Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense segunda, 15 de novembro de 2021

ENSINO PÚBLICO DO DF LUTA CONTRA O ABANDONO ESCOLAR NA PANDEMIA

 

Ensino público do DF luta contra o abandono escolar na pandemia

Além dos danos diretos causados aos jovens que interromperam os estudos durante a crise sanitária, o mercado de trabalho costuma rejeitar a mão de obra daqueles que não concluíram o ensino médio

EH
Edis Henrique Peres
postado em 15/11/2021 06:00 / atualizado em 15/11/2021 08:16
 
 (crédito:  Minervino Júnior/CB)
(crédito: Minervino Júnior/CB)

A crise sanitária do novo coronavírus dificultou o acesso ao ensino dos estudantes do Distrito Federal. Alguns alunos não tiveram como continuar os estudos devido a problemas como falta de acesso à tecnologia e internet ou pela necessidade de se tornarem provedores da renda familiar de suas casas. Com isso, o abandono escolar se fez presente nas unidades de ensino, e professores se mobilizaram na tentativa de resgatar os alunos de volta para as escolas. Além dos danos imediatos de perda educacional, especialistas avaliam que a falta de formação pode resultar em aumento do desemprego nos próximos anos.

Para o coordenador, o caminho é uma busca ativa das escolas pelos alunos que abandonaram o ensino. "É preciso ocorrer articulação com a assistência social, o conselho tutelar e entender porque o aluno não está voltando às aulas. Vale lembrar que a evasão afeta toda a sociedade. Ela é o fantasma da educação, pois representa o pior cenário. É preferível um aluno com dificuldades na escola, do que totalmente fora dela. Sem falar que a escolaridade tem uma relação muito forte com a renda: quanto menos escolaridade, mais difícil é adentrar no mercado formal de trabalho e mais impactos da violência e criminalidade essa pessoa pode sofrer", destaca Ivan.

A Secretaria de Educação disse que as escolas realizam busca ativa "por meio de contato com os pais ou responsáveis". "Por isso, é muito importante que mantenham os dados de contato sempre atualizados na escola. Mudou de endereço, telefone, e-mail, WhatsApp: avisa a escola", orienta a pasta.

Segundo a secretária de Educação Hélvia Paranaguá, a pasta ainda está fazendo o levantamento, mas alguns dados já apontam a desistência, principalmente de crianças em situação de vulnerabilidade social. "Há muitos meninos do ensino médio que foram trabalhar porque o pai ficou desempregado. Alguns que recebiam o bolsa família e outros programas sociais não retornaram à escola e vamos fazer uma busca ativa para trazê-los de volta. Antes, a presença escolar era fundamental para o recebimento do benefício, como nesse período não houve essa exigência, eles evadiram e abandonaram a escola", disse, em entrevista ao CB.Poder — programa do Correio em parceria com a TV Brasília — no último dia 3.

Busca ativa

Quem enfrentou o desafio de encontrar os alunos foi o Centro de Ensino Médio (CEM) 03 do Gama. Rosilene Nóbrega, diretora da unidade de ensino, conta que a escola possui 1.315 alunos matriculados, e que no começo da pandemia sofreu o impacto de cerca de 35% de abandono entre os estudantes. "Esse período foi complicado porque os nossos alunos ficaram desmotivados, outros não tinham acesso à internet ou celular, além daqueles que tiveram que trabalhar para ajudar os pais. A escola montou uma força-tarefa para ir atrás deles. Ligamos nos contatos, mas a maioria estava desatualizada. Então, começamos a ir diretamente nos endereços, mas como muitos pais moravam de aluguel e tinham perdido o emprego, vários tinham se mudado", relata.

Apesar das dificuldades, a escola conseguiu trazer de volta grande parte dos estudantes. "De setembro de 2020 até o fim do ano, reduzimos o abandono de 35% para 23%. Este ano, continuamos o nosso trabalho e diminuímos o índice para 12%. Continuamos o nosso papel para mostrar ao aluno que ele deve voltar à escola. Para isso, buscamos dar condições para que esse retorno aconteça. Durante o ensino remoto, por exemplo, fizemos campanhas para arrecadar celulares usados e entregar os aparelhos para os estudantes que não tinham. O nosso foco é não perder nenhum aluno, e nosso esforço valeu a pena, porque 14 alunos nossos conseguiram ingressar na UnB (Universidade de Brasília) pelo PAS (Programa de Avaliação Seriada)", conta.

Retorno

Vinicius Alves Soares, 17 anos, morador do Gama e estudante do terceiro ano do ensino médio, foi um dos estudantes do CEM 3 que buscou orientação na escola para retornar aos estudos. Em 2020, mesmo com a pandemia, Vinícius revela que participou bastante das aulas. "Cheguei a trabalhar em 2020, mas participei do ensino remoto", relata. A dificuldade veio em 2021, quando Vinícius começou a trabalhar o dia inteiro. "Trabalhei como ajudante de serragem, e era o dia todo no serviço. Por isso foi difícil conciliar os estudos. Antes de voltar (a estudar), eu cheguei a ir na escola para verificar se compensava eu tentar continuar os estudos", detalha.

"A escola me falou que eu ainda conseguiria me formar se me esforçasse bastante, entregasse as atividades e não faltasse mais. Acabei saindo do emprego para conseguir me dedicar. Ainda não sei o que quero estudar na faculdade, mas venho tentando ser jogador de futebol. Ainda assim, quero terminar os estudos para garantir a faculdade depois", pondera.

O estudante do terceiro ano do ensino médio explica: "não foi algo que eu decidi, simplesmente chegava o horário da escola e eu não conseguia ir, porque tinha que entrar mais cedo no serviço ou tinha chegado muito tarde em casa, estava muito cansado. E o horário não dava para conciliar. Mas agora eu estou buscando voltar, e a escola vem tentando ajudar". Marcos Paulo, também conhecido Daiki Zi, confessa o sonho de ser cantor. “Comecei agora a trabalhar com música, sou cantor e compositor. Montei um estúdio com o meu irmão, a gente faz rap/trap”, se anima.

Professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB), Catarina Almeida Santos destaca que falta amparo do Estado para os estudantes. "Muitos estão abandonando a escola para buscar uma forma de sobrevivência. O Estado precisa fornecer condições para que o aluno permaneça na escola sem passar fome. Não é que o aluno queira deixar os estudos, mas ele não tem opção. Foram vários os relatos de estudantes de 14 anos deixando a escola para ir trabalhar na construção civil, o que é trabalho infantil. O que precisa ser feito é estabelecer políticas que garantam renda mínima para que eles não precisem escolher entre estudar ou se alimentar", frisa.

Catarina também destaca o perigo da redução da idade mínima de trabalho. "A PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 18 quer permitir que jovens de 14 anos comecem a trabalhar. Primeiro que já temos milhões de pessoas desempregadas, então não é necessário que jovens nessa faixa-etária assumam empregos, pois já temos mão de obra disponível. O foco deles trabalharem é porque são jovens e acabam recebendo menos e sendo explorados", destaca.

Danos

A evasão escolar se reflete no mercado de trabalho. Simone Gontijo, professora do Instituto Federal de Brasília (IFB) e doutora em educação, avalia que o preço da "exclusão da juventude do contexto escolar é alto, e é pago por todo o país". "Os pais tiveram perda de emprego ou diminuição do salário, e os jovens precisaram ocupar postos de trabalho. O aluno passa por essa necessidade urgente de sobrevivência; é praticamente uma exclusão do estudante do processo escolar. Ele não sai da escola por vontade própria e acaba indo para um trabalho desqualificado, que não tem os direitos legais do trabalhador garantido", ressalta.

Matheus Silva de Paiva, economista e coordenador do curso de economia da Universidade Católica de Brasília (UCB), destaca que um dos maiores problemas do mercado de trabalho é a falta de qualificação. "Os empresários reclamam muito da falta de mão de obra qualificada. Eles até querem empregar, têm vontade de contratar, mas a pessoa não dura muito tempo, pois não dá conta do serviço. É terrível para os jovens abandonarem as escolas, porque vai na contramão do que os empresários estão precisando", salienta.


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