Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense sábado, 07 de novembro de 2020

RÉVEILLON: PREPARAÇÃO PARA CELEBRAR

Jornal Impresso

RÉVEILLON
 
Preparação para celebrar
 
As festas de fim de ano serão bem diferentes, por causa do novo coronavírus. Mesmo assim, quem trabalha com a organização de confraternizações começou o planejamento, para garantir as tradições do Natal e do ano-novo, apesar da crise econômica

 

CAROLINE CINTRA
MARIANA MACHADO

Publicação: 07/11/2020 04:00

A chef de cozinha Ana Claudia Morale trabalha com serviço de bufê e teve de se adaptar: menos eventos, mas relação mais próxima com clientes (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  

A chef de cozinha Ana Claudia Morale trabalha com serviço de bufê e teve de se adaptar: menos eventos, mas relação mais próxima com clientes

 



Quando o ano chega ao fim, é hora de juntar amigos e família para confraternizar. Seja no Natal ou no ano-novo, a tradição inclui festas, ceias e reuniões. No entanto, devido à pandemia do novo coronavírus, o cenário em 2020 não será o mesmo. Por isso, os segmentos que promovem festas buscam saídas criativas. “O mercado começa a se movimentar agora. As confraternizações serão diferentes. As empresas com 30, 40 funcionários vão levá-los para eventos drive-in. As que têm mais colaboradores optarão por espaços maiores e abertos”, prevê Luís Otávio Neves, presidente do Sindicato das Empresas de Promoção, Organização, Produção e Montagem de Feiras, Congressos e Eventos do Distrito Federal (Sindeventos). Ele espera a recuperação do setor no começo do próximo ano, caso a vacina contra a covid-19 esteja em aplicação no DF.
 
Para quem oferece serviço de bufê, o ano é de adaptações. A chef de cozinha Ana Claudia Morale, 35 anos, estava acostumada a, nesse período, preparar cardápios para confraternizações de empresas e para ceias de 15 ou mais pessoas. “Neste ano, tenho certeza de que as festas serão pequenas. Mas a gente espera que, com a melhoria do mercado, venham vários pequenos eventos que compensem ou equilibrem a perda (por causa) dos grandes”, afirma.
 
Ela oferecerá quatro menus diferentes, com duas opções de lanche e duas de jantar. Para a ceia, o peru sai de cena, dando lugar a opções menores: tender e bacalhau. “As grandes aves são para jantares com muitas pessoas. Em uma ceia para quatro, não adianta, porque vai sobrar muito. Se houver demanda, vamos trabalhar com peru e chester também”, comenta Ana Claudia. Ela está otimista e acredita, inclusive, que fará contratações temporárias. “Na pandemia, tivemos perdas de eventos grandes, mas ganhamos muito em relacionamento com o cliente, que, hoje, sente-se mais ouvido. E eu faço as coisas baseadas no pedido direto deles. A internet nos trouxe isso”, avalia a chef.


O gerente-geral Jean Nogueira adotou ações rigorosas em hotel do Lago Sul (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  

O gerente-geral Jean Nogueira adotou ações rigorosas em hotel do Lago Sul

 



 
Internet
Para o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), Francisco Maia, as confraternizações do fim de 2020 serão diferentes daquelas de anos anteriores. Primeiramente, porque bares e restaurantes podem receber apenas metade do público máximo previsto para os espaços — como previsto em decreto do Governo do Distrito Federal (GDF), para evitar a disseminação do novo coronavírus. Outro fator é a troca de presentes, que deve acontecer a distância. “As pessoas estão se adaptando. Se fosse há dois meses, as confraternizações não aconteceriam. Agora, sim, mas de outra maneira. Brasília tem um perfil diferente, pelo número grande de funcionários públicos. O 13º (salário) ainda vai movimentar bem a economia no fim de ano”, acredita Francisco.
 
Um estudo, publicado em novembro pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), prevê que serão injetados R$ 5,6 bilhões no Distrito Federal, provenientes do 13º salário. A expectativa é de que as vendas virtuais tenham destaque e superem as presenciais. “Tem shopping que lançou plataforma de marketplace (para vendas on-line) com 14 mil produtos. O comércio tem de se adaptar e estar na rede para conseguir vender. Esperamos que as pessoas comprem muito, mas pela internet. Quem não está lá, tem de entrar”, recomenda Francisco. Também há boas expectativas para a contratação de funcionários temporários. Os comércios abrirão 2,4 mil novas oportunidades e, segundo a Fecomércio-DF, cerca de 70% das lojas devem efetivar os contratos. “Os estabelecimentos demitiram muito, e essa é uma boa chance para contratar novamente. Os empresários estão otimistas”, afirmou o presidente da federação.


Restaurante japonês de Raimundo Neto abrirá com capacidade reduzida (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  

Restaurante japonês de Raimundo Neto abrirá com capacidade reduzida

 



 
Réveillon
Às margens do Lago Paranoá, a queima de fogos do hotel Royal Tulip Alvorada consolidou-se como uma das principais celebrações de réveillon da capital federal. Em 2020, contudo, o público será reduzido, segundo gerente-geral, Jean Nogueira, 49. Além disso, as mesas terão distanciamento de 3,5 metros e a temperatura de todos será aferida na entrada do evento. “Temos um espaço para 1,6 mil lugares, e a festa costuma receber de 800 a 900 pessoas. Mas, neste ano, o evento será para 400. Limitamos a capacidade para garantir a segurança”, destaca.
 
Todos os anos, o evento é temático. Na virada para 2021, com uma mistura de elementos de circo e vinculados ao filme Alice no País das Maravilhas, os convidados poderão abusar da criatividade, sem deixar a saúde de lado. “A gente incentiva que o público traga máscaras vinculadas ao tema. Em um momento de tanta tristeza e apreensão, quisemos trazer alegria à nossa festa”, conta Jean.
 
Além do show de fogos de artifício e da ceia, uma das atrações será a apresentação de uma escola de samba, que tocará em área isolada, pois a pista de dança ficou suspensa nesta edição. Para garantir a segurança dos funcionários, o hotel adotou outra medida rigorosa: uma sirene que toca a cada duas horas na cozinha, para alertar sobre a necessidade de os funcionários lavarem as mãos e trocarem a máscara. “Inicialmente, a gente nem ia fazer a festa, mas algumas coisas estão se ajustando e, por isso, faremos nesse formato compactado”, completou o gerente-geral.
 
Alguns restaurantes vão apostar no almoço de Natal e de ano-novo, para atrair clientes que não querem cozinhar no dia das festas. Raimundo Neto, 40, gerente do Haná, na Asa Sul, conta que o salão do estabelecimento de culinária japonesa deve receber cerca de 40 pessoas. A capacidade está reduzida. “Todo o nosso cardápio será oferecido para encomendas. Geralmente, fazemos mais de 30 ceias, e o mais procurado são os combinados de sushi”, conta. Raimundo mantém as expectativas, pois alguns clientes fiéis têm ligado para saber como serão as entregas. Porém, ele também reconhece que a pandemia pode prejudicar as vendas. “A gente espera que este ano seja igual ou melhor do que o ano passado. Mas, colocando o pé no chão, pode acabar sendo mais fraco”, pondera.
 
Presidente do Sindicato Patronal de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar), Jael Antônio da Silva considera que os hotéis do DF têm baixa movimentação nessa época do ano e que ainda não é possível falar em perspectivas para o período festivo. Ele também considera cedo para as empresas fazerem reservas de estabelecimentos, o que geralmente ocorre no fim de novembro. Mesmo assim, donos de negócios nesse ramo estão otimistas, apesar do cenário, e esperam bastante movimento nos bares. “Muitos vão fazer promoções de bebidas, como compre dois chopes e pague um. Tem os tira-gostos especiais, que são sempre atrativos. Os restaurantes montam sequência de entrada, prato principal e sobremesa, o que podem atrair muitas empresas também”, avalia.
 
Para ajudar na recuperação do movimento, o Sindhobar pretende apresentar ao Governo do Distrito Federal (GDF) uma proposta para aumentar o público em bares e restaurantes. “Estamos caminhando para o controle da doença (covid-19) no DF e vamos tentar aumentar a capacidade (dos estabelecimentos). Mas, se não for possível, tudo bem. Saúde em primeiro lugar, sempre. Isso é o mais importante”, destaca Jael Antônio. Enquanto isso, os espaços precisam seguir os protocolos de segurança, como verificação da temperatura dos clientes, garantia do uso de máscaras por parte dos visitantes, disponibilização de álcool em gel e disposição de mesas distantes umas das outras.
 
 
 
Três perguntas para
 
Breno Adaid, doutor em experiência do consumidor e professor do Centro Universitário Iesb
 
Com a pandemia, o que podemos prever para as festas de fim de ano? A procura pelos eventos será menor?
É esperado que a gente tenha uma modificação no padrão da festa. Várias pessoas, provavelmente, várias famílias vão optar por reunir menos gente, e alguns produtos que vendem muito nessa época não serão tão comprados. A procura por eventos com certeza vai ser menor, porque há uma redução natural de pessoas que não se sentem à vontade de estar em contato com muita gente, principalmente estranhos. Existe também um agravamento pelo fato de muita gente ter perdido o emprego e não se sentir confortável em gastar com evento, festa e presente.
 
Qual a alternativa para quem trabalha com bufês e para os restaurantes?
Segmentar. Oferecer a possibilidade de minieventos para as empresas que vão confraternizar, mas que podem fazer eventos menores. Em vez de oferecer um bufê grande, ofereça cinco pequenos, por departamentos, por exemplo. O foco é atender melhor, para menos gente. Quanto aos restaurantes, o público que os buscam é de famílias pequenas. Essas pessoas procuram um produto diferenciado. Vale para restaurantes de comida tradicional brasileira e para os que estão fora dessa linha também.
 
Esta é uma época em que, geralmente, há contratação de muitas pessoas. O que podemos esperar em relação aos empregos temporários?
O mercado de contratação temporária tende a ser menor, porque o consumo também tende a ser mais comedido. Isso não significa, necessariamente, um enfraquecimento.

Correio Braziliense sexta, 06 de novembro de 2020

PROMOTORA CONDENADA POR LITIGÂNCIA DE MA-FÉ

Jornal Impresso

Promotora condenada por litigância de má-fé
 
Eixo capital
 

 

Ana maria campos
anacampos.df@dabr.com.br

Publicação: 06/11/2020 04:00

 (Telmo Ximenes/Divulgação - 19/7/14 )  


Promotora condenada por litigância de má-fé
 
Uma condenação rara, se não for inédita no DF. Assim integrantes do Ministério Público do DF avaliaram a sentença que responsabilizou pessoalmente a promotora de Justiça Marilda Reis Fontineli, da 4ª Promotoria da Ordem Urbanística do DF. Ela foi condenada em decorrência de sua “conduta dolosa”, ao pagamento de custas e honorários advocatícios, em 10% sobre o valor da causa — R$ 100 mil. Trata-se de processo que questiona o alvará de funcionamento do Shopping JK (foto), na divisa entre Taguatinga Norte e Ceilândia. Esse montante representa R$ 10 mil. A sentença é do juiz Carlos Frederico Maroja de Medeiros, da Vara de Meio Ambiente, Desenvolvimento Urbano e Fundiário do DF, que também a condenou ao pagamento de multa por litigância de má-fé, no equivalente a 5% sobre o valor da causa, ou seja, mais R$ 5 mil.


Perseguição
 
Para o juiz Carlos Maroja, a promotora Marilda Reis Fontineli agiu por raiva do empresário Paulo Octávio, dono do shopping JK, e perseguição pessoal, ao ajuizar uma ação civil pública questionando acordo firmado entre o GDF e o shopping que permitiu a liberação da carta de habite-se do empreendimento. O acordo havia sido homologado em decisão judicial, com o aval de outras três promotoras. O juiz registrou: “A conduta temerária da autora foi evidenciada a não mais poder: promoveu a presente ação civil pública para pedir a desistência logo após a decisão indeferindo o pedido de liminar, o que denota inteira insegurança sobre a pretensão deduzida, além do desconhecimento do fato de que ações coletivas têm sua disponibilidade temperada, pela óbvia razão de que não defendem interesse particular do autor, e sim interesses coletivos do qual o autor é mero representante. Interpõe agravo e concomitante mandado de segurança contra o mesmo ato que denegou a homologação da desistência, todos rejeitados. Promove, concomitantemente, ação de nulidade e ação rescisória fundada nos mesmos fundamentos, o que é, ipso facto, ofensa ao Judiciário, posto que tal chicana é evidentemente pautada na nefasta ideia de que a jurisdição é jogo de azar”. Maroja ressaltou que não se trata de responsabilizar o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e sim a conduta pessoal da 
promotora. Cabe recurso em segunda instância.
 
 
 
Recurso
 
Em relação à condenação, a promotora Marilda Fontinelli divulgou nota: “Houve um rompimento total da sentença com a lei que rege a ação civil pública. Isso porque, nesse tipo de ação, os titulares dos direitos transindividuais não são os litigantes, mas aqueles que os representam. 

E quando se trata de representação pelo Ministério Público, este comparece em juízo como parte e não o promotor de Justiça”. E acrescentou: “Ao fazer a confusão entre MP e o promotor que representa a instituição, houve manifesta violação do sistema de tutela coletiva, o que certamente 
será objeto de reparo pelas instâncias revisoras”.


 (Danilson Carvalho/CB/D.A Press)  

Hackers em ação paralisam órgãos públicos
 
 
Órgãos públicos do país estão sob ataque de hackers poderosos. Invadiram o sistema do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e tentaram entrar na rede de tecnologia do GDF. Por precaução, a Secretaria de Economia do DF tirou todos os servidores do ar. Medida para preservar informações e evitar contaminações. Enquanto trabalha, a área técnica da pasta está em contato com policiais encarregados do caso. No STJ, o ataque foi bem grave. Começou na última terça-feira e provocou a suspensão de todas as audiências judiciais. O tribunal que forma a jurisprudência do país chega ao quarto dia de invasão com todo o sistema fora do ar. Muitos dados foram apagados e os técnicos em TI ainda não sabem identificar o que ocorreu. Os prazos processuais seguem suspensos pelo menos até a próxima segunda-feira. As demandas urgentes, como liminares em habeas corpus, estão centralizadas na Presidência do STJ. A Polícia Federal investiga o ataque cibernético. Sob sigilo.



Risco de contágio
 
Os servidores do STJ foram orientados a desinstalar o aplicativo de e-mail corporativo dos celulares, para evitar contaminações externas. A área de TI do STJ recomendou também aos usuários — ministros, servidores, estagiários e terceirizados — que não utilizem computadores, ainda que os pessoais, que estejam conectados com algum dos sistemas informatizados da Corte, até que seja garantida a 
segurança do procedimento.
 
 
Invasão pessoal
 
Os técnicos de TI do STJ estão preocupados com a possibilidade de os computadores pessoais e telefones celulares dos ministros tenham sido invadidos, também. Afinal, com o trabalho remoto, todos estão trabalhando de casa, usando a rede do tribunal. Esses hackers podem ter obtido acesso a dados sigilosos de processos e informações privadas de magistrados.
 
 
Resgate
 
Os servidores do STJ receberam uma mensagem de um suposto técnico do tribunal. Identificado como Uriel, ele afirma que o ataque é do tipo ransomware, um tipo de software que bloqueia o acesso ao sistema infectado e cobra um resgate em criptomoedas para que o acesso possa ser restabelecido. Mas a mensagem é de autoria incerta porque a investigação corre sob sigilo.
 
 
Fichinha
 
Pelo que se comenta no STJ, os hackers de Araraquara (SP) que entraram em celulares de várias personalidades públicas são “fichinha” perto destes.

Correio Braziliense quinta, 05 de novembro de 2020

A RETOMADA DO EMPREGO NO DF

Jornal Impresso

A retomada do emprego no DF
 
Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), pelo terceiro mês consecutivo, o saldo de postos formais é positivo no Distrito Federal. O cenário aponta para uma possível recuperação do mercado e maior criação de vagas

 

» SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 05/11/2020 04:00

Após três meses desempregado, o chef de cozinha Francisco Célio Ribeiro retornou ao mercado de trabalho (Samara Schwingel/CB/D.A Press)  

Após três meses desempregado, o chef de cozinha Francisco Célio Ribeiro retornou ao mercado de trabalho

 

 
Pelo terceiro mês consecutivo, desde o início da pandemia da covid-19, o Distrito Federal registrou um saldo positivo na criação de empregos formais. De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, em setembro, o saldo foi de 2,7 mil vagas formais ocupadas na capital federal. Neste cenário, especialistas consideram que o mercado de trabalho do DF começa a reagir, mas que ainda é necessário ter atenção aos índices de desemprego da região. 
 
César Bergo, presidente do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal (Corecon-DF), afirma que os dados podem ser vistos como positivos. “Os números demonstram uma gradativa recuperação do mercado de trabalho brasiliense, uma vez que abril e maio foram tão ruins para a economia de forma geral”, declara. Ele explica que o saldo positivo demonstra que o número de admissões foi maior do que o de demissões. “É uma reação dos setores à reabertura. As empresas que demitiram pessoas no início da pandemia estão recontratando”, complementa Bergo. 
 
Após o início da crise sanitária, este saldo ficou negativo por quatro meses, atingindo, em abril, uma queda de 15 mil na criação de empregos formais. No entanto, em julho, o número voltou a ser positivo e, até setembro, resultou em um acumulado de 7.112 novas vagas. César Bergo considera que a quantidade de pessoas admitidas nos últimos três meses faz parte de uma recuperação da economia, mas acredita que ainda é cedo para afirmar que a crise acabou. “Novembro e dezembro também devem registrar um aumento no número de vagas preenchidas. Porém, só poderemos ter certeza de que caminhamos para uma retomada econômica após o primeiro trimestre de 2021”, completa. 
 
Francisco Célio Ribeiro, 40 anos, foi um dos brasilienses que conseguiram um emprego formal nos últimos três meses. Após ser desligado do antigo emprego de chef de cozinha em uma rede de hotéis, ele ficou 90 dias desempregado. “As portas estavam fechadas e eram poucas vagas disponíveis”, considera. Apenas em julho, por meio da indicação de um conhecido, ele assumiu o cargo de subchef em um restaurante de outra rede de hotéis da região. O morador de Ceilândia reconhece a importância de ter um emprego fixo e formal, principalmente durante a pandemia. “As contas não param. Essa crise afetou todo mundo e estou muito feliz por ter conseguido uma vaga, pois conheço diversas pessoas que estão com dificuldade para se realocar no mercado”, explica. 
 
Desemprego 
 
Acompanhando os bons números de vagas formais, o número de desempregados no DF apresentou queda no último mês. De acordo com a Pesquisa de Emprego e Desemprego, divulgada pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), 288 mil brasilienses estavam desempregados em setembro. O número é 0,7% menor do que o registrado no mês anterior e está 2,3% abaixo do índice assinalado em abril. 
 
Apesar da melhora, o número de desocupados é grande e preocupa. Francisco Antônio Coelho, professor do departamento de administração da Universidade de Brasília (UnB), afirma que para que os índices continuem a crescer é preciso investir em políticas públicas de incentivo às empresas particulares. “Incentivos fiscais e tributários são essenciais para que os negócios continuem gerando empregos e mantendo os empregados. Também é importante proporcionar políticas públicas de qualificação, pois quanto mais qualificadas, mais oportunidades as pessoas têm no mercado de trabalho. Além disso, é indicado investir na regularização dos empregados informais”, completa. 
 
Diante dos dados, o Governo do Distrito Federal (GDF), por meio da Secretaria de Trabalho (Setrab), afirma que o grande desafio é a formalização e a qualificação profissional. A pasta lançará, ainda em novembro, o programa Renova, que qualificará cerca de três mil pessoas nas áreas de carpintaria, jardinagem, eletricista, encanador, serralheria e pedreiro. Além de se qualificar, o aluno receberá uma bolsa de R$ 1.045 e poderá atuar em espaços públicos, revitalizando os equipamentos, como praças e jardins. Outro programa citado pelo governo é o Prospera, que, neste ano, emprestou mais de R$ 6 milhões em carta de crédito aos microempreendedores.


Covid-19: 453 casos e 12 mortes

Com mais 453 casos e 12 mortes, o Distrito Federal alcançou, ontem, o total de 214.655 infectados pelo novo coronavírus e 3.719 (1,7%) óbitos. A informação foi publicada em boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde. Segundo a pasta, do total de casos, 205.973 pessoas (96%) estão recuperadas da covid-19. O documento também mostra que há uma tendência de queda no número de casos e de mortes na capital federal, além de redução na taxa de transmissão da covid-19, registrada em 0,78. Ceilândia continua à frente no ranking das regiões com maior número de infectados, com 26.377 casos. Depois, vem Taguatinga (17.828) e Plano Piloto (17.300). Nos três locais, o percentual de óbitos é alto, com valores acima de 2,1%.


Empregos formais  

*Saldo de vagas 
(admissões menos demissões)
 
» Janeiro 199
» Fevereiro 4.186
» Março  -8.348
» Abril -15.340 
» Maio -5.115
» Junho -2.547
» Julho 960
» Agosto 3.421
» Setembro 2.731 

Fonte: Caged, Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, Ministério da Economia 
 

Correio Braziliense quarta, 04 de novembro de 2020

CRIATIVIDADE: UMA EXPERIÊNCIA (DIFERENTE E LUCRATIVA)

Jornal Impresso

Uma experiência (diferente e lucrativa)
 
Roteiro de economia criativa, associada ao design da capital federal, é aposta para movimentar o turismo de Brasília. Empresários e especialistas destacam que a cidade tem grande potencial para se tornar um grande centro do ramo

 

» SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 04/11/2020 04:00

Os traços que compõem a capital do país, aliados a uma série de ações criativas, fazem de Brasília uma referência para o turismo (Darcianne Diogo/CB/D.A Press)  

Os traços que compõem a capital do país, aliados a uma série de ações criativas, fazem de Brasília uma referência para o turismo

 

 
Há três anos, os traços e características de Brasília renderam o título de cidade criativa do design concedido à capital federal pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). A partir desse reconhecimento internacional, um roteiro turístico de economia criativa, associada ao design da cidade, se transformou em aposta para atrair turistas e empresários do ramo que desejam explorar Brasília de uma forma diferente. De acordo com especialistas, esse tipo de turismo é tendência no mundo e pode ser uma das maneiras de alavancar a economia local.
 
A coordenadora das Câmaras Empresariais da Fecomércio-DF, Caetana Franarin, explica que essa economia é uma área que trabalha com criatividade e capital intelectual. “É um setor que abrange desde projetos musicais e editoriais até a arquitetura e design de uma cidade”, afirma. Para a especialista, a associação desses segementos de conhecimento podem ser utilizadas na organização de um roteiro turístico. “Atualmente, as pessoas procuram por lugares autênticos e que oferecem experiências diferentes do comum. E associar economia criativa com toda essa realidade de cultura, design e gastronomia é um insumo perfeito para o turismo”, considera.
 
Ressignificar a W3 Sul e dar visibilidade a criadores brasilienses são ideais que fazem parte da filosofia de negócios de Miguel Galvão, 35. O empreendedor está a frente de dois projetos criativos de Brasília e diz que este mercado tem potencial na cidade. “São ideias, filosofias de vida e formas de expressão variadas que oferecem ao público experiências autênticas, orgânicas e únicas, que só existem em Brasília”, afirma Miguel. Apesar de acreditar na capacidade da capital federal de crescer junto a essa área, ele acredita que é preciso um incentivo maior. “Temos de ir muito além de apenas abrir a avenidas, como a W3, para passeio. Uma forte e ousada política de incentivo fiscal aos negócios criativos, assim como foi feito em outras experiências de sucesso, podem dar frutos incríveis a médio prazo”, completa.

Reinaldo Gomes:  

Reinaldo Gomes: "Aqui há diversas possibilidades para se trabalhar"

 



 

"São ideias, filosofias de vida e formas de expressão variadas que oferecem ao público experiências autênticas, orgânicas e únicas, que só existem em Brasília" Miguel Galvão, empresário e artista

 


Elisângela Barros:  

Elisângela Barros: "A ideia é começar pelo que já é conhecido"

 



Reinaldo Gomes, 44, é proprietário de uma empresa de produção cultural. Além de realizar eventos para exaltar a cultura local, produz conteúdos voltados ao tema. Ele também acredita que Brasília tem um bom potencial para crescer e se destacar na área de economia criativa. “Seja voltada ao design da cidade, às manifestações artísticas ou aos próprios artistas locais, aqui há diversas possibilidades para se trabalhar e fomentar este mercado”, considera. Além disso, ele explica que características da capital brasileira contribuem. “O clima, a disposição e as características de mobilidade são facilitadores para a implementação de roteiros turísticos voltados à economia criativa e ao design”, completa.
 
Para o empresário, a junção dessas áreas é um caminho fácil e certeiro para alavancar a economia local. “É um negócio limpo, criativo e que tem condições de beneficiar diversos setores ao mesmo tempo. É a economia do século 21. Por isso, acredito no investimento nesta modalidade”, afirma. Reinaldo ainda diz que iniciativas que fomentem este setor são necessárias para chamar a atenção de turistas, investidores e dos próprios brasilienses. “Muitas pessoas moram em Brasília e não conhecem a capacidade turística que a cidade tem além do que já é conhecido”, considera.
 
Expectativas
 
Além de atrair empresários, fomentar o turismo criativo atrelado ao design da cidade pode ser uma forma de chamar a atenção para o turismo na capital federal para além do roteiro de negócios e político. A coordenadora de Turismo do Serviço Social do Comércio do DF (Sesc-DF), Elisângela Barros Silva, também acredita que essa é uma oportunidade de mostrar um lado da cidade que muitos não conhecem. “A ideia é começar pelo que já é conhecido, mas acrescentar novas rotas e maneiras de se olhar para a cidade”, afirma.
 
A secretária de Turismo do DF, Vanessa Mendonça, afirma que a pasta tem a intenção de investir nesta área. “O turismo criativo sob o olhar do design é uma potência no mundo inteiro. Brasília se fortalece pela diversidade de experiências que oferece aos visitantes e moradores. Vai muito além do que as pessoas imaginam”, destaca. A secretária ainda diz que a junção das categorias é uma das apostas da pasta para fomentar o turismo local. “Brasília tem uma atratividade muito grande e profissionais muito capacitados e talentosos capazes de atraírem um público cada vez maior”, completa.


Itinerário
 
Em 2021, o Serviço Social do Comércio do DF (Sesc-DF) disponibilizará um roteiro turístico focado na economia criativa e design da capital federal. O intuito é apresentar um itinerário com atrativos que se enquadram no nicho contemporâneo de empreendimentos com o viés criativo na cidade. Serão manifestações culturais e instalações que destacam Brasília como cidade do design, o que inclui Itamaraty, Igrejinha Nossa Senhora de Fátima, caminhada pela vizinhança da 308 Sul e, para finalizar, uma degustação gastronômica na Infinu.


Saiba mais

Cidades criativas da Unesco
Além de Brasília, outras nove cidades brasileiras têm o título de cidade criativa cedidos pela Unesco. São elas: Belo Horizonte, Belém, Florianópolis e Paraty (RJ), no campo da gastronomia; Brasília, Fortaleza e Curitiba, no do design; João Pessoa, em artesanato e artes folclóricas; Salvador, na música; e Santos (SP), no cinema. Ao conquistar o título, as cidades têm a oportunidade de participar de projetos estratégicos em âmbito internacional e fomentar a indústria criativa local de forma sustentável e inclusiva. As últimas do Brasil a receberem os títulos, cedidos a cada dois anos, foram Belo Horizonte e Fortaleza, em 2019.

Correio Braziliense terça, 03 de novembro de 2020

GALINHA PINTADINHA - OS PREFERIDOS DA CRIANÇADA - DUETO COM SIDNEY MAGAL

Jornal Impresso

GALINHA PINTADINHA
 
Os preferidos da criançada

 

» Adriana Izel

Publicação: 12/10/2020 04:00

O canal da Galinha Pintadinha divulga, hoje, dueto com Sidney Magal (Galinha Pintadinha/Divulgação)  

O canal da Galinha Pintadinha divulga, hoje, dueto com Sidney Magal

 



Por sermos seres musicais desde a experiência na barriga das mães, quando escutamos os sons do corpo das matriarcas, a música tem um papel importante no desenvolvimento infantil. Seja na educação, seja na identidade cultural. A partir desses princípios surgiram há alguns anos dois projetos voltados para o público mirim em que a música é o grande mote. Ambos são brasileiros, têm milhões de visualizações no YouTube e já alçam voos para além do território do país: a Galinha Pintadinha, criada em 2006; e o Mundo Bita, nascido em 2011.

Idealizado pelo cantor e compositor Chaps Melo, o Mundo Bita nasceu no Recife, nos estúdios da Mr. Plot, produtora de conteúdo fundada ao lado dos sócios João Henrique Souza, Enio Porto e Felipe Almeida, todos já com a experiência de serem pais. O que era para ter sido um livro digital acabou se tornando num projeto de música infantil. “A nossa base é a música. O primeiro conteúdo é sempre a música, depois vão se desenvolvendo as outras partes”, explica Melo.

Ele diz que o projeto nasceu de forma amadora e intuitiva, mas com o objetivo de mostrar a força e o poder da música para as crianças. “Primeiramente, é um ponto forte de educação e ensino, depois permite que a criança acesse identidades culturais, passeando pelos vários estilos. Só isso aí já é uma forma de educação”, avalia o responsável pelas composições.

Com sucessos como Fazendinha, Que saudade que eu tô e Viajar pelo safari cantados por Bita (o apresentador do circo de bigode ruivo), os vídeos levam a criançada à loucura e ficam na cabeça tanto dos pequenos, quanto dos pais. A originalidade e a linguagem são os principais diferenciais do projeto musical. “A gente não pensa na música limitando o raciocínio da criança, menosprezando a forma de pensar dela. No começo, até isso tenha sido uma barreira, devido aos produtos musicais infantis serem tão dentro de uma caixinha. Mas, no final das contas, virou nosso segredo, a forma de comunicação que a gente tem com as crianças. A forma como a gente escreve nossas poesias e textos, sempre com um tema para ser explicado dentro daquele universo”, completa Chaps Melo.

Por causa do Dia das Crianças, celebrado hoje, o Mundo Bita preparou uma programação especial, que começou no último dia 2 com o lançamento do single e clipe Querida chupeta, bye-bye. Hoje, o canal ganha uma série, intitulada Imagina-se. No próximo dia 23, será lançado o clipe da versão de Festa na lagoa, com o grupo de samba Casuarina. Vale lembrar que nomes como Milton Nascimento e Alceu Valença também já gravaram com o projeto. No dia 30, o Mundo Bita lança o Estúdio Bita, em que Chaps Melo fará um pocket show especial ao lado de uma banda. “A gente não ficou fora dessa onda das lives, fizemos duas comigo cantando e os shows presenciais não são comigo. Então, ficava essa cobrança e veio essa ideia da lives. Então, o Estúdio Mundo Bita vai unir esse desejo dos fãs”, revela.

Celebração aos clássicos


Também foi a partir da música que surgiu a ideia da Galinha Pintadinha, criada por Juliano Prado e Marcos Luporini. Os amigos queriam celebrar o cancioneiro infantil, mas de uma forma diferente. Assim, veio a ideia da animação, que tem a galinha cantando músicas que ultrapassaram gerações como Dona Aranha, Pintinho amarelinho, Sambalelê e Borboletinha.

“Esse repertório que a gente trabalha já tinha sido muito trabalhado em vinil, disco, fita cassete, por Xuxa e outras artistas, mas nunca tinha sido usado em desenho animado. A gente acabou tendo essa inovação e trazendo essa linguagem que era nova e que se encaixou com os meios digitais que estavam surgindo”, comenta Prado.

Para ele, o motivo do sucesso é realmente esse: a força das músicas. “Elas tiveram um papel muito importante para que o público conhecesse a Galinha Pintadinha. Porque são músicas que os pais sentem vontade de ensinar aos filhos. Também tem a linguagem colorida e a nossa entrada nas mídias digitais”, completa o criador.

Atualmente, com vários conteúdos, como séries e shows, a Galinha Pintadinha celebra, hoje, o dia dos pequenos com o lançamento da versão de Meu sangue ferve por você gravado em parceria com Sidney Magal, intérprete da clássica canção. Será divulgado o clipe no canal do YouTube e a versão em áudio nas plataformas digitais. Além disso, o projeto ganhará em breve uma série de vídeos de contos clássicos contados pela Galinha Pintadinha ao Pintinho Amarelinho. Na lista, histórias como Chapeuzinho Vermelho e Três porquinhos. “O nosso mote sempre foi trabalhar os clássicos da música, e agora dos contos. Queríamos ser uma referência dos clássicos brasileiros”, admite Prado.

  • Singela — Músicas para bebês

    De Marcus Moraes. Independente, 12 faixas. Disponível nas plataformas digitais

Correio Braziliense segunda, 02 de novembro de 2020

SÃO PAULO HUMILHA FLAMENGO E SONHA ALTO

Jornal Impresso

 

 
Volpi em dia de Ceni
 
 
Goleiro defende dois pênaltis, dá lançamento para gol e vira o protagonista da goleada do São Paulo sobre o Flamengo. Bruno Henrique e Pedro desperdiçam as cobranças e Gustavo Henrique vira vilão na defesa

 

Publicação: 02/11/2020 04:00

O goleiro tricolor defende a cobrança de Bruno Henrique no primeiro tempo: lance abateu Flamengo e deu ânimo para a virada do São Paulo no Maraca (Rubens Chiri/saopaulofc.net)  

O goleiro tricolor defende a cobrança de Bruno Henrique no primeiro tempo: lance abateu Flamengo e deu ânimo para a virada do São Paulo no Maraca

 

Em uma de suas melhores atuações na temporada, o São Paulo surpreendeu e goleou o Flamengo por 4 x 1, no Maracanã, com direito a grande atuação de Tiago Volpi. Em dia de Rogério Ceni, maior ídolo da história do clube, o goleiro pegou dois pênaltis e deu até lançamento para gol. O resultado fez o time paulista se manter na briga pela parte de cima da tabela e frustrou os cariocas. O atual campeão esperava assumir a liderança isolada do Campeonato Brasileiro.
 
O São Paulo figura no quinto lugar da classificação, com 30 pontos, a cinco do líder Internacional. O Flamengo, com a mesma pontuação do time gaúcho, perdeu a chance de se isolar na ponta após a derrota do Inter para o Corinthians, no sábado à noite.
 
Apesar da goleada, o goleiro Volpi foi o destaque do jogo. Ele pegou as penalidades cobradas por Bruno Henrique e Pedro e ainda deu uma assistência para o quarto gol, marcado por Luciano. O goleiro mais uma vez fez a diferença em pênaltis, como aconteceu contra o Fortaleza, quando pegou uma penalidade e ajudou a classificar o time para as quartas de final da Copa do Brasil.
 
Flamengo e São Paulo protagonizaram um belo jogo. Com os dois times apostando no ataque, a partida teve virada no placar, VAR, pênalti perdido e duas equipes que procuram o gol o tempo todo.
 
De olho na liderança isolada do Brasileirão, o Flamengo começou mais em cima e logo aos cinco minutos abriu o placar. Pedro recebeu passe de Vitinho, ganhou de Bruno Alves e bateu da entrada da área, no canto direito de Volpi. O gol fez o São Paulo avançar a marcação e pegar o time carioca de surpresa. Aos 17, a zaga do Fla cortou errado um cruzamento de Sara e deixou na medida para Tchê Tchê, que não é muito de finalizar ao gol, ajeitar e de dentro da área acertar uma bomba, sem chances para o goleiro Hugo.
 
O confronto continuou em um ritmo intenso, com as duas equipes apostando em marcações mais altas, mas sem apelar para violência O Flamengo ficava mais com a bola no pé e teve uma grande oportunidade de marcar o segundo gol aos 29. Após checar o VAR, o árbitro marcou pênalti de Diego em Everton Ribeiro. Bruno Henrique cobrou a penalidade e Volpi saltou e fez uma grande defesa. O lance parece ter feito bem ao time paulista, que voltou a ter mais iniciativa e movimentação e assim chegou ao gol da virada.
 
Aos 45, após boa troca de passes, Reinaldo cruzou rasteiro. Gustavo Henrique desviou e acabou ajeitando para Brenner chutar e marcar o segundo gol tricolor. Na volta do intervalo, parecia que o São Paulo era quem estava perdendo. O time voltou pressionando e conseguiu chegar ao terceiro gol em cobrança de pênalti.
 
Aos 13, Gustavo Henrique cometeu a penalidade em Bruno Alves. Reinaldo bateu com categoria e ampliou a vantagem são-paulina. Enfim, o Flamengo “voltou” para o segundo tempo e tentou descontar, mas Volpi estava em um dia inspirado.
 
Três minutos depois do gol de Reinaldo, Daniel Alves derrubou Gérson na área e mais um pênalti foi marcado. Pedro bateu e Volpi pegou outra vez, para desespero dos flamenguistas. A partir daí, o Flamengo resolveu partir para cima e virou um jogo de ataque x defesa. Aos 31, Gomes chegou a acertar um chute na trave, mas foi só.
 
O dia era do São Paulo. Aos 36, Volpi deu longo lançamento para Luciano. O atacante ganhou de Natan e bateu cruzado, sem chance para Hugo, e transformou a vitória em goleada. Um dia em que deu praticamente deu tudo certo para o time paulista e um resultado que pode dar maior confiança para o duelo contra o Lanús, quarta-feira, no Morumbi, pela segunda fase da Copa Sul-Americana.

Correio Braziliense domingo, 01 de novembro de 2020

O DIREITO DA CIDADANIA - A JUSTIÇA MAIS PERTO DA COMUNIDADE

 

Jornal Impresso

O direito da cidadania
 
 
 
Comunidades carentes do Distrito Federal ganharam voz com o programa Justiça Comunitária, que completou 20 anos de existência este ano. A iniciativa desenvolve ações afirmativas junto à população para lidar com questões sociais

 

CIBELE MOREIRA

Publicação: 01/11/2020 04:00

Com ajuda do programa Justiça Comunitária, moradores de Samambaia debatem problemas da região (Ana Rayssa/CB/D.A Press
)  

Com ajuda do programa Justiça Comunitária, moradores de Samambaia debatem problemas da região

 

“Feito pela comunidade e para a comunidade”. Esse é o principal lema do programa Justiça Comunitária, que completou 20 anos de existência este ano. A iniciativa desenvolvida pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) procura desenvolver a atuação cidadã entre os moradores de regiões carentes da capital. “É uma prática social transformadora. Um programa escolar que oferece curso de formação para que a própria população possa lidar com os conflitos e entender os direitos e deveres de cada um”, afirma a juíza Gláucia Falsarella Pereira Foley, 52 anos, idealizadora do projeto.
 
A ideia surgiu quando a magistrada participou do projeto Juizado Itinerante — que atende a comunidades do DF com dificuldade de acesso à Justiça formal. Em um ônibus adaptado para a realização de audiências, foi possível identificar algumas carências que a população tinha. “Embora tivesse um índice de acordo muito grande, as pessoas saíam insatisfeitas. Precisávamos democratizar outras coisas além do acesso ao juiz”, destaca. “Durante essa experiência, percebi que muitas pessoas não conhecem os seus direitos, não sabem dialogar para resolver um conflito, não se organizam para solucionar problemas coletivos”, explica.
 
Foram necessários dois anos para a elaboração do programa até a implementação, em 20 de outubro de 2000. Com trabalhos em três eixos: acesso à informação de direitos; circulação de rede para trabalhar demandas coletivas; e mediação de conflitos. Quem protagoniza as ações é a própria comunidade por meio de agentes comunitários. Os voluntários passam por um curso de formação promovido pelo TJDFT.
 
“A gente oferece o suporte, com informações técnicas, mas com a experiência deles. Vamos só complementando”, ressalta Thais Andreozzi, 37, psicóloga e supervisora do programa desde 2016. De acordo com ela, atualmente, existem 46 agentes comunitários do programa nas regiões de Ceilândia, Samambaia, Taguatinga e cinco em São Sebastião em uma parceria com o Ministério Público.
 
Dentro das ações desenvolvidas com a comunidade, estão projetos com atuação específica. Como o programa Vozes da Paz, que oferece espaço de diálogos dentro das escolas em uma conversa horizontal entre pais, alunos, professores e diretores. Há também o projeto Ubuntu, que desenvolve trabalhos com reflexões sobre questões raciais e o Dores e Delícias de ser Mulher, que aborda a temática de gênero.
 
Para Thais Andreozzi, o programa Justiça Comunitária é uma enorme oportunidade de desenvolver e estimular a participação da população. “É possível focar em uma outra forma de convívio, com uma outra perspectiva”, ressalta. Ao longo dos últimos 20 anos, percebeu-se uma mudança de comportamento nas regiões em que o projeto é atuante.
 
Na escola
 
Desenvolvido desde 2013, em escolas públicas nas regiões de Ceilândia e Samambaia, o programa Vozes da Paz reduziu significativamente a quantidade de conflitos em ambiente escolar. “A repercussão do nosso trabalho nas escolas foi mais perceptível. Os alunos aprenderam a expressar suas necessidades e, com isso, o índice de violência diminuiu. E não só entre os estudantes, mas também com professores, diretores e servidores”, ressalta a juíza Gláucia Foley.
 
Com o intuito de promover diálogos de forma horizontal, em que todos têm poder de fala igual, o programa permitiu a participação ativa de toda a comunidade escolar e fora dos muros do colégio. “Muitos pais foram até a escola para saber o que andava acontecendo com os seus filhos, mas de uma forma positiva. Porque eles não podiam ver um conflito dentro de casa que já queriam uma roda de conversa para resolver a situação. Isso é uma revolução”, destaca a magistrada.
 
“As próprias crianças perceberam o que precisavam mudar. Teve uma situação em uma escola que chamou minha atenção. Os alunos perceberam que, na hora do intervalo, tinha colegas que ficavam isolados, sem alguém para conversar. Ao notar isso, eles desenharam na parede duas mãos. A criança que está se sentindo sozinha tocava em uma das mãos desenhadas e uma outra aparecia para conversar”, conta Larissa Estevan Rodrigues da Silva, 29, uma das agentes comunitárias atuante em Samambaia.
 
Catadores
 
Larissa lembra que conheceu o programa Justiça Comunitária em 2013, quando estava cursando serviço social. Uma das atividades complementares do curso era acompanhar o projeto com os catadores após a desativação do Lixão da Estrutural.
 
“O que mais me chamou a atenção foi a forma que a Justiça Comunitária tratou a questão. Ouvindo os catadores, levantando soluções. A gente vê tanto o governo chegando com uma ideia pronta e presenciar um diálogo aberto me fez ter vontade de participar do programa também”, relata.
 
Mas foi apenas em 2018 que ela integrou a equipe de agentes comunitários. Anteriormente, não havia frente de trabalho do programa em Samambaia. E, para participar, é necessário morar na região. Pois apenas quem mora ali, que faz parte daquela comunidade, é que vai entender as demandas locais. “Fiquei muito feliz quando vi as inscrições para o Justiça Comunitária em Samambaia. Eu pensei: Agora é minha vez”, conta.
 
Entre os trabalhos desenvolvidos está a mobilização dos moradores em relação a um terreno vago onde acumulava lixo. “Na Quadra 515, de Samambaia, tinha um espaço que era utilizado para jogar entulho. Conseguimos mobilizar a comunidade, retirar o lixo. Fazer melhorias perto do ponto de encontro, como a poda de árvores, com a administração”, exemplificou Larissa.
 
Com a pandemia do novo coronavírus, os encontros com os moradores para debater melhorias para a cidade estão — temporariamente — suspensos. No entanto, as mediações de conflitos e rodas de conversas estão ocorrendo de forma virtual.
 
Seminário on-line
 
Para marcar os 20 anos de existência do programa Justiça Comunitária, um seminário on-line será promovido em 12 e 13 de novembro. O I Seminário Nacional de Mediação Comunitária — Construindo um Futuro de Paz ocorre em parceria com o programa EUROsociAL da União Europeia. O evento debaterá questões relacionadas à mediação comunitária, além de compartilhar experiências internacionais e traçar estratégias políticas para o fortalecimento da prática. Na ocasião, será lançada a 2ª edição do Manual de Mediação Comunitária elaborado pela juíza de Direito do TJDFT Gláucia Foley e pela consultora Célia Passos. O seminário será aberto para todos e ocorrerá na plataforma Zoom. Para participar, é necessário preencher uma ficha de inscrição disponível no site do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios.
 
Você sabia?
Referência
Em 2005, o Justiça Comunitária foi o vencedor da 2ª edição do Prêmio Innovare, na categoria Tribunal de Justiça, e desde então tem sido apontado como referência nacional pelo Ministério da Justiça.
 

Correio Braziliense sábado, 31 de outubro de 2020

THIAGO GALHARDO: O GABIGOL DO INTER

Jornal Impresso

THIAGO GALHARDO,

O Gabigol do Inter
 
Com 15 gols no primeiro turno, artilheiro do Inter pode superar marca do ídolo do Flamengo se fizer dois gols no duelo de hoje à noite contra o Corinthians.  (Ricardo Duarte/Internacional)
 

 

MAÍRA NUNES

Publicação: 31/10/2020 04:00

Artilheiro da Série A do Brasileirão com 15 gols, Thiago Galhardo pode fechar o primeiro turno contra o Corinthians, hoje, às 19h, na Neo Química Arena, com mais gols do que Gabriel Barbosa. A essa altura do campeonato de 2019, o atacante do Flamengo terminou a metade da competição com 16. Neste ano, porém, uma lesão no ligamento do tornozelo direito sofrida contra o Independiente del Valle, pela Libertadores, afasta Gabigol dos gramados há um mês. O goleador rubro-negro atuou em apenas nove jogos do Nacional. Balançou as redes por cinco vezes. A média é de 0,56 gol por partida.


Enquanto se recupera, Gabigol assiste ao embalado Galhardo se aproximar das marcas que o elevaram a goleador do ano passado. O atacante colorado de 31 anos vive a melhor fase da carreira. Pelo Brasileiro, disputou 17 jogos e ostenta quase um gol por partida (0,9). A última vítima do camisa 17 do Internacional foi justamente o Flamengo, no domingo passado, em confronto direto pela liderança. Com o empate por 2 x 2, o Colorado segue no topo da tabela, ambos com 35 pontos. Amanhã, o time da Gávea receberá o São Paulo, às 16h, no Maracanã.


Gabigol chegou ao Flamengo em 2019 como o artilheiro do Brasileirão graças ao empenho com a camisa do Santos na temporada anterior. Galhardo virou referência do ataque do Internacional após a lesão do centroavante peruano Paolo Guerrero. Há seis anos, porém, esse cenário parecia distante. Em 2014, o então jogador do Brasiliense na Série D viu o time candango perder a vaga para a terceira divisão para o Brasil-RS, nos pênaltis, após ter sido expulso. Passada a frustração, teve passagens por Madureira, Coritiba, Red Bull Brasil e Ponte Preta até embarcar rumo ao futebol japonês para defender o Albirex Niigata.


Antes de jogar no Brasiliense, a cria do Bangu havia perambulado por sete times, entre eles, o Botafogo, no Brasileirão de 2011. Depois da experiência fora do Brasil, em 2017, o atacante retornou aos gramados nacionais vestindo a camisa do Vasco pelos dois anos seguintes. Também jogou no Ceará, no ano passado, antes de ser sondado por Grêmio e Botafogo e assinar contrato com o Internacional. Nesta temporada, ele anotou 20 gols em 37 jogos, somando os 15 do Nacional com os cinco do gaúcho.


Na Libertadores, Galhardo passou em branco nas sete oportunidades que entrou em campo defendendo o Internacional. A próxima chance será contra o Boca Juniors, em 25 de novembro, pelas oitavas de final. Diferentemente da performance no Brasileiro, o atacante mineiro de São João del Rei está distante de igualar o feito de Gabigol na edição passada do torneio continental. Artilheiro do torneio com nove gols em 12 jogos, o camisa 9 do Flamengo foi decisivo na conquista do título do clube carioca. Em 2020, marcou um gol nas quatro vezes em que atuou pela competição. Ao menos, ele voltou a participar dos treinos, ontem, no Ninho do Urubu.

Motivação

Com os titulares descansados, o técnico Eduardo Coudet quer repetir a demonstração de força apresentada diante do Flamengo, há uma semana, para ganhar e ficar bem perto do título simbólico do primeiro turno.


Um triunfo simples frente o Corinthians faz o time colorado fechar o turno com 38 pontos e 16 gols de saldo. O Flamengo poderia igualar os pontos, mas teria de golear o São Paulo por cinco gols de diferença para ultrapassar. O Atlético-MG, outro com chances de bater os 38 pontos, precisaria ganhar seus dois jogos e também fazer cinco gols de saldo a mais.


Por fim, ainda aparece o São Paulo com chances de superar o Inter. Desde que vença não apenas o Flamengo, no Rio, como seus outros três jogos atrasados na tabela para bater 39 pontos.
Dificilmente o Internacional não será o campeão simbólico ganhando hoje. Treze dos 17 times que viraram o turno na frente dos pontos corridos ergueram a taça no fim. Os gaúchos têm esses números na ponta da língua. E querem engrossar o retrospecto positivo.

 

Corinthians manda Sidcley embora

A novidade no Corinthians é a dispensa de Sidcley. O jogador chegou por empréstimo do Dínamo de Kiev no início do ano, mas em 10 meses de Corinthians não demonstrou empenho para entrar em forma. De titular absoluto nos primeiros jogos, deixou o clube, ontem, como a terceira opção.
A saída vai ao encontro da declaração do técnico Vagner Mancini após a derrota para o América-MG por 1 x 0 pela Copa do Brasil. “Se há um desequilíbrio ao longo da temporada, estou aqui para tentar resolver. Não vou tentar esconder aquilo que acontece dentro de campo”, disse. “Vou atrás de soluções, sejam de uma forma agradável ou não. Não vou ficar assistindo passivamente uma equipe que não dá um chute no gol durante o jogo.”


A irritação de Mancini faz da escalação uma incógnita, especialmente no setor ofensivo. Jô é dúvida porque ainda se recupera de lesão. Se ele for vetado, Boselli deve ganhar chance. Everaldo volta para o banco. Vale lembrar que o treinador não contará mais com Mantuan neste ano. Ele rompeu ligamento do joelho direito em amistoso da Seleção sub-20. Mateus Vital e Ramiro podem dar lugar a Otero e Cantillo. Mancini também tem a opção de trocar o volante Cantillo por Xavier. 


Correio Braziliense sexta, 30 de outubro de 2020

VALORIZAÇÃO DA BELEZA AFRO

Jornal Impresso

VALORIZAÇÃ DA BELEZA AFRO
 
Capital S/A
 
O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia. Só o que está morto não muda! Clarice Lispector, escritora

 

Samanta Sallum
samantasallum.df@cbnet.com.br

Publicação: 30/10/2020 04:00

 (Arquivo Pessoal)  


Afro & Cia, uma empresa 
de sucesso e autoestima
 
 
Valorizar a beleza afro tornou Adriana Ribeiro, 42 anos, referência nacional como empresária e consultora de imagem. Uma história de empreendedorismo, que começou no espaço improvisado na garagem da casa da mãe, há 15 anos. Hoje, a Afro&Cia Ponto Chic é uma marca forte nas redes sociais e chama a atenção de mulheres de todo o Brasil. Na lista de espera, 619 clientes para serem atendidas. “Eu recebia cerca de 60 por dia. Mas, com a pandemia, o meu salão ficou fechado por alguns meses e agora só atendo 30 por dia, de acordo com o protocolo de saúde.” 

O espaço, de 200m² e 25 funcionários, fica no Riacho Fundo e atrai clientes de todas as regiões do DF, de outros estados e até de fora do país, como diplomatas. “De juíza a doméstica, eu atendo no Ponto Chic. A maior parte delas são negras. Mas também recebo mulheres brancas. O que todas querem é valorizar a beleza natural dos cabelos. Crespo, ondulado, todos os tipos. Eu ajudo, na minha consultoria, a pessoa a enxergar a sua própria beleza e, assim, não sentir necessidade de se encaixar em velhos padrões”, conta Adriana.

Cursos on-line
 
Ela criou a primeira escola de beleza afro no Brasil, onde está à frente de cursos on-line e presencial para profissionais da área e também clientes. Oferece um conjunto de dicas e ensinamentos sobre como tratar os cabelos mesmo quando não se vai ao salão, que produtos usar, sobre maquiagem e, especialmente, afirmações para autoestima. Adriana já recebeu proposta para abrir franquia da empresa. E planeja outras unidades no DF.

 (Reprodução/Redes Sociais)  



Criatividade
 
A empresária lembra-se das dificuldades no caminho. Principalmente para obter financiamentos. “Eram quantias pequenas que eu precisava para ir ampliando o negócio e sempre enfrentava a desconfiança por ser mulher. Uma burocracia muito grande”, lamenta. Depois de enfrentar vários obstáculos para se consolidar como empresária, segurar as pontas, durante a pandemia, foi menos difícil. Não demitiu funcionário algum, mesmo com o salão fechado. “Me virei. Fizemos serviço delivery, voucher para atendimento futuro, consultorias on-line. A mulher sempre tem a competência questionada. Mas, nós sabemos enfrentar as dificuldades com criatividade.”


Aprovada lei que apoia mulher empresária
 
Como Adriana Ribeiro, no DF, existem cerca de 120 mil donas de pequenos e grandes negócios e esse número deve aumentar. A Câmara Legislativa aprovou lei que gera incentivos ao empreendedorismo feminino. O texto cria uma série de medidas para garantir suporte às mulheres no âmbito empresarial. De autoria do deputado distrital Leandro Grass (Rede), foi elaborado a partir de uma demanda da Câmara de Mulheres Empreendedoras da Fecomércio-DF. Os deputados aprovaram a 
proposta na quarta-feira.


Elas são responsáveis por 36% do setor na capital federal
Fonte: Sebrae-DF


Vítimas de violência doméstica
 
A lei prevê a criação de vagas de emprego para mulheres, acesso a linhas de crédito para pequenas e médias empresárias, com prazos de carência diferenciados, realização de cursos e concessão de bolsas de estudo. Também foi criado um fundo direcionado ao financiamento de atividades de mulheres vítimas de violência doméstica. O estudo do Banco Mundial “Mulheres, Empresas e o Direito”, que analisa e compara a legislação sobre empreendedorismo feminino de vários países, foi referência para a construção da proposta, que também teve apoio da Secretaria da Mulher do GDF.


 (Divulgação)  
Potencial econômico do lago
 
Os donos de embarcações comerciais de Brasília estão se organizando para criar uma associação e, assim, melhorar o aproveitamento econômico do Lago Paranoá. A ideia é organizar um roteiro turístico integrado, no qual o passageiro possa embarcar e desembarcar em diversos pontos, a exemplo do que ocorre em cidades como Paris, Amsterdã, Londres e Nova York. Na avaliação deles, o potencial turístico e econômico do lago ainda não foi explorado. Para isso, é necessária a infraestrutura adequada com píeres e marinas públicas para atender os visitantes e moradores de Brasília. Com as restrições da pandemia, o local é cada vez mais procurado como opção de lazer ao ar livre.


Transporte clandestino, prejuízos e risco
 
A Abrati, associação que representa o setor de ônibus interestadual, chama a atenção para o aumento de 30% do transporte ilegal, durante a pandemia, com as restrições ao regular. Alerta que as viagens realizadas por um dos aplicativos de transporte rodoviário clandestino já somam mais de 500 embarques, somente no Distrito Federal, nos últimos 10 dias. Por isso, às vésperas do feriadão, a entidade lançou uma campanha sobre riscos de embarcar em veículo irregular.

Correio Braziliense quinta, 29 de outubro de 2020

DIA NACIONAL DO LIVRO - AMOR À LEITURA

Jornal Impresso

Amor pela leitura
 
Hoje é comemorado o Dia Nacional do Livro. A data marca a fundação da Biblioteca Nacional do Brasil, em 1810, quando a Biblioteca Real Portuguesa foi transferida para o Rio de Janeiro. Conheça o universo de brasilienses apaixonados pela literatura

 

» CIBELE MOREIRA

Publicação: 29/10/2020 04:00

Projeto Mala do Livro %u2014 Biblioteca Domiciliar surgiu para atender à comunidade de Samambaia. Hoje, está espalhado por várias regiões do DF (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  

Projeto Mala do Livro – Biblioteca Domiciliar surgiu para atender à comunidade de Samambaia. Hoje, está espalhado por várias regiões do DF

 


Viajar pelo mundo e visitar outras culturas sem sair do lugar. Ler um livro pode ser algo prazeroso, instigante, que faz refletir e que proporciona ensinamentos sobre assuntos diversos. No Dia Nacional do Livro, comemorado hoje, o Correio conversou com leitores apaixonados por esse universo. Clubes de leituras que tiveram de se adaptar com a realidade da pandemia e brasilienses que encontram na literatura uma forma de transformar vidas, como a professora Viviane Maria Souza, 37 anos. 
 
“A literatura me salvou de tudo que podia dar errado na minha vida”, afirma Viviane, que atualmente promove um projeto de incentivo à leitura para alunos do Centro de Ensino Fundamental 405, do Recanto das Emas. “O Mergulhando na Leitura começou no ano passado. Como é uma região carente, arrecadei livros e elaborei um planejamento para a implementação do projeto”, conta. No início, era proposto uma aula de 50 minutos para os alunos lerem. “Depois, eles mesmos pediram mais tempo e as aulas passaram a ser duas vezes na semana”, pontua. 
 

 (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  
Quando veio o ensino remoto, devido à pandemia da covid-19, o desafio aumentou. “É uma turma nova de alunos do 7º ano. Como iria fazê-los parar para ler por 25 minutos? Comecei, então, com textos pequenos, contos da Clarice Lispector, e deu supercerto. Agora, estamos lendo Vinte mil léguas submarinas, de Júlio Verne”, relata. A professora fez um tutorial de como baixar o e-book, que estava mais acessível para os estudantes, e indicou plataformas gratuitas para que eles pudessem ler.
 
“Nos 15 anos de trabalho, eu finalmente encontrei o que quero fazer para minha vida. A gente consegue trabalhar tudo na leitura. E eles têm uma realidade parecida com a minha. Lembro que, na minha época, eu não conhecia nada além da minha cidade, e os livros me proporcionaram uma visão de mundo”, ressalta Viviane.
A professora também faz desafios literários com premiações em livros. “É uma sementinha que estou plantando”, afirma. Durante o isolamento social, ela também aproveitou para ler mais. “Já ultrapassei a minha meta do ano de ler 40 livros. Já li 42 e ainda tenho mais para ler”, conta. 

Realizado desde 2017, o Lendo Mulheres migrou para o on-line durante a pandemia  (Reprodução)  
Realizado desde 2017, o Lendo Mulheres migrou para o on-line durante a pandemia
Para Thayná Carvalho, 25, o prazer da leitura foi incentivado pelo pai. “Ele foi a pessoa que me apresentou aos livros. Aos 12 anos, já tinha carteirinha na biblioteca e sempre estava lendo algo. É um hábito que procuro seguir”, relata a moradora de Ceilândia. Durante o isolamento social, o desejo de compartilhar a leitura com outras pessoas aumentou. Sem poder se encontrar presencialmente com os amigos, ela aderiu ao clube de leitura informal. “Tem aqueles livros que a gente quer ler, mas não tinha surgido a oportunidade. E ter mais pessoas querendo ler o mesmo livro dá um incentivo”, explica Thayná, que faz parte de dois grupos, um de livros literários e outro, de contos. “Sempre quis participar de um clube de leitura. Como sou tímida, fazer com amigos está sendo uma ótima experiência”.
 
Clubes 
Os tradicionais clubes de leituras também tiveram de se adaptar à pandemia. O Lendo Mulheres, realizado na capital desde 2017, migrou dos encontros na cafeteria para o on-line. “A gente sentiu um baque por não poder ter os debates presenciais. Além de falar sobre os livros, virou um encontro entre amigas. Então, lágrimas caíram com a notícia”, brinca a coordenadora do projeto, Renata Sanches, 53. Ela conta que o formato virtual deu certo. “Proporcionou a oportunidade de quem não conseguia ir nos encontros presenciais, por morar longe, de participar. O grupo até cresceu”, pontua. 
 
Das oito pessoas que integravam o projeto no início, agora são mais de 500 cadastrados e 80 ativas nas discussões e grupos nas redes sociais. “Com a flexibilização das atividades, a gente pensou se retornava com o presencial, mas temos muita gente acima dos 60 anos e também pessoas com doenças crônicas. Então, decidimos manter até janeiro com os debates a distância”, afirma. 
 
O Clube de Leitura da Biblioteca Nacional de Brasília também se adaptou muito bem ao formato on-line. “Foi durante a pandemia que tivemos o nosso recorde de participantes. Em julho, 24 pessoas marcaram presença no debate do livro A Vegetariana, da sul-coreana Han Kang”, destacou um dos organizadores, Rodrigo Mendes Pereira, 43. “Teve muita gente de fora de Brasília que participou. Foi uma interação muito boa. Provavelmente vamos continuar com algo no on-line”, pontua. 
 
O bibliotecário organiza os encontros junto com mais outros quatro colegas que trabalham na Biblioteca Nacional de Brasília.
 
Mala do Livro
O projeto Mala do Livro — Biblioteca Domiciliar completou, na última segunda-feira, 30 anos de existência. A iniciativa surgiu em 1990, pela bibliotecária Neusa Dourado Freire, com o intuito de atender à comunidade de Samambaia com livros. “O programa iniciou com cestas de palha com livros infantis e infantojuvenis para crianças e adolescentes daquela região. Literatura brasileira, estrangeira e livros didáticos também 
eram colocados à disposição ”, conta a gerente do projeto, Maria José Lira Vieira, 67. 
 
Em 1996, o Mala do Livro expandiu-se para outras regiões do DF. Atualmente, há 193 malas registradas com aproximadamente 200 livros, cada, sendo 107 domiciliares e 86 em instituições públicas e privadas. “Esse é um trabalho louvável. Estamos dando acesso à leitura para todos, valorizando o livro físico”, destaca. 

Correio Braziliense quarta, 28 de outubro de 2020

HORA DE PENSAR NA MEMÓRIA DE BRASÍLIA

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Hora de pensar na memória de Brasília
 
Reforma no Bloco B, na 314 Sul, levantou discussões sobre a valorização de obras arquitetônicas da capital federal. Não há lei que proíba alterações e reparos em edificações residenciais do Plano Piloto. Polêmica dividiu opiniões entre moradores do DF

 

» BÁRBARA FRAGOSO
» DARCIANNE DIOGO

Publicação: 28/10/2020 04:00

Azulejos do arquiteto Eduardo Negri, no Bloco B da 314 Sul estavam deteriorados e serão substituídos por novas peças de uma artista brasiliense (Arquivo Pessoal)  

Azulejos do arquiteto Eduardo Negri, no Bloco B da 314 Sul estavam deteriorados e serão substituídos por novas peças de uma artista brasiliense

 



A retirada de azulejos projetados pelo arquiteto Eduardo Negri, colega de Oscar Niemeyer, em um prédio 314 Sul, gerou polêmica e dividiu opiniões entre moradores e profissionais da área de arquitetura. A obra no pilotis do Bloco B traz um debate acerca da preservação arquitetônica e da estética de Brasília. O condomínio alega que os azulejos, colocados na década de 1970, precisaram ser removidos por estarem danificados pelo tempo.
 
Não há uma legislação que proíba a modificação ou remoção de azulejos históricos em prédios residenciais no Distrito Federal. Contudo, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), entidade responsável pela preservação do patrimônio cultural brasileiro, encaminhou, aos moradores da quadra, um documento elaborado pelo Grupo Técnico Executivo (GTE), composto pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação, pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), pela Secretaria de Defesa da Ordem Urbana (DF Legal) e pela Superintendência do Iphan recomendando a não retirada dos painéis.
 
A Diretoria de Preservação da Secretaria de Cultura recebeu reclamações sobre a respectiva edificação. A demanda foi encaminhada ao GTE. Por meio de nota oficial, a pasta explicou que zela pelos bens tombados isoladamente e que, no caso do Conjunto Urbanístico de Brasília, o Iphan e a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh) são os responsáveis. “Atualmente, não há um instrumento de proteção exclusivo para esta quadra ou bloco, seja referente às características arquitetônicas ou bens integrados, como o caso dos azulejos”, informou a Secretaria de Educação.
 
Debate
 
O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do DF (CAU/DF) criticou a decisão do condomínio e apontou a remoção dos azulejos de Negri como “errônea”, diante da importância desses exemplares para a memória da capital em manter o patrimônio arquitetônico e histórico preservados. Em entrevista ao Correio, o presidente da entidade, Daniel Mangabeira, afirmou que não é contrário à reformas e considera que, muitas vezes, tornam-se necessárias. “O problema é quando essa modificação descaracteriza, desnecessariamente, um edifício que foi construído nessas décadas. Não podemos impedir que não o façam, mas procuramos instruir a sociedade da melhor maneira”, argumentou.
 
Segundo ele, em casos como esse, em que não há uma legislação que ampare ou resguarde o patrimônio de bens em edifícios residenciais, a sociedade, bem como os síndicos responsáveis, podem intervir. “Existe estudo e conhecimento. Um arquiteto, antes de dar procedimento à obra, deve saber a história do objeto. Um médico, por exemplo, antes de examinar o paciente, precisa ver o histórico. Essas são questões técnicas que o profissional deve saber. Se os azulejos estão caindo, é porque não houve manutenção. Nesse caso, mude para um revestimento igual ou similar”, pontuou.
 
O CAU/DF também recebeu reclamações referentes à retirada dos azulejos. “Não podemos impedir a reforma. Fizemos um documento e entregamos ao síndico, retratando a importância daquela edificação. Tudo está correto, mas a questão não é legal. Envolve o respeito à cidade. E, nesse sentido, vale sensibilizar os moradores, síndicos, arquitetos sobre a valorização do prédio. Mas, infelizmente, eles tomaram uma outra decisão”, lamentou Mangabeira.
 
Decisão
 
O síndico do bloco B da 314 Sul, Antônio Augusto Pinheiro, explica que a decisão da retirada foi aprovada pela maioria dos condôminos. “Há dois anos, fizemos uma reunião para tratar sobre a reforma do prédio. Foi feita uma assembleia e escolhemos um arquiteto que mantivesse a característica arquitetônica do bloco. Mas, infelizmente, não dava para manter os azulejos que estavam craquelando, manchados, deteriorando”, explica. De acordo com ele, em dezembro de 2019, foi apresentado o projeto de reforma e, em setembro deste ano, foi aprovado o início das obras. “Apenas o azulejo que não deu para reaproveitar e não dava para fazer um igual e colocar.”, ponderou.
 
Para a prefeita da quadra e moradora do bloco, Tereza Montenegro, a discussão sobre os azulejos de Eduardo Negri serviu como reflexão sobre os cuidados com o patrimônio da cidade. “Espero que, agora, as pessoas acordem para a preservação, sobre como querem ver a cidade. Não dá para pensar em manter algo que já está deteriorado. Tem de se pensar em algo preventivo. Cadê as fiscalizações nesse momento?”, questionou.
 
No local, serão colocados outros azulejos de uma artista brasiliense da mesma cor do antigo. O desenho será diferente, porém a premissa anterior e a estética original arquitetônica serão mantidos.
 
Para a arquiteta e urbanista Karla Madrilis, a falta de conhecimento da importância histórica dos prédios interfere diretamente para que haja a descaracterização das obras. “As pessoas precisam estar mais abertas para conhecer a arquitetura local e, assim, reconhecer a importância dela. O CAU e o IPhan, por exemplo, podem ajudar a informar a população nesse sentido. Não adianta condenar as pessoas envolvidas no reparo depois que o serviço é feito. Acho que todo edifício deve ter um conselho responsável pela manutenção do projeto, evitando diversos contratempos. É importante que a população considere que a cidade foi feita para ser coletiva”, ressalta Karla.
 
O Distrito Federal tem, aproximadamente, 1,5 mil edificações com obras de arquitetos no Plano Piloto, segundo dados do CAU/DF. Dessas, 30 foram selecionadas e identificadas como possíveis recebedoras de uma placa alusiva à obra, a ser fixada nas imediações, como reconhecimento da valorização arquitetônica. Os trabalhos são de iniciativa da Comissão Temporária de Patrimônio e foram iniciados em abril deste ano. Dos 30 edifícios, oito ganharão o selo. “Essa necessidade de que essas edificações tenham de passar por reforma está fazendo com que síndicos e moradores desconfigurem o projeto original”, disse Daniel Mangabeira.
 
Para a escolha dos prédios, levou-se em consideração o respeito à arquitetura original; a manutenção adequada das fachadas, de revestimentos e cores originais, sempre que possível; o respeito às linhas gerais de composição do edifício, de elementos originais e dos pilotis livres, sem cercamento.


Cores e azulejos
Autor de quase uma centena de blocos nas superquadras, Eduardo Negri foi colega dos mais presentes de Niemeyer. O uso da cor nas fachadas e os azulejos são marcas do seu trabalho. Na 314 Sul, todos os blocos foram projetados por ele. A 202 Sul também guarda projetos ainda preservados, como o bloco A, que foi restaurado.


1,5 
mil
Quantidade aproximada de edificações com obras arquitetônicas no Plano Piloto


Seleção do CAU/DF

Confira os edifícios que podem receber o selo de valorização arquitetônica do CAU/DF e os arquitetos decada projeto. Da esquerda para a direita:
 

 (Reprodução/CAU)  
 
SQS 203, Bloco C — Milton Ramos
SQS 303, Bloco A — Eduardo Negri
SQS 405, Bloco J — Paulo Barbosa Magalhães
SQS 309, Bloco E — Arnaldo Mascarenhas Braga
SQS 416, Bloco C — Eduardo Negri
SQS 311, Bloco F — Marcílio Mendes e T. Takada
SQS 312, Bloco F — Marcílio Mendes Ferreira
SQS 314, Bloco K — Eduardo Negri
SQS 210, Bloco C — Marcílio Mendes e T. Takada
SQS 204, Bloco K — Samir Kury
SQS 105, Bloco H — Hélio Uchoa
SQS 108, Bloco I — Oscar Niemeyer
SQS 113, Bloco F — Jaci Ferreira Hargreaves
SQS 113, Bloco H — Arnaldo Mascarenhas Braga
SQS 217, Bloco E — Francisco Dell Peloso
SQS 308, Bloco E — Marcelo Campelo e Sérgio R.
SQS 313, Bloco B — Manoel Hermano
SQS 402, Bloco K — Cornélio Moares Netto
SQS 404, Bloco K — Milton Ramos
SQN 416, Bloco H — Aleixo Furtado e Gerson Malty
SQN 112, Bloco E — Eliana Porto e Luiz A. Pinto
SQN 108, Bloco D — Manoel Hermano
SQN 107, Bloco F — Mayumi Watanabe e Sergio S.
SQN 106, Bloco F — autor desconhecido
SQN 205, Blocos I e J — Marcílio Mendes Ferreira
SQN 206, Bloco I — Marcílio Mendes Ferreira
SQN 315, Bloco D — Manoel Hermano
SQN 315, Bloco H — José Hipólito Camurça
SQN 411, Bloco F — Manoel Hermano
 

Correio Braziliense terça, 27 de outubro de 2020

CAPITAL S. A. - BRASÍLIA ENFRENTANDO A PANDEMIA, EM GRANDE ESTILO

 

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Capital S/A"
 
Não é o aparecimento, é a essência. Não é o dinheiro, é a educação. Não é a roupa, é a classe." Coco Chanel, estilista e empresária francesa

 

Samanta Sallum
samantasallum.df@cbnet.com.br

Publicação: 27/10/2020 04:00

 
"Eu cresci muito como empresária, como profissional. Tive de reinventar tudo"
 
“Carolina Kd Vc?”
 
Antes da pandemia, a empresária Patrícia Muller tinha um produto regional. Mas, com as barreiras impostas pelo isolamento, teve de investir no marketing das redes sociais. E acabou, assim, conseguindo exportar para outros estados, como São Paulo e Rio de Janeiro. Tudo começou há seis anos, quando descobriu o gosto por cervejas artesanais e decidiu aprender a produzi-las com seu toque criativo. A cerveja alemã do tipo weissbeer foi a primeira a ser lançada e ganhou o nome da Fazenda São Bento, propriedade da mãe, que é uma pousada  na Chapada dos Veadeiros. E foi ali onde instalou uma pequena fábrica.
 
“As pessoas começaram a voltar à pousada por causa da cerveja, falando que era a melhor cerveja que já tinham tomado”, conta. 
A demanda aumentou e, para atender aos pedidos, terceirizou a produção. Procurou uma fábrica que apoiava produtores de cervejas artesanais. Além disso, fez diversos cursos, como o de sommelier de cervejas do Science of Beer Institute, em Santa Catarina. Patrícia foi descobrindo o universo das cervejas belgas e inglesas.
 
Em 2019, foi lançada a “Carolina Kd Vc?”, uma session ipa com mangaba, em homenagem à filha mais velha. A pandemia trouxe desafios. E Patrícia percebeu que a saída seria se comunicar pelo marketing digital. “Nem site eu tinha”, lembra. Mas foi durante a Semana de Transformação Digital do Sebrae, em abril, que despertou para as novas oportunidades. “Eu cresci muito como empresária, como profissional. Tive de reinventar tudo”, afirma.


 (Ana Rayssa/CB/D.A Press - 11/6/20)  

Maioria quer trânsito fechado e comércio aberto na W3 Sul 
 
A maioria dos moradores da região quer o trânsito fechado, aos domingos e feriados, na W3 Sul, mas com o comércio aberto. O Projeto de Revitalização da Avenida, segundo pesquisa do Instituto Fecomércio, tem a aprovação de 99,76% dos entrevistados. Sobre a interdição da via, num cenário pós-revitalização, a maioria, cerca de 65%, respondeu positivamente à interdição associada à abertura de lojas.
 
A criação do Corredor Cultural, entre a 504 e a 508 Sul, tem o apoio de 76,83%. A maioria também confirmou a intenção de frequentar a W3 Sul após a revitalização e a interdição do trânsito e que pretende frequentar com a finalidade de lazer e/ou atividade cultural. Dentre os negócios considerados mais importantes, os entrevistados apontam: restaurante/bar (20,15%); farmácia (18,90%); padaria/lanchonete (17,43%) e bancos (17,29%). Foram ouvidas 410 pessoas entre 16 e 18 de outubro. 


 (Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press - 17/1/19 )  

Reabertura parcial do trânsito 
 
Com base no resultado da pesquisa, entidades do setor produtivo vão pedir ao governador Ibaneis Rocha a alteração do Decreto n° 40.877/20 com "a maior brevidade possível". Querem que o fechamento do trânsito na W3 aos domingos (com possibilidade de passar para o sábado pós-pandemia) apenas ocorra no trecho onde será o Corredor Cultural, que vai da 504 Sul até a 508 Sul (do Sesc ao Espaço Renato Russo). Assim, o restante da via permaneceria aberta para o fluxo normal de veículos. Essa e outras sugestões serão enviadas em documento oficial ao GDF ainda nesta semana.
 
 
Incentivos fiscais 
 
Para estimular atividades que possam atrair o público à W3 nos dias de lazer, os empresários sugerem ações do GDF e especialmente da Secretaria de Cultura, entre elas, incluir linha específica do programa FAC Ocupação, voltada a projetos a serem realizados no Corredor Cultural; oferecer incentivo fiscal para empreendimentos comerciais de destaque no mercado; e também para atividades que façam parte da indústria criativa instalada na área, como o desconto de ISS/Simples.
 
 
Mercado imobiliário 
 
As entidades também sugerem ao GDF desenvolvimento de pesquisa junto de comerciantes, moradores e população impactada (via Codeplan), para levantar informações sobre o mercado imobiliário, demandas em potencial, vocações e grau de satisfação e 
aceitação por parte de moradores.


Fluxo de clientes
 
O documento com as sugestões é resultado da reunião, ocorrida na semana passada, entre diversas lideranças do setor produtivo do DF (Sindivarejista, Sindisuper, Sindhobar, Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Fecomércio-DF ) e proprietários de estabelecimentos comerciais.  O tema do encontro foi o projeto Viva W3. Os donos de supermercados na região se sentiram prejudicados, com o fechamento da via aos domingos e feriados, por ter reduzido o fluxo de clientes.
 

Correio Braziliense segunda, 26 de outubro de 2020

OUTUBRO ROSA PARA FAZER A DIFERENÇA

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Outubro Rosa para fazer a diferença
 
 
Iniciativas do DF buscam fortalecer a autoestima de mulheres em tratamento contra o câncer de mama e de quem venceu a doença. Editoriais de moda e entrega de roupas, cartas, perucas ou próteses visam enaltecer a beleza de pacientes e de pessoas recuperadas

 

CIBELE MOREIRA

Publicação: 26/10/2020 04:00

Isaque Dantas criou a Coleção Dianthus para promover o amor-próprio entre mulheres diagnosticadas: sentimento de gratidão (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

 

 
Isaque Dantas criou a Coleção Dianthus para promover o amor-próprio entre mulheres diagnosticadas: sentimento de gratidão
 
 
A perda do cabelo e a retirada da mama durante o tratamento contra o câncer geram um grande impacto à vida de muitas mulheres, por vezes, já fragilizadas pela doença. Com foco nisso, iniciativas buscam resgatar a autoestima delas, por meio da doação de perucas, lenços, próteses e vestuário para pacientes mastectomizadas. O intuito é promover o amor-próprio entre quem passa pelo tratamento e quem se recuperou.
 
Neste ano, em meio à pandemia de covid-19, uma empresa de roupas femininas criou uma coleção exclusiva para a campanha do Outubro Rosa. Ao todo, há 85 modelos exclusivos para a campanha, que começou em 14 de outubro e segue até o fim do mês. O projeto contemplou cerca de 29 mulheres. Cada uma recebeu, em casa, uma peça de roupa, acompanhada de uma carta de motivação e apoio. A ideia é presentear 45 pessoas. 
 
Idealizada por Isaque Dantas, 29 anos, a coleção recebeu o nome de uma flor muito resistente a grandes tempestades: dianthus. “Criamos (o acervo) a partir da ideia de fazer algo diferente no Outubro Rosa. A maioria das campanhas são voltadas à conscientização, de a mulher se cuidar, e à prevenção. Mas muitas (pacientes) estão passando por um momento difícil contra o câncer. A coleção veio para levantar a autoestima delas”, conta o empresário.
 
Isaque relata que uma das entregas teve um impacto especial; a destinatária tinha 78 anos. “Ela está enfrentando o tratamento contra o câncer pela terceira vez. Quando recebeu o vestido, contou que o presente mudou o dia dela completamente. Mesmo sem saber, enviamos a peça na cor predileta dela. Ver essa felicidade não tem preço. Esse tipo de ação traz um sentimento de gratidão, de propósito, de fazer a diferença na vida dessas mulheres”, ressalta. 
 
A campanha também abraçou pessoas diagnosticadas com câncer no colo do útero, como Valdilene Dias de Souza, 40. Para a professora, em tratamento de quimioterapia, receber uma das peças da campanha gerou uma ponta de felicidade e esperança. “A queda de cabelo é uma fase bem complicada, pois ele complementa o cartão-postal que é nosso rosto. A gente fica com a autoestima baixa. Mas, quando coloquei o vestido laranja, eu me senti querida, cuidada”, detalha.

Andressa teve um dos tipos mais agressivos do câncer; ela passou por quimioterapias, uma mastectomia e ressalta: %u201CCâncer não é sentença de morte%u201D (Hugo Martins Viana e Nathaly Mayara de Jesus)

 

 
Andressa teve um dos tipos mais agressivos do câncer; ela passou por quimioterapias, uma mastectomia e ressalta: "Câncer não é sentença de morte."


Editorial
 
Além de entregar as roupas, a empresa fez um editorial de moda com três mulheres que venceram o câncer. “Eu me senti muito valorizada”, diz a influenciadora digital Andressa Mikaele Correia, 23. A jovem teve um dos tipos mais agressivos do câncer de mama aos 18 anos. “Descobri porque meu celular caiu sobre minha mama. Ao reparar que ela ficou dolorida e que tinha um nódulo, fui a um hospital de Formosa (GO). Os médicos disseram que não era nada, mas minha mãe insistiu e fomos a um hospital em Brasília. Fizemos a biópsia e deu positivo para câncer. Se minha mãe não tivesse insistido, eu estaria morta agora”, salienta Andressa.
 
Posteriormente, a jovem precisou fazer uma mastectomia para retirar as duas mamas. “Passei por quatro ciclos da quimioterapia vermelha, que é a mais forte, e por quatro da branca. Meu cabelo caiu, tomei vários remédios e ainda recebi a notícia de que eu não poderia ter filhos, porque o tratamento me deixaria infértil. Isso doeu demais. Sempre tive o sonho de ter uma família”, relata. No entanto, contra todos os prognósticos médicos, Andressa descobriu que estava grávida no ano passado. “Meu milagre aconteceu e, mesmo com a mastectomia, saiu leite do meu seio. Sou um testemunho vivo de que vale a pena lutar. O câncer não é uma sentença de morte”, reforça. 
 
Para a autônoma Franciane Ferreira de Araújo, 36, participar do editorial e contar um pouco da própria trajetória fizeram a diferença. “Não tenho nem palavras para descrever. Senti a autoestima lá em cima. Não tinha feito nada parecido antes”, comenta. Ela descobriu um câncer na mama aos 32 anos, durante um exame de rotina. O tratamento não foi fácil e envolveu oito ciclos de quimioterapia, além de três cirurgias. “Sempre achei importante contar minha história, dar meu testemunho e ajudar outras mulheres que estão passando pela mesma situação”, acrescenta. 


Participar de editorial de moda ajudou a autoestima de Franciane Ferreira (Hugo Martins Viana e Nathaly Mayara de Jesus)

 

 
Participar de editorial de moda ajudou a autoestima de Franciane Ferreira


Rede feminina
 
Franciane é voluntária na Rede Feminina de Combate ao Câncer de Brasília. A instituição sem fins lucrativos atua há 24 anos no Distrito Federal, com assistência a pacientes em tratamento contra o câncer e apoio após a recuperação da doença. Coordenadora da entidade, Vera Lúcia Bezerra da Silva afirma que o projeto atende 1,5 mil mulheres por mês. “Nosso trabalho vai desde o acolhimento, quando há suspeita de câncer. (Atuamos) durante o tratamento e com ajuda psicológica para a família também”, detalha. 
 
Entre os projetos desenvolvidos pela Rede Feminina está a entrega de perucas para mulheres que perderam o cabelo em decorrência da quimioterapia. Em 2019, foram distribuídas 140, bem como 1.350 lenços e 327 próteses mamárias. Para Vera, a recompensa do trabalho é o sorriso de cada pessoa que recebe esses presentes. “A gente percebe a importância que tem o cabelo. Houve uma vez que uma mulher chegou para mim e falou: ‘Eu poderia ter tido qualquer coisa, menos uma doença que faz perder o cabelo’. Esse comentário me impactou bastante”, recorda-se. 
 
Recomeçar
 
Outra instituição que atua ativamente em prol de pacientes que enfrentam o câncer de mama é a ONG Recomeçar, idealizada por Joana Jeker. A organização não governamental surgiu em 2011 e, desde 2014, tem como sede o Hospital Regional da Asa Norte (Hran), uma das unidades públicas de referência no tratamento contra o câncer no DF. A entidade também atua com acolhimento de pacientes em tratamento e está à frente das lutas por garantias de políticas públicas. “Quero deixar legados, melhorar o acesso para todas as mulheres”, afirma Joana. 
 
Uma das principais ações da entidade foi a entrega de próteses mamárias. “Tive câncer em 2007, passei pelo tratamento e pela retirada da mama. A prótese de silicone mudou minha vida. Eu a usava sempre que saía de casa. Sei o quanto isso é importante para quem passa por uma mastectomia”, observa Joana. A ONG, segundo ela, recebe três doações desse tipo por semana. “Mesmo com a pandemia, nosso trabalho não parou. Não estamos dentro do hospital, mas estou sempre em contato com elas (as mulheres atendidas)”, acrescenta a idealizadora. 
 
Elizabeth dos Santos, 57, descobriu a doença no fim de 2013 e, em 2014, fez todo o processo de retirada e reconstrução da mama. No entanto, 20 dias depois da cirurgia, o corpo rejeitou a mudança, e a doméstica teve de retirar o seio mais uma vez. “Hoje em dia, não penso mais em fazer a reconstrução. Estou bem assim”, afirma. Para ela, a prótese de silicone representou mais liberdade. “Usei uma feita de pano durante muitos anos. Com a de silicone, posso usar na piscina e com roupas que a outra não permitia”, comemora.

Correio Braziliense domingo, 25 de outubro de 2020

É POSSÍVEL PARAR O CARNAVAL?

 

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É possível parar o carnaval?
 
Por causa da pandemia de covid-19, o cancelamento ou adiamento da folia em 2021 é debatido. Mas, em outras ocasiões que medida semelhante foi tentada, as ruas encheram mesmo assim

 

Fernando Jordão
Hellen Leite
Adriana Izel
Luiz Philipe Tassy*

Publicação: 25/10/2020 04:00

Brasilienses brincam o carnaval em bloco que foi às ruas em fevereiro deste ano: festa não fará parte do calendário da cidade em 2021, decidiu o GDF (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - 29/2/20







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Brasilienses brincam o carnaval em bloco que foi às ruas em fevereiro deste ano: festa não fará parte do calendário da cidade em 2021, decidiu o GDF
 
 
O Brasil tem chances reais de, em 2021, viver algo inédito. Desde que os festejos carnavalescos começaram por aqui — o que, segundo pesquisadores, ocorreu à época da chegada dos portugueses, no século 16 —, eles nunca deixaram de ser celebrados no período que antecede a Quaresma, em fevereiro ou no começo de março. Porém, devido à pandemia de covid-19, o adiamento ou cancelamento da festa é debatido pelos governos das maiores cidades do país. Enquanto São Paulo adiou para data indefinida e Brasília optou por não realizar a folia, Rio de Janeiro, Salvador, Recife e Olinda ainda discutem como agir.
 
Não se trata de uma decisão simples. E não devido ao prejuízo econômico e cultural que ela pode representar, afinal, a saúde pública deve ser priorizada. Mas, sim, porque a estratégia pode não dar certo. É o que alerta a história. Afinal, as duas tentativas oficiais de adiar a festa de Momo no Brasil fracassaram. A primeira ocorreu também por questões sanitárias, em 1892, quando o país lidava com uma série de doenças, como a febre-amarela entre elas. A segunda se deu em 1912, devido à morte do Barão do Rio Branco, então ministro do Exterior e tido como herói nacional.
 
No fim do século 19, buscando evitar a aglomeração de pessoas no calor de fevereiro, os governantes decidiram transferir os festejos para junho, no inverno. "Adiaram, por decreto, para o último fim de semana de junho, que inclusive coincide com as festas de São João. O que aconteceu? Chegou o carnaval, foi todo mundo para a rua, mesmo que houvesse o decreto. A Prefeitura (do Rio de Janeiro, capital federal à época) até tentou fazer controles policiais, fechando as lojas que vendiam produtos temáticos, proibindo salões onde ocorriam os bailes de abrirem, mas nada disso adiantou", detalha Leonardo Bruno, pesquisador-orientador do Observatório de Carnaval do Museu Nacional.
 
População brinca o carnaval na Avenida Rio Branco, no Rio, em 1906 (Augusto Malta/Acervo IMS/Biblioteca Nacional)  
População brinca o carnaval na Avenida Rio Branco, no Rio, em 1906
 
Na outra tentativa, o motivo era o luto pela morte do Barão do Rio Branco, que aconteceu a uma semana da festa. "O povo sofreu muito e decretou-se o adiamento para dois meses depois, em abril. Em princípio, parecia algo sensato, mas, quando chegou o sábado de carnaval, o povo foi para a rua afogar as mágoas e acabou o luto. Efetivamente, aconteceram dois eventos. Os registros históricos trazem até uma marchinha que o povo cantava na rua dizendo que, se o barão morreu e a gente teve duas festas, imagina quando morrer o general", conta Bruno.
 
"Nos dois casos, não adiantou nada. A folia aconteceu na data normal e na data transferida. Foram duas transferências tentadas que não tiveram sucesso. Ou foram um grande sucesso e as pessoas tiveram dois carnavais", brinca Felipe Ferreira, professor do Instituto de Artes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e criador do Centro de Referência do Carnaval.
 
Guerras e gripe espanhola
As duas guerras mundiais (1914-1918 e 1939-1945) também não impediram a realização do carnaval no Brasil, a despeito de tentativas das autoridades. De acordo com o professor Paulo Miguez, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), o país teve participação pequena no primeiro conflito, enviando poucos militares à Europa apenas no fim dele, ou seja, após a folia de 1918. À época, chegou-se a discutir a realização dos festejos, mas eles ocorreram normalmente. Na Segunda Guerra, contudo, o Brasil teve maior participação. "Oficialmente, tudo foi feito para impedir. Recursos públicos foram interditados, mas a festa aconteceu mesmo com os pracinhas na Itália. As muitas proibições acabaram dribladas", explica.
 
Além do fim da Primeira Guerra, 1918 ficou marcado pela gripe espanhola, até hoje a mais violenta pandemia da história, que deixou de 20 a 40 milhões de mortos — mais até do que a Primeira Guerra, que fez 15 milhões de vítimas. No Brasil, segundo o Atlas Histórico da Fundação Getulio Vargas (FGV), foram cerca de 35 mil óbitos. Até mesmo o presidente eleito, Rodrigues Alves, morreu vítima da doença antes de tomar posse. É fácil presumir que, diante da tragédia, o carnaval não fosse realizado. Mas aconteceu exatamente o contrário.
 
Carros alegóricos fazem referência à gripe espanhola, no carnaval carioca de 1919 (Careta/Biblioteca Nacional)  
Carros alegóricos fazem referência à gripe espanhola, no carnaval carioca de 1919
 
A festa de 1919 é tida, até hoje, como a maior de todos os tempos. "A gripe chegou, arrasou, matou milhares, mas em determinado momento ela foi embora, por volta de outubro, novembro. Isso fez com que o evento do ano seguinte, segundo todos os relatos, tenha sido o mais louco de todos os tempos, dos mais irreverentes que se tem notícia. O povo foi para a rua com a necessidade de celebrar o fim daquela coisa terrível. Além disso, depois de uma tragédia como essas, havia o pensamento de que poderia ser o último dos carnavais", narra Miguez.
 
As proporções da maior folia de todos os tempos podem ser tomadas com base nos relatos do escritor Nelson Rodrigues. Apesar de ter apenas 6 anos, ele gravou na memória as cenas daquele ano e, posteriormente, as descreveu em um artigo para o jornal Correio da Manhã — compilado no livro Memórias: A menina sem estrela. "A espanhola trouxera no ventre costumes jamais sonhados. E, então, o sujeito passou a fazer coisas, a pensar coisas, a sentir coisas inéditas e, mesmo, demoníacas", escreveu.
 
*Estagiário sob a supervisão de Humberto Rezende
 
Origem indefinida
Apesar do nome, a doença não surgiu na Espanha, mas os jornais do país europeu noticiaram a sua existência primeiro — visto que, pelo fato de o país estar neutro na guerra, não sofria com a censura. Não se sabe exatamente a origem, mas o primeiro registro oficial se deu nos Estados Unidos, em março de 1918.

Correio Braziliense sábado, 24 de outubro de 2020

BRASÍLIA: O RETORNO DAS RODAS DE SAMBA

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O retorno das rodas de samba
 
Com a flexibilização, seguindo o protocolo de segurança, criado pelas autoridades sanitárias, artistas voltam a se reunir em pontos tradicionais da cidade

 

» Irlam Rocha Lima

Publicação: 24/10/2020 04:00

“Quem não gosta de samba, bom sujeito não é/ Ou é ruim da cabeça ou doente do pé”’, cantava Dorival Caymmi em Samba da minha terra, ao prestar homenagem a um dos gêneros mais representativos da música popular brasileiro. O compositor baiano, mestre do ofício, é autor também de outras preciosidades desse segmento da MPB, como Doralice, João Valentão, Lá vem a baiana, O que é que a baiana tem e Saudade da Bahia, que foram gravados por intérpretes da importância de João Gilberto, Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Bethânia e Rosa Passos, sem esquecer de Carmem Miranda.
 
Alguns desses clássicos fazem parte do repertório de muitos dos cantores e grupos que comandam rodas de samba espalhadas por todas as regiões do país, inclusive, Brasília, onde elas se proliferam por vários pontos. Com a promulgação do decreto do Governo do Distrito Federal que revogou a proibição de shows — determinada por causa da pandemia — em bares e restaurantes, alguns estabelecimentos da capital voltaram a oferecer essa atração ao público. Para tanto, buscam seguir o protocolo de segurança, criado pelas autoridades sanitárias.
 
Os apreciadores das rodas de samba aos poucos têm voltado a prestigiá-las em locais como o Outro Calaf (Setor Bancário Sul), às terças-feiras, a partir das 21h; Bar Brahma (201 Sul), Basic Bar (Avenida Araucária, Águas Claras), às quartas-feiras, às 20h; Bar Brahma, aos sábados, com início às 13h30; Pinella (408 Norte), às 20h; e Primeiro Bar (SIG Quadra 08), aos domingos, às 15h e 17h30. Hoje, ao meio-dia, quem retoma às atividades é o Café Musical do Clube do Coro, no Eixo Monumental. Confira onde sambar.
 

 (Arquivo pessoal)

 

 
Outro Calaf, 7 na Roda — Interrompida no começo de março, a tradicional roda de samba comandada pelo grupo 7 na Roda, ocorre às terças-feiras, no Outro Calaf, e voltou no dia 6 último, agora a partir das 21h. “No período em que ficamos sem ter contato com o público, em função da covid-19, fizemos algumas lives, pesquisamos novos sambas para incluir no repertório, mas sentíamos muita falta de apresentações ao vivo, trocando energia com as pessoas que têm nos acompanhado ao longo dos anos”, ressalta o cantor e pandeirista Breno Alves. “Retomamos as apresentações em outro formato. Antes, as apresentações eram no meio do salão e, agora, obedecendo a orientação do protocolo de segurança, estamos tocando no palco. Com esse novo normal houve a necessidade de limitar a capacidade do espaço, com todos os espectadores sentados em mesas. Em volta da mesa, é colocada uma linha demarcatória, com os ocupantes dos quatro ou seis lugares usando máscara”, completa.
 

 (Iza Serra/Divulgação)

 

 
Basic Bar, Coisa Nossa — O mais antigo grupo de samba de Brasília, criado há 40 anos, o Coisa Nossa sempre esteve em atividade, com passagem por vários palcos da capital e de algumas cidades do país. No momento, o cantor e pandeirista Marcelo Sena, líder e fundador do conjunto, se apresenta às quartas-feiras, a partir das 20h, no Basic Bar, na Avenida Araucária, em Águas Claras, acompanhado por Calabar (cavaquinho), Júnior Morgado (violão) e Carlos Henrique (surdo). “Temos orgulho de ser o único grupo de samba de Brasília que se mantém firme e forte, perto de comemorar 41 anos de carreira. Depois da flexibilização, voltamos a nos apresentar, o que nos traz grande satisfação”, celebra Marcelo.
 

 (Renato Cortez/Divulgação)

 

 
Bar Brahma, Sambadubar — Cavaquinista com atuação destacada na cena musical da cidade, Nelsinho Serra é o líder do Sambadubar, grupo que comanda a roda de samba do Bar Brahma, desde o dia 10 deste mês, sempre aos sábados, com início às 13h. “Tenho em minha companhia Vinicius Viana (violão 7 cordas) e Júnior Viegas (percussão). No vocal, se revezam as cantoras Anahi e Karla Sangaletti. As pessoas, que estavam saudosas de curtir samba ao vivo, está de volta, mas, por enquanto, só para assistir, porque ainda não podem dançar”, conta Nelsinho. “Por causa do corona, ficamos sete meses sem fazer uma das coisas que mais gostamos, que é tocar e cantar. Quem gosta de ouvir choro também é atendido, pois clássicos do gênero de mestres como Pixinguinha, Jacob do Bandolim e Waldir Azevedo, fazem parte do nosso repertório”, anuncia o instrumentista.
 

 (Arquivo pessoal)

 

 

 

Pinella, Carla Sangaletti Trio – Bar e restaurante localizado no chamado Baixo Asa Norte, o Pinella, há algum tempo, se tornou um lugar de paquera, mas, principalmente de boa música. A roda de samba do local é muito concorrida e isso pode ser notado, agora no retorno da programação. “Mesmo me ocupando com vários afazeres em meio à pandemia, inclusive participando de lives, não via a hora de voltar a me apresentar em rodas de samba, com a presença do público. A do Pinella, que comando há algum tempo, foi retomada, o que me trouxe grande alegria”, comemora Carla Sangaletti. Ela tem ao seu lado o violonista Rodrigo Dantas e o cavaquinista Pedro Molusco. “Sinto que as pessoas estão adorando a retomada da programação musical. Temos aqui um público cativo, na faixa dos 25 anos, que aprecia o samba tradicional, de mestres do gênero”, complementa a cantora.
 

 (Robson Cesco/Divulgação)

 

 

 

Café Musical, Teresa Lopes — Com as portas fechadas há sete meses, o Café Musical do Clube do Choro retoma a programação, hoje, ao meio-dia, tendo como atração Teresa Lopes, nome de destaque do samba na cidade. “A nossa roda de samba, regada por deliciosa feijoada, firmou-se como uma das boas opções, para quem aprecia música de qualidade na cidade”,afirma Marília Castro, que dirige o estabelecimento. “Depois do paradeiro geral, vamos celebrar a reabertura da casa, com o samba de primeira de Teresa Lopes e dos músicos que vão acompanhá-la”, festeja.
 
 (Israel Szerman/Divulgação)  

 

Primeiro Bar, Elas que Tocam — Banda formada só por mulheres, que surgiu em 2019, o Elas que Tocam é o destaque da roda de samba que ocorre aos domingos, a partir das 15h, no Primeiro Bar, no Setor de Indústrias Gráficas/ Sudoeste, com abertura de grupo convidado. “Decidimos formar o Elas que Tocam no ano passado, depois de observarmos que, na cena musical de Brasília, não havia nenhum grupo feminino tocando pagode. Como sempre gostamos desse gênero, decidimos nos juntar, para tocar e cantar sucessos de Thiaguinho, Dilsinho, Ferrugem e Sorriso Maroto”, explica a vocalista, Maísa Lameira. “Estamos felizes por poder voltar a mostrar nosso trabalho, nos apresentando no Primeiro Bar, que nos deu ótima acolhida”, ressalta.
 

Correio Braziliense sexta, 23 de outubro de 2020

PELÉ: NUNCA HOUVE UM REI COMO ELE

Jornal Impresso

 

Pelé: Nunca houve um rei como ele

 

Que seja infinito enquanto dure...
 
Quarenta e cinco craques foram eleitos melhores do mundo desde a estreia de Pelé como jogador, em 1956. Rei faz, hoje, 80 anos sem perder majestade e com legião de príncipes aos pés

 

Marcos Paulo Lima

Publicação: 23/10/2020 04:00

 (Kleber Sales/CB/D.A Press)  
 
Com as devidas adaptações e licenças poéticas à letra da música Mulheres, interpretada por Martinho da Vila, a exigente dona bola já teve parceiros eleitos melhores do mundo de todas as cores, de várias idades, de muitos amores. Com uns até certo tempo ficou. Pra outros, apenas um pouco se deu. Madame bola já teve craques do tipo atrevido, do tipo acanhado, do tipo vivido. Gênios cabeças e desequilibrados. Astros confusos, de guerra e de paz. Mas nenhum deles fez a senhorita bola tão feliz como Edson Arantes do Nascimento, o Rei Pelé, faz há 80 anos.
 
Nascido em 23 de outubro de 1940, o mineiro de Três Corações estreou como jogador profissional no feriado do Dia da Independência, em 1956, contra o Corinthians de Santo André (SP). Coincidentemente, naquele ano, a revista France Football inaugurava o prêmio mais tradicional. O inglês Stanley Matthews do Blackpool conquistava o Ballon d’Or (Bola de Ouro) — restrito a jogadores em atividade na Europa até 1994. Mais tarde, em 1991, surgiu o Fifa Player of The Year da Fifa, rebatizado Fifa The Best.
 
Levantamento do Correio mostra que, da estreia de Pelé no futebol até hoje, 45 jogadores diferentes conquistaram a Bola de Ouro e/ou a estatueta da Fifa. Outros dois ganharam o prêmio em caráter especial: Maradona, que atuou na Europa por Barcelona, Napoli e Sevilla; e Pelé, fiel ao Santos e depois ao Cosmos, nos EUA.
 
Mal sabiam os criadores das diferentes e badaladas distinções que Edson Arantes do Nascimento nasceu para ser hors concours. Enquanto os vencedores em série se achavam reis nos limites geográficos da Europa, Pelé deixava o mundo aos pés dele com as conquistas de três Copas (1958, 1962 e 1970), duas Copas Intercontinentais, duas Libertadores e 1.283 gols. Em 19 de novembro de 1969, a Terra parou para testemunhar o milésimo gol da majestade.
 
O reconhecimento ao mandato infinito do Rei que não abdica partiu de vários príncipes melhores do mundo. Vencedor da Bola de Ouro, em 1966, ao levar a ao brindar a  Inglaterra com o título inédito da Copa do Mundo, o ídolo do Manchester United, Bobby Charlton, 83, definiu o Rei. “Às vezes, acho que o futebol foi inventado para esse jogador mágico”.
 
Coroado Bola de Ouro em 1971, 1973 e 1974, Johan Cruyff (1947-2016) também assumiu o papel de súdito. “Pelé foi o único jogador de futebol a superar os limites da lógica”. Antes de Messi e de Maradona, o argentino naturalizado espanhol Di Stéfano (1926-2014) era colocado no patamar do melhor de todos os tempos. Mas até o craque laureado em 1957 e 1959 desceu do pedestal. “O melhor de todos os tempos? Pelé. Messi e Cristiano Ronaldo são ótimos jogadores com qualidades específicas, mas Pelé era melhor”.
 
Eleito cinco vezes melhor do mundo, Cristiano Ronaldo endossa na língua de Camões. “Pelé é o maior jogador na história do futebol, e só haverá um Pelé no mundo”.
 
O Rei não se distingue dos melhores do mundo só na bola. É simpático com a maior ameaça. “Messi é incansável, maravilhoso e brilhante. É lindo te ver jogar. Bem-vindo ao clube dos 700 gols. Obrigado pelo espetáculo”, postou Pelé, em 2 de julho, nas redes sociais. Aos 30 anos, o Rei tinha três Copas e mais de mil gols. Messi, 33 não tem Mundial, mas pode alcançar o milésimo gol.
 
Pelé foi além do futebol. Desfilou no mundo da política, economia, cultura... Cumpriu a profecia de Andy Warhol (1928/1987), papa do pop art. “No futuro, todo mundo será famoso por 15 minutos. Todo mundo, vírgula. Pelé será famoso por 15 séculos”.
 
O negro pobre de Três Corações (MG) tornou-se Cavaleiro Honorário do Império Britânico. Recebeu a distinção luxuosa das mãos da Rainha Elizabeth II. Ganhou status de Cidadão do Mundo pela Organização das Nações Unidas (ONU). Foi celebrado por presidentes do EUA, na Casa Branca, e pelo papa, no Vaticano.
 
Lutou no estilo Pelé de ser contra o racismo, como no discurso do Rei documentado na autobiografia publicada no Brasil, em 2006, pela editora Sextante. “A escravidão não está muito distante no passado — sou apenas da terceira geração que nasceu livre na minha família. Gritem comigo: ‘Digam não ao racismo’”, pediu o Rei, em 2010, no estádio Newlands, quando a anfitriã África do Sul aguardava pelo início da Copa do Mundo.
 
Aos que duvidam, hoje, da eficiência e da arte de Pelé no futebol pós-moderno, ele mesmo deu a resposta quando celebrou 70 anos. “Michelangelo pintaria bem hoje? Mozart tocaria bem? Pelé jogaria bem? Claro. As condições são melhores”. Neste 23 de outubro, resta-nos citar o último trecho do Soneto de Fidelidade, de Vinícius de Moraes, em saudação ao rei: “Que seja infinito enquanto dure”.
 
“Às vezes, acho que o futebol foi inventado para esse jogador mágico”
 
Bobby Charlton, Bola de Ouro em 1966
 
“Pelé foi o único jogador de futebol a superar os limites 
da lógica”
 
Johan Cruyff (1947-2016), Bola de Ouro em 1971, 1973 e 1974
 
“Chegando aos 80 com saúde. Quando for para o céu, espero que Deus me receba da mesma maneira que todos me recebem, hoje, pelo nosso querido futebol”
 
Edson Arantes do Nascimeento, Pelé
 

Correio Braziliense quinta, 22 de outubro de 2020

BRASÍLIA TEM NOVO ARCEBISPO: COM PAULO CEZAR COSTA

Jornal Impresso

Brasília tem novo arcebispo
 
Dom Paulo Cezar Costa é nomeado pelo papa Francisco ao cargo, que estava vago há quatro meses, após a transferência de dom Sergio da Rocha para a arquidiocese de Salvador. A posse está prevista para dezembro

 

Ana Maria da Silva*

Publicação: 22/10/2020 04:00

Dom Paulo Cezar Costa era bispo de São Carlos (SP) (Diocese de Sao Carlos/Divulgação)  

Dom Paulo Cezar Costa era bispo de São Carlos (SP)

 



Após quatro meses de espera, o papa Francisco nomeou, ontem, dom Paulo Cezar Costa para ser o novo arcebispo de Brasília. O anúncio foi publicado no Boletim de Imprensa da Santa Sé ao meio-dia do horário de Roma, 7h no horário de Brasília. O cargo estava vago desde março, quando dom Sergio da Rocha foi transferido para a arquidiocese de Salvador, e era ocupado interinamente por dom José Aparecido, administrador da arquidiocese. A posse está prevista para dezembro.

Natural de Valença (RJ), o religioso de 53 anos foi nomeado bispo pelo papa Bento XVI em 24 de novembro de 2010 e ordenado em 5 de fevereiro de 2011, em sua cidade natal. Como lema de ordenação episcopal, escolheu a frase “Tudo suporto pelos eleitos”. Teve sua caminhada eclesial marcada pela organização da Jornada Mundial da Juventude no Brasil, que reuniu mais de quatro milhões de jovens e teve a oportunidade de conviver com o papa Francisco. Em 2016, tornou-se bispo de São Carlos (SP), quando administrou cerca de 120 paróquias, com 149 padres e aproximadamente 1 milhão de fiéis.

“O papa me pede pra partir e eu, com liberdade no coração, disse ‘sim’. Sempre ouvi, na voz dos superiores, a voz de Deus, e através do pedido do papa, vejo um novo projeto de Deus para mim, agora nessa grande, jovem e desafiadora cidade que é Brasília”, ressalta o novo arcebispo, em entrevista ao Correio Braziliense. “Vou com alegria, com abertura de coração, disposto a doar o melhor de mim para que a igreja de Brasília seja cada vez mais bonita. Vou com a disposição de construir a cultura do diálogo, do encontro com a sociedade e de ser presença do bom pastor na vida do nosso amado povo, dos católicos da diocese de Brasilia”, diz dom Paulo.

O intuito, segundo o religioso, é conduzir a arquidiocese de Brasília com muito respeito. “É uma igreja jovem, mas que já possui sua tradição, que tem uma caminhada. Então, pretendo conhecer, encontrar as pessoas, pastorais, movimentos e instituições”, pondera. De acordo com os sacerdote, há muito ânimo para a nova jornada. “Vou com a disposição de dar algo, de fazer com que a igreja de Brasília, que já é viva, seja cada vez mais missionária, uma igreja evangelizadora, uma igreja em saída, que vá ao encontro das periferias urbanas. Uma igreja que vá ao encontro de todos”, completa.

Coração aberto
O novo sacerdote deixa uma mensagem aos fiéis brasilienses: “Me esperem em uma atitude de oração. Eu vou com o coração aberto, disposto a entrar na vida dessa igreja com muito respeito, na disposição de ser bom pastor. Vou com a disposição de encontrar os diversos setores da vida dessa cidade, das cidades-satélites, e de também ouvir e dar a minha contribuição, de caminhar juntos para que possamos construir pequenos e grandes projetos. Vou com o coração aberto, e peço que me acolham com o coração aberto”, garante.

* Estagiária sob a supervisão de Adson Boaventura

Correio Braziliense quarta, 21 de outubro de 2020

UnB RECEBE NOTA MÁXIMA DO ENADE EM 10 CURSOS

Jornal Impresso

UnB recebe nota máxima do Enade em 10 cursos
 
Resultados do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) apontam que 10 graduações da Universidade de Brasília e uma da Escola Superior de Ciências da Saúde (Escs) tiveram a mais alta pontuação. Entre as da UnB, está arquitetura, onde estuda Karen Mendes (foto).  (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
 
Distrito Federal teve 11 graduações com maior pontuação no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes. Reitora Márcia Abrahão destaca a inovação científica e o comprometimento de estudantes e professores
 

 

» ALAN RIOS

Publicação: 21/10/2020 04:00

Estudante de arquitetura, Karen Mendes fez a prova em 2019 e acredita que os resultados dão visibilidade à UnB (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  

Estudante de arquitetura, Karen Mendes fez a prova em 2019 e acredita que os resultados dão visibilidade à UnB

 



Resultados do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) divulgados, ontem, mostram que 11 cursos de ensino superior no Distrito Federal atingiram nota máxima na avaliação de 2019. A análise é um dos processos do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), e foi detalhada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), ligado ao Ministério da Educação (MEC). Ao todo, 150 cursos da capital foram observados, de 29 áreas (veja Lista de cursos). A Universidade de Brasília (UnB) teve destaque na pesquisa com 10 graduações entre as 11 que alcançaram a maior pontuação. A 11ª da lista é enfermagem, da Escola Superior de Ciências da Saúde (Escs), instituição que também é pública. Os índices variam de 1 a 5, sendo que as notas 1 e 2 são consideradas insatisfatórias. Outras instituições de ensino privadas e públicas do DF tiveram 48 notas 4, outras 48 notas 3, mais 39 notas 2 e três cursos avaliados no conceito 1, além de um sem classificação.

A prova é realizada a cada três anos com as mesmas áreas, o que significa que os cursos avaliados em 2019 voltam a ser analisados em 2022. O exame tem 40 questões, sendo 10 de formação geral — que aferem aspectos da formação profissional — e 30 de componente específico — com perguntas sobre a área na qual o aluno está se formando. Assim como foi verificado no DF, de maneira geral, nas outras unidades da Federação, o desempenho dos estudantes de instituições públicas foi melhor que o de alunos de universidades e faculdades particulares. Um dos motivos que pode explicar isso é o conceito de aplicações em atividades universitárias além do campo do ensino, como pontua a reitora da UnB, Márcia Abrahão Moura.

Ensino público

“O Enade avalia também a qualidade da nossa pesquisa e extensão. Grande parte da formação do estudante é influenciada também por inovações científicas, pela relação com a sociedade. Temos quase 100% dos docentes com doutorado, formados nas melhores universidades do mundo, mostrando em conjunto com os alunos a capacidade de uma pesquisa de excelência. Nesta pandemia mesmo estamos atuando no combate à covid-19 com pesquisas para a população, como o teste da vacina chinesa, por exemplo, que a UnB está participando”, lembra Márcia. Para a reitora, as conclusões divulgadas ontem são satisfatórias também por mostrarem que o investimento público nas instituições de ensino superior acabam sendo recompensados.

“O financiamento público da UnB vem da população brasileira. Ou seja, um resultado positivo como esse significa retornar à sociedade o investimento que ela prestou no ensino. Temos de comemorar nossa capacidade de estar sempre à frente, mesmo com situações adversas. As notas da UnB são expressivas e vêm como presente para Brasília nos 60 anos da cidade”, diz. Os cursos com conceito 5 da Universidade de Brasília foram arquitetura e urbanismo (integral e noturno), engenharia ambiental, engenharia civil, engenharia de produção, engenharia mecânica, farmácia (integral), nutrição e odontologia (esses nove do Campus Darcy Ribeiro) e enfermagem do Campus Ceilândia. Ainda houve 17 notas 4 na UnB e uma nota 3. Nenhum curso de graduação da instituição foi considerado insatisfatório, com as duas piores pontuações.

Estudante de arquitetura e urbanismo na UnB, Karen Mendes, 24 anos, fez a prova do ano passado. Prestes a se formar, ela considera que os bons resultados contribuem para a visibilidade da universidade. "Mesmo que o Enade não valha ponto para a faculdade em si, ele é muito importante para mostrar o nível do ensino. A parte da prova sobre conhecimentos específicos foi o que a gente aprendeu, não tinha nada que não tivesséssemos visto", avalia a jovem.

Catarina de Almeida Santos, integrante do comitê do DF da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, avalia que observar a educação como um processo, não um produto, é o melhor caminho para alcançar bons índices. “Os dados divulgados refletem a seriedade das universidades públicas, que olham a educação como um bem, um direito, não como um serviço a ser comercializado. Tudo isso é importante no processo de formação e mostra muito que a instituição pública olha a questão geral, não só o ensino”, opina.

A especialista destaca que a dedicação de alunos e professores nesse sistema pedagógico, para o desenvolvimento da instituição e da sociedade que a cerca, provocam boas notas. “Grande parte dos cursos com melhores avaliações estão vinculados às instituições públicas, porque elas não são simplesmente de ensino. Têm alunos que se dedicam à universidade, desenvolvem ciência, integração, pensam as questões dos estágios. Muitos cursos bem avaliados são das áreas de saúde, que têm muito contato com a comunidade, por exemplo. Os professores também são dedicados, participam de pesquisas, publicações, não são só ‘aulistas’”, afirma Catarina Santos.

Rafael Vilela, 25, cursa o 11º semestre de engenharia de produção na UnB, outro curso que teve nota máxima no Enade. Para o jovem, o resultado, além de assegurar aos estudantes a qualidade do ensino prestado, abre portas para qualificações posteriores. "Caso eu queira fazer algum mestrado ou doutorado, (isso) pode ajudar muito se eu precisar de uma bolsa de estudos”, diz o estudante.

Reitora Márcia Abrahão:  

Reitora Márcia Abrahão: "O financiamento público da UnB vem da população brasileira"

 



Desempenho


Outro índice divulgado ontem foi o Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado (IDD). Ele faz um paralelo com o desempenho do aluno no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para calcular o quanto os estudantes que estão terminando o curso se desenvolveram ao longo do percurso acadêmico. Apenas três cursos obtiveram nota máxima no IDD 2019: enfermagem do Centro Universitário de Brasília (UniCeub), engenharia da computação do Centro Universitário do Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb) e agronomia no Centro Universitário Icesp (Unicesp). Cinco cursos do DF tiveram nota 1 no IDD: medicina no Uniceplac, enfermagem no Centro Universitário Estácio de Brasília, enfermagem e farmácia no Uniplan e arquitetura e urbanismo no Iesplan.

Simone Maria Espinosa, diretora institucional de Regulação e Avaliação do UniCeub, explica que “o IDD mostra o quanto o aluno agregou de conhecimento”. “Essa nota de enfermagem mostra que o curso agregou muito em relação tanto aos conhecimentos gerais, quanto aos assuntos específicos do curso. Atingimos um grau de maturidade interessante nesse sentido”, diz. Simone pondera que as instituições privadas têm como desafio realizar a conscientização dos estudantes quanto à importância da prova. “A luta que nós temos em relação ao Enade é para fazer com que o aluno faça a prova com interesse e com responsabilidade, porque a nota não é só para a instituição. Os professores fizeram o trabalho de conscientização e mostraram que eles evoluíram durante a jornada acadêmica que participaram. Para a instituição, esse é um instrumento de gestão, que permite saber o que foi feito de forma assertiva, olhar fragilidades dos nossos cursos e apresentar planos de ações”, considera.

Colaborou Tainá Seixas

  • Saiba mais

    Avaliação do MEC

    O Enade é um dos processos que integram o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) e busca aferir o desempenho dos estudantes em relação a conhecimentos, competências e habilidades desenvolvidas ao longo do curso. Cada área é avaliada a cada três anos. O teste permite que o MEC produza dois indicadores de qualidade: o conceito Enade e o Indicador de Diferença entre os Desempenhos Esperado e Observado (IDD). O conceito Enade é calculado a partir do desempenho dos alunos na prova. Já o IDD leva em conta também o desempenho do aluno no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), para medir o valor agregado pelo curso ao desenvolvimento dos estudantes concluintes.



  • Lista de cursos

    » Bacharelado:  
    agronomia, arquitetura e urbanismo, biomedicina, educação física, enfermagem, engenharia ambiental, engenharia civil, engenharia de alimentos, engenharia de computação, engenharia de controle e automação, engenharia de produção, engenharia elétrica, engenharia florestal, engenharia mecânica, engenharia química, farmácia, fisioterapia, fonoaudiologia, medicina, medicina veterinária

    » Superiores de tecnologia:  tecnologia em agronegócio, tecnologia em estética e cosmética, tecnologia em gestão ambiental, tecnologia em gestão hospitalar, tecnologia em radiologia, tecnologia em segurança do trabalho
 
 

Correio Braziliense terça, 20 de outubro de 2020

BRASÍLIA SEM RÉVEILLON E SEM CARNAVAL - FOLIA INTERROMPIDA

Jornal Impresso

Folia interrompida
 
Festas de réveillon e de carnaval promovidas pelo Governo do Distrito Federal estão suspensas por causa da epidemia de covid-19
 
Sem garantia de que a população será vacinada contra o coronavírus, GDF anuncia a suspensão das comemorações oficiais no fim de ano e nos festejos de Momo."Não há condições sanitárias de realizar as festas, por conta da covid-19", avalia o secretário de Cultura, Bartolomeu Rodrigues. 
Donos de blocos se mobilizam e avaliam alternativas para a festa. http://publica.impresso.correioweb.com.br/imgs/ancora_off.png (Maurenilson/CB/D.A Press)
 

 

» Paula Barbirato*
» Ricardo Daehn

Publicação: 20/10/2020 04:00

Carnaval 2020 no Setor Comercial Sul. Bloco sereias Tropicanas (Ed Alves/CB/D.A Press)  

Carnaval 2020 no Setor Comercial Sul. Bloco Sereias Tropicanas

 

 
 
A pandemia da covid-19 foi o fator alegado para que a Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), em decisão com o Governo do Distrito Federal (GDF), cancelasse os eventos oficiais do réveillon e do carnaval 2021. Em decisão ainda não oficial, o secretário da pasta Bartolomeu Rodrigues deixou claro: “Não há condições sanitárias de realizar as festas, por conta da covid-19”. “Embora não seja ainda um anúncio formal, já é uma prévia: sem vacina, sem segurança, não promoveremos aglomerações. Diferente de outras atividades culturais, o carnaval pressupõe contato físico, abraços e multidões. Nada indica que, até lá, teremos condições de abrir espaços públicos com essa finalidade”, completou ao Correio.
 
Nas últimas edições, os investimentos públicos nas duas festas foram da ordem de R$ 4 milhões no carnaval e de R$ 2,6 milhões no Ano Novo. Evitar a possibilidade de gerar inevitáveis aglomerações, comuns às festividades, levou a Secec a não “arriscar investimentos nessas grandes festividades”, expressa a nota oficial da Secretaria de Cultura. Quanto à realização de eventos privados, a Secec afirmou tratar, por enquanto, apenas da divulgação do corte de fundo público. O GDF endossou a resposta da secretaria.
 
Impacto nas escolas
 
Há seis anos, as escolas de samba do Distrito Federal não pisam na avenida para desfile. A tradição da cultura popular da capital, criada em 1962, sofre prejuízos de diferentes origens que envolvem o financeiro e também o afetivo. “Vamos completar sete anos sem atividades. É muito difícil manter as instituições assim”, afirma o presidente da Associação Recreativa Unidos do Cruzeiro (Aruc), Rafael Fernandes de Souza. Apesar de algumas atividades serem realizadas para ajudar economicamente a escola, a pandemia paralisou todos os encontros presenciais.
 
“Tivemos nossa primeira live no sábado, para escolher um samba enredo para 2021, mesmo sabendo que não iríamos para a avenida”, diz Rafael sobre a primeira transmissão ao vivo realizada pelo Instagram da Aruc, a fim de manter as atividades on-line e para comemorar os 59 anos que a escola completa amanhã. “Mas esperamos uma maior segurança sanitária, para a gente poder realizar alguma atividade carnavalesca, afinal, não queremos deixar esse movimento cultural morrer”, complementa o presidente.
 
O presidente da escola de samba Império do Guará, Edivaldo Lucas da Silva, traz uma perspectiva de quanto o carnaval movimenta a economia nas comunidades. “No lado financeiro, para nós que somos empresas sem fins lucrativos, não temos gastos diretamente só quando tem carnaval. As pessoas que trabalham estão sentindo falta, porque, nessa época, estão empregados”, pontua Edivaldo, que chama atenção para os engenheiros de carros alegóricos, os carnavalescos, a equipe de bateria, figurinistas, coreógrafos entre outros.
 
Edivaldo reconhece que o cenário atual é de se cuidar e evitar aglomerações, porém compartilha a dificuldade de encontrar apoio financeiro público. Por isso, sugere uma alternativa de fortalecer a relação com instituições privadas com leis de incentivo a cultura. “O meu objetivo é focar nas leis, em que o governo incentive mais as escolas de samba, como qualquer outra parte cultural, e também as empresas privadas, para que conheçam mais elas”, afirma o representante.
 
Efeito dominó
 
Entre os tradicionais e cada vez mais populares blocos de carnaval, houve surpresa, mas também algumas manifestações de apoio às decisões. “Estamos convivendo com um momento único. É muito difícil prever decisões que envolvam segurança sanitária. Talvez, fosse interessante mesmo adiar a festa. Concentrar festejos no aniversário dos 61 anos de Brasília, por exemplo, talvez fosse uma decisão mais coerente”, opina Pablo Feitosa, diretor do Suvaco da Asa, bloco que, em 2015, agitou mais de 100 mil foliões.
 
Afora a pandemia e a falta de vacina, que trazem “prejuízo para a cultura e para muitos trabalhadores, sem dúvida”, como destaca Pablo, há espaço para críticas paralelas. Há 15 anos na estrada, e com público atual na faixa de 35 mil pessoas, o bloco complementa com apoiadores o patamar anual de gastos superiores a R$ 200 mil. “Há os artistas a serem pagos e ainda a segurança. Diante das exigências do GDF, cerca de 70 a 80% do que é levantado vem a ser consumido na estrutura da festa. Entre artistas, seguranças e brigadistas, temos mais de 300 pessoas envolvidas. Há grupos, virtualmente dispensados (para 2021), como a Orquestra popular Marafreboi, Patubatê e Vivendo e Batucando, entre outros”, conta Pablo Feitosa.
 
Integrante de grupos brincantes como Rebu e o Bloco das Caminhoneiras, Dayse Hansa, uma das articuladoras do coletivo de blocos Fora do Armário (que conta com 36 blocos LGBTs), observa que há medida drástica do GDF. “Há pelo menos 10 anos, os blocos impactam o PIB, a receita local, estando entre os maiores festejos do calendário da cidade. A verba maior é de origem pública. Não é possível ser bloco de rua, sem receita de bilheteria, e não contar com subvenção do estado. Rendemos, de três a quatro vezes, os aportes iniciais”, comenta.
 
O Fora do Armário contabiliza pelo menos 400 mil foliões por ano concentrados em blocos como Essa Boquinha eu já Beijei, Bloco das Montadas, Bloco do Amor e mais 33 grupos. Diante da medida, o momento dos blocos é de mobilização e organização. “A palavra cancelamento não é apropriada. O correto seria adiar o carnaval. Fazê-lo em junho de 2021. Isso porque estamos num contexto de pandemia que matou 200 mil pessoas. Não tínhamos a dimensão dos efeitos dela, que traz a questão das aglomerações. No âmbito do coletivo, isso tudo é preocupante”, comenta Dayse. Os blocos teriam à disposição valores de editais, com faixas previstas entre R$ 15 mil e R$ 200 mil.
 
Com resultados de reunião anual de 8 mil a 30 mil pessoas a cada ano, o Bloco Eduardo e Mõnica, desde 2017 na pista, obteve apoio do GDF apenas no impulso inicial, pelo que explica o fundador Marquinho Vital. “Recorremos ao apoio de empresas, a partir de 2018. E ganhamos nova dimensão, em 2019 e 2020 (deslocados para Yurb), com o fator limitante para prover segurança”, observa Marco. A notícia dos cortes públicos chega na toada prevista por ele. “Havia a ideia de que não rolaria incentivo financeiro a grandes aglomerações, por parte do governo. A nossa preocupação é a de haver a possibilidade de ter eventos com número de pessoas grande, diante da pandemia e da falta de vacina”, sublinha.
 
 
 
*Estagiária sob supervisão de Igor Silveira

Correio Braziliense segunda, 19 de outubro de 2020

CONCURSEIROS: OS ESTUDOS CONTINUAM

Jornal Impresso

Os estudos continuam
 
Provas adiadas, bibliotecas e cursinhos fechados.
 
Em tempos de incerteza, concurseiros adaptam a rotina de preparação aos efeitos da pandemia, entre eles, o isolamento social, que fez com que a maioria das pessoas ficasse em casa

 

Thalyta Guerra*

Publicação: 19/10/2020 04:00

 

Mayara Neres conciliou os seus horários de estudos com os momentos de atenção à família (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  

Mayara Neres conciliou os seus horários de estudos com os momentos de atenção à família

 

 

Preparar-se para concursos públicos está mais difícil devido às medidas de isolamento social impostas pela pandemia do novo coronavírus. O Correio conversou com alguns concurseiros que viram a rotina mudar por força da crise sanitária. Com bibliotecas fechadas, crianças e adolescentes em casa e home office, novas estratégias de estudos tiveram de ser adotadas.


Para a advogada Camila Fontana, 30 anos, o silêncio é essencial para um bom ambiente de aprendizagem. Antes da pandemia, ela frequentava a biblioteca da faculdade onde se formou para estudar. Agora, tendo como alternativa apenas o apartamento onde mora com mãe, pai e dois irmãos, no Cruzeiro, a dedicação diminuiu. “O barulho é o meu maior desafio, porque acabo fazendo com que todos da casa sigam meus horários. Tevê alta nem pensar, nem ouvir música alta. Não consegui manter a rotina, falhei muitos dias”, lamenta.


Para a especialista em concursos públicos, psicóloga Juliana Gebrim, manter o bem-estar emocional enquanto se estuda para concursos públicos é fundamental, sobretudo no cenário atual. “A concentração é algo que deve ser analisada com profissionais da área de saúde. Inúmeros estudantes podem ter processos ansiosos, depressivos ou até um quadro de anemia. Aí, o aluno ‘enxuga gelo’, a autoestima fica abalada e a causa não é tratada”, explica.


A arquiteta e urbanista Mayara Neres, 26, conta que a dedicação exclusiva para os estudos, por si só, é estressante. “Um dos fatores pelo qual sempre preferi estudar na biblioteca a estudar em casa, era por conseguir manter uma rotina rígida, estudar em um ambiente silencioso, propício, e ter contato com outras pessoas que compartilhavam diariamente a mesma rotina, o que tornava tudo, de certa forma, até mais leve”, avalia.


Devido às medidas de enfrentamento à covid-19, Mayara teve de redobrar o empenho para seguir com os estudos em casa, em Samambaia, onde mora com pai, mãe e irmã. “Ao passar dos meses, acabei conseguindo estabelecer uma rotina à medida que conhecia melhor os horários, mais ou menos produtivos, e que, ao mesmo tempo, adequavam-se com as obrigações ligadas à família”, conta. “O esforço para conseguir me manter concentrada com o estudo em casa é imensamente maior, esforço esse, que considero responsável por um maior desgaste mental”, analisa.


Juliana Gebrim ressalta que o ambiente ideal para o aprendizado sempre será algo individual, conforme as necessidades de cada um, mas usualmente há semelhanças entre esses locais. “Um lugar organizado, claro e arejado sempre vai ajudar. Mas, é preciso observar se esse ambiente tem barulho, se é frequentemente movimentado por familiares, porque isso vai gerar interrupções que podem prejudicar a concentração. Ouço muitos depoimentos de pessoas que estudam em casa e sofrem com as interrupções dos parentes”, aconselha.


Mayara teve a prova suspensa por mais de uma vez, no início da pandemia e novamente no mês de setembro. Em casos como esse, a psicóloga recomenda que o candidato veja o adiamento do certame como uma oportunidade. “Quando os alunos reclamam sobre o cancelamento de alguma prova, eu sempre pergunto se eles se consideram 100% preparados para aquele concurso e todos, sem exceção, sempre respondem que não. Então, minha orientação é para que eles encarem isso como uma chance para tirar dúvidas com professores, reforçar aquele conteúdo que sempre teve mais dificuldade e cuidar do emocional para essa nova etapa de estudos”, explica.
A bacharela em direito Maíra Nunes, 33 anos, está há três anos estudando para concursos públicos, e a pandemia não facilitou o processo. “Foi muito difícil manter a rotina de estudos, até por conta de alguns problemas pessoais, mas, tenho para mim, que desistir não é uma opção. Voltei aos poucos e, hoje, consigo cumprir minha rotina de forma mais estabilizada”, relata.


Antes da chegada do novo coronavírus no DF, Maíra vivia com os pais, no Guará. Por serem idosos, ela se mudou, momentaneamente, para a Asa Norte.  “A pior parte do isolamento é ficar longe da minha família e dos meus amigos mais próximos. Não poder abraçá-los é muito ruim. Mas, penso que neste momento precisamos nos distanciar para podermos nos reencontrar o mais rápido possível”, afirma.


O que esperar?
Diretor-presidente e fundador do Gran Cursos Online, Gabriel Granjeiro acredita que o ciclo de aplicação de concursos deve ser adiado para o ano que vem e afirma que os candidatos não devem parar com os estudos, mesmo que não mantenham o ritmo de antes da crise sanitária. “O importante é gerar uma frequência que seja sustentável, alguns dias pode não conseguir, mas outros sim. Com o tempo, gera hábitos, e esses, geram a rotina e os resultados”, completa Gabriel.


Até o final deste ano, segundo Gabriel Granjeiro estão previstos os editais dos concursos da Secretaria de Educação do Distrito Federal e Secretaria de Saúde, da Polícia Civil do DF e da Polícia Federal (PRF). Para o ano que vem, de acordo com a Lei Orçamentária Anual (LOA), estão previstos os editais dos concursos para o Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT), Procuradoria-Geral do Distrito Federal (PGDF), Departamento de Trânsito (Detran), Procon e DF Legal. “Não está garantido, mas há um indicativo”, ressalta o empresário.

Estagiária sob a supervisão de Guilherme Marinho


Correio Braziliense domingo, 18 de outubro de 2020

DIA DO MÉDICO: DOS CONSULTÓRIOS, ELES INSPIRAM

Jornal Impresso

Dos consultórios, eles inspiram
 
 
No Dia do Médico, comemorado hoje, profissionais de diversas especialidades e pacientes falam sobre a rotina deles e o dia a dia durante a pandemia do novo coronavírus

 

Publicação: 18/10/2020 04:00

Ana Helena Germoglio 
inspirou-se na profissão da 
mãe ao tornar-se infectologista (Edgar Marra/Divulgação - 29/6/20)  

Ana Helena Germoglio inspirou-se na profissão da mãe ao tornar-se infectologista

 


» CAROLINE CINTRA
 
Responsáveis por cuidar e promover a saúde de toda a população, os médicos têm papel fundamental na vida de todo ser humano, seja incentivando uma rotina saudável, orientando na prevenção contra doenças ou tratando determinadas enfermidades. No Brasil, hoje, 18 de outubro, é comemorado o dia desses profissionais, que merecem todo respeito e reconhecimento pelo trabalho árduo e dedicação à vida do próximo. A data foi escolhida em homenagem a São Lucas, o padroeiro da medicina (leia Você sabia…). Embora tenham o dia a dia sempre agitado, esse ano, os médicos tiveram de enfrentar algo novo e redobrar esforços para trabalhar no combate da covid-19.
 
Nascida em João Pessoa (PB),  Ana Helena Germoglio, 40 anos, inspirou-se na profissão e especialidade da mãe, também infectologista. Ela lembra que na infância, às vezes, saia da escola e não tinha onde ficar, então, era levada para o hospital. “Eu tenho essas lembranças fortes na memória, da rotina dela. Aprendi muito com minha mãe e ela também foi minha professora da faculdade. Foi dela que veio essa vontade em mim. Nunca me vi fazendo outra coisa”, diz.
 
Para ela, a especialidade ainda é discriminada, por lidar com doenças consideradas tabus, como a Aids. “A maioria das pessoas mal sabia do infectologista antes da pandemia. O profissional era deixado de lado, era considerado muito hospitalar. Ninguém tem um infectologista. A pandemia deu uma visibilidade a mais”, afirma a especialista.
 
Hoje, Ana Helena é um desses profissionais que atuam na linha de frente do combate à doença e precisa dedicar-se integralmente aos pacientes. Desde fevereiro, quando o novo coronavírus chegou ao Brasil, ela está à disposição 24 horas por dia. Quando não no consultório, pelo celular. “Nunca trabalhei tanto e nunca estudamos tanto em tão pouco tempo, porque ainda sabemos pouco da doença. Traz um cansaço psicológico e físico para todos que trabalham no controle da infecção. Precisei ficar dois meses longe do meu filho, porque temos de cuidar de quem mora com a gente também. Valeu a pena, eu faria tudo de novo. Passaria todos os perrengues novamente”, declara. 
 
Paixão
Especialista em cirurgia cardiovascular e atual coordenador das unidades de terapia intensiva (UTIs) dos hospitais Santa Luzia e DF Star, Marcelo Maia, 55, está na profissão a quase três décadas. Para ele, a paixão pelo trabalho é o que dá forças para seguir, até mesmo nos dias mais exaustivos. Ele também tem atuado na linha de frente, tratando pacientes com covid-19 em estado grave. “Trabalhar em terapia intensiva é exaustivo. A gente lida com todo tipo de situação. Quando um paciente falece, é uma dor para todos, porque nos envolvemos com a família, que já estava ali fragilizada. Mas, nós médicos, não passamos por tudo isso sozinhos. Tem uma equipe que atua conosco, trabalhamos em conjunto para ter o melhor resultado”, afirma.
 
De uma família predominantemente de empresários, Marcelo sonhava desde a infância em ser médico. Nascido em São Paulo, ele fez residência na Santa Casa de São Paulo. Em 1998, desembarcou no Distrito Federal para atuar na profissão. O cirurgião lembra da primeira vez que pisou no hospital como médico. “Foi muito bom. Comecei a ver os pacientes como sendo minha responsabilidade e a colocar em prática a teoria aprendida em anos. Ser médico é ter paixão pelo o que faz, porque é uma atividade diária”, lembra.
 
Morador do Sudoeste, o aposentado Paulo César Zoghbi, 60, foi diagnosticado com o novo coronavírus e precisou ficar 14 dias internado na UTI do Hospital Santa Luzia. Aos cuidados do intensivista, ele contou que a equipe médica tornou-se família no período de isolamento. “Tinha contato com meu filho por videochamada no celular, era a forma de suprir a necessidade de afeto. O doutor Marcelo e toda a equipe foram muito atenciosos. Esses profissionais merecem ser mais valorizados. Estão na linha de frente, correm risco e merecem todo reconhecimento”, destaca.
 
Emoção
Quando criança, a oncologista da Oncoclínicas Brasília Ludmila Thommen, 38, sonhava em ser pediatra. Enquanto cursava medicina, a mãe dela descobriu um tumor no cérebro e começou um tratamento contra o câncer. Como precisou cuidar da mãe durante o processo, decidiu optar pela oncologia. “Despertou essa vontade em mim. Trabalhei no Hospital do Câncer de Mato Grosso, mais ou menos no mesmo período. Tive contato com crianças e adultos com a doença e decidi ir para esse caminho”, conta.
 
Ela lembra que assim que começou atuar na área sentiu-se angustiada e precisou aprender a controlar as emoções. “A gente lida com algo muito importante do ser humano, que é a vida, transformamos vidas. Chegamos da faculdade, normalmente, sem muito contato com o paciente, mas a prática do dia a dia nos molda a criar nosso jeito de lidar com cada situação”, explica. 
 
No começo da pandemia, a oncologista ficou receosa dos pacientes interromperem o tratamento, por fazerem parte do grupo de risco. “Nenhum deles abandonou o tratamento. Precisamos nos adaptar ao momento, tentamos fazer telemedicina. Eles ficaram mais isolados nesse momento. Desde setembro, começaram a voltar presencialmente. Eles têm essa consciência de se cuidar, e estão voltando a fazer os exames”, afirma Ludmila. 
 
Para ela, ser oncologista vai além de uma relação entre médico e paciente. “Temos de ir além, entender o próximo de forma integral”, destaca. Essa aproximação fez com que ela se tornasse amiga de muitos pacientes. Como é o caso da professora Rosilda de Souza, 44. Ela foi diagnosticada com câncer de mama em julho de 2018, quando conheceu a oncologista. “Criamos um vínculo enorme. Comecei o tratamento e ela sempre foi cuidadosa, criamos uma amizade mesmo”, afirma. Curada da doença no início de 2019, Rose diz que deve muito à médica. “A amizade ajudou na minha cura. O tratamento ficou mais leve, mais tranquilo. Ela está sempre disponível, até hoje”.
 
Pioneiro
“Acompanhei a evolução da medicina, desde quando não havia o eletrocardiograma”. A declaração é do cardiologista do Instituto do Coração de Taguatinga (ICTCor) Ayrton Perez, 73, que comemora 50 anos de profissão. Nascido em Pouso Alegre (MG), ele chegou em Brasília no ano da inauguração da nova capital do país, em 1960. Integrou a segunda turma de medicina da Universidade de Brasília (UnB) e, hoje, é um dos mais conceituados profissionais da sua especialidade. A ideia de ser médico surgiu ainda na época escolar. Ele conta que o sonho maior era encontrar a cura do câncer. Antes dele, na família, apenas seu avô seguiu carreira médica. Hoje, dois netos também optaram pelo mesmo caminho.
 
A paixão pela cardiologia começou na faculdade. “A escola de medicina da UnB foi inovadora no ensino médico, colocava os alunos mais cedo na prática. A partir do quarto ano, tínhamos de trabalhar no hospital. Quando fui pela primeira vez, o coração estava acelerado”, relembra. À época, tinha o apoio dos professores nos procedimentos. “Depois de formado, não podia chamar mais ninguém, eu era o médico”, brinca Ayrton.
 
No 50º ano de profissão, ele se sente realizado, satisfeito e grato. “Tivemos a chance de realizar vários relatórios de ações e doutorado. Mas, o mais importante, é minha relação com os pacientes. É para a vida inteira. Uma parceria, amizade e relação de confiança”, declara o cardiologista. “A medicina evoluiu nos últimos 50 anos, e em 10 tudo vai mudar, com a ajuda da inteligência artificial. Acompanhar tudo isso é gratificante e emocionante”, finaliza.
 
 
Você sabia...
 
» O Dia do Médico é comemorado em 18 de outubro, pois faz referência ao Dia de São Lucas, o santo padroeiro da medicina. Ele era médico e foi um dos apóstolos de Jesus Cristo e autor de Atos dos Apóstolos e de um dos evangelhos da Bíblia, que leva seu nome. Em seus textos, é comum encontrar histórias de muitos milagres, inclusive voltadas à cura. 

Correio Braziliense sábado, 17 de outubro de 2020

AS FORTES RAÍZES SERTANEJAS

Jornal Impresso

As fortes raízes sertanejas
 
Representantes da arte e cultura caipira do centro-sul do Brasil resgatam a ancestralidade do gênero, ao passo que ocupam e se adaptam às novas mídias

 

» Lisa Veit*

Publicação: 17/10/2020 04:00

Volmi Batista lança primeiro disco solo Batuques e Calangos, pelo projeto Caboclo (LR Fernandes/Divulgação)

 

 
Volmi Batista lança primeiro disco solo Batuques e Calangos, pelo projeto Caboclo
 
Casa do Cantador, em Ceilândia: um dos locais de resistência da música caipira (Bárbara Cabral/Esp. CB/D.A Press)

 

 

Casa do Cantador, em Ceilândia: um dos locais de resistência da música caipira

 

 
 
 
Na busca de raízes ainda mais profundas e copas mais frondosas e altas, a cultura caipira tem resgatado (com novas produções e pesquisas) as matrizes da própria sonoridade, do imaginário e das tradições, ao mesmo tempo em que deseja ter maior visibilidade, reconhecimento e fomento. A música caipira, por exemplo, materializada na madeira sinuosa e nas (10 ou 12) cordas da viola, resiste ao tempo e à discriminação do mercado fonográfico. Há muito tempo, a vertente caipira é associada a uma imagem oposta à modernidade.
 
“Tem um ditado muito certo que diz: ‘A música caipira nunca foi sucesso (na grande mídia), mas também nunca deixou de ser sucesso’. O que muita gente faz aqui é ainda mais profundo: a busca das raízes ancestrais da música caipira. Muitos investidores — que têm financiado lives — dizem que o nosso produto não interessa ao público consumidor deles, em sua maioria, jovens. E, nesse momento, embora não pareça, o movimento da música caipira está muito bem atualizado sobre as novas mídias e sobre as novas formas de participação”, diz Volmi Batista, violeiro, músico e pesquisador, atuante no movimento cultural de Brasília há mais de quatro décadas.
 
Os cantos da manhã, consagrados nas rádios interioranas do Brasil, presentes em programas de tevê, como Brasil caipira, ou a tradicional Viola, minha viola, anteriormente apresentado por Moraes Sarmento e Nonô Basílio, e, em seguida, pela parceria entre Sarmento e Inezita Barroso, agora também podem ser encontrados nas plataformas digitais e lives nas redes.
 
Em 2019, a música caipira comemorou 90 anos, tendo com referência o primeiro EP gravado da história, em 1929, por Cornélio Pires, que possibilitou a inserção dessa música no meio fonográfico, na rádio e no contexto urbano. Volmi comemorou esse aniversário no tradicional Encontro dos Violeiros e Violeiras do DF, promovido pelo Clube do Violeiro Caipira de Brasília, e fala sobre a inserção da data no calendário oficial. “Nós estamos com o projeto da criação do Dia Nacional da Música e da Viola Caipira desde de 2016, no Congresso Nacional, em homenagem a esse segmento, uma das mais importantes cadeias produtivas da cultura brasileira.” Assim, a comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) aprovou o projeto que institui 13 de julho como o Dia Nacional da Música e Viola Caipira (PL nº 7881/17).
 
Pouco tempo depois da iniciativa on-line Viola Central, apresentada pelo Correio ainda em julho deste ano, Volmi Batista faz a estreia dupla em um outro projeto do movimento cultural caipira, Caboclo, com o primeiro disco solo, Batuques e calangos. O disco é o produto inicial do projeto que, por meio de diversas linguagens artísticas, propõe uma contribuição na visibilidade “a esse rico e pouco conhecido sertão profundo do nosso Brasil”, a partir da figura miscigenada do caboclo.
 
Em Batuques e calangos, Volmi descreve uma conversa entre os ritmos que dão nome ao álbum, e entre diversas outras expressões da música popular brasileira, como o maracatu, a catira tocantinense, a congada (em Linda cabocla), e ainda, o rock rural (de Mês de agosto). “O disco é composto de 14 faixas, diversificadas tanto na parte rítmica quanto na linguagem poética, tem muito linguajar típico. Contemplo praticamente todas as regiões do Brasil nesse disco, musicalmente falando”, ressalta Batista. “Tive a felicidade de gravar, o Canto das fiandeiras, em 2003, quando Dona Gercina ainda era viva. Gravei duas músicas dela, a outra é Tá tudo errado, que mostra o talento que tinha essa figura popular da Sagarana, em Minas Gerais”, completa.
 
O disco conta com parcerias, como o violeiro Galba, em Calango bambo, além de trazer vocais de Geralda e Mariana, esposa e filha de Volmi, respectivamente, e pode ser conferido no Spotify, Deezer e outras plataformas, como também no canal do YouTube. Agora, o músico espera a chegada da versão física em CD, para marcar a live de divulgação.
 
O violeiro caipira destaca os desafios da produção na pandemia. Diz que sentiu muito não poder contar com a batida original do tambor-onça na canção Batuque da rainha, ou pela mudança feita no ritmo da catira tocantinense, na falta dos pandeirões típicos, impedidos de serem levados ao estúdio. “Apesar disso, muitas pessoas tiveram a oportunidade de escutar e gostaram do trabalho. Senti que consegui mostrar essa diversidade rítmica e de linguagem da cultura popular”, conclui.
 
*Estagiária sob supervisão de Igor Silveira
 

Correio Braziliense sexta, 16 de outubro de 2020

DINHEIRO NA CUECA LEVA GOVERNO A AFASTAR O VICE-LÍDER

Jornal Impresso

Dinheiro na cueca leva o governo a afastar vice-líder

Flagrado com R$ 33 mil na cueca, em operação da Polícia Federal que investiga o desvio de recursos destinados ao enfrentamento à covid-19 em Roraima, o senador Chico Rodrigues (DEM-RR) provocou rápida reação do Palácio do Planalto. Aliado e velho conhecido de Bolsonaro, ele se viu obrigado a deixar o cargo de vice-líder do governo no Senado. E o presidente ainda destacou a ação da PF como prova de que, na sua gestão, o combate à corrupção continua. %u201CNão interessa quem seja a pessoa suspeita%u201D, disse. No STF, o demista sofreu outro revés: o ministro Luís Roberto Barroso determinou que o parlamentar seja afastado do mandato por 90 dias. O dinheiro na peça íntima foi descoberto quando Rodrigues pediu para ir ao banheiro, e um delegado da PF percebeu um grande volume retangular %u201Cna parte traseira das vestes%u201D., Kleber

Planalto tenta se descolar de senador
 
Bolsonaro diz que Chico Rodrigues, flagrado com dinheiro na cueca, não integra a sua gestão e afirma que a operação da PF contra o parlamentar prova o empenho do Executivo no combate à corrupção. Político é destituído do cargo de vice-líder do governo no Senado

 

Sarah Teófilo

Publicação: 16/10/2020 04:00

 

Bolsonaro e Chico Rodrigues se conhecem há mais de duas décadas. O senador emprega primo dos filhos do presidente em seu gabinete (@senadorchico)  

Bolsonaro e Chico Rodrigues se conhecem há mais de duas décadas. O senador emprega primo dos filhos do presidente em seu gabinete

 

 

Em meio ao escândalo envolvendo o senador Chico Rodrigues (DEM-RR), pego em operação da Polícia Federal, na quarta-feira, com dinheiro na cueca, o presidente Jair Bolsonaro tenta, ao máximo, desvincular sua gestão da figura do parlamentar. O político do Democratas era vice-líder do governo no Senado até o fim da manhã de ontem, quando foi publicada, no Diário Oficial da União (DOU), a dispensa dele da função. Também ontem, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o afastamento do senador por 90 dias (leia reportagem na página 4).
Apesar de Chico Rodrigues atuar pelo governo e conhecer Bolsonaro há mais de duas décadas, o presidente buscou se afastar do parlamentar e manteve o discurso de combate à corrupção. No Palácio da Alvorada, destacou que a operação que flagrou o senador foi desencadeada pela PF e pela Controladoria-Geral da União (CGU). “Ou seja, nós estamos combatendo a corrupção, não interessa quem seja a pessoa suspeita”, enfatizou.


Bolsonaro fez questão de ressaltar que Chico Rodrigues não integra o governo. “Essa investigação de ontem é um exemplo típico do governo, que não tem corrupção no meu governo, e de combate à corrupção seja de quem for. Vocês estão, há quase dois anos, sem ouvir falar de corrupção no meu governo”, frisou. “O meu governo são os ministros, estatais e bancos oficiais, esse é o meu governo”. Ele disse que a ação da PF foi motivo de orgulho. “Nós estamos combatendo a corrupção, não interessa quem seja a pessoa suspeita”, insistiu.


Chico Rodrigues estava no cargo de vice-líder do governo desde fevereiro do ano passado. A relação de proximidade dele com Bolsonaro se mostra, também, pela composição do gabinete do parlamentar. Desde abril de 2019, Leonardo Rodrigues de Jesus, conhecido como Léo Índio, é assessor do senador. Ele, que tem livre trânsito no Palácio do Planalto e chama Bolsonaro de tio, pediu exoneração ontem (leia reportagem abaixo).


Nas redes sociais de Chico Rodrigues, há diversas imagens com Bolsonaro e ministros de Estado. Um deles é um vídeo, de junho deste ano, no qual ele e o presidente aparecem lado a lado falando sobre ações voltadas a Roraima. Na gravação, o chefe do Executivo chama o senador de “velho colega da Câmara dos Deputados”.


A operação de distanciamento abrange todo o Planalto. O vice-presidente Hamilton Mourão também tratou logo de se pronunciar sobre o caso, dizendo que o senador não faz parte da atual gestão. “Todos aqueles que estão dentro do Parlamento e que trabalham em favor do governo, ocupando cargos de vice-liderança e até mesmo fazendo parte da base, são uma linha auxiliar. Ele não é um membro do Executivo”, disse.


Ao contrário de Bolsonaro, porém, Mourão lamentou o ocorrido. “Sempre teve um bom relacionamento. Tem de terminar essa investigação, obviamente”, afirmou. Segundo ele, o caso mostra que o presidente não interfere na Polícia Federal.


A Secretaria Especial de Comunicação Social, ligada ao Ministério das Comunicações, divulgou uma nota assim que o desligamento do vice-líder foi publicado no DOU. “A ação da Polícia Federal e da CGU, respeitando os princípios constitucionais, é a comprovação da continuidade do governo no combate à corrupção em todos os setores da sociedade brasileira, sem distinção ou privilégios”, ressaltou.


Na última quarta-feira, enquanto ocorria a operação que atingiu Chico Rodrigues, Bolsonaro disse que daria uma “voadora no pescoço” de quem se envolvesse com corrupção dentro do seu governo.

A operação
Chico Rodrigues foi alvo de busca e apreensão no âmbito da Operação Desvid-19, que apura esquema de desvio de verbas públicas oriundas de emendas parlamentares destinadas ao combate à pandemia da covid-19 em Roraima, no âmbito da Secretaria de Estado da Saúde. Conforme relatório da PF, o senador estava com R$ 15 mil “no interior de sua cueca, próximo às suas nádegas”, e mais R$ 18.150 na restante da peça íntima.


O dinheiro foi descoberto quando Chico Rodrigues pediu para ir ao banheiro, e um delegado da PF “percebeu que havia um grande volume, em formato retangular, na parte traseira das vestes do senador”. Ao ser questionado sobre o que era, o parlamentar “ficou bastante assustado e disse que não havia nada”, mas o delegado resolveu fazer buscas e encontrou dinheiro. Antes da revista pessoal no congressista, os agentes já tinham encontrado um cofre no armário do quarto dele com R$ 10 mil e US$ 6 mil (cerca de R$ 33.720).


Em nota, o senador afirmou que deixou o cargo de vice-líder para esclarecer os fatos e “trazer à tona a verdade”. “Acreditando na verdade, estou confiante na Justiça, e digo que, logo, tudo será esclarecido e provarei que nada tenho a ver com qualquer ato ilícito de qualquer natureza”, ressaltou. Chico Rodrigues disse, ainda, que acredita nas diretrizes que o presidente usa para gerir o país. “Vou cuidar da minha defesa e provar minha inocência”, destacou.

 

Saiba mais

Uma bolada em espécie
O senador Chico Rodrigues declarou à Justiça Eleitoral ter mais de R$ 500 mil em espécie, guardados em casa. As informações prestadas por ele em 2018, quando concorreu ao Senado, apontam uma soma de R$ 525 mil em dinheiro vivo.


O valor cresceu em quatro anos. Ele disputou o governo de Roraima em 2014. Na época, disse à Justiça Eleitoral guardar R$ 455 mil dentro de um cofre. De uma eleição a outra, portanto, acumulou mais R$ 70 mil em notas.


Os montantes contrastam com o que ele mesmo diz ter na conta bancária. Em 2018, excluídas as quantias de dependentes, informou R$ 4.578,03. Em 2014, declarou manter R$ 53,2 mil em uma conta do Banco do Brasil.


O patrimônio do senador saltou de R$ 1.765.047,16 para R$ 1.999.315,15, conforme dados disponíveis na base do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Significa que 26% de todos os seus bens estão em dinheiro vivo.


Não é crime manter altas quantias de dinheiro em casa. No entanto, as cifras chamam a atenção de órgãos de fiscalização. Investigadores sempre alertam que parte das declarações informadas à Justiça Eleitoral pode ser estratégia para lavagem antecipada de capital.


Correio Braziliense quinta, 15 de outubro de 2020

POLÍCIA FEDERAL ENCONTRA DINHEIRO NA CUECA DO SENADOR

Jornal Impresso

PF encontra dinheiro na cueca de senador

 

Publicação: 15/10/2020 04:00

 

Vice-líder do governo no Senado, Chico Rodrigues nega irregularidades (Edilson Rodrigues/Agência Senado)  

Vice-líder do governo no Senado, Chico Rodrigues nega irregularidades

 

 

O vice-líder do governo no Senado, Chico Rodrigues (DEM-RR), alvo de operação da Polícia Federal ontem, em Boa Vista, escondeu dinheiro na cueca durante a abordagem dos policiais. A investigação, sob sigilo, apura desvios de recursos públicos destinados ao combate à pandemia de covid-19, oriundos de emendas parlamentares. A ordem de busca e apreensão foi autorizada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF).


Segundo fontes, foram encontrados R$ 30 mil dentro da cueca de Rodrigues. Ao todo, os valores descobertos na casa chegariam a R$ 100 mil. A investigação apura indícios de irregularidades em contratações feitas com dinheiro público, que teriam gerado sobrepreço de quase R$ 1 milhão.
As informações oficiais da PF, dado o sigilo do caso, se limitam a dizer que foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão durante a operação, que busca a “desarticulação de possível esquema criminoso voltado ao desvio de recursos públicos, oriundos de emendas parlamentares”.
A Controladoria-Geral da União (CGU), que também faz parte da investigação, disse que a operação Desvid-19, realizada em Roraima, apura o “desvio de recursos públicos por meio do direcionamento de licitações”. Ainda segundo o órgão, as contratações suspeitas de irregularidades, realizadas no âmbito da Secretaria de Estado da Saúde, envolveriam, aproximadamente, R$ 20 milhões que deveriam ser usados no combate ao novo coronavírus.


Chico Rodrigues emprega Leo Índio, primo dos filhos de Bolsonaro, como assessor parlamentar, em seu gabinete no Senado. Em nota à imprensa, o parlamentar disse que tem “um passado limpo e uma vida decente” e afirmou nunca ter se envolvido em escândalos. “Acredito na justiça dos homens e na justiça divina. Por este motivo, estou tranquilo com o fato ocorrido, hoje (ontem), em minha residência em Boa Vista. A Polícia Federal cumpriu sua parte em fazer buscas em uma investigação na qual meu nome foi citado. No entanto, tive meu lar invadido por apenas ter feito meu trabalho como parlamentar, trazendo recursos para o combate à covid-19 para a saúde do estado”, afirmou.


Correio Braziliense quarta, 14 de outubro de 2020

ATIVIDADE FÍSICA: ESSENCIAL PARA A SAÚDE

Jornal Impresso

Essencial para a saúde: atividade física
 
Educadores físicos e personal trainners tiveram que se adaptar com as restrições impostas pela pandemia. Atendimentos por videochamada, ao ar livre ou em domicílio foram algumas das opções encontradas

 

» CIBELE MOREIRA

Publicação: 14/10/2020 04:00

Viviane abriu estúdio no início do ano e precisou fechar três meses depois: desafio de dar a volta por cima (Ed Alves/CB/D.A Press)  

Viviane abriu estúdio no início do ano e precisou fechar três meses depois: desafio de dar a volta por cima

 

 
O ano de 2020 mostrou-se repleto de desafios para os profissionais que atuam como educadores físicos e personal trainners. Assim como outras categorias, o segmento foi impactado com as restrições impostas pela pandemia da covid-19. Com a suspensão das atividades em academias e, pouco tempo depois, com o fechamento dos parques, a forma de ofertar esse serviço precisou de adaptação. Atendimento por videochamada, lives nas redes sociais ou aulas em domicílio foram algumas das alternativas encontradas por aqueles que trabalham com esse setor.
 
Para Marco Rodrigo Vieira Silva, 45 anos, migrar para o meio digital foi uma das principais barreiras. “A pandemia nos desestabilizou em vários sentidos. O espaço, que é a nossa ferramenta de trabalho, nos foi privado, teve a redução de salário, o receio dos alunos, com tudo isso, tive que me adaptar. Confesso que estou apanhando bastante no on-line”, relata o profissional, que atua na área há 20 anos. Ele conta que procurou cursos para entender mais sobre marketing e as ferramentas disponíveis nas plataformas digitais.
 
Em abril, o educador físico disponibilizou a primeira série de aulas on-line. “Bem no período que as pessoas estavam fazendo as lives e resolvi fazer também. Com exercícios adaptados para o que as pessoas têm em casa. E disponibilizei o conteúdo de forma gratuita”, pontua. Na avaliação dele, mesmo com as oportunidades e facilidades que o mundo digital oferece, nada se compara ao contato presencial. “Gosto muito de estar ali com o aluno. Saber se ele está bem, no emocional, ter essa conversa. Isso o on-line não proporciona. Devo continuar com as duas opções, mas o digital não será a principal linha de trabalho”, afirma.


Marco Rodrigo atua na área há 20 anos e ofereceu aulas on-line no início das medidas de contenção do coronavírus (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  

Marco Rodrigo atua na área há 20 anos e ofereceu aulas on-line no início das medidas de contenção do coronavírus

 




Adaptação
 
Moldar-se conforme a necessidade de cada aluno foi o caminho seguido por Luciana Gusmão, 50. “Todos nós tivemos que nos adaptar, procurar locais abertos, o on-line. Isso não substitui a academia, mas é melhor do que não fazer nada”, ressalta a educadora com experiência de 30 anos no segmento.
 
De acordo com ela, o período mais complicado foi o primeiro mês após o decreto que determinava o fechamento de todos os estabelecimentos não essenciais como medida de prevenção à disseminação do novo coronavírus. “Nos primeiros 30 dias, houve bastante resistência das pessoas, muitas achavam que a pandemia ia passar logo e, por isso, não queriam continuar. Com o tempo, isso foi mudando. Também fiz um trabalho para reconquistar o público”, conta.
 
As aulas nas áreas verdes localizadas nas superquadras do Plano Piloto trouxeram visibilidade para a profissional, que ganhou mais adeptos. Após a retomada das atividades em academias, o trabalho voltou para o ambiente interno, acompanhado de todos os cuidados. Apenas os idosos, grupo de risco para a covid-19, estão recebendo atendimento em domicílio.
 
Dificuldades
 
A atleta e personal trainner Viviane Gonçalves da Silva, 37, também sentiu o baque da chegada da pandemia. “Estava abrindo um estúdio no início do ano e precisei fechar três meses depois. Meu público é de idosos e pessoas com algum tipo de problema de saúde, então, fiquei, de um dia para o outro, sem renda”, relata. Foram quatro meses vivendo apenas da aposentadoria do pai, com a mãe em tratamento contra um câncer.
 
“Minha vida virou de pernas para o ar. Tive início de depressão, não olhava as redes sociais com as lives e fiquei um tempo off-line. Comecei a fazer terapia e fui voltando aos poucos”, explica. A reabertura das academias, em julho, trouxe novo ânimo. “Pude reabrir o estúdio e voltar com o atendimento presencial e encarar o on-line”, ressalta. De cinco alunos por hora, ela passou a receber apenas dois em cada turma. Tudo para proporcionar um ambiente seguro. Em alguns casos, há a possibilidade de modelo híbrido, com um no presencial e outro por videochamada.
 
De acordo com o presidente do Conselho Regional de Educação Física, Patrick Novaes Aguiar, cerca de 10 mil educadores físicos foram impactados com a pandemia no Distrito Federal. “Teve muita gente que nos relatou dificuldade para se adaptar à nova realidade. Alguns ficaram totalmente sem renda. Chegamos a fazer uma ação para recolher alimentos para ajudar essas pessoas”, afirma. Foram mais de 150 famílias atendidas pela iniciativa. Mesmo diante de um cenário de recuperação, Patrick acredita que o setor deva passar por um outro desafio: a crise financeira. “A gente ainda não conseguiu mensurar o impacto econômico, isso se mostrará daqui a algum tempo”, avalia.


10 mil
Número de educadores físicos impactados pela pandemia no DF

Correio Braziliense terça, 13 de outubro de 2020

FÉ EM NOSSA SENHORA APARECIDA

Jornal Impresso

Fé em Nossa Senhora Aparecida

 

SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 13/10/2020 04:00

Missa das 18h foi celebrada por dom Marcony, bispo-auxiliar de Brasília (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
)

 

 

Missa das 18h foi celebrada por dom Marcony, bispo-auxiliar de Brasília

 

Mesmo em meio à pandemia, a Catedral de Brasília celebrou o dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil e de Brasília. Com todas as medidas de segurança, três missas foram realizadas ao longo do dia para evitar aglomerações e a disseminação do novo coronavírus. Alguns fiéis que participaram do evento consideram que foi possível aproveitar a data, mesmo sem a tradicional festa na Esplanada dos Ministérios.
 
A missa das 18h foi celebrada por dom Marcony, bispo-auxiliar de Brasília. Apesar de a capacidade da Catedral ser de 360 lugares, foram disponibilizados 120, respeitando o distanciamento social. Para participar das celebrações, os fiéis precisaram realizar agendamento pelo telefone ou e-mail da igreja.
 
Maria Cristina Silva, 67 anos, esteve nesta última celebração. Católica, sempre participa da procissão de Nossa Senhora Aparecida. Este ano, ela considera que, mesmo sem manter a tradição, foi possível aproveitar. “Estar na Catedral me traz uma paz maior e uma sensação de estar mais próxima de Deus”, afirma. A aposentada mora em Samambaia e se deslocou até a Catedral às 13h. “Fiquei em comunhão e contato com Deus enquanto a missa não começava. É uma missa sagrada para mim”, diz.
 
Durante o evento, o bispo dom Marcony pediu que os fiéis aplaudissem Nossa Senhora. Para ele, a missa ficará marcada na história. “Estamos nos adequando ao momento de pandemia”, considera. Apesar de avaliar positivamente a missa, ele espera que, em 2021, seja possível realizar a procissão no centro da capital federal. “Logicamente, vem a nostalgia de ver aquele mar de velas na Esplanada. Porém, precisamos manter as medidas de segurança até que este momento passe”, completa.

Correio Braziliense segunda, 12 de outubro de 2020

SOB O MANTO DE NOSSA SENHORA

Jornal Impresso

Sob o manto de Nossa Senhora
 
Fiéis comemoram, hoje, a data da padroeira do Brasil e de Brasília. O Correio conta histórias emocionantes de devotos

 

» ANA MARIA DA SILVA*
» Tainá seixas

Publicação: 12/10/2020 04:00

Devota, Ivonete Maria, 63 anos, veio de Blumenau (SC) para conhecer a Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

 

 

Devota, Ivonete Maria, 63 anos, veio de Blumenau (SC) para conhecer a Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida

 



Foi em 1717 que três pescadores da região do Vale do Paraíba, em São Paulo, passaram a noite inteira em busca de peixes, mas não obtiveram sucesso. Durante as tentativas, eles tiraram das águas escuras uma imagem de Nossa Senhora, que veio nas redes em dois pedaços: primeiro o corpo e, em seguida, rio abaixo, a cabeça. No local, foi criado um pequeno altar como forma de agradecimento a Nossa Senhora pelo seu primeiro milagre. Nascia ali uma devoção à santa, nomeada Nossa Senhora Aparecida.

Há mais de três séculos, a santa virou padroeira do país. Em Brasília, “Cidinha” — como foi carinhosamente apelidada por fiéis devotos — também tornou-se patrona. A tradicional peregrinação, que anualmente reúne centenas de católicos na Esplanada dos Ministérios todo 12 de outubro, não vai ocorrer este ano, devido à pandemia da covid-19.

A solenidade foi transferida para a Catedral de Brasília, onde haverá três missas ao longo dia. De manhã, às 9h, a missa será presidida por Dom José Aparecido; às 12h, por Dom Joel Portella, secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); e às 18h, o celebrante é Dom Marcony, bispo Auxiliar de Brasília. A oração do Terço e o Ofício de Nossa Senhora cantado será às 15h. Apesar de a capacidade da Catedral ser de 360 lugares, serão disponibilizados 120, respeitando o distanciamento social. Para participar das celebrações, é preciso fazer o agendamento pelo telefone ou e-mail da igreja (veja Como participar).

O padre João Firmino Galvão Neto, da Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, explica a importância da devoção. “Ela é o exemplo de mulher que confiou em Deus, nos seus ensinamentos e promessas, e se abriu a tais realizações em sua vida, aceitando a maternidade numa realidade temporal bem diferente da que vivia e da que ainda vivemos hoje”, ressalta. “Ela é, em vida, uma grande intercessora e presente nas situações importantes da vida de Jesus e da Igreja. É Mãe de Deus e nossa, como versa um cântico religioso”, explica o sacerdote.

A capital federal tem Nossa Senhora Aparecida como patrona. “Na primeira missa oficial, no início da construção da cidade, uma réplica original de sua imagem, que antes percorreu todas as capitais brasileiras existentes à época, é trazida de presente para a nossa cidade. É ela que está no altar central de nossa Catedral para veneração de todos”, ressalta o pároco.

Entrega

Canal de graça na vida da professora Nayele Guimarães Ribeiro Barbosa, 25 anos, e do marido, o técnico de informática Samuel Fabrício Barbosa Tavares, 30, a famosa “Cidinha” fez-se presente na caminhada do casal. “A minha devoção começou pelos meus pais. Em 2011, eu conheci o Samuel, e percebi que ele também era muito devoto. Nós ficamos muito amigos, começamos a namorar em 2013”, conta a professora.

Desde então, novas tradições foram constituídas pelo casal. Anualmente, Samuel e Nayele vão até a Basílica de Nossa Senhora Aparecida fazer a romaria e agradecem o relacionamento. A entrega fortaleceu a união do casal, oficializada em 2017. “Nosso casamento foi todo dedicado à Nossa Senhora. Ela organizou cada detalhe, e esteve presente espiritualmente conosco em cada organização. Saiu tudo da forma que desejávamos”, lembra.

“Ano passado, no dia 13 de outubro, eu descobri que estava grávida. Era uma graça que já estávamos pedindo à Nossa Senhora, para que quando estivéssemos preparados ela mandasse a nossa filha”, lembra. “Eu tenho certeza que foi através de seu pedido que muitas bênçãos foram e são derramadas sobre nós. A vinda da nossa filha foi um exemplo disso. Ela é uma rosa de Nossa Senhora na nossa vida”, completa Samuel.

A aposentada Ivonete Maria Assini, 63, é devota de Nossa Senhora Aparecida. Moradora de Blumenau (SC) veio à Brasília neste feriado prolongado conhecer a capital, o que incluiu uma parada obrigatória na Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, onde deixou sua oração para a padroeira do Brasil. “Por intercessão dela com Deus eu tive muita ajuda. Então, ela é tudo para mim”, relata a catarinense.

Acolhida

Assim como apareceu para os três pescadores que passavam por dificuldades, Nossa Senhora Aparecida também se faz presente na vida de muitos fiéis atualmente. É o caso da família da arquiteta Maria Afonso, 49 anos. A fé da matriarca tornou-se alicerce e exemplo para os filhos. “Eu vejo que, por meio da devoção à Nossa Senhora Aparecida, ela acolhe aqueles que são mais excluídos. Não interessa se a pessoa é rica ou pobre”, acredita.

Mãe de André, 23; Mariana, 13; e Rafael, 10, Maria conta que seu filho mais novo foi diagnosticado com Síndrome de Down e, pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida, ela conseguiu criar um grupo de oração para pessoas com necessidades especiais.

Para a arquiteta, o encontro para rezar o terço representa o que Nossa Senhora deve ser na vida dos cristãos: sinal de amor. “Quem tem a devoção do santo terço e à Nossa Senhora vive os momentos de tribulação com a certeza de que ela dará forças. Ela organiza toda a carga interior e exterior”, acredita. “Esse terço rezado em comunidade é um encontro de amor, de abraço humano. Eu dou o testemunho de que, pra mim, é muito visível o quanto que a colheita das famílias que caminham lutando junto com Nossa Senhora Aparecida é diferente. Ela facilita nossa caminhada, ajuda-nos a entender a vontade de Deus”, completa Maria.

* Estagiária sob a supervisão de Mariana Niederauer


Como participar

Catedral Metropolitana de Brasília

» Agendamento pelo telefone (61) 3224-4073 ou por e-mail: catedraldebrasilia@catedral.org.br.
» Lotação: 120 pessoas

Programação
» 9h — Missa presidida por Dom José Aparecido
» 12h — Missa presidida por Dom Joel Portella
» 15h — Oração do Santo Terço e Ofício de Nossa Senhora cantado
» 18h — Missa presidida por Dom Marcony

Correio Braziliense domingo, 11 de outubro de 2020

ABERTA A TEMPORADA DAS CIGARRAS

Jornal Impresso

Aberta a temporada das cigarras
 
Os insetos típicos da fauna local sobem às árvores na primavera para o período de reprodução. Cantoria é sinônimo de chuva em Brasília, e amplitude pode chegar a 120 decibéis

 

» JÉSSICA MOURA

Publicação: 11/10/2020 04:00

O morador da Asa Sul Rafael Dusi e os filhos João e Lucas: eles se divertem com os insetos (Fotos: Ana Rayssa/CB/D.A. Press)

 

 

O morador da Asa Sul Rafael Dusi e os filhos João e Lucas: eles se divertem com os insetos

 



Desde o início da semana, um som típico da primavera chama a atenção dos brasilienses. Nos locais onde há concentração de árvores, o canto das cigarras já pode ser ouvido com mais intensidade. Para muitos moradores do Distrito Federal, que, este ano, passaram mais de cem dias sem chuvas e enfrentaram uma onda de calor que elevou as temperaturas a recorde histórico, o barulho, que pode atingir os 120 decibéis, traz alívio e bom agouro: o período chuvoso aproxima-se. Na sexta-feira, a precipitação animou os brasilienses e, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a previsão é de que haja mais pancadas de chuva.

A amplitude do coral das cigarras pode chegar a 120 decibéis, taxas próximas às de um concerto de rock ou decolagem de avião, observa o biólogo Riuler Corrêa, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), especialista nos insetos.

Mas nem isso atrapalha a empolgação de quem mora na capital federal ao ouvir o canto. “O som não incomoda a gente, não, faz parte da época”, diz Rafael Dusi, 34 anos, morador da Asa sul. “A gente coloca uma música mais alta do que elas”, emenda o filho, João, 9. O menino afirma que gosta dos insetos. “Quando eu tava fazendo um passeio com a minha turma na Água Mineral, encontrei uma casca e serviu de broche”, relata.Depois de saírem da terra, as cigarras passam alguns dias imóveis nos troncos até que a pele, chamada pela biologia de exúvia, desprende-se, e elas chegam à fase adulta.

Todos os anos, ao perceber o canto dos insetos na Asa Norte, o jornalista e turismólogo Daniel Zukko, 40, publica uma ilustração sobre o fenômeno nas redes sociais. “Para mim, é um som da cidade, nunca me incomodou. Durante muito tempo nem percebia, era um ruído normal”, conta Zukko.

Os alunos da professora aposentada Jacimar Pinheiro pintavam, desenhavam e faziam peças sobre o bicho  

Os alunos da professora aposentada Jacimar Pinheiro pintavam, desenhavam e faziam peças sobre o bicho

 


O som, muitas vezes intenso, não é unanimidade. O psicólogo Yuri Sebastian, 29, por exemplo, apesar de morar em Águas Claras, trabalha na Asa Sul e abomina as cigarras. “O barulho é muito alto, faz doer meus ouvidos.” Contudo, o zoólogo da Universidade de Brasília (UnB), Paulo César Motta Motta alerta: “Elas ainda cantam mais ou menos até dezembro”. Algumas espécies mantêm a cantoria até abril. É nesse período que se reproduzem e depositam os ovos nos ramos das árvores. Depois disso, morrem.

A professora aposentada, Jacimar Pinheiro, 60, também não simpatizou com o barulho das cigarras logo de cara. “Angustiava-me muito ficar ouvindo”, relata. No entanto, a relação com o som dos insetos mudou ao longo dos últimos 40 anos, desde que veio do Rio de Janeiro para morar no DF. Ela conta que a mudança ocorreu quando foi trabalhar como professora de artes na Escola Parque da 314 Sul, já que as cigarras faziam parte das atividades pedagógicas. “Os meninos pintavam, desenhavam e faziam peças de teatro sobre a cigarra”, recorda-se.

Naquela época, Jacimar explica que, com outros professores, ressignificou o célebre conto A Cigarra e a Formiga. Na fábula, La Fontaine narra que, durante o verão, enquanto as formigas trabalhavam para estocar comida para o inverno, as cigarras cantavam e, por isso, teriam ficado sem alimento. No entanto, nas aulas, ela dizia aos alunos: “A escola comum era a formiga, e a Parque, era a cigarra. Colocava assim a importância da arte, tirava essa culpa da cigarra, porque na vida a gente precisa de trabalho e precisa de arte”.

Quando a pele das cigarras  desprende-se, elas chegam à fase adulta  

Quando a pele das cigarras desprende-se, elas chegam à fase adulta

 


O que diz a ciência

Apesar de não haver uma correlação comprovada entre as cigarras e a temporada de chuvas, o zoólogo Paulo César Motta explica que algumas hipóteses são levantadas para o fato de as cigarras emergirem do solo nesse período de transição entre a seca e a chuva. Com as chuvas, solo fica mais maleável e é mais fácil para as ninfas (insetos jovens) saírem da terra e subirem aos troncos das árvores e passarem pela metamorfose. Motta ressalta que o ciclo de vida das cigarras é bastante longo. “Ficam de cinco a sete anos debaixo da terra. Todo ano emergem e se transformam em adultos, quando criam asas.” Após se libertarem da exúvia é que os órgãos reprodutivos amadurecem.Depois da metamorfose, as cigarras adultas emitem os sons para atrair os parceiros e se reproduzirem. Em seguida, depositam os ovos nos ramos das árvores. O biólogo Riuler Corrêa ressalta que as cigarras de habitats fechados costumam emitir sinais em coral, geralmente sincronizados com a alta incidência luminosa. Por isso, é possível ouví-las durante todo o dia, ou enquanto houver luz. Ele destaca que o período reprodutivo das adultas pode ter até cerca de seis meses, sendo que algumas espécies alternam esses intervalos para reduzir a competição.

Correio Braziliense sábado, 10 de outubro de 2020

SELEÇÃO BRASILEIRA: ARRANCADA RUMO AO QATAR

 

Jornal Impresso

ARRANCADA RUMO AO QATAR

Virou brincadeira de criança
 
Brasil transforma partida oficial em treino de luxo contra a frágil Bolívia, goleia e larga em primeiro na maratona rumo à Copa do Mundo 2022. Roberto Firmino desequilibra e Neymar assume papel de garçom

 

Publicação: 10/10/2020 04:00

 

Bolívia é a maior vítima de Roberto Firmino: três gols em dois jogos contra o frágil adversário (Amanda Perobelli/AFP)  

Bolívia é a maior vítima de Roberto Firmino: três gols em dois jogos contra o frágil adversário

 

 

A Seleção fez um “treino oficial” na primeira rodada das Eliminatórias para a Copa do Qatar-2022. Imponente do primeiro ao último minuto contra uma Bolívia frágil, o Brasil goleou o adversário por 5 x 0, ontem, na Neo Química Arena, a casa do Corinthians, em São Paulo, e larga em primeiro lugar na maratona de 18 jogos rumo à Copa. Os comandados de Tite voltarão a campo na terça-feira diante do Peru, no Estádio Nacional, em Lima.


O Brasil tomou conta da partida desde os 40 segundos. Trocou passes até a bola chegar a Renan Lodi. O lateral-esquerdo cruzou, o goleiro desviou e Everton Cebolinha desperdiçou chance inacreditável. Na sequência, Marquinhos perdeu excelente oportunidade ao cabecear a bola para fora.


A falha de Marquinhos foi apenas um trailer do primeiro gol verde-amarelo. O lateral-direito Danilo ergueu a bola na área e encontrou o beque livre para cabecear e estufar a rede do goleiro Lampe. A porteira estava aberta aos 15 minutos. A Bolívia dava liberdade aos alas do Brasil. Assim foi o lance do segundo gol. Renan Lodi cruzou, o goleiro boliviano deixou a bola passar e o oportunista Firmino ampliou para 2 x 0.


Dúvida antes da partida por causa de uma dor lombar, Neymar entrou em campo. Arriscou dribles, passes e lances de efeito atuando centralizado, volta e meia invertendo posição com Philippe Coutinho, aberto na esquerda. Deslocado para a direita, Everton Cebolinha destoava. Cumpria as recomendações táticas de Tite, mas estava desconfortável naquele setor. As melhores fases dele no Grêmio e na Seleção foram atuand aberto pela esquerda no meio ou no ataque.


A Bolívia ameaçou melhorar no segundo tempo, mas o Brasil não permitiu. Neymar assumiu o papel de garçom e serviu Roberto Firmino. O atacante completou um cruzamento rasteiro da esquerda e fez 3 x 0. O quarto teve a colaboração da defesa adversária. Philippe Coutinho cruzou para Rodrygo. O garoto do Real Madrid raspou a bola e viu o zagueiro Carrasco mandar a bola para dentro da própria rede.


Numa noite em que jogou para o time, Neymar assumiu definitivamente o papel de maestro. No lance do quinto gol, cruzou na cabeça de Philippe Coutinho para marcar o quinto gol do Brasil. Neymar balançou a rede aos 31, mas o árbitro assinalou impedimento e confirmou a decisão após ouvir os árbitros de vídeo. Neymar também tentou marcar em uma cobrança de falta, porém, o goleiro Lampe estragou outra tentativa do astro.

 

Colômbia estreia com facilidade

Com futebol ofensivo, bom toque de bola e orquestrado por James Rodríguez, a Colômbia, liderada pelo técnico português Carlos Queiroz, não teve problemas para estrear com vitória nas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa, ontem, ao marcar 3 x 0 sobre a Venezuela, em Barranquilla. Todos os gols saíram na primeira etapa. Zapata e Muriel, duas vezes, marcaram para os donos da casa.

 


Correio Braziliense sexta, 09 de outubro de 2020

QUE CALOR É ESSE?

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QUE CALOR É ESSE?
 
Tudo por um pouco de alívio
 
Ontem, a capital registrou a temperatura mais alta dos últimos 10 anos, 37,3°C. Devido ao calorão, que castiga a cidade desde o mês passado, o Sindivarejista registrou aumento nas vendas de aparelhos de ar-condicionado, ventiladores e umidificadores

 

» THAIS UMBELINO
» WASHINGTON LUIZ

Publicação: 09/10/2020 04:00

Temperatura registrada ontem foi a mesma do recorde observado em 15 de outubro de 2017 (Minervino Júnior/CB/D.A Press - 10/6/20 )  

Temperatura registrada ontem foi a mesma do recorde observado em 15 de outubro de 2017

 



Sócio de uma loja de ar-condicionado, Paulo Guerra, 31, conta que em seis dias faturou o equivalente a um mês (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  

Sócio de uma loja de ar-condicionado, Paulo Guerra, 31, conta que em seis dias faturou o equivalente a um mês

 


A capital federal igualou o recode histórico de temperatura mais alta registrada no Distrito Federal, ontem, com máxima de 37,3 ºC, no Gama, e umidade do ar em 12%. O mesmo registro dos termometros aconteceu em 15 de outubro de 2017. A aferição metereológica começou  a ser feita no Distrito Federal em setembro de 1961. Para amenizar a sensação térmica, os consumidores DF têm investido cada vez mais na compra de produtos como ar-condicionado, ventiladores e umidificadores. Apenas em setembro, houve um aumento de 11% na procura por esses equipamentos nas lojas.
 
Segundo o Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista), o crescimento foi maior do que o registrado no mesmo período de 2019, quando as vendas tiveram alta de 9%. Para este mês, o otimismo continua. A expectativa é de ampliar a comercialização desses produtos em 28%, além de um aumento de 34% nas vendas de hidratantes corporais. A previsão tem relação com a onda de calor observada nos últimos dias na capital.
 
O Plano Piloto ultrapassou marca histórica na região — que era de 36,4ºC, em 2015 — e chegou aos 36,5ºC, com umidade relativa do ar em 13%. Para ilustrar o calor na região, a equipe do Correio utilizou um termômetro digital com sensor infravermelho para medir a temperatura no asfalto, às 16h. O número marcado foi de 55,9ºC. Na região do Entorno, o município de Unaí (MG) bateu 41,3ºC, ontem.
 
Apesar das altas temperaturas, os comerciantes preparam-se para uma venda menos expressivas nos próximos dias, devido à previsão de que o calor que atinge o Sudeste e o Centro-Oeste do país seja substituída por uma frente fria. De acordo com Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a tendência é de que chova neste fim de semana em todas as regiões do Distrito Federal.
 
Consumo
 
Giovanini Lettieri, 58, adquiriu um aparelho refrescar o escritório (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  

Giovanini Lettieri, 58, adquiriu um aparelho refrescar o escritório

 

 Mesmo com as incertezas da pandemia, os consumidores buscaram por soluções para adquirir os aparelhos e se refrescar do calorão. A estimativa é de que 75% deles optem por utilizar o cartão de crédito, cujo parcelamento pode ser feito em até 12 vezes. “Na pandemia, o consumidor quer mais tempo para pagar, porque teme o futuro. Afinal, ele teme o desemprego, uma vez que há, no DF, mais de 310 mil pessoas desempregadas. Essa cautela é inteligente”, afirma o presidente do Sindivarejista, Edson de Castro.
 
Sócio de uma loja de ar-condicionado no Setor de Oficinas Norte, Paulo Rafael Guerra, 31 anos, conta que nos seis primeiros dias de outubro faturou o equivalente aos 30 dias do mês passado. De acordo com o comerciante, a alta no dólar fez os fabricantes aumentarem os preços entre 15% e 20%, mas isso não afastou os clientes.
 
Apesar do aumento, ele aposta que o faturamento continuará alto até março de 2021. “Trabalhamos com uma demanda bem otimista. Acreditando que a situação vai melhorar. Hoje, a nossa loja é uma das poucas que têm estoque. Até o final de janeiro, a demanda continua bem alta. Em fevereiro, as temperaturas dão uma amenizada e, em março, a procura cai consideravelmente”, explica Paulo.
 
Programe-se
 
Atualmente, um aparelho de ar-condicionado para um quarto de 15 metros quadrados pode custar de R$ 1.150 a R$ 2 mil, em média. “É bom as pessoas se organizem para não comprarem ar-condicionado só no calor. As fábricas fazem um aumento gradual (dos preços) para acabar com o estoque em agosto e subir o valor no mês seguinte. Elas sabem que o consumidor vai comprar, mesmo com o aumento. Quem se antecipa e adquire os produtos em julho, por exemplo, pode desembolsar entre 12% e 15% a menos”, orienta Paulo.
 
O arquiteto Giovanini Lettieri, 58, não fez essa programação e diz que se viu obrigado a instalar um aparelho no escritório, no Lago Sul. “Quem está trabalhando hoje, mesmo em home office, o ar-condicionado é fundamental. Você não consegue se concentrar com o calor que está”, avalia. Lettiere adquiriu um aparelho por R$ 1.950 e pagou mais R$ 600 pela instalação.
 
As máximas acima dos 35°, também, fizeram bem para o escritório do arquiteto. Segundo Lettiere, houve um crescimento no número de clientes interessados em adaptarem cômodos das casas para instalar um ar-condicionado. “Tenho clientes que solicitaram projetos para colocar ar-condicionado na sala, o que não é muito comum, e até no banheiro. São muitas adequações, muitas reformas de espaços. Comecei uma obra, e a primeira coisa que o cliente fez foi comprar todos os aparelhos de ar-condicionado”, lembra.


Ranking
Temperaturas mais altas registradas nos últimos 10 anos no DF:

1ª 37,3ºC (Águas Emendadas), em 15 de outubro de 2017; e (Gama), em 8 de outubro de 2020
2ª  37ºC (Águas Emendadas), em 22 de outubro de 2015
3ª 36,7ºC (Gama), em 15 de outubro de 2017
4ª 36,5ºC (Gama), em 18 de outubro de 2015
5ª  36,2ºC (Águas Emendadas), em 25 de setembro de 2015
6ª 36,2ºC (Águas Emendadas), em 21 de setembro de 2019
7ª  36,2ºC (Gama), em 20 de outubro de 2015
8ª  36,2ºC (Águas Emendadas), em 18 de outubro de 2015

Correio Braziliense quinta, 08 de outubro de 2020

BRASÍLIA NO SUFOCO: UM REFRESCO, POR FAVOR

Jornal Impresso

BRASÍLIA NO SUFOCO
 
Um refresco, por favor
 
Calorão de ontem foi a segunda maior temperatura do ano no DF: 36,4ºC. No Plano Piloto, a máxima foi de 35,2ºC, recorde da região em 2020. Zoo adotou estratégias para aliviar calor dos animais

 

» JÉSSICA MOURA
» THAIS UMBELINO

Publicação: 08/10/2020 04:00

Chocolate faz a festa durante banho no Zoológico de Brasília (Ed Alves/CB/D.A Press)  

Chocolate faz a festa durante banho no Zoológico de Brasília

 



O jacaré foge das altas temperaturas mergulhado na água (Ed Alves/CB/D.A Press)  

O jacaré foge das altas temperaturas mergulhado na água

 


Nada como um banho refrescante para diminuir a sensação térmica causada pelas altas temperaturas e baixa umidade registradas nos últimos dias na capital federal — ontem, os termômetros no Plano Piloto marcaram 35,2ºC (recorde de calor na região, em 2020), e a umidade relativa do ar variou entre 12% e 58% no decorrer do dia. No Gama, a máxima foi de 36,4ºC, segunda maior temperatura do ano registrada no Distrito Federal. E a previsão, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), é que o clima esquente ainda mais até amanhã, com temperatura de até 38ºC. Há quase 20 dias sem chuva, os brasilienses têm sentido os efeitos da onda de calor. No Zoológico de Brasília não é diferente. Os animais refrescam-se como podem: na sombra das árvores ou aproveitando os reservatórios de água nos recintos.
 
Para aliviar o calor e a secura de um dos bichos mais queridos pelo público, o elefante Chocolate, a instituição utilizou um carro-pipa e esguichou 1,5 mil litros de água no animal. Por cerca de 30 minutos, o elefante tomou aquele refrescante banho de mangueira. “Tem animais que se assustam um pouco com a pressão, mas o Chocolate sempre foi o mais receptivo. Ele também tem o costume de tomar o banho de lama, que funciona como um filtro solar”, explicou a supervisora de condicionamento animal do zoológico, Fernanda Vasconcelos.
 
Segundo a profissional, os recintos são preparados para assegurar o conforto térmico de cada animal ao longo de todo o ano. Para tanto, os espaços contam com um ponto de fuga do sol, como árvores ou coberturas, e também reservatórios de água, onde os animais tomam banhos. Alguns deles, como o rinoceronte e a onça-parda, têm até uma cascata de água. “Sempre observamos o comportamento dos animais para ver quem se afeta mais ou menos com o calor e, com isso, definirmos as ações”, contou a supervisora.
 
Outro cuidado durante esse período mais quente é manter os recintos arejados e os tanques cheios. Contudo, com a redução no quadro de funcionários por conta da pandemia do novo coronavírus, Fernanda destaca que manter o cronograma de bem-estar dos animais é um desafio. “Os bichos não têm culpa, então a gente se adaptou para conseguir atender às demandas deles”, acrescentou. Quando os moradores do Zoológico se recusam a comer, os tratadores têm de adotar estratégias para entregar a comida, como disponibilizá-las em trouxas para aguçar a curiosidade dos bichos. Em períodos específicos do ano, a equipe chega a preparar um picolé especial para os animais. “Ele é feito da alimentação dos bichos. Para os primatas, é de fruta, para os felinos, é de carne e sangue. A gente pega um pouco da dieta e faz picolé”, ressaltou Fernanda.

A família Magalhães: uma parada para curtir a paisagem e se refrescar ( Thais Umbelino/CB/D.A Press)  

A família Magalhães: uma parada para curtir a paisagem e se refrescar

 



Elisângela Brandão:  

Elisângela Brandão: "É um privilégio ter um lago desse tamanho na nossa cidade"

 

 
Enquanto isso...
 
Do outro lado da cidade, no Lago Paranoá, os brasilienses aproveitam para praticar um esporte, andar de pedalinho, ficar na sombra ou dar um mergulho. “É um privilégio ter um lago desse tamanho na nossa cidade, ainda mais com esse clima tão quente. O banho gelado ameniza”, comentou Elisângela Brandão, 37 anos. Um imprevisto no trabalho a motivou a sair do Guará, onde mora, com as três filhas, para dar uma mergulho na água. “Essa foi a primeira vez que vim para cá desde quando começou a pandemia. Optei vir em um dia de semana para evitar aglomeração e curtir ainda mais”, contou. Mesmo assim, a confeiteira  surpreendeu-se com o movimento no local. “Achei que teria menos gente, mas acho que todos estão tentando fugir desse calor, também”, comentou rindo.
 
Água, melancia e refrigerante. Essas foram as opções que Elisângela levou para todas se refrescarem no dia quente. Outro cuidado foi o uso do protetor solar. “Como por aqui não tem muita sombra, o cuidado deve ser redobrado com o sol”, completou a empreendedora. Porém, quando estão em casa, a estratégia para fugir do calor é outra. “Dou banho de mangueira nas crianças e compro dindim ou picolé para tomarmos”, acrescentou Elisângela.
 
Para continuar com os treinamentos, mesmo no calor, o professor de highline, esporte radical que consiste em se equilibrar em uma fita, Matheus Waeny, 32, decidiu instalar o equipamento 4 metros acima do lago. “Normalmente costumo treinar no canteiro central, onde também ministro aulas da prática. Como o sol está muito quente e dia de semana é mais vazio, decidi treinar por aqui. É bom que se cair, refresca”, conta. Além de atenção, a atividade exige uma hidratação reforçada. “Para isso, trago 2 litros de água e reforço a proteção solar”, explica o esportista.
 
A pequena Ana Júlia Magalhães, 9, também teve a ideia de curtir o lago. “Estávamos indo para casa, quando ela pediu para dar uma passada na orla do Lago Sul. Como estava muito quente, concordamos”, relatou o pai da menina, Elton Magalhães, 50. A mãe concordou por ser dia de semana. “Com a pandemia, estamos fugindo de aglomerações. Durante o fim de semana mesmo evitamos vir para cá, porque é mais cheio”, acrescentou Jucilene da Silva, 48. A família chegou no fim da tarde, para se despedir do sol. “Não vemos a hora desse calor forte passar”, acrescentou Juscilene, esperançosa.

Correio Braziliense quarta, 07 de outubro de 2020

ONDAS DE CALOR PODEM LEVAR À MORTE

Jornal Impresso

Ondas de calor podem levar à morte
 
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) alertou para o risco de óbito causado por hipertermia, quando a temperatura do corpo alcança mais de 40°C. Especialistas dão dicas de como se cuidar neste período de seca para evitar a desidratação do corpo

 

» DARCIANNE DIOGO
» THAIS UMBELINO

Publicação: 07/10/2020 04:00

Ontem, o DF chegou à temperatura de 35,1ºC, registrada em Águas Emendadas ( Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  

Ontem, o DF chegou à temperatura de 35,1ºC, registrada em Águas Emendadas

 


O tempo seco e as temperaturas elevadas colocaram o Distrito Federal em alerta vermelho. Devido a passagem de uma onda de calor — que fez com que a temperatura média do DF para a época (28°C) subisse 5°C por um período maior do que cinco dias —, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu notificação para o perigo de morte causada por hipertermia — quando a temperatura corporal sobe além dos 40°C, o que pode comprometer a saúde e levar à falência dos órgãos. A previsão é de que o clima quente perdure até sexta-feira e, no final de semana, espera-se ocorrência de chuvas.
 
Ontem, a temperatura máxima atingiu 35,1°C, em Águas Emendadas, em Planaltina, ou seja, 7°C acima da média. A umidade relativa do ar ficou em 14% (mínima). A Organização Mundial da Saúde (OMS) frisa que o ideal é que a umidade esteja em, pelo menos, 60%. Para hoje, a máxima deve chegar a 36°C e a mínima a 20°C.
 
Segundo Francisco de Assis, meteorologista do Inmet, o alerta vermelho foi divulgado em decorrência da capital federal ultrapassar o registro médio de 28°C contabilizado nos últimos 30 anos. “A consequência do calor na região tem relação com a alta variabilidade climática durante este período do ano. Existe um bloqueio atmosférico muito grande, entre a Argentina e o Rio Grande do Sul, que impede a passagem da frente fria”, explica.
 
Além do Distrito Federal, Mato Grosso, Goiás e Tocantins podem ser atingidos pelas temperaturas de 40ºC.

Leonardo fez uma pausa no dia para levar a filha Lavínia à Prainha do Lago Norte ( Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  

Leonardo fez uma pausa no dia para levar a filha Lavínia à Prainha do Lago Norte

 

Perigo
O pneumologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB) Ricardo Luiz de Melo explica que os casos de morte associados a onda de calor não são comuns, mas é preciso estar em alerta. A hipertermia, segundo ele, está ligada ao aumento da temperatura corporal e apresenta risco de morte. “Quando a temperatura do corpo atinge 41°C, é a hora de procurar um hospital para se esfriar, pois há um nível alto de desidratação. Geralmente, isso ocorre em clima de deserto, e Brasília tem esse clima. Estamos tendo um constante aumento de temperaturas e isso é preocupante”, destaca.
 
O médico elenca alguns cuidados essenciais para evitar o aumento excessivo da temperatura corporal. Segundo ele, crianças e idosos devem manter a atenção redobrada, pois se desidratam com facilidade. “Não basta apenas beber água. É preciso pensar nos sais minerais, nas vitaminas, que podem ser encontrados nos sucos de frutas, por exemplo. A umidade do ar está baixíssima e, consequentemente, a pessoa transpira muito, principalmente os sais. Então, para repor é preciso ingerir frutas, legumes e vegetais”, orienta.
 
O professor explica que, em casos mais graves, a pessoa é levada a unidades de saúde, onde passa por alguns procedimentos para o esfriamento do corpo. “Têm diversas medidas hospitalares. Uma delas é colocar o paciente no gelo ou dentro da água. É importante frisar que cabe à pessoa cuidar de si mesma para evitar situações como essas. Evitar saídas desnecessárias, se refrescar em casa colocando bacias de água ou ligando o umidificador são algumas dicas”, afirma.
 
Ao Correio, o subsecretário da Defesa Civil, coronel Alan Araújo, enfatiza que os cuidados precisam ser tomados para impedir uma piora na condição de saúde. “É sempre bom focar nas medidas de prevenção, como por exemplo, evitar se exercitar entre 10h e 16h, porque esse é o horário em que a insolação está mais incisiva no DF. Procurar algum tipo de proteção, seja chapéu ou uma camisa de manga, de maneira que crie uma barreira contra o Sol, e manter uma alimentação leve, regada a base de frutas, como banana e pera, que tem mais água”, resume.

Amanda aproveita o calor para complementar a renda de casa, com a venda de dindin ( Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  

Amanda aproveita o calor para complementar a renda de casa, com a venda de dindin

 

Refresco
Leonardo Martins, 32 anos, trabalha como motorista de transporte por aplicativo e, ontem, atendeu a uma cliente no Paranoá com destino a São Sebastião. Entre uma corrida e outra, o condutor aproveitou para se refrescar na Prainha do Lago Norte com a filha, Lavínia Martins, de 5 anos. “O calor estava demais. E, agora, com essa pandemia, não podemos ligar o ar-condicionado, só deixar os vidros do carro abertos. Mas, mesmo assim, não basta. Está muito seco e o ar não entra”, reclama. A pequena gostou do passeio e não demorou muito para entrar na água. “Está muito quente, mas o lago está bom”, disse ela.
 
Há aqueles que aproveitam o movimento dos brasilienses na Prainha para trabalhar, como é o caso de Amanda Ferreira, 23, e Marconi Lopes, 24. O casal resolveu vender dindin para complementar a renda da casa. “Geralmente, chegamos aqui por volta de 13h, é uma hora em que o sol está ardendo, e só saímos às 18h. Sabemos que é um período bem quente, mas tentamos tomar os devidos cuidados, como passar protetor e trazer a garrafinha de água”, explica a jovem.
 
De longe, o casal Grazielle Alves, 34, e Allan Cardoso, 27, se divertia no meio do lago. Os dois deram uma pausa na rotina para fugir das temperaturas elevadas. “Nunca vi dias tão quentes como este no DF. É preciso refrescar para poder superar”, defende o motoboy.
 
 
Duas perguntas para
 
Carlos Henrique Ribeiro Lima, professor e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos da Universidade de Brasília )(UnB)
 
O que pode estar influenciando o aumento das temperaturas no DF?
Historicamente, essa é a época do ano (meio de setembro e início de outubro) mais quente, aqui, em virtude, principalmente, da forte intensidade da radiação solar sobre a região. Entretanto, o próprio aquecimento global contribui para as temperaturas mais altas (acima da média histórica) que temos observado nos últimos dias.
 
Há alguma forma de a população contribuir para a diminuição da temperatura?
Pensando na contribuição da população, poderíamos avaliar medidas que reduzam o efeito das chamadas ilhas de calor. Por exemplo, aumentar o plantio de árvores (consequentemente reduzir o desmatamento e as queimadas, que também afetam bastante o clima) e reduzir a queima de combustíveis fósseis (andar mais a pé, de bicicleta e etc). No médio prazo, poderíamos pensar no uso de materiais diferentes na construção civil e nos pavimentos, e em um melhor gerenciamento do uso do solo. Mas, essas últimas medidas já dependem também do poder público.
 
 
Recordes
 
Temperaturas mais altas registradas nos últimos 10 anos no DF:
 
1º — 37.3ºC (Águas Emendadas), 
em 15 de outubro de 2017
 
2º — 37.1ºC (Águas Emendadas), 
em 28 de outubro de 2008
 
3º — 37ºC (Águas Emendadas), 
em 22 de outubro de 2015
 
4º — 36.7ºC (Gama), 
em 15 de outubro de 2017
 
5º — 36.5ºC (Gama), 
em 18 de outubro de 2015
 
6º — 36.2ºC (Águas Emendadas), 
em 25 de setembro de 2015
 
7º — 36.2ºC (Águas Emendadas), 
em 21 de setembro de 2019
 
8º — 36.2ºC (Gama), 
em 20 de outubro de 2015
 
9º — 36.2ºC (Águas Emendadas), 
em 18 de outubro de 2015
 
 
Sugestões
 
Confira orientações da Defesa Civil para suavizar os efeitos do calor
 
» Beber, pelo menos, seis copos de água por dia
 
» Pingar duas gotas de soro fisiológico em cada narina
 
» Ter toalhas molhadas e bacias com água nos quartos da casa
 
» Usar roupas leves e, se possível, de algodão
 
» Evitar a queima de lixo e entulho
 
» Colocar chapéus e óculos escuros para proteger-se do Sol
 
» Aproveitar o vapor produzido pela água durante o banho para lubrificar as narinas

Correio Braziliense terça, 06 de outubro de 2020

NELSINHO PIQUET: PÉ NA ESTRADA

Jornal Impresso

 

Pé na estrada
 
Nelsinho Piquet ampliará o currículo com participação inédita no Rally dos Sertões no fim deste mês. Em entrevista ao Correio, o candidato ao título da Stock Car conta por que topou o desafio off-road

 

MAÍRA NUNES

Publicação: 06/10/2020 04:00

 (Fotos: Piquet Sports/Divulgação)  


Aos 35 anos, Nelsinho Piquet acumula mais de duas décadas dedicadas ao automobilismo profissional. O alemão nascido em Heidelberg e radicado em Brasília foi o primeiro campeão mundial na história da Fórmula E — a categoria revolucionária de carros elétricos —, subiu ao pódio na Fórmula 1 na temporada de estreia dele, em 2008, conquistou o vice-campeonato na GP2, tem títulos da F-3 Britânica e F-3 Sul-Americana e vitórias na Nascar. Agora, vive o melhor início de temporada na Stock Car. Mesmo assim, não dispensou a oportunidade de inovar mais uma vez no esporte a motor. Ele aceitou disputar, pela primeira vez, o Rally dos Sertões.

“Sempre gostei de correr em qualquer modalidade. Corri tudo na minha vida. Correr nos Sertões era só questão de achar uma equipe”, diz Nelsinho em entrevista ao Correio. Ele pilotará o UTV Can-Am Maverick X3 com a equipe Varela Racing Team. Para Nelsinho, o mais diferente será dividir a aventura com um navegador responsável pela condução do trajeto ao lado do piloto.

O filho do tricampeão mundial Nelson Piquet entrou para o mundo off-road por meio do pai. “Foi em uma expedição de quadriciclo, de Fortaleza a São Luiz, há muitos anos”, conta Nelsinho. Quando passou a frequentar os Lençóis Maranhenses, ele experimentou andar no Can-Am de um amigo. “Achei o lugar maravilhoso e o UTV também, tanto que comprei um para usar lá”, conta.

A largada do Rally dos Sertões está marcada para 30 de outubro, no Autódromo Velocitta, em Mogi Guaçu (SP), e a chegada para 7 de novembro, em Barreirinhas (MA). São 5.000km. Os competidores cruzarão cinco estados e o Distrito Federal, onde cresceu.

 

“É uma coincidência boa. Não sei exatamente por onde do DF o Rally passará, mas é sempre bom andar por lá. Conheço bastante e já tem um tempo que não ando”, anima-se. Mas o percurso todo promete ser encantador, ainda mais para quem gosta de natureza, como Nelsinho diz ser o caso dele. “É uma corrida superconhecida, que passa por áreas muito bacanas, vários lugares que nós, brasileiros, não conhecemos.”

Nelsinho não poderá cumprir o trajeto completo dos Sertões. A corrida está prevista para terminar na véspera da etapa de Curitiba da Stock Car. Na terceira temporada completa na categoria, o piloto vive o melhor início de campeonato. Em quatro provas, conquistou dois pódios. Entre eles, a primeira vitória na principal categoria do automobilismo brasileiro, no fim de agosto, em Interlagos (SP).

“Temos um carro bom. Estamos trabalhando com pessoas boas e, agora, eu chego no fim de semana de corrida com aquela confiança em alta. É bom sentir isso”, comemora o piloto da equipe Texaco Full Time Sports, décimo colocado na classificação geral, com 99 pontos, 47 a menos que o líder, Rubens Barrichello.


“Piloto que é bom tem de se adaptar a modalidades diferentes de automobilismo. No fim, é tudo feeling para calcular o risco a tomar. Eu acumulei muita experiência, para mim foi bom”

Correio Braziliense segunda, 05 de outubro de 2020

BRASÍLIA GANHA 22 MIL NOVAS EMPRESAS DURANTE A PANDEMIA

Jornal Impresso

BRASÍLIA GANHA 22 MIL NOVAS EMPRESAS DURANTE A PANDEMIA

 

Meu negócio, minha aposta
 
Mesmo em meio a pandemia do novo coronavírus, entre maio e agosto, mais de 22 mil novas empresas foram registradas no DF. Especialistas avaliam que o movimento pode ter impacto positivo na economia local

 

» SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 05/10/2020 04:00

Maria Aparecida Mesquita, inaugurou uma loja no Shopping Conjunto Nacional em meio à pandemia (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  

Maria Aparecida Mesquita, inaugurou uma loja no Shopping Conjunto Nacional em meio à pandemia

 

 
Valdir Oliveira: %u201CMuitas empresas estão fechando e outras abrindo no lugar%u201D (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  

Valdir Oliveira: "Muitas empresas estão fechando e outras abrindo no lugar".

 

 
Maurício Santos: %u201CConsegui registrar o nome do negócio em menos de um dia.
Fiz tudo pela internet e foi bem ágil%u201D (Arquivo Pessoal)  

Maurício Santos: "Consegui registrar o nome do negócio em menos de um dia. Fiz tudo pela internet e foi bem ágil".

 

 
 
 
Entre maio e agosto de 2020, mesmo em meio a pandemia de covid-19, 22.136 novas empresas foram abertas no Distrito Federal, cerca de 11,30% a mais que o registrado nos primeiros quatro meses do ano. Os dados são do Mapa das Empresas, divulgado pelo Ministério da Economia. Segundo especialistas, esse movimento é consequência da grande demanda que a população da capital federal gera para, principalmente, o setor de bens e serviços. Para os novos empreendedores, a crise sanitária assustou, mas não suficiente para desanimá-los.
 
O economista Riezo Almeida, ao analisar o cenário econômico do DF, considera que a região é uma das melhores do país para se iniciar um negócio. “Brasília tem uma demanda muito alta e um mercado consumidor ativo. E é isso que, em tempos de crise, gera a oferta”, esclarece. Ele ainda explica que, os auxílios cedidos tanto pelo governo federal quando pelo local podem ter ajudado pessoas a darem o pontapé inicial no empreendimento. “Além disso, a renda das famílias não diminuiu muito, pois o serviço público é a principal fonte na cidade”, completa.
 
Maria Aparecida Mesquita, 29, percebeu que a demanda para certos tipos de serviços não parou durante a crise sanitária. Por isso, ela não abandonou o sonho de ser dona do próprio empreendimento. Em 7 de julho, ela inaugurou uma franquia de um centro de estética em um shopping no centro da capital. “Sempre temos medo de começar algo novo e a pandemia com certeza intensificou isso. Porém, eu sabia que a demanda era grande e por isso não desanimei”, afirma. Hoje, quase três meses após a abertura, Maria considera que o retorno é positivo.
 
A única dificuldade de Maria foi em relação à divulgação. “Para começar a atrair os primeiros clientes foi complicado. No entanto, depois das primeiras semanas, o marketing boca a boca começou a movimentar mais o negócio”, declara. Até a burocracia, que assustava a empresária iniciante, a surpreendeu positivamente. “O registro foi muito rápido, até a equipe jurídica e financeira ficou surpresa. Acredito que isso seja reflexo da pandemia, pois tudo foi transferido para plataformas on-line e o atendimento ficou mais ágil”, considera.
 
Outro que encontrou oportunidade em meio à crise, foi Maurício Santos, 29. Morador do Lago Oeste, ele percebeu que os serviços de entrega de comida não costumam entregar no local. Por isso, em julho, ele criou um delivery de cachorro-quente voltado para a região. “Como eu fiz um curso de gastronomia no Senac e trabalhei em restaurante, antes dele fechar devido a pandemia, tinha experiência no ramo”, conta. Dois meses depois do início do investimento, o jovem afirma que os resultados são positivos. “Considera que o produto está fazendo bastante sucesso”, declara. Ele ainda diz que a burocracia foi a parte mais rápida de todo o processo. “Consegui registrar o nome do negócio em menos de um dia. Fiz tudo pela internet e foi bem ágil”, explica.
 
Menos burocracia
 
Ainda de acordo com o Mapa das Empresas, a capital federal é a segunda unidade da Federação mais rápida para se registrar um negócio. Em média, o processo demora apenas 11 horas e fica atrás apenas do Goiás, onde o tempo é de 10 horas. De acordo com o diretor-superintendente do Sebrae DF, Valdir Oliveira, a posição da cidade no ranking é extremamente positiva. “Certamente isso está ajudando os novos empresários a abrirem e registrarem as empresas no DF. Antigamente, o processo era muito burocrático e isso pode ter desmotivado muita gente”, explica.
 
Apesar de analisar positivamente os dados, o superintendente considera importante ressaltar que o grande número de empresas abertas é um movimento natural da crise. “Os empreendedores ou microempreendedores surgem como uma maneira de as pessoas buscarem por estabilidade”, afirma. Por isso, é preciso ter cuidado antes de se animar com o cenário. “Muitas empresas estão fechando e outras abrindo no lugar. Antes de iniciar um investimento, é preciso analisar a situação econômica e a demanda do DF e, assim, se planejar”, completa.
 
Expectativas
 
Coordenador do curso de economia do Iesb, Riezo Almeida considera que essa movimentação no mercado é positiva para o cenário econômico do DF. “O dinheiro começa a girar mais, pois, a partir do momento que a empresa está aberta, ela precisa dos produtos, que gera mais renda e demanda para os fabricantes e assim por diante na linha de produção”, esclarece. Ele ainda diz que as novas empresas começam a pagar impostos, o que beneficia a arrecadação do governo local. “Os empresários pagam mais tributos como o ICMS. É a circulação de dinheiro que faz falta, ainda mais durante a pandemia”, completa.
 
Em relação às expectativas para o terceiro quadrimestre do ano, Riezo acredita que a situação deve se manter. “A tendência é que o 3º quadrimestre seja bem positivo ainda mais com as reaberturas de vários setores da economia. Assim, as demandas começam a ressurgir”, afirma. Apesar do bom quadro geral, ele ressalta que é importante que cada empresário analise e planeje os próximos passos do negócio. “Ainda assim, há, infelizmente, empresas que fecharão. É importante estar atento às demandas para, assim, se adequar ao novo normal do mercado”, conclui.
 
» Um alento
 
Empresas abertas por mês no DF
 
Janeiro   5.250
Fevereiro   4.737
Março   5.205
Abril   3.503
Maio   4.177
Junho   4.990
Julho   6.207
Agosto   5.936 
 
» Fique de olho
 
O que avaliar no cenário econômico antes de investir em um negócio
 
Taxa de juros
• Para iniciar um investimento, é mais vantajoso se as taxas estiverem baixas (como o caso da Selic que está há 2%, taxa mais baixa da série histórica), pois os investimentos imediatos acabam valendo mais do que deixar o dinheiro em poupança. Além disso, o empréstimo também fica mais “barato”.
 
Inflação
• É importante que a inflação esteja controlada, pois facilita o planejamento de gastos com produtos ou matérias primas. E para garantir um bom retorno dos negócios, em geral, o planejamento é uma parte essencial.
 
Burocracia
• Ter facilidade e rapidez na hora de iniciar um negócio anima o novo empreendedor. Com a pandemia, esse processo se tornou mais rápido, pois foi transferido para plataformas online.
 
Fonte: Riezo Almeida, economista 
e coordenador do curso de economia do Iesb

Correio Braziliense domingo, 04 de outubro de 2020

A NOVA CARA DO GOVERNO IBANEIS

Jornal Impresso

A nova cara do governo Ibaneis
 
Troca de cargos no Governo do Distrito Federal intensificou-se nas últimas semanas. Com a movimentação, governador pretende se aproximar de deputados distritais e facilitar a aprovação de novos projetos na Câmara Legislativa

 

» JÉSSICA EUFRÁSIO
» WASHINGTON LUIZ

Publicação: 04/10/2020 04:00

Fernando Fernandes perdeu a administração de Ceilândia e agora apadrinhou o titular de Sol Nascente (Minervino J?nior/CB/D.A Press)  

Fernando Fernandes perdeu a administração de Ceilândia e agora apadrinhou o titular de Sol Nascente

 

 
Reginaldo Sardinha indicou o secretário do Sistema Penitenciário (Ana Rayssa/CB/D.A Press)  

Reginaldo Sardinha indicou o secretário do Sistema Penitenciário

 

 
Roosevelt ajudou a enterrar CPI após nomear comandante dos bombeiros (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)  

Roosevelt ajudou a enterrar CPI após nomear comandante dos bombeiros

 

 
 
 
 
Perto de completar dois anos de mandato, o governador Ibaneis Rocha (MDB) promove dança das cadeiras no Executivo. Diversos órgãos ganharam uma cara diferente daquela do início da gestão. As indicações políticas vêm em um momento que o Palácio do Buriti tenta conseguir apoio para projetos como a privatização da Companhia Energética de Brasília (CEB), para barrar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e para alinhar propostas como a do Programa de Incentivo à Regularização Fiscal do Distrito Federal (Refis-DF).
Dos 24 deputados distritais, o governo conseguiu formar uma base composta por 17. Os movimentos ocorreram de forma estratégica. As trocas tiveram indicações de distritais que compunham o Centrão, mas se inclinaram às expectativas do Executivo com a contrapartida de poderem indicar funcionários para cargos comissionados.
 
Na última semana, saiu no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) a criação de mais uma pasta, a Secretaria Extraordinária da Família. O comando ficou sob a responsabilidade do pastor e ex-deputado federal pelo Rio de Janeiro Iliobaldo Vivas da Silva, o Léo Vivas. Vinculado à Igreja Universal, o deputado atende à base evangélica e, segundo o Correio apurou, teve aval de colegas de partido do líder religioso, os distritais Martins Machado e Rodrigo Delmasso, além do deputado federal Julio Cesar — todos do Republicanos.
 
Outra troca ocorreu na Secretaria de Desenvolvimento da Região Metropolitana, chefiada pelo secretário Paulo Roriz, que foi exonerado na quinta-feira. Ele não foi realocado para outra pasta, e a gestão de temas do Entorno ficou com Manoel Gervásio Pinheiro Carvalho, tenente-coronel do Corpo de Bombeiros indicado pelo distrital Roosevelt Vilela (PSB), também integrante da corporação. O deputado conseguiu, ainda, recomendar o novo comandante do Corpo de Bombeiros, coronel William Augusto Ferreira Bomfim, no lugar do coronel Lisandro Paixão dos Santos.
 
Do partido do ex-governador Rodrigo Rollemberg, Roosevelt apresentou o requerimento para criação de uma CPI da Saúde mais ampla, que abrangesse também os dois governos que antecederam o de Ibaneis. Com essa medida, um dos signatários da CPI da Pandemia, o deputado Daniel Donizet (PL), retirou o apoio da investigação articulada por Grass. Ele também foi agraciado com cargos na Administração Regional do Gama.
 
Administrações
 
Na área de segurança, as exonerações e nomeações contemplaram o deputado Reginaldo Sardinha (Avante). Agente penitenciário da Polícia Civil do DF, Sardinha indicou o secretário do Sistema Penitenciário, o delegado aposentado Agnaldo Novato Curado Filho, no lugar do delegado Adval Cardoso de Matos, que não ficou desabrigado. Assumiu a Corregedoria-Geral da Polícia Civil do DF.
 
A chefia de gabinete da Sesipe também passou por trocas. Saiu o delegado Érito Pereira da Cunha e entrou o delegado aposentado Geraldo Nugoli. Os titulares de outros 10 cargos foram substituídos.
 
Além disso, Sardinha indicou o comando de duas administrações regionais em que perdeu aliados: Cruzeiro e Sudoeste/Octogonal. Na primeira, saiu Renato Couto Mendonça e entrou Luiz Eduardo Gomes de Paula Pessoa. No Sudoeste/Octogonal, Daniel Damasceno Crepaldi deixou o cargo e foi substituído por Tereza Canal Lamb. Todos os titulares de cargos estratégicos das duas administrações regionais foram recomendações do deputado.
 
Ainda nas administrações, o governador trocou o comando da regional do Sol Nascente. Saiu José Goudim Carneiro e assumiu Cláudio Ferreira Domingues, sugerido pelo deputado Fernando Fernandes (Pros). No primeiro ano de governo, ele foi administrador de Ceilândia, mas deixou o cargo e perdeu a estrutura para o advogado Marcelo Piauí, amigo e aposta política de Ibaneis. Agora, Fernandes ganhou outro espaço político, no Sol Nascente. Em Águas Claras, Ibaneis exonerou Francisco de Assis da Silva e nomeou André Luis Queiroz Rosa.
 
O jogo de xadrez entre o Palácio do Buriti e a Câmara Legislativa não acontece por acaso. O mês passado começou com forte pressão dos parlamentares da oposição pela instalação da CPI da Pandemia, para apurar as suspeitas de desvios na área da saúde que levaram à prisão da cúpula da pasta na Operação Falso Negativo. O requerimento teve dificuldades para conseguir as 13 assinaturas necessárias para que a comissão fosse criada e, depois de aprovada pela maioria, enfrentou novo obstáculo, desta vez, por parte da Procuradoria da Casa, que considerou não haver requisitos necessários.
 
Ibaneis contornou a situação para evitar uma exploração política das suspeitas, em uma CPI que seria comandada por um deputado da oposição, Leandro Grass (Rede), autor do requerimento.
 
Outsider
 
Num momento de aproximação com os distritais, o Executivo local deu outro passo importante. Figura central na articulação do governo com o Legislativo, o secretário de Relações Institucionais Bispo Renato perdeu a função e passou para o comando da Administração Regional de Taguatinga, mais próximo de um possível eleitorado. Desde então, as negociações com os distritais ficaram a cargo do próprio Ibaneis e da Casa Civil.
 
Na avaliação do cientista político Valdir Pucci, o governador deixou de lado a imagem de um político outsider criada na campanha para garantir a sobrevivência do governo. “Ele foi eleito com discurso outsider, de uma pessoa que veio de fora desse meio, que faria a negociação com o Legislativo baseado em ideias. Uma vez no governo, Ibaneis percebeu que a prática política do mundo real é diferente da campanha”, analisa.
 
Pucci ressalta que esse tipo de negociação faz parte do jogo político no Brasil e considera que o governador acerta ao fazer as trocas. Sem as substituições, os projetos do Executivo local ficariam paralisados na Câmara e o governador correria risco de ter um desgaste ainda maior com os parlamentares, segundo o professor. “Temos o exemplo do próprio governador do Rio, Wilson Witzel, que se recusou a entender a política brasileira e acabou fora do governo em menos de dois anos de mandato”, compara Valdir.
 
Na sexta-feira, o governador promoveu um almoço na Residência Oficial de Águas Claras, fechado para distritais, deputados federais, secretários de governo e presidentes de estatais do DF. O convite aos parlamentares surgiu de maneira descontraída, na reunião de terça-feira, quando o chefe do Buriti e aliados discutiram planos para a CEB, a reapresentação do Refis-DF e a proposta que exclui o limite mínimo de 50% de trabalhadores concursados em cargos comissionados.
 
David Fleischer, cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB), considera que o governador se viu obrigado a adotar uma forma de negociação mais tradicional. “Esse toma lá dá cá é o estilo tradicional de que não se tem como fugir. O que acontece com o Ibaneis é o mesmo que acontece com (Jair) Bolsonaro. Ambos se elegeram com a promessa de serem diferentes dos demais, mas, agora, se veem obrigados a ceder, a negociar, o que pode causar desconforto até na própria base. ‘Toma lá dá cá’ é o nome do jogo”, completa David.
 
» Dança das cadeiras
 
Substituições em secretarias  e administrações regionais atendem demandas de parlamentares. Confira:
 
Agnaldo Novato Curado Filho
Secretário do Sistema Penitenciário
Quem indicou: Reginaldo Sardinha (Avante)
 
Cláudio Ferreira Domingues
Administrador Regional do Sol Nascente
Quem indicou: Fernando Fernandes (Pros)
Iliobaldo Vivas da Silva (Léo Vivas)
 
Secretário da Família
Quem indicou: parlamentares do Republicanos
 
Luiz Eduardo Gomes de Paula Pessoa
Administrador Regional do Cruzeiro
Quem indicou: Reginaldo Sardinha (Avante)
 
Manoel Gervásio Pinheiro
Secretário de Desenvolvimento da Região Metropolitana
Quem indicou: Roosevelt Vilela (PSB)
 
Tereza Canal Lamb
Administradora Regional do Sudoeste/Octogonal
Quem indicou: Reginaldo Sardinha (Avante)
 
William Augusto Ferreira Bomfim
Comandante do Corpo de Bombeiros
Quem indicou: Roosevelt Vilela (PSB)

Correio Braziliense sábado, 03 de outubro de 2020

BRASILIENSES CONTEMPLAM A LUA CHEIA

Jornal Impresso

Brasilienses contemplam a Lua cheia

 

Darcianne Diogo

Publicação: 03/10/2020 04:00

A Lua cheia deve durar até hoje, quando começa a transição para a fase minguante (Ed Alves/CB/D.A Press)  

A Lua cheia deve durar até hoje, quando começa a transição para a fase minguante

 

 
Olhos brilhantes e atentos: assim esperavam as pessoas pelo nascer da Lua cheia, no Pontão do Lago Sul, na noite de ontem. A face mais reluzente do único satélite natural da Terra surgiu com tom meio avermelhado e agraciou os brasilienses. 
 
A Lua cheia deve durar até hoje, quando começa a transição para a fase minguante. O funcionário público Jenilson Batista, 66 anos, e a professora Cristiane Dantas, 49, resolveram ir até o Pontão só para admirar o corpo celeste. O casal namora há 4 anos e vê, na natureza, uma forma de estreitar a relação. “É a Lua do amor, da paixão. Sempre quando ela nasce, damos um beijo para selar nossa união”, disse o funcionário. 
 
Os coqueiros, o Lago Paranoá e as luzes colaboraram para o nascer da Lua ficar ainda mais bonito.”O lago é muito bonito. Aqui, é um lugar limpo, não tem prédios para atrapalhar a visão do céu e tem o reflexo da água”, admira Cristiane. 
 
O casal Ana Aguiar e Américo Júnior Aguiar, ambos de 50 anos, chegaram a forrar uma toalha no gramado do Pontão e levaram vinho branco para prestigiar o céu de Brasília. “Íamos para o Iate Clube acompanhar o nascer da Lua, mas decidimos vir para cá. Gosto de tudo que remete à natureza, seja a Lua, o Sol e o céu”, destacou Ana. 
 
O tom um pouco vermelho tem explicação. Segundo o professor e astrofotógrafo Leo Caldas, o motivo é o mesmo do Sol ficar avermelhado perto do horizonte: a atmosfera: “A poeira e fumaça dessa época de tempo seco colaboram para a alteração da cor. Mas, depois, ela fica branquinha novamente”, explicou. 

Correio Braziliense sexta, 02 de outubro de 2020

ZOOLÓGICO DE BRASÍLIA VOLTA A FUNCIONAR

Jornal Impresso

Que saudade do Zoo!
 
Zoológico volta a funcionar após seis meses fechado, respeitando o decreto do GDF de combate à disseminação do novo coronavírus

Foram seis meses de separação, mas cheios de saudade. O Zoológico de Brasília reabriu, ontem, após logo período fechado por causa das medidas de prevenção contra o novo coronavírus. E o brasiliense voltou rápido a um dos seus pontos mais amados de lazer. Sob severas medidas sanitárias, mais de 800 pessoas passearam pelos recintos com bichos de todo o mundo. Para a criançada, era difícil saber qual animal escolher. Famílias passaram o dia inteiro no Zoo. Mas a quinta-feira foi especial mesmo para Victorya Souza. A menina fez aniversário e ganhou festa (foto/D) surpresa em seu lugar predileto. , Fotos: Ana Rayssa/CB/D.A Press

 

 

CAROLINE CINTRA

Publicação: 02/10/2020 04:00

 
 
Nem mesmo o calor de quase 35ºC impediu os brasilienses de sair de casa para passear no Zoológico. O espaço reabriu, ontem, para visitação, após seis meses fechado, respeitando o decreto do Governo do Distrito Federal (GDF), como medida de combate à disseminação do novo coronavírus. Até o final da tarde ontem, cerca de 800 pessoas haviam passado pelo local. Água gelada, frutas, protetor solar, lanches e roupas leves faziam parte do combo que os brasilienses e turistas levaram para enfrentar a seca e se divertir.
 
 
No início da manhã, os visitantes relataram perceber os animais mais tímidos. Alguns associaram o comportamento ao longo período de fechamento e o retorno “repentino” do público. Porém, o biólogo diretor de mamífero do Zoo Filipe Reis explicou que, nesse período de pandemia, a equipe do Zoo percebeu pouca mudança nas atitudes dos bichos. “Eles seguem com o comportamento que tinham antes da pandemia. Isso está relacionado com o bem-estar que é trabalhado no Zoológico. Todos os recintos têm pontos de fuga, independentemente da presença do público”, destacou o especialista. Além disso, ele destacou que o calor deixa os animais mais quietos. Assim, eles buscam lugares mais reservados.
 
Embora o espaço esteja liberado, a visitação deve seguir normas rígidas de medidas sanitárias. O número de pessoas, por exemplo, está limitado a até 1,5 mil. O distanciamento social é fundamental. De acordo com o Decreto nº 41.260, que regulamenta a reabertura do Zoológico de Brasília, a limpeza dos ambientes será mais constante, especialmente das áreas comuns, para diminuir o risco de contaminação pela covid-19. Apesar de os bebedouros estarem ativados, o recomendado é que os visitantes levem garrafinha de água.
 
“Buscamos atender a todas as orientações dos órgãos de saúde, assim como dos decretos para recebermos as pessoas com segurança. Promovemos várias adições para que tudo acontecesse da melhor forma”, disse Eleutéria Guerra Pacheco, diretora-presidente do Jardim Zoológico de Brasília. Foram distribuídos álcool em gel em diversos pontos, instaladas pias com sabão, para higienização das mãos.
 
Outra recomendação é evitar contato com a grama. “Evitem sentar na grama. Estamos em períodos de seca e aparecem carrapatos e outros aracnídeos que são trazidos por animais de vida livre. Tomamos medidas para conter, mas é importante não ter esse contato”, ressaltou Eleutéria.
 
Passeio
 
Moradores do Varjão, os confeiteiros Jardel Silva, 36 anos, e Jéssica Silva, 29, levaram os quatro filhos, logo cedo, para passear no Zoo. A família chegou por volta das 9h30 no local. Cheios de vontade de sair de casa para lazer, Maria Clara Santos, 13; Maria Luiza Santos, 9; Maria Alice Santos, 8; e Ezequiel Santos, 2, fizeram questão de visitar todos os bichinhos. Para os pais, os dias em casa, sem aula e sem poder sair, deixaram as crianças muito agitadas. Na primeira oportunidade, resolveram levá-las para o passeio.
 
“Esse tempo de quarentena não foi muito bom. Todos dentro de casa, com vontade de sair um pouco, mas não podíamos. Antes da pandemia, a gente sempre vinha para o Zoo. O menor ainda não conhecia e está adorando tudo”, contou Jéssica. A mais animada entre os filhos, Maria Luiza estava ansiosa para ver a girafa e o elefante. São seus animais prediletos. “Eu também gosto das cobras, acho bonitas. Quero ficar aqui o dia todo, vai ser bem legal”, afirmou a menina. A família chegou ao Zoológico com vários lanches e até almoço para passar o dia visitando os bichos.
 
Gêmeos, os irmãos Lucas Reis e Davi Reis, 6 anos, foram ao Zoo a caráter. Cada um estava com máscara de algum animal: um de urso e outro de jacaré. Na hora de escolher o bicho preferido, bateu a dúvida. “Ainda estou escolhendo. Mas, gosto mais do alce e do leão”, disse Lucas. Para que o passeio fosse divertido e sem grandes interferências da seca, o pai dos meninos, o pastor Alexandre Reis, 41, foi preparado. “Muita água. Viemos de carro para não precisar andar muito debaixo de sol quente e trouxemos dinheiro para comprar sorvete e picolé”, afirmou.
 
Para a estudante Victorya Souza, a data foi ainda mais especial. A reabertura do Zoo, um dos lugares preferidos dela, foi no dia em que ela completou 10 anos. Por isso, os familiares prepararam uma festa surpresa para ela no local. “Eu percebi que minha mãe estava estranha todos esses dias. Deixava eu brincar no celular, mas não podia abrir o WhatsApp. Achei estranho, mas não desconfiei de nada”, contou a menina, com riso no rosto.
 
A família inventou uma história para poder tirá-la de casa. “A quarentena não é difícil, porque gosto de ficar em casa, assistindo tevê, deitada. Então, estava bom”, disse. Para conseguir sair com a aniversariante, falaram que iriam a uma lanchonete que ela gosta. No caminho, o pai falou que precisava usar o banheiro e que entraria no Zoológico. “Pagar R$ 5 para ir no banheiro? Achei aquilo muito esquisito, mas gostei da ideia, porque eu poderia ver os animais. Quando cheguei, fizeram a surpresa. Eu amo festa ao ar livre. Eu amei tudo”, declarou Victorya.

Hora do refresco: o urso-de-óculos Ney fez a festa na água (Ana Rayssa/CB/D.A Press
)  
Hora do refresco: o urso-de-óculos Ney fez a festa na água


Seca
 
A umidade baixa e as temperaturas altas não estão castigando apenas os seres humanos, os animais também sofrem neste período. Para se manter bem e aliviar os sinais da seca, o Zoológico promove uma série de atividades com os bichos. “Temos um programa de enriquecimento ambiental, são atividades que a gente estimula os animais tanto na parte psicológica quanto na física”, disse o biólogo Filipe Reis.
 
Para o urso-de-óculos Ney, por exemplo, a atividade é colocar comida e pedaços de frutas dentro do tanque para estimulá-lo a entrar e se refrescar. Há, também, estruturas com áreas sombreadas e internas.  Além disso, tem banho de mangueira para os elefantes, picolé de frutas para algumas espécies, para os felinos picolé com o sumo da carne. Afinal, eles merecem refresco, também.
 
 
 
Visitação Zoológico de Brasília
Dias: Quinta a domingo e feriados
Horários: 9h às 17h
Valor da entrada: R$ 5, meia-entrada
 

Correio Braziliense quinta, 01 de outubro de 2020

TORRE DE TV REABRE HOJE

 

Jornal Impresso
Vista livre para o sonho
 
Depois de uma grande reforma, com melhorias em vários pontos, como no mirante (foto) e no mezanino, a Torre de TV é reaberta ao público. Artesãos da feira esperam os turistas. Hoje, o Zoo de Brasília também volta a funcionar. , Ed Alves/CB/D.A Press
Torre de TV reabre hoje
 
É muita expectativa! Enquanto brasilienses e turistas estão ansiosos para poder admirar, novamente, a vista de Brasília que só este monumento proporciona, comerciantes e artesãos da feira esperam que o movimento aumente e reaqueça a economia

 

SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 01/10/2020 04:00

 (Minervino Junior/CB/D.A Press)  
 
Após dois anos fechada para reformas, a Torre de TV reabriu, hoje, para visitação. Sob a gestão do Banco de Brasília (BRB), o ponto turístico e marco visual da cidade conta com novo espaço de socialização no mezanino, além do mirante que oferece uma vista panorâmica do Plano Piloto. Presente no evento de inauguração, ontem, o governador Ibaneis Rocha (MDB) afirmou que a revitalização da estrutura é um ato simbólico para todos os brasilienses. “Mostra como nós cuidamos do patrimônio da capital federal e como esperamos que cuidem do resto do país”, disse.
 
Para o emebedista, as obras vão auxiliar o desenvolvimento econômico e social da cidade. “Tivemos o cuidado de, também, cuidar da Feira da Torre, para que os visitantes de Brasília possam vir e desfrutar de tudo que o espaço tem a oferecer”, frisou.
 
Também no evento, o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, ressaltou que o intuito da parceria com o governo local era reavivar o monumento e que os projetos de revitalização devem se estender para outros pontos turísticos da capital federal. “Nosso próximo alvo é o Teatro Nacional. Temos a intenção de iniciar um projeto no espaço, porém ainda não há previsão”, adiantou.
 
Para a visitação da Torre, serão respeitadas as medidas de segurança a fim de evitar a disseminação do novo coronavírus. Brasilienses e turistas estão ansiosos com a retomada do monumento. Edvandro da Costa, 40 anos, mora há 20 em São Sebastião e trabalha no Plano Piloto. Apesar de estar muito tempo na cidade, ele nunca subiu na Torre de TV. Ao saber da reforma e da reabertura, garantiu que vai conhecer o mirante. “Dizem que é uma vista muito bonita de todo o centro de Brasília e, agora, deve estar mais moderno. Mal posso esperar”, revela. Para a filha de Edvandro, Daniela da Costa, 9, visualizar Brasília do alto da estrutura também é uma experiência inédita. “Parece ser muito bonito, tenho vontade de subir e ver a cidade de cima”, conta.
 
De acordo com a administração da Torre de TV, o mirante ficará aberto das 12h às 18h, e a entrada será gratuita, porém controlada. Apenas será permitida a entrada de quatro pessoas por vez no elevador e 12 no espaço. A medição de temperatura será feita nas entradas do local, e o álcool em gel estará disponível em todos os ambientes. O mezanino funcionará de quinta-feira a sábado, das 18h à  0h30, por meio de reservas, e o valor será de R$ 20 por pessoa.
 
Para o mineiro Fábio Assis, 30, as inovações são um atrativo a mais. Morador de Francisco Dumont (MG), ele veio a Brasília para o casamento de um amigo e ficou triste por não ter conseguido visitar a Torre de TV. “Criei expectativas muito boas em relação à vista do mirante. Porém, quando cheguei, soube que estava fechado”, lamenta. “Estou voltando para Minas Gerais hoje, mas já quero planejar a próxima vinda para conhecer este ponto turístico”, promete Fábio.

 (Ed Alves/CB/D.A Press)  


Comércio
 
Como um dos principais pontos turísticos de Brasília, a Torre de TV fomenta grande parte das vendas na Feira da Torre. Selma Carvalho, 59, trabalha na feira há 28 anos e conta que, após o monumento fechar para reformas, o movimento no comércio caiu consideravelmente. “As pessoas que visitavam a Torre acabavam conhecendo a feira. Mesmo durante a semana, o fluxo era bom”, lembra. Agora, com a reabertura, ela está otimista. “Espero que aumente bastante e que turistas e brasilienses gostem do que temos a oferecer”, completa.
 
Jaqueline Melo, 26, também está com expectativas altas. “Mesmo durante a pandemia, espero que as pessoas visitem o local. Nós, da feira, dependemos muito do turismo da Torre”, explica. O presidente do Sindicato dos Feirantes do DF (Sindifeira), Francisco Valdenir, deseja que o comércio da Feira da Torre volte aos bons tempos. “Nosso principal foco é trazer a clientela de volta, e acredito que a reabertura da Torre pode nos ajudar”, avalia.
 
 
Reforma
A Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) investiu R$ 16,5 milhões na restauração do local. A pintura foi refeita e os parafusos das vigas e peças metálicas, trocados. O mirante, agora, conta com um bistrô. A feira da torre também passou por revitalização. Cerca de 4,5 mil m² de calçadas de concreto foram refeitos, e os elevadores e as escadas rolantes, recuperados. 

Correio Braziliense quarta, 30 de setembro de 2020

TRUMP X BIDEN - O DEBATE DO CAOS: OFENSAS E ATÉ CITAÇÃO AO BRASIL

Jornal Impresso

O debate do caos
 
EUA / A 35 dias das eleições, Donald Trump e Joe Biden trocam ofensas e se interrompem por várias vezes. Democrata manda presidente calar a boca e o chama de "palhaço". Magnata republicano assegura que foi o melhor líder da história e alerta para fraude

 

RODRIGO CRAVEIRO

Publicação: 30/09/2020 04:00

 

%u201CNão tem nada de inteligente em você. 
(...) Fiz mais em 47 meses do que você 
em 48 anos, Joe%u201D

Donald Trump, presidente republicano dos 
EUA e candidato à reeleição

%u201CÉ difícil falar com este palhaço. Perdão, esta pessoa. (%u2026) Você é o pior presidente que 
os Estados Unidos já tiveram%u201D

Joe Biden, candidato 
democrata à Casa Branca (Jim Watson/AFP)  

"Não tem nada de inteligente em você. (...) Fiz mais em 47 meses do que você em 48 anos, Joe"  Donald Trump, presidente republicano dos EUA e candidato à reeleição,  "É difícil falar com este palhaço. Perdão, esta pessoa. " Você é o pior presidente que os Estados Unidos já tiveram" Joe Biden, candidato democrata à Casa Branca

 

 

 

Com apenas cinco minutos de atraso, o presidente republicano Donald Trump e o ex-vice democrata Joe Biden subiram ao palco da Case Western Reserve University, em Cleveland (Ohio), e não apertaram as mãos. Poderia ser uma prévia do clima nada amistoso que permeou o primeiro dos três debates antes das eleições de 3 de novembro, mas era apenas parte do protocolo de segurança sanitária. Constantes trocas de ofensas e interrupções dominaram os 90 minutos de discussões sobre seis assuntos específicos: a pandemia da covid-19, a Suprema Corte dos Estados Unidos, o racismo, o histórico dos dois candidatos, a economia e a integridade das eleições. Trump tentou usar a presença de palco — legado dos tempos de apresentador de O aprendiz, entre 2004 e 2015 — e intimidar o adversário, que chegou a chamá-lo de “palhaço”. Mas Biden soube aproveitar-se das câmeras para contra-atacar. Em um dos momentos mais tensos, Trump disse que Hunter Biden, filho de Joe Biden, foi expulso das Forças Armadas por usar cocaína. “Isso não é verdade”, reagiu o democrata.

 “O fato é que tudo o que ele disse até agora é simplesmente mentira. (…) Todo mundo sabe que ele é um mentiroso”, disparou Biden. O magnata republicano deixou a modéstia de lado. “Fui o melhor presidente, com a melhor economia da história do país”, afirmou, depois de ligar o adversário ao socialismo. Mais adiante, ao reagir às interrupções, Biden perdeu a paciência: “É difícil falar com este palhaço. Perdão, esta pessoa. (…) Você é o pior presidente que os EUA já tiveram”.

 Já no primeiro tema, os dois partiram para o ataque, ao debaterem a nomeação da juíza conservadora Amy Coney Barrett para a vaga da falecida magistrada Ruth Bader Ginsburg. Trump garantiu que tem o direito de escolher quem quiser. “Temos uma indicada fenomenal, muito respeitada, uma acadêmica de elite muito boa. Ganhamos as eleições e temos o direito de indicá-la”, declarou. Por várias vezes, o moderador Chris  Wallace, jornalista da emissora Fox News, precisou intervir.

 Biden, por sua vez, disse que Trump deseja derrubar o Obamacare — plano de subsídio de atenção à saúde lançado pelo ex-presidente Barack Obama — e o acusou de não ter um projeto similar. “Este homem não sabe o que está falando”, alfinetou o democrata. Foi quando Trump denunciou um projeto socialista de Biden para a saúde pública. No segundo tema, mais tensão no ar.  “São 200 mil mortes, 7 milhões de infectados ou 4% da população mundial, além de 10% das mortes. Milhares de pessoas, por dia, contraem a doença. As coisas são como são porque você é como é”, alfinetou Biden, ao responder sobre a pandemia da covid-19. “O presidente não tem um plano.”

 O republicano devolveu com tom ríspido e em terceira pessoa: “Várias pessoas me disseram que o presidente Trump salvou várias vidas em nosso país e fez um trabalho fenomenal”. “ Você nunca teria feito o trabalho que realizei”, disse o magnata republicano. “Você foi um desastre”, rebateu Biden. Trump levou as acusações para o lado pessoal. “Não tem nada de inteligente em você”, disparou. “Fiz mais em 47 meses do que você em 48 anos, Joe”, acrescentou. No debate sobre a pandemia, ambos encenaram um momento cômico ao falarem sobre as máscaras. “Eu não uso uma máscara como (Biden), cada vez que você o vê, ele usa uma máscara. Ele poderia estar a dois metros daqui e aparece com a maior máscara que já vi”, ironizou Trump.

 Em outra abordagem aguardada, Wallace perguntou a Trump se ele pagou US$ 750 em impostos, três anos atrás. “Paguei milhões de dólares em impostos de renda. Teve uma história dos jornais dizendo que paguei US$ 38 milhões em um ano e US$ 27 milhões em outro. Temos 180 páginas de notícias que mostram meus ativos”, respondeu. O moderador insistiu que Trump tergiversou. “Paguei milhões de dólares em 2017”, assegurou o republicano. Visivelmente exasperado ao ser acusado de desejar fechar a economia, Biden dirigiu-se ao rival: “Você vai se calar, homem?”.

 O debate sobre divisões raciais nos EUA levou Trump a voltar a defender a lei e a ordem. “Este é um presidente que usa tudo como um apito de cachorro, para tentar semear ódio racista e divisão. Este homem não fez praticamente nada pelos negros”, disse o democrata. Na última pergunta do evento, Biden defendeu que os cidadãos norte-americanos votem da forma como desejarem, seja à distância, seja presencialmente. E disse que Trump busca amedrontar os eleitores, impedindo-os de votar, sob o pretexto do risco de fraude. O presidente pôs em xeque o fato de milhões de cédulas serem enviadas a vários lugares. “Isso vai ser uma fraude como nunca antes visto.”

Especialistas

 Professor de história, jornalismo e estudos midiáticos da Rutgers University, David Greenberg avaliou ao Correio que nenhum dos candidatos teve atuação brilhante. “Isso provavelmente ajudará Biden. Trump dominou, mas com arrogância e com interrupções. Biden lutou para ser ouvido, mas quando o fez foi convincente e substantivo”, comentou. “Minha suspeita é que a maioria dos telespectadores tenha erguido as mãos e desligado a tevê, ou encolhido os ombros.” Greenberg admitiu que o debate foi “completamente caótico”. “Chris Wallace foi incapaz de impedir Trump de importunar.”

 Para David Dulio, diretor do Centro para Engajamento Cívico e cientista político da Universidade Oakland (em Michigan), o debate não atendeu à opinião pública. “Tudo começou muito caótico. Houve conversas contínuas e nenhum dos dois prestou atenção ao moderador. Eu me pergunto quantas pessoas ficaram enojadas e desligaram a tevê”, disse à reportagem. O especialista entende que os dois conseguiram marcar pontos. “Biden fez um bom trabalho, ao falar diretamente para a câmera; o público responde a isso. Trump é claramente mais forte quando se concentra na economia e foi capaz de criar um contraste em sua abordagem sobre covid, economia e Biden, sobre fechar ou abrir o país.”


Correio Braziliense terça, 29 de setembro de 2020

FOGO E SECA CASTIGAM O DISTRITO FEDERAL

Jornal Impresso

Fogo e seca castigam o Distrito Federal
 
 
As altas temperaturas e baixa umidade relativa do ar têm contribuído para grande ocorrência de incêndios florestais. Além disso, brasilienses correm risco de desidratação. Por isso, cuidados devem ser intensificados durante este período

 

Publicação: 29/09/2020 04:00

Incêndio consumiu parte da reserva florestal do Palácio do Jaburu, ontem. Trinta e cinco militares e sete viatuaras atuaram na ocorrência (CBMDF/Divulgação)  

Incêndio consumiu parte da reserva florestal do Palácio do Jaburu, ontem. Trinta e cinco militares e sete viatuaras atuaram na ocorrência

 


» TAINÁ SEIXAS
 
Seca e calor: o clima não é novidade para os brasilienses. Além dos efeitos na saúde da população, a combinação desses dois elementos é a responsável pelo alto índice de incêndios florestais que ocorrem no Distrito Federal durante este período. Por isso, os cuidados têm que ser redobrados, tanto individuais quanto para com o meio ambiente.
 
Apesar de chuvas que apaziguaram a seca na semana passada, a baixa umidade voltou com tudo. Ontem, a Defesa Civil decretou estado de alerta, após o DF ter umidade entre 12% e 20% por três dias consecutivos. No domingo, o índice ficou abaixo dos 12%.

Rebeca Gonçalves foi ao Parque da Cidade se refrescar com água de coco (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  

Rebeca Gonçalves foi ao Parque da Cidade se refrescar com água de coco

 

Pneumologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB), Ricardo Martins afirma que os cuidados têm que ser postos em prática e intensificados neste período. “As pessoas tendem a relaxar, mas como choveu um pouco e o clima voltou a ficar seco imediatamente — além de estar muito quente — a chance de desidratação é muito grande”, explica o médico. E, o remédio é um só: beber bastante água.
 
Especialistas recomendam evitar exercícios físicos em locais abertos entre 10h e 16h; evitar a exposição ao sol durante o mesmo período; utilizar roupas leves; comer alimentos saudáveis; e evitar ambientes com ar-condicionado, o que contribui para o ressecamento do local. Aumentar a umidade do local em que se dorme — com umidificador, toalhas molhadas ou recipientes com água — também é aconselhado pelos profissionais de saúde.
 
Cuidados
A professora Victoria Junqueira, 28 anos, aumentou consideravelmente seu consumo de água; ela bebe quatro litros diariamente. Outra adaptação que ela fez na rotina foi passar a praticar exercícios aeróbios após o entardecer; durante o dia, só ioga e alongamentos. Manter-se hidratada, no entanto, não evita que ela passe muito calor. “Está muito seco e quente. Difícil de viver. Meus lábios estão secos, e eu ando tendo muita dor de cabeça. Esta época é sempre terrível para mim”, relata a moradora da Asa Norte.
 
O casal Rebeca Gonçalves, 17, e Jean Carlos Dias, 18, procuraram o Parque da Cidade para se refrescar em meio ao calorão com água de coco geladinha. “É bem difícil, porque está muito calor, muito abafado, e a gente tem que ficar se hidratando toda a hora. Mas, eu venho bastante para cá, tomo água de coco. Já se tornou rotina”, relata a estudante.
 
De acordo com informações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o Distrito Federal deve ficar sem chuvas por, no mínimo, mais duas semanas. “Estamos debaixo de uma massa de ar seca e quente, que proporciona temperaturas elevadas e baixa umidade. O retorno da chuva está previsto apenas a partir da segunda quinzena de outubro”, explica meteorologista do Inmet Andrea Ramos.
 
Queimada no Jaburu
Um incêndio florestal tomou conta de parte da área de preservação do Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência da República, na tarde de ontem. Os bombeiros foram acionados por volta das 13h35. Sete viaturas e 35 militares atuaram para conter as chamas, o que ocorreu por volta das 16h50. Algumas equipes, contudo, permaneceram no local para lidar com o rescaldo da queimada.
 
O incêndio teria se originado quando uma equipe de telefonia móvel trabalhava em uma torre de celular, recentemente instalada na região. Uma fagulha de uma solda utilizada pelos funcionários teria caído na vegetação local e, com o vento, o fogo se alastrou.
 
Inicialmente, equipes de socorro urbano atenderam à ocorrência visando a proteção da torre. Profissionais especializados em combate a incêndio florestal apareceram em seguida, para conter a queimada que tomava conta do local. As chamas espalharam-se em área oposta ao palácio; não houve vítimas e nenhuma construção foi atingida. A área afetada está sendo avaliada.
 
O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal mensura que a área destruída por incêndios florestais em 2020 é superior à registrada em todo o ano passado. Até este mês, 17.919,89 hectares de vegetação foram devastados. Em 2019, o fogo consumiu 16.177,51 hectares.
 
Apenas em setembro, a área atingida estimada é de 8.134,23 hectares. Em outubro, foram 6.367,12 hectares, 75% a mais que o registrado no ano passado. Os bombeiros receberam em média 57 ocorrências diárias neste mês.
 
Para evitar que mais áreas sejam castigadas pela seca, a recomendação do Corpo de Bombeiros é não atear fogo para limpeza de terrenos, lixo ou resto de podas; sempre certificar-se que o cigarro está apagado, e descartá-lo em local apropriado; e, caso aviste algum foco de incêndio, ligar 193 e indicar o local das chamas.
 
 
 
Três perguntas para 
 
Paulo Jorge, tenente do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal
 
O que gera os incêndios florestais?
A principal causa de incêndios é o homem. Das ocorrências que a gente atende, 90% são provocadas diretamente pelo homem. De forma intencional, criminosa, na queima de lixo em residências, em chácaras, tudo isso provoca esses princípios de queimadas. Com o desleixo, na hora de fazer uma limpeza no lote, no quintal, com esse forte vento que a gente tem, acaba atingindo a vegetação natural.
 
Quais as medidas devemos tomar para evitar a propagação do fogo?
A gente sempre solicita que não se faça esse tipo de queima de limpeza de resto de vegetação neste período que a gente enfrenta. Se tiver que fazer, faça pelo período da manhã, em que os ventos são mais fracos, a umidade é mais elevada e está mais frio. O pessoal, normalmente, faz a tarde, com umidade bem baixa e vento forte e acaba perdendo controle do fogo.
 
Como se dá o trabalho dos bombeiros em campo? Quanto tempo em média dura uma operação de combate às chamas?
Isso é muito relativo. Depende do tamanho do incêndio, do tipo de vegetação e das condições climáticas que a gente encontra. Aqui em Brasília, a gente não tem o hábito de deixar ocorrências de um dia pra outro. Pode demorar o que for, mas a gente não deixa ocorrências durarem mais que um dia.
 
 
Orientações
 
Veja dicas para diminuir os efeitos do calor e da seca
 
» Procure manter o corpo sempre bem hidratado. Portanto, beba bastante água, mesmo sem sentir sede. Na hora do lanche ou da sobremesa, dê preferência a frutas ricas em líquidos, como melancia, melão e laranja, por exemplo. Em especial, fique atento à hidratação das crianças, idosos e dos doentes;
» Aplique soro fisiológico no nariz e nos olhos para evitar o ressecamento;
» Evite a prática de exercícios físicos ao ar livre entre 10h e 17h;
» Use produtos para hidratar a pele do rosto e do corpo, pelo menos depois do banho e na hora de deitar;
» Coloque chapéus e óculos escuros para proteger-se do sol;
» Aproveite o vapor produzido pela água durante o banho para lubrificar as narinas;
» Coloque toalhas molhadas, recipientes com água ou vaporizadores nos quartos de dormir;
» Evite aglomerações e a permanência prolongada em ambientes fechados ou com ar condicionado, pois o ressecamento das mucosas aumenta o risco de infecções das vias aéreas;
» Mantenha a casa sempre limpa e arejada. O tempo seco aumenta a concentração de ácaros, fungos e da poeira em móveis cortinas e carpetes;
» Procure não usar vassouras que levantam o pó por onde passam. Dê preferência para aspiradores ou panos úmidos;
» Ligue ventiladores de teto no modo “exaustor”, com ar direcionado para cima. Ligados para baixo, no modo “ventilação”, levantam a poeira que se mistura no ar;
» Não queime lixo nem provoque queimadas por descuido ou desatenção.
 
Fonte: Defesa Civil
 
 
Se prepare
 
Confira a previsão do tempo para os próximos dias
 
Hoje
Temperatura
Mínima: 18°C
Máxima: 34°C
Umidade
Mínima:15%
Máxima: 50%.
 
Amanhã
Temperatura
Mínima: 17°C
Máxima: 33°C
Umidade
Mínima: 20%
Máxima: 70%
 
Quinta-feira
Temperatura
Mínima: 17°C
Máxima: 32°C
Umidade
Mínima: 20%
Máxima: 75%
 
Sexta-feira
Temperatura
Mínima: 16°C
Máxima: 33°C
Umidade
Mínima: 15%
Máxima: 70%

Correio Braziliense segunda, 28 de setembro de 2020

NANDO REIS: MÚSICA COMO FORMA DE ENCONTRO

Jornal Impresso

NANDO REIS

Música como forma de encontro
 
Depois de um hiato de dois anos, Nando Reis volta com single inédito Espera a primavera, feito na quarentena e que busca um otimismo em meio ao que o artista define como "inverno tenebroso"

 

Adriana Izel

Publicação: 28/09/2020 04:00

 

"Juntei representações daquilo que a música aspira dentro do meu círculo de amizades. São pessoas que admiro com quem nunca havia trabalhado"

 

 
 
 
“O momento da quarentena foi e está sendo de privações de transitar, de trabalhar, de encontrar pessoas. Além de estarmos vivendo, no país, um momento de retirada de liberdade. Essa música se dá concomitante ao processo no Brasil em curso de cerceamento, de autoritarismo. Só que, de alguma maneira, é uma forma otimista, esperançosa e mobilizadora. Trata-se disso.” É assim que o cantor e compositor Nando Reis explica o mais recente trabalho, o single Espera a primavera, o primeiro material inédito em dois anos.
 
A canção foi escrita durante o isolamento social que o artista cumpriu por quatro meses ao lado da esposa e dos filhos na casa que era do avô, em Jaú, no interior de São Paulo. A faixa nasceu reunindo todos esses sentimentos do compositor em meio à quarentena e à situação política brasileira. “Ela foi feita a partir daquilo que fui sentindo e pensando durante e sobre a quarentena”, explica.
 
Apesar de ter brotado do que Nando Reis define como um “inverno tenebroso que ainda está em curso”, Espera a primavera tem a mensagem de esperança, daí, inclusive, o título que vem da estação associada ao reflorescimento e que teve início no país na última terça-feira. Na letra, muito do que se sente falta na pandemia em trechos como “se apronta que no fim das contas/na outra ponta vai ter alguém/para lhe dar a mão” e “quando o sol de ouro/voltar a brilhar/ e o mundo todo/em alvoroço puder de novo/se encontrar”.
 
Mesmo que tenha sido feita por Nando isolado, Espera a primavera é uma música com várias participações (remotas). Vocalmente, além do compositor, a cantora Céu e o filho, Theo. Lulu Santos, Jack Endino e Walter Villaça ficaram responsáveis pela gravação das guitarras, ao mesmo tempo pesadas e harmoniosas. Chris Robinson, do The Black Crowes, e Sebastião, outro filho do artista, fizeram os acordes de violões. As linhas da bateria foram compostas por Barret Martin; enquanto a percussão, por Pupillo Oliveira, o baixo por Felipe Cambraia, e os teclados, por Alex Veley. Os arranjos de metal foram escritos por Tiquinho.
 
“Juntei representações daquilo que a música aspira dentro do meu círculo de amizades. São pessoas que admiro com quem nunca havia trabalhado”, diz. Ele explica que tudo começou com o riff criado que logo imaginou ser tocado por Lulu Santos. Já o refrão da faixa, pensou que poderia ser cantado por uma mulher, assim veio a ideia de Céu. A presença dos filhos é natural, já que ambos têm tocado com ele. Zoé é outra filha que participa, mas na versão do clipe. “Isso é só uma amostragem daquilo que é diversidade, não em sua totalidade. A música também é uma defesa à diversidade, à pluralidade, daquilo que é multicolor e surge num momento em que estamos num Brasil acinzentado, literalmente, pela quantidade de fumaças que cobrem os céus, e por esse governo inominável”, completa.
 
A canção será apenas um single. Não há intenção de fazer um álbum. Pelo menos, não agora. “Tenho muitas músicas, mas não é o momento de gravar e lançar um disco”, explica. Antes da pandemia, ele tinha uma agenda de shows da turnê do disco Não sou nenhum Roberto, mas às vezes chego perto, com canções do rei Roberto Carlos, que, inclusive, passaria novamente por Brasília. “Ainda quero produzir o vinil desse disco”, afirma, deixando evidente que pretende continuar a explorar o material.
 
Pandemia
 
Assim que a quarentena foi decretada, Nando Reis se isolou na casa em Jaú. Ele, a esposa e quatro dos cinco filhos. “De algum modo, posso imaginar que uma coisa boa aconteceu. Acabei de comprar essa casa que foi do meu avô e o fato de nos mudarmos para lá trouxe essa convivência inesperada e muito boa, com filhos adultos, casados, que não moravam conosco há 10 anos. De certa maneira, o que a gente fez foi tentar lidar com a realidade e extrair dela o melhor possível. Obviamente que eu tinha condições muito boas. Mas isso também não significa que não tenha sido duro”, comenta.
 
Para Nando Reis, as maiores dificuldades foram ver a equipe sem trabalho e assistir à tragédia de mortes diárias no país. “Além de todas as coisas horrorosas que andam acontecendo. Tudo isso é muito triste, muito perturbador. Lidar com tudo isso foi um tanto intenso”, complementa.
 
Mesmo assim, o artista mostra-se esperançoso. “Digamos que a esperança é uma coisa nata do ser humano. A humanidade, ao menos as pessoas lúcidas e sensatas que agem através da ciência, estão torcendo a favor da descoberta da vacina. Mas ,não basta apenas a descoberta da vacina. A vacinação é um processo complexo e estamos nas mãos de gente inepta e, digamos, incompetente, para dizer o mínimo. Mas nos resta olhar para os caminhos, nos apegar às direções e ter esperança para que a maioria saia desse surto que se deu”, reflete.
 
Reinvenção
 
Assim como alguns artistas, Nando Reis reinventou-se na quarentena, fazendo lives e apresentações em drive-ins. “Tem sido uma experiência inédita e que às vezes é difícil, mas, por outro lado, é gratificante ter conseguido trabalhar, produzir, gerar e dar trabalho para as pessoas numa situação tão desfavorável”, comenta.
 
Ele diz que esse processo tem mudado a relação dele com os shows. “Se você me perguntasse há oito meses sobre um show num drive-in, eu diria: “do que você está falando?” Ninguém nunca imaginou. Isso mostra que as pessoas, quando estão privadas, tentam encontrar meios de resistir e sobreviver. A arte é essencial, assim como o trabalho e a saúde. Há de se conjugar tudo isso e trabalhar e lutar para ter uma adaptação e extrair o que há de melhor”, define.
 
O mais recente show virtual foi na última sexta-feira ao lado da pernambucana Duda Beat. Na oportunidade, uma fusão entre o trabalho e a sonoridade dos dois artistas. Não há nada combinado oficialmente, mas Nando não descarta que a parceria possa dar frutos: “Talvez, quem sabe, a gente não insiste e lance algo”.
 
Essa não é a primeira vez que Nando se aproxima das novas gerações. Neste ano, ele lançou um trabalho com o duo Anavitória, que já havia revisitado o repertório dele em um álbum. “É muito legal (essa aproximação com a nova geração). Fico feliz de que meu trabalho tenha impactado outras pessoas contribuindo para a formação delas. Isso também é mais uma demonstração de que a música que eu fiz sensibiliza as pessoas mais novas. Ela permanece atual, como eu sempre pretendi que ela fosse, que não ficasse restrita à época de composição. Fosse atemporal, como a arte pode e deve ser”, analisa.

Correio Braziliense domingo, 27 de setembro de 2020

SUPREMA CORTE AMERICANA: AMY CONEY BARRETT É INDICADA PARA SUBTITUIR RUTH GINSBURG

Jornal Impresso

Suprema Corte Americana
A antítese de Ruth Ginsburg
 
 
Indicada para a Suprema Corte, Amy Coney Barrett tem um perfil diametralmente oposto ao da antecessora, uma progressista defensora da igualdade de gênero e do aborto. Aos 48 anos, a designada por Trump é ultraconservadora e favorável ao porte de arma

 

Publicação: 27/09/2020 04:00

Na Casa Branca, Trump acompanha o discurso de agradecimento  de sua escolhida: terceira indicação do republicano à mals alta Corte de Justiça (Olivier Douliery/AFP)  

Na Casa Branca, Trump acompanha o discurso de agradecimento de sua escolhida: terceira indicação do republicano à mals alta Corte de Justiça

 

 
 
A pouco mais de um mês das eleições, a confirmação da indicação da juíza conservadora Amy Coney Barrett para a Suprema Corte dos Estados Unidos joga mais fogo no já acalorado duelo entre democratas e republicanos. Enquanto os primeiros defendem que Donald Trump — que busca um segundo mandato, mas não lidera as pesquisas eleitorais — não poderia indicar um novo juiz tão perto do pleito, em 3 de novembro, o partido do presidente tem os votos no Senado necessários para confirmar a magistrada de 48 anos. Ela deve ocupar o posto da progressista Ruth Bander Ginsburg, uma vigorosa defensora da igualdade de gênero, morta de câncer no dia 18, e que será enterrada nesta semana, no Cemitério Nacional de Arlington, em Washington.
 
Em um país polarizado, a indicação é considerada um novo foco de tensão e, para os democratas, converterá a mais alta instância da Justiça norte-americana em um tribunal de direita. Caso o Senado aprove a juíza, a Suprema Corte terá seis conservadores e três liberais. Acompanhado de Barrett no anúncio da indicação, no Jardim de Rosas da Casa Branca, Donald Trump disse que está certo de que a confirmação da vaga será “direta e muito rápida”.
 
Durante a cerimônia, onde estiveram presentes a primeira-dama Melania Trump, o marido e os sete filhos da magistrada, o presidente exaltou as qualidades intelectuais de Barret. Ele a chamou de “uma das mentes jurídicas mais brilhantes e talentosas de nossa nação (…), uma mulher de realizações incomparáveis, intelecto elevado, credenciais excelentes e lealdade inflexível à Constituição”.
 
Honra
 
Depois da fala de Trump, a juíza agradeceu a indicação e se disse honrada. “Amo os Estados Unidos e amo a Constituição dos Estados Unidos”, declarou. No breve depoimento, ela homenageou Ruth Bader Ginsburg, um ícone liberal, favorável ao aborto e à migração e crítica ferrenha do presidente — em 2016, ela disse à rede CNN que o republicado era “uma fraude”, levando o governante a pedir que a magistrada renunciasse. Em seus comentários, ontem, Barrett afirmou que a antecessora “conquistou a admiração de mulheres em todo o país e, na verdade, em todo o mundo”, arrematando que a “a vida pública dela serve de exemplo para todos nós”.
 
A magistrada também destacou que Ginsburg era amiga do falecido conservador Antonin Scalia, o mentor intelectual de Barrett, mesmo estando em lados ideológicos opostos, e afirmou que terá uma atuação independente, caso aprovada pelo Senado. “Juízes não definem políticas e devem deixar de lado qualquer posição política que possam ter.”
 
Reagindo ao anúncio da indicação, o candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden, pediu ao Senado que não tome a decisão antes das eleições presidenciais. “O Senado não deveria se pronunciar sobre essa vaga, até que os norte-americanos tenham escolhido seu próximo presidente e seu próximo Congresso”, disse, em comunicado.
 
Biden lembrou que a juíza é contra a lei que reformula o sistema de saúde, conhecida, popularmente, como “Obamacare”. “Mesmo agora, no meio de uma pandemia, a administração Trump está pedindo à Suprema Corte para derrubar toda a lei, incluindo a proteção que ela oferece a pessoas com condições preexistentes. Se o presidente conseguir, complicações da covid-19, como cicatrizes pulmonares e danos cardíacos, podem ser a próxima condição preexistente negada”, alertou.

Correio Braziliense sábado, 26 de setembro de 2020

GAL COSTA:75 ANOS DE UMA DIVA

Jornal Impresso

GAL COSTA
 
75 anos de uma diva
 
Gal Costa comemora o aniversário e 55 anos de carreira com uma aguardada live. Ao Correio, ele fala sobre a trajetória profissional, pandemia, política e, claro, música

 

» Irlam Rocha Lima

Publicação: 26/09/2020 04:00

Gal Costa (Marcos Hermes/Divulgação)  

Gal Costa

 

 
 
Dona de uma das mais belas vozes da música popular brasileira, Gal Costa celebrará 75 anos hoje com um show ao vivo e exclusivo. A live vinha sendo muito pedida pelos fãs da cantora desde o início da quarentena, especialmente depois que Caetano Veloso e Gilberto Gil, companheiros de Tropicália, se renderam a esse formato. A apresentação, com início às 22h, será transmitido pela TNT para todo o Brasil e pelo canal da emissora no YouTube para países da América Latina.
 
Na live, intitulada Gal 75, ela terá ao seu lado o guitarrista Pedro Sá e o tecladista Chicão, músicos integrantes da banda que a acompanha na turnê do espetáculo A pele do futuro, visto pelo brasiliense em 2019. A direção é de Marcus Preto, que também assina o roteiro. “Montamos um repertório que contempla os 55 anos de carreira de Gal, comemorados agora, ao mesmo tempo em que ela faz 75 de vida”, destaca. “O set dá destaque aos grandes hits das cinco décadas e meia, da Tropicália até os dias de hoje, que a nova geração abraçou também os trabalhos mais recentes da cantora. Também pescamos alguns lados B que vão dar o gosto de novidade para os fãs mais fiéis. E até alguma coisa que Gal nunca cantou antes. É um aniversário em vários sentidos, revendo o passado e também mirando o futuro”, acrescenta Preto.
 
Ao Correio, Gal deu uma longa entrevista na qual focalizou momentos de destaque da vitoriosa trajetória, como Nós por exemplo, o primeiro show, em 1964, no Teatro Vila Velha, em Salvador; a participação no Festival da Record, que a revelou para o Brasil, quatro anos depois; o antológico espetáculo Fa-Tal, no começo da década de 1970; além do fato de ter se tornado a porta-voz de Caetano e Gil durante o período em que os dois estiveram em Londres, exilados por imposição da Ditadura Militar. Ela também revelou o que tem feito em tempos de pandemia.
 
 
» Entrevista  / Gal Costa 
 
Você está comemorando 75 anos de existência, da qual a maior parte tem sido dedicada à música. Que avaliação faz da sua trajetória artística?
Creio que construí uma trajetória vitoriosa, ao lembrar de tantas coisas boas que fiz. Mas ainda pretendo fazer muito mais, pois nunca paro de criar.
 
João Gilberto foi fundamental na sua decisão de ser cantora?
Ser cantora era algo que desejava desde criança. Quando ouvi João Gilberto, com aquela sonoridade totalmente moderna, me senti influenciada, porque sempre fui apaixonada por tudo aquilo que ele propunha.
 
Que lembrança guarda de Nós, show que fez ao lado de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé e Maria Bethânia, na inauguração do Teatro Vila Velha, em Salvador, em 1964?
Foi uma experiência incrível, pois foi a minha primeira apresentação num palco e ponto de partida para a minha carreira.
 
Em 1968, ao cantar Divino maravilhoso, no Festival de Record, o Brasil tomou conhecimento de uma intérprete ousada. Que importância atribui à aquele momento para  o futuro da sua carreira?
O Festival da Record foi marcante em minha carreira. Por meio dele, mudei radicalmente minha postura diante da música. Fã de João Gilberto, pouca coisa passava pelo meu crivo. Ao cantar Divino maravilhoso, fiz uma coisa que era o oposto de tudo o que fazia até então. Passei por uma grande mudança.
 
Com o exílio de Caetano Veloso e Gilberto Gil, imposto pela ditadura militar, você se tornou porta-voz dos dois e do movimento tropicalista no Brasil. Como viveu aquela situação?
Lembrando daquela fase da minha carreira com distanciamento histórico, vejo que fui muito corajosa. À época, eu tinha uma certa ingenuidade e fazia as coisas movidas pelo coração, com muita saudade dos dois.
 
Naquele período, na condição de maior estrela da MPB, protagonizou o Fa-Tal, show antológico que entrou para a história da MPB. O que guarda na memória daquele espetáculo, posteriormente registrado em disco?
Aquele show foi um marco na minha carreira. Foi um show maravilhoso, superbonito e, até hoje, gosto de ouvir o registro em disco. Aliás, fui uma das pioneiras na gravação de disco ao vivo na música brasileira.
 
Caetano Veloso compôs e lhe presenteou com Flor do Cerrado, inspirado num dos maiores biomas da América do Sul. Como vê essa canção no seu repertório?
Embora não costume cantá-la em shows, gosto muito dessa canção. Recordo-me que conheci o Cerrado ao lado de Caetano, num encontro casual. Ele se inspirou no que viu e fez essa música para mim.
 
Praticamente todos os shows que tem feito ao longo da carreira foram apresentados em Brasília. Como sente a acolhida que lhe é dada pelo público da Capital Federal?
Me sinto muito bem acolhida em Brasília. Gosto da cidade, que é muito bonita. Sempre que inicio uma turnê, quero levá-la a Brasília.
 
Qual é a sua visão sobre a situação do país atualmente, nas áreas econômica, social e cultural?
Eu fico muito triste com tudo o que está acontecendo em todas as áreas. A pandemia só agravou, especialmente na área cultural, que foi a primeira a parar e deve ser uma das últimas a voltar.
 
Como está lidando com pandemia e o que tem feito nesta interminável quarentena?
Eu virei uma pessoa ainda mais caseira. Em casa estou me cuidando desde o início. Saí pouquíssimas vezes, apenas para fazer coisas essenciais e necessárias. Mas mesmo eu, que gosto de ficar em casa, estou sentindo a necessidade de sair um pouco. Tenho ficado com meu filho, meus cachorros, descansando, ouvindo música e assistindo a filmes.
 
Que expectativa faz em relação à live comemorativa?
Estou muito animada e feliz. Acho que a live veio na hora certa. Vou comemorar meu aniversário em grande estilo, cantando. O que amo muito fazer.
 
Gal 75
Live hoje, às 22h, com transmissão pela TNT para o Brasil; e pelo canal da emissora no YouTube, para a América Latina.
 

Correio Braziliense sexta, 25 de setembro de 2020

QUAL É A SUA NO DRIVE-IN?

Jornal Impresso

Qual é a sua no drive-in?
 
As apresentações e exibições no formato estão cada vez mais populares na capital. Confira a programação deste fim de semana

 

Geovana Melo*

Publicação: 25/09/2020 04:00

Rodrigo Teaser (Drive Show BSB/Divulgação)  

Rodrigo Teaser

 

 
Mundo Bita (MNiemeyer Assessoria de Comunicacao/Divulgação)  

Mundo Bita

 

 
Diogo Almeida (Drive Show BSB/Divulgação)  

Diogo Almeida

 

 
 Belo (P.D.P Produções/Divulgação)  

Belo

 

 
 Marquynhos SP (P.D.P Produções/Divulgação)  

Marquynhos SP

 

 
O calendário cultural brasiliense se reinventou por meio das atrações em drive-ins espalhados pela capital. Até o início do ano, o Distrito Federal abrigava há 47 anos apenas um cinema no formato. Mas com a pandemia, o modelo surgiu como alternativa segura de cultura e entretenimento.
 
Atualmente, cinco desses projetos estão ativos: o Arena Drive, no estacionamento do Ginásio Nilson Nelson; o Cine Drive-in, no Autódromo de Brasília; o Festival Brasília drive-in, na Praça do Lago, em Brazlândia; o Drive Show, no estacionamento do Estádio Nacional e o Circuito Cine Drive-in nas Cidades, com programação pelas regiões administrativas.
 
Ao Rei do Pop
 
O maior tributo ao Rei do Pop no mundo desembarca hoje em Brasília em um show cover que relembra a grandiosidade de Michael Jackson por meio de banda ao vivo, efeitos especiais, bailarinos, arranjos, trocas de figurinos e da performance de Rodrigo Teaser, intérprete oficial do astro da música.
 
Aos 9 anos de idade, Rodrigo se vestiu e subiu ao palco imitando o ídolo e, desde então, seguiu se aperfeiçoando no trabalho. “Digo que não sou um artista que descobriu que podia imitar alguém, sou um fã que foi imitar o ídolo e descobriu que podia ser artista. Então para mim o significado é muito forte. Tenho muita gratidão”, revela o performer.
As buzinas e os faróis que no trânsito podem significar incômodo, nas apresentações ganham novos significados. “Muda a interação, não tem o olho no olho. Não poder perceber na hora a reação tira da gente um pouco do “controle”, mas mesmo assim a vibração está lá”, afirma o responsável por dar vida ao Michael Jackson no Drive Show.
 
Pagode romântico
 
Veterano na música e nos shows em drive-ins, Belo se apresenta amanhã no Drive Show. Com um repertório composto pelos sucessos de mais de 20 anos de carreira, o pagodeiro cantará canções da época que integrava o grupo Soweto e os hits atuais de trabalho solo, como Belo in concert e Belo em casa.
 
“Como a galera está mais em casa ouvindo e consumindo mais músicas nas plataformas digitais tenho recebido muitos elogios que me deixam com vontade de sempre gravar ou regravar conteúdos que sei que meus fãs vão curtir”, conta Belo sobre o feedback positivo que tem recebido dos trabalhos lançados neste ano.
 
Mesmo sentindo falta do público mais perto durante os novos formatos de shows, o paulistano garante que a experiência é maravilhosa. “Não tem a mesma troca de energia, mas em breve tudo voltará ao normal e tenho certeza que vamos fazer muitos shows pelo Brasil tendo o público mais perto, mas só de poder ir a Brasília no Drive Show tenho certeza que vai ser especial”, antecipa o cantor que aproveitou a seca de shows para se dedicar à família, às composições e ao estudo de piano.
 
O show ainda contará com a participação especial do pagodeiro Marquynhos SP, paulistano de coração goiano que já dividiu o palco com grandes nomes como Alexandre Pires, Belo, Raça Negra, Dudu Nobre, Sorriso Maroto, Ferrugem, Imaginasamba, Dilsinho e Turma do Pagode.
 
Mundo infantil
 
Sucesso entre as crianças e os pais, o Mundo Bita retorna à Brasília e estreia em modelo drive-in com o espetáculo Dentro do mundo lá fora, apresentado neste domingo no Drive Show. A montagem aborda uma mensagem que ganha ainda mais significado durante os novos tempos: a importância de incentivar brincadeiras ao ar livre, vivenciar a natureza e a interação com as crianças.
 
“A gente está na expectativa de saber como vai ser o drive-in. Antes tinha todo mundo pertinho, mas sabemos que é uma medida que tem que ser tomada para esse novo momento, esperamos que não atrapalhe nem na emoção da gente e nem na do público.Escutamos relatos de que é emocionante igual, mas de maneira diferente”, afirma Chaps Melo, um dos idealizadores da atração.
 
Ao todo, serão 19 canções apresentadas pelos personagens Flora, Dan, Lila, Tito e Bita. “O Mundo Bita é feito um pouco disso, da vontade de educar nossas próprias crianças. Um país com mais cultura é mais feliz, tem o povo vivendo melhor. Levar cultura e informação é uma vontade pessoal que ganha as casas das pessoas e essa vontade acaba gerando uma grande responsabilidade”, completa o músico.
 
Em seguida, Diogo Almeida apresenta o espetáculo de comédia Vida de professor 2. Um show que traz assuntos do cotidiano dos professores e situações inesperadas que ocorrem nas salas de aula de todo Brasil. O humorista relata, de maneira inusitada e engraçada, as situações que envolvem o dia a dia de alunos, professores e pais.
 
*Estagiária sob supervisão de Igor Silveira
 
Drive Show
Hoje, Tributo ao Rei do Pop, às 22h. Amanhã, show do Belo, às 22h com abertura do Coisa Nossa, às 20h30. Domingo, Mundo Bita às 17h30 e Diogo Almeida, às 20h30. No Estacionamento do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. Os ingressos podem ser adquiridos nas plataformas Furando a Fila e O que vem por aí e também nas lojas das Óticas Diniz e Bendito Food. Os preços variam entre R$ 90 e R$ 480 por carro. Cada carro, independentemente do tamanho, pode entrar com até quatro pessoas. Classificação indicativa conforme a programação
 
 
E tem mais!
 
Festival Brasília Drive-in
Amanhã e domingo na Praça do Lado, em Brazlândia. Show da dupla Roni & Ricardo às 20h30 e da banda Imagem às 22h. Entrada franca. Classificação indicativa conforme programação.
 
Cine Drive-in
Exibição dos filmes Scooby! O filme às 18h20, O sol também é uma estrela às 20h e Bohemian rhapsody às 21h45. De hoje a domingo, incluindo feriados, R$ 15 (meia-entrada). Aniversariantes terão entrada gratuita para as sessões. Classificação indicativa conforme a programação.
 
Arena Drive
No estacionamento do Ginásio Nilson Nelson (acesso pelo Eixo Monumental). Hoje, às 20h30 com show de Izabella Rocha. Amanhã, às 14h com Flip out, a primeira festa psy trance em formato drive-in do Brasil. Ingressos por carro, com venda no site da companhia, na Up Grade, na 415 Sul e bilheteria na entrada do espaço Arena Drive, somente nos dias de espetáculo a partir de 1h antes do início da sessão. Todos os ingressos são meia-entrada, entretanto, poderão ser doados voluntariamente 1kg de alimento ou 1 livro. Classificação indicativa conforme a programação. 
 
O Circuito Cine Drive-in nas Cidades
Hoje, amanhã e domingo às 18h, no Estacionamento do Estádio de Sobradinho. Exibição gratuita dos filmes Pai em dose dupla, No mundo da lua, Projeto Gemini, O espanta tubarões e Minha mãe é uma peça 3. Entrada-franca via retirada de ingressos no site ou aplicativo Sympla. Classificação indicativa conforme a programação.

Correio Braziliense quinta, 24 de setembro de 2020

BRASÍLIA TRADUZIDA EM LINHAS

Jornal Impresso

Brasília traduzida em linhas
 
Com a reabertura dos espaços culturais, exposições celebram e homenageiam os 60 anos de Brasília por meio das linhas e dos traços que deram origem à capital e são referências visuais da cidade

 

» Roberta Pinheiro

Publicação: 24/09/2020 04:00

Brasília em linhas (Arquivo Pessoal)  

Brasília em linhas

 

 
Brasília em linhas (Guilherme Paiva/Divulgação)  

Brasília em linhas

 

 
A arte da cartografia e uma paixão chamada Brasília (Edgard Marra/Divulgação)  

A arte da cartografia e uma paixão chamada Brasília

 

 
A arte da cartografia e uma paixão chamada Brasília (Edgard Marra/Divulgação)  

A arte da cartografia e uma paixão chamada Brasília

 

 
 
 
Há 60 anos, os traços de Brasília, projetados e planejados por nomes como Oscar Niemeyer e Lucio Costa, ganhavam dimensão fora do papel. A capital do país precisou comemorar o sexagenário de maneira diferente, um tanto silenciosa fisicamente, mas, ainda assim, celebrada virtualmente. Com a permissão e a reabertura de alguns espaços culturais, contudo, a cidade de Juscelino Kubitschek acolhe homenagens de candangos e brasilienses inspirados na natureza artística de Brasília, mesmo tendo passado o 21 de abril.
 
A partir de amanhã, a exposição Brasília em linhas, do artista plástico maranhense Jailson Belfort reabre as portas do Espaço Oscar Niemeyer. Fechado para reformas e por conta das medidas de combate à covid-19, o equipamento cultural volta a funcionar em horários e dias reduzidos. “Me sinto feliz e muito honrado em realizar esta exposição. Adotei Brasília como cidade, aqui construí minha família e meu trabalho. Aqui descobri meu talento e tenho utilizado esse talento para representar a capital”, comenta Belfort.
 
A história de Belfort poderia ser contada pelos pioneiros que inauguraram Brasília. O artista plástico saiu de São Luís, no Maranhão, e chegou na capital federal em 1991 em busca de novos horizontes e novas possibilidades. Formado em Design, ele começou a trabalhar no Supremo Tribunal Federal (STF) e ali descobriram os desenhos que Belfort realizava com canetas esferográficas. “Ali que despertou a alma artística para me dedicar a essa nova fase. Me tornei um artista plástico que só trabalha com esferográfica e me inspiro muito em Brasília, pela sua beleza. A cidade em si, pelos monumentos, sempre me inspirou. E também, pensei em utilizar um instrumento que as pessoas não costumam usar para fazer arte. A caneta é algo que as pessoas têm em casa, no escritório”, detalha.
 
Cores e linhas
 
Em Brasília em linhas, Belfort retrata e homenageia Brasília colocando em diálogo ícones e referências visuais da capital, mas trabalhados sob a estética do artista. As 60 obras que integram a exposição são trabalhadas em duas cores cada. Ao colorido vivo das canetas com tons de rosa, azul, roxo e laranja, por exemplo, coube retratar o céu de Brasília. “Os monumentos são retratados com outro ângulo, diferente do comum”, complementa Belfort. Na construção da imagem, ele usa as linhas e as cores das canetas esferográficas, bem como teorias da Gestalt de sombra, luz, figura, fundo e ângulo. “Queria mostrar Brasília primeiro mostrando a beleza do seu céu. O pôr do sol na época da seca tem várias tonalidades e isso me encantou muito”, comenta o maranhense.
 
Esse olhar de Belfort para os monumentos também é uma estratégia do artista para fugir do realismo. É no contraste das linhas e das cores com o espaço em branco que ele revela elementos e características que remetem o espectador aos traçados de Niemeyer, por exemplo. “O vazio que existe entre o céu e os detalhes do monumento, isso vai fazer a pessoa de fato enxergar o monumento, vai provocar e indagar o público”, conta. “Cada detalhe são milhares de linhas feitas à mão livre, sem régua. A esferográfica, por não ser um material comum na pintura, tem seus problemas, pode borrar ou falhar e não tem como corrigir, tem que ter paciência ao fazer as telas. Então, são dois desafios, o de trazer o olhar do arquiteto e do urbanista para compor os monumentos e o desafio do próprio instrumento para que seja usado com suas limitações e sua beleza”, acrescenta.
 
Esquemas
 
Também pelas linhas de Brasília que a arquiteta e artista plástica brasiliense Helena Trindade percorreu para desenvolver o trabalho que a uniu, de vez, ao universo das artes plásticas. Contudo, ao contrário de Belfort, foi na exatidão da cartografia que Helena se inspirou. Em A arte da cartografia e uma paixão chamada Brasília, em exibição no estande da Brasal Incorporações no Noroeste e no site da empresa, a arquiteta e artista plástica apresenta uma sequência de 10 quadros nos quais desdobra percepções e vivências dos mapas da capital.
 
“É um desenho esquemático que eu fiz a partir dos eixos principais. Nos trabalhos de Brasília, destaquei quais seriam os prédios principais, o eixo Rodoviário, o Monumental, o Eixão. Claro que a cidade tem outros eixos, outras vias, mas eu senti que aqueles se destacavam mais. Então, procuro pontuar os que são mais relevantes e mais icônicos e acaba resultando em algo da minha vivência e percepção”, explica Helena. Com os esquemas em mãos, a artista recorta e constrói, com diferentes materiais, a própria visão artística de Brasília.
 
Condensado, MDF, couro, papel reciclado e madeira se transformam nas mãos da artista em mapas carregados de sensibilidade. O projeto, que começou como trabalho de mestrado na Inglaterra, ganhou exposição e virou uma marca de Helena, a HT.Objetos. “Tenho procurado trabalhar com materiais mais nobres para linhas exclusivas. E as cores, algumas são combinações que acho que conversam esteticamente. No caso das obras em exibição, o azul e branco foi uma referência ao Athos Bulcão e o terra cota, à época seca de Brasília. Agora, estou trabalhando em uma nova peça que vai fazer referência ao pôr do sol da cidade”, adianta.
 
Para Helena, o brasiliense naturalmente nasce com uma sensibilidade visual. “Passamos a valorizar o espaço urbano. Várias pessoas que não são da área comentam como Brasília é aberta, os prédios são icônicos, então ela desperta essa sensibilidade”, comenta. A arquiteta e artista plástica reconhece que a cidade planejada tem os problemas, como os espaços ermos, a segregação, sobretudo quando comparada com cidades tradicionais. “Mas, é inegável que Brasília é uma arte por si só”, pontua. Por fim, ela afirma: “ser brasiliense é ver a beleza no traçado não comum de uma cidade, é saber apreciar o lado planejado de uma cidade”.
 

Correio Braziliense quarta, 23 de setembro de 2020

CÓDIGO DE TRÂNSITO FLEXIBILIZA PUNIÇÕES

Jornal Impresso

 

Código de Trânsito flexibiliza punições
 
Câmara aprova projeto que aumenta tolerância de 40 pontos para a carteira de motorista. Proposta mantém a pena de detenção a condutor embriagado que provocar morte ou lesão corporal grave. Regras valerão após 180 dias da publicação no DOU.

 

Alessandra Azevedo

Publicação: 23/09/2020 04:00

 (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - 7/7/20
)  
 
A Câmara aprovou, ontem, o projeto de lei nº 3267/19, que altera diversos pontos do Código de Trânsito Brasileiro, apresentado ao Congresso pessoalmente pelo presidente Jair Bolsonaro em novembro do ano passado. Após receber o aval dos deputados, que incluíram no texto oito das 12 emendas sugeridas pelo Senado, o PL está pronto, agora, para a sanção presidencial. As novas regras começarão a valer 180 dias após serem publicadas no Diário Oficial da União (DOU).
 
Uma das principais mudanças na legislação é o aumento da validade da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), que passa a ser de 10 anos para condutores com até 50 anos de idade. Atualmente, é preciso refazer os exames a cada cinco anos. A renovação a cada três, hoje obrigatória para motoristas acima de 65 anos, passa a ser exigida apenas a quem tem mais de 70. Para pessoas entre 50 e 70 anos, a exigência é a cada cinco anos.
 
O texto também diminui o nível de exigência para suspensão da CNH. Quando as medidas entrarem em vigor, ficará mais difícil suspender a carteira de um motorista. Bolsonaro queria uma flexibilização ainda maior. Ao apresentar o projeto, propôs que a carteira só pudesse ser cassada se o motorista tivesse 40 pontos acumulados em multas; e não 20, como é hoje. O texto final aumenta o limite para 40 pontos, mas apenas se o motorista não tiver nenhuma infração gravíssima registrada nos últimos 12 meses.
 
O Congresso definiu uma cobrança gradativa: se o condutor tiver apenas uma infração gravíssima, a carteira será suspensa quando completar 30 pontos. Se tiver duas ou mais infrações desse tipo, bastará ter 20 pontos. Motoristas profissionais só terão a carteira suspensa com 40 pontos, independentemente da gravidade da infração. Outra mudança prevista no texto é a possibilidade de converter uma multa leve ou média em advertência, caso o condutor não tenha cometido outra infração nos últimos 12 meses.
 
Ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas considerou a aprovação “um grande avanço para a sociedade”. “As mudanças são decorrentes da necessidade de atualização na legislação, que amanhã (hoje) completará 23 anos. São medidas com caráter educativo e menos punitivo, que irão contribuir para a redução de acidentes e mortes no trânsito”, disse em nota enviada à imprensa.
 
Pena de reclusão
 
Uma das oito emendas do Senado incluídas pelo relator na Câmara, deputado Juscelino Filho (DEM-MA), proíbe que a pena de reclusão seja substituída por penas alternativas no caso de morte ou lesão corporal provocada por motorista bêbado ou sob efeito de drogas. No parecer, o relator classifica essa mudança como “a mais importante aprovada pelo Senado”.
 
A inclusão desse ponto na lei é necessária para garantir a pena de reclusão. Isso porque o Código Penal permite a conversão da pena em caso de crime culposo, como é classificado o homicídio de trânsito, para penas alternativas, como cumprimento de serviços comunitários. O PL assegura que a pena a motoristas embriagados ou sob efeito de drogas será de reclusão.
 
O Código Penal prevê cinco a oito anos de reclusão, no caso de morte, e dois a cinco anos, se o ato resultar em lesão corporal grave ou gravíssima. “Esperamos que a mudança possa, de fato, representar um avanço no sentido de punir aqueles que insistem nessa postura e provocam acidentes de trânsito ao sentar-se ao volante de um veículo e dirigir sob o efeito de álcool ou drogas”, diz Juscelino Filho, no parecer.
 
O texto também garante a obrigatoriedade do uso de cadeirinhas nos carros por crianças de até 10 anos ou que ainda não atingiram 1,45 metro de altura, em vez de sete anos e meio, idade proposta no texto original. Além disso, uma das emendas inclui a obrigação de que a cadeirinha seja adequada ao peso e à altura da criança. Os parlamentares rejeitaram a tentativa do governo de suavizar a punição para quem deixasse de usar o dispositivo e mantiveram a pena de multa, por infração gravíssima, nesses casos. O projeto original previa apenas advertência por escrito.
 
 
Principais mudanças no CTB
 
• Aumento do número de pontos para suspensão, por multas, da CNH
 
• Obrigatoriedade do uso de cadeirinha para transportar crianças de até 10 anos ou que ainda não atingiram 1,45m de altura
 
• Regras para a circulação de motocicletas entre os veículos quando o trânsito estiver parado ou lento
 
• Pena de reclusão não pode ser substituída por outra em casos de lesão corporal e homicídio causados por motorista embriagado
 
• Exigência de exames de aptidão física e mental por médicos e psicólogos peritos examinadores
 
Validade da CNH
 
O projeto muda o prazo para refazer os exames: 
 
• 10 anos para condutores com menos de 50 anos
 
• 5 anos para condutores com idade igual ou superior a 50 anos e inferior a 70 anos
 
• 3 anos para condutores com 70 anos ou mais.
 
Suspensão da CNH
 
• A carteira será recolhida se, no prazo de 12 meses, o motorista tiver multas que somam:
 
• 40 pontos, para quem não tiver infração gravíssima
 
• 30 pontos, para quem possuir uma gravíssima 
 
• 20 pontos, para quem tiver duas ou mais infrações do tipo

Correio Braziliense terça, 22 de setembro de 2020

CHOVE, APÓS 119 DIAS DE ESTIAGEM

Jornal Impresso

Chove, após 119 dias de estiagem
 
A expectativa é de que a chuva dure até quinta. O tempo seco deve voltar no fim de semana

 

ADRIANA BERNARDES
DARCIANNE DIOGO

Publicação: 22/09/2020 04:00

Após 119 dias de estiagem, ondas de calor e baixa umidade do ar, a cidade respira com alívio (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  

Após 119 dias de estiagem, ondas de calor e baixa umidade do ar, a cidade respira com alívio

 



Francinilda Ximenes, Diogo Delfino, Renata Rêgo, Anderson Moreira e Maria Ariana: a celebração da chegada da primavera (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  

Francinilda Ximenes, Diogo Delfino, Renata Rêgo, Anderson Moreira e Maria Ariana: a celebração da chegada da primavera

 



Diferentemente do inverno, que trouxe temperaturas elevadas e baixa umidade do ar, a primavera de 2020 chega ao Distrito Federal, hoje, especificamente às 10h31, com a promessa de chuvas e clima ameno, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Ontem, após 119 dias de estiagem, os brasilienses puderam comemorar as primeiras precipitações na capital da República.
 
A expectativa é de que a chuva dure, pelo menos, até quinta-feira e, na sexta, sábado e domingo, é possível que o tempo fique seco novamente, como avalia Andreia Ramos, meteorologista do Inmet. As precipitações mais frequentes, contudo, só aparecerão a partir da segunda quinzena de outubro. “É de se esperar pancadas de chuvas com trovoadas e até vento com rajadas”, explicou.
 
O inverno começou em 20 de junho e terminou na manhã de hoje. A estação trouxe temperaturas elevadas nos últimos dias. Vale ressaltar que, no sábado, o Distrito Federal registrou o dia mais quente do ano, com máxima de 35,5°C e a umidade do ar ficou em 12%, colocando a capital em estado de alerta. Segundo Andrea Ramos, o clima seco deve diminuir nos próximos dias.
 
Alegria
 
Ontem, os brasilienses se animaram ao ver as primeiras precipitações. Quando a chuva caiu no Sudoeste, a cena se repetiu das janelas, como é tradição após a longa estiagem. Adultos e crianças comemoraram e registraram a cena em fotos e vídeos. Mas isso não foi o bastante para a pequena Lorena Kaari Fernandes, 6 anos.
 
A alegria da pequena foi tanta, que ela pediu à mãe, Petra Kaari, 44 anos, para tomar banho de chuva. Paramentada com uma panelinha de brinquedo, a menina aproveitou o quanto pôde a chuvinha e o cheiro de terra molhada. E sabe do que Lorena gosta desse período chuvoso? “Das poças de lama”, ela respondeu. Mas e a panelinha, para que é? “É pra levar a chuva pra casa”, disse. E o que você vai fazer com essa água de chuva? “Brincar com minha boneca de fazer macarrão”, falou enquanto puxava os galhos de uma árvore para apanhar mais gotas de chuva.
 
Petra acompanha a alegria da filha de perto. O clima da capital é uma das coisas de que a servidora pública mais gosta em Brasília. “Amo o tempo seco. E quando chove no Cerrado, ela vem forte e logo o céu abre e o sol aparece. Sou de São Paulo e, lá, quando chove, o tempo fica um tempão cinza, nublado. Dá até uma tristezinha”, compara.
 
A professora Maria Lúcia Bezerra, 27, também ficou feliz com a chuva. Ela conta que, com o tempo seco, sofre com problemas de saúde, como sangramento de nariz, problemas respiratórios, dores de cabeça, além de irritações no rosto. “Esse ano foi muito seco aqui no DF, mas criei expectativas de ainda chover em setembro e deu certo. O ruim do calor excessivo e da baixa umidade é porque, além de afetar minha saúde, me desmotiva nas atividades do dia a dia”, desabafa.
 
Diogo Delfino, 28, saiu, ontem, com a mulher, Francinilda Ximenes, 27, e os amigos Anderson Moreira, 21, Maria Ariana, 23, e Renata do Rêgo, 19. Eles foram acompanhar a sessão de fotos de Maria na orla do Lago Paranoá, que está grávida de 8 meses. “Quando saímos de casa, o céu estava nublado, mas ainda fazia um sol. A chuva nos pegou de surpresa, mas não atrapalhou os registros”, conta o gestor de tecnologia da informação.
 
O jovem veio da cidade de João Pinheiro, em Minas Gerais, e mora há seis anos em Brasília. Ele compara o clima das duas regiões. “Minas é quente, mas, por outro lado, é mais úmido. Aqui, não. É muito seco. Assim que cheguei, estava bem frio, mas não durou por muito tempo. O calor veio logo. Eu, como um bom mineiro, amo uma chuvinha. É sempre bom”, brincou.


Brasilienses se animam com chuva no DF, após longo período de estiagem (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  

Brasilienses se animam com chuva no DF, após longo período de estiagem

 



Lorena e a mãe, Petra Kaari, curtem a chuva no prédio do apartamento onde moram, no Sudoeste (Adriana Bernardes/CB/D.A Press)  

Lorena e a mãe, Petra Kaari, curtem a chuva no prédio do apartamento onde moram, no Sudoeste

 



 
Expectativa
 
O volume de chuvas esperado para este mês em todo o DF é de 46,6 milímetros. Até o momento, no total, a capital atingiu 9,4 mm, somente ontem. A Estação Ponte Alta do Gama foi a região onde mais choveu (22,2 mm), seguido por Águas Emendadas (19 mm), Brasília (9,4 mm), Brazlândia (4 mm) e Paranoá (4 mm). Para outubro, o esperado é de 159,9 mm.
 
Segundo a meteorologista Andrea Ramos, só será possível saber se a capital atingiu a média após o fechamento do mês. “Ainda não temos como prever se choverá essa quantidade, pois ainda temos que esperar os próximos dias para fazer o balanço”, destacou. 
 
Pelo menos até quinta-feira, a temperatura máxima deve ficar entre 27°C e 29°C e a mínima em torno de 15°C e 16°C, de acordo com o Inmet. Na sexta-feira, o calor retorna, registrando máxima de 30°C. “Nos próximos dias, a tendência é o aumento da umidade, que deve ficar de 90 a 95% na máxima e 45% na mínima”, frisou Andrea.
 
 
 
 
Orientações Defesa Civil
 
No caso de destelhamento devido aos ventos fortes, permanecer dentro de casa e procurar abrigo, como uma mesa ou cama 
 
Quando as chuvas forem acompanhadas de raios, é importante não usar telefone ligados em tomadas e não ficar próximo de canos, janelas e portas metálicas
 
Para quem estiver na rua, não segurar objetos metálicos longos, não empinar pipas, não andar a cavalo, não permanecer na água, não ficar em áreas abertas (campos de futebol, quadras e estacionamentos), não  permanecer no alto de morros ou em topo de prédios, não se aproximar de cercas de arame, varais metálicos, linhas elétricas aéreas e trilhos, não se abrigar debaixo de árvores isoladas
 
 
 
 
Ranking de estiagem
 
1º - 1970  (135 dias)
2º - 1966  (131 dias)
3º - 2010  (130 dias)
4º - 2017  (127 dias)
5º - 1995  (126 dias)
6º - 2007  (125 dias)
7º - 2008  (123 dias)
8º - 2020  (119 dias)
9º - 1991  (117 dias)
10º - 2019  (113 dias)
11° - 2020  (119 dias)

Correio Braziliense segunda, 21 de setembro de 2020

O PODER DAS ABELHAS

Jornal Impresso

O poder das abelhas
 
Responsáveis pela polinização da maioria da flora do cerrado, esses insetos nativos correm risco de extinção. Conheça apicultores que manipulam e resgatam colmeias que ajudam a preservar a natureza

 

» Ana Maria da Silva*

Publicação: 21/09/2020 04:00

Adão Batista destaca a importância de usar equipamentos de proteção para lidar com o apiário (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  

Adão Batista destaca a importância de usar equipamentos de proteção para lidar com o apiário

 



Com a chegada da primavera, as abelhas tomam conta da capital federal. É nesta época do ano que começamos a observar com mais frequência a locomoção dos enxames, em casas, postes, pelas cidades e áreas rurais. Mas, é importante ter consciência dos perigos resultantes do contato com elas. Para manipulá-las ou retirá-las de algum local, é preciso contar com ajuda especializada e, neste caso, nada melhor do que um apicultor, como Adão Batista da Silva, 41 anos, que atua na área de criação e tratamento de abelhas, com extração de produtos provenientes desse inseto.
 
Além de manter o próprio apiário — Puro Mel —, próximo a Sobradinho, onde cria abelhas da espécie Apis mellifera, conhecida como abelha-europeia, Adão cultiva em casa espécies do inseto sem ferrão, que são nativas do Brasil. O apicultor trabalha, também, realizando os mais diversos resgates de abelhas. Os enxames resgatados são cuidadosamente manejados, ambientados em uma espécie de quarentena para adaptação, e, aos poucos, uma nova colmeia se prepara para produzir o mel.
 
“Cultivar e criar abelha não é só pegar e colocar numa caixa qualquer. Uma vez que você a retira da natureza, de uma árvore caída, ou mesmo de uma residência, você coloca em uma caixa específica, chamada de langstroth, que contém quadras em que são colocadas e levadas para o apiário. Lá, será feita a alimentação energética e proteica para manter o enxame forte, além de fazer troca de cera todo o ano nas épocas certas, para que o enxame proporcione uma boa rentabilidade de mel. Tudo isso tem um período certo para ser feito, que é agora, durante a primavera”, explica o apicultor.
 
Adão explica que a história com as abelhas começou há três anos, quando decidiu plantar pimenta importada. “Quando plantava, a flor nascia, murchava e caía. Não vingava. Ao pesquisar, vi que isso se tratava de falta de polinização. Comprei a primeira caixinha de abelha, a abelha-mirim, pela internet. Coloquei em casa e, na primeira semana, começou a nascer pimenta”, lembra. “Eu fiquei abismado com aquilo, achei muito interessante, e comecei a criar abelha sem ferrão, como jataí, mandaguari. Depois desse tempo, conheci um amigo que trabalhava com apicultura, e ele me convidou a trabalhar com ele. Gostei, fiz o curso e, com o certificado em mãos, a decisão tomou uma proporção muito bacana”, conta.
 
Mas, nem tudo são flores. O trabalho acumulou muitas histórias, algumas delas doloridas. “Eu cheguei a levar de 86 a 89 ferroadas. O fundamental é ter os equipamentos de proteção individual (EPIs), principalmente com abelhas que têm ferrão. Se você trabalhar sem luva, bota, ou tênis, é certo: vai tomar ferroada.”
 
O trabalho de multiplicação das espécies é algo que Adão incentiva na produção. “Hoje, eu cultivo abelha sem ferrão, da espécie mandaçaia. Ela é nativa do Centro-Oeste, mas, devido a tanta devastação, dificilmente você encontra ninhos naturais”, explica. A Associação de Meliponicultores (AMeDF) incentiva a criação racional de abelhas sem ferrão. Criado em junho, o grupo conta com 180 integrantes que buscam fazer o trabalho de enriquecimento do meio ambiente.
 
Insetos nativos responsáveis pela polinização da flora do cerrado são protegidos, criados e tratados por profissionais como Adão Batista (D). O DF possui cerca de 50 apiários.
 
Nativas
 
“Elas (mandaçaias) estavam no nosso país quando foi descoberto e eram criadas pelos índios para o consumo do mel. Hoje, praticamente não existem, devido ao desmatamento e queimadas”, afirma o presidente da Associação Apícola do Distrito Federal (Api-DF), Carlos Alberto Bastos. Segundo ele, estas espécies de abelhas são inofensivas, e não têm defesa contra a ação do homem.
 
“A criação destas abelhas nativas é de fundamental importância para a preservação da espécie, elas são polinizadores da nossa mata, do nosso bioma. Quem poliniza muitos dos frutos do cerrado são esses insetos, devido ao seu tamanho, que permite que polinize certos tipos de frutos que outras espécies não conseguem”, ressalta Carlos. “O meliponicultor, sendo guardião dessas abelhas, poderá, no futuro, inseri-las novamente na natureza, em áreas preservadas. Sendo assim, hoje deveria haver mais incentivo ao meliponicultor”, pondera o presidente.

 (Frederic J. Brown/AFP - 29/3/19)  
 
Novas colônias
 
As abelhas produzem enxames devido ao seu instinto reprodutor e, com a chegada da primavera —o período de procriação desses insetos — aumenta a quantidade de colmeias. É o que explica o professor Antônio Aguiar, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília (UnB). “As abelhas são responsáveis pela reprodução das plantas, que dependem dos vetores para levar o seu pólen para outras. Sendo assim, para a sobrevivência da espécie é necessário que haja transferência do pólen, e as abelhas são responsáveis por isso. Elas são fundamentais para reprodução de todas essas plantas que vão iniciar o processo de floração”, ressalta.
 
De acordo com o professor, 90% das plantas reproduzem por intermédio das abelhas. “Agora, no início da primavera, vamos ter um aumento da floração, mas existe, também, um aumento das atividades, principalmente das abelhas sociais, que vão visitar as flores”, afirma. “Da mesma forma que os cupins vão liberar os seus machos e terão revoadas, a chegada da primavera traz isso para as abelhas, que começarão a ter um acúmulo de recursos, como néctar e pólen”, completa.
 
Segundo o especialista, há, aproximadamente, 500 espécies de abelhas no cerrado, que se dividem entre ambientes urbano; a zona rural, com áreas mistas e nativas; e as áreas naturais, que são parques e unidades de conservação. “Nas áreas urbanas, vamos ter uma quantidade de abelhas relativamente baixa. As ocorrências são de abelhas sociais sem ferrão, como jataí, mandaçaia, mandaguari. São abelhas muito dóceis e tranquilas. Já nas áreas agrícolas, mistas e naturais, teremos uma infinidade”, explica.
 
Com o surgimento de novas espécies e colônias durante a primavera, o professor adverte quanto aos cuidados que a população deve ter ao reconhecer ninhos próximos às residências. “No caso de abelhas Apis mellifera, conhecidas como abelhas europeias, o sugerido é sempre contatar profissionais que façam a retirada desses ninhos para levá-los até apiários”, ressalta. No caso de destruição de ninhos de abelhas nativas, a Lei nº 9.605/98 considera crime ambiental. “O ninho de abelha nativa não oferece perigo, elas são extremamente inofensivas. É bom sempre entrar em contato com órgãos ambientais para verificar a possibilidade de retirada.”
 
*Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira


Serviço

Puro Mel: produtos naturais Para fazer encomendas, entre em contato pelo número (61) 99332-0965 ou acesse a página no instagram @puromel.sobradinho1.df


Você sabia?

O DF abriga cerca de 
 
1.300 
apicultores
 
 
Possui cerca de 
50 
apiários
 
 
No Entorno, a média é de 
 
300
apiários
 
Cerca de 
 
500 
espécies de abelhas vivem no DF
 
*Dados: Associação Apícola do Distrito Federal (Api- DF)


Serviço


Puro Mel: produtos naturais
Para fazer encomendas, entre em contato pelo número (61) 99332-0965 ou acesse a página no instagram @puromel.sobradinho1.df
 

Correio Braziliense domingo, 20 de setembro de 2020

MEMÓRIA DA RAINHA DOS BAIXINHOS

 

Jornal Impresso

Memória da rainha dos baixinhos
 
Em um bate-papo exclusivo, a Rainha dos Baixinhos  antecipa ao Correio  algumas histórias contadas na obra sobre a carreira dela.
 
Xuxa Meneghel lança livro a fim de compartilhar sentimentos e emoções vividas

 

» Maria Baqui*

Publicação: 20/09/2020 04:00

 
Xuxa Meneghel lança livro Memórias, pela Globo Livros (Blad Meneghel/ Divulgação)  

Xuxa Meneghel lança livro Memórias, pela Globo Livros

 

 
Como um princípio de diário e páginas recheadas de recordações que marcaram de ponto a ponto os 57 anos de vida, Xuxa Meneghel lança o livro Memórias. Ao longo da narrativa, divulgada pela Globo Livros, a Rainha dos Baixinhos trata de assuntos que permeiam a vida pessoal e profissional, da infância à época em que aparecia na TV em uma grande nave espacial. Com delicadeza e autenticidade, Xuxa construiu um legado internacional com a assinatura de obras infantojuvenis, traz, também, reflexões a respeito de temas como direitos humanos e dos animais.
Por meio da literatura, Xuxa pôde traduzir o sentimento pela filha Sasha e dividir com o público individualidades, com antigos relacionamentos, fases turbulentas da carreira e hábitos rotineiros. Em entrevista ao Correio, a artista adiantou parte do que virá em Memórias e como os temas trabalhados na obra têm influência direta no cotidiano da Rainha dos Baixinhos.
 
Nas linhas do livro você retrata assuntos delicados, como abusos que sofreu na infância e na adolescência. Qual a importância de abordar esses temas?
Conscientizar os pais sobre a necessidade da educação sexual e para mostrar para o público que passou por situação semelhante que não está sozinho. E também para as pessoas que não passaram por isso, mas têm filhos ou filhas ou crianças por perto. Para que fiquem atentas aos sinais que podem aparecer.
 
Você e sua mãe, Aldinha, tinham uma conexão muito forte. O que você quis retratar da relação de vocês no livro?
Não posso contar minha história em livro, filme ou documentário sem a minha mãe. É impossível! Ter a minha mãe nas páginas do Memórias pode fazer com que as pessoas com mais sensibilidade entendam como é importante ter alguém na vida que apoie, entenda, aceite e proteja. Se você quer ser alguém na vida, não basta apenas querer ou acreditar, mas é preciso alguém que queira lhe ver bem e acredite que você tem potencial para chegar lá. É isso. Ela é e sempre foi a minha incentivadora maior, a minha maior fã.
 
Quais as atividades da sua rotina que lembram vocês duas?
Ela sempre gostou de jogar buraco. É impossível jogar sem pensar nela. Eu jogo todos os dias no computador antes de dormir... Viciei-me, como ela.
 
Além da carreira artística, como cantora, apresentadora e atriz, você é uma pessoa que contribui e luta muito pela garantia dos direitos 
humanos e contra qualquer tipo de preconceito. O quão necessário é utilizar da sua influência para tratar desses temas?
Eu não posso e nem devo falar pelos outros. Não quero que pareça cobrança, mas estamos vivendo num mundo de muito ódio, discriminação, preconceito, racismo, homofobia, machismo... O ser humano é um bicho que deu errado. E, se você tem a oportunidade de melhorar o seu mundinho, você tem que fazer nem que seja por uma pessoa. No caso de quem tem imagem pública, por algumas pessoas. Respeito, mas não concordo com quem acha que não deve se posicionar. Quem cala consente com o que estamos vivendo e eu não concordo com muitas coisas. Me custa acreditar que existam pessoas que concordem com preconceito. Eu não conseguiria dormir sem gritar e sem me expressar, já que tenho meu espaço para isso.
 
Qual foi a fase da sua vida em que você teve a certeza de que fez a escolha certa na profissão?
As pessoas demonstram amor, respeito e carinho por mim durante esses anos todos. Lá atrás, tive o maior termômetro para eu saber que era sucesso, de que estava no caminho e tinha feito a escolha certa. Algumas pessoas continuam não acreditando no meu potencial. Mas provar que estava no caminho certo acontece por meio da resposta de quem me deu e ainda me dá crédito, isso se chama sucesso. Se falar outra coisa, estarei mentindo.
 
Você e a Sasha tem uma relação muito próxima. Como o crescimento dela interfere no seu crescimento?
Quando você ama alguém incondicionalmente, o crescimento dela é o seu. A alegria da Sasha é a minha. Suas conquistas são as minhas.
 
Como foi relembrar a chegada dela em Memórias?
Há alguns meses, estou revisitando muito a minha vida, até porque também terá o filme Rainha. E esse momento é mágico, digno de um filme, de um livro, pois eu sonhei com ela, a desejei muito e repito sempre: “Você é exatamente como eu queria, é o maior presente que Deus me deu”. E olha que Ele me deu muita coisa boa. Mas sem dúvida ela é um anjo, linda por dentro e por fora, é meu orgulho.
 
No livro, você aborda questões relacionadas ao veganismo. Como você entende que os debates sobre o tema podem influenciar mais pessoas 
a apoiarem a causa pelos direitos dos animais?
Minha vontade é de que as pessoas assistissem a todos os documentários sobre veganismo ou sobre a indústria que existe por trás do sofrimento dos animais e, se depois que vissem ainda quiserem fazer parte disso tudo, seria por escolha própria. Mas como isso não acontece — as pessoas não buscam essas informações, não sabem, nem querem saber, pois mudar costumes é muito difícil — acho que o mínimo que nós, veganos, devemos fazer é tentar dizer coisas que são impactantes. Vai que uma porta se abre, não é mesmo? Coisas como: “Tire a morte e o sofrimento do seu prato, essa energia não é boa pra ninguém”; “não existe morte sem dor, sem sofrimento. Não tem galinha nem vaquinha feliz no seu prato” etc. Se eu conseguir fazer com que as pessoas pelo menos se informem, terei feito uma grande mudança.
 
Para você, foi natural chegar ao veganismo?
Não como carne vermelha desde os meus 13 anos. Só comia peixe, por ignorância mesmo. Por falta de informação, o processo foi demorado, 50 anos para eu saber que nem eu, nem ninguém precisamos matar um bicho para viver e comer bem, mas as indústrias farmacêuticas e agropecuárias não querem que nós saibamos disso.
 
A capa do livro mostra duas versões de você se olhando: uma nos anos 1980 e uma atual. Quais as principais mudanças que você 
enxerga em si mesma nesse  intervalo de tempo?
Essa ideia veio de um fã, só colocamos um “X” no meio. A ideia é essa: eu antes e eu agora. Alguém que viveu tudo o que está no livro para chegar onde chegou. O que eu vejo? Tentei responder isso nas páginas do livro e não foi fácil. Sei que deixei coisas de fora, mas terei tempo lá na frente, quando for avó, para escrever mais.
 
O que a Xuxa de 2020 diria  para a Xuxa de 1980 e vice-versa?
A nova para a velha: “Só não envelhece quem morreu”. A velha para a nova: “Acredite menos nas pessoas”. (risos)
 
*Estagiária sob supervisão de Igor Silveira
 
 
Memórias
De Xuxa Meneghel. Globo Livros, lançamento em 21 de setembro. 272 páginas. Preço: R$ 44,90.

Correio Braziliense sábado, 19 de setembro de 2020

O DIA MAIS QUENTE DO ANO

Jornal Impresso

O dia mais quente do ano
 
Termômetros alcançaram 34,6°C no Distrito Federal, ontem, e a umidade relativa do ar teve mínima de 13%. Especialistas alertam para os cuidados à saúde. Manter-se hidratado é fundamental

 

» TAINÁ SEIXAS

Publicação: 19/09/2020 04:00

 (Ed Alves/CB/D.A Press)  
 
A moradora do Jardim Botânico Maria Cleonice de Souza, 61 anos, não vê a hora da chuva chegar. E no dia mais quente do ano — os termômetros no Distrito Federal chegaram a 34,6°C durante a tarde de ontem —, a solução foi ir até a beira do Lago Paranoá para amenizar o calor. Apesar de estar acostumada com a seca do cerrado, ela ainda sente os efeitos da temporada. “Nessa época, eu me sinto mal. Ontem, mesmo, não me senti bem; estava muito seco. Eu sinto muita moleza, minha pressão até cai”, relata a aposentada. 
 
Os sintomas relatados por Maria Cleonice não são à toa: além da alta temperatura, a umidade relativa do ar registrou mínima de 13%, e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alerta laranja, o que significa risco em potencial à saúde. Por isso, especialistas pedem cautela para a população durante esse período em que alguns cuidados especiais devem ser redobrados. 
 
“A gente tem um clima que está, nesse momento, quente, e há baixa oferta de água. Os órgãos que mais vão sofrer são os mais expostos ao meio ambiente: pele, olhos e sistema respiratório, que precisam de água para poderem melhor funcionar. O corpo, de forma geral, precisa de hidratação; ele é constituído por 60% de água”, descreve o professor de clínica médica da Universidade de Brasília, Ricardo Martins.
 
Ar
 
O chefe de pneumologia do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), Paulo Feitosa, avalia que na segunda quinzena de setembro passamos pelo período de seca quente, em que as pessoas tendem a sentir mais os sintomas adversos, uma vez que há um aumento de partículas no ar, tanto de pó suspenso quanto resquícios de queimadas. 
 
“A qualidade do ar, no mês de setembro, é muito ruim, o que ajuda a desencadear descompensações das doenças respiratórias, como asma, rinite e sinusite. O ar seco e poluído é um agressor do sistema respiratório, principalmente pra quem já tem doença prévia”, explica o médico.

Maria Cleonice aproveitou o calorão de ontem para se refrescar no Lago Paranoá (Ed Alves/CB/D.A Press)  

Maria Cleonice aproveitou o calorão de ontem para se refrescar no Lago Paranoá

 



Lucas Barbosa decidiu dar folga da quarentena e praticou stand up paddle no lago (Ed Alves/CB/D.A Press)  

Lucas Barbosa decidiu dar folga da quarentena e praticou stand up paddle no lago

 



Água
 
A desidratação é um fator fundamental, ao qual os brasilienses precisam se atentar. Ela pode causar moleza, desânimo, tonturas, desmaios, náuseas e, até, vômitos. A falta de água pode propiciar, também, um ambiente mais favorável ao desenvolvimento de pedras nos rins, que pode causar dores intensas, além de infecção urinária. 
 
“Já estamos há mais de 100 dias sem chuva. A gente vai enfrentando uma seca bem longa. O brasiliense tem que ficar bem atento em relação à água, à desidratação e ter cuidado redobrado com a hidratação. Não esquecer de beber água é o cuidado principal que a gente deve instituir”, define o clínico-geral Lucas Vargas, coordenador da Clínica Médica dos Hospitais Santa Lúcia.
 
Olhos
 
Os olhos também requerem atenção especial nesta época. O ressecamento deles pode causar irritação, vermelhidão, ardência, sensação de areia ou corpo estranho, além de aumentar a exposição da população ao coronavírus, uma vez que levar os dedos aos olhos pode ser um meio de infecção. 
 
“Se o paciente, mesmo não tendo problema ocular, principalmente nessa época da pandemia, fica exposto por muito tempo às telas, pode usar um colírio lubrificante uma ou duas vezes por dia, ou nos momentos em que sinta mais falta para manter o conforto durante o dia”, orienta o oftalmologista Daniel Moon Lee, do Instituto de Olhos Inob. 
 
Alívio no lago
 
Com o calor intenso, brasilienses e turistas buscaram repouso às margens do Lago Paranoá, onde a umidade tende a ser um pouco maior, além da possibilidade de tomar um banho para refrescar o corpo. Foi o caso de Daniela Arakaki, 44 anos. A recepcionista mora em Campo Grande (MS) e veio a Brasília pela primeira vez, visitar a irmã. Espantou-se, no entanto, com a secura da região. 
 
“Eu estou encantada com esta cidade, com as pessoas; é linda, mas é muito seco aqui. Em relação ao calor, a minha cidade é mais quente, mas a secura é muito grande. Eu sinto sede o tempo todo. Meu nariz está sempre seco. Bebo muita água, vou para o quarto com água gelada e fico mastigando o gelo”, descreve.
 
Buscando alívio da seca, o aposentado Lucas Barbosa, 60, decidiu dar folga da quarentena — que tem seguido à risca desde março — para curtir o lago com o sobrinho João Vitor, 19. “Eu moro aqui há 20 anos, então, estou acostumado. Mas a gente bebe bastante água, até trouxemos um galão”. João avalia que o clima é bem diferente de Governador Valadares (MG), sua cidade natal, e, por isso, passou a carregar uma garrafa de água para onde vai. 
 
Apesar de acostumado, Lucas espera pela chuva, que deve chegar amanhã, segundo o Inmet. “Ansioso para presenciar a transformação das gramas. Na primeira chuva, já fica tudo brotando”. 


RECOMENDAÇÕES
 
» Beber água a cada hora: hidratar-se é fundamental para evitar os efeitos da seca no corpo
» Alimentação leve: frutas, legumes e verduras
» Evitar sal: um consumo elevado do tempero contribui para a retenção de líquidos
» Fazer exercícios físicos até as 9h ou depois das 17h, períodos em que a umidade do ar está menos crítica
» Dormir adequadamente para que o corpo possa se recuperar
» Evitar exposição ao sol das 10h às 16h
» Usar colírio nos olhos e hidratantes nasais
» Evitar ambientes com ar-condicionado, que reduzem a umidade no ambiente
 
 
No Lago Paranoá, os dois jovens não hesitaram em dar um mergulho. E não era para menos. Os brasilienses enfrentaram ontem o dia mais quente do ano no Distrito Federal: os termômetros cravaram 34,6ºC à tarde, enquanto a umidade relativa do ar descia a 13%, na mínima. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alerta laranja, o que significa risco em potencial à saúde. Moradora do Jardim Botânico, Maria Cleonice de Souza, 61 anos, sofre com o tempo seco. %u201CEu me sinto mal. Minha pressão até cai%u201D, relata a aposentada. A boa notícia, segundo o Inmet, é que uma frente fria vinda do Sul pode provocar chuvas rápidas amanhã na capital. Para hoje, contudo, a previsão é de mais um dia de forte calor, com a temperatura alcançando 34%, na máxima, e a umidade relativa do ar entre 50% e 15%.  (Ed Alves/CB/D.A Press)
 

Correio Braziliense sexta, 18 de setembro de 2020

DEPOIMENTO DE BOLSONARO À POLICIA FEDERAL SERÁ DECIDIDO PELO PLENÁRIO DO SUPREMO

Jornal Impresso

Depoimento de Bolsonaro à Polícia Federal será decidido pelo plenário do Supremo

Ministro Marco Aurélio suspende inquérito contra Bolsonaro, intimado para prestar depoimento presencial à Polícia Federal, e encaminha a decisão final ao colegiado do Supremo. Presidente chama acusações de Sergio Moro de "farsa"

RS
Renato Souza
postado em 18/09/2020 06:00 / atualizado em 18/09/2020 07:31
 (crédito: Evaristo Sá/AFP - 16/12/15)
(crédito: Evaristo Sá/AFP - 16/12/15)

ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu o inquérito que corre contra o presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal. Com a decisão, o depoimento do chefe do Executivo, que deveria ocorrer na próxima semana, também foi cancelado. A corporação havia agendado a oitiva para ocorrer entre os dias 21 e 23 de setembro. No entanto, ele deveria depor presencialmente, em cumprimento da decisão do ministro Celso de Mello. Com o afastamento do relator do caso, em decorrência de licença médica, Marco Aurélio acolheu um pedido da Advocacia-Geral da União (AGU) para suspender as investigações.

Com ausência do ministro Celso de Mello, o caso foi distribuído novamente, e caiu nas mãos do colega. A AGU pediu que Bolsonaro tenha o direito de prestar depoimento por escrito, em nome da “isonomia”, como ocorreu com o ex-presidente Michel Temer, que respondeu às perguntas dos investigadores sem precisar ir pessoalmente até o local. “Note-se: não se roga, aqui, a concessão de nenhum privilégio, mas, sim, tratamento rigorosamente simétrico àquele adotado para os mesmos atos em circunstâncias absolutamente idênticas em precedentes muito recentes desta mesma Egrégia Suprema Corte”, diz um trecho do recurso da AGU.

Marco Aurélio decidiu submeter o caso ao plenário do tribunal, o que mantém suspenso o depoimento até avaliação do colegiado. “Considerada a notícia da intimação para colheita do depoimento entre 21 e 23 de setembro próximos, cumpre, por cautela, suspender a sequência do procedimento, de forma a preservar   objeto do agravo interno e viabilizar manifestação do Ministério Público Federal”, escreveu o magistrado.

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Bolsonaro é acusado de tentar interferir na Polícia Federal. O ex-ministro Sergio Moro afirmou, ao deixar o governo, que o presidente tentou trocar o comando da corporação no Rio de Janeiro e acessar relatórios de inteligência. O objetivo de Bolsonaro, de acordo com as acusações, seria beneficiar familiares e amigos, que poderiam estar no alvo de investigações conduzidas pela corporação. O presidente nega as denúncias e diz que todas as decisões que tomou têm caráter técnico e se justificam para propiciar melhor desempenho das equipes. Ontem, durante a transmissão de uma live, Bolsonaro tachou as acusações de Moro de “farsa”. “Moro não tem que perguntar nada para mim”, atacou o chefe do Executivo.

Insatisfação

A reforma da decisão do ministro Celso de Mello pelo colega de plenário, acolhendo manifestação da AGU, criou um clima de insatisfação nos bastidores do Supremo. A avaliação de alguns ministros é de que a decisão anterior do decano encontrava pleno respaldo na lei penal e não deveria ser revista. Celso é o mais antigo e de maior respeito na Corte. Ele está ausente em decorrência de problemas de saúde, pelo menos até o dia 26 deste mês, quando, se tiver alta, poderá retornar aos trabalhos na Corte.


Correio Braziliense quinta, 17 de setembro de 2020

A ÉPOCA DA RENOVAÇÃO

Jornal Impresso

Paisagem urbana: A época da renovação
 
A primavera, estação predileta de Andressa Paiva (foto), começa em 22 de setembro. %u201CÉ o período de encantamento que nos envolve em todos os aspectos, ao ver a beleza da natureza e sentir o perfume das flores%u201D, diz a professora. Além do fim da seca, o novo tempo revigora a flora e muda a paisagem da capital.   (Carlos Vieira/CB/D.A Press)
 
 
 
A poucos dias da primavera, a paisagem urbana começa a mudar e chama a atenção dos moradores da capital federal. Especialistas explicam porque esse período é tão revigorante para a natureza

 

Ana Maria da Silva*

Publicação: 17/09/2020 04:00

Em meio à seca, uma aquarela colore avenidas, espaços públicos e quadras da capital. Há uma energia boa se aproximando nos próximos dias: a primavera! Com início em 22 de setembro, a estação deixa o inverno para trás e faz a preparação para o verão. Segundo o professor em ecologia da Universidade de Brasília (UnB) Eduardo Bessa, isso significa que as condições de entrada de energia solar começam a se recuperar depois do inverno. “Ou seja, é quando as plantas aproveitam para retomar as folhas e para florir, enquanto os animais se alimentam mais e procuram parceiros para acasalar”, diz.
 
De acordo com o professor, muitas plantas rebrotam nessa fase. “Acontece que o inverno é muito seco aqui no cerrado. Uma forma de as plantas evitarem perder a pouca água, que existe disponível, é se livrando do órgão vegetal que mais perde água, as folhas”, explica Eduardo. “À medida que a seca vai terminando, as plantas mobilizam as reservas que têm para produzir novas folhas. A que mais me chama a atenção é a sapucaia, uma árvore que tem bastante no Eixão Norte, que nessa época do ano fica rosa vibrante por conta das folhinhas novas”, completa.
 
A estação das cores vai além dos ipês floridos, que se destacam pela sua beleza e cores vibrantes. De acordo com o Departamento de Parques e Jardins da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), outras espécies florescem no período. São elas: cagaita, cássia rosa, tarumã, fisocalima, sapucaia, sucupira, pequizeiro, jacarandá da Bahia e quaresmeiras.
A pluralidade da flora urbana é motivo de encantamento para os moradores de Brasília. É o caso da professora Andressa Caroline Paiva, 39 anos, que aguarda pela chegada da estação favorita. “É a que mais gosto. É o período de encantamento que nos envolve em todos os aspectos, ao ver a beleza da natureza e sentir o perfume das flores”, ressalta.
 
A mudança que chega com a estação pode ser percebida nas pessoas, conforme afirma Andressa. “O astral das pessoas muda. A natureza nessa época torna-se mais linda. Aqui em Brasília, uma característica marcante é o florescimento dos ipês. Observou que as pessoas param nas ruas simplesmente para apreciar tamanha beleza? Em que época do ano podemos observar atitudes assim? As pessoas ficam mais leves, felizes e animadas”, acredita.
 
A beleza desta época do ano é uma oportunidade de tirar fotos marcantes, oportunidade que a professora não deixa passar em branco: “É a oportunidade de garantir fotos de uma beleza imensurável.  O colorido deixa qualquer foto mais linda. A primavera exala beleza e podemos ver isso nas fotos, que ficam delicadas e nos deixam mais belos, também. Sem contar com a oportunidade de estar em contato direto com a natureza”, relata. “Aqui em casa nós somos as loucas das fotos. Aproveitamos essa temporada para garantir cliques lindos e especiais”, acrescenta. Entre os locais favoritos de Andressa, estão o Parque da Cidade e a Península dos Ministros.
 
Para a professora, a chegada da primavera marca dias de esperança, uma vez que sugere a oportunidade de recomeço. “Tem uma frase do Paulo Coelho sobre a primavera que gosto muito. Diz assim: ‘Não se pode dizer para a primavera ‘tomara que chegue logo e dure bastante’. Pode-se apenas dizer: ‘Venha, me abençoe com sua esperança, e fique o máximo de tempo que puder’. Linda, né? Com a primavera, chegam novos tempos. Precisamos nos agarrar a isso”, destaca.
 
A cientista social Alexandra Carias, 39, celebra o momento que está por vir. “A primavera é importante porque representa o início de um novo ciclo, de nascimento e renascimento. Gosto do clima ameno, de ver as plantas florescerem e da beleza da estação”, diz. “Ter a natureza tão próxima a mim me dá uma sensação enorme de tranquilidade. É um carinho para os meus olhos e para minha alma”, ressalta.
 
Para Alexandra, a chegada do período muda o astral das pessoas, e a sensação de bem-estar faz-se presente. “Os ambientes e a cidade ficam mais bonitos. E isso gera um encantamento”, acredita. Ela vivencia esse sentimento diariamente ao olhar os pés de ipê-roxo próximo ao prédio onde mora. “É um privilégio e uma satisfação enorme. Eu vim do Rio de Janeiro, e no meu primeiro contato com Brasília senti muita falta de beleza natural. Para mim, acordar e dar de cara com as árvores floridas, o gramado e algumas aves que aparecem é um alento. Sou grata”, completa.



Você sabia?
 
Inclinação
 
Se a Terra não se inclinasse em seu eixo, não existiriam as estações. Cada dia teria 12 horas de luz e 12 horas de escuridão. E como o eixo do planeta Terra forma um ângulo com seu plano orbital, existe o verão e o inverno, dias longos e dias curtos. Durante o verão, os dias amanhecem mais cedo e as noites chegam mais tarde. Ao longo dos três meses desta estação, o Sol volta-se lentamente para a direção norte e os raios solares diminuem sua inclinação. No início do outono, os dias e as noites têm a mesma duração: 12 horas. Isso é porque a posição do Sol está exatamente na linha do Equador.

Correio Braziliense quarta, 16 de setembro de 2020

RESTAURANTES: PROTEÇÃO EM PRIMEIRO LUGAR

Jornal Impresso

Proteção em primeiro lugar
 
Para evitar a disseminação do novo coronavírus e incentivar clientes a frequentarem os salões, donos de restaurantes reforçam protocolos de segurança. Aposta é de que o movimento volte a subir até o fim do ano

 

» SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 16/09/2020 04:00

No Tejo, cardápios são acessados pelo celular, temperatura é medida na entrada e higienização do ambiente, constante (Ana Rayssa/CB/D.A Press)  

No Tejo, cardápios são acessados pelo celular, temperatura é medida na entrada e higienização do ambiente, constante

 

 
Em tempos de pandemia, donos de restaurantes precisam encontrar novas formas de atrair clientes e de proporcionar  um ambiente seguro a eles e aos funcionários, a fim de evitar a disseminação do novo coronavírus. Como em outros setores, os desafios impostos por esse novo contexto são grandes, o principal deles é manter o negócio aberto mesmo diante da queda de receita causada pela crise sanitária. Usar a criatividade e pensar em alternativas como cardápios on-line, venda de máscaras a consumidores que não levarem o item de proteção estão entre as medidas adotadas por estabelecimentos no DF, além do cumprimento rigoroso dos protocolos de segurança.
 
Localizado na 402 Sul, o Lake’s viu o movimento cair durante a pandemia, mas isso não abalou o proprietário Zeli Ribeiro, 67 anos. Para ele, até o fim do ano, os clientes voltarão a ter mais confiança. “Ainda sinto que muitos estão com medo de sair de casa. Porém, posso garantir que, no meu estabelecimento, seguimos todas as medidas de segurança à risca”, explica. Ele conta que o faturamento caiu bastante e o que está mantendo o restaurante aberto é o serviço de entregas. “Com a pandemia, essa modalidade cresceu muito. No entanto, gostaria que as pessoas soubessem que é seguro frequentar locais sérios e que estão seguindo os protocolos”, relata.
 
Ele explica que monitora todos que entram no restaurante. “Faço isso por mim, pela minha equipe e pelos próprios clientes. Sou do grupo de risco e sei que não posso arriscar minha saúde e a dos meus colegas”, afirma Zeli. O dono do Lake’s observa que a contaminação pelo novo coronavírus é muito incerta e, por isso, considera necessário impor rigidez aos protocolos. “Qualquer deslize é uma porta de entrada para o vírus, e é exatamente isso que procuro evitar”, diz.
 
O protocolo do Lake’s é rigoroso. Qualquer pessoa, seja cliente, seja funcionário, não entra no salão sem antes medir a temperatura e passar álcool em gel nas mãos. Além disso, quem estiver sem máscara não entra. “Disponibilizamos máscaras caso alguém queira comprar, mas sem a proteção, não deixamos passar da porta”, diz Zeli. Uma vez dentro do ambiente compartilhado, os funcionários são treinados para fiscalizarem o distanciamento social e o uso dos equipamentos.
 
Também há regras em relação à higienização do ambiente e itens compartilhados. As mesas só recebem talheres, copos e toalhas após os clientes sentarem, e os cardápios estão disponíveis por meio de QR Code, para evitar o compartilhamento de objetos. Só são permitidos seis clientes por mesa e todas passam por uma limpeza com álcool depois antes e depois do uso.

Zeli Ribeiro, dono do Lake%u2019s, acredita que os protocolos são importantes para garantir segurança de funcionários e de clientes (Ana Rayssa/CB/D.A Press)  

Zeli Ribeiro, dono do Lake's, acredita que os protocolos são importantes para garantir segurança de funcionários e de clientes

 

 
Expectativas
 
A poucas quadras dali, na 404 Sul, o restaurante português Tejo também segue as medidas de segurança com rigor. De acordo com um dos donos do local, Gustavo Santos, seguir o protocolo dá mais segurança para os clientes. “Percebo que algumas pessoas que vêm acabam voltando. Acredito que seja pela segurança que transmitimos”, diz. Ele espera que, durante os próximos meses, o movimento aumente ainda mais. “Com certeza o fluxo está reduzido, porém isso já era esperado. A expectativa é de que, a cada mês, as pessoas ganhem ainda mais confiança”, completa.
 
Ele explica que também adotaram o sistema de cardápios acessados pelo celular, medição de temperatura na entrada, distanciamento social e constante higienização do ambiente e de clientes e funcionários do local. “Toda vez que uma pessoa sai da mesa, o lugar é totalmente limpo com álcool 70%, antes que o próximo cliente entre”, afirma Gustavo.
 
Francisco Chaves é sommelier do local há cerca de um ano e considera que os clientes se sentem mais seguros com o passar do tempo. O funcionário do Tejo conta que as expectativas para os próximos meses são as melhores possíveis. “Não queremos que a casa fique lotada nem com fila de espera, mas que as pessoas reconheçam que há um trabalho de prevenção sendo feito e percam o medo de sair de casa”, declara Francisco.
 
Confiança
 
O rigor em relação aos protocolos de segurança se tornou um diferencial para os clientes. Ana Paula Bulus, 45, afirma que deixou de frequentar estabelecimentos que não seguiam à risca todas as regras. “É uma exigência que eu faço para a minha segurança, da minha família e dos meus clientes”, diz. A publicitária conta que, por identificar uma seriedade por parte do Lake´s, gosta de frequentar o local. “Já era cliente fiel antes da pandemia. Depois da reabertura, passei a confiar ainda mais, pois vi como as pessoas realmente se preocupam com o bem-estar dos outros”, afirma.
 
Ana acredita que Brasília caminha no rumo certo. “Cheguei a viajar a trabalho para outras cidades e vi como são poucos os estabelecimentos que realmente seguem os protocolos”, relata. Por isso, ela afirma que se sente mais segura em alguns restaurantes da capital federal. “A vida não pode parar e temos de nos adaptar ao novo normal. Caso todos os restaurantes seguissem as normas com seriedade, com certeza a população se sentiria mais segura”, considera.
 
Antônio Brentano, 57, frequentava o Tejo antes da pandemia e afirma que, depois da reabertura, foi ao local cerca de quatro vezes. “Como trabalho perto, na Esplanada dos Ministérios, costumo estar no Tejo no horário de almoço”, explica. Para ele, os estabelecimentos de Brasília estão seguindo os protocolos de segurança corretamente e isso gera maior confiança. “Todos os que visitei até hoje estão cumprindo todas as etapas e, por isso, as pessoas devem se sentir mais confortáveis e tranquilas para voltarem ao normal de forma adaptada.”

Correio Braziliense terça, 15 de setembro de 2020

VELHA GUARDA DA PORTELA

Jornal Impresso

O mestre à vontade
 
Aos 87 anos, um dos baluartes do samba lança disco que reúne composições de expoentes da Portela

 

» Irlam Rocha Lima

Publicação: 14/09/2020 04:00

 (Marcos Hermes/Divulgação)  


Maior vencedora do carnaval carioca, com 22 títulos, a Portela, uma das escolas de samba mais queridas pelos brasileiros, tem sido cantada em prosa e verso por escritores, poetas e compositores. Difícil imaginar quem não conheça, por exemplo, Foi um rio que passou em minha vida, clássico da MPB, de autoria de Paulinho da Viola, tido como o hino portelense. A agremiação, criada em 1923, no bairro de Oswaldo Cruz, na Zona Norte do Rio de Janeiro, que ostenta as cores azul e branco e tem a águia como símbolo, volta a ser celebrada.

Sob o título Minha vontade, estão sendo lançados CD Ao Vivo e DVD com sambas de terreiro compostos por bambas, responsáveis pela história musical da Portela e interpretados pelos integrantes da Velha Guarda, grupo do qual o mestre Monarco, que comemora 87 anos em 2020, é o único remanescente da formação original. O projeto, com direção do maestro Mauro Diniz, traz o registro de um show realizado na quadra da escola, em 2015, e conta com a participação das cantoras Maria Rita, Teresa Cristina e Cristina Buarque.

Este é o terceiro disco que reúne composições de expoentes da agremiação. Os anteriores foram o Passado de glória, de 1970, produzido por Paulinho da Viola, marcando a chegada do cantor e compositor à Portela; e o Tudo azul, registro da trilha sonora de documentário homônimo, dirigido por Carolina Jabour e Lula Buarque de Holanda, em que Marisa Monte, ao demonstrar seu amor pela agremiação, resgatou a obra musical de antigos compositores da escola. Tanto o filme quanto o álbum chegaram ao mercado em 1998.

Minha vontade, que dá título a este novo trabalho, é nome também de uma composição de Chatim. Entre as 17 músicas escolhidas para o repertório, nada menos que sete têm a assinatura de Monarco. Passado de glória ele fez sozinho; enquanto Lenço, Lindo, Corri para você, Vivo isolado do mundo, Coração em desalinho e Vai vadiar compôs com parceiros: Chico Santana, Noca da Portela, Alcides Malandro Histórico e Ratinho.

As outras faixas são criações de nomes históricos da Portela: Manacéia (Natureza e Quantas lágrimas), Aniceto (Desengano), Candeia (Vai saudade), Paulo da Portela (Cidade mulher e Cocorocó), Alberto Lunato (Você me abandonou), Argemiro e Casquinha (A chuva cai). Nas gravações, a Velha Guarda foi acompanhada por banda de 12 músicos, sob a batuta do cavaquinista Mauro Diniz. O grupo teve como convidadas especiais Teresa Cristina (Sofrimento de quem ama), Cristina Buarque (Quantas lágrimas) e Maria Rita (Coração em desalinho).


  • Minha Vontade

    CD da Velha Guarda da Portela, com 17 faixas, disponível nas plataformas digitais. Os CD e DVD físico saem este mês. Lançamento da Biscoito Fino.

Correio Braziliense segunda, 14 de setembro de 2020

MONARCO: O MESTRE À VONTADE

Jornal Impresso

O mestre à vontade
 
Aos 87 anos, um dos baluartes do samba lança disco que reúne composições de expoentes da Portela

 

» Irlam Rocha Lima

Publicação: 14/09/2020 04:00

 (Marcos Hermes/Divulgação)  


Maior vencedora do carnaval carioca, com 22 títulos, a Portela, uma das escolas de samba mais queridas pelos brasileiros, tem sido cantada em prosa e verso por escritores, poetas e compositores. Difícil imaginar quem não conheça, por exemplo, Foi um rio que passou em minha vida, clássico da MPB, de autoria de Paulinho da Viola, tido como o hino portelense. A agremiação, criada em 1923, no bairro de Oswaldo Cruz, na Zona Norte do Rio de Janeiro, que ostenta as cores azul e branco e tem a águia como símbolo, volta a ser celebrada.

Sob o título Minha vontade, estão sendo lançados CD Ao Vivo e DVD com sambas de terreiro compostos por bambas, responsáveis pela história musical da Portela e interpretados pelos integrantes da Velha Guarda, grupo do qual o mestre Monarco, que comemora 87 anos em 2020, é o único remanescente da formação original. O projeto, com direção do maestro Mauro Diniz, traz o registro de um show realizado na quadra da escola, em 2015, e conta com a participação das cantoras Maria Rita, Teresa Cristina e Cristina Buarque.

Este é o terceiro disco que reúne composições de expoentes da agremiação. Os anteriores foram o Passado de glória, de 1970, produzido por Paulinho da Viola, marcando a chegada do cantor e compositor à Portela; e o Tudo azul, registro da trilha sonora de documentário homônimo, dirigido por Carolina Jabour e Lula Buarque de Holanda, em que Marisa Monte, ao demonstrar seu amor pela agremiação, resgatou a obra musical de antigos compositores da escola. Tanto o filme quanto o álbum chegaram ao mercado em 1998.

Minha vontade, que dá título a este novo trabalho, é nome também de uma composição de Chatim. Entre as 17 músicas escolhidas para o repertório, nada menos que sete têm a assinatura de Monarco. Passado de glória ele fez sozinho; enquanto Lenço, Lindo, Corri para você, Vivo isolado do mundo, Coração em desalinho e Vai vadiar compôs com parceiros: Chico Santana, Noca da Portela, Alcides Malandro Histórico e Ratinho.

As outras faixas são criações de nomes históricos da Portela: Manacéia (Natureza e Quantas lágrimas), Aniceto (Desengano), Candeia (Vai saudade), Paulo da Portela (Cidade mulher e Cocorocó), Alberto Lunato (Você me abandonou), Argemiro e Casquinha (A chuva cai). Nas gravações, a Velha Guarda foi acompanhada por banda de 12 músicos, sob a batuta do cavaquinista Mauro Diniz. O grupo teve como convidadas especiais Teresa Cristina (Sofrimento de quem ama), Cristina Buarque (Quantas lágrimas) e Maria Rita (Coração em desalinho).


  • Minha Vontade

    CD da Velha Guarda da Portela, com 17 faixas, disponível nas plataformas digitais. Os CD e DVD físico saem este mês. Lançamento da Biscoito Fino.

Correio Braziliense domingo, 13 de setembro de 2020

TURBANTE: ORGULHO ANCESTRAL

Jornal Impresso

 

Orgulho ancestral
 
O turbante faz parte de muitas sociedades espalhadas pelo mundo. Mais do que um acessório, tornou símbolo de reapropriação cultural
 
Acessório seduziu novas gerações e tornou-se símbolo de reapropriação cultural, cheio de segredos e com amarrações variadas. Confira!  (Isadora Luchtenberg/Divulgação)

 

Maria Carolina Brito*

Publicação: 13/09/2020 04:00

Para Thaís Muniz, o uso de turbantes é um movimento mundial de reconexão de pessoas pretas com estéticas ancestrais (Rafael Bezerra/Divulgação)  

Para Thaís Muniz, o uso de turbantes é um movimento mundial de reconexão de pessoas pretas com estéticas ancestrais

 

 
O turbante é mais do que um acessório inserido no mundo da moda. Para muitas culturas, grupos sociais ou étnicos, o torso — como também é conhecida a peça —, com suas diversas amarrações, estampas e cores, carrega funcionalidade, identidade e marcas históricas.
 
Para a pesquisadora e designer Thaís Muniz, o turbante tem uma função social de comunicação não verbal. Um exemplo disso é uma antiga tradição entre mulheres da Martinica, região do Caribe. De acordo com as formas de amarrar a peça na cabeça, elas expunham o estado civil. “Se deixava apenas uma ponta para fora, era solteira; se deixava duas, tinha namorado; três, era casada; e quatro, viúva ou separada e pronta para outro relacionamento”, detalha.
 
Na história, um dos registros mais antigos vem de Kemet (Egito Antigo). A peça era um elemento fundamental do vestuário faraônica, denominada nemés, e tornou-se bastante conhecida por ser usado pela esfinge de Gizé e também por aparecer na famosa máscara de Tutankhamon.
 
Diferentes religiões no mundo cobrem a cabeça por entender que essa é uma área de troca energética. Os seguidores do candomblé, do islam e os sikhs, na Índia, são exemplos de grupos sociais que têm esse ponto em comum, divergindo em suas práticas. Há indícios de que, no Oriente Médio, o turbante era usado antes mesmo do surgimento do islamismo.
 
No candomblé, os ojás — como são chamados —, além de mostrarem que a pessoa que o usa “é do axé”, revelam o gênero do orixá de cabeça pela amarração — que não deve ter nós — e expressam hierarquia dentro do terreiro.
 
Em países africanos, o adereço é usado com finalidades funcionais, como proteger a cabeça ao carregar bacias, madeira e outros utensílios. No Brasil, quando pensamos em turbantes, logo vem à mente a imagem das baianas de acarajé. Thaís, que nasceu na Bahia, conta que crescer e conviver diariamente com essa referência foi importante para a sua trajetória pessoal e profissional.
 
Peça de raízes
Com a popularização da moda no streetwear, jovens têm ganhado referências mais próximas e contemporâneas sobre o uso de peças tradicionais, como o turbante. Ela está a serviço dos movimentos de afirmação e reapropriação que tem ocorrido nos últimos anos.
 
“É um movimento mundial de reconexão de pessoas pretas com estéticas ancestrais, que foram rejeitadas por séculos, por causa da opressão que o racismo traz para o nosso povo”, expõe Thaís. Para ela, os turbantes tornaram-se a porta de entrada para que inúmeras mulheres negras se conectem com sua ancestralidade e grandes aliados para as quem passa pela transição capilar. Além disso, a confecção da peça tornou-se fonte de renda para inúmeras empreendedoras.
 
Para Nina Fonseca, o turbante é símbolo de importância máxima na cultura afro. “O uso dessa peça traz consigo muito poder. A gente sabe quais são as forças que estamos acessando dentro da nossa ancestralidade quando amarramos um torso na cabeça. E sabemos, também, ao colocar o pé na rua, os riscos que teremos de enfrentar. Essa afirmação de identidade, traduzida em uma única peça, é de uma beleza e força sem tamanho.”
 
A publicitária Lara Melo, 25 anos, relembra que começou a usar turbante em 2013, após assistir a um tutorial na plataforma YouTube. Ela, que sempre admirou as fotografias de mulheres negras com a peça, resolveu comprar um tecido e reproduzir a amarração e passou a vesti-lo.
 
Lara conta que entendeu, ainda criança, a importância da sua estética. “Entre meus amigos negros, é comum a narrativa das nossas mães sempre nos falando que não poderíamos sair na rua de qualquer jeito, que precisávamos sempre estar com a melhor roupa. Foi aí que começamos a entender que a nossa estética no Brasil nos limitava e contava sobre nós antes mesmo de abrirmos a boca. Isso é um entendimento de que nossos corpos são rodeados por política”, completa.
 
Para ela, vestir-se com elementos da cultura negra tem a ver com um retorno às origens. “Eu não tenho dinheiro para buscar minhas raízes na África. Estou tentando ser enxergada como cidadã brasileira, e parte dessa tentativa é o fortalecimento da minha identidade. E a melhor forma de fazer isso é expressando ela.”
 
A publicitária acredita que o uso do turbante ativa uma força interna, tornando os olhares de julgamento, que ela percebe, irrelevantes. “Eu sempre usei turbante nos dias em que me achava mais pra baixo ou cansada. Normalmente, usava sempre na sexta. Sentia que ele me dava um ânimo a mais e, de certa forma, até um poder simbólico”, completa.


 (Abe Neihum/Divulgação)  

 (Abe Neihum/Divulgação)  

Alguns modelos da marca Turbante-se (Abe Neihum/Divulgação)  

Alguns modelos da marca Turbante-se

 



 
Inspiração
Murilo Trindade, 26 anos, advogado, usava turbante no contexto religioso, mas tinha receio de adotá-lo no dia a dia. Achava que a concepção de a peça estar relacionada às mulheres ainda era muito forte no Brasil. No entanto, o impulso dado pelo empreendedorismo de sua mãe, dona do Atelier Carla Trindade (@ateliercarlatrindade), incentivou o jovem a deixar as inseguranças de lado e a usar o turbante como um elemento estético há três anos.
 
O rapper Johnny Venus, do grupo Earth Gang, que usa turbante frequentemente, e o jornalista Manoel Soares serviram como inspirações para Murilo, que acha importante entender a ancestralidade que a peça carrega antes de usá-la. “Tem um porquê, e se a pessoa entender minimamente por que usar esse adereço estético trará benefícios, ela estará energeticamente mais harmônica. Isso vai influenciar em outras questões na vida dela”, explica.
 
Além das inspirações atuais, Murilo resgata os tuaregues, povo que vive no deserto e usa turbante de várias cores e tamanhos. “Eu me sinto muito bonito de turbante, acho que remete a uma ligação africana e tem um pertencimento.” Ele ressalta a questão de que, para os povos negros, a estética não é puramente estética, mas tem uma função. Assim como determinadas culturas pintam o rosto por algum motivo, outras protegem a cabeça por alguma razão.
 

Correio Braziliense sábado, 12 de setembro de 2020

RENATA JAMBEIRO: VIVA A REPRESENTATIVIDADE

Jornal Impresso

Viva a representatividade!

RENATA JAMBEIRO

 

 

Irlam Rocha Lima

Publicação: 12/09/2020 04:00

O festival on-line Afrodisia é idealizado e ancorado pela brasiliense Renata Jambeiro (Alex Pires/Divulgação)  

O festival on-line Afrodisia é idealizado e ancorado pela brasiliense Renata Jambeiro

 

 

 
 
Um mix de espetáculos musicais e debates reflexivos sobre a ancestralidade, representada pelas Yabás — orixás femininas — é o que propõe o Afrodisia, festival on-line, idealizado e ancorado pela cantora brasiliense Renata Jambeiro, com a participação de 40 mulheres do cenário artístico-cultural brasileiro. Aberto no último dia 5, com amplo painel sobre o tema e shows, o evento prosseguirá até o fim deste mês, sempre aos domingos, entre 17h e 21h.
 
Criadora do projeto, Renata Jambeiro ressalta a importância da realização. “O festival busca valorizar, com extensa programação, que inclui debates, shows e o movimento de sonoridade que permeia este trabalho.” Ela acrescenta: “Há uma troca belíssima entre as artistas e as especialistas e, sobretudo, o comprometimento com algo maior, que é pensar a nossa contribuição para o mundo de hoje. Acredito que esta reflexão profunda sobre a ancestralidade é a marca do Afrodisia”.
 
Amanhã, será realizado o segundo painel, intitulado O corpo é voz, a voz do corpo — Qualidade, higiene vocal e expressão na voz popular, com a participação de Fabiana Cozza, cantora, atriz e fonoaudióloga paulista; Dianete do Valle, fonoaudióloga e especialista em voz brasiliense; Daniele Stief, professora de canto e otorrinolaringologista austríaca. Paralelamente, haverá shows ao vivo, com duração de 30 minutos, das cantoras Ana Costa e Patrícia Mellodi, do Rio de Janeiro.
 
O festival terá continuidade entre os dias 20 e 27 quando, além de shows, ocorrerão painéis intitulados Mulher Negra na Arte — Onde estávamos e onde estamos indo e A Mulher na produção Artística — Histórico e Mercado Atual, respectivamente. A produção disponibiliza um QR Code na tela, além da conta bancária de depósito para a “compra de ingressos”. A arrecadação será repartida entre as artistas, equipe e realizadores.
 
 
Festival Afrodisia — Lives
Painel de debate e shows neste domingo, a partir das 19h. Transmissão ao vivo no canal youtube/renatajambeiro.

Correio Braziliense sexta, 11 de setembro de 2020

CURTIÇÃO NOS DIRVE-IN: TEM PRA TODO MUNDO

Jornal Impresso

CURTIÇÃO NOS DRIVE-IN

Tem pra todo mundo!
 
 
Neste fim de semana, haverá apresentações de humor com Maurício Meirelles e Daniel Zuckerman, shows das duplas sertanejas Maiara & Maraisa e Luíza & Maurílio, além de peças de teatro e atrações infantis

 

Maria Baqui*

Publicação: 11/09/2020 04:00

Maiara & Maraisa  (Mauricio Antonio/Divulgação)  

Maiara & Maraisa

 

 
 
Com a reinvenção do lazer a fim de preservar o isolamento social, shows e apresentações culturais estão marcadas no Distrito Federal por meio do formato drive-in. Neste fim de semana, haverá atrações no Drive-Show, localizado no estacionamento do Estádio Nacional; na Arena Drive, no ginásio Nilson Nelson; no Circuito Drive-in nas Cidades; que transita pelas regiões administrativas do DF; e no Cine Drive-in, que funciona no Autódromo de Brasília.
 
A agenda do Drive-Show Brasília desta semana contará com a apresentação do cantor gospel Deive Leonardo hoje, às 19h. Para amanhã, a programação agradará aos fãs de música sertaneja. Às 20h30, a dupla conhecida pelo single S de saudade, Luíza & Maurílio, tomará conta do palco. Em seguida, às 22h30, o público cantará ao som de Maiara & Maraísa. Para o público infantil, o Drive-Show exibirá, neste domingo, o musical A rainha da neve 2 — Uma aventura congelante, às 18h. A peça é inspirada em Frozen, da Disney.
 
Ainda no domingo, a diversão para os adultos será garantida pelo espetáculo Varanda gourmet, de Maurício Meirelles e Daniel Zukerman. O show será no Drive-Show, às 20h30. A ideia dos humoristas foi criar do zero uma peça que possibilite a plateia drive-in a interagir. Pensando nisso, eles desenvolveram um QR Code, que será disponibilizado no início do espetáculo e dará direito a entrar em um grupo no WhatsApp e no Zoom.
 
“Nossa maior dificuldade em um show de humor drive-in é manter a risada, que é um combustível para ver se a piada funciona ou não. Então, nossa peça vai ter um grupo virtual, interativo. Todos vão participar e ver as reações uns dos outros. E a intenção é que se sintam confortáveis para isso”, disse Daniel Zukerman ao Correio.


Daniel Zuckerman e Maurício Meirelles  (Pacheco Produções/Divulgação)  

Daniel Zuckerman e Maurício Meirelles

 




O conteúdo preparado para o show mostra o cotidiano de uma pessoa que está galera “da idade do tiozão”. As dinâmicas são jovens e os textos são de adulto. “Essa é a visão que eu e Daniel, que temos 36 anos, temos da vida. Teremos parte de stand-up, de quadros, e o Digão, do Raimundos, será nosso convidado”, declara Maurício Meirelles em entrevista.
 
No estacionamento do ginásio Nilson Nelson, a Arena Drive investe na cultura cênica. São duas peças em cartaz, ambas da Cia de comédia G7. Alívio emergencial contará com três sessões durante o fim de semana, e o espetáculo infantil Cidade avião, duas.
 
O evento de cinema itinerante Circuito drive-in nas cidades passará, neste fim de semana, pelo quadradão cultural de Santa Maria. A entrada é gratuita e serão exibidos, ao todo, cinco filmes para o público infantil e adulto. O Cine Drive-in contará com uma programação semanal e sessões diárias, com dois filmes em cartaz. Na segunda feira, às 18h30, haverá uma programação especial no local, a Mostra Bailacci, um filme de apresentação de dança.
 
*Estagiária sob supervisão de Igor Silveira
 
Luíza & Maurílio  (Som Livre/ Divulgação)  

Luíza & Maurílio

 

 
Drive Show
Hoje, show do cantor gospel Deive Leonardo, às 19h. Amanhã, Luíza e Maurílio, às 20h30 e, às 22h30 Maiara e Maraísa. Domingo, peça infantil A rainha da neve 2 — uma aventura congelante, às 18h e às 20h30 espetáculo de humor Varanda gourmet. No Estacionamento do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. Os ingressos podem ser adquiridos nas plataformas Furando a Fila e O que vem por aí e também nas lojas das Óticas Diniz e Bendito Food. Os preços variam entre R$ 90 e R$ 480 por carro. Máximo de 4 pessoas por carro. Classificação indicativa conforme a programação
 
 
 
Cine Drive-in
Scooby! O filme, às 18h20 e 20h10 (excerto na segunda-feira (14/9), O segredo, às 21h50. Sessão exclusiva segunda-feira (14/9), às 18h30, do filme de dança Mostra Bailacci. De sexta a domingo, o preço é de R$ 15 (meia-entrada). Na segunda-feira, o valor é R$ 14 (meia-entrada). Classificação indicativa conforme programação.
 
Cidade Avião (Kazuo Okubo/Divulgação)  

Cidade Avião

 

 
Arena Drive
No estacionamento do Ginásio Nilson Nelson (acesso pelo Eixo Monumental). Amanhã e domingo, peça Cidade avião, às 17h30 e o espetáculo Alívio emergencial hoje, às 21h30, amanhã e domingo, às 19h30. Ingressos por carro, com venda no site da companhia, na Up Grade, na 415 Sul e bilheteria na entrada do espaço Arena Drive, somente nos dias de espetáculo a partir de 1h antes do início da sessão. Todos os ingressos são meia-entrada, entretanto, poderá ser doado voluntariamente 1kg de alimento ou 1 livro. Classificação indicativa conforme a programação.
 
Minha mãe é uma peça 3  (Jessica Perez/Divulgação)  

Minha mãe é uma peça 3

 

 
O Circuito Cine Drive-in nas Cidades
Hoje às 20h15, amanhã e domingo às 18h, 18h30, e 20h40, no Quadradão Cultural (QC) ao lado da Administração Regional de Santa Maria. Exibição dos filmes Círculo de fogo, Espanta tubarões, Arranha céu: coragem sem limite, Trolls e Minha mãe é uma peça 3. Entrada franca, porém, deve-se retirar o ingresso pelo Sympla. Classificação indicativa conforme a programação

Correio Braziliense quinta, 10 de setembro de 2020

LUAN SANTANA: TUDO EM CASA

 

Jornal Impresso

Tudo em casa
 
 
Luan Santana lança coletânea de regravações de modões e clássicos românticos no novo álbum, Confraternização família Santana

 

Geovana Melo*

Publicação: 10/09/2020 04:00

 (Jon Ricciardo Costa/Divulgação)  
 
Os momentos de folga e as rodas de viola são as inspirações que deram origem ao novo trabalho de Luan Santana, o Confraternização família Santana. A escolha imerge na intimidade e nos sentimentos do cantor em um repertório composto por regravações de modões sertanejos e clássicos românticos. Além de integrar o repertório desse trabalho, as faixas também compõem a trilha sonora da vida do sul-mato-grossense e marcam os encontros com a família. Com Gui Dalzoto assinando a direção, produzido por Weverton Santana (TonZeti) e com direção-geral de Luan Santana, a primeira parte do álbum chegou em 27 de agosto, um ano após o lançamento do disco, Viva (2019).
 
Em tom intimista e familiar, o artista escolheu um momento que o representa muito bem para trazer a público: a convivência com os pais, tios, primos, irmã, noiva e amigos. O registro foi feito em dezembro do ano passado, de forma despretensiosa, em um sítio em Porecatu, no Paraná. “Todo fim de ano, a gente se junta, em meus raros momentos de folga, para curtir. Então, convidei alguns de meus músicos, moradores da região de Londrina, para tocar e jogar conversa fora ao lado de minha família, engatando um repertório só de modão. O Gui (Dalzoto) registrou tudo e ainda deu máquinas e celulares nas mãos da minha família, pegou vários ângulos. Como ele disse, ‘foi um registro muito humano’”, conta Luan Santana em entrevista ao Correio.
 
Ao todo, serão 17 canções divididas em três EPs, sendo dois com seis faixas e um com cinco. A primeira parte está disponível em todas as plataformas digitais de música e conta com Foi covardia, Aparências, Eu mereço, Por te amar assim, Um homem apaixonado e um pout-pourri de A noite do nosso amor e Noite maravilhosa. “São canções que fazem parte do repertório de nossos encontros familiares, e que sempre tocamos. São músicas escolhidas com muito carinho, mas gosto demais de Aparências, de Márcio Greick”, assume o cantor.
 
Fruto da casualidade, o lançamento chega no mesmo momento em que milhares de brasileiros cumprem o período de isolamento, no qual é recomendado ficar em casa, e os momentos em família ganharam lugar de destaque, seja pelo tempo maior de convívio, seja pela saudade dos entes queridos. “Há quem diga que coincidências não existem, que o universo conspira pelas conjunções felizes. Foi muito legal ganhar do Gui esse registro do Confraternização família Santana, feito a partir de um encontro ‘na roça’, nesse momento de distanciamento social, em que se recomenda que fiquemos em casa. Quando eu e meu pai vimos o material, pensamos em lançar nas plataformas. Essa é a minha essência, é tão bom as pessoas conhecerem esse meu momento”, ressalta Luan.
 
Lives
 
Além do Confraternização família Santana, o cantor trabalhou em novas produções durante esse período de isolamento. Luan lançou a música e o videoclipe de Asas, que foi gravado durante a live #LuanLoveEmCasa. No YouTube, o clipe registra mais de 23 milhões de visualizações.
 
O cantor foi um dos artistas que investiu nas lives e promoveu três shows virtuais — um deles em colaboração com o forrozeiro Wesley Safadão. A iniciativa é uma forma de promover entretenimento e matar as saudades dos palcos. “É um acalento para gente que está acostumado a estar nos palcos, a ter contato com os fãs. Sentimos todo amor que o público nos dá e imagino que eles estão em casa como um coro a cada música”, afirma.
 
Em 26 de setembro, às 20h, o sul-mato-grossense se unirá a Luísa Sonza e Guilia Be em um show on-line com três horas de duração no YouTube, no qual passeará por sucessos e hits da carreira dos artistas.
 
O som que o intérprete e compositor faz hoje em dia é regado de influências das canções que o jovem de 29 anos ouvia na infância. Incentivado pelo pai, a casa sempre foi rodeada de música, dentre elas, os sucessos de Zezé Di Camargo & Luciano, que são responsáveis pela faixa É minha vida (1997), que integra o novo disco de Luan. “Zezé Di Camargo e Luciano marcaram a minha infância, a primeira música que toquei no violão foi Muda de vida”, relembra.
 
Esse ano, Luan Santana completa 13 anos de carreira desde o primeiro show, em Jaraguari, Mato Grosso do Sul, em 2007. O artista trilhou um caminho de sucesso e acumula mais de 70 milhões de seguidores nas redes sociais, 93 prêmios conquistados, 16 entradas no TOP 50 da Billboard e 82 músicas no primeiro lugar nas rádios do Brasil.
 
Além de 3,3 bilhões de visualizações no YouTube, mais de 2 bilhões de acessos em plataformas digitais e 6 milhões de ouvintes mensais no Spotify. Luan Santana ainda soma quase 60 mil fã-clubes espalhados pelo país e é o brasileiro que mais entrou no ranking Social 50 da Billboard Americana, o que o coloca como um dos nomes da música mais procurados do mundo nas redes sociais.
 
“Sou feliz, graças a Deus, por tudo que aconteceu nesses 13 anos de carreira. Todos os shows, todos os prêmios, parcerias, cada olhar de meus fãs, sorrisos, abraços. Penso, sim, numa carreira no mercado latino, mas no tempo certo, pautada com cautela e sendo fruto e eco do trabalho que faço no meu país”, adianta. “Para 2021, a esperança que dias melhores virão e que tudo isto vai passar e, em breve, estaremos juntos nos palcos e quero lançar outros projetos. Vem muita coisa boa por aí”, completa Luan Santana.
 
*Estagiário sob a supervisão de Igor Silveira
 
 
 
Confraternização família Santana
De Luan Santana. Pela The Orchard, 17 faixas. Disponível em todas as plataformas digitais.

Correio Braziliense quarta, 09 de setembro de 2020

INCÊNDIOS NO DF: BOMBEIROS LEVA 5 HORAS PARA CONTER INCÊNDIO

Jornal Impresso

Bombeiros levam 5 horas para conter incêndio

 

» Ana Clara Avendaño*

Publicação: 09/09/2020 04:00

Incêndio florestal antigiu área no SIA, próximo ao Lúcio Costa, no Guará (Ed Alves/CB/D.A Press)  

Incêndio florestal antigiu área no SIA, próximo ao Lúcio Costa, no Guará

 

 
Durante a primeira semana de setembro, o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) registrou 571 queimadas no DF. Ontem, mais um incêndio florestal atingiu uma vasta parte da vegetação do Cerrado, no Setor de Indústrias e Abastecimento (SIA), próximo ao Lúcio Costa, no Guará, e às margens da Estrada Parque Taguatinga (EPTG). Segundo os militares, não foi possível calcular o tamanho da área afetada devido à grande extensão da queimada.

Após cinco horas de trabalho, os bombeiros conseguiram conter o fogo, às 16h30, e em seguida iniciaram o trabalho de rescaldo para evitar a reincidência das chamas no local. O CBMDF utilizou na operação duas aeronaves, sete viaturas e 30 militares. Além disso, foram lançados 6 mil litros de água para conter o incêndio. Ainda não há informações sobre as possíveis causas do incidente. Ontem, Brasília registrou máxima de 32ºC, e a umidade ficou em 20% nas horas mais quentes do dia.
 
Queimadas
 
De acordo com o CBMDF, foram registradas 4.858 ocorrências de incêndio florestal no DF em 2020. O mês de agosto lidera a lista, com 1.950 registros, seguido por julho (1.459) e junho (826). Em abril, os militares realizaram apenas uma operação para combater queimadas, sendo o mês com o menor número de ocorrências, acompanhado por fevereiro, com dois registros. Em março, o CBMDF atendeu a 10 chamados de incêndio florestal; e 24 em maio.
 
* Estagiária sob a supervisão de Adson Boaventura

Correio Braziliense terça, 08 de setembro de 2020

DIA DE SOL, APESAR DA PANDEMIA

Jornal Impresso

Dia de sol, apesar da pandemia
 
 
Alta temperatura levou moradores do Plano Piloto e de cidades próximas a apostarem em atividades nos parques, na orla do Lago e no Eixão durante o feriado. Mesmo nesses momentos, no entanto, é importante alertar para medidas de distanciamento social

 

SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 08/09/2020 04:00

Casal Luiz Carlos e Lea Maria passearam pelo Eixão: uso constante de máscara de proteção  (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  

Casal Luiz Carlos e Lea Maria passearam pelo Eixão: uso constante de máscara de proteção

 



Passeio no Eixão Norte é colorido pela beleza dos ipês, característicos da estação (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  

Passeio no Eixão Norte é colorido pela beleza dos ipês, característicos da estação

 



Helder Garcia, com os filhos:  

Helder Garcia, com os filhos: "Costumávamos assistir ao desfile pela tevê, mas, como este ano não teve, optamos por sair de casa para nos exercitarmos um pouco"

 



Sem o tradicional desfile de 7 de Setembro, cancelado como medida de prevenção à disseminação do coronavírus, brasilienses aproveitaram o feriado de temperatura alta e umidade baixa para curtir atividades ao ar livre. Com a temperatura máxima de 28,9ºC ao longo do dia, muitas pessoas apostaram em alternativas de lazer com a família em parques, na orla do Lago Paranoá e no Eixão.

David Fernandes, 35 anos, foi uma das pessoas que sentiu falta do desfile — que no ano passado reuniu 4,5 mil espectadores — e teve de encontrar outra forma de aproveitar o feriado. Nascido e criado em Brasília, ele afirma que sempre gostou de assistir aos desfiles do Dia da Independência, principalmente depois que o filho, Alef Fernandes, nasceu. “Mesmo ele tendo apenas 6 anos, gosta de ver os militares, os carros que costumam aparecer no desfile e, principalmente, a Esquadrilha da Fumaça. E nós não forçamos nada, é natural dele”, explica David.

Este ano, sem a atração, David decidiu ir ao Parque da Cidade Sarah Kubitschek com o filho. “As crianças estavam em casa desde o início da pandemia, e é complicado para eles. Por isso, achei que seria uma boa ideia passar o dia ao ar livre e brincando com meu filho”, considera o consultor de telecomunicações.

Mesmo optando por sair de casa, David explica que não deixa de cumprir as medidas de segurança e que está ciente da atual situação do país. “Sei que estamos no meio de uma pandemia e que os cuidados são extremamente essenciais. Porém, acredito que, se cada pessoa tiver responsabilidade e cumprir as medidas necessárias, será possível retomar algumas atividades”, diz.

Shirley do Nascimento, 47, e o marido, Fábio Lima, 38, também eram frequentadores assíduos das apresentações do 7 de Setembro. “Era uma tradição nossa chegar cedo e ficar até o fim de todos os desfiles”, diz Fábio. O técnico de automação considera que o evento é importante para a história do país. “Com o início da pandemia, imaginei que o desfile seria cancelado e entendo a situação. Mesmo assim, senti falta das apresentações, pois acredito que o evento ensine muito a todas as pessoas que têm a oportunidade de assisti-lo”, explica Fábio. Ele espera que, no ano que vem, a situação volte ao normal. “Estou ansioso para o desfile de 7 de Setembro de 2021”, completa.

Sem o evento, o casal decidiu passear por alguns pontos da capital federal. “Passamos o dia no Parque da Cidade e nos programamos para almoçarmos por lá e depois seguirmos para a Torre de TV e, quem sabe, comprarmos alguma coisinha”, conta Shirley. Os moradores do Paranoá garantem que estão seguindo todos os protocolos de segurança necessários para evitar disseminação do novo coronavírus. “Moramos sozinhos, utilizamos máscaras e realizamos a higienização, então, acredito que não há problema em sair de casa de vez em quando”, completa Fábio.


Na orla do Lago Paranoá, frequentadores aproveitaram para se refrescar. Temperatura chegou próximo dos 30ºC (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  

Na orla do Lago Paranoá, frequentadores aproveitaram para se refrescar. Temperatura chegou próximo dos 30ºC

 



Parque da Cidade também reuniu diversos frequentadores, a maioria respeitando o uso obrigatório de máscaras (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  

Parque da Cidade também reuniu diversos frequentadores, a maioria respeitando o uso obrigatório de máscaras

 




Turistas
Além dos próprios brasilienses, alguns moradores de cidades vizinhas aproveitaram o fim de semana prolongado para visitarem a capital federal. Foi o caso de Franklin do Santos, 45. Ele e a mulher, Pastoura Ribeiro, 38, saíram de Jardim Ingá (GO) com o filho pequeno e um roteiro em mãos: passar pela Prainha do Lago Norte, pela Orla do Lago Paranoá e Ermida Dom Bosco, e finalizar o dia no Pontão do Lago Sul. Franklin, que não visitava estes locais desde 2010, afirma que a decisão foi de última hora. “Estávamos em casa e não tínhamos mais nada para fazer. Por isso, pensei: por que não?”, diz.

O motoboy explica que, como a família ainda não conhecia esses pontos, o feriado prolongado foi o melhor momento. “Além disso, ouvimos falar muito bem, principalmente da Prainha”, diz. Encontrado almoçando com a família na Orla do Lago, Franklin elogia a estrutura do local e não se mostra preocupado com as possíveis aglomerações. “Em comparação com a última vez que vim, está bem melhor, mais organizado. Além disso, acho que cabe mais gente, fiquei impressionado”, afirma.

Silso Ramos, 43, mora em Brasília há 20 anos, mas visitou a Orla do Lago pela primeira vez durante este feriado. O morador do Riacho Fundo 1 é casado com Aurelice Veras, 42, e pai de um casal de crianças. Ele afirma que decidiu sair de casa no feriado por causa dos efeitos da pandemia nos filhos. “Ficamos sem opções de lazer em casa e começamos a procurar locais em Brasília para sairmos da rotina”, considera. Além disso, ele explica que o calor foi um fator extra. “Sempre ouvi falar desse lugar, mas nunca tinha tempo para visitar. No fim das contas, acredito que foi uma boa escolha”, completa.

Cuidados
Mesmo com tantas pessoas pelas ruas do DF, muitas não se esqueceram da atual crise sanitária. O casal Luiz Carlos, 72, e Leia Maria, 76, também saíram de casa durante a manhã do feriado, mas ainda estavam receosos. “Como somos do grupo de risco para a covid-19, evitamos ao máximo sair de casa nesses últimos meses”, afirma Luiz. Nesta segunda-feira, a intenção, segundo Luiz, era pegar sol e caminhar um pouco. “Essa movimentação faz falta no dia a dia, principalmente para nós que somos mais velhos. Mesmo com a saída, tomamos todos os cuidados possíveis como distanciamento e uso constante de máscaras”, afirma o aposentado.

Após a caminhada no Eixão, o casal iria direto para casa, na Asa Norte. “Estamos evitando pedir coisas por delivery. Por isso, vamos fazer o almoço em nosso apartamento e comer por lá mesmo”, informa Luiz. Além disso, o casal afirma que, por evitar sair de casa, recebe ajuda dos filhos com compras e outras necessidades. “Temos uma filha que mora mais perto e ela realiza compras tanto de mercado quanto de farmácias e outras coisas. Tudo para que a gente se exponha o mínimo possível ao risco”, completa Luiz.

Helder Garcia, 50, também esteve no Eixão na manhã desta segunda-feira. Na companhia dos dois filhos, ele aproveitou o sol e o calor para andar de bicicleta. E, mesmo com o distanciamento social, todos estavam utilizando máscaras de proteção. “Costumávamos assistir ao desfile pela tevê, mas, como este ano não teve, optamos por sair de casa para nos exercitarmos um pouco”, diz. Os planos da família para o feriado também se restringem ao passeio pelo Eixão. “Daqui vamos voltar direto para casa e almoçar por lá mesmo”, explica.

Correio Braziliense segunda, 07 de setembro de 2020

PARA DRIBLAR OS DIAS SECOS

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Para driblar os dias secos
 
 
Com a umidade relativa do ar abaixo dos 30%, brasiliense tem buscado truques para aliviar a secura característica desta época do ano. Aumento da ingestão de água, uso de umidificador e de toalhas molhadas são algumas das alternativas

 

» CIBELE MOREIRA

Publicação: 07/09/2020 04:00

Antes de começar o período da seca, André Luiz Teixeira, que tem asma, consultou-se com um pneumologista e iniciou o tratamento receitado (Minervino Junior/CB/D.A Press)  

Antes de começar o período da seca, André Luiz Teixeira, que tem asma, consultou-se com um pneumologista e iniciou o tratamento receitado

 

 
Margaret, Roberto e um dos filhos: umidificador, fruta e água para hidratar  (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  

Margaret, Roberto e um dos filhos: umidificador, fruta e água para hidratar

 

 
 
O mês de setembro chegou e, com ele, a seca que castiga os brasilienses tende a se intensificar com baixa umidade e temperaturas elevadas. Especialistas e médicos alertam para os cuidados à saúde neste período do ano, principalmente por causar sintomas parecidos com a covid-19, como falta de ar e tosse. Para aliviar a secura, a população tem usado truques simples, como beber bastante água, utilizar toalhas molhadas, umidificador e deixar a casa mais arejada. No fim de semana, muitos aproveitaram para fazer atividades ao ar livre e se refrescar às margens do Lago Paranoá.
 
O casal de gaúchos Margaret Leivas e Roberto Ghiggi, ambos de 62 anos, mora em Brasília há 27 anos e, a cada ano, eles se adaptam com alternativas para aliviar o incômodo da seca. “O nosso corpo tem a memória do clima mais úmido, então acaba que a gente sente mais cansaço, fadiga, dor de cabeça. Quando mudamos para cá, tínhamos o costume de utilizar muito o umidificador, depois parei. Recentemente, tenho ligado, porque tenho sentido mais o desconforto. Também coloco as roupas para secar quando elas ainda estão mais úmidas. E estou sempre bebendo água. Cada um tem sua garrafinha e fica lembrando o outro para se manter hidratado”, conta Margaret.
 
Um outro truque que eles utilizam durante a noite é deixar a água empossada no banheiro. “Fecho o ralo e deixo um pouco de água no box. De manhã, o chão está sequinho”, conta Roberto. O banho também ficou mais frio e a aplicação de cremes para hidratar a pele foi intensificada. “O nariz da minha filha, quando era pequena, sangrava muito por conta da secura. Hoje, ela tem 21 anos e não sofre tanto com o clima”, destaca Margaret.
 
A alimentação foi adaptada para comidas leves, com mais salada, verdura e fruta. “Evitamos frituras e carne vermelha. Sempre procuramos ter cuidado com as refeições”, ressalta a gaúcha. “Muitos amigos, quando vêm nos visitar, reclamam. Mas a gente gosta daqui e aprendeu a conviver com este período, que dura pouco”, afirma. Apaixonados pelos ipês-amarelos, os dois também aproveitam o momento mais ameno do dia para apreciar a vista da árvore típica da seca.
 
Para Ivania Dolores Bezerra, 29, moradora do Guará II, esta época do ano é quando os cuidados com a hidratação aumentam. “Busco beber muita água, usar creme hidratante e manter os olhos bem hidratados com soro fisiológico. Como eu tenho ressecamento ocular, esse desconforto aumenta”, relata. Ela conta que deixa as janelas sempre abertas para circular o ar e, procura usar roupas leves durante o dia. Neste ano, até o momento, ela tem conseguido manter uma rotina sem tantos problemas com a seca. “Mas, em anos anteriores, sofri bastante. Principalmente com o nariz sangrando, ressecamento dos olhos e falta de ar”, pontua.
 
Cuidados
 
Rodrigo Biondi, intensivista do Hospital Brasília, ressalta alguns outros cuidados que o brasiliense tem que se atentar. “É importante manter a hidratação diária com intensidade. Com maior atenção às crianças, que não estão habituadas a tomar muito líquido, e aos idosos, que têm pouca água corpórea e estão mais propensos a ter desidratação”, alerta. “Há outras dicas simples que as pessoas podem adotar, como colocar toalha molhada em alguns pontos da casa, bacias embaixo da cama e o uso de umidificadores. No caso deste último, deve-se ter cuidado em sempre limpar antes de usar”, destaca.
 
O médico também expõe um outro ponto que precisa de maior atenção. “As pessoas com doenças respiratórias, como asma, bronquite, rinite, devem manter o acompanhamento médico e não abandonar o tratamento. Essas infecções agem com a inalação de poeira e ácaros, que pode ocasionar crises de falta de ar, tosse, coriza. São os mesmos sintomas da covid-19. Não dá para distinguir uma da outra sem fazer exame. Por isso, é importante ter esse cuidado redobrado”, enfatiza.
 
Neste período de pandemia, a troca das máscaras de proteção facial — item obrigatório para a prevenção da propagação do novo coronavírus — necessita de cuidado redobrado. “Por estar mais seco, as pessoas não percebem que a máscara ficou úmida e precisam trocá-la. A dica é que troque, ao menos, duas vezes no dia. Uma antes do almoço e outra, depois. Assim, traz maior eficácia.”
 
Para aqueles que fazem exercícios ao ar livre, o melhor horário é perto das 8h e depois das 17h. Deve-se evitar a prática no período das 10h a 16h, quando o sol está mais forte e o suor evapora com facilidade, podendo provocar desidratação grave e insolação. Ingestão de frutas com bastante líquido também é indicada.
 
Morador da Asa Sul, André Luiz Teixeira, 29, conta que, antes mesmo de iniciar o período da seca, procurou um pneumologista para tratar a asma. “Agora, estou seguindo o tratamento certinho e nem estou usando a bombinha. Já senti uma melhora”, conta. De acordo com ele, a pandemia acendeu um alerta para os cuidados com a saúde. “Eu fico preocupado em dobro. Aumentei a quantidade de água que tomo e procuro fazer exercícios no horário mais ameno.”
 
Sem chuva
 
O Distrito Federal está há mais de 100 dias sem chuva. De acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o último registro ocorreu em 25 de maio, quando começou a estiagem. Sem precipitações significativas, o ar tem ficado cada vez mais seco, com a umidade relativa do ar variando abaixo dos 30%, o que deixou a capital em estado de atenção. Segundo o meteorologista do Inmet Heráclio Alves, o mês de setembro deve trazer taxas mais baixas. A menor registrada na história foi de 8%, em 4 de setembro de 2019. “Este mês é característico pela baixa umidade e pouca possibilidade de chuva. A queda ocorre sempre em setembro e se estabiliza em outubro, com a chegada do período chuvoso”, detalha.
 
Em 26 de agosto deste ano, foi registrado o menor índice de umidade no DF. Com 11%, a região de Brazlândia sofreu com a secura. Ontem, a umidade variou entre 15% e 65% e a temperatura máxima atingiu 30°C. Hoje, o ceú também estará aberto, com poucas nuvens, prevê o Inmet.
 
O estado de atenção é decretado quando a umidade varia entre 30% e 20%. Caso a umidade relativa do ar fique entre 12% e 20% por três dias consecutivos, é declarado estado de alerta. E, em caso de dois dias seguidos abaixo de 12%, torna-se estado de emergência.
 
» Linha do Tempo
 
Umidades mais baixa
 
8% 
4 de setembro de 2019
 
9%  
21 de setembro de 2007
 
10%  
7 de agosto de 2002
 
11%  
26 de agosto de 2020
 
» Orientações importantes
 
» Lave as mãos com frequência e evite colocá-las na boca e no nariz;
 
» Procure manter o corpo sempre bem hidratado. Beba bastante água. Na hora do lanche ou da sobremesa, dê preferência a frutas ricas em líquido;
 
» Aplique soro fisiológico no nariz 
e nos olhos;
 
» Evite a prática de exercícios físicos ao ar livre entre 10h e 17h;
 
» Use produtos para hidratar 
a pele do rosto e do corpo;
 
» Coloque chapéu e óculos escuros para proteger-se do sol;
 
» Coloque toalhas molhadas, recipientes com água ou vaporizadores nos quartos;
 
» Evite aglomerações e permanência prolongada em ambientes fechados ou com ar-condicionado;
 
» Mantenha a casa limpa e arejada;
 
» Procure não usar vassouras, que levantam o pó por onde passam. Dê preferência a aspiradores 
ou panos úmidos;
 
Fonte: Defesa Civil
 

Correio Braziliense domingo, 06 de setembro de 2020

RITA LEE LANÇA DUAS RECRIAÇÕES DE SUA SÉRIE LITERÁRIA INFANTIL

Jornal Impresso

Meio ambiente e fofuras
 
Rita Lee lança duas recriações da sua série literária infantil Dr. Alex, em que contempla a importância da preservação do meio ambiente com desenhos e linguagem lúdica

 

Maria Baqui*

Publicação: 30/08/2020 04:00

 (Guilherme Francini/ Divulgação)  
 
Aos 72 anos, com a conhecida autenticidade, Rita Lee volta a preencher as prateleiras literárias com um toque de narrativa infantil. A primeira série de livros juvenis lançada por Rita, em 1986, recebeu o nome Dr. Alex e contou com quatro exemplares, sendo o último divulgado em 1992. Dando voz à criatividade aflorada, a paulista recriou dois episódios da saga: Dr. Alex e o Phantom é um título novo para Dr. Alex e o Oráculo de Quartz (1992) e Dr. Alex e os Reis de Angra, originalmente divulgada em 1986.
 
A história do ratinho Alex não surgiu pensada para o livro. O animal existiu e foi adotado por Rita Lee quando os três filhos dela eram pequenos. “Na hora de ir para a cama, eu inventava historinhas sobre as aventuras de Alex. Isso foi nos anos 1980. Foi daí que pensei em escrever quatro livrinhos para outras crianças também curtirem o mundinho do ratinho”, relembra a escritora, ao Correio. O personagem principal da trama é um roedor pacifista, que luta por igualdade para todos.
 
Naquela época, segundo ela, não eram comentados temas relacionados ao meio ambiente, por isso o interesse da Globo Livros em publicar o conteúdo. O objetivo do conteúdo, acompanhado de ilustrações de Guilherme Francini e Quihoma Isaac, é conscientizar o público infantil de que a natureza está sendo destruída. Para Rita, dar voz aos animais, como feito em Dr. Alex, mostra ao leitor que “não se deve tratar bichos como se fossem coisas”.
 
“Não é de agora que a Amazônia vem sendo estuprada por gananciosos. Mas, hoje, o que se vê no noticiário é que vão ‘passando a boiada’ na moita e fazendo cara de paisagem, como se nada grave estivesse acontecendo. E ainda há quem ache que os defensores do meio ambiente são uma gentinha desocupada”, destaca a autora.
 
Quando questionada sobre as mudanças sociais percebidas desde a publicação dos primeiros livros, Rita Lee explica que os assuntos tratados em Dr. Alex, como a proteção da fauna e flora brasileira, têm mais pressa em serem abordados e resolvidos. “A destruição só aumenta. O mundo inteiro está de olho e cobrando atitudes firmes quanto às queimadas, aos desmatamentos, aos garimpos ilegais, ao genocídio do pouco que resta da rica cultura dos indígenas e por aí vai”, considera a artista.
 
Mas, além da temática recheada de temas engajados, a leitura é leve e os desenhos, coloridos. A artista inseriu mágica à narrativa e “fofura” às personagens. “Os quatro livrinhos do ratinho são para crianças mais novas — os pais lerão para elas —, e também para a gurizada que sabe ler. Com as ilustrações fofas, elas também viajam no visual da história. Crianças querem levar um papo de igual para igual”, conclui Rita Lee.
 
 (Guilherme Francini/ Divulgação)  
 
Toque de cor
 
Guilherme Francici e Quihoma Isaac foram os responsáveis pelo projeto visual das obras Dr. Alex e o Phantom e Dr. Alex e Os Reis de Angra, respectivamente. Para os desenhos, os artistas preocuparam-se em utilizar a linguagem fantasiosa para retratar os temas polêmicos.
 
Para Guilherme, a intenção é de que o leitor se imagine parte da história e tenha a experiência de ser amigo do ratinho Alex e da vovó Ritinha. “Coube a mim dar um rosto para cada um deles e retratar os acontecimentos de forma bonita, sensível e respeitosa”, diz o ilustrador.
 
Para Quihoma, cada página desenhada foi uma grande surpresa mágica. O pensamento dele, durante o processo criativo, era de que a obra ficasse com a cara dos livros que ele lia na infância. “Em uma, eu estava pintando um índio; na outra, um pigmeu albino; na seguinte, sereias douradas… Me diverti muito fazendo”, comemora o artista.
 
*Estagiária sob a supervisão de Igor Silveira

Correio Braziliense sábado, 05 de setembro de 2020

MEGA SORTEIA 95 MILHÕES HOJE

Jornal Impresso

Mega sorteia R$ 95 milhões hoje
 
Este é o décimo concurso acumulado. As apostas podem ser feitas até as 19h, nas lotéricas ou pelo site da Caixa. O sorteio ocorre às 20h. Devido à pandemia do novo coronavírus, a recomendação é de fazer sua fezinha pela internet, para evitar filas e aglomerações

 

» CIBELE MOREIRA

Publicação: 05/09/2020 04:00

Ontem, houve aglomeração e fila de apostadores em casas lotéricas (Minervino Junior/CB/D.A Press)  

Ontem, houve aglomeração e fila de apostadores em casas lotéricas

 

 
A Mega-Sena acumulada é um dos prêmios mais cobiçados entre os brasileiros. Quem não quer levar uma bolada milionária gastando R$ 4,50 — preço de um jogo simples com seis dezenas — e ganhar sozinho aquele dinheiro tão sonhado? Ou até mesmo dividir a sorte em apostas coletivas, como em bolões, que aumentam as chances de faturar a grana? Hoje, a Loterias da Caixa sorteia o prêmio de R$ 95 milhões acumulado há dez concursos.
 
Para quem quiser tentar a sorte, as apostas podem ser feitas até as 19h, nas agências lotéricas ou pelo site loteriasonline.caixa.gov.br. O sorteio ocorre às 20h com transmissão ao vivo pela Rede TV/TV Brasília, além no canal da Caixa no YouTube e na página do Facebook da instituição.
 
Na última quarta-feira, os números sorteados no concurso 2.295 da Mega-Sena foram: 6-13-26-28-35-41. Ninguém acertou as seis dezenas, no entanto, 162 apostas marcaram a quina e cada uma faturou R$ 33 mil. Outras 9.693 apostadores fizeram a quadra e levaram R$ 788, cada.
 
Diante do cenário de pandemia do novo coronavírus, no qual exige medidas de distanciamento social, a aposta on-line é uma boa saída para evitar filas e aglomerações. Para fazer o jogo pela internet é preciso acessar o site da Loteria On-line e fazer um cadastro. Após o preenchimento dos dados, basta escolher os palpites, inserir no carrinho e pagar os bilhetes utilizando o cartão de crédito cadastrado. O valor mínimo na plataforma é de R$ 30 e o máximo é de R$ 945, por dia.
 
O carrinho de compras no site suporta até 999 apostas, e a ação pode ser repetida, desde que obedeça aos limites de valores diários estabelecidos. O serviço on-line funciona 24h por dia, porém, o fim do prazo para cada jogo é o mesmo das loterias físicas. A Caixa disponibiliza, também, o aplicativo Loterias Caixa, para os usuários do sistema iOS, e o Internet Banking, para quem tem conta no banco, para fazer uma fezinha.
 
Como jogar
 
A Mega-Sena paga prêmio milionário para o acertador dos seis números sorteados, porém, os jogos com quatro ou cinco acertos também recebem o valor em dinheiro proporcional de 19%, que é dividido entre outros ganhadores. Na cartela é possível marcar de seis a 15 dezenas, ou optar pelo sistema de surpresinha e/ou concorrer com a mesma aposta por até oito concursos consecutivos, a chamada teimosinha.
 
O valor da cartela com seis dezenas marcadas é R$ 4,50. A com sete marcações sobe para R$ 31,50 e a de oito custa R$ 126. O apostador também pode adquirir as cotas dos bolões organizados pelas lotéricas. O custo varia de acordo com cada lotérica. A probabilidade de vencer pela aposta simples de seis dezenas é de uma em 50 milhões.


Ainda dá tempo!
As apostas podem ser feitas em qualquer Loteria Caixa ou via on-line: pelo site www.loteriasonline.caixa.gov.br ou pelo aplicativo Loterias Caixa, disponível gratuitamente para sistema IOS.

Correio Braziliense sexta, 04 de setembro de 2020

TODOS OS SONS NO DRIVE-IN

Jornal Impresso

Todos os sons no drive-in
 
O mercado de entretenimento no Distrito Federal driblou a crise por meio de apresentações e exibições em drive-ins da cidade. As principais atrações do final de semana são os grupos Jota Quest e Harmonia do Samba. Confira a programação deste final de semana.

 

» Geovana Melo*

Publicação: 04/09/2020 04:00

Jota Quest
 (Cesar Ovalle/Divulgação)  

Jota Quest

 

 
Harmonia do Samba
 (Mattoni Comunicação/Divulgação)  

Harmonia do Samba

 

 
Peça Sementes
 (Diego Bresani/Divulgação)  

Peça Sementes

 

 
Cia G7
 (Marketing G7/Divulgação)  

Cia G7

 

 
Beatles para crianças  (Stela Handa/Divulgação)  

Beatles para crianças

 

 
 
 
A agenda cultural brasiliense se reinventou por meio das atrações em drive-ins espalhados pela cidade. Os eventos surgiram como alternativa de cultura e entretenimento em tempos de pandemia e de necessidade de isolamento. Atualmente, cinco desses projetos estão ativos: o Arena Drive, no estacionamento do Ginásio Nilson Nelson; o Cine Drive-in, no Autódromo de Brasília; o Drive-in CCBB, no Setor de Clubes Esportivos Sul; o Drive-Show, localizado no estacionamento do Estádio Nacional e o Circuito Cine Drive-in nas Cidades, que apresenta programação itinerante pelas regiões administrativas.
 
Longe dos shows e palcos tradicionais, a banda Jota Quest se apresenta hoje, em show drive-in, às 22h. A atração integra a programação do Drive Show Brasília. A banda mineira conta com Rogério Flausino, Marco Túlio, PJ, Márcio Buzelin e Paulinho Fonseca. “Vamos, com certeza, tocar aqueles 20 maiores sucessos do Jota Quest, que não podem faltar. Dias melhores, que o pessoal está gostando muito ultimamente, entre tantas outras músicas importantes do repertório. A gente tem dois lançamentos deste ano — A voz do coração e Guerra e paz, música mais recente e que, em breve, estreará em todas as rádios do Brasil. Essas músicas fazem parte do nosso novo álbum, que sairia esse ano, mas a gente estendeu para o ano que vem. A gente ainda lança um EP e mais um single inédito desse disco”, adianta Rogério Flausino em entrevista ao Correio.
 
Embalando a nostalgia do público, as lives fizeram o grupo passear por sucessos e matar a saudade dos shows. Após 100 dias longe dos palcos, o Jota Quest teve a primeira e única experiência drive-in em São Paulo. “Foi incrível. As pessoas têm muitas dúvidas sobre o formato, eu também tinha. A gente estava receoso em tocar para um monte de carro, em como seria. Mas nos surpreendemos. Quando entramos, estávamos muito a fim de fazer show. Como a gente está agora porque não faz show há muito tempo. Quando as buzinas começaram a tocar na introdução, o farol batendo, aquela loucura toda, eu falei: ‘É, a galera está afim’. O show foi desenrolando vários momentos emocionantes, era farol, buzina, celular e mão. A gente estava conseguindo se conectar com as pessoas. É diferente, mas é bem legal também”, relembra o vocalista.
 
Retomada
 
No ano passado, o grupo finalizou a turnê Jota Quest acústico, que trazia as canções do disco homônimo ao projeto. O trabalho teve o maior número de audiência, de reproduções e de visualizações desde o início da banda. O espetáculo passou quatro vezes pela capital, sendo duas apresentações no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, uma no Green Move Festival e uma no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). “Sem dúvidas, o acústico foi um momento maravilhoso da nossa carreira, uma revolução mesmo. Foram dois anos e pouquinho de turnê. Esse projeto fez renascer diversas canções do nosso repertório e nos aproximou demais do nosso público, foi um negócio muito louco”, conta Flausino.
 
Segundo o cantor, 2020 seria “o ano” do grupo, que estava com turnê marcada para a Europa e planejando as comemorações dos 25 anos de carreira, contando a partir de 1996, quando o grupo lançou o primeiro disco oficial. “Esses projetos foram levados para 2021. Em princípio, para o segundo semestre, mas ainda não temos certeza, temos que ver como as coisas estarão”, pontua. Durante o período de isolamento, o grupo aproveitou para trabalhar nesses projetos e lançar alguns materiais, como um álbum de inéditas previsto para o ano que vem.
 
“Nós estamos fazendo isso para que possamos exercitar nosso prazer de tocar, e para que a gente possa entreter e levar diversão para o público. O drive-in é uma saída, mas isso não é para sempre, uma hora esse cenário vai mudar. É um momento de lazer, de fazer isso com segurança, cumprindo todas as normas. E também para a gente, de alguma maneira, esquecer as dores do mundo por algumas horas”, ressalta.
 
Amanhã, o evento terá uma programação voltada para o sertanejo, priorizando os artistas locais. O Buteco Sertanejo contará com apresentações de 18 cantores sertanejos, a partir das 18h30. A atração principal do domingo será o grupo Harmonia do Samba, que trará à capital grandes sucessos do pagode baiano para animar o público a partir das 22h. A banda é liderada pelo vocalista Xanddy e é um dos maiores nomes do gênero. O feriado de 7 de Setembro também contará com apresentações: um espetáculo voltado para o público infantil, Beatles para as crianças, e um stand-up feito por Victor Sarro e Renato Albani, intitulado de Só vem.
 
» Outras atrações
 
Drive-in CCBB
Este é o último final de semana da programação do Drive-in CCBB. Hoje e amanhã, às 18h30, haverá apresentação da peça de teatro infantil Sementes. Às 21h, o evento conta com a exibição do filme Brooklyn sem pai nem mãe. O domingo será de música, com apresentação do grupo Sunflower Jam.
 
Cine Drive-in
O cinema ao ar livre mais antigo da capital, e por muito tempo o único do país, exibirá hoje, amanhã e domingo os filmes Frozen 2 às 18h20, O roubo do século às 20h10 e Macabro às 22h.
 
Arena Drive
Após a comemoração de 19 anos com a peça Cenas da quarentena, o grupo G7 de comédia estreia, hoje, o show Alívio emergencial. O novo espetáculo em formato drive-in ficará duas semanas em cartaz no espaço Arena Drive. O local também contará com uma programação voltada para o público infantil. O cine-teatro Cidade Avião conta a história da menina Nina, que se muda para Brasília e aprende tudo sobre os principais pontos turísticos da cidade e faz amizade com os animais típicos do cerrado, como o Lobo-Guará e a Cigarra.
 
O Circuito Cine Drive-in nas Cidades
A partir de hoje, os brasilienses contarão com mais uma opção de lazer para se distrair durante esse momento. O Circuito Cine Drive-in nas Cidades promoverá, no período de 4 setembro a 5 de novembro, mostra de filmes nacionais e internacionais voltados para todas as idades. A entrada é gratuita, com público limitado. Interessados devem retirar os ingressos antecipadamente pela plataforma Sympla. Hoje, amanhã e domingo, o cinema itinerante estará em Santa Maria e exibirá Minha mãe é uma peça 3, Pica-pau, O chamado 3, Madagascar 3 e alguns curtas-metragens selecionados.  
 
» Serviços
 
Drive Show
Hoje, show do Jota Quest às 22h. Amanhã, Boteco Sertanejo também às 22h. Domingo, show do Harmonia do Samba às 22h. Segunda, Beatles para crianças às 17h e Só vem às 20h30. No Estacionamento do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. Os ingressos podem ser adquiridos nas plataformas Furando a Fila e O que vem por aí e também nas lojas das Óticas Diniz e Bendito Food. Os preços variam entre R$ 90 e R$ 480 por carro. Cada carro, independentemente do tamanho, pode entrar com no máximo quatro pessoas. Classificação indicativa conforme a programação
 
Drive-in CCBB
Hoje, amanhã e domingo no Centro Cultural Banco do Brasil (SCES Tr. 2). Ingressos R$ 50 por veículo em apresentações de teatro e cinema e R$ 30 para a sessão de música. Ingressos podem ser adquiridos no site Eventim. Classificação indicativa conforme programação.
 
Cine Drive-in
Exibição dos filmes Frozen 2 às 18h20, O roubo do século às 20h10 e Macabro às 22h. De hoje a domingo, incluindo feriados, R$ 15 (meia-entrada). Aniversariantes terão entrada gratuita para as sessões. Classificação indicativa conforme a programação.
 
Arena Drive
No estacionamento do Ginásio Nilson Nelson (acesso pelo Eixo Monumental). Hoje, amanhã e domingo, Cine-teatro Cidade Avião, às 17h30 e o espetáculo Alívio emergencial – Uma comédia temporária do G7, às 19h30. Ingressos por carro, com venda no site da companhia, na Up Grade, na 415 Sul e bilheteria na entrada do espaço Arena Drive, somente nos dias de espetáculo a partir de 1h antes do início da sessão. Todos os ingressos são meia-entrada, entretanto, poderão ser doados voluntariamente 1kg de alimento ou 1 livro. Classificação indicativa conforme a programação.
 
O Circuito Cine Drive-in nas Cidades
Hoje às 20h, amanhã e domingo às 18h, no Quadradão Cultural (QC) ao lado da Administração Regional de Santa Maria. Exibição dos filmes Minha mãe é uma peça 3, Pica-pau, O chamado 3 e Madagascar 3. Entrada franca. Classificação indicativa conforme a programação.

Correio Braziliense quinta, 03 de setembro de 2020

NOVA CÉDULA DE R$200 JÁ ESTÁ EM CIRCULAÇÃO

Jornal Impresso

Nova cédula de R$ 200 já está em circulação
 
Nota, que tem a estampa do lobo-guará, animal sob risco de extinção, foi lançada para evitar a falta de papel-moeda, cuja demanda cresceu com a pandemia, segundo o Banco Central. Até o fim do ano, serão produzidas 450 milhões de unidades
 
Athos Camargo foi o primeiro brasileiro a conseguir a nova cédula. A nota, com estampa do lobo-guará, começou a circular e atraiu colecionadores ao Banco Central.  (Ed Alves/CB/D.A Press)
 

 

» MARINA BARBOSA

Publicação: 03/09/2020 04:00

Para não correr o risco de faltar papel moeda em meio à pandemia de covid-19 e aos pagamentos do auxílio emergencial, o Banco Central (BC) lançou, ontem, a cédula de R$ 200. Impressa na cor cinza, com detalhes em sépia, tendo a estampa do lobo-guará, deve ter 450 milhões de unidades em circulação até o fim do ano, no valor de R$ 90 bilhões. 
 
O primeiro lote de 20 milhões de cédulas foi enviado para 10 capitais: Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Recife, Fortaleza e Belém. A partir daí, a nota será distribuída pelo Banco do Brasil, que é o custodiante do BC, e deve chegar ao restante do país.
 
A nota de R$ 200 foi lançada após 18 anos sem alterações na família do real. A escolha do lobo-guará ocorreu após uma consulta realizada ainda em 2001, na qual os brasileiros podiam indicar animais ameaçados de extinção para estampar cédulas da nova unidade monetária. Nos dois primeiros lugares, ficaram a tartaruga-marinha (colocada na nota de R$ 2, criada em 2001) e o mico-leão dourado (entrou na nota de R$ 20, lançada em 2002).
 
A decisão de produzir notas de R$ 200 veio como resposta às mudanças de comportamento trazidas pela pandemia, segundo a diretora de Administração do BC, Carolina de Assis Barros. Ela explicou que a covid-19 trouxe uma demanda excepcional da população por papel-moeda. “O dinheiro em espécie ainda é a base das transações no Brasil e, em épocas de incerteza, dinheiro significa segurança”, disse. “Famílias e empresas fizeram saques em volumes inesperados para acumular reservas de emergência.”
 
O fenômeno, chamado de entesouramento, cresceu com o pagamento do auxílio emergencial, que chegou a mais de 67 milhões de brasileiros. Por isso, o volume do meio circulante alcançou R$ 350 bilhões, bem acima dos R$ 301 bilhões previstos para este ano. E o BC calcula que ainda haja uma necessidade de mais R$ 105,9 bilhões de papel-moeda no Brasil. 
 
Carolina disse que a eventual falta de dinheiro em espécie nos bancos poderia trazer complicações sociais, sobretudo entre as classes de menor renda, que têm menos acesso a meios digitais de pagamento. “Falta de cédulas e moedas poderia significar o não acesso de grande parcela da população a itens de consumo básico”, afirmou.
 
Como o estoque de segurança do BC não era suficiente para atender a essa demanda, a importação era inviável e a Casa da Moeda não tinha condições físicas de produzir R$ 105,9 bilhões até o fim do ano em cédulas de menor valor, a saída foi emitir notas de R$ 200, explicou o presidente do BC, Roberto Campos Neto. A nova cédula tem o mesmo tamanho da de R$ 20. 
 
O BC calcula que a produção de 450 milhões de cédulas de R$ 200 vai custar cerca de R$ 142 milhões. Além disso, pretende investir R$ 20 milhões em uma campanha de conscientização sobre as ferramentas de segurança da nova nota para evitar falsificações. 
 
Segurança
 
É um aspecto, por sinal, que gera receio. É que, mesmo com o alto valor, a nova cédula não tem nenhum elemento novo de segurança. O BC usou aqueles já existentes nas demais notas do real, como a marca d'água, o alto-relevo, o número que muda de cor e números escondidos que só podem ser vistos na contraluz, alegando que eles estão alinhados às melhores práticas internacionais e já são conhecidos pela população. Alguns especialistas queixaram-se da ausência da faixa holográfica que está nas cédulas de R$ 50 e R$ 100 e dificulta a falsificação.
 
O BC descarta a possibilidade de que a nova nota facilite a desvalorização do real (por conta do alto valor), a corrupção ou a lavagem de dinheiro, como alegaram partidos de oposição, em ação aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) visando suspender o lançamento de cédula. Como a ministra Cármen Lúcia, relatora da ação, ainda não emitiu decisão sobre o assunto, o BC manteve o cronograma. A autarquia informou que prestou todos os esclarecimentos requisitados pelos STF.

Correio Braziliense quarta, 02 de setembro de 2020

COMPETIÇÃO CANDANGA! PRIMEIRO REALITY SHOW BRASILIENSE

Jornal Impresso

Competição candanga!
 
Primeiro reality show brasiliense, Os infiltrados, estreia na TV Brasília trazendo formato inédito

 

» Adriana Izel

Publicação: 02/09/2020 04:00

Camila Cruz (@mylladbc), 21 anos, estudante de nutrição: %u201CVou lá para dançar, curtir bastante, animar o pessoal e também 
para jogar%u201D. (Agência e Produtora Resenha/Divulgação)  

Camila Cruz (@mylladbc), 21 anos, estudante de nutrição: "Vou lá para dançar, curtir bastante, animar o pessoal e também para jogar".

 

 
Gustavo Borges (@djgustavoborges_), 24 anos, DJ e personal trainer: %u201CVou bagunçar muito. Fazer muita bagunça, muita zoada. O jogo quem faz sou eu%u201D. (Agência e Produtora Resenha/Divulgação)  

Gustavo Borges (@djgustavoborges_), 24 anos, DJ e personal trainer: "Vou bagunçar muito. Fazer muita bagunça, muita zoada. O jogo quem faz sou eu".

 

 
Letícia Lopes (@leticialopesbsb), 23 anos, modelo: %u201CEstou muito ansiosa e muito empolgada para o que eu vou vivenciar na casa%u201D. (Agência e Produtora Resenha/Divulgação)  

Letícia Lopes (@leticialopesbsb), 23 anos, modelo: "Estou muito ansiosa e muito empolgada para o que eu vou vivenciar na casa".

 

 
Mateus Valério (@mateusvalerios), 24 anos, bombeiro civil, DJ e produtor de eventos: %u201CVou entrar lá e tocar fogo no parquinho. Vou representar, viver 
e ser eu%u201D. (Agência e Produtora Resenha/Divulgação)  

Mateus Valério (@mateusvalerios), 24 anos, bombeiro civil, DJ e produtor de eventos: "Vou entrar lá e tocar fogo no parquinho. Vou representar, viver e ser eu".

 

 
Karol Nunes (karoolnunes), 24 anos, modelo e especialista em marketing digital: %u201CVou curtir muito todas as festas e as dinâmicas. Vou estar sempre focada 
no jogo%u201D. (Agência e Produtora Resenha/Divulgação)  

Karol Nunes (karoolnunes), 24 anos, modelo e especialista em marketing digital: "Vou curtir muito todas as festas e as dinâmicas. Vou estar sempre focada no jogo".

 

 
Sander Henrique (@sanderneguin), mais conhecido como Sander Neguinho, 21 anos, modelo, produtor de eventos e criador de conteúdo digital: %u201CNão vejo a hora de entrar para brincar e jogar%u201D. (Agência e Produtora Resenha/Divulgação)  

Sander Henrique (@sanderneguin), mais conhecido como Sander Neguinho, 21 anos, modelo, produtor de eventos e criador de conteúdo digital: "Não vejo a hora de entrar para brincar e jogar".

 

 
Sarah Santos ](@sarahhsl_), 24 anos, estudante de gestão financeira: %u201CEu vou jogar muito e não vou deitar para ninguém também%u201D. (Agência e Produtora Resenha/Divulgação)  

Sarah Santos ](@sarahhsl_), 24 anos, estudante de gestão financeira: "Eu vou jogar muito e não vou deitar para ninguém também".

 

 
Wesley Calixto (@djwesleycalixto), 27 anos, DJ e digital influencer: %u201CEstou muito ansioso, vai ser a experiência mais louca que já vivi%u201D. (Agência e Produtora Resenha/Divulgação)  

Wesley Calixto (@djwesleycalixto), 27 anos, DJ e digital influencer: "Estou muito ansioso, vai ser a experiência mais louca que já vivi".

 

 
Vanessa Lamark, apresentadora (Minervino Junior/CB/D.A Press)  

Vanessa Lamark, apresentadora

 

 
Na madrugada desta terça-feira para quarta-feira, à 0h30, estreia o primeiro reality show brasiliense da tevê aberta. É a atração Os infiltrados, criação da produtora Resenha Filmes em parceria com a TV Brasília e a Rede Villa Butiquim. O programa traz um formato inédito, em que coloca oito participantes realizando missões em uma casa localizada em área paradisíaca do Distrito Federal na disputa do prêmio final de R$ 25 mil.
 
“Isso é inédito em Brasília. Outros tentaram, mas não conseguiram (fazer um reality show na cidade). Vimos que a demanda por reality estava crescendo muito”, lembra Caio Sousa diretor-executivo da Resenha Filmes. Ele diz que, antes de criar o reality, se questionou sobre o motivo pelo qual a capital, mesmo tendo muitos fãs do formato, nunca havia feito um programa do tipo: “Por que em Brasília não temos um, se temos tantas personalidades?”
 
Não encontrou a resposta, mas sim a motivação para criar o primeiro reality show candango e fez isso com apoio de parceiros. Entre eles, a TV Brasília, que investe, desde o surgimento da capital federal, em conteúdos voltados para os moradores da cidade. “Nossa emissora tem um compromisso com os brasilienses. Sempre tentamos pautas e programas voltados para o brasiliense, valorizando mesmo Brasília como um tudo”, afirma Freddy Vilar, diretor comercial da TV Brasília.
 
O projeto será exibido na televisão, mas também estará conectado com a internet. Afinal, desde o nascimento, a atração perpassa pelo universo cibernético. Os participantes, quatro homens e quatro mulheres, foram escolhidos tendo a força na internet como diferencial. Todos são de Brasília e personalidades famosas das redes sociais. São eles: Wesley Calixto, Dj; Camila Cruz, estudante de nutrição; Gustavo Borges, Dj e personal trainer; Letícia Lopes, modelo; Sander Neguin, produtor de eventos; Karol Nunes, modelo; Mateus Valério, bombeiro; e Sarah Santos, estudante de gestão financeira (veja quadro).
 
“Quando veio a pandemia, com essas mudanças na televisão, tivemos certeza que era o momento de introduzir o on e off juntos. Fazer esse programa, envolvendo todas as plataformas, é uma forma de investir nesse casamento. Estamos sempre trabalhando com o YouTube e com o Instagram, nessa interação com a segunda tela”, completa Vilar, da TV Brasília.
 
Dinâmica
 
Por ter um formato inédito, é difícil comparar Os infiltrados com os outros realities disponíveis no mercado. O principal objetivo do programa é colocar os participantes cumprindo provas — mantidas em segredo —, que os levem até a final da atração, tudo isso com os oito integrantes confinados na mesma casa, onde também terá festas regadas pelo bar da Rede Villa Butiquim. A primeira temporada será formada por oito episódios com exibições às segundas, quartas e sextas, à 0h30, na TV Brasília e no canal do YouTube.
 
“Acho que o grande diferencial é porque é um programa de jogo mesmo. Por isso, o público pode esperar muita treta por causa da dinâmica. Acho que as pessoas vão gostar do formato”, comenta Vanessa Lamark, apresentadora do programa. Ela foi escolhida, graças ao sucesso na internet e a experiência com apresentações na web. Inicialmente, Vanessa tinha sido indicada para ser uma participante, mas a trajetória de apresentadora a levou ao papel de destaque. “Me mandaram mensagem falando da seleção dos participantes e eu me candidatei. Mas quando me ligaram falaram que era para fazer a apresentação. Estou muito ansiosa para a estreia”, revela.
 
A expectativa para a estreia é grande, principalmente, na web, onde o programa tem feito sucesso antes mesmo do lançamento. “Está um burburinho na internet bem legal. É um programa bem jovem, que está gerando muita curiosidade”, comenta a apresentadora. “Estamos com aquele frio na barriga. A expectativa é grande. O programa está na boca da galera”, completa Caio Sousa. No primeiro episódio, os participantes terão uma festa, que será comandada pelo grupo candango Di Propósito.
 
Realizado em meio à pandemia, Os infiltrados tem um protocolo de segurança e medidas sanitárias. Antes do início do programa, todos os participantes e os envolvidos na equipe foram confinados por sete dias em um hotel de Brasília. Lá, eles fizeram baterias de exames. O elenco tem o acompanhamento do médico Metodio Ribas. “A preocupação foi a base para tudo. Os participantes, com os integrantes da equipe, foram confinados. Todos fizeram os testes para detectar a covid-19. Todos deram negativo. Também, durante o programa, estaremos para fazer com que os participantes e a equipe tenham segurança”, explica Freddy Vilar.
 
» Responsáveis pelo programa
 
Caio Sousa, 24 anos, empreendedor e sócio-fundador do Grupo Resenha, empresa que contempla Agência de publicidade e Produtora de TV.
 
Luiz de Melo Porto, 41 anos, empresário, sócio-fundador do grupo Villa Butiquim, Supermercado Mark e da produtora Resenha.

Correio Braziliense terça, 01 de setembro de 2020

NOLETO SE ENCANTOU: FOI DONO DO PLANALTÃO, PRIMEIRA REDE DE SUPERMERCADOS DO DISTRITO FEDERAL - A COVID-19 O LEVOU
 
 
NOLETO, DA REDE DE SUPERMERCADOS PLANALTÃO, SE ENCANTOU
 
 
Antônio Carlos Noleto, 84 anos Noleto, como gostava de ser chamado, foi dono do Planaltão, primeira rede de supermercados do Distrito Federal

 

Celimar de Meneses*

Publicação: 01/09/2020 04:00

Noleto e as três filhas: Ana Carla, Ana Cristina e Ana Maria (Arquivo Pessoal
)  

Noleto e as três filhas: Ana Carla, Ana Cristina e Ana Maria

 

Morreu, aos 84 anos, Antônio Carlos Dias Noleto, um dos empresários pioneiros do Distrito Federal. Ele foi fundador da primeira rede de supermercados do DF, o Planaltão. Noleto morreu ontem, por volta das 10h, vítima da covid-19. Ele estava internado desde 7 de agosto no Hospital Santa Luzia, na Asa Sul.
 
O empresário nasceu em Carolina, no Maranhão, e mudou-se para o DF depois de morar em São Paulo e em Anápolis (GO), onde tinha uma loja com seu primo. Esteve presente na inauguração de Brasília, em 1960, e abriu um armazém chamado Santo Antônio do Planalto, em julho do mesmo ano, na Cidade Livre, atual Núcleo Bandeirante. Da Cidade Livre, estabeleceu-se em Taguatinga, onde fundou o Supermercado Planalto, o Planaltão, em 1963. A primeira rede de supermercados do DF viria a ter 12 filiais, até ser vendido para o Carrefour, na década de 1990. Enquanto estava na ativa, Noleto foi o fundador da Associação de Supermercados de Brasília (Asbra), em 1975, e foi o primeiro presidente da organização de classe.
 
Além da Asbra, Noleto foi diretor e membro do Conselho Superior da Associação Comercial e Industrial de Taguatinga (Acit) por diversas gestões, entre 1975 e 1990. Segundo Justo Magalhães Moraes, atual presidente da Acit, o pioneiro era um homem com uma visão para além do lado empresarial, que lutava pela melhoria da cidade, e se importava com o lado comunitário e social. “Foi homenageado diversas vezes, tanto por Taguatinga quanto pelo Governo do Distrito Federal, inclusive como cidadão honorário. É uma pessoa que vamos lembrar sempre pelo carinho e pelo trabalho que teve por Taguatinga, pela luta que ele teve para que nossa cidade crescesse independente”, afirmou Magalhães.
 
Noleto era amigo de Benedito Domingos, diversas vezes deputado federal pelo DF e vice-governador entre 1995 e 1999. Domingos lembra que os dois eram inseparáveis. “Sempre estivemos juntos, muito juntos mesmo. É uma pessoa que é meu amigo, tenho uma amizade muito profunda com o Noleto”. Para o ex-político, foi um choque receber a notícia do falecimento. Segundo Benedito, o amigo era um “homem muito correto e que, com certeza, está num lugar melhor agora”.
 
Pioneiro
 
Como a causa da morte de Noleto foi a covid-19, não haverá velório. Ele será cremado na presença da esposa, Aldenora Noleto e as três filhas, Ana Maria, Ana Cristina e Ana Carla. “Eu lamento muito. Infelizmente, essa enfermidade que tem assolado o país e o mundo tem trazido muita tristeza. A gente não tem nem a oportunidade de velar o corpo de um amigo”, lamentou Benedito. “Ele deixa um rastro de amizade, um homem que trabalhou muito por Brasília e, sem dúvida, deixa muita saudade nos seus amigos. Foi uma perda de um grande brasileiro, de um pioneiro legítimo de Brasília”, complementou.
 
Para José Humberto Pires, atual secretário do GDF e primo de Noleto, o empresário foi como um pai na arte do empreendedorismo. A filha mais velha de Noleto, Ana Maria, afirma que apesar da perda, a família está em paz. “A gente sabe que ele foi para um lugar melhor. Foram 24 dias de muito sofrimento, que ele passou na UTI”, afirmou. Segundo a família, nos últimos anos Noleto se ocupava de administrar fazendas e aproveitar a vida. Antônio Carlos será cremado hoje, às 9h.
 
* Estagiário sob a supervisão de Adson Boaventura

Correio Braziliense segunda, 31 de agosto de 2020

À ESPERA DA PRIMAVERA

Jornal Impresso

À espera da primavera
 
 
Ipê-amarelo e outras florações invadem os espaços públicos de Brasília e reforçam a ideia da renovação e da resiliência

 

Ana Maria da Silva*

Publicação: 31/08/2020 04:00

Andrea Porto e as filhas Maitê e Gabriela: %u201CValorizar as pequenas coisas, além de respeitar a natureza e o meio ambiente%u201D

 (Ana Rayssa/CB/D.A Press
)  

Andrea Porto e as filhas Maitê e Gabriela: "Valorizar as pequenas coisas, além de respeitar a natureza e o meio ambiente."

 

 
A baixa umidade seca a paisagem de Brasília, mas a proximidade da primavera, em setembro, dá sinais de que a renovação se aproxima. Os caminhos abertos pelo ir e vir apressado dos trabalhadores ficam ainda mais evidentes nos traços do gramado da Esplanada dos Ministérios. O frio castiga logo cedinho e o calor e a secura da tarde não perdoam! Sim, a estiagem é sentida na pele...
 
Mas nem tudo é aridez na capital do país. É justamente quando o brasiliense implora por uma gota de chuva que a floração de diferentes árvores enche o dia de alegria. A estimativa é de que no cerrado existam mais de 12 mil espécies de plantas, sendo que 5,1 mil são apenas no DF, que são as chamadas espécies endêmicas. Segundo dados de 2020 da Flora do Brasil, o DF, inserido no cerrado, reúne, aproximadamente, 3,4 mil espécies de angiospermas — conhecidas como plantas com flor.
 
Tímidas ou exuberantes, as pétalas surgem no jardim da dona de casa Eldomira Pereira Teixeira, 74 anos. Orquídeas, rosas e bromélias fazem parte da pluralidade de um jardim que, durante a pandemia, tornou-se o mundo preferido da senhora. Amante da jardinagem, Eldomira tem uma terapia no quintal. “É uma distração, porque precisamos zelar, cuidar. Quando vejo um brotinho, já fico feliz. É uma ocupação, algo que precisamos ter para não ficarmos tristes”, diz.
 
A flor da espécie Tibouchina granulosa leva cor às ruas de Vicente Pires (Arquivo Pessoal
)  

A flor da espécie Tibouchina granulosa leva cor às ruas de Vicente Pires

 

 
A flor da espécie Cassia grandis colore o jardim da Quadra 504, no Sudoeste (Arquivo Pessoal)  

A flor da espécie Cassia grandis colore o jardim da Quadra 504, no Sudoeste

 

 
A dona de casa explica que sempre gostou de cuidar das plantas, mas, na pandemia, a dedicação aumentou. “A idade vai chegando e passamos a procurar novas ocupações. As plantinhas nos passam carinho, nos trazem muitas recordações boas, de momentos, pessoas”, afirma. “Eu sinto muita felicidade. Podemos ver, através de uma rosa, o quanto Deus é divino. Uma planta dentro do lar traz muita alegria, assim como uma criança dentro de casa”, compara.
 
Segundo Estevão do Nascimento Fernandes de Souza, diretor de Gestão Integrada da Biodiversidade e Conscientização Pública do Jardim Botânico de Brasília, a floração das plantas neste período de seca está relacionada a diferentes motivos, e tem sempre como objetivo reprodução da espécie, seguido pela produção de frutos e posterior dispersão das sementes.
 
“Pode estar relacionado à proteção das flores, que poderiam cair com uma chuva muito forte, a quantidade de ventos que podem auxiliar na dispersão de alguns tipos de sementes, e até mesmo no desenvolvimento delas, pois, depois de dispersão, vão cair no chão e começar a germinar, terminando esse processo quando as chuvas estão chegando e o clima ficando mais favorável”, diz.
 
A dona de casa Eldomira Pereira Teixeira curte as flores que começam a surgir em casa (Arquivo Pessoal
)  

A dona de casa Eldomira Pereira Teixeira curte as flores que começam a surgir em casa

 

 
De acordo com Estevão, as árvores nas cidades são de extrema importância.  “A diversidade de espécies vegetais contribui para uma diversidade na fauna, com diferentes frutos, atraindo diferentes animais como pássaros ou outros dispersores”, relata.
 
Ipês
Aos poucos, eles surgem. Um ponto amarelo aqui e outro ali. Admiradores dos ipês aproveitam para sair às ruas e curtir a floração. É o caso da psicóloga Andrea Porto, 44,  mãe das estudantes Maitê, 10, e Gabriela, 6. Ela conta que aproveita horários tranquilos da semana e do dia para contemplar a natureza, observar o cerrado e suas belezas. “É um momento para perceber que, mesmo no período da seca, a natureza encontra recursos para sobreviver”, diz. A psicóloga explica que faz passeios com as filhas desde pequenas: “É uma meditação contemplativa. Todos os anos repetimos as fotos nos ipês. Além de uma linda memória visual, criamos memórias afetivas”, ressalta.
 
Em meio à pandemia, Andrea diz que encontrou, nos ipês, uma ferramenta de ensinamento de grandes virtudes para as filhas. “Creio que, neste período de isolamento, podemos aprender com eles sobre adaptação e resiliência, que florescem e nos encantam, mesmo no período mais crítico da seca”, afirma. Os momentos de aprendizado trouxeram grandes frutos para Maitê e Gabriela, conforme explica a mãe. “Aprenderam a valorizar as pequenas coisas, além de respeitar a  natureza e o meio ambiente. (A floração) Trouxe serenidade e esperança, nos permitiu ver o belo mesmo nas situações difíceis”, completa.
 
A bióloga e mestre em ecologia Paula Ramos Sicsú explica que os ipês florescem em períodos diferentes. O primeiro a florir é o roxo, seguido do amarelo, do branco e, por último, o rosa. “É normal que eles não floresçam no mesmo período, porque isso é uma vantagem evolutiva, tanto para os polinizadores, que terão comida por mais tempo, quanto para as plantas, que, ao longo da evolução, acharam por bem o espaçamento para que garantissem a produção das estruturas reprodutoras”, destaca.
 
Segundo Paula, há períodos críticos, também, nos quais algumas espécies podem ser encontradas fora da época. “Às vezes, teremos amarelo ou rosa fora da época, mas, em geral, eles vêm juntos, estão síncronos. A variabilidade é algo natural”, afirma. Para a bióloga, independentemente da cor, o importante é aproveitar a beleza das árvores. “Particularmente, gosto bastante que cada espécie floresça em um período distinto. Assim, podemos apreciá-los com exclusividade e a beleza se alterna enquanto perdura por mais tempo. Quase como acompanhar de forma particionada a composição de um arco-íris”, completa.
 
*Estagiária sob supervisão 
de José Carlos Vieira

Correio Braziliense domingo, 30 de agosto de 2020

FOGO NO HOSPITAL SANTA LUZIA

Jornal Impresso

Fogo, correria e susto no Hospital Santa Luzia
 
Com incêndio iniciado no teto da unidade de saúde particular, na 716 Sul, parte dos pacientes internados precisou ser levada para o estacionamento ou transferida para o Hospital do Coração, também da Rede D%u2019Or Brasília. Ninguém ficou ferido

 

THAIS UMBELINO

Publicação: 30/08/2020 04:00

Avaliação preliminar indica que o fogo começou durante a manutenção de um aparelho de ar-condicionado, no teto da unidade (Reprodução de WhatsApp )  

Avaliação preliminar indica que o fogo começou durante a manutenção de um aparelho de ar-condicionado, no teto da unidade

 

 
Pacientes, familiares e profissionais da saúde levaram um susto, ontem pela manhã, após um incêndio no quinto andar do Hospital Santa Luzia, no Setor Hospitalar Sul (SHS). A suspeita é de que o fogo teria começado durante a manutenção do equipamento de ar-condicionado daquele piso, mas a informação será confirmada após perícia do Corpo de Bombeiros — o laudo deve ficar pronto em até 30 dias. Devido às chamas, parte dos pacientes internados foi retirada às pressas do local, alguns em macas. Houve a necessidade de esperar quase uma hora no estacionamento privado do hospital para retornar à unidade. Alguns chegaram a ser transferidos para o Hospital do Coração, também pertencente à Rede D’Or Brasília, próximo dali. Não houve vítimas.
 
O Corpo de Bombeiros recebeu o chamado às 10h11 e chegou ao local em seis minutos. No total, 80 militares e 24 veículos atenderam à ocorrência. Segundo o major Alisson Krüguer, responsável pela operação, o fogo, de fato, teria começado no sistema de refrigeração. “Inicialmente, um serviço de manutenção de solda em equipamento de ar-condicionado no terraço teria provocado o incêndio”, informou.
 
Além da correria e do susto, o incêndio provocou situações inusitadas, como de Nasser Romeu, 23 anos, que conheceu o filho recém-nascido no estacionamento da unidade de saúde. “A minha esposa entrou na cirurgia para fazer a cesariana e, quando retiraram o Samir, meu filho, e começaram a fazer a sutura nela, iniciou-se o incêndio”, relembrou. Nasser aguardava com a sogra em um quarto do hospital e, ao olhar pela janela, percebeu a fumaça. “Falei para sairmos de lá, porque o prédio estava pegando fogo”, contou. No estacionamento, ele encontrou a esposa e o filho. “Quando ela desceu, o incêndio estava controlado. Mesmo assim, ela estava chorando muito. Já o Samir foi um dos primeiros a sair, no colo de uma enfermeira, e ficou dentro de um carro com a profissional, até poder retornar para a unidade de terapia intensiva (UTI) devido ao parto prematuro”, completou o Nasser.
 
Na hora do incêndio, um médico do Hospital Santa Luzia fazia uma operação, no quarto andar. “A cirurgia teve de ser interrompida naquele momento. As anestesistas acordaram o paciente no meio do processo para retirá-lo do hospital”, contou. Segundo o profissional de saúde, que não quis se identificar, as equipes da enfermaria e os brigadistas do hospital ajudaram na retirada de quem estava no local.
 
Kenia Maria, 35, tinha visitado o pai mais cedo e, após saber do incêndio, voltou para o hospital. “Quando eu cheguei, os pacientes estavam sendo transferidos. O meu pai, no caso, foi levado para o Hospital do Coração. Ele me contou que não chegou a sentir cheiro de fumaça lá e que tudo foi resolvido com muita calma e cautela” relatou a familiar.
 
Evasão 
 
Em nota, a assessoria do Hospital Santa Luzia esclareceu que houve um foco isolado de incêndio em um equipamento instalado no telhado da unidade, mas que a situação foi, rapidamente, controlada pela Brigada de Incêndio e pelo Corpo de Bombeiros. “Foi realizada a evacuação preventiva de pacientes, cumprindo corretamente o que determina o protocolo de segurança, e os mesmos foram reacomodados de volta ao hospital após autorização do Corpo de Bombeiros. Não houve feridos”, esclareceu.
 
Apesar de as chamas terem começado no terraço da unidade de saúde, onde não havia pacientes, a decisão de evadir o prédio foi tomada em conjunto pelos bombeiros e pela equipe do hospital, devido ao alastramento da fumaça no quarto e no terceiro andares. “No momento em que a gente percebeu que a fumaça começou a atingir outros andares, orientamos a evasão dos respectivos locais e, simultaneamente, começamos o Grupamento de Prevenção e Combate a Incêndios Urbanos (Gpciu), começando pela ventilação e tirando a fumaça do local”, detalhou o major Alisson. “Os demais andares não precisaram ser evacuados”, completou.
 
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Sprinklers (ABSpk), Felipe Melo, especialista em medidas de proteção contra incêndios e emergências, outros motivos ligados à rede elétrica também podem causar incêndios. “Além de problemas com soldas de ar-condicionado, é comum a gente ver casos envolvendo coifa de cozinha, devido a acúmulos em dutos de ventilação ou até mesmo em fritadeiras”, explicou. Por isso, a atenção deve ser redobrada. “Uma das medidas de segurança que pode ajudar muito nesses momentos são rotas de fuga nos hospitais, que ajudam em uma evacuação mais rápida, e a adoção de chuveiros automáticos, chamados de sprinklers, que controlam o incêndio logo no início”, aconselhou.

Correio Braziliense sábado, 29 de agosto de 2020

MEGA SENA ACUMULADA: PARA FICAR MILIONÁRIO

Jornal Impresso

Para ficar milionário
 
 
Acumulada, a Mega-Sena sorteia hoje R$ 52 milhões. Além das lotéricas, apostas podem ser feitas on-line

 

ANA CLARA AVENDAÑO*

Publicação: 29/08/2020 04:00

Apostas podem ser feitas até as 19h nas lotéricas  ou pela internet (Ed Alves/CB/D.A Press - 5/5/20
)  

Apostas podem ser feitas até as 19h nas lotéricas ou pela internet

 

Quem nunca sonhou com a possibilidade de tornar-se milionário ao acertar os números da Mega-Sena, acumulada em R$ 52 milhões? A Caixa Econômica Federal realiza, hoje, às 20h, o sorteio, que será transmitido ao vivo pela RedeTV e nas redes sociais do banco e da emissora. Quem ainda não escolheu os números, tem até as 19h para jogar nas lotéricas credenciadas ou pela internet. Basta escolher de seis a 15 números.
 
Nos 24 anos de existência da Mega-Sena, os brasilienses levaram 30 vezes o prêmio e arrecadaram, ao todo, R$1.244.792.655,35. A sorte começou a sorrir para os moradores do Distrito Federal em 19 de agosto de 2000, quando o resultado 45-32-43-67-32-05 deixou um morador do DF milhonário.
 
O morador da Asa Norte Mauricio Neiman, 56 anos, joga na loteria há mais de cinco anos, sempre com a mesma tradição de comprar um único bilhete e marcar os mesmos números. Neste sorteio não foi diferente. “Minha estratégia deu certo outras vezes. Já ganhei alguma coisa quando acertei duas quinas”, conta o aposentado, que sonha em pagar as contas dele e viajar com o dinheiro do prêmio.
 
Em 2020, foram duas apostas vencedoras feitas em lotéricas da capital. A primeira ocorreu em 24 de junho, na Lotérica Cruzeiro do Sul, no Cruzeiro Velho. O ganhador fez uma aposta simples, de R$ 4,50, e faturou R$ 43.269.740,25. As dezenas sorteadas foram: 15-16-20-38-40-58. O segundo jogo vencedor foi marcado este mês na lotérica Itapoan, na 704 Norte. Os números 01-07-10-12-33-42 renderam R$ 11 milhões, divididos entre 20 cotas de um bolão.
 
O empresário Renan Freitas, 30, tem o hábito de fazer “uma fezinha” há 15 anos e entregar a sorte ao sorteio eletrônico. “Minha tradição é jogar só na surpresinha (máquina). Eu nunca escolho os números manualmente”, afirma o morador do Lago Sul. Assim como Maurício, o brasiliense já recebeu parte do prêmio. “Aceitei a quadra algumas vezes, em bolões”, diz Renan. Caso o empresário seja o mais novo vencedor do concurso, Brasília ganhará um empreendimento no setor de vinhos.
 
Como jogar
 
O apostador pode jogar presencialmente em uma lotérica da Caixa Econômica Federal ou optar pela modalidade on-line. Pra fazer apostas virtuais, acesse o site Loterias Caixa www.loteriasonline.caixa.gov.br e faça um cadastro rápido. Após o preenchimento dos dados, o usuário escolhe os palpites, insere no carrinho e paga as apostas de uma só vez, utilizando o cartão de crédito válido cadastrado. O serviço funciona durante 24h, todos os dias. O valor mínimo da compra de bilhetes é de R$ 30, enquanto o máximo pode chegar a R$ 500, por dia. As apostas também podem ser feitas pelo aplicativo Loterias Caixa, na Apple Store, e pelo Internet Banking, para aqueles que têm acesso ao sistema.
 
*Estagiária sob supervisão de Adson Boaventura
 
Dezenas que já premiaram os brasilienses
 
19/08/2000  45-32-43-67-32-05
30/12/2000   17-54-04-51-32-26
07/08/2002  22-12-24-18-05-16
11/09/2002  11-58-31-14-10-20
28/12/2002  06-16-10-34-47-42
04/02/2004 49-14-47-56-06-28
26/06/2004  18-29-21-48-35-50
15/09/2004  05-16-53-38-50-34
28/07/2007  50-24-40-54-52-60
08/09/2007  04-21-59-18-38-34
24/10/2007   30-14-59-36-46-38
14/03/2009  38-08-50-53-59-06
02/05/2009  41-53-08-23-05-16
31/12/2009   49-58-40-46-10-27
16/01/2010   19-03-60-33-24-16
27/02/2010   46-09-43-41-49-29
29/10/2011   05-13-03-24-35-59
15/08/2012  49-03-19-35-22-24
17/12/2014   57-10-25-14-33-29
31/12/2014  20-11-16-01-56-05
21/10/2015  54-08-45-29-35-15
25/11/2015  06-07-41-39-29-55
03/09/2016   02-41-39-01-34-45
20/04/2018  40-10-18-33-38-43
16/05/2018  10-12-54-42-22-25
18/09/2019   33-29-11-04-16-22
31/12/2019  25-33-10-12-1-5
24/06/2020   58-15-20-16-38-40
01/08/2020   12-10-33-07-42-01
 

Correio Braziliense sexta, 28 de agosto de 2020

LUIZA POSSI E DILSINHO: OPÇÕES PRA VALER

 

Jornal Impresso

Opções a valer!
 
 

Pedro Ibarra*

Publicação: 28/08/2020 04:00

Luiza Possi abre o fim de semana de encerramento do Festival Drive-in (Uma Assessoria/Divulgação)  
Luiza Possi abre o fim de semana de encerramento do Festival Drive-in
 
Brasília encontrou no drive-in o formato de entretenimento possível e viável para os tempos distanciamento e isolamento social. Com cada um em seu carro são possíveis shows, peças de teatro e filmes, que, na cidade, resistia com o Cine Drive-in bem antes de toda situação gerada pela pandemia. Assim, enquanto, não forem possíveis as aglomerações, essa é uma opção diferente de lazer no fim de semana brasiliense e apresenta variedade interessante de atrações para os próximos dias. O principal destaque é o até logo do Festival Drive-in. A série de atrações que tomou o aeroporto está na semana de encerramento, e tem mais três dias de programação.
 
Hoje, quem assume os palcos é a cantora Luiza Possi. Estreando no formato drive-in a artista preparou o show Piano e Voz, um modelo intimista para que as pessoas possam aproveitar os maiores sucessos da carreira dela. “Estou muito ansiosa e muito feliz de poder sentir a vibração do público, mesmo que seja de dentro dos carros”, afirma Possi ao Correio. “O drive-in, no ponto de vista artístico, é uma sobrevivência da cultura, dos shows e do entretenimento. O público está morrendo de saudade, assim como nós, artistas, é uma salvação eu diria”, completa.
 
“Será um show com sucessos da minha carreira, que eu gosto de cantar, além de músicas novas. Será bem emocionante voltar a Brasília. Eu amo esse lugar, tenho uma relação própria com a cidade, com os fãs e com as pessoas”, fala Luiza Possi, sobre o novo show.

Para a criançada, tem DPA, Os Detetives do Prédio Azul (Reprodução/Internet)  

Para a criançada, tem DPA, Os Detetives do Prédio Azul

 



Ela conta, ainda, que, por mais que o modelo de show tenha mudado, no palco, ela continua com as mesmas características. “O público pode esperar: estarei de coração no palco, cantando com todo meu amor e querendo chegar cada vez mais perto do coração deles”, exalta a artista.
 
Amanhã, a comédia assume o palco com o 1º Festival de Comédia Drive-in. Os humoristas Daniel Villas-Boas, Magno Martins, Stephanie Marques, Paulo Mansur e TJ Fernandes usam o espaço para tratar, de forma cômica, dos mais diversos assuntos e divertir o público.
 
Quem também estará presente hoje, amanhã e domingo é a turma do D.P.A, Os Detetives do Prédio Azul com uma peça adaptada para formato drive-in com o elenco da série.
 
O cantor Vitão seria a principal atração do domingo, dia do encerramento do festival. Contudo, a organização do evento avisou que o músico não poderá comparecer ao show. A reportagem não recebeu o motivo do cancelamento até o fechamento desta edição.

Dilsinho anima os carros no Mané Garrincha (Ed Alves/CB/D.A Press - 23/2/20)  

Dilsinho anima os carros no Mané Garrincha

 



Pagode romântico
 
A cidade, no entanto, tem mais de um evento em drive-in. No Mané Garrincha, o Drive Show Brasília tem, hoje, o Queen Experience tocando os maiores sucessos da banda de rock britânica para abrir o fim de semana. Amanhã, a atração principal Dilsinho chega para o lançamento do DVD Open House. No domingo, tem programação para família toda, com a nova versão do O Rei Leão às 17h e um show de stand-up do humorista Matheus Ceará às 21h.
 
Outra opção fora de casa no fim de semana é o Drive-in do CCBB. Hoje, tem duas apresentações da Capivara Brass Band, às 19h e às 21h. Seguindo a programação, Oswald Amorim com o projeto Jazz também se apresenta em duas oportunidades, amanhã, nos mesmos horários. No domingo, a música dá espaço para o cinema no filme nacional Os espetaculares, de André Pellenz.
 
*Estagiário sob supervisão de Igor Silveira
 
 
 
Drive Show
Hoje, Show do Queen Experience às 22h. Amanhã Show do Dilsinho também as 22h. Domingo, O rei leão às 17h e Stand-up do humorista Matheus Ceará às 21h. No Estacionamento do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. Os ingressos podem ser adquiridos nas plataformas Furando a Fila e O que vem por aí e também nas lojas das Óticas Diniz e Bendito Food. Os preços variam entre R$ 90 e R$ 480 por carro. Cada carro, independentemente do tamanho, pode entrar com no máximo quatro pessoas. Classificação indicativa conforme a programação
 
 
Drive-in CCBB
Hoje, show da Capivara Brass Band às 19h e às 21h. Amanhã, Oswald Amorim com o projeto Jazz Ingressos às 19h e às 21h. Domingo filme Os espetaculares 19h e às 21h. R$ 50 por veículo. Classificação indicativa conforme programação.
 
 
Festival Drive-in
Hoje, show da Luiza Possi às 22h. Amanhã 1º Festival de Comédia Drive-in às 22h. Hoje, amanhã e domingo, Espetáculo D.P.A. às 17h e às 19h30. No Aeroporto Internacional de Brasília. Os ingressos para cada sessão podem ser adquiridos pelo site Sympla, assinantes do Correio tem 20% de desconto. Classificação indicativa conforme programação.

Correio Braziliense quinta, 27 de agosto de 2020

BEBEL GILBERTO: O NOVO AGORA

Jornal Impresso

O novo agora de Bebel Gilberto
 
Artista lança disco e fala ao Correio sobre o atual momento do país, além das heranças musicais dos pais, João Gilberto e Miúcha

 

Irlam Rocha Lima

Publicação: 27/08/2020 04:00

Em 1980, a adolescente Bebel Gilberto iniciava a trajetória artística, ao interpretar, em duo, com o pai, João Gilberto, o clássico Chega de saudade, num especial de tevê. Quarenta anos depois, a cantora lança Agora, álbum gravado em Nova York. Naquela cidade onde nasceu e viveu as três últimas décadas, tornou-se referência da música popular brasileira e construiu uma carreira musical reverberada pelo mundo.
 
Há dois anos, com o propósito de ficar próxima dos pais, Bebel se fixou no Rio de Janeiro, embora continuasse a viajar para o exterior, a fim de cumprir compromissos agendados. Aqui, a princípio, ela passou a frequentar o noticiário por conta de questões jurídicas, relacionadas ao espólio do pai, morto em junho de 2019 — seis meses depois do falecimento da mãe, Miúcha. 
 
Com Agora — sexto da discografia — produzido pelo pianista norte-americano Thomas Bartllet, parceiro em 10 das 11 faixas do repertório, Bebel volta a ser destaque pelo trabalho que realiza. Além de coautora de Na cara, a artista e amiga Mart’nália participa da interpretação do samba, registrado também em clipe.
 
Por causa da pandemia de covid-19, Bebel ficou impedida de programar shows para divulgar o disco, do selo belga Pias Recordings. Em entrevista ao Correio, ela falou sobre a carreira musical; o novo álbum; a parceria com Mart’nália; a lembrança dos pais; a disputa pelo espólio de João Gilberto; e também do amigo e parceiro Cazuza, o poeta que o rock brasileiro perdeu há 30 anos.
 
 
 
Entrevista// Bebel Gilberto
 
 (Luigi & Iango/Divulgação)  


Que avaliação faz de sua trajetória artística?
Eu olho para trás e sinto muito orgulho de tudo o que construí até aqui. Nesses 20 anos, acho que consegui criar uma marca, uma identidade forte na forma de cantar, nos arranjos, nas influências. Algumas pessoas chamam de bossa nova eletrônica, mas eu tento sempre subverter os rótulos. Os dois discos se encontram de alguma forma, sim. Eu e Thomas falávamos sobre isso em estúdio, virou até assunto na terapia dele. Tivemos um encontro criativo muito fluido, prazeroso. Em Agora, toda a produção foi apoiada no amor e confiança que recebi de Thomas. Ele me deixou ser eu mesma e o resultado é um pouco mais louco, mais maduro e extremamente sincero.
 
 
As canções registradas neste novo projeto foram compostas em que período?
As músicas foram compostas entre 2017 e 2019. Tudo começou depois de uma viagem que fiz sozinha para Puglia, na Itália. Consegui organizar todas as inspirações, as muitas melodias que surgiram, mas ainda não estava pensando em um disco. Quando voltei, instintivamente, liguei para o Thomas sem nenhuma pretensão. Na época, ele havia produzido Norah Jones, Florence + The Machine, Sufjan Stevens, entre outros, e estava com um estúdio muito bacana em Nova York. Mostrei para eles algumas coisas e as ideias foram simplesmente fluindo. Começamos a compor imediatamente sem pressão, sem prazo. Quando vimos, havíamos feito 17 músicas. O disco estava pronto!
 
 
Que relação artística tem com Mart’nália, sua parceira em Na cara, que participa da gravação?
Mart’nália é uma grande amiga, uma pessoa hipercriativa que adoro ter por perto, mas nunca havíamos feito música juntas. Em uma das vezes que ela foi a Nova York, tomamos umas cervejas, ficamos bem animadas e mostrei a ela a melodia de Na cara. Ela adorou a ideia de escrever a letra, mas voltou para o Brasil e nunca mais tocou no assunto. Quando estava em estúdio com o Agora, reforcei o convite e ela mandou os primeiros versos em menos de 24 horas por WhatsApp. Tive o prazer enorme de tê-la em estúdio para gravar a música comigo, em Nova York, e ainda gravamos o clipe há algumas semanas, aqui no Brasil.
 
 
A escolha desta música, que virou clipe, tem a ver com fato de a letra fazer referência aos tempos sombrios de agora?
Não foi uma escolha proposital. Mas os versos de Na cara realmente refletem muito os dias atuais. Para mim, a música tem um sentido. Para a Mart’nália, tem outro. É uma música divertida e sincera que se adequa a muitas situações que vemos por aí.
 
 
Você morou em Nova York durante 30 anos e se tornou referência de música brasileira naquela cidade e nos Estados Unidos. O que a levou a voltar ao Rio de Janeiro?
Voltei para ficar perto dos meus pais um pouco antes da morte de mamãe. Foi quando fechei meu apartamento em Nova York e passei a adotar o Rio de Janeiro como base. A verdade é que vivo na estrada com a mala na mão. Logo antes da pandemia, no início do ano, estava na Tailândia, fui ao Japão em turnê e, depois, segui para Los Angeles fazer uma apresentação e gravar o clipe de Deixa. Na volta para o Brasil, ainda tirei uns dias de férias em Trancoso, na casa de uma amiga, antes de chegar ao Rio. A ideia era ficar somente 15 dias para, então, começar a trabalhar na turnê do disco na Europa, que estava toda desenhada. Quando a pandemia chegou, os planos mudaram. Acho que nunca fiquei tanto tempo em um mesmo lugar! Mas é reconfortante passar esse período difícil no Brasil, perto da minha família, falando português e divulgando o disco com calma.
 
 
O que guarda na memória sobre Miúcha e João Gilberto?
De mamãe, o alto-astral, o carisma e a teatralidade no palco, que sempre foi uma referência para mim. De papai, a disciplina, a dedicação ao violão e o aprendizado eterno sobre música.
 
 
Como administra a relação com seus irmãos, que também disputam o espólio de João?
Na época em que pedi a curatela de papai, meu objetivo era organizar as finanças, a casa, o médico... Cuidar dele. Depois que ele se foi, preferi não ser a inventariante no processo do espólio. Fiquei satisfeita com a indicação da advogada Silvia Gandelman. Ela tem muita experiência e acho que fará um bom trabalho. Todos nós podemos ajudar doutora Silvia a administrar o espólio dele da melhor forma. Quero que a música de papai seja ouvida e estudada pelas próximas gerações.
 
 
Há 30 anos, a música brasileira perdeu Cazuza, seu amigo e parceiro. Para você, como ele estaria vendo o Brasil atualmente?
Cazuza estaria mais afiado do que nunca nas ácidas críticas à hipocrisia, caretice e falso moralismo. Estaria transformando toda essa bagunça em poesia, com certeza.
 
 
 (Luigi & Iango/Divulgação)  
 
Agora 
Álbum de Bebel Gilberto. Lançamento do selo belga Pias Recordings no formato físico e nas plataformas digitais, 11 faixas. 

Correio Braziliense quarta, 26 de agosto de 2020

WASHINGTON NOVAES SE ENCANTOU - LEGADO ÀS CAUSAS AMBIENTAIS

Jornal Impresso

WASHINGTON NOVAES

Legado às causas ambientais
 
Militante e pioneiro na cobertura de meio ambiente e dos povos indígenas no Brasil, o jornalista Washington Novaes morre, aos 86 anos. Familiares, amigos e colegas de profissão prestaram homenagens

 

» Cibele Moreira

Publicação: 26/08/2020 04:00

Washington Novaes também foi secretário de Meio Ambiente na gestão de Joaquim Roriz, entre 1991 e 1992 (Marcelo Novaes/Divulgação)  

Washington Novaes também foi secretário de Meio Ambiente na gestão de Joaquim Roriz, entre 1991 e 1992

 


Aos 86 anos, o jornalista Washington Novaes não resistiu a complicações causadas por um câncer no intestino e morreu na madrugada de ontem. O comunicador deixa um grande legado ao jornalismo ambiental e às causas ligadas ao meio ambiente e aos povos indígenas. Há mais de 50 anos na profissão, Washington Novaes atuou nos principais veículos de comunicação do país, como O Estado de S. Paulo, Veja, Folha de S. Paulo, TV Globo, Rede Bandeirantes e TV Cultura. Entre os trabalhos mais conhecidos dele está a série documental Xingu — A Terra Mágica, que traz uma imersão no universo dos povos indígenas do Xingu. A produção ganhou diversas premiações internacionais. Fora das redações, Washington também exerceu cargo público à frente da Secretaria de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia (Sematec), no governo do Joaquim Roriz, entre 1991 e 1992.
 
Ao Correio, o atual secretário de Comunicação, Weligton Moraes, relembra da época em que trabalharam juntos no Executivo local. “Companheiro de equipe competente, com muita sensibilidade técnica. Washington Novaes revolucionou o setor público com as causas ambientais na Secretaria de Meio Ambiente”, destaca o gestor. Antes de ocupar o cargo no GDF, Novaes atuou também na campanha eleitoral de Joaquim Roriz para o primeiro mandato do ex-governador, em 1990. Teve sua participação no poder público por dois anos e deixou o governo para dedicar-se à militância.
 
O produtor de televisão e publicitário Hamilton Carneiro, 72 anos, conta com muito orgulho o trabalho do jornalista em Goiás. “Eu não vejo ninguém com a sabedoria dele no jornalismo ambiental. Ele entrou no ramo quando só se falava em desmatamento. E fez diferente: procurou conscientizar sobre as causas ambientais e na defesa do Cerrado”, ressalta Hamilton Carneiro. O publicitário lembra que conheceu Washington em 1984. Os dois trabalharam juntos e a amizade foi transformada em admiração ímpar. Hamilton não sabia da doença de Novaes e a notícia da morte o pegou de surpresa. “Foi um susto muito grande. Ele deixa uma saudade muito grande, é uma perda irreparável”, pontua.
 
Marco
O jornalista e ex-secretário de Cultura e de Comunicação do Distrito Federal Silvestre Gorgulho afirma que o trabalho de Novaes tem relevância fundamental para o ambientalismo no Brasil. “Quantas pessoas ele conscientizou com matérias, livros e documentários? Quantos artigos ele escreveu e quantas pessoas repensaram ações após ler as matérias dele? Por causa dele que, em 1989, criei a Folha do Meio Ambiente (site de notícias voltadas às questões ambientais)”, analisa Gorgulho.
 
Segundo o comunicador, Washington era uma pessoa disponível que tinha um vasto conhecimento no que fazia e defendia. “Ele nunca parou de estudar. Para mim, Novaes foi mais que um professor, mas um amigo e um orientador. Eu aprendi muito com ele. Sou grato e sinto a passagem dele, mas o legado fica”, ressalta.
 
O cineasta e filho de Washington João Novaes relembra com bastante carinho e emoção momentos que passou com o pai. “Um dos momentos que mais me marcaram foi quando eu cursava filosofia. Tinha entre 20 e 21 anos e ele estava produzindo uma série que se chamava Desafio do lixo, na TV Cultura. Pegamos um carro e viajamos da Itália até a Noruega vendo todas as soluções para o problema do lixo. Foi nessa viagem que fui mordido pelo audiovisual”, afirma.
 
Dos quatro filhos que Novaes deixou, três foram para o audiovisual e tiveram a possibilidade de trabalhar com o pai em projetos de relevância. Entre eles está a série Xingu — A Terra Ameaçada, produzida em 2006, duas décadas após o primeiro documentário com as tribos indígenas. João conta que esse trabalho também o marcou muito. Em uma das aldeias, a proximidade com a família Novaes e o peso que o trabalho de Washington tem em relação às causas indígenas conquistaram a tribo kuikuro que realizará a cerimônia Kuarup — um ritual indígena de despedida aos mortos. A informação foi revelada pelo filho João Novaes.
 
“Não podia ter pedido um pai melhor. Um exemplo de ética e coragem para lutar, como Dom Quixote na briga contra os transgênicos, amianto e na defesa pela água e pelo cerrado. Um modelo civil e o legado que ele deixa influenciou o jornalismo. Para mim, ele continuará sendo um ídolo”, diz. Um livro de memórias será publicado em breve pela família.
 
Em uma cerimônia intimista, o corpo do jornalista foi velado na tarde de ontem na presença de familiares e amigos bem próximos. Ele será enterrado hoje, na cidade de Vargem Grande do Sul, interior de São Paulo, região onde Washington nasceu.
 
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), lamentou a morte de Novaes nas redes sociais. No Twitter ele escreveu: “Perdemos uma referência no jornalismo ambiental”. No Facebook, Caiado se solidarizou e prestou apoio a amigos e familiares.

Correio Braziliense terça, 25 de agosto de 2020

FLORADA DO IPÊ: A BELEZA QUE RESISTE

Jornal Impresso

FLORADA DO IPÊ

A beleza que resiste
 
Brasilienses curtem a florada do ipê que deve se estender até o início de outubro. De acordo com levantamento da Novacap, no Distrito Federal, existem 200 mil árvores em floração, 70 mil delas da coloração amarela

 

CIBELE MOREIRA

Publicação: 25/08/2020 04:00

Imponente, o ipê fica perto da Ponte JK
 (Fotos: Ed Alves/CB/D.A Press
)  

Imponente, o ipê fica perto da Ponte JK

 

Diogo Vilela e a família:  

Diogo Vilela e a família: "Todo ano, quando floresce, a gente faz pelo menos um registro. É uma flor muito bonita"

 

Quem não parou para admirar a beleza dos ipês no meio da correria do dia a dia? Tirar aquela tradicional foto ao lado das árvores que colorem o Distrito Federal virou marca registrada entre os brasilienses. Alguns colecionam várias fotografias de anos anteriores e não perdem uma floração, outros curtem apenas observar e há aqueles que têm a sorte de contemplar em frente de casa um jardim de ipês. O destaque deste fim de agosto é o ipê-amarelo, que tem colorido o horizonte seco, típico desse período na capital.
 
De acordo com a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), são mais de 200 mil árvores de ipê em floração no Distrito Federal. Destas, 70 mil são da coloração amarela. Segundo o chefe do Departamento de Parques e Jardins da Novacap, Raimundo Oliveira Silva, a floração dessa variedade começa em agosto e segue até o início de outubro.
 
“O ipê-amarelo é bem representativo. É o símbolo do Governo do Distrito Federal e é um dos que mais chamam a atenção pela beleza. Turistas costumam vir a Brasília para ver a floração do ipê, que se destaca na capital”, pontua Raimundo. Ele ressalta que um dos desejos do Executivo local é ter em torno de um milhão de ipês espalhados por todo o DF. Neste fim de ano, estão previstos o plantio de mais 60 mil árvores desta espécie, nas mais variadas cores.
 
Para o morador da 402 Norte, Diogo Vilela Ferreira, 31 anos, a floração do ipê fez com que a família saísse com o objetivo de registrar o colorido da tradicional árvore. Ao lado da esposa, Stephanie Ferreira, 31, e do filho Daniel, de um ano e meio, os três arranjaram um tempo do dia para apreciar a floração e fazer um registro. “Todo ano, quando floresce, a gente faz pelo menos um registro. É uma flor muito bonita”, ressalta ele,  que mora em uma quadra onde há várias árvores desta espécie. “Não dá para ver da nossa casa, mas é bem perto, então acaba sendo um passeio gostoso de fazer”, pontua.
 
Majestoso, na 402 Norte
 

Majestoso, na 402 Norte

 

 
 
O Alexandre Brasil, 45, teve mais sorte. Morador da 210 Norte, conta que da janela do apartamento dá para admirar um jardim de ipês das mais variadas cores. “É lindo demais. Aqui tem amarelo, roxo, branco. Sempre que posso, tiro um tempinho para apreciar. A gente tem de zelar mais das áreas verdes da cidade. Ficamos muito tempo na internet, dentro do apartamento, e não aproveitamos o mundo, a natureza”, pontua. “Antigamente as pessoas faziam questão de participar e plantar árvores nas áreas comuns. Algo que não vemos tanto ultimamente. Acredito que as plantas têm o poder de unificar as pessoas”, relata.
 
Dono de uma lanchonete na 202 Sul, Daniel Levoni Moura, 37, afirma que ter um ipê-amarelo em frente ao estabelecimento trouxe sorte para o negócio. “Muita gente para aqui na frente para tirar foto com a árvore e também aproveita para tomar uma água de coco, tomar um suco”, comemora. De acordo com ele, o ipê-amarelo representa a alegria da cidade. “É o símbolo de Brasília”, ressalta.
 
A biomédica Natasha Levoni, 32, enfatiza que o ipê traz vida para a cidade. “Nessa época do ano Brasília fica seca, é uma época muito triste. Então vem o ipê-amarelo e dá vida! Se destaca no meio da paisagem”, observa. Moradora do Lago Sul, ela conta que sempre que vê uma árvore desta espécie, que está com flor, ela se dá um tempo para apreciar e tirar ao menos uma foto. “Esses dias mesmo, estava comentando para o meu neném de um ano e meio sobre a floração do ipê-amarelo. Tenho até uma foto com ele todo de amarelo ao lado da árvore. Adoro essa foto”, relata.
 
Segundo Raimundo Silva, da Novacap, a região que concentra o maior número de árvores de ipê é o Plano Piloto, com mais de 100 mil árvores em floração. O Eixo Rodoviário que corta a Asa Sul e Asa Norte possui um grande número de ipês, além das entrequadras e da Esplanada dos Ministérios. A cidade agradece.
 
A beleza na Esplanada dos Ministérios
 

A beleza na Esplanada dos Ministérios

 

 
"O ipê-amarelo é bem representativo. É o símbolo do Governo do Distrito Federal e é um dos que mais chamam a atenção pela beleza. Turistas costumam vir a Brasília para ver a floração do ipê, que se destaca na capital”
Raimundo Oliveira Silva, chefe do Departamento de Parques e Jardins da Novacap
 
Alexandre Brasil e a festa da floração dos ipês: %u201CA gente tem de zelar mais das áreas verdes da cidade%u201D (Cibele Moreira/CB/D.A Press
)  
Alexandre Brasil e a festa da floração dos ipês: "A gente tem de zelar mais das áreas verdes da cidade."
 
60 mil
Número de ipês das mais variadas cores que devem ser plantados até o fim do ano

Correio Braziliense segunda, 24 de agosto de 2020

JUSTIÇA, POLÍCIA E VATICANO NA COLA DO PADRE ROBSON

Jornal Impresso

Padre Robson movimenta R$ 2 bilhões em 10 anos
 
 
Religioso é suspeito de liderar um esquema de lavagem de dinheiro doado por fiéis. A apuração do Ministério Público aponta compra de uma fazenda por R$ 6 milhões e de uma casa de praia, avaliada em R$ 2 milhões

 

» Renato Souza

Publicação: 24/08/2020 04:00

Alvo da Operação Vendilhões, padre Robson é acusado de usar a Associação Filhos do Pai Eterno, em Trindade (GO), em esquemas fraudulentos  (Danilo_Eduardo/AFIPE)  

Alvo da Operação Vendilhões, padre Robson é acusado de usar a Associação Filhos do Pai Eterno, em Trindade (GO), em esquemas fraudulentos

 



Investigações conduzidas pelo Ministério Público de Goiás apontam que a Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), com sede em Trindade (GO), conduzida pelo padre Robson de Oliveira, acusado de lavagem de dinheiro, movimentou R$ 2 bilhões em 10 anos. As diligências mostraram o recebimento de R$ 20 milhões em doações por mês e descobriram que parte dos recursos foi empregada na compra de fazendas e de uma casa de praia.

Em setembro do ano passado, dois representantes do Vaticano estiveram em Trindade para investigar a Afipe. A movimentação financeira em larga escala chamou atenção da Cúpula da Igreja Católica. Fontes informaram ao Correio que a entidade continua em contato com representantes da igreja no Brasil, e pode aplicar punições a depender do desfecho do caso. Uma das medidas estudadas é o afastamento do padre a vida eclesiástica.

Na semana passada, o líder religioso foi alvo da Operação Vendilhões, que investiga o uso de pelo menos R$ 120 milhões para a compra de artigos de luxo. Acatando o pedido do MP, a juíza Placidina Pires, da Vara de Feitos Relativos a Organizações Criminosas e Lavagem de Capitais, determinou a busca e apreensão em 16 endereços ligados ao padre Robson, inclusive na TV Pai Eterno, que transmite missas lideradas por ele em todo o país. A magistrada não atendeu ao pedido de prisão do padre.

Durante apuração do caso, o Ministério Público descobriu que a Afipe, responsável pela administração do Santuário Basílica de Trindade, negociava com empresas que tinham os mesmos donos e estavam localizadas no mesmo endereço da associação. Entre as movimentações suspeitas com uso do dinheiro de fiéis está a compra de uma fazenda, em Abadiânia, por R$ 6 milhões, e de uma casa de praia, avaliada em R$ 2 milhões. Parte dos recursos recebidos seria para a construção de uma segunda basílica, obra orçada em R$ 100 milhões, que deveria ficar pronta em 2022, mas foi adiada para 2026.

As negociações envolveram as empresas WKS Empreendimentos Imobiliários, Via Maia Administradora de Bens, KD Administradora de Bens e Terra Nobre Administradora de Bens, que tinham as mesmas pessoas em seu quadro de sócios e todas se localizam em um prédio na Avenida Jamel Cecílio, em Goiânia. De acordo com o Ministério Público, a KD Administradoras de Bens recebeu dezenas de pagamentos da Afipe, por meio de imóveis. Em todas as negociações, a entidade ligada à igreja teve prejuízos.

Em uma das situações, a Afipe teria vendido uma residência por R$ 1,35 milhão, mas o local estava avaliado em R$ 2 milhões e chegou a ser hipotecado por R$ 7,35 milhões. A Fazenda Serenata e Monjolinho, em Abadiânia, teria sido comprada pelo valor de R$ 6,3 milhões, em 17 de março de 2016, e vendida, mais de três anos depois, para a empresa Terra Nobre, pelo mesmo valor. “Forte nesses elementos, os promotores de Justiça sustentaram a existência de indícios da prática de crimes de apropriação indébita, organização criminosa e lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores pelos investigados”, descreve parte do despacho que autorizou a operação.

Afastamento

O padre Robson, de 46 anos, tem bastante influência entre os católicos nas redes sociais. No Facebook, a página dele tem 3,9 milhões de seguidores. Ele afastou-se da Afipe após a operação do Ministério Público. O religioso nega as acusações de fraude e diz que vai provar sua inocência. O afastamento do padre Robson foi comunicado pela Arquidiocese de Goiânia. Na nota, assinada pelo arcebispo de Goiânia, Dom Washington Cruz, a arquidiocese informa que a associação irá contratar uma “empresa idônea de auditoria externa, no sentido de ser realizada ampla e profunda apuração de documentos e dados relativos à Afipe”.

Em um vídeo publicado na internet, Robson afirmou que se afastou do comando da entidade para colaborar com as investigações. “Sempre estive e continuo à disposição do Ministério Público. Por isso, esse meu pedido de afastamento vai me permitir colaborar com as apurações da melhor forma e com total transparência para que seja confirmado que toda doação que fazemos ao Pai Eterno — terços rezados, o dinheiro doado, tempo, carinho, trabalho empregado na evangelização — foi toda, repito, toda empregada na própria associação Afipe em favor da evangelização”, disse.

O sacerdote alega que vem passando por uma “provação”. “O meu caminho nessa missão evangelizadora nunca foi fácil. Desde o início, como você bem sabe, sempre carreguei muitas cruzes”, completou. O advogado Pedro Paulo Medeiros, que atua na defesa do padre, afirmou que os imóveis citados na denúncia do MP fazem parte das aplicações da Afipe, cujo lucros foram destinados à construção da nova Basílica, à compra da TV Pai Eterno e de rádios e à construção de igrejas.

Correio Braziliense domingo, 23 de agosto de 2020

BRASÍLIA: EM BUSCA DA CIDADE INTELIGENTE

Jornal Impresso

Em busca da Cidade Inteligente
 
A criação da Subsecretaria de Tecnologias de Cidades Inteligentes e a aprovação da Lei nº 6.620 - que criou o Plano Diretor de Tecnologias da Cidade Inteligente - mostram avanço significativo do tema, mas a caminhada, segundo especialista, é extensa

 

» THAIS UMBELINO

Publicação: 23/08/2020 04:00

Uma das ideias é transformar o Setor Comercial Sul (ao fundo) em Zona de Desenvolvimento de Inovação e Tecnologia, tornando-o livre de regulamentação (Breno Fortes/CB/D.A Press - 23/12/17)  

Uma das ideias é transformar o Setor Comercial Sul (ao fundo) em Zona de Desenvolvimento de Inovação e Tecnologia, tornando-o livre de regulamentação

 

 
As discussões sobre o conceito de Cidades Inteligentes ganham destaque no Distrito Federal, mesmo durante a pandemia causada pelo novo coronavírus. Isso porque, com o isolamento social, o papel desempenhado pela tecnologia tornou-se evidente tanto no âmbito pessoal quanto no profissional. A recente criação da Subsecretaria de Tecnologias de Cidades Inteligentes pelo Executivo local representa um passo importante para reforçar o debate, mas, segundo especialistas, o processo para avanços significativos revela-se longo. “O tema de Cidades Inteligentes não é apenas uma prioridade, é um projeto em curso, no qual temos investido”, explica Luciano Cunha, subsecretário de Tecnologias de Cidades Inteligentes.
 
Segundo ele, o GDF tem um histórico de investimento em tecnologia no atendimento à população e pretende ampliá-lo. “O nosso sistema de pagamento de impostos é altamente digitalizado, com a possibilidade de o cidadão emitir guias de pagamento, realizar contestações, pedir ajustes, tudo digitalmente. Além disso, a área de segurança pública tem feito grandes investimentos em sistemas de monitoramento e no Centro Integrado de Operações de Brasília (Ciob), registro eletrônico de ocorrências, agendamento de atendimento, etc. A aprovação de alvará de construção, hoje, é feita em sete dias pela Central de Aprovação de Projetos (CAP)”, detalha Luciano.
 
Em junho, o governo sancionou a Lei nº 6.620, de autoria do deputado distrital Rodrigo Delmasso (Republicanos). A norma criou o Plano Diretor de Tecnologias da Cidade Inteligente (PDTCI) e estabeleceu medidas e projetos para estímulo ao desenvolvimento científico, à pesquisa, à inovação e à economia criativa no Distrito Federal. “A regulamentação trará segurança jurídica para que o setor produtivo, as instituições científicas e o governo possam interagir. Os investimentos feitos em ciência, tecnologia e inovação trazem retorno na forma de população mais bem qualificada, de empregos bem remunerados e melhor qualidade de vida”, diz.
 
Entre as ações estão o incentivo a um ambiente de geração de produtos, processos e serviços inovadores, o desenvolvimento de startups e de empresas privadas da área de tecnologia de informação, além de ações de suporte ao empreendedorismo e à transferência de tecnologias. “É um passo importante para que a gente tenha diversos órgãos do governo trabalhando em conjunto. As secretarias poderiam ter acesso único ao banco de dados dos cidadãos. O PDTCI é importante porque norteia uma nova estruturação no sistema de governo, com a utilização da tecnologia”, ressalta o subsecretário de Tecnologias de Cidades Inteligentes.
 
Segundo Luciano, o tema será discutido em etapas pela pasta e, futuramente, debatido pela sociedade. “Atualmente, iniciamos um levantamento de dados intragoverno para elaboração do PDTCI. Esse trabalho está sendo realizado seguindo as normas internacionais que tratam do tema de Cidades Inteligentes (Londres, na Inglaterra; Nova York, nos Estados Unidos; e Amsterdã, na Holanda são alguns exemplos de cidades que estruturaram esse tipo de sistema). Logo em seguida, trabalharemos com as diversas áreas do GDF para identificar as prioridades para investimento em tecnologia. O terceiro passo é um debate com a sociedade para identificar as prioridades e alinhar com as prioridades intragoverno. Após esse momento, passaremos para a implementação das tecnologias consideradas prioritárias”, afirma.
 
Mas, para tornar a realidade virtual possível no Distrito Federal, o caminho é difícil. Segundo o coordenador adjunto do curso de pós-graduação em Cidades Inteligentes do Centro Universitário Iesb, Sérgio Côrtes, há uma série de componentes necessários para possibilitar uma Cidade Inteligente. “A adoção de uma rede 5G é fundamental para aumentar a conectividade, que possibilita a interconexão digital de objetos cotidianos pela internet das coisas (veja Propostas)”, destaca o professor. Ele aponta, ainda, a necessidade de outras tecnologias. “Os softwares de big data analytics também são importantes, pois permitem a análise e a interpretação de dados coletados, identificando comportamentos e tendências da sociedade, ou seja, você pode juntar várias informações para uma avaliação mais assertiva. Outro fator é o blockchain, sistema de criptomoeda, que contém todas as transações processadas entre empresas, por exemplo”, acrescenta Sérgio.
 
Sandbox
 
Um dos temas em debate na Câmara Legislativa, pela Comissão de Desenvolvimento Econômico Sustentável, Ciência, Tecnologia, Meio Ambiente e Turismo, é a criação de um projeto de lei que torne o Setor Comercial Sul um território sandbox, ou seja, local livre de regulamentação para que empresas possam se estabelecer de forma experimental, sem se submeterem a regulamentações que restrinjam o funcionamento delas.
 
Segundo o deputado distrital Eduardo Pedrosa (PTC), presidente da comissão, o estudo permite que a área seja revitalizada. “Acredito que a gente tenha de tomar medidas avançadas na região para estimular empresas. Neste momento, o Setor Comercial Sul mostra que tem um potencial muito grande sendo desperdiçado”, comentou o parlamentar. Para ele, o papel da frente na Câmara Legislativa é de buscar novas oportunidades de crescimento da capital que fujam da agricultura e do concurso público. “A gente vê que o funcionalismo não tem mais condições de crescer em Brasília e que é necessário pensar, além dos setores industrial e agrícola, na tecnologia e no conceito de Cidades Inteligentes”, reforça.
 
Para o vice-presidente da Casa, Rodrigo Delmasso, a criação de empregos seria uma das consequências naturais a partir da implementação da tecnologia no local. “O Setor Comercial Sul foi uma referência comercial no DF e, hoje, está abandonado. Com o teste de novas tecnologias, é possível empregar mais pessoas, atrair empresas e, com isso, aumentar a arrecadação na capital”, apontou o deputado.
 
A proposta, porém, segue pendente enquanto não for aprovado o projeto de lei (PL) nº 399/19, que permite a criação de Zonas de Desenvolvimento de Inovação e Tecnologia — Regulatory Sandbox — a iniciativa faz parte do conceito de Cidades Inteligentes. O texto, de autoria da deputada Júlia Lucy (Novo), teve veto derrubado pela Casa em 4 de agosto e espera sanção do Executivo para entrar em vigor. Segundo a parlamentar, a proposta dá liberdade às empresas para criar, desenvolver e trazer conhecimento. “Atualmente, há tantas barreiras que dificultam o desenvolvimento de novos produtos. A gente tem um ambiente hostil, regulado, um aprisionamento de competência e de ideias. Estamos desperdiçando muitos talentos”, avalia Júlia Lucy. Obviamente, temos legislações que devem ser respeitadas. Não é que nenhuma lei ou regra se impõe. As empresas devem pedir autorização ao Poder Executivo para realizar qualquer tipo de teste no local”, detalha a distrital.


Propostas

» Confira algumas medidas tecnológicas aplicadas em Brasília, segundo a Subsecretaria de Tecnologias de Cidades Inteligentes:
 
» Digitalização de atendimento ao cidadão
 
» Wi-fi Social, com acesso gratuito em pontos da cidade
 
» Carros elétricos compartilhados
 
» Acompanhamento em tempo real de horários e trajetos de ônibus

» Aplicativo e-GDF, que oferece serviços e informações dos órgãos do DF
 
» Serviços de saúde, para marcação de exames e realização de prontuário eletrônico
 
» Terminais de autoatendimento do Na Hora em estabelecimentos comerciais
 
 
Propostas em discussão para implantação 
 
» Sistema de iluminação com wi-fi e câmeras capazes de identificar situações de risco e identidades automaticamente
 
» Estruturação, pela Secretaria de Educação, de oferecer atendimento remoto aos alunos para além da pandemia

» Parceria com startups para fornecer propostas à população baseadas nas informações disponibilizadas pela Lei da Transparência


Palavra de especialista


“Uma Cidade Inteligente também deve ter transparência”

“O uso da tecnologia pode, sim, dinamizar uma série de serviços públicos para os cidadãos. Uma Cidade Inteligente, na concepção plena do termo, deve proporcionar que muitos dos seus serviços sejam executados por meios digitais. Isso também significa acesso de um maior número de pessoas à internet. Por isso, além de pensar em oferecer serviços digitais de qualidade dentro da sua estrutura, e que seja de fácil utilização, é preciso pensar em como garantir conexão de acesso à internet para as pessoas, especialmente, naquelas áreas onde o mercado não tem interesse comercial, geralmente, locais de baixo IDH. Nesse sentido, possibilitar pontos públicos de acesso que funcionem é uma política pública que também está inserida na agenda de uma cidade que se pretende ser inteligente. Agora, um ponto importante: uma Cidade Inteligente também deve ter transparência e garantir para os cidadãos um tratamento de dados pessoais adequado, com segurança e manutenção da privacidade. Sem regras claras de tratamento de dados e de manutenção da privacidade das pessoas, as Cidades Inteligentes podem se tornar grandes arenas de vigilância e, com isso, tornar a tecnologia um malefício”.
 
Marcos Urupá,
doutorando e pesquisador do Laboratório de Políticas de Comunicação (LaPCom) da UnB
 

Correio Braziliense sábado, 22 de agosto de 2020

AGRICULTURA CELEBRA BOA SAFRA DE GRÃOS

Jornal Impresso

Agricultura celebra a boa safra de grãos
 
Mesmo com a pandemia da covid-19, a previsão é de que os produtores do Distrito Federal façam a colheita de 859 mil toneladas, cerca de 24 mil toneladas a mais do que no ano passado. Agora, é a vez de apanhar milho, feijão, trigo e sorgo

 

» MARIANA MACHADO

Publicação: 22/08/2020 04:00

Colheita de milho no Distrito Federal: 20% do grão viram ração para animais e 80% seguem para o Espírito Santo, segundo produtores rurais locais (ED Alves/CB/D.A Press)  

Colheita de milho no Distrito Federal: 20% do grão viram ração para animais e 80% seguem para o Espírito Santo, segundo produtores rurais locais

 

 
Em meio à seca que castiga o cerrado, brota da terra vermelha o alimento que servirá para milhares de famílias e até a pecuária. É tempo de colheita de grãos no Distrito Federal, e os produtores arregaçam as mangas para ver o resultado do plantio de milho, feijão, trigo e sorgo. Dos mais de 345 mil hectares de área agricultável, cerca de 47% (162,4 mil ha) são destinados a essas culturas, a maioria situada nas proximidades da bacia do Rio Preto, o que inclui os núcleos rurais Rio Preto, Jardim Tabatinga, PAD-DF e Taquara, como explica Marconi Moreira, gerente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF (Emater).
 
Segundo ele, são cerca de 200 produtores dedicados ao cultivo de grãos, todos otimistas com a safra deste ano. “O clima contribuiu muito. Choveu bem, e isso é tudo para nós. São Pedro quebrou o galho e, quando isso acontece, melhora tudo aqui embaixo”, explica. Para este ano, espera-se colher 859 mil toneladas de grãos no DF, de acordo com o último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em 11 de agosto. No mesmo período do ano passado, o órgão registrou colheita de 834,8 mil toneladas.
 
A previsão positiva contraria os demais setores da economia, em crise desde o início da pandemia causada pelo novo coronavírus. O secretário de Agricultura, Candido Teles, conta que foi possível realizar o plantio com normalidade. “Quanto aos preços, eles até melhoraram, em função das conjunturas nacional e mundial, pois o dólar subiu e, como boa parte dos nossos produtos agrícolas são commodities, como soja e milho, elas foram valorizadas”, detalha. O agricultor, agora, deve estar atento à compra de insumos, que estão mais caros devido à alta do dólar.
 
O secretário destaca os investimentos em equipamentos modernos como fundamentais para os bons resultados. “Os nossos produtores utilizam tecnologia de ponta na hora do plantio e da colheita, ajudando a garantir maiores produtividades e ganho econômico”, ressalta Candido.
 
É o que tem feito William Matte, 29 anos. Ele investiu em obras com pivôs rotativos, sensores nos campos para avaliar as necessidades do solo, além de máquinas que fazem colheita, limpeza e separação de grãos. “Embora haja toda essa crise de saúde, a gente percebeu que é indispensável que se produza alimento com segurança”, afirma. Na avaliação dele, será possível sair melhor da pandemia. “O nível de conhecimento aumentou muito. Não somos mais produtores rurais, mas empresas rurais. Eu não preciso mais estar na lavoura para jogar água. Com um aplicativo, vejo todas as necessidades da plantação e envio o comando para irrigar.”
 
Para este ano, William espera colher cerca de 250 hectares de milho, 155ha de feijão e 66ha de trigo. “Cerca de 20% do milho ficam aqui no DF e viram ração para os animais. Os outros 80% vão para o Espírito Santo. Metade da produção de feijão vai para o Nordeste e metade, para São Paulo. E o trigo fica todo aqui, para produção de farinha”, revela.

Jair Pelicioli, gerente da fazenda no núcleo rural Rio Preto:  

Jair Pelicioli, gerente da fazenda no núcleo rural Rio Preto: "Não paramos, o serviço continuou"

 



William Matte também cultiva trigo: investimento em tecnologia para melhorar o plantio (ED Alves/CB/D.A Press)  

William Matte também cultiva trigo: investimento em tecnologia para melhorar o plantio

 

 
Livre de doenças
 
Na fazenda do agricultor Hélio Dal Bello, 71, foi colhido feijão e trigo sequeiro, variedade alternativa para o cerrado. Agora, é a vez do milho e, em setembro, de mais uma parte do trigo, que está em processo de amadurecimento. “No ano passado, colhi cerca 1,4 mil quilos por hectare, de trigo. Esse ano, será em torno de 2 mil. Nós fazemos a nossa parte, mas somos diretamente dependentes do clima. Esse ano, como foi mais frio, não deu doença na plantação, o que pode ser um terror. No ano passado, foi quente e com chuva, ou seja, um desastre.”
 
Ele também está confiante para a produção do milho. “Estou colhendo 7 mil quilos por hectare. Calculo que isso vá dar umas 11,9 mil toneladas, sendo que 60% da minha produção eu já vendi para exportação. O restante ficará no mercado interno”, comemora. “O DF é a melhor região para cultivo de grãos. Falta um pouco de água, mas é excelente. Aqui dá para plantar tudo. A altitude também ajuda”, garante o produtor.
 
A lavoura fica no núcleo rural Rio Preto, a cerca de 40km do Paranoá. Jair Pelicioli, gerente da fazenda, explica que, neste ano, foi possível plantar quatro variedades do feijão-carioca, sendo que metade foi colhida. Ele detalha que, como as chuvas atrasaram, a colheita, que, normalmente, seria em julho, ocorre agora. “Mas, fora isso, foi tudo normal. Nós não paramos, o serviço continuou”, destaca. Depois de tudo ser colhido, é a vez das plantas de cobertura, que vão preparar o solo, evitar erosões e, só então, poderá vir a próxima safra, de soja.
 
Alta demanda
 
Na avaliação de alguns produtores, a crise causada pela covid-19 também teve reflexos positivos economicamente. O produtor Leonardo Boareto prevê a colheita de 55 sacos de feijão (de 60kg, cada) por hectare em 2020. “Eu diria que o consumo per capta está mais alto nesta pandemia, porque o arroz com feijão tem tido mais demanda, e a oferta está mais restrita. Dessa forma, o preço deve ficar sustentado por um bom período de tempo”, analisa.
 
No DF, a maior parte dos produtores opta pelo tipo carioca, com maior demanda nacional. “A pandemia subiu a taxa de câmbio em dólar, e isso beneficiou as culturas exportadas, caso do trigo e do milho”, pondera. “No caso do feijão, a maior parte da produção é consumida localmente, então, a taxa de câmbio teve pouca influência. Mas o consumo aumentou, porque, como as pessoas ficaram em casa, passaram a preparar mais as refeições; por isso, a opção foi pelo arroz e feijão, que são mais nutritivos e baratos.”


Expectativa de produção para 2020
A Conab fez uma estimativa de quanto será colhido, em toneladas, neste ano:
 

No detalhe

11,1 mil
Total de produtores rurais no DF

404 mil hectares
Tamanho da área rural, o que corresponde a 70% do DF

345 mil hectares 
Espaço de área agricultável

162,4 mil hectares
Quantidade de terra usada no cultivo de grãos

Fonte: 
Emater/DF
Produto - Colheita
 
» Milho - 481,6 mil
» Feijão - 39,6 mil
» Sorgo - 35,7 mil
» Trigo - 11,0 mil

Correio Braziliense sexta, 21 de agosto de 2020

VASCO É O NOVO LÍDER DO BRASILEIRÃO

Jornal Impresso

VASCO E O NOVO LÍDER DO BRASILEIRÃO
 
Nau de vento em popa
 
Vasco goleia Ceará e assume a liderança com um jogo a menos. Oportunismo do centroavante Germán Cano e boa fase de Fellipe Bastos comandam triunfo. O time cruz-maltino não era o primeiro desde 2012

 

Publicação: 21/08/2020 04:00

O centroavante argentino está impossível: Cano é um dos quatro artilheiros do Campeonato Brasileiro com três gols. Ele chegou a 12 na temporada (Rafael Ribeiro/Vasco.com
)  

O centroavante argentino está impossível: Cano é um dos quatro artilheiros do Campeonato Brasileiro com três gols. Ele chegou a 12 na temporada

 

O Vasco é líder do Campeonato Brasileiro pela primeira vez desde a quinta rodada da edição de 2012. Naquela edição, o time comandado por Cristóvão Borges teve 100% de aproveitamento nas quatro primeira exibições. O técnico Ramon Menezes pode, sim, repetir o feito após o imponente triunfo de ontem por 3 x 0 diante do Ceará, no Castelão. Germán Cano deu início ao triunfo. Fellipe Bastos ampliou e Ribamar fechou a goleada sobre o campeão da Copa do Nordeste. No início deste mês, o Vozão bateu o Bahia nos dois confrontos da decisão.
 
Cano continua impossível. Divide a artilharia da Série A com o companheiro de time Fellipe Bastos e mais Paolo Guerrero e Marinho. Todos balançaram a rede três vezes na largada da competição. Cano aumentou a coleção pessoal para 12 na temporada. O Gigante da Colina fez 19 em 2020.
 
Méritos também para Ramon. O técnico cruz-maltino ainda não perdeu em cinco jogos oficiais nem amistosos à frente do time do qual é ídolo. No domingo, ele defenderá o primeiro lugar contra o Grêmio, às 16h, em São Januário. Vale lembrar que a equipe carioca tem uma partida a menos. A estreia contra o Palmeiras foi adiada devido ao choque de datas com a final do Paulistão.
 
O volante Andrey era um dos mais contentes depois da partida. “Grande vitória, fruto de muito trabalho, dedicação. Estamos empenhados em busca de um único objetivo. Foi um jogo muito difícil. A equipe deles é muito qualificada. Parabenizar o grupo pela garra. Tem muita competição pela frente, vamos continuar lutando”, afirmou.
 
O lateral-direito Cláudio Winck festejou a volta ao time titular após superar lesão. “Foi um caminho longo. Mas eu sempre acreditei, sempre trabalhei muito. Para falar a verdade, no fim estava quase desistindo. Mas, se depender de mim, não vai faltar nada nunca. Vou agarrar a oportunidade da melhor forma possível”, emocionou-se.
 
Demissões
A quarta rodada tem dois técnicos desempregados. O Coritiba demitiu Eduardo Barroca depois do revés 3 x 1 para o Corinthians. Ney Franco saiu do Goiás após perder do Fortaleza na quarta. Alberto Valentim deve assumir. 

Correio Braziliense quinta, 20 de agosto de 2020

PORTAS ABERTAS EM MEIO À CRISE

Jornal Impresso

 

Portas abertas em meio à crise
 
Mesmo durante a pandemia e o isolamento social, brasilienses mostram empreendedorismo e abrem os próprios negócios. De 17 de março a 17 de agosto, 24.716 empresas iniciaram as atividades no DF. Vendas, vestuário e alimentação são destaques

 

» CAROLINE CINTRA
» ANA CLARA AVENDAÑO*

Publicação: 20/08/2020 04:00

Alan e João Gabriel inauguraram a Beijú, na 209 Sul, na pandemia (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  

Alan e João Gabriel inauguraram a Beijú, na 209 Sul, na pandemia

 


Apesar dos impactos negativos na economia causados pela pandemia do novo coronavírus, a abertura do negócio próprio continua sendo uma alternativa para a geração de renda, principalmente para quem busca driblar o desemprego. Dados da Junta Comercial, Industrial e Serviços do Distrito Federal (Jucis) mostram que, de 17 de março — quando começaram a ser adotadas as medidas preventivas contra a covid-19 — até 17 de agosto, 24.716 empresas iniciaram as atividades no DF. Dessas, 19.368 são de microempreendedores individuais (MEIs). No mesmo período do ano passado, esse número foi 5,6% maior, com um total de 20.517 MEIs. À época, foram 26.448 novos empreendimentos.
 
Entre os setores que mais cresceram desde o início do isolamento social estão promoção de vendas, varejista de vestuário e acessórios, fornecimentos de alimentos para consumo domiciliar, restaurantes e similares e cabeleireiro, manicure e pedicure. O levantamento mais recente da Jucis aponta que, até 5 de julho, o Plano Piloto foi a cidade que mais recebeu novos negócios, com 2.497. Em seguida, aparecem Ceilândia (2.318), Taguatinga (2.048), Samambaia (1.476) e Guará (1.223).

A empresária Layanne vende peças de roupas femininas nas redes sociais:  

A empresária Layanne vende peças de roupas femininas nas redes sociais: "Desafiador a cada dia"

 

Superintendente do Sebrae no DF, Antônio Valdir ressaltou que, ao longo do tempo, mudou o perfil de carreira profissional do brasiliense. Antes, o sonho era construído em cima da esperança em alcançar uma vaga no serviço público. Hoje, o empreendedorismo bate mais forte. “Quem saiu da universidade nos últimos 5 anos é de uma geração que tem o empreendedorismo como alternativa”, explicou. A crise, no entanto, impulsionou parte dessas pessoas que desejam ter o próprio negócio. “Costumo dizer que, na crise, o empreendedorismo sai da mão do acomodado e vai para a mão daquele que se ajustou ao mercado. A crise sempre é um bom momento”, afirmou.
 
De acordo com Antônio Valdir, dois pontos são importantes para quem quer ter boa chance e sucesso. A primeira é identificar-se com o segmento enquanto vocação, principalmente para o pequeno empreendedor. “Ele é o que faz tudo. Vende, compra, atende. Se não tiver identidade, não vai suportar estar dentro do negócio. Por exemplo, uma pessoa vai montar um pet shop, mas não gosta de animais. Como vai ficar nisso?”, questionou o superintendente do Sebrae. O segundo passou é conhecer e preparar-se para o mercado, assim, terá mais oportunidades.

Ludmilla abriu o Dona Zuca, na 309 Norte: aposta no serviço de entrega para manter o faturamento (Arquivo Pessoal)  

Ludmilla abriu o Dona Zuca, na 309 Norte: aposta no serviço de entrega para manter o faturamento

 



Sonho
Moradora de Samambaia e formada em administração, a empresária Layanne Araújo, 28 anos, sempre sonhou em abrir o próprio negócio. Na infância, tinha facilidade para criar roupas de bonecas. Em 2017, abriu o Dlaychic Boutique, mas, como trabalhava no setor hoteleiro, não tinha tempo para atender às clientes e fechou a empresa. Como a pandemia afetou o ramo no qual prestava serviço, foi dispensada em março. Segundo ela, ali nascia a oportunidade de empreender novamente.
 
Em 7 de maio, ela comprou mercadoria, começou a usar um quarto cedido pela sogra dela, em Samambaia, montou a loja e divulgou as peças de roupas femininas nas redes sociais. “O meu negócio vem dando certo, e eu sempre vou dizer que ele só prosperou porque eu acreditei nos meus sonhos e que Deus me permitiu viver o extraordinário, mas tem sido desafiador a cada dia”, disse Layanne.
 
Donos da lanchonete Beijú, na 209 Sul, Alan Marzola, 35, e João Gabriel Amaral, 27, iniciaram uma reforma no espaço em 10 de janeiro. A ideia era inaugurar em poucos meses. Porém, a obra acabou no meio da pandemia. “Ficamos receosos, mas decidimos começar a funcionar mesmo assim, com as vendas por aplicativo. Ficamos sem saber como seriam os próximos dias, se os comércios abririam. Quando voltaram, vimos que funcionou e está dando tudo certo, tanto que abrimos uma segunda unidade na Asa Norte”, contou Alan.
 
Risco
Doze dias antes de o GDF anunciar o fechamento do comércio, a empresária Ludmilla Moura, 31, abria as portas do Dona Zuca, na 309 Norte, uma lanchonete inspirada em casa de vó, como ela diz. Antes, Ludmilla trabalhava com encomendas de bolos e salgados em uma sobreloja, na Asa Norte. Quando decidiu abrir um espaço para receber os clientes, veio a pandemia. “Eu sempre fui muito insegura. Achava que não daria conta de atender à demanda. Até que, um dia, a minha sogra disse que, se eu esperasse a situação perfeita, eu nunca abriria a minha loja. Todos entraram nesse sonho comigo. Mas logo precisamos baixar as portas”, lembrou.
 
Mesmo assim, a empresária não pensou em desistir. “Em comparação com aqueles 12 dias que funcionou, o faturamento caiu 70%. O movimento caiu. Agora, as pessoas estão começando a se sentir seguras ao sair de casa. Para manter, tivemos de nos reinventar e voltamos para os trabalhos de entrega. Esperamos nos recuperar para o negócio não entrar em depressão. Ainda não conseguimos”, contou.


Correio Braziliense terça, 18 de agosto de 2020

RESPIRO PARA OS CONCURSEIROS

Jornal Impresso

Respiro para concurseiros
 
Suspensão dos prazos de concursos do DF, aprovada pela Câmara Legislativa, faz parte de estratégia de contenção de gastos em meio à crise sanitária causada pela pandemia do coronavírus. A norma agora precisa da sanção do governador

 

» THAIS UMBELINO
» Colaborou Alexandre de Paula

Publicação: 18/08/2020 04:00

A advogada Ana Carolina Hadad está entre os 125 aprovados no concurso da Defensoria Pública do DF e aguarda ser chamada (Arquivo Pessoal)  

A advogada Ana Carolina Hadad está entre os 125 aprovados no concurso da Defensoria Pública do DF e aguarda ser chamada

 

A pandemia do novo coronavírus impactou a nomeação de aprovados em concursos públicos na capital federal. Sem previsão de serem chamados, a maioria temia ter desperdiçado o esforço concentrado nos estudos e perder a chance de ocupar as vagas conquistadas. Para evitar que isso ocorra e conter gastos com as contratações, o Governo do Distrito Federal encaminhou, e a Câmara Legislativa aprovou projeto de lei que suspende o prazo de validade dos certames homologados e em vigência enquanto durar a crise sanitária. As seleções, portanto, terão o limite máximo de quatro anos respeitado, mas sem contar o período de pausa — no total, são 43.697 aprovados.
 
O texto foi aprovado por unanimidade na Casa na última semana e segue para sanção do governador Ibaneis Rocha (MDB), que deve ocorrer nos próximos dias. “É uma boa notícia para os concursados do Distrito Federal, porque dá esperança, e, para o Estado, é uma economia, pois não haverá necessidade de fazer novos concursos”, afirma o secretário de Relações Parlamentares do DF, Bispo Renato.
 
A medida deve abranger concursos vigentes para 158 especialidades, em 11 órgãos do GDF, e tem como objetivo resguardar os direitos dos candidatos aprovados e evitar prejuízos financeiros à administração pública com novos certames. “Com a suspensão dos prazos por meio de lei, haverá maior segurança jurídica, evitando a judicialização de demandas sobre o tema”, informou, em nota, a Secretaria de Economia.
 
O projeto aprovado pela Câmara Legislativa garante a nomeação de aprovados para reposições decorrentes de exoneração, aposentadoria, morte ou perda do cargo. O controle da vacância é de responsabilidade de cada órgão ou entidade de lotação do servidor.
 
A proposta está em consonância com a Lei Complementar sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro, que impede estados, DF e municípios de fazer novas contratações até 31 de dezembro de 2021. Para o presidente do Conselho Regional de Economia do DF, César Bergo, os impactos econômicos positivos serão sentidos em um primeiro momento pelo Estado, mas a recuperação total só será efetiva com a retomada dos processos seletivos.
 
“O efeito com a suspensão dos concursos em âmbito federal é muito grande e, na capital, não é diferente. Essa ótica de fazer concursos anualmente renova e mantém a máquina pública funcionando”, destacou. Outra consequência da retomada posterior será percebida na cadeia produtiva, para o especialista. “Todas as etapas de um concurso envolvem diversos fatores e pessoas que movimentam a economia, desde cursos preparatórios a logística dos certames”, complementou.
 
Para o deputado distrital Claudio Abrantes (PDT), líder do governo na Câmara Legislativa, a perspectiva é de que a retomada de concursos e nomeação só ocorra após o controle da crise sanitária. “O momento pós-pandemia vai depender muito da ação do Estado, e acredito que, no primeiro momento, a área de desenvolvimento social receba uma atenção maior. Mas o DF vai continuar fortalecendo os concursos públicos”, avaliou. Abrantes foi um dos articuladores com o GDF para que o Executivo encaminhasse a proposta à Casa com rapidez. No início da pandemia, o parlamentar chegou a elaborar um texto que previa a suspensão dos prazos, mas o entendimento final era de que a matéria precisava ser encaminhada pelo governo, para que não houvesse vício de iniciativa.
 
Espera
Aprovado na Polícia Militar do Distrito Federal em 2019, Fernando Cardoso, 27 anos, comemorou a retomada do calendário do último certame, de 2018. “Minha turma tinha sido chamada em julho para começar o curso de formação, previsto para 1º de setembro. Quando recebi a notícia da suspensão da validade do prazo dos concursos, no início, fiquei com medo de afetar o andamento do concurso da PMDF. Depois, percebi que era algo positivo, pois não impactaria no chamamento do concurso”, contou. Desempregado há um ano, uma oportunidade assim é chance de mudar de vida, avalia. “Gera muita expectativa para quem está esperando. Ainda mais com a pandemia, em que fica difícil arranjar emprego”, observou.
 
A advogada Ana Carolina Hadad, 30, está entre os 125 aprovadas no concurso da Defensoria Pública do Distrito Federal e é representante da comissão de aprovados do certame. Do total, 105 não foram nomeados e esperam a possibilidade de uma vaga. “A Defensoria, hoje, não tem cargos criados vagos para preencher, mas existe um deficit no DF e há a expectativa, porque se pleiteia com o Executivo e o Legislativo uma lei para abrir mais”, explica. A medida que suspende os prazos, na avaliação dela, é positiva, mas deveria levar em conta especificidades de algumas áreas. “Ela traz benefícios, porque não está havendo nomeações nesse período, mas a Constituição prevê que, até 2020, existam defensores públicos em todas as comarcas. Com essa medida, o prazo vai ficar muito curto.”
 
De acordo com o professor Arthur Lima (leia Três perguntas para) apesar do impacto nas contratações, o Distrito Federal ainda é um local de oportunidade para os candidatos. “Os concursos da área da segurança pública têm tido grande destaque recentemente”, apontou. “Entretanto, é importante lembrar que, para atuar em qualquer área, especialmente na segurança pública, é fundamental que o candidato tenha um mínimo de identificação com a atividade a ser desempenhada”, frisou o especialista.
 



Três perguntas para

 (Arquivo Pessoal)  


 Arthur Lima,
 coordenador da Direção Concursos


Por que, na prática, a medida não prejudica os concursos que estavam previstos para este ano?
Essa medida suspende a contagem do prazo de validade dos concursos que já ocorreram e ainda estão válidos. Esta não é a situação dos concursos que estavam previstos ou em andamento este ano, como TCDF, PCDF e outros, pois todos eles já esgotaram o seu prazo de validade. Desta forma, a medida não os afeta diretamente.
 
Como o senhor avalia o cenário da capital em relação aos concursos públicos? Brasília ainda é um local de oportunidades ou está chegando ao limite de vagas? Há locais com deficit de pessoal?
É preciso reconhecer que já tivemos, em outros momentos, uma oferta mais abundante de concursos públicos, tanto no Distrito Federal quanto em âmbito nacional. Ainda assim, é preciso lembrar que atualmente temos ótimas oportunidades em andamento no Distrito Federal, como o concurso da Polícia Civil, que totaliza 2,1 mil vagas, bem como os concursos do Tribunal de Contas e da Adasa (Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do DF). Temos ainda outros concursos autorizados, como é o caso da Polícia Penal e da Secretaria de Educação. Destaco ainda que a lei de diretrizes orçamentárias para 2021 foi aprovada com uma previsão de mais de 20 mil nomeações no serviço público do Distrito Federal.
 
Existem áreas que o senhor aconselha maior dedicação dos concurseiros? Qual conselho dá hoje para quem tem interesse em ocupação pública?
Aqui no Distrito Federal, temos a Polícia Civil com previsão de 2,1 mil nomeações, além do concurso autorizado para a Polícia Penal, com previsão de até 1.179 convocações. Os candidatos que se interessam pela área da segurança também podem aproveitar os concursos em âmbito nacional, como é o caso da Polícia do Senado, que também está autorizado e tem remuneração acima de R$ 19 mil por mês; o do Departamento Penitenciário Nacional, cujo edital já foi publicado com 309 vagas; o da Polícia Federal, cujo concurso com 2 mil vagas foi autorizado, e da Polícia Rodoviária Federal, que prepara um novo concurso e solicitou 2,6 mil vagas. No médio prazo, podemos ter ainda oportunidades no TJDFT, na Polícia Militar, no Detran, entre outras.



Em pausa

Confira a lista de concursos que devem ter prazos suspensos após a sanção da medida:
 
» Corpo de Bombeiros
 
» Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (Codhab)
» Fundação Hemocentro
» Polícia Militar
» Secretaria da Criança
» Secretaria de Estado do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos
» Secretaria de Educação
» Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão
» Serviço de Limpeza Urbana (SLU)
» Secretaria de Segurança Pública
» Defensoria Pública do DF
Fonte: Secretaria de Economia

Correio Braziliense segunda, 17 de agosto de 2020

FAÇA SUAS LIVES E PODCASTS

 

Faça suas lives e podcasts!
 
 
Com crescente impulso pela pandemia, lives e podcasts têm técnicas e mandamentos analisados por especialistas

 

Ricardo Daehn

Publicação: 17/08/2020 04:00

Imagem de um estúdio da Cidade (João Barroso/Divlgação)  

Imagem de um estúdio da Cidade

 

 
O produtor de lives Abder Paz enfatiza conceitos que aprimoram lives: sensibilidade e conhecimentos 
técnico de 
criação 
audiovisual (Arquivo pessoal)  

O produtor de lives Abder Paz enfatiza conceitos que aprimoram lives: sensibilidade e conhecimentos técnico de criação audiovisual

 

 
Ana P. Araújo: diretora que democratiza o acesso à criação de lives (Livia Vanessa Mariano/Divlgação)  

Ana P. Araújo: diretora que democratiza o acesso à criação de lives

 

 
 
 
Escalado para liderar uma oficina realizada pelo Festival Taguatinga de Cinema, em agosto, o produtor cultural Abder Paz guarda ensinamentos que valem ouro para aqueles interessados na criação de lives caseiras e ainda das profissionais. Tudo sem muito mistério já que ele garante ser possível capacitar pessoas que têm apenas um celular e, claro, aquelas dispostas a adquirir equipamentos profissionais. “A produção de live teve um crescimento exponencial devido à pandemia. A produção de live se diferencia da produção televisiva, em geral, porque é fundada em um pilar importante: a interação com o publico. Num momento como o atual, de isolamento social, existe uma necessidade de interação. É um aspecto fundamental na transmissão ao vivo, as várias possibilidades de interação ou via chat, via inbox ou até mesmo, como nos referimos no teatro, ao rompimento da quarta parede”, comenta Abder.
 
Na aventura pelo mundo das lives, o requisito mínimo é ter um aparelho de telefone ou computador e conexão à internet. “A composição de uma boa transmissão ao vivo joga com conceitos de sensibilidade e conhecimentos técnico de produção audiovisual como luz, enquadramento e captação de áudio”, observa Abder. Mesmo os celulares simples trazem possibilidade de cumprir a meta de obter uma live de qualidade. Pesa a forma na qual um conteúdo será apresentado, e claro, o como realizar a comunicação.
 
Abder chama a atenção para o conteúdo diversificado em que canais englobam temas desde um passo a passo (ou tutorial) a análise empírica de produtos, sem contar, claro, shows: tudo passível de ser disposto em live. “Eu mesmo gosto de aprender algo novo ou ver se determinado produto funciona, a partir da avaliação e atestado de outras pessoas. O importante é pensar e organizar o pensamento de maneira a realizar a produção com resultados bacanas”, comenta Abder, dotado da facilidade de ser ator (por formação) em frente às câmeras.
 
Afora a espontaneidade, ele explica que a escolha do ambiente e plataforma para realizar o streamer são fatores determinantes. “Cada plataforma tem especificidades com tipos de enquadramentos ou complementos gráficos que podem ser utilizados, filtros e outros; daí a escolha do formato ser fundamental”, explica.
 
Rede democrática
 
Com barateamento da comunicação via lives, a coordenadora e diretora da produtora independente Trupe do Filme, Ana P. Araújo, percebeu dividendos, em meio à pandemia, para adaptar a experiência anterior de lives dedicadas a promoções institucionais. “A cultura se movimentou por apoios coletivos. Sem estrutura, os artistas ficaram meio parados. Pelas lives, ampliamos aprendizados e investimos em cenários e na mescla de personalidades como Márcia Tiburi e Japão, trazendo apoio para artistas locais como Nega Lu, que apresentou um sarau cultural, em live, de bastante sucesso”, explica Ana.
 
Entre um cardápio de possibilidades que vão de lives de festas (com presença de DJ), a lives de exibições de galerias, passando por lives de adesão massiva, como as de Gustavo Lima e Marília Mendonça, a opção da Trupe do Filme alavancou público de 5000 pessoas interessadas nos produtos em que a “criatividade salva”. “É um formato diferenciado, com o qual o público tem adquirido familiaridade. Com a linguagem da novela, por exemplo, nós estamos acostumados desde criança. Live é novo: atinge e cria novos públicos. Depende de com quem queira falar, e há ainda a possibilidade de retransmissões em espaços virtuais complementares”, observa a diretora.
 
Além de qualidade do bom papo transmitido pela live e mesmo de contribuições artísticas, Ana aumenta o elencar de fatores desejáveis numa live: boa sincronia de áudio (sem chiados), capricho na iluminação e no cenário, e, aprimorando patamares, ao menos duas câmeras em uso. Na equipe da Trupe do Filme, há nove pessoas em cargos que vão da direção de produção, diretor de fotografia, direção (de programa), roteiristas e, editores para a transmissão, além de uma câmera e do responsável pela iluminação.
Ao menos quatro profissionais garantem a live profissional. “O que importa é as pessoas se apropriarem e irem fazendo, mesmo os que não têm a estrutura. O que interessa é fazer chegar reflexão para quem está em casa, assistindo. Ah! Uma internet boa, de pelo menos 30 megas de upload, é indispensável”, conclui.
 
 
» Dicas para boas lives
 
Escolha sempre um lugar iluminado (perto de janela, por exemplo). Você quer ser visto, não?
 
Entender das particularidades do conteúdo pretendido (se será um debate, um registro de teatro, de música) e perceber que, por exemplo, num debate em que, à distância, participem convidados, a captação de som será responsabilidade de cada um; ao passo em que, numa performance, há necessidade de foco em microfones precisos e potentes.
 
Interação é a base de uma live: mas, há exceções. Administrando conteúdo político, e por diversas outras razões, é aconselhável desligar o canal, para evitar embates públicos (de discordantes exaltados). Haters e ataques públicos nunca são bons convidados.
 
Numa oficina ou palestra, há expectativa dos participantes de interagirem e, claro, de prontas respostas.
 
Plataformas como Zoom e Jipsi permitem gravações que facilitam, em grupos restritos, aprendizado (no caso dos cursos).
 
Plataformas são um diferencial de lives. Há quem transmita direto das redes sociais (com limitações de recursos). Com mais possibilidades, o site on-line streamingyard (aproveitável no YouTube e no Facebook) ofertam possibilidades de fundos diferenciados e inclusões de animações. Bem mais completo, o OBS (software livre) precisa ser baixado, mas rende muito controle e adereços extras bem atrativos para usuários.

 


Correio Braziliense domingo, 16 de agosto de 2020

VACINA - VOLUNTÁRIOS DA ESPERANÇA

Jornal Impresso

Voluntários da esperança
 
 
Profissionais da saúde do Distrito Federal que atuam no combate à covid-19 decidiram fazer parte das experiências na luta contra a doença. Conheça as histórias desses trabalhadores que estão na linha de frente no combate à pandemia

 

» ALAN RIOS
» SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 16/08/2020 04:00

CoronaVac está sendo testada no Distrito Federal e em outras cinco unidades da Federação (Ed Alves/CB/D.A Press)  

CoronaVac está sendo testada no Distrito Federal e em outras cinco unidades da Federação

 



Tentar fazer mais do que o máximo possível. Se esforçar mesmo na exaustão. Esses foram os sentimentos que moveram 10 profissionais da saúde do Distrito Federal a participar de um projeto de importância mundial. Médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas que estão na linha de frente do combate ao novo coronavírus se voluntariaram para participar dos testes da vacina CoronaVac, contra a covid-19, mesmo sabendo dos riscos de um produto ainda em experimentação e abrindo mão das poucas horas disponíveis na semana entre as jornadas de trabalho (leia Saiba mais). Por trás da escolha de se submeter a uma bateria de exames e ensaios, estão histórias de pessoas que encontraram na área da saúde um propósito de vida essencial em tempos de pandemia, o prazer por cuidar e de se doar pela vida do outro.

Uma dessas histórias é de Gabriel Ravazzi, 31 anos. Esse nome está em jalecos que ele usa nas clínicas, no Hospital de Base e no Hospital Universitário de Brasília (HUB), além de constar no topo da lista de voluntários do teste da CoronaVac. Mas tudo começou em campos de futebol, onde o então garoto do ensino médio atuava no time juvenil do Goiás. Ele lembra que, naquela época, “era o sonho de todo brasileiro ser jogador”, mas que tinha como meta mais sólida seguir o caminho do pai, como engenheiro. Uma partida que ele assistiu do Campeonato Brasileiro de 2004, entre São Caetano e São Paulo, porém, direcionou Gabriel para uma área diferente. Naquele jogo, Paulo Sérgio Oliveira, o zagueiro Serginho, teve uma parada cardíaca e morreu em campo, cena que marcou o país e motivou o garoto do Goiás a marcar exames médicos.

“Na conversa com o cardiologista, citei que gostava de biologia, sempre achei medicina legal, mas disse que achava não ter capacidade. Ele falou que o esforço para entrar no curso era grande, mas que quem tinha vontade de ajudar as pessoas teria capacidade”, relembra Gabriel. Se passaram 16 anos daquela decisão. Hoje, o médico acumula experiências em Goiás, São Paulo e no Distrito Federal, que o aproximaram mais do atendimento clínico. “Cheguei a querer atuar na área cirúrgica, mas, trabalhando em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) do município de Goianira (GO), percebi o quão gratificante era poder dar atenção a pessoas simples, que muitas vezes só queriam ser bem-atendidos, poder conversar. Receber cuidados que, infelizmente, hoje, nós não vemos em muitos profissionais”, avalia.

 

"Eu me toquei que aquele era o primeiro passo de algo que o mundo inteiro estava esperando. O fato de ter sido escolhido para participar da pesquisa é como uma recompensa" - Gabriel Ravazzi, médico

 



Do conforto à luta


No começo de 2020, Gabriel estava trabalhando no interior de São Paulo como médico gastroenterologista, mas acabou recebendo um convite para atuar em uma clínica do DF, em março. “Assim que cheguei, a pandemia estava ganhando força e os atendimentos de lá foram suspensos. Eu via a situação ficando mais crítica a cada notícia e aquilo começou a me angustiar, porque eu era médico, tinha me preparado para estar naquela linha de frente, poderia tentar mudar aquela situação, mas estava em casa sentado no sofá”, conta. Os pais até tentaram convencer o jovem a se manter seguro, fora do combate ao vírus e aguardando a situação se normalizar para atender na clínica. “Mas eu não ia me acovardar”.

Entre o fim de maio e o começo de junho, Gabriel se inscreveu para processos de seleção e foi chamado para trabalhar no HUB e no Hospital de Base. Desde então, a rotina dos atendimentos tem exigido uma doação quase completa. “Em uma semana normal, de domingo a domingo, tenho somente a manhã de quarta-feira livre. O resto dos dias e horários estou sempre entre um e outro serviço. Geralmente começo às 7h, paro às 13h, almoço por onde estou, quando possível, vou para o segundo turno e só volto para casa 20h, quando não tenho plantão noturno. Quando tenho, saio de um hospital pela manhã já indo para outro”, detalha. O médico define todo esse esforço como desgastante, fisicamente e psicologicamente, mas gratificante.

 

"Batalho contra o vírus nos hospitais e agora tenho esperanças de ajudar com mais um fato histórico, que é a imunização que pode gerar o controle de doença emergente" - Joelma de Souza, técnica de enfermagem

 



Nos hospitais, Gabriel se coloca no lugar dos pacientes que estão lutando contra a covid-19 e pensa na família dessas pessoas, que também encara o sofrimento, mas a distância. Nos boletins que prepara para os parentes, além dos termos científicos do quadro atual, ele e os colegas da equipe médica também fazem questão de escrever relatos como: “Estamos cuidando bem do seu pai para que ele possa voltar para casa logo”. “Tentamos acalentar um pouco e passar essa segurança de que aquela pessoa está sendo bem cuidada, porque ela é a mãe de alguém, o pai, o filho. Não um número. E o familiar que está em casa dificilmente consegue fugir dos pensamentos negativos, por acompanhar todas as notícias de mortes da pandemia”, diz.

Quando Gabriel aceitou participar do teste da vacina, o grupo de pesquisa do HUB planejou o cronograma dos testes e entrou em contato com ele informando a data que havia sido escolhida para recebê-lo, 5 de agosto. “Quarta-feira pela manhã. O único dia e horário que era possível para mim. Ou seja, foi perfeito”, celebra. Quando chegou ao ambulatório para receber a imunização, o médico conta que começou a perceber a importância daquele projeto, que significa uma esperança mundial. “Eu me toquei que aquele era o primeiro passo de algo que o mundo inteiro estava esperando. O fato de ter sido escolhido para participar da pesquisa é como uma recompensa. Porque enfrento dias desgastantes e um sentimento de impotência, mas o que tenho hoje é a sensação de que estou usando meu chamado para ajudar a salvar vidas. Então, me sinto realizado”, afirma.


  • Saiba mais

    Terceira fase


    O Hospital Universitário de Brasília (HUB) é um dos 12 centros de pesquisas de seis unidades da Federação do país que estão testando o produto vacinal CoronaVac, da farmacêutica chinesa Sinovac Biotech. Os ensaios estão sendo coordenados pelo Instituto Butantan, que recebeu autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para aplicar a medicação em humanos em uma larga escala.
    Essa é a fase 3 dos testes, uma das últimas necessárias para produção e comercialização de uma vacina. Nas etapas anteriores, houve produção de anticorpos em 90% dos participantes que receberam a imunização. Os pesquisadores concluíram que esse produto era eficaz e seguro para as duas primeiras etapas, e que a terceira é considerada promissora. Ao todo, 850 voluntários devem participar dos testes no DF, que receberam 10 pessoas na primeira semana. As inscrições estão abertas para mais profissionais de saúde. Os primeiros voluntários retornam a partir da próxima quarta-feira para a segunda dose.


    Duas tecnologias

    A vacina que está sendo estudada no HUB por pesquisadores da UnB está na mesma fase de testes de outro produto, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, em parceria com a farmacêutica AstraZeneca. A principal diferença entre as duas é a tecnologia utilizada, pois, na imunização observada no DF, os cientistas inativam o vírus e produzem a vacina que é aplicada, fazendo com que o organismo produza mecanismos de defesa.
    Já no produto de Oxford, o material genético do vírus é colocado em um vírus que não é patogênico, que produz proteínas e imuniza o paciente. A finalidade de ambos, porém, é a mesma. Com a possível conclusão positiva dos testes, os pesquisadores vão poder concluir se as imunizações serão aplicadas uma vez em cada pessoa ou com periodicidade, por exemplo.

Correio Braziliense sábado, 15 de agosto de 2020

SETOR DE SERVIÇOS REAGE NA CAPITAL

Jornal Impresso


Setor de serviços reage na capital
 
 
 
Com portas abertas e permissão para funcionar, o segmento apresenta baixa procura desde a liberação das atividades. Em junho, no entanto, houve melhora, com volume de vendas subindo 6,6% em relação a maio, índice acima da média nacional

 

» CAROLINE CINTRA

Publicação: 15/08/2020 04:00

 

"É assustador. Esperávamos uma volta melhor. Sexta e sábado costumavam ser os dias com mais movimento. Agora, as clientes procuram mais atendimento em dias da semana. Acho que vai começar a voltar quando o número de casos cair no DF. As pessoas não se sentem seguras" Viviane Urbano, dona do Viviane Urbano Cabelo e Maquiagem, no Sudoeste



Em junho, a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) apontou crescimento de 6,6% no setor — o índice está acima da média nacional, que registrou alta de 5%, segundo o IBGE. Os dados do DF mostram que, em 12 meses, o segmento apresentou queda de 5,7%. Os números são reflexo da pandemia do novo coronavírus, que afetou diversos ramos da economia. Em relação ao mesmo mês, em 2019, os serviços de informação e comunicação tiveram a menor baixa. Possivelmente, a adesão ao regime de teletrabalho e a realização de aulas, cursos e consultas médicas virtuais aumentaram a procura por esse tipo de atividade.

Segundo a Codeplan, o segmento com pior performance do período foram os serviços prestados às famílias, que tiveram uma variação negativa de 55,4%. Essa atividade acumula quedas sucessivas. Os demais serviços de profissionais, administrativos e complementares; transporte, serviços auxiliares ao transporte e correios; e outros tiveram queda de 11,1%, 39,6% e 2,8%, respectivamente, no mesmo período de comparação.

O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do DF (Fecomércio), Francisco Maia, destacou o crescimento dos serviços de entrega e assistência em casa. “Muitos são profissionais autônomos, que cuidam de jardim, piscina, informática. Esse setor não sofreu tanto quanto o comércio varejista. E a retomada dele é mais rápida”, explicou. Segundo ele, o ramo de serviços é o que mais fatura no DF e tem peso na economia maior do que o a indústria. “Algumas empresas tiveram dificuldade para conseguir crédito, e vão se recuperar mais lentamente. Os outros são profissionais autônomos, que, à medida que as atividades voltam, começam a se recuperar”, afirmou Maia.

A Maria Joaquina Esmalteria, na Octogonal, sente a falta de movimento (Arquivo Pessoal)  

A Maria Joaquina Esmalteria, na Octogonal, sente a falta de movimento

 



Queda

A recuperação levantada pela Codeplan, no entanto, não foi sentida pela empresária Viviane Urbano, 40 anos, dona do Viviane Urbano Cabelo e Maquiagem, no Sudoeste. Ela contou que, com a pandemia, o movimento do salão de beleza caiu 70%. O número, segundo ela, está abaixo das expectativas desde a reabertura do comércio. “É assustador. Esperávamos uma volta melhor. Sexta e sábado costumavam ser os dias com mais movimento. Agora, as clientes procuram mais atendimento em dias da semana. Acho que vai começar a voltar quando o número de casos cair no DF. As pessoas não se sentem seguras”, disse. O estabelecimento dela segue os protocolos de segurança, como atendimento com horário marcado, distanciamento das cadeiras, álcool em gel à disposição, funcionários com máscara e luva, entre outros.

Para atrair a clientela, a empresária oferece promoções. Mas, até agora, a estratégia não funcionou. “Não é isso o que as clientes estão procurando. Todas estão em busca de proteção. Quem vem pela primeira vez e vê a estrutura sente-se mais segura. Quem não vem acha que está tudo lotado”, lamenta Viviane. Antes, ela atendia a várias pessoas, simultaneamente. Agora, é uma por vez. “Nem digo que atendemos em horário comercial, porque nos colocamos à disposição do cliente. Se ele pode às 21h, estaremos aqui para atendê-lo. Precisamos de fluxo. Não tem mais feriado, nada. Precisamos trabalhar”, ressaltou a cabeleireira. A previsão dela é de que o movimento ganhe força a partir de novembro.

Em tempos normais, a Maria Joaquina Esmalteria, na Octogonal, abre todos os dias. Com a pandemia, há uma escala. Por se tratar de um serviço não essencial, a procura está abaixo do esperado. “As pessoas estão com receio de contratar serviços em que precisem sair de casa. A retomada será mesmo gradual. Por causa do momento, diminuímos o atendimento para recomeçar aos poucos”, conta a empresária Tatiane Bottesini, 43. A empresa adotou o slogan “Eu Cuido e Você Cuida de Mim” para reforçar os protocolos de segurança e garantir o cumprimento das novas regras. “A gente precisa passar para as clientes que estamos seguindo tudo certinho. Fazemos isso pelas redes sociais. A minha expectativa é de que tudo comece a voltar nos próximos dois meses”, estimou.

Dados do Sindicato dos Salões, Institutos e Centros de Beleza, Estética e Profissionais Autônomos do DF (Simbeleza) mostram que o movimento dos estabelecimentos do setor é de 40% do que era antes da pandemia. “O número é baixo, e isso gera insolvência. Tem estabelecimento que não consegue sobreviver com isso. Muitas não têm receita para pagar as contas, têm contas em aberto. Esperamos que haja melhora do movimento nos próximos meses”, disse o presidente da entidade, Célio Paiva. No DF, cerca de 120 empresas do ramo fecharam na pandemia. “Algumas conseguem sobreviver por mais dois, três meses, no máximo, se o movimento não melhorar”, acrescentou.

Preocupação

Para a costureira Maria Soares, 53, o sentimento é de impotência. Segundo ela, as clientes não saem mais de casa. “As minhas contas estão atrasadas. Tentei empréstimos de todos os tipos para tentar me manter, mas negaram duas vezes. Prometeram facilitar, mas não cumpriram. Infelizmente, estou quase fechando a loja. Não mudou nada de quando estava fechado”, reclamou.

Moradora da Octogonal, a aposentada Juraci Rosa de Lima, 72, não vai para a rua desde o início da pandemia. Mesmo com o funcionamento da maioria das atividades, ela prefere manter o isolamento social. “Não tenho nenhuma comorbidade, mas estou receosa. O número de casos e de mortes me assusta. Estou cuidando de tudo de casa, mesmo. Faço as minhas unhas em casa, do jeito que dá. Melhor a cutícula incomodando do que arriscar a vida”, destacou.

A arquiteta Aline Morais, 30, tem visitado alguns estabelecimentos. Mas tem como critério os protocolos de segurança do local. “Eu ligo antes para saber se tem tudo que garanta minha segurança. Mede temperatura? Tem álcool em gel? Todos estão de máscara? Se a resposta for ‘sim’ para tudo, eu vou. A pandemia não acabou. Saio para o que é necessário e para onde me sinto segura. Não é hora de arriscar”, afirmou.

Correio Braziliense sexta, 14 de agosto de 2020

PROJETO DRIVE SHOW BRASÍLIA

Jornal Impresso

PROJETO DRIVE SHOW BRASÍIA

Acendam os faróis: o show vai começar! Projeto Drive Show Brasília começa hoje com apresentação da banda Capital Inicial. Produtores garantem oferecer entretenimento com qualidade e segurança para o público

 

» Roberta Pinheiro

Publicação: 14/08/2020 04:00

 (Tadashi Miyagawa/Divulgação)  
 
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"É um momento histórico", define Bruno Cardoso, vocalista do Sorriso Maroto

 

 
Cia de Comédia Melhores do Mundo apresenta 
adaptação de Hermanoteu na Terra de Godah ( Os Melhores do Mundo/Divulgação)  

Cia de Comédia Melhores do Mundo apresenta adaptação de Hermanoteu na Terra de Godah

 

 
 
 
“Inicialmente, achamos que seria fácil, mas não é”, comenta Aci Carvalho, um dos idealizadores do projeto Drive Show Brasília. Marcado para começar hoje, com show da banda Capital Inicial, o evento, montado no estacionamento do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, no Eixo Monumental, uniu o trabalho de nove produtoras da cidade — Influenza, AC Eventos, Verri&Verri, Flap Live Marketing, Giral Projeto, Time, OhArtes!, Pissu Produções e R.A. Eventos — e estima mobilizar, diretamente, 500 profissionais, entre técnicos, orientadores de trânsito, segurança, serviços gerais, limpeza, artistas, além de uma cadeia indireta.
 
A palavra que resume o projeto é desafio. “Todos achavam que este ano não seria possível ter eventos presenciais com segurança. Mas a gente não vende ingresso, não vende bebida, a gente vende emoção, alegria e esperança”, resume Carvalho. Depois de meses de planejamento e uma convergência de ideias entre os realizadores, é hora de abrir as portas do que eles definem como o maior drive show do país. “Tanto na quantidade artística, porque é o maior em número de shows, quanto no volume de carros”, completa.
 
Ao todo, serão sete fins de semana com atrações musicais, infantis e de humor. O espaço tem uma área com cerca de 64 mil m² e tem capacidade para 600 carros estacionados, com a distância mínima de 2 metros entre eles. Na quinta-feira última, houve um evento teste que lotou o Drive Show Brasília. “É emocionante ver que as pessoas estão querendo voltar ao normal com responsabilidade e segurança, sem abrir mão do entretenimento que faz parte da cura deste momento que estamos passando”, avaliou um dos idealizadores.
 
Estrutura
 
Carvalho relembra que, ao desenhar o projeto, o objetivo era trazer para a capital do país uma estrutura diferenciada, aproveitando, inclusive, dos anos de experiência das produtoras envolvidas. Para além do palco com quase 40 metros e de um sistema de sonorização distribuído por toda a arena, os organizadores imaginaram transformar o estacionamento em experiência.
 
Não à toa, talvez, o principal quebra-cabeça desse tipo de entretenimento esteja na comunicação. “Nosso maior desafio foi convencer as pessoas de que esse formato é seguro e uma experiência boa. Mostramos modelos de outros países nos quais as pessoas transformaram as gargalhadas em buzinas nos espetáculos de humor, e no qual as crianças saiam no teto solar do carro para participar das atividades infantis. Havia uma desconfiança muito grande, acima de tudo devido à segurança, e buscamos sanar e responder todas as dúvidas”, conta. Os produtores trabalham com a possibilidade de sold out nos três espetáculos do primeiro fim de semana.
 
Além de Capital Inicial, a agenda da estreia conta com show do grupo Sorriso Maroto e com apresentação da peça Hermanoteu na terra de Godah, da Cia. de Comédia Os Melhores do Mundo. “A expectativa é grande, porque é uma novidade para a gente”, afirma a atriz e humorista Adriana Nunes. Chamou a atenção do grupo, que este ano celebra 25 anos de trajetória, o sistema de som do projeto e o esquema dos telões. “Existe uma diferença grande que é estar longe do público. Nos nossos trabalhos estamos conversando com a plateia, isso faz parte, então, acho que a gente vai sentir mais do que o público. A oportunidade de poder trabalhar é ótima, e vamos ver como será a reação com buzina e farol”, brinca a integrante da companhia.
 
Apesar de não ser uma peça inédita, Os Melhores do Mundo fizeram adaptações no roteiro original e reservam surpresas para o público. Adriana adiantou que haverá um manual de instruções para estabelecer uma conexão entre atores e plateia, bem como a apresentação de vídeos da companhia antes do espetáculo. “O público está ali para ver um espetáculo e a gente vai apresentar”, garante. A atriz pontua que todos os cuidados estão sendo tomados. Os atores fizeram o teste para a covid-19 e os camarins serão separados.
 
» Segurança
 
O Correio reuniu algumas dúvidas frequentes e questionou como serão os protocolos sanitários e de segurança do evento. Confira:
 
Alimentação:
Ao estacionar o carro, em cada vaga, haverá um banner com um QR Code que dá acesso a um aplicativo que disponibiliza o cardápio do evento. Pelo app, a pessoa pode fazer o pedido e pagar. Feito este processo, dentro de alguns minutos o pedido será entregue no seu carro.
 
Banheiro:
Ao contrário de outros eventos no formato drive-in, o Drive Show Brasília optou por não usar de aplicativos para organizar a demanda por banheiro. De acordo com Carvalho, próximo dos banheiros foram feitas marcações para garantir o distanciamento. Além disso, haverá a aferição da temperatura, álcool em gel, bem como pia com água e sabão. “Ao todo, são quatro banheiros sendo dois masculinos e dois femininos para cada área. Optamos por uma quantidade superior para termos a tranquilidade que não haverá aglomeração”, explicou um dos idealizadores.
 
Posso sair do carro?
A recomendação, inclusive de acordo com decreto do Governo do Distrito Federal (GDF), é que o cliente tem que permanecer no interior do veículo. “Durante todo o evento, haverá uma equipe monitorando as pessoas que eventualmente saiam dos carros”, explicou Aci Carvalho.
 
Recomendações gerais:
» Permitido o acesso somente de veículos de passeio fechados, conforme legislação vigente. Veículos conversíveis apenas serão 
liberados com capota fechada;
» Vagas com distanciamento de 2 metros entre os veículos;
» Uso obrigatório de máscara, exceto no interior do veículo;
 
» Eventos no mesmo dia — como a programação infantil e os shows noturnos — são tidos como distintos. Portanto, ao final de cada um, o carro deverá se retirar e retornar, caso tenha comprado o ingresso de uma apresentação à noite.
 
» O evento oferece diferentes formatos de “amigo da vez”, como o motorista de aluguel, para evitar que os motoristas 
dos carros bebam e dirijam.
 
» Entrevista // Bruno Cardoso 
 
vocalista do Sorriso Maroto
 
Qual repertório estão trazendo para Brasília?
Estamos levando para a estrada um pouco do feedback que tivemos das lives. Esse momento de quarentena tem uma relação muito grande com o passado, as pessoas passaram a olhar um pouco mais as coisas boas que viveram e a música está presente nisso tudo. Então, estamos levando um pouco dessa sensação para o Drive Show, focado nas músicas antigas, nos clássicos do Sorriso, mas sem perder de vista os principais sucessos da atualidade, como Reprise e Sinal vital.
 
É o primeiro show de vocês neste formato?
É o primeiro e estamos ansiosos para ver o público, por mais que seja de uma forma diferente, mas a gente sabe que tem uma galera saindo de casa para curtir a sua banda preferida. Então, será especial não só pra nós quanto para a galera que estará lá curtindo e cantando com a gente.
 
O que acham que será diferente nesse formato?
Liguei para alguns amigos e perguntei como era, o que sentiram, e o primeiro feedback é que a primeira pisada no palco é muito diferente. A gente está há muito tempo sem pisar no palco, sem essa sensação de fazer um show. A live tem outro comportamento, um pouco mais frio, não tem interação real com as pessoas, a gente imagina o que as pessoas estão fazendo. No drive-in, você vê o público, mas são pessoas dentro de carro, então, aquele primeiro grito do primeiro contato do público com o artista vem por meio de buzinas, e sinais com faróis. Estou louco para viver essa experiência, guardá-la e contar para os nossos filhos e para as bandas que virão. É histórico.
 
 
Drive Show Brasília
Hoje, show da banda Capital Inicial a partir das 22h. Amanhã, Sorriso Maroto, também a partir das 22h. Domingo, apresentação da peça Hermanoteu na terra de Godah, da Cia de Comédia Os Melhores do Mundo, a partir das 21h. No Estacionamento do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. Os ingressos podem ser adquiridos nas plataformas Furando a Fila e O que vem por aí e também nas lojas das Óticas Diniz e Bendito Food. Os preços variam entre R$ 90 e R$ 480 por carro. Cada carro, independentemente do tamanho, pode entrar com no máximo quatro pessoas. 

Correio Braziliense quinta, 13 de agosto de 2020

PSG: NEYMAR LIDERA REVOLUÇÃO FRANCESA

Jornal Impresso

 

 

Feliz aniversário
 
 
Paris Saint-Germain comemora 50 anos com virada relâmpago contra a Atalanta e está nas semifinais pela primeira vez desde 1995. Gol de Marquinhos e bela assistência de Neymar comandam reação

 

Publicação: 13/08/2020 04:00

 

Neymar comemora o gol da classificação com o camaronês Choupo-Moting: assistência de cinema (David Ramos/AFP)  
Neymar comemora o gol da classificação com o camaronês Choupo-Moting: assistência de cinema


Com dois gols nos acréscimos, o Paris Saint-Germain venceu o Atalanta por 2 x 1 em uma virada espetacular, ontem, em Lisboa, e conseguiu se classificar para as semifinais da Liga dos Campeões pela primeira vez em 25 anos. O brasileiro Marquinhos, aos 45 minutos do segundo tempo, e o camaronês Eric Maxim Choupo-Moting, aos 48, fizeram o PSG renascer das cinzas no primeiro duelo das quartas de final do "Final 8" da Champions League, para a grande decepção do time italiano. A trupe de Bérgamo vencia por 1 x 0, com um gol marcado aos 27 minutos pelo croata Mario Palisic e tinha a classificação nas mãos.

Foi uma noite de comemoração para o Paris Saint-Germain, no 50º aniversário de sua fundação (12 de agosto de 1970). Desde 1995, o time francês não chegava às semifinais do principal torneio europeu de clubes quando foi eliminado pelo poderoso Milan do técnico Fabio Capello e ficou fora da final. O time parisiense enfrentará, na terça-feira da próxima semana, o vencedor do duelo entre Atlético de Madrid e RB Leipzig, que entram em campo hoje, às 16h, em outro jogo das quartas de final da competição continental (veja arte ao lado).

Depois de conquistar os quatro títulos das competições nacionais (Ligue 1, Copa da França, Copa da Liga da França e Supercopa da França), o PSG tem pela frente o desafio de ser campeão europeu pela primeira vez — obsessão do clube e de seus proprietários cataris.

Depois de sete anos consecutivos sendo eliminado nas oitavas ou nas quartas de final, o Paris Saint-Germain sobe um degrau e se aproxima do sonho.

Kylian Mbappé, lesionado no tornozelo há quase três semanas, conseguiu voltar e disputou a última meia hora do jogo. A má notícia para o clube francês é a lesão do goleiro Keylor Navas. Ele teve de ser substituído na reta final e vinha fazendo uma bela partida.

A eliminação do Atalanta deixa o futebol italiano sem representantes nesta Liga dos Campeões. Na sexta-feira passada, a Juventus havia sido eliminada nas oitavas por outro clube francês, o Lyon, e no sábado o Napoli perdeu para o Barcelona, também nas oitavas.

Eleito o melhor jogador da partida, Neymar carregou o PSG nas costas no primeiro tempo. No segundo, deu assistência mágica na construção do gol da virada. "Eu não jogo para responder ninguém. Todo mundo sabe da minha qualidade, não é de hoje nem de ontem que eu nasci para o futebol, já tem muito tempo. Eu jogo para ajudar meus companheiros e ser melhor hoje do que ontem", comentou Neymar, após o jogo, em entrevista ao Esporte Interativo.

Otimista, o brasileiro vê o PSG cada vez mais candidato ao título. "O futebol é muito rápido, as coisas podem mudar rapidamente. Tenho na minha cabeça que vamos chegar à final. Ninguém vai tirar da minha cabeça que vamos disputar o título. Demos um passo, teremos outro que vai ser muito complicado, mas vamos juntar forças para fazer mais uma grande partida. Espero que a gente chegue à final”, comentou o craque brasileiro.

Autor do gol de empate, o zagueiro Marquinhos comentou o lance crucial aos 45 minutos do segundo tempo. "Esse gol foi muito merecido, não foi questão de sorte. Jogamos duas finais antes dessa partida. Estávamos bastante motivados e bem condicionados fisicamente", destacou.


"Ninguém vai tirar da minha cabeça que vamos disputar o título. Demos um passo, teremos outro que será complicado, mas vamos juntar forças para fazer mais uma grande partida". Neymar, atacante do PSG

 


Correio Braziliense quarta, 12 de agosto de 2020

OS DOIS ERROS: O DE MANDETTA E O DE NÃO TEREM CANCELADO O CARNAVAL

Confira a Capa do Jornal Correio Braziliense do dia 10/08/2020

Alexandre Garcia: os dois erros, o de Mandetta e o de não terem cancelado o carnaval

"O triste nisso, além do carnaval mantido e o mau conselho inicial do Ministério da Saúde, é a desigualdade de chances entre os que têm meios para se prevenir e se curar rapidamente e os que ficam à mercê da sorte"

 
Alexandre Garcia
 
 
postado em 12/08/2020 06:00 / atualizado em 12/08/2020 06:47


 (foto:  Minervino Junior/CB/D.A Press)
(foto: Minervino Junior/CB/D.A Press)

Segunda-feira, na Fundação Oswaldo Cruz, o ministro Pazuello disse que não é correto aconselhar a ficar em casa com sintomas, até sentir falta de ar. Lembrou que o essencial é o diagnóstico precoce e o tratamento imediato. A propósito, o maior erro de Mandetta foi ter recomendado que, ao sentir sintomas da covid, a pessoa ficasse em casa por 14 dias e só procurasse auxílio quando sentisse falta de ar. Ora, a falta de ar já indica uma fase adiantada da doença, em que os pulmões estão com líquido, e o ar inspirado não oxigena o sangue o suficiente. E houve outro grande erro anterior: o de não terem cancelado o carnaval, numa época em que era cancelado o ano-novo chinês. As aglomerações em blocos inocularam o país, principalmente a partir do Rio e de São Paulo.

O triste nisso, além do carnaval mantido e o mau conselho inicial do Ministério da Saúde, é a desigualdade de chances entre os que têm meios para se prevenir e se curar rapidamente e os que ficam à mercê da sorte. Há os que têm acesso a preventivos, como o zinco e a vitamina D, e à receita para ivermectina; havendo sintomas, têm acesso a receitas para hidroxicloroquina e azitromicina com o médico de família — e isso nem entra nas estatísticas. Mas a maciça maioria da população não tem essa proximidade com médicos nem recursos, por exemplo, para ir a uma farmácia de manipulação com pedido de zinco. A propósito, o ministro Pazuello disse que “a gente precisa compreender como parar o sangramento”.

Para diminuir essa desigualdade, há médicos em voluntariado. Em Brasília, dois grupos de 492 médicos estão se dedicando a comunidades carentes de prevenção e tratamento da covid. Há, inclusive, conta bancária recebendo contribuições para comprar os medicamentos para quem precisa. E evitam-se internações. Iniciativas assim se espalham pelo Brasil, para “parar o sangramento”. Mais de 100 mil vidas perdidas são uma voz que clama por respostas sobre o que se fez, o que não se fez e por quê.


Correio Braziliense terça, 11 de agosto de 2020

ACADEMIAS ENFRENTAM RETOMADA LENTA UM MÊS DEPOIS DA REABERTURA

 

Academias enfrentam retomada lenta um mês depois da reabertura

Setor ainda sofre com os impactos da pandemia, mas aos poucos começam a voltar. A divulgação do rígido protocolo de segurança é uma das garantias para esse recomeço, destacam empresários. Frequentadores se adaptam à nova rotina

AR
Alan Rios
postado em 11/08/2020 06:00
 
 (foto: Arquivo Pessoal)
(foto: Arquivo Pessoal)

As academias do Distrito Federal completaram um mês de reabertura, após decretos governamentais e decisões da Justiça que suspenderam as atividades nos estabelecimentos em virtude da pandemia do novo coronavírus. Com um cenário ainda bem diferente daquele de março, antes do período das crises econômica e sanitária, as empresas agora se encontram em uma retomada lenta, com uma atenção especial a cada cliente e protocolo possível.

Pesquisa da empresa de gestão de academias Tecnofit mostrou que as academias do DF tiveram queda de alunos e redução de matrículas, durante a quarentena, de 61%, mas houve uma recuperação de 58% dos clientes após a reabertura. O retorno aos estabelecimentos permite um respiro ao setor, que chegou a ter quase metade da base de funcionários desligada, em torno de 4,5 mil.

“É natural que o primeiro mês tivesse essa retomada mais lenta, mas, a cada semana que se passa, os clientes vão se sentindo tranquilos para retornar”, avalia Thiago Barreto, gerente regional de operações da Bodytech. “Mesmo com uma série de restrições, é melhor estar assim a ficar com academias fechadas. Porque sabemos que a atividade física é vital, principalmente em tempos em que a imunidade e a prevenção de comorbidades são coisas tão importantes”, afirma Thiago. Entre as obrigações, estão, por exemplo, a disposição dos equipamentos à distância de dois metros uns dos outros, a suspensão do uso de pontos de biometria, o fechamento de uma a duas vezes por dia para limpeza e, o ponto que mais gera debate, a proibição dos chuveiros dos vestiários.

Para Thais Yeleni Ferreira, presidente fundadora do Sindicato das Academias do DF (Sindac), esse último tópico ainda dificulta a retomada do setor. “O decreto tem alguns critérios que não dizem respeito à segurança e que não entendemos. Como tem muita gente que vai da academia para o trabalho, ou do estudo para a academia, o bloqueio de vestiários complica muito. Mas temos conversado com o governo para deixar isso de uma forma mais clara, que facilite mais aos clientes”, diz Thais. 

Novo normal

Os alunos que frequentam a academia neste período da reabertura tiveram de se adaptar aos exercícios com máscara, distanciamento e álcool em gel. “Sou médica e sei da importância da atividade física para a manutenção da saúde do corpo e da mente. Mas fiz isso também porque vi que a academia a qual frequento colocou um aparato diferenciado para lidar com a pandemia”, detalha Cinthia Borduque, 33 anos, aluna da Bodytech do Sudoeste.

Quem também cita esse trabalho conjunto de empregados e clientes é a digital influencer Dayane Mendes, 29. “Os equipamentos têm placas que informam os que são permitidos e os que estão interditados. Naqueles que estão em uso, há também uma indicação que mostra se ele foi higienizado ou precisa ser, mas vejo que todo mundo que termina o exercício colabora com a limpeza”, cita a moradora de Águas Claras. Ela avalia ainda que a curva de casos da covid-19 pode ir aumentando com a retomada econômica por conta de um relaxamento da população. “Mas, nos locais em que há esses protocolos de segurança e tudo é bem rígido, as pessoas têm mais consciência”.

Os depoimentos positivos de clientes permitem os números positivos da retomada. É isso que acredita Luciano Girade, proprietário de três unidades da Bluefit no DF. “Recebemos a vigilância sanitária, que faz as avaliações dos protocolos, mas digo que os maiores fiscalizadores são os próprios alunos. Se houver algo errado em qualquer academia do DF, eles são os primeiros a fazer uma denúncia ou até a colocar uma imagem em redes sociais. Mas isso também pesa para o bem, porque nas nossas unidades percebemos que um cliente vai vendo que o local é seguro e vai passando isso para a rede de relacionamento dele, que gera essa publicidade positiva”, conta. Luciano diz ainda que realizou pesquisas para identificar padrões dessa reabertura.


Correio Braziliense segunda, 10 de agosto de 2020

FILHOS DE GUGU LIBERATO: HOMENAGEM NO DIA DOS PAIS

 

Filhos de Gugu Liberato fazem homenagem ao apresentador no Dia dos Pais

João Augusto Liberato e Sofia Liberato usaram as redes sociais para recordar os bons momentos com o pai

MA
Maíra Alves
postado em 09/08/2020 16:00
 
Apresentador Gugu Liberato e os filhos -  (foto: Reprodução/Instagram)
Apresentador Gugu Liberato e os filhos - (foto: Reprodução/Instagram)

Os filhos do apresentador Gugu Liberato passaram o primeiro Dia dos Pais sem o jornalista, que morreu no fim de 2019 após sofrer uma queda em casa e bater com a cabeça. Neste domingo (9/8), João Augusto Liberato, o mais velho dos três filhos, publicou uma foto antiga da família nas histórias do Instagram. Sofia Liberato fez o mesmo.

A fotografia de João mostra a família reunida no Natal, ao lado de um Papai Noel. Em outra imagem, João e Gugu estão sentados, juntos, ainda na infância. "Feliz Dia dos Pais, meu pai amado", escreveu ele.

Sofia Liberato fez uma montagem com duas fotos antigas: uma dela com o pai, e outra com toda a família. "Feliz Dia dos Pais, pro pai mais incrível do mundo", escreveu. Gugu também é pai de Marina Liberato.

Maiores nomes da televisão brasileira

Gugu Liberato, um dos maiores nomes da televisão brasileira, morreu aos 60 anos em sua casa em Orlando, nos Estados Unidos, em novembro de 2019. O acidente doméstico aconteceu quando Gugu Liberato estava trocando o filtro do ar-condicionado e acabou caindo de uma altura de quatro metros.


Correio Braziliense domingo, 09 de agosto de 2020

FÃ S BRASILIENSES DE CHAVES COMPARTILHAM HISTÓRIAS COM O PERSONAGEM

Fãs brasilienses de Chaves compartilham histórias com o personagem

O seriado foi retirado do ar em todos os canais e plataformas da América Latina. O Correio conversou com fãs do programa

 
Geovana Melo*
postado em 08/08/2020 15:55


 (foto:  Televisa/Divulgação)
(foto: Televisa/Divulgação)

Crianças e adultos de diversos países passaram décadas assistindo a uma das atrações televisavas mais populares da história, a mexicana Chaves, exibido pelo Brasil há quase 40 anos. A história do menino pobre que passa a infância em uma pequena vila ao lado dos amigos e se envolvendo em divertidas confusões conquistou gerações na companhia de personagens como Chiquinha, Kiko, Seu Madruga, Seu Barriga, Professor Girafales, Dona Florinda, a Bruxa do 71 e tantos outros.

Criada por Roberto Gómez Bolaños em 1970, no início deste mês, o seriado foi retirado do ar em todos os canais e plataformas da América Latina, devido a um conflito contratual entre a família do comediante e a rede Televisa. A empresa que tinha os direitos dos programas e os herdeiros de Bolanõs que são proprietários dos direitos de exploração comercial dos personagens não chegaram a um acordo. Em homenagem ao adorável personagem, o Correio conversou com alguns fãs brasilienses do programa.

Abílio Soares, 29 anos, servidor público

“Há mais de duas décadas, me encantei com o seriado mexicano. Eu lembro claramente do meu pai chorando de rir com os episódios, dando gargalhadas, e aquilo foi me despertando curiosidade e, quando eu vi, a gente tinha um programa para fazer juntos. Dava a hora do Chaves e a gente assistia, mesmo repetido, a gente sempre ria, foi uma coisa que nos uniu bastante. Eu coleciono fantasia, camisetas e bonecos dos personagens da trama. Aprendi várias lições, e, para mim, Chaves deixa muita coisa boa. Acho que as frases icônicas ficam marcadas, como ‘as pessoas boas devem amar seus inimigos’, ‘a vingança nunca é plena, ela mata alma e envenena’. A questão do perdão também ficou clara várias vezes, essas lições devem ser passadas durante muito tempo. Eu ficava muito chateado quando o SBT ameaçava tirar o programa da grade, mas a gente sabia que voltaria por causa do apelo dos fãs e tudo mais. Essas produções têm que ficar por muito tempo. Quem tem os DVDs guarde com muito carinho, porque tenho um certo receio de que isso se perca, seja esquecido. Seria uma pena se acabasse dessa maneira.”

 

Abílio Soares e o boneco do Chaves
(foto: Arquivo pessoal)

 

Emanuelly Fernandes, 28 anos, jornalista

“Meu pai me apresentou ao programa há mais de 20 anos e, desde então, nutro o amor pelo seriado e por Roberto Bolanõs. O gosto pela série inspirou o nome do meu blog, Jovem Ainda, que faz alusão a uma música do programa. Quando eu era criança usava na vida os aprendizados como sobre a vingança não ser algo bom. Bonecos, livros e camisetas dos personagens da vila integram minha coleção. Eu sou muito fã do que foi e é o Roberto Bolanõs. Para mim, é o maior artista da América Latina. Bolanõs é considerado o pequeno Shakespeare latino, por isso, o apelido de Chespirito. Era um gênio latino. É alguém que a obra não pode ser apagada. Meu sentimento não é nem eu não ver mais o seriado, mas que a América Latina deixe de conhecer o que foi Bolanõs. Chaves, mesmo tendo algumas coisas que muita gente hoje pode problematizar, traz um humor leve. Foi algo feito para todas as idades. Inclusive, era o objetivo do Bolanõs fazer algo para crianças e idosos. Os seriados de hoje são bem separados: ou é infantil ou proibido para menores.”

 

A coleção do Chaves da jornalista Emanuelly Fernandes
(foto: Arquivo pessoal)

 

Rondinelli Benicio, 32 anos, professor

“A simplicidade da história de Chaves me conquistou aos 5 anos. Hoje, aos 32, a trama segue me encantando. Gosto de Chaves e de Chapolin. Do grupo Chespirito, eu gosto muito do Dr. Chapatin e o Pancada. O carinho pela série é tão grande, que eu professor decidi eternizar Chaves e Chapolin na pele, por meio de uma tatuagem dos personagens. Procurei algo que fosse diferente pra tatuar, até achar o desenho perfeito. Eu quis eternizar por ser algo muito nostálgico e por me trazer lembranças boas, em casa, assistindo com minha irmã. Como bom fã de Chaves, achei muito triste saber que não vai mais passar na tevê. É injustiça não ter mais nosso Chavinho para as crianças dessa geração e até para nós, que assistimos quando criança, e ainda achamos muito divertido, mesmo com as piadas repetidas.”

 

O fã de Chaves Rondinelli Benicio
(foto: Arquivo pessoal)

 

Daniella Menezes, 35 anos, microempreendedora

“Meu amor por Chaves teve início na infância, quando passava apenas no SBT. O episódio de Acapulco era quase um evento. Em meio à diversão proporcionada pela série, também é possível extrair filosofias e bons ensinamentos, basta um pouco de atenção e se atentar às lições. Casei com um fã de Chaves, como eu, e tivemos dois filhos, de 4 e 7 anos, que também são fãs e sabem dizer títulos de vários episódios. Na hora de dormir, vamos todos pro quarto com Chaves passando na tevê por meio de uma playlist que montamos no YouTube. A partir da admiração pela produção de Chespirito, criamos uma hamburgueria, em Sobradinho, com a temática e a decoração inspiradas no programa, a Chaves Lanches. A ideia foi do meu marido. Ele queria um tema que tocasse toda família, crianças e pais. O Chaves desenho animado o trouxe para mais perto das crianças da atualidade. Muitos jovens adultos se veem atraídos pelo tema, por serem fãs. Lá, os sanduíches foram batizados com os nomes dos personagens e um painel da vila chama atenção dos clientes.”

 

A fã de Chaves Daniella Menezes com a família no aniversário do filho mais velho
(foto: Arquivo pessoal)

 

*Estagiária sob supervisão de Igor Silveira


Correio Braziliense sábado, 08 de agosto de 2020

BOMBOU NA SEMANA DOS FAMOSOS

Bombou na semana dos famosos: castidade, topless na praia e foto das férias

Sabadão chegou e com ele mais uma chance de aliviar um pouco os problemas da semana e relaxar com um boa e velha fofoquinha

RN
Ronayre Nunes
postado em 08/08/2020 06:00
 
 
 (foto: Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram)
(foto: Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram)

A semana definitivamente não foi fácil, mas nada diz mais "sábado" do que a chance de relaxar um pouco após tanto estresse. E para dar um up no seu findi, o Destaque Pop organizou o melhor resumo das aventuras das celebridades do país. Teve de tudo um pouco: fotos de umas férias bem secretas, um topless despretensioso, votos de castidades e uma resposta bem debochada. Confira:

 

Finalmente fotos

Para os que acompanham esta coluna, a viagem de Anitta para a Croácia foi tópico de várias notas. Agora, entretanto, podemos ver melhor como a musa do funk aproveitou as praias da Europa. A ex-BBB Ariadna Arantes compartilhou nas redes sociais imagens de Anitta toda relaxada só com um biquíni pink. “Acordei hoje morrendo de Saudades meninas…”, comentou Ariadna.

 



O lado ruim da fama

Pois é, parece que a fama tem lado ruim: menos sexo. Pelo menos de acordo com Geisy Arruda. Em entrevista à revista Quem, Geisy comentou que costumava transar muito mais quando era desconhecida, e que já tentou até ir se divertir em um swing, mas que foi descoberta. “Quando eu era anônima, transava muito mais. É a parte ruim da fama. Agora que sou uma pessoa pública e escritora de contos eróticos, seleciono melhor os meus parceiros”, comentou.

 

Castidade

Parece que o apresentador Yudi Tamashiro engatou um novo romance, mas sexo só depois do casamento. Segundo o moço em uma entrevista ao portal Uol, a relação tem bases em preceitos religiosos e cabe aos pombinhos apenas pegar leve na hora do romance: “Bate vontade, mas não pode. A gente acaba não dormindo junto. Estamos namorando, mas quando bate vontade, não saio para orar, não, só saio de perto”.

 

Sem saco

Durante entrevista ao programa Papo de segunda, no GNT, Thammy Miranda deu uma resposta e tanto para explicar o porquê de não se abalar com os ataques transfóbicos que sofreu ao estrelar uma campanha do Dia dos Pais para uma marca de cosméticos. O autor e ator foi assertivo: “não tenho saco para isso”, arrancando risadas com companheiros de programa.

Férias toda leve

Luava Piovani compartilhou com os seguidores do Insta mais um momento todo descontraído das férias em Ibiza, Espanha. Em pé e equilibrada em uma corda, a loira ficou de topless. Na legenda muitas tags positivas para mudar as energias ruins de 2020

 

 


Correio Braziliense sexta, 07 de agosto de 2020

NETFLIX DISPONIBILIZA TERCEIRA E ÚLTIMA TEMPORADA DE THE RAIN

Netflix disponibiliza terceira e última temporada de 'The Rain'

Série da Netflix estreou em 2018 e encerra com seis novos episódios

CB
Correio Braziliense
postado em 06/08/2020 17:29
 (foto: Netflix/ Divulgação)
(foto: Netflix/ Divulgação)

Uma mistura de emoções invade os fãs da série dinamarquesa da Netflix. Uma nova temporada de The rain foi lançada nesta quinta-feira (6/8). Entretanto, esta será a última da produção. Com o total de seis episódios, a terceira temporada encerra a série de ficção científica.

Depois de anos desde que a chuva eliminou a população da Escandinávia, os irmãos Simone, interpretada por Alba August, e Rasmus, interpretado por Lucas Lynggaard, ficam em dúvida sobre o destino da humanidade. O trailer da última temporada coloca em questão o custo a se pagar para deter o vírus, e se o caminho deve ser salvar o mundo ou criar outro.

Com tanta destruição, uma ameaça nova é mostrada no trailer. Aparentemente, os irmãos, além de discordarem, terão que se enfrentar dentro do que parece ser certo e errado para cada um. Entre uma mistura de tensão, aventura e drama, a Netflix manda o recado: “Prepare-se para o fim”.

 Pós-apocalíptico


De autoria de Jannik Tai Mosholt, Esben Toft Jacobsen e Christian Potalivo, a série retrata o cenário pós-apocalíptico, em que um vírus mortal é transmitido pela chuva e dizima a população da Escandinávia. Os irmãos Simone e Rasmus vivem no esconderijo construído pelo o pai, Frederick. Após anos de vivências nele, os dois resolvem sair em busca de sobreviventes e de encontrar alguma forma de viver no mundo.

Estreada em 2018, o elenco conta com Alba August, Lucas Lynggaard, Jessica Dinnage, Lukas Løkken, Mikkel Følsgaard, Angela Bundalovic, Sonny Lindberg, Natalie Madueño entre outros, e conta com o total de vinte episódios, somando todas as temporadas lançadas.


Correio Braziliense quinta, 06 de agosto de 2020

O RAP SEGUE FIRME E FORTE

Jornal Impresso

O rap segue firme e forte
 
Para comemorar o dia nacional do gênero musical, o Correio apresenta a trajetória do hip-hop no DF: das batalhas de rua às casas de show

 

» Lucas Batista*
» Pedro Ibarra*

Publicação: 06/08/2020 04:00

Hungria (Hungria Hip-Hop/Divulgação)  

Hungria

 

 
Viela 17 (Nathalia Millen/Divulgação)  

Viela 17

 

 
Hate Aleatório (Amanda Barros/Divulgação)  

Hate Aleatório

 

 
Vix Russel (Ísis Oliveira/Divulgação)  

Vix Russel

 

 
Tribo da Periferia (Tribo da Periferia/Divulgação)  

Tribo da Periferia

 

 
 
 
O rap e toda cena criada a partir do gênero tem uma importância cultural muito grande para sociedade em geral. Atualmente o estilo se consolidou como uma música de massas e ultrapassou o rock em números de ouvintes pelo mundo. A ascensão deste formato musical é visível também no DF, onde rappers saíram de condições difíceis de apresentar a própria arte nas periferias, para shows em todo o Brasil e no exterior.
 
O estilo comemora hoje o Dia Nacional do Rap. A homenagem foi estabelecida por lei, em 2008, pela Assembleia Legislativa de São Paulo. Ou seja, há 12 anos a data é lembrada, mas o rap tem uma construção muito mais antiga no país.
 
No DF, a situação não é diferente, por mais que seja uma cidade mais nova. Data do final da década de 1980 e início dos anos 1990 o surgimento do movimento hip-hop na cidade. Foi a partir de nomes como Dj Jamaika, Câmbio Negro, Gog, Baseado nas Ruas e Viela 17 que o gênero musical foi recebendo notoriedade.
 
“O rap veio se instalar no Brasil de forma revolucionária, mas não só bastava ter letras e ideias. Para disseminar a cultura, nós precisávamos gravar algo, mas, como o sistema era analógico e caro, e com a cultura sendo oriunda de periferias, tínhamos um impasse financeiro e de conhecimento artístico em geral”, relembra Japão, líder do grupo Viela 17.
 
As batalhas e as festas com hip-hop estavam começando e o público estava se familiarizando com o gênero. Dj Jamaika teve papel importante ao levar a música para as rádios, trazendo nomes de fora, como MV Bill, para a cidade e lançando álbuns, abrindo caminho para que Mcs, incluindo Gog e Câmbio Negro pudessem se aventurar e se notabilizar no estilo. “Não existia o digital, ninguém fazia músicas nesse sistema, aliás nem sonhávamos que um dia existiria um CD. Para gravar um álbum e lançar um LP não era fácil, mas, de tanto persistir, conseguimos”, recorda Japão, que ainda ressalta a influência dos Djs Raffa Santoro e Manomix para o início da carreira.
 
O músico ainda declara que mesmo tendo participado do início do movimento no DF, os músicos seguem ativos até hoje, mostrando a capacidade da arte. “Acredito que todos tiveram conhecimento de nossa existência, não sei se eles encaram como um legado, até porque não estamos mortos, continuamos ativos e trabalhando bastante. Mas, podemos ter contribuído como referência.”
 
Do quadradinho para o mundo
 
Nomes da primeira geração, como o de Gog, receberam notoriedade e ainda continuam na ativa como influência direta para as gerações seguintes. Artistas como Tribo da Perifería, Flora Matos, Froid e Hungria Hip-Hop apresentaram os moldes brasilienses de como fazer rap em escala mundial.
 
“Além da realização pessoal que todo músico tem de mostrar um pouco da sua cidade, sua vida e seu sentimento para o Brasil, para mim, a sensação é de dever cumprido”, afirma Duckjay, do grupo Tribo da Periferia. O rapper se juntou aos ex-integrantes Mano Marley e Alisson para criar o grupo. DJ Bola Tribo e AceDace também tiveram uma trajetória curta pelo grupo. Atualmente, a Tribo, que faz sucesso desde os anos 2000, é formada por Duckjay, Look e pelo DJ Lerym.
“Independentemente da cena, o mais importante é ser referência para molecada da minha quebrada, poder mostrar que a música dá certo porque eles sabem de onde eu vim”, comemora o artista.
 
Outro nome, mais potente de 2010 para cá, é Hungria Hip-Hop. “É totalmente gratificante quando você sai do regional para o nacional. É muito interessante ver que eu fazia shows em Regiões Administrativas, passei a fazer pelo Brasil e cheguei num nível internacional. Fui ao Japão, Europa, Estados Unidos...”, relata Hungria sobre a popularização do rap de Brasília.
 
De olho no futuro
 
Uma nova geração se organiza para assumir, nos próximos anos, o protagonismo da cena hip-hop do DF. Nomes como Vix Russel, Hate Aleatório, Kel, Santzu e Novin Mob vêm ganhando visibilidade e se consolidando aos poucos como promessas não só do gênero, como da música do DF. “Eu enxergo o cenário do DF em crescimento. Há poucos artistas daqui que estão estourados mesmo, mas tende a crescer”, analisa Hate Aleatório.
 
Vix Russel recentemente lançou o EP BB, como prêmio de um concurso que ganhou da marca Red Bull. Ela pretende seguir buscando o espaço das mulheres na cena, assim como fizeram Flora Matos e Realleza. “O espaço das minas está sendo conquistado, estamos fazendo um som muito bom, às vezes melhor do que vários caras, mas a valorização é muito menor e temos que nos esforçar muito mais para conseguir chegar”, explica. “As mulheres estão ocupando esses espaços muito rápido e com muita qualidade, para poder lançar o som delas. O futuro é feminino, tudo só vai melhorar”, completa.
 
Correio no Rap DF
O rapper Japão conta que o jornalista e fotógrafo Wanderlei Pozzebom, que trabalha no Correio por mais de 20 anos, teve papel crucial para o desenvolvimento do cenário hip-hop no Distrito Federal. “Ele nos anos 1990 tirou gratuitamente fotos de quase todas as capas de discos que foram lançadas e ainda rendia matérias no jornal para divulgar o nosso trabalho”, conta o músico.
 
Influência de Ceilândia
Desde o início até os dias atuais, Ceilândia é um celeiro importante para o rap do Distrito Federal. Um dos berços da cena, a região administrativa tem forte apelo como um polo cultural de forma geral e no hip-hop não seria diferente “Ceilândia está aí como um dos maiores centros culturais do Brasil. Não é algo que está começando agora, a gente tem história, temos um legado”, pontua Vix Russel. A cidade é inclusive citada na música Capítulo 4, versículo 3, dos Racionais MC’s.

Correio Braziliense quarta, 05 de agosto de 2020

EXPLOSÕES: TRAGÉDIA EM BEIRUTE

Jornal Impresso

Beirute, zona de desastre
 
Duas explosões matam dezenas de pessoas, ferem milhares e destroem o principal porto do país. Governo revela que 2.750 toneladas de nitrato de amônio, usado em explosivos e fertilizantes, causaram a tragédia. Trump fala em "bomba" e "ataque terríve".

 

Publicação: 05/08/2020 04:00

 

 (Twitter/Reprodução)  

 

 

 

 (Twitter/Reprodução)  

 

 

 

 (Twitter/Reprodução)  

 

 

 

 (Twitter/Reprodução)  

 

 

 

 (STR/AFP)  

 

 

 

 (Ibrahim Amro/AFP)  

 

 

 

 (Marwan Tahtah/AFP)  
 

 

 

 

» RODRIGO CRAVEIRO

 

O carro em que Hadi Nasrallah, 25 anos, estava se deslocava pela Avenida Shoubek, no centro de Beirute, a 1,6km do porto. No fim da tarde de ontem, ele retornava da casa de amigos, quando visualizou uma coluna de fumaça, pelo vidro traseiro. “As pessoas me disseram tratar-se de uma explosão. Eu me dirigia até meu apartamento, na região sul da capital, a 3km do porto. Às 18h07 (12h07 em Brasília), ao chegar lá, vi um clarão e perdi a audição. Os vidros dos carros e dos prédios ao nosso redor explodiram. Era como uma chuva de vidros, caindo de cada edifício. Tudo se estilhaçava. Foi aterrorizante”, contou ao Correio, por telefone. Vídeos divulgados pelas redes sociais mostram a segunda gigantesca explosão em forma de cogumelo, seguida de violenta onda expansiva que varreu carros e destruiu tudo pela frente. Até o fechamento desta edição, as autoridades do Líbano contabilizavam 78 mortos e cerca de 4 mil feridos.

O Conselho Superior de Defesa libanês declarou Beirute “zona de desastre”. O governo confirmou que 2.750t de nitrato de amônio (substância usada em fertilizantes e explosivos), estocadas no porto, provocaram a catástrofe. “O material estava havia seis anos em um armazém, sem medidas preventivas. Isso é inaceitável”, disse o premiê, Hasan Diab. O presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou que a explosão “parece um ataque terrível”. “Os EUA estão prontos a ajudar o Líbano.” O magnata contou ter recebido de “experts militares” a informação de que o incidente foi causado por “uma bomba de algum tipo”. Minutos depois da tragédia, o governo de Israel apressou-se a negar envolvimento com a explosão e abriu um canal humanitário e diplomático com Beirute. Israel e a milícia xiita libanesa Hezbollah vivem em tensão.

“Uma catástrofe maior atingiu o Líbano”, lamentou o presidente libanês, Michel Aoun, ao abrir a reunião de emergência do Conselho Superior de Defesa — formado ainda pelo primeiro-ministro, Hassan Diab, e pela ministra da Defesa, Zeina Akar. A explosão pôde ser ouvida a 264km, no Chipre, e provocou um terremoto de 3,3 graus de magnitude na escala Richter. As explosões afetaram um navio das Forças Interinas das Nações Unidas no Líbano (Unifil, pela sigla em inglês), ferindo gravemente alguns marinheiros, cujas nacionalidades não foram reveladas. “Estamos com o povo e o governo libanês (...) e dispostos a dar assistência”, acrescentou a Finul.

 Por meio do Twitter, a Marinha do Brasil afirmou que “todos os marinheiros brasileiros componentes da Força-Tarefa Marítima (Unifil) estão bem e não há feridos”. “A Fragata Independência encontra-se operando no mar, normalmente. O navio estava distante do local da explosão”, anunciou.

Hiroshima

“Primeiro, houve um incêndio. Nós escutamos duas explosões. O que vimos era parecido com a bomba nuclear de Hiroshima. Vi uma grande nuvem de fumaça branca e vermelha. Eu estava a 5km do porto, mas meus pais moram a 50km de Beirute e escutaram o estrondo”, relatou à reportagem o executivo Hussein Nasrallah, primo de Hadi. “O medo e a confusão tomaram conta das ruas, depois que sentimos o tremor.” O governador de Beirute, Mawan Abboud, visitou a área afetada e não conteve o choro. “Parece com o que ocorreu no Japão, em Hiroshima e em Nagasaki. Nunca vi uma destruição nesta escala”, desabafou. Filho de uma brasileira, o guia turístico José Jaoude, 40, descreveu ao Correio o que vivenciou no fim da tarde de ontem. “Senti a enorme explosão no meu peito, enquanto a casa tremia por toda a parte. De repente, houve uma segunda explosão”, disse.

O jornalista independente libanês Habib Battah, admitiu ao Correio que teve muita sorte. “Eu tinha passado em frente ao porto 10 minutos antes. Parei em uma farmácia e escutei um estrondo. Olhei para o céu e achei que fosse um bombardeio israelense. Meu corpo se moveu para trás, e uma onda de choque passou por mim. Meu coração disparou. Tive flashbacks sobre atentados que presenciei e me lembrei do assassinato do primeiro-ministro, Rafiq Hariri, em 2005”, comentou. Segundo Battah, milhares de casas perderam as janelas e o porto foi completamente destruído. “Dezenas de armazéns foram nivelados pela explosão. O porto era muito importante para Beirute e para o Líbano — 80% de nossos produtos são importados.”

 Em nota, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro solidarizou-se com o povo e o governo do Líbano, afirmou que acompanha “com atenção” os acontecimentos na cidade e que está pronto para prestar a assistência consular cabível. “Não há, até o momento, notícia de cidadãos brasileiros mortos ou gravemente feridos”, destacou.

 Professor de direito e de relações internacionais pelo IESB, Weber Lima disse não descartar um atentado terrorista, mas acredita mais na tese de um acidente. “O Líbano tem vivido uma instabilidade política, social e econômica. Quando ocorre algo assim, sempre fica a suspeita de ataque. Em nações instáveis, a fiscalização de depósitos e armazéns é muito frágil. O assassinato do ex-primeiro ministro Rafiq Hariri, em 14 de fevereiro de 2005, levanta a suspeita de não ter sido um acidente”, disse ao Correio. Em relação à declaração de Trump, Lima acredita que a “guerra permanente ao terror” colocou em xeque informações difundidas pelos EUA, especialmente no atual governo.

 » Testemunhas

  

“Pensei tratar-se de um ataque israelense, um atentado com carro-bomba ou uma tentativa de assassinato — isso geralmente ocorre no centro de Beirute. A minha impressão é de que não foi um acidente. Nós perdemos gás, eletricidade e água. Estamos perdendo tudo. De repente, perdemos nosso porto durante o colapso econômico. Não é coincidência, algo está acontecendo. Eu não posso imaginar que acabamos de perder o nosso porto mais vital. As próximas semanas serão duras.”

Hadi Nasrallah, 25 anos, ativista, analista independente em Beirute e testemunha da explosão

 

 (Arquivo pessoal
)  

 “Fiquei muito assustado, pois foi tão forte que o meu prédio inteiro tremeu. Pensei que um avião tivesse caído perto. A explosão parecia Hiroshima, de tão forte. Recebi mensagens do Chipre e do norte do Líbano de pessoas que escutaram o estrondo. Infelizmente, tudo o que estava ao redor foi destruído e há muitos mortos e feridos.”

 José Jaoude, 40 anos, guia turístico libanês, filho de brasileira. Mora em Beirute desde 2013 

Em meio ao colapso econômico, à instabilidade na segurança e à pandemia do novo coronavírus, o Líbano foi assombrado, ontem, por cenas que lembraram um bombardeio atômico. Por volta das 18h (12h em Brasília), duas explosões, seguidas de violenta onda de choque, devastaram o principal porto da capital, matando ao menos 78 pessoas e ferindo mais de 4 mil. O governo do país declarou Beirute

 

 


Correio Braziliense terça, 04 de agosto de 2020

RESGATE DA TRADIÇÃO: ESCRITOR E COMPOSITOR NEI LOPES LANÇA LIVRO

Jornal Impresso

Resgate da tradição
 
O escritor e compositor Nei Lopes lança livro em que recupera a história sobre a religião de origem africana Ifá

 

» Lucas Batista*

Publicação: 04/08/2020 04:00

 (Jefferson Mello/Divulgação)  
 
 
Retratar em palavras as infinidades de saberes que compõem o sistema de uma religião. Esse foi o desafio do compositor, cantor, escritor e estudioso das
culturas de matrizes africanas Nei Lopes. O autor lançou em julho a obra Ifá Lucumí: o resgate da tradição que apresenta ao público uma das vertentes de religiosidade africana: o Ifá.
 
Os conhecimentos que compõem o sistema Ifá se concentram nas narrativas dos Odus, signos por meio dos quais o oráculo responde às questões propostas, expressando as possibilidades, presentes ou futuras, da pessoa, circunstância ou situação cujo destino se deseja saber. A tradição iorubá identifica 16 signos principais, cujas combinações se desdobram em 256 odus — cada odu é uma espécie de mapa que reúne um punhado de poemas, histórias e propósitos, indicando caminhos para os indivíduos.
 
Para mostrar ao público toda exuberância dessa expressão religiosa, o autor busca refazer o percurso de Ifá, da África às Américas, e relatar as adaptações que a religião sofreu ao desembarcar no Brasil. Nei Lopes também imerge na tradição cubana lucumí que vem, há 30 anos, ganhando espaço nos terreiros de candomblés no Brasil, criando até tensões com os defensores dos ritos tradicionais.
 
“O objetivo do livro Ifá Lucumí: o resgate da tradição é informar o público interessado sobre uma das mais antigas e prestigiadas formas da religiosidade africana, presente nas Américas desde, pelo menos, o século 19 e hoje expandida, a partir de Cuba, pelos Estados Unidos e pelo Brasil, além de outros países”, explica o autor em entrevista ao Correio.
 
 »  Entrevista  /  Nei Lopes
 
O livro não ensina o Ifá, mas o apresenta. Quais os desafios na hora da escrita para não ser mal interpretado?
O desafio é exatamente quebrar os estereótipos que cercam as religiões de origem africana, quase sempre vistas pejorativamente como “macumba”, “feitiçaria”, “crendice” etc., apenas por não terem por base um livro escrito, como as chamadas abraâmicas (judaísmo, cristianismo e islamismo). Mas a religiosidade de Ifá é, provavelmente, tão antiga quanto a de Cristo e certamente anterior à de Maomé. E, mesmo oralmente, transmite, também, saberes e modos de direcionar a vida. Além disso, Ifá é matéria de ensino universitário na Nigéria e ganhou, em 2008, reconhecimento como um bem intangível do patrimônio do povo iorubá, concedido pela Unesco.
 
Como foi a investigação para conseguir escrever o livro?
A oralidade é muito importante e eu ouvi pessoas importantes, inclusive, os primeiros babalaôs aqui chegados nos anos 1990, já falecidos mas a tempo de fazerem sucessores. Mas, existe uma boa bibliografia a respeito, em inglês, francês e espanhol, encabeçada por autores como o nigeriano Wande Abombola, professor da Universidade de Ifé, o antropólogo norte-americano William Bascom, o francês Bernard Maupoil e alguns ilustres acadêmicos cubanos.
 
O senhor deu um intervalo nos lançamentos musicais e investiu mais tempo nos livros. Pretende voltar a lançar canções? Há algum lançamento por vir?
O mercado musical no Brasil segue a tendência internacional do imediatismo, da música de sucesso fácil. Até algum tempo atrás, a música tinha que vender, sim, mas a qualidade também era importante. Hoje, a música é a própria mercadoria, então o mais importante nela é o retorno financeiro. Apesar disso, tenho gravado algumas coisas, com intérpretes como Zé Renato, Fabiana Cozza, Alfredo Del-Penho e composto com ótimos jovens instrumentistas, como PC Castilho, Fred Camacho, Everson Pessoa, Marcelo Menezes e outros, com marca de qualidade e bom gosto. Tenho pronto um CD, produzido pelo vibrafonista, arranjador e regente paulistano Guga Stroeter, com a orquestra Projeto Coisa Fina, liderada por ele. É um disco intitulado Pagode black-tie, por ironia mesmo, com sucessos das rodas dos anos 1980 e 1990, só que com arranjos orquestrais sofisticados. Como o bom samba sempre usou e mereceu.
 
Em fevereiro, o senhor adiantou que lançaria o segundo volume de Dicionário de História da África. O que ele trará de novo em relação ao primeiro volume?
O primeiro volume aborda o período do século 7 ao 16 e este agora completa a história, do século 16 ao 19. É o período crucial do tráfico de escravos.
 
Entre os lançamentos de Afro — Brasil Reluzente: 100 personalidades notáveis do século XX e Ifá Lucumí — O resgate da tradição, o Brasil entrou em colapso. Como o senhor tem encarado esse tempo de pandemia? E como enxerga a forma que o Brasil está enfrentando o vírus?
Eu e o meu trabalho, felizmente, não entramos em colapso. O atual governo do país é que meteu os pés pelas mãos, politizando a tragédia e só visando as eleições de 2022. Aí, deu no que deu. Lamentavelmente.
 
Imagino que, para um curioso investigador, ficar em casa a todo tempo não seja uma tarefa fácil. O que lhe  faz espairecer? 
Um “curioso investigador” não sendo de polícia (risos), tem o isolamento como ambiente ideal. A pesquisa intelectual se faz principalmente com livros. E eu tenho ao meu dispor quase todos os que me interessam
 
Outro mal, que não é de hoje, voltou a ser pauta no mundo: o racismo. Qual a importância de levantar essa pauta novamente? De que maneira a arte e a literatura podem contribuir para que tenhamos uma sociedade mais informada e com menos preconceitos?
Desde meu primeiro samba, gravado em 1972, e de meu primeiro livro, publicado em 1981, eu abordo o racismo brasileiro em todo o meu trabalho, em todas as formas: canções, poemas, ensaios, romances, contos e dicionários. Essa é a minha contribuição nesta luta árdua, cada vez mais difícil. Cada um luta com as armas ao seu alcance.
 
Como o senhor analisa esses movimentos que surgiram nas redes sociais? É algo que realmente contribui na luta antirracista?
Todas as verdadeiras revoluções ocorridas no mundo começaram com movimentos. Mobilizações populares contra o racismo não vêm de hoje, nem no Brasil, nem nos Estados Unidos nem na África. Em nosso país, luta-se abertamente contra o racismo pelo menos desde o século 17, como foi em Palmares; mais tarde com a Revolução dos Alfaiates (1798) e a Revolta dos Malês (1835); com a criação da Frente Negra Brasileira na década de 1930; com a reorganização do Movimento Negro na década de 1970. Nada disso foi “fogo de palha”. Hoje, temos as redes sociais, como um meio de difusão de ideias eficientíssimo. Elas certamente têm, hoje um papel importante em nossas decisões; e devem ser decisivas nas próximas eleições. Desde que convenientemente “sanitizadas”, descontaminadas dos vírus da mentira e da falsificação criminosa.
 
*Estagiário sob supervisão de Igor Silveira
 
 
“Desde meu primeiro samba, gravado em 1972, e de meu primeiro livro, publicado em 1981, eu abordo o racismo brasileiro em todo o meu trabalho, em todas as formas: canções, poemas, ensaios, romances, contos e dicionários. Essa é a minha contribuição nesta luta árdua, cada vez mais difícil. Cada um luta com as armas ao seu alcance.”
 
 (Pallas Editora/Reprodução)  
Ifá Lucumí: o resgate da tradição
 
Livro de Nei Lopes que apresenta ao público a religião do ifá. Pallas Editora, 224 páginas. Preço: R$ 49 (impresso), R$ 35,90 (e-book).
 

Correio Braziliense segunda, 03 de agosto de 2020

SEU JORGE E ROGÊ: RESGATE E VALORIZAÇÃO DA BRASILIDADE

Jornal Impresso

Resgate e valorização da brasilidade
 
Seu Jorge e Rogê lançam disco em que olham para o Brasil. Ao Correio, intérprete de Burguesinha fala sobre visão do país lá fora: "É uma contradição estarmos assim diante de toda a história de um povo admirável"

 

Adriana Izel

Publicação: 03/08/2020 04:00

No álbum, os músicos celebram a sonoridade brasileira, com influência evidente do samba (Elaine Groenestein/Divulgação)  

No álbum, os músicos celebram a sonoridade brasileira, com influência evidente do samba

 

 
Apesar de ser sido gravado em quatro dias na Europa e de ter um título em inglês, o álbum Night Dreamer direct-to-disc, disco em parceria entre os cantores e compositores Seu Jorge e Rogê lançado neste ano, celebra o Brasil, tanto em sonoridade, quanto em letra. Isso perpassa por todas as sete faixas, que bebem da influência do samba, do violão de Baden Powell e dos batuques característicos principalmente do Rio de Janeiro e de Salvador, mas fica ainda mais evidente em Meu Brasil, em que a dupla canta o orgulho tupiniquim: “Meu Brasil/Mora dentro do meu violão/É a força da sua canção/É o batuque do seu candomblé/Meu Brasil/É mistura de raça e de cor/Soberano e não perde o valor/É o samba com a bola no pé/[...] Meu Brasil/Dona Ivone, Anastácia e Pelé/Marielle é a voz da mulher/Bossa Nova na voz de João/Natureza de fauna e de flor/E não cabe em mim esse amor/Meu Brasil de Garrincha e Pelé”.
 
Ambos têm trajetória fora do país. Rogê mora em Los Angeles há algum tempo e Seu Jorge costumava viver em ponte aérea antes da pandemia. E foi exatamente a experiência externa que os fez celebrar, mesmo que de forma não necessariamente pensada, o Brasil. O disco é, também, um resgate das coisas boas do brasileiro em meio a momentos tão complicados internamente e também na visão do país para o mundo, como o impedimento da entrada de brasileiros enquanto a covid-19 cresce por aqui.
 
“Viajei e viajo o mundo inteiro. É curioso mesmo como o mundo torce para o brasileiro, como não vejo acontecer por ninguém mais. É impressionante. Acho que nós cultivamos uma coisa no passado, que está muito desfocada hoje e que não conseguimos mais ver, mas que deu muito certo. As expressões brasileiras, a música, o cinema, o futebol, o carnaval... Além de sermos um país gigantesco, de terra fértil, continental. O Brasil sempre teve essa simpatia para o mundo. Mas, agora, o Brasil está cancelado. E a gente torce e espera por dias melhores. É uma contradição estarmos assim diante de toda a história de um povo admirável”, avalia Seu Jorge em entrevista por videoconferência ao Correio.
 
Para Rogê, o Brasil é uma espécie de marca internacionalmente e, por isso, deve ser valorizado, que é o que eles fazem no material. “(Morando fora) Foi quando me senti mais brasileiro. Poucos países têm essa força de marca como o Brasil tem, com música e artes super-reconhecidas fora, como é o caso do samba que fazemos no disco, mesmo que não seja o samba propriamente dito. Acho que a gente falou muito disso (no álbum), desse Brasil vitorioso, numa coisa meio saudosista, mas, porque, a gente acredita no Brasil”, completa.
 
Seu Jorge diz, também, que acha que as discussões atuais sobre racismo e questões humanitárias estão latentes na história da música brasileira, o que torna o disco relacionável. “A música faz com que a gente busque algum sentido na vida. Agora, no momento, se tem uma revolta contra o racismo e a violência policial contra o povo negro, a luta por justiça e, automaticamente, com a pandemia, reacende a discussão maior do mundo: a humanitária. E muitos do que absorvem o sentimento da música brasileira têm essa curiosidade sobre essa nossa luta para sobreviver. Conhecemos a alegria de alguma forma, com ou sem dinheiro. É aquele negócio do jeitinho brasileiro, que é aquilo que é dado quando não se tem mais jeito. Então, é um lugar muito interessante de se investigar”, acrescenta.
 
Amizade
 
Lançado oficialmente em janeiro, o disco ganhou, na última quinta-feira, um clipe da faixa preferida dos artistas: Pra você, amigo, feito em realidade virtual com direção de Mariana Jorge e participação de nomes como Caetano Veloso, Marisa Monte, Chico César e Jhonny Hooker. Para os dois, a escolha é simples. A canção define a parceria que existe há 30 anos, tanto na vida pessoal, quanto profissional. Seu Jorge diz que juntos são como “Bebeto e Romário, nunca perderam um jogo pela Seleção”, em referência a antigas parcerias como no álbum Músicas para churrasco, volume 1, que conquistou o Grammy Latino em 2012 e tinha ainda nomes como Pretinho da Serrinha, que está de volta em Night Dreamer direct-to-disc.
 
“A gente já tinha essa vontade de fazer (um disco junto). Somos uma família acima de tudo, que é um conceito bonito. É essa sinergia que nos move. Dito isso, não tinha como não fazermos algo juntos nessa área. A música é a coisa mais fácil. O mais complicado é manter tudo isso, é ser amigo”, explica Seu Jorge.
 
De acordo com ele, essa proximidade entre eles facilita, inclusive, o processo de trabalho. “Quando se tem amizade e respeito, fica mais fácil, porque se eliminam algumas coisas, algumas sutilezas, formalidades, que fazem um processo e uma parceria mais lentos. A gente se conhece, evita caminhos que o outro não gosta. Acho que o nosso sucesso tem a ver com a franqueza, com sermos sincerões ponto com”, completa.
 
Rogê reforça que essa relação é a fórmula do sucesso entre eles. “Isso que faz termos um montão de sucessos. É um prazer fazer música juntos. Foi assim nesse disco, já tínhamos essa intimidade, essa habilidade e essa prática”, avalia, citando a boa repercussão que o material teve fora do Brasil, onde a dupla chegou a fazer três shows esgotados antes da pandemia, em locais como Nova York e Washington.
 
Mundo atual
 
A turnê foi paralisada e segue sem previsão de voltar. “Nos pegou de calças curtas. Mas, com todas essas novidades, as vacinas que estão chegando... Em mim, algo se acende de esperança de que as coisas logo vão se normalizar. Mas temos que ter muito cuidado e atenção para não nos precipitarmos. Claro que dá ansiedade de ver o público logo. Mas, a gente tem que entender esse processo e aguardar”, comenta Seu Jorge, que tem apostado nas lives.
 
“A live foi um fenômeno interessante aqui no Brasil. De alguma maneira, o brasileiro sabia que íamos demorar para voltar. Fiz duas que me orgulho muito: uma com Daniel Jobim e outra com os irmãos Pires. Teve o projeto Frente a frente, que foi algo muito legal e uma superoportunidade de homenagear os profissionais da saúde”, lembra.
 
Além dos shows, Seu Jorge teve impacto na agenda de gravações da série Irmandade, da Netflix. O cantor e ator já estava caracterizado e feito uma pré-produção, mas as filmagens da segunda temporada foram adiadas e, de acordo com ele, tudo deve ficar para apenas 2021, quando Seu Jorge e Rogê também devem pensar sobre a retomada da turnê. 
 
 
 ( Night Dreamer Records/Reprodução)  
 
Night Dreamer direct-to-disc
De Seu Jorge e Rogê. Night Dreamer, 7 faixas. Disponível nas plataformas digitais

Correio Braziliense domingo, 02 de agosto de 2020

TESTE DE VACINA COMEÇA NESTA SEMANA

Jornal Impresso

COVID-19

Teste de vacina começa nesta semana
 
Nesse primeiro momento, dez profissionais da saúde que trabalham com pacientes contaminados poderão se voluntariar para ensaio clínico da imunização contra a covid-19, que começa quarta-feira, na UnB: outros serão selecionados nos próximos dias para participar

 


ALAN RIOS

Publicação: 02/08/2020 04:00

Um total de 850 pessoas deve participar da testagem no DF: todos precisam trabalhar na linha de frente da luta contra a covid-19 (Instituto Butantan/Divulgação)  

Um total de 850 pessoas deve participar da testagem no DF: todos precisam trabalhar na linha de frente da luta contra a covid-19

 

 
Profissionais da saúde do Distrito Federal serão  voluntários de testes de uma vacina contra a covid-19. Os ensaios começam nesta semana, com a inscrição dos participantes e a primeira etapa da vacinação, marcada para quarta-feira. Especialistas que pesquisam a imunização definiram os resultados iniciais da vacina como “promissores”. O projeto é coordenado pelo Instituto Butantan, de São Paulo, e será realizado pela Universidade de Brasília (UnB), que montou uma estrutura no Hospital Universitário de Brasília (HUB) para a realização da pesquisa. Uma equipe multiprofissional também foi preparada para atendimento dos voluntários. O objetivo é vacinar de 20 a 40 pessoas por dia, após a primeira semana, até alcançar a meta de aproximadamente 850 participantes. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já emitiu a autorização para os estudos.
 
“Essa é a fase 3 dos testes, em que vamos aferir a precisão, a eficácia e a segurança da vacina. As duas primeiras etapas definiram que o medicamento produz efeito imunológico adequado e que há possibilidade de testar em humanos, pois a relação entre riscos e benefícios foi entendida como positiva e promissora”, detalhou Gustavo Romero, coordenador do estudo e pesquisador do Núcleo de Medicina Tropical da Universidade de Brasília (UnB). A vacina é produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac Biotech e será testada em profissionais que atendam pacientes com o novo coronavírus. Também há estudos de uma vacina da Universidade de Oxford sendo conduzidos na mesma fase de testes em outras unidades da federação.
 
Entre os critérios de participação como voluntário da pesquisa estão: não ter sido contaminado com a doença, apresentar boas condições de saúde e ter disponibilidade para realizar o acompanhamento periódico por um ano após a vacinação. Serão aplicadas duas doses em um intervalo de 14 dias. Para melhor visualização dos resultados, metade dos voluntários vai receber placebo e a outra metade, a medicação. “Se tudo der certo nessa fase, ela está pronta para registro e comercialização. Há uma ansiedade muito grande da comunidade científica, da população e da mídia em saber a previsão de data de quando ela estará disponível, mas ainda é cedo para dizer isso”, explica Gustavo.
 
O médico lembra que todos os esforços estão sendo realizados para concluir os ensaios com sucesso o quanto antes, e que é um momento de contribuição de todos no combate à covid-19. “É importante lembrar que o que nós temos hoje como ferramenta mais poderosa contra o vírus é a redução do contato físico e da circulação de pessoas. Se todo mundo tiver responsabilidade e começar a aplicar isso, teremos mais tempo para que as soluções sejam desenvolvidas, com menos danos da doença à sociedade”, ressalta Gustavo.
 
Boletim
 
A notícia do início dos testes em humanos da vacina contra o novo coronavírus chega em um período em que o Distrito Federal enfrenta os números mais preocupantes da doença. A capital está no pico da pandemia e registrou, ontem, mais 21 mortes em decorrência da covid-19, chegando a 1.352 óbitos de residentes no DF. Ao todo, o DF tem 107.922 casos de contaminação, 1.630 novos em relação ao boletim de sexta-feira. A taxa de letalidade — total de pessoas que morreram dividido pelo número de infectados — aumentou na comparação com o começo de julho. Naquele mês, a taxa chegou a 1,2%. Neste momento, o índice é de 1,4%. A região administrativa com mais casos ainda é Ceilândia, com 13.402 contaminações e 303 mortes.
 
Colaborou Jéssica Eufrásio
 
 
 
Comemoração reúne 50 pessoas
Um almoço de casamento em um restaurante da 104 Sul foi alvo de críticas de moradores da quadra, ontem. O Correio recebeu imagens de um evento que ocorreu no Toro Parrilla. Vídeos mostram dezenas de pessoas reunidas, várias sem máscara, durante a comemoração. No paletó de dois participantes, havia insígnias da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), e um dos convidados tinha um quepe da corporação em mãos. O chef de cozinha do Toro, Hélio Rodrigues, confirmou o casamento, mas disse que as medidas de distanciamento foram respeitadas. A PMDF não se posicionou até o fechamento desta edição.

Correio Braziliense sábado, 01 de agosto de 2020

ESTACIONAMENTO PAGO: DISCUSSÃO SOBRE COBRANÇA AVANÇA

Jornal Impresso

Discussão sobre cobrança avança
 
 
O projeto Zona Verde prevê tarifa de até R$ 5 para quem estacionar veículos em áreas de Brasília. Ontem, a medida foi tema de audiência pública e será apresentada, na próxima semana, para procuradores do MPDFT e para deputados distritais

 

» WALDER GALVÃO
» ALAN RIOS

Publicação: 01/08/2020 04:00

Para Waleska Loureiro, a proposta vai impactar nas despesas do brasiliense:  

Para Waleska Loureiro, a proposta vai impactar nas despesas do brasiliense: "É capaz que fique mais caro que uma visita ao shopping"

 



A cobrança em estacionamentos públicos no Plano Piloto caminha para tornar-se realidade na capital. O projeto, de autoria do Governo do Distrito Federal (GDF), passou por audiência pública on-line, na manhã de ontem, conduzida pelo próprio Executivo local. Os principais objetivos da medida são incentivar o uso do transporte público e desafogar os pontos de aglomerações de veículos. A proposta será avaliada pelo Legislativo, Tribunal de Contas (TCDF) e Controladoria-Geral do DF (CGDF), antes da publicação do edital de licitação, que segue sem previsão. Apesar da fase inicial, a possibilidade de cobrança de tarifa gera controvérsia entre os brasilienses, que divergem de opinião sobre o tema.

O projeto, batizado de Zona Verde e conduzido pela Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob), divide os estacionamentos do centro da capital em quatro grupos e estabelece um valor, de até R$ 5, para cada um deles. Além disso, os pontos terão regras específicas, como a duração de permanência dos veículos (veja Detalhes). Uma empresa privada será responsável pela implementação do sistema, e a estimativa da pasta é de que todos os ajustes para que a tarifa comece a ser cobrada fiquem prontos em três anos.

Ontem, durante a audiência pública, representantes da Semob apresentaram o plano de execução da Zona Verde. No período de implementação, serão investidos R$ 300 milhões pela concessionária. O montante será utilizado para a criação das zonas, compra de equipamentos, pintura e revitalização de alguns trechos. A outorga inicial será de R$ 785,8 milhões. A expectativa é de que, após entrar em funcionamento, o projeto gere R$ 250 milhões. O contrato com a empresa vencedora da licitação será de 30 anos, sem possibilidade de prorrogação. Além disso, a ganhadora pagará taxas de fiscalização e cederá 20% das receitas não-tarifárias ao Poder Público.

De acordo com o secretário executivo de Mobilidade, Luiz Felipe Carvalho, após a audiência pública, o projeto será discutido com outros órgãos da capital. “Agendamos uma reunião com procuradores do MPDFT (Ministério Público do Distrito Federal e Territórios) na quarta-feira. Na semana que vem, vamos fazer uma apresentação para todos deputados distritais e estamos marcando com a bancada federal do DF. Nossa intenção é receber o maior número de contribuições”, frisa.

Ao Correio, a Semob informou, por meio de nota oficial, que o projeto faz parte de uma proposta mais ampla de melhoria do sistema de transporte da capital. Entre as medidas, estão a implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), a modernização e aumento da capacidade do metrô, a reforma da Rodoviária do Plano Piloto, obras de construção, reforma ou revitalização de calçadas, estacionamento e ciclovias. A pasta esclareceu que não há data para a licitação da Zona Verde.

Isabela Souto espera que a Zona Verde se reverta em benefícios para o DF  

Isabela Souto espera que a Zona Verde se reverta em benefícios para o DF

 


Investimento

O professor de engenharia de tráfego da Universidade de Brasília (UnB) Paulo Cesar Marques explica que o projeto é necessário no Distrito Federal, entretanto, precisa de ampla discussão, antes que possa sair do papel. “A reação tem sido muito negativa da população. Isso mostra que é preciso que o tema seja debatido com muito tempo. A proposta precisa de um período de maturação”, reforça. De acordo com ele, a essência da Zona Verde é positiva: cobrar por um espaço público, que é usado como privado.

O estudioso ressalta que o transporte público de Brasília não é de boa qualidade, comparado com outros países. Segundo Paulo, o ideal seria que o dinheiro arrecadado com a cobrança em estacionamentos fosse revertido em investimento na mobilidade urbana da capital. “O dinheiro não deveria ser usado para outra coisa. O projeto, entretanto, será conduzido por uma empresa privada, que fica com a maior parte do recursos”, critica.

Para o especialista, a população deve ter o sentimento de responsabilização pelo espaço ocupado pelo próprio veículo. “Só porque tenho carro, não quer dizer que posso usar o espaço público de graça”, argumenta. Paulo, entretanto, avalia que o momento pode não ser o ideal para a discussão. “Devido à pandemia, o transporte público, por conta de condições, como a lotação, apresenta um grande fator de risco. É necessário que se mostre as vantagens do projeto para ganhar o apoio da sociedade. Agora, o governo precisa aproveitar a ideia, pensar em prazos que sejam razoáveis e debatê-la profundamente”, aconselhou.

Debate


Entre os brasilienses, a possibilidade da cobrança de tarifas em estacionamentos públicos gerou divergência de opiniões. A estudante Isabela Souto, 21 anos, afirma que, se a taxa implicar em melhoria para a cidade, a proposta pode ser positiva. “O ideal é, a partir da arrecadação, trazer pistas e estacionamentos melhores, com mais segurança, além de investir no transporte público. Caso siga essa linha, será uma ideia boa”, destacou. A moradora da Asa Norte considera que há pouca oferta de coletivos no Distrito Federal.

Por outro lado, a servidora pública Waleska Loureiro, 32, diz que a cobrança vai fazer diferença no bolso do brasiliense. “Vão ser mais de R$ 10 por dia e, ainda, tem os custos com a gasolina. É capaz que fique mais caro que uma visita ao shopping”, protesta. Entretanto, a moradora de Águas Claras reconhece que, se ocorrerem melhorias na segurança e na infraestrutura da cidade, a medida pode ser válida. “Trabalho no Setor de Autarquias e enfrento muitos problemas de estacionamento”, lamenta.


Tombamento protegido
A Secretaria de Transporte e Mobilidade do Distrito Federal (Semob) garantiu que a empresa responsável pelas obras da Zona Verde deverá respeitar o tombamento de Brasília. Ao Correio, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) informou que a instalação de parquímetros, por exemplo, como elemento mobiliário urbano, não fere o tombamento. Entretanto, a entidade ressaltou que “será necessário analisar, oportunamente, as repercussões que esta ação pode gerar no sistema viário existente”.

Correio Braziliense sexta, 31 de julho de 2020

QUEDA DE HELICÓPTERO - TRIPULANTE SOBREVIVEM A DESASTRE

Jornal Impresso

Tripulantes sobrevivem a desastre
 
Helicóptero do Corpo de Bombeiros perde o controle, atinge prédio desativado de faculdade e cai no estacionamento da instituição. Queda assustou moradores e trabalhadores de Vicente Pires. Das cinco pessoas que estavam na aeronave, apenas o piloto se feriu

 

ALAN RIOS

Publicação: 31/07/2020 04:00

Bombeiros isolaram o local da queda e jogaram espuma sobre o combustível que vazou do helicóptero para evitar o risco de explosão (Ed Alves/CB/D.A Press)  

Bombeiros isolaram o local da queda e jogaram espuma sobre o combustível que vazou do helicóptero para evitar o risco de explosão

 

 
Cinco socorristas viveram momentos de pânico quando se preparavam para atender a uma vítima de parada cardíaca, na manhã de ontem, em Vicente Pires. Três militares do Corpo de Bombeiros, um médico e uma enfermeira do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegavam à Rua 4 em um helicóptero, para dar suporte ao atendimento de uma ambulância, quando o piloto perdeu o controle da aeronave, e ela caiu. O acidente aconteceu no estacionamento de uma faculdade privada que está desativada. Vídeos gravados por servidores da Unidade Básica de Saúde (UBS) 1, que fica ao lado do local, mostram que a hélice do helicóptero colidiu com uma parede da instituição. Apesar do susto, ninguém sofreu ferimentos graves.
 
Todos os tripulantes foram encaminhados a hospitais para exames. Eles estavam conscientes e quatro não apresentavam lesões aparentes. Somente o médico do Samu, levado a uma unidade de saúde particular, sofreu um corte leve na testa. “O helicóptero estava em procedimento de pouso para atendimento da ocorrência de parada cardíaca quando o fato aconteceu. Nossas equipes realizaram o socorro, e não houve lesões a civis ou grandes danos à estrutura da faculdade. Houve, apenas, o choque com a lateral da instituição, mas sem gravidade”, detalhou o coronel Cláudio Faria Barcelos. O militar acrescentou que fotos, vídeos e depoimentos foram colhidos para entender o que ocasionou a queda.
 
A vítima de parada cardíaca que aguardava socorro foi atendida pela ambulância, que já estava no local. Após o acidente, os militares isolaram a região para contenção de um possível foco de incêndio, pois uma quantidade significativa de gasolina foi derramada. Os bombeiros utilizaram uma espuma específica para esses cenários, que resfria e cobre o combustível, evitando o risco de explosões. A Defesa Civil também atuou no caso, realizando uma inspeção no prédio desativado. “De início, nosso trabalho foi garantir a segurança da população. Realizamos uma avaliação na edificação e percebemos que não há risco de desabamento. Depois, demos apoio ao Corpo de Bombeiros para retirada da aeronave”, explicou o coronel Alan Araújo. O helicóptero foi levado para o Batalhão do Corpo de Bombeiros Militar de Águas Claras.
 
Nuvem de poeira
Quem presenciou a queda relata a tensão do acidente. Wellington Silva, 40 anos, trabalha em uma gráfica a poucos metros do estacionamento. Por volta das 7h, ele estacionou no local e começou o serviço. Às 10h, ouviu um barulho muito forte. “Saí da gráfica correndo e vi aquela nuvem de poeira e o helicóptero, caído em cima do meu carro. Os bombeiros que estavam dentro da aeronave correram para uma marquise ali perto, e os outros que estavam na ambulância começaram a pedir para a gente sair, porque tinha risco de incêndio”, relatou o designer.
 
As primeiras preocupações de Wellington foram quanto às vidas dos tripulantes. “Foi algo assustador, dei graças a Deus quando vi que ninguém se machucou. Também lembrei que esse lugar era uma escola ano passado e fiquei imaginando que a queda tinha acontecido no horário que costumava ser o intervalo. Isso tudo passa pela cabeça”, diz. Ele conta que o estacionamento costuma receber pousos de helicópteros dos bombeiros, e que nunca havia testemunhado algo igual. “Agora, vou respirar um pouco depois de tudo que aconteceu. Fico triste, porque o meu carro tinha acabado de sair da oficina, gastei mais de R$ 3 mil com suspensão e pintura, e não tenho seguro. Mas, vamos ver como vai ser para reparar esses danos materiais”, lamenta.
 
Luiz Augusto Barros, 22,  estava perto do local do acidente e viu o momento exato da queda do helicóptero. “Nunca passei um susto tão grande. Fiquei tremendo”, desabafa o lavador de carros. Ele conta que estava trabalhando, pela manhã, quando viu a primeira viatura da corporação chegar, para avaliar o espaço para o pouso. “Eles ficaram sobrevoando e, depois, foram pousar, mas aí ouvi um estouro grande e subiu muita poeira. Nessa hora, vazou muito combustível e os bombeiros pediram para que a gente se afastasse. Foi um nervosismo grande”, detalha Luiz.
 
Perícia
A dinâmica do acidente será esclarecida após o resultado da perícia. Equipes do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) realizaram coletas de dados no local. “O começo do processo de investigação é fotografar cenas, retirar partes da aeronave para análise, reunir documentos e ouvir relatos de pessoas que possam ter observado a sequência de eventos”, informou o Cenipa, em nota oficial. Diversos vídeos foram gravados pela população. Essas imagens podem ajudar a elucidar o caso. “O objetivo da investigação é prevenir que novos acidentes com características semelhantes ocorram. A necessidade de descobrir todos os fatores contribuintes garante a liberdade de tempo para a apuração. A conclusão de qualquer investigação conduzida pelo Cenipa terá o menor prazo possível, dependendo, sempre, da complexidade do acidente”, finalizou o texto.
 
 
 
 
 
Memória
 
Três mortos
Em 2007, três militares do Corpo de Bombeiros morreram após a queda de um helicóptero da corporação. A tragédia aconteceu durante operação de remoção de um corpo em uma usina de lixo, no P Sul, em Ceilândia. Na ocasião, o Governo do Distrito Federal decretou luto oficial, de três dias, pelas mortes de Luiz Henrique Andrade, José Frederico Assunção e Lélio Antunes da Rocha.

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