Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense quarta, 03 de novembro de 2021

NOVAS VOZES PARA GRANDES LEGADOS

Jornal Impresso

 

Novas vozes para grandes legados
 
Cantores, como o sambista Péricles (foto) investem em antigos trabalhos, de diversos gêneros, conhecidos nas vozes de artistas famosos e, com novas interpretações, dão longevidade a grandes canções e apresentam as versões às novas gerações.
 
Cantores com trajetórias consolidadas têm investido em releituras de sucessos gravados por outros artistas também famosos

 

Isabela Berrogain*
Pedro Ibarra

Publicação: 03/11/2021 04:00

Cantar canções que fizeram sucesso na voz de outras pessoas pode ser uma grande responsabilidade. Porém, muitos artistas estão entrando nessa empreitada e apostando em releituras de músicas que marcaram época. A aposta nas novas interpretações passa por cantores de diversos gêneros e com trajetórias distintas.
Um dos grandes artistas a investir em releituras foi Péricles. O sambista lançou no final de outubro, o EP Céu lilás - Na estrada, que leva justamente no nome a música para a qual ele deu uma nova versão: Na estrada. Escrita por Nando Reis, Marisa Monte e Carlinhos Brown, mas que ficou conhecida principalmente pela interpretação de Marisa no disco Verde anil amarelo cor de rosa e carvão, de 1994, a canção, agora, ganhou novas vozes na parceria de Péricles e Nando. “Ocorreu de uma forma muito natural, há muito tempo que penso em me atrever a fazer uma releitura dela”, comenta o ex-Exaltasamba, que também disse ter sido uma honra dividir a canção com um dos compositores. “O resultado foi muito além do esperado, fiquei muito feliz. Espero que Nando Reis, Carlinhos Brown e Marisa Monte tenham gostado o tanto que eu gostei”, completa.
Péricles acredita que releituras são formas de dar longevidade às músicas, que chegam aos ouvidos de novas gerações. “A importância dos artistas darem novas roupagens a boas músicas é trazer um fôlego novo às canções que são sucesso. Músicas que volta e meia estão mais no imaginário da galera, só esperando outras versões e outras maneiras de serem cantadas”, explica o cantor. “Grandes canções que ganham uma nova versão, recebem mais fôlego. O que faz com que os antigos lembrem e os mais novos conheçam”, avalia.
“É dar eco. Manter vivo e dar vida nova a um trabalho relevante, a um artista relevante. Que não perde valor nem sentido, mesmo que os tempos mudem. Que até renovam forças, muitas vezes. Não importa o tamanho da sua voz. É quase como fazer a sua parte para melhorar o mundo. É dar prosseguimento. Mostrar e difundir riquezas e belezas nossas”, reflete a cantora Anna Ratto. Assim como o cantor Silva fez com músicas de Marisa Monte e Nando Reis com as de Roberto Carlos, Anna está homenageando um só cantor em seu novo trabalho, Arnaldo Antunes. “É certamente um dos nossos gigantes. Um dos artistas mais potentes, originais e interessantes dos nossos tempos. E de todos. Arnaldo transita, sem se perder, por tantos gêneros musicais. Vai do underground ao popular. É simples e profundo. Verdadeiro. Fala o que a gente sente, pensa, quer e quase pode tocar”, destaca Anna Ratto.
Ela tinha o desejo de fazer um álbum como intérprete há tempos, porém ainda estava esperando achar o artista certo. “Mas, de uns cinco anos para cá, comecei a prestar atenção no trabalho do Arnaldo de um jeito diferente. Uma canção e outra que me chegava, amigos apresentando mais coisas, gente ótima gravando coisas incríveis. Fui vasculhar mais profundamente aquele ‘baú de maravilhas’ e, quando vi, já tinha uma história para contar. Era ele! Estava tomada de paixão”, lembra a intérprete que acha merecido um tributo ao cantor, justamente quando ele faz 60 anos de idade.
Tal qual Péricles, Anna teve a chance de trabalhar com o compositor das músicas que ia revisitar. Ela gravou uma nova versão de Ela é tarja preta ao lado de Antunes. “Digo que é bem mais que a cereja do bolo. Ter Arnaldo é ter um aval precioso para toda uma carreira. A música foi uma das primeiras da minha lista. E uma voz feminina numa música que fala da mulher livre, que abala, mexe com os casais, é dona do seu corpo e desejos, tem valor diferente”, analisa a intérprete. “Foi lindo dividir com ele”, diz.
 
Metáfora
 
Seguindo os passos de artistas como Elis Regina, Gal Costa e Maria Bethânia, a cantora Ana Cañas também tornou-se a voz de composições masculinas. “Eu tenho um amigo compositor que faz uma metáfora que eu acho muito bonita, ele fala que a voz das mulheres, muitas vezes, é um portal para os compositores homens”, compartilha.
Ana lançou, também no fim de outubro, o álbum Ana Cañas canta Belchior. Ao longo de 14 faixas, a artista revisita grandes sucessos do cantor cearense, como Coração selvagem e Sujeito de sorte, sem deixar de lado canções lado B, como Na hora do almoço e Medo de avião. O disco foi fruto de uma live realizada no início de 2020, em que a cantora se aventurou pelo repertório de Belchior. Despretensiosamente, o show virtual acabou colecionando mais de meio milhão de reproduções no YouTube.
“Escolher canções de Belchior é sempre um desafio. Grandes músicas ficam de fora, porque ele é um compositor magistral, escreveu muitas músicas incríveis e que dialogam com o nosso tempo”, pontua. “São canções atuais, que curiosamente foram escritas há quase 50 anos. Então, naquele momento que Belchior escreve o disco Alucinação, por exemplo, ele está em uma moldura de ditadura militar, de cerceamento, de opressão, Ato Institucional número cinco. Aí, quando as pessoas me perguntam o motivo dessas canções serem tão atuais, é inevitável a gente fazer um paralelo com essa distopia de um governo de extrema direita, com o fascismo, com a perda da democracia”, afirma. “Na minha opinião particular, Belchior representa a resistência, a esperança, a reflexão social, o coletivo, a interseção”, opina Ana.
 
*Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira

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