Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense segunda, 18 de outubro de 2021

A PRIMAVERA SOB UM NOVO OLHAR

Jornal Impresso

A primavera sob um novo olhar
 
A nova estação, explica a doula Agne Harizza, é um momento de mudança e reafirmação.
 
Enquanto alguns aproveitam a primavera para admirar a chegada das cores, outros, enxergam que a estação tem um significado a mais. O Correio conversou com brasilienses que se diferem pelos estilos de vida, mas que têm um ponto em comum: as novas perspectivas diante das mudanças e transformações que chegam com a estação

 

Publicação: 18/10/2021 04:00

» Ana Maria Pol
 
Da mesma forma que o inverno é comumente associado ao recolhimento, ar seco, frio e intimismo, a primavera está para o crescimento, florescimento e harmonia. Para aqueles que preferem a estação das cores, é tempo de observar os animais polinizadores, como os beija-flores e as abelhas, que aumentam suas atividades, e fazem crescer o ciclo reprodutivo dos vegetais. Mas, apesar dos favoritismos sazonais, é fácil notar que as mudanças que surgem com as estações têm impacto, também, sobre o humor e comportamentos do ser humano. 
 
De acordo com a psicóloga e professora do Centro Universitário de Brasília (Ceub), Valéria Mori, a primavera vem carregada de um simbolismo que impacta a transformação de vida de algumas pessoas. “Essa estação tem sido representada como o novo. E nós precisamos, muitas vezes, desses símbolos para poder olhar para a vida de um novo lugar, de uma forma diferente. Então esses recursos da natureza facilitam que a gente gere produções simbólicas e emocionais que são facilitadoras, por exemplo, da concretização de planos e da imaginação de novos planos na vida, da aspiração de mudança”, explica. 
 
Segundo Valéria, à priori, a mudança não significa, necessariamente, algo bom ou ruim. “Ela depende da forma que a gente lida com as transformações que fazem parte do viver a vida. A mudança mobiliza, no cotidiano, processos em nós que são extremamente contraditórios e que muitas vezes nos impedem de dar passos em um primeiro momento. Mas essa mesma transformação pode ser introduzida em um caminho que é surpreendente, novo”, diz. 
 
Para a psicóloga, não há fórmula de como o momento deve ser bem vivido. Viver bem, nas palavras dela, implica reconhecer que a vida tem momentos contraditórios, às vezes difíceis, mas também de alegria e prazer. Segundo Valéria, é fundamental sair da ideia de que existe uma felicidade a ser alcançada. "Ela está nos detalhes", esclarece. De acordo com Valéria, as estações do ano mostram isso. “Temos a época das flores, que, em determinado momento, secam e se transformam em outras coisas. Penso que assim é a vida, o cotidiano. Ele é feito de pequenos momentos e alegrias, e que implicam no engajamento e em viver esse cotidiano de uma forma não idealizada. Que eu viva segundo aquilo que ela me apresenta e naquilo que eu reconheço nela”, completa. 
 
Novo sentido
Para a técnica em medicina tradicional chinesa e doula Agne Harizza Satiya Narcizo, 29 anos, os sentidos humanos estão interligados às fases do ano e, no caso da primavera, não é diferente. “O inverno está ligado à água e aos rins; o verão ao coração e intestino delgado; o outono ao metal, pulmão e intestino grosso; e temos a primavera, que está diretamente relacionada ao fígado e vesícula biliar, que tem ligação com o elemento madeira, responsável pelos tendões, e com útero, ou seja, com o renascimento, o brotar da semente, o ímpeto”, diz.
 
De acordo com Agne, na cultura chinesa, o coração faz menção à figura de imperador, e o fígado faz o papel do general, que executa ordens. Quando está desregulado, tem a ver com a raiva, a expressão dele é o "grito", segundo ela. "É preciso fazer o sangue correr nos locais certos, e a primavera é o momento de fortalecer os órgãos, é nela que começamos a plantar para colher depois”, diz. Apesar de poético, Agne diz que é dessa teoria que surge a ideia de que a primavera é tempo novo. “Ela (primavera) vem com a proposta de nascimento, de preparar o terreno e deixá-lo firme para conseguir sobreviver ao inverno”, pontua.  
 
Toda essa ideia vem do conceito de Ying Yang, princípio da filosofia chinesa que visa o equilíbrio entre as forças opostas e, de acordo com a técnica em medicina tradicional chinesa, a primavera dá a oportunidade de a pessoa tentar equilibrar questões pessoais e sentidos. “Trabalhar com o que eu gosto, por exemplo, adianta muito a minha vida", diz. Ela diz que as pessoas que não conseguem sair do trabalho por algum motivo, é preciso buscar esse prazer de outras formas, em busca do equilíbrio emocional e físico.
 
Praticante da medicina oriental há cinco anos, Agne conta que, em seu caso, procura viver o equilíbrio por meio da calmaria, ao cuidar de suas plantas e observar o que a estação traz de novo. Conforme sua fala, a primavera mostra a ela a importância de fazer as coisas com calma. Até chegar à fase de florescer, a semente e a árvore passaram por um processo. A estação, de acordo com ela, mostra que não adianta acelerar ou atrasar processos, o tempo corre como deve. “Sou doula, preciso saber respeitar os processos”, afirma. 
 
Saúde
As mudanças advindas da primavera também interferem, diretamente, na saúde corporal das pessoas, conforme explica a terapeuta ayurvédica Ariadne Hamamoto, 29. “O primeiro fator que vai influenciar o corpo e saúde é o passar do tempo e o ambiente onde se vive”, afirma. Esse local possui qualidades e características físicas que se transformam com o passar das estações e causam certa influência na saúde corporal, ela explica. Para manter o corpo em dia, a terapeuta dá a dica: “Preste atenção na fome em relação ao clima, por exemplo. Quando está quente, nossa capacidade digestiva fica mais fraca, então devemos comer alimentos mais leves e equilibrar de acordo com o ambiente. Já no frio, há retenção de calor no corpo, então ficamos com maior capacidade de digestão. Ou seja, pode-se comer alimentos mais pesados”, exemplifica. 
 
Ariadne explica que a Ayurveda é um conhecimento de origem indiana, que busca manutenção do equilíbrio do indivíduo consigo, com a natureza e com os outros seres. Conhecido como o mais antigo sistema de saúde de que se tem notícia, a terapia ayurveda incentiva, como tratamento para alguma doença ou sintoma, a mudança de estilo de vida. “É feita uma análise personalizada com o paciente, em que considera-se idade, lugar onde nasceu, onde ficou doente, qualidade e estilo de vida, qual rotina e dieta, sintomas apresentados, há quanto tempo eles surgiram”, pontua. 
 
De acordo com a terapeuta, o equinócio da primavera — fenômeno astronômico em que a luz solar incide da mesma forma sobre os dois hemisférios, fazendo com que os dias e as noites tenham a mesma duração — é um marco importante e afeta, diretamente, o funcionamento do corpo dos indivíduos. Isso porque exemplifica um momento de transição. “A primavera sucede o inverno, período que ficou muita coisa guardada. Então é um momento de impulso, criação, potencial e expansão de energia. É um bom período para aprender coisas diferentes, realizar projetos”, completa.

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