Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense sábado, 20 de fevereiro de 2021

A SEREIA QUE VEIO DE LONGE: HISTÓRIA DA ESCULTURA DOADA POR DINAMARQUESES NA ÉPOCA CONSTRUÇÃO DE BRASÍLIA

Jornal Impresso

A sereia que veio de longe
 
Doada por dinamarqueses na época da construção de Brasília, ícone de bronze localizado em frente ao prédio principal do Comando da Marinha é praticamente desconhecido pela população. Após percorrer muitos caminhos, o Correio desvendou a misteriosa história da escultura

 

Ana Maria da Silva

Publicação: 20/02/2021 04:00

Em Brasília desde 1960, a pequena sereia dinamarquesa ficou esquecida por anos nos porões do Palácio da Alvorada (Minervino Júnior/CB/D.A Press)  
Em Brasília desde 1960, a pequena sereia dinamarquesa ficou esquecida por anos nos porões do Palácio da Alvorada


O conto de uma jovem sereia que renunciou sua vida de princesa no mar para estar com seu amado se expressa no rosto da escultura A Pequena Sereia de Copenhague, ícone de bronze que descansa sobre uma rocha no porto da capital dinamarquesa, às margens do Mar Báltico. Desde o seu surgimento, em 1913, esta figura curiosa despertou todos os tipos de lendas, atos de vandalismo e anedotas curiosas. A obra, construída pelo artista Carl Jacobsen, ganhou várias réplicas distribuídas pelo mundo. Uma delas chegou a Brasília e encontra-se em frente ao prédio principal do Comando da Marinha.

A obra, rebatizada por aqui como Sereiazinha, foi doada durante a inauguração da cidade, e é praticamente desconhecida pela população brasiliense. É anônima, até mesmo, para os órgãos responsáveis pela sua guarda e manutenção. O Correio procurou a Universidade de Brasília (UnB), o Comando do Ministério da Marinha — órgão responsável pela guarda e manutenção da obra —, e a Secretaria de Cultura do DF, mas não encontrou alguém que pudesse dar mais detalhes.
Sabe-se que a obra, fundida em bronze espelhado, simboliza boas-vindas aos marinheiros. De acordo com matéria publicada em 5 de setembro de 1965, no Correio Braziliense, os marujos brasileiros tinham grande admiração pelo monumento, e acabaram conquistando a simpatia dos dinamarqueses. A cada ano, nas viagens, um navio aportava em Copenhague e os brasileiros iam visitar o monumento. Muitos levavam flores para enfeitar a Sereiazinha, sentada sobre uma laje semi submersa na orla do Parque Langelinie.

Em 1960, o mundo inteiro voltou-se para o Brasil, país que estava inaugurando, em plena região semideserta, uma nova e fantástica capital: Brasília. Com a nova cidade, os dinamarqueses pensaram em oferecer um presente ao povo brasileiro, em sinal de gratidão pelo amor e simpatia de nossos marinheiros pela pequena sereia.

Com o intuito de deixar uma marca na cidade tão moderna que surgia, a Dinamarca, por intermédio da Sociedade dos Amigos do Brasil, mandou confeccionar uma réplica da obra e uma miniatura da grande pedra onde o monumento se assenta no porto dinamarquês. O povo nórdico se regozijou com a ideia, e o monumento foi dado a mais nova capital do mundo, em sinal de reconhecimento pelo esforço do povo brasileiro, que erguia uma nova cidade.

O carinho dos doadores está traduzido no oferecimento gravado em uma âncora presente na rocha em que a Sereiazinha está sentada: “Ano de 1960 — Sereiazinha doada ao Brasil pelos Amigos da Dinamarca, em admiração à iniciativa de Brasília, recordando a tradicional cortesia da Marinha de Guerra do Brasil para com a Sereiazinha de Copenhague, sob os cuidados do Governo Real da Dinamarca pela Sociedade dos Amigos do Brasil na Dinamarca”.

Esquecida
Entre discursos e festas, o monumento encaixotado foi embarcado num avião da SAS (Scandinavian Airline System) e enviado para o Brasil. Na euforia da mudança, o caixote, pesando quase 300kg, foi esquecido em um depósito do Palácio da Alvorada. Vieram as sucessivas crises políticas no Brasil. O Palácio do Alvorada mudou de morador várias vezes, e a Sereiazinha jazia tranquila e esquecida em seus subterrâneos.

Quase cinco anos depois, ninguém mais se lembrava do monumento. Seus doadores, naturalmente, sentiram-se magoados e ofendidos. Em junho de 1965, esteve no Brasil um dos membros da Sociedade dos Amigos do Brasil na Dinamarca, que veio saber do paradeiro do monumento. Sem maiores informações, o representante foi se entender com as autoridades do estado-maior das Forças Armadas do Rio de Janeiro. E então, começaram as buscas e indagações. Ninguém mais sabia onde podia estar escondida a tranquila Sereiazinha. Perguntaram ao Departamento de Turismo, à Marinha, mas nenhuma instituição tinha informações.

A subchefia da Marinha na Presidência da República assumiu o problema. Por fim, depois de sucessivas buscas, o monumento foi descoberto no Palácio da Alvorada, no canto de um depósito. No dia 10 de agosto de 1965, o caixote foi enviado para o Ministério da Marinha, e as autoridades do comando naval começaram a tomar providências para a instalação da Sereiazinha, ali mesmo, no pátio do ministério.

Com as primeiras notícias publicadas acerca do encontro da obra, o Comando Naval apressou-se em afirmar o seu desejo de instalar o monumento. Em 1965, o comando lamentou-se e pediu que as autoridades da Marinha e de Brasília oferecessem à Sereiazinha o lugar que ela merecia. “Cinco anos de esquecimento devem ser reparados. Nosso gesto foi dos mais deselegantes para com os doadores, vamos repará-lo agora. Já que o monumento foi encontrado, que seja imediatamente instalado e que, na sua inauguração, se convide o embaixador da Dinamarca”, afirmou o Comando Naval, ao descobrir o encontro da obra.

Espera
No conto do escritor Hans Christian Andersen, a pequena sereia amava um príncipe que se perdeu no mar. Com olhar triste, a sereia, que possui cerca de um metro de altura, fica sentada sob um pedestal de pedra de 0,80 centímetros de altura, à espera da volta de seu amado príncipe.

Após o esquecimento de cinco anos, a Sereiazinha ganhou, em Brasília, um espelho d’água com azulejos azuis. Atualmente, permanece abandonada e sem água no seu espelho. De acordo com o Ministério da Marinha, será realizada a manutenção do piso e da estrutura que formam o espelho d’água. “Tendo em vista as constantes chuvas no período atual, optou-se, como prevenção, deixar o local sem água. A manutenção adequada será executada tão logo diminua a precipitação pluviométrica em nossa região”, explicou a corporação, em nota.

Enquanto espera pelos devidos cuidados, a pequena sereia continua no local destinado à sua história de amor. Enquanto dá boas-vindas aos marinheiros que chegam ao Ministério, a Sereiazinha aguarda que os brasilienses relembrem sua importância, e espera a chegada de algum príncipe candango.




Outros presentes
Além da réplica da Pequena Sereia, a capital federal recebeu outros presentes durante sua inauguração:

Sinos da Catedral
O governo da Espanha doou os quatro sinos de bronze instalados na Catedral. Três deles — Santa Maria, Pinta e Nina — lembram as Caravelas de Cristóvão Colombo na descoberta da América. O quarto — Pilarica — é uma homenagem à Nossa Senhora do Pilar, muito cultuada naquele país. Desde 1987, são controlados eletronicamente, e tocam às 6h, às 12h e às 18h.

Monumento Solarius
Durante a construção de Brasília, o artista plástico francês Ange Falchi ficou impressionado com as notícias que recebia sobre a coragem e o espírito de aventura dos trabalhadores brasileiros que erguiam a nova capital. Ele resolveu, então, homenageá-los com uma escultura que chamou de Solarius. Depois de pronta, o governo da França a doou para Brasília.

Loba Romana
Réplica da Loba Capitolina, estátua-símbolo da lenda de criação de Roma. A loba amamenta os gêmeos Rômulo (que fundaria Roma) e Remo, filhos do deus da guerra, Marte. Abandonados pelo pai, os dois meninos acabaram encontrados e alimentados pelo animal. A obra foi doada pelo governo da Itália.

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