Durante boa parte das últimas quatro décadas, os torcedores do Flamengo se acostumaram com chacotas proferidas por rivais quando o assunto era Libertadores. A primeira conquista da América, em 1981, era algo saudosista e distante da realidade de vexames vista pelas novas gerações de rubro-negros. Porém, com duas finais em três anos, a tradição flamenguista no torneio deu um salto de consolidação. Ontem, com nova vitória sobre o Barcelona, no Monumental de Guayaquil, por 2 x 0, o grupo que redescobriu o caminho da Glória Eterna, em 2019, colocou o time carioca, outra vez, na rota final da conquista.
O retorno à decisão na final brasileira de 27 de novembro, contra o Palmeiras — atual campeão e finalista por dois anos seguidos pela segunda vez na história, repetindo o feito de 1999 e 2000 —, no Estádio Centenário, em Montevidéu, será uma experiência que a geração de ouro eternizada por Zico, Júnior e Nunes bateu na trave. Em 1982 e 1984, eles pararam no extinto triangular semifinal. Quis o destino que o time de Gabi, Bruno Henrique, Arrascaeta, Diego Alves e companhia realizassem o feito de consolidação na Libertadores. Ontem, o resultado veio com toques especiais do camisa 1, no gol, ao 27, no ataque.
O Flamengo foi a campo com vantagem dos dois gols feitos no Rio de Janeiro. Com seis minutos, Mastriani cabeceou no meio do gol. O prejuízo, porém, veio no cruzamento. David Luiz tentou cortar, sentiu a coxa e precisou sair. Com 17, o Fla foi cirúrgico. Bruno Henrique recebeu de Everton Ribeiro, driblou Burrai e marcou. Aos 20, Andreas quase ampliou, mas parou na trave. Golpeado, o Barcelona passou a precisar de quatro gols. E incomodou. Diego Alves fez três defesas importantes. Na mais difícil, aos 29, Martínez chutou sobra e o camisa 1 salvou. O Fla baixou as linhas, mas os mandantes não voltaram a assustar.
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Diego Alves liderou a zaga rubro-negra nos 180 minutos da semifinal contra o Barcelona com defesas importantes no Rio e em Guayaquil |
No segundo tempo, o rubro-negro encaixou o contra-ataque necessário para confirmar a vaga. Assim como no primeiro gol, Everton Ribeiro deixou Bruno Henrique na boa para marcar. Cabisbaixo, o Barcelona não tinha o mesmo ímpeto para chegar até o gol rubro-negro. O Fla ficava no ataque, mas não fazia tanta questão de agredir. Aos 28, Gabi arriscou de longe rente à trave. Com 36, o camisa nove teve chance na área, mas parou em Burrai. Ouvindo a torcida incentivar com gritos de olé a cada toque na bola, os equatorianos buscaram espaços. Aos 41, Diego Alves ainda pegou cabeçada de Martínez.
Da camisa 1 de Diego Alves, autor de defesas importantes nos dois jogos contra o Barcelona, a 27 de Bruno Henrique, responsável pelos quatro gols nos 180 minutos da semifinal, o Flamengo saltou para Montevidéu para brigar, outra vez, pelo topo da América do Sul. Responsável por um título continental, em 2019, e diversas outras conquistas que mudaram o patamar do clube, incluindo dois Campeonatos Brasileiros, duas Supercopas e uma Recopa, a atual geração do rubro-negro proporcionou a si mesma uma oportunidade de fortalecer, ainda mais, o novo legado de força do clube no continente.
Conquista pessoal
Único brasileiro a conquistar a Libertadores de chuteiras no gramado e com a prancheta na mão na área técnica, Renato Gaúcho se isolou como o treinador com mais vitórias. O triunfo diante do Barcelona foi o 50º dele na competição. A nova marca deixou para trás a do colombiano Gabriel Uribe, que tinha 49, mas nunca conseguiu ser campeão do torneio. Com o Flamengo, Renato chegou a sua terceira final. Além do título com o Grêmio, em 2017, ele ficou com o vice, em 2008, com o Fluminense.
Final
Flamengo x Palmeiras
Jogo único
27 de novembro, 16h
Estádio Centenário, Montevidéu