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Maria Bethânia regrava Bar da noite, de Bidu Reis e Haroldo Barbosa, sucesso de 1953
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Por seis meses, Maria Bethânia ficou isolada em casa, no Rio de Janeiro, se protegendo dos problemas relacionados com a covid-19, até que no mês de setembro decidiu entrar em estúdio para gravar um novo disco, que inclui músicas inéditas. O álbum, gravado durante três semanas, será lançado no próximo mês, pela Biscoito Fino — ainda sem nome e repertório fechado. Mas do show Claros breus, ela escolheu A flor encarnada (Adriana Calcanhotto), Luminosidade (Chico César) e Evidências (José Augusto e Paulo Sérgio Valle), que se tornou um clássico sertanejo, na interpretação de Chitãozinho e Xororó. Outra regravação é a de Bar da noite (Bidu Reis e Haroldo Barbosa), de 1953 — que Bethânia foi buscar no baú da MPB.
Entre as inéditas, a única anunciada até agora foi 2 de junho, também de Calcanhotto. Na letra, ela mostra sua revolta contra a tragédia de Miguel Otávio, o menino pernambucano morto aos 5 anos, ao cair do 9º andar de um prédio de luxo em Recife — caso que mobilizou o Brasil e foi usado como exemplo de “racismo sistêmico” em documento da Organização das Nações Unidas (ONU). Tim Bernardes, compositor paulistano, por quem a cantora tem admiração, também terá música gravada. Nos acompanhamentos estão Jorge Helder (baixo), João Camarero (violão) e Zé Manoel (piano). O maestro baiano Letieres Leite participou da concepção do CD.
Fevereiros
Antes do lançamento do novo álbum de Bethânia, chega ao mercado o DVD com o registro de Fevereiros, documentário dirigido por Márcio Debelilan, mostra vitória da Mangueira, no carnaval de 2016, com o enredo Maria Bethânia — A Menina os Olhos de Oyá, e a participação da cantora na festa de Nossa Senhora da Purificação em Santo Amaro, sua terra natal. O longa-metragem traz também depoimentos de Caetano Veloso, Mabel Veloso — irmãos da homenageada — Chico Buarque, Leonardo Pereira (carnavalesco da escola carioca), da porta-bandeira Squel Jorgea, do babalorixá Pai Gilson e do historiador Luiz Antônio Simas.
“Acompanhei a preparação da escola desde a criação das alegorias até o desfile na Marquês de Sapucaí. Em Santo Amaro, onde estive por duas vezes, descobri o universo que inspirou o enredo e percebi a conexão entre as tradições do Recôncavo Baiano e o surgimento do samba carioca. O filme sai em defesa da tolerância, ao mostrar Maria Bethânia, filha de Iansã, criada nas novenas da Igreja de Nossa Senhora da Purificação”, relata Debellian. Ao ser exibido nos cinemas, o documentário foi um dos mais assistidos em 2019.