|
|
Apesar de ainda não ter recebido autorização da Anvisa, União Quimica pretende importar 10 milhões de doses da vacina Sputnik V
|
A partir de hoje, todos os trabalhadores de saúde da rede pública e dos hospitais particulares do Distrito Federal poderão ser imunizados contra a covid-19. “Estaremos ampliando o público beneficiado para todos os profissionais de saúde da rede pública, sem distinção de categorias, e para os profissionais que atuam nos hospitais da rede privada”, disse o secretário de Saúde, Osnei Okumoto. Segundo a pasta, os servidores públicos receberão as doses nas unidades na Região de Saúde onde atuam, e os trabalhadores da rede privada seguem sendo vacinados nos estabelecimentos onde prestam serviço.
Com a entrega da nova remessa da CoronaVac, o Governo do Distrito Federal (GDF) afirmou que pretende vacinar, na próxima etapa, idosos acima de 80 anos. Professores devem receber o imunizante contra a covid-19 até março, quando haverá retorno das aulas presenciais da rede pública da capital. Segundo o governador Ibaneis Rocha (MDB), cerca de 150 mil doses, que estão ainda sendo preparadas para envio, devem ser repassadas ao DF pelo Plano Nacional de Imunização. O anúncio foi feito, ontem, durante visita à fábrica Bthek, da União Química — responsável pela produção do imunizante Sputnik V, no Brasil.
“Queremos proteger os nossos professores também para que a gente possa ter um nível de segurança maior”, disse Ibaneis. “Só assim vamos acabar com isso”, completou. De acordo com o governador, o DF deve receber, até o fim da semana, cerca de 150 mil doses da CoronaVac, do Ministério da Saúde.
Durante a visita, o governador comentou que manterá restrições a bares e restaurantes, que devem encerrar o funcionamento até as 23h. “A gente entende a reclamação de todos eles, sabemos do impacto que ocorre na parte da economia, mas nós temos que nos preocupar com a nossa rede hospitalar e com a saúde da população, que, nesse momento, para mim, é prioritário”. No fim de semana, os fiscais do DF Legal fecharam quatro festas clandestinas.
O Distrito Federal vive o desafio de controlar a disseminação do novo coronavírus. Especialistas reiteraram a importância de vacinar a população para evitar uma segunda onda da doença. “Apesar dessa guerra toda, a arma que nós temos, neste momento, para a covid-19, é vacinar a população o mais rápido possível e aplicar as medidas restritivas”, alerta o infectologista Julival Ribeiro, membro da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal. Sete dias após o início da campanha de vacinação contra a covid-19 no DF, 18,5 mil pessoas receberam as doses da CoronaVac, imunizante produzido, no Brasil, pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac.
No domingo, 41,5 mil doses da Covidshield, imunizante da Universidade de Oxford/AstraZeneca desembarcaram no DF e refroçaram o estoque para vacinar o grupo prioritário, formado por profissionais da saúde , idosos com mais de 60 anos e pessoas com deficiência que vivem em abrigos, cuidadores e indígenas.
Julival Ribeiro ressalta que, para a capital atingir a imunidade coletiva e cessar a pandemia, seria preciso vacinar, pelo menos, 75% da população. O DF tem de mais de 3 milhões de habitantes. “Primeiro, alguns não vão desenvolver anticorpos. Em segundo lugar, temos grupos imunossuprimidos, e ninguém sabe ainda quanto dura a proteção”, frisa. Ele avisa que, mesmo que a campanha esteja em curso, a população deve continuar adotando os cuidados sanitários: “Higienizando as mãos, manter o isolamento, uso de máscara e, sobretudo, evitar as aglomerações”, diz.
Visita
Atualmente, a CoronaVac e a Covidshield possuem autorização de uso emergencial da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para serem aplicadas na população. Depois da liberação, em 17 de janeiro, as doses foram distribuídas aos estados por meio do Programa Nacional de Imunização (PNI) em quantidade proporcional à população. Além das 41,5 mil doses da vacina de Oxford, o DF recebeu 105,6 mil unidades da CoronaVac.
A União Química firmou acordo com o Instituto Gamaleya para obter a transferência de tecnologia para produção da Sputnik V e deu início à fabricação em um estágio piloto no laboratório em Santa Maria. A empresa teve uma nova rodada de negociações com a Anvisa para conseguir a liberação de uso emergencial do imunizante no Brasil e para a realização de testes clínicos de fase três em voluntários brasileiros. Desse modo, toda a fabricação da vacina seria feita no Brasil, uma vez que a empresa produz o Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), princípio ativo do imunizante.
A empresa pretende importar 10 milhões de doses prontas da Rússia. Com a autorização para uso emergencial, a empresa alega que poderia produzir 8 milhões de frascos com doses unitárias por mês, a partir de março. Porém, o governador Ibaneis assegurou que vai seguir o PNI para receber os imunizantes encaminhados pelo governo federal e que não vai comprar doses antecipadas da Sputnik V ou reservar lotes.
Diretor de Negócios Internacionais da União Química, Rogério Rosso está otimista quanto à liberação da Sputnik V pela Anvisa. “Iniciados os testes clínicos, vamos fazer a importância emergencial de 10 milhões de doses. E, ao longo do ano, a produção da União Química e importação de vacinas da Rússia, teremos 150 milhões de doses até dezembro”, disse.
O embaixador russo Sergey Akopov ressaltou que o momento é de união. “Quanto mais vacinas existirem no mundo, é melhor. É lógico que, hoje, nenhum país sozinho pode ganhar esta guerra, então nós unimos todos os esforços de todas as nações do mundo para combater essa realidade”, pondera.
Fura-filas
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) recebeu denúncias de que pessoas fora dos grupos prioritários receberam os inoculantes da farmacêutica chinesa Sinovac. O órgão questionou a Secretaria de Saúde quanto à integridade do processo, informou que vai acompanhar a vacinação e cobrou transparência na aplicação das doses.
Diante do posicionamento do MPDFT, a Saúde passou a divulgar um balanço diário do andamento da vacinação no DF em sua página oficial (saude.df.gov.br). A Comissão Especial da Vacina da Câmara Legislativa (CLDF), presidida pelo deputado Fábio Felix (PSol), lançou um canal para registrar as denúncias de irregularidades na aplicação da vacina. O serviço funciona pelo WhatsApp — (61) 9 9904-1681.
Ontem, representantes da força-tarefa do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que acompanha as medidas de enfrentamento à pandemia no DF, realizaram uma vistoria no Hospital Regional do Gama (HRG). De acordo com o órgão, o objetivo é verificar a aplicação de vacinas de prevenção à covid-19. O local foi escolhido a partir de relatos de desrespeito às diretrizes definidas no Plano Distrital de Vacinação. Mais de 900 profissionais da área de saúde foram vacinados na unidade. A previsão é que 1,2 mil servidores sejam imunizados no hospital. Ao Correio, MPDFT informou que está apurando as denúncias a respeito de “fura-filas” e não pode divulgar dados para não atrapalhar as investigações.
4.490 mortos
Segundo a Secretaria de Saúde, 1.148 diagnósticos da covid-19 e 14 mortes devido à doença foram notificados nas últimas 24 horas. Com os registros, a capital totaliza 271.319 casos confirmados e 4.490 mortes — 260.216 (95,9%) pacientes estão recuperados. A média móvel de casos está em 864, e de óbitos, em 9,43.