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Secretaria de Educação do DF detalhou as propostas para o próximo ano letivo durante o encerramento oficial do de 2020, ontem |
O encerramento oficial do ano letivo da rede pública de educação do Distrito Federal marca o início de um novo desafio para o governo local: vacinar professores das redes pública e privada contra a covid-19. Mais de 50 mil profissionais compõem o grupo, incluído na quarta e última fase de prioridades na campanha da capital federal. O objetivo do governo é imunizar a todos antes de 8 março, data do início das aulas no sistema público. Funcionários de outros setores, como administrativo, limpeza e assistência também serão atendidos, o que eleva o número total para quase 60 mil — próximo do dobro do total de pessoas vacinadas até hoje no DF. O começo do atendimento desse público depende, agora, da compra e da liberação de mais doses da vacina pelo Ministério da Saúde.
“Vidas humanas importam, todas elas. Da merendeira, do vigilante, do temporário, do efetivo, do professor. Posso falar bem, porque eu sei o que eu passei com essa doença (covid-19). Então, quando falamos em profissionais de educação, falamos em todos os profissionais”, afirmou o secretário de Educação, Leandro Cruz, durante o evento de encerramento do ano letivo 2020 no Palácio do Buriti na manhã de ontem.
Da chegada de mais vacinas também depende a definição sobre o modelo de retorno às aulas adotado na rede pública. A Secretaria de Educação levará em consideração, ainda, a evolução da pandemia na capital. O mais provável é que o modelo híbrido, com aulas remotas e presenciais, seja adotado. “O fundamental, que foi uma grande conquista nossa, é que, em conversa com o governador (Ibaneis Rocha), ele pediu que, em Brasília, os profissionais de educação fossem mantidos como prioridade”, destacou o gestor. Como o plano de vacinação distrital segue o disponibilizado pelo governo federal, os professores, assim como agentes de segurança, chegaram a ser retirados da prioridade para vacinação. Devido à pressão das categorias, ambos voltaram a fazer parte desse grupo, por determinação de Ibaneis Rocha.
Para cobrir apenas o corpo docente do DF, é necessário cerca de 50,1 mil doses do imunizante, considerando que a rede pública conta com 35,7 mil professores, entre efetivos e temporários, segundo a Secretaria de Educação, e mais 15 mil da rede particular, segundo levantamento do Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinproep). Com os cerca de 8,8 mil outros funcionários da educação, essa conta chega a 59,5 mil.
Até o momento, o DF recebeu 125.160 doses da vacina CoronaVac, que é produzida pelo Instituto Butantan (SP) em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, e 41,5 mil doses da vacina Covishield, desenvolvida pela universidade inglesa de Oxford, com a farmacêutica sueco-britânica AstraZeneca. Considerando que cerca de 5% das doses recebidas fazem parte da reserva técnica, e a aplicação em duas doses da CoronaVac, o DF conta com cerca de 100 mil doses, que estão sendo usadas para imunizar profissionais da saúde; pessoas com mais de 18 anos em asilos e instituições de longa permanência; além de indígenas. A Covishield também prevê esquema de duas doses, mas em um prazo de 12 semanas entre uma e outra, o que dá segurança, segundo o Ministério da Saúde, para que outros lotes cheguem.
A expectativa é de que, nos próximos dias, a Secretaria de Saúde do DF receba mais doses de vacinas. Porém, tudo depende de um repasse do Ministério da Saúde, que também não informou data ou quantidade certa. A pasta aguarda, portanto, para ajustar como serão os próximos passos da campanha. Esta indefinição, segundo a diretora do Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF), Rosilene Corrêa, traz uma insegurança à categoria. “Sabemos que a pandemia trouxe prejuízos para a educação, mas, para termos uma segurança de retornar às aulas, mesmo que em formato híbrido, precisamos que todos que frequentam as unidades de ensino estejam vacinados. Esperamos que os prazos sejam cumpridos, assim como as previsões”, diz.
Já o diretor do Sinproep, Rodrigo Pereira, fia-se na promessa de que os profissionais da rede particular, que voltaram ao trabalho presencial ainda no ano passado, também serão vacinados. “Se, por acaso, houver alguma distinção em relação a isso, não vamos hesitar em recorrer à Justiça”, comenta. Ana Elisa Dumont, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe), reforça a importância de os funcionários serem vacinados o quanto antes. “Assim, os pais e alunos terão mais segurança de frequentarem as escolas, que são um apoio importante para as famílias”, diz.
Volta às aulas
Como o planejamento para vacinar os professores e profissionais da educação ainda está em discussão, o formato de retomada das atividades presenciais também não foi estabelecido na rede pública. No entanto, ainda no evento de ontem, o secretário explicou que a pasta se prepara para uma volta às escolas em um modelo híbrido: as salas de aula vão receber metade dos alunos de cada turma em uma semana presencialmente, enquanto os demais desenvolvem atividades a distância, pela plataforma de ensino remoto. Na semana seguinte, o grupo se inverte. “Independentemente do formato, estamos preparados para receber todos os estudantes que efetuaram a matrícula em 2021”, disse o secretário-executivo, Fábio de Sousa.
A procura por vagas na rede pública diminuiu em relação ao ano passado: em 2021, houve a inscrição de 31.048 novos estudantes, uma redução de 19,5% em relação a 2020. As aulas, que começam em 8 de março, vão até 22 de dezembro. Ainda estão previstas aulas remotas em 11 sábados ao longo do ano para assegurar o cumprimento dos 200 dias letivos.
Segundo Leandro Cruz, apesar das indefinições, as aulas serão em todas as 686 escolas em 8 de março, mesmo que seja necessário seguir o modelo remoto. A medida vale para todas as etapas de ensino, inclusive as creches. O secretário-executivo Fábio de Sousa assegurou que as escolas serão equipadas com álcool em gel, lavatórios nas entradas e haverá distribuição de máscaras para estudantes e funcionários. As unidades também devem passar novamente por sanitização.
Leandro Cruz ainda ressaltou que, mesmo se a vacinação não avançar, as aulas presenciais serão retomadas, mas que, neste caso, o formato pode ser revisto. “Em qualquer um dos cenários nós estaremos prontos”, assegurou o subsecretário de Educação Básica, Tiago Cortinaz.
Para o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Escolas Públicas do DF (SAE-DF), Denivaldo Alves, as atividades presenciais devem retornar apenas com todos vacinados. “Do contrário, não me arriscaria. Tem que estabelecer um cronograma, dentro da ordem de prioridade, do mais velho para o mais novo”, sugere.
Novidade
O secretário Leandro Cruz anunciou, durante a cerimônia, que, quando as aulas recomeçarem, será implementado o programa Virando o Jogo Na Educação. O objetivo da iniciativa é reunir projetos pedagógicos e de esporte e cultura com o intuito tanto de promover a readaptação quanto o acompanhamento dos estudantes afetados pela pandemia do coronavírus ao longo de 10 anos. “O ano de 2020 deixará graves sequelas na educação de Brasília”, ponderou. “Esse dano vai acompanhar o estudante, a política pública de recuperação de tratamento desse dano também seguirá”, completou.
Linha do tempo
» 10 de fevereiro de 2020
Início do ano letivo
» 7 de março
Confirmação do primeiro caso de covid-19 no DF
» 12 de março
Suspensão das aulas em todas as escolas do DF
» 13 de julho
Aulas são retomadas a distância na rede pública
» 15 de julho
Governo autoriza volta às aulas presenciais a partir de 31 de agosto, mas não marca data de início na rede pública
» 21 de setembro
Aulas presenciais são retomadas na rede particular, de forma escalonada, a começar pela educação infantil
» 31 de dezembro
Calendário letivo da rede pública de 2021 é homologado
» 25 de janeiro
Parte das escolas
particulares começam o ano
letivo de 2021
» 28 de janeiro de 2021
Fim do ano letivo de 2020
na rede pública
» 8 de março
Previsão de retorno das atividades na rede pública, em modelo híbrido
Números
Rede pública
686 escolas
460.475 estudantes
35.796 professores efetivos e temporários
8.813 servidores de assistência
Rede particular
600 escolas
280 mil estudantes aproximadamente
15 mil professores efetivos e temporários
Fontes: Secretaria de Educação do DF e Sinproep