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Rafaela Moreira: "O ipê floresce na seca, pior momento para todas as plantas" |
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As irmãs Tatiane Cássia e Elisângela Cristina: "(Em Brasília) essas flores são ainda mais especiais" |
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Floração dos ipês-brancos dura de cinco a sete dias |
Enquanto a seca castiga os brasilienses, o colorido dos ipês conforta a rotina dos brasilienses que circulam pelas quadras e avenidas da cidade. Essas árvores fazem parte da identidade do Distrito Federal e rende debates apaixonados sobre qual floração é a mais bonita. Para quem defende a branca, chegou a hora de aproveitar.
De acordo com o biólogo e professor do Centro Universitário de Brasília (Ceub), Stefano Aires, a cor branca é a penúltima florada. “As flores brancas florescem no final da seca, quando as sementes são dispersas pelo vento. É uma época que venta bastante, as sementes ficam no chão tempo suficiente para iniciar a estação chuvosa, e depois germinarem. É uma estratégia de sobrevivência da espécie”, ressalta.
Há quem diga que a florada branca anuncia a chegada da chuva, mas a relação não é tão simples e pode estar mais ligada a uma coincidência de “calendário”, conforme explica Stefano. “A cor da flor está relacionada ao tipo de polinizador. Os ipês são polinizados majoritariamente por abelhas, mas eles também têm autofecundação, ou seja, a própria flor pode se polinizar. Então, se você está mais perto da estação chuvosa, tecnicamente, teria mais polinizadores por conta dos recursos disponíveis. Mas como não começou a chover em abundância, não dá para fazer essa relação”, pontua. E a previsão, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) é que não chova tão cedo na capital federal. O meteorologista Cleber Souza explica que não há previsão de chuva para os próximos sete dias.
Apesar da incerteza da chuva, a floração branca, que dura de cinco a sete dias, encanta os brasilienses. A publicitária Rafaela Moreira Barreto, 26, mora no Sudoeste desde abril e acompanhou a florada branca de perto. Próximo à sua residência, um corredor de ipês-brancos disputa atenção, e Rafaela faz questão de admirar a todos. Ela conta que sai todos os dias para passear com seu cachorro, e sempre aproveita a oportunidade para fazer uma nova foto dos ipês. Isso porque a planta é a sua favorita. “Eu não sabia que aqui tinha ipês. Descobri quando me mudei. Foi uma bela surpresa”, destaca.
O favoritismo se justifica pelo simbolismo da árvore. “O ipê floresce na seca, pior momento para todas as plantas. Passa o ano inteiro quietinho na chuva e, na seca, floresce, dando cor ao ambiente árido. Eles florescem nas piores situações, sugere um significado diferente para os momentos de dificuldade”, diz Rafaela. Para ela, o ipê-amarelo ocupa o primeiro lugar em seu coração, mas o branco não está muito atrás: “Todos eles me trazem alegria”, garante.
Professor de ecologia da Universidade de Brasília (UnB), Eduardo Bessa explica que a floração na seca se dá pela melhor adequação da planta. “Fisiologicamente a estratégia reprodutiva dos ipês é se reproduzir durante a seca. Parece um contrassenso se reproduzir numa época em que existe um desafio fisiológico, mas a planta adulta e as sementes resistem melhor à seca do que as plantas jovenzinhas. Por isso a floração do ipê é típica do período”, pontua.
Os desafios fisiológicos enfrentados durante a seca são o que fazem do ipê, uma planta de extrema importância para o bioma do cerrado. “Essa floração é extremamente importante, porque chega num momento de escassez de recursos. Animais polinizadores, como as abelhas que visitam as flores dos ipês, e pilhadores de néctar, como os periquitos, estão num momento da seca em que não há muitas alternativas de alimento para eles. Ter uma floração abundante, ainda que efêmera, como a dos ipês, garante um sustento nutricional a muitas espécies”, ressalta Eduardo.
Para quem é fã da natureza, a paisagem branca é de encher os olhos. As irmãs Tatiane Cássia Silva Galho, 39, arquiteta, e a fisioterapeuta Elisangela Cristina de Souza, 40, passaram a tarde fotografando as árvores. Foi na 211 Norte que elas encontraram um corredor dessas árvores. Mineiras, elas contam que moravam em Belo Horizonte antes de se mudarem para Brasília, e lá tinham o costume de ver ipês-roxos, amarelos e rosas. Mas foi na capital federal que conheceram a cor branca. “Em Minas tem muita árvore florida, mas o ipê não é tão valorizado como aqui. Foi em Brasília, que começamos a ver o ipê de forma diferente. Aqui, essas flores são ainda mais especiais”, ressalta Tatiane.
Nas redes
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Florações
» Ipê-roxo: de maio a agosto
» Ipê-amarelo: de julho a setembro
» Ipê-branco: de agosto a outubro
» Ipê-rosa: de agosto a outubro
Você sabia?
Neste ano foi lançado um aplicativo para ajudar os encantados pelos ipês da capital a encontrarem as árvores floridas pelo DF. A novidade faz um levantamento das árvores, além de mostrar como chegar aos locais e informar sobre a floração e os serviços públicos disponíveis nas proximidades. O app Ipês é gratuito e está disponível para Android e IOS.