Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense segunda, 10 de maio de 2021

BOLSONARO TESTA APOIO NAS RUAS

Jornal Impresso

Bolsonaro testa apoio
 
Chefe do Executivo liderou grupo de motoqueiros que circularam por vias de Brasília, num teste de popularidade ante as investigações da CPI da Covid. No final, houve aglomerações.  (Marcos Corrêa/PR)
 
Chefe do Executivo reúne apoiadores em passeio de moto por Brasília, descumpre normas sanitárias, diz que tais manifestações são um gesto de amor pelo Brasil e já convoca outro ato para o próximo domingo, com pecuaristas que respaldam o governo

 

Ingrid Soares

Publicação: 10/05/2021 04:00

Presidente parou num dos trechos do trajeto para acenar às pessoas que o acompanhavam. PMDF não calculou quantas motos o acompanharam (Marcos Corrêa/PR)  
Presidente parou num dos trechos do trajeto para acenar às pessoas que o acompanhavam. PMDF não calculou quantas motos o acompanharam
 
O presidente Jair Bolsonaro passeou com centenas de motociclistas simpatizantes ao governo pelas ruas da capital no Dia das Mães. Após a corrida, ele retornou ao Palácio da Alvorada e, sem máscara, distribuiu apertos de mãos, abraços e selfies. Prevaleceu a aglomeração e o descumprimento das normas sanitárias contra o novo coronavírus, além de fotos com pessoas sem máscara ou fazendo uso errado do equipamento. A Polícia Militar do Distrito Federal não calculou quantas pessoas percorreram a cidade ao lado de Bolsonaro.
 
O passeio foi proposto pelo próprio presidente, em live na semana passada. Ele disse esperar a presença de aproximadamente mil apoiadores. “A gente não vai estar indo para comunidade porque eu acredito que mais de mil motos vão se fazer presentes. Eu estou muito feliz. Pessoal quer me acompanhar em um passeio. Todo mundo tem o direito de ir e vir”, afirmou.
 
Bolsonaro ainda convocou apoiadores às ruas para participar de manifestações no próximo dia 15 de maio e disse que “estará lá no meio”. Entidades de produtores rurais nos estados organizam atos de apoio a ele, contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e pelo fim das medidas de isolamento social adotadas por governadores e prefeitos.
 
“Dia 15, pessoal, está todo mundo convocado. Eu vou lá para o meio da rua com o povo do campo. O pessoal do agronegócio está tomando Brasília, e vou estar lá no meio deles, se Deus quiser, agradecendo pelo trabalho que eles fizeram que ao longo da pandemia. Eles e outras categorias não pararam. Até o dia 15, se Deus quiser”, bradou, apesar dos mais de 420 mil mortos e de uma vacinação contra a covid-19 que avança a passos lentos.
 
Ato anti-CPI
A atitude do presidente é uma contraofensiva à CPI da Covid, que investiga as ações e omissões do governo na pandemia e fechou a primeira semana colocando o governo contra as cordas. Ao Correio, em entrevista publicada ontem, o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), deixou claro que, por dar um depoimento no qual claramente não quis comprometer Bolsonaro, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, deverá ser reconvocado — algo que aumentará o desgaste do governo.
 
“A vontade era de perguntar a ele: ‘Se o senhor não fosse ministro e estivesse em seu consultório, o senhor receitaria cloroquina?’ Está patente que ele é contra, mas, para não magoar o presidente, ele não fala”, criticou Aziz.
 
Da mesma forma, em debate no sábado, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI, afirmou que, se a Comissão provar alguma responsabilidade do presidente Jair Bolsonaro no agravamento das mortes pela infecção do novo coronavírus no Brasil, ele será responsabilizado. “Espero que a CPI não chegue a tanto. Mas, se a CPI chegar, não tenho nenhuma dúvida de que ele será responsabilizado, sim”, anunciou.
 
O presidente, porém, disse que tais manifestações não são um ato político, mas de “demonstração de amor à pátria”. Ele voltou a ameaçar baixar um decreto contra o lockdown adotado por governadores e prefeitos e que as Forças Armadas não serão utilizadas para fiscalizar o cumprimento de medidas restritivas.
 
Além disso, mais uma vez, insistiu na adoção do voto impresso. “Não podemos admitir isso, porque o voto é essência da democracia e a sua contagem deve ser de conhecimento de todos e auditada para que, realmente, quem vocês, porventura, vierem a escolher no futuro, os represente”, desafiou, desconsiderando que as urnas eletrônicas já são auditadas e, em 25 anos que são utilizadas jamais houve uma única denúncia de fraude eleitoral.

Correio Braziliense domingo, 09 de maio de 2021

DIA DAS MÃES: MÃE EM TEMPO DE PANDEMIA

Jornal Impresso

Mãe em tempos de pandemia
 
 
Mulheres brasilienses que trabalham na linha de frente e arriscam a vida para levar o alimento e zelar dos seus compartilham a experiência do que é cuidar da família durante a crise sanitária. Um amor que supera as dificuldades e reforça a esperança de tempos melhores

 

» Ana Maria da Silva

Publicação: 09/05/2021 04:00

Mais um Dia das Mães diferente, o momento de comemorar com a família precisará ser novamente adaptado. A tradicional data ganhou novos contornos desde 2020 por conta do isolamento social que surgiu com a pandemia da covid-19. Mas o amor de mãe não cessa, não diminui, principalmente para aquelas que ainda têm que seguir trabalhando. Seja ela uma pessoa que duplica a jornada de trabalho em casa, com o home office; seja uma profissional da saúde, motorista ou varredora, que arrisca a vida para levar o alimento e cuidar dos seus; ou, até mesmo, mulheres reclusas, que levam em seus corações a saudade de filhos e netos, que precisaram se afastar para resguardar a saúde e vida das mães.

 

Leila de Carvalho com a neta Isabela: momentos de tranquilidade (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
Leila de Carvalho com a neta Isabela: momentos de tranquilidade
 

 

Carinho, mesmo que distante


A saudade virou parte da rotina da aposentada Leila de Carvalho Lima, 63 anos. “Eu sempre gostei muito de receber, de agregar. Dentre as minhas irmãs, sempre fui aquela que procura, nos momentos de comemoração, estar junto com quem ama e gosta”, diz. A residência, localizada na Asa Norte, que sempre tinha um dos três filhos e netos para encher a rotina de alegria, passou a ficar vazia. “Não tem como não sentir saudades. Antes da pandemia, com três filhos, tinha sempre um rodízio. Sempre tinha alguém aqui em casa, e eu me sentia mais livre para ir, encontrá-los, dar um oi, tomar um café”, explica.


Agora, a família se reúne em poucos momentos, com o distanciamento e o uso de máscaras. “Faz muita falta esse toque, esse estar junto, e ficamos na esperança de que vai passar”, ressalta Leila. Para matar a saudade, a aposentada diz que a família recorre às redes sociais. Mas, às vezes, recebe a visita de uma das netas, como Isabela, para aliviar o estresse.


Mãe é sinônimo de preocupação, sentimento que também faz parte da rotina de Leila. Ela conta que tomou a primeira dose da vacina Astrazeneca e aguarda os três meses para receber a segunda. Mas a preocupação não mudou. “Mesmo estando no grupo de risco, parece que eu tenho mais medo por eles. É como se eu estivesse em uma contagem regressiva para que todos possam se imunizar, para que não corram tanto perigo”, pontua. “Percebi também o quanto sou importante para eles. O quanto se preocuparam comigo, para que eu ficasse bem. Ver esse amor mútuo, que existe entre mãe e filho, é especial”, diz.

Vanessa da Silva com as filhas: dia corrido e home office (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
Vanessa da Silva com as filhas: dia corrido e home office

Multitarefas diárias
A jornada tripla que envolve atividades domésticas, profissionais e cuidados na educação dos filhos faz parte do dia a dia de muitas mães que, com a pandemia, precisam alcançar a produtividade durante o home office. Servidora pública, doula, estudante de enfermagem, mãe de gêmeas de 4 anos e casada. O currículo de Vanessa da Silva Dias, 31, impressiona. Para dar conta do recado, ela explica que utiliza, como ferramenta, o horário flexível, que surgiu com o home office. “Meu chefe é bem consciente e compreensivo em relação à demanda”, agradece.

 


Além disso, Vanessa conta com uma rede de apoio. “Minha família mora perto, quando preciso, eles me ajudam. No caso da faculdade, estou em ensino remoto. Então minha rotina precisa ser bem organizada. Além disso, precisei virar professora das meninas, porque estão sem ir para a escola. O jeito é dormir pouco e aproveitar o horário que elas dormem para estudar e trabalhar”, diz. De acordo com a funcionária pública, dentre as diversas tarefas, o maior desafio é ser professora das crianças. “Depois que a gente tem filho, percebe o quanto essa profissão precisa ser bem valorizada”, destaca.


Moradora do Jardim Botânico, a brasiliense conta que cursou direito há alguns anos, mas o coração sempre bateu forte pela área da saúde, sonho esse que tinha ficado adormecido com a chegada das filhas. “Sei dos desafios de conciliar a maternidade, trabalho e estudos”, pontua. Durante a pandemia, as portas se abriram para cursar enfermagem. “Amo a profissão, mas ainda tenho o sonho de cursar medicina com especialização em obstetrícia.”


Apesar das inúmeras tarefas, Vanessa explica que pretende ser exemplo para as filhas. “Transmitir valores e contribuir para formação de cidadãos de caráter, com uma educação sempre baseada no amor”, pontua. “A maternidade vem acompanhada de inúmeros desafios, sem dúvida é a maior mudança na vida de uma mulher, mas vem acompanhada do maior amor que alguém pode experimentar”, completa.

Viviane Dias e o filho: luta para manter a casa (Arquivo Pessoal)  
Viviane Dias e o filho: luta para manter a casa

Ficando mais juntos
Mãe de um jovem de 20 anos, Viviane Dias, 42, trabalha como motorista de aplicativo há três anos. Ficar trancada dentro de um veículo transportando outras pessoas pela cidade em plena pandemia faz da motorista alvo fácil do novo coronavírus. Na luta pela sobrevivência, a moradora de Ceilândia se arrisca nas ruas da cidade. “É uma preocupação, porque não é só o risco de ser contaminada, mas também de transmitir para o meu filho”, diz.  “Eu tive pessoas próximas que faleceram de covid-19. É muito ruim a sensação de não ter controle”, afirma.

 


Ela conta que a disponibilidade de horário e o tempo maior em casa ajudaram a estreitar os laços com o filho. “Ele está na faculdade, e acompanha as aulas on-line. Então temos mais tempo juntos e estamos aproveitando. Já éramos muito próximos, então tínhamos o hábito de fazer muitas coisas juntos. Mas agora isso virou costume.”

Cheila Félix:  
Cheila Félix: "Tenho que cuidar da minha mãe e dos meus filhos"

Na direção, com muito orgulho
Todos os dias, elas deixam suas casas e filhos para garantir o direito constitucional de ir e vir de centenas de pessoas. As trabalhadoras do transporte público urbano vestem o uniforme e vão para as ruas carregar vidas e desempenhar um papel fundamental na dinâmica da cidade. Orgulhosa do trabalho que realiza, com muita garra, Cheila Félix de Sousa, 41, trabalha há 19 anos no ramo. Ela conta que começou como cobradora e demorou alguns anos para tornar-se motorista, ganho de maior orgulho em sua vida.

 


Mãe de duas meninas, de 20 e 21 anos, e de um menino de 6 anos, ela explica que hoje é a responsável por cuidar da família, e ressalta as dificuldades que tem vivido na pandemia. O medo e a insegurança deram espaço à preocupação com os filhos. Moradora de Valparaíso de Goiás, ela conta que a parte mais difícil foi quando o caçula, de 6 anos, corria para abraçar a mãe, e chorava quando não era retribuído. “Eu chegava em casa, virava uma paranoia. Tirava a roupa antes de entrar, corria para o banheiro, o pequeno da casa não entendia, brigava, chorava. Questionava se eu não gostava mais dele. Ele não aceitava no começo, doía muito, chegava a chorar, mas eu explicava que era preciso aquele afastamento momentâneo”, recorda.


A dor no coração deu espaço à compreensão do caçula, que atualmente pede para a mãe se cuidar. “Hoje em dia ele aprendeu que é perigoso e que tem que se cuidar”, diz. A relação criada com os filhos ao longo da pandemia se transformou, e a casa virou espaço de compreensão e amor. “Ser mãe é cuidar. Eu tenho que cuidar da minha mãe e dos meus filhos. Tenho que ser supermãe. É sofrer, porque isso acontece, achando que pode levar o vírus para dentro de casa. Ser mãe é uma luta diária”, acredita.

Luciana Cardoso: o amor pela filha é o que dá forças (Arquivo Pessoal)  
Luciana Cardoso: o amor pela filha é o que dá forças

Grávida durante a quarentena
Nada de chá de bebê, visitas na maternidade ou entrar e sair de várias lojas para comprar o enxoval. O ano de 2020 foi desafiador para todo mundo, mas para quem ficou grávida no meio de uma pandemia, as preocupações foram bem específicas. É o caso de Luciana Cardoso do Nascimento, 43, enfermeira da unidade de terapia intensiva (UTI) covid-19, do Hospital Regional de Santa Maria. Mãe de uma menina de nove meses, ela conta que, além de encarar de perto as incertezas da pandemia, precisou enfrentar medos, projetos alterados e privações.

 


Mas o sonho de engravidar foi maior do que a pandemia. “Quando descobri que estava grávida, fiquei em regime de teletrabalho. Eu tive hipertensão na gravidez, e daí minha filha nasceu prematura, com sete meses”, recorda. Após quase dois meses com ela em tratamento na UTI neonatal de Santa Maria, Luciana, moradora do Gama, conta que pegou licença-maternidade e férias.


Ao voltar para o trabalho, na linha de frente, a angústia tomou conta, devido à saúde frágil da filha. “Ela ainda não tinha todas as vacinas. Eu chorava bastante, porque não queria voltar, mas precisava”, diz.


O amor pela filha é o que dá forças a Luciana, para lidar diariamente com as dificuldades. “Ser mãe na pandemia é uma mistura de felicidade e medo. Sair todos os dias para cuidar do amor de alguém e deixar o meu amor é algo que muitas vezes me parte o coração, é uma mistura de sentimentos”, completa.

Fabiana da SIlva: amor pelo que faz é um bom exemplo (Arquivo Pessoal)  
Fabiana da SIlva: amor pelo que faz é um bom exemplo

Fabiana da Silva e a filha: força e determinação
Amar o que faz pode resultar em um bom exemplo para os filhos. Esse é o pensamento da frentista Fabiana da Silva, 35. Moradora de Taguatinga, ela conta que foi uma das vítimas do desemprego na cidade em 2020. Foi nesse momento que precisou lidar com os medos pessoais e ser forte para a filha de 16 anos. Após alguns meses sem trabalhar, ela conta que conseguiu uma vaga como frentista. “Foi um ano de muita dificuldade, lidando com gente que não sabemos se está contaminado. Durante a pandemia, o medo de levar o vírus para nossa casa, amigos, é muito grande”, afirma.

 


Mas Fabiana é forte. Por isso, conseguiu ser exemplo para a filha e ensinou grandes valores. “O que eu posso passar para ela é a educação, ser uma pessoa de carácter, digna, sabendo respeitar as pessoas”, garante.

Simone Bispo: em busca do sustento (Ana Silva/CB/D.A Press)  
Simone Bispo: em busca do sustento

Exemplo
A rotina para quem é varredora no DF também é difícil. Para Simone Bispo de Oliveira dos Santos, 38, sua função ganhou um novo sentido, uma vez que a limpeza da cidade é ainda mais fundamental em tempos de pandemia. Simone é responsável pelo cuidado com os filhos em casa. “Essa pandemia está difícil, mas o que posso fazer é trabalhar para manter a casa. Se eu não tivesse emprego, não tinha como sustentá-los”, conta.

 


Moradora do Sol Nascente e mãe de dois meninos, de 14 e 8 anos, e uma menina de 18 anos, ela conta que é difícil, mas gratificante. “Sair todo dia é um risco para a saúde dos nossos filhos, mas mantenho os cuidados para não levar a pandemia para casa. A gente fica com o coração na mão, mas tem que ir trabalhar pra dar o sustento”, pontua. É por meio do exemplo que Simone procura ser espelho para as crianças. “Eles me ensinam também. Ficamos mais unidos, nos entendemos mais, conversamos, brincamos mais. Ser mãe é uma graça, eles são minhas joias preciosas”, diz.

Vivian Regina:  
Vivian Regina: "É difícil principalmente para quem é mãe"

Na linha de frente

Seja por vocação, seja por necessidade, ficar em casa não é uma opção para as profissionais da saúde. Além de enfrentar a crise sanitária, precisam, ainda, lidar com as angústias de pacientes, a carga de trabalho doméstica e a saudade dos filhos. O fato é que o combate à covid-19 mudou a vida de muitas mães. É o caso de Regina Soares Vasconcelos, 40, clínica geral do Hospital de Base Vivian. Moradora da Asa Norte e mãe de dois meninos, com 9 e 12 anos, ela compartilha as dificuldades que tem enfrentado.

 


“A carga de trabalho está muito grande, exaustiva, porque temos muita demanda, é difícil, principalmente para quem é mãe”, argumenta. A médica conta que, no ano passado, a família foi contaminada pelo vírus. “No começo, a gente acha que é super-herói, e que vai dar conta de tudo. Que não vai trazer essa doença pra dentro de casa. Mas fiquei doente e levei a doença para dentro de casa. Foi um baque emocional muito grande, porque você quer cuidar dos seus filhos”, lembra.


Enquanto alguns gostariam de sair de casa e ir para as ruas, a médica ressalta que o maior aprendizado que teve com a pandemia foi o de valorizar os momentos em casa, com a família. “Eles me mostraram o quanto é gostoso ficar só com eles. Antes da pandemia, a gente chegava em casa e já saía para fazer algo. Agora, eles me ensinaram a importância de ficar junto. Eles me ligavam sempre dizendo que estavam com saudade. Mãe e filho se completam”, destaca.

 


Correio Braziliense sábado, 08 de maio de 2021

DIA DAS MÃES COLORIDO

Jornal Impresso

Dia das Mães colorido
 
Com a proximidade da data, a procura por flores aumentou nas floriculturas de Brasília. Os pedidos são variados. Vão das tradicionais rosas vermelhas a orquídeas, girassóis, lírios e flores do campo

 

CAROLINE CINTRA, JÉSSICA MOURA

Publicação: 08/05/2021 04:00

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Basta maio chegar que a demanda nas floriculturas aumenta, com os filhos buscando a flor ideal para presentear as mães. Os pedidos são variados, vão desde as tradicionais rosas vermelhas até as orquídeas, girassóis, lírios, flores do campo, dentre outras. Embora existam muitas espécies, a intenção de quem vai presentear é a mesma: expressar o amor. Este é o segundo Dia das Mães em meio à pandemia, e, o presente pode ganhar um significado ainda maior: aproximar mães e filhos separados pelo isolamento social.
 
Uma pesquisa da Federação do Comércio, Bens e Serviços (Fecomércio) sobre a expectativa dos consumidores nessa época do ano mostra que os filhos pretendem gastar, em média,  R$ 114,96 com o presente. Flores e cestas aparecem em quarto lugar entre os regalos mais procurados: 8,06% dos entrevistados pretendem comprá-las.
 
Na floricultura Flor Fina (411 Norte), os pedidos costumam aumentar em até 30% em maio, comparado a outras épocas do ano. Em meio à pandemia, a gerente Janilma Costa explica que os pedidos, agora, têm outro perfil: em vez de apenas arranjos de flores, os clientes têm adquirido cestas de café da manhã e pedem que o presente seja entregue em casa, no domingo. 
 
“Às vezes diminuem o valor nas flores para colocar também a cesta. Além de flores do campo e rosas coloridas, temos colocado chocolates e vinho”, afirma Janilma. “Flores alegram o dia de qualquer um”. Ela diz que, nesse período de frio, as rosas chegam a durar até 10 dias, já as orquídeas duram mais de um mês. 
 
A florista Andiara Antunes faz os buquês de acordo com a personalidade de cada mãe (Fotos: Arquivo Pessoal
)  
A florista Andiara Antunes faz os buquês de acordo com a personalidade de cada mãe
Escolha
 
Na Lis Boutique Floral (@lisboutiquefloral), a florista Andiara Antunes faz os buquês de acordo com a personalidade de cada mãe. Ela sempre foge das tradicionais rosas vermelhas e apresenta um resultado surpreendente para os clientes. “As flores devem ser dadas de acordo com a pessoa que vai receber. Se a mãe é mais alegre, por exemplo, um buquê de flores do campo colorido é o ideal. Para as românticas, flores em tons de rosa. Já as orquídeas combinam com todas elas”, explica.
 
Para a especialista, a procura crescente por flores, desde o início da pandemia, reforça a ideia de que elas aproximam as pessoas. “Não tem quem não goste de ganhar flores, principalmente as mães. Com o distanciamento, é uma forma de o filho estar mais próximo. Ela sente carinho, amor, afeto. É sempre um presente bacana de dar, porque aproxima e surpreende”, complementa.
 
Quem pretende presentear com flores no Dia das Mães precisa estar atento a vários aspectos. Além da personalidade de quem vai ganhá-las, é importante levar em consideração onde a mãe mora. Se for em casa com área onde bate sol diariamente, os filhos podem escolher o lírio da paz, antúrio e bromélia, espécies que gostam de umidade, sombra e raios solares. Para aquelas que vivem em apartamento, com pouco espaço, as orquídeas e as suculentas são as ideais. Andiara recomenda, também, os terrários, que é um recipiente onde se reproduzem as condições necessárias para uma planta sobreviver. “Nem todo mundo consegue cuidar bem da planta. Com um terrário, a pessoa pode ter um minijardim e pode regar a cada três meses, por exemplo”, diz (veja Cuidados com as plantas).
 
Flores por gerações
 
A secretária Andrea Fonseca, 41 anos, trabalha em um viveiro em Taguatinga. Além do trabalho administrativo, ela gosta de tratar das plantas nos canteiros. “Eu gosto muito de flores. Vou presentear minha mãe e espero também ser presenteada”, revela, já dando a dica para a filha de 10 anos.
 
Andreia conta que passou a se interessar pelas plantas aos 16 anos e, desde então, sempre leva flores para a mãe. “Dou na intenção de alegrar, para a pessoa se sentir mais feliz e amada. É muito bom receber uma rosa, um vasinho. Você se encanta pela beleza, o cheiro, o cuidado de todo dia”, explica.
 
Para o Dia das Mães, ela já escolheu qual será o presente. “O girassol, que já dá aquela visão de aquecimento, de ficar pertinho, de cuidado; e a orquídea, que tem a beleza e dura bastante”. Andreia considera que as flores simbolizam as relações dela com a mãe e com a filha. As três moram na mesma casa. “A gente é bem unida, bem grudada, é muito amor”. 
 
Elizabeth Fujimoto:  
Elizabeth Fujimoto: "As pessoas costumam falar que eu faço a flor reviver"
Paixão
 
Flores são os presentes que a empresária Elizabeth Satiko Yamada Fujimoto, 65 anos, mais ama receber. Além de ter um jardim na área externa da casa onde mora, no Lago Norte, dentro da residência há um espaço reservado para elas. Na loja de roupas femininas da qual é dona, sempre há um buquê para harmonizar e alegrar o ambiente. A paixão pelas flores veio quando começou a recebê-las com frequência na Paróquia Nossa Senhora do Lago. “Agora recebo sempre e cuido. As pessoas costumam falar que eu faço a flor reviver. Converso com elas. Acho que é preciso ter esse olhar com as plantas. Ter carinhos por elas”, disse.
 
Mãe de três filhas, Beth costuma ganhar flores nas datas comemorativas e fora delas também. O aniversário de 65 anos teve o tema floral. “Eu tinha uma vizinha que falava que o jardim da minha casa é o meu sorriso, o meu jeito de ser. Esse cuidado é algo que vem de dentro. Já cuidei de uma planta que estava morrendo, seca, que o jardineiro queria arrancar. Eu cuidei, conversei com ela e duas semanas depois ela estava linda e reviveu. Deus colocou algo em mim para cuidar delas, e eu amo”, declara a empresária. 
 
Cuidados com as plantas
 
Gostam de sol
  • Cactos
  • Suculentas
  • Ave do paraíso (também conhecida como Estrelitza)
  • Begônia
  • Gerânio
  • Lavanda 
  • Petúnia
 
Gostam de sombra
  • Antúrio
  • Costela de Adão 
  • Árvore da felicidade 
  • Zamioculca
  • Espada de São jorge
  • Peperômia
  • Bambu areca
  • Lírio da paz
  • Orquídeas
  • Violetas
 
Meia sombra
  • Samambaia 
  • Croton
  • Jiboia 
Florescem o ano todo
  • Begônia 
  • Lavanda
  • Gerânio
 
Serviço
 
Lis Boutique Floral
@lisboutiquefloral
Contato: 9 8134-0145 (Andiara)
 
Floricultura Flor Fina
Contato: 3447-9061
https://florfina.com.br/

Correio Braziliense sexta, 07 de maio de 2021

CADA VACINA TEM AS SUAS CARACTERÍSTICAS - IMUNIZANTE BOM É O DISPONÍVEL

Jornal Impresso

Cada vacina tem as suas características
 
Ao CB.Saúde, médica do Hran ressalta que as pessoas devem tomar os imunizantes disponíveis no momento, a fim de diminuir a hospitalização de quem se infecta com o novo coronavírus e evitar que o paciente desenvolva a forma mais grave da covid-19

 

» Pedro Marra

Publicação: 07/05/2021 04:00

 (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  

Para falar de temas como a baixa procura por vacinas contra a covid-19 e imunização de pessoas com comorbidades, o CB.Saúde — parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília — de ontem, recebeu a médica Joana D’arc Gonçalves, infectologista do Hospital Regional da Asa Norte (Hran). Em entrevista à jornalista Carmen Souza, ela destacou que comorbidades e gravidez não aumentam o risco de efeitos colaterais da vacina. “Não existe medicamento 100% seguro. Temos de vacinar com o que temos”, afirmou a especialista.
 
Dos 513 mil moradores do DF com doenças crônicas, 87 mil fizeram o cadastro para se vacinar. Em três dias, 16% dos idosos com 60 e 61 anos do DF tomaram a primeira dose. O que isso representa?
Quando você começa um processo de imunização em massa, sempre surgem alguns eventos adversos, o que é esperado. Quando você tem esse momento inicial e surge esse evento adverso, as pessoas acabam ficando assustadas. A gente tem um menu de diferentes tipos de imunizantes, alguns com eficácias diferentes, e as pessoas começam a querer escolher qual vacina tomar e acabam esquecendo que estamos em um momento crítico. As vacinas que se tem atualmente são suficientes para a gente sair desse momento crítico do país e tirar os pacientes graves dos hospitais. Cada vacina tem as suas características e pode levar a um evento adverso, mas as pessoas não podem escolher.
 
Qual a orientação que você pode deixar para as pessoas com comorbidades que ainda têm dúvidas sobre a vacinação?
A gente tem que lembrar que o Programa Nacional de Imunização (PNI) diz o que é pautado para diminuir morbidade e mortalidade em pessoas de doenças imunopreveníveis. É um grupo mais vulnerável, porque quem tem uma doença tem um risco maior de complicar (o quadro de saúde). A gente viu que, no início (da pandemia), eram os idosos os mais afetados. Depois, vimos as comorbidades associadas, como obesidade, diabetes e cardiopatias. Para cada tipo de patologia, tem uma reação. Um imunossuprimido, por exemplo, para desenvolver anticorpos protetores com relação à vacina, têm que ter imunidade. Se a sua imunidade está muito baixa, talvez você precise de mais doses para chegar em uma eficácia da vacina. Essas comorbidades devem ser avaliadas para saber qual grupo vai receber determinadas vacinas.
 
Há relatos de pessoas indo aos postos e rejeitando algumas vacinas por opção. Essa é uma boa estratégia?
De jeito nenhum. A vacina AstraZeneca é bastante segura, e os problemas que a gente teve com ela foram pontuais, com relação à trombose, foram em populações diferentes, em mulheres em uma faixa etária determinada, muito pontual. E tivemos vários problemas com outras vacinas, que são bem mais caras e não foram demonizadas. Quando você toma uma vacina da Pfizer ou da Moderna, você tem reações muito mais acentuadas do que em relação à AstraZeneca, por exemplo. Temos que vacinar com o que temos. Os eventos que evidenciamos no Brasil, que a Anvisa lançou recentemente, estão mais associados a ter uma sonolência e uma dor local e, em alguns casos, um quadro de diarreia. Eventos graves não temos registro. Devemos confiar nesses produtos para nós vacinarmos e sairmos dessa situação.
 
Quais os riscos de não se vacinar?
É uma oportunidade única. Tem muita gente querendo se vacinar, e algumas pessoas não comparecendo, é ruim para quem não se imuniza. Temos uma perspectiva de uma terceira onda, estamos neste período de inverno, temos outras doenças virais que podem se sobrepor à covid-19. Então, a pessoa que não se imunizar perde uma chance única de minimizar os danos e de não ter o risco de sofrer com a doença. Quem fica doente ou perde um familiar não deixa de se vacinar. A maioria da população não passou por essa situação. Não espere por esse momento.

 


Correio Braziliense quinta, 06 de maio de 2021

MORTE E ABANDONO DE CRIANÇAS COMOVEM O DF

Jornal Impresso

Morte e abandono de crianças comovem o DF
 
Bebê que morreu em Samambaia sofreu várias lesões provocadas por ação humana, aponta laudo. Versão inicial de acidente foi descartada, e a mãe e o padrasto estão presos. Ontem, uma recém-nascida foi encontrada em um papa-lixo no Sol Nascente

 

» DARCIANNE DIOGO

Publicação: 06/05/2021 04:00

Três dias depois de completar o primeiro ano de vida, Yasmim Sophia Moura Boudoux entrou para a triste estatística de crianças que morreram vítimas de maus-tratos no Distrito Federal. A bebê faleceu por traumatismo craniano na tarde de 13 de fevereiro. Inicialmente, a queda do berço teria provocado o óbito, mas o laudo cadavérico do Instituto de Medicina Legal (IML) descartou a hipótese e confirmou que a menina faleceu em decorrência de ação humana. O padrasto e a mãe foram presos, na terça-feira, temporariamente, mas negaram as acusações em depoimento.
 
O Correio teve acesso às informações do laudo cadavérico, onde constatou-se que os maus-tratos contra a bebê eram contínuos e ocorreram em períodos distintos. Yasmim apresentava cinco marcas de hematomas no pescoço, supostamente causadas por dedos, e na parte frontal da coxa; lesão no olho direito; fraturas nas costas, no crânio e no ombro; e feridas na região das nádegas, com resquícios de fezes. “Os médicos legistas concluíram que os hematomas apresentavam uma escala de cor diferentes, o que determinou que havia lesões antigas. Só não sabemos precisar o tempo exato”, afirmou o delegado-chefe da 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia Norte), Rodrigo Larizzati. 
 
No dia do ocorrido, a equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionada até o endereço da família, na QR 427 de Samambaia, e encontrou a criança sem vida. O laudo do Instituto de Criminalística (IC), que reuniu provas acerca do local, derrubou a tese de que a bebê morreu ao cair do berço. Peritos concluíram que a distância entre o móvel e o chão não causaria os graves ferimentos à Yasmim, muito menos a morte. 
 
Em depoimento, o padrasto afirmou que Yasmim teria morrido após o outro filho da mulher, de 2 anos, ter derrubado a criança acidentalmente ao tirá-la do berço. A versão não convenceu os policiais. Os dois negaram as acusações e alegaram que nunca bateram ou agrediram a bebê. Em audiência de custódia, a mulher declarou que estava grávida de 1 mês do marido. A jovem é mãe de outro menino, de 5 anos, fruto de um relacionamento anterior. O casal permanecerá preso por 30 dias e prestará novo depoimento à polícia. “As investigações continuam para saber se foi homicídio ou maus-tratos que resultaram em morte. Uma coisa podemos confirmar: não foi acidente. Mataram a Yasmim”, declarou o delegado. As duas crianças estão sob a guarda da avó materna.
 
Em dezembro do ano passado, Yasmim fraturou a costela e precisou ser encaminhada ao hospital da região. Chegando à unidade de saúde, ela passou por exames de raio-x e a mãe foi informada pela médica de que a criança precisaria ser internada. Após saber disso, a mulher fugiu do hospital com Yasmim, sob a alegação de que tinha outros dois filhos para cuidar e não tinha com quem deixá-los.
 
Rotina conturbada
Com um ano de relacionamento, o casal mudou-se há pouco mais de quatro meses para um barraco dentro de uma casa, na QR 427 de Samambaia, dividido com uma vizinha dos fundos. Em entrevista ao Correio, a moradora, que preferiu não revelar a identidade, relatou que ouvia discussões e o choro da criança constantemente. “Ele batia muito neles. Era impossível não ouvir, porque incomodava bastante. Achávamos que era fome ou algo parecido”, contou. 
 
A mãe era dona de casa, enquanto que o homem trabalhava como vigilante em um supermercado da região. Uma vizinha relata que as crianças eram colocadas para dormir o dia inteiro. “Assim que elas acordavam, ele já falava: ‘vai dormir, menina’. Parecia que ela (mãe) não se preocupava e deixava o marido fazer o que quiser, mandar nas crianças, e não interferia em nada”, relembra.
 
Com 1 ano, Yasmim ainda estava aprendendo a engatinhar e não falava sequer uma palavra. Com o peso abaixo da média, a vizinha conta que as crianças estavam desnutridas e passavam necessidades. “Cansei de ajudá-los com cestas básicas”, completou.
 
Na tarde de 13 de fevereiro, a moradora contou que estava em casa quando ouviu um barulho alto vindo da casa da família, mas não escutou choro ou qualquer pedido de socorro. “Descemos para ver o que era e só encontramos a neném toda molinha, sendo levada para o Samu. Ele (padrasto) não demonstrava qualquer reação, nem desespero e nem choro. A mãe não estava em casa no dia”, lembra.
 
 
 
Bebês abandonados 
 
Setembro de 2020
 
Bebê é encontrada ao lado de uma caixa d’água que pertencia a um orfanato em Sobradinho. O choro da menina de apenas cinco dias de vida foi ouvido por funcionários da instituição e que acionaram o Conselho Tutelar. 
 
Outubro 2020
 
Um menino foi achado em uma caixa de isopor na BR 040, entre os municípios de Luziânia e Cristalina. A criança tinha poucas horas de vida e ainda estava ligada à placenta. Ele foi resgatado após uma denúncia. Depois da alta, foi levado para um abrigo. 
 
Outubro 2019
 
Recém-nascida foi encontrada dentro de uma sacola plástica e foi deixada em uma calçada, na QNB 13, em Taguatinga, e foi encontrada por uma mulher que trabalhava nas proximidades. Como o resgate do Corpo de Bombeiros demorou, populares a levaram ao hospital. 
 
 
 
Em queda
 
Dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) indicam redução em 28,4% nos crimes de maus-tratos às crianças e adolescentes, comparando o primeiro trimestre deste ano ao de 2020. Foram 73 ocorrências entre janeiro e março de 2021, contra 102 no mesmo período do ano passado.

Correio Braziliense quarta, 05 de maio de 2021

PAULO GUSTAVO: O ARTISTA QUE FEZ O PAÍS GARGALHAR

Jornal Impresso

O artista que fez o país gargalhar
 
 
Internado desde 13 de março, comediante chegou a apresentar melhora no domingo. Seu coração parou às 21h12

 

Maria Eduarda Cardim
Sarah Teófilo
Fabio Grecchi

Publicação: 05/05/2021 04:00

 

Paulo Gustavo em três
tempos: dividindo os palcos 
com a mãe, Déa Lúcia; abaixo, à esquerda, na pele de Dona Hermínia, o personagem que o projetou; e com a atriz Monica Martelli, com quem dividiu as telas em  Os homens são de Marte... e é pra lá que eu vou; e com o marido e os filhos (Deca Produções/Divulgação)  
Paulo Gustavo em três tempos: dividindo os palcos com a mãe, Déa Lúcia; abaixo, à esquerda, na pele de Dona Hermínia, o personagem que o projetou; e com a atriz Monica Martelli, com quem dividiu as telas em Os homens são de Marte... e é pra lá que eu vou; e com o marido e os filhos

 

O ator e humorista Paulo Gustavo morreu, ontem, aos 42 anos, depois de lutar contra a covid-19 por quase dois meses. Ele estava internado desde 13 de março em um hospital da Zona Sul do Rio de Janeiro e chegou a apresentar melhora no último domingo, mas, naquele mesmo dia, sua saúde começou a deteriorar. No começo da noite de ontem, porém, uma nota da assessoria de imprensa do comediante afirmou que o quadro dele era irreversível em decorrência de uma fístula brônquio-venosa, mas que continuava com sinais vitais. Porém, às 21h12, o coração de Paulo Gustavo parou de bater.


Niteroiense, ele foi um dos expoentes de uma geração de humoristas que deram ao cinema, ao teatro e à tevê nomes como Tatá Werneck, Marcelo Adnet, Gregório Duvivier, Fabio Porchat, Cacau Protásio, Fernando Caruso e Dani Calabresa. Paulo Gustavo começou a chamar a atenção no final de 2004 no elenco da peça Surto, quando apresentou a personagem Dona Hermínia — que, anos depois, levaria às telas em três filmes que foram campeões de bilheteria. Depois de deixar a companhia de teatro, fez pequenas participações e voltou a chamar a atenção na série A Diarista, da Rede Globo.
Em 2006, Paulo Gustavo voltou ao seu ambiente predileto, o teatro. Estreou o espetáculo Minha Mãe É Uma Peça, um monólogo novamente calcado na Dona Hermínia, que, conforme admitiu anos depois, tinha sido construído com base na mãe dele. Seu desempenho nos palcos rendeu-lhe uma indicação ao Prêmio Shell de melhor ator.


Em 2011, tornou-se apresentador do humorístico 220 Volts, quando fez dupla com o também comediante Marcos Majela, no canal por assinatura Multishow, que durou cinco temporadas. Com a repercussão, Paulo Gustavo consolidou-se como um ator de excelente improviso e capaz de arrancar  gargalhadas com suas críticas ferozes. Em junho de 2013, foi um dos protagonistas do sitcom Vai que Cola, também no Multishow, que ganhou uma adaptação para o cinema, em 2015. A participação terminou em 2017, quando entrou no programa A Vila, junto com Katiuscia Canoro, com o roteiro de Leandro Soares.


Paulo Gustavo casou-se em 20 de dezembro de 2015 com o dermatologista Thales Bretas. Dois anos depois, anunciou que ele e o marido seriam pais de um casal de gêmeos, Gael e Flora, gerados em uma barriga de aluguel, mas os bebês morreram em um aborto espontâneo. Apesar da tristeza da perda, em 2019 ele anunciou o nascimento dos filhos do casal, chamados Romeu e Gael, de barrigas de aluguel diferentes.


Em 13 de março, o ator foi internado com diagnóstico de covid-19. Em 2 de abril, seu quadro clínico piorou e foi introduzido à terapia de oxigenação por membrana extracorporal, uma espécie de “pulmão artificial”, aparelho que efetua a absorção do oxigênio quando o órgão apresenta comprometimento severo.


Em 3 de maio, mesmo após melhoras nos dias anteriores, Paulo Gustavo sofreu uma embolia pulmonar, o que causou uma piora significativa em seu estado de saúde. Mas, ontem, um boletim médico anunciava que o quadro dele era irreversível. Poucas horas depois, não resistiu.
Pelas redes sociais, artistas, intelectuais, governadores e políticos de oposição e ligados ao governo Bolsonaro — sobretudo alguns que todos o tempo negaram a gravidade da pandemia, como o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) — publicaram manifestações de solidariedade à família e aos amigos de Paulo Gustavo.

 

 (Reprodução/Instagram)  
 

 

 

Uma lição: “rir é um ato de resistência”

Desde que o estado de saúde de Paulo Gustavo se agravou, a mensagem do especial de fim de ano do programa 220 volts, exibido no canal por assinatura Multishow, vem sendo lembrada pelos fãs. Ontem, em meio à consternação pela morte do artista, a despedida do ator voltou a circular. “Eu faço palhaçada, você ri, eu fico com o coração preenchido aqui. Eu me sinto realizado de estar conseguindo te fazer feliz. Rir é um ato de resistência. A gente agora está precisando dessa máscara chata para proteger o rosto desse vírus e, infelizmente, essa máscara esconde algo muito precioso para nós brasileiros: o sorriso. Ele está tapado, tem que ficar tapado, mas ele existe, e ele não vai deixar de existir”, disse Paulo Gustavo.

 

Fabio Porchat, comediante e apresentador
“Hoje a vida perdeu um pouco da graça. O Brasil perde um pedaço precioso seu. Que triste é ter que viver num mundo sem Paulo Gustavo. Um pedaço de mim se vai. Te amo, Paulito”.

Caetano Veloso, cantor e compositor
“Paulo Gustavo é a expressão da alegria brasileira. Paulo, esse poço de talento e gerador de prazer doado ao Brasil por Niterói, encarnou, em seu trabalho e em sua vida pessoal, essa alegria antes apenas mítica”.

Preta Gil, cantora
“Descanse em paz meu irmão, você iluminou nossas vidas aqui na terra e, agora, vai iluminar aí de cima! Te amo eternamente! Gênio!”.

Padre Fábio de Melo
“Paulo, meu querido, foi a primeira vez que você nos fez chorar”.

Dani Calabresa, humorista e apresentadora
“Meu Deus... não sei o que escrever.. Paulo Gustavo, uma pessoa que fez o país gargalhar.. Não dá pra acreditar.. que tristeza...”
 
Caetano Veloso, cantor e compositor
“Paulo Gustavo é a expressão da alegria brasileira. Paulo, esse poço de talento e gerador de prazer doado ao Brasil por Niterói, encarnou, em seu trabalho e em sua vida pessoal, essa alegria antes apenas mítica”.

Paulo Coelho, escritor
“Assassinos de Paulo Gustavo: quem dizia ‘é só uma gripezinha’, ‘não passa de 200 mortes’, ‘cloroquina resolve’, ‘gente morre todo dia’, ‘lockdown destrói o país’, ‘máscara nos faz respirar ar viciado’, ‘eu obedeço o comandante’. E por aí vai”.

Taís Araújo, atriz
“Que você descanse e que Deus conforte sua mãe, sua irmã, seu marido, seus filhos, seus amigos, seus fãs. Somos todos sortudos por termos tido você. Ainda temos você, porque o que você construiu é eterno”.

Leandra Leal, atriz
“Paulo Gustavo revolucionou através do amor e do riso. Muito triste perder alguém tão bom, talentoso, alegre e jovem. Um ser exemplar, uma referência para tantos, uma inspiração”.

Flávio Bolsonaro, senador (Republicanos-RJ)
“Meus sentimentos aos familiares e amigos do ator Paulo Gustavo. Que Deus conforte a todos”.

Arthur Lira, presidente
da Câmara (PP-AL)
“Em nome da Câmara, manifesto a minha solidariedade e a de todos deputados aos familiares e amigos do ator Paulo Gustavo. Sua obra e seu talento conquistaram a alegria e a admiração de todos e sua partida, tão cedo, deixa enorme tristeza, vazio e dor no coração dos brasileiros”.

Marcelo Freixo, deputado
federal (PSol-RJ)
 “Perdemos um jovem brilhante, talentoso, alegre. Um artista que sempre fez tão bem ao Brasil, com uma carreira enorme pela frente. Vá em paz, Paulo Gustavo. Você fará muita falta. Minha solidariedade à família e aos amigos”.

Eduardo Leite, governador
do Rio Grande do Sul
 “Mais uma perda para a tragédia coletiva da Covid-19. Meus sentimentos à família. Como ele disse no mesmo vídeo: “‘A gente não vai deixar de sorrir, a gente não vai deixar de ter esperança’”.

Luiz Inácio Lula da Silva,
ex-presidente
“Recebi com muita tristeza a notícia da morte de Paulo Gustavo. A covid levou hoje mais um de nós. Um grande brasileiro, que brindou nosso país com tanta alegria”.

Felipe Santa Cruz, presidente da OAB
“O Brasil inteiro de luto! Perdemos um dos melhores artistas da geração. Eu e minha família somos muito fãs do Paulo Gustavo. Ir ao cinema para assisti-lo é parte marcante da infância dos meus filhos. Não consigo conceber que este grande talento foi interrompido tão precocemente!”


Correio Braziliense terça, 04 de maio de 2021

CORONAVÍRUS - DF VACINA PESSOAS COM COMORBIDADES

Jornal Impresso

DF vacina pessoas com comorbidades
 
Com cerca de 70 mil doses da AstraZeneca/Oxford e 5,8 mil da Pfizer/BioNTech disponíveis, imunização do novo grupo começa às 8h. Para ser atendido, é necessário agendar. Quem nunca fez tratamento pela rede pública de saúde deverá apresentar laudo médico

 

» SAMARA SCHWINGEL
» DARCIANNE DIOGO

Publicação: 04/05/2021 04:00

O casal de aposentados Cícero e Maria do Rosário elogiou a organização no posto de atendimento noturno (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
O casal de aposentados Cícero e Maria do Rosário elogiou a organização no posto de atendimento noturno


A partir das 8h de hoje tem início a campanha de vacinação contra a covid-19 para pessoas com comorbidades no Distrito Federal. Nesta primeira etapa, indivíduos com síndrome de Down, com deficiência cadastradas para receber o Benefício de Prestação Continuada (BPC), pacientes que fazem hemodiálise, gestantes com comorbidades e imunossuprimidos poderão receber a primeira dose dos imunizantes. Cerca de 2.324 pessoas haviam agendado o atendimento até as 16h de ontem, segundo a Secretaria de Saúde (SES-DF), mas o total de vagas para esse público era de 10 mil. Hoje, haverá reabertura do agendamento para profissionais de saúde da rede privada e, amanhã, para pessoas com comorbidades de 55 a 59 anos.

A vacinação ocorre em 55 pontos da capital federal (confira a lista no site do Correio), sendo às 8h nos pontos presenciais e, às 9h, nos drive-thrus. O atendimento segue até as 17h, e é necessário agendar pelo portal vacina. saude.df.gov.br. Para o grupo de pessoas com comorbidades serão usadas, inicialmente, 75,8 mil doses de vacinas — 70 mil da Oxford/AstraZeneca, das quais, 10 mil serão para o primeiro grupo, e as demais, para o próximo grupo. Além dessas, os 5,8 mil imunizantes da Pfizer/BioNTech que chegaram ao DF ontem à noite serão para esse grupo.

Em entrevista no Palácio do Buriti, o secretário da Casa Civil, Gustavo Rocha, fez um pedido à população: “(A imunização) é a saída mais rápida para o momento que estamos vivendo. Então, se você faz parte do público-alvo, procure um ponto de vacinação e vacine-se”.

Nas redes sociais, o governador Ibaneis Rocha (MDB) reforçou que não deve haver preocupação quanto à qualidade das doses disponíveis na rede. “Todas elas são seguras e eficientes contra a covid-19. Faço um apelo para que todas as pessoas com mais de 60 anos busquem os postos de vacinação tanto para (receber) a primeira quanto a segunda dose, porque só vamos superar essa crise à medida que as pessoas forem vacinadas”, escreveu o chefe do Palácio do Buriti.

Cadastro

O número de pessoas com comorbidades cadastradas no site da Secretaria de Saúde chegou a 87.315, às 14h30 de ontem. A maioria deles registrou diagnóstico de hipertensão arterial (30,34%), diabetes mellitus (22,46%) e imunossupressão (9,08%). O cadastro é necessário para pessoas com comorbidades que queiram se vacinar contra a covid-19 no DF.
Presente à coletiva, o secretário de Saúde Osnei Okumoto ressaltou que o cadastro é importante para que a pasta se prepare para as próximas fases. “Aguardamos o cadastro para que entendamos (os números) e para que o Ministério da Saúde possa repor as doses, caso tenhamos uma demanda maior que o número de vacinas”, justificou.

O chefe da pasta reforçou que nenhuma pessoa deixará de ser atendida. Se as vagas acabarem ou a data do agendamento passar, a pessoa poderá aguardar a abertura das próximas etapas. Às pessoas que agendaram o atendimento, Osnei Okumoto ressaltou que elas não devem esquecer os documentos (leia Tira-dúvidas). Quem tiver dificuldade de locomoção poderá ser atendido em casa por por equipes de saúde. Basta marcar essa opção no ato da marcação, no site da SES-DF.

Novo horário

Ontem, um posto de vacinação noturno começou a funcionar na Praça dos Cristais, em frente ao Quartel-General do Exército, no Setor Militar Urbano (SMU). O drive-thru atenderá de segunda a sexta-feira, das 18h às 23h, com  militares das Forças Armadas do Comando Conjunto Planalto que atuam na área da saúde. Todos passaram por treinamento e aplicarão primeira e segunda doses.

No dia de abertura, houve períodos de pouco movimento, mas, também, momentos de longas filas. A princípio houve disponibilização de 1 mil doses para o novo posto. O casal de aposentados Maria do Rosário, 61, e Cícero de Aguiar, 63, elogiou a organização: “Foi tudo muito rápido. Chegamos e não levamos cinco minutos para nos vacinar. Sabemos que são profissionais comprometidos, sérios, que prezam pelo bem e pela saúde da população. Nosso desejo é que todos sejam vacinados”, disse Maria.

Os policiais civis André Maurício, 49, e José Carlos, 49, estavam ansiosos pela vacina e comemoraram a imunização. “Aguardávamos nossa vez com certa ansiedade e, graças a Deus, chegou”, comentou André. José não pegou a covid-19, mas temia contrair a doença e infectar familiares. “A segurança não para, e estamos na linha de frente. Claro que ficamos com medo de passar essa doença para quem amamos. Não sabemos o dia de amanhã”, comentou.

A Secretaria de Saúde não informou quantas doses das 11 milhões recebidas pelo Ministério da Saúde virão para o DF nos próximos dias. No entanto, segundo Osnei Okumoto e Gustavo Rocha, o Executivo local continuará a seguir as recomendações do Plano Nacional de Imunização (PNI) do governo federal. Com a mudança nas orientações, além de aplicar a primeira dose nos grupos-alvo, a SES-DF continuará a reservar imunizantes para a segunda dose.


Tira-dúvidas 
O que levar no dia
da vacinação?
Documento de identificação, cartão de vacinação (se houver), comprovante de agendamento, laudo médico que ateste a existência da comorbidade (caso nunca tenha havido atendimento na rede pública) e termo de autodeclaração, ratificando que a comorbidade é verdadeira e que o paciente se responsabiliza pelas informações. Se houver identificação de irregularidades, a pessoa vacinada poderá responder legalmente.

Se não levar, a pessoa
perde a vaga?
Caso o paciente esqueça os papéis em casa, ele pode voltar, pegar e, então, retornar ao posto de atendimento no mesmo dia para receber o imunizante. Caso não seja possível buscar ou se a pessoa não tiver os documentos, ela perderá a vaga.

Quem são os grupos
atendidos nesta
primeira fase?
Pessoas com síndrome de Down; pessoas com deficiência e cadastro para recebimento do Benefício de Prestação Continuada (BPC); pacientes que fazem terapia renal substitutiva (hemodiálise); gestantes com comorbidades; e imunossuprimidos.

Até quando vai
esse atendimento?
A vacinação do primeiro grupo está prevista para ocorrer entre hoje e quinta-feira. Porém, caso haja necessidade devido à alta demanda, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal pode ampliar o calendário.

Quais são as outras fases?
E quem será atendido nelas?
Entre sexta-feira e sábado, serão vacinadas pessoas com  59 anos e alguma comorbidade. Entre os dias 10 e 11 de maio, pessoas com 58 anos; nos dias 12 e 13, aquelas com 57 anos; e assim por diante, até alcançar pacientes com doenças crônicas e 55 anos. A Secretaria de Saúde detalhará as fases seguintes de acordo com o andamento da campanha e a chegada de novas doses ao DF.

Quantas pessoas têm
comorbidades no DF?
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados em novembro mostram que há cerca de 513 mil pessoas com algum tipo de comorbidade e menos de 60 anos no Distrito Federal.

Só será vacinado quem
estiver cadastrado?
Sim. O cadastro é uma etapa necessária para a imunização de pessoas com comorbidades. Só poderá fazer o agendamento quem se cadastrar antes.

Correio Braziliense segunda, 03 de maio de 2021

CAMPEONATO CARIOCA: FLUMINENSE - VANTAGEM PRESERVADA

Jornal Impresso

Vantagem preservada
 
Com reservas, Fluminense joga bem, empata com a Portuguesa e mantém condição confortável por classificação à decisão do campeonato estadual. Avassalador, Flamengo deve confirmar a outra vaga

 

Publicação: 03/05/2021 04:00

 
Titulares do tricolor das Laranjeiras foram poupados para o duelo contra o colombiano Junior Barranquilla, na quinta-feira, pela Copa Libertadores (Mailson Santana/Fluminense FC
)  
Titulares do tricolor das Laranjeiras foram poupados para o duelo contra o colombiano Junior Barranquilla, na quinta-feira, pela Copa Libertadores
 
O Fluminense jogará por um empate contra a Portuguesa, daqui a uma semana, para avançar à decisão do Campeonato Carioca. O time reserva utilizado pelo técnico Roger Machado jogou bem e buscou a igualdade no estádio Luso-Brasileiro, no Rio de Janeiro, ontem, por 1 x 1, mantendo a vantagem no confronto. A revanche pelos 3 x 0 na fase anterior não veio, mas o resultado foi bom, pois os titulares foram preservados para a Copa Libertadores.
 
De olho em mais uma dura partida na Colômbia, pela Libertadores, desta vez em Barranquilla, contra o Junior, o técnico Roger Machado desistiu da ideia de usar um time misto e optou pelos reservas no Luso-Brasileiro. Apenas o goleiro Marcos Felipe começou a partida. Fred, Nenê, Calegari e Nino nem foram relacionados para a semifinal.
 
O jogo começou em alta velocidade no Luso-Brasileiro. Logo aos cinco minutos, bela trama e Neguete salvou a cabeçada forte de Paulo Henrique Ganso. A resposta veio imediatamente, desta vez com o zagueiro Manoel evitando o primeiro gol do jogo em chute de Chay.
 
Curiosamente, os dois jogadores envolvidos nas primeiras chances de cada lado apareceriam no lance do gol da Portuguesa. Após cruzamento, a bola bateu no braço do meia e o VAR foi acionado. Após quatro minutos de verificação, o pênalti acabou anotado e o atacante cobrou com perfeição, sem chances para Marcos Felipe.
 
Até então invicta contra os grandes do Rio de Janeiro, com vitórias sobre Vasco e Fluminense, além de empates com Flamengo e Botafogo, a atrevida Portuguesa mais uma vez estava aprontando, em um primeiro tempo de grandes oportunidades.
 
Abel Hernández perdeu gols incríveis, assim como Paulo Henrique Ganso. O meia parou em Neguete e ainda teve um gol evitado por Watson, em cima da linha. Marcos Felipe também trabalhou bem na atraente etapa.
 
As equipes mantiveram escalação e postura após o retorno do vestiário. A Portuguesa, em menos de 10 minutos, chegou três vezes. Chay, egoísta, não serviu um companheiro e o time perdeu gol claro. Pelo Fluminense, o cobrado Cazares enfim deu as caras, com chute raspando e cruzamento na cabeça de Paulo Henrique Ganso que bateu na mão de Diego Guerra em novo lance de VAR e pênalti anotado, agora mais rapidamente. Mesmo com dois habilidosos meias, quem assumiu a cobrança foi Abel Hernández. O uruguaio deslocou o goleiro para anotar.
 
Com o passar do tempo, os times viram os escalados cansarem e optaram por inúmeras mudanças, o que fez o ímpeto ofensivo diminuir. A partida ficou mais equilibrada e sem novos gols, apesar de defesas de Marcos Felipe e Neguete nos acréscimos. O Fluminense apostará em novo empate, agora em casa, enquanto que a Portuguesa acredita que pode repetir a vitória da primeira fase no Maracanã para se garantir na decisão.
 
Pedro, arrasador
Reserva de luxo do artilheiro Gabriel Barbosa, o atacante Pedro continua mostrando em campo ter faro de gols. No sábado, no Estádio Raulino de Oliveira, em Volta Redonda, ele escreveu mais uma página na carreira ao marcar os três gols, que deram a vitória do Flamengo sobre o Volta Redonda, por 3 x 0, pelo jogo de ida das semifinais do Campeonato Carioca. “Mérito total para a equipe. Nosso elenco é de alto nível”, apontou o artilheiro de 23 anos, que ao final do jogo pegou a bola para guardar como recordação. Amanhã, Gerson desfalca o Flamengo no duelo contra a LDU, no Equador, pela terceira rodada da fase de grupos da Copa Libertadores. O 
meio-campista tem uma lesão leve, mas não poderá estar à disposição.

Correio Braziliense domingo, 02 de maio de 2021

CORONAVÍRUS - VACINAÇÃO NO DF CHEGA A GRUPO COM COMORBIDADES CADASTRADAS

Jornal Impresso

Mais de 65 mil pessoas com comorbidade cadastradas
 
O cadastro deve ser feito no site da Secretaria de Saúde. Agendamento para a primeira fase de imunização deste grupo começa amanhã. Vacinação dos idosos acima de 60 anos continua. Não há previsão para incluir novos grupos nas etapas de imunização em andamento

Na Torre de TV, um grupo de teatro levou alegria a quem foi tomar a vacina (foto). No Distrito Federal, encerrada a imunização dos brasilienses com idade superior aos 60 anos, o foco da Secretaria de Saúde se volta para pessoas com comorbidades. A partir de amanhã, quem integra esse grupo pode fazer o agendamento para tomar a vacina. Mas, antes, é preciso se cadastrar no site vacina.saude.df.gov.br. No primeiro dia, houve 65.315 registros. O maior percentual, até agora, é o de pessoas com hipertensão arterial (29,5%), seguidas de quem sofre com diabetes mellitus (22,84%). Segundo dados do IBGE, há 513 mil habitantes no DF com comorbidades. A vacinação será dividida em etapas. Na primeira, que começa na terça-feira, serão imunizadas pessoas com síndrome de Down; pacientes em terapia renal substitutiva; gestantes e puérperas com comorbidades e pessoas com deficiência. Todas com idade entre 18 e 59 anos. <br>
<b>Ministério da Saúde inicia distribuição de 6,9 milhões de doses <br>

<País registra mais 2.656 mortes por covid-19 em 24h <b>, Carlos Vieira/CB/D.A Press

» CIBELE MOREIRA

Publicação: 02/05/2021 04:00

Cerca de 6,4 mil pessoas receberam a primeira dose da vacina contra a covid-19, ontem, no Distrito Federal (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  
Cerca de 6,4 mil pessoas receberam a primeira dose da vacina contra a covid-19, ontem, no Distrito Federal
 
No primeiro dia de cadastro do grupo prioritário com comorbidade, estimado em 513 mil (considerados aqueles com menos de 60 anos), a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) recebeu 65.315 registros de autodeclaração por doença crônica. A maior procura foi de pessoas com hipertensão arterial, representando 29,5% dos acessos contabilizados pela pasta. Quase 15 mil pacientes com diabetes mellitus já fizeram o cadastro para garantir o agendamento para receber as doses da vacina contra a covid-19. A previsão é de que na terça-feira inicie a vacinação de pessoas com Síndrome de Down, pacientes em terapia renal substitutiva, gestantes e puérperas com comorbidades, e pessoas com deficiência — todas com idades entre 18 e 59 anos. O cadastro de pessoas com comorbidade deve ser feito no site 
 
https://vacina.saude.df.gov.br. A imunização dos grupos já contemplados para receber as doses seguem normalmente nos pontos distribuídos pelo DF. 
 
De acordo com a SES-SF, o agendamento para receber a vacina na primeira fase da imunização do público com comorbidade começa amanhã pelo site da secretaria (veja Etapas da vacinação). Segundo a pasta, a imunização desse grupo irá ocorrer de acordo com a disponibilidade de novas doses da vacina ao Distrito Federal. Há a expectativa da chegada de uma remessa do imunizante da Pfizer/BioNTech, além de mais doses da AstraZeneca. Ontem, a capital recebeu 9,8 mil doses da CoronaVac, que estão reservadas para a aplicação da segunda dose. 
 
O secretário de Saúde, Osnei Okumoto alerta para a importância do cadastro pela população com comorbidade. De acordo com ele, essa etapa é essencial para dimensionar o quantitativo de imunizantes a serem disponibilizados para o grupo de risco. Quem tiver alguma dificuldade em se cadastrar pelo site da pasta, pode procurar uma unidade básica de saúde (UBS), onde um agente comunitário auxiliará no cadastro. As pessoas que têm o laudo cadastrado no Sistema Único de Saúde (SUS) já terão a validação no sistema da Secretaria de Saúde. Nos casos em que esse documento não estiver no sistema do SUS, será necessário a apresentação do laudo médico quando for receber a primeira dose. 
Com o início da vacinação das pessoas com comorbidades, a pasta esclarece que não há previsão para incluir novos grupos nas etapas de imunização em andamento. De acordo com a secretaria, a ampliação de novas faixas etárias e categorias previstas na lista de prioridade definida pelo Ministério da Saúde depende da chegada de novas doses. Havia uma expectativa de os professores serem contemplados juntos com as pessoas com comorbidades, mas até o momento essa previsão não foi confirmada pela pasta. Os rodoviários também estão pleiteando o direito de receber a vacina nesta próxima etapa, porém o diálogo de representantes da categoria com o governo não avançou em relação a uma data para imunizar este grupo. 
 
 Para a infectologista Ana Helena Germóglio, a inclusão das pessoas com comorbidade para receber a vacina faz parte da estratégia de imunização adotada pelo governo local. “Existem duas frentes que podem ser trabalhadas quando se trata de campanhas de vacinação, a de vacinar os mais jovens que circulam mais e tem mais riscos de propagar a doença e de vacinar as pessoas que morrem mais. Esta segunda foi a estratégia adotada pelos governos. Não dá para ficar mudando os grupos prioritários, pois isso causa uma confusão”, explica a especialista. “Todo mundo tem um bom motivo para ser prioridade na vacinação, mas não temos vacina suficiente para todos”, pontua. De acordo com a infectologista, neste momento é preciso ter uma comunicação clara com campanhas de vacinação para que o público entenda e não se desespere com aglomerações nos pontos de vacinação. 
 
Importância
 
Ontem, o aposentado Joarez Paz Landim, 65 anos, levou a esposa Ione Aparecida Marçal, 60, para receber a primeira dose do imunizante. Ele destacou a importância da vacina para conter a pandemia do novo coronavírus. “A vacina é a única coisa concreta que pode conter a covid-19. Espero que todos os brasileiros possam receber a dose. É triste ver a quantidade de pessoas que morrem por essa doença diariamente”, afirma Joarez, que perdeu vários amigos próximos pelo vírus. “Inclusive meu padrinho de casamento morreu pela covid-19. É uma doença muito triste, não tenho nem como mensurar. Se não fosse o Butantan e o SUS poderíamos estar ainda pior”, relata o aposentado.
 
» Etapas da vacinação
 
» 4 a 6 de maio: pessoas com síndrome de Down, pacientes em terapia renal substitutiva, gestantes e puérperas com 
   comorbidades e pessoas com deficiência
» 7 a 8 de maio:  pessoas com comorbidades com 59 anos 
» 10 e 11 de maio: pessoas com comorbidades com 58 anos 
» 12 e 13 de maio: pessoas com comorbidades com 57 anos
» 14 e 15 de maio: pessoas com comorbidades com 56 anos
» 17 e 18 de maio: pessoas com comorbidades com 55 anos
 
9,8 mil
Doses da CoronaVac para a aplicação da segunda dose chegaram ontem ao DF
 
» Números do primeiro dia de cadastro
 
Hipertensão arterial
19.269
 
Diabetes mellitus 
14.918
 
Imunossuprimidos
6.270
 
Obesidade mórbida
4.724
 
Pneumonias crônicas graves
4.140
 
Gravidez sem comorbidade
2.370
 
Cardiopatia hipertensiva
1.956
 
Arritmia cardíacas 
1.859
 
Doença renal crônica
1.619
 
Puérperas 
972
 
Doença cerebrovascular
963
 
Pessoas com deficiência 
959
 
Cardiopatias congênita noadulto 
714
 
Gravidez com comorbidade
645
 
Síndrome de Down
619
 
Anemia falciforme
542
 
Insuficiência cardíaca 
477
 
Próteses valvares e dispositivos cardíacos 
415
 
Valvopatias
399
 
Miocardiopatias e pericardiopatias
347
 
Cor pulmonale e hipertensão pulmonar
336
 
Síndromes coronarianas
331
 
Doenças da aorta, dos grandes vasos e fístulas arteriovenosas
267
 
Cirrose hepática
204

Correio Braziliense sábado, 01 de maio de 2021

CORONAVÍRUS - FOCO NAS PESSOAS COM COMORBIDADE

Jornal Impresso

Foco nas pessoas com comorbidades
 
Secretaria de Saúde deu início ao cadastro da população com doenças crônicas no Distrito Federal. Com registro desse público, pasta vai mapear quantos farão parte da nova etapa de vacinação contra a covid-19. Atendimento terá data marcada e começará na próxima semana

 

» ANA ISABEL MANSUR
» SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 01/05/2021 04:00

Com a proximidade da vacinação contra covid-19 para pessoas com comorbidades, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) deu início ao cadastramento desse público — estimado em 513 mil habitantes, considerados apenas aqueles com menos de 60 anos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O objetivo do registro é confirmar quantos brasilienses fazem parte do novo público-alvo da campanha (leia mais na página 16). As enfermidades elegíveis constam no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra Covid-19 (PNO), do Ministério da Saúde. No entanto, a capital federal incluiu outras condições na lista, como grávidas e puérperas (leia Tipos).

Indivíduos com algum diagnóstico incluso na relação devem se cadastrar pelo site vacina.saude.df.gov.br. O agendamento ocorrerá gradativamente, de acordo com o número de doses disponíveis e enviadas ao DF pelo governo federal. A subsecretária de Planejamento à Saúde, Christiane Braga, afirma que só quem fizer o registro poderá receber as doses. “A inscrição não tem data para acabar, mas, quanto antes a pessoa fizer, melhor para agilizar os próximos passos”, ressaltou.
Caso o paciente faça tratamento contra a doença crônica na rede pública de saúde, o sistema da SES-DF confirmará essa informação, e será possível imprimir o comprovante de agendamento. Se não for o caso, a pessoa deverá levar, no dia da vacinação, além do documento emitido após o término da inscrição, um relatório médico que comprove a comorbidade indicada. Embora o PNO preveja que a vacinação ocorra por meio da apresentação de qualquer comprovante, como exames ou receitas, a secretaria distrital aceitará apenas laudos.

O único público que deve ter conduta diferenciada são as grávidas. Com ou sem comorbidades e sendo atendidas ou não na rede pública, elas devem se cadastrar e apresentar, no momento da vacinação, um relatório médico comprovando que a gestante recebeu todas as orientações de saúde e que não tem qualquer contraindicação.

Controle

A primeira etapa da vacinação de pessoas com comorbidades tem previsão de começar na terça e seguir até quinta-feira. O agendamento, segundo a Christiane Braga, começará na segunda-feira. “A expectativa é de que ele ocorra um dia antes da vacinação de cada grupo”, completou a subsecretária. Nesta primeira fase, estão inclusas pessoas com síndrome de Down; deficiência permanente e de 55 a 59 anos; gestantes ou puérperas com comorbidades; bem como pessoas em terapia renal substitutiva.

A previsão é de que as cerca de 5 mil doses da vacina da Pfizer/BioNTech, previstas para chegarem ao DF na segunda-feira, além de algumas doses da Oxford/AstraZeneca, atendam a esse novo público. Depois, a imunização contemplará pessoas com todas as demais comorbidades, e continuará por ordem decrescente de faixa etária, começando por indivíduos com 59 anos.

“Fizemos essa separação para facilitar o acesso das pessoas e a distribuição das doses, além de evitar filas desnecessárias e uma corrida pelas vacinas. Precisamos fazer isso de forma controlada, porque há pacientes com doenças graves que não podem ficar muito tempo expostos”, comentou Christiane. Ela explicou que mesmo quem perder a data de agendamento, poderá agendar a vacinação depois. “Além disso, quem tomar a primeira dose terá a segunda garantida”, completou.

Calendário

Assim como ocorre com os outros grupos, a vacinação de pessoas com comorbidades avançará de acordo com as doses recebidas pela Secretaria de Saúde, não sendo possível escolher imunizantes de preferência. Werciley Júnior, infectologista-chefe do Hospital Santa Lúcia, avalia que não há hierarquia de gravidade entre as doenças do plano de vacinação: “Todas merecem igual atenção, nenhuma é pior do que outra”, enfatizou. “Essas são enfermidades associadas, normalmente crônicas, que o paciente tem há algum tempo e com a qual convivem. Nem todas puderam entrar na prioridade da vacinação. As listadas são aquelas que podem agravar um quadro da covid-19”, explicou Werciley.

Especialista em doenças infecciosas e médico dos hospitais de Base e das Forças Armadas (HFA), Hemerson Luz faz um alerta quanto aos riscos: “É preciso tomar cuidado com doenças cujo tratamento pode piorar a condição do paciente em caso de contágio pela covid-19. Alguns remédios diminuem a imunidade. Inclusive, caso a enfermidade esteja descompensada, a vacina pode não ter o efeito desejado. Nesses casos, é importante que a pessoa procure um médico para saber se pode se imunizar ou não. Se a comorbidade estiver tratada e controlada, normalmente, o paciente está liberado”, afirmou o especialista.

A inclusão de novos grupos e o avanço da campanha de vacinação dependem do envio de doses pelo Ministério da Saúde. Enquanto isso, profissionais da rede de saúde privada e da segurança pública seguem em atendimento, bem como idosos.


Tipos
Confira todas as condições previstas pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal para vacinação contra a covid-19


Cirrose hepática

Síndrome de Down

Doença renal crônica

Insuficiência cardíaca

Mulheres em puerpério — até dois meses
após o parto

Arritmias cardíacas — alteração no ritmo
dos batimentos cardíacos

Doença cerebrovascular — inclui acidente vascular cerebral (AVC) e demência vascular

Valvopatias — problemas nas quatro
válvulas cardíacas que impedem o retorno
do sangue ao coração

Síndromes coronarianas —presentes nas pessoas com suscetibilidade às doenças
ou que tiveram infarto

Hipertensão arterial resistente (HAR) — o paciente tem a pressão arterial controlada
por diferentes tipos de medicação

Cor pulmonale e hipertensão pulmonar — eleva a pressão cardíaca por alteração no pulmão, prejudicando a respiração do indivíduo

Cardiopatia hipertensiva — causada pela alteração da função cardíaca devido ao aumento da pressão, levando ao inchaço do coração

Diabetes mellitus — inclui os tipos 1,
aquele em que a pessoa nasce com a
condição, e tipo 2, quando a enfermidade
é adquirida ao longo da vida
Hipertensão arterial estágio 3 — condição de hipertensão arterial dividida em estágios crescentes de gravidade, conforme faixa de pressão cardíaca

Doenças da aorta, dos grandes vasos e
fístulas arteriovenosas — envolvem pessoas
sob tratamento de diálise e doenças dissecantes, como aneurisma da aorta

Próteses valvares e dispositivos cardíacos — diz respeito a indivíduos submetidos a cirurgias no coração, como para inserção de marcapasso e troca de válvulas

Miocardiopatias e pericardiopatias — a primeira é a alteração do músculo cardíaco;
a segunda envolve problemas na membrana que cobre o coração, como inflamações

Obesidade mórbida — pessoas com índice de massa corpórea (IMC) superior a 40 ou pessoas com IMC maior que 35 e disfunções orgânicas, como obesidade e hipertensão

Hipertensão arterial estágios 1 e 2, com LOA (lesão de órgãos alvo) ou comorbidade — ocorre quando a alteração na pressão
cardíaca do paciente, mesmo que não seja grave, altera a função de outro órgão

Grávidas com e sem comorbidades — a adaptação do corpo da mulher conforme o crescimento do feto leva à baixa imunidade
do organismo, condição que permanece até três meses depois do nascimento
Cardiopatia congênita no adulto — a pessoa nasce com doenças que alteram a função cardíaca, como Tetralogia de Fallot, insuficiência cardíaca, arritmias e comprometimento no miocárdio, o músculo do coração

Pneumopatias crônicas graves — incluem asma e bronquite em condições graves; doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), inflamação causada pela limitação do fluxo de ar por inalação de toxinas, como aquelas presentes na fumaça do cigarro; além de enfisema e fibrose pulmonar

Anemia falciforme — tipo de anemia em que as hemácias do sangue têm forma de foice e é uma doença que atinge, majoritariamente, a população negra; as hemácias em formato diferenciado prejudicam a circulação do sangue, levando a tromboses no rim, pulmão e baço, entre outros órgãos

Imunossuprimidos — inclui indivíduos congenitamente com baixa produção de anticorpos, como os transplantados de órgão sólido ou de medula óssea; pessoas com HIV; doenças reumáticas com uso de corticoides; pessoas em uso de imunossupressores ou com imunodeficiências primárias; pacientes oncológicos que realizaram tratamento quimioterápico ou radioterápico nos últimos seis meses; e neoplasias hematológicas, causadas pela multiplicação acelerada de células sanguíneas, como leucemia


Trocas na Saúde
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), exonerou o secretário-adjunto de assistência à Saúde, Petrus Sanchez. A decisão saiu em edição extra do Diário Oficial (DODF) de ontem. O texto informa que a médica Raquel Bevilaquia assumirá a vaga. Até então, ela atuava como superintendente da Região de Saúde Leste. A exoneração de Petrus teria resultado de desentendimentos internos na pasta, provocados, principalmente, por problemas verificados nos contratos dos hospitais de campanha. Os documentos definiam que essas unidades contariam com unidades de terapia intensiva (UTIs), mas, tecnicamente, isso não é permitido, devido à impossibilidade de instalação de centros cirúrgicos nessas estruturas.

Para saber mais
A vacinação contra a covid-19 em pessoas com comorbidades é tema do episódio da semana do Luz aos Fatos, podcast do Correio Braziliense. A infectologista Ana Helena Germoglio, especialista em controle de infecções, fala sobre doenças crônicas que podem agravar o quadro de quem contraiu o novo coronavírus e explica como a população deve se proteger.
O programa está disponível nas principais plataformas de reprodução de áudio e pelo link: bit.ly/3t3fm8l.

Correio Braziliense sexta, 30 de abril de 2021

CORONAVÍRUS - COMEÇA HOJE VACINAÇÃO DE IDOSOS COM 60 E 61 ANOS NO DF

Jornal Impresso

 

Começa hoje vacinação de idosos com 60 e 61 anos
 
A partir das 8h, Secretaria de Saúde dá início à última fase de atendimento desse grupo. Público-alvo poderá procurar um dos 55 pontos de atendimento presenciais e drive-thru para se imunizar contra a covid-19. Pessoas com comorbidade serão as próximas

 

» SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 30/04/2021 04:00

Unidades recebidas são suficientes para atender a todos do novo público-alvo, não sendo necessário aguardar em longas filas (Ed Alves/CB/D.A Press)  
Unidades recebidas são suficientes para atender a todos do novo público-alvo, não sendo necessário aguardar em longas filas

Com a chegada de mais 62.396 doses de vacinas ao Distrito Federal, pessoas com 60 e 61 anos podem se imunizar contra a covid-19 a partir de hoje. O atendimento começa às 8h, nas unidades básicas de saúde (UBSs), e, às 9h, nos postos drive-thru (leia Programe-se). Do total de unidades enviadas ao DF no lote que chegou na manhã de ontem, 10% destinam-se à reserva técnica, e as demais, para os cerca de 56,7 mil idosos da nova faixa etária (leia Distribuição). A campanha para os grupos que faziam parte das prioridades continua normalmente.
 
O secretário da Casa Civil, Gustavo Rocha, informou, ontem, durante coletiva no Palácio do Buriti, que há doses para todos os idosos do DF com 60 e 61 anos. Não é necessário aguardar em longas filas pelo atendimento, pois a vacinação seguirá pelos próximos dias. “(As pessoas) podem ter tranquilidade e paciência para procurar a vacinação a partir de amanhã e na próxima semana. Há doses para atender a todos”, frisou. A distribuição das vacinas para as regionais de saúde terminou por volta das 16h de ontem.
 
Para receber a dose, basta comparecer a um dos 54 pontos de vacinação com documento de identificação e, de preferência, CPF (confira a lista de locais em correiobraziliense.com.br). Do novo lote, todas os imunizantes que serão aplicados como primeira dose (D1) são da Covishield — desenvolvida pela Oxford/AstraZeneca. As doses da CoronaVac — da farmacêutica Sinovac — serão aplicadas como reforço (D2). A ampliação dos pontos de atendimento ocorrerá de maneira gradativa, à medida que houver ampliação do público-alvo.
 
Recentemente, a Secretaria de Saúde (SES-DF) fechou parceria com órgão públicos, empresas e instituições como Secretaria de Justiça (Sejus), Serviço Social da Indústria (Sesi) e do Comércio (Sesc), bem como laboratórios Sabin e Exame. Equipes desses locais atuam, principalmente, aos fins de semana. Militares da área de saúde do Exército Brasileiro, treinados para aplicar doses, também trabalharão na campanha nos próximos dias.
 
Durante a coletiva, o secretário da Casa Civil reforçou que as regras para aplicação da D2 continuam: apenas quem tiver cartão de vacinação com logomarca da SES-DF poderá receber a dose no Distrito Federal. “É para não ter uma sobrecarga de procura e para que não venha a faltar doses para a população local”, justificou Gustavo Rocha. A intenção da pasta é contemplar novas faixas etárias à medida que o Ministério da Saúde encaminhar mais doses. Enquanto houver a diminuição sucessiva da idade do público-alvo, a campanha contemplará, também, outros grupos de profissionais — como os da educação e rodoviários. Porém, o avanço da campanha depende de como a pasta federal distribuirá as próximas remessas. Por isso, não há calendário definido para início das próximas etapas.
 
 
Fornecimento de energia
 
O Executivo local lançou uma chamada pública para contratação de fornecedoras de energia elétrica para os três novos hospitais de campanha em construção — no Autódromo Nelson Piquet; no pátio da Escola Parque Anísio Teixeira, em Ceilândia; e no Estádio Bezerrão, no Gama. Em caráter emergencial, o contrato estipula dois lotes de pagamento, de R$ 179.291,25 e R$ 136.291,25. As empresas interessadas podem apresentar propostas até segunda-feira. Caso contratada, a firma ficará responsável pela locação, instalação, desmontagem e remoção das instalações elétricas das unidades de saúde, que estão com entrega atrasada. A previsão era para a primeira quinzena de abril. Contudo, o Governo do Distrito Federal planeja a entrega das obras para a próxima semana.

 


Correio Braziliense quinta, 29 de abril de 2021

CORONAVÍRUS - DF AGUARDA 60,1 MIL DOSES DE VACINA

Jornal Impresso

CORONAVÍRUS
 
DF aguarda 60,1 mil doses de vacinas
 
Caso Ministério da Saúde dê andamento à previsão de enviar novas remessas para as unidades federativas, Executivo local incluirá no grupo prioritário pessoas com 60 e 61 anos nesta semana. Imunizantes devem chegar entre hoje e amanhã

 

» SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 29/04/2021 04:00

Do total de habitantes do Distrito Federal, 13,8% receberam ao menos a primeira dose, e 7,9% tomaram as duas necessárias (Ed Alves/CB/D.A Press)  
Do total de habitantes do Distrito Federal, 13,8% receberam ao menos a primeira dose, e 7,9% tomaram as duas necessárias

O Distrito Federal tem previsão de receber, entre hoje e amanhã, 58.988 doses da vacina Covishield — da Oxford/AstraZeneca —, além de 1.171, da CoronaVac, da Sinovac com o Instituto Butantan. Caso o Ministério da Saúde garanta o envio das 60.159 unidades contra a covid-19, o governo local ampliará o público-alvo da campanha para pessoas com 60 e 61 anos — último grupo de idosos definido pelo Plano Nacional de Imunização (PNI).
 
O governador Ibaneis Rocha (MDB) afirmou que, com a nova remessa, haverá atendimento de 56.751 idosos e 2.237 agentes das forças de segurança. A inclusão desse público pode ocorrer nesta semana. A intenção da Secretaria de Saúde (SES-DF) é manter a vacinação da população com mais de 60 anos por meio da busca voluntária, por iniciativa do próprio público-alvo, sem agendamento e em todos os pontos de vacinação contra a covid-19 no DF.
 
No caso dos profissionais da segurança pública, a imunização deve continuar por agendamento. No entanto, as vagas só ficarão disponíveis depois de as doses chegarem à Rede de Frio do DF e passarem por avaliação técnica. Para marcar data, local e horário, os servidores deverão acessar a página vacina.saude.df.gov.br. Além da nova remessa, o Executivo local espera o envio de um lote de imunizantes da Pfizer/BioNTech, cuja remessa com 1 milhão de doses chega ao país hoje. As unidades serão distribuídas entre as 27 capitais brasileiras.
 
Integrantes do Governo do Distrito Federal (GDF) afirmam que as doses devem ser distribuídas pelo Ministério da Saúde na segunda-feira. No entanto, até o fechamento desta edição, a SES-DF não tinha detalhes sobre como ocorreria a entrega nem em relação à quantidade enviada. O Executivo local aguarda receber um documento do governo federal com as diretrizes da aplicação para divulgar quais grupos serão vacinados.
 
O DF dispõe de um ultracongelador com 570 litros de capacidade e que comporta até 40 mil doses de vacinas. Os equipamentos atingem temperatura mínima de -80°C — ideal para armazenamento das doses da Pfizer/BioNTech. Além disso, a Universidade de Brasília (UnB) colocou à disposição cinco freezers semelhantes, e o Ministério da Saúde finaliza o processo de compra de mais alguns, para enviar às unidades da Federação. A previsão é de que a capital do país conte com seis deles.
 
Gestantes
Após o Ministério da Saúde autorizar a vacinação contra a covid-19 em grávidas, a Secretaria de Saúde liberou o atendimento desse grupo no DF. No entanto, só para aquelas que fazem parte de algum dos grupos alvo da campanha local, como indígenas ou profissionais da saúde e das forças de segurança. Nesses casos, é necessário apresentar relatório médico, com indicação para uso da vacina.
 
A receita médica é necessária, segundo a SES-DF para assegurar que a gestante passou por avaliação e que não houve detecção de contraindicações para recebimento das doses. “A apresentação do relatório é importante para que seja comprovado que ela recebeu todas as orientações médicas”, informou a secretaria, por meio de nota.
 
A pasta destacou que, assim que o Ministério da Saúde enviar imunizantes direcionados, especificamente, às grávidas em geral, haverá divulgação das datas e locais de atendimento. “Por enquanto, (elas) seguem as orientações para as gestantes se vacinarem nos grupos vigentes”, completou a SES-DF.
 
A princípio, a previsão do órgão federal é de que, em 13 de maio, comece a aplicação da primeira dose para todas as gestantes. A disponibilização das vacinas ocorre de acordo com a chegada de imunizantes ao DF, não sendo possível afirmar quais tipos serão aplicados em cada grupo.
 
Colaborou José Carlos Vieira

Correio Braziliense quarta, 28 de abril de 2021

CORONAVÍRUS - SUPORTE AOS VULNERÁREIS

Jornal Impresso

Suporte aos vulneráveis é o foco da Sejus

 

» Edis Henrique Peres

Publicação: 28/04/2021 04:00

 (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  

Em parceria com a Secretaria de Saúde (SES-DF), Marcela Passamani, titular da Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania (Sejus), conseguiu autorização para vacinar o restante dos conselheiros tutelares da capital do país. Cinquenta profissionais da categoria já haviam sido imunizados no Hospital do Guará, e na última segunda-feira, mais 152 receberam a primeira dose da vacina contra a covid-19. Marcela foi a entrevistada do CB Poder — uma parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília. A secretária explicou ao repórter Alexandre de Paula que as secretarias trabalham em conjunto em todo o Distrito Federal, pois assim o auxílio à população é mais eficaz.
 
A Sejus está coordenando algumas ações nos pontos de vacinação aqui no DF. Qual a importância dessa medida?
A Secretaria de Justiça, desde o início da pandemia, não parou. A cada dia estamos lançando mais projetos porque sabemos que a população tem muitas demandas. Um dos nossos programas é “Sua Vida Vale Muito”, que começou no início da pandemia com a hotelaria solidária. Depois, passamos a fazer nossos atendimentos de forma itinerante pelas regiões do DF. Quando veio a questão da vacinação, de imediato disponibilizamos os nossos equipamentos públicos, presentes no Recanto das Emas, Itapoã e em Ceilândia, para poder dar esse suporte para os idosos se vacinarem de forma segura. A Sejus atende esse público em quadras cobertas, onde levamos cadeiras de rodas e água, por exemplo, para esse momento da vacinação ocorrer de forma segura e confortável. Além da vacinação, estamos oferecendo para a cidade nosso atendimento psicossocial. Nós sabemos que a pandemia afeta muito a saúde psicológica. Os psicólogos e assistentes sociais também fazem atendimento nas praças e no CEU das Artes (Centro de Artes e Esportes Unificados).
 
Como foi coordenar a vacinação com a SES-DF?
O secretário de Saúde, Osnei Okumoto, é muito competente, trabalha com maestria na SES-DF. E seguimos o plano nacional do Ministério da Saúde. O que a gente faz é trabalhar a logística quando as vacinas chegam ao ambiente da Secretaria de Justiça para disponibilizá-las por meio de acordos com secretários, universidades e servidores, para que consigamos fazer a imunização com toda a responsabilidade, de forma mais confortável e digna.
 
Um dos exemplos é a vacinação dos conselheiros tutelares. Qual a importância de imunizar essa categoria?
Todos os conselheiros tutelares foram vacinados ontem (segunda-feira), e isso foi uma vitória muito grande da categoria e da Sejus. Eu, particularmente, lutei muito para que essa vacinação ocorresse. Hoje, com alguns estabelecimentos fechados, os conselheiros são a porta de entrada para a população mais vulnerável. O conselheiro acolhe as famílias, e a gente precisa dar suporte e condições de trabalho, sabendo que, desde o primeiro dia, eles foram incluídos como serviço essencial e não fecharam as portas. A população tem se sentido muito grata e acolhida pelos conselheiros neste momento tão difícil. Eles são multiplicadores de boas práticas e boas ações. Orientam a população em relação ao uso de máscaras, higienização e como conduzir as famílias e os filhos.
 
Como garantir aos jovens oportunidades que permitam quebrar o ciclo de violência? 
Somos uma pasta que faz política pública, e não tem uma palavra que cabe mais do que “oportunidade”. Estamos falando de oportunidades para romper com ciclos e iniciar uma nova fase. Eu acredito que a educação é capaz de transformar esses jovens. O nosso objetivo é levar às unidades de internação acompanhamento socioeducativo, oportunidades para que eles possam se qualificar, e em um momento iniciar no mercado de trabalho. Dar oportunidade e dignidade é o nosso trabalho.
 
Como tem sido esse acompanhamento na pandemia, em que o número de denúncias e casos aumentou?
Estamos falando de todos os públicos que sofrem violência: crianças, adolescentes, idosos e mulheres. O nosso olhar é sempre atento para fornecer auxílio para essas vítimas. Temos seis núcleos do Pró-Vítima espalhados no DF e estamos fazendo uma expansão para o Recanto das Emas. Trabalhamos para romper todos os círculos de violência que existem, seja ela física, psicológica, patrimonial ou emocional. 
 
E nos casos de violência doméstica, quando o homem está ao lado?
A questão da violência contra a mulher está sendo muito bem trabalhada na Secretaria da Mulher, mas eu sempre entendo, como a primeira mulher secretária de Justiça do DF, que tenho um papel de motivação e exemplo. Eu sempre falo que tudo começa com o acreditar em si próprio, quando as mulheres acreditam no seu potencial e passam a saber que são capazes de romper com aquele ciclo. E a gente melhora essa autoestima fornecendo cursos profissionalizantes, suporte para os filhos terem acesso às escolas e ao mercado de trabalho, por exemplo. Nós, mulheres que estamos nessas posições de decisão, precisamos ter consciência do papel e da importância do nosso trabalho. Eu estou aqui para mostrar que a mulher é capaz de estar na frente de uma pasta tão grande como a Sejus, que tem três mil servidores, e que é possível fazer esse trabalho com competência, maestria e com o olhar ímpar que a mulher tem. Hoje eu tenho esse compromisso com todas as mulheres para que amanhã exista uma outra mulher na Secretaria de Justiça.

Correio Braziliense terça, 27 de abril de 2021

CORONAVÍRUS - RISCOS COM CEPAS ELEVAM CHANCES DE NOVA ONDA

Jornal Impresso

CORONAVÍRUS
 
Riscos com cepas elevam chances de nova onda
 
Especialistas avaliam que baixa cobertura vacinal e medidas pouco eficazes para conter a pandemia da covid-19 no DF são fatores de alerta para um novo pico de mortes e casos provocados pela doença. Mesmo com estabilização, registros elevados preocupam

 

» CIBELE MOREIRA
» CAROLINE CINTRA

Publicação: 27/04/2021 04:00

Testagem em massa, apoio financeiro e monitoramento de variantes são medidas cruciais (Juan Barreto/AFP)  
Testagem em massa, apoio financeiro e monitoramento de variantes são medidas cruciais

Nos últimos dias, o Distrito Federal apresentou tendência de queda em relação ao número de casos e mortes provocadas pela covid-19. Essa realidade, segundo especialistas, era esperada pelo fato de a pandemia seguir comportamento semelhante ao verificado no ano passado, entre julho e agosto, após o pico de registros. Pesquisadores de diferentes áreas da ciência consultados pelo Correio avaliam que a situação de combate ao novo coronavírus no DF está longe do recomendado pelas autoridades internacionais de saúde. Ontem, por exemplo, a média móvel de infecções e óbitos caiu mais uma vez. Ao mesmo tempo, porém, verificou-se que a internação de pessoas de 15 a 29 anos subiu 62,5% (leia na página 14).
 
Professor do Instituto de Física da Universidade de Brasília (UnB), Tarcísio Marciano da Rocha destaca falhas nesse trabalho por todo o país. Ele defende que, desde o início, deveria haver um direcionamento central, para guiar o trabalho dos governantes (leia abaixo). Já Roberto José Bittencourt, doutor em saúde pública e professor da Universidade Católica de Brasília (UCB), associa os riscos da terceira onda ao surgimento de novas cepas, com maior poder de contaminação.
 
Para Roberto José, o país e o DF caminham para um novo pico em breve. “A segunda onda surgiu a partir da variante de Manaus, a P1. O estado enfrentava uma crise com pacientes graves e houve uma distribuição dessas pessoas para o restante do Brasil, o que ocasionou uma infecção em massa. Essa lógica pode se repetir, com a mutação do vírus fazendo casos se elevarem”, avalia. “A vacinação está longe de atingir o ideal para abortar a terceira onda. Seria necessário imunizar 70% da população para estarmos em uma margem de segurança, mas estamos longe disso”, acrescenta.
 
O especialista acrescenta que não houve adoção de medidas eficazes para conter o avanço da segunda onda e que o transporte coletivo se manteve com um dos principais meios de transmissão da covid-19, devido à aglomeração diária. “O fechamento de alguns espaços com a (manutenção da) circulação em coletivos lotados não adianta”, pontua. Bittencourt lembra que uma das ações mais importantes no sentido de impedir a transmissão comunitária é a testagem massiva: “(Com isso,) identificam-se os focos de contaminação e, em seguida, isolam-se por 14 dias pessoas infectadas e quem teve contato com elas”.
 
O apoio econômico às famílias que precisam desse suporte para se manter em casa deve ser garantido pelo governo, alerta o professor. Quanto à testagem, Roberto José afirma que o tipo mais indicado é o RT-PCR, que permite a coleta de amostras das vias aéreas dos testados. Outra metodologia apontada que pode somar na prevenção da covid-19 é a vigilância genômica. Com isso, é possível identificar e acompanhar as variantes com maior potencial de infecção.
 
Contenção
 
Uma análise do pesquisador Breno Adaid, vinculado ao Centro Universitário Iesb e à UnB, confirma que o Distrito Federal passa por um período de queda em relação aos casos da doença. Os números revelam que o DF caminha para uma fase de estabilização. Contudo, o platô ocorre em um patamar elevado. “Se começar a ter mais aglomeração e se a população relaxar nas medidas de prevenção, teremos um novo cenário de crescimento”, destaca. “As pessoas têm tomado mais cuidado, mesmo com uma rotina quase normal em relação ao vivido antes das restrições. Se a população não relaxar, é possível viver com quase tudo liberado e sem a pressão hospitalar”, acredita o pesquisador.
 
Por outro lado, o matemático Paulo Angelo Alves Resende — um dos coordenadores dos trabalhos no Observatório de Predição e Acompanhamento da Epidemia Covid-19 da UnB (PrEpidemia) no ano passado — entende que, apesar do momento de redução nas médias móveis, não é possível prever um cenário de estabilização na capital federal. “Desde o início da pandemia, não tivemos um cenário de platô com. O que ocorreu foi uma curva achatada no pico. E, se olharmos em nível nacional, o Brasil teve um efeito de platô que indicou término de uma onda em uma cidade e início dela em outra”, compara.
Para o pesquisador, a tendência é de diminuição lenta dos casos e mortes: “Não temos uma pesquisa em curso este ano para avaliar de forma mais concreta, mas o cenário do DF indica que atingimos o pico (da onda atual) e que estamos em queda (na quantidade de registros). Só que a velocidade dessa diminuição depende do comportamento das pessoas e de fatores como vacinação, taxa de isolamento social e demais medidas de contenção”, comenta.
 
O Correio questionou a Secretaria de Saúde (SES-DF) sobre a viabilidade de monitorar o surgimento de casos com a testagem em massa, segundo orientações dos pesquisadores. No entanto, a pasta não se posicionou. O órgão informou apenas como atua no sentido de evitar uma terceira onda por meio da imunização: “A ampliação da campanha de vacinação contra a covid-19 depende do envio de mais doses pelo Ministério da Saúde. A pasta seguirá empenhando esforços em promover uma vacinação ampla e o mais célere possível”, respondeu.

Correio Braziliense segunda, 26 de abril de 2021

CORONAVÍRUS - VARIANTE LEVA MAIS JOVENS A INTUBAÇÃO

Jornal Impresso

CORONAVíRUS  - Variante leva mais jovens à intubaçãoSegundo profissionais da linha de frente ouvidos pelo Correio, o cenário da pandemia mudou depois que a variante de Manaus da covid-19 passou a ser predominante no DF. Assim como ocorre em São Paulo, necessidade de tratamento intensivo é mais frequente agora

 

SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 26/04/2021 04:00

Nos hospitais, a mudança é nítida. Antes, era raro que as pessoas de 0 a 39 anos necessitassem de tratamento intensivo. Agora, precisam ser internados quase imediatamente (Fotos: Minervino Júnior/CB/D.A Press
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Nos hospitais, a mudança é nítida. Antes, era raro que as pessoas de 0 a 39 anos necessitassem de tratamento intensivo. Agora, precisam ser internados quase imediatamente
Desde que a variante de Manaus da covid-19, a P1, passou a ser predominante no Distrito Federal, os jovens acometidos pela doença e que precisam de internação apresentam mais urgência por um leito de unidade de terapia intensiva (UTI) e por intubação. De acordo com os profissionais de saúde da linha de frente ouvidos pelo Correio, ainda não há uma pesquisa consolidada que apresente números sobre essa realidade, mas, assim como ocorre em São Paulo, dentro dos hospitais, a mudança é nítida. Segundo os médicos, antes, era raro que as pessoas de 0 a 39 anos necessitassem de tratamento intensivo. Agora, quando chegam às unidades de saúde, precisam ser internadas quase que imediatamente.
 
A infectologista Joana Darc atua no Hospital Regional da Asa Norte desde o início da crise sanitária no DF e conta que, em 2020, era raro um jovem chegar a ir para a UTI. “Anteriormente, os jovens que chegavam aos hospitais tinham alguma comorbidade e, por isso, tinham complicações da covid-19. Agora, eles chegam com a saturação muito baixa, já com necessidade de oxigênio e internação”, diz. A médica afirma que o cenário, com a P1 em circulação e o início da vacinação, alterou-se bastante. “Um dia, chegamos a ter apenas um idoso na UTI do hospital”, completa. “As pessoas têm chegado com o pulmão mais comprometido, com o caso mais grave, necessidade de intubação, e acabam ficando mais dias internadas que antes”, comenta Joana.
 
O também infectologista Luciano Lourenço, intensivista no Hospital Santa Lúcia, confirma o que a colega de profissão diz. “Eles (os jovens) chegam ao hospital já numa condição em que precisam ser internados. Vemos mais pacientes abaixo de 40 anos precisando de mais suporte da medicina intensiva que temos dentro da UTI”, afirma o intensivista. Luciano ainda faz uma recomendação: “Ao menor sintoma ou suspeita de infecção, procure ajuda médica, para evitar que o quadro evolua da pior forma”.
 
Internações
 
De acordo com dados do InfoSaúde — portal de transparência da Secretaria de Saúde do DF — por volta das 12h de ontem, havia 435 pessoas internadas em UTIs da rede pública tratando a doença. Destas, 219 tinham entre 0 e 59 anos e 197 mais de 60 anos, valores equivalentes a 50,34% e 45,28% do total, respectivamente.
 
Além disso, de acordo com o último boletim epidemiológico, mais de 295 mil pessoas de 20 a 59 anos já haviam se infectado com o novo coronavírus na capital federal. Junio Gabriel Araújo, 21 anos, foi uma delas. Em março deste ano, o marceneiro testou positivo para a doença. Após sentir dores no corpo e falta de ar, ele foi para o Hospital Regional de Ceilândia, onde precisou ser internado em uma UTI. “Fiquei nove dias intubado e mais uma semana na UTI em tratamento. Só depois desse período que fui transferido para uma enfermaria”, conta.
 
O pai de Junio foi infectado pela doença na mesma época e também precisou ser internado. Porém, ele não resistiu e faleceu enquanto o jovem ainda estava no hospital. “Fiquei sabendo da morte do meu pai enquanto ainda estava na UTI”, lembra o morador de Ceilândia. Atualmente, Junio diz que está recuperado e sem nenhuma sequela, mas alerta para as dores da internação. “Foi a primeira vez que precisei de uma UTI. Não foi uma experiência boa, mesmo com a equipe médica se esforçando ao máximo para tornar tudo menos pior”, ponderou.
 
Questionada sobre os números de jovens internados na rede pública, a Secretaria de Saúde do DF informou, por meio de nota, que entende que, por estarem contemplados pela campanha de vacinação contra a covid-19 em andamento, o grupo de idosos “tem se contaminado menos e, quando infectado com novo coronavírus, reagido melhor à doença”.
 
Ontem, movimento em pontos de vacinação abertos estava tranquilo  
Ontem, movimento em pontos de vacinação abertos estava tranquilo
 
 
Vacinação
 
Atualmente, o público-alvo da campanha de imunização contra covid-19 no DF é, principalmente, os idosos com 62 e 63 anos. Ontem pela manhã, segundo o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF), que faz o controle das filas e o ordenamento do fluxo de veículos, o movimento em três dos sete pontos de vacinação abertos para atender a este público estava tranquilo.
 
Para esta semana, o DF espera receber, na quinta-feira, uma remessa de vacinas contra a covid-19 da norte-americana Pfizer e, ao longo da semana, mais doses da CoronaVac e da AstraZeneca, imunizantes já em aplicação na capital federal. Apesar da expectativa, ainda não há um indicativo de como os imunizantes serão utilizados, uma vez que as doses são carimbadas para públicos específicos pelo Ministério da Saúde. Porém, a expectativa interna da Secretaria de Saúde é de que seja possível ampliar a campanha de vacinação para pessoas com 60 e 61 anos, último grupo de idosos previsto no Plano Nacional de Imunização.

Correio Braziliense segunda, 15 de março de 2021

CORONAVÍRUS - CENÁRIO ASSUSTADOR APÓS UM ANO DE COVID-19

Jornal Impresso

Cenário assustador após um ano de covid
 
 
Com a taxa de transmissão do novo coronavírus acima de 1 e 317.880 infectados pelo vírus, o Distrito Federal vive um momento crítico, chegando a ter todos os leitos de UTI para adultos ocupados. As dez vagas disponíveis na rede pública são para crianças e bebês

 

» Darcianne Diogo
» Adriana Bernardes
» Samara Schwingel

Publicação: 15/03/2021 04:00

Após visita, força-tarefa do Ministério Público classificou o Hran como um %u201Ccenário de guerra%u201D. Unidade passou a receber apenas pacientes graves (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
Após visita, força-tarefa do Ministério Público classificou o Hran como um %u201Ccenário de guerra%u201D. Unidade passou a receber apenas pacientes graves


Há pouco mais de um ano após a chegada do vírus na capital, os brasilienses começam a semana em um dos cenários mais críticos até agora. Apesar das medidas restritivas, como o fechamento do comércio e o toque de recolher, o índice de isolamento social registrado ontem era de 39,73%, segundo dados da plataforma Inloco. A rede pública de saúde atingiu, nesse domingo à noite, a capacidade máxima de ocupação dos leitos para adultos de unidade de terapia intensiva (UTI) voltados para o tratamento da doença (100%).
 
Apenas nas últimas 24 horas, foram 1.699 novos infectados e 19 mortes notificadas, sendo que três delas ocorreram ontem. Somente no DF, a covid-19 matou 5.116 pessoas e infectou 317.880 (278.567 são residentes da capital). Desses, 296.802 recuperaram-se da doença.
 
Ontem, os leitos de UTI adulto chegaram a ficar todos ocupados. Recente atualização do InfoSaúde, painel de dados da Secretaria de Saúde mostrava, até as 19h, que havia apenas 10 leitos disponíveis (sete pediátricos e três neonatais). Anteriormente, a pasta havia informado que há perspectiva de abrir 221 novos leitos este mês. Nos hospitais particulares, a situação não é diferente. Com 98,77% da capacidade atingida, há apenas cinco leitos disponíveis, sendo quatro adultos e um pediátrico.


Pacientes do HRG estão sendo transferidos para outras unidades (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
Pacientes do HRG estão sendo transferidos para outras unidades


 
O Hospital Regional da Asa Norte (Hran) decretou, na quarta-feira passada, bandeira vermelha, limitando o atendimento para os pacientes em estado grave em decorrência do novo coronavírus.
 
Um dia antes, vistoria da força-tarefa do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) na unidade de saúde definiu o local como “um cenário de guerra”. A taxa de transmissão da covid-19 está em 1,01, como anunciado pelo governador Ibaneis Rocha (MDB), ontem, no Twitter oficial do chefe do Buriti. Apesar da leve queda, o número ainda é alto e preocupante.
 
A enfermeira Lídia Rodrigues, 31 anos, trabalha no pronto-socorro do Hran e relata que a situação dos últimos dias é a pior desde o início da crise sanitária. “Estamos lotados, a equipe sobrecarregada e os pacientes todos em situação grave. Todo dia chegam mais pessoas e, mesmo com a abertura de mais leitos, a situação não melhora”, conta.
 
“Precisamos passar doze ou seis horas de plantão paramentados com gorro, capote, máscaras N95 e todos os itens de proteção individual para nos protegermos e protegermos os pacientes. É exaustante, mas estamos fazendo nosso melhor”, completa Lídia. A enfermeira foi a primeira a ser vacinada contra a doença no DF e atua no box emergencial do Hran desde o início da pandemia.
 
Gama
 
O colapso no sistema de saúde foi relatado por um profissional de saúde do Hospital Regional do Gama (HRG). Ele usou o prontuário de um paciente para denunciar a situação e descreveu o drama enfrentado pela equipe médica. No desabafo chocante, afirmou que a unidade de saúde está com 180% de lotação.
 
O pedido é de socorro. No texto, ao qual o Correio teve acesso, o profissional alerta: “O bloco respiratório covid-19 do HRG em estado caótico. Estamos com lotação em 180%. Necessitamos com urgência da liberação de leitos de UTI e transferência dos pacientes”, desabafou. Ele denuncia: não há espaço físico, pontos de oxigênio, bombas de infusão, nem sequer ventiladores mecânicos — equipamentos essenciais para o tratamento de pacientes graves. Segundo ele, há pontos de oxigênio sendo compartilhados por até três pacientes.
 
Por fim, o profissional reitera que “todos os pacientes aqui (HRG) internados estão sob elevadíssimo risco de desfecho negativo, incluindo óbito”. Fontes revelaram ao Correio que, para tentar desafogar a superlotação no Hospital do Gama, alguns pacientes estão sendo transferidos ao Hospital da PM.
 
A direção do Hospital Regional do Gama (HRG) informou, por meio de nota oficial, que, devido à grande demanda de pacientes graves, os pacientes com estado clínico estável e sem gravidade do bloco respiratório estão aguardando um tempo maior para receberem a visita do médico e não há paciente desassistido.
 
A Secretaria de Saúde explicou que as unidades hospitalares estão apresentando superlotação, com número crescente de pessoas procurando por atendimento. Todas as unidades da rede pública estão trabalhando intensamente para que os pacientes sejam atendidos em curto espaço de tempo e da melhor maneira possível, dentro de um contexto de pandemia.
 
Variantes
 
De acordo com a Secretaria de Saúde, pelo menos quatro variantes da covid-19 circulam no DF. São elas: P1, de Manaus; P2, do Rio de Janeiro; B.1.128, uma das primeiras cepas a circular no DF; e a B.1.1.143, outra linhagem também registradas em diversos estados. Estas cepas foram identificadas pelo Laboratório de Saúde Central do Distrito Federal (Lacen-DF).
 
A B 1.1.7, variante britânica, foi inicialmente identificada em duas pessoas da capital federal pelo Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz). Porém, depois, o Ministério da Saúde corrigiu a informação e afirmou que as amostras, na verdade, eram de pacientes residentes no Entorno. Apesar disso, na tabela de dados na Rede Genômica Fiocruz, a cepa ainda está classificada como se estivesse em circulação no DF. Procurada pela reportagem, a secretaria informou que não há outras variantes em investigação e que novas amostras de genomas são sequenciadas semanalmente tanto pelo Lacen quanto por laboratórios de referência em outras unidades da Federação.
 
Diante deste cenário, o pesquisador Breno Adaid, do Centro Universitário Iesb, alerta para a necessidade de ampliar o isolamento social enquanto não há vacinação em massa da população. Adaid detalha que a força de contaminação de um vírus é determinada por três elementos básicos. De maneira simplificada: como o vírus é transmitido, quanto tempo a pessoa fica com o vírus e a taxa de contato. “Os dois primeiros elementos, não controlamos. O contato é, portanto, o único que podemos controlar”, ressalta o doutor em administração e pós-doutor pela Universidade de Brasília (UnB) em ciência do comportamento.


 (Jessica Moura/CB/D.A Press)  


Carreata pede fim do lockdown no DF

Organizada pelas redes sociais, uma manifestação reuniu, ontem, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Esplanada dos Ministérios. A carreata começou por volta das 10h, e os participantes buzinavam ao longo do Eixo Monumentla em protesto contra diversas pautas, como o decreto do governador Ibaneis Rocha que restringiu as atividades econômicas no Distrito Federal para conter a disseminação da covid-19. Temas polêmicos também estavam presentes, como a intervenção militar, voto impresso, alta no preço dos combustíveis e oposição a decisões de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como a de Edson Fachin que tornou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva novamente elegível. Havia faixas de apoio ao deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), preso por defender o AI-5, instrumento mais duro da ditadura militar.


Números da covid-19 no DF
 
317.880 
infectados
 
5.116 
mortos
 
296.802 
recuperados
 
15.962 
em tratamento
 
306 
em leitos de UTI (rede pública)
 
226 
à espera de leito de UTI para tratamento contra a covid-19
 
1,01 
taxa de transmissão
 
39,76% 
taxa de distanciamento social

Correio Braziliense domingo, 14 de março de 2021

CORONAVÍRUS - EFEITO DA VACINAÇÃO E DO LOCKDOWN

Jornal Impresso

Efeitos da vacinação e do lockdown
 
Um mês e meio após início da imunização de idosos acima de 80 anos, número de internados nessa faixa etária tem leve redução. Com o fechamento do comércio, taxa de transmissão também cai. Momento, porém, ainda é crítico, com 207 pacientes na fila por um leito de UTI

 

» ANA CLARA AVENDAÑO*
» DARCIANNE DIOGO

Publicação: 14/03/2021 04:00

Primeiro fim de semana depois do decreto que restringiu o funcionamento do comércio foi de ruas vazias (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
Primeiro fim de semana depois do decreto que restringiu o funcionamento do comércio foi de ruas vazias
 
Quarenta e dois dias depois do início, a vacinação de idosos contra a covid-19 começa a apresentar reflexos no Distrito Federal, bem como as medidas de restrição de circulação anunciadas no começo do mês. Dados da Secretaria de Saúde (SES-DF) apontam que a aplicação da primeira dose no público de idade igual ou superior a 80 anos — iniciada em 1º de fevereiro — tem contribuído para a redução da ocupação dos leitos de unidades de tratamento intensivo (UTIs) da rede pública voltados aos pacientes infectados pelo vírus. Por outro lado, a utilização de vagas em UTIs por pessoas na faixa etária de 65 a 79 anos está em forte ascensão.
 
“Quando nós fizemos uma análise comparativa do perfil epidemiológico por idade, não foi percebida exatamente uma redução, mas uma flutuação na faixa etária de 80 anos ou mais, com uma tendência leve à redução. Não foi uma diminuição significativa, mas, comparativamente ao grupo de idosos menores de 80 anos, esses ascenderam na internação. Ou seja, percebemos que a transmissão neste momento não acometeu esse público maior de 80 anos”, explicou o secretário adjunto de Assistência à Saúde do DF, Petrus Sanches.
 
Em 22 de fevereiro, havia 53 pacientes na faixa de 65 a 69 anos internados em leitos de UTI para covid. Duas semanas depois, em 7 de março, esse quantitativo chegou a 125, o que representa um aumento de 135%. No mesmo período, no grupo de idosos com 80 anos ou mais — que recebeu a aplicação da primeira dose —, o número passou de 30 para 28, o que sugere uma estabilidade, com pequena redução de 6,6%.

Atividades essenciais, como supermercados, estão autorizadas a funcionar. GDF alerta para fake news (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
Atividades essenciais, como supermercados, estão autorizadas a funcionar. GDF alerta para fake news
 
A secretaria alerta, contudo, que a imunidade alcançada com a primeira dose é baixa. Assim é recomendada a manutenção de todos os cuidados para evitar a infecção pelo coronavírus. A maior proteção adquirida com a vacinação tem ocorrido 21 dias após a aplicação da segunda dose, apontam estudos. Mesmo neste caso, deve-se manter as medidas de profilaxia, como evitar aglomerações, usar máscara e higienizar as mãos com água e sabão ou álcool em gel.
 
Outro grupo prioritário no plano de vacinação é o de profissionais de saúde, cuja vacinação começou em 19 de janeiro. Em relação a esta parcela, não houve crescimento nas internações dentro da rede privada ou pública. “Este perfil epidemiológico permaneceu com um limite muito pequeno em relação ao número de internações. A partir de uma análise gráfica não percebemos um acometimento maior dos profissionais da linha de frente, só que é mais difícil obter um controle maior desse grupo porque muitas vezes ele se sobrepõe também aos critérios de idade, comorbidades e, às vezes, são profissionais de fora da rede pública”, detalhou Petrus Sanchez.
 
Transmissão
 
A taxa de transmissão do novo coronavírus caiu para 1,12 no Distrito Federal — cada 100 infectados contaminam outras 112 pessoas —, após o decreto de fechamento do comércio e do toque de recolher. O anúncio foi feito ontem pelo governador Ibaneis Rocha (MDB), por meio de uma rede social. Até quarta-feira, o índice de transmissibilidade estava em 1,28, e já chegou, nas últimas semanas, a 1,38. Apesar da redução, o momento ainda é de alerta, uma vez que o número acima de 1 indica expansão da pandemia. Como sinal disso, os leitos de UTI das redes pública e privada de saúde seguem lotados, e centenas de pacientes aguardam por uma vaga.
 
Pelo Twitter, Ibaneis Rocha comemorou a redução da taxa de transmissão, mas chamou a atenção da população para o cumprimento das medidas sanitárias. “A taxa de transmissão da covid no DF, que já foi de 1,38, baixou para 1,12. Isso significa que as medidas que tomamos deram certo. Mesmo assim ainda é muito alta! É preciso que mantenham o uso de máscara, álcool gel e o distanciamento”, escreveu o chefe do Executivo local.
 
Com base no decreto assinado pelo governador, o fechamento das atividades não essenciais terá duração até 22 de março, mesma data prevista para o fim do toque de recolher. O secretário da Casa Civil, Gustavo Rocha, no entanto, não descarta a possibilidade de o governo implementar medidas mais restritivas, caso o cenário da pandemia no DF piore. Ele alertou, porém, sobre informações falsas. “Essa análise é constante. Se esse cenário não retroceder, poderão vir outras medidas mais adiante. Mas, repito, cuidado com as fake news”, advertiu o chefe da pasta. Na sexta-feira, o GDF desmentiu, em comunicado oficial, mensagem que circula nas redes sociais sobre suposto “lockdown geral” na cidade. “As medidas já tomadas para reduzir a taxa de transmissão da doença estão surtindo efeito — principalmente o toque de recolher a partir das 22 horas — e todas as alternativas estão sendo estudadas.”
 
Ontem, o Correio percorreu pontos da área central do DF e encontrou ruas vazias e pouco movimento nos estabelecimentos com funcionamento permitido, como os supermercados. Na Asa Sul, nas quadras 300 e 700, por exemplo, poucas pessoas caminhavam pelas ruas e os estabelecimentos comerciais, como lanchonetes e restaurantes, obedeciam às normas impostas.
 
Apesar das restrições, o índice de isolamento no DF caiu de 45,3% em 7 de março — data do decreto do GDF — para 35,8% ontem, segundo o instituto Inloco, que monitora o deslocamento de pessoas com base em dados de aparelhos celulares.
 
Espera por vaga
 
Dados mais recentes do InfoSaúde mostram que, no total, 279 pessoas aguardam por um leito de UTI na rede pública. Dessas, 207 são para tratamento de covid-19. Sob condição de anonimato, um profissional de saúde de um hospital público relatou o caos. “Não para de chegar paciente e não sabemos mais o que fazer. Não há vagas, não adianta. Temos pacientes recebendo tratamentos sentados, outros no chão”, descreveu.
 
A rede pública de saúde dispõe de apenas um leito adulto de UTI disponível e a capacidade está em 99,66%. Para as crianças e bebês que precisam de internação, são nove vagas: sete no Hospital da Criança (pediátrico) e duas no Hran (neonatal). Contudo, cabe lembrar que há centenas de pessoas esperando por uma vaga e, à medida que pacientes morrem ou recebem alta médica, os leitos são ocupados imediatamente. A capacidade de ocupação nos hospitais particulares também está alta: 98,77%. Painel do InfoSaúde mostra que há cinco leitos. Quatro deles são adultos e um, neonatal.
 
Na tentativa de desafogar o sistema de saúde, ontem, Ibaneis anunciou o reforço de mais 100 leitos de UTI para o tratamento da covid-19. Segundo o GDF, serão abertos 80 leitos no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) e mais 20 no Hospital de Base, estes com suporte dialítico, para pacientes que precisam de hemodiálise. A previsão de entrega, segundo o Instituto de Gestão Estratégica do DF (Iges), é na próxima semana. “É mais um esforço que estamos fazendo para atender a nossa população, mas precisamos contar com todo mundo para combater essa doença”, pontuou o governador.
 
*Estagiária sob supervisão de Fernando Jordão


1.660 casos em 24h

O Distrito Federal registrou 1.660 pessoas infectadas pelo novo coronavírus nas últimas 24 horas, chegando ao total de 316.181 casos, segundo a Secretaria de Saúde. Pacientes recuperados são 294.623. Em um dia, foram notificadas 16 mortes por causa da covid-19 — todos tinham mais de 60 anos e apresentavam comorbidades —, fazendo o DF atingir a marca de 5.097 vítimas. Quatro óbitos aconteceram ontem. Ainda de acordo com a pasta, até o momento, 235.484 pessoas foram vacinadas contra a doença na capital — 169.719 receberam a primeira dose e 65.765, a segunda.


Registro de óbitos de idosos com mais de 80 anos no DF
 
Dezembro de 2020
69 óbitos
 
Janeiro de 2021
101 óbitos
 
Início da Vacinação em 1º de fevereiro de 2021
 
Fevereiro
77 óbitos
 
Março de 2021
55 óbitos
 
Total desde dezembro: 
302 óbitos
 
*Dados atualizados em 13 de março de 2021 pela SES-DF

Correio Braziliense sábado, 13 de março de 2021

SOCORRO AO SETOR PRODUTIVO

Jornal Impresso

Socorro ao setor produtivo
 
Depois de se reunir com o empresariado, Ibaneis Rocha decide conceder isenções de taxas e flexibilidade no pagamento de impostos, como o IPTU e a TLP. Em troca, receberá doação para construir hospital de campanha em Samambaia

 

Samanta Sallum

Publicação: 13/03/2021 04:00

Decreto perdoa e isenta o pagamento do preço público das estruturas feitas em quiosques, feiras e até bares e restaurantes em áreas públicas durante a pandemia (Antonio Cunha/CB/D.A Press - 13/2/17)  
Decreto perdoa e isenta o pagamento do preço público das estruturas feitas em quiosques, feiras e até bares e restaurantes em áreas públicas durante a pandemia


Em meio à crise sanitária e econômica provocada pelo novo coronavírus, o governador Ibaneis Rocha (MDB) anunciou medidas de socorro ao setor produtivo no Distrito Federal, mais especificamente para o comércio. Vai conceder isenções de taxas e flexibilidade no pagamento de impostos.

Em contrapartida, os empresários vão ajudar na construção de um hospital de campanha em Samambaia, que vai custar R$ 10 milhões. “Escutei atentamente os empresários e conseguimos resolver algumas demandas de imediato”, disse Ibaneis.

Ele anunciou a representantes de 13 entidades do setor produtivo da capital a edição de um decreto que perdoa e isenta o pagamento do preço público nas estruturas de quiosques, feiras e até bares e restaurantes, pagas pela ocupação de áreas públicas — que chamam de “puxadinhos” —, enquanto durar a pandemia. “O decreto e a isenção do pagamento pelos ‘puxadinhos’ são formas de agradecer aos empresários pelo apoio que temos recebido”, destacou o governador nas redes sociais.

“Também editei uma portaria para estender o pagamento do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e da TLP (Taxa de Limpeza Pública) das empresas alcançadas pelas restrições, como hotéis, shopping centers, bares e restaurantes. Vamos aumentar o prazo de pagamento para 12 meses, contando a partir de dezembro”, destacou o governador. Os valores de IPTU e TLP previstos para esses estabelecimentos somam cerca de R$ 70 milhões. O vencimento desses tributos neste ano está previsto originalmente para quatro parcelas, que vão de maio até agosto. O novo calendário prevê pagamento de dezembro de 2021 a novembro de 2022.

Os empresários, segundo o Ibaneis, se prontificaram a financiar parte da construção de mais um hospital de campanha, em Samambaia, que deve custar cerca de R$ 10 milhões. “A doação vai agilizar a obra, evitando processos burocráticos mais demorados. A gestão e o pessoal serão da Secretaria de Saúde”, explicou.

O secretário de Economia do GDF, André Clemente, reforçou o empenho do governo local para socorrer o setor produtivo. Clemente afirma que o governo local está nomeando o máximo de servidores possível para garantir mais eficiência nas áreas de Saúde e de Assistência Social. Foram 400 nomeações de profissionais para os dois setores.


Ibaneis Rocha:  
Ibaneis Rocha: "A doação vai agilizar a obra (do hospital), evitando processos burocráticos mais demorados"



Repercussão
Em nota, a Câmara dos Dirigentes Lojistas do DF (CDL-DF) destacou que campanhas de conscientização da população diante da crise provocada pela covid-19 e uma fiscalização efetiva dos órgãos ligados ao GDF são as medidas mais eficientes neste momento. “Elas poderiam ter evitado que, mais uma vez, empregos fossem perdidos e negócios prejudicados”, destaca Wagner Silveira, presidente da CDL-DF.

Ele enfatiza a defesa de uma imunização em massa. “Acreditamos que a vacinação é a forma mais eficaz de conter o avanço da doença e a mais segura para a retomada das atividades econômicas. Nessa semana conseguimos algumas vitórias com as medidas anunciadas pelo governador. Isso reforça, mais uma vez, a importância da união para melhores resultados”, disse

O presidente do Sindicato dos Bares e Restaurantes no DF, Jael Silva, apoiou a decisão do GDF. “Agradecemos ao governador Ibaneis e fazemos um reconhecimento especial ao secretário da Economia, André Clemente, pela presteza com que atenderam o nosso pedido, formulado em conjunto com a Fecomércio. Temos outras reivindicações importantes, porque o nosso setor está passando por grandes dificuldades mesmo. Entendemos o momento crítico que o governo está tendo para controlar o galopante aumento da covid-19”, disse.


André Clemente: nomeações de servidores para a área de Saúde (Ed Alves/CB/D.A Press - 9/11/20)  
André Clemente: nomeações de servidores para a área de Saúde



Crédito
O Banco de Brasília (BRB) lançou no final de fevereiro um novo programa de crédito com juros baixos para pessoas físicas e jurídicas. A intenção é reduzir os impactos financeiros provocados pela crise da covid-19. O Acredita-DF destinará até R$ 2,5 bilhões para diferentes setores da cadeia produtiva. Em 2020, o banco tinha lançado o Supera-DF, que destinou R$ 4 bilhões em crédito para ajudar nos impactos da pandemia, até setembro de 2020. Ao todo, o banco atendeu 4,4 mil empresários e mais de 32 mil pessoas físicas.



Mais leitos
Nas redes sociais, o governador adiantou conversações para a ampliação do número de leitos no DF. “Podemos ter a cessão de um Hospital da Rede Anchieta, que está desocupado. São 4 mil m², já com tubulações para oxigênio instaladas, onde queremos instalar de 200 a 300 leitos imediatamente”, disse. De acordo com ele, a Secretaria de Saúde fará uma vistoria para analisar essa possibilidade.

Correio Braziliense sexta, 12 de março de 2021

CORONAVÍRUS - JUSTIÇA VAI DECIDIR SE AMPLIA LOCKDOWN NO DF

Jornal Impresso

Justiça vai decidir se amplia lockdown
 
Defensoria Pública pede que sejam suspensas atividades como academia, escolas, trabalho presencial. Juíza Katia Balbino, da 3ª Vara Cível, abriu um prazo de 72 horas para reunir informações sobre a crise sanitária

 

» ANA MARIA CAMPOS

Publicação: 12/03/2021 04:00

Defensores públicos pedem o fechamento de lojas e serviços não essenciais para evitar um colapso na saúde (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  
Defensores públicos pedem o fechamento de lojas e serviços não essenciais para evitar um colapso na saúde


Quando começou o toque de recolher ontem, às 22h, 217 pacientes com covid-19 aguardavam um leito de UTI na rede pública. Cerca de 20 mil pessoas estavam com o novo coronavírus ativo, e o sistema de saúde se encontrava à beira do colapso. Nesse cenário desolador, a Defensoria Pública da União (DPU) aposta no distanciamento social e no fechamento de atividades burocráticas e não essenciais para que a população do Distrito Federal possa voltar a respirar.

Dois defensores públicos, Alexandre Cabral e Alexandre Oliveira, deram entrada nesta semana com uma ação civil pública na Justiça Federal para obter um decreto de fechamento de escolas, lojas, academias, igrejas, zoológico, parques recreativos, escritórios de profissionais liberais, como advogados e contadores, atividades do sistema S e lojas de construção e reformas. “Não será lockdown total. Serviços essenciais, como óticas e mercados, vão funcionar. Hoje temos 200 pessoas na fila para um leito. Se não fizermos nada, logo serão 300 ou 400. Muita gente vai morrer”, destaca a ação.

O processo foi distribuído para a juíza Katia Balbino de Carvalho Ferreira, da 3ª Vara Cível, da Justiça Federal. Em despacho proferido ontem, a magistrada abriu um prazo de 72 horas para reunir informações sobre número de contaminados, fila de pacientes que aguardam UTIs e um plano estratégico para abertura de hospitais de campanha e leitos.

Servidores
A partir dessas informações, a juíza deverá tomar uma decisão. Entre os pedidos da Defensoria está também a manutenção de aulas on-line em escolas e faculdades. Os defensores também recomendam que a Justiça obrigue o governo de Jair Bolsonaro a adotar o homeoffice nos órgãos públicos federais, assim como trabalham servidores do DF, do Judiciário e do Legislativo. “Enquanto não chegarem as vacinas, a única solução é o distanciamento social”, aponta o texto.

A ação civil pública tem também um pedido relacionado à imunização. Os defensores pedem que o Governo Federal forneça as vacinas necessárias para toda a população, sem atrasos, sob pena de pagamento de multa, a ser arbitrada pela juíza.

Correio Braziliense quinta, 11 de março de 2021

CORONAVÍRUS - COLAPSO NA SAÚDE DO DF

Jornal Impresso

CORONVÍRUS

 

Colapso na saúde do DF
 
Hran está em "bandeira vermelha" e só atende casos graves. Taxa de transmissão de covid-19 continua alta. O governador Ibaneis Rocha anuncia a abertura de mais 30 leitos de UTI. Quatro variantes circulam na capital do país

 

» DARCIANNE DIOGO
» LUANA PATRIOLINO

Publicação: 11/03/2021 04:00

Os secretários Cristiano Mangueira, Gustavo Rocha e Valter Casimiro, ao lado do secretário-adjunto Petruz Sanchez: esforço de toda sociedade (Acacio Pinheiro/Agencia Brasilia)  
Os secretários Cristiano Mangueira, Gustavo Rocha e Valter Casimiro, ao lado do secretário-adjunto Petruz Sanchez: esforço de toda sociedade
 
No Hospital da Asa Norte (Hran), a situação é crítica, enquanto a taxa de isolamento na cidade subiu apenas 5% (Ed Alves/CB/D.A Press - 11/3/20)  
No Hospital da Asa Norte (Hran), a situação é crítica, enquanto a taxa de isolamento na cidade subiu apenas 5%
 
 
As medidas restritivas impostas pelo governo para conter a disseminação do novo coronavírus não fizeram o efeito esperado e a situação   no Distrito Federal está crítica. Após 10 dias da publicação do decreto que restringe atividades não essenciais na capital e o toque de recolher, a taxa de isolamento social subiu apenas 5%. Enquanto isso, as redes pública e privada de saúde entraram em colapso e o Hospital Regional da Asa Norte (Hran), referência no combate à covid-19, anunciou “bandeira vermelha” e limitou o atendimento apenas para os pacientes a casos graves, com risco de morte, devido à superlotação. Hoje, o governo do DF pretende ativar mais 30 leitos de unidade de terapia intensiva (UTI).
 
Relatório mais atualizado da Secretaria de Saúde (SES-DF), divulgado na noite de ontem, mostra que a capacidade dos leitos de UTI para adultos na rede pública está em 98,50%. Há apenas quatro vagas disponíveis. Na rede particular, a situação é semelhante. Com capacidade em 96,18%, os hospitais privados dispõem de 11 vagas (veja leitos).
Os índices de transmissibilidade da covid-19 estão em 1,28 — cada 100 pessoas infectadas passam o vírus para outras 128 —, divulgou o GDF, ontem, durante coletiva de imprensa. “Melhoramos um pouco em relação à queda, mas ela ainda está em ascensão. Essa taxa já teve, nas três primeiras semanas de fevereiro, uma oscilação de até 1,03 e, nas últimas semanas, chegamos a 1,38. Tivemos um avanço, mas temos que entender a necessidade desse controle. A melhor gestão não é somente disponibilizar leitos, mas conter a disseminação. As pessoas precisam estar menos aglomeradas”, alertou o secretário-adjunto de Assistência à Saúde, Petrus Sanchez.
 
Para desafogar o sistema de saúde, o governador Ibaneis Rocha (MDB) pretende ativar novos leitos de UTI. O emedebista avaliou, ainda, a possibilidade de alugar quartos de hotéis para a abertura de leitos destinados à recuperação de pacientes, mas não deu mais detalhes sobre a medida. No ano passado, alguns hotéis foram habilitados a hospedar profissionais da saúde, idosos e agentes penitenciários do sistema prisional da capital.
 
Outro esforço do GDF é a abertura de três novos hospitais de campanha para o tratamento de pacientes com coronavírus. Cada unidade terá até 100 leitos, podendo chegar a 300 novos. Segundo o chefe do Executivo local, as unidades serão instaladas em Santa Maria, no Gama e no Ginásio Nilson Nelson, no Eixo Monumental. O prazo de execução estipulado pelo GDF para a montagem de cada hospital é de 20 dias e o investimento ficou em R$ 36 milhões.
 
Jovens
 
Na coletiva, o secretário da Casa Civil, Gustavo Rocha, alertou a população e disse que os profissionais de saúde estão trabalhando no limite. “Até amanhã (hoje) serão abertos mais 30 leitos, que também serão preenchidos imediatamente, porque há uma fila com mais de 130 pessoas aguardando uma vaga. Falamos aqui que havia uma concentração maior à noite, por causa dos jovens. Alguns não gostaram da forma como foi abordado e falaram que, caso ficassem doentes, iriam para o hospital privado. Mas o que eu tenho para dizer é que, nem os hospitais particulares têm vagas. Não adianta achar que só por ter condição financeira melhor ou plano de saúde, vai conseguir vaga”, frisou.
 
Ontem, o Hran decretou “bandeira vermelha” e restringiu o atendimento apenas para pacientes em estado grave em decorrência do novo coronavírus. Procurada pela reportagem, a Secretaria de Saúde informou que, devido ao aumento acentuado de casos da covid-19 no DF nos últimos dias, o Hran está operando além da capacidade. Dessa forma, a bandeira vermelha limita o atendimento a casos graves, com risco de morte. “Isso ocorre sempre que a insuficiência de estrutura física impede o acolhimento de novos pacientes”, afirmou a SES-DF.
 
Para Carla Pintas, professora do curso de saúde coletiva da Universidade de Brasília (UnB), as medidas de restrição devem ser seguidas duramente. “Não é hora de frequentar salão, ir ao bar ou fazer festas. O risco de contaminação é grande. O que estamos passando é muito sério. Os acontecimentos recentes mostram o quanto tem aumentado o número de casos de covid-19 no DF. A doença não tem escolhido quem vai pegar, não temos como prever”, alertou.
 
Novas variantes
 
Existem pelo menos quatro novas variantes da covid-19 circulando na capital. A informação foi confirmada pela SES-DF de acordo com as amostras analisadas pelo Laboratório Central da Secretaria de Saúde (Lacen-DF). As novas cepas são: P1, P2, B.1.1.28 e B.1.1.143.
 
A pasta informou que, desde fevereiro, o Lacen vem realizando testes em parceria com alguns pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) para identificar as novas cepas. De acordo com o órgão, a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep) também está atuando na coordenação de estudos direcionados para detectar o ponto de transmissão das variantes, o rastreamento dos pacientes e o estudo epidemiológico da doença.
 
O anúncio das cepas aconteceu logo após o secretário de Saúde, Osnei Okumoto, confirmar, em entrevista coletiva, a presença delas. “Já há a identificação de, pelo menos, duas variantes importantes”, disse. Nas redes sociais, Ibaneis Rocha se pronunciou sobre a situação. “São cepas com um índice de transmissão maior e também geram uma internação e uma recuperação mais demoradas”, disse.
 
O chefe do Executivo local também pediu ajuda para frear a crise sanitária no DF. “Precisamos contar com o público jovem no combate a esse vírus porque se continuarem desrespeitando o isolamento, a situação vai ficar mais e mais grave”, concluiu.
 
De acordo com a Saúde, a variação B.1.128 foi uma das primeiras a circular. Sobre a B.1.1.143, a pasta disse apenas que “é uma outra linhagem que também já é identificada em diversos estados”. A P2 se refere à variante encontrada no Rio de Janeiro e a P1 é a encontrada em Manaus, em janeiro deste ano.
 
» Palavra de especialista
 
Risco de agravamento
 
“A presença de novas cepas representa um risco. Mas elas já estão circulando há meses e temos percebido nas diferentes regiões. A questão é que o número de testes que o governo brasileiro conseguiu organizar nessa rede de vigilância genômica é muito pequeno. Então, demoramos a perceber que estava circulando em uma região, mas já era um fato dado com todas as equipes de vigilância que tínhamos essa mutação presente em praticamente todo o  país.
É possível que parte do aumento dos casos seja por causa dessas variantes, mas acreditamos que o crescimento seja cada vez maior porque a população deixou de adotar as medidas de segurança e que o efeito desses feriados de início de ano e comemorações tiveram papel importante na perda de controle que estamos vivendo agora.
 
A tendência da pandemia é que ela se agrave, sim, independente da variante. Pelo menos no mês de março e talvez uma parte de abril vamos ter cenários muito tristes se não conseguirmos efetivar ações de lockdown que reduzam o isolamento físico das pessoas.
 
Precisamos rastrear os contatos, fazer mobilização dessa testagem laboratorial para encontrar cada um desses casos, organizar redes de apoio social e econômico para que essas pessoas possam ficar isoladas em períodos de quarentena e freforçar as ações de fortalecimento sanitárias para que as medidas estejam incorporadas. O cenário atual com um lockdown relativo, ou seja, só com uma parte da população isolada e alguma parcela dos serviços fechados, é muito pouco provável que a gente veja redução do número de casos.
 
Jonas Brant, médico 
epidemiologista e professor da Universidade de Brasília (UnB)
 
» 25 mortes registradas
Os casos de covid-19 não param de crescer no Distrito Federal. Nesta quarta-feira, a capital chegou a 5.027 mortes por covid-19, com o registro de mais 25 óbitos causados pela doença em 24 horas. Segundo boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde, com os 1.551 novos casos confirmados, o DF chegou a 311.098 pessoas infectadas pelo novo coronavírus. A média móvel de casos está em 1.454, o que representa aumento de 69,82%, em relação ao número de 14 dias atrás. Quanto às mortes, em comparação ao mesmo período, o índice é de 18,14 — crescimento de 74% comparado ao período de duas semanas.
 
» Vagas em UTI para pacientes com covid-19 no DF
Rede particular
 
Hospital Anna Nery 1 leito
Hospital Maria Auxiliadora 2 leitos
Hospital Santa Helena 1 leito
Hospital Santa Lúcia 6 leitos
Hospital São Francisco (adulto) 1 leito
Hospital São Francisco (pediátrico) 1  leito
Total: 12 leitos disponíveis
 
Rede pública
 
Hospital da Criança (pediátrico) 7 leitos
Hospital da PM  3 leitos
Hospital Regional da Asa Norte (neonatal) 4 leitos
Hospital Regional de Ceilândia 1 leito
Total: 15 leitos disponíveis

Correio Braziliense quarta, 10 de março de 2021

CORONAVÍRUS - MOMENTO CRÍTICO DEIXA DF EM ALERTA

Jornal Impresso

CORONAVÍRUS

 

Momento crítico deixa DF em alerta
 
A taxa de transmissão ainda elevada e o alto percentual de ocupação dos leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) para o tratamento do coronavírus mostram, na visão de especialista, que medidas mais restritivas são necessárias

 

» ANA CLARA AVENDAÑO*

Publicação: 10/03/2021 04:00

Os secretários Osnei Okumoto, Gustavo Rocha e Anderson Torres: ações conjuntas para reduzir a circulação do vírus em momento preocupante (Renato Alves/Agencia Brasilia)  
Os secretários Osnei Okumoto, Gustavo Rocha e Anderson Torres: ações conjuntas para reduzir a circulação do vírus em momento preocupante
 
O Distrito Federal atingiu a triste marca de 5 mil mortes ontem (leia abaixo). Com 1.008 novas infecções, o número de casos chegou a 309.547. A taxa de transmissão da covid-19, segundo o último boletim divulgado pela Secretaria de Saúde do DF, apresentou uma queda. A capital teve um R(t) de 1,28 ontem. No entanto, esste indicador precisa permanecer abaixo de 1. “O toque de recolher noturno acaba sendo seletivo, o vírus não circula somente à noite. O ideal é analisar e propor intervenções graduais em todos os setores da economia, conforme a taxa de ocupação de leitos, o aumento da incidência da doença e o número de mortes. Só que no momento em que nós estamos, precisamos de medidas mais drásticas que inibam a circulação de pessoas”, avalia Lívia Vanessa Ribeiro, infectologista do Hospital de Base.
 
Outra preocupação são os casos de reinfecção. Entretanto, para Lívia, a vacinação é a ação mais eficiente para evitar que pacientes recuperados contraiam o vírus novamente e para que seja gerada a imunidade de rebanho. “É uma ideia errônea pensar que quanto mais infectados tiverem, mais rápido iremos chegar à imunidade de rebanho. Na verdade, a imunidade de rebanho é um conceito aplicado para a questão das imunizações. É necessário ter um número determinado de pessoas vacinadas para atingir uma imunidade ou reduzir a circulação do vírus de modo que seja possível proteger o percentual que ficou de fora da vacinação”, explica ela.
 
Sem um plano de imunização amplo, o modo de reduzir as chances de haver novos casos de reinfecção é por meio de medidas não farmacológicas de distanciamento social, uso de máscara, higienização das mãos e de objetos tocados com frequência. “Não dá para jogar essa responsabilidade apenas para população, é preciso melhorar todos os serviços que são prestados de forma que evite aglomerações”, pondera Lívia Ribeiro.
 
Em entrevista coletiva no Palácio do Buriti, o Secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, ressaltou a identificação de festas clandestinas e aglomerações no DF. “Temos nos deparado com pessoas e estabelecimentos que insistem em descumprir as restrições”, relevou. No entanto, durante o primeiro dia de aplicação do toque de recolher, a fiscalização procurou orientar a população por haver muitas pessoas que desconheciam o novo decreto.

Agentes de segurança fazem blitz em várias áreas da cidade durante o toque de recolher (PMDF/Divulgação)  
Agentes de segurança fazem blitz em várias áreas da cidade durante o toque de recolher
 
Mais rigor
 
Na avaliação de especialistas, urge restrições mais rígidas para conter os avanços do coronavírus. “O que é eficaz é um conjunto de atividades, só o toque de recolher não irá resolver”, afirma o professor de epidemiologia da Universidade de Brasília (UnB) Wildo Navegantes.
 
De acordo com o docente, existem outras formas mais efetivas para o enfrentamento da pandemia, como a testagem extensiva guiada pela vigilância de saúde do DF, o aconselhamento de isolamento no diagnóstico, um processo de comunicação de risco muito claro por parte do governo, da Secretaria de Saúde, outros órgãos e dos líderes informais não governamentais. E, ainda, investir no processo de fazer investigação quanto ao contato com o vírus, identificar casos suspeitos e aconselhá-los a ficarem de quarentena. Na visão de Navegantes, outras medidas deveriam ter sido tomadas, como a restrição temporária de atividades durante o dia.
 
Oxigênio
 
Com o aumento da demanda por leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTIs) e o funcionamento dos hospitais de campanha, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) solicitou informações sobre a atual demanda e estoque de oxigênio hospitalar no Distrito Federal. A Secretaria de Saúde e o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges-DF) devem informar quais empresas estão atualmente contratadas e a capacidade de ampliação da oferta, por dia e por semana. Além disso,  a Saúde precisa notificar se quantidade contratada é suficiente.
 
A pasta deverá comunicar, ainda, se já verificou junto aos fornecedores contratados sobre a capacidade de continuarem a fornecer o insumo regularmente, além de outras medidas preventivas possíveis para garantir o suprimento de oxigênio hospitalar. O prazo para resposta é de três dias. O chefe da Saúde, Osnei Okumoto, assegurou, em coletiva de imprensa, que a capital possui oxigênio e insumos suficientes para atender a população.
 
No entanto, ele alerta: “Nós estamos em uma fase crítica. O levantamento não é feito só no DF porque o oxigênio é distribuído para o país inteiro. Se o país, que possui 23 estados com 80% das suas UTIs lotadas (no DF está em 90,62%), não tomar nenhuma decisão, será desencadeado um número maior de pacientes internados com utilização de oxigênio que pode vir a faltar futuramente. No entanto, hoje, o contrato da nossa Secretária de Saúde é uma quantidade suficiente para atender o DF”.
 
Jovens
 
O aumento na procura por atendimento hospitalar de jovens infectados pela covid-19 impulsionou a abertura de 7 leitos de UTI no Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB). “Temos um número maior de jovens sendo infectados e procurando leitos hospitalares para a internação, em relação à primeira onda. A diferença nisso tudo é que essas novas cepas de vírus apresentaram um índice de infectividade maior e uma longa permanência de internação desses pacientes, no entanto, a letalidade é menor”, diz Osnei Okumoto sobre as vagas destinadas para pessoas com idade abaixo de 18 anos.
 
Para Gustavo Rocha, secretário da Casa Civil, “isso reforça a necessidade do toque de recolher e das medidas restritivas porque são os jovens que estão saindo para aglomerações, que saíram para o carnaval e agora, ocupando leitos. Se não houver mudança na consciência dessas pessoas, os leitos serão abertos e ocupados”, enfatizou.
 
*Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira

Correio Braziliense terça, 09 de março de 2021

CARLOS BRACHER INAUGURA MUSEU VIRTUAL: TODAS AS CORES DO AMOR

Jornal Impresso

Todas as cores do amor
 
 
Na passagem dos 80 anos, o artista plástico Carlos Bracher inaugura museu virtual com suas obras e da mulher, Fani. Série sobre Brasília é um dos destaques do acervo

 

» Severino Francisco

Publicação: 09/03/2021 04:00

Carlos Bracher e Fani Bracher: parceria de amor e de arte que dura 52 anos (Edmar Luciano/Divulgação - 01/12/20 )  
Carlos Bracher e Fani Bracher: parceria de amor e de arte que dura 52 anos
 
O artista plástico Carlos Bracher celebra a passagem dos 80 anos de vida, completados em 19 de dezembro, da forma mais generosamente mineira, com a abertura das portas físicas do Atelier Casa Bracher, em Ouro Preto, e das janelas virtuais do site Atelier Casa Bracher, organizado pelas filhas Blima e Larissa. Em ambos, o visitante encontrará um vasto acervo de obras do artista e de sua mulher, Fani Bracher, com informações sobre as obras, livros e vídeos. Carlos e Fani construíram uma parceria de 52 anos no amor e na arte.

Carlos Bracher é um dos mais importantes artistas plásticos brasileiros vivos e tem mais horas de pintura do que beija-flor de voo. Transfigurou paisagens, siderúrgicas, igrejas, personagens, corpo e alma de Minas Gerais, com sua pintura dramática, convulsiva e vibrante: “Encontrei-me com Minas Gerais através da pintura de Carlos Bracher. É o maior elogio que, de coração, lhe posso fazer. Viva Minas!”, escreveu o poeta Carlos Drummond de Andrade, depois de ver uma exposição de Bracher.

Em 2007, Bracher pintou 65 quadros sobre Brasília em frente aos monumentos ou no meio das praças da cidade. A passagem brasiliense de Bracher pela cidade foi registrada no documentário Âncora aos céus, dirigido por Blima Bracher, filha do pintor. E, nesta entrevista ao Correio, Carlos Bracher fala sobre mineiridade, pintura, séries e Brasília.


Catedral Metropolitana, pintura de Carlos Bracher da Série Brasília: conexão com JK (Miguel Aun/Divulgação - 14/2/21)  
Catedral Metropolitana, pintura de Carlos Bracher da Série Brasília: conexão com JK


Escadas, obra de Fani Bracher: caminho independente (Ricardo Correia de Araújo/Divulgação - 28/9/13 )  
Escadas, obra de Fani Bracher: caminho independente


Como é a ideia de comemorar os 80 anos 
de vida com a abertura da Casa Bracher?
Olha, estamos conversando no pós-carnaval de 2021. Nasci em Juiz de Fora, mas, no exato carnaval de 1971, eu estava chegando da Europa para morar em Ouro Preto. Tinha ganhado o maior prêmio de artes plásticas do país, o Prêmio Salão Nacional de Belas Artes de Viagem a Europa. Portinari, Pancetti, Iberê Camargo, Rubens Gerschman e Athos Bulcão ganharam o mesmo prêmio. Comemorei o aniversário de 80 anos em 19 de dezembro. Resolvemos transformar a nossa casa no Atelier Casa Bracher, com obras minhas e da minha mulher, Fani Bracher, que tem um caminho maravilhoso, totalmente distinto do meu.
 
E a Casa Bracher virtual, como funcionará?
Estamos organizando também um site com um tour virtual, bancado pelo Sesi e a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Você pode viajar pelas salas, com informação sobre cada quadro. Além disso, estarão disponíveis os 11 livros e mais de 30 filmes sobre a minha obra. Foi muito bem organizado. Assim que passar a pandemia, vamos levar às escolas. É importante trabalhar com as crianças e os adolescentes, melhorar os padrões culturais e humanos.
 
O seu último trabalho foi a ilustração do livro Canto mineral, de 
Carlos Drummond de Andrade. Qual é o claro enigma de Minas Gerais?
Somos minerais e abissais. Nós, os mineiros, e os nordestinos, somos povos profundos. É onde dá caldo. Os povos leves não dão poesia nem sumo. Porque no fundo da vida está a poesia no sentido amplo. O poético é a substância da vida, das artes e das ciências. Minas forja Carlos Drummond, homem de minérios e mistérios. Quis fazer desenhos a carvão como se fosse a própria matéria do verbo.


Pintura de Carlos Bracher da Série Van Gogh: afinidade artística e anímica (Miguel Aun/Divulgação - 14/2/21 )  
Pintura de Carlos Bracher da Série Van Gogh: afinidade artística e anímica


Pintura de Carlos Bracher da Série Marinas: pinceladas convulsivas e vibrantes (Miguel Aun/Divulgação - 14/2/21)  
Pintura de Carlos Bracher da Série Marinas: pinceladas convulsivas e vibrantes
 
Qual a conexão espiritual que você tem com Van Gogh, 
a quem dedicou uma série de mais de 100 quadros?
É uma ligação de estilo e de alma, muito complexa, de ser e de pintar. Encanta-me muito a vida dele, a devoção à arte, a vibração da cor, o caos e a tragicidade. E, também, a forma de pintar, a densidade, a emoção da arte. Sou um sujeito caótico, não sou mental, pinto de uma maneira visceral. Tento resolver a minha saída no caos de uma tragicidade indômita. É uma complexidade anímica. Vou morrer expressionista. É um estado de alma, não se aprende. A série sobre Van Gogh rodou pela Europa, China e Japão.
 
Qual a motivação para pintar Brasília?
Primeiramente, porque eu sou fã de Juscelino, minha família é de Diamantina, minha avó morava em frente a casa da mãe dele. Desde os tempos de criança, eu ouvia falar do Nonô, apelido de Juscelino na família. Diziam que era muito inteligente, que acordava cedo, desde os 6 anos, para ler. Quando visitei Brasília em 1962, fiquei fascinado, queria pintar. Mas só em 2007 vim a Brasília e permaneci um ano pintando. Foi uma experiência linda. Fiz 63 quadros, pintei na rua, em contato com os brasilienses.
 
Pintura de Carlos Bracher: mergulho no mistério das curvas do barroco mineiro (Miguel Aun/Divulgação - 12/5/10 )  
Pintura de Carlos Bracher: mergulho no mistério das curvas do barroco mineiro
 Por qual brecha ou janela tentou entrar em 
Brasília para pintar mais de 60 quadros sobre a cidade?
Peguei a beleza do céu e essa contundência do caos e da vibração telúrica. Pintei mais o céu do que a cidade. É uma cidade toda reta. A minha filha Blima fez um filme sobre as pinturas da Série Brasília, que se chama Âncoras aos céus. Moro em Ouro Preto, que tem uma arquitetura barroca. O expressionismo é meio barroco, redondo, curvo. O barroco é o mistério das coisas redondas. A Pampulha é o nicho de Brasília. É um relevo de montanhas. Embora a arquitetura de Niemeyer seja retilínea, ele tem uma alma barroca, tem um lado de curvas que está na Catedral Metropolitana de Brasília e no Congresso Nacional. Mas a curva vem atrás como algo pictórico.
 
Você estabelece uma relação entre o 
expressionismo e o barroco do Aleijadinho, 
tema de uma série na passagem dos 200 anos do artista?
O Aleijadinho é um fenômeno, filho de um português e de uma escrava. Naquela época, não podia ter casamento entre branco e escravo. Era um gênio nascido no fim de mundo. Aquela igreja com os profetas é patrimônio cultural da humanidade. É um primeiro artista brasileiro híbrido, filho de português com escrava. O pai do Aleijadinho adorava a negra. É um artista brasileiro com a força tropical, a consciência europeia com esse extrato vibratório espetacular. Quando me detive nessa série é que fui perceber a dimensão do Aleijadinho.
 
E como é a história de fazer um retrato 
do estilista de moda Ronaldo Fraga?
Olha, eu fiz retratos de Vinicius de Moraes, Jorge Amado, Chico Buarque, Oscar Niemeyer, Milton Nascimento, Maria Bethânia e Belchior. Tudo ao vivo. Na pandemia, fiz o retrato de Ronaldo Fraga de maneira virtual, ele posando em Belo Horizonte e eu pintando em Ouro Preto. Porque é muito importante a presença. Você sente a emoção e capta aspectos importantes do personagem. É o encontro com um grande estilista. Essa é a primeira vez que eu faço um retrato de maneira virtual.
 
Como vê a situação de cerceamento da arte atualmente?
É ruim, evidentemente, o corte nos investimentos para a cultura. Mas a força criativa é maior do que o cerceamento. O povo é que comanda a criação da cultura. Claro que quanto mais liberdade tivermos, maior será a arte. A cara de um povo é a cultura, é o sumo de um povo. A arte é o grito final humano. Este grito é um hino de amor à vida. Precisamos desses hinos para os outros que virão. Temos que cantar o nosso instante. Arte é a nossa raiz mais profunda, é o que a gente faz chorando, chorando de amor. A vida é ir em frente.

Correio Braziliense segunda, 08 de março de 2021

CORONAVÍRUS - ESCOLAS PARTICULARES E ACADEMIAS REABREM HOJE

Jornal Impresso

Escolas particulares e academias reabrem hoje
 
Retorno das atividades presenciais passa a valer, mas deve obedecer às normas sanitárias de combate à covid-19. Decisão do Executivo local divide opiniões, principalmente em um momento de alta na taxa de transmissão do vírus e de superlotação no sistema de saúde

 

SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 08/03/2021 04:00

Frequentadora assídua de academia há 14 anos, a cuidadora Ana Moura voltará às atividades esportivas assim que os estabelecimentos reabrirem (Ed Alves/CB/D.A Press
)  

Frequentadora assídua de academia há 14 anos, a cuidadora Ana Moura voltará às atividades esportivas assim que os estabelecimentos reabrirem

 

Instituições de ensino particulares e academias estão autorizadas a retomar as atividades presenciais a partir de hoje, no Distrito Federal. O funcionamento desses estabelecimentos estava suspenso desde 28 de fevereiro, como parte da estratégia de combate à pandemia da covid-19. No entanto, a liberação do retorno divide opiniões entre representantes e frequentadores dos setores afetados, devido à ocupação dos leitos em unidades de terapia intensiva (UTI) para tratamento da doença passar de 90%, tanto na rede pública quanto na particular. Além disso, a taxa R(t), que calcula transmissão do novo coronavírus, está em 1,35. O resultado significa que cada 100 infectados podem contaminar, em média, outras 135 pessoas.
 
Na sexta-feira, o governador Ibaneis Rocha (MDB) liberou, por meio de decreto, o retorno das aulas em escolas e academias, mas com ressalvas. O texto prevê que esses locais devem seguir as medidas de segurança e os protocolos recomendados pelas autoridades sanitárias, como garantir distância mínima de dois metros entre as pessoas; proibir que integrantes do grupo de risco trabalhem; disponibilizar álcool em gel; cobrar o uso de máscaras e aferir a temperatura de todos os presentes. Além disso, as escolas devem atuar com rodízio de estudantes, e as academias não podem fazer aulas coletivas.
 
Michelle Silva, 49 anos, conta que se sentiu segura com as medidas de segurança adotadas pela escola do filho, Augusto César Silva, 16. “Além de confiar na unidade de ensino, confio em meu filho e sei que ele entende a necessidade de usar máscaras, manter o distanciamento social e higienizar as mãos”, relata Michelle. Apesar disso, a moradora da Octogonal ainda se mantém atenta. “Mesmo em casa, tomamos todos os cuidados e seguimos preocupados com o vírus”, completa.
 
A cuidadora Ana Moura, 49, frequenta assiduamente a academia há 14 anos e diz que deve voltar, hoje, às atividades esportivas presenciais. “O local que frequento tem todo um cuidado e me sinto segura. Eles não fazem aulas coletivas e mantêm um número reduzido de alunos em cada horário, todos com máscara, além de higienizarem o espaço constantemente”, relata. Para a moradora de Vicente Pires, o exercício físico faz a diferença na rotina. “Quando soube que as academias reabririam, foi um alívio”, acrescenta Ana.
 
Representantes
 
Assim como entre os que frequentam escolas e academias, a volta das atividades presenciais dividiu representantes de entidades sindicais. O Sindicato das Academias (Sindac-DF) ressaltou que todas as instituições seguirão as medidas de segurança. “Graças ao novo decreto estamos liberados e vamos abrir as portas na próxima segunda-feira, seguindo todas as nossas normas à risca. Assim, vamos garantir não só a saúde da população como também a segurança em nossos ambientes”, informou a entidade em nota.
 
A presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino (Sinepe-DF), Ana Elisa Dumont, também é favorável ao retorno das atividades presenciais. Para ela, as escolas deveriam ser consideradas atividades essenciais. “Cerca de 85% dos estabelecimentos (de ensino) devem retornar hoje. A escola é um serviço essencial, pois cuida da saúde mental e cognitiva dos estudantes”, defende.
 
Já Rodrigo de Paula, um dos diretores do Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino (Sinproep-DF), não vê motivo para o retorno e espera uma intervenção por parte do Ministério Público do Trabalho (MPT). “Vamos nos reunir com a instituição e com o GDF (Governo do Distrito Federal) amanhã. Esperamos que o MPT barre essa retomada. De qualquer forma, continuaremos fiscalizando os estabelecimentos e o distanciamento entre os alunos e os servidores”, afirma. Na reunião, o sindicato também cobrará um calendário de vacinação contra a covid-19 para a área de educação.
 
 
Palavra de especialista
 
Sem margem para erros
 
Vejo a volta das atividades presenciais em escolas e academias com muita preocupação, porque estamos em um cenário de aumento progressivo da taxa de transmissão do vírus e com o sistema de saúde sobrecarregado. Não temos margem para erros, para acompanhar e ver se os locais vão conseguir cumprir as regras sanitárias. Estamos em uma situação de crise. Talvez, essa discussão deveria ter sido feita antes de atingirmos um cenário crítico. Com a volta das atividades presenciais, pode haver impacto na taxa de transmissão. Se isso acontecer, não teremos leitos para todos. Por isso, neste momento, a abertura de qualquer atividade é perigosa. Cabe à população aderir às medidas restritivas o máximo que conseguir. Claro que, quem precisar trabalhar presencialmente e estiver liberado pelo Poder Executivo, deve ir. No entanto, quem puder deve ficar em casa.
 
Valéria Paes, infectologista da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal

Correio Braziliense domingo, 07 de março de 2021

CORONAVÍRUS - SISTEMA INÉDITO NO DF VAI MONITORAR VÍTIMAS

 

Sistema inédito no DF vai monitorar vítimas
 
 
Secretaria de Segurança Pública lançará, em maio, dispositivo eletrônico para acompanhar mulheres assistidas por medidas protetivas. Equipamento emitirá alertas ou acionará a polícia nos casos em que houver aproximação dos agressores

 

SARAH PERES

Publicação: 07/03/2021 04:00

Acompanhamento ocorrerá  24 horas por dia, na Diretoria de Monitoramento de Pessoas Protegidas (André Feitosa SSP/DF
)  
Acompanhamento ocorrerá 24 horas por dia, na Diretoria de Monitoramento de Pessoas Protegidas
No mês da mulher e a dois de a lei que tipifica o feminicídio completar seis anos, o Distrito Federal acumula casos de assassinato em decorrência de gênero. Desde a criação da qualificadora específica para esse tipo de crime — em 9 de março de 2015 — até o mês passado, o total de vítimas chegou a 116. Mesmo com uma queda de 46% nas ocorrências, entre 2019 e 2020, formas de preveni-las continuam entre as preocupações. Nesse sentido, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) lançará uma série de ações para integrar o projeto Mulher Mais Segura (leia Alianças sociais). Entre as medidas anunciadas está a implementação do Dispositivo de Monitoramento de Pessoas Protegidas (DMPP), previsto para começar a funcionar em maio.
 
O sistema permitirá supervisionar vítimas de violência doméstica assistidas por medidas protetivas, para assegurar que os agressores não entrem em contato com elas. O DMPP será disponibilizado por meio de determinação judicial. As vítimas receberão um dispositivo móvel na cor roxa, e os acusados usarão tornozeleira eletrônica. 
 
O secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, afirma que o programa terá início com o atendimento a cinco mulheres. “Os dois dispositivos se conectam, de forma que nossos servidores poderão acompanhar, em tempo real, o cumprimento das medidas protetivas estabelecidas pelos juízes. Desse modo, a vítima não precisará acionar a polícia se estiver em situação de perigo. Se o agressor entrar na zona de exclusão determinada, ambos os dispositivos passam a vibrar, piscar a cor vermelha e emitir um alerta sonoro”, detalha.
 
Responsável pela Diretoria de Monitoramento de Pessoas Protegidas da SSP-DF, Andrea Boanova explica que o monitoramento das vítimas e agressores será feito por 15 servidores, como policiais civis, militares e penais, além de bombeiros. Atualmente, o setor conta com duas estações eletrônicas, com capacidade para acompanhar 600 indivíduos. “O software possibilita verificarmos quando a vítima está em perigo iminente e, assim, alertá-la. É o que se diferencia das medidas existentes, em que as mulheres precisam acionar a segurança pública”, compara. “O programa também viabiliza termos um rastro que altera nossa forma de atuação. Podemos ver, por exemplo, se a mulher está no shopping e se o agressor ingressa no local”, acrescenta.
 
A diretora ressalta que a vítima é informada sobre a situação e aconselhada a procurar um local seguro. “Ele (o agressor) pode não ter conhecimento de que a vítima está no estabelecimento, mas, pelas normas, ele deverá sair dali. Então, vamos orientá-lo a deixar o espaço, seja por SMS ou ligação. Se ele estiver indo até a mulher propositalmente, faremos as mesmas recomendações. Mas, ao mesmo tempo, será acionada a Polícia Militar, tanto para protegê-la quanto para deter o agressor”, frisa Andrea Boanova.
 
Confiança
 
Além disso, na Diretoria de Monitoramento de Pessoas Protegidas, que fica no Centro Integrado de Operações de Brasília (Ciob), as mulheres terão uma sala de acolhimento. Nesse local, as vítimas do projeto contarão, inclusive, com acompanhamento psicológico. “Haverá servidores capacitados para esse tipo de atendimento. Assim, elas poderão ser orientadas a buscar outros serviços de ajuda, como os disponibilizados pela Secretaria de Estado da Mulher, que é uma grande aliada no combate a esse tipo de violência”, comenta o secretário Anderson Torres.
 
Para Rita Lima, coordenadora do Núcleo de Defesa da Mulher (Nudem), da Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF), a implementação do DMPP pode gerar mais confiança para que as vítimas denunciem os agressores. “Nós que trabalhamos diretamente com essas mulheres nos deparamos com queixas sobre o controle da medida protetiva. Os próprios dados da Câmara Técnica de Monitoramento de Homicídios e Feminicídios da SSP-DF revelam que a maior parte das vítimas de feminicídio não denunciou situações de violência anterior. No ano passado, apenas uma tinha medida protetiva. Esse é um dos maiores desafios atuais para o combate a esse crime”, analisa.
 
A defensora pública frisa a necessidade de desmistificar a eficácia das medidas protetivas. “Quando a mulher recebe esse amparo da Justiça, a maior parte dos agressores respeita a norma estabelecida. Claro que não temos estrutura para acompanhar todas essas vítimas, mas, nos casos mais sensíveis e de grande vulnerabilidade, o dispositivo de monitoramento pode ser eficaz para assegurar o respeito às medidas protetivas e para manter a segurança da mulher. Além disso, mantém o agressor longe dos locais proibidos judicialmente, como a casa e trabalho da vítima, assim como evita encontros fortuitos em áreas públicas”, observa Rita.
 
No detalhe
 
Veja as principais características dos casos de feminicídio registrados no DF entre março de 2015 e fevereiro de 2021:
 
As vítimas
116
 
Perfil etário
 
Casos sob investigação
 
2 anos
Idade da vítima mais nova
 
69 anos
Idade da vítima mais velha
 
37 anos
Idade média das vítimas
 
 
RAÇA/COR
 
59,5%
Vítimas que se declaravam pardas
 
Escolaridade
37,4% — Ensino médio
33% — Ensino fundamental
18,3% — Ensino superior
4,3% — Sem instrução
7% — Sem informações
 
O crime
97,41% dos feminicídios foram elucidados, com identificação do autor;
73,3% dos crimes ocorreram no interior das residências;
47,3% dos autores eram maridos ou companheiros das vítimas.
 
Fonte: Câmara Técnica de Monitoramento de Homicídios e Feminicídios (CTMHP) da SSP-DF

 


Correio Braziliense sábado, 06 de março de 2021

CORONAVÍRUS - AMEAÇA SILENCIOSA ENTRE OS MAIS JOVENS

Jornal Impresso

CORONAVÍRUS

 

Ameaça silenciosa entre os mais jovens
 
Distrito Federal registra alta de 94% na média móvel de casos da covid-19, chegando a 1.253,4. População até 29 anos é um dos vetores do novo coronavírus na capital do país. A doença matou 43 pacientes dessa faixa etária, grupo em que observa-se a baixa letalidade

 

Darcianne Diogo, Jéssica Moura

Publicação: 06/03/2021 04:00

Marina foi diagnosticada com a doença passou 13 dias com sintomas, desde dor de cabeça à dificuldade de respirar (Carlos Vieira/CB/D.A Press
)  

Marina foi diagnosticada com a doença passou 13 dias com sintomas, desde dor de cabeça à dificuldade de respirar

 

O Distrito Federal registrou, ontem, recorde na média móvel de mortes e de casos da covid-19, este ano. As taxas ficaram em 16,3 e 1.253,4, respectivamente. Comparada ao índice de 19 de fevereiro, a alta foi de 94%, em relação às infecções (646), e de 70,3%, quanto aos óbitos (9,57). Os números desafiam a sociedade e o poder público, sobretudo ao falar da pandemia entre os jovens com até 29 anos. Desde o início do mês, 1.243 pessoas dessa faixa etária contraíram o novo coronavírus e duas morreram. Ao todo, essa parcela da população representa 26,27% das ocorrências, com 79.786 infectados, sendo 43 óbitos.
 
Quando se observa o grupo de 30 a 39 anos, o cenário é semelhante. Entre segunda-feira e ontem, 1.199 pessoas dessa faixa foram diagnosticadas com a covid-19 e uma morreu. Desde o início da pandemia, são 78.925 infectados e 118 vítimas. Somando os dois grupos, eles representam 52,26% de todos os casos do novo coronavírus no DF. Atualmente, dos 272 leitos de unidades de terapia intensivas (UTI) da rede pública, 238 estão ocupados, nove com jovens até 29 anos e 17 com pacientes de 30 a 39 anos. A soma representa 9,56% dos leitos disponíveis. No geral, a taxa de ocupação na rede pública é de 92,61%. O grupo mais vulnerável à doença são idosos acima de 80 anos, em que a covid-19 mata 27,2% dos pacientes.
 
Outro ponto que chama a atenção é a alta de óbitos por causas respiratórias de jovens entre 20 e 29 anos. Em 2019, somou 344 registros nos cartórios do DF. Em 2020, o número subiu para 445, e, este ano, houve 77 ocorrências. O aumento de mortes devido a problemas respiratórios também se observa entre a faixa etária de 30 a 39 anos, quando, em 2019, houve 554 óbitos; em 2020, foram 727; e em 2021, 100.
 
O infectologista Julival Ribeiro, alerta que, em todo o mundo, houve mudança no perfil de infectados que também desenvolvem sintomas pós-covid, como cansaço, problemas cardíacos e cefaleia. “Estão ocorrendo mais infecções em jovens e mais graves e, infelizmente, alguns até morrendo. Se os jovens continuarem a não obedecer às medidas restritivas, além de se infectar, podem levar a infecção para casa, e imagina se são idosos e pessoas com comorbidades?”, indaga.
 
Em novembro, a comunicadora Marina Torres, 24 anos, começou a apresentar os primeiros sintomas da covid-19, justamente na semana em que deixou o teletrabalho e retomou as atividades presenciais. “Usava a máscara o tempo todo, passava álcool em gel, e, mesmo assim, me infectei”, relata. “Os sintomas foram avançando e tive dor no corpo, de cabeça e dificuldade de respirar”. Marina foi ao hospital algumas vezes ao longo dos 13 dias em que ela e o companheiro tiveram a doença. “Fiquei com medo, a gente não sabe como o corpo vai reagir”.
 
A estudante de marketing Nathalia Vajas, 26, conta que contraiu a covid-19 em julho, após se hospedar por alguns dias na casa do sogro. “Meu namorado começou a sentir os sintomas. Teve muita dor de cabeça, calafrio e dor no corpo. Como não tínhamos certeza se era ou não, continuamos em casa, porém não nos isolamos. Após três dias, eu comecei a sentir dor de cabeça e tive crises de rinite bem fortes”, detalha a jovem.
 
Nathalia é asmática e faz uso da bombinha constantemente. Dois dias depois de sentir dores de cabeça, ela perdeu o olfato e o paladar. O exame não poderia apresentar outro resultado: positivo para a covid-19. “Meu sogro chegou a ficar internado em estado grave na UTI durante uma semana. Senti muito medo. Sempre que eu acordava, contava mais um dia de vida, porque essa doença mexe com nosso psicológico. Do nada, você pode ter uma crise e ter que se internar. Foram dias de pânico”, lembra.
 
Durante 14 dias, ela cumpriu o isolamento na casa da sogra e ficou por mais de 30 dias sem ver a mãe, de 69 anos, que tem comorbidades como diabetes, leucemia crônica e pressão alta. Mesmo curada, Nathalia lida com as sequelas da doença. “Até hoje, sinto a mesma dor de cabeça e continuo com a queda de cabelo”, lamenta.
 
Novo perfil
 
O presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib) no DF, Rodrigo Biondi, reforça que o cenário nas UTIs, neste momento, é diferente da primeira fase. “Parece, realmente, que tem pacientes mais jovens, isso é nítido, era incomum na primeira onda. Tem muito mais jovens e muito mais graves, coisa que era raro, e não porque a doença esteja diferente, mas porque tem mais jovens infectados”, avalia médico.
 
Segundo Biondi, os mais jovens que chegam em busca de tratamento acabam ocupando os leitos por mais tempo. “O paciente jovem tem mais capacidade de resposta, a mortalidade é menor, mas até se recuperar, essa recuperação é mais longa, são pelo menos uns três dias a mais”, afirma. De acordo com a estimativa do painel da covid-19, da secretaria de Saúde, 95% dos pacientes adultos internados atualmente precisarão de internação por até 15 dias.
 
Para o médico, a situação é alarmante. “Está se desenhando para ser uma catástrofe. Estou muito preocupado. As pessoas podem perder tempo de tratamento, podem procurar por leitos e não ter, isso já está acontecendo”, destaca. Biondi avalia que os jovens estão se expondo ao vírus. “A gente vê os jovens fazendo todo tipo de coisa que não deveria. E mesmo aquelas pessoas que não vão trabalham com pessoas que têm esse hábito e acabam sendo infectadas”, considera.
 
Asmática,  Nathalia Vajas teve covid-19 em julho, mas sofre com sequelas até hoje (Arquivo Pessoal
)  

Asmática, Nathalia Vajas teve covid-19 em julho, mas sofre com sequelas até hoje

 


Correio Braziliense sexta, 05 de março de 2021

CORONAVÍRUS - VACINAÇÃO SEM FILAS PARA IDOSOS DE 75 ANOS

Jornal Impresso

Vacinação sem filas para idosos de 75 anos

 

Larissa passos

Publicação: 05/03/2021 04:00

No mesmo dia em que bateu — pela terceira vez nesta semana — recorde nas médias móveis de casos e mortes pela covid-19 em 2021 (leia Números em alta), o DF deu início à vacinação de idosos com 75 anos, após receber mais 26,2 mil doses da CoronaVac. Com a nova remessa, a capital federal imunizou ontem 5.620 pessoas com a primeira dose e reforçou a aplicação da vacina em 1.841 brasilienses, elevando o total de pessoas vacinadas na unidade federativa a 149.851. Dessas, 55.986 (37%) receberam também a segunda dose.
 
O Correio esteve ontem nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da Asa Norte, Asa Sul e Cruzeiro. Os postos de saúde amanheceram sem fila de espera para a imunização, atendendo idosos que agendaram no site da pasta, bem como aqueles que fizeram o agendamento por telefone.
“Isso aqui é uma vitória”, celebrou a moradora da Asa Norte e aposentada Zelma Mamedes, 75 anos, após tomar a vacina. Ela conta que a sensação de ser imunizada é um alívio: “Eu não senti dor, foi rápido e não demorou. Os profissionais de saúde me trataram bem e foram muito atenciosos”. A filha, Fernanda Rezende, fez o agendamento pelo site no dia anterior e não enfrentou dificuldades durante o processo.
 
Moradora da Octogonal e também aposentada, Maria Vilani Fernandes, 75 anos, relata que fez o agendamento da vacina para as 15h, mas chegou antes do horário previsto e conseguiu receber a primeira dose do imunizante. Mesmo vacinada, ela garante que, como é recomendado, continuará seguindo todos os protocolos estabelecidos pelos órgão de saúde. 
 
Outra moradora da Octogonal, a paisagista Marta Elisa Zapata, 75 anos, diz que se sente agradecida por receber o imunizante. A chilena, que mora há 25 anos na capital federal, ficou ansiosa para a vacinação, porque segundo ela, está sem cuidar da neta e sem poder abraçá-la desde março: “Se Deus quiser, agora vamos poder”.
 
 
Números em alta
 
Pelo terceiro dia consecutivo, o DF registrou as maiores médias móveis de casos e de mortes do ano. Ontem, a mediana de óbitos chegou a 16,14 — 66% a mais do que o valor de 18 de fevereiro —, e a de infectados está em 1.200,4 — 101,5% maior do que a média de duas semanas atrás. Em 24 horas, a Secretaria de Saúde registrou 18 mortes e 1.266 novos casos de covid-19. Com isso, o total de pessoas infectadas pela doença no DF chegou a 302.185, e o número de vidas perdidas desde o início da pandemia é de 4.918.`

Correio Braziliense quinta, 04 de março de 2021

CORONAVÍRUS - COMEÇA A VACINAÇÃO DE IDOSOS COM 75 ANOS

Jornal Impresso

CORONAVÍRUS

Começa a vacinação de idosos com 75 anos
 
Após a chegada de mais 26,2 mil unidades de imunizantes, a Secretaria de Saúde (SES-DF) estendeu a aplicação das doses para nova faixa etária. Serviço de agendamento segue disponível para todos que fazem parte dos grupos prioritários

 

» SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 04/03/2021 04:00

Maria de Lourdes aguarda a imunização para visitar os irmãos, no Ceará (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  
Maria de Lourdes aguarda a imunização para visitar os irmãos, no Ceará
 
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Com o recebimento de mais 26,2 mil doses da CoronaVac, ontem, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) confirmou o início da vacinação de pessoas a partir de 75 anos. O novo grupo prioritário começa a ser atendido às 8h de hoje, mas é necessário agendar atendimento, pela internet ou por telefone. A estimativa é de que 9,3 mil brasilienses façam parte dessa parcela. A confirmação do início da nova etapa ocorreu ontem, mesmo dia em que o DF atingiu a maior média móvel de casos do ano e ultrapassou as 300 mil infecções por covid-19, com mais de 4,9 mil mortes (leia mais na página 20).
 
Dos 43 pontos de vacinação, 13 são por drive-thru. O agendamento segue o padrão adotado pela SES-DF: os interessados podem acessar o site vacina.saude.df.gov.br ou ligar no Disque 160, opção 6.  Às 17h de ontem, idosos com 75 anos começaram a escolher os locais, a data e o horário de preferência para receber a primeira dose. Um deles foi o aposentado Walter Antônio Augustinho, 75 anos, que, ao saber da notícia, correu ao portal para garantir que vai ser imunizado. “Quero viver muito ainda, e estou ansioso para o momento de me vacinar”, disse o morador do Lago Norte.
 
Os pontos drive-thru atendem exclusivamente por meio de marcação. Nas unidades básicas de saúde (UBSs) que disponibilizam vacinas, é possível receber imunizantes sem agendamento, porém, a SES-DF alerta que há risco de filas e aglomerações. Maria de Lourdes Viana Alves, 75, mora na Asa Norte e conseguiu garantir o atendimento na manhã de hoje, na UBS do Sol Nascente. Ela contou que não teve problemas com o site e que aguarda pelo fim da pandemia. “O motivo maior é que, depois de vacinada, espero poder viajar, para visitar meus irmãos em Fortaleza”, afirmou Maria de Lourdes.
 
Ao acessar o site da Secretaria de Saúde, para programar a vacinação, é necessário informar dados pessoais como CPF, endereço e telefone. A pasta informou que, para agilizar o atendimento no dia da imunização, é recomendado — não obrigatório — imprimir e levar a Ficha de Registro de Doses Aplicadas, gerada no fim do processo de cadastramento pela internet. Caso não seja possível, o documento será preenchido na UBS. Diariamente, a SES-DF disponibiliza novas vagas para todo o grupo prioritário; por isso, ressalta que não há necessidade de aguardar em filas.
 
“O ideal é que se evite chegar a uma UTI. Para isso, precisamos manter o distanciamento social. Esse é o dever de cada um”
Walter Ramalho,  professor de epidemiologia da Universidade de Brasília (UnB)
 
» Locais de vacinação
 
Águas Claras
Faculdade Unieuro (só drive-thru)
 
Asa Norte
UBS nº 2 — EQN 114/115, Área Especial
 
Asa Sul
UBS nº 1 — SGAS 612, Lotes 28/29
 
Brazlândia
UBS nº 1 — EQ 6/8, Lote 3, 
Setor Norte
 
Candangolândia
UBS nº 1 — EQR 5/7, Área Especial 1
 
Ceilândia
UBS nº 3 — QNM 15, Bloco C3, Ceilândia Sul 
UBS nº 5 — QNM 16, Módulo F, Ceilândia Norte (só drive-thru)
UBS nº 7 — EQNO 10, AE D/E, Setor O
UBS nº 16 — SHSN, Trecho 1, Etapa 1, Qd. 500, AE 2
UBS nº 17 — QNP 16/20, Setor P Sul
 
Cruzeiro
UBS nº 2 — Setor Escolar, Lote 4, Cruzeiro Velho
 
Estrutural
UBS nº 2 — Quadra 18, Área Especial (antigo prédio do TRE)
 
Gama
Estacionamento Bezerrão, Setor Central (só drive-thru)
UBS nº 1 — Entrequadra 6/12
UBS nº 3 — E/Q 3/5, Área Especial, Setor Leste
UBS nº 5 — Área Especial, Lote 38, Setor Central, Lado Leste
 
Guará
UBS nº 1 — QE 6, Lote C, Área Especial S/N, Guará 1
UBS nº 2 — QE 23, Lote C, Área Especial S/N, Guará 2 
(inclui drive-thru)
UBS nº 3 — QE 38, Área Especial S/N, Guará 2
UBS nº 4 — QELC, EQ2/3, Conjunto Lucio Costa
 
Itapoã
UBS nº 2 — Quadra 378, 
Área Especial 1, Del Lago
 
Jardim Botânico
Centro de Práticas Sustentáveis 
(só drive-thru)
DF-463, Avenida do Cerrado, Jardins Mangueiral
 
Lago Norte
Shopping Iguatemi (só drive-thru)
UBS nº 1 — SHIN, QI 3, 
Área Especial
 
Lago Sul
Policlínica — Setor de Habitações Individuais Sul, QI 21 (só drive-thru)
 
Núcleo Bandeirante
UBS nº 1 — 3ª Avenida, 
Área Especial nº 3
 
Paranoá
Praça Central S/N, Lote 1, 
ao lado da Administração Regional
 
Parque da Cidade
Estacionamento 13 (só drive-thru)
 
Planaltina
Casa de Vivência — NS01, 
Área Especial 9, SRL Planaltina
UBS nº 5 — Quadra 12 D, Conj. A, Área Especial (inclui drive-thru)
Recanto das Emas
UBS nº 3 — Qd 104/105, 
Área Especial
 
Riacho Fundo 1
UBS nº 1 — QN 9, Área Especial 11 (inclui drive-thru)
 
Riacho Fundo 2
UBS nº 1 — QC 6, Conjunto 16, 
Área Especial, Lote 1
UBS nº 2 — QC 1, Conjunto 10, Lote 1
 
Samambaia Norte
UBS nº 2 — QS 611, AE 2
 
Santa Maria
Administração Regional de Santa Maria — Quadra 1, Conj. H, Lote 1 (só drive-thru)
Igreja Assembleia de Deus — QR 207/307, Conjunto T, Área Especial
UBS nº 2 — EQ 217/317, Área Especial, Lote E
 
São Sebastião
UBS nº 2 — TRE, Qd. 101, Conj. 2, Lote 1, Residencial Oeste
 
Sobradinho 1
UBS nº 1 — Quadra 14, Área Especial 22/23 (inclui drive-thru)
 
Sobradinho 2
UBS nº 2 — DF-420, Setor de Mansões (inclui drive-thru)
 
Taguatinga
UBS nº 1 — QNG, AE 18/19
UBS nº 5 — Setor D Sul, AE 2

Correio Braziliense quarta, 03 de março de 2021

CORONAVÍRUS - GDF DEVE AMPLIAR VACINAÇÃO NA QUINTA

Jornal Impresso

CORONAVÍRUS
 
GDF deve ampliar vacinação na quinta
 
Idosos com 75 anos serão incluídos na campanha, caso o DF receba do Ministério da Saúde, hoje, 26,2 mil doses de CoronaVac. Pessoas com 70 anos e profissionais da linha de frente em áreas sociais podem entrar no plano de imunização até o fim do mês

 

» DARCIANNE DIOGO
» SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 03/03/2021 04:00

Cerca de 60 pessoas, principalmente empresários, reuniram-se, ontem, em frente à Câmara Legislativa para protestar contra as medidas restritivas (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  

Cerca de 60 pessoas, principalmente empresários, reuniram-se, ontem, em frente à Câmara Legislativa para protestar contra as medidas restritivas

 



O Distrito Federal deve receber, hoje, mais 26,2 mil doses da CoronaVac, imunizante contra a covid-19 produzido pelo Instituto Butantan, em São Paulo, em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. Caso a remessa chegue, começará, amanhã, a vacinação de pessoas com 75 anos. A Secretaria de Saúde (SES-DF) calcula que o grupo seja composto por cerca de 9.363 idosos. O Executivo local pretende, até o fim de março, finalizar o atendimento de todos os brasilienses com mais de 70 anos. Se a previsão se concluir, em abril, terá início a aplicação das doses em pessoas com 65 anos ou mais, além do público em geral.

A ampliação da campanha de imunização é uma das principais medidas para combater o avanço da pandemia da covid-19. Entre segunda-feira e ontem, a SES-DF confirmou 563 novos casos de infecção pelo novo coronavírus e 22 mortes pela doença. Com isso, o total de contaminados chegou a 299.399, e o de vítimas, a 4.887. Além disso, por volta das 18h, 88,67% dos leitos públicos e privados em unidades de terapia intensiva (UTIs) voltados a esses pacientes estavam ocupados. Do total de 459 vagas, apenas 43 estavam disponíveis, e nove, bloqueadas.

Até ontem, 143 mil pessoas haviam sido imunizadas contra o novo coronavírus. Segundo o governador Ibaneis Rocha (MDB), o Executivo local conta com a distribuição de cerca de 30 milhões de doses pelo Ministério da Saúde para todo o país, neste mês. Com isso, outros trabalhadores devem entrar nos grupos prioritários nas próximas semanas. “Fiscais e auditores da (Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística) DF Legal, assistentes sociais e conselheiros tutelares. Mandei fazer um levantamento das áreas mais sensíveis, para decidir em conjunto com a Secretaria de Saúde”, afirmou.

Desde o início da pandemia, o Distrito Federal recebeu seis remessas com os imunizantes, um total de 240.560 unidades. Até ontem, 52.680 pessoas haviam recebido as duas doses. Em estoque, a SES-DF conta com 10,2 mil doses de vacinas contra a covid-19. Questionado sobre os envios ao DF, o Ministério da Saúde informou que está “elaborando o cronograma de distribuição da nova remessa de vacinas do Instituto Butantan”.

Na avaliação de Ana Helena Germoglio, infectologista do Hospital Águas Claras, a vacinação deve ocorrer de forma “sistemática e gradativa”, priorizando grupos com maior risco de evolução para casos graves. Só após a imunização de cerca de 80% da população, segundo ela, será possível controlar a circulação viral e reduzir o número de casos. “A pandemia tem desafiado pesquisadores e gestores a encontrar medidas que evitem o colapso dos sistemas de saúde e reduzam as mortes. Estudos sugerem que o distanciamento social, desde que bem adotado pela população, é efetivo, especialmente quando combinado à testagem ampla, ao isolamento de casos confirmados e à quarentena dos contactantes”, ressaltou a médica.

Protesto

Apesar de especialistas defenderem a adoção de medidas restritivas e de distanciamento social para evitar a disseminação do novo coronavírus, o Distrito Federal encontra-se na sétima posição no ranking que avalia o índice de isolamento nas unidades federativas, com uma taxa 37,02%. Os dados são da plataforma Inloco. Ainda assim, ontem, mais de 60 manifestantes se reuniram em frente à Câmara Legislativa (CLDF) para protestar contra o fechamento de alguns setores. A medida, decretada pelo Executivo local, começou a valer no domingo.

Ao som de buzinas e vestidos com blusas pretas ou com as cores da bandeira do Brasil, os manifestantes levantavam cartazes e faixas com dizeres como “Queremos trabalhar” e “Salvar empregos também é salvar vidas”. O ato, que durou mais de três horas, foi coordenado pelo bolsonarista Renan Silva Sena — preso em junho por gravar vídeos xingando Ibaneis e atacando instituições como o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional. Renan é o mesmo que, em maio, hostilizou enfermeiras durante um protesto silencioso promovido pela categoria na Praça dos Três Poderes. “Estamos lutando pelos nossos direitos. Não pense vocês que o lockdown vai quebrar a todos. Isso é uma mentira. Pelo contrário, ele atingirá somente a nós, empresários”, disse ele, ontem.

A maioria dos manifestantes eram empresários que pediam a reabertura do comércio. Aurileia da Silva, 45 anos, administra uma loja de roupa de bebês na Feira dos Goianos, em Taguatinga Norte, e teme ficar sem salário este mês. “Meu marido está desempregado, e tenho uma filha jovem para sustentar. Quero saber o motivo pelo qual os hospitais de campanha e os leitos de UTI foram desativados. Somos a favor dos cuidados com a pandemia, mas, por causa de um erro político, todos pagam”, criticou.

Polêmica

A medida restritiva gerou polêmica entre a comunidade médica, após o Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) publicar uma nota contrária à suspensão das atividades. Ontem, o presidente da entidade, Farid Buitrago, disse ser contrário a lockdowns e considerou ineficaz a proposta do DF. “Para evitar a transmissão, é preciso adotar ações diferentes. O vírus se transmite a todo momento”, comentou. O representante do CRM-DF também cobrou a expansão da imunização contra a covid-19. “Foram atendidas poucas pessoas. Sabemos que a disponibilidade de doses é pequena, mas a população precisa ser vacinada.”

Após a divulgação do texto, a Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB) e a Sociedade de Infectologia do Distrito Federal (SIDF) divulgaram notas de repúdio ao posicionamento do conselho. “Surpreende-nos sobremaneira a afirmação do CRM-DF ao argumentar contra uma medida destinada a evitar a morte das pessoas afetadas pela doença”, disse o texto do grupo vinculado à instituição de ensino. No documento da SIDF, houve críticas e a informação de que não houve consulta ao grupo representante dos infectologistas “antes da emissão dos posicionamentos recentes, que são a favor do tratamento específico precoce para covid-19 e contra o lockdown”.


Suspensão de ações fora da pauta
Um projeto de decreto legislativo (PDL) que tentava suspender as medidas restritivas em vigor no Distrito Federal tramita na Câmara Legislativa. A proposta tinha previsão de entrar na pauta ontem, mas ficou de fora. O presidente da Casa, Rafael Prudente (MDB), explicou que a matéria não foi a votação por falta de quórum — mínimo de
13 deputados. “Meu receio é de o apreciarmos e não termos votos necessários para seguirmos adiante. Também não quero criar falsas expectativas para os empresários, sendo que não há ilegalidades no ato do governador. Se colocarmos um veto hoje (ontem), amanhã, a Justiça libera o lockdown novamente”, disse o parlamentar.

Correio Braziliense terça, 02 de março de 2021

CORONAVÍRUS - GDF ENFRENTA PROTESTOS E UTIs LOTADAS

Jornal Impresso

CORONAVÍRUS
 
 
GDF enfrenta protesto e UTIs lotadas
 
Enquanto o DF registra ocupação de 91,34% dos leitos de unidades de terapia intensiva para casos da covid-19, empresários pedem que o governador Ibaneis Rocha flexibilize o lockdown. Expectativa do Executivo local é de abrir mais 130 leitos esta semana

 

» SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 02/03/2021 04:00

No Hospital de Campanha de Ceilândia, ontem, foram abertos 20 leitos de UTI para receber pacientes com o novo coronavírus (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  
No Hospital de Campanha de Ceilândia, ontem, foram abertos 20 leitos de UTI para receber pacientes com o novo coronavírus


Protesto de empresários em frente ao Palácio do Buriti pediu que restrições no comércio sejam relaxadas (Ed Alves/CB/D.A Press)  
Protesto de empresários em frente ao Palácio do Buriti pediu que restrições no comércio sejam relaxadas


Ibaneis Rocha recebeu o empresáriado e disse que pode flexibilizar o lockdown na próxima semana (Renato Alves/Agência Brasília)  
Ibaneis Rocha recebeu o empresáriado e disse que pode flexibilizar o lockdown na próxima semana


Após dois dias consecutivos de protestos de empresários do Distrito Federal contra o lockdown, o governo local manteve as medidas restritivas para o funcionamento de atividades consideradas não essenciais. Em conversa com representantes dos setores produtivos, o governador Ibaneis Rocha (MDB) frisou que é preciso aumentar o número de unidades de terapia intensiva (UTIs) e reduzir a taxa de transmissão do vírus. Caso isso aconteça, na próxima semana, o emebedista afirmou que será possível avaliar a flexibilização da abertura de atividades, como das escolas e das academias.

A transmissão no DF está em 1,08 — o que significa que 100 infectados passam a doença para 108 pessoas — e a ocupação de UTIs chegou a 91,34%. O Governo do Distrito Federal (GDF) promete abrir leitos públicos e negociar mais outros com hospitais particulares. Com o registro de 2.142 casos da covid-19 e 27 mortes provocadas pela doença, o DF acumula 298.836 infectados pelo novo coronavírus e 4.865 óbitos (leia mais na página 15).

Em manifestação em frente ao Palácio do Buriti, na manhã de ontem, empresários pediam o fim das medidas restritivas. Leonardo Resende, 41 anos, afirmou que o setor produtivo não consegue sobreviver a mais um ano sem trabalhar. “A gente precisa ter um amparo. Já estava um caos, com o lockdown, como fica a economia?”, indaga. Para Tiago Oziel, 37, falta gestão. “Paramos as atividades por vários meses. Temos famílias e temos que ter movimentação. Somos a favor de uma gestão da pandemia. Mais leitos, mais vacinas, mas sem fechar o comércio”, protesta.

Após cerca de duas horas de manifestação, Ibaneis recebeu representantes dos setores. Durante reunião, o governador afirmou que, na próxima semana, se houver recuo nas infecções pelo novo coronavírus, vai avaliar a abertura de setores como escolas particulares e academias. Após o encontro, o chefe do Executivo local manifestou, nas redes sociais, preocupação com a economia, mas frisou que a saúde vem em primeiro lugar. “Eu disse aos empresários que nenhum dos setores da economia é culpado pela disseminação do vírus. Mas, é preciso reduzir a circulação de pessoas na cidade. É a única forma de conter o vírus”, escreveu.

“Quero que todos os setores da economia voltem a funcionar, no máximo, em 15 dias. Alguns vão voltar antes. E, para isso, precisamos da colaboração de todos. O decreto de lockdown não me traz nenhum tipo de satisfação, pelo contrário. Mas eu não posso fugir das minhas responsabilidades”, completou Ibaneis.

Presidente em exercício da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), Edson de Castro comemorou a decisão do governador. “Esperamos que, nos próximos dias, a ocupação de leitos baixe e, assim, o GDF possa liberar o funcionamento de mais atividades”, diz. O vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista (Sindivarejista), Sebastião Abritta, considera que é preciso encontrar um meio termo. “Os empresários estão em dificuldades financeiras, pois não se recuperaram ainda do ano passado”, argumenta.

Saúde

Ontem, a taxa de ocupação de leitos de UTI voltados para o tratamento da covid-19 no DF chegou a 91,34% na rede pública. Das 236 vagas, 20 estavam livres e cinco bloqueadas aguardando liberação. Na rede privada, 87,14% das UTIs exclusivas estão ocupadas, sendo que dos 216 leitos, 27 estavam livres e quatro bloqueados.

De acordo com a Sala de Situação da Secretaria de Saúde, 19 pacientes com suspeita ou confirmação de infecção pelo novo coronavírus aguardavam na fila de espera a liberação de um leito. Outras quatro pessoas internadas aguardavam a transferência de leito. De acordo com a pasta, “a espera por leito requer, além da disponibilidade, a necessidade específica daquele paciente”. Por isso, não ocorre de forma imediata.

Segundo o GDF, mais 130 leitos devem ser abertos esta semana. Outros 200 serão disponibilizados, por meio do Ministério da Saúde, nos próximos dias, e o governo local negocia a contratação junto à rede privada para a abertura de 150 a 200 leitos. Na tarde de ontem, Ibaneis se reuniu com representantes de hospitais particulares e, hoje, deve confirmar o quantitativo de leitos que a rede poderá disponibilizar para o tratamento da covid-19. Ontem, foram abertas 20 vagas no Hospital da Ceilândia e, hoje, serão mais 20 no Hospital da Polícia Militar.

Auxílio financeiro

Para ajudar os empresários durante o lockdown, o BRB lançou o Acredita-DF, programa que vai conceder até R$ 2,5 bilhões em crédito, para pessoas físicas e jurídicas. A iniciativa permite, também, a suspensão, por até 180 dias, de pagamento de parcelas de financiamentos já contratados em todas as linhas, entre elas os produtos Crédito Imobiliário e Crédito Consignado.

Para os clientes Pessoa Jurídica, o Acredita-DF oferece capital de giro a partir de 0,80 % a.m. e carência para pagamento de até 12 meses. Para investimento, a carência pode chegar a 24 meses. Para aderir ao programa, que terá duração de 90 dias, os clientes devem procurar os canais digitais do BRB: Mobile, Internet Banking e telebanco (61 3322-1515).

Pressão política

Hoje, na Câmara Legislativa (CLDF), a deputada Júlia Lucy (Novo), que estava na manifestação ontem, deve apresentar um pedido dos empresários de derrubar o decreto que restringe as atividades econômicas. O Correio apurou que, dos 24 deputados distritais, pelo menos, dez são favoráveis ao lockdown, mesmo que com ressalvas. São eles: Fábio Félix (PSol), Arlete Sampaio (PT), Chico Vigilante (PT), Leandro Grass (Rede), Jorge Vianna (Podemos), Daniel Donizet (PL), Jaqueline Silva (PTB), Iolando Almeida (PSC), Rodrigo Delmasso (Republicanos) e Hermeto Neto (MDB).

Roosevelt Vilela (PSB) e a própria Júlia Lucy defendem menos restrições. O restante preferiu não opinar ou não atendeu à reportagem.

De acordo com o mapa do portal In Loco, que afere o distanciamento social, a maior taxa de isolamento do DF foi em 22 de março de 2020, quando 65,6% dos brasilienses cumpriam a medida de segurança. Na última medição, feita domingo, este índice estava em 48,7%. O ideal, durante a pandemia e durante um lockdown, é que mais de 50% da população fique em casa.

*Colaborou Edis Henrique Peres

Correio Braziliense segunda, 01 de março de 2021

RESERVATÓRIOS CHEIOS DE ESPERANÇA

Jornal Impresso

Reservatórios cheios de esperança
 
Volumes das barragens do DF afastam o temor de um novo racionamento. Às margens do Paranoá, moradores celebram a paz e tranquilidade que as águas trazem

 

» LUANA PATRIOLINO

Publicação: 01/03/2021 04:00

 (Luana Patriolino/CB/D.A Press)  


O cenário dos principais reservatórios de Brasília mudou completamente nos últimos meses. Quem passa pela BR-070 fica admirado com o paredão de água abundante que forma uma espécie de cachoeira. A barragem do Descoberto — que abastece 64% da população do Distrito Federal — está com nível a 100%, desde 15 de fevereiro.

A cheia é uma garantia de que não faltará água durante o ano, ao contrário do que aconteceu na crise hídrica de 2017. No auge do racionamento no DF, o reservatório chegou à porcentagem de 5,3% (7 de novembro de 2017). Segundo dados da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico (Adasa), a máxima desse período foi de 56,4%, bem diferente dos números atuais, que vêm crescendo ano a ano.

Em 2018, a mínima foi de 30,5% e a máxima, 100%. Já em 2019, os números ficaram em 61,1% e 100%, respectivamente. Os níveis de 2020 cresceram ainda mais: 74,9% (mínimo) e 100% (máximo). Este ano, de acordo com a Adasa, o menor percentual foi registrado em 2 de janeiro: 81,8%.

O reservatório de Santa Maria/Torto começou a verter em 14 de fevereiro. No ano passado, o evento ocorreu no fim do mês de fevereiro. Já em 2019, começou apenas em maio. Com nível a 97%, o Santa Maria é responsável por 27% do abastecimento do DF.

O mês de fevereiro bateu recorde de chuvas na capital. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) apontou que o acumulado para o mês é o maior desde 1962. Apesar da abundância, é importante alertar a população para o uso consciente da água, pois o volume usado por cada morador pode impactar diretamente no abastecimento à população, tendo em vista que o período de chuvas no DF deve demorar a retornar.

Moradores

No Núcleo Rural Boqueirão, localizado próximo ao Lago Paranoá, desde que as comportas foram abertas, em 18 de fevereiro, o rio às margens das chácaras está bem mais cheio do que o normal. A cheia não mudou só o cenário, mas a rotina das pessoas do local. Se antes os moradores podiam atravessar de um lado para o outro a pé, agora, uma pessoa de 1,80m de estatura não consegue passar pelo rio andando.

O pedreiro aposentado Jazon Dias, 58 anos, tem a casa mais próxima no nível da água na região. Nem mesmo as chuvas intensas desanimam o senhor que tem o rio como o “quintal”. Ele, que é natural de Brasilândia, em Minas Gerais, diz ter encontrado um pouco de sua terra natal no Boqueirão. “Eu nasci em um lugar muito parecido com este. Muita água, peixes e natureza. Quero continuar aqui, é onde me sinto bem”, conta o aposentado.

Morando sozinho na casa de um cômodo, ele diz que pretende construir uma residência nova e trazer a companheira — que mora no Paranoá — para dividir o lar. “Vou fazer um lugar bem bonito e buscar minha mulher para morar aqui. Ela não vem agora porque não tem muita estrutura. Mas, em breve, vamos providenciar a mudança dela também”, celebra.

Seu Jazon conta que passa os dias plantando, cuidando das galinhas e pescando no rio que fica no fundo de casa. Recebendo alertas diários da Defesa Civil e bombeiros em relação ao nível da água, ele afirma tomar os cuidados necessários para permanecer ali. “Aqui é tranquilo. Paz total. É a minha casa.”

A dona de casa Maria dos Milagres Ferreira, 51 anos, se mudou para o núcleo rural com o objetivo de recomeçar a vida. Ela morava no Paranoá, mas perdeu o filho assassinado a tiros, no meio da rua, há quatro anos. Longe das lembranças ruins e da violência da cidade vizinha, Maria afirma ter encontrado a paz que precisava na região que, de tão silenciosa, possibilita aos moradores ouvir o barulho das cascatas de água ao longe. “Aqui é muito tranquilo. Os vizinhos se conhecem, ninguém mexe nas coisas de ninguém. É um lugar muito calmo”, diz.

Ao lado da natureza, da melhor amiga, Maria Helena Araújo, 54, e do cachorrinho Scooby, ela relata que costuma entrar no rio para tomar banho e pescar. “Quando o nível da água está bom, a gente atravessa para o outro lado, fica na água, é muito bom.” Sobre as chuvas intensas, Maria dos Milagres diz que tem medo, mas que toma cuidado nesse período: “A gente entrega na msão de Deus”.

A diarista Cícera de Jesus Silva, 48 anos, também trocou a cidade pela área com o objetivo de se afastar das lembranças ruins. Assim como o companheiro Henrique Silva, 68, gosta do silêncio nos dias úteis e da animação de um bar, localizado a poucos metros de casa, nos fins de semana. “Os vizinhos vêm para esse bar, que toca muita música. É bem animado, todo mundo aqui se conhece”, destaca Cícera.

Correio Braziliense domingo, 28 de fevereiro de 2021

NO REBOLADO DO BAMBOLÊ

Jornal Impresso

No rebolado do bambolê
 
Mais conhecida como brincadeira de criança, a hula hoop pode ser um ótimo exercício para adultos. Entre os benefícios estão queima de calorias, redução da ansiedade e aumento da criatividade

 

Tayanne Silva*

Publicação: 28/02/2021 04:00

Júlia Giesbrecht começou a dar aula de bambolê em 2013, quando morava na Austrália (Thiago Maia/Divulgação)  
Júlia Giesbrecht começou a dar aula de bambolê em 2013, quando morava na Austrália


Para muitos, o bambolê é apenas um brinquedo de criança. Isso porque na história desse objeto, ele era usado como ferramenta de brincadeiras e de divertimento no Antigo Egito, na Inglaterra e em outras localidades. Mas alguns países, como os Estados Unidos, começaram a associá-lo com o emagrecimento e a definição corporal, e não apenas com a diversão.

Atualmente, há uma modalidade de exercício que utiliza o objeto: a hula hoop (bambolê, em inglês). “Há diversos níveis de dificuldade e vários movimentos possíveis, que estão atrelados à afinidade e ao domínio da técnica. Como uma modalidade de dança, sua criatividade será seu próprio limite”, resume Lydia Zago Pereira, graduada em fisioterapia e terapeuta domiciliar.

Segundo a professora de circo e ioga Júlia Giesbrecht, o uso do bambolê vai muito além da dança. “Quando viajei pela Ásia, descobri que, por lá, é muito comum o uso de bambolês mais pesados e grossos com o intuito de definir a cintura e massagear os órgãos internos”, explica ela, que vende bambolês personalizados on-line.

“Os bambolês nas mãos das crianças possibilitam um mundo inusitado de brincadeiras, que estimulam o lado cognitivo, a coordenação motora e a criatividade”, afirma Júlia, que trabalha com essa modalidade desde 2013, quando começou a dar aulas de bambolê para crianças em uma feira onde morava, na Austrália.

A videomaker Naomi Cary, 27 anos, conta que a primeira vez com o bambolê foi durante uma aula no Espaço Cultural Renato Russo, em 2019. “No começo, eu me senti um pouco boba, pelo estigma de que bambolê é algo de criança, mas logo fiquei mais confortável e percebi outras possibilidades que o instrumento me proporcionava”, diz.

A jovem diz que valeu a pena pelo bem-estar, como toda atividade física que é feita com prazer. “Não só faria de novo como, no final do curso (era uma oficina de seis aulas), eu comprei meu próprio bambolê e continuo treinando até hoje, quando dá.”

Vantagens para o corpo
A professora de circo e ioga expõe os benefícios do bambolê. “O que mais me encanta é a simplicidade do objeto e sua capacidade de estimular a criatividade e o olhar lúdico sobre o corpo e os exercícios físicos. Esses malabares trazem possibilidades infinitas. A cada ano que passa, eu me surpreendo com novos tipos de movimentos.”

O objeto é encarado como brinquedo por muitas pessoas, mas ele se enquadra dentro das práticas de malabarismo das atividades circenses. “O objetivo por trás da prática é algo extremamente pessoal. Sem dúvidas, o bambolê é um convite ao desfrute, ao exercício da criação, da dança e do ganho de habilidade motora”, constata ela, que oferece curso on-line de bambolê na plataforma PoleFlix.

Entre os benefícios, de acordo com a fisioterapeuta Lydia Zago Pereira, o bambolê ajuda na coordenação motora e melhora o condicionamento cardiorrespiratório. Outras vantagens são: “Auxilia na perda de peso; na consciência corporal; na meditação ativa; ajuda a superar a timidez por meio da dança; eleva a autoestima; é um grande aliado no combate a ansiedade”, diz ela, que também fez um curso on-line de hula hoop, durante a pandemia, com a professora Samantha Spina.

Em relação às horas de prática, Júlia Giesbrecht observa que vai variar de pessoa para pessoa e dos objetivos. “Poucos minutos já fazem muito efeito na sensação corporal do praticante, acelerando o batimento e gerando vitalidade. Ao mesmo tempo, profissionais podem estabelecer treinos, planejando adequadamente a intensidade e o tempo de treino de múltiplos truques.”

*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte


Saiba mais

O que se aprende no curso on-line de hula hoop

* Conceitos básicos da prática de bambolê (ritmo, ponto de contato, planos, pulsação, inércia e movimento)

* Giros em diferentes partes do corpo (cintura, joelho, pescoço, pé, peitoral, entre outros)

* Isolamentos (movimentos que criam ilusionismo), breaks (movimentos dinâmicos mudando o sentido do bambolê), moedas (movimentos de giro em torno do próprio eixo), manipulações, rolamentos, equilíbrio, lançamentos, pulos e escalador (uma outra família de movimentos muito famosa)

Correio Braziliense sábado, 27 de fevereiro de 2021

CORONAVÍRUS - GDF VOLTA A ADOTAR MEDIDAS DE RESTRIÇÃO

 

Jornal Impresso

CORONAVíRUS
 
GDF volta a adotar medidas de restrição
 
Decreto publicado ontem prevê funcionamento de alguns setores da mesma maneira autorizada no início da pandemia da covid-19. Documento proíbe a abertura de serviços não essenciais, e normas passam a valer a partir da 0h01 de domingo

 

» SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 27/02/2021 04:00

Serviços essenciais, como mercados, continuarão a abrir normalmente (Ed Alves/CB/D.A Press)  
Serviços essenciais, como mercados, continuarão a abrir normalmente


Diante do agravamento da crise sanitária e do comprometimento dos leitos em unidades de terapia intensiva (UTIs) para atendimento para pacientes com covid-19, o Governo do Distrito Federal (GDF) anunciou, ontem, a adoção de restrições para diferentes setores. As novas medidas têm regras semelhantes às que vigoravam no início da pandemia, e interromperá atividades de serviços não essenciais. O decreto que detalha as normas saiu em edição extra do Diário Oficial do DF (DODF), momento depois de as vagas em UTIs da rede pública chegarem a 98,2% de ocupação. As regras passam a valer a partir da 0h01 de amanhã.

O texto do decreto estabelece a suspensão do funcionamento de espaços como cinemas, teatros, redes de ensino particulares, academias, zoológico, salões de beleza, barbearias, parques, clubes recreativos, shoppings, bares, restaurantes, além de qualquer atividade que precise de autorização do poder público. Por outro lado, serviços essenciais, como supermercados, farmácias, padarias e mercearias, continuam abertos. No entanto, deverão reforçar os cuidados com a higienização e o distanciamento social (leia O que abre e o que fecha). Nos locais que permanecerem autorizados, fica proibida a venda de bebida alcoólica após as 20h. Todos deverão disponibilizar álcool em gel e equipamentos de segurança aos funcionários.

Responsabilidade

Inicialmente, o governador Ibaneis Rocha (MDB) havia decretado um toque de recolher no Distrito Federal, das 20h às 5h, para serviços não essenciais a partir de segunda-feira. Contudo, a medida foi revogada horas depois. “A escalada dos casos nos obriga a interferir diretamente, para tentar conter esse avanço da doença. Ninguém fica feliz com uma decisão dessas, mas é preciso ter responsabilidade nessa hora, ainda que seja uma medida impopular”, disse o chefe do Executivo local.

O período de restrições — que não tem data para terminar — contará com fiscalização por órgãos do GDF, incluindo Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística (DF Legal), Diretoria de Vigilância Sanitária (Divisa), Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob), Corpo de Bombeiros, polícias Militar e Civil, Instituto de Defesa do Consumidor (Procon), Departamento de Trânsito (Detran), Instituto Brasília Ambiental (Ibram), Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF) e Secretaria de Agricultura (Seagri). Qualquer pessoa ou empresa que descumprir as regras poderá ser penalizada por crime de infração de medida sanitária preventiva. Além disso, poderá ter o alvará de funcionamento suspenso por todo o período de calamidade pública, bem como o estabelecimento ou evento interditado.


Casos e mortes aumentam

O boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde (SES-DF), ontem, revelou que o Distrito Federal teve 1.129 novos casos confirmados de covid-19, além de 14 mortes provocadas pela doença. Do total de 294.911 infectados, 95,8% das pessoas se recuperaram, mas 4.819 (1,6%) não resistiram às complicações do quadro. A média móvel dos 14 últimos dias ficou em 955 — aumento de 72% em comparação ao resultado de duas semanas atrás. Em relação às mortes, o resultado foi de 11,57 — 12,5% a mais do que o verificado em 13 de fevereiro.

Correio Braziliense sexta, 26 de fevereiro de 2021

CORONAVÍRUS - DF TERÁ LOCKDOWN DAS 20h ÀS 5h

Jornal Impresso

CORONAVÍRUS
 
DF terá lockdown das 20h às 5h
 
Governador Ibaneis Rocha anunciou decreto com medidas restritivas ontem, após saber da ocupação superior a 90% em leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) da rede pública. Detalhes sobre a medida devem sair na edição de hoje do Diário Oficial do Distrito Federal

 

» ANA ISABEL MANSUR
» ANA MARIA CAMPOS
» PEDRO MARRA
» SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 26/02/2021 04:00

Reunião com prefeitos do Entorno ocorreu pela manhã, no Palácio do Buriti; proposta terá de passar pela avaliação dos Legislativos do DF e de GO (Minervino Júnior/CB/D.A Press.)  
Reunião com prefeitos do Entorno ocorreu pela manhã, no Palácio do Buriti; proposta terá de passar pela avaliação dos Legislativos do DF e de GO


No mesmo dia em que declarou que a possibilidade de um lockdown no Distrito Federal estava descartada, o governador Ibaneis Rocha (MDB) reviu sua posição. Ontem à noite, ele decidiu adotar medidas mais restritivas para evitar a proliferação da covid-19. A partir de segunda-feira, todas as atividades econômicas ficarão suspensas das 20h às 5h, à exceção de serviços essenciais. O decreto com os detalhes das novas regras deve ser publicado na edição de hoje do Diário Oficial do DF (DODF). Outra decisão que partiu do Executivo local ontem trata-se do adiamento do retorno presencial de alunos da rede pública de ensino, que chegou a ser anunciada para 8 de março (leia na página 18).

Esta é a primeira vez que o DF tem uma medida com foco em impedir a circulação de pessoas desde o início da pandemia. A medida afetará, principalmente, lojas, restaurantes e bares. O governador havia sido informado de que a ocupação dos leitos em unidades de terapia intensiva (UTIs) para pacientes com covid-19 na rede pública de saúde chegou a um nível preocupante, superior a 90% e, portanto, próximo de um colapso. A decisão saiu depois de Ibaneis passar os últimos dias tentando evitar a medida, que atinge fortemente a atividade econômica do DF. “As UTIs me fizeram mudar de ideia”, disse o chefe do Buriti ao Correio.

Ontem, o governador do DF se reuniu com prefeitos das 33 cidades que compõem a Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal (Ride). O assunto do lockdown entrou na pauta e, nos próximos dias, os gestores dos municípios vão produzir e publicar um decreto conjunto que trata do fechamento do comércio nas respectivas cidades. Por volta das 19h, Ibaneis sinalizou a alguns empresários do setor no DF — por mensagens de WhatsApp — que teria de tomar uma providência diante da ocupação de mais de 92% nas UTIs públicas.

Para Edson de Castro, presidente em exercício da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), a decisão é oportuna, diante do aumento dos casos (leia Alta de 60,7%). “É um mal necessário para evitar que as pessoas saiam da rua nesse horário (das 20h às 5h). Não é uma decisão contra o comércio, mas pode evitar mortes e hospitais superlotados”, avaliou. Para Edson, bares, restaurantes e shoppings serão os principais afetados: “Ainda vamos ver como os lojistas vão se adaptar a essa medida”, acrescentou.

Por outro lado, o presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar), Jael Antônio tentou impedir que Ibaneis adotasse o lockdown na segunda-feira. “Ficamos muito preocupados, porque esse horário de fechamento inviabiliza o funcionamento noturno de todas as nossas casas. O setor passa por momentos cruciais e decisivos. Entedemos que esse horário poderia ser mais flexibilizado, a partir das 22h ou até das 23h. Infelizmente, teremos de protestar contra a decisão porque, mais uma vez, vamos ser altamente prejudicados”, ressaltou Jael.

Reunião

Depois de se reunir com os prefeitos, Ibaneis anunciou um pacto que prevê atendimento integrado de pacientes com covid-19. O acordo — que ainda precisa de aprovação do Poder Legislativo no DF e em Goiás — consiste na transferência de recursos e leitos dos municípios vizinhos para a capital federal. Apesar do trato, o Executivo distrital não tem detalhes sobre o total de recursos ou a quantidade de vagas que seriam transferidos para Brasília.

Atualmente, 12 das 127 pessoas internadas em tratamento contra a covid-19 no Distrito Federal são de Goiás. “Faltava uma pactuação entre as secretarias de Saúde, para fazermos um atendimento mais elaborado. Da maneira como ocorria, o recurso entrava nos municípios, mas o paciente era atendido no DF. Com esse pacto, o recurso vai acompanhar o paciente”, declarou Ibaneis.

Ontem, a ocupação de leitos em UTIs das redes pública e privada do DF chegou a 84,62%. No Entorno, as únicas cidades que dispõem de vagas desse tipo são Formosa (GO) e Valparaíso (GO), que atingiram lotação máxima. Para Ibaneis o pacto permitirá ao Distrito Federal atender mais pessoas. “Vai, também, desafogar o sofrimento dos prefeitos e da população do Entorno”, completou o governador.

Apesar da intenção dos governantes, Thiago Sorrentino, professor de direito do estado do Ibmec, destaca que o trâmite para fazer esse tipo de transferência não é simples. “Cada ente federado tem leis orçamentárias; a mais específica é a Lei Orçamentária Anual (LOA). A maioria delas tem destinações pré-estabelecidas, tanto na Constituição quanto no restante da legislação. Seria preciso saber a quantidade disponível e se a transferência poderia ser feita sem violar a LOA ou a Lei de Responsabilidade Fiscal”, ponderou Thiago.

Para a execução, o professor confirma que seria necessária a avaliação dos poderes legislativos do DF e de Goiás. Quanto à necessidade de participação do Ministério da Saúde no acordo, Thiago explica que não há obrigatoriedade de intervenção. “Seria melhor que a pasta federal entrasse para organizar, pois, por ser o ente central, tem formas mais adequadas para saber quais regiões são carentes e quais têm superavit de capacidade de atendimento”, recomendou o especialista.

Consultado a respeito do assunto, o Ministério da Saúde não respondeu aos questionamentos da reportagem até o fechamento desta edição. Mesmo assim, as discussões sobre o pacto entre o DF e o Entorno devem avançar nos próximos dias. A expectativa é de que, um mês após a aprovação do acordo pelos poderes legislativos, os recursos comecem a chegar.


Alta de 60,7%
Ontem, a média móvel dos casos de covid-19 no Distrito Federal registrou aumento de 60,7%, na comparação com o resultado de duas semanas atrás. O indicador corresponde à soma dos registros dos últimos 14 dias dividido por 14. Na média das mortes, o resultado foi de 11 — alta de 8,5% em relação a 12 de fevereiro. Com 1.068 novas infecções, o total de contaminados no DF chegou a 293.782. Desse grupo, 282.169 (96,1%) se recuperaram, mas 4.805 (1,6%) pessoas morreram.


Tira-dúvidas
Quem pode agendar
a vacinação?
Neste momento, o agendamento é para vacinação de pessoas que estão com o recebimento da segunda dose da CoronaVac marcado, no cartão de vacina, para o período entre 22 e 26 de
fevereiro. Além delas, está permitido para idosos acima de 76 anos. Os agendamentos começaram ontem, já o atendimento de pessoas de 76 a 78 anos tem início hoje. Idosos que precisarem receber a vacina em casa podem agendar a aplicação, pelo site vacina.saude.df.gov.br.
Posso agendar pelo
número do Telecovid?
Com a possibilidade
de agendamento pela
internet, o serviço de atendimento telefônico
deixará de
receber chamados para agendamento a partir de segunda-feira.
O que fazer caso eu
não consiga agendar?
Quem não conseguir
fazer a marcação pode procurar uma unidade básica de saúde (UBS), onde os servidores farão
o agendamento.

O que devo levar
para a vacinação?
É preciso apresentar
cartão de vacina, com o comprovante da primeira
dose — se for o caso do reforço. Se possível, leve a ficha
de confirmação do agendamento pela internet impressa e preenchida.
Quem não puder imprimi-la terá a opção de preencher o documento no local de atendimento.


Passo a passo
 Confira como agendar pelo site

1 - Acesse o site vacina.saude.df.gov.br e selecione o tipo de agendamento;

2 - Preencha todos os dados pessoais e a data da primeira dose (quando tomou ou pretende tomar);

3 - Selecione a região administrativa do ponto de vacinação de preferência, o estabelecimento de saúde, data e hora;

4 - Após o agendamento,
clique em “Imprimir”;

5 - Leve o comprovante
no dia marcado;

6 - Se necessário, é possível conferir a marcação pelo mesmo site, informando
o número do CPF.

Correio Braziliense quinta, 25 de fevereiro de 2021

CORONAVÍRUS - COMEÇA AMANHÃ VACINAÇÃO DE IDOSOS DE 76 A 78 ANSO NO DF

Jornal Impresso

CORONAVÍRUS
 
Começa amanhã vacinação para idosos de 76 a 78 anos
 
Anúncio da ampliação do público prioritário ocorreu ontem, após a chegada de 25,5 mil doses da vacina de Oxford/AstraZeneca ao Distrito Federal. Secretaria de Saúde espera receber mais 11 mil unidades do imunizante CoronaVac até o fim da semana

 

» SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 25/02/2021 04:00

Unidades serão usadas para a primeira aplicação, considerando que o intervalo entre doses é de até três meses (Alain Jocard/AFP)  

Unidades serão usadas para a primeira aplicação, considerando que o intervalo entre doses é de até três meses

 


Uma nova etapa da campanha de vacinação contra a covid-19 começa hoje, no Distrito Federal. A partir das 16h, idosos de 76 a 78 poderão agendar o atendimento, para receber a primeira dose nos pontos de drive-thru. A aplicação dos imunizantes, por sua vez, terá início amanhã. Quem optar por se vacinar em postos de saúde não precisará fazer a marcação prévia. O anúncio da ampliação do público-alvo prioritário ocorreu ontem, devido ao recebimento de 25,5 mil doses do imunizante Covishield — produzido pela universidade inglesa de Oxford com a farmacêutica AstraZeneca. Até o fim da semana, a Secretaria de Saúde do DF espera receber mais 11 mil doses da CoronaVac.
 
No total, o DF conta com 32 postos, entre unidades básicas de saúde (UBSs) e drive-thrus (leia Locais de vacinação). O horário continua das 8h às 17h, de segunda-feira a sexta-feira, nos postos de saúde. Nos drive-thrus, a imunização ocorre nos mesmos dias, mas das 9h às 17h. A Secretaria de Saúde ressaltou que há doses suficientes para todas as 23.061 pessoas do novo grupo prioritário; por isso, para evitar aglomerações, não há necessidade de correr aos pontos de atendimento.
 
Os detalhes da ampliação foram definidos pelo Comitê de Operacionalização da Vacinação do Distrito Federal. Interlocutores da Secretaria de Saúde afirmaram ao Correio que a decisão considerou uma orientação do Ministério da Saúde. Ela define que todas as doses da Covishield devem ser usadas para a primeira aplicação, considerando que o intervalo entre doses é de até três meses. No caso da CoronaVac, esse período vai de 14 a 28 dias, o que justifica a reserva de metade das unidades disponíveis para aplicação do reforço.
 
Até ontem, no DF, 118.657 pessoas haviam sido vacinadas contra a covid-19, sendo que 35.355 receberam as duas doses. Com a nova remessa de imunizantes, a Secretaria de Saúde tem cerca de 29,5 mil unidades em estoque para a primeira aplicação, e 25.555, para o reforço. Atualmente, o público-alvo é composto por profissionais de saúde; indígenas aldeados; pessoas com mais de 60 anos em instituições de longa permanência; idosos em home care; pacientes do Núcleo de Atenção Domiciliar (Nrad); pessoas com deficiência institucionalizadas; e toda a população a partir de 76 anos.
 
Esse público pode agendar a vacinação pelo site vacina.saude.df.gov.br. No entanto, a marcação do atendimento vale apenas para os postos drive-thrus, que não aplicam as doses sem que haja agendamento. Pessoas do público prioritário que não desejarem marcar podem ir aos outros pontos durante o horário de funcionamento e aguardar em filas, se houver.
 
Ofício
Mesmo com aval do Supremo Tribunal Federal (STF) para que o DF e outras unidades da Federação façam a compra direta de vacinas contra a covid-19, o governador Ibaneis Rocha (MDB) declarou que não pretende adquirir os imunizantes por conta própria. “Por enquanto, confio no ministério (da Saúde), que tem comprado todas as vacinas que têm aparecido até agora. Tenho convicção de que vamos ter condições de vacinar a população de acordo com o cronograma estabelecido em reunião com o ministro (da Saúde, Eduardo) Pazuello e ter, ao menos, metade da população vacinada até junho ou julho”, afirmou o chefe do Executivo local.
 
A declaração ocorreu ontem, após assinatura de decreto de regulamentação da lei distrital que suspende, temporariamente, o pagamento por ocupação de espaços públicos para exercício de atividade econômica (leia na página 19).
 
Após a fala de Ibaneis, a Comissão de Vacinação da Câmara Legislativa — por meio do presidente do grupo, o distrital Fábio Félix (Psol) — enviou um ofício ao governador e ao secretário de Saúde, Osnei Okumoto, cobrando mobilização dos gestores para a compra direta de vacinas. “O cenário de pandemia é agravado pela falta de vacinas em todo o país e, diante da inércia e da lentidão do governo federal, impõe-se aos estados, municípios e ao DF a necessidade de tomarem medidas urgentes para a defesa da saúde das populações”, afirmou o distrital, no documento. O Distrito Federal tem cinco dias para responder à comissão.
 
 
Balanço
 
Entre terça-feira e ontem, houve confirmação de mais 1.361 casos de covid-19 no Distrito Federal, além de 16 mortes provocadas pela doença. O total de casos subiu para 292.714, sendo que 281.691 pessoas (96,2%) se recuperaram e 4.791 (1,6%) morreram. A média móvel de casos ficou em 856,28 — 63% maior que o verificado 14 dias antes. No caso das mortes, o resultado foi de 10,42, que representou aumento de 8,8% na comparação com 10 de fevereiro.
 
 
Locais de vacinação
 
Águas Claras
Faculdade Unieuro (só drive-thru)
 
Asa Norte
UBS nº 2 — EQN 114/115, Área Especial
 
Asa Sul
UBS nº 1 — SGAS 612, Lotes 28/29
 
Brazlândia
UBS nº 1 — EQ 6/8, Lote 3, Setor Norte
 
Candangolândia
UBS nº 1 — EQR 5/7, Área Especial 1
 
Ceilândia
UBS nº 5 — QNM 16, Módulo F, Ceilândia Norte (inclui drive-thru)
UBS nº 7 — EQNO 10, AE D/E, Setor O
UBS nº 16 — SHSN, Trecho 1, Etapa 1, Qd. 500, AE 2
UBS nº 17 — QNP 16/20, 
Setor P Sul
 
Cruzeiro
UBS nº 2 — Setor Escolar, Lote 4, Cruzeiro Velho
 
Estrutural
UBS nº 2 — Quadra 18, Área Especial (antigo prédio do TRE)
Gama
Estacionamento Bezerrão, Setor Central (só drive-thru)
UBS nº 1 — Entrequadra 6/12
UBS nº 3 — E/Q 3/5, Área Especial, Setor Leste
UBS nº 5 — Área Especial, Lote 38, Setor Central, Lado Leste
 
Guará
UBS nº 1 — QE 6, Lote C, Área Especial S/N, Guará 1
UBS nº 2 — QE 23, Lote C, Área Especial S/N, Guará 2 
(inclui drive-thru)
UBS nº 3 — QE 38, Área Especial S/N, Guará 2
UBS nº 4 — QELC, EQ2/3, Conjunto Lucio Costa
 
Itapoã
UBS nº 2 — Quadra 378, Área Especial 1, Del Lago
 
Jardim Botânico
Centro de Práticas Sustentáveis (só drive-thru)
DF-463, Avenida do Cerrado, Jardins Mangueiral
 
Lago Norte
Shopping Iguatemi (só drive-thru)
UBS nº 1 — SHIN, QI 3, Área Especial
 
Lago Sul
Policlínica — Setor de Habitações Individuais Sul, QI 21 (inclui drive-thru)
 
Núcleo Bandeirante
UBS nº 1 — 3ª Avenida, Área Especial nº 3
 
Paranoá
Praça Central S/N, Lote 1, ao lado da Administração Regional
 
Parque da Cidade
Estacionamento 13 (só drive-thru)
 
Planaltina 
Casa de Vivência — NS01, Área Especial 9, SRL Planaltina
UBS nº 5 — Quadra 12 D, Conj. A, Área Especial (inclui drive-thru)
 
Recanto das Emas
UBS nº 3 — Qd 104/105, Área Especial
 
Riacho Fundo 1
UBS nº 1 — QN 9, Área Especial 11 (inclui drive-thru)
 
Riacho Fundo 2
UBS nº 1 — QC 6, Conjunto 16, Área Especial, Lote 1
UBS nº 2 — QC 1, Conjunto 10, Lote 1
 
Samambaia Norte
UBS nº 2 — QS 611, AE 2
 
Santa Maria
Administração Regional de Santa Maria — Quadra 1, Conj. H, Lote 1 (só drive-thru)
Igreja Assembleia de Deus — QR 207/307, Conjunto T, Área Especial
UBS nº 2 — EQ 217/317, Área Especial, Lote E
 
São Sebastião
UBS nº 2 — TRE, Qd. 101, Conj. 2, Lote 1, Residencial Oeste
 
Sobradinho 1
UBS nº 1 — Quadra 14, Área Especial 22/23 (inclui drive-thru)
 
Sobradinho 2
UBS nº 2 — DF-420, Setor de Mansões (inclui drive-thru)
 
Taguatinga
UBS nº 1 — QNG, AE 18/19
UBS nº 5 — Setor D Sul, AE 23
 
 
Palavra de especialista
 
Não há solução em curto prazo
 
Nenhum dos problemas consequentes da pandemia, neste momento, pode ser solucionado em curto prazo. Por isso, qualquer decisão ou organização que as secretarias de Saúde e os governos estaduais ou distritais adotem devem ser multissetoriais. Elas precisam abranger diversos âmbitos da sociedade. Um lockdown como ação isolada, por exemplo, não resolve muita coisa. É necessário investir em ações integradas, como diminuição da transitividade populacional — o que, sim, pode ser feito com um lockdown —; reforço nas medidas e na fiscalização de protocolos sanitários; e conscientização da população. Isso é muito importante, ainda mais quando estamos sem vacinas suficientes para avançar na campanha de imunização. Fato é que o Brasil todo está sofrendo. Cabe aos políticos avaliar quais medidas adotar, e, às pessoas, cumprir o que for determinado. Por favor, evitem sair de casa e, se saírem, usem máscaras e higienizem as mãos. Cuidem-se. Só assim poderemos vencer esta pandemia.
 
Walter Ramalho, 
professor de epidemiologia da Universidade de 
Brasília (UnB) 

Correio Braziliense quarta, 24 de fevereiro de 2021

CORONAVÍRUS - COMBATE À CRISE DEPENDE DE RELAÇÃO COM O ENTORNO

Jornal Impresso

CORONAVÍRUS
 
Combate à crise depende de relação com Entorno
 
Com relação próxima entre DF e cidades vizinhas, prefeitos de municípios goianos propõem lockdown em conjunto. Governador Ibaneis Rocha descarta a ideia. Gestores das pastas de Saúde discutem medidas coletivas para evitar o avanço da pandemia

 

» SAMARA SCHWINGEL
» JÉSSICA MOURA

Publicação: 24/02/2021 04:00

 
"É uma vivência para a qual não estávamos acostumados. O paciente com covid-19 evolui para piora muito rápido. A demanda para atendimento dessas pessoas continua. Por termos quase um ano de pandemia, tivemos de nos adaptar"

Juliana Lopes, enfermeira do Hospital Municipal Bom Jesus

Com a ocupação média de leitos públicos e privados para covid-19 em unidades de terapia intensiva (UTI) chegando a 85,7%, no Distrito Federal, e alcançando 100% em diversas cidades da Região Integrada de Desenvolvimento do DF e Entorno (Ride), representantes dos poderes Executivos municipais e distrital tentam definir medidas para controlar a situação. De um lado, prefeitos de cidades goianas pressionam o governador Ibaneis Rocha (MDB) a adotar o lockdown, para que eles sigam no mesmo caminho. De outro, o chefe do Palácio do Buriti descarta a possibilidade de interromper as atividades na capital federal.
 
Diante do cenário, os prefeitos de Águas Lindas de Goiás, Cidade Ocidental, Luziânia, Novo Gama, Santo Antônio do Descoberto e Valparaíso de Goiás — todos da Ride — pediram ao secretário de Saúde de Goiás que trate com o Governo do Distrito Federal (GDF) um possível decreto unificado de lockdown. Para eles, as medidas de restrição para controle da pandemia só terão resultados efetivos se a capital federal também aderir a elas, devido à grande circulação de pessoas entre o Entorno e o DF.
 
Por enquanto, Ibaneis Rocha desconsidera a chance de decretar lockdown no DF. “O Entorno é responsabilidade do Ronaldo Caiado (governador de Goiás)”, disse o chefe do Executivo local. No fim da tarde de ontem, gestores da secretaria de Saúde goiana (SES-GO) e da pasta distrital (SES-DF) se reuniram para discutir medidas de prevenção contra a covid-19 nas duas unidades da Federação. Até o fechamento desta reportagem, o encontro não havia terminado.
 
Para especialistas, neste momento, em que se observa o avanço da quantidade de casos, o aumento do número de mortes, a circulação de novas variantes do novo coronavírus e o comprometimento do atendimento nas unidades de saúde, é necessário reforçar as medidas de prevenção tanto no DF quanto no Entorno. Atualmente, cerca de 23,6% das pessoas com covid-19 internadas em unidades de terapia intensiva (UTIs) na rede pública do DF são de outras unidades da Federação, sendo 9,4% de Goiás.
 
Nas internações gerais do DF, cerca de 20% dos pacientes são do Entorno — sendo 23 mil pessoas de Goiás e 427 de Minas Gerais. O número pode ser maior, segundo a Secretaria de Saúde distrital, pois muitos pacientes de fora informam endereços de parentes que moram na capital federal. A infectologista Ana Helena Germoglio, do Hospital de Águas Claras, ressalta que o Sistema Único de Saúde (SUS) é nacional e deve atender a todos os pacientes, independentemente de onde eles morarem. Ela considera que, neste momento, seria mais importante investir na conscientização da população sobre as sanitárias. “Sempre houve essa interdependência das cidades do Entorno com o DF. Por isso, o lockdown não seria a melhor opção. É preciso que a população colabore e siga as medidas de prevenção e que os gestores direcionem recursos da melhor forma possível”, avalia Ana Helena.
 
Por outro lado, Valéria Paes, da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, defende o lockdown. No entanto, caso essa seja a opção, é preciso que o processo ocorra de forma integrada, segundo ela. “Se houver (fechamento total), provavelmente, veremos uma redução no número de novos casos em todas as cidades envolvidas. Porém, reforço: como há um grande fluxo de pessoas entre as regiões, não adianta apenas algumas cidades adotarem a medida”, argumenta. “A comunidade também tem parcela de responsabilidade. Não adianta nada os governos definirem restrições e as pessoas desobedecerem”, completa.
 
Calamidade
Dados de ontem da SES-GO revelaram que o Estado atua com 91,88% das vagas para pacientes com covid-19 ocupadas. Entre os 29 municípios goianos que compõem o Entorno do DF, apenas Formosa e Luziânia contam com UTIs na rede pública. As duas têm 100% e 90% de ocupação, respectivamente. Em ambas — além de Águas Lindas, Cidade Ocidental, Cristalina, Novo Gama, Santo Antônio do Descoberto e Valparaíso de Goiás —, a situação é de calamidade.
 
Em Águas Lindas (GO) — a cerca de 50km do centro de Brasília —, a cidade, com 217,6 mil habitantes, não tem mais leitos de UTI disponíveis no único hospital da cidade, o Bom Jesus. Em junho passado, o Ministério da Saúde inaugurou um hospital de campanha na cidade, que operou até outubro, quando foi desmobilizado. Juliana Lopes, 28 anos, é enfermeira na unidade municipal e relata que o sentimento entre os profissionais de saúde é de frustração. “É uma vivência para a qual não estávamos acostumados. O paciente com covid-19 evolui para piora muito rápido. A demanda para atendimento dessas pessoas continua. Por termos quase um ano de pandemia, tivemos de nos adaptar”, comenta Juliana.
 
Nos casos de calamidade, a recomendação do poder público é pela interrupção das atividades, exceto para supermercados e afins, farmácias, postos de combustível e serviços de urgência ou emergência em saúde. A secretária do lar Solange Guedes, 58, moradora de Águas Lindas, teme o contágio pelo coronavírus e acredita que há a necessidade de intervenção. “Os ônibus vêm muito cheios na ida e na volta. Vamos em pé no caminho por mais de uma hora. É muita festa, e o pessoal não respeita. Dá medo”, desabafa.

Correio Braziliense terça, 23 de fevereiro de 2021

ALÍVIO QUE VEM PELO OLFATO

Jornal Impresso

Alívio que vem pelo olfato
 
 
Aromaterapia usa óleos essenciais para ajudar no tratamento de doenças como depressão, ansiedade, enxaqueca e insônia. Método é reconhecido pela OMS e passou a ser mais procurado na pandemia

 

» Larissa Passos

Publicação: 23/02/2021 04:00

Publicitária Luísa Amorim conheceu a técnica durante a gestação. Hoje, utiliza os óleos para combater diversos problemas (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  
Publicitária Luísa Amorim conheceu a técnica durante a gestação. Hoje, utiliza os óleos para combater diversos problemas


A aromaterapia é uma técnica terapêutica que pode ser utilizada de forma complementar e atua a partir da utilização de óleos essenciais. O método auxilia no tratamento de pacientes com depressão, ansiedade, enxaqueca, insônia, infecções e alergias.

A publicitária Luísa Amorim, de 23 anos, contou ao Correio que teve o primeiro contato com a aromaterapia quando estava grávida da sua filha, Maya. “Um dia a minha doula veio à minha casa e fez um escalda pés em mim com óleo essencial para relaxar e para diminuir a ansiedade, porque já estava no final da minha gestação. Estava muito ansiosa e, naquele momento, me fez muito bem”, lembra.

Ela diz que já tinha escutado falar sobre a técnica, mas não sabia o que era realmente. “Na minha cabeça, e acho que na cabeça de muitas pessoas, são apenas óleos com cheirinhos, que vão deixar o ambiente perfumado e tudo mais. Pelo menos era o pensamento que eu tinha.”

Quando Maya nasceu, a publicitária começou a aprofundar-se na terapia complementar e se apaixonou pelo método: "Estava em busca de uma alternativa mais natural para me livrar um pouco dos remédios, até porque, quando amamentamos, não podemos usar muitos medicamentos, já que alguns componentes sempre vão para o leite e aí, consequentemente, passam para o bebê”. Hoje, Luísa utiliza os óleos essenciais para o tratamento de enxaqueca, rinite alérgica, picada para mosquito, dor no estômago, criatividade e para melhorar o sono.

Origem

A aromaterapeuta e farmacêutica Isis Petry explica que os óleos essenciais são produtos do metabolismo secundário de uma planta, ou seja, eles atuam na comunicação de autodefesa dos vegetais. “Existem óleos essenciais para evitar que bichos venham machucar a planta e tem outros que atraem polinizadores. Esses óleos essenciais na planta são aquilo que geram o cheirinho. Então, aquele cheiro característico, por exemplo, da pizza na verdade é o cheiro do orégano”, explica.

Segundo a aromaterapeuta, os óleos essenciais podem ser inalados quando há liberação das partículas com o auxílio de um difusor e, também, por meio de massagens. Isis alerta que eles são compostos químicos muito concentrados que demandam cuidado no momento do uso. “Nós temos alguns óleos essenciais, por exemplo, que são hepatotóxicos. Se utilizados de uma forma muito concentrada, que chamamos de uma forma irracional, pode gerar a intoxicação”, pontua.

Isis Petry destaca que o aromaterapeuta precisa conhecer o estado de cada paciente (Arquivo Pessoal)  
Isis Petry destaca que o aromaterapeuta precisa conhecer o estado de cada paciente

Ela ressalta, ainda, que alguns óleos não podem ser usados por gestantes e crianças menores de 3 anos, a exemplo do óleo de hortelã de pimenta, que pode causar danos ao sistema nervoso. “Por isso, é muito importante procurarmos um profissional adequado que tenha conhecimento na área para que possa fazer uma indicação correta do óleo essencial a ser utilizado.”

A economiária Giovana Pastori, 38, também teve o primeiro contato com a aromaterapia quando estava grávida de gêmeos. “Desde a gestação, que depois seguiu com a amamentação, essa explosão hormonal me fez ter muitos altos e baixos: crises de medo do novo, choro, baby blues, falta de rede de apoio, pois toda minha família mora no Rio Grando do Sul. Tudo isso misturado, claro, à alegria da descoberta da gestação gemelar, que também é comum na minha família, e aos desafios de ser mãe de gêmeos. A partir de então, mais do que nunca, fui me aprofundando na leitura sobre florais, óleos essenciais e aromaterapia”, conta.

Giovana segue os “rituais” diários com os óleos essenciais até hoje. “Meus filhos estão com 2 anos e 3 meses. Ser mãe me empoderou, me fez descobrir as profundezas e o céu das emoções, o sagrado feminino. Sinto minhas emoções mais equilibradas com uso de óleos essenciais formulados de forma individual, para atender minhas necessidades em todos os campos da vida: afetiva, profissional e familiar”, relata.
Ela acrescenta que a aromaterapia está presente em todos os momentos do seu dia, seja em óleo para aplicação em pontos estratégicos do corpo ou em spray vaporizador no quarto e escritório: “Um para necessidade pessoal e dos ambientes”.

Como escolher?

Isis Petry explica que o aromaterapeuta precisa conhecer o estado de saúde de cada paciente. “Nós precisamos saber tudo que aquela pessoa tem, então, tanto em termos fisiológicos, quanto emocionais e a capacitação do profissional, é importante que a gente cuide que o seu aromaterapeuta esteja realmente capacitado com os devidos conhecimentos, cursos e até recomendações”, afirma.

A especialista destaca a importância de uma equipe multiprofissional no tratamento. “A aromaterapia não é uma coisa que é feita sozinha, especialmente em casos mais complexos. Eu sempre recebo indicação de psicólogos, por exemplo, para que a gente possa fazer um trabalho em conjunto, porque é realmente uma prática integrativa complementar, porque ela complementa o tratamento alopático.”

Pandemia

Cientista aromatólogo e proprietário fundador da empresa Laszlo, Fabian Laszlo conta que a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu e incorporou a aromaterapia às Medicinas Tradicionais e Complementares do Sistema Único de Saúde (SUS) em 2018. “O Brasil tem uma diferença muito grande dos outros países, a gente é o único que tem o SUS, tem essa prática reconhecida, e é o único país que tem essa data realmente no calendário do governo federal, que é em 19 de dezembro”, elenca.

Segundo Laszlo, a prática cresceu muito no país. Inclusive, há postos de saúde e hospitais adotando a terapia complementar. A procura, aliás, aumentou durante a pandemia do novo coronavírus: “É um recurso que você consegue usar em casa para conter a ansiedade, e o fato de muitos óleos serem antivirais potentes, terem utilidade para eliminar catarro ou ajudar nessa parte respiratória, também foi muito aproveitado pelas pessoas durante a pandemia”.


CONHEÇA

Óleos essenciais e suas funções:

Óleo de lavanda verdadeira
Calmante, tranquilizante, ótimo para picadas de insetos e alergias de pele;

Óleo de melaleuca
Alto potencial antimicrobiano (antibacteriano, antiviral e antifúngico);

Óleo de laranja
Animador, estimula o apetite, rico em antioxidantes;

Óleo de alecrim
Estimula a concentração, foco e memória (principalmente os quimiotipos);

Óleo de cânfora e cineol
Estimula a circulação e fortalece os pêlos e cabelos (lembrando do cuidado com óleos canforados para gestantes, crianças, idosos e hipertensos);

Óleo de gerânio bourbon
Ótimo para auxiliar nos sintomas da TPM e menopausa, além de ser regulador de oleosidade da pele;

Óleo de citronela
Alto poder repelente de insetos, pulgas e anti-inflamatório (também deve ser usado com cautela em crianças e animais)

 


Correio Braziliense segunda, 22 de fevereiro de 2021

OS SABORES E A DIVERSIDADE DO LAGO OESTE

Jornal Impresso

Os sabores e a diversidade do Lago Oeste

 

» CIBELE MOREIRA

Publicação: 22/02/2021 04:00

Restaurante Vista Linda conta com uma paisagem deslumbrante do vale da Chapada da Contagem (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  
Restaurante Vista Linda conta com uma paisagem deslumbrante do vale da Chapada da Contagem

Amantes do ecoturismo e do turismo rural podem desfrutar da riqueza do Lago Oeste, região do Distrito Federal que é referência em agrofloresta e conta com uma diversidade de opções de lazer e de gastronomia há 30 minutos de Brasília. Próximo ao Parque Nacional, onde é possível acessar a trilha que leva à cachoeira Poço Azul, a cidade também proporciona uma vivência mais próxima com a natureza, com a calmaria do campo e longe do barulho do centro da capital.
 
Para promover o turismo na região, empreendedores locais se uniram com o objetivo de criar um roteiro onde o visitante tem acesso a tudo o que é produzido e oferecido por lá. O Viva Lago Oeste foi criado em 2019 e conta com 16 parceiros, entre restaurantes, sítios, pousadas e produtores orgânicos e de laticínios.
 
O presidente da Associação Viva Lago Oeste, Marcus Vinicius Heusi, conta que o intuito do roteiro é de que as pessoas conheçam os espaços daqui do DF. “Os brasilienses não precisam sair daqui, enfrentar horas na estrada para ir na Chapada dos Veadeiros ou em Pirenópolis, temos tudo isso aqui”, ressaltou ele, que também administra uma casa de aluguel por temporada, o Recanto de Maria Flor, construído em madeira e vidro e com a paisagem de tirar o fôlego, da Chapada da Contagem — um vale verde de cerrado.
 
Na região, é possível acessar diversas cachoeiras e quedas d’águas. No entanto, para quem não está habituado com as trilhas, Marcus Heusi ressalta a importância de procurar um guia. “Quem quiser visitar as cachoeiras com guia da região pode entrar em contato com o Viva Lago Oeste pela página no Instagram, que fazemos a ponte com moradores voluntários”, afirma.
 
A iniciativa conta com o apoio da Secretaria de Turismo para impulsionar o empreendedorismo local, renda e emprego. Para a secretária da pasta, Vanessa Mendonça, a Rota Viva Lago Oeste é um convite a sair de casa sem sair de Brasília, com opções para todas as idades e gostos. “Visitar o Lago Oeste é desconectar da vida na cidade e viver experiências únicas, que incluem paisagens incríveis do nosso cerrado, pousadas de charme, excelente gastronomia, trilhas e cachoeiras. Atrações que impressionam e atendem à demanda da população nesse cenário pós-pandemia”, ressalta.
 
Outro destaque é a produção agrícola, que conta com espaços de plantação bioecológica e orgânica, com a utilização de sistemas de plantio sustentáveis, como a permacultura e a agrofloresta. No local, são produzidos hortifrútis, ervas gastronômicas, cafés especiais e pimentas, sendo também uma região reconhecida pela criação e comercialização de diversos animais, como a cabra.
 
Gastronomia
 
Para quem gosta de uma mistura de sabores da gastronomia brasileira, o lugar certo é o restaurante Brasis, localizado na Rua 12 do Lago Oeste. Comandado pela chef Di Oliveira, o espaço faz um passeio pelo Brasil. “O Brasis é uma mistura de todos os brasis. Desde um pouquinho de Minas, ao Sul, Sudeste, Centro-Oeste, um pouquinho de cada lugar. E que é referência do nosso cardápio também. Nada melhor que Brasília para fazer isso, de a gente poder juntar o Brasil em um lugar só”, ressalta a chef.
 
No cardápio, os sabores do cerrado, como jambu, seriguela, framboesa do cerrado e pequi são incorporados aos pratos. O carro-chefe são os frutos do mar, além de carnes vermelhas e opções vegetarianas. “Eu sou apaixonada pelo meu país e minha profissão como produtora cultural me deu a oportunidade de viajar e conhecer todas as capitais, conhecer um Brasil diferente. Essa mistura de sabores começou a surgir naturalmente, claro, com influência de outros chefs de renome. Comecei a experimentar em casa e acabei levando para o Masterchef. Vi que não era só brincadeira e resolvi apostar”, conta Di, que participou da edição do programa em 2019. Ela ficou entre os 44 melhores cozinheiros do país.
 
Quando retornou da competição, resolveu abrir as portas da casa dela e montar o restaurante que, em abril, completa dois anos. Logo após a abertura, Di Oliveira foi indicada como chef revelação e restaurante revelação pela revista Encontro Gastrô.
 
Entre os pratos mais pedidos está o Camarão da Chef, feito de camarões-rosa crocantes empanados na farinha de panco e coco, com arroz de bacon, alho-poró, três pimentões, cebola e palmito pupunha. Acompanha vinagrete defumado e farofa de limão siciliano. “Servimos também uma paella um pouco diferente, com tucupi e jambu, e pirarucu e um filé ao molho de framboesa do cerrado”, destaca a chef.
 
Durante a pandemia, o espaço sobreviveu com o delivery e passou por adaptação. Em agosto do ano passado, foi reaberto após uma grande reforma, com ambiente mais aberto para os clientes apreciarem a vista. Outro ponto interessante é que, além de um restaurante, o local também é uma galeria de arte com vários quadros de artistas brasileiros, além de esculturas e peças do folclore nacional.
 
Um pouco mais adiante, na Rua 14, está o Vista Linda, um restaurante com uma paisagem deslumbrante do vale da Chapada da Contagem. O local é o único de Brasília que oferece a autêntica moqueca capixaba. “Sou capixaba e moro em Brasília há 20 anos. Quando mudei pra cá procurei a moqueca capixaba e não tinha, só achava moqueca baiana. Senti falta desse prato típico que eu comia todo o domingo no almoço na casa da minha avó. A partir daí, surgiu a ideia de montar meu próprio negócio”, explica Gouthier Dias, proprietário do Vista Linda, que funciona há oito anos.
A moqueca capixaba se diferencia principalmente nos ingredientes, leva apenas tomate, cebola, urucum, azeite e o peixe a escolha do cliente, explica o empreendedor. Vai acompanhado de pirão da terra e arroz branco. “Ela é mais leve, e preserva o sabor do peixe. As moquecas que são mais conhecidas têm mais tempero”, pontua o chef. O cardápio é variado, o carro-chefe são frutos do mar, mas há carne e pratos vegetarianos.
 
Trilha e ciclismo
 
Aos moradores do Lago Oeste e brasilienses apaixonados por ciclismo, a região também tem despontado com as trilhas ecológica e a ciclovia rente a DF-001. Moradora da Rua 11, a aposentada Fátima Nucci, 62 anos, conta que pratica ciclismo ao menos três vezes por semana, em muitas das ocasiões, acompanhada de grupo. “Antes, eram12, mas com a pandemia foram diminuindo e agora somos cinco”, conta Fátima.
 
Apaixonada pela região, ela ressalta que as melhorias que têm ocorrido na cidade são muito boas e só têm a contribuir. “Eu acho isso aqui um pedacinho do céu, não troco por lugar nenhum. Principalmente a gente que vem acompanhando as melhorias, é bem importante”, afirma.
 
Conheça
 
Viva Lago Oeste
Site com o roteiro e contato de todos os empreendedores participantes
vivalagooeste.com.br
Instagram: @vivalagooeste
Restaurante Brasis
Só atende sob reserva
Sexta, sábado, domingo e feriado
A partir das 12h
Telefone para contato: 99446-2540
Restaurante Vista Linda
Só atende sob reserva
Sexta, sábado, domingo e feriado
A partir das 12h
Telefone para contato: 99622-6004
Recanto de Maria Flor
Contato: (61) 99981-9275

Correio Braziliense domingo, 21 de fevereiro de 2021

PÁSCOA: CHANCE DE BONS NEGÓCIOS

 

Jornal Impresso

Páscoa chance de bons negócios
 
Com o fim do carnaval, encomendas começam a aparecer. Em meio ao cenário de distanciamento social, doceiras brasilienses procuram formas de inovar na produção para 2021

 

» ANA CLARA AVENDAÑO*

Publicação: 21/02/2021 04:00

Dona da loja Sweet Love, Ingrid Aretusa decidiu se dedicar à confecção de bolos e ovos de chocolate após ficar desempregada (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  
Dona da loja Sweet Love, Ingrid Aretusa decidiu se dedicar à confecção de bolos e ovos de chocolate após ficar desempregada

A Páscoa se aproxima, e as confeiteiras brasilienses se preparam para a produção de encomendas de ovos, barras de chocolates, cones trufados, bombons e outros doces procurados em uma das épocas mais saborosas do ano. Algumas das estratégias para não deixar a pandemia abalar o número das vendas envolvem oferecer opções de compra e retirada, além de delivery para todo o Distrito Federal.
 
Andréa Vargas, 43 anos, é apaixonada pela produção de ovos de Páscoa. Há quatro anos, ela trabalhava no setor financeiro de uma concessionária de motos, mas foi demitida devido a um corte de funcionários na empresa. Em meio ao desemprego, ela fez um curso de confeitaria pago por uma amiga e começou a trabalhar com encomendas de bolos. Também apostou em vendas na igreja, o que ajudou a doceira a sair da casa dos pais e conquistar a independência financeira. “Fiz outros cursos para aprimorar minhas habilidades. Comecei a ter clientes quando vieram as primeiras demandas de ovos de chocolate. Minha primeira Páscoa foi a época em que ganhei mais dinheiro”, diz a moradora de Taguatinga.
 
Por outro lado, a estudante de arquitetura Raissa Vieira Frantz, 18, não apostará na produção dos tradicionais ovos de Páscoa, mas levará a temática para os produtos vendidos no Instagram. “Minha proposta são novos sabores de cones de chocolate, como bolo de cenoura com brigadeiro. Haverá outras opções e doces decorados como se fossem cenoura. Trabalho também com bombons artesanais, caixas personalizadas e alfajor. A ideia principal é tematizar os doces que nós temos”, detalha a moradora de Águas Claras.
 
Raissa lançou a Doce Croc em agosto, após aprender receitas de sobremesas. “Comecei com minha lojinha vendendo cones trufados. Na verdade, quem começou a fazer foi meu primo, e eu vendia para ele, mas, com o tempo, ele se cansou e eu segui com o ofício. Eu acompanhava todo o processo e tomei um gosto imenso por fazer doces”, conta a jovem.
 
Talentosa desde a adolescência, Raianna Baptista, 19, vendia brigadeiros e brownies na escola aos 15 anos. Entretanto, em 2019, a estudante começou a empreender no ramo de ovos de Páscoa de colher. “Na Páscoa de 2018, fiz um curso de confeitaria e recebi em torno de 20 encomendas. Ano passado, vendi, em média, 50 ovos de colher e 15 barras recheadas”, afirma a moradora de Águas Claras. Para a produção de 2021, Raianna pretende oferecer novas opções, como kits de confeiteiro para crianças e caixas com desenhos especiais de Páscoa.
 
Criações
A confeiteira Adriana Della Monica, 45, atua no ramo há 11 anos e se surpreendeu com as vendas do feriado religioso do ano passado. “Eu estava bem desesperançosa com os comércios fechados e as pessoas muito receosas, mas, por incrível que pareça, vendi muito. Criei a opção de entrega, então, as pessoas encomendavam os ovos. Dependendo do local, eu cobrava uma taxa, mas eu entregava para elas. Por exemplo, no caso daquelas que queriam presentear, eu entregava direto para quem ia receber”, conta.
 
Natural de São Paulo, Adriana era comissária de bordo quando decidiu optar por uma profissão que a possibilitasse passar mais tempo em casa, para acompanhar o crescimento do filho. Com um atelier no próprio imóvel, em Taguatinga Sul, ela procura inovar as criações, criando novos sabores e diferentes embalagens. “Este ano, para as crianças, vou fazer ovos de chocolate ao leite com brigadeiro e guloseimas, como marshmallow. Além de controles remotos de chocolate, pirulitos de coelhinho e ovo de pote com casca de chocolate e brigadeiro belga”, enumera Adriana.
 
Na visão da proprietária da Della Monica Confeitaria, o segmento tem crescido exponencialmente desde o início da pandemia. “A concorrência é muito grande. Muitos estão fazendo de tudo para sair do problema da crise. As pessoas têm produzido os próprios ovos de Páscoa. No fim do ano, por exemplo, as pessoas produziam panetones para baratear os presentes. Tenho percebido, também, gente de muito talento entrando nesse nicho”, avalia a confeiteira.
 
Ao perder o emprego em um berçário por causa da pandemia, Ingrid Aretusa, 28, decidiu se dedicar à confecção de bolos ao lado da mãe, Edilene Feitosa, 50. Porém, com a chegada da Páscoa, as duas produzirão ovos de colher para a data. “Eu tinha feito alguns bolos e pedi para amigos e familiares experimentarem. Com a aprovação dos degustadores, resolvi investir no ramo”, brinca Ingrid. “Continuei fazendo, porém decidi incluir ovos artesanais ao menu. Produzi alguns minibombons para degustação e, depois, alguns doces para divulgação”, conta a dona da loja Sweet Love.
 
* Estagiária sob a supervisão de Jéssica Eufrásio
 
 
 
Serviço
 
Ateliê Andréa Vargas
Encomendas: 9 8550-0888
Instagram: @atelieandreavargas
 
Della Monica Confeitaria 
Encomendas: 9 9112-7687
Instagram: @dellamonicaconfeitaria
 
Doce Croc
Instagram: @doce.croc
 
Raianna Doces
Encomendas: 9 8204-1292
Instagram: @raiannadoces
 
Sweet Love 
Encomendas: 9 9393-1992
Instagram: swee_tlove04

Correio Braziliense sábado, 20 de fevereiro de 2021

A SEREIA QUE VEIO DE LONGE: HISTÓRIA DA ESCULTURA DOADA POR DINAMARQUESES NA ÉPOCA CONSTRUÇÃO DE BRASÍLIA

Jornal Impresso

A sereia que veio de longe
 
Doada por dinamarqueses na época da construção de Brasília, ícone de bronze localizado em frente ao prédio principal do Comando da Marinha é praticamente desconhecido pela população. Após percorrer muitos caminhos, o Correio desvendou a misteriosa história da escultura

 

Ana Maria da Silva

Publicação: 20/02/2021 04:00

Em Brasília desde 1960, a pequena sereia dinamarquesa ficou esquecida por anos nos porões do Palácio da Alvorada (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  
Em Brasília desde 1960, a pequena sereia dinamarquesa ficou esquecida por anos nos porões do Palácio da Alvorada


O conto de uma jovem sereia que renunciou sua vida de princesa no mar para estar com seu amado se expressa no rosto da escultura A Pequena Sereia de Copenhague, ícone de bronze que descansa sobre uma rocha no porto da capital dinamarquesa, às margens do Mar Báltico. Desde o seu surgimento, em 1913, esta figura curiosa despertou todos os tipos de lendas, atos de vandalismo e anedotas curiosas. A obra, construída pelo artista Carl Jacobsen, ganhou várias réplicas distribuídas pelo mundo. Uma delas chegou a Brasília e encontra-se em frente ao prédio principal do Comando da Marinha.

A obra, rebatizada por aqui como Sereiazinha, foi doada durante a inauguração da cidade, e é praticamente desconhecida pela população brasiliense. É anônima, até mesmo, para os órgãos responsáveis pela sua guarda e manutenção. O Correio procurou a Universidade de Brasília (UnB), o Comando do Ministério da Marinha — órgão responsável pela guarda e manutenção da obra —, e a Secretaria de Cultura do DF, mas não encontrou alguém que pudesse dar mais detalhes.
Sabe-se que a obra, fundida em bronze espelhado, simboliza boas-vindas aos marinheiros. De acordo com matéria publicada em 5 de setembro de 1965, no Correio Braziliense, os marujos brasileiros tinham grande admiração pelo monumento, e acabaram conquistando a simpatia dos dinamarqueses. A cada ano, nas viagens, um navio aportava em Copenhague e os brasileiros iam visitar o monumento. Muitos levavam flores para enfeitar a Sereiazinha, sentada sobre uma laje semi submersa na orla do Parque Langelinie.

Em 1960, o mundo inteiro voltou-se para o Brasil, país que estava inaugurando, em plena região semideserta, uma nova e fantástica capital: Brasília. Com a nova cidade, os dinamarqueses pensaram em oferecer um presente ao povo brasileiro, em sinal de gratidão pelo amor e simpatia de nossos marinheiros pela pequena sereia.

Com o intuito de deixar uma marca na cidade tão moderna que surgia, a Dinamarca, por intermédio da Sociedade dos Amigos do Brasil, mandou confeccionar uma réplica da obra e uma miniatura da grande pedra onde o monumento se assenta no porto dinamarquês. O povo nórdico se regozijou com a ideia, e o monumento foi dado a mais nova capital do mundo, em sinal de reconhecimento pelo esforço do povo brasileiro, que erguia uma nova cidade.

O carinho dos doadores está traduzido no oferecimento gravado em uma âncora presente na rocha em que a Sereiazinha está sentada: “Ano de 1960 — Sereiazinha doada ao Brasil pelos Amigos da Dinamarca, em admiração à iniciativa de Brasília, recordando a tradicional cortesia da Marinha de Guerra do Brasil para com a Sereiazinha de Copenhague, sob os cuidados do Governo Real da Dinamarca pela Sociedade dos Amigos do Brasil na Dinamarca”.

Esquecida
Entre discursos e festas, o monumento encaixotado foi embarcado num avião da SAS (Scandinavian Airline System) e enviado para o Brasil. Na euforia da mudança, o caixote, pesando quase 300kg, foi esquecido em um depósito do Palácio da Alvorada. Vieram as sucessivas crises políticas no Brasil. O Palácio do Alvorada mudou de morador várias vezes, e a Sereiazinha jazia tranquila e esquecida em seus subterrâneos.

Quase cinco anos depois, ninguém mais se lembrava do monumento. Seus doadores, naturalmente, sentiram-se magoados e ofendidos. Em junho de 1965, esteve no Brasil um dos membros da Sociedade dos Amigos do Brasil na Dinamarca, que veio saber do paradeiro do monumento. Sem maiores informações, o representante foi se entender com as autoridades do estado-maior das Forças Armadas do Rio de Janeiro. E então, começaram as buscas e indagações. Ninguém mais sabia onde podia estar escondida a tranquila Sereiazinha. Perguntaram ao Departamento de Turismo, à Marinha, mas nenhuma instituição tinha informações.

A subchefia da Marinha na Presidência da República assumiu o problema. Por fim, depois de sucessivas buscas, o monumento foi descoberto no Palácio da Alvorada, no canto de um depósito. No dia 10 de agosto de 1965, o caixote foi enviado para o Ministério da Marinha, e as autoridades do comando naval começaram a tomar providências para a instalação da Sereiazinha, ali mesmo, no pátio do ministério.

Com as primeiras notícias publicadas acerca do encontro da obra, o Comando Naval apressou-se em afirmar o seu desejo de instalar o monumento. Em 1965, o comando lamentou-se e pediu que as autoridades da Marinha e de Brasília oferecessem à Sereiazinha o lugar que ela merecia. “Cinco anos de esquecimento devem ser reparados. Nosso gesto foi dos mais deselegantes para com os doadores, vamos repará-lo agora. Já que o monumento foi encontrado, que seja imediatamente instalado e que, na sua inauguração, se convide o embaixador da Dinamarca”, afirmou o Comando Naval, ao descobrir o encontro da obra.

Espera
No conto do escritor Hans Christian Andersen, a pequena sereia amava um príncipe que se perdeu no mar. Com olhar triste, a sereia, que possui cerca de um metro de altura, fica sentada sob um pedestal de pedra de 0,80 centímetros de altura, à espera da volta de seu amado príncipe.

Após o esquecimento de cinco anos, a Sereiazinha ganhou, em Brasília, um espelho d’água com azulejos azuis. Atualmente, permanece abandonada e sem água no seu espelho. De acordo com o Ministério da Marinha, será realizada a manutenção do piso e da estrutura que formam o espelho d’água. “Tendo em vista as constantes chuvas no período atual, optou-se, como prevenção, deixar o local sem água. A manutenção adequada será executada tão logo diminua a precipitação pluviométrica em nossa região”, explicou a corporação, em nota.

Enquanto espera pelos devidos cuidados, a pequena sereia continua no local destinado à sua história de amor. Enquanto dá boas-vindas aos marinheiros que chegam ao Ministério, a Sereiazinha aguarda que os brasilienses relembrem sua importância, e espera a chegada de algum príncipe candango.




Outros presentes
Além da réplica da Pequena Sereia, a capital federal recebeu outros presentes durante sua inauguração:

Sinos da Catedral
O governo da Espanha doou os quatro sinos de bronze instalados na Catedral. Três deles — Santa Maria, Pinta e Nina — lembram as Caravelas de Cristóvão Colombo na descoberta da América. O quarto — Pilarica — é uma homenagem à Nossa Senhora do Pilar, muito cultuada naquele país. Desde 1987, são controlados eletronicamente, e tocam às 6h, às 12h e às 18h.

Monumento Solarius
Durante a construção de Brasília, o artista plástico francês Ange Falchi ficou impressionado com as notícias que recebia sobre a coragem e o espírito de aventura dos trabalhadores brasileiros que erguiam a nova capital. Ele resolveu, então, homenageá-los com uma escultura que chamou de Solarius. Depois de pronta, o governo da França a doou para Brasília.

Loba Romana
Réplica da Loba Capitolina, estátua-símbolo da lenda de criação de Roma. A loba amamenta os gêmeos Rômulo (que fundaria Roma) e Remo, filhos do deus da guerra, Marte. Abandonados pelo pai, os dois meninos acabaram encontrados e alimentados pelo animal. A obra foi doada pelo governo da Itália.

Correio Braziliense sexta, 19 de fevereiro de 2021

CORONAVÍRUS: NOVA CEPA FOI DETECTADA EM DEZEMBRO

Jornal Impresso

CORONAVÍRUS
 
Nova cepa do vírus foi detectada em dezembro
 
A variante britânica foi identificada em, pelo menos, dois moradores do DF, no fim do ano passado, segundo apurou o Correio. Secretaria de Saúde confirma uma das infecções, mas nega que nova cepa esteja em circulação na capital

 

» ADRIANA BERNARDES
» SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 19/02/2021 04:00

 
"Variantes estão chegando e isso preocupa. Por isso, fica aqui o meu apelo à população: continuem seguindo as medidas de segurança sanitária, usando máscaras, álcool em gel e distanciamento social"

Osnei Okumoto, secretário de Saúde do DF

A informação de que a variante britânica do novo coronavírus, a B.1.1.7, está em circulação no Distrito Federal, pelo menos, desde dezembro do ano passado, revelada pelo Correio, preocupa especialistas e órgãos de fiscalização. Segundo eles, a Secretaria de Saúde precisa acompanhar de perto os casos desde a suspeita até a confirmação ou o descarte da infecção. Hoje, o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) vai se reunir com o secretário Osnei Okumoto para discutir o andamento da vacinação e cobrar respostas em relação às novas cepas na capital. Enquanto isso, DF e cidades do Entorno sofrem com a alta ocupação de leitos de unidade de terapia intensiva (UTIs) voltadas para o tratamento da doença.
 
Em relação às variantes do vírus no DF, o Correio apurou que pelo menos dois homens se contaminaram com a nova cepa, um com 25 anos e outro com 33. As amostras desses pacientes foram coletadas em 31 de dezembro de 2020. Apesar de confirmar um dos casos de infecção, a Secretaria de Saúde nega que a nova cepa esteja em circulação na capital federal. A ocorrência validada pela pasta é de um morador de Brasília que fez o teste no Piauí. Cientes deste caso, Okumoto e o diretor de vigilância epidemiológica do DF, Cássio Peterka, afirmaram que buscam identificar este paciente para, então, fazer o acompanhamento epidemiológico. “Estamos buscando saber se essa pessoa mora no Piauí e ainda não atualizou o endereço no cadastro do SUS (Sistema Único de Saúde) ou se realmente mora aqui e estava de passagem em outro estado”, afirmou Okumoto.
 
A pasta não confirmou o segundo caso, no entanto, e negou que a variante esteja em circulação na capital federal. Informou apenas que não recebeu retorno das amostras enviadas ao Instituto Adolfo Lutz para validação do sequenciamento dos genomas. O instituto, procurado pela reportagem, afirmou que não pode passar dados referentes a essas amostras e que cabe à Saúde do DF negar ou confirmar o recebimento dos resultados.
 
Apesar da falta de confirmação, há uma preocupação por parte dos gestores. “Variantes estão chegando e isso preocupa. Por isso, fica aqui o meu apelo à população: continuem seguindo as medidas de segurança sanitária, usando máscaras, álcool em gel e distanciamento social”, reforçou Okumoto. A declaração foi feita na tarde de ontem, durante o lançamento da plataforma de agendamento da vacinação (leia matéria abaixo).
 
“Acompanhamos todos os casos confirmados no DF, independentemente da cepa”, garantiu Peterka, também presente à cerimônia, e reforçou que quanto menor a circulação do vírus, menores as chances de novas variantes se disseminarem e surgirem.
 
Hoje, a partir das 9h, representantes do MPDFT devem se reunir com os gestores da Saúde local para tratar de assuntos relacionados à covid-19. Coordenador da força-tarefa de combate à pandemia, o procurador de Justiça José Eduardo Sabo Paes afirmou ao Correio que, durante a reunião, deve pedir respostas da pasta em relação às investigações e à identificação do homem que testou positivo para a cepa britânica. “Sabemos que a mutação do vírus é uma questão natural, mas queremos saber quem é esta pessoa e a localização exata dela”, ressaltou Sabo.
 
Vigilância
Para o infectologista do Hospital das Forças Armadas Hemerson Luz, a vigilância sanitária e a prevenção devem ser aliadas neste momento, pois, segundo ele, o surgimento de novas cepas somado ao descuido da população pode levar o sistema de saúde a um colapso. “Algumas das mutações do coronavírus, como a britânica, a sul-africana e a de Manaus, são mais transmissíveis e, por isso, podem levar mais pessoas aos hospitais da capital. Caso isso ocorra, podemos sofrer com um aumento de mortes, não por letalidade do vírus, mas por falta de assistência”, disse.
 
“Se a Saúde não estiver preparada para isso, pode colapsar. Por isso, a prevenção, por parte da população, e a vigilância dos novos casos, por parte da secretaria, devem andar juntas para controlar a disseminação”, completou o especialista.
 
Deputados distritais também manifestaram preocupação com a circulação de variantes da covid-19 no DF. A Comissão Especial de Vacinação da Câmara Legislativa do DF (CLDF) cobrou da Saúde um mapeamento da nova cepa do Sars-CoV-2 na capital e no Entorno. “Temos informações preliminares de que a variante britânica é mais contagiosa e, em algumas situações, mais perigosa que o vírus inicial da covid-19. Por isso, a supervisão é necessária para que o governo possa atuar e isolar os casos para evitar uma maior propagação”, afirmou o distrital Fábio Félix (PSol), presidente da comissão.
 
Ocupação de leitos
Ontem, Brasília registrou mais 645 casos e 10 mortes pela covid-19. No total, são 287.365 infecções confirmadas e 4.728 óbitos. A ocupação de leitos de UTI voltados para o tratamento da doença chegou a 87,5% com alguns hospitais, como o Hospital de Base e o Hospital de Campanha da Polícia Militar, atingindo 100% e 88,75% de ocupação, respectivamente. Como resposta e para evitar um colapso, a Saúde informou que vai ativar 100 leitos nas próximas semanas.
 
Já nos 33 municípios que compõem o Entorno do DF — 29 de Goiás e quatro de Minas Gerais — a situação se mostra pior. Em Goiás, 15 dos 33 não contam com leitos de UTI para tratar o novo coronavírus, inclusive Águas Lindas de Goiás, cujo hospital de campanha foi desativado. Dos que têm, Formosa e Luziânia atuam com 100% e 90% de ocupação, respectivamente. Em MG, apenas Unaí tem UTI e, segundo dados da secretaria de Saúde do Estado, atua com 56% de ocupação.
 
Formosa, Padre Bernardo e São João da Aliança estão em situação considerada crítica; Pirenópolis encontra-se em alerta; e Alexânia, em calamidade. Procurada pela reportagem, a Secretaria de Saúde de Goiás informou que, quando uma região está em situação de alerta, é permitido o funcionamento de todas as atividades, exceto eventos com mais de 150 pessoas. “No caso de situação crítica, deve-se reduzir a capacidade de atendimento em atividades de alto risco de contaminação, como bares e instituições religiosas, que passam a ter permissão para ocupar 30% da capacidade. Já as atividades de baixo risco, como salões de beleza, barbearias, shoppings e centros comerciais, ficam com o limite de 50% de utilização. Eventos, transporte coletivo e outros setores terão restrições específicas”, disse a pasta.
 
Nos casos de calamidade, há a interrupção de todas as atividades, exceto supermercados, farmácias, postos de combustível e serviços de urgência e de emergência em saúde. Caso seja observada piora nos indicadores, cada região manterá as medidas restritivas respectivas a cada situação por pelo menos 14 dias.

Correio Braziliense quinta, 18 de fevereiro de 2021

CORONAVÍRUS - SAÚDE DO DF ATIVARÁ 100 LEITOS

Jornal Impresso

CORONAVÍRUS
 
Saúde ativará 100 leitos de UTIO
 
Governo do Distrito Federal (GDF) abrirá, na próxima semana, 36 vagas, seguidas de outras 60, em até 10 dias. Medida visa garantir atendimento à população, principalmente após aumento da procura por pacientes do Entorno e de BA, MA e PI

 

Publicação: 18/02/2021 04:00

Ontem, das 162 vagas em unidades de terapia intensiva (UTIs) para pacientes com covid-19, apenas 24 estavam livres, e duas, aguardando liberação (Breno Esaki/Agência Saúde)  
Ontem, das 162 vagas em unidades de terapia intensiva (UTIs) para pacientes com covid-19, apenas 24 estavam livres, e duas, aguardando liberação

» ANA ISABEL MANSUR
» EDIS HENRIQUE PERES
» JÉSSICA MOURA
 
Após a identificação da cepa britânica do novo coronavírus (Sars-CoV-2) em circulação na capital do país e em cidades do Entorno, além da pressão da procura por atendimento no DF, o Governo do Distrito Federal (GDF) anunciou a abertura de 100 leitos em unidades de terapia intensiva (UTIs) para pacientes com covid-19. A informação, antecipada ontem ao Correio, é de que serão 36 novos na próxima semana e 60 em até 10 dias. Ontem, houve a abertura de cinco, contratados pela Secretaria de Saúde, no Hospital Daher, no Lago Sul.
No momento, a preocupação com a rede de saúde pública do DF tem relação com a chegada de pacientes de outras unidades da Federação, principalmente da Bahia, de Goiás, Minas Gerais e do Piauí. Atualmente, o Distrito Federal conta com 162 leitos de UTI destinados a pacientes com a doença, sendo 49 contratados de hospitais particulares. Ontem, a taxa de ocupação estava em 83,95%, com apenas 24 vagos e outros dois bloqueados, no aguardo de liberação. 
 
O governador Ibaneis Rocha (MDB) reconhece a situação de alta demanda, especialmente diante da transferência de pacientes de outras partes do país para o DF. “Não são apenas pessoas que moram no Entorno, mas também de cidades mais distantes — da Bahia, de Minas e até do Piauí — que estão buscando atendimento aqui”, afirmou. O chefe do Buriti destacou, porém, que nenhuma pessoa de fora que procurou assistência no DF ficou sem tratamento. “Conseguimos leitos para todos, mas a situação tem se agravado na medida em que essa eficiência atrai moradores de outras cidades. Mas todos serão acolhidos. Estamos trabalhando para reforçar nossa rede”, completou.
 
Agora, o chefe do Executivo local trabalha para conseguir novas vagas na rede particular para a população, com recursos do Ministério da Saúde. A pasta federal deve publicar, em breve, uma portaria para regularizar o pagamento de leitos de UTI em hospitais privados. “Pedi ao ministro (da Saúde, Eduardo) Pazuello para que o pagamento fosse feito por UTI usada. É o mais justo. De qualquer forma, ele garantiu que todos serão efetivamente pagos e, para mim, a palavra dele basta”, ressaltou Ibaneis.
 
O secretário Osnei Okumoto disse que a abertura de vagas ocorre diariamente: “Estamos ativando os novos leitos dia após dia. Levantamos a possibilidade de acordo com a necessidade e inauguramos quando possível. Ao longo da próxima semana, devemos ativar em torno de 36”, afirmou.
 
O infectologista Julival Ribeiro teme que ocorra, no DF, o mesmo visto em outras unidades da Federação após as festas de fim de ano. “Daqui a 14 dias, pode surgir um número muito maior de casos, sobretudo, se essa variante do Reino Unido estiver circulando muito aqui e, com isso, aumentarem os número de casos, de internações, de gente precisando de UTI, podendo levar à morte. O que as pessoas têm de fazer é respeitar as medidas sanitárias”, destacou o infectologista Julival Ribeiro.
 
Outro tema que preocupa, diante da situação de colapso que estados têm enfrentado envolve a quantidade de oxigênio disponível. No DF, a Secretaria de Saúde informou apenas que a capital federal está abastecida e que há estoque suficiente para atender toda rede pública. “Não há perigo de escassez do insumo. O contrato da SES-DF não é por quantitativo de cilindros. A pasta paga pelo metro cúbico abastecido”, informou o órgão.
 
Ontem, o Distrito Federal confirmou mais 10 mortes e 583 novos casos da covid-19. Com os registros, o total de vítimas da doença chegou a 4.718 (1,6% do total), com 286.720 infectados, dos quais 96,7% se recuperaram. Ontem, a média móvel de casos ficou em 581,57 — queda de 26,5%, em relação ao resultado de 14 dias atrás, 3 de fevereiro. Quanto às mortes, na comparação com a mesma data, o indicador ficou em 9,85  (6,8% a menos).
 
 
 
Continuidade
 
A perspectiva da Secretaria de Saúde do DF é continuar a vacinar grupos prioritários até 22 de fevereiro: idosos com 79 anos ou mais, trabalhadores da saúde, povos indígenas aldeados, pessoas com deficiência em instituições, pacientes inscritos no Núcleo de Atenção Domiciliar (Nrad) ou idosos com mais de 60 anos que vivem em instituições de longa permanência. Se não chegarem novas doses, a campanha de imunização pode ser interrompida (leia mais na Pág. 16).
 
 
 
Palavras de especialistas
 
Alta nas demandas
 
Agora, a situação está diferente do que tivemos no começo da pandemia. Com a maior procura da população por tratamento de doenças comuns — que, na maioria, ficaram sem atendimento no começo da crise do novo coronavírus — a possibilidade de manobra que teremos em relação à covid-19 também diminui. Problemas simples se acumularam ao longo desse período em que as pessoas tiveram recomendação de evitar os hospitais, e isso pode fazer uma pressão no gerenciamento do sistema. Embarcamos na segunda onda sem termos tido nenhuma diminuição sensível dos casos. As pessoas precisam compreender que vamos ter de conviver com esse vírus por um tempo, mesmo com a vacina. Precisamos de um número grande de vacinados, para alcançarmos uma segurança real. Os cuidados continuam necessários.
 
Werciley Júnior, infectologista
 
 
Riscos das variantes
 
A Variante P1 está dentro do que chamamos de variantes de atenção, pois são mutações que podem ser mais perigosas e de impacto clínico. Elas têm uma série de mutações, como a E484k, que pode levar a uma fuga da resposta imune. Além de aumento da transmissibilidade, produzir uma doença mais grave, assim como casos de reinfecção, dificultar os diagnósticos e trazer falhas terapêuticas. Um exemplo foi a variante de atenção que afetou as pessoas do Sul da África e levou à redução da eficácia da vacina AstraZeneca de 90% para 10%. Estamos diante de um alerta, e o futuro depende exclusivamente de nosso comportamento.
 
Joana D’Arc Gonçalves, 
infectologista

Correio Braziliense quarta, 17 de fevereiro de 2021

CORONAVÍRUS: DETECÇÃO DE NOVA CEPA EXIGE ATENÇÃO DA SAÚDE

Jornal Impresso

Detecção de nova cepa exige atenção da Saúde
 
A variante britânica do coronavírus circula no DF, segundo confirmam dados disponibilizados pela Fiocruz. Para evitar pressão sobre o sistema de saúde como a que ocorreu no Reino Unido, governo local e população precisam redobrar cuidados

 

» SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 17/02/2021 04:00

Durante o feriado, órgãos de fiscalização intensificaram vistorias de bares e fecharam festas clandestinas  (Ed Alves/CB/D.A Press)  
Durante o feriado, órgãos de fiscalização intensificaram vistorias de bares e fecharam festas clandestinas

Com a confirmação, por meio de levantamento disponibilizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), de que a variante britânica da covid-19 está em circulação no Distrito Federal, os protocolos de prevenção da doença se tornam mais importantes para evitar a transmissão de cepas novas, antigas ou o surgimento de mais mutações. Além disso, segundo especialistas, os cuidados podem evitar um colapso do sistema de saúde do DF, que alcançou 90% de ocupação dos leitos de unidade de terapia intensiva (UTI), números similares aos de cidades de Goiás.
 
A cepa britânica, chamada de B.1.1.7, foi identificada em uma das 11 amostras de genoma do vírus enviadas à Fiocruz. O dado está disponível no Demonstrativo de Linhagens e Genomas Sars-CoV-2, na página oficial da fundação. Entretanto, ainda não há mais informações sobre data da ocorrência, quantos casos foram identificados, nem local onde os infectados residem. O Correio entrou em contato com a assessoria de imprensa da fundação para mais detalhes sobre a infecção, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição. Em nota, a Secretaria de Saúde do DF informou que monitora todos os casos registrados na cidade, porém, até o momento, “não houve devolutiva com confirmação de sequenciamento com outra variante da covid-19”.
 
Para a infectologista da Sociedade de Infectologia do DF Valéria Paes, com essa confirmação, a população passa a ter um papel essencial no trabalho de prevenção, pois, segundo estudos preliminares, a cepa britânica é mais transmissível que a original. “Precisamos focar na prevenção. Distanciamento social, uso de máscaras e de álcool em gel. Tudo isso diminui a circulação do vírus e a probabilidade de surgimento de mais mutações, o que é importante especialmente durante a vacinação”, frisa.
 
“Estamos no início da vacinação, não podemos relaxar agora, pois, se aparecerem cepas que não são atingidas pelos imunizantes, corremos o risco de perder o processo”, completa Valéria. Em relação à variante inglesa, acredita-se que as vacinas em circulação no Brasil funcionem, porém, os estudos ainda são preliminares.
 
O processo de vacinação contra a covid-19, no DF, será retomado hoje, a partir das 14h. A expectativa é de que, até 22 de fevereiro, o atual público-alvo esteja vacinado e que, no dia seguinte, em 23 de fevereiro, o GDF receba mais 100 mil doses de imunizantes para dar continuidade à imunização, o que depende de repasses programados pelo Ministério da Saúde. Caso haja atraso, a campanha precisará ser pausada, pois as doses disponíveis atualmente não são suficientes para a ampliação.
 
Ocupação de leitos
Ontem, Brasília registrou 591 novos casos de infecção e 11 mortes por covid-19. Com a atualização, no total, são 286.137 infecções confirmadas — 96,6% são pacientes recuperados — e 4.708 óbitos pela doença. A média móvel de casos é de 580,85, 31,6% menor que a de 14 dias atrás. Em comparação ao mesmo período, a média móvel de mortes, que está em 9,57, é 1,4% menor.
 
Apesar da queda nas médias, a taxa de ocupação de leitos de UTI exclusivos para o tratamento da covid-19 subiu de 84% para 90% em um dia, entre segunda e terça-feira, considerando-se leitos públicos e privados. A taxa é maior, por exemplo, que a de Goiânia, que opera com 84% dos leitos ocupados.
 
Além do atendimento à população do próprio DF, o sistema de saúde local apoia municípios do Entorno — ao todo, são 33 cidades, 29 delas de Goiás. Destas, segundo dados da Secretaria de Saúde goiana, o município que mais tem leitos de UTI para o tratamento de covid-19 é Goianésia, com 15, dos quais 13 estão ocupados. Outro município, o de Formosa, está com todos os 10 leitos de UTI ocupados.
 
A pressão de casos importados de outras unidades da Federação pode ser percebida também entre o número de mortes de pacientes que não residem no DF em unidades de saúde da capital. Dos mais de 4 mil óbitos ocasionados pelo novo coronavírus em Brasília, 364 foram de pessoas residentes em Goiás e 50, de moradores de outros estados.
 
“É normal que, quando as pessoas não encontram atendimento próximo às suas residências, se desloquem para outras cidades. O ideal é que o sistema de saúde de todas as unidades da Federação esteja atuando de forma integrada, além de ter uma maneira de disponibilizar leitos quando for necessário e de acompanhar, diariamente, a situação da pandemia local e nacional”, explica Valéria Paes.
 
Até o fechamento desta reportagem, a Secretaria de Saúde do DF não havia respondido aos questionamentos sobre a capacidade de atendimento de casos graves de covid-19 que exijam internação. Hoje, estão previstos 157 leitos para pacientes com covid-19, e apenas 18 deles disponíveis. Em dezembro de 2020, a pasta anunciou que tem capacidade para mobilizar mais 230 leitos públicos de UTI para atender exclusivamente os acometidos com o novo coronavírus. Somada com os leitos existentes, a capacidade total de atendimento da rede seria de mais de 380 leitos públicos.

Correio Braziliense terça, 16 de fevereiro de 2021

CORONAVÍRUS - DF RETOMA VACINAÇÃO AMANHÃ

Jornal Impresso

CORONAVÍRUS
 
DF retoma vacinação contra covid-19 amanhã
 
Campanha será retomada após pausa para o feriado prolongado. Expectativa da Secretaria de Saúde é continuar a aplicação sem interrupções até 22 de fevereiro e receber, no dia seguinte, mais 100 mil doses, mas disso depende repasse do ministério

 

Publicação: 16/02/2021 04:00

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» SAMARA SCHWINGEL
 
Pausada durante o feriado prolongado de carnaval, a campanha de vacinação contra a covid-19 no Distrito Federal será retomada amanhã, a partir das 14h, nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e nos pontos de drive-thru para idosos com mais de 79 anos. Porém, fontes da Secretaria de Saúde ouvidas pelo Correio relatam preocupação com o andamento da imunização. A expectativa é de que grande parte das doses disponíveis sejam aplicadas no atual grupo prioritário até 22 de fevereiro. O prosseguimento depende do envio de mais 100 mil doses, prometidas pelo Ministério da Saúde para 23 de fevereiro.
 
Caso o recebimento seja confirmado, a pasta deve ampliar a vacinação, inicialmente, para pessoas entre 75 e 78 anos. No entanto, se o ministério adiar o prazo, a vacinação contra covid-19 no DF corre o risco de ser interrompida, como ocorreu em outras unidades da Federação. Para o professor de infectologia da Universidade Católica de Brasília (UCB) Leandro Machado, uma suspensão no processo pode acarretar no aumento de casos da covid-19. “Ainda temos poucas pessoas vacinadas, ou seja, estamos longe da imunidade de rebanho. Por isso, se interrompermos a vacinação, voltamos para o estado em que estávamos antes”, diz.
 
Leandro ainda afirma que a distribuição das atuais doses deve ser algo pensado com cuidado, já que as vacinas precisam de aplicação dupla para gerarem imunidade. “Neste momento, garantir a segunda dose para quem já recebeu a primeira é mais importante que ampliar o público-alvo”, completa o infectologista.
 
Segundo balanço feito pela reportagem, com base nos dados da SES, há cerca de 46 mil doses disponíveis na Rede Central de Frios, porém a maioria reservada para a aplicação da segunda dose nas pessoas que receberam a primeira leva da vacina — profissionais de saúde, idosos com 79 anos ou mais, indígenas aldeados, pessoas com deficiência institucionalizadas e pacientes inscritos no Núcleo de Atenção Domiciliar (Nrad) ou idosos com mais de 60 anos que vivem em instituições de longa permanência. Essas doses serão distribuídas para as regiões de saúde de acordo com a demanda e necessidade de cada uma. Ao todo, a Saúde recebeu 204.060 doses e 154.930 para as regionais. Mais de 111 mil primeiras doses foram aplicadas na capital federal.
 
Futuro
 
Apesar da atual preocupação entre os gestores da pasta, há esperança de um cenário melhor para o segundo semestre de 2021. Com o recebimento do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) para a produção de vacinas contra o novo coronavírus, o país terá condições de fabricar cerca de 1 milhão de doses por dia, o que seria suficiente para manter a vacinação sem interrupções.
 
O professor Leandro Machado acredita que atingir este nível de produção é possível, mas alerta para a necessidade de não se apegar ao futuro. “Até que isto seja uma realidade, precisamos investir na prevenção. O uso de máscaras, álcool em gel e distanciamento social são essenciais. Não podemos apenas aceitar as mortes e internações de agora porque acreditamos que, no segundo semestre, estaremos melhor. Temos que nos prevenir”, frisa.
 
Ontem, o DF chegou a 285.576 mil infectados pela covid-19 e 4.697 mortes pela doença, sendo que 738 casos e nove óbitos foram registrados nas últimas 24 horas. A ocupação de leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) exclusivos para a doença está em 84%.
 
Nova cepa
A nova variante do novo coronavírus, encontrada em duas cidades do Entorno do DF, preocupa especialistas. A infectologista Joana D’arc Gonçalves explica que a mutação tem características que a tornam mais transmissível. “A variante notificada no Entorno é a mesma encontrada no Reino Unido e em mais de 62 países da Europa, a B1.1.7. Apesar de ser ruim ela estar no nosso país, ao menos não tem mutações responsáveis pelo escape imunológico e a falha vacinal que ocorreu na África do Sul”, pontua.
 
A infectologista também ressalta que é necessário redobrar a atenção com relação a vigilância e controle. “Afinal, as vacinas que temos disponíveis foram baseadas no vírus selvagem, e essas variantes podem ser prejudiciais ao programa de imunização e tratamento da doença”, diz.
 
» Colaborou Edis Henrique Peres

Correio Braziliense segunda, 15 de fevereiro de 2021

CORONAVÍRUS - DF NO RASTRO DO NOVO CORONAVÍRUS

Jornal Impresso

DF no rastro do novo coronavírus
 
Pesquisadores da UnB trabalham em parceria com o Lacen-DF e rede nacional de estudiosos para fortalecer a vigilância epidemiológica no DF e no país a fim de evitar que novas variantes se disseminem e comprometam até mesmo a eficácia das vacinas

 

MARIANA NIEDERAUER
SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 15/02/2021 04:00

O virologista da UnB Bergmann Morais Ribeiro, à frente de pesquisas de sequenciamento de genoma no DF: agilidade é essencial (Ed Alves/CB/D.A Press)  
O virologista da UnB Bergmann Morais Ribeiro, à frente de pesquisas de sequenciamento de genoma no DF: agilidade é essencial


A constatação de que a variante britânica do coronavírus está em circulação a menos de 40km do Distrito Federal, em cidades do Entorno, reforça a importância não só da vigilância epidemiológica, mas também do trabalho científico de sequenciamento do genoma do vírus. Na Universidade de Brasília (UnB), grupo composto por mais de 30 pesquisadores de seis programas de pós-graduação estuda o Sars-Cov-2 desde o início da pandemia e faz parte de força-tarefa nacional para desvendar diferentes faces do patógeno — de tratamentos eficazes à possibilidade do surgimento de novas epidemias.

O sequenciamento é o que indica, por exemplo, se existe nova cepa em circulação no país. A agilidade, portanto, representa elemento chave nesse processo, para que as pessoas infectadas sejam isoladas e acompanhadas por equipes de vigilância epidemiológica e não contagiem mais habitantes. “Em Brasília, poucas cepas foram sequenciadas até agora. Mas, como o transporte não parou, muito provavelmente essas cepas que estão circulando no Amazonas, no Rio de Janeiro e em outros estados circulam aqui também. É questão de ir atrás”, avalia o virologista Bergmann Morais Ribeiro, professor titular do Instituto de Ciências Biológicas da UnB, à frente do Laboratório de Bacilovírus, responsável pelo sequenciamento.

“Por isso é importante esse projeto, para descobrirmos o mais rápido possível o que está acontecendo aqui e sermos autônomos. Estamos tentando transferir essa tecnologia para o sistema público, com o objetivo de termos essa resposta mais rapidamente”, resume o pesquisador. Ele reforça, ainda, que há possibilidade de a covid-19 se tornar uma doença endêmica, ou seja, que provoca novos casos com frequência ao longo do tempo, como ocorreu com o vírus HIV e os causadores da dengue, zika e chikungunya.

Em parceria com o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-DF), a partir de financiamento da Fundação de Apoio à Pesquisa (FAP-DF), a equipe do pesquisador pretende sequenciar, pelo menos, 150 genomas do coronavírus (leia Cinco perguntas para). Apesar de o laboratório conseguir identificar as novas cepas, a confirmação só ocorre após processamento pelos institutos de referência, conforme define o Ministério da Saúde. Entre eles, estão o Adolfo Lutz, em São Paulo, e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro. Para esta última, foram enviadas, por exemplo, amostras de três casos suspeitos de reinfecção no DF, em análise.

Vigilância
O sequenciamento de genomas faz parte do trabalho laboratorial da vigilância epidemiológica. Segundo o professor de epidemiologia da UnB Mauro Sanchez, essa vigilância é uma vertente da Secretaria de Saúde do DF responsável pelo monitoramento e fornecimento de dados sobre a pandemia. “É uma área muito importante, pois permite que as autoridades saibam como e onde colocar recursos humanos, financeiros e materiais para combater o avanço do vírus na cidade. Além de calcular o número absoluto de casos, a vigilância epidemiológica demonstra qual a incidência da doença, ou seja, qual o risco de se adoecer, por meio do cálculo de casos a cada 100 mil habitantes”, diz.

Além disso, Sanchez afirma que o trabalho da vigilância epidemiológica, em parceria com outras vertentes da Saúde, também é essencial para o monitoramento de novas cepas da covid-19 que, possivelmente, já estão em circulação no DF. “Por meio do acompanhamento dos casos, as autoridades e os profissionais de saúde podem identificar o surgimento de novas infecções e, por meio do rastreamento de contatos, cortar a cadeia de transmissão da nova cepa”, esclarece.

Para isso, é necessário que, quem teve contato com um infectado ou esteja com suspeita, fique em isolamento por cerca de duas semanas, até que a infecção se confirme ou seja totalmente descartada. Todos que tiveram contato com essa pessoa por alguns dias antes do início dos sintomas também devem ser isolados. “Assim, evitamos que o vírus continue se espalhando”, completa Sanchez.

Testes
Até as 23h do último sábado, o Lacen-DF havia realizado 191.881 testes de RT-PCR — exame para detecção do novo coronavírus — desde o início da pandemia. Durante este período, 124.228 foram negativados; 62.577 apresentaram resultado positivo e 5.076, inconclusivo.

Apenas este mês, foram mais de 6 mil amostras recebidas, sendo 1.970 positivas; 4.212, negativas; e 389, inconclusivas. O prazo médio em que o Lacen-DF tem divulgado os resultados é de um dia. Até a meia-noite de ontem, o laboratório estava aguardando o processamento de 252 exames.



 (Ed Alves/CB/D.A Press)  


Cinco perguntas para

Fernando Lucas de Melo,
 virologista e bolsista sênior da FAP-DF responsável pelo sequenciamento e análise das amostras em parceria com o Lacen

Qual a importância do sequenciamento do genoma do vírus para o acompanhamento da pandemia?
Quando investigamos o genoma, conseguimos descobrir uma série de informações sobre a história de uma linhagem. Consigo dizer quais mutações estão acontecendo e, quando comparo com amostras mais antigas, dizer se é igual ou diferente. Se  vejo  genomas aparecendo e aumentando em frequência eu posso correlacionar: será que esse vírus causa formas mais graves da doença? Será que escapou ao sistema imune e está causando muito mais infecções? Então, eu crio hipóteses para que novos estudos aconteçam.

Por que identificar essas mutações é um dos resultados mais importantes do sequenciamento?
A mutação isolada de um vírus não significa muita coisa. A partir do momento que começo a ver a recorrência dessas mutações e o aumento de frequência, começo a entender o que o  vírus ganhou de vantagem  em  relação à linhagem antiga.

Que tipo de tecnologia é necessária para o sequenciamento? É cara? Que dificuldades os pesquisadores do país encontram?
É preciso estar preparado, porque é o tipo de coisa que leva tempo. São cerca de quatro ou cinco meses para o reagente chegar ao Brasil, por exemplo. Então, uma das dificuldades é  a importação de material. Deveria haver menos restrição de imposto e de importação, além  de mercado nacional para a entrega. Porém, o investimento em ciência reduziu tanto que a empresa não mantém estoque de materiais no Brasil, pois não tem  garantia nenhuma de que vai vender. Isso tudo causa atraso.

Que legado acredita que a pandemia pode deixar para a ciência no Brasil?
Serviu para criar vínculos institucionais, coisa que não tínhamos antes. Às vezes,  não tínhamos ideia da estrutura dos laboratórios. O Lacen-DF, por exemplo, está no mesmo nível de entrega de resultados de laboratórios particulares. Espero que esse vínculo se mantenha para a resolução de outros problemas no futuro.

Por que é importante a população ficar atenta às medidas de isolamento?
Se a epidemia não for controlada, a chance de aparecerem novas cepas só aumenta. Se elas continuam  surgindo, é porque os casos continuam aumentando. Isolamento social e máscara são medidas que  funcionam  para o controle de variante. Quanto menor o número de casos, menor o  de variantes.




Para saber mais

Esforço amplo

Além do projeto de sequenciamento do genoma do novo coronavírus financiado, o grupo de pesquisadores do Instituto de Ciências Biológicas da UnB participa de outros editais voltados para pesquisas sobre a covid-19, como os da Capes, do CNPq e da rede Corona-ômica BR, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Esta última iniciativa reúne cientistas também do Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Amazonas, Minas Gerais e Tocantins. O projeto estabelece uma rede de laboratórios descentralizados para captação e sequenciamento genômico de amostras de Sars-CoV-2. Na UnB, pesquisadores do Instituto de Química, do Departamento de Ciências da Computação e da Faculdade de Saúde também desenvolvem outras frentes de estudo sobre o vírus, entre elas a de tratamentos para a covid-19.

Correio Braziliense domingo, 14 de fevereiro de 2021

CORONAVÍRUS - CEPA ENCONTRADA NO ENTORNO DO DF ACENDE ALERTA

Jornal Impresso

CORONAVÍRUS

 

Cepa encontrada no Entorno acende alerta
 
A variante britânica da covid-19 foi encontrada nas cidades goianas de Luziânia e Valparaíso de Goiás. Duas pessoas tiveram contato com um parente que veio da Inglaterra para as festas de ano-novo. No DF, ainda não há confirmação de novas cepas em circulação

 

SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 14/02/2021 04:00

 (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
A confirmação da existência da variante britânica do vírus causador da covid-19 — que levou o Reino Unido a decretar o terceiro lockdown — em Luziânia e em Valparaíso, cidades goianas do Entorno do Distrito Federal, acende o alerta para a evolução da pandemia na capital federal. Devido à circulação de pessoas entre as regiões, a probabilidade de a nova cepa do coronavírus estar circulando também em Brasília é alta, explicam especialistas. Os dois infectados tiveram contato, segundo a Secretaria de Saúde de Goiás, com um familiar que viajou da Inglaterra para o Brasil e participou de comemorações de ano-novo.
Os pacientes que testaram positivo para a variante britânica são uma mulher, moradora de Luziânia, e um homem, de Valparaíso de Goiás. De acordo com a secretaria, ambos realizaram testes para a covid-19 em 31 de dezembro do ano passado e apresentaram resultado positivo. Em 19 de janeiro de 2021, as amostras dos testes foram encaminhadas para o Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal (Lacen-DF), que as enviou para o Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, para sequenciamento genômico que confirmou a infecção pela nova cepa.
Após investigação dos casos, a secretaria detectou que a infecção teve correlação com um surto familiar da doença, que ocorreu durante uma viagem envolvendo mais de 20 pessoas, sendo uma delas o viajante recém-chegado da Inglaterra. Agora, a pasta trabalha junto à Regional de Saúde do Entorno Sul e às Secretarias Municipais de Saúde de Valparaíso de Goiás e de Luziânia no monitoramento e acompanhamento destes pacientes e de novos casos que possam surgir. Entre as ações, estão a realização de investigação retrospectiva; avaliação do histórico de viagem, quadro clínico, gravidade e desfecho; rastreamento e monitoramento dos contatos entre residentes da mesma casa, seus familiares ou demais pessoas próximas; e notificação dos casos suspeitos para coleta de material e envio ao Lacen de Goiás.
Flúvia Amorim, Superintendente de Vigilância em Saúde da secretaria de Goiás, afirmou, em vídeo divulgado pela pasta, que a circulação desta variante era algo esperado pela secretaria. “Era algo que nós já imaginávamos que estivesse acontecendo, só não tínhamos a confirmação. A variante de Manaus também é muito possível que já esteja circulando”, disse. Ela também pediu que a população reforce as medidas de combate à pandemia.
A Secretaria de Saúde do DF informou, por meio de nota, que a Diretoria de Vigilância Epidemiológica e o Lacen-DF monitoram todos os casos de covid-19 registrados no DF e encaminha os sequenciamentos aos laboratórios de referência, entre eles, o Adolfo Lutz. “Até o presente momento, não houve devolutiva com confirmação de sequenciamento com outra variante da covid-19”, completou a pasta.
 
Perigos
 
A variante foi identificada pelas autoridades de saúde do Reino Unido em 14 de dezembro do ano passado e notificada em mais de 62 países. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), ela foi responsável por um aumento significativo da transmissibilidade, incidência, hospitalizações e pressão sobre o sistema de saúde desde a segunda metade do último mês de 2020.
Segundo a infectologista Ana Helena Germoglio, do Hospital de Águas Claras, as mutações são mecanismos de sobrevivência do vírus e, quanto mais ele circula, mais ele pode desenvolver variantes. “Cada vez que uma nova mutação é descoberta, corremos o risco de perder a eficácia das vacinas que estão sendo aplicadas. Por isso, é importante que todos saibamos quais são as cepas que estão em circulação em cada região”, explica.
Para Germoglio, a chance de esta cepa estar presente no DF é grande. “É praticamente inevitável. Como há uma grande circulação de pessoas entre essas cidades e Brasília, é uma questão de tempo até a cepa britânica ser confirmada na capital federal também”, diz. Por isso, a infectologista reforça a necessidade de se seguir os protocolos e regras sanitárias. “É importante evitar que mais variações apareçam. Para isso, precisamos de apoio da população e de avanço na vacinação. Só esses fatores, combinados, podem amenizar essa pandemia”, completa.
 
Carnaval
 
Para garantir que as medidas de combate ao novo coronavírus fossem respeitadas durante o carnaval, o Governo do DF mobilizou uma força-tarefa de fiscalização. Durante o primeiro dia de ação, 92 estabelecimentos em 15 regiões administrativas foram vistoriados, sendo que cinco foram multados e três, interditados por descumprimento às normas sanitárias. Um dos interditados, foi um evento com grande programação de carnaval que acontecia próximo ao ginásio Nilson Nelson. A equipe de fiscalização chegou ao local por volta de meia-noite e encerrou a festa.
Na avaliação do coordenador da força-tarefa no Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), o procurador de Justiça José Eduardo Sabo Paes, que acompanhou o primeiro dia de fiscalização na capital, a maior parte das infrações é de falta do uso de máscaras e de aglomerações. “Infelizmente, percebemos que as pessoas ainda não entenderam que, este ano, não podemos curtir o carnaval da mesma forma como fazíamos antes. Percebemos que ainda há um descaso por uma parcela grande da população”, diz Sabo. No total, a partir das 20h de ontem, seis equipes se dividiram para percorrer todo o DF.
Sobre a descoberta da nova variante do vírus no Entorno, o procurador afirma que não há informações de circulação na capital, mas o MP deve cobrar das autoridades sanitárias locais, nesta semana, respostas sobre as investigações em andamento atualmente.
A força-tarefa é composta por vários órgãos, como Secretaria de Segurança Pública, Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística (DF Legal), Brasília Ambiental, Procon, Divisa, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Polícia Civil, Departamento de Trânsito (Detran), Departamento de Estradas de Rodagem (DER), Secretaria de Transporte e Mobilidade, Secretaria das Cidades, Secretaria de Agricultura, Receita e MPDFT. A força-tarefa continuará agindo até 17 de fevereiro. As equipes atuam das 18h às 3h.


» Denuncie
 
Quem tiver informação sobre eventos clandestinos deve entrar em contato por meio da Ouvidoria (162) ou pelo 190. Festas, eventos com aglomeração e programações carnavalescas estão proibidas até 21 de fevereiro. Quem descumprir a norma, fomentar ou ajudar a promover este tipo de evento será multado em até R$ 20 mil. Os bares e restaurantes, que estão autorizados a funcionar, devem seguir regras específicas, como proibir que clientes consumam produtos em pé ou dancem nos estabelecimentos e operar com 50% da capacidade total.


 
» Covid-19 no DF 
 
Nas últimas 24 horas, o DF registrou nove mortes e 595 novos infectados pela covid-19. No total, são 284.301 casos da doença e 4.680 vidas perdidas. A taxa de transmissão está em 0,95. Já a média móvel de casos é de 528,8 — 48,7% menor em relação a 14 dias atrás. A média móvel de mortes, por sua vez, permanece em 10,28, número 6,5% menor do que o das duas semanas anteriores.

Correio Braziliense sábado, 13 de fevereiro de 2021

CRIMES PELA WEB DISPARAM NO DF

Jornal Impresso

Crimes pela web disparam no DF
 
Aproveitando-se da pandemia, criminosos que atuam pela internet intensificaram as ações no ano passado. Em 2020, houve registro de 17.843 ocorrências, aumento de 87,1% em comparação com 2019. Em relação a estelionatos, o crescimento foi de 209%

 

» DARCIANNE DIOGO

Publicação: 13/02/2021 04:00

“Inspetores” do novo coronavírus, agendamento da vacina contra a covid-19 pelo “Ministério Público da Saúde”, pesquisas telefônicas fraudulentas. Essas e outras estratégias são utilizadas por criminosos que atuam na internet e usam a pandemia para aplicar golpes. Os crimes virtuais dispararam, no Distrito Federal. Em 2020, observou-se alta de 87,1 %, em comparação a 2019, de delitos praticados pela web, quando foram registradas 17.843 ocorrências — sendo 9.529 estelionatos —, segundo dados obtidos pelo Correio por meio da Polícia Civil (PCDF). No ano anterior, houve 9.539 registros. No primeiro mês de 2021, 836 crimes foram identificados.
 
Em 2019, o número de ocorrências de estelionato foi de 4.564, ou seja, houve crescimento de 108% em 12 meses. Em janeiro deste ano, mais 491 registros. O estudo abrange, ainda, as tentativas de estelionato, que apresentou aumento de 209%, entre 2019 e 2020 (742 contra 2.294, respectivamente).
 
Outra pesquisa produzida pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) registrou aumento de 80% nas tentativas de phishing (que se inicia por meio de recebimento de e-mails que carregam vírus ou links e que direcionam o usuário a sites falsos, que, normalmente, possuem remetentes desconhecidos) em meio à crise sanitária.
 
Na semana passada, o anúncio de agendamento da vacina contra a covid-19 circulou via WhatsApp e deixou os brasilienses eufóricos. O remetente era o “Ministério Público da Saúde”,órgão inexistente. A notícia, no entanto, foi desmentida pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) que explicou que esse tipo de mensagem caracteriza golpe e pediu para que a população ficasse atenta e só confiasse em ações devidamente divulgadas nos canais oficiais das instituições públicas que atuam no enfrentamento à pandemia.
 
Em entrevista ao Correio, Rodrigo Fogagnolo, promotor e coordenador Núcleo Especial de Combate a Crimes Cibernéticos (Ncyber) do MPDFT, afirma que criminosos têm criado novas formas de agir durante a pandemia para atingir mais vítimas. Uma delas é o golpe pelo WhatsApp. “O criminoso manda mensagem para a pessoa fornecer o PIN, geralmente por interesse de um prêmio futuro. Ao enviar, a pessoa tem o aplicativo clonado, e o estelionatário passa a ter acesso aos contatos e começa a mandar mensagens, pedindo dinheiro emprestado, dizendo que está em crise devido à pandemia”, explica.
 
O promotor destaca que um dos golpes mais recorrentes continua sendo a clonagem de cartão, apesar de ser uma estratégia antiga. Nesse caso, a vítima é atraída por promoções, valores financeiros e prêmios e, durante a ligação, fornece dados pessoais e informações do cartão de crédito. Em outubro do ano passado, a 4ª Delegacia de Polícia (Guará) prendeu um dos maiores estelionatários do DF. Paulo Alexandre Amaral Raimundo, 48 anos, se passava por funcionário de banco para atrair as pessoas e chegava a ir à casa das vítimas para recolher o cartão de crédito ou de débito, afirmando que o item seria submetido à perícia para apurar uma suposta fraude. Ele era integrante de uma quadrilha que agia em diferentes regiões da capital, como Asas Sul e Norte, Lago Sul e Águas Claras e escolhia idosos como os alvos.
 
Na avaliação do delegado Giuliano Zuliani, titular da Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos, o fato de a população estar mais em casa, devido à pandemia, facilitou a ação dos estelionatários. “As pessoas estão utilizando mais a internet, seja para comprar, seja usar as redes sociais ou conversar por meio dos aplicativos de mensagens. Consequentemente, elas ficam mais sujeitas a esse tipo de crime. Essa quantidade de exposição diária da internet aumentou o número de golpes cibernéticos”, detalha.
 
O investigador alerta que a maioria dos golpes são praticados por meio de aplicativos, como o WhatsApp. Nessa plataforma, os criminosos podem usar de três formas distintas para garantir êxito na atividade ilícita. A primeira é clonagem da conta do usuário, em que o estelionatário cria um perfil falso, usa a mesma foto que a vítima utiliza e pede dinheiro emprestado aos contatos próximos da pessoa. Em segundo, aparece o golpe do boleto falso, no qual cria-se sites falsos capazes de emitir boletos. A vítima paga a fatura, mas o dinheiro cai na conta do criminoso. Por último e um dos mais recorrentes está o código por SMS. ”Nesse, a pessoa recebe alguns números no celular, como se fosse para atualizar o aplicativo ou algo do tipo. Ao digitar o código, a vítima autoriza a transferência do WhatsApp para o aparelho do criminoso. A partir daí, ele se passa pela pessoa e pede dinheiro aos conhecidos”, disse o delegado.
 
Monique Bianchi, 27, quase perdeu o carro, um Fiat Mobi, após anunciar o veículo em um aplicativo de vendas. A advogada anunciou o automóvel por R$ 32 mil, em outubro do ano passado. Ela conta que um criminoso clonou o anúncio e passou a oferecer o carro por um valor bem abaixo do mercado, R$ 25 mil. “Ele encontrou um comprador e, depois, entrou em contato comigo dizendo que mandaria uma pessoa ver o veículo”, lembra Monique.
 
A jovem acabou descobrindo que o cliente que o criminoso havia atraído era tanto vítima quanto ela. O comprador depositou R$ 25 mil na conta do estelionatário, antes de buscar o carro. “Eu comecei a achar a história muito estranha. Depois que a pessoa pagou, me mandaram um comprovante falso e pediram para eu ir no cartório. Mas desconfiei que se tratava de um golpe”, completa. A advogada registrou boletim de ocorrência na 4ª DP. “Hoje, estou respondendo um processo da pessoa que comprou o carro, mas qual culpa eu tive? Fui vítima do mesmo jeito. Eu ia perder meu carro”, argumenta.
 
Trabalho técnico
 
O estelionato está previsto no Art. n° 171 do Código Penal, sendo definido como “obter, para si ou para o outro, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento”. A pena para quem comete esse tipo de crime vai até cinco anos de prisão.
 
Uma série de mudanças na Lei nº 13.964 causou alterações no Art. n° 171. O estelionato passou de uma ação penal pública incondicionada — promovida por denúncia do Ministério Público — para ser uma ação penal pública condicionada — a qual inicia-se após representação ou requisição perante o MP.
 
A regra, no entanto, não vale para quem comete esse crime contra a administração pública, crianças, adolescentes, pessoas com deficiência mental ou idosos a partir de 70 anos de idade ou incapaz. “O trabalho para identificar um criminoso como esse é mais técnico e complexo. É preciso descobrir o endereço do IP, verificar a operadora, ver se o dono da conta usou o aparelho e, às vezes, atravessar fronteiras. Muito mais difícil do que pegar o retrato da pessoa e tentar encontrar”, ressalta o promotor Rodrigo Fogagnolo.
 
O delegado Giancarlos Zuliani considera o trabalho de investigação complexo. Isso porque, segundo ele, a maioria dos estelionatários vivem em outros estados, como São Paulo, Goiânia, Porto Alegre e Ceará. “É uma apuração mais técnica. Quando vamos atrás desses criminosos nesses outros lugares, muitas vezes encontramos um só e uma fraude. Para evitar situações como essas, é importante que a pessoa, quando for fazer algum empréstimo, ou doação, ligar para quem está pedindo para saber, de fato, quem está do outro lado da tela. Outra maneira é solicitar o PIX pelo CPF, pois, aí, você tem a certeza em qual conta o dinheiro vai cair”, orienta.

Correio Braziliense sexta, 12 de fevereiro de 2021

CORONAVÍRUS - CARNAVAL LONGE DA RUA

Jornal Impresso

CORONAVÍRUS
 
<b>GDF proíbe festa na pandemia para evitar avanço da covid-19</b><br>
 
Carnaval longe da rua
 
Eventos para celebrar a folia estão proibidos. Uma força-tarefa de fiscalização começa a atuar hoje. Levantamento do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios identificou cerca de 50 festas clandestinas programadas para o feriado

 

» SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 12/02/2021 04:00

Gyovanna Quadros não pensa em festa neste carnaval. A estudante ficará em casa e vai evitar aglomerações (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  
Gyovanna Quadros não pensa em festa neste carnaval. A estudante ficará em casa e vai evitar aglomerações

Começa, hoje, a força-tarefa de fiscalização que vai atuar durante o carnaval para inibir festas clandestinas durante o feriadão. Até o momento, cerca de 50 eventos foram identificados. A medida faz parte de um esforço do Governo do Distrito Federal (GDF) para evitar o avanço dos contágios pelo novo coronavírus. Também, como forma de combate à pandemia, um decreto, assinado pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) e publicado no Diário Oficial do DF (DODF), proibiu, até 21 de fevereiro, festas e atividades carnavalescas. Apenas bares e restaurantes têm permissão para funcionar, desde que cumpram regras específicas. Uma semana antes do início da festa pagã, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) visitou bares e identificou graves irregularidades sanitárias.
 
Segundo o Decreto nº 41.789, quem fomentar, induzir, instigar, ajudar ou promover qualquer evento de carnaval pode ser punido com multa de R$ 20 mil. Além disso, o código penal prevê que as pessoas que descumprirem as determinações ficam sujeitas à pena de prisão, que pode variar de um mês a um ano.
 
Durante este período, a Secretaria de Estado de Proteção da Ordem Urbanística (DF Legal), com apoio de outros órgãos do Executivo local e da segurança pública, vai fiscalizar o cumprimento do decreto em bares, restaurantes e clubes recreativos. Os fiscais vão se dividir em nove equipes e atuar das 8h às 3h. Todos os estabelecimentos deverão seguir as medidas publicadas desde o início da pandemia.
 
Até o momento, o DF Legal identificou 50 festas clandestinas previstas para a semana do carnaval (veja Como denunciar). Os eventos estão sendo monitorados e, caso sejam realizados, os organizadores poderão ser multados. Por questões de logística, a pasta não revela quais são os eventos nem onde devem ocorrer.
 
Bares e restaurantes
Bares e restaurantes continuam autorizados a funcionar, com apresentação de música ao vivo, desde que obedeçam as medidas previstas em decretos anteriores, como limite de 50% de ocupação e a proibição de que clientes consumam fora das mesas ou se levantam para dançar. A reportagem entrou em contato com alguns estabelecimentos que estão divulgando programações especiais de carnaval e foi informada que a única mudança para a data será a inclusão de músicas carnavalescas.
 
Apesar disso, algumas pessoas preferem passar o carnaval em casa. É o caso da estudante Gyovanna Quadros, 21 anos. Ela conta que teve covid-19 e afirma que vai passar o feriado em casa, longe de aglomerações. “Ainda tenho medo de transmitir para as pessoas que moram comigo. É uma doença nova, é um vírus que ainda está sendo estudado. Por isso, acredito que optar pela não-aglomeração é a melhor opção no momento”, pondera a moradora do Guará.
 
Uma semana antes do início do carnaval, entre 5 e 10 de fevereiro, a força-tarefa de combate à pandemia do MPDFT visitou dez bares em Águas Claras, na Asa Norte e no Sudoeste. Segundo o coordenador do grupo, o procurador José Eduardo Sabo, a situação era alarmante. “Realizamos uma inspeção e, infelizmente, verificamos o descumprimento (das normas), o não uso de máscaras e o não afastamento entre as pessoas. Isso nos preocupa”, admite.
 
Pandemia
Segundo o professor de epidemiologia da Universidade de Brasília (UnB) Walter Ramalho, caso festas clandestinas e aglomerações realmente ocorram durante o carnaval, o DF corre o risco de ter aumento de casos e de internações devido à covid-19 após passadas duas semanas do feriado. “Caso as aglomerações e o desrespeito às normas sanitárias continuem acontecendo, até o processo de imunização pode ser em vão, já que o vírus circula cada vez mais e pode sofrer mutações”, explica Walter. Por isso, ele pede que cada brasiliense faça sua parte. “Vacinamos um percentual muito pequeno da população, estamos longe do fim. Precisamos nos resguardar, agora, para podermos festejar no futuro”, ressalta o professor.
 
Ontem, 109.893 pessoas haviam sido vacinadas no DF, sendo que, 7.427 delas receberam a segunda dose dos imunizantes. Até o momento, a capital federal recebeu 162.560 unidades da vacina CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac; e 41,5 mil doses da vacina Covishield, desenvolvida pela universidade inglesa de Oxford, com a farmacêutica sueco-britânica AstraZeneca. Cerca de 5% das doses das duas vacinas fazem parte da reserva técnica para suprir possíveis perdas que possam acontecer ao longo da campanha. Dessa forma, há estoque para uma eventual reposição.
 
Ontem, a Secretaria de Saúde incluiu todos os servidores da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (Fepecs) e da Fundação Hemocentro de Brasília (FHB) no grupo prioritário de vacinação contra a covid-19. A decisão foi do Comitê de Operacionalização da Vacinação e oficializada por meio de circular. Para receber a dose do imunizante, basta comparecer a um ponto de vacinação e apresentar o crachá funcional da instituição, documento original com foto e CPF.
 
 
 
Média móvel de mortes cresce
 
Nas últimas 24 horas, o Distrito Federal registrou 545 casos e 11 vítimas da covid-19. No total, são 283.194 ocorrências da doença e 4.660 mortes. Os dados são da Secretaria de Saúde. A média móvel de casos registrou queda de 47,7% em relação a 14 dias atrás e chegou a 541,7. Em relação aos óbitos, houve crescimento de 3% em comparação à taxa observada há duas semanas, e a média móvel é de 9,85.
 
 
 
Vigilância
 
Medidas que serão avaliadas durante o carnaval em bares e restaurantes
 
» Aferir a temperatura de todos os clientes quando chegarem ao estabelecimento
» Ofertar álcool em gel 70% para todos os presentes em quantidade suficiente
» Manter o distanciamento entre as mesas
» Permitir a ocupação máxima de 50% do espaço físico do local
» Não permitir o trânsito dos clientes e funcionários sem máscara
» Cobrar de todos, incluindo de funcionários, o uso de máscaras
» Não permitir que clientes permaneçam bebendo ou se alimentando em pé
» Não permitir que os clientes dancem
 
 
Como denunciar
 
» Quem tiver informação sobre eventos clandestinos ou aglomerações pode entrar em contato com as equipes de fiscalização por meio da Ouvidoria (162) ou pelo 190.
 
 
Veja o que abre e o que fecha
 
O carnaval do Distrito Federal será diferente este ano. As opções de lazer disponíveis durante o feriado ficarão voltadas para o comércio e para as atividades ao ar livre, sem aglomerações. Alguns serviços básicos não definiram, ainda, os horários de funcionamento durante o carnaval. É o caso dos hospitais, das emergências e das unidades básicas de saúde (UBS). O cronograma deve ser divulgado em breve, segundo a Secretaria de Saúde.
 
Transporte público
 
» Ônibus
Os ônibus seguirão a tabela horária normal amanhã e no domingo Na segunda-feira, o horário será o mesmo de sábado, com reforço em linhas de maior demanda. Na terça-feira, a tabela será a de domingo. Na quarta-feira, a circulação de ônibus ocorrerá como nos dias úteis, co reforço de viagens entre as 11h e as 14h.
 
» Metrô
O metrô vai funcionar das 5h30 às 23h30, amanhã. No domingo, na segunda (15/2) e na terça-feira, os trens circularão entre as 7h e as 19h. Na quarta-feira, o modal vai operar das 7h às 23h.
 
Comércio
 
» Lojas de rua e shoppings têm autorização para funcionar de amanha a segunda-feira e quarta. Os estabelecimentos fecham na terça-feira de carnaval, quando é celebrado o Dia do Comerciário. Óticas, papelarias, livrarias, açougues e floriculturas não abrirão as portas na segunda e na terça-feira. Na quarta-feira de cinzas, os empresários desses segmentos estão autorizados a abrir normalmente, assim como no sábado e no domingo. Os bares, restaurantes e os mercados funcionarão normalmente durante todos os dias de carnaval.
 
Shoppings
 
Em razão da pandemia da covid-19, os shoppings devem seguir o decreto do governo local que restringe o horário de funcionamento das 10h às 22h. No domingo, a maioria começa as operações a partir das 13h.
 
» Brasília Shopping funciona normalmente sábado, segunda e quarta-feira. No domingo, as lojas do Brasília Shopping abrirão às 13h e fecharão às 19h e, na terça-feira, apenas praça de alimentação e lazer funcionará, das 12h às 22h.
 
» Taguatinga Shopping funciona normalmente sábado, segunda e quarta-feira. No domingo, as lojas abrem às 14h e fecham às 20h; e a praça de alimentação funciona das 12h às 22h. Na terça-feira, as lojas estarão fechadas, e a praça de alimentação abre das 12h às 22h.
 
» No ParkShopping, o horário de domingo a quarta-feira será das 14h às 20h para lojas, e das 12h às 22h para a praça de alimentação. Na segunda, a praça de alimentação funciona das 10h às 22h. Na terça, lojas fecham, e praça de alimentação fica aberta, das 12h às 22h.
 
» O Boulevard Shopping estará aberto amanhã, segunda e quarta-feira, das 10h às 22h. No domingo, das 13h às 19h. As lojas ficarão fechadas na terça-feira.
 
» No Alameda Shopping, o funcionamento será das 9h às 21h. O estabelecimento vai fechar na terça-feira e reabrir na quarta, das 12h às 21h.
 
» O Venâncio Shopping vai funcionar amanhã das 10h às 18h. No domingo e na segunda-feira, o horário será das 11h às 17h. O estabelecimento fecha na terça-feira e volta a funcionar na quarta, das 10h às 20h.
 
Zoo
 
» O Zoológico de Brasília funcionará normalmente durante o carnaval, das 9h às 17h, com entrada permitida somente até as 16h.
 
Parques
 
» O Parque Nacional de Brasília, Água mineral, não abre na terça-feira. Os demais parques funcionam normalmente. 
 
Delegacias
 
» O funcionamento das delegacias de polícia seguirá o regime regular de fins de semana e feriados. Ou seja, as trinta delegacias circunscricionais, as delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher (Deam) e as delegacias da Criança e do Adolescente (DCA) permanecerão abertas 24h.
 
Bancos
 
» O calendário de feriados bancários está mantido. Na segunda e na terça-feira, não haverá atendimento ao público nas agências. Na quarta-feira de Cinzas, o início do expediente será às 12h, com encerramento em horário normal de fechamento das agências. Contas como água, energia e telefone, além de carnês com vencimento em 15 ou 16 de fevereiro poderão ser pagos, sem acréscimos ou multas, na quarta-feira.
 
Trânsito
 
» Em relação aos serviços do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), não haverá atendimento nos setores de multas e protocolo na segunda e na terça- feira. O atendimento será normalizado às 14h de quarta-feira. Na segunda, terça e quarta-feira, até as 14h, as operações tapa-buraco e a fiscalização de trânsito seguem em escala de plantão. As operações de reversão na Estrada Parque Ceilândia (DF-095), na BR-070 e na DF-003, serão suspensas segunda e terça-feira. Na quarta-feira, as operações ocorrem normalmente. O Eixão do Lazer, como em outros feriados, funcionará entre 6h e 18h na terça-feira. O Detran vai seguir a definição do GDF e não funcionará segunda e terça-feira, retornando as atividades às 14h de quarta. As equipes de fiscalização, educação e engenharia de trânsito, no entanto, atuarão em escala especial de trabalho.
 
Atendimento ao cidadão
 
» Os postos do Na Hora estarão fechados na segunda e na terça-feira, retornando os atendimentos na quarta-feira de Cinzas, em consonância com o decreto distrital publicado em 15 de janeiro, que definiu o calendário de atividades do GDF.
 
Restaurantes comunitários
 
» Os 14 restaurantes comunitários 
do DF funcionarão amanhã e na quarta-feira de Cinzas.

Correio Braziliense quinta, 11 de fevereiro de 2021

TRANSPORTE PÚBLICO - INSEGURANÇA NOS ÒNIBUS DO DF

Jornal Impresso

TRANSPORTE PÚBLICO
 
Insegurança nos ônibus do DF
 
Apenas em 2020, em meio à pandemia, foram registrados 921 assaltos em coletivos, uma média de dois por dia

 

» DARCIANNE DIOGO

Publicação: 11/02/2021 04:00

Câmeras de segurança instaladas nos coletivos do Distrito Federal não inibem a ação dos criminosos (Ana Rayssas/CB/D.A Press)  
Câmeras de segurança instaladas nos coletivos do Distrito Federal não inibem a ação dos criminosos
 
À sombra da violência, passageiros do transporte público do Distrito Federal se arriscam diariamente. Independentemente do horário, quem anda nos coletivos corre o risco de entrar para as estatísticas da Secretaria de Segurança Pública. Apenas em 2020, em meio à pandemia, a pasta registrou 921 casos de assaltos em ônibus, média de dois por dia. Em 2019, foram 1.541 ocorrências. 
 
O risco, entretanto, também estende-se para aqueles que aguardam nos pontos de ônibus. Essa semana, três assaltantes cometeram uma série de assaltos em paradas de Santa Maria (veja Memória) por volta das 5h. Pelo menos três trabalhadores que iam para o serviço foram vítimas e tiveram os pertences levados pelos criminosos. 
 
 A Secretaria de Segurança Pública garante que, com base nos dados de registros e por demandas da comunidade, produz estudos que indicam dias, horários e locais de maior incidência de cada crime em todo o DF. As informações são utilizadas na elaboração de estratégias para o policiamento ostensivo da Polícia Militar e na desarticulação de quadrilhas e investigação da Polícia Civil.
 
A servente Francilene de Oliveira, 43 anos, foi assaltada quatro vezes dentro dos ônibus. Duas delas, ela estava saindo de Brazlândia, cidade onde mora, para trabalhar no Plano Piloto. Ela conta que, na última vez, há um ano, dois criminosos embarcaram na Estrutural e, após duas paradas, anunciaram o assalto. “Levaram minha bolsa, celular e até o crachá do trabalho, mas fui para o serviço mesmo assim. É uma sensação de impotência. Não podemos fazer nada. Na hora, só vem o medo de morrer”, relatou. 
 
Juesley Costa, 27, não consegue se esquecer do medo que sentiu dentro de um coletivo, há dois anos. O segurança saía do trabalho, no período da tarde, em Taguatinga, para ir para casa, em Santo Antônio do Descoberto (GO). O ônibus estava vazio, quando três homens entraram, anunciaram o assalto e roubaram os celulares das vítimas. O jovem questiona as ações de segurança para coibir esse tipo de crime. “A tendência é piorar. Poderiam criar soluções, como um botão, que apertasse e acionasse a polícia. Ou até mesmo melhorar o policiamento nas vias”, destacou.
 
Rodoviários sob risco
 
No DF, há cerca de 12 mil funcionários de empresas de ônibus, entre motoristas e cobradores. Levantamento do Sindicato dos Rodoviários do DF indica as regiões com maior incidência de assaltos. Samambaia aparece em primeiro lugar, seguido por Ceilândia, Recanto das Emas e Estrutural.
 
Aderbal dos Santos, 32, trabalha como cobrador há 11 anos e conta que já foi assaltado por mais de 17 vezes durante todo o tempo de serviço. A última vez ocorreu há um ano, quando ele fazia a linha Plano Piloto/Samambaia. Na ocasião, Aderbal teve a arma apontada na cabeça por mais de cinco minutos e, sob ameaça, entregou todo o dinheiro do caixa. 
 
Em outra situação, no mesmo trajeto, o cobrador também foi assaltado, mas definiu o momento como “filme de terror”. “Minha mulher estava grávida de oito meses. Os bandidos estavam armados, mas eu só lembrava da minha esposa e do bebê que estávamos esperando. Na hora, o medo de morrer falou mais alto”, contou. 
 
Antes de ocupar o cargo de motorista, Aldemir Peixoto, 44, trabalhou como cobrador, entre 2011 e 2013, e se recorda até hoje das situações de medo que passou dentro dos coletivos. “Fui assaltado quatro vezes em menos de três anos. Em uma vez, cheguei a ter o revólver encostado nas minhas costas e na minha orelha. É uma situação que não desejo a ninguém.” Mesmo com o passar dos anos, Aldemir não se sente seguro no trabalho e considera-se no alvo dos criminosos. “Só sabemos a hora que saímos da garagem com o ônibus. Mas é imprevisível. Não sabemos se voltaremos vivos”, completou. 
 
Soluções
 
A frota de ônibus do Distrito Federal é composta por 2,7 mil veículos, segundo a Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob). Os coletivos dispõem de câmeras de segurança e a orientação é que as imagens gravadas do crime sejam entregues a uma delegacia, em um prazo de 24 horas, a contar do momento do fato. A regra foi estabelecida pela secretaria por meio  da Portaria 96/2019, publicada no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF), de 6 de dezembro de 2019. A medida tem o objetivo de facilitar o trabalho da Polícia Civil nas investigações criminais e inibir a prática de assaltos, furtos e assédios nos ônibus. 
 
Na avaliação do vice-presidente do Sindicato dos Rodoviários do DF, João Jesus Oliveira, as câmeras internas dos veículos poderiam ser monitoradas em tempo real por uma central de segurança. “O que ocorre é que apenas o equipamento instalado não inibe o assalto na hora exata. Ele serve para fiscalizar os trabalhadores e, em casos de roubos, é vistoriada pela polícia. Mas, com certeza, facilitaria se fosse acompanhada 24 horas”, questionou. 
 
Como estratégia para coibir crimes em transporte público, a SSP-DF informou, por meio de nota oficial, que a Polícia Militar usa um grupo de mensagens, que conta com a participação de rodoviários, comunidade e corporação em troca de informações sobre suspeitos. “O planejamento das operações é realizado com base nas informações repassadas pelas equipes de inteligência, que indicam as áreas e horários de maior incidência criminal a ônibus e nas proximidades das paradas de transporte coletivo, ou seja, locais que necessitam de maior presença policial. A finalidade das ações é aumentar a sensação de segurança da comunidade que utiliza o transporte coletivo diariamente”, garantiu a pasta.


Memória

Assalto em Santa Maria


Na segunda-feira, três homens foram presos pela Polícia Militar apontados como autores de uma série de roubos em paradas de ônibus nas quadras 518, 318 e 204, de Santa Maria. Militares do 26º Batalhão foram acionados e, a partir do rastreamento da localização de um dos celulares roubados das vítimas, a polícia conseguiu encontrar os homens próximo ao local dos crimes, na quadra 203. O trio foi reconhecido pelas vítimas e detido. Na delegacia, constatou-se que o veículo usado pelo grupo era furtado. Com eles, foram apreendidos oito celulares roubados, uma arma falsa e 500 gramas de maconha. 

Correio Braziliense quarta, 10 de fevereiro de 2021

AUXÍLIO EMERGENCIAL: GOVERNO E CONGRESSO FECHADOS PELO BENEFÍCIO

Jornal Impresso

Governo e Congresso fechados pelo auxílio
 
Planalto e parlamentares chegam a consenso de que o benefício tem de ser retomado, mas o valor da ajuda e a fonte de financiamento seguem indefinidos. Corte de gastos e até mesmo a criação de imposto estão entre as possibilidades

 

ROSANA HESSEL
LUIZ CALCAGNO

Publicação: 10/02/2021 04:00

Bolsonaro, Pacheco e Lira já sinalizaram ser favoráveis ao retorno do auxílio emergencial: em 2020, benefício elevou popularidade do chefe do Executivo (Ed Alves/CB/D.A Press

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Bolsonaro, Pacheco e Lira já sinalizaram ser favoráveis ao retorno do auxílio emergencial: em 2020, benefício elevou popularidade do chefe do Executivo
 
Diante do recrudescimento da pandemia da covid-19 e a lentidão do processo de vacinação conduzido pelo governo federal, economistas iniciaram a onda de revisões para baixo do desempenho da atividade econômica neste ano. Não à toa, o presidente Jair Bolsonaro e o Centrão já estão alinhados sobre a volta do auxílio emergencial como forma de ajudar na retomada da economia e na popularidade do governo.
 
Os novos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), já sinalizaram. São favoráveis ao retorno do benefício para os mais vulneráveis que não foram contemplados pelo Bolsa Família. No ano passado, o auxílio ajudou a evitar um tombo maior no Produto Interno Bruto (PIB) e, de quebra, elevou a aprovação de Bolsonaro, principalmente, no Nordeste. Contudo, o tamanho do auxílio e a fonte de financiamento continuam indefinidos, apesar da urgência da matéria, que estará na pauta dos parlamentares integrantes da Comissão Mista do Orçamento (CMO), a ser instalada hoje.
 
Apesar do consenso sobre a necessidade do auxílio, não há o mesmo entendimento a respeito do financiamento do benefício. Líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB) reconheceu que o auxílio deve dominar os debates no Congresso e informou que será preciso buscar espaço para ele no Orçamento, “durante os trâmites na CMO, via corte de despesa”.
 
O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) defendeu o corte de gastos para a inclusão do auxílio emergencial no Orçamento e descartou aumento de impostos para bancar o benefício. O líder do Podemos na Câmara, Léo Moraes (RO), também confirmou o consenso sobre a necessidade de aprovação da ajuda no Congresso. Segundo ele, com a vacina, o programa “vai aquecer a economia”.
 
De acordo com o líder do DEM no Senado, Marcos Rogério (RO), existe disposição do governo e de parlamentares para aprovar um novo socorro aos mais vulneráveis, mas não nos mesmos moldes do auxílio do ano passado e sem impor condicionantes para o acesso. “O governo vai ter de achar o caminho para estender o benefício, como fazer isso sem que represente um aumento no rombo das contas públicas. A prioridade é quem está passando necessidade. A questão orçamentária, fiscal, é meta de todos. Mas, primeiro, você alimenta quem tem fome”, ressaltou.
 
No Planalto e no Congresso, apesar do discurso do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que é preciso recriar o auxílio “com responsabilidade fiscal”, não está totalmente descartada a criação de um imposto para custear o socorro. Essa medida, no entanto, não ajudaria o governo a cumprir a regra do teto de gastos, que limita o aumento de despesas à inflação do ano anterior. Guedes defende a volta da CPMF. Para economistas, essa medida “de ajuste fiscal preguiçoso” seria um tiro no pé para o Executivo e para a retomada da economia.
 
Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, não descarta a possibilidade de o governo tentar emplacar um novo imposto. A medida deve seduzir boa parte do Centrão. “De novo, fica claro que muitas pautas acontecem sem o dedo do Guedes para reforçar que o problema não era tanto o Rodrigo Maia”, afirmou, numa referência ao ex-presidente da Câmara. “Com o Centrão, é mais provável um ajuste via impostos do que corte de gastos. É o que deveremos ver nos próximos dois anos. O difícil será conceber um presidente que falou tanto para a sua base contra aumento de impostos”, acrescentou Vale, que revisou de 0,1% para 0,8% a previsão de queda do PIB no primeiro trimestre e não descarta recessão nos seis primeiros meses.
 
“Aumentar impostos não resolve o teto, ainda que ajude no primário. Não parece um caminho promissor para os problemas de curtíssimo prazo. Será preciso medida compensatória do lado da despesa, para respeitar o teto (para abrigar o auxílio)”, avaliou Felipe Salto, diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI). “Outra possibilidade para o auxílio é o chamado crédito extraordinário. Nesse caso, é bom lembrar que despesas maiores afetam o deficit e a dívida. O importante é não perder de vista a responsabilidade fiscal.”
 
Descontentamento
Vários indicadores do mercado financeiro refletiram, ontem, descontentamento com a provável volta do auxílio emergencial sem que o governo tenha uma definição clara sobre as fontes de recursos para bancá-lo. O dólar e o risco-país subiram, após Bolsonaro confirmar que pretende prorrogar o auxílio. O Banco Central acabou realizando uma intervenção, com oferta de US$ 1 bilhão em contratos de swap cambial, mas não conseguiu evitar a desvalorização do real.
 
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, reforçou não haver espaço no Orçamento para o auxílio sem uma contrapartida, como cortes de despesas, e alertou para a alta dos juros. “A reação dos mercados nos mostra que a fragilidade fiscal pesa mais do que os eventuais benefícios de se colocar mais dinheiro na economia. Pode acabar tendo o efeito contrário, de contração da economia”, disse, em um evento a investidores estrangeiros.
 
O economista Matheus Rosa, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), lembrou que o debate tem convergido para uma aprovação de um novo auxílio emergencial por fora do teto, por meio dos créditos extraordinários, “mas não é consensual de que isso é viável juridicamente”. Segundo ele, os riscos continuam sendo um desvio do caminho para a sustentabilidade fiscal no longo prazo e aumento de juros e desvalorização do real. “Para isso, espera-se o avanço da agenda de reformas que engessou no segundo semestre de 2020”, emendou. (Colaborou Vera Batista)
 

Correio Braziliense terça, 09 de fevereiro de 2021

CORONAVÍRUS - SAÚDE COMEÇA A VACINAR IDOSOS COM 79 ANOS NO DF

Jornal Impresso

CORONAVÍRUS
 
Saúde começa a vacinar idosos com 79 anos
 
Com a chegada de 37,4 mil doses de imunizantes contra a covid-19 ao Distrito Federal, no sábado, secretaria decidiu aumentar a quantidade de pessoas incluídas na campanha. Pelos cálculos da pasta, novo grupo é composto por cerca de 6,1 mil habitantes

 

Publicação: 09/02/2021 04:00

Dircineia Garcia mora em uma casa de acolhimento na Asa Sul e recebeu, ontem, a segunda dose da CoronaVac:  

Dircineia Garcia mora em uma casa de acolhimento na Asa Sul e recebeu, ontem, a segunda dose da CoronaVac: "Tornou-se um dia de festa"

 


» SAMARA SCHWINGEL
» ANA MARIA DA SILVA
 
Hoje, a partir das 8h, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) começa a vacinar idosos com 79 anos — grupo composto por cerca de 6,1 mil pessoas, segundo a pasta. A expectativa é de que a maior parte desse público receba a primeira dose em até duas semanas. A imunização de pacientes acamados e com mais de 80 anos que agendaram atendimento por meio do Telecovid também tem início hoje. Mesmo com o novo passo na campanha, especialistas na área de epidemiologia alertam para a necessidade de monitorar e garantir o cumprimento das medidas de segurança sanitária.
 
A ampliação da vacinação ocorreu depois de o DF receber mais 37,4 mil unidades da CoronaVac, no sábado. A proposta inicial era incluir idosos com 75 anos ou mais no plano. No entanto, a quantidade não foi suficiente para alcançar as 35 mil pessoas dessa faixa etária, pois é necessário reservar o estoque para a segunda dose. Com cerca de 18 mil imunizantes à disposição para garantir duas aplicações — em um intervalo de 14 a 28 dias após a primeira —, a pasta optou por limitar o atendimento a idosos com 79 anos, além de continuar o atendimento a profissionais de saúde e pacientes acamados. 
 
Às 7h30, as novas vacinas serão encaminhadas da Rede de Frio da SES-DF para as centrais de cada região, que vão distribuir para os pontos de vacinação. Idosos com 79 anos completos que quiserem se vacinar deverão apresentar documento de identificação e Cadastro de Pessoa Física (CPF). O horário de atendimento permanece de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, nos mesmos pontos onde ocorreu a campanha para idosos acima de 80 anos — com exceção do drive-thru do Pontão, temporariamente desativado ontem.
 
Para o diretor científico da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, José David Urbáez, a ampliação, mesmo que limitada, é válida, e os idosos devem se vacinar. No entanto, ele reforça a necessidade de manter os protocolos de segurança sanitária e higiene. “Na empolgação do momento e na vontade de se vacinar, as pessoas esquecem que o novo coronavírus continua em circulação, e a pandemia, em alta. Não dá para relaxar”, destaca. O especialista acrescenta que a fiscalização tem um papel importante nesse cenário: “É preciso alertar as pessoas e continuar aplicando multas se necessário”, recomenda José David.
 
A Secretaria de Estado de Proteção da Ordem Urbanística (DF Legal), responsável pela fiscalização do cumprimento das normas de combate à covid-19, informou que a inspeção ocorre diariamente. Desde o início da pandemia, ocorreram 548.173 vistorias em estabelecimentos. Desse total, 24.926 comércios acabaram fechados compulsoriamente; 586, multados; e 1.913, interditados. Além disso, desde o início da pandemia, 267 pessoas receberam multa no DF, por não usarem máscaras. O item é obrigatório, como previsto no Decreto nº 40.831/2020. O descumprimento implica o pagamento de R$ 2 mil a R$ 4 mil como pena.
 
 Expectativas
 Ontem, a SES-DF começou a aplicar a segunda dose das vacinas contra a covid-19. Entre os contemplados estão pessoas com mais de 80 anos, acamadas ou não, e profissionais da saúde que atuam em casas de acolhimento para idosos. Foi o caso da professora aposentada Dircineia Garcia da Motta, 75, que mora no Espaço de Convivência, na 503 Sul. Após receber uma nova aplicação da CoronaVac, a idosa comemorou: “Tornou-se um dia de festa por finalmente termos tomado essa vacina. O coração da gente fica apreensivo, sem saber o que poderia ter acontecido comigo, com você ou com qualquer pessoa”, disse. “Quanto tempo tudo isso vai durar ninguém sabe. Mas ver as pessoas alegres por receberem a dose é tão bom”, celebrou Dircineia.
 
Dos 43 idosos que moram no espaço, só dois não foram vacinados — um estava internado, o outro não teve autorização da família. Na Unidade Básica de Saúde nº 2 da 114 Norte, a aposentada Edilice Sousa Melo de Oliveira, 85, recebeu a vacina pela primeira vez. “Nós (Edilice e o marido) estávamos viajando. Chegamos ontem e, logo cedo, eu quis vacinar. Foi bom ter esperado porque, assim, evitamos aglomerações”, comentou. A aposentada também deixou um recado: “Venha se vacinar para que a pandemia acabe o quanto antes”, completou Edilice.
 
A Secretaria de Saúde espera avançar mais na vacinação nos próximos 15 dias. No entanto, isso só será possível se o Ministério da Saúde entregar mais doses. Equipes do Executivo local estão em tratativas com o Governo Federal, para negociar o envio de unidades suficientes para atendimento das outras faixas etárias. Por enquanto, o Governo do Distrito Federal (GDF) descarta a possibilidade de comprar vacinas por conta própria.
 
 
 
Palavra de especialista
 
A importância da vacina
 
Quando falamos de vacinas, precisamos entender que ela não é uma prevenção individual. A ‘não adesão’ pode atrapalhar o combate à doença em questão, e o vírus pode sofrer mutações que sejam resistentes às vacinas que temos. Por isso, é importante a cobertura e a adesão das pessoas ao processo. É uma estratégia de saúde pública. Portanto, há necessidade de o governo — tanto federal quanto local — criar uma estratégia para ter vacinas e para aplicá-las na maior quantidade de pessoas possível. O ideal de cobertura é de, no mínimo, 80% da população. Se conseguirmos alcançar essa meta, cria-se uma barreira comunitária para a circulação do vírus. É importante frisar que, hoje, existem muitas notícias falsas sobre as vacinas e a segurança delas. Não estamos observando nenhum efeito colateral grave para as doses disponíveis contra o novo coronavírus. Dores de cabeça, dor e vermelhidão no local são efeitos esperados em qualquer campanha de imunização. Não há nada nesse sentido que comprometa o andamento da vacinação contra a covid-19. Por favor, vacinem-se.
 
Walter Ramalho, 
professor de epidemiologia da Universidade de Brasília (UnB)

Correio Braziliense segunda, 08 de fevereiro de 2021

CORONAVÍRUS - ATRÁS DO PREJUÍZO NA CORRIDA PARA A IMUNIZAÇÃO

Jornal Impresso

CORONA VíRUS
 
Atrás do prejuízo na corrida para a imunização
 
Na hipótese mais otimista, somando as negociações em curso, o país pode chegar a 456,9 milhões de doses até o fim do ano. Para isso, depende de laboratórios, de lotes de insumos vindos da China e da liberação da Anvisa

 

BRUNA LIMA, MARIA EDUARDA CARDIM, SARAH TEÓFILO

Publicação: 07/02/2021 04:00

Insumo para vacina de Oxford chega ao Aeroporto do Galeão, no Rio (Fiocruz/Divulgação
)  
Insumo para vacina de Oxford chega ao Aeroporto do Galeão, no Rio
Após se amparar na vacina de Oxford/Astrazeneca e ter relutado para assinar contrato para aquisição da CoronaVac, o governo federal se movimenta, agora, para conseguir mais opções de imunizantes contra a covid-19. A articulação acontece em meio a pressões de vários lados, incluindo o mercado, que vê a importância da vacinação para que seja possível retomar o crescimento do país. São candidatas, então, a vacina russa Sputnik V, assim como as doses prometidas pelo consórcio Covax Facility, além de promessas da vacina indiana Covaxin. Somando as negociações em curso até o momento, o Brasil poderia chegar a 456,9 milhões de doses até o fim do ano, quantidade superior à necessária para garantir a imunização de toda a população brasileira.
 
Essa é uma previsão otimista, considerando que todos os laboratórios cumpririam as promessas feitas. Para isso, o governo federal precisa contar com a chegada de lotes de insumo farmacêutico ativo (IFA) vindos da China para a produção da CoronaVac e da vacina da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), além de conseguir fechar acordos com a União Química, da Sputnik V, e com a Precisa Medicamentos, da Covaxin. O Ministério da Saúde também precisa que os imunizantes passem por aprovação de autorização do uso emergencial na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que neste caso envolve também as vacinas da Fiocruz. Sobre a vacina russa, a pasta deixou claro, ainda, que a aquisição depende de um preço plausível.
 
Num cenário de cobranças, o governo parece estar empenhado, tendo reuniões com os representantes da Covaxin e da Sputnik V. Apesar da aparente movimentação, o fundador e ex-presidente da Anvisa, Gonzalo Vecina, diz, contudo, não ver ou acreditar que o governo do presidente Jair Bolsonaro — que continua deixando claro que não irá se imunizar —, esteja correndo atrás de vacina no momento. De acordo com Vecina, não há mais imunizantes disponíveis no mercado, e as doses que a AstraZeneca e a Sinovac poderiam vender ao Brasil já foram adquiridas pelo Butantan e pela Fiocruz.
 
Para ele, se outras empresas citadas em negociações com o governo tiverem vacinas disponíveis, serão quantidades muito pequenas. Vecina cita a Pfizer, com a qual o governo diz estar em constantes negociações, apesar de ter apontado, por diversas vezes, que não irá adquirir o imunizante devido a cláusulas contratuais que diz discordar. A Pfizer enviou, ontem, à Anvisa, pedido para registro definitivo da vacina. “O governo está chegando atrasado. Poderia ter ido atrás de vacina desde julho, mas não foi. Agora é tarde. Não vai ter mais vacina”, opina o especialista.
 
Diretor científico da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, José Davi Urbaez afirma que o cenário só não é mais caótico porque o Brasil conta com instituições como a Fiocruz e o Instituto Butantan. “Graças aos trabalhos dos técnicos e dos pesquisadores dessas instituições, que acabam pressionando e colocando um esforço monumental para honrar o fornecimento de vacinas no Brasil, nós entramos no grupo dos países privilegiados do mundo que estão vacinando a sua população”, ressaltou. Até o momento, a Fiocruz e o Butantan são os únicos a fornecerem vacinas ao país; no caso da fundação são apenas 2 milhões de doses importadas.
 
Fase 3
 
O infectologista acredita que a retirada da obrigatoriedade de estudos do fase 3, no Brasil, como requisito para a solicitação do pedido emergencial de vacinas pode ajudar o país a conseguir mais imunizantes, uma vez que o mundo vive uma pandemia e sofre com o contexto intenso de falta de vacinas. A decisão foi tomada pela Anvisa na última semana, favorecendo a Sputnik V em meio a pressões de governadores e parlamentares. “É um passo muito bom e a própria Anvisa tem os recursos técnicos e procedimentos internos que vão nos dar a segurança da revisão de todos esses estudos feitos em outros países”, destaca.
 
Para Gonzalo Vecina, a necessidade dos estudos de fase 3 foi importante em um primeiro momento. “Graças a isso tivemos quatro estudos de fase 3 no Brasil que ajudaram muito a ciência brasileira”, pontua. Até o momento, a vacina de Oxford/AstraZeneca, a CoronaVac, a vacina da Pfizer e a da Janssen-Cilag realizam testes de fase 3 no Brasil. Os representantes das vacinas Sputnik V e Covaxin também já pediram à Anvisa a autorização para começar os testes em território nacional.
 
Apesar de ressaltar a importância da pesquisa em território nacional, Vecina afirma que a Anvisa fez bem ao dar “um passo atrás” e permitir que os laboratórios solicitem o uso emergencial sem possuir o estudo de fase 3 no país. No entanto, ele reforça a necessidade desses testes em outros países.
 
Desinteresse
 
Desde o segundo semestre do ano passado, especialistas falam sobre a importância de se buscar mais de um imunizante no país. O governo brasileiro, entretanto, preferiu o marasmo. A importância de se adquirir vários imunizantes é, inclusive, pontuada internamente, em uma proposta assinada por seis ministros, incluindo o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para a Medida Provisória (MP) 1.026, editada no dia 6 de janeiro deste ano. A referida MP permite a compra de vacinas antes do registro da Anvisa, desde que aprovadas em uma das agências internacionais citadas no texto.
 
No documento, do dia 29, no qual também propuseram a inclusão da Rússia (o que não foi feito), os ministros ressaltam que é relevante “a diversificação dos investimentos em diferentes vacinas e fornecedores, visando mitigar o risco de não aprovação de uma vacina eventual” como uma estratégia “para maximizar as taxas de sucesso relativas ao” plano e vacinação. Naquele momento, o governo só tinha contrato com a Fiocruz, assinado em setembro, para aquisição de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca, que será produzida pela fundação no Brasil.
 
Por questões ideológicas e políticas, a relutância foi intensa quanto à CoronaVac. Em outubro de 2020, o presidente Jair Bolsonaro desautorizou o general Pazuello, quando o ministro da Saúde anunciou que compraria 46 milhões de doses do imunizante chamado por Bolsonaro de “vacina chinesa de João Doria”. Quando viu que já não era possível protelar mais, com o governador tucano anunciando data de vacinação e com o pedido de uso emergencial nas mãos da Anvisa, Pazuello assinou contrato para compra de exatamente 46 milhões de doses, no dia 7 de janeiro de 2021. 
 
O assunto chegou ao Congresso por pressão de empresários, que se articularam para tentar comprar vacinas, e de governadores, para a liberação da Sputnik V. Na semana passada, uma das mudanças aprovadas em MP pelo Senado chegou a ser prevista em medida editada no dia 6 de janeiro pelo governo federal. Como já divulgado pelo Correio, uma minuta da MP 1.026 tinha o nome da Rússia (o que facilitaria a compra da Sputnik V), mas o governo retirou o país ao publicar a medida.
 
Queda no números da covid-19
 
Ainda que em altos patamares, o Brasil encerrou a quinta semana epidemiológica com diminuição no número de casos e mortes pela covid-19, na comparação com o fechamento anterior. Foram acrescentados 7.076 óbitos e 320.820 infecções no acumulado dos últimos sete dias, o que representa queda de 5,6% e 11%, respectivamente. Com taxas de isolamento na média de 36% (quando o recomendado é de 70%), o momento ainda é preocupante, sobretudo pelas médias móveis, que continuam acima de mil vidas perdidas diariamente e 45,8 mil casos. Ontem, o Ministério da Saúde contabilizou novas 978 fatalidades e 50.630 positivos para a doença, totalizando 231.012 óbitos e 9.497.795 casos desde o início da pandemia. 

Correio Braziliense domingo, 07 de fevereiro de 2021

CONGRESSO NACIONAL: BANCADA DO DF SE FORTALECE COM LIRA

Jornal Impresso

 


CONGRESSO NACIONAL
 
Bancada do DF se fortalece com Lira
 
Cinco dos oito deputados da bancada do Distrito Federal apostaram abertamente no novo presidente da Câmara. Parlamentares são cotados para cargos importantes na Casa e até no Governo Federal

 

»ALEXANDRE DE PAULA

Publicação: 07/02/2021 04:00

Flávia Arruda é favorita para o comando da Comissão Mista do Orçamento (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  

Flávia Arruda é favorita para o comando da Comissão Mista do Orçamento

 

 
Luis Miranda almeja ficar com a relatoria do projeto de Reforma Tributária (Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press)  

Luis Miranda almeja ficar com a relatoria do projeto de Reforma Tributária

 

 
Celina Leão é cotada para o Ministério do Esporte caso a pasta seja recriada (Ana Rayssa/CB/D.A Press)  

Celina Leão é cotada para o Ministério do Esporte caso a pasta seja recriada

 

 
Câmara dos Deputados elegeu Arthur Lira presidente na última segunda-feira, em primeiro turno. Parlamentar comandará a Casa até 2023 (Srgio Lima/AFP)  

Câmara dos Deputados elegeu Arthur Lira presidente na última segunda-feira, em primeiro turno. Parlamentar comandará a Casa até 2023

 

 
 
 
No jogo político de articulações e negociações, a vitória de Arthur Lira (Progressistas-AL) para a presidência da Câmara dos Deputados deixou mais forte a bancada do Distrito Federal na Casa. Cinco dos oito parlamentares de Brasília participaram ativamente da campanha de Lira e se manifestaram de maneira pública em favor dele. O apoio garantiu, avaliam políticos e especialistas, um papel de destaque para o DF, e cargos importantes na estrutura do Legislativo podem ficar nas mãos de deputados locais.
 
Por ter uma bancada pequena em comparação com outras unidades da Federação, o DF teve, historicamente, dificuldade de se articular para galgar posições de mais destaque na Casa. A avaliação do momento atual é de que o cenário mudou e de que alguns deputados da capital federal figuram entre os mais influentes com o novo presidente da Câmara. Entretanto, em meio às conturbadas negociações, o enredo político se mostra sempre volátil, e consolidar essa força é o grande desafio da bancada.
 
A deputada federal Bia Kicks (PSL) é um dos símbolos das duas situações, tanto da força de parlamentares da capital do país quanto da instabilidade dos acordos firmados em situações como essa. Kicis foi indicada por Lira para presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) — a mais importante na estrutura do Legislativo, pois todos os projetos precisam ter aval desse colegiado para seguir em frente.
 
A indicação da parlamentar, porém, incomodou parte da classe política e do Judiciário. Aliada de primeira hora do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ela se notabilizou por polêmicas e criticou diversas vezes o Supremo Tribunal Federal (STF), além de se colocar contra medidas sanitárias de combate à covid-19, como o uso de máscaras.
 
Interlocutores de Lira afirmam que o compromisso dele era com o presidente Jair Bolsonaro. Ele não deve retirar o apoio a Kicis, mas também não fará esforços para barrar candidaturas contrárias. Também ponderam que um gesto de desistência da parlamentar do Distrito Federal seria bem recebido por Lira e a colocaria em uma posição de força, com possibilidade de dialogar e negociar outros espaços relevantes.
 
Orçamento
 
A mais importante comissão do Congresso, a de orçamento, também pode ficar nas mãos de uma deputada do Distrito Federal. Flávia Arruda (PL) é a favorita para o cargo e pode ser responsável por conduzir as discussões sobre o planejamento orçamentário de todo o país. O imbróglio em relação ao tema, no ano passado, teve como pano de fundo a própria eleição da Casa e se estendeu tanto que o grupo acabou não instalado em 2020 — o que deve ocorrer na terça-feira.
 
Deputados avaliam que, no cenário atual, a escolha de Flávia está encaminhada, mas há o interesse também de Elmar Nascimento (DEM-BA), que abandonou os direcionamentos de Rodrigo Maia, correligionário eleito pelo Rio de Janeiro, para apoiar Arthur Lira. Ainda que a parlamentar do DF não seja escolhida para dirigir a comissão mista, a articulação como um nome importante dá forças a ela e a coloca em destaque nacionalmente.
 
Celina Leão (Progressistas) foi uma das que mais se fortaleceram com a chegada de Lira à presidência. Do mesmo partido que ele, ela se colocou como cabo eleitoral na linha de frente da campanha. Foi, inclusive, na casa de empresários próximos a Celina que ocorreram as últimas reuniões de articulação, além da criticada festa de comemoração da vitória, na noite da última segunda-feira.
 
Deputados que estiveram perto de Arthur Lira no processo afirmam que Celina tem a porta completamente aberta com o novo presidente, bem como o apoio dele para qualquer objetivo que ela almeje e que esteja ao alcance do deputado recém-eleito. O nome de Celina também se fortaleceu para o comando do Ministério do Esporte, em uma possível recriação da pasta com a reforma ministerial que o Governo Federal sinalizou intenção de concretizar a partir das negociações com o Centrão em favor de Lira.
 
Dissidente
 
Completa a lista dos mais influentes do DF com o novo comandante da Câmara o deputado federal Luis Miranda (DEM). Ele teve papel importante na campanha porque, além de estar em várias viagens aos estados, liderou a movimentação contra Baleia Rossi (MDB-SP) e foi um dos responsáveis pelo Democratas optar pela liberação dos parlamentares para votar em Lira, apesar do apoio do então presidente da Casa, Rodrigo Maia, ao emedebista.
 
Fortalecido, Luis Miranda pode conquistar a relatoria da Reforma Tributária, uma das pautas prioritárias para o deputado. Além disso, ele tem vaga garantida como integrante da Comissão Mista do Orçamento e tentará ser relator de um dos setores do grupo, o que dará mais importância ao parlamentar. Também conseguiu a relatoria da proposta de emenda à Constituição (PEC) que trata de questões relacionadas à Polícia Civil do DF, o que dará crédito a ele com a categoria.
 
Apesar de não estar tão próximo de Lira, Júlio César (Republicanos) tem uma relação muito boa com o presidente do partido, Marcos Pereira — eleito por São Paulo —, que construiu relação sólida com o novo mandatário da Câmara ao abrir mão da candidatura e apoiá-lo. Ligado à Igreja Universal e com forte apelo entre o público evangélico, o deputado do DF, que é pastor, terá facilidade para aprovar projetos que beneficiem o setor que o elegeu.
 
Demais votos
Apenas Erika Kokay (PT) e Professor Israel (Rede) se colocaram abertamente contra Arthur Lira. Paula Belmonte (Cidadania) não manifestou de forma pública o voto, mas, nos bastidores, aliados do novo presidente dão como certo o voto da parlamentar nele.
 
» Palavra de especialista
 
Aposta ganha
 
Olhando para a perspectiva do Distrito Federal, muitos acordos foram fechados. Recentemente, cresceram os comentários de que a Celina Leão poderia até ser um dos nomes indicados para assumir algum cargo no Governo Federal, por exemplo. Isso tudo, de certa forma, vai facilitar acordos de interesse de grupos diversos dentro da bancada e, assim, também pode facilitar o trâmite para o Governo do Distrito Federal (GDF), pois existe uma tendência muito grande do governador (Ibaneis Rocha) para (apoiar) a forma de trabalho do presidente Jair Bolsonaro. Com certeza, a bancada do DF ganhou força com a vitória de Lira. Em toda disputa eleitoral — e na eleição da Câmara dos Deputados é a mesma coisa — você tem apostas feitas. A bancada do DF fez uma aposta em Arthur Lira, como a maioria fez. Mas isso não foi de forma gratuita. Vimos cargos sendo leiloados, apoios e o Governo Federal sinalizou que haverá uma reforma ministerial. Esses nomes da bancada do DF ventilados para cargos importantes são sinal de força adquirida e de aposta ganha.
 
Fábio Vidal, cientista político pela Universidade de Brasília (UnB)

Correio Braziliense sábado, 06 de fevereiro de 2021

CORONAVÍRUS: REAÇÕES À VACINA SÃO POUCAS E LEVES

Jornal Impresso

CORONAVíRUS
 
Reações à vacina são poucas e leves
 
Desde o início da imunização, 282 pessoas relataram efeitos adversos após a aplicação da primeira dose dos fármacos contra a covid-19 no Distrito Federal. Para especialistas, essas notificações não atrapalham a campanha, que chegou a 97.793 mil moradores da capital

 

ADRIANA BERNARDES, PEDRO MARRA, SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 06/02/2021 04:00

Especialistas ressaltam que as reações adversas observadas em algumas pessoas são tratáveis. Eles garantem que efeitos colaterais são comuns em diversas vacinações
 (Ed Alves/CB/D.A Press
)  
Especialistas ressaltam que as reações adversas observadas em algumas pessoas são tratáveis. Eles garantem que efeitos colaterais são comuns em diversas vacinações
Desde o início da vacinação contra a covid-19 no Distrito Federal, em 19 de janeiro, a Subsecretaria de Vigilância à Saúde (SVS/SES) registrou, pelo menos, 282 casos de reação aos imunizantes. Isso equivale a cerca de 0,28% das 97.793 pessoas vacinadas na capital federal. Os relatos são de sintomas considerados leves, como vermelhidão e/ou dor no local da aplicação da dose, dor de cabeça e febre. Até o momento, nenhum efeito grave foi comunicado. Ao todo, o DF recebeu 125.160 doses da vacina CoronaVac — produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac — e 41,5 mil doses da Covishield (Oxford/AstraZeneca). Hoje, o governo distrital espera a chegada de mais 60 mil unidades da CoronaVac. No tentanto, fontes da Secretaria de Saúde temem que a remessa seja menor.
 
Especialistas explicam que as ocorrências reportadas pela população são comuns em qualquer outra vacina. O professor de epidemiologia da Universidade de Brasília (UnB) Mauro Sanchez ressalta que as reações críticas são raras e, as leves, tratáveis e registradas em uma parcela muito pequena da população. “Os sintomas graves podem afetar os sistemas imunológico, cardíaco, vascular e respiratório, entre outros, causando arritmia e encefalite, por exemplo. Porém, reforço que são raros e não invalidam a segurança das vacinas, uma vez que foram aprovadas pela Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária)”, completa.
 
Mesmo assim, tanto a Vigilância em Saúde quanto os pesquisadores reforçam a necessidade de a população informar às equipes de vacinação sobre qualquer reação, por mais branda que seja. Isso deve ser feito no local onde a pessoa recebeu a dose, e é importante para o monitoramento da segurança da vacina. “O procedimento faz parte da rotina da farmacovigilância e garante a continuidade da aplicação do imunizante no país”, explica Sanchez.
 
Acamado em home care, o morador do Guará André Silva Júnior, 60 anos, recebeu a primeira dose da vacina contra a covid-19 em 27 de janeiro. Ele relata que sentiu algumas reações após a aplicação. “Tive moleza e sono ao longo daquele dia. Também fiquei com a boca amarga. Mas passou pouco tempo depois”, conta. “Vou esperar a segunda dose para ver se melhora o comportamento do corpo em relação à vacina. Mas me sinto muito melhor hoje”, acrescenta André.
Cuidadora do idoso há dois anos, Verônica de Araújo Ramos, 39, teve sintomas parecidos. “Optaram por me vacinar, porque saio muito de casa e sempre estou exposta ao vírus. Senti um calor estranho no corpo, e senti moleza. Era como se fosse um calafrio. Tanto que o André suava de frio. O estranho é que a gente aferiu a nossa temperatura, que mostrou 35,6ºC, então não tivemos febre. Senti falta de apetite também. Mas, os nossos sintomas duraram dois dias após tomar a vacina”, lembra a moradora do Recanto das Emas.
 
Investigação
 
Todos os casos que chegarem ao conhecimento do governo serão investigados para comprovar se, realmente, têm relação com o evento adverso pós-vacinação (EAPV). Adriana Veras, 49 anos, é profissional de saúde e relata que, cinco dias após receber o imunizante contra a covid-19, começou a apresentar alguns sintomas leves. “Meu corpo ficou mole, senti dor de cabeça, cansaço e coriza. Durou um dia só, depois fiquei bem”, detalha.
 
Moradora de Águas Claras, ela não foi infectada pelo novo coronavírus e garante que vai tomar a segunda dose da vacina, marcada para 24 de fevereiro, apesar da reação adversa que surgiu na primeira aplicação. “São sintomas comuns e que podem aparecer após a vacinação. Continua sendo muito importante se vacinar. É uma forte frente de combate ao vírus”, ressalta Adriana.
 
O infectologista Alexandre Cunha contraiu a covid-19. Os sintomas duraram 10 dias. Depois que tomou a vacina, sentiu uma dor no local (Arquivo pessoal
)  
O infectologista Alexandre Cunha contraiu a covid-19. Os sintomas duraram 10 dias. Depois que tomou a vacina, sentiu uma dor no local
 
 
Corrida contra o tempo
 
Vice-presidente da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, Alexandre teve covid-19 em abril do ano passado e está entre os profissionais de saúde imunizados no começo deste ano. A dor no local da vacina durou três dias. Já os sintomas da covid-19, persistiram por cerca de 10 dias. “Tive febre alta, dor no corpo, queda de saturação e tosse. Mas, me recuperei sem sequelas”, conta.
 
Alexandre, alerta que, quanto mais rápido o governo promover a vacinação em massa, mais cedo conseguiremos interromper a cadeia de transmissão do vírus. “O efeito transcende o indivíduo vacinado. Ele protege a si e deixa de ser vetor para outras pessoas. Assim, acaba protegendo quem ainda não recebeu a dose”, explica o infectologista.
 
Como paciente e especialista em doenças infecciosas, ele ressalta a segurança dos imunizantes contra a covid-19 e explica que, nenhum deles é produzido a partir do vírus vivo, como são os casos das vacinas para a febre amarela e sarampo. Por isso a população pode ficar tranquila pois, os efeitos colaterais são poucos e perfeitamente esperados. “São um sinal de que o sistema imunológico do organismo está respondendo à vacina, produzindo anticorpos, que é o que se busca”, pondera Alexandre.
 
Na avaliação dele, o problema é que o governo brasileiro atrasou as tratativas para a compra das vacinas, e faltam doses para imunizar até mesmo os grupos prioritários. Nos países onde a imunização contra o novo coronavírus está avançada, os números de contágio e de mortes caíram rapidamente. “Temos o exemplo de Israel. Lá, eles já tiveram redução de casos num período bem curto, de duas semanas após o início da vacinação”, cita.
 
André Silva Júnior, 60 anos, sentiu alguns sintomas após receber a vacina, mas que passou logo.  
André Silva Júnior, 60 anos, sentiu alguns sintomas após receber a vacina, mas que passou logo. "Tive moleza e sono ao longo daquele dia."
Reforço
 
O início da aplicação da segunda dose da vacina CoronaVac contra a covid-19 terá início na próxima segunda-feira para os profissionais de saúde que atuam na linha de frente e demais pessoas que fazem parte do primeiro grupo prioritário.
 
As doses estão reservadas na rede de frio central do Distrito Federal, por isso, há a garantia de que todos vão receber. O próximo grupo etário a receber as vacinas será o dos idosos entre 75 e 79 anos, no entanto, não há uma data definida para início da aplicação.
 
4,6 mil mortos
Nas últimas 24 horas, o Distrito Federal registrou 624 novos casos e nove óbitos pela covid-19. No total, são 280.026 registros da doença e 4,6 mil mortes. Os dados são da Secretaria de Saúde. A média móvel de casos registrou queda de 20,6% em relação aos últimos 14 dias e chegou a 620.
 
Saiba mais
Efeitos comuns
 
Febre, dor e/ou vermelhidão no local da aplicação e dor de cabeça são efeitos comuns e esperados em qualquer tipo de vacinação. Eles mostram que o corpo recebeu o antígeno ou o vírus inativado e está reagindo a ele, criando os anticorpos. Podem e devem ser tratadas com remédios simples e focados nos sintomas apresentados.

Correio Braziliense sexta, 05 de fevereiro de 2021

45 MIL IDOSO VACINADOS NO DF

Jornal Impresso

45 mil idosos vacinados no DF
 
Em quatro dias da campanha de imunização contra a covid-19 para a população com mais de 80 anos, a Secretaria de Saúde ultrapassou a meta estimada de públic, calculada, inicialmente, em 42 mil pessoas. Atendidos incluem moradores do Distrito Federal e de fora

 

SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 05/02/2021 04:00

No Cruzeiro Velho, início da aplicação dos imunizantes começou com 30 minutos de atraso; interessados tiveram de esperar em filas ou voltar para casa (Ed Alves/CB/D.A Press)  
No Cruzeiro Velho, início da aplicação dos imunizantes começou com 30 minutos de atraso; interessados tiveram de esperar em filas ou voltar para casa


Quatro dias depois do início da vacinação contra a covid-19 na população com mais de 80 anos no Distrito Federal, cerca de 45 mil pessoas dessa faixa etária receberam a primeira dose de imunizantes contra o novo coronavírus. A quantidade é superior à estimada pela Secretaria de Saúde (SES-DF) quando começou a imunização. No entanto, esse total inclui pessoas que não moram na capital federal, como a população de cidades do Entorno ou de outras regiões do país (leia Para saber mais).

Nesse período de atendimento, enquanto alguns pontos registraram filas, falta de vacinas e atraso na chegada de doses, outros tiveram imunizantes de sobra e nenhum idoso à espera. Foi o que a equipe do Correio flagrou nas unidades básicas de saúde (UBSs) da 114/115 Norte e da 612 Sul; nos drive-thrus do Pontão do Lago Sul e de Águas Claras; e no ponto de vacinação instalado em um ginásio no Paranoá. Apesar de a discrepância entre os postos preocupar especialistas, a SES-DF reiterou não haver risco de perdas de doses. As que sobram, segundo a pasta, são remanejadas para áreas com maior demanda ou voltam para a Rede de Frio Central.

No Paranoá, cerca de 80% dos idosos da região administrativa receberam a primeira dose, segundo estimativa da coordenação do ponto de atendimento. Na tarde de ontem, o cenário era semelhante no drive-thru do Pontão: depois de a equipe aplicar cerca de 200 doses pela manhã, às 13h, o movimento ficou mais devagar. Por volta desse horário, ainda havia cerca de 180 doses da CoronaVac disponíveis (leia Diferenças).

Maria Célia da Silva, 83 anos, foi uma das poucas pessoas que passou pelo Pontão enquanto a reportagem estava no local, na tarde de ontem. Moradora da Asa Sul, ela preferiu ir a um drive-thru, por medo de filas e aglomerações. “Fui informada de que o local estava mais tranquilo, sem filas e que tinha doses. Além disso, há menos risco de exposição. Por isso, preferi me deslocar do que ir a uma UBS perto de casa”, contou Maria Célia. A aplicação do imunizante durou menos de um minuto.

Ontem, a Secretaria de Saúde inaugurou um novo ponto de vacinação contra a covid-19 por drive-thru. O posto fica na entrada do shopping Iguatemi, no Lago Norte. A medida visa otimizar a imunização. Com a atualização, o total de locais com atendimento nesse modelo no DF subiu para 12.

Demora
No Cruzeiro Velho, a situação foi outra. O início da vacinação passou de meia hora, pois o estoque da unidade de saúde estava zerado, e a chegada de mais imunizantes atrasou. Enquanto isso não acontecia, os idosos tiveram de voltar para casa ou esperar o reabastecimento. Morador do Cruzeiro Novo, Sebastião Cairos de Andrade, 81, reclamou do tempo que ficou na fila. “É uma esperança resolver o problema do novo coronavírus, que é essa pandemia terrível. Mas demoraram muito para entregar as doses aqui”, lamentou.

Para o infectologista do Hospital das Forças Armadas (HFA) Hemerson Luz, o cenário demonstra falta de organização. “Seria preciso ter uma noção de quantas pessoas foram vacinadas em cada região e, assim, distribuir mais corretamente as doses. Desse jeito, as vacinas de Oxford, por exemplo, correm o risco de serem desperdiçadas, uma vez que a aplicação precisa ocorrer em até seis horas”, ressalta. Ele reforça que as pessoas devem se vacinar em locais próximos de onde moram, porque isso facilita o planejamento e a distribuição correta das doses pela SES-DF. “Evita que um local fique sobrecarregado e que outro tenha baixa demanda”, completa Hemerson.

Ontem, a juíza titular da Vara de Execuções Penais (VEP), Leila Cury, solicitou à Secretaria de Saúde a vacinação imediata contra a covid-19 de todos os internos do Sistema Penitenciário do Distrito Federal. Inclusive aqueles com mais de 80 anos.

Remanejamento
A Secretaria de Saúde informou que está ciente da diferença de cenários encontrados nos pontos de vacinação pela cidade. Isso ocorre, segundo a pasta, porque, em algumas regiões, toda a população com mais de 80 anos foi vacinada. Além disso, um comunicado técnico do Ministério da Saúde detalha que, tanto a Covishield — da Oxford/AstraZeneca — quanto a CoronaVac contêm, em um frasco, quantidade suficiente para 10 doses. Após abertas, elas precisam ser aplicadas em até seis ou oito horas, respectivamente. Caso o prazo esteja perto de vencer, a orientação, segundo o documento do órgão federal, é de que se otimizem as doses disponíveis em frascos abertos, direcionando-as para outras pessoas pertencentes aos grupos prioritários do plano de imunização contra a covid-19.

Infectologista do Hospital de Base, Magali Meirelles comenta que, pelo fato de a vacina ser um produto perecível em temperatura ambiente, quanto antes ocorrer a aplicação da dose após abertura do frasco, melhor. “Isso garante a eficácia e a segurança do procedimento. É necessário respeitar o tempo limite de horas das vacinas em questão”, reforça Magali.

Colaboraram Ana Isabel Mansur, Darcianne Diogo e Pedro Marra




Para saber mais

Rede

A vacinação no país ocorre por meio de um programa nacional, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Sendo assim, no Distrito Federal, não há distinção ou restrições para atendimento de pessoas que não morem no DF.



Boletim
O Distrito Federal acumula 279.402 casos de covid-19 e 4.591 vítimas da doença. Ontem, a Secretaria de Saúde (SES-DF) registrou mais 430 pacientes infectados pelo novo coronavírus e nove mortes. A média móvel de casos ficou em 685, 6,1% a menos do que há duas semanas, em 21 de janeiro, enquanto a de óbitos fechou em 10,29 (28,6% a mais). Até ontem, 93.582 pessoas haviam recebido a primeira dose de imunizantes no DF. A quantidade representa 3,06% da população.

Correio Braziliense quinta, 04 de fevereiro de 2021

SERVIDORES DA SECRETARIA DE SAÚDE DO DF: MOVIDOS PELA MISSÃO DE AJUDAR

 

Jornal Impresso

Movidos pela missão de ajudar
 
Servidores da Secretaria de Saúde do DF começaram, ontem, a atuar como voluntários na campanha de vacinação contra a covid-19. Alguns deixaram as funções em setores de urgência para lidar com a atenção primária. Eles contam ao Correio detalhes sobre a nova experiência

 

» JÉSSICA MOURA
» DARCIANNE DIOGO

Publicação: 04/02/2021 04:00

Arthur (E) e Lizandra foram vacinados antes de começar a imunizar idosos contra a covid-19 (Ed Alves/CB/D.A Press)  
Arthur (E) e Lizandra foram vacinados antes de começar a imunizar idosos contra a covid-19


Arthur Oliveira, 26 anos, preparava-se para curtir as férias em Natal (RN) quando o celular dele vibrou, indicando a chegada de uma mensagem no WhatsApp. Era a coordenadora de residência em enfermagem da Escola Superior de Ciências da Saúde (Escs), Jaqueline Gomes. Em um grupo, ela sugeria aos participantes que se voluntariassem na campanha de vacinação contra a covid-19 do Distrito Federal. Àquela época, as aplicações das doses começariam em duas semanas.
 
Arthur não teve dúvidas: antecipou o fim do descanso e resolveu colocar o nome na lista de interessados. “Eu me senti na obrigação de participar. Fico feliz em poder ajudar e garantir a imunização da população”, conta o enfermeiro. O trabalho dos voluntários do DF começou ontem. A rotina dele é como a dos demais profissionais: chegam às 7h no posto de saúde para receber as primeiras orientações, são distribuídos pelos setores de atendimento e começam a organizar as filas dos que serão vacinados.
 
Arthur trabalhava em salas de cirurgia do Hospital Regional do Paranoá, onde atendia casos graves. Agora, vai se dedicar à atenção primária, na Unidade Básica de Saúde (UBS) nº 3 do Gama. “Aqui, o paciente está lúcido e consciente. No centro cirúrgico, ele chega morrendo de dor e entra para fazer o procedimento. A experiência que tive com atenção básica foi a da graduação em enfermagem”, acrescenta o jovem.
 
O grupo de voluntários não tem previsão de encerrar os trabalhos, pois a campanha de imunização não tem data para acabar. Por ora, o atendimento é só para os idosos com 80 anos ou mais. A abordagem, segundo Arthur, ocorre de maneira diferenciada. “Tenho de falar um pouco mais alto, porque muitos deles (idosos) têm problemas de audição. É preciso olhar no olho, perguntar se entendeu e ter um processo de comunicação mais efetivo”, detalha o enfermeiro.


Na nova função, Marlos Pires trabalha mais perto de casa, na UBS nº 5 do Gama (Ed Alves/CB/D.A Press)  
Na nova função, Marlos Pires trabalha mais perto de casa, na UBS nº 5 do Gama


Distribuição
 
Mesmo com touca, óculos de proteção, máscaras e capote verde-claro, é possível identificar os rostos dos jovens voluntários que trabalham nas UBSs para reforçar a vacinação. Lizandra de Sousa Costa, 26, atua na mesma unidade de saúde que o colega Arthur. Ela também estava habituada a outro ritmo, pois trabalhava no centro cirúrgico do Hospital de Base. Desde ontem, trocou os plantões no Plano Piloto para cumprir uma jornada de 60 horas semanais no Gama. “Fazemos de tudo: recebemos o paciente, preenchemos fichas, fazemos entrevistas por causa do controle de prioridades, preenchemos o cartão de vacinação e aplicamos as doses. Hoje (ontem), foi bem corrido, mas estamos em seis voluntários. Está dando para ajudar”, avalia Lizandra.
 
Antes de serem distribuídos entre os pontos de atendimento, os voluntários passam por capacitação na Rede de Frio da Secretaria de Saúde, onde ficam armazenadas as vacinas. Durante a manhã de ontem, o grupo se reuniu com gestores de saúde, para receber informações sobre a vacinação. “Falaram do processo desde o início: como começou a vacinação (no DF), onde começou, quem é a prioridade, quais as datas, as vacinas usadas, qual é o tempo até a segunda dose, quais as fichas que devem ser preenchidas”, detalha Lizandra.
 
O auge do encontro ficou para o fim. Depois de ouvirem toda a explicação, os voluntários receberam a primeira dose do imunizante contra a covid-19. “Eu queria muito (ser vacinada). Nunca tive medo da vacina. E quem aplicou foi uma amiga minha. Fiquei supertranquila. Ela recebeu o treinamento e me vacinou”, comemorou Lizandra.
 
Marlos Pires, 26, também é enfermeiro, residente, voluntário e, assim como Lizandra, recebeu a vacina. “Não doeu nada. Não tive qualquer reação. Fiquei muito emocionado por chegar minha vez”, disse o jovem. Até segunda-feira, ele trabalhava no Hospital Regional de Santa Maria. Agora, ele atua na UBS nº 5 do Gama. Para completar, desde que se ofereceu para ajudar na vacinação, o local de trabalho ficou mais perto de casa. “Moro na mesma região administrativa e venho a pé, porque é muito próximo”, completa Marlos.
 
Reconhecimento
 
Ana Cristina de Carvalho, 47, é dentista e servidora pública. Ela atua como técnica em saúde e faz parte da equipe designada para ajudar no enfrentamento da pandemia. A função é motivo de orgulho. Ana Cristina fica na UBS nº 1 da Asa Norte, sendo responsável pelo acolhimento inicial de pacientes com suspeita da covid-19. Ela costumava fazer a coleta de material biológico para submissão aos testes.
 
Agora, com a campanha de vacinação, a servidora faz a triagem e preenche a ficha cadastral de idosos. “Somos movidos pela coragem. Temos de ter a consciência de que estamos ali para prestar um serviço à comunidade. Fico feliz quando a ouvidoria recebe um agradecimento pelo nosso trabalho. Isso gera motivação e significa que temos sido úteis neste momento tão difícil. Os pacientes que nos procuram querem ser recebidos com um sorriso, com carinho e educação. Essa é nossa intenção”, destaca Ana Cristina.
 
A cirurgiã-dentista Tatiana Oliveira, 44, também integra o grupo designado para reforçar a equipe de combate à covid-19. Para ela, o trabalho voluntário é uma forma de servir à população. “Estamos atuando desde o começo da pandemia. Somos treinados para tomar os cuidados necessários e fazer os procedimentos com segurança”, conta Tatiana.
 
Como os responsáveis pela aplicação das doses são enfermeiros e técnicos de enfermagem, Tatiana fica responsável pelo preenchimento das fichas de pacientes. No entanto, a depender da demanda, ela também tem autorização para imunizar. “Na primeira semana, vacinamos os servidores da Secretaria de Saúde e, agora, são os idosos acima de 80 anos. Graças a Deus, tem havido muita procura, e estou feliz em participar desse momento histórico. Estamos com expectativa de que, à medida que a vacinação caminhar, a doença diminuirá mais e mais na comunidade”, acrescenta a dentista.


PARA SABER MAIS

Seleção
 
Na semana passada, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) abriu processo para recrutar voluntários e reforçar as equipes de vacinação. 

Na segunda-feira, a pasta deu início à imunização de idosos com 80 anos ou mais em 40 salas de vacina e postos drive-thru. Com a alta demanda, alguns pontos registraram longas filas e demora nas aplicações. Profissionais da área administrativa da pasta começaram a ser deslocados para reforçar os atendimentos.

Até ontem, cerca de 550 servidores se inscreveram para trabalhar como voluntários na campanha. Ao término das atividades, eles receberão um certificado de participação. Cada ponto drive-thru conta, em média, com 15 profissionais da SES-DF, além de três voluntários e três administrativos. As unidades básicas de saúde dispõem das equipes existentes nas respectivas salas de vacina.

Correio Braziliense quarta, 03 de fevereiro de 2021

DF: TEMOS FACINAS PARA TODOS OS GRUPOS PRIORITÁRIOS

Jornal Impresso

TEMOS VACINAS PARA TODOS OS GRUPOS PRIORITÁRIOS
 
Entrevista Osnei Okumoto, secretário de SaúdeEm entrevista ao CB.Poder, chefe da pasta fez um panorama da vacinação contra a covid-19 no DF e afirmou que, tão logo as novas doses de imunizantes contra a doença cheguem à capital, o público prioritário será ampliado para idosos com mais de 75 anos

 

PEDRO MARRA

Publicação: 03/02/2021 04:00

 
"O segundo semestre será de muitas vacinas disponíveis. Então, tenho certeza de que a gente vai poder até antecipar para o fim de outubro a vacinação total aqui no Distrito Federal"

A Secretaria de Saúde deve vacinar a maior parte do público prioritário de mais de 80 anos no Distrito Federal até o fim desta semana. O prazo é bem menor do que o previsto inicialmente, de cerca de duas semanas, uma vez que a população está ansiosa para a imunização e lotou alguns dos pontos de vacinação da capital federal nos primeiros dois dias de aplicação das doses. Em entrevista ao CB.Poder — parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília —, o secretário de Saúde do DF, Osnei Okumoto, comentou sobre a agilidade com que a campanha tem avançado e garantiu que, tão logo o novo lote de vacinas chegue, o público-alvo será ampliado para maiores de 75 anos.

“Pela previsão que o Ministério (da Saúde) nos passou, da chegada de mais de 60 mil doses, abriremos para o público acima de 75 anos, que vai girar em torno de 30 a 35 mil idosos nesta faixa etária. Aí, então, a gente guarda a segunda dose, para que não haja falta lá na frente de completar a imunização, como dizem as pesquisas clínicas dessas vacinas”, acrescentou o secretário, em entrevista ao jornalista Vicente Nunes, editor-executivo do Correio. A previsão é de que essas vacinas cheguem no sábado. O chefe da pasta destacou, ainda, que não há necessidade de corrida aos postos, nem de aglomerações, pois há doses para todos os grupos prioritários definidos pelo governo do DF até o momento.


Como controlar aglomerações e filas de espera nos postos de vacinação? E como receber pessoas vindo de fora do DF?
Todo mundo vir ao mesmo tempo não aconteceu estritamente no Distrito Federal. Aconteceu no mundo inteiro. Todos os locais que iniciaram as vacinações nos seus grupos etários tiveram filas. Logicamente, os países mais desenvolvidos terão uma melhor condição de fazer o atendimento. Aqui, estamos melhorando a capacidade de fazer esse atendimento, tanto é que começamos o drive-thru hoje (ontem), e estamos fazendo algumas alterações. Por exemplo: a pessoa que está aguardando no carro, já poderá preencher a ficha de identificação, e isso agilizará muito para o vacinador dar fluxo nessa fila.
 
Qual a diferença dessa vacinação da covid-19 em relação às demais?
Nas outras localidades, não existe essa correria intensa para se vacinar. É tudo muito mais tranquilo. Até falei para as nossas autoridades que o Brasil logo passaria todo mundo, quando começasse a chegar as vacinas às salas de vacinação do país inteiro, falei logo que vamos vacinar todo mundo, porque a capacidade que a gente tem de treinamento e de poder fazer isso é muito grande. Só que temos essa particularidade da pandemia do novo coronavírus, em que a ansiedade aumentou muito. Todo mundo quer se vacinar, e vai ter o direito à vacina. Acredito que, até o fim do ano, todos estarão vacinados aqui no Brasil.
 
Vacinado esse público de 42,3 mil idosos do DF acima de 80 anos, qual a perspectiva para os demais a partir 
de 75 anos?
Pela previsão que o Ministério nos passou, da chegada de mais de 60 mil doses, abriremos para o público acima de 75 anos, que vai gerar em torno de 30 a 35 mil idosos nesta faixa etária. Aí, então, a gente guarda a segunda dose, para que não haja falta lá na frente e se possa completar a imunização, como dizem as pesquisas clínicas dessas vacinas.
 
A previsão da chegada de novas doses, segundo o Ministério da Saúde, é para sábado. O senhor está confiante que essas novas doses cheguem logo?
O Ministério da Saúde tem cumprido com o cronograma de entrega e, dessa forma, procuraram, muitas vezes, antecipar as doses. Criam uma certa ansiedade na nossa equipe, porque trabalhamos sempre com organização. Aprendemos que, nesse primeiro instante, a gente pode melhorar o atendimento para diminuir aglomerações utilizando, às vezes, locais maiores, como ginásio de esportes, onde estive ontem (segunda-feira) à tarde. No Paranoá, das 13h às 14h40, praticamente já tinham encerrado a vacinação de todas as pessoas. Temos que analisar os problemas e procurar solucioná-los. Então, vamos buscar ambientes maiores, com mais cadeiras, para que as pessoas possam se sentar. O próximo público que a gente está planejando é menor, mas a gente tem a mesma sensação de que as pessoas vão correr no primeiro dia. No dia em que vamos vacinar de 75 a 79 anos, todo mundo vai correr para se vacinar. Então, vão ocorrer aglomerações, a mesma coisa. E, nos outros dias, com planejamento, não vai ter a mesma aglomeração e ansiedade.
 
A previsão é de que toda a população do DF seja vacinada ainda em 2021?
Na primeira reunião que o ministro Pazuello fez com os governadores, em que pude substituir o governador Ibaneis, ele fez uma previsão de entrega das vacinas no primeiro semestre e no segundo semestre. No segundo semestre, a produção vai ser muito maior mesmo. Com toda a certeza. Receberemos mais Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs) do mercado chinês. Aí, então, a produção será grande, tanto da AstraZeneca, como também da CoronaVac. O segundo semestre será de muitas vacinas disponíveis. Então, tenho certeza de que a gente vai poder até antecipar para o fim de outubro a vacinação total aqui no Distrito Federal.
 
Como o senhor analisa o anúncio, nessa terça-feira, da eficácia de 91% da vacina russa Sputnik, produzida aqui no DF?
O governador Ibaneis fez uma visita à fábrica da União Química. Eu o acompanhei e fiquei muito impressionado com a produção das IFAs aqui no Distrito Federal. Fiquei muito encantado com tudo o que eu vi, e principalmente com a questão do princípio da vacina que estão produzindo. Tenho certeza de que teremos sucesso também. O Programa Nacional de Imunização (PNI) fará a aquisição de todas as vacinas produzidas para o Brasil. Dessa forma, vão comprar e distribuir as vacinas igualmente para todo o país. Creio que receberemos também. É uma grande opção de vacinação que teremos aqui no Distrito Federal.
 
Com mais de 2% da população vacinada, o DF ocupa o primeiro lugar no ranking das unidades federativas que mais vacinaram no país, segundo levantamento do portal covid-19 no Brasil. Como o senhor explica essa liderança?
O Mato Grosso do Sul (com 1,57%) tinha nos passado — no sábado —, mas porque muitas pessoas deixaram de se vacinar na quinta e sexta-feira, esperando trocar a vacina de uma marca para a outra, e isso complicou (o planejamento) porque o grupo prioritário da Saúde se acumulou com os idosos de mais de 80 anos. Hoje (ontem), houve uma aglomeração maior em decorrência disso. Mas voltamos a ser primeiros novamente.
 
Esse desempenho melhor atrai um público de fora para o Distrito Federal?
Não é só no Entorno. Vem gente de outros locais, de outras unidades da Federação, que têm parentes aqui no DF. O SUS é universal, então as pessoas que procurarem as nossas salas de vacinação serão atendidas, como em qualquer local do país. Isso que o governador Ibaneis preza sempre. O público idoso, muitas vezes, é aposentado e fica na própria residência, diferentemente do que ocorre em outras vacinações. No Entorno, você tem 1 milhão de pessoas que trabalham no Distrito Federal. Então, essas pessoas vêm trabalhar e já fazem a vacinação. O idoso, como fica em casa, tem que ser trazido pelos familiares. Isso acontece.
 
Quem não teve tempo de ir se vacinar nos pontos de drive-thru, como faz para receber a dose?
A gente continua com a vacinação, mas o grande número de pessoas a serem vacinadas acima de 80 anos estará praticamente vacinado. Terá um pequeno número de pessoas, os remanescentes, que serão devidamente atendidos. De acordo com o levantamento dos resultados que estivermos fazendo, não será necessário que mantenhamos todos os drive-thru funcionando. É importante que a gente mantenha a nossa estrutura dentro das salas de vacinação. Se houver uma pequena quantidade de pessoas para serem atendidas, poderão ser atendidas nas nossas UBSs (Unidades Básicas de Saúde). Creio que pode ficar um drive-thru funcionando para a nossa população, mas depende do resultado de hoje (ontem).
 
O governo federal falhou na estruturação das vacinas?
Quando você vai fazer a aquisição de uma vacina, você necessita muito da aprovação da vacina ou de outros institutos do mundo que dão essa possibilidade. Depois, precisa-se averiguar todas as documentações que vêm, porque as pesquisas clínicas dessas vacinas são necessárias para elas serem entregues e para haver autorização de emergência para a utilização. São tantas variáveis que acontecem nesse caminho, e a mais importante, além da eficácia e da segurança da vacina, tem a economicidade. Você tem que saber que está comprando uma vacina viável, dentro das regras dos nossos órgãos de controle. Essas variáveis determinam que as vacinas possam chegar em tal data ou um pouco depois. Eu preferia que não houvesse (politização da vacina), que a gente tivesse uma visão técnica e pudesse ter as vacinas disponíveis para atender a população.
 
A iniciativa privada pode dar suporte à Secretaria de Saúde para complementar o processo de imunização?
Na última reunião do Conselho Nacional de Secretários (Conas), a gente recebeu a informação que 33 milhões de doses estariam sendo adquiridas pelo setor privado. Não vejo qualquer tipo de empecilho, desde que o Sistema Único de Saúde (SUS) tenha as vacinas disponíveis também.
 
O agendamento da vacinação não seria a melhor opção para evitar aglomerações e longas filas de espera nos postos?
A gente teve outras experiências, que não foram favoráveis para o agendamento, porque as pessoas realmente procuraram o atendimento de uma maneira geral. Falo que é muito difícil quando uma pessoa está numa fila, não é a vez dela, e diz que não sai daqui enquanto não for vacinada. Isso é muito comum. Então, procuramos abrir a sala e falar às pessoas que temos duas semanas para vacinar. Aconteceu que vamos fazer antes do fim da primeira semana. Nada impede que a gente possa pensar em agendamento futuramente. Como disse, existem duas faixas etárias, a de 30 anos e de 60 a 74 anos, essa que vai demandar uma atenção maior nossa.
 
Há um cronograma para vacinar os próximos grupos?
Existe um para os de 70 a 75 anos, que já são 60 mil pessoas. Vai aumentando à medida que vai diminuindo a idade. Depois, temos os planejamentos anteriores, de pessoas com comorbidades. Quando a gente fala em comorbidades também, observamos que o pessoal acima de 70 anos é o que perfaz a maior quantidade de pessoas com comorbidades no país. Depois, temos as comorbidades do pessoal de 50, 60 anos, pessoas que têm doenças crônicas e são mais jovens. Todos esses serão atendidos nessa fase depois do público de 60 anos. As pessoas que são atendidas pelo SUS, temos dentro do nosso sistema as comorbidades que elas apresentam. As pessoas atendidas em particular ou por convênios, deverão apresentar um relatório médico para que a gente possa avaliar e poder vaciná-las.
 
Como o senhor avalia a situação da pandemia no DF, diante até de lockdown em outros estados, como o Acre?
Estamos em uma situação bem favorável no DF. Ontem, falando com o secretário-adjunto de Assistência à Saúde, Petrus Sanchez, ele me disse que estava desmantelando alguns leitos de UTI para covid-19 para transformá-los em não covid-19, para pacientes que têm outras necessidades, com outras doenças graves que necessitam de internação de UTI. Muitas vezes, querem trazer pacientes do Norte para o Distrito Federal, como foram alguns para o HUB (Hospital Universitário de Brasília), mas temos que atender os nossos pacientes com covid-19. Estamos em uma situação de transmissão. Em decorrência de tudo o que conversamos, peço tranquilidade às pessoas. Temos vacinas para atender os grupos prioritários. Só vamos abrir mais um grupo prioritário quando a gente tiver a vacina no número certo. Confiem, que a vacinação vai ser muito importante, efetiva e segura. Continuem usando máscara, lavando as mãos, utilizando álcool em gel e evitando aglomerações.

Correio Braziliense terça, 02 de fevereiro de 2021

CONGRESSO NACIONAL: ENTRE TRISTEZA E ALEGRIA NA SAÍDA

Jornal Impresso

Entre tristeza e alegria na saída

 

ROSANA HESSEL

Publicação: 02/02/2021 04:00

Rodrigo Maia sai em baixa do cargo; Davi Alcolumbre comemora vitória (Marcelo Camargo/Agência Brasil)  
Rodrigo Maia sai em baixa do cargo; Davi Alcolumbre comemora vitória


Apesar de serem do mesmo partido, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), ex-presidentes da Câmara e do Senado, respectivamente, acabaram ficando em lados opostos nas eleições no Congresso e tiveram desempenhos bem diferenciados.

Maia sai como o grande perdedor e menor, politicamente, por não conseguir emplacar um sucessor no comando da Câmara. Como botafoguense, o democrata fluminense está como o seu time de futebol, saindo da Série A do Brasileirão para jogar na segunda divisão e, dependendo do desempenho político ao longo deste ano, pode continuar rebaixado. Alcolumbre, por sua vez, saiu como o grande vencedor dos pleitos no Congresso — ao eleger o sucessor, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), com ampla vitória — e mostrou ser um articulador melhor do que o parlamentar da mesma legenda. Ele surge como o principal candidato para presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, de acordo com analistas.

“Alcolumbre sai muito bem relacionado com seus pares e como uma voz importante no Senado e, talvez, até pleiteando algum espaço no governo”, avaliou o cientista político Carlos Melo, professor do Insper. Já Maia está em uma situação completamente diferente. Na opinião dele, a divisão interna do DEM para apoiar Arthur Lira (PP-AL), em vez de Baleia Rossi (MDB-SP) à Presidência da Câmara, atingiu em cheio as pretensões futuras do deputado. “Isso abalou muito Maia como uma liderança que circularia da centro-direita para a centro-esquerda, capaz de articular uma frente em 2022, mesmo que ele não seja a cabeça da chapa, mas um patrocinador”, destacou. “Mas, a política é assim. Cada dia tem sua agonia e, aí, o desafio dele para tentar se reconstruir e se reinventar.”

Apesar de ter recebido mais de 60 pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro, Maia, para muitos, não teve a mesma coragem de seu antecessor, Eduardo Cunha, para abrir um processo e será lembrado como “covarde”, como escreveu, ontem, o expoente da nova esquerda Guilherme Boulos (PSol-SP). Apesar de ameaçar desengavetar uma ou todas as denúncias que recebeu contra o chefe do Planalto, em reunião do DEM na véspera, o parlamentar optou por não deferir os pedidos.

Como mostrou o Blog da Denise, do Correio, o destino de Maia ainda é incerto, mas ele pode até montar um partido. Ele está entre o Cidadania e o PSDB e, se possível, uma nova legenda, que reúna todos aqueles de centro que não querem seguir com Bolsonaro em 2022. A amigos, o deputado disse que a decisão estava tomada e “não é coisa de quem está de cabeça quente”. Ele é amigo de Luciano Huck há mais de 20 anos, informou o Blog. A perspectiva é de que, juntos, comecem a construir algo novo, rumo a 2022, e o problema para uma legenda é o tempo para a coleta de assinaturas.

Correio Braziliense segunda, 01 de fevereiro de 2021

HORA DE VACINAR

Jornal Impresso

Hora de vacinar
 
Hoje, às 13h, começa a imunização contra a covid-19 para idosos com mais de 80 anos. Interlocutores da Secretaria de Saúde anteciparam ao Correio que a pasta instalará dois postos de atendimento drive-thru, a partir de amanhã, no Parque da Cidade e no Pontão do Lago Sul

 

SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 01/02/2021 04:00

Aos 90 anos, Tercília Martins está ansiosa para receber o imunizante; com ajuda da neta, ela pretende receber a primeira dose à tarde
 (Ana Rayssa/CB/D.A Press
)  
Aos 90 anos, Tercília Martins está ansiosa para receber o imunizante; com ajuda da neta, ela pretende receber a primeira dose à tarde
 
“É uma esperança de melhora para todos nós”, diz Tercília Martins, 90 anos, moradora do Guará 2. Ela é uma das mais de 42 mil pessoas com mais de 80 anos que moram no Distrito Federal e poderão se vacinar contra a covid-19 a partir das 13h de hoje. A Secretaria de Saúde (SES-DF) criou 36 pontos para aplicação dos imunizantes, sendo 30 unidades básicas de saúde (UBSs) e seis locais como ginásios ou escolas (leia Pontos de vacinação). A partir de amanhã, também haverá atendimento por meio de drive-thrus, inicialmente, no Parque da Cidade e no Pontão do Lago Sul.
 
Os idosos estão ansiosos para receber a vacina, mas mesmo após a imunização, deverão manter os que cuidados sanitários, pois a pandemia não acabou. “Eu estava muito ansiosa para que a vacina chegasse logo”, conta Tercília. Com a ajuda da neta, Bárbara Martins, 22, ela irá a um dos postos de atendimento na tarde de hoje. Para Tercília, que não sai de casa desde o início da crise sanitária, as doses são essenciais para combater o novo coronavírus. “É um passo para que possamos viver mais tranquilos, com um pouco mais segurança ou, pelo menos, com menos perigo”, opina.
 
Ivo de Meira Lima, 93, está animado para receber a vacina. Morador da Asa Norte, ela afirma que mal pode esperar para tomar a primeira dose e que respeitará todas as orientações de segurança ao sair de casa para ir a uma UBS. “A única certeza que tenho, neste momento, é de que quero me imunizar. E quero logo”, ressalta. “Não saio de casa desde março. Para mim, a saúde é coisa muito valiosa e, mesmo depois de vacinado, vou continuar me cuidando. Nunca sabemos como o futuro será”, completa Ivo.
 
Apesar da empolgação, a infectologista Valéria Paes, da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, reforça que é preciso ter cuidado durante o processo, pois pessoas com mais de 80 anos fazem parte do grupo de risco da covid-19. Profissionais de saúde envolvidos na vacinação, a SES-DF, os acompanhantes e os próprios idosos devem ficar atentos. “É preciso ter uma preparação por parte dos serviços que vão receber esse público, com organização e velocidade no atendimento, além de preparo, para que os casos suspeitos da covid-19 não cruzem com essas pessoas”, ressalta Valéria.
 
Para amigos e familiares que acompanharem os idosos durante o atendimento, a recomendação é que continuem a seguir todas as orientações de combate ao novo coronavírus: “Vá de máscara, mantenha o distanciamento social e higienize as mãos frequentemente”, completa a médica, que considera possível executar o processo de vacinação com segurança e eficácia. “Tendo a colaboração das partes envolvidas, temos tudo para realizar uma campanha segura para esse público”, completa a infectologista.
 
Aglomeração
Santa Terezinha de Nevez, 85, moradora da Octogonal, pretende receber hoje a primeira dose do imunizante contra a covid-19. A idosa não vai a lugares públicos desde que a pandemia começou e diz estar ansiosa para ser vacinada. “Por causa da idade, vou tomar todos os cuidados, mesmo após a vacina”, reforça. Os hábitos de higiene ao chegar em casa permanecerão os mesmos, inclusive com a separação de roupas usadas na rua. “Só sei que estou muito animada com a vacina”, comemora Santa Terezinha.
 
Ontem, o Ministério Público do Distrito (MPDFT) e o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) pediram à Secretaria de Saúde que amplie os pontos de atendimento e que informe as medidas tomadas para evitar aglomeração nesses locais. A pasta informou ao Correio que todas as UBSs da lista contam com fluxo de atendimento ajustado para evitar superlotação. Além disso, comunicou que haverá espaço de 1,5 metro entre os idosos, que serão organizados pelos servidores das unidades.
 
A secretaria acrescentou que não faltarão doses e que todas as pessoas com mais de 80 anos serão vacinadas ao longo dos próximos dias. A pasta aguarda, ainda, o recebimento de mais unidades de imunizantes, entre amanhã e quarta-feira, para ampliar a vacinação.
 
A infectologista Joana D’Arc Gonçalves lembra que o fato de a mortalidade entre pessoas com mais de 80 anos ser mais alta torna a vacina essencial para o combate à pandemia. Dos mais de 4,2 mil idosos contaminados, 1.170 não resistiram à covid-19. “É um grupo extremamente vulnerável e que precisa, sim, ser imunizado o quanto antes. Porém, sempre tomando os cuidados e lembrando que não há necessidade de se aglomerar para receber a dose”, observa Joana.
 
A médica salienta que, mesmo após a vacinação, os idosos e toda a população deverão continuar seguindo as medidas de segurança sanitária. “O vírus ainda circula, e as vacinas disponíveis só têm eficácia após a segunda dose. Este é um momento crítico, durante o qual precisamos continuar nos protegendo. Não podemos relaxar. Ainda estamos longe de atingir a imunidade coletiva”, alerta.
 
Tira-dúvidas
 
Quem pode se vacinar?
• Pessoas com 80 anos completos ou mais. Quem ainda tem 79 anos não poderá receber a dose neste momento e deve aguardar a ampliação da vacinação.
 
Onde posso me vacinar?
• Em qualquer um dos postos listados (leia Pontos de vacinação), a partir das 13h. De amanhã em diante, o horário de atendimento será das 8h às 17h, sem intervalo durante o almoço, e de segunda a sexta-feira.
 
O que preciso levar?
• Documento com foto e, de preferência, com número do Cadastro de Pessoa Física (CPF) no mesmo registro. Se não tiver, leve os dois. Não é necessário preencher nenhum cadastro prévio.
 
Posso agendar a vacinação?
• Não. A Secretaria de Saúde não trabalha com agendamento ou reserva de vacinas. A oferta de qualquer serviço desse tipo pode ser considerada golpe e deve ser denunciada à Polícia Civil, pelos telefones 197, 3207-4892 ou pelo WhatsApp: 61 986-281-197.
 
Haverá pontos drive-thru?
• Sim. Porém, só a partir de amanhã e, inicialmente, em dois pontos: Pontão do Lago Sul e no Parque da Cidade. Ao longo dos dias, mais regiões poderão contar com esse serviço.
 
E se eu não conseguir ir hoje?
• Não tem problema. A vacinação de pessoas com mais de 80 anos não tem data para acabar.
 
Qual vacina vou receber? 
• Atualmente, o DF conta com dois tipos de imunizantes: a CoronaVac, vacina chinesa produzida pela farmacêutica Sinovac em parceria com o Instituto Butantan (SP), e a Covishield, do laboratório sueco-britânico AstraZeneca, desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). As duas são distribuídas nas unidades de saúde, sem distinção.
 
E quem não pode se deslocar até o ponto de atendimento?
• Os casos mais graves estão sendo atendidos em casa. Idosos acamados cadastrados junto ao Núcleo de Atenção Domiciliar (Nrad) da Secretaria de Saúde serão visitados pelas equipes de saúde que os acompanham regularmente. Caso alguém acima de 80 anos esteja impossibilitado de sair de casa por motivos de saúde e não esteja cadastrado nesse sistema, é preciso que um responsável vá até o ponto de vacinação mais próximo e informe aos servidores que tem um idoso em casa que não pode se deslocar até o posto. As equipes anotarão o contato do responsável e, apenas neste caso, agendarão a vacinação em domicílio.
 
Quando tomo a segunda dose? 
• Após a primeira, os idosos receberão um cartão com a marca da vacina que tomaram e a data de aplicação da segunda dose. A pessoa deve retornar ao posto na data marcada.
 
Já teve covid-19. Posso me vacinar?
• Sim. Não há restrições da Secretaria de Saúde do DF para pacientes que tiveram covid-19.
 
Profissionais convocados
A Secretaria de Saúde vai recrutar funcionários da pasta interessados em trabalhar como voluntários no processo de aplicação das vacinas contra a covid-19. Para se inscrever, basta acessar bit.ly/3cAmJPY. Em caso de dúvida sobre o treinamento, os interessados podem enviar e-mail para vacinacaosesdf@gmail.com. A inscrição está aberta para médicos, enfermeiros, especialistas em saúde, cirurgiões dentistas, além de técnicos administrativos, em enfermagem ou de contabilidade e auxiliares de saúde. A participação vale apenas para servidores ativos e, para participar, é necessário informar lotação, cargo, contato e disponibilidade. O prazo para se cadastrar termina na quinta-feira. Os inscritos receberão certificado.
 
 
Balanço de casos
Entre sábado e domingo, o Distrito Federal teve confirmação de mais 538 casos de covid-19 e nove mortes provocadas pela doença. Até as 17h de ontem, o novo coronavírus havia infectado 277.110 pessoas no DF e deixado 4.554 vítimas. Os dados são da Secretaria de Saúde. Ontem, a média móvel de casos ficou em 990 — quantidade 16,7% maior que no domingo anterior, e a de mortes, em 11,14 (18,2% a mais). Até as 20h da última sexta-feira, 44.315 pessoas haviam sido vacinadas na capital federal. Os números serão atualizados hoje.
 
 (Jhonatan Vieira/Esp. CB/D.A Press - 28/1/16)  
 
O samba agradece 
 
A vacinação do sambista Nelson Sargento, no Rio de Janeiro, emocionou o país da música, assim como deve acontecer em Brasília, com a imunização de uma das figuras mais ilustres do samba candango, o cantor e compositor Carlos Elias (foto). Amigo de Cartola e de Nelson Cavaquinho, entre outros, Carlos Elias, 86, estava otimista ao falar por telefone com a reportagem. “Vou me vacinar, sim. É nesta semana”, disse. João Carlos, 45, um dos filhos do artista, deve levá-lo amanhã para receber a primeira dose. “Primeiro, vamos pesquisar qual posto de vacinação está menos aglomerado. É um momento muito simbólico, faço questão de levar meu pai. A imunização é a única solução contra essa doença”, completou João.
 
  Pontos de vacinação
 
Confira os 36 locais onde pessoas com mais de 80 anos poderão se vacinar contra a covid-19 no DF, a partir das 13h:
 
Asa Norte
UBS nº 2 Asa Norte, EQN 114/115, Área Especial
 
Asa Sul
UBS nº 1 Asa Sul, SGAS 612, Lotes 38/39, L2 Sul
 
Brazlândia
UBS nº 1 Brazlândia, EQ 6/8, Lote 3, Setor Norte
 
Candangolândia
UBS nº 1 Candangolândia, EQR 5/7, Área Especial 1
 
Ceilândia
UBS nº 5 Ceilândia, QNM 16, Módulo F, Ceilândia Norte
UBS nº 7 Ceilândia, EQNO 10, AE D/E, Setor O
UBS nº 16 Ceilândia, SHSN, Trecho 1, Etapa 1, Qd. 500, AE 2
UBS nº 17 Ceilândia, QNP 16/20, Setor P Sul
 
Cruzeiro
UBS nº 2, Setor Escolar, Lote 4, Cruzeiro Velho
 
Gama
UBS nº 1 Gama, Entrequadra 6/12, Área Especial, Setor Sul
UBS nº 3 Gama, E/Q 3/5, Área Especial, Setor Leste
UBS nº 5 Gama, Área Especial, Lote 38, Setor Central, Lado Leste
 
Guará
UBS nº 1 Guará, QE 6, Lote C, Área especial S/N, Guará 1
UBS nº 2 Guará, QE 23, Lote C, Área Especial S/N, Guará 2
UBS nº 3 Guará, QE 38, Área Especial S/N, Guará 2
UBS nº 4 Guará, QELC, EQ 2/3, Conjunto Lucio Costa
 
Itapoã
Quadra Poliesportiva do Itapoã (ao lado da UBS 2 Itapoã), Quadra 61, Área Especial Del Lago
 
Núcleo Bandeirante
UBS nº 1 Núcleo Bandeirante, 3ª Avenida, Área Especial nº 3
 
Lago Norte
UBS nº 1 Lago Norte, SHIN, QI 3, Área Especial
 
Lago Sul
Policlínica Lago Sul, Setor de Habitações Individuais Sul, QI 21
 
Paranoá
Quadra coberta ao lado da Administração Regional do Paranoá, Praça Central S/N, Lt. 1
 
Planaltina
Jardim de Infância Casa da Vivência Avenida, NS01, Área Especial 9, SRL Planaltina
UBS nº 5 Planaltina, Quadra 12 D, Conjunto A, Área Especial, Arapoanga
 
Riacho Fundo
UBS nº 1 Riacho Fundo 1, QN 9, Área Especial 11
 
Riacho Fundo 2
QC 1, Conjunto 10, Lote 1, Riacho Fundo 2
UBS nº 1 Riacho Fundo 2, QC 6, Conjunto 16, Área Especial, Lote 1
UBS nº 2 Riacho Fundo 2
 
Samambaia
UBS nº 2 Samambaia, QS 611, AE 2
 
Santa Maria
Colégio Paloma, QR 207/307, Conjunto T, Área Especial
UBS nº 2, Santa Maria, EQ 217/317, Área Especial, Lote E
 
São Sebastião
Caic Unesco, Quadra 5, Conjunto A, Área Especial, Centro
 
SCIA/Estrutural
UBS nº 1 Estrutural, AE 1, Setor Central
 
Sobradinho
UBS nº 1 Sobradinho, Quadra 14, Área Especial 22/23
UBS nº 2 Sobradinho
 
Sobradinho 2
Rodovia DF-420, Complexo de Saúde, Setor de Mansões ao lado da UPA de Sobradinho
 
Taguatinga
UBS nº 1 Taguatinga, QNG, AE 18/19
UBS nº 5 Taguatinga, Setor D Sul, AE 23

Correio Braziliense domingo, 31 de janeiro de 2021

MAIS FAMÍLIAS OPTAM POR AULA PRESENCIAL

Jornal Impresso

Mais famílias optam por aula presencial
 
Procura pela modalidade para este ano foi maior do que em 2020, com demanda entre 50% e 60%. Escolas privadas se preparam para atender a todos os protocolos de segurança contra a covid-19. Metade delas retomam o ano letivo amanhã

 

ANA ISABEL MANSUR

Publicação: 31/01/2021 04:00

Instituições de ensino ainda precisam cumprir protocolos estabelecidos, em julho, pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal; algumas delas implementaram cuidados extras (Ed Alves/CB/D.A Press)  
Instituições de ensino ainda precisam cumprir protocolos estabelecidos, em julho, pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal; algumas delas implementaram cuidados extras
Metade das escolas particulares do Distrito Federal vai dar início ao ano letivo de 2021 amanhã. A estimativa é do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe) e diz respeito ao total de 200 instituições filiadas. Segundo o sindicato, a procura dos pais pelo ensino no modelo presencial aumento em 2021. Enquanto no ano passado, entre 35% e 40% optaram por este formato, agora, a demanda varia de 50% a 60%.
 
Os desafios para 2021 somam-se às experiências acumuladas ao longo de 2020 no que tange à manutenção da escola como ambiente saudável e seguro de aprendizado. As instituições ainda precisam cumprir os protocolos estabelecidos pela Secretaria de Saúde em julho de 2020, e algumas implementaram cuidados extras (leia Fique de olho).
 
Para garantir também a segurança dos pedestres, o Departamento de Trânsito (Detran-DF), dará início à Campanha de Volta às Aulas, com foco no alerta sobre a importância de respeitar as leis de trânsito e observá-las com mais atenção no perímetro escolar. Os agentes também fiscalizarão veículos que fazem transporte escolar e vão monitorar  faixas de pedestres em locais demonstrativos a partir de amanhã. Painéis eletrônicos com mensagens educativas serão colocados na cidade.
 
No Centro Educacional CCI Sênior, em Samambaia, as mesas e cadeiras foram identificadas com números e fotos, para aquelas usadas por alunos não alfabetizados, a fim de evitar o uso compartilhado das carteiras. “Os pais observaram, durante o ano passado, quais providências foram tomadas. O controle foi feito muito de perto e não tivemos nenhum surto, apenas casos isolados da doença”, comenta a diretora pedagógica Cássia Tinoco.
 
A tranquilidade dos pais refletiu na quantidade de crianças matriculadas na modalidade presencial neste ano. Em 2020, 43% dos estudantes até o 5° ano optaram pelo ensino remoto. Agora, são 16%. Do ensino fundamental 2 ao ensino médio, o ano passado foi concluído com 39% dos alunos na modalidade a distância. Para este ano, são 25%.
 
A creche Baby Care, em Sobradinho, que atende a cerca de 60 crianças, estabeleceu que todas as educadoras, ao chegar, precisam tomar banho, deixar os sapatos do lado de fora e andar pelos ambientes com meias adequadas ou propés. “Antes da pandemia, todos nós já usávamos luvas e toucas para lidar com as crianças. Agora, também usamos máscaras”, afirma Marina Lima, coordenadora pedagógica, acrescentando que os colaboradores são testados semanalmente para detecção do vírus. Desde setembro de 2020, quando a instituição voltou a receber as crianças em suas instalações, as janelas de vidro que delimitavam cada sala de aula foram retiradas, deixando todos os ambientes com circulação de ar constante.

No ano passado, entre 35% e 40% das famílias optaram pelo formato presencial, segundo sindicato patronal (Ed Alves/CB/D.A Press)  
No ano passado, entre 35% e 40% das famílias optaram pelo formato presencial, segundo sindicato patronal
 
Preparação
 
No Centro Integral Oficina do Saber, no Guará, os alunos do ensino fundamental vão retornar, amanhã, às aulas presenciais pela primeira vez desde o início da pandemia. “Antes, nosso atendimento era focado em grupos pequenos, de, no máximo, 15 alunos por sala”, conta a coordenadora pedagógica Kamila Gonçalves. “Todas as crianças, agora, precisam manter o cartão de vacinação atualizado e, a partir dos 4 anos, o uso de máscara é obrigatório”, continua a coordenadora.
 
O colégio do Guará proibiu o uso de adornos, como pulseiras, anéis, colares, brincos e tiaras, tanto pelos colaboradores quanto pelos estudantes, para que sujeiras não sejam acumuladas nos objetos. Os cabelos compridos precisam estar sempre presos e as disciplinas foram separadas por dia da semana, para diminuir a quantidade de materiais levados para a escola.
 
Do total de 180 alunos, duas crianças apenas escolheram permanecer no ensino remoto. Para Marcelo Marinho, administrador de empresas e pai da Geovana, aluna do 6° ano da escola, as decisões foram tomadas de maneira transparente e, por isso, ele aprovou o retorno presencial. “Minha filha sentiu muito no ano passado a limitação de ter que ficar em casa. A escola é muito organizada, a turma dela foi montada com nove alunos. O espaço da sala tem entre 45m² e 50m², então, o distanciamento será mantido”, afirma o morador do Setor Lucio Costa.
 
A professora Catarina de Almeida Santos, da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB), destaca a importância da organização das escolas e dos acordos com os professores em relação às modalidades presenciais e a distância. Segundo a especialista em educação a distância e em gestão escolar, é preciso chamar a atenção para a possível carga de trabalho dupla dos educadores. “A organização da aprendizagem precisa sempre favorecer o processo pedagógico. O ideal é que seja um professor para cada modalidade, na mesma frequência, para não prejudicar os estudantes”, observa a professora.
 
Para ela, planejamento e as decisões tomadas de maneira conjunta garantem condições adequadas de trabalho e remuneração para os professores, sem sobrecargas. “É preciso que escolas, direções, coordenações e pais entendam que, com professores exaustos, o maior prejudicado é o estudante”, explica.
 
Duplo começo
 
O início do ano letivo marca também a inauguração da unidade da escola Eleva em Brasília, na L2 Sul, que por enquanto atenderá até o 6° ano do ensino fundamental. A diretora da escola, Isabella Sá, destaca o trabalho de conscientização feito com os colaboradores do colégio. “Alertamos os profissionais para os cuidados que precisam ter na vida fora da escola para manter a segurança dentro das instalações”, ressalta. De 401 alunos matriculados na escola, 32 estudantes optaram pelo modelo remoto.
 
A abertura será gradual, mas todos vão começar no mesmo dia, em horários diferentes. Foi criada uma célula de monitoramento, da qual fazem parte professores e equipes de enfermagem, para cuidar, de perto, de casos suspeitos e positivos. “As informações vão para um painel virtual ao qual todo colaborador da escola e famílias têm acesso. O controle não fica apenas dentro da escola, envolve todos os implicados”, observa Isabella Sá. “Conhecer cada aluno neste ano será ainda mais importante. Teremos de saber o que cada um realmente aprendeu e conseguiu aproveitar do ano anterior”, avalia.

Correio Braziliense sábado, 30 de janeiro de 2021

CORONAVÍRUS - VACINAÇÃO DE IDOSOS

Jornal Impresso

Vacinação de idosos começa na segunda
 
Novo lote da CoronaVac deve chegar hoje a Brasília e atenderá ao público-alvo mais vulnerável à doença. Média móvel de casos alcança os maiores patamares desde setembro de 2020, e GDF aposta na fiscalização para coibir disseminação do vírus

 

» SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 30/01/2021 04:00

 

"Não vai dar para todo mundo, então vamos vacinando de acordo com a chegada"



Ibaneis Rocha, governador do DF


Idosos com mais de 80 anos serão os próximos da fila para imunização contra a covid-19 no Distrito Federal, a partir de segunda-feira. As vacinas serão aplicadas em 36 salas, 30 delas em unidades básicas de saúde e outras seis em locais considerados estratégicos pela Secretaria de Saúde, como escolas e ginásios. O primeiro dia de vacinação desse público prioritário, composto por 42.355 pessoas, começará às 13h, excepcionalmente. A lista completa de endereços está disponível no site do Correio — www.correiobraziliense.com.br.
 
À medida que novas doses chegarem, o grupo vacinado deve ser ampliado. Os próximos contemplados, segundo a Saúde, serão idosos a partir de 75 anos e pacientes acamados, com dificuldade de locomoção, assistidos pelas rede pública e privada e um cuidador por núcleo familiar.
 
A expectativa do governo é de receber mais de 100 mil doses da CoronaVac hoje. As vacinas fazem parte de um lote de 8,7 milhões que o Ministério da Saúde distribuirá entre as unidades da Federação. O governador Ibaneis Rocha (MDB) havia adiantado, em entrevista ontem, que até quarta-feira os imunizantes estariam disponíveis. A capital federal vacinou 44,3 mil pessoas. Apesar do avanço na imunização, especialistas alertam para a alta da média móvel de casos registrados nos últimos dias e para a possibilidade de um aumento de contaminações após o carnaval, mesmo sem festas oficiais.
 
Mesmo sem a certeza do número de doses que devem ser entregues, o governador alertou que elas não serão suficientes para uma cobertura total e imediata. “Não vai dar para todo mundo, então vamos vacinando de acordo com a chegada”, frisou,  após o evento de entrega da revitalização da Estrada Parque Indústrias Gráficas (Epig), ontem.
 
Em relação à proximidade do feriado de carnaval, marcado para 16 de fevereiro, o chefe do Palácio do Buriti informou que não pensa em adotar medidas restritivas específicas para a data, mas que a fiscalização contra festas clandestinas e o descumprimento das regras sanitárias devem continuar. “Como não haverá blocos de rua, estamos esperando que seja mais tranquilo, mas vamos manter as fiscalizações”, completou. Além disso, a restrição de horário para bares e restaurantes continuará em vigor, com limite de funcionamento até as 23h.
 
Cenário
Apesar da tranquilidade do governo e do avanço da vacinação no DF, Breno Adaid, pesquisador da Universidade de Brasília (UnB), do Departamento de Ciência do Comportamento, e coordenador do mestrado em Administração do Centro Universitário Iesb alerta para o número de casos. Na última quinta-feira, a média móvel de novos infectados — cálculo da média de casos nos últimos sete dias — ficou em 1.037, a maior desde setembro de 2020, quando o índice chegou a 1.064. Segundo Breno, esse valor indica que, no período analisado, houve um aumento muito brusco de casos. “Quando a média apresenta um crescimento muito rápido, significa que muitos casos foram registrados nos últimos dias, e isso pode levar a uma busca maior por leitos e por assistência”, observa.
 
Na avaliação de Adaid, o aumento é uma consequência natural da movimentação de festas e viagens de fim de ano e, caso o comportamento das pessoas não mude, pode se repetir no meio de fevereiro. “Com as possíveis novas cepas circulando e o comportamento das pessoas a favor da disseminação do vírus, pode ser que, após o carnaval, se tenha um aumento de 30% no número de novos casos”, afirma. Até o momento, a Secretaria de Saúde do DF não registrou casos de novas cepas do vírus na capital.
 
O DF registrou, em 24 horas, 1.087 novos casos e 14 mortes pela doença, segundo boletim epidemiológico divulgado, ontem, pela Saúde. No total, são 275.688 casos confirmados e 4.533 mortes. Do total de infectados, 264.783 se recuperaram. A taxa de transmissão calculada pela pasta está em 0,83. Índices maiores do que 1 indicam avanço da pandemia.
 
Riscos
Caso as pessoas realizem festas com aglomeração e sem cumprir os protocolos de segurança sanitária, seja no carnaval, seja em qualquer outra época, há risco de um aumento grave do número de casos e isso, de acordo com o epidemiologista e professor do Departamento de Saúde Pública da UnB Mauro Sanchez, pode levar a um colapso do sistema de saúde.
 
O especialista afirma que, em casos de aglomerações, há dois principais riscos. “Primeiro, a própria pessoa pode se infectar e desenvolver a doença, seja de forma grave ou não. Segundo, ela pode transmitir para alguém que seja do grupo de risco e esta pessoa pode ter complicações sérias”, comenta Sanchez.
 
Após uma pessoa ser infectada, ela transmite o vírus por cerca de uma semana antes de apresentar sintomas. “Ou seja, uns 10 ou 15 dias depois da eventual aglomeração, se, de fato, acontecerem, pode ser que haja um aumento brusco de casos e muitas pessoas doentes. Tudo por causa de uma imprudência desnecessária”, completa.
Além disso, Sanchez considera que, se casos de aglomerações, como festas clandestinas, forem registrados durante o carnaval, os esforços de vacinação podem ser em vão. “É preciso que as duas frentes de combate estejam combinadas para que possamos vencer esta pandemia”, diz.
 
Em relação aos possíveis casos de descumprimento de medidas sanitárias e à realização de festas clandestinas, a Secretaria de Saúde informou, em nota, que a Vigilância Sanitária continuará intensificando as ações de fiscalização em bares, restaurantes, shoppings, centros comerciais e outros locais.
 
A Lei nº 6.437/1977 prevê autuação quando um estabelecimento oferece alto risco de contaminação em massa. O flagrante do desrespeito às normas pode gerar a aplicação de multa que varia entre R$ 2 mil a R$ 2 milhões, dependendo das irregularidades encontradas pelo órgão fiscalizador. A nota reforça que a pasta “continua orientando a população para evitar aglomerações, manter o uso de máscara e higienizar as mãos com água e sabão ou álcool em gel”.
 
» Colaborou Ana Maria Campos
 
 
 
A vacinação contra covid-19 no DF
 
Total de vacinados 44.315
Total de doses distribuídas 78.930
 
Doses recebidas: 125.160 doses da vacina CoronaVac,
41,5 mil doses da vacina de Oxford
 
* Cerca de 5% das doses recebidas fazem parte da reserva técnica para suprir possíveis perdas que possam acontecer ao longo da campanha. Dessa forma, há estoque para uma eventual reposição.
 
 
 
 
 
Denuncie irregularidades
 
O cidadão que flagrar desrespeitos por parte do comércio local tem duas opções: o telefone 162 (Ouvidoria) ou o 190. Já quem flagrar irregularidades no processo de vacinação pode denunciar ao Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), por meio de formulário eletrônico, pelo endereço www.mpdft.mp.br/ouvidoriainternet/#/ouvidoria ou pelo número 0800-644-9500 (ligação gratuita), em dias úteis, de 2ª a 6ª, das 12h às 18h.

Correio Braziliense sexta, 29 de janeiro de 2021

VOLTA ÀS AULAS COM EXPECTATIVA DE VACINA

Jornal Impresso

Volta às aulas com expectativa de vacina
 
Meta do GDF é de imunizar os quase 60 mil profissionais de escolas públicas e particulares até 8 de março, inclusive de setores administrativos e apoio, para que o ano letivo comece com atividades presenciais nas unidades da rede distrital

 

» SAMARA SCHWINGEL
» JÉSSICA MOURA

Publicação: 29/01/2021 04:00

Secretaria de Educação do DF detalhou as propostas para o próximo ano letivo durante o encerramento oficial do de 2020, ontem (Mary Leal, Ascom/SEEDF)  
Secretaria de Educação do DF detalhou as propostas para o próximo ano letivo durante o encerramento oficial do de 2020, ontem

O encerramento oficial do ano letivo da rede pública de educação do Distrito Federal marca o início de um novo desafio para o governo local: vacinar professores das redes pública e privada contra a covid-19. Mais de 50 mil profissionais compõem o grupo, incluído na quarta e última fase de prioridades na campanha da capital federal. O objetivo do governo é imunizar a todos antes de 8 março, data do início das aulas no sistema público. Funcionários de outros setores, como administrativo, limpeza e assistência também serão atendidos, o que eleva o número total para quase 60 mil — próximo do dobro do total de pessoas vacinadas até hoje no DF. O começo do atendimento desse público depende, agora, da compra e da liberação de mais doses da vacina pelo Ministério da Saúde.
 
“Vidas humanas importam, todas elas. Da merendeira, do vigilante, do temporário, do efetivo, do professor. Posso falar bem, porque eu sei o que eu passei com essa doença (covid-19). Então, quando falamos em profissionais de educação, falamos em todos os profissionais”, afirmou o secretário de Educação, Leandro Cruz, durante o evento de encerramento do ano letivo 2020 no Palácio do Buriti na manhã de ontem.
 
Da chegada de mais vacinas também depende a definição sobre o modelo de retorno às aulas adotado na rede pública. A Secretaria de Educação levará em consideração, ainda, a evolução da pandemia na capital. O mais provável é que o modelo híbrido, com aulas remotas e presenciais, seja adotado. “O fundamental, que foi uma grande conquista nossa, é que, em conversa com o governador (Ibaneis Rocha), ele pediu que, em Brasília, os profissionais de educação fossem mantidos como prioridade”, destacou o gestor. Como o plano de vacinação distrital segue o disponibilizado pelo governo federal, os professores, assim como agentes de segurança, chegaram a ser retirados da prioridade para vacinação. Devido à pressão das categorias, ambos voltaram a fazer parte desse grupo, por determinação de Ibaneis Rocha.
 
Para cobrir apenas o corpo docente do DF, é necessário cerca de 50,1 mil doses do imunizante, considerando que a rede pública conta com 35,7 mil professores, entre efetivos e temporários, segundo a Secretaria de Educação, e mais 15 mil da rede particular, segundo levantamento do Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinproep). Com os cerca de 8,8 mil outros funcionários da educação, essa conta chega a 59,5 mil.
 
Até o momento, o DF recebeu 125.160 doses da vacina CoronaVac, que é produzida pelo Instituto Butantan (SP) em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, e 41,5 mil doses da vacina Covishield, desenvolvida pela universidade inglesa de Oxford, com a farmacêutica sueco-britânica AstraZeneca. Considerando que cerca de 5% das doses recebidas fazem parte da reserva técnica, e a aplicação em duas doses da CoronaVac, o DF conta com cerca de 100 mil doses, que estão sendo usadas para imunizar profissionais da saúde; pessoas com mais de 18 anos em asilos e instituições de longa permanência; além de indígenas. A Covishield também prevê esquema de duas doses, mas em um prazo de 12 semanas entre uma e outra, o que dá segurança, segundo o Ministério da Saúde, para que outros lotes cheguem.
 
A expectativa é de que, nos próximos dias, a Secretaria de Saúde do DF receba mais doses de vacinas. Porém, tudo depende de um repasse do Ministério da Saúde, que também não informou data ou quantidade certa. A pasta aguarda, portanto, para ajustar como serão os próximos passos da campanha. Esta indefinição, segundo a diretora do Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF), Rosilene Corrêa, traz uma insegurança à categoria. “Sabemos que a pandemia trouxe prejuízos para a educação, mas, para termos uma segurança de retornar às aulas, mesmo que em formato híbrido, precisamos que todos que frequentam as unidades de ensino estejam vacinados. Esperamos que os prazos sejam cumpridos, assim como as previsões”, diz.
 
Já o diretor do Sinproep, Rodrigo Pereira, fia-se na promessa de que os profissionais da rede particular, que voltaram ao trabalho presencial ainda no ano passado, também serão vacinados. “Se, por acaso, houver alguma distinção em relação a isso, não vamos hesitar em recorrer à Justiça”, comenta. Ana Elisa Dumont, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe), reforça a importância de os funcionários serem vacinados o quanto antes. “Assim, os pais e alunos terão mais segurança de frequentarem as escolas, que são um apoio importante para as famílias”, diz.
 
Volta às aulas
Como o planejamento para vacinar os professores e profissionais da educação ainda está em discussão, o formato de retomada das atividades presenciais também não foi estabelecido na rede pública. No entanto, ainda no evento de ontem, o secretário explicou que a pasta se prepara para uma volta às escolas em um modelo híbrido: as salas de aula vão receber metade dos alunos de cada turma em uma semana presencialmente, enquanto os demais desenvolvem atividades a distância, pela plataforma de ensino remoto. Na semana seguinte, o grupo se inverte. “Independentemente do formato, estamos preparados para receber todos os estudantes que efetuaram a matrícula em 2021”, disse o secretário-executivo, Fábio de Sousa.
 
A procura por vagas na rede pública diminuiu em relação ao ano passado: em 2021, houve a inscrição de 31.048 novos estudantes, uma redução de 19,5% em relação a 2020. As aulas, que começam em 8 de março, vão até 22 de dezembro. Ainda estão previstas aulas remotas em 11 sábados ao longo do ano para assegurar o cumprimento dos 200 dias letivos.
 
Segundo Leandro Cruz, apesar das indefinições, as aulas serão em todas as 686 escolas em 8 de março, mesmo que seja necessário seguir o modelo remoto. A medida vale para todas as etapas de ensino, inclusive as creches. O secretário-executivo Fábio de Sousa assegurou que as escolas serão equipadas com álcool em gel, lavatórios nas entradas e haverá distribuição de máscaras para estudantes e funcionários. As unidades também devem passar novamente por sanitização.
 
Leandro Cruz ainda ressaltou que, mesmo se a vacinação não avançar, as aulas presenciais serão retomadas, mas que, neste caso, o formato pode ser revisto. “Em qualquer um dos cenários nós estaremos prontos”, assegurou o subsecretário de Educação Básica, Tiago Cortinaz.
 
Para o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Escolas Públicas do DF (SAE-DF), Denivaldo Alves, as atividades presenciais devem retornar apenas com todos vacinados. “Do contrário, não me arriscaria. Tem que estabelecer um cronograma, dentro da ordem de prioridade, do mais velho para o mais novo”, sugere.
 
Novidade
O secretário Leandro Cruz anunciou, durante a cerimônia, que, quando as aulas recomeçarem, será implementado o programa Virando o Jogo Na Educação. O objetivo da iniciativa é reunir projetos pedagógicos e de esporte e cultura com o intuito tanto de promover a readaptação quanto o acompanhamento dos estudantes afetados pela pandemia do coronavírus ao longo de 10 anos. “O ano de 2020 deixará graves sequelas na educação de Brasília”, ponderou. “Esse dano vai acompanhar o estudante, a política pública de recuperação de tratamento desse dano também seguirá”,  completou.
 
 
Linha do tempo
 
» 10 de fevereiro de 2020
Início do ano letivo
 
» 7 de março
Confirmação do primeiro caso de covid-19 no DF
 
» 12 de março
Suspensão das aulas em todas as escolas do DF
 
» 13 de julho
Aulas são retomadas a distância na rede pública
 
» 15 de julho
Governo autoriza volta às aulas presenciais a partir de 31 de agosto, mas não marca data de início na rede pública
 
» 21 de setembro
Aulas presenciais são retomadas na rede particular, de forma escalonada, a começar pela educação infantil
 
» 31 de dezembro
Calendário letivo da rede pública de 2021 é homologado
 
» 25 de janeiro
Parte das escolas 
particulares começam o ano 
letivo de 2021
 
» 28 de janeiro de 2021
Fim do ano letivo de 2020 
na rede pública
 
» 8 de março
Previsão de retorno das atividades na rede pública, em modelo híbrido
 
 
Números
 
Rede pública
 
686 escolas
460.475 estudantes
35.796 professores efetivos e temporários
8.813 servidores de assistência
 
 
Rede particular
 
600 escolas
280 mil estudantes aproximadamente
15 mil professores efetivos e temporários
Fontes: Secretaria de Educação do DF e Sinproep

Correio Braziliense quinta, 28 de janeiro de 2021

CORONAVÍRUS - VACINAÇÃO - PRIMEIRA ETAPA PERTO DO FIM

Jornal Impresso

Primeira etapa perto do fim
 
Governo do Distrito Federal espera que mais de 90% dos profissionais da saúde; cuidadores, idosos e deficientes em instituições de acolhimento; e indígenas recebam a primeira dose dos imunizaentes até domingo. Ao todo, 33.317 pessoas foram vacinadas

 

» SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 28/01/2021 04:00

Segundo a Secretaria de Saúde, a vacinação dos indígenas deve ser concluída amanhã. Idosos com mais de 80 anos serão os próximos a receberam as doses (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  

Segundo a Secretaria de Saúde, a vacinação dos indígenas deve ser concluída amanhã. Idosos com mais de 80 anos serão os próximos a receberam as doses

 


Com o processo de vacinação contra a covid-19 avançando no Distrito Federal, a Secretaria de Saúde (SES/DF) espera que, até o fim de janeiro, mais de 90% dos profissionais de saúde, tanto da rede pública quanto da particular, tenham recebido a primeira dose do imunizante contra a doença. A pasta quer priorizar a categoria para não perder capacidade de resposta e atendimento ao novo coronavírus, que continua circulando na capital federal. Indígenas aldeados, idosos e pessoas com deficiência acolhidos devem ter a primeira etapa da vacinação encerrada amanhã. Enquanto isso, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) investiga possíveis fraudes no processo de vacinação. Até o momento, o DF recebeu 125,1 mil doses da CoronaVac — imunizante produzido, no Brasil, pelo Instituto Butantan em parceria com a farmaceuta chinesa Sinovac — e 41,5 mil da Oxford/AstraZeneca, importadas da Índia.
 
De acordo com o secretário adjunto de Assistência à Saúde substituto da SES, Alexandre Garcia, só não serão imunizados 100% dos profissionais da categoria pois há uma parcela que não poderá receber a vacina. “É o caso de grávidas e de quem não queira tomar a vacina. Por isso, não estabelecemos a meta de vacinar 100% dos servidores”, diz. Garcia reforça a importância da vacinação. “A Saúde trabalha e funciona em equipe. Por isso, é preciso vacinar médicos, enfermeiros, pessoal da limpeza, do administrativo e por aí em diante. Precisamos de todos para que as unidades de saúde funcionem plenamente”, alerta.
 
Além dos profissionais de saúde, idosos acima dos 60 anos que estão em instituição de acolhimento ou asilos e pessoas com mais de 18 anos com deficiência física que vivem nessa mesma condição, bem como seus cuidadores; e a população indígena são prioridades no Plano Distrital de Vacinação. A expectativa da pasta é de que a aplicação do imunizante nessa parcela da população se encerre nesta sexta-feira. O Governo do Distrito Federal (GDF) espera receber mais doses em até 15 dias para, então, ampliar a vacinação aos demais grupos previstos na campanha. Segundo o plano, os próximos são os idosos acima de 80 anos. “À medida que fomos recebendo as doses, vamos abaixando a idade do grupo prioritário. Depois de 80, vamos imunizar os idosos acima de 75 anos e assim seguimos”, detalha Alexandre Garcia.
 
Também há uma expectativa de que os professores das redes pública e particular comecem a ser vacinados em março, a fim de se ter um nível de segurança maior, visto que o ano letivo de 2021 começa no dia 8 de março. Entretanto, a pasta não divulgou uma data certa para o início da imunização dos docentes nem quantas doses estarão disponíveis.
 
Apesar da divisão em prioridades, o secretário adjunto garante que todos os moradores do DF serão vacinados, cada um no seu tempo. “Acredito que, em algum momento, teremos uma quantidade segura de vacinas no mercado. Por isso, peço para as pessoas ficarem tranquilas, a vacina vai chegar a todos. Só não conseguimos estabelecer datas concretas pois dependemos dos repasses do Ministério da Saúde”, completa Garcia. Até lá, ele reforça: é preciso continuar seguindo os protocolos de segurança sanitária. “O vírus ainda está em circulação, então, até que tenhamos vacinado uma boa parte da população, é necessário que as pessoas colaborem e continuem usando máscaras, álcool em gel e com distanciamento social”, ressalta Alexandre.
 
Fiscalização
A força-tarefa de combate à pandemia do MPDFT deve realizar, na manhã de hoje, mais visitas aos locais de vacinação para acompanhar o processo e verificar se há possíveis irregularidades. Desde o início da imunização no DF, o Ministério Público tem recebido diversas denúncias de que, durante a primeira fase, pessoas que não faziam parte do grupo prioritário teriam recebido a primeira dose. De acordo com ofício encaminhado pela Procuradoria dos Direitos do Cidadão à Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde (Prosus) do MPDFT, pelo menos 10 unidades de saúde foram citadas nas denúncias. São elas: os hospitais regionais de Taguatinga, Ceilândia, Sobradinho, Guará e Santa Maria, o Hospital de Base, Hospital Universitário de Brasília (HUB), Hospital Materno-Infantil de Brasília (HMIB), Hospital das Clínicas, Pronto-Socorro de Fraturas de Ceilândia e a Diretoria Regional de Atenção Primária à Saúde (Diraps)/Superintendência da Região de Saúde Oeste.
 
Ainda segundo o ofício a que o Correio teve acesso, a Prosus possui atribuição legal para oferecer eventuais denúncias caso sejam identificadas condutas ilícitas ao longo da execução da vacinação no DF. Segundo o promotor da Prosus, Cleyton Germano, caso as irregularidades sejam confirmadas, os envolvidos podem responder por peculato, no âmbito criminal, e por improbidade administrativa, no âmbito cível. “O que podemos dizer, no momento, é que as investigações estão em curso, e a Prosus acompanha de perto as visitações da força-tarefa”, resume.
 
 
1.052 doentes em 24h
 
Nas últimas 24 horas, o Distrito Federal registrou 1.052 infecções e três óbitos pelo novo coronavírus. No total, a capital acumula 273.427 casos e 4.508 mortes pela covid-19. Ceilândia segue como a região com mais ocorrências, são 30.566. Plano Piloto (25.173) e Taguatinga (22.083) estão em seguida. Os recuperados somam 262.643. A média móvel de casos registrada foi de 989.
 
 
Palavra de especialista
 
 
“Temos que confiar no imunizante”
 
Na área da saúde, é duplamente importante que as pessoas se vacinem, pois, quando algum profissional fica doente, ele deixa de prestar assistência à comunidade. E, se muitos servidores forem atingidos, pode levar a um colapso no atendimento e elevar a mortalidade entre os pacientes, sendo eles de covid-19 ou não. Além disso, os profissionais de saúde atendem pessoas já doentes com outras enfermidades. Se o servidor estiver infectado e assintomático, ele pode transmitir para estes pacientes e agravar o quadro de muitos. Outro ponto importante para se levar em conta é que esta é uma das classes mais expostas aos riscos da covid-19, o que é um bom motivo para que as pessoas queiram se vacinar. Me choca que existam profissionais de saúde que optem por não serem imunizados. Não faz sentido. A vacina já foi aplicada e testada em diversas pessoas, e não há nenhum relato de eventos adversos graves. Temos que confiar no imunizante, só assim acabaremos com esta crise sanitária
 
Alexandre Cunha, Infectologista do Hospital Sírio-Libanês

Correio Braziliense quarta, 27 de janeiro de 2021

CORONAVÍRUS - VACINA DEIXA MERCADO OTIMISTA

 Jornal Impresso

CORONAVÍRUS
 
Vacina deixa mercado otimista
 
A crise financeira enfrentada por diversos segmentos pode estar caminhando para o fim. Especialistas e representantes do setor produtivo preveem cenário promissor a partir de julho, quando grande parte da população tiver recebido o imunizante

 

» ALEXANDRE DE PAULA
» CIBELE MOREIRA

Publicação: 27/01/2021 04:00

 (Ed Alves/CB/D.A Press)  
A crise econômica causada pela pandemia da covid-19 abalou o setor produtivo do Distrito Federal no ano passado. Em 2020, segundo estimativa do Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista-DF), 750 empresas fecharam as portas por causa das dificuldades. O início da vacinação, entretanto, trouxe esperança para os empresários locais, que acreditam que a imunização deve puxar a retomada no segundo semestre. Especialistas e entidades ouvidas pelo Correio avaliam que o cenário deve mudar a partir de julho.
 
Para o presidente do Sindivarejista-DF, Edson de Castro, o início da campanha de imunização representou alívio para os lojistas. “Ter a vacina é um grande passo. Agora, a nossa preocupação é com a conscientização das pessoas para que mantenham os cuidados sanitários até todos estarem vacinados”, pondera. A expectativa é de que o fluxo financeiro comece a melhorar a partir de março e ganhe força em agosto com as datas comemorativas, como Dia dos Pais, Dia das Crianças, Black Friday e Natal. Em relação à Páscoa, celebrada em 4 de abril, Edson espera um período de vendas melhor do que em 2020. “No ano passado, foi terrível. Com um vírus que ninguém sabia como lidar. Este ano, estamos melhor, com uma luz no fim do túnel.”
 
Presidente Sindicato Patronal de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar), Jael Antônio da Silva concorda que o começo da vacinação, no Distrito Federal, criou esperança. Porém, na prática, o setor de bares e restaurantes só sentirá os impactos da imunização contra a covid-19 quando atingir grande parte da população. “Neste primeiro momento, a prioridade é vacinar os profissionais da saúde e os idosos, que não representam a maioria do nosso público-alvo”, explica.
 
Segundo o presidente da Federação das Indústrias do DF (Fibra-DF), Jamal Bittar, a imunização é a única esperança, no momento, para reaquecer a economia. “As reformas não virão tão rápido. Na política, o tema é a eleição no Congresso. Então, a vacinação é o que pode acelerar essa recuperação, é o que tem alimentado essa esperança para o segundo semestre, apesar de ainda existir incertezas”, argumenta. Ela ressalta que, para que a expectativa se concretize, é necessário que o governo federal atue no sentido de garantir a vacinação ampla.
 
Expectativa realista
Professor do departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB), Carlos Alberto Ramos avalia que a imunização contra a covid-19 terá um impacto grande entre a população de menor renda, “entre as pessoas que precisam sair de casa para trabalhar, onde o serviço de home office não é possível”. De acordo com o docente, haverá alívio aos cofres públicos. “Se há mais pessoas consumindo, mais impostos serão arrecadados. As demandas do auxílio emergencial também diminuem, assim como a menor pressão no gasto da saúde”, exemplifica.
 
Hemerson Luz, especialista em doenças infecciosas e médico dos hospitais de Base e das Forças Armadas (HFA), acredita que a perspectiva do setor produtivo não é utópica. “É uma estimativa boa a de que as pessoas possam se expor no segundo semestre sem risco de disseminar a covid-19 e de estar doentes depois de vacinadas. Assim, poderíamos ter força de trabalho maior e economia mais aquecida. É realista pensar nesse prazo.”
 
O médico alerta que é preciso levar em conta, para essa avaliação, o tempo necessário para que a vacina traga efeitos. “Temos de lembrar que, depois da segunda dose, são, pelo menos, quatro semanas para ter imunidade e que, quanto maior a parcela da população imunizada, menor a chance de o vírus circulando. Então, é um processo que não será imediato, mas o aspecto de pandemia deve ir se desfazendo ao longo do segundo semestre”, prevê.
 
O Correio questionou a Secretaria de Economia sobre os impactos que a imunização traria aos cofres públicos, além de solicitar um balanço dos impactos que a pandemia causou nas contas do Governo do Distrito Federal (GDF). A pasta informou, apenas, os dados relativos ao ano passado. “No acumulado de janeiro a dezembro de 2020, a arrecadação tributária somou R$ 17,3 bilhões em valores correntes, o que representou aumento nominal de 4,5% e real de 0,8% em relação a igual período 2019.” A pandemia, segundo a pasta, teve influência no decréscimo real do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), que foi de cerca de R$ 180 milhões. Em 2019, o ISS foi responsável pelo recolhimento de R$ 1,976 bilhão.
 
Compra direta
A possibilidade de compra direta de vacinas pelo setor produtivo é vista com cautela. A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF) anunciou, em janeiro, que abriria licitação para 100 mil doses, mas as regras para aquisição particular não estão definidas no país. Ontem, o presidente Jair Bolsonaro demonstrou apoio ao pleito apresentado por empresários para a compra da vacina contra a covid-19, da farmacêutica AstraZeneca e da Universidade de Oxford, pelo setor privado. Apesar do governo federal se mostrar favorável ao pedido, a AstraZeneca comunicou que, no momento, não será possível disponibilizar doses para a iniciativa privada, pois o acordo firmado com o Ministério da Saúde é para a distribuição das vacinas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
 
Presidente da Fibra, Jamal Bittar diz que há estudos na Confederação Nacional do Comércio para que ocorra compra de vacinas para empregados da indústria. “O DF, com certeza, seria o primeiro a entrar nesse processo, mas existem limitações de quantidade e legais — adequadas, porque é preciso, primeiro, pensar no interesse público e, depois, nos setores. Mas, estamos discutindo para fazer a compra no momento em que for possível”, adianta.
 
O setor da construção civil também estuda a possibilidade de adquirir a vacina, mas, segundo o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF), Dionyzio Klavdianos, não há nada definido diante das incertezas sobre a venda para o setor privado. “Nacionalmente, já fomos sondados, mas ainda há muitas dúvidas antes que isso possa se concretizar”, explicou.
 
O presidente do Sindivarejista-DF acredita que este não é o momento para se pensar em comprar vacinas pela rede privada. “Não há nenhuma movimentação pelo Sindivarejista em relação a isso. Principalmente, pelo perigo de aquisição de vacina falsa. Não podemos nos comprometer com isso. Por enquanto, vamos aguardar”, afirma Edson de Castro. Já o representante do Sindhobar ressalta que a categoria seguirá o planejamento de vacinação do GDF. “Vamos deixar que vacinem quem está na linha de frente, os profissionais de segurança e os idosos”, destaca Jael Silva.
 
 
 
 
1.056 novos casos
 
O Distrito Federal chegou, ontem, aos 272.375 casos de covid-19. Foram registradas 1.056 infecções a mais do que na segunda-feira. Ao todo, 4.505 pessoas morreram na capital federal em decorrência da doença, dos quais 15 foram notificados ontem. Ceilândia é a região em que maior número de casos, com 30.495. Em sequência, vêm Plano Piloto (25.020) e Taguatinga (22.006).
 
 
Palavra de especialista
 
Aposta no segundo semestre
 
“A grande questão é que o governo federal que estava resistente à vacina, agora, comprou a ideia, porque via que a popularidade está relacionada a isso. O próprio Paulo Guedes (ministro da Economia) tem defendido isso. Então, há um entendimento de que a vacina é a nossa grande solução, e a questão de Manaus, agora, mostrou que era preciso mudar a visão. No DF, a economia depende muito do corpo a corpo. Então, embora muitos setores tenham se adaptado bem ao delivery, ao e-commerce e ao home office, a vacina vai trazer um avanço. A avaliação é de que o primeiro semestre de 2021 não vai ser como esperávamos, vai ser pior ou parecido com o segundo semestre de 2020, mas vejo que o ponto nevrálgico é o segundo semestre de 2021, quando vai começar a haver aquele alívio que esperávamos para março deste ano. Como as pessoas estão muito ansiosas por retomar as atividades, teremos uma recuperação rápida, mas 2021 ainda deve ser um ano difícil, de catar os cacos e, em 2022, teremos a retomada efetiva.”
 
César Bergo, presidente do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal (Corecon-DF)
 
 
Imunização em andamento
 
Total de vacinas, até o momento, no DF: 
 
141.660
 
CoronaVac (Sinovac Biotech) : 
 
106.160
 
Covidshield (AstraZeneca/Oxford): 
 
41.500
 
Pessoas que receberam a primeira dose: 
 
23.227

 


Correio Braziliense terça, 26 de janeiro de 2021

CORONAVÍRUS - VACINA PARA IDOSOS, SAÚDE E EDUCAÇÃO

Jornal Impresso

CORONAVÍRUS
 
Vacina para idosos, Saúde e Educação
 
Governo do Distrito Federal ampliou a aplicação do imunizante para trabalhadores que não estão na linha de frente no combate à covid-19. Pessoas acima de 80 anos estão na próxima fase do plano, e professores devem receber as primeiras doses até março

 

» JÉSSICA MOURA
» LUANA PATRIOLINO

Publicação: 26/01/2021 04:00

Apesar de ainda não ter recebido autorização da Anvisa, União Quimica pretende importar 10 milhões de doses da vacina Sputnik V (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  

Apesar de ainda não ter recebido autorização da Anvisa, União Quimica pretende importar 10 milhões de doses da vacina Sputnik V

 


A partir de hoje, todos os trabalhadores de saúde da rede pública e dos hospitais particulares do Distrito Federal poderão ser imunizados contra a covid-19. “Estaremos ampliando o público beneficiado para todos os profissionais de saúde da rede pública, sem distinção de categorias, e para os profissionais que atuam nos hospitais da rede privada”, disse o secretário de Saúde, Osnei Okumoto. Segundo a pasta, os servidores públicos receberão as doses nas unidades na Região de Saúde onde atuam, e os trabalhadores da rede privada seguem sendo vacinados nos estabelecimentos onde prestam serviço.
 
Com a entrega da nova remessa da CoronaVac, o Governo do Distrito Federal (GDF) afirmou que pretende vacinar, na próxima etapa, idosos acima de 80 anos. Professores devem receber o imunizante contra a covid-19 até março, quando haverá retorno das aulas presenciais da rede pública da capital. Segundo o governador Ibaneis Rocha (MDB), cerca de 150 mil doses, que estão ainda sendo preparadas para envio, devem ser repassadas ao DF pelo Plano Nacional de Imunização. O anúncio foi feito, ontem, durante visita à fábrica Bthek, da União Química — responsável pela produção do imunizante Sputnik V, no Brasil.
 
“Queremos proteger os nossos professores também para que a gente possa ter um nível de segurança maior”, disse Ibaneis. “Só assim vamos acabar com isso”, completou. De acordo com o governador, o DF deve receber, até o fim da semana, cerca de 150 mil doses da CoronaVac, do Ministério da Saúde.
 
Durante a visita, o governador comentou que manterá restrições a bares e restaurantes, que devem encerrar o funcionamento até as 23h. “A gente entende a reclamação de todos eles, sabemos do impacto que ocorre na parte da economia, mas nós temos que nos preocupar com a nossa rede hospitalar e com a saúde da população, que, nesse momento, para mim, é prioritário”. No fim de semana, os fiscais do DF Legal fecharam quatro festas clandestinas.
 
O Distrito Federal vive o desafio de controlar a disseminação do novo coronavírus. Especialistas reiteraram a importância de vacinar a população para evitar uma segunda onda da doença. “Apesar dessa guerra toda, a arma que nós temos, neste momento, para a covid-19, é vacinar a população o mais rápido possível e aplicar as medidas restritivas”, alerta o infectologista Julival Ribeiro, membro da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal. Sete dias após o início da campanha de vacinação contra a covid-19 no DF, 18,5 mil pessoas receberam as doses da CoronaVac, imunizante produzido, no Brasil, pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac.
 
No domingo, 41,5 mil doses da Covidshield, imunizante da Universidade de Oxford/AstraZeneca desembarcaram no DF e refroçaram o estoque para vacinar o grupo prioritário, formado por profissionais da saúde , idosos com mais de 60 anos e pessoas com deficiência que vivem em abrigos, cuidadores e indígenas.
 
Julival Ribeiro ressalta que, para a capital atingir a imunidade coletiva e cessar a pandemia, seria preciso vacinar, pelo menos, 75% da população. O DF tem de mais de 3 milhões de habitantes. “Primeiro, alguns não vão desenvolver anticorpos. Em segundo lugar, temos grupos imunossuprimidos, e ninguém sabe ainda quanto dura a proteção”, frisa. Ele avisa que, mesmo que a campanha esteja em curso, a população deve continuar adotando os cuidados sanitários: “Higienizando as mãos, manter o isolamento, uso de máscara e, sobretudo, evitar as aglomerações”, diz.
 
Visita
Atualmente, a CoronaVac e a Covidshield possuem autorização de uso emergencial da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para serem aplicadas na população. Depois da liberação, em 17 de janeiro, as doses foram distribuídas aos estados por meio do Programa Nacional de Imunização (PNI) em quantidade proporcional à população. Além das 41,5 mil doses da vacina de Oxford, o DF recebeu 105,6 mil unidades da CoronaVac.
 
A União Química firmou acordo com o Instituto Gamaleya para obter a transferência de tecnologia para produção da Sputnik V e deu início à fabricação em um estágio piloto no laboratório em Santa Maria. A empresa teve uma nova rodada de negociações com a Anvisa para conseguir a liberação de uso emergencial do imunizante no Brasil e para a realização de testes clínicos de fase três em voluntários brasileiros. Desse modo, toda a fabricação da vacina seria feita no Brasil, uma vez que a empresa produz o Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), princípio ativo do imunizante.
 
A empresa pretende importar 10 milhões de doses prontas da Rússia. Com a autorização para uso emergencial, a empresa alega que poderia produzir 8 milhões de frascos com doses unitárias por mês, a partir de março. Porém, o governador Ibaneis assegurou que vai seguir o PNI para receber os imunizantes encaminhados pelo governo federal e que não vai comprar doses antecipadas da Sputnik V ou reservar lotes.
 
Diretor de Negócios Internacionais da União Química, Rogério Rosso está otimista quanto à liberação da Sputnik V pela Anvisa. “Iniciados os testes clínicos, vamos fazer a importância emergencial de 10 milhões de doses. E, ao longo do ano, a produção da União Química e importação de vacinas da Rússia, teremos 150 milhões de doses até dezembro”, disse.
 
O embaixador russo Sergey Akopov ressaltou que o momento é de união. “Quanto mais vacinas existirem no mundo, é melhor. É lógico que, hoje, nenhum país sozinho pode ganhar esta guerra, então nós unimos todos os esforços de todas as nações do mundo para combater essa realidade”, pondera.
 
Fura-filas
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) recebeu denúncias de que pessoas fora dos grupos prioritários receberam os inoculantes da farmacêutica chinesa Sinovac. O órgão questionou a Secretaria de Saúde quanto à integridade do processo, informou que vai acompanhar a vacinação e cobrou transparência na aplicação das doses.
 
Diante do posicionamento do MPDFT, a Saúde passou a divulgar um balanço diário do andamento da vacinação no DF em sua página oficial (saude.df.gov.br). A Comissão Especial da Vacina da Câmara Legislativa (CLDF), presidida pelo deputado Fábio Felix (PSol), lançou um canal para registrar as denúncias de irregularidades na aplicação da vacina. O serviço funciona pelo WhatsApp — (61) 9 9904-1681.
 
Ontem, representantes da força-tarefa do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que acompanha as medidas de enfrentamento à pandemia no DF, realizaram uma vistoria no Hospital Regional do Gama (HRG). De acordo com o órgão, o objetivo é verificar a aplicação de vacinas de prevenção à covid-19. O local foi escolhido a partir de relatos de desrespeito às diretrizes definidas no Plano Distrital de Vacinação. Mais de 900 profissionais da área de saúde foram vacinados na unidade. A previsão é que 1,2 mil servidores sejam imunizados no hospital. Ao Correio, MPDFT informou que está apurando as denúncias a respeito de “fura-filas” e não pode divulgar dados para não atrapalhar as investigações.
 
 
4.490 mortos
 
Segundo a Secretaria de Saúde, 1.148 diagnósticos da covid-19 e 14 mortes devido à doença foram notificados nas últimas 24 horas. Com os registros, a capital totaliza 271.319 casos confirmados e 4.490 mortes —  260.216 (95,9%) pacientes estão recuperados. A média móvel de casos está em 864, e de óbitos, em 9,43.

Correio Braziliense segunda, 25 de janeiro de 2021

CORONAVÍRUS - MAIS VACINA E COMBATE AOS FURA-FILAS NO DF

Jornal Impresso

Mais vacina e combate aos fura-filas no DF
 
Os 41,5 mil imunizantes AstraZeneca/Oxford chegaram ontem a Brasília. Secretaria de Saúde divulga, hoje, plano de vacinação com a nova remessa. Também nesta segunda, MPDFT visita hospitais para acompanhar supostas irregularidades na campanha de imunização

 

» CIBELE MOREIRA

Publicação: 25/01/2021 04:00

Importado do Laboratório Serum, na Índia, o imunizante chegou ao Distrito Federal ontem, por volta das 7h50, em voo comercial da Gol (Ed Alves/CB/D.A Press)  
Importado do Laboratório Serum, na Índia, o imunizante chegou ao Distrito Federal ontem, por volta das 7h50, em voo comercial da Gol
 
Vacinas foram transportadas do Aeroporto até a Rede de Frios do DF   (Ed Alves/CB/D.A Press)  
Vacinas foram transportadas do Aeroporto até a Rede de Frios do DF  
 Após a chegada das 41,5 mil doses da vacina AstraZeneca/Oxford, ontem, ao Distrito Federal, a Secretaria de Saúde define, hoje, o plano de vacinação com o imunizante importado da Índia, em reunião com a Comissão de Vacinação. Detalhes de quem poderá receber a dose e como ocorrerá a aplicação da vacina serão divulgado ao longo do dia. Ao todo, o DF conta com 141.660 doses de imunizantes. Na semana passada, mais de 15 mil pessoas foram vacinadas com a primeira dose da CoronaVac. No entanto, foram denunciadas diversas irregularidades envolvendo a aplicação do imunizante em servidores da saúde que estão fora do grupo prioritário definido pela pasta. As acusações chegaram ao conhecimento do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que acompanhará de perto como está sendo feito o controle e a vacinação. Hoje, equipes da força-tarefa de combate à pandemia da covid-19 do MP, coordenada pelo procurador José Eduardo Sabo Paes, vão visitar alguns dos hospitais que fazem parte da campanha de vacinação. 
 
A Secretaria de Saúde abriu uma investigação para apurar as acusações de fraude junto às superintendências das regionais. Segundo a pasta, em alguns dos casos apresentados, houve a constatação de que esses servidores atuam em dupla jornada, ou seja, que exercem funções administrativas durante um período, além de trabalhar em local de exposição ao novo coronavírus em outro turno. A secretaria afirmou que, para os casos em que forem comprovadas irregularidades, o gestor responsável pela área e o servidor beneficiado responderão administrativamente pelos atos.
 
Com o objetivo de coibir e identificar as pessoas que estão tomando as doses indevidamente, o Governo do Distrito Federal (GDF) adotou várias medidas para garantir transparência ao processo de vacinação. A Secretaria de Saúde solicitou aos gestores de cada unidade de saúde, pública e privada, uma lista com identificação do servidor, com nome completo, CPF e local de trabalho de quem compõe o grupo prioritário. Por meio da lista, será elaborado um termo de autodeclaração, onde o servidor deverá reconhecer que compõe o grupo prioritário, sob risco de ficar sujeito a sanções.
 
Para a infectologista do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) Joana Darc Gonçalves, é importante que as pessoas respeitem a fila de priorização. “Cada um tem de ter a consciência que existe um programa de imunização que leva em consideração o risco de infecção da doença. É necessário ter um pouco mais de paciência. Se a gente não cuidar de quem cuida da gente, quem vai cuidar?”, pondera. Joana ressalta que a chegada das vacinas não representa o fim da pandemia. “O ambiente seguro só será após a imunidade de rebanho. As pessoas devem continuar usando máscara, mantendo o distanciamento e seguindo as medidas de proteção. Nosso comportamento pode salvar vidas”, afirma. 
 
Uma das maiores preocupações são as crescentes festas com aglomeração que tem ocorrido na cidade. “Quem está se expondo mais são os mais jovens, que ainda vão demorar para tomar vacina. É quase um apelo para que tenham paciência e que cumpram as normas sanitárias. O descuido neste momento é preocupante, pois existem variantes do vírus que começaram a circular no Brasil e podem aparecer, mas que não estão cobertas pela vacina”, alerta. 


Remessa da AstraZeneca/Oxford chegou ao DF sob esquema de segurança da Polícia Federal (Ed Alves/CB/D.A Press)  
Remessa da AstraZeneca/Oxford chegou ao DF sob esquema de segurança da Polícia Federal


 
41,5 mil doses 
 
A remessa da vacina AstraZeneca/Oxford chegou ao Distrito Federal sob forte esquema de segurança da Polícia Federal. O voo comercial da Gol aterrissou no Aeroporto de Brasília às 7h50 de ontem. As caixas com os imunizantes foram encaminhadas para a Central de Rede de Frios da Secretaria de Saúde do DF por volta das 8h45, para a realização da triagem, verificação de temperatura e climatização. As doses estão acondicionadas a temperaturas de 2° a 8°C, conforme orientação do fabricante. A expectativa é que o início da aplicação das doses ocorra nesta semana
 
Nos bastidores, o Correio apurou que as vacinas podem contemplar os profissionais da saúde que ficaram de fora da primeira etapa de vacinação, definida para as 106.160 doses da CoronaVac, o plano oficial para a utilização das vacinas que chegaram ontem será divulgado hoje pela Secretaria de Saúde. Diferentemente do que ocorreu com a vacina chinesa, nesta remessa há a possibilidade de imunizar 41,5 mil pessoas sem precisar guardar o imunizante para a segunda dose. Esta mudança é possível devido ao intervalo entre a primeira aplicação e o reforço. “Precisamos traçar os procedimentos de como fazer para que não haja confusão. Esse é o primeiro lote da AstraZeneca, que possui um processo diferenciado da CoronaVac”, explica a chefe da Rede de Frios do DF, Tereza Luiza Pereira, à Agência Brasília.
 
Tereza conta que os frascos que chegaram da AstraZeneca contam com dez doses, cada, e têm um intervalo longo para a segunda dose, de 8 a 12 semanas. “Ou seja, podemos aplicar e esperar a próxima carga”, afirma. No caso da CoronaVac, o período é entre 14 a 28 dias. A utilização de dose única da AstraZeneca é defendida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), responsável pela produção do imunizante no Brasil. Com duas vacinas distintas, a atenção deve ser redobrada para quem for vacinado. Para ter a eficácia garantida da imunização contra o novo coronavírus, é necessário que as duas doses sejam do mesmo fabricante. Caso contrário, pode perder o efeito ou ter uma cobertura inferior à esperada.


141.660
Doses de vacina chegaram ao Distrito Federal até o momento

Correio Braziliense domingo, 24 de janeiro de 2021

CORONAVÍRUS - VACINAÇÃO - ASTRAZENECA-OXFORD - DF RECEBE 41,5 MIL DOSES

Jornal Impresso

ASTRAZENECA/OXFORD
 
DF recebe 41,5 mil doses da vacina
 
Liberado pelo Ministério da Saúde, imunizante chega hoje na capital federal. A expectativa é que, com a remessa oriunda da Índia, todos os profissionais da saúde do Distrito Federal sejam vacinados. GDF define cronograma nos próximos dias

 

» CIBELE MOREIRA
» ROBERTA PINHEIRO

Publicação: 24/01/2021 04:00

Remessa que chega hoje vem da Índia. Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) é a responsável pela produção da vacina AstraZeneca no Brasil  (Punit Paranjpe/AFP)  

Remessa que chega hoje vem da Índia. Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) é a responsável pela produção da vacina AstraZeneca no Brasil

 

 
Há menos de uma semana do início da campanha de vacinação contra a covid-19, os brasilienses ganham reforço com a liberação de 41.500 doses da vacina AstraZeneca/Oxford. A remessa, oriunda da Índia, chega hoje ao Distrito Federal. A expectativa é atender todos os profissionais da saúde previstos nesta primeira fase de imunização. A Secretaria de Saúde divulgará, nos próximos dias, a proposta de vacinação com essas doses. De acordo com a pasta, entre terça e sábado, foram vacinados 15.134 pessoas com a primeira dose da CoronaVac. Desde o início da pandemia, o DF registrou 269.350 casos confirmados do novo coronavírus e 4.468 mortes por complicações da doença.
 
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), responsável pela produção da vacina AstraZeneca no Brasil, encaminhou uma recomendação para a aplicação de dose única neste primeiro momento. O infectologista Hemerson Luz conta que a orientação se baseia na eficácia com apenas uma dose. De acordo com ele, a segunda dose serve como reforço. “Estudos apontam que, nesse caso, a eficácia é maior do que aplicando duas doses igualmente”, explica. No caso de uma única aplicação, como recomendado pela Fiocruz, a eficácia é semelhante à de duas doses.
 
Mesmo com o pedido da Fiocruz, o Ministério da Saúde ainda não se pronunciou oficialmente. Amanhã, o órgão deve se manifestar em relação aos protocolos a serem seguidos com a remessa da vacina da AstraZeneca. O Correio apurou que o Distrito Federal poderá imunizar 41.500 pessoas com as novas doses, e após os três meses recomendados para a aplicação da segunda dose, o reforço será feito com outra remessa. 
 
Para Alexandre Cunha, vice-presidente da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, a vacina que chega, hoje, ao DF teve bom desempenho nos estudos apresentados. Na avaliação de Cunha, ela deve ser aplicada conforme foi estudada. “Para garantir a eficácia do estudo, o protocolo de aplicação tem de seguir as mesmas regras e exigências. Ela vem contribuir com o nosso arsenal de vacinas, porque nenhum fabricante sozinho vai conseguir suprir a nossa demanda”. Alexandre também pondera que não é certo comparar as eficácias das vacinas disponíveis. “Os desenhos dos estudos que são feitos para avaliar as eficácias são diferentes. O que você define por eficácia pode ter critérios diferentes e ser aplicado em uma população diferente. A questão metodológica torna difícil a comparação”, justifica. 


Fiocruz recomenda aplicação de dose única da vacina de Oxford. Secretaria de Saúde definirá nos próximos dias proposta de vacinação no DF (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  

Fiocruz recomenda aplicação de dose única da vacina de Oxford. Secretaria de Saúde definirá nos próximos dias proposta de vacinação no DF

 



 
Vacinas
 
Com as vacinas da AstraZeneca, a capital federal conta com 141.660 doses de imunizantes contra a covid-19. Até o momento, estão sendo priorizados os profissionais da saúde que atuam na linha de frente no atendimento a pacientes com suspeita ou nos casos confirmados do novo coronavírus, além de idosos e pessoas com algum tipo de deficiência que vivem em instituição de acolhimento de longa permanência, e a população indígena. Na última segunda-feira, o Distrito Federal recebeu 106.160 doses da CoronaVac, que foram divididas para garantir a aplicação da segunda dose que precisa ser feita no intervalo entre 14 e 28 dias. 
 
A diferença entre a CoronaVac e a AstraZeneca está na tecnologia aplicada. “A CoronaVac é feita a partir do vírus inativado, algo clássico das vacinas. Então, a partir desse vírus inativado, usam-se as proteínas para o organismo fabricar anticorpos. No caso da AstraZeneca, ela usa uma tecnologia mais moderna, que é o vetor viral não replicante. Ou seja, eles pegam um outro vírus, que não causa doença no homem, colocam a proteína do novo coronavírus e fazem a estimulação do sistema imunológico”, explica o infectologista Hemerson Luz. De acordo com ele, as duas vacinas vão estimular a memória e a produção de anticorpos no sistema imunológico. “No final, o resultado será o mesmo. Elas vão inativar e impedir que o vírus cause a covid-19”. E acrescenta: “É importante que o vacinado não pense que está livre dos cuidados de prevenção e distanciamento social. Tem de aguardar o período recomendado. Vacinação não equivale à aglomeração”, pontua. 
 
Em relação à divisão dos grupos prioritários, o vice-presidente da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, Alexandre Cunha, destaca que o Brasil não tem vacina para todo mundo, e que é preciso criar prioridade dentro das prioridades. “Claro que gostaríamos de vacinar todo mundo de uma vez, mas como isso não é possível, aplica-se naqueles que têm mais fatores de risco, caso dos idosos em instituições, onde a disseminação do vírus costuma ser mais rápida e normalmente são pessoas com mais vulnerabilidades”, afirma. Cunha justifica ainda o porquê das grávidas e dos menores de 18 não estarem entre os vacinados. “São grupos que não foram incluídos nos estudos. Não existe uma razão especial. E, normalmente, menores de 18 anos raramente têm casos graves da doença, e gestantes pertencem a uma população que temos mais cuidado”.
 
“Fura-fila” 
 
Com a vacina, o anseio de ter a imunidade ao novo coronavírus e reduzir as chances de mortalidade pela doença despertou outro problema: a aplicação da vacina em pessoas que não compõem o grupo prioritário nesta primeira fase. O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) questionou a Secretaria de Saúde sobre possíveis irregularidades na campanha de imunização. A pasta esclareceu que irá apurar as denúncias e que, caso sejam comprovadas, o gestor responsável pela área e o servidor beneficiado responderão administrativamente pelos seus atos. 
 
Na última sexta-feira, gestores da secretaria e representantes do MPDFT se reuniram para esclarecer questões relacionadas à vacinação no Distrito Federal. O coordenador da força-tarefa de combate à pandemia da covid-19 do MP, o procurador José Eduardo Sabo Paes, irá fiscalizar de perto a vacinação nos hospitais a partir de amanhã. A pasta encaminhou a lista com os nomes dos servidores contemplados nos grupos prioritários e, a partir dela, o órgão vai apurar as fraudes, checando se as fotos e vídeos que receberam são de funcionários de fora dessa relação.
 
A Secretaria de Saúde reforçou o compromisso com a transparência de todo o processo de vacinação no portal específico da pasta, com o quantitativo de vacinados, hospitais e percentual de vacinas aplicadas e distribuídas.


Campanha de vacinação 

Se todos precisam se vacinar, por que alguns têm prioridade diante de outros?
 
» Pela limitação da quantidade de doses para a imunização, as campanhas de vacinação são por etapas, e é por isso que algumas pessoas se vacinam primeiro que outras. O critério utilizado para escolher quem toma a vacina primeiro é a chance que a pessoa tem de ficar doente, ter complicação e morrer. Desta forma, as pessoas de mais idade, as pessoas que estão mais expostas à doença (trabalhadores de saúde), moradores de unidades de acolhimento e casa de longa permanência são exemplos de pessoas prioritárias para a campanha, além de outros grupos que virão nas fases seguintes, como: maiores de 60 anos e pessoas com doenças crônicas (diabetes, doenças do coração e outras), por exemplo.
 
Ainda será preciso usar máscara depois que eu me vacinar? 
 
» Sim, será preciso, pois você ainda precisa de um tempo para adquirir a imunidade. Nenhuma vacina possui 100% de garantia de que vai te dar imunidade. Então pode ser que, mesmo tomando a vacina, você não terá imunidade. Além disso, a vacinação ainda não contempla a quantidade necessária da população para atingirmos uma imunidade coletiva ao vírus.
 
Devo esperar quanto tempo para tomar outras vacinas?
 
» Para tomar a vacina contra o novo coronavírus você precisa estar sem tomar qualquer vacina nos últimos 30 dias, bem como não poderá tomar qualquer vacina no intervalo das doses ou 30 dias após a segunda dose.
 
Posso tomar a primeira dose de um laboratório e a segunda de um outro laboratório?
 
» Cada vacina foi produzida com uma técnica específica, estimulando diferentes tipos de defesa no corpo humano. Ainda não há qualquer tipo de informação que garanta a segurança ou a eficácia de vacinas de um esquema com doses de laboratórios diferentes. Para isto, o Governo do Distrito Federal desenvolveu um adesivo para facilitar a identificação do laboratório da dose aplicada, bem como todas as informações que vão permitir o rastreio da vacina.

Correio Braziliense sexta, 22 de janeiro de 2021

CORONAVÍRUS - MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS QUESTIONA SAÚDE SOBRE CONTROLE DAS DOSES

Jornal Impresso

CORONAVÍRUS
 
MPDFT questiona Saúde sobre controle das doses
 
Ministério Público do DF pede informações sobre denúncias de que pessoas fora do grupo prioritário de vacinação estão recebendo o imunizante contra a covid-19 antes daquelas previstas no plano. Secretaria afirmou que vai apurar as supostas irregularidades

 

» CIBELE MOREIRA
» SAMARA SCHWINGEL
» DARCIANNE DIOGO

Publicação: 21/01/2021 04:00

De acordo com a Secretaria de Saúde, caso seja comprovada fraude na aplicação da vacina, tanto o gestor da unidade quanto o beneficiário responderão administrativamente  (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
De acordo com a Secretaria de Saúde, caso seja comprovada fraude na aplicação da vacina, tanto o gestor da unidade quanto o beneficiário responderão administrativamente
Coordenador da força-tarefa contra a pandemia da covid-19 no Distrito Federal, o procurador José Eduardo Sabo Paes requisitou à Secretaria de Saúde (SES) informações sobre denúncias de que pessoas estariam furando a fila de vacinação contra o novo coronavírus na capital. A pasta tem menos de 48 horas para enviar uma resposta ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). No ofício, o procurador afirmou que a situação representa violação ética “inaceitável”. A Secretaria de Saúde afirmou que o caso será apurado pelo setor de controle interno da pasta.
 
“Após intensas tratativas e um esforço muito grande, o DF recebeu pouco mais de 106 mil doses que são destinadas, exclusivamente, num primeiro momento, para aqueles que atendem direto nos hospitais pacientes infectados com o coronavírus. Chegou ao MPDFT uma denúncia de que outras pessoas estariam sendo vacinadas também. Nós requisitamos que a SES nos informe, imediatamente, quais são essas pessoas”, explicou o procurador.
 
Na avaliação de José Eduardo Sabo Paes, “tal situação, uma vez comprovada, além de representar violação ética inaceitável, importa em grave descumprimento da legislação, com inevitáveis consequências nas esferas administrativa e penal para os autores e beneficiários indevidos da medida”.
 
Em nota à imprensa, divulgada na noite de ontem, a Secretaria de Saúde informou que chegaram ao conhecimento da pasta denúncias de supostas irregularidades no processo de vacinação em algumas unidades e que “imediatamente, o secretário de Saúde, Osnei Okumoto, solicitou aos superintendes regionais a lista com os beneficiados pela vacina até o presente momento”.
 
Cada unidade hospitalar tem um gestor responsável pela definição dos profissionais que se enquadram nos critérios estabelecidos pela secretaria. Além disso, a vacina está ligada ao CPF de quem a recebeu e, para a aplicação da segunda dose, o paciente deve retornar ao local de vacinação na data informada no cartão de vacinação. Em relação a possíveis fraudes, a pasta afirma que o gestor responsável pela área e o servidor beneficiado, sem que atenda aos critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde, vão responder administrativamente pelos seus atos.
 
A respeito da prioridade de vacinação, segundo a secretaria, aqueles que atuam na linha de frente no atendimento à covid-19, como médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e administrativos, vigilantes e funcionários da limpeza — desde que exerçam funções em unidades consideradas de alto risco de contágio — serão vacinados. Quem trabalha em hospitais da rede pública receberá a dose no estabelecimento. Aqueles lotados em Unidades Básicas de Saúde (UBS) serão vacinados em seus locais de trabalho (veja O que você precisa saber).
 
Povos tradicionais
A imunização à forma mais grave da covid-19 chegou às aldeias dos povos tradicionais (indígenas) do Distrito Federal, ontem. Em uma comunidade Guajajara, no Noroeste, 17 pessoas receberam a primeira dose da CoronaVac. Cacique da aldeia, Francisco Filho Guajajara, 43 anos, foi o primeiro. Com o cartão de vacina nas mãos, ele comemorou a chegada dos imunizantes. “(A covid-19) está prejudicando a saúde de todo mundo. Estamos aguardando o melhor resultado com a vacinação dos indígenas, não só aqui, no Distrito Federal, mas no Brasil como um todo”, afirma.
 
De acordo com o cacique, na aldeia vivem 23 famílias, cada uma com cinco a 10 pessoas, e não houve casos da doença. “Graças a Deus, ninguém teve covid-19. A vacina chegou com esperança de termos saúde. Melhor evitar o vírus, porque a doença não escolhe ninguém”, ressaltou. Para Fetxawewe Tapuya Guajajara Veríssimo, 21, o imunizante se tornou fundamental para a manutenção da memória dos povos originários do Brasil. “É uma esperança para nós. Perdemos muitos anciões nas outras comunidades, em outros estados”, lamenta.
 
No entanto, houve aqueles que ficaram receosos quanto à segurança da vacina. O gerente da Unidade Básica de Saúde 2 da Asa Norte, Tiago Neiva, que esteve presente na aplicação das vacinas. Ele relata que uma das maiores preocupações da campanha é a desinformação. “Explicamos sobre a eficácia da vacina, que ela evita a forma mais grave (da doença). Mas, respeitamos a decisão deles. Vamos retornar, em outros momentos, para vacinar quem não foi imunizado. Nos informaram que muitos estão viajando”, adianta Neiva.
 
Outras comunidades indígenas também serão contempladas com as doses da vacina contra a covid-19 neste primeiro momento de imunização. A perspectiva da Secretaria de Saúde é de que 300 pessoas de tradicionais sejam vacinados pela campanha. Na comunidade Guajajara, uma equipe da Saúde, acompanhada por escolta policial, levou as doses da vacina chinesa CoronaVac. Esse será o processo de vacinação que seguido em todas as aldeias do DF.
 
Previsão
Apesar das expectativas para o início da segunda fase, de acordo com a Secretaria de Saúde, ainda não há uma data prevista. A pasta informa que isto depende do envio de mais doses de vacina por parte do Ministério da Saúde e descartou a possibilidade de adquiri-la diretamente. Mesmo sem datas, o GDF espera que, até o fim do ano, toda a população da capital federal esteja vacinada.
 
No entanto, isto depende da aprovação de novas doses pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Em 18 de janeiro, o Instituto Butantan — responsável pela produção da CoronaVac no Brasil — registrou, junto à agência, um pedido de uso emergencial de mais 5 milhões de doses do imunizante. O Butantan espera que, na próxima semana, este material esteja disponível para uso. Caso isso ocorra, o instituto enviará as doses para o Ministério da Saúde, que distribuirá para as unidades da Federação. Até o momento, o ministério não tem uma previsão de quantas doses devem ser enviadas ao DF.
 
Mesmo com a vacinação, é importante lembrar que a pandemia não acabou. Segundo o infectologista do Hospital das Forças Armadas (HFA) Hemerson Luz, caso a população brasiliense não se cuide, o sistema de saúde local pode entrar em colapso, e mortes podem ocorrer por falta de estrutura. “A guerra ainda não está ganha. Caso as pessoas continuem a sair, o vírus vai continuar circulando e se transformando, o que pode atrapalhar a vacinação. Por isso, neste início da imunização, é essencial que as pessoas tentem evitar ao máximo a disseminação do vírus”, alerta. “Só poderemos voltar ao normal quando a doença for controlada e, atualmente, cada pessoa precisa contribuir para a diminuição do número de casos”, finaliza Hemerson.
 
» Colaborou Pedro Marra
 
 
O que você precisa saber
 
Há vacina para todas as pessoas que compõem o grupo prioritário da primeira fase?
Não. Neste primeiro momento, o Distrito Federal recebeu 106.160 doses da CoronaVac, o que garante a imunização de 53 mil pessoas. Mas, não atende à totalidade do grupo prioritário da primeira fase da vacinação.
 
Quem poderá se vacinar neste primeiro momento?
Profissionais que atuam na linha de frente contra a covid-19, entre eles médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas que atuam nas UTIs-covid-19. Trabalhadores administrativos que fazem as fichas de atendimento dos pacientes, além dos vigilantes e profissionais de limpeza de hospitais e das unidades básicas de saúde. Servidores do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), equipes do Corpo de Bombeiros Militar que fazem o atendimento pré-hospitalar e profissionais da atenção primária que estão no atendimento a pacientes com sintomas respiratórios também serão contemplados. Os idosos e pessoas com alguma deficiência em instituições de longa permanência, bem como seus cuidadores e a população indígena.
 
Tenho mais de 75 anos. Quando serei vacinado?
A Secretaria de Saúde aguarda a chegada de novas doses para definir os próximos passos para a imunização. Neste primeiro momento, com as vacinas que a pasta recebeu, a população acima de 75 anos não foi contemplada. Neste caso, os idosos não devem procurar os postos de saúde nem os hospitais para receber a primeira dose da vacina.
 
 
 
620 casos em 24h
 
O Distrito Federal registrou 620 casos de covid-19 e seis mortes em decorrência da doença, nas últimas 24h. Ao todo, a capital acumula 266.506 infectados pelo novo coronavírus e 4.442 óbitos. Os recuperados somam 255.406 (95,8%). Os dados foram divulgados ontem, pela Secretaria de Saúde. A média móvel de ocorrências está em 720, enquanto a de mortes é de 7,57.

Correio Braziliense quinta, 21 de janeiro de 2021

BRASILEIRÃO - FLAMENGO X GOIÁS: HORA DO ACERTO

Jornal Impresso

BRASILEIRãO - FLAMENGO X GOIÁS
 
Hora do acerto
 
Flamengo e Goiás entram em campo, hoje, com desafios distintos. Enquanto o rubro-negro luta para afastar a má fase, o time goiano, que está na zona de rebaixamento, sonha em se manter na elite da competição

 

Publicação: 18/01/2021 04:00

Cada vez mais pressionado pela torcida, Rogéio Ceni comandará a equipe para uma missão: vencer. Na última semana, a direção do clube bancou a permanência dele no time (Antonio Lacerda/AFP - 2/12/20)  

Cada vez mais pressionado pela torcida, Rogéio Ceni comandará a equipe para uma missão: vencer. Na última semana, a direção do clube bancou a permanência dele no time

 



Há tempos que o Flamengo não chegava sob tanta pressão para uma partida do Brasileirão. São três jogos sem vencer; os atletas vêm sendo cobrados pela apatia em campo e o técnico Rogério Ceni está sendo bastante questionado pelos resultados não satisfatórios dos últimos jogos. Hoje, às 20h, em visita ao Goiás, no estádio da Serrinha, os cariocas necessitam urgentemente reencontrar o caminho do triunfo para voltar a falar em título.

Desde as quedas na Libertadores e Copa do Brasil que o clube se fechou para apagar a má impressão na temporada, em busca do bicampeonato nacional. E tudo vinha bem, com três triunfos seguidos. Parecia que iria ameaçar o líder São Paulo. Até a visita ao Fortaleza.

Em uma partida de pouca inspiração ofensiva, o Flamengo não foi além do 0 x 0. Vieram as derrotas para o Fluminense e o Ceará. A partir dos resultados negativos, a paz no clube acabou de vez. Torcedores xingaram jogadores e picharam os muros da Gávea. A cabeça de Ceni foi pedida, mas a direção bancou a permanência.

Prestigiado, o treinador sabe que precisa de uma resposta imediata. Apesar de estar na zona de rebaixamento, o Goiás vem crescendo de rendimento e, no primeiro turno, deu enorme trabalho aos cariocas, que só venceram com gol nos acréscimos.

Ceni tem dúvidas sobre qual equipe mandará a campo. Gerson está suspenso e Diego pode ser escolhido para a posição, em uma escalação mais ofensiva. O meia ajudaria na armação e faria um revezamento na contenção com Éverton Ribeiro.

A grande questão, porém, está no ataque. No último jogo, Gabriel Barbosa foi reserva e não escondeu o incômodo. Assumiu odiar ficar no banco. Pedro ganhou chance e deixou a desejar. A dúvida sobre quem será o centroavante em Goiânia deve persistir até momentos antes de a bola rolar. Como ambos ainda não iniciaram juntos no Brasileirão, é pouco provável que o técnico invista nessa formação.

Diego Alves segue em recuperação de uma lesão muscular e César deve iniciar mais uma partida. Na defesa, Gustavo Henrique foi outro a decepcionar e pode abrir espaço para o retorno de Natan ao time.

O Flamengo sabe que não existe mais espaço para vacilos e promete uma resposta às críticas. O resultado em campo hoje dirá muito pelo que os cariocas brigarão nesta reta final de Brasileirão.

Lutando para não cair
Por sua vez, o Goiás vai atrás da reabilitação para manter vivo o sonho de se manter na elite.

Na zona de rebaixamento, o clube goiano está na 18.ª colocação, com 26 pontos. A missão não será nada fácil, já que o adversário vive um momento delicado e precisa do resultado positivo para seguir na briga pelo título brasileiro. Mas isso não ilude o time goiano.

“Independentemente da fase que eles estão vivendo, nós temos que estar ligados desde o começo. É entrar em campo focados porque sabemos que o Flamengo tem uma grande equipe e não podemos desmerecer isso, independente da crise que eles estão passando”, declarou o atacante Fernandão.

Apesar de o Goiás ter perdido para o Internacional, por 1 x 0, os técnicos Glauber Ramos e Augusto César não vão fazer mudanças entre os titulares. A avaliação é de que o time teve uma boa atuação e merecia um resultado melhor em Porto Alegre.  

Correio Braziliense quarta, 20 de janeiro de 2021

CORONAVÍRUS - VACINA COLOCA O FIM DA PANDEMIA NO HORIZONTE

Jornal Impresso

Vacina coloca o fim da pandemia no horizonte
 
Profissionais da saúde receberam a primeira dose do imunizante contra a covid-19 em solenidade no Hran. Mais 122 idosos e 91 cuidadores do Lar dos Velhinhos Maria Madalena foram vacinados. Hoje, inicia-se a aplicação em comunidades indígenas

 

» SAMARA SCHWINGEL
» CIBELE MOREIRA

Publicação: 20/01/2021 04:00

Enfermeira Lídia Rodrigues Dantas,
31 anos, foi a primeira moradora do DF a receber o imunizante. Solenidade, no Hran, foi marcada pela emoção (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  

Enfermeira Lídia Rodrigues Dantas, 31 anos, foi a primeira moradora do DF a receber o imunizante. Solenidade, no Hran, foi marcada pela emoção

 


Emoção e esperança. Foram essas as palavras que a enfermeira Lídia Rodrigues Dantas, 31 anos, usou para descrever o que sentiu após ser a primeira moradora do Distrito Federal vacinada contra covid-19. “Até agora, estou tentando assimilar que estou vacinada. De qualquer forma, é uma sensação única de esperança”, relatou. Assim como ela, profissionais de saúde das redes pública e particular começaram a receber as doses da vacina chinesa CoronaVac em oito hospitais da capital federal ontem. No Lar dos Velhinhos Maria Madalena, no Núcleo Bandeirante, mais uma etapa da campanha teve início: 122 idosos e 91 cuidadores receberam o imunizante. Hoje, começa a aplicação nas comunidades indígenas do DF.
 
A enfermeira Lídia Rodrigues atua, desde o início da pandemia, no box emergencial do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), unidade que se tornou referência para o tratamento da covid-19 no DF desde o início da pandemia. Além dela, cinco profissionais do serviço de saúde do DF (veja Os primeiros) receberam a primeira dose do imunizante, na solenidade que marcou o início da campanha de vacinação em Brasília. Também enfermeira, Najla Simone foi a responsável por aplicar a vacina. A expectativa do Governo do Distrito Federal (GDF) é de que cerca de 53 mil pessoas sejam vacinadas nos próximos cinco dias, cobertura vacinal possível até o momento com o número de unidades enviadas pelo Ministério da Saúde — são 106.160 doses da CoronaVac, e o imunizante prevê esquema de duas doses.
 
Moradora do Sudoeste, Lídia conta que vivia com a mãe, na Colônia Agrícola Águas Claras, mas precisou se mudar para evitar que a idosa se infectasse. “É gratificante saber que estamos caminhando para o fim de todo esse terror.” Lídia emocionou-se. Com os olhos cheios de lágrimas, ela relembra as dificuldades que enfrentou no atendimento aos pacientes da covid-19. “Teve momentos em que achei que não conseguiríamos vencer”, confessa.
 
Lídia é um dos milhares de brasilienses que perderam alguém amado para a doença, um colega de trabalho. Para ela, vacinar-se é uma obrigação social. “Foram 10 meses complicados, mas está acabando, não podemos relaxar agora. Um descuido pode ser o fim da vida de alguém”, ressalta. “Nossa luta não foi em vão e vamos continuar lutando, em equipe, para o bem da população do DF.”
 
Glória Neri, 76 anos, foi a primeira idosa a receber a vacina no DF. “Eu estou feliz da vida porque sou a primeira pessoa (idosa) do DF a ser vacinada, em nome de Jesus”, disse. Ela mora no Lar dos Velhinhos Maria Madalena, onde foi vacinada.
 
Segundo o Plano Distrital, a vacinação ocorrerá em quatro fases. Os primeiros a serem imunizados são profissionais da saúde; idosos acima dos 60 anos que estão em instituição de acolhimento ou asilos e pessoas com mais de 18 anos com deficiência física que vivem nessa mesma condição, bem como seus cuidadores; e a população indígena. As que não forem vacinadas, neste primeiro momento, serão imunizadas assim que mais doses forem encaminhadas ao DF.
 
Os idosos com mais de 75 anos estavam na lista de prioridade entre os primeiros a serem vacinados mas, com a liberação de um número reduzido de doses, esse grupo precisou ficar de fora e será imunizado assim que novas doses forem liberadas. A segunda fase prevê a vacinação de idosos com mais de 60 anos; a terceira inclui pessoas com comorbidades; e a quarta, professores e profissionais da força de segurança e salvamento.
 
Presente no início da vacinação no Hran, o governador Ibaneis Rocha (MDB) afirmou que continuará pressionando o governo federal para que mais doses sejam registradas e entregues. “Fico feliz em saber que o Instituto Butantan (responsável pela produção da vacina chinesa CoronaVac no Brasil) pediu o registro de mais 5 milhões de doses. Vamos continuar cobrando das autoridades federais para termos um número ainda maior de vacinas para toda a população do DF”, adiantou Ibaneis. A expectativa do Executivo local é de que, até o fim do ano, toda a capital federal esteja vacinada.
 
Mudanças
A previsão era de que a vacinação tivesse início, simultaneamente, em 15 hospitais da rede pública de saúde. Porém, devido a atrasos na entrega dos imunizantes, oito unidades conseguiram cumprir o cronograma. Segundo a Secretaria de Saúde, todas as unidades descritas receberão as vacinas, à exceção da base do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) que, ao contrário do que foi divulgado anteriormente, não será um ponto de vacinação.
 
De acordo com o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), a secretaria entregará, hoje, vacinas para o Hospital de Base e para as UPAs de Sobradinho e de São Sebastião. Nas unidades do Iges-DF, são vacinados apenas os profissionais que estão na linha de frente no combate à covid-19, conforme definido no Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde, informou o instituto, em nota oficial.
 
 
Os primeiros
 
Na manhã de ontem, no Hran, a enfermeira Lídia Rodrigues Dantas e mais cinco profissionais que atuam na linha de frente da unidade foram os primeiros vacinados no DF. Confira:
 
» Karina de Jesus Silva, técnica de enfermagem, 38
» Ana Paula Barbosa Pereira, fisioterapeuta, 49
» Juliana Bento da Cunha, médica, 32
» Narcisa Trajano de Araujo, auxiliar de limpeza, 61
» Pedro Teodoro, vigilante, 58

Correio Braziliense terça, 19 de janeiro de 2021

COMEÇA A VACINAÇÃO NO DF

Jornal Impresso

Começa a vacinação  contra a covid no DF
 
 
Hospitais da rede pública receberão as doses da CoronaVac e poderão começar a aplicar às 10h. Neste primeiro momento, 47,5 mil a serem imunizados serão profissionais de saúde que atuam na linha de frente, 3.700 idosos e 300 indígenas

 

» CIBELE MOREIRA
» SAMARA SCHWINGEL
» JÉSSICA MOURA

Publicação: 19/01/2021 04:00

Após a chegada na Base Aérea, as doses da vacina foram encaminhadas para um caminhão frigorífico, 
que saiu em comboio de viaturas da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal rumo à Rede Fria do DF (Ed Alves/CB/D.A Press)  
Após a chegada na Base Aérea, as doses da vacina foram encaminhadas para um caminhão frigorífico, que saiu em comboio de viaturas da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal rumo à Rede Fria do DF

Com a chegada das 106 mil e 160 doses da vacina chinesa CoronaVac ao Distrito Federal, na tarde de ontem, a capital federal inicia hoje, às 10h, a vacinação contra a covid-19. A vacina ficará disponível em 15 hospitais da rede pública. De acordo com a Secretaria de Saúde, cerca de 51,2 mil pessoas serão imunizadas nesta primeira fase. Deste quantitativo, 47,5 mil são trabalhadores que atuam na linha de frente contra o novo coronavírus, entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, vigilantes e servidores da limpeza de hospitais, além das equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e do Corpo de Bombeiros Militar que fazem o atendimento pré-hospitalar. Idosos acima de 60 anos e pessoas acima de 18, com algum tipo de deficiência, que moram em instituição de longa permanência, bem como os cuidadores delas, também entram nesta etapa de imunização, assim como a população indígena. 
 
O número de pessoas que serão contempladas com as duas doses da vacina, neste primeiro momento, equivale a 28,65% das 189.514 previstas no primeiro Plano Distrital de Vacinação, onde 101.996 são profissionais de saúde, 80.950 idosos acima de 60 anos e 6.568 idosos que moram em instituições de longa permanência, como asilos. Apesar do início da imunização, especialistas alertam para a importância de continuar seguindo os protocolos de segurança sanitária como o uso de máscaras e distanciamento social. 
 
As doses da CoronaVac chegaram ao DF por volta das 14h46 de ontem. O avião da Força Aérea Brasileira (FAB) que transportava o material pousou na Base Aérea de Brasília e, de lá, os imunizantes seguiram, em escolta realizada pela Polícia Federal e pela Polícia Rodoviária Federal, para a Central de Armazenamento da Rede de Frios. Em coletiva realizada no Palácio do Buriti, também na tarde de ontem, o secretário de Saúde, Osnei Okumoto, afirmou que, por questões logísticas, não foi possível iniciar a vacinação ontem, conforme ocorreu em outras unidades da Federação. “Após a chegada do voo, há uma necessidade de verificação da alfândega para depois ser encaminhado para a Rede de Frio, onde vão ser observadas as condições de temperaturas das vacinas para a validação. A partir disso, é feita a climatização e as doses ficam disponíveis para serem encaminhadas às salas de imunização”, destacou Okumoto. 
 
Às 7h30 da manhã de hoje, a Polícia Militar do DF escoltará as doses para as outras oito redes de frios localizadas no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), Hospital Regional do Núcleo Bandeirante, Hospital Regional de Taguatinga (HRT), Hospital Regional de Ceilândia (HRC), Hospital Regional de Paranoá (HRL), Hospital Regional do Gama (HRG), Hospital Regional de Sobradinho (HRS) e Hospital Regional de Planaltina (HRP). As equipes de saúde que trabalham nestas unidades serão as primeiras a receber a dose da vacina. Para a imunização, é necessário preencher uma ficha de cadastro que será vinculada ao CPF e, ao final da aplicação, a pessoa receberá um comprovante com a especificação da marca da vacina e a data. É importante guardar esta comprovação para garantir a imunização completa do mesmo fabricante. Para quem está em instituição de longa permanência e para os indígenas, a Secretaria de Saúde irá disponibilizar equipes volantes para ir até os locais onde este grupo se encontra. Quem trabalha na capital e mora no Entorno também terá direito a tomar a vacina no local de trabalho. A Secretaria de Saúde fará o controle de quantos profissionais que residem no Entorno tomaram a vacina no DF para fazer a reposição do estoque destinado à população da capital.
 
As doses a serem utilizadas ficarão armazenadas nas redes de frios e serão distribuídas diariamente aos hospitais de acordo com a demanda. Em relação aos materiais necessários para a aplicação das doses, como seringas e agulhas, a secretaria informou que não há riscos de falta dos insumos. Em nota, a pasta disse que o DF “tem, em estoque, 2 milhões de seringas com agulhas e está aguardando a entrega de mais 3,5 milhões referentes a um processo de compra já finalizado’’. Ou seja, no total, a pasta terá 5,5 milhões de agulhas e seringas a serem utilizadas nas campanhas de vacinação. 
 
Até o fim do ano
A expectativa do Executivo local é de que a população do DF esteja imunizada até o fim do ano, inclusive quem já teve covid-19. “O coronavírus é um vírus novo e a gente não sabe o comportamento e em quanto tempo de imunidade ele está dando para as pessoas, então, todo mundo será vacinado. E eu não tenho dúvida de que, neste ano, nós alcançaremos os 3 milhões de pessoas vacinas no Distrito Federal e 1,5 mil da Ride”, ressaltou Alexandre Garcia, secretário adjunto de Assistência à Saúde.
 
 É importante ressaltar que, neste primeiro momento, não haverá disponibilização da vacina nos postos para a população geral, e as equipes de saúde irão até as pessoas que pertencem ao grupo prioritário para realizarem o procedimento. Por isso, não há necessidade de agendar ou procurar um posto de vacinação. As próximas fases e grupos a serem vacinados serão informados à medida que novas doses da vacina contra a covid-19 cheguem na capital. Todo o protocolo e logística serão divulgados de acordo com a quantidade de doses disponíveis.
 
Pandemia continua 
O Distrito Federal recebeu 106 mil doses, o que permite a imunização de 53 mil pessoas, considerando que a CoronaVac exige a aplicação de duas doses para alcançar o nível de imunização apresentado nos testes clínicos (leia mais na página 15). Segundo o infectologista Alexandre Cunha, mesmo os vacinados precisam continuar seguindo as regras sanitárias. “Quem receber a primeira dose ainda não estará imune, pois é preciso esperar a vacinação completa”, explica. 
 
Além disso, o infectologista afirma que, mesmo após a segunda dose, não dá para se descuidar. “A vacina não tem eficácia de 100%, ela apenas diminui os riscos e a gravidade da doença. Por isso, é importante que as pessoas continuem utilizando máscaras de proteção facial, álcool em gel e evitando aglomerações até que o número de casos diminua consideravelmente”, completa.  
 
De acordo com boletim divulgado, ontem, pela Secretaria de Saúde, o DF contabilizou, nas últimas 24 horas, mais 1.047 casos de infecção pelo novo coronavírus e o total chegou a 265 mil. No mesmo período, mais seis óbitos foram registrados, totalizando 4,4 mil. Entre as regiões administrativas, Ceilândia segue como a região com mais casos da doença, com 28.914. Em seguida, o Plano Piloto aparece com 23.992 e Taguatinga, com 21,519. A média móvel do DF caiu para 8,4. 
 
 
Fases de imunização
 
Primeira fase
» Trabalhadores da saúde que atuam na linha de frente (médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, vigilantes e servidores da limpeza de hospitais, além da equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e do Corpo de Bombeiros Militar que fazem o atendimento pré-hospitalar;
» Pessoas com 60 anos ou mais que vivem em instituições de longa permanência (como asilos e instituições psiquiátricas);
» Pessoas acima de 18 anos com deficiência que vivem em instituições de longa permanência;
» Cuidadores que atuam em instituições de longa permanência (como asilos e instituições psiquiátricas);
» Indígenas.
 
Segunda fase
» Pessoas de 60 a 74 anos;
» Idosos a partir dos 75 anos.
 
Terceira fase
» Pessoas com comorbidades que apresentam maior chance para agravamento da doença, como: portadores de diabetes mellitus; hipertensão arterial grave; doença pulmonar obstrutiva crônica; doença renal; doenças cardiovasculares e cerebrovasculares; indivíduos transplantados de órgão sólido; anemia falciforme; câncer; e obesidade grave.
 
Quarta fase
» Agentes de segurança e professores.
 
 
Linha do tempo
 
A trajetória da CoronaVac 
 
JUNHO 2020
 
Governo de São Paulo firma parceria com Sinovac para produção da vacina
 
JULHO 2020
 
Começa o recrutamento de voluntários para os testes clínicos no Brasil
 
AGOSTO 2020
 
CoronaVac começa a ser testada na UnB
 
28 DE OUTUBRO 2020
 
Autorização da importação dos insumos para produção da vacina
 
29 DE OUTUBRO 2020
 
Morre voluntário em estudos da fase 3
 
9 DE NOVEMBRO 2020
 
Anvisa interrompe testes clínicos da CoronaVac após evento adverso
 
11 DE NOVEMBRO 2020
 
Anvisa autoriza retomada de testes, depois da comprovação que morte de voluntário não teve relação com a vacina
 
23 DE NOVEMBRO 2020
 
Butantan anuncia fim dos testes clínicos do imunizante
 
DEZEMBRO 2020
 
Governo de São Paulo divulga resultados da fase 3 de estudos clínicos da CoronaVac
 
12 DE JANEIRO 2021
 
Butantan divulga que eficácia da vacina é de 50,38%
 
17 DE JANEIRO
 
Anvisa aprova uso emergencial da vacina no Brasil. Primeira pessoa imunizada fora dos ensaios clínicos é a enfermeira Mônica Calazans, em São Paulo
 
18 DE JANEIRO
 
O Ministério da Saúde começa a distribuição das primeiras doses. Imunizante desembarca em Brasília
 
19 DE JANEIRO
 
Começa a vacinação contra a covid-19 no Distrito Federal

Correio Braziliense segunda, 18 de janeiro de 2021

VACINAÇÃO COMEÇA, APÓS AVAL DA ANVISA

Jornal Impresso

Vacinação começa após aval da Anvisa
 
São Paulo dá a largada do processo de imunização contra a covid-19 com a aplicação da CoronaVac em profissionais da saúde e indígenas. No Brasil, a campanha terá início na próxima quarta-feira. Doria e Pazuello trocam farpas

 

JORGE VASCONCELLOS
ROSANA HESSEL

Publicação: 18/01/2021 04:00

Um momento histórico. Uma vitória da ciência. Após 312 dias do início da pandemia  da covid-19, a vacinação contra a doença começou no Brasil.  A enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, foi a primeira pessoa no país a ser  imunizada fora dos estudos clínicos, em ação realizada pelo governo de São Paulo. Ela recebeu uma dose da CoronaVac, momentos depois de a vacina, produzida pelo Instituto Butantan com o laboratório chinês Sinovac, ter o uso emergencial aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O órgão regulador concedeu a mesma autorização para a vacina da Oxford/Astrazeneca, a pedido da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A vacinação da enfermeira foi presenciada pelo governador João Doria (PSDB), que aproveitou para alfinetar o presidente Jair Bolsonaro, afirmando que aquele era o “Dia V” contra o negacionismo e “contra quem gosta do cheiro da morte”.

O governo de São Paulo informou que os vacinados no primeiro dia de aplicação do imunizante no estado são profissionais da saúde e indígenas — a primeira a receber a dose foi Vanuzia Costa Santos, da Aldeia Filhos da Terra. Pouco mais de 100 pessoas já receberam a CoronaVac até agora, no Complexo do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

O evento conduzido por Doria foi realizado no mesmo local,  ao mesmo tempo em que o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, concedia entrevista coletiva para anunciar que a vacinação nacional contra o novo coronavírus será iniciada na próxima quarta-feira. “Hoje, repito, é o dia V. É o dia da vacina. É o dia da vitória. É o dia da verdade. É o dia da vida”, afirmou o governador paulista, ao lado da enfermeira Mônica Calazans.

Com a voz embargada, o tucano disse que o momento era “uma conquista que fortalece milhões de pessoas que defendem a vida”. Foi uma clara alusão ao discurso de Bolsonaro, que insiste em minimizar a gravidade da pandemia e em recomendar um “tratamento precoce” contra a covid-19, com o uso de cloroquina e de outros medicamentos sem comprovação científica no Brasil e no mundo.

Doria comemorou a decisão da Anvisa como uma vitória da ciência e dedicou o “Dia V” aos 209 mil mortos pela covid-19 e familiares, assim como aos mais de 8 milhões de pessoas que contraíram o vírus e, principalmente, aqueles que estão lutando para vencer a doença. Ele destacou que a CoronVac é a “vacina do Brasil” e só existe porque “o governo de São Paulo agiu”.

O tucano também fez questão de homenagear os profissionais de saúde que trabalham na linha de frente dos hospitais, como médicos e enfermeiras, e também aos pesquisadores que trabalharam no desenvolvimento da CoronaVac. “A vitória de hoje vai salvar milhões”, frisou o tucano, acrescentando que aquele momento era uma homenagem para as pessoas que valorizam a vida. “Ao contrário daqueles que, nos últimos 11 meses, flertaram com a morte”, emendou.

O governador também informou ter determinado que 4,636 milhões de doses da CoronaVac, que foram importadas da China e estão armazenadas no Butantan, fossem entregues ao Ministério da Saúde para distribuição entre os estados e o Distrito Federal. Segundo o governador, São Paulo ficará com as doses determinadas pelo Programa Nacional de Imunização (PNI):  1.357.940 doses da vacina vão permanecer no estado para imunizar os profissionais de saúde.

Doria ainda pediu para que o governo federal pare de recomendar cloroquina para a população. “Eu espero que o comportamento do Ministério da Saúde seja pela vida e peço também que pare de distribuir e recomendar o uso da cloroquina. É criminoso fazer crer a população, sobretudo a mais desvalida, mais simples e mais humilde, que a cloroquina salva. A cloroquina não salva e, em alguns casos, cloroquina mata”, disse.

Ao ser questionado sobre as críticas do ministro Eduardo Pazuello (leia abaixo) de que ele teria dado um golpe de marketing com antecipação da vacinação no estado, o governador rebateu que o governo federal deu “golpe de morte, com seu negacionismo, com suas mentiras”.


 (Nelson Almeida/AFP)  


“Não tenham medo”
Primeira pessoa a ser imunizada contra a covid-19 no país, a enfermeira Mônica Calazans, 54 anos, atua na linha de frente do combate à doença mesmo fazendo parte do grupo de risco do novo coronavírus: ela é obesa, hipertensa e diabética. Apesar de se enquadrar nessas condições, em maio do ano passado, no auge da primeira onda da doença, ela se inscreveu para vagas de contrato por tempo determinado (CTD), escolhendo trabalhar no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, no epicentro do combate à pandemia.  Após receber a CoronaVac, ela pediu que os brasileiros acreditem nas vacinas. “Falo com segurança e propriedade, não tenham medo. Quantas pessoas têm receio de chegar próximas às outras? Eu tomo ônibus, metrô, as pessoas têm receio de chegar perto de você. Então, povo brasileiro, é nossa grande chance. Vamos pensar no monte de vidas que nós perdemos, quantas famílias nós perdemos, quantos pais, mães, irmãos. Eu quase perdi um irmão também com covid. E diante disso é que eu tomei coragem e participei da campanha da vacina”, disse. Mônica atuou como auxiliar de enfermagem por 26 anos e só conseguiu o diploma como enfermeira quando tinha 47 anos. “Quem cuida do outro tem que ter determinação e não pode ter medo. É lógico que eu tenho me cuidado muito a pandemia toda. Preciso estar saudável para poder me dedicar. Quem tem um dom de cuidar do outro sabe sentir a dor do outro e jamais o abandona.”

Correio Braziliense domingo, 17 de janeiro de 2021

LEGISLATIVO: PARLAMENTARES APOSTAM NO CENTRO

Jornal Impresso

 

LEGISLATIVO
 
Parlamentares apostam no centro
 
Votações para as presidências das duas Casas do Congresso Nacional ocorrem em 1º de fevereiro. Bastidores indicam que, no Senado, Simone Tebet (MDB) levará maioria dos representantes da capital e, na Câmara, o escolhido será Arthur Lira (PP)

 

» SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 17/01/2021 04:00

Os 513 deputados federais e os 81 senadores definirão os presidentes de cada Casa. Para especialistas, as escolhas vão impactar na elaboração de políticas públicas da capital (Ed Alves/CB/D.A Press - 7/1/20)  
Os 513 deputados federais e os 81 senadores definirão os presidentes de cada Casa. Para especialistas, as escolhas vão impactar na elaboração de políticas públicas da capital


Em 1º de fevereiro, os oito deputados federais e os três senadores que representam o Distrito Federal no Congresso Nacional vão se unir aos colegas de outras unidades da Federação para escolher os novos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Bastidores indicam que a maioria dos senadores da capital deve apoiar Simone Tebet (MDB-MS) e, na Câmara, Arthur Lira (PP-AL) conta com o suporte de, pelo menos, cinco deputados do DF.

A bancada do DF, na Câmara, é composta por oito deputados, cada um de um partido distinto. São eles: Bia Kicis (PSL), Celina Leão (PP), Professor Israel Batista (PV), Paula Belmonte (Cidadania), Luis Miranda (DEM), Flávia Arruda (PL), Erika Kokay (PT) e Júlio César Ribeiro (Republicanos). Em relação a eleição para presidente da Casa, os parlamentares podem optar por seguir a indicação ou a aliança da legenda ou apoiar outro candidato. Até o momento, a disputa está polarizada entre Arthur Lira (PP-AL) e Baleia Rossi (MDB-SP) — presidente do partido do governador Ibaneis Rocha. O emedebista conta com o apoio de 11 legendas: MDB, PSDB, DEM, PT, PSL, Cidadania, PV, PSB, PDT, PCdoB e Rede. Arthur Lira está com o PP, Solidariedade, PL, PSD, Patriota, PSC, Pros e Avante, além de ser o candidato do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Apesar das alianças e das confirmações de apoio, o voto para escolha do presidente da Câmara é secreto. Por isso, a preferência de um partido a uma candidatura, não significa que todos os filiados escolherão no candidato da legenda. Por exemplo, o deputado Luis Miranda irá contra a orientação do DEM e deve apoiar Arthur Lira — que também deve contar com os votos de Bia Kicis, Júlio César, Flávia Arruda e Celina Leão. Paula Belmonte ainda não definiu o voto. Erika Kokay e o professor Israel Batista declararam apoio ao deputado Baleia Rossi.

Mesmo com toda a movimentação, o resultado da eleição pode ser diferente para a bancada do DF. De acordo com o professor de ciências políticas da Universidade de Brasília (UnB) Lúcio Rennó, o fato de os dois principais candidatos serem de partidos de centro, dificulta a previsão do voto de quem ainda não fez uma opção, ademais, os parlamentares com escolhas definidas podem “mudar de lado”. “A disputa está muito centrada em dois candidatos que, de certa forma, são parecidos. Por isso, é possível que os deputados se movimentem mais. O resultado pode surpreender”, avalia.

Senadores


No Senado, o DF tem três cadeiras — ocupadas por Izalci Lucas (PSDB), Leila Barros (PSB) e José Antônio Reguffe (Podemos). A disputa para a Presidência, está dividida, sobretudo, entre a candidata do MDB, Simone Tebet (MS), que conta, até o momento, com apoio do Podemos; e Rodrigo Pacheco (DEM-MG), com suporte do PSD, PT, Republicanos, Pros, PDT e PSC. Entre os representantes do DF, Tebet deve levar a maioria. Reguffe, que foi candidato na última eleição da Casa, na qual recebeu seis votos, declarou que seguirá o partido e apoiará Tebet, por acreditar que o Senado “precisa de mudanças” (leia mais na página 14). Há expectativas de que Leila Barros também vote na emedebista, apesar dela ainda não ter declarado publicamente apoio. O senador Izalci Lucas afirmou que vai votar em Pacheco por “questões regionais”.

O cientista político Fábio Vidal analisa que, ao assumir o apoio a um candidato, os parlamentares do DF se posicionam e, consequentemente, correm riscos. “Caso o candidato escolhido pela maioria da bancada vença, será mais fácil somar forças e ter apoio para aprovar projetos que beneficiem a capital federal. Porém, o contrário também é verdade e, se o candidato adversário for o vencedor, os senadores podem encontrar resistência na aprovação de textos, por exemplo”, explica.

Efeitos

Apesar de a eleição no Congresso Nacional não ter a participação direta da população, é importante que os eleitores fiquem atentos. Segundo Fábio, entre os deputados, a tendência de apoio a Arthur Lira indica um alinhamento com o governo federal e estadual. “Não é novidade que a atual gestão do DF mantém relações próximas com a União. Sendo assim, quando os parlamentares apoiam o escolhido por Jair Bolsonaro demonstram, também, um alinhamento de ideias ao GDF”, comenta. E esse posicionamento, reforça Fábio, pode facilitar a aprovação de projetos dos parlamentares.

Além disso, alguns podem lançar candidaturas ao governo do DF nas eleições de 2022. Izalci Lucas e Reguffe, por exemplo, são nomes cotados. “Com as alianças e os acordos, ficam mais claras as intenções e os posicionamentos de cada senador e de cada deputado. Apesar dos votos secretos, a movimentação nos diz muito”, finaliza  Fábio Vidal.


  • Saiba mais
    Entenda as eleições nas Casas

    As eleições para a Presidência da Câmara e para a do Senado ocorrem no mesmo dia, 1º de fevereiro, porém o procedimento de cada uma é distinto. Para iniciar o processo na Câmara, é necessário o quórum mínimo de 257 deputados, ou seja, a metade mais um da quantidade total de parlamentares (513). Cada deputado escolhe os candidatos para os cargos em disputa: presidente, 1º vice-presidente, 2º vice-presidente, quatro secretários e quatro suplentes. Para ser eleito em primeiro turno, o postulante precisa ter 257 votos a favor. Caso isso não ocorra, os dois mais votados disputam o segundo turno.

    No Senado, a reunião preparatória para escolha do presidente pode ser aberta com o quórum mínimo de 14 senadores, o equivalente a um sexto da composição do Senado. Para ser eleito, o candidato precisa ter o voto de 41 dos 81 senadores. Caso nenhum dos candidatos alcance a marca, há segundo turno ou mais, se necessário. Se houver apenas um candidato, a votação é feita pelo painel eletrônico (votando “sim”, “não” ou “abstenção”). Assim como na Câmara, o voto é secreto.



  • Intenções de voto dos deputados e dos senadores do DF

    Deputado    Partido    Voto
    Bia Kicis    PSL    Arthur Lira (PP-AL)
    Luis Miranda    DEM    Arthur Lira (PP-AL)
    Celina Leão    PP    Arthur Lira (PP-AL)
    Júlio César    Republicanos    Arthur Lira (PP-AL)
    Paula Belmonte    Cidadania    Ainda não definiu
    Israel Batista    PV    Baleia Rossi (MDB-SP)
    Flávia Arruda    PL    Arthur Lira (PP-AL)
    Erika Kokay    PT    Baleia Rossi (MDB-SP)

    Senador    Partido    Voto
    Leila Barros    PSB    Ainda não definiu
    Reguffe    Podemos    Simone Tebet (MDB-MS)
    Izalci Lucas    PSDB    Rodrigo Pacheco (DEM-MG)
 
 

Correio Braziliense sábado, 16 de janeiro de 2021

CORONAVÍRUS - PLANO DE DISTRIBUIÇÃO PRONTO PARA A VACINA

Jornal Impresso

CORONAVÍRUS
 
Plano de distribuição pronto para a vacina
 
Seguindo calendário divulgado pelo Ministério da Saúde, DF marca início da campanha de imunização contra a covid-19 para a quarta-feira. Quando as doses chegarem, secretaria garante ter condições de levá-las aos pontos de aplicação em 24 horas

 

» ANA ISABEL MANSUR

Publicação: 16/01/2021 04:00

Mariana Rodrigues participa dos testes da CoronaVac no DF:  
Mariana Rodrigues participa dos testes da CoronaVac no DF: "Estamos lidando o tempo todo com a covid-19"

A poucos dias do início da vacinação contra a covid-19 anunciado pelo Ministério da Saúde, o Governo do Distrito Federal planeja cenários diversos e garante que a logística necessária para distribuir e aplicar as doses está montada. “Estamos trabalhando por cenários. Estamos preparados para receber tanto 10 mil unidades quanto 3 milhões”, afirma o secretário adjunto de assistência substituto da Secretaria de Saúde, Alexandre Garcia.
 
Apesar de ainda não saber qual, ou mesmo se as duas opções — a vacina de   Oxford/AstraZeneca e a CoronaVac — serão aprovadas, o Ministério da Saúde prevê o início da campanha de vacinação contra a doença para a próxima quarta-feira. Seguindo a decisão, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) marcou o começo da imunização na capital para o mesmo dia.
 
No entanto, a pasta não sabe quantas doses serão enviadas pelo Ministério da Saúde. “O DF está pronto. Quando o ministério liberar as doses, em 24 horas conseguimos deixar cada unidade em sua respectiva sala de vacinação”, garante Alexandre Garcia. O Plano Estratégico e Operacional da Vacinação contra a Covid-19 no Distrito Federal estabelece que serão mobilizados 1,5 mil profissionais, em 169 salas de vacina, espalhadas nas sete regiões de saúde. Todos os pontos, de acordo com o GDF, foram equipados, neste ano, com 183 câmaras frias científicas para armazenamento de imunobiológicos. O treinamento dos servidores da Saúde que farão a aplicação da vacina começa segunda-feira, às 8h.
 
“A estrutura toda está montada, tudo que é necessário, seja qual tipo de vacina for, está pronto”, ressalta o gestor. A expectativa da secretaria é de que sejam enviadas, em um primeiro momento, 200 mil doses. “É a capacidade de pessoas que conseguimos imunizar por semana”, afirma Garcia.
 
Ontem, o governador Ibaneis Rocha (MDB) pediu ao secretário de Saúde do DF, Osnei Okumoto, que incluísse professores e agentes de segurança e de salvamento de volta aos grupos prioritários. O Plano Distrital de Vacinação tinha sido atualizado, após mudanças do Ministério da Saúde, alterando de quatro para três as fases de prioridade da imunização, e deixando de fora do cronograma inicial servidores da educação e da segurança.
 
O retorno desses profissionais à lista de prioridade, em um quarto grupo, acrescenta cerca de 78,3 mil pessoas ao processo inicial de imunização no DF. De acordo com Alexandre Garcia, a proposta é incluir professores das redes pública e privada, além de policiais e bombeiros. Ele calcula que os agentes de segurança e de salvamento somem cerca de 13 mil pessoas. “Não serão todos os agentes (de segurança), mas aqueles que têm atuado na linha de frente. São cerca de 8 mil policiais e entre 4 e 5 mil bombeiros”, explicou. O mesmo valerá para os profissionais da saúde, incluídos no primeiro grupo prioritário de vacinação.
 
O GDF contabiliza 202,3 mil pessoas, na primeira fase do plano de imunização, que inclui trabalhadores de saúde, pessoas maiores de 75 anos e idosos acima de 60 anos que vivem em instituições de longa permanência, como asilos e hospitais psiquiátricos. O segundo grupo é composto por 265,3 mil pessoas, entre 60 e 74 anos. A terceira fase é composta por 150,2 mil pessoas, que apresentam comorbidades como diabetes mellitus, hipertensão arterial grave, doença pulmonar obstrutiva crônica, doença renal, doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, indivíduos transplantados de órgão sólido, anemia falciforme, câncer e obesidade grave. Ao todo, o GDF calcula que os grupos prioritários somem cerca de 700 mil pessoas.
 
Oxigênio disponível
A Secretaria de Saúde afirmou que a população do DF não precisa se preocupar com uma possível falta de cilindros de oxigênio nos hospitais públicos da cidade, como aconteceu no Amazonas. Segundo a pasta, a capital federal está abastecida, e “o quantitativo de oxigênio é suficiente para atender toda rede pública”.
 
Entre quinta-feira e ontem, o DF recebeu pacientes de covid-19 transferidos de Manaus (AM), uma vez que o sistema de saúde da capital amazonense está em colapso e sem o insumo. A secretaria detalhou que o contrato do DF não é por quantitativo de cilindros.  “A SES/DF paga pelo metro cúbico abastecido. Houve aumento de consumo de 2019 para 2020, mas foi aditivado ao contrato para não ocorrer desabastecimento”, completou a pasta.
 
Cuidados continuam
Mesmo que cerca de 23% da população brasiliense seja imunizada, as medidas de segurança não devem ser abandonadas após o início da vacinação. “É muito importante que a população esteja bem ciente do que implica (o início da vacinação) em relação aos cuidados que temos que manter”, afirma Fredi Quijano, professor associado do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP).
 
“Analisando os resultados, temos observado que os imunizantes têm conseguido reduzir e prevenir a maioria dos casos sintomáticos. São notícias ótimas, porque a implementação dessas vacinas poderá descongestionar o serviço de atenção em saúde e as UTIs e, logicamente, diminuir a mortalidade em decorrência da doença”, avalia o professor.
 
Quijano acrescenta que o efeito dos imunizantes para cortar a transmissão  de infectados assintomáticos ainda é desconhecido. “Os estudos sugerem que ainda haverá o risco de a pessoa, mesmo estando protegida para desenvolver formas graves da doença, transmitir o vírus para outra, que, se não estiver vacinada, poderá ter a covid-19, inclusive com risco de complicações e de morte”, detalha.
 
As medidas preventivas que têm sido tomadas desde o início da pandemia, como evitar aglomerações, manter o distanciamento social, usar máscara de proteção facial e lavar e higienizar, frequentemente, as mãos com álcool em gel, deverão ser mantidas. “Até que não haja uma cobertura próxima de 100% da população factível, o mais recomendado é manter as medidas básicas de segurança”, informa Quijano.
 
Entendendo a importância de receber o imunizante, mesmo tendo sido infectada pelo novo coronavírus, em outubro de 2020, a dona de casa Lais Heler, 32 anos, conta que vai tomar a vacina. “Depois de ter contraído a doença, fiquei ainda mais preocupada. São muitas cepas e não sabemos como serão os sintomas se pegar novamente, mesmo com a vacina”, afirma.
 
Maria do Socorro da Paz, 63 anos, mal vê a hora de ser vacinada. “Vou continuar tomando todos os cuidados (mesmo depois de vacinada). A minha vida toda, eu soube que tomar vacina é a salvação. Estou torcendo muito, soltei fogos, hoje, com a possibilidade de a vacinação começar quarta-feira”, relata a moradora de Sobradinho. “Se me falarem que fui sorteada e que serei a primeira a tomar, seria lindo, iria com toda a certeza. Tem pessoas assustadas com a questão da velocidade (da produção da vacina), mas mudou muito, a ciência e a medicina evoluíram”, argumenta.
 
Estudos
O infectologista Gustavo Romero, diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB) e coordenador do ensaio clínico da CoronaVac feito no Distrito Federal, endossa as recomendações de manter as medidas de segurança. “Pessoas vacinadas podem, eventualmente, ter infecções mais leves, que podem ser passadas a terceiros, por isso as medidas devem continuar, até que a maior parte da população esteja vacinada e até que tenhamos a imunidade de rebanho”, alerta Gustavo.
 
Em relação ao estudo com a vacina CoronaVac, o coordenador informa que houve a inclusão de pacientes com 60 anos ou mais na pesquisa, nesta semana, e que, a depender da decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a respeito do uso emergencial do imunizante, haverá a avaliação da inserção de novos participantes. “A pesquisa foi planejada para acompanhar todos os participantes do estudo por 12 meses. Nosso compromisso, independentemente do que a Anvisa vai dizer domingo (amanhã), é continuar esse acompanhamento até que todos tenham o período concluído”, descreve o professor.
 
Mariana Rodrigues, 29 anos, é enfermeira e foi a segunda pessoa a tomar a CoronaVac em teste no DF, em 5 de agosto. Ela relata que sentiu os sintomas leves da doença, como dor no corpo e abdominal, mal-estar geral e fraqueza. A servidora do Hospital Universitário de Brasília (HUB) tomou a segunda dose depois de 15 dias. “Existe uma possibilidade de ter sido placebo, mas não sabemos, por conta do duplo cego. Torço muito para que tenha sido a vacina, até porque estamos lidando o tempo todo com a covid-19”, relata a voluntária. Para ela, a vacinação é essencial para amenizar formas graves da doença. “Na quarta, inclusive, recebemos pacientes graves de Manaus, por falta de oxigênio e de suporte. É muito importante que as pessoas comecem a ser vacinadas”, avalia.
 
Colaborou Samara Schwingel
 
 
 Plano de vacinação do DF
 
1ª fase: trabalhadores de saúde, pessoas maiores de 75 anos e idosos com 60 anos ou mais em instituições de abrigo: 202,3 mil pessoas
 
2ª fase: idosos entre 60 e 74 anos: 265,3 mil pessoas
 
3ª fase: pacientes com comorbidades: 150,2 mil pessoas
 
4ª fase: professores e agentes de segurança: 78,3 mil pessoas
 
Total vacinados: cerca de 700 mil pessoas — 23% da população do DF

Correio Braziliense sexta, 15 de janeiro de 2021

BRASILEIRÃO - CRUZEIRO: PROJEÇÕES APOCALÍPTICAS

Jornal Impresso

Projeções apocalípticas
 
Revivendo erros do primeiro rebaixamento e sem perspectivas de ressurgir, Cruzeiro deve amargar mais uma temporada na segunda divisão. Jogadores e o técnico Felipão exibem descontentamento com o clube

 


Danilo Queiroz

Publicação: 15/01/2021 04:00

Atletas da equipe celeste aguardam a quitação de três meses e meio de salários atrasados. Scolari sinaliza saída do comando ao fim do campeonato (Bruno Haddad/Cruzeiro
)  

Atletas da equipe celeste aguardam a quitação de três meses e meio de salários atrasados. Scolari sinaliza saída do comando ao fim do campeonato

 

 
Na última quarta-feira, no Independência, pela 34ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro, o Cruzeiro foi derrotado por 2 x 0 pelo lanterna Oeste e, praticamente, deu adeus ao sonho de acesso à primeira divisão. Na visão fria da matemática, observando-se apenas os números em disputa, o time celeste cultiva remotas chances de subir. Porém, a realidade mostra um cenário bastante cruel. No horizonte da equipe das cinco estrelas, não há nenhum sinal de esperança que faça os torcedores acreditarem em uma retomada na atual temporada, ameaçando, até mesmo, a próxima, que marca o centenário da Raposa.
 
Na saída de campo, após o mais recente resultado negativo, o atacante Rafael Sóbis, um dos principais líderes do atual elenco celeste, deixou no ar uma projeção apocalíptica sobre a preocupante situação do clube mineiro. “O momento é difícil, os jogadores que estão aqui são heróis, porque tem muita coisa acontecendo. É muito difícil mesmo. As pessoas não sabem 10% do que está acontecendo. Vamos seguir lutando, honrando a nossa camisa e fazer o melhor para o Cruzeiro até o fim. Vou segurar e, na hora certa, vocês vão saber. Perdemos e não é o momento de fazer polêmica”, disse.
 
O saldo dos 10% conhecidos do problema, porém, é negativamente avassalador. A crise escancarada nos meses que antecederam o primeiro rebaixamento celeste tomaram contornos ainda mais drásticos durante a temporada que deveria servir de recomeço. Em 13º lugar, o Cruzeiro paga o preço por erros de planejamento que vão muito além da punição aplicada pela Fifa, em março, que fez o time azul começar a Série B com seis pontos a menos. A causa foi o não cumprimento de uma ordem de pagamento emitida pela entidade referente à dívida do clube com o Al Wahda, pelo empréstimo do volante Denílson.
 
Inerte, a diretoria liderada por Sérgio Santos Rodrigues acumulou erros cruciais na campanha. Atualmente, o Cruzeiro deve dois meses e meio de salários aos jogadores, além do pagamento do 13º. Em rota de choque com os cartolas na briga pelos direitos, os atletas optaram por não se concentrar antes da derrota para o Oeste. Apoiando o elenco, o técnico Luiz Felipe Scolari também não fala a mesma língua da diretoria. Contratado sob promessas de um projeto sólido, o experiente treinador viu uma realidade diferente. “O problema do Cruzeiro é mais sério do que eu imaginava quando cheguei”, constatou.
 
Por parte dos dirigentes celestes, não há nenhum sinal de prazo para resolução das questões. Para piorar, nos bastidores, as sentenças exigindo pagamentos de dívidas se acumulam. Em 2020, duas condenações chegaram a proibir o clube de registrar contratos de novos jogadores. A última delas, nesta semana, chega a R$ 2,4 milhões. Por débitos de FGTS, a União exigiu, ainda, a quitação de R$ 8 milhões até segunda-feira, sob o risco de penhora de bens. Devendo cerca de R$ 1 bilhão, o clube tornou-se o maior devedor do país e corre o risco de ter ainda mais problemas na próxima temporada.
 
“O momento é difícil, os jogadores que estão aqui são heróis. É muito difícil mesmo. As pessoas não sabem 10% do que está acontecendo. Vamos seguir lutando até o fim. Na hora certa, vocês vão saber”
 
Rafael Sóbis, atacante do Cruzeiro

 


Correio Braziliense quinta, 14 de janeiro de 2021

LIBERTADORES: NA VILA BELMIRO, SANTOS ATROPELA BOCA JUNIORS

Jornal Impresso

Está tudo dominado
 
Na Vila Belmiro, Santos atropela Boca Juniors, por 3 x 0, e fará final brasileira com o Palmeiras. Após uma temporada de crises nos bastidores, Peixe vai em busca do quarto título no torneio continental

 

Publicação: 14/01/2021 04:00

O zagueiro Lucas Veríssimo (C), com uma proteção na cabeça após sangrar em campo, foi um símbolo da disposição do time da Vila contra o rival argentino (Sebastiao Moreira/AFP)  
O zagueiro Lucas Veríssimo (C), com uma proteção na cabeça após sangrar em campo, foi um símbolo da disposição do time da Vila contra o rival argentino


O Santos garantiu de forma espetacular a final brasileira da Copa Libertadores. Colocou o Boca Juniors na roda, ganhou por 3 x 0, ontem, na Vila Belmiro, e enfrentará o Palmeiras dia 30, em jogo único, no Maracanã. Um prêmio merecido para uma equipe que conviveu com os problemas políticos do clube, mas, liderada pelo técnico Cuca – com proposta ousada e intensa dentro do campo e um faz-tudo fora dele – superou o descrédito que lhe recaía.
 
É a quinta vez que o Santos decidirá a Libertadores, e buscará o quarto título – foi campeão em 1962, 1963 e 2011. Será a terceira final entre brasileiros. Em 2005, o São Paulo foi campeão em cima do Athletico-PR; em 2006, deu Internacional contra o São Paulo.
 
O Santos foi logo apresentando o cartão de visitas ao Boca Juniors. Aos 28 segundos, Marinho acertou a trave de Andrada em um chute cruzado. Marcando forte no campo adversário, jogando com velocidade, com movimentação constante dos jogadores, o Peixe tomou conta da partida.
 
O time brasileiro foi criando chances. Teve uma com Kaio Jorge, que desviou para fora após escanteio. O volante Pituca chegava bastante na área para concluir. E foi ele quem abriu o placar, aos 15. No lance, Soteldo penetrou na área, chutou e a bola bateu na mão de Lizandro López. Os santistas ameaçaram reclamar de pênalti, mas Pituca pegou o rebote e bateu rasteiro: 1 x 0.
 
O Boca estava assustado. Não conseguia articular jogadas, mas teve de tentar ir ao ataque e permitiu ao Santos contra-atacar. Na parte final da etapa, Marinho obrigou Andrada a fazer difícil defesa em cobrança de falta. Poderia ter ido para o vestiário com vantagem maior.
 
Não fez falta. O Santos decidiu a partida em cinco minutos na etapa final. Aos três, Soteldo penetrou pela esquerda e acertou uma paulada de direita, surpreendendo Andrada. Aos cinco, Marinho fez grande jogada e tocou para Lucas Braga ampliar.
 
Os argentinos se descontrolaram. O lateral Fabra agrediu Marinho com um pisão na barriga, sendo expulso aos 10 minutos. O jogo estava decidido e Cuca tirou Soteldo, pendurado com dois cartões amarelos, para evitar o risco de ficar de fora da decisão. 

Correio Braziliense quarta, 13 de janeiro de 2021

GHOSTBIKES: PARA RESPEITAR A VIDA

Jornal Impresso

Para respeitar a vida
 
Ghostbikes às margens de vias da cidade homenageiam vítimas da violência no trânsito e têm o objetivo conscientizar a população sobre o respeito aos ciclistas

 

» CIBELE MOREIRA
» LUANA PATRIOLINO

Publicação: 13/01/2021 04:00

Eliane Luiz:  

Eliane Luiz: "A colocação da ghostbike é muito importante. Representa o que ele (Saturnino) mais gostava de fazer"

 



Renata Aragão mantém o ativismo do filho Raul por uma cidade mais civilizada nas vias (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  

Renata Aragão mantém o ativismo do filho Raul por uma cidade mais civilizada nas vias

 

 
Quem passa pelas vias de Brasília com certeza já viu uma bicicleta branca com flores e enfeites às margens das vias. Mas o que elas querem dizer? Conhecidas como ghostbikes, a iniciativa faz parte de uma ação da ONG Rodas da Paz para homenagear ciclistas mortos pelo trânsito do Distrito Federal, além de conscientizar a população pelo valor à vida de quem utiliza a bicicleta como um meio de transporte ou por lazer. O tributo ainda representa um alento para as famílias que perderam um ente querido de uma forma tão trágica. Para Selma Oliveira de Morais, 61 anos, a ghostbike fixada no último domingo, na L3 Sul, em homenagem ao marido que faleceu, em maio do ano passado, é uma maneira carinhosa de lembrar do empresário Vitor Pullig Salgado, 67.
 
Vitor saiu de casa em 21 de maio de 2020, para pedalar — algo que fazia com muita frequência pelas vias da capital. Era por volta das 17h, em um dia claro. Um passeio que, infelizmente, não terminou bem. Um motorista que trafegava na pista de acesso à Ponte das Garças, acabou colidindo com Vitor, que teve ferimentos graves e não resistiu após quatro dias internado no hospital. O ocorrido abalou a família inteira, tanto pela perda de um pai, um amigo, um marido, como pela situação em si. No entanto, a lembrança da pessoa alegre, sempre sorridente e família é o que marca para aqueles que conheceram Vitor em vida. “Ele adorava uma competição, sempre muito ativo, que gostava de pedalar. Muito família. É assim que gosto de me lembrar dele”, conta Selma.
 
No domingo, a ONG Rodas da Paz também prestou homenagem a Saturnino Aguiar de Paula Júnior, 47, morto em 2015, após se atropelado na quadra 3 do Park Way. A viúva, Eliane Luiz da Costa Aguiar, 52, conta que o período de luto ainda é doloroso para ela e a família. “Abalou a família inteira. Ir ao cemitério ainda é algo difícil para a gente. Mas a colocação da ghostbike é muito importante. Representa o que ele mais gostava de fazer. Tenho certeza, onde ele estiver, ele vai se sentir homenageado”, ressalta Eliane, que está retornando a pedalar aos poucos em trilhas no Jardim Botânico após cinco anos do ocorrido.
 
Para quem conheceu Saturnino, ele era uma pessoa sonhadora que vivia um dia de cada vez. “Adorava fazer corrida e caminhada. Eu que andava de bicicleta, o trouxe para pedalar e ele se apaixonou pelo esporte. Posso dizer que ele era uma pessoa muito feliz”, ressalta Eliane. Os dois foram casados durante 30 anos e tiveram três filhos que têm a idade entre 25 e 30 anos. A colocação da escultura da bicicleta branca serviu de amparo para Eliane que se sentiu acolhida na grande família entre os ciclistas. “É uma união muito forte. Todo mundo sente a perda e nos conforta”, relata.


Saturnino e Eliane: pedaladas pela cidade (Arquivo Pessoal)  

Saturnino e Eliane: pedaladas pela cidade

 



 
Manifestação
 
O coordenador-geral da ONG Rodas da Paz, Raphael Barros, alerta sobre a atenção no trânsito em relação aos ciclistas. “Tem que ser observado tanto pelo governo quanto pelos motoristas que estão trafegando lá, para tomarem cuidado. Essas (ghostbikes) são uma manifestação de que ali se perdeu uma vida e isso podia ter sido evitado”, pontua. Sobre a colocação das bicicletas brancas, ele explica que só são instaladas após a aprovação dos parentes das vítimas. “Pedimos licença para a família, para ter certeza de que terão tranquilidade de passar pelo local, lembrar do ciclista, e não sofrer”, conta.
 
No ano passado, foram colocadas seis esculturas de bicicletas brancas marcando o local onde ocorreu o acidente seguido de óbito e, este ano, já foram fixados mais dois. Segundo dados do Instituto de Medicina Legal (IML), entre janeiro e outubro do ano passado, foram 17 mortes de ciclistas nas vias do Distrito Federal, contra 19 em relação ao mesmo período de 2019.
 
Ativismo
 
Um cicloativista. É assim que a mãe do jovem Raul Aragão, morto aos 23 anos, vítima de um atropelamento na L2 Norte, em 2016, o define. “A opção dele era a bicicleta. Fazia dela sempre o meio de transporte”, diz Renata Aragão, 61, mãe do rapaz. A ligação com o mundo das bikes era tão forte que Raul desenvolveu o tema no Trabalho de Conclusão de Curso de Ciências Sociais, da Universidade de Brasília (UnB). Infelizmente, ele não chegou a apresentar a pesquisa, mas teve fragmentos publicados no anuário de antropologia da UnB. “O TCC falava sobre o impacto dos carros na vida dos moradores de Brasília”, conta a mãe.
 
Sensível, ativista e apaixonado pela cidade, Raul integrava o Rodas da Paz e ajudou a colocar bicicletas brancas para os colegas mortos nas vias do DF. “No velório dele apareceu uma senhora dizendo que ele colocou uma ghostbike do pai dela, em Samambaia. Ela ficou tão encantada por ele, que passou a segui-lo nas redes sociais e, assim, soube do atropelamento e morte dele”, conta Renata.
 
As homenagens ao jovem ciclista ajudam a manter viva a memória de Raul entre os parentes e amigos. “Preenche muito a gente que vive com a ausência. Eu faço de grupos de mães que perderam filhos e uma das coisas que a gente sente muito é que o filho vai ficando esquecido”, ressalta Aragão.
 
Raul Aragão foi morto pelo estudante da Universidade de Brasília (UnB), Johann Homonai, que o atingiu com velocidade de 95 km/h (de acordo com o laudo pericial) na L2 Norte, uma rua de Brasília cuja velocidade máxima permitida é 60 km/h, em outubro de 2017.


Memória 
 
Pedro Davison 
 
Pedro Davison morreu após um atropelamento no Eixo Sul, em Brasília, há 14 anos. Ele tinha 25 anos quando foi atropelado por um carro que estava acima da velocidade permitida ao local em que era proibida a circulação de automóveis. Os pais, Pérsio e Maria Elizabeth, buscaram preservar o legado do filho por meio da conscientização dos motoristas, com o objetivo de evitar novas tragédias no trânsito. A de Pedro incentivou a criação do Dia Nacional do Ciclista (Lei Federal n° 13.508/2017), comemorado em 19 de agosto.
 
 
Givelson Carlos
 
O policial civil aposentado Givelson Carlos Batista da Cunha, 54, morreu em novembro do ano passado depois de um atropelamento que sofreu, enquanto pedalava com o grupo Jaguar do Pedal na DF-205, na região do Córrego do Ouro, próximo à divisa norte do DF com Goiás, em Sobradinho. O motorista que atropelou fugiu do local para não ser autuado em flagrante.
 
 
Francisco Vidal
 
O agente penitenciário Francisco Vidal morreu depois de ser atingido por um veículo, quando seguia no sentido Taguatinga-Plano Piloto, em junho de 2014. O impacto fez com que a vítima fosse jogada no canteiro central da EPTG e a bicicleta ficou totalmente destruída. O homem morreu na hora e o condutor fugiu do local.

Correio Braziliense terça, 12 de janeiro de 2021

BRASÍLIA: MENOR TAXA DE HOMICÍDIOS EM 41 ANOS

Jornal Impresso

Menor taxa de homicídios em 41 anos
 
Ao CB.Poder, Anderson Torres apresentou o balanço dos casos de violência na capital em 2020. Tiveram baixa os números de feminicídios e os de crimes contra o patrimônio. No entanto, golpes pela internet aumentaram durante a pandemia

 

CAROLINE CINTRA

Publicação: 12/01/2021 04:00

Em 2020, o Distrito Federal teve a menor taxa de homicídio em 41 anos, desde o início da série histórica, em 1980. O dado foi apresentado pelo secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, ao jornalista Alexandre de Paula em entrevista ao CB.Poder, uma parceria do Correio Braziliense e a TV Brasília, ontem. A capital registrou queda em outros índices. Os crimes contra o patrimônio diminuíram 30%, e o feminicídio caiu quase 50% (Leia mais na página 14). Para o chefe da pasta, diversos fatores contribuíram para as baixas, a principal delas é a integração entre as forças de segurança.
Embora os números sejam positivos para a população, Anderson destacou que há um deficit grande de policiais no DF, principalmente, entre os civis. Para reforçar a equipe, o intuito da Secretaria de Segurança Pública (SSP) é retomar o processo do concurso para escrivães e agentes em maio, mês em que o secretário espera haver vacina e número suficiente de imunes à covid-19. As provas estavam marcadas para o ano passado, no entanto, devido a pandemia, estão suspensas e sem nova data.



 (Ed Alves/CB/D.A.Press)  



Quais são os principais destaques do balanço de 2020?
Os crimes contra o patrimônio diminuíram, aproximadamente, 30%; o furto ou assalto diminuiu 30%; e tivemos uma grande redução em um crime que tem chamado muito a atenção da sociedade, que é o feminicídio, o qual teve queda de 50%, em relação a 2019, que já havia sido um ano de recordes, de diminuição dos números dos crimes. Então, 2020 acabou sendo um ano de muito trabalho e dedicação para nós, da Segurança Pública, e os resultados, graças a Deus vieram.

Quais os principais fatores que contribuíram para essa mudança?
Acho que é o trabalho sério, feito com metas, análise de resultados e reorganização, praticamente, semanal da nossa atuação. Ressalto, como fundamental, a integração das forças de segurança. Isso tem sido um avanço muito grande para nós.

A queda de homicídios é um dado muito expressivo, não é?
Buscamos nos arquivos e começamos a divulgar uns números mais corretos e confiáveis a partir de 1980. De lá para cá, fizemos a menor taxa de homicídio de todos esses anos. Isso são muitas vidas salvas. Esse é o crime mãe, que toma nosso principal bem, que é nossa vida, e conseguimos baixar isso. É um paradoxo que vivemos hoje. A população aumentando, o efetivo da polícia diminuindo, e os crimes também diminuindo. Temos conseguido fazer mais com muito menos.

Caiu quanto de 2019 para 2020?
Em 2019, batemos o recorde dos últimos 35 anos. Agora, foi 41 anos. Estamos com uma média de 11,4 homicídios para cada 100 mil habitantes. Essa média é extremamente baixa e supera, inclusive, nossas metas para 2022. Quando assumimos, tínhamos metas para os quatro anos do primeiro mandato do governador Ibaneis Rocha (MDB), e conseguimos superar com folga.

O início de ano é muito movimentado. Existe alguma explicação para que aconteça esse tipo de coisa? Existe uma preocupação maior nesse período?
Existe. Começa no Natal. Ao fim do ano, os crimes contra o patrimônio aumentam, há muito dinheiro circulando pela cidade  o comércio aberto mais tempo. Apesar dos sete homicídios no final de semana, temos três a menos do que no ano passado, no mesmo período. Continuamos no caminho de baixar a criminalidade. Todos os homicídios e feminicídios são estudados. Analisamos as causas. Garanto que as maiores causas de homicídio no DF são problemas entre as gangues — 78% dos assassinos têm ficha criminal. Óbvio que toda vida é importante. Temos procurado manter isso em níveis extremamente aceitáveis no DF.

Houve um crime de feminicídio na última semana. O que falta para diminuirmos isso mais ainda?
Acho que é uma questão cultural. A Segurança Pública, geralmente, chega, infelizmente, para buscar o corpo. Há um medo de denunciar, chamo até de conivência das pessoas que sabem que está acontecendo uma violência contra a mulher. O feminicídio não é um crime que nasce maduro, ele vem amadurecendo. É um tapa, uma surra, um cárcere privado. Ele vai acontecendo até o desfecho final, que é o feminicídio. Ao longo desses intercrimes, precisamos de informação. A sociedade brasileira precisa entender que isso não é normal. Ou isso muda, ou a gente não consegue diminuir essa barbaridade.

A pandemia influenciou no número de crimes?
Não temos um estudo que diga se diminuiu ou se aumentou. Acho difícil criminosos respeitarem alguma coisa, quem dirá uma pandemia. Acho que houve uma readaptação do crime: outras modalidades, outros meios de criminalidade. Ressalto o trabalho das forças de segurança. É um momento difícil para a humanidade. As polícias Militar, Civil, o Corpo de Bombeiros, o Detran, ninguém parou. Pelo contrário, no auge da pandemia, nosso trabalho estava dobrado. Infelizmente, perdemos algumas pessoas da Segurança Pública em razão da covid-19, mas, em momento algum, as instituições falharam com a população.

O que dá para prever para 2021?
Agora, depois da eleição municipal, saiu um dado dizendo que temos 1,8 milhão de pessoas no Entorno, somados com os 3 milhões do DF, temos quase 5 milhões de pessoas envolvidas nisso. O crime do Entorno funciona muito em razão do DF. Estamos com uma parceria com o Estado de Goiás, firmando um convênio para aumentar uma série de trabalhos conjunto nessa região.

Quais os principais gargalos da Segurança no DF?
São, praticamente, os da segurança nacional. A sociedade como um todo precisa olhar com mais atenção para a Segurança Pública. Se não houver uma mudança nacional, as coisas não mudam. Hoje, é tudo muito rápido, as pessoas se comunicam muito rápido e os criminosos são da mesma forma. Vejo umas questões basilares que precisam ser resolvidas. Primeiro, o sistema carcerário. O que fazer com nossos presos, como ressocializar essas pessoas? Temos meio milhão de pessoas encarceradas no país e não temos uma política de ressocialização. E, aí vêm os outros problemas, como o crime organizado, que, a duras penas, temos mantido fora do DF. O Entorno é outro gargalo. Vejo esses como nossos principais desafios.

Tem alguma coisa prevista sobre os concursos públicos?
O concurso da Polícia Civil foi suspenso em razão da pandemia, e estamos aguardando o melhor momento para que seja realizado. A Polícia Civil tem um deficit muito grande de policiais, isso impacta no nosso trabalho. Temos um concurso do Corpo de Bombeiro e um da Polícia Militar em andamento. Desde o início da nossa gestão, nomeamos mais de 3 mil policiais. Temos feito o possível, dentro de uma realidade de pandemia e crise financeira no Distrito Federal. Há um compromisso do governador em nomear todos eles, mas atendendo aos critérios da pandemia. Já era para estar bem adiantado.

E o concurso da Polícia Civil, que estava prestes a ser feito, dá para se ter uma ideia de quando vai ser seguro?
Acho que estamos próximos de uma vacina. Mas uma segurança, só a partir de maio. Estava lendo especialistas da saúde falando que não é porque está vacinando todo mundo que, imediatamente, vamos ter imunização. No mínimo, no mês de maio. Todos esses fatores serão analisados. O maior interessado sou eu em colocar mais policiais nas ruas.

Como está sendo o olhar para os crimes cibernéticos?
Estamos nos adaptando. Temos uma delegacia de repressão aos crimes cibernéticos aqui, no DF, que tem funcionado muito bem. Percebo que é muito rápida a apuração dos crimes. Um crime que incomoda, que é o furto e o roubo de celular, a Polícia Civil tem conseguido recuperar e entregar para os proprietários esses objetos e é uma vitória. Temos feito um trabalho muito forte. Esse crime, realmente, aumentou. Na pandemia, cresceu muito a oportunidade que eles têm de cometer esse tipo de crime, mas estamos muito atentos.



Evolução de homicídios no DF

Taxa por 100 mil habitantes

Maiores

2012    31,0
2009    29,9
2000    29,5
2011    28,5
2003    28,0

Menores
2020    11,4 (menor em 41 anos)
1983    12,0
1984    12,4
2019    13,1
1985    13,9

Número absoluto de vítimas

Maiores

2012    820
2009    780
2011    745
2013    721
2014    715

Menores
2020    373 (menor em 28 anos)
1994    397
2019    418
1993    427
2018    459

Correio Braziliense segunda, 11 de janeiro de 2021

VACINA RUSSA COMEÇARÁ A SER PRODUZIDA NO DF

Jornal Impresso

Vacina russa começará a ser produzida no DF
 
Fábrica em Santa Maria produzirá as primeiras doses da Sputnik V, do Instituto Gamaleya, a partir de sexta-feira. Enquanto a empresa aguarda a liberação da Anvisa para a distribuição no Brasil, imunizante será exportado

 

» SARAH PERES

Publicação: 11/01/2021 04:00

Farmacêutica União Química é a responsável pelo processo no Brasil (Andres Larrovere/AFP)  
Farmacêutica União Química é a responsável pelo processo no Brasil
 
O Distrito Federal será polo produtivo da vacina russa Sputnik V, do Instituto Gamaleya, a partir desta sexta-feira, conforme informou ao Correio a farmacêutica brasileira União Química. A empresa afirma que o Brasil é prioridade para a distribuição, mas, devido à necessidade de autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a produção inicial do imunizante será exportada para países que o aprovaram.
 
A farmacêutica, por meio da fábrica Bthek, localizada em Santa Maria, é a primeira a produzir a Sputnik V em território nacional. Atualmente, empresas brasileiras importam a vacina ou os ingredientes farmacêuticos. Segundo Rogério Rosso, diretor de negócios internacionais da União Química, a vacina será produzida na capital federal e, depois, fracionada e envasada em Guarulhos (SP).
 
A produção da vacina é possível por conta da parceria da empresa com o Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF). “Nosso contrato é para produzir a vacina para o Brasil e em países da América do Sul. Para exportarmos a Sputnik V, não é preciso registro por parte da Anvisa. A agência é responsável apenas por realizar inspeções das instalações e processos”, explica Rosso.
 
O diretor também informou que a farmacêutica submeteu o Dossiê de Desenvolvimento Clínico de Medicamento (DDCM) à Anvisa. À reportagem, a autarquia explicou que recebeu, em 29 de dezembro, o pedido de teste fase 3 da Sputnik V no Brasil. “A agência pediu complementação de informações. Até o momento, não recebemos os dados necessários para continuar a análise”, esclareceu, por meio de nota.
 
Rogério Rosso garantiu que as informações solicitadas pela Anvisa serão entregues ainda nesta semana. “Nossa prioridade é o Brasil. Porém, enquanto aguardamos aprovação dos testes clínicos, vamos produzir doses para mercados e países que aprovaram a vacina, como a Argentina. Estamos indo, hoje (ontem), à Rússia para validação dos processos industriais”, finaliza.
 
Com os novos dados, a Anvisa retoma o processo de análise para a testagem da Sputnik V no Brasil, vacina que tem 91,4% de eficácia segundo testes clínicos feitos na Rússia. A agência destaca que tem buscado sanar essas demandas em até três dias úteis, mas que esse prazo “depende do volume e da complexidade técnica das informações que serão enviadas”. O Distrito Federal está entre as unidades da Federação que farão parte do estudo clínico.
 
» 658 novos casos no DF
O Distrito Federal registrou 658 novos casos da covid-19 e seis mortes nas últimas 24 horas, conforme dados do boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde ontem. Ao todo, são 258.811 pessoas contaminadas pelo vírus. Destas, 95,9% (248.297) se recuperaram e 4.356 (1,7%) morreram. Atualmente, são 6.158 casos ativos da doença na capital federal.
 
Farmacêutica União Química é a responsável pelo  processo no Brasil
 
» Distribuição
 
Veja quais países iniciaram a 
vacinação com a Sputnik V e quais recebem testes clínicos
 
Em vacinação
 
» Rússia
» Argentina
» Bielorrússia
» Guiné
 
Preveem testes
 
» Brasil
» Emirados Árabes Unidos
» Sérvia
» Índia
» Venezuela
» Egito
» Bolívia

Correio Braziliense domingo, 10 de janeiro de 2021

A FACE DA DESIGUALDADE NO DF

Jornal Impresso

A face da desigualdade no DF
 
Mais de 160 mil famílias vivem na faixa da pobreza na capital do país, e o aumento da quantidade de pessoas em situação de rua revela cenário de deficit habitacional. O Correio visitou alguns dos locais onde diferentes grupos enfrentam essa realidade

 

DARCIANNE DIOGO

Publicação: 10/01/2021 04:00

 

Até 21 de dezembro, 2.019 pessoas se declararam em situação de rua, sendo 154 crianças e 61 adolescentes (Fotos: Minervino Júnior/CB/D.A Press)  

Até 21 de dezembro, 2.019 pessoas se declararam em situação de rua, sendo 154 crianças e 61 adolescentes

 

 

 

 

Edivaldo Dias mora em uma ocupação irregular próxima à UnB: %u201CAqui, é a cidade dos ricos%u201D (Minervino J?nior/CB/D.A Press)  
Edivaldo Dias mora em uma ocupação irregular próxima à UnB: "Aqui, é a cidade dos ricos."


Aglomerados em barracos de madeira, de tijolos e até de papelão, crianças, jovens, adultos e idosos em situação de vulnerabilidade social convivem sob tetos irregulares, à beira das vias do Distrito Federal, principalmente na área central de Brasília. O cenário mostra falhas em áreas como educação, mercado de trabalho e desenvolvimento urbano. As famílias erguem as construções de maneira improvisada. O ambiente interno assemelha-se ao de uma casa comum — com colchão, estante para guardar roupas, fogão a lenha —, e, do lado de fora, banheiro. Mas quem são essas pessoas e de onde elas vêm?
A maioria dessas pessoas trabalha como catador de material reciclável. A renda varia entre R$ 250 e R$ 400. O dinheiro vai para a compra de comida e itens básicos de higiene. Roupas, sandálias e acessórios ficam por conta de doações. Aos 19 anos, Bruna Rafaelle Duarte descreve um pouco da rotina. Casada e mãe de uma menina de 1 ano, a jovem foi despejada de uma casa, em São Sebastião, por atrasar o aluguel, que custava R$ 350. Há três anos, um barraco de lona e madeira, na 707/907 Norte, virou o abrigo da família. Na região residem, ao menos, outros 20 grupos de pessoas.
 
Bruna deveria ter terminado o ensino médio, mas parou os estudos no 6º ano do fundamental. “Meu trabalho é de catadora. Todo dia, saio às 7h e volto às 12h, para almoçar. Depois, vou para as ruas novamente e só chego às 18h. O dinheiro que entra é para o alimento e para as coisas da neném, como fralda e leite”, conta. A meta, segundo ela, é arrumar outra função. “Como consigo alugar uma casa sem ter uma renda fixa? Se eu conseguir um trabalho (estável) em qualquer área, está bom”, completa a jovem.
 
Ainda na região do Plano Piloto, na L3 Norte, atrás do Instituto Federal de Brasília (IFB), uma fileira de barracos chama a atenção de quem passa. Em um dos terrenos, há até uma espécie de “minifazenda”, com cachorros, gatos e galinhas. Próximo à Universidade de Brasília (UnB) há agrupamentos semelhantes, erguidos no canteiro verde. Ali, as famílias construíram até uma árvore de Natal, com bolas coloridas, garrafas pet e materiais recicláveis.
 
Mais de 160 mil famílias vivem na faixa da pobreza no Distrito Federal. Pessoas que vivem em domicílios improvisados, como Bruna; que moram em cômodos; ou mesmo que ganham até três salários-mínimos (R$ 3.300), mas gastam 30% ou mais da renda para pagar o aluguel. Esses retratos compõem o cenário de deficit habitacional urbano do DF. O termo está relacionado à necessidade de construção de novas moradias em função da precariedade e de condições inadequadas das atuais. Estudo da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) mostra que, até 2025, Brasília pode ter mais de 150 mil domicílios nessa situação.
 
Falhas
 
O fato de Brasília ser considerada a cidade do funcionalismo público evidencia o problema da desigualdade social, como explica Ciro Almeida, economista da GWX Investimentos. “No DF, é muito clara a discriminação com aqueles que têm poder de renda menor. A capital sofre pelo fato de a principal matriz econômica dela ser o serviço público. Com isso, muitas pessoas se sentem marginalizadas pela sociedade. Sem renda, esse público atinge o limite e recorre a alternativas para sobreviver. Vão para invasões, por exemplo”, argumenta.
 
A Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes-DF) é a responsável por prestar atendimento e apoio a essas famílias. A pasta não dispõe de dados sobre a quantidade de invasões existentes na capital do país, mas, até 21 de dezembro, 2.019 pessoas se declararam em situação de rua, sendo 154 crianças e 61 adolescentes. O aumento no número de ocupações irregulares pode ser explicado pela falta de políticas para desenvolvimento regional e urbano, com foco no cidadão, segundo o economista Ciro Almeida.
 
Outro problema é a concentração de renda. A Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Pdad), produzida pela Codeplan, divide a capital entre quatro grupos: alta renda, média-alta renda, média-baixa renda e baixa renda. No primeiro conjunto, aparecem Plano Piloto, Jardim Botânico, Lago Norte, Lago Sul, Park Way e Sudoeste/Octogonal, com renda familiar média de R$ 15.635. No último, estão Fercal, Itapoã, Paranoá, Recanto das Emas, SCIA/Estrutural e Varjão (R$ 2.476).
 
Edivaldo Dias Batista, 48, é natural de Juazeiro (BA) e chegou a Brasília em 1987, com outros dois amigos, para trabalhar como auxiliar de pedreiro. A construção de diversos prédios antigos da capital federal passou pelas mãos do baiano. Mas ele foi demitido e voltou para a cidade-natal no Nordeste. De família pobre e morando de favor na casa dos irmãos, Edivaldo decidiu retornar ao DF, em setembro, para tentar um emprego.
 
Após desembarcar em Brasília, o auxiliar de pedreiro ficou alocado em uma serralheria, na Vila Planalto, onde trabalhava em troca de um lugar para dormir e um pequeno salário — menos de R$ 200. “Saí de lá dois meses depois. O dono queria que eu começasse a trabalhar praticamente de graça, então decidi seguir minha vida”, conta. Há menos de dois meses, Edivaldo mora em uma ocupação irregular próxima à UnB. No mesmo local, convivem 16 famílias. “Vou ficar até juntar o dinheiro para voltar à Bahia. Mas, aqui, é a cidade dos ricos, e as oportunidades para a pessoa pobre são poucas”, desabafa.
 
Apoio
 
O Distrito Federal conta com 46 unidades de acolhimento institucional, segundo a Sedes-DF, com mais de 1,7 mil vagas. A pasta informou que 28 equipes do Serviço de Abordagem Social percorrem as ruas, para identificar os pontos de maior concentração de pessoas em situação de vulnerabilidade. A Secretaria de Proteção à Ordem Urbanística (DF Legal) afirmou que, no ano passado, recolheu, aproximadamente, 1,3 mil estruturas de edificações precárias em lona e em madeira. O órgão distrital monitora, atualmente, 29 pontos.
 
Coordenador da Proteção Social Especial da Sedes-DF, Jean Rates detalhou os tipos de ocupações irregulares existentes no DF: “É importante entender que temos dois públicos, que podem ser confundidos. As invasões são pequenas comunidades estabelecidas em determinadas regiões, onde as pessoas começam a montar a moradia. Na outra situação, temos as pessoas que vivem na rua de fato. Elas são as que mais precisam de serviço e oferta. Nos dois casos, a Sedes vai até os locais, reconhece a demanda e oferta os serviços”, explica.
 
Entre algumas das ações voltadas a esses públicos está a concessão de vagas em unidades de acolhimentos. Outra, destina-se às pessoas em situação de rua que pretendem voltar à cidade de origem. Nesse caso, a Sedes-DF arca com os custos das passagens. Em dezembro, houve aporte de R$ 174.336 em recursos, para pagamento de 376 benefícios. A pasta ofereceu, também, 109 auxílios excepcionais, uma ajuda mensal de R$ 600 para famílias arcarem com o aluguel. O modelo vale por até seis meses, para que o acolhido possa se restabelecer, mas pode ser prorrogado.
 
Colaborou Luana Patriolino
 
» Para saber mais
 
Situações excepcionais
 
O Auxílio Calamidade ou Auxílio em Situação de Desastre ou Calamidade Pública é concedido em casos de desastre ou calamidade pública declaradas oficialmente pelo Executivo local, como no caso da pandemia da covid-19. O benefício é pago em três parcelas de R$ 408 a cidadãos que não tenham condições de arcar com o enfrentamento de situações adversas ou que fragilizam a manutenção do núcleo familiar. Desde março, o Governo do Distrito Federal (GDF) ofereceu o auxílio a 11.210 pessoas. Para solicitá-lo, é necessário procurar unidades da assistência social, como os Centros de Referência da Assistência Social (Cras) ou Especializados de Assistência Social (Creas). A oferta também pode ocorrer por meio de identificação de pessoas em situação de vulnerabilidade, durante os atendimentos feitos pelas equipes de abordagem. 
 
"A capital sofre pelo fato de a principal matriz econômica dela ser o serviço público. Com isso, muitas pessoas
se sentem marginalizadas pela sociedade. Sem renda, esse público atinge o limite e recorre a alternativas para sobreviver. Vão para invasões, por exemplo”
Ciro Almeida, economista 
 
» Palavra de especialista
Resposta sustentável
 
É notória a obrigação do governo de cuidar das pessoas vulneráveis. Em período eleitoral, inclusive, as propostas relacionadas aos cuidados com os pobres sempre entram na ordem do dia, por causa da importância delas para toda a sociedade. A questão, com o avanço da miséria, demonstra uma situação que a pandemia escancarou: a fragilidade da economia brasileira. Mesmo com o pagamento do auxílio emergencial, a desaceleração econômica se mostrou fatal para os setores produtivos, reduzindo a oferta de postos de trabalho e, por consequência, diminuiu ainda mais a renda de muitos setores da sociedade. É direito do cidadão vulnerável buscar os programas de auxílio disponibilizados pelo governo, como o Bolsa Família ou equivalente — desde que corresponda aos critérios estabelecidos em regulamento. Mas, mais importante que isso, é o tipo de resposta sustentável que o Estado brasileiro dará para a situação, pois a manutenção da miséria é uma situação extremamente torpe por qualquer ponto de vista, seja social ou econômico.
 
Nauê Bernardo de Azevedo, advogado constitucionalista e cientista político 

Correio Braziliense sábado, 09 de janeiro de 2021

BETHÂNIA FIALIZA DISCO NOVO

Jornal Impresso

 

Bethânia finaliza disco novo
 
Além de canções inéditas, cantora inclui no repertório sucessos como A flor encarnada, de Adriana Calcanhotto; e o clássico Evidências, de José Augusto e Paulo Sérgio Valle

 

» Irlam Rocha Lima

Publicação: 09/01/2021 04:00

Maria Bethânia regrava Bar da noite, de Bidu Reis e Haroldo Barbosa, sucesso de 1953 (Vera Donato/Divulgação)  

Maria Bethânia regrava Bar da noite, de Bidu Reis e Haroldo Barbosa, sucesso de 1953

 

 
Por seis meses, Maria Bethânia ficou isolada em casa, no Rio de Janeiro, se protegendo dos problemas relacionados com a covid-19, até que no mês de setembro decidiu entrar em estúdio para gravar um novo disco, que inclui músicas inéditas. O álbum, gravado durante três semanas, será lançado no próximo mês, pela Biscoito Fino — ainda sem nome e repertório fechado. Mas do show Claros breus, ela escolheu A flor encarnada (Adriana Calcanhotto), Luminosidade (Chico César) e Evidências (José Augusto e Paulo Sérgio Valle), que se tornou um clássico sertanejo, na interpretação de Chitãozinho e Xororó. Outra regravação é a de Bar da noite (Bidu Reis e Haroldo Barbosa), de 1953 — que Bethânia foi buscar no baú da MPB.
 
Entre as inéditas, a única anunciada até agora foi 2 de junho, também de Calcanhotto. Na letra, ela mostra sua revolta contra a tragédia de Miguel Otávio, o menino pernambucano morto aos 5 anos, ao cair do 9º andar de um prédio de luxo em Recife — caso que mobilizou o Brasil e foi usado como exemplo de “racismo sistêmico” em documento da Organização das Nações Unidas (ONU). Tim Bernardes, compositor paulistano, por quem a cantora tem admiração, também terá música gravada. Nos acompanhamentos estão Jorge Helder (baixo), João Camarero (violão) e Zé Manoel (piano). O maestro baiano Letieres Leite participou da concepção do CD.
 
Fevereiros
 
Antes do lançamento do novo álbum de Bethânia, chega ao mercado o DVD com o registro de Fevereiros, documentário dirigido por Márcio Debelilan, mostra vitória da Mangueira, no carnaval de 2016, com o enredo Maria Bethânia — A Menina os Olhos de Oyá, e a participação da cantora na festa de Nossa Senhora da Purificação em Santo Amaro, sua terra natal. O longa-metragem traz também depoimentos de Caetano Veloso, Mabel Veloso — irmãos da homenageada — Chico Buarque, Leonardo Pereira (carnavalesco da escola carioca), da porta-bandeira Squel Jorgea, do babalorixá Pai Gilson e do historiador Luiz Antônio Simas.
 
“Acompanhei a preparação da escola desde a criação das alegorias até o desfile na Marquês de Sapucaí. Em Santo Amaro, onde estive por duas vezes, descobri o universo que inspirou o enredo e percebi a conexão entre as tradições do Recôncavo Baiano e o surgimento do samba carioca. O filme sai em defesa da tolerância, ao mostrar Maria Bethânia, filha de Iansã, criada nas novenas da Igreja de Nossa Senhora da Purificação”, relata Debellian. Ao ser exibido nos cinemas, o documentário foi um dos mais assistidos em 2019.

Correio Braziliense sexta, 08 de janeiro de 2021

ANO COMEÇA COM DESCONTOS NO COMÉRCIO
Ano começa com descontos no comércio
 
De acordo com o Sindivarejista, mais de 700 lojas da capital federal promovem liquidações e preços devem cair de 30% a 60%. As promoções vão até 17 de janeiro. Representantes do setor esperam que a internet seja o principal polo de vendas

 

» SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 08/01/2021 04:00

Gerente de loja, Rosangela está otimista com as vendas em janeiro:  

Gerente de loja, Rosangela está otimista com as vendas em janeiro: "Recuperar o faturamento que caiu após o início da crise sanitária"

 

Após as festividades de fim de ano, o comércio do Distrito Federal começa a investir em promoções com objetivo de queimar os estoques e se preparar para receber novos produtos. Este ano, de acordo com a estimativa do Sindicato do Comércio Varejista do DF (Sindivarejista), mais de 700 estabelecimentos da capital federal devem promover, até 17 de janeiro, liquidações que variam de 30% a 60% de descontos em itens variados. Segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), a expectativa é de que o faturamento do mês seja de R$ 65,4 milhões. As vendas de 2021 devem corresponder a 40% do registrado em janeiro de 2020, quando o valor chegou a R$ 151 milhões (entre comércio, serviço e turismo). Porém, as cifras podem cair com o fim do auxílio emergencial cedido pelo governo federal. Apesar disso, preços reduzidos atraem consumidores, e representantes do setor prevem que o e-commerce seja o principal meio de vendas.
 
“Essas promoções de início de ano são tradicionais e servem para que as lojas abram espaço nos estoques para receberem produtos mais novos”, explica o presidente do Sindivarejista, Edson de Castro. Ele afirma que os descontos chamam a atenção do comprador, mesmo em período de pandemia. “Geralmente, os itens que entram na liquidação são aqueles de última oportunidade, ou seja, com poucos tamanhos ou variedades disponíveis. Isso instiga o consumidor, e muitas pessoas deixam para comprar depois que acaba o ano, pois os preços, realmente, caem”, considera. Edson destaca que roupas, objetos para o lar e calçados são os setores que mais devem promover descontos.
 
Simone Malty, 51 anos, sempre espera o período após as festas de fim de ano para comprar. “Acredito que é nesta fase que ocorrem as verdadeiras queimas e promoções que, realmente, valem a pena”, diz. A arquiteta e moradora da Asa Sul revela que se considera uma pessoa que compra por impulso, principalmente, durante liquidações. “Tudo que eu economizo durante o ano gasto nestas promoções. Agora, estou aproveitando para comprar presentes, pois prefiro este período às promoções de Natal”, detalha.
 
Simone garante que se organiza para não deixar de pagar impostos e contas fixas. “Sei que temos que arcar com as despesas necessárias. Cheguei a sentir aperto, mas procuro me planejar e até quitar o que for possível antes”, pontua. A arquiteta conta que, este ano, não viu muitas promoções, mas continua procurando. “É algo que observo nas lojas e gosto de ver”, ressalta.
 
Não são só os consumidores que aguardam pelas promoções. De acordo com a Fecomércio, a expectativa era de que, no Natal de 2020, as vendas crescessem 2,2%. Seria um índice positivo, considerando que o setor chegou a ter uma queda de 11,63% nas vendas entre abril e maio (veja Retrospectiva). Os dados dos últimos meses do ano passado ainda não foram divulgados. A gerente de uma loja de vestidos na Asa Sul Rosangela Moura, 44, afirma que o comércio está otimista com as vendas neste início de 2021. “Muitas pessoas aguardam por estas promoções”, considera. Ela espera que o movimento deste período ajude a recuperar o faturamento que caiu após o início da crise sanitária da covid-19. “Sofremos bastante com a pandemia. Conseguimos arranjar outras formas de vender, como, por exemplo, pelo sistema delivery, mas esperamos que a liquidação chame cada vez mais clientes e que eles comprem”, completa.
 
Finanças
Seguindo a estimativa do Sindivarejista, durante este período de descontos, cerca de 95% dos consumidores devem optar por pagar as compras com o cartão de crédito. O professor de finanças do Ibmec Brasília William Baghdassarian explica que essa tendência ocorre devido às facilidades que o cartão de crédito proporciona. No entanto, ele alerta para os perigos de não saber usar corretamente a ferramenta. “O cartão é um instrumento como qualquer outro, e tudo depende de como ele é utilizado. Caso a pessoa não tenha maturidade financeira, com certeza vai acabar endividada”, frisa.
 
Para evitar o endividamento, William ressalta que é preciso criar o hábito de gastar menos do que se recebe. “Independentemente do valor da renda da pessoa ou da família, é possível se endividar se não ficar atento. Por isso, recomendo que sempre se tenha uma reserva emergencial equivalente a três meses de salário, além de investir em educação financeira”, conselha o professor. E alerta para os perigos de parcelar as faturas do cartão. “Algumas pessoas costumam jogar as parcelas para frente e isso só adia o pagamento, além de contar com juros que aumentam ainda mais a dívida”, completa.
 
Sônia Bentim, 57, veio do Rio de Janeiro para visitar a família e aproveitou para passear pelo comércio da Asa Sul. “Entrei em uma loja para trocar um presente, vi as promoções e acabei comprando mais um sapato”, conta a aposentada. Antes de efetivar uma compra, ela avalia vários pontos. “Penso se o produto é útil para mim, se a qualidade é boa e se condiz com o preço. Só depois de pensar nisso tudo, compro. Só não consigo fazer isso quando gosto muito da mercadoria, porque, quando isso acontece, eu compro sem nem pensar”, confessa.


Correio Braziliense quarta, 06 de janeiro de 2021

VOLTA ÀS AULAS: PAIS E ESCOLAS COMEÇAM PREPARATIVOS

Jornal Impresso

VOLTA ÀS AULAS

Pais e escolas começam preparativos
Questões como ensino presencial ou remoto e material escolar preocupam pais e alunos

As escolas do DF preparam o ano letivo de 2021 sob os efeitos da pandemia. Enquanto na rede pública as atividades recomeçam em 8 de março, nas instituições privadas o retorno será este mês. Muitas famílias, no entanto, ainda avaliam a melhor modalidade para os filhos: a maioria dos colégios oferecerá aulas presenciais, remotas e híbridas. %u201CAs escolas passaram 2020 se preparando e fizeram o dever de casa. Hoje, é possível falar que é um dos lugares mais seguros%u201D, observa Alexandre Veloso, presidente da Associação de Pais e Alunos (Aspa-DF). A estimativa é de que 70% dos alunos da rede privada voltem às escolas. É o caso de Heitor, 9 anos, que vai ao presencial. Ele e a mãe, Thais Severo (foto), foram comprar o material, ontem.  Especialistas em direito do consumidor alertam os pais para avaliarem compras, pois há dúvida de como o ano escolar se desenrolará devido a covid-19., Ed Alves/CB/D.A Press
 
 
Nas instituições particulares, data de início do ano letivo varia, mas, nas próximas semanas, algumas já retomam as aulas. Expectativa é de que a adesão ao modelo presencial seja maior e famílias devem ficar atentas aos direitos na hora da compra de material

 

ANA ISABEL MANSUR

Publicação: 06/01/2021 04:00

Thais Severo, mãe de Heitor, confia nas medidas de segurança adotadas pela escola e conta que conseguiu reaproveitar material do ano passado ( Ed Alves/CB/D.A Press)  

Thais Severo, mãe de Heitor, confia nas medidas de segurança adotadas pela escola e conta que conseguiu reaproveitar material do ano passado

 



A volta às aulas de 2021 marcará, para algumas famílias, a volta também às escolas. Em meio às incertezas geradas pela pandemia de covid-19, surgem questionamentos a respeito da modalidade das aulas, dos preços das mensalidades e do uso de materiais, que se somam à preocupação com as questões de segurança e prevenção contra o novo coronavírus. As instituições particulares oferecem aos pais a escolha pelo ensino presencial, remoto ou híbrido, enquanto a rede pública, com retorno do ano letivo marcado para 8 de março, ainda avaliará o cenário na pandemia antes de uma definição.
 
Em 2020, cerca de 30% dos alunos atenderam às atividades presenciais e os demais optaram pelo ensino remoto. A expectativa para este ano, segundo Alexandre Veloso, presidente da Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino do Distrito Federal (Aspa-DF), é de que esse percentual se inverta. “Os colégios passaram o ano de 2020 se preparando e fizeram o dever de casa. Hoje, é possível falar que a escola é um dos lugares mais seguros”, observa. “Estamos vendo que há planejamento adequado e que os protocolos estão sendo seguidos. Os alunos serão acompanhados de perto para saber se estão com sintomas ou não”, completa.
 
Thais Severo, servidora pública, é mãe de dois meninos. Desde que as escolas reabriram, as crianças têm ido às aulas presenciais. “Eles voltaram no fim do ano passado e deu tudo certo. Os colégios estão tomando todas as medidas”, afirma a moradora do Lago Norte, cujos filhos estudam em instituições particulares da Asa Norte. Ela relata que o filho mais velho, Heitor, 9, soube se adaptar ao ensino remoto quando as escolas foram fechadas, mas que o pequeno, de 4 anos, não se interessava pelas aulas, o que a motivou a optar pela modalidade presencial.
 
“Eu e o pai deles trabalhamos fora, então, em casa, o mais novo ficava muito solto, sem atividades. Já fiz a opção nas escolas, mas até o fim do mês, se houver piora no quadro da pandemia, voltamos para o on-line”, ressalta Thais. Não foram só as crianças que incluíram o meio digital na vida escolar. A servidora comprou os materiais de Heitor pela internet, apenas complementando-os em papelarias. “O colégio aproveitou muita coisa. Materiais de artes e robótica, por exemplo, não precisei comprar”, conta.
 
Outros pais preferem manter as crianças estudando em casa, com aulas remotas. Vanessa Bernardes, 43 anos, tem dois filhos matriculados em uma escola particular de Vicente Pires, região onde mora, e prefere, por ora, essa modalidade. “Enquanto não houver vacina, eles não voltam para a escola”, afirma a professora, que contraiu a covid-19 e ainda precisa fazer fisioterapia para lidar com as sequelas.
 
Mesmo com as perdas de aprendizagem observadas nas crianças, Vanessa crê que o momento ainda não é adequado para o retorno presencial. “A mais nova, de 11 anos, teve uma queda muito grande. Ela era considerada a melhor da turma e quase reprovou. Ficou muito desmotivada. O mais velho, de 15 anos, que foi para o ensino médio, disse que as aulas eram uma bagunça e os alunos acabavam não aprendendo. Alguns livros sequer foram usados. Foi um ano perdido”, avalia.


Gerente de papelaria no Cruzeiro, Erivonaldo Rufino da Silva está otimista com relação às vendas, que devem aumentar na segunda quinzena do mês ( Ed Alves/CB/D.A Press)  

Gerente de papelaria no Cruzeiro, Erivonaldo Rufino da Silva está otimista com relação às vendas, que devem aumentar na segunda quinzena do mês

 



 
Material escolar
Nas papelarias, o clima é de otimismo com esta época do ano. Erivonaldo Rufino da Silva é gerente em um comércio do Cruzeiro e acredita que o movimento vai começar a aumentar na segunda quinzena de janeiro. “Os pais costumam deixar para a última hora. Até achamos que poderiam antecipar, por conta do isolamento social e para evitar aglomerações, mas ainda não tem muita gente vindo. Porém a expectativa é otimista”, destaca.
 
O gerente afirma que tem percebido os impactos da crise econômica gerada pela emergência sanitária do novo coronavírus, não só pela procura por materiais mais baratos. “Atendemos alguns pais que mudaram os filhos para escola pública por conta da crise”, observa o gerente. “Aqui, vamos aderir ao Cartão Material Escolar, então, esperamos que o uso dele seja maior este ano”, afirma, referindo-se ao programa do GDF que está com o período de inscrição das lojas aberto até 27 de janeiro, mas ainda sem datas para as famílias receberem o benefício.
 
“Os pais vão conseguir aproveitar muitos materiais duráveis, como mochilas e uniformes, mas canetinhas e giz de cera, por exemplo, que são consumíveis, foram usados durante o período em casa, até para as crianças terem como passar o tempo”, acrescenta Eriovaldo.
 
José Aparecido, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Material de Escritório, Papelaria e Livraria do DF (Sindipel), reforça que as papelarias já estão providenciando a habilitação para a venda do Cartão Material Escolar, que deve ser liberado no início de março. A expectativa do setor, segundo ele, é de manutenção ou pequeno crescimento nas vendas. “Durante o ano, se as aulas não voltarem presenciais, de fato, terá mais impacto”, avalia. Segundo ele, as empresas do Plano Piloto foram as que mais sentiram o baque da crise econômica causada pela pandemia.


José Aparecido, presidente do Sindipel: crise impactou lojas do Plano ( Ed Alves/CB/D.A Press)  

José Aparecido, presidente do Sindipel: crise impactou lojas do Plano

 



 
Regras
Marcelo Nascimento, diretor-geral do Instituto de Defesa do Consumidor do Distrito Federal (Procon DF), destaca a importância de os pais prestarem atenção nas listas de materiais escolares. “Eles não precisam comprar, de uma vez, todos os itens da lista, sem saber como será o ano escolar com a pandemia. O material pode ser entregue de forma parcelada, no decorrer do ano, até oito dias antes de cada atividade em sala de aula”, explica Nascimento, citando a Lei Distrital nº 4.311, de 2009.
 
A legislação do DF determina que as escolas entreguem, junto à lista de material, o planejamento pedagógico e o plano de execução do curso, com o cronograma das atividades. O órgão publicou uma cartilha com orientações aos pais no retorno das aulas, disponível no link https://bit.ly/3niedae. É o plano que executa como a entrega parcelada poderá ser feita ao longo do ano.
 
“O Procon recomenda que os pais procurem a escola e questionem pedidos repetidos de materiais que não foram utilizados no ano passado e que podem ser reaproveitados agora. É esperado que a lista venha menor em 2021, mais barata, depois de termos um ano praticamente sem aulas, com escolas fechadas”, acrescenta o diretor. O instituto ressalta que a escola precisa assumir os itens de higiene e não pode cobrá-los à parte, nem por meio de taxas extras, já que as mensalidades subiram por conta, também, do preparo com a desinfecção por conta da covid-19.
 
Rede pública
A Secretaria de Educação aprovou os calendários escolares para o ano letivo de 2021 em 31 de dezembro do ano passado, após consulta pública à comunidade escolar. Com início em 8 de março e término em 22 de dezembro, os alunos terão aulas remotas aos sábados. Ao todo, serão 200 dias letivos. No caso dos CILs, serão 11 sábados letivos remotos, não presenciais, dos quais oito poderão ser flexibilizados. Os demais foram chamados de Sábados Letivos Temáticos Remotos, quando a comunidade escolar deverá se reunir para discutir práticas pedagógicas e avaliativas desenvolvidas nas unidades. Cada escola terá autonomia para escolher como fará as reposições de aulas aos sábados.
 
Alexandre Veloso, da Aspa-DF, espera que o governo consiga fechar em breve uma posição a respeito do retorno nas escolas públicas, mantendo a possibilidade de ensino remoto, mas também com a opção de retorno presencial e com medidas de distanciamento garantidas. “Claro que temos consciência de que, se a pandemia voltar a piorar, as escolas podem ser fechadas novamente. Porém, nossa aposta é que o DF inclua os professores na primeira leva da vacinação”, torce.


Correio Braziliense segunda, 04 de janeiro de 2021

PANDEMIA: COMO O DF A ENFRENTARÁ EM 2021

Jornal Impresso

Como o DF enfrentará a pandemia em 2021
 
Manutenção das medidas de distanciamento social e vigilância epidemiológica são essenciais para conter avanço da covid-19

 

ALAN RIOS

Publicação: 04/01/2021 04:00

 
 
Os primeiros meses de 2020 foram tomados por sensações de incertezas, olhar atento para o que acontecia em outros países e o começo de um trabalho intenso de pesquisadores que até hoje tentam decifrar a covid-19. A doença chegou ao Distrito Federal em 7 de março, quando o Ministério da Saúde confirmou oficialmente o primeiro caso na capital. Daquele dia em diante, surgiram questionamentos sobre como o novo coronavírus agia no corpo, quando seria o início da aplicação de um tratamento eficaz e, finalmente, a perspectiva do fim da pandemia. O ano de 2021 começa com algumas dessas perguntas sem resposta.
 
Estudiosos que analisaram o avanço do vírus no DF em 2020 colocam como o principal desafio deste ano estabelecer uma data de vacinação imediata. Tarcísio Rocha Filho, físico do Núcleo de Altos Estudos Estratégicos para o Desenvolvimento, da Universidade de Brasília (UnB), faz parte de um grupo nacional de pesquisadores que estimou cálculos preocupantes de mortes a cada período sem uma imunização. Ele destaca três ações prioritárias para os próximos meses com o objetivo de evitar mais óbitos: vacinar a população de forma rápida, contar com o maior número de doses possível e, enquanto isso, continuar medidas de controle da pandemia, como o isolamento social.
 
“As imunizações não são feitas da noite para o dia, elas demandam tempo. E, se a gente vacinar com a pandemia fora de controle, ainda há uma grande preocupação. No DF, temos uma das maiores letalidades do vírus, também porque tivemos mais gente atingida e testamos bastante”, pontua. A capital terminou 2020 como a unidade da Federação que mais realizou testes da covid-19, proporcionalmente, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas também como a segunda região do país com mais mortes a cada 100 mil habitantes em decorrência da doença, registrando 140 óbitos a cada 100 mil moradores, maior do que a média nacional e atrás apenas do Rio de Janeiro, com 144,47.
 
A efeito de comparação, em 1º de julho de 2020, o DF estava em sexto lugar entre as maiores taxas de óbitos acumulados por 100 mil pessoas. Desde então, ultrapassou São Paulo, Ceará, Amazonas e Roraima (veja quadro). “O DF respondeu muito bem ao início da pandemia, com isolamento sério. Não chegou a ser um lockdown, como a Espanha fez, por exemplo. O problema é que o vírus é ativo o ano inteiro, pouco importa o clima. Nosso isolamento foi se afrouxando e voltamos a abrir (serviços não essenciais) muito cedo. Na França, se esperou cinco casos por semana para cada 100 mil habitantes antes de abrir para o verão. Aqui no DF, começou a abrir com 80 novos casos em sete dias para cada 100 mil”, aponta o especialista.
 
Somando esses fatores com o fato de uma porcentagem alta da população ainda suscetível ao vírus, percebe-se que uma segunda onda pode ser mais forte, segundo Tarcísio. “Aqui no DF, onde tivemos muita gente contaminada, cerca de 26%, ainda estamos bem distantes da imunidade de rebanho, que é de, pelo menos, 70% de infectados. Então, a pandemia não vai passar por conta própria.”
 
Tarcísio afirma que é preciso entender que o vírus não vai desaparecer, mesmo com a vacina, o que reforça a necessidade de ferramentas de contenção e menores exposições da população às aglomerações. “Vamos comparar com o sarampo, uma doença para a qual já existe vacina desde os anos 1960. A imunização tem eficácia alta, mas até hoje temos surtos, porque há parcelas da população que não se vacinaram. Se não tiver cobertura alta da vacina contra o coronavírus, de 90% da população, vamos continuar com surtos localizados.”
 
Vacina
O DF aguarda a aquisição de vacinas do governo federal, por meio do Ministério da Saúde. A Secretaria de Saúde do DF afirma que todos os planejamentos prévios estão sendo realizados para agilizar o processo após a chegada dos primeiros produtos. “Hoje, estamos extremamente satisfeitos com nossa rede de frios, temos um Plano Distrital de Vacinação completo e vamos ainda trabalhar medidas de segurança em relação à covid-19, com a vacinação, que durar até o segundo quadrimestre do ano”, avalia o secretário de Saúde, Osnei Okumoto.
 
O Governo do Distrito Federal (GDF) prevê imunizar 678.750 pessoas contra o novo coronavírus em quatro fases prioritárias, em que são incluídos profissionais da saúde, idosos, pessoas com comorbidades, professores e profissionais das forças de segurança e salvamento.
 
O secretário detalhou ao Correio que a pasta chegou a conversar com fabricantes de produtos vacinais ao longo de 2020. “Entramos em contato com as fabricantes da Rússia, da Inglaterra e do Butantan. Em todas as reuniões com elas, verificamos questões como o valor da vacina, temperatura de armazenagem e disponibilidade de fornecimento. Deixamos em alerta nossa situação para auxiliar na vacinação do DF, junto às vacinas que seriam disponibilizadas pelo ministério. Mas, hoje, temos informação de que há segurança sobre a disponibilização do governo federal”, garante Okumoto.
 
“Hoje, temos, nas quatro últimas semanas, um decréscimo na taxa de transmissão do vírus. Estávamos com 1,3 de taxa de transmissão, alteramos o horário de fechamento dos bares e restaurantes e agora estamos abaixo de 1, fazendo sempre um trabalho de conscientização junto à população e às entidades”, observa. A pasta também ressalta que a média móvel de casos da covid-19 — ou seja, a comparação de todos os casos confirmados dos últimos sete dias com a semana anterior — ficou em queda em dezembro.
 
Vulnerabilidade
Outro desafio do governo local para 2021 é conter o avanço da pandemia em regiões administrativas mais vulneráveis ao vírus. O mês de dezembro chegou ao fim com as cidades de Sobradinho 1, Taguatinga, Núcleo Bandeirante, Gama, Ceilândia e Riacho Fundo 1 com as maiores taxa de óbito em decorrência do novo coronavírus, proporcionalmente. Ceilândia é o local com mais casos e mortes totais. Para analisar as faces desses problemas e propor soluções, a Companhia de Planejamento (Codeplan) chegou a apresentar ao GDF, no início da primeira onda, um estudo sobre questões urbanas na transmissão da covid-19, que pode embasar ações futuras. 
 
“Na pesquisa, percebemos um DF muito desigual”, afirma Renata Florentino, diretora de Estudos Urbanos e Ambientais da companhia. “Temos a população de menor poder aquisitivo com a questão da densidade domiciliar, ou seja, ambiente pequeno para a quantidade de pessoas, e ela não consegue se isolar em casa. Também levantamos, e continua sendo monitorado, a questão da informalidade, porque o trabalhador nessa condição não consegue se afastar por motivo de doença, não pode fazer home office”, completa.
 
 
 
 
Evolução
Taxa de óbitos acumulados a cada 100 mil pessoas por unidade da Federação
 
1º de julho de 2020
Amazonas:  68,60
Ceará:  67,67
Rio de Janeiro:  59,07
Roraima:  51,84
São Paulo:  32,73
Brasil:  28,85
Distrito Federal:  20,56
 
1º de janeiro de 2021
Rio de Janeiro:  147,87
Distrito Federal:  141,25
Roraima:  128,93
Mato Grosso:  127,85
Amazonas:  127,52
Espírito Santo:  126,41
Ceará:  109,39
Brasil:  92,77
 
Fonte: Ministério da Saúde
 
 
 
 
União de pesquisadores
O grupo é composto por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ), e Universidade do Estado da Bahia (Uneb).
 
 

 (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  
 
Palavra de especialista
 
Desafio conjunto
Com o relaxamento do comportamento nos últimos meses, podemos esperar um incremento substancial no número de infectados no início de 2021. Em verdade, a busca por atendimento já vem aumentando desde o final do ano. Da mesma forma, a incidência de casos é crescente. E, sem dúvida alguma, o principal motivo disso é o comportamento da sociedade. Quando se trata de enfrentar uma doença altamente transmissível, como a covid-19, o comportamento humano pode ser tanto parte do problema quanto da solução. Mesmo em locais onde há alta adesão populacional às medidas comportamentais, com o passar do tempo, as pessoas tendem a se acostumar com a presença da ameaça viral, o que faz com que a adesão às medidas sanitárias diminua. Seria o chamado fenômeno de “descalibração da normalidade”, em que se passa a ser normal conviver com o novo vírus e fica mais difícil perceber que as ações de enfrentamento são eficazes, necessárias e justas.
 
Ana Helena Germoglio, infectologista do Hospital Águas Claras

Correio Braziliense domingo, 03 de janeiro de 2021

BRASÍLIA, CIDADE QUE ENCANTA: PASSEIO POR RETAS E CURVAS

 

Jornal Impresso
 
 
A iluminação da Torre de TV e os enfeites espalhados pelo Eixo Monumental estão atraindo brasilienses e turistas. Com máscaras, famílias e grupos de amigos fizeram dos cartões-postais o programa do feriadão, de dia e de noite.  (Ed Alves/CB/D.A Press)
 

 

Passeio por retas e curvas
 
Visitantes e moradores do DF aproveitaram o fim de semana pós-feriado para curtirem pontos turísticos da cidade. Entre monumentos arquitetônicos e belezas naturais, as atrações são inúmeras, para todos os gostos e idades

 

» Luana Patriolino

Publicação: 03/01/2021 04:00

Show de luzes e a decoração de fim de ano encantam quem passa pelo centro da capital  (Ed Alves/CB/D.A Press)  

Show de luzes e a decoração de fim de ano encantam quem passa pelo centro da capital

 



Nem mesmo a chuva atrapalhou aqueles que aproveitaram a tarde de ontem para passear pelos principais pontos turísticos da capital do país. A enfermeira Juliana Félix, de 38 anos, chamou o marido, o servidor público André Antonio Andrade, 39, para dar um passeio por Brasília. Os gêmeos Caio e Heitor, 8, foram os que mais gostaram da ideia. “Tinha muito tempo que a gente não saía de casa. Resolvi trazer os meninos para dar uma volta, eles estavam muito entediados”, diz Juliana.

Eles pararam na feirinha da Torre de TV para comer churrasquinhos e os tradicionais acarajés do local. O cachorrinho da família, Bento, não ficou de fora da diversão. Todos curtiram um dos pontos mais conhecidos e queridos da capital. “Eu adoro. Fico olhando os artesanatos e tudo por aqui”, detalha Juliana.

Depois de conferir as lojinhas da feira, tirar fotos, lanchar e correr com as crianças e o pet, o casal deu uma volta de carro pela Esplanada dos Ministérios para ver a decoração de fim de ano. “O sentimento é de dever cumprido e dia finalizado com sucesso”, frisa Juliana.

A família Serra teve a mesma ideia. Sem poder viajar por causa da pandemia do novo coronavírus, o comerciante Wanderley Serra, 50 , juntou toda a turma para fazer um tour pela cidade. A rota escolhida foi Torre de TV, Ponte JK e Lago Sul. Esse último destino, aliás, é o lugar favorito da família. “É uma das partes mais bonitas de Brasília. A gente sempre dá uma passada por lá”, afirma Wanderley.

A Torre de TV é um dos locais favoritos da família Serra.  

A Torre de TV é um dos locais favoritos da família Serra. "Amamos a cidade", conta Glaucia

 



Glaucia Serra, comerciante, 44, fala do amor pela capital. “Exceto o Wanderley, todos nós nascemos aqui, em Brasília, e, verdadeiramente, amamos a cidade”, conta, junto com os filhos Wanderley Serra Júnior, 21, Geovanna Serra, 13, e a caçula Maria Eduarda Serra, 9.

Carioca de nascimento e brasiliense de coração, Wanderley, atualmente, mora em Santo Antônio do Descoberto, no Entorno. Ele chegou no Distrito Federal há 40 anos e confessa que gostaria de explorar mais os pontos de Brasília. “É uma cidade bem aconchegante, com pessoas que gostam de se divertir. Também quero mostrar toda essa paisagem para os meus filhos e, apesar de morar perto, raramente a gente vem para esse lado de cá”, conclui.

Juliana e  André levaram os filhos e o cão, Bento, para um dia ao ar livre (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  

Juliana e André levaram os filhos e o cão, Bento, para um dia ao ar livre

 



Descobertas


A cada visita, uma nova experiência. A maranhense Rosimeire Lima, 58, se sente assim sempre que vem para a capital federal. Instalada na casa de uma irmã há uma semana, em Taguatinga, a secretária perdeu as contas de quantas vezes esteve no DF. No entanto, sempre encontra algo novo para descobrir. Dessa vez, foi a Ponte JK.

“Tem um turismo muito bonito em Brasília. Inclusive, esse lago aqui que, apesar de ter estado várias vezes na cidade, não tinha visto de perto”, afirma. “Tem muita coisa que eu nem vi ainda”, diz. Reunida com parentes, amigos e vizinhos, toda a turma está curtindo as belezas da cidade. A ideia, agora, é escolher um próximo destino, recheado de boas surpresas.

 





Correio Braziliense quarta, 30 de dezembro de 2020

ANJOS DA GUARDA EXISTEM: MUITO OBRIGADO!

Jornal Impresso

Neste ano de pandemia, muitos deles vieram até nós na pele de médicas, médicos, enfermeiras, enfermeiros e outros profissionais da saúde, colocando em risco a própria vida para nos salvar do temido coronavírus. Para muitos doentes, internados e sem poder receber visitas da família e de amigos, eles foram a única referência de humanidade. A todos esses trabalhadores, da linha de frente no combate à covid-19, o Correio rende homenagem.,

Neste ano de pandemia, muitos deles vieram até nós na pele de médicas, médicos, enfermeiras, enfermeiros e outros profissionais da saúde, colocando em risco a própria vida para nos salvar do temido coronavírus. Para muitos doentes, internados e sem poder receber visitas da família e de amigos, eles foram a única referência de humanidade. A todos esses trabalhadores, da linha de frente no combate à covid-19, o Correio rende homenagem.

 

 

Muito obrigado...
 
Aos profissionais do ano. Trabalhadores da saúde viveram o ano da pandemia com atendimentos em excesso, pouco descanso e muita dedicação. Hoje, o Correio traz histórias de quem ajudou na linha de frente

 

» ALAN RIOS
» CAROLINE CINTRA

Publicação: 30/12/2020 04:00

 

"Este foi um ano de reinvenção. Tivemos de repensar muitas coisas a respeito da profissão e colocar o coração ali, porque éramos a única referência de humanidade para os pacientes isolados"

Renata Sousa de Almeida, médica chefe da UTI adulto do Hran

 

Plantões exaustivos. Dificuldade para respirar provocada pelo uso de incontáveis itens de proteção. Pacientes próximos do fim da vida e longe da família. Choro de tristeza, por mais uma morte causada pelo novo coronavírus. Choro de alegria, por quem recebe alta. Lágrimas de cansaço. Profissionais da saúde do Distrito Federal encararam todos esses momentos, diariamente, neste ano. Médicos, enfermeiros, técnicos, fisioterapeutas e diversas outras categorias enfrentaram a tragédia causada por uma pandemia com a missão de não abaixar a cabeça, pois os esforços deles garantiram mais corações batendo em 2021. Conheça histórias desses trabalhadores, que se mantiveram firmes e foram responsáveis, em algum momento, pelo tratamento dos mais de 16 mil pacientes hospitalizados com covid-19 no DF. Por meio das fotos que ilustram estas páginas, o Correio homenageia todos os profissionais de saúde que estão ou estiveram na linha de frente para salvar vidas.
 
Na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional de Ceilândia (HRC), há um mural feito pelas equipes de saúde com fotos de alguns desses pacientes. Junto às imagens, a frase: “Eles venceram graças a vocês”. Renata Sousa de Almeida, 32 anos, chefe do setor de atendimento a adultos, observa os registros quando precisa de forças. “Este foi um ano de reinvenção. Tivemos de repensar muitas coisas a respeito da profissão e colocar o coração ali, porque éramos a única referência de humanidade para os pacientes isolados. A gente sempre foi profissional, mas isso não nos impede de ser humano. Tratei os pacientes como se fossem pessoas da minha família. Isso traz mais empenho, mesmo que (nos) machuque um pouco mais. É um esforço extra, um choro a mais, mas vale a pena, porque as feridas são curadas com o retorno deles às famílias”, desabafa.
 
Ao longo deste ano, Renata teve de se isolar dos pais e da irmã. No trabalho, a médica viu jovens não resistirem à covid-19, ouviu parentes implorarem pela vida de pacientes, atendeu funcionários do próprio hospital e virou heroína de muitos recuperados, que voltaram ao HRC para agradecer pessoalmente a vitória sobre o coronavírus. “As Renatas de 2019 e de 2020 são pessoas diferentes. Eu me vejo mais capaz, humana e corajosa. Daqui a 10 anos, vou lembrar que estava ali e que consegui salvar muitas vidas. Daquelas que não salvei, acolhi as famílias, fui empática com a dor e pude passar conforto”, comenta.
 
Apesar da força adquirida, ela destaca que não é fácil pensar sobre a perspectiva de mais consequências trágicas da pandemia, em 2021. “Fiz muita terapia, promovemos acolhidas entre as equipes nos fins dos plantões, recebi apoio de minha família e do meu marido, mas estamos recebendo cada vez mais pacientes com covid-19, e o medo (nos) assola. Sou apaixonada pela medicina, mas é triste ver comportamentos que poderiam ser evitados para controlar o (contágio pelo) vírus”, lamenta.
 
Dificuldades
Isolar-se da família foi uma das maiores dificuldades que a enfermeira emergencista Jenne de Souza Silva Carvalho, 30, enfrentou durante um ano de pandemia. Saindo de casa apenas para o trabalho, a rotina de abraços e muito afeto ao chegar do expediente não existe mais. Funcionária de um hospital particular de Ceilândia, ela tem duas filhas pequenas, de 3 e 7 anos, e não teve com quem deixá-las nesta fase. Por isso, ao voltar da unidade de saúde, vai direto para o banho, em um banheiro diferente do usado pelos demais familiares. Os pratos, talheres e copos das refeições também ficam separados. E, na hora de dormir, ela vai para um quarto afastado. “Até dentro do hospital, a gente lida (uns com os outros) como na família, sem poder receber carinho dos colegas. Está sendo muito difícil”, desabafa.
 
Jenne conta que, assim que soube da chegada da covid-19 ao DF, imaginou que a situação seria revertida rapidamente. No entanto, foi surpreendida pelo número de infecções, que não parava de subir. “Quando veio o primeiro caso para a gente, foi desesperador, porque não imaginei que algo de tão longe chegaria até onde estávamos. Lidar com os óbitos diários é difícil, porque estudei para dar assistência. Não conseguir reverter o quadro de um paciente é doloroso”, relata.
 
Uma das situações mais marcantes para ela foi a de um homem de 32 anos que morreu por complicações da doença. Ele não tinha comorbidades diagnosticadas, mas era obeso e teria contraído a covid-19 no trabalho, único local para onde ia. “A mulher dele estava grávida de gêmeos. Eles tinham um ano e meio de casados e o sonho de serem pais. Mas ele não resistiu e morreu. Era muito jovem. Até então, eu só tinha pego casos de pacientes idosos. Esse foi um dos mais tristes para mim”, comenta Jenne.
 
Por outro lado, houve histórias com finais felizes. Uma ocorreu na última semana, quando uma paciente idosa, diabética, hipertensa e obesa que passou 32 dias intubada voltou ao hospital para agradecer à equipe que esteve com ela durante todo o processo de recuperação. “Ela trouxe lembrancinhas, (estava) sem sintoma nenhum. Essa é a parte gratificante de todo o nosso esforço”, diz a enfermeira.
 
A cozinheira Maria Alzenira da Silva, 56, também ficou sob cuidados de Jenne. Assim que teve a confirmação de que estava com o novo coronavírus, foi ao hospital onde a enfermeira trabalha, mas, como não tinha plano de saúde, precisou ser levada para uma unidade da rede pública. “A Jenne e a médica cuidaram muito bem de mim. Hoje, é tão difícil ver profissionais atenciosos assim. Fiquei muito surpresa com o tratamento, e elas fizeram de tudo para me encaminhar para o Hospital Regional de Santa Maria (HRSM). Graças a Deus, depois de passar por tudo isso, estou curada e bem. Só tenho a agradecer”, destaca Maria.
 
Barreiras
Manoel Ribeiro Neto, 49, sai de casa todos os dias sabendo que pode se expor ao novo coronavírus, mas, também, ciente de que um trabalho bem-feito pode salvar vidas. Técnico de enfermagem do Hospital de Apoio de Brasília (HAB) e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), ele atua na linha de frente dos atendimentos. “Quando recebemos um chamado, a abordagem do técnico de enfermagem é fundamental, porque temos de identificar todos os sintomas do paciente, estabelecer o tipo de tratamento primário e qual unidade de saúde vai recebê-lo”, detalha.
 
Manoel auxiliou a população a enfrentar a pandemia por meio dos atendimentos de ocorrências, com transferências de pacientes e auxílios domiciliares, por exemplo. “Todo dia, temos situações de encontrar pessoas entre a linha da vida e da morte. Todas as vezes que atendemos e levamos a um hospital, estamos levando para a vida. Mas é difícil. Neste ano, tudo foi atípico. Somos seres humanos, que temos nossos cansaços e problemas, mas precisamos nos superar (isso) a cada dia”, conta.
 
Manoel lembra as dificuldades do começo da pandemia, em que os protocolos mudavam de forma constante, na medida em que se conhecia mais sobre a transmissão do vírus. “Estabelecemos protocolos de atendimento, mas eles foram se aperfeiçoando. A gente conversa com o paciente para ele manter distância das pessoas da casa, pede uso de máscara, diz que, se ele tiver falta de ar e for tossir, tem de virar para o outro lado. Ou seja, fomos estabelecendo barreiras da covid-19 no DF. Essa missão nos foi dada, então fazemos com dedicação e amor”, afirma o técnico de enfermagem.
 
Outro trabalho fundamental para evitar a disseminação do novo coronavírus é identificar a presença dele. Nessa função, foram essenciais os laboratórios de medicina diagnóstica. Maria Luísa Mangueira, 24, não imaginava, no começo do ano, que terminaria 2020 como estagiária do setor de biologia molecular em um deles. Estudante do 6º semestre do curso de farmácia, ela atua no processamento de amostras de testes da covid-19. “É um orgulho trabalhar para que eu, com o conhecimento que tenho, possa fazer minha parte em meio a uma pandemia. Sempre quis ser da área da saúde para ajudar os outros”, comenta.
 
Em média, são cerca de 3 mil testes verificados diariamente pelos equipamentos. Mas essa quantidade começou a subir nas últimas semanas. “É bem complicado, porque a gente vê, de dentro, o tanto que estamos trabalhando. E ainda há o medo de manipular aquilo todo dia. Mas, sempre que olhar para trás, vou ter o sentimento de pesar, só que o de dever cumprido também”, considera Maria Luísa.
 
Exaustão
Endocrinologista e médica reguladora do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), Julianne Maia, 32, afirma que, em nove anos de profissão, este foi o mais exaustivo. Para ela, lidar com uma doença nova e que se manifesta de maneira diferente em cada paciente dificultou a agilidade dos tratamentos.
 
Considerado hospital referência no tratamento da covid-19 no DF, o Hran recebeu milhares de pacientes, dos mais variados perfis. Inclusive, a primeira pessoa diagnosticada com a doença na capital federal, a advogada Cláudia Maria Patrício Costa da Silva. “Quando paro para pensar nas pessoas que passaram por aqui, essa é a que mais fica na mente. Era o primeiro caso, não tínhamos muita informação”, recorda-se Julianne.
 
Maria da Conceição Britto, 63, passou 15 dias internada no Hran. Com 50% do pulmão comprometido, ela se lembra dos momentos ruins que teve durante o tratamento. “Eu creio muito em Deus, mas é impossível não pensar na morte. A falta de ar foi o que mais me assustou. Você puxa e ele não vem. Para mim, quase não tinha esperança. Perdi uma vizinha, que teve a doença enquanto eu estava no hospital, e imaginei que meu fim seria igual”, confessa. Para ela, a equipe de saúde foi fundamental para a recuperação. “Tinha medo de eles terem algum tipo de preconceito com a doença, de serem contaminados. Mas foram tão atenciosos. Foi a coisa mais linda de se ver. Sou grata, porque estive no lugar certo”, completa Maria da Conceição.
 
Conhecimentos
Em contato direto com pacientes diagnosticados com a covid-19 desde o início da pandemia no DF, o intensivista Rodrigo Biondi,43, sofreu com o cansaço — em nível físico e psicológico — provocado pelo período intenso de trabalho. Além do aumento da carga horária, precisou lidar com um cenário de inúmeras mortes. “Nunca vi tanto paciente morrer”, conta.
 
Normalmente, a UTI em que ele atua recebe um paciente com infarto por dia. Após a pandemia, a equipe da unidade recebia oito, aproximadamente. “Tive colegas que pegaram a doença e ficaram em estado grave. Eu peguei, e foi leve, mas fiquei com medo, porque não dá para saber sobre ela. É uma indefinição”, comenta.
 
Esse também foi um dos pensamentos de César Romero, 29, coordenador do pronto-socorro de um hospital particular. “No pico da pandemia, vimos centenas de novos casos e de novas mortes por dia. Esse medo aumentava, não só pelo desconhecido coronavírus, mas, também, por nossa saúde e pela de nossos familiares. Temíamos adquirir a doença no trabalho e levá-la para casa. Nos privamos do convívio com os familiares, por medo da transmissão”, relata.
 
César considera que olhar todos os esforços das equipes carrega, também, um alívio, pela quantidade de vidas salvas. “Hoje, profissionalmente, terminamos o ano realizados, pois temos maior controle, além de mais conhecimento sobre a transmissão, a prevenção e o tratamento da covid-19. Evoluímos demais, porque, no começo da pandemia, não sabíamos se era melhor intubar o paciente, em qual período entrar com corticoide, as tecnologias de ventilação. Agora, são vários conhecimentos que (temos e que) diminuem a mortalidade da covid-19, atualmente, bem menor”, destaca o médico.

Correio Braziliense terça, 29 de dezembro de 2020

UNIÃO PARA ENFRENTAR A CRISE

Jornal Impresso

 

União para enfrentar a crise
 
Em especial de fim de ano, o Correio entrevista representantes de diferentes religiões para saber como encaram o momento de pandemia e a transição para 2021. Na primeira matéria da série, o arcebispo de Brasília, Dom Paulo Cezar Costa, fala sobre o poder da solidariedade

 

» HELLEN LEITE

Publicação: 29/12/2020 04:00

 
"Aos que têm fé e, por isso, vivem de esperança, que tenham essa certeza de que não estamos sozinhos. O princípio da vida é mais forte que o princípio da morte. A vida vencerá"

Os impactos provocados pela pandemia do novo coronavírus não escolhem cor, gênero, classe social ou religião. E é fato que o vírus colocou a inteligência humana diante do desafio de desvendar como enfrentá-lo. Essa descoberta não se restringe ao campo técnico e científico, mas também inclui os desafios socioculturais, o que admite uma reflexão sobre como a fé pode ajudar as pessoas a lidar com as consequências de uma doença que já fez mais de 1,7 milhão de vítimas em todo o mundo.
 
Nesse sentido, a crise na saúde requer bem mais do que o distanciamento social recomendado pelas autoridades sanitárias. O ano atípico de 2020 exige reflexões, disposição para mudanças e — por que não? — fé para começar 2021. Para o arcebispo de Brasília, Dom Paulo Cezar Costa, a pandemia trouxe a necessidade de uma profunda reflexão sobre a vida em comunidade, o que passa por pensar na fé, na relação com as pessoas e nas injustiças sociais.
 
Nesse momento de crise, destaca o religioso, as pessoas são chamadas a reaprender a viver. Essa deve ser a grande lição, segundo ele: olhar os outros e demais seres vivos com respeito, abandonar o individualismo, deixar para trás o “eu” e construir o “nós”, pois o sagrado está na união e na empatia.
 
A covid-19 afeta todas as partes do mundo, criando medo, ansiedade, tristeza e dificuldades. Como o senhor avalia a pandemia que vivemos? Como a Igreja Católica observa esse fenômeno?
A humanidade vive muitas crises e vai viver outras ainda. Faz parte da história, é natural. Essa pandemia trouxe uma grande crise na saúde, (no meio) social e nas instituições. Ela desmascarou nossa fragilidade, destruiu nossas falsas seguranças, nossos projetos, afetou nossos hábitos e nos colocou diante da provisoriedade. Nós todos nos sentimos, de uma forma ou de outra, em um mar agitado. Mas a crise também é sempre um tempo de possibilidades e de empenho nosso na busca por superação. Vejo a crise como um momento difícil para as pessoas e para a sociedade, mas, também, como um tempo de possibilidade.
 
O ano de 2020 foi atípico. Como os católicos foram chamados a viver esse período?
Nós, católicos, vivemos um tempo com esperança, porque temos certeza de que o barco que está no mar agitado não afundará. Não estamos sozinhos nesse barco. O Senhor permanece conosco, como naquela imagem do Evangelho em que o mar está agitado, Jesus está dormindo, os discípulos estão desesperados e gritam “Não se importa, Senhor?”. Mas Jesus se levanta, diz ao vento para que se acalme, e a tempestade cessa. Esta é a certeza que o cristão tem de ter: que Jesus está na barca conosco e, estando na barca, ele (o cristão) não perecerá.
 
O senhor acha que, de alguma forma, esse tempo de pandemia também foi um recado, um alerta, para a humanidade?
Acredito que sim. Esse momento quis dizer tantas coisas, mas, principalmente, que devemos aprender a ter solidariedade e resiliência. De certa forma, as pessoas se sentiram mais humanas. Sentiram que todos estamos participando da mesma condição e que todos fomos afetados pela pandemia e pela crise. Penso que, dessa crise, deve sair uma sociedade mais solidária e fraterna, onde homens e mulheres sejam verdadeiramente irmãos. Um dia desses, participei de um evento, na embaixada do Barein, em que o rei (do país) escreveu uma bonita carta sobre a importância da convivência entre as diferentes religiões. O papa Francisco escreveu, recentemente, a encíclica Fratelli tutti, sobre a fraternidade. E tudo isso aconteceu durante a pandemia, o que mostra que somos todos irmãos. Existem religiões diferentes, formas de pensar diferentes, mas somos todos irmãos. A pandemia mostrou que é preciso pensar a sociedade de uma forma diferente, não com rivais, mas com aliados, especialmente em momento de pandemia.
 
Estamos passando por uma crise de saúde mundial, como a fé pode ajudar a atravessar esse momento?
A fé é fundamental. Ela nos ancora no mistério eterno do amor de Deus e nos dá a certeza de que uma presença maior caminha conosco. Ela nos ensina que a história não é só uma sucessão de fatos, mas que a história e a vida humana têm um significado mais profundo. A fé faz iluminar todas essas realidades e nos assiste, lembrando-nos de que, nas noites escuras, como nesse momento de crise, há uma presença maior que caminha conosco. Ela nos ajuda a olhar os acontecimentos com esperança.
 
Será possível superar os traumas que a pandemia deixou? O que podemos fazer para não nos desesperarmos neste momento, especialmente quem perdeu pessoas queridas?
Precisamos buscar meios para a superação dos problemas, seja pela fé, pela psicologia ou pelas outras ciências, que podem nos ajudar neste momento. Aos que perderam os entes queridos, a maioria não teve nem condição de viver o luto, e o luto é uma condição importante da vida humana. Esse tempo de pandemia nos impediu disso. É preciso, nesse caso, usar a criatividade para vivenciar o luto, mesmo que esses entes queridos tenham sido sepultados.
 
Outra realidade desta pandemia foi o isolamento social. O que podemos aprender com o distanciamento? Como vivenciar a fé em meio a uma crise que distancia as pessoas?
O distanciamento social é uma realidade. O isolamento nos fez conviver com as pessoas que amamos e que estão perto de nós. Mas, ao mesmo tempo, colocou-nos juntos, e as crises também apareceram. Vieram à tona na mesma medida em que os laços familiares se fortificaram. O isolamento social nos relembrou de que a vida não é só fazer, construir e produzir, mas também de que as relações humanas são fundamentais.
 
No início da pandemia, os templos ficaram fechados, mas continuaram com atividades ou celebrações on-line. Como a pandemia ressignificou a relação entre os fiéis e a igreja?
As crises sempre adiantam processos que estão latentes. Isso também aconteceu no relacionamento dos fiéis com a igreja. Felizmente, eles responderam e estão respondendo a essa nova forma de participação. Muitos continuaram a contribuir, trazer donativos para os pobres, participar da vida das paróquias, mas (tudo) de uma forma diferente. Esse tempo de pandemia apenas adiantou um processo de uso das mídias sociais na evangelização, na missão e no levar Deus para a vida das pessoas.
 
A ciência tem sofrido ataques por parte de alguns líderes mundiais. O senhor acha que a  pandemia radicalizou a questão da ciência versus a fé? Como elas podem se equilibrar?
A ciência é fundamental na vida da sociedade. A Igreja Católica tem seguido as recomendações da ciência. Se temos uma vacina às portas, se a humanidade está começando a ver o sol, (isso) é fruto do esforço e do trabalho de tantos cientistas. Em algum tempo da história, houve esse conflito, mas, hoje, essa oposição não existe. Ao contrário: o que há é um profundo respeito e diálogo. É preciso que haja o justo respeito, (pois) a sociedade não pode viver sem a ciência e precisa dos cientistas. Ela (a ciência) é o que nos faz ver o sol novamente.
 
O senhor acredita que vai ser possível colher frutos quando tudo isso passar?
Penso que sim. O tempo de crise é sempre um tempo de possibilidades, em que o novo se manifesta e deve emergir. Muitos frutos virão. Frutos de solidariedade, de uma maior irmandade entre as pessoas e de um humanismo maior, (situação) em que as pessoas estejam mais atentas umas às outras. A sociedade, a partir dessa grande crise, é chamada a caminhos novos, que levem em conta a percepção de que somos todos irmãos, que estamos no mesmo barco e que participamos da mesma raça humana. Penso que surgirá, também, uma sociedade em que as pessoas deem mais atenção à nossa afetividade. Ficamos tanto tempo sem abraçar. Acredito que, disso, surgirá uma convivência mais afetiva entre as pessoas. Um oposto deve conduzir ao outro. O distanciamento deve nos levar a uma capacidade maior de expressar nossos sentimentos e afetos.
 
Quais serão os maiores desafios de 2021 nesse sentido?
Em 2021, a gente tem, ao menos, a perspectiva da vacina. Então, a sociedade vai começar a voltar ao novo normal. Espero que estejamos unidos para enfrentar esse tempo de crise e pós-crise. As condições para vivermos esse tempo, em que tivemos o tecido social desgastado, é estarmos mais unidos, cada um dando a própria contribuição. Que se vençam as polarizações e que olhemos pelo bem dos mais pobres e mais vulneráveis. Aos que têm fé e, por isso, vivem de esperança, que tenham essa certeza de que não estamos sozinhos. O princípio da vida é mais forte do que o princípio da morte. A vida vencerá. Devemos ter uma grande esperança em 2021. E, como seres humanos, empenhar-nos em construir soluções para que a sociedade vença essa crise e caminhe no pós-crise.

Correio Braziliense segunda, 28 de dezembro de 2020

COVID-19 - VACINA - A FÓRMULA VENCEDORA DA AstraZeneca

Jornal Impresso

A fórmula vencedora da AstraZeneca
 
Pascal Soriot, CEO da farmacêutica anglo-sueca, anuncia que a vacina desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford tem eficácia similar às concorrentes e proteção de 100% contra as formas graves da covid. Agência britânica deve se manifestar esta semana

 

Publicação: 28/12/2020 04:00

Voluntária brasileira recebe a vacina, em São Paulo: Planalto abriu, em agosto, crédito para a compra de 100 milhões de doses (Nelson Almeida/AFP - 23/10/20)  
Voluntária brasileira recebe a vacina, em São Paulo: Planalto abriu, em agosto, crédito para a compra de 100 milhões de doses
 
Com o compromisso de divulgação, em breve, de estudos científicos definitivos, o conglomerado farmacêutico anglo-sueco AstraZeneca anunciou ter encontrado a “fórmula vencedora” para a vacina contra o novo coronavírus, desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford. Segundo Pascal Soriot, CEO do laboratório, o imunizante tem desempenho equivalente aos produzidos pelas concorrentes, além de garantir uma “proteção de 100%” contra as formas graves da covid-19.
 
“Acreditamos que encontramos a fórmula vencedora e como obter uma eficácia que, com duas doses, está à altura das demais”, afirmou Soriot, em entrevista concedida ao jornal Sunday Times. A agência reguladora britânica — a MHRA (Medicines and Healthcare products Regulatory Agency) — recebeu os estudos completos sobre a vacina na quarta-feira passada e deve se pronunciar nos próximos dias.
 
Com esse aval, o imunizante estará apto para ser aplicado no Reino Unido, onde a população vem recebendo a primeira dose do imunizante produzido pelo consórcio teuto-americano Pfizer/BioNTech. A previsão é a de que comece a ser aplicada em 4 de janeiro.
 
Brasil
 
A vacina de Oxford, como vem sendo popularmente chamada, é a grande aposta do governo brasileiro. Ainda no início de agosto, em cerimônia no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro assinou uma medida provisória que abriu crédito extraordinário de R$ 1,9 bilhão para viabilizar a produção e aquisição de 100 milhões de doses do imunizante. Recentemente, o governo anunciou acordo para a compra de 70 milhões de doses da Pfizer.
 
Nos resultados provisórios de testes clínicos em larga escala, no Reino Unido e no Brasil, o laboratório anglo-sueco anunciou, em novembro, que sua vacina tinha eficácia média de 70%, contra mais de 90% dos fármacos da Pfizer/BioNTech e Moderna.
 
Por trás do resultado médio, estavam grandes diferenças entre dois protocolos: a eficácia alcança 90% para os voluntários que receberam primeiro metade da dose e uma dose completa um mês depois, mas de apenas 62% para outro grupo vacinado com duas doses completas.
 
Esses resultados foram alvos de crítica porque aconteceu um erro na injeção de meia dose, embora um grupo relativamente pequeno tenha seguido este protocolo. A empresa anunciou mais tarde que sua vacina exigia estudos adicionais, agora concluídos.
 
Acessível
 
A vacina Oxford/AstraZeneca é aguardada com impaciência, porque é relativamente barata e não precisa ser armazenada a uma temperatura tão fria como a da Pfizer/BioNTech, por exemplo, que deve ser mantida a -70ºC. O fármaco do consórcio anglo-sueco pode ser armazenado em condições de refrigeração (2ºC a 8ºC), o que facilita a vacinação em larga escala e em casas de repouso.
 
O Reino Unido foi o primeiro país ocidental a iniciar a imunização com a vacina da Pfizer/BioNTech, no início de dezembro. Agora conta com a segunda vacina para ganhar impulso e cortar a curva de aumento de casos atribuídos à nova cepa do coronavírus detectada em seu território.
 
Pascal Soriot externou otimismo quanto à possibilidade de o imunizante ser capaz de enfrentar as variantes do Sars-CoV-2. “(Diante da mutação) pensamos, no momento, que a vacina deve continuar sendo eficaz”, disse. “Mas não podemos ter certeza e faremos alguns testes”, admitiu.
 
Na entrevista ao Sunday Times, o CEO do conglomerado garantiu que novas versões do imunizante foram preparadas. Ele disse esperar, porém, que elas não sejam necessárias. “Você tem que estar preparado”, observou. 

Correio Braziliense domingo, 27 de dezembro de 2020

MAKE PARA ARRASAR: DICAS PARA O RÉVEILLON

Jornal Impresso

Make de arrasar
 
 
Especialistas dão dicas de como fazer uma maquiagem linda para o réveillon destacando, sobretudo, os olhos

 

Tayanne Silva*

Publicação: 27/12/2020 04:00

 

"Azul, verde, rosa, amarelo, laranja... não importa a cor. O interessante é se jogar sem medo de ser feliz e usar o que gosta", aconselha Gustavo de Campos Dieamant, de O Boticário

 

 
Vista-se de alegria, elegância e conforto para  dar adeus a 2020, o ano que nos afastou das festas. A Revista mostra que é possível ficar em casa, comemorar a vida e criar um clima de festa para esperar o novo ano. Faça o seu look com as nossas dicas e aposte no estilo high-low.
 
As cores têm sido a tendência da vez em diversos segmentos. Na maquiagem, é uma ótima aposta para quem deseja transparecer uma postura alegre e criativa. Para Gustavo de Campos Dieamant, gerente de marketing de produtos de maquiagem de O Boticário, o delineado gráfico e colorido é uma maneira superdivertida de destacar os olhos e transparecer autenticidade. “Azul, verde, rosa, amarelo, laranja... não importa a cor. O interessante é se jogar sem medo de ser feliz e usar o que gosta. Afinal, a maquiagem tem se tornado, cada vez mais, livre, como uma forma de se autoconhecer e se divertir.”
 
O delineado gráfico tem sido uma grande tendência entre influenciadores e maquiadores, tanto nacionais quanto internacionais. As pinturas coloridas ganham destaque, sobretudo nos olhos. “Mas ela vai muito além do delineado. Passa pelas sombras, pelos batons, brilhos labiais e iluminadores, pois vieram com tudo para esta estação e estão deixando as produções mais alegres,” afirma Gustavo.
 
Como fazer uma make colorida, para arrasar no réveillon, mesmo que a virada seja em casa? Para quem quer realçar os olhos, não há muito segredo, basta caprichar de acordo com a ocasião. “Use desde máscaras de cílios a delineadores coloridos, passando pelos tons de sombra mais pastéis até os mais vibrantes”, explica Gustavo.
 
Para 2021, podemos continuar abusando da pele iluminada e com aspecto saudável. “Nos olhos, as cores se mantêm em alta, com destaque para o amarelo. O olho preto esfumado também está de volta. A melhor forma de usar as cores certas é saber seu tom e subtom de pele”, ensina Priscila Miguel, especialista em beleza — maquiagem e imagem pessoal. “A sombra deve ser algo que deixa o olhar valorizado. Se perceber que ela apaga o restante do rosto, esse não é seu tom. Conheça sua paleta de cores e use a seu favor na maquiagem.”
 
Pele hidratada
 
A preparação da pele para a maquiagem também é superimportante. “Sempre deve deixá-la bem hidratada. Um bom creme pré-maquiagem também vai ajudar na fixação”, diz Priscila, também influenciadora digital, com mais de 188 mil seguidores no Instagram (@bypriscilamiguel).
 
De acordo com ela, a região dos olhos é muito sensível e precisa de cuidados redobrados na hora da make. “Hidratar as pálpebras é um passo importante para facilitar a aplicação.” A outra sugestão para fixar é aplicar a sombra com os dedos, pois o calor deles ajuda a deixar a cor mais real e a dar mais durabilidade.”
 
Além de uma pele limpa e hidratada, deve-se investir em produtos de qualidade para que eles fixem por mais tempo. “Um bom delineador e uma boa máscara de cílios podem durar o dia inteiro”, garante Priscila. “Outra dica é usar um finalizador”, completa Gustavo.
 
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte
 
 
Faça você mesma
 
Maquiagem feita para campanha de O Boticário
1. Força no delineado gráfico: comece com uma sombra neutra como base e use a laranja para marcar o côncavo e o canto externo no olho. Depois, aplique um delineador mais forte, para fazer o efeito gatinho, e finalize com a máscara de cílios. Os lápis permitem esfumar, sendo usados como sombras e também para o delineado gráfico. Ou seja, com um único produto, é possível trazer os dois efeitos.
 
Priscila Miguel fez uma mistura inusitada: laranja e rosa
2. Mistura de tons: quem quer ousar e fazer uma make mais trabalhada pode usar cores misturadas, como rosa e laranja. O segredo aqui é escolher a cor que você mais gosta e se jogar na produção sem medo. O verão combina com tons quentes, como laranja, vermelho e rosa. Mas nada impede que você use azul ou verde. Vai do gosto de cada um.
 
A a make monocromática de Priscila Miguel deu destaque para o delineado colorido
3. Delineado colorido: Para quem ainda não se sente seguro em brincar com as cores, um delineado colorido já vai destacar o olhar. Você pode adotar um colorido monocromático, aplicado até com o dedo em toda a pálpebra móvel.
 
Segundo Priscila, esta make pode ser feita em 10 minutos
4. Rápida e linda: se você passou o dia todo correndo e não teve tempo para se maquiar, essa make fica pronta em 10 minutos. Prepare a pele e, em seguida, sele toda a pálpebra com uma sombra rosa opaca quente. Faça um traço com uma sombra vinho rente à linha dos olhos em direção à sobrancelha — esse traço vai dar uma levantada no olhar. Aplique com os dedos uma sombra rosa com bastante cintilância em toda a pálpebra móvel. Finalizar com máscara de cílios.
 
Esta make de Priscila é para quem não tem medo de ousar
5. Vermelho e ousado para brilhar: prepare a pele com um super glow, misturando iluminador líquido à base. Em seguida, sele toda a pálpebra móvel com uma sombra bem clara, apenas para ajudar na fixação do delineador. Com um batom, sombra ou delineador vermelho, faça um delineado quase encontrando o final da sobrancelha, levando esse traço para cima. Depois, aplique uma cola especial para glitter em todo o delineado e, com a ajuda de um pincel com ponta pequena e firme, aplique o brilho bem devagar. Uma dica para não ficar com glitter embaixo dos olhos é, antes de começar a aplicação, pôr bastante pó translúcido na região, assim, após terminar, com um pincel tipo vassourinha, varra a região. Para finalizar, aplique bastante máscara de cílios e um batom nude ou vermelho.
 
Fontes: Gustavo de Campos Dieamant, gerente de marketing de produtos de maquiagem, do Boticário, e Priscila Miguel, especialista em beleza.
 
 
Na hora de tirar
 
A sugestão é usar óleos. Eles derretem a maquiagem e saem superfácil com um sabonete líquido. Mas a dica é usar um bom demaquilante e, logo após, com o algodão levemente embebido, realizar movimentos de cima para baixo. Se o rímel for à prova d’água, opte por um produto à base de óleo. Os xampus para bebês também são capazes de limpar os cílios sem irritar a pele e os olhos.
 
Fonte: Priscila Miguel, especialista em beleza.
 
 
Lápis para olhos Make B. Artist — Excentric Pink, de O Boticário (entre R$ 39,90 e R$ 49,90 no período da Beauty Week)
 
Paleta de Sombras Neon — Luisance, da Love Store (R$ 19,99)
 
Maxxi Palette de Sombras 12 Tons Intensa Uma, da Natura Una (R$ 135,90)
 
Medium Shopping Bag Makeup Palette, da Sephora (R$ 249)
 
Vegas Makeup, da MaquiAdoro (R$ 21,90)

Correio Braziliense sábado, 26 de dezembro de 2020

VIOLÊNCIA: MORTE DE JUÍZA REACENDE DEBATE DOBRE FEMINICÍDIO

Jornal Impresso

VIOLÊNCIA
 
Morte de juíza reacende debate sobre feminicídio
 
Magistrada do TJ-RJ é assassinada a facadas por ex-marido na Barra da Tijuca; em Santa Catarina, homem matou a ex a tiros na frente da família dela. STF e CNJ prometem atuar para estudar maneiras de "prevenir e de erradicar" barbaridades contra a mulher

 

JORGE VASCONCELLOS

Publicação: 26/12/2020 04:00

As três crianças do casal presenciaram o crime e pediram, sem sucesso, para o pai parar de esfaquear a mãe, a juíza Viviane Vieira (Reprodução)  

As três crianças do casal presenciaram o crime e pediram, sem sucesso, para o pai parar de esfaquear a mãe, a juíza Viviane Vieira

 

 
O engenheiro Paulo José Arronenzi não tentou fugir e permaneceu próximo ao corpo, até ser preso em flagrante (Reprodução)  

O engenheiro Paulo José Arronenzi não tentou fugir e permaneceu próximo ao corpo, até ser preso em flagrante

 

 
 
Entidades da magistratura brasileira afirmam que o feminicídio cometido contra a juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi, de 45 anos, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, não ficará impune. Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o ministro Luiz Fux, divulgou uma nota lamentando a morte da juíza. No comunicado, Fux diz que o feminicídio da magistrada mostra o quão urgente é o debate sobre violência doméstica no país e afirma que STF e o CNJ “se comprometem com o desenvolvimento de ações que identifiquem a melhor forma de prevenir e de erradicar” este tipo de crime contra mulheres.
 
Ela foi morta a facadas pelo ex-marido, na noite de quinta-feira, véspera de Natal, na frente das três filhas. O engenheiro Paulo José Arronenzi, 52 anos, que tem histórico de violência de gênero, não tentou fugir depois do crime contra a ex-mulher e permaneceu próximo ao corpo, até ser preso em flagrante pela polícia. O homem recebeu voz de prisão e foi levado à Divisão de Homicídios, também na Barra da Tijuca. Ele não quis prestar depoimento e disse que só falará em juízo, segundo informações da polícia. Ontem, foi transferido para um presídio.
 
Há três meses, a juíza chegou a denunciar o ex-marido por lesão corporal e ameaças. O Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ), onde a vítima era lotada, providenciou uma escolta para Viviane, mas ela abriu mão da proteção. Em 2007, uma ex-namorada de Arronenzi já havia denunciado o engenheiro por agressão.
 
O crime contra Viviane foi registrado em um vídeo que circulou nas redes sociais e foi analisado pela polícia. Nas imagens, as três crianças do casal aparecem pedindo, sem sucesso, para o pai parar de esfaquear a mãe. Para os investigadores, Paulo José Arronenzi premeditou o crime. No carro dele, foram apreendidas três facas, contudo, a que foi usada para matar a ex-mulher não foi encontrada.
 
Repercussão
Em sua manifestação, Fux destacou que a violência que assola mulheres de todas as faixas etárias, níveis e classes sociais precisa ser enfrentada de acordo com o estabelecido pela Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher, Convenção de Belém do Pará, ratificada pelo Brasil em 1995. O presidente defendeu que o esforço integrado entre os Poderes e a sensibilização da sociedade “são indispensáveis e urgentes para que uma nova era se inicie e a morte dessa grande juíza, mãe, filha, irmã, amiga, não ocorra em vão”.
 
O TJ-RJ divulgou nota em que “lamenta profundamente” a morte da juíza Viviane Arronenzi. Em comunicado conjunto, a Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro (AMAERJ) e a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) expressaram “extremo pesar” pelo que classificaram como “covarde assassinato da juíza”.
 
“As entidades representativas dos magistrados fluminenses e brasileiros se solidarizam com os parentes e amigos da pranteada magistrada. Este crime bárbaro não ficará impune, asseguramos”, destaca a nota.
 
A presidente da AMB, Renata Gil, a primeira mulher a ocupar essa posição nos 70 anos de história da entidade, afirmou, em entrevista ao Correio, que esse novo caso de feminicídio “mostra bem como nós todos estamos vulneráveis em uma sociedade com um pensamento ainda patriarcal”.
 
“AMB, por mim representada, está absolutamente consternada e indignada com esse assassinato brutal. A AMB tem trabalhado muito fortemente no combate à violência contra a mulher; durante a pandemia nós vimos que os números recrudesceram. Nós lançamos a campanha Sinal Vermelho, que virou projeto de lei federal”, disse a magistrada.
 
Ela se refere à campanha lançada em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e que orienta as vítimas de violência doméstica a desenharem um “X” vermelho na palma da mão como forma de denunciar as agressões. Em cerca de 10 mil farmácias em todo o país, os atendentes, ao verem o sinal, acionam imediatamente a polícia.
 
“A gente precisa quebrar esse pensamento patriarcal e avançar com medidas efetivas no combate à violência contra a mulher, especialmente na questão da punição. Acabar com esse sentimento de impunidade, de que pode valer a pena atacar uma mulher. Não vale”, frisou a presidente da AMB.
 
Outro caso
Thalia Ferraz, de 23 anos, foi morta a tiros na frente de familiares na noite da véspera de Natal. O caso ocorreu em Jaraguá do Sul (SC). A suspeita também é de que o ex-companheiro tenha cometido o crime. Momentos antes de ocorrer o assassinato, o homem teria enviado uma mensagem por um aplicativo, indagando à vítima se ela gostava de surpresas, uma vez que teria uma “inesquecível” naquela noite. O crime foi confirmado pela Polícia Civil de Santa Catarina, que ainda investiga os detalhes do caso. O suspeito estava foragido até o fechamento desta edição.
 
Os casos de feminicídio, no Brasil, cresceram 1,9% no primeiro semestre de 2020 em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 648 assassinatos motivados pelo fato de as vítimas serem mulheres. Os dados fazem parte do Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

Correio Braziliense sexta, 25 de dezembro de 2020

UM NATAL DIFERENTE, PARA NUNCA ESQUECER

Jornal Impresso

Um Natal diferente, para não esquecer
 
A tradição natalina não é mais a mesma depois do novo coronavírus. A pandemia obrigou famílias a reinventar a celebração. Distanciamento social e uso de máscaras são, hoje, formas de carinho e respeito com o próximo. O comércio também seguiu essa tendência, com ações diversificadas, mas mantendo o protocolo de segurança sanitária. Vale desde o Papai Noel numa bolha, a interagir com uma criança, até o velhinho virtual que posa para fotos. De acordo com o Sindivarejista, cerca de 90 mil pessoas visitaram as lojas do Distrito Federal em busca de presentes na véspera do Natal. , Ana Rayssa/CB/D.A Press
 
No feriado marcado pela pandemia da covid-19, famílias brasilienses contam como se adaptaram para fazer a ceia "com cuidados redobrados e a distância" sem deixar de lado a tradição da data

 

» LUANA PATRIOLINO
» ANA ISABEL MANSUR

Publicação: 25/12/2020 04:00

Em boa parte dos lares de Brasília, o Natal ocorreu de forma diferente, em 2020: pela internet e com muitas famílias separadas. Assim como o restante do ano, as celebrações foram atípicas. Como uma maneira de celebrar o feriado com segurança, os brasilienses repensaram, suspenderam ou substituíram as tradições. O formato deu espaço a novos jeitos de estar junto de quem se ama. Ainda que a distância.
 
Algumas famílias optaram por videoconferências, enquanto outras escolheram não reunir pessoas de fora da mesma casa. Houve, ainda, quem fizesse o jantar da noite natalina com menos pessoas, mas todas com máscara e usando, frequentemente, álcool em gel.
 
Com cuidados redobrados, os Mendes promoveram uma ceia, considerando a situação de Oton e Marilanda — patriarca e a matriarca da família —, de 91 e 80 anos, respectivamente. A comemoração reuniu 10 adultos e três crianças em um apartamento da Asa Sul. O grupo ficou dividido entre dois ambientes no momento da refeição: o casal de idosos comeu na cozinha; os outros ficaram reunidos na sala de estar. As janelas permaneceram abertas, para manter o ambiente ventilado. “Usamos máscaras, deixamos os sapatos do lado de fora ao entrar e higienizamos todas as embalagens e utensílios com álcool 70%”, detalha a fotógrafa Déborah Mendes, 26 anos.
 
Os parentes de Curitiba, que se juntam ao restante da família todos os anos para celebrar o Natal, não vieram. A decisão de fazer uma reunião adaptada surgiu na semana passada: “Estamos tristes por não poder encontrá-los. Nós, daqui de Brasília, não queríamos fazer o jantar, até por proteção aos meus avós. Mas é (uma data) muito importante, e eles quiseram. Então, foi com todo o cuidado e atenção”, completa Déborah.
 
Para a família Mendes, o feriado tem valor afetivo dobrado e não pode passar em branco. A pequena Pérola, prima de Déborah, veio ao mundo pouco depois da ceia natalina, há quatro anos. “Estávamos na sala, depois do jantar, e a mulher do meu tio entrou em trabalho de parto”, conta a fotógrafa. “A gente comemora, desde então, o Natal e o aniversário dela (da prima).”
 
Amigo-oculto
E como garantir o amigo-secreto, que acompanha as festas de fim de ano há tantos anos? Na família do professor João Tadeu, 27, a tradição não ficou de lado. Divididos em grupos, eles fizeram a revelação por videoconferência. Mesmo pela internet, o clima animador marcou a celebração. “A gente sempre faz um Natal com essa brincadeira, a ceia — para a qual cada um traz um prato —, e todos nos abraçamos. Só que, por causa da pandemia, não reunimos a família toda de uma vez”, justifica.
 
O Natal consciente da família ocorreu na sala da casa de João, em Sobradinho. O professor colocou como prioridade a saúde dos pais idosos — ambos com quase 68 anos. Os cuidados permaneceram os mesmos: nada de aglomeração, uso do álcool em gel frequente, higienização de itens da casa, além das roupas.“Obviamente, ninguém quer ficar doente. Além disso, moro com meus pais e eles são do grupo de risco. Meu pai é diabético, hipertenso, tem problemas com a tireóide e outras doenças associadas à velhice”, conta João.

Correio Braziliense quinta, 24 de dezembro de 2020

O QUE O NATAL REPRESENTA?

Jornal Impresso

O que o Natal representa?
 
Nas vésperas da festividade, famílias de várias religiões se reúnem para dar início às tradicionais celebrações do feriado

 

» ANA MARIA DA SILVA

Publicação: 24/12/2020 04:00

 
 
Para Pedro Henrique Borges (de vermelho), o Natal é a vinda da esperança para o mundo (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  

Para Pedro Henrique Borges (de vermelho), o Natal é a vinda da esperança para o mundo

Na noite de Natal, pessoas de religiões variadas se reúnem para celebrar a esperança. Para o jovem católico Pedro Henrique Borges e família (E), é momento de entender a importância de Jesus Cristo. Adepta do candomblé, Patrícia Luiza Zapponi (C) acredita que se trata do fim de um ciclo. Protestante, Thuany Raquel Amaral (D) reforça a comunhão neste dia sagrado. , Minervino Júnior/CB/D.A Press - Carlos Vieira/CB/D.A Press - Minervino Júnior/CB/D.A Press


Na noite de hoje, famílias de várias culturas e religiões devem se reunir e dar início às tradicionais celebrações de Natal. A união e partilha da festa que foi cultivada ao longo de anos trouxe uma mistura de tradições com diferentes origens. Na própria palavra “Natal”, que significa nascimento, está a essência das festas, que comemoram a chegada de Jesus Cristo ao mundo. Apesar de a data estar diretamente relacionada ao nascimento de Cristo, outras religiões participam das tradições como forma de renovar a fé no que crêem. Seja protestante, católico, espírita ou adepto do candomblé, o fato é que a festa tem significados diversos para as mais variadas famílias brasilienses. 
 
“O Natal é a festa da renovação da fé e da esperança. O silêncio de uma noite comum é rompido por vozes sonoras e bem definidas. São os anjos que anunciam aos pastores a boa notícia. A presença divina enche o coração de esperança daquele que consegue percebê-la. É preciso se sensibilizar com a presença de Deus, que está entre nós, e sempre a nos renovar a esperança e a fé”, explica o padre Reinaldo Martins de Oliveira, da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. 
 
Este ano, para o padre, celebrar o Natal terá um sentido ainda maior. “Estamos vivendo um momento onde todos temos que renovar a esperança é a fé. A pandemia atingiu a todos, e acredito que tivemos que fazer uma revisão de nossa vida. Fomos todos chamados ao essencial, ao simples, ao convívio com os que estão mais próximos de nós. Aprendemos o quão importante é cuidar do outro. Acredito que esta seja a mensagem: esperança, compaixão e cuidado”, defende o padre. 
 
Para o estudante e católico Pedro Henrique Borges Araújo Peres, 17, a celebração do Natal gira em torno da natalidade de Jesus Cristo. “Principalmente, na vinda da esperança para o mundo. Antes, nós vivíamos nas trevas. Com a chegada d’Ele, tudo mudou, tudo se transformou, tudo se salvou, tudo se concretizou. O Natal é espera e mudança, a espera em Deus para uma vida nova e a mudança de nossos corações para um constante amor”, ressalta.
 
A reunião de família neste ano terá ainda mais importância para eles, segundo Pedro. “Nós nos reunimos todos os anos, no dia 24, em uma família, e no 25, em outra, sempre procurando acabar com as saudades deixadas ao longo do ano e rezar meditando sobre a vinda de Jesus”, reforça. Segundo Pedro, a tradição de assistirem à santa missa juntos não pode faltar. “Não faria sentido celebrar o Natal sem estar com o próprio aniversariante. Vai ser difícil, este ano, não encontrarei minha família inteira como nos anos anteriores, mas passarei com meus avós, aproveitarei o quanto puder, pois não sei se terei outro Natal para fazer isso”, diz. 
 
Protestantismo
Para o pastor Marco Antônio de Carvalho, da Igreja Cristã Evangélica Águas Claras, o Natal é o momento da unidade. “Sem o nascimento de Jesus, viveríamos ainda imersos em um mundo sombrio e frio. Sua vinda representa esperança e paz aos homens a quem Deus quer bem”, reforça. “O Natal diz muito mais sobre entrega e renúncia. É a celebração da luz que alcança a humanidade em momentos de desesperança, como este que estamos vivendo”, completa. 
 
Segundo o pastor, o primeiro Natal foi celebrado em um lugar humilde e discreto, bem diferente das pomposas celebrações contemporâneas. “Ali, estavam Maria, José, o menino Jesus e a visita de alguns pastores e magos. Esta celebração nos diz muita coisa, não apenas reunir a família sobre uma mesa farta de comidas típicas, mas estar ao lado de quem se ama, com preces e orações e gratidão a Deus por todo o bem e, principalmente, pelo maior presente que ele nos deu”, diz. 
 
A bióloga e protestante Thuany Raquel do Amaral, 24, diz que a data costuma ser celebrada com uma bela ceia, em família e amigos reunidos. “Com momentos de comunhão, brincadeiras e muita comida”, brinca. Mesmo com a pandemia, a bióloga diz que a família procurará manter a tradição. “Queremos nos reunir com alguns poucos amigos, nada grande para não haver aglomeração, mas não podemos deixar de celebrar”, afirma. 
 
Candomblé
A advogada e adepta do candomblé Patrícia Luiza Moutinho Zapponi, 48 anos, é frequentadora do terreiro Ile Axé orixá Dewi, em Sobradinho 2. Ela explica que a data tem uma importância diferente para sua família. “Para nós, de religião não cristã, não tem significado esta data. Porém, dado ao sincretismo religioso e a educação que recebi, para mim, o Natal representa ressignificar a esperança. É o fim de um ciclo”, diz.
 
Após o ano atípico, a advogada diz que a data será celebrada com uma ceia familiar, além de um Natal solidário, com entrega de brinquedos e cestas amanhã. Segundo Patrícia, a mensagem da data, neste ano, deixa clara a importância de valorizarmos dia após dia. “Todos os dias são importantes, a convivência com nosso próximo e o bem-querer, também. É preciso valorizar todos os dias como se fossem únicos, e saber que assim como o Sol nasce todos os dias, nós também temos a chance de um dia novo, de fazer diferente, de se aprimorar, de melhorar, de evoluir e de amar de uma maneira plena”, afirma. 
 
A união que surge nas casas da capital federal surge com a certeza de que todos são iguais, conforme defende Patrícia. “Nós temos que ter em mente, neste Natal, que somos todos irmãos, que somos todos iguais, e que devemos respeitar uns aos outros de acordo com a divindade que cada um representa, que cada ser é sagrado, que todos nós somos importantes, que todas as vidas importam”, defende a advogada. 
 
Espiritismo
O presidente e fundador do Centro Espírita André Luiz (Ceal), o médium Antônio Villela, 98, explica que a festa tem uma representatividade significativa para os espíritas. “O Natal é o pensamento de paz, luz e amor. No momento em que estamos vivendo, com essa pandemia, deveríamos ter as nossas famílias mais unidas, seguindo a orientação de Jesus deixada há dois mil anos. Nasceu e sofreu para a humanidade inteira, deixou a grande mensagem: amais uns aos outros como vos ameis”, diz. 
 
Para celebrar a data, o médium diz que procura fazer suas preces. “O que desejamos é que possamos reconhecer a verdade que nos libertará para sempre, Jesus assim falou”, afirma. Antonio diz que pretende viver o Natal a exemplo de Cristo. “É Natal, mas não basta ser apenas um dia. Deveríamos ter um Natal permanente em nossas vidas, que é o nascimento do salvador. Sem inimigos, a família de Cristo pela paz do mundo”, defende. 
 
 
 
Programações e celebrações
 
Catedral de Brasília |  Missa do Galo: 20h | Missas no dia de Natal: 10h30 e 18h. Transmissão pelo Facebook da Arquidiocese de Brasília
 
 
O que abre e fecha 
 
Comércio
Funciona até as 19h de hoje. Amanhã, as lojas seguem fechadas e só retomam as atividades no sábado.
 
Correios
Funcionam das 9h às 14h. As unidades nos shoppings abrem das 11h às 15h. Fecham amanhã e reabrem no sábado, das 11h às 14h. 
 
Transporte
Hoje, o metrô vai abrir às 5h30, como de costume. Contudo, fecha mais cedo, às 20h. Amanhã, o esquema será o de domingos e feriados: das 7h às 19h. Ônibus: a Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob) informou que vai aumentar, hoje, o número de viagens das 12h às 14h, para reforçar o atendimento aos usuários na volta para casa. Amanhã, os coletivos circulam com a tabela de domingo. Os horários das linhas podem ser consultados no site DF no Ponto (dfnoponto.semob.df.gov.br). 
Lazer
A Torre de TV estará fechada hoje. Reabre amanhã, inclusive o mirante. O Eixão do Lazer e W3 Sul terão ampliação no horário de interdição para carros, amanhã. As vias estarão abertas aos pedestres das 9h às 18h. Os parques ecológicos também vão abrir normalmente ao longo do feriado. O Zoológico segue aberto de quinta a domingo, sem interrupções, das 9h às 17h, e as entradas são vendidas até as 16h. Mas, há um limite de público no Zoo, que recebe até 1,5 mil. O Cine-Drive In estará fechado hoje. 
 
Serviços públicos
O DF Legal informou que o atendimento ao público vai ocorrer até as 12h de hoje. O DER seguirá o mesmo esquema. Os postos do Departamento de Trânsito (Detran) funcionam até as 14h de hoje, e fecham amanhã. 
 
Saúde
Os ambulatórios dos hospitais abrem, hoje, das 8h às 14h. O mesmo vale para os postos de saúde. As farmácias de alto custo na Asa Sul, Ceilândia e Gama também ficam abertas até as 14h. Amanhã, apenas as emergências e unidades de pronto atendimento (UPAs) vão funcionar. Já o Hemocentro funciona hoje, das 7h às 12h, mas fecha amanhã. 
 
Segurança
As delegacias vão funcionar em regime de plantão 24h.

Correio Braziliense quarta, 23 de dezembro de 2020

CONSUMIDOR PÕE MÁSCARA E VAI ÀS COMPRAS

Jornal Impresso

Compras de última hora movimentam comércio
 
Sindivarejista estima que cerca de 400 mil brasilienses, 33,3% a menos que em 2019, irão em busca de presentes nos dias que antecedem o Natal. Alternativas nos modelos de compra contribuem para a mudança de comportamento em meio à pandemia

 

Ana Isabel Mansur

Publicação: 23/12/2020 04:00

 
Segundo a Fecomércio, é normal que haja maior movimento nos dias que antecedem o Natal, mas, apesar de dentro da previsão, as vendas estão fracas   (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
)  

Segundo a Fecomércio, é normal que haja maior movimento nos dias que antecedem o Natal, mas, apesar de dentro da previsão, as vendas estão fracas

 

Cerca de 400 mil brasilienses devem ir às compras nos dias que antecedem o Natal, estima o Sindicato do Comércio Varejista (Sindivarejista). Edson de Castro, presidente da entidade, afirma que o número é baseado na quantidade de pessoas que tem ido às lojas desde segunda-feira. “Shoppings e feiras estão cheios, e a tendência é piorar. No dia 24, o comércio fechará às 19h, por conta dos consumidores atrasados”, aponta. O horário de funcionamento dos estabelecimentos foi estendido mesmo com redução de 33,3% dos compradores, em relação ao ano passado, quando 600 mil compraram presentes às vésperas da festividade. 
 
No entanto, para Izabela Freitas, 24 anos, o movimento de dezembro surpreendeu. A atendente de uma loja de maquiagens no Brasília Shopping afirma, porém, que houve queda em relação a 2019. “A Black Friday aqui foi muito fraca, mas na primeira semana de dezembro o fluxo cresceu bastante. Até o dia 24, esperamos que aumente ainda mais”, conta. A loja em que trabalha funcionará das 9h às 23h, até a véspera de Natal. 
 
Rayana Torres, 20, foi às compras procurar uma roupa para a noite de Natal. “Todos os meus presentes já estão comprados”, afirma a jovem, estagiária em um escritório de consultoria financeira. Também para evitar aglomerações, outra opção encontrada por Rayana foi adquirir tudo em uma loja só. 
 
Renata Monnerat, gerente de marketing do Brasília Shopping, observa que as compras ocorrem de forma diluída neste ano. “O shopping não está lotado. O movimento tem sido mais comedido por conta da pandemia, mas acontece de maneira intermitente ao longo do dia”, afirma.
 
Apesar da queda de consumo, as vendas estão dentro da previsão estimada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF). De acordo com o presidente da instituição, Francisco Maia, a expectativa era de aumento de 2,2% nas vendas em relação a 2019. “É normal que haja maior movimento nos dias que antecedem a data, mas, apesar de dentro da previsão, as vendas estão fracas. É o Natal das compras pequenas, porque as pessoas não estão com muito dinheiro”, aponta. 
 
“Novo comprar”
 
Karol Ribeiro, 41, é gerente em uma loja de sapatos e bolsas femininas. Ela conta que, desde a semana passada, quando o estabelecimento passou a funcionar em horário estendido, o movimento vem crescendo. “A gente observa que as clientes tomam muito cuidado. Se a loja está muito cheia, esperam esvaziar um pouco antes de entrar. As pessoas idosas têm vindo cedo, pela manhã, ou mais tarde, por volta das 21h”, observa, acrescentando que todas as pessoas que frequentam a loja mantêm o distanciamento de segurança e têm a aferição medida na entrada do shopping, além de usar máscara o tempo todo.  
 
A gerente Karol Ribeiro afirmou que o movimento diminuiu, mas que há novos canais de vendas. “As pessoas têm comprado muito por WhatsApp, onde observamos um aumento expressivo. Muitas compram e vêm apenas buscar, usando o drive-thru do shopping, e outras pedem para receber em casa”, relata.
 
Não são todos os consumidores, no entanto, que gostam de comprar de maneiras diferentes. Jacy Barbosa, militar de 49 anos, que estava acompanhado das filhas Letícia, 13, e Mariana, 18, não costuma comprar pela internet. “Gosto de ver o que estou comprando. Além disso, as entregas não chegariam a tempo”, afirma. “Viemos só para comprar o que está faltando, a ideia é terminar hoje mesmo”, completa o morador do Jardim Botânico. Ele e as filhas observam que há menos movimento nas lojas. “Shoppings, que normalmente são mais vazios, estão recebendo mais pessoas. Mas, percebemos que as lojas estão mais cautelosas e adotando as medidas de segurança”, pontua. 
 
Baseado na quantidade de pessoas que tem ido às lojas desde a segunda-feira, o Sindicato do Comércio Varejista calcula que cerca de 400 mil brasilienses devem comprar pelo menos um presente nestes dias.

Correio Braziliense terça, 22 de dezembro de 2020

53º FESTIVAL DE BRASÍLIA DO CINEMA BRASILEIRO: PREMIAÇÃO

Jornal Impresso

Brasilidade em luz, câmera, ação
 
O 53º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro chegou ao fim, ontem, com a premiação de diversas produções. A crítica política e social deu o tom à celebração do audiovisual nacional

 

» Ricardo Daehn

Publicação: 22/12/2020 04:00

Por onde anda Makunaíma? conquistou o prêmio de melhor longa da mostra oficial do festival (Arquivo Pessoal/Divulgação)  

Por onde anda Makunaíma? conquistou o prêmio de melhor longa da mostra oficial do festival

 



O peso da tradição, o valor da preservação da memória e, claro, o habitual espectro político deram o norte à diferenciada premiação do 53º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Longe de transcorrer no habitual abrigo do Cine Brasília, devido à pandemia, o evento se fez com acessos virtuais e interações de mais de 10 mil pessoas, ao longo de seis dias de mostra competitiva. Em grande parte dos vencedores, entre filmes de longas e curtas durações, houve pendor para conteúdos e formas que exaltassem a identidade brasileira, reafirmada em fitas que celebram negros, marginalizados e alguns agentes culturais imantados pelo alento da comicidade.

Estabelecida uma premiação enxuta para os longas-metragens da mostra competitiva, títulos atentos aos elementos verde-e-amarelos do Brasil deram as caras. Apoiado na mitológica figura indígena de um ser deificado, Por onde anda Makunaíma? (de Rodrigo Séllos) faturou o prêmio Candango de melhor filme. O júri, capitaneado pela atriz Ana Maria Magalhães, ressaltou a premiação de um filme com registro da identidade fragmentária atribuída ao brasileiro, isso em uma conjuntura em que muitos teimam a “desconstrução de valores culturais e artísticos nacionais”.

Com exaltação do caráter de um cinema popular, a divertida aventura de Mario Abbade em torno da vida e da obra do cineasta Ivan Cardoso rendeu ao longa Ivan, o TerrirVel o prêmio especial do júri formado, ainda, pelo pesquisador de cinema Joel Zito Araújo e pela curadora de mostras e festivais Ilda Santiago. Na valorização da montagem “fluida e orgânica” de um filme, o trio optou por ceder o prêmio especial de montagem ao filme A luz de Mario Carneiro (de Betse de Paula). No longa, um dos profissionais da maior importância para o Cinema Novo tem justa homenagem, diante da capacidade da direção de fotografia para obras de realizadores como Glauber Rocha, Paulo César Saraceni e Joaquim Pedro de Andrade. Este ano, na mostra oficial, não houve premiação para melhor diretor.

Um feito

Organizado em menos de 75 dias, o festival teve a premiação, que começou com mais de 40 minutos de atraso, prestigiada no YouTube por cerca de 180 pessoas. Secretário de Cultura e Economia Criativa, Bartolomeu Rodrigues comentou na celebração do evento, a realização de um “festival possível, com pandemia e tudo”. Considerado a alma do Festival de Brasília 2020, o cineasta, curador e diretor artístico Silvio Tendler conquistou um dos troféus especiais, honraria estendida ao fotógrafo e professor Luis Humberto, que “por quase 60 anos, se dedicou a revelar (em imagens) os mistérios do cerrado”. Ainda no campo da memória, a figura da atriz Nicette Bruno, levada pela pandemia trágica  (morta no último domingo), foi reverenciada.

O secretário de Cultura ressaltou, no evento, a importância e a necessidade de “o cinema sobreviver”. Presente na cerimônia de premiação virtual, a atriz Catarina Accioly mencionou a veia do festival como “caldeirão da maior vitrine política”. Foi, praticamente, o prólogo para a entrada em cena da “indígena, cineasta e mulher”, como foi apresentada Graciela Guarani ao proceder a leitura da Carta de Brasília, recheada pela representatividade de mais de 300 profissionais do setor audiovisual.

Valorização

No momento mais significativo do evento, Graciela lembrou do potencial da cultura, “alvo de descaso” na atualidade. Exemplificado pela situação da Cinemateca Brasileira, “com cadeado na porta da instituição”, uma metáfora para a “memória cinematográfica sequestrada”, Graciela contou da crise de saúde pública e alinhavou o discurso com o “desmatamento cultural” observado pelo consagrado diretor Cacá Diegues. Claro que a carta vem permeada por reivindicações: exalta a necessidade de articulação política da classe; pretende travar o desmantelo, atual, na política de fomento de produções; pleiteia, para até 2030, a obrigatoriedade de exibição de filmes nacionais nos complexos de cinema; e trata de quesitos como o desaparelhamento ideológico da Ancine (a Agência Nacional do Cinema, nitidamente travada pela atual burocracia governamental) e a necessidade de haver paridade de gêneros nos futuros editais públicos a serem formatados.

Viabilizado pela exibição dos concorrentes no Canal Brasil, o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro referendou a marca da emissora a cabo, com o pronunciamento do prêmio Canal Brasil concedido ao curta do catarinense Rodrigo Ribeiro, autor de A morte branca do feiticeiro negro, votado como o melhor. Pelo júri oficial, Rodrigo Ribeiro faturou o título de melhor diretor de curta-metragem. Entre os filmes votados pelo público, na categoria júri popular, recaíram prêmios para as obras Longe do paraíso (longa do diretor baiano Orlando Senna) e para o curta Noite de seresta (de Muniz Filho e Sávio Fernandes).

No âmbito da Mostra Brasília, o longa escolhido foi Candango: Memórias do Festival (consagrado como melhor filme, pelo júri oficial, levando ainda o prêmio destinado à preservação da memória Marco Antônio Guimarães) e Eric, curta-metragem documental de Letícia Castanheira. Seis prêmios foram alinhavados pelo júri da Mostra Brasília, com destaque para o melhor curta, Do outro lado (de David Murad), e para a direção de Letícia Castanheira. Diretor consagrado (ao lado do colega Orlando Senna) pelo Festival de Brasília, pela autoria de Iracema, uma transa amazônica (1980), Jorge Bodanzky conquistou troféu Candango (num prêmio especial), pelo novo documentário Utopia Distopia.

Em edição fortemente marcada pelos documentários, o evento encontrou uma sintonia fina, na análise do jornalista Carlos Marcelo (um dos jurados dos curtas-metragens) que conceituou a premiação, numa arena que mexeu “com cicatrizes de um passado colonial”, não ecoou “panfletarismo” e retratou parte do “pesadelo contemporâneo vivenciado no país”. Exaltado pelo júri da Abraccine (que encerra a crítica de cinema no país), o curta República (de Garce Passô), um tratado sobre a falta de unanimidade do governo em meio à pandemia, num futuro de incertezas, faturou melhor filme, pelo júri oficial. Os indígenas foram lembrados no protagonismo de A tradicional família brasileira Katu (prêmio especial).


Confira os vencedores

Principais prêmios da 53a edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro

Mostra Oficial de Longa-Metragem
Melhor filme: Por onde anda Makunaíma? (de Rodrigo Séllos)
Prêmio especial do júri: Ivan, O TerrirVel (de Mario Abbade)
Prêmio especial pela montagem: A luz de Mario Carneiro
(de Betse de Paula)

Mostra Oficial de Curta-Metragem
Melhor filme: República (de Grace Passô)
Melhor direção: Rodrigo Ribeiro (A morte branca do feiticeiro negro)
Melhores atuações: Maya e Rosana Stavis (Pausa para o café)

Júri popular
Melhor longa-metragem: Longe do paraíso (de Orlando Senna)
Melhor curta-metragem: Noite de seresta
(de Muniz Filho e Sávio Fernandes)
Mostra Brasília
Melhor longa-metragem: Candango: Memórias do Festival
(de Lino Meireles)
Melhor curta-metragem: Do outro lado (de David Murad)
Melhor direção: Letícia Castanheira (Eric)

Prêmio Abraccine
(Associação Brasileira de Críticos de Cinema)
Melhor curta-metragem: República (de Grace Passô)
Melhor longa-metragem: Entre nós talvez estejam multidões
(de Aiano Bemfica e Pedro Maia)

Prêmio Canal Brasil de Curtas
A morte branca do feiticeiro negro
(de Rodrigo Ribeiro)

Correio Braziliense segunda, 21 de dezembro de 2020

MA ÁRVORE PARA CADA VÍTIMA: HOMENAGEM ÀS VÍTIMAS DA COVID-19

Jornal Impresso

UMA ÁRVORE PARA CADA VÍTIMA

Homenagem às vítimas da covid
 
Grupo Gênesis Renascer plantou, ontem, no Parque da Cidade, uma árvore para cada vítima da doença no Distrito Federal, que registrou 409 casos e sete mortes nas últimas 24 horas. Capital federal totaliza 4.145 óbitos pelo novo coronavírus

 

ALAN RIOS

Publicação: 21/12/2020 04:00

Plantio de 500 árvores foi feito próximo ao Estacionamento 4. Mais de 4 mil mudas homenageiam vítimas em diferentes regiões do DF (Ed Alves/CB/D.A Press)  

Plantio de 500 árvores foi feito próximo ao Estacionamento 4. Mais de 4 mil mudas homenageiam vítimas em diferentes regiões do DF

 

 
“Estamos falando de vidas e plantamos vida”, define Edmi Moreira, 52 anos. O gestor ambiental é o idealizador da ação Gênesis Renascer, projeto que promoveu o plantio de uma árvore para cada vítima da covid-19 no Distrito Federal. A ação foi dividida em oito etapas e concluída na manhã de ontem, no Parque da Cidade, quando o grupo plantou 500 árvores próximo ao Estacionamento 4, em um espaço de mais de 2 mil m². Ao todo, 4.100 mudas foram plantadas em diferentes regiões do DF. “Fazemos esse trabalho ambiental há 25 anos, geralmente na segunda quinzena de outubro. Neste ano, lançamos o projeto para homenagear cada pessoa que se foi para a covid”, explica Edmi.
 
O grupo é pequeno, reúne 20 pessoas a cada ação, para evitar aglomerações. “Já passamos por locais como o Taguapark, Parque Três Meninas, Vivencial do Setor O, dentre outros. Realizamos os berços onde serão feitos os plantios, geralmente, uma semana antes, e, depois, plantamos. Tudo é feito de forma humanizada, com muito cuidado, evitando o estresse da planta”, comenta o idealizador. As intervenções foram autorizadas pelo Instituto Brasília Ambiental (Ibram), e o Jardim Botânico realizou a doação de 1.500 mudas. “Plantamos, no Parque da Cidade, ipê-branco, quaresmeiras, angico-do-cerrado, árvore-do-sabão, jenipapo, jacarandá-mimoso e duas paineiras-brancas, que são consideradas umas das mais bonitas do mundo. Todas são plantas do cerrado”, detalha Edmi.
 
Apesar do início de domingo chuvoso, o grupo não desanimou. A estudante Gabriela Lopes, 26, saiu de Samambaia para o Parque da Cidade por conta da importância e do simbolismo do ato. “Isso é muito forte para mim, relembrar quem morreu por conta do vírus. Na pandemia, fiquei muito envolvida com os projetos voltados para a natureza. Percebi que a gente tem que colocar a mão na terra quando quer se reconectar consigo mesmo. Precisamos estar na natureza para isso. Por isso, acordei cedo e vim, entusiasmada”, diz.
 
Memória e família
 
Quem perdeu um ente querido para a doença participou da ação com outro olhar. É o caso de Keile Sousa, 35. A servidora pública perdeu a tia, que faleceu por complicações do novo coronavírus. “Ela já estava debilitada e não resistiu. Então, hoje é uma homenagem a ela. E fazemos isso, também, porque é uma forma de compensar a natureza. Retiramos muito do meio ambiente e plantar é uma forma de retribuir”, avalia Keile. O plantio foi organizado garantindo a formação de “ilhas” e “corredores”, permitindo uma ambientação com espaços para que as árvores cresçam de forma saudável e que o público caminhe entre os espaços. 
 
Vanderlin Castro, 45, participou da atividade com a família. “Penso que estamos homenageando os que morreram por uma doença que ataca, principalmente, o pulmão, e plantamos árvores, que são o pulmão do planeta. É como se fosse uma vacina que também precisamos. Passo isso para meus filhos”, conta.
 

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