Os bares e restaurantes do Distrito Federal esperam que, ao fim deste ano, o faturamento alcance cerca de 80% do valor registrado em 2019, antes da pandemia da covid-19. O número de dezembro deve ser 10% maior do que o arrecadado no mês anterior. A estimativa é do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar) e considera, principalmente, as vendas de ceias para as comemorações de fim de ano. Para quem atua no ramo, a expectativa é de que este período seja o início de uma recuperação mais consolidada.
Segundo Jael da Silva, presidente do Sindhobar, as comemorações de fim de ano são datas muito aguardadas pelo setor. "As ceias são boas referências pois, aqueles que se preparam para essas vendas, com certeza terão mais faturamento em relação aos outros", considera. Ele afirma que a categoria vai demorar para voltar ao mesmo patamar de antes da crise sanitária, mas que se aproxima da normalidade a cada ano que passa. "Raríssimos estabelecimentos conseguiram voltar ao faturamento de 2019. Mas, ano passado estávamos com 70% ou 75% do valor e, este ano, esperamos chegar a 80%", detalha.
O otimismo do sindicato reflete nos trabalhadores do setor. Fernanda Aranha, 32 anos, é proprietária do restaurante Chocolate Glacê e recebe encomendas de ceias de Natal e ano-novo. Em 2021, ela afirma que recebeu mais clientes novos e percebe que as pessoas estão se reunindo mais que no ano passado. "Estamos percebendo uma procura bem maior. Acredito que as famílias vão se reunir em maior quantidade este ano, porque a gente recebeu muito pedido de ceias para mais pessoas", relata. A empresária prevê que este fim de ano pode ser a consolidação de uma recuperação. "Ainda temos um rombo muito grande por causa da pandemia, mas esperamos ter uma arrecadação de cerca de 30% maior do que a do ano passado e que chegue, sim, a uns 80% do patamar de antes da crise", complementa.
Proprietário do restaurante Cantucci, Rodrigo Melo, 31, está ainda mais esperançoso. Com a junção das encomendas e das reservas presenciais, ele espera ultrapassar os valores de 2019. "Antes da pandemia, eu não trabalhava com entregas. Agora, juntando tudo, espero ter uma receita 30% acima de 2020 e superar os patamares de 2019", diz. Porém, para isso, Rodrigo precisou adaptar o cardápio do estabelecimento. "Com os altos custos dos alimentos, tivemos de nos virar para manter os preços para os clientes. Então, adaptamos alguns pratos para não termos prejuízos ou baixa procura", explica.
Quem trabalha como autônomo ou com pequenos negócios também prevê uma melhora no cenário econômico e de arrecadação. Cheni Louredo, 38, cozinha para ceias de fim de ano há quatro anos e, em 2020, com a pandemia, teve uma queda de 50% na receita. A autônoma conta que, este ano, ainda com vagas abertas para receber pedidos, já conseguiu receber 30% a mais do que no ano passado. "Não está dentro do que costumava ser antes da covid, mas é uma recuperação boa, considerando o ano passado, que foi péssimo. Estamos recebendo pedidos para grupos maiores", comenta. Para 2022, Cheni acredita que a arrecadação será ainda maior. "As coisas estão começando a voltar ao normal", diz.
Dicas
Gerente de atendimento personalizado do Sebrae-DF, Ricardo Robson afirma que, para quem está começando agora, é micro empreendedor ou autônomo, há algumas etapas que precisam ser feitas para melhorar as vendas. "As pessoas que estão movimentando esse tipo de serviço, identificaram uma demanda, uma oportunidade. Elas têm de observar o serviço sobre a perspectiva do cliente, o que ele gostaria de ter, não tem e vai fazer com que ele procure esse tipo de serviço. Assim se consegue estruturar melhor o trabalho", explica.
Além disso, é importante planejar a quantidade a ser vendida. "A questão toda é planejamento. Saber quais são os custos fixos, os variáveis e quais serão os impostos a pagar. O Sebrae tem algumas consultorias para ficar mais claro se há prejuízo ou lucro no negócio", comenta. Ricardo também explica que é preciso pensar em estratégias para atrair clientes. "Na hora que conheço meu público, sei se ele utiliza as redes sociais ou outro mecanismo que eu tenha que buscar para ter mais atenção", conclui.
Colaborou Yasmim Valois, estagiária sob a supervisão de Adson Boaventura