Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense sexta, 03 de setembro de 2021

ELAS DESAFIAM O TALIBÃ

Jornal Impresso

 

Elas desafiam o Talibã
 
Entre 60 e 80 mulheres saem às ruas de Herat, a terceira maior cidade, e protestam por direitos na presença dos insurgentes. Manifestação não tem precedentes no país comandado pela facção. Ativistas afegãs celebram a – Ccoragem – das compatriotas

 

» RODRIGO CRAVEIRO

Publicação: 03/09/2021 04:00

Miliciano talibã observa ato sem precedentes das afegãs, em Herat, por educação e trabalho: %u201CNão temam, não temam, estamos unidas!%u201D (AFP)  
Miliciano talibã observa ato sem precedentes das afegãs, em Herat, por educação e trabalho: %u201CNão temam, não temam, estamos unidas!%u201D
 
Vestidas com burcas e hijabs (véu islâmico), elas não se amedrontaram quando ficaram frente a frente com talibãs. Nas mãos, cartazes com um grito de resistência — um gesto impensável no Afeganistão sob o primeiro regime da milícia fundamentalista, entre 1996 e 2001. “Pelo direito das mulheres de estudarem e de trabalharem em todas as áreas. Nenhum governo pode ser estável sem o apoio das mulheres”, estampava uma faixa escrita em azul e vermelho. Em um cartaz branco, estava escrito à mão: “Não temam, não temam, estamos unidas!”. Aconteceu, ontem, em Herat, a terceira maior cidade do país, a cerca de 810km a oeste de Cabul. Enquanto marchavam pelas ruas, elas repetiam, em uníssono: “Todas vocês devem lutar contra o Talibã. (…) É nosso dever ter educação, trabalho e segurança!”.
 
“Estamos aqui para reivindicar nossos direitos”, explicou à agência France-Presse Fareshta Taheri, uma das manifestantes, entrevistada pela agência France-Presse, por telefone. “Mulheres e meninas temem que o Talibã não permita que elas frequentem a escola e trabalhem”, acrescentou. Situada perto da fronteira com o Irã, Herat é considerada uma cidade bastante liberal, pelo menos dentro dos padrões do Afeganistão. Fareshta admitiu à AFP que está disposta a usar a burca, caso os talibãs exijam esse código de vestimenta. No entanto, ressaltou o desejo das mulheres de irem à escola e ao trabalho e lembrou que a maioria das moradoras de Herat decidiu ficar em casa, com medo e incerteza.
 
Moradora de Cabul, a especialista em gestão educacional Fatima Safari, 24 anos, acredita que a única coisa que as mulheres afegãs podem fazer, no momento, é se manifestarem. “Não podemos esquecer que as participantes do protesto em Herat correm risco. Ainda assim, eu as encorajo a levantarem suas vozes. Todo o mundo está observando a nossa reação ao Talibã. É hora de erguermos nossa voz”, reforçou ao Correio. Segundo ela, a reação dos insurgentes, quando confrontados por jornalistas ou pelas câmeras, costuma ser maquiada. “Não podemos acreditar que o Talibã perdoa as mulheres que trabalharam ou que protestaram. Ainda testemunhamos o assassinato de afegãs inocentes”, disse.
 
Fatima cita a execução de uma garota, na província de Ghazni. “Ela foi morta pelos talibãs. Ela estava com o seu mahrram (pai, irmão ou tio) e vestia o hijab (véu islâmico). Depois que o talibã a matou a bordo do regsha (tipo de motocicleta), não permitiu que outras pessoas tocassem o corpo dela”, lembra. Por sua vez, a economista Sediqa Hassani, 23, aposta que o ato em Herat pressionará a milícia fundamentalista a incluir as mulheres no governo. “O protesto atrairá a atenção da comunidade internacional para o fato de que os direitos das mulheres estão em perigo sob o regime talibã.
 
A afegã Patoni Isaaqzai, ativista dos direitos das mulheres, deixou Cabul há duas semanas e, hoje, está em Hamburgo (Alemanha). Ela disse ao Correio que os protestos em Herat “podem ser o início de mais manifestações e de uma rebelião feminina contra o Talibã”. “Vejo essa manobra como muito positiva. O Talibã está desorganizado e busca reconhecimento internacional neste momento. Por isso, esta é a melhor hora para as mulheres agirem”, avaliou. “As afegãs estão em perigo e tentam se mobilizar contra essa vulnerabilidade. Ainda que algumas pessoas pensem que o Talibã mudou, incidentes recentes nos mostram exatamente o oposto. Eles fecharam escolas para garotas e universidades”, exemplificou.
 
O Talibã deu indícios de que não deve inserir as mulheres no “governo inclusivo” que prometeu, o qual deverá ser anunciado hoje. Questionado sobre o futuro governo, Sher Mohammad Abbas Stanekzai, vice-chefe do gabinete político da milícia, disse à emissora britânica BBC que “pode não haver” mulheres ministras ou cargos de responsabilidade, e que as afegãs ocupariam somente cargos em escalões inferiores.
 
O jornalista, poeta e escritor Sayed Ali Mosawi Chakawak, morador de Cabul, defendeu a manifestação em Herat. “Elas são nossas mulheres. Nossas esposas, irmãs e filhas. O povo do Afeganistão está com elas, e nós as apoiaremos”, prometeu.
 
Embaixada
 
No fim da noite de ontem, o Talibã anunciou que a China manterá a embaixada em Cabul e intensificará a ajuda ao Afeganistão. O Catar confirmou que negocia com os talibãs a reativação do Aeroporto Internacional Hamid Karzai “o mais rápido possível”, anunciou o ministro das Relações Exteriores, Mohamed bin Abdelrahman al-Thani. O Catar confirmou que trabalha para retomar as operações no local.
 
Um manifesto pela presença feminina
O documento é assinado por “um grupo de mulheres”. Uma das manifestantes de Herat, Maryam Ebram, divulgou um manifesto em prol dos “direitos básicos” das afegãs. “Nas últimas semanas, não ouvimos falar sobre as presença de mulheres de cor nos escritórios governamentais e privados, universidades escolas e áreas sociais. A presença das mulheres na sociedade foi acompanhada de condições e desavenças”, afirma o texto, que enumera a importância do direito ao trabalho, à liberdade, à presença nas áreas públicas e nas atividades sociais e à segurança. “As mulheres deveriam ter uma presença colorida nos campos político, social e de liderança. (…) Somos metade da sociedade do Afeganistão, e a nossa presença em áreas públicas — como a econômica, cultural e social — é essencial”, acrescenta o comunicado.
 
 » Vozes da resistência
 
“Todas as conquistas das mulheres afegãs desde 2001 estão mortas. O protesto em Herat mostra que os talibãs não se importam com demandas e com os direitos das mulheres.”
Fatima Safari, 24 anos, especialista em gestão educacional, 
moradora de Cabul
 
“Essas mulheres são realmente corajosas, pois arriscam suas vidas para falarem por nós. O Talibã não respeita os direitos das mulheres e acredita que elas não devem aparecer em público. O Talibã é terrorista.”
Sediqa Hassani, 23 anos, economista, moradora de Cabul

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