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Voluntária brasileira recebe a vacina, em São Paulo: Planalto abriu, em agosto, crédito para a compra de 100 milhões de doses |
Com o compromisso de divulgação, em breve, de estudos científicos definitivos, o conglomerado farmacêutico anglo-sueco AstraZeneca anunciou ter encontrado a “fórmula vencedora” para a vacina contra o novo coronavírus, desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford. Segundo Pascal Soriot, CEO do laboratório, o imunizante tem desempenho equivalente aos produzidos pelas concorrentes, além de garantir uma “proteção de 100%” contra as formas graves da covid-19.
“Acreditamos que encontramos a fórmula vencedora e como obter uma eficácia que, com duas doses, está à altura das demais”, afirmou Soriot, em entrevista concedida ao jornal Sunday Times. A agência reguladora britânica — a MHRA (Medicines and Healthcare products Regulatory Agency) — recebeu os estudos completos sobre a vacina na quarta-feira passada e deve se pronunciar nos próximos dias.
Com esse aval, o imunizante estará apto para ser aplicado no Reino Unido, onde a população vem recebendo a primeira dose do imunizante produzido pelo consórcio teuto-americano Pfizer/BioNTech. A previsão é a de que comece a ser aplicada em 4 de janeiro.
Brasil
A vacina de Oxford, como vem sendo popularmente chamada, é a grande aposta do governo brasileiro. Ainda no início de agosto, em cerimônia no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro assinou uma medida provisória que abriu crédito extraordinário de R$ 1,9 bilhão para viabilizar a produção e aquisição de 100 milhões de doses do imunizante. Recentemente, o governo anunciou acordo para a compra de 70 milhões de doses da Pfizer.
Nos resultados provisórios de testes clínicos em larga escala, no Reino Unido e no Brasil, o laboratório anglo-sueco anunciou, em novembro, que sua vacina tinha eficácia média de 70%, contra mais de 90% dos fármacos da Pfizer/BioNTech e Moderna.
Por trás do resultado médio, estavam grandes diferenças entre dois protocolos: a eficácia alcança 90% para os voluntários que receberam primeiro metade da dose e uma dose completa um mês depois, mas de apenas 62% para outro grupo vacinado com duas doses completas.
Esses resultados foram alvos de crítica porque aconteceu um erro na injeção de meia dose, embora um grupo relativamente pequeno tenha seguido este protocolo. A empresa anunciou mais tarde que sua vacina exigia estudos adicionais, agora concluídos.
Acessível
A vacina Oxford/AstraZeneca é aguardada com impaciência, porque é relativamente barata e não precisa ser armazenada a uma temperatura tão fria como a da Pfizer/BioNTech, por exemplo, que deve ser mantida a -70ºC. O fármaco do consórcio anglo-sueco pode ser armazenado em condições de refrigeração (2ºC a 8ºC), o que facilita a vacinação em larga escala e em casas de repouso.
O Reino Unido foi o primeiro país ocidental a iniciar a imunização com a vacina da Pfizer/BioNTech, no início de dezembro. Agora conta com a segunda vacina para ganhar impulso e cortar a curva de aumento de casos atribuídos à nova cepa do coronavírus detectada em seu território.
Pascal Soriot externou otimismo quanto à possibilidade de o imunizante ser capaz de enfrentar as variantes do Sars-CoV-2. “(Diante da mutação) pensamos, no momento, que a vacina deve continuar sendo eficaz”, disse. “Mas não podemos ter certeza e faremos alguns testes”, admitiu.
Na entrevista ao Sunday Times, o CEO do conglomerado garantiu que novas versões do imunizante foram preparadas. Ele disse esperar, porém, que elas não sejam necessárias. “Você tem que estar preparado”, observou.