Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense quarta, 26 de janeiro de 2022

CULTURA: SÉRIE EM QUADRINHOS APRESENTA A FORÇA DOS ORIXÁS

Roteirista Alex Amir apresenta força dos orixás em série de quadrinhos

Quadrinho 'Orixás, os nove eguns' dá às entidades e seres encantados deste lado da América do Sul o mesmo tratamento que as outras divindades pop ganham na cultura de massa

Jo
Juliana oliveira
postado em 26/01/2022 06:24
 
 (crédito:  Alex Amir/Divulgação)
(crédito: Alex Amir/Divulgação)

"Senhor dos raios e trovões e fonte de inspiração para os seus guerreiros". Poderia ser o deus nórdico Thor ou o grego Zeus, entretanto essa descrição é de Xangô, entidade afro-brasileira oriunda de ancestrais divinizados trazidos pelos povos africanos escravizados no Brasil e incorporados a manifestações religiosas de matriz africana. A similaridade entre o panteão afro-brasileiro e outras divindades míticas e religiosas é extensa e pouco conhecida, mas artistas nacionais têm lançado obras que jogam luz ao rico acervo nacional e revelam o potencial artístico para assimilação na cultura pop.

O roteirista Alex Mir, 46 anos, é um dos nomes que enveredou pelo acervo local da cosmogonia africana e está com uma nova edição da história em quadrinhos Orixás, Os Nove Eguns, pela editora Peirópolis. Com desenhos de Alex Rodrigues, Mir apresenta Xangô como uma divindade em conflito e atormentado entre a glória e a guerra, um argumento ético que cai bem para os deuses antropomórficos.

O roteirista dá às entidades e seres encantados deste lado da América do Sul o mesmo tratamento que as outras divindades pop ganham na cultura de massa. "É muito legal trabalhar com esse tema, porque as pessoas começam a perceber que Xangô é tão poderoso, forte e carismático quanto Thor. Os orixás podem ser tão heróis como qualquer outra divindade", defende.

Apaixonado por quadrinhos desde a infância, antes dos 18 anos criou um universo de heróis legitimamente brasileiros: Os defensores da pátria. Embora o nome soe jocoso para o atual contexto político, o argumento era oportuno, um grupo de jovens notáveis com habilidades extraordinárias personificando os melhores atributos e desafios das unidades federativas do Brasil. Essa foi a primeira incursão de Mir na busca por elementos tipicamente nacionais. "Em 2007, consegui publicar, de forma autônoma. Como cada herói representava um estado brasileiro, o da Bahia era um orixá, escolhi Ogun. Toda a narrativa tinha inspiração em quadrinhos norte-americanos. Depois dessa publicação, ficou a ideia e comecei a procurar material sobre orixás e divindades da religiosidade brasileira", explica.

Em 2008, Alex entrou em contato com quadrinistas amigos e apresentou o roteiro de A separação do céu e da terra, a partir da mitologia africana. "Mandei um e-mail para o editor da revista e a partir daí fizemos mais dois trabalhos. Em 2009, entrei num projeto de financiamento cultural em São Paulo e inscrevemos um projeto sobre os orixás. O trabalho contava toda cosmogonia africana, desde a criação dos deuses até a criação da terra", diz. A partir daí, Alex fixou um dos seus principais nichos de trabalho.

A obra foi distribuída em todo o território nacional, em escolas estaduais, e, ao participar de uma edição da Comic Com, recebeu o retorno de professores, religiosos e leitores, que simplesmente se sentiram fisgados por esse outro universo do fantástico. "Percebi que havia muita procura, então, trabalhei em novas edições".

Em 2011, ele publicou Orixás do orum aiê; em 2015, foi a vez de Orixás o dia do silêncio. Dois anos depois veio um dos trabalhos de maior reconhecimento do escritor, o Orixás em guerra, um compilado de histórias de guerras enfrentadas pelas divindades, que rendeu, em 2018, o Troféu HQMix. Prêmio repetido em 2019, dessa vez de Orixás Renascimento, publicado em 2018 com histórias de Iroco e Oxum.

Em 2019, foi a vez de Orixás Ikú, em que narrava a história da Morte, que se apaixona. O trabalho conquistou o Ângelo Agostinho, um importante reconhecimento no segmento de quadrinhos. Em 2020, veio Orixás Os Nove Eguns, que só foi lançado em 2021, mesmo ano em que desenvolveu Orixás A revolta dos Eguns, a ser lançado este ano.

"Eu tenho visto esse tipo de abordagem crescer. Pessoas como André Diniz, que trabalha muito com a africanidade e outros autores estão trazendo essa abordagem e, nos quadrinhos, o tema pode crescer muito", analisa. Apesar das boas perspectivas ele reconhece que o preconceito é um entrave. "Felizmente, estamos vendo a coisa acontecer e as pessoas vendo e lendo a história dos orixás, independentemente de credos, de consumir como cultura, transmídia. Aos poucos, começam a perceber que não é o bicho de sete cabeças e que é muito interessante, como a mitologia nórdica e a japonesa. A africana sempre veio correndo por fora, mas as coisas estão mudando", acredita.


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