Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense domingo, 17 de outubro de 2021

BRASILEIRÃO - VASCO SEGUE SONHANDO COM A ELITE

 Jornal Impresso

 

Vasco segue sonhando com a elite

 

Publicação: 17/10/2021 04:00

Na briga pelo acesso, o Vasco acredita e dá motivos para a torcida também sonhar com o retorno à elite. Ontem, embalado pelos torcedores, o Gigante da Colina derrubou o líder da Série B. Em São Januário, o Vasco fez 2 x 1 sobre o Coritiba, pela 30ª rodada.
 
Assim, o Cruzmaltino se recupera da derrota para o Sampaio Corrêa, na última rodada, e se mantém na corrida pelo acesso. O clube carioca subiu para a sexta colocação, com 46 pontos. No momento, a diferença para o G-4 é de quatro pontos. O Avaí, que tem 50 pontos, ainda joga neste sábado. No pior dos cenários, em caso de vitória catarinense sobre o Confiança, fora de casa, o Gigante da Colina ficará a cinco pontos do Goiás, que tem 51.
 
Após sair na frente e controlar o jogo no primeiro tempo, o Vasco levou um gol-relâmpago na etapa final. Entretanto, conseguiu uma resposta praticamente imediata e fez 2 a 1. Depois, segurou os esforços do Coxa e garantiu uma importante vitória.
 
Na próxima rodada, no domingo, dia 24, o Vasco visita o Náutico, nos Aflitos. Já o Coritiba volta a campo nesta terça-feira e recebe o Sampaio Corrêa, no Couto Pereira.
 
Gols
Aos 18 minutos, Gabriel Pec chutou após bela trama pela direita e o goleiro do Coritiba bateu roupa. O artilheiro do Gigante da Colina não perdoou. Cano pegou o rebote e fez 1 x 0.
 
A segunda finalização do Coritiba encontrou a rede, em um gol-relâmpago no começo da etapa final. Após lançamento pela direita, Ricardo Graça falhou e não conseguiu cortar como queria. A bola se ofereceu para Léo Gamalho. Ele chutou no canto e empatou, aos 16 segundos.
 
O Vasco deu a resposta com dois minutos. Riquelme chutou cruzado e Nenê marcou. A arbitragem marcou impedimento. O VAR demorou quase cinco minutos na checagem do lance, diante de um lance tão ajustado, e validou o gol.

 


Correio Braziliense sábado, 16 de outubro de 2021

MIGUEL OLIVEIRA SE ENCANTOU: CAMPEÃO MUNDIAL DOS MÉDIOS-LIGEIROS MORRE AOS 74 ANOS, VÍTIMA DE CÂNCER NO PÂNCREAS

Jornal Impresso

Miguel Oliveira, pugilista

 

Publicação: 16/10/2021 04:00

Miguel Oliveira (D), lenda do boxe brasileiro, em luta nos anos 1970 ( Arquivo Pessoal)  
Miguel Oliveira (D), lenda do boxe brasileiro, em luta nos anos 1970


Miguel de Oliveira, campeão mundial dos médios-ligeiros do Conselho Mundial de Boxe em 1975, morreu, ontem, em São Paulo. O ex-boxeador, estava com 74 anos, e sofria de câncer no pâncreas, doença diagnosticada há três meses e que o levou à internação e tratamento.

Sempre com a voz baixa, simpático e muito acessível, Miguel foi uma das pessoas mais especiais do boxe nacional. Como pugilista, se destacava pela força nos punhos e na inteligência para encontrar a melhor tática para enfrentar seus adversários. Era calculista, estudioso e frio.

Parou de lutar ainda jovem, aos 28 anos, por não ter mais 'motivação' para encarar os treinos diários com a dedicação que um esporte tão duro como o boxe exige dos praticantes. Retomou a carreira, mas sem o mesmo entusiasmo. Miguel revelou que começou a lutar boxe por ver as lutas de Eder Jofre no cinema. "Ele foi e sempre será o maior de todos", dizia, referindo-se ao ídolo, que hoje terá o nome colocado no Hall da Fama , nos EUA.

Correio Braziliense sexta, 15 de outubro de 2021

ELIMINATÓRIAS: CAPRICHOSO E GARANTIDO - BRASIL FAA FESTA NO AMAZONAS, GOLEANDO O URUGUAI POR 4 X 1

 Jornal Impresso

Caprichoso e garantido
 
 
Brasil faz "Festa do Boi de Paritins" fora de época no Amazonas, goleia Uruguai por 4 x 1 com show de Raphinha e se aproxima da Copa. Neymar fica a sete gols do Rei Pelé e Gabigol encerra o espetáculo

 

MARCOS PAULO LIMA

Publicação: 15/10/2021 04:00

Raphinha comemora o terceiro gol do Brasil, o segundo dele, na goleada contra o Uruguai: o ponta-direita tem dois gols e duas assistências em três jogos caom a camisa da Seleção (Nelson Almeida/AFP
)  
Raphinha comemora o terceiro gol do Brasil, o segundo dele, na goleada contra o Uruguai: o ponta-direita tem dois gols e duas assistências em três jogos caom a camisa da Seleção


O futebol brasileiro sempre arrancou sorriso do torcedor com dribles, chapéus, canetas, gols e jogadores abusados. A exibição de ontem da Seleção na vitória por 4 x 1 contra o Uruguai lembrou a tradicional Festa do Boi de Paritins, no Amazonas. Caprichoso e garantido, o Brasil divertiu como nos bons tempos da Era Tite. Aquele do início do trabalho nas Eliminatórias rumo à Copa de 2018. Mais do que a décima vitória na caminhada rumo ao Catar, houve espetáculo na Arena da Amazônia no reencontro da plateia com o ídolo Neymar e candidatos a xodós como Raphinha.

O gaúcho de Porto Alegre foi a descoberta desta Data Fifa. Deu duas assistências na virada contra a Venezuela, em Caracas, entrou bem no empate com a Colômbia e brilhou no clássico contra o Uruguai. Iniciou o lance do primeiro gol ao acionar Fred. O volante serviu Neymar e o camisa 10 teve frieza para abrir o placar.

Cada vez mais perto de igular a marca de Pelé, Neymar chegou a 70 gols em jogos oficiais pela Seleção. Está a sete do Rei. Tem tudo para alcançá-lo em 2022. Há mais sete jogos pelas Eliminatórias, dois deles em novembro e cinco no ano que vem. Isso sem contar os amistosos antes do Mundial.

Mas o capítulo à parte do jogo não é Neymar. O camisa 10 foi apenas o prefácio do triunfo contra o Uruguai. Raphinha, sim, assumiu o papel de protagonista. No lance do segundo gol, acompanhou de longe um drible de ponta-esquerda do meia Lucas Paquetá na canhota, tentou servir Neymar dentro da área, mas a bola procurou o gaúcho de Porto Alegre. Raphinha entrou em velocidade e estufou a rede celeste.

O Brasil sufocou o Uruguai até o apito final do primeiro tempo. Recuperou o gás no intervalo e deu sequência ao show na segunda etapa. Neymar acionou Raphinha em profundidade e o atacante não desperdiçou a oportunidade. Depois de uma finalização quase perfeita, viu a bola bater na trave antes de entrar.

Fã do conterrâneo Ronaldinho Gaúcho, Raphinha encerra a Data Fifa de outubro com dois gols e duas assistências. Está na Seleção porque o técnico argentino Marcelo Bielsa pediu ao Leeds United o pagamento de 25 milhões de euros para tirá-lo do Rennes da França. O atacante gaúcho chamou mais atenção de Tite na Premier League do que na Ligue 1 e começa a tomar conta de um pedaço do campo que anda amaldiçoado: a ponta direita.

Na Era Tite, passaram por ali Willian, Philippe Coutinho, Douglas Costa, David Neres, Everton Cebolinha, Richarlison, Gabriel Jesus e Everton Ribeiro, mas ninguém se apodera daquela fatia do gramado. Raphinha saiu cansado para dar lugar a Éverton Ribeiro. Mereceu os aplausos da carinhosa torcida amazonense. É cedo para dizer que Raphinha chegou para ficar, mas não faltou personalidade ao jogador revelado pelo Avaí com passagem por Vitória de Guimarães, Sporting e Rennes antes de chegar ao Leeds.

A noite em que o Brasil se reencontrou com a essência de um jogo artístico, usando pontas, dribleas e lances de efeito de forma objetiva, em busca do gol, só foi rapidamente ofuscado por um belo gol de falta de Luis Suárez pegando o goleiro Ederson no contrapé. Gol insuficiente para quebrar um tabu. Gabriel Barbosa ampliou o placar de cabeça após assistência de Neymar e ampliou uma freguesia. O técnico Óscar Washington Tabárez comanda o Uruguai desde 2016. Somando as duas passagens pelo cargo, ele jamais venceu o Brasil. São oito derrotas e dois empates.  

Com o triunfo, o Brasil chegou aos 31 pontos, seis à frente da arquirrival Argentina, e está virtualmente classificado para a Copa. Em novembro, os comandantos de Tite terão pela frente a Colômbia, na Neo Química Arena, e a Argentina, fora de casa.

“Não tem como explicar a felicidade que estou sentindo. Não poderia ser mais marcante. Estou realizando um sonho de representar toda uma nação. Ajudar com gol é gratificante”

 


Correio Braziliense quinta, 14 de outubro de 2021

BELEZA E NEGRITUDE NAS PASSARELAS

Jornal Impresso

Beleza e negritude nas passarelas
 
Na 14ª edição do desfile BELEZA NEGRA - transmitido on-line pela primeira vez, devido à pandemia da covid-19 -, evento levará 50 modelos À passarela no Espaço CulturaL Renato Russo. Proposta nasceu com objetivo de abrir portas para a população preta no mundo da moda

 

» CIBELE MOREIRA

Publicação: 14/10/2021 04:00

Da esquerda para a direita: Alex Lucas, Dai Schmdit, Rayany França e Maria Ulhôa (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
Da esquerda para a direita: Alex Lucas, Dai Schmdit, Rayany França e Maria Ulhôa
 
Com a proposta de quebrar padrões estabelecidos pelo universo dos desfiles de passarela, a ativista e estudante de psicologia Dai Schmidt, 37 anos, decidiu acolher e dar destaque à beleza da maioria da população brasileira. Na 14ª edição do Desfile Beleza Negra, marcado para o próximo sábado, a idealizadora do evento dá voz e oportunidade para mulheres e homens vivenciarem o mundo da moda — inclusive com a possibilidade de ingresso na carreira de modelo profissional.
 
Em formato diferente, devido às restrições impostas pela pandemia da covid-19, o desfile deste ano será transmitido pela internet (leia Programe-se). O evento ocorrerá no Espaço Cultural Renato Russo e contará com 50 modelos. “Temos pessoas de todos os jeitos: plus size, de mais idade, de todas as classes sociais. Queremos quebrar esse padrão de colocar o negro em uma passarela assimilado à periferia, à pobreza. Meu intuito é mostrar que a população negra pode ocupar o espaço que ela quiser”, ressaltou Dai Schmidt.
 
O projeto nasceu como uma forma de protesto, em 2012, com força e potência de ativismo. Desde então, recebeu talentos que ganharam as passarelas após participarem de uma das 13 edições anteriores. Além disso, tornaram-se inspiração a muitas outras pessoas. “O Desfile da Beleza Negra vem para trazer essa representatividade, para mostrar que a pessoa negra é linda, além de trabalhar com a autoestima de muitas mulheres e homens”, acrescentou a idealizadora do evento.
 
Influenciadora digital e empresária, Maria Ulhôa, 41, participará do desfile de sábado e ficou animada com o convite recebido para o evento. “No dia em que conheci a Dai, ela falou: ‘Você vai desfilar para mim’. De supetão, eu aceitei, mas acredito que será uma experiência incrível e um processo de amar meu corpo, que é gordo, de fugir de um padrão e de representar muitas mulheres. Estou radiante de felicidade”, contou.
 
A ansiedade cresce à medida que sábado se aproxima, mas Maria revelou que se sente mais à vontade pelo fato de a transmissão do desfile ocorrer pela internet. Além disso, a empresária comentou que vê a iniciativa como uma forma de realizar sonhos da população negra e de levantar uma questão importante: “Beleza não tem corpo, não tem cor, e idade não limita”.
 
Espaço
 
Com uma carreira em decolagem, a modelo trans Thayla Nunes, 19, contou que a presença no evento — do qual ela participa há dois anos — abriu diversas portas para ela. “É uma honra estar em um desfile só com pessoas pretas. A moda nem sempre foi assim. (Essa iniciativa) traz grande visibilidade, ainda mais para uma mulher preta e trans”, disse a jovem.
 
Com uma trajetória mais longa, a modelo profissional Rayany França, 31, relatou que, durante a carreira, sofreu preconceito e presenciou diversas ações que invisibilizaram negros. Para ela, propostas como a de Dai Schmidt são importantes para valorizar essas pessoas e mostrar que elas também são belas. “Sou modelo desde os 15 anos. Já fui para desfiles que tinham duas pessoas negras e mais de 50 brancas. E, ainda, há a questão de quererem nos colocar sempre no fundo, atrás”, completou.
 
Na lista de participantes do evento deste sábado, Alex Lucas, 23, considera que a iniciativa — da qual participará pela terceira vez — tem o cuidado de abraçar quem está no início da carreira e pretende viver o mundo da moda. “O projeto abre espaço para modelos chegarem mais longe. Espero que quem está começando agora consiga deslanchar na carreira”, comentou o jovem, campeão do concurso de beleza Top Cufa DF de 2020. “Saber que há um desfile nosso, que nos tem como linha de frente, é muito gratificante”, acrescentou.
 
Enaltecimento
 
Com a responsabilidade de vestir os 50 modelos, quatro marcas foram selecionadas para esta edição do desfile. A Estylo Black, representada pela trancista Wania Abreu da Silva, 40, pretende levar para a passarela penteados afros e turbantes que vão harmonizar com os traços de 12 participantes. Esta será a primeira vez em que Wania assinará os looks. Em anos anteriores, ela atuou na passarela, como manequim. “Sofremos tanto preconceito com nosso cabelo, com nossa cor de pele. Vou poder mostrar meu trabalho de uma forma bem representativa”, destacou a empresária.
 
O camaronês naturalizado brasileiro Mike Bryant Tjeck, 32, levará a moda praia para a passarela, com vestuários que remetem à diáspora africana e estampas vibrantes, por meio da DS Afro. “São roupas que representam a cultura de vários países da África em tecidos leves e coloridos”, ressaltou Milke, que tem mais de cinco edições do Desfile Beleza Negra no currículo.
 
A marca Garagem Secreta, representada pela estilista Nicolly Primo, apresentará peças de brechó, com um conceito voltado à moda sustentável. Já a estilista Vera Corralero participará do evento com um vestido de vidro fundido. Para conferir a peça inusitada, será necessário acompanhar o desfile on-line. Na plataforma virtual, o público poderá comentar e interagir com outras pessoas que assistem à transmissão. A expectativa de público é de 5 mil internautas na live.


Programe-se
 
14ª edição do Desfile Beleza Negra
Data: próximo sábado
Horário: 18h
Onde: pela internet, com transmissão ao vivo pelo link twitch.tv/dbn2021

Correio Braziliense quarta, 13 de outubro de 2021

CATÓLICOS CELEBRAM NOSSA SENHORA APARECIDA

Jornal Impresso

 

Católicos celebram N. Sra. Aparecida
 
 
Durante solenidade em homenagem a padroeira do Brasil, Dom Marcony Vinícius reforçou a importância da data para Brasília

 

Ana Maria Pol

Publicação: 13/10/2021 04:00

Aparecida Rodrigues tem certeza de que a santa auxiliou na recuperação de seu filho e foi à Catedral agradecer (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  
Aparecida Rodrigues tem certeza de que a santa auxiliou na recuperação de seu filho e foi à Catedral agradecer
 
O dia dedicado à Nossa Senhora Aparecida foi embalado por louvores de fiéis e muita emoção na Catedral Metropolitana de Nossa Senhora Aparecida. Ontem, centenas de pessoas fizeram questão de demonstrar sua devoção à padroeira do Brasil. Para marcar a festividade, foram celebradas quatro missas ao longo do dia, sendo que a última, que teve início às 18h, foi presidida por Dom Marcony Vinícius. A celebração foi acompanhada por mais de 300 pessoas presencialmente, além dos fiéis que não puderam comparecer, mas tiveram a opção de assistir a liturgia pelas redes sociais.
 
Durante a homilia, Dom Marcony recordou a missa que o ex-presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek, mandou celebrar antes de iniciar a construção na capital federal. “No dia 3 de maio de 1957, o nosso querido JK, antes de começar todos os trabalhos da capital, pediu uma missa, presidida pelo então cardeal de São Paulo, Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta. Para a missa, ele trouxe a réplica da mãe Aparecida, que está aqui. São 30 cm de tamanho, talvez não vistos diante da grande catedral. São 30 cm de graça e intercessão”, afirmou.
 
Para Dom Marcony, a missa celebrada por Dom Carlos foi fundamental para a construção da cidade. “A capital federal foi fincada na fé em Cristo Jesus e na intercessão da Virgem Maria. Ela sempre esteve conosco, nos cobriu com seu manto de proteção e de paz, sempre olhou pelos seus filhos e, agora, pelos filhos da nova capital”, ressaltou o sacerdote, enfatizando que a festividade de Nossa Senhora Aparecida, que antes era vista somente em Aparecida, (São Paulo), passaram a fazer parte da espiritualidade da capital federal.
 
Para ele, ainda hoje, Nossa Senhora Aparecida intercede pelas dificuldades do povo brasiliense e direcionou preces pelo fim da pandemia e um pedido especial pelas crianças, cuja data de comemoração coincide com a de Nossa Senhora Aparecida.
 
Devoção
 
Natural de Goiânia, a funcionária pública Aparecida Rodrigues dos Santos, 66 anos, conseguiu visitar a Catedral Metropolitana de Brasília pela primeira vez ontem. Ela foi até o local acompanhada da irmã para assistir a missa. Ela conta que a mãe era devota da santa e, por isso, recebeu o nome. “Meus pais me ensinaram a viver essa devoção e a recorrer à Nossa Senhora Aparecida nos momentos de dificuldade. Eu nasci uma semana antes de celebrar a festa dela, então ela me acompanha há muito tempo”, orgulha-se.
 

 

Cleide Solano comemora o aniversário no mesmo dia da festa religiosa  (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  
Cleide Solano comemora o aniversário no mesmo dia da festa religiosa

 

 

Aparecida, carinhosamente apelidada por amigos de Cida, explica que ao longo de sua vida, a santa sempre cuidou de sua família. “Há um tempo, meu filho ficou 14 dias na unidade de terapia intensiva (UTI), em estado grave, após um acidente, e nós tínhamos uma imagem de Nossa Senhora Aparecida com um manto azul sagrado. Meu marido colocava, todo dia, uma foto dele (filho) dentro do manto dela, pedindo para que ela concedesse a graça dele se recuperar, e aconteceu. Antes, eu já tinha ido para o Santuário de Aparecida (São Paulo), mas depois fiz questão de ir até lá para agradecer pela graça que recebemos. E acho que essa é a mensagem que vem nos deixar, em tempos tão difíceis: ela sempre cuida de nós”, testemunha. 
 
Ontem, também foi dia de festa para a professora Cleide Carmen Solano Ferreira: além de celebrar a solenidade de Nossa Senhora Aparecida, comemorou seu aniversário e completou 60 anos. Para ela, compartilhar a data com a santa é motivo de honra: “Minha devoção começou no berço. Eu sou de família católica, fui educada na fé. Então como nasci no dia 12 de outubro, minha família sempre viveu essa devoção”, explica. Cleide conta que, desde sempre, participa da solenidade na Catedral Metropolitana de Brasília. “A gente ajuda muito as pastorais da Catedral, quando tinha a missa campal, antes da pandemia, sempre ajudava”, ressalta.
 
Para a professora, Nossa Senhora Aparecida traz, ainda hoje, uma mensagem de paz e esperança. “Ela traz a certeza de que seu filho não nos engana, e que prometeu que estaria conosco até o fim dos tempos. Então mesmo nessa pandemia, em todas as tribulações, ela vem para lembrar que ele não falha. Ela é mulher da fé, da força, coragem e perseverança, e é essa mensagem que ela vem nos trazer. Apesar de tudo, ele é a nossa certeza”, afirma.
 
Padroeira do Brasil
 
Desde 1717, quando a Imagem de Nossa Senhora da Conceição teria aparecido nas redes de três pescadores, às margens do Rio Paraíba, teve início a devoção a chamada Virgem Aparecida. O reconhecimento passou ser tão forte em todo o país que, em 8 de setembro de 1904, por ordem do Papa Pio X, a imagem encontrada foi solenemente coroada e proclamada como Rainha do Brasil.
 
A partir de então, ela passou a usar oficialmente a coroa ofertada pela Princesa Isabel, em 1884, e o manto azul-marinho. O título foi confirmado mais tarde, em 1930, quando o Papa Pio XI proclamou a Virgem Aparecida Padroeira do Brasil.

Correio Braziliense terça, 12 de outubro de 2021

NOSSA SENHORA APARECIDA: MÃE DA CAPITAL FEDERAL

Jornal Impresso

Aparecida, mãe da capital federal
 
Hoje, centenas de fiéis católicos celebram Nossa Senhora Aparecida. A padroeira do Brasil e de Brasília também é conhecida por interceder pelos necessitados e pelos jovens. Em meio à pandemia, as solenidades são feitas nas paróquias

 

» Ana Maria Pol

Publicação: 12/10/2021 04:00

Viviane lembra que foi consagrada à santa ainda no ventre da mãe. A administradora perdeu o pai por complicação da covid-19 e encontrou conforto na fé (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  
Viviane lembra que foi consagrada à santa ainda no ventre da mãe. A administradora perdeu o pai por complicação da covid-19 e encontrou conforto na fé

Foi quando os pescadores João Alves, Felipe Pedroso e Domingos Garcia jogaram suas redes no Rio Paraíba do Sul que a fé do povo brasileiro se transformou. Em 12 de outubro de 1717, os três homens encontraram uma imagem de terracota, com 36 centímetros de altura e 2,5 quilos. Nasceu, ali, a devoção à santa nomeada Nossa Senhora da Conceição Aparecida, a padroeira do Brasil. Hoje, ela é celebrada por centenas de fiéis católicos e devotos, que recorrem à sua proteção e ao amparo no dia a dia.
 
O padre administrador da Paróquia Nossa Senhora da Esperança, em Vicente Pires, Wilker Ferreira Lima, explica o significado da santa na crença católica. “Essa devoção é muito importante para lembrar que desde os primórdios, desde o início da capital federal, nós estávamos sendo cobertos com esse manto sagrado. Falar em Nossa Senhora Aparecida é acreditar que ela mostra uma fidelidade em Jesus Cristo e, por isso, ela é o nosso modelo de fé, de virtudes que somos convidados em viver, seja a simplicidade, na maternidade que exercia com Jesus, na resposta, na disposição”, diz.
 
O sacerdote destaca que Nossa Senhora Aparecida foi declarada como a padroeira de Brasília e do Brasil, por isso, tamanha a importância para os padroeiros. “Tê-la como padroeira é, realmente, saber que nosso país ou capital tem uma mãe, tem aquela que zela por nós. Nossa Senhora é intercessora, não há nada que o filho peça que ela não leve a Jesus Cristo e que não seja atendido. Ter Nossa Senhora como padroeira é perceber que somos cuidados por uma mãe tão compreensível que nos ama”, afirma.
 
Devido à pandemia do novo coronavírus, o padre chama os fiéis para louvar a santa, mas observando as medidas sanitárias. “Somos convidados a participar da celebração. Neste momento, não será possível vivermos a celebração na Esplanada dos Ministérios, porque devemos cuidar da nossa saúde, mas ela nos convida a celebrar este dia em nossas comunidades e paróquias”, ressalta. “Devemos, ainda, fazer as orações dela, fazer com que o santo terço possa ser praticado com mais devoção, colocando a sua casa como intenção. E, também, viver a consagração da família à Nossa Senhora. É a hora que podemos deixar que essa devoção chegue até nos. É lembrar que Nossa Senhora nos leva até seu filho, Jesus Cristo”, completa.
 
Sempre junta
Para muitos, é a fé em Nossa Senhora Aparecida que ajuda a superar momentos de dificuldades. A administradora Viviane De Paula Araújo, 41 anos, conta que cultiva essa devoção desde o berço. “Eu fui consagrada, ainda no ventre da minha mãe, à Nossa Senhora. Isso acontece quando você pede a proteção da santa para que acolha o seu filho como dela”, explica. Desde então, a administradora recorre à santa no dia a dia. “É o manto dela que me consola. Quando eu tenho algum problema, ela me ajuda. É uma experiência que só entende quem abre o coração a essa devoção e aceita receber esse carinho de mãe”, reitera.
 
Viviane perdeu o pai para a covid-19, e foi a fé que a ajudou a superar o luto. “Hoje, tenho a certeza de que meu pai está no colo de Nossa Senhora. É claro que eu fiquei triste, passei por momentos de trauma, vivi o meu luto. Mas encontrei apoio nela, porque quem é verdadeiro devoto não se perde, não tem medo. Tudo o que temos, aqui, é passageiro, mas, se eu acredito nesse paraíso, no que Deus criou, sei que ela vai me auxiliar, me orientar e me ajudar a entender que a vida é eterna”, diz.
 
Por isso, a administradora reitera a importância de crer, principalmente em tempos da pandemia da covid-19, quando tantos perderam entes queridos para a doença. “É vital acreditar em Jesus e amar Nossa Senhora, porque nós estamos em uma vida passageira. Se eu não acreditasse nesse amor de mãe, estaria em desespero. Chorei demais, me senti um pouco deprimida, vivi meu luto, porque era tempo de chorar, mas a vida continua, e ela me ajuda a continuar dia a dia, por meio das graças que derrama na minha vida”, diz.
 
Devoção em família
Canal de graça na vida da arquiteta Maria Amália Afonso, 50, a Cidinha — como foi carinhosamente apelidada por fiéis — fez-se presente na caminhada de fé de sua família. Mãe de André, 24; Mariana, 14; e Rafael, 11, Maria conta que a devoção foi passada de geração em geração na família. “Minha mãe era muito devota, eu fui criada em meio a isso, e essa devoção só cresce, principalmente quando temos a própria família”, afirma. “Eu acho que a gente herda espiritualmente essa devoção. Em várias situações, eu vejo a mão de Nossa Senhora Aparecida, inclusive, encaminhando a minha família até a Catedral Metropolitana de Brasília, que é dedicada a ela”, avalia.
 
O filho mais novo tem diagnóstico com Síndrome de Down e, pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida, Maria criou um grupo de oração para pessoas com deficiência. “É um terço que acontece uma vez por mês para as famílias que têm pessoas com necessidades especiais. Muitas famílias acolhem, há um poder de intercessão muito grande por essas famílias, que recebem essas missões e esses desafios. Temos o papel de interceder e caminhar com Nossa Senhora”, destaca.
Para a fiel, o cuidado que Nossa Senhora tem com pessoas com deficiência é diferente. “Maria tem esse dom de cuidar. Hoje, vivemos uma sociedade muito egoísta, exclusiva, mas vejo que, durante a pandemia, o respeito humano tem crescido. Nossa Senhora, assim como Jesus, tem um zelo grande com os seus pequeninos e com aqueles que se comprometem a cuidar dos seus”, pontua.
 
Desde a chegada da pandemia, o terço tem ocorrido on-line, no entanto isso não impede que as graças sejam derramadas. “A gente percebe claramente o quanto a graça de Deus abunda na vida daqueles que tem o respeito humano e, principalmente, que quebram o egocentrismo e buscam transformar o preconceito em oportunidade. Eu vejo que essas pessoas tem um olhar privilegiado de Deus, e quem vivencia isso, já não quer sair desse ambiente”, argumenta. “A graça vem no dia a dia, quando a gente caminha sentindo a presença de Maria. Eu vejo que meu filho passa por tribulações, mas logo vemos a graça de Deus trazendo oportunidades. Vejo isso na caminhada escolar, quando toca violino, faz equitação. Tudo isso é graça de Deus”, celebra.
 
Padroeira da juventude
Devoto de Nossa Senhora Aparecida, o estudante universitário Paulo Augusto Carvalho Cruz, 20, diz que a santa vai, além do título de padroeira do Brasil: é conhecida como intercessora dos jovens. “Acredito que, para a juventude, a imagem de Nossa Senhora traz o olhar de coragem. Diante das angústias e das aflições do mundo, ela nos encoraja, porque, desde o princípio, aceitou fazer parte do plano sobrenatural, que foi gerar Jesus. Teve coragem para isso. Esse olhar é a relação de uma mãe que olha para os jovens e faz ter a certeza de que tudo vai dar certo no final, com fé em Deus”, descreve.
 
Para o dia dedicado a Nossa Senhora Aparecida, Paulo adianta como celebra a data. “Por meio da recitação do terço. É uma oração que tanto alegra a Virgem Maria. Sempre rezo quando acordo e quando sobra tempo no almoço. Há muito tempo, vivo o dia dela na minha Paróquia. Eu acredito que é uma ocasião propícia para se aproximar dessa devoção, que nos enche de esperança”, cita. “Nossa Senhora é, na minha vida, uma doce mãe, que traz esperança, que mostra qual é a vontade de Deus e que, com ele, tudo é mais feliz, mesmo em meio às dificuldades. É a mãe que nos encoraja”, finaliza.
 
 
Dia de festa
 
Veja a programação da solenidade na Catedral Metropolitana de Brasília pela internet. Será no Facebook da Arquidiocese de Brasília e rádio Nova Aliança (710 AM e 103,3 FM). Missas às 8h, 10h30 (presidida por Dom César, Arcebispo de Brasília), 15h e 18h.

Correio Braziliense segunda, 11 de outubro de 2021

DICA PARA O DIA DAS CRIANÇAS

Jornal Impresso

Hoje é dia do lúdico - Dica para o Dia das Crianças
 
A comemoração da data tem atrações dedicadas aos pequeninos e até para os adultos reviverem o tempo de infância. Na programação, jogos, brincadeiras, contação de história e muitas atividades

 

» Renata Nagashima

Publicação: 11/10/2021 04:00

 (Conjunto Nacional/Divulgação)  
 
Sinônimo de diversão, o 12 de outubro é uma das datas mais esperadas pelos pequenos brasilienses. A contagem regressiva para o Dia das Crianças pode acabar porque a programação dedicada aos pequenos já começou no Distrito Federal. Para atender às expectativas do público mirim, o Correio separou o que há de melhor pela capital para que as crianças aproveitem o seu dia fazendo o que mais gostam: brincando e se divertindo. Com tantas opções, vai ser difícil a criançada conciliar as brincadeiras, atividades e os programas. 
 
Quintal CCBB
O Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de Brasília preparou uma programação especial para toda a família curtir o feriado prolongado e se divertir com as homenageadas da vez: as crianças. Até amanhã, o espaço vai contar com várias opções de entretenimento e atrações culturais para as crianças, como pista de skate, oficina de customização de roupas, calçados, mochilas e muito mais, exposições, aulas de dança, espetáculo musical, cinema e teatro infantil. Todas as atividades são gratuitas. Confira a programação completa no www.bb.com.br/cultura. Mais informações: (61) 3108-7600.
 
Pátio das Crianças
Para comemorar a data, o Pátio Brasil organizou uma verdadeira festa no varandão do shopping. Durante todo o dia, das 12h às 18h, a garotada vai poder aproveitar uma programação incrível e totalmente gratuita. Vai ter teatro, zumba kids, brinquedos infláveis e muito mais. A animação começa com a equipe da Fada Madrinha, que vai entreter a meninada a tarde inteira. Também haverá distribuição de balões, pintura de corpo e barraquinhas com pipoca e algodão-doce. Às 14h, a garotada vai gastar energia e se divertir com Zumba Kids e, na sequência, às 15h, com Fit Dance Kids. Para descansar, tem a peça LOL Surprise, com a Cia Néia e Nando, às 16h.
 
Pinte e Brinque 
A Administração Regional do Plano Piloto também preparou um dia especial para a criançada. Durante todo o dia haverá programação da ação social “Pinte e Brinque”, no Deck Sul. O objetivo é dar oportunidade de lazer e sociabilidade cultural para as crianças participantes, com atividades lúdicas e educativas, respeitando todas as medidas sanitárias exigidas durante a pandemia, como uso de máscaras de proteção facial e de álcool gel nas mãos. Na programação, que começa às 9h, estão previstas competições de futebol, skate e ping-pong, oficinas de basquete, queimada e pula-corda, além de diversas brincadeiras, distribuição de kits de lanches e premiações durante as atividades. O evento é gratuito. 
 
Brinquedoteka
No Conjunto Nacional, a exposição Brinquedoteka traz brinquedos interativos gigantes dos anos 1980 e 1990. A atividade, gratuita, tem chamado a atenção dos pequenos com Pula-Pirata, Lego, Tetris, Futebol de Pino, Cai não Cai e outros brinquedos que foram uma verdadeira febre entre a criançada. Além dos brinquedos gigantes, ainda é possível brincar com os jogos em tamanho real e totens eletrônicos. A exposição fica no shopping até 24 de outubro e funciona de segunda a sábado, das 10h às 22h, e domingo e feriados de 14h às 20h.
 
Brincadeiras e oficinas
A comemoração começou cedo no Casapark. Desde sábado, as crianças encontram no shopping contação de histórias, música, oficinas criativas, brincadeiras e o lançamento do livro Cadê o abraço?, do escritor Paulo Almeida. A programação começa às 11h e segue até as 17h, obecendo todos os protocolos de segurança, como distanciamento e obrigatoriedade do uso de máscaras. A entrada é gratuita e livre para todos os públicos, mas as vagas são limitadas. A participação será por ordem de chegada.
 
Parque Inflável
O maior parque inflável do Brasil promete levar as crianças à loucura. O Jump Torre 360, projetado para levar lazer a toda a família, tem brinquedos que chegam a quase 10 metros de altura. São escorregadores gigantes, tobogãs, muros de escalada e outros instalados na área próxima à Fonte Luminosa da Torre de TV. Os infláveis formam um circuito com 100m de comprimento, do início ao fim, garantindo a diversão do público. Guiada por monitores treinados e embalada por músicas especialmente programadas para o local, a brincadeira fica ainda melhor e mais segura. Entretenimento para todas as idades, o Jump Torre 360 tem uma área kids especialmente para receber crianças de 0 a 4 anos, onde elas devem necessariamente estar acompanhadas por um responsável. A atração vai até 7 de novembro e funciona de terça a sexta, das 17h às 21h, e aos finais de semana e feriados, das 9h às 21h. Os valores variam entre R$ 20 e R$ 55. Para mais informações e ingressos na bilheteria ou pelo site furandoafila.com.br.
 
Patinação no gelo e escalada
Uma ótima opção para gastar a energia da criançada é o circuito de arvorismo e escalada do Park Shopping. A atração, para crianças a partir de 4 anos, conta com percursos aéreos, escadaria caracol e escorrega. O circuito fica na praça central do ParkShopping e até 28 de outubro, de segunda a sexta-feira das 13h às 21h30, aos sábados, das 10h às 21h30, e aos domingos e feriados das 14h às 19h30. Como a disposição e o fôlego dos aventureiros determinam o quanto conseguem brincar, o valor do ingresso também é diversificado:  R$ 40 para 20 minutos no circuito, R$ 55 para 30 minutos e R$ 65 para 40 minutos. Os tickets serão vendidos no site www.loja.climbmania.com.br
Para aqueles que querem dar uma refrescada durante a temporada mais quente do ano, a patinação no gelo é uma boa ideia para os que curtem deslizar para lá e para cá a bordo dos patins de lâminas ou trenós. A atração de 210m² aterrissa no 2º Piso, próximo ao cinema, permanecendo no local até 30 de janeiro de 2022. A pista de gelo vai operar com capacidade reduzida de patinadores para evitar a aglomeração. O rinque funciona de segunda-feira a sábado das 10h às 22h, domingos e feriados das 11h às 22h. A aventura congelante recebe crianças a partir de 5 anos. Os pequenos de 2 anos a 4 anos e 11 meses podem brincar no trenó, o Iceland Car, que é pilotado por um monitor e pode dar até 15 voltas ao redor da pista. É necessário chegar com 40 minutos de antecedência ao rinque para o check-in. Os valores variam de R$ 35 a R$ 70.
 
Corrida Sejuquinha
Para os pequeninos que curtem esporte, a corrida Sejuquinha é uma ótima opção para a criançada de 3 a 12 anos. Promovida pela Secretaria de Estado Justiça e Cidadania (Sejus), a 1ª Corrida Sejuquinha e Amigos é uma competição organizada para a garotada, na pista de atletismo do CBMDF (Setor Policial Sul), amanhã, a partir das 8h. O objetivo do evento é despertar nas crianças o gosto pela prática esportiva e, ao mesmo tempo, proporcionar um dia especial para toda a família. Serão disponibilizadas 250 vagas para cadastro. As inscrições que ultrapassarem o limite de vagas serão cadastradas em lista de cadastro reserva, podendo ser chamados após o término das vagas. Incrições e mais informações pelo site: corrida.sejus.df.gov.br.
 
» Saiba o que abre e o que fecha no feriado
 
Amanhã é celebrado o dia de Nossa Senhora de Aparecida, padroeira do Brasil, e também o Dia das Crianças. O comércio nos shoppings e nas ruas vão funcionar normalmente. Já o Eixão fica aberto normalmente para o trânsito de veículos hoje. Para amanhã, o fluxo dos carros será interrompido para lazer dos pedestres, entre 6h e 18h. As operações de reversão na Estrada Parque Ceilândia (DF-095 / Via Estrutural), na BR-070 e na DF-250 vão ser suspensas somente no feriado. Confira o que abre e o que fecha na capital durante o feriado, e as alterações de horários de alguns serviços:
 
Comércio
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF) informou que as lojas de shoppings e de rua vão funcionar normalmente durante o feriado. O mesmo vale para bares, restaurantes, supermercados e farmácias. Demais estabelecimentos, como empresas de material óptico e fotográfico, papelarias e comércio varejista de carnes e alimentícios estão autorizados a abrir desde que cumpram com as normas de suas CCT.
 
Transporte Público
Hoje, véspera do feriado, as linhas de ônibus vão atender aos passageiros normalmente, conforme a tabela do dia útil. Amanhã, as linhas de ônibus seguem os mesmos horários de domingo. O metrô funcionará das 7h às 19h no feriado.
 
Saúde
Durante o feriado, o atendimento será feito somente nas emergências dos hospitais públicos e nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Estarão fechados os Centro de Atenção Psicossocial (CAPS’s), as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e as Farmácias de Alto Custo.
 
Segurança
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) informou que 30 delegacias circunscricionais do DF vão funcionar em regime de plantão ininterrupto de 24h. Também funcionam as duas delegacias de Atendimento à Mulher (DEAM I e II) e as duas delegacias da Criança e do Adolescente (DCA I e II). O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) e a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) funcionarão 24h. A Defesa Civil do Distrito Federal (DCDF) atenderá em regime de plantão hoje.
 
Hemocentro
Estará fechado amanhã.
 
Bancos
A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) informou que os bancos seguem fechados no feriado. O Banco de Brasília (BRB) terá o atendimento estendido hoje, das 8h às 16h, para entrega do Cartão Gás.
 
Detran-DF
Não haverá atendimento ao público nas unidades do Detran-DF. Os servidores que atuam na engenharia e fiscalização de trânsito vão trabalhar em regime de escala. Os serviços on-line funcionarão normalmente.
 
Zoológico
Funcionamento normal, das 9h às 17h, com limitação máxima de até 2.500 visitantes por dia e sem rodízio.
 
Na Hora, Procon e Conselhos Tutelares
As unidades do Na Hora, Procon DF, Pró-Vítima e os Conselhos Tutelares estarão fechados no feriado. Os Conselhos Tutelares atenderão demandas urgentes pelos telefones: 125 e (61) 3213-0656/ 3213-0763/ 3213-0766. O Pró-Vítima atenderá as demandas pelo telefone: (61) 9 8314-0622.
 
Restaurantes Comunitários
Os restaurantes comunitários funcionam normalmente hoje. Nas unidades de Brazlândia, Paranoá, São Sebastião, Estrutural, Sol Nascente, Samambaia e Ceilândia, o café da manhã será das 7h às 8h30. Amanhã, estarão fechados.
 
Caesb e Neoenergia
Na Companhia de Água e Esgoto do DF (Caesb) não haverá expediente no feriado. Mas as equipes de manutenção seguem trabalhando em regime de plantão. A Caesb reitera que, por meio dos canais virtuais, é possível solicitar revisão ou segunda via de contas, além de alteração de titularidade e vencimento, consumo de água, consulta de protocolos, entre outros serviços.
 
Na Neoenergia, as equipes de emergência e o teleatendimento funcionarão em escala normal de trabalho, atuando 24 horas por dia. Em casos de falta de energia, a Neonergia pode ser acionada pelo WhatsApp, por meio do número (61) 3465-9318. Caso seja necessário falar com a companhia é só ligar para o 116.
 
Ceasa
O Ceasa funciona normalmente no feriado, em virtude de a terça ser normalmente um dia de feira.
 
Eixão do lazer
Hoje, o Eixão é aberto normalmente para o trânsito de veículos. Amanhã, o fluxo dos carros será interrompido para lazer dos pedestres, entre 6h e 18h. As operações de reversão na Estrada Parque Ceilândia (DF-095 / Via Estrutural), na BR-070 e na DF-250 vão ser suspensas somente no feriado.
 
Coleta de lixo
No Serviço de Limpeza Urbana (SLU), o funcionamento de algumas unidades será normal, como na coleta de lixo — tanto na convencional quanto na seletiva. O aterro sanitário também estará em operação normal. Já no serviço dos Papa-Entulhos, o efetivo será reduzido no feriado.
 
Parques
O Instituto Brasília Ambiental informou que todos os parques do DF estarão em funcionamento. Parque Recreativo do Gama, Parque Vivencial do Anfiteatro Natural do Lago Sul, Parque Ecológico Cortado e os Parque Ecológico do Paranoá, do Lago Norte, do Riacho Fundo e do Areal estarão abertos das 6h às 18h. O Monumento Natural Dom Bosco, o Parque Ecológico Sucupira e o da Asa Sul vão abrir das 6h às 20h. Já o Parque Ezechias Heringer, Veredinha e o Península Sul estarão abertos das 6h às 22h. O Parque Distrital das Copaíbas estará aberto das 8h às 18h. Já o Parque Olhos D’Água abrirá o portão principal das 5h30 às 20h e os portões laterais das 6h às 18h. O Parque de Águas Claras funcionará das 5h às 22h e o Parque Três Meninas das 7h às 18h.
 

Correio Braziliense domingo, 10 de outubro de 2021

A ALEGRIA DE VOLTA

Jornal Impresso

A alegria de volta

 

Publicação: 10/10/2021 04:00

 

 (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  

 

Com o avanço da vacinação, as crianças, no ritmo delas, começam a se ressocializar, um processo nem sempre fácil, mas necessário. As irmãs Sarah (ao fundo) e Sofia Beck Rafaelli encaram a pandemia de maneiras diferentes e, aos poucos, tentam retornar à normalidade possível 


Correio Braziliense sábado, 09 de outubro de 2021

CEASA MIRA EXPANSÃO
Jornal Impresso
 
Aos 49 anos, Ceasa mira expansão

 

Fernanda Strickland

Publicação: 09/10/2021 04:00

Petronah Silva: Mercado Central de Brasília vai gerar empregos e turismo (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
)  
Petronah Silva: Mercado Central de Brasília vai gerar empregos e turismo


As Centrais de Abastecimento do Distrito Federal (Ceasa-DF) completam, agora em outubro, 49 anos de existência. Para comemorar a data, a instituição montou uma extensa programação, que contará com a participação de produtores, funcionários e clientes, segundo o vice-presidente e presidente interino da Ceasa, Petronah de Castro Silva. Em entrevista ao programa CB.Agro, pareceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília, ele antecipou ainda os planos para a criação do Mercado Central de Brasília.

“Nós procuramos fazer uma programação dentro da segurança pandêmica, para não trazer nenhum problema de contaminação”, explicou Petronah ao comentar as comemoraçõe, que começam na próxima quinta-feira, dia 14. “Com parceria da Secretaria da Mulher, ônibus vão atender mulheres de produtores, que têm dificuldade ao acesso à saúde, para fazer sua prevenção”, informou. “Calculamos que, até a sexta-feira, cerca de 8 a 10 mil pessoas passarão pela Ceasa”, disse.

Na sexta-feira, a Câmara Legislativa fará sessão solene em homenagem ao aniversário da Ceasa. No dia 18, a participação será dos carregadores. “Eles são uma parte da Ceasa que é merecedora dessa homenagem. Muitas vezes=, eles passam despercebidos, mas são uma mão de obra fundamental, que precisa ser valorizada”, disse Petronah de Castro. No dia 21, haverá uma ação de plantação de ipês. Finalmente, no dia 27, haverá uma confraternização com os servidores.

Ponto intermediário entre o produtor e o consumidor, a Ceasa é uma força que gera emprego e renda. Apesar disso, de acordo com Petronah, há poucos funcionários na Ceasa de Brasília. “Os técnicos de mercado são oito. Só para comparar, em Goiânia, há de 35 a 40 técnicos”, disse.

Conforme o vice-presidente, “existe uma determinação para a expansão da Ceasa, pelo governo Ibaneis, para que a casa passe a ser um modelo para todas as demais”. Por conta disso, mais três prédios com boxes foram construídos. “A construção terminou em 2020; Neste mês de aniversário, vamos fazer a licitação do último prédio que tem 12 boxes.”

Mercado Central
Seguindo orientações do GDF, por meio da Secretaria da Agricultura, será construído o Mercado Central de Brasília, dentro da Ceasa. “A intenção é atrair mais pessoas à Ceasa e ter um novo ponto turístico, como é em outros estados. Estamos vendo toda a burocracia para tentar inaugurar em dois anos”, disse o vice-presidente.

De acordo com Petronah Silva, a empresa que vai administrar o Mercado Central será responsável por contratar todas as lojas e funcionários. “Os produtores serão beneficiados por meio dos produtos oferecidos. Em Brasília, há vários restaurantes que vão passar a operar lá. Isso vai beneficiar a Ceasa, pois vai atrair mais pessoas para o local”, afirmou. A previsão é de que mais de 2 mil empregos sejam gerados.

Brasil e Argentina acertam redução da TEC
Após reuniões entre chanceleres da Argentina e Brasil, os dois países divulgaram comunicado conjunto em que afirmam terem concordado em trabalhar para aprovar uma decisão no Mercosul para reduzir 10% da “maior parte do universo” da Tarifa Externa Comum (TEC), taxa cobrada na importação de produtos de fora do bloco. A taxa, hoje em média em 14%, varia de acordo com o produto e há exceções, como para o setor automotivo e sucroalcooleiro. De acordo com o comunicado, a redução não atingirá exceções já existentes no bloco. O texto não informa para que produtos a taxa de importação será reduzida nem o alcance do corte.

 


Correio Braziliense sexta, 08 de outubro de 2021

LUTA CONTRA O CÂNCER DE MAMA

Jornal Impresso

Luta contra câncer de mama
 
 
Entrevista com a especialista Lucimara Veras desmitifica preconceitos sobre as causas da doença e constata o impacto negativo da pandemia no rastreamento inicial dos casos

 

Danielle Souza*

Publicação: 08/10/2021 04:00

A mastologista do grupo Oncoclínicas e integrante da Sociedade Brasileira de Mastologia — regional DF, Lucimara Veras foi a entrevistada de ontem do CB.Saúde — programa do Correio Braziliense, em parceria com a TV Brasília. No Outubro Rosa, mês de conscientização sobre o câncer de mama, ela conversou com a jornalista Carmen Souza sobre a doença que é a segunda em incidência mundial entre as mulheres e a maior responsável por mortes. A especialista alertou para os sinais que mulheres e homens devem ficar atentos, destacou a importância da prevenção por meio de exames de controle de bons hábitos alimentares e de cuidados com a saúde. A mastologista foi enfática ao afirmar que o único meio de rastreamento do câncer de mama é a mamografia.

 

 (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  



O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima dois novos casos por dia no DF, neste ano, chegando a 730. Essa é uma realidade que a senhora percebe nos consultórios?
Realmente, vemos uma incidência bastante elevada. Nos atendimentos na rede pública, acompanhamos pacientes em estágio mais avançado. Por outro lado, na rede privada, vemos mais pacientes com o diagnóstico precoce, o que é o recomendável.

Nacionalmente, a média é de 181 ocorrências por dia. Trata-se de um índice global ou o Brasil tem alguma especificidade?
Corresponde a um índice geral. Eu acredito que este ano, inclusive, registraremos um aumento, em relação aos anos anteriores, por conta da pandemia. E essa é a realidade que a gente vê nos hospitais. O câncer de mama é o segundo tipo mais comum em mulheres, no mundo —  superado apenas pelo de pele —  e é o câncer que mais mata. Então, por isso, é importante a gente se cuidar e tentar prevenir.

Ao que a mulher e o homem têm que ficar atentos em relação aos sintomas do câncer de mama?
Ele pode aparecer por meio de diversos sinais e sintomas. O principal sinal de alerta é o surgimento de um nódulo, que é um caroço na mama. Esse nódulo está presente em 90% das pacientes com câncer de mama. Se você apalpou algum nódulo, algum caroço na mama, procure um especialista para te examinar. Além do nódulo e do caroço, é possível alguma retração na mama, alteração no mamilo, da mulher ou do homem. Não podemos esquecer que uma parcela masculina é acometida pela doença. Essa mama também pode estar avermelhada, apresentar prurido, ter um aspecto que a gente chama de casca de laranja. Outro sintoma importante é o surgimento de nódulo na axila ou no pescoço, que seria os linfonodos.
Muitas pessoas não se conhecem, não conhecem seu corpo e aí entra a importância do autoconhecimento físico. Antigamente, era preconizado um autoexame na frente do espelho, no banho, em uma posição específica, hoje, orientamos que a paciente conheça como é a sua mama. Então, ela tem que saber como essa mama vai se comportar no decorrer do seu ciclo.

Quais são as condições que podem indicar a maior vulnerabilidade?
Sobrepeso, obesidade e sedentarismo são fatores de risco importante. O câncer de mama está muito ligado com alteração hormonal e a gente sabe que parte da gordura do nosso organismo é convertida em estrogênio, que é um hormônio feminino, então isso eleva as chances da paciente vir a ter um câncer de mama. A ingestão de bebidas alcoólicas também, a exposição frequente a radiação. Pacientes que menstruam muito cedo —  antes dos doze anos — ou que entram na menopausa muito tarde, porque se ela menstrua muito cedo, e vai parar de menstruar muito tarde, ela tem um período de vida maior exposta a ação do hormônio, são todos fatores possíveis. Além das questões genéticas, de maneira mais esporádica, porque 90%, 95% dos cânceres são decorrentes dessas outras causas que a gente falou. No caso das mulheres, é importante destacar que o aleitamento materno é um fator protetor do câncer de mama.

Quais são os principais exames para fazer esse rastreamento e o diagnóstico da doença?
Falando de rastreamento, hoje existe um exame que serve para rastreamento que é a mamografia. Não existe nenhum exame que o substitua. Somado a ele, a gente tem alguns exames que vão somar, que vão adicionar informações. Então a mamografia a gente recomenda que a paciente faça e a depender do resultado, complementamos. Normalmente, o exame é recomendado a partir dos 40 anos, nas pacientes de baixo risco.

Como a crise sanitária tem atingido o enfrentamento ao câncer de mama?
O número de pacientes no consultório diminuiu bastante. Os hospitais tiveram que se voltar para o enfrentamento da covid-19, então, houve restrição de cirurgias no período. O que a gente observa é que com a redução dos pacientes,  houve a  de diagnósticos. Agora que a população está mais vacinada, vemos o retorno aos consultórios. Mas aí o problema surge, porque eles vêm com lesões maiores. Por isso, mesmo durante a pandemia, a gente recomenda e sempre recomendou que não deixem de fazer os seus exames.

* Estagiária sob a supervisão de Juliana Oliveira

Correio Braziliense quinta, 07 de outubro de 2021

DESABROCHAR PERFUMADO E PÚRPURA

Jornal Impresso

Desabrochar perfumado e púrpura
 
Anunciando o fim da seca, as flores dos jacarandás encantam os brasilienses nesta época do ano. Parente do ipê-roxo, a árvore é nativa da América do Sul. No DF, predominam duas espécies, uma brasileira e outra argentina. Apesar de exótica, a originária no país vizinho está bem-adaptada ao cerrado

 

» Renata Nagashima

Publicação: 07/10/2021 04:00

 
"Além do cheiro, que é maravilhoso, elas embelezam as ruas, dão uma sombrinha para quem está passando. Seria ótimo se fosse assim durante o ano todo" Sérgio Martins, zelador


As flores do jacarandá são cônicas e desabrocham entre agosto e outubro (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
As flores do jacarandá são cônicas e desabrocham entre agosto e outubro


O fim da seca e a chegada das chuvas de primavera colorem as ruas do Distrito Federal de roxo. Todos os anos, entre agosto e outubro, o jacarandá desabrocha no cerrado avermelhado. A árvore chama atenção quando suas flores, perfumadas e grandes, reaparecem em forma de trompete. Muitas vezes confundido com o ipê-roxo, ele apresenta características distintas.
 
O jacarandá-mimoso é uma árvore de porte pequeno, alcançando cerca de 15 metros de altura. O caule é um pouco retorcido, com casca clara e lisa quando jovem, que, gradativamente, vai se tornando áspera e escura com a idade. A copa é arredondada a irregular, arejada e rala. A confusão com o ipê-roxo não é à toa, já que as espécies pertencem à mesma família: Bignoniaceae. “As principais diferenças são que as flores do ipê-roxo são da cor rosa, geralmente de um tom mais escuro, e florescem de maio a julho. As flores dos jacarandás são da cor roxa/lilás/violeta, e eles florescem no período de agosto a outubro”, detalha o entusiasta de árvores do cerrado Matheus Gonçalves Ferreira.
 
As flores do jacarandá são conhecidas por serem resistentes, suportando climas quentes e secos. Essa árvore é fundamental para o ecossistema, por desempenhar um importante papel no ciclo de carbono das florestas da América Latina. O tipo mais popular é o jacarandá-mimoso. Presente em várias partes do mundo, é original da America do Sul, de países como o Brasil e a Argentina.
 
Existem cerca de 49 espécies de jacarandás. No Distrito Federal, duas são preponderantes: o jacarandá-mimoso-do-cerrado e o jacarandá-mimoso. De acordo com a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), as árvores são bem semelhantes. O jacarandá-mimoso-do-cerrado tem porte médio e copa irregular arredondada. A principal característica ornamental dessa espécie são as flores de coloração azul-marinho ou celeste, que cobrem toda a copa. Comum nas matas secas das regiões Centro-Oeste e Sudeste, distribuindo-se até o Paraná. É nativa do Brasil, muito semelhante ao exótico jacarandá-mimoso, nativo do norte da Argentina. As diferenças das espécies estão nas folhas e nos frutos, maiores na árvore do cerrado.


Parecida com o ipê-roxo, o jacarandá se destaca no cerrado com sua exuberância (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
Parecida com o ipê-roxo, o jacarandá se destaca no cerrado com sua exuberância



O zelador Sérgio Martins, 47, trabalha há 23 anos em um bloco residencial no Sudoeste. Ele conta que uma das melhores épocas do ano é quando os jacarandás florescem. “Traz uma alegria e uma cor nova para a cidade, ainda mais durante este período de seca, que tudo fica cinza e marrom”, destaca. Para ele, mais árvores do tipo poderiam ser plantadas na cidade. “Além do cheiro, que é maravilhoso, elas embelezam as ruas, dão uma sombrinha para quem está passando. Seria ótimo se fosse assim durante o ano todo”, defende.
 
O Departamento de Parques e Jardins da Novacap efetua o plantio das duas espécies de jacarandá-mimoso. Exemplares adultos podem ser observados no campus da Universidade de Brasília; no Setor Bancário Sul; nos canteiros centrais do Eixo Rodoviário Sul e Norte; no Parque Sarah Kubitschek; e às margens da Estrada Parque Indústria e Abastecimento (EPIA) — em frente ao Setor Militar Urbano e ao Cruzeiro. “O DPJ efetuou o plantio de 16.581 mudas de jacarandá-mimoso e jacarandá-mimoso-do-cerrado entre 2015 e 2021, em todo o DF. Por ser bastante ornamental, o jacarandá-mimoso é ideal para praças, avenidas, parques e bosques urba nos, ruas largas e jardins residenciais. O plantio em área pública deve ser efetuado ou autorizado pelo Departamento de Parques e Jardins”, destaca a Novacap.
 
María Florencia Gómez, 51, é filha de um argentino com uma brasileira. Nascida no país do pai, ela mudou-se para o Brasil com a família quando tinha 16 anos. Apesar de se considerar brasileira, ela não esconde o amor que tem pela Argentina, que também é um país natal dos jacarandás. “Esta época do ano é muito especial para mim, é como se eu estivesse voltando no tempo, com 15 anos de novo. As vezes, fecho os olhos e fico horas só sentindo o cheiro e recordando as boas lembranças que tenho de quando era moça.”
 
Há mais de dois anos sem visitar o país, dona Florencia se apega aos jacarandás para matar a saudade. “Quase todo ano, eu volto lá para ver meus filhos e netos, que, agora, moram na Argentina. Depois da pandemia, não saio muito de casa e precisei cortar as viagens. Consequentemente, fiquei sem vê-los. A saudade dói bastante, mas eu sei que esse é um sacrifício necessário para o momento em que estamos vivendo. Enquanto isso, me contento com os jacarandás que alegram bastante o meu dia.”


16.581
mudas de jacarandá-mimoso e jacarandá-mimoso-do-cerrado plantadas no DF desde 2015


SAIBA MAIS
Jacarandá-mimoso
 
Nome Científico: Jacaranda mimosifolia (Bignoniaceae)
 
Características: A árvore jacarandá-mimoso mede até 15 m de altura, com casca fina e acinzentada. Folhas opostas, compostas bipinada, de 10 a 25 cm de comprimento com folíolos pequenos, glabros e de bordo serreado. Flores com coloração azulado-lilás, arranjadas em inflorescências piramidais densas. A madeira é clara, muito dura, pesada, compacta, de longa durabilidade, porém frágil. Útil para a confecção de brinquedos, caixas, instrumentos musicais, carpintaria e móveis em geral.
 
Fonte: Instituto Brasileiro de Floresta (IBF)

Correio Braziliense quarta, 06 de outubro de 2021

CIGARRA, A CANTORA DA PRIMAVERA

Jornal Impresso

 

A cantora da primavera
 
Com a chegada das chuvas, o som das cigarras começa a tomar conta de parques e jardins da cidade

 

» Renata Nagashima

Publicação: 06/10/2021 04:00

 (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
Aos poucos elas vão chegando, muitas vezes sem que ninguém perceba. De um momento para o outro, parecem ter tomado conta das árvores do Distrito Federal. Incômodo para uns, deleite para outros, a boa notícia é que, quando esses insetos surgem, a chuva também marca presença. O barulho traz certo alívio para os brasilienses, mesmo para os incomodados, porque o canto das cigarras coincide com o fim do longo período de secas na capital.
 
Tão pequeno e com uma potência gigante, as cigarras se camuflam em meio aos galhos e troncos de árvores, onde passam por uma transformação até deixarem a casca para trás e se tornarem adultas. O barulho? Não passa de uma estratégia dos machos para atrair as fêmeas. O zoólogo da Universidade de Brasília (UnB) Paulo César Motta explicou que o som, ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, não é emitido pela boca e, sim, pelo abdômen das cigarras. “Elas cantam como estratégia de acasalamento. Na barriga, elas têm uma estrutura chamada de tímbalo, que são como tamborzinhos, é basicamente oca e os movimentos que ela faz gera os sons”, esclareceu o especialista. Os músculos do tímbalo realizam movimentos de contração e relaxamento sucessivos deformando essa membrana em uma frequência que pode variar de 120 a 600 repetições por segundo.
 
Moradora da 207 Sul há 60 anos, Maria Amélia Parente, 74, sentiu falta dos bichinhos neste ano. Segundo ela, as cigarras desapareceram. “Antes, nessa época, já ficava ensurdecedor, parecia uma orquestra sinfônica, uma começava e as outras logo vinham atrás. Era lindo! Hoje, tem uma ou outra solitária. É uma tristeza, para mim, sinto muito falta”, lamentou. Maria Amélia afirmou que muita gente não gostava do som e se irritava, por isso tomaram providências para diminuir a quantidade na região. “Não sei como alguém pode se irritar com a natureza. Elas voando assustam um pouco, mas é só desviar. Afinal, nós invadimos o espaço delas. E é triste perceber que todo ano diminui cada vez mais”, acrescentou a aposentada.
 
Apesar de algumas pessoas terem notado menos cigarras, Motta afirmou que a época dos bichinhos aparecerem está apenas começando. “Elas saem da terra agora e cantam, geralmente, até dezembro. Durante esse período, se reproduzem e depositam os ovos nos ramos das árvores. Depois disso, morrem e um novo ciclo começa”, explicou. No DF há cerca de oito espécies de cigarras, algumas delas mantêm a cantoria até abril.
 
A designer de interiores Lorena Santarém, 35, é apaixonada pela natureza e fã declarada das cigarras. Ela contou que, neste ano, elas estão mais tímidas e chegando aos poucos. “Comecei a ouvir bastante na semana passada, e está aumentando cada vez mais. Elas cantam mesmo lá para o final da tarde, aí fica bem alto”, relatou.
 
Pelo menos três vezes por semana a moradora do Mangueiral vai ao Parque da Cidade para ler, estudar e se conectar com a natureza. A época em que as cigarras aparecem para alegrar o fim da tarde é, sem dúvida, o mais aguardado por Lorena. “E não é só aqui que as escuto, perto da minha casa tem uma área de mata, tem bastante. Essa é uma época que espero ansiosa para chegar. Acho muito bom, é uma coisa tão natureza, é lindo ver elas cantando, anunciando a vinda da chuva.”
 
Apesar da crença de que a cigarra anuncia ou traz a chuva, o zoólogo Paulo César Motta afirmou que não há uma correlação comprovada entre as cigarras e a temporada de chuvas, mas que algumas hipóteses são levantadas para o fato de as cigarras emergirem do solo nesse período de transição entre a seca e a chuva. De acordo com o especialista, com as chuvas, o solo fica mais maleável e é mais fácil para os insetos saírem da terra, para subir em troncos de árvores e completarem a fase adulta. “É notável que elas adaptaram seus ciclos biológicos com a chegada da chuva, é evidente que tem uma relação, mas o motivo não é comprovado e não se sabe o que é a causa ou efeito”, disse.
 
Outro mito muito comum é o de que as cigarras cantam até estourar. Ao contrário do que se pensa, o casulo é a última fase da ecdise, o nome do processo de metamorfose vivido pelo bicho. Nessa fase, a cigarra se liberta do esqueleto externo para que, adulto, mude de estrutura e obtenha asas.
 
Memória afetiva
Ensurdecedor para uns, adorado por outros. O som produzido pelas cigarras pode não agradar todo mundo, mas para o empresário Cláudio de Alcântara, 44, o som traz lembranças da infância, no interior da Bahia. “Eu gosto muito da natureza, sou da roça e vim para cá em 1997. Eu sinto falta da roça, tipo cigarra, pássaros, animais no geral. Ouvir esse som e estar na natureza me remete a lembranças boas, me traz uma aconchego do lugar que eu vim e tenho boas lembranças de infância”, contou o morador do Paranoá.
 
Pai da pequena Emanoele de Alcântara, 4, ele tenta passar a tradição e o amor pela natureza para a menina, que, destemida, alimentava os patos do Parque da Cidade. “Quero que ela se acostume e goste do som das cigarras, respeite a natureza e possa vivenciar um pouco essa área livre, como eu vivenciei na roça.”
 
 
SAIBA MAIS
 
 
O ciclo da vida
 
“No Distrito Federal existem cerca de oito espécies de cigarras, cada uma com suas características e som próprio. Apesar de surgirem durante um curto período do ano, as cigarras se abrigam debaixo da terra, estimadamente, de quatro a sete anos, percorrendo túneis escavados, se alimentando da seiva das raízes, até que estejam prontas para a nova etapa. Após esse período, elas saem da terra, deixam um buraco no solo e sobem em árvores ou galhos para completarem a fase adulta. Quando isso acontece, se abre uma fenda no dorso das cigarras e elas deixam a casquinha naquele tronco. A partir daí, começam a cantar para acasalar. O macho emite sons para atrair as fêmeas. Com o acasalamento, a fêmea coloca os ovos em galhos, depois disso os adultos morrem — eles vivem cerca de dois ou três meses fora do solo. Os filhotes, quando nascem, caem das árvores no solo e o ciclo começa novamente.”
 
Paulo Cesar Motta, zoólogo da Universidade de Brasília (UnB)

Correio Braziliense terça, 05 de outubro de 2021

PATRIMÔNIO FORA DO PLANO

Jornal Impresso

 

Patrimônio fora do Plano
 
Tese de doutorado em arquitetura e urbanismo da Unb resgatou dossiês de tombamento distrital, identificou e historiou 12 bens culturais do DF situados em regiões administrativas

 

» JULIANA OLIVEIRA

Publicação: 05/10/2021 04:00

  » Mapeamento de 12 bens tombados como patrimônio cultural do DF (Daniela Pereira Barbosa/Divulgação)  
» Mapeamento de 12 bens tombados como patrimônio cultural do DF
 
O desenho modernista e o conceito de cidade-parque que orientam a construção do Plano Piloto garantiram a Brasília o título de Patrimônio Cultural da Humanidade da Unesco. Entretanto, para além do Eixo Monumental entrecortado pelas asas Sul e Norte, a capital federal cresceu urbanisticamente. As antigas cidades-satélites se estruturaram como regiões administrativas e constituíram seus próprios bens patrimônios. E foi com essas representações culturais que a pesquisadora Daniela Pereira Barbosa, formada em design, fez um inventário dos bens tombados do Distrito Federal localizados fora do Plano Piloto: Catetinho; Museu Histórico e Artístico de Planaltina; Igreja de São Sebastião de Planaltina; Pedra Fundamental de Planaltina; Museu Vivo da Memória Candanga; Relógio de Taguatinga; Igreja São Geraldo no Paranoá; Centro de Ensino Metropolitana; Igreja São José Operário na Candangolândia; Casa da Fazenda Gama; Caixa d’Água da Ceilândia; Centro de Ensino Médio e Centro Cultural Teatro da Praça de Taguatinga. 
 
Em sua tese de doutorado em Arquitetura e Urbanismo, defendida na Universidade de Brasília, ela mapeou 12 bens arquitetônicos com tombamento distrital em diferentes regiões administrativas. A publicação está disponível para consulta no acervo da UnB. Além disso, ela está desenvolvendo um catálogo cartográfico com a identificação dos 12 pontos pesquisados. Em entrevista ao Correio, Daniela defende a importância de dar visibilidade ao tema.
 
O que motivou a escolha da sua tese e como foi o processo de curadoria?
Quando entrei na pós-graduação percebi uma lacuna com relação à pesquisa sobre o patrimônio cultural de Brasília, envolvendo justamente as cidades-satélites. Eu sabia da existência de alguns bens patrimoniais localizados além do Plano Piloto, como o Catetinho, a Caixa d’Água da Ceilândia e o Museu Vivo da Memória Candanga. Com mais pesquisas, descobri outros bens tombados fora do plano, mas também constatei a falta de informações detalhadas sobre eles. Foi assim que a vontade de investigar esse processo patrimonial cresceu. Vale lembrar que esses tombamentos foram realizados majoritariamente em nível local, ou seja, não foi o Iphan. A única exceção é o Catetinho, tombado em 1959 pelo Iphan. Além de sistematizar as informações, tratei esses bens como um conjunto representativo do patrimônio de Brasília para além do Plano Piloto, tive contato com arquivos históricos do processo de patrimonialização desses bens, os chamados dossiês de tombamento.
 
Há uma injustiça com os tombamentos que você mapeou?
O Plano Piloto de Brasília sempre “rouba a cena”, por assim dizer. É um espaço carregado de alta simbologia, que contém uma série de palácios modernistas e monumentos que remetem a nomes emblemáticos, como Lucio Costa e Oscar Niemeyer. Os bens que mapeei contrastam com o Plano Piloto nesse sentido, em especial pela sua simplicidade plástica. Por exemplo, alguns deles são singelas construções em madeira que remetem ao período da construção de Brasília, como a Igreja São Geraldo no Paranoá, o Centro de Ensino Metropolitana e a Igreja São José Operário na Candangolândia. Outros são equipamentos públicos em pleno funcionamento que foram tombados pela sua simbologia comunitária, como a Caixa d’Água da Ceilândia. Mas é interessante notar, e isso eu coloco na minha pesquisa, que a discussão sobre a inclusão de outras manifestações culturais do Distrito Federal para além do Plano Piloto chegou a integrar a proposta inicial do reconhecimento de Brasília como Patrimônio Mundial pela Unesco, na década de 1980.
 
Que locais foram cogitados?
Além do Plano Piloto, estudava-se a preservação de antigas fazendas no território, centros históricos de cidades originariamente goianas, antigos acampamentos de obras e a paisagem natural do Distrito Federal. Nessa proposta inicial, não se previa o tombamento de construções isoladas, mas de características gerais dos espaços, por exemplo, o sistema viário e o gabarito de Regiões Administrativas derivadas de antigos acampamentos de obras. Porém, a falta de visibilidade desse patrimônio é latente. Acredito que haja até mesmo um desconhecimento da população, de modo geral, da própria existência desses bens e de sua história, o que reforça a proeminência do Plano Piloto no contexto cultural de Brasília. 
 
Como esses elementos dialogam com a robustez do patrimônio do Plano Piloto? É possível integrar as referências?
Em minhas análises, verifiquei que a monumentalidade de Brasília, representada principalmente pelo Plano Piloto, fez parte da construção discursiva sobre a importância desses bens localizados em outros pontos do DF. Está tudo bastante relacionado, pelo menos no nível do discurso. O tombamento do Catetinho ainda em 1959, ou seja, antes da própria inauguração de Brasília, mostra isso de forma bastante evidente. É uma referência direta à monumentalidade da capital, ainda vindoura. Ainda assim, o discurso de tombamento expresso na documentação dos dossiês que investiguei não enfoca apenas na monumentalidade de Brasília como suporte simbólico, pois trabalha com demandas locais específicas, demandando visibilidade daqueles locais e daquelas pessoas no âmbito do Distrito Federal.
 
Que locais poderia citar como exemplos?
Percebe-se, por exemplo, a demanda por maiores investimentos no local para o fomento do turismo, como no tombamento do Museu Histórico e Artístico de Planaltina e no da Casa da Fazenda Gama. É uma estratégia interessante, pois buscou-se incentivar a valorização e exploração turística de locais centenários em Brasília, uma cidade recente. A história, como sabemos, não é linear, e a valorização desses espaços localizados em núcleos satélites buscou reforçar a sua própria importância e demandas no DF. Assim, é essencial que haja a visibilidade desses espaços e de sua história, e espero mais trabalhos com essa discussão sobre a amplitude e a pluralidade do patrimônio cultural de Brasília. Temos desde construções centenárias a igrejas de madeira e torres modernistas, e todo esse acervo cultural merece ser conhecido e preservado.
 
Daniela Pereira Barbosa prepara catálogo cartográfico 
 
» Mapeamento de 12 bens tombados como patrimônio cultural do DF
 
1 - Catetinho
2 - Museu Histórico e Artístico de Planaltina
3 - Igreja São Sebastião de Planaltina
4 - Pedra Fundamental em Planaltina 
5 - Hospital Juscelino Kubitshek de Oliveira — HJKO
6 - Relógio de Taguatinga
7 - Igreja São Geraldo no Paranoá
8 - Centro de Ensino Metropolitana 
9 - Igreja São José Operário na Candangolândia
10 - Casa da Fazenda Gama
11 - Caixa d’Agua de Ceilândia
12 - Centro de Ensino Médio - EIT/CEMIT e Centro Cultural - Teatro da Praça de Taguatinga

Correio Braziliense segunda, 04 de outubro de 2021

SEBASTIÃO TAPAJÓS SE ENCANTOU: AOS 79 ANOS, VIOLONISTA FOI FAZER SERENATAS NA MANSÃO CELESTIAL

Jornal Impresso

 

O paraense Sebastião Tapajós, um dos grandes instrumentistas brasileiros, morreu, no sábado,  aos 79 anos, em decorrência de um infarto. Ele se apresentou muitas vezes no Clube do Choro.  (Débora Amorim/Divulgação)

Sebastião Tapajós, 79 anos

 

Publicação: 04/10/2021 04:00

Sebastião Tapajós, um dos grandes violonistas brasileiros, com carreira internacional, morreu na noite de sábado, aos 79 anos, em decorrência de um infarto agudo do miocárdio. Eles estava internado no Hospital da Unimed, em Santarém, onde passou por uma cirurgia, e receberia alta ontem, mas teve um mal súbito e não resistiu.
 
Depois de viajar por vários países do mundo para mostrar, em inúmeras turnês, a arte do violão, Sebastião Tapajós decidiu, há duas décadas, morar numa casa de frente para a Praia de Pajuçara, próxima a Santarém, no Pará. Formado no Conservatório Nacional de Música de Lisboa, estudou guitarra e composição com Emílio Pujol, na Espanha. Lecionou violão clássico no Conservatório Carlos Gomes, em Belém.
 
O nome completo dele era Sebastião Pena Marcial, nasceu em Alenquer, no Pará. Mas, a partir de 1998, acrescentou o apelido Tapajós, lavrado em cartório, em homenagem à região em que cresceu e passou grande parte da vida:  “Minha grande felicidade foi mostrar, por onde passei, que a poesia do meu violão tem suas raízes neste pequeno paraíso encravado no Oeste do Pará”, explica o músico.
 
Tapajós transitava, com fluência, do erudito ao popular. Fez releituras originais de Villa-Lobos, Radames Gnattali, Cartola, Ary Barroso, Pixinguinha e Guerra Peixe. Pesquisou, também, os ritmos da Amazônia e gravou 50 discos no Brasil. Tocou com Paulinho da Viola, Hermeto Pascoal, Baden Powell, Guerry Mulligan, Oscar Peterson, Sivuca, Paquito D’Rivera e Astor Piazzolla.
 
Ele era um dos músicos brasileiros de maior prestígio no exterior, especialmente na Alemanha, onde esteve 90 vezes e lançou mais de 30 discos: “Tom Jobim, Baden Powell e eu deveríamos ter um reconhecimento do Itamaraty pela divulgação que fazemos do país lá fora”, dizia o violonista.
 
Os brasilienses tiveram o privilégio de apreciar a arte de Sebastião Tapajós ao vivo, pois ele se apresentou muitas vezes no Clube do Choro. Em uma das últimas performances, homenageou os músicos do Pará com o show Aos da guitarrada: “O Clube do Choro é onde se encontra a música brasileira em sua essência, e ser convidado para me apresentar ali me dá uma grande satisfação e visibilidade artística, por se tratar de uma instituição que é referência nacional e internacional”, disse Sebastião Tapajós, em entrevista ao repórter do Correio  Irlam da Rocha Lima.


Correio Braziliense sábado, 02 de outubro de 2021

A ASCENSÃO DA MÚSICA NORDESTINA
Jornal Impresso
 
A ascensão da música nordestina
 
O piseiro conquistou o Brasil e está levando a cultura do Nordeste para todos os cantos do país. Conheça alguns dos artistas responsáveis por essa febre.

 

» Naum Giló*

Publicação: 02/10/2021 04:00

Zé Vaqueiro: ele cantava nas vaquejadas, mas fez sucesso com o piseiro (@oficialpikachu/Reprodução)  
Zé Vaqueiro: ele cantava nas vaquejadas, mas fez sucesso com o piseiro
 
Há alguns anos, o sertanejo vem sendo o gênero musical dominante entre as canções mais tocadas no Brasil. Marília Mendonça, Maiara & Maraisa, Henrique & Juliano e Zé Neto & Cristiano são alguns dos artistas que vinham comandando a famigerada sofrência, estado de espírito transposto em música que é uma paixão nacional. No entanto, desde o ano passado, outros gêneros começaram a despontar entre as mais tocadas no país. Em maio de 2021, a parada semanal do Youtube registrou, pela primeira vez, a ausência total de sertanejos no top três, algo que nunca havia acontecido desde a criação do ranking, em 2018.
 
Além do funk, o sertanejo também está dividindo o espaço no topo com o piseiro, que virou febre de norte a sul do país. Zé Vaqueiro, João Gomes, Priscila Senna e Tarcísio do Acordeon são alguns dos nomes que se tornaram amplamente conhecidos pelo público, entregando canções que alternam a sofrência, diversão e o dia a dia da realidade do interior do Nordeste. 
 
O alagoano Vitinho Imperador é um dos nomes que desponta no piseiro. O seu hit Volta rapariga, que o apresentou para o Brasil, já acumula mais de 100 milhões de plays nas plataformas digitais. Para ele, o ritmo da pisadinha contagiou o Brasil porque é “envolvente, cativante, com a linguagem do nosso povo.”
 
Com letras irreverentes, que falam de traição, de maneira leve e divertida, ele conta ter como inspiração musical desde clássicos do cancioneiro nordestino, como Luiz Gonzaga e Dominguinhos, até nomes importantes da atualidade, como Xand Avião e os sertanejos Jorge & Mateus e Henrique & Juliano. “Jamais seremos concorrentes, ambos os estilos e artistas enriquecem essa cultura gigante do nosso Brasil”, diz ao ser perguntado sobre uma suposta concorrência entre o piseiro e o sertanejo. 
 
O compositor lançou, semana passada, um EP com quatro canções inéditas, entre elas, o cômico e dançante Salete, que fala de traição. “Te dei tudo,/você ainda me traiu./Casa, comida pagos com traição./ Estou bebendo arrastando/o chifre no chão”, diz a letra. “Falo dessas situações de forma engraçada porque atinge a todos.Quem nunca foi traído ou sofreu por amor? Vamos dançar e rir juntos disso”, convoca o cantor de apenas 20 anos. 
 
Forró
 
O piseiro é mais um capítulo das transformações que o forró tem passado nas últimas décadas. A incorporação de elementos eletrônicos ao gênero que começou na base da sanfona, do triângulo e da zabumba não é algo inédito. Desde os anos 2000, bandas como Calcinha Preta, Aviões do Forró e Garota Safada já usavam esse artifício para conquistar o público, sobretudo do Nordeste. Mas, afinal, o que é eterno no forró, que é preservado desde Gonzagão até a pisadinha da atualidade? 
 
“A energia, a história, o modo que falamos de amor, a essência do povo nordestino, que é um povo que luta, que corre atrás, são as coisas que não podem ser perdidas no forró”, define Zé Vaqueiro, dono do hit Letícia, que soma mais de 273 milhões de views no Youtube. Dono de uma voz potente, o forrozeiro lançou o álbum O original, que apresentou ao público sucessos como Tenho medo e Cangote. “Piseiro é o forró. A forma que a música é cantada, dançante e a energia são os motivos pelos quais o piseiro está no topo das plataformas digitais”, analisa o cantor.
 
Com 22 anos e natural de Ouricuri, no sertão de Pernambuco, Zé Vaqueiro conta com mais 1 bilhão de visualizações no Youtube, mais de 7 milhões de ouvintes mensais no Spotify e 6,6 milhões de seguidores no Instagram. Zé já cantava em vaquejadas no interior do Nordeste, bem antes do sucesso Letícia estourar. Neste ano, lançou o EP Vibe original, com seis músicas inéditas, como Cadê o amor e Você conta ou eu conto, além de canções autorais como Queda de moto e A recaída. 
 
Redes
 
Outro símbolo do piseiro e do forró de vaquejada é o pernambucano João Gomes, que conquistou fãs por todo o território nacional com letras envolventes como Meu pedaço de pecado, Eu tenho a senha e Aquelas coisas. “As plataformas digitais, hoje em dia, dão mais facilidade para os artistas nordestinos. Por aqui, sempre tocaram essas músicas e muitos artistas fizeram sucesso. As plataformas ajudam o nosso trabalho a chegar a lugares que a gente nem imaginaria”, afirma o cantor de 19 anos, cujo sucesso reforça a importância das redes sociais. Quem navegou pelo Tik Tok nos últimos meses com certeza deve ter assistido a vários vídeos com músicas do jovem compositor.
 
O seu primeiro álbum Eu tenho a senha debutou com sucesso no Spotify, com letras que o brasileiro sabe de cor. Na plataforma, Gomes tem mais de 7,8 milhões de ouvintes mensais. Mas se engana quem pensa que a inspiração do cantor se restringe aos gêneros tradicionais do Nordeste. João Gomes já declarou ser fã de rap, de MCs como BK, Lennon, Orochi e Matuê. Em seu principal hit, Meu pedaço de pecado, apresenta versos acelerados com a pegada hip hop.  
 
Fora os rappers já citados, João Gomes também diz se inspirar em Cartola e Belchior. “Sempre trago eles dois pelo estilo de escrever e pelo que eles transmitem. O que me inspira no forró e na vaquejada é a alegria. Porque eu sei que o público nordestino é um povo que sai para a luta todo santo dia. Quando vai a uma festa, escutar música, é um dia de se aliviar, esquecer os estresses, os problemas. É por isso que eu canto.”

Correio Braziliense sexta, 01 de outubro de 2021

O BEM QUE A MÚSICA FAZ

Jornal Impresso

O bem que a música faz
 
Projeto social Minhas mãos, meu cavaquinho promove aulas gratuitas em regiões carentes do Distrito Federal. Iniciativa ocorre há 11 anos e conta com mais de 100 alunos

 

» CIBELE MOREIRA

Publicação: 01/10/2021 04:00

Projeto social no Setor Oeste da Estrutural atende, em média, 45 pessoas. Ação também ocorre nas regiões de Santa Luzia (Estrutural) e Vila Telebrasília (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  
Projeto social no Setor Oeste da Estrutural atende, em média, 45 pessoas. Ação também ocorre nas regiões de Santa Luzia (Estrutural) e Vila Telebrasília

O compasso do cavaquinho ecoa das mãos pequenas e ávidas por aprender. Com os olhares atentos aos comandos do músico e professor Dudu Oliveira, crianças e adolescentes encaram — alguns pela primeira vez — o universo musical em uma pequena casa no Setor Oeste da Estrutural. As aulas fazem parte do projeto Minhas mãos, meu cavaquinho, que leva para comunidades carentes do Distrito Federal oficinas práticas e de teoria musical de forma gratuita. Em média, 45 pessoas participam das turmas na região. 
 
“O que a gente quer, na verdade, não é que saiam bons músicos daqui. O que eu quero mostrar para essa rapaziada é que esse instrumento tão pequeno pode levar a gente para o outro lado do mundo”, explica Dudu. “A criança ou adolescente que pega um cavaquinho, eu posso dar certeza, vai pensar 100 vezes antes de pegar uma arma, antes de pegar alguma coisa para fazer mal a alguém. A arte tem esse poder”, destaca o educador, que vem de uma realidade tão dura quanto a desses jovens. 
 
Natural da periferia do Rio de Janeiro, Dudu participou como aluno de diversos projetos sociais e quis retribuir, aqui no DF, o bem que esse tipo de ação fez em sua vida. “Vim para Brasília há 12 anos, e há 11 estou com o projeto com aulas de cavaquinho”, conta o músico. Tudo começou em 2011, quando o carioca decidiu tirar do papel a ideia de promover um programa social em Brasília. “Eu comprei 13 cavaquinhos e fui para a pracinha da Vila Telebrasília. Quando eu cheguei lá, comecei a tocar e apareceu um monte de criança. Aí eu falei: ‘pô, vocês gostaram? Então, eu tenho uma surpresa’. Abri o porta-mala do carro e tinha cavaquinho pra caramba; a galera ficou feliz. E assim começou todo esse movimento que ocorre até hoje”, relata. 
 
Além das aulas ministradas na sede do Ponto de Cultura Waldir Azevedo, localizada na casa 21, conjunto 3, quadra 8, no Setor Oeste da Estrutural, o Minhas mãos, meu cavaquinho também está na região de Santa Luzia, na Estrutural, e na Vila Telebrasília — sendo que, neste último local, a iniciativa é realizada há 11 anos. As aulas são gratuitas e abertas para qualquer pessoa que queira aprender. A idade mínima é de 8 anos. Boa parte dos cavaquinhos foi comprada pelo professor Dudu Oliveira; outros foram frutos de doações ou adquiridos com verba de eventos beneficentes. Para os 100 alunos que frequentam as aulas de cavaquinho, o projeto conta com 40 instrumentos, que são revezados. Neste ano, o projeto conta com o apoio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), da Secretaria de Cultura do Distrito Federal. O suporte do FAC é por quatro meses, e tem ajudado muito a manter a proposta funcionando. No entanto, o músico explica que sempre está precisando de mais instrumentos, pois a maioria não tem condição de comprar o próprio cavaquinho. Além disso, nos grupos com crianças, a vida útil dos instrumentos é menor. “Por mais que a gente explique como cuidar, alguém sempre acaba cometendo algum deslize”, pontua Dudu. 
 
Aprendizado
Aluna mais velha da turma da tarde, Angela de Sousa Pereira da Silva, 25 anos, encara as aulas com seriedade e avidez. “Sou compositora e letrista, mas não sabia tocar nenhum instrumento. Quando vi a oportunidade de aprender a tocar cavaquinho, e ainda de graça, aproveitei. Quem aprende a tocar cavaquinho, aprende a tocar violão ou outros instrumentos”, destaca a moradora da Estrutural. “Mesmo não sendo do gênero que eu mais gosto, que é o pop, o clássico e o internacional, o cavaquinho me dá um leque de possibilidades, ainda mais na área que eu quero atuar, que é na composição”, ressalta Angela, que é aluna do projeto há três meses. 
 
Ela aponta que ter uma iniciativa na comunidade, principalmente em uma região mais afastada, traz um impacto positivo para os moradores locais. “Primeiro, porque leva arte e cultura para os meninos. Em vez de eles praticarem violência nas ruas, aprendem novas modalidades. O importante é pegar esse tempo ocioso que eles têm e agregar alguma coisa para eles”, pondera. Angela comemora que o projeto ocorra perto da casa dela. “Geralmente, apenas no centro da cidade havia aulas de instrumentos musicais. E em um horário que não é oportuno para nós mulheres, por causa da violência. Sair daqui, se deslocar para chegar lá é complicado. Ter uma iniciativa perto de casa é muito bom”, relata. 
 
Para Michele da Silva de Jesus, 16, as aulas são uma grande experiência para aprender algo novo. “Eu já tocava violão, mas estava parada há algum tempo. Quando soube da turma de cavaquinho, fiquei interessada”, conta. “Com a cultura e a arte, a gente pode ser mais disciplinado”, complementa ela, que vê na música um hobby e não pensa em se profissionalizar nessa área. Mesmo por diversão, ela leva as aulas a sério. Apadrinhou um cavaquinho na qual leva para casa para treinar e cuida do instrumento que é utilizado também em outras turmas. 
 
Tímida para falar, mas com dedos ágeis para tocar, Yasmin Lira, 13, conta que ficou sabendo das aulas de cavaquinho pela mãe. Ela, que também toca um pouco violão, não sentiu tanta dificuldade em se adaptar ao novo instrumento de cordas. Mesmo não curtindo muito samba e pagode, ela afirma aproveitar ao máximo as aulas do projeto. 
 
Além das aulas de cavaquinho, no Ponto de Cultura Waldir Azevedo também são ministradas aulas de capoeira e jiu jitsu, todas abertas à comunidade, de forma gratuita. Para a turma do projeto musical, ainda há vagas, tanto na sede localizada no Setor Oeste da Estrutural quanto na casa da Vila Telebrasília. Dudu Oliveira conta que doações de instrumentos usados ou novos, encordoamentos usados ou novos e palhetas são muito bem-vindas. 

Correio Braziliense quinta, 30 de setembro de 2021

LIBERTADORES: BH LEVA FLA RUMO AO URUGUAI!
Jornal Impresso
 
BH leva Fla rumo ao Uruguai!
 
Guiado por Diego Alves e Bruno Henrique, Flamengo volta a vencer o Barcelona e garante vaga na decisão. Geração de duas finais em três anos muda status do rubro-negro no torneio continental

 

DANILO QUEIROZ

Publicação: 30/09/2021 04:00

 (Santiago Arcos/AFP)  
 
Durante boa parte das últimas quatro décadas, os torcedores do Flamengo se acostumaram com chacotas proferidas por rivais quando o assunto era Libertadores. A primeira conquista da América, em 1981, era algo saudosista e distante da realidade de vexames vista pelas novas gerações de rubro-negros. Porém, com duas finais em três anos, a tradição flamenguista no torneio deu um salto de consolidação. Ontem, com nova vitória sobre o Barcelona, no Monumental de Guayaquil, por 2 x 0, o grupo que redescobriu o caminho da Glória Eterna, em 2019, colocou o time carioca, outra vez, na rota final da conquista.
 
O retorno à decisão na final brasileira de 27 de novembro, contra o Palmeiras — atual campeão e finalista por dois anos seguidos pela segunda vez na história, repetindo o feito de 1999 e 2000 —, no Estádio Centenário, em Montevidéu, será uma experiência que a geração de ouro eternizada por Zico, Júnior e Nunes bateu na trave. Em 1982 e 1984, eles pararam no extinto triangular semifinal. Quis o destino que o time de Gabi, Bruno Henrique, Arrascaeta, Diego Alves e companhia realizassem o feito de consolidação na Libertadores. Ontem, o resultado veio com toques especiais do camisa 1, no gol, ao 27, no ataque.
 
O Flamengo foi a campo com vantagem dos dois gols feitos no Rio de Janeiro. Com seis minutos, Mastriani cabeceou no meio do gol. O prejuízo, porém, veio no cruzamento. David Luiz tentou cortar, sentiu a coxa e precisou sair. Com 17, o Fla foi cirúrgico. Bruno Henrique recebeu de Everton Ribeiro, driblou Burrai e marcou. Aos 20, Andreas quase ampliou, mas parou na trave. Golpeado, o Barcelona passou a precisar de quatro gols. E incomodou. Diego Alves fez três defesas importantes. Na mais difícil, aos 29, Martínez chutou sobra e o camisa 1 salvou. O Fla baixou as linhas, mas os mandantes não voltaram a assustar.

Diego Alves liderou a zaga rubro-negra nos 180 minutos da semifinal contra o Barcelona com defesas importantes no Rio e em Guayaquil (Franklin Jacome/AFP)  
Diego Alves liderou a zaga rubro-negra nos 180 minutos da semifinal contra o Barcelona com defesas importantes no Rio e em Guayaquil
No segundo tempo, o rubro-negro encaixou o contra-ataque necessário para confirmar a vaga. Assim como no primeiro gol, Everton Ribeiro deixou Bruno Henrique na boa para marcar. Cabisbaixo, o Barcelona não tinha o mesmo ímpeto para chegar até o gol rubro-negro. O Fla ficava no ataque, mas não fazia tanta questão de agredir. Aos 28, Gabi arriscou de longe rente à trave. Com 36, o camisa nove teve chance na área, mas parou em Burrai. Ouvindo a torcida incentivar com gritos de olé a cada toque na bola, os equatorianos buscaram espaços. Aos 41, Diego Alves ainda pegou cabeçada de Martínez.
 
Da camisa 1 de Diego Alves, autor de defesas importantes nos dois jogos contra o Barcelona, a 27 de Bruno Henrique, responsável pelos quatro gols nos 180 minutos da semifinal, o Flamengo saltou para Montevidéu para brigar, outra vez, pelo topo da América do Sul. Responsável por um título continental, em 2019, e diversas outras conquistas que mudaram o patamar do clube, incluindo dois Campeonatos Brasileiros, duas Supercopas e uma Recopa, a atual geração do rubro-negro proporcionou a si mesma uma oportunidade de fortalecer, ainda mais, o novo legado de força do clube no continente.
 
Conquista pessoal
 
Único brasileiro a conquistar a Libertadores de chuteiras no gramado e com a prancheta na mão na área técnica, Renato Gaúcho se isolou como o treinador com mais vitórias. O triunfo diante do Barcelona foi o 50º dele na competição. A nova marca deixou para trás a do colombiano Gabriel Uribe, que tinha 49, mas nunca conseguiu ser campeão do torneio. Com o Flamengo, Renato chegou a sua terceira final. Além do título com o Grêmio, em 2017, ele ficou com o vice, em 2008, com o Fluminense.


Final

Flamengo x Palmeiras
Jogo único
27 de novembro, 16h
Estádio Centenário, Montevidéu

Correio Braziliense quarta, 29 de setembro de 2021


Correio Braziliense terça, 28 de setembro de 2021

DOM FALCÃO SE ENCANTOU: MAIS DE 70 ANOS A SERVIÇO DE DEUS

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Mais de 70 anos a serviço de Deus
 
Dom José Freire Falcão deixa legado de ordenações e construções de igrejas no DF. Amigos destacam o acolhimento do líder religioso. Ele morreu no último domingo, aos 95 anos, em decorrência da covid-19. O corpo do arcebispo emérito foi sepultado na Cripta da Catedral

 

EDIS HENRIQUE PERES

Publicação: 28/09/2021 04:00

O velório do Cardeal Dom José Freire Falcão, arcebispo emérito de Brasília, na Catedral Metropolitana de Brasília Nossa Senhora Aparecida.
 (Carlos Vieira/CB/D.A. Press
)  
O velório do Cardeal Dom José Freire Falcão, arcebispo emérito de Brasília, na Catedral Metropolitana de Brasília Nossa Senhora Aparecida.
Humildade, dedicação e fé. Essas são algumas palavras que os amigos do cardeal Dom José Freire Falcão usaram para descrevê-lo. Com um trabalho de 20 anos à frente da Arquidiocese de Brasília, a morte do líder religioso, no último domingo, aos 95 anos, deixou saudade nos devotos da capital do país. Em uma cerimônia íntima, restrita ao clero e aos familiares, o corpo de Dom Falcão foi velado às 13h, ontem, na Catedral Metropolitana de Brasília Nossa Senhora Aparecida. A homenagem ao arcebispo emérito contou com uma missa de corpo presente, celebrada pelo arcebispo de Brasília, Dom Paulo Cezar, e transmitida ao vivo pelo Facebook da Arquidiocese.
 
Devido às restrições sanitárias da pandemia, o caixão estava lacrado. O corpo foi sepultado na Cripta da Catedral de Brasília, e, amanhã, das 8h às 14h, o local estará aberto à visitação do público. Dom Falcão foi o terceiro bispo a ser sepultado no local, precedido de Som José Newton de Almeida Batista, primeiro arcebispo; e Dom Francisco de Paula Vitor, que foi bispo auxiliar de Brasília.
 
Dom Falcão morreu no último domingo, às 22h40. Ele estava internado, no Hospital Santa Lúcia, da Asa Sul, desde 17 de setembro, como medida preventiva após ser diagnosticado com covid-19. Na madrugada de 24 de setembro, sofreu uma piora no quadro respiratório e renal, e foi intubado. Ele morreu devido às complicações provocadas pela infecção do novo coronavírus. Em nota, a Arquidiocese de Brasília lamentou a partida de Dom Falcão. “Sua ausência é sentida profundamente por toda a Arquidiocese de Brasília, amigos e fiéis.”
 
Amigo de Dom Falcão, padre Edvaldo Batalha, 57 anos, da Paróquia São João Paulo II, em Águas Claras, destaca que o cardeal era um homem simples e querido. “Uma pessoa muito bondosa com o Clero. Mesmo quando se tornou cardeal, continuou a mesma pessoa trabalhadora, respeitosa e responsável. Ele era muito comprometido com os serviços pastorais e muito bondoso. Era presente na vida dos padres, embora fosse um homem tímido, sempre foi afetuoso”, conta. “Somente o tempo nos encarrega de aceitar o sofrimento, mas ele viveu seus 95 anos e partiu na graça e no amor de Deus, com a certeza de que fez a sua parte, foi um bom pastor para o povo, e agora, foi atender o chamado da vida eterna”, salienta.
 
Dom Falcão, dias após completar 90 anos. Ele foi arcebispo de Brasília de 1984 a 2004 (Paula Rafiza/Esp. CB/D.A Press - 30/10/15
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Dom Falcão, dias após completar 90 anos. Ele foi arcebispo de Brasília de 1984 a 2004
 
Pupilos
 
Arcebispo de Brasília, Dom Paulo Cezar Costa destaca o legado deixado por dom Falcão. “Ele foi arcebispo por 20 anos e, aqui, ordenou mais de 100 padres e criou mais de 40 paróquias. Ele foi um pastor muito preocupado com o diálogo entre a Igreja, a cidade e as autoridades. Ele antecipou o que o Papa Francisco chama de cultura do diálogo e do encontro. Ele seguiu o seu lema, de servir com humildade, e teve uma vida fecunda”, frisa.
 
Padre João Ignácio Perius, 65 anos, reitor do Santuário Arquidiocesano Menino Jesus, em Brazlândia, foi um dos primeiros padres ordenados por Dom Falcão. “Sempre trabalhávamos juntos, tenho uma grande admiração por ele, pelo cuidado que ele tinha com a diocese e as pastorais. Sempre soube entender as necessidades da Igreja. Ele acolhia a todos, poderia ligar às 23h ou à meia noite, se ele escutava o telefone, ele te atendia, era muito atencioso”, detalha.
 
O governador Ibaneis Rocha (MDB) lamentou, pelas redes sociais, a morte do sacerdote. “Brasília perde um de seus maiores guias religiosos. Me solidarizo com a família e com os cristãos de um modo geral pela perda, na esperança de que a história de vida e o exemplo humanístico de D. José Freire Falcão frutifiquem e ajudem a fazer uma sociedade mais justa”, publicou.
 
Dia da missa de corpo presente do Papa João Paulo II, em 2005. Dom José Freire Falcão e Monsenhor Marconni (Isa Matias/Divulgação - 8/4/05
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Dia da missa de corpo presente do Papa João Paulo II, em 2005. Dom José Freire Falcão e Monsenhor Marconni
 
História
 
Dom Falcão nasceu em 23 de outubro de 1925, na cidade de Ereré, no interior do Ceará. Filho de um vendedor e de uma costureira, aos 9 anos, ele sentiu o chamado religioso. “Vi um dos meus tios se tornando sacerdote. Quando ele voltou, foi recebido com muita festa por todos do povoado onde nasci. Daí em diante, eu senti essa vontade”, disse, em entrevista ao Correio, em 2015, aos 90 anos.
 
Segundo Dom Falcão, antes de ficar grávida, a mãe rezava a Santa Teresinha pedindo que o primeiro filho fosse padre. Primogênito, entrou no Seminário da Prainha, em Fortaleza, aos 14 anos, e, em 1949, foi ordenado. Em 1967, tornou-se bispo da diocese em que havia exercido o sacerdócio por 20 anos: Limoeiro do Norte (CE). Em 1971, acendeu a arcebispo de Teresina, no Piauí, permanecendo até 1984, quando foi transferido para Brasília. Em 28 de junho de 1988, foi feito cardeal, tendo participado, em 2005, dos funerais de João Paulo II e do conclave que elegeu o Papa Bento XVI.
 
Na entrevista que concedeu aos 90 anos, Dom Falcão confessou: “Sou um homem realizado. Não preciso de nada, pois tudo o que queria, Deus me deu”. Dom Falcão foi o segundo arcebispo de Brasília, à frente da Arquidiocese entre 1984 e 2004, quando se aposentou. Em 1991, ele preparou a recepção do Papa João Paulo II, criou a Casa do Clero e estimulou os movimentos eclesiais. O líder religioso seguia o lema episcopal In humilitate servire, que significa: servir na humildade, em tradução livre do italiano.
 
*Colaborou Pedro Marra
 
"Sou um homem realizado. Não preciso de nada, pois tudo o que queria, Deus me deu”
Dom José Freire Falcão
 
“Brasília perde um de seus maiores guias religiosos”
Ibaneis Rocha, governador do DF
 
“Sempre soube entender as necessidades da igreja. Ele acolhia a todos”
padre João Ignácio Perius, reitor do Santuário Arquidiocesano Menino Jesus, em Brazlândia

Correio Braziliense segunda, 27 de setembro de 2021

BRASILEIRÃO FEMININO - RAINHA VITÓRIA: GOL DE BICICLETA DA BRASILIENSE LEVA CORINTHIANS AO TRICAMPEONATO
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Rainha Victória
 
Corinthians conquista tricampeonato contra o arquirrival Palmeiras com direito a obra-prima de bicicleta assinada pela brasiliense. Timão consolida império na principal competição do país

 

Marcos Paulo Lima

Publicação: 27/09/2021 04:00

A bicicleta cinematográfica de Victória Albuquerque na Neo Química Arena e a celebração das companheiras em uma noite de gala da craque diante do Palmeiras: a brasiliense jogou com as unhas pintadas de preto e branco  (Lucas Figueiredo/CBF)  
A bicicleta cinematográfica de Victória Albuquerque na Neo Química Arena e a celebração das companheiras em uma noite de gala da craque diante do Palmeiras: a brasiliense jogou com as unhas pintadas de preto e branco
 
A torcida do Corinthians teve um fim de semana dos sonhos na história da rivalidade com o Palmeiras. Em 48 horas, o bando de loucos e de loucas festejou vitória por 2 x 1 no sábado pela 22ª rodada da Série A. Ontem, o hospício da Neo Química Arena foi palco do tri do Timão no Brasileirão feminino com uma imponente goleada por 4 x 1 no placar agregado: 1 x 0 mais 3 x 1.
 
O triunfo teve a assinatura de uma brasiliense. Nascida em 14 de março de 1998, Victória Kristine Albuquerque de Miranda tem oficialmente o quinto título com a camisa alvinegra. Campeã brasileira em 2020, repete a dose em 2021. O troféu é mais uma na coleção, que também ostenta um bi no Paulistão e a Libertadores. 
 
Revelada pelo Minas Icesp, Victória desembarcou no Corinthians no início de 2019 para ser coadjuvante. No entanto, ela rapidamente se adaptou ao hospício e virou uma das xodós da Fiel. O sucesso no clube rendeu convocação para a Seleção. 
 
Ontem, Victória Albuquerque pediu papel principal na conquista do título. Depois da vantagem de 1 x 0 construída no Allianz Parque, o Corinthians tinha a vantagem do empate, mas posicionou-se em campo para vencer, golear e dar espetáculo. A velocidade e a ousadia da brasiliense foram trunfos para a consolidação do título em Itaquera. 
 
Depois de uma pressão do Palmeiras no começo, Adriana iniciou a ofensiva do Corinthians aos 18 minutos. Arrancou pela direita, driblou a goleira Jully e, quase sem ângulo, tocou para o gol. Atabalhoada, Augustina empurrou a bola para dentro da própria rede aliverde: 1 x 0. 
 
Elétrica, Adriana voltou a ser decisiva aos 32. Ela recebeu a bola de Yasmin e disparou um míssil no ângulo do Palmeiras para ampliar o placar. Sem poder de reação, o Palmeiras ouvia o técnico Ricardo Belli pedir ao time para colocar a bola no chão, mas as adversárias não deram trégua. 
 
Aos 37 minutos, a brasiliense Victória Albuquerque dominou a bola no peito dentro da grande área e emendou uma bicicleta digna de Rei Pelé ou da Rainha Marta em Itaquera. Certamente eles assinariam a pintura.  O gol foi o 51º de Victória em 66 exibições pelo Corinthians. 
 
Do terceiro gol em diante, o que se viu foi um Palmeiras entregue, louco para o jogo acabar a fim de amenizar o atropelamento em uma finalíssima desequilibrada. Havia expectativa por um duelo mais competitivo depois do empate por 1 x 1 no meio da semana passada pelo Paulistão, mas o Corinthians ignorou as rivais com exibição impecável. Camilinha ainda diminuiu o placar para 3 x 1, mas era tarde. 
 
Pesou contra o Palmeiras, por exemplo, a ausência da artilheira Bia Zaneratto. Autora de 13 gols na competição, a atacante voltou para o futebol chinês depois dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Ela e Chú foram os principais investimentos do clube na temporada. 
 
O Timão teve o melhor ataque da Série A1 do Brasileirão com 64 gols. Chegou à final pela quinta vez consecutiva. Antes do título de ontem, havia ficado com a taça em 2018 e em 2020 e amargado o vice em 2017 e em 2019.
 
O Corinthians voltou a tratar o futebol feminino com dignidade em 2016. Desde então, o clube se transformou em uma das potências do país. Além dos três Brasileiros, ganhou duas Libertadores (2017 e 2019), uma Copa do Brasil (2016) e dois Paulistas (2019 e 2020).  
 
Agora, o Corinthians foca no Paulistão e na Libertadores. As meninas terão pela frente na fase de grupos San Lorenzo (Argentina), Nacional (Uruguai) e Sol de América ou Capiatá (Paraguai) na competição continental.


“Estou muito feliz, espero sentir isso mais vezes com a camisa do Corinthians. ão sou de fazer gols como esse, mas como se diz na Zona Leste, foi uma mini bike para o tricampeonato”
 
 
Victória Albuquerque, meia do Timão

Correio Braziliense domingo, 26 de setembro de 2021

CRISE EXIGE CUIDADO NOS GASTOS

Jornal Impresso

Crise exige cuidado nos gastos
 
 
Carestia desenfreada torna cada vez mais necessário economizar para manter o orçamento equilibrado e não afundar em dívidas. Segundo educadores financeiros, com disciplina e mudanças de hábitos diários, é possível evitar danos ao bolso

 

» VERA BATISTA

Publicação: 26/09/2021 04:00

Com o aumento constante do preço dos alimentos, típico de um cenário de inflação agravado pela pandemia, pela alta dos juros e pela desvalorização do real, além da crise hídrica que elevou a tarifa da energia, o dinheiro some do bolso. E os consumidores ainda têm que conviver com desemprego, desalento, escândalos políticos e queda na qualidade de vida. Tudo isso — e mais surpresas que podem vir — requer atenção e determinação para manter o orçamento doméstico equilibrado.
 
A palavra de ordem do momento é economizar, sobretudo, entre as donas de casa, que já estão tirando produtos essenciais dos carrinhos de supermercado. Disciplina é indispensável em tempos de crise. O especialista em finanças e professor da Faculdade Santa Marcelina Enrico D’Onofrio destaca que o planejamento do orçamento familiar é fundamental para conseguir driblar as dificuldades. “O aumento dos custos com alimentação, transportes e energia elétrica são aqueles que merecem maior atenção, uma vez que estão no topo da lista dos itens com maior inflação”, alerta.
 
No caso dos alimentos, uma solução possível é buscar melhores preços, normalmente mais acessíveis nos atacarejos, e pesquisar. Quando se compra no atacado, em maior quantidade, e em promoções, o valor unitário das mercadorias é menor. Além disso, há a vantagem de poder reunir a família para compartilhar os artigos básicos. “A busca de produtos substitutos também pode ser uma boa solução”, aponta D’Onofrio.
 
O aumento substancial da gasolina é outro problema que tira o sono de grande parte da população que necessita seja do veículo próprio seja do transporte coletivo urbano para se deslocar ao trabalho ou à escola. “Para aqueles que utilizam veículo próprio, uma alternativa é o compartilhamento dos gastos com outras pessoas que vão para um destino próximo”, recomenda o especialista.
 
O professor chama a atenção, ainda, para a necessidade do consumo consciente da água e da energia elétrica. “Nas residências, um dos produtos que mais gasta energia elétrica é o chuveiro. Devemos observar nossos hábitos, para evitarmos a escassez maior ou o racionamento”, destaca.
 
Eletrônicos
 
O educador financeiro Tiago Cespe, da Cespe Educação Financeira, enfatiza, também, a necessidade de prestar atenção aos pequenos eletrônicos dentro de casa, que consomem muita energia sem que se perceba. Se forem desligados, o impacto positivo no orçamento é grande. “Muitas pessoas deixam o microondas ligado, por exemplo, só para ver o horário, o que é possível ver no celular. Não há nenhuma necessidade de deixar o microondas na tomada.” Uma saída é manter o rádio, o aparelho de som e outros eletrônicos conectados a uma régua de energia, e mantê-la desligada durante o dia.
 
São coisas aparentemente simples, mas que fazem a diferença. “O preço da gasolina, por exemplo, pode ficar mais leve com algumas atitudes. Será que é necessário andar de carro diariamente? O ideal é ir ao trabalho alguns dias de transporte público, ou até mesmo procurar outros transportes que não consomem muita gasolina: bicicletas, motocicletas, entre outros”, assinala Cespe.
 
 “Sobre o gás de cozinha, observe que usamos várias panelas para preparar refeições separadas. É importante ficar atento se não é possível otimizar isso. O banho também precisa ser curto, apenas para higienizar o corpo, e não ficar refletindo sobre a vida”, reitera.
 
Apesar de todas as dificuldades — ou mesmo por conta delas —, o consultor financeiro salienta que não se pode abrir mão de manter uma reserva financeira. “É muito importante anotar em uma planilha os gastos da família. Há pequenas despesas, como programação de TV, que, muitas vezes, pagamos e não usamos. Às vezes, temos um plano de celular de que não precisamos. E também gastamos com lanches ou cafezinho fora de hora. Não se trata de abrir mão de prazeres na vida. A ideia é analisar os exageros”, aconselha Tiago Cespe.
 
Pensamento “jaque”
 
 Há uma grande diferença entre ser feliz e ser descontrolado. Segundo Bruna Allemann, especialista em educação financeira da Acordo Certo, empresa de renegociação de dívidas, o pensamento “jaque”, atrelado à autogratificação, é bem comum entre os millennials e a geração Z (nascidos a partir de 1995) — mas não apenas entre eles. Começa com as seguintes observações: “Já que eu ganhei um pouco mais neste mês, vou comprar um relógio. Ah, já que eu não vou conseguir juntar dinheiro neste mês, vou pedir uma comida no delivery”. É o que ela chama de “taxa do eu mereço” que faz as pessoas gastarem mais do que realmente deveriam.
 
A especialista reforça que a despreocupação com o dinheiro é um hábito mundial — e mais comum do que parece. A frase mais recorrente é “não me preocupo tanto em poupar, prefiro viver o presente”. “Gastar sem pensar e querer gratificações imediatas é um risco muito alto quando olhamos a longo prazo. No fim, as pessoas perdem a oportunidade de usufruir de uma reserva financeira em casos de emergência, de investir em uma velhice segura, de recorrer a um plano médico melhor, além de apoiar os familiares em casos de necessidade”, avalia.
 
Bruna aponta estratégias para aqueles que querem se ver livres da “taxa do eu mereço”. O começo é simples: papel e caneta, diz. Primeiramente, anote custos fixos e de luxo — suas taxas de merecimento mensais. Faça esse exercício por três meses. As anotações trazem uma grande clareza de quanto se gasta com “pequenos mimos”, além de mostrar quanto poderia ser poupado. Se isso não der certo, recolha, se possível, tudo que foi comprado nos últimos três meses e se pergunte o quanto cada objeto ou serviço foi essencial para você.
 
“Muitas vezes, o que foi comprado nessa gratificação pessoal deve ter sido usado poucas vezes ou, até mesmo, nenhuma”, destaca Bruna Allemann. O próximo passo é se organizar e aprender a lidar com as despesas.  “Não tenha medo nem vergonha de falar ‘não posso fazer isso agora’, ou melhor, ‘isso não é prioridade neste momento’. É a partir daí que a mudança vai acontecer. Sem determinação e organização, o equilíbrio financeiro não se concretiza.”
 
Esforço
 
Em seguida, é fundamental “calcular o seu tempo”.  “Já parou para pensar quanto tempo você leva para ganhar R$ 100? Há um exercício que nos ajuda a mensurar a remuneração. Pegue seu salário e o divida pelas horas trabalhadas no mês, para descobrir o valor da hora. Agora, divida por 100 o valor que você encontrou no cálculo anterior. Este é o tempo do seu esforço. Tendo em mente o tempo que você demora para conquistar os tão suados R$ 100, fica mais fácil mentalizar se aquele gasto enorme que você demorou 10 minutos para fazer vale realmente à pena”, compara Bruna.
 
O quarto passo é ter um planejamento financeiro eficiente, que deve ser revisado sempre que necessário. Para isso, a educadora financeira aconselha o método 50, 30, 20. Anote o valor total de suas receitas, ou seja, tudo que você ganha no mês — sem contar as rendas eventuais. Divida uma folha de papel em três colunas: 50%, 30% e 20%. “Na primeira, veja quanto dá 50% do valor da sua receita e abaixo dela escreva todos os custos fixos como moradia, alimentação, educação, transporte e saúde. Na segunda, coloque 30% da renda. Ali, relacione todos os custos de luxo, ou seu merecimento mensal. A última coluna, de 20% do que você recebe, será o valor que você irá poupar.”
 
No final, é possível observar que os custos não se encaixam perfeitamente nesta regra, alerta, mas o processo servirá para nortear quais são prioritários. “O que sobrar, vai para a coluna do meio. Essa deverá ser a inteligência da sua reorganização financeira. Pode ser que seus custos fixos cheguem a 70% do seu salário. Não tem problema, poupe 20% e gaste 10%. O gastar é a última coisa que você deve fazer, e se quiser gastar mais, ajuste seus custos fixos, mas nunca deixe de guardar.”
 
O último passo é desfrutar do equilíbrio entre gastar, economizar e poupar. E alguns pontos são importantes, destaca Bruna Allemann. “Ter controle — inclusive emocional — sobre suas finanças; ter a liberdade financeira para aproveitar a vida; ter foco e compromisso com os seus objetivos pessoais e financeiros; estar sempre protegido, com uma reserva para imprevistos. Com esse passo a passo, é possível pagar as contas, guardar dinheiro e ainda se dar aquele presente tão sonhado. Tudo é uma questão de planejamento”, reforça.


"O aumento dos custos com alimentação, transportes e energia elétrica são aqueles que merecem maior atenção, uma vez que eles estão no topo da lista dos itens com maior inflação”
 
Enrico D’Onofrio, professor da Faculdade Santa Marcelina


"Há pequenas despesas, como programação de TV, que, muitas vezes, pagamos e não usamos. Não se trata de abrir mão de prazeres na vida. A ideia é analisar os exageros”
 
Tiago Cespe, educador financeiro


Correio Braziliense sexta, 24 de setembro de 2021

ANA CAROLINA VEM MATAR A SAUDADE

 

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ANA CAROLINA VEM MATAR A SAUDADE
 
 
 
Cantora faz show ao vivo, hoje, após quase dois anos, e fecha programação do projeto open air Vibrar. (Leo Aversa/Divulgação)
 



Correio Braziliense segunda, 20 de setembro de 2021

LUIS GUSTAVO SE ENCANTOU - ARTISTA DEIXA-NOS AOS 87 ANOS DE IDADEOS

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A brilhante vida de Tatá
 
 
Estrela de Sai de baixo, Luis Gustavo, o ator que era conhecido como Tatá, morreu em São Paulo ontem. A última aparição do artista na TV foi em 2018

 

» Giovanna Fischborn
» Ronayre Nunes

Publicação: 20/09/2021 04:00

 (TV Globo/Divulgação)  


Dos bastidores para o humor em cena. O ator Luis Gustavo começou trabalhando na TV como contrarregra, auxiliar de iluminação e cinegrafista. Quando migrou para a parte artística, realizou papéis inesquecíveis. Personagem popular, o ator foi Vavá, do programa Sai de baixo. Ele morreu ontem, aos 87 anos, em Itatiba, São Paulo, onde morava. Conforme comunicado da Rede Globo de Televisão, foi vítima de complicações de um câncer no intestino.

Filho de espanhóis, Luis Gustavo nasceu em Gotemburgo, Suécia, em 2 de fevereiro de 1934, e migrou para São Paulo ainda criança. Ele deixa dois filhos, Luis Gustavo Vidal Blanco, da união com Cris Heloísa Vidal, e Jéssica Vignolli Blanco, da relação com Desireé Vignolli. O ator era casado com Cris Botelho. Deixa, ainda, uma neta e dois sobrinhos.

Tatá, para os mais íntimos, foi assistente de direção de vários programas, entre eles o teleteatro TV de Vanguarda, produção que rendeu a estreia dele como ator. Na época, Walter Avancini havia adoecido e faltava um ator para Mas não se matam cavalos, de Horace McCoy. Luis Gustavo, então, o substituiu. Depois disso, não parou mais de interpretar.

 (TV Globo/Divulgação)  
 (TV Tupi/Divulgação)  
 (TV Globo/Divulgação)  
Sai de baixo não foi o único sucesso do ator, o detetive Mário Fofoca rendeu a ele longos anos de atuação na Rede Globo e ainda um filme. Um longa-metragem também surgiu da sua intepretação enquanto Beto Rockfeller (Eliana Rodrigues/Divulgação)  
Sai de baixo não foi o único sucesso do ator, o detetive Mário Fofoca rendeu a ele longos anos de atuação na Rede Globo e ainda um filme. Um longa-metragem também surgiu da sua intepretação enquanto Beto Rockfeller


TV e teatro


A estreia no mundo das novelas veio com Se o mar contasse, de Ivani Ribeiro, na TV Tupi, em 1964. Também na emissora, fez diversos trabalhos nos anos 1960: O sorriso de Helena (1964), O Direito de nascer (1964), O Amor tem cara de mulher (1966) e Estrelas no chão (1967).

Na época, além da TV, Luis Gustavo dava início à carreira no teatro. Com a atuação em Quando as máquinas param (1967), de Plínio Marcos, ganhou o prêmio de melhor ator da Associação Paulista de Críticos de Teatro (APCT).

Um ano depois, participou da telenovela brasileira, Beto Rockfeller, de temática urbana e linguagem moderna, que influenciou a produção de telenovelas da época. Depois de um ano no ar, Beto Rockfeller foi adaptado para o cinema por Olivier Perroy, em filme protagonizado por Luis Gustavo. A imagem de Tatá ficou bastante associada à do anti-herói espertalhão.

Contratado pela TV Record, atuou em Editora Mayo, bom dia (1971), de Walther Negrão. Em seguida, novamente na TV Tupi, esteve em Os inocentes (1974), de Ivani Ribeiro, e O sheik de Ipanema (1975), de Sérgio Jockyman.

Após uma pequena participação no filme Amada amante, Luis Gustavo, de volta à Globo, interpretou o detetive Mário Fofoca, em Elas por elas (1982), de Cassiano Gabus Mendes. O sucesso foi tamanho que a trama foi reestruturada para explorar mais as cenas de humor envolvendo o detetive. Quando a novela terminou, e ainda com a popularidade de Mário Fofoca em alta, estrelou o filme As aventuras de Mário Fofoca (1982), de Adriano Stuart, e o seriado Mário Fofoca (1983), com textos de Luis Fernando Verissimo.

Na série, Mário Fofoca era um detetive confuso e desastrado, que solucionava os casos aos trancos e barrancos; mas, desta vez, se mudara para o Rio de Janeiro para viver na casa da mãe, Raquel (Ana Ariel), uma senhora que não aprovava a profissão do filho. Ele contracenava com Osmar Prado e Evandro Mesquita.

Em 2010, Luis Gustavo pôde reviver Mário Fofoca, que ressurge como personagem da segunda versão da novela Ti-ti-ti.

Eterno Vavá


Foi nos anos 1990 que um novo humorístico entrou na agenda de trabalhos de Luis Gustavo: seria feito ao vivo e com plateia, e dava espaço para todo tipo de improviso que surgisse. Com essa dinâmica, criou-se o Sai de baixo, que foi ao ar, com sucesso, de 1996 a 2002.

Era difícil segurar o riso. O programa explorava os erros de gravação, e a plateia e o próprio elenco se divertiam muito. Em Sai de baixo, Luis Gustavo deu vida ao Tio Vavá, patriarca de uma louca família. Os outros personagens da trama eram Cassandra (Aracy Balabanian), Magda (Marisa Orth), Caco (Miguel Falabella) e os empregados João Canabrava (Tom Cavalcante) e Edileusa (Claudia Jimenez).

Em 2013, Sai de baixo ganhou uma temporada extraordinária, em parceria com o canal Viva, exibido também na Globo. O humorístico retornou aos palcos — o Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo —, com elenco e equipe técnica originais e quase completos.

No mesmo ano, o ator participou da novela vencedora do Prêmio Emmy Internacional de 2014: Jóia rara, de Duca Rachid e Thelma Guedes. Os últimos trabalhos de Luis Gustavo na TV Globo foram Brasil a bordo e Malhação: vidas brasileiras, ambos em 2018.

Repercussão

Marcados pela grandiosidade dos papéis que ganharam vida com Luis Gustavo, artistas, e personalidades brasileiras comentaram a morte do ator. Miguel Falabella, colega do Sai de baixo, postou em uma rede social: “Meu amado Tatá, eu confesso que não estava preparado para me despedir de você. Sequer sonhava com esse momento, pois, além de meu ídolo, você foi uma das melhores pessoas com quem tive a oportunidade de cruzar neste plano. Que linda existência! Que vida animada!”

Letícia Spiller, o autor Walcyr Carrasco, Lúcio Mauro Filho e Marcelo Médici também deixaram mensagens de carinho na internet.



Correio Braziliense sexta, 17 de setembro de 2021

EM RITMO DE PARALAMAS

Jornal Impresso

Em ritmo de Paralamas

 

» Irlam Rocha Lima

Publicação: 17/09/2021 04:00

A banda Paralamas do Sucesso se apresenta hoje no projeto Open Air Vibrar (Curta On/Divulgação)  
A banda Paralamas do Sucesso se apresenta hoje no projeto Open Air Vibrar
 
Paralamas do Sucesso é, entre as bandas de rock brasileiras, a recordista de apresentações em  Brasília, onde tem tocado desde meados da década de 1980. A última vez que esteve aqui foi em 10 de outubro de 2020, quando fez show no Drive-In. Hoje, de volta à capital, é a atração do projeto Open Air Vibrar, na área externa do Ginásio Nilson Nelson, no Eixo Monumental. Aqui, Herbert Vianna (vocal e guitarra), Bi Ribeiro (baixo) e João Barone fazem a pré-estreia da turnê Paralamas Clássicos, tendo a companhia de João Fera (teclados), Monteiro Jr. (sax) e Bidu Cordeiro (trombone).
 
Nesse concerto, o público vai ouvir músicas que marcaram a carreira do Paralamas, entre as quais Vital e sua moto, Óculos, Meu erro, Romance ideal, Alagados, Lanterna dos afogados, Uma brasileira, Ela disse adeus e Cuide bem do seu amor.
 
A exemplo de outros artistas e grupos da música brasileira, o Paralamas cumpriu longo período de quarentena e, nesse tempo, apresentou lives. Ao retomar as atividades, além do show na capital, em 2020, tocou em alguns eventos corporativos. “Estávamos nos preparando para fazer a estreia do Paralamas Clássicos no Circo Voador, aqui no Rio de Janeiro, show com o qual iríamos cumprir nova turnê pelo país. Mas, com o surgimento da pandemia, tivemos que adiar nossos planos”, comenta João Barone. “Voltar a Brasília, onde temos um expressivo número de fãs, é sempre motivo de alegria, principalmente para  participar de um projeto que é realizado em local aberto e que oferece segurança para o artista e o público”, acrescenta o baterista.
 
Com quase 40 anos de carreira, a banda lançou 13 discos de estúdio, 11 DVDs, emplacou incontáveis sucessos e conquistou oito prêmios, em diversas categorias, no Grammy Latino. Historicamente, o Paralamas  foi descoberto pelo grande público após a repercussão obtida com a participação na primeira edição do Rock in Rio, Desde então, passou a conviver com a agenda repleta de compromissos e frequentes turnês pelo Brasil e por países como Argentina, onde também conquistou muito sucesso.



Correio Braziliense terça, 14 de setembro de 2021

GASTRONOMIA: POR UMA VIDA SAUDÁVEL

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Por uma vida mais saudável
 
O Ministério da Agricultura inicia hoje a Semana do Alimento Orgânico. A iniciativa faz parte da Exposição Agropecuária de Brasília e tem o intuito de ressaltar os benefícios desses produtos na saúde e na segurança alimentar e nutricional

 

Ana Maria Pol

Publicação: 14/09/2021 04:00

O servidor público Luís Renato Dias, 55 anos, prioriza a alimentação orgânica há cerca de três anos (Carlos Vieira/CB/D.A Press
)  
O servidor público Luís Renato Dias, 55 anos, prioriza a alimentação orgânica há cerca de três anos
Quando o assunto é alimentação saudável, é preciso ir além do prato colorido, cheio de frutas e verduras. A forma como o produto é produzido também tem sido um fator levado em consideração pelos consumidores. Nessa aposta, as produções naturais, livre de defensivos agrícolas é a nova opção favorita. Com o objetivo de melhor esclarecer sobre o assunto, hoje, inicia-se a Semana do Alimento Orgânico no Distrito Federal, que faz parte da Exposição Agropecuária de Brasília (Expoabra), e segue até sábado, em formato digital (veja Programação). 
 
A iniciativa, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), acontece anualmente em todo o país e tem como objetivo informar e esclarecer dúvidas de consumidores, além de apresentar produções orgânicas. Neste ano, o tema será “Alimento orgânico: sabor e saúde em sua vida”, com o intuito de ressaltar os benefícios do alimento orgânico na promoção da saúde, na segurança alimentar e nutricional, bem como o sabor e o aproveitamento integral dos alimentos, aliado ao respeito ao meio ambiente e à justiça social.
 
A tendência, para os próximos anos, é de que cada vez mais pessoas façam adesão a esse tipo de produto, conforme explica Daniel Oliveira, gerente do escritório especializado em agricultura orgânica e agroecologia da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF). Um exemplo, de acordo com ele, é a Comunidade que Sustenta a Agricultura (CSA), que por meio de uma cota fixa mensal, os coagricultores (antigos consumidores) recebem uma caixa semanal ou quinzenal de produtos agrícolas, como frutas, verduras, legumes, ovos, leite e o que mais estiver combinado com o agricultor. Tudo de acordo com a estação e com a safra do período, respeitando os tempos da natureza e também do produtor.
 
“É uma tendência. Essa proximidade do produtor com o consumidor tem feito com que muitos que antes não tinham interesse, comecem a comprar e priorizar produtos orgânicos”, diz Daniel. Segundo o gerente, outro fator que ajuda o aumento do consumo é a produtividade do DF. “De forma geral, está entre as mais altas do país. Grande parte deve ao trabalho de assistência que a Emater faz, acompanhando o produtor que começa a fazer parte desse universo. Segundo os dados da empresa, o DF tem 257 produtores orgânicos certificados. Em 2019, havia 512,0477 hectares de área plantada com produtos orgânicos. Em 2020, o espaço subiu para 598,3689 hectares, mostrando que a busca pelos orgânicos tem aumentado ano a ano. 
 
Prioridade
 
O servidor público Luís Renato Dias, 55 anos, começou a priorizar a alimentação orgânica há cerca de três anos. De acordo com ele, o interesse surgiu após ele ler mais sobre o assunto. “Me chamou a atenção as reportagens falando sobre o nível de consumo de agrotóxico no Brasil, por pessoa. Automaticamente, começamos a procurar formas de se livrar um pouco desse consumo excessivo”, diz. Alérgico ao leite e derivados, e tomate, Luís explica que, ao iniciar o consumo de orgânicos, percebeu que a reação era diferente. “Não sei se há algum estudo, observei de forma empírica. Mas percebi que, ao me alimentar do tomate, ou leite, sem conservante, quase não tinha reação, e vi que valia a pena. 
 
Além da melhora no quadro alérgico, Luís diz que a família passou a ter mais segurança alimentar. “Quando você passa a consumir alimentos orgânicos, têm acesso a quem é responsável pela produção. Você sabe a origem, acompanha o processo e oferece à família um produto de melhor qualidade”, pontua. Além disso, o servidor explica que, apesar de os produtos serem mais caros, houve um benefício a médio prazo. “Eu reduzi a quantidade de medicamentos em casa, e não só pelo meu problema de saúde, mas remédios de dor de cabeça e corporal. Então, vale a pena optar por produtos mais sustentáveis”, complementa.
 
A professora Edilene Carneiro, 53, também faz parte do grupo de pessoas que decidiu melhorar a qualidade de vida por meio da alimentação. Para isso, ela montou a própria horta, em casa, livre de agrotóxicos. “Sempre sonhei em ter minha hortinha, mas nunca tive tempo hábil. Foi quando me aposentei, em 2019, que consegui começar esse projeto. Gosto muito de temperos aromáticos e comecei com isso. Daí, depois veio o tomate, a couve, e por aí foi”, conta. Moradora da Candangolândia, Edilene juntou a vontade de comer coisas sem agrotóxico com a proatividade, e começou a estudar para conhecer mais do assunto. “A maior dificuldade para começar foi a falta de aprendizado. A gente precisa saber a época de plantar, como regar, quantas sementes. Procurei na internet e aprendi”, conta.
 
Agrotóxicos
 
De acordo com a nutricionista Daniela Vitória Teixeira Nascimento, do Hospital Santa Lúcia Sul, discutir hábitos alimentares e os benefícios dos orgânicos é de fundamental importância para a saúde. “Atualmente, o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Alguns estudos comprovam os malefícios para a saúde humana e ambiental da exposição aos agrotóxicos”, pontua. A especialista explica que tal exposição pode causar uma série de doenças. “Depende do produto que foi utilizado, do tempo de exposição e quantidade de produto absorvido pelo organismo, podendo provocar reações alérgicas, respiratórias, distúrbios hormonais e até problemas mais sérios. Porém, até hoje não foram monitoradas exposições por um longo período de tempo e como o ser humano está exposto a múltiplos fatores, ainda não é algo bem documentado”, lamenta. 
 
Daniela explica que os alimentos orgânicos se destacam pela baixa toxicidade e maior teor de nutrientes, além de apresentarem quantidades reduzidas de nitrito e nitrato comparados aos inorgânicos. “Os orgânicos não possuem substâncias fortes, que são prejudiciais à saúde. Os solos em que são produzidos são balanceados com adubos naturais, e, por ser uma produção sem fertilizantes, o sabor não é alterado”, garante.
 
Programação
Acompanhe as atrações da Semana do Alimento Orgânico em: https://expoabra.com.br.

Correio Braziliense segunda, 13 de setembro de 2021

CALOR EM BRASÍLIA, INCÊNDIO NA CHAPADA

Jornal Impresso

 
 
 (Bárbara Cabral/Esp.CB/D.A Press)
As altas temperaturas e a baixa umidade relativa do ar deixam o Distrito Federal e regiões como a Chapada dos Veadeiros (GO) em estado de alerta. Ontem, turistas tiveram de ser retirados do Vale da Lua (foto), depois do avanço das chamas na vegetação seca. A situação é crítica no local. No DF, os bombeiros atenderam 1.682 chamadas de incêndios florestais em apenas 10 dias.  (CBM/GO)
 
 
As altas temperaturas e a baixa umidade relativa do ar deixam o Distrito Federal e regiões como a Chapada dos Veadeiros (GO) em estado de alerta. Ontem, turistas tiveram de ser retirados do Vale da Lua (foto), depois do avanço das chamas na vegetação seca. A situação é crítica no local. No DF, os bombeiros atenderam 1.682 chamadas de incêndios florestais.
 


Correio Braziliense sábado, 11 de setembro de 2021

ALCEU VALENÇA: TODA ENERGIA

Jornal Impresso

Toda energia de Alceu
 
O cantor e compositor Alceu Valença faz show, hoje, na cidade e mostra o resultado da longa quarentena: quatro álbuns. Três deles, só com voz e violão. (Tati Zanichelli/Divulgação)
 
Cantor e compositor fala ao Correio sobre show que fará na cidade e da produção musical durante a pandemia. Homenageia, também, o amigo e guitarrista Paulo Rafael

 

» Irlam Rocha Lima

Publicação: 11/09/2021 04:00

 (Leo Aversa/Divulgação)  
 
Artista estradeiro, Alceu Valença manteve-se em casa desde março de 2020, cumprindo uma longa quarentena, determinada pela pandemia da covid-19. Sem se deixar impregnar pela inércia, o sempre inquieto cantor e compositor pernambucano aproveitou o tempo para desenvolver um projeto que resultou em quatro álbuns — três deles de voz e violão e um outro gravado com o acompanhamento do guitarrista Paulo Rafael, morto recentemente.
 
O primeiro, Sem pensar no amanhã, está disponível nas plataformas digitais, enquanto Saudade, o segundo, chega em breve. O terceiro, com o qual Alceu homenageia Paulo Rafael ,tem lançamento previsto para o final do ano; e o quarto, em 2022. Todos esses discos foram produzidos por Rafael Ramos, com a chancela da gravadora Deck.
 
Nesse trabalho, de caráter intimista, o cantor fez releitura de clássicos de sua obra, entre os quais La belle de jour, Táxi lunar, Tropicana, Estação da luz e Ciranda da rosa vermelha; e de canções menos conhecidas como Iris, Ladeiras e Marin dos Caetés. A elas, se juntam algumas inéditas, como Era verão, Saudade e Sem pensar no amanhã.
 
Várias  foram reunidas no repertório do show que Alceu fará hoje, às 20h, pelo Vibrar — Parque Gastronômico, instalado na área externa do Ginásio Nilson Nelson, no Eixo Monumental. No palco, ele terá a companhia da banda formada por Léo Lira (guitarra), Nando Barreto (baixo), Tovinho (teclados), André Julião (sanfona) e Cássio Cunha (bateria).
 
» Entrevista// Alceu Valença
 
Neste ano você lançou os álbuns Sem pensar no amanhã e Saudade, os primeiros de voz e violão, em toda a sua trajetória. O que o levou a optar por este formato?
Com a quarentena na pandemia, precisei ficar mais tempo em casa e toquei violão como nunca. Desde os tempos em que morei em Paris, em 1979, que eu não tocava tanto. Fui recordando canções, sucessos, compus músicas novas. Um dia, minha mulher, Yanê, me disse: “Está lindo!” Eu digo: “O quê?” E ela: “Isso que você está tocando. Foi aí que resolvi fazer um álbum em voz e violão. Fui para o estúdio e comecei a gravar. Em vez de um, gravei três álbuns — dois já lançados e um outro com a participação de Paulo Rafael, que sai no final do ano, como uma homenagem a um dos meus melhores amigos, parceiro, músico com quem toquei durante tantos anos. Depois, ainda gravei um quarto álbum, que devo lançar no ano que vem. E ainda teve um extra, Papagaio do futuro, que lancei como single na semana passada.
 
Sem pensar no amanhã, com 11 faixas, foi, também, o primeiro disponibilizado nas plataformas 
digitais. Vai sentir saudade do disco físico?
Não me importo tanto com formato. O que vale é a música. Os álbuns de voz e violão também estão no formato CD. O primeiro, Sem pensar no amanhã, já saiu. O segundo, Saudade, deve sair em breve.
 
Que critério utilizou para a escolha do repertório?
São músicas que gosto de tocar. Gravei sucessos, como Belle de Jour, Táxi Lunar, Tropicana, Como dois animais, Solidão mas também inéditas, como Era verão, Saudade, Sem pensar no amanhã. Penso no meu repertório como se fosse um filme. Gosto que o roteiro conte uma história.
 
Além de produtor, que outra função Rafael Ramos desempenhou?
Gosto muito de trabalhar com o Rafael, um produtor sensível, que me deixa totalmente à vontade no estúdio. A Deck é uma gravadora amiga da arte. E destaco também o técnico de som, Mateus, que conseguiu tirar uma sonoridade impecável da gravação.
 
Recentemente, você perdeu um amigo e parceiro artístico, com a morte de Paulo Rafael. Que falta ele faz em sua vida e em seu trabalho?
Paulinho foi um grande amigo, eu o tinha como um irmão. O conheci em Olinda, no início dos anos 1970. Eu o vi tocando e fiquei impressionado com sua musicalidade. Falei para ele: um dia ainda vamos tocar juntos. Tempos depois, ele começou a tocar comigo no festival Abertura em 1975, e não parou mais. São tantas histórias, lembranças, uma convivência sempre afetuosa e enriquecedora. Ah, saudade.!
 
Em Brasília ,você estará de volta ao palco, após manter-se em casa por longo período da quarentena. O que isso representa?
A expectativa é grande. Antes da pandemia, costumava dizer que moro numa maleta, porque estava sempre na estrada. Depois de tanto tempo, não deixa de ser um alento saber que os shows estão voltando, tudo com muito cuidado, seguindo os protocolos. Fiz algumas lives neste período, mas show com plateia mesmo, o de Brasília será o segundo. Na semana passada cantei em Pirenópolis (GO). Foi emocionante reencontrar as pessoas.

Correio Braziliense sexta, 10 de setembro de 2021

CERRADO EM CHAMAS

Jornal Impresso

Cerrado em chamas
 
Equipes enfrentam altas temperaturas madrugada adentro para impedir desastres ambientais que podem ser evitados com práticas responsáveis da população

 

Renata Nagashima - Júlia Eleutério

Publicação: 10/09/2021 04:00

 ( Minervino Júnior/CB/D.A Press)  
 
Queimadas por todo o Distrito Federal e região protagonizam as últimas semanas. Pelo sétimo dia consecutivo, o Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF) foi acionado para conter as chamas no Parque Nacional de Brasília — Água Mineral. As ocorrências não são episódicas na capital federal. Ontem, os esforços também estavam divididos com o enfrentamento a outro incêndio de grande proporção na Floresta Nacional de Brasília (Flona). Ontem, a queimada completou dois dias, mobilizando 74 militares e 13 viaturas. A área atingida ainda não pode ser estimada, e até o fechamento desta edição, o fogo não havia sido controlado. 
 
O trabalho das equipes é árduo e o clima seco torna mais difícil debelar as chamas que são causadas por fatores naturais, mas, principalmente, pela ação humana. 
 
Segundo o CBMDF, os bombeiros só conseguem controlar as chamas durante a madrugada, quando o calor é menos intenso. No entanto, muitas vezes, voltam a arder durante o dia. O Tenente-Coronel Hugo, do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, explicou que após serem acionados, os militares adentraram a madrugada trabalhando e a operação só é encerrada quando o fogo é totalmente extinto. 
 
Após a contenção, são feitas checagens e sobrevoos na região afetada durante o dia, para garantir que não existam outros focos. “A vegetação está totalmente seca no cerrado, e alguns tipos de plantas podem camuflar as brasas, o que é o suficiente para causar outro incêndio. Nós trabalhamos para combater as chamas assim que são detectadas e evitar que se espalhem devastando uma área maior ou até mesmo colocando vidas em risco”, explica o militar.
 
Durante esta semana, equipes também foram acionadas para combater incêndios na Ermida Dom Bosco e na Estação Ecológica de Águas Emendadas. De acordo com informações do CBMDF, os incêndios florestais atingiram 9.860 hectares de julho a agosto deste ano. Apenas nos primeiros cinco dias de setembro, as queimadas destruíram 1,7 mil hectares, sendo 536 hectares no Parque Nacional de Brasília.
 
Desde o início de 2021, os bombeiros atenderam 3.294 ocorrências, e as chamas atingiram uma área de 11.155 hectares. Historicamente, por causa das altas temperaturas e da baixa umidade, essa época do ano é a que registra o maior número de incidentes no DF. 
 
Vilões
 
Apesar do clima, o calor não é o responsável pelos incêndios, mas pode ser potencializador para incêndios provocados por causas naturais, como o fenômeno da combustão espontânea. Ele acontece quando, mesmo sem uma fonte inflamável externa, a vegetação seca começa a queimar. O atrito entre rochas ou até mesmo entre pelos de animais em locais de alta incidência de sol e de aquecimento podem desencadear a fagulha de um incêndio florestal.
 
Entretanto, casos como esse no DF são raríssimos, como destaca o professor aposentado do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade de Brasília (UnB) Eleazar Volpato. Segundo ele, as causas de incêndios ambientais nesta região acontecem, em sua maioria, pela negligência humana.
 
O especialista explica que os incêndios são causados por uma combinação de três fatores: um clima quente e seco; a umidade do ar baixa; e a presença de alguma coisa que provoque a primeira fagulha, que pode ser desde um relâmpago, até bitucas de cigarro, pedaços de vidros, entre outros objetos deixados por seres humanos. “Incêndios que acontecem sozinhos são uma condição muito rara, como provocados por raios, por exemplo. Em sua grande maioria, eles acontecem por imprudência humana. As pessoas colocam fogo, deixam lixo, cigarro e fazem fogueiras. Além de objetos espelhados e que concentrem raios de sol, com o calor eles podem iniciar desastres difíceis de controlar”, aponta Volpato.
 
Para o engenheiro ambiental, um outro problema é a falta de campanhas educativas e da punição aos responsáveis. “Não tem conscientização e falta uma punição exemplar. Esses casos precisam ser investigados para que os responsáveis sejam penalizados. É preciso haver mais informação. Quando o incêndio é absolutamente intencional, ele é criminoso. Isso sem falar nos que acontecem por desleixo, e eles também deveriam ser punidos.”

Nos últimos dias, brasilienses acompanham queimadas pelo DF, como no Parque Nacional e na Floresta Nacional de Brasília  ( Minervino Júnior/CB/D.A Press)  
Nos últimos dias, brasilienses acompanham queimadas pelo DF, como no Parque Nacional e na Floresta Nacional de Brasília


Conscientização
 
Assim como grande parte das queimadas, reverter o cenário e garantir a  qualidade do clima depende da conscientização da população durante todo o ano. O Tenente-Coronel Hugo ressalta a importância de evitar a limpeza de terrenos com o uso de fogo, além de evitar fogueiras nessa época. “Muitas pessoas juntam resto de folha e galho para fazer fogueira e isso não pode acontecer, porque as brasas podem ser levadas para longe e provocar um incêndio”, explica. Com hábitos mais conscientes, o lixo pode virar adubo composto com os resíduos vegetais e de alimentos, o lixo seco deve ser recolhido pelo Serviço de Limpeza Urbano (SLU).
 
Outro ponto destacado por ele é a importância da colaboração da população que deve avisar aos Bombeiros sobre o foco de chamas nas áreas verdes. “Avistou um foco de fumaça, a pessoa deve ligar imediatamente para o Corpo de Bombeiros por meio do 193. Porque o ideal é que a gente combata esse foco o mais rápido possível para evitar o alastramento e maiores danos”, alerta.
 
Em caso de incêndio, os bombeiros alertam para que a população ligue, imediatamente, para 193. Quanto mais rápido as equipes forem avisadas, melhor será para controlar o fogo.
 
Dia Nacional do Cerrado
 
No dia 11 de setembro comemora-se o Dia Nacional do Cerrado, considerado o berço das águas no Brasil, onde estão as nascentes das maiores bacias hidrográficas do país, e um dos biomas mais ricos e antigos do planeta. Para marcar a data, a Universidade de Brasília (UnB) vai promover, nesta sexta-feira (10), a live “O Cerrado no Antropoceno”, às 16h, com o prof. dr. Reuber Brandão. A transmissão será pelo canal da UnBTV, no YouTube.
 
Outro destaque é a 11º Feira de Sementes e Mudas da Chapada dos Veadeiros, que acontece entre 10/9 e 26/9, com rodas de conversa on-line e trocas de sementes nos municípios. A programação e informações sobre a vegetação, a fauna, os parques, as trilhas e os frutos do cerrado podem ser conferidas no site unbcerrado.unb.br.
 

Correio Braziliense quinta, 09 de setembro de 2021

UMA CIDADE VESTIDA DE PAZ - UM VÉU BRANCO NA CIDADE

Jornal Impresso

 

Um véu branco na cidade

 

» Ana Silva Pol

Publicação: 09/09/2021 04:00

Rafaela Moreira:  
Rafaela Moreira: "O ipê floresce na seca, pior momento para todas as plantas"


As irmãs Tatiane Cássia e Elisângela Cristina:  
As irmãs Tatiane Cássia e Elisângela Cristina: "(Em Brasília) essas flores são ainda mais especiais"
 
Floração dos ipês-brancos dura de cinco a sete dias (Minervino J?nior/CB/D.A Press)  
Floração dos ipês-brancos dura de cinco a sete dias
 Enquanto a seca castiga os brasilienses, o colorido dos ipês conforta a rotina dos brasilienses que circulam pelas quadras e avenidas da cidade. Essas árvores fazem parte da identidade do Distrito Federal e rende debates apaixonados sobre qual floração é a mais bonita. Para quem defende a branca, chegou a hora de aproveitar.
 
De acordo com o biólogo e professor do Centro Universitário de Brasília (Ceub), Stefano Aires, a cor branca é a penúltima florada. “As flores brancas florescem no final da seca, quando as sementes são dispersas pelo vento. É uma época que venta bastante, as sementes ficam no chão tempo suficiente para iniciar a estação chuvosa, e depois germinarem. É uma estratégia de sobrevivência da espécie”, ressalta.
 
Há quem diga que a florada branca anuncia a chegada da chuva, mas a relação não é tão simples e pode estar mais ligada a uma coincidência de “calendário”, conforme explica Stefano. “A cor da flor está relacionada ao tipo de polinizador. Os ipês são polinizados majoritariamente por abelhas, mas eles também têm autofecundação, ou seja, a própria flor pode se polinizar. Então, se você está mais perto da estação chuvosa, tecnicamente, teria mais polinizadores por conta dos recursos disponíveis. Mas como não começou a chover em abundância, não dá para fazer essa relação”, pontua. E a previsão, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) é que não chova tão cedo na capital federal. O meteorologista Cleber Souza explica que não há previsão de chuva para os próximos sete dias.
 
Apesar da incerteza da chuva, a floração branca, que dura de cinco a sete dias, encanta os brasilienses. A publicitária Rafaela Moreira Barreto, 26, mora no Sudoeste desde abril e acompanhou a florada branca de perto. Próximo à sua residência, um corredor de ipês-brancos disputa atenção, e Rafaela faz questão de admirar a todos. Ela conta que sai todos os dias para passear com seu cachorro, e sempre aproveita a oportunidade para fazer uma nova foto dos ipês. Isso porque a planta é a sua favorita. “Eu não sabia que aqui tinha ipês. Descobri quando me mudei. Foi uma bela surpresa”, destaca.
 
O favoritismo se justifica pelo simbolismo da árvore. “O ipê floresce na seca, pior momento para todas as plantas. Passa o ano inteiro quietinho na chuva e, na seca, floresce, dando cor ao ambiente árido. Eles florescem nas piores situações, sugere um significado diferente para os momentos de dificuldade”, diz Rafaela. Para ela, o ipê-amarelo ocupa o primeiro lugar em seu coração, mas o branco não está muito atrás: “Todos eles me trazem alegria”, garante.
 
Professor de ecologia da Universidade de Brasília (UnB), Eduardo Bessa explica que a floração na seca se dá pela melhor adequação da planta. “Fisiologicamente a estratégia reprodutiva dos ipês é se reproduzir durante a seca. Parece um contrassenso se reproduzir numa época em que existe um desafio fisiológico, mas a planta adulta e as sementes resistem melhor à seca do que as plantas jovenzinhas. Por isso a floração do ipê é típica do período”, pontua.
 
Os desafios fisiológicos enfrentados durante a seca são o que fazem do ipê, uma planta de extrema importância para o bioma do cerrado. “Essa floração é extremamente importante, porque chega num momento de escassez de recursos. Animais polinizadores, como as abelhas que visitam as flores dos ipês, e pilhadores de néctar, como os periquitos, estão num momento da seca em que não há muitas alternativas de alimento para eles. Ter uma floração abundante, ainda que efêmera, como a dos ipês, garante um sustento nutricional a muitas espécies”, ressalta Eduardo.
 
Para quem é fã da natureza, a paisagem branca é de encher os olhos. As irmãs Tatiane Cássia Silva Galho, 39, arquiteta, e a fisioterapeuta Elisangela Cristina de Souza, 40, passaram a tarde fotografando as árvores. Foi na 211 Norte que elas encontraram um corredor dessas árvores. Mineiras, elas contam que moravam em Belo Horizonte antes de se mudarem para Brasília, e lá tinham o costume de ver ipês-roxos, amarelos e rosas. Mas foi na capital federal que conheceram a cor branca. “Em Minas tem muita árvore florida, mas o ipê não é tão valorizado como aqui. Foi em Brasília, que começamos a ver o ipê de forma diferente. Aqui, essas flores são ainda mais especiais”, ressalta Tatiane.


Nas redes

Quer ver suas fotos de ipês no Instagram 
do Correio? Use a hashtag #missaoipecb quando publicar suas fotos na rede social.


Florações
 
» Ipê-roxo: de maio a agosto
» Ipê-amarelo: de julho a setembro
» Ipê-branco: de agosto a outubro
» Ipê-rosa: de agosto a outubro



Você sabia?
 
Neste ano foi lançado um aplicativo para ajudar os encantados pelos ipês da capital a encontrarem as árvores floridas pelo DF. A novidade faz um levantamento das árvores, além de mostrar como chegar aos locais e informar sobre a floração e os serviços públicos disponíveis nas proximidades. O app Ipês é gratuito e está disponível para Android e IOS.

Correio Braziliense quarta, 08 de setembro de 2021

DIA DE REFRESCAR: O FERIADO FORA DA ESPLANADA

Jornal Impresso

O feriado fora da Esplanada

 

» EDIS HENRIQUE PERES

Publicação: 08/09/2021 04:00

 

 (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  

 (Bárbara Cabral/Esp.CB/D.A Press)  

Jéssica e Jeferson aproveitaram o dia com um piquenique no Deck Sul (Edis Henrique Peres/CB/D.A Press)  
Jéssica e Jeferson aproveitaram o dia com um piquenique no Deck Sul

A família de Valney passeou no Lago Sul para fugir do calor de casa (Bárbara Cabral/Esp.CB/D.A Press)  
A família de Valney passeou no Lago Sul para fugir do calor de casa

 


A junção de um feriado com a temperatura de 34°C registrada na capital federal ontem fez muitos brasilienses deixarem o calor de casa para aproveitar pontos turísticos ao ar livre. Devido ao clima seco, típico desta época do ano, o roteiro de muita gente incluiu atividades no Eixão — fechado para veículos durante o dia —, no Parque da Cidade e, claro, nos decks à beira do Lago Paranoá.

A tentativa de fugir do calor foi um dos motivos que levou o casal Jéssica Marinho da Silva, 29 anos, e Jeferson Rosário Moura, 31, a fazer um piquenique sentados à sombra, no Parque Deck Sul. “Até pensamos em ir ao Parque da Cidade, mas ficamos com medo, devido às manifestações”, contou a terapeuta ocupacional. Moradores de Samambaia, eles levaram bebidas geladas e salgados para aproveitar o dia. “Viemos curtir um pouco, porque trabalhamos ontem (segunda) e, amanhã (hoje), trabalharemos de novo. Queríamos sair”, completou o desenvolvedor de sistemas.

Valney Marques, 42, trabalha como motorista e mora em Ceilândia. Ele tirou o dia de folga para passear com a família. Acompanhado dos dois filhos e da esposa, a programação teve passeio perto da Ponte das Garças e almoço em um shopping da região, tudo para fugir do calor de casa. “Aqui (no Deck Sul) também está quente, mas, de vez em quando, bate um vento mais fresco”, descreveu Valney.

Na região, enquanto diversos pais e mães aproveitavam as temperaturas mais brandas perto da água, crianças e adolescentes andavam de skate, jogavam bola, pedalavam e brincavam de pique-pega. O movimento, porém, não foi intenso. “Geralmente, neste horário (perto das 13h), tem muito mais pessoas reunidas. Está calmo por causa da Esplanada”, opinou Maria Oscarina, 45, dona de um negócio de cachorro-quente. Ela trabalha no Deck Sul diariamente, das 10h às 20h, inclusive em fins de semana e feriados.

Do outro lado da cidade, no Deck Norte, o autônomo Weslley Angra, 29, também aproveitou o feriado à beira-lago. “É um lugar bacana para nos refrescarmos, principalmente nos últimos dias, em que está muito quente. Esse é o lazer mais em conta que encontramos para frequentar. Se pudéssemos, ficaríamos mais tempo”, disse o morador de Ceilândia.



Previsão da semana
As altas temperaturas e a baixa umidade relativa do ar no Distrito Federal incentivam a busca por locais protegidos do sol e a manutenção da hidratação. A previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) para hoje é de recuo dos registros nos termômetros em 2°C, na comparação com ontem. A máxima deve alcançar 32°C, e a mínima, 17°C. A umidade relativa do ar, por outro lado, mantém-se entre 15% e 70%. Vale lembrar que, quando a taxa fica abaixo de 30%, considera-se estado de atenção. Ao longo desta semana, a mínima pode ficar em 17%, com máxima de 70%. Diminuições consideráveis da temperatura estão previstas apenas para sábado, segundo meteorologistas.



Correio Braziliense segunda, 06 de setembro de 2021

VOLEI SUL-AMERICANO: BRASIL CONQUISTA 33º TÍTULO
Jornal Impresso
VOLEI SUL-AMERICANO
 
Brasil conquista o 33º título
 
 (crédito: William Lucas/Inovafoto/CBV)

 

Publicação: 06/09/2021 04:00


O Brasil conquistou ontem, no Ginásio Nilson Nelson, em Brasília, o título do Campeonato Sul-Americano de vôlei masculino ao derrotar a Argentina por 3 sets a 1, parciais de 25 x 17, 24 x 26, 25 x 18 e 25 x 18. Foi o 33º título do país do torneio. A Seleção só ficou sem a taça em 1964, quando não participou da competição.
 
O troco da derrota na disputa da medalha de bronze em Tóquio-2020 garantiu a presença da trupe de Renan Dal Zotto no Mundial do ano que vem. O levantador Bruninho comemorou mais uma conquista no currículo. “Sabemos da responsabilidade que é vestir a camisa da Seleção e nos dedicamos muito para isso buscando vencer sempre que é possível. Foi uma conquista muito importante para dar moral aos mais jovens como o Vaccari e o Adriano, que foram muito bem. Começamos um novo ciclo com o pé direito”, comentou.
 
O treinador Renan fez uma análise da primeira conquista do novo ciclo e parabenizou o grupo pela atuação na partida decisiva deste domingo. “Jogos contra a Argentina são sempre difíceis. Fiquei feliz com o voleibol que apresentamos e pela chance para novos jogadores”, comentou. 
 
 

Correio Braziliense domingo, 05 de setembro de 2021

BRASÍLIA, DIVERSÃO E GRAÇA
Jornal Impresso
 
Brasília, diversão de graça
 
O fim de semana, com 13% de umidade, a mais baixa do ano, foi um convite para os brasilienses buscarem opções gratuitas de diversão. O Lago Paranoá figurou entre os destinos mais procurados. Mas, alguns fizeram piquenique no gramado do CCBB, brincaram no Parque da Cidade ou aproveitaram para visitar o Museu de Arte de Brasília ou o Museu da República. Enquanto isso, os bombeiros apagaram incêndios no Parque Nacional, no Lago Sul, no Recanto das Emas e na Asa Norte.

 

Michel Medeiros
especial para o Correio

Publicação: 05/09/2021 04:00

A família de Crislayne Nicácio (de vermelho) aproveitou a tarde de Sol para fazer um piquenique no gramado do CCBB  
A família de Crislayne Nicácio (de vermelho) aproveitou a tarde de Sol para fazer um piquenique no gramado do CCBB

 
As temperaturas elevadas e o fim de semana prolongado são um convite tentador para quem gosta de se divertir ao ar livre e relaxar. Considerada uma cidade parque, Brasília está repleta de boas opções para quem não vai viajar e não pretende gastar muito. Mas, nem por isso, está disposto a desperdiçar os dias de Sol em casa. Tudo em segurança e com atenção redobrada para as medidas de distanciamento e de prevenção contra a covid-19.
 
Um dos principais cartões-postais da cidade, o Lago Paranoá é um dos destinos mais procurados pelo brasiliense nos dias de Sol. E, se você pensa que a atração está restrita aos donos de lanchas — que garantem a Brasília a quarta maior frota náutica do país — ou aos sócios dos clubes que margeiam o espelho d’água, está enganado.
 
O lago é um espaço repleto de atrativos para a população. A orla da Ponte JK, a Prainha, o Parque da Asa Delta, a Ermida Dom Bosco e a Prainha do Lago Norte são algumas das opções para se divertir e se refrescar.

Moradores de Samambaia, os consultores de vendas Victor Martins, 24, e Cirstine Meirelles, 31, aproveitaram o sábado ensolarado para visitar a Prainha do Lago Norte. Ao lado dos filhos Arthur Moraes, 8, e Dom Diego, 3, a família se refrescou nas águas do Paranoá. “Não dá para ficar o tempo inteiro dentro de casa. As crianças precisam sair um pouco. Precisamos de um tempo para dar atenção à família”, afirma Victor.
 
Segundo Cristine, o local foi escolhido por se tratar de um espaço aberto e gratuito. “Está tudo muito caro, a começar pelo preço do combustível. Por isso, optamos por um lugar onde pudéssemos nos divertir sem ter que gastar. É muito caro se divertir em Brasília e, com a pandemia, as crianças ficaram trancadas dentro de casa. Aqui é um lugar bom, tranquilo e confortável, por isso viemos para cá”, assegura.
 
O espelho d’água é fiscalizado pela Capitania Fluvial de Brasília (CFB), que adverte sob a necessidade do uso consciente do espaço. Entre as regras, estão a proibição da circulação de lanchas a menos de 200 metros das margens, do consumo de bebidas alcoólicas nas embarcações e a atenção redobrada dos banhistas no sentido de evitar afogamentos.
 
A céu aberto
Entre os destinos mais procurados pelo brasiliense, estão o Parque da Cidade e a Torre de TV. O fácil acesso, tanto para os usuários de transporte público, quanto para os motoristas, é um dos atrativos dos espaços. Com 420 hectares, o Parque da Cidade Dona Sarah Kubitschek oferece pistas para caminhada, ciclovias e equipamentos.
 
Na Torre de TV, além de conferir, do alto, os traços de Lúcio Costa — urbanista que projetou Brasília —, os visitantes podem conhecer o trabalho de artesãos locais e um pouco da gastronomia de diversas regiões do Brasil, na tradicional feirinha da Torre.
 
Outra opção que caiu no gosto de quem vive na capital do país, é o Eixão do Lazer. Desde 1991, todos os domingos, as movimentadas pistas do Eixo Rodoviário dão espaço aos ciclistas e aos pedestres. Com 13 quilômetros de extensão e considerada uma das principais vias da cidade, das 6h às 18h, é fechada para os carros e se transforma em um gigantesco calçadão. Lugar de encontros e, em tempos normais, de corridas, eventos gastronômicos e palco de celebrações.
 
Piquenique
A paixão do brasiliense pelo céu da capital é declarada em poemas e canções. No período da seca, a vegetação dourada, em contraste com o horizonte azul, proporcionam um espetáculo que encanta quem mora ou visita a cidade. Para os admiradores, os fins de tarde são ideais para contemplar o pôr do Sol. Um dos lugares mais procurados é a Praça do Cruzeiro, no Eixo Monumental.
 
Com cadeiras de praia, toalhas e cestas de lanches, famílias e grupos de amigos reúnem-se para se despedir do astro-rei, que se esconde tingindo o céu num degradê de rosa, laranja e vermelho. Os piqueniques são uma marca registrada de Brasília, conforme destaca o advogado Celso Resende, 39 anos. O aracajuano, que vive no DF desde 2019, gosta de correr no calçadão entre o Memorial JK e a Catedral Militar Rainha da Paz.
 
De acordo com o advogado, chama atenção o gosto do brasiliense por piqueniques. “Nem em Aracaju, onde nasci, ou São Paulo, cidade na qual vivi por 13 anos, havia o hábito tão comum de realizar piqueniques. É algo típico de Brasília”, destaca. “Pratico atividades físicas diariamente e, desde o início da pandemia, procurei lugares abertos e mais isolados para me exercitar. Neste período, observei o grande número de famílias reunidas nos parques e gramados, seja para um simples lanche, ou em pequenas comemorações. Um programa gratuito e seguro”, avalia.
 
Arte
Para quem não quer ficar em casa e aproveitar os espaços culturais, na área central, estão localizados o Museu da República e o Centro Cultural dos Três Poderes, que concentra o Museu da Cidade, o Espaço Lúcio Costa e o Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, localizados na Praça dos Três Poderes.
 
A estudante de Farmácia Crislayne Nicácio, 20, escolheu o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) para aproveitar o dia. Acompanhada pela tia Marli Nicácio, 44, a prima Maria Júlia, 11, e a amiga Lindsey Silva, 19, saiu do Gama para visitar o espaço e fazer um piquenique.
 
“Elas (Marli e Maria Júlia) moravam em São Paulo e, hoje, as trouxe para conhecerem o CCBB. A Lindsey já veio comigo uma outra vez, e eu sempre venho. Eu gosto muito da programação do local e acho uma boa opção para aproveitar em segurança, principalmente por causa da pandemia”, explica Crislayne.
 
O Museu de Arte de Brasília (MAB) foi o destino do estudante de Arquitetura, Jefferson Rocha, 22, e do designer de interiores, Helder Nobre, 24. Na avaliação dos jovens, Brasília tem diversas possibilidades de lazer gratuito. “Há muitas opções culturais e sem custo, o que não se observa com facilidade em todas as cidades. É só procurar um pouquinho que as pessoas encontram uma grande variedade de atrações”, afirma Helder.


Confira o que vai funcionar durante o feriado de Independência


SAÚDE
 
» As emergências e os prontos-socorros dos hospitais funcionarão normalmente. Devido às manifestações na Esplanada, os postos de vacinação contra a covid-19 que ficam na área central de Brasília não funcionarão no 7 de Setembro. A medida, no entanto, não afeta as outras regiões. A partir das 18h, haverá vacinação na Praça dos Cristais, no Setor Militar Urbano.
 
HEMOCENTRO
 
» Atendimento normal amanhã, das 7h15 às 18h, com agendamento prévio. Terça-feira: fechado.
 
TRANSPORTE PÚBLICO
 
» Metrô: funciona das 7h às 19h na 
terça-feira. Amanhã, o horário 
será normal, das 5h30 às 23:30.
» Ônibus: tabela horária de domingo no 7 de Setembro. Na véspera do feriado, todos os coletivos estarão em operação normal, de dia útil.
 
SEGURANÇA
 
» A Polícia Civil informou que todas as delegacias funcionarão em regime de plantão no 7 de Setembro. A Polícia Militar informou que os batalhões seguem com policiamento diário, sem alteração, mesmo no feriado.
 
DEFESA CIVIL 
 
» Esquema de plantão no feriado de 7 de Setembro. Os acionamentos devem ser feitos pelo telefone 199 ou, em caso de emergência, pelo 193.
 
COMÉRCIO
 
» Funciona normalmente.
 
 
BANCOS 
 
» A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informa que não haverá atendimento nas agências bancárias no feriado da Independência do Brasil. Amanhã, os bancos abrem nas localidades que não tiverem feriados municipais. Contas de consumo (água, energia, telefone) e carnês com vencimento em 7 de setembro poderão ser pagos, sem acréscimo, no próximo dia útil.
 
INSS 
 
» Funcionamento normal amanhã. No feriado, não haverá atendimento. 
 
Detran-DF
 
» Ponto facultativo, amanhã, para os serviços administrativos e atendimento ao público, mas as equipes de Fiscalização, Engenharia e Educação de Trânsito trabalharão em regime de escala de plantão amanhã e na terça-feira.
 
DER
 
» Não haverá atendimento ao público no Setor de Multas e Protocolo nos dias 6 e 7. No 7 de 
Setembro, o fluxo dos carros no Eixão será interrompido para lazer dos pedestres, entre 6h e 18h. 
 
» As operações de reversão na Estrada Parque Ceilândia (DF-095 / Via Estrutural) e na BR-070 serão suspensas no feriado.
 
DF LEGAL
 
» Não haverá atendimento ao público, apenas plantão de fiscalizações de protocolos da covid-19 e de combate a invasões de terras públicas.
 
CORREIOS
 
» Funciona normalmente amanhã. Já no feriado não haverá atividade nas agências de atendimento 
e unidades de tratamento e distribuição. Em relação aos serviços, as postagens após o horário 
limite na segunda-feira terão, para efeito de contagem de prazo de entrega, a quarta-feira como dia de postagem. O serviço Sedex Hoje permanece suspenso, em razão da pandemia.
 
CEASA
 
» Funciona normalmente amanhã. Fecha no feriado. 
 
CEB-IPES
 
» Atendimento pela Central 155 e aplicativo Ilumina DF. Os serviços continuarão normalmente.
 
CAESB
 
» Não haverá expediente amanhã e terça-feira, mas as equipes de manutenção seguirão trabalhando 
em regime de plantão. 

NEOENERGIA
 
» As equipes de emergência e o teleatendimento da Neoenergia Brasília funcionam normalmente. Em casos de falta de energia, a Neoenergia pode ser acionada pelo WhatsApp, por meio do número (61) 3465-9318. Caso precise falar com o teleatendimento da companhia, ligue 116.
 
RESTAURANTE COMUNITÁRIO
 
» As 14 unidades dos Restaurantes Comunitários funcionam normalmente amanhã, 
das 11h às 14h. A refeição custa R$ 1. É importante lembrar que os restaurantes do Paranoá, Samambaia e Brazlândia servem o café da manhã, das 7h às 8h30, ao custo de R$ 0,50.
 
CRAS E CREAS E CENTROS POPS
 
» As unidades dos CRAS e CREAS do DF abrem normalmente amanhã, e fecham no feriado. Os centros pops abrem normalmente amanhã e terça-feira, das 7h às 18h. 
 
LAZER
 
» A Secretaria de Esporte e Lazer informou que o Eixão do Lazer estará aberto no feriado e o Parque da Cidade funcionará normalmente. 
 
JARDIM BOTÂNICO
 
» O Jardim Botânico de Brasília abre suas portas para visitação pública de terça-feira a domingo, inclusive feriados, das 9h às 17h, com entrada permitida até as 16h40. Entrada gratuita para pedestres e ciclistas entre 7h30 e 8h50.
 
ZOOLÓGICO
 
» A Fundação Jardim Zoológico de Brasília (FJZB) informou que a unidade funcionará normalmente no feriado de 7 de setembro. Já os projetos Zoo Noturno e Zoo Experiência não acontecem nos finais de semana e feriados. O horário de funcionamento da FJZB é de terça a domingo e feriados, 
das 9h às 17h, com entrada permitida até as 16h e lotação máxima de 2.500 visitantes.
 
PARQUES
 
» O Instituto Brasília Ambiental informou que os parques funcionarão normalmente amanhã e terça-feira.


Correio Braziliense sexta, 03 de setembro de 2021

ELAS DESAFIAM O TALIBÃ

Jornal Impresso

 

Elas desafiam o Talibã
 
Entre 60 e 80 mulheres saem às ruas de Herat, a terceira maior cidade, e protestam por direitos na presença dos insurgentes. Manifestação não tem precedentes no país comandado pela facção. Ativistas afegãs celebram a – Ccoragem – das compatriotas

 

» RODRIGO CRAVEIRO

Publicação: 03/09/2021 04:00

Miliciano talibã observa ato sem precedentes das afegãs, em Herat, por educação e trabalho: %u201CNão temam, não temam, estamos unidas!%u201D (AFP)  
Miliciano talibã observa ato sem precedentes das afegãs, em Herat, por educação e trabalho: %u201CNão temam, não temam, estamos unidas!%u201D
 
Vestidas com burcas e hijabs (véu islâmico), elas não se amedrontaram quando ficaram frente a frente com talibãs. Nas mãos, cartazes com um grito de resistência — um gesto impensável no Afeganistão sob o primeiro regime da milícia fundamentalista, entre 1996 e 2001. “Pelo direito das mulheres de estudarem e de trabalharem em todas as áreas. Nenhum governo pode ser estável sem o apoio das mulheres”, estampava uma faixa escrita em azul e vermelho. Em um cartaz branco, estava escrito à mão: “Não temam, não temam, estamos unidas!”. Aconteceu, ontem, em Herat, a terceira maior cidade do país, a cerca de 810km a oeste de Cabul. Enquanto marchavam pelas ruas, elas repetiam, em uníssono: “Todas vocês devem lutar contra o Talibã. (…) É nosso dever ter educação, trabalho e segurança!”.
 
“Estamos aqui para reivindicar nossos direitos”, explicou à agência France-Presse Fareshta Taheri, uma das manifestantes, entrevistada pela agência France-Presse, por telefone. “Mulheres e meninas temem que o Talibã não permita que elas frequentem a escola e trabalhem”, acrescentou. Situada perto da fronteira com o Irã, Herat é considerada uma cidade bastante liberal, pelo menos dentro dos padrões do Afeganistão. Fareshta admitiu à AFP que está disposta a usar a burca, caso os talibãs exijam esse código de vestimenta. No entanto, ressaltou o desejo das mulheres de irem à escola e ao trabalho e lembrou que a maioria das moradoras de Herat decidiu ficar em casa, com medo e incerteza.
 
Moradora de Cabul, a especialista em gestão educacional Fatima Safari, 24 anos, acredita que a única coisa que as mulheres afegãs podem fazer, no momento, é se manifestarem. “Não podemos esquecer que as participantes do protesto em Herat correm risco. Ainda assim, eu as encorajo a levantarem suas vozes. Todo o mundo está observando a nossa reação ao Talibã. É hora de erguermos nossa voz”, reforçou ao Correio. Segundo ela, a reação dos insurgentes, quando confrontados por jornalistas ou pelas câmeras, costuma ser maquiada. “Não podemos acreditar que o Talibã perdoa as mulheres que trabalharam ou que protestaram. Ainda testemunhamos o assassinato de afegãs inocentes”, disse.
 
Fatima cita a execução de uma garota, na província de Ghazni. “Ela foi morta pelos talibãs. Ela estava com o seu mahrram (pai, irmão ou tio) e vestia o hijab (véu islâmico). Depois que o talibã a matou a bordo do regsha (tipo de motocicleta), não permitiu que outras pessoas tocassem o corpo dela”, lembra. Por sua vez, a economista Sediqa Hassani, 23, aposta que o ato em Herat pressionará a milícia fundamentalista a incluir as mulheres no governo. “O protesto atrairá a atenção da comunidade internacional para o fato de que os direitos das mulheres estão em perigo sob o regime talibã.
 
A afegã Patoni Isaaqzai, ativista dos direitos das mulheres, deixou Cabul há duas semanas e, hoje, está em Hamburgo (Alemanha). Ela disse ao Correio que os protestos em Herat “podem ser o início de mais manifestações e de uma rebelião feminina contra o Talibã”. “Vejo essa manobra como muito positiva. O Talibã está desorganizado e busca reconhecimento internacional neste momento. Por isso, esta é a melhor hora para as mulheres agirem”, avaliou. “As afegãs estão em perigo e tentam se mobilizar contra essa vulnerabilidade. Ainda que algumas pessoas pensem que o Talibã mudou, incidentes recentes nos mostram exatamente o oposto. Eles fecharam escolas para garotas e universidades”, exemplificou.
 
O Talibã deu indícios de que não deve inserir as mulheres no “governo inclusivo” que prometeu, o qual deverá ser anunciado hoje. Questionado sobre o futuro governo, Sher Mohammad Abbas Stanekzai, vice-chefe do gabinete político da milícia, disse à emissora britânica BBC que “pode não haver” mulheres ministras ou cargos de responsabilidade, e que as afegãs ocupariam somente cargos em escalões inferiores.
 
O jornalista, poeta e escritor Sayed Ali Mosawi Chakawak, morador de Cabul, defendeu a manifestação em Herat. “Elas são nossas mulheres. Nossas esposas, irmãs e filhas. O povo do Afeganistão está com elas, e nós as apoiaremos”, prometeu.
 
Embaixada
 
No fim da noite de ontem, o Talibã anunciou que a China manterá a embaixada em Cabul e intensificará a ajuda ao Afeganistão. O Catar confirmou que negocia com os talibãs a reativação do Aeroporto Internacional Hamid Karzai “o mais rápido possível”, anunciou o ministro das Relações Exteriores, Mohamed bin Abdelrahman al-Thani. O Catar confirmou que trabalha para retomar as operações no local.
 
Um manifesto pela presença feminina
O documento é assinado por “um grupo de mulheres”. Uma das manifestantes de Herat, Maryam Ebram, divulgou um manifesto em prol dos “direitos básicos” das afegãs. “Nas últimas semanas, não ouvimos falar sobre as presença de mulheres de cor nos escritórios governamentais e privados, universidades escolas e áreas sociais. A presença das mulheres na sociedade foi acompanhada de condições e desavenças”, afirma o texto, que enumera a importância do direito ao trabalho, à liberdade, à presença nas áreas públicas e nas atividades sociais e à segurança. “As mulheres deveriam ter uma presença colorida nos campos político, social e de liderança. (…) Somos metade da sociedade do Afeganistão, e a nossa presença em áreas públicas — como a econômica, cultural e social — é essencial”, acrescenta o comunicado.
 
 » Vozes da resistência
 
“Todas as conquistas das mulheres afegãs desde 2001 estão mortas. O protesto em Herat mostra que os talibãs não se importam com demandas e com os direitos das mulheres.”
Fatima Safari, 24 anos, especialista em gestão educacional, 
moradora de Cabul
 
“Essas mulheres são realmente corajosas, pois arriscam suas vidas para falarem por nós. O Talibã não respeita os direitos das mulheres e acredita que elas não devem aparecer em público. O Talibã é terrorista.”
Sediqa Hassani, 23 anos, economista, moradora de Cabul

Correio Braziliense quinta, 02 de setembro de 2021

MORANGO: GOSTINHO INCONFUNDÍVEL - FESTA DO MORANGO COMEÇA NESTA SEXTA-FEIRA

Jornal Impresso

Gostinho inconfundível
 
Festa do Morango começa nesta sexta-feira e, entre as atrações, terá cursos culinários, além da possibilidade de colher o consumir a fruta na própria fazenda

 

» EDIS HENRIQUE PERES

Publicação: 02/09/2021 04:00

Noilde Maria: 
 
Noilde Maria: "Meu foco é conseguir produzir minhas próprias mudas, principalmente porque o preço delas está muito caro"
 
A tradicional Festa do Morango está de volta. Em 2020, devido à covid-19, o evento aconteceu no modelo remoto. Mas este ano, com algumas modificações na programação, como a retirada dos shows, o uso obrigatório de máscara e controle do número de visitantes na Morangolândia, a organização do evento garante uma edição segura e presencial.
 
Somente na região do Distrito Federal, de acordo com dados da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF), existem 226 produtores e cerca de 150 hectares de área produzida. Por ano, o mercado movimenta aproximadamente R$ 50 milhões. Ao todo, 90% da produção é para o consumo local.
 
Uma das agricultoras que aguarda ansiosa pelo começo da festa é Noilde Maria de Jesus, 52 anos. Há uma década trabalhando com o plantio da fruta, ela conta que, no começo, enfrentou dificuldades. “Eu era separada e mãe de nove filhos. Algumas pessoas não acreditavam no que eu poderia fazer”, conta.
 
Noilde não desistiu. “Antes de começar a produzir meus morangos, trabalhava com outros chacareiros, porque não tinha condições de mexer na minha própria terra. Mas quando consegui uma oportunidade, fui atrás e não desisti do que queria. Hoje, inclusive, ajudo outras mulheres, porque a gente vê, muitas vezes, o próprio marido duvidando da capacidade da esposa”, relata. Atualmente, quatro filhos da Noilde ajudam nas tarefas da chácara. “Meu foco, agora, é conseguir produzir minhas próprias mudas, principalmente porque o preço delas está muito caro”, destaca.
 
O presidente da Associação Rural e Cultural Alexandre Gusmão (Arcag), Shoji Saiki, um dos responsáveis pelo evento, explica que a festa “é realizada no auge da produção, ou 
seja, ajuda a escoar o produto, para que não haja perdas do material. Foi um desafio organizar a festa esse ano, devido à incerteza, por causa da pandemia. Mas, mesmo com o público reduzido, esperamos receber entre cinco e oito mil visitantes por dia”, afirma.
 
Legado
 
Adriana Nascimento, gerente de desenvolvimento Agropecuário da Emater-DF, explica que a grande procura dos consumidores é pela fruta in natura. “Geleias e morangos congelados costumam ser destinados para um público específico de lanchonetes e restaurantes, por exemplo. E, para ajudar os produtores, a gente atua desde o plantio até a colheita. Fornecemos o trabalho do agrônomo, auxiliamos no processo de produção, disponibilizamos nutricionista e economista domésticas e auxílio na pós-colheita e comercialização. Ou seja, em toda a cadeia estamos presentes”, frisa.
 
O produtor Francisco Santos de Sousa, 54, planta morango há 13 anos. Hoje, Francisco tem a marca Família S Morango. O produtor participa da feira há quatro edições e garante que o morango foi uma alternativa para melhorar a renda. Como forma de driblar as dificuldades, Francisco fechou parcerias com mercados brasilienses. “Vendemos para alguns estabelecimentos há uns cinco anos, isso ajuda muito”, relata.
 
Na família de Vanilda Clebia de Oliveira, 54, o morango também é uma tradição. “Eu trabalho com a fruta há mais de 10 anos, mas meu pai começou muito antes. Muita gente da família se dedica a produção”, diz. “Estou animada com a edição deste ano, nunca vi a Morangolândia tão bonita. Ela está um encanto, todos estão muito bem empenhados”, acrescenta.
 
Atrações
 
Além da feira, o evento terá um concurso de morangos, em 10 de setembro. A comissão julgadora receberá as variedades da fruta em caixas fechadas e sem identificação visível do produtor. O jurado avaliará itens como coloração e firmeza. O resultado será divulgado no mesmo dia e a premiação entregue em um evento de confraternização no fim do ano.
 
Além disso, terá concurso culinário com sete grupos inscritos, no total de 14 pessoas. Os pratos serão feitos na cozinha da Universidade Católica de Brasília (UCB), de Taguatinga. A disputa começa hoje e terá a final neste domingo. Esta será a 16ª edição do Concurso de Receitas com Morango. Desde a primeira disputa, foram apresentados diversos pratos como mousses, pudins, tortas, pavês, bolos e até pratos salgados.
 
O evento também terá o Colha e Pague. O visitante que se inscrever, irá até uma propriedade para colher morangos que podem ser consumidos na hora ou levados para casa. A atração estará disponível nos dias 5 e 11. As inscrições serão antecipadas no link da Emater, que será divulgado hoje. Os grupos serão formados com aproximadamente 10 pessoas.
 
Benefícios
 
A nutricionista Jaqueline Venâncio lista os benefícios do morango para a saúde. “É uma fruta rica em vitamina C, tem bastante água, muita fibra e pouca fonte de carboidrato. Para as dietas low carb (pouco carboidrato), que estão muito famosas por agora, o morango é uma boa alternativa. Além disso, ele ajuda no funcionamento do intestino e na pele, ajudando, inclusive, a impedir aquelas rugas mais finas”, explica.
 
Jaqueline destaca ainda que “a parte vermelhinha da fruta é rica em antioxidante, o que impede os radicais livres e previne de rugas a alguns tipos de câncer. Esses radicais ajudam, inclusive, na imunidade”. A nutricionista esclarece que o período de colheita é o melhor momento para comprar e consumir a fruta. “Como estamos na época do morango, ele terá menos agrotóxico e será mais rico em benefícios, pois não é necessário forçar a produção da planta. De qualquer forma, é necessário sempre lavar a fruta, deixando ela de molho em uma colherzinha de chá de água sanitária e um litro de água filtrada”, frisa.


Selo de qualidade
 
Um dos atuais desafios da Emater para a produção de morangos do DF é entregar o selo de Boas Práticas Agrícolas (BPA). Para isso, a região precisa apresentar determinadas características que sejam duradouras e repetidas por todos os produtores, ou seja, todos os morangos com a mesma qualidade. A partir daí há a geração de um selo, para que atinjam o nível de qualidade e recebam o selo de indicação geográfica, para que o morango seja conhecido como o morango 
de Brazlândia. Em 2022, o objetivo é entregar o selo aos primeiros produtores.


Programe-se
 
25ª Festa do Morango de Brasília
 
» Abertura: 3 de setembro, às 19h.
Dias 4, 5, 6 e 7, e 10, 11 e 12, das 9h às 22h
 
» Local: Associação Rural Cultural Alexandre de Gusmão (Arcag), Incra 6, BR 080, 
Km 13, em Brazlândia

Correio Braziliense quarta, 01 de setembro de 2021

DESEMPREGO TEM NOVA QUEDA NO DF

Jornal Impresso

 

Desemprego tem nova queda no DF
 
Pelo terceiro mês consecutivo, o índice caiu. A expectativa, de acordo com a Codeplan, é de cenário positivo até o fim do ano, com o crescimento no comércio, devido às vendas do Dia das Crianças e do Natal, além do avanço da imunização

 

» EDIS HENRIQUE PERES
» JÚLIA ELEUTÉRIO

Publicação: 01/09/2021 04:00

Wellyson Feijão, morador de Samambaia Norte:  
Wellyson Feijão, morador de Samambaia Norte: "Passei seis meses sem conseguir nada e, há duas semanas, voltei a trabalhar"
 
Desde a crise sanitária causada pelo novo coronavírus, em 2020, o aumento do desemprego é uma preocupação constante para os trabalhadores. No Distrito Federal, contudo, a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED-DF), realizada pela Companhia de Planejamento do DF (Codeplan), aponta, pelo terceiro mês consecutivo, queda nos índices de pessoas sem vagas no mercado de trabalho. A capital do país recuou de 19,6% da taxa total, em abril, para 18,2% em julho.
 
Após seis meses desempregado, Wellyson Feijão, 20 anos, atendente e morador de Samambaia Norte, foi um dos que conseguiram voltar ao trabalho. “Quando a pandemia começou, a empresa precisou fazer alguns cortes, e eu também fui incluídos nesse pacote”, relata.
 
Wellyson conta que depois de muito esforço conseguiu um novo emprego. “Mas chegou a segunda onda e sofri com uma nova demissão na empresa em que trabalhava. Passei seis meses sem conseguir nada e, há duas semanas, voltei a trabalhar”, destaca.
 
Os dados da PED-DF apontam para um crescimento na atuação de jovens entre 14 e 26 anos — a taxa caiu de 43,1% para 41,9%, se comparado a junho. A queda do desemprego também é acentuada entre jovens de 25 a 39 anos (de 18,7% para 15,6%) e para o público entre 40 a 49 anos (de 11,7% para 9,9%). O maior crescimento, se analisado por setor, é dos empregados domésticos, que teve uma variação anual de 27,1%.
 
No entanto, o economista e membro do Conselho Regional de Economia, Newton Marques, frisa que é necessário um crescimento em todo o país. “Ainda não existe um estímulo tão relevante, a ponto de a gente poder captar essas estatísticas. No setor de comércio, por exemplo, há esse impacto (negativo) e uma queda muito grande de emprego. Setorialmente, é muito difícil um único local se destacar. O DF, ao menos, é blindado pelo setor público, mas precisamos de um cenário geral positivo, para uma retomada acentuada do emprego”, avalia.
 
Newton afirma que o ambiente interno também influencia no cenário do DF. “Estamos vivenciando uma renúncia (fiscal) muito grande do governo do DF em relação à arrecadação, como os descontos nos impostos, por exemplo. Mas perceberemos um impacto grande se a economia, como um todo, retomar o crescimento. O fenômeno do desemprego não se resolve localmente, ele é macroeconômico e o DF vai acompanhar o resto do país”, pontua.
 
Infomalidade
 
A pesquisa também revela uma queda na contratação com carteira assinada. No setor privado a contratação com CLT recuou -1,4%, enquanto sem carteira houve um crescimento de 22%. Além disso, no mercado de trabalho, há um desencontro nas filas de quem busca por uma oportunidade e quem contrata. Em muitos casos, falta mão de obra qualificada para o cargo. Uma das frentes do governo para mudar essa realidade é o Renova-DF, lançado em 31 de maio deste ano.
 
A primeira turma, com mil pessoas, recebe o diploma em 10 de setembro, após três meses de aulas teóricas e práticas ministradas por profissionais do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em cursos de carpinteiro, jardinagem, eletricista, encanador, serralheiro e pedreiro.
 
“Até o fim de dezembro, vamos selecionar mais 2,5 mil pessoas, sendo mil delas em setembro. Além disso, estamos em tratativas com o Sinduscon, a Asbraco e a Ademi para encontrar empresas parceiras que oferecem vagas para as pessoas capacitadas pelo programa”, explica o secretário de Governo, José Humberto Pires.
 
O programa, de acordo com o chefe da Secretaria de Trabalho, Thales Mendes Ferreira, proporciona uma diminuição constante da taxa de desempregados. “De forma geral, todos os dias ofertamos mais de 200 vagas de emprego, e a tendência é aumentar. Percebemos que, durante a pandemia, houve uma readaptação no mercado em geral, como home office, sistemas de entrega delivery, inclusão de novas tecnologias, como novos aplicativos de vendas, e isso estabilizou a empregabilidade”, informa Thales Mendes.
 
O secretário avalia que, com o avanço da vacinação, o mercado tende a crescer e voltar ao patamar de antes da crise sanitária. Para isso, o caminho é a qualificação profissional. “Estamos encerrando a primeira turma do programa de qualificação profissional Renova-DF e vamos iniciar os cursos para mais mil alunos. Estamos preparando o retorno da Fábrica Social, que é um grande programa de formação profissional. Além disso estamos nos últimos ajustes para contratação de mais cursos de qualificação em diversas áreas”, detalha.
 
Desburocratizar
 
Outro caminho para gerar postos de trabalho, segundo Matheus Silva de Paiva, coordenador do curso de economia da Universidade Católica de Brasília, é a desburocratização. “Novos empresários enfrentam desafios para conseguir adentrar no mercado. E vai além do custo que isso traz com papelada, mas na demora de posicionamento do governo. Com isso, muitas boas ideias morrem no Brasil, porque as pessoas não conseguem vencer essa primeira etapa”, explica.
 
Matheus afirma que a suspensão de várias atividades no DF, devido à covid-19, trouxe diversos impactos. “Os efeitos na economia não são imediatos, algumas empresas os enfrentam depois de um tempo. E muitos ainda estão lidando com os danos de terem vivido um lockdown. Junta isso ao que enfrentamos de falta de possibilidade para abrir um negócio, inovar com um projeto, temos esse cenário de muitas pessoas que querem e precisam trabalhar, mas não conseguem. O caminho é facilitar esse processo”, avalia.


Qualificação
 
O Renova-DF é um programa de qualificação profissional para pessoas com 18 anos ou mais, moradores do DF (nato, naturalizado ou estrangeiro em situação regular no país) e que estejam desempregadas. Uma parceria entre as secretarias de Trabalho, Governo e Transporte e Mobilidade; as companhias Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), de Saneamento Ambiental do DF (Caesb) e Energética de Brasília (CEB); o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) e Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF).
 

Três 
perguntas para

Jusçanio Umbelino de Souza, 
gerente de pesquisa socioeconômica da Codeplan
 
Por que ocorreu a diminuição 
do número de desempregados?
Ela aconteceu devido ao acréscimo do nível de ocupação. Além disso, cresceu o emprego na administração pública, de 154 mil para 175 mil, assim como a atuação no setor de serviços, que passou de 952 para 972 mil ocupados. Dois setores ainda afetados são o de construção e de comércio, com queda de 3,1% e 2,7%, respectivamente.  Aumentando a ocupação no setor público, aumentará o contingente de ocupados autônomos e empregados domésticos. Essa dinâmica possibilita uma recuperação do mercado de trabalho, mesmo que ela ocorra de forma gradual
 
Quais as projeções para o fim do ano?
Consideramos uma tendência que o índice de desemprego continue caindo. Em outubro, por exemplo, temos o Dia das Crianças e a movimentação do comércio é alta. Logo depois a indústria começa a se preparar para o fim do ano, que também traz um cenário positivo. Caso não ocorra nenhuma surpresa, as perspectivas são de queda no desemprego.
 
Quais medidas podem favorecer esse cenário?
O avanço da imunização projeta uma expectativa positiva. A segurança atrai os investidores e na medida que a gente alcançar um índice maior de vacinação da segunda dose e imunização plena da população, abriremos perspectivas para um avanço maior dos investimentos e contratações no mercado de trabalho.

Correio Braziliense terça, 31 de agosto de 2021

PARALIMPÍADA: BRASIL, COM YELTISIN JACQUES, ATINGE MARCA CENTENÁRIA DE OUROS

Jornal Impresso

Brasil atinge marca centenária de ouros
 
Batizado de Yeltsin pelo pai em homenagem ao ex-presidente russo, atleta vira protagonista da 100ª medalha dourada do país na história dos Jogos

 

Publicação: 31/08/2021 04:00

Protagonista de dois ouros, Yeltsin Jacques pode ganhar outro na maratona (Helano Stuckert/rededoesporte.gov.br)  
Protagonista de dois ouros, Yeltsin Jacques pode ganhar outro na maratona


Yeltsin Jacques é o protagonista da centésima medalha de ouro do Brasil na história dos Jogos Paralímpicos. Na noite de ontem, no Brasil, início da manhã de hoje no Japão, o atleta cruzou a linha de chegada em primeiro nos 1.5000m masculino T11 (para cegos) com recorde mundial: 3min57s60. É a segunda medalha dele no evento. Antes, havia sido o melhor nos 5.000m T11. Ele ainda disputará a maratona. 
 
O atleta falou sobre possibilidade da centésima medalha do Brasil. “O Bira (guia) me falou isso, e me deu motivação, ele me falou: “Ó, a gente tem chance de fazer história mais uma vez, centésimo ouro do Brasil na história. Eu falei: “É por duas coisas. Primeiro, para subir o Brasil no quadro de medalhas; e segundo, é para construir essa história”, contou Yeltsin ao SporTV.
 
Nascido em Campo Grande (MS), o brasileiro tem 5% de visão como resultado de uma condição retiniana congênita. Ele liderava a prova até ser ultrapassado pelo japonês Karaswaya a 400m da linha de chegada, mas conseguiu reagir e retomou a dianteira.
 
O nome de Yeltsin Jacques é uma homenagem ao ex-presidente da Rússia, Boris Yeltsin. “Meu pai era militar na época, era terceiro sargento do exército, e ele fala que o Bóris Yeltsin foi um pacifista. Eu nasci em 1991, época do fim da União Soviética e da guerra fria”, explicou.
 
Formado em educação física pela Universidade Estácio de Sá, Yeltsin nasceu em 1991. Iniciou no atletismo aos 16 anos na capital de Mato Grosso do Sul. Em 2013, estreou em competições pelo Brasil no Campeonato Mundial de Lyon, na França. Três anos depois, contraiu caxumba e sofreu uma lesão que o impediu de treinar durante quatro meses. Ele retornou às competições nos Jogos Paralímpicos de 2016, no Rio.
 
Talento no atletismo, Yeltsin tentou outro esporte antes do atletismo. Praticou judô, mas desistiu. “Comecei a correr com um amigo que era cego e gostava de correr como preparação para o judô. Apaixonei, larguei o judô e comecei o para-atletismo”, disse.
 
Fã do maratonista medalhista de bronze em Atenas-2004 Vanderlei Cordeiro de Lima, Yeltsin era cotado ao pódio em Tóquio. Confirmou as apostas nos 1.500m, nos 5.000m e pode se tornar o nome do Brasil nos Jogos se vencer, também, a maratona. 

Correio Braziliense segunda, 30 de agosto de 2021

PARALIMPÍADA: MULHERES LIDERAM DIA DOURADO

Jornal Impresso

Mulheres lideram dia dourado
 
Com direito a duas medalhas inéditas em Jogos Paralímpicos, força feminina embala conquista de quatro ouros para o Brasil. Pódios vieram na natação – duas vezes – , halterofilismo e judô

 

Publicação: 30/08/2021 04:00

 

A paulista Alana Maldonado venceu a georgiana Ina Kaldan com um wazari e protagonizou a primeira conquista paralímpica na modalidade (Kazuhiro Nogi/AFP
)  
A paulista Alana Maldonado venceu a georgiana Ina Kaldan com um wazari e protagonizou a primeira conquista paralímpica na modalidade

 

As mulheres embalaram as principais conquistas do Brasil, ontem, nos Jogos Paralímpicos de Tóquio-2020. Turbinado por um grande desempenho das atletas, o país conquistou mais quatro medalhas douradas: Mariana D’Andrea, no halterofilismo, Carol Santiago, nos 50m livre da natação (S13) e Alana Maldonado, no judô (categoria até 70kg) subiram ao ponto mais alto do pódio. O dia nas águas japonesas também reservou a segunda medalha de Gabriel Geraldo. Com os triunfos do quinto dia de competições, o país ficou mais perto do 100º ouro na histórica paralímpica. A soma está em 97.


A medalha de Mariana foi a primeira de ouro no halterofilismo. E o peso da conquista foi condizente ao levantado por ela durante a disputa. Ao erguer 137kg, a paulista de 23 anos superou a chinesa Lili Xu — prata com 134kg — e a francesa Souhad Ghazouani — bronze com 132kg. “Esperava muito por este momento. Não tem gratidão maior do que ganhar esta medalha após cinco anos de treinamento. Agradeço a todos pela torcida e pela oração. Quero deixar registrado aqui que, se você tem sonho, corra atrás dos seus objetivos e os conquiste”, vibrou a atleta brasileira, líder do ranking mundial na sua categoria.


A natação segue sendo um dos vetores de conquista do Brasil. Na classe S13 — voltada para atletas com deficiência visual —, a pernambucana Carol Santiago conquistou o ouro e superou o próprio recorde paralímpico ao terminar a prova em 26s82. A marca anterior da brasileira, que também detém o recorde mundial (26s72) era de 26s87. “É incrível estar aqui nesta competição tão importante. Eu me senti bem desde o primeiro dia no Japão. Quando terminei a prova, soube que tinha ganhado por ouvir o pessoal gritando o meu nome. Agradeço a todos pela torcida e pelos brasileiros que têm chorado e dado risadas com a gente”, disse a nadadora, que tinha um bronze nos 100m costas.


O domínio feminino do Brasil teve, até mesmo, uma disputa familiar nas águas de Tóquio com as gêmeas Débora e Beatriz Carneiro competindo na final dos 100m peito SB14. Bia ficou com a medalha de bronze, com o tempo de 1min17s61, apenas dois centésimos à frente da sua irmã, quarta colocada. “Estou feliz demais. Me senti super bem tendo a minha ‘rival’, que a gente ama muito. Nadamos super bem uma do lado da outra. Meu pai deve estar infartando em casa (risos). Senti um pouco a volta, mas graças a Deus deu tudo certo”, comemorou Beatriz.


O judô também teve, pela primeira vez, uma brasileira no lugar mais alto do pódio paralímpico. A paulista Alana Maldonado venceu a georgiana Ina Kaldan na final da categoria até 70kg com um wazari. “Agradeço a toda a minha família e à comissão técnica, que estiveram sempre do meu lado neste ciclo tão difícil. Sou outra atleta em relação aos Jogos do Rio-2016. No Brasil, estava do lado dos meus amigos e da minha família. Agora, fui campeã na terra do judô. Obrigado a todos que torceram. Esta medalha não é só minha. É de todos”, disse a atleta, que também venceu o Mundial da modalidade, de forma inédita, em 2018. Na mesma disputa, Meg Emmerich ficou com o bronze ao derrotar Altantsetseg Nyamaa, da Mongólia, por ippon.


Correio Braziliense domingo, 29 de agosto de 2021

skate: RAYSSA LEAL TEM VITÓRIA HISTÓRICA NOS ESTADOS UNIDOS

Jornal Impresso

Rayssa Leal tem vitória histórica em Mundial nos EUA

 

Publicação: 29/08/2021 04:00

 

Atleta ficou com o título após maior nota já alcançada por uma mulher (SLS/Divulgação)  
Atleta ficou com o título após maior nota já alcançada por uma mulher

 

Rayssa Leal venceu a etapa de Salt Lake City, em Utah, nos Estados Unidos, do Mundial de skate street, ontem. Com uma nota 8.5 — a maior alcançada por uma mulher na história da competição — na última manobra, a brasileira superou a japonesa Funa Nakayama e a holandesa Roos Zwetsloot e ficou com a primeira posição.


Com apenas 13 anos, Rayssa vem da conquista da medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Tóquio e teve grande apoio da torcida brasileira no local de competição. O torneio em Salt Lake City foi o primeiro da skatista. É a segunda vez que ela vence uma etapa da SLS. Outra brasileira na final, Pâmela Rosa terminou na quarta posição, somando 16.4.
A brasileira obteve um total de 21 pontos na disputa, três décimos a mais que Funa Nakayama, medalhista de bronze em Tóquio. A holandesa Roos Zwetsloot, que ficou na quinta posição na capital japonesa, conquistou a pontuação de 19.6 e chegou a sonhar com a segunda colocação.


Antes da manobra final, Rayssa estava na terceira colocação da disputa. Foi então que ela decidiu arriscar e apostou em um movimento de altíssima dificuldade, quando fez o skate dar giros antes de deslizar no corrimão. Foi a primeira vez que uma mulher concluiu a técnica, costumeiramente usada por homens, na competição.


“Obrigada por tudo, amo todos vocês. Bora, Brasil”, gritou a brasileira após a conquista em Salt Lake City. Havia várias bandeiras brasileiras espalhadas pelo local de competição e a torcida apoiou fortemente as compatriotas durante a disputa.



Correio Braziliense sexta, 27 de agosto de 2021


Correio Braziliense quinta, 26 de agosto de 2021

COPA DO BRASIL: FLAMENGO DÁ UM BAILE TÁTICO

Jornal Impresso

Baile tático
 
No duelo de ida das quartas, Flamengo joga com um a menos durante todo o segundo tempo, mas, em 45 minutos perfeitos, cresce na adversidade, marca quatro no Grêmio e encaminha vaga para as semifinais

 

DANILO QUEIROZ

Publicação: 26/08/2021 04:00

Rubro-negro carioca fez segundo tempo próximo da perfeição e deu grande passo rumo à classificação às semis (Alexandre Vidal/Flamengo)  
Rubro-negro carioca fez segundo tempo próximo da perfeição e deu grande passo rumo à classificação às semis


O Flamengo encontrou forças na adversidade para abrir uma vantagem enorme sobre o Grêmio nas quartas de final da Copa do Brasil. A caminhada da goleada carioca sobre os gaúchos, ontem, por 4 x 0, na Arena, é explicada por um rubro-negro de duas posturas. Quando tinha 11 em campo, o time de Renato Gaúcho não fez muito diante de um tricolor insistente, mas sem mira. Com um a menos por 45 minutos, o Fla se multiplicou em campo, desandou a marcar e, reorganizado, fechou o cerco para a equipe de Luis Felipe Scolari. O suficiente para voltar ao Rio de Janeiro com um pé e meio nas semifinais.

A vitória de almanaque no Rio Grande do Sul dá ao Flamengo o direito de perder por até três gols de diferença para estar em sua sétima semifinal  em busca da quarta taça. Algo pouco provável diante do retrospecto recente do rubro-negro. Para o Grêmio, só resta sonhar com uma remontada histórica. A vaga no tempo normal vem apenas com uma vitória por cinco de diferença. Se o tricolor devolver o placar, a definição será nos pênaltis. A partida de volta está marcada para 15 de setembro, às 21h30, no Maracanã.

A chuva em Porto Alegre, aliada à falta de pontaria dos dois times, deu um ritmo sem emoção ao jogo. Levemente melhor, o Grêmio finalizou o dobro de vezes em relação ao Flamengo, mas não provocou nenhuma defesa de Diego Alves. Os lances capitais do primeiro tempo surgiram em outros vieses. Cada um time foi obrigado a fazer uma substituição por lesão: Douglas Costa desfalcou os gaúchos e Bruno Henrique os cariocas. Na reta final, o rubro-negro ficou com um a menos após Isla receber o segundo amarelo e, consequentemente, ser expulso.

Com a desvantagem em campo, Renato voltou com mudanças. O reposicionamento surtiu efeito e o Fla se transformou. Aos três, Michael exigiu boa defesa de Chapecó. Com sete, Bruno Viana aproveitou falha do Grêmio em escanteio para marcar. No minuto seguinte, Alisson respondeu com chute no travessão. O tricolor tentou uma blitz, aos 20, mas Borja parou em Diego Alves. Em contra-ataque com Everton Ribeiro não mataram. Mas, a partir dos 40 minutos, o rubro-negro desandou a fazer gols.

Primeiro, Michael recebeu na área e bateu com força para ampliar a vantagem. Com os gaúchos batidos, o Fla agrediu mais. Vitinho fez cruzamento perfeito e Rodinei ampliou de peixinho. No fim, o Grêmio se perdeu ainda mais ao ver Vanderson ser expulso. Ainda teve tempo para Vitinho, em pênalti marcado pelo árbitro de vídeo, fazer o quarto e garantir o dilatado placar.

Correio Braziliense quarta, 25 de agosto de 2021

PARALIMPÍADA: ABERTURA COBRA INCLUSÃO

Jornal Impresso

 

Abertura cobra inclusão

 

Publicação: 25/08/2021 04:00

Embora tenha 260 atletas nos Jogos, o Brasil só mandou dois à cerimônia (Charly Triballeau/AFP)  
Embora tenha 260 atletas nos Jogos, o Brasil só mandou dois à cerimônia


A cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos de Tóquio-2020 foi enxuta, mas emocionante. Sob o lema de "nós temos asas", os organizadores realizaram, ontem, uma festa menor e mais rápida se comparada com a da Olimpíada e destacou como todas as pessoas têm as mesmas capacidades e podem alcançar grandes feitos. A pira paralímpica foi acesa por três atletas japoneses: Yui Kamiji (tênis sobre cadeira de rodas), Shunsuke Uchida (bocha) e Karin Morisaki (halterofilismo).
 
No desfile, as peças de entretenimento demoraram menos para serem concluídas, embora também tenham sido um espetáculo. O Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês) apostou na exibição de vídeos para apresentar os esportes e reforçar a campanha de #WeThe15 (Nós, os 15), que destaca que 15% da população mundial tem algum tipo de deficiência e vive a vida normalmente, com um ou outro percalço.
 
O primeiro ato teve exibição de um vídeo com alguns dos esportes, seguido pela apresentação de dançarinos com todos os tipos de deficiência e fogos de artifício. Na sequência, houve a entrada do imperador japonês Naruhito e do presidente do IPC, o brasileiro Andrew Parsons.
 
A bandeira do Japão foi conduzida por cinco atletas paralímpicos e um bombeiro, como forma de homenagear a categoria. A deficiente visual Hirari Sato cantou o hino japonês. Na sequência, houve uma apresentação de Karakuri, um teatro de marionetes, com a participação dos dançarinos, logo antes da entrada dos três "agitos", que formam o símbolo paralímpico.
 
O desfile das delegações também foi reduzido. A Nova Zelândia, por exemplo, não permitiu que nenhum de seus atletas fosse, e a bandeira foi carregada por voluntários. O Brasil teve quatro pessoas: os porta-bandeiras Petrúcio Ferreira, do atletismo, e Evelyn Oliveira, da bocha, Alberto Martins, diretor técnico do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), e Ana Carolina Alves (técnica da classe BC4 da bocha e staff de Evelyn).
 
Dois momentos emocionantes foram a entrada da bandeira do Afeganistão, apesar de nenhum atleta do país que se classificou ter conseguido viajar a Tóquio, e a participação de cães-guia junto com a delegação de Israel. 
 
Após o término do desfile, projeções representaram as bandeiras de todos os povos e, em seguida, a Terra. Depois, veio a apresentação da "pequena monoasa", protagonizada pela cadeirante Yui Wago, de 13 anos, junto com atores que possuem outras formas de deficiência. Na segunda parte da peça, apresentada após os protocolos de discursos, hasteamentos das bandeiras e juramentos, um show de música, dança e luzes animaram a “monoasa", demonstrando que ela passou a aceitar quem era e a acreditar que podia conseguir os sonhos até, por fim, "voar".
 
O percurso final da tocha paralímpica foi representando uma passagem de bastão entre gerações: três atletas idosos japoneses passaram as tochas para profissionais da saúde, que carregaram até os atletas que acenderam a pira.


162 
Países participam dos Jogos Paralímpicos, dois a menos do que o recorde em Londres-2012
 

Correio Braziliense terça, 24 de agosto de 2021

CIA. DE COMÉDIA G7: 20 ANOS DE COMÉDIA

Jornal Impresso

20 anos de comédia
 
 
Em conversa com o Diversão e Arte, integrantes da Cia. de Comédia G7 contam trajetórias, conquistas e como superaram a pandemia

 

» Prisley Zuse*

Publicação: 24/08/2021 04:00

 Cena de Ainda moro com mamãe (MarketingG7/Divulgação)  
Cena de Ainda moro com mamãe
 
A agosto tem marcado a trajetória da Cia. de Comédia G7. A primeira apresentação do grupo foi justamente em agosto de 2001. Formado por três brasilienses, Frederico Braga, Rodolfo Cordón e Felipe Gracindo, este ano o grupo completa 20 anos de apresentações e comédia nos palcos de todo o Brasil.
 
A história parece de banda de rock: Rodolfo e Frederico eram colegas de escola no Maristão, quando, num curso de teatro, decidiram criar uma peça em homenagem aos 500 anos do Brasil chamada A terra dos papagaios. “Eu conhecia o Felipe desde pequeno, mas, na época, ele estava nos Estados Unidos. Fomos atrás de outros atores e conhecemos o Benetti Mendes, e nós fundamos o grupo. Nosso primeiro espetáculo foi Baseado em fatos reais”, lembra Rodolfo Cordón.
 
“Ter um grupo de teatro é igual a um casamento, conviver e ter uma relação íntima e manter a chama acesa do prazer é difícil (risos), mas conseguimos nos manter ao longo dos 20 anos. O grande desafio foi continuar criando espetáculos. Em nenhum momento paramos de criar”, destaca Rodolfo.
 
Durante a trajetória, o grupo conquistou e superou muitas barreiras, mas Rodolfo conta que eles tinham um grande sonho de ir ao programa do Jô Soares e esse desejo se concretizou. “Nós fomos três vezes no programa dele, foi muito emocionante para todos nós”. Além disso, expandir os espetáculos para outras cidades também era uma meta do grupo e também ganhar prêmios teatrais. “Durante um ano, nós lotamos teatros no Rio de Janeiro e em São Paulo. Em 2004, ganhamos o prêmio nacional Criação Teatral Volkswagen, que é o maior concurso de teatro realizado no Brasil. Mas a principal conquista é continuar juntos na ativa e criando peças até hoje”, completa.
 
Rodolfo comenta que os próximos meses da companhia serão de muito agito. “Esperamos estrear ainda este ano, em outubro, uma peça nova que criamos ao longo da pandemia, chamada A intimidade é uma merda, que vai ser muito legal”, adianta. Ao tentar definir os 20 anos de história do G7 em uma frase, Rodolfo dá o conselho: “Siga em frente, sem nunca desistir, com pensamento crítico e criatividade, é possível fazer sorrir”.
 
O público mudou
 
Em virtude da pandemia da covid-19, teatros, cinemas e shows foram suspensos em todo o mundo. Porém, em vez de esperar, o grupo se reinventou e entrou para o mundo digital, promovendo lives em suas redes sociais e em participações em eventos corporativos para levar humor e alívio mental para o público. “Nossos anos de experiência nos ajudaram a conseguir reverter a situação, somos muito organizados. Não usamos a pandemia como desculpa para parar de trabalhar”, comenta Felipe Gracindo, criador e fundador do grupo.
 
Outra novidade para os integrantes foi a participação em drive-in, onde o teatro foi substituído por estádios e grandes estacionamentos, as pessoas, por carros e os aplausos, por buzinas. “Acho que fomos o grupo que mais fez apresentações em drive-in pelo Brasil, chegamos a ir até São Paulo. Em Brasília, fizemos temporadas em alguns drive-ins da cidade. Não é a mesma coisa, mas poder estar perto do público novamente e levar alegria em um momento tão difícil foi muito bom”, contou Felipe.
 
“Criamos até um programa de humor semanal, o Terça cana, que está disponível na internet. Além disso, fizemos um espetáculo especial para a pandemia chamado Alívio emergencial, que foi um sucesso e levou mais de mil carros ao drive-in com toda segurança. Estamos com esperança que em breve vai melhorar, porque a arte é fundamental e necessária, as pessoas precisam de arte para sobreviver, sem arte, ninguém é feliz”, finaliza Rodolfo.
 
A volta aos palcos foi em abril deste ano, e com muitas expectativas e cuidados. Felipe explica que a Cia. alterou o local das apresentações para um espaço maior e até fechou parceria com uma empresa de limpeza. “Depois que o GDF publicou o decreto, esperamos mais um mês para voltar às apresentações, pois achamos que não era a hora para retornar e queríamos nos preparar para voltar da forma mais segura possível. Fechamos uma parceria com uma empresa de sanitização para o teatro ter uma limpeza adequada para receber o público, além de ter um protocolo de entrada e saída do local, parecido com de avião.”
 
Música
 
Para comemorar os 20 anos de história, a companhia brasiliense vai apresentar o espetáculo 20 anos em 20 músicas! A história do G7 cantada. O show de humor vai contar um pouco da história do G7, com comentários dos atores sobre os diversos momentos da carreira intercalados com 20 músicas autorais do grupo, que foram criadas ao longo dos anos para as peças, CD’s e prêmios televisivos, como o Rap das piadas sem graça, que foi composto para o Prêmio Multishow de Humor 2016.
 
“Além de fazer comédia, nós sempre nos destacamos por ter músicas autorais nos nossos espetáculos. Desde a peça Como passar em um concurso público, que nós compomos o Samba da aprovação, começamos a incluir a música nos espetáculos. O Felipe aprendeu a tocar cavaquinho, eu aprendi a tocar pandeiro e Fred tocando tantan e assim a gente tocava ao vivo no final da peça e era um grande sucesso”, conta Rodolfo.
Músicas presentes nos espetáculos Parabéns, você vai ser papai, Ainda moro com mamãe, Cidade avião, Manual de sobrevivência ao casamento, Como passar em concurso público, entre outros sucessos da companhia, vão fazer parte do show.
 
Além dos integrantes do G7, o show vai contar com a participação de uma banda, com direção musical do maestro Paulo Santos. Esse tipo de espetáculo será feito pela primeira vez na capital federal. O show vai ocorrer exclusivamente em 28 e 29 de agosto, às 19h, no Teatro La Salle (906 Sul). Os ingressos estão à venda no site da companhia e custam a partir de R$ 50.
 
*Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira

Correio Braziliense segunda, 23 de agosto de 2021

PARALIMPÍADA: BRASIL VAI À LUTA - CONHEÇA OS BRASILIENSES NA DISPUTA

Jornal Impresso

 

JOGOS PARALíMPICOS
 
Brasília vai à luta
 
Conheça os brasilienses que disputarão as Paralimpíadas de Tóquio-2020. Delegação do Brasil contará com 260 atletas no evento na capital japonesa, que será disputado de amanhã até 5 de setembro

 

Maíra Nunes

Publicação: 23/08/2021 04:00

Quem estava com saudade das madrugadas repletas de atrativos esportivos pode preparar o despertador, porque os Jogos Paralímpicos de Tóquio-2020 estão próximos. A Cerimônia de Abertura do evento está marcada para amanhã, a partir das 8h (horário de Brasília), no Estádio Nacional do Japão.
 
Brasília será representada por 10 dos 260 atletas da delegação brasileira que disputarão os Jogos Paralímpicos de Tóquio, que se estenderão até 5 de setembro. O número total de participantes do país inclui desportistas que atuam como guias, calheiros, goleiros e timoneiro.
 
Para bem informar a torcida, o Correio listou os competidores do Distrito Federal que entrarão em ação na capital japonesa. Veja a seguir.

 (Marco Antonio Teixeira - CPB/MPIX - 26/4/18)  
Wendell Belarmino - natação
 
É uma das maiores promessas brasilienses de medalha nos Jogos Paralímpicos de Tóquio-2020, edição que marca a estreia dele no evento, aos 23 anos. Nas duas primeiras grandes competições que disputou, Wendell conquistou seis medalhas (quatro de ouro e duas de prata) nos Jogos Parapan-Americanos Lima 2019. Depois, foi campeão mundial nos 50m livre e ganhou outras duas medalhas de prata nos 100m livre e no revezamento 4x100m livre 49 pontos no Mundial de Londres 2019. O nadador treina na Instituição Pro Brasil, no Centro de Excelência da Universidade de Brasília (UnB), e compete na classe S11 por causa de um glaucoma congênito. Ele passou por 10 transplantes de córneas, mas segue com uma perda de visão gradativa.
» Nascimento: 20/5/1998, Brasília (DF)
» Classe: S11
» Instagram: @wendell_belarmino
 
 (Ale Cabral/CPB - 29/08/19)  
Leomon Moreno - goalball
 
Bicampeão nos Jogos Parapan-Americanos (Lima-2019 e Toronto-2015) e bicampeão mundial (Malmö-2018 e Finlândia-2014), o brasiliense que foi considerado o melhor jogador de goalball do mundo busca um ouro paralímpico inédito em Tóquio-2020. Leomon tem no currículo as medalhas de bronze, nos Jogos Paralímpicos Rio-2016, e de prata, Londres-2012. O jogador do Santos Futebol Clube perdeu a visão quando ainda era bebê, por conta de uma retinose pigmentar, e conheceu a modalidade por meio dos irmãos, que praticavam o esporte e têm a mesma doença.
» Nascimento: 21/8/1993, Brasília (DF)
» Classe: B1
» Posição: ala
» Instagram: @leomonmorenoficial
 
 (Ale Cabral/CPB)  
Katia Silva - goalball
 
Mineira de Unaí, Katia adotou Brasília como cidade em 2015. Foi na capital federal que conheceu o goalball e, em janeiro de 2016, passou em uma peneira da Uniace para se dedicar exclusivamente ao esporte. Como nem tudo são flores, no fim de 2019, chegou a pensar em desistir da carreira como jogadora, mas foi surpreendida com a primeira convocação para a Seleção Brasileira. A atleta do Centro Olímpico e Paralímpico de São Sebastião fará a estreia em Paralimpíadas.
» Nascimento: 24/4/1995, Unaí (MG)
» Classe: B1
» Posição: ala
» Instagram: @katiasilva_aparecida
 
 (Reprodução/Instagram)  
Jéssica Gomes - goalball
 
Também treina no Centro Olímpico e Paralímpico de São Sebastião e coleciona alguns títulos na carreira. É bicampeã dos Jogos Parapan-Americanos (Lima-2019 e Toronto-2015); medalhista de bronze no Mundial de Malmö-2018; e prata no Campeonato das Américas-2017, em São Paulo. A brasiliense nasceu com baixa visão por causa de uma catarata congênita hereditária. Aos 16 anos, viu uma apresentação da modalidade na escola e começou a praticar o esporte.
» Nascimento: 22/7/1993, Brasília (DF)
» Classe: B3
» Posição: ala
» Instagram: @jessica_g_vitorino
 
 (Ale Cabral/CPB)  
Ana Gabrielly - goalball
 
Nasceu em Brasília com baixa visão devido ao albinismo. No Rio de Janeiro, conheceu o goalball, na aula de educação física do Instituto Benjamin Constant. Tornou-se jogadora de alto rendimento em 2014 e, dois anos depois, recebeu a primeira convocação para a Seleção Brasileira. Ana Gabrielly é campeã Parapan-Americana. Foi medalhista de bronze no Mundial da modalidade, em Malmö-2018. Atualmente, defende o time do Serviço Social da Indústria (Sesi/SP).
» Nascimento: 15/8/1990, Brasília (DF)
» Classe: B3
» Posição: pivô
» Instagram: @anagabrielybrito
 
 (Ronaldo de Oliveira/CB/D.A Press - 10/7/11 )  
Sérgio Fróes de Oliva - hipismo
 
Atleta do Brasília Country Club, Sérgio disputa a quarta Paralimpíada em busca da terceira medalha na competição. Na Rio-2016, subiu ao pódio duas vezes para receber a medalha de bronze nas provas do individual e do estilo livre. Em 2019, ganhou um ouro e um bronze no Hartpury Festival of Dressage, na Inglaterra, e outros três bronzes no Torneio de Maio, em Mannheim, na Alemanha. Resultados que apontam uma trajetória vitoriosa, que começou com o ouro nos Jogos Parapan-Americanos de Mar del Plata-2003. Sérgio teve paralisia cerebral por falta de oxigenação na incubadora e começou a praticar hipismo aos sete anos, como forma de terapia. Ainda experimentou outros esportes, até voltar, aos 13, depois que perdeu os movimentos do braço direito devido a um acidente com a vidraça de uma portaria.
» Nascimento: 17/8/1982, Brasília (DF)
» Classe: III
» Instagram: @cavaleirosergiooliva
 
 (Edy Amaro/Esp. CB/D.A Press - 26/7/16)  
Jady Malavazzi - ciclismo
 
Natural de Jandaia do Sul, no Paraná, a ciclista integra o Time Para Capital, de Brasília, e treina nas vias do Lago Norte. Foi medalhista de bronze nas provas de contrarrelógio e de estrada do Mundial de Ciclismo de Estrada de Maniago-2018, na Itália. Também tem no currículo uma medalha de prata na prova de estrada nos Jogos Parapan-Americanos de Guadalajara-2011, no mesmo ano em que migrou do basquete em cadeira de rodas para o ciclismo. 
Jady perdeu o movimento das pernas aos 13 anos, após um acidente de carro.
» Nascimento: 7/9/1994, Jandaia do Sul (PR)
» Classe: H3
» Instagram: @jadymalavazzi
 
 (Ale Cabral/CPB - 31/1/20)  
Ariosvaldo Fernandes (Parré) - atletismo
 
Natural de Campina Grande, na Paraíba, Parré, como é mais conhecido, disputa a quarta edição dos Jogos Paralímpicos da carreira. Aos 44 anos, chega com um currículo respeitável. Em Jogos Parapan-Americanos, são 10 medalhas, sendo seis ouros e quatro pratas. Na última edição, em Lima-2019, conquistou o ouro nos 100m e nos 400m e a prata no revezamento 4x100m. Em Mundiais, tem um bronze, no campeonato disputado em Lyon, na França, em 2013. Conheceu o atletismo aos 17 anos, quando morava em Planaltina. Mudou-se para a capital federal ainda criança para tratar da paralisia dos membros inferiores desenvolvida pela poliomelite, que contraiu aos 18 meses de idade. Foi apresentado ao esporte paralímpico pelo professor de educação física e praticou basquete em cadeira de rodas.
» Nascimento: 23/12/1976, Campina Grande (PB)
» Classe: T53
» Instagram: @parrebrazil
 
 (Daniel Zappe/Exemplus/CPB - 7/11/19)  
Rayane Soares - atletismo
 
Radicada em Brasília, Rayane nasceu em Caxias, no Maranhão, com baixa visão por conta de uma microftalmia bilateral congênita, devido à má-formação nos globos oculares. Ela entrou no esporte paralímpico em 2015 e estreará nos Jogos Paralímpicos em Tóquio-2020. A brasileira chega à capital japonesa com fortes chances de pódio, após o título de campeã nos 400m e medalhista de prata nos 200m, no Mundial de Dubai-2019. Ela também é prata nos 100m dos Jogos Parapan-Americanos de Lima-2019.
» Nascimento: 20/1/1997, Caxias (MA)
» Classe: T13
» Instagram: @rayane_soares_silva
 
 (Ale Cabral/CPB)  
Wendel Silva - guia de atletismo
 
Com experiência em competições, Wendel (E) foi indicado para acompanhar um atleta que estava sem guia no Parapan-Americano de Jovens, na Argentina, em 2013. Desde então, migrou para o cenário paralímpico. Atualmente, é guia de Daniel Mendes (D).
» Nascimento: 30/11/1991, Samambaia (DF)
» Classe: atleta guia
» Instagram: @wendel_smbsul

Correio Braziliense domingo, 22 de agosto de 2021

AFEGANISTÃO: VOZES SUFOCADAS

Jornal Impresso

 

AFEGANISTÃO
 
Vozes sufocadas
 
 
Uma semana após a volta do Talibã ao poder, o Correio ouviu quatro mulheres de Cabul. Elas falaram sobre as angústias e o horror de serem reprimidas pela milícia fundamentalista islâmica que dirigiu o país entre 1996 e 2001

 

RODRIGO CRAVEIRO

Publicação: 22/08/2021 04:00

Sediqa Hassani, 23 anos; Fatima Safari, 24; Rahela Jafari, 27; e Mariam Wardak, 37. Mulheres nascidas no Afeganistão, elas têm algo em comum: coragem. Recusam-se a utilizar uma mordaça. Se em seu país têm a voz sufocada pelo retorno do Talibã ao poder, em outras nações elas fazem questão de ecoar o grito de resistência. As três primeiras eram novas demais quando os insurgentes criaram o chamado Emirado Islâmico do Afeganistão e impuseram uma tirania religiosa no país. À época, Mariam vivia nos Estados Unidos. O Correio conversou com as quatro mulheres e publica os depoimentos, em primeira pessoa, sobre a angústia, a esperança e o desejo de não terem os direitos ceifados pela sharia, a lei islâmica implementada de forma estrita pelo Talibã.
 
Nas últimas semanas, desde o início do avanço dos insurgentes pelas 34 províncias do país, Sediqa pensou em se matar.  “Com o Talibã, retrocederemos várias décadas”, afirmou. Fatima mudou o comportamento radicalmente: deixou de escutar música alta, mesmo dentro de casa; quando sai à rua, cobre as mãos. Rahela duvida de uma mudança de comportamento do Talibã, ainda que o porta-voz Zabihullah Mujahid tenha prometido respeito aos direitos das mulheres, dentro dos parâmetros dos valores islâmicos. O futuro das afegãs, sob novo regime do Talibã, é uma incógnita. A grafiteira afegã Shamsia Hassani, que conta com 133 mil seguidores no Instagram, usou a arte para traduzir a opressão às mulheres, em desenhos que viralizaram na internet.
 
 
 (Fotos: Arquivo pessoal
)  
“Quando o Talibã avançava sobre as províncias, nós escutamos que forçaram garotas a se casarem com os mujahedine (combatentes islâmicos). Soubemos que estupraram algumas meninas. Nas reuniões de garotas, escutei uma frase em comum. Todas as garotas educadas querem cometer suicídio. ‘Se o Talibã me estuprar, é melhor eu morrer’, disseram. É devastador. Para ser honesta, pensei em suicídio. Com o Talibã, retrocederemos várias décadas.
 
Estou em choque desde a tomada de poder em Cabul. Aqui, todas as escolas e universidades estão fechadas. Em Herat (oeste), os talibãs disseram às universitárias para que voltassem para casa e avisaram que tomarão as decisões por elas. O Talibã tem um retrato diferente do islã. Para eles, as mulheres são apenas para o uso sexual, para cuidar dos filhos e para fazer o trabalho doméstico. Se o mundo reconhecer o Talibã como governo, será o início de um pesadelo para as mulheres. Tenho medo. Um amigo trabalha no Ministério do Ensino Superior. Na terça-feira, o Talibã foi até lá exigiu o fim dos cursos de cinema e de música.”
 
Sediqa Hassani, economista, 23 anos, formada pela Universidade de Cabul 
 
 
 
“Quando eu soube que Cabul estava sob controle do Talibã, fiquei muito preocupada com a educação das meninas, com o que construímos em duas décadas no Afeganistão. Pensei em toda a violência aplicada pelos talibãs contra as mulheres. Tenho certeza de que não serão muito bons para conosco. Queremos poder ir ao trabalho. Todas as afegãs estão sob risco absoluto. Espero que as mulheres possam ir ao mercado e à universidade. 
 
Todas as mulheres estão em perigo e pensam em como abandonar o Afeganistão. Minha mãe está sempre preocupada. Pede que eu não saia de casa com roupas curtas ou calça. Não posso escutar música alta. Não posso andar pelas ruas com as mãos à mostra. Antes de o Talibã chegar ao poder, as garotas iam com o namorado na cafeteria do bazar. Fazíamos festas, tomávamos chá. Agora, é impossível. Li sobre a guerra nos livros de história. É a primeira vez que a vivencio. Não se pode crer nas promessas do Talibã. Às vezes, penso que a guerra no Afeganistão é contra a mulher. Sinto falta da minha bandeira, do meu Afeganistão. Esperamos que possamos erguer a voz e colocar um fim no Talibã.”
 
Fatima Safari, especialista em gestão educacional, 24 anos, moradora de Cabul
 
 
 
“Eu não me lembro de nada do regime anterior do Talibã. Mas eu ouvi histórias trágicas e horríveis. As afegãs estão entre a esperança e o medo. Por um lado, acham que o Talibã mudou e que o grupo trabalha em prol dos direitos das mulheres, de acordo com a sharia (lei islâmica), como disseram. Por outro lado, temem os talibãs, pois pensam que eles terão o comportamento visto no regime anterior. Para mim e para outras mulheres, isso é inaceitável. Nenhuma afegã deseja voltar aos tempos sombrios. As mulheres querem melhorias. 
 
O comportamento das mulheres nas ruas começa a mudar. Nós temos que usar vestidos longos e cobrir todo o corpo. Não podemos ostentar nada ligado à moda. Acho prematuro julgarmos as atividades e o comportamento do Talibã. Eles dizem que mudaram e que darão espaço às mulheres, como o direito ao trabalho e à educação. No entanto, o Talibã tem que demonstrar isso na prática. Até não vermos nada na prática, não poderemos confiar nos talibãs.”
 
Rahela Jafari, 27 anos, membro da sociedade civil, moradora de Cabul
 
 
 
“Não sei o que será ser uma mulher sob o regime do Talibã. O que nós fomos e como eles nos trataram, nos anos 1990, foi algo muito evidente. De acordo com notícias que recebi sobre como as mulheres são tratadas pelo Talibã, elas são obrigadas a usar burca nas províncias e, nas cidades, têm sido cuidadosamente monitoradas. Há mulheres que protestaram contra o Talibã, na frente do palácio, e parece que o Talibã não as importunou. Mas isso é uma amostra de relatos de mulheres com quem tive acesso e de dados das redes sociais.
 
Assisti à entrevista na qual o Talibã falou sobre os direitos das mulheres dentro do prisma dos valores islâmicos. Fiz um apelo a todos os clérigos muçulmanos do Afeganistão a fornecerem detalhes sobre essa retórica. Essa forma genérica de discurso não pode ser interpretada pela metade nem pelo Talibã nem pela comunidade internacional. Meu papel é empoderar as afegãs a terem uma função na sociedade. Nós oferecemos suporte técnico em suas áreas, além de apoio emocional e psicológico ante os traumas que enfrentam. Estou nervosa sobre como a sharia será interpretada. A sharia fornece às muçulmanas lugar de destaque na sociedade. Mas a forma como se interpreta a sharia é o mais importante.”
 
Mariam Wardak, 37 anos, ativista social, fundadora da ONG HER Afghanistan, moradora de Cabul

Correio Braziliense sábado, 21 de agosto de 2021

PODER - GUERRA ABERTA ENTRE OS PODERES

Jornal Impresso

 

Guerra aberta entre os Poderes
 
Bolsonaro entrega ao Senado pedido de impeachment de Moraes. A investida é reação à decisão do ministro de autorizar busca e apreensão contra 10 apoiadores do governo, como o deputado Otoni de Paula e o cantor Sérgio Reis, por incitar atos antidemocráticos

 

» AUGUSTO FERNANDES
» LUANA PATRIOLINO

Publicação: 21/08/2021 04:00

 (Evaristo Sa/AFP - 17/11/20 )  


A ofensiva do presidente Jair Bolsonaro contra o ministro Alexandre Moraes foi repudiada pela Corte:  
A ofensiva do presidente Jair Bolsonaro contra o ministro Alexandre Moraes foi repudiada pela Corte: "O STF manifesta total confiança na independência e imparcialidade do ministro", diz, em nota

A semana, que começou com negociações para pacificar a relação entre Executivo e Judiciário, se encerra com novo round entre os dois Poderes. O presidente Jair Bolsonaro investiu novamente contra o Supremo Tribunal Federal (STF) ao apresentar ao Senado, ontem à noite, um pedido de impeachment contra Alexandre de Moraes, ministro da Corte.
 
A ofensiva do chefe do governo ocorreu horas depois de o magistrado ter autorizado busca e apreensão de documentos e aparelhos eletrônicos de 10 bolsonaristas que estariam envolvidos na organização de uma manifestação para o 7 de Setembro em que uma das principais reivindicações seria a destituição dos 11 ministros do Supremo.
 
Mesmo não estando em Brasília, Bolsonaro autorizou que um assessor do Palácio do Planalto fosse à Secretaria-Geral do Senado para entregar o documento. É a primeira vez na história da República que um presidente pede o afastamento de um ministro do STF (leia mais na página 3).
 
A reação do Supremo não tardou. Em nota, a Corte repudiou o ato de Bolsonaro “de oferecer denúncia contra um de seus integrantes por conta de decisões em inquérito chancelado pelo plenário da Corte”. “O Estado democrático de direito não tolera que um magistrado seja acusado por suas decisões, uma vez que devem ser questionadas nas vias recursais próprias, obedecido o devido processo legal”, destacou. “O STF, ao mesmo tempo em que manifesta total confiança na independência e imparcialidade do ministro Alexandre de Moraes, aguardará, de forma republicana, a deliberação do Senado Federal.”
 
Investigados
 
Entre os atingidos pela decisão de Moraes, estão o deputado Otoni de Paula (PSC-RJ), ex-vice-líder do governo na Câmara, e o cantor Sérgio Rei, que passarão a ser investigados pelo Supremo. O magistrado determinou à Polícia Federal o cumprimento dos mandados, após receber relatório da Procuradoria-Geral da República (PGR) revelando uma série de ameaças e ofensas contra os ministros do STF praticadas pelos organizadores do ato de 7 de setembro. A peça da PGR não foi assinada pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, mas, sim, pela subprocuradora-geral Lindôra Araújo (veja reportagem abaixo).
 
De acordo com o documento, a atuação dos alvos da operação “não trata de mera retórica política de militante partidário, mas, sim, de atos materiais em curso, que podem atentar contra a democracia e o regular funcionamento de suas instituições”.
 
“O objetivo do levante seria forçar o governo e o Exército a ‘tomar uma posição’ em uma mobilização em Brasília em prol do voto impresso, bem como a destituição dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Para tanto, pretendem dar um ‘ultimato’ no presidente do Senado Federal, invadir o prédio do Supremo Tribunal Federal, ‘quebrar tudo’ e retirar os magistrados dos respectivos cargos ‘na marra’”, escreveu Lindôra.
 
A subprocuradora-geral da República e Moraes suspeitam de que a mobilização dos envolvidos no caso indique a atividade de uma organização com objetivo criminoso. O grupo tinha até iniciado uma “vaquinha” para juntar os recursos necessários ao financiamento do ato no feriado da Independência. Por meio de uma chave Pix, os organizadores receberam diversas doações particulares.
 
“As condutas dos investigados, narradas pela Procuradoria-Geral da República, revelam-se ilícitas e gravíssimas, constituindo ameaça ilegal à segurança dos ministros do Supremo Tribunal Federal e aos membros do Congresso Nacional, revestindo-se de claro intuito de, por meio de violência e grave ameaça, coagir e impedir o exercício da judicatura e da atividade parlamentar, atentando contra a independência dos Poderes Judiciário e Legislativo, com flagrante afronta à manutenção do Estado democrático de direito”, enfatizou Moraes.
 
Reis e Otoni
 
Sérgio Reis ingressou na mobilização em 25 de julho, em reunião num hotel de São Paulo. Ao discursar no evento, o cantor disse que “enquanto o Senado não tomar essa posição (afastamento dos ministros do STF), (os manifestantes irão) ficar em Brasília e não (sairão) de lá até isso acontecer” (Leia mais na página 4).
 
No dia seguinte, Otoni de Paula manifestou apoio ao ato em uma rede social. “Dia 7 de setembro, temos que ir às ruas com pauta única — Art. 52 da CF (Constituição Federal). Temos de forçar o Senado Federal a abrir processo de impeachment contra Moraes e Barroso. Ou eles abrem o impeachment contra Moraes e Barroso, ou paramos o país por tempo indeterminado”, escreveu. De acordo com a PGR, a conduta do deputado não se insere na esfera abrangida pela imunidade parlamentar material constitucionalmente prevista.


As providências
  • Instauração de inquérito contra os 10 alvos
  • Busca e apreensão de documentos/bens de todos os envolvidos que se relacionem aos fatos e delitos sob apuração, bem como de celulares, computadores, tablets e quaisquer outros dispositivos eletrônicos, bem como a perícia dos aparelhos
  • Depoimento de todos à Polícia Federal
  • Manter distância do prédio do STF de pelo menos 1km, à exceção de Otoni de Paula
  • Bloqueio dos perfis nas redes sociais de cada um dos envolvidos
  • Bloqueio da chave Pix que era utilizada pelos bolsonaristas para juntar recursos para custear a manifestação
  • Proibição de que os alvos da operação mantenham algum tipo de contato ou usem as redes sociais. Eles também foram impedidos de participar de manifestações no DF

Correio Braziliense sexta, 20 de agosto de 2021

GASTRONOMIA: SALVATORE LOI, CHEF ITALIANO, DA SARDENHA, ESTÁ CHEGANDO

Jornal Impresso

Salvatore Loi está chegando
 
Nascido na Sardenha, premiado chef paulistano que foi do Grupo Fasano instala restaurante na 403 Sul com o seu nome. A inauguração será na segunda quinzena de outubro. Com 22 anos de experiência, o sardo vê o trabalho como um novo desafio

 

» Liana Sabo

Publicação: 20/08/2021 04:00

Salvatore fica de olho na construção do restaurante, nem que seja estampado no tapume (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
Salvatore fica de olho na construção do restaurante, nem que seja estampado no tapume

A família estava certa: “Por que não abre um restaurante em Brasília, Loi?”. Ele passou anos ouvindo isso. Vinha com muita frequência à capital do país para descansar e trazer a mulher, Tania, para visitar familiares e toda a vez ouvia a mesma coisa: “Por que não abre um restaurante em Brasília, Loi?”
Finalmente, Salvatore Loi, um dos mais renomados chefs atuando na cena gastronômica de São Paulo, se rendeu aos atrativos brasilienses e abrirá um estabelecimento no Bloco C, da 403 Sul, na segunda quinzena de outubro. Como é mais conhecido pelo sobrenome, o chef sardo inverteu o nome da casa, que se chamará Ristorante Loi Salvatore. “A ideia é desenvolver uma cozinha italiana com toque de modernidade, na qual os produtos de extrema qualidade serão sempre frescos e oferecidos em um cardápio enxuto, no máximo, de 30 pratos, da entrada à sobremesa”, adianta o chef.
 
Formado em hotelaria pela escola profissional da Sardenha, onde nasceu, há 59 anos, completados no dia 22 de julho último, Salvatore Loi trabalhou em vários hotéis e restaurantes da Europa até vir ao Brasil, onde esteve à frente do Grupo Fasano por 13 anos. Foi chefe-executivo de todas as operações, inclusive do Gero Brasília, inaugurado por ele em 2010 com soberbo menu no qual o destaque era uma espetacular costela de vitelo à milanesa com risoto de açafrão, que deixou saudades. “Cada casa que eu passei teve seu próprio cardápio”, esclarece o chef, desestimulando quem imaginar que vai comer o prato tal qual ficou na lembrança. A não ser os clássicos de sua terra natal.
 
Processo artesanal
São dois macarrões que o acompanham sempre: a fregola com lula, camarão e vieiras; e os culurgiones recheados de ricota, raspas de limão ao molho de tomate italiano San Marzano. Originalmente, o primeiro era feito em um tacho de barro, onde era desenvolvida a base do prato em água morna e farinha de sêmola. Para se obter as bolinhas de massa, que eram retiradas e levadas ao forno para secar desidratadas, passava-se a mão na borda do tacho esfregando, cujo verbo em italiano é sfregare, daí a origem da fregola. “Hoje, a massinha já é industrializada”, comenta o chef, que prepara uma base com sufrito de cebola, pimenta dedo-de-moça e alho para receber a fregola com caldo de legumes e vinho branco; e, por último, os frutos do mar. Sairá por R$ 80.
 
Espécie de ravióli, os culurgiones são feitos de massa branca, sem ovo, recheados de ricota, limão siciliano e uma pitada de açúcar e sal. Vão à mesa com molho de tomate italiano, que decora o prato além de uma folhinha de manjericão por R$ 54. Outra iguaria que tem a marca do chef é a paleta de cordeiro (uruguaio) assado no forno em baixa temperatura por mais de sete horas e coberto com molho demi-glace do próprio cordeiro. Escolta o prato (R$ 80), tagliolini, massa fresca longa preparada na manteiga e sálvia.
 
Loi sempre se destacou na criação de pratos autorias e inovadores, tendo recebido diversas premiações em São Paulo. Aqui, ele poderá ser visto trabalhando na cozinha de finalização separada do salão por um vidro. No menu, não faltarão carpaccio, na entrada, nem tiramissù, na sobremesa cremosa.
 
Os sócios
Em 22 anos de atuação no circuito gastronômico paulistano, o chef sardo não só acumulou vitórias, mas também “alguns tropeços”, como ele próprio define a sua passagem meteórica por dois restaurantes instalados na região dos Jardins. Ele confia que não terá problemas em Brasília, porque os sócios “somos do mesmo ramo e temos uma visão única sobre o trabalho”, afirmou Loi.
 
Quem tornou possível a parceria foi o empresário Raul Teixeira, nascido em Belo Horizonte (MG), sócio investidor do Paris 6 desde a sua fundação no Shopping ID, em 2017. Amigo há 15 anos do arquiteto Luiz Felipe Melo, Teixeira apresentou-o ao chef Loi, que fechou a sociedade com os dois. Melo também é autor do projeto do restaurante instalado na 403 Sul, entre uma farmácia e uma peixaria. “São três ambientes: salão térreo e mezanino com 70 lugares ao todo e uma varanda no jardim com mais 70 lugares”, informa o arquiteto, que teve a preocupação de equipar o restô com mobiliário de “madeira clara e alguma pedra, como mármore e granito, dando um tom leve, alegre e colorido”.
 
Salvatore Loi vai dividir a sua agenda entre Brasília e São Paulo, pelo menos 10 dias por mês estará, lá, tocando três operações: o restaurante MoMA Modern Mamma Osteria e o bar Moma Mia, ambos na rua Manoel Guedes 160, no Itaim; e outro MoMa, na rua Ferreira de Araújo 342, em Pinheiros. Todos em parceria com o chef Paulo Barros, de quem foi sócio no Girarrosto, depois que saíu do grupo Fasano.
 
 
Três perguntas para
 
Salvatore Loi, novo chef da cidade
 
Por que instalar a sua cozinha em Brasília, cidade que sempre visitou em caráter pessoal?
Porque acho Brasília um mercado novo, em expansão, superaquecido e um centro de muitos acontecimentos. Além disso, tenho minha mulher, Tania, que nasceu aqui, e a família inteira mora aqui e sempre me falou: “Tem que abrir restaurante em Brasília, Loi”. Esse momento chegou e estou feliz em compartilhar com eles essa experiência de apresentar minha cozinha, que, para mim, é um desafio positivo depois de tudo que passamos
 
A culinária italiana que você pratica admite algum ingrediente do cerrado?
Eu ainda vou pesquisar o que poderei usar. Se houver algum item que possa entrar na culinária italiana, vou usar, sim. Como sempre faço, vou entrar em contato com produtores locais para estabelecer parceria com eles sobre o que podem fornecer para mim em termos de produtos e melhores safras a fim de passar para o cliente.
 
Na sua biografia, consta rompimentos intempestivos. Alguma precaução especial para que não se repita aqui?
Na minha vida, tive alguns tropeços por falta de experiência, que, agora, está completa. Dificilmente vai acontecer (rompimento) com os novos sócios, porque somos do mesmo ramo e temos uma visão única sobre o trabalho. A ideia é confluir a nossa energia no mesmo projeto.

Correio Braziliense quinta, 19 de agosto de 2021

INTERNET: LEILÃO DO 5G SAI EM OUTUBRO

Jornal Impresso

 

INTERNET
 
Leilão do 5G sai em outubro
 
Previsão foi feita pelo ministro das Comunicações, após a maioria dos ministros do TCU concordar com o texto do edital para implantar a nova tecnologia no país. Aprovação final ainda depende da conclusão de um pedido de vistas

 

INGRID SOARES

Publicação: 19/08/2021 04:00

Segundo Fábio Faria, empresas vencedoras da licitação deverão investir cerca de R$ 45 bilhões, nos próximos anos, na implantação do novo modelo (Evaristo Sá/AFP - 5/5/21

)  
Segundo Fábio Faria, empresas vencedoras da licitação deverão investir cerca de R$ 45 bilhões, nos próximos anos, na implantação do novo modelo
 
O ministro das Comunicações, Fábio Faria, comemorou a formação de maioria no Tribunal de Contas da União (TCU) durante votação, ocorrida ontem, do edital do leilão para a implantação da tecnologia 5G no país. Segundo o ministro, o leilão deverá ocorrer, no mais tardar, até meados de outubro.
 
“Não quero cravar dia exato, mas após sair o edital do TCU, ele vai para a Anatel, e em torno de sete dias, será publicado o leilão; a partir daí, teremos o leilão em 30 dias. Então, estamos falando entre o final de setembro e primeira quinzena de outubro. No mais tardar, em outubro nós teremos a realização do leilão”, apontou o ministro.
 
A declaração ocorreu durante entrevista a jornalistas no Palácio do Planalto, após sete dos nove ministros do TCU terem votado pela aprovação do edital do leilão do 5G. Um pedido de vista, no entanto, adiou a decisão para a próxima semana. O ministro Aroldo Cedraz fez ressalvas sobre possíveis falhas e ilegalidades no edital. O magistrado pediu, inicialmente, um prazo de 60 dias para analisar o texto, mas depois o reduziu para sete dias. Com isso, o governo tem mais segurança para afirmar que o leilão ocorrerá neste ano.
 
Pressão
Fábio Faria negou pressão política sobre o TCU e destacou que a questão do 5G interessa a todo o país e foge de questões político-partidárias. “Não é um tema de partido. É um tema que envolve todos os brasileiros”, argumentou. “Isso extrapola a disputa política, porque queremos o 5G funcionando no Brasil.”
 
Sobre o pedido de vistas, relatou que foi uma decisão tomada interna corporis pelo TCU. “Só tenho a agradecer aos ministros que viram a importância (do assunto). O edital já estava há cinco meses no TCU. Uma comissão foi com a gente para a Ásia”, lembrou.
 
O ministro relatou, por fim, que a medida não vai atrasar o leilão. “A gente não atrasa o nosso leilão. Nós iremos fazer com que o nosso país se torne muito mais competitivo. Essa tecnologia vai fazer com que a gente avance em várias áreas. É um novo Brasil que nós teremos após o 5G”, afirmou.
 
O leilão do 5G será o maior leilão de radiofrequências realizado pelo governo. O texto trata da licitação de quatro frequências para a implantação da nova tecnologia para redes móveis: 700 megahertz, 2,3 gigahertz, 3,5 gigahertz e 26 gigahertz. A Anatel dividiu as frequências em lotes nacionais e regionais que, somados, representam R$ 45 bilhões em investimentos.
 
A maior parte desta quantia não será arrecadada, ou seja, será um leilão não arrecadatório. A Anatel vai autorizar o uso das faixas, mediante o cumprimento de determinadas obrigações que incluem investimentos no setor de telecomunicações e a ampliação da cobertura de sinal no país.
 
Algumas das exigências são: levar o 5G a todas as capitais brasileiras até 2022 e a todas as cidades com mais de 30 mil habitantes até 2028, além de cobrir com o sinal 4G ou superior todas as localidades de mais de 600 habitantes.
 
Com a implementação do novo sinal, a conexão de internet será mais rápida e estável. Isso vai não apenas melhorar a rede atualmente existente, mas permitir uma série de novas aplicações, com uso em diversas áreas, como transportes e telemedicina.
 
“A gente não atrasa o nosso leilão. Essa tecnologia vai fazer com que a gente avance em várias áreas. É um novo Brasil que nós teremos 
após o 5G” 
 
Fábio Faria, ministro das Comunicações


Correio Braziliense terça, 17 de agosto de 2021

AFEGANISTÃO: MERGULHO NA SOMBRA

Jornal Impresso

Mergulho na sombra
 
Presidente Joe Biden assume responsabilidade pelo retorno do Talibã ao poder, defende retirada, diz que os EUA jamais planejavam reconstruir o Afeganistão e alerta contra o terrorismo. Desesperados, afegãos provocam caos no aeroporto

 

RODRIGO CRAVEIRO

Publicação: 17/08/2021 04:00

Afegãos escalam aeronave da companhia local Kam Air, no Aeroporto Internacional Hamid Karzai: pânico ao tentar abandonar país  (Wakil Kohsar/AFP)  
Afegãos escalam aeronave da companhia local Kam Air, no Aeroporto Internacional Hamid Karzai: pânico ao tentar abandonar país
 
A missão dos Estados Unidos no Afeganistão jamais envolveu reconstruir o Afeganistão, que, no domingo, mergulhou na sombra do extremismo. Teve como foco impedir a rede terrorista Al-Qaeda de usar o território como base para planejar atentados. Washington nunca mostrou a pretensão de criar uma democracia unificada e centralizada para os afegãos. Durante 18 minutos, esta foi a tônica do discurso de Joe Biden, forçado a interromper as férias em Camp David para explicar a volta da milícia fundamentalista islâmica Talibã ao poder e ao defender a retirada militar, enquanto o caos reinava no Aeroporto Internacional Hamid Karzai, em Cabul. 
 
“Sou o presidente dos Estados Unidos, e a responsabilidade é minha. (…) Sustento firmemente minha decisão. Depois de 20 anos, aprendi a duras penas que nunca houve um bom momento para retirar as forças americanas”, declarou o democrata. “A verdade é que isto (a volta do Talibã) ocorreu mais rápido do que prevíamos.” Ele disse que os EUA agirão “rapidamente” contra o terrorismo no Afeganistão, “se necessário”.
 
Segundo o presidente, uma relação com o Afeganistão dependerá “das ações do Talibã”. “Um futuro governo afegão que defenda os direitos básicos do seu povo, que não receba terroristas e que proteja os direitos básicos da metade da sua população — suas mulheres e meninas —, este seria um governo com qual estaríamos dispostos a trabalhar”, assegurou. Caso os talibãs ataquem interesses dos EUA ou atrapalhem a retirada dos milhares de diplomatas americanos, Biden avisou que responderá com “força devastadora, se necessário”. Ele prometeu, ainda, “falar abertamente” pelas mulheres afegãs.
 
Estudante da Universidade de Cabul, Aisha, 22 anos, é uma delas. Nas últimas 48 horas, tentou fugir por duas vezes do Afeganistão. Enviou à reportagem uma foto que mostra o pé esquerdo com feridas. “As pessoas corriam dentro do aeroporto, aos milhares. Meus joelhos e minhas mãos sangram. A situação no aeroporto é péssima. Houve disparos lá”, contou. Afegãos escalaram uma aeronave da companhia aérea Kam Air e o finger (equipamento que liga o terminal de passageiros à porta da aeronave). Em uma cena icônica, centenas de civis correram ao lado de um cargueiro norte-americano enquanto decolava. Alguns se abrigaram no trem de pouso, e dois despencaram do céu para a morte, diante das câmeras. Soldados americanos mataram dois homens armados no aeroporto. “Biden insiste sobre seus erros e não aceita o mau gerenciamento da situação em meu país. Os responsáveis pelo que vivemos hoje são Ashraf Ghani (o presidente que fugiu no sábado), Zalmai Khalizad (emissário americano para o Afeganistão) e Biden”, disse Aisha.
 
Com o mundo atônito, a China foi o primeiro país a expressar o desejo de manter “relações amistosas” com o governo afegão. O presidente da França, Emmanuel Macron, alertou o Afeganistão a não se tornar “santuário do terrorismo” e prometeu encampar uma iniciativa da União Europeia (UE) para proteger migrantes afegãos. A chanceler alemã, Angela Merkel, lamentou que a missão no Afeganistão “não foi exitosa”.
 
Cálculo
 
Professor de relações internacionais da ESPM Porto Alegre, Roberto Uebel disse que chamou a atenção o fato de Biden afirmar que a queda de Cabul ocorreu mais rápido do que o previsto. “Havia um cálculo estratégico dos Estados Unidos de que o Talibã tomaria o poder com o anúncio da saída das tropas. Essa declaração do presidente oferece indícios de que o Talibã tomaria o poder de volta assim que os EUA saíssem”, avaliou. 
 
Uebel lembra que o Talibã jamais deixou de existir. “Desde 2001, a presença norte-americana no Afeganistão representava, para os talibãs, algo como uma invasão territorial. Nos últimos anos, desde o fim do governo de Barack Obama, havia a perspectiva de que os Estados Unidos deixassem o Afeganistão. Na gestão de Donald Trump, existiu chance de diálogo com os talibãs. Durante a campanha eleitoral, Biden prometeu a retirada das tropas americanas”, explicou à reportagem. Ele aponta a sinalização da China e da Rússia em reconhecer a soberania talibã sobre o território afegão como fator decisivo para a reconquista do poder.
 
Para Farzana Kochai (leia Duas perguntas para), membro do Parlamento do Afeganistão, o mundo fracassou em não implementar bons governos no país e por não atuar com transparência. “A conferência organizada pelo Banco Mundial para debater a reconstrução do Afeganistão não foi um processo inclusivo. As coisas que ocorreram recentemente, no que diz respeito às conversas de paz e à legitimidade oferecidas por esse diálogo, levaram a essa situação”, afirmou ao Correio, por telefone. A parlamentar jamais esperava a rápida tomada da capital afegã e não escondeu o medo. “Há milhares de perguntas sobre o que ocorrerá com as crianças, as garotas e as mulheres. Se elas terão permissão para buscarem uma boa educação, para serem livres, para usufruírem de seus direitos, para viajarem e viverem da forma como merecem.”
 
Ao ser questionada sobre o discurso de Biden, Farzana disse que “não viu nada de novo”. A parlamentar reconhece um vácuo de poder no Afeganistão, mas afirmou acreditar que líderes como o ex-presidente Hamid Karzai e o ex-vice Abdullah Abdullah dialogam com o Talibã. “Os ministros da Indústria e da Saúde ainda estão em seus postos; o Parlamento não desmoronou, mas enfrenta futuro incerto.” 
 
Farzana descarta abandonar Cabul. Disse ter esperança de encontrar respostas para muitas de suas perguntas. “Quero saber se as mulheres poderão sobreviver neste lugar. Não tenho planos. Apenas desejo ficar por aqui e ver se posso fazer algo, ainda que pequenas coisas, para o meu povo e o meu país ficarem em segurança.”


Correio Braziliense domingo, 15 de agosto de 2021

LUTA CONTRA O MACHISMO - ELAS LUTAM PELO DIREITO DE VESTIR O QUE QUEREM

Jornal Impresso

 

Luta contra o machismo
 
As Olimpíadas de Tóquio passaram, mas deixaram alguns legados, dentro e fora das arenas esportivas. Um deles foi a discussão contra a objetificação do corpo feminino. Fernanda Basso diz que ainda há episódios machistas em quadra. (Carlos Vieira/CB/D.A. Press)
Elas lutam pelo direito de vestir o que querem
 

 

Publicação: 15/08/2021 04:00

As ginastas alemãs se apresentaram com macacões cobrindo as pernas, em vez dos tradicionais collants (Divulgação)  
As ginastas alemãs se apresentaram com macacões cobrindo as pernas, em vez dos tradicionais collants
Maria Fernanda Marceline, historiadora e membro da equipe da Sempreviva Organização Feminista (SOP), acredita que, por mais que a sociedade ache que as pautas feministas estejam fazendo sucesso, nos casos em que as atletas revindicaram seus direitos de usar a roupa que acham mais confortáveis, e isso é negado, é possível assistir ao machismo ainda enraizado na sociedade.
 
Diariamente, somos bombardeados de discursos que dizem que as mulheres já conquistaram muito. Mas, ao mesmo tempo, é visível que ainda há um longo caminho a ser percorrido. “Esse tipo de reação no esporte nos revela exatamente isso. Que ainda existe muito trabalho a ser feito contra o machismo”, ressalta Maria Fernanda.
 
O que a historiadora quer dizer é que, apesar de sempre ser divulgado “meu corpo minhas regras”, em uma competição internacional que envolve dinheiro, patrocinadores e público, esse mantra não vale tanto. “Ainda vemos uma obrigatoriedade da hiperssexualização das mulheres no esporte”, explica.
 
A roupa é apenas a ponta do iceberg. A falta de poder na decisão da vestimenta transparece o silêncio dessas mulheres durante anos sobre os salários desiguais, a falta de oportunidades e investimentos nas categorias que atuam e, principalmente, a dificuldade de retornar ao esporte após ser mãe. “Há uma pressão brutal em cima dos atletas e, no caso das mulheres, tem mais esse ingrediente da cobrança de sensualidade”, conta.
 
Para ela, as roupas olímpicas das atletas podem ser vistas como o reforço de estereótipos. Quando você continua representando mulheres como objetos sexuais, como mercadoria que vende carro, que vende roupa, que vende tantas coisas. A historiadora ressalta que, enquanto no Brasil não houver um investimento na educação e no esporte, continuará a existir a reprodução de um padrão maléfico, especialmente para as mulheres.
 
Tânia Mara Campos de Almeida, professora do Departamento de Sociologia da Universidade Brasília (UnB) e integrante do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Mulheres (NEPeM), lembra que as atletas, no caso das Olimpíadas, usaram o espaço para um debate que já vem acontecendo na sociedade. “As discriminações sofridas, violências e essa objetificação do corpo feminino, que também está muito presente no ambiente de esporte de alto rendimento.”
 
Modalidade estreante nas Olimpíadas, o skate deu aula de diversidade ao dar várias opções de uniforme às atletas
 (Leticia Bufoni/Instagram)  
Modalidade estreante nas Olimpíadas, o skate deu aula de diversidade ao dar várias opções de uniforme às atletas
 
 
Mas isso não é uma pauta levantada no ano de 2021. A professora explica que as atletas mostram que estão incomodadas há algum tempo. Muitas vezes, o patrocinador daquele esporte ou da atleta exige que elas coloquem o biquíni ou roupas justas para subir ao pódio. “As empresas tentam associar a marca da roupa do patrocínio que elas recebem ao corpo delas”, contextualiza.
 
Da mesma forma, nas Olimpíadas de 2016, as mulheres ficaram muito incomodadas com o fato de o esporte ter tido menos foco, em comparação ao corpo delas, que ficavam em mais evidência do que o esporte em si. “O que muitas vezes agrada aos patrocinadores, agrada ao público, mas desvaloriza a mulher enquanto atleta”, explica.
 
As mães atletas ou que competiram durante a gestação sentem ainda mais dificuldade para se manter no esporte, pois precisam estar com suas crianças e, por muitas vezes, não existe a opção de levá-las para um centro olímpico ou viagens.
 
Além disso, Tânia explica que o foco, para muitas atletas, tende a virar a maternidade, como se fosse a identidade delas. Assim, passam a não ser mais reconhecidas pelos seus méritos nos esportes.
 
 
Jogadoras de handebol de praia da Noruega foram multadas por se negarem a usar biquíni  (Reprodução/Twitter)  
Jogadoras de handebol de praia da Noruega foram multadas por se negarem a usar biquíni
Regulamento questionável
 
Em um torneio europeu de handebol de praia, o time feminino da Noruega optou por usar short em vez de biquíni na parte de baixo e acabou sendo multado. A Federação Europeia de Handebol estipulou 150 euros de multa para cada jogadora. Essa mobilização na modalidade já aconteceu, em 2018, entre atletas brasileiras. A norma internacional pontuava que a largura lateral do uniforme feminino deveria ter, no máximo, 10cm. Para os homens, shorts mais largos. A manifestação pública das atletas do time do Cepraea criticava, assim, o critério estético da vestimenta. Com isso, vários protocolos internacionais foram atualizados para contemplar também o uso de shorts.
 
 
 Povo fala
 
O que você acha sobre a obrigatoriedade no uso de roupas justas e biquínis pelas atletas nas Olimpíadas, em algumas modalidades?
 
 
“Acho que a obrigatoriedade não deveria existir. A roupa do atleta tem que respeitar o básico, que é a necessidade do devido esporte, proteção, mobilidade e conforto. A obrigatoriedade parece uma tentativa de padronização, que age principalmente na sexualização feminina. O que tem que ser obrigatório é o respeito à particularidade do esporte e à liberdade da equipe/atleta”
Luiza Abreu, 20 anos, estudante
 
 
“Enxergo que, com a quebra de certos ‘tabus’ nos últimos anos, mostra-se imperativo que essas mudanças também se estendam a eventos globais, tornando um ambiente mais democrático para as mulheres e dando voz e o direito à escolha sobre o uso de suas próprias roupas. Acredito que sua vestimenta não deveria servir como mais um empecilho para a prática de esportes”
Rayan Venâncio Rodrigues, 25 anos, estudante
 
 
“Eu acredito não ser coerente com a proposta das Olimpíadas, que é a união e a diversidade, a obrigatoriedade de trajes havendo distinção entre os sexos, pois, para os atletas masculinos, não há essa obrigatoriedade”
Murilo Costa Couto, 29 anos, vendedor
 
 
“Acredito que isso seja mais umas das inúmeras maneiras de sexualizar o corpo feminino, até porque não há nada que justifique a necessidade das mulheres usarem biquínis ou roupas mais justas que os homens, sendo que isso não interfere de maneira alguma na execução do esporte”
Maryana Rocha, 21 anos, estudante
 
 
“Acho a obrigatoriedade de roupa justa e biquíni nos esportes femininos desnecessária, porque não afeta o esporte, deveria ser opcional para a atleta que se sentir confortável usando. Tem mais a ver com sexismo e a transmissão dos jogos do que com esporte. Deveria ser opção e não obrigação”
Vitor de Melo, 21 anos, estudante

 


Correio Braziliense sábado, 14 de agosto de 2021

DF SE DESTACA COM CAFÉ DE ALTA QUALIDADE

Jornal Impresso

DF se destaca com café de alta qualidade

 

Eduardo Fernandes*

Publicação: 14/08/2021 04:00

Ana Paula idealizou programa para mapear rede de produção e comercialização do produto em Brasília (Ed Alves/CB/D.A Press

)  
Ana Paula idealizou programa para mapear rede de produção e comercialização do produto em Brasília
 
O Distrito Federal tem se consolidado como um importante polo produtor de café, e o consumo do produto tem se consolidado cada vez mais no coração dos brasilienses. Entrevistada ontem no CB.Agro, programa realizado pelo Correio Braziliense em parceria com a TV Brasília, a professora de gastronomia do Instituto Federal de Brasília (IFB), Ana Paula Jacques Caetano explicou que melhorias e investimentos estão sendo feitos para que profissionais continuem evoluindo em relação ao cultivo, plantio e colheita do café.  Para Ana Paula, o DF é beneficiado pela elevada altitude e pelo clima seco e chuvoso, que fazem o café ter mais qualidade.
 
Segundo a professora, os produtores locais vêm se destacando e ganhando importância no cenário cafeeiro do país, tanto a nível nacional quanto internacional. “Nossos produtores estão recebendo prêmios e sendo reconhecidos mundialmente”, disse Ana Paula. Mas o processo da cadeia evolutiva do café vai muito além disso, afirmou, e, no final, o importante é que o produto tenha qualidade para chegar aos mercados e para o consumidor. O café, lembrou a professora, é uma das commodities mais essenciais da produção agrícola brasileira, tendo em vista de que há muito tempo tem uma relação afetiva com a população.
 
Segundo Ana Paula, a produtividade anual de Brasília é quase o dobro da média nacional. E, apesar de o DF não ter um território tão grande de plantio, algo em torno de 500 hectares, o crescimento é cada vez mais nítido. “Quando a gente investir cada vez mais em pesquisa, assistência técnica no campo, profissionalização, pode ser um eixo estratégico para atuação profissional e mostrar que podemos levar a nossa cultura e identidade para todo mundo”, frisou.
 
Idealizado pela professora, com o IFB, o programa Mapa afetivo dos Cafés de Brasília é um projeto que começou há um ano. Segundo ela, cafeterias, fazendas e micro torrefadoras foram localizadas com a ajuda de uma rede colaborativa e de monitores do Instituto. A primeira edição ocorreu este ano e a resposta do público foi extremamente positiva. “Ficamos supercontentes com o retorno do público e das cafeterias. Podemos perceber jovens brasilienses empreendedores, que viram na cadeia produtiva do café uma oportunidade de dar dinâmica a outros lugares que não faziam parte deste circuito gastronômico”, disse.
 
O Mapa identificou mais de 60 estabelecimentos no Distrito Federal, como cafeterias, torrefadoras e produtoras. No projeto, também há quatro fazendas que produzem café orgânico e abastecem diversos estabelecimentos no Distrito Federal. De acordo com Ana Paula, além de profissionais do ramo, as fazendas recebem turistas. A mais tradicional, e também a que mais recebe visitas, se localiza no Lago Oeste. A expectativa é de que o programa tenha atualizações e novas edições, o que será importante para mapear novos lugares e identificar pontos com a ajuda do consumidor.
 
Os critérios para a inserção da cafeteria dentro do programa são simples e baseados na experiência final de quem os visita. “O critério é que o consumidor, além da experiência de usufruir do café e do local, tenha um rastreio com o produtor, identifique o grão do café para ter um olhar mais atento sobre a bebida, conheça e trajetória do grão à xícara, e possa se tornar mais consciente sobre esse processo”, explicou.
 
O Instituto Federal de Brasília também conta com o projeto Comida para pensar, também liderado pela Professora Ana Paula. É um laboratório de pesquisa e projetos que tem como proposta provocar reflexões sobre o papel do cozinheiro e do alimento no mundo contemporâneo.
 
*Estagiário sob supervisão   de Odail Figueiredo

Correio Braziliense sexta, 13 de agosto de 2021

TARCÍSIO MEIRA SE ENCANTOU: ATOR MORRE AOS 85 ANOS, VÍTIMA DA COVID-19

Jornal Impresso

Mais que um galã
 
Tarcísio Meira, um dos artistas mais importantes da atuação brasileira, morreu na manhã de ontem em decorrência de complicações da covid-19. O ator marcou a história da televisão nacional ao protagonizar a primeira novela diária do país, 2-5499 ocupado

 

» Isabela Berrogain*
» Ricardo Daehn

Publicação: 13/08/2021 04:00

 (Jão Miguel Junior/Divlgação)  
 
O ator Tarcísio Meira, de 85 anos, morreu na manhã de ontem, em decorrência de complicações da covid-19. O astro brasileiro estava intubado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital Albert Einstein, em São Paulo, desde 6 de agosto.
 
De acordo com a unidade hospitalar, além de ter sido internado na UTI, o ator ficou em ventilação mecânica e também precisou passar por diálise contínua. O procedimento de hemodiálise é comum em casos graves de internação por covid-19.
 
Tarcísio Meira havia tomado a segunda dose da vacina contra a covid-19 em março deste ano, em Porto Feliz, interior de São Paulo, local onde ele e a esposa Glória Menezes se isolaram durante a pandemia. Glória também contraiu o vírus e foi internada no mesmo hospital, no entanto, apresentou um quadro mais leve e não precisou ser intubada. O caso de Tarcísio é raro:  3,7% dos que tomaram a segunda dose morreram no Brasil, mas o percentual atinge 8,8 entre os que têm mais de 70 anos.
 
Os dois artistas, pais do ator Tarcísio Filho, completaram 56 anos de casados em 2020. Na mesma semana da internação do pai, o filho do casal chegou a falar para a imprensa que o estado da dupla era bom e que Meira estava respondendo bem a todos os procedimentos. Nas redes sociais, Mocita Fagundes, mulher de Tarcísio Filho, comentou que o casal foi contaminado “num descuido”.
 
Repercussão
 
“A notícia [da morte de Tarcísio Meira] veio como uma bomba, eu estava gravando em São Paulo com muita gente que havia trabalhado com ele”, afirmou o ator brasiliense João Campos ao Correio. Campos e Meira contracenaram na telenovela A lei do amor, exibida pela Rede Globo em 2016.
 
Na produção global, os atores protagonizaram diversos encontros em cena, já que Meira era avô do par romântico de Campos, papel vivido pela atriz Bianca Muller. “Na preparação da novela, nas leituras anteriores, veio aquele impacto de estar de frente com uma entidade, um ator de teatro e de TV que sempre representou tanto para os brasileiros quanto para as artes”, relembrou João Campos.
 
“Aí, veio uma relação muito acessível, ele era maravilhoso, quebrou todos os estereótipos diante de um ator com tanta história e uma carreira absolutamente sólida. Sempre muito acessível no camarim,  era um grande contador de histórias. Ele tratava a gente de maneira horizontal, era muito humano e era um privilégio olhar no olho e conversar sobre a história da TV brasileira. Era doce e tinha um senso de humor sempre presente. Um verdadeiro parceiro de cena”, acrescentou.
 
Já nas redes sociais, artistas e diretores como José de Abreu, Ary Fontoura, Gloria Perez, Boninho e Fábio Assunção lamentaram a morte do ator. “Ele é uma referência no teatro, no cinema, na TV. São notícias tristes para a cena brasileira”, escreveu Fontoura no Instagram. Já Assunção afirmou que o ator “deixa um legado gigante e uma saudade imensa”.
 
Além da repercussão no meio artístico, Tarcísio Meira foi homenageado de pé pelos membros da comissão presentes na CPI da covid-19 de ontem, que fizeram um minuto de silêncio em memória do ator. “[Tarcísio Meira] É mais um desses quase 600 mil brasileiros que perderam sua vida, dentre outras coisas, porque o governo não soube fazer o seu trabalho na hora certa”, declarou o senador Alessandro Vieira.
 
Carreira
 
Tarcísio Meira, um dos maiores atores da história brasileira, ficou marcado no meio artístico por dar vida a inúmeros vilões e mocinhos no cinema, teatro e televisão. Em 1957, o ator deu início à carreira  nos palcos de teatro, protagonizando a peça A hora marcada. Já em 1963, Meira apareceu pela primeira vez nas telas de cinema, no filme Casinha pequenina, ao lado de Mazzaropi.
 
Entretanto, Tarcísio Meira dedicou grande parte da carreira à televisão. O primeiro trabalho do ator foi no teleteatro Noites brancas, da TV Tupi, em 1959. Em 1961, na mesma emissora, Meira contracenou pela primeira vez com Glória Menezes, em Uma Pires Camargo. Anos mais tarde, a dupla se tornaria um dos casais de maior sucesso da televisão brasileira. Também ao lado de Glória, o ator foi o protagonista da primeira telenovela diária da televisão nacional, 2-5499 ocupado, na TV Excelsior, em 1963.
 
Na Rede Globo, a estreia de Tarcísio Meira ocorreu em 1967, na telenovela Sangue e areia. O ator permaneceu na emissora até 2020, após não ter o contrato renovado. O último papel da carreira de  Tarcísio foi a novela Orgulho e paixão, que foi ao ar em  2018. Em maio do mesmo ano, Meira teve que deixar o elenco da produção devido a uma infecção pulmonar. 
 
*Estagiária sob a  supervisão de Severino  Francisco.
 
Irmãos coragem (1970)
Na telenovela, Tarcísio Meira viveu João Coragem, um dos principais personagens da carreira do ator. A produção narra a luta dos irmãos Coragem por liberdade e contra a opressão.
 
O beijo no asfalto (1981)
Baseado na peça de teatro homônima de Nelson Rodrigues, o filme brasileiro conta a história de um homem à beira da morte que pede a Arandir (Ney Latorraca), um beijo na boca, pedido considerado ‘escandaloso’ para a época. Durante o longa-metragem, Latorraca e Meira, que dá vida ao genro de Arandir, também protagonizam um beijo, cena que entrou para a história do cinema nacional.
 
Torre de babel (1998)
A telenovela conta a história de José Clementino (Tony Ramos), homem que matou a esposa após um flagrante de adultério. O patrão de Clementino, César Toledo (Tarcísio Meira), testemunhou o assassinato e foi responsável pelo depoimento que mandou o empregado para a prisão. Durante o cárcere, Clementino acaba arquitetando um plano de vingança contra o ex-patrão.
 
O beijo do vampiro (2002)
Em ‘O beijo do vampiro’, Tarcísio Meira deu vida ao Duque Bóris Vladescu, um vampiro obcecado pela princesa Cecília (Flávia Alessandra). Movido pela paixão, Vladescu assassina o conde Rogério (Thiago Lacerda), noivo de Cecília, com a intenção de ficar com a princesa.    

Correio Braziliense quinta, 12 de agosto de 2021

LIBERTADORES: FLAMENGO VENCE JOGO AGITADO

Jornal Impresso

 

Flamengo vence jogo agitado
 
 
Em duelo com direito a expulsão anulada pelo VAR, rubro-negro ganha antes de definir vaga no DF

 

Danilo Queiroz

Publicação: 12/08/2021 04:00

Gabigol foi o dono da bola no Paraguai. Com dois gols e participação direta nas outras bolas na rede, atacante teve atuação determinante (Alexandre Vidal/Flamengo)  
Gabigol foi o dono da bola no Paraguai. Com dois gols e participação direta nas outras bolas na rede, atacante teve atuação determinante
 
Ojogo de ida das quartas de final da Libertadores entre Flamengo e Olimpia, no estádio Manuel Ferreira, em Assunção, teve praticamente de tudo. Com direito a ambulância em campo, expulsão cancelada após VAR apontar pênalti e caso de injúria racial, o rubro-negro desperdiçou oportunidades de gol, mas encaminhou a vaga às semifinais do torneio após vencer os paraguaios, por 4 x 1. Com os gols marcados fora de casa, os cariocas trazem boa vantagem para a definição da classificação, na próxima quarta-feira, no Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília.
 
A vitória foi a primeira do Flamengo sobre o Olimpia na Libertadores. Os gols do triunfo foram marcados por Gabi, duas vezes, Arrascaeta e Vitinho. Iván Torres diminuiu para os paraguaios. O resultado colocou os cariocas nos trilhos após a acachapante derrota para o Internacional, por 4 x 0, no último fim de semana na Série A do Campeonato Brasileiro. Acima disso, a atuação confirmou a veia goleadora da equipe de Renato Gaúcho. Sob o comando do técnico, em nove partidas, foram 29 gols marcados e oito sofridos.
 
O primeiro tempo foi agitado. Com 15 minutos, Arrascaeta aproveitou trama de Gabi e Bruno Henrique para abrir o placar. Aos 22, o jogo ficou paralisado após Salazar levar a pior em choque. O argentino saiu do gramado de ambulância. Na metade dos 11 minutos de acréscimos, Filipe Luís parou contra-ataque do Olimpia e foi expulso pelo segundo amarelo. O VAR, porém, alertou um pênalti em Arrascaeta na origem da jogada. A arbitragem marcou e cancelou o vermelho do lateral. Na cobrança, Gabigol ampliou. Na jogada seguinte, o Olimpia voltou ao jogo após Iván Torres diminuir de cabeça. 
 
Na volta do intervalo, os rubro-negros reclamaram de ofensas racistas vindas da torcida. O sistema de som do estádio chegou a alertar sobre manifestações agressivas. Dois mil adeptos puderam ver o jogo. Em campo, o Flamengo não demorou para ampliar. Com seis, Gabriel aproveitou chute torto de Bruno Henrique e estufou às redes. Melhor em campo, o rubro-negro perdeu uma série de gols. Mas, no fim, o time carioca reencontrou o caminho das redes. Após lançamento em profundidade, Gabigol invadiu a área e rolou para Vitinho. Sem marcação, o camisa 11 tocou para o gol livre e fechou o placar no Paraguai.
 
“Nosso time cria bastante. Mesmo se fossem sete gols, teria definido o confronto. Temos que melhorar, mas conseguimos fazer quatro. Ruim não está, não”, avaliou Gabigol. O atacante foi eleito o craque da partida. Renato Gaúcho também elogiou o desempenho do time. “O Flamengo quando perde é muito cobrado. O mais importante de tudo é que a equipe já voltou a fazer o que está acostumada e a conseguir um grande resultado fora de casa”, ressaltou. O treinador comentou, ainda, o caso de injúria racial contra reservas rubro-negros. “Isso me choca e me entristece”, lamentou.


Jogo em Brasília
Ontem, o Flamengo divulgou novas informações sobre a venda de ingressos para o jogo de volta das quartas de final da Libertadores contra o Olimpia, em Brasília. O setor leste superior do Estádio Nacional Mané Garrincha teve todas as entradas comercializadas e está esgotado, assim como as cadeiras inferiores leste e oeste. Os demais ingressos seguem à venda até às 12h da próxima quarta-feira, data do jogo. Os valores dos bilhetes variam de R$ 140,00 a R$ 500,00 para torcedores com ciclo de vacinação concluído com teste PCR negativado. A bola rola às 19h15. 

Correio Braziliense quarta, 11 de agosto de 2021

CARTÃO GÁS PARA 70 MIL FAMÍLIAS

Jornal Impresso

 

Cartão Gás para 70 mil famílias
 
Programa será oferecido a pessoas que estão em vulnerabilidade social e que estão inscritas no Cadastro Único. Auxílio de R$ 100 será pago a cada dois meses. No DF, valor do botijão pode chegar a R$ 98. Prazo para iniciar o crédito é de 15 dias

 

CIBELE MOREIRA

Publicação: 11/08/2021 04:00

Projeto de lei que institui o Cartão Gás foi sancionado, ontem, pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) (Ed Alves/CB/D.A Press)  
Projeto de lei que institui o Cartão Gás foi sancionado, ontem, pelo governador Ibaneis Rocha (MDB)
 
As famílias em situação de vulnerabilidade contam com mais um auxílio social do Governo do Distrito Federal (GDF). Complementando o Cartão Prato Cheio, o GDF lança o Cartão Gás, que beneficiará cerca de 70 mil famílias no DF. O projeto de lei que institui o programa foi sancionado, ontem, pelo governador Ibaneis Rocha (MDB). Com a iniciativa, o beneficiário receberá R$ 100, a cada dois meses, para auxiliar no custo de compra do botijão do gás de cozinha, que pode custar até R$ 98 na capital federal.
 
“Nós estamos fazendo um trabalho muito grande através do Cartão Prato Cheio, com a modernização da distribuição das cestas básicas. Faltava como cozinhar esses alimentos”, destacou o chefe do Executivo local, durante solenidade no Palácio do Buriti. O Cartão Gás é oferecido em parceria com o Banco de Brasília (BRB). O cadastro das famílias está aberto no site gdfsocial.brb.com.br. De acordo com o governador Ibaneis, a lista de beneficiados do Cadastro Único foi repassada para a instituição bancária. “É um programa que já nasce pronto. Todas as 70 mil famílias aptas podem fazer o cadastro para receber o cartão”, destacou. O prazo para iniciar o crédito é de 15 dias.
 
Para a autônoma Mirian Gonçalves Mendes Oliveira, 40 anos, o benefício vem em ótimo momento. “O Cartão Gás será uma benção. Com tudo aumentando, não estamos conseguindo pagar todas as contas. Sempre fica uma para trás. Com esse auxílio, o dinheiro que gastamos com o botijão de gás pode ser utilizado para pagar a luz ou a água”, relata a moradora de Samambaia. “Temos o auxílio do Bolsa Família, que é de R$ 375, além do Prato Cheio, de R$ 250, que ajuda muito, mas mesmo assim é difícil. É surreal o quanto as coisas estão aumentando. Na semana passada, eu comprei o botijão por R$ 92 porque fui buscar. Se fosse para entregar aqui em casa, seria R$ 98”. 
 
Requisitos
 
A secretária-adjunta da Secretaria de Desenvolvimento Social, Ana Paula Marra, ressalta que apenas quem já está inscrito no Cadastro Único para programas sociais do governo estão aptos para receber o benefício do Cartão Gás. “Precisamos deixar claro que é um auxílio. A gente colocou esse valor médio de R$ 100 porque pode ser, caso aumente, que a gente tenha que fazer algum tipo de reajuste. Mas, atualmente, é isso. Uma parcela bimestral de R$ 100 para custeio do gás”, destacou Ana Paula. 
 
O cartão vai ser usado na função débito em estabelecimentos cadastrados. De acordo com o Projeto de Lei aprovado com 18 votos favoráveis pela Câmara Legislativa do Distrito Federal, o caráter emergencial do programa tem duração de 18 meses.
 
Ainda conforme o documento, os requisitos para recebimento do auxílio são: estar inscrito no Cadastro Único, ter renda familiar per capita de até meio salário mínimo, ter declarado comprometimento de renda com a aquisição do GPL 13 kg, residir no Distrito Federal e ter idade igual ou superior a 16 anos.
 
A execução ficará por conta da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes). O cadastro e a fiscalização dos estabelecimentos comerciais ficam a cargo da Secretaria de Economia. Os critérios e demais definições sobre o programa vão ser definidos em decreto, após a sanção da lei. O cadastro e a fiscalização dos estabelecimentos comerciais serão feitas pela Secretaria de Economia e o agente financeiro será o Banco de Brasília (BRB).
 
“Só quem não tem gás em casa sabe o que é não cozinhar. O que o governador está fazendo é matar a fome do povo. Falta muita coisa, mas nós estamos trabalhando”, destacou o secretário de Economia André Clemente.
 
Presidente do BRB, Paulo Henrique Costa elogiou a iniciativa do governador. “A sua sensibilidade e seu cuidado com aqueles que mais precisam são refletidas nesse programa, um programa moderno, eficiente e que o BRB tem orgulho de participar”, pontuou.
 

Correio Braziliense terça, 10 de agosto de 2021

CORONAVÍRUS - VACINAÇÃO DOS 25 ANOS COMEÇA HOJE. NA QUINTA, A PARTIR DE 20, NO DF

Jornal Impresso

 

25 anos começa hoje. Na quinta, a partir de 20
 
O Distrito Federal recebeu, ontem, mais 153 mil doses de imunizantes contra a covid-19 e avançará a faixa etária nos próximos dias. Expectativa é alcançar público de 18 anos na próxima semana. Confira os locais de vacinação

 

» SAMARA SCHWINGEL
» ANA MARIA DA SILVA

Publicação: 10/08/2021 04:00

 

A costureira Lara Araújo de Moraes, 25 anos, espera se imunizar hoje. %u201CEstou ansiosa para me vacinar%u201D (Ed Alves/CB/D.A Press)  
A costureira Lara Araújo de Moraes, 25 anos, espera se imunizar hoje. "Estou ansiosa para me vacinar."


A estudante de odontologia Isabela Souza de Lima, 20, comemora o avanço da vacinação (Ed Alves/CB/D.A Press)  
A estudante de odontologia Isabela Souza de Lima, 20, comemora o avanço da vacinação


A partir das 8h de hoje, o Distrito Federal vai começar a vacinar pessoas de 25 anos ou mais contra a covid-19. A ampliação foi possível após a chegada de 214,7 mil doses de vacinas durante o fim de semana, das quais 178,3 mil foram destinadas para esse público. O atendimento será feito em 80 pontos, que funcionam das 8h às 17h — ou das 9h às 17h, no caso de drive-thrus. Haverá, ainda, atendimento noturno, das 18h às 22h, na Praça dos Cristais e na unidade básica de saúde (UBS) 7 de Ceilândia. (veja Onde se vacinar). Não é necessário agendamento. Para quem tem 20 anos ou mais, a imunização terá início na quinta-feira. Nesse ritmo, a expectativa do Executivo local é avançar para os 18 e 19 anos na próxima semana.
Para o governador Ibaneis Rocha (MDB), a previsão de vacinar pessoas de 18 anos ou mais é baseada nas últimas entregas de imunizantes feitas pelo governo federal. “Se continuarmos a receber doses com a frequência atual, será na próxima semana (a vacinação de 18 e 19 anos)”, informou o chefe do Executivo local ao Correio. Ontem, o DF recebeu mais 153 mil doses, que serão utilizadas para vacinar o público de 20 anos. A remessa tem 53 mil vacinas que fazem parte da entrega regular do Ministério da Saúde e 100 mil que são a última remessa das 290 mil doses extras prometidas à capital federal.
Segundo o secretário-chefe da Casa Civil, Gustavo Rocha, o DF espera que o ministério entregue hoje novas seringas para a aplicação das vacinas contra o novo coronavírus. “Só não iniciaremos a imunização desse grupo (20 anos) amanhã (hoje) porque a remessa que chegou é de vacinas da Pfizer, que precisam de uma seringa específica. E elas só chegam na quarta-feira”, explicou durante a coletiva de ontem no Palácio do Buriti.
O avanço da campanha de imunização contra a covid-19 no DF anima os moradores. A costureira Lara Araújo de Moraes, 25 anos, planeja se vacinar hoje. Ela conta que adiou os sonhos até ser imunizada. “No início deste ano, fui infectada e fiquei mais receosa de sair, de me infectar novamente. Eu tive tosse seca, coriza, dor no peito, um pouco e falta de ar, perdi olfato e paladar. Até hoje não me recuperei totalmente. Então, estou ansiosa para me vacinar”, conta.
A vacina é também um sopro de esperança para a estudante de odontologia Isabela Souza de Lima, 20. “Agora, estou vendo um andamento bom da imunização para nossa faixa etária”, ressalta. Apesar da felicidade em ser imunizada, Isabela garante que manterá os cuidados necessários. A estudante recorda que foi infectada pela covid-19 no início da pandemia e, apesar de ter reações moderadas, deseja evitar ser reinfectada. “Eu senti mais ausência de sabor e cheiro e cansaço. Agora, é continuar como está, nesse novo normal, tentando manter todos os cuidados necessários”, pontua.
Hoje, além de atender pessoas de 25 anos ou mais, a Secretaria de Saúde aplica a segunda dose em pessoas que precisam do reforço. Também não é necessário agendamento, basta comparecer a um ponto de atendimento no dia marcado no cartão de vacinação com um documento de identidade e aguardar o atendimento.


Onde se vacinar
Horários   -   Pedestres: 8h às 17h                                  

 

Drive-thrus: 9h às 17h                                  

Noturno: 18h às 22h


O que levar

Documento de identificação para comprovar a idade


Pontos de vacinação
Águas Claras
Unieuro (1ª dose) — Drive-thru

Asa Norte
UBS 1 (1ª e 2ª doses) — Pedestre
UBS 2 (1ª e 2ª doses) — Pedestre

Asa Sul
Estacionamento 13 do Parque da Cidade (1ª e 2ª doses) — Drive-thru
UBS 1 (1ª e 2ª doses) — Pedestre

Brazlândia
UBS 1 (1ª e 2ª doses) — Pedestre

Candangolândia
UBS 1 (1ª e 2ª doses) — Pedestre

Ceilândia
UBS 1 (1ª e 2ª doses) — Pedestre
UBS 3 (1ª e 2ª doses) — Pedestre
UBS 5 (1ª e 2ª doses) — Pedestre
UBS 6 (1ª e 2ª doses) — Pedestre
UBS 7 (1ª e 2ª doses) — Pedestre
UBS 10 (1ª e 2ª doses) — Pedestre
UBS 11 (1ª e 2ª doses) — Pedestre
UBS 12 (1ª e 2ª doses) — Pedestre
UBS 16 (1ª e 2ª doses) — Pedestre
UBS 17 (1ª e 2ª doses) — Pedestre
Praça dos Direitos (1ª dose) — Pedestre

Cruzeiro
UBS 1 (1ª e 2ª doses)— Pedestre

Estrutural
UBS 1 (1ª dose) — Pedestre
UBS 2 (2ª dose) — Pedestre
Fercal
Administração Regional da Fercal (1ª e 2ª doses) — Pedestre

Gama
Sesi (1ª e 2ª doses) — Drive-thru
UBS 1 (1ª e 2ª doses) — Pedestre
UBS 2 (1ª e 2ª doses) — Pedestre
UBS 3 (1ª e 2ª doses) — Pedestre
UBS 4 (1ª e 2ª doses) — Pedestre
UBS 5 (1ª e 2ª doses) — Pedestre
UBS 6 (1ª e 2ª doses) — Pedestre

Guará
UBS 1 (1ª e 2ª doses) — Pedestre
UBS 2 (1ª e 2ª doses) — Pedestre
UBS 3 (1ª e 2ª doses) — Pedestre

Itapoã
Praça dos Direitos (1ª dose) — Pedestre
UBS 2 (1ª e 2ª doses) — Pedestre

Jardim Botânico
Centro de Prática Sustentáveis do Jardim Botânico (1ª e 2ª dose) — Drive-thru

Lago Norte
UBS 1 (1ª e 2ª doses) — Pedestre
Shopping Iguatemi (1ª e 2ª dose) — Drive-thru

Varjão
UBS 1 (1ª e 2ª doses) — Pedestres

Lago Sul
Associação Médica de Brasília (1ª e 2ª doses) — Pedestre
Núcleo Bandeirante
UBS 1 (1ª e 2ª doses) — Pedestre

Paranoá
Quadra ao lado da Administração Regional (1ª dose) — Pedestre
UBS 1 (1ª e 2ª doses) — Pedestre

Planaltina
Centro Olímpico de Planaltina (1ª dose e 2ª dose) — Pedestre
UBS 2 (1ª dose) — Pedestre
UBS 5 (1ª e 2ª doses) — Pedestre e drive-thru

Recanto das Emas
Espaço CEU das Artes (1ª e 2ª dose) — Pedestre
UBS 2 (1ª e 2ª dose) — Pedestre
UBS 3 (1ª dose) — Pedestre
UBS 4 (1ª dose) — Pedestre
UBS 8 (1ª dose) — Pedestre

Riacho Fundo 1
UBS 1 (1ª e 2ª doses) — Pedestre

Riacho Fundo 2
UBS 1 (1ª e 2ª doses) — Pedestre

Samambaia
UBS 2 (1ª dose) — Pedestre
UBS 4 (2ª dose) — Pedestre
UBS 5 (1ª dose) — Pedestre
UBS 7 (1ª dose) — Pedestre
UBS 11 (1ª dose) — Pedestre
UBS 12 (2ª dose) — Pedestre
Santa Maria
UBS 1 (1ª e 2ª doses) — Pedestre
UBS 2 (1ª e 2ª doses) — Pedestre

São Sebastião
Ginásio Poliesportivo São Bartolomeu (1ª dose) — Pedestre
UBS 1 do Jardins Mangueiral (1ª e 2ª doses) — Pedestre
UBS 2 (1ª e 2ª doses) — Pedestre

Setor Militar Urbano
Praça dos Cristais (1ª e 2ª doses) — Drive-thru

Sobradinho 1
UBS 1 (1ª e 2ª doses) — Pedestre

Sobradinho 2
Regional de Ensino (1ª e 2ª doses) — Pedestre e drive-thru
UBS 1 (1ª dose) — Pedestre

Taguatinga
UBS 1 (1ª dose) — Pedestre
UBS 2 (1ª dose) — Pedestre
UBS 3 (2ª dose) — Pedestre
UBS 5 (1ª dose) — Pedestre
UBS 7 (1ª dose) — Pedestre
UBS 8 (1ª dose) — Pedestre

Vicente Pires
UBS 1 (1ª dose) — Pedestre

Vila Planalto
UBS 3 (1ª e 2ª doses) — Pedestre

*Outros cinco pontos atenderão exclusivamente jovens de 12 a 17 anos portadores de comorbidades que fizeram agendamento.


Correio Braziliense segunda, 09 de agosto de 2021

IPÊS: BRASÍLIA AMARELOU

Jornal Impresso

A cidade amarelou
 
Floração do ipê atrai apreciadores da natureza e deixa a capital de roupa nova mesmo na seca

 

» Eduardo Fernandes*

Publicação: 09/08/2021 04:00

Já é tradição na capital a busca por imagens dos ipês floridos. Brasilienses saem as ruas para registrar essa época do desabrochar dessas árvores encantadoras (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  
Já é tradição na capital a busca por imagens dos ipês floridos. Brasilienses saem as ruas para registrar essa época do desabrochar dessas árvores encantadoras
O ipê é uma das árvores que mais encantam o cotidiano dos brasilienses. Eles colorem e embelezam a rotina apressada daqueles que saem para o trabalho todos os dias. É difícil encontrar alguém que não tenha fotos ou que consiga não parar para contemplar a beleza do ipê, uma marca registrada em Brasília. Neste início de agosto, a capital é agraciada pela floração do ipê-amarelo, que apesar da paisagem seca, ele enobrece com uma cor vibrante as vias do Distrito Federal.
 
Diante de um ipê solitário, mas radiante, do Park Way, uma família estaciona o carro para apreciar e tirar fotos. Apaixonada por ipês, Iradene Maria Nascimento Lima, 44 anos, não perde a oportunidade de captar imagens. O primeiro a aparecer foi o roxo, e a vendedora conta que já fez a foto do ano com ele. Agora chegou a vez do amarelo. Iradene estava encantada com a floração. “É só uma vez que florescem ao ano e vêm com tantas cores exuberantes. Se tem uma coisa que a pandemia não consegue parar, é com a beleza da natureza”, comenta Iradene.
 
A filha, Hadassa Nascimento, 22, conta que poder estar ao ar livre com a presença desses ipês traz calmaria para o atual momento. “A gente está vivendo um momento muito difícil em que precisa estar preso dentro de casa. Ver essas belezinhas de cores tão vibrantes é o que nos é permitido fazer. Sinto que traz alegria para os meus dias”, destaca.
 
Rebecca Conceição, 23, moradora de Samambaia Sul, também tem o hábito de sempre fotografar ipês quando os encontram. “Nunca perco uma oportunidade de registrá-los, principalmente porque eles ficam floridos por pouquíssimos dias no ano”, diz ela, que ama passear pelas ruas da cidade e ver a conexão da natureza com a bela arquitetura de Brasília.
 
Para ela, essa época do ano é encantadora. Rebecca acredita que a beleza da árvore transforma o nosso dia a dia, o deixando melhor e mais bonito. “Os ipês-amarelos me fazem lembrar que, mesmo em meio a tantas dificuldades e sofrimentos, nós podemos desfrutar de alegrias, de bons momentos. Principalmente porque ele floresce justamente no período onde tudo deveria estar seco e sem vida, que é o inverno”, destaca.


 (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  


 (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  


 (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  



Sequência
 
A floração do ipê-amarelo dura em média de duas a três semanas. A engenheira agrônoma, Carmen Regina Correia, 62, explica que esse processo acontece ao mesmo tempo que o dos demais ipês, exceto o do branco, que é mais rápido e que também é o último a florir. Carmen ressalta que eles aparecem na sequência dos roxos e que o amarelo pode continuar florindo até setembro. “Este ano floriu pouco ainda, sendo que o rosa, que vem depois dele, está florindo intensamente agora, antes da maior intensidade do amarelo”, pontua.
 
A engenheira destaca que a dispersão das sementes dos ipês ocorrem pelo vento. Segundo ela, os frutos se abrem presos à planta e as sementes aladas são levadas pela ventania. Carmen afirma que a germinação da árvore não demora muito, dura até uma semana, se as sementes forem novas. Se as sementes forem mais velhas, podem demorar mais para germinar.
 
Arborização
 
Segundo a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), quem deseja fazer o plantio da árvore em espaço público, deve solicitar à empresa, pois em acordo com o decreto 39.469/2018, ela é a responsável pelo manejo e plantio da arborização no Distrito Federal. Mas, atualmente, a Novacap suspendeu a venda de árvores, no momento eles afirmam que toda a produção será destinada ao programa de arborização 2021/2022. A empresa também ressalta que não faz doação de mudas.
 
Para esse programa, que começa ainda esse ano e se estenderá até o próximo, será plantado em todo DF 100 mil mudas de árvores, sendo deste total 40 mil ipês de cores variadas. Estima-se que na capital federal tenham mais de 230 mil ipês plantados, sendo deste total 30% amarelo, a maioria localizada no Plano Piloto.
 
E para quem é apaixonado pelo ipê-amarelo, foi lançado neste ano o aplicativo Ipês. Feito para facilitar a vida de quem é apreciador da árvore, além de informar sobre a floração, ele mapeia e ajuda o usuário a chegar aos locais onde o ipê se encontra. O serviço é gratuito e está disponível para celulares com tecnologia Android e IOS.
 
*Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira


Correio Braziliense sábado, 07 de agosto de 2021

OLIMPÍADA: CANOAGEM - ISAQUIAS QUEIROZ É OURO

Jornal Impresso

Nascido para vencer
 
Brasileiro conquista a quarta medalha olímpica – a primeira nos Jogos de Tóquio – em prova dos C1 1000m e se consolida como lenda do esporte brasileiro. Baiano disse que estava com raiva antes da final

 

João Vítor Marques
Enviado especial

Publicação: 07/08/2021 04:00

Isaquias Queiroz disse que teve dificuldade com o vento na largada, mas superou a dificuldade e se jogou na água para comemorar o ouro inédito (Jonne Roriz/COB

)  
Isaquias Queiroz disse que teve dificuldade com o vento na largada, mas superou a dificuldade e se jogou na água para comemorar o ouro inédito
 
Tóquio — “Eu tô na raiva”. As palavras ditas após a classificatória do C1 1.000m demonstravam bem o espírito de Isaquias Queiroz para o último dia de provas da canoagem de velocidade na Olimpíada de Tóquio. Ele fez o melhor tempo das preliminares, mas não estava satisfeito. Sabia que podia mais — e conseguiu. Em final disputada no fim da noite de ontem (manhã de sábado no Japão), o baiano de 27 anos confirmou o favoritismo, percorreu o trajeto no Sea Forest Waterway em 4min04s408 para conquistar a medalha de ouro e reforçar o status de lenda do esporte olímpico brasileiro.
 
Em 2016, Isaquias Queiroz fez história ao se tornar o primeiro (e até aqui único) atleta nascido no Brasil a conquistar três medalhas em uma mesma edição dos Jogos. Naquele ano, no Rio de Janeiro, ganhou prata no C1 1.000m e no C2 1000m (ao lado de Erlon de Souza) e bronze no C1 200m. Mas ao campeão mundial ainda faltava o sonho olímpico dourado. Não falta mais.
 
“Dedicação durante os últimos anos e não quero sair daqui sem medalha. Se sair sem medalha vou ficar triste, claro. Quero deixar 100% na água para todos verem que me dediquei, me doei ao máximo para representar o Brasil. O que eu treinei não foi brincadeira”, chegou a dizer, logo após a classificatória de quinta-feira.
E o trabalho duro do baiano da pequena Ubaitaba, que treina na mineira Lagoa Santa (Região Metropolitana de Belo Horizonte), deu resultado. “Na raiva” após bater na trave na luta pelo bronze ao lado de Jacky Godmann no C2 2.000m (ficaram na quarta colocação), Isaquias conseguiu subir ao pódio em Tóquio e deu um largo passo para se tornar o maior medalhista brasileiro na história olímpica.
 
Isaquias, agora, tem quatro conquistas: uma de ouro, duas de prata e uma de bronze. Ele iguala o total do nadador Gustavo Borges (que conseguiu duas pratas e dois bronzes), mas fica à frente por ter uma dourada. Só dois atletas nascidos no Brasil têm mais: Robert Scheidt (dois ouros, duas pratas e um bronze) e Torben Grael (dois ouros, uma prata e dois bronzes).
 
O brasileiro foi dominante durante toda a competição. Nas eliminatórias, fez o melhor tempo entre todos os competidores e avançou diretamente à semifinal, sem a necessidade de disputar as quartas. Quando voltou ao barco, remou os 1.000m em 4m05s579 e conseguiu vaga na decisão também com a marca mais baixa. Apontado como o grande rival de Isaquias, o alemão Sebastian Brendel não conseguiu classificação para a final. E na prova decisiva, o baiano conquistou a medalha que tanto perseguia.
 
Multimedalhista
Isaquias Queiroz é daqueles esportistas que acordam e vão dormir pensando em como podem melhorar. A competitividade é tanta, que batizou o filho de “Sebastian”. É uma homenagem ao alemão Sebastian Brendel, seu principal rival nas últimas grandes competições. Os motivos? Além da amizade com o concorrente, é também para que o brasileiro lembre todos os dias do adversário e continue treinando.
 
A paixão pela canoagem, porém, não começou de forma competitiva. Nas águas de Ubaitaba, Isaquias começou a remar logo quando criança. Por lá, a canoa também é meio de transporte para se locomover pelo Rio de Contas. Aliás, o nome do local significa, em tupi, “cidade das canoas”.
 
Isaquias logo de cara chamou a atenção de Figueiroa Conceição, então auxiliar-técnico de Jefferson Lacerda, pioneiro da canoagem brasileira. Ele buscava jovens talentos em escolas e ficou espantado com o potencial do ‘Oreião’, como era conhecido o menino que viraria multimedalhista olímpico.
 
A infância de Isaquias não foi de fartura, mas nunca lhe faltou nada, como gosta de dizer. Não se pode dizer, porém, que não houve percalços. Pelo contrário. Aos 3 anos, queixou-se de dores na barriga. A “cuidadora” com quem estava, pouco mais velha, resolveu preparar um chá. O garoto esbarrou nela, a água fervente virou e caiu em cima dele.
 
Após um duro mês internado, Isaquias voltou para casa após uma decisão da mãe, Dilma Queiroz. Ela não queria mais ver o filho na cama de hospital e resolveu assinar um termo de responsabilidade para tirá-lo de lá mesmo contra as recomendações do médico, que alertava para a possibilidade de o menino morrer se a alta fosse antecipada. O garoto sobreviveu.
 
Cerca de dois anos depois, Isaquias foi sequestrado por uma mulher que vivia em Ubaitaba. A mãe, depois de muito desespero e muito refletir, imaginou quem poderia tê-lo levado e conseguiu encontrá-lo.
 
Os desafios não pararam por aí. Arteiro e inquieto, sofreu um acidente grave quando tinha 10 anos. Isaquias subiu em uma árvore para tentar ver uma cobra morta, caiu do galho da mangueira e desmaiou. Sofreu hemorragia interna e perdeu um rim. Mas, depois de ficar internado em um hospital em Itabuna, a 60km de Ubaitaba, resistiu e, a partir daí, deu os primeiros passos rumo ao estrelato.
 
E o resto é história. Isaquias se tornou imbatível na canoagem brasileira e, na adolescência, passou a protagonizar torneios internacionais de canoagem. Adulto, fez história no Rio de Janeiro e em Tóquio. E não quer parar. Paris (2024) é logo ali.
 
“Estou muito feliz. Nem consigo acreditar direito. Eu vim aqui para isso. Espero que o povo brasileiro esteja feliz também. Lembro dos versos do Hungria Hip Hop: ‘Um dia eu vi uma estrela cadente e fiz um pedido. Creio, fui atendido. Era só um menino brincando com os amigos’. Mas, hoje, eu sou campeão olímpico. Nação rubro-negra, essa medalha é nossa”

 


Correio Braziliense sexta, 06 de agosto de 2021

OLIMPIADA: BOXE FEMININO - FÉ NOS PUNHOS DE BEATRIZ FERREIRA

Jornal Impresso

 

Fé nos punhos de Bia
 
Com três pódios nos Jogos , Brasil tem a melhor Olimpíada no boxe. Beatriz Ferreira é a maior esperança de ouro na modalidade e terá combate sonhado por ela contra a adversária irlandesa Anne Kellie Harrington

 

João Vítor Marques
Enviado especial

Publicação: 06/08/2021 04:00

Carismática e dona de excelente técnica, Bia Ferreira mostra confiança para o combate final (Luis Robayo/AFP)  
Carismática e dona de excelente técnica, Bia Ferreira mostra confiança para o combate final
 
Tóquio — A centenária história do boxe na Olimpíada é marcada por reviravoltas, grandes estrelas e predomínio dos Estados Unidos e de Cuba. Na Europa, Grã-Bretanha, Itália e a extinta União Soviética conquistaram dezenas de medalhas desde que a modalidade passou a fazer parte do programa olímpico, nos Jogos de 1904, em Saint Louis. Só não houve disputa em 1912 (Estocolmo), já que a lei sueca proibia a prática da modalidade. Aos poucos, com o passar das décadas, as tradições são revistas, e novos protagonistas surgem. É o caso do Brasil. Em Tóquio, o país emplacou três medalhistas — e dois deles podem pintar o prêmio de dourado nos últimos dias de competição.
 
Os baianos Hebert Conceição (na categoria até 75kg) e Beatriz Ferreira (até 60kg) disputam finais neste fim de semana. Na madrugada deste sábado, ele encara o ucraniano Oleksandr Khyzhniak, a partir das 2h45. “A cada luta, vamos ganhando mais confiança, o que faz toda a diferença. Seja o evento que for, sempre entro mais travado e, conforme vai passando o tempo, vou ganhando mais confiança. E estou muito seguro para fazer um bom trabalho na final e trazer mais uma medalha de ouro”, disse o brasileiro.
 
No domingo, às 2h, soa o gongo para a decisão feminina de Bia contra a irlandesa Anne Kellie Harrington. “É degrau por degrau. Fui alimentando isso, estudando as adversárias e hoje estou feliz aqui, mas ainda não acabou. Queria muito essa luta. Participamos de alguns campeonatos, mas, infelizmente, não chegamos a lutar. Ela é campeã mundial, tem todo o meu respeito e estou bem ansiosa para esse espetáculo. Espero sair com a vitória e mandar essa medalha para o meu pai”, declarou a brasileira, atual campeã do mundo.
 
Os dois combates decisivos terão como palco a Kokugikan Arena, templo do sumô japonês e uma das instalações mais tradicionais desta edição dos Jogos Olímpicos. A outra medalha brasileira na modalidade foi conquistada pelo paulista Abner Teixeira, que caiu na semifinal da categoria até 91kg e levou o bronze.
 
As projeções da equipe olímpica da Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe) não previam um sucesso tão grande nos Jogos de Tóquio. “Se alcançarmos uma medalha no masculino e uma no feminino, cumprimos o prognóstico”, disse, antes das quartas de final de Bia e Hebert, o técnico Mateus Alves. E a meta foi batida com os três pódios conquistados no Japão.
 
Este é o melhor desempenho brasileiro na história do boxe olímpico. Antes das medalhas de Tóquio, o país havia conquistado cinco — uma de ouro, uma de prata e três de bronze. A primeira foi de Servílio de Oliveira, terceiro colocado do peso mosca (até 51kg) na Cidade do México, no longínquo 1968 — mais de 60 anos depois da estreia da modalidade nos Jogos.
 
Depois dele, surgiram nomes importantes no boxe brasileiro. O maior deles foi Acelino “Popó” Freitas, que conquistou quatro vezes o título mundial e se tornou uma das estrelas do esporte nacional. O baiano de Salvador, porém, nunca disputou a Olimpíada. Segundo ele, isso se deveu à falta de valorização dos pugilistas brasileiros.
 
“Eu ganhei a prata no Pan de Mar del Plata, em 1995, e fazia 17 anos que o Brasil não ganhava uma medalha. Mas eu voltei a dormir na mesma casa, a passar a mesma dificuldade, a passar fome. Essa medalha não me deu dinheiro, essa medalha não me deu patrocínio, essa medalha não me deu nada. Aí, eu pensei em virar profissional. O Evander Holyfield estava lutando na Bahia e me convidaram para fazer as preliminares. Eu ganhava R$ 400 por luta e dava para ajudar a minha casa, dava para comer”, desabafou, em 2020, numa entrevista à Band.
 
Dificuldade
 
Popó, porém, deixou um legado — construído com o auxílio de Luís Cláudio. Pelas portas que os irmãos Freitas reabriram, passaram importantes boxeadores da história olímpica brasileira. Depois de 44 anos, o país voltou a conquistar uma medalha na modalidade. Nos Jogos de Londres, em 2012, Yamaguchi Falcão, Esquiva Falcão e Adriana Araújo subiram ao pódio. A medalha dela foi bastante significativa, afinal, foi vencida na primeira edição dos Jogos em que a modalidade foi disputada também por mulheres.
 
O primeiro ouro veio com Robson Conceição, no Rio de Janeiro, em 2016. Nascido em Salvador, ele retomou a tradição do boxe da Bahia, celeiro de talentos para a modalidade. Na capital, nasceram Hebert e Bia, esperanças do Brasil para melhorar no quadro geral de medalhas no Japão. Com dois ouros, o país poderia, a depender do desempenho das outras delegações, saltar da 16ª para a 12ª colocação — que seria a melhor posição do país na história. O recorde atual foi registrado com o 13º lugar de cinco anos atrás.

Correio Braziliense quinta, 05 de agosto de 2021

ÁRVORES DO SUDOESTE SERÃO PRESERVADAS NA CONSTRUÇÃO DO VIADUTO

Jornal Impresso

 

Árvores ficam no Sudoeste

No CB.Poder, o secretário de Obras do GDF, Luciano Carvalho, garantiu aos moradores do bairro que a construção do viaduto da Epig preservará a área verde da quadra 105. (Ed Alves/CB/D.A Press)

No CB.Poder, o secretário de Obras do GDF, Luciano Carvalho, garantiu aos moradores do bairro que a construção do viaduto da Epig preservará a área verde da quadra 105.


Correio Braziliense quarta, 04 de agosto de 2021

JOSÉ TINHORÃO SE ENCANTOU: JORNALISTA E CRÍTICO MUSICAL, MORRE AOS 93 ANOS

Jornal Impresso

 

José Tinhorão, legado purista na crítica musical

 

Severino Francisco

Publicação: 04/08/2021 04:00

Jornalista era crítico da bossa-nova e protagonizou polêmicas com artistas como Tom Jobim e Caetano Veloso  (Marcos Fernandes/CB/D.A Press - 25/4/98

)  
Jornalista era crítico da bossa-nova e protagonizou polêmicas com artistas como Tom Jobim e Caetano Veloso
 
A voz severa se calou. Aos 93 anos, José Ramos Tinhorão, um dos mais polêmicos, implacáveis e ferinos críticos de música do país, morreu, ontem. Ele ganhou o apelido dos colegas do Diário Carioca, em 1953, quando começou a trabalhar como jornalista. Tinhorão é uma planta venenosa. Ao ler a primeira matéria, ele levou um susto. Assinara J. Ramos, mas apareceu J. Ramos Tinhorão.
 
Ficou bravo e foi falar com o chefe de reportagem, que gargalhou, conta Tinhorão em entrevista ao repórter Gabriel de Sá, publicada no Correio, em 1993: “O chefe disse que Ramos era nome de ladrão de galinha, que tinha um milhão na lista telefônica, e que Tinhorão ia ser só eu. Pensei e vi que ele tinha razão. Ficou”.
 
Tinhorão tornou-se célebre pelas brigas que comprou com a Bossa Nova, a Tropicália, o iê-iê-iê, Chico Buarque, Paulinho da Viola, o rock e qualquer outro gênero que ameaçasse a pureza ou a suposta pureza das raízes musicais brasileiras. Em debate promovido durante a Festa Literária Internacional (Flip), Tinhorão afirmou que tinha pena de Tom Jobim porque ele havia incorrido em um grande equívoco: “Achava que compunha música brasileira”. Considerava a bossa nova o jazz pasteurizado.
 
“A bossa nova é uma variante da música americana branca, do cool jazz”, complementava em entrevista ao Correio. De sua parte, Tom Jobim devolvia com senso de humor engatilhado na língua: “Ele tem razão, autenticamente brasileiro só mesmo o jequitibá”.
 
Tinhorão percebia o tropicalismo de Caetano Veloso e Gilberto Gil como um desdobramento da bossa nova. Mas admitia: “O tropicalismo é uma boa malandragem. O Gil e o Caetano, todos, são meninos da bossa nova baiana, nasceram na época em que estava nascendo a bossa nova na Bahia. Domingo no Parque, uma coisa originalíssima, é música de pernada, de capoeira”.
 
Caetano Veloso ficava profundamente irritado com as opiniões de Tinhorão. Em 1965, portanto, antes da eclosão do movimento tropicalista em 1968, escreveu: “A se julgar por elas, somente o analfabetismo asseguraria a possibilidade de se fazer música no Brasil”.
 
Mas se o purismo de Tinhorão restringia a compreensão da música popular moderna, ele tem grande relevância como pesquisador da cultura brasileira. E é um trabalho que começou ao ser convidado a escrever uma série de reportagens sobre o samba nas páginas do Caderno B, do Jornal do Brasil, a pedido do então editor Reynaldo Jardim. Tinhorão entrevistou Donga, Ismael Silva, João da Bahiana e Pixinguinha, entre outros, que ainda não tinham registros de suas histórias.
 
Tinhorão escreveu livros sobre a história da música brasileira que se tornaram clássicos: Pequena história da música popular segundo seus gêneros, Festa de negro em devoção de branco, Música popular — do gramafone ao rádio e TV e A história social da música brasileira, entre outros. Garimpador de sebos, reuniu um acervo de mais de 14 mil livros, 13 mil discos e 35 mil documentos sobre música. Em 2001, o acervo foi adquirido pelo Instituto Moreira Salles.
 
Nascido em Santos, litoral de São Paulo, Tinhorão se formou em direito e jornalismo. Considerava-se um marginal dentro da produção de história, pois não tinha formação acadêmica na área. “A academia é máfia”, disparou. “Se você não pertencer à máfia, eles não te citam. Como eu sou um estudioso de fora, que venho do jornalismo, quando eu faço um livro que tem a ver com a história, o cara que vem comentar me chama de jornalista”.
 
Nas redes sociais, a morte do crítico repercutiu. “Foi-se, aos 93, José Ramos Tinhorão, grande pesquisador da música brasileira. Impossível, para qualquer um interessado em nossa música, não ter sido impactado por seus livros e textos”, escreveu André Barcinski, diretor e roteirista.
 
“Recebemos com pesar a notícia do falecimento do crítico José Ramos Tinhorão. Recebemos dele grandes elogios e críticas bastante contundentes. Foi por muito tempo um dos mais importantes críticos de música do país. Apesar das polêmicas, deixou um legado importante”, ressaltaram os integrantes da Banda de Pau e Corda.

Correio Braziliense terça, 03 de agosto de 2021

OLIMPÍADA: MARTINE GRAEL E KAHENA KUNZE CONQUISTAM O OURO NA VELA

Jornal Impresso

E o barquinho foi rumo a outro ouro...
 
Campeãs na Rio-2016, Martine Grael e Kahena Kunze conquistam o bi em Tóquio na categoria 49er FX da vela

 

Publicação: 03/08/2021 04:00

Martine e Kunze: a parceria brasileira ficou em terceiro lugar na medal race e celebrou uma campanha de superação na capital japonesa (Olivier Morin/AFP
)  
Martine e Kunze: a parceria brasileira ficou em terceiro lugar na medal race e celebrou uma campanha de superação na capital japonesa
 
Martine Grael e Kahena Kunze cumpriram a missão de repetir a medalha de ouro na vela dos Jogos Olímpicos. Na madrugada de hoje (horário de Brasília), a dupla brasileira conquistou o segundo título seguido na classe 49er FX, como havia ocorrido na edição de 2016, no Rio de Janeiro.
 
Na última regata, a medal race, com valor duplo para a classificação geral, Martine e Kahena ficaram na terceira colocação. Elas iniciaram o dia com a melhor campanha na classe 49er FX, empatadas com as holandesas Annemiek Bekkering e Annette Duetz – as duas duplas com 70 pontos perdidos. As representantes europeias chegaram atrás das brasileiras.
 
Martina e Kahena ficaram nas principais colocações da última regata durante todo o tempo. No começo, chegaram a liderar, mas, ao final da primeira perna, caíram para terceiro. No entanto, como as principais adversárias estavam bem para trás, as brasileiras apenas administraram a vantagem até o barco cruzar a linha final.
 
A última regata da classe 49er FX deveria ter sido realizada na segunda-feira. No entanto, a organização do evento acabou adiando a disputa por questões climáticas, primeiro por falta de vento e depois pela perspectiva de um clima instável no Japão, o que prejudicaria uma medal race mais técnica.


Correio Braziliense domingo, 01 de agosto de 2021

OLIMPÍADA: BRUNO FRATUS GANHA BRONZE NOS 50 METROS

Jornal Impresso

 

Bruno Fratus ganha o bronze nos 50m
 
 
Após bater na trave nos Jogos Olímpicos de 2012 e 2016, atleta carioca brilha na prova mais rápida da natação, em Tóquio, e conquista a aguardada medalha. Em 21s57, nadador ficou com o terceiro lugar e coroou ciclo em que precisou vencer a depressão. (Attila Kisbenedek/AFP)
 

 

Publicação: 01/08/2021 04:00

 

Com o tempo de 21s57, brasileiro se tornou o terceiro nadador mais rápido do mundo (Odd Andersen/AFP)  
Com o tempo de 21s57, brasileiro se tornou o terceiro nadador mais rápido do mundo

 

A vida de Bruno Fratus nunca mais foi a mesma depois do sexto lugar nos 50m livre nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016. A decepção por ficar fora do pódio em casa, quando era líder mundial do ranking, deu início a um quadro de depressão. Foi quando buscou ajuda profissional e contou com o apoio irrestrito da esposa Michelle Lenhardt. E o processo valeu a pena: na noite de ontem , o nadador, enfim, conseguiu a consagração olímpica com a conquista da medalha de bronze em Tóquio. Mas, mais importante que isso, voltou a sorrir.


Aos 32 anos, o atleta se consagrou como o terceiro nadador mais rápido do mundo. Ontem, ele estava leve e muito menos pressionado do que quando competiu em casa. O nadador percorreu os 50m da piscina do Tokyo Aquatics Centre em 21s57. O ouro ficou com o estadunidense Caeleb Dressel (21s07). Ele bateu o recorde de 21s30 que era de Cesar Cielo desde Pequim-2008. A prata foi do francês Florent Manadou (21s55, campeão no Rio.


O abatimento psicológico culminou em tempos ruins nas competições pós Rio-2016 e na vida pessoal. Mas Fratus não estava sozinho. Com ajuda profissional e o apoio da família, em especial da esposa, as coisas começaram a melhorar. Na premiação, antes de receber a medalha, presenteou Michelle com o buquê entregue no pódio e deu um longo beijo na amada.


"Estava entalado desde 2011, meu primeiro mundial, depois 2012. Aquela Olimpíada do quase. Depois do Rio, principalmente. Foi um grito de finalmente. Finalmente medalhista olímpico. Realizei meu sonho de 11 anos. Não teria sido sem o suporte, amor e amizade de torcida de todo mundo está até agora do meu lado, que não abriu. Essa é para vocês", vibrou.


Correio Braziliense sábado, 31 de julho de 2021

OLIMPIADA: SELEÇÃO MASCULINA DE VÔLEI RENASCE, AO VENCER OS RUSSOS

 Jornal Impresso

 

Seleção masculina reage

 

Publicação: 31/07/2021 04:00

Renan Dal Zotto:  
Renan Dal Zotto: "Temos de buscar a melhor classificação"


Nada como uma grande vitória após uma derrota dolorosa. Foi assim com a Seleção Brasileira masculina de vôlei, ontem, nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Sem se abalar pelo revés diante do Comitê Olímpico da Rússia, o time comandado por Renan Dal Zotto superou o forte time dos Estados Unidos, de virada, por 3 sets a 1, com parciais de 30/32, 25/23, 25/21 e 25/20.
 
Na melhor partida da Seleção no torneio até agora, não faltou intensidade e bons momentos de vibração e técnica dos brasileiros. A equipe voltou a mostrar poder de superação ao obter nova vitória de virada, como fizera diante da Argentina, por 3 a 2. E elevou o nível em um dos melhores jogos de vôlei em Tóquio.
 
Além de aliviar a pressão, a partida praticamente assegura o Brasil nas quartas de final. Com três vitórias e uma derrota, a Seleção está em segundo lugar no Grupo B, com oito pontos. O Comitê Olímpico da Rússia lidera, com nove. A equipe nacional encerra participação nesta fase diante da França, hoje, a partir das 23h05 (horário de Brasília).
 
Ontem, os maiores destaques do Brasil em quadra foram Lucarelli, responsável por 19 pontos, Leal, com 18, e Wallace, com 17. Pelo lado americano, Matthew Anderson brilhou com 22 acertos. Torey Defalco contribuiu com 21.

Correio Braziliense sexta, 30 de julho de 2021

FOGO NA CINEMATECA É O RETRATO DA CULTURA NO PAÍS

Jornal Impresso

 

Fogo na Cinemateca é o retrato da cultura no país
 
Um incêndio destruiu, ontem, um galpão da Cinemateca Brasileira, em São Paulo. Parte do acervo foi consumido pelo fogo. Artistas e funcionários alertam há tempos para a precariedade das instalações da instituição.  (Reprodução)
 
Depois de vários alertas de artistas e funcionários sobre a precária conservação da instituição, parte do acervo de um galpão com filmes históricos e documentos foi perdido. Chamas teriam começado após a manutenção de um aparelho de ar-condicionado

 

Publicação: 30/07/2021 04:00

Um incêndio destruiu parte do acervo de um galpão da Cinemateca na Vila Leopoldina, na zona oeste de São Paulo, na noite de ontem. Ao menos três salas do 1º andar — duas de filmes históricos e uma de material impresso e documentos — foram consumidas pelo fogo. Segundo o Corpo dos Bombeiros, as chamas começaram após a manutenção de um ar-condicionado em uma sala da instituição, a mais antiga do tipo na área de cinema na América Latina. Não houve vítimas. O governo federal disse que pediu à Polícia Federal (PF) para apurar o caso.
 
Nos últimos anos, artistas e funcionários da Cinemateca têm alertado para a precariedade da estrutura, falta de investimentos, e risco de incêndio. Inclusive, um manifesto daqueles que trabalham na instituição, datado de 12 de abril, chamava a atenção para a precariedade das instalações. “A possibilidade de autocombustão das películas em nitrato de celulose, e o consequente risco de incêndio frequentemente recebem atenção da mídia e do público. A instituição enfrentou quatro incêndios em seus 74 anos, sendo o último em 2016, com a destruição de cerca de 500 obras. O risco de um novo incêndio é real”, alertou o documento.
 
As chamas atingiram três salas de área entre 300m² e 400m² e se espalhou rapidamente por causa das substâncias químicas que compõem as películas e o papel dos documentos. O andar térreo não foi afetado. “Estamos apurando o que foi queimado e o que foi preservado nessas três salas, mas provavelmente não foi preservado nada”, afirmou a capitão Karina Paula. A corporação ainda apurava, ontem, se o local tinha alvará de incêndio.
 
Conforme a Secretaria de Cultura do governo federal, o sistema de climatização havia passado por manutenção havia um mês. Nas redes sociais, o secretário Mário Frias — que está na Itália onde participa da cúpula do G-20 de ministros da Cultura —, escreveu que a apuração da PF vai indicar se o incêndio foi criminoso. “Tenho compromisso com o acervo ali guardado, por isso mesmo quero entender o que aconteceu”, disse.
 
“Caso se confirme que o incêndio é fruto da falta de manutenção que nós e todo o setor audiovisual já tínhamos anunciado, vamos perceber que essa é mais uma ação de ataque à cultura e ao patrimônio cultural brasileiro por parte do governo federal”, disse o secretário municipal de Cultura de São Paulo, Alê Yousseff.
 
A Cinemateca tem a função de preservar e difundir o acervo audiovisual brasileiro. É administrada pela Secretaria Nacional do Audiovisual, parte da Secretaria Especial de Cultura. Há dois anos, o contrato que a Associação Roquette Pinto mantinha com o Ministério da Educação para a gerência da instituição não foi renovado.
 
Promessas
O governo federal se comprometeu com novo edital para a função, mas a promessa não saiu do papel. Em maio de 2020, ao demitir Regina Duarte do comando Secretaria Especial da Cultura, o presidente Jair Bolsonaro declarou, em vídeo ao lado da atriz, que ela iria para a instituição — ela, porém, jamais assumiu a função. Em agosto, ao visitar as instalações, Frias declarou que a Cinemateca estava “protegida”.
 
O prédio no número 290 da rua Othão, na Vila Leopoldina, foi doado à Cinemateca em 2009 pela União. Com 6.356m² de área construída, abriga as reservas específicas de guarda de acervos, áreas de processamento de acervos fílmicos e documentais, laboratório de impressão fotográfica digital e demais instalações administrativas, de apoio e serviços da instituição.
Várias manifestações no Twitter acusam o governo de Jair Bolsonaro de promover um desmenote deliberado da cultura no Brasil. Foram inúmeras as críticas não apenas à atuação de Mario Frias, mas também a Regina Duarte por não ter assumido o comando da Cinemateca, como ficou acertado depois de ser dispensada da secretaria de Cultura.
 
Repercussão
Felipe Neto (youtuber e influenciador digital)
“O incêndio da Cinemateca não é tragédia, não é acidente. É um incêndio causado pela inoperância. Em 12 de abril, os trabalhadores da Cinemateca avisaram que pegaria fogo”.
 
Joice Hasselmann (deputada federal, PSL-SP)
“Cadê o governo @jairbolsonaro, que retirou a fundação que cuidava do acervo para alojar Regina Duarte?! Este governo destrói tudo o que toca!”
 
Humberto Costa (senador, PT-PE)  
“Nada poderia representar mais o descaso do governo Bolsonaro com a cultura brasileira. Que dia triste, que gestão desastrosa”.
 
Leandra Leal (atriz) 
“No mínimo esse incêndio foi resultado de negligência. Estamos perdendo nossa memória”.
 
Augusto de Arruda Botelho (jurista)
“O incêndio na Cinemateca não é uma fatalidade, um acidente. É o resultado de uma política de sucateamento da cultura brasileira”.
 
Zélia Duncan (cantora) 
“Descaso do governo com a cultura é proporcional ao nível de ignorância que vem de lá. E a Cinemateca arde… o Brasil tá lascado”.
 
Tico Santa Cruz (músico) 
“Uma hora são os dados do CNPq. Outro dia incêndio na Cinemateca Brasileira. Alguém duvida que isso tudo seja um projeto de destruição?”
 
Dadá Coelho (humorista e roteirista) 
“A crônica de uma morte anunciada. A memória do país indo para o ralo”.
 
Davi Miranda (deputado federal, PSol-RJ) 
“O fogo queima a cultura do país abandonado por Bolsonaro!”
 
Cláudio Couto (cientista político)
“Agora queima a Cinemateca Brasileira. A mesma Cinemateca largada às traças por Bolsonaro, que ele queria dar de presente para Regina Duarte, a palhaça do pum”.
 
Antonio Tabet (humorista e roteirista) 
“Com Regina Duarte, Mário Frias, Jair Bolsonaro e grande elenco”.
 
Fabiano Contarato (senador, Rede-ES)
“O abandono e o descaso fazem nova vítima: a Cinemateca Brasileira. Nossa história e nossa cultura pegam fogo em uma tragédia anunciada. Uma lástima e uma perda irreparável para o cinema nacional!”
 
Marcelo Freixo (deputado federal, PSB-RJ) 
“O incêndio na Cinemateca não é tragédia anunciada, é projeto de governo”.
 
Erika Hilton (deputada estadual, SP) 
“Cinemateca Brasileira está pegando fogo. Cultura Brasileira abandonada. Nossa história pegando fogo pelo descaso proposital”
 
Ciro Gomes (ex-ministro)
“Quem pagará por este pavoroso crime contra a memória nacional? É o rastro de destruição deste governo”.
 
João Barone (músico) 
“Já estão queimando a Cinemateca Brasileira, daqui a pouco começam as bibliotecas e livros”.
 
Andréa Pachá (juíza e escritora) 
“Tragédias são inevitáveis. O apagão do CNPq e o incêndio na cinemateca não são tragédias. São crimes. Por descaso. Por omissão. Por irresponsabilidade”.
 
Dilma Rousseff  (ex-presidente da República) 
“O triste fim da Cinemateca em São Paulo. Bolsonaro, Regina Duarte, Mario Frias, incêndio”.

Correio Braziliense quinta, 29 de julho de 2021

OLIMPÍADA: SELEÇÃO FEMININA DE FUTEBOL - VAI COMEÇAR O MATA-MATA

Jornal Impresso

 

Duelo de intimidade nas quartas de final

 

Maíra Nunes

Publicação: 29/07/2021 04:00

Marta tem 13 gols em Olimpíadas: faltam dois para o recorde nacional (Ayaka Naito/AFP)  
Marta tem 13 gols em Olimpíadas: faltam dois para o recorde nacional
 
A fase decisiva do futebol nos Jogos Olímpicos de Tóquio começará na madrugada de amanhã, com as disputas femininas. Às 5h, a Seleção Brasileira enfrenta o Canadá, pelas quartas de final, em Miyagi (Japão). O primeiro jogo eliminatório do Brasil será contra a equipe que o país mais enfrentou desde a chegada da técnica Pia Sundhage, em julho de 2019. Nos últimos dois anos, foram quatro confrontos, com duas vitórias brasileiras e dois empates.
 
“O Canadá é um adversário que conhecemos bem e que nos conhece muito bem também, mas, agora, é para valer. Estamos preparadas e a equipe vem evoluindo. Ainda não estamos no nosso nível ideal, mas estamos bem perto disso”, analisa Bruna Benites. A zagueira aposta em um jogo difícil, “como foram todos os outros”. As duas seleções também guardam um histórico de confronto olímpico recente, mas com melhores recordações para as canadenses, que venceram a disputa de terceiro lugar sobre as brasileiras, nos Jogos do Rio-2016.
 
Nas Olimpíadas de Tóquio, o Brasil terminou a primeira fase na segunda colocação do Grupo F, atrás da Holanda. A equipe verde-amarela conquistou duas vitórias e um empate, marcando nove gols. Números que mostram um forte poder ofensivo e um estilo de intensidade física, característica impressa pela sueca Pia. Mas a preocupação da treinadora sempre foi no setor defensivo. O time sofreu três gols, todos diante das holandesas. Ainda que não tenha sido uma quantidade alarmante, a zaga brasileira apresentou fragilidades. E esse será o principal desafio da Seleção na busca pelo ouro inédito em Olimpíadas.
 
O Canadá se classificou para as quartas de final na vice-liderança do Grupo E, com uma vitória e dois empates, ficando abaixo da Grã-Bretanha na tabela. As comandadas de Bev Priestman, no cargo desde outubro do ano passado, marcaram quatro gols e sofreram três, em Tóquio. A seleção que subiu ao pódio nas duas últimas edições olímpicas tem como referência a experiente Chritine Sinclair, principal arma ofensiva do elenco, com um gol até o momento. A atacante divide essa responsabilidade com a jovem Janine Beckie.

Correio Braziliense quarta, 28 de julho de 2021

O IMORTAL SEU PERU SE ENCANTOU: MORRE O HUMORISTA ORLANDO DRUMMOND, AOS 101 ANOS DE IDADE

Jornal Impresso

 

Morre o humorista Orlando Drummond
 
O humor de Orlando Drummond fez seu personagem mais famoso, da Escolinha do Professor Raimundo, conquistar gerações de brasileiros. Dublador consagrado de ícones como Scooby Doo e Popeye, o ator morreu ontem, aos 101 anos. O país ficou mais triste, mas ganhou uma lenda da comédia.

 

» Ronayre Nunes

Publicação: 28/07/2021 04:00

Um dos maiores nomes do entretenimento do país, Drummond também dublou o personagem Scooby Doo (fulaninha-entretenimentos.blogsp)  
Um dos maiores nomes do entretenimento do país, Drummond também dublou o personagem Scooby Doo
 
Morreu, ontem, o ator, humorista e dublador Orlando Drummond, aos 101 anos de idade, no Rio de Janeiro. Drummond sofreu falência múltipla dos órgãos na própria casa. A morte foi confirmada por familiares nas redes sociais.
 
A jornalista Marina Andrade, uma das sobrinhas-netas do ator, lamentou a morte de Drummond pelo Twitter: “Valeu cada segundo, da minha infância ao último papo nos 100 anos. Tio Orlando forjou o meu humor. Descansa depois de muita luta. Mandem muito amor para Glória, minha tia-avó e esposa de Drummond, filhos Orlandinho e Lenita e os tantos netos e bisnetos”.
 
No começo do ano, Drummond sofreu uma grave infecção urinária, o quadro chegou a se agravar e o artista foi internado, mas, em junho, o ator melhorou e recebeu alta do hospital. Na época, Alexandre Drummond, um dos netos do artista, explicou ao portal R7 que os familiares começaram a tratar o patriarca em casa, para evitar uma entrada no hospital em plena pandemia, mas,com o agravamento do quadro, tiveram de realizar a internação. 
 
Drummond foi um dos primeiros vacinados da cidade do Rio de Janeiro contra a covid-19, ainda em janeiro. Ele havia recebido a segunda dose em fevereiro. 
 
Talento atemporal
 
Carioca nascido em 18 de outubro de 1919, Drummond começou a carreira na TV,  quando  atuou como contrarregra. Um dos maiores nomes do entretenimento do país, o artista foi responsável por transformar personagens humorísticos em atemporais, e foi na voz dele que outros personagens da TV ganharam o Brasil, como Scooby Doo, Alf — O ETeimoso, o marinheiro Popeye e o Vingador, de Caverna do Dragão.
 
Um dos maiores personagens de Drummond foi criado para a televisão: o Seu Peru, no embrião da Escolinha, comandado por Chico Anysio, ainda em 1952.
 
Na biografia Orlando Drummond, versão brasileira (2020), o autor Victor Gagliardo explica a forma descontraída com que Seu Peru foi criado: “O Chico Anysio falou pra Cininha de Paula: ‘Chama o Drummond, que ele resolve’. Aí, o Drummond pegou o personagem. Tanto que o personagem já tinha um bordão que o próprio Chico criou, que era o ‘estou porraqui’. E aí, o Drummond pegou o personagem para si, como se fosse dele mesmo, e criou tantos outros bordões. Como: ‘Peru com mel, de Vila Isabel’, ‘te dou o maiorrapoio’”.


Correio Braziliense segunda, 26 de julho de 2021

OLIMPIADA: É DO BRASIL! RAYSSA LEAL, AOS 13 ANOS, É MEDALHA DE PRATA NO SKATE

Jornal Impresso

Pode ser uma imagem de criança e em pé

É do Brasil! Rayssa Leal, aos 13 anos, é medalha de prata no skate

A fadinha se tornou a medalhista mais jovem em 85 anos


Correio Braziliense domingo, 25 de julho de 2021

BELEZA MADE IN PERIFERIA

Jornal Impresso

 

Beleza made in periferia
 
Do abrigo de menores em situação de vulnerabilidade para o estúdio. Conheça Victória Inácio, a jovem moradora da Fercal que virou musa de fotógrafos em Brasília

 

» HELLEN LEITE

Publicação: 25/07/2021 04:00

Naturalidade da jovem para posar diante das câmeras impressiona fotógrafos profissionais.  
Naturalidade da jovem para posar diante das câmeras impressiona fotógrafos profissionais. "Postura elegante", diz Ivan Bellino


“A vida é assim: feita de sonhos. E é isso que nos mantém vivos”, diz o trecho de uma música do grupo de rap Racionais MC’s que cabe exatamente na realidade de Victória José Inácio de Jesus, uma jovem moradora da Fercal, em Sobradinho, e com um sonho dos grandes: ascender no universo da moda. Filha de artesã e mãe de um bebê de oito meses, a garota foi descoberta por olheiros quando vivia em um abrigo para menores em situação de vulnerabilidade e tornou-se musa de fotógrafos no Distrito Federal.

A imagem e a postura da jovem contrastam com a rua de terra em que vive. Victória vestia um blazer verde, uma calça preta e apresentava um cabelo cuidadosamente finalizado quando apareceu segurando um bebê nos braços — o filho Miguel, de oito meses —, na porta da casa simples. Um dia antes, ela contou, tratou de lavá-los e desembaraçá-los para se apresentar às câmeras profissionais. A maquiagem também foi feita com afeição e zelo. A pele preparada com base e o traço perfeito do delineado sobre uma sombra azul clara colocada com primor no alto das pálpebras.

Beleza não falta. Victória é uma jovem tímida, de 18 anos, que se transforma quando se posiciona em frente à câmera. Mas nem sempre foi assim. Quando criança, ir à escola era difícil por causa do bullying com o cabelo, ou com a falta dele. Uma infestação de piolhos fez com que a mãe da menina não tivesse outra opção além de raspar as mechas volumosas. “Tive o cabelo curto na maior parte da minha vida. Quando era criança, eu e minhas irmãs ficamos carecas por um tempo, e os colegas zombavam da gente por causa disso”, relembra.

Mas a privação dos cabelos e o bullying na sala de aula não foram os únicos desafios na infância. Aos 14 anos, um problema familiar levou Victória e os irmãos a um abrigo para menores. Lá, viveram por aproximadamente quatro anos. Foi nesse lugar que ela aprendeu a se arrumar e conheceu pessoas que a ensinaram que amor-próprio é privilégio, e que o dela precisava ser construído na mesma medida em que ela descobria a beleza dos cabelos fartos.

“Tinha uma amiga que também morava no abrigo e que um dia me pediu para soltar o cabelo. Então, ela lavou meu cabelo e fez uma fitagem para definir os cachos. Eu gostei, e foi ali que eu descobri que meu cabelo podia ser bonito”, conta.

A beleza de Victória logo se fez notar. Olheiros acostumados a observar talentos ainda não lapidados viram na menina potencial para o mundo da moda. Os cabelos abundantes, os olhos amendoados, a boca pequena e o corpo esguio chamaram a atenção de uma agência de modelos quando ela ainda vivia no abrigo, com cinco de seus irmãos. E ela não deixou a oportunidade escapar.

No primeiro desfile, conta, estava nervosa, as mãos suavam, as pernas tremiam, mas a ansiedade não foi capaz de paralisar a vontade de caminhar na passarela. Daquele dia, em 2016, até aqui, são quatro anos sonhando com uma carreira ligada ao universo da beleza. “É o que eu gosto, me sinto feliz e realizada na frente das câmeras.” Mas, mesmo credenciada em uma agência de modelos, nem sempre tem sido fácil.

“A pandemia fez com que os trabalhos diminuíssem bastante. Além disso, para alguns, me falta o dinheiro da passagem e eu não posso ir. Recentemente, fui chamada para um evento em Taguatinga, mas tive que recusar porque eu não conseguiria chegar sem o dinheiro da passagem”, lamenta. Em outros momentos, Victória trabalhou de graça, para divulgação. Mesmo assim, sabe que nem sempre vale a pena. “Uma vez, precisei pagar a passagem e levar meu almoço. Passei o dia trabalhando e não ganhei nada. Mesmo assim, eu sigo tentando”, comenta.

Victória com o filho, Miguel, de oito meses:  
Victória com o filho, Miguel, de oito meses: "Quero me dedicar a aprender para dar um futuro bom para o meu filho"


Musa inspiradora

Entre os trabalhos, estão editoriais para revistas, eventos de noivas, desfiles e ensaios fotográficos. No entanto, os rendimentos ainda não foram suficientes para comprar uma cama, por exemplo. Na casa, só há uma, a da mãe e do padrasto. Ela, os irmãos e o filho dormem no chão, espalhados pelos dois cômodos do barraco erguido dentro da construção que um dia será a casa da família.

A mãe e o padrasto de Victória tentam construir a casa com três quartos há mais de três anos, mas as condições financeiras não permitiram levantar nada além da fundação e das paredes da residência. A família vive, basicamente, com o salário da aposentadoria do padrasto e a renda da artesã, que vende peças de crochê e hortaliças que planta em um canto do quintal. Ainda assim, a jovem mostra com orgulho o que está construído e com carinho o local onde será seu futuro quarto.

Ela também conta com orgulho que, em março deste ano, se tornou musa do fotógrafo italiano Ivan Bellino, que já clicou a beleza da brasiliense mais de 2 mil vezes. “A postura elegante, os olhares profundos e impactantes, o talento em posar na frente da câmera sem precisar de muitas orientações e a capacidade de entender na hora o que o fotógrafo quer extrair dela. Foi uma excelente parceria, que produziu imagens muito apreciadas”, diz o italiano, que vive há 17 anos no Brasil. “Desejo para ela um caminho de sucesso, como merece”, finaliza.

O caminho de sucesso sonhado pela jovem é o combustível para seguir em frente. Desde a casa em que vive, que ainda está em construção, até a carreira de modelo e o trabalho como influencer no Instagram. “O meu sonho é ver a minha filha realizando o sonho dela. Eu digo sempre: ‘Vai em frente, minha filha. Não é porque a gente mora aqui, nesse barraquinho, que você vai parar não. Você vai mudar daqui melhor ainda, você vai dar a volta por cima’, digo a ela para que não deixe o sonho para trás”, conta a mãe de Victória, Fátima José Inácio, 44 anos, sempre com um sorriso no rosto.

A história da jovem modelo passa pelas contrariedades na infância, pela estada no abrigo e maternidade solo, mas o olhar de Victória revela que sua existência é mais complexa que isso. Há sorriso, afeto e sonhos. “Agora eu quero voltar a estudar, é só meu bebê completar 1 ano e quero me dedicar a aprender para dar um futuro bom para o meu filho. Quero fazer uma faculdade, ter minha casa e poder ajudar minha família.”
 
 

Correio Braziliense sábado, 24 de julho de 2021

CORONAVÍRUS - DE BATE RECORDE DE VACINA EM MUTIRÃO

Jornal Impresso

Recorde de vacina em mutirão
 
Mais de 62 mil pessoas receberam a primeira dose dos imunizantes e 14.769, o reforço, ontem. Expectativa da Secretaria de Saúde é de atender 100 mil moradores do Distrito Federal com a D1 até amanhã. Neste fim de semana de campanha, 74 postos estão funcionando

 

SAMARA SCHWINGEL, RAFAELA MARTINS

Publicação: 24/07/2021 04:00

Após perder amigos para a covid-19, Luciana Guimarães ficou aliviada de tomar a primeira dose (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
)  
Após perder amigos para a covid-19, Luciana Guimarães ficou aliviada de tomar a primeira dose
Durante o primeiro dia do mutirão de vacinação contra a covid-19 no Distrito Federal, ontem, cerca de 77,6 mil pessoas foram vacinadas, sendo 62.668 com a primeira dose; 14.769, com a segunda; e 236, com dose única. Os números de D1 e D2 são os recordes de aplicações diárias desde o início da campanha, em janeiro deste ano. A expectativa da Secretaria de Saúde é de atender, até amanhã, 100 mil pessoas de 37 anos ou mais com a primeira dose. Para o reforço, a pasta espera atender 182 mil pessoas até o fim do mês.
 
Sem agendamento, a campanha foi marcada por filas e espera em alguns pontos de atendimento — ao contrário do que foi divulgado anteriormente pela Secretaria de Saúde, ontem, 96 postos funcionaram. Seriam 100. Hoje e amanhã, são 74 postos operando das 9h às 17h. O multirão se encerra neste domingo. Para se vacinar, é preciso ter 37 anos ou mais e comparecer com um documento de identificação com foto. Ontem, a pasta incluiu grávidas e puérperas no público-alvo do mutirão. Como elas têm contraindicação para receber a AstraZeneca, serão atendidas em pontos específicos (veja Gestantes e puérperas).
 
Na avaliação do subsecretário de Vigilância à Saúde e presidente do Comitê de Operacionalização da Vacinação, Divino Valero, o primeiro dia de mutirão foi um sucesso. “Dentro do que esperávamos, e a resposta da população foi muito boa. Tivemos muita procura no início da manhã, mas estávamos preparados. Alguns postos aplicaram 1.300 doses até as 14h”, ressalta. Para ele, a grande procura pelos imunizantes demonstra que a secretaria está no caminho certo. O subsecretário afirma que 1.500 profissionais estão envolvidos no atendimento à população. “Agradeço a todas as equipes que atuam nessa campanha pelo empenho. E, hoje,  estamos esperando aqueles que não compareceram ontem”, convida.
 
Parte do público a ser vacinado pela faixa etária, Felipe Cruz, 37 anos, estava ansioso e, ao receber a lista com os locais de atendimento, se preparou para chegar o mais cedo possível na Unidade Básica de Saúde nº 2 do Guará. Ele estava no local por volta das 7h, mas encontrou uma grande fila e decidiu tentar mais tarde. “Percebi que ia me atrasar para o trabalho. Por isso, optei por ir logo ao Plano Piloto trabalhar”, conta o designer gráfico e morador do Guará.
 
Pela tarde, Felipe foi informado de que a UBS nº 2 do Cruzeiro estava com pouca movimentação. “Esperei 1h30 para ser atendido, mas consegui me vacinar”, celebra. Agora, é aguardar pela aplicação do reforço. “Desde o início, sempre quis me vacinar. A imunização ainda não está completa, então se cria a expectativa pelo dia que vou tomar a segunda dose”, considera.
 
O piscicultor Adenilson Vieira, 56, ainda não conseguiu se vacinar. Ele mora na área rural de São Sebastião, tem dificuldade de se deslocar até a zona urbana e de acessar a internet. Ontem, ficou cinco horas na fila da UBS nº 2 de São Sebastião e não recebeu o imunizante. “Cheguei às 10h e, por volta das 15h, uma enfermeira falou que só tinha mais 50 doses, o restante não conseguiria ser atendido”, critica. Ele foi orientado a retornar hoje, mas não sabe se consegue. “Moro longe, não tenho carro. Fica difícil”, lamenta.
 
Avaliação
 
Apesar das grandes filas, o movimento nos postos de saúde ficou mais tranquilo durante a tarde. O analista de sistemas Thiago Nascimento, 37, procurou pela imunização no início da manhã de ontem. Porém, como a secretaria não informou que alguns locais só funcionariam durante o fim de semana, o morador de Águas Claras chegou ao Taguaparque e não encontrou atendimento. “Resolvi ir trabalhar. Depois, conversando com alguns amigos, vi quais locais estavam atendendo”, diz.
 
Por volta de 13h30, Thiago foi à UBS nº 4 do Guará. “Recebi atendido em 15 minutos e não tinha mais de 30 pessoas na fila”, destaca. Agora, depois de vacinado, ele afirma que se sente mais tranquilo. “Tirei um peso enorme dos ombros. Não dá para relaxar ainda, mas já é uma segurança a mais”, avalia.
 
Para o infectologista Dalcy Albuquerque, o desafio do mutirão está relacionada à comunicação. “Deixamos de ter uma fila virtual para ter uma presencial. Além disso, a divulgação dos locais foi falha, muito tardia. Tivemos filas enormes em locais já conhecidos, e os novos estavam muito vazios. Realmente, requer uma divulgação maior”, ressalta. O médico argumenta que, para os próximos dias, seria estratégico dividir os pontos de imunização por faixa etária. “Colocar uma idade para ser atendida em um posto, outra em outro. Seria uma forma interessante de organizar”, diz.
 
Apesar dos problemas registrados, a médica Lívia Ribeiro, da Sociedade de Infectologia do DF, avalia que a ação ocorreu dentro da normalidade. “O mutirão serve, justamente, para acelerar a vacinação. Tivemos sobrecarga em alguns postos, mas outros estavam tranquilos”, pondera.
 
A secretária Luciana Guimarães, 41, se programou para tomar a vacina antes de entrar no trabalho, no Parque da Cidade. “A esperança vive entre a gente, para que possamos nos livrar desse vírus e viver normal. Eu perdi amigos para a covid-19 e estou satisfeita com a vacina que vou tomar aqui”, comenta.
 
O autônomo Ricardo Vasconcelos, 38, disse que teve de enfrentar muitos obstáculos nesta pandemia, por trabalhar com eventos. Receber o imunizante, para ele, é fundamental. “Essa doença vem nos assustando há muito tempo. Qualquer percentual a mais de proteção é bom, por isso qualquer vacina é boa. Peguei uma fila de cem carros. É mais do que necessário para mim, pois estou há dois anos com dificuldades na área que trabalho”, diz.
 
 
Programe-se
 
Horários
Sábado e domingo: das 9h às 17h
 
O que levar?
Documento de identidade com foto.
 
 
Gestantes e puérperas
 
Asa Sul
Unidade Básica de Saúde nº 1 — 1ª dose
 
Asa Norte
Unidade Básica de Saúde n° 2 — 1ª dose
 
Brazlândia
Unidade Básica de Saúde nº 1 — 1ª e 2ª doses
 
Ceilândia
Unidade Básica de Saúde nº 3 — 1ª dose
Unidade Básica de Saúde nº 7 — 1ª dose
 
Cruzeiro
Unidade Básica de Saúde nº 2 — 1ª dose
 
Gama
Unidade Básica de Saúde nº 3 — 1ª e 2ª doses
Sesi Gama — (só drive-thru) — 1ª e 2ª doses
 
Guará
Unidade Básica de Saúde nº 1 — 1ª e 2ª doses
 
Núcleo Bandeirante
Unidade Básica de Saúde nº 1 — 1ª e 2ª doses
 
Paranoá
Quadra do Paranoá — 1ª dose
 
Parque da Cidade
Estacionamento 13 (só drive-thru) - 1ª dose
 
Planaltina
Unidade Básica de Saúde nº 5 — (inclui drive-thru) — 1ª e 2ª doses
 
Riacho Fundo 2
Unidade Básica de Saúde nº 1 — 1ª e 2ª doses
 
Santa Maria
Igreja Assembleia de Deus — 1ª e 2ª doses
 
São Sebastião
Ginásio São Bartolomeu São Sebastião — 1ª dose
 
Sobradinho
Unidade Básica de Saúde nº 1 — (inclui drive-thru) — 1ª e 2ª doses
 
Sobradinho 2
Regional de Ensino de Sobradinho 2 — (inclui drive-thru) — 1ª e 2ª doses
 
 
Média de casos recua
 
O Distrito Federal registrou, nas últimas 24 horas, 868 casos e 12 mortes por covid-19. A média móvel de ocorrências chegou a 561,6, número 19,4% menor em relação a 9 de julho. A mediana de mortes está em 11,8, aumento de 1,7% em relação ao mesmo período. A taxa de transmissão do novo coronavírus está em 0,97, o que significa que 100 pessoas infectadas passam a doenças para outras 97.
 
No total, de acordo com o boletim epidemiológico, a capital soma 444.665 infecções e 9.538 óbitos. A rede pública de saúde opera com 78,18% dos leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) voltados para o tratamento do novo coronavírus ocupados. Das 405 vagas, 129 estavam em atendimento, 36 livres e 240 bloqueadas. Na rede privada, a taxa era de 79,90%, sendo que, dos 272 leitos, 164 estavam com pacientes, 42 vagos e 66 bloqueados. Na fila por um leito de UTI, havia três pessoas com suspeita ou confirmação de covid-19.
 
Riscos
 
O DF tem a maior densidade demográfica do país — 444,66 hab/km², de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ou seja, possui a maior quantidade de pessoas por quilômetro quadrado do país. Para Breno Adaid, pesquisador do Centro Universitário Iesb, doutor em administração e pós-doutor pela Universidade de Brasília (UnB) em ciência do comportamento, esse fator tem impacto na transmissibilidade do novo coronavírus e pode acarretar em um aumento de casos.
 
“Em uma pandemia em que a movimentação e a proximidade das pessoas favorecem o contágio, a densidade demográfica pode pesar. É um quadradinho cheio de gente”, analisa. O pesquisador defende que a capital federal deveria receber mais doses de vacinas. O Ministério da Saúde informou que o cálculo de distribuição de vacinas é baseado na população-alvo da campanha, e as doses são enviadas de forma proporcional e igualitária para todos os estados e o DF. Semanalmente, a pasta coordena reuniões entre União, estados e municípios, para definir a estratégia de vacinação e o percentual que deve ser usado como primeira e segunda dose. (SS)

Correio Braziliense sexta, 23 de julho de 2021

OLIMPIADA: MÃO NO FOGO PELO ESPORTE

Jornal Impresso

Mão no fogo pelo esporte
 
Depois de idas e vindas, risco de cancelamento e atraso de um ano, Comitê Olímpico Internacional desafia pandemia e abre, hoje, a 32ª edição dos Jogos na Era Moderna. A primeira sem presença de público

Um vazio no coração olímpico

Impactados pela pandemia do novo coronavírus, adiados em um ano e ameaçados até de cancelamento, os Jogos de Tóquio começam hoje, às 8h, com a cerimônia no Estádio Olímpico. Erguida com capacidade para 68 mil pessoas, a arena receberá mil convidados na abertura. Uma das atrações de hoje é a estreia da Seleção de vôlei, de Douglas Souza (foto).  (Behrouz Mehri/AFP - CBV/Divulgação)

João Vítor Marques
Enviado especial

Publicação: 23/07/2021 04:00

   
 (Philip Fong/AFP)  
 
Tóquio — Esqueça a festa com estádio lotado, milhares de atletas amontoados e o espetáculo quase megalomaníaco de luzes. A Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio, hoje, às 8h (Globo e SporTV anunciam a transmissão), será consideravelmente menor do que as anteriores. Em meio ao avanço da covid-19 na capital japonesa e às críticas da opinião pública sobre realizar a Olimpíada durante a pandemia, a organização decidiu apostar num evento não tão grandioso. A proposta é mostrar o país-sede por meio de apresentações artísticas mais simples.
 
“Será uma cerimônia muito mais sóbria. Porém com a bela estética japonesa. Muito japonesa, mas também em sincronia com o sentimento de hoje, a realidade”, disse à Reuters o produtor-executivo do evento, Marco Balich, que também comandou a Abertura dos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016. “A pandemia obviamente tem suas consequências. Coreografias em massa não vão acontecer, por causa da covid-19”, completou.
 
As consequências do vírus vão além do freio nas coreografias com dezenas de dançarinos. A mais evidente é a ausência de público, algo inédito na história olímpica da Era Moderna, iniciada em Atenas, no ano de 1896. O recém-reformado Estádio Olímpico de Tóquio, que tem capacidade para 68 mil espectadores, receberá uns poucos convidados, patrocinadores, políticos e a imprensa.
 
As críticas de parte significativa da população japonesa e a aceleração da propagação do vírus fizeram com que representantes de várias empresas que patrocinam os Jogos desistissem de ir à Cerimônia de Abertura. O número de líderes políticos globais no evento também será bem menor. No Rio, cerca de 40 países mandaram representantes ao Maracanã. Em Tóquio, a expectativa é de que a quantidade baixe pela metade.
 
Confirmaram presença nomes como o presidente da França, Emmanuel Macron, e a primeira-dama dos EUA, Jill Biden. Segundo um oficial do Ministério do Exterior do Japão, políticos de diversos países cancelaram a visita a Tóquio por conta do recente aumento no número de variantes do coronavírus.
 
As preocupações políticas pela realização dos Jogos durante a pandemia devem reverberar até no discurso do imperador Naruhito. Segundo pessoas ligadas à casa imperial, ele deve evitar frases e termos considerados muito positivos, como “celebrar a Olimpíada”.
 
A cerimônia
Os detalhes artísticos da Abertura são mantidos sob sigilo. Tradicionalmente, o evento valoriza a história e a cultura do país-sede. A cerimônia terá a execução dos hinos do Japão e da Olimpíada, a marcha dos atletas, o lançamento simbólico das pombas, o juramento olímpico e, é claro, o momento de acender a pira.
 
Sabe-se, também, que o momento vivido pelo mundo será lembrado com frequência ao longo do evento. O comitê organizador revelou que o tema da cerimônia inicial será “unidos pela emoção”. O mote maior do megaevento é “seguindo em frente”, clara referência à pandemia.
 
“Pessoas de todo o mundo passaram o último ano vivendo sob a ameaça da covid-19, e os Jogos de Tóquio ocorrerão em meio a esta pandemia sem precedentes. Nós somos de diferentes idades e nacionalidades e temos diferentes histórias de vida, e agora estamos fisicamente separados. Este é o motivo pelo qual queremos que todos experimentem a mesma empolgação, diversão e por vezes desapontamento por meio das performances dos atletas”, explicou a organização.
 
A tradicional marcha dos atletas ocorrerá com adaptações para reduzir o risco de propagação da doença. Pela primeira vez, cada delegação terá dois porta-bandeiras. O Brasil será representado por medalhistas olímpicos: o levantador Bruninho, do vôlei, e a judoca brasiliense Ketleyn Quadros.
 
Trata-se de uma iniciativa do Comitê Olímpico Internacional (COI) pela igualdade de gênero no evento. Em 2021, Tóquio receberá a Olimpíada com maior balanço nesse sentido. Dos mais de 11 mil atletas classificados, cerca de 48% são mulheres. A expectativa é de que em 2024, nos Jogos de Paris, o número chegue a 50%.
 
De última hora, o evento teve de readequar parte de trilha sonora. Isso porque o artista Keigo Oyamada, conhecido como Cornelius, que apresentaria uma composição de quatro minutos, renunciou ao cargo na equipe criativa após ser acusado de praticar bullying com colegas de escola. Mais uma polêmica no evento que, de forma ou de outra, marca o início de uma edição sem precedentes de Jogos Olímpicos.
 
Ontem, o evento sofreu outra baixa. O diretor do evento caiu. Kentaro Kobayashi, um comediante japonês, teve o vínculo encerrado após vir à tona um episódio em que ele citou o Holocausto em suas tentativas de piada no passado. A presidente do Comitê Organizador de Tóquio 2020, Seiko Hashimoto, anunciou que ele pediu demissão.

Correio Braziliense quinta, 22 de julho de 2021

MENINAS: UM CAMINHO PARA ELAS NA CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO

Jornal Impresso

Um caminho para elas na ciência da computação
 
Para despertar interesse de meninas pela tecnologia, projeto realizado em escolas públicas do DF leva noções de programação a estudantes da educação básica. Colégio na Asa Norte contará com iniciativa, mas depende de doações

 

» ANA MARIA DA SILVA

Publicação: 22/07/2021 04:00

Só 17% dos programadores no Brasil são mulheres, e elas representam apenas 28% da força de trabalho nesse ramo (Meninas.Comp/Divulgação)  
Só 17% dos programadores no Brasil são mulheres, e elas representam apenas 28% da força de trabalho nesse ramo

É difícil encontrar alguém que não conheça Bill Gates ou Mark Zuckerberg. Por outro lado, Ada Lovelace, Mary Kenneth Keller e Grace Hopper são nomes bem menos mencionados, de maneira geral (leia Quem são elas?). No entanto, as três também fizeram grandes contribuições para a área da tecnologia e da computação. A fama global deles e a invisibilidade delas — apesar de dedicarem a vida a trabalhos semelhantes — mostra a necessidade de haver mais representatividade das mulheres nesse ramo.
 
Para criar oportunidades de aprendizado na área a esse público, integrantes do projeto Meninas.Comp — programa de extensão da Universidade de Brasília (UnB), com apoio do núcleo brasiliense do Grupo Mulheres do Brasil — lançou a campanha +Meninas na Tecnologia. Atualmente, a iniciativa arrecada notebooks para alunas do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 410 Norte. Com os equipamentos, as estudantes poderão participar do curso de programação que será implementado na escola.
 
As aulas são realidade em 12 escolas públicas do Distrito Federal. A cofundadora do Meninas.Comp Aleteia Patrícia Favacho de Araújo explica que a campanha permitirá a estudantes do ensino fundamental participar do projeto também. “O objetivo é incentivar mais delas a atuar na área de tecnologia. Para isso, doamos kits de desenvolvimento em Arduino (plataforma de prototipagem eletrônica) para as escolas. Conseguimos esses itens quando há campanhas. Normalmente, são de 15 a 20 doados para cada escola. Os professores são treinados e recebem material para ensinar as meninas”, explica. As atividades permitem que elas aprendam robótica, computação, programação e que desenvolvam, posteriormente, projetos práticos. “A partir daí, o céu é o limite”, completa Aleteia.
 
Por meio do Meninas.Comp, a universitária Alice da Silva de Lima, 20 anos, descobriu o amor pela computação. Ela conheceu o projeto em 2016, enquanto estudava no Centro de Ensino Médio Paulo Freire, na Asa Norte. “Eu não tinha isso em mente. Não pensava em seguir (carreira) na área de exatas. Esse não era meu foco antes de entrar no projeto. Tanto que no, ensino fundamental, tive dificuldade em matemática. Mas a relação com a matéria melhorou depois (do projeto)”, conta.
 
Para a estudante, a iniciativa ofereceu conhecimento tecnológico e despertou a curiosidade. “Eu nunca tinha pensado no funcionamento das coisas daquela forma. Eu mexia no computador para fazer outras coisas, não era para esse fim (programar). Descobri um novo mundo”, diz. Em 2018, ela entrou no curso de ciências da computação na UnB e, desde então, ajuda outras meninas e mulheres interessadas no tema, inclusive participantes do projeto.
 
“A menina consome tecnologia. Quando ela descobre o que é, entende e vê uma mulher lá, sente-se encorajada a entrar nesse mundo. É importante fomentar a participação delas, porque isso move outras”, comenta Alice. “Não deve existir o estereótipo de que a matemática, por exemplo, não é para nós, como se fosse algo complexo. Na verdade, o assunto é para qualquer pessoa, para todo mundo, porque todo mundo usufrui disso”, completa.
 
Oportunidade
No CEF 410 Norte, serão 20 alunas por semestre. A primeira turma terá 10 estudantes escolhidas e 10 sorteadas. Para a diretora da escola, Mira Vieira, é fundamental que o colégio seja a 13ª instituição de ensino a implementar o projeto. “É importante despertar o interesse desde cedo. Não adianta chegar depois dos 15 anos e ter essa possibilidade. Uma aluna com 11 ou 12 anos deve vislumbrar a possibilidade da ciência. Isso abre o horizonte, não só momentaneamente, mas para o futuro também”, pontua. “As meninas não devem ser intimidadas. Isso é importante na escola, para que se sintam empoderadas e possam fazer as escolhas delas.”
 
Um levantamento do Fórum Econômico Mundial de 2021 revela que elas representam apenas 28% da força de trabalho na área da computação. E só 17% dos programadores no Brasil são mulheres, o que demonstra o desequilíbrio entre gêneros nessa profissão. Coordenadora do Comitê Tecnologia do Grupo Mulheres do Brasil DF, Mildred Campoi afirma que o curso de programação é uma oportunidade concreta de inserção das meninas de escolas públicas no universo da tecnologia da informação, algo cada vez mais necessário. “As empresas estão mais preocupadas em incluir mulheres nos cargos de liderança. Embora ainda exista muito preconceito, isso tem mudado. Existe um olhar mais inclusivo entre adolescentes, e isso muda a forma de a humanidade enxergar o outro”, comenta.
 
 
Como ajudar?
 
 
Para doar notebooks, entre em contato pelo WhatsApp 61 994-472-659 ou entregue os itens no drive-thru do Cartório JK, de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, na 505 Sul, Bloco C. Informações: instagram.com/grupomulheresdobrasildf.
 
 
Quem são elas?
 
 
Ada Lovelace: matemática inglesa que criou o algoritmo processado por uma máquina, sendo a primeira pessoa programadora da história.
 
Grace Hopper: norte-americana que desenvolveu a linguagem de programação Flow-Matic, a primeira adaptada para o inglês. Apesar de extinto, o modelo serviu como base para a criação do Common Business Oriented Language (Cobol), usado até hoje para processamento de bancos de dados comerciais.
 
Mary Kenneth Keller: nascida nos Estados Unidos, a freira dedicou a vida às ciências da computação, sendo a primeira mulher da história a receber um doutorado na área.

Correio Braziliense quarta, 21 de julho de 2021

OLIMPÍADA: KATLEYN, A JUDOCA CRIADA NA CEILÂNDIA E ESCOLHIDA PARA PORTA-BANDEIRA DO TIME BRASIL

Jornal Impresso

A grande família Quadros
 
Pais da judoca criada em Ceilândia falam sobre a contagem regressiva para a sexta-feira histórica: ela será porta-bandeira do Brasil em Tóquio.  (Arquivo Pessoal)
 
 
 
Conversamos com os pais de Ketleyn, a judoca criada em Ceilândia escolhida para ser a porta-bandeira do Time Brasil na cerimônia de abertura. Eles contam histórias, planejam a sexta-feira e preveem medalha

 

Júlia Mano*

Publicação: 21/07/2021 04:00

 
 
Camisa canarinho, rosto pintado de verde e amarelo, sorriso no rosto e olhos marejados transbordando emoções. Essa cena se repete a cada quatro anos durante o maior evento esportivo do mundo. Com um ano de atraso e sem o coro da torcida, as Olimpíadas de Tóquio-2020 começam oficialmente nesta sexta-feira, na cerimônia de abertura em que a brasiliense Ketleyn Quadros será a porta-bandeira do Brasil com o levantador Bruninho.
 
Depois de 13 anos da Olimpíada de Pequim-2008, a primeira da judoca, os cabeleireiros Rosemary de Oliveira Lima e Kleber de Souza Quadros voltarão a ver a filha realizando o maior sonho de participar novamente do torneio. Agora, com mais uma responsabilidade na bagagem.
 
“Me senti honrado em saber que minha filha vai representar o nosso país. Ser reconhecida, uma pessoa que veio de baixo. Com esforço e coragem, conseguiu chegar aonde ela chegou”, emociona-se o pai. “Se tem uma pessoa para representar a delegação e o judô brasileiro desta forma, com certeza é a minha filha. Não que eu seja coruja, mas por ela ser uma pessoa que está correndo atrás há mais de 10 anos e nunca desistiu”, enaltece a mãe.
 
No torneio de 2008, o pai não conseguiu ir para a capital chinesa e assistiu aos combates da filha pela televisão. A mãe acompanhou, na arquibancada, desde as lutas até a subida da atleta ao pódio com a medalha de bronze pendurada no peito. Para a de Tóquio-2020, as famílias chegaram a se organizar para viajar à capital japonesa, mas, em razão da pandemia e as restrições na cidade, terão de ver a judoca do sofá de casa.
 
Mesmo com o fuso de 12h e os 17.670km que separam Ceilândia de Tóquio, Rosemary, as irmãs mais novas, a avó e alguns tios da lutadora torcerão como se estivessem na arena Nippon Budokan (sala das artes marciais, na tradução). Com direito a casa enfeitada com balões e bandeiras do Brasil.
 
Além das camisetas personalizadas, que estarão prontas para o primeiro confronto da lutadora em 27 de julho. Preocupada em não promover aglomeração, com o restante da família, fará chamadas de vídeo para vibrarem a cada conquista da judoca em busca do ouro olímpico.
 
Na casa de Kleber, também haverá muita celebração e torcida uniformizada. “Ketleyn é uma menina muito batalhadora, eu creio que vai trazer uma medalha, nos resta torcer pela minha filha. Só de estar ali, ela já é uma vencedora”.
 
“Ela começou a faltar às aulas de natação para ir às de judô. Eu ia à escola e estava sentada no canto da sala assistindo ao treino. Até que falei: se gosta tanto, fica nele”
Dona Rosemary, mãe de Ketleyn
 
Programe-se
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Amanhã
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8h - Japão x África do Sul
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Remo
20h30 - Skiff simples - Masculino
21h30 - Skiff simples - Feminino
22h30 - Skiff duplo - Masculino
23h - Skiff duplo - Feminino
23h - Skiff quádruplo - Masculino
23h50 - Skiff quádruplo - Feminino
 
Tiro ao arco
21h - Individual Feminino
21h - Equipes Feminino

Correio Braziliense terça, 20 de julho de 2021

DF TEM 23 CONCURSOS AUTORIZADOS

Jornal Impresso

 

Temos 23 concursos autorizados
 
Ao programa CB.Poder, André Clemente adiantou a realização de certames em 2022, além da nomeação de mais de 2 mil servidores das forças de segurança. Secretário destacou as medidas orçamentárias e fiscais que contribuem para a saúde do setor produtivo da capital

 

» Júlia Eleutério*

Publicação: 20/07/2021 04:00

 
"Durante a pandemia, havia demandas antigas do setor produtivo e da sociedade, e elas tiveram de ser resgatadas e implementadas, porque o Distrito Federal não podia esperar mais"

O secretário de Economia do Distrito Federal, André Clemente, destacou, ao programa CB.Poder — parceira do Correio Braziliense com a TV Brasília — as medidas para estimular o setor produtivo e adiantou a realização de concursos públicos para o próximo ano. “Nós temos mais 23 concursos autorizados em diversas áreas: saúde, educação, segurança pública, planejamento e orçamento, administrativa e tecnologia” afirmou à jornalista Samanta Sallum, ontem.
 
Para André Clemente, o sucesso do programa Pró-Economia, que visa à recuperação de setores e empresas afetados durante a pandemia, é reflexo da “sintonia entre o Legislativo e o Executivo”. “Todos os deputados têm melhorado e analisado os projetos encaminhados com bastante velocidade”, defendeu o secretário.
 
Na avaliação dele, os reajustes orçamentários promovidos pelo governo local tiveram o êxito esperado. “No primeiro semestre, nós tivemos um aumento real de 6% da arrecadação global. Aumento real é aquele que está acima da inflação. Se eu não descontar a inflação, seria um aumento de 14%. Isso em um momento de pandemia significa que nós fizemos os ajustes necessários, a equação foi corretamente aplicada para incentivar o gasto público e cobrar impostos de quem tinha capacidade de pagar”, justificou.
 
Houve uma série de medidas que a secretaria tomou para socorrer a economia local e salvar empregos. Foi investido, pelo menos, R$ 1,2 bilhão em medidas do Pró-Economia para ajudar o setor produtivo. O senhor pode falar um pouco mais sobre isso?
Esse é uma modelo de gestão implementado pelo governador Ibaneis (MDB), em que nós antecipamos tudo o que é preciso para a nossa cidade. Fizemos isso no início do governo e planejamos os quatro anos de gestão. Obviamente, quando veio a pandemia, estávamos preparados e fizemos os ajustes necessários. Durante a pandemia, havia demandas antigas do setor produtivo e da sociedade, e elas tiveram de ser resgatadas e implementadas, porque o Distrito Federal não podia esperar mais. Houve também medidas decorrentes do momento da pandemia, como o salvamento daqueles setores e daquelas empresas que estavam com dificuldades.
 
O senhor pode detalhar algumas medidas do pacote de 20 ações que estão sendo sancionadas? Houve agilidade e sintonia entre o Legislativo e o Executivo para que essas iniciativas se tornassem realidade?
Exatamente. Pró-Economia não é só um conjunto de ideias e de ações que foram propostas. São medidas já implementadas e já encaminhas para o Legislativo. Essa parceria e sintonia entre o Legislativo e o Executivo tem permitido entregas rápidas. O presidente da Câmara, Rafael Prudente, e todos os deputados têm melhorado e analisado os projetos encaminhados com bastante velocidade. Isso permite o salvamento de empresas e o ajuste da economia, o que aumenta as arrecadações, inclusive neste período. O Pró-Economia teve dois pilares. Um que foi tratar do gasto público. Botamos dinheiro na economia por meio dos programas sociais e alcançamos os taxistas, os transportes escolares, os salões de beleza com desonerações e uma série de atividades do setor de eventos. E outro que foi o pilar tributário. Reduzimos a burocracia, a alíquota e os percentuais de multas. Então, esses dois pilares, nos permitiram enfrentar esse primeiro semestre com ganhos não só para o Distrito Federal, mas para essas categorias e para a cidade como um todo.
 
Como foi possível ter um aumento de arrecadação real no primeiro semestre deste ano com meses tão difíceis?
Ponto importante, porque, no primeiro semestre, nós tivemos um aumento real de 6% da arrecadação global. Aumento real é aquele que está acima da inflação. Se eu não descontar a inflação, seria um aumento de 14%. Isso, em um momento de pandemia, significa que nós fizemos os ajustes necessários, a equação foi corretamente aplicada para incentivar o gasto público e cobrar impostos de quem tinha capacidade econômica de pagar. O sistema tributário prevê como princípio a capacidade econômica. Nós temos que cobrar impostos de quem tem a capacidade de pagar impostos e percebemos que, mesmo na pandemia, houve setores que cresceram o faturamento. Então, eles arrecadaram mais e acabaram financiando aqueles setores que ficaram fechados e não faturaram nada.
 
Qual é a expectativa para o próximo ano? O que a gente pode esperar? Vai ser necessário algum reajuste de imposto? Qual é a previsão de IPTU e IPVA? A Câmara Legislativa aprovou a LDO para o próximo ano, o que temos para 2022 em termos de arrecadação de impostos?
O GDF, conduzido pelo governador Ibaneis, não aceita aumento de impostos. O que há, às vezes, são atualizações de base por conta da valorização de um imóvel, mas isso não é aumento de imposto, a gente não aumenta alíquota. Nós estamos avançando muito no retorno a carga tributária ao que era antes, no DF. Nos últimos anos, antes da nossa gestão, houve muito aumento de alíquotas e aumento de impostos. Estamos aos poucos retomando essa carga tributária para que o distrito federal continue sendo competitivo. Obviamente, a pandemia nos fez caminhar um pouco mais lento, mas, mesmo assim, fizemos reduções de impostos. O setor de eventos demandava, há muito tempo, uma alíquota mais justa, e, no meio da pandemia, reduzimos de 5% para 2%. É uma redução muito grande, e os setores estão muito animados. Nós temos certeza de que essas atividades já estão voltando e vão voltar mais fortes do que antes. A expectativa é a melhor possível. A gente não faz essa análise só dentro do governo. Nós ouvimos muito o setor produtivo, o setor agropecuário, o setor de indústrias, o setor imobiliário, o setor atacadista e de varejo, todos estão muito confiantes nas medidas que foram adotadas e no crescimento econômico do DF no primeiro semestre deste ano. Nós vamos chegar a 2022 mais fortes e maiores. Ou seja, nós vamos empregar mais, nós vamos arrecadar mais impostos, nós vamos fazer mais entregas. Esses impostos só existem porque nós temos financiar serviços públicos para a população. O DF não parou. Todas as áreas, infraestrutura, saúde, educação, área social, área de geração de emprego, estão em pleno vapor.
 
Quantos concursos públicos foram realizados nesta gestão? Há uma programação para novos certames?
O Orçamento é o instrumento de planejamento das cidades e da administração pública. Nós temos que trabalhar isso com muita responsabilidade. O Estado, para prestar todos esses serviços que falamos aqui e arrecadar impostos, precisa de servidores, e nós estamos vendo que muitas carreiras, são 33 no DF, estão com seu quadro de pessoal defasado. Nós estamos recompondo essas forças. Dos concursos vigentes, chamamos 12 mil servidores. Só da área da saúde, que entraram no período de covid-19 que foram trabalhar tanto concursados como temporários, foram mais 9 mil chamamentos. Temos 23 concursos autorizados, em diversas áreas: saúde, educação, segurança pública, planejamento e orçamento, administrativa e tecnologia.
 
Historicamente, o DF sempre foi muito dependente do fundo constitucional. Há uma previsão de uma certa queda desse Orçamento para 2022? Como está esse cenário?
Nós precisamos antever os anos que se seguem para antecipar soluções. Não podemos esperar chegar ao problema para, depois, tentar resolver. E, realmente, em análise do Orçamento do ano que vem,  percebemos que o fundo constitucional tem uma queda. Essa queda inicial estava em R$ 1,4 bilhão e, agora, está em R$ 500 milhões. Ou seja, os valores ainda estão sendo fechados de acordo com o desenrolar da economia no país. Isso depende da arrecadação que ocorre no país no âmbito federal. Agora, nós não podemos ficar parados. Estamos investindo aqui em melhorias e arrecadando mais. Nosso Orçamento que, em tese, terá essa queda ano que vem de aproximadamente, hoje, R$ 500 milhões, por conta do fundo constitucional, está aumentando em R$ 1 bilhão por conta de crescimento de arrecadação local. Então, o orçamento global cresce e passa a ser de R$ 44 bilhões, mas o fundo constitucional cai R$ 500 milhões. Nós precisamos ter muita responsabilidade com esse gasto, 56% do fundo constitucional (R$ 14 bilhões) vão para as forças de segurança, Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros. O restante é dividido entre saúde e educação. E nós complementamos. As pessoas acham que o fundo constitucional é suficiente para financiar essas três áreas, e não é. Nossas projeções do financiamento do tesouro local do ano que vem estão em R$ 14 bilhões, ou seja, o que nós colocamos de recurso do tesouro  é igual ao que vem o fundo constitucional.
 
Dentro desse cenário, como fica a recomposição das forças de segurança?
As forças de segurança, sob os cuidados do secretário Júlio, do diretor da Polícia Civil Dr. Robson, do comandante Bonfim do Corpo de Bombeiros e do comandante Bastos da Polícia Militar, têm feito um belíssimo trabalho com os recursos investidos em tecnologia, em viaturas, em equipamentos e em armamentos para deixar a nossa cidade mais segura, mas nós precisamos recompor as forças. Autorizados pelo governador, nós vamos nomear mais de mil policiais militares no ano que vem, mais de 500 policiais civis e, em torno de, 700 militares do Corpo de Bombeiros.
 
O senhor falou uma coisa muito importante, que é atrair empresas para Brasília. Muitas empresas estão vindo para o Distrito Federal, isso é importante para o futuro da economia e para a geração de empregos, porque não é possível mais que a empregabilidade do DF seja em cima do estado pelo concurso público. O que está sendo feito para atrair essas empresas? O DF pode ter um setor privado ainda mais robusto?
Criando um ambiente fiscal. Já no primeiro momento do governo, preparamos isso. Criamos leis e decretos que dão competitividade ao DF. O que é competitividade? Não é guerra fiscal, não é confrontar os demais vizinhos e demais estados. É usar aquela legislação que permite que façamos ajustes na carga tributária e incentivar que venham indústrias, atacados, e-commerces. Tem empresas que no estabelecimento só geram 300 a 400 empregos, então isso muda a realidade da cidade. No momento da pandemia em 2021, nós tivemos 14 grandes investimentos no DF, ou empresas que já estavam ou novas empresas. Então, essas empresas vieram num momento muito difícil para o DF.
 
Como está a relação e a sintonia do governo local com o governo federal?
Existe uma parceria e uma sintonia. Os técnicos do Ministério da Economia tem uma relação muito próximo com os técnicos do DF. São servidores de carreira, entra ano e sai ano, eles estão. O GDF conversa com parlamentares, com ministros, com membros do Judiciário, que são fundamentais na segurança jurídica das nossas leis e das demandas que são trazidas. Isso tudo tem nos permitido grandes avanços. Não bastasse todo esse cenário favorável, nós temos dois filhos de Brasília que são ministros. Flávia Arruda, que está fazendo um belo trabalho de articulação, olha para todo o país e olha também por Brasília; e o ministro Anderson Torres, que está cuidando da Justiça no país, que foi secretário de Segurança e conhece bem a realidade do DF.
 
O senhor deu alguns exemplos importantes de programas sociais lançados nesta gestão. Qual é o próximo?
Nós lançamos o Pró-economia e foi chamado de Pró-economia 1 não à toa. Esse Pró-economia 2 terá um viés mais social. A Secretaria de Economia e a Secretaria de Desenvolvimento Social estão andando juntas, porque quando você injeta recurso no social, você injeta recurso na economia também. A secretária de Desenvolvimento, Mayara, entende assim também e está fazendo essa defesa. Estamos trabalhando juntos, inclusive no lançamento do cartão gás. É uma forma de trazer a proteção alimentar às famílias. Muitas delas, neste momento de pandemia e de crise, estão recebendo os alimentos, mas não tem com o que cozinhar. Percebemos essa necessidade. Esse cartão gás será lançado e não vai injetar recursos só no social e nas pessoas que precisam do gás. Vai injetar recursos também nos revendedores. São mais de 500, em Brasília, que vão voltar a vender o gás conforme vendiam antes e, com uma novidade, essas pessoas que forem contempladas por esse serviço, se forem identificadas nessas famílias alguém que tenha condições de trabalhar, elas serão capacitadas em uma parceria com a Secretaria de Trabalho e com o Sebrae, o Sesc e o Senac. Uma vez capacitadas, elas serão absorvidas pelo próprio setor de revendas de gás. Ou seja, um recebe o gás, o outro vende o gás e quando esse revendedor crescer e for contratar a mão de obra, vai contratar das próprias famílias beneficiadas. É um modelo que está sendo construído pelo governador Ibaneis, pela secretária Mayara e pela Secretaria de Economia, que será lançado nos próximos dias. Você percebe que o recurso está indo para o social, mas está, também, beneficiando o setor produtivo.
 
* Estagiária sob a supervisão de Guilherme Marinho


Correio Braziliense domingo, 18 de julho de 2021

MANCHETES DESTE DOMINGO, 18 DE JULHO

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Correio Braziliense sexta, 16 de julho de 2021

OLIMPÍADA: 10 BRASILEIROS PARA FICAR DE OLHO

Jornal Impresso

10 brasileiros para ficar de olho
 
Correio abre contagem regressiva para o maior evento esportivo do mundo. Selecionamos atletas do país que podem brilhar a partir do próximo dia 23 no Japão em esportes como o estreante surfe

 

MAÍRA NUNES

Publicação: 05/07/2021 04:00

 (Matt Dunbar/World Surf League - 2/7/21)  
 
Após serem adiados por um ano, enfim, os Jogos Olímpicos de Tóquio estão próximos. A Cerimônia de Abertura está marcada para 23 de julho, mas competições como o futebol começam dias antes. E o Brasil terá a maior delegação em uma edição sediada fora do país. São mais de 300 atletas brasileiros com a vaga garantida, número que ultrapassou a expectativa do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), que previa entre 250 e 300 participantes.

Sendo assim, o Correio traz 10 candidatos brasileiros a se consagrarem do outro lado do mundo, entre atletas e duplas. Tóquio será palco, por exemplo, para as estreias do surfista Gabriel Medina e da skatista Pâmela Rosa. Ambos competem em esportes recém-inseridos no programa olímpico. Nesses casos, a atmosfera da competição pode até ser nova, mas os atletas já são bastante consagrados e chegam como favoritos à medalha de ouro.

Há também representantes das modalidades que mais renderam medalha ao Brasil em Olimpíadas, como as duplas Ágatha e Duda, no vôlei de praia, e Martine Grael e Kahena Kunze, na vela. A lista contempla ainda Bruninho, jogador de vôlei que subiu ao pódio nas três participações dele em Jogos Olímpicos, e Ana Marcela Cunha, dona de 11 medalhas em Campeonatos Mundiais e que nadará no Japão em busca da única medalha que ela não tem na enorme coleção que acumulou na carreira: a olímpica.



 (Jeff pachoud/AFP - 18/8/16 )  


Isaquias Queiroz
Canoagem velocidade

Após conquistar três medalhas (duas de prata e uma de bronze) nas Olimpíadas do Rio-2016, Isaquias promete mais pódios na segunda participação olímpica, aos 27 anos. Em 2019, o baiano foi campeã mundial do C1 1000m e terminou com o bronze no C2 1000m, ao lado de Erlon Souza. Mas o parceiro não se recuperou de uma lesão no quadril e será substituído por Jacky Godmann, de 22 anos, na prova em dupla. 



Martine Grael e Kahena Kunze
Vela (49er FX)
 
Atuais campeãs olímpicas, a dupla brasileira foi vice-campeã do Campeonato Mundial de 2019 e, em abril, venceu um torneio na Espanha u com as melhores duplas do mundo. Um bom termômetro para mostrar que as velejadoras de 30 anos estão na briga por conquistar o bicampeonato olímpico em Tóquio.


Pâmela Rosa
Skate (street)

A brasileira de 21 anos é uma das principais promessas de ouro para o Brasil na estreia do skate nos Jogos Olímpicos de Tóquio. A skatista de São José dos Campos (SP) é a atual campeã mundial e líder do ranking. 


Beatriz Ferreira
Boxe (até 60kg) 

É a atual campeã mundial de boxe na categoria até 60kg, feito conquistado em Lima-2019. Mesmo com a pandemia, a brasileira de 28 anos teve um começo de temporada promissor. A conquista de duas medalhas de ouro em torneios no início de 2021, na Alemanha e na Bulgária, levanta esperança aos torcedores brasileiros de mais pódio nos Jogos Olímpicos.


Ana Marcela Cunha
Maratona aquática

A dona de 11 medalhas em Mundiais, sendo cinco de outro, Ana Marcela ffoi eleita a maior nadadora de águas abertas do mundo por seis vezes, entre 2010 e 2019. Aos 29, anos a brasileira vai a Tóquio em busca da única medalha que ainda não tem no vasto currículo: a olímpica. Neste ano, ela seguiu subindo ao pódio em competições europeias.


 (Lionel Bonaventure/AFP - 12/10/19)  


Arthur Zanetti
Ginástica

Campeão olímpico em Londres-2012 e prata na Rio-2016, Zanetti quer encerrar a trajetória olímpica com mais um pódio. Ele foi quinto colocado no Campeonato Mundial de 2019 e não competiu internacionalmente em 2021, mas tem uma das melhores notas do mundo nas argolas, prova que promete ser uma das mais disputadas da modalidade em Tóquio.
 
 
 
Ágatha e Duda
Vôlei de praia

As duas têm tudo para manter a tradição de fazer o Brasil subir ao pódio olímpico no vôlei de praia. É a dupla mais regular do mundo em 2021. Foi ao pódio em quatro das seis etapas disputadas, com um título, uma prata e dois bronzes. Em 2019, foi quarta colocada no Circuito Mundial e prata no Finals, segundo torneio mais importante daquele ano.


 
Gabriel Medina
Surfe 

Campeão mundial em 2018, vice-campeão mundial em 2019 e atual líder do ranking internacional, Gabriel Medina chegará em Tóquio para a estreia do surfe nos Jogos Olímpicos voando. Em seis etapas, o brasileiro de 27 anos venceu duas vezes e foi vice-campeão em outras três.


Alison
Vôlei de praia

Campeão olímpico na Rio-2016 e campeão mundial em 2015 ao lado de Bruno Schmidt, o jogador carinhosamente chamado de Alison Mamute é um dos melhores bloqueadores do vôlei de praia. Aos 34 anos, Alison buscará a terceira medalha olímpica da carreira em Tóquio, ao lado de Álvaro Filho.


Bruninho
Vôlei
 
Aos 35 anos, o levantador Bruninho vai para a quarta participação em Jogos Olímpicos como capitão da Seleção Brasileira de vôlei — em todas, ele subiu ao pódio. Dono de uma medalha de ouro olímpica e duas de prata, Bruninho será o líder de uma das favoritas ao título. Há uma semana, o Brasil venceu a poderosa Polônia na final da Liga das Nações.

Correio Braziliense quinta, 15 de julho de 2021

EUROPA: RUMO À ENERGIA VERDE

Jornal Impresso

 

EUROPA

Rumo à energia verde
 
União Europeia apresenta projeto para reduzir em 55% a emissões de gases do efeito estufa, até 2030, e viabilizar a transição para combustíveis renováveis. Plano propõe abolir venda de carros movidos a diesel e a gasolina, além de taxar o querosene da aviação

 

Publicação: 15/07/2021 04:00

Mina de carvão de Belchatow, na Polônia, a maior da Europa, despeja poluentes na atmosfera: proposta de bloco busca adoção de tecnologias limpas (Kacper Pempel/AFP)  
Mina de carvão de Belchatow, na Polônia, a maior da Europa, despeja poluentes na atmosfera: proposta de bloco busca adoção de tecnologias limpas
 
O plano é ambicioso e contempla diversas linhas de frente para atingir os objetivos climáticos da União Europeia (UE) e facilitar a transição verde (veja quadro). A Comissão Europeia, órgão executivo do bloco, sediado em Bruxelas, revelou um projeto legislativo composto por 12 textos construídos para  reduzir as emissões de gases do efeito estufa no continente em 55% até 2030, em comparação com os níveis de 1990. As medidas serão objeto de, pelo menos, um ano de debates entre eurodeputados e Estados-membros. Entre elas, estão a extinção dos carros movidos a gasolina, a taxação do querosene de aviação e das importações e a reforma do mercado de carbono.
 
“A Europa é o primeiro continente a apresentar uma arquitetura verde abrangente: temos a meta e, agora, o roteiro para alcançá-la”, declarou a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, em entrevista coletiva. Se as consequências sociais de certas propostas preocupam após o movimento dos “coletes amarelos” na França, ela se esforçou para tranquilizar: “Nosso plano combina a redução das emissões de carbono com medidas para preservar a natureza e colocar o emprego e a equidade social no centro da transformação verde”.
 
Em particular, a UE defende o fim da comercialização de automóveis a gasolina a partir de 2035, com um esforço para acelerar a instalação de pontos de carregamento de veículos elétricos “a cada 60 quilômetros”. A Comissão Europeia também propõe tributar o querosene para voos dentro dos países-membros do bloco a partir de 2023, com uma taxa mínima de biocombustíveis — o suficiente para alarmar as companhias aéreas, que temem uma “distorção da concorrência” com o restante do mundo.
 
No entanto, o principal pilar do plano é uma ampliação considerável do mercado europeu de carbono (ETS) estabelecido em 2005, onde as “licenças para poluir” exigidas para certos setores (eletricidade, siderúrgicas, cimento, aviação) representam 40% das emissões dos 27 Estados-membros. Até agora, a maioria das empresas visadas recebia cotas de emissões gratuitas, que podem ser revendidas: Bruxelas quer restringir isso drasticamente.
 
A Comissão Europeia também deseja que algumas importações — aço, cimento, eletricidade, etc —  sejam gradualmente sujeitas às regras do ETS, a partir de 2026. Com isso, os importadores terão de comprar “certificados de emissão” com base no preço do carbono que teriam de pagar, se as mercadorias fossem produzidas na UE.
 
Concorrência
 
A ideia é eliminar toda a concorrência estrangeira “injusta” e impedir as realocações. Para a Comissão, trata-se de um “ajuste nas fronteiras”, e não um imposto, para fazer face à acusação de protecionismo. As receitas deverão alimentar o orçamento europeu. As licenças gratuitas distribuídas aos fabricantes e às companhias aéreas da UE para enfrentarem a concorrência estrangeira diminuiriam muito gradualmente, entre 2026 e 2036, até desaparecerem.
 
“Este é um pacote climático histórico. O preço do dióxido de carbono subirá automaticamente para um patamar de grande impacto nos modelos econômicos das indústrias”, que terão interesse em adotar tecnologias limpas, estima Pascal Canfin, presidente (Renovar, liberais) da Comissão de Meio Ambiente do Parlamento Europeu. Bruxelas pretende estender o ETS ao transporte marítimo, bem como ao transporte rodoviário e ao aquecimento de edifícios em um “segundo mercado de carbono”, a partir de 2026.
 
Na prática, equivaleria a obrigar os fornecedores de combustível, ou de óleo de aquecimento, a comprarem licenças de emissão ao preço do dióxido de carbono, repassando esse custo adicional, mecanicamente, para as contas das famílias. Organizações não governamentais ambientalistas e eurodeputados se opõem ferozmente ao plano, por temerem os movimentos sociais. Ao atingir os mais vulneráveis, “a Comissão parece esquecer que é a classe média que vai pagar o preço”, disse Agnès Evren (PPE, direita). “Os edifícios monopolizam 40% do consumo de energia, e as emissões do transporte rodoviário continuam a aumentar. A tendência deve ser revertida a todo custo, de forma justa e social”, defendeu Von der Leyen.
 
Francisco recebe alta após dez dias
O papa Francisco deixou, ontem, a Policlínica Gemelli, em Roma, depois de ter sido submetido a uma cirurgia no cólon, em 4 de julho. O pontífice de 84 anos retirou parte da porção do intestino, em uma intervenção feita com anestesia geral. Francisco deixou o hospital em um carro preto, de janelas escuras, e aproveitou para rezar diante da imagem da Virgem Maria na Basílica de Santa Maria Maior, no centro de Roma (foto). Segundo a nota do Vaticano, este é um costume de Francisco, antes e depois de suas viagens internacionais. “Ele agradeceu pelo bom resultado da intervenção cirúrgica e rezou por todos os doentes, em particular, por aqueles que saudou durante sua permanência no hospital”, acrescentou a nota.Na chegada ao Vaticano, desceu do automóvel, sorridente, para cumprimentar a patrulha de militares e agentes que protegem a entrada do Palácio Apostólico, onde o papa reside. As imagens foram transmitidas ao vivo pela televisão italiana.
 
“A Europa é o primeiro continente a apresentar uma arquitetura verde abrangente: temos a meta e, agora, o roteiro para 
alcançá-la”
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, órgão executivo da União Europeia (UE)
 
» Metas ambiciosas 
 
Os principais pontos do plano europeu para “descarbonizar” a economia:
 
» Redução das emissões de gases de efeito estufa na Europa em 55% até 2030, em comparação 
com 1990;
 
» Limites mais rígidos de emissões de poluentes 
para carros;
 
» Fim das vendas de carros movidos a gasolina e a diesel até 2035;
 
» Imposto sobre o querosene 
de aviação;
 
» Isenção fiscal de 10 anos para alternativas baseadas em baixa emissão de carbono;
 
» Tarifa de fronteira do carbono, o que exigiria dos fabricantes de fora da União Europeia para que pagassem mais pela importação de materiais, como aço e concreto;
 
» Adoção de metas mais ambiciosas para expandir a energia renovável ao redor 
do bloco;
 
» Exigência para que os países renovem, de modo mais rápido, as construções que não forem consideradas eficientes, sob o ponto de vista energético. 

Correio Braziliense quarta, 14 de julho de 2021

LIBERTADORES: FLAMENGO ESTREIA RENATO GAÚCHO CONTRA O DEFENSA Y JUSTICIA

Jornal Impresso

LIBERTADORES
 
Foco na Argentina e olho no DF
 
Fla estreia Renato contra o Defensa y Justicia vislumbrando jogo de volta com público na capital

 

marcos paulo lima
danilo queiroz

Publicação: 14/07/2021 04:00

Estreia do técnico Renato Gaúcho será a atração principal do rubro-negro em Buenos Aires. Clube espera definição do GDF para articular público no Mané (Alexandre Vidal/Flamengo
)  
Estreia do técnico Renato Gaúcho será a atração principal do rubro-negro em Buenos Aires. Clube espera definição do GDF para articular público no Mané
 
Uma nova era começa, hoje, no Flamengo. Após somente dois dias de trabalho à frente do clube carioca, o técnico Renato Gaúcho estreia à beira do campo com um desafio de alto calibre. Às 21h30, o rubro-negro abre as oitavas de final da Libertadores contra o Defensa y Justicia, no Norberto Tomaghello, em Buenos Aires. Viabilizando a definição da vaga diante da presença de sua torcida, o clube está na iminência de confirmar a transferência do jogo de volta contra os argentinos para o Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília.
 
De forma exclusiva, o blog Drible de Corpo, do Correio, apurou que o processo para liberação da presença de 25% da capacidade (17.500 cadeiras, no caso do Mané Garrincha) foi discutido, ontem, está pronto, encaminhado à Casa Civil e aguarda assinatura do governador em exercício, Paco Britto, para publicação no Diário Oficial. O chefe do executivo local, Ibaneis Rocha, está em férias, mas deu aval. Se confirmado, o plano faria o Distrito Federal ser a primeira unidade da federação a liberar o retorno gradual dos torcedores aos estádios.
 
O clube aguarda apenas a publicação do decreto para iniciar a venda on-line. Gestantes e menores de 18 anos devem ficar de fora da comercialização. Para facilitar o controle de acesso, os lugares serão marcados e a entrada no Mané Garrincha será por meio de ingresso digital, com QR Code. Para a transferência do jogo do Rio de Janeiro para Brasília, o rubro-negro precisa, ainda, da anuência da Conmebol e do Defensa y Justicia.
 
Antes, porém, as atenções estão no compromisso na Argentina. A principal missão de Renato é resgatar o futebol vistoso, ausente no repertório rubro-negro. O treinador, porém, teve um empecilho que deve se repetir até o final da temporada: o tempo. Foram somente 48h de trabalho entre a apresentação, na segunda-feira, e a viagem para a Argentina, ontem. 
 
Sem Bruno Henrique, lesionado, o treinador deve testar a dupla Gabi e Pedro no ataque. O Fla ainda tem outros desfalques: Diego, por lesão, Rodrigo Caio, vetado, e Willian Arão, suspenso, não jogam. A dupla de zaga deve ser formada outra vez por Léo Pereira e Gustavo Henrique.

Correio Braziliense terça, 13 de julho de 2021

PAULO TARSO FLECHA DE LIMA: DIPLOMACIA PERDE UMA DAS SUAS REFERÊNCIAS

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Diplomacia perde uma das suas referências
 
Flecha de Lima dirigiu as mais importantes representações e notabilizou-se pela habilidade de negociação, como na libertação de 450 brasileiros no Iraque, em 1990

 

Ingrid Soares
Israel Medeiros

Publicação: 13/07/2021 04:00

Flecha de Lima era um oráculo para os novos diplomatas, que o procuravam para ouvir lições e conselhos (Luís Tajes/CB/DA Press - 21/3/14)  
Flecha de Lima era um oráculo para os novos diplomatas, que o procuravam para ouvir lições e conselhos
 
O Brasil perdeu, ontem, um dos maiores nomes da diplomacia do país. O embaixador aposentado Paulo Tarso Flecha de Lima morreu, aos 88 anos, de uma infecção urinária que evoluiu para uma septicemia. Ele estava internado no Hospital Sírio-Libanês, em Brasília, desde a semana passada, onde deu entrada já com quadro grave. No domingo, os médicos consideraram a situação irreversível. O corpo será velado hoje, no Palácio do Itamaraty, em uma cerimônia restrita por conta da pandemia da covid-19. Já o enterro será realizado em Belo Horizonte.
 
Mineiro da capital, Flecha de Lima era considerado por muitos como o maior diplomata brasileiro da contemporaneidade. Ingressou no Ministério das Relações Exteriores em 1955. Seu profissionalismo, aliado a modernas práticas de negociação serviriam de inspiração para as gerações seguintes do Itamaraty.
 
Flecha de Lima passou a ser chefe do Departamento de Promoção Comercial em 1973, onde permaneceu por mais de uma década. Depois, foi subsecretário-geral de Assuntos Econômicos e Comerciais, em 1984, e em 1985 tornou-se secretário-geral das Relações Exteriores, considerado o posto mais alto da diplomacia brasileira — desempenhando, segundo o Itamaraty, “papel fundamental na inserção internacional do Brasil na fase final da Guerra Fria”.
 
Foi embaixador do Brasil em Londres, entre 1990 e 1993; em Washington, de 1993 a 1999; e em Roma, de 1999 a 2001, quando se aposentou. Sua carreira durou 46 anos. Entre as missões diplomáticas, amigos relembram a negociação do resgate de brasileiros, em 1990, no Iraque. O embaixador negociou com Hussein Kamel-Hassan, genro do ditador Saddam Hussein, a libertação de 450 brasileiros, funcionários da construtora Mendes Júnior, feitos reféns naquele país e que seriam usados como escudos humanos para evitar um bombardeiro dos Estados Unidos, na Guerra do Golfo.
 
Repercussão
 
O ex-chanceler Celso Amorim, que esteve à frente do Itamaraty de 2003 a 2010, relatou que Flecha de Lima foi um patriota. “Motivo de orgulho para todos nós. O Itamaraty deve muito a sua dedicação e talento. Tive a honra de ser um de seus sucessores como embaixador em Londres. Pude, apesar de certa distância no tempo, apreciar o prestígio de que gozou no Reino Unido, tanto entre autoridades como na sociedade”, relatou.
 
O diplomata Paulo Roberto de Almeida falou da importância de Flecha de Lima e relatou que mesmo após sua aposentadoria, se tornou um oráculo para os recém-formados. “Foi um dos grandes diplomatas da área da promoção comercial no Itamaraty e o mais importante diplomata na época de Sarney depois da saída de Olavo Setúbal”, avaliou.
 
Para Carlos Velloso, ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal, “Paulo Tarso Flecha de Lima foi um notável diplomata e homem público. Mineiro, sabia conversar e convencer, e sempre o fazia para o bem. Nunca se desvinculou de Minas. Ele foi um entusiasta da nossa urna eletrônica. Homem de bem e do bem, vai fazer falta”.O Ministério das Relações Exteriores divulgou uma nota de pesar destacando que, ao longo da carreira diplomática, “sua coragem e criatividade marcaram todos que tiveram a oportunidade de trabalhar ao seu lado. Ao longo de sua carreira, o embaixador Paulo Tarso dedicou-se ao ideal de que a política externa pode e deve contribuir para melhorar concretamente a inserção internacional do país e a vida de todos os brasileiros”.
 
Fontes próximas ao embaixador destacam, ainda, o grande círculo de amizades cultivadas por ele e pela embaixatriz Lúcia Flecha de Lima, com quem foi casado por 54 anos. Ela era amiga íntima da princesa Diana, morta em um acidente de carro em 1997, e do casal Bill e Hillary Clinton, ex-presidente e primeira-dama dos Estados Unidos. Flecha de Lima deixa quatro filhos e neto, e abre a cadeira 13 da Academia Mineira de Letras.

Correio Braziliense segunda, 12 de julho de 2021

EUROCOPA: TERRA NOSTRA- COM ATUAÇÃO DE TRÊS ATORES BRASILEIROS, ITÁLIA CONQUISTA O VELHO MUNDO

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Terra nostra
 
Com atuação de três atores brasileiros, Itália consuma novela épica no Velho Mundo: três anos depois de ficar fora da Copa, é bicampeã continental em fim de semana abençoado por Paolo Rossi e Maradona

 

MARCOS PAULO LIMA

Publicação: 12/07/2021 04:00

 

Ranking de taças
3 Alemanha e Espanha
2 Itália e França
1 Rússia, República Tcheca, Portugal, Holanda, Dinamarca 
e Grécia (John Sibley/AFP)  
Ranking de taças 3 Alemanha e Espanha 2 Itália e França 1 Rússia, República Tcheca, Portugal, Holanda, Dinamarca e Grécia

 

Diego Maradona e Paolo Rossi são bons de papo. Nem bem chegaram ao céu e convenceram os deuses da bola a esbalecerem uma nova ordem no futebol.


Oito meses depois da morte de D10S, a Argentina foi campeã da Copa América, no sábado à noite, ao derrotar o Brasil por


1 x 0, no Maracanã, encerrando 28 anos de jejum da seleção principal. Ontem, o banquete foi servido em outra catedral. Wembley viu a Itália, ferida pela perda do ídolo Paolo Rossi, há sete meses, ganhar a Euro depois de 53 anos, ao superar a anfitriã Inglaterra nos pênaltis por 3 x 2 após empate por 1 x 1 em 120 minutos de bola rolando. Gols dos defensores Shaw e Bonucci.  


A reviravolta da Itália é digna de produção de uma série. Em 2017, os tetracampeões do mundo foram eliminados pela Suécia na repescagem e ficaram fora da Copa da Rússia, em 2018. Três anos depois, resgaram o respeito na Eurocopa de forma invicta.


Os novos imperadores da Euro não perdem há 34 jogos sob a batuta do mentor da revolução, o técnico Roberto Mancini. Estão a um de igualar o recorde do Brasil, de Zagallo (1996), e da Espanha, de Del Bosque (2009).


Por falar no técnico, Mancini cercou-se de velhos amigos da geração mais vitoriosa da Sampdoria na montagem da comissão técnica. Há 30 anos, o clube italiano amargava o vice da Champions League contra o Barcelona, em Wembley. Era o auge do grupo que, em 10 anos, ganhou o único título italiano (1991), quatro edições da Copa Itália (1985, 1988, 1989 e 1994), uma Supercopa da Itália (1991) e uma Recopa (1990).


O treinador da Itália, Roberto Mancini; os auxiliares Alberico Evani, Attilio Lombardo e Giulio Nuciari; e o chefe da delegação, Gianluca Vialli fizeram parte daquela história escrita sob as ordens do sérvio Vujadin Boskov.


A “sampdorização” da Itália é um dos trunfos do bicampeonato europeu. Mas há outros. Se uma grande seleção começa por um baita goleiro, o jovem Donnarumma, de 22 anos, mantém a linhagem de Zoff, Zenga, Pagliuca, Buffon e tantos outros arqueiros históricos da escola italiana, ao tornar-se herói do título. Pegou as cobranças de Sancho , 21, e Saka, 19, e viu a jovem geração inglesa, parte dela contemporânea dele em torneios de base da Europa, encharcar o gramado de Wembley de lágrimas, enquanto Donnarumma celebrava a noite de herói com uma frieza alemã.


Outro símbolo do sucesso joga na zaga. Aos 36 anos, o capitão Chiellini, aquele mesmo, mordido pelo uruguaio Luis Suárez na Copa de 2014, no Brasil, viu o parceiro Bonucci empatar a final a ajudá-lo a erguer a taça, repetindo gesto de Giacinto Facchetti — dono da braçadeira no título de 1968 contra a Iuguslávia, no Estádio Olímpico, em Roma.


Por falar na capital italiana, a torcida “roubou” o mantra dos ingleses na bola. Football is coming home virou Football is coming Rome com três contribuições em língua portuguesa. O brasileiro Jorginho quase teve dia de Roberto Baggio ao desperdiçar uma cobrança do pênalti que poderia ter consumado o bi. Logo ele, que havia sido protagonista do pênalti que eliminara a Espanha na semi.
No fim, festejou mais um título na temporada. Há dois meses, ele e o compatriota Emerson, titular da lateral esquerda na final em substituição ao Spinazzola, ganhavam  a Champions League pelo Chelsea. O zagueiro Rafael Tolói é o outro ítalo-brasileiro no elenco bicampeão europeu.  


Jorginho, Emerson e Tolói se juntam a Marcos Senna (Espanha, 2008) e Pepe (Portugal, 2016) na lista dos brasileiros campeões da Euro. O trio italiano ampliou o jejum da Inglaterra. Agora, são 55 sem título desde a Copa de 1966.


Correio Braziliense domingo, 11 de julho de 2021

PARA APRECIAR OS IPÊS

Jornal Impresso

 

Para apreciar os ipês
 
Professora de biologia cria aplicativo que, com a ajuda dos internautas, mapeia as árvores espalhadas na cidade. Um mecanismo para ajudar o brasiliense a apreciar as floradas que levam cor à seca.
 
Brasilienses ganham aplicativo que mapeia as árvores espalhadas na cidade. No período da seca, a população pode acompanhar o desabrochar das flores coloridas

 

Publicação: 11/07/2021 04:00

 

 (Reprodução)  

 

Em Brasília, ocorre um fenômeno cultural todos os anos. No período mais seco, a população festeja o desabrochar das flores dos ipês — brancos, amarelos, rosas e roxos. A paisagem encanta e colore as redes sociais dos brasilienses. Mas, há uma dificuldade para quem gosta de fotografá-las. Encontrar uma árvore bonita e um ambiente propício no momento de diversão nem sempre é possível. Por isso, a professora de biologia Paula Ramos Sicsú teve a ideia de criar um aplicativo gratuito que faz um levantamento das árvores, mostra como chegar aos locais e informa sobre a floração e os serviços públicos disponíveis nas proximidades.
Segundo a bióloga, a ideia do aplicativo é ajudar a população a encontrar ipês formosos para programar um passeio ou apenas para fazer um registro legal. Também visa contribuir para um acervo de fotos e informações sobre essas beldades na nossa cidade, construídos pelos cidadãos. “O aplicativo funcionará melhor à medida que as pessoas forem fornecendo informações sobre as árvores, principalmente sobre como está a florada delas, já que as flores são efêmeras e rapidamente caem ao chão. Para registrar um ipê, o usuário deve fotografar e subir a imagem na plataforma, marcar sua localização no mapa e informar se tem florada. O usuário pode também informar se o local é próximo de banheiros públicos, cafés, restaurantes e estacionamentos”, conta.


O ipê é do gênero Tabebuia. A palavra tem origem tupi-guarani, e significa “árvore de casca grossa”. Presentes no cerrado, os ipês ainda podem ser vistos no Nordeste, no Sul e no Sudeste do Brasil, e também em outros países da América do Sul. Cada florada acontece em uma época do ano. O ipê-roxo é o primeiro a desabrochar: de junho a agosto. Algumas espécies podem alcançar até 35 metros de altura, e seu tronco, 90cm de diâmetro.


O aplicativo tem como objetivo demonstrar a biodiversidade que cerca o Distrito Federal. Mas isso só será possível se a ciência cidadã — quando a população contribui ativamente para a construção do conhecimento científico — ocorrer. “Diferente de aplicativos que entregam serviços, o app Ipês depende dos dados fornecidos pelos usuários. É a comunidade que vai baixá-lo, colocar fotos para que todos possam apreciar, marcar as árvores ainda não registradas, dizer se estão floridas e informar como é o ambiente onde se encontram. A ideia é que juntos construamos algo que ajude a todos a apreciar melhor a natureza onde vivemos. Nesse sentido, o aplicativo não é meu e nem oferece serviço. Idealizei o aplicativo para ajudar a todos (inclusive a mim) nessa saga de admirarmos belezas tão efêmeras. Tudo de graça e para qualquer pessoa”, declara a professora.


Paula acredita que é preciso romper os muros acadêmicos e levar a ciência para todos. “Somente assim, os cidadãos terão capacidade de fazer escolhas conscientes de temas essenciais.” A professora encontrou no desenvolvimento do aplicativo uma forma de divulgar as belezas naturais do cerrado. “Sinto-me impelida a contribuir para um mundo onde a natureza seja mais apreciada, valorizada e preservada. E não há forma melhor de preservar do que pelo caminho do afeto. Quem se importa, zela. O aplicativo é uma forma de ofertar à cidade e à população um meio a mais de estreitar os laços afetivos com a natureza. Tem muito ipê no cerrado, que é o principal bioma que nos circunda. Ele é de extrema importância para a biodiversidade mundial e, infelizmente, vem sofrendo uma devastação alarmante. O aplicativo foi a forma que encontrei de começar essa jornada”, ressalta.


A docente fazia passeios ao ar livre e aproveitava para observar a vegetação. Assim, a ideia de criar o app começou a ganhar corpo no ano passado. Em outubro de 2020, passou a ser formalizada e, neste mês, o aplicativo foi lançado, disponível para Android e IOS.


Correio Braziliense sábado, 10 de julho de 2021

O ENIGMA DAS COPAS: CAMPEÃO VIGENTE DO TORNEIO CONTINENTAL JAMAIS CONSEGUIU CONQUISTAR O MUNDIAL

Jornal Impresso

 

O enigma das Copas
 
Saiba por que o vencedor da final terá de transformar maldição centenária da competição da América do Sul em bênção no Qatar-2022. Campeão vigente do torneio continental jamais conseguiu conquistar o Mundial

 

MARCOS PAULO LIMA

Publicação: 10/07/2021 04:00

 


Dos 21 títulos da Copa do Mundo, 12 foram conquistados por Alemanha (4), Itália (4), França (2), Inglaterra (1) e Espanha (1) e nove por Brasil (5), Argentina (2) e Uruguai (2). Pioneiro na realização de torneios continentais de seleções ao criar a Copa América, em 1916, o nosso continente amarga, há mais de um século, uma maldição: jamais, em 47 edições e 105 anos de história, o campeão da Copa América conquistou, na sequência, o título mundial. Caberá ao Brasil ou Argentina, protagonistas da decisão de hoje, às 21h, no Maracanã, tranformar a maldição da Copa América em bênção daqui a 499 dias, na Copa do Qatar-2022.

Protagonistas da decisão, Neymar ou Messi terão de se inspirar na mitologia grega  para evitar o fracasso do campeão da América no Oriente Médio. Tudo o que Midas, o rei da Frígia, tocava, virava ouro. Um dos dois camisas 10 mais badalados do mundo colocará a mão na taça nos embalos de sábado à noite no Rio de Janeiro e assumirá a missão.

A urucubaba da Copa América já fez oito vítimas: Argentina, Brasil, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Peru, Colômbia e Chile. Nos anos seguintes ao título continental, aconteceu de tudo um pouco com essas seleções.

Campeã de 1929, a Argentina perdeu a final da Copa do Mundo de 1930 para o Uruguai. Dono do pedaço em 1967, o Uruguai rodou diante do Brasil na semifinal, em 1970. Mesmo de posse do troféu continental, Paraguai, Peru, Bolívia, Colômbia e Chile ficaram fora da festa organizada pela Fifa. Bi da Copa América em 2015 e 2016, La Roja não esteve na Rússia em 2018.  

Mas não há seleção mais perseguida pela maldição do que a brasileira. Melhor da América em 1949, dentro de casa, perdeu a Copa no ano seguinte para o Uruguai, no Maracanazo.

Atual campeão da Copa América, o Brasil busca o bicampeonato. Se repetir, hoje, a conquista de 2019, celebrará o décimo título.  No caso da Argentina, a glória significará igualar o recorde do Uruguai. Em 2011, a Celeste ganhou a competição, em Buenos Aires, e virou soberana com 14 troféus. Portanto, conquistar a América  significa conviver com  a maldição até a próxima Copa.

Operação caça-fantasma é com a Argentina. Vice-campeã da Copa América quatro vezes neste século, em 2004, 2007, 2015 e 2016, a seleção portenha está na fila há 28 anos em um torneio profissional. A última conquista foi justamente no torneio sul-americano, em 1993, no Equador.

O título também é uma obsessão para Messi. Eleito seis vezes o melhor jogador do mundo, o artilheiro da Copa América com quatro gols e cinco assistências jamais foi campeão pela seleção principal. Ganhou o Mundial Sub-20 em 2005, o outro nos Jogos de Pequim-2008, mas Copa do Mundo ou América, nada. “Estou fez por pertencer a esse grupo. Vamos à final pela glória”, escreveu o craque nas redes sociais.

Protagonista do título da Copa das Confederações em 2013 contra a Espanha e do inédito ouro nos Jogos do Rio-2016, ambos no Maracanã e com gols dele, Neymar também persegue o título inédito da Copa América. Em 2019, sofreu lesão e foi cortado às vésperas do início do torneio. “Era a final que sempre sonhei em jogar. A final que todo mundo que gosta de futebol espera de uma Copa América. Um Brasil x Argentina, clássico de muitos anos pelas duas seleções serem grandes. Por todos os títulos que já conquistara, por todos que já passaram pelas seleções, pelos que existem hoje. É uma honra fazer parte disso e é óbvio que a vontade de vencer é imensa”, disse um dos artilheiros do Brasil nesta edição da Copa América com dois gols e três assistências.   





LINHA DO TEMPO
Desempenho dos campeões da Copa América na Copa do Mundo

1930 - Campeã da Copa América de 1929, a Argentina perde a final do Mundial para o Uruguai.

1934 - Argentina chega novamente à Copa como campeã da América, mas é eliminada pela Suécia.

1938 - Argentina derrota o Brasil na final, mas abre mão de ir à Copa porque deseja ser sede.

1950 - Campeão sul-americano em 1949, perde a final da Copa, no Maracanã, para o Uruguai.

1954 - Paraguai ganha a Copa América em 1953, mas não se classifica para o Mundial de 1954.

1958 - Argentina arremata a Copa América de 1957 e cai na primeira fase na Copa da Suécia.

1962 - Argentina dá volta olímpica em casa  em 1959 e é eliminada na fase grupos no Mundial do Chile.

1966 - Bolívia ganha Copa América invicta em casa, mas fica fora do Mundial da Inglaterra.

1970 - Campeão da Copa América de 1967, Uruguai é eliminado pelo Brasil na semi do Mundial de 1970.

1974 - Ainda campeão vigente da América, Uruguai cai na fase de grupos no Mundial da Alemanha.

1978 - Campeão da Copa América de 1975, Peru dá adeus ao Mundial da Argentina nas quartas de final.

1982 - Paraguai conquista América em 1979 e vacila nas Eliminatórias para o Mundial da Espanha.

1986 - Campeão continental em 1983, Uruguai é eliminado pela Argentina nas oitavas da Copa.

1990 - Brasil ganha Copa América de 1989, mas é eliminado pela Argentina nas oitavas do Mundial.  

1994 - Argentina festeja o título de 1993 no Equador e se despede nas oitavas na Copa dos EUA.

1998 - Brasil vence Copa América de 1997, na Bolívia. No Mundial, amarga o vice contra França.
 
2002 - Colômbia é campeã inédita da Copa América em 2001, mas fica fora do Mundial de 2002.

2006 - Brasil é campeão da Copa América em 2004. Cai nas quartas de final do Mundial contra França.

2010 - Brasil é bi da Copa América em 2007. Na Copa, é despachado pela Holanda nas quartas de final.

2014 - Uruguai é rei da América em 2011, mas dá adeus à Copa no Brasil nas oitavas de final.

2018 - 
Chile arremata o bi da Copa América em 2015 e 2016, mas não se classifica para Copa da Rússia.

 


Correio Braziliense sexta, 09 de julho de 2021

GASTRONOMIA: A VEZ DOS CONGELADOR

Jornal Impresso

GASTRONOMIA - A VEZ DOS CONGELADOS 
 
A era do gelo
 
Duas grifes do mercado culinário brasiliense, Vila Cinco e Luca, movimentam o setor de congelados gourmets. Há pratos para todos os gostos, com opções de carnes e massas. As sobremesas, para se deliciar em casa, completam a refeição

 

Liana Sabo

Publicação: 09/07/2021 04:00

 (Vila Cinco/Divulgação)  
 
 
Em tempos de pandemia, é vantagem receber pelo serviço de delivery não apenas a refeição do dia, mas todo um pacote de pratos congelados, que, até o fim de julho, estão com preços promocionais. Os pratos montados saem a R$ 15,90, e os de massa custam R$ 19,90. Na compra de 10 unidades, os clientes recebem mais duas como cortesia. Onde pedir?
 
No restaurante Vila Cinco, no qual os proprietários são quatro. Todos dispostos a atrair a clientela que ainda está em isolamento ou sem tempo para cozinhar. Os irmãos Pedro e Fabiano Bergamo mais Rubens Dutra e William Martins trouxeram para Brasília a franquia pernambucana Mercado 153, instalada na parte externa do Brasília Shopping. Há quatro anos, porém, decidiram criar, no mesmo endereço, o próprio negócio. O foco foi despertar o paladar, o olfato, a visão, a audição e o tato, daí a referência ao número cinco do nome.
 
“A promoção permite ter a comida do restaurante todos os dias em casa, de forma prática e rápida”, ressalta Pedro Bergamo. “Mais do que conveniência, a intenção é aliviar o bolso dos clientes com opções que já eram acessíveis, entre R$ 21,90 e R$ 25, e, neste mês de férias, ficaram ainda mais baratas, entre R$ 15,90 e R$ 19,90”, afirma o sócio.
 
No Vila Cinco, o picadinho de carne está R$ 15,90 e o rondelli com queijo e presunto, R$ 19,90. Promoção é só em julho (Vila Cinco/Divulgação)  
No Vila Cinco, o picadinho de carne está R$ 15,90 e o rondelli com queijo e presunto, R$ 19,90. Promoção é só em julho
 
Proteínas variadas
 
Em agosto, os congelados retornam para os preços normais. Os pratos contemplam todas as proteínas: carne, peixe, frango e frutos do mar, como camarão que vem com arroz cremoso e pimentões com um toque de molho pomodoro por R$ 24,90, mesmo preço do filé de tilápia grelhado e legumes. Já na primeira faixa de preço, de R$ 21,90, que vigora mês que vem e, agora, está em R$ 15,90, será possível pedir estrogonofe de frango com arroz integral e purê de batata-doce; picadinho de carne ao demi-glace com arroz de brócolis e farofa de bacon; parmeggiana de frango com molho pomodoro, muçarela, arroz branco, ervilhas; e arroz caipira com filé de peito de frango desfiado, linguicinha de frango e tomate-cereja. Ainda tem mais duas opções inspiradas na culinária do Nordeste: baião de dois com carne de sol desfiada, feijão-fradinho, calabresa e cubos de queijo coalho; e escondidinho de batata-doce com carne de sol desfiada e parmesão.
 
Lasanha à bolonhesa, quatro queijos, com massa fresca, shitake e champignons, alho-poró ao molho parmesão complementam o menu do Vila junto com o rondelli de queijo e presunto aos molhos pomodoro e branco. Além dos congelados, o cardápio conta com opções para almoço, jantar, lanche e happy hour. Encomendas pelos telefones 3047-8680 e 99254-9677 (WhasApp), pelo Goomer (https://goomer.app/vilacino), iFood e Rapi. Também é possível retirar os pratos congelados nas unidades do Brasília Shopping e Capital Squash (SCES, Trecho 3, Lote 3), das 11h às 21h.
 
 (Divulgação)  
 
Doces italianos
 
O tiramisù e o salame de chocolate são estrelas do menu de congelados criado pelo chef siciliano Gianluca Scribano, o Luca (Divulgação)  
O tiramisù e o salame de chocolate são estrelas do menu de congelados criado pelo chef siciliano Gianluca Scribano, o Luca
 
Depois de desenvolver três deliciosos molhos artesanais sem glúten — dois pestos e uma caponata — o chef siciliano Gianluca Scribano ou simplesmente Luca investe no universo da doçura e lança quatro sobremesas clássicas italianas congeladas a zero grau. São elas: panna-cotta, salame de chocolate, semifreddo e tiramisù.
 
Do quarteto, a mais simples é a panna-cotta, cuja tradução significa nata cozida. Típica do norte da Itália, é, hoje, preparada em todas as regiões. Fica incrivelmente deliciosa quando se utilizam boas natas. A do Luca tem 230g e vem com calda de damasco. Doce gelado tipicamente siciliano, o semifreddo é feito de chocolate amargo, açúcar, ovos, chantily e uma castanha. No caso, Luca substituiu a amêndoa por castanha de caju numa embalagem de 150g.
 
Já o tiramisù, que traduzido significa “apanha-me”, quase todas as regiões italianas reivindicam a sua paternidade, daí circularem variadíssimas receitas de mascarpone, feito de creme de queijo fresco. Outra variação diz respeito à bebida. Pode-se utilizar conhaque, marsala, amaretto, uísque, rum e até licor de café. Luca não usa qualquer bebida, “assim, até as crianças podem comer”, justifica. O salame de chocolate ao rum é uma das iguarias mais gastronômicas.
 
As sobremesas estão disponíveis na Pasta Madre Pães Artesanais, no Jardim Botânico; na Peixaria do Guará (QE 34, Conjunto L, Lote 3, Guará II) e no Nosso Empório e Mercearia (Avenida das Castanheiras em Águas Claras). E também com Gianluca Scribano, telefone 98211-2425.

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