupa comum, um macacão, um coturno impermeável, um capote, uma máscara N95, óculos, uma máscara face shield e luvas. É possível enumerar, pelo menos, oito equipamentos, entre roupas e acessórios na rotina de trabalho da médica Ana Luiza Ribeiro Diogo, 30. Todo esse aparato é o que separa ela do risco de contaminação da covid-19, ao sair para atender um paciente com suspeita da doença, além dos protocolos como higienização da ambulância.

“Eu tenho conversado comigo mesma: vou entubar pacientes com covid, vou transportar pacientes com covid e eu preciso estar bem. Se eu for me desesperar ou tiver medo, não vou conseguir fazer o meu trabalho. A minha prioridade é o paciente”, diz. Para se proteger, os protocolos de segurança são fundamentais, mesmo sendo, algumas vezes, desconfortáveis. “Eu saio do plantão e estou toda suada dentro do macacão”, comenta. No fim do serviço, os cuidados continuam. O uniforme é retirado ainda na base do Samu e colocado em um saco no carro. “O porta-malas do meu carro é só para o Samu. Não coloco mais nada lá que não seja do trabalho”, afirma. Ana também deixa o coturno no local de serviço e em casa vai direto para o banho.

Para a médica, o apoio e o reconhecimento da população também têm sido um importante fator de fortalecimento para os profissionais. Atitudes como entrega de cartas, agradecimentos são demonstrações de afeto daqueles que reconhecem importância do serviço. “É bom saber que estamos sendo mais valorizados. A gente tem notado, inclusive, mais pessoas abrindo espaço para as ambulâncias passarem. Muitos não davam importância. Além disso, temos os agradecimentos ao final dos atendimentos”, destaca.

Ana Luiza: %u201CSe eu for me desesperar ou tiver medo, não vou conseguir fazer o meu trabalho. A minha prioridade é o paciente%u201D (Arquivo Pessoal)  
Ana Luiza: "Se eu for me desesperar ou tiver medo, não vou conseguir fazer o meu trabalho. A minha prioridade é o paciente."


A estrutura
 
960
servidores
 
38
viaturas em serviço
 
10 
trabalhadores contaminados


O crescimento
 
» Chamadas para transporte de pacientes confirmados de covid-19
 
Março: 3
Abril: 34
Maio: 123
Junho (até dia 19): 162
 
Serviço
Número para chamadas de emergência: 192

Correio Braziliense terça, 23 de junho de 2020

A PANDEMIA NA VISÃO DAS CRIANÇAS

Jornal Impresso

A pandemia na visão dos pequenos
 
Privados da rotina e do contato com os amigos, crianças demandam atenção dos pais para ajudá-las a compreender o que se passa no mundo

 

» Erika Manhatys*

Publicação: 23/06/2020 04:00

Adriana de Carvalho tem se desdobrado para entreter o filho, Arthur, mas o garoto sente muita falta da escola e dos amigos (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  

Adriana de Carvalho tem se desdobrado para entreter o filho, Arthur, mas o garoto sente muita falta da escola e dos amigos

 



As quatro paredes do lar representam a estimada segurança em tempos de caos. Entretanto, podem parecer uma prisão aos que não compreendem a razão de não ir além delas. A pandemia apresentou a todos um novo mundo, e as dinâmicas da sociedade passam por uma reestruturação. Algo difícil de engolir para os adultos, mas um verdadeiro castigo às crianças, que estão privadas de suas atividades.

Parte determinante para a construção de um emocional saudável, a interação social é indispensável aos pequenos, conforme explica o médico psiquiatra Luan Diego Marques. “O contato humano é uma das ferramentas importantes para aquisição de sensação de realização e prazer. Quando não é desenvolvida, o indivíduo, ao observar o mundo ao seu redor, vai sentir que não possui habilidade para participar dele. Isso será gatilho para desenvolver transtornos, como depressão e ansiedade.”

O cuidado com a saúde mental merece atenção ainda maior durante momentos de estresse generalizado, como o da quarentena. “A vivência em família gera situações que se retroalimentam, sobretudo, com pais que não sabem lidar com suas emoções e servem de espelho aos filhos. Assim, privadas da rotina com os amigos, as crianças se estressam e os pais também, virando um ciclo vicioso”, detalha Luan.

Para manter as crianças distraídas, muitos pais se aproveitam da tecnologia para também conseguirem dar conta de suas obrigações. O imediatismo nas respostas do mundo virtual, porém, pode formar crianças ansiosas. “As telas têm estímulos muito acelerados, isso ajuda na liberação de noradrenalina e dopamina. Toda criança deseja estar à distância de um clique, então, ela começa a exigir respostas muito rápidas do mundo e dos pais. O que pode parecer uma saída, a longo prazo, pode gerar distúrbios de ansiedade”, explica o psiquiatra.

Contrário ao excesso de tecnologia, Maurício Santos tem aberto exceções para Manuela conversar com parentes e amigos (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  

Contrário ao excesso de tecnologia, Maurício Santos tem aberto exceções para Manuela conversar com parentes e amigos

 



Saudade

A quebra repentina na rotina da criançada deixou uma enorme sensação de vazio para os que entendem o que vem acontecendo no mundo e, também, aos muito pequenininhos, que só querem um amiguinho para dividir o tempo. “Eu gosto de ir para a escola com minha professora e meus amigos. Não gosto de ficar o dia todo em casa”, contou Louise Cordeiro, de apenas 3 anos.

Louise é a filha mais nova de Yohanna Cordeiro, 28 anos, professora de inglês e educadora perinatal. “Ela tem sentido muita falta, principalmente de encontrar os amigos, e não dispõe de meios para vê-los. No grupo de pais da escolinha, nós tentamos estabelecer videochamada entre os bebês, mas, como cada pai tem um horário, não deu certo. Nós gravamos vídeos e mandamos para que cada um mostre ao filho, mas não é a mesma coisa que a interação em tempo real”, conta a mãe.

Lamentando a situação, a pequenininha diz que “não tem como brincar agora” e garante que, quando tudo voltar à normalidade, vai “brincar de parquinho e depois lanchar” com os coleguinhas. A irmã de Louise, Michelle Cordeiro, 9 anos, tem mais sorte e consegue estabelecer contato com os amigos. “Nós jogamos on-line quase todos os dias para matar a saudade e conversamos bastante no grupo do WhatsApp”, conta.

Para a psiquiatria, o momento exige constante conversa com os filhos para situá-los nestas mudanças. “O adulto lê as notícias e racionaliza. Cognitivamente, ele alcança a mensagem. As crianças, não; elas não sabem a razão de ter de ficar em casa e longe das pessoas que gosta. Ela vai perceber que está privada da socialização com os amigos, mas precisa entender o porquê”, explica Luan.

Michelle cursa o 4º ano do ensino fundamental e já compreende o afastamento social e de suas atividades. “Eu não estou gostando, mas sei que é importante ficar em casa agora. Sinto falta de pular corda, jogar bola e conversar pessoalmente. Nós estamos aguardando a pandemia acabar para fazer uma festa do pijama, ainda não sabemos na casa de quem, mas vai ter festa”, planeja, esperançosa, a menina.

A pandemia tem afetado de forma diferente as filhas de Yohanna Cordeiro, Louise, 3, e Michelle, 9:   

A pandemia tem afetado de forma diferente as filhas de Yohanna Cordeiro, Louise, 3, e Michelle, 9: "A mais nova está sentindo muita falta

 



Recursos


Para o psiquiatra Luan Marques, o contato entre a criançada deve ser mediado pelos pais, para que não cesse. “Adultos e crianças conversam em linguagens diferentes. Muitas vezes, somente uma criança entenderá o que a outra diz. Portanto, mesmo com a dedicação dos pais, eles não suprirão a necessidade de socializar do filho. Assim, mesmo que comedidamente, deve oferecer recursos para que eles conversem com os primos e amigos da mesma idade.”

Privado de contato com os amigos, Arthur Cassimiro, 7 anos, tem se chateado bastante em casa. “É ruim ter aula on-line, eu sinto falta de brincar com eles, sinto falta da aula, eu só quero voltar para a escola. Voltar para a natação, para o futebol e de fazer tudo isso com meus amigos.” A mãe de Arthur, Adriana de Carvalho, 28 anos, lamenta o pouco contato entre os pais da comunidade escolar. “A gente não conversa muito, então, acaba que cada criança fica para o seu lado”, diz.

Adriana faz o que pode, e dedica bastante atenção ao filho. “A rotina escolar foi mantida e eu acompanho todas as aulas para auxiliá-lo, pois ainda está em fase de alfabetização. Nós moramos em casa, então, também reservo uma parte do tempo para ficar com ele no quintal e na piscina. Apesar de estar sempre presente, ele reclama cotidianamente da falta dos amigos e da escola, pois a interação que eles têm é somente pelo chat da aula”, conta.

Esperando por dias melhores, o menino diz ter planos com os amigos para concretizar no período pós-pandemia. “ Quando acabar esse coronavírus, nós vamos convidar um para vir à casa do outro. Queremos fazer as festinhas de aniversário para comemorar e brincar juntos. Essas são as coisas que a gente gosta de fazer”, narra Arthur.

Eletrônico controlado


Seguindo o conselho de reduzir o acesso às mídias digitais pela garotada, Maurício Santos, 29 anos, tem aberto exceções à filha durante o isolamento. “Nós somos contra o uso abusivo de celular, tanto que nossa filha nem tem aparelho. Mas, como ela não pode se encontrar com os familiares e amigos, nós deixamos que ela faça videochamadas para os primos e para a melhor amiga”, diz o estudante de gastronomia.

A filha de Maurício, Manuela Gaspar, de 7 anos, uma menina que “gosta da bagunça”, segundo o pai, assiste às aulas pela internet, mesmo não gostando muito da distância da sala de aula. “A internet trava, e os slides ficam carregando. Não gosto. Eu sinto muita saudade dos meus amigos e da professora. Acaba que a gente só conversa no chat da aula, e a tia Cris (a professora) nem sempre deixa”, diz Manu.

No regresso à rotina, Manuela já planejou as brincadeiras. “Eu pretendo brincar muito de umas brincadeiras bem doidas. Quero ir ao pátio da escola, à sala de informática e à sala de artes, onde a gente pinta e desenha muito. Depois de brincar de tudo que a gente costumava, eu quero comprar um lanche e dividir com as minhas amigas. Sinto falta de me encontrar com elas e conversar”, conta.

O último conselho que Luan deixa aos pais é introduzir atividades de foco aos filhos, para acalmá-los durante a quarentena. “Há na internet uma série de meditações guiadas para a garotada, também aulas de ioga. Isso colocará a criança em contato com ela e com os pais, uma interação muito importante. Mas essa atividade nova deve ser apresentada em um momento prazeroso, assim ela associará a nova atividade a algo bom”, explica o psiquiatra.

* Estagiária sob supervisão de Sibele Negromonte


  • De olho na molecada
    A Sociedade Brasileira de Pediatria elaborou um manual para mediar o uso de ferramentas tecnológicas para as crianças. Pais devem ficar atentos:

    » Crianças de até 2 anos
    Não é indicado fazer uso de nenhum aparelho tecnológico.

    » Crianças de 2 a 5 anos
    Limitar o uso destes equipamentos para o máximo de uma hora diária.

    » Crianças até 10 anos
    Não fazer uso de televisão ou computador no próprio quarto.

    » Adolescentes
    Não devem ficar isolados em seus quartos nem ultrapassar as horas saudáveis de sono, de oito a nove horas por noite. Além de realizar uma hora de atividade física por dia.

    » Crianças menores de 6 anos
    Não devem ser expostas a conteúdos violentos, pois ainda não conseguem separar a fantasia da realidade. É importante monitorar a classificação indicativa do conteúdo que o filho consome na televisão, na internet e nos jogos on-line e videogame. Estimular a criança a participar de atividades em família, de lazer, educativas e de socialização familiar.

Correio Braziliense segunda, 22 de junho de 2020

IMPOSTO DE RENDA: ÚLTIMOS DIAS PARA ENTREGAR DECLARAÇÃO

Jornal Impresso

IMPOSTO DE RENDA
 
 
Acerto com o Fisco na reta final
 
Prazo de entrega das declarações foi prorrogado com a pandemia e termina no dia 30, mas 34,4% do esperado - ou seja, 11 milhões de contribuintes - ainda não prestaram contas com a Receita
 

VERA BATISTA
JAILSON R. SENA*
FERNANDA STRICKLAND*

Publicação: 22/06/2020 04:00

Faltando nove dias para o término do prazo de entrega da Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) de 2020, ano-base 2019, em 30 de junho, o principal alerta do supervisor nacional do Imposto de Renda da Receita Federal, Joaquim Adir, é de que os contribuintes não deixem para entregar o documento na última hora. “Quem se atrasa, acaba tendo mais dificuldade para encontrar os comprovantes e menos tempo para tirar dúvidas importantes”, destaca. Encontre, portanto, todos os recibos: de salários, planos de saúde, heranças, compras de casas e apartamento, lucros de capital, entre outros, aconselha o especialista.
 
Adir informa que o sistema do Fisco passou por melhorias este ano (o programa pode ser baixado na página irpf2020.com/programa-irpf-2020/), para facilitar o acesso, e acrescenta que não houve mudanças na legislação. O governo vem reduzindo os benefícios tributários e reformular o IR. No ano passado, o patrão podia compensar até R$ 1,2 mil em gastos com empregados domésticos mas, a partir deste ano, não tem mais essa dedução. De acordo com a Receita, a renúncia com esse incentivo fiscal foi de R$ 674 milhões em 2019.
 
Nesse ritmo, apesar da pandemia, o feroz Leão pouco facilitou a vida do contribuinte que tem imposto a pagar (em até oito parcelas), além da postergação do prazo. “A crise sanitária pelo coronavírus trouxe problemas para todos. Mas a maioria dos contribuintes tem restituição. Os que devem as cotas são autônomos ou profissionais com altos salários. Por isso, o pagamento, que começava a partir de 30 de abril, também foi adiado para 30 de junho”, explica.
 
Obrigações 
 
São obrigados a apresentar a Declaração de Ajuste Anual do IRPF 2020 cidadãos que, em 2019, receberam acima de R$ 28.559,70, tiveram ganho de capital na venda de bens ou fizeram operações na Bolsa de Valores, entre outras exigências (veja quadro). O contribuinte que não entregar, poderá ser multado de R$ 165,74 a 20% do saldo de imposto a pagar, além dos juros de mora, lembra Leonardo Milanez Villela, advogado tributarista, sócio do Pinheiro Villela Advogados.
 
Até as 17h de sexta-feira, quase 21 milhões de declarações foram recebidas pela Receita, o que representa 65,6% das 32 milhões esperadas para 2020. Ou seja, 11 milhões de pessoas (34,4% do esperado) ainda não prestaram contas com o Leão.
 
De acordo com Villela, é possível deduzir do IR as despesas médicas e hospitalares, gastos com educação, previdência privada, dependentes (cada um garante dedução de R$ 2.275,08 na base de cálculo) e contribuição ao INSS. “Cada espécie de gasto dedutível tem as suas particularidades e requisitos próprios. Para não cometer erros, é recomendável que o contribuinte consulte o arquivo de perguntas e respostas da Receita, disponível em receita.economia.gov.br”, diz.
 
Kiko Omena, tributarista e sócio do Escritório Velloso de Melo Advogados, destaca que, se o contribuinte perder o comprovante do desconto na fonte ou do rendimento, deve pedir à empresa onde trabalha. “Se a fonte pagadora se recusar, o contribuinte deve comunicar o fato à unidade de atendimento Receita Federal de sua jurisdição, para que a autoridade competente tome as medidas legais que se fizerem necessárias”, destaca. Até o dia 30, também é possível atendimento por chamada de vídeo, que deve ser agendado no site do Fisco.
 
Dúvidas
 
Quem é autônomo, ainda que receba das pessoas jurídicas para as quais prestou serviços o comprovante de rendimentos, deve manter o livro caixa atualizado, com recebimentos de pessoas físicas e suas despesas. A empresária Jéssica Andrade, de 29 anos, conta que fez confusão entre as duas fontes, devido ao valor do faturamento da empresa. “Não sei se tive faturamento suficiente para declarar, e, por isso, ainda não fiz, caso seja necessário”, afirma.
 
O contador e sócio-proprietário da Contador do Trader, Luís Fernando Moreira, diz que a empresa não interfere na declaração do IR da pessoa física. Apenas um ponto deve ser observado. “A única atenção é sobre os rendimentos isentos provenientes da empresa, como distribuição de lucros acima de R$ 40 mil”, explica Moreira.
 
Já o administrador de empresas Fábio Manoel de Oliveira, 43 anos, tem dúvidas sobre como a Receita receberá o pagamento do Documento de Arrecadação de Receita Federal (Darf) pelo Programa para Cálculo de Emissão de Darf (Sicalc). “Não sei se tem que preencher na guia de rendimentos recebidos de pessoa física ou na aba Outras Informações, na parte aluguéis. Outra dúvida é se tem que pagar 12 Darfs ou um só referente ao ano cheio.”
 
Moreira informa que o pagamento é vinculado automaticamente no CPF do contribuinte, “sendo importante preencher corretamente o Darf no Sicalc, com atenção principalmente no Código da Receita. Na declaração devem constar os dados geradores do Imposto de Renda e o pagamento”. Sobre o pagamento do imposto, o contador diz que deve ser feito mensalmente. Ele lembra, ainda, que a intenção da Receita é de que, ao preencher a declaração de ajuste anual, o contribuinte tenha saldo de imposto a pagar ou a ser restituído.
 
Existem dois modelos de declaração: o simplificado, que desconsidera as despesas e tem um desconto de 20% sobre os rendimentos; e completo (Deduções Legais), que considera as despesas. Antes de enviar o formulário, é muito importante marcar qual opção é a mais adequada. “A escolha deve ser pelo modelo que traga a maior restituição ou o menor valor a pagar”, orienta o contador.
 
*Estagiários sob a supervisão de Andreia Castro
 

Correio Braziliense domingo, 21 de junho de 2020

FUTEBOL: MEMÓRIAS DO TRI

Jornal Impresso

MEMÓRIAS DO TRI
 
1970 por 1950 1950 por 1970
 
Como Zagallo foi de soldado no Maracanazo a maestro da mais bela equipe do Brasil na história das Copas em parceria com o Rei que ouviu ao pé do rádio a segunda maior tragédia da Seleção

 

Marcos Paulo Lima

Publicação: 21/06/2020 04:00

 

 

 

O maior concerto da história centenária da Seleção Brasileira completa, hoje, 50 anos, mas tem raízes numa derrota que fará 70 anos no mês que vem. A conquista do tricampeonato mundial na Copa do México, em 21 de junho de 1970, na aula de futebol arte contra a Itália, no Azteca, começou duas décadas antes, em 16 de julho de 1950 — na segunda maior tragédia do futebol brasileiro. “1950 marcou o início de todas as nossas conquistas”, define um senhor de 88 anos, Mário Jorge Lobo Zagallo, no livro Dossiê 50, de Geneton Moraes Neto.


Todas. Principalmente, a de 1970. Maestro de Félix; Carlos Alberto Torres, Brito, Piazza e Everaldo; Clodoaldo e Gérson; Jairzinho, Rivellino, Pelé e Tostão na goleada por 4 x 1 sobre a Itália, Zagallo era um soldado de 19 anos em serviço, no Maracanã, na derrota do Brasil para o Uruguai, por 2 x 1, na decisão da Copa de 1950. A 756km dali, uma criança chamada Edson Arantes do Nascimento sofria — e chorava — o vice ao pé do rádio do pai, seu Dondinho.


“Eu também, com apenas 10 anos, participei daquela imensa tristeza”, revelou Pelé, em 1971 numa entrevista a Orlando Duarte na revista Placar. “Esse 16 de julho eu não esqueço mais. Foi uma tristeza tão grande, tão profunda, que parecia ser o final de uma guerra, com o Brasil perdedor e muita gente morta”, comparou, à época, o homem que havia virado Rei e curado o trauma de 1950 com três títulos mundiais — 1958, 1962 e 1970 — em quatro Copas.


Mal sabia Pelé, no dia do Maracanazo, que as três conquistas teriam a parceria de um alagoano arretado nascido em Atalaia. Primeiro como jogador. Depois, técnico. Zagallo tinha 19 anos na final da Copa de 1950. Era um soldado que servia no quartel da Polícia do Exército (PE), na rua Barão de Mesquista, na Tijuca, pertinho do recém-inaugurado Maracanã. Jogava pelo time juvenil do Flamengo, mas, naquele dia, foi convocado para uma missão militar: fazer a segurança da arquibancada. O público oficial divulgado pela Fifa foi 199.854 pagantes.


“Vi o Maracanã em lágrimas pela primeira vez. A alegria que contagiou a todos nos jogos anteriores e no primeiro tempo do Brasil x Uruguai desapareceu. Quando o Brasil sofreu o gol de Ghiggia, baixou um desânimo, baixou um silêncio sobre o estádio. O Maracanã transformou-se, então, no maior túmulo do mundo. A arquibancada do Maracanã estava superlotada. Fiquei o tempo todo de pé, de frente para o campo, porque era minha obrigação. Vi o jogo inteiro. Fui escalado de propósito para aquela missão”, testemunha.


Oito anos depois, a criança de 10 anos, que testemunhou o Maracanazo nas ondas do rádio do pai, e o soldado da PE na derrota para o Uruguai, brindavam o país com o primeiro título da Copa do Mundo, em 1958, na Suécia; e o bi, no Chile. Mas os deuses da bola reservavam mais.


Vinte anos se passaram na vida de Zagallo do plantão, no Maracanazo, ao triunfo por 4 x 1 sobre a Itália na final de 1970, no México. Jogou no América-RJ, Flamengo, Botafogo e serviu à Seleção Brasileira. Pendurou as chuteiras e escolheu ser treinador. Começou no Botafogo, em 1966. Os títulos cariocas de 1967 e 1968, a conquista da Taça Brasil de 1968 e a queda de João Saldanha três meses antes da Copa do México encurtaram o caminho de volta à Amarelinha.


E lá estavam juntos novamente Mário Jorge Lobo Zagallo e Edson Arantes do Nascimento, em 21 de junho de 1970, no Azteca, no papel de protagonistas da maior aquarela do Brasil. A criança que ouvira a maior derrota nas ondas do rádio já era o Rei Pelé. Iniciou o Mundial com impressionantes 1.026 gols na carreira. Saiu dela com 1.029. Movido pelo sentimento de amor pelo Brasil e de vingança com a derrota de 1950, o ex-soldado Zagallo tornava-se, aos 38 anos, o primeiro homem a conquistar a Copa como jogador (1958 e 1962) e técnico — feito igualado pelo alemão Franz Beckenbauer (1974 e 1990) e pelo francês Didier Deschamps (1998 e 2018). Curiosamente, eliminou o Uruguai na semifinal de 1970 com virada épica, por 3 x 1. A história ainda reservaria ao Velho Lobo o quarto título, como coordenador-técnico, em 1994.


“Jamais poderia imaginar que, hoje, eu, que estava na final de 1950 fazendo policiamento na arquibancada, poderia estar aqui dando esta entrevista como tetracampeão do mundo! São coisas que jamais poderiam passar pela minha cabeça quando eu estava ali, na torcida pela Seleção no Maracanã, em início de carreira como jogador de futebol. Eu nem sabia se minha carreira daria certo ou não”, emociona-se Zagallo. Deu muito certo, Velho Lobo.

 

Os quase gols
que Pelé lamenta


O Rei do Futebol despediu-se da Copa do Mundo, em 1970, com 12 gols e três títulos em quatro participações no torneio. Fez três em solo mexicano, um deles a plástica cabeçada que abriu o placar na goleada por 4 x 1 sobre a Itália. Três lances que poderiam terminar no fundo da rede são lamentados até hoje: o chute do meio de campo contra a Tchecoslováquia, uma finalização de cabeça no duelo com a Inglaterra e o drible de corpo no goleiro do Uruguai.
O camisa 10 conta na autobiografia Pelé, minha vida em imagens, que trocaria o final feliz de qualquer um dos lances diante dos goleiros Ivo Viktor, Gordon Banks e Mazurkiewicz pela realização de um sonho frustrado.
“Passada a euforia (pela conquista do tri), estaria encerrando minha carreira em Copas do Mundo com algum tipo de lamento? Bem, havia, sim, uma coisinha. Eu gostaria de ter feito um gol de bicicleta. Marquei alguns pelo Santos, outros, mais tarde, pelo Cosmos, mas nenhum em Copa. Fiz gols de tudo de todos os outros jeitos — de cabeça, de perna direita, de perna esquerda, de tiro livre, mas nenhum de bicicleta”, reclama o melhor de todos os tempos.
Surpreendentemente, Pelé conclui, assim: “É engraçado, mas os gols que perdi em 1970 são mais lembrados do que os que marquei: o chute do meio de campo, a defesa de Gordon Banks, o drible de corpo num outro goleiro. De minha parte, preferia não ter marcado nenhum desses, mas, sim, um de bicicleta. É uma coisa pessoal, sem nenhuma importância, na verdade, mas é o que sinto”. (MPL)

Resenhas do Tri
» Serviço secreto
A polícia mexicana tinha informações de que Pelé era alvo de um sequestro, e chegou até mesmo a prender uma pessoa, um venezuelano, que seria o cabeça do plano. Hospedados em Guadalajara, Brasil, Inglaterra, Tchecoslováquia e Romênia passaram a ser mais vigiados.

» Prancheta
A melhor Seleção de todos os tempos só gerou dois treinadores vencedores: o capitão Carlos Alberto Torres era o técnico do Flamengo na conquista do título brasileiro de 1983 contra o Santos. Reserva de Félix e Ado, o goleiro Émerson Leão levou o Santos ao título de 2002.

» Opinião
Dois tricampeões continuam brilhando em outras funções. Tostão é um dos principais colunistas de futebol do país. Paulo César Caju também tem opiniões fortes na mídia esportiva. Gérson, o Canhotinha de Ouro, é um dos comentaristas mais queridos da rádio Tupi.

» Fé
Pelé comandava o momento de fé na concentração. “Orávamos todo dia durante o torneio, normalmente após o jantar. “Começamos eu, Rogério, Carlos Alberto Torres e o administrador da Seleção, Antônio do Passo. Tostão, Piazza e Mario Américo juntaram-se depois a nós.”

» Dadá no DF
Reserva do ataque da seleção tricampeã mundial no México, o centroavante Dario José dos Santos, o Dadá Maravilha, é o único herói da conquista da Copa de 1970 que trabalhou em times do Distrito Federal. Comandou o Brasília e o extinto Tiradentes.

“Pude testemunhar a choradeira geral. Todo mundo saindo do Maracanã de cabeça baixa, sem acreditar no que estava acontecendo. De qualquer maneira, prefiro ver o lado bom: 1950 marcou o início de todas as nossas conquistas”
Zagallo, o soldado na final da Copa de 1950 que virou técnico do tri

“É engraçado, mas os gols que perdi em 1970 são mais lembrados do que os que marquei: o chute do meio de campo, a defesa de Gordon Banks, o drible de corpo num outro goleiro. De minha parte, preferia não ter marcado nenhum desses, mas, sim, um de bicicleta. É uma coisa pessoal, sem nenhuma importância, na verdade, mas é o que sinto”
Pelé, autor de 12 gols na história das Copas

“Temos muito orgulho dessa Seleção pelo legado que deixou e pela admiração que conquistou no mundo todo. Foi um time fantástico. O talento dessa equipe brilhante gerou algumas das imagens mais icônicas da nossa Seleção. São os eternos embaixadores”
Rogério Caboclo, presidente da CBF


Correio Braziliense sábado, 20 de junho de 2020

MALALA: DO ATENTADO À FORMATURA

Jornal Impresso

Do atentado à formatura
 
Malala, a jovem que quase morreu após ser alvo do Talibã, gradua-se em Oxford. Paquistanesa promete ocupar o tempo com Netflix, livros e sono

 

Publicação: 20/06/2020 04:00

 

Malala com os pais, Ziauddin e Tor Pekai, e os irmãos Kushal e Atal: na foto abaixo, coberta de bolo (Malala/Twitter/Reprodução)  

Malala com os pais, Ziauddin e Tor Pekai, e os irmãos Kushal e Atal: na foto abaixo, coberta de bolo

 

 

 

 

Por que dar armas é tão fácil, mas dar livros é tão difícil?%u201D
Malala Yousafzai, 
ao receber o Nobel 
da Paz, em 2014 (Malala/Twitter/Reprodução)  

Por que dar armas é tão fácil, mas dar livros é tão difícil?%u201D Malala Yousafzai, ao receber o Nobel da Paz, em 2014

 

 

A jovem paquistanesa atingida com um disparo na cabeça por um talibã, a caminho da escola, superou a morte aos 15 anos, ganhou o Prêmio Nobel da Paz e atingiu um marco em sua própria luta pela educação. Com o corpo coberto de bolo e um sorriso, Malala Yousafzai, 22 anos, cumpriu com uma tradição na Universidade de Oxford, no Reino Unido, para comemorar a graduação. “É difícil expressar minha alegria e minha gratidão, agora que concluí meu curso de filosofia, política e economia, em Oxford. Eu não sei o que virá a seguir. Por agora, serão Netflix, leitura e sono”, brincou Malala, ao postar a foto descontraída em seu perfil no Twitter. Em outra imagem publicada pela ativista, ela aparece com os pais e os irmãos diante de um bolo onde lê-se “Feliz graduação, Malala”.

 O pai de Malala, Ziauddin Yousafzai, retuitou a mensagem da filha, que até ontem tinha recebido mais de 550 mil curtidas e 12 mil comentários. Malala foi admitida na prestigiada Universidade de Oxford em 2017 depois de ter estudado em um instituto de Birmingham. Em 2012, depois do atentado no Paquistão, encontrou refúgio nesta cidade no centro da Inglaterra.

 Malala começou sua luta em 2007, quando os talibãs impuseram sua lei no Vale do Swat, até então uma região turística tranquila do Paquistão. Aos 11 anos, essa filha de um diretor de escola e de mãe analfabeta criou um blog no site da BBC em urdu, o idioma nacional.

 Com o pseudônimo de Gul Makai, ela descrevia o clima de medo no vale. Quando ficou conhecida, o Talibã decidiu eliminá-la, acusando-a de ser um veículo para a “propaganda ocidental”. Aos 15 anos, levou um tiro na cabeça e outro nas costas em um ataque ao ônibus escolar que a levava de sua escola em Mingora, no Vale do Swat. Desde então, tornou-se um ícone da defesa dos direitos das mulheres à educação e recebeu o Prêmio Nobel da Paz de 2014.

 Discurso

 Na ocasião, ao receber a medalha com a imagem de Alfred Nobel e o diploma de uma das distinções mais importantes do planeta, Malala agradeceu por deixarem-na “voar” e selou um compromisso com a educação. “Vou prosseguir com esta luta até que todas as crianças possam frequentar a escola”, prometeu. “Por que dar armas é tão fácil, mas dar livros é tão difícil? Por que construir tanques é tão fácil, mas construir edifícios é tão difícil?”, acrescentou.

 Ao esbanjar simplicidade, Malala também aproveitou a ocasião da entrega do Nobel para honrar os pais. “Obrigada a meu pai por não cortar minhas asas, e por me deixar voar. Obrigada a minha mãe, por me inspirar, por ser paciente e por sempre dizer a verdade, o que acredito fortemente ser a maior mensagem do islã”, declarou. Em seu perfil no Twitter, Ziauddin citou a filha em seu perfil: “Orgulho em ser professor, pai de Malala e um ativista pela paz, pelo direito das mulheres e pela educação”.


Correio Braziliense sexta, 19 de junho de 2020

ALDIR BLANC: CRÔNICAS DO COTIDIANO

Jornal Impresso

Crônicas musicais do cotidiano
 
Disco clássico de Aldir Blanc (à direita) e Maurício Tapajós é transformado em série televisiva com 10 episódios

 

» Vinícius Veloso*

Publicação: 19/06/2020 04:00

 

 (Arquivo Pessoal)  

 

Em 1984, Aldir Blanc e Maurício Tapajós se juntaram para lançar o LP duplo que leva o nome dos dois. A parceria musical rendeu 20 músicas, sendo 11 delas compostas pela dupla. O sucesso foi tamanho que o álbum duplo ganhou dois novos formatos: um relançamento em formato de CD com 12 músicas, em 1994, e uma série televisiva este ano.

Imagem vinil é uma produção que personifica crônicas bairristas descritas nas 20 composições do disco Aldir Blanc & Maurício Tapajós (1984). A série, transmitida no canal por assinatura Prime Box Brazil, conta com 10 episódios. Com direção de Frederico Cardoso, a trama gira em torno do bairro da Tijuca (Zona Norte do Rio de Janeiro), local em que Aldir Blanc morou por muito tempo.

 “As letras do Aldir — não somente desse belíssimo álbum com Tapajós — são crônicas curtas que contam histórias e nos remetem a situações do cotidiano e outras histórias. Então, as letras nos serviram não só de inspiração, mas como base para as narrativas audiovisuais dos episódios. Além disso, o encarte LP vem com charges, poesias, pinturas, artigos de amigos e parceiros da dupla. Eu e meus sócios somos todos tijucanos e conhecemos bem o bairro onde ambientamos as histórias, portanto, também acrescentaram vivências”, conta o diretor.

 O primeiro episódio — Saudades — envolve as faixas Perder um amigo e O bonde. O segundo episódio — Pimenta — traz as mazelas das músicas Querelas do Brasil (tema de abertura) e Entre o torresmo e a moela. “Em todos os episódios, os personagens principais são cantados nas músicas, com duas músicas inspirando cada um dos 10 episódios. Na escrita, a partir da estrutura narrativa desenvolvida por mim, Gustavo Colombo e Vitor Pimentel, conforme as necessidades fomos inserindo personagens que foram dando liga e musculatura para sustentar os 25 minutos de cada episódio, cena a cena”, completa.

A cenografia também recebe destaque ao receber o Estádio do Maracanã e o Bar da Dona Maria, boteco onde Aldir e Maurício escreveram composições, como locais de filmagem. No elenco da série, Guida Vianna e Lionel Fischer são os destaques e se encontram ao lado de Marcello Melo, Maria Clara Guim, Christian Santos, Anderson Quack, Flávio Bauraqui, Vitória Rangel, Júlia Cartier Bresson, Roberto Rodrigues, Felipe Garcia, Waleska Arêas e Arlindo Paixão.

 Interpretações

 Um dos fatos interessantes da gravação é a distância existente entre as características dos personagem e de quem interpreta, fato comum para atrizes e atores. Guida Vianna, reconhecida atriz brasileira afirmou que não existem semelhanças entre ela e a personagem. Na série, Guida interpretou Betina, uma mulher que cuidava da casa e da família. “Não há nenhuma semelhança entre nós. Saí de casa aos 21 anos já formada na faculdade, trabalhando e dona da minha vida. Casei, separei, criei uma filha sozinha e me sustento com a minha profissão. Tenho minhas opiniões e sou dona da minha própria vida. Mas, o bom do trabalho do ator é isso mesmo, fazer personagens completamente diferentes de nós mesmos”, pontua.

 No mesmo sentido, o ator Lionel Fischer nega qualquer semelhança com o policial aposentado Pimenta. O personagem que interpreta na trama teve forte ligação com os órgãos de repressão do regime militar, é alcoólatra, fuma compulsivamente e destrata a esposa. “Não existe nenhuma semelhança entre Pimenta e eu. Tinha 15 anos quando se deu o golpe militar. Meu pai, já falecido, foi um dos fundadores do Partido Socialista Brasileiro. E me recordo de uma noite em que ele, sentindo-se ameaçado, me pediu para ajudá-lo a jogar fora todos os livros, escritos ou documentos que pudessem incriminá-lo. Fizemos isso ao longo de toda uma noite, jogando hipotéticas provas na Lagoa Rodrigo de Freitas. E certamente, como já disse, por não ter nada em comum com o personagem, pude enxergá-lo de uma forma crítica, tentando sempre entender o que leva alguém a desprezar por completo a empatia.”

 Compositores

 Aldir Blanc morreu em 4 de maio último, após ser contaminado pelo novo coronavírus. Era formado em medicina, mas largou a carreira para se dedicar às composições e ao mundo artístico. Escreveu mais de 600 letras musicais e trabalhou como cronista. Antes de morrer, entretanto, participou de um teaser da série Imagem vinil, em que contou parte da história do lançamento do primeiro disco. O cantor relembra como, junto a Maurício Tapajós, conheceu a pessoa responsável por aprovar a liberação de verbas da Petrobras para atividades culturais, que facilitou a liberação do LP duplo em 1984.

 Maurício Tapajós morreu em 1995 e o legado vem sendo repassado pelas músicas e também pelos filhos Lúcio e Márcio, que contaram um pouco sobre o disco lançado na década de 1980. “Musicalmente, ele começou trazendo músicos fantásticos para trabalhar junto, se não me engano foram mais de 80 músicos que tocaram no disco. E as faixas falam de um Brasil e um Rio de Janeiro cheio de mazelas, mas visto com ironia, amor e esperança. Aldir e Maurício transmitem em suas músicas um alto teor político e sarcástico. Quem conheceu os dois sabe como isso era forte neles”, conta Márcio Tapajós.

 Lúcio Tapajós também deixou uma contribuição a respeito da produção de Aldir Blanc e Maurício Tapajós. “Um LP independente, duplo, com aquela capa, aquele encarte, aquele nível de textos e ilustrações... Hoje, não existe maisaquilo. Naquele tempo, não se via isso também. Aliás, alguém fez algo parecido?”, questiona.

 *Estagiário sob a supervisão de Igor Silveira

 Imagem vinil

Canal de TV por assinatura Prime 

Box Brazil. Dez episódios de 30 min, com novos episódios nas quintas-feiras, às 21h. Reprises nas segundas-feiras, às 10h30, e sextas-feiras, às 10h. Não recomendado para menores de 14 anos

 (Saci/Reprodução)  

 Aldir Blanc & Maurício Tapajós 

De Aldir Blanc e Maurício Tapajós. SACI, 20 faixas. 


Correio Braziliense quinta, 18 de junho de 2020

DOM MARCONY: PRECISAMOS PACIFICAR O PAÍS

Jornal Impresso

ENTREVISTA DOM MARCONY / BISPO AUXILIAR DA ARQUIDIOCESE DE BRASíLIA
 
Precisamos pacificar o país

 

» Ana Dubeux

Publicação: 18/06/2020 04:00

 (Gustavo Moreno/CB/D.A Press)  

Bispo auxiliar da Arquidiocese de Brasília, dom Marcony mantém a confiança de que o momento conturbado pelo qual passa a sociedade brasileira chegará ao fim. “Nós, cristãos, somos pessoas de esperança”, disse o religioso em entrevista ao Correio, após as ameaças sofridas por radicais bolsonaristas no início da semana. Dom Marcony acredita que a Igreja Católica tem a missão de pacificar os espíritos nesta crise tridimensional de ordem sanitária, econômica e política.
 
Sobre o episódio que levou ao segundo fechamento da Esplanada nesta semana, dom Marcony lembra que, em um primeiro momento, preocupou-se em preservar a integridade da Catedral e dos funcionários da Cúria. Só depois percebeu que ele próprio poderia ter sido vítima de um ataque. E cita uma frase, dita por um dos agressores, que traduz a violência a atormentar-lhes a alma: “O senhor não sabe com quem está falando, mas nós vamos voltar”. Dom Marcony demonstra compaixão em relação aos invasores — “Os integrantes daquele grupo são meus filhos também, como todo o Distrito Federal” —, mas adverte que não se furtará do dever de proteger um símbolo de Brasília e de seguir as regras preventivas estabelecidas pelo Governo do Distrito Federal.
 
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nota de solidariedade a Dom Marcony. A entidade católica também repudiou as ações extremistas no país e cobrou uma atuação firme das autoridades em favor da paz. “Esses grupos não podem continuar a desfigurar a democracia brasileira, com ataques às instituições, à religião e a quem mais não compartilha com as suas visões de mundo. Conviver com as diferenças é condição básica para a civilidade”, escreveu dom Walmor Oliveira de Azevedo, presidente da CNBB. A seguir, leia os principais trechos da entrevista de dom Marcony.

 (Gustavo Moreno/CB/D.A Press)  

Como o senhor recebeu as ameaças de antidemocratas à igreja e à sua pessoa?
Num primeiro momento, recebi com certa apreensão. Mas é compreensível, devido aos nervos à flor da pele, no momento em que estamos vivendo, seja pelo coronavírus, seja também pelos aspectos políticos. E nós não ficamos fora disso. Depois, a gente entende que as pessoas querem que a sua vontade prevaleça. Mas, ameaças e pressão são coisas que ninguém quer passar. Depois que o clima se pacifica, a gente compreende o momento que todos estamos passando.
 
Não acha um desrespeito pessoas chegarem a atacar a própria igreja?
A pessoa quer alcançar um fim e, para alcançar esse fim, quase fica cega. Por isso, parte para agressividade, seja ela verbal ou material. Não pensei na minha pessoa. Fui 15 anos pároco da Catedral, passei por várias manifestações na Esplanada dos Ministérios (pacíficas e complicadas). O Correio tem um histórico disso. A Catedral é uma paróquia e, ao mesmo tempo, um monumento, um cartão-postal. Meu primeiro pensamento, ao chamar as autoridades públicas, era a possibilidade de alguma agressão ao templo, ao monumento e à própria Cúria, onde trabalham vários funcionários. Tenho de defendê-los. Depois, caiu a ficha de que podia ter uma agressão à minha pessoa. Eles não foram lá com a intenção de agredir, mas encontraram uma autoridade eclesiástica que tinha de dar uma resposta para eles. A resposta foi uma negativa e, consequentemente, houve uma reação — não necessariamente voltada a mim, poderia ser outro religioso.

 (Gustavo Moreno/CB/D.A Press)  
O que falaram exatamente?
Eles estavam num grupo de cinco pessoas. Ficaram descontentes quando disse “não”. Eles foram pedir para que acampassem na área privada (próxima à Catedral). A PM nos procurou para saber se tínhamos dado autorização ao grupo. Disse que (a situação) não podia ir contra o decreto do governador (Ibaneis Rocha, que proibiu aglomerações). Foi quando o grupo nos procurou. Atendi com toda delicadeza, mas disse que não poderia permitir porque, inclusive, tínhamos acabado de fazer um protocolo com o GDF sobre abertura das igrejas e participação das pessoas em celebrações. Eu não ia descumprir o decreto do governo. Foi aí que um deles disse: “O senhor não sabe com quem está falando, mas nós vamos voltar”.
 
Dois dias de fechamento da Esplanada determinados pelo governador são suficientes para acalmar os ânimos? Não teme uma nova manifestação?
Agradeço a intervenção imediata do governador do DF. Acho que o clima vai se acalmar. Quando se dá um tempo, a cabeça fica no lugar, a pessoa reflete mais sobre as atitudes. Espero que não haja (atos como esse) nem para a igreja, nem para qualquer instituição. Os integrantes daquele grupo são meus filhos também, como todo o Distrito Federal. Não estamos aceitando um lado e desmerecendo o outro, ou vice-versa. Estamos aqui para buscar na paz e na harmonia o melhor para toda a sociedade.

 (Gustavo Moreno/CB/D.A Press)  
A arquidiocese recebeu muitas manifestações de solidariedade? 
Sim, muita e quero aproveitar para agradecer a todos a solidariedade por  nossa igreja, mas gostaria de corrigir uma coisa: a arquidiocese jamais ficou sem ninguém à frente  desde a saída de Dom Sérgio para Salvador. Quem está à frente da arquidiocese é dom José Aparecido até o santo papa escolher o novo arcebispo de Brasilia
 
Esse radicalismo tem um tempo para acabar?
Esse aspecto diz mais respeito à segurança pública. A igreja não tem de responder pela segurança pública, tem de ajudar as pessoas. Compreendo que, mais do que buscarmos culpados, seja qual for a justificativa, nós temos de buscar as soluções. A solução é a igreja ajudar a pacificar este momento. Agradeço ao Correio pelo bem que faz para nossa cidade, no campo da informação, e a todos aqueles que, de uma maneira ou de outra, estão lutando para que tenhamos harmonia.
 
Como analisa este momento de pandemia e de crise política? As pessoas, de fato, estão muito tocadas, de modo geral, ou esse clima na Esplanada é de grupos específicos?
Creio que são grupos específicos, mas cada um no seu nível. Também estamos com pressões dentro da família, devido ao isolamento e da própria questão do coronavírus, que nos impele a não ter uma resposta rápida para nossos problemas. Vivemos num mundo imediatista, diante de um vírus que não dominamos, que proporciona insegurança em todos os níveis. Essa insegurança, talvez, provoque em grupos uma reação imediata.
 
Muita gente, inclusive lideranças políticas, age de maneira equivocada também e, aparentemente, estimula esse tipo de reação. Há esse tipo de influência ou é questão individual?
Não cairia num julgamento. Creio que a gente tem de respeitar o espaço do outro. Há pessoas que têm atitudes por causa da pressão psicológica; outros ,da pressão política; e outros, da pressão econômica. O grande risco é que essas pressões, sejam quais forem, façam esquecer o ser humano, o respeito, o diálogo e a busca de soluções em que nós tenhamos sempre o equilíbrio em toda a sociedade.
 
A busca por esse equilíbrio está perto de acontecer, no que diz respeito à pandemia?
Nós devemos escutar as autoridades técnicas, científicas de saúde e, como consequência, as autoridades constituídas. Creio que não é uma coisa para já. Vamos ter que nos acostumar e aprender a viver com o que ainda nos domina (o vírus). Ainda não temos a vacina ou uma solução. Esse é o grande problema das pessoas, elas querem  prazos imediatos para tudo. Seja para satisfação pessoal, para a questão econômica, para saúde e até para a liberdade, bem ou mal interpretada. Vamos levar um tempo aprendendo o que a pandemia nos trouxe. Nós, cristãos, somos pessoas de esperança.
 
Os brasileiros têm levado em conta o que as autoridades sanitárias falam?
A nossa cultura é indisciplinada, sem ofensa a ninguém. Não é uma afronta aos outros, mas de falta de costume para seguir regras, horários, etc. E isso acontece também com as novas determinações que vêm com a pandemia, como lei para usar máscara, distanciamento, aglomerações. É o “pensar primeiro em mim”. É importante pensar no outro. Eu uso a máscara não só para me proteger, mas porque eu quero o bem do outro. A gente precisa aprender a pensar nos outros. O vírus atinge todos e todos temos de nos preocupar e ajudar a todos.
 
Estamos vivendo uma crise institucional no país?
Acho que não é por causa da pandemia. A polarização no país é antiga. Creio que se acirram os lados quando a gente não se une.Tem estado do Brasil que, mesmo de partidos diferentes, prefeitos e governadores se unem em torno do bem comum que é salvar vidas.  Precisamos nos unir porque estão morrendo pessoas. Pouco importa se é  uma ou mil pessoas. Estamos perdendo nossos jovens e velhos. Isso é fato. Devemos nos unir para ajudar a salvar pessoas. Vamos esquecer o lado pessoal e de grupos. O todo é o que importa. Não podemos deixar de dizer que as pessoas estão morrendo, que a situação é grave. Precisamos pacificar o país e buscar soluções. A partir dessa pandemia, sairemos  mais humanitários, pensando mais no próximo. Não falo de partidos, religiões, mas do valor da pessoa humana. 

Correio Braziliense quarta, 17 de junho de 2020

A LUTA DO FORRÓ

Jornal Impresso

A luta do forró
 
Sem os festejos juninos, os artistas mais tradicionais do gênero musical sentem o impacto econômico. Lives, editais e doações acabam sendo alternativas

 

» Adriana Izel
» José Carlos Vieira

Publicação: 17/06/2020 04:00

 
Trio Balançado (Cacai Nunes)  

Trio Balançado

 

 
Cacai Nunes (Randal Andrade/Divulgação)  

Cacai Nunes

 

 
Luizão do Forró (Arquivo Pessoal)  

Luizão do Forró

 

 
Renê Richocet (Arquivopessoal)  

Renê Richocet

 

 
Marques Célio (Asforro/Divulgação)  

Marques Célio

 

 
 
A não realização dos festejos juninos durante a pandemia do novo coronavírus impacta diretamente em uma cadeia produtiva que vive e sobrevive do são-joão: os forrozeiros. Assim como as quadrilhas, os artistas do segmento costumam ter visibilidade no período, que é quando a agenda de shows fica lotada, mesmo que tenham que dividir espaços com outras vertentes mais comerciais do ritmo nordestino.
 
“A grande questão é entender que o forró pé de serra é uma cultura de resistência. Não tem apelo comercial. Então, é uma luta levar adiante algo com um público muito segmentado. No são-joão, esse número aumenta. A média de apresentações para os trios varia entre 90 a 110 shows no período que começa em maio e segue até agosto”, avalia Marcão, produtor do Trio Balançado, formado por Vavá Gomes (sanfona e voz), Leandro Medeiros (triângulo e voz) e Zé Carlos (zabumba e voz).
 
Desde o início da pandemia, o trio perdeu mais de 20 eventos com contratos assinados, além de quase 80 que foram cancelados. “Quando não tem festa junina, esquece, não tem trio de forró”, lamenta Marcão. A banda chegou a participar de uma live promovida pelo trio 3 de Maria, intitulada Forró do Trabalhador — mesmo nome do projeto que acontecia todas às segundas na cidade —, que reuniu ainda os trios Mestre Lua, Moinho D’água e Cajuína. O objetivo foi arrecadar doações para músicos que passam necessidade. “Muitos trios não vivem só da música, mas é evidente que era um complemento que dava qualidade de vida. Essa pandemia é terrível e muito complicada. Tem forrozeiro passando fome”, comenta Marcão.
 
Nos outros anos, a agenda de Luizão do Forró estava lotada nessa época. Shows em Ceilândia, Águas Lindas e outras regiões do Entorno. Era forró para todo lado. Mas hoje, a história é outra. Luizão até faz lives com os amigos, porém, falta dinheiro. “É um projeto mais intimista, porque não tenho recursos para um grande evento na internet, como gostaria de fazer”. Marques Célio, presidente da Associação dos Forrozeiros do DF (Asforró), busca saídas para dar suporte aos músicos e instrumentistas. Com 398 associados, só de trio de forró são 45, a entidade enviou cartas a deputados distritais e a integrantes do governo do Distrito Federal, pedindo socorro. O GDF sinalizou com o edital do Fundo de Apoio à Cultura para esse segmento e a cadeia produtiva do forró.
 
“Batalhamos para que o nosso pessoal concorresse a esse edital, mas não é suficiente. A apresentação de música ao vivo foi a primeira a parar com o decreto em março e certamente seremos os últimos a voltar ao trabalho depois dessa pandemia”, argumenta Marques. “Precisamos sustentar essas famílias”, acrescenta. Na carta enviada aos políticos, a Asforró defende, entre outras propostas, a garantia de um salário-mínimo para cada profissional da cultura, devidamente comprovado seu exercício de atividade.
 
Atualmente, há três editais na Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal voltados para o segmento. O primeiro deles é direcionado às organizações e quadrilhas juninas. De acordo com a assessoria de imprensa do órgão, o edital “atende perfeitamente as associações de forró, por premiar a trajetória desses grupos ao longo dos anos”. Também há o FAC Prêmios Brasília 60 anos que contempla aqueles que se dedicaram à cultura da cidade em vários âmbitos, entre eles, a cultura popular e as manifestações tradicionais, e o FAC Apresentações on-line, voltado para exibições, mostras e manifestações culturais na modalidade virtual. “O secretário (Bartolomeu Rodrigues) tem discutido com os agentes culturais a melhor forma de dirimir a crise que impactou o setor”, diz nota da secretaria.
 
Arrastapé
 
De João Pessoa, a coordenadora do Fórum Nacional de Forró, Joana Alves da Silva, fala ao Correio que a situação no Nordeste também é dramática. “As dificuldades são imensas, toda a cadeia produtiva sofrendo muito, principalmente os pequenos artistas e músicos que são os mais penalizados. Estamos cobrando políticas públicas dos governantes, editais, mas até agora não conseguimos muitas coisas”. Segundo ela, o fórum vem fazendo ações emergenciais, como distribuição de cestas básicas.
 
O tradicional São João de Campina Grande corre sério risco de ser cancelado. Mas o forró resiste na região. Foi lançado no último dia 12, e segue até o dia 28, o Festival São João na Rede nas principais redes sociais. Serão mais de 200 artistas, inclusive do DF, envolvidos nos dias de festa virtual, com muita música, apresentação de contadores de histórias, professores de dança, mestres da cultura nordestina, poetas e palestrantes.
 
O festival se destina, segundo os organizadores, a arrecadar donativos para profissionais da cadeia produtiva do forró que estão em situação de vulnerabilidade por causa do isolamento social. “Essas doações serão captadas e distribuídas através de plataforma eletrônica”, destacam.
 
E é pela internet que a sanfoneira de Recife Karol Maciel busca o sustento. “Não temos muita ajuda do governo do estado, a gente vai se virando como pode. Estou com um projeto particular de são-joão em casa on-line. Alguns músicos também estão dando aula particular virtual. Temos que buscar saídas” conclui.
 
Alternativas
 
Artistas brasilienses tentam se reinventar nesse período tão difícil. O DJ Cacai Nunes percorre o mundo com vinis de forró na bagagem, fazendo os gringos dançarem ao som da sanfona, do pandeiro e do triângulo. Mas este ano, a coisa mudou, a doença mudou o mundo. “Teremos que nos acostumar com atividades on-line, por enquanto. Público e artistas”, destaca ele, que toca o projeto Forró de Vitrola.
 
Cacai considera imprescindível que o público fortaleça os forrozeiros com ações solidárias, pois há todo um segmento econômico que sobrevive da criação do artista. Do técnico de som ao vocalista. Há uma rede de empregos nesse processo. “Portanto, é imprescindível que o público fortaleça os artistas. Que se acostume, claro, a pagar pelas atividades feitas on-line em formato de lives. Paguem como se estivessem pagando um ingresso. Precisamos rentabilizar nossas atividades”. Cacai, que, além de DJ, é violeiro e pesquisador da cultura musical brasileira, se apresenta no YouTube no canal do Acervo Origens.
 
Praticamente todos os fins de semana de junho e julho eram ocupados na agenda do Dj Renê Ricochet com festas juninas. Ele era nome certo na programação de grandes festejos como do Iate Clube, da AABB e do Country. Agora está dedicando o tempo ao trabalho como corretor de imóveis e também na venda de feijoada para manter a renda. “Comecei a fazer lives. Estou vendendo pen drives e CDs com músicas prontas para a festa junina. Tudo isso pro pessoal se divertir em casa. Mas é um baque econômico muito grande. Estamos tendo que se reinventar. Temos que seguir”, comenta.
 
Na sexta-feira, 19 de junho, às 19h, Renê Ricochet fará uma live junina com exibição simultânea no YouTube e no Facebook. No canal, ele também mantém playlists com medley de músicas de são-joão para que o público possa ouvir os sets em casa. “É uma tradição e um folclore muito importante para os brasileiros. O pessoal tá inventando, tá cheio de festa junina pela internet”, completa em tom animado.
 
Onde assistir o São João na Rede 
Transmissões:
YouTube: https://www.youtube.com/
channel/UCLTmjPQd1_Ftax_aC1zk05A
Instagram: https://www.instagram.com/
saojoaonaredefestival/
Facebook: https://www.facebook.com/
saojoaonaredefestival/
Twitter: https://twitter.com/
saojoaonarede
 
» Live junina do Renê Ricochet
 
Onde ver
 
Transmissões:
YouTube: https://www.youtube.com/user/renericochet
Facebook: https://www.facebook.com/djrenericochete
 
Auxílio
As pessoas que residem 
do DF e dos 13 estados que participam do festival, e que pretendem receber o benefício, devem preencher o 
formulário no site do evento — www.saojoaonarede.com.br — até 30 de junho. Uma comissão de avaliação 
será formada para selecionar os que serão beneficiados.
 
 
 
WWW
Confira o projeto Forró de Vitrola de Cacai Nunes em https:// youtu.be/
EptIYyKMxJ0.
 

Correio Braziliense terça, 16 de junho de 2020

ÁGUA MINERAL REABRE COM ACESSO RESTRITO E SEM COBRAR INGRESSOS

Jornal Impresso

Água Mineral reabre com acesso restrito e sem cobrar ingressos
 
No primeiro dia de retomada das atividades após cerca de três meses fechado, visitantes do Parque Nacional de Brasília puderam ter acesso apenas à Trilha Cristal Água. Piscinas e Trilha da Capivara seguem fechadas por, pelo menos, mais 30 dias

 

» Agatha Gonzaga

Publicação: 16/06/2020 04:00

 (Ana Rayssa/CB/D.A Press)  
 
Após a reabertura com restrições dos parques do Distrito Federal para a prática de exercícios físicos, os brasilienses puderam, agora, retornar ao Parque Nacional de Brasília. A reserva ambiental mais conhecida como Água Mineral também voltou a abrir para visitação desde ontem. Apesar de manter apenas a Trilha Cristal Água em funcionamento e permanecer com todas as piscinas e a Trilha da Capivara fechadas, os visitantes compareceram.
No entanto, o procedimento de entrada mudou. A cobrança de ingresso, que custava R$ 14, está temporariamente suspensa por, pelo menos, 30 dias, de acordo com a chefe do Parque Nacional, Juliana de Barros. Agora, a garantia de acesso ao local é dada após a aferição da temperatura do visitante seguida da devida higienização das mãos com álcool. Na portaria, uma equipe de saúde faz a triagem para atendimento e orienta o público. 

Segundo Juliana, a possibilidade de reabertura dos demais espaços depende da avaliação das equipes de monitoramento sobre a manutenção das medidas de prevenção à covid-19. “É preciso observar e avaliar como vai se dar esse retorno do público. Vamos analisar a movimentação durante os próximos dias e o comportamento da pandemia”, destaca a chefe do espaço. “Apenas com o cruzamento dessas informações vamos ter subsídios capazes de assegurar ou não a liberação das piscinas e a, consequente, cobrança de ingressos”, complementa.

No momento da entrada no local, frequentadores precisam obedecer às normas de higiene e passar por aferição de temperatura corporal (Ana Rayssa/CB/D.A Press)  

No momento da entrada no local, frequentadores precisam obedecer às normas de higiene e passar por aferição de temperatura corporal

 


Júnia Lara concordou com as medidas estabelecidas, principalmente com o fechamento das piscinas e  áreas de grande fluxo (Ana Rayssa/CB/D.A Press)  

Júnia Lara concordou com as medidas estabelecidas, principalmente com o fechamento das piscinas e áreas de grande fluxo

 




Novas regras
 
A trilha aberta ao público visitante, a Cristal Água, tem 5 km; frente 1,3 km da Trilha da Capivara, temporariamente fechada. Ao longo do percurso, oito recepcionistas distribuídos em pontos estratégicos orientam os visitantes sobre distanciamento e uso das máscaras. Está proibido levar alimentos. Banheiros e bebedouros seguem interditados.

O acesso pode ser feito todos os dias das 8h às 15 h, sendo permitido ficar no parque até as 17h. Nos primeiros 30 dias, está autorizada a entrada de 300 pessoas — sendo 150 até as 12h, e 150 entre as 12h e as 15h. A partir do próximo mês, o parque pretende ampliar a capacidade para 400 visitantes, e o funcionamento, até as 16h. 
A limpeza e a desinfecção dos espaços, pisos, corrimãos, bancos e lixeiras, entre outros locais de uso coletivo, fica a cargo da administração do parque.

Quem saiu de casa na segunda-feira para aproveitar a reabertura concordou com as normas. “Eu acho que o problema é mesmo aglomeração. Realmente, não dá para deixar as piscinas abertas aos fins de semana, pois lotam, e as pessoas ficam próximas umas das outras. O funcionamento da trilha é interessante, por ser um local arejado e ventilado. Se cada um tomar os devidos cuidados e respeitar as normas de higiene e distanciamento, é possível curtir o parque de forma saudável”, afirma a jornalista Júnia Lara, 55 anos.

A enfermeira Aline Roberta Silva, 36, usou a área liberada para pedalar com uma amiga. Na opinião dela, o contato com a natureza pode ajudar a saúde em meio à pandemia. “Eu fico feliz com a reabertura, apesar de entender o momento em que estamos vivendo. Porém, nós precisamos desse contato com o meio ambiente para garantir o mínimo de sanidade mental para suportar o momento atual”, afirma.

O soldado militar Léo Júnior, 21, chegou cedo para passear no parque com a família e também comemorou a volta das atividades. “Eu gosto bastante de trilha. Com as medidas de prevenção, vai ser seguro, sim, vir para cá, pois não teremos aglomerações. Vai ser tranquilo se cada qual utilizar a máscara e o álcool”.

A Água Mineral estava proibida de receber visitantes desde 18 de março, no intuito de prevenir o contágio pelo coronavírus. A reabertura do parque foi publicada na sexta-feira no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF). De acordo com o presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Homero Cerqueira, esta é a terceira unidade do instituto que volta a receber visitação. “Já abrimos o Parque Nacional do Iguaçu, Parque Nacional de Aparados da Serra Geral e agora aqui. Ocorreram diversas conversas com as secretarias do GDF e conseguimos chegar a um consenso para uma reabertura segura”, detalha.

Aline Roberta Silva aproveitou a retomada das atividades para pedalar durante 
a manhã (Ana Rayssa/CB/D.A Press)  

Aline Roberta Silva aproveitou a retomada das atividades para pedalar durante a manhã

 




Regras para visitar o 
Parque Nacional de Brasília
 
» Uso obrigatório de máscara de proteção, ainda que artesanal, durante todo o período em que estiver no interior do parque, sendo que a máscara deve estar cobrindo a região do nariz e da boca
 
» Manter ambientes bem ventilados, com janelas e portas abertas, sempre que possível
 
» Promover com frequência a limpeza e desinfecção dos ambientes, pisos, corrimãos, lixeiras, balcões, maçanetas, tomadas, torneiras, além de outros objetos de uso coletivo, como bancos
 
» Remover jornais, revistas, panfletos e livros dos locais de comum acesso para evitar a transmissão indireta
 
» Possibilitar a utilização de máquinas de débito e crédito, que devem estar fixas ou envelopadas com filme plástico e desinfetadas após cada uso
 
» Manter o distanciamento mínimo de 2 metros entre bancos

Correio Braziliense segunda, 15 de junho de 2020

THELMA ASSIS: MÉDICA UTILIZA ESPAÇO PARA DISCUTIR RACISMO E ABORDAR O COMBATE AO NOVO CORONAVÍRUS

Jornal Impresso

"Quero retribuir, usando a voz que me foi dada"
 
 
No momento pós-BBB, a médica Thelma Assis utiliza o espaço de fala para discutir racismo e abordar o combate ao novo coronavírus

 

» Adriana Izel

Publicação: 15/06/2020 04:00

Thelminha foi a quarta mulher negra a vencer o Big brother Brasil em 20 edições (Denis Cordeiro/Divulgação)  

Thelminha foi a quarta mulher negra a vencer o Big brother Brasil em 20 edições

 

 
Numa edição classificada como histórica, o Big brother Brasil 20 coroou a médica Thelma Assis como a grande vencedora. Thelminha, como ficou conhecida a participante na casa, conseguiu quebrar paradigmas dentro e fora do confinamento com atitudes coerentes e engajadas com o movimento feminista e negro. A noite da final emocionou grande parte do Brasil pela representatividade da vitória ao ver uma mulher negra e médica, em meio a uma pandemia que o país ainda passa, tendo lugar de destaque. Essa foi apenas a quarta vez que uma mulher negra venceu o programa, antes Cida (BBB4), Mara Viana (BBB6) e Gleici (BBB18), e ocorreu exatamente um ano depois de uma edição que premiou uma participante que teve comentários racistas e de intolerância religiosa.
Mesmo não sendo uma personalidade do mundo artístico, a vitoriosa tem feito bom uso da projeção. Esteve em campanhas pelas medidas de combate ao novo coronavírus, assumiu um quadro no É de casa em que conversa com médicos e enfermeiros na linha de frente da covid-19 e se posiciona sempre nas redes sociais contra o racismo, inclusive nos últimos casos envolvendo as mortes de Gleorge Floyd por policiais brancos nos EUA, João Pedro também pela polícia em ação no Rio de Janeiro, e, mais recentemente, Miguel após ter sido deixado em um elevador pela patroa da mãe num grande prédio em Pernambuco, além do próprio sofrido em uma live no Instagram, o qual acionou a justiça. Ao Correio, Thelma Assis fala da vida pós-BBB e do posicionamento que assumiu depois do programa devido ao lugar de fala.
 
» Entrevista // Thelma Assis
 
Como avalia a sua participação no BBB?
Foi uma das maiores experiências da minha vida. Avalio de forma positiva, pois consegui mantendo meus princípios e valores, sendo quem eu sou. Sempre fui uma pessoa com muita garra e determinação. Sou grata pelo público ter enxergado essas características e ter me elegido como campeã da edição.
 
Como tem sido a vida após vencer o programa?
Tenho aproveitado todas as oportunidades que estão surgindo nesse pós-reality e me readaptando a essa nova vida. Venho recebendo uma onda de carinho muito grande e quero retribuir isso também, usando a voz que me foi dada. Tem sido muito especial.
 
Como foi para você sair do confinamento e se deparar com o Brasil em uma pandemia? Como médica e 
hoje pessoa pública acredita que uma das suas funções é ajudar, também, por esse outro meio da comunicação?
Foi um choque! Lá dentro do BBB não tínhamos noção da dimensão em que a pandemia estava. Eu acreditava que sairia da casa e a quarentena teria uma data para acabar. Quando saí é que consegui enxergar a proporção do que estava acontecendo aqui fora. Como médica, acho, sim, importante usar a minha voz para levar informação e conscientizar ainda mais as pessoas. É um momento em que estamos buscando novas informações constantemente e venho conversando com amigos especialistas, para entender tudo o que está acontecendo e poder transmitir isso para as pessoas por meio desse lugar de fala que me foi dado nesse momento. Foi uma forma que encontrei para ajudar também.
 
Sua vitória e presença no reality show foi vista como um exemplo de 
representatividade. Como você enxergou isso quando saiu? Como foi se tornar um modelo para tantas mulheres?
Lá dentro as coisas aconteciam muito naturalmente, então não tinha muita noção da repercussão disso aqui fora. Essa edição abordou temas importantes como o machismo, o racismo e a representatividade. Fico feliz por terem me atribuído essa voz e quero continuar inspirando muitas mulheres e meninas que se inspiram na minha história.
 
Como você vê esse levante que tem acontecido nos Estados Unidos contra o racismo estrutural do país e que vem tomando força no Brasil?
É triste saber que em pleno século 21 as pessoas ainda são assassinadas por conta da cor da pele. A sociedade civil chegou no limite da tolerância, pois não aguenta mais tanta discriminação e impunidade. É um momento difícil, porém necessário na luta antirracista.
 
Sei que esse é um momento de incertezas ainda, mas quais são seus planos pós-BBB?
Nesse momento, estou me readaptando à minha vida, estudando e aproveitando todas as oportunidades que tem me aparecido. Quero continuar usando a minha voz, aliada é claro, à minha profissão, que é médica anestesista. Pretendo dar palestras, continuar usando minhas redes sociais e meu canal no YouTube para levar informação, sobretudo nesse momento e assim, que possível, ir voltando para a minha rotina como anestesista, que é o que eu amo.
 
» Entrevista // Babu Santana
 
Mesmo sem vencer o BBB20, Babu Santana 
colhe os frutos do programa, com contrato na Globo, canal no YouTube e lançamento de
músicas (Christoffer Pixinine/Divulgação)  

Mesmo sem vencer o BBB20, Babu Santana colhe os frutos do programa, com contrato na Globo, canal no YouTube e lançamento de músicas

 

 
O ator e cantor Babu Santana surpreendeu o público assim que foi anunciado como um dos participantes do BBB20. O motivo é que o artista já tinha um currículo extenso no cinema, além de alguns trabalhos na televisão. Mas Babu entrou no programa com a intenção de colocar um holofote sobre a carreira, muitas vezes invisibilizada. E conseguiu. Mesmo não sendo intitulado o campeão da temporada, o Paizão, como ficou conhecido, conquistou o público e, hoje, colhe os frutos da boa repercussão, estreando um canal no YouTube, com contrato assinado com a Rede Globo e ainda se dedicando à música, lançou, inclusive, na semana passada Morrão, com Papatinho. Ao Correio, ele fala da vida pós-reality e de racismo, pauta que defende há anos. (AI)
 
Durante o programa você sempre falava muito do desejo de vencer, talvez, porque não imaginasse que teria tantas oportunidades aqui fora. Como foi para você sair e ver que, de certa forma, você também era um campeão?
Eu acredito que me sentir campeão tem muito a ver com o olhar que tenho para minha trajetória, as infinitas e árduas batalhas, e hoje estar aqui. Sou muito grato pela oportunidade de ter estado no programa, que colocou sobre mim uma lente de aumento. E isso é especial, pois minha arte está reverberando mais, minhas falas sendo amplamente disseminadas, entre outras questões que esta visibilidade tem me trazido, algo que sempre quis desde que iniciei minha carreira nas artes. Outra coisa que considero importante mencionar é que ser campeão não tem apenas a ver com chegar, e sim com o percurso. E que percurso!
 
Você sempre falou dentro e fora da casa da sua luta contra o racismo e da importância de um preto vencer o programa. Para você, qual foi a importância da vitória da Thelma e também da sua boa repercussão lá dentro em meio a essa pauta?
Essas pautas, essas falas, essa forma de me expressar, foi sempre assim. Porque eu sou preto, eu venho dessas raízes, isso é minha existência. Então eu fico feliz por saber que num programa de tamanha audiência, fomos capazes de debater, levantar assuntos como esse, trazer algum conhecimento e, sem dúvidas, muitas reflexões. Ver Thelma vencer, com certeza, é ver os pretos vencerem, se inspirarem, se agigantarem, mas, claro, há muito o que fazer. Nós ainda somos tratados de forma diferente, os olhares ainda discriminam, as falas ainda machucam, as injustiças ainda existem.
 
Estamos vivendo um momento de manifestações pelas vidas negras. Como você enxerga tudo isso? Qual é a importância desse movimento?
Na verdade, não estamos vivendo este momento, sempre o vivemos. A questão é que agora o racismo está sendo fotografado, gravado, chegando aos olhos de todos. Mas essa luta antirracista nasceu desde que nasceu, também, essa ideia estúpida e desumana de um cidadão branco escravizar um cidadão preto. A importância é falar que já chega! Que estamos cansados de sermos tratados desta forma. As pessoas precisam conhecer a história, o quanto o povo preto já sangrou e sangra. Os diálogos precisam acontecer. E o poder público e a sociedade precisam ter ações. A inclusão não pode ser só uma palavra bacana e que muita gente abre a boca para dizer. Os movimentos reforçam que estamos vivos e queremos assim permanecer. E queremos estar, também, na liderança, no protagonismo. Igualdade e conhecimento libertam!
 
Você lançou recentemente um canal no YouTube. Como veio essa ideia e como tem sido gravar esse conteúdo?
Estou cada dia mais me familiarizando com as redes sociais, e tem sido muito prazeroso. É um campo onde tenho muito o que aprender. E meu canal é esta oportunidade: de me aproximar mais do público, de termos bons diálogos, construtivos e com muito conhecimento. Além de poder cantar, dançar e, também, cozinhar. Estou animadíssimo com esse novo projeto e, junto com minha equipe, rascunhando pautas e novos quadros. Muita novidade a caminho! Se inscrevam e acompanhem.
 
Você assinou contrato com a Globo. Já tem algo nesse sentido que pode adiantar de futuros projetos?
Estar na Globo é muito maravilhoso, um sonho que eu sempre tive. Alguns projetos estão sendo pensados e ainda não consigo adiantar muita coisa, mas o público pode aguardar muita coisa boa. Estaremos mais uma vez juntos pela arte.
 
Você também tem uma banda e tinha planos, antes da pandemia, de sair em turnê. Tem aproveitado a quarentena para tocar 
algo relacionado à música?
Sim, este é um momento em que estou conseguindo trabalhar e desengavetar muitos projetos. As ideias estão a mil por hora! É especial demais poder parar e pensar sobre os novos sonhos, histórias, personagens, músicas. Tenho um desejo imenso de estrear, sim, a turnê com minha banda, assim que for possível. A música é parte da minha vida e a música me escolheu nesta vida. Eu quero me expressar sempre por meio das canções e, enquanto não podemos fazer os shows, que estejamos juntos pelas redes sociais.
 
Como tem sido esse período de quarentena, saindo de um confinamento e indo para outro ainda mais duro?
Isso, de fato, foi bem desafiador. É algo que o mundo não esperava, mas o importante, para quem consegue, é ficar em casa. Estou grato pela oportunidade de poder trabalhar e cuidar da minha família. Desejo que tudo isso passe e sejamos fortalecidos, tendo também um outro olhar para o mundo, para as pessoas e para o meio ambiente. (AI)

Correio Braziliense domingo, 14 de junho de 2020

A COVID-19 E O NOVO NORMAL

Jornal Impresso

A covid-19 e o novo normal
 
O brasiliense precisou se adaptar depois da chegada do novo coronavírus. Hábitos de higiene estão reforçados e a rotina de trabalho sofreu alterações. Para especialistas, mesmo após o fim da pandemia, o cotidiano dos moradores da capital não volta mais ao que era

 

» MARIANA MACHADO

Publicação: 14/06/2020 04:00

Isabela Viana:  

Isabela Viana: "Você experimenta a vida de um jeito diferente. É mais sem graça"

 


Tirar os sapatos antes de entrar em casa, usar máscaras de proteção nas ruas e aumentar os cuidados com higiene pessoal são algumas das mudanças que aconteceram na rotina das pessoas, após o surgimento da pandemia do novo coronavírus. Para se proteger, foram necessárias adaptações nos hábitos de trabalho, estudo, lazer e convívio social, o avanço de serviços como o delivery, estabelecendo um novo estado de normalidade. Na casa da designer Isabela Viana, 26 anos, por exemplo, antes de entrar, os sapatos ficam dentro de um cesto, do lado de fora.

Atenção especial para as roupas que usou na rua: ela não deixa encostar em nada. Antes de fazer qualquer outra coisa, é preciso tomar banho. “Mas o pior de tudo é não poder correr no parque. Sei que já reabriu, mas, mesmo assim, não vou. Sinto falta de andar na rua. Eu ia para todos os lugares a pé, e agora sinto muita falta”, lamenta. Antes da quarentena, ela só utilizava transporte público, mas, agora, a moradora de Águas Claras vai de carro para o trabalho, na Esplanada dos Ministérios. “Você experimenta a vida de um jeito diferente. É mais sem graça.”

Luísa Carvalho:  

Luísa Carvalho:"Quem chega, deixa os sapatos do lado de fora e entra por um corredor lateral"

 


Trabalhar também mudou. Isabela passou a revezar com os colegas, fica em home office de duas a três vezes na semana. Presencialmente, o horário está reduzido. Ela não vê a hora de estar livre da necessidade da máscara, uma vez que tudo passe. “É uma obsessão por limpar tudo. Entrar no carro e higienizar o volante, as maçanetas. No mercado, achar que tudo está contaminado”, reclama. Mesmo assim, ela acredita que vai manter o uso frequente de álcool em gel e evitar o uso de sapatos em casa depois que a pandemia passar.

Entre todos os hábitos reforçados por médicos, a lavagem de mãos continua sendo a mais importante, como esclarece a infectologista do hospital Sírio-Libanês Valéria Paes. “Enquanto sociedade, a gente não tinha isso como algo firme, e agora foi muito reforçada. Também aprendemos que resfriado não é bobagem, e percebemos que não é adequado que uma pessoa com infecção respiratória esteja trabalhando.”

Para a médica, com certeza as coisas não voltarão ao que eram. “A gente fazia tudo sem saber do risco, sem parar para pensar, e isso é complicado. Hoje as pessoas estão motivadas pelo medo, mas elas devem ser motivadas pelo conhecimento. Esse é o desafio do momento.” Valéria destaca ainda a importância do governo fazer campanhas para educar a população. “Estimular e estabelecer medidas que fortaleçam essas práticas de higiene é um papel fundamental para que as pessoas aprendam a lidar com essa nova situação.”

Desde os primeiros casos, o Governo do Distrito Federal tomou ações para evitar a rápida propagação do vírus, como a suspensão de aulas, eventos e atividades comerciais. Além disso, foi criado o projeto Sanear, uma parceria entre a Secretaria Executiva de Cidades, e a diretoria de Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde, que atua na desinfecção de espaços públicos, e orientação da população. Agentes do órgão também estão fazendo campanhas educativas durante as ações de testagem itinerante para coronavírus, com distribuições de máscaras de proteção.

Reflexão
Em meio ao novo estado de normalidade, alguns aproveitam para refletir sobre as escolhas de vida. É o caso da coordenadora pedagógica Luísa Carvalho, 25. Trabalhando em uma escola de idiomas, agora toca os atendimentos de forma on-line. “Converso com os alunos quase que 24 horas por dia, então o horário se estende muito”, afirma. “Tudo mudou na minha vida. Sou muito ativa, gosto de sair, ir ao parque, cinema, e agora, basicamente, vejo filmes em casa, falo com os amigos por videochamada e uso plataformas diferentes para ver se conseguimos estar mais perto.”

Luísa mora com a avó, que é idosa e, portanto, o cuidado é redobrado. “Compro muita coisa para a casa, por isso tem sempre um processo de higienizar o carro, as roupas, tomar banho. Quem chega, deixa os sapatos do lado de fora, entra por um corredor lateral e toma banho no chuveiro, que fica nos fundos da casa”, detalha. “Lavar bananas é algo que eu nunca imaginei que faria na vida. É um processo, e a gente está começando a se habituar agora.”

Apesar do trabalho, ela acredita que manterá alguns dos novos costumes. “Definitivamente, a gente vai ficar um pouco mais cuidadoso quando tudo acabar. Em muita coisa, eu não prestava atenção. Esses dias notei que, antes, para abrir sacola de supermercado, a gente lambia o dedo. Meu Deus, que perigo, que risco. Ninguém estava prestando atenção”, ressalta. “Está bem claro que a gente levava uma vida insustentável, colocando 400 atividades em um dia, e depois não sobrava tempo para conviver com a própria família. Por mais que seja um período difícil, também é de reavaliação de objetivos de vida.”

Comportamento
O momento de preocupação mundial em torno de uma doença ainda sem cura estabelecida, nem tampouco vacina, tem motivado nas pessoas um sentimento de reflexão e empatia, como destaca Erci Ribeiro, professora do departamento de Serviço Social do Centro Universitário Iesb. “A solidariedade não nasce com a pandemia, mas, com certeza, foi fortalecida.”

Na sociedade, como um todo, ela destaca as mudanças nas formas de comunicação e organização. “Houve um fortalecimento das conexões virtuais, e a gente percebe isso na expansão de aplicativos com videochamadas, em uma necessidade das diversas formas de interação.” Erci explica que, em momentos de crise, como o atual, é comum que as pessoas alterem comportamentos. “A sociedade não será mais a mesma depois da pandemia. A gente observa estratégias que são reinventadas e reelaboradas.”

Alguns aspectos provavelmente deverão permanecer. “Formas de expressão artística que permitem maior alcance, como as lives, continuarão. Existe, também, uma revolução nas formas de ensino e aprendizagem, com o uso de plataformas que provavelmente irão se manter”, avalia. “Além disso, canais de denúncia que atuam como forma de divulgação de violações e estratégias de enfrentamento. No âmbito de trabalho, novos cargos, novas ocupações, e novas formas de contratação estarão fortalecidas.”


» Dicas

Especialistas orientam quanto aos cuidados fundamentais durante a pandemia:— Lave as mãos com frequência

» Se não houver água e sabão à disposição, utiliza álcool em gel a 70%


» Ao chegar em casa, deixe os sapatos que usou na rua, do lado de fora


» A limpeza dos ambientes, especialmente aqueles de grande circulação, deve ser reforçada

Correio Braziliense sábado, 13 de junho de 2020

FREJAT: ROCK PULSANTE

Brasil só fica atrás dos EUA em mortes por coronavírusAo registrar 909 novos óbitos e mais 25.982 casos confirmados de covid-19, ontem, o Brasil se tornou o país em que mais pessoas perderam a vida para o coronavírus, ultrapassando o Reino Unido, onde morreram 41.566. Com o total de 41.828 mortos e 828.810 infectados, o Brasil é superado, hoje, apenas pelos Estados Unidos, que somam 113.820 mortes e mais de 2 milhões de americanos com a doença. De início, o presidente Donald Trump foi um dos líderes que minimizaram a gravidade do novo coronavírus. Depois de a covid se alastrar rapidamente pelos EUA, ele culpou a OMS, recuou e tomou medidas para frear a pandemia. Bolsonaro, até hoje, insiste no erro de desdenhar da ciência, o que coloca o Brasil numa situação dramática. No país, a escalada de óbitos e infecções acontece no momento em que governadores e prefeitos flexibilizam  medidas de isolamento social, tão insistentemente cobradas pelo Planalto.DF registra mais oito óbitos e 889 casos da doença Especialistas preevem pico em julho em BrasíliaUso de máscara evita infecções, atesta pesquisaEstudo aponta risco de a covid causar diabetes,

Rock pulsante
 
Com novo disco lançado e se preparando para a primeira live, Frejat enfrenta a pandemia com muita música

 

» Pedro Ibarra*

Publicação: 13/06/2020 04:00

 

 (Leo Aversa/Divulgação)  

 

 

Vivendo momento diferente na carreira, Frejat volta aos holofotes com Ao redor do precipício, primeiro disco solo do cantor em 12 anos. O compositor fez o lançamento na quinta-feira última e, agora, apresenta a primeira live na quarentena, três anos após a saída do Barão Vermelho.

 O disco foi um trabalho extenso, pensado e financiado por Frejat. “Essa questão de ter o projeto mais extenso veio da constatação de que o álbum ainda é importante no sentido em mostrar a cronologia da sua cabeça para o público. Independentemente de como o fã vai ouvir o disco, para um artista a cronologia é importante.”

 “Foi muito prazeroso e eu estou muito feliz com o trabalho. Porque ele tem a minha cara, mostra como eu penso na música nesse momento. Então alcançou exatamente o objetivo de mostrar minhas parceiras e as coisas que eu estava fazendo, com quem eu tenho andado e com quem eu tenho trocado experiências”, explica Frejat em entrevista ao Correio. O novo disco tem 13 faixas e contou com o auxílio de Leoni, Pupilo e os dois filhos do músico. A filha Júlia Frejat foi a responsável pela concepção visual completa do álbum, Rafael fez modificações e adicionou instrumentos na faixa Todo mundo sofre.

 Agora, após a primeira semana de álbum, Frejat se prepara uma live hoje, às 19h, no perfil do Iguatemi (@iguatemisp). Por mais que o novo álbum tenha acabado de chegar aos ouvidos do público, essa live foca na carreira prévia do compositor. “Será uma live de músicas de sucesso, mais conhecidas, que acho que as pessoas estão com saudade”, explica o músico. “Mais pra frente, provavelmente, farei uma coisa mais relacionada ao novo disco”, completa.

 Política

 Nos tempos de pandemia e dificuldades devido às regras de distanciamento e isolamento social, Frejat está envolvido em uma frente parlamentar em defesa da cultura. O cantor vê a importância do fazer cultural e do auxílio aos artistas nestes tempos difíceis. “A cultura ajuda a manter a sanidade. É curioso como nunca se havia percebido de uma maneira tão radical esse papel que ela tem dentro do dia a dia das pessoas.”, disserta Frejat.

 Sobre a quarentena do artista em casa, ele tem passado tempo com a família e organizando arquivos no computador. “Procuro não ficar vendo o noticiário o tempo todo, leio o jornal de manhã e, depois disso, só se alguma notícia chegar até mim pelo telefone ou Whatsapp”, conta o músico. Aprender piano também tem sido uma maneira de passar o tempo. “Estou apanhando. Vou tipo Martinho da Vila: ‘Devagar, devagar, devagarinho’. Uma hora eu chego lá”.

 Barão Vermelho

 Sobre a banda a qual se dedicou 35 anos da vida e do trabalho, Frejat contou que saiu por divergências sobre o futuro. “Na verdade, eu me desliguei da banda em 2017, porque existia uma vontade muito grande dos outros integrantes de fazer um trabalho novo, material inédito e ir para a estrada de forma permanente. Eu pensava diferente, eu tinha o pensamento de que a gente tinha que celebrar a obra maravilhosa que a gente fez, mas eu não via sentido em fazer mais um disco de banda”, lembra o cantor.

 Vivendo outro momento na carreira, Frejat não pensa em um retorno ao grupo. “Na minha cabeça, estou desligado da banda e não tem possibilidade de voltar, mas acho também que a gente não deve dizer nunca porque a vida muda tanto, tem tanta coisa para acontecer, mas, por enquanto, não me vejo neste momento pensando sobre isso”, explana o compositor que não guarda ressentimentos. “Não teve conflito nenhum, muito pelo contrário, nós somos amigos, nos falamos pelo telefone, às vezes, nos encontramos, temos sempre assuntos, não tem mau humor”, explica. 


Correio Braziliense sexta, 12 de junho de 2020

O AMOR VENCEU A COVID-19

Jornal Impresso

O amor venceu a covid-19

 

» Adriana Izel
» Roberta Pinheiro

Publicação: 12/06/2020 04:00

Paulo Verissimo fará apresentação no térreo de prédio de Águas Claras (Telmo Ximenes/Divulgação)  

Paulo Verissimo fará apresentação no térreo de prédio de Águas Claras

 

 
A dupla Henrique & Ruan animará os presentes em hotel com show na área das piscinas (Objetiva Comunicação/Divulgação)  

A dupla Henrique & Ruan animará os presentes em hotel com show na área das piscinas

 

 
Mavi e Togawa comandam o jazz da festa da Cervejaria Criolina (Emporio Comunicação/Divulgação)  

Mavi e Togawa comandam o jazz da festa da Cervejaria Criolina

 

 
O brasiliense Allan Massay fará três horas de show dedicado ao Dia dos Namorados (Arquivo Pessoal)  

O brasiliense Allan Massay fará três horas de show dedicado ao Dia dos Namorados

 

 
O 12 de junho de 2020 pode parecer um pouco diferente com o distanciamento social, o uso de máscaras, o receio do toque, do beijo e do abraço, mas, nem por isso, não será celebrado. Em Brasília, sobram opções para os apaixonados curtirem o Dia dos Namorados juntos ou separados e embalados por apresentações musicais e gastronomia de qualidade.
 
Depois de lançar o single Do seu lado, em homenagem aos casais que não estão se vendo devido à quarentena, o cantor brasiliense Allan Massay faz uma transmissão ao vivo, hoje, no canal oficial do YouTube e no canal do CW&Co em especial de Dia dos Namorados. Serão três horas de show e a divulgação de mais uma música inédita, Sem nexo, com a participação da cantora babi Ceresa. Além do repertório romântico, o público poderá colaborar na arrecadação de alimentos e insumos para ajudar pessoas afetadas pela covid-19, para a Rede Feminina de combate ao câncer e para o Movimento #VaiFicarTudoBem, que apoia a comunidade da Chapada dos Veadeiros. Em parceria com o espaço de café e vinho CW&Co, os clientes que adquirirem as cestas comemorativas de Dia dos Namorados oferecidas pela casa poderão surpreender o enamorado com um vídeo de 15 segundos, que será transmitido durante o show.
 
A casa Tarsitano, especializada em queijo artesanal, convidou o artista Rogério Midlej para promover a live Amor em canção. Agendada para hoje a partir das 17h, a apresentação contará com um repertório romântico e músicas escolhidas pelos clientes nas redes sociais. Para acompanhar, a loja sugere uma cesta recheada de produtos exclusivos e de parceiros.
 
Ainda para celebrar a data, o cantor André Gonzales e o Brasília Shopping se uniram para realizar uma serenata virtual. O show dedicado aos casais será transmitido ao vivo pelo Instagram do centro comercial amanhã às 19h.
 
A Cervejaria Criolina e o Ricco Burger assumiram um compromisso sério nesta quarentena e convidam os casais para uma experiência diferente. Denominada Beijos, brejas, burger e jazz live, a proposta aproveita a data comemorativa, os ingredientes que compõem o DNA da cervejaria e o pré-lançamento da cerveja em lata Criolipa. “Em vários setores, estamos todos tendo que nos reinventar, é uma necessidade de reinvenção, de pensar como será daqui pra frente”, comenta Rodrigo Barata, proprietário da Cervejaria Criolina.
 
Eles vão entregar os ingredientes para os clientes prepararem dois hambúrgueres da Ricco, acompanhados de um video da chefe Renata Carvalho ensinando o modo de fazer. “Juntamos os dois elementos que acreditamos casarem perfeitamente e jazz que é uma das linhas de trabalho da casa”, explica. Serão enviadas, ainda, quatro latas da cerveja Criolipa e os participantes vão se encontrar em uma reunião no aplicativo Zoom para assistir a uma live comandada pelo casal de músicos Mavi e Togawa. “É um jazz com piano e voz, que une simplicidade e sofisticação. Os dois se completam musicalmente”, adianta Barata. No repértório, canções de Nina Simone, Ella Fitzgerald, Lauryin Hill, Elis Regina e Caetano Veloso.
 
Com ingressos limitados, apenas 30, a experiência pode ser adquirida pelo WhatsApp (9 9991-4747) por R$ 180. Não é possível dividir o kit para casas diferentes nem desmembrar os itens. E não pense que a festa acaba com o jazz. “Quem participar do Dia dos Namorados vai ganhar o after da festa Terra Plana, também pelo Zoom, para um clima mais dançante e festivo”, conta. “Estamos sempre buscando formas de entreter as pessoas nesse momento tão difícil e levar música para a casa das pessoas e é muito legal, você vê que está todo mundo se divertindo, sorrindo”, complementa.
 
Pela janela
 
Artistas brasilienses preparam apresentações para serem vistas pelo público pelas janelas e varandas. É o caso do músico Paulo Verissimo, conhecido na cena roqueira brasiliense, que fará o show Live na varanda, a partir das 19h. “Preparei parte do repertório dedicado ao Dia dos Namorados, com coisas que gosto e que geralmente não cabem no meu show. Terá Norah Jones, Coldplay, Beatles, Hildo e Tim Maia”, afirma Verissimo.
 
Além de transmitir pelo YouTube, a apresentação poderá ser apreciada pelo público de Águas Claras, já que será feita no térreo de um condomínio da região. “Vai ser no térreo do Residencial Joy a convite do síndico. E poderá ser visto das janelas de mais quatro prédios aqui perto. Essa é a primeira vez que faço um show em condomínio para 500 moradores. É a oportunidade de poder divulgar meu trabalho, gerar renda e comemorar a data”, explica.
 
No Sudoeste, o projeto Varanda Musical comemora o Dia dos Namorados com apresentação a partir das 19h30. O jazz será o ritmo de ordem do show com Tico de Moraes (voz e guitarra), Alexander Raichenok (teclado e saxofone) e Misael Barros (bateria) no térreo do Residencial Palazzo Ducale, na quadra 104.
 
Quem resolver passar a data dos namorados hospedado também tem surpresa. Os hóspedes do Manhattan Plaza Hotel terão uma programação especial com direito a show da dupla Henrique & Ruan, que será feito na área das piscinas. Cada casal poderá acompanhar das varandas do hotel, ou ainda pela TV Brasília, responsável pela transmissão. As hospedagens já estão à venda, podendo ser adquiridas pelo site e app www.oquevemporai.com.
 
O espaço Pianocello, na 207 Sul, convidou o duo composto por Jones Cavalante e Rafael Frotgar com piano e violoncelo para um show musical em cima de um trio elétrico.

Correio Braziliense quinta, 11 de junho de 2020

DIA DOS NAMORADOS: CELEBRAR E AMAR... EM CASA

Jornal Impresso

DIA DOS NAMORADOS
 
Celebrar e amar... em casa
 
Com bares e restaurantes fechados, os empresários do setor precisaram se reinventar para oferecer serviços diferenciados no Dia dos Namorados, sem perder a magia da data

 

» Caroline Cintra

Publicação: 11/06/2020 04:00

 
Débora e o marido:  

Débora e o marido: "Achei a ideia de poder receber a comida que gostamos em casa muito legal"

 

 
 (Felipe Soares/Divulgação)  
 
Reinventar é a palavra do momento. Amanhã, no Dia dos Namorados, muita gente vai ter que usar a criatividade para comemorar, pois bares e restaurantes da cidade estão fechados, devido ao decreto do governo diante da pandemia do novo coronavírus. Com isso, o setor de gastronomia é um dos que mais vêm sofrendo desde o início da quarentena. Porém, apesar da suspensão do atendimento presencial, as expectativas para a data dos namorados, uma das mais lucrativas para o setor, são boas. De acordo com a Associação de Bares e Restaurantes do DF (Abrasel-DF), as vendas serão três vezes maiores do que nos domingos, “dia mais forte da semana para o setor, sem feriado”, afirma o presidente Beto Pinheiro.
 
Para manter um bom ritmo de vendas, os restaurantes têm oferecido, além dos pratos tradicionais, algumas novidades especiais para os apaixonados que não dispensam um delicioso jantar romântico na data. Há opções para todos os gostos e bolsos. No Blend Boucherie, o chef Marcello Lopes preparou sete menus especiais, com entrada, prato principal, sobremesa e garrafa de vinho. O menu também pode ser substituído por hambúrguer, além das opções de massas e risotos.
 
O restaurante Southside foi além e pensou em um menu especial para os casais e uma versão para os solteiros. A casa servirá o cardápio, criado especialmente para a data, que se estenderá até o fim de semana. Para acompanhar o menu, um drinque do premiado mixologista Gustavo Guedes, criado especialmente para a ocasião: o crush mule, feito com vodka premium, calda de gengibre e framboesa, limão siciliano e soda artesanal de elderflower.
 
Internacional
 
Tem opção também para quem ama a culinária internacional. Com o nome de Kombilove, o combinado especial do Nakombi, criado pela chef Catarina Freire, é composto por um Hot Cube de salmão, um combinado de salmão com 50 peças e, de sobremesa, um brownie de chocolate com doce de coco. Para harmonizar, o casal que pedir o prato tem desconto na garrafa de saquê. No restaurante Haná, se o cliente não pode ir, ele vai até o cliente. A sugestão do gerente da casa, Raimundo Neto, são os diversos combos que o restaurante oferece. E ainda há a possibilidade de dar um toque especial com o rótulo de vinho ou espumante, que podem ser escolhidos na variada carta da unidade.
 
Imagine uma noite mexicana para comemorar em grande estilo o Dia dos Namorados? Essa é uma proposta do restaurante El Paso. A casa oferece um menu exclusivo, chamado Amor a La Mexicana, com três etapas no sistema take out. “O Dia dos Namorados sempre foi tradicional no El Paso. Este ano será diferente, mas não menos especial. Já que as pessoas não podem vir até o restaurante, vamos oferecer essa experiência completa na casa delas”, garante o chef David Lechtig. Os pedidos são limitados e devem ser encomendados com no mínimo 24h de antecedência.
 
Finalizando em casa
 
Para oferecer um serviço diferente, o chef Paulo Tarso criou o Dinner in Box — jantar na caixa. A opção reúne gastronomia, coquetelaria e paixão. O diferencial é que os toques finais são feitos pelo cliente. “Muita gente não sabe cozinhar, não quer ou não tem tempo para despender horas preparando algo para a data. Então, resolvi simplificar e criar algo prático para tornar o dia 12 mais especial”, disse ele, que também é professor de gastronomia e dono do restaurante itinerante e sazonal Mosaico.
A ideia da caixa criada por ele é permitir juntar a facilidade dos pratos pré-prontos com a magia de cozinhar para quem se ama. A refeição chega para o cliente embalada e refrigerada. Antes de comer, o casal precisa esquentar e servir. Além disso, junto ao kit, o chef envia uma videoaula com dicas de como finalizar os pratos e a montagem.
 
Morador de Águas Claras, o empresário Marcus Santos, 28 anos, encomendou a Dinner in Box com antecedência. “A gente gostou, porque eles montam todo o menu de restaurante mesmo. E isso faz toda a diferença. Vamos jantar bem, mas em casa. E o melhor, é saber como finalizar o prato e servir. Vai ser diferente, porque sempre saímos para comemorar, mas vai ser uma experiência bacana”, afirma.
 
Comemoração
 
Casada há 23 anos, a aposentada Débora Preciado, 51, encomendou um jantar mexicano, no restaurante El Paso, para comemorar o Dia dos Namorados. A refeição é composta por entrada, prato principal e sobremesa, além de margaritas — tradicional drink mexicano. “Achei a ideia de poder receber a comida que gostamos em casa muito legal. A opção que estão oferecendo é muito charmosa. Por isso encomendamos. Vai ser um Dia dos Namorados diferente, mas é uma oportunidade de estar mais próximo de quem a gente ama, e em casa“, disse.
 
Todo 11 de junho, às vésperas do Dia dos Namorados, a estudante Maísa Ikawa, 27, e o marido dela, Luís Gustavo Ikawa, comemoram aniversário de namoro. Esse ano, completam nove anos. “Geralmente, fazemos uma reserva, tem toda uma decoração especial do restaurante, todo um clima. A gente até pensou em cozinhar em casa, mas, quando pensamos na louça suja, desistimos”, brinca. A casa escolhida é o Santé 13. “A gente gosta muito de lá. Entramos em contato e falaram que vão entregar por aplicativo”, explicou.
 
 
» CONFIRA
Restaurantes com pratos e serviços especiais para o Dia dos Namorados:
 
‘A Mano 
Entregas nos dias 11, 
12 e 13 de junho.
Horário de funcionamento: de segunda a sábado, das 12h às 15h e das 19h às 23h. Domingo, das 12h às 16h.
Pedidos e informações pelo (61) 3245-8235
Instagram: @amanorestaurante
 
Haná Restaurante Japonês
Delivery: pelo iFood, Uber Eats ou pelo telefone (61) 3244-9999
Horário: das 11h às 22h, 
todos os dias.
Consultar taxas e áreas de entrega disponíveis.
Instagram: @hana_restaurante
Facebook: /restaurantehanabsb
 
Southside
Endereço: SHCS CLS 407
Horário de funcionamento: segunda a quinta, das 18h às 22h. Sexta e sábado, das 11h30 às 16h e das 18h às 22h30. Domingo das 11h30 às 16h 
e das 18h às 22h.
Take out: (61) 9 9276-8202 (WhatsApp)
Delivery: iFood
Siga: @southsidebrasilia
 
Taypá Sabores Del Peru
Os pedidos podem ser feitos pelo iFood ou por take out (com retirada no local e 20% de desconto). Informações pelos números (61) 9 8626-0235 ou (61) 3364-4041
Instagram: @taypadelperu
 
Nakombi
Endereço: SCLS 404, Bloco B, Loja 35 – Asa Sul
Horário de funcionamento: segunda a quinta, das 18h às 22h. Sexta e sabado, das 11h30 às 16h e das 18h às 22h30 / domingo das 11h30 às 16h e das 18h às 22.
Take Out: (61) 99626-2106
Delivery: iFood e UberEats.
Siga: @nakombibsb
 
Blend Boucherie
CLN 412 Norte, Bloco B
Informações e pedidos: (61) 
3544-7444
Horário de funcionamento: de terça a quinta, das 12h às 15h e das 18h30 às 23h. Sexta e Sábado, das 12h às 16h e das 18h30 à 0h e domingo, das 12h às 16h e das 18h30 às 23h.
Instagram: @blendboucherie
Delivery e take out: iFood 
e Uber Eats
 
Parrilla Beer
Endereço: Praça 1, Loja 6,7,8 – Cine Itapuã – Gama.
Horário de Funcionamento: terça a domingo, das 11h às 22h.
Siga nas redes sociais: 
@parrilabeer
Aplicativo de entrega: iFood
Delivery Parrilla e take out: 
3385-5249 ou 9 8430-1000
 
Dinner in Box por 
Paulo Tarso
Valor: R$ 479,00
Encomendas pelo e-mail paulo@chefpaulotarso.com.br 
ou por mensagens diretas no 
Instagram: @chefpaulotarso
 
Rubaiyat Brasília
Horário de pedidos: De segunda a sábado, das 11h às 22h. Domingos, das 11h às 18h.
Pedidos direto no restaurante 
pelo telefone: (61) 9 9611-6179
Entregas também pelo Ifood, Rappi e Uber Eats.
Instagram: @rubaiyatbrasil
 
Nube Café
Endereço: 910 Sul (Centro Clínico Via Brasil, loja 28)
Delivery: Asa Sul, Asa Norte, Lago Sul, Lago Norte, Noroeste 
e Sudoeste
Retirada: A combinar
Telefone: (61) 9 9885-848

Correio Braziliense quarta, 10 de junho de 2020

FESTIVAL DE CINEMA CONFIRMADO!

Jornal Impresso

Festival de Cinema confirmado!
 
Após anúncio de cancelamento do 53º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, GDF recua e anuncia evento

 

» Geovana Melo*
» Lucas Batista*

Publicação: 10/06/2020 04:00

 

 (Matheus Dantas/CB/D.A Press)  

 

 

O 53° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (FBCB) teve a realização ameaçada este ano, com o anúncio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, de que não havia recursos para o evento. O evento, criado em 1965, só não foi realizado de 1972 a 1974, durante a ditadura militar. Segundo o secretário de Cultura, , Bartolomeu Rodrigues, a verba destinada ao festival foi contingenciada pela Secretaria de Economia em decorrência do impacto da crise provocada pelo novo coronavírus. No entanto, ontem, o governador Ibaneis Rocha prometeu liberar recursos para a realização do evento.

 Ao que tudo indica, o plano inicial do festival será cumprido, ou seja, será realizado de forma remota, com exibição dos filmes no Cine Drive-in e em plataformas on-lines, como streaming. O Correio entrou em contato com a assessoria de comunicação da Secretaria de Cultura e, até o fechamento desta edição, não houve qualquer atualização sobre o projeto. Bartolomeu Rodrigues deve se pronunciar em breve acerca da dinâmica do evento.

 

Thiago Foresti é diretor do curta-metragem Escola sem sentido que, na edição 2019 do festival abocanhou três estatuetas: melhor ator para Wellington Abreu, melhor curta-metragem pelo júri oficial e, também, pelo júri popular, além do troféu Saruê, prêmio concedido pelo Correio ao melhor momento do evento. O cineasta pontuou que um dos festivais mais antigos do país é referência para o cinema nacional. “Cultura é importante e urgente demais para a sociedade, por isso precisa se adaptar para servir a população neste momento de crise. Milhões de mentes e corações desamparados precisam explorar e lidar com sentimentos em meio à tragédia. A arte pode ajudar”, afirma Foresti.

 “Precisaremos cada vez mais de produções como o Escola sem Sentido, feito coletivamente em 2019. Temos que nos acostumar a fazer coisas com baixo custo e financiamentos alternativos. Não é hora de parar de produzir. Será mais difícil e penoso, mas ganham os artistas que não abandonarem o público neste momento”, pontua o cineasta brasiliense.

A 52ª edição também foi recompensadora para a diretora Glória Teixeira. Ano passado, o longa Dulcina rendeu os prêmios de melhor longa-metragem tanto do júri técnico quanto do popular; melhor atriz e melhor direção de arte. Para a cineasta, a decisão pelo cancelamento foi equivocada, mas está feliz com a volta do festival. “O Festival de Brasília é, se não o maior, um dos grandes eventos que ocorrem na capital federal. Mantê-lo não importa somente aos artistas da cidade e do país, mas aos amantes do cinema, comerciantes, rede de hotelaria, transportes aéreos terrestres, além, claro, à sociedade. Trata-se da história de Brasília e do cinema brasileiro. Por isso, parabenizo o governador por essa decisão e, se for o caso, tenho certeza que a classe artística estará à disposição para ajudar a reformular o modelo da edição de 2020”, ressalta Glória.

 A cineasta acredita que realizar a exibição em um drive-in poderia ser uma opção, como anteriormente anunciado pelo secretário de Cultura e Economia Criativa do DF. “É possível que, em novembro, ainda não possamos estar reunidos. Entendemos que teremos de modificar o formato do evento. Até o momento, precisamos pensar em mudança de época, pois não seria adequado que ocorresse em período chuvoso. Quanto aos locais, as opções que vejo são o Cine Drive-in, que, felizmente, está maravilhoso, muito bem cuidado e creio que ávido por essa oportunidade. Lá, é possível manter o distanciamento, é ao ar livre, numa belíssima arena em local amplo, ou o estacionamento do Ginásio Nilson Nelson, sob o céu mais lindo, que é o nosso”, ressalta.

 Vantagens

 A realização do festival de cinema à distância, por meio de uma rede on-line, além de evitar a disseminação da covid-19, possibilita que mais pessoas tenham acesso ao conteúdo produzido pelos cineastas. A plataforma permite que os longas e curtas-metragens sejam assistidos em todo o Brasil.

 O cineasta Bruno Victor marcou presença no Festival de Cinema de Brasília em 2017, com o documentário Afronte, uma coprodução com Marcus Azevedo. Para ele, o evento é uma das maiores e mais tradicionais janelas do audiovisual nacional, seja pelo caráter político ou pelos inúmeros filmes premiados mundialmente que tiveram passagem marcada pelo Cine Brasília. Além disso, muitas produções ganham projeções nacionais e internacionais ao passar pela capital, incluindo o próprio Afronte.

“O festival se consolida como ponto de debate sobre as construções que o audiovisual se propõe como política pública e reflexão da sociedade brasileira. É muito importante enfatizar que a existência do evento é uma ponte entre realizadores e público. Assim, é um equipamento que contempla a indústria audiovisual e a comunidade, observando a descentralização do evento que ocorreu em 2018, com exibições e oficinas em variadas regiões administrativas do DF, democratizando o acesso. Além disso, foi onde se criou o Prêmio Zózimo Bubul, fruto da articulação da Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro (APAN) e do Centro Afro Carioca de Cinema, para o reconhecimento e valorização das produções estéticas de realizadores negros considerando critérios entre narrativa e aspectos técnico-formais dos modos de produção cinematográfica”, relembra Bruno.

 O diretor e roteirista Pedro Jorge defende um valor fixo para a preparação do festival no orçamento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa. “O principal objetivo do registro do FBCB é que o custo da preparação faça parte, obrigatoriamente, do orçamento da Secec. Vejam que se refere a orçamento da preparação, pois, para a realização do festival, contamos com os patrocinadores, que não têm interesse na preparação, porque não há divulgação nessa etapa. Além disso, os custos de preparação podem ser mais constantes pelos próprios itens que compõem esta etapa”, diz.

 História

 O cineasta Vladimir Carvalho experimentou de quase um tudo com o Festival de Brasília. O documentarista sofreu censura federal com o filme O país de São Saruê, retirado do evento em 1971. Também conquistou prêmios, como no clássico Conterrâneos velhos de guerra, melhor filme em 1990. “Eu tenho uma relação de muito amor e dedicação com o festival. Em 1969, assisti pela primeira vez ao evento, e, de imediato, percebi que é muito importante do ponto de vista da cultura, porque é um bem inalienável”, conta.

 De acordo com Vladimir, a ideia de cancelar a 53ª edição tinha sido um ato impensado. “Parecem não entender a importância para a cultura brasileira. Se o governador enxergou essa falha, é um motivo para nos regozijarmos porque garantiu a realização. O FBCB tem uma função educativa: a plateia de brasília é muito esperta, crítica, autônoma, que sabe aplaudir e criticar. Estou muito feliz porque realizaremos o evento”, afirma.

 O documentarista ainda tem esperanças que a festividade ocorra normalmente, mas, caso não seja possível, vê com bons olhos a opção pelo Cine Drive-in. “O Festival de Brasília costuma ser realizado no mês de novembro, portanto, é bastante distante. Até lá, espero que já tenhamos superado essa questão do isolamento, e não podemos descartar a possibilidade de fazermos normalmente. Se a doença não passar, aí sim precisamos pensar em outra alternativa. Se não for possível ocorrer da mesma forma, modificaremos, ninguém criticará isso por causa da pandemia. O Drive-in é uma alternativa boa para se enquadrar nesses tempos, mas eu insisto que essa data é provável que possamos realizá-lo como sempre acontece”, conclui.

 *Estagiários sob supervisão de Igor Silveira 

 


Correio Braziliense terça, 09 de junho de 2020

O QUE SERÁ DO FESTIVAL DE CINEMA?

Jornal Impresso

O que será do Festival de Cinema?
 
 
Em entrevista ao CB.Poder, Bartolomeu Rodrigues, secretário de Cultura do Distrito Federal, fala sobre o cancelamento do evento e do panorama cultural na pandemia.

 

» Alexandre de Paula / » Vinícius Veloso*

Publicação: 09/06/2020 04:00

 (Ana Rayssa/CB/D.A Press)  
 
A falta de recursos financeiros destinados para o setor cultural por conta da pandemia fez a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal anunciar do cancelamento da 53ª edição do Festival de Cinema de Brasília. Em entrevista concedida, ontem, ao CB.Poder — parceria do Correio com a TV Brasília —, o secretário de Cultura Bartolomeu Rodrigues explicou a situação. Além disso, ele fala sobre a questão do setor cultural na pandemia, com foco nos editais liberados para a classe artística.
 
O Festival de Brasília do Cinema Brasileiro foi cancelado. É um dos festivais mais importantes do país e só deixou de acontecer durante a ditadura militar, em três edições. Essa seria a 53ª edição. O que aconteceu, secretário?
É preciso que fique bem claro o seguinte: nós não estamos fazendo isso pela nossa vontade, muito pelo contrário. Estou extremamente frustrado, nós estávamos trabalhando intensamente... Estamos trabalhando intensamente, porque eu ainda não joguei a toalha. E, na verdade, antecipei o posicionamento porque nosso deadline esgotou e os recursos destinados para o Festival foram alocados para outras áreas. Acho que a gente está vivendo um momento difícil. Foi me pedido, inclusive, compreensão e entendo perfeitamente. Estamos no meio de uma pandemia que a gente não sabe como vai acabar, ainda estamos trabalhando com uma doença misteriosa. Toda a atenção e dedicação do governo deve ser dada para salvar vidas, isso é ponto pacífico. Mas, ao mesmo tempo, nós temos um calendário apertado para tomar decisões importantes, porque o Festival é oficial, no sentido de ser gerido e organizado pelo Estado. Eu preciso começar com alguns procedimentos jurídicos e legais e esse tempo se exauriu. Então, precisei me antecipar e colocar essa situação para que servisse de alerta, no sentido de que não temos condições efetivas do ponto de vista financeiro de promover um festival dessa magnitude, da importância que esse festival tem. Ele repercute internacionalmente e é um festival construído pela sociedade, é um Patrimônio de Brasília. Tenho recebido muitas manifestações de associações, entidades, pessoas do mundo cultural e de fora que estão me colocando de pé no sentido de não deixar o festival morrer. E a minha resposta é: não vamos deixar ele morrer. Vamos dar as mãos e buscar criatividade, formas de viabilizar o festival. Acho que ainda é possível.
 
Havia um esforço de economia da Secretaria. O carnaval, por exemplo, quando anunciaram aqueles shows grandes e depois voltaram atrás com a ideia de economizar dinheiro e o aniversário de Brasília, não por isso, mas pela questão da pandemia, que teve as principais atividades canceladas. Essa economia que foi feita, com esse tipo de evento, não poderia ser usada para o Festival? Mesmo assim não foi o suficiente?
A gente entra agora em um outro aspecto da discussão. No meu ponto de vista, acho que é papel do Estado fomentar e incentivar alguns setores vulneráveis. A cultura tem que ser encarada como um setor econômico. Foi a primeira a sentir o impacto dessa pandemia e vai ser a última a sair. Nós, da Secretaria de Cultura, juntamente com o Governo do Distrito Federal, tomamos algumas iniciativas que estão em curso. Lançamos editais para utilizar recursos do FAC visando socorro emergencial para os agentes culturais. Nesse caso, do Festival de Brasília, é possível fazer com a metade do que estava previsto. Espero que haja sensibilidade. Estou confiante, depois dessas reações todas, que aconteça uma reversão da situação. Conclamo, inclusive, a classe artística, para que procuremos uma saída. Temos planejado e formatado um festival que não causaria embaraço à situação de enfrentamento do coronavírus. Estávamos com um modelo híbrido e instigante em todos os sentidos.
 
Como seria? Qual a ideia? Fazer no Cine Drive-In?
Foi a primeira opção que buscamos. Olhando, inclusive, as soluções que outros festivais internacionais estão buscando, vimos que o ideal seria migrar para as plataformas virtuais. Mas nós temos um diferencial único da América Latina, que é o Cine Drive-In, onde é possível realizar um festival híbrido e presencial também. Tivemos, por conta disso, uma série de desafios. Em caso de realização presencial, temos que considerar até aspectos meteorológicos. Não poderia ser em novembro por ser um mês de chuva, setembro estaria perto demais e talvez outubro fosse o viável. Então, tudo isso, junto com o calendário apertado, fez com que o anúncio do cancelamento fosse antecipado. Lançar um chamamento público, um edital, que tem complicações jurídicas, e depois voltar atrás é complicado. E, para dar início ao processo, precisamos do mínimo de recurso. As coisas não caem do céu.
 
Existe um discurso em detrimento da Cultura, com críticas aos artistas. Muitas pessoas dizem que não é para gastar dinheiro com essa classe artística. Cancelar o Festival, em um momento como este, não passa a imagem de que o GDF está colocando a Cultura para escanteio?
Não. Nunca vamos deixar essa bandeira cair, a cultura tem prioridade. Nós não somos população se deixarmos a cultura em segundo plano. A cultura é fundamental, inclusive para a retomada do desenvolvimento, ela é alavancadora desse processo. Estamos solidários e na luta contra a covid-19, mas temos que compreender que a vida está seguindo para muita gente e, no setor cultural, o impacto da crise econômica está sendo muito forte. Tem que acontecer um balanceamento e muitas economias no mundo inteiro, inclusive, estão mostrando isso. Veja nos Estados Unidos, o país mais afetado, onde os empregos estão se recuperando. Isso ocorre por conta de algum movimento que permita o enfrentamento da crise sem o desastre total da economia. Se não for assim, quando sairmos da crise sanitária, teremos uma crise pior. O investimento é como um alento para que o setor não caia no abismo.
 
Quais alternativas você vê hoje para que o Festival seja realizado? Existe espaço para o apoio da 
iniciativa privada?
Tem sim, nós queremos, é um apelo que eu faço. O problema é que a iniciativa privada também está passando por um momento muito peculiar. Para a iniciativa privada chegar, ela precisa saber se vai acontecer o Festival. Para exemplificar, temos que fazer uma contratação de empresas privadas que vão ajudar o Estado a gerir o Festival e que vão buscar recursos. Mas, para isso, precisamos de uma segurança financeira.
 
Como está a situação dos editais que foram lançados? Com essa crise financeira, eles correm risco ou não?
É uma boa pergunta. Eu não quero contar com nenhum risco, até porque são recursos protegidos por uma lei orgânica da cultura do Distrito Federal. Devemos nos orgulhar de ter uma das legislaturas mais protetivas com relação à cultura, construída pela comunidade cultural. Os recursos que nós destinamos para o edital são protegidos, então estou com o coração sossegado. Mas, sendo muito franco agora, recentemente foi aprovado um socorro emergencial (Lei Aldir Blanc) pelo Congresso, rapidamente aprovado pela Câmara e pelo Senado, mas que depende de sanção presidencial e de muitas negociações. Vamos esperar por isso até quando? Não sei até que ponto haverá sensibilidade de colocar esses recursos à disposição dos estados e municípios brasileiros. O Distrito Federal está pronto para receber, em vantagem, por ter um Fundo de Apoio à Cultura constituído.
 
Essa questão financeira também é importante pensando na Secretaria de Cultura como conjunto. Como fazer para que ela não seja esvaziada, como manter as ações em caminho mesmo sem ter recursos para usar?
Estamos enfrentando esse desafio e dando respostas efetivas. Estamos ousando. O Distrito Federal foi um local respondeu efetivamente ao auxílio emergencial. Claro que não na velocidade que o setor precisa, mas o que a nossa equipe pôde fazer para tornar os editais mais rápidos e o acesso mais democratizado, nós fizemos. Lançamos o edital FAC Regionalizado recentemente, em valor superior ao de edições passadas, para sinalizar que nós não perdemos a atenção nesse setor. Nós estamos juntos, conversando com todos os segmentos e preocupado, sobretudo, com os setores mais vulneráveis. Não estamos preocupados com o grande artista ou com o grande evento, mas com aquele artista que sai com um violão para tocar em um bar mas encontra o bar fechado e fica sem dinheiro para colocar comida dentro de casa.
 
As alternativas pensadas para o momento, como as lives, não atingem essa parte específica da classe cultural, servem para artistas renomados, certo?
É um fenômeno para ser analisado com mais cuidado. Muita gente busca soluções emergenciais e algumas dão certo. Estamos com um edital aberto para quadrilhas juninas e, como elas não podem se apresentar, o auxílio se dá por meio de premiações com recursos de emenda parlamentar federal. Fizemos, recentemente, um programa chamado Serenatas de Abril, com emenda parlamentar local. Mas esse recurso é do orçamento do Governo Federal. O dinheiro continua saindo de um cofre só.
 
Existe um prazo para que o dinheiro dos editais emergenciais seja liberado?
Não. Temos o edital FAC Conecta Cultura, que trata de propostas de apresentações virtuais e o FAC Premiação. A previsão da liberação de recursos para atender essas demandas é entre julho e agosto.
 
Os recursos previstos para a realização do Festival eram em torno de R$ 3 milhões. Dá mesmo para fazer com a metade?
É… em uma situação, chorando, talvez eu diria para você que sim. Estamos com um modelo diferente. Dando essa perspectiva que pode acontecer o festival, talvez apareça alguma iniciativa privada para nos ajudar. Mas, de qualquer forma, acredito que podemos reduzir muito esse custo, porque vamos abrir mão de muitas coisas. É bom ressaltar que estamos em contatos muito promissores com plataformas gigantes do mercado que querem abraçar um projeto como o Festival de Cinema de Brasília. Claro que isso gera outra discussão com os mais saudosistas, que gostam do cinema em tela, com o barulho da máquina de rolo rodando, mas faz parte e é necessário dentro da nova realidade. Dessa discussão eu não tenho medo, ela é bem-vinda. O pau vai quebrar, mas é ótimo. Brasília tem a oportunidade de ser vanguarda, como sempre foi. É uma chance de lançar uma discussão, ouso dizer, de nível mundial. Outros festivais pelo mundo também estão sofrendo com o mesmo problema e temos a oportunidade de oferecer ao mundo um modelo diferenciado. Tudo está em discussão hoje.
 
Como está a discussão do pós-pandemia? Isso está sendo debatido?
Estamos discutindo a reabertura dos museus. Brasília conta com museus a céu aberto como o Catetinho e o Museu Vivo da Memória Candanga que poderiam estar abertos. É meu ponto de vista, mas com precaução. Não queremos responder, depois, por termos escancarado as portas sem planejamento. Estamos fazendo um estudo de protocolo, que deve ficar pronto no final desta semana, para averiguar essa possibilidade.
 
Como está o processo de reforma do Teatro Nacional?
Mesmo em meio à pandemia, a discussão e os trabalhos voltados para a reabertura do Teatro Nacional avançaram muito. Estamos desenhando uma solução definitiva para dar início, em breve. Costumo dizer que desatamos vários nós cegos e estamos no último nó da história. Vai dar certo e o Teatro Nacional será entregue, logo menos, para a população de Brasília.
 
*Estagiário sob a supervisão de Igor Silveira 
 
 

Correio Braziliense segunda, 08 de junho de 2020

REVIVENDO A BANDA MEL DA TERRA

Jornal Impresso

Reviver o Mel
 
 
Uma das bandas mais icônicas de Brasília relança o primeiro disco em plataformas digitais

 

» Irlam Rocha Lima

Publicação: 08/06/2020 04:00

 (Clausem Bonifacio/Divulgação - 4/10/17)  
 
Não foram Legião Urbana, Capital Inicial, Plebe Rude e Detrito Federal que primeiro movimentaram a cena da música em Brasília. O responsável pelo feito foi Mel da Terra, que, este ano, completa quatro décadas de existência. Isso, tomando-se como referência o histórico show que o grupo fez, no Teatro Garagem, em maio de 1980. A partir dali, Paulinho Mattos, Paulo Maciel, Sérgio Pinheiro, Remy Portilho, Beto Escalante e Haroldinho Mattos se tornaram os primeiros ídolos da cidade. Na próxima sexta-feira, eles celebram a data com o relançamento — agora nas plataformas digitais — do disco de estreia.
 
Formada por adolescentes, o grupo surgiu um ano antes, no Concerto Cabeças. No evento, que ocorria no gramado da 311 Sul, dividiu o improvisado palco com Oswaldo Montenegro, Renato Matos e Liga Tripa, entre outros artistas brasilienses. Reza a lenda que Renato Russo nunca perdoou Néio Lúcio — produtor do projeto —, por não ter sido convidado para tomar parte naquele encontro musical.
 
A instituição que mais contribuiu para a construção da popularidade do Mel, segundo os integrantes da seminal banda pop candanga, teria sido o Sesc. “Em 1979, nos destacamos ao participar de um festival instrumental que ocorreu no Teatro Garagem, logo depois da inauguração. Como ensaiávamos no apartamento dos pais do Remy, na 311 Sul, o que não era muito conveniente, por causa do barulho que fazíamos. Aí, fomos convidados pela Maria Helena Costa, à época coordenadora de música do Sesc, a utilizar o Garagem para os ensaios”, lembra o vocalista e flautista Paulinho Mattos.
 
Como contrapartida, foi naquele teatro em que ocorreu o show que marcou, oficialmente, o início da carreira do grupo. “Para nossa surpresa, o teatro estava superlotado por uma plateia que se mostrou entusiasmada com o que ouvia, mesmo sem ainda conhecer as músicas do repertório”, recorda-se o vocalista Sérgio Pinheiro. “Ainda em 1980, fizemos apresentações concorridas no Teatro Galpão (508 Sul) e Teatro da Escola Parque (entrequadra 507/508 Sul), e nos tornamos a banda queridinha da galera”, acrescenta.

 (Acervo Pessoal)  
 
Shows no auge
 
Estrela cadente (Paulo Maciel e Edbert), um hit instantâneo, contribuiu para o sucesso do Mel da Terra, que, no ano seguinte, veio a ser uma das atrações do festival Rock Cerrado, realizado no extinto Pelezão, ao lado de Raul Seixas, Pepeu Gomes e Walter Franco. Daí em diante, praticamente todos os grandes eventos musicais passaram a contar na grade com a banda candanga. “Em 1982, por exemplo, tomamos parte do Rock Way, com14 Bis, Erva Doce e Jorge Ben Jor; do Ginga Brasil, na área da Torre de TV, que teve Paulinho da Viola como maior destaque; e na comemoração do aniversário de Brasília, no Parque da Cidade, abrindo para Ney Matogrosso”, relata o baixista Paulo Maciel. “Num show em que dividimos o palco do Teatro da Escola Parque, por três noites, os aplausos maiores foram para o Mel, deixando o cantor e compositor carioca, enciumado”, complementa.
 
Mesmo sem ter uma trajetória regular — houve várias interrupções — o Mel chegou a lançar mais dois discos. O segundo é de 1990 e o terceiro, de 2013. Segundo Paulo Mattos, que os produziu, ambos serão relançados também nas plataformas digitais. Um show, em 11 de setembro de 2019, em comemoração aos 40 anos do Teatro Garagem, marcou a retomada da carreira do grupo. “Estávamos preparando uma apresentação para o lançamento do primeiro álbum nas plataformas digitais, mas, em razão do problema de saúde que Remi vem enfrentando, decidimos adiá-lo”, explicou o guitarrista Haroldinho Mattos.
 
Primeiro registro
 
A ideia de resgatar o disco de estreia do Mel (um LP lançado há 37 anos) foi de um fã do grupo, o produtor Gustavo Vasconcellos, da GRV Música, Media & Entretenimento. “Depois de uma conversa com o Sérgio Pinheiro e o Paulo Maciel, em abril último, ficou decidido lançar o disco digitalmente. O Sérgio cuidou da digitalização do álbum, fazendo a remixagem de 10 das faixas. A GRV organizou a documentação para legalização do material e se responsabilizou pelo lançamento nas plataformas digitais, que ocorrerá no dia 12 próximo. É um projeto de energia positiva, pensando no momento em que vive Remi Portilho, em tempo de pandemia”, ressalta Vasconcellos.
 
“Com o projeto do Mel da Terra, atingimos a marca de 200 artistas lançados pela GRV, via plataformas digitais (200 lojas), em todo o mundo. Isso faz parte da nossa proposta de preservação da música de Brasília”, destaca o produtor. O disco, com 10 faixas, traz músicas como os hits Estrela cadente, Pequena mágoa e Vira lata, além de Chinfra (que abre o repertório), Curso d’água, Veneno moreno, Roda paulista, Dono do sol, Matéria paga e Ângela,


Depoimentos
 
» Paulinho Mattos
“Estamos vivenciando um momento importante com o retorno do Mel, comemorando 40 anos de carreira, e o lançamento do primeiro disco nas plataformas digitais. É uma pena não podermos fazer um show para celebrar a data, por causa do problema de saúde do nosso querido Remi e também pela epidemia que se espalha por todo o mundo.”
 
» Sérgio Pinheiro
“Para mim é uma grande alegria relançar nosso LP de estreia, agora pelas plataformas digitais. Os fãs poderão curtir todas as 10 faixas originais, incluindo, obviamente, o hit Pequena mágoa (Paulinho Mattos) e o clássico Estrela cadente (Paulo Maciel e Edibert Torres). A remasterização foi feita por mim e por meu irmão Caio Pinheiro.”
 
» Paulo Maciel
“O relançamento do primeiro disco do Mel pelas plataformas digitais me faz voltar ao começo, quando, adolescente, estudava na Escola de Música de Brasília e fui convidado para fazer parte da banda, ainda na época do Concerto Cabeças. Me recordo também dos ensaios no apartamento dos pais do Remi e do primeiro show no 
Teatro Garagem.”
 
» Beto Escalante
“Tenho muita saudade de tudo o que se relaciona ao Mel da Terra. Nunca esqueci dos ensaios no apartamento da família do Remi, todos nós muito jovens e cheios de entusiasmo por estarmos juntos naquela que se tornou a primeira banda de sucesso no cenário musical brasiliense. Depois, vieram o primeiro show, a participação no festival Rock Cerrado e a gravação desse disco, que está sendo relançado digitalmente.”
 
» Haroldinho Mattos
“Eu tinha 16 anos quando passei a integrar o Mel e tive o meu primeiro contato com o palco e, posteriormente, com estúdio de gravação. Para mim, tinha tudo a ver, pois vivenciava cultura em casa, uma vez que meu pai era artista plástico e a minha mãe poeta. À época, morava com meu pai, em Belo Horizonte, e vim passar férias na casa da minha mãe. Aí, não voltei mais. O relançamento do disco digitalmente, me leva a recordar tudo.”
 

Correio Braziliense domingo, 07 de junho de 2020

ADRIANA CALCANHOTO: CAOS EMRIMAS

Jornal Impresso

Adriana Calcanhoto: Caos em rimas
 
Cantora resume a quarentena no álbum Só. Ao Correio, ela fala do processo de criação, da homenagem a Moraes Moreira e do que pensa do mundo pós-pandemia

 

» Adriana Izel

Publicação: 07/06/2020 04:00

 

"Além de ter feito um álbum, acho que a minha quarentena está igual a de todo mundo"

 

 
Sobreviver mentalmente e psicologicamente à quarentena imposta pelo combate ao novo coronavírus muitas vezes quer dizer estabelecer rotinas. Foi isso que a cantora Adriana Calcanhotto fez. Ela acordava todos os dias, botava uma roupa e ia produzir. Assim surgiu Só, disco com nove canções autorais e inéditas todas compostas durante o isolamento social passado pela artista no Brasil, acabou sendo impedida de retornar a Coimbra, cidade universitária portuguesa onde dá aula.

Mesmo sendo resultado do caos pandêmico, Só é um disco solar e ritmado. Adriana Calcanhotto brinca com as batidas do funk e até com as expressões do ritmo, como em Bunda lê lê, gravada em parceria com Dennis Dj. Também há samba no disco, vertente sempre abraçada pela cantora, além, claro, da MPB própria da trajetória da artista. Nas letras, Adriana consegue ser atual, falar de sombras, e também de esperança. É o caso de Corre o munda em que fala da saudade de Coimbra e do desejo de retornar: “Não permita Deus que eu morra sem voltar”.

Só é ainda um disco feito em homenagem a Moraes Moreira, que morreu neste ano e, por conta da covid-19, acabou não tendo a despedida que merecia, e também uma forma de Adriana Calcanhotto participar da rede de solidariedade que cresceu na pandemia. Toda a renda das músicas será revertida a instituições de caridade e uma delas a equipe da cantora também afetada no isolamento.

Ao Correio, Adriana Calcanhotto fala sobre o processo de composição do disco no isolamento social, da homenagem a Moraes Moreira e até divaga sobre o mundo pós-pandemia. “Muito se fala em “voltar ao normal”. Para mim essa ideia de “voltar” não funciona, já é outro mundo”, define.


Só foi um álbum criado na quarentena sobre o isolamento. 
O que te motivou mesmo em meio ao caos criar este disco?
Foi justamente o caos, a pandemia, o pandemônio e a incerteza quanto ao futuro.
 
Como foi o processo de criação das músicas e 
também de gravação com os desafios do isolamento?
Fiz uma canção por dia, sempre pela manhã. Eu acordava, botava uma roupa e ia produzir. Estava disposta e, de certa forma, condicionada a fazer isso porque era o que estaria fazendo se tivesse ido a Coimbra. Comecei a trabalhar em cima das músicas, mandei as faixas para o Arthur Nogueira, coloquei os músicos no circuito e fomos ajustando, tudo dentro do tempo da urgência, que não é comum para mim. É um álbum composto, produzido, gravado e mixado em 43 dias, tudo de maneira remota, cada um na sua casa.
 
As canções têm bastante influência das batidas  eletrônicas e do funk, tendo até participação do Dennis Dj. Também há o batuque do samba. O que te fez seguir nessa sonoridade que transita entre os ritmos?
Gosto da mistura, da polirritmia, acho importante explorá-la. Para mim, tudo é samba. Desde quando gravei Fico assim sem você, em 2004, eu venho tocando a batida do funk no violão, por exemplo. Para essa faixa específica, Bunda lê lê, eu quis fazer uma brincadeira com as palavras que o funk usa, “senta”, “vai” e “bunda”.
 
Apesar de falar da quarentena e de expor a parte sombria, 
as faixas têm uma mensagem positiva. Você quis 
que o material fosse um escape e uma reflexão?
Na verdade, ele não nasceu como álbum, eu não pensava nisso. Eu simplesmente acordava com uma disposição de agir. Foi tudo acontecendo de maneira bastante natural. Quando vi, as canções eram uma safra e todas tinham o mesmo pano de fundo.
 
Fica bem claro que a quarentena te impediu de voltar para
Coimbra. sso te fez perceber 
ainda mais conexão com a cidade?
Sem dúvida. Eu pensei “eu estou em casa, não sei se vai ter mundo, não sei se voltarei a Coimbra”, e me vieram os versos da canção do exílio, Corre o munda, no mesmo momento. Acho que a conexão fica bastante explícita: “não permita Deus que eu morra sem voltar”.
 
Neste momento muitos artistas apostam nas lives.
Você pretende fazer mais shows virtuais? 
Como enxerga esse formato?
Pretendo, sim. É um formato desafiador, fiquei muito feliz de estar nesse universo. Claro, a catarse de uma plateia em um show ou no teatro não pode ser substituída. Mas a energia que eu senti quando acabei a live do Sesc foi a mesma sensação física de ter feito um show. Acho que esse momento potencializa o jeito de se fazer isso.
 
O disco também tem um aspecto social com a renda revertida
para uma instituição. omo você 
vê essa onda de solidariedade
do mundo? 
E para qual instituição será doada?
Com tudo que estamos vivendo, há essa possibilidade e oportunidade das pessoas aprenderem solidariedade e civilidade. A empatia, na verdade, acho muito difícil a pessoa adquirir. Se ela não é empática, ela não é. Sobre as doações, são várias instituições. Cada música tem suas rendas revertidas para uma instituição diferente, Redes da Maré, Coletivo Papo Reto, A Rocinha Resiste e várias outras. Lembrando da Estrada, por exemplo, é toda revertida para a minha equipe.
 
Você presta um tributo a Moraes Moreira no álbum. Alguns artistas têm feito esse papel de homenagear 
os nossos eternos que se foram, já que as autoridades não o fazem. Como você enxerga tudo isso que vem 
acontecendo na cultura mesmo em meio a um problema tão sério como a covid-19?
Pois é. Moraes Moreira não morreu de covid-19, mas ele morreu durante a quarentena, o que fez com que a gente não pudesse se despedir, nem eu pessoalmente, nem o Brasil todo. A situação do Brasil em meio à pandemia é péssima em todas as áreas, em todos os sentidos. E isso não é nem uma avaliação minha, são os fatos.
 
Como você vislumbra o mundo pós-pandemia?
Muito se fala em “voltar ao normal”. Para mim essa ideia de “voltar” não funciona, já é outro mundo. Essa coisa de viver cada dia de uma vez é, de certa forma, o preço do que estamos vivendo. Quando voltarmos ao anormal, porque o que vivíamos não tinha nada de normal, acredito que daí, enfim, poderemos criar uma realidade nova.


De Adriana Calcanhotto. 
Minha Música, 9 faixas. Disponível nas plataformas digitais.

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