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Reunião com prefeitos do Entorno ocorreu pela manhã, no Palácio do Buriti; proposta terá de passar pela avaliação dos Legislativos do DF e de GO |
No mesmo dia em que declarou que a possibilidade de um lockdown no Distrito Federal estava descartada, o governador Ibaneis Rocha (MDB) reviu sua posição. Ontem à noite, ele decidiu adotar medidas mais restritivas para evitar a proliferação da covid-19. A partir de segunda-feira, todas as atividades econômicas ficarão suspensas das 20h às 5h, à exceção de serviços essenciais. O decreto com os detalhes das novas regras deve ser publicado na edição de hoje do Diário Oficial do DF (DODF). Outra decisão que partiu do Executivo local ontem trata-se do adiamento do retorno presencial de alunos da rede pública de ensino, que chegou a ser anunciada para 8 de março (leia na página 18).
Esta é a primeira vez que o DF tem uma medida com foco em impedir a circulação de pessoas desde o início da pandemia. A medida afetará, principalmente, lojas, restaurantes e bares. O governador havia sido informado de que a ocupação dos leitos em unidades de terapia intensiva (UTIs) para pacientes com covid-19 na rede pública de saúde chegou a um nível preocupante, superior a 90% e, portanto, próximo de um colapso. A decisão saiu depois de Ibaneis passar os últimos dias tentando evitar a medida, que atinge fortemente a atividade econômica do DF. “As UTIs me fizeram mudar de ideia”, disse o chefe do Buriti ao Correio.
Ontem, o governador do DF se reuniu com prefeitos das 33 cidades que compõem a Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal (Ride). O assunto do lockdown entrou na pauta e, nos próximos dias, os gestores dos municípios vão produzir e publicar um decreto conjunto que trata do fechamento do comércio nas respectivas cidades. Por volta das 19h, Ibaneis sinalizou a alguns empresários do setor no DF — por mensagens de WhatsApp — que teria de tomar uma providência diante da ocupação de mais de 92% nas UTIs públicas.
Para Edson de Castro, presidente em exercício da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), a decisão é oportuna, diante do aumento dos casos (leia Alta de 60,7%). “É um mal necessário para evitar que as pessoas saiam da rua nesse horário (das 20h às 5h). Não é uma decisão contra o comércio, mas pode evitar mortes e hospitais superlotados”, avaliou. Para Edson, bares, restaurantes e shoppings serão os principais afetados: “Ainda vamos ver como os lojistas vão se adaptar a essa medida”, acrescentou.
Por outro lado, o presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar), Jael Antônio tentou impedir que Ibaneis adotasse o lockdown na segunda-feira. “Ficamos muito preocupados, porque esse horário de fechamento inviabiliza o funcionamento noturno de todas as nossas casas. O setor passa por momentos cruciais e decisivos. Entedemos que esse horário poderia ser mais flexibilizado, a partir das 22h ou até das 23h. Infelizmente, teremos de protestar contra a decisão porque, mais uma vez, vamos ser altamente prejudicados”, ressaltou Jael.
ReuniãoDepois de se reunir com os prefeitos, Ibaneis anunciou um pacto que prevê atendimento integrado de pacientes com covid-19. O acordo — que ainda precisa de aprovação do Poder Legislativo no DF e em Goiás — consiste na transferência de recursos e leitos dos municípios vizinhos para a capital federal. Apesar do trato, o Executivo distrital não tem detalhes sobre o total de recursos ou a quantidade de vagas que seriam transferidos para Brasília.
Atualmente, 12 das 127 pessoas internadas em tratamento contra a covid-19 no Distrito Federal são de Goiás. “Faltava uma pactuação entre as secretarias de Saúde, para fazermos um atendimento mais elaborado. Da maneira como ocorria, o recurso entrava nos municípios, mas o paciente era atendido no DF. Com esse pacto, o recurso vai acompanhar o paciente”, declarou Ibaneis.
Ontem, a ocupação de leitos em UTIs das redes pública e privada do DF chegou a 84,62%. No Entorno, as únicas cidades que dispõem de vagas desse tipo são Formosa (GO) e Valparaíso (GO), que atingiram lotação máxima. Para Ibaneis o pacto permitirá ao Distrito Federal atender mais pessoas. “Vai, também, desafogar o sofrimento dos prefeitos e da população do Entorno”, completou o governador.
Apesar da intenção dos governantes, Thiago Sorrentino, professor de direito do estado do Ibmec, destaca que o trâmite para fazer esse tipo de transferência não é simples. “Cada ente federado tem leis orçamentárias; a mais específica é a Lei Orçamentária Anual (LOA). A maioria delas tem destinações pré-estabelecidas, tanto na Constituição quanto no restante da legislação. Seria preciso saber a quantidade disponível e se a transferência poderia ser feita sem violar a LOA ou a Lei de Responsabilidade Fiscal”, ponderou Thiago.
Para a execução, o professor confirma que seria necessária a avaliação dos poderes legislativos do DF e de Goiás. Quanto à necessidade de participação do Ministério da Saúde no acordo, Thiago explica que não há obrigatoriedade de intervenção. “Seria melhor que a pasta federal entrasse para organizar, pois, por ser o ente central, tem formas mais adequadas para saber quais regiões são carentes e quais têm superavit de capacidade de atendimento”, recomendou o especialista.
Consultado a respeito do assunto, o Ministério da Saúde não respondeu aos questionamentos da reportagem até o fechamento desta edição. Mesmo assim, as discussões sobre o pacto entre o DF e o Entorno devem avançar nos próximos dias. A expectativa é de que, um mês após a aprovação do acordo pelos poderes legislativos, os recursos comecem a chegar.
Alta de 60,7%
Ontem, a média móvel dos casos de covid-19 no Distrito Federal registrou aumento de 60,7%, na comparação com o resultado de duas semanas atrás. O indicador corresponde à soma dos registros dos últimos 14 dias dividido por 14. Na média das mortes, o resultado foi de 11 — alta de 8,5% em relação a 12 de fevereiro. Com 1.068 novas infecções, o total de contaminados no DF chegou a 293.782. Desse grupo, 282.169 (96,1%) se recuperaram, mas 4.805 (1,6%) pessoas morreram.
Tira-dúvidas
Quem pode agendar
a vacinação?
Neste momento, o agendamento é para vacinação de pessoas que estão com o recebimento da segunda dose da CoronaVac marcado, no cartão de vacina, para o período entre 22 e 26 de
fevereiro. Além delas, está permitido para idosos acima de 76 anos. Os agendamentos começaram ontem, já o atendimento de pessoas de 76 a 78 anos tem início hoje. Idosos que precisarem receber a vacina em casa podem agendar a aplicação, pelo site vacina.saude.df.gov.br.
Posso agendar pelo
número do Telecovid?
Com a possibilidade
de agendamento pela
internet, o serviço de atendimento telefônico
deixará de
receber chamados para agendamento a partir de segunda-feira.
O que fazer caso eu
não consiga agendar?
Quem não conseguir
fazer a marcação pode procurar uma unidade básica de saúde (UBS), onde os servidores farão
o agendamento.
O que devo levar
para a vacinação?
É preciso apresentar
cartão de vacina, com o comprovante da primeira
dose — se for o caso do reforço. Se possível, leve a ficha
de confirmação do agendamento pela internet impressa e preenchida.
Quem não puder imprimi-la terá a opção de preencher o documento no local de atendimento.
Passo a passo
Confira como agendar pelo site
1 - Acesse o site vacina.saude.df.gov.br e selecione o tipo de agendamento;
2 - Preencha todos os dados pessoais e a data da primeira dose (quando tomou ou pretende tomar);
3 - Selecione a região administrativa do ponto de vacinação de preferência, o estabelecimento de saúde, data e hora;
4 - Após o agendamento,
clique em “Imprimir”;
5 - Leve o comprovante
no dia marcado;
6 - Se necessário, é possível conferir a marcação pelo mesmo site, informando
o número do CPF.