Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense sexta, 19 de junho de 2020

ALDIR BLANC: CRÔNICAS DO COTIDIANO

Jornal Impresso

Crônicas musicais do cotidiano
 
Disco clássico de Aldir Blanc (à direita) e Maurício Tapajós é transformado em série televisiva com 10 episódios

 

» Vinícius Veloso*

Publicação: 19/06/2020 04:00

 

 (Arquivo Pessoal)  

 

Em 1984, Aldir Blanc e Maurício Tapajós se juntaram para lançar o LP duplo que leva o nome dos dois. A parceria musical rendeu 20 músicas, sendo 11 delas compostas pela dupla. O sucesso foi tamanho que o álbum duplo ganhou dois novos formatos: um relançamento em formato de CD com 12 músicas, em 1994, e uma série televisiva este ano.

Imagem vinil é uma produção que personifica crônicas bairristas descritas nas 20 composições do disco Aldir Blanc & Maurício Tapajós (1984). A série, transmitida no canal por assinatura Prime Box Brazil, conta com 10 episódios. Com direção de Frederico Cardoso, a trama gira em torno do bairro da Tijuca (Zona Norte do Rio de Janeiro), local em que Aldir Blanc morou por muito tempo.

 “As letras do Aldir — não somente desse belíssimo álbum com Tapajós — são crônicas curtas que contam histórias e nos remetem a situações do cotidiano e outras histórias. Então, as letras nos serviram não só de inspiração, mas como base para as narrativas audiovisuais dos episódios. Além disso, o encarte LP vem com charges, poesias, pinturas, artigos de amigos e parceiros da dupla. Eu e meus sócios somos todos tijucanos e conhecemos bem o bairro onde ambientamos as histórias, portanto, também acrescentaram vivências”, conta o diretor.

 O primeiro episódio — Saudades — envolve as faixas Perder um amigo e O bonde. O segundo episódio — Pimenta — traz as mazelas das músicas Querelas do Brasil (tema de abertura) e Entre o torresmo e a moela. “Em todos os episódios, os personagens principais são cantados nas músicas, com duas músicas inspirando cada um dos 10 episódios. Na escrita, a partir da estrutura narrativa desenvolvida por mim, Gustavo Colombo e Vitor Pimentel, conforme as necessidades fomos inserindo personagens que foram dando liga e musculatura para sustentar os 25 minutos de cada episódio, cena a cena”, completa.

A cenografia também recebe destaque ao receber o Estádio do Maracanã e o Bar da Dona Maria, boteco onde Aldir e Maurício escreveram composições, como locais de filmagem. No elenco da série, Guida Vianna e Lionel Fischer são os destaques e se encontram ao lado de Marcello Melo, Maria Clara Guim, Christian Santos, Anderson Quack, Flávio Bauraqui, Vitória Rangel, Júlia Cartier Bresson, Roberto Rodrigues, Felipe Garcia, Waleska Arêas e Arlindo Paixão.

 Interpretações

 Um dos fatos interessantes da gravação é a distância existente entre as características dos personagem e de quem interpreta, fato comum para atrizes e atores. Guida Vianna, reconhecida atriz brasileira afirmou que não existem semelhanças entre ela e a personagem. Na série, Guida interpretou Betina, uma mulher que cuidava da casa e da família. “Não há nenhuma semelhança entre nós. Saí de casa aos 21 anos já formada na faculdade, trabalhando e dona da minha vida. Casei, separei, criei uma filha sozinha e me sustento com a minha profissão. Tenho minhas opiniões e sou dona da minha própria vida. Mas, o bom do trabalho do ator é isso mesmo, fazer personagens completamente diferentes de nós mesmos”, pontua.

 No mesmo sentido, o ator Lionel Fischer nega qualquer semelhança com o policial aposentado Pimenta. O personagem que interpreta na trama teve forte ligação com os órgãos de repressão do regime militar, é alcoólatra, fuma compulsivamente e destrata a esposa. “Não existe nenhuma semelhança entre Pimenta e eu. Tinha 15 anos quando se deu o golpe militar. Meu pai, já falecido, foi um dos fundadores do Partido Socialista Brasileiro. E me recordo de uma noite em que ele, sentindo-se ameaçado, me pediu para ajudá-lo a jogar fora todos os livros, escritos ou documentos que pudessem incriminá-lo. Fizemos isso ao longo de toda uma noite, jogando hipotéticas provas na Lagoa Rodrigo de Freitas. E certamente, como já disse, por não ter nada em comum com o personagem, pude enxergá-lo de uma forma crítica, tentando sempre entender o que leva alguém a desprezar por completo a empatia.”

 Compositores

 Aldir Blanc morreu em 4 de maio último, após ser contaminado pelo novo coronavírus. Era formado em medicina, mas largou a carreira para se dedicar às composições e ao mundo artístico. Escreveu mais de 600 letras musicais e trabalhou como cronista. Antes de morrer, entretanto, participou de um teaser da série Imagem vinil, em que contou parte da história do lançamento do primeiro disco. O cantor relembra como, junto a Maurício Tapajós, conheceu a pessoa responsável por aprovar a liberação de verbas da Petrobras para atividades culturais, que facilitou a liberação do LP duplo em 1984.

 Maurício Tapajós morreu em 1995 e o legado vem sendo repassado pelas músicas e também pelos filhos Lúcio e Márcio, que contaram um pouco sobre o disco lançado na década de 1980. “Musicalmente, ele começou trazendo músicos fantásticos para trabalhar junto, se não me engano foram mais de 80 músicos que tocaram no disco. E as faixas falam de um Brasil e um Rio de Janeiro cheio de mazelas, mas visto com ironia, amor e esperança. Aldir e Maurício transmitem em suas músicas um alto teor político e sarcástico. Quem conheceu os dois sabe como isso era forte neles”, conta Márcio Tapajós.

 Lúcio Tapajós também deixou uma contribuição a respeito da produção de Aldir Blanc e Maurício Tapajós. “Um LP independente, duplo, com aquela capa, aquele encarte, aquele nível de textos e ilustrações... Hoje, não existe maisaquilo. Naquele tempo, não se via isso também. Aliás, alguém fez algo parecido?”, questiona.

 *Estagiário sob a supervisão de Igor Silveira

 Imagem vinil

Canal de TV por assinatura Prime 

Box Brazil. Dez episódios de 30 min, com novos episódios nas quintas-feiras, às 21h. Reprises nas segundas-feiras, às 10h30, e sextas-feiras, às 10h. Não recomendado para menores de 14 anos

 (Saci/Reprodução)  

 Aldir Blanc & Maurício Tapajós 

De Aldir Blanc e Maurício Tapajós. SACI, 20 faixas. 


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