Representando o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) Nacional, Valdir Oliveira abriu a apresentação no Correio Talks em defesa do papel do setor privado como motor do desenvolvimento na capital federal. “Temos de nos desvincular do Estado provedor”, sentenciou. No entanto, lembrou que a pandemia trouxe, como consequência, “um grande empobrecimento da população”, além de impactos para os micro e pequenos negócios. “Tem muita gente passando fome no Brasil, e Brasília não está fora desse problema”, alertou.
Para Valdir, a reconstrução econômica passa, obrigatoriamente, pela distribuição de renda. Nesse contexto, ele lembrou que os negócios menores concentram 52% dos empregos no Brasil e 27% do produto interno bruto (PIB) do país. “Apostar nelas (micro e pequenas empresas) é apostar na distribuição de renda”, reforçou.
No sentido da reconstrução da economia, o representante do Sebrae apontou caminhos. Um deles envolve fazer de Brasília um polo de inovação em ciência e tecnologia, por meio do incentivo à vocação do Distrito Federal para ser um “grande distribuidor do Brasil” — devido à posição geográfica da capital do país, vantajosa para o setor de logística. Além disso, Valdir Oliveira fez dois pedidos ao secretário de Economia do DF, André Clemente: mais linhas de crédito para fomento e aceleração da desburocratização para o ambiente de negócios.
Formalização
O superintendente do Sebrae no DF aproveitou o evento para destacar as dificuldades que microempresários enfrentaram na hora de obter recursos emergenciais oferecidos pelos pelos governos federal e local em virtude da crise sanitária. “Nossas microempresas não tiveram condições de acessar crédito na pandemia. Pelas circunstâncias, elas acabaram meio abandonadas”, lamentou. O pedido por mais linhas levou em conta a situação pela qual esse setor passou: “(Sem crédito para fomento), nossos pequenos negócios não conseguirão sobreviver”.
Ao longo do debate, o gestor citou o problema dos trabalhadores informais e os diferenciou daqueles que chamou de “oportunistas”. Para combater o problema, Valdir sustentou a necessidade de investimentos na formalização, mas sem perseguições. “Ninguém quer combater o informal, que só quer sobreviver; quer combater o oportunista, aquele que para um caminhão enorme nos lagos (Sul e Norte), nas regiões mais ricas, e tiram (do veículo) móveis de R$ 10 mil para vender (aos moradores), enquanto nossas lojas estão sofrendo”, exemplificou.
Por fim, o porta-voz do Sebrae lembrou que o DF tem, atualmente, cerca de 350 mil negócios legalizados, com CNPJ registrado. Desses, a maioria — cerca de 200 mil — representa microempresários individuais (MEIs). Entre o restante, aproximadamente 100 mil são microempresas, e o restante (50 mil), são pequenas, médias e grandes. “Apostar nesses pequenos negócios é apostar no desenvolvimento do DF”, concluiu.