Sebastião Tapajós, um dos grandes violonistas brasileiros, com carreira internacional, morreu na noite de sábado, aos 79 anos, em decorrência de um infarto agudo do miocárdio. Eles estava internado no Hospital da Unimed, em Santarém, onde passou por uma cirurgia, e receberia alta ontem, mas teve um mal súbito e não resistiu.
Depois de viajar por vários países do mundo para mostrar, em inúmeras turnês, a arte do violão, Sebastião Tapajós decidiu, há duas décadas, morar numa casa de frente para a Praia de Pajuçara, próxima a Santarém, no Pará. Formado no Conservatório Nacional de Música de Lisboa, estudou guitarra e composição com Emílio Pujol, na Espanha. Lecionou violão clássico no Conservatório Carlos Gomes, em Belém.
O nome completo dele era Sebastião Pena Marcial, nasceu em Alenquer, no Pará. Mas, a partir de 1998, acrescentou o apelido Tapajós, lavrado em cartório, em homenagem à região em que cresceu e passou grande parte da vida: “Minha grande felicidade foi mostrar, por onde passei, que a poesia do meu violão tem suas raízes neste pequeno paraíso encravado no Oeste do Pará”, explica o músico.
Tapajós transitava, com fluência, do erudito ao popular. Fez releituras originais de Villa-Lobos, Radames Gnattali, Cartola, Ary Barroso, Pixinguinha e Guerra Peixe. Pesquisou, também, os ritmos da Amazônia e gravou 50 discos no Brasil. Tocou com Paulinho da Viola, Hermeto Pascoal, Baden Powell, Guerry Mulligan, Oscar Peterson, Sivuca, Paquito D’Rivera e Astor Piazzolla.
Ele era um dos músicos brasileiros de maior prestígio no exterior, especialmente na Alemanha, onde esteve 90 vezes e lançou mais de 30 discos: “Tom Jobim, Baden Powell e eu deveríamos ter um reconhecimento do Itamaraty pela divulgação que fazemos do país lá fora”, dizia o violonista.
Os brasilienses tiveram o privilégio de apreciar a arte de Sebastião Tapajós ao vivo, pois ele se apresentou muitas vezes no Clube do Choro. Em uma das últimas performances, homenageou os músicos do Pará com o show Aos da guitarrada: “O Clube do Choro é onde se encontra a música brasileira em sua essência, e ser convidado para me apresentar ali me dá uma grande satisfação e visibilidade artística, por se tratar de uma instituição que é referência nacional e internacional”, disse Sebastião Tapajós, em entrevista ao repórter do Correio Irlam da Rocha Lima.