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Marina foi diagnosticada com a doença passou 13 dias com sintomas, desde dor de cabeça à dificuldade de respirar
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O Distrito Federal registrou, ontem, recorde na média móvel de mortes e de casos da covid-19, este ano. As taxas ficaram em 16,3 e 1.253,4, respectivamente. Comparada ao índice de 19 de fevereiro, a alta foi de 94%, em relação às infecções (646), e de 70,3%, quanto aos óbitos (9,57). Os números desafiam a sociedade e o poder público, sobretudo ao falar da pandemia entre os jovens com até 29 anos. Desde o início do mês, 1.243 pessoas dessa faixa etária contraíram o novo coronavírus e duas morreram. Ao todo, essa parcela da população representa 26,27% das ocorrências, com 79.786 infectados, sendo 43 óbitos.
Quando se observa o grupo de 30 a 39 anos, o cenário é semelhante. Entre segunda-feira e ontem, 1.199 pessoas dessa faixa foram diagnosticadas com a covid-19 e uma morreu. Desde o início da pandemia, são 78.925 infectados e 118 vítimas. Somando os dois grupos, eles representam 52,26% de todos os casos do novo coronavírus no DF. Atualmente, dos 272 leitos de unidades de terapia intensivas (UTI) da rede pública, 238 estão ocupados, nove com jovens até 29 anos e 17 com pacientes de 30 a 39 anos. A soma representa 9,56% dos leitos disponíveis. No geral, a taxa de ocupação na rede pública é de 92,61%. O grupo mais vulnerável à doença são idosos acima de 80 anos, em que a covid-19 mata 27,2% dos pacientes.
Outro ponto que chama a atenção é a alta de óbitos por causas respiratórias de jovens entre 20 e 29 anos. Em 2019, somou 344 registros nos cartórios do DF. Em 2020, o número subiu para 445, e, este ano, houve 77 ocorrências. O aumento de mortes devido a problemas respiratórios também se observa entre a faixa etária de 30 a 39 anos, quando, em 2019, houve 554 óbitos; em 2020, foram 727; e em 2021, 100.
O infectologista Julival Ribeiro, alerta que, em todo o mundo, houve mudança no perfil de infectados que também desenvolvem sintomas pós-covid, como cansaço, problemas cardíacos e cefaleia. “Estão ocorrendo mais infecções em jovens e mais graves e, infelizmente, alguns até morrendo. Se os jovens continuarem a não obedecer às medidas restritivas, além de se infectar, podem levar a infecção para casa, e imagina se são idosos e pessoas com comorbidades?”, indaga.
Em novembro, a comunicadora Marina Torres, 24 anos, começou a apresentar os primeiros sintomas da covid-19, justamente na semana em que deixou o teletrabalho e retomou as atividades presenciais. “Usava a máscara o tempo todo, passava álcool em gel, e, mesmo assim, me infectei”, relata. “Os sintomas foram avançando e tive dor no corpo, de cabeça e dificuldade de respirar”. Marina foi ao hospital algumas vezes ao longo dos 13 dias em que ela e o companheiro tiveram a doença. “Fiquei com medo, a gente não sabe como o corpo vai reagir”.
A estudante de marketing Nathalia Vajas, 26, conta que contraiu a covid-19 em julho, após se hospedar por alguns dias na casa do sogro. “Meu namorado começou a sentir os sintomas. Teve muita dor de cabeça, calafrio e dor no corpo. Como não tínhamos certeza se era ou não, continuamos em casa, porém não nos isolamos. Após três dias, eu comecei a sentir dor de cabeça e tive crises de rinite bem fortes”, detalha a jovem.
Nathalia é asmática e faz uso da bombinha constantemente. Dois dias depois de sentir dores de cabeça, ela perdeu o olfato e o paladar. O exame não poderia apresentar outro resultado: positivo para a covid-19. “Meu sogro chegou a ficar internado em estado grave na UTI durante uma semana. Senti muito medo. Sempre que eu acordava, contava mais um dia de vida, porque essa doença mexe com nosso psicológico. Do nada, você pode ter uma crise e ter que se internar. Foram dias de pânico”, lembra.
Durante 14 dias, ela cumpriu o isolamento na casa da sogra e ficou por mais de 30 dias sem ver a mãe, de 69 anos, que tem comorbidades como diabetes, leucemia crônica e pressão alta. Mesmo curada, Nathalia lida com as sequelas da doença. “Até hoje, sinto a mesma dor de cabeça e continuo com a queda de cabelo”, lamenta.
Novo perfil
O presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib) no DF, Rodrigo Biondi, reforça que o cenário nas UTIs, neste momento, é diferente da primeira fase. “Parece, realmente, que tem pacientes mais jovens, isso é nítido, era incomum na primeira onda. Tem muito mais jovens e muito mais graves, coisa que era raro, e não porque a doença esteja diferente, mas porque tem mais jovens infectados”, avalia médico.
Segundo Biondi, os mais jovens que chegam em busca de tratamento acabam ocupando os leitos por mais tempo. “O paciente jovem tem mais capacidade de resposta, a mortalidade é menor, mas até se recuperar, essa recuperação é mais longa, são pelo menos uns três dias a mais”, afirma. De acordo com a estimativa do painel da covid-19, da secretaria de Saúde, 95% dos pacientes adultos internados atualmente precisarão de internação por até 15 dias.
Para o médico, a situação é alarmante. “Está se desenhando para ser uma catástrofe. Estou muito preocupado. As pessoas podem perder tempo de tratamento, podem procurar por leitos e não ter, isso já está acontecendo”, destaca. Biondi avalia que os jovens estão se expondo ao vírus. “A gente vê os jovens fazendo todo tipo de coisa que não deveria. E mesmo aquelas pessoas que não vão trabalham com pessoas que têm esse hábito e acabam sendo infectadas”, considera.
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Asmática, Nathalia Vajas teve covid-19 em julho, mas sofre com sequelas até hoje
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