Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense quinta, 08 de julho de 2021

VIÚVA NEGRA: CORREIO FAZ UMA VIAGEM PELA HISTÓRIA DAS SUPER-HEROÍNAS DO CINEMA E DA TELEVISÃO

Jornal Impresso

Super representadas
 
Com o lançamento de Viúva Negra, o Correio faz uma viagem pela história das super-heroínas do cinema e da televisão

 

Millena Brasil*
Pedro Ibarra*

Publicação: 08/07/2021 04:00

 (Jay Maidment/Divulgação)  
 
O longa Viúva Negra estreia nos cinemas hoje com a primeira história solo de uma das heroínas que integra a liga de Os Vingadores. Conhecida do público que acompanha o universo Marvel, o lançamento tem lastro no sucesso de bilheteria da saga. O enredo tem como fio condutor o passado da personagem de Scarlett Johansson — a espiã russa Natasha Romanoff. Para os produtores, o novo filme é como uma retratação com a vingadora que sempre mereceu uma abordagem própria. 
 
O filme tem a grandeza que a protagonista merece, mas também mostra facetas ainda não muito exploradas para o grande público. Para os fãs da humana que luta ao lado e contra seres com poderes extraordinários, o Correio traz um pouco mais do que se pode esperar da produção pelas impressões da atriz Rachel Weisz, que interpreta Melina Vostokoff, importante elemento da trama, por meio da entrevista cedida pela Disney.  
 
 “Ela não é bem uma super-heroína, ela é um ser humano que é mortal”, explica Rachel Weisz. “Natasha é formidável, vulnerável e emotiva. Ela tem necessidades emocionais ao mesmo tempo que é uma assassina, espiã e especialista em artes marciais altamente treinada”, pontua sobre a Viúva Negra que está representada no longa.
 
Vencedora do Oscar de Melhor atriz coadjuvante por O jardineiro fiel, em 2005, Rachel sabe que não entra apenas para o elenco de mais um filme, mas passa a integrar o Universo Cinematográfico Marvel (MCU). “Tem sido uma honra me juntar a eles”, comenta sobre o processo. “São verdadeiros contadores de história, apaixonados pela mitologia dos próprios enredos e do próprio universo”.
 
A atriz lembra que aceitou o papel por querer trabalhar com a diretora Cate Shortland e que o elenco composto por David Harbour e Florence Pugh também a seduziu para o projeto. A personagem Melina, uma espiã que viveu uma vida dupla por anos, é uma peça muito complexa que também agradou Weisz. “Eu acho que uma vez que ela descobriu a felicidade e o amor, ela não queria mais voltar a ser espiã, mas precisava. Acredito que o coração dela endureceu depois disso. Ela se tornou dura e talvez um pouco azeda”, analisa a atriz sobre a personagem que interpreta.
 
Girl Power: as superpoderosas do cinema
 
Nos anos 1980 e1990, as heroínas começaram a fazer parte do imaginário da cultura pop. O surgimento das narrativas femininas inspirou a criação de grande parte das superpoderosas conhecidas hoje. Também foi a partir da construção de novos arquétipos que os enredos atuais puderam explorar temas como aceitação, diversidade e ruptura dos padrões. Aproveitando o debate que este lançamento acende, o Correio também preparou uma lista com algumas heroínas que ajudam a construir o protagonismo das mulheres nas histórias de seres superpoderosos.
 
*Estagiários sob a supervisão de Juliana Oliveira
 
 
 (Reprodução da Internet)  
 
She-Ra
• Alter ego de Adora, a irmã gêmea do He-Man, ganhou a sua primeira representação em 1985. Sob a honra de Grayskull, a antiga She-Ra se mostra como uma heroína valente, apesar de ter a sua figura quase sempre associada ao Príncipe Adam e carregada de sex appeal. Mais recentemente, a personagem ganhou uma série de animação da Netflix com a DreamWorks: She-Ra e as Princesas do Poder (2018). Nessa versão, Adora é uma adolescente moderna, independente e que entre muitas aventuras também precisa lidar com os próprios sentimentos e as questões do mundo atual. Desenvolvida por uma mulher, a série entrega variedade na representação dos personagens, além da quebra de estereótipos no que diz respeito à rivalidade feminina. 

 (Disney/Pixar/Divulgação)  
 
Mulher Elástica
•Ícone da Geração Z, Helena Pêra, de Os Incríveis (2004), se divide entre as funções de supermãe e super-heroína. Muito determinada e corajosa, a Mulher Elástica teve a chance de mostrar o seu protagonismo e a sua importância em Os Incríveis 2 (2018). Após muita espera, a Pixar optou por desenvolver a sequência focada na heroína. No longa, Helena sai em uma missão enquanto o Sr. Incrível tenta lidar com os problemas da casa. O resultado gerou um importante debate sobre a inversão dos papéis de gênero. “Ela descobre que sente um certo êxtase em recuperar sua persona como super-heroína, ao mesmo tempo, ela é mãe e adora ser uma. É como uma celebração desse trabalho, contou a atriz Holly Hunter (voz da Mulher Elástica), antes do lançamento.
 
 (Clay Enos/Warner Bros)  
 
Mulher-Maravilha
• A pioneira Diana Prince apareceu nos quadrinhos da All Star Comics em 1941, sendo a primeira grande heroína em meio a tantas figuras masculinas que já existiam neste cenário. Tratando-se de uma época conservadora, a história da Mulher-Maravilha perpetuou muitas reviravoltas, mudanças e descontinuações. Em Batman vs. Superman: A origem da justiça (2016), uma Diana muito mais confiante é representada, tornando-se um nome de peso dentro do movimento feminino. Desde então, a Mulher-Maravilha, interpretada por Gal Gadot, tem inspirado e empoderado mulheres reais ao redor do globo. Sob a direção de Patty Jenkins, a heroína conquistou dois filmes solos, o último lançado em 2020. Gadot retornará em um terceiro longa já oficializado pela Warner. 
 
 ( Marvel Studios/Divulgação)  
 
Capitã Marvel
• Com mais de 50 anos de existência, Carol Danvers é uma das personagens mais poderosas dos quadrinhos norte-americanos. Em 2019, ganhou uma produção solo de sucesso nas bilheterias mundiais. Protagonizada por Brie Larson, a Capitã Marvel soube se aprofundar em pautas como sororidade e o empoderamento feminino com muita eficácia. Um filme significativo por ter como diretora Anna Boden, a primeira mulher a dirigir um filme do estúdio e Nicole Perlman, a primeira mulher a escrever um longa do Universo Cinematográfico da Marvel (MCU). O filme também contou com a presença de figuras como Monica Rambeau, super-heroína dos quadrinhos americanos, que teve aparição no recente lançamento da Disney+, WandaVision (2021). 
 
 (Kevin Winter/AFP - 21/7/19)  
 
Próximos lançamentos
• Além de Viúva Negra, a personagem Miss Marvel também vai ocupar as telonas com a estreia de The Marvels, em 2022. O filme será uma sequência de Capitã Marvel (2019) e será dirigido por Nia DaCosta, a primeira mulher negra por trás de um filme dos Estúdios Marvel. Já o novo longa de Thor vai introduzir Natalie Portman como a Poderosa Thor, substituta do Deus do Trovão e terá ainda a volta da atriz Tessa Thompson, como Valquíria. Parte da fase quatro (lançamentos de 2021 até 2023) do universo Marvel, Thor: Amor e trovão chega aos cinemas em 2022. Entre as séries, está marcada para 2022 a estreia de She-Hulk, criada por Jessica Gao e protagonizada por Tatiana Maslany.
 
 
Serviço 
Além da estreia nas salas de cinema, Viúva Negra chega ao Premier Access da Disney Plus, espaço de aluguel de filmes da plataforma no valor de R$ 69,90.

 


Correio Braziliense quarta, 07 de julho de 2021

COPA AMÉRICA: TRIBUTO A MARADONA

Jornal Impresso

 

Tributo a Maradona...
 
Nove meses depois do luto pela morte de dois dos seus maiores ídolos, Argentina e Itália chegam a finais continentais nos pênaltis com a missão de encerrarem jejuns de título de 28 e 53 anos, respectivamente

 

MAÍRA NUNES

Publicação: 07/07/2021 04:00

Messi festeja a classificação nos pênaltis: craque tentará encerrar o jejum de 28 anos da seleção principal da Argentina sem títulos (Minervino Junior/CB/D.A Press)  
Messi festeja a classificação nos pênaltis: craque tentará encerrar o jejum de 28 anos da seleção principal da Argentina sem títulos
 
Em 25 de novembro de 2020, o mundo do futebol vivia o luto da morte de Diego Armando Maradona. Ontem, o dono da camisa 10 que gerou mais comparações ao maior ídolo da seleção argentina voltou a ser decisivo para levar o país à final da Copa América 2021. Foi de Lionel Messi a assistência para o gol de Lautaro Martínez na semifinal, no Mané Garrincha. Mas a Colômbia empatou com Luis Díaz e levou a disputa para os pênaltis. Melhor para a seleção celeste, que venceu por 3 x 2, e disputará a primeira decisão desde a morte de Maradona. De quebra, pode encerrar um jejum de 28 anos sem conquistar a Copa América e protagonizar um  tributo a D10S, sábado, às 21h, no Maracanã.
 
O último título da seleção principal da Argentina na Copa América foi em 1993, no Equador, contra o México. Desde então, os dois países decidiram o título nas edições de 2004 e 2007, com vitórias dos brasileiros nas duas ocasiões. Os hermanos também amargaram o vice em 2015 e em 2016 diante do Chile. 
 
Neste ano, a decisão será entre os dois melhores ataques do campeonato. Com o gol de Martínez, a Argentina chegou aos 11 tentos, atrás do Brasil, com 12. 
 
Contra a Colômbia, Lionel Messi não marcou o dele, mas, aos seis minutos, recebeu dentro da área, girou sobre o marcador e deixou Martínez na cara do gol para abrir o placar. Com a quinta assistência e os cinco gols que soma na competição, o craque participou diretamente de nove dos 11 tentos.

D10S morreu em 25 de novembro de 2020 (AFP - 29/6/86)  
D10S morreu em 25 de novembro de 2020
Após sofrer o gol, a Colombia respondeu rapidamente. O empate no primeiro tempo parou por duas vezes na trave. Aos 35 minutos, com Barrios em chute de fora da área em uma bola que desviou no braço de Lo Celso. E, no minuto seguinte, com Mina de cabeça após escanteio cobrado por Cuadrado. 
 
O jogo esquentou no segundo tempo, mas a Colômbia continuou melhor. Aos 15 minutos, foi recompensada com gol de Luis Díaz. Após ser lançado por Cardona, o atacante ganhou na velocidade de Pezzella e tocou na saída do goleiro, deixando tudo igual no Mané Garrincha. 
 
O lance despertou a Argentina. Di Maria aproveitou o erro de Muñoz na saída de bola, avançou para dentro da área, driblou o goleiro Ospina e passou para Lautaro chutar, sem goleiro. Mas Barrios salvou em cima da linha. Messi ainda acertou a trave. 
 
A decisão foi para os pênaltis. Os protagonistas abriram balançando as redes. Gols de Cuadrado e de Messi. Após sequência de desperdícios, coube ao goleiro Emiliano Martínez assumir o papel de herói. Ele defendeu a batida de Cardona e garantiu a celeste na final contra o Brasil. Suspenso por mais um jogo por causa da expulsão nas quartas de final,  Gabriel Jesus será desfalque no time tupiniquim.

Correio Braziliense terça, 06 de julho de 2021

OLIMPÍADAS 2021: 10 BRASILEIROS PARA FICAR DE OLHO

Jornal Impresso

 

10 brasileiros para ficar de olho
 
 
Correio abre contagem regressiva para o maior evento esportivo do mundo. Selecionamos atletas do país que podem brilhar a partir do próximo dia 23 no Japão em esportes como o estreante surfe

 

MAÍRA NUNES

Publicação: 05/07/2021 04:00

 (Matt Dunbar/World Surf League - 2/7/21)  
 
Após serem adiados por um ano, enfim, os Jogos Olímpicos de Tóquio estão próximos. A Cerimônia de Abertura está marcada para 23 de julho, mas competições como o futebol começam dias antes. E o Brasil terá a maior delegação em uma edição sediada fora do país. São mais de 300 atletas brasileiros com a vaga garantida, número que ultrapassou a expectativa do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), que previa entre 250 e 300 participantes.

Sendo assim, o Correio traz 10 candidatos brasileiros a se consagrarem do outro lado do mundo, entre atletas e duplas. Tóquio será palco, por exemplo, para as estreias do surfista Gabriel Medina e da skatista Pâmela Rosa. Ambos competem em esportes recém-inseridos no programa olímpico. Nesses casos, a atmosfera da competição pode até ser nova, mas os atletas já são bastante consagrados e chegam como favoritos à medalha de ouro.

Há também representantes das modalidades que mais renderam medalha ao Brasil em Olimpíadas, como as duplas Ágatha e Duda, no vôlei de praia, e Martine Grael e Kahena Kunze, na vela. A lista contempla ainda Bruninho, jogador de vôlei que subiu ao pódio nas três participações dele em Jogos Olímpicos, e Ana Marcela Cunha, dona de 11 medalhas em Campeonatos Mundiais e que nadará no Japão em busca da única medalha que ela não tem na enorme coleção que acumulou na carreira: a olímpica.



 (Jeff pachoud/AFP - 18/8/16 )  


Isaquias Queiroz
Canoagem velocidade

Após conquistar três medalhas (duas de prata e uma de bronze) nas Olimpíadas do Rio-2016, Isaquias promete mais pódios na segunda participação olímpica, aos 27 anos. Em 2019, o baiano foi campeã mundial do C1 1000m e terminou com o bronze no C2 1000m, ao lado de Erlon Souza. Mas o parceiro não se recuperou de uma lesão no quadril e será substituído por Jacky Godmann, de 22 anos, na prova em dupla. 



Martine Grael e Kahena Kunze
Vela (49er FX)
 
Atuais campeãs olímpicas, a dupla brasileira foi vice-campeã do Campeonato Mundial de 2019 e, em abril, venceu um torneio na Espanha u com as melhores duplas do mundo. Um bom termômetro para mostrar que as velejadoras de 30 anos estão na briga por conquistar o bicampeonato olímpico em Tóquio.


Pâmela Rosa
Skate (street)

A brasileira de 21 anos é uma das principais promessas de ouro para o Brasil na estreia do skate nos Jogos Olímpicos de Tóquio. A skatista de São José dos Campos (SP) é a atual campeã mundial e líder do ranking. 


Beatriz Ferreira
Boxe (até 60kg) 

É a atual campeã mundial de boxe na categoria até 60kg, feito conquistado em Lima-2019. Mesmo com a pandemia, a brasileira de 28 anos teve um começo de temporada promissor. A conquista de duas medalhas de ouro em torneios no início de 2021, na Alemanha e na Bulgária, levanta esperança aos torcedores brasileiros de mais pódio nos Jogos Olímpicos.


Ana Marcela Cunha
Maratona aquática

A dona de 11 medalhas em Mundiais, sendo cinco de outro, Ana Marcela ffoi eleita a maior nadadora de águas abertas do mundo por seis vezes, entre 2010 e 2019. Aos 29, anos a brasileira vai a Tóquio em busca da única medalha que ainda não tem no vasto currículo: a olímpica. Neste ano, ela seguiu subindo ao pódio em competições europeias.


 (Lionel Bonaventure/AFP - 12/10/19)  


Arthur Zanetti
Ginástica

Campeão olímpico em Londres-2012 e prata na Rio-2016, Zanetti quer encerrar a trajetória olímpica com mais um pódio. Ele foi quinto colocado no Campeonato Mundial de 2019 e não competiu internacionalmente em 2021, mas tem uma das melhores notas do mundo nas argolas, prova que promete ser uma das mais disputadas da modalidade em Tóquio.
 
 
 
Ágatha e Duda
Vôlei de praia

As duas têm tudo para manter a tradição de fazer o Brasil subir ao pódio olímpico no vôlei de praia. É a dupla mais regular do mundo em 2021. Foi ao pódio em quatro das seis etapas disputadas, com um título, uma prata e dois bronzes. Em 2019, foi quarta colocada no Circuito Mundial e prata no Finals, segundo torneio mais importante daquele ano.


 
Gabriel Medina
Surfe 

Campeão mundial em 2018, vice-campeão mundial em 2019 e atual líder do ranking internacional, Gabriel Medina chegará em Tóquio para a estreia do surfe nos Jogos Olímpicos voando. Em seis etapas, o brasileiro de 27 anos venceu duas vezes e foi vice-campeão em outras três.


Alison
Vôlei de praia

Campeão olímpico na Rio-2016 e campeão mundial em 2015 ao lado de Bruno Schmidt, o jogador carinhosamente chamado de Alison Mamute é um dos melhores bloqueadores do vôlei de praia. Aos 34 anos, Alison buscará a terceira medalha olímpica da carreira em Tóquio, ao lado de Álvaro Filho.


Bruninho
Vôlei
 
Aos 35 anos, o levantador Bruninho vai para a quarta participação em Jogos Olímpicos como capitão da Seleção Brasileira de vôlei — em todas, ele subiu ao pódio. Dono de uma medalha de ouro olímpica e duas de prata, Bruninho será o líder de uma das favoritas ao título. Há uma semana, o Brasil venceu a poderosa Polônia na final da Liga das Nações.

Correio Braziliense segunda, 05 de julho de 2021

PAPA FRANCISCO É SUBMETIDO A CIRURGIA NO INTESTINO

Jornal Impresso

 

Papa é submetido a cirurgia no intestino

 

Primeiro boletim atesta que Francisco reagiu bem à intervenção, realizada com anestesia geral, para sanar uma inflamação no cólon

Publicação: 05/07/2021 04:00

 

Antes da operação, previamente agendada, o pontífice participou da cerimônia do Angelus e anunciou viagens à Hungria e à Eslováquia (Andreas Solaro/AFP)  
Antes da operação, previamente agendada, o pontífice participou da cerimônia do Angelus e anunciou viagens à Hungria e à Eslováquia
 

 

Aos 84 anos, o papa Francisco reagiu bem à cirurgia para corrigir uma estenose diverticular sintomática no cólon, condição caracterizada pelo estreitamento do órgão devido à presença de pequenas hérnias inflamadas. O procedimento, que estava programado, ocorreu na Policlínica Gemelli, em Roma. O pontífice recebeu anestesia geral e, segundo a agência de notícias italiana Ansa, deverá ficar hospitalizado por, pelo menos, cinco dias.


“O Santo Padre reagiu bem à intervenção realizada sob anestesia geral e conduzida pelo professor Sergio Alfieri, com a assistência do professor Luigi Sofo, do doutor Antonio Tortorelli e da doutora Roberta Menghi”, informou o primeiro boletim, divulgado pelo Vaticano pouco depois da 0h de hoje (19h de domingo, no horário de Brasília).


Sem alarde, o papa deu entrada no hospital por volta das 15h em um carro comum. Acompanhado do motorista e de um colaborador, Francisco passou despercebido, pois somente três horas depois da chegada à Policlínica, o Vaticano emitiu o comunicado sobre o procedimento. O atendimento aconteceu no 10º andar, nas mesmas instalações onde, no passado, João Paulo II foi internado diversas vezes. Na época do pontífice polonês, o Gemelli chegou a ser apelidado de Vaticano III pela imprensa, em referência ao fato de o então papa precisar de hospitalizações frequentes.


Na manhã de ontem, Francisco rezou a oração do Angelus na Praça de São Pedro, como de costume. Sem falar do procedimento, informou que, em setembro, viajará para a Hungria e para a Eslováquia. Apesar de não ter revelado que se submeteria à operação — a única que fez desde o início do papado, além de uma remoção de catarata —, no domingo anterior, o papa pediu aos fiéis que rezassem por ele. “Peço-lhes que rezem pelo papa. Rezem de uma forma especial: o papa precisa das suas orações! Obrigado. Sei que o farão”, disse.


Segundo o Vaticano, o procedimento, não emergencial, foi marcado para julho porque é um mês em que, geralmente, a agenda papal é mais enxuta. A Ansa informou que Francisco recebeu o diagnóstico de estenose diverticular sintomática no fim de fevereiro. O novo médico pessoal do pontífice, Roberto Bernabei, um nome conhecido da Gerontologia italiana, foi quem detectou o problema.


Diversos políticos italianos reagiram à notícia da internação do pontífice. “O pensamento afetuoso de todos os italianos, dos quais atuo como intérprete, acompanha Vossa Santidade nessas horas”, escreveu o presidente italiano, Sergio Mattarella, assim que desembarcou em Paris, para onde viajou ontem. A prefeita de Roma, Virginia Raggi, e o presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, também enviaram mensagens a Francisco.

Saúde

Nascido em 17 de dezembro de 1936, na Argentina, Jorge Bergoglio teve o lobo superior do pulmão direito removido aos 21 anos devido a uma pleurisia. Ele sofre de problemas nos quadris e no nervo ciático. “Não tenho medo da morte”, confidenciou ele em um livro de entrevistas escrito por um jornalista argentino, em 2019. Após a operação no pulmão, “nunca me senti limitado nas minhas atividades (...). Nunca senti cansaço ou falta de ar”, assegurou.


Nos últimos anos, porém, ele teve que cancelar alguns compromissos e, às vezes, caminha com dificuldade. Desde o início da pandemia de coronavírus, que atingiu fortemente a Itália em fevereiro de 2020, o papa pareceu pouco preocupado com sua própria saúde, muitas vezes viajando sem máscara, embora tenha tido que renunciar aos habituais encontros com fiéis durante as audiências de quarta-feira. Apesar de um resfriado que o obrigou a cancelar compromissos logo no início da pandemia, sua saúde não suscitou nenhuma preocupação especial.


Correio Braziliense domingo, 04 de julho de 2021

UNIDAS PELO ARMÁRIO - COMPARTILHAMENTO FAMILIAR DE ITENS DO VESTUÁRIO E, PRINCIPALMENTE, AFETO

Jornal Impresso

Unidas pelo armário
 
Quantas histórias uma peça de roupa pode contar? Mães e filhas, avó e neta, primas compartilham itens do vestuário e, principalmente, afeto

 

Por Giovanna Fischborn

Publicação: 04/07/2021 04:00

O short de bandeiras tem um valor afetivo especial para Ludmila e, hoje, é uma das peças preferidas de Julia: Maria de Fátima também compartilha o guarda-roupa com filha e neta (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
O short de bandeiras tem um valor afetivo especial para Ludmila e, hoje, é uma das peças preferidas de Julia: Maria de Fátima também compartilha o guarda-roupa com filha e neta
 
Quando o assunto é guarda-roupa, sapatos, bolsas, acessórios e até aquela peça statement, com informação de moda, não costumam escapar de um ou outro empréstimo. É comum as filhas explorarem o armário das matriarcas; e irmãs ou primas montarem looks com as roupas umas das outras, quando elas servem para as duas.
 
Para além da praticidade do uso, esse hábito guarda carinho e acumula memórias. Compartilhar peças de roupa também faz parte de um movimento mais sustentável, baseado no reaproveitamento e no vestir-se com responsabilidade. Em vez de descartadas, elas rodam gerações e duram muito.
 
Os tênis são praticamente os mesmos, bolsas e roupas são compartilhadas no dia a dia. Já não se sabe mais o que é de uma ou da outra. Ludmila Goes, 36 anos, designer e artesã, e a filha Julia Goes, 15, dividem tudo. Julia se identifica com o estilo mais casual da mãe. Elas gostam, principalmente, de peças fluidas e coloridas. Mãe e filha têm o costume de sair parecidas e dividem o gosto até pelas mesmas estampas.
 
“É muito legal porque a nossa diferença de idade não é tanta, e nossas personalidades coincidem em vários pontos, então aproveitamos muita coisa uma da outra”, diz Ludmila. Cada uma usa a peça à sua maneira, o que possibilita criar vários visuais. Se Ludmila opta por uma imagem clássica, Julia torna o look mais jovial com alguns poucos ajustes.
 
A mãe de Ludmila e avó de Julia, Maria de Fátima, 68 anos, não fica de fora desse compartilhamento. Camisas, blusões, saias e calças rodam o armário das três. “Tem uma peça muito especial: um colar de ouro que passou da minha mãe para mim e, agora, para a Julia. Penso que joias, no geral, têm valor financeiro, mas também um valor sentimental enorme”, conta Ludmila.
 
Um short com bandeiras de vários países foi a peça que acompanhou Ludmila em uma viagem a São Paulo, em 2019, quando ela foi a diversos eventos culturais. Além de bater perna na cidade, essa foi a roupa que ela usou para ir do apartamento do namorado até o Mercado Municipal, a pé. “Queria muito conhecer a região. Foi uma viagem muito significativa para mim, em vários sentidos. A Julia usa essa mesma roupa no dia a dia agora.”
 
 
Números do fast fashion
 
O fast fashion é um modelo de produção pensado para suprir rapidamente uma demanda por roupas, com alta rotatividade de coleções e vendas a preços baixos, lógica comum em lojas de departamentos. Pesquisas mostram que, nesse ciclo, uma peça é guardada por somente 35 dias antes de ser descartada e usada, em média, apenas cinco vezes.
 
O algodão plantado requer grandes quantidades de água e pesticidas para dar conta do ritmo de produção; o poliéster demora mais de 400 anos para se decompor. Nos Estados Unidos, a estimativa é de que 90% das peças de vestuário vendidas sejam feitas justamente desses dois materiais.
 
E tem mais: o Programa da Organização das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma)  aponta que o volume de resíduos urbanos chegará a 2,2 bilhões de toneladas até 2025. Só no Brasil a estimativa de resíduos têxteis é de 175 mil toneladas/ano. Desse total, apenas 36 mil toneladas são reaproveitadas.
 
 
Prática sustentável
 
Coordenador do curso técnico de vestuário do Instituto Federal de Brasília, Adriano Bezerra pontua que resgatar momentos por meio das roupas se contrapõe à correria da contemporaneidade. Dar valor aos laços afetivos é importante em tempos tão efêmeros.
 
Mas, mais que isso, esse comportamento é importante para aumentar o ciclo de vida das roupas. Adriano explica que o conceito do upcycling, que é dar um novo propósito, com criatividade, àquilo que seria descartado, vem sendo cada vez mais discutido. Segundo ele, o movimento é necessário para rever os impactos negativos da indústria — o gasto de água para confecção de um jeans novo ou o uso de agrotóxicos nas lavouras de algodão, destinados à indústria têxtil, bem como do consumismo na moda.
 
“Precisamos assumir responsabilidade pelos materiais que compramos e, não muito tempo depois, descartamos”, ressalta. Não só o compartilhamento de peças, mas o aproveitamento delas como matéria-prima para outras criações também é opção para diminuir alguns dos efeitos da moda. Vale juntar retalhos para montar novas peças ou customizar e dar uma nova proposta à roupa.
 
Futuro
 
A estilista Fernanda Lorena avalia que não é preciso fazer mais roupas, dado todo o cenário fashion — poluente e carregado. Mas, sim, devemos dividir mais. Na família, não só as joias ou o vestido de noiva ou de debutante têm vez, embora esses sejam artigos tradicionais. As possibilidades são infinitas e, melhor ainda quando o compartilhamento faz parte do dia a dia.
 
A especialista pontua que tanto itens atemporais quanto peças do momento vêm ganhando espaço em negócios de aluguéis de roupas, on-line e físicos, e tornam a moda cada vez mais acessível. Segundo Fernanda, essa troca nas famílias e entre amigas é a essência por trás da economia compartilhada nesse segmento. A moda, com essa dinâmica, vem bebendo de negócios como Uber e AirBnb, que funcionam no esquema colaborativo.
 
“O consumidor do futuro não quer mais uma roupa da moda, mas uma roupa com propósito. Vem analisando e valorizando essa quebra de paradigma. Vai querer uma roupa que não passou por trabalho escravo, que não vira plástico quando jogada fora”, explica.

Correio Braziliense sábado, 03 de julho de 2021

PANCS: ALTERNATIVA PARA UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL

Jornal Impresso

PANCS: Alternativa para uma alimentação saudável

 

FERNANDA STRICKLAND*

Publicação: 03/07/2021 04:00

Nuno Madeira: plantas alimentícias não convencionais, ou Pancs, exigem poucos cuidados e podem ser nutritivas (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
)  
Nuno Madeira: plantas alimentícias não convencionais, ou Pancs, exigem poucos cuidados e podem ser nutritivas
 
Muito provavelmente, você ainda não reparou nesse tipo de produto na gôndola do supermercado. Trata-se das plantas alimentícias não convencionais, conhecidas pela sigla Pancs. Esses alimentos saem do campo sem uma cadeia produtiva estruturada, por isso têm uma oferta limitada e sazonal.
 
Especialista em Pancs, o pesquisador da Embrapa Hortaliças Nuno Rodrigo Madeira comentou sobre as características desses produtos no CB.Agro, uma parceria do Correio Braziliense e da TV Brasília. O programa foi ao ar ontem e está disponível nas redes sociais. 
 
Rodrigo Madeira ressaltou que a oferta irregular é a primeira característica das plantas não convencionais. “Alimentos como alface, batata, cebola, tomate, arroz, feijão, milho, encontramos sempre. As plantas não convencionais, por sua vez, carecem de cadeia produtiva estruturada. Elas têm o arcabouço regional muito forte. Podem ser comuns em uma determinada região, mas não são conhecidas de uma forma generalizada, como inhame, carambola, carararus e mostarda”, explicou.
 
Durante a pandemia, segundo Rodrigo Madeira, houve maior interesse pelas Pancs. A ideia de manter uma alimentação saudável se harmoniza com o perfil nutricional delas. “Muitas têm características nutricionais interessantes, de compostos funcionais. Elas são, em geral, muito ricas, por serem plantas mais rústicas, mais resilientes”, observou.
 
Ele enumera outros elementos típicos das Pancs. “Elas não utilizam adubação em excesso. E podem prosperar mesmo em ambiente adverso. Às vezes, numa fresta de calçada, você tem uma planta que pode, se houver condições de higiene, servir de alimento”, completou Madeira.
 
O pesquisador da Embrapa também observa uma procura maior pela criação de hortas. “É muito mais fácil cultivar Pancs do que espécies mais exigentes em adubação, que tenham muitos problemas de pragas e doenças. As pessoas que procuraram fazer horta nesse período — e foi grande esse crescimento —, simpatizam com a ideia, de ter espécies mais fáceis de produzir e que precisam de menos insumo”, afirmou.
 
Rodrigo Madeira alerta, no entanto, que é necessário conhecimento para identificar Pancs. “Tem que ter muito cuidado. Há plantas muito parecidas, uma é comestível, outra não. Há casos, inclusive, que acabaram em óbitos. A primeira questão é a referência cultural da comunidade, seja numa cidade, seja no meio rural. É comum que anciãos mais experientes saibam quais plantas são comestíveis. A base de tudo é conhecimento! Perdermos esse conhecimento em uma ou duas gerações. Mas, hoje, está muito disponível, como em livros, publicações, sites, blogs, etc”, disse.
 
*Estagiária sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza  

Correio Braziliense sexta, 02 de julho de 2021

VACINAÇÃO APENAS POR IDADE NO DF

Jornal Impresso

Vacinação apenas por idade no DF
 
Secretaria de Saúde redefiniu esquema de imunização contra a covid-19. A partir de hoje, só haverá liberação de novas vagas para as pessoas de grupos prioritários que tomaram a primeira dose e para a população com faixa etária pré-determinada

 

ANA MARIA SILVA
CIBELE MOREIRA
SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 02/07/2021 04:00

Lígia Correia é professora, mas tomou primeira dose devido à ampliação da faixa etária (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
Lígia Correia é professora, mas tomou primeira dose devido à ampliação da faixa etária
 
 
O Distrito Federal terá um novo esquema de vacinação contra a covid-19. A Secretaria de Saúde (SES-DF) anunciou que, a partir de hoje, só abrirá vagas para imunização por faixa etária. Com isso, ficam de fora categorias profissionais não previstas no Plano Nacional de Imunização (PNI). A medida segue uma recomendação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) emitida em 23 de junho. O documento orienta que haja priorização do atendimento por idade e a suspensão das tratativas do Executivo local com grupos não previstos na lista definida pelo Ministério da Saúde. Apesar da mudança, quem conseguiu tomar a primeira dose terá garantido o direito ao reforço.
 
A nova regra atinge grupos que tentavam negociar com o Governo do Distrito Federal (GDF) e que fizeram acordos com o governador Ibaneis Rocha (MDB), mas ainda não haviam recebido atendimento. Os bancários, por exemplo, deveriam receber as doses amanhã, mas tiveram a vacinação suspensa devido à nova determinação. Para o secretário de Saúde, Osnei Okumoto, o modelo garantirá uma melhor cobertura à população. “Observamos que, usando (o critério com) a idade, vamos atingir todas as categorias (profissionais)”, afirmou em coletiva no Palácio do Buriti, ontem.
 
Novas categorias só ficarão entre as prioridades caso o Ministério da Saúde envie doses “carimbadas”, segundo Osnei Okumoto, com indicativo para profissões específicas. Se isso ocorrer, a pasta seguirá a orientação. A mudança não agradou os bancários. O sindicato da categoria em Brasília se manifestou por meio de nota e informou que defende a imunização dos profissionais, em virtude da exposição ao vírus durante os atendimentos. A entidade convocou uma assembleia para ontem à noite, na qual os trabalhadores discutiriam uma paralisação das atividades. Até o fechamento desta edição, a reunião não havia terminado.
 
Para o epidemiologista e professor da Universidade de Brasília (UnB) Walter Ramalho, a discussão provocada pela mudança é compreensível, mas a decisão não representa um cenário ideal. “Com a imunização apenas por idade, esquecemos dos profissionais expostos ao vírus que têm uma faixa etária baixa. O interessante seria a inclusão mais transparente das categorias, em conjunto com a vacinação por idade”, argumenta.

Luciano Rodrigues tem 47 anos e comemorou a imunização: benefício para a coletividade (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
Luciano Rodrigues tem 47 anos e comemorou a imunização: benefício para a coletividade


Agendamento
 
A implementação do novo esquema vacinal seguirá a regra de agendamento pelo site vacina.saude.df.gov.br, a depender da chegada de novas doses. A marcação ficará aberta até que se esgotem todas as vagas para a faixa etária da vez. Durante a coletiva, os integrantes do GDF reforçaram que não definirão um calendário geral, porque não têm definições prévias sobre o envio de imunizantes pelo Ministério da Saúde. Em relação ao avanço de uma eventual terceira onda, o secretário Osnei Okumoto declarou que a capital federal está preparada e que acompanha as testagens para detecção de cepas. O chefe da pasta lembrou que os exames continuam a ser feitos em hospitais e unidades básicas de saúde da rede pública.
 
A SES-DF liberou 46,5 mil vagas para vacinação da população com 46 anos ou mais. A aplicação das doses nesse público começa hoje, em 56 pontos espalhados pelo Distrito Federal. Para os habitantes com 47 anos, a imunização teve início ontem. Quem estava agendado para se imunizar no Estacionamento 13 do Parque da Cidade não enfrentou filas. O cozinheiro Luciano Rodrigues comemorou a chegada da vez dele. “Isso não é algo individual. Se a pessoa não se imunizar, pode passar para um ente querido, um amigo”, comentou.
 
A professora Lígia Correia ficou aliviada a partir do momento em que descobriu que poderia se vacinar. “Graças a Deus chegou a minha hora. A gente fica muito feliz, entusiasmada”, contou. No entanto, ela cobra um melhor planejamento para distribuição das doses. “Eu sou educadora na rede pública e estou vacinando por idade porque minha oportunidade não havia chegado (pela categoria profissional)”, completou Lígia.

Correio Braziliense quinta, 01 de julho de 2021

INVERNO AQUECE COMÉRCIO

Jornal Impresso

 

Inverno aquece o comércio
 
Segundo estimativa do Sindivarejista, com as baixas temperaturas registradas desde o último domingo, a procura por produtos como agasalhos e cobertores aumentou 4% em relação ao começo da estação em 2020, quando o setor sofreu retração de 2%

 

» Pedro Marra

Publicação: 01/07/2021 04:00

Telma Balbino, 47 anos, comprou casacos para ela, a filha e o pai, além de três cobertores (Pedro Marra/CB/D.A Press)  
Telma Balbino, 47 anos, comprou casacos para ela, a filha e o pai, além de três cobertores

O Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista) estima que a venda de produtos para o frio, como agasalhos, mantas e cobertores, tenha elevação de 4%, na capital. Em 2020, houve redução de 2% no mesmo período, na avaliação da entidade, porque o inverno não foi tão intenso e a pandemia estava no auge. Moradora da Asa Sul, Telma Balbino, 47 anos, não perdeu tempo e adquiriu algumas coisas para amenizar as baixas temperaturas. “Senti o impacto do frio, e estou comprando agasalhos e calças de moletom, também, para o meu pai e para a minha filha. Até comprei três cobertores para casa. Saí de casa só para isso mesmo”, conta.
 
Presidente do Sindivarejista, Edson de Castro acredita que os bons resultados se manterão até o fim do inverno. “Os clientes compram mais moletom e agasalho. Especialmente, as mães compram para os filhos, porque ficam preocupadas com a saúde deles. Estamos prevendo que essa situação deve permanecer nos meses de julho e agosto”, analisa.
 
Gerente da Hering do Sudoeste, Flávia Figueiredo, 35, calcula que o gasto médio por cliente aumentou de R$ 190 para R$ 250, desde sábado. “A gente sempre aumenta o pedido de moleton neste período, mas tivemos que pedir mais, porque ninguém esperava esse frio intenso. Abrimos em 4 de novembro, mas em outras lojas da rede (Gilberto Salomão e JK Shopping), o crescimento é de 15% em relação ao inverno de 2020”, acrescenta.
 
Fábio Carneiro, 35, gerente das Lojas Leal do Sudoeste, revela que os clientes têm desembolsado cerca de R$ 300 em produtos para o inverno, como cobertores e a linha de cama. Em 2020, a média foi de R$ 200. “A maioria costuma vir e comprar para outras pessoas, mas também para levar para doação. Em comparação com o ano passado, a procura de produtos para frio aumentou bastante”, avalia o gerente da loja.
 
Comidas
Devido ao tempo frio, alguns restaurantes mudaram o cardápio. O Bla’s, na 406 Norte, traz um costelão prensado, feito com corte bovino cozido lentamente, purê de mandioquinha, demi-glace, saladinha de baby leaf, picles de cebola e chips, por R$ 55. “O produto que mais temos vendido são nossos risotos, principalmente às quartas-feiras, quando temos o nosso festival do risoto com opções exclusivas (R$ 69,90, por pessoa). Pretendemos incluir no cardápio o caldo de mandioquinha e, para finalizar a refeição, um chocolate quente cremoso”, adianta o chefe Filipe Ribeiro. 
 
A expectativa do restaurante é de dobrar as vendas de 2020. Desde o início do inverno, em 21 de junho, o estabelecimento teve crescimento de 35% nas vendas dos pratos para o frio, em comparação ao mês anterior.
 
O menu de inverno dos restaurantes Santé 13, na 413 Norte, e Santé Lago, na Orla da Ponte JK, apostam em sabores típicos do interior, como milho, canjica, melaço de cana e amendoim para apresentar criações únicas e contemporâneas. As opções ficam disponíveis até o fim de julho. “Em 2020, na mesma época, os restaurantes estavam fechados. Com a casa aberta, mais clientes poderão visitar e experimentar o menu especial. Ano passado, distribuímos gratuitamente canjica para todos os clientes de delivery, como um diferencial. Este ano, esperamos um aumento de 40% da procura pelo cardápio”, prevê o chefe Divino Barbosa. O menu invernal do Santé fica disponível no almoço e no jantar. “Essa mudança na procura pelos pratos é notória com a chegada das temperaturas mais frias”, conclui.
 
E vem mais frio
Planaltina e Gama registraram mínima de 6ºC na madrugada de domingo e, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), foi a menor temperatrura do ano, no Distrito Federal. A previsão para os próximos dias, assim como para toda a estação, é de que o tempo permaneça frio.
 
“A gente está com um pouco mais de uma semana do início do inverno, que termina em 22 de setembro, então, até lá, a gente deve ter pouca mudança ao que estamos vendo hoje. Esse ar frio que estava no Sul chegou ao Centro-Oeste. Raramente, as máximas vão superar 29º e 30ºC, em média. Periodicamente, nesses dias frios, temos sempre outros ainda mais frios. Com essa massa de ar, devemos ter geada no Triângulo Mineiro, que não é muito longe do DF”, alerta o especialista.
 
A previsão do tempo para hoje é de mínima de 10ºC, na região central de Brasília, e de 9ºC, no DF como um todo,  com sol e poucas nuvens. A máxima não deve superar os 26ºC, com umidade relativa do ar entre 30% e 90%.

Correio Braziliense quarta, 30 de junho de 2021

LEGIÃO URBANA: DADO E BONFÁ SÃO LEGIÃO

LEGIÃO URBANA

Dado e Bonfá são Legião

 

» Fernanda Gouveia*
» Irlam Rocha Lima

Publicação: 30/06/2021 04:00

Músicos poderão usar o nome da banda em shows (Fernando Schlaepfer/Divulgação)  
Músicos poderão usar o nome da banda em shows
 
A 4ª turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, ontem, pela possibilidade de o guitarrista Dado Villa-Lobos e o baterista Marcelo Bonfá usarem a marca Legião Urbana, que hoje é administrada por Giuliano Manfredini, filho do cantor e compositor Renato Russo. Após adiamento do último julgamento pelo ministro Antônio Carlos Ferreira, o voto de desempate foi do ministro Marco Buzzi. A defesa de Giuliano deve recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF).
 
O caso estava há oito anos se desenrolando na Justiça. Giuliano Manfredini começou a notificar Villa-Lobos e Bonfá quando faziam apresentações ou usavam de alguma forma a marca da banda por afirmar ter os direitos totais pelo nome Legião Urbana. Assim, em 2013, os dois músicos, que fizeram parte da formação mais famosa da banda brasiliense, entraram com uma ação no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro em 2013 para impossibilitar esse tipo de cobrança de Giuliano. Dado e Marcelo se viam no direito de usar o nome da Legião Urbana por terem participado do início e do crescimento do conjunto que se tornou um dos mais famosos do país.
 
“Para mim, foi o melhor presente que poderia receber no dia do meu aniversário. É um fardo que estou tirando das minhas costas. Decisão da Justiça é para ser cumprida. Mas, quero deixar claro que nunca usamos a marca Legião Urbana. Bonfá e eu fizemos shows com nossas músicas, para comemorar 30 anos dos discos de estreia, do Dois e do Que país é este? de uma banda que saiu de Brasília para conquistar o Brasil e se tornar universal”, destaca Dado Villa-Lobos, guitarrista. “Poderemos voltar a fazer shows quando houver possibilidade de reunir as pessoas e celebrar o que fizemos pelo rock, pela música, pela cultura brasileira, mas obviamente não tem nada planejado por enquanto. Agora só queremos comemorar essa vitória que obtivemos na Justiça”, acrescenta.
 
No primeiro julgamento, em 2013, os músicos venceram o processo na Justiça, alegando que a marca também é deles e que, inclusive, participaram do registro do nome no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Por isso, não poderiam ser impedidos ou notificados por Giuliano no assunto, sob pena de multa de R$ 50 mil por tentativa. Porém o caso voltou à tona após uma ação rescisória de Giuliano Manfredini para reverter a decisão prévia de que Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá poderiam usar o nome da banda em shows e atividades artísticas variadas. O processo teve que ir, então, para instância federal e chegou ao STJ, sob a relatoria da ministra Isabel Gallotti.
 
Em 6 de abril deste ano, Gallotti votou para garantir à Legião Urbana Produções Artísticas a detenção do uso exclusivo da marca, firmada nos efeitos do registro efetivado junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Depois de o julgamento ter sido adiado com um pedido de vista do ministro Antônio Carlos Ferreira, com a nova decisão do STJ, os artistas poderão utilizar a marca sem precisar da autorização de Giuliano Manfrendini ou de um acordo financeiro com o produtor cultural. O ministro Marco Buzzi divergiu da relatora Maria Isabel Gallotti e acompanhou o voto de Antônio Carlos Ferreira.
 
O placar foi 3 a 2 para Villa-Lobos e Bonfá. Buzzi defendeu que os ex-integrantes da Legião Urbana foram responsáveis por construir o legado cultural brasileiro e, portanto, possuem direito de apresentar as obras autorais em nome da banda. Além disso, ele ressaltou que o trabalho artístico dos músicos promove a valorização do nome da Legião Urbana, o que beneficia o detentor da marca.
 
Em nota, a Legião Urbana Produções Artísticas destaca que  “a decisão da Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça coloca em risco a segurança jurídica do registro de marcas no país, conquistado há anos pela legislação brasileira. E vai além, abre perigoso precedente em relação à proteção da propriedade industrial, amplamente adotada nas democracias contemporâneas e consagrada na Constituição Federal.  Em respeito ao ordenamento jurídico e às verdades factuais, a empresa estudará possibilidades recursais às instâncias cabíveis”.
 
*Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira

Correio Braziliense terça, 29 de junho de 2021

NAMORADA SALVA BRASILIENSE DE DESABAMENTO NA FLÓRIDA

Jornal Impresso

Namorada salva brasiliense de desabamento na Flórida
 
Morador do prédio de 12 andares que desabou em Surfside, o brasiliense Erick D%u2019Moura foi convencido pela namorada, Fernanda, a não voltar para casa, na noite de tragédia. Ela %u201Cevitou%u201D o pior. (Arquivo Pessoal)
Erick Moura e Fernanda: insistência da namorada evitou que empresário dormisse no apartamento que desabou

 

Publicação: 29/06/2021 04:00

Erick D%u2019Moura e Fernanda: insistência da namorada evitou que empresário dormisse no apartamento que desabou (Giorgio Viera/AFP)  
 
É do poeta chileno Pablo Neruda a frase: “Se nada nos salva da morte, ao menos que o amor nos salve da vida”. Foi exatamente o amor que provavelmente salvou Erick D’Moura da morte e deu-lhe uma “nova vida”. Em 2018, o empresário de 40 anos trocou Brasília, cidade onde nasceu, por Surfside, na zona norte de Miami Beach (Flórida). Morava de aluguel no apartamento 1004 do condomínio Champlain Towers South. “Perdi o apartamento. Acabou. Caiu tudo. Da minha coluna, de final 04, sou a única pessoa que sobreviveu. Todo mundo está desaparecido. Todo mundo morreu ali”, afirmou Erick ao Correio, pelo WhatsApp. Parte do prédio de 12 andares desabou à 1h30 (2h30 em Brasília) de quinta-feira. A pedido da namorada, Fernanda, 43 anos, Erick não estava no condomínio no momento da tragédia.
 
“Eu fui à casa dela para assistir à partida de  futebol entre Brasil e Colômbia. Estávamos na companhia de amigos colombianos. Ao fim do jogo, eu me despedia da Fernanda, do lado de fora da casa dela, quando pediu que eu ficasse”, relatou Erick. Ele admitiu que ficou contrariado com o apelo. O brasiliense estava com a roupa molhada e não tinha outra peça para se trocar. Eu havia pulado no mar para pegar uma bola, depois da partida. Estava pronto para ir para casa. No dia seguinte, planejava acordar cedo, tomar minha suplementação e ir para a academia”, disse. Por volta das 5h30, quatro horas depois do desabamento, Erick levantou-se para pegar o celular e programar o alarme para despertar. “Foi quando me deparei com as mensagens e chamadas no aparelho. Soube que o prédio tinha caído”, relatou.
 
Ele acredita que Deus agiu para salvá-lo por meio da vida de Fernanda. “Minha vontade era de ir para casa, dormir tranquilo na minha cama, tomar banho e malhar pela manhã. O fato de Fernanda ter pedido que eu ficasse mudou tudo”, desabafou. Erick admite que o prédio apresentava um “problema estético”. “Tinha algumas rachaduras, inclusive no meu apartamento, mas é difícil afirmar se a estrutura estava comprometida”, contou. Questionado sobre um laudo assinado por engenheiro, em 2018, que apontava danos na estrutura do Champlain Towers South, Erick disse que não tinha conhecimento, pois não participava das reuniões de condomínio. “Isso era uma coisa discutida entre eles. Mas a cidade de Surfside, mesmo com o laudo, tinha dado o prédio como OK.”
 
“Eu insisti muito para ele ficar”, contou Fernanda ao Correio. Um dos filhos dela decidiu dormir na casa de um amigo. Ela viu uma oportunidade para que o casal passasse a quarta-feira sozinho. “Eu disse a ele: ‘Você não vai embora, vai ficar’. Fui muito incisiva e até me surpreendi com a forma como agi. Se não tivesse insistido, provavelmente estaria procurando pelo corpo do Erick”, acrescentou. Segundo Fernanda, na madrugada de quinta-feira, o namorado entrou no quarto dela gritando que o prédio tinha caído. “Quando ele me mostrou a foto, comecei a chorar.”
 
De acordo com o jornal Miami Herald, 36 horas antes do colapso da estrutura, um empreiteiro especializado em piscinas fotografou rachaduras na parede de concreto da garagem. Até o fechamento desta edição, 11 corpos tinham sido resgatados dos escombros. Os bombeiros realizavam buscas por 150 moradores, incluindo um menino brasileiro de cinco anos. (RC)

 


Correio Braziliense segunda, 28 de junho de 2021

VÔLEI: MORAL ELEVADO PARA TÓQUIO - BRASIL VIRA SOBRE POLÔNIA E GANHA INÉDITO TÍTULO DA LIGA DAS NAÇÕES

 

Moral elevado para Tóquio
 
Brasil vira sobre Polônia e ganha inédito título da Liga das Nações, última competição antes das Olimpíadas

 

Publicação: 28/06/2021 04:00

Título coroou uma grande campanha do time verde e amarelo, que obteve 15 vitórias e duas derrotas
 (Divulgação/FIVB 
)  
Título coroou uma grande campanha do time verde e amarelo, que obteve 15 vitórias e duas derrotas
A Seleção Brasileira masculina de vôlei chegará aos Jogos Olímpicos de Tóquio com confiança em alta, na busca pela medalha de ouro. Com uma grande apresentação, ontem, conquistou o inédito título da Liga das Nações, com vitória, de virada, sobre a Polônia, em Rimini, na Itália, por 3 a 1, parciais de 22/25, 25/23, 25/16 e 25/14. Foi uma apresentação de gala do conjunto verde e amarelo.
 
A linda festa dos comandados de Carlos Schwanke ao fim do jogo mostrou o espírito de garra e união da Seleção Brasileira. Wallace foi muito bem nos saques e no ataque, sendo o destaque da decisão com 22 pontos. Maurício apareceu nos bloqueios em pontos importantes. Bruninho apresentou todo o repertório e Leal, mais uma vez, também se destacou, com 17 bolas certeiras.
 
Chegar a Tóquio com o moral elevado é importante, pois a Seleção caiu num grupo complicado na Olimpíada, ao lado de muitos favoritos: Rússia, Argentina, França e Estados Unidos. A Tunísia completa a chave.
 
O Brasil sofreu muito com o saque dos poloneses no primeiro set. Mesmo assim, conseguiu equilibrar o confronto. Na reta final, porém, depois de ter 20 a 19 e o contra-ataque, não aproveitou e viu os rivais virarem para 23 a 20. As equipes trocaram pontos sem quebras até a Polônia fechar por 25 a 22.
 
A Seleção Brasileira voltou mais ligada no segundo set. Soltando o braço, foi para a primeira parada técnica com 8 a 5. Os rivais se acertaram na pausa e buscaram o 9 a 9. A reação parou. Bem no saque e no bloqueio, a Seleção Brasileira logo chegou a 17 a 12. Mesmo com novo crescimento dos europeus, deu Brasil com 25 a 23.
 
A virada veio na terceira parcial com um grande set brasileiro. Wallace foi para o saque com 20 a 16 e o Brasil emplacou pontos em sequência, com bloqueio, no serviço e com erro de um desestabilizado rival para cravar 25 a 16. Após o início com susto, os brasileiros dominavam totalmente a partida.
 
O quarto set seguiu com domínio brasileiro até dois erros seguidos darem a igualdade em 7 a 7. O pedido de desafio não reverteu o ponto. Mas os poloneses erraram o saque e a pausa foi com 8 a 7 para o time de Schwanke.
 
Leal sacou bem e aproveitou contra-ataque para o Brasil abrir vantagem. Em erro de saque de Leon, a vantagem chegou a 16 a 12. Enquanto uma equipe vibrava, a outra baixava a guarda. Entregue em quadra, a Polônia não acertava mais nada. Com saque forte de Lucão, a Seleção chegou ao game point em 24 a 14. Com bola no chão de Wallace, enfim, o título.
 
Agora, o Brasil vai a Tóquio para defender o título olímpico e tentar a quarta medalha de ouro, depois das conquistas em 1992, 2004 e 2016. Antes da partida decisiva, a França obteve o terceiro lugar da Liga das Nações ao bater a Eslovênia por 3 sets a 0 (25/20, 25/18, 25/19).
 
Reencontros
A equipe brasileira se reencontra com o triunfo na Liga das Nações (antiga Liga Mundial), depois de ter perdido cinco vezes na final desde o último título na competição, em 2010. Na final que reuniu dois favoritos à medalha de ouro nos Jogos de Tóquio, que começam em menos de um mês (23 de julho a 8 de agosto), os atuais campeões olímpicos venceram os poloneses, que derrotaram os brasileiros nas duas últimas finais da Copa do Mundo, em 2014 e 2018.
 
Convocados para Tóquio
Os 12 atletas que representarão o país nos Jogos de Tóquio foram anunciados, ontem, pelo técnico da Seleção Brasileira masculina de vôlei, Renan, que ainda está em reta final de reabilitação pós-covid. A lista é composta por Bruninho e Fernando Cachopa (levantadores); Wallace e Alan (opostos); Lucão, Maurício Souza e Isac (centrais); Lucarelli, Leal, Maurício Borges e Douglas (ponteiros); e o líbero Thales. A equipe retorna ao Brasil no início do dia nesta segunda-feira e se reapresenta em 1º de julho para treinamentos em São Paulo.

Correio Braziliense domingo, 27 de junho de 2021

A SECA NOSSA DE CADA DIA

Jornal Impresso

A seca nossa de cada dia

 

Publicação: 27/06/2021 04:00

 (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  


Manhãs e noites geladas, céu azul e florada de ipês. O inverno de Brasília tem caraterísticas únicas que encantam. Mas também exige um cuidado especial com a hidratação. Preparamos um guia para você enfrentar — e curtir — os dias secos


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Séries e filmes para celebrar o mês do Orgulho LGBTQIA+


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Caminhadas e corridas: movimente-se ao ar livre

Correio Braziliense sábado, 26 de junho de 2021

PROFESSORES DA REDE PÚBLICA DO DF COMEÇAM A SE VACINAR NESTE SÁBADO

 

Professores da rede pública do DF começam a se vacinar neste sábado

Educadores serão imunizados durante o final de semana. Haverá pontos de vacinação montados em cinco locais: Taguaparque, Parque da Cidade, Torre de TV, Uniplan de Águas Claras e no Sesc Ceilândia

A gari Enilde Rocha se vacinou ontem no Parque da Cidade -  (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
A gari Enilde Rocha se vacinou ontem no Parque da Cidade - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

imunização contra a covid-19 no Distrito Federal segue no fim de semana. São cinco postos abertos destinados à vacinação de professores e, a previsão, de acordo com a Secretaria de Saúde, é aplicar cerca de cinco mil doses neste sábado (26/6) e mais cinco mil no domingo (27/6). Ao todo, 18 mil doses únicas da vacina Janssen serão distribuídas para o grupo. O objetivo, segundo a pasta, é finalizar o atendimento dos professores da rede pública de ensino até segunda.

Amanhã, as doses serão distribuídas para as escolas das regionais de ensino de Santa Maria e de São Sebastião, assim como parte das regionais do Paranoá e de Samambaia. Na segunda, oito mil doses serão aplicadas nas demais escolas das regionais de Taguatinga, Samambaia, Paranoá e todas as unidades de Planaltina. Nove das 14 regionais de ensino da rede pública do DF serão atendidas até segunda. Restarão as regionais de Ceilândia, Gama, Sobradinho, Núcleo Bandeirante e Plano Piloto. Estas serão convocadas nos próximos dias, com a chegada de novos lotes da vacina da Janssen.

Também segue aberto o agendamento para vacinação do grupo de 48 a 59 anos, bem como gestantes e puérperas sem comorbidades, além dos rodoviários. Quem tem mais de 60 anos pode ir diretamente a um dos 55 pontos de vacinação da capital.

Garis

Nos últimos três dias, o GDF ampliou a vacinação contra a covid-19 para profissionais que trabalham nas limpezas das ruas das cidades pelo Serviço de Limpeza Urbana (SLU). Neste sábado, a imunização do grupo foi interrompida, mas a previsão é que mais 600 garis sejam vacinados a partir de amanhã. Nessa etapa, as equipes da Secretaria de Saúde vão aplicar as doses na Base Administrativa do Quartel-General do Exército. No domingo, serão aplicadas 300 doses, 100 para cada empresa: Valor Ambiental, Sustentare e Suma Brasil. Na segunda, a etapa será finalizada com mais 300 doses. As vacinas serão aplicadas sempre no mesmo horário, das 18h às 23h.

Novos casos

De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado nesta sexta-feira pela Secretaria de Saúde, o DF registrou 856 novos casos e 14 mortes pela doença. No total, a capital soma 426.646 ocorrências de covid-19 e 9.172 óbitos. A taxa de transmissão do vírus está em 0,95. Com as atualizações, a média móvel de casos está em 790, o que representa redução de 3,51%, em relação ao número de 14 dias atrás. Quanto às mortes, em comparação ao mesmo período, o índice é de 17,29, queda de 23% quando comparado há duas semanas.

Ontem, a rede pública de saúde operava com 75,59% de ocupação dos leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) para covid-19. Dos 452 leitos, 161 estavam com pacientes, 52 vagos e 234 bloqueados. Na rede privada, a taxa era de 85%. Das 300 UTIs, 204 estavam ocupadas, 38 livres e 58 bloqueadas. Há 63 pacientes aguardando uma vaga, sendo que oito estão com suspeita ou confirmação da doença.


Correio Braziliense sexta, 25 de junho de 2021

LAILA GARIN: ATRIZ LEVA AOS PALCOS MACABÉA ENCANTADA, BASEADO EM A HORA DA ESTRELA, DE CLARICE LISPECTOR

Jornal Impresso

Macabéa encantada
 
Estrelado pela grande voz do teatro musical brasileiro Laila Garin, o espetáculo é baseado na obra a hora da estrela de Clarice Lispector, com trilha sonora original de Chico César

 

» Naum Giló*

Publicação: 25/06/2021 04:00

 

Laila Garin brilhante no palco vivendo a personagem icônica  (Daniel Barboza/Divulgação)  
Laila Garin brilhante no palco vivendo a personagem icônica

 

 

A hora da estrela chega ao palco do CCBB de Brasília, com trilha sonora original assinada por ninguém menos que Chico César. O responsável por dirigir e adaptar o musical, baseado na obra de Clarice Lispector, é André Paes Leme, que tem larga experiência com transcrição de livros para os palcos, os chamados “romances em cena”.

 

O espetáculo também vai contar com sessões virtuais gratuitas, que vão ocorrer nos mesmos dias e horários das apresentações presenciais, pelos canais do Banco do Brasil e BB Seguros, no YouTube. O musical fica em Brasília até 4 de julho, de quinta-feira a domingo, com sessões às 16h (apenas sábado e domingo) e 19h. Os ingressos podem ser adquiridos pelo site do Eventim.

 

A hora da estrela ou O canto de Macabéa reúne artistas de peso para celebrar o centenário de Lispector. Estrelando como a protagonista Macabéa, e uma das grandes vozes do teatro musical brasileiro, Laila Garin se viu com o desafio de interpretar uma personagem cuja personalidade difere bastante dos papéis que tem feito ultimamente na sua premiada carreira. “Foi uma dificuldade. Macabéa entra em contradição com as personagens que fiz ultimamente, que são bélicas, combativas. Macabéa é delicada e grata pela vida, mesmo quando é maltratada”, analisa a atriz.

 

Em 2013, Laila estreou o Elis — o musical, no qual incorporou a irreverente, impulsiva e desbocada cantora, que deslumbrou o Brasil dos anos 1970. Mais tarde, a atriz daria voz à inconformidade de Joana, no espetáculo Gota d’água, tragédia musical de Chico Buarque e Paulo Pontes.

 

Macabéa é bem diferente de Elis Regina e de Joana. A imigrante nordestina se contenta com uma existência medíocre no Rio de Janeiro. Ganha menos do que um salário, divide um quarto com quatro pessoas, sofre com um chefe rigoroso e não atrai a atenção de ninguém. Sua vida na cidade é marcada pela ausência de afeto e poesia.

 

Lançado pouco tempo antes da morte da autora, em 1977, A hora da estrela é a obra mais social de Clarice Lispector. “Macabéa representa as pessoas invisibilizadas, como índios, negros, mulheres e pobres. Ela fala de bondade e empatia. Fala de solidão, que cabe muito no momento que vivemos hoje”, observa Laila Garin, que também interpreta o papel da atriz que narra a história. Na obra original, esse papel é feito pelo escritor Rodrigo S.M., que narra a vida da jovem na tentativa de se livrar do mal-estar que ela representa e que o contagia, ao mesmo tempo em que se apieda e se revolta.

 

“A angústia vivida pelo personagem do escritor, a meu ver, faz uma aproximação direta com o olhar do leitor. No caso do teatro, me pareceu natural que esse lugar fosse ocupado pela personagem da atriz e que seria imprescindível manter a sua reflexão”, explica o diretor André Paes Leme. “Se na literatura o escritor fornece as palavras, no palco é a atriz que empresta o seu corpo e a sua emoção para dar vida ao personagem. É a atriz que revela ao espectador a dor e o prazer de ser Macabéa”, esclarece.

 

Sobre o processo de adaptação do livro para o teatro, Paes Leme ressalta que é preciso levar em conta a autonomia dramatúrgica em relação à obra literária original. Ele sustenta que a pretensão de abarcar todas as possibilidades que um romance oferece pode gerar uma “perda de concentração de ação”, o que pode enfraquecer o acontecimento teatral, cuja apreensão é muito dinâmica e efêmera. “A busca por uma fidelidade pode mesmo impedir o melhor resultado. É quase uma obrigação artística que a versão cênica de um romance cometa traições, algumas até profundas, para que alcance uma identidade própria, pois ela sempre será uma releitura. Mas, no nosso caso, não tenho dúvidas de que temos um resultado bem fiel ao romance”, antecipa o diretor.

 

Trilha sonora original

 

Assinadas por Chico César, com arranjos e direção musical de Marcelo Caldi, as músicas pontuam toda a dramaturgia e aparecem para ilustrar o estado emocional e o interior de cada personagem, trazendo alguma fantasia para existências tão opacas presentes no romance de Lispector.

Não é a primeira vez que Chico César une a sua genialidade musical com o universo do teatro. Em 2017, o paraibano assinou a trilha de Suassuna — O auto do Reino do Sol, ao lado da Cia. Barca dos Corações Partidos, trabalho que lhe rendeu uma série de prêmios e indicações, entre eles o Prêmio da Música Brasileira pelo álbum.

 

“O encontro com Chico César foi especial, e o trabalho foi primoroso. A sua música é essencialmente dramaturgia. Ele tinha uma visão muito sensível sobre a obra e sabia o que era fundamental ser dito em cada composição”, lembra André Paes Leme. “No início do processo de elaboração da dramaturgia, indiquei as passagens literárias que poderiam ser contadas por meio das músicas. Em cada uma dessas, ele propôs uma verdadeira viagem musical. Nossa história é contada e também muito bem cantada”, detalha o diretor.

 

Pandemia

 

Embora seja possível traçar paralelos entre a história de Macabéa e o momento que vivemos hoje, o musical A hora da estrela estreou ainda em março de 2020, no Rio, antes das medidas de restrição serem decretadas por todo o país. Este ano, o espetáculo voltou para o contato direto com o público, mas de maneira totalmente segura, seguindo todas as regras sanitárias de prevenção ao coronavírus.

 

No palco, os atores contracenam usando máscara e com as marcações modificadas para manter o distanciamento entre eles. O teatro do CCBB estará funcionando com 40% da capacidade, fluxo único de circulação, medição de temperatura, uso obrigatório de máscara, disponibilização de álcool gel e sinalizadores no piso para o distanciamento.

 

Para os que preferem prestigiar o espetáculo em casa, as sessões virtuais são transmitidas nos mesmos dias e horários das apresentações presenciais. A vantagem para quem optar assistir virtualmente ao musical é que os atores atuam sem máscara e com as marcações originais, sem o distanciamento.

 

*Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira 

 


Correio Braziliense quinta, 24 de junho de 2021

EUROCOPA: DRAMA, RECORDE E PROTESTO

Jornal Impresso

 Eurocopa - Drama, recorde e protesto
 
Em dia de vaga sofrida alemã e marca de Cristiano Ronaldo, Eurocopa finaliza fase de grupos e define mata-mata. Fora de campo, ativista LGBTQ+ protesta contra a Uefa

 

DANILO QUEIROZ

Publicação: 24/06/2021 04:00

Atacante português chegou ao gol 109 pela seleção e igualou o iraniano Ali Daei (Franck Fife/AFP)  
Atacante português chegou ao gol 109 pela seleção e igualou o iraniano Ali Daei
 
A Eurocopa segue sendo um ringue de quebra de recordes para o astro Cristiano Ronaldo. Após se tornar o maior artilheiro e o nome com mais jogos e participações em edições na história do torneio, o português marcou duas vezes no empate por 2 x 2 com a França e quebrou uma nova marca pessoal. Agora, ele chegou aos 109 gols feitos por Portugal, igualando o índice de goleador máximo por seleções nacionais estabelecido pelo iraniano Ali Daei durante os anos 1990 e 2000. Além das marcas de CR7, a competição do Velho Continente encerrou a fase de grupos, conheceu o chaveamento completo da etapa mata-mata e registrou novo caso de ativismo político fora das quatro linhas.
 
O português, de 36 anos, atingiu a marca ao converter duas cobranças de pênalti, ontem, em Budapeste, pela terceira e última rodada do Grupo F. Com cinco gols, Cristiano Ronaldo também é o artilheiro da atual edição da Eurocopa. Benzema, também duas vezes, anotou os tentos dos franceses. Com a igualdade no placar, a França avançou em primeiro lugar na chave, enquanto Portugal ficou em terceiro. Em Munique, a Alemanha garantiu a segunda posição com direito a drama e até choro de torcedores na arquibancada. O time alemão ficou duas vezes atrás da Hungria no placar e flertou com a eliminação, mas buscou o resultado e volta ao mata-mata após ficar de fora na última edição do torneio. Goretzka e Havertz marcaram para os donos da casa. Ádám Szalai e Schäfer fizeram os gols húngaros. 
 
No grupo E da Euro, os favoritos cumpriram bem o seu papel e garantiram vagas para a sequência da competição de seleções do Velho Continente. No estádio de São Petersburgo, Suécia e Polônia fizeram um jogo movimentado e com reviravoltas. Os suecos abriram dois de frente com gols de Forsberg. Lewandowski também balançou a rede duas vezes para igualar. Aos 48 minutos do segundo tempo, Claesson garantiu o triunfo e a classificação do país nórdico. Em Sevilla, a Espanha, enfim, deslanchou no torneio. Em apresentação tranquila, a Fúria venceu a primeira ao golear a Eslováquia, por 5 x 0. Laporte, Sarabia, Ferrán Torres, Kucka e o goleiro Dúbravka — em um gol contra bizarro, quando a bola bateu na trave e o goleiro esmurrou o rebote para as redes — fizeram os tentos da partida.
 
Agora, a Eurocopa entra na fase mata-mata. A sequência de jogos eliminatórios do torneio de seleções do Velho Continente começa no sábado e vai até a próxima terça-feira, com dois jogos a cada dia. Os confrontos de destaque são os encontros entre Inglaterra x Alemanha e Bélgica x Portugal.
 
No extracampo, um nova manifestação marcou o torneio. Durante a execução do hino húngaro, um ativista LGBTQ+ invadiu o gramado da Arena de Munique e exibiu uma bandeira nas cores do arco-íris em manifestação contra à Uefa. Dias antes do jogo, a entidade tomou a controversa decisão de vetar uma iluminação com as mesmas cores no estádio. A ação da capital alemã seria um posicionamento de repúdio a uma lei aprovada na Hungria que restringe os direitos de informação dos jovens com relação à homossexualidade e transexualidade.

Correio Braziliense quarta, 23 de junho de 2021

COPA AMÉRICA: EU AMO MESSI - CONHEÇA O FÃ BRASILIENSE QUE TATUOU MESSIN NAS COSTAS E GANHOU AUTÓGRAFO DO ÍDOLO

Jornal Impresso

Eu amo Messi
 
Conheça o fã brasiliense que tatuou as costas inteiras com a imagem do ídolo e ganhou autógrafo do astro no corpo

 

MAÍRA NUNES

Publicação: 23/06/2021 04:00

Igor Magalhães teve a tatuagem em homenagem ao ídolo autografada pelo astro argentino na porta do hotel (Fotos: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
Igor Magalhães teve a tatuagem em homenagem ao ídolo autografada pelo astro argentino na porta do hotel
 
O brasiliense Igor Magalhães, de 33 anos, é um dos milhares de fãs de Lionel Messi. Poucos, porém, impressionaram o craque argentino a ponto de o jogador eleito seis vezes melhor do mundo publicar nas redes sociais que gostaria de encontrá-lo para dar um autógrafo. Esse nem era o desejo do torcedor morador de Sobradinho quando tatuou as costas inteiras com uma ilustração do astro. “Nunca foi intencional fazer a tatuagem para ter vantagem para conhecer o Messi. Era algo que eu queria para mim. Tudo isso que aconteceu nunca foi planejado”, conta Igor.
 
A tatuagem feita em 2019 levou 36 horas, divididas em três dias, em Porto Alegre, com o tatuador Tony  Vilella. O motivo da escolha foi o estilo do profissional, a disponibilidade na agenda e o preço mais em conta em comparação aos que havia pesquisado. Mesmo assim, desembolsou R$ 10 mil. Em 2020, Igor tinha a intenção de viajar para a Espanha, tentar visitar o estádio Camp Nou, em Barcelona, e, claro, tietar o ídolo. Mas a pandemia adiou os planos.
 
Eis que, entre muitas polêmicas, a Copa América 2021 veio para o Brasil e com dois jogos da Argentina, em Brasília, na primeira fase. “Apesar de saber que a Copa América não deveria nem ser jogada, por conta da pandemia, surgiu a oportunidade de eu chegar perto do Messi, então tentei correr atrás de ter um abraço ou qualquer coisa assim”, conta Igor. Na sexta passada, quando a Argentina venceu o Uruguai (1 x 0), o torcedor fez a primeira tentativa sem sucesso de ver Messi na porta do Windsor Plaza, hotel onde a delegação estava concentrada.
 
No dia seguinte, Igor voltou a marcar presença no hotel para ver a saída da delegação argentina rumo ao treino. O brasiliense foi abordado por um repórter de um canal de televisão argentino (TyC). “Como o jornalista me perguntou várias coisas em espanhol e muito rápido, eu não entendi nada. Então, só virei e mostrei a minha tatuagem”, conta. A tevê publicou a imagem nas redes sociais, e o próprio Messi comentou na publicação que estava impressionado e disse que gostaria de autografar a tatuagem.
 
“Foram três dias sem dormir”, relata Igor, após ver a interação do ídolo. Dois dias depois, a seleção argentina voltou a se hospedar em Brasília, e os jornalistas argentinos ajudaram a promover o encontro entre Igor e Messi na primeira vez que o craque se aproximou do público na entrada do hotel. A interação não durou mais de 5 minutos. Cercado por seguranças, o jogador pegou uma caneta e autografou as costas de Igor próximo à tatuagem.
 
“Só consegui cumprimentá-lo com um soquinho e dizer ‘gracias, Messi’”, lembra Igor. O local do encontro do camisa 10 fica a menos de 1 km de distância do estádio onde assistiu pela única vez ao ídolo jogando in loco. Igor esteve no Mané Garrincha na vitória da seleção argentina sobre a Bélgica, por 1 x 0, na Copa do Mundo de 2014. “Eu calculei que a Argentina chegaria às quartas de final e comprei o ingresso antecipadamente para assistir ao Messi. Deu certo”, comemora. O complemento da tatuagem com a assinatura também foi eternizada na pele, mas pelo tatuador. 
 
“Eu nunca tive nenhum desprezo pela seleção argentina, pelo contrário, gosto da escola argentina de futebol, assim como gosto da brasileira”, diz Igor. Como um bom amante do esporte, Igor também joga bola e tem características de atacante, veloz e driblador. A inspiração da infância foi Ronaldinho Gaúcho. “Aí chegou o Messi e começou a fazer tudo melhor e sem precisar fazer uma firula, dar um chapéu. O Messi dá uma finta de corpo e está perto do gol. Ele consegue achar o atalho do gol mais rápido”, avalia Igor.
 
Desde 2005, quando o argentino começou a aparecer no Barcelona, a admiração desse brasiliense só cresce onde quer que o craque jogue. A torcida é para que ele continue defendendo o clube catalão. “Se ele quiser vir para o São Paulo, também não tem problema”, brinca. “É triste que ele esteja no fim de carreira, mas estamos juntos até o final”, ressalta Igor. Apesar de que isso nem precisaria ser dito em palavras, afinal tem imagens que falam por si.

Correio Braziliense terça, 22 de junho de 2021

COPA AMÉRICA: ARGENTINA - DEU PARA O GASTO

Jornal Impresso

ARGENTINA - Deu para o gasto
 
No jogo em que Messi igualou marca de jogador com maior número de partidas pela seleção, Argentina vence o Paraguai em jogo protocolar e garante classificação antecipada para as quartas de final do torneio

 

Pedro Marra

Publicação: 22/06/2021 04:00

A Argentina teve bom primeiro tempo e caiu de ritmo, mas fez o suficiente para vencer no DF (Nelson Almeida/AFP)  
A Argentina teve bom primeiro tempo e caiu de ritmo, mas fez o suficiente para vencer no DF
 
Em jogo protocolar, a Argentina manteve a hegemonia sobre o Paraguai na Copa América. Ontem, no Estádio Nacional Mané Garrincha, a seleção alviceleste venceu os rivais, por 1 x 0, e confirmou a classificação antecipada para as quartas de final do torneio de seleções. A noite marcou, ainda, um recorde histórico de Lionel Messi com a camisa do país. O único gol da partida foi marcado por Paco Gómez, após belo passe cruzado de Di Maria, que colocou o companheiro na cara do gol para marcar de cavadinha por cima do goleiro Antony Silva e garantir os três pontos aos hermanos.
 
Este foi o 26º jogo do confronto entre os dois times. Os argentinos seguem sem perder para os paraguaios, tendo 20 vitórias a favor e seis empates no duelo. O jogo foi bastante faltoso, principalmente no meio de campo. Foram 23 infrações do Paraguai e 11 da Argentina. No duelo na capital, Messi igualou o recorde de Mascherano e se tornou o jogador com mais partidas pela Argentina. Ambos têm 147. Apesar da conquista pessoal, o camisa 10 fez uma partida apagada.
 
O duelo começou agitado com um lance de perigo de Di María dando passe para Messi, que não dominou bem a bola para acertar a meta do goleiro Antony Silva. O time teve outras chances até marcar, aos nove minutos. Di María deu lindo passe cruzado para Paco Gomez receber na grande área e apenas cavar por cima do goleiro. 
 
Aos 13 minutos, a seleção paraguaia teve chance em cobrança de falta. Nos minutos seguintes, o Paraguai tentou atacar pelos lados, mas a defesa dos hermanos sempre afastava com os pés ou de cabeça. O principal problema do Paraguai era acertar o último passe. Aos 45 minutos da primeira etapa, o juiz anulou o segundo gol da Argentina por impedimento confirmado pelo VAR.
 
No segundo tempo, a alviceleste começou o jogo com contra-ataques, e o Paraguai tentava empatar na base de cruzamentos. O time, porém, tinha dificuldade de chutar na direção do gol adversário. Aguero entrou na Argentina, mas, com pouca movimentação em campo, não contribuiu para as jogadas de ataque. O jogo seguiu truncado, principalmente no meio de campo.
 
Aos 41 minutos, a Argentina armou bom contra-ataque pelo lado esquerdo e arranjou um escanteio após defesa de Antony Silva. Mesmo com quatro minutos de acréscimo, os times não movimentaram tanto a partida, que terminou com o placar magro.
 
A seleção paraguaia permanece em Brasília para enfrentar o Chile, no Mané Garrincha, às 21h na quinta-feira. A Argentina joga somente na 5ª e última rodada da fase de grupos contra a Bolívia, às 21h de segunda-feira, na Arena Pantanal, em Cuiabá.


FASE DE GRUPOS

3ª Rodada

Domingo
Venezuela 2 x 2 Equador 
Colômbia 1 x 2 Peru 
 
Ontem
Chile 1 x 1 Uruguai
Argentina 1 x 0 Paraguai

Correio Braziliense segunda, 21 de junho de 2021

CORONAVÍRUS - BUSCA POR REMÉDIO CONTRA A COVID-19

 Jornal Impresso

Busca por remédio contra a covid-19
 
 
Em mais de 15 meses de pandemia, a Anvisa autorizou a realização de 93 estudos clínicos no Brasil sobre pesquisas e medicamentos. Um dos principais desafios apontados pelos cientistas é o recrutamento dos voluntários para participar dos testes

 

MARIA EDUARDA CARDIM
GABRIELA BERNARDES*

Publicação: 21/06/2021 04:00

Diferentemente dos voluntários recrutados para estudos com vacinas, nos de medicamentos, eles precisam estar infectados pelo vírus (Jorge Bernal/AFP - 27/4/21 )  
Diferentemente dos voluntários recrutados para estudos com vacinas, nos de medicamentos, eles precisam estar infectados pelo vírus
 
Desde o início da pandemia, pesquisadores e médicos se esforçam para achar um tratamento ou um modo de prevenção contra a covid-19 a fim de poupar vidas. Para isso, os estudos e as pesquisas clínicas, etapa em que determinado fármaco é testado em humanos, são necessários. Em mais de um ano de pandemia, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a realização de 93 estudos clínicos no Brasil. Os mais conhecidos entre o público comum são os feitos com as vacinas, mas a maioria dessas pesquisas é relacionada a medicamentos. No entanto, poucos tiveram sua eficácia comprovada. A busca por um remédio que consiga combater a covid-19, ou ao menos torná-la mais branda, continua no Brasil mesmo em meio às dificuldades encontradas pelos pesquisadores.
 
Um dos principais desafios apontados pelos cientistas é o recrutamento dos voluntários. Diferentemente dos indivíduos recrutados para estudos com vacinas, as pessoas que fazem parte de uma pesquisa clínica de um medicamento precisam estar infectadas pelo vírus. "É diferente porque no estudo de medicamentos lidamos com pacientes já doentes. No de vacina, faço a prevenção com pessoas saudáveis. E um paciente doente demanda mais cuidado", explica Suzara Souto Lopes, diretora técnica e investigadora responsável pelo estudo do medicamento antiviral oral experimental molnupiravir na Chronos Pesquisa Clínica, localizada em Brasília.
 
A pesquisa clínica de fase 3 com o molnupiravir no Brasil, aprovado pela Anvisa em maio, enfrenta um desafio ainda maior, que é localizar esses pacientes em um tempo curto, já que o estudo avalia o uso da medicação em pacientes adultos com comorbidades ou em idosos que estejam nos primeiros quatro dias de sintomas da doença.
 
"Diariamente estamos em busca desse paciente. Uma pessoa que acabou de se contaminar com o novo coronavírus e está nos primeiros dias de sintomas. Essa situação de encontrar esse paciente neste momento é um pouquinho difícil, porque ele, às vezes, nem sabe há quantos dias está com sintomas", relata Suzara.
 
Além disso, esse voluntário procurado para o estudo não pode ter sido vacinado, o que dificulta ainda mais o recrutamento, já que idosos e pessoas com comorbidades fazem parte do grupo prioritário da campanha de vacinação contra a covid-19, que já foi praticamente todo contemplado ao menos com a primeira dose do imunizante.
 
Outro ponto indicado como dificuldade na busca por voluntários para estudos clínicos de medicamentos em geral, segundo Suzara, é o desconhecimento da população quanto ao protocolo desses testes. "Às vezes, colegas médicos encaminham um possível paciente pra gente, mas não chegam a falar com essa pessoa sobre o estudo. Então, quando entramos em contato, há resistência dessas pessoas. Teve um paciente para quem eu liguei que se sentiu ofendido e achou que era um golpe", relata a médica.
 
Desconhecimento
Diante dos desafios, o Chronos, centro de pesquisa clínica de Brasília que participou da fase 2 do estudo do antiviral molnupiravir, tem apenas dois voluntários na fase 3 da pesquisa até o momento. Marcia Abadi, diretora médica executiva da biofarmacêutica americana MSD no Brasil, empresa que desenvolve o medicamento em colaboração com a Ridgeback Biotherapeutics, concorda com Suzara e acredita que os pacientes no Brasil acabam não sabendo que existe esse tipo de pesquisa clínica no país.
 
"Esses estudos foram mais divulgados no âmbito das vacinas. Então, hoje, a maior barreira é os voluntários serem informados,  no momento certo, que existe determinado estudo", pondera. Apesar disso, Marcia acredita que, diante da pandemia da covid-19, são poucas as pessoas que não se interessam em achar algum medicamento que possa diminuir a possibilidade de agravamento da doença. "Na maioria das vezes, a gente percebe uma boa vontade da pessoa não só pela questão individual, mas também pela questão coletiva de poder ajudar no avanço da ciência", pondera.
 
O gerente-geral de medicamentos e produtos biológicos da Anvisa, Gustavo Mendes, reconhece que não existe uma cultura estabelecida no país para participação em estudos clínicos, mas também acredita que a pandemia da covid-19 mudou esse cenário. "Um dado que me chamou a atenção foi a quantidade de pessoas que se cadastraram como interessadas em participar dos testes clínicos com a Butanvac, vacina do Instituto Butantan", afirma. Em apenas 48 horas, 81 mil pessoas se inscreveram no pré-cadastro de testes da Butanvac com interesse em participar dos estudos para a nova vacina contra a covid-19.
 
Além disso, ele acredita que há pouca diferença entre pesquisas com vacinas e medicamentos diante da "falta de opções terapêuticas", que faz com que as pessoas queiram participar de estudos de remédios. "Ninguém relatou pra gente muita dificuldade para o recrutamento", informou.
 
* Estagiária sob supervisão de Carlos Alexandre Souza
 
 
 
Maioria de óbitos já é com menos de 60 anos
Embora a maioria dos brasileiros vítimas da doença ainda seja idosa, pela primeira vez desde o início da pandemia, a maior parte dos novos óbitos registrados no país não ocorre nesse grupo. Dados tabulados no Sivep-Gripe, sistema do Ministério da Saúde que registra internações e óbitos por covid, mostram que 54,4% das vítimas mortas em junho tinham menos de 60 anos. Em maio, esse índice era de 44,6%. Em todos os meses do ano passado, esse porcentual ficou sempre abaixo dos 30%. O início da vacinação dos idosos em janeiro ajuda a explicar o fenômeno, mas não é a única razão. Segundo especialistas, o desrespeito a medidas de proteção e a disseminação de novas cepas podem estar causando maior vitimização de jovens. 

 


Correio Braziliense domingo, 20 de junho de 2021

MENTE E CORPO EM EQUILÍBRIO

Mente e corpo em equilíbrio

 

Em meio a um período de incertezas, medos e tensões, técnicas de relaxamento são cada vez mais procuradas. Entre elas estão as terapias holísticas, como a acupuntura, que têm sido importantes aliadas no processo de cura. 

A tendência das roupas digitais entre fashionistas

Em meio a um período de incertezas, medos e tensões, técnicas de relaxamento são cada vez mais procuradas. Entre elas estão as terapias holísticas, como a acupuntura, que têm sido importantes aliadas no processo de cura. A tendência das roupas digitais entre fashionistas

 

 



Correio Braziliense sexta, 18 de junho de 2021

COPA AMÉRICA: CAPITAL DA ARTILHARIA - MESSI E SIÁREZ DITARAM O RITMO GOLEADOR DO CLÁSSICO ARGENTINA X URUGUAI

Jornal Impresso

Capital da artilharia
 
Membros do seleto grupo com mais de 500 gols na carreira, Messi e Suárez ditarão o ritmo goleador do clássico Argentina x Uruguai, hoje, em Brasília. Cavani e Agüero reforçam encontro dos 2.093 gols no Mané

 

Publicação: 18/06/2021 04:00

 


A o longo dos 47 anos de história, o Estádio Nacional Mané Garrincha, no coração de Brasília, estendeu o tapete vermelho para grandes nomes do futebol mundial. Em 1974, o Rei Pelé passou pela antiga versão do palco candango. Em 2014, durante a Copa do Mundo, o endereço recebeu astros como Cristiano Ronaldo e Neymar. Hoje, a arena viverá, em 90 minutos, uma honraria digna dos principais templos do esporte. Às 21h, no confronto entre Argentina e Uruguai, pela segunda rodada da Copa América, quatro dos 10 maiores artilheiros em atividade estarão, juntos, no local.
 
Se depender do histórico matador das carreiras vitoriosas de Lionel Messi e Sergio Agüero, pelo lado argentino, e de Luis Suárez e Edinson Cavani, pelo uruguaio, o clássico do Rio da Prata, disputado pela primeira vez em solo candango, dificilmente ficará sem bolas na rede. A probabilidade se explica pelo número altíssimo de aproveitamento do quarteto. Juntos, os jogadores são responsáveis por 2.093 gols e ocupam posições privilegiadas entre os principais goleadores da atualidade. Além da veia artilheira, todos são donos de dezenas de títulos coletivos e de prêmios individuais.
 
Messi e Suárez são as estrelas de maior brilho do jogo. Seis vezes eleito o melhor jogador do planeta, o camisa 10 da Argentina soma 745 tentos ao longo da carreira. O dono da 9 uruguaia também tem uma marca invejável: 502 bolas na rede. Os dois, inclusive, integram o seleto top cinco de atletas com mais de 500 gols como profissionais. Além deles, somente o português Cristiano Ronaldo (777), o sueco Zlatan Ibahimovic (564) e o polonês Robert Lewandowski (541) chegaram a tal feito. Referências técnicas, ambos devem começar a partida no Mané Garrincha como titulares. 
 
Até mesmo os bancos de reservas do estádio candango receberão artilheiros de peso. Agüero e Cavani devem figurar como opções dos técnicos Lionel Scaloni e Oscar Tabárez para o decorrer da partida entre Argentina e Uruguai. Os dois também estão entre os maiores goleadores em atividade e detêm marcas de respeito. O argentino ostenta 425 gols. O uruguaio vem pouco atrás, com 421.
 
Messi é, ainda, quem tem o maior número de gols marcados pela seleção entre os quatro astros. São 73 bolas na rede em 145 aparições pela alviceleste. Por outro lado, os dados apontam que Suárez é quem mais se sente à vontade quando veste a camisa de seu país. Os 63 tentos anotados em 116 partidas pelo Uruguai representam 12,54% de todos anotados pelo camisa 9 na carreira. Em proporcionalidade, por exemplo, o argentino tem 9,78% e aparece atrás de Cavani.
 
Marcado por partidas históricas, como onze finais de Copa América, uma de Copa do Mundo e uma de Jogos Olímpicos, o clássico centenário entre Argentina e Uruguai ganhará um lugar no rol dos grandes jogos disputados no Mané Garrincha, tão logo a bola role, como uma das grandes reuniões de craques do esporte no Distrito Federal. Sem a presença de público devido à pandemia de covid-19, os 72.788 lugares vazios serão as únicas testemunhas in loco do encontro memorável dos dois mil gols na capital federal. Os fãs do futebol verão só pela tevê.   

Correio Braziliense quinta, 17 de junho de 2021

FRANÇA DISPENSA USO DE MÁSCARAS

Jornal Impresso

França dispensa o uso de máscaras de proteção

 

Publicação: 17/06/2021 04:00

Turistas passam em frente ao Museu do Louvre, em Paris: fim gradativo das restrições (Bertrand Guay/AFP)  
Turistas passam em frente ao Museu do Louvre, em Paris: fim gradativo das restrições
 
O governo da França decidiu acelerar o ritmo de volta à normalidade e dá  novos passos para o fim das restrições impostas para conter a disseminação do novo coronavírus. A quatro dias das eleições regionais, que se anunciam difíceis para o Palácio do Eliseu, o país determinou o fim da obrigatoriedade de usar máscara ao ar livre a partir de hoje e o levantamento do toque de recolher no domingo.
 
As decisões foram anunciadas pelo primeiro-ministro Jean Castex, após uma reunião do Conselho de Defesa e do Conselho de Ministros. Segundo ele, foram tomadas porque a situação sanitária “melhora mais rápido do que havíamos previsto”.
 
Com 67,1 milhões de habitantes, a França registrou, há dois dias, 3,2 mil novos casos da covid, o nível mais baixo desde agosto de 2020. Pelo menos 30,7 milhões de pessoas receberam a primeira dose e 16,7 milhões estão completamente imunizadas. “É normal que ajustemos nossas medidas”, disse o premiê francês.
 
O uso de máscara, dessa forma, será obrigatório em espaços fechados, como comércios, escritórios e transportes. Em locais ao ar livre, a proteção será cobrada apenas em circunstâncias específicas, como encontros entre muitas pessoas, lugares muito movimentados ou estádios.
 
Por sua vez, o fim do toque de recolher foi antecipado em 10 dias. Atualmente, a medida está valendo a partir das 23h (horário local), mas nos momentos mais devastadores da epidemia chegou a alcançar 18h.
 
A França foi um dos últimos países europeus, ao lado da Itália e da Grécia, a manter o toque de recolher, cada vez mais discutido e menos respeitado, conforme observado anteontem à noite durante as celebrações pela vitória da França contra a Alemanha na Eurocopa de futebol. Também se questionava a obrigatoriedade geral de usar máscara.
 
Jean Castex defendeu a estratégia de saída da crise anunciada no fim de abril e que “alguns consideravam muito rápida e insuficientemente prudente”. O premiê também celebrou a queda de contágios e de internações, sobretudo em UTIs, atribuindo a situação atual à mobilização dos franceses e ao sucesso da campanha de vacinação.
 
Turismo
 
A União Europeia (UE) também avançou na abertura e aprovou o retorno de turistas americanos, mesmo que não estejam vacinados. Às vésperas do início do verão no Hemisfério Norte, os 27 países do bloco ampliaram a lista de nações, cujos cidadãos têm permissão para viagens não essenciais, o que permitirá a entrada de seus passageiros sem justificativa.
 
Além dos Estados Unidos, foram incluídos Albânia, Líbano, Macedônia do Norte, Sérvia, Taiwan, Hong Kong e Macau. Na lista anterior já constavam Japão, Austrália, Israel, Nova Zelândia, Ruanda, Singapura, Coreia do Sul e Tailândia.
 
Para entrar na lista, um país deve registrar menos de 75 casos de covid-19 por cada 100 mil habitantes nos últimos 14 dias. Mesmo assim, a UE dá a seus países-membros o poder de impor condições a esses turistas, como testes de diagnóstico ou quarentenas.
 
Na Índia, apesar de o país liderar a lista de mortes por covid-19 em 24 horas (2.542), o mausoléu turístico do Taj Mahal reabriu ontem, após dois meses de fechamento. Já em Moscou, o prefeito Serguei Sobianin decretou a imunização obrigatória de todos os funcionários do setor de serviços, devido à situação crítica na capital russa. “Devemos fazer de tudo para implantar a vacinação em massa o mais rápido possível e impedir essa doença terrível”, disse ele em seu blog. A capital russa é o epicentro da última onda do coronavírus no país.

Correio Braziliense quarta, 16 de junho de 2021

TODO O PODER DE CRISTIANO RONALDO

Jornal Impresso

Todo o poder a Cristiano
 
 
Destaque da vitória de Portugal contra a Hungria, Cristiano Ronaldo estabeleceu três novos recordes na Eurocopa. Episódio inusitado protagonizado pelo português em entrevista rendeu prejuízo a patrocinador

 

DANILO QUEIROZ

Publicação: 16/06/2021 04:00

CR7 colocou mais três feitos no vitorioso currículo: maior artilheiro, jogador com mais vitórias e o maior número de edições de Eurocopa na história (Alex Pantling/AFP)  
CR7 colocou mais três feitos no vitorioso currículo: maior artilheiro, jogador com mais vitórias e o maior número de edições de Eurocopa na história
 
Nenhum personagem foi maior que Cristiano Ronaldo nos primeiros dias da Eurocopa. Destaque da vitória de Portugal sobre a Hungria, ontem, por 3 x 0, no início da defesa do título de campeão do continente, o atacante brilhou em campo com dois gols — o outro foi de Raphael Guerreiro — e estabeleceu novos recordes. De quebra, mostrou todo o poder de influência ao causar um prejuízo bilionário a um dos patrocinadores do torneio do Velho Continente.
 
O atacante fez história imediatamente ao pisar no gramado na Puskás Arena e tornou-se o único atleta a atuar em cinco edições diferentes da Euro — 2004, 2008, 2012, 2016 e 2020. CR7 superou Schweinsteiger, da Alemanha, Buffon, da Itália, Thuram, da França, e Edwin van der Sar, da Holanda, todos com quatro edições no currículo. Assim como Cristiano, o espanhol Casillas foi convocado cinco vezes, mas foi a campo em três.
 
Com a bola rolando, Cristiano Ronaldo tinha outro objetivo: isolar-se como o maior artilheiro da competição. Durante a campanha do título de Portugal em 2016, CR7 marcou três vezes, chegou a nove e igualou o francês Michel Platini como goleador máximo da Eurocopa. A ultrapassagem veio diante da maior vítima. Com as duas bolas na rede da Hungria, o atacante chegou ao quarto diante do rival e ao 11º na história do torneio.
 
Portugal caiu no grupo F ao lado de França e Alemanha, as últimas campeãs da Copa do Mundo. No contexto, vencer a Hungria é um item obrigatório no checklist para avançar. Os portugueses cumpriram o dever. De quebra, os três pontos significaram outro recorde para Cristiano Ronaldo: o de atleta com mais vitórias na Euro. Com 12, ele desgarrou de Iniesta e Fábregas, com 11 cada.
 
Apesar das marcas, a máquina portuguesa de recordes ressaltou a meta coletiva. “O importante era ganhar. Foi um jogo difícil contra uma equipe que defendeu bem. Conseguimos marcar três gols e eu estou muito agradecido à equipe por me ajudar a ser o homem do jogo”, destacou.
 
Refri sem gás
 
Um dia antes de brilhar em campo, Cristiano Ronaldo chamou a atenção na entrevista coletiva. Ao chegar para responder os jornalistas, o jogador afastou duas garrafas de refrigerante de uma marca patrocinadora da Eurocopa e, sem titubear, recomendou: “Bebam água”. Meia hora depois do gesto, as ações da empresa desvalorizaram 1,6%, ocasionando uma perda no valor de mercado de R$ 20 bilhões.


FASE DE GRUPOS

2ª rodada

Hoje
10h - Finlândia x Rússia
13h - Turquia x País de Gales
16h - Itália x Suiça
 
Amanhã
10h - Ucrânia x Macedônia
13h - Dinamarca x Bélgica
16h - Holanda x Áustria
 
Sexta-feira
10h - Suécia x Eslováquia
13h - Croácia x República Tcheca
16h - Inglaterra x Escócia
 
Sábado
10h - Hungria x França
13h - Portugal x Alemanha
16h - Espanha x Polônia

Correio Braziliense terça, 15 de junho de 2021

CÁLCULOS DE NEYMAR PARA ULTRAPASSAR PELÉ

Jornal Impresso

Cálculos de Neymar para ultrapassar Pelé
 
Nas contas da Fifa, atacante está a 10 gols de igualar o Rei na artilharia da Seleção

 

Victor Parrini*

Publicação: 15/06/2021 04:00

Nas estatísticas da CBF, distância do camisa 10 para o Rei Pelé é de 28 gols (Nelson Almeida/AFP)  
Nas estatísticas da CBF, distância do camisa 10 para o Rei Pelé é de 28 gols
 
A história de uma das edições mais polêmicas da Copa América começou a ser escrita, no domingo, no Mané Garrincha e, com ela, a da artilharia da Seleção Brasileira ganhou um novo capítulo. Com o gol marcado na vitória por 3 x 0 sobre a Venezuela, Neymar chegou ao 67º gol vestindo a amarelinha, ficando a 10 tentos do maior artilheiro do escrete canarinho, o Rei Pelé. A conta oficial é feita pela Fifa, porém a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) possui números diferentes.
 
Nos números contabilizados pela entidade máxima do futebol mundial, Pelé marcou 77 gols em 92 partidas, enquanto Neymar precisou de 106 jogos para balançar as redes 67 vezes. Na 3ª colocação, está Ronaldo Fenômeno, com 62 gols. Os dados não são unânimes devido à CBF adotar critérios diferentes para a montagem do ranking de artilharia da Seleção.
 
Nas contas da confederação brasileira, jogos diante de clubes são considerados, por exemplo. Desta forma, conforme o cálculo da CBF, Pelé possui 95 gols em 115 partidas. Neymar divide a artilharia com Ronaldo, ambos com 67 bolas na rede. Contudo, o ex-camisa nove precisou de 109 duelos para converter a quantidade. O craque do PSG, campeão olímpico pela Seleção em 2016, jogou três vezes menos. 
 
Nos três compromissos pela Seleção Brasileira em 2021 entre Eliminatórias e Copa América, Neymar acumula três vitórias e três gols, um aproveitamento quase perfeito, apesar de o escrete canarinho não vir demonstrando um futebol vistoso. No entanto, o craque brasileiro se mostra efetivo e chama a responsabilidade como principal referência para ajudar o Brasil a conquistar em casa o bicampeonato do torneio continental. 
 
Volta ao Rio
 
Ontem, a Seleção se despediu de Brasília. Pela manhã, o time treinou no estádio Defelê, na Vila Planalto. Apenas os reservas participaram da atividade. Os titulares fizeram um trabalho regenerativo. O time desembarcou no Rio de Janeiro à noite e foi direto para a Granja Comary, onde fica até quinta-feira, quando o time enfrenta o Peru, às 21h, no estádio Nilton Santos.
 
* Estagiário sob supervisão de Danilo Queiroz

Correio Braziliense segunda, 14 de junho de 2021

COPA AMÉRICA: AJOELHOU, TEM QUE GANHAR

Jornal Impresso

Ajoelhou, tem que ganhar
 
Depois do Manifesto de Assunção, no qual aceitou disputar o torneio sob protesto, Brasil estreia com vitória fácil sobre a Venezuela na caça ao deca. Neymar e Gabigol dão liga e dor de cabeça para Tite

 

MAÍRA NUNES

Publicação: 14/06/2021 04:00

Gabigol balançou a rede pela sétima vez em 10 jogos no Mané Garrincha, onde estreou como profissional, em 2013, com a camisa do Santos (Carlos Vieira/CB/D.A Press
)  
Gabigol balançou a rede pela sétima vez em 10 jogos no Mané Garrincha, onde estreou como profissional, em 2013, com a camisa do Santos
 
A Copa América envolveu tantas críticas e protestos para acontecer em 2021 que o jogo de abertura, ontem, fez até cair água do céu em Brasília em uma época costumeiramente de seca na capital federal. Mesmo diante dos riscos envolvendo a pandemia, o governo brasileiro aceitou sediar a competição rejeitada por Argentina e Colômbia, a menos de um mês do início. Dentro de campo, a Seleção Brasileira não precisou de muito esforço para fazer chover também gols contra uma Venezuela com sete desfalques diagnosticados com covid-19 e sair com a vitória por 3 x 0.
 
Com a decisão da Conmebol de retirar o limite de convocações para substituir atletas com covid-19, o técnico português José Piseiro chamou mais 15 atletas na véspera da estreia. Sem tempo hábil para contar com os substitutos, porém, o treinador foi ao jogo contra o Brasil com apenas sete reservas. Alguns venezuelanos residentes em Brasília até apareceram fora da arena para mandar boas vibrações enquanto cerca de 40 manifestantes protestavram contra o presidente Jair Bolsonaro por dar asilo ao torneio continental.
 
Dentro das quatro linhas, o Brasil consolidou uma defesa segura. Mesmo diante de um adversário desfigurado e enfraquecido devido ao surto de covid, não sofreu gol pela quinta partida consecutiva. Antes, havia passado ileso pela própria Venezuela, Uruguai, Equador e Paraguai, todos válidos pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo do Qatar-2022. 
 
O time titular teve o goleiro Alison, o lateral Renan Lodi e o meia Lucas Paquetá como novidades em relação ao último jogo, na vitórias sobre o Paraguai. Contra a Venezuela, os brasileiros dominaram a partida. Marquinhos abriu o placar aos 22 minutos. Após escanteio, a bola sobrou para o zagueiro do PSG. Ele dominou e finalizou de esquerda para abrir o placar. 
 
No intervalo, os autofalantes do estádio divulgaram uma publicidade da Sinovac. A fabricante doou 50 mil vacinas contra  covid-19 à Conmebol para imunizar clubes e seleções. Na prática, porém, a Copa América é um dos produtos de publicidade mais polêmicos relacionados ao tema. Mesmo após o surto do coronavírus na seleção da Venezuela, o palco da abertura da competição contava com poucos locais disponibilizando álcool em gel. 
 
No segundo tempo, o Brasil manteve o domínio. Aos 16, Danilo recebeu, na entrada da área, deu uma meia-lua em cima do Pino Mago e, na sequência, foi derrubado por Cumaná. Pênalti convertido por Neymar, que marcou o quinto gol dele no Mané Garrincha e ficou a 10 gols de igualar Pelé, que marcou 77 vezes com a amarelinha. No fim da partida, o camisa 10 ainda fez linda jogada pela ponta esquerda e levantou na medida para Gabriel Barbosa, de barriga, fechar a conta. 
 
Tabelinha de duas revelações do Santos que tomaram gosto em balançar as redes na arena candanga. Gabigol, que entrou aos 35 minutos do segundo tempo, chegou ao sétimo gol dele em 10 jogos disputados no Mané Garrincha e acirrou a disputa por vaga no setor ofensivo brasileiro.
 
Sem autoridades
 
O presidente Jair Bolsonaro decidiu não ir à abertura da Copa América. Depois de se empenhar para que o torneio fosse no Brasil. Bolsonaro postou foto pouco após o início do jogo, com a camisa do Brusque-SC, líder da Série B e patrocinado pelo dono da Havan, Luciano Hang, e escreveu: "Copa América. Boa tarde a todos". O governador do DF, Ibaneis Rocha, também não foi. 
 
“Era importante vencer. Era o nosso trabalho impor o ritmo de jogo. A equipe está de parabéns. Estivemos focados e agressivos no último terço do campo”
 
Casemiro, capitão da Seleção

Correio Braziliense domingo, 13 de junho de 2021

HOMENAGEM A BENITO DI PAULA

Jornal Impresso

 

Homenagem a Benito Di Paula

 

»Irlam Rocha Lima

Benito Di Paula e Rodrigo Vellozzo: shows intimistas nas plataformas digitais (Bruno Trindade Ruiz/ Divulgação)  
Benito Di Paula e Rodrigo Vellozzo: shows intimistas nas plataformas digitais
 
Benito Di Paula, um dos nomes de maior destaque da velha guarda da música popular brasileira, está em tempo de celebração dos 80 anos. A data vem sendo festejada com um projeto audiovisual criado pelo filho, também cantor e compositor, Rodrigo Vellozo. A ideia é que esses encontros prossigam durante os próximos meses, sempre com transmissão pelas plataformas digitais.
 
Intitulada Rodrigo + Benito em casa, a série de vídeos, além de revisitar canções dos dois, mostra o relacionamento de pai e filho durante a pandemia. O idealizador do projeto diz que esses encontros caseiros deixam claro que os vínculos familiares têm papel de destaque na trajetória artística e na vida de ambos. “Celebrar os 80 anos de papai é mais emblemático (nesses tempos de pandemia). Para mim, tê-lo tão pertinho é um privilégio e uma alegria imensa”, disse ao Rodrigo Vellozo ao Correio.
 
Trajetória
 
Autor de clássicos como Meu amigo Charlie Brown, Mulher brasileira e Retalhos de cetim, Benito Di Paula destaca a importância que o projeto tem para ele. “É uma forma de agradecer ao público, que vem me acompanhando ao longo de 50 anos de carreira artística. São pessoas que tomaram conhecimento da minha música por meio dos milhões de discos vendidos, tanto no Brasil quanto no exterior”.
 
Mas ele faz questão de deixar claro a saudade que tem dos palcos. “Estar ao lado do Rodrigo nesses encontros é uma bênção. Mas o aplauso do público é fundamental para todo artista. Se Deus quiser, a pandemia vai passar. Tenho fé nisso. Aí vou poder voltar a fazer show e receber o carinho dos fãs”.

Correio Braziliense sábado, 12 de junho de 2021

FUTEBOL FEMININO: ELAS QUEREM RESPEITO

Jornal Impresso

FUTEBOL FEMININO

 

Elas querem respeito

 

Antes de vencer a Rússia de forma convincente, por 3 x 0, em amistoso preparatório para as Olimpíadas, Seleção feminina publica posicionamento contundente nas redes sociais contra o assédio

 

MAÍRA NUNES

Publicação: 12/06/2021 04:00

 

Texto do time repudiou violência contra a mulher: %u201Cvítimas de abusos que vão contra os nossos princípios de igualdade e construção de um mundo justo%u201D (Richard Callis/SPP/CBF)  
Texto do time repudiou violência contra a mulher: %u201Cvítimas de abusos que vão contra os nossos princípios de igualdade e construção de um mundo justo%u201D

 

Uma semana após ter vindo à tona a denúncia de uma funcionária da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) contra o presidente da entidade, Rogério Caboclo, por assédio sexual e moral — a investigação culminou no afastamento do cartola do cargo —, a Seleção feminina manifestou-se contra o assédio, de forma clara e firme. Ontem, o time venceu a Rússia, por 3 x 0, no penúltimo amistoso antes dos Jogos Olímpicos de Tóquio, com início marcado para julho. Mas a vitória mais marcante foi antes mesmo de a bola rolar, quando jogadoras e comissão técnica, todos juntos, entraram no gramado com uma faixa com os dizeres “Assédio não!”.


Antes de o jogo começar no Estádio Cartagonova, em Cartagena, na Espanha, as atletas da Seleção publicaram nas redes sociais um manifesto sem meias-palavras repudiando a violência contra a mulher. “Todos os dias no Brasil, milhares de pessoas são acometidas e desrespeitadas com cenas de assédio, seja moral ou sexual, especialmente nós, mulheres. São brasileiras e brasileiros, vítimas de abusos e atos que vão contra os nossos princípios de igualdade e construção de um mundo mais justo”, disse parte do texto divulgado.


Na véspera do amistoso, a técnica da Seleção feminina, Pia Sundhage, comentou sobre a seriedade do caso e como ele foi conduzido internamente. “Primeiro, informamos formalmente às jogadoras sobre o que havia ocorrido e elas puderam conversar e terem a opinião delas. Cada um de nós deve ser responsável pelas suas respostas”, disse a sueca, em coletiva de imprensa. Ontem, ela estava junto à equipe no posicionamento formal. Durante os 90 minutos, as brasileiras foram superiores, dominaram a posse de bola e construíram a vitória com dois gols de Bruna Benites e um de Andressa Alves.


Ao fim do jogo, a atacante Marta, principal referência do time canarinho, reforçou o quanto atletas e comissão técnica estão alinhadas. “Resolvemos mostrar a nossa opinião, porque somos, obviamente, contra qualquer tipo de assédio, sem fazer pré-julgamento. Os fatos estão aí para serem apurados, mas nós necessitamos mostrar o nosso posicionamento e fizemos em conjunto, como fazemos em todas as outras situações”, disse a camisa 10 do Brasil.


Contraditoriamente, a gestão de Rogério Caboclo à frente da CBF foi a que promoveu as maiores iniciativas por igualdade na entidade no âmbito da modalidade. Neste mês, o presidente afastado anunciou o primeiro patrocinador exclusivo da Seleção e do Brasileirão femininos. Foi ele também quem divulgou, em 2020, o pagamento de diárias equivalentes a jogadoras e jogadores na Seleção, sempre com discurso de tratamento igual entre homens e mulheres. A própria técnica Pia, bicampeã olímpica, foi trazida pelo atual presidente, que teria pensado no nome dela e feito o convite, em 2019, após o sucesso da Copa do Mundo, na França.  


Entretanto, como pontuou o manifesto das jogadoras, “dizer não ao abuso são mais que palavras, são atitudes”. As atletas fizeram o que também espera-se dos clubes e federações de futebol, inclusive os que já levantaram essa bandeira em jogadas de marketing anteriormente, em dias comemorativos. As atletas da Seleção feminina deixaram claro que “encorajam que mulheres e homens denunciem”. Afinal, como elas concluem no protesto, a luta pelo respeito e igualdade vai além dos gramados.


Correio Braziliense sábado, 12 de junho de 2021

FUTEBOL FEMININO: ELAS QUEREM RESPEITO

FUTEBOL FEMININO

 

Elas querem respeito
 
Antes de vencer a Rússia de forma convincente, por 3 x 0, em amistoso preparatório para as Olimpíadas, Seleção feminina publica posicionamento contundente nas redes sociais contra o assédio

 

MAÍRA NUNES

Publicação: 12/06/2021 04:00

 

Texto do time repudiou violência contra a mulher: %u201Cvítimas de abusos que vão contra os nossos princípios de igualdade e construção de um mundo justo%u201D (Richard Callis/SPP/CBF)  
Texto do time repudiou violência contra a mulher: %u201Cvítimas de abusos que vão contra os nossos princípios de igualdade e construção de um mundo justo%u201D

 

Uma semana após ter vindo à tona a denúncia de uma funcionária da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) contra o presidente da entidade, Rogério Caboclo, por assédio sexual e moral — a investigação culminou no afastamento do cartola do cargo —, a Seleção feminina manifestou-se contra o assédio, de forma clara e firme. Ontem, o time venceu a Rússia, por 3 x 0, no penúltimo amistoso antes dos Jogos Olímpicos de Tóquio, com início marcado para julho. Mas a vitória mais marcante foi antes mesmo de a bola rolar, quando jogadoras e comissão técnica, todos juntos, entraram no gramado com uma faixa com os dizeres “Assédio não!”.


Antes de o jogo começar no Estádio Cartagonova, em Cartagena, na Espanha, as atletas da Seleção publicaram nas redes sociais um manifesto sem meias-palavras repudiando a violência contra a mulher. “Todos os dias no Brasil, milhares de pessoas são acometidas e desrespeitadas com cenas de assédio, seja moral ou sexual, especialmente nós, mulheres. São brasileiras e brasileiros, vítimas de abusos e atos que vão contra os nossos princípios de igualdade e construção de um mundo mais justo”, disse parte do texto divulgado.


Na véspera do amistoso, a técnica da Seleção feminina, Pia Sundhage, comentou sobre a seriedade do caso e como ele foi conduzido internamente. “Primeiro, informamos formalmente às jogadoras sobre o que havia ocorrido e elas puderam conversar e terem a opinião delas. Cada um de nós deve ser responsável pelas suas respostas”, disse a sueca, em coletiva de imprensa. Ontem, ela estava junto à equipe no posicionamento formal. Durante os 90 minutos, as brasileiras foram superiores, dominaram a posse de bola e construíram a vitória com dois gols de Bruna Benites e um de Andressa Alves.


Ao fim do jogo, a atacante Marta, principal referência do time canarinho, reforçou o quanto atletas e comissão técnica estão alinhadas. “Resolvemos mostrar a nossa opinião, porque somos, obviamente, contra qualquer tipo de assédio, sem fazer pré-julgamento. Os fatos estão aí para serem apurados, mas nós necessitamos mostrar o nosso posicionamento e fizemos em conjunto, como fazemos em todas as outras situações”, disse a camisa 10 do Brasil.


Contraditoriamente, a gestão de Rogério Caboclo à frente da CBF foi a que promoveu as maiores iniciativas por igualdade na entidade no âmbito da modalidade. Neste mês, o presidente afastado anunciou o primeiro patrocinador exclusivo da Seleção e do Brasileirão femininos. Foi ele também quem divulgou, em 2020, o pagamento de diárias equivalentes a jogadoras e jogadores na Seleção, sempre com discurso de tratamento igual entre homens e mulheres. A própria técnica Pia, bicampeã olímpica, foi trazida pelo atual presidente, que teria pensado no nome dela e feito o convite, em 2019, após o sucesso da Copa do Mundo, na França.  


Entretanto, como pontuou o manifesto das jogadoras, “dizer não ao abuso são mais que palavras, são atitudes”. As atletas fizeram o que também espera-se dos clubes e federações de futebol, inclusive os que já levantaram essa bandeira em jogadas de marketing anteriormente, em dias comemorativos. As atletas da Seleção feminina deixaram claro que “encorajam que mulheres e homens denunciem”. Afinal, como elas concluem no protesto, a luta pelo respeito e igualdade vai além dos gramados.


Correio Braziliense sexta, 11 de junho de 2021

PREPARE-SE PARA A SECA!

Jornal Impresso

Prepare-se para a seca!
 
Com a chegada do inverno, brasilienses começam a enfrentar temperaturas menores e queda na umidade do ar, que ontem chegou a 30%. Daqui a pouco mais de uma semana, o índice deve chegar a menos de 20% nas horas mais quentes do dia

 

» Ana Isabel Mansur

Publicação: 11/06/2021 04:00

Meses mais secos na capital federal são agosto e setembro, quando a umidade pode chegar a 10% (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  
Meses mais secos na capital federal são agosto e setembro, quando a umidade pode chegar a 10%
 
Garrafa de água, manteiga de cacau, soro e toalha molhada estendida durante a noite. O kit básico de sobrevivência do brasiliense pode começar a ser tirado do armário. É que, nos próximos dias, com o início do inverno em 22 de junho, a umidade relativa do ar pode chegar a menos de 20%. Ontem, o índice foi de 30% no Gama e de 35% no Plano Piloto. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) publicou aviso amarelo de perigo potencial para baixa umidade do ar, com início às 12h e término às 18h. Hoje, a umidade permanecer entre 25% e 30% ao longo do dia, sem chuvas e céu com poucas nuvens. A temperatura deve variar entre 15ºC e 27ºC.
 
Não chove no DF desde 10 de maio, e não há previsão de chuvas para os próximos dias. No inverno, o volume de precipitações diminui significativamente no Centro-Oeste. Desde março, o DF tem registrado volume abaixo da média. Em maio, por exemplo, choveu apenas 4,8mm, 15% do costumeiro. Fevereiro deste ano, porém, foi o mês mais chuvoso da série histórica, feita desde 1962, com acumulado superior a 473,4 mm. Para junho, o volume aguardado é menor por conta da estiagem — 4,9mm. Os meses mais secos na capital federal são agosto e setembro, quando a umidade pode chegar a 10%, como aconteceu em 4 de outubro do ano passado. 
 
“Do final desta semana até o início da outra, começa o período de transição entre as estações. Nesses dias que antecedem o inverno, podemos ter características típicas mais presentes. Por enquanto, ainda estamos com umidade entre 25% e 30%, que é comum no outono, com temperaturas mais amenas na parte da manhã e aquecimento ao longo do dia, voltando a esfriar pela noite”, detalha Andrea Ramos, meteorologista do Inmet.
 
Ela explica que a estiagem é mais comum no período do inverno, mas pode acontecer antes. “No outono, há acúmulo de massa de ar seco, que vem, inclusive, circulando há alguns dias. Essa massa pode ocasionar umidade abaixo de 25%, mas não chega a ser menor do que 20% — esse índice é esperado para o inverno. Isso acontece todo ano, e em 2021 não deve ser diferente. É realmente o período mais crítico”, complementa Andrea.  

 (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  
Dificuldades
 
O estudante Gabriel da Silva Pinheiro, 21 anos, passa por dificuldades nos meses de estiagem. O jovem sofre de asma, bronquite e rinite alérgica. “Durante a seca, a gente já fica sofrendo com a pele ressecada. Para quem tem problema respiratório, é um terror. Quando eu era criança, era a época em que meu nariz não parava de sangrar. Hoje, eu sinto mais dificuldade de respirar, parece que o pulmão não enche por completo”, descreve Gabriel. 
 
Outro agravante para a situação do estudante é o local onde mora. “A poeira que sobe com a secura deixa aquela coriza chata. E aqui em Águas Claras tem bastante poeira por conta das obras. Eu tento sobreviver ao período com um umidificador de ar. Nós, brasilienses, passamos por isso todos os anos, e parece que vamos desenvolvendo uma casca mais grossa de resistência”, reflete o jovem, acrescentando que, no período da seca, chega a tomar quatro litros de água por dia.

Correio Braziliense quarta, 09 de junho de 2021

FEMINICÍDIO: DF REGISTRA DOIS CASOS EM MENOS DE 48 HORAS

Jornal Impresso

FEMINICÍDIO

 

DF registra dois casos em menos de 48 horas
 
 
A cabeleireira Fernanda Landim foi morta na madrugada de ontem pelo companheiro, Angelo Gabryel. A filha do casal, uma menina de 2 anos, presenciou o crime. Assassinato ocorreu menos poucos dias depois de outro, também por motivo de gênero

 

» ANA ISABEL MANSUR
» CIBELE MOREIRA

Publicação: 09/06/2021 04:00

Fernanda morava com Angelo Gabriel em Sobradinho 2. O casal havia alugado uma casa há um mês e estava junto desde 2016 (Reprodução)  
Fernanda morava com Angelo Gabriel em Sobradinho 2. O casal havia alugado uma casa há um mês e estava junto desde 2016

Em menos de dois dias, mais uma mulher foi assassinada por motivo de gênero no Distrito Federal. Fernanda Landim Almeida, 33 anos, foi esfaqueada pelo companheiro, identificado como Angelo Gabryel, 28, após uma discussão entre os dois. O crime ocorreu na madrugada de ontem, em Sobradinho 2. A cabeleireira, que recebeu um golpe de faca na região do abdômen, não resistiu ao ferimento e morreu no local. A filha do casal, uma menina de 2 anos, presenciou o homicídio. No domingo, Leidenaura Moreira, 37, foi morta da mesma maneira (leia abaixo).
 
O caso é acompanhado pela 35ª Delegacia de Polícia (Sobradinho 2). Angelo Gabryel tem uma ficha criminal que inclui seis ocorrências por violência doméstica, agressão, injúria e ameaça contra Fernanda. Além da criança de 2 anos, ela deixa dois outros filhos, de relacionamentos anteriores: uma menina de 5 anos e um adolescente de 17. As duas mais novas moravam com a vítima, e o mais velho, com a avó materna. Após o crime, os três ficaram com a mãe de Fernanda.
 
Delegado-chefe da 35ª DP, Laércio Carvalho afirma que a vítima havia entrado com pedidos de medidas protetivas contra o companheiro. A Justiça concedeu duas, uma em 2019, outra no ano passado, após duas ocasiões em que houve desentendimentos entre os dois. No entanto, em 15 de maio, houve revogação do benefício a pedido de Fernanda. Depois disso, o casal se mudou com a filha para uma casa alugada, em Sobradinho 2. Em depoimento à polícia, vizinhos relataram que eram recorrentes brigas e desentendimentos entre os dois.
 
Ao confessar o crime, Angelo Gabryel disse que ele e a companheira haviam discutido por motivo de ciúme. Após a briga, ele saiu de casa e voltou por volta das 3h. O agressor pulou um muro de três metros de altura para entrar no lote, segundo a polícia. “O acusado conta que, quando voltou, ela estava com uma faca na mão. Depois de discussão e ameaças, ele tomou o item dela e desferiu o golpe fatal no abdômen (da vítima)”, relatou Laércio Carvalho. “Em seguida, ele gritou ‘Eu feri ela, eu feri ela’”, completou o delegado à frente do caso.
 
Relacionamento
Uma amiga de Fernanda que pediu para não ser identificada contou que Angelo Gabryel havia agredido a vítima em outros momentos. “Era um relacionamento bem conturbado. Várias vezes, avisei a ela para terminar com ele, porque acabaria nisso, mas não adiantou. Os dois brigavam sempre, e ele não a respeitava de forma alguma. Tantas vezes eu pedi que ela o largasse, mas ela não me escutou. Espero que a justiça seja feita. Entre nossos amigos, ninguém gostava dele”, detalha. Ela e Fernanda tinham uma amizade de 15 anos.
 
Outra amiga de Fernanda, que também não quis ter o nome divulgado, conta que ficou tomada por um sentimento de revolta. “Ela estava com muitos sonhos, muitos projetos, tinha muita vontade de vencer na vida. Fazia de tudo pelos filhos e era louca pela mais nova, que deu um gás na vida dela. Ela era muito apaixonada pelo Gabryel. Como as meninas estão falando, o amor louco por ele tirou a vida dela”, lamenta.
 
Após cometer o crime, o agressor largou a faca na sala, perto do corpo da vítima, e fugiu com a bainha da arma na cintura. O item, segundo a polícia, pode indicar que o objeto usado para matar Fernanda seria dele. Angelo Gabryel se escondeu em uma casa a cerca de 1 km de distância, mas os policiais militares conseguiram encontrá-lo e levá-lo para a 13ª Delegacia de Polícia (Sobradinho). O casal morava em um lote com várias residências há menos de um mês e, segundo as investigações, estava junto desde 2016. O agressor foi levado para a carceragem da Polícia Civil e deve responder pelo crime de feminicídio, com pena de até 30 anos de reclusão.
 
 
Memória
 
25 de abril
 
Karla Roberta Fernandes Pereira, 38 anos, foi degolada pelo companheiro, Adenor Pacheco de Oliveira, 47. Um catador de latinhas encontrou o corpo da vítima em um matagal, em Santa Maria. Após assassiná-la, o agressor saiu para beber com os amigos e, pela tarde, compareceu à delegacia. Em depoimento, o acusado mentiu sobre os fatos e não soube responder perguntas dos investigadores. Após confessar o feminicídio, ele foi preso. Karla deixou três filhos menores de idade.
 
22 de maio
 
O corpo de Karla Pucci, 47 anos, foi encontrado pelo filho dela, na funerária da qual ela era dona, no Paranoá. A empresária foi morta a pedradas e o principal suspeito era Valdemar Sobreiro Nogueira, 46, que mantinha um relacionamento de seis meses com a vítima. Depois de ele aparecer nas mídias sociais casado com outra mulher, Valdemar foi achado morto em um hotel de São Paulo, dois dias depois.
 
 
Ocorrências
 
32
Feminicídios no DF em 2019
 
17
Casos registrados em 2020 (-46,8%)
 
6
Feminicídios entre janeiro e abril de 2020
 
8
Casos registrados no mesmo período de 2021 (+33%)
 
19
Tentativas de feminicídio entre janeiro e abril de 2020
 
23
Tentativas de feminicídio entre janeiro e abril de 2021
 
 
 
Palavra de especialista
 
Problema endêmico
 
As leis aprovadas ainda são ineficientes para conter a onda de violência contra a mulher. Com contenções de atos anteriores a casos de violência física e feminicídio, pode-se evitar a morte de mulheres, mas o Brasil ainda caminha nesse sentido. Muitas vezes, mesmo com medidas protetivas, elas são vitimadas, porque não temos um sistema eficiente de fiscalização dessas medidas pelo Poder Executivo. O apoio institucional, de abrigamento e inserção no mercado de trabalho, é tão fundamental quanto o incentivo às denúncias. O Estado precisa se debruçar sobre esse problema — que é endêmico, mas tem solução. Os programas não são eficientes, senão as mulheres denunciaram mais. 
 
Renata Gil, juíza e presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB)


Correio Braziliense segunda, 07 de junho de 2021

FESTA A DISTÂNCIA

 

Jornal Impresso

Festa a distância
 
Devido à pandemia da covid-19, as quadrilhas juninas programam apresentações on-line ou drive-in pelo segundo ano consecutivo. Sem o tradicional concurso, para evitar aglomerações, os grupos preparam coreografias com menos pessoas e ensaios virtuais

 

» CAROLINE CINTRA

Publicação: 07/06/2021 04:00

Diretor da Liga de Quadrilhas Juninas do DF e Entorno, Robson Vilela, e a costureira Maria Teixeira: ela cria roupas para diversos grupos de quadrilhas da capital federal (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
Diretor da Liga de Quadrilhas Juninas do DF e Entorno, Robson Vilela, e a costureira Maria Teixeira: ela cria roupas para diversos grupos de quadrilhas da capital federal
A chegada de junho traz um dos eventos anuais mais amados pelos brasilienses: a festa junina. Mas a tradicional celebração deixará, mais uma vez, o gostinho da saudade. Isso porque, devido à pandemia do novo coronavírus, os festejos não poderão ser realizados de maneira a evitar aglomerações. No entanto, a fim de manter a tradição e a animação que a festança pede, as quadrilhas juninas, pelo segundo ano consecutivo, preparam apresentações on-line e em drive-in com um número reduzido de dançarinos. Nessa nova modalidade, os integrantes precisaram se adaptar aos ensaios e aos encontros virtuais.
 
Diretor da Liga de Quadrilhas Juninas do Distrito Federal e Entorno e da quadrilha Sanfona Lascada de Ceilândia, Robson Vilela, mais conhecido como Fusca, conta que os grupos dependem de espaços públicos para ensaiar, como as escolas, mas, devido o risco de contaminação do novo coronavírus e ao cancelamento da competição anual de quadrilhas, eles têm usado ferramentas on-line para manter as atividades. “Nesse momento, os 32 grupos que fazem parte da liga, hoje, participarão de mostras por meio de lives, com, no máximo, seis casais. É o que podemos fazer diante do cenário atual. Sabemos como o movimento pulsa no DF, e todos têm saudade. Quando tudo voltar ao normal, teremos a obrigação de fazer as melhores festas”, prometeu.
 
No ano passado, as quadrilhas fizeram apresentações virtuais que alcançaram 20 mil visualizações. “Estamos preparando um circuito bonito, com três festas virtuais e drive-in. Ainda não temos datas, estamos dependendo de algumas decisões e decretos da Secretaria de Cultura (Secec). Vamos sentar com eles, em breve, para decidir tudo direitinho e fazer algo bem legal, porque a população merece”, adianta Robson.
Em nota, a Secec informou que as ações juninas estão em fase de elaboração. Entre elas, a pasta prepara o Prêmio de Quadrilhas Juninas. O chamamento público contemplará cerca de 50 coletivos e organizações de quadrilhas juninas do DF como reconhecimento às suas trajetórias. Os recursos são provenientes de emendas parlamentares federais. A premiação está prevista para o final de setembro. “A iniciativa tem por objetivo valorizar e reconhecer a importância desse tipo de manifestação cultural, além de socorrer financeiramente o segmento, impedido de se apresentar durante a pandemia da covid-19”, diz o texto.
 
Costureira de diversas quadrilhas juninas do DF, Maria Teixeira Barros, 73 anos, é uma das pessoas que dependem do setor para complementar a renda. Ela diz que nunca imaginou viver um momento como esse em 35 anos de profissão. “Está sendo difícil e muito ruim, porque sou acostumada a, todo ano, pegar um monte de quadrilha. De janeiro a junho, estamos fazendo roupa e não tem mais disso. Só duas ou três me procuram para fazer live. Meu pedido para Deus é que isso acabe logo, porque queremos trabalhar. Isso tem afetado as finanças. Acredito que ano que vem volte tudo ao normal”, avalia.
Quadrilha Sabugo de Milho faz alguns ensaios presenciais, mas migra para o on-line  (Arquivo Pessoal.)  
Quadrilha Sabugo de Milho faz alguns ensaios presenciais, mas migra para o on-line
Expectativa
 
Embora esteja com boas expectativas, principalmente para o próximo ano, o bombeiro militar e um dos diretores da Quadrilha Rebuliço de Ceilândia, Zeca Valuar, 53, afirma ser bastante realista com o cenário. “Por mais que a gente queira, o momento é que todos sejam vacinados, porque queira ou não, gera risco para a sociedade. As expectativas maiores são para ter convívio diário com todos nos ensaios, ir à costureira, montar cenário, tudo faz parte desse convívio e estamos com saudade, com certeza”, destaca.
 
Sobre a adequação ao modelo virtual, Zeca admite que não foi fácil. “Na verdade, o mundo inteiro teve dificuldade para se adaptar a tudo isso, mas, aos poucos, vamos nos adaptando. A juventude, que é mais tecnológica, tira de letra, mas quem tem mais idade, tem mais dificuldade”, completa. A Quadrilha Rebuliço de Ceilândia é composta por 80 pessoas, entre dançarinos, diretoria, produção e coreógrafos. “Somos conhecidos por abraçar a todos. A população, sobretudo os jovens e adolescentes, é carente de atrações culturais. A quadrilha serve para inserir esses novos conhecimentos”, frisa.
 
Este ano, a Quadrilha Rebuliço completa 20 anos de história. “É um ano superimportante para nós e gostaríamos de comemorar com muita festa, mas não será possível. Vamos participar do circuito de apresentações on-line e drive-in e, em breve, vamos comemorar como o grupo merece”, adianta Zeca.
Quadrilha Formiga da Roça completa 25 anos de existência, mas não fará festa  (Marcello Cândido/Divulgacao.)  
Quadrilha Formiga da Roça completa 25 anos de existência, mas não fará festa
 
União
 
Mesmo com os encontros virtuais, a presidente da Quadrilha Sabugo de Milho de Taguatinga, a professora Andrezza Dias, 42, faz questão de entrar em contato com todos os integrantes da companhia. “Temos um grupo no WhatsApp, sempre movimento as redes sociais para que saibam que estamos distantes fisicamente, mas sem deixar a união de lado. Fizemos alguns ensaios presenciais, mas achamos arriscado e apostamos no virtual mesmo. Temos que cuidar da nossa saúde, sem deixar a quadrilha morrer”, ressalta.
 
Para que os encontros on-line deem certo, um coreógrafo monta a dança e passa para os integrantes. Na hora do ensaio, eles passam a coreografia. “A gente faz como dá para a galera ir se animando. A quadrilha tem 60 pessoas, alguns são idosos e já se vacinaram, os professores estão esperando a vez deles. Para os jovens, vai demorar mais, mas estamos ansiosos para que isso aconteça logo. Para este ano, as expectativas são baixas. Tudo pode retornar só em 2022”, espera Andrezza.
Representante de Ceilândia, a Quadrilha Rebuliço contam com 80 integrantes e teve dificuldade de adaptar-se ao modelo virtual (Arquivo Pessoal.)  
Representante de Ceilândia, a Quadrilha Rebuliço contam com 80 integrantes e teve dificuldade de adaptar-se ao modelo virtual
Lembranças
 
Enquanto os grupos não podem se reunir pessoalmente, ficam as boas memórias dos momentos juntos e a expectativa de dias melhores. “Os dançarinos estão ansiosos para retornarmos. Este ano, completamos 25 anos e só temos boas lembranças do que já passou. Mesmo que o Governo do Distrito Federal libere eventos, não há porque fazermos festa neste momento, mas temos o papel de levar alegria por meio da cultura popular”, destaca o presidente da quadrilha Formiga da Roça, Patrese Ricardo da Silva, 35.
 
Ele reforça que a classe cultural é a mais afetada na pandemia. “Mesmo com o abre e fecha do governo, pouco mudou em relação aos eventos. Nos preocupamos muito com isso, porque é o ganha pão de muita gente. Mas vamos acreditar que ano que vem tudo melhore e possamos retornar nossas apresentações, sem riscos para ninguém”, finaliza.

Correio Braziliense domingo, 06 de junho de 2021

COPA AMÉRICA: BOLSONARO NÃO ACEITA RECUSA DOS JOGADORES

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Bolsonaro não aceita recusa dos jogadores
 
Presidente se irrita com a possibilidade de a equipe principal e o técnico Tite se negarem a disputar a competição continental, cuja realização no Brasil vem sendo criticada. Apoiadores veem complô político para desgastar ainda mais o governo

 

» Sarah Teófilo

Publicação: 06/06/2021 04:00

Na edição de 2019, Bolsonaro posou com a Seleção. Agora, ele quer que o time principal entre em campo, apesar das reações devido à pandemia (MAURO PIMENTEL/AFP - 7/7/19)  
Na edição de 2019, Bolsonaro posou com a Seleção. Agora, ele quer que o time principal entre em campo, apesar das reações devido à pandemia
 
Diante da possibilidade de os jogadores da seleção brasileira e o técnico Tite se recusarem a participar da Copa América, cujo início está marcado para 13 de junho, o presidente Jair Bolsonaro enfrenta mais um desgaste, agora, vindo de dentro das “quatro linhas”. O Palácio do Planalto está irritado e preocupado com a eventual recusa de a equipe principal participar da competição, que veio parar no Brasil depois que Colômbia e Argentina se recusaram a sediá-la. Por conta da iminência de um vexame, o presidente já avisou que o assunto virou “questão de honra” e fez chegar à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) a determinação de fazer com que a Seleção dispute o torneio com força total.
 
O sinal de alerta soou no Planalto na última sexta-feira: em entrevista à Rede Globo, após o jogo contra o Equador, pelas eliminatórias da Copa de 2022, o capitão da seleção, o volante Casimiro, afirmou que haveria uma posição pública do elenco na próxima terça-feira, mas que o posicionamento “é claro”. Isso sinalizaria a contrariedade pela realização da Copa América no país.“Não sou eu, não são os jogadores da Europa. Quando fala alguém, falam todos os jogadores, com o Tite, com a comissão técnica. Tem que ser unânime, todos juntos”, disse.
 
Desde que anunciou a vinda do torneio para o país, apesar dos 472.531 mortos pela covid-19 — segundo os dados de ontem, levantados pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) —, Bolsonaro vem sendo duramente criticado. Mas manteve a decisão e a anunciou ao lado do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
 
Reações
 
A preocupação fica clara quando se observa a reação dos bolsonaristas nas redes sociais. “Fora Tite” ficou entre os assuntos mais comentados no Twitter. Também começaram a atrelar o técnico ao PT, colocando fotos do tempo em que treinou o Corinthians, ao lado de Luiz Inácio Lula da Silva — que é corintiano —, para construir a narrativa de que a possível decisão da Seleção seria política e para atingir Bolsonaro.
 
Os parlamentares que apóiam o presidente não economizam teorias, críticas ao técnico, à Seleção e aos jogadores. O deputado federal Coronel Armando (PSL-SC), ex-vice-líder do governo, atacou os atletas afirmando que estão sendo manipulados por Tite e reforça a ideia de que se trata de um movimento político. Para os bolsonaristas, é incoerente não atuar na Copa América e manter o Campeonato Brasileiro, a Copa do Brasil e os jogos das Eliminatórias da Copa do Catar no país.
 
“É um desgaste que, daqui a pouco, passa. Mas esses caras vão ficar marcados”, diz Armando. Para o parlamentar, se não quiserem jogar, que se troque o técnico e se convoque outros jogadores.
 
Deputado da base de apoio ao Palácio do Planalto, Bibo Nunes (PSL-RS) classificou o movime nto de protesto dos jogadores como “antipatriotismo e irresponsabilidade”. “Deixa a imagem do Brasil muito ruim. Imagem de que não há unidade e que há desrespeito à CBF e à presidência da República. É uma jogada política: querem menosprezar o presidente”, afirmou.
 
Bibo carregou nas críticas ao técnico da Seleção. “Quem quer desgaste para o governo está vibrando com isso. Mas o Tite é o grande culpado. Eu não quero jogando pelo Brasil jogadores que não são patriotas. É uma vergonha. O Tite é um esquerdista, mas tem que saber respeitar”, acusou, defendendo que Renato Gaúcho, ex-treinador do Grêmio e que já manifestou simpatias a Bolsonaro, assuma a Seleção.
 
Fiel defensora do presidente, a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) nega que haja desgaste. “Quem está com Bolsonaro está com ele, independentemente de qualquer coisa. Bolsonaro não sofre (com a decisão dos jogadores), quem sofre é o Brasil”, assegurou.
 
Incoerência
 
Segundo ela “os bolsonaristas estão reagindo a uma ação do Tite, das pessoas que são contra a Copa América, porque é incoerente (devido às outras competições futebolísticas realizadas no Brasil)”. E salientou: “É bom para a economia, para os brasileiros, para o otimismo. Aí, vem o pessoal e politiza isso, e diz que não pode fazer a Copa América aqui. Se isso não é politização, porque não cancelaram os outros campeonatos? A ação partiu deles de politizar, e a gente está reagindo”.
 
Cientista político e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) de São Paulo, Eduardo Grin afirmou que o presidente se desgasta com a situação. Lembrou que o movimento bolsonarista se apropriou do verde amarelo e da camisa da Seleção e, agora, se vê desafiado pelo time. “A ideia de trazer a Copa América, no imaginário bolsonarista, significaria reiterar esse discurso nacionalista, do monopólio da representação nacional. Dada à popularidade do futebol, o fato de a Seleção se negar a jogar tem uma enorme representatividade social e pode fortalecer os movimentos contrários a Bolsonaro”, observou. (Colaborou Vicente Nunes)


Dedaços do Planalto no time “canarinho”
 
A seleção brasileira tem, na sua história, pelo menos dois episódios de interferência que passaram pelo Palácio do Planalto. No time do tricampeonato de 1970, o presidente Emílio Médici queria de todo jeito que o atacante Dario fosse convocado — algo que só conseguiu depois que João Saldanha foi dispensado do cargo de técnico e Zagallo assumiu o comando da equipe. Já na seleção que foi à Copa da Argentina, em 1978, o capitão do Exército Cláudio Coutinho substituiu o gaúcho Osvaldo Brandão — e cunhou a frase de que o Brasil foi “campeão moral”, pois retornou invicto, mas com o 3º lugar.

Correio Braziliense sábado, 05 de junho de 2021

JOVEM É APROVADA EM MEDICINA CINCO VEZES

 

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Jovem é aprovada em medicina cinco vezes

 

JÉSSICA GOTLIB

Publicação: 05/06/2021 04:00

Giovanna Sabino, 18, passou em vestibulares, bem como no Enem (Arquivo pessoal)  
Giovanna Sabino, 18, passou em vestibulares, bem como no Enem


Uma jovem brasiliense ganhou destaque nesta semana, após descobrir que passou para o curso de medicina em cinco instituições superiores de ensino. Giovanna Sabino, 18 anos, recebeu a notícia sobre a quinta aprovação pelo site Acesso UnB — plataforma da Universidade de Brasília que apresenta a lista de estudantes aprovados por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Além da federal fundada por Darcy Ribeiro, Giovanna foi aprovada na Universidade de São Paulo (USP), na Faculdade Albert Einstein (SP), na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e na Universidade Federal de Uberlândia (UFU). A estudante optou pela USP, mas mira um pouco mais longe: “Quero muito ir para fora do Brasil, pretendo fazer residência e pós-graduação em outro país”, comenta.

Apesar da conquista e da ambição por aprender, Giovanna não esperava passar na primeira tentativa. “Sou muito transparente comigo. Sempre estudei e sempre soube que estava dando o meu melhor, mas, quando comecei a fazer as provas e vi tanta gente que tinha se esforçado tanto quanto eu, entendi que não é apenas uma questão de mérito”, ressalta.

No entanto, a consciência dos obstáculos não desanimou Giovanna. “Antes de passar, eu tinha me decidido pela USP, mas não fui aprovada na segunda etapa da Fuvest (exame que também permite acesso à instituição de ensino). Fiquei sabendo disso um mês antes de ter o resultado do Enem, no qual fui aprovada. Tinha me preparado para estudar o tempo que fosse necessário, até passar”, completa.

Correio Braziliense sexta, 04 de junho de 2021

CORPUS CHRISTI: DIA PARA RENOVAR A FÉ

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Dia para renovar a fé
 
 
Com distanciamento social e máscaras, fiéis se uniram em ação de graças nas igrejas de Brasília. Este é o segundo ano em que o feriado de Corpus Christi é vivenciado com restrições para evitar o contágio da covid-19

 

» Talita de Souza

Publicação: 04/06/2021 04:00

Missa de Corpus Christi na Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida foi celebrada por dom Marcony (Ed Alves/CB/D.A Press)  
Missa de Corpus Christi na Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida foi celebrada por dom Marcony
 
“Em meio a tantos problemas, a fé é justamente o que nos dá o sustento, nos faz ter forças e uma orientação. Ela é o que nos coloca no caminho”. O depoimento do servidor público Tadeu Rocha explica a presença dele e de mais 200 pessoas na missa de Corpus Christi da Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, celebrada ontem. 
 
Junto aos sacerdotes, os fiéis cantaram, rezaram, fizeram votos de agradecimento e pedidos de proteção, enquanto raios de sol que transpassavam os vitrais da igreja iluminavam o salão durante toda a celebração. Apesar da grande participação presencial, o distanciamento foi respeitado, assim como o uso da máscara. Além disso, os religiosos tiveram de aferir a temperatura para entrar no templo. A hóstia, tradicionalmente entregue pelo ministro da fé na boca do fiel, foi distribuída na mão de cada participante.
 
Este é o segundo ano em que a data é vivenciada com restrições para evitar o contágio da covid-19. No entanto, as medidas não impediram o exercício da fé e as ações de graça, símbolo da data.
 
“É uma data muito importante, um dia esperado, que celebra o Corpo de Cristo e a presença dele que continua entre nós. E celebramos aqui, comungando”, explica Amanda Rocha, esposa de Tadeu. Os dois são pais de Clarissa, de 1 ano e seis meses, que explorou a Catedral e observou atentamente cada rito. A família afirma que a fé que cultivam, principalmente neste tempo, traz esperança e a segurança de que cada dia pertence a Deus. 
 
Já o empresário Marcos dos Santos, 36 anos, aproveitou a missa para compartilhar com os filhos, Caio, 5 anos, e Nathan, 8, a importância da Catedral na história dele. Marcos chegou a dormir em frente à igreja para conseguir uma vaga para realizar o casamento dele no local, em 2017. “A Catedral tem um valor sentimental e espiritual muito grande. Estar aqui e ver tudo de perto é maravilhoso demais”, conta. “Também quero que eles tenham vivência de fé, como eu”, afirma.  


Tapete que prepara o caminho de Cristo, feito pela Paróquia Santa Rita de Cássia, no Lago Sul (Ed Alves/CB/D.A Press)  
Tapete que prepara o caminho de Cristo, feito pela Paróquia Santa Rita de Cássia, no Lago Sul


O empresário Marcos dos Santos esteve presente com os dois filhos, Caio e Nathan, na missa na Catedral (Ed Alves/CB/D.A Press)  
O empresário Marcos dos Santos esteve presente com os dois filhos, Caio e Nathan, na missa na Catedral


O casal Amanda e Tadeu Rocha com a filha Clarissa durante a celebração (Ed Alves/CB/D.A Press)  
O casal Amanda e Tadeu Rocha com a filha Clarissa durante a celebração


 
Mensagem de ânimo
 
A palavra ministrada pelo bispo auxiliar de Brasília dom Marcony Vinícius encorajou os fiéis a terem esperança e fé durante a pandemia. “Esses tempos difíceis vão passar. Não desanimem. Agradeçam a Deus e peçam que ele aumente a nossa fé”, aconselhou o religioso. Ele também convocou os participantes a viverem de acordo com o que aprendem com Jesus, e que “o maior problema da fé é a diferença entre o que ouve e o que se vive”. 
 
Isabela Rodrigues, 17 anos, conta que a mensagem a renovou. A jovem sonha em cursar psicologia e afirma que a missa a ajudou a ter mais confiança no planejamento. “Saio com mais esperança de um mundo melhor, e sonhando também com o meu futuro”, conta. Ela foi à missa com o irmão, Pedro Henrique Rodrigues, 18, e o primo Gabriel Rodrigues, 19. 
 
Moradores de Sobradinho 2, eles reservaram o sábado para participar de mais uma missa e conhecer outros pontos turísticos. Gabriel, natural do Maranhão, esteve pela primeira vez no local. “A Catedral é muito linda e a missa daqui foi algo que eu nunca tinha visto antes. Incrível”, diz. 
 
Tradição 
 
A Paróquia Santa Rita de Cássia, no Lago Sul, manteve a produção do tradicional tapete, que representa o preparo do caminho para o corpo de Cristo. Para evitar o contágio contra a covid-19, a montagem foi feita durante a noite, quando não há circulação de fiéis, e com número reduzido de pessoas na produção, além de uso de máscaras em todo processo de criação. O resultado foi um tapete com cerca de 14 metros, feito com areia e serragem tingida, com a reprodução de símbolos sagrados, como o cálice e a Nossa Senhora de Aparecida. 
 
Para o padre Iran Preusse, líder da Paróquia, tanto a tradição do tapete quanto a missa de Corpus Christi em si é um “testemunho público da fé”. “Esta é uma solenidade de tradição secular, que nasce na Bélgica. Cremos que a Eucaristia é o corpo, alma e divindade de Cristo. Por isso, é um dia especial por excelência”, pontua.

Correio Braziliense quinta, 03 de junho de 2021

TALISMÃ CANARINHO: COMO O MANÉ GARRINCHA ROUBOU A CENA

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Talismã canarinho
 
Conmebol confirma abertura entre Brasil e Venezuela no Mané, endereço da estreia da Seleção em dois títulos recentes. Primeiro duelo seria Argentina x Chile, que reabrem hoje as Eliminatórias em arena prejudicada por mudança

 

MARCOS PAULO LIMA

Publicação: 03/06/2021 04:00

 (Reprodução)  
 
AConmebol confirmou no início da noite de ontem o que o Correio antecipou no blog Drible de Corpo na tarde de quarta-feira: o duelo entre Brasil e Venezuela abrirá a Copa América no próximo sábado, dia 13, às 18h, no Mané Garrincha. Houve articulação forte nos bastidores durante a confecção da tabela para que Brasília recebesse não somente um, mas oito jogos : cinco na primeira fase e três no mata-mata: quartas de final, semi e decisão do terceiro lugar (leia calendário oficial ao lado). A final está confirmada para o Maracanã, no Rio de Janeiro, em 10 de julho. a Cidade Maravilhosa também terá como palco o Nilton Santos (7 jogos)  Olímpico, em Goiânia (7) e Arena Pantanal, em Cuiabá (5). 
 
O Mané Garrincha é uma espécie de talismã da Seleção. O tetra da Copa das Confederações começou lá, em 2013, com vitória sobre o Japão. A campanha da inédita medalha nos Jogos Olímpicos do Rio-2016, também, no empate sob vaias contra a África do Sul.  
 
O primeiro calendário da Copa América, que seria na Argentina e na Colômbia, e mudou de mala e cuia para solo verde-amarelo devido à crise sanitária e política nos ex-anfitriões, apontava o duelo entre Argentina e Chile como primeiro jogo da competição continental. Coincidentemente, as duas seleções duelarão, hoje, às 21h, no Estádio Único de Santiago del Ester, mas pela sétima rodada das Eliminatórias para a Copa do Qatar-2022. 
 
A arena, localizada no norte do país, é um dos símbolos do prejuízo argentino diante do cancelamento da Copa América lá. Foi construída para a competição. Valor do investimento: 1,5 bilhão de pesos (cerca de R$ 94 milhões). Resumindo os tempos insanos: é proibido ter Copa América na Argentina, mas a bola pode rolar numa boa pelas Eliminatórias.
 
Na Colômbia também! A oitava rodada é ainda mais curiosa. Impedidas de receber a Copa América por questões sanitárias e políticas, Colômbia e Argentina duelarão em... Barranquilla na terça-feira, pelas Eliminatórias justamente onde o Brasil estrearia  contra a Venezuela no torneio. 
 
Em meio a desarranjos e rearranjos, o Correio apurou que a Conmebol achou simpática uma sugestão nos bastidores para ceder ao Brasil o direito de inaugurar a 47ª edição da Copa América, o que está confirmado. 
 
Curiosamente, o Brasil receberia a Venezuela, no Mané Garrincha, em novembro do ano passado, pelas Eliminatórias. A CBF vetou. A Comissão Nacional de Inspeção de Estádios (CNIE), órgão da Diretoria de Competições da entidade, deu nota 6,1 para o gramado do Mané Garrincha em uma vistoria. Consequentemente, Brasília perdeu o direito de receber a partida. O jogo foi levado para o Morumbi, em São Paulo. Na época, a casa tricolor obteve menção 9,5. Seis meses depois, o Mané é a bola de segurança. 
 
A prioridade da Conmebol nas últimas 72 horas era tabela, estádios e protocolos desde que o torneio foi oficializado pelo presidente Jair Bolsonaro. 
 
Não será a primeira vez que o Brasil abrirá uma competição internacional no novo Mané Garrincha. Em 2013, o Brasil derrotou o Japão por 3 x 0 na largada para a conquista do tetracampeonato na Copa das Confederações. Três anos depois, a campanha da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio-2016 também começou na capital do país. O Brasil empatou por 0 x 0 com a África do Sul no jogo principal da rodada dupla.
 
Pelo menos quatro locais estão cotados para servirem como centros de treinamento e de apoio para o Brasil e as outras seis seleções que passaram pelo Distrito Federal: o Centro de Capacitação Física dos Bombeiros (Cecaf), no Setor Polícial Sul, o Centro de Treinamentos do Brasiliense, no Setor de Clubes Sul, o Ninho do Periquito, do Gama, e o do Real Brasília, no Park Way. 


Eliminatórias

  P J V SG
1. Brasil 12 4 4 10
2. Argentina 10 4 3 4
3. Equador 9 4 3 7
4. Uruguai 6 4 2 0
5. Paraguai* 6 4 1 1
6. Chile 4 4 1 0
7. Colômbia 4 4 1 -5
8. Venezuela 3 4 1 -4
9. Peru 1 4 0 -6
10. Bolívia 1 4 0 -7


7ª rodada

Hoje
17h Bolívia x Venezuela
19h Uruguai x Paraguai
21h Argentina x Chile
23h Peru x Colômbia
 
Amanhã
21h30 Brasil x Equador


8ª rodada

Terça-feira
18h Equador x Peru
19h30 Venezuela x Uruguai
20h Colômbia x Argentina
21h30 Paraguai x Brasil
22h30 Chile x Bolívia

Correio Braziliense quarta, 02 de junho de 2021

CEILÂNDIA DAS CORES

 

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Ceilândia das cores
 
Grupo de grafiteiros 1V2M (Uma vida, dois mundos) faz desenhos de pontos famosos da cidade, como a Caixa D'Água, a Feira Central, a Casa do Cantador e o muro lateral do Fort Atacadista

 

» Pedro Marra

Publicação: 02/06/2021 04:00

Mauricio Nunu (E), Carlos Astro e Edinho Pudo, do 1V2M (Uma vida, dois mundos): Ceilândia como galeria
 (Ed Alves/CB/D.A Press)  
Mauricio Nunu (E), Carlos Astro e Edinho Pudo, do 1V2M (Uma vida, dois mundos): Ceilândia como galeria

Para valorizar os pontos e os costumes tradicionais de Ceilândia, um grupo de grafiteiros e moradores da cidade fez desenhos em todos os 250m² da fachada lateral de um atacadista da cidade. Os artistas do 1V2M (Uma vida, dois mundos) desenharam elementos como a Caixa D’Água, a Feira Central, o tradicional dominó no centro, comércios, bares e a emblemática Casa do Cantador.
 
Coordenador do grupo, o morador de Ceilândia Norte Carlos Washington Corrêa, 39 anos, conhecido como Carlos Astro, destaca que seis grafiteiros terminaram o desenho entre 13 e 26 de maio com 200 latas de spray, no Fort Atacadista, em Ceilândia Centro, um cartão-postal. “Para nós, Ceilândia é uma galeria a céu aberto. É você dar uma volta na sua cidade e conseguir ver cor, em todos os lados. É bom ver um pouco de beleza. Acho que o grafite traz isso”, afirma Carlos, há 30 anos no ramo.
 
Segundo o fundador do 1V2M, criado em 2001, o objetivo do desenho no centro da cidade é gerar empatia com os moradores locais. “Fizemos a arte dentro da proposta de incluir a comunidade, além de mostrar que eles abastecem o atacado e o varejo, pois ajudam os pequenos comerciantes. Este ano, fazemos 20 anos de crew (grupo)”, explica Carlos Astro.
 
“Já fui pichador, até que, em 2001, com o projeto Picasso não pichava, descobri o quanto é bom sair do risco e ganhar dinheiro trabalhando na minha cidade. Com o grafite comercial, você sai da violência, das drogas e da morte. E aqui é uma parceria bacana, porque o Fort abastece a nós, moradores, que compramos no varejo, e também ajuda o microempreendedor a trabalhar. É o tio do algodão-doce, a boleira, o vendedor do espetinho, de hot dog que têm suas compras facilitadas, com bons preços e qualidade”, complementa.
 
Quem pintou as frutas da feira foi Maurício Carvalho, 39, que começou a grafitar por meio do movimento hip-hop, mas depois começou a pintar telas e muros com pincel. “Carlos me convidou para misturar as artes plásticas com a arte urbana. Para mim, foi gratificante poder trazer para a rua algo tão representativo para nossa cidade. Não preciso me prender a uma galeria dentro de um espaço. Posso expressar a minha arte no concreto, na rua, para todo mundo”, pontua Lulu, como é chamado.
 
Outro grafiteiro do 1V2M é Edson Davi, 40, chamado de Edynho pelos amigos. Ele faz grafite desde 2000 e se diz orgulhoso em poder divulgar a cultura hip-hop, que tem Ceilândia como berço no DF. “As cores e o lugar aberto chamaram a atenção das pessoas enquanto a gente grafitava. Muita gente que nos conhece viu e nos elogiava quando passavam na rua. É a arte da nossa cidade. Por onde você passa, em Ceilândia, vê as coisas grafitadas, desde uma empresa a um carrinho de picolé tem o toque do grafite. E para mim é uma satisfação, porque sou filho de Ceilândia. É uma satisfação ter a minha arte no centro da cidade”, relata.
 
Outra unidade
Gerente de Operações do Fort Atacadista no Centro-Oeste, Ademar Guido destaca a intenção de inserir a empresa na sociedade. “É uma iniciativa para buscar as características que tem na região e fazer com que as pessoas da comunidade se identifiquem com a loja. A gente está contando o que tem de melhor em Ceilândia, para a comunidade se identificar com a loja e entender que ela faz parte desse povo. Apesar de ser uma empresa grande, essa unidade está localizada no coração da cidade”, comenta Ademar.
 
Além da unidade de Ceilândia Centro, os grafiteiros do 1V2M também fizeram um desenho no Fort do Sol Nascente, em outubro de 2019. A empresa organiza o orçamento para um novo grafite, no atacadista de Taguatinga. “Estamos vendo essa possibilidade. Lá também tem uma fachada lateral que a gente está estudando qual arte iremos escolher. Provavelmente, nos próximos dias, teremos na loja. Então, todas as unidades estarão identificadas no seu arredor”, acrescenta o gerente de operações do Fort Atacadista.
 
Outros seis grafiteiros elaboraram o desenho no muro da empresa. São eles: Kelton Besty, 40, Wesley Leley, 45, e Jorge Rabisko, 22. A loja do Fort Atacadista de Ceilândia passou de 2.800 metros para 3.500 metros quadrados. Além disso, instalou o Açougue Carne Fresca, que oferece opções de cortes de carnes fracionadas e em bandejas. A reforma da loja segue em andamento, e a reinauguração está prevista para este mês.

 

 


Correio Braziliense terça, 01 de junho de 2021

ZÉLIA DUCAN: TODA ZÉLIA

 

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Toda Zélia!Cantora fala ao Correio sobre o recente álbum Pelespírito e o processo de criação das músicas durante a pandemia. Lembra, também, da paixão por Brasília
 
Novo álbum da cantora, com 15 faixas inéditas, Pelespírito, criado durante a pandemia, faz parte das comemorações dos 40 anos de carreira de Zélia Duncan.  (Roberto Setton/Divulgação)
 
 
 

 

Fernanda Gouveia*

Publicação: 01/06/2021 04:00

 ( Denise Andrade/Divulgação)  
 
 
Zélia Duncan usa a palavra ‘essencial’ para definir o que representa o seu mais novo álbum Pelespírito, lançado recentemente, que faz parte da comemoração dos seus 40 anos de carreira, assim como o disco Minha voz fica, também deste ano. Com 15 faixas inéditas, Zélia transmite a mistura de sentimentos em meio a uma pandemia e explora diferentes estilos musicais, como folk, rock, blues e sertanejo. “Era muito importante que o disco tivesse o meu sentimento como nunca. Ele (Pelespírito) tem o meu essencial, não daria para fazer um disco meu sem a Zélia e sem o violão”, conta a artista.
 
O parceiro de composição foi Juliano Holanda, poeta e produtor pernambucano que esteve ao lado de Zélia durante todo o processo de criação do novo álbum. “O nosso encontro deu o tom desse disco. Ele ficou muito disponível para a parceria, isso é muito importante”, explica a cantora. As faixas Onde é que isso vai dar? e O que se perdeu? representam diálogos de Zélia com Juliano, o que escancara a importância da sintonia dos dois para o disco.
 
A gravação de Pelespírito ocorreu inteiramente durante a pandemia, nos estúdios improvisados em casa. Zélia Duncan contou com a ajuda de Webster Santos, músico da banda da cantora que participou da produção do disco. “Webster me ensinou os primórdios do programa para gravar, usei uma interface e um microfone e comecei a fazer”, conta Zélia, e complementa ao dizer que “todos os passos desse disco foram muito emocionais, muitas lágrimas rolaram, tanto de aflição na hora de fazer, porque era exatamente o que eu estava sentindo, quanto de emoção e alegria de ver que a gente conseguiu”.
 
Além de expressar os próprios sentimentos durante um momento turbulento, Zélia Duncan faz declarações de amor nas faixas Nossas coisinhas, para Flavia, companheira da cantora; Sua cara, para o pai, que morreu em dezembro de 2020; e Eu e vocês, dedicada aos fãs. A artista também presta homenagem às mulheres vítimas de violência durante a pandemia na música Você rainha e fala sobre o desejo de buscar um novo Brasil na canção Eu moro lá. “Eu quero um Brasil onde a gente possa voltar a sonhar com a nossa evolução. O país estava longe de ser um lugar justo, mas ele não era essa guerra declarada com o que há de humano na gente. Eu já vivi o suficiente para ter visto momentos de muita esperança e até de felicidade em relação ao nosso povo. Mas a gente entrou numa vibe de ódio e de ode à ignorância”, declara Zélia.

No Concerto Cabeças, em Brasília: onde tudo começou (Arquivo CB/D.A Press)  
No Concerto Cabeças, em Brasília: onde tudo começou


Na capital
 
Zélia Duncan nasceu em Niterói (RJ) e se mudou para Brasília aos 6 anos, onde morou até os 21. A capital representou o lugar de formação da cantora e o início da carreira musical, momento em que conheceu artistas como Cássia Eller e Nelson Faria e cantou com grandes músicos.
 
“Em Brasília, fiz todas as primeiras descobertas da minha vida. Eu tenho a cidade em um lugar muito fundamental para mim, primeiros amigos, amores, o primeiro teatro e a primeira vez que eu cantei”, diz Zélia emocionada, e complementa sobre a importância das referências levadas da capital ao lembrar de quando se mudou para o Rio de Janeiro. “Quando eu fui para o Rio, tinha muita vantagem em relação às cantoras da minha idade, porque tive acesso a músicos que iam demorar muito até elas terem também”, conta.
 
“Brasília está na minha formação essencial, ela está presente no meu coração e na minha cabeça”, diz a cantora, que destaca a importância da simbologia do céu de Brasília. “Olha que já sou viajada, mas poucos céus são tão bonitos quanto o dessa cidade”, brinca.
 
Para os próximos passos, Zélia planeja gravar mais clipes das novas músicas, além de Onde é que isso vai dar?, que está disponível no canal oficial da artista no YouTube. A cantora também está escrevendo um livro previsto para ser lançado este ano. No próximo dia 19, às 21h, será realizada a live para lançar o álbum Pelespírito e comemorar os 40 anos de carreira de Zélia Duncan. Mais detalhes em breve no site oficial da artista.
 
*Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira

Correio Braziliense segunda, 31 de maio de 2021

BRASILEIRÃO: MENGÃO LEVA A MELHOR

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Mengão leva a melhor
 
 
Em jogo de estreia no Campeonato dos dois clubes apontados como favoritos – e maiores rivais – da temporada, Flamengo vence o Palmeiras. Placar ficou em 1 x 0, ontem à tarde, no Maracanã

 

Publicação: 31/05/2021 04:00

Em substituição a Gabigol, fora do campo após uma virose, o reserva Pedro marcou o único gol da partida, no segundo tempo (Alexandre Vidal/Flamengo)  
Em substituição a Gabigol, fora do campo após uma virose, o reserva Pedro marcou o único gol da partida, no segundo tempo


O Flamengo se garantiu sobre o Palmeiras, vencendo por 1 x 0, no Maracanã, em partida válida pela primeira rodada do Campeonato Brasileiro. Depois de 45 minutos iniciais muito equilibrados, o Rubro-Negro foi amplamente superior na etapa final e teve Pedro decisivo, marcando o gol do triunfo. 
 
O atacante flamenguista Gabigol ficou de fora da partida. O centro-avante apresentou quadro viral e teve uma indisposição gástrica na noite de sábado. Do lado adversário, o goleiro Weverton foi o grande responsável pelo Palmeiras não ter tomado mais gols. Fez duas defesas importantíssimas, uma no primeiro tempo, diante do Pedro, e a outra na segunda etapa, em uma cabeçada do Rodrigo Caio.
 
O primeiro tempo foi de muito equilíbrio, com as duas equipes tendo três chances de balançar as redes. Enquanto o Flamengo buscou dominar o jogo a partir da posse, o Palmeiras apostou em contra-ataques, utilizando a velocidade de Rony.
 
A segunda etapa teve um novo cenário. Acuado, o Verdão pouco conseguiu produzir, chamando o Flamengo para o ataque. Os cariocas dominaram as ações e transformaram a superioridade em gol de Pedro, após linda jogada de Bruno Henrique.
 
Depois de 10 minutos bem equilibrados no Maracanã, o Flamengo chegou com perigo pela primeira vez. Arrascaeta enfiou boa bola para Pedro, que passou por Weverton, mas parou no goleiro ao finalizar. Em seguida, o Palmeiras respondeu com Luiz Adriano. Rony foi lançado pela direita, avançou e cruzou na medida para o centroavante, que chutou e obrigou Diego Alves a fazer grande defesa com os pés.
 
O Flamengo voltou a assustar após bela trama pela esquerda, em que Bruno Henrique acionou Arrascaeta na entrada da área, e o uruguaio finalizou para a defesa de Weverton. Na sequência, Viña encontrou Raphael Veiga pela esquerda, e o meia finalizou forte, exigindo intervenção de Diego Alves.
 
Diego vacilou e perdeu a bola, que ficou oferecida para Luiz Adriano. O camisa 10 lançou Rony, que ganhou na velocidade e finalizou forte, exigindo nova defesa de Diego Alves. A última chance do primeiro tempo foi do Flamengo: Gerson recuperou a bola, Everton Ribeiro encontrou Pedro, e o centroavante finalizou torto, desperdiçando grande oportunidade.
 
Segundo tempo
 
O Flamengo teve uma ótima chance logo nos primeiros segundos, com Bruno Henrique. Arrascaeta lançou por cima da zaga, Gómez não conseguiu cortar, e o atacante finalizou por cima do travessão. Bruno Henrique voltou a assustar, desta vez puxando da esquerda para dentro e parando em Weverton, que fez defesa após a bola quicar no gramado.
 
Melhor no segundo tempo, o Rubro-Negro seguiu no ataque. Agora, foi a vez de Arrascaeta ajeitar a bola pela esquerda e arriscar de fora da área, com Weverton caindo para defender. O goleiro do Palmeiras viria a aparecer novamente, fazendo a defesa em cabeçada à queima roupa de Rodrigo Caio.
 
Aos 30 minutos, o Flamengo transformou a superioridade em vantagem no placar. Bruno Henrique fez grande jogada pela esquerda, deixou dois para trás e encontrou Pedro na pequena área, que desviou de primeira para o gol.
 
Tendo que partir para cima em busca do empate, o Palmeiras foi ineficiente, levando pouco perigo ao gol defendido por Diego Alves. Gustavo Scarpa arriscou de fora da área, mas o goleiro do Flamengo encaixou com tranquilidade. Em seguida, Rony cabeceou por cima do travessão após cruzamento pela esquerda, não conseguindo impedir a derrota para o Rubro-Negro.
 
Na próxima rodada, o Palmeiras enfrenta a Chapecoense, no Allianz Parque, no domingo, às 18h15. Antes disso, a equipe joga pela Copa do Brasil, contra o CRB, em Alagoas, na quinta-feira, às 21h30. Enquanto isso, o Flamengo enfrenta o Coritiba, no Couto Pereira, no dia 10, às 21h30.


Athletico-PR estreia bem 
O Athletico-PR conseguiu estrear com vitória no Brasileirão.
Recebendo o América-MG ontem, na Arena da Baixada, o Furacão foi melhor que o adversário, mas teve dificuldades para furar o forte sistema defensivo montado por Lisca. Coube a Carlos Eduardo, nos minutos finais, marcar o gol do triunfo por 1 x 0 em Curitiba. O Athletico-PR volta a entrar em ação no próximo domingo contra o Juventude, fora de casa. Já o América-MG recebe o Corinthians, no mesmo dia, na Arena Independência.

Correio Braziliense domingo, 30 de maio de 2021

A ASCENSÃO DOS FILHOS DE PORTEIROS

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Bruno Eulálio (à esquerda, com o irmão Matheus, o pai Adailton e a irmã, Adriana) é um dos exemplos de estudantes brasileiros que conseguiram mudar de vida por meio da educação e levar a família a um patamar que, antes, só era possível em sonho. (Arquivo Pessoal)

 

 

A ascensão dos filhos de porteiros

 

Publicação: 30/05/2021 04:00

Magda Ribeiro, doutora em história, estudou em escola rural na infância (Arquivo Pessoal)  
Magda Ribeiro, doutora em história, estudou em escola rural na infância


Davi Magalhães Muniz foi aprovado em medicina na UFC e é filho de agricultor e de uma empregada doméstica (Arquivo Pessoal)  
Davi Magalhães Muniz foi aprovado em medicina na UFC e é filho de agricultor e de uma empregada doméstica


Ana Christina Baldoino é estudante de enfermagem e  vem de uma família de trabalhadores rurais (Arquivo Pessoal)  
Ana Christina Baldoino é estudante de enfermagem e vem de uma família de trabalhadores rurais


Sandro Rocha, filho de porteiro e de uma faxineira, é professor de inglês em SP (Arquivo Pessoal)  
Sandro Rocha, filho de porteiro e de uma faxineira, é professor de inglês em SP


Bruno Eulálio, ex-faxineiro e estudante de medicina (Arquivo Pessoal)  
Bruno Eulálio, ex-faxineiro e estudante de medicina


Jovens que vieram de famílias de pedreiros, de empregadas domésticas, de lavradores e de porteiros mudam o destino deles e de seus familiares depois do ingresso no ensino superior. Programas como Fies, Prouni, Sisu e políticas de cotas são fundamentais para garantir uma vaga nas universidades e faculdades brasileiras

Correio Braziliense sábado, 29 de maio de 2021

APÓS ACUSAÇÃO, NEYMAR CONTRA-ATACA

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Após acusação, Neymar contra-ataca

 

Publicação: 29/05/2021 04:00

Funcionária da Nike disse ter sofrido assédio sexual praticado pelo jogador (Franck Fife/AFP)  
Funcionária da Nike disse ter sofrido assédio sexual praticado pelo jogador


Concentrado na Granja Comary com a Seleção Brasileira, Neymar se viu envolvido em uma polêmica. Uma funcionária da Nike acusa o jogador de agressão sexual, ocorrida em 2016. Essa seria a razão pela qual a marca de produtos esportivos encerrou o contrato com o atleta em agosto do ano passado.
 
Ontem, o camisa 10 se manifestou pela primeira vez. O jogador classificou as afirmações da empresa como “absurdas e mentirosas”. Em publicação no Instagram, Neymar disse que não pôde se defender. "Não me deram a oportunidade de saber quem é essa pessoa que se sentiu ofendida. Não tive sequer oportunidade de conversar, saber os reais motivos da sua dor", disse. “Ironia do destino, continuarei a estampar no meu peito uma marca que me traiu. Essa é a vida!”, complementou.  Após a denúncia, o craque perdeu um de seus contratos de patrocínicio.
 
A NJR Sports, empresa do jogador, também se manifestou. "É importante esclarecer que os reais e verdadeiros fatos são totalmente dissociados da afirmação prestada. Não obstante todas as inverdades, não apresentaremos, por ora, os documentos que revelam a forma de encerramento do contrato, por questões de confidencialidade”, informou.
 
O caso foi revelado pelo The Wall Street Journal. Ao diário, a conselheira geral da Nike, Hilary Krane, declarou que o rompimento do patrocínio aconteceu após o jogador não colaborar com as investigações. De acordo com a reportagem, uma funcionária disse que Neymar tentou forçá-la a fazer sexo oral em um  hotel de Nova York, onde ela ajudava a coordenar a logística para a comitiva do atacante em um evento.

Correio Braziliense sexta, 28 de maio de 2021

NELSON SARGENTO: OBRIGADO, MESTRE DO SAMBA

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Nelson Sargento pediu a Deus para viver até os 30 anos. Partiu ontem, aos 96. Construiu poesia em formato de samba e eternizou canções que marcaram a a luta pelas escolas de samba, em especial a Mangueira, da qual foi presidente de honra.  ,

 

Obrigado, mestredo do samba
 
Morre, aos 96 anos, Nelson Sargento, criador de sucessos como Agoniza, mas não morre. Ele foi diagnosticado com covid, enquanto se tratava no Instituto Nacional do Câncer

 

» *Lisa Veit

Publicação: 28/05/2021 04:00

Nelson Sargento (Edinho Alves/Divulgação)  
Nelson Sargento
 
Morreu ontem, vítima de complicações decorrentes da covid-19, o ilustre sambista Nelson Sargento, aos 96 anos. Conhecido por suas brilhantes contribuições para a poesia do samba e como símbolo da resistência, o presidente de honra da Mangueira deixa a esposa, Evonete Belizário Mattos, os nove filhos, além de familiares, amigos e fãs. Ele estava internado desde o dia 20 de maio no Instituto Nacional de Câncer (Inca) — Unidade Cruz Vermelha. Segundo o boletim médico, Nelson já chegou debilitado ao hospital, com quadro de desidratação, anorexia e significativa queda do estado geral. Dois dias depois, foi levado à UTI. Na quarta-feira, o artista foi intubado e não resistiu ao tratamento. Neste mesmo hospital, ele havia concluído o tratamento de um câncer de próstata, diagnosticado em 2005. 
 
Foi com o hino O samba agoniza, mas não morre, do primeiro LP solo, Sonho de um sambista (1979), que ele ganhou fama nacional. A mensagem dos versos é a de que o samba é resistência, assim como foi o compositor durante mais de nove décadas. “Na minha época, a juventude morria muito de tuberculose. Eu pedi a Deus para chegar pelo menos aos 30. Cheguei aos 30. Agradeci a Deus, fui aos 40. E aí eu disse, ‘vou pedir mais não’, chega. E cheguei aos 95. Coisas assim que a gente faz, porque acredita”, brincou o baluarte da Estação Primeira de Mangueira, bem-humorado, em uma entrevista ao jornal O Globo, no ano passado. No início deste ano, o Brasil comemorou sua imunização e agora chora sua partida por agravo da covid-19. “Ao dar o suspiro derradeiro”, como dizia o verso, deixa o samba mais triste.
 
Trajetória artística
 
O sambista uma vez disse: “Eu sou do tempo que o operário andava de tamancos e de calça remendada, esperando a hora de comer”, à medida em que apresentava com saudosismo as belezas — e durezas — do lugar em que cresceu, em cena do documentário Nelson Sargento no Morro da Mangueira (1997).
 
Nascido Nelson Mattos, na Santa Casa do Rio de Janeiro, em 25 de julho de 1924, o artista se encontrou com o samba ainda na infância. Aos 9 anos, o menino já desfilava, mas pela Escola Azul e Branco, no Morro do Salgueiro, onde morava com a mãe, Rosa Maria da Conceição Mattos, e os 17 irmãos.  Conviveu pouco com o pai, Olímpio José de Mattos Junior.
 
Aos 12, encontrou sua casa na música ao se mudar com a família para o Morro da Mangueira a convite do padrasto português, Alfredo Lourenço. Lá, passaria a acompanhar o padrasto e pintor de parede — também compositor de fado — nos ensaios da então Escola Unidos da Mangueira e aprenderia a tocar violão com Cartola, Nelson Cavaquinho e Geraldo Pereira. Incentivado, entre outros, por Carlos Cachaça, em 1942, passou a integrar a ala de compositores da Mangueira, e daí em diante presenteou o carnaval carioca com letras brilhantes de samba-enredo, e o Brasil, com as demais canções, ao lado de outros nomes da Velha Guarda do samba.
 
Como o astro-rei, Nelson ascendeu na manhã da Mangueira. Em 1958, tornou-se presidente da ala dos compositores e, em 2013, foi nomeado presidente de honra da escola. Nos desfiles de 2019 e 2020, ganhou papel de destaque, desfilando como personagens protagonistas do enredo: Zumbi dos Palmares e José, carpinteiro e pai de Jesus Cristo, respectivamente.
 
Emoção dos amigos
 
Compartilhando o papel na formação das raízes do samba, Monarco, presidente de honra da Portela, lamentou profundamente a morte do grande amigo e o descreveu como “um rapaz muito educado e fino. Um malandro mesmo, pente-fino, como diria a gíria antiga”.
 
“O samba está de luto, perdeu seu grande baluarte. Ele era da Mangueira, mas todas as escolas o adoravam. Porque ele era maior, era do samba! Ele lutou, foi da resistência, pegou a época em que a polícia ainda corria atrás de sambistas. Fez O samba agoniza, mas não morre, que ficou, e vai eternizar o nome dele para sempre. É um eterno, e muito bonito, nome no samba”, homenageou, o compositor portelense, em entrevista ao Correio.
 
Monarco lamenta a perda do músico e do amigo, com quem partilhou inesquecíveis histórias. “O que eu tenho para dizer agora é que: só a prece e nada mais. E que Deus o ilumine onde estiver. Onde nos encontrávamos, dava samba. Eu brincava com ele e dizia: ‘Nelson, você não precisava fazer mais nada, o que você fez já falou tudo”.
 
*Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira

Correio Braziliense quinta, 27 de maio de 2021

LUA DOS APAIXONADOS

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Lua dos apaixonados

 

Publicação: 27/05/2021 04:00

 (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  

A beleza da lua na noite de ontem encantou os brasilienses com tamanho e cor exuberantes. Isso porque, além de ser uma superlua, era uma Lua de Sangue. Os fenômenos astronômicos combinados enfeitaram o céu da capital federal e puderam ser vistos até as primeiras horas da manhã de hoje. Uma superlua ocorre quando o satélite está na fase cheia ou nova e se aproxima mais que o normal da Terra. Isso faz com que ela pareça de 14% a 30% maior e mais brilhante. O fenômeno, registrado ontem, é a segunda e maior superlua do ano de 2021. A primeira foi registrada em 26 de abril. Já o tom avermelhado observado no astro é o efeito conhecido como Lua de Sangue, que ocorre quando a luz do sol não chega diretamente ao satélite, como de costume. Nestes momentos, parte da luz solar é filtrada pela atmosfera da Terra. Assim, as cores avermelhadas e laranja são projetadas em nosso satélite natural.

Correio Braziliense quarta, 26 de maio de 2021

GENTE BRASILEIRA
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Gente brasileira
 
Prestes a lançar o segundo volume do álbum Assim tocam os meus tambores, Marcelo D2 quer mostrar o Brasil de que ele gosta com a própria música

 

» Pedro Ibarra*

Publicação: 26/05/2021 04:00

Rapper Marcelo D2 (Wilmore Oliveira/Pupila Dilatada/Divulgação)  
Rapper Marcelo D2
 
“O Brasil é muito legal, não é isso daí que nós estamos vendo”, a partir dessa frase, Marcelo D2 conceituou Assim tocam os meus tambores volume 2, o novo álbum que o rapper está trabalhando. O artista terminou, no último domingo, uma série de 10 dias de lives na plataforma Twitch, em que mostrou ao vivo o processo de gravação do novo disco.
Marcelo D2 fez um longo estudo para criação da ideia do que seria o sucessor do Assim tocam os meus tambores, lançado em 2020. Nele, passou pela própria ancestralidade, espiritualidade, até chegar em uma ideia final que misturasse isso tudo em um disco que, segundo o compositor, tem a intenção de mostrar o Brasil do jeito que o próprio rapper conheceu.
 
“O meu país é o Brasil de quando eu era criança, ainda é o país da rabada, do futebol de rua, do samba, da brasilidade, não esses patriotas que levantam bandeira de Israel e Estados Unidos”, explica Marcelo, em entrevista ao Correio. “O país em que as pessoas amam as percussões, o povo, os mais velhos e respeitam o que veio antes. Eu me agarro nisso, e é isso que estou tentando mostrar nesse disco”, completa.
 
O músico disse que passou por um tempo de muita desilusão com o país e que é necessário sair desse lugar de incertezas. “A gente tem um povo feliz, resiliente”, destaca. “Quero mostrar esse país legal de gente legal, de gente que batuca, que faz comida, que se reúne nas festas populares”, diz sobre o álbum, com lançamento previsto ainda neste primeiro semestre.
 
Soma-se a essa visão do país, os estudos de Marcelo sobre ancestralidade. “A primeira coisa que eu entendi é que antiguidade e ancestralidade são coisas diferentes. Ancestralidade está aqui e agora, está presente na gente”, conta. Ele passou pela perda da mãe, há aproximadamente dois meses, e também por isso decidiu que o álbum falaria da própria ancestralidade e do tempo passado. “Além de tudo, o disco é um projeto pessoal, de me conhecer, de entender o meu passado, da onde eu vim, estudar minha família”, complementa.
 
A partir dos estudos e dos conceitos levantados, o projeto Assim tocam meus tambores passou a ser visto por D2 como uma trilogia. “Como no primeiro falei do tempo presente, resolvi falar do tempo passado no volume 2 e do tempo futuro no volume 3”, comenta o rapper, adiantando que espera lançar o terceiro volume ainda em 2021. Ele conta que trabalhar nesse projeto o tirou de um lugar muito difícil. “Pandemia, política, economia, parece que está tudo errado, que desalinhou tudo”, avalia.
O artista é um crítico do atual governo brasileiro, que classificou como “importado do Rio de Janeiro”, cidade em que D2 nasceu e foi criado. “O Brasil virou um grande Rio de Janeiro”, reflete o músico. “O governo do Brasil não está nem aí para quase meio milhão de mortes, assim como o do Rio não estava nem aí para as mais de 20 mortes que aconteceram uns dias atrás”, pontua Marcelo, fazendo um paralelo entre a covid-19 e os mortos no Jacarezinho. “Chamam todo mundo de vagabundo, exatamente como a milícia faz”, afirma o músico.
 
“A melhor saída para isso tudo é a gente não perder a sanidade. Porque parece que esses caras querem levar a gente para esse lugar sombrio, puxar a gente para escuridão e nós precisamos nos agarrar às coisas boas”, analisa o músico.
 
O fato de as gravações do disco terem sido transmitidas em lives de aproximadamente oito horas durante 10 dias, deu um outro caráter ao disco, pois aproximou o músico dos fãs. Ao todo, foram 71 horas de live com um total de 1 milhão e 700 mil espectadores não simultâneos em todo esse tempo. “Nada melhor que essa conexão com o  público. Foi incrível, me senti abraçado demais”, conta D2.
 
Segundo o músico, fazer todo processo ao vivo é muito diferente, pois é uma exposição que os músicos não estão acostumados a ter no estúdio. “O que transparece nessas lives é que, apesar de no final o artista estar com o disco pronto, o estúdio é um lugar de muitas decepções. Você tenta muito até acertar. Fazer isso ao vivo é difícil e desafiador”, avalia. Contudo a situação tem o seu contraponto. “Tem toda a exposição, os erros e a fragilidade, mas do outro lado da balança tem o acolhimento, o amor, o carinho” agradece Marcelo.
Esta é a segunda vez que D2 grava o disco dessa forma. Da mesma maneira, o rapper construiu o primeiro volume. No entanto, ele acredita que agora está tudo diferente. “No primeiro, aceitei mais as coisas que estavam vindo. Eu não conduzi, fui conduzido”, lembra. “Esse não, esse eu conduzi”, complementa.
 
Para fazer tudo acontecer, ele, a esposa, o filho e rapper, Sain, e mais seis amigos, e profissionais da área da música, criaram uma bolha em uma casa na região serrana do Rio de Janeiro. O intuito foi transformar essas lives em um grande festival cultural on-line, com conversas com convidados como o historiador Luiz Antônio Simas, o jornalista e curador Leonel Kaz, a empresária Nicole Balestro, os artistas plásticos Bárbara Quintino e Diego Mouro, a cientista da computação Nina da Hora e os designers Pedro Andrade e Cocker Shoes. Além de setlists de Djs e os próprios momentos de gravação.
 
*Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira 
 
» Audiovisual
Marcelo D2 pretende investir na carreira de diretor. Com a própria produtora, Pupila Dilatada, ele  assinou dois comerciais e pretende fazer a parte visual dos próximos dois volumes do próprio álbum. O músico adiantou, também, outro projeto. “Amar é para os fortes está vindo em uma série, então daqui a pouco tem novidades”, contou ao Correio sobre uma versão audiovisual do álbum de 2018. O rapper também mencionou sobre o Planet Hemp. 

 


Correio Braziliense terça, 25 de maio de 2021

MEGA-SENA SORTEIA AMANHÃ R$80 MILHÕES

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Mega-Sena sorteia amanhã R$ 80 milhões
 
Prêmio acumulou pela sexta vez consecutiva. O resultado será anunciado em transmissão ao vivo, às 20h, desta quarta-feira nas redes sociais da Caixa

 

» Pedro Marra

Publicação: 25/05/2021 04:00

Apostadores podem tentar a sorte até as 19h de amanhã nas lotéricas ou pela internet (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  
Apostadores podem tentar a sorte até as 19h de amanhã nas lotéricas ou pela internet
 
Acumulada pela sexta vez seguida, a Mega-Sena pode premiar, amanhã, o jogo vencedor em até R$ 80 milhões. O sorteio do concurso 2375 terá transmissão ao vivo, às 20h, nas redes sociais da Caixa Econômica Federal, no Espaço Loterias Caixa, em São Paulo (SP). Os apostadores podem tentar a sorte até as 19h nas lotéricas credenciadas ou pela internet.
 
O prêmio vem sendo acumulado desde o concurso 2369, realizado em 6 de maio, quando a recompensa era de R$ 20 milhões. De lá para cá, a bolada aumentou progressivamente: R$ 27 milhões, R$ 33 milhões, R$ 40 milhões, R$ 48 milhões, chegando aos R$ 80 milhões do próximo sorteio.
 
No último concurso, 2374, 125 pessoas acertaram cinco números da Mega. Cada uma ganhou mais de R$ 35 mil. Com quatro acertos, 8.177 apostas vencedoras levaram R$ 771,87 para casa. Os sorteios são realizados duas vezes por semana, às quartas e aos sábados. A aposta mínima, de 6 números, custa R$ 4,50.
 
Apostas
 
Além de poder escolher entre 6 a 15 números no volante, é possível deixar que o sistema escolha os números, na opção Surpresinha. Há, ainda, a Teimosinha, sistema em que é possível concorrer com a mesma aposta por dois, quatro ou oito concursos consecutivos.
 
Morador da 204 Sul, o servidor público Jeziel Moutinho, 59 anos, diz que costuma fazer duas apostas: uma com as mesmas dezenas de sempre, com dias de nascimento de algumas pessoas da família, e outra pela Surpresinha. “Eu usaria a maior parte do prêmio para criar uma empresa, para trabalhar em algo próprio e que eu acredito, que é a administração de condomínios”, projeta.
 
Os prêmios de apostas vencedoras realizadas no Portal Loterias Caixa ou no aplicativo Loterias Caixa, cujo valor líquido do jogo seja de até R$ 1.332,78 (bruto de R$ 1.903,98), poderão ser recebidos em qualquer agência ou unidade lotérica. A pessoa também pode escolher a transferência pelo Mercado Pago.


Pela internet


» Acesse loterias.caixa.gov.br
» Clique em Loterias Online, no topo da página
» Escolha a opção de jogo
» Faça o cadastro, informando o CPF. É necessário usar cartão de crédito
» É possível apostar no mínimo R$ 30 e no máximo R$ 945, por dia
» O portal oferece a opção de apostar com números aleatórios gerados pelo sistema das Loterias, a chamada Surpresinha
» A plataforma não permite bolões

Correio Braziliense segunda, 24 de maio de 2021

QUANDO O ROCK ERA ROCK NO DISTRITO FEDERAL

Jornal Impresso

Quando o rock era rock
 
Roteiro turístico marca a trajetória de bandas da cidade principalmente nos anos 1980 em que tomaram o país e marcaram a música brasileira

 

Irlam Rocha Lima

Publicação: 24/05/2021 04:00

Concha Acústica (Reprodução/Arquivo DF
)  
Concha Acústica
Colina, Rádio Center, Ginásio Nilson Nelson, Estádio Mané Garrincha, Parque da Cidade, Teatro Garagem, Cafofo, Gilbertinho, Rolla Pedra são alguns dos espaços que fazem parte do imaginário de roqueiros brasilienses. Esses e outros 30 locais tidos como marcos históricos do gênero, que se tornou responsável pela inclusão de Brasília no mapa da música popular brasileira, em breve, vão se tornar pontos turísticos da capital federal.
 
Decreto nº 42.074, de 6 de maio último, assinado pelo governador Ibaneis Rocha, criou a Rota do Rock, que destaca 39 pontos no Plano Piloto, Lago Norte, Lago Sul e nas cidades de Taguatinga, Guará e Gama, considerados emblemáticos para manter viva a memória desse estilo musical entre os brasilienses e atrair turistas. Nos locais mapeados vão ser instaladas placas de sinalização, conforme padrão determinado pela Empresa Brasileira de Turismo (Embratur).
 
A ideia da Rota do Rock é de Philippe Seabra, vocalista e guitarrista da Plebe Rede, uma das bandas icônicas do movimento BSB Rock. “Isso era algo que tinha em mente há muito tempo, sob a inspiração do que existe em Cleveland, nos Estados Unidos. Aí procurei um amigo, o Leonardo Brant, professor e diretor do Departamento de Turismo da Upis, que se entusiasmou com a ideia”, relata Seabra.
 
“Como sou ligado a esta área há bastante tempo, percebi que a iniciativa do Philippe era algo bem interessante. Adaptei o esboço do projeto criado por ele para a linguagem do turismo. Em seguida, o levei ao vice-presidente e diretor administrativo da Upis, Rui Montenegro, que decidiu apoiar a Rota do Rock”, conta Brant. “Logo depois, em fevereiro, ele recebeu aqui na Upis, a secretária de Turismo, Vanessa Mendonça, a quem apresentou o projeto, que o abraçou de imediato”, acrescenta.
 
Na avaliação da secretária, a Rota do Rock é um novo marco para a capital. “Tenho certeza que vai aguçar a memória de muitos que, como eu, estiveram presentes nos primeiros shows da Legião Urbana aqui na cidade; e que sempre amou a Plebe Rude”, ressalta Mendonça. “Acredito que irá atrair, cada vez mais visitantes, contribuindo para consolidar a capital como destino turístico, além de impulsionar toda a cadeia produtiva”, complementa.
 
Vocalista e guitarrista dos Raimundos, Digão esteve no Palácio do Buriti, ao lado de Philippe Seabra, no dia da assinatura do decreto de criação da Rota do Rock. “Quem ama o rock de Brasília, ao passar pelos pontos da rota, vai tomar conhecimento onde as coisas aconteceram. A casa da minha familia, na QI 9, do Lago Sul é um desses pontos. Era, lá, onde Rodolfo, Canisso e eu ensaiávamos e criamos o power trio, que veio a ser conhecido nacionalmente como Raimundos”, lembra.
 
O Mel da Terra, que antecedeu o boom do rock do DF, surgiu no Projeto Cabeças. O flautista e vocalista Paulo Mattos elogia a ação. “Vejo com grande alegria a criação desse roteiro que faz o link de espaços que acolheram as bandas brasilienses, em diferentes épocas. Fico feliz ao saber que locais em que nos apresentamos tenham sido incluídos na rota”, celebra.

Correio Braziliense domingo, 23 de maio de 2021

FLAMENGO: O PODER DA DINASTIA - TIME EM OUTRO PATAMAR

Jornal Impresso

Flamengo: O poder da dinastia
 
Flamengo vence o Fluminense, conquista o sexto tricampeonato na história do Estadual e dá mais uma prova de que está em outro patamar no futebol brasileiro:rubro-negro arremata 12º troféu desde 2019

 

MARCOS PAULO LIMA

Publicação: 23/05/2021 04:00

Gabriel Barbosa converteu pênalti com a categoria de sempre e comemorou um belo gol, também, depois de um chute cruzado de perna canhota: os dois gols em três minutos encaminharam o título rubro-negro na etapa inicial (Mauro Pimentel/AFP

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Gabriel Barbosa converteu pênalti com a categoria de sempre e comemorou um belo gol, também, depois de um chute cruzado de perna canhota: os dois gols em três minutos encaminharam o título rubro-negro na etapa inicial
 
O Flamengo é tricampeão carioca pela sexta vez. Ontem, o time rubro-negro venceu o Fluminense por 3 x 1, com dois gols do irretocável Gabriel Barbosa, o artilheiro das decisões em uma das eras mais vitoriosas em 125 anos de história, outro da cria do Ninho João Gomes, e ampliou uma incrível dinastia no futebol brasileiro. O troféu estadual é o 37º do clube no Estadual, o 12º do time rubro-negro desde 2019, quando o atual presidente, Rodolfo Landim, assumiu a presidência.
 
A coleção sob os comandos de Abel Braga, Jorge Jesus e de Rogério Ceni tem três títulos no Campeonato Carioca (2019, 2020 e 2021), dois no Brasileirão (2019 e 2020), duas Supercopas do Brasil (2020 e 2021), uma Libertadores (2019), uma Recopa Sul-Americana e três troféus de turno — a Taça Rio 2019 e o bi da Guanabara (2020 e 2021). O Flamengo parte em busca do tri da Série A e da Libertadores e cobiça o tetra da Copa do Brasil, um dos poucos títulos que faltam a essa dinastia. O outro é o Mundial. O Fla amargou o vice-campeonato, em 2019, na decisão contra o Liverpool.
 
Os dois times voltam as atenções para a Libertadores. A trupe de Rogério Ceni decidirá o primeiro lugar no Grupo G contra o Vélez Sarsfield, quinta-feira, no Maracanã. A equipe de Roger Machado junta os cacos para a “final” contra o River Plate, terça-feira, em Buenos Aires. O tricolor disputa uma vaga com o próprio River e o Junior Barranquilla. 
 
O Fluminense começou a partida esboçando pressão na saída de bola do Flamengo, mas o fôlego para a marcação adiantada durou pouco. O time rubro-negro teve paciência para colocar a bola no chão, manter a posse e agredir o adversário, principalmente, pelo setor esquerdo do ataque. Algumas vezes com trocas de posição. 
 
Numa delas, Gabriel Barbosa inverteu papel com Arrascaeta e deixou o uruguaio na cara do gol. Marcos Felipe saiu desesperado e derrubou o meia dentro da área. 
 
Gabriel Barbosa assumiu a cobrança do pênalti e bateu com a precisão de sempre. Colocou a bola no canto esquerdo. 
 
O sistema defensivo do Fluminense ainda tentava se reorganizar, quando Gabigol invadiu a área pela esquerda após bela troca de passes, recebeu a bola de Filipe Luís e chutou cruzado para ampliar o placar. Os dois gols em três minutos deram aparente tranquilidade ao Flamengo na saída para o intervalo. 
 
Roger Machado trocou Kayky e Luiz Henrique por Gabriel Teixeira e e Caio Paulista e conseguiu o que planejava no início do segundo tempo. O VAR acusou pênalti do zagueiro Rodrigo Caio no atacante Caio Paulista. Fred bateu no canto esquerdo, viu Gabriel Batista triscar na bola, mas diminuiu o placar.
 
  Quando o Fluminense mais apertava, a estrela de um menino da base brilhou. João Gomes entrou no lugar de Gerson e balançou a rede no primeiro toque na bola. Vitinho chutou, Marcos Filipe falhou ao soltar a bola, o volante tocou para o fundo do barbante, e partiu para festejar. 

Correio Braziliense sábado, 22 de maio de 2021

HOJE É DIA DE SANTA RITA DE CÁSSIA
Jornal Impresso
 
Hoje é dia de Santa RitaDurante a pandemia da covid-19, muitos fiéis católicos têm recorrido à protetora contra as pestes. Paróquia da 609 Sul preparou cronograma especial para comemorar o dia da padroeira dos desamparados e santa das causas impossíveis

 

Ana Maria da Silva

Publicação: 22/05/2021 04:00

Padre Iran Preusse, da Paróquia Santa Rita de Cássia, com Ana Luísa (E)  e Adriana Menke, devotas da religiosa italiana (Minervino J?nior/CB/D.A Press
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Padre Iran Preusse, da Paróquia Santa Rita de Cássia, com Ana Luísa (E) e Adriana Menke, devotas da religiosa italiana
Nascida em 1381, na região de Umbria, na Itália, Margherita Lotti foi um exemplo de vida e fé. Foi filha, esposa, mãe, viúva e freira, até se tornar Santa Rita de Cássia, a padroeira dos desamparados e santa das causas impossíveis. Hoje, milhares de católicos celebram o dia dela. A Paróquia Santa Rita de Cássia, na 609 Sul, preparou um cronograma especial para a data (veja Festa de Santa Rita).
 
A história de Santa Rita foi repleta de eventos extraordinários (veja Causas impossíveis). Falecida em 22 de maio de 1457, ela foi beatificada no ano de 1627, em Roma, pelo papa Urbano VIII, e canonizada em 24 de maio 1900, pelo papa Leão XIII. Pároco da Paróquia Santa Rita de Cássia desde 2016, Iran Preusse conta que a padroeira deixou ensinamentos os fiéis. “Ela nos ensina que, apesar de todas as adversidades da vida, seguir os desígnios de Deus sempre é a melhor escolha. Que Deus sempre auxilia, fortalece e faz frutificar quem deposita a vida e a esperança nele”, pontua. 
 
Para o sacerdote, Rita soube viver o ordinário do dia, como uma mulher simples, mas de grande coração. Em meio ao tempo de grandes incertezas e dificuldades com a pandemia do novo coronavírus, Iran ressalta que é também dessa forma que conseguiremos passar pelos momentos de provação. “Santa Rita, como todos os santos, nos ensina que a vida é uma imitação dos passos vividos pelo próprio Cristo, e como tal, temos de crer diante de toda e qualquer provação. A pandemia é algo que passará mais cedo ou mais tarde. Porém, aquele que deposita sua confiança em Deus será recompensado pelo dom da fé e da fortaleza”, diz. 
 
A esperança deve ser o motivador. “O homem que para de sonhar perde o sentido de sua própria existência. Santa Rita nos ensina a ressignificar a própria vida. A vida dela foi algo de renovação e aprendizado constante. Com seu testemunho, podemos crer em Cristo e aprender o valor da cruz sem perder a verdadeira visão na crença no ressuscitado”, defende o pároco.  
 
Devoção
 
As diferentes experiências vocacionais que Rita vivenciou fizeram da advogada Ana Luísa Cunha Campos Dieguez, 53 anos, uma fiel devota. “Minha devoção começou quando, conhecendo a história da santa, descobri que ela era a única que tinha sido esposa e mãe, e, após ficar viúva, ter ido para o convento e se tornado uma religiosa especial. Ela conheceu todos os estados possíveis da vida de uma mulher, e em tudo foi notável”, conta. 
 
Após nutrir a santa devoção, Ana diz que se acostumou a recorrer à intercessão de Rita. “Em toda e qualquer situação difícil que enfrento, peço ajuda da santa para me inspirar e intervir por mim junto a Deus”, revela. Para isso, a advogada diz que busca novas experiências com a padroeira. “Vivo minha devoção participando ativamente da vida paroquial, participando das missas e fazendo dessa paróquia minha casa, minha comunidade, onde fiz muitas amizades especiais”, pontua. 
 
Padroeira 
 
“Não é só a santa dos casos impossíveis, mas dos desesperados, dos desamparados, daqueles que olham ao redor e não conseguem encontrar esperança”. Foi em meio à falta de esperança que a pedagoga Adriana Nogueira Menke, 30 anos, tornou-se devota de Santa Rita de Cássia. Casada há sete anos e mãe de Luana, 4, ela conta que a história com a padroeira vem de anos. “Começou no batismo. Minha mãe sempre frequentou a Paróquia Santa Rita de Cássia, então, os primeiros sacramentos foram todos ali. No começo, somente frequentava, e, aos poucos, fui conhecendo sua história”, recorda.
 
Aos poucos, a intimidade com a história de Rita foi surgindo. Adriana conta que foi em sua primeira gravidez que recorreu, com todo o seu coração, à intercessão da padroeira. “Infelizmente, tive um aborto retido. Precisei fazer a retirada do bebê e isso me abalou muito. Em minhas orações, pedi proteção e calma para Santa Rita e Nossa Senhora Aparecida. Senti-me muito amparada”, explica. “No hospital, no momento da retirada do bebê, eu pude sentir que Santa Rita estava comigo. Durante o procedimento, foi como um sonho, em que Santa Rita e Nossa Senhora Aparecida estavam juntas esperando pelo meu bebê”, diz.
 
Poucos meses depois, a pedagoga descobriu que estava grávida novamente. “Foi o momento em que essa relação ficou mais forte, pois foi uma gravidez difícil, que precisou de muitos cuidados”, pontua. Para Adriana, a santa é intercessora dos desesperançosos. “Tem uma música que diz: “se esperança se acabou, se alma segue aflita, pede logo a proteção de Santa Rita”. Minha devoção é falar dela, participar dos momentos de celebração em honra a ela. Mas, o mais importante é ver na vida de Santa Rita um modelo a ser seguido de fé e amor. Mais do que pedir à santa, é conseguir aprender com sua vida”, completa.
 
Festa de Santa Rita
 
Paróquia Santa Rita de Cássia (609 Sul)
Missa a cada 1h30 (é necessário agendar pelo telefone 3242-6574)
Horário: 7h30, 9h, 10h30, 12h, 13h30, 15h, 16h30 e 18h
Missa presidida pelo arcebispo de Brasília 
Horário: 19h30
Barraquinhas com comidas típicas (somente para levar)
Almoço em honra a Santa Rita
Horário: das 12h às 14h
Loja com artigos religiosos
Loja de rosas de Santa Rita
 
 
Causas impossíveis
 
Quando criança, Santa Rita foi deixada por alguns minutos sozinha em uma cesta na roça enquanto os pais dela trabalhavam na terra. Lá, foi circundada por um enxame, mas, nenhuma abelha a picou. Um agricultor, que havia ferido a mão com uma enxada, estava em busca de socorro e passou em frente à cesta onde estava Rita. Ele viu as abelhas que rodeavam a criança, e, à medida que movia os braços para espantá-las, sua ferida ia cicatrizando. Após a morte de Rita, ela já era venerada como protetora contra a peste, provavelmente pelo fato de ter se dedicado aos cuidados de enfermos, sem se infectar com as doenças contraídas por eles.
 
 

 


Correio Braziliense sexta, 21 de maio de 2021

MEGA SORTEIA 48 MILHÕES

Jornal Impresso

 

Mega sorteia R$ 48 milhões
 
 
Nenhum apostador acertou as seis dezenas no último sorteio, mas quatro jogos do DF ganharam a quina do concurso. Bolada de amanhã pode render R$ 139,2 mil, no 1º mês, na poupança

 

» Ana Isabel Mansur

Publicação: 21/05/2021 04:00

As apostas podem ser feitas até as 19h deste sábado nas casas lotéricas ou pela internet (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  
As apostas podem ser feitas até as 19h deste sábado nas casas lotéricas ou pela internet
 
O próximo concurso da Mega-Sena vai sortear, amanhã, R$ 48 milhões. Na quarta-feira, nenhum apostador acertou as seis dezenas — 23, 24, 26, 44, 49 e 60 — e o prêmio acumulou. As apostas podem ser feitas até as 19h deste sábado, nas casas lotéricas, pelo portal Loterias Online, no aplicativo Loterias Caixa ou por meio do internet banking para clientes da Caixa (veja Passo a passo). O jogo mínimo, de seis números, custa R$ 4,50. 
 
Os brasilienses têm batido na trave. Das 72 apostas ganhadoras com cinco números, no último sorteio, quatro foram do DF. Três jogadores apostaram seis números e ganharam R$ 51.363,16, cada, enquanto que um bolão arrematou R$ 154.089,45. O concurso de quarta-feira também entregou R$ 972,58 a cada uma das 5.432 apostas ganhadoras com quatro acertos.
 
O operador de câmeras de segurança Janildo Dias, 40 anos, aposta com frequência na Mega. “Faço jogos de seis dezenas, não gosto de fazer com mais números, porque aumenta muito o preço. Se um dia eu acertar, será com a aposta mínima. Vou fazer poucos jogos,  porque estou começando a organizar um bolão para a Quina de São João”, conta o morador da Cidade Ocidental (GO). A Quina especial, com sorteio em 26 de junho, está com prêmio estimado em R$ 170 milhões.
 
Oldemar Barbosa, morador de Sobradinho, vai fazer 10 jogos para o concurso de amanhã. “Eu jogo toda semana na Mega-Sena e aposto sozinho. Gosto de jogar nos prêmios acumulados, dependendo do valor”, explica o porteiro de 56 anos. Sobre o que faria com o dinheiro, Oldemar não pensa duas vezes: investiria em imóveis. “Compraria uma casa bacana e melhoraria de vida, o mais importante. Sair do trabalho e ficar tranquilo para o resto da vida”, complementa.
 
Rendimento
 
O prêmio de R$ 48 milhões renderia, no primeiro mês de aplicação na poupança, R$ 139,2 mil. Se o sortudo optar por aplicar o dinheiro no Certificado de Depósito Bancário (CDB), espécie de investimento a longo prazo, o rendimento inicial estaria na casa dos R$ 172,5 mil. Na Letra de Crédito Imobiliária (LCI), aplicação ligada a imóveis, o prêmio renderia ao ganhador cerca de R$ 164 mil no primeiro mês. Com a bolada, seria possível comprar 4,8 mil iPhones 12, último modelo lançado pela Apple, e sete mansões de 1.482 m² no Lago Sul, além de 10 coberturas de 332 m² no Noroeste — um dos bairros com o metro quadrado mais caro do país — e 12 Ferrari Spider. 


R$ 172 mil
Valor de rendimento inicial do prêmio, se aplicado no CDB


Passo a passo

» Acesse loterias.caixa.gov.br
 
» Clique em Loterias Online, no topo da página
 
» Escolha a opção de jogo
 
» Faça o cadastro, informando o CPF. É necessário usar cartão de crédito
 
» É possível apostar no mínimo R$ 30 e no máximo R$ 945, por dia
 
» O portal oferece a opção de apostar com números aleatórios gerados pelo sistema das Loterias, a chamada Surpresinha
 
» A plataforma não permite bolões
 
Fonte: Caixa Econômica Federal

Correio Braziliense quinta, 20 de maio de 2021

LIBERTADORES: NO SUFOO, FLA AVANÇA ÀS OITAVAS

Jornal Impresso

No sufoco, Fla avança às oitavas

 

Publicação: 20/05/2021 04:00

 
Autores dos gols do Flamengo, Pedro e Gustavo Henrique vibram pela vaga (Silvia Izquierdo / AFP
)  
Autores dos gols do Flamengo, Pedro e Gustavo Henrique vibram pela vaga
 
O sufoco não estava no script dos sonhos imaginado pelos torcedores do Flamengo para a partida contra a LDU, ontem, no Maracanã. Porém, foi na base do “ai, Jesus”, como canta o hino rubro-negro, que o time carioca garantiu a vaga nas oitavas de final da Libertadores. Com um a menos boa parte do jogo, os donos da casa saíram na frente, tomaram a virada no principal defeito defensivo, mas encontram o gol do alívio — e do 2 x 2 — no fim da partida.
 
Rogério Ceni mandou a campo um time modificado, com três zagueiros de ofício. Entretanto, os planos de teste ruíram com 14 minutos, quando William Arão acertou chute imprudente na cabeça de Amarilla. Com um a menos, o rubro-negro saiu na frente. Aos 31, Pedro lutou pela bola e deu um chute fraco, mas suficiente para fazê-la ultrapassar a linha. A vantagem durou apenas quatro minutos. Em bola na área, Guerra subiu e igualou.
 
No segundo tempo, o Flamengo começou em cima, mas não incomodou o goleiro Gabbarini. Novamente no pesadelo da bola aérea, a LDU pulou na frente. Aos 14, Amarilla ajeitou com o peito para Johjan Julio fuzilar para a rede. O rubro-negro manteve a bola no pé. Porém, desorganizado, não era agressivo. Curiosamente, a salvação veio pelo alto. Aos 44, Arrascaeta cobrou falta e Gustavo Henrique cabeceou como manda o manual para empatar a partida.
 
Com o ponto somado, o rubro-negro chegou aos 11 pontos e não pode mais ser ultrapassado pela LDU, com cinco. Na próxima quinta-feira, às 21h, no Maracanã, os cariocas jogam pela liderança do grupo G com o Vélez Sarsfield. Antes, no sábado, às 21h05, o Flamengo decide o campeonato estadual contra o Fluminense.
 
A noite épica do River Plate
Sem goleiro de origem durante os 90 minutos, o River Plate venceu o Independiente Santa Fe por 2 x 1, ontem, no Monumental de Núñez, em uma noite histórica. Com 20 jogadores acometidos pelo surto de covid-19, o time argentino recorreu ao volante Enzo Perez debaixo das traves. Nem ele estava 100% fisicamente. Enzo se recuperava de distensão muscular. No fim, os os gols de Álvarez e Angileri garantiram a vitória e a liderança do grupo ao River, com nove pontos, seguido pelo Fluminense, com oito. Os dois clubes terão um confronto direto na última rodada, em Buenos Aires, valendo o primeiro lugar da chava para as oitavas de final. 

Correio Braziliense quarta, 19 de maio de 2021

CUIDAR DOS PEQUENINOS É FOCO DE INICIATIVA

Jornal Impresso

Cuidar dos pequeninos é foco de iniciativa
 
 
Programa Criança Feliz Brasiliense instala, na Fercal, o Espaço Primeira Infância. Objetivo da iniciativa é promover educação, saúde, cultura e esporte em regiões de vulnerabilidade social do Distrito Federal

 

» DARCIANNE DIOGO

Publicação: 19/05/2021 04:00

Local de atendimento foi reformado. Antes um depósito do SLU, agora é um espaço colorido e lúdico (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  
Local de atendimento foi reformado. Antes um depósito do SLU, agora é um espaço colorido e lúdico


Primeira-dama do DF,  Mayara Noronha entregou o Espaço Primeira Infância à comunidade  (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  
Primeira-dama do DF, Mayara Noronha entregou o Espaço Primeira Infância à comunidade
 
Ações de saúde, educação, esporte, assistência social e cultura são alguns dos pilares do programa Criança Feliz Brasiliense, iniciativa do Executivo local vinculada ao governo federal, para atender crianças de até 6 anos em situação de vulnerabilidade social. Ontem, durante solenidade, a primeira-dama do DF e secretária de Desenvolvimento Social , Mayara Noronha, inaugurou o Espaço Primeira Infância no Suas (Sistema Única de Assistência Social), no Centro de Referência da Assistência Social (Cras) da Fercal, que receberá as famílias para atendimentos.
 
O local, onde funcionava um depósito do Serviço de Limpeza Urbano (SLU), ganhou estrutura colorida e lúdica. O espaço conta com mesas e computadores e funciona como uma espécie de escritório para melhor atender as famílias. “Esse é um programa extremamente importante. Temos feito um grande esforço para atender as crianças da nossa cidade. Recebemos essa missão e, em duas semanas, entregamos a estrutura para a população”, afirmou o administrador regional da Fercal, Fernando Gustavo Lima.
 
As inscrições para o programa estão abertas e serão encerradas quando a meta for atingida, que é atender 3,2 mil crianças de 0 a 6 anos em situação de vulnerabilidade (veja Como participar). “Essa é uma ação no que se refere ao atendimento dessas famílias. A intenção é que todas as regiões abracem o programa. Já é comprovado por estudos que é na primeira infância que temos condições de moldar, de trabalhar o psicológico, o emocional, o caráter e a desenvoltura dessa criança para a fase adulta. Se mudarmos o início, a gente muda o final. E o esporte tem essa responsabilidade, de trabalhar sonhos”, frisou a primeira-dama na cerimônia.
 
Funcionamento
 
O foco do programa são as regiões de maior vulnerabilidade social do DF: Paranoá, São Sebastião, Itapoã, Varjão, Brazlândia, Fercal, Sobradinho, Planaltina, Ceilândia, Estrutural, Taguatinga, Riacho Fundo 1 e 2, Samambaia, Recanto das Emas e Santa Maria. O Criança Feliz Brasiliense tem como principais ações as visitas domiciliares e a articulação intersetorial.
 
Durante os encontros, são realizadas orientações práticas que fortalecem o desenvolvimento da criança, os vínculos familiares, bem como sobre o acesso a serviços para a garantia de direitos. Em 2020, mesmo em meio à pandemia, a equipe fez 27.645 atendimentos. O primeiro passo é criar o vínculo com a família para, depois, desenvolver ações que estimulem a criança, como cantar, brincar, entre outras atividades.
 
Expectativa
 
A dona de casa Nayara Alves, 25 anos, moradora da Fercal, inscreveu a filha, Maria Júlia, 4, no programa e está ansiosa pela convocação. “Sei que vai ser uma ótima oportunidade para ela, vai ajudá-la a como um todo, no desenvolvimento”, afirmou.
 
Thaynara Pereira, 22, não vê a hora da pequena Louise, 2, começar a receber visitas. “Espero que seja uma melhoria para as nossas crianças. Criança só na rua não dá. Tem que estar em clima de aprendizado. Aprendendo coisas novas. E é isso que desejo para a minha filha, para que ela cresça esperta. Quero que ela desenvolva as habilidades mais rápido”, frisou.


Como Participar?

Famílias de São Sebastião, Paranoá, Itapoã, Varjão, Brazlândia, Fercal, Sobradinho, Planaltina, Ceilândia, Estrutural, Taguatinga, Riacho Fundo 1 e 2, Samambaia, Recanto das Emas e Santa Maria que se interessarem devem procurar o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) mais próximo para se informar e assinar o termo de adesão. Entre os serviços, estão apoio à gestante e à família na preparação para o nascimento e os cuidados perinatais; fortalecimento de vínculos e o papel das famílias para o desempenho da função de cuidado; proteção e educação de crianças de até 6 anos; ampliação e fortalecimento de ações de políticas públicas voltadas para as gestantes, crianças na primeira infância e suas famílias.

Correio Braziliense terça, 18 de maio de 2021

COISA DE BRASILIENSE: O PAGODE NO PLANALTO

Jornal Impresso

Coisa de brasiliense: o pagode no Planalto
 
Para comemorar o Dia do Pagode, o Correio conversou com artistas que, apesar da pandemia, mantêm a alegria da música e conquistam fãs pelo país

 

» Mila Oliveira*
» Prisley Zuse*

Publicação: 18/05/2021 04:00

Grupo Elas que toquem. Bruna Vasconcellos, Maísa Lameira e Vanessa Lima (Robson Cesco/Divulgação)  
Grupo Elas que toquem. Bruna Vasconcellos, Maísa Lameira e Vanessa Lima
 
A cena de pagode de Brasília está cada vez mais forte. Se antes a cidade era vista como um polo de rock, o pessoal do Menos é Mais e Di Propósito veio para mostrar que o Distrito Federal tem muito a oferecer. Gustavo Góes, integrante do Menos é Mais, conta que, “se tratando de um grupo de pagode que não tinha gravadoras, empresários e rádios por perto e, mesmo assim, conseguiu romper essas barreiras, é muito legal. Essa felicidade dá mais força para gente seguir nosso propósito, que é levar alegria para todos os brasileiros, e pretendemos seguir firme nessa nossa missão.”
 
Produtor artístico, Tiago Hanna também toca em um grupo de pagode, o MakêBelê. Ele percebeu uma profissionalização e uma evolução artística no DF. Mesmo com a proibição de shows no Brasil, devido à pandemia, o samba e o pagode estão entre os ritmos mais buscados nas plataformas de streaming, segundo o Data Stories, da Kantar Ibope Media.
 
“Eu vejo que os grupos que estão fortes em Brasília são os que estão interagindo com o seu público no meio digital, produzindo conteúdo musical ou vídeos bem-humorados. Quem está fazendo bem as mídias digitais está conquistando um público mais jovem, que normalmente não frequenta shows de pagode”, destacou Tiago.
 
O aumento desse consumo é resultado do estudo de mercado, pesquisa e inovação, segundo Tiago. “Os meninos do Menos é Mais, o Jorge e o Góes, desde sempre bateram na tecla da organização e na governança, que é algo que você nem escuta direito no âmbito da música, e eles conseguiram construir o império deles, tijolinho por tijolinho”, completou o produtor.
 
A partir deles, a cena de pagode da cidade ganhou destaque nacional e abriu portas para outros grupos. No Dia do Pagode, o Correio conversou com alguns grupos e cantores da cidade que valem a pena conferir.
 
 
Meninas de raça 
O grupo de pagode formado apenas por mulheres vem ganhando espaço na cena artística de Brasília. O que era apenas uma brincadeira tornou-se algo sério para as integrantes do Elas que toquem. Com apenas oito meses desde a criação, Maísa Lameira, uma das integrantes e fundadoras do grupo, comentou que, mesmo sendo um ambiente com maioria masculina, elas estão conquistando fãs diariamente. “Sempre ouvi que mulher não faz pagode e que pagode é coisa de homem. Foi quando conheci a Bruna e começamos uma trajetória, brincando em casa e resolvemos chamar outras meninas. A gente achou que o mercado de pagode de Brasília não ia abrir as portas para gente, mas foi totalmente o contrário, os meninos ajudaram, inclusive, o Menos é mais e o Di Propósito seguem o Elas que toquem nas redes sociais.” Hoje, a banda conta com 10 mulheres no palco e mais 11 pessoas que trabalham no backstage. Lançaram um EP com 17 músicas e agora se preparam para gravar um projeto audiovisual, que deve ficar pronto até o final do ano.
 
Segurando a onda
Pietro Silva conta que tudo começou quando ele, o irmão e o sobrinho decidiram formar uma banda. Com o tempo, cada um seguiu seu caminho, e Pietro começou a tocar em outros grupos. A partir daí, a carreira do músico decolou. Recebeu vários convites para cantar com bandas e artistas renomados de Brasília. Teve a oportunidade de viajar de se apresentar em vários lugares do país e do exterior. Agora o cantor se prepara para lançar mais três músicas nos próximos meses. A primeira, chamada De baixo do chuveiro, em todas as plataformas digitais. A faixa também conta com um videoclipe. Durante a pandemia, Pietro conta que fez algumas lives, mas precisou trabalhar como garçom para pagar as contas. “Em um momento, a situação ficou complicada, e fizemos uma vaquinha para conseguir ajudar os músicos que trabalham comigo. Como agradecimento da ajuda recebida, produzimos uma live e cantamos de tudo um pouco. Além disso, com o dinheiro arrecadado, conseguimos, também, ajudar pessoas que vivem em uma situação de vulnerabilidade, foi algo muito especial”, conta ele.
 
Projeto bem pensado
O grupo formado por cinco integrantes, Will Lucas, Allan Agnes, Tony Souza, Bryan Agner e Wallace Nascimento nasceu de uma vontade dos integrantes de tocarem as músicas de que eles gostavam. Inicialmente, além do Deu Vibe, os músicos também participavam de outros projetos. Allan conta que “o negócio foi ficando sério, foram surgindo contratações, e aí decidimos sair dos outros grupos para focar no nosso. Começamos a fazer shows no DF e recebemos o convite para tocar na Europa”. Instrumentista profissional desde os 15 anos, Allan ressalta a importância da música como empreendimento que vai muito além de tocar. Amigo dos meninos do Menos é Mais, conta que “eles não chegaram aonde estão só pela parte musical, eles trabalharam toda uma engrenagem que muitos grupos de Brasília e de fora não tinham em mente. Hoje em dia, essa nova geração precisa entender que a música é um empreendimento, só tocar não serve mais, é preciso trabalhar o todo”, explica o artista.

Correio Braziliense segunda, 17 de maio de 2021

CAMPEONATO CARIOCA: FLA X FLU - EMPATE MUITO FALTOSO

Jornal Impresso

 

CAMPEONATO CARIOCA - FLA X FLU
 
Empate muito faltoso
 
Fla sai na frente com gol de Gabriel Barbosa, mas uruguaio Abel Hernández evita a derrota do Flu em jogo com nove cartões e mantém decisão aberta. Quem vencer leva. Nova igualdade forçará disputa de pênaltis

 

Publicação: 16/05/2021 04:00

 

Árbitro perdeu o controle do jogo em vários momentos, fez marcações confusas e teve ajuda do VAR nos dois gols do clássico (Alexandre Vidal/Flamengo)  
Árbitro perdeu o controle do jogo em vários momentos, fez marcações confusas e teve ajuda do VAR nos dois gols do clássico

 

A decisão do Campeonato Carioca começou com equilíbrio à altura do charmoso clássico Fla-Flu. O primeiro round da final, com nove cartões amarelos, terminou 1 x 1, ontem, no Maracanã. Gabigol abriu o placar para o time rubro-negro, mas o uruguaio Abel Hernández, que substituiu Fred  na etapa final, usou a cabeça para impedir a derrota tricolor. Quem vencer leva a taça na volta. Outra igualdade no próximo sábado, às 21h, novamente na arena carioca, forçará decisão por pênaltis.


No tira-teima entre dois camisas 9 em excelente fase Gabigol saiu na frente. O ídolo rubro-negro converteu mais uma cobrança de pênalti com categoria, deslocou o goleiro Marcos Felipe e decretou a vitória. Foi o 13º gol dele  em 12 partidas na temporada, o sexto no Campeonato Carioca.


A infração aconteceu aos 15 minutos do primeiro tempo. Com proposta do Olympique de Marselha para deixar o Flamengo, o volante Gerson sofreu pisão em uma ação ofensiva rubro-negra. Confuso, o árbitro apontou falta. No entanto, foi corrigido pelo VAR, recuou e deu pênalti. Gabigol bateu com a perfeição de sempre e abriu o placar.


O Flamengo tinha mais posse de bola, continuou com ela nos pés, mas tomou alguns sustos do Fluminense. Em um deles, o menino Kayky quase empatou numa finalização de canhota. A resposta rubro-negra foi dada pelo meia Arrascaeta em duas finalizações perigosas. Gabigol também desperdiçou oportunidade antes do intervalo.


O panorama da partida continuou o mesmo no segundo tempo. O Flamengo mantinha a posse de bola, algumas vezes recuava à espera do contra-ataque, mas mantinha o domínio. Marcos Felipe fechou o gol para Arrascaeta. O Flu investia nas bolas aéreas. Egídio alçou a bola na área, Luiz Henrique desviou e Abel Hernández empatou o jogo com direito a suspense do VAR.  


Antes do duelo de volta, os dois times jogam pela Libertadores. O Fla reberá a LDU na quarta-feira, às 21h, no Maracanã. O Flu jogará na véspera, também no Rio, às 21h30, contra o Junior Barraqnuilla.



Correio Braziliense sexta, 14 de maio de 2021

CAPITAL S.A.: O QUE A W3 SUL TEM DE BOM

Jornal Impresso

Capital S/A

 

Samanta Sallum
samantasallum.df@cbnet.com.br

Publicação: 14/05/2021 04:00

"Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence
obstáculos, no mínimo, fará coisas admiráveis."

José de Alencar


 (Minervino Júnior/CB/D.A Press - 31/3/21)  


O que a W3 Sul tem de bom
 
A avenida já foi o centro comercial mais movimentado de Brasília. A grande passarela de compras do Plano Piloto de uma época em que os shoppings não marcavam tanta presença na cidade. Mas a W3 Sul se reinventa sempre. Além de manter cantinhos especiais e tradicionais que resistem ao tempo, traz novidades charmosas. Vale a pena andar por ela para reencontrar lugares ou descobrir espaços sensacionais. A coluna quer mostrar um pouco dessas atrações. Um dos destaques é a Infinu Comunidade Criativa, na 506 Sul, que reúne gastronomia, arte, serviços e eventos.


Economia criativa

A galeria foi inaugurada há 1 ano, em meio ao desafio da pandemia. Mas, por contar com uma praça a céu aberto, conseguiu atrair público neste período. A Infinu é a tradução da economia criativa em Brasília. À frente do espaço, está Miguel Galvão, 35 anos, economista formado pela UnB e idealizador do evento PicNik, que atraía milhares de brasilienses quatro vezes por ano em espaços públicos da cidade até a chegada da covid-19.


QG do PicNik
 
Miguel conta que a Infinu virou o QG do Picnik. Uma referência física e permanente do projeto, que chegou a reunir 4 mil empreendedores por edição. Foram nove anos de eventos. “Nós requalificamos o conceito de quermesse, que é um programa que todo mundo gosta. Queremos proporcionar esse encontro lúdico das pessoas, abrindo espaço para que pequenos empreendedores possam vender seus produtos”, explica Miguel. O projeto passou também a dar suporte a esses microcomerciantes para se estruturarem de forma mais profissional.
 
 
Beco que virou praça
 
Miguel conseguiu transformar um beco degradado da W3 Sul num espaço bonito e ocupado por arte. Lá tem café, pizzaria, sorveteria, lojas de roupas e box para expositores. Todos os produtos têm identidade com Brasília. Também oferece serviços de tatuagem, barbearia, entre outros. “Ainda existe uma relação afetiva forte da população com a W3 Sul. Ela tem tudo para despontar novamente, ser um grande centro de atrações”, afirma Miguel, que é vice-presidente da Câmara de Economia Criativa da Fecomércio-DF. Neste fim de semana, vale conferir a Feira de Vinil, das 10h às 20h. O espaço funciona de terça a domingo.



 (Reprodução/Facebook)  


Sesc e Senac no DF permanecem em gestão compartilhada
 
Foi prorrogado por mais 90 dias o período de gestão compartilhada do Sesc e do Senac no DF com a Confederação Nacional do Comércio (CNC). Em situação normal, o controle das entidades é da Fecomércio-DF.
 
 
 
Processo eleitoral
 
Para garantir que não fossem utilizadas de forma inadequada no processo eleitoral, o presidente da CNC e dos conselhos nacionais do Sesc e do Senac, José Roberto Tadros, determinou em fevereiro a gestão compartilhada. E indicou um representante para administrar as duas entidades regionais. A medida foi em decorrência da vacância da presidência da Fecomércio com o falecimento de Francisco Maia por complicações causadas pela covid-19.
 
 
 
Arrumando a casa
 
O vice-presidente da CNC, Valdeci Cavalcante, foi designado para a missão. “Estamos arrumando a casa para que o representante da Fecomércio, quando assumir, já tenha um rumo seguro e eficiente para garantir que não haverá dano algum ao Sesc e ao Senac do DF”, explica.

Correio Braziliense quinta, 13 de maio de 2021

LUTA POR CIDADANIA HÁ MAIS DE 133 ANOS

Jornal Impresso

Luta por cidadania há mais de 133 anos
 
 
O 13 de maio de 1888 marca o fim, formal, da escravidão no Brasil. No entanto, a data não é motivo para comemoração. Apesar da liberdade, a busca por direitos e por uma vida digna perdura, mesmo após a abolição

 

» CIBELE MOREIRA

Publicação: 13/05/2021 04:00

Coordenadora geral da Casa Akotirene, Joice Marques denuncia que, após a abolição, os avanços sociais foram poucos, comparados aos danos provocados pela escravidão (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  
Coordenadora geral da Casa Akotirene, Joice Marques denuncia que, após a abolição, os avanços sociais foram poucos, comparados aos danos provocados pela escravidão


Para o professor Nelson Inocêncio, não há garantia de que o futuro dos negros no Brasil será melhor do que o presente (Ana Rayssa/CB/D.A Press - 26/11/19)  
Para o professor Nelson Inocêncio, não há garantia de que o futuro dos negros no Brasil será melhor do que o presente


A historiadora Ana Flávia lembra que o movimento abolicionista começou antes de 1988 (Ana Rayssa/CB/D.A Press - 4/12/19)  
A historiadora Ana Flávia lembra que o movimento abolicionista começou antes de 1988



Uma luta que tem cor, raça e endereço. Por séculos a população afro-brasileira tem buscado condições dignas de viver em sociedade e, mesmo com alguns direitos conquistados, está longe do ideal. Após 133 anos da abolição da escravidão, em 13 de maio de 1888, o retrato que se vê dos negros no Brasil é cruel, com altos índices de violência e desemprego. De acordo com dados da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), em 2018, dos 2.881.854 habitantes do DF, 1.659.995 se declararam negros (57,6%). A maioria vive em regiões periféricas e de baixa renda.

Segundo estudo da Codeplan, em média, os negros recebem 39,4% a menos do que a população não negra. E 15,8% das mulheres negras trabalham como empregadas domésticas para sustentar a família. Uma realidade que se reflete no comportamento vivenciado em 1888, depois da Lei Áurea. O professor de artes e membro do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da Universidade de Brasília (UNB) Nelson Fernando Inocêncio da Silva, 59 anos, faz uma análise histórica desse processo. “A abolição não permitiu que a população negra se tornasse cidadã. A Lei Áurea foi uma forma de se livrar da população negra, tirando a responsabilidade, e a deixando à margem, nas periferias e favelas. O Estado não chega com serviço de saúde, educação e jurídico. O Estado só chega para reprimir”, destaca.

“A abolição é a transição mais longa do Brasil. Buscamos, há mais de um século, que a população negra participe e se torne cidadã efetivamente, com respeito a sua identidade. Não podemos pensar em democracia sem pensar na população negra”, ressalta Nelson Inocêncio. “Nós não temos garantia nenhuma de que o futuro será melhor do que o presente, mas temos que arregaçar as mangas para buscar uma condição mais justa”, afirma o professor.

Para o coordenador distrital do Movimento Negro Unificado do DF, Geovanny Silva, 30, o regime escravocrata e a abolição foi um dos períodos mais cruéis da história da humanidade. Na avaliação dele, houve uma falsa libertação pois não houve política de inserção social. “Não foi dado condições de ensino, política habitacional para que a população negra pudesse ter sua própria moradia. A gente vê um histórico de muita discriminação, de muitos problemas sociais que se refletem até hoje”, destaca.

Na avaliação de Joice Marques, 34, coordenadora geral da Casa Akotirene — Quilombo Urbano, o 13 de maio não deve ser celebrado. “É impossível comemorar enquanto vivemos em uma realidade muito dolorosa. É preciso unificar o nosso discurso de resistência e luta. Em mais de 130 anos, os avanços são muito poucos em comparação ao que foi retirado. É preciso ter um equilíbrio na balança”, avalia. “É triste ver que, em 2021, a gente está lutando pela mesma coisa que há 133 anos. O Brasil é um país que tem um débito com a sua própria história. A gente precisa desse acerto de contas”, ressalta Joice, que faz um trabalho junto a Beatriz Velozo e Kellen Vieira na Casa Akotirene de resgate da história afro-brasileira e da identidade da população negra. O trio tem sido um pilar importante para a comunidade carente de Ceilândia, principalmente durante a pandemia, com a assistência na saúde mental e social de 150 famílias.

Conquistas e desafios
Falar de avanço da população negra só é possível ao evocar a luta dessa comunidade. “Foi muito sangue derramado para que essas conquistas se tornassem reais. Mas, a principal delas é a criminalização do racismo, isso no final da década de 1980, depois de quase 100 anos da abolição. E essa é uma conquista que ainda não foi consolidada, temos poucas condenações pelo crime”, frisa Geovanny Silva. Para ele, o maior desafio, hoje, é o racismo.

“Precisamos superar o caos do sistema de segurança pública, que mira em um jovem negro de qualquer forma. A gente vê chacinas, como a que teve na semana passada, na comunidade do Jacarezinho, no Rio de Janeiro. São vidas negras colocadas em risco. Isso é um grande desafio. De não criminalizar a população negra e sua cultura”, avalia  Geovanny.

A política de cotas nas universidades e em concursos públicos é um elemento de promoção da população negra de grande impacto, na análise da professora do Departamento de História da UnB Ana Flávia Magalhães Pinto. “O Brasil se beneficiou muito dos movimentos sociais negros. As lutas pelo SUS (Sistema Único de Saúde) envolveram muitos militantes negros. As ações afirmativas, a política de cotas sociais. As políticas de saúde de combate à mortalidade infantil. O 13 de maio é um dia de luta pela manutenção dos direitos conquistados”, defende a docente.

História
Ana Flávia conta que o processo para a abolição da escravidão no Brasil foi lento e começou bem antes de 1888. “É importante a gente falar das vidas negras que fazem parte dessa luta. Luis Gama, Chiquinha Gonzaga, Maria Firmino dos Reis, entre outros nomes foram grandes abolicionistas”, lembra. Os movimentos negros iniciaram e, ao longo dos últimos anos, têm ganhado força e fôlego.

De acordo com a historiadora, o Estado fez de tudo para prolongar a escravidão no Brasil, com liberação de direitos feita aos poucos. Um dos primeiros marcos ocorreu alguns anos após a independência do país, em 1831, com a Lei Feijó, que proibia o tráfico de escravos. “Mas essa lei não era cumprida, e muitos negros eram escravizados ilegalmente”, explica a professora. Apenas em 1850 esse tipo de ação foi erradicada no território brasileiro.

Em 1871, outro marco com a Lei do Ventre Livre, a qual permitia que os bebês das escravas nascessem libertos. Na prática, as crianças ficavam sob a tutela do senhor, dono dos escravos, até os 8 anos e, depois, poderiam ser encaminhados para a tutela do Estado. “Nesse período, muitas mães fugiam para ficar com os filhos ou pagavam uma indenização para garantir a liberdade dele. Com essa lei, era possível, também, reivindicar a sua liberdade, mas o valor era muito alto”, explica Ana Flávia. Após 14 anos, foi decretada a Lei Sexagenária, autorizando a libertação de escravos com mais de 60 anos. E três anos depois, a abolição da escravidão no país.



Solidariedade
A Frente Nacional Antirracista (FNA), em parceria com a Central Única das Favelas (Cufa), fará um ato nacional para marcar o dia da abolição do trabalho escravo no Brasil. A ação está prevista para ocorrer em várias regiões do país com entrega de cestas básicas em favelas,  comunidades quilombolas, indígenas e ribeirinhas. No Distrito Federal, a iniciativa entregará, hoje, 300 cestas básicas para famílias em situação de vulnerabilidade social do Sol Nascente.



Linha do tempo

1831

Lei Feijó: proibição do tráfico de escravos que, na prática, não surtiu muito efeito.

1850
Lei Eusébio de Queiroz: fim efetivo do tráfico de escravos no Brasil.

1871
Lei Rio Branco (lei do Ventre Livre): filhos de escravas nascem livres do regime escravocrata brasileiro. Oportunidade de compra da liberdade.

1885
Lei Saraiva-Cotegipe (Lei sexagenária): libertação dos idosos com 60 anos ou mais.

1888
Lei Áurea: abolição formal da escravidão no Brasil.

Correio Braziliense quarta, 12 de maio de 2021

FUTEBOL - CITY GROUP: VENHA FAZER PARTE DO MEU GRUPO

Jornal Impresso

Venha fazer parte do grupo
 
Como o City Group, proprietário do Manchester City, virou um dos maiores compradores de joias da base do futebol brasileiro. Destino dos talentos nem sempre é a matriz, mas filiais espalhadas pelo planeta

 

Marcos Paulo Lima

 

Gabriel Jesus é um dos raros talentos que chegaram ao time mais badalado da multinacional (Adam Dav/AFP - 13/3/21)  
Gabriel Jesus é um dos raros talentos que chegaram ao time mais badalado da multinacional
 
Houve um tempo em que sonho de criança era jogar no time do coração. Depois, em clube de ponta da Europa. Agora, a moda é ter crachá de multinacional do futebol e estar sempre de malas prontas para prestar serviço na matriz ou em alguma filial da companhia pelo mundo afora. Assim funciona o badalado City Football Group — dono do Manchester City.
 
Adversário do Paris Saint-Germain no duelo de volta da Liga dos Campeões da Europa, hoje, às 16h, no Etihad Stadium, o clube inglês venceu o primeiro round, em Paris, por 2 x 1, na semana passada. Logo, a trupe de De Kevin De Bruyne pode até perder por 1 x 0 para avançar pela primeira vez à final do torneio. Neymar e Mbappé precisam liderar o triunfo por dois gols. Em caso de vitória por 
2 x 1, a partida avançará à prorrogação. Persistindo, pênaltis.
 
Novo comprados dos “ pés de obra” brasileiros, o City Group é bancado pelo rico dinheirinho dos Emirados Árabes Unidos e tem um objetivo claro: ter jogadores jovens, na "fralda", desenvolvê-los em sucursais da América do Sul, Norte, Europa, Ásia ou Oceania, turbinar os fora de série no Manchester City e recuperar valores de investimento com a revenda de apostas que não se adaptam à firma. Poucos vão direto para a matriz, como o atacante Gabriel Jesus, por exemplo. Levantamento do Correio mostra que a multinacional investiu mais de 72 milhões de euros em diamantes da base dos times brasileiros. Jesus puxa a fila. O Palmeiras recebeu 32 milhões de euros na transação.
 
As aquisições do jovem Kayky, do Fluminense, por 10 milhões de euros, e do volante Abemly Meto Silu, o Metinho, por 5 milhões de euros, podem render ao Fluminense ao menos 15 milhões de euros (R$ 100 milhões). Há possibilidade, ainda, de o valor dobrar de acordo com variáveis baseadas em metas e eventuais negociações futuras. 
 
Kayky e Metinho são apenas mais duas compras na lista do consumista City Group. Recentemente, eles também tiraram do Brasil campeões mundiais sub-17 pela Seleção Brasileira em 2019, como o lateral Yan Couto (Coritiba), contratado por 6 milhões de euros, e o volante Diego Rosa (Grêmio), contratado pelo mesmo valor. 
 
O City Grupo ataca em várias frentes no Brasil. Tirou Douglas Luiz do Vasco por 12 milhões de euros. Pinçou no Flamengo os jovens Caio Roque por 1,5 milhão de euros e Vinicius Souza por 2,5 milhões de euros. Há contratações mais antigas feitas pelo projeto, como Rony Lopes (Sevilla), adquirido por 1 milhão de euros, e Thiago Andrade (New York City).
 
Filiais
 
O Manchester City é o clube mais visível do City Group, uma espécie de matriz. Nem sempre as jovens apostas partem rumo ao clube inglês. Há filiais espalhadas pelo mundo. Além do Manchester City, a multinacional é dona do Melbourne City (Austrália), Montevideo City (Uruguai), Lommel (Bélgica), New York City (EUA), Mumbai City (India), e tem participações em clubes como Girona (Espanha), Sichuan Jiniu (China), Yokohama Marinos (Japão), Troyes (França) e Bolivar (Bolívia). 
 
Os jogadores passam por um processo de "engorda" em um desses times e de lá partem pra o Manchester City ou são vendidos a outros clubes de ponta. É o caso de Douglas Luiz. O volante revelado pelo Vasco foi comprado pelo Manchester City por 12 milhões de euros, emprestado ao Girona, que disputava a primeira divisão do Espanhol, retornou ao clube inglês e, no ano passado, saiu por 16,8 milhões de euros com o Aston Villa. O volante Diego Rosa, campeão mundial sub-17 com a Seleção em 2019, também defende o Lommel.
 
Joias da base do Flamengo, o lateral-esquerdo Caio Roque, 19 anos, e o meia Vinicius Souza, 21, ganham experiência no Lommel, da Bélgica, um dos clubes satélite do City Group. Campeão mundial sub-17 em 2019, o lateral-direito Yan Couto, 18, trabalha no Girona. 
 
Um dos radares do City Group no Brasil é o empresário Pere Guardiola — irmão de Pep Guardiola, técnico do Manchester City. No ano passado, o agente, que também é proprietário do Girona, inaugurou no Brasil a empresa Media Base Sports, em parceria com o CEO Luiz Rocha. Um dos alvos da firma é trabalhar na gestão da carreira de atletas e treinadores brasileiros e representar clubes que desejam expandir negócios no exterior. 

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Times fazem parte dos tentáculos da multinacional City Football Group:  Manchester City, Melbourne City (Austrália), Montevideo City (Uruguai), Lommel (Bélgica), New York City (EUA), Mumbai City (India), Girona (Espanha), Sichuan Jiniu (China), Yokohama Marinos (Japão), Troyes (França) e Bolivar (Bolívia). 


Lista de compras

Jovens jogadores adquiridos no Brasil pelo City Football Group e levados para o Manchester City ou times satélites da multinacional

» Gabriel Jesus, atacante
 
Custo: 32 milhões de euros
Onde está: Manchester City (Inglaterra)
 
» Douglas Luiz, volante
 
Custo: 12 milhões de euros
Onde está: Depois de passar por Girona e City, foi vendido ao Aston Villa
 
» Kayky, atacante
 
Custo: 10 milhões de euros
Onde está: Fluminense (até completar 18 anos)
 
» Yan Couto, lateral-direito
 
Custo: 6 milhões de euros
Onde está: Lommens (Bélgica)
 
» Diego Rosa, volante
 
Custo: 5 milhões de euros
Onde está: Lommens (Bélgica)
 
» Metinho, meia
 
Custo: 5 milhões de euros
Onde está: Fluminense

» Vinicius Souza, meia
 
Custo: 2,5 milhões de euros
Onde está: Lommens (Bélgica)
 
» Thiago Andrade, atacante
 
Custo: 1,64 milhão de euros
Onde está: New York City (EUA)

» Caio Roque, lateral-esquerdo
 
Custo: 1,5 milhão de euros
Onde está: Lommens (Bélgica)
 
» Rony Lopes, atacante
 
Custo: 1 milhões de euros
Onde está: passou pela base do City e hoje atua no Nice (França)


Correio Braziliense segunda, 10 de maio de 2021

BOLSONARO TESTA APOIO NAS RUAS

Jornal Impresso

Bolsonaro testa apoio
 
Chefe do Executivo liderou grupo de motoqueiros que circularam por vias de Brasília, num teste de popularidade ante as investigações da CPI da Covid. No final, houve aglomerações.  (Marcos Corrêa/PR)
 
Chefe do Executivo reúne apoiadores em passeio de moto por Brasília, descumpre normas sanitárias, diz que tais manifestações são um gesto de amor pelo Brasil e já convoca outro ato para o próximo domingo, com pecuaristas que respaldam o governo

 

Ingrid Soares

Publicação: 10/05/2021 04:00

Presidente parou num dos trechos do trajeto para acenar às pessoas que o acompanhavam. PMDF não calculou quantas motos o acompanharam (Marcos Corrêa/PR)  
Presidente parou num dos trechos do trajeto para acenar às pessoas que o acompanhavam. PMDF não calculou quantas motos o acompanharam
 
O presidente Jair Bolsonaro passeou com centenas de motociclistas simpatizantes ao governo pelas ruas da capital no Dia das Mães. Após a corrida, ele retornou ao Palácio da Alvorada e, sem máscara, distribuiu apertos de mãos, abraços e selfies. Prevaleceu a aglomeração e o descumprimento das normas sanitárias contra o novo coronavírus, além de fotos com pessoas sem máscara ou fazendo uso errado do equipamento. A Polícia Militar do Distrito Federal não calculou quantas pessoas percorreram a cidade ao lado de Bolsonaro.
 
O passeio foi proposto pelo próprio presidente, em live na semana passada. Ele disse esperar a presença de aproximadamente mil apoiadores. “A gente não vai estar indo para comunidade porque eu acredito que mais de mil motos vão se fazer presentes. Eu estou muito feliz. Pessoal quer me acompanhar em um passeio. Todo mundo tem o direito de ir e vir”, afirmou.
 
Bolsonaro ainda convocou apoiadores às ruas para participar de manifestações no próximo dia 15 de maio e disse que “estará lá no meio”. Entidades de produtores rurais nos estados organizam atos de apoio a ele, contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e pelo fim das medidas de isolamento social adotadas por governadores e prefeitos.
 
“Dia 15, pessoal, está todo mundo convocado. Eu vou lá para o meio da rua com o povo do campo. O pessoal do agronegócio está tomando Brasília, e vou estar lá no meio deles, se Deus quiser, agradecendo pelo trabalho que eles fizeram que ao longo da pandemia. Eles e outras categorias não pararam. Até o dia 15, se Deus quiser”, bradou, apesar dos mais de 420 mil mortos e de uma vacinação contra a covid-19 que avança a passos lentos.
 
Ato anti-CPI
A atitude do presidente é uma contraofensiva à CPI da Covid, que investiga as ações e omissões do governo na pandemia e fechou a primeira semana colocando o governo contra as cordas. Ao Correio, em entrevista publicada ontem, o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), deixou claro que, por dar um depoimento no qual claramente não quis comprometer Bolsonaro, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, deverá ser reconvocado — algo que aumentará o desgaste do governo.
 
“A vontade era de perguntar a ele: ‘Se o senhor não fosse ministro e estivesse em seu consultório, o senhor receitaria cloroquina?’ Está patente que ele é contra, mas, para não magoar o presidente, ele não fala”, criticou Aziz.
 
Da mesma forma, em debate no sábado, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI, afirmou que, se a Comissão provar alguma responsabilidade do presidente Jair Bolsonaro no agravamento das mortes pela infecção do novo coronavírus no Brasil, ele será responsabilizado. “Espero que a CPI não chegue a tanto. Mas, se a CPI chegar, não tenho nenhuma dúvida de que ele será responsabilizado, sim”, anunciou.
 
O presidente, porém, disse que tais manifestações não são um ato político, mas de “demonstração de amor à pátria”. Ele voltou a ameaçar baixar um decreto contra o lockdown adotado por governadores e prefeitos e que as Forças Armadas não serão utilizadas para fiscalizar o cumprimento de medidas restritivas.
 
Além disso, mais uma vez, insistiu na adoção do voto impresso. “Não podemos admitir isso, porque o voto é essência da democracia e a sua contagem deve ser de conhecimento de todos e auditada para que, realmente, quem vocês, porventura, vierem a escolher no futuro, os represente”, desafiou, desconsiderando que as urnas eletrônicas já são auditadas e, em 25 anos que são utilizadas jamais houve uma única denúncia de fraude eleitoral.

Correio Braziliense domingo, 09 de maio de 2021

DIA DAS MÃES: MÃE EM TEMPO DE PANDEMIA

Jornal Impresso

Mãe em tempos de pandemia
 
 
Mulheres brasilienses que trabalham na linha de frente e arriscam a vida para levar o alimento e zelar dos seus compartilham a experiência do que é cuidar da família durante a crise sanitária. Um amor que supera as dificuldades e reforça a esperança de tempos melhores

 

» Ana Maria da Silva

Publicação: 09/05/2021 04:00

Mais um Dia das Mães diferente, o momento de comemorar com a família precisará ser novamente adaptado. A tradicional data ganhou novos contornos desde 2020 por conta do isolamento social que surgiu com a pandemia da covid-19. Mas o amor de mãe não cessa, não diminui, principalmente para aquelas que ainda têm que seguir trabalhando. Seja ela uma pessoa que duplica a jornada de trabalho em casa, com o home office; seja uma profissional da saúde, motorista ou varredora, que arrisca a vida para levar o alimento e cuidar dos seus; ou, até mesmo, mulheres reclusas, que levam em seus corações a saudade de filhos e netos, que precisaram se afastar para resguardar a saúde e vida das mães.

 

Leila de Carvalho com a neta Isabela: momentos de tranquilidade (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
Leila de Carvalho com a neta Isabela: momentos de tranquilidade
 

 

Carinho, mesmo que distante


A saudade virou parte da rotina da aposentada Leila de Carvalho Lima, 63 anos. “Eu sempre gostei muito de receber, de agregar. Dentre as minhas irmãs, sempre fui aquela que procura, nos momentos de comemoração, estar junto com quem ama e gosta”, diz. A residência, localizada na Asa Norte, que sempre tinha um dos três filhos e netos para encher a rotina de alegria, passou a ficar vazia. “Não tem como não sentir saudades. Antes da pandemia, com três filhos, tinha sempre um rodízio. Sempre tinha alguém aqui em casa, e eu me sentia mais livre para ir, encontrá-los, dar um oi, tomar um café”, explica.


Agora, a família se reúne em poucos momentos, com o distanciamento e o uso de máscaras. “Faz muita falta esse toque, esse estar junto, e ficamos na esperança de que vai passar”, ressalta Leila. Para matar a saudade, a aposentada diz que a família recorre às redes sociais. Mas, às vezes, recebe a visita de uma das netas, como Isabela, para aliviar o estresse.


Mãe é sinônimo de preocupação, sentimento que também faz parte da rotina de Leila. Ela conta que tomou a primeira dose da vacina Astrazeneca e aguarda os três meses para receber a segunda. Mas a preocupação não mudou. “Mesmo estando no grupo de risco, parece que eu tenho mais medo por eles. É como se eu estivesse em uma contagem regressiva para que todos possam se imunizar, para que não corram tanto perigo”, pontua. “Percebi também o quanto sou importante para eles. O quanto se preocuparam comigo, para que eu ficasse bem. Ver esse amor mútuo, que existe entre mãe e filho, é especial”, diz.

Vanessa da Silva com as filhas: dia corrido e home office (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
Vanessa da Silva com as filhas: dia corrido e home office

Multitarefas diárias
A jornada tripla que envolve atividades domésticas, profissionais e cuidados na educação dos filhos faz parte do dia a dia de muitas mães que, com a pandemia, precisam alcançar a produtividade durante o home office. Servidora pública, doula, estudante de enfermagem, mãe de gêmeas de 4 anos e casada. O currículo de Vanessa da Silva Dias, 31, impressiona. Para dar conta do recado, ela explica que utiliza, como ferramenta, o horário flexível, que surgiu com o home office. “Meu chefe é bem consciente e compreensivo em relação à demanda”, agradece.

 


Além disso, Vanessa conta com uma rede de apoio. “Minha família mora perto, quando preciso, eles me ajudam. No caso da faculdade, estou em ensino remoto. Então minha rotina precisa ser bem organizada. Além disso, precisei virar professora das meninas, porque estão sem ir para a escola. O jeito é dormir pouco e aproveitar o horário que elas dormem para estudar e trabalhar”, diz. De acordo com a funcionária pública, dentre as diversas tarefas, o maior desafio é ser professora das crianças. “Depois que a gente tem filho, percebe o quanto essa profissão precisa ser bem valorizada”, destaca.


Moradora do Jardim Botânico, a brasiliense conta que cursou direito há alguns anos, mas o coração sempre bateu forte pela área da saúde, sonho esse que tinha ficado adormecido com a chegada das filhas. “Sei dos desafios de conciliar a maternidade, trabalho e estudos”, pontua. Durante a pandemia, as portas se abriram para cursar enfermagem. “Amo a profissão, mas ainda tenho o sonho de cursar medicina com especialização em obstetrícia.”


Apesar das inúmeras tarefas, Vanessa explica que pretende ser exemplo para as filhas. “Transmitir valores e contribuir para formação de cidadãos de caráter, com uma educação sempre baseada no amor”, pontua. “A maternidade vem acompanhada de inúmeros desafios, sem dúvida é a maior mudança na vida de uma mulher, mas vem acompanhada do maior amor que alguém pode experimentar”, completa.

Viviane Dias e o filho: luta para manter a casa (Arquivo Pessoal)  
Viviane Dias e o filho: luta para manter a casa

Ficando mais juntos
Mãe de um jovem de 20 anos, Viviane Dias, 42, trabalha como motorista de aplicativo há três anos. Ficar trancada dentro de um veículo transportando outras pessoas pela cidade em plena pandemia faz da motorista alvo fácil do novo coronavírus. Na luta pela sobrevivência, a moradora de Ceilândia se arrisca nas ruas da cidade. “É uma preocupação, porque não é só o risco de ser contaminada, mas também de transmitir para o meu filho”, diz.  “Eu tive pessoas próximas que faleceram de covid-19. É muito ruim a sensação de não ter controle”, afirma.

 


Ela conta que a disponibilidade de horário e o tempo maior em casa ajudaram a estreitar os laços com o filho. “Ele está na faculdade, e acompanha as aulas on-line. Então temos mais tempo juntos e estamos aproveitando. Já éramos muito próximos, então tínhamos o hábito de fazer muitas coisas juntos. Mas agora isso virou costume.”

Cheila Félix:  
Cheila Félix: "Tenho que cuidar da minha mãe e dos meus filhos"

Na direção, com muito orgulho
Todos os dias, elas deixam suas casas e filhos para garantir o direito constitucional de ir e vir de centenas de pessoas. As trabalhadoras do transporte público urbano vestem o uniforme e vão para as ruas carregar vidas e desempenhar um papel fundamental na dinâmica da cidade. Orgulhosa do trabalho que realiza, com muita garra, Cheila Félix de Sousa, 41, trabalha há 19 anos no ramo. Ela conta que começou como cobradora e demorou alguns anos para tornar-se motorista, ganho de maior orgulho em sua vida.

 


Mãe de duas meninas, de 20 e 21 anos, e de um menino de 6 anos, ela explica que hoje é a responsável por cuidar da família, e ressalta as dificuldades que tem vivido na pandemia. O medo e a insegurança deram espaço à preocupação com os filhos. Moradora de Valparaíso de Goiás, ela conta que a parte mais difícil foi quando o caçula, de 6 anos, corria para abraçar a mãe, e chorava quando não era retribuído. “Eu chegava em casa, virava uma paranoia. Tirava a roupa antes de entrar, corria para o banheiro, o pequeno da casa não entendia, brigava, chorava. Questionava se eu não gostava mais dele. Ele não aceitava no começo, doía muito, chegava a chorar, mas eu explicava que era preciso aquele afastamento momentâneo”, recorda.


A dor no coração deu espaço à compreensão do caçula, que atualmente pede para a mãe se cuidar. “Hoje em dia ele aprendeu que é perigoso e que tem que se cuidar”, diz. A relação criada com os filhos ao longo da pandemia se transformou, e a casa virou espaço de compreensão e amor. “Ser mãe é cuidar. Eu tenho que cuidar da minha mãe e dos meus filhos. Tenho que ser supermãe. É sofrer, porque isso acontece, achando que pode levar o vírus para dentro de casa. Ser mãe é uma luta diária”, acredita.

Luciana Cardoso: o amor pela filha é o que dá forças (Arquivo Pessoal)  
Luciana Cardoso: o amor pela filha é o que dá forças

Grávida durante a quarentena
Nada de chá de bebê, visitas na maternidade ou entrar e sair de várias lojas para comprar o enxoval. O ano de 2020 foi desafiador para todo mundo, mas para quem ficou grávida no meio de uma pandemia, as preocupações foram bem específicas. É o caso de Luciana Cardoso do Nascimento, 43, enfermeira da unidade de terapia intensiva (UTI) covid-19, do Hospital Regional de Santa Maria. Mãe de uma menina de nove meses, ela conta que, além de encarar de perto as incertezas da pandemia, precisou enfrentar medos, projetos alterados e privações.

 


Mas o sonho de engravidar foi maior do que a pandemia. “Quando descobri que estava grávida, fiquei em regime de teletrabalho. Eu tive hipertensão na gravidez, e daí minha filha nasceu prematura, com sete meses”, recorda. Após quase dois meses com ela em tratamento na UTI neonatal de Santa Maria, Luciana, moradora do Gama, conta que pegou licença-maternidade e férias.


Ao voltar para o trabalho, na linha de frente, a angústia tomou conta, devido à saúde frágil da filha. “Ela ainda não tinha todas as vacinas. Eu chorava bastante, porque não queria voltar, mas precisava”, diz.


O amor pela filha é o que dá forças a Luciana, para lidar diariamente com as dificuldades. “Ser mãe na pandemia é uma mistura de felicidade e medo. Sair todos os dias para cuidar do amor de alguém e deixar o meu amor é algo que muitas vezes me parte o coração, é uma mistura de sentimentos”, completa.

Fabiana da SIlva: amor pelo que faz é um bom exemplo (Arquivo Pessoal)  
Fabiana da SIlva: amor pelo que faz é um bom exemplo

Fabiana da Silva e a filha: força e determinação
Amar o que faz pode resultar em um bom exemplo para os filhos. Esse é o pensamento da frentista Fabiana da Silva, 35. Moradora de Taguatinga, ela conta que foi uma das vítimas do desemprego na cidade em 2020. Foi nesse momento que precisou lidar com os medos pessoais e ser forte para a filha de 16 anos. Após alguns meses sem trabalhar, ela conta que conseguiu uma vaga como frentista. “Foi um ano de muita dificuldade, lidando com gente que não sabemos se está contaminado. Durante a pandemia, o medo de levar o vírus para nossa casa, amigos, é muito grande”, afirma.

 


Mas Fabiana é forte. Por isso, conseguiu ser exemplo para a filha e ensinou grandes valores. “O que eu posso passar para ela é a educação, ser uma pessoa de carácter, digna, sabendo respeitar as pessoas”, garante.

Simone Bispo: em busca do sustento (Ana Silva/CB/D.A Press)  
Simone Bispo: em busca do sustento

Exemplo
A rotina para quem é varredora no DF também é difícil. Para Simone Bispo de Oliveira dos Santos, 38, sua função ganhou um novo sentido, uma vez que a limpeza da cidade é ainda mais fundamental em tempos de pandemia. Simone é responsável pelo cuidado com os filhos em casa. “Essa pandemia está difícil, mas o que posso fazer é trabalhar para manter a casa. Se eu não tivesse emprego, não tinha como sustentá-los”, conta.

 


Moradora do Sol Nascente e mãe de dois meninos, de 14 e 8 anos, e uma menina de 18 anos, ela conta que é difícil, mas gratificante. “Sair todo dia é um risco para a saúde dos nossos filhos, mas mantenho os cuidados para não levar a pandemia para casa. A gente fica com o coração na mão, mas tem que ir trabalhar pra dar o sustento”, pontua. É por meio do exemplo que Simone procura ser espelho para as crianças. “Eles me ensinam também. Ficamos mais unidos, nos entendemos mais, conversamos, brincamos mais. Ser mãe é uma graça, eles são minhas joias preciosas”, diz.

Vivian Regina:  
Vivian Regina: "É difícil principalmente para quem é mãe"

Na linha de frente

Seja por vocação, seja por necessidade, ficar em casa não é uma opção para as profissionais da saúde. Além de enfrentar a crise sanitária, precisam, ainda, lidar com as angústias de pacientes, a carga de trabalho doméstica e a saudade dos filhos. O fato é que o combate à covid-19 mudou a vida de muitas mães. É o caso de Regina Soares Vasconcelos, 40, clínica geral do Hospital de Base Vivian. Moradora da Asa Norte e mãe de dois meninos, com 9 e 12 anos, ela compartilha as dificuldades que tem enfrentado.

 


“A carga de trabalho está muito grande, exaustiva, porque temos muita demanda, é difícil, principalmente para quem é mãe”, argumenta. A médica conta que, no ano passado, a família foi contaminada pelo vírus. “No começo, a gente acha que é super-herói, e que vai dar conta de tudo. Que não vai trazer essa doença pra dentro de casa. Mas fiquei doente e levei a doença para dentro de casa. Foi um baque emocional muito grande, porque você quer cuidar dos seus filhos”, lembra.


Enquanto alguns gostariam de sair de casa e ir para as ruas, a médica ressalta que o maior aprendizado que teve com a pandemia foi o de valorizar os momentos em casa, com a família. “Eles me mostraram o quanto é gostoso ficar só com eles. Antes da pandemia, a gente chegava em casa e já saía para fazer algo. Agora, eles me ensinaram a importância de ficar junto. Eles me ligavam sempre dizendo que estavam com saudade. Mãe e filho se completam”, destaca.

 


Correio Braziliense sábado, 08 de maio de 2021

DIA DAS MÃES COLORIDO

Jornal Impresso

Dia das Mães colorido
 
Com a proximidade da data, a procura por flores aumentou nas floriculturas de Brasília. Os pedidos são variados. Vão das tradicionais rosas vermelhas a orquídeas, girassóis, lírios e flores do campo

 

CAROLINE CINTRA, JÉSSICA MOURA

Publicação: 08/05/2021 04:00

[FOTO1]
Basta maio chegar que a demanda nas floriculturas aumenta, com os filhos buscando a flor ideal para presentear as mães. Os pedidos são variados, vão desde as tradicionais rosas vermelhas até as orquídeas, girassóis, lírios, flores do campo, dentre outras. Embora existam muitas espécies, a intenção de quem vai presentear é a mesma: expressar o amor. Este é o segundo Dia das Mães em meio à pandemia, e, o presente pode ganhar um significado ainda maior: aproximar mães e filhos separados pelo isolamento social.
 
Uma pesquisa da Federação do Comércio, Bens e Serviços (Fecomércio) sobre a expectativa dos consumidores nessa época do ano mostra que os filhos pretendem gastar, em média,  R$ 114,96 com o presente. Flores e cestas aparecem em quarto lugar entre os regalos mais procurados: 8,06% dos entrevistados pretendem comprá-las.
 
Na floricultura Flor Fina (411 Norte), os pedidos costumam aumentar em até 30% em maio, comparado a outras épocas do ano. Em meio à pandemia, a gerente Janilma Costa explica que os pedidos, agora, têm outro perfil: em vez de apenas arranjos de flores, os clientes têm adquirido cestas de café da manhã e pedem que o presente seja entregue em casa, no domingo. 
 
“Às vezes diminuem o valor nas flores para colocar também a cesta. Além de flores do campo e rosas coloridas, temos colocado chocolates e vinho”, afirma Janilma. “Flores alegram o dia de qualquer um”. Ela diz que, nesse período de frio, as rosas chegam a durar até 10 dias, já as orquídeas duram mais de um mês. 
 
A florista Andiara Antunes faz os buquês de acordo com a personalidade de cada mãe (Fotos: Arquivo Pessoal
)  
A florista Andiara Antunes faz os buquês de acordo com a personalidade de cada mãe
Escolha
 
Na Lis Boutique Floral (@lisboutiquefloral), a florista Andiara Antunes faz os buquês de acordo com a personalidade de cada mãe. Ela sempre foge das tradicionais rosas vermelhas e apresenta um resultado surpreendente para os clientes. “As flores devem ser dadas de acordo com a pessoa que vai receber. Se a mãe é mais alegre, por exemplo, um buquê de flores do campo colorido é o ideal. Para as românticas, flores em tons de rosa. Já as orquídeas combinam com todas elas”, explica.
 
Para a especialista, a procura crescente por flores, desde o início da pandemia, reforça a ideia de que elas aproximam as pessoas. “Não tem quem não goste de ganhar flores, principalmente as mães. Com o distanciamento, é uma forma de o filho estar mais próximo. Ela sente carinho, amor, afeto. É sempre um presente bacana de dar, porque aproxima e surpreende”, complementa.
 
Quem pretende presentear com flores no Dia das Mães precisa estar atento a vários aspectos. Além da personalidade de quem vai ganhá-las, é importante levar em consideração onde a mãe mora. Se for em casa com área onde bate sol diariamente, os filhos podem escolher o lírio da paz, antúrio e bromélia, espécies que gostam de umidade, sombra e raios solares. Para aquelas que vivem em apartamento, com pouco espaço, as orquídeas e as suculentas são as ideais. Andiara recomenda, também, os terrários, que é um recipiente onde se reproduzem as condições necessárias para uma planta sobreviver. “Nem todo mundo consegue cuidar bem da planta. Com um terrário, a pessoa pode ter um minijardim e pode regar a cada três meses, por exemplo”, diz (veja Cuidados com as plantas).
 
Flores por gerações
 
A secretária Andrea Fonseca, 41 anos, trabalha em um viveiro em Taguatinga. Além do trabalho administrativo, ela gosta de tratar das plantas nos canteiros. “Eu gosto muito de flores. Vou presentear minha mãe e espero também ser presenteada”, revela, já dando a dica para a filha de 10 anos.
 
Andreia conta que passou a se interessar pelas plantas aos 16 anos e, desde então, sempre leva flores para a mãe. “Dou na intenção de alegrar, para a pessoa se sentir mais feliz e amada. É muito bom receber uma rosa, um vasinho. Você se encanta pela beleza, o cheiro, o cuidado de todo dia”, explica.
 
Para o Dia das Mães, ela já escolheu qual será o presente. “O girassol, que já dá aquela visão de aquecimento, de ficar pertinho, de cuidado; e a orquídea, que tem a beleza e dura bastante”. Andreia considera que as flores simbolizam as relações dela com a mãe e com a filha. As três moram na mesma casa. “A gente é bem unida, bem grudada, é muito amor”. 
 
Elizabeth Fujimoto:  
Elizabeth Fujimoto: "As pessoas costumam falar que eu faço a flor reviver"
Paixão
 
Flores são os presentes que a empresária Elizabeth Satiko Yamada Fujimoto, 65 anos, mais ama receber. Além de ter um jardim na área externa da casa onde mora, no Lago Norte, dentro da residência há um espaço reservado para elas. Na loja de roupas femininas da qual é dona, sempre há um buquê para harmonizar e alegrar o ambiente. A paixão pelas flores veio quando começou a recebê-las com frequência na Paróquia Nossa Senhora do Lago. “Agora recebo sempre e cuido. As pessoas costumam falar que eu faço a flor reviver. Converso com elas. Acho que é preciso ter esse olhar com as plantas. Ter carinhos por elas”, disse.
 
Mãe de três filhas, Beth costuma ganhar flores nas datas comemorativas e fora delas também. O aniversário de 65 anos teve o tema floral. “Eu tinha uma vizinha que falava que o jardim da minha casa é o meu sorriso, o meu jeito de ser. Esse cuidado é algo que vem de dentro. Já cuidei de uma planta que estava morrendo, seca, que o jardineiro queria arrancar. Eu cuidei, conversei com ela e duas semanas depois ela estava linda e reviveu. Deus colocou algo em mim para cuidar delas, e eu amo”, declara a empresária. 
 
Cuidados com as plantas
 
Gostam de sol
  • Cactos
  • Suculentas
  • Ave do paraíso (também conhecida como Estrelitza)
  • Begônia
  • Gerânio
  • Lavanda 
  • Petúnia
 
Gostam de sombra
  • Antúrio
  • Costela de Adão 
  • Árvore da felicidade 
  • Zamioculca
  • Espada de São jorge
  • Peperômia
  • Bambu areca
  • Lírio da paz
  • Orquídeas
  • Violetas
 
Meia sombra
  • Samambaia 
  • Croton
  • Jiboia 
Florescem o ano todo
  • Begônia 
  • Lavanda
  • Gerânio
 
Serviço
 
Lis Boutique Floral
@lisboutiquefloral
Contato: 9 8134-0145 (Andiara)
 
Floricultura Flor Fina
Contato: 3447-9061
https://florfina.com.br/

Correio Braziliense sexta, 07 de maio de 2021

CADA VACINA TEM AS SUAS CARACTERÍSTICAS - IMUNIZANTE BOM É O DISPONÍVEL

Jornal Impresso

Cada vacina tem as suas características
 
Ao CB.Saúde, médica do Hran ressalta que as pessoas devem tomar os imunizantes disponíveis no momento, a fim de diminuir a hospitalização de quem se infecta com o novo coronavírus e evitar que o paciente desenvolva a forma mais grave da covid-19

 

» Pedro Marra

Publicação: 07/05/2021 04:00

 (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  

Para falar de temas como a baixa procura por vacinas contra a covid-19 e imunização de pessoas com comorbidades, o CB.Saúde — parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília — de ontem, recebeu a médica Joana D’arc Gonçalves, infectologista do Hospital Regional da Asa Norte (Hran). Em entrevista à jornalista Carmen Souza, ela destacou que comorbidades e gravidez não aumentam o risco de efeitos colaterais da vacina. “Não existe medicamento 100% seguro. Temos de vacinar com o que temos”, afirmou a especialista.
 
Dos 513 mil moradores do DF com doenças crônicas, 87 mil fizeram o cadastro para se vacinar. Em três dias, 16% dos idosos com 60 e 61 anos do DF tomaram a primeira dose. O que isso representa?
Quando você começa um processo de imunização em massa, sempre surgem alguns eventos adversos, o que é esperado. Quando você tem esse momento inicial e surge esse evento adverso, as pessoas acabam ficando assustadas. A gente tem um menu de diferentes tipos de imunizantes, alguns com eficácias diferentes, e as pessoas começam a querer escolher qual vacina tomar e acabam esquecendo que estamos em um momento crítico. As vacinas que se tem atualmente são suficientes para a gente sair desse momento crítico do país e tirar os pacientes graves dos hospitais. Cada vacina tem as suas características e pode levar a um evento adverso, mas as pessoas não podem escolher.
 
Qual a orientação que você pode deixar para as pessoas com comorbidades que ainda têm dúvidas sobre a vacinação?
A gente tem que lembrar que o Programa Nacional de Imunização (PNI) diz o que é pautado para diminuir morbidade e mortalidade em pessoas de doenças imunopreveníveis. É um grupo mais vulnerável, porque quem tem uma doença tem um risco maior de complicar (o quadro de saúde). A gente viu que, no início (da pandemia), eram os idosos os mais afetados. Depois, vimos as comorbidades associadas, como obesidade, diabetes e cardiopatias. Para cada tipo de patologia, tem uma reação. Um imunossuprimido, por exemplo, para desenvolver anticorpos protetores com relação à vacina, têm que ter imunidade. Se a sua imunidade está muito baixa, talvez você precise de mais doses para chegar em uma eficácia da vacina. Essas comorbidades devem ser avaliadas para saber qual grupo vai receber determinadas vacinas.
 
Há relatos de pessoas indo aos postos e rejeitando algumas vacinas por opção. Essa é uma boa estratégia?
De jeito nenhum. A vacina AstraZeneca é bastante segura, e os problemas que a gente teve com ela foram pontuais, com relação à trombose, foram em populações diferentes, em mulheres em uma faixa etária determinada, muito pontual. E tivemos vários problemas com outras vacinas, que são bem mais caras e não foram demonizadas. Quando você toma uma vacina da Pfizer ou da Moderna, você tem reações muito mais acentuadas do que em relação à AstraZeneca, por exemplo. Temos que vacinar com o que temos. Os eventos que evidenciamos no Brasil, que a Anvisa lançou recentemente, estão mais associados a ter uma sonolência e uma dor local e, em alguns casos, um quadro de diarreia. Eventos graves não temos registro. Devemos confiar nesses produtos para nós vacinarmos e sairmos dessa situação.
 
Quais os riscos de não se vacinar?
É uma oportunidade única. Tem muita gente querendo se vacinar, e algumas pessoas não comparecendo, é ruim para quem não se imuniza. Temos uma perspectiva de uma terceira onda, estamos neste período de inverno, temos outras doenças virais que podem se sobrepor à covid-19. Então, a pessoa que não se imunizar perde uma chance única de minimizar os danos e de não ter o risco de sofrer com a doença. Quem fica doente ou perde um familiar não deixa de se vacinar. A maioria da população não passou por essa situação. Não espere por esse momento.

 


Correio Braziliense quinta, 06 de maio de 2021

MORTE E ABANDONO DE CRIANÇAS COMOVEM O DF

Jornal Impresso

Morte e abandono de crianças comovem o DF
 
Bebê que morreu em Samambaia sofreu várias lesões provocadas por ação humana, aponta laudo. Versão inicial de acidente foi descartada, e a mãe e o padrasto estão presos. Ontem, uma recém-nascida foi encontrada em um papa-lixo no Sol Nascente

 

» DARCIANNE DIOGO

Publicação: 06/05/2021 04:00

Três dias depois de completar o primeiro ano de vida, Yasmim Sophia Moura Boudoux entrou para a triste estatística de crianças que morreram vítimas de maus-tratos no Distrito Federal. A bebê faleceu por traumatismo craniano na tarde de 13 de fevereiro. Inicialmente, a queda do berço teria provocado o óbito, mas o laudo cadavérico do Instituto de Medicina Legal (IML) descartou a hipótese e confirmou que a menina faleceu em decorrência de ação humana. O padrasto e a mãe foram presos, na terça-feira, temporariamente, mas negaram as acusações em depoimento.
 
O Correio teve acesso às informações do laudo cadavérico, onde constatou-se que os maus-tratos contra a bebê eram contínuos e ocorreram em períodos distintos. Yasmim apresentava cinco marcas de hematomas no pescoço, supostamente causadas por dedos, e na parte frontal da coxa; lesão no olho direito; fraturas nas costas, no crânio e no ombro; e feridas na região das nádegas, com resquícios de fezes. “Os médicos legistas concluíram que os hematomas apresentavam uma escala de cor diferentes, o que determinou que havia lesões antigas. Só não sabemos precisar o tempo exato”, afirmou o delegado-chefe da 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia Norte), Rodrigo Larizzati. 
 
No dia do ocorrido, a equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionada até o endereço da família, na QR 427 de Samambaia, e encontrou a criança sem vida. O laudo do Instituto de Criminalística (IC), que reuniu provas acerca do local, derrubou a tese de que a bebê morreu ao cair do berço. Peritos concluíram que a distância entre o móvel e o chão não causaria os graves ferimentos à Yasmim, muito menos a morte. 
 
Em depoimento, o padrasto afirmou que Yasmim teria morrido após o outro filho da mulher, de 2 anos, ter derrubado a criança acidentalmente ao tirá-la do berço. A versão não convenceu os policiais. Os dois negaram as acusações e alegaram que nunca bateram ou agrediram a bebê. Em audiência de custódia, a mulher declarou que estava grávida de 1 mês do marido. A jovem é mãe de outro menino, de 5 anos, fruto de um relacionamento anterior. O casal permanecerá preso por 30 dias e prestará novo depoimento à polícia. “As investigações continuam para saber se foi homicídio ou maus-tratos que resultaram em morte. Uma coisa podemos confirmar: não foi acidente. Mataram a Yasmim”, declarou o delegado. As duas crianças estão sob a guarda da avó materna.
 
Em dezembro do ano passado, Yasmim fraturou a costela e precisou ser encaminhada ao hospital da região. Chegando à unidade de saúde, ela passou por exames de raio-x e a mãe foi informada pela médica de que a criança precisaria ser internada. Após saber disso, a mulher fugiu do hospital com Yasmim, sob a alegação de que tinha outros dois filhos para cuidar e não tinha com quem deixá-los.
 
Rotina conturbada
Com um ano de relacionamento, o casal mudou-se há pouco mais de quatro meses para um barraco dentro de uma casa, na QR 427 de Samambaia, dividido com uma vizinha dos fundos. Em entrevista ao Correio, a moradora, que preferiu não revelar a identidade, relatou que ouvia discussões e o choro da criança constantemente. “Ele batia muito neles. Era impossível não ouvir, porque incomodava bastante. Achávamos que era fome ou algo parecido”, contou. 
 
A mãe era dona de casa, enquanto que o homem trabalhava como vigilante em um supermercado da região. Uma vizinha relata que as crianças eram colocadas para dormir o dia inteiro. “Assim que elas acordavam, ele já falava: ‘vai dormir, menina’. Parecia que ela (mãe) não se preocupava e deixava o marido fazer o que quiser, mandar nas crianças, e não interferia em nada”, relembra.
 
Com 1 ano, Yasmim ainda estava aprendendo a engatinhar e não falava sequer uma palavra. Com o peso abaixo da média, a vizinha conta que as crianças estavam desnutridas e passavam necessidades. “Cansei de ajudá-los com cestas básicas”, completou.
 
Na tarde de 13 de fevereiro, a moradora contou que estava em casa quando ouviu um barulho alto vindo da casa da família, mas não escutou choro ou qualquer pedido de socorro. “Descemos para ver o que era e só encontramos a neném toda molinha, sendo levada para o Samu. Ele (padrasto) não demonstrava qualquer reação, nem desespero e nem choro. A mãe não estava em casa no dia”, lembra.
 
 
 
Bebês abandonados 
 
Setembro de 2020
 
Bebê é encontrada ao lado de uma caixa d’água que pertencia a um orfanato em Sobradinho. O choro da menina de apenas cinco dias de vida foi ouvido por funcionários da instituição e que acionaram o Conselho Tutelar. 
 
Outubro 2020
 
Um menino foi achado em uma caixa de isopor na BR 040, entre os municípios de Luziânia e Cristalina. A criança tinha poucas horas de vida e ainda estava ligada à placenta. Ele foi resgatado após uma denúncia. Depois da alta, foi levado para um abrigo. 
 
Outubro 2019
 
Recém-nascida foi encontrada dentro de uma sacola plástica e foi deixada em uma calçada, na QNB 13, em Taguatinga, e foi encontrada por uma mulher que trabalhava nas proximidades. Como o resgate do Corpo de Bombeiros demorou, populares a levaram ao hospital. 
 
 
 
Em queda
 
Dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) indicam redução em 28,4% nos crimes de maus-tratos às crianças e adolescentes, comparando o primeiro trimestre deste ano ao de 2020. Foram 73 ocorrências entre janeiro e março de 2021, contra 102 no mesmo período do ano passado.

Correio Braziliense quarta, 05 de maio de 2021

PAULO GUSTAVO: O ARTISTA QUE FEZ O PAÍS GARGALHAR

Jornal Impresso

O artista que fez o país gargalhar
 
 
Internado desde 13 de março, comediante chegou a apresentar melhora no domingo. Seu coração parou às 21h12

 

Maria Eduarda Cardim
Sarah Teófilo
Fabio Grecchi

Publicação: 05/05/2021 04:00

 

Paulo Gustavo em três
tempos: dividindo os palcos 
com a mãe, Déa Lúcia; abaixo, à esquerda, na pele de Dona Hermínia, o personagem que o projetou; e com a atriz Monica Martelli, com quem dividiu as telas em  Os homens são de Marte... e é pra lá que eu vou; e com o marido e os filhos (Deca Produções/Divulgação)  
Paulo Gustavo em três tempos: dividindo os palcos com a mãe, Déa Lúcia; abaixo, à esquerda, na pele de Dona Hermínia, o personagem que o projetou; e com a atriz Monica Martelli, com quem dividiu as telas em Os homens são de Marte... e é pra lá que eu vou; e com o marido e os filhos

 

O ator e humorista Paulo Gustavo morreu, ontem, aos 42 anos, depois de lutar contra a covid-19 por quase dois meses. Ele estava internado desde 13 de março em um hospital da Zona Sul do Rio de Janeiro e chegou a apresentar melhora no último domingo, mas, naquele mesmo dia, sua saúde começou a deteriorar. No começo da noite de ontem, porém, uma nota da assessoria de imprensa do comediante afirmou que o quadro dele era irreversível em decorrência de uma fístula brônquio-venosa, mas que continuava com sinais vitais. Porém, às 21h12, o coração de Paulo Gustavo parou de bater.


Niteroiense, ele foi um dos expoentes de uma geração de humoristas que deram ao cinema, ao teatro e à tevê nomes como Tatá Werneck, Marcelo Adnet, Gregório Duvivier, Fabio Porchat, Cacau Protásio, Fernando Caruso e Dani Calabresa. Paulo Gustavo começou a chamar a atenção no final de 2004 no elenco da peça Surto, quando apresentou a personagem Dona Hermínia — que, anos depois, levaria às telas em três filmes que foram campeões de bilheteria. Depois de deixar a companhia de teatro, fez pequenas participações e voltou a chamar a atenção na série A Diarista, da Rede Globo.
Em 2006, Paulo Gustavo voltou ao seu ambiente predileto, o teatro. Estreou o espetáculo Minha Mãe É Uma Peça, um monólogo novamente calcado na Dona Hermínia, que, conforme admitiu anos depois, tinha sido construído com base na mãe dele. Seu desempenho nos palcos rendeu-lhe uma indicação ao Prêmio Shell de melhor ator.


Em 2011, tornou-se apresentador do humorístico 220 Volts, quando fez dupla com o também comediante Marcos Majela, no canal por assinatura Multishow, que durou cinco temporadas. Com a repercussão, Paulo Gustavo consolidou-se como um ator de excelente improviso e capaz de arrancar  gargalhadas com suas críticas ferozes. Em junho de 2013, foi um dos protagonistas do sitcom Vai que Cola, também no Multishow, que ganhou uma adaptação para o cinema, em 2015. A participação terminou em 2017, quando entrou no programa A Vila, junto com Katiuscia Canoro, com o roteiro de Leandro Soares.


Paulo Gustavo casou-se em 20 de dezembro de 2015 com o dermatologista Thales Bretas. Dois anos depois, anunciou que ele e o marido seriam pais de um casal de gêmeos, Gael e Flora, gerados em uma barriga de aluguel, mas os bebês morreram em um aborto espontâneo. Apesar da tristeza da perda, em 2019 ele anunciou o nascimento dos filhos do casal, chamados Romeu e Gael, de barrigas de aluguel diferentes.


Em 13 de março, o ator foi internado com diagnóstico de covid-19. Em 2 de abril, seu quadro clínico piorou e foi introduzido à terapia de oxigenação por membrana extracorporal, uma espécie de “pulmão artificial”, aparelho que efetua a absorção do oxigênio quando o órgão apresenta comprometimento severo.


Em 3 de maio, mesmo após melhoras nos dias anteriores, Paulo Gustavo sofreu uma embolia pulmonar, o que causou uma piora significativa em seu estado de saúde. Mas, ontem, um boletim médico anunciava que o quadro dele era irreversível. Poucas horas depois, não resistiu.
Pelas redes sociais, artistas, intelectuais, governadores e políticos de oposição e ligados ao governo Bolsonaro — sobretudo alguns que todos o tempo negaram a gravidade da pandemia, como o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) — publicaram manifestações de solidariedade à família e aos amigos de Paulo Gustavo.

 

 (Reprodução/Instagram)  
 

 

 

Uma lição: “rir é um ato de resistência”

Desde que o estado de saúde de Paulo Gustavo se agravou, a mensagem do especial de fim de ano do programa 220 volts, exibido no canal por assinatura Multishow, vem sendo lembrada pelos fãs. Ontem, em meio à consternação pela morte do artista, a despedida do ator voltou a circular. “Eu faço palhaçada, você ri, eu fico com o coração preenchido aqui. Eu me sinto realizado de estar conseguindo te fazer feliz. Rir é um ato de resistência. A gente agora está precisando dessa máscara chata para proteger o rosto desse vírus e, infelizmente, essa máscara esconde algo muito precioso para nós brasileiros: o sorriso. Ele está tapado, tem que ficar tapado, mas ele existe, e ele não vai deixar de existir”, disse Paulo Gustavo.

 

Fabio Porchat, comediante e apresentador
“Hoje a vida perdeu um pouco da graça. O Brasil perde um pedaço precioso seu. Que triste é ter que viver num mundo sem Paulo Gustavo. Um pedaço de mim se vai. Te amo, Paulito”.

Caetano Veloso, cantor e compositor
“Paulo Gustavo é a expressão da alegria brasileira. Paulo, esse poço de talento e gerador de prazer doado ao Brasil por Niterói, encarnou, em seu trabalho e em sua vida pessoal, essa alegria antes apenas mítica”.

Preta Gil, cantora
“Descanse em paz meu irmão, você iluminou nossas vidas aqui na terra e, agora, vai iluminar aí de cima! Te amo eternamente! Gênio!”.

Padre Fábio de Melo
“Paulo, meu querido, foi a primeira vez que você nos fez chorar”.

Dani Calabresa, humorista e apresentadora
“Meu Deus... não sei o que escrever.. Paulo Gustavo, uma pessoa que fez o país gargalhar.. Não dá pra acreditar.. que tristeza...”
 
Caetano Veloso, cantor e compositor
“Paulo Gustavo é a expressão da alegria brasileira. Paulo, esse poço de talento e gerador de prazer doado ao Brasil por Niterói, encarnou, em seu trabalho e em sua vida pessoal, essa alegria antes apenas mítica”.

Paulo Coelho, escritor
“Assassinos de Paulo Gustavo: quem dizia ‘é só uma gripezinha’, ‘não passa de 200 mortes’, ‘cloroquina resolve’, ‘gente morre todo dia’, ‘lockdown destrói o país’, ‘máscara nos faz respirar ar viciado’, ‘eu obedeço o comandante’. E por aí vai”.

Taís Araújo, atriz
“Que você descanse e que Deus conforte sua mãe, sua irmã, seu marido, seus filhos, seus amigos, seus fãs. Somos todos sortudos por termos tido você. Ainda temos você, porque o que você construiu é eterno”.

Leandra Leal, atriz
“Paulo Gustavo revolucionou através do amor e do riso. Muito triste perder alguém tão bom, talentoso, alegre e jovem. Um ser exemplar, uma referência para tantos, uma inspiração”.

Flávio Bolsonaro, senador (Republicanos-RJ)
“Meus sentimentos aos familiares e amigos do ator Paulo Gustavo. Que Deus conforte a todos”.

Arthur Lira, presidente
da Câmara (PP-AL)
“Em nome da Câmara, manifesto a minha solidariedade e a de todos deputados aos familiares e amigos do ator Paulo Gustavo. Sua obra e seu talento conquistaram a alegria e a admiração de todos e sua partida, tão cedo, deixa enorme tristeza, vazio e dor no coração dos brasileiros”.

Marcelo Freixo, deputado
federal (PSol-RJ)
 “Perdemos um jovem brilhante, talentoso, alegre. Um artista que sempre fez tão bem ao Brasil, com uma carreira enorme pela frente. Vá em paz, Paulo Gustavo. Você fará muita falta. Minha solidariedade à família e aos amigos”.

Eduardo Leite, governador
do Rio Grande do Sul
 “Mais uma perda para a tragédia coletiva da Covid-19. Meus sentimentos à família. Como ele disse no mesmo vídeo: “‘A gente não vai deixar de sorrir, a gente não vai deixar de ter esperança’”.

Luiz Inácio Lula da Silva,
ex-presidente
“Recebi com muita tristeza a notícia da morte de Paulo Gustavo. A covid levou hoje mais um de nós. Um grande brasileiro, que brindou nosso país com tanta alegria”.

Felipe Santa Cruz, presidente da OAB
“O Brasil inteiro de luto! Perdemos um dos melhores artistas da geração. Eu e minha família somos muito fãs do Paulo Gustavo. Ir ao cinema para assisti-lo é parte marcante da infância dos meus filhos. Não consigo conceber que este grande talento foi interrompido tão precocemente!”


Correio Braziliense terça, 04 de maio de 2021

CORONAVÍRUS - DF VACINA PESSOAS COM COMORBIDADES

Jornal Impresso

DF vacina pessoas com comorbidades
 
Com cerca de 70 mil doses da AstraZeneca/Oxford e 5,8 mil da Pfizer/BioNTech disponíveis, imunização do novo grupo começa às 8h. Para ser atendido, é necessário agendar. Quem nunca fez tratamento pela rede pública de saúde deverá apresentar laudo médico

 

» SAMARA SCHWINGEL
» DARCIANNE DIOGO

Publicação: 04/05/2021 04:00

O casal de aposentados Cícero e Maria do Rosário elogiou a organização no posto de atendimento noturno (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
O casal de aposentados Cícero e Maria do Rosário elogiou a organização no posto de atendimento noturno


A partir das 8h de hoje tem início a campanha de vacinação contra a covid-19 para pessoas com comorbidades no Distrito Federal. Nesta primeira etapa, indivíduos com síndrome de Down, com deficiência cadastradas para receber o Benefício de Prestação Continuada (BPC), pacientes que fazem hemodiálise, gestantes com comorbidades e imunossuprimidos poderão receber a primeira dose dos imunizantes. Cerca de 2.324 pessoas haviam agendado o atendimento até as 16h de ontem, segundo a Secretaria de Saúde (SES-DF), mas o total de vagas para esse público era de 10 mil. Hoje, haverá reabertura do agendamento para profissionais de saúde da rede privada e, amanhã, para pessoas com comorbidades de 55 a 59 anos.

A vacinação ocorre em 55 pontos da capital federal (confira a lista no site do Correio), sendo às 8h nos pontos presenciais e, às 9h, nos drive-thrus. O atendimento segue até as 17h, e é necessário agendar pelo portal vacina. saude.df.gov.br. Para o grupo de pessoas com comorbidades serão usadas, inicialmente, 75,8 mil doses de vacinas — 70 mil da Oxford/AstraZeneca, das quais, 10 mil serão para o primeiro grupo, e as demais, para o próximo grupo. Além dessas, os 5,8 mil imunizantes da Pfizer/BioNTech que chegaram ao DF ontem à noite serão para esse grupo.

Em entrevista no Palácio do Buriti, o secretário da Casa Civil, Gustavo Rocha, fez um pedido à população: “(A imunização) é a saída mais rápida para o momento que estamos vivendo. Então, se você faz parte do público-alvo, procure um ponto de vacinação e vacine-se”.

Nas redes sociais, o governador Ibaneis Rocha (MDB) reforçou que não deve haver preocupação quanto à qualidade das doses disponíveis na rede. “Todas elas são seguras e eficientes contra a covid-19. Faço um apelo para que todas as pessoas com mais de 60 anos busquem os postos de vacinação tanto para (receber) a primeira quanto a segunda dose, porque só vamos superar essa crise à medida que as pessoas forem vacinadas”, escreveu o chefe do Palácio do Buriti.

Cadastro

O número de pessoas com comorbidades cadastradas no site da Secretaria de Saúde chegou a 87.315, às 14h30 de ontem. A maioria deles registrou diagnóstico de hipertensão arterial (30,34%), diabetes mellitus (22,46%) e imunossupressão (9,08%). O cadastro é necessário para pessoas com comorbidades que queiram se vacinar contra a covid-19 no DF.
Presente à coletiva, o secretário de Saúde Osnei Okumoto ressaltou que o cadastro é importante para que a pasta se prepare para as próximas fases. “Aguardamos o cadastro para que entendamos (os números) e para que o Ministério da Saúde possa repor as doses, caso tenhamos uma demanda maior que o número de vacinas”, justificou.

O chefe da pasta reforçou que nenhuma pessoa deixará de ser atendida. Se as vagas acabarem ou a data do agendamento passar, a pessoa poderá aguardar a abertura das próximas etapas. Às pessoas que agendaram o atendimento, Osnei Okumoto ressaltou que elas não devem esquecer os documentos (leia Tira-dúvidas). Quem tiver dificuldade de locomoção poderá ser atendido em casa por por equipes de saúde. Basta marcar essa opção no ato da marcação, no site da SES-DF.

Novo horário

Ontem, um posto de vacinação noturno começou a funcionar na Praça dos Cristais, em frente ao Quartel-General do Exército, no Setor Militar Urbano (SMU). O drive-thru atenderá de segunda a sexta-feira, das 18h às 23h, com  militares das Forças Armadas do Comando Conjunto Planalto que atuam na área da saúde. Todos passaram por treinamento e aplicarão primeira e segunda doses.

No dia de abertura, houve períodos de pouco movimento, mas, também, momentos de longas filas. A princípio houve disponibilização de 1 mil doses para o novo posto. O casal de aposentados Maria do Rosário, 61, e Cícero de Aguiar, 63, elogiou a organização: “Foi tudo muito rápido. Chegamos e não levamos cinco minutos para nos vacinar. Sabemos que são profissionais comprometidos, sérios, que prezam pelo bem e pela saúde da população. Nosso desejo é que todos sejam vacinados”, disse Maria.

Os policiais civis André Maurício, 49, e José Carlos, 49, estavam ansiosos pela vacina e comemoraram a imunização. “Aguardávamos nossa vez com certa ansiedade e, graças a Deus, chegou”, comentou André. José não pegou a covid-19, mas temia contrair a doença e infectar familiares. “A segurança não para, e estamos na linha de frente. Claro que ficamos com medo de passar essa doença para quem amamos. Não sabemos o dia de amanhã”, comentou.

A Secretaria de Saúde não informou quantas doses das 11 milhões recebidas pelo Ministério da Saúde virão para o DF nos próximos dias. No entanto, segundo Osnei Okumoto e Gustavo Rocha, o Executivo local continuará a seguir as recomendações do Plano Nacional de Imunização (PNI) do governo federal. Com a mudança nas orientações, além de aplicar a primeira dose nos grupos-alvo, a SES-DF continuará a reservar imunizantes para a segunda dose.


Tira-dúvidas 
O que levar no dia
da vacinação?
Documento de identificação, cartão de vacinação (se houver), comprovante de agendamento, laudo médico que ateste a existência da comorbidade (caso nunca tenha havido atendimento na rede pública) e termo de autodeclaração, ratificando que a comorbidade é verdadeira e que o paciente se responsabiliza pelas informações. Se houver identificação de irregularidades, a pessoa vacinada poderá responder legalmente.

Se não levar, a pessoa
perde a vaga?
Caso o paciente esqueça os papéis em casa, ele pode voltar, pegar e, então, retornar ao posto de atendimento no mesmo dia para receber o imunizante. Caso não seja possível buscar ou se a pessoa não tiver os documentos, ela perderá a vaga.

Quem são os grupos
atendidos nesta
primeira fase?
Pessoas com síndrome de Down; pessoas com deficiência e cadastro para recebimento do Benefício de Prestação Continuada (BPC); pacientes que fazem terapia renal substitutiva (hemodiálise); gestantes com comorbidades; e imunossuprimidos.

Até quando vai
esse atendimento?
A vacinação do primeiro grupo está prevista para ocorrer entre hoje e quinta-feira. Porém, caso haja necessidade devido à alta demanda, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal pode ampliar o calendário.

Quais são as outras fases?
E quem será atendido nelas?
Entre sexta-feira e sábado, serão vacinadas pessoas com  59 anos e alguma comorbidade. Entre os dias 10 e 11 de maio, pessoas com 58 anos; nos dias 12 e 13, aquelas com 57 anos; e assim por diante, até alcançar pacientes com doenças crônicas e 55 anos. A Secretaria de Saúde detalhará as fases seguintes de acordo com o andamento da campanha e a chegada de novas doses ao DF.

Quantas pessoas têm
comorbidades no DF?
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados em novembro mostram que há cerca de 513 mil pessoas com algum tipo de comorbidade e menos de 60 anos no Distrito Federal.

Só será vacinado quem
estiver cadastrado?
Sim. O cadastro é uma etapa necessária para a imunização de pessoas com comorbidades. Só poderá fazer o agendamento quem se cadastrar antes.

Correio Braziliense segunda, 03 de maio de 2021

CAMPEONATO CARIOCA: FLUMINENSE - VANTAGEM PRESERVADA

Jornal Impresso

Vantagem preservada
 
Com reservas, Fluminense joga bem, empata com a Portuguesa e mantém condição confortável por classificação à decisão do campeonato estadual. Avassalador, Flamengo deve confirmar a outra vaga

 

Publicação: 03/05/2021 04:00

 
Titulares do tricolor das Laranjeiras foram poupados para o duelo contra o colombiano Junior Barranquilla, na quinta-feira, pela Copa Libertadores (Mailson Santana/Fluminense FC
)  
Titulares do tricolor das Laranjeiras foram poupados para o duelo contra o colombiano Junior Barranquilla, na quinta-feira, pela Copa Libertadores
 
O Fluminense jogará por um empate contra a Portuguesa, daqui a uma semana, para avançar à decisão do Campeonato Carioca. O time reserva utilizado pelo técnico Roger Machado jogou bem e buscou a igualdade no estádio Luso-Brasileiro, no Rio de Janeiro, ontem, por 1 x 1, mantendo a vantagem no confronto. A revanche pelos 3 x 0 na fase anterior não veio, mas o resultado foi bom, pois os titulares foram preservados para a Copa Libertadores.
 
De olho em mais uma dura partida na Colômbia, pela Libertadores, desta vez em Barranquilla, contra o Junior, o técnico Roger Machado desistiu da ideia de usar um time misto e optou pelos reservas no Luso-Brasileiro. Apenas o goleiro Marcos Felipe começou a partida. Fred, Nenê, Calegari e Nino nem foram relacionados para a semifinal.
 
O jogo começou em alta velocidade no Luso-Brasileiro. Logo aos cinco minutos, bela trama e Neguete salvou a cabeçada forte de Paulo Henrique Ganso. A resposta veio imediatamente, desta vez com o zagueiro Manoel evitando o primeiro gol do jogo em chute de Chay.
 
Curiosamente, os dois jogadores envolvidos nas primeiras chances de cada lado apareceriam no lance do gol da Portuguesa. Após cruzamento, a bola bateu no braço do meia e o VAR foi acionado. Após quatro minutos de verificação, o pênalti acabou anotado e o atacante cobrou com perfeição, sem chances para Marcos Felipe.
 
Até então invicta contra os grandes do Rio de Janeiro, com vitórias sobre Vasco e Fluminense, além de empates com Flamengo e Botafogo, a atrevida Portuguesa mais uma vez estava aprontando, em um primeiro tempo de grandes oportunidades.
 
Abel Hernández perdeu gols incríveis, assim como Paulo Henrique Ganso. O meia parou em Neguete e ainda teve um gol evitado por Watson, em cima da linha. Marcos Felipe também trabalhou bem na atraente etapa.
 
As equipes mantiveram escalação e postura após o retorno do vestiário. A Portuguesa, em menos de 10 minutos, chegou três vezes. Chay, egoísta, não serviu um companheiro e o time perdeu gol claro. Pelo Fluminense, o cobrado Cazares enfim deu as caras, com chute raspando e cruzamento na cabeça de Paulo Henrique Ganso que bateu na mão de Diego Guerra em novo lance de VAR e pênalti anotado, agora mais rapidamente. Mesmo com dois habilidosos meias, quem assumiu a cobrança foi Abel Hernández. O uruguaio deslocou o goleiro para anotar.
 
Com o passar do tempo, os times viram os escalados cansarem e optaram por inúmeras mudanças, o que fez o ímpeto ofensivo diminuir. A partida ficou mais equilibrada e sem novos gols, apesar de defesas de Marcos Felipe e Neguete nos acréscimos. O Fluminense apostará em novo empate, agora em casa, enquanto que a Portuguesa acredita que pode repetir a vitória da primeira fase no Maracanã para se garantir na decisão.
 
Pedro, arrasador
Reserva de luxo do artilheiro Gabriel Barbosa, o atacante Pedro continua mostrando em campo ter faro de gols. No sábado, no Estádio Raulino de Oliveira, em Volta Redonda, ele escreveu mais uma página na carreira ao marcar os três gols, que deram a vitória do Flamengo sobre o Volta Redonda, por 3 x 0, pelo jogo de ida das semifinais do Campeonato Carioca. “Mérito total para a equipe. Nosso elenco é de alto nível”, apontou o artilheiro de 23 anos, que ao final do jogo pegou a bola para guardar como recordação. Amanhã, Gerson desfalca o Flamengo no duelo contra a LDU, no Equador, pela terceira rodada da fase de grupos da Copa Libertadores. O 
meio-campista tem uma lesão leve, mas não poderá estar à disposição.

Correio Braziliense domingo, 02 de maio de 2021

CORONAVÍRUS - VACINAÇÃO NO DF CHEGA A GRUPO COM COMORBIDADES CADASTRADAS

Jornal Impresso

Mais de 65 mil pessoas com comorbidade cadastradas
 
O cadastro deve ser feito no site da Secretaria de Saúde. Agendamento para a primeira fase de imunização deste grupo começa amanhã. Vacinação dos idosos acima de 60 anos continua. Não há previsão para incluir novos grupos nas etapas de imunização em andamento

Na Torre de TV, um grupo de teatro levou alegria a quem foi tomar a vacina (foto). No Distrito Federal, encerrada a imunização dos brasilienses com idade superior aos 60 anos, o foco da Secretaria de Saúde se volta para pessoas com comorbidades. A partir de amanhã, quem integra esse grupo pode fazer o agendamento para tomar a vacina. Mas, antes, é preciso se cadastrar no site vacina.saude.df.gov.br. No primeiro dia, houve 65.315 registros. O maior percentual, até agora, é o de pessoas com hipertensão arterial (29,5%), seguidas de quem sofre com diabetes mellitus (22,84%). Segundo dados do IBGE, há 513 mil habitantes no DF com comorbidades. A vacinação será dividida em etapas. Na primeira, que começa na terça-feira, serão imunizadas pessoas com síndrome de Down; pacientes em terapia renal substitutiva; gestantes e puérperas com comorbidades e pessoas com deficiência. Todas com idade entre 18 e 59 anos. <br>
<b>Ministério da Saúde inicia distribuição de 6,9 milhões de doses <br>

<País registra mais 2.656 mortes por covid-19 em 24h <b>, Carlos Vieira/CB/D.A Press

» CIBELE MOREIRA

Publicação: 02/05/2021 04:00

Cerca de 6,4 mil pessoas receberam a primeira dose da vacina contra a covid-19, ontem, no Distrito Federal (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  
Cerca de 6,4 mil pessoas receberam a primeira dose da vacina contra a covid-19, ontem, no Distrito Federal
 
No primeiro dia de cadastro do grupo prioritário com comorbidade, estimado em 513 mil (considerados aqueles com menos de 60 anos), a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) recebeu 65.315 registros de autodeclaração por doença crônica. A maior procura foi de pessoas com hipertensão arterial, representando 29,5% dos acessos contabilizados pela pasta. Quase 15 mil pacientes com diabetes mellitus já fizeram o cadastro para garantir o agendamento para receber as doses da vacina contra a covid-19. A previsão é de que na terça-feira inicie a vacinação de pessoas com Síndrome de Down, pacientes em terapia renal substitutiva, gestantes e puérperas com comorbidades, e pessoas com deficiência — todas com idades entre 18 e 59 anos. O cadastro de pessoas com comorbidade deve ser feito no site 
 
https://vacina.saude.df.gov.br. A imunização dos grupos já contemplados para receber as doses seguem normalmente nos pontos distribuídos pelo DF. 
 
De acordo com a SES-SF, o agendamento para receber a vacina na primeira fase da imunização do público com comorbidade começa amanhã pelo site da secretaria (veja Etapas da vacinação). Segundo a pasta, a imunização desse grupo irá ocorrer de acordo com a disponibilidade de novas doses da vacina ao Distrito Federal. Há a expectativa da chegada de uma remessa do imunizante da Pfizer/BioNTech, além de mais doses da AstraZeneca. Ontem, a capital recebeu 9,8 mil doses da CoronaVac, que estão reservadas para a aplicação da segunda dose. 
 
O secretário de Saúde, Osnei Okumoto alerta para a importância do cadastro pela população com comorbidade. De acordo com ele, essa etapa é essencial para dimensionar o quantitativo de imunizantes a serem disponibilizados para o grupo de risco. Quem tiver alguma dificuldade em se cadastrar pelo site da pasta, pode procurar uma unidade básica de saúde (UBS), onde um agente comunitário auxiliará no cadastro. As pessoas que têm o laudo cadastrado no Sistema Único de Saúde (SUS) já terão a validação no sistema da Secretaria de Saúde. Nos casos em que esse documento não estiver no sistema do SUS, será necessário a apresentação do laudo médico quando for receber a primeira dose. 
Com o início da vacinação das pessoas com comorbidades, a pasta esclarece que não há previsão para incluir novos grupos nas etapas de imunização em andamento. De acordo com a secretaria, a ampliação de novas faixas etárias e categorias previstas na lista de prioridade definida pelo Ministério da Saúde depende da chegada de novas doses. Havia uma expectativa de os professores serem contemplados juntos com as pessoas com comorbidades, mas até o momento essa previsão não foi confirmada pela pasta. Os rodoviários também estão pleiteando o direito de receber a vacina nesta próxima etapa, porém o diálogo de representantes da categoria com o governo não avançou em relação a uma data para imunizar este grupo. 
 
 Para a infectologista Ana Helena Germóglio, a inclusão das pessoas com comorbidade para receber a vacina faz parte da estratégia de imunização adotada pelo governo local. “Existem duas frentes que podem ser trabalhadas quando se trata de campanhas de vacinação, a de vacinar os mais jovens que circulam mais e tem mais riscos de propagar a doença e de vacinar as pessoas que morrem mais. Esta segunda foi a estratégia adotada pelos governos. Não dá para ficar mudando os grupos prioritários, pois isso causa uma confusão”, explica a especialista. “Todo mundo tem um bom motivo para ser prioridade na vacinação, mas não temos vacina suficiente para todos”, pontua. De acordo com a infectologista, neste momento é preciso ter uma comunicação clara com campanhas de vacinação para que o público entenda e não se desespere com aglomerações nos pontos de vacinação. 
 
Importância
 
Ontem, o aposentado Joarez Paz Landim, 65 anos, levou a esposa Ione Aparecida Marçal, 60, para receber a primeira dose do imunizante. Ele destacou a importância da vacina para conter a pandemia do novo coronavírus. “A vacina é a única coisa concreta que pode conter a covid-19. Espero que todos os brasileiros possam receber a dose. É triste ver a quantidade de pessoas que morrem por essa doença diariamente”, afirma Joarez, que perdeu vários amigos próximos pelo vírus. “Inclusive meu padrinho de casamento morreu pela covid-19. É uma doença muito triste, não tenho nem como mensurar. Se não fosse o Butantan e o SUS poderíamos estar ainda pior”, relata o aposentado.
 
» Etapas da vacinação
 
» 4 a 6 de maio: pessoas com síndrome de Down, pacientes em terapia renal substitutiva, gestantes e puérperas com 
   comorbidades e pessoas com deficiência
» 7 a 8 de maio:  pessoas com comorbidades com 59 anos 
» 10 e 11 de maio: pessoas com comorbidades com 58 anos 
» 12 e 13 de maio: pessoas com comorbidades com 57 anos
» 14 e 15 de maio: pessoas com comorbidades com 56 anos
» 17 e 18 de maio: pessoas com comorbidades com 55 anos
 
9,8 mil
Doses da CoronaVac para a aplicação da segunda dose chegaram ontem ao DF
 
» Números do primeiro dia de cadastro
 
Hipertensão arterial
19.269
 
Diabetes mellitus 
14.918
 
Imunossuprimidos
6.270
 
Obesidade mórbida
4.724
 
Pneumonias crônicas graves
4.140
 
Gravidez sem comorbidade
2.370
 
Cardiopatia hipertensiva
1.956
 
Arritmia cardíacas 
1.859
 
Doença renal crônica
1.619
 
Puérperas 
972
 
Doença cerebrovascular
963
 
Pessoas com deficiência 
959
 
Cardiopatias congênita noadulto 
714
 
Gravidez com comorbidade
645
 
Síndrome de Down
619
 
Anemia falciforme
542
 
Insuficiência cardíaca 
477
 
Próteses valvares e dispositivos cardíacos 
415
 
Valvopatias
399
 
Miocardiopatias e pericardiopatias
347
 
Cor pulmonale e hipertensão pulmonar
336
 
Síndromes coronarianas
331
 
Doenças da aorta, dos grandes vasos e fístulas arteriovenosas
267
 
Cirrose hepática
204

Correio Braziliense sábado, 01 de maio de 2021

CORONAVÍRUS - FOCO NAS PESSOAS COM COMORBIDADE

Jornal Impresso

Foco nas pessoas com comorbidades
 
Secretaria de Saúde deu início ao cadastro da população com doenças crônicas no Distrito Federal. Com registro desse público, pasta vai mapear quantos farão parte da nova etapa de vacinação contra a covid-19. Atendimento terá data marcada e começará na próxima semana

 

» ANA ISABEL MANSUR
» SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 01/05/2021 04:00

Com a proximidade da vacinação contra covid-19 para pessoas com comorbidades, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) deu início ao cadastramento desse público — estimado em 513 mil habitantes, considerados apenas aqueles com menos de 60 anos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O objetivo do registro é confirmar quantos brasilienses fazem parte do novo público-alvo da campanha (leia mais na página 16). As enfermidades elegíveis constam no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra Covid-19 (PNO), do Ministério da Saúde. No entanto, a capital federal incluiu outras condições na lista, como grávidas e puérperas (leia Tipos).

Indivíduos com algum diagnóstico incluso na relação devem se cadastrar pelo site vacina.saude.df.gov.br. O agendamento ocorrerá gradativamente, de acordo com o número de doses disponíveis e enviadas ao DF pelo governo federal. A subsecretária de Planejamento à Saúde, Christiane Braga, afirma que só quem fizer o registro poderá receber as doses. “A inscrição não tem data para acabar, mas, quanto antes a pessoa fizer, melhor para agilizar os próximos passos”, ressaltou.
Caso o paciente faça tratamento contra a doença crônica na rede pública de saúde, o sistema da SES-DF confirmará essa informação, e será possível imprimir o comprovante de agendamento. Se não for o caso, a pessoa deverá levar, no dia da vacinação, além do documento emitido após o término da inscrição, um relatório médico que comprove a comorbidade indicada. Embora o PNO preveja que a vacinação ocorra por meio da apresentação de qualquer comprovante, como exames ou receitas, a secretaria distrital aceitará apenas laudos.

O único público que deve ter conduta diferenciada são as grávidas. Com ou sem comorbidades e sendo atendidas ou não na rede pública, elas devem se cadastrar e apresentar, no momento da vacinação, um relatório médico comprovando que a gestante recebeu todas as orientações de saúde e que não tem qualquer contraindicação.

Controle

A primeira etapa da vacinação de pessoas com comorbidades tem previsão de começar na terça e seguir até quinta-feira. O agendamento, segundo a Christiane Braga, começará na segunda-feira. “A expectativa é de que ele ocorra um dia antes da vacinação de cada grupo”, completou a subsecretária. Nesta primeira fase, estão inclusas pessoas com síndrome de Down; deficiência permanente e de 55 a 59 anos; gestantes ou puérperas com comorbidades; bem como pessoas em terapia renal substitutiva.

A previsão é de que as cerca de 5 mil doses da vacina da Pfizer/BioNTech, previstas para chegarem ao DF na segunda-feira, além de algumas doses da Oxford/AstraZeneca, atendam a esse novo público. Depois, a imunização contemplará pessoas com todas as demais comorbidades, e continuará por ordem decrescente de faixa etária, começando por indivíduos com 59 anos.

“Fizemos essa separação para facilitar o acesso das pessoas e a distribuição das doses, além de evitar filas desnecessárias e uma corrida pelas vacinas. Precisamos fazer isso de forma controlada, porque há pacientes com doenças graves que não podem ficar muito tempo expostos”, comentou Christiane. Ela explicou que mesmo quem perder a data de agendamento, poderá agendar a vacinação depois. “Além disso, quem tomar a primeira dose terá a segunda garantida”, completou.

Calendário

Assim como ocorre com os outros grupos, a vacinação de pessoas com comorbidades avançará de acordo com as doses recebidas pela Secretaria de Saúde, não sendo possível escolher imunizantes de preferência. Werciley Júnior, infectologista-chefe do Hospital Santa Lúcia, avalia que não há hierarquia de gravidade entre as doenças do plano de vacinação: “Todas merecem igual atenção, nenhuma é pior do que outra”, enfatizou. “Essas são enfermidades associadas, normalmente crônicas, que o paciente tem há algum tempo e com a qual convivem. Nem todas puderam entrar na prioridade da vacinação. As listadas são aquelas que podem agravar um quadro da covid-19”, explicou Werciley.

Especialista em doenças infecciosas e médico dos hospitais de Base e das Forças Armadas (HFA), Hemerson Luz faz um alerta quanto aos riscos: “É preciso tomar cuidado com doenças cujo tratamento pode piorar a condição do paciente em caso de contágio pela covid-19. Alguns remédios diminuem a imunidade. Inclusive, caso a enfermidade esteja descompensada, a vacina pode não ter o efeito desejado. Nesses casos, é importante que a pessoa procure um médico para saber se pode se imunizar ou não. Se a comorbidade estiver tratada e controlada, normalmente, o paciente está liberado”, afirmou o especialista.

A inclusão de novos grupos e o avanço da campanha de vacinação dependem do envio de doses pelo Ministério da Saúde. Enquanto isso, profissionais da rede de saúde privada e da segurança pública seguem em atendimento, bem como idosos.


Tipos
Confira todas as condições previstas pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal para vacinação contra a covid-19


Cirrose hepática

Síndrome de Down

Doença renal crônica

Insuficiência cardíaca

Mulheres em puerpério — até dois meses
após o parto

Arritmias cardíacas — alteração no ritmo
dos batimentos cardíacos

Doença cerebrovascular — inclui acidente vascular cerebral (AVC) e demência vascular

Valvopatias — problemas nas quatro
válvulas cardíacas que impedem o retorno
do sangue ao coração

Síndromes coronarianas —presentes nas pessoas com suscetibilidade às doenças
ou que tiveram infarto

Hipertensão arterial resistente (HAR) — o paciente tem a pressão arterial controlada
por diferentes tipos de medicação

Cor pulmonale e hipertensão pulmonar — eleva a pressão cardíaca por alteração no pulmão, prejudicando a respiração do indivíduo

Cardiopatia hipertensiva — causada pela alteração da função cardíaca devido ao aumento da pressão, levando ao inchaço do coração

Diabetes mellitus — inclui os tipos 1,
aquele em que a pessoa nasce com a
condição, e tipo 2, quando a enfermidade
é adquirida ao longo da vida
Hipertensão arterial estágio 3 — condição de hipertensão arterial dividida em estágios crescentes de gravidade, conforme faixa de pressão cardíaca

Doenças da aorta, dos grandes vasos e
fístulas arteriovenosas — envolvem pessoas
sob tratamento de diálise e doenças dissecantes, como aneurisma da aorta

Próteses valvares e dispositivos cardíacos — diz respeito a indivíduos submetidos a cirurgias no coração, como para inserção de marcapasso e troca de válvulas

Miocardiopatias e pericardiopatias — a primeira é a alteração do músculo cardíaco;
a segunda envolve problemas na membrana que cobre o coração, como inflamações

Obesidade mórbida — pessoas com índice de massa corpórea (IMC) superior a 40 ou pessoas com IMC maior que 35 e disfunções orgânicas, como obesidade e hipertensão

Hipertensão arterial estágios 1 e 2, com LOA (lesão de órgãos alvo) ou comorbidade — ocorre quando a alteração na pressão
cardíaca do paciente, mesmo que não seja grave, altera a função de outro órgão

Grávidas com e sem comorbidades — a adaptação do corpo da mulher conforme o crescimento do feto leva à baixa imunidade
do organismo, condição que permanece até três meses depois do nascimento
Cardiopatia congênita no adulto — a pessoa nasce com doenças que alteram a função cardíaca, como Tetralogia de Fallot, insuficiência cardíaca, arritmias e comprometimento no miocárdio, o músculo do coração

Pneumopatias crônicas graves — incluem asma e bronquite em condições graves; doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), inflamação causada pela limitação do fluxo de ar por inalação de toxinas, como aquelas presentes na fumaça do cigarro; além de enfisema e fibrose pulmonar

Anemia falciforme — tipo de anemia em que as hemácias do sangue têm forma de foice e é uma doença que atinge, majoritariamente, a população negra; as hemácias em formato diferenciado prejudicam a circulação do sangue, levando a tromboses no rim, pulmão e baço, entre outros órgãos

Imunossuprimidos — inclui indivíduos congenitamente com baixa produção de anticorpos, como os transplantados de órgão sólido ou de medula óssea; pessoas com HIV; doenças reumáticas com uso de corticoides; pessoas em uso de imunossupressores ou com imunodeficiências primárias; pacientes oncológicos que realizaram tratamento quimioterápico ou radioterápico nos últimos seis meses; e neoplasias hematológicas, causadas pela multiplicação acelerada de células sanguíneas, como leucemia


Trocas na Saúde
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), exonerou o secretário-adjunto de assistência à Saúde, Petrus Sanchez. A decisão saiu em edição extra do Diário Oficial (DODF) de ontem. O texto informa que a médica Raquel Bevilaquia assumirá a vaga. Até então, ela atuava como superintendente da Região de Saúde Leste. A exoneração de Petrus teria resultado de desentendimentos internos na pasta, provocados, principalmente, por problemas verificados nos contratos dos hospitais de campanha. Os documentos definiam que essas unidades contariam com unidades de terapia intensiva (UTIs), mas, tecnicamente, isso não é permitido, devido à impossibilidade de instalação de centros cirúrgicos nessas estruturas.

Para saber mais
A vacinação contra a covid-19 em pessoas com comorbidades é tema do episódio da semana do Luz aos Fatos, podcast do Correio Braziliense. A infectologista Ana Helena Germoglio, especialista em controle de infecções, fala sobre doenças crônicas que podem agravar o quadro de quem contraiu o novo coronavírus e explica como a população deve se proteger.
O programa está disponível nas principais plataformas de reprodução de áudio e pelo link: bit.ly/3t3fm8l.

Correio Braziliense sexta, 30 de abril de 2021

CORONAVÍRUS - COMEÇA HOJE VACINAÇÃO DE IDOSOS COM 60 E 61 ANOS NO DF

Jornal Impresso

 

Começa hoje vacinação de idosos com 60 e 61 anos
 
A partir das 8h, Secretaria de Saúde dá início à última fase de atendimento desse grupo. Público-alvo poderá procurar um dos 55 pontos de atendimento presenciais e drive-thru para se imunizar contra a covid-19. Pessoas com comorbidade serão as próximas

 

» SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 30/04/2021 04:00

Unidades recebidas são suficientes para atender a todos do novo público-alvo, não sendo necessário aguardar em longas filas (Ed Alves/CB/D.A Press)  
Unidades recebidas são suficientes para atender a todos do novo público-alvo, não sendo necessário aguardar em longas filas

Com a chegada de mais 62.396 doses de vacinas ao Distrito Federal, pessoas com 60 e 61 anos podem se imunizar contra a covid-19 a partir de hoje. O atendimento começa às 8h, nas unidades básicas de saúde (UBSs), e, às 9h, nos postos drive-thru (leia Programe-se). Do total de unidades enviadas ao DF no lote que chegou na manhã de ontem, 10% destinam-se à reserva técnica, e as demais, para os cerca de 56,7 mil idosos da nova faixa etária (leia Distribuição). A campanha para os grupos que faziam parte das prioridades continua normalmente.
 
O secretário da Casa Civil, Gustavo Rocha, informou, ontem, durante coletiva no Palácio do Buriti, que há doses para todos os idosos do DF com 60 e 61 anos. Não é necessário aguardar em longas filas pelo atendimento, pois a vacinação seguirá pelos próximos dias. “(As pessoas) podem ter tranquilidade e paciência para procurar a vacinação a partir de amanhã e na próxima semana. Há doses para atender a todos”, frisou. A distribuição das vacinas para as regionais de saúde terminou por volta das 16h de ontem.
 
Para receber a dose, basta comparecer a um dos 54 pontos de vacinação com documento de identificação e, de preferência, CPF (confira a lista de locais em correiobraziliense.com.br). Do novo lote, todas os imunizantes que serão aplicados como primeira dose (D1) são da Covishield — desenvolvida pela Oxford/AstraZeneca. As doses da CoronaVac — da farmacêutica Sinovac — serão aplicadas como reforço (D2). A ampliação dos pontos de atendimento ocorrerá de maneira gradativa, à medida que houver ampliação do público-alvo.
 
Recentemente, a Secretaria de Saúde (SES-DF) fechou parceria com órgão públicos, empresas e instituições como Secretaria de Justiça (Sejus), Serviço Social da Indústria (Sesi) e do Comércio (Sesc), bem como laboratórios Sabin e Exame. Equipes desses locais atuam, principalmente, aos fins de semana. Militares da área de saúde do Exército Brasileiro, treinados para aplicar doses, também trabalharão na campanha nos próximos dias.
 
Durante a coletiva, o secretário da Casa Civil reforçou que as regras para aplicação da D2 continuam: apenas quem tiver cartão de vacinação com logomarca da SES-DF poderá receber a dose no Distrito Federal. “É para não ter uma sobrecarga de procura e para que não venha a faltar doses para a população local”, justificou Gustavo Rocha. A intenção da pasta é contemplar novas faixas etárias à medida que o Ministério da Saúde encaminhar mais doses. Enquanto houver a diminuição sucessiva da idade do público-alvo, a campanha contemplará, também, outros grupos de profissionais — como os da educação e rodoviários. Porém, o avanço da campanha depende de como a pasta federal distribuirá as próximas remessas. Por isso, não há calendário definido para início das próximas etapas.
 
 
Fornecimento de energia
 
O Executivo local lançou uma chamada pública para contratação de fornecedoras de energia elétrica para os três novos hospitais de campanha em construção — no Autódromo Nelson Piquet; no pátio da Escola Parque Anísio Teixeira, em Ceilândia; e no Estádio Bezerrão, no Gama. Em caráter emergencial, o contrato estipula dois lotes de pagamento, de R$ 179.291,25 e R$ 136.291,25. As empresas interessadas podem apresentar propostas até segunda-feira. Caso contratada, a firma ficará responsável pela locação, instalação, desmontagem e remoção das instalações elétricas das unidades de saúde, que estão com entrega atrasada. A previsão era para a primeira quinzena de abril. Contudo, o Governo do Distrito Federal planeja a entrega das obras para a próxima semana.

 


Correio Braziliense quinta, 29 de abril de 2021

CORONAVÍRUS - DF AGUARDA 60,1 MIL DOSES DE VACINA

Jornal Impresso

CORONAVÍRUS
 
DF aguarda 60,1 mil doses de vacinas
 
Caso Ministério da Saúde dê andamento à previsão de enviar novas remessas para as unidades federativas, Executivo local incluirá no grupo prioritário pessoas com 60 e 61 anos nesta semana. Imunizantes devem chegar entre hoje e amanhã

 

» SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 29/04/2021 04:00

Do total de habitantes do Distrito Federal, 13,8% receberam ao menos a primeira dose, e 7,9% tomaram as duas necessárias (Ed Alves/CB/D.A Press)  
Do total de habitantes do Distrito Federal, 13,8% receberam ao menos a primeira dose, e 7,9% tomaram as duas necessárias

O Distrito Federal tem previsão de receber, entre hoje e amanhã, 58.988 doses da vacina Covishield — da Oxford/AstraZeneca —, além de 1.171, da CoronaVac, da Sinovac com o Instituto Butantan. Caso o Ministério da Saúde garanta o envio das 60.159 unidades contra a covid-19, o governo local ampliará o público-alvo da campanha para pessoas com 60 e 61 anos — último grupo de idosos definido pelo Plano Nacional de Imunização (PNI).
 
O governador Ibaneis Rocha (MDB) afirmou que, com a nova remessa, haverá atendimento de 56.751 idosos e 2.237 agentes das forças de segurança. A inclusão desse público pode ocorrer nesta semana. A intenção da Secretaria de Saúde (SES-DF) é manter a vacinação da população com mais de 60 anos por meio da busca voluntária, por iniciativa do próprio público-alvo, sem agendamento e em todos os pontos de vacinação contra a covid-19 no DF.
 
No caso dos profissionais da segurança pública, a imunização deve continuar por agendamento. No entanto, as vagas só ficarão disponíveis depois de as doses chegarem à Rede de Frio do DF e passarem por avaliação técnica. Para marcar data, local e horário, os servidores deverão acessar a página vacina.saude.df.gov.br. Além da nova remessa, o Executivo local espera o envio de um lote de imunizantes da Pfizer/BioNTech, cuja remessa com 1 milhão de doses chega ao país hoje. As unidades serão distribuídas entre as 27 capitais brasileiras.
 
Integrantes do Governo do Distrito Federal (GDF) afirmam que as doses devem ser distribuídas pelo Ministério da Saúde na segunda-feira. No entanto, até o fechamento desta edição, a SES-DF não tinha detalhes sobre como ocorreria a entrega nem em relação à quantidade enviada. O Executivo local aguarda receber um documento do governo federal com as diretrizes da aplicação para divulgar quais grupos serão vacinados.
 
O DF dispõe de um ultracongelador com 570 litros de capacidade e que comporta até 40 mil doses de vacinas. Os equipamentos atingem temperatura mínima de -80°C — ideal para armazenamento das doses da Pfizer/BioNTech. Além disso, a Universidade de Brasília (UnB) colocou à disposição cinco freezers semelhantes, e o Ministério da Saúde finaliza o processo de compra de mais alguns, para enviar às unidades da Federação. A previsão é de que a capital do país conte com seis deles.
 
Gestantes
Após o Ministério da Saúde autorizar a vacinação contra a covid-19 em grávidas, a Secretaria de Saúde liberou o atendimento desse grupo no DF. No entanto, só para aquelas que fazem parte de algum dos grupos alvo da campanha local, como indígenas ou profissionais da saúde e das forças de segurança. Nesses casos, é necessário apresentar relatório médico, com indicação para uso da vacina.
 
A receita médica é necessária, segundo a SES-DF para assegurar que a gestante passou por avaliação e que não houve detecção de contraindicações para recebimento das doses. “A apresentação do relatório é importante para que seja comprovado que ela recebeu todas as orientações médicas”, informou a secretaria, por meio de nota.
 
A pasta destacou que, assim que o Ministério da Saúde enviar imunizantes direcionados, especificamente, às grávidas em geral, haverá divulgação das datas e locais de atendimento. “Por enquanto, (elas) seguem as orientações para as gestantes se vacinarem nos grupos vigentes”, completou a SES-DF.
 
A princípio, a previsão do órgão federal é de que, em 13 de maio, comece a aplicação da primeira dose para todas as gestantes. A disponibilização das vacinas ocorre de acordo com a chegada de imunizantes ao DF, não sendo possível afirmar quais tipos serão aplicados em cada grupo.
 
Colaborou José Carlos Vieira

Correio Braziliense quarta, 28 de abril de 2021

CORONAVÍRUS - SUPORTE AOS VULNERÁREIS

Jornal Impresso

Suporte aos vulneráveis é o foco da Sejus

 

» Edis Henrique Peres

Publicação: 28/04/2021 04:00

 (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  

Em parceria com a Secretaria de Saúde (SES-DF), Marcela Passamani, titular da Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania (Sejus), conseguiu autorização para vacinar o restante dos conselheiros tutelares da capital do país. Cinquenta profissionais da categoria já haviam sido imunizados no Hospital do Guará, e na última segunda-feira, mais 152 receberam a primeira dose da vacina contra a covid-19. Marcela foi a entrevistada do CB Poder — uma parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília. A secretária explicou ao repórter Alexandre de Paula que as secretarias trabalham em conjunto em todo o Distrito Federal, pois assim o auxílio à população é mais eficaz.
 
A Sejus está coordenando algumas ações nos pontos de vacinação aqui no DF. Qual a importância dessa medida?
A Secretaria de Justiça, desde o início da pandemia, não parou. A cada dia estamos lançando mais projetos porque sabemos que a população tem muitas demandas. Um dos nossos programas é “Sua Vida Vale Muito”, que começou no início da pandemia com a hotelaria solidária. Depois, passamos a fazer nossos atendimentos de forma itinerante pelas regiões do DF. Quando veio a questão da vacinação, de imediato disponibilizamos os nossos equipamentos públicos, presentes no Recanto das Emas, Itapoã e em Ceilândia, para poder dar esse suporte para os idosos se vacinarem de forma segura. A Sejus atende esse público em quadras cobertas, onde levamos cadeiras de rodas e água, por exemplo, para esse momento da vacinação ocorrer de forma segura e confortável. Além da vacinação, estamos oferecendo para a cidade nosso atendimento psicossocial. Nós sabemos que a pandemia afeta muito a saúde psicológica. Os psicólogos e assistentes sociais também fazem atendimento nas praças e no CEU das Artes (Centro de Artes e Esportes Unificados).
 
Como foi coordenar a vacinação com a SES-DF?
O secretário de Saúde, Osnei Okumoto, é muito competente, trabalha com maestria na SES-DF. E seguimos o plano nacional do Ministério da Saúde. O que a gente faz é trabalhar a logística quando as vacinas chegam ao ambiente da Secretaria de Justiça para disponibilizá-las por meio de acordos com secretários, universidades e servidores, para que consigamos fazer a imunização com toda a responsabilidade, de forma mais confortável e digna.
 
Um dos exemplos é a vacinação dos conselheiros tutelares. Qual a importância de imunizar essa categoria?
Todos os conselheiros tutelares foram vacinados ontem (segunda-feira), e isso foi uma vitória muito grande da categoria e da Sejus. Eu, particularmente, lutei muito para que essa vacinação ocorresse. Hoje, com alguns estabelecimentos fechados, os conselheiros são a porta de entrada para a população mais vulnerável. O conselheiro acolhe as famílias, e a gente precisa dar suporte e condições de trabalho, sabendo que, desde o primeiro dia, eles foram incluídos como serviço essencial e não fecharam as portas. A população tem se sentido muito grata e acolhida pelos conselheiros neste momento tão difícil. Eles são multiplicadores de boas práticas e boas ações. Orientam a população em relação ao uso de máscaras, higienização e como conduzir as famílias e os filhos.
 
Como garantir aos jovens oportunidades que permitam quebrar o ciclo de violência? 
Somos uma pasta que faz política pública, e não tem uma palavra que cabe mais do que “oportunidade”. Estamos falando de oportunidades para romper com ciclos e iniciar uma nova fase. Eu acredito que a educação é capaz de transformar esses jovens. O nosso objetivo é levar às unidades de internação acompanhamento socioeducativo, oportunidades para que eles possam se qualificar, e em um momento iniciar no mercado de trabalho. Dar oportunidade e dignidade é o nosso trabalho.
 
Como tem sido esse acompanhamento na pandemia, em que o número de denúncias e casos aumentou?
Estamos falando de todos os públicos que sofrem violência: crianças, adolescentes, idosos e mulheres. O nosso olhar é sempre atento para fornecer auxílio para essas vítimas. Temos seis núcleos do Pró-Vítima espalhados no DF e estamos fazendo uma expansão para o Recanto das Emas. Trabalhamos para romper todos os círculos de violência que existem, seja ela física, psicológica, patrimonial ou emocional. 
 
E nos casos de violência doméstica, quando o homem está ao lado?
A questão da violência contra a mulher está sendo muito bem trabalhada na Secretaria da Mulher, mas eu sempre entendo, como a primeira mulher secretária de Justiça do DF, que tenho um papel de motivação e exemplo. Eu sempre falo que tudo começa com o acreditar em si próprio, quando as mulheres acreditam no seu potencial e passam a saber que são capazes de romper com aquele ciclo. E a gente melhora essa autoestima fornecendo cursos profissionalizantes, suporte para os filhos terem acesso às escolas e ao mercado de trabalho, por exemplo. Nós, mulheres que estamos nessas posições de decisão, precisamos ter consciência do papel e da importância do nosso trabalho. Eu estou aqui para mostrar que a mulher é capaz de estar na frente de uma pasta tão grande como a Sejus, que tem três mil servidores, e que é possível fazer esse trabalho com competência, maestria e com o olhar ímpar que a mulher tem. Hoje eu tenho esse compromisso com todas as mulheres para que amanhã exista uma outra mulher na Secretaria de Justiça.

Correio Braziliense terça, 27 de abril de 2021

CORONAVÍRUS - RISCOS COM CEPAS ELEVAM CHANCES DE NOVA ONDA

Jornal Impresso

CORONAVÍRUS
 
Riscos com cepas elevam chances de nova onda
 
Especialistas avaliam que baixa cobertura vacinal e medidas pouco eficazes para conter a pandemia da covid-19 no DF são fatores de alerta para um novo pico de mortes e casos provocados pela doença. Mesmo com estabilização, registros elevados preocupam

 

» CIBELE MOREIRA
» CAROLINE CINTRA

Publicação: 27/04/2021 04:00

Testagem em massa, apoio financeiro e monitoramento de variantes são medidas cruciais (Juan Barreto/AFP)  
Testagem em massa, apoio financeiro e monitoramento de variantes são medidas cruciais

Nos últimos dias, o Distrito Federal apresentou tendência de queda em relação ao número de casos e mortes provocadas pela covid-19. Essa realidade, segundo especialistas, era esperada pelo fato de a pandemia seguir comportamento semelhante ao verificado no ano passado, entre julho e agosto, após o pico de registros. Pesquisadores de diferentes áreas da ciência consultados pelo Correio avaliam que a situação de combate ao novo coronavírus no DF está longe do recomendado pelas autoridades internacionais de saúde. Ontem, por exemplo, a média móvel de infecções e óbitos caiu mais uma vez. Ao mesmo tempo, porém, verificou-se que a internação de pessoas de 15 a 29 anos subiu 62,5% (leia na página 14).
 
Professor do Instituto de Física da Universidade de Brasília (UnB), Tarcísio Marciano da Rocha destaca falhas nesse trabalho por todo o país. Ele defende que, desde o início, deveria haver um direcionamento central, para guiar o trabalho dos governantes (leia abaixo). Já Roberto José Bittencourt, doutor em saúde pública e professor da Universidade Católica de Brasília (UCB), associa os riscos da terceira onda ao surgimento de novas cepas, com maior poder de contaminação.
 
Para Roberto José, o país e o DF caminham para um novo pico em breve. “A segunda onda surgiu a partir da variante de Manaus, a P1. O estado enfrentava uma crise com pacientes graves e houve uma distribuição dessas pessoas para o restante do Brasil, o que ocasionou uma infecção em massa. Essa lógica pode se repetir, com a mutação do vírus fazendo casos se elevarem”, avalia. “A vacinação está longe de atingir o ideal para abortar a terceira onda. Seria necessário imunizar 70% da população para estarmos em uma margem de segurança, mas estamos longe disso”, acrescenta.
 
O especialista acrescenta que não houve adoção de medidas eficazes para conter o avanço da segunda onda e que o transporte coletivo se manteve com um dos principais meios de transmissão da covid-19, devido à aglomeração diária. “O fechamento de alguns espaços com a (manutenção da) circulação em coletivos lotados não adianta”, pontua. Bittencourt lembra que uma das ações mais importantes no sentido de impedir a transmissão comunitária é a testagem massiva: “(Com isso,) identificam-se os focos de contaminação e, em seguida, isolam-se por 14 dias pessoas infectadas e quem teve contato com elas”.
 
O apoio econômico às famílias que precisam desse suporte para se manter em casa deve ser garantido pelo governo, alerta o professor. Quanto à testagem, Roberto José afirma que o tipo mais indicado é o RT-PCR, que permite a coleta de amostras das vias aéreas dos testados. Outra metodologia apontada que pode somar na prevenção da covid-19 é a vigilância genômica. Com isso, é possível identificar e acompanhar as variantes com maior potencial de infecção.
 
Contenção
 
Uma análise do pesquisador Breno Adaid, vinculado ao Centro Universitário Iesb e à UnB, confirma que o Distrito Federal passa por um período de queda em relação aos casos da doença. Os números revelam que o DF caminha para uma fase de estabilização. Contudo, o platô ocorre em um patamar elevado. “Se começar a ter mais aglomeração e se a população relaxar nas medidas de prevenção, teremos um novo cenário de crescimento”, destaca. “As pessoas têm tomado mais cuidado, mesmo com uma rotina quase normal em relação ao vivido antes das restrições. Se a população não relaxar, é possível viver com quase tudo liberado e sem a pressão hospitalar”, acredita o pesquisador.
 
Por outro lado, o matemático Paulo Angelo Alves Resende — um dos coordenadores dos trabalhos no Observatório de Predição e Acompanhamento da Epidemia Covid-19 da UnB (PrEpidemia) no ano passado — entende que, apesar do momento de redução nas médias móveis, não é possível prever um cenário de estabilização na capital federal. “Desde o início da pandemia, não tivemos um cenário de platô com. O que ocorreu foi uma curva achatada no pico. E, se olharmos em nível nacional, o Brasil teve um efeito de platô que indicou término de uma onda em uma cidade e início dela em outra”, compara.
Para o pesquisador, a tendência é de diminuição lenta dos casos e mortes: “Não temos uma pesquisa em curso este ano para avaliar de forma mais concreta, mas o cenário do DF indica que atingimos o pico (da onda atual) e que estamos em queda (na quantidade de registros). Só que a velocidade dessa diminuição depende do comportamento das pessoas e de fatores como vacinação, taxa de isolamento social e demais medidas de contenção”, comenta.
 
O Correio questionou a Secretaria de Saúde (SES-DF) sobre a viabilidade de monitorar o surgimento de casos com a testagem em massa, segundo orientações dos pesquisadores. No entanto, a pasta não se posicionou. O órgão informou apenas como atua no sentido de evitar uma terceira onda por meio da imunização: “A ampliação da campanha de vacinação contra a covid-19 depende do envio de mais doses pelo Ministério da Saúde. A pasta seguirá empenhando esforços em promover uma vacinação ampla e o mais célere possível”, respondeu.

Correio Braziliense segunda, 26 de abril de 2021

CORONAVÍRUS - VARIANTE LEVA MAIS JOVENS A INTUBAÇÃO

Jornal Impresso

CORONAVíRUS  - Variante leva mais jovens à intubaçãoSegundo profissionais da linha de frente ouvidos pelo Correio, o cenário da pandemia mudou depois que a variante de Manaus da covid-19 passou a ser predominante no DF. Assim como ocorre em São Paulo, necessidade de tratamento intensivo é mais frequente agora

 

SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 26/04/2021 04:00

Nos hospitais, a mudança é nítida. Antes, era raro que as pessoas de 0 a 39 anos necessitassem de tratamento intensivo. Agora, precisam ser internados quase imediatamente (Fotos: Minervino Júnior/CB/D.A Press
)  
Nos hospitais, a mudança é nítida. Antes, era raro que as pessoas de 0 a 39 anos necessitassem de tratamento intensivo. Agora, precisam ser internados quase imediatamente
Desde que a variante de Manaus da covid-19, a P1, passou a ser predominante no Distrito Federal, os jovens acometidos pela doença e que precisam de internação apresentam mais urgência por um leito de unidade de terapia intensiva (UTI) e por intubação. De acordo com os profissionais de saúde da linha de frente ouvidos pelo Correio, ainda não há uma pesquisa consolidada que apresente números sobre essa realidade, mas, assim como ocorre em São Paulo, dentro dos hospitais, a mudança é nítida. Segundo os médicos, antes, era raro que as pessoas de 0 a 39 anos necessitassem de tratamento intensivo. Agora, quando chegam às unidades de saúde, precisam ser internadas quase que imediatamente.
 
A infectologista Joana Darc atua no Hospital Regional da Asa Norte desde o início da crise sanitária no DF e conta que, em 2020, era raro um jovem chegar a ir para a UTI. “Anteriormente, os jovens que chegavam aos hospitais tinham alguma comorbidade e, por isso, tinham complicações da covid-19. Agora, eles chegam com a saturação muito baixa, já com necessidade de oxigênio e internação”, diz. A médica afirma que o cenário, com a P1 em circulação e o início da vacinação, alterou-se bastante. “Um dia, chegamos a ter apenas um idoso na UTI do hospital”, completa. “As pessoas têm chegado com o pulmão mais comprometido, com o caso mais grave, necessidade de intubação, e acabam ficando mais dias internadas que antes”, comenta Joana.
 
O também infectologista Luciano Lourenço, intensivista no Hospital Santa Lúcia, confirma o que a colega de profissão diz. “Eles (os jovens) chegam ao hospital já numa condição em que precisam ser internados. Vemos mais pacientes abaixo de 40 anos precisando de mais suporte da medicina intensiva que temos dentro da UTI”, afirma o intensivista. Luciano ainda faz uma recomendação: “Ao menor sintoma ou suspeita de infecção, procure ajuda médica, para evitar que o quadro evolua da pior forma”.
 
Internações
 
De acordo com dados do InfoSaúde — portal de transparência da Secretaria de Saúde do DF — por volta das 12h de ontem, havia 435 pessoas internadas em UTIs da rede pública tratando a doença. Destas, 219 tinham entre 0 e 59 anos e 197 mais de 60 anos, valores equivalentes a 50,34% e 45,28% do total, respectivamente.
 
Além disso, de acordo com o último boletim epidemiológico, mais de 295 mil pessoas de 20 a 59 anos já haviam se infectado com o novo coronavírus na capital federal. Junio Gabriel Araújo, 21 anos, foi uma delas. Em março deste ano, o marceneiro testou positivo para a doença. Após sentir dores no corpo e falta de ar, ele foi para o Hospital Regional de Ceilândia, onde precisou ser internado em uma UTI. “Fiquei nove dias intubado e mais uma semana na UTI em tratamento. Só depois desse período que fui transferido para uma enfermaria”, conta.
 
O pai de Junio foi infectado pela doença na mesma época e também precisou ser internado. Porém, ele não resistiu e faleceu enquanto o jovem ainda estava no hospital. “Fiquei sabendo da morte do meu pai enquanto ainda estava na UTI”, lembra o morador de Ceilândia. Atualmente, Junio diz que está recuperado e sem nenhuma sequela, mas alerta para as dores da internação. “Foi a primeira vez que precisei de uma UTI. Não foi uma experiência boa, mesmo com a equipe médica se esforçando ao máximo para tornar tudo menos pior”, ponderou.
 
Questionada sobre os números de jovens internados na rede pública, a Secretaria de Saúde do DF informou, por meio de nota, que entende que, por estarem contemplados pela campanha de vacinação contra a covid-19 em andamento, o grupo de idosos “tem se contaminado menos e, quando infectado com novo coronavírus, reagido melhor à doença”.
 
Ontem, movimento em pontos de vacinação abertos estava tranquilo  
Ontem, movimento em pontos de vacinação abertos estava tranquilo
 
 
Vacinação
 
Atualmente, o público-alvo da campanha de imunização contra covid-19 no DF é, principalmente, os idosos com 62 e 63 anos. Ontem pela manhã, segundo o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF), que faz o controle das filas e o ordenamento do fluxo de veículos, o movimento em três dos sete pontos de vacinação abertos para atender a este público estava tranquilo.
 
Para esta semana, o DF espera receber, na quinta-feira, uma remessa de vacinas contra a covid-19 da norte-americana Pfizer e, ao longo da semana, mais doses da CoronaVac e da AstraZeneca, imunizantes já em aplicação na capital federal. Apesar da expectativa, ainda não há um indicativo de como os imunizantes serão utilizados, uma vez que as doses são carimbadas para públicos específicos pelo Ministério da Saúde. Porém, a expectativa interna da Secretaria de Saúde é de que seja possível ampliar a campanha de vacinação para pessoas com 60 e 61 anos, último grupo de idosos previsto no Plano Nacional de Imunização.

Correio Braziliense segunda, 15 de março de 2021

CORONAVÍRUS - CENÁRIO ASSUSTADOR APÓS UM ANO DE COVID-19

Jornal Impresso

Cenário assustador após um ano de covid
 
 
Com a taxa de transmissão do novo coronavírus acima de 1 e 317.880 infectados pelo vírus, o Distrito Federal vive um momento crítico, chegando a ter todos os leitos de UTI para adultos ocupados. As dez vagas disponíveis na rede pública são para crianças e bebês

 

» Darcianne Diogo
» Adriana Bernardes
» Samara Schwingel

Publicação: 15/03/2021 04:00

Após visita, força-tarefa do Ministério Público classificou o Hran como um %u201Ccenário de guerra%u201D. Unidade passou a receber apenas pacientes graves (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
Após visita, força-tarefa do Ministério Público classificou o Hran como um %u201Ccenário de guerra%u201D. Unidade passou a receber apenas pacientes graves


Há pouco mais de um ano após a chegada do vírus na capital, os brasilienses começam a semana em um dos cenários mais críticos até agora. Apesar das medidas restritivas, como o fechamento do comércio e o toque de recolher, o índice de isolamento social registrado ontem era de 39,73%, segundo dados da plataforma Inloco. A rede pública de saúde atingiu, nesse domingo à noite, a capacidade máxima de ocupação dos leitos para adultos de unidade de terapia intensiva (UTI) voltados para o tratamento da doença (100%).
 
Apenas nas últimas 24 horas, foram 1.699 novos infectados e 19 mortes notificadas, sendo que três delas ocorreram ontem. Somente no DF, a covid-19 matou 5.116 pessoas e infectou 317.880 (278.567 são residentes da capital). Desses, 296.802 recuperaram-se da doença.
 
Ontem, os leitos de UTI adulto chegaram a ficar todos ocupados. Recente atualização do InfoSaúde, painel de dados da Secretaria de Saúde mostrava, até as 19h, que havia apenas 10 leitos disponíveis (sete pediátricos e três neonatais). Anteriormente, a pasta havia informado que há perspectiva de abrir 221 novos leitos este mês. Nos hospitais particulares, a situação não é diferente. Com 98,77% da capacidade atingida, há apenas cinco leitos disponíveis, sendo quatro adultos e um pediátrico.


Pacientes do HRG estão sendo transferidos para outras unidades (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
Pacientes do HRG estão sendo transferidos para outras unidades


 
O Hospital Regional da Asa Norte (Hran) decretou, na quarta-feira passada, bandeira vermelha, limitando o atendimento para os pacientes em estado grave em decorrência do novo coronavírus.
 
Um dia antes, vistoria da força-tarefa do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) na unidade de saúde definiu o local como “um cenário de guerra”. A taxa de transmissão da covid-19 está em 1,01, como anunciado pelo governador Ibaneis Rocha (MDB), ontem, no Twitter oficial do chefe do Buriti. Apesar da leve queda, o número ainda é alto e preocupante.
 
A enfermeira Lídia Rodrigues, 31 anos, trabalha no pronto-socorro do Hran e relata que a situação dos últimos dias é a pior desde o início da crise sanitária. “Estamos lotados, a equipe sobrecarregada e os pacientes todos em situação grave. Todo dia chegam mais pessoas e, mesmo com a abertura de mais leitos, a situação não melhora”, conta.
 
“Precisamos passar doze ou seis horas de plantão paramentados com gorro, capote, máscaras N95 e todos os itens de proteção individual para nos protegermos e protegermos os pacientes. É exaustante, mas estamos fazendo nosso melhor”, completa Lídia. A enfermeira foi a primeira a ser vacinada contra a doença no DF e atua no box emergencial do Hran desde o início da pandemia.
 
Gama
 
O colapso no sistema de saúde foi relatado por um profissional de saúde do Hospital Regional do Gama (HRG). Ele usou o prontuário de um paciente para denunciar a situação e descreveu o drama enfrentado pela equipe médica. No desabafo chocante, afirmou que a unidade de saúde está com 180% de lotação.
 
O pedido é de socorro. No texto, ao qual o Correio teve acesso, o profissional alerta: “O bloco respiratório covid-19 do HRG em estado caótico. Estamos com lotação em 180%. Necessitamos com urgência da liberação de leitos de UTI e transferência dos pacientes”, desabafou. Ele denuncia: não há espaço físico, pontos de oxigênio, bombas de infusão, nem sequer ventiladores mecânicos — equipamentos essenciais para o tratamento de pacientes graves. Segundo ele, há pontos de oxigênio sendo compartilhados por até três pacientes.
 
Por fim, o profissional reitera que “todos os pacientes aqui (HRG) internados estão sob elevadíssimo risco de desfecho negativo, incluindo óbito”. Fontes revelaram ao Correio que, para tentar desafogar a superlotação no Hospital do Gama, alguns pacientes estão sendo transferidos ao Hospital da PM.
 
A direção do Hospital Regional do Gama (HRG) informou, por meio de nota oficial, que, devido à grande demanda de pacientes graves, os pacientes com estado clínico estável e sem gravidade do bloco respiratório estão aguardando um tempo maior para receberem a visita do médico e não há paciente desassistido.
 
A Secretaria de Saúde explicou que as unidades hospitalares estão apresentando superlotação, com número crescente de pessoas procurando por atendimento. Todas as unidades da rede pública estão trabalhando intensamente para que os pacientes sejam atendidos em curto espaço de tempo e da melhor maneira possível, dentro de um contexto de pandemia.
 
Variantes
 
De acordo com a Secretaria de Saúde, pelo menos quatro variantes da covid-19 circulam no DF. São elas: P1, de Manaus; P2, do Rio de Janeiro; B.1.128, uma das primeiras cepas a circular no DF; e a B.1.1.143, outra linhagem também registradas em diversos estados. Estas cepas foram identificadas pelo Laboratório de Saúde Central do Distrito Federal (Lacen-DF).
 
A B 1.1.7, variante britânica, foi inicialmente identificada em duas pessoas da capital federal pelo Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz). Porém, depois, o Ministério da Saúde corrigiu a informação e afirmou que as amostras, na verdade, eram de pacientes residentes no Entorno. Apesar disso, na tabela de dados na Rede Genômica Fiocruz, a cepa ainda está classificada como se estivesse em circulação no DF. Procurada pela reportagem, a secretaria informou que não há outras variantes em investigação e que novas amostras de genomas são sequenciadas semanalmente tanto pelo Lacen quanto por laboratórios de referência em outras unidades da Federação.
 
Diante deste cenário, o pesquisador Breno Adaid, do Centro Universitário Iesb, alerta para a necessidade de ampliar o isolamento social enquanto não há vacinação em massa da população. Adaid detalha que a força de contaminação de um vírus é determinada por três elementos básicos. De maneira simplificada: como o vírus é transmitido, quanto tempo a pessoa fica com o vírus e a taxa de contato. “Os dois primeiros elementos, não controlamos. O contato é, portanto, o único que podemos controlar”, ressalta o doutor em administração e pós-doutor pela Universidade de Brasília (UnB) em ciência do comportamento.


 (Jessica Moura/CB/D.A Press)  


Carreata pede fim do lockdown no DF

Organizada pelas redes sociais, uma manifestação reuniu, ontem, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Esplanada dos Ministérios. A carreata começou por volta das 10h, e os participantes buzinavam ao longo do Eixo Monumentla em protesto contra diversas pautas, como o decreto do governador Ibaneis Rocha que restringiu as atividades econômicas no Distrito Federal para conter a disseminação da covid-19. Temas polêmicos também estavam presentes, como a intervenção militar, voto impresso, alta no preço dos combustíveis e oposição a decisões de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como a de Edson Fachin que tornou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva novamente elegível. Havia faixas de apoio ao deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), preso por defender o AI-5, instrumento mais duro da ditadura militar.


Números da covid-19 no DF
 
317.880 
infectados
 
5.116 
mortos
 
296.802 
recuperados
 
15.962 
em tratamento
 
306 
em leitos de UTI (rede pública)
 
226 
à espera de leito de UTI para tratamento contra a covid-19
 
1,01 
taxa de transmissão
 
39,76% 
taxa de distanciamento social

Correio Braziliense domingo, 14 de março de 2021

CORONAVÍRUS - EFEITO DA VACINAÇÃO E DO LOCKDOWN

Jornal Impresso

Efeitos da vacinação e do lockdown
 
Um mês e meio após início da imunização de idosos acima de 80 anos, número de internados nessa faixa etária tem leve redução. Com o fechamento do comércio, taxa de transmissão também cai. Momento, porém, ainda é crítico, com 207 pacientes na fila por um leito de UTI

 

» ANA CLARA AVENDAÑO*
» DARCIANNE DIOGO

Publicação: 14/03/2021 04:00

Primeiro fim de semana depois do decreto que restringiu o funcionamento do comércio foi de ruas vazias (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
Primeiro fim de semana depois do decreto que restringiu o funcionamento do comércio foi de ruas vazias
 
Quarenta e dois dias depois do início, a vacinação de idosos contra a covid-19 começa a apresentar reflexos no Distrito Federal, bem como as medidas de restrição de circulação anunciadas no começo do mês. Dados da Secretaria de Saúde (SES-DF) apontam que a aplicação da primeira dose no público de idade igual ou superior a 80 anos — iniciada em 1º de fevereiro — tem contribuído para a redução da ocupação dos leitos de unidades de tratamento intensivo (UTIs) da rede pública voltados aos pacientes infectados pelo vírus. Por outro lado, a utilização de vagas em UTIs por pessoas na faixa etária de 65 a 79 anos está em forte ascensão.
 
“Quando nós fizemos uma análise comparativa do perfil epidemiológico por idade, não foi percebida exatamente uma redução, mas uma flutuação na faixa etária de 80 anos ou mais, com uma tendência leve à redução. Não foi uma diminuição significativa, mas, comparativamente ao grupo de idosos menores de 80 anos, esses ascenderam na internação. Ou seja, percebemos que a transmissão neste momento não acometeu esse público maior de 80 anos”, explicou o secretário adjunto de Assistência à Saúde do DF, Petrus Sanches.
 
Em 22 de fevereiro, havia 53 pacientes na faixa de 65 a 69 anos internados em leitos de UTI para covid. Duas semanas depois, em 7 de março, esse quantitativo chegou a 125, o que representa um aumento de 135%. No mesmo período, no grupo de idosos com 80 anos ou mais — que recebeu a aplicação da primeira dose —, o número passou de 30 para 28, o que sugere uma estabilidade, com pequena redução de 6,6%.

Atividades essenciais, como supermercados, estão autorizadas a funcionar. GDF alerta para fake news (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
Atividades essenciais, como supermercados, estão autorizadas a funcionar. GDF alerta para fake news
 
A secretaria alerta, contudo, que a imunidade alcançada com a primeira dose é baixa. Assim é recomendada a manutenção de todos os cuidados para evitar a infecção pelo coronavírus. A maior proteção adquirida com a vacinação tem ocorrido 21 dias após a aplicação da segunda dose, apontam estudos. Mesmo neste caso, deve-se manter as medidas de profilaxia, como evitar aglomerações, usar máscara e higienizar as mãos com água e sabão ou álcool em gel.
 
Outro grupo prioritário no plano de vacinação é o de profissionais de saúde, cuja vacinação começou em 19 de janeiro. Em relação a esta parcela, não houve crescimento nas internações dentro da rede privada ou pública. “Este perfil epidemiológico permaneceu com um limite muito pequeno em relação ao número de internações. A partir de uma análise gráfica não percebemos um acometimento maior dos profissionais da linha de frente, só que é mais difícil obter um controle maior desse grupo porque muitas vezes ele se sobrepõe também aos critérios de idade, comorbidades e, às vezes, são profissionais de fora da rede pública”, detalhou Petrus Sanchez.
 
Transmissão
 
A taxa de transmissão do novo coronavírus caiu para 1,12 no Distrito Federal — cada 100 infectados contaminam outras 112 pessoas —, após o decreto de fechamento do comércio e do toque de recolher. O anúncio foi feito ontem pelo governador Ibaneis Rocha (MDB), por meio de uma rede social. Até quarta-feira, o índice de transmissibilidade estava em 1,28, e já chegou, nas últimas semanas, a 1,38. Apesar da redução, o momento ainda é de alerta, uma vez que o número acima de 1 indica expansão da pandemia. Como sinal disso, os leitos de UTI das redes pública e privada de saúde seguem lotados, e centenas de pacientes aguardam por uma vaga.
 
Pelo Twitter, Ibaneis Rocha comemorou a redução da taxa de transmissão, mas chamou a atenção da população para o cumprimento das medidas sanitárias. “A taxa de transmissão da covid no DF, que já foi de 1,38, baixou para 1,12. Isso significa que as medidas que tomamos deram certo. Mesmo assim ainda é muito alta! É preciso que mantenham o uso de máscara, álcool gel e o distanciamento”, escreveu o chefe do Executivo local.
 
Com base no decreto assinado pelo governador, o fechamento das atividades não essenciais terá duração até 22 de março, mesma data prevista para o fim do toque de recolher. O secretário da Casa Civil, Gustavo Rocha, no entanto, não descarta a possibilidade de o governo implementar medidas mais restritivas, caso o cenário da pandemia no DF piore. Ele alertou, porém, sobre informações falsas. “Essa análise é constante. Se esse cenário não retroceder, poderão vir outras medidas mais adiante. Mas, repito, cuidado com as fake news”, advertiu o chefe da pasta. Na sexta-feira, o GDF desmentiu, em comunicado oficial, mensagem que circula nas redes sociais sobre suposto “lockdown geral” na cidade. “As medidas já tomadas para reduzir a taxa de transmissão da doença estão surtindo efeito — principalmente o toque de recolher a partir das 22 horas — e todas as alternativas estão sendo estudadas.”
 
Ontem, o Correio percorreu pontos da área central do DF e encontrou ruas vazias e pouco movimento nos estabelecimentos com funcionamento permitido, como os supermercados. Na Asa Sul, nas quadras 300 e 700, por exemplo, poucas pessoas caminhavam pelas ruas e os estabelecimentos comerciais, como lanchonetes e restaurantes, obedeciam às normas impostas.
 
Apesar das restrições, o índice de isolamento no DF caiu de 45,3% em 7 de março — data do decreto do GDF — para 35,8% ontem, segundo o instituto Inloco, que monitora o deslocamento de pessoas com base em dados de aparelhos celulares.
 
Espera por vaga
 
Dados mais recentes do InfoSaúde mostram que, no total, 279 pessoas aguardam por um leito de UTI na rede pública. Dessas, 207 são para tratamento de covid-19. Sob condição de anonimato, um profissional de saúde de um hospital público relatou o caos. “Não para de chegar paciente e não sabemos mais o que fazer. Não há vagas, não adianta. Temos pacientes recebendo tratamentos sentados, outros no chão”, descreveu.
 
A rede pública de saúde dispõe de apenas um leito adulto de UTI disponível e a capacidade está em 99,66%. Para as crianças e bebês que precisam de internação, são nove vagas: sete no Hospital da Criança (pediátrico) e duas no Hran (neonatal). Contudo, cabe lembrar que há centenas de pessoas esperando por uma vaga e, à medida que pacientes morrem ou recebem alta médica, os leitos são ocupados imediatamente. A capacidade de ocupação nos hospitais particulares também está alta: 98,77%. Painel do InfoSaúde mostra que há cinco leitos. Quatro deles são adultos e um, neonatal.
 
Na tentativa de desafogar o sistema de saúde, ontem, Ibaneis anunciou o reforço de mais 100 leitos de UTI para o tratamento da covid-19. Segundo o GDF, serão abertos 80 leitos no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) e mais 20 no Hospital de Base, estes com suporte dialítico, para pacientes que precisam de hemodiálise. A previsão de entrega, segundo o Instituto de Gestão Estratégica do DF (Iges), é na próxima semana. “É mais um esforço que estamos fazendo para atender a nossa população, mas precisamos contar com todo mundo para combater essa doença”, pontuou o governador.
 
*Estagiária sob supervisão de Fernando Jordão


1.660 casos em 24h

O Distrito Federal registrou 1.660 pessoas infectadas pelo novo coronavírus nas últimas 24 horas, chegando ao total de 316.181 casos, segundo a Secretaria de Saúde. Pacientes recuperados são 294.623. Em um dia, foram notificadas 16 mortes por causa da covid-19 — todos tinham mais de 60 anos e apresentavam comorbidades —, fazendo o DF atingir a marca de 5.097 vítimas. Quatro óbitos aconteceram ontem. Ainda de acordo com a pasta, até o momento, 235.484 pessoas foram vacinadas contra a doença na capital — 169.719 receberam a primeira dose e 65.765, a segunda.


Registro de óbitos de idosos com mais de 80 anos no DF
 
Dezembro de 2020
69 óbitos
 
Janeiro de 2021
101 óbitos
 
Início da Vacinação em 1º de fevereiro de 2021
 
Fevereiro
77 óbitos
 
Março de 2021
55 óbitos
 
Total desde dezembro: 
302 óbitos
 
*Dados atualizados em 13 de março de 2021 pela SES-DF

Correio Braziliense sábado, 13 de março de 2021

SOCORRO AO SETOR PRODUTIVO

Jornal Impresso

Socorro ao setor produtivo
 
Depois de se reunir com o empresariado, Ibaneis Rocha decide conceder isenções de taxas e flexibilidade no pagamento de impostos, como o IPTU e a TLP. Em troca, receberá doação para construir hospital de campanha em Samambaia

 

Samanta Sallum

Publicação: 13/03/2021 04:00

Decreto perdoa e isenta o pagamento do preço público das estruturas feitas em quiosques, feiras e até bares e restaurantes em áreas públicas durante a pandemia (Antonio Cunha/CB/D.A Press - 13/2/17)  
Decreto perdoa e isenta o pagamento do preço público das estruturas feitas em quiosques, feiras e até bares e restaurantes em áreas públicas durante a pandemia


Em meio à crise sanitária e econômica provocada pelo novo coronavírus, o governador Ibaneis Rocha (MDB) anunciou medidas de socorro ao setor produtivo no Distrito Federal, mais especificamente para o comércio. Vai conceder isenções de taxas e flexibilidade no pagamento de impostos.

Em contrapartida, os empresários vão ajudar na construção de um hospital de campanha em Samambaia, que vai custar R$ 10 milhões. “Escutei atentamente os empresários e conseguimos resolver algumas demandas de imediato”, disse Ibaneis.

Ele anunciou a representantes de 13 entidades do setor produtivo da capital a edição de um decreto que perdoa e isenta o pagamento do preço público nas estruturas de quiosques, feiras e até bares e restaurantes, pagas pela ocupação de áreas públicas — que chamam de “puxadinhos” —, enquanto durar a pandemia. “O decreto e a isenção do pagamento pelos ‘puxadinhos’ são formas de agradecer aos empresários pelo apoio que temos recebido”, destacou o governador nas redes sociais.

“Também editei uma portaria para estender o pagamento do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e da TLP (Taxa de Limpeza Pública) das empresas alcançadas pelas restrições, como hotéis, shopping centers, bares e restaurantes. Vamos aumentar o prazo de pagamento para 12 meses, contando a partir de dezembro”, destacou o governador. Os valores de IPTU e TLP previstos para esses estabelecimentos somam cerca de R$ 70 milhões. O vencimento desses tributos neste ano está previsto originalmente para quatro parcelas, que vão de maio até agosto. O novo calendário prevê pagamento de dezembro de 2021 a novembro de 2022.

Os empresários, segundo o Ibaneis, se prontificaram a financiar parte da construção de mais um hospital de campanha, em Samambaia, que deve custar cerca de R$ 10 milhões. “A doação vai agilizar a obra, evitando processos burocráticos mais demorados. A gestão e o pessoal serão da Secretaria de Saúde”, explicou.

O secretário de Economia do GDF, André Clemente, reforçou o empenho do governo local para socorrer o setor produtivo. Clemente afirma que o governo local está nomeando o máximo de servidores possível para garantir mais eficiência nas áreas de Saúde e de Assistência Social. Foram 400 nomeações de profissionais para os dois setores.


Ibaneis Rocha:  
Ibaneis Rocha: "A doação vai agilizar a obra (do hospital), evitando processos burocráticos mais demorados"



Repercussão
Em nota, a Câmara dos Dirigentes Lojistas do DF (CDL-DF) destacou que campanhas de conscientização da população diante da crise provocada pela covid-19 e uma fiscalização efetiva dos órgãos ligados ao GDF são as medidas mais eficientes neste momento. “Elas poderiam ter evitado que, mais uma vez, empregos fossem perdidos e negócios prejudicados”, destaca Wagner Silveira, presidente da CDL-DF.

Ele enfatiza a defesa de uma imunização em massa. “Acreditamos que a vacinação é a forma mais eficaz de conter o avanço da doença e a mais segura para a retomada das atividades econômicas. Nessa semana conseguimos algumas vitórias com as medidas anunciadas pelo governador. Isso reforça, mais uma vez, a importância da união para melhores resultados”, disse

O presidente do Sindicato dos Bares e Restaurantes no DF, Jael Silva, apoiou a decisão do GDF. “Agradecemos ao governador Ibaneis e fazemos um reconhecimento especial ao secretário da Economia, André Clemente, pela presteza com que atenderam o nosso pedido, formulado em conjunto com a Fecomércio. Temos outras reivindicações importantes, porque o nosso setor está passando por grandes dificuldades mesmo. Entendemos o momento crítico que o governo está tendo para controlar o galopante aumento da covid-19”, disse.


André Clemente: nomeações de servidores para a área de Saúde (Ed Alves/CB/D.A Press - 9/11/20)  
André Clemente: nomeações de servidores para a área de Saúde



Crédito
O Banco de Brasília (BRB) lançou no final de fevereiro um novo programa de crédito com juros baixos para pessoas físicas e jurídicas. A intenção é reduzir os impactos financeiros provocados pela crise da covid-19. O Acredita-DF destinará até R$ 2,5 bilhões para diferentes setores da cadeia produtiva. Em 2020, o banco tinha lançado o Supera-DF, que destinou R$ 4 bilhões em crédito para ajudar nos impactos da pandemia, até setembro de 2020. Ao todo, o banco atendeu 4,4 mil empresários e mais de 32 mil pessoas físicas.



Mais leitos
Nas redes sociais, o governador adiantou conversações para a ampliação do número de leitos no DF. “Podemos ter a cessão de um Hospital da Rede Anchieta, que está desocupado. São 4 mil m², já com tubulações para oxigênio instaladas, onde queremos instalar de 200 a 300 leitos imediatamente”, disse. De acordo com ele, a Secretaria de Saúde fará uma vistoria para analisar essa possibilidade.

Correio Braziliense sexta, 12 de março de 2021

CORONAVÍRUS - JUSTIÇA VAI DECIDIR SE AMPLIA LOCKDOWN NO DF

Jornal Impresso

Justiça vai decidir se amplia lockdown
 
Defensoria Pública pede que sejam suspensas atividades como academia, escolas, trabalho presencial. Juíza Katia Balbino, da 3ª Vara Cível, abriu um prazo de 72 horas para reunir informações sobre a crise sanitária

 

» ANA MARIA CAMPOS

Publicação: 12/03/2021 04:00

Defensores públicos pedem o fechamento de lojas e serviços não essenciais para evitar um colapso na saúde (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  
Defensores públicos pedem o fechamento de lojas e serviços não essenciais para evitar um colapso na saúde


Quando começou o toque de recolher ontem, às 22h, 217 pacientes com covid-19 aguardavam um leito de UTI na rede pública. Cerca de 20 mil pessoas estavam com o novo coronavírus ativo, e o sistema de saúde se encontrava à beira do colapso. Nesse cenário desolador, a Defensoria Pública da União (DPU) aposta no distanciamento social e no fechamento de atividades burocráticas e não essenciais para que a população do Distrito Federal possa voltar a respirar.

Dois defensores públicos, Alexandre Cabral e Alexandre Oliveira, deram entrada nesta semana com uma ação civil pública na Justiça Federal para obter um decreto de fechamento de escolas, lojas, academias, igrejas, zoológico, parques recreativos, escritórios de profissionais liberais, como advogados e contadores, atividades do sistema S e lojas de construção e reformas. “Não será lockdown total. Serviços essenciais, como óticas e mercados, vão funcionar. Hoje temos 200 pessoas na fila para um leito. Se não fizermos nada, logo serão 300 ou 400. Muita gente vai morrer”, destaca a ação.

O processo foi distribuído para a juíza Katia Balbino de Carvalho Ferreira, da 3ª Vara Cível, da Justiça Federal. Em despacho proferido ontem, a magistrada abriu um prazo de 72 horas para reunir informações sobre número de contaminados, fila de pacientes que aguardam UTIs e um plano estratégico para abertura de hospitais de campanha e leitos.

Servidores
A partir dessas informações, a juíza deverá tomar uma decisão. Entre os pedidos da Defensoria está também a manutenção de aulas on-line em escolas e faculdades. Os defensores também recomendam que a Justiça obrigue o governo de Jair Bolsonaro a adotar o homeoffice nos órgãos públicos federais, assim como trabalham servidores do DF, do Judiciário e do Legislativo. “Enquanto não chegarem as vacinas, a única solução é o distanciamento social”, aponta o texto.

A ação civil pública tem também um pedido relacionado à imunização. Os defensores pedem que o Governo Federal forneça as vacinas necessárias para toda a população, sem atrasos, sob pena de pagamento de multa, a ser arbitrada pela juíza.

Correio Braziliense quinta, 11 de março de 2021

CORONAVÍRUS - COLAPSO NA SAÚDE DO DF

Jornal Impresso

CORONVÍRUS

 

Colapso na saúde do DF
 
Hran está em "bandeira vermelha" e só atende casos graves. Taxa de transmissão de covid-19 continua alta. O governador Ibaneis Rocha anuncia a abertura de mais 30 leitos de UTI. Quatro variantes circulam na capital do país

 

» DARCIANNE DIOGO
» LUANA PATRIOLINO

Publicação: 11/03/2021 04:00

Os secretários Cristiano Mangueira, Gustavo Rocha e Valter Casimiro, ao lado do secretário-adjunto Petruz Sanchez: esforço de toda sociedade (Acacio Pinheiro/Agencia Brasilia)  
Os secretários Cristiano Mangueira, Gustavo Rocha e Valter Casimiro, ao lado do secretário-adjunto Petruz Sanchez: esforço de toda sociedade
 
No Hospital da Asa Norte (Hran), a situação é crítica, enquanto a taxa de isolamento na cidade subiu apenas 5% (Ed Alves/CB/D.A Press - 11/3/20)  
No Hospital da Asa Norte (Hran), a situação é crítica, enquanto a taxa de isolamento na cidade subiu apenas 5%
 
 
As medidas restritivas impostas pelo governo para conter a disseminação do novo coronavírus não fizeram o efeito esperado e a situação   no Distrito Federal está crítica. Após 10 dias da publicação do decreto que restringe atividades não essenciais na capital e o toque de recolher, a taxa de isolamento social subiu apenas 5%. Enquanto isso, as redes pública e privada de saúde entraram em colapso e o Hospital Regional da Asa Norte (Hran), referência no combate à covid-19, anunciou “bandeira vermelha” e limitou o atendimento apenas para os pacientes a casos graves, com risco de morte, devido à superlotação. Hoje, o governo do DF pretende ativar mais 30 leitos de unidade de terapia intensiva (UTI).
 
Relatório mais atualizado da Secretaria de Saúde (SES-DF), divulgado na noite de ontem, mostra que a capacidade dos leitos de UTI para adultos na rede pública está em 98,50%. Há apenas quatro vagas disponíveis. Na rede particular, a situação é semelhante. Com capacidade em 96,18%, os hospitais privados dispõem de 11 vagas (veja leitos).
Os índices de transmissibilidade da covid-19 estão em 1,28 — cada 100 pessoas infectadas passam o vírus para outras 128 —, divulgou o GDF, ontem, durante coletiva de imprensa. “Melhoramos um pouco em relação à queda, mas ela ainda está em ascensão. Essa taxa já teve, nas três primeiras semanas de fevereiro, uma oscilação de até 1,03 e, nas últimas semanas, chegamos a 1,38. Tivemos um avanço, mas temos que entender a necessidade desse controle. A melhor gestão não é somente disponibilizar leitos, mas conter a disseminação. As pessoas precisam estar menos aglomeradas”, alertou o secretário-adjunto de Assistência à Saúde, Petrus Sanchez.
 
Para desafogar o sistema de saúde, o governador Ibaneis Rocha (MDB) pretende ativar novos leitos de UTI. O emedebista avaliou, ainda, a possibilidade de alugar quartos de hotéis para a abertura de leitos destinados à recuperação de pacientes, mas não deu mais detalhes sobre a medida. No ano passado, alguns hotéis foram habilitados a hospedar profissionais da saúde, idosos e agentes penitenciários do sistema prisional da capital.
 
Outro esforço do GDF é a abertura de três novos hospitais de campanha para o tratamento de pacientes com coronavírus. Cada unidade terá até 100 leitos, podendo chegar a 300 novos. Segundo o chefe do Executivo local, as unidades serão instaladas em Santa Maria, no Gama e no Ginásio Nilson Nelson, no Eixo Monumental. O prazo de execução estipulado pelo GDF para a montagem de cada hospital é de 20 dias e o investimento ficou em R$ 36 milhões.
 
Jovens
 
Na coletiva, o secretário da Casa Civil, Gustavo Rocha, alertou a população e disse que os profissionais de saúde estão trabalhando no limite. “Até amanhã (hoje) serão abertos mais 30 leitos, que também serão preenchidos imediatamente, porque há uma fila com mais de 130 pessoas aguardando uma vaga. Falamos aqui que havia uma concentração maior à noite, por causa dos jovens. Alguns não gostaram da forma como foi abordado e falaram que, caso ficassem doentes, iriam para o hospital privado. Mas o que eu tenho para dizer é que, nem os hospitais particulares têm vagas. Não adianta achar que só por ter condição financeira melhor ou plano de saúde, vai conseguir vaga”, frisou.
 
Ontem, o Hran decretou “bandeira vermelha” e restringiu o atendimento apenas para pacientes em estado grave em decorrência do novo coronavírus. Procurada pela reportagem, a Secretaria de Saúde informou que, devido ao aumento acentuado de casos da covid-19 no DF nos últimos dias, o Hran está operando além da capacidade. Dessa forma, a bandeira vermelha limita o atendimento a casos graves, com risco de morte. “Isso ocorre sempre que a insuficiência de estrutura física impede o acolhimento de novos pacientes”, afirmou a SES-DF.
 
Para Carla Pintas, professora do curso de saúde coletiva da Universidade de Brasília (UnB), as medidas de restrição devem ser seguidas duramente. “Não é hora de frequentar salão, ir ao bar ou fazer festas. O risco de contaminação é grande. O que estamos passando é muito sério. Os acontecimentos recentes mostram o quanto tem aumentado o número de casos de covid-19 no DF. A doença não tem escolhido quem vai pegar, não temos como prever”, alertou.
 
Novas variantes
 
Existem pelo menos quatro novas variantes da covid-19 circulando na capital. A informação foi confirmada pela SES-DF de acordo com as amostras analisadas pelo Laboratório Central da Secretaria de Saúde (Lacen-DF). As novas cepas são: P1, P2, B.1.1.28 e B.1.1.143.
 
A pasta informou que, desde fevereiro, o Lacen vem realizando testes em parceria com alguns pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) para identificar as novas cepas. De acordo com o órgão, a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep) também está atuando na coordenação de estudos direcionados para detectar o ponto de transmissão das variantes, o rastreamento dos pacientes e o estudo epidemiológico da doença.
 
O anúncio das cepas aconteceu logo após o secretário de Saúde, Osnei Okumoto, confirmar, em entrevista coletiva, a presença delas. “Já há a identificação de, pelo menos, duas variantes importantes”, disse. Nas redes sociais, Ibaneis Rocha se pronunciou sobre a situação. “São cepas com um índice de transmissão maior e também geram uma internação e uma recuperação mais demoradas”, disse.
 
O chefe do Executivo local também pediu ajuda para frear a crise sanitária no DF. “Precisamos contar com o público jovem no combate a esse vírus porque se continuarem desrespeitando o isolamento, a situação vai ficar mais e mais grave”, concluiu.
 
De acordo com a Saúde, a variação B.1.128 foi uma das primeiras a circular. Sobre a B.1.1.143, a pasta disse apenas que “é uma outra linhagem que também já é identificada em diversos estados”. A P2 se refere à variante encontrada no Rio de Janeiro e a P1 é a encontrada em Manaus, em janeiro deste ano.
 
» Palavra de especialista
 
Risco de agravamento
 
“A presença de novas cepas representa um risco. Mas elas já estão circulando há meses e temos percebido nas diferentes regiões. A questão é que o número de testes que o governo brasileiro conseguiu organizar nessa rede de vigilância genômica é muito pequeno. Então, demoramos a perceber que estava circulando em uma região, mas já era um fato dado com todas as equipes de vigilância que tínhamos essa mutação presente em praticamente todo o  país.
É possível que parte do aumento dos casos seja por causa dessas variantes, mas acreditamos que o crescimento seja cada vez maior porque a população deixou de adotar as medidas de segurança e que o efeito desses feriados de início de ano e comemorações tiveram papel importante na perda de controle que estamos vivendo agora.
 
A tendência da pandemia é que ela se agrave, sim, independente da variante. Pelo menos no mês de março e talvez uma parte de abril vamos ter cenários muito tristes se não conseguirmos efetivar ações de lockdown que reduzam o isolamento físico das pessoas.
 
Precisamos rastrear os contatos, fazer mobilização dessa testagem laboratorial para encontrar cada um desses casos, organizar redes de apoio social e econômico para que essas pessoas possam ficar isoladas em períodos de quarentena e freforçar as ações de fortalecimento sanitárias para que as medidas estejam incorporadas. O cenário atual com um lockdown relativo, ou seja, só com uma parte da população isolada e alguma parcela dos serviços fechados, é muito pouco provável que a gente veja redução do número de casos.
 
Jonas Brant, médico 
epidemiologista e professor da Universidade de Brasília (UnB)
 
» 25 mortes registradas
Os casos de covid-19 não param de crescer no Distrito Federal. Nesta quarta-feira, a capital chegou a 5.027 mortes por covid-19, com o registro de mais 25 óbitos causados pela doença em 24 horas. Segundo boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde, com os 1.551 novos casos confirmados, o DF chegou a 311.098 pessoas infectadas pelo novo coronavírus. A média móvel de casos está em 1.454, o que representa aumento de 69,82%, em relação ao número de 14 dias atrás. Quanto às mortes, em comparação ao mesmo período, o índice é de 18,14 — crescimento de 74% comparado ao período de duas semanas.
 
» Vagas em UTI para pacientes com covid-19 no DF
Rede particular
 
Hospital Anna Nery 1 leito
Hospital Maria Auxiliadora 2 leitos
Hospital Santa Helena 1 leito
Hospital Santa Lúcia 6 leitos
Hospital São Francisco (adulto) 1 leito
Hospital São Francisco (pediátrico) 1  leito
Total: 12 leitos disponíveis
 
Rede pública
 
Hospital da Criança (pediátrico) 7 leitos
Hospital da PM  3 leitos
Hospital Regional da Asa Norte (neonatal) 4 leitos
Hospital Regional de Ceilândia 1 leito
Total: 15 leitos disponíveis

Correio Braziliense quarta, 10 de março de 2021

CORONAVÍRUS - MOMENTO CRÍTICO DEIXA DF EM ALERTA

Jornal Impresso

CORONAVÍRUS

 

Momento crítico deixa DF em alerta
 
A taxa de transmissão ainda elevada e o alto percentual de ocupação dos leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) para o tratamento do coronavírus mostram, na visão de especialista, que medidas mais restritivas são necessárias

 

» ANA CLARA AVENDAÑO*

Publicação: 10/03/2021 04:00

Os secretários Osnei Okumoto, Gustavo Rocha e Anderson Torres: ações conjuntas para reduzir a circulação do vírus em momento preocupante (Renato Alves/Agencia Brasilia)  
Os secretários Osnei Okumoto, Gustavo Rocha e Anderson Torres: ações conjuntas para reduzir a circulação do vírus em momento preocupante
 
O Distrito Federal atingiu a triste marca de 5 mil mortes ontem (leia abaixo). Com 1.008 novas infecções, o número de casos chegou a 309.547. A taxa de transmissão da covid-19, segundo o último boletim divulgado pela Secretaria de Saúde do DF, apresentou uma queda. A capital teve um R(t) de 1,28 ontem. No entanto, esste indicador precisa permanecer abaixo de 1. “O toque de recolher noturno acaba sendo seletivo, o vírus não circula somente à noite. O ideal é analisar e propor intervenções graduais em todos os setores da economia, conforme a taxa de ocupação de leitos, o aumento da incidência da doença e o número de mortes. Só que no momento em que nós estamos, precisamos de medidas mais drásticas que inibam a circulação de pessoas”, avalia Lívia Vanessa Ribeiro, infectologista do Hospital de Base.
 
Outra preocupação são os casos de reinfecção. Entretanto, para Lívia, a vacinação é a ação mais eficiente para evitar que pacientes recuperados contraiam o vírus novamente e para que seja gerada a imunidade de rebanho. “É uma ideia errônea pensar que quanto mais infectados tiverem, mais rápido iremos chegar à imunidade de rebanho. Na verdade, a imunidade de rebanho é um conceito aplicado para a questão das imunizações. É necessário ter um número determinado de pessoas vacinadas para atingir uma imunidade ou reduzir a circulação do vírus de modo que seja possível proteger o percentual que ficou de fora da vacinação”, explica ela.
 
Sem um plano de imunização amplo, o modo de reduzir as chances de haver novos casos de reinfecção é por meio de medidas não farmacológicas de distanciamento social, uso de máscara, higienização das mãos e de objetos tocados com frequência. “Não dá para jogar essa responsabilidade apenas para população, é preciso melhorar todos os serviços que são prestados de forma que evite aglomerações”, pondera Lívia Ribeiro.
 
Em entrevista coletiva no Palácio do Buriti, o Secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, ressaltou a identificação de festas clandestinas e aglomerações no DF. “Temos nos deparado com pessoas e estabelecimentos que insistem em descumprir as restrições”, relevou. No entanto, durante o primeiro dia de aplicação do toque de recolher, a fiscalização procurou orientar a população por haver muitas pessoas que desconheciam o novo decreto.

Agentes de segurança fazem blitz em várias áreas da cidade durante o toque de recolher (PMDF/Divulgação)  
Agentes de segurança fazem blitz em várias áreas da cidade durante o toque de recolher
 
Mais rigor
 
Na avaliação de especialistas, urge restrições mais rígidas para conter os avanços do coronavírus. “O que é eficaz é um conjunto de atividades, só o toque de recolher não irá resolver”, afirma o professor de epidemiologia da Universidade de Brasília (UnB) Wildo Navegantes.
 
De acordo com o docente, existem outras formas mais efetivas para o enfrentamento da pandemia, como a testagem extensiva guiada pela vigilância de saúde do DF, o aconselhamento de isolamento no diagnóstico, um processo de comunicação de risco muito claro por parte do governo, da Secretaria de Saúde, outros órgãos e dos líderes informais não governamentais. E, ainda, investir no processo de fazer investigação quanto ao contato com o vírus, identificar casos suspeitos e aconselhá-los a ficarem de quarentena. Na visão de Navegantes, outras medidas deveriam ter sido tomadas, como a restrição temporária de atividades durante o dia.
 
Oxigênio
 
Com o aumento da demanda por leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTIs) e o funcionamento dos hospitais de campanha, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) solicitou informações sobre a atual demanda e estoque de oxigênio hospitalar no Distrito Federal. A Secretaria de Saúde e o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges-DF) devem informar quais empresas estão atualmente contratadas e a capacidade de ampliação da oferta, por dia e por semana. Além disso,  a Saúde precisa notificar se quantidade contratada é suficiente.
 
A pasta deverá comunicar, ainda, se já verificou junto aos fornecedores contratados sobre a capacidade de continuarem a fornecer o insumo regularmente, além de outras medidas preventivas possíveis para garantir o suprimento de oxigênio hospitalar. O prazo para resposta é de três dias. O chefe da Saúde, Osnei Okumoto, assegurou, em coletiva de imprensa, que a capital possui oxigênio e insumos suficientes para atender a população.
 
No entanto, ele alerta: “Nós estamos em uma fase crítica. O levantamento não é feito só no DF porque o oxigênio é distribuído para o país inteiro. Se o país, que possui 23 estados com 80% das suas UTIs lotadas (no DF está em 90,62%), não tomar nenhuma decisão, será desencadeado um número maior de pacientes internados com utilização de oxigênio que pode vir a faltar futuramente. No entanto, hoje, o contrato da nossa Secretária de Saúde é uma quantidade suficiente para atender o DF”.
 
Jovens
 
O aumento na procura por atendimento hospitalar de jovens infectados pela covid-19 impulsionou a abertura de 7 leitos de UTI no Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB). “Temos um número maior de jovens sendo infectados e procurando leitos hospitalares para a internação, em relação à primeira onda. A diferença nisso tudo é que essas novas cepas de vírus apresentaram um índice de infectividade maior e uma longa permanência de internação desses pacientes, no entanto, a letalidade é menor”, diz Osnei Okumoto sobre as vagas destinadas para pessoas com idade abaixo de 18 anos.
 
Para Gustavo Rocha, secretário da Casa Civil, “isso reforça a necessidade do toque de recolher e das medidas restritivas porque são os jovens que estão saindo para aglomerações, que saíram para o carnaval e agora, ocupando leitos. Se não houver mudança na consciência dessas pessoas, os leitos serão abertos e ocupados”, enfatizou.
 
*Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira

Correio Braziliense terça, 09 de março de 2021

CARLOS BRACHER INAUGURA MUSEU VIRTUAL: TODAS AS CORES DO AMOR

Jornal Impresso

Todas as cores do amor
 
 
Na passagem dos 80 anos, o artista plástico Carlos Bracher inaugura museu virtual com suas obras e da mulher, Fani. Série sobre Brasília é um dos destaques do acervo

 

» Severino Francisco

Publicação: 09/03/2021 04:00

Carlos Bracher e Fani Bracher: parceria de amor e de arte que dura 52 anos (Edmar Luciano/Divulgação - 01/12/20 )  
Carlos Bracher e Fani Bracher: parceria de amor e de arte que dura 52 anos
 
O artista plástico Carlos Bracher celebra a passagem dos 80 anos de vida, completados em 19 de dezembro, da forma mais generosamente mineira, com a abertura das portas físicas do Atelier Casa Bracher, em Ouro Preto, e das janelas virtuais do site Atelier Casa Bracher, organizado pelas filhas Blima e Larissa. Em ambos, o visitante encontrará um vasto acervo de obras do artista e de sua mulher, Fani Bracher, com informações sobre as obras, livros e vídeos. Carlos e Fani construíram uma parceria de 52 anos no amor e na arte.

Carlos Bracher é um dos mais importantes artistas plásticos brasileiros vivos e tem mais horas de pintura do que beija-flor de voo. Transfigurou paisagens, siderúrgicas, igrejas, personagens, corpo e alma de Minas Gerais, com sua pintura dramática, convulsiva e vibrante: “Encontrei-me com Minas Gerais através da pintura de Carlos Bracher. É o maior elogio que, de coração, lhe posso fazer. Viva Minas!”, escreveu o poeta Carlos Drummond de Andrade, depois de ver uma exposição de Bracher.

Em 2007, Bracher pintou 65 quadros sobre Brasília em frente aos monumentos ou no meio das praças da cidade. A passagem brasiliense de Bracher pela cidade foi registrada no documentário Âncora aos céus, dirigido por Blima Bracher, filha do pintor. E, nesta entrevista ao Correio, Carlos Bracher fala sobre mineiridade, pintura, séries e Brasília.


Catedral Metropolitana, pintura de Carlos Bracher da Série Brasília: conexão com JK (Miguel Aun/Divulgação - 14/2/21)  
Catedral Metropolitana, pintura de Carlos Bracher da Série Brasília: conexão com JK


Escadas, obra de Fani Bracher: caminho independente (Ricardo Correia de Araújo/Divulgação - 28/9/13 )  
Escadas, obra de Fani Bracher: caminho independente


Como é a ideia de comemorar os 80 anos 
de vida com a abertura da Casa Bracher?
Olha, estamos conversando no pós-carnaval de 2021. Nasci em Juiz de Fora, mas, no exato carnaval de 1971, eu estava chegando da Europa para morar em Ouro Preto. Tinha ganhado o maior prêmio de artes plásticas do país, o Prêmio Salão Nacional de Belas Artes de Viagem a Europa. Portinari, Pancetti, Iberê Camargo, Rubens Gerschman e Athos Bulcão ganharam o mesmo prêmio. Comemorei o aniversário de 80 anos em 19 de dezembro. Resolvemos transformar a nossa casa no Atelier Casa Bracher, com obras minhas e da minha mulher, Fani Bracher, que tem um caminho maravilhoso, totalmente distinto do meu.
 
E a Casa Bracher virtual, como funcionará?
Estamos organizando também um site com um tour virtual, bancado pelo Sesi e a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Você pode viajar pelas salas, com informação sobre cada quadro. Além disso, estarão disponíveis os 11 livros e mais de 30 filmes sobre a minha obra. Foi muito bem organizado. Assim que passar a pandemia, vamos levar às escolas. É importante trabalhar com as crianças e os adolescentes, melhorar os padrões culturais e humanos.
 
O seu último trabalho foi a ilustração do livro Canto mineral, de 
Carlos Drummond de Andrade. Qual é o claro enigma de Minas Gerais?
Somos minerais e abissais. Nós, os mineiros, e os nordestinos, somos povos profundos. É onde dá caldo. Os povos leves não dão poesia nem sumo. Porque no fundo da vida está a poesia no sentido amplo. O poético é a substância da vida, das artes e das ciências. Minas forja Carlos Drummond, homem de minérios e mistérios. Quis fazer desenhos a carvão como se fosse a própria matéria do verbo.


Pintura de Carlos Bracher da Série Van Gogh: afinidade artística e anímica (Miguel Aun/Divulgação - 14/2/21 )  
Pintura de Carlos Bracher da Série Van Gogh: afinidade artística e anímica


Pintura de Carlos Bracher da Série Marinas: pinceladas convulsivas e vibrantes (Miguel Aun/Divulgação - 14/2/21)  
Pintura de Carlos Bracher da Série Marinas: pinceladas convulsivas e vibrantes
 
Qual a conexão espiritual que você tem com Van Gogh, 
a quem dedicou uma série de mais de 100 quadros?
É uma ligação de estilo e de alma, muito complexa, de ser e de pintar. Encanta-me muito a vida dele, a devoção à arte, a vibração da cor, o caos e a tragicidade. E, também, a forma de pintar, a densidade, a emoção da arte. Sou um sujeito caótico, não sou mental, pinto de uma maneira visceral. Tento resolver a minha saída no caos de uma tragicidade indômita. É uma complexidade anímica. Vou morrer expressionista. É um estado de alma, não se aprende. A série sobre Van Gogh rodou pela Europa, China e Japão.
 
Qual a motivação para pintar Brasília?
Primeiramente, porque eu sou fã de Juscelino, minha família é de Diamantina, minha avó morava em frente a casa da mãe dele. Desde os tempos de criança, eu ouvia falar do Nonô, apelido de Juscelino na família. Diziam que era muito inteligente, que acordava cedo, desde os 6 anos, para ler. Quando visitei Brasília em 1962, fiquei fascinado, queria pintar. Mas só em 2007 vim a Brasília e permaneci um ano pintando. Foi uma experiência linda. Fiz 63 quadros, pintei na rua, em contato com os brasilienses.
 
Pintura de Carlos Bracher: mergulho no mistério das curvas do barroco mineiro (Miguel Aun/Divulgação - 12/5/10 )  
Pintura de Carlos Bracher: mergulho no mistério das curvas do barroco mineiro
 Por qual brecha ou janela tentou entrar em 
Brasília para pintar mais de 60 quadros sobre a cidade?
Peguei a beleza do céu e essa contundência do caos e da vibração telúrica. Pintei mais o céu do que a cidade. É uma cidade toda reta. A minha filha Blima fez um filme sobre as pinturas da Série Brasília, que se chama Âncoras aos céus. Moro em Ouro Preto, que tem uma arquitetura barroca. O expressionismo é meio barroco, redondo, curvo. O barroco é o mistério das coisas redondas. A Pampulha é o nicho de Brasília. É um relevo de montanhas. Embora a arquitetura de Niemeyer seja retilínea, ele tem uma alma barroca, tem um lado de curvas que está na Catedral Metropolitana de Brasília e no Congresso Nacional. Mas a curva vem atrás como algo pictórico.
 
Você estabelece uma relação entre o 
expressionismo e o barroco do Aleijadinho, 
tema de uma série na passagem dos 200 anos do artista?
O Aleijadinho é um fenômeno, filho de um português e de uma escrava. Naquela época, não podia ter casamento entre branco e escravo. Era um gênio nascido no fim de mundo. Aquela igreja com os profetas é patrimônio cultural da humanidade. É um primeiro artista brasileiro híbrido, filho de português com escrava. O pai do Aleijadinho adorava a negra. É um artista brasileiro com a força tropical, a consciência europeia com esse extrato vibratório espetacular. Quando me detive nessa série é que fui perceber a dimensão do Aleijadinho.
 
E como é a história de fazer um retrato 
do estilista de moda Ronaldo Fraga?
Olha, eu fiz retratos de Vinicius de Moraes, Jorge Amado, Chico Buarque, Oscar Niemeyer, Milton Nascimento, Maria Bethânia e Belchior. Tudo ao vivo. Na pandemia, fiz o retrato de Ronaldo Fraga de maneira virtual, ele posando em Belo Horizonte e eu pintando em Ouro Preto. Porque é muito importante a presença. Você sente a emoção e capta aspectos importantes do personagem. É o encontro com um grande estilista. Essa é a primeira vez que eu faço um retrato de maneira virtual.
 
Como vê a situação de cerceamento da arte atualmente?
É ruim, evidentemente, o corte nos investimentos para a cultura. Mas a força criativa é maior do que o cerceamento. O povo é que comanda a criação da cultura. Claro que quanto mais liberdade tivermos, maior será a arte. A cara de um povo é a cultura, é o sumo de um povo. A arte é o grito final humano. Este grito é um hino de amor à vida. Precisamos desses hinos para os outros que virão. Temos que cantar o nosso instante. Arte é a nossa raiz mais profunda, é o que a gente faz chorando, chorando de amor. A vida é ir em frente.

Correio Braziliense segunda, 08 de março de 2021

CORONAVÍRUS - ESCOLAS PARTICULARES E ACADEMIAS REABREM HOJE

Jornal Impresso

Escolas particulares e academias reabrem hoje
 
Retorno das atividades presenciais passa a valer, mas deve obedecer às normas sanitárias de combate à covid-19. Decisão do Executivo local divide opiniões, principalmente em um momento de alta na taxa de transmissão do vírus e de superlotação no sistema de saúde

 

SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 08/03/2021 04:00

Frequentadora assídua de academia há 14 anos, a cuidadora Ana Moura voltará às atividades esportivas assim que os estabelecimentos reabrirem (Ed Alves/CB/D.A Press
)  

Frequentadora assídua de academia há 14 anos, a cuidadora Ana Moura voltará às atividades esportivas assim que os estabelecimentos reabrirem

 

Instituições de ensino particulares e academias estão autorizadas a retomar as atividades presenciais a partir de hoje, no Distrito Federal. O funcionamento desses estabelecimentos estava suspenso desde 28 de fevereiro, como parte da estratégia de combate à pandemia da covid-19. No entanto, a liberação do retorno divide opiniões entre representantes e frequentadores dos setores afetados, devido à ocupação dos leitos em unidades de terapia intensiva (UTI) para tratamento da doença passar de 90%, tanto na rede pública quanto na particular. Além disso, a taxa R(t), que calcula transmissão do novo coronavírus, está em 1,35. O resultado significa que cada 100 infectados podem contaminar, em média, outras 135 pessoas.
 
Na sexta-feira, o governador Ibaneis Rocha (MDB) liberou, por meio de decreto, o retorno das aulas em escolas e academias, mas com ressalvas. O texto prevê que esses locais devem seguir as medidas de segurança e os protocolos recomendados pelas autoridades sanitárias, como garantir distância mínima de dois metros entre as pessoas; proibir que integrantes do grupo de risco trabalhem; disponibilizar álcool em gel; cobrar o uso de máscaras e aferir a temperatura de todos os presentes. Além disso, as escolas devem atuar com rodízio de estudantes, e as academias não podem fazer aulas coletivas.
 
Michelle Silva, 49 anos, conta que se sentiu segura com as medidas de segurança adotadas pela escola do filho, Augusto César Silva, 16. “Além de confiar na unidade de ensino, confio em meu filho e sei que ele entende a necessidade de usar máscaras, manter o distanciamento social e higienizar as mãos”, relata Michelle. Apesar disso, a moradora da Octogonal ainda se mantém atenta. “Mesmo em casa, tomamos todos os cuidados e seguimos preocupados com o vírus”, completa.
 
A cuidadora Ana Moura, 49, frequenta assiduamente a academia há 14 anos e diz que deve voltar, hoje, às atividades esportivas presenciais. “O local que frequento tem todo um cuidado e me sinto segura. Eles não fazem aulas coletivas e mantêm um número reduzido de alunos em cada horário, todos com máscara, além de higienizarem o espaço constantemente”, relata. Para a moradora de Vicente Pires, o exercício físico faz a diferença na rotina. “Quando soube que as academias reabririam, foi um alívio”, acrescenta Ana.
 
Representantes
 
Assim como entre os que frequentam escolas e academias, a volta das atividades presenciais dividiu representantes de entidades sindicais. O Sindicato das Academias (Sindac-DF) ressaltou que todas as instituições seguirão as medidas de segurança. “Graças ao novo decreto estamos liberados e vamos abrir as portas na próxima segunda-feira, seguindo todas as nossas normas à risca. Assim, vamos garantir não só a saúde da população como também a segurança em nossos ambientes”, informou a entidade em nota.
 
A presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino (Sinepe-DF), Ana Elisa Dumont, também é favorável ao retorno das atividades presenciais. Para ela, as escolas deveriam ser consideradas atividades essenciais. “Cerca de 85% dos estabelecimentos (de ensino) devem retornar hoje. A escola é um serviço essencial, pois cuida da saúde mental e cognitiva dos estudantes”, defende.
 
Já Rodrigo de Paula, um dos diretores do Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino (Sinproep-DF), não vê motivo para o retorno e espera uma intervenção por parte do Ministério Público do Trabalho (MPT). “Vamos nos reunir com a instituição e com o GDF (Governo do Distrito Federal) amanhã. Esperamos que o MPT barre essa retomada. De qualquer forma, continuaremos fiscalizando os estabelecimentos e o distanciamento entre os alunos e os servidores”, afirma. Na reunião, o sindicato também cobrará um calendário de vacinação contra a covid-19 para a área de educação.
 
 
Palavra de especialista
 
Sem margem para erros
 
Vejo a volta das atividades presenciais em escolas e academias com muita preocupação, porque estamos em um cenário de aumento progressivo da taxa de transmissão do vírus e com o sistema de saúde sobrecarregado. Não temos margem para erros, para acompanhar e ver se os locais vão conseguir cumprir as regras sanitárias. Estamos em uma situação de crise. Talvez, essa discussão deveria ter sido feita antes de atingirmos um cenário crítico. Com a volta das atividades presenciais, pode haver impacto na taxa de transmissão. Se isso acontecer, não teremos leitos para todos. Por isso, neste momento, a abertura de qualquer atividade é perigosa. Cabe à população aderir às medidas restritivas o máximo que conseguir. Claro que, quem precisar trabalhar presencialmente e estiver liberado pelo Poder Executivo, deve ir. No entanto, quem puder deve ficar em casa.
 
Valéria Paes, infectologista da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal

Correio Braziliense domingo, 07 de março de 2021

CORONAVÍRUS - SISTEMA INÉDITO NO DF VAI MONITORAR VÍTIMAS

 

Sistema inédito no DF vai monitorar vítimas
 
 
Secretaria de Segurança Pública lançará, em maio, dispositivo eletrônico para acompanhar mulheres assistidas por medidas protetivas. Equipamento emitirá alertas ou acionará a polícia nos casos em que houver aproximação dos agressores

 

SARAH PERES

Publicação: 07/03/2021 04:00

Acompanhamento ocorrerá  24 horas por dia, na Diretoria de Monitoramento de Pessoas Protegidas (André Feitosa SSP/DF
)  
Acompanhamento ocorrerá 24 horas por dia, na Diretoria de Monitoramento de Pessoas Protegidas
No mês da mulher e a dois de a lei que tipifica o feminicídio completar seis anos, o Distrito Federal acumula casos de assassinato em decorrência de gênero. Desde a criação da qualificadora específica para esse tipo de crime — em 9 de março de 2015 — até o mês passado, o total de vítimas chegou a 116. Mesmo com uma queda de 46% nas ocorrências, entre 2019 e 2020, formas de preveni-las continuam entre as preocupações. Nesse sentido, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) lançará uma série de ações para integrar o projeto Mulher Mais Segura (leia Alianças sociais). Entre as medidas anunciadas está a implementação do Dispositivo de Monitoramento de Pessoas Protegidas (DMPP), previsto para começar a funcionar em maio.
 
O sistema permitirá supervisionar vítimas de violência doméstica assistidas por medidas protetivas, para assegurar que os agressores não entrem em contato com elas. O DMPP será disponibilizado por meio de determinação judicial. As vítimas receberão um dispositivo móvel na cor roxa, e os acusados usarão tornozeleira eletrônica. 
 
O secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, afirma que o programa terá início com o atendimento a cinco mulheres. “Os dois dispositivos se conectam, de forma que nossos servidores poderão acompanhar, em tempo real, o cumprimento das medidas protetivas estabelecidas pelos juízes. Desse modo, a vítima não precisará acionar a polícia se estiver em situação de perigo. Se o agressor entrar na zona de exclusão determinada, ambos os dispositivos passam a vibrar, piscar a cor vermelha e emitir um alerta sonoro”, detalha.
 
Responsável pela Diretoria de Monitoramento de Pessoas Protegidas da SSP-DF, Andrea Boanova explica que o monitoramento das vítimas e agressores será feito por 15 servidores, como policiais civis, militares e penais, além de bombeiros. Atualmente, o setor conta com duas estações eletrônicas, com capacidade para acompanhar 600 indivíduos. “O software possibilita verificarmos quando a vítima está em perigo iminente e, assim, alertá-la. É o que se diferencia das medidas existentes, em que as mulheres precisam acionar a segurança pública”, compara. “O programa também viabiliza termos um rastro que altera nossa forma de atuação. Podemos ver, por exemplo, se a mulher está no shopping e se o agressor ingressa no local”, acrescenta.
 
A diretora ressalta que a vítima é informada sobre a situação e aconselhada a procurar um local seguro. “Ele (o agressor) pode não ter conhecimento de que a vítima está no estabelecimento, mas, pelas normas, ele deverá sair dali. Então, vamos orientá-lo a deixar o espaço, seja por SMS ou ligação. Se ele estiver indo até a mulher propositalmente, faremos as mesmas recomendações. Mas, ao mesmo tempo, será acionada a Polícia Militar, tanto para protegê-la quanto para deter o agressor”, frisa Andrea Boanova.
 
Confiança
 
Além disso, na Diretoria de Monitoramento de Pessoas Protegidas, que fica no Centro Integrado de Operações de Brasília (Ciob), as mulheres terão uma sala de acolhimento. Nesse local, as vítimas do projeto contarão, inclusive, com acompanhamento psicológico. “Haverá servidores capacitados para esse tipo de atendimento. Assim, elas poderão ser orientadas a buscar outros serviços de ajuda, como os disponibilizados pela Secretaria de Estado da Mulher, que é uma grande aliada no combate a esse tipo de violência”, comenta o secretário Anderson Torres.
 
Para Rita Lima, coordenadora do Núcleo de Defesa da Mulher (Nudem), da Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF), a implementação do DMPP pode gerar mais confiança para que as vítimas denunciem os agressores. “Nós que trabalhamos diretamente com essas mulheres nos deparamos com queixas sobre o controle da medida protetiva. Os próprios dados da Câmara Técnica de Monitoramento de Homicídios e Feminicídios da SSP-DF revelam que a maior parte das vítimas de feminicídio não denunciou situações de violência anterior. No ano passado, apenas uma tinha medida protetiva. Esse é um dos maiores desafios atuais para o combate a esse crime”, analisa.
 
A defensora pública frisa a necessidade de desmistificar a eficácia das medidas protetivas. “Quando a mulher recebe esse amparo da Justiça, a maior parte dos agressores respeita a norma estabelecida. Claro que não temos estrutura para acompanhar todas essas vítimas, mas, nos casos mais sensíveis e de grande vulnerabilidade, o dispositivo de monitoramento pode ser eficaz para assegurar o respeito às medidas protetivas e para manter a segurança da mulher. Além disso, mantém o agressor longe dos locais proibidos judicialmente, como a casa e trabalho da vítima, assim como evita encontros fortuitos em áreas públicas”, observa Rita.
 
No detalhe
 
Veja as principais características dos casos de feminicídio registrados no DF entre março de 2015 e fevereiro de 2021:
 
As vítimas
116
 
Perfil etário
 
Casos sob investigação
 
2 anos
Idade da vítima mais nova
 
69 anos
Idade da vítima mais velha
 
37 anos
Idade média das vítimas
 
 
RAÇA/COR
 
59,5%
Vítimas que se declaravam pardas
 
Escolaridade
37,4% — Ensino médio
33% — Ensino fundamental
18,3% — Ensino superior
4,3% — Sem instrução
7% — Sem informações
 
O crime
97,41% dos feminicídios foram elucidados, com identificação do autor;
73,3% dos crimes ocorreram no interior das residências;
47,3% dos autores eram maridos ou companheiros das vítimas.
 
Fonte: Câmara Técnica de Monitoramento de Homicídios e Feminicídios (CTMHP) da SSP-DF

 


Correio Braziliense sábado, 06 de março de 2021

CORONAVÍRUS - AMEAÇA SILENCIOSA ENTRE OS MAIS JOVENS

Jornal Impresso

CORONAVÍRUS

 

Ameaça silenciosa entre os mais jovens
 
Distrito Federal registra alta de 94% na média móvel de casos da covid-19, chegando a 1.253,4. População até 29 anos é um dos vetores do novo coronavírus na capital do país. A doença matou 43 pacientes dessa faixa etária, grupo em que observa-se a baixa letalidade

 

Darcianne Diogo, Jéssica Moura

Publicação: 06/03/2021 04:00

Marina foi diagnosticada com a doença passou 13 dias com sintomas, desde dor de cabeça à dificuldade de respirar (Carlos Vieira/CB/D.A Press
)  

Marina foi diagnosticada com a doença passou 13 dias com sintomas, desde dor de cabeça à dificuldade de respirar

 

O Distrito Federal registrou, ontem, recorde na média móvel de mortes e de casos da covid-19, este ano. As taxas ficaram em 16,3 e 1.253,4, respectivamente. Comparada ao índice de 19 de fevereiro, a alta foi de 94%, em relação às infecções (646), e de 70,3%, quanto aos óbitos (9,57). Os números desafiam a sociedade e o poder público, sobretudo ao falar da pandemia entre os jovens com até 29 anos. Desde o início do mês, 1.243 pessoas dessa faixa etária contraíram o novo coronavírus e duas morreram. Ao todo, essa parcela da população representa 26,27% das ocorrências, com 79.786 infectados, sendo 43 óbitos.
 
Quando se observa o grupo de 30 a 39 anos, o cenário é semelhante. Entre segunda-feira e ontem, 1.199 pessoas dessa faixa foram diagnosticadas com a covid-19 e uma morreu. Desde o início da pandemia, são 78.925 infectados e 118 vítimas. Somando os dois grupos, eles representam 52,26% de todos os casos do novo coronavírus no DF. Atualmente, dos 272 leitos de unidades de terapia intensivas (UTI) da rede pública, 238 estão ocupados, nove com jovens até 29 anos e 17 com pacientes de 30 a 39 anos. A soma representa 9,56% dos leitos disponíveis. No geral, a taxa de ocupação na rede pública é de 92,61%. O grupo mais vulnerável à doença são idosos acima de 80 anos, em que a covid-19 mata 27,2% dos pacientes.
 
Outro ponto que chama a atenção é a alta de óbitos por causas respiratórias de jovens entre 20 e 29 anos. Em 2019, somou 344 registros nos cartórios do DF. Em 2020, o número subiu para 445, e, este ano, houve 77 ocorrências. O aumento de mortes devido a problemas respiratórios também se observa entre a faixa etária de 30 a 39 anos, quando, em 2019, houve 554 óbitos; em 2020, foram 727; e em 2021, 100.
 
O infectologista Julival Ribeiro, alerta que, em todo o mundo, houve mudança no perfil de infectados que também desenvolvem sintomas pós-covid, como cansaço, problemas cardíacos e cefaleia. “Estão ocorrendo mais infecções em jovens e mais graves e, infelizmente, alguns até morrendo. Se os jovens continuarem a não obedecer às medidas restritivas, além de se infectar, podem levar a infecção para casa, e imagina se são idosos e pessoas com comorbidades?”, indaga.
 
Em novembro, a comunicadora Marina Torres, 24 anos, começou a apresentar os primeiros sintomas da covid-19, justamente na semana em que deixou o teletrabalho e retomou as atividades presenciais. “Usava a máscara o tempo todo, passava álcool em gel, e, mesmo assim, me infectei”, relata. “Os sintomas foram avançando e tive dor no corpo, de cabeça e dificuldade de respirar”. Marina foi ao hospital algumas vezes ao longo dos 13 dias em que ela e o companheiro tiveram a doença. “Fiquei com medo, a gente não sabe como o corpo vai reagir”.
 
A estudante de marketing Nathalia Vajas, 26, conta que contraiu a covid-19 em julho, após se hospedar por alguns dias na casa do sogro. “Meu namorado começou a sentir os sintomas. Teve muita dor de cabeça, calafrio e dor no corpo. Como não tínhamos certeza se era ou não, continuamos em casa, porém não nos isolamos. Após três dias, eu comecei a sentir dor de cabeça e tive crises de rinite bem fortes”, detalha a jovem.
 
Nathalia é asmática e faz uso da bombinha constantemente. Dois dias depois de sentir dores de cabeça, ela perdeu o olfato e o paladar. O exame não poderia apresentar outro resultado: positivo para a covid-19. “Meu sogro chegou a ficar internado em estado grave na UTI durante uma semana. Senti muito medo. Sempre que eu acordava, contava mais um dia de vida, porque essa doença mexe com nosso psicológico. Do nada, você pode ter uma crise e ter que se internar. Foram dias de pânico”, lembra.
 
Durante 14 dias, ela cumpriu o isolamento na casa da sogra e ficou por mais de 30 dias sem ver a mãe, de 69 anos, que tem comorbidades como diabetes, leucemia crônica e pressão alta. Mesmo curada, Nathalia lida com as sequelas da doença. “Até hoje, sinto a mesma dor de cabeça e continuo com a queda de cabelo”, lamenta.
 
Novo perfil
 
O presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib) no DF, Rodrigo Biondi, reforça que o cenário nas UTIs, neste momento, é diferente da primeira fase. “Parece, realmente, que tem pacientes mais jovens, isso é nítido, era incomum na primeira onda. Tem muito mais jovens e muito mais graves, coisa que era raro, e não porque a doença esteja diferente, mas porque tem mais jovens infectados”, avalia médico.
 
Segundo Biondi, os mais jovens que chegam em busca de tratamento acabam ocupando os leitos por mais tempo. “O paciente jovem tem mais capacidade de resposta, a mortalidade é menor, mas até se recuperar, essa recuperação é mais longa, são pelo menos uns três dias a mais”, afirma. De acordo com a estimativa do painel da covid-19, da secretaria de Saúde, 95% dos pacientes adultos internados atualmente precisarão de internação por até 15 dias.
 
Para o médico, a situação é alarmante. “Está se desenhando para ser uma catástrofe. Estou muito preocupado. As pessoas podem perder tempo de tratamento, podem procurar por leitos e não ter, isso já está acontecendo”, destaca. Biondi avalia que os jovens estão se expondo ao vírus. “A gente vê os jovens fazendo todo tipo de coisa que não deveria. E mesmo aquelas pessoas que não vão trabalham com pessoas que têm esse hábito e acabam sendo infectadas”, considera.
 
Asmática,  Nathalia Vajas teve covid-19 em julho, mas sofre com sequelas até hoje (Arquivo Pessoal
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Asmática, Nathalia Vajas teve covid-19 em julho, mas sofre com sequelas até hoje

 


Correio Braziliense sexta, 05 de março de 2021

CORONAVÍRUS - VACINAÇÃO SEM FILAS PARA IDOSOS DE 75 ANOS

Jornal Impresso

Vacinação sem filas para idosos de 75 anos

 

Larissa passos

Publicação: 05/03/2021 04:00

No mesmo dia em que bateu — pela terceira vez nesta semana — recorde nas médias móveis de casos e mortes pela covid-19 em 2021 (leia Números em alta), o DF deu início à vacinação de idosos com 75 anos, após receber mais 26,2 mil doses da CoronaVac. Com a nova remessa, a capital federal imunizou ontem 5.620 pessoas com a primeira dose e reforçou a aplicação da vacina em 1.841 brasilienses, elevando o total de pessoas vacinadas na unidade federativa a 149.851. Dessas, 55.986 (37%) receberam também a segunda dose.
 
O Correio esteve ontem nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da Asa Norte, Asa Sul e Cruzeiro. Os postos de saúde amanheceram sem fila de espera para a imunização, atendendo idosos que agendaram no site da pasta, bem como aqueles que fizeram o agendamento por telefone.
“Isso aqui é uma vitória”, celebrou a moradora da Asa Norte e aposentada Zelma Mamedes, 75 anos, após tomar a vacina. Ela conta que a sensação de ser imunizada é um alívio: “Eu não senti dor, foi rápido e não demorou. Os profissionais de saúde me trataram bem e foram muito atenciosos”. A filha, Fernanda Rezende, fez o agendamento pelo site no dia anterior e não enfrentou dificuldades durante o processo.
 
Moradora da Octogonal e também aposentada, Maria Vilani Fernandes, 75 anos, relata que fez o agendamento da vacina para as 15h, mas chegou antes do horário previsto e conseguiu receber a primeira dose do imunizante. Mesmo vacinada, ela garante que, como é recomendado, continuará seguindo todos os protocolos estabelecidos pelos órgão de saúde. 
 
Outra moradora da Octogonal, a paisagista Marta Elisa Zapata, 75 anos, diz que se sente agradecida por receber o imunizante. A chilena, que mora há 25 anos na capital federal, ficou ansiosa para a vacinação, porque segundo ela, está sem cuidar da neta e sem poder abraçá-la desde março: “Se Deus quiser, agora vamos poder”.
 
 
Números em alta
 
Pelo terceiro dia consecutivo, o DF registrou as maiores médias móveis de casos e de mortes do ano. Ontem, a mediana de óbitos chegou a 16,14 — 66% a mais do que o valor de 18 de fevereiro —, e a de infectados está em 1.200,4 — 101,5% maior do que a média de duas semanas atrás. Em 24 horas, a Secretaria de Saúde registrou 18 mortes e 1.266 novos casos de covid-19. Com isso, o total de pessoas infectadas pela doença no DF chegou a 302.185, e o número de vidas perdidas desde o início da pandemia é de 4.918.`

Correio Braziliense quinta, 04 de março de 2021

CORONAVÍRUS - COMEÇA A VACINAÇÃO DE IDOSOS COM 75 ANOS

Jornal Impresso

CORONAVÍRUS

Começa a vacinação de idosos com 75 anos
 
Após a chegada de mais 26,2 mil unidades de imunizantes, a Secretaria de Saúde (SES-DF) estendeu a aplicação das doses para nova faixa etária. Serviço de agendamento segue disponível para todos que fazem parte dos grupos prioritários

 

» SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 04/03/2021 04:00

Maria de Lourdes aguarda a imunização para visitar os irmãos, no Ceará (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  
Maria de Lourdes aguarda a imunização para visitar os irmãos, no Ceará
 
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Com o recebimento de mais 26,2 mil doses da CoronaVac, ontem, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) confirmou o início da vacinação de pessoas a partir de 75 anos. O novo grupo prioritário começa a ser atendido às 8h de hoje, mas é necessário agendar atendimento, pela internet ou por telefone. A estimativa é de que 9,3 mil brasilienses façam parte dessa parcela. A confirmação do início da nova etapa ocorreu ontem, mesmo dia em que o DF atingiu a maior média móvel de casos do ano e ultrapassou as 300 mil infecções por covid-19, com mais de 4,9 mil mortes (leia mais na página 20).
 
Dos 43 pontos de vacinação, 13 são por drive-thru. O agendamento segue o padrão adotado pela SES-DF: os interessados podem acessar o site vacina.saude.df.gov.br ou ligar no Disque 160, opção 6.  Às 17h de ontem, idosos com 75 anos começaram a escolher os locais, a data e o horário de preferência para receber a primeira dose. Um deles foi o aposentado Walter Antônio Augustinho, 75 anos, que, ao saber da notícia, correu ao portal para garantir que vai ser imunizado. “Quero viver muito ainda, e estou ansioso para o momento de me vacinar”, disse o morador do Lago Norte.
 
Os pontos drive-thru atendem exclusivamente por meio de marcação. Nas unidades básicas de saúde (UBSs) que disponibilizam vacinas, é possível receber imunizantes sem agendamento, porém, a SES-DF alerta que há risco de filas e aglomerações. Maria de Lourdes Viana Alves, 75, mora na Asa Norte e conseguiu garantir o atendimento na manhã de hoje, na UBS do Sol Nascente. Ela contou que não teve problemas com o site e que aguarda pelo fim da pandemia. “O motivo maior é que, depois de vacinada, espero poder viajar, para visitar meus irmãos em Fortaleza”, afirmou Maria de Lourdes.
 
Ao acessar o site da Secretaria de Saúde, para programar a vacinação, é necessário informar dados pessoais como CPF, endereço e telefone. A pasta informou que, para agilizar o atendimento no dia da imunização, é recomendado — não obrigatório — imprimir e levar a Ficha de Registro de Doses Aplicadas, gerada no fim do processo de cadastramento pela internet. Caso não seja possível, o documento será preenchido na UBS. Diariamente, a SES-DF disponibiliza novas vagas para todo o grupo prioritário; por isso, ressalta que não há necessidade de aguardar em filas.
 
“O ideal é que se evite chegar a uma UTI. Para isso, precisamos manter o distanciamento social. Esse é o dever de cada um”
Walter Ramalho,  professor de epidemiologia da Universidade de Brasília (UnB)
 
» Locais de vacinação
 
Águas Claras
Faculdade Unieuro (só drive-thru)
 
Asa Norte
UBS nº 2 — EQN 114/115, Área Especial
 
Asa Sul
UBS nº 1 — SGAS 612, Lotes 28/29
 
Brazlândia
UBS nº 1 — EQ 6/8, Lote 3, 
Setor Norte
 
Candangolândia
UBS nº 1 — EQR 5/7, Área Especial 1
 
Ceilândia
UBS nº 3 — QNM 15, Bloco C3, Ceilândia Sul 
UBS nº 5 — QNM 16, Módulo F, Ceilândia Norte (só drive-thru)
UBS nº 7 — EQNO 10, AE D/E, Setor O
UBS nº 16 — SHSN, Trecho 1, Etapa 1, Qd. 500, AE 2
UBS nº 17 — QNP 16/20, Setor P Sul
 
Cruzeiro
UBS nº 2 — Setor Escolar, Lote 4, Cruzeiro Velho
 
Estrutural
UBS nº 2 — Quadra 18, Área Especial (antigo prédio do TRE)
 
Gama
Estacionamento Bezerrão, Setor Central (só drive-thru)
UBS nº 1 — Entrequadra 6/12
UBS nº 3 — E/Q 3/5, Área Especial, Setor Leste
UBS nº 5 — Área Especial, Lote 38, Setor Central, Lado Leste
 
Guará
UBS nº 1 — QE 6, Lote C, Área Especial S/N, Guará 1
UBS nº 2 — QE 23, Lote C, Área Especial S/N, Guará 2 
(inclui drive-thru)
UBS nº 3 — QE 38, Área Especial S/N, Guará 2
UBS nº 4 — QELC, EQ2/3, Conjunto Lucio Costa
 
Itapoã
UBS nº 2 — Quadra 378, 
Área Especial 1, Del Lago
 
Jardim Botânico
Centro de Práticas Sustentáveis 
(só drive-thru)
DF-463, Avenida do Cerrado, Jardins Mangueiral
 
Lago Norte
Shopping Iguatemi (só drive-thru)
UBS nº 1 — SHIN, QI 3, 
Área Especial
 
Lago Sul
Policlínica — Setor de Habitações Individuais Sul, QI 21 (só drive-thru)
 
Núcleo Bandeirante
UBS nº 1 — 3ª Avenida, 
Área Especial nº 3
 
Paranoá
Praça Central S/N, Lote 1, 
ao lado da Administração Regional
 
Parque da Cidade
Estacionamento 13 (só drive-thru)
 
Planaltina
Casa de Vivência — NS01, 
Área Especial 9, SRL Planaltina
UBS nº 5 — Quadra 12 D, Conj. A, Área Especial (inclui drive-thru)
Recanto das Emas
UBS nº 3 — Qd 104/105, 
Área Especial
 
Riacho Fundo 1
UBS nº 1 — QN 9, Área Especial 11 (inclui drive-thru)
 
Riacho Fundo 2
UBS nº 1 — QC 6, Conjunto 16, 
Área Especial, Lote 1
UBS nº 2 — QC 1, Conjunto 10, Lote 1
 
Samambaia Norte
UBS nº 2 — QS 611, AE 2
 
Santa Maria
Administração Regional de Santa Maria — Quadra 1, Conj. H, Lote 1 (só drive-thru)
Igreja Assembleia de Deus — QR 207/307, Conjunto T, Área Especial
UBS nº 2 — EQ 217/317, Área Especial, Lote E
 
São Sebastião
UBS nº 2 — TRE, Qd. 101, Conj. 2, Lote 1, Residencial Oeste
 
Sobradinho 1
UBS nº 1 — Quadra 14, Área Especial 22/23 (inclui drive-thru)
 
Sobradinho 2
UBS nº 2 — DF-420, Setor de Mansões (inclui drive-thru)
 
Taguatinga
UBS nº 1 — QNG, AE 18/19
UBS nº 5 — Setor D Sul, AE 2

Correio Braziliense quarta, 03 de março de 2021

CORONAVÍRUS - GDF DEVE AMPLIAR VACINAÇÃO NA QUINTA

Jornal Impresso

CORONAVÍRUS
 
GDF deve ampliar vacinação na quinta
 
Idosos com 75 anos serão incluídos na campanha, caso o DF receba do Ministério da Saúde, hoje, 26,2 mil doses de CoronaVac. Pessoas com 70 anos e profissionais da linha de frente em áreas sociais podem entrar no plano de imunização até o fim do mês

 

» DARCIANNE DIOGO
» SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 03/03/2021 04:00

Cerca de 60 pessoas, principalmente empresários, reuniram-se, ontem, em frente à Câmara Legislativa para protestar contra as medidas restritivas (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  

Cerca de 60 pessoas, principalmente empresários, reuniram-se, ontem, em frente à Câmara Legislativa para protestar contra as medidas restritivas

 



O Distrito Federal deve receber, hoje, mais 26,2 mil doses da CoronaVac, imunizante contra a covid-19 produzido pelo Instituto Butantan, em São Paulo, em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. Caso a remessa chegue, começará, amanhã, a vacinação de pessoas com 75 anos. A Secretaria de Saúde (SES-DF) calcula que o grupo seja composto por cerca de 9.363 idosos. O Executivo local pretende, até o fim de março, finalizar o atendimento de todos os brasilienses com mais de 70 anos. Se a previsão se concluir, em abril, terá início a aplicação das doses em pessoas com 65 anos ou mais, além do público em geral.

A ampliação da campanha de imunização é uma das principais medidas para combater o avanço da pandemia da covid-19. Entre segunda-feira e ontem, a SES-DF confirmou 563 novos casos de infecção pelo novo coronavírus e 22 mortes pela doença. Com isso, o total de contaminados chegou a 299.399, e o de vítimas, a 4.887. Além disso, por volta das 18h, 88,67% dos leitos públicos e privados em unidades de terapia intensiva (UTIs) voltados a esses pacientes estavam ocupados. Do total de 459 vagas, apenas 43 estavam disponíveis, e nove, bloqueadas.

Até ontem, 143 mil pessoas haviam sido imunizadas contra o novo coronavírus. Segundo o governador Ibaneis Rocha (MDB), o Executivo local conta com a distribuição de cerca de 30 milhões de doses pelo Ministério da Saúde para todo o país, neste mês. Com isso, outros trabalhadores devem entrar nos grupos prioritários nas próximas semanas. “Fiscais e auditores da (Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística) DF Legal, assistentes sociais e conselheiros tutelares. Mandei fazer um levantamento das áreas mais sensíveis, para decidir em conjunto com a Secretaria de Saúde”, afirmou.

Desde o início da pandemia, o Distrito Federal recebeu seis remessas com os imunizantes, um total de 240.560 unidades. Até ontem, 52.680 pessoas haviam recebido as duas doses. Em estoque, a SES-DF conta com 10,2 mil doses de vacinas contra a covid-19. Questionado sobre os envios ao DF, o Ministério da Saúde informou que está “elaborando o cronograma de distribuição da nova remessa de vacinas do Instituto Butantan”.

Na avaliação de Ana Helena Germoglio, infectologista do Hospital Águas Claras, a vacinação deve ocorrer de forma “sistemática e gradativa”, priorizando grupos com maior risco de evolução para casos graves. Só após a imunização de cerca de 80% da população, segundo ela, será possível controlar a circulação viral e reduzir o número de casos. “A pandemia tem desafiado pesquisadores e gestores a encontrar medidas que evitem o colapso dos sistemas de saúde e reduzam as mortes. Estudos sugerem que o distanciamento social, desde que bem adotado pela população, é efetivo, especialmente quando combinado à testagem ampla, ao isolamento de casos confirmados e à quarentena dos contactantes”, ressaltou a médica.

Protesto

Apesar de especialistas defenderem a adoção de medidas restritivas e de distanciamento social para evitar a disseminação do novo coronavírus, o Distrito Federal encontra-se na sétima posição no ranking que avalia o índice de isolamento nas unidades federativas, com uma taxa 37,02%. Os dados são da plataforma Inloco. Ainda assim, ontem, mais de 60 manifestantes se reuniram em frente à Câmara Legislativa (CLDF) para protestar contra o fechamento de alguns setores. A medida, decretada pelo Executivo local, começou a valer no domingo.

Ao som de buzinas e vestidos com blusas pretas ou com as cores da bandeira do Brasil, os manifestantes levantavam cartazes e faixas com dizeres como “Queremos trabalhar” e “Salvar empregos também é salvar vidas”. O ato, que durou mais de três horas, foi coordenado pelo bolsonarista Renan Silva Sena — preso em junho por gravar vídeos xingando Ibaneis e atacando instituições como o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional. Renan é o mesmo que, em maio, hostilizou enfermeiras durante um protesto silencioso promovido pela categoria na Praça dos Três Poderes. “Estamos lutando pelos nossos direitos. Não pense vocês que o lockdown vai quebrar a todos. Isso é uma mentira. Pelo contrário, ele atingirá somente a nós, empresários”, disse ele, ontem.

A maioria dos manifestantes eram empresários que pediam a reabertura do comércio. Aurileia da Silva, 45 anos, administra uma loja de roupa de bebês na Feira dos Goianos, em Taguatinga Norte, e teme ficar sem salário este mês. “Meu marido está desempregado, e tenho uma filha jovem para sustentar. Quero saber o motivo pelo qual os hospitais de campanha e os leitos de UTI foram desativados. Somos a favor dos cuidados com a pandemia, mas, por causa de um erro político, todos pagam”, criticou.

Polêmica

A medida restritiva gerou polêmica entre a comunidade médica, após o Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) publicar uma nota contrária à suspensão das atividades. Ontem, o presidente da entidade, Farid Buitrago, disse ser contrário a lockdowns e considerou ineficaz a proposta do DF. “Para evitar a transmissão, é preciso adotar ações diferentes. O vírus se transmite a todo momento”, comentou. O representante do CRM-DF também cobrou a expansão da imunização contra a covid-19. “Foram atendidas poucas pessoas. Sabemos que a disponibilidade de doses é pequena, mas a população precisa ser vacinada.”

Após a divulgação do texto, a Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB) e a Sociedade de Infectologia do Distrito Federal (SIDF) divulgaram notas de repúdio ao posicionamento do conselho. “Surpreende-nos sobremaneira a afirmação do CRM-DF ao argumentar contra uma medida destinada a evitar a morte das pessoas afetadas pela doença”, disse o texto do grupo vinculado à instituição de ensino. No documento da SIDF, houve críticas e a informação de que não houve consulta ao grupo representante dos infectologistas “antes da emissão dos posicionamentos recentes, que são a favor do tratamento específico precoce para covid-19 e contra o lockdown”.


Suspensão de ações fora da pauta
Um projeto de decreto legislativo (PDL) que tentava suspender as medidas restritivas em vigor no Distrito Federal tramita na Câmara Legislativa. A proposta tinha previsão de entrar na pauta ontem, mas ficou de fora. O presidente da Casa, Rafael Prudente (MDB), explicou que a matéria não foi a votação por falta de quórum — mínimo de
13 deputados. “Meu receio é de o apreciarmos e não termos votos necessários para seguirmos adiante. Também não quero criar falsas expectativas para os empresários, sendo que não há ilegalidades no ato do governador. Se colocarmos um veto hoje (ontem), amanhã, a Justiça libera o lockdown novamente”, disse o parlamentar.

Correio Braziliense terça, 02 de março de 2021

CORONAVÍRUS - GDF ENFRENTA PROTESTOS E UTIs LOTADAS

Jornal Impresso

CORONAVÍRUS
 
 
GDF enfrenta protesto e UTIs lotadas
 
Enquanto o DF registra ocupação de 91,34% dos leitos de unidades de terapia intensiva para casos da covid-19, empresários pedem que o governador Ibaneis Rocha flexibilize o lockdown. Expectativa do Executivo local é de abrir mais 130 leitos esta semana

 

» SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 02/03/2021 04:00

No Hospital de Campanha de Ceilândia, ontem, foram abertos 20 leitos de UTI para receber pacientes com o novo coronavírus (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  
No Hospital de Campanha de Ceilândia, ontem, foram abertos 20 leitos de UTI para receber pacientes com o novo coronavírus


Protesto de empresários em frente ao Palácio do Buriti pediu que restrições no comércio sejam relaxadas (Ed Alves/CB/D.A Press)  
Protesto de empresários em frente ao Palácio do Buriti pediu que restrições no comércio sejam relaxadas


Ibaneis Rocha recebeu o empresáriado e disse que pode flexibilizar o lockdown na próxima semana (Renato Alves/Agência Brasília)  
Ibaneis Rocha recebeu o empresáriado e disse que pode flexibilizar o lockdown na próxima semana


Após dois dias consecutivos de protestos de empresários do Distrito Federal contra o lockdown, o governo local manteve as medidas restritivas para o funcionamento de atividades consideradas não essenciais. Em conversa com representantes dos setores produtivos, o governador Ibaneis Rocha (MDB) frisou que é preciso aumentar o número de unidades de terapia intensiva (UTIs) e reduzir a taxa de transmissão do vírus. Caso isso aconteça, na próxima semana, o emebedista afirmou que será possível avaliar a flexibilização da abertura de atividades, como das escolas e das academias.

A transmissão no DF está em 1,08 — o que significa que 100 infectados passam a doença para 108 pessoas — e a ocupação de UTIs chegou a 91,34%. O Governo do Distrito Federal (GDF) promete abrir leitos públicos e negociar mais outros com hospitais particulares. Com o registro de 2.142 casos da covid-19 e 27 mortes provocadas pela doença, o DF acumula 298.836 infectados pelo novo coronavírus e 4.865 óbitos (leia mais na página 15).

Em manifestação em frente ao Palácio do Buriti, na manhã de ontem, empresários pediam o fim das medidas restritivas. Leonardo Resende, 41 anos, afirmou que o setor produtivo não consegue sobreviver a mais um ano sem trabalhar. “A gente precisa ter um amparo. Já estava um caos, com o lockdown, como fica a economia?”, indaga. Para Tiago Oziel, 37, falta gestão. “Paramos as atividades por vários meses. Temos famílias e temos que ter movimentação. Somos a favor de uma gestão da pandemia. Mais leitos, mais vacinas, mas sem fechar o comércio”, protesta.

Após cerca de duas horas de manifestação, Ibaneis recebeu representantes dos setores. Durante reunião, o governador afirmou que, na próxima semana, se houver recuo nas infecções pelo novo coronavírus, vai avaliar a abertura de setores como escolas particulares e academias. Após o encontro, o chefe do Executivo local manifestou, nas redes sociais, preocupação com a economia, mas frisou que a saúde vem em primeiro lugar. “Eu disse aos empresários que nenhum dos setores da economia é culpado pela disseminação do vírus. Mas, é preciso reduzir a circulação de pessoas na cidade. É a única forma de conter o vírus”, escreveu.

“Quero que todos os setores da economia voltem a funcionar, no máximo, em 15 dias. Alguns vão voltar antes. E, para isso, precisamos da colaboração de todos. O decreto de lockdown não me traz nenhum tipo de satisfação, pelo contrário. Mas eu não posso fugir das minhas responsabilidades”, completou Ibaneis.

Presidente em exercício da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), Edson de Castro comemorou a decisão do governador. “Esperamos que, nos próximos dias, a ocupação de leitos baixe e, assim, o GDF possa liberar o funcionamento de mais atividades”, diz. O vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista (Sindivarejista), Sebastião Abritta, considera que é preciso encontrar um meio termo. “Os empresários estão em dificuldades financeiras, pois não se recuperaram ainda do ano passado”, argumenta.

Saúde

Ontem, a taxa de ocupação de leitos de UTI voltados para o tratamento da covid-19 no DF chegou a 91,34% na rede pública. Das 236 vagas, 20 estavam livres e cinco bloqueadas aguardando liberação. Na rede privada, 87,14% das UTIs exclusivas estão ocupadas, sendo que dos 216 leitos, 27 estavam livres e quatro bloqueados.

De acordo com a Sala de Situação da Secretaria de Saúde, 19 pacientes com suspeita ou confirmação de infecção pelo novo coronavírus aguardavam na fila de espera a liberação de um leito. Outras quatro pessoas internadas aguardavam a transferência de leito. De acordo com a pasta, “a espera por leito requer, além da disponibilidade, a necessidade específica daquele paciente”. Por isso, não ocorre de forma imediata.

Segundo o GDF, mais 130 leitos devem ser abertos esta semana. Outros 200 serão disponibilizados, por meio do Ministério da Saúde, nos próximos dias, e o governo local negocia a contratação junto à rede privada para a abertura de 150 a 200 leitos. Na tarde de ontem, Ibaneis se reuniu com representantes de hospitais particulares e, hoje, deve confirmar o quantitativo de leitos que a rede poderá disponibilizar para o tratamento da covid-19. Ontem, foram abertas 20 vagas no Hospital da Ceilândia e, hoje, serão mais 20 no Hospital da Polícia Militar.

Auxílio financeiro

Para ajudar os empresários durante o lockdown, o BRB lançou o Acredita-DF, programa que vai conceder até R$ 2,5 bilhões em crédito, para pessoas físicas e jurídicas. A iniciativa permite, também, a suspensão, por até 180 dias, de pagamento de parcelas de financiamentos já contratados em todas as linhas, entre elas os produtos Crédito Imobiliário e Crédito Consignado.

Para os clientes Pessoa Jurídica, o Acredita-DF oferece capital de giro a partir de 0,80 % a.m. e carência para pagamento de até 12 meses. Para investimento, a carência pode chegar a 24 meses. Para aderir ao programa, que terá duração de 90 dias, os clientes devem procurar os canais digitais do BRB: Mobile, Internet Banking e telebanco (61 3322-1515).

Pressão política

Hoje, na Câmara Legislativa (CLDF), a deputada Júlia Lucy (Novo), que estava na manifestação ontem, deve apresentar um pedido dos empresários de derrubar o decreto que restringe as atividades econômicas. O Correio apurou que, dos 24 deputados distritais, pelo menos, dez são favoráveis ao lockdown, mesmo que com ressalvas. São eles: Fábio Félix (PSol), Arlete Sampaio (PT), Chico Vigilante (PT), Leandro Grass (Rede), Jorge Vianna (Podemos), Daniel Donizet (PL), Jaqueline Silva (PTB), Iolando Almeida (PSC), Rodrigo Delmasso (Republicanos) e Hermeto Neto (MDB).

Roosevelt Vilela (PSB) e a própria Júlia Lucy defendem menos restrições. O restante preferiu não opinar ou não atendeu à reportagem.

De acordo com o mapa do portal In Loco, que afere o distanciamento social, a maior taxa de isolamento do DF foi em 22 de março de 2020, quando 65,6% dos brasilienses cumpriam a medida de segurança. Na última medição, feita domingo, este índice estava em 48,7%. O ideal, durante a pandemia e durante um lockdown, é que mais de 50% da população fique em casa.

*Colaborou Edis Henrique Peres

Correio Braziliense segunda, 01 de março de 2021

RESERVATÓRIOS CHEIOS DE ESPERANÇA

Jornal Impresso

Reservatórios cheios de esperança
 
Volumes das barragens do DF afastam o temor de um novo racionamento. Às margens do Paranoá, moradores celebram a paz e tranquilidade que as águas trazem

 

» LUANA PATRIOLINO

Publicação: 01/03/2021 04:00

 (Luana Patriolino/CB/D.A Press)  


O cenário dos principais reservatórios de Brasília mudou completamente nos últimos meses. Quem passa pela BR-070 fica admirado com o paredão de água abundante que forma uma espécie de cachoeira. A barragem do Descoberto — que abastece 64% da população do Distrito Federal — está com nível a 100%, desde 15 de fevereiro.

A cheia é uma garantia de que não faltará água durante o ano, ao contrário do que aconteceu na crise hídrica de 2017. No auge do racionamento no DF, o reservatório chegou à porcentagem de 5,3% (7 de novembro de 2017). Segundo dados da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico (Adasa), a máxima desse período foi de 56,4%, bem diferente dos números atuais, que vêm crescendo ano a ano.

Em 2018, a mínima foi de 30,5% e a máxima, 100%. Já em 2019, os números ficaram em 61,1% e 100%, respectivamente. Os níveis de 2020 cresceram ainda mais: 74,9% (mínimo) e 100% (máximo). Este ano, de acordo com a Adasa, o menor percentual foi registrado em 2 de janeiro: 81,8%.

O reservatório de Santa Maria/Torto começou a verter em 14 de fevereiro. No ano passado, o evento ocorreu no fim do mês de fevereiro. Já em 2019, começou apenas em maio. Com nível a 97%, o Santa Maria é responsável por 27% do abastecimento do DF.

O mês de fevereiro bateu recorde de chuvas na capital. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) apontou que o acumulado para o mês é o maior desde 1962. Apesar da abundância, é importante alertar a população para o uso consciente da água, pois o volume usado por cada morador pode impactar diretamente no abastecimento à população, tendo em vista que o período de chuvas no DF deve demorar a retornar.

Moradores

No Núcleo Rural Boqueirão, localizado próximo ao Lago Paranoá, desde que as comportas foram abertas, em 18 de fevereiro, o rio às margens das chácaras está bem mais cheio do que o normal. A cheia não mudou só o cenário, mas a rotina das pessoas do local. Se antes os moradores podiam atravessar de um lado para o outro a pé, agora, uma pessoa de 1,80m de estatura não consegue passar pelo rio andando.

O pedreiro aposentado Jazon Dias, 58 anos, tem a casa mais próxima no nível da água na região. Nem mesmo as chuvas intensas desanimam o senhor que tem o rio como o “quintal”. Ele, que é natural de Brasilândia, em Minas Gerais, diz ter encontrado um pouco de sua terra natal no Boqueirão. “Eu nasci em um lugar muito parecido com este. Muita água, peixes e natureza. Quero continuar aqui, é onde me sinto bem”, conta o aposentado.

Morando sozinho na casa de um cômodo, ele diz que pretende construir uma residência nova e trazer a companheira — que mora no Paranoá — para dividir o lar. “Vou fazer um lugar bem bonito e buscar minha mulher para morar aqui. Ela não vem agora porque não tem muita estrutura. Mas, em breve, vamos providenciar a mudança dela também”, celebra.

Seu Jazon conta que passa os dias plantando, cuidando das galinhas e pescando no rio que fica no fundo de casa. Recebendo alertas diários da Defesa Civil e bombeiros em relação ao nível da água, ele afirma tomar os cuidados necessários para permanecer ali. “Aqui é tranquilo. Paz total. É a minha casa.”

A dona de casa Maria dos Milagres Ferreira, 51 anos, se mudou para o núcleo rural com o objetivo de recomeçar a vida. Ela morava no Paranoá, mas perdeu o filho assassinado a tiros, no meio da rua, há quatro anos. Longe das lembranças ruins e da violência da cidade vizinha, Maria afirma ter encontrado a paz que precisava na região que, de tão silenciosa, possibilita aos moradores ouvir o barulho das cascatas de água ao longe. “Aqui é muito tranquilo. Os vizinhos se conhecem, ninguém mexe nas coisas de ninguém. É um lugar muito calmo”, diz.

Ao lado da natureza, da melhor amiga, Maria Helena Araújo, 54, e do cachorrinho Scooby, ela relata que costuma entrar no rio para tomar banho e pescar. “Quando o nível da água está bom, a gente atravessa para o outro lado, fica na água, é muito bom.” Sobre as chuvas intensas, Maria dos Milagres diz que tem medo, mas que toma cuidado nesse período: “A gente entrega na msão de Deus”.

A diarista Cícera de Jesus Silva, 48 anos, também trocou a cidade pela área com o objetivo de se afastar das lembranças ruins. Assim como o companheiro Henrique Silva, 68, gosta do silêncio nos dias úteis e da animação de um bar, localizado a poucos metros de casa, nos fins de semana. “Os vizinhos vêm para esse bar, que toca muita música. É bem animado, todo mundo aqui se conhece”, destaca Cícera.

Correio Braziliense domingo, 28 de fevereiro de 2021

NO REBOLADO DO BAMBOLÊ

Jornal Impresso

No rebolado do bambolê
 
Mais conhecida como brincadeira de criança, a hula hoop pode ser um ótimo exercício para adultos. Entre os benefícios estão queima de calorias, redução da ansiedade e aumento da criatividade

 

Tayanne Silva*

Publicação: 28/02/2021 04:00

Júlia Giesbrecht começou a dar aula de bambolê em 2013, quando morava na Austrália (Thiago Maia/Divulgação)  
Júlia Giesbrecht começou a dar aula de bambolê em 2013, quando morava na Austrália


Para muitos, o bambolê é apenas um brinquedo de criança. Isso porque na história desse objeto, ele era usado como ferramenta de brincadeiras e de divertimento no Antigo Egito, na Inglaterra e em outras localidades. Mas alguns países, como os Estados Unidos, começaram a associá-lo com o emagrecimento e a definição corporal, e não apenas com a diversão.

Atualmente, há uma modalidade de exercício que utiliza o objeto: a hula hoop (bambolê, em inglês). “Há diversos níveis de dificuldade e vários movimentos possíveis, que estão atrelados à afinidade e ao domínio da técnica. Como uma modalidade de dança, sua criatividade será seu próprio limite”, resume Lydia Zago Pereira, graduada em fisioterapia e terapeuta domiciliar.

Segundo a professora de circo e ioga Júlia Giesbrecht, o uso do bambolê vai muito além da dança. “Quando viajei pela Ásia, descobri que, por lá, é muito comum o uso de bambolês mais pesados e grossos com o intuito de definir a cintura e massagear os órgãos internos”, explica ela, que vende bambolês personalizados on-line.

“Os bambolês nas mãos das crianças possibilitam um mundo inusitado de brincadeiras, que estimulam o lado cognitivo, a coordenação motora e a criatividade”, afirma Júlia, que trabalha com essa modalidade desde 2013, quando começou a dar aulas de bambolê para crianças em uma feira onde morava, na Austrália.

A videomaker Naomi Cary, 27 anos, conta que a primeira vez com o bambolê foi durante uma aula no Espaço Cultural Renato Russo, em 2019. “No começo, eu me senti um pouco boba, pelo estigma de que bambolê é algo de criança, mas logo fiquei mais confortável e percebi outras possibilidades que o instrumento me proporcionava”, diz.

A jovem diz que valeu a pena pelo bem-estar, como toda atividade física que é feita com prazer. “Não só faria de novo como, no final do curso (era uma oficina de seis aulas), eu comprei meu próprio bambolê e continuo treinando até hoje, quando dá.”

Vantagens para o corpo
A professora de circo e ioga expõe os benefícios do bambolê. “O que mais me encanta é a simplicidade do objeto e sua capacidade de estimular a criatividade e o olhar lúdico sobre o corpo e os exercícios físicos. Esses malabares trazem possibilidades infinitas. A cada ano que passa, eu me surpreendo com novos tipos de movimentos.”

O objeto é encarado como brinquedo por muitas pessoas, mas ele se enquadra dentro das práticas de malabarismo das atividades circenses. “O objetivo por trás da prática é algo extremamente pessoal. Sem dúvidas, o bambolê é um convite ao desfrute, ao exercício da criação, da dança e do ganho de habilidade motora”, constata ela, que oferece curso on-line de bambolê na plataforma PoleFlix.

Entre os benefícios, de acordo com a fisioterapeuta Lydia Zago Pereira, o bambolê ajuda na coordenação motora e melhora o condicionamento cardiorrespiratório. Outras vantagens são: “Auxilia na perda de peso; na consciência corporal; na meditação ativa; ajuda a superar a timidez por meio da dança; eleva a autoestima; é um grande aliado no combate a ansiedade”, diz ela, que também fez um curso on-line de hula hoop, durante a pandemia, com a professora Samantha Spina.

Em relação às horas de prática, Júlia Giesbrecht observa que vai variar de pessoa para pessoa e dos objetivos. “Poucos minutos já fazem muito efeito na sensação corporal do praticante, acelerando o batimento e gerando vitalidade. Ao mesmo tempo, profissionais podem estabelecer treinos, planejando adequadamente a intensidade e o tempo de treino de múltiplos truques.”

*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte


Saiba mais

O que se aprende no curso on-line de hula hoop

* Conceitos básicos da prática de bambolê (ritmo, ponto de contato, planos, pulsação, inércia e movimento)

* Giros em diferentes partes do corpo (cintura, joelho, pescoço, pé, peitoral, entre outros)

* Isolamentos (movimentos que criam ilusionismo), breaks (movimentos dinâmicos mudando o sentido do bambolê), moedas (movimentos de giro em torno do próprio eixo), manipulações, rolamentos, equilíbrio, lançamentos, pulos e escalador (uma outra família de movimentos muito famosa)

Correio Braziliense sábado, 27 de fevereiro de 2021

CORONAVÍRUS - GDF VOLTA A ADOTAR MEDIDAS DE RESTRIÇÃO

 

Jornal Impresso

CORONAVíRUS
 
GDF volta a adotar medidas de restrição
 
Decreto publicado ontem prevê funcionamento de alguns setores da mesma maneira autorizada no início da pandemia da covid-19. Documento proíbe a abertura de serviços não essenciais, e normas passam a valer a partir da 0h01 de domingo

 

» SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 27/02/2021 04:00

Serviços essenciais, como mercados, continuarão a abrir normalmente (Ed Alves/CB/D.A Press)  
Serviços essenciais, como mercados, continuarão a abrir normalmente


Diante do agravamento da crise sanitária e do comprometimento dos leitos em unidades de terapia intensiva (UTIs) para atendimento para pacientes com covid-19, o Governo do Distrito Federal (GDF) anunciou, ontem, a adoção de restrições para diferentes setores. As novas medidas têm regras semelhantes às que vigoravam no início da pandemia, e interromperá atividades de serviços não essenciais. O decreto que detalha as normas saiu em edição extra do Diário Oficial do DF (DODF), momento depois de as vagas em UTIs da rede pública chegarem a 98,2% de ocupação. As regras passam a valer a partir da 0h01 de amanhã.

O texto do decreto estabelece a suspensão do funcionamento de espaços como cinemas, teatros, redes de ensino particulares, academias, zoológico, salões de beleza, barbearias, parques, clubes recreativos, shoppings, bares, restaurantes, além de qualquer atividade que precise de autorização do poder público. Por outro lado, serviços essenciais, como supermercados, farmácias, padarias e mercearias, continuam abertos. No entanto, deverão reforçar os cuidados com a higienização e o distanciamento social (leia O que abre e o que fecha). Nos locais que permanecerem autorizados, fica proibida a venda de bebida alcoólica após as 20h. Todos deverão disponibilizar álcool em gel e equipamentos de segurança aos funcionários.

Responsabilidade

Inicialmente, o governador Ibaneis Rocha (MDB) havia decretado um toque de recolher no Distrito Federal, das 20h às 5h, para serviços não essenciais a partir de segunda-feira. Contudo, a medida foi revogada horas depois. “A escalada dos casos nos obriga a interferir diretamente, para tentar conter esse avanço da doença. Ninguém fica feliz com uma decisão dessas, mas é preciso ter responsabilidade nessa hora, ainda que seja uma medida impopular”, disse o chefe do Executivo local.

O período de restrições — que não tem data para terminar — contará com fiscalização por órgãos do GDF, incluindo Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística (DF Legal), Diretoria de Vigilância Sanitária (Divisa), Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob), Corpo de Bombeiros, polícias Militar e Civil, Instituto de Defesa do Consumidor (Procon), Departamento de Trânsito (Detran), Instituto Brasília Ambiental (Ibram), Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF) e Secretaria de Agricultura (Seagri). Qualquer pessoa ou empresa que descumprir as regras poderá ser penalizada por crime de infração de medida sanitária preventiva. Além disso, poderá ter o alvará de funcionamento suspenso por todo o período de calamidade pública, bem como o estabelecimento ou evento interditado.


Casos e mortes aumentam

O boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde (SES-DF), ontem, revelou que o Distrito Federal teve 1.129 novos casos confirmados de covid-19, além de 14 mortes provocadas pela doença. Do total de 294.911 infectados, 95,8% das pessoas se recuperaram, mas 4.819 (1,6%) não resistiram às complicações do quadro. A média móvel dos 14 últimos dias ficou em 955 — aumento de 72% em comparação ao resultado de duas semanas atrás. Em relação às mortes, o resultado foi de 11,57 — 12,5% a mais do que o verificado em 13 de fevereiro.

Correio Braziliense sexta, 26 de fevereiro de 2021

CORONAVÍRUS - DF TERÁ LOCKDOWN DAS 20h ÀS 5h

Jornal Impresso

CORONAVÍRUS
 
DF terá lockdown das 20h às 5h
 
Governador Ibaneis Rocha anunciou decreto com medidas restritivas ontem, após saber da ocupação superior a 90% em leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) da rede pública. Detalhes sobre a medida devem sair na edição de hoje do Diário Oficial do Distrito Federal

 

» ANA ISABEL MANSUR
» ANA MARIA CAMPOS
» PEDRO MARRA
» SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 26/02/2021 04:00

Reunião com prefeitos do Entorno ocorreu pela manhã, no Palácio do Buriti; proposta terá de passar pela avaliação dos Legislativos do DF e de GO (Minervino Júnior/CB/D.A Press.)  
Reunião com prefeitos do Entorno ocorreu pela manhã, no Palácio do Buriti; proposta terá de passar pela avaliação dos Legislativos do DF e de GO


No mesmo dia em que declarou que a possibilidade de um lockdown no Distrito Federal estava descartada, o governador Ibaneis Rocha (MDB) reviu sua posição. Ontem à noite, ele decidiu adotar medidas mais restritivas para evitar a proliferação da covid-19. A partir de segunda-feira, todas as atividades econômicas ficarão suspensas das 20h às 5h, à exceção de serviços essenciais. O decreto com os detalhes das novas regras deve ser publicado na edição de hoje do Diário Oficial do DF (DODF). Outra decisão que partiu do Executivo local ontem trata-se do adiamento do retorno presencial de alunos da rede pública de ensino, que chegou a ser anunciada para 8 de março (leia na página 18).

Esta é a primeira vez que o DF tem uma medida com foco em impedir a circulação de pessoas desde o início da pandemia. A medida afetará, principalmente, lojas, restaurantes e bares. O governador havia sido informado de que a ocupação dos leitos em unidades de terapia intensiva (UTIs) para pacientes com covid-19 na rede pública de saúde chegou a um nível preocupante, superior a 90% e, portanto, próximo de um colapso. A decisão saiu depois de Ibaneis passar os últimos dias tentando evitar a medida, que atinge fortemente a atividade econômica do DF. “As UTIs me fizeram mudar de ideia”, disse o chefe do Buriti ao Correio.

Ontem, o governador do DF se reuniu com prefeitos das 33 cidades que compõem a Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal (Ride). O assunto do lockdown entrou na pauta e, nos próximos dias, os gestores dos municípios vão produzir e publicar um decreto conjunto que trata do fechamento do comércio nas respectivas cidades. Por volta das 19h, Ibaneis sinalizou a alguns empresários do setor no DF — por mensagens de WhatsApp — que teria de tomar uma providência diante da ocupação de mais de 92% nas UTIs públicas.

Para Edson de Castro, presidente em exercício da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), a decisão é oportuna, diante do aumento dos casos (leia Alta de 60,7%). “É um mal necessário para evitar que as pessoas saiam da rua nesse horário (das 20h às 5h). Não é uma decisão contra o comércio, mas pode evitar mortes e hospitais superlotados”, avaliou. Para Edson, bares, restaurantes e shoppings serão os principais afetados: “Ainda vamos ver como os lojistas vão se adaptar a essa medida”, acrescentou.

Por outro lado, o presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar), Jael Antônio tentou impedir que Ibaneis adotasse o lockdown na segunda-feira. “Ficamos muito preocupados, porque esse horário de fechamento inviabiliza o funcionamento noturno de todas as nossas casas. O setor passa por momentos cruciais e decisivos. Entedemos que esse horário poderia ser mais flexibilizado, a partir das 22h ou até das 23h. Infelizmente, teremos de protestar contra a decisão porque, mais uma vez, vamos ser altamente prejudicados”, ressaltou Jael.

Reunião

Depois de se reunir com os prefeitos, Ibaneis anunciou um pacto que prevê atendimento integrado de pacientes com covid-19. O acordo — que ainda precisa de aprovação do Poder Legislativo no DF e em Goiás — consiste na transferência de recursos e leitos dos municípios vizinhos para a capital federal. Apesar do trato, o Executivo distrital não tem detalhes sobre o total de recursos ou a quantidade de vagas que seriam transferidos para Brasília.

Atualmente, 12 das 127 pessoas internadas em tratamento contra a covid-19 no Distrito Federal são de Goiás. “Faltava uma pactuação entre as secretarias de Saúde, para fazermos um atendimento mais elaborado. Da maneira como ocorria, o recurso entrava nos municípios, mas o paciente era atendido no DF. Com esse pacto, o recurso vai acompanhar o paciente”, declarou Ibaneis.

Ontem, a ocupação de leitos em UTIs das redes pública e privada do DF chegou a 84,62%. No Entorno, as únicas cidades que dispõem de vagas desse tipo são Formosa (GO) e Valparaíso (GO), que atingiram lotação máxima. Para Ibaneis o pacto permitirá ao Distrito Federal atender mais pessoas. “Vai, também, desafogar o sofrimento dos prefeitos e da população do Entorno”, completou o governador.

Apesar da intenção dos governantes, Thiago Sorrentino, professor de direito do estado do Ibmec, destaca que o trâmite para fazer esse tipo de transferência não é simples. “Cada ente federado tem leis orçamentárias; a mais específica é a Lei Orçamentária Anual (LOA). A maioria delas tem destinações pré-estabelecidas, tanto na Constituição quanto no restante da legislação. Seria preciso saber a quantidade disponível e se a transferência poderia ser feita sem violar a LOA ou a Lei de Responsabilidade Fiscal”, ponderou Thiago.

Para a execução, o professor confirma que seria necessária a avaliação dos poderes legislativos do DF e de Goiás. Quanto à necessidade de participação do Ministério da Saúde no acordo, Thiago explica que não há obrigatoriedade de intervenção. “Seria melhor que a pasta federal entrasse para organizar, pois, por ser o ente central, tem formas mais adequadas para saber quais regiões são carentes e quais têm superavit de capacidade de atendimento”, recomendou o especialista.

Consultado a respeito do assunto, o Ministério da Saúde não respondeu aos questionamentos da reportagem até o fechamento desta edição. Mesmo assim, as discussões sobre o pacto entre o DF e o Entorno devem avançar nos próximos dias. A expectativa é de que, um mês após a aprovação do acordo pelos poderes legislativos, os recursos comecem a chegar.


Alta de 60,7%
Ontem, a média móvel dos casos de covid-19 no Distrito Federal registrou aumento de 60,7%, na comparação com o resultado de duas semanas atrás. O indicador corresponde à soma dos registros dos últimos 14 dias dividido por 14. Na média das mortes, o resultado foi de 11 — alta de 8,5% em relação a 12 de fevereiro. Com 1.068 novas infecções, o total de contaminados no DF chegou a 293.782. Desse grupo, 282.169 (96,1%) se recuperaram, mas 4.805 (1,6%) pessoas morreram.


Tira-dúvidas
Quem pode agendar
a vacinação?
Neste momento, o agendamento é para vacinação de pessoas que estão com o recebimento da segunda dose da CoronaVac marcado, no cartão de vacina, para o período entre 22 e 26 de
fevereiro. Além delas, está permitido para idosos acima de 76 anos. Os agendamentos começaram ontem, já o atendimento de pessoas de 76 a 78 anos tem início hoje. Idosos que precisarem receber a vacina em casa podem agendar a aplicação, pelo site vacina.saude.df.gov.br.
Posso agendar pelo
número do Telecovid?
Com a possibilidade
de agendamento pela
internet, o serviço de atendimento telefônico
deixará de
receber chamados para agendamento a partir de segunda-feira.
O que fazer caso eu
não consiga agendar?
Quem não conseguir
fazer a marcação pode procurar uma unidade básica de saúde (UBS), onde os servidores farão
o agendamento.

O que devo levar
para a vacinação?
É preciso apresentar
cartão de vacina, com o comprovante da primeira
dose — se for o caso do reforço. Se possível, leve a ficha
de confirmação do agendamento pela internet impressa e preenchida.
Quem não puder imprimi-la terá a opção de preencher o documento no local de atendimento.


Passo a passo
 Confira como agendar pelo site

1 - Acesse o site vacina.saude.df.gov.br e selecione o tipo de agendamento;

2 - Preencha todos os dados pessoais e a data da primeira dose (quando tomou ou pretende tomar);

3 - Selecione a região administrativa do ponto de vacinação de preferência, o estabelecimento de saúde, data e hora;

4 - Após o agendamento,
clique em “Imprimir”;

5 - Leve o comprovante
no dia marcado;

6 - Se necessário, é possível conferir a marcação pelo mesmo site, informando
o número do CPF.

Correio Braziliense quinta, 25 de fevereiro de 2021

CORONAVÍRUS - COMEÇA AMANHÃ VACINAÇÃO DE IDOSOS DE 76 A 78 ANSO NO DF

Jornal Impresso

CORONAVÍRUS
 
Começa amanhã vacinação para idosos de 76 a 78 anos
 
Anúncio da ampliação do público prioritário ocorreu ontem, após a chegada de 25,5 mil doses da vacina de Oxford/AstraZeneca ao Distrito Federal. Secretaria de Saúde espera receber mais 11 mil unidades do imunizante CoronaVac até o fim da semana

 

» SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 25/02/2021 04:00

Unidades serão usadas para a primeira aplicação, considerando que o intervalo entre doses é de até três meses (Alain Jocard/AFP)  

Unidades serão usadas para a primeira aplicação, considerando que o intervalo entre doses é de até três meses

 


Uma nova etapa da campanha de vacinação contra a covid-19 começa hoje, no Distrito Federal. A partir das 16h, idosos de 76 a 78 poderão agendar o atendimento, para receber a primeira dose nos pontos de drive-thru. A aplicação dos imunizantes, por sua vez, terá início amanhã. Quem optar por se vacinar em postos de saúde não precisará fazer a marcação prévia. O anúncio da ampliação do público-alvo prioritário ocorreu ontem, devido ao recebimento de 25,5 mil doses do imunizante Covishield — produzido pela universidade inglesa de Oxford com a farmacêutica AstraZeneca. Até o fim da semana, a Secretaria de Saúde do DF espera receber mais 11 mil doses da CoronaVac.
 
No total, o DF conta com 32 postos, entre unidades básicas de saúde (UBSs) e drive-thrus (leia Locais de vacinação). O horário continua das 8h às 17h, de segunda-feira a sexta-feira, nos postos de saúde. Nos drive-thrus, a imunização ocorre nos mesmos dias, mas das 9h às 17h. A Secretaria de Saúde ressaltou que há doses suficientes para todas as 23.061 pessoas do novo grupo prioritário; por isso, para evitar aglomerações, não há necessidade de correr aos pontos de atendimento.
 
Os detalhes da ampliação foram definidos pelo Comitê de Operacionalização da Vacinação do Distrito Federal. Interlocutores da Secretaria de Saúde afirmaram ao Correio que a decisão considerou uma orientação do Ministério da Saúde. Ela define que todas as doses da Covishield devem ser usadas para a primeira aplicação, considerando que o intervalo entre doses é de até três meses. No caso da CoronaVac, esse período vai de 14 a 28 dias, o que justifica a reserva de metade das unidades disponíveis para aplicação do reforço.
 
Até ontem, no DF, 118.657 pessoas haviam sido vacinadas contra a covid-19, sendo que 35.355 receberam as duas doses. Com a nova remessa de imunizantes, a Secretaria de Saúde tem cerca de 29,5 mil unidades em estoque para a primeira aplicação, e 25.555, para o reforço. Atualmente, o público-alvo é composto por profissionais de saúde; indígenas aldeados; pessoas com mais de 60 anos em instituições de longa permanência; idosos em home care; pacientes do Núcleo de Atenção Domiciliar (Nrad); pessoas com deficiência institucionalizadas; e toda a população a partir de 76 anos.
 
Esse público pode agendar a vacinação pelo site vacina.saude.df.gov.br. No entanto, a marcação do atendimento vale apenas para os postos drive-thrus, que não aplicam as doses sem que haja agendamento. Pessoas do público prioritário que não desejarem marcar podem ir aos outros pontos durante o horário de funcionamento e aguardar em filas, se houver.
 
Ofício
Mesmo com aval do Supremo Tribunal Federal (STF) para que o DF e outras unidades da Federação façam a compra direta de vacinas contra a covid-19, o governador Ibaneis Rocha (MDB) declarou que não pretende adquirir os imunizantes por conta própria. “Por enquanto, confio no ministério (da Saúde), que tem comprado todas as vacinas que têm aparecido até agora. Tenho convicção de que vamos ter condições de vacinar a população de acordo com o cronograma estabelecido em reunião com o ministro (da Saúde, Eduardo) Pazuello e ter, ao menos, metade da população vacinada até junho ou julho”, afirmou o chefe do Executivo local.
 
A declaração ocorreu ontem, após assinatura de decreto de regulamentação da lei distrital que suspende, temporariamente, o pagamento por ocupação de espaços públicos para exercício de atividade econômica (leia na página 19).
 
Após a fala de Ibaneis, a Comissão de Vacinação da Câmara Legislativa — por meio do presidente do grupo, o distrital Fábio Félix (Psol) — enviou um ofício ao governador e ao secretário de Saúde, Osnei Okumoto, cobrando mobilização dos gestores para a compra direta de vacinas. “O cenário de pandemia é agravado pela falta de vacinas em todo o país e, diante da inércia e da lentidão do governo federal, impõe-se aos estados, municípios e ao DF a necessidade de tomarem medidas urgentes para a defesa da saúde das populações”, afirmou o distrital, no documento. O Distrito Federal tem cinco dias para responder à comissão.
 
 
Balanço
 
Entre terça-feira e ontem, houve confirmação de mais 1.361 casos de covid-19 no Distrito Federal, além de 16 mortes provocadas pela doença. O total de casos subiu para 292.714, sendo que 281.691 pessoas (96,2%) se recuperaram e 4.791 (1,6%) morreram. A média móvel de casos ficou em 856,28 — 63% maior que o verificado 14 dias antes. No caso das mortes, o resultado foi de 10,42, que representou aumento de 8,8% na comparação com 10 de fevereiro.
 
 
Locais de vacinação
 
Águas Claras
Faculdade Unieuro (só drive-thru)
 
Asa Norte
UBS nº 2 — EQN 114/115, Área Especial
 
Asa Sul
UBS nº 1 — SGAS 612, Lotes 28/29
 
Brazlândia
UBS nº 1 — EQ 6/8, Lote 3, Setor Norte
 
Candangolândia
UBS nº 1 — EQR 5/7, Área Especial 1
 
Ceilândia
UBS nº 5 — QNM 16, Módulo F, Ceilândia Norte (inclui drive-thru)
UBS nº 7 — EQNO 10, AE D/E, Setor O
UBS nº 16 — SHSN, Trecho 1, Etapa 1, Qd. 500, AE 2
UBS nº 17 — QNP 16/20, 
Setor P Sul
 
Cruzeiro
UBS nº 2 — Setor Escolar, Lote 4, Cruzeiro Velho
 
Estrutural
UBS nº 2 — Quadra 18, Área Especial (antigo prédio do TRE)
Gama
Estacionamento Bezerrão, Setor Central (só drive-thru)
UBS nº 1 — Entrequadra 6/12
UBS nº 3 — E/Q 3/5, Área Especial, Setor Leste
UBS nº 5 — Área Especial, Lote 38, Setor Central, Lado Leste
 
Guará
UBS nº 1 — QE 6, Lote C, Área Especial S/N, Guará 1
UBS nº 2 — QE 23, Lote C, Área Especial S/N, Guará 2 
(inclui drive-thru)
UBS nº 3 — QE 38, Área Especial S/N, Guará 2
UBS nº 4 — QELC, EQ2/3, Conjunto Lucio Costa
 
Itapoã
UBS nº 2 — Quadra 378, Área Especial 1, Del Lago
 
Jardim Botânico
Centro de Práticas Sustentáveis (só drive-thru)
DF-463, Avenida do Cerrado, Jardins Mangueiral
 
Lago Norte
Shopping Iguatemi (só drive-thru)
UBS nº 1 — SHIN, QI 3, Área Especial
 
Lago Sul
Policlínica — Setor de Habitações Individuais Sul, QI 21 (inclui drive-thru)
 
Núcleo Bandeirante
UBS nº 1 — 3ª Avenida, Área Especial nº 3
 
Paranoá
Praça Central S/N, Lote 1, ao lado da Administração Regional
 
Parque da Cidade
Estacionamento 13 (só drive-thru)
 
Planaltina 
Casa de Vivência — NS01, Área Especial 9, SRL Planaltina
UBS nº 5 — Quadra 12 D, Conj. A, Área Especial (inclui drive-thru)
 
Recanto das Emas
UBS nº 3 — Qd 104/105, Área Especial
 
Riacho Fundo 1
UBS nº 1 — QN 9, Área Especial 11 (inclui drive-thru)
 
Riacho Fundo 2
UBS nº 1 — QC 6, Conjunto 16, Área Especial, Lote 1
UBS nº 2 — QC 1, Conjunto 10, Lote 1
 
Samambaia Norte
UBS nº 2 — QS 611, AE 2
 
Santa Maria
Administração Regional de Santa Maria — Quadra 1, Conj. H, Lote 1 (só drive-thru)
Igreja Assembleia de Deus — QR 207/307, Conjunto T, Área Especial
UBS nº 2 — EQ 217/317, Área Especial, Lote E
 
São Sebastião
UBS nº 2 — TRE, Qd. 101, Conj. 2, Lote 1, Residencial Oeste
 
Sobradinho 1
UBS nº 1 — Quadra 14, Área Especial 22/23 (inclui drive-thru)
 
Sobradinho 2
UBS nº 2 — DF-420, Setor de Mansões (inclui drive-thru)
 
Taguatinga
UBS nº 1 — QNG, AE 18/19
UBS nº 5 — Setor D Sul, AE 23
 
 
Palavra de especialista
 
Não há solução em curto prazo
 
Nenhum dos problemas consequentes da pandemia, neste momento, pode ser solucionado em curto prazo. Por isso, qualquer decisão ou organização que as secretarias de Saúde e os governos estaduais ou distritais adotem devem ser multissetoriais. Elas precisam abranger diversos âmbitos da sociedade. Um lockdown como ação isolada, por exemplo, não resolve muita coisa. É necessário investir em ações integradas, como diminuição da transitividade populacional — o que, sim, pode ser feito com um lockdown —; reforço nas medidas e na fiscalização de protocolos sanitários; e conscientização da população. Isso é muito importante, ainda mais quando estamos sem vacinas suficientes para avançar na campanha de imunização. Fato é que o Brasil todo está sofrendo. Cabe aos políticos avaliar quais medidas adotar, e, às pessoas, cumprir o que for determinado. Por favor, evitem sair de casa e, se saírem, usem máscaras e higienizem as mãos. Cuidem-se. Só assim poderemos vencer esta pandemia.
 
Walter Ramalho, 
professor de epidemiologia da Universidade de 
Brasília (UnB) 

Correio Braziliense quarta, 24 de fevereiro de 2021

CORONAVÍRUS - COMBATE À CRISE DEPENDE DE RELAÇÃO COM O ENTORNO

Jornal Impresso

CORONAVÍRUS
 
Combate à crise depende de relação com Entorno
 
Com relação próxima entre DF e cidades vizinhas, prefeitos de municípios goianos propõem lockdown em conjunto. Governador Ibaneis Rocha descarta a ideia. Gestores das pastas de Saúde discutem medidas coletivas para evitar o avanço da pandemia

 

» SAMARA SCHWINGEL
» JÉSSICA MOURA

Publicação: 24/02/2021 04:00

 
"É uma vivência para a qual não estávamos acostumados. O paciente com covid-19 evolui para piora muito rápido. A demanda para atendimento dessas pessoas continua. Por termos quase um ano de pandemia, tivemos de nos adaptar"

Juliana Lopes, enfermeira do Hospital Municipal Bom Jesus

Com a ocupação média de leitos públicos e privados para covid-19 em unidades de terapia intensiva (UTI) chegando a 85,7%, no Distrito Federal, e alcançando 100% em diversas cidades da Região Integrada de Desenvolvimento do DF e Entorno (Ride), representantes dos poderes Executivos municipais e distrital tentam definir medidas para controlar a situação. De um lado, prefeitos de cidades goianas pressionam o governador Ibaneis Rocha (MDB) a adotar o lockdown, para que eles sigam no mesmo caminho. De outro, o chefe do Palácio do Buriti descarta a possibilidade de interromper as atividades na capital federal.
 
Diante do cenário, os prefeitos de Águas Lindas de Goiás, Cidade Ocidental, Luziânia, Novo Gama, Santo Antônio do Descoberto e Valparaíso de Goiás — todos da Ride — pediram ao secretário de Saúde de Goiás que trate com o Governo do Distrito Federal (GDF) um possível decreto unificado de lockdown. Para eles, as medidas de restrição para controle da pandemia só terão resultados efetivos se a capital federal também aderir a elas, devido à grande circulação de pessoas entre o Entorno e o DF.
 
Por enquanto, Ibaneis Rocha desconsidera a chance de decretar lockdown no DF. “O Entorno é responsabilidade do Ronaldo Caiado (governador de Goiás)”, disse o chefe do Executivo local. No fim da tarde de ontem, gestores da secretaria de Saúde goiana (SES-GO) e da pasta distrital (SES-DF) se reuniram para discutir medidas de prevenção contra a covid-19 nas duas unidades da Federação. Até o fechamento desta reportagem, o encontro não havia terminado.
 
Para especialistas, neste momento, em que se observa o avanço da quantidade de casos, o aumento do número de mortes, a circulação de novas variantes do novo coronavírus e o comprometimento do atendimento nas unidades de saúde, é necessário reforçar as medidas de prevenção tanto no DF quanto no Entorno. Atualmente, cerca de 23,6% das pessoas com covid-19 internadas em unidades de terapia intensiva (UTIs) na rede pública do DF são de outras unidades da Federação, sendo 9,4% de Goiás.
 
Nas internações gerais do DF, cerca de 20% dos pacientes são do Entorno — sendo 23 mil pessoas de Goiás e 427 de Minas Gerais. O número pode ser maior, segundo a Secretaria de Saúde distrital, pois muitos pacientes de fora informam endereços de parentes que moram na capital federal. A infectologista Ana Helena Germoglio, do Hospital de Águas Claras, ressalta que o Sistema Único de Saúde (SUS) é nacional e deve atender a todos os pacientes, independentemente de onde eles morarem. Ela considera que, neste momento, seria mais importante investir na conscientização da população sobre as sanitárias. “Sempre houve essa interdependência das cidades do Entorno com o DF. Por isso, o lockdown não seria a melhor opção. É preciso que a população colabore e siga as medidas de prevenção e que os gestores direcionem recursos da melhor forma possível”, avalia Ana Helena.
 
Por outro lado, Valéria Paes, da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, defende o lockdown. No entanto, caso essa seja a opção, é preciso que o processo ocorra de forma integrada, segundo ela. “Se houver (fechamento total), provavelmente, veremos uma redução no número de novos casos em todas as cidades envolvidas. Porém, reforço: como há um grande fluxo de pessoas entre as regiões, não adianta apenas algumas cidades adotarem a medida”, argumenta. “A comunidade também tem parcela de responsabilidade. Não adianta nada os governos definirem restrições e as pessoas desobedecerem”, completa.
 
Calamidade
Dados de ontem da SES-GO revelaram que o Estado atua com 91,88% das vagas para pacientes com covid-19 ocupadas. Entre os 29 municípios goianos que compõem o Entorno do DF, apenas Formosa e Luziânia contam com UTIs na rede pública. As duas têm 100% e 90% de ocupação, respectivamente. Em ambas — além de Águas Lindas, Cidade Ocidental, Cristalina, Novo Gama, Santo Antônio do Descoberto e Valparaíso de Goiás —, a situação é de calamidade.
 
Em Águas Lindas (GO) — a cerca de 50km do centro de Brasília —, a cidade, com 217,6 mil habitantes, não tem mais leitos de UTI disponíveis no único hospital da cidade, o Bom Jesus. Em junho passado, o Ministério da Saúde inaugurou um hospital de campanha na cidade, que operou até outubro, quando foi desmobilizado. Juliana Lopes, 28 anos, é enfermeira na unidade municipal e relata que o sentimento entre os profissionais de saúde é de frustração. “É uma vivência para a qual não estávamos acostumados. O paciente com covid-19 evolui para piora muito rápido. A demanda para atendimento dessas pessoas continua. Por termos quase um ano de pandemia, tivemos de nos adaptar”, comenta Juliana.
 
Nos casos de calamidade, a recomendação do poder público é pela interrupção das atividades, exceto para supermercados e afins, farmácias, postos de combustível e serviços de urgência ou emergência em saúde. A secretária do lar Solange Guedes, 58, moradora de Águas Lindas, teme o contágio pelo coronavírus e acredita que há a necessidade de intervenção. “Os ônibus vêm muito cheios na ida e na volta. Vamos em pé no caminho por mais de uma hora. É muita festa, e o pessoal não respeita. Dá medo”, desabafa.

Correio Braziliense terça, 23 de fevereiro de 2021

ALÍVIO QUE VEM PELO OLFATO

Jornal Impresso

Alívio que vem pelo olfato
 
 
Aromaterapia usa óleos essenciais para ajudar no tratamento de doenças como depressão, ansiedade, enxaqueca e insônia. Método é reconhecido pela OMS e passou a ser mais procurado na pandemia

 

» Larissa Passos

Publicação: 23/02/2021 04:00

Publicitária Luísa Amorim conheceu a técnica durante a gestação. Hoje, utiliza os óleos para combater diversos problemas (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  
Publicitária Luísa Amorim conheceu a técnica durante a gestação. Hoje, utiliza os óleos para combater diversos problemas


A aromaterapia é uma técnica terapêutica que pode ser utilizada de forma complementar e atua a partir da utilização de óleos essenciais. O método auxilia no tratamento de pacientes com depressão, ansiedade, enxaqueca, insônia, infecções e alergias.

A publicitária Luísa Amorim, de 23 anos, contou ao Correio que teve o primeiro contato com a aromaterapia quando estava grávida da sua filha, Maya. “Um dia a minha doula veio à minha casa e fez um escalda pés em mim com óleo essencial para relaxar e para diminuir a ansiedade, porque já estava no final da minha gestação. Estava muito ansiosa e, naquele momento, me fez muito bem”, lembra.

Ela diz que já tinha escutado falar sobre a técnica, mas não sabia o que era realmente. “Na minha cabeça, e acho que na cabeça de muitas pessoas, são apenas óleos com cheirinhos, que vão deixar o ambiente perfumado e tudo mais. Pelo menos era o pensamento que eu tinha.”

Quando Maya nasceu, a publicitária começou a aprofundar-se na terapia complementar e se apaixonou pelo método: "Estava em busca de uma alternativa mais natural para me livrar um pouco dos remédios, até porque, quando amamentamos, não podemos usar muitos medicamentos, já que alguns componentes sempre vão para o leite e aí, consequentemente, passam para o bebê”. Hoje, Luísa utiliza os óleos essenciais para o tratamento de enxaqueca, rinite alérgica, picada para mosquito, dor no estômago, criatividade e para melhorar o sono.

Origem

A aromaterapeuta e farmacêutica Isis Petry explica que os óleos essenciais são produtos do metabolismo secundário de uma planta, ou seja, eles atuam na comunicação de autodefesa dos vegetais. “Existem óleos essenciais para evitar que bichos venham machucar a planta e tem outros que atraem polinizadores. Esses óleos essenciais na planta são aquilo que geram o cheirinho. Então, aquele cheiro característico, por exemplo, da pizza na verdade é o cheiro do orégano”, explica.

Segundo a aromaterapeuta, os óleos essenciais podem ser inalados quando há liberação das partículas com o auxílio de um difusor e, também, por meio de massagens. Isis alerta que eles são compostos químicos muito concentrados que demandam cuidado no momento do uso. “Nós temos alguns óleos essenciais, por exemplo, que são hepatotóxicos. Se utilizados de uma forma muito concentrada, que chamamos de uma forma irracional, pode gerar a intoxicação”, pontua.

Isis Petry destaca que o aromaterapeuta precisa conhecer o estado de cada paciente (Arquivo Pessoal)  
Isis Petry destaca que o aromaterapeuta precisa conhecer o estado de cada paciente

Ela ressalta, ainda, que alguns óleos não podem ser usados por gestantes e crianças menores de 3 anos, a exemplo do óleo de hortelã de pimenta, que pode causar danos ao sistema nervoso. “Por isso, é muito importante procurarmos um profissional adequado que tenha conhecimento na área para que possa fazer uma indicação correta do óleo essencial a ser utilizado.”

A economiária Giovana Pastori, 38, também teve o primeiro contato com a aromaterapia quando estava grávida de gêmeos. “Desde a gestação, que depois seguiu com a amamentação, essa explosão hormonal me fez ter muitos altos e baixos: crises de medo do novo, choro, baby blues, falta de rede de apoio, pois toda minha família mora no Rio Grando do Sul. Tudo isso misturado, claro, à alegria da descoberta da gestação gemelar, que também é comum na minha família, e aos desafios de ser mãe de gêmeos. A partir de então, mais do que nunca, fui me aprofundando na leitura sobre florais, óleos essenciais e aromaterapia”, conta.

Giovana segue os “rituais” diários com os óleos essenciais até hoje. “Meus filhos estão com 2 anos e 3 meses. Ser mãe me empoderou, me fez descobrir as profundezas e o céu das emoções, o sagrado feminino. Sinto minhas emoções mais equilibradas com uso de óleos essenciais formulados de forma individual, para atender minhas necessidades em todos os campos da vida: afetiva, profissional e familiar”, relata.
Ela acrescenta que a aromaterapia está presente em todos os momentos do seu dia, seja em óleo para aplicação em pontos estratégicos do corpo ou em spray vaporizador no quarto e escritório: “Um para necessidade pessoal e dos ambientes”.

Como escolher?

Isis Petry explica que o aromaterapeuta precisa conhecer o estado de saúde de cada paciente. “Nós precisamos saber tudo que aquela pessoa tem, então, tanto em termos fisiológicos, quanto emocionais e a capacitação do profissional, é importante que a gente cuide que o seu aromaterapeuta esteja realmente capacitado com os devidos conhecimentos, cursos e até recomendações”, afirma.

A especialista destaca a importância de uma equipe multiprofissional no tratamento. “A aromaterapia não é uma coisa que é feita sozinha, especialmente em casos mais complexos. Eu sempre recebo indicação de psicólogos, por exemplo, para que a gente possa fazer um trabalho em conjunto, porque é realmente uma prática integrativa complementar, porque ela complementa o tratamento alopático.”

Pandemia

Cientista aromatólogo e proprietário fundador da empresa Laszlo, Fabian Laszlo conta que a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu e incorporou a aromaterapia às Medicinas Tradicionais e Complementares do Sistema Único de Saúde (SUS) em 2018. “O Brasil tem uma diferença muito grande dos outros países, a gente é o único que tem o SUS, tem essa prática reconhecida, e é o único país que tem essa data realmente no calendário do governo federal, que é em 19 de dezembro”, elenca.

Segundo Laszlo, a prática cresceu muito no país. Inclusive, há postos de saúde e hospitais adotando a terapia complementar. A procura, aliás, aumentou durante a pandemia do novo coronavírus: “É um recurso que você consegue usar em casa para conter a ansiedade, e o fato de muitos óleos serem antivirais potentes, terem utilidade para eliminar catarro ou ajudar nessa parte respiratória, também foi muito aproveitado pelas pessoas durante a pandemia”.


CONHEÇA

Óleos essenciais e suas funções:

Óleo de lavanda verdadeira
Calmante, tranquilizante, ótimo para picadas de insetos e alergias de pele;

Óleo de melaleuca
Alto potencial antimicrobiano (antibacteriano, antiviral e antifúngico);

Óleo de laranja
Animador, estimula o apetite, rico em antioxidantes;

Óleo de alecrim
Estimula a concentração, foco e memória (principalmente os quimiotipos);

Óleo de cânfora e cineol
Estimula a circulação e fortalece os pêlos e cabelos (lembrando do cuidado com óleos canforados para gestantes, crianças, idosos e hipertensos);

Óleo de gerânio bourbon
Ótimo para auxiliar nos sintomas da TPM e menopausa, além de ser regulador de oleosidade da pele;

Óleo de citronela
Alto poder repelente de insetos, pulgas e anti-inflamatório (também deve ser usado com cautela em crianças e animais)

 


Correio Braziliense segunda, 22 de fevereiro de 2021

OS SABORES E A DIVERSIDADE DO LAGO OESTE

Jornal Impresso

Os sabores e a diversidade do Lago Oeste

 

» CIBELE MOREIRA

Publicação: 22/02/2021 04:00

Restaurante Vista Linda conta com uma paisagem deslumbrante do vale da Chapada da Contagem (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  
Restaurante Vista Linda conta com uma paisagem deslumbrante do vale da Chapada da Contagem

Amantes do ecoturismo e do turismo rural podem desfrutar da riqueza do Lago Oeste, região do Distrito Federal que é referência em agrofloresta e conta com uma diversidade de opções de lazer e de gastronomia há 30 minutos de Brasília. Próximo ao Parque Nacional, onde é possível acessar a trilha que leva à cachoeira Poço Azul, a cidade também proporciona uma vivência mais próxima com a natureza, com a calmaria do campo e longe do barulho do centro da capital.
 
Para promover o turismo na região, empreendedores locais se uniram com o objetivo de criar um roteiro onde o visitante tem acesso a tudo o que é produzido e oferecido por lá. O Viva Lago Oeste foi criado em 2019 e conta com 16 parceiros, entre restaurantes, sítios, pousadas e produtores orgânicos e de laticínios.
 
O presidente da Associação Viva Lago Oeste, Marcus Vinicius Heusi, conta que o intuito do roteiro é de que as pessoas conheçam os espaços daqui do DF. “Os brasilienses não precisam sair daqui, enfrentar horas na estrada para ir na Chapada dos Veadeiros ou em Pirenópolis, temos tudo isso aqui”, ressaltou ele, que também administra uma casa de aluguel por temporada, o Recanto de Maria Flor, construído em madeira e vidro e com a paisagem de tirar o fôlego, da Chapada da Contagem — um vale verde de cerrado.
 
Na região, é possível acessar diversas cachoeiras e quedas d’águas. No entanto, para quem não está habituado com as trilhas, Marcus Heusi ressalta a importância de procurar um guia. “Quem quiser visitar as cachoeiras com guia da região pode entrar em contato com o Viva Lago Oeste pela página no Instagram, que fazemos a ponte com moradores voluntários”, afirma.
 
A iniciativa conta com o apoio da Secretaria de Turismo para impulsionar o empreendedorismo local, renda e emprego. Para a secretária da pasta, Vanessa Mendonça, a Rota Viva Lago Oeste é um convite a sair de casa sem sair de Brasília, com opções para todas as idades e gostos. “Visitar o Lago Oeste é desconectar da vida na cidade e viver experiências únicas, que incluem paisagens incríveis do nosso cerrado, pousadas de charme, excelente gastronomia, trilhas e cachoeiras. Atrações que impressionam e atendem à demanda da população nesse cenário pós-pandemia”, ressalta.
 
Outro destaque é a produção agrícola, que conta com espaços de plantação bioecológica e orgânica, com a utilização de sistemas de plantio sustentáveis, como a permacultura e a agrofloresta. No local, são produzidos hortifrútis, ervas gastronômicas, cafés especiais e pimentas, sendo também uma região reconhecida pela criação e comercialização de diversos animais, como a cabra.
 
Gastronomia
 
Para quem gosta de uma mistura de sabores da gastronomia brasileira, o lugar certo é o restaurante Brasis, localizado na Rua 12 do Lago Oeste. Comandado pela chef Di Oliveira, o espaço faz um passeio pelo Brasil. “O Brasis é uma mistura de todos os brasis. Desde um pouquinho de Minas, ao Sul, Sudeste, Centro-Oeste, um pouquinho de cada lugar. E que é referência do nosso cardápio também. Nada melhor que Brasília para fazer isso, de a gente poder juntar o Brasil em um lugar só”, ressalta a chef.
 
No cardápio, os sabores do cerrado, como jambu, seriguela, framboesa do cerrado e pequi são incorporados aos pratos. O carro-chefe são os frutos do mar, além de carnes vermelhas e opções vegetarianas. “Eu sou apaixonada pelo meu país e minha profissão como produtora cultural me deu a oportunidade de viajar e conhecer todas as capitais, conhecer um Brasil diferente. Essa mistura de sabores começou a surgir naturalmente, claro, com influência de outros chefs de renome. Comecei a experimentar em casa e acabei levando para o Masterchef. Vi que não era só brincadeira e resolvi apostar”, conta Di, que participou da edição do programa em 2019. Ela ficou entre os 44 melhores cozinheiros do país.
 
Quando retornou da competição, resolveu abrir as portas da casa dela e montar o restaurante que, em abril, completa dois anos. Logo após a abertura, Di Oliveira foi indicada como chef revelação e restaurante revelação pela revista Encontro Gastrô.
 
Entre os pratos mais pedidos está o Camarão da Chef, feito de camarões-rosa crocantes empanados na farinha de panco e coco, com arroz de bacon, alho-poró, três pimentões, cebola e palmito pupunha. Acompanha vinagrete defumado e farofa de limão siciliano. “Servimos também uma paella um pouco diferente, com tucupi e jambu, e pirarucu e um filé ao molho de framboesa do cerrado”, destaca a chef.
 
Durante a pandemia, o espaço sobreviveu com o delivery e passou por adaptação. Em agosto do ano passado, foi reaberto após uma grande reforma, com ambiente mais aberto para os clientes apreciarem a vista. Outro ponto interessante é que, além de um restaurante, o local também é uma galeria de arte com vários quadros de artistas brasileiros, além de esculturas e peças do folclore nacional.
 
Um pouco mais adiante, na Rua 14, está o Vista Linda, um restaurante com uma paisagem deslumbrante do vale da Chapada da Contagem. O local é o único de Brasília que oferece a autêntica moqueca capixaba. “Sou capixaba e moro em Brasília há 20 anos. Quando mudei pra cá procurei a moqueca capixaba e não tinha, só achava moqueca baiana. Senti falta desse prato típico que eu comia todo o domingo no almoço na casa da minha avó. A partir daí, surgiu a ideia de montar meu próprio negócio”, explica Gouthier Dias, proprietário do Vista Linda, que funciona há oito anos.
A moqueca capixaba se diferencia principalmente nos ingredientes, leva apenas tomate, cebola, urucum, azeite e o peixe a escolha do cliente, explica o empreendedor. Vai acompanhado de pirão da terra e arroz branco. “Ela é mais leve, e preserva o sabor do peixe. As moquecas que são mais conhecidas têm mais tempero”, pontua o chef. O cardápio é variado, o carro-chefe são frutos do mar, mas há carne e pratos vegetarianos.
 
Trilha e ciclismo
 
Aos moradores do Lago Oeste e brasilienses apaixonados por ciclismo, a região também tem despontado com as trilhas ecológica e a ciclovia rente a DF-001. Moradora da Rua 11, a aposentada Fátima Nucci, 62 anos, conta que pratica ciclismo ao menos três vezes por semana, em muitas das ocasiões, acompanhada de grupo. “Antes, eram12, mas com a pandemia foram diminuindo e agora somos cinco”, conta Fátima.
 
Apaixonada pela região, ela ressalta que as melhorias que têm ocorrido na cidade são muito boas e só têm a contribuir. “Eu acho isso aqui um pedacinho do céu, não troco por lugar nenhum. Principalmente a gente que vem acompanhando as melhorias, é bem importante”, afirma.
 
Conheça
 
Viva Lago Oeste
Site com o roteiro e contato de todos os empreendedores participantes
vivalagooeste.com.br
Instagram: @vivalagooeste
Restaurante Brasis
Só atende sob reserva
Sexta, sábado, domingo e feriado
A partir das 12h
Telefone para contato: 99446-2540
Restaurante Vista Linda
Só atende sob reserva
Sexta, sábado, domingo e feriado
A partir das 12h
Telefone para contato: 99622-6004
Recanto de Maria Flor
Contato: (61) 99981-9275

Correio Braziliense domingo, 21 de fevereiro de 2021

PÁSCOA: CHANCE DE BONS NEGÓCIOS

 

Jornal Impresso

Páscoa chance de bons negócios
 
Com o fim do carnaval, encomendas começam a aparecer. Em meio ao cenário de distanciamento social, doceiras brasilienses procuram formas de inovar na produção para 2021

 

» ANA CLARA AVENDAÑO*

Publicação: 21/02/2021 04:00

Dona da loja Sweet Love, Ingrid Aretusa decidiu se dedicar à confecção de bolos e ovos de chocolate após ficar desempregada (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  
Dona da loja Sweet Love, Ingrid Aretusa decidiu se dedicar à confecção de bolos e ovos de chocolate após ficar desempregada

A Páscoa se aproxima, e as confeiteiras brasilienses se preparam para a produção de encomendas de ovos, barras de chocolates, cones trufados, bombons e outros doces procurados em uma das épocas mais saborosas do ano. Algumas das estratégias para não deixar a pandemia abalar o número das vendas envolvem oferecer opções de compra e retirada, além de delivery para todo o Distrito Federal.
 
Andréa Vargas, 43 anos, é apaixonada pela produção de ovos de Páscoa. Há quatro anos, ela trabalhava no setor financeiro de uma concessionária de motos, mas foi demitida devido a um corte de funcionários na empresa. Em meio ao desemprego, ela fez um curso de confeitaria pago por uma amiga e começou a trabalhar com encomendas de bolos. Também apostou em vendas na igreja, o que ajudou a doceira a sair da casa dos pais e conquistar a independência financeira. “Fiz outros cursos para aprimorar minhas habilidades. Comecei a ter clientes quando vieram as primeiras demandas de ovos de chocolate. Minha primeira Páscoa foi a época em que ganhei mais dinheiro”, diz a moradora de Taguatinga.
 
Por outro lado, a estudante de arquitetura Raissa Vieira Frantz, 18, não apostará na produção dos tradicionais ovos de Páscoa, mas levará a temática para os produtos vendidos no Instagram. “Minha proposta são novos sabores de cones de chocolate, como bolo de cenoura com brigadeiro. Haverá outras opções e doces decorados como se fossem cenoura. Trabalho também com bombons artesanais, caixas personalizadas e alfajor. A ideia principal é tematizar os doces que nós temos”, detalha a moradora de Águas Claras.
 
Raissa lançou a Doce Croc em agosto, após aprender receitas de sobremesas. “Comecei com minha lojinha vendendo cones trufados. Na verdade, quem começou a fazer foi meu primo, e eu vendia para ele, mas, com o tempo, ele se cansou e eu segui com o ofício. Eu acompanhava todo o processo e tomei um gosto imenso por fazer doces”, conta a jovem.
 
Talentosa desde a adolescência, Raianna Baptista, 19, vendia brigadeiros e brownies na escola aos 15 anos. Entretanto, em 2019, a estudante começou a empreender no ramo de ovos de Páscoa de colher. “Na Páscoa de 2018, fiz um curso de confeitaria e recebi em torno de 20 encomendas. Ano passado, vendi, em média, 50 ovos de colher e 15 barras recheadas”, afirma a moradora de Águas Claras. Para a produção de 2021, Raianna pretende oferecer novas opções, como kits de confeiteiro para crianças e caixas com desenhos especiais de Páscoa.
 
Criações
A confeiteira Adriana Della Monica, 45, atua no ramo há 11 anos e se surpreendeu com as vendas do feriado religioso do ano passado. “Eu estava bem desesperançosa com os comércios fechados e as pessoas muito receosas, mas, por incrível que pareça, vendi muito. Criei a opção de entrega, então, as pessoas encomendavam os ovos. Dependendo do local, eu cobrava uma taxa, mas eu entregava para elas. Por exemplo, no caso daquelas que queriam presentear, eu entregava direto para quem ia receber”, conta.
 
Natural de São Paulo, Adriana era comissária de bordo quando decidiu optar por uma profissão que a possibilitasse passar mais tempo em casa, para acompanhar o crescimento do filho. Com um atelier no próprio imóvel, em Taguatinga Sul, ela procura inovar as criações, criando novos sabores e diferentes embalagens. “Este ano, para as crianças, vou fazer ovos de chocolate ao leite com brigadeiro e guloseimas, como marshmallow. Além de controles remotos de chocolate, pirulitos de coelhinho e ovo de pote com casca de chocolate e brigadeiro belga”, enumera Adriana.
 
Na visão da proprietária da Della Monica Confeitaria, o segmento tem crescido exponencialmente desde o início da pandemia. “A concorrência é muito grande. Muitos estão fazendo de tudo para sair do problema da crise. As pessoas têm produzido os próprios ovos de Páscoa. No fim do ano, por exemplo, as pessoas produziam panetones para baratear os presentes. Tenho percebido, também, gente de muito talento entrando nesse nicho”, avalia a confeiteira.
 
Ao perder o emprego em um berçário por causa da pandemia, Ingrid Aretusa, 28, decidiu se dedicar à confecção de bolos ao lado da mãe, Edilene Feitosa, 50. Porém, com a chegada da Páscoa, as duas produzirão ovos de colher para a data. “Eu tinha feito alguns bolos e pedi para amigos e familiares experimentarem. Com a aprovação dos degustadores, resolvi investir no ramo”, brinca Ingrid. “Continuei fazendo, porém decidi incluir ovos artesanais ao menu. Produzi alguns minibombons para degustação e, depois, alguns doces para divulgação”, conta a dona da loja Sweet Love.
 
* Estagiária sob a supervisão de Jéssica Eufrásio
 
 
 
Serviço
 
Ateliê Andréa Vargas
Encomendas: 9 8550-0888
Instagram: @atelieandreavargas
 
Della Monica Confeitaria 
Encomendas: 9 9112-7687
Instagram: @dellamonicaconfeitaria
 
Doce Croc
Instagram: @doce.croc
 
Raianna Doces
Encomendas: 9 8204-1292
Instagram: @raiannadoces
 
Sweet Love 
Encomendas: 9 9393-1992
Instagram: swee_tlove04

Correio Braziliense sábado, 20 de fevereiro de 2021

A SEREIA QUE VEIO DE LONGE: HISTÓRIA DA ESCULTURA DOADA POR DINAMARQUESES NA ÉPOCA CONSTRUÇÃO DE BRASÍLIA

Jornal Impresso

A sereia que veio de longe
 
Doada por dinamarqueses na época da construção de Brasília, ícone de bronze localizado em frente ao prédio principal do Comando da Marinha é praticamente desconhecido pela população. Após percorrer muitos caminhos, o Correio desvendou a misteriosa história da escultura

 

Ana Maria da Silva

Publicação: 20/02/2021 04:00

Em Brasília desde 1960, a pequena sereia dinamarquesa ficou esquecida por anos nos porões do Palácio da Alvorada (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  
Em Brasília desde 1960, a pequena sereia dinamarquesa ficou esquecida por anos nos porões do Palácio da Alvorada


O conto de uma jovem sereia que renunciou sua vida de princesa no mar para estar com seu amado se expressa no rosto da escultura A Pequena Sereia de Copenhague, ícone de bronze que descansa sobre uma rocha no porto da capital dinamarquesa, às margens do Mar Báltico. Desde o seu surgimento, em 1913, esta figura curiosa despertou todos os tipos de lendas, atos de vandalismo e anedotas curiosas. A obra, construída pelo artista Carl Jacobsen, ganhou várias réplicas distribuídas pelo mundo. Uma delas chegou a Brasília e encontra-se em frente ao prédio principal do Comando da Marinha.

A obra, rebatizada por aqui como Sereiazinha, foi doada durante a inauguração da cidade, e é praticamente desconhecida pela população brasiliense. É anônima, até mesmo, para os órgãos responsáveis pela sua guarda e manutenção. O Correio procurou a Universidade de Brasília (UnB), o Comando do Ministério da Marinha — órgão responsável pela guarda e manutenção da obra —, e a Secretaria de Cultura do DF, mas não encontrou alguém que pudesse dar mais detalhes.
Sabe-se que a obra, fundida em bronze espelhado, simboliza boas-vindas aos marinheiros. De acordo com matéria publicada em 5 de setembro de 1965, no Correio Braziliense, os marujos brasileiros tinham grande admiração pelo monumento, e acabaram conquistando a simpatia dos dinamarqueses. A cada ano, nas viagens, um navio aportava em Copenhague e os brasileiros iam visitar o monumento. Muitos levavam flores para enfeitar a Sereiazinha, sentada sobre uma laje semi submersa na orla do Parque Langelinie.

Em 1960, o mundo inteiro voltou-se para o Brasil, país que estava inaugurando, em plena região semideserta, uma nova e fantástica capital: Brasília. Com a nova cidade, os dinamarqueses pensaram em oferecer um presente ao povo brasileiro, em sinal de gratidão pelo amor e simpatia de nossos marinheiros pela pequena sereia.

Com o intuito de deixar uma marca na cidade tão moderna que surgia, a Dinamarca, por intermédio da Sociedade dos Amigos do Brasil, mandou confeccionar uma réplica da obra e uma miniatura da grande pedra onde o monumento se assenta no porto dinamarquês. O povo nórdico se regozijou com a ideia, e o monumento foi dado a mais nova capital do mundo, em sinal de reconhecimento pelo esforço do povo brasileiro, que erguia uma nova cidade.

O carinho dos doadores está traduzido no oferecimento gravado em uma âncora presente na rocha em que a Sereiazinha está sentada: “Ano de 1960 — Sereiazinha doada ao Brasil pelos Amigos da Dinamarca, em admiração à iniciativa de Brasília, recordando a tradicional cortesia da Marinha de Guerra do Brasil para com a Sereiazinha de Copenhague, sob os cuidados do Governo Real da Dinamarca pela Sociedade dos Amigos do Brasil na Dinamarca”.

Esquecida
Entre discursos e festas, o monumento encaixotado foi embarcado num avião da SAS (Scandinavian Airline System) e enviado para o Brasil. Na euforia da mudança, o caixote, pesando quase 300kg, foi esquecido em um depósito do Palácio da Alvorada. Vieram as sucessivas crises políticas no Brasil. O Palácio do Alvorada mudou de morador várias vezes, e a Sereiazinha jazia tranquila e esquecida em seus subterrâneos.

Quase cinco anos depois, ninguém mais se lembrava do monumento. Seus doadores, naturalmente, sentiram-se magoados e ofendidos. Em junho de 1965, esteve no Brasil um dos membros da Sociedade dos Amigos do Brasil na Dinamarca, que veio saber do paradeiro do monumento. Sem maiores informações, o representante foi se entender com as autoridades do estado-maior das Forças Armadas do Rio de Janeiro. E então, começaram as buscas e indagações. Ninguém mais sabia onde podia estar escondida a tranquila Sereiazinha. Perguntaram ao Departamento de Turismo, à Marinha, mas nenhuma instituição tinha informações.

A subchefia da Marinha na Presidência da República assumiu o problema. Por fim, depois de sucessivas buscas, o monumento foi descoberto no Palácio da Alvorada, no canto de um depósito. No dia 10 de agosto de 1965, o caixote foi enviado para o Ministério da Marinha, e as autoridades do comando naval começaram a tomar providências para a instalação da Sereiazinha, ali mesmo, no pátio do ministério.

Com as primeiras notícias publicadas acerca do encontro da obra, o Comando Naval apressou-se em afirmar o seu desejo de instalar o monumento. Em 1965, o comando lamentou-se e pediu que as autoridades da Marinha e de Brasília oferecessem à Sereiazinha o lugar que ela merecia. “Cinco anos de esquecimento devem ser reparados. Nosso gesto foi dos mais deselegantes para com os doadores, vamos repará-lo agora. Já que o monumento foi encontrado, que seja imediatamente instalado e que, na sua inauguração, se convide o embaixador da Dinamarca”, afirmou o Comando Naval, ao descobrir o encontro da obra.

Espera
No conto do escritor Hans Christian Andersen, a pequena sereia amava um príncipe que se perdeu no mar. Com olhar triste, a sereia, que possui cerca de um metro de altura, fica sentada sob um pedestal de pedra de 0,80 centímetros de altura, à espera da volta de seu amado príncipe.

Após o esquecimento de cinco anos, a Sereiazinha ganhou, em Brasília, um espelho d’água com azulejos azuis. Atualmente, permanece abandonada e sem água no seu espelho. De acordo com o Ministério da Marinha, será realizada a manutenção do piso e da estrutura que formam o espelho d’água. “Tendo em vista as constantes chuvas no período atual, optou-se, como prevenção, deixar o local sem água. A manutenção adequada será executada tão logo diminua a precipitação pluviométrica em nossa região”, explicou a corporação, em nota.

Enquanto espera pelos devidos cuidados, a pequena sereia continua no local destinado à sua história de amor. Enquanto dá boas-vindas aos marinheiros que chegam ao Ministério, a Sereiazinha aguarda que os brasilienses relembrem sua importância, e espera a chegada de algum príncipe candango.




Outros presentes
Além da réplica da Pequena Sereia, a capital federal recebeu outros presentes durante sua inauguração:

Sinos da Catedral
O governo da Espanha doou os quatro sinos de bronze instalados na Catedral. Três deles — Santa Maria, Pinta e Nina — lembram as Caravelas de Cristóvão Colombo na descoberta da América. O quarto — Pilarica — é uma homenagem à Nossa Senhora do Pilar, muito cultuada naquele país. Desde 1987, são controlados eletronicamente, e tocam às 6h, às 12h e às 18h.

Monumento Solarius
Durante a construção de Brasília, o artista plástico francês Ange Falchi ficou impressionado com as notícias que recebia sobre a coragem e o espírito de aventura dos trabalhadores brasileiros que erguiam a nova capital. Ele resolveu, então, homenageá-los com uma escultura que chamou de Solarius. Depois de pronta, o governo da França a doou para Brasília.

Loba Romana
Réplica da Loba Capitolina, estátua-símbolo da lenda de criação de Roma. A loba amamenta os gêmeos Rômulo (que fundaria Roma) e Remo, filhos do deus da guerra, Marte. Abandonados pelo pai, os dois meninos acabaram encontrados e alimentados pelo animal. A obra foi doada pelo governo da Itália.

Correio Braziliense sexta, 19 de fevereiro de 2021

CORONAVÍRUS: NOVA CEPA FOI DETECTADA EM DEZEMBRO

Jornal Impresso

CORONAVÍRUS
 
Nova cepa do vírus foi detectada em dezembro
 
A variante britânica foi identificada em, pelo menos, dois moradores do DF, no fim do ano passado, segundo apurou o Correio. Secretaria de Saúde confirma uma das infecções, mas nega que nova cepa esteja em circulação na capital

 

» ADRIANA BERNARDES
» SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 19/02/2021 04:00

 
"Variantes estão chegando e isso preocupa. Por isso, fica aqui o meu apelo à população: continuem seguindo as medidas de segurança sanitária, usando máscaras, álcool em gel e distanciamento social"

Osnei Okumoto, secretário de Saúde do DF

A informação de que a variante britânica do novo coronavírus, a B.1.1.7, está em circulação no Distrito Federal, pelo menos, desde dezembro do ano passado, revelada pelo Correio, preocupa especialistas e órgãos de fiscalização. Segundo eles, a Secretaria de Saúde precisa acompanhar de perto os casos desde a suspeita até a confirmação ou o descarte da infecção. Hoje, o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) vai se reunir com o secretário Osnei Okumoto para discutir o andamento da vacinação e cobrar respostas em relação às novas cepas na capital. Enquanto isso, DF e cidades do Entorno sofrem com a alta ocupação de leitos de unidade de terapia intensiva (UTIs) voltadas para o tratamento da doença.
 
Em relação às variantes do vírus no DF, o Correio apurou que pelo menos dois homens se contaminaram com a nova cepa, um com 25 anos e outro com 33. As amostras desses pacientes foram coletadas em 31 de dezembro de 2020. Apesar de confirmar um dos casos de infecção, a Secretaria de Saúde nega que a nova cepa esteja em circulação na capital federal. A ocorrência validada pela pasta é de um morador de Brasília que fez o teste no Piauí. Cientes deste caso, Okumoto e o diretor de vigilância epidemiológica do DF, Cássio Peterka, afirmaram que buscam identificar este paciente para, então, fazer o acompanhamento epidemiológico. “Estamos buscando saber se essa pessoa mora no Piauí e ainda não atualizou o endereço no cadastro do SUS (Sistema Único de Saúde) ou se realmente mora aqui e estava de passagem em outro estado”, afirmou Okumoto.
 
A pasta não confirmou o segundo caso, no entanto, e negou que a variante esteja em circulação na capital federal. Informou apenas que não recebeu retorno das amostras enviadas ao Instituto Adolfo Lutz para validação do sequenciamento dos genomas. O instituto, procurado pela reportagem, afirmou que não pode passar dados referentes a essas amostras e que cabe à Saúde do DF negar ou confirmar o recebimento dos resultados.
 
Apesar da falta de confirmação, há uma preocupação por parte dos gestores. “Variantes estão chegando e isso preocupa. Por isso, fica aqui o meu apelo à população: continuem seguindo as medidas de segurança sanitária, usando máscaras, álcool em gel e distanciamento social”, reforçou Okumoto. A declaração foi feita na tarde de ontem, durante o lançamento da plataforma de agendamento da vacinação (leia matéria abaixo).
 
“Acompanhamos todos os casos confirmados no DF, independentemente da cepa”, garantiu Peterka, também presente à cerimônia, e reforçou que quanto menor a circulação do vírus, menores as chances de novas variantes se disseminarem e surgirem.
 
Hoje, a partir das 9h, representantes do MPDFT devem se reunir com os gestores da Saúde local para tratar de assuntos relacionados à covid-19. Coordenador da força-tarefa de combate à pandemia, o procurador de Justiça José Eduardo Sabo Paes afirmou ao Correio que, durante a reunião, deve pedir respostas da pasta em relação às investigações e à identificação do homem que testou positivo para a cepa britânica. “Sabemos que a mutação do vírus é uma questão natural, mas queremos saber quem é esta pessoa e a localização exata dela”, ressaltou Sabo.
 
Vigilância
Para o infectologista do Hospital das Forças Armadas Hemerson Luz, a vigilância sanitária e a prevenção devem ser aliadas neste momento, pois, segundo ele, o surgimento de novas cepas somado ao descuido da população pode levar o sistema de saúde a um colapso. “Algumas das mutações do coronavírus, como a britânica, a sul-africana e a de Manaus, são mais transmissíveis e, por isso, podem levar mais pessoas aos hospitais da capital. Caso isso ocorra, podemos sofrer com um aumento de mortes, não por letalidade do vírus, mas por falta de assistência”, disse.
 
“Se a Saúde não estiver preparada para isso, pode colapsar. Por isso, a prevenção, por parte da população, e a vigilância dos novos casos, por parte da secretaria, devem andar juntas para controlar a disseminação”, completou o especialista.
 
Deputados distritais também manifestaram preocupação com a circulação de variantes da covid-19 no DF. A Comissão Especial de Vacinação da Câmara Legislativa do DF (CLDF) cobrou da Saúde um mapeamento da nova cepa do Sars-CoV-2 na capital e no Entorno. “Temos informações preliminares de que a variante britânica é mais contagiosa e, em algumas situações, mais perigosa que o vírus inicial da covid-19. Por isso, a supervisão é necessária para que o governo possa atuar e isolar os casos para evitar uma maior propagação”, afirmou o distrital Fábio Félix (PSol), presidente da comissão.
 
Ocupação de leitos
Ontem, Brasília registrou mais 645 casos e 10 mortes pela covid-19. No total, são 287.365 infecções confirmadas e 4.728 óbitos. A ocupação de leitos de UTI voltados para o tratamento da doença chegou a 87,5% com alguns hospitais, como o Hospital de Base e o Hospital de Campanha da Polícia Militar, atingindo 100% e 88,75% de ocupação, respectivamente. Como resposta e para evitar um colapso, a Saúde informou que vai ativar 100 leitos nas próximas semanas.
 
Já nos 33 municípios que compõem o Entorno do DF — 29 de Goiás e quatro de Minas Gerais — a situação se mostra pior. Em Goiás, 15 dos 33 não contam com leitos de UTI para tratar o novo coronavírus, inclusive Águas Lindas de Goiás, cujo hospital de campanha foi desativado. Dos que têm, Formosa e Luziânia atuam com 100% e 90% de ocupação, respectivamente. Em MG, apenas Unaí tem UTI e, segundo dados da secretaria de Saúde do Estado, atua com 56% de ocupação.
 
Formosa, Padre Bernardo e São João da Aliança estão em situação considerada crítica; Pirenópolis encontra-se em alerta; e Alexânia, em calamidade. Procurada pela reportagem, a Secretaria de Saúde de Goiás informou que, quando uma região está em situação de alerta, é permitido o funcionamento de todas as atividades, exceto eventos com mais de 150 pessoas. “No caso de situação crítica, deve-se reduzir a capacidade de atendimento em atividades de alto risco de contaminação, como bares e instituições religiosas, que passam a ter permissão para ocupar 30% da capacidade. Já as atividades de baixo risco, como salões de beleza, barbearias, shoppings e centros comerciais, ficam com o limite de 50% de utilização. Eventos, transporte coletivo e outros setores terão restrições específicas”, disse a pasta.
 
Nos casos de calamidade, há a interrupção de todas as atividades, exceto supermercados, farmácias, postos de combustível e serviços de urgência e de emergência em saúde. Caso seja observada piora nos indicadores, cada região manterá as medidas restritivas respectivas a cada situação por pelo menos 14 dias.

Correio Braziliense quinta, 18 de fevereiro de 2021

CORONAVÍRUS - SAÚDE DO DF ATIVARÁ 100 LEITOS

Jornal Impresso

CORONAVÍRUS
 
Saúde ativará 100 leitos de UTIO
 
Governo do Distrito Federal (GDF) abrirá, na próxima semana, 36 vagas, seguidas de outras 60, em até 10 dias. Medida visa garantir atendimento à população, principalmente após aumento da procura por pacientes do Entorno e de BA, MA e PI

 

Publicação: 18/02/2021 04:00

Ontem, das 162 vagas em unidades de terapia intensiva (UTIs) para pacientes com covid-19, apenas 24 estavam livres, e duas, aguardando liberação (Breno Esaki/Agência Saúde)  
Ontem, das 162 vagas em unidades de terapia intensiva (UTIs) para pacientes com covid-19, apenas 24 estavam livres, e duas, aguardando liberação

» ANA ISABEL MANSUR
» EDIS HENRIQUE PERES
» JÉSSICA MOURA
 
Após a identificação da cepa britânica do novo coronavírus (Sars-CoV-2) em circulação na capital do país e em cidades do Entorno, além da pressão da procura por atendimento no DF, o Governo do Distrito Federal (GDF) anunciou a abertura de 100 leitos em unidades de terapia intensiva (UTIs) para pacientes com covid-19. A informação, antecipada ontem ao Correio, é de que serão 36 novos na próxima semana e 60 em até 10 dias. Ontem, houve a abertura de cinco, contratados pela Secretaria de Saúde, no Hospital Daher, no Lago Sul.
No momento, a preocupação com a rede de saúde pública do DF tem relação com a chegada de pacientes de outras unidades da Federação, principalmente da Bahia, de Goiás, Minas Gerais e do Piauí. Atualmente, o Distrito Federal conta com 162 leitos de UTI destinados a pacientes com a doença, sendo 49 contratados de hospitais particulares. Ontem, a taxa de ocupação estava em 83,95%, com apenas 24 vagos e outros dois bloqueados, no aguardo de liberação. 
 
O governador Ibaneis Rocha (MDB) reconhece a situação de alta demanda, especialmente diante da transferência de pacientes de outras partes do país para o DF. “Não são apenas pessoas que moram no Entorno, mas também de cidades mais distantes — da Bahia, de Minas e até do Piauí — que estão buscando atendimento aqui”, afirmou. O chefe do Buriti destacou, porém, que nenhuma pessoa de fora que procurou assistência no DF ficou sem tratamento. “Conseguimos leitos para todos, mas a situação tem se agravado na medida em que essa eficiência atrai moradores de outras cidades. Mas todos serão acolhidos. Estamos trabalhando para reforçar nossa rede”, completou.
 
Agora, o chefe do Executivo local trabalha para conseguir novas vagas na rede particular para a população, com recursos do Ministério da Saúde. A pasta federal deve publicar, em breve, uma portaria para regularizar o pagamento de leitos de UTI em hospitais privados. “Pedi ao ministro (da Saúde, Eduardo) Pazuello para que o pagamento fosse feito por UTI usada. É o mais justo. De qualquer forma, ele garantiu que todos serão efetivamente pagos e, para mim, a palavra dele basta”, ressaltou Ibaneis.
 
O secretário Osnei Okumoto disse que a abertura de vagas ocorre diariamente: “Estamos ativando os novos leitos dia após dia. Levantamos a possibilidade de acordo com a necessidade e inauguramos quando possível. Ao longo da próxima semana, devemos ativar em torno de 36”, afirmou.
 
O infectologista Julival Ribeiro teme que ocorra, no DF, o mesmo visto em outras unidades da Federação após as festas de fim de ano. “Daqui a 14 dias, pode surgir um número muito maior de casos, sobretudo, se essa variante do Reino Unido estiver circulando muito aqui e, com isso, aumentarem os número de casos, de internações, de gente precisando de UTI, podendo levar à morte. O que as pessoas têm de fazer é respeitar as medidas sanitárias”, destacou o infectologista Julival Ribeiro.
 
Outro tema que preocupa, diante da situação de colapso que estados têm enfrentado envolve a quantidade de oxigênio disponível. No DF, a Secretaria de Saúde informou apenas que a capital federal está abastecida e que há estoque suficiente para atender toda rede pública. “Não há perigo de escassez do insumo. O contrato da SES-DF não é por quantitativo de cilindros. A pasta paga pelo metro cúbico abastecido”, informou o órgão.
 
Ontem, o Distrito Federal confirmou mais 10 mortes e 583 novos casos da covid-19. Com os registros, o total de vítimas da doença chegou a 4.718 (1,6% do total), com 286.720 infectados, dos quais 96,7% se recuperaram. Ontem, a média móvel de casos ficou em 581,57 — queda de 26,5%, em relação ao resultado de 14 dias atrás, 3 de fevereiro. Quanto às mortes, na comparação com a mesma data, o indicador ficou em 9,85  (6,8% a menos).
 
 
 
Continuidade
 
A perspectiva da Secretaria de Saúde do DF é continuar a vacinar grupos prioritários até 22 de fevereiro: idosos com 79 anos ou mais, trabalhadores da saúde, povos indígenas aldeados, pessoas com deficiência em instituições, pacientes inscritos no Núcleo de Atenção Domiciliar (Nrad) ou idosos com mais de 60 anos que vivem em instituições de longa permanência. Se não chegarem novas doses, a campanha de imunização pode ser interrompida (leia mais na Pág. 16).
 
 
 
Palavras de especialistas
 
Alta nas demandas
 
Agora, a situação está diferente do que tivemos no começo da pandemia. Com a maior procura da população por tratamento de doenças comuns — que, na maioria, ficaram sem atendimento no começo da crise do novo coronavírus — a possibilidade de manobra que teremos em relação à covid-19 também diminui. Problemas simples se acumularam ao longo desse período em que as pessoas tiveram recomendação de evitar os hospitais, e isso pode fazer uma pressão no gerenciamento do sistema. Embarcamos na segunda onda sem termos tido nenhuma diminuição sensível dos casos. As pessoas precisam compreender que vamos ter de conviver com esse vírus por um tempo, mesmo com a vacina. Precisamos de um número grande de vacinados, para alcançarmos uma segurança real. Os cuidados continuam necessários.
 
Werciley Júnior, infectologista
 
 
Riscos das variantes
 
A Variante P1 está dentro do que chamamos de variantes de atenção, pois são mutações que podem ser mais perigosas e de impacto clínico. Elas têm uma série de mutações, como a E484k, que pode levar a uma fuga da resposta imune. Além de aumento da transmissibilidade, produzir uma doença mais grave, assim como casos de reinfecção, dificultar os diagnósticos e trazer falhas terapêuticas. Um exemplo foi a variante de atenção que afetou as pessoas do Sul da África e levou à redução da eficácia da vacina AstraZeneca de 90% para 10%. Estamos diante de um alerta, e o futuro depende exclusivamente de nosso comportamento.
 
Joana D’Arc Gonçalves, 
infectologista

Correio Braziliense quarta, 17 de fevereiro de 2021

CORONAVÍRUS: DETECÇÃO DE NOVA CEPA EXIGE ATENÇÃO DA SAÚDE

Jornal Impresso

Detecção de nova cepa exige atenção da Saúde
 
A variante britânica do coronavírus circula no DF, segundo confirmam dados disponibilizados pela Fiocruz. Para evitar pressão sobre o sistema de saúde como a que ocorreu no Reino Unido, governo local e população precisam redobrar cuidados

 

» SAMARA SCHWINGEL

Publicação: 17/02/2021 04:00

Durante o feriado, órgãos de fiscalização intensificaram vistorias de bares e fecharam festas clandestinas  (Ed Alves/CB/D.A Press)  
Durante o feriado, órgãos de fiscalização intensificaram vistorias de bares e fecharam festas clandestinas

Com a confirmação, por meio de levantamento disponibilizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), de que a variante britânica da covid-19 está em circulação no Distrito Federal, os protocolos de prevenção da doença se tornam mais importantes para evitar a transmissão de cepas novas, antigas ou o surgimento de mais mutações. Além disso, segundo especialistas, os cuidados podem evitar um colapso do sistema de saúde do DF, que alcançou 90% de ocupação dos leitos de unidade de terapia intensiva (UTI), números similares aos de cidades de Goiás.
 
A cepa britânica, chamada de B.1.1.7, foi identificada em uma das 11 amostras de genoma do vírus enviadas à Fiocruz. O dado está disponível no Demonstrativo de Linhagens e Genomas Sars-CoV-2, na página oficial da fundação. Entretanto, ainda não há mais informações sobre data da ocorrência, quantos casos foram identificados, nem local onde os infectados residem. O Correio entrou em contato com a assessoria de imprensa da fundação para mais detalhes sobre a infecção, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição. Em nota, a Secretaria de Saúde do DF informou que monitora todos os casos registrados na cidade, porém, até o momento, “não houve devolutiva com confirmação de sequenciamento com outra variante da covid-19”.
 
Para a infectologista da Sociedade de Infectologia do DF Valéria Paes, com essa confirmação, a população passa a ter um papel essencial no trabalho de prevenção, pois, segundo estudos preliminares, a cepa britânica é mais transmissível que a original. “Precisamos focar na prevenção. Distanciamento social, uso de máscaras e de álcool em gel. Tudo isso diminui a circulação do vírus e a probabilidade de surgimento de mais mutações, o que é importante especialmente durante a vacinação”, frisa.
 
“Estamos no início da vacinação, não podemos relaxar agora, pois, se aparecerem cepas que não são atingidas pelos imunizantes, corremos o risco de perder o processo”, completa Valéria. Em relação à variante inglesa, acredita-se que as vacinas em circulação no Brasil funcionem, porém, os estudos ainda são preliminares.
 
O processo de vacinação contra a covid-19, no DF, será retomado hoje, a partir das 14h. A expectativa é de que, até 22 de fevereiro, o atual público-alvo esteja vacinado e que, no dia seguinte, em 23 de fevereiro, o GDF receba mais 100 mil doses de imunizantes para dar continuidade à imunização, o que depende de repasses programados pelo Ministério da Saúde. Caso haja atraso, a campanha precisará ser pausada, pois as doses disponíveis atualmente não são suficientes para a ampliação.
 
Ocupação de leitos
Ontem, Brasília registrou 591 novos casos de infecção e 11 mortes por covid-19. Com a atualização, no total, são 286.137 infecções confirmadas — 96,6% são pacientes recuperados — e 4.708 óbitos pela doença. A média móvel de casos é de 580,85, 31,6% menor que a de 14 dias atrás. Em comparação ao mesmo período, a média móvel de mortes, que está em 9,57, é 1,4% menor.
 
Apesar da queda nas médias, a taxa de ocupação de leitos de UTI exclusivos para o tratamento da covid-19 subiu de 84% para 90% em um dia, entre segunda e terça-feira, considerando-se leitos públicos e privados. A taxa é maior, por exemplo, que a de Goiânia, que opera com 84% dos leitos ocupados.
 
Além do atendimento à população do próprio DF, o sistema de saúde local apoia municípios do Entorno — ao todo, são 33 cidades, 29 delas de Goiás. Destas, segundo dados da Secretaria de Saúde goiana, o município que mais tem leitos de UTI para o tratamento de covid-19 é Goianésia, com 15, dos quais 13 estão ocupados. Outro município, o de Formosa, está com todos os 10 leitos de UTI ocupados.
 
A pressão de casos importados de outras unidades da Federação pode ser percebida também entre o número de mortes de pacientes que não residem no DF em unidades de saúde da capital. Dos mais de 4 mil óbitos ocasionados pelo novo coronavírus em Brasília, 364 foram de pessoas residentes em Goiás e 50, de moradores de outros estados.
 
“É normal que, quando as pessoas não encontram atendimento próximo às suas residências, se desloquem para outras cidades. O ideal é que o sistema de saúde de todas as unidades da Federação esteja atuando de forma integrada, além de ter uma maneira de disponibilizar leitos quando for necessário e de acompanhar, diariamente, a situação da pandemia local e nacional”, explica Valéria Paes.
 
Até o fechamento desta reportagem, a Secretaria de Saúde do DF não havia respondido aos questionamentos sobre a capacidade de atendimento de casos graves de covid-19 que exijam internação. Hoje, estão previstos 157 leitos para pacientes com covid-19, e apenas 18 deles disponíveis. Em dezembro de 2020, a pasta anunciou que tem capacidade para mobilizar mais 230 leitos públicos de UTI para atender exclusivamente os acometidos com o novo coronavírus. Somada com os leitos existentes, a capacidade total de atendimento da rede seria de mais de 380 leitos públicos.

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