Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense sexta, 01 de outubro de 2021

O BEM QUE A MÚSICA FAZ

Jornal Impresso

O bem que a música faz
 
Projeto social Minhas mãos, meu cavaquinho promove aulas gratuitas em regiões carentes do Distrito Federal. Iniciativa ocorre há 11 anos e conta com mais de 100 alunos

 

» CIBELE MOREIRA

Publicação: 01/10/2021 04:00

Projeto social no Setor Oeste da Estrutural atende, em média, 45 pessoas. Ação também ocorre nas regiões de Santa Luzia (Estrutural) e Vila Telebrasília (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  
Projeto social no Setor Oeste da Estrutural atende, em média, 45 pessoas. Ação também ocorre nas regiões de Santa Luzia (Estrutural) e Vila Telebrasília

O compasso do cavaquinho ecoa das mãos pequenas e ávidas por aprender. Com os olhares atentos aos comandos do músico e professor Dudu Oliveira, crianças e adolescentes encaram — alguns pela primeira vez — o universo musical em uma pequena casa no Setor Oeste da Estrutural. As aulas fazem parte do projeto Minhas mãos, meu cavaquinho, que leva para comunidades carentes do Distrito Federal oficinas práticas e de teoria musical de forma gratuita. Em média, 45 pessoas participam das turmas na região. 
 
“O que a gente quer, na verdade, não é que saiam bons músicos daqui. O que eu quero mostrar para essa rapaziada é que esse instrumento tão pequeno pode levar a gente para o outro lado do mundo”, explica Dudu. “A criança ou adolescente que pega um cavaquinho, eu posso dar certeza, vai pensar 100 vezes antes de pegar uma arma, antes de pegar alguma coisa para fazer mal a alguém. A arte tem esse poder”, destaca o educador, que vem de uma realidade tão dura quanto a desses jovens. 
 
Natural da periferia do Rio de Janeiro, Dudu participou como aluno de diversos projetos sociais e quis retribuir, aqui no DF, o bem que esse tipo de ação fez em sua vida. “Vim para Brasília há 12 anos, e há 11 estou com o projeto com aulas de cavaquinho”, conta o músico. Tudo começou em 2011, quando o carioca decidiu tirar do papel a ideia de promover um programa social em Brasília. “Eu comprei 13 cavaquinhos e fui para a pracinha da Vila Telebrasília. Quando eu cheguei lá, comecei a tocar e apareceu um monte de criança. Aí eu falei: ‘pô, vocês gostaram? Então, eu tenho uma surpresa’. Abri o porta-mala do carro e tinha cavaquinho pra caramba; a galera ficou feliz. E assim começou todo esse movimento que ocorre até hoje”, relata. 
 
Além das aulas ministradas na sede do Ponto de Cultura Waldir Azevedo, localizada na casa 21, conjunto 3, quadra 8, no Setor Oeste da Estrutural, o Minhas mãos, meu cavaquinho também está na região de Santa Luzia, na Estrutural, e na Vila Telebrasília — sendo que, neste último local, a iniciativa é realizada há 11 anos. As aulas são gratuitas e abertas para qualquer pessoa que queira aprender. A idade mínima é de 8 anos. Boa parte dos cavaquinhos foi comprada pelo professor Dudu Oliveira; outros foram frutos de doações ou adquiridos com verba de eventos beneficentes. Para os 100 alunos que frequentam as aulas de cavaquinho, o projeto conta com 40 instrumentos, que são revezados. Neste ano, o projeto conta com o apoio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), da Secretaria de Cultura do Distrito Federal. O suporte do FAC é por quatro meses, e tem ajudado muito a manter a proposta funcionando. No entanto, o músico explica que sempre está precisando de mais instrumentos, pois a maioria não tem condição de comprar o próprio cavaquinho. Além disso, nos grupos com crianças, a vida útil dos instrumentos é menor. “Por mais que a gente explique como cuidar, alguém sempre acaba cometendo algum deslize”, pontua Dudu. 
 
Aprendizado
Aluna mais velha da turma da tarde, Angela de Sousa Pereira da Silva, 25 anos, encara as aulas com seriedade e avidez. “Sou compositora e letrista, mas não sabia tocar nenhum instrumento. Quando vi a oportunidade de aprender a tocar cavaquinho, e ainda de graça, aproveitei. Quem aprende a tocar cavaquinho, aprende a tocar violão ou outros instrumentos”, destaca a moradora da Estrutural. “Mesmo não sendo do gênero que eu mais gosto, que é o pop, o clássico e o internacional, o cavaquinho me dá um leque de possibilidades, ainda mais na área que eu quero atuar, que é na composição”, ressalta Angela, que é aluna do projeto há três meses. 
 
Ela aponta que ter uma iniciativa na comunidade, principalmente em uma região mais afastada, traz um impacto positivo para os moradores locais. “Primeiro, porque leva arte e cultura para os meninos. Em vez de eles praticarem violência nas ruas, aprendem novas modalidades. O importante é pegar esse tempo ocioso que eles têm e agregar alguma coisa para eles”, pondera. Angela comemora que o projeto ocorra perto da casa dela. “Geralmente, apenas no centro da cidade havia aulas de instrumentos musicais. E em um horário que não é oportuno para nós mulheres, por causa da violência. Sair daqui, se deslocar para chegar lá é complicado. Ter uma iniciativa perto de casa é muito bom”, relata. 
 
Para Michele da Silva de Jesus, 16, as aulas são uma grande experiência para aprender algo novo. “Eu já tocava violão, mas estava parada há algum tempo. Quando soube da turma de cavaquinho, fiquei interessada”, conta. “Com a cultura e a arte, a gente pode ser mais disciplinado”, complementa ela, que vê na música um hobby e não pensa em se profissionalizar nessa área. Mesmo por diversão, ela leva as aulas a sério. Apadrinhou um cavaquinho na qual leva para casa para treinar e cuida do instrumento que é utilizado também em outras turmas. 
 
Tímida para falar, mas com dedos ágeis para tocar, Yasmin Lira, 13, conta que ficou sabendo das aulas de cavaquinho pela mãe. Ela, que também toca um pouco violão, não sentiu tanta dificuldade em se adaptar ao novo instrumento de cordas. Mesmo não curtindo muito samba e pagode, ela afirma aproveitar ao máximo as aulas do projeto. 
 
Além das aulas de cavaquinho, no Ponto de Cultura Waldir Azevedo também são ministradas aulas de capoeira e jiu jitsu, todas abertas à comunidade, de forma gratuita. Para a turma do projeto musical, ainda há vagas, tanto na sede localizada no Setor Oeste da Estrutural quanto na casa da Vila Telebrasília. Dudu Oliveira conta que doações de instrumentos usados ou novos, encordoamentos usados ou novos e palhetas são muito bem-vindas. 

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